FATORES QUE AFETAM A TAXA DE CONCEPÇÃO APÓS INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL OU TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM VACAS HOLANDESAS
EM LACTAÇÃO
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar os fatores que afetam as taxas de
concepção (TC) de vacas Holandesas em lactação que receberam IA ou TE. O
experimento foi conduzido em uma fazenda localizada em Descalvado, SP, Brasil
durante os meses de outubro de 2003 a setembro de 2004. As vacas eram
ordenhadas 3 vezes ao dia e alimentadas com ração total devidamente balanceada.
Vacas ciclando (n=1025) produzindo 33,3±7,2kg de leite por dia com 162±103,7 de
DEL receberam PGF2α e foram divididas aleatoriamente em dois grupos: IA ou TE.
As vacas que apresentaram estro 48 a 96h após aplicação de PGF2α receberam IA
(n=227) 12h após detecção do estro ou TE (n=160) 6 a 8 dias após. Todas as vacas
da TE receberam embriões frescos (grau I ou II) de vacas Holandesas não lactantes
produzidos in vivo. Analisou-se a produção de leite média de -7 a 14 dias após o cio.
A temperatura corporal foi aferida e amostras de sangue foram coletadas para
análise da concentração sérica de P4 por radioimunoensaio. O diagnóstico de
gestação foi realizado aos 25 e 39 dias por ultra-sonografia. Morte embrionária tardia
(MET) foi considerada quando as vacas gestantes no dia 25 estavam vazias no dia
39. As variáveis taxa de ovulação, TC e MET foram analisadas pelo modelo logístico
(GLM) com finalidade de verificar a influência das covariáveis na probabilidade de
sucesso. Os modelos foram ajustados no software R. A taxa de ovulação foi de
84,8% (328/387) e foi afetada negativamente pelo número de dias em lactação
(p=0,05). Não houve diferenças nas TC do grupo TE em relação à qualidade e
estágio do embrião, e assincronia entre doadora e receptora. TC no dia 25, das
vacas ovuladas foi 37,9% (74/195) para IA e 59,4% (79/133) para TE (p<0,01).
Temperatura corporal no dia 7 (T7) influenciou negativamente (p=0,02) a TC nos
dois tratamentos. Para avaliação da P4, foram consideradas somente as vacas com
assincronia zero do grupo IA e TE. Das 191 vacas com assincronia zero, 49,2%
(94/191) estavam gestantes aos 25 dias, sendo 37,5% (39/104) no grupo da IA e
63,2% (55/87; p<0,01) no grupo da TE. Verificou-se que no grupo IA houve
evidência do efeito da P4 do dia 7 (p=0,03), T7 (p=0,09) e produção de leite
(p=0,04). No grupo TE não houve evidência do efeito da P7, nem da LM, mas sim da
T7 (p=0,08). A MET foi 10,8% (8/74) para IA e 21,5% (17/79) para TE (p=0,06).
Houve tendência de aumento da MET quando as temperaturas corporais do dia 7
(p=0,10) foram maiores. A TC no dia 39 das vacas ovuladas foi 33,8% (66/195) para
IA e 46,6% (62/133) para TE (p=0,02), superior, mesmo após a morte embrionária.
Altas temperaturas afetaram TC e MET, independente do tratamento. A produção de
leite afetou a probabilidade de concepção na IA, mas não na TE, ou seja, influenciou
negativamente antes do dia 7. Os resultados obtidos confirmam a importância da P4
no desenvolvimento embrionário antes do dia 7, já que as vacas do grupo TE não
foram influenciadas pela P4, provavelmente porque receberam embrião
desenvolvido em condições melhores. A transferência de embriões frescos
produzidos em vacas não lactantes pode ser utilizada para evitar os efeitos
negativos no desenvolvimento embrionário inicial, aumentando as TC de vacas em
lactação.
Palavras chave: transferência de embriões, inseminação artificial, concepção