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noite, antes de dormir, eu não me lembre daquela cena e não me
pergunte como foi que aquilo pode ter acontecido!
J – Você disse que se separou dele 3 vezes mas sempre voltava. Como
isto acontecia?
I – É que ele vinha atrás, me infernizava, telefonava para a casa da
minha irmã, da minha mãe, até eu atender ao telefone. Na segunda
vez que eu me separei dele, ele me ligava todos os dias, durante 40
dias, até eu voltar para casa. Eu dizia que iria voltar para Fortaleza e
ele me perguntava quem pagaria minha passagem. Eu disse que seria
um tio. Ele não acreditou, continuou telefonando até eu voltar para
casa. Mas foi a mesma palhaçada. Depois ainda separei dele mais
uma vez, fiquei três meses fora, mas voltei de novo. É que eu
gostava muito dele. Não sei porque. Mas desta vez ele me havia
prometido que eu poderia trabalhar na padaria ele. E de fato, ele me
deixou trabalhar. Aí uma sexta feira à tarde tocou o telefone e me
chamaram. Eu atendi e era uma mulher que disse que era a mulher
dele, do meu marido. Aí eu disse que quem era a esposa dele era eu.
Ela disse que já tinha ido à minha casa e nunca havia me visto lá. Ela
perguntou quem eu achava que de nós duas estava mentindo. E que
ela é que era a mulher dele. Fiquei muito brava e quando terminou o
trabalho fui pra casa e esperei ele chegar. Quando chegou, eu disse o
que tinha acontecido, mas ele disse que era mentira, que eu tinha
inventado esta história. E foi ficando bravo, me empurrando, as
coisas que ele sempre fazia. Dizia que era mentira. Às 5 da manhã eu
acordei e fui ao quarto da menina, bati na porta e perguntei a ela se
era verdade que havia outras mulheres na vida do pai dela. Ela disse
que sim, que enquanto não estive em casa, todo dia ele vinha com
uma mulher diferente. Aí eu voltei para meu quarto, peguei a corda
do meu roupão, voltei ao quarto dela e enforquei a menina. Não sei o
que me deu. Não sei o que tinha dentro de mim. Foi como se um
espírito maligno tivesse entrado dentro de mim. Fiquei transtornada.
Você acredita em espiritismo? Porque foi como se uma coisa me
possuísse. Não sei...não sei o que me deu. Aí eu saí, fui no orelhão e
liguei pra ele e disse. ‘Volte para casa porque eu acabei de matar tua
filha’. Ele disse que não acreditava no que eu estava dizendo. Aí
voltei para casa, fui ao quarto da empregada, falei com ela e ela me
disse que não sabia de nada. Contei pra ela o que tinha feito. Fui ao
quarto, peguei umas moedas que tinha na cômoda, a bolsa, e saí.
Mas na minha mente eu ia encontrar com ele. Mas peguei um
ônibus, fui ao centro da cidade encontrar com minha amiga. Ela não
estava. Fiquei esperando ela chegar do serviço até as duas da tarde.
Mas naquele dia eu estava tão sonolenta, como se não conseguisse
ficar acordada. Onde me encostasse eu dormia. Mas não sentia nada.