Tratava-se de lançar a candidatura de Armando de Salles Oliveira,
presidente de honra do IDORT e governador do Estado de São Paulo, afastado
do cargo para iniciar sua campanha à presidência da república.
Os idortianos, de maneira geral, haviam estreitado seus laços de
amizade com Vargas e essa aproximação construída em nome de sólidos
interesses políticos, tanto por parte dos paulistas quanto por parte do Governo
Federal encontrava-se ameaçada nesta ocasião.
A campanha presidencial em favor do governador de São Paulo ocorreria
em meio a um clima de hostilidade e ameaças.
Vargas cogitava outras possibilidades para a candidatura à presidência,
pois acreditava que o enrijecimento do poder poderia servir como solução ao
desequilíbrio político causado pela Intentona Comunista de 1935.
Antes, porém, deste episódio, a Lei de Segurança Nacional
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já vigorava
em virtude de desentendimentos políticos envolvendo Integralistas no final de
1934. Acreditava-se em uma possível falha na Constituição que permitira tais
eventos, conforme atestava o OESP
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Essa Lei de nº 38 foi sancionada por Vargas em 04/04/1935. Vargas não se coloca totalmente
avesso às idéias dos integralistas por considerar que poderiam “disciplinar a opinião”, mas não
demonstra confiança neste projeto político. Ver Diário de Vargas vol. I, p. 373. Importante
relembrar que: “ O Legislativo, não sem oposições, aprovava a Lei de Segurança Nacional,
instrumento de controle e de repressão política – ao mesmo tempo, no mesmo mês de abril de 35,
em que surge a Aliança Nacional Libertadora. Esta era uma frente única, pouco homogênea
quanto à sua composição política: partidos de esquerda, sindicatos, certa ala tenentista e
elementos apartidários, cujo presidente de honra Luís Carlos Prestes, era chefe do Partido
Comunista. A capacidade de mobilização daquele agrupamento político representava uma
promessa de ameaças aos interesses de umas e de outras facções dos grupos dominantes.(...) A
ANL foi fechada em 13 de julho de 1935 depois de um discurso de Prestes em que apelava às
massas para que se organizassem; veio um início de repressão: prisões de civis, , punições a
soldados, sargentos e oficiais. Os grupos de choque remunerados e as milícias integralistas
colaboraram, eficientes, nessa tarefa” SOLA, Lourdes. O Golpe de 37 e o Estado Novo, In: MOTA,
Carlos Guilherme (org.). O Brasil em Perspectiva, Rio de Janeiro: Ed. Difel, 1984 p. 260).
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O jornal O Estado de São Paulo, fora dirigido por Armando de Salles Oliveira e expressava a
defesa dos princípios liberais, porém, deixava transparecer que seriam necessárias algumas
concessões para que essa política sobrevivesse. “Segundo o jornal, as perturbações da Grande
Guerra obrigaram o liberalismo, ‘para não desaparecer’, a restringir suas aspirações e conformar-
se com o sacrifício de alguns princípios que lhe eram caros”. O período do pós - Primeira Guerra
gerou instabilidade para a continuidade do liberalismo devido a Grande Depressão inaugurada
após a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 ocasionando o fortalecimento de regimes
totalitários e nacionalistas, iniciados na década de 20, ou mesmo favorecendo a proposta
keynisiana nos EUA. A interferência do Estado nas questões político-econômicas foi inevitável em
alguns países, enquanto no Brasil a “ameaça” comunista se espalhava causando o aumento da
repressão e medidas de segurança. Recomendamos a leitura desta obra àqueles que possuam
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