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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR EM UMA CLASSE DE
PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO DINÂMICA
Autor: Hudson Torrent
Porto Alegre
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR EM UMA CLASSE DE
PROBLEMAS DE OTIMIZAÇÃO DINÂMICA
Autor: Hudson da Silva Torrent
Orientador: Jorge Paulo Araújo
Porto Alegre
2005
Dissertação submetida ao Programa
de Pós-Graduação em Economia da
Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS, como quesito parcial para
obtenção do grau de Mestre em
Economia.
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T692d Torrent, Hudson da Silva
A Diferenciabilidade da Função Valor em uma Classe de Problemas de
Otimização Dinâmica / Hudson da Silva Torrent. – Porto Alegre, 2005.
68 f.
Orientador: Prof. Jorge Paulo Araújo.
Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas, Programa de Pós-
Graduação em Economia, Porto Alegre, 2005.
1.Economia matemática. 2.Otimização Dinâmica. 3. Estática
Comparativa. 4. Modelo matemático. I. Araújo, Jorge Paulo. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Ciências
Econômicas. Programa de Pós-Graduação em Economia. III. Título.
CDU
Resumo
Neste trabalho analisamos a hipótese de diferenciabilidade da função valor-ótimo em
uma classe de problemas de otimização dinâmica. A classe de problemas analisada é cálculo
variacional com horizonte infinito. O artigo de Benveniste e Scheinkman (1979) é
apresentado de forma detalhada, além disso, seu lema fundamental é generalizado ao
excluirmos a hipótese de concavidade sobre a função auxiliar. Finalmente, aplicamos alguns
resultados estabelecidos por Milgrom e Segal (2002), a fim de obtermos a diferenciabilidade
da função valor-ótimo para a mesma classe de problemas, mas de uma nova maneira,
ampliando a análise sobre o tema.
Abstract
In this dissertation we analyzed the differentiability assumption on the valuation
function in a class of dynamic optimization problems. The class of problems is the infinite
horizon calculus of variations problems. The Benveniste and Scheinkman (1979) article is
presented in a detailed way and we generalized its fundamental lemma by exclude the
concavity assumption on auxiliary function. Finally, we apply some results established by
Milgrom and Segal (2002) to obtain the differentiability of the valuation function in the same
class of problems but in another way, amplifying this subject analysis.
Sumário:
INTRODUÇÃO: ...................................................................................................8
CAPÍTULO 1 CÁLCULO VARIACIONAL E TEOREMAS DE ENVELOPE:
.............................................................................................................................10
INTRODUÇÃO:...................................................................................................................10
1.1 OTIMIZAÇÃO DINÂMICA: ........................................................................................10
1.1.1 Controle Ótimo:.......................................................................................................11
1.1.2 Cálculo Variacional:................................................................................................12
1.1.3 Programação Dinâmica: ..........................................................................................13
1.2 VARIÁVEIS DE ESTADO E A FUNÇÃO VALOR-ÓTIMO: ....................................14
1.2.1 Variáveis de estado e variáveis de escolha:.............................................................14
1.2.2 A Função Valor-ótimo:............................................................................................16
1.3 TEOREMAS DE ENVELOPE: .....................................................................................16
1.3.1 Teoremas de Envelope Estáticos:............................................................................16
1.3.2 Teoremas de Envelope Dinâmicos:.........................................................................20
CONCLUSÃO:.....................................................................................................................21
CAPÍTULO 2 DEFINIÇÕES BÁSICAS:...........................................................22
INTRODUÇÃO:...................................................................................................................22
2.1 CORRESPONDÊNCIAS:..............................................................................................22
2.1.1 Correspondências Convexas e a Concavidade da Função Valor Ótimo: ................25
2.2 FUNÇÕES CÔNCAVAS E SUAS DERIVADAS DIRECIONAIS: ............................26
CONCLUSÃO:.....................................................................................................................31
CAPÍTULO 3 APRESENTANDO BENVENISTE & SCHEINKMAN (1979).
.............................................................................................................................32
INTRODUÇÃO:...................................................................................................................32
3.1 OUTRA VERSÃO PARA O LEMA DE BENVENISTE E SCHEINKMAN (1979):..32
3.2 SOBRE A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR-ÓTIMO EM
MODELOS DINÂMICOS:..................................................................................................35
3.2.1 Tempo Discreto:......................................................................................................36
3.2.2 Tempo Contínuo:.....................................................................................................38
CONCLUSÃO:.....................................................................................................................45
CAPÍTULO 4 A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR:..............46
INTRODUÇÃO:...................................................................................................................46
4.1 O TRABALHO DE MILGROM E SEGAL (2002):......................................................46
4.2 APLICANDO OS RESULTADOS DE MILGROM E SEGAL (2002) EM
BENVENISTE E SCHEIKMAN (1979): ............................................................................48
4.2.1 Tempo Contínuo:.....................................................................................................49
4.2.2 Tempo Discreto:......................................................................................................55
4.3 APLICAÇÕES À TEORIA DE ALOCAÇÃO INTERTEMPORAL ÓTIMA:.............58
4.3.1 Tempo Discreto:......................................................................................................59
4.3.2 Tempo Contínuo:.....................................................................................................60
CONCLUSÃO:.....................................................................................................................62
CONCLUSÃO: ...................................................................................................63
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:...................................................................64
8
INTRODUÇÃO:
Decisões presentes afetam eventos futuros. Então é plausível pensar que os agentes
econômicos, racionais por hipótese, estejam, por exemplo, interessados em maximizar o seu
bem-estar atual, mas levando-se em consideração as conseqüências de suas escolhas feitas
hoje sobre o seu próprio bem-estar no futuro. Esse tipo de problema é conhecido como
escolha intertemporal. A teoria de Controle Ótimo é uma técnica utilizada para se estudar
problemas envolvendo esse tipo de decisão. Em Economia, as primeiras aplicações
envolvendo a teoria de Controle Ótimo, mais especificamente, envolvendo a teoria de Cálculo
Variacional foram elaboradas por Ramsey (1928) e Hotelling (1931).
Um teorema muito importante e útil na análise de problemas de otimização
intertemporal é o Teorema do Envelope. Este teorema é uma ferramenta poderosa em análise
de estática comparativa – tão presente em Economia e fundamentada por Samuelson (1947,
1960) e Silberberg (1971, 1974, 1978) – pois o Teorema do Envelope descreve condições
suficientes para que a função valor-ótimo de um problema de otimização parametrizada seja
diferenciável no parâmetro e ainda fornece uma fórmula para essa derivada. Ou seja,
podemos, via Teorema do Envelope, analisar os efeitos de mudanças marginais no parâmetro
sobre a função objetivo de um problema de otimização intertemporal no ponto ótimo.
Em Economia, quando se trabalha com modelos dinâmicos, muitos autores fazem uso
da hipótese de diferenciabilidade sobre a função valor-ótimo. São exemplos deste tipo de
trabalho os artigos de Oniki (1973), Epstein (1978), Caputo (1990), LaFrance e Barney
(1991). Entretanto, essa hipótese de diferebciabilidade da função valor-ótimo impõe,
implicitamente, restrições ao modelo. Alguns trabalhos estudando condições sob as quais a
função valor-ótimo é diferenciável são Benveniste e Scheinkman (1979), Taesung (1993), Sah
e Zhao (1998) e Milgrom e Segal (2002).
No presente trabalho analisaremos dois destes artigos. Mais especificamente
apresentaremos o trabalho elaborado por Benveniste e Scheinkman (1979). O qual estabelece
o conjunto de hipóteses necessário para se garantir a diferenciabilidade da função valor-ótimo
na classe de problemas de Cálculo Variacional com horizonte infinito. Entretanto, vamos
reescrever o lema fundamental desse trabalho com hipóteses menos restritivas e resultados
mais abrangentes e, a partir desse novo lema, estabelecer, seguindo o formato elaborado no
9
trabalho original, a diferenciabilidade da função valor-ótimo na referida classe de problemas.
O segundo artigo a ser analisado é aquele elaborado por Milgrom e Segal (2002). Vamos
apresentar parte desse trabalho, a fim de empregá-la na obtenção dos resultados estabelecidos
por Benveniste e Scheinkman (1979). Ou seja, vamos utilizar parte dos resultados alcançados
por Milgrom e Segal (2002), a fim de reescrevermos o problema analisado por Benveniste e
Scheinkman (1979) em um formato mais acessível e tratável sem, contudo, deixar de alcançar
os mesmos resultados.
Esta dissertação é constituída de quatro capítulos além desta introdução e de sua
conclusão. O primeiro capítulo trata da apresentação de três formas inter-relacionadas de se
descrever um problema de Otimização Dinâmica: Controle Ótimo, Cálculo Variacional e
Programação Dinâmica; além disso, conceituamos variável de estado e estabelecemos a
função valor-ótimo nessa classe de problemas. Por fim, apresentamos o Teorema do Envelope
para os casos estático e dinâmico, ressaltando sua relevância em análise de estática
comparativa. No segundo capítulo, apresentamos o conceito de correspondências e a noção de
hemicontinuidade para as mesmas. Além disso, estabelecemos alguns importantes lemas
sobre funções côncavas, os quais serão amplamente utilizados nas derivações presentes nos
dois capítulos finais. O terceiro capítulo trata da apresentação do trabalho publicado por
Benveniste e Scheinkman (1979). Neste capítulo apresentaremos a nova versão para o lema
fundamental daquele trabalho e em seguida, vamos estabelecer a diferenciabilidade da função
valor-ótimo na classe de problemas de Cálculo Variacional com horizonte infinito para os
casos de tempo discreto e tempo contínuo, seguindo o formato adotado no trabalho original.
Finalmente, no quarto capítulo, vamos apresentar parte do trabalho elaborado por Milgrom e
Segal (2002) e utiliza-la para estabelecer a diferenciabilidade da função valor-ótimo na
mesma classe de problemas que Benveniste e Scheinkman (1979), entretanto, após reescrever
o referido problema de forma mais acessível, tornando mais clara a aplicabilidade do Teorema
do Envelope.
10
CAPÍTULO 1 CÁLCULO VARIACIONAL E TEOREMAS DE
ENVELOPE:
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo apresentaremos a classe de problemas que é objeto de estudo deste
trabalho, ou seja, problemas de otimização dinâmica. O enfoque dado ao referido assunto,
neste primeiro capítulo, visa apresentar e esclarecer as idéias básicas que estão por trás dessa
classe de problemas. Além disso, um dos objetivos deste capítulo é apresentar, de forma
genérica, o amplamente utilizado teorema do envelope. Neste primeiro momento, a
preocupação é definir e explicitar as vantagens e os motivos que levam ao interesse por esse
teorema como, por exemplo, sua importância na análise de estática comparativa, tão presente
em Economia. Entretanto, não serão discutidas ainda as condições necessárias e suficientes
que garantam a aplicabilidade do referido teorema.
O presente capítulo está dividido, além desta introdução e da conclusão, em três
seções: a primeira traz a apresentação de três tipos de problemas inter-relacionados de
otimização dinâmica, são eles: controle ótimo, cálculo variacional e programação dinâmica.
Sendo que programação dinâmica será abordada em tempo discreto, cálculo variacional em
tempo contínuo e controle ótimo em ambas as formas. A segunda seção visa melhor explicar e
conceituar variáveis de estado e, conseqüentemente, estabelecer a função valor-ótimo, sobre a
qual aplicaremos posteriormente o teorema de envelope. Na última seção serão apresentados
os teoremas de envelope para os casos estático e dinâmico, ressaltando sua importância e
aplicabilidade em análise de estática comparativa.
1.1 OTIMIZAÇÃO DINÂMICA:
Esta seção baseia-se fortemente em Van Long e Leonard (1992) e em Kamien e
Schwartz (1993). E, como dito anteriormente, visa esclarecer a classe de problemas de
otimização dinâmica.
11
1.1.1 Controle Ótimo:
Comecemos considerando um sistema dinâmico, por exemplo, uma economia
qualquer. Algumas variáveis podem ser identificadas por descrever o estado desse sistema em
cada instante do tempo: são chamadas de variáveis de estado – por exemplo, o estoque de
bens presente nessa economia em um dado instante. A taxa de variação ao longo do tempo no
valor de uma variável de estado pode depender do valor da própria variável, (do próprio
tempo), ou de alguma outra variável, a qual pode ser controlada em qualquer período pelo
operador do sistema. Esse tipo de variável é chamado variável de controle – por exemplo, o
fluxo de bens consumidos em um dado instante. As equações que descrevem a taxa de
variação das variáveis de estado são geralmente equações diferenciais. Logo, temos um
sistema dinâmico, pois a partir do momento em que são escolhidos os valores das variáveis de
controle em cada data, as taxas de variação nos valores das variáveis de estado são então
determinadas para cada período, e conseqüentemente – a partir de seus valores iniciais dados
– são determinados todos os valores futuros das variáveis de estado. Por exemplo, o padrão
de consumo da economia determina o investimento líquido e, portanto, a acumulação de
estoque de capital ao longo do tempo. Note que o objeto controlado em um sistema
geralmente contribui com um dado objetivo. Por exemplo, os valores de consumo, estoque de
capital, e tempo determinam o bem-estar da comunidade em cada instante do tempo, e o
objetivo é maximizar o bem-estar total ao longo de um horizonte temporal fixo, dados valores
específicos de estoque no início e no fim do período.
Vamos agora definir formalmente um problema de controle ótimo simples. Para todo t
encontre c(t) que maximiza:
0
0
( ( ), ( ), ) (1.1)
s.a. ( ( ), ( ), ) (1.2)
(0) ; ( ) (1.3)
T
T
Vvstcttdt
sfstctt
sssTs
=
=
==
&
onde s(t) é a variável de estado, ()st
&
é a taxa de variação da variável de estado em relação
ao tempo, c(t) é a variável de controle, e t denota a data; o intervalo ],0[ T é o horizonte de
planejamento, s
0
e s
T
são os valores que a variável de estado deve assumir nos limites desse
horizonte. Os valores de T, s
0
e s
T
são especificados exogenamente.
Podemos ainda apresentar um problema de controle ótimo em tempo discreto. Nesse
caso, o horizonte consiste de T períodos, t = 1, 2, ..., T, ao invés de um intervalo contínuo.
12
Desse modo, temos um problema de maximização com restrição que apresenta uma estrutura
recursiva especial. Escrito de outra forma: ache c(1), c(2), ..., c(T) que maximiza:
1
11
( ( ), ( ), ) (1.4)
s.a. ( 1) ( ) ( ( ), ( ), ); 1,2,..., (1.5)
(1) ; ( 1)
T
t
T
Vvstctt
st st f st ct t t T
sssT s
=
+
=
+− = =
=+=
(1.6)
Este é o problema discreto análogo ao formulado em (1.1) – (1.3). A equação em
diferença (1.5), que descreve como a variável de estado varia de um período para o próximo,
substitui a equação diferencial (1.2), que descreve a variação a cada instante. Os símbolos s(t)
e c(t) denotam, respectivamente, os valores da variável de estado e variável de controle no
início do período t. Logo, especificar um valor para s(T+1) é o mesmo que requerer que a
variável de estado assuma este valor no fim do período T. Somos livres para escolher
quaisquer valores para c(t) e s(t) que maximizem (1.4) desde que as restrições (1.5) e (1.6)
sejam satisfeitas.
1.1.2 Cálculo Variacional:
Na subseção precedente estudamos o problema de encontrar (s(t) e c(t)) que maximiza:
0
0
( ( ), ( ), ) (1.7)
s.a. ( ) ( ( ), ( ), ) (1.8)
(0) ; ( ) (1.
T
T
Vvstcttdt
st f st ct t
sssTs
=
=
==
&
9); (1.10)
Supondo que possamos explicitar c(t) em função de
(), () e st st t
&
, temos:
( ) ( ( ), ( ), ) (1.11)ct st st t
φ
=
&
Substituindo (1.11) em v(s, c, t) obtemos:
( ( ), ( ), ) ( ( ), ( ( ), ( ), ), ) (1.12)vstctt vst ststtt
φ
=
&
13
O lado direito de (1.12) é uma função de s(t),
()st
&
e t. Daremos a essa função um
nome,
((),(),)Fst st t
&
. Então o problema (1.7) torna-se: achar s(t) e também ()st
&
que
maximiza:
0
0
( ( ), ( ), ) (1.13)
s.a. (0) ; ( ) (1.14)
T
T
Fst st tdt
sssTs==
&
Este problema está escrito no formato de Cálculo Variacional, no qual a variável de
escolha é a taxa de variação da variável de estado. Note que um problema de Controle Ótimo
é mais geral que um problema de Cálculo Variacional, pois todo problema variacional da
forma de (1.13) sujeito a (1.14) pode ser escrito como um problema de Controle Ótimo. Basta
fazermos ( ) ( )st ct
=
&
. Enquanto que um problema de Controle Ótimo poderá ser escrito na
forma de um problema variacional, apenas quando for possível reescrever a restrição (1.8) de
modo a explicitar c(t) em função de ( ), ( ) e st st t
&
.
1.1.3 Programação Dinâmica:
Na subseção 1.1.1, introduzimos um problema de otimização em tempo discreto. Um
método alternativo de resolver este tipo de problema é através de programação dinâmica, a
qual explora a natureza recursiva do problema (1.4). Para mostrar isso, vamos primeiramente
reescrever (1.4) e (1.5) em um formato mais conveniente para o nosso atual interesse. O
problema é encontrar c(1), c(2), ..., c(T) que maximiza:
1
1
( ( ), ( )) (1.15)
s.a. s(t 1) ( ( ), ( )); 1,2,..., (1.16)
(1) ; ( 1)
T
t
t
t
Vvstct
hstct t T
sssT s
=
=
+= =
=+=
(1.17)
onde s
1
e s são fixados exogenamente.
A terminologia usual de programação dinâmica é como se segue: Em (1.15),
))(),((
tctsv
t
é o benefício líquido no tempo t. A equação (1.16) é chamada de função de
transição em
t. O subscrito t em v
t
e h
t
indica que estas funções podem depender de t.
14
O problema (1.15), sujeito a (1.16) e (1.17), é uma versão discreta de um problema de
controle e tal qual possui duas propriedades fundamentais de separabilidade e aditividade ao
longo dos períodos de tempo. Mais precisamente,
i) para qualquer
t, as funções v
t
e h
t
dependem de t e dos valores correntes das
variáveis de estado e de controle, mas não dos seus valores passados ou futuros;
ii) o maximizante
V é a soma das funções de benefício líquido.
Essas propriedades tornam possível a solução do problema por indução retroativa. Este
método consiste em resolver o problema para o último período, tomando como dado o valor
da variável de estado e resolvendo para trás até o primeiro período, quando de fato sabemos o
valor da variável de estado. Obtemos então a solução ótima ao remontar os passos a partir da
origem, empregando o valor inicial da variável de estado.
1.2 VARIÁVEIS DE ESTADO E A FUNÇÃO VALOR-ÓTIMO:
Nesta seção vamos esclarecer o que vem a ser uma variável de estado em um problema
de otimização intertemporal e como essa variável é utilizada na constituição da função valor-
ótimo. Escrito dessa maneira, um problema de otimização dinâmica estará expresso em
função de uma única variável ou um subconjunto de variáveis.
1.2.1 Variáveis de estado e variáveis de escolha:
Ainda que um sistema econômico consista de várias variáveis (por exemplo, capital,
trabalho, produto, salários, taxas de juros), um subconjunto dessas variáveis geralmente
resume satisfatoriamente o estado do sistema em qualquer ponto do tempo, no qual o
comportamento de todas as outras variáveis pode ser derivada a partir do comportamento
desse subconjunto. Por exemplo, no modelo de crescimento de Solow com dois fatores,
retornos constantes a escala na função de produção implica que salários, taxas de juros, o
produto per capita são todos funções de
k, ou seja, a relação capital-trabalho (ou o estoque de
capital per capita, quando trabalho é igual à população). Se a força de trabalho cresce
exogenamente, produto total e capital total são imediatamente obtidos a partir de seus valores
per capita. O comportamento dinâmico de todas as variáveis pode então pode ser facilmente
derivado a partir do comportamento de uma única variável,
k. Desse modo, a relação capital-
15
trabalho,
k, determina inteiramente o estado da economia em cada ponto do tempo.
Chamamos
k uma variável de estado para o modelo de crescimento.
De forma mais geral, uma variável de estado é uma variável (ou um conjunto de
variáveis) cujo valor em um ponto do tempo determina inteiramente (juntamente com o valor
das outras variáveis do estado) o estado do sistema, isto é, os valores de todas as variáveis
relevantes do sistema. Para cada variável de não-estado, deveríamos ter uma equação
comportamental relacionando seu valor em
t aos valores das variáveis de estado em t (por
exemplo, produto per capita )(
tt
kfy = ). (Aquelas variáveis que são constantes ao longo do
tempo não são consideradas variáveis de estado). A vantagem de se definir variáveis de estado
é a redução do número de variáveis que precisamos trabalhar, reduzindo assim a
complexidade do sistema.
Variáveis de estado são mais comumente usadas em sistemas dinâmicos, pois a
evolução dessas variáveis ao longo do tempo determina a evolução do sistema. Mais
precisamente precisamos de uma equação de transição para cada uma dessas variáveis, a fim
de descrever seu comportamento dinâmico (e, desse modo, o comportamento dinâmico do
sistema). No tempo discreto, uma equação de transição dá o valor da variável de estado no
tempo
t + 1 como uma função de todas as variáveis de estado no tempo t.
Para resumir, a equação comportamental para uma variável relacionando seu valor em
um ponto do tempo às variáveis de estado na mesma data (por exemplo, )(
tt
kfy
=
),
combinada com as equações de transição e com um valor inicial para as variáveis de estado,
implica que a seqüência completa de variáveis a partir do tempo zero até o último período é
uma função das variáveis de estado no tempo 0.
Em um modelo de comportamento otimizador freqüentemente distinguimos variáveis
de estado das variáveis de escolha, estas são escolhidas pelo agente otimizador, enquanto que
uma função da variável de estado descreve o estado no início do período no qual a escolha é
feita. Grosso modo, distinguimos aquelas variáveis cujo valor é “transferido à frente”
daquelas escolhidas dentro do período. Por exemplo, no problema de crescimento ótimo,
consumo em
t é uma função do capital em t. Note que a variável de estado em t + 1 pode ser a
variável de escolha em
t.
16
1.2.2 A Função Valor-ótimo:
O conceito de função valor-ótimo pode ser visto como desdobramento do conceito de
uma variável de estado. Conceitualmente, o que significa uma função valor-ótimo? Significa
que o valor presente descontado máximo da função objetivo, a partir de um ponto do tempo,
pode ser expresso como uma função das variáveis de estado naquela data. Isto é, a utilidade
máxima obtenível a partir do tempo zero é uma função do estado do sistema em zero e a
função valor-ótimo é a função que resume esta relação.
Para ficar claro, sejamos mais específicos. Sejam as variáveis de estado em um ponto
no tempo variáveis que determinam todas as demais variáveis no tempo corrente (via
equações de transição) e nas datas futuras, incluindo aquelas que entram na função objetivo;
elas determinam o valor máximo obtenível desta função. Por exemplo, no problema de
crescimento,
k
t
determina k
t+1
, o qual determina k
t+2
, et cetera. k
t
, conseqüentemente,
determina o valor maximizante da utilidade de
c
t
, c
t+1
, c
t+2
, et cetera, e este valor máximo
obtenível é simplesmente
V(k
t
). Não precisamos saber quais são esses valores para
compreender que há um máximo o qual é inteiramente determinado por
k
t
.
1.3 TEOREMAS DE ENVELOPE:
Nesta seção vamos apresentar o Teorema de Envelope para os casos estático e
dinâmico, ressaltando a importância desse teorema em análise de estática comparativa, tão
presente em modelos de Teoria Econômica.
1.3.1 Teoremas de Envelope Estáticos:
Teoremas de envelope são empregados para obter resultados de estática comparativa.
A identidade de Roy, equação de Slutsky, lema de Shepard, lema de Hotelling são
estabelecidos via teoremas de envelope. Estes teoremas são importantes para a análise de
sensibilidade da função valor-ótimo em relação às perturbações na função-objetivo e na
restrição e são empregados em teoria dos jogos, desenho de mecanismos e análise de erro,
além dos usos mais conhecidos em Microeconomia.
17
Um teorema de envelope é um resultado que estabelece condições através das quais a
função de valor-ótimo
()
sup ( , ) ( )
xFy
f
xy Vy
=
é diferenciável e obtém uma expressão para a
diferencial desta função.
Os mais conhecidos envelopes usados em estática comparativa estão expostos abaixo.
Se
YyyF todopara )(int
e
.)(int)}(),(/)({)max(arg
=
= yFyVyxfxFxy
Caso
f seja diferenciável em )(*)max(arg yxy
=
então
Langrange. de doresmultiplica ntescorreponde são ))(*()),...,(*( onde
)),(*()).(*(...)),(*()).(*()),(*()(
1
1
1
yxyx
yyx
y
g
yxyyx
y
g
yxyyx
y
f
y
y
V
k
i
k
k
iii
λλ
λλ
++
+
=
O reconhecimento da importância destes teoremas para a análise econômica se deve a
Samuelson: “para que a análise seja útil ela tem que fornecer informações do modo em que
nossas quantidades de equilíbrio irão variar como resultado das variações dos parâmetros
tomados como dados independentes”. Samuelson define equilíbrio como “... os valores das
variáveis determinados por um conjunto de condições...”, ou seja, genericamente equilíbrio é
o conjunto de pontos
x = (x
1
, ... ,x
n
) de um sistema de equações
kixxf
n
i
,...,1 ,0),...,(
1
==
O conjunto de condições é representado pelas equações f
i
= 0, ou seja, os equilíbrios
são os valores de uma multifunção. Mas Samuelson acrescenta: “Dificilmente bastaria,
contudo mostrar que em certas condições podemos indicar relações (equações) suficientes
para determinar o valor de nossas incógnitas. É importante que nossa análise se desenvolva de
forma a nos auxiliar a determinar como nossas variáveis se modificam qualitativamente ou
quantitativamente em face da ocorrência de mudanças nos dados explícitos. Assim
introduzimos explicitamente em nosso sistema certos dados sob a forma de parâmetros, que,
ao mudar, provocam variações em nossas relações funcionais”. Traduzindo matematicamente:
tomamos um sistema de n equações,
18
nixxf
mn
i
,...,1 ,0),...,,...,(
11
==
αα
Em n + m incógnitas. O conjunto de equilíbrio, ou seja, o conjunto dos pontos
(, )
nm
x
α
+
pode, sob algumas condições, ser localmente representado por n funções
))(),...,(()(
1
ααα
n
ii
xxgg = pelo teorema da função implícita. As variações das quantidades
de equilíbrio em função dos parâmetros,
j
i
d
dx
α
, são obtidas resolvendo os sistemas:
j
n
j
n
n
n
j
n
jj
n
nj
f
d
dx
x
f
d
dx
x
f
f
d
dx
x
f
d
dx
x
f
ααα
ααα
=
++
=
++
...
...
1
1
11
1
1
1
L
para j = 1, ..., m.
Em economia, usualmente, o equilíbrio é obtido através das condições de primeira ordem
para extremos de alguma função, como por exemplo, ),(),(),,(
α
λ
α
λ
α
xgxfxL +
=
, os
equilíbrios são dados pelas equações:
.,...,1 ,0)*,()*,()*,(
1
nix
dx
g
x
x
f
x
x
L
ii
==
+
=
αλαα
Respeitadas certas condições, obtemos os equilíbrios )(*
α
x via teorema da função
implícita. Na década de sessenta, Samuelson amplia a análise iniciada em “Foundations”
introduzindo o que posteriormente Silberberg chamou de metodologia primal-dual.
Suponhamos que o parâmetro ),( ba
α
. Samuelson troca o problema
)( s.a.
),(max)(
α
α
α
Fx
xfV
=
pelo problema primal-dual
19
b)(a, e )( s.a.
)(),(max
αα
α
α
Fx
Vxf
Se
)(*
α
x
é solução do problema acima então,
. )(,0)(),(
0)()),(*(
ααα
α
α
α
FxVxf
Vxf
=
Logo, fixado )(*
α
x , a função )(),(),(
α
α
α
Vxfxz
=
tem um máximo em
α
, e
este é um problema sem restrição em
α
. Portanto,
,0)()),(*()),(*( =
=
α
α
αα
α
αα
α
jjj
d
V
x
f
x
z
que é o teorema do envelope.
Consideremos o problema com restrição:
0),(,...,0),( s.a.
),(max)(
k1
==
=
αα
α
α
xgxg
xfV
O problema primal-dual é
0),(,...,0),( s.a.
)(),(),(max
k1
),(
==
=
αα
ααα
α
xgxg
Vxfxz
x
Se )(*
α
x é um máximo de ),(
α
xz com as restrições
0),(,...,0),(
k1
=
=
α
α
xgxg
.
Definindo o lagrangeano
),,(...),()(),(),(*
k11
α
λ
α
λ
α
α
α
xgxgVxfxL
k
+
+
+
=
Obtemos,
1k
1
*
(*(),) (*(),) () (,)... (,) 0,
k
jjjj j
LfVg g
xx x x
αα αα α λ α λ α
αααα α
∂∂
=
−+ ++ =
∂∂
20
que é o teorema do envelope.
1.3.2 Teoremas de Envelope Dinâmicos:
Derivadas da função valor-ótimo em cálculo das variações aparentemente surgem na
década de 1970. Hadley e Kemp (1971), obtém expressões para as derivadas parciais de
1
0
0011
(, ,,) max (,(),())
s.a. x(t ) , ( ) ,
t
t
Jab ftxtxtdt
x
xt x
αβ
=
=
=
&
ao considerar as curvas soluções
)(* tx
que passam pelos pontos
(,) e (,)ab
α
β
. Oniki (1973)
sugere uma fórmula para a derivada da função valor-ótimo em relação aos parâmetros
exógenos num problema de controle ótimo. O mesmo faz Epstein (1978), calculando as
derivadas de primeira e segunda ordens para a função valor-ótimo em relação às variáveis
exógenas num problema de controle ótimo.
Nos textos de macroeconomia implicitamente se faz uso de teoremas de envelope
dinâmicos quando se analisa a alteração nas trajetórias causadas por variação de algum
parâmetro exógeno. Por exemplo, no modelo de crescimento neoclássico,
0
0
00
()max (())
sa ( ) ( ( )) ( ) ( ),
( ) , ( ) 0, ( ) 0.
t
Vk B e Uct dt
kt fkt ct bkt
kt k ct kt
ρ
+∞
−⋅
=⋅
=−
=≥
&
Queremos saber como V responde ao parâmetro k
0
. Este problema pode ser
transformado no problema variacional
0
0
00
()max ((()) () ())
s.a. ( ) , ( ) 0.
t
Vk B e Ufkt bkt kt dt
kt k kt
ρ
+∞
−⋅
=⋅
=≥
&
Em outras palavras, estamos interessados em saber se V é diferenciável com relação ao
parâmetro k no ponto k
0
. E ainda qual a expressão para essa derivada.
21
CONCLUSÃO:
Portanto, neste primeiro capítulo apresentamos as principais formas de se descrever
um problema de Otimização Dinâmica; destacamos a importância das variáveis de estado
nessa classe de problemas, além de sua importância na formulação da função valor-ótimo. Por
fim, apresentamos as mais conhecidas formas de se estabelecer o teorema de envelope,
abordando os casos estático e dinâmico. A apresentação destes conceitos é importante neste
trabalho, pois estamos interessados na aplicabilidade do teorema de envelope sobre uma
determinada função valor-ótimo, a qual descreve um problema de Cálculo Variacional com
horizonte infinito.
22
CAPÍTULO 2 DEFINIÇÕES BÁSICAS:
INTRODUÇÃO:
Um conceito importante em problemas de otimização parametrizada é o conceito de
correspondências. Por exemplo, preferências são correspondências. Estas surgem
inevitavelmente em teoria econômica porque o problema básico é a análise da escolha, através
de algum critério, de pontos em determinados conjuntos. Este critério geralmente não
determina um único ponto. São exemplos: a maximização da utilidade dentro do conjunto de
possibilidades de consumo do agente sujeito a uma restrição orçamentária e a minimização da
função perda social dentro de um conjunto de possibilidades de trajetória para a inflação
esperada. Em todos esses problemas o subconjunto das escolhas ótimas não é necessariamente
formado por um ponto ou trajetória. As escolhas ótimas podem ser muitas ou não existirem.
Também muito importante em problemas de otimização em Economia são as funções
côncavas. Estas possuem propriedades interessantes para modelos econômicos. Por exemplo,
os pontos críticos de uma função côncava são máximos globais; a soma ponderada de funções
côncavas é uma função côncava; e os conjuntos de nível de uma função côncava possuem o
formato apropriado para as teorias de consumo e produção.
Dividiremos, portanto, o presente capítulo em duas seções além desta introdução. Na
primeira seção abordaremos o conceito de correspondências e estabeleceremos a
hemicontinuidade para correspondências. Além disso, vamos estabelecer a concavidade da
função valor-ótimo em um problema de maximização em que a função objetivo é côncava e a
correspondência sobre a qual se maximiza é convexa. Na segunda seção apresentaremos
alguns resultados sobre funções côncavas e suas derivadas direcionais, os quais serão
utilizados no desenvolvimento dos capítulos posteriores.
2.1 CORRESPONDÊNCIAS:
Em problemas de otimização, pontos ótimos podem não ser únicos. Para cada conjunto
de valores dos parâmetros podemos ter inúmeras soluções e, portanto, a relação que associa os
23
parâmetros aos pontos pode não ser uma função. Correspondências aparecem na literatura
matemática e econômica com designações diferentes: set-valued functions, multivalued
functions, multifunctions, point-to-set maps são algumas das expressões empregadas.
Formalmente, uma correspondência
:FX Y , do conjunto X no conjunto Y, é uma
parte do plano cartesiano
X
Y× , isto é, .FXY⊆× Além disso, pode ser definida como: dados
os conjuntos ,
N
XY , uma correspondência :FX Y é uma regra que designa um
conjunto ( )Fx Y para cada
x
X . Note que funções :
f
XY são um tipo particular de
correspondência de X em Y tais que a cada
x
X
existe apenas um yY associado, isto é, se
(,),(,') '.
x
yxy f yy∈⇒=
Dada uma correspondência
:FX Y , definimos dois tipos diferentes de imagens
inversas de :
B
Y
{}
{}
() / () ;
() / () .
FB xXFxB
FB xXFxB
φ
=∈
+
=∈
(), ()FBFB
−+
são ditas imagens inversas inferior e superior, respectivamente.
Na década de 1930, Boulingand, Kuratowski e Blanc (Aubin, 1990 e Rockafellar,
1998) estenderam o conceito de continuidade de funções para correspondências. Os principais
conceitos de continuidade para correspondências são os de hemicontinuidade inferior e
superior. Intuitivamente, o significado da hemicontinuidade inferior num ponto
0
x
é que em
torno de
0
x
os conjuntos ()Fx não podem ser muito “menores” que o conjunto
0
()Fx . O
significado da hemicontinuidade superior num ponto
0
x
é que em torno de
0
x
os conjuntos
()Fx
não podem ser muito “maiores” que o conjunto
0
()Fx . Dito de outra forma,
hemicontinuidade superior é compatível com descontinuidades que aparecem como
“explosões” de conjuntos, enquanto hemicontinuidade inferior é compatível somente com
“implosões” de conjuntos.
Sejam
X e Y espaços topológicos. Dizemos que F é hemicontínua superior (uhc) em
0
x
X se para toda a vizinhança aberta
0
de (),VY Fx existe vizinhança aberta UX de
0
x
tal que se
entao ( ) ,
x
UFxV∈⊆
%
isto é, as imagens inversas superiores de vizinhanças
abertas de
0
()Fx são vizinhanças abertas de
0
x
. De maneira similar, dizemos que F é
hemicontínua inferior (lhc) em
0
x
se para todo aberto VY tal que
0
()Fx V
φ
∩≠ existe
24
vizinhança aberta UX de
0
x
tal que se entao ( ) .xU Fx V
φ
∩≠
%
Em outra palavras, as
imagens inversas inferiores de abertos que interceptam
0
()Fx são vizinhanças abertas de
0
x
.
Se diz que F é hemicontínua (hc) (contínua) em
0
x
se for uhc e lhc em
0
x
.
Dizemos que F é hemicontínua superior em X se for hemicontínua superior em todos
os pontos de X. Igualmente, se diz que F é hemicontínua inferior em X se for hemicontínua
inferior em todos os seus pontos. Neste caso, podemos caracterizar a hemicontinuidade
superior dizendo que F é hemicontínua superior se a imagem inversa superior ( )FG
+
de todo
aberto G de Y é aberto de X e F é hemicontínua inferior se a imagem inversa inferior ( )FG
de todo aberto G de Y é aberto de X.
Se ( )Fx for um conjunto fechado ou compacto para todo
x
X , dizemos que F é
valor-fechado ou valor-compacto. Se Y for um espaço vetorial e F(x) for convexo para todo
x
X , dizemos que F é valor-convexo.
Se o gráfico de F,
{
}
() (,) / (),graf F F x y X Y y F x== ×
é um subconjunto fechado de
X
Y×
dizemos que F é fechado. Se X e Y são espaços vetoriais
e
F for convexo dizemos que F é convexa.
Caso as topologias de X e Y satisfaçam o primeiro axioma da enumerabilidade, isto é,
cada ponto do espaço tenha uma base de vizinhanças enumerável, então podemos caracterizar
a hemicontinuidade inferior e superior através de seqüências. Este é o caso de espaços
métricos, por exemplo. Em termos de seqüências, temos:
Definição 2.1: Uma correspondência
:
X
Y
Γ
é hemicontínua inferior (lhc) em x se
()
x
Γ é não-vazia e se, para todo ( )
y
x
Γ e toda seqüência ,
n
x
x existe 1N e uma
seqüência
{
}
n
nN
y
=
tal que e ( ),
nnn
y
yy x→∈Γ para todo .nN
Definição 2.2: Uma correspondência valor-compacta
:
X
Y
Γ
é hemicontínua
superior (uhc) em x se
()
x
Γ
é não-vazia e se, para toda seqüência ,
n
x
x e toda seqüência
{
}
n
y tal que ( ),
nn
y
x∈Γ para todo n, existe uma subseqüência convergente de
{
}
n
y , cujo
ponto limite y está em ( )
x
Γ .
25
Os próximos dois resultados provêem condições sobre graf (F) que são suficientes
para garantir as hemicontinuidades superior e inferior respectivamente de
.Γ
Teorema 2.1: Seja
:
X
YΓ→ uma correspondência não-vazia, seja A o gráfico de .
Γ
Suponha que A
seja fechado e que para qualquer conjunto limitado
ˆ
X
X , o conjunto
ˆ
()
X
Γ
é limitado. Então Γ é valor-compacto e uhc.
O próximo teorema diz respeito à hemicontinuidade inferior. Para qualquer
l
x
e
qualquer
0
ε
> , seja
(,)
B
x
ε
uma bola fechada de raio
ε
centrada em x:
{
}
(,) ' : ' .Bx x X x x
ε
ε
=∈
Teorema 2.2: Seja
:
X
YΓ→
uma correspondência não-vazia, seja A o gráfico de .
Γ
Suponha que
A seja convexo e que para qualquer conjunto limitado
ˆ
X
X , há um conjunto
ˆ
YY tal que
ˆ
()xY
φ
Γ∩, para todo
ˆ
;
x
X e que para todo
x
X
, existe algum 0
ε
> tal
que o conjunto
(,)
B
xX
ε
é fechado e convexo. Então
Γ
é lhc.
2.1.1 Correspondências Convexas e a Concavidade da Função Valor Ótimo:
Vamos agora estabelecer a concavidade da função valor-ótimo num problema de
maximização de uma função objetivo côncava sobre uma correspondência convexa.
Comecemos pela seguinte definição:
Definição 2.3: Dizemos que :
gX Y é uma correspondência convexa se
12
,
x
xX
tal que
11
()ygx e
22
()ygx implica
12 12
[(1 ) ] ((1 ) );0 1yyg xx
λ
λλλλ
+∈+ .
Dada essa definição, vamos apresentar um lema que estabelece a concavidade da V:
Lema 2.1: Seja o seguinte problema de maximização, supondo que este possua
*( ) ( )
y
xgx que soluciona:
26
( ) max ( , )
. . ( )
ˆ
onde : e uma funçao concava
ˆ
: e uma correspondencia convexa
Vx fxy
sa y g x
fXY
gX Y
=
×→
%
Então, podemos afirmar que
V(x) é uma função côncava.
Prova:
12 12 12
((1 ) ) ((1 ) ); *((1 ) ))Vxxfxxy xx
λ
λλλλλ
+ =−+ −+
Como g(.) é convexa então:
12 12
(1 ) * ( ) * ( ) ((1 ) )yx yx g x x
λ
λλλ
−++ e
12 12 1 2
((1 ) ) ((1 ) );(1 ) *( ) *( ))V x x f x x yx yx
λ
λλλλλ
+≥+ +
Devido à concavidade da f:
**
12 11 22
((1 ) ) (1 ) ( , ) ( , )Vxx fxyfxy
λλ λ λ
−+ +
Então:
12 1 2
((1 ) ) (1 ) ( ) ( )Vxx VxVx
λ
λλλ
+≥ +
Logo V é côncava.
2.2 FUNÇÕES CÔNCAVAS E SUAS DERIVADAS DIRECIONAIS:
Nesta seção vamos desenvolver e mostrar alguns resultados referentes a funções
côncavas e o comportamento de suas derivadas direcionais. Esses resultados nos auxiliarão na
demonstração e posterior modificação do lema proposto por Benveniste e Scheinkman (1979).
Vamos considerar uma função côncava. Tomemos três pontos distintos pertencentes a
essa curva. Construamos (tracemos) então cordas abaixo dessa função ligando os três pontos
27
tomados dois a dois. O objetivo é extrair relações entre as inclinações das referidas retas. Um
resultado conhecido sobre funções côncavas na reta nos diz que:
Lema 2.2:
32 31 21
32 31 21
12 3 2 1 3
ˆ
:. e concava
() () () () () ()
para todo x , x , x tal que x (1 ) ; (0,1)
Intervalo
xx xxxx
xx xx xx
xx
ϕ
ϕ
ϕϕ ϕϕ ϕϕ
λλλ
⊆→
−−
≤≤
−−
=− +

Este resultado podemos generalizar para funções côncavas definidas em convexos do
n
.
Lema 2.3:
ˆˆ
: , e concava e concava quando
restrita aos segmentos de reta que unem os pontos de .
convexo n
fD f f
D
′′
⊆→

Temos que:
00
00
() (´) (´´) ()´) )
´´´´´´
f
xfx fxfxfx fx
xx xx xx
−−
≥≥
−−−
Essas relações surgem naturalmente da observação das inclinações das retas que ligam os três
pontos escolhidos. Juntamente com o lema 2.3 podemos estabelecer o seguinte resultado:
Lema 2.4:
,
00
00
00
: ; f concava
( ´´) ( ) ( ) ( ´)
( ´´) ( ´)
´´ ´´ ´ ´
para todo x´, x ,´ tal que x (1 ) ´ ´´; (0,1)
aberto convexo
fD
fx fx fx fx
fx fx
xx xx xx
xx
λλλ
⊆ℜ
−−
≤≤
−−
=− +
Prova:
Se f é côncava então f é côncava quando restrita aos segmentos de reta contidos no seu
domínio, isto é,
ˆ
(t) ((1 ) ´ ´´) e concava;ftxtx
ψ
=
−+ se ´, ´´ .
x
xD
28
De modo que:
0
(1) ( ´´)
( ) ((1 ) ´ ´´) ( )
(0) ( ´)
fx
f
xx fx
fx
ψ
ψλ λ λ
ψ
=
=−+=
=
Logo:
( ) (0) (1) (0) (1) ( )
(2.1)
11
ψ
λψ ψ ψ ψ ψλ
λλ
−−−
≥≥
Mas:
0
0
0
0
0
(1 ) ´ ´´
´ ( ´´ ´)
´(´´´)
´´´´
´
´´ ´
x
xx
xx xx
x
xxx
x
xxx
xx
xx
λ
λ
λ
λ
λ
λ
=− +
=+
−=
−=
=
0
0
0
0
´´ (1 ) ´ (1 ) ´´
´´ (1 )( ´ ´´)
´´ (1 ) ´ ´´
´´
(1 )
´´´
x
xxx
xx xx
xx xx
xx
xx
λ
λ
λ
λ
λ
=−
−=
−=
−=
Substituindo
(t)
ψ
, λ e 1-λ em (2.1) temos:
00
00
() (´) (´´) ()
( ´´) ( ´)
´´´
´´ ´ ´´ ´
f
xfx fxfx
fx fx
xx xx
xx xx
−−
≥−
−−
−−
Multiplicando-se cada termos por
1
´´ ´
x
x
, temos:
00
00
() (´) (´´) ()
´) )
´´´´´´
f
xfx fxfx
fx fx
xx xx xx
−−
≥≥
−−−
Da mesma maneira, se
ˆˆ
(.) e concava sobre cada linha e concavaf
ψ
.
Como vimos
(t)
ψ
é côncava sobre cada linha, pois:
29
( ) (0) (1) (0) (1) ( )
11
ψ
λψ ψ ψ ψ ψλ
λλ
−−−
≥≥
O que, como foi mostrado, implica
f côncava.
Outro conceito importante para os problemas que estamos tratando é o conceito de
derivadas direcionais. Em funções côncavas, as derivadas direcionais pela direita não podem
ser menores que aquelas pela esquerda. Esse resultado está resumido no seguinte lema:
Lema 2.5:
aberto, convexo
00
00
ˆ
: ; f concava.
entao:
i) existem as derivadas direcionais ( ) e ( )
ii) ( ) ( )
n
fD
ff
x
x
uu
ff
xx
uu
+
+−
⊆→
∂∂
∂∂
∂∂
∂∂

%
rr
rr
Prova:
Por definição:
00
0
0
()()
()lim
onde u e um vetor e e um escalar.
def
t
fx tu fx
f
x
ut
t
+
+
+
=
′′
r
r
r
Recordemos a seleção de pontos para a função f e escrevamos esses pontos da seguinte
maneira:
0
00
0
´´
´´ ´´
x
xtu
xx
x
xtu
=+
=
=+
r
r
É importante notar que os vetores em
e x´´ têm sentidos opostos e aqui
convencionamos, sem perda de generalidade, que
´0 e ´´0tt
<
> . Podemos então escrever:
30
00
00
´) ´´´´
) ´ ´
x
tu x tu t u
x
tu x tu t u
+−= =
+−= =
rrr
rrr
Pela concavidade da f, usando o lema 2.4:
000000
( ´´) ( ) ( ´´) ( ´) ( ) ( ´)
´´ ( ´´ ´) ´
f
xtu fx fxtu fxtu fx fxtu
tu t tu tu
+
−+++
≤≤
−−
rrrr
rrr
Então para
´ 0 ´´:tt
<
<
0000
0000
´)())()
´´ ´
´)())()
´´ ´
f
xtu fx fxtu fx
tu tu
f
xtu fx fxtu fx
tt
+
−+
+− +
rr
rr
rr
Por outro lado, usando também o lema 2.3:
000 0
( ) () ( ´´) ()
; para ´´
´´
fx tu fx fx tu fx
tt
tu t u
+
−+
≥<
rr
rr
Logo:
1
00 00
0
0
()() ()()
lim ( ) sup ; 0
t
fx tu fx fx tu fx
f
existe x t
tut
+
+
+− +−
=
=>
⎩⎭
rr
r
1
Já para o caso da derivada direcional pela esquerda, temos:
00
0
0
()()
()lim
def
t
f
xtu fx
f
x
ut
+
=
r
r
Usando o mesmo raciocínio, mas escolhendo um
x qualquer entre x´e x
0
, podemos
escrever:
1
Pode ser +∞ caso estejamos num ponto de fronteira do domínio. No nosso caso o domínio é aberto. Logo as
derivadas são sempre limitadas.
31
000 0
000 0
()()(´)()
; para ´
´
()()(´)()
´
fx tu fx fx tu fx
tt
tu tu
fx tu fx fx tu fx
tu tu
−++ −++
>
−−
+− +
rr
rr
rr
rr
Logo:
00
0
0
()()
lim existe = ( )
t
fx tu fx f
x
tu
+−
r
r
.
Vamos utilizar o fato de que
f é côncava e que as derivadas direcionais existem. Seja
x
0
fixo e seja o mesmo conjunto de pontos escolhidos, como anteriormente. E usando
´ 0 ´´:tt<<
0000
´)())()
´´ ´
f
xtu fx fxtu fx
tt
+
−+
rr
Então fazendo
´0 e ´´0tt
−+
→→
então:
00
() ()
ff
x
x
uu
+
∂∂
rr
.
CONCLUSÃO:
Neste capítulo definimos conceitos e estabelecemos resultados que serão importantes
no desenvolvimento dos capítulos posteriores. Mostramos a concavidade de uma função
valor-ótimo em um problema de maximização em que a função objetivo é côncava e a
correspondência sobre a qual se maximiza é convexa. Além disso, mostramos que as
derivadas direcionais de uma função côncava existem e que essas derivadas pela direita não
são menores que aquelas pela esquerda.
32
CAPÍTULO 3 APRESENTANDO BENVENISTE & SCHEINKMAN
(1979).
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo será apresentado o trabalho elaborado por Benveniste e Scheinkman
(1979). Ou seja, mostraremos sob quais condições torna-se possível estabelecer a
diferenciabilidade da função valor-ótimo na classe de problemas de Cálculo Variacional com
horizonte infinito. Os autores daquele trabalho utilizam um importante lema sobre a
diferenciabilidade da função valor-ótimo, o qual será fundamental para se alcançar os
resultados estabelecidos no artigo. Entretanto, vamos aqui reescrever esse lema de modo a
torná-lo mais geral e ainda com resultados mais poderosos. Feito isso, apresentaremos as
hipóteses que nos permitirão a aplicação do lema modificado a fim de se encontrar ou definir
uma expressão para a derivada da função valor-ótimo. Os desdobramentos necessários para
alcançarmos os resultados propostos, bem como as demonstrações dos teoremas serão
apresentadas em ambos os casos: tempo discreto e tempo contínuo.
Este capítulo está dividido em duas seções além desta introdução. Na primeira seção
apresentaremos uma nova versão para o lema de Benveniste e Scheinkman (1979). Na
segunda seção apresentaremos as hipóteses e o desenvolvimento necessários para se
estabelecer a diferenciabilidade da função valor-ótimo em problemas de Cálculo Variacional
com horizonte infinito em tempo discreto e em tempo contínuo.
3.1 OUTRA VERSÃO PARA O LEMA DE BENVENISTE E SCHEINKMAN (1979):
Nesta seção vamos utilizar alguns resultados estabelecidos no capítulo 2, a fim de
modificarmos um importante lema exposto originalmente no trabalho de Benveniste e
Scheinkman (1979). Este lema sobre a diferenciabilidade de uma função côncava foi a
principal ferramenta utilizada no referido trabalho. Na nova versão aqui proposta,
descartamos uma hipótese sobre uma função auxiliar
W(.) e ainda estabelecemos um resultado
33
mais poderoso no que diz respeito ao valor da derivada de uma função côncava
V(.) em
relação à função auxiliar
W(.) no ponto x
0
. A nova versão para o lema encontra-se logo
abaixo:
Lema 3.1: Seja
V uma função côncava valor real definida sobre um conjunto convexo
.
n
D Se W é uma função diferenciável na vizinhança N de x
0
em D com a propriedade que
W(x
0
) = V(x
0
) e )()( xVxW para todo x em N, então V é diferenciável em x
0
e
).´()´(
00
xWxV =
Antes de demonstrá-lo relembremos que:
f é diferenciável em x
0
00 0
() ´(x)( x) ( x)
def
f
fx f x R x⇔= +
em que
0
0
x
0
(x)
lim 0
x
f
x
Rx
x
=
. Isto
é,
0
00
0
() ´( )( )
lim 0
xx
fx f x x x
xx
−−
=
.
Prova:
Seja x´´ livre e vamos escolher tal que x
0
seja o ponto médio entre e x´´:
2
´´´
0
xx
x
+
= . Logo:
000
´´´´´´2 xxxxxxx
=
+= .
Da concavidade da V e de acordo com o lema 2.4, apresentado no capítulo 2, sabemos
que:
´
´)()(
´´´
´)(´´)(
´´
)(´´)(
0
0
0
0
xx
xVxV
xx
xVxV
xx
xVxV
Como W(x
0
) = V(x
0
) e )()( xVxW
podemos escrever:
0
000
0
000
´´
)´´)(´()(´´)(
´´
)´´)(´()(´´)(
xx
xxxWxVxV
xx
xxxWxWxW
Esse resultado associado ao fato da V ser côncava implica (note que
00
´´´
x
xxx−= ):
34
000 000
00
0000 00
00
000
0
( ´´) ( ) ´( )( ´´ ) ( ´´) ( ) ´( )( ´´ )
´´ ´´
() (´) ´()(´´ ) () (´) ´()( ´)]
´´ ´
[(´) () ´()(´ )]
´
Wx Wx W x x x Vx Vx W x x x
xx xx
Vx Vx W x x x Wx Wx W x x x
xx xx
Wx Wx W x x x
xx
−−
−−
−−
=
−−
−−−
=
Note que quando
00
´ então ´´ xxxx . Logo, fazendo ´´
0
xx temos para o resto da
função W que:
00 0
00000
´´ x ´´ x ´´ x
000
´x) ´) ( ) ´( )´ ) x)
lim lim lim
´´ x ´´ ´ x
W
xx x
Rx Vx Vx Wxxx Rx
xxxx
→→
−−
≤≤
−−
0
´´
)´´)(´()(´´)(
lim0
0
000
x´´
0
xx
xxxWxVxV
x
Logo:
0
´´
)´´)(´()(´´)(
lim
0
000
x´´
0
=
xx
xxxWxVxV
x
Então V é diferenciável em x
0
e ).´()´(
00
xWxV
=
Uma demonstração para um caso mais simples desse lema pode ser mais facilmente
alcançado quando definimos as funções , :VW
. Pelo lema 2.5 sobre derivadas
direcionais em funções côncavas sabemos que:
V é côncava, logo:
i) existem; )´( e )´(
00
+
xVxV
ii)
. )´()´(
00
+
xVxV
Sejam x < x
0
e
)()( xVxW
com W(x
0
) = V(x
0
), logo:
35
0
0
0
0
00
)()()()(
)()()()(
xx
xVxV
xx
xWxW
xVxVxWxW
Fazendo
0
xx
temos:
).´()´(
00
xVxW
Sejam x > x
0
e
)()( xVxW
com W(x
0
) = V(x
0
), logo:
0
0
0
0
00
)()()()(
)()()()(
xx
xVxV
xx
xWxW
xVxVxWxW
Fazendo
0
+
xx temos: ).´()´(
00
++
xVxW
Como W é, por hipótese, diferenciável em x
0
).´()´()´(
000
xWxWxW ==
+
Além disso,
)´()´()´(
000
+
xVxWxV
. Mas como
)´()´(
00
+
xVxV
podemos concluir que
)´()´(
00
+
= xVxV e ).´()´(
00
xWxV =
Essa nova demonstração nos permitiu modificar o lema original de uma forma
bastante interessante. Além de utilizarmos conceitos mais simples em sua demonstração não
fizemos uso da hipótese de concavidade da W e, além disso, ainda garantimos que as
derivadas da função V e da função W são iguais no ponto x
0
.
3.2 SOBRE A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR-ÓTIMO EM
MODELOS DINÂMICOS:
O lema apresentado na seção anterior será utilizado a partir de agora para
encontrarmos um formato para a derivada da função valor-ótimo no ponto x
0
em uma classe
específica de modelos dinâmicos, tendo por base o trabalho de Benveniste e Scheinkman
(1979). A classe de problemas tratada diz respeito ao Cálculo de Variações em horizonte
infinito e abordaremos os casos para tempo discreto e tempo contínuo. Primeiramente, vamos
definir o problema a ser analisado:
36
(D) No tempo discreto, dado um conjunto de tecnologia
2n
T
ache a seqüência
(x
t
), t = 0,...,
, a qual soluciona:
Max
1
0
10
(, ,)
..( , ) , e fixo
tt
t
tt
ux x t
sa x x T t x
+
=
+
∈∀
(C) No tempo contínuo, dado o conjunto de tecnologia
2n
T ache a trajetória
absolutamente contínua (x(t)), a qual soluciona:
Max
0
((), '(),)
. .( ( ), '( )) , e (0) fixo.
uxt xt tdt
sa xt x t T t x
∈∀
Dado um estado inicial x
0
com um padrão de solução associado a y(t, x
0
) as funções de
valor-ótimo são definidas para os casos discreto (D) e contínuo (C) como:
(D) V(x
0
) =
00
0
((, ),( 1, ),)
t
uytx yt x t
=
+
(C) V(x
0
) =
00
0
((, ), '(, ),)uytx ytx tdt
3.2.1 Tempo Discreto:
Scheinkman e Benveniste (1979) apresentam um conjunto de hipóteses que nos
permite, com o auxílio do lema 3.1, encontrar V´(x
0
). Essas hipóteses são suficientes para se
estabelecer a diferenciabilidade para a função de valor-ótimo do problema (D) e estão listadas
a seguir:
Hip. 1: T é convexo e T
φ
o
Hip. 2: Para cada t, u(., ., t):
T
é côncava e diferenciável.
Hip. 3: Uma solução ótima (não necessariamente única)
{}
0
1
(, )
t
ytx
=
existe para (D)
em x
0
, e V(x) é bem definida para x em alguma vizinhança de x
0
.
Hip. 4: (x
0
, y(1, x
0
)) T
o
.
37
A hipótese 1 é uma hipótese padrão de convexidade em que T
φ
o
significa que o
conjunto dos pontos interiores de T não é vazio, a hipótese 2 é uma condição de
amortecimento em u, a qual é claramente necessária para a diferenciabilidade de V. A
hipótese 3 estabelece que a função de valor seja bem definida na vizinhança de x
0
; enquanto
que a hipótese 4 exige que o padrão ótimo de x
0
seja inicialmente interior. Como mostraremos
a seguir, essas hipóteses são suficientes para se estabelecer a diferenciabilidade da V para o
caso em que o tempo é discreto.
Para um problema de maximização, se
00
() ,
convexo
gx T x
=
é uma correspondência
convexa e u é uma função côncava então podemos usar o lema 2.3 para concluir que V(x
0
) é
côncava. A fim de encontrarmos V´(x
0
) vamos construir W(x) da seguinte maneira:
000
1
() (,(1, ),0) ((, ),( 1, ),)
t
Wx uxy x uytx yt x t
=
=+ +
Note que )()( xVxW
pois o x escolhido em W(x) para o primeiro período não é
necessariamente o x que maximiza, claro que
00
() ().Vx Wx
=
Além disso, se lembrarmos que
0
(, )
y
tx é a trajetória que maximiza e que V(x
0
) =
00
0
((, ),( 1, ),)
t
uytx yt x t
=
+
podemos
escrever essa função W(x) da seguinte forma:
0000
() (,(1, ),0) ( ) ( ,(1, ),0)Wx uxy x Vx ux y x=+
Por hipótese W(.) é diferenciável em x
0
, logo:
000
´( ) ( , (1, ), 0)
u
Wx xy x
x
=
Pelo lema 3.1, V é diferenciável em x
0
, logo:
00 00
´( ) ´( ) ( , (1, ), 0)
u
Vx Wx xy x
x
==
38
Portanto, encontramos de acordo com Benveniste e Scheinkman (1979) uma expressão
para V’(x
0
). Esse resultado está estabelecido no seguinte teorema:
Teorema 3.1:
Sob as hipóteses 1, 2, 3 e 4, V é uma função diferenciável em x
0
com:
V’(x
0
) =
00
(,(1,),0)ux y x
x
3.2.2 Tempo Contínuo:
Agora apresentaremos um conjunto de hipóteses para o caso contínuo, a fim de
garantir a diferenciabilidade da V em x
0
, assim como fizemos para o caso discreto. O novo
conjunto de hipóteses consiste em mantermos as hipóteses 1 e 3 do caso discreto e
substituirmos as hipóteses 2 e 4 pelas seguintes:
Hip. 2’:
:uT×→ é uma função continuamente diferenciável em T
×
o
, e
(.,., ):utT
é côncava..
Hip. 4’: Uma solução ótima {y(t, x
0
)} existe para o estado inicial x
0
, e esta solução é
interior no seguinte sentido: existe h>0,
0
ε
> e M>0 tal que para 0 th
:
00
(, ), (, )
y
tx ytx M<
&

e se
2
(, ')
n
zz satisfaz:
00
(, ), (, ) (, ')ytx ytx zz
ε
−≤
&

para algum
[
]
0,th então ( , ')zz T .
Com esse novo conjunto de hipóteses, é apresentado o seguinte teorema para o caso
contínuo.
Teorema 3.2: Sob as hipóteses 1, 2’, 3 e 4’, V é continuamente diferenciável em x
0
com:
0200
0
0
1
'()lim ((,),(,),)
h
h
Vx uytx ytx tdt
h
=−
&
39
Onde u
1
é o vetor de derivadas parciais de u com respeito às suas primeiras n
coordenadas do
2n
e u
2
é o vetor de derivadas parciais de u com respeito às suas segundas n
coordenadas do
2n
. Ou seja,
=
=
++
(.)(.),...,
(.)(.),...,
1
2
1
1
nnn
n
e
u
e
u
u
e
u
e
u
u
Antes de apresentarmos a prova do Teorema 3.2, faz-se necessário destacar alguns
resultados interessantes.
Lema 3.2: Para
ηε
=+
2/1
0
))1((( hhxx , a trajetória v(t,x) originando em x com:
0
0
(, ) (, )
x
x
vtx ytx
h
=+
&&
é uma trajetória tecnicamente factível para ),(),( e ],0[
0
xhyxhvht
=
.
Prova:
Por definição:
2
22 2
2
0
00 0 0
1
((,),(,))((,) (,))
xx h
ytx ytx vtx vtx x x x x
hh
ε
−+
⎛⎞
−− + =
⎜⎟
⎝⎠
&&
conseqüentemente, pela hipótese 4´, a trajetória v(t, x);
ht
0 é factível. Pela segunda parte
desse lema, temos:
0
00
00
0
(,) (,) (,)
(,) (,) (, )
hh
h
vhx x vtxdt x ytxdt x x
vhx x ytxdt yhx
=+ =+ +
=+ =
∫∫
&&
&
Lema 3.3: A função
0
:()
h
wNx
η
dada por:
0
() ((,),(,),)
h
h
wx uvtxvtxtdt=
&
é
bem definida.
40
Prova: Para ver isto, pode-se observar que se )( e
0
xNzy
η
, então
),(),(),( ztvytvzytv
β
α
β
α
+=+
onde
1
=
+
β
α
e do mesmo modo para as derivadas. Logo,
é bem definida pelo lema 3.2.
Lema 3.4: w
h
é diferenciável em x
0
com:
0100 200
00
1
'() ((,),(,),)1 ((,),(,),)
hh
h
t
w x u ytx ytx t dt u ytx ytx t dt
hh
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
&&
Prova:
Pela definição de w
h:
´
00
0
( ) ((,),(,),) em
h
h
wx uvtxvtxtdt x x
x
==
&
(3.1)
Pela hipótese 4´, o conjunto
0
{(,),(,),):0 , ( )}vxt vxt t t hx N x
η
≤∈
&
tem fecho
compacto em T. Logo, visto que u é C
1
, podemos trocar a diferenciação e a integração em
(3.1) e obter:
´
0
0
0100 200
00
( ) ((,),(,),)
1
'() ((,),(,),)1 ((,),(,),)
h
h
hh
h
wx uvtxvtxtdt
x
t
w x u ytx ytx t dt u ytx ytx t dt
hh
=
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
&
&&
Temos que
h
t
xxxxxtyxtv )(),(),(
000
++= . Logo, )(
0
,
xw
h
existe.
Vamos, a partir desses lemas, desenvolver um raciocínio a fim de provar o Teorema
3.2. Observemos primeiramente o seguinte:
Seja,
0
0
(, ) (, ) ; com (0, )
xx
vtx ytx v x x
h
=+ =
&&
Podemos escrever:
0
0
00 0
(, ) (, )
tt t
xx
v s x ds y s x ds ds
h
=+
∫∫
&&
41
Então:
)0(),0(),(),0(),(
0
00
+= t
h
xx
xyxtyxvxtv
Temos que:
0
(0, ) e (0, )vxxyx= , logo:
000
00
(, ) (, ) ( )
( , ) ( , ) ( ) 1 ; para h fixo
t
vtx ytx x x x x
h
t
vtx ytx x x
h
=++
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
Pelo lema 3.2 ),( xtv é factível com as hipóteses 1´, 2, 3 e 4´. A partir disso, vamos
encontrar ((,),(,),)uvtx vtx t
&
, definida no lema 3.3:
)(1),(),(
00
xx
h
t
xtyxtv
+=
Pode ser escrita como:
12 1122
00 0 00 0
1112 22
00000 0
1
11
0
( , ) ( ( , ), ( , ),..., ( , )) 1 ( , ,..., )
( , ) ( , ) 1 ( ), ( , ) 1 ( ),..., ( , ) 1 ( )
1
(, ) ( )
nnn
nnn
t
vtx y tx y tx y tx x x x x x x
h
tt t
vtx y tx x x y tx x x y tx x x
hh h
y
vtx x x
th
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
⎛⎞ ⎛⎞ ⎛⎞
=+ + +
⎜⎟ ⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠ ⎝⎠
=−−
&
2
22
00
11
, ( ),..., ( )
n
nn
yy
xx xx
th th
⎛⎞
∂∂
−− −−
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
Substituindo as relações acima em
((,),(,),)uvtx vtx t
&
, temos:
1
111 11
000 00
0
1
( , , ) ( , ) 1 ( ),..., ( , ) 1 ( ); ( ),...,
1
( );
nnn
n
nn
tty
uvvt u y tx x x y tx x x x x
hhth
y
xxt
th
⎛⎞ ⎛⎞
=+ +
⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
−−
&
42
É importante notar que cada variável que compõe
((,),(,),)uvtx vtx t
&
corresponde a
uma coordenada dessa função. Isso significa que
)(1),(
1
0
1
0
1
xx
h
t
xty
+
corresponde à
coordenada 1,
)(1),(
00
nnn
xx
h
t
xty
+ corresponde à coordenada n,
)(
1
1
0
1
1
xx
ht
y
corresponde à coordenada n+1 e assim sucessivamente. Então, podemos escrever:
11
11
1111 1
22 2
1
(,,) 1
1
(,,) 1
(,,) 1
n
nn
n
nn
euueuutu
vvt
x
ex e x e h e h
uutu
vvt
xeheh
uut
vvt
xeh
+
++
+
∂∂
⎛⎞
=+ =+
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
∂∂
⎛⎞
=−+
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
∂∂
⎛⎞
=−+
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
&
&
MMM
&
1
nn
u
eh
+
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
De acordo com o lema 3.4, temos:
00
1
( ) ( , , ) ,..., ( , , )
hh
h
n
uu
wx vvtdt vvtdt
xx
⎛⎞
∂∂
∇=
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
∫∫
&&
Substituindo nesta equação o que foi mostrado logo acima:
=
+
+
=
∫∫
∫∫
++
++
hh
nnnn
h
hh
nnnn
h
dt
e
u
e
u
h
dt
h
t
e
u
h
t
e
u
xw
dt
he
u
h
t
e
u
dt
he
u
h
t
e
u
xw
00
11
00
11
,...,
1
1,...,1)(
1
1,...,
1
1)(
Reescrevendo esta equação na notação definida no início desta seção:
12
00
1
( ) ( , , ) 1 ( , , ) (3.2)
hh
h
t
w x u yyt dt u yytdt
hh
⎛⎞
∇=
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
&&
Vamos neste ponto fazer uma observação importante. Essa observação diz respeito a
como localizar uma função:
43
Lema 3.5:
0
11 ()(0)
() ( ( ) (0))
onde A´
h
Ah A
tdt Ah A
hh h
α
α
=−=
=
Além disso, se
α
é uma função absolutamente contínua e derivável em 0, então:
0
00
0
0
1()(0)
lim ( ) lim ´(0) (0)
1
lim ( ) (0)
h
hh
h
h
Ah A
tdt A
hh
tdt
h
αα
αα
→→
===
=
Aplicando este resultado na equação (3.2) temos:
10 0 1
0
0
20 0 2
0
0
1
lim ( (, ), (, ),) ((0, ), (0, ),0).0 0
1
lim ( (, ), (, ),) ( (0, ), (0, ),0)
h
h
h
h
uytxytxttdtuvxvx
h
uytxytxttdtuyxyx
h
=
=
=
&&
&&
De acordo com a definição de V(x
0
):
000
0
000 00
0
() ((,),(,),)
() ((,),(,),) ((,),(,),)
h
h
Vx uytx ytx tdt
Vx uytx ytx tdt uytx ytx tdt
=
=+
∫∫
&
&&
Note que
00
((,),(,),)
h
uytx ytx tdt
&
é constante pois se trata da trajetória que
maximiza. Então podemos escrever:
0
0
( ) ( ( , ), ( , ), ) Constante
h
Vx uvtxvtxtdt≥+
&
Pelo lema 3.3:
44
Constante )()(
0
+ xwxV
h
De acordo com os lemas 3.3 e 3.4 podemos afirmar que
0
() em ( )
h
wx V Nx
η
00
e ( ) ( )
h
wx Vx= . Isso nos permite aplicar o lema 3.1. O qual garante que V é derivável em x
0
e que:
00
0100 200
00
() ()
1
( ) ( (, ), (, ),) 1 ( (, ), (, ),)
h
hh
Vx w x
t
Vx u ytx ytx t dt u ytx ytx tdt
hh
∇=
⎛⎞
∇=
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
&&
Tomando o limite quando
0h
:
0100 200
00
0
1
( ) lim ( (, ), (, ),) 1 ( (, ), (, ),)
hh
h
t
Vx u ytx ytx t dt u ytx ytx tdt
hh
⎡⎤
⎛⎞
∇=
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
∫∫
&&
De acordo com o lema 3.5:
0200
0
0
1
( ) lim ( (, ), (, ),)
h
h
Vx u ytx ytx tdt
h
∇=
&
Quando o controle ótimo é uma função piecewise contínua do tempo, a hipótese 4’ irá
valer para algum h>0 proveniente de
00
(,(0,))
x
yx T
o
&
. Além disso, neste caso temos:
0200200
0
0
1
( ) lim ( ( , ), ( , ), ) ( , (0, ),0)
h
h
Vx u ytx ytx tdt u x y x
h
∇= =
&&
O que nos permite estabelecer o seguinte corolário:
Corolário 3.1: Sob as hipóteses 1, 2´ e 3, se
00
(,(0,))
x
yx T
o
&
e se o controle ótimo é
uma função piecewise contínua do tempo, então V é C
1
em x
0
e
020 0
´( ) ( , (0, ), 0)Vx uxy x=−
&
.
45
CONCLUSÃO:
Portanto, neste capítulo reescrevemos o lema fundamental do trabalho de Benveniste e
Scheinkman (1979) de forma mais geral e ainda com resultados mais fortes; apresentamos
uma demonstração nova e baseada em conceitos mais simples que aqueles encontrados no
trabalho original. Além disso, apresentamos o trabalho de Benveniste e Scheinkman (1979),
ou seja, estabelecemos o conjunto de hipóteses necessárias por trás de um modelo de Cálculo
Variacional com horizonte infinito, a fim de garantir a hipótese de diferenciabilidade da
função valor-ótimo em tempo discreto e tempo contínuo.
46
CAPÍTULO 4 A DIFERENCIABILIDADE DA FUNÇÃO VALOR:
INTRODUÇÃO:
O trabalho de Milgrom e Segal (2002) estabelece a diferenciabilidade da função valor-
ótimo e, conseqüentemente, a aplicabilidade de teoremas do envelope em problemas de
otimização em que estão presentes conjuntos de escolha arbitrários. Ou seja, o conjunto de
escolha não tem estrutura e é usado meramente como um conjunto de índices para identificar
elementos de uma família de funções no conjunto
[
]
0,1 de valores possíveis de parâmetros.
Esta alteração de ponto de vista é bastante radical, pois normalmente os parâmetros têm
menos estrutura que os conjuntos de escolha. Neste capítulo apresentaremos uma parte desse
trabalho; mais especificamente o seu primeiro teorema e um dos corolários decorrentes deste.
O objetivo é utilizar esses resultados a fim de se reescrever e generalizar o trabalho de
Benveniste e Scheinkman (1979), apresentado no capítulo anterior. Essa aplicação foi
sugerida no trabalho de Milgrom e Segal (2002), entretanto não foi proposta nenhuma forma
de realizá-la. Daí surge o principal objetivo deste capítulo, isto é, propor uma nova forma de
se escrever o problema abordado no capítulo anterior, generalizando seus resultados. Faremos
isso para os casos de tempo contínuo e de tempo discreto.
O presente capítulo é constituído de três seções além desta introdução. A primeira
delas trata da apresentação da referida parte do trabalho de Milgrom e Segal (2002). Na
segunda seção reescreveremos o problema abordado por Benveniste e Scheinkman (1979) e
estabeleceremos a diferenciabilidade da função valor-ótimo utilizando os resultados
alcançados por Milgrom e Segal (2002). E a terceira seção traz uma sugestão de aplicação dos
resultados encontrados para a teoria de alocação intertemporal ótima nos casos de tempo
discreto e contínuo.
4.1 O TRABALHO DE MILGROM E SEGAL (2002):
Nesta seção vamos apresentar parte do trabalho elaborado por Milgrom e Segal
(2002). Este consiste em estabelecer a aplicabilidade de teoremas do envelope sobre as
47
funções valor-ótimo em modelos de otimização dinâmica como conjuntos de escolha
arbitrários. O tipo de problema analisado por Milgrom e Segal (2002) está estabelecido da
seguinte forma:
X denota o conjunto de escolha e suponhamos relevante o parâmetro
[
]
0,1t . Tem-se
[
]
:0,1fX×→ denotando a função objetivo parametrizada. Assim a função valor V e a
correspondência de escolha ótima X* são dadas por:
1)
V(t) = sup ( , )
xX
f
xt
2)
X*(t) =
{:(,)()}
x
Xfxt Vt∈=
O primeiro resultado relaciona as derivadas da função valor com a derivada parcial
f
t
(x, t) da função objetivo com respeito ao parâmetro:
Teorema 4.1: Suponha que
[
]
0,1t e **()
x
Xt
, e suponha que f
t
(x*, t) existe. Se
t>0 e V é diferenciável à esquerda em t, então '( ) ( *, )
t
Vt fxt
. Se t<1 e V é diferenciável à
direita em t, então '( ) ( *, )
t
Vt fxt+≥ . Se
(0,1)t
e V é diferenciável em t, então
'( ) ( *, )
t
Vt fxt= .
Prova:
Usando (1) e (2), pode-se notar que para qualquer ],1,0[´
t
)(´)()*,(´)*,( tVtVtxftxf
.
Tomando ),1,(´ tt
dividindo ambos os lados por ,0´ >
tt e tomando seus limites
quando ,´
+
tt tem-se
)´()*,(
+
tVtxf
t
se esta derivada existe.
Tomando ainda
),,0(´ tt
dividindo ambos os lados por
,0´>
tt
e tomando seus
limites quando ,´
tt tem-se )´()*,(
tVtxf
t
se esta derivada existe.
Logo, quando V é diferenciável em ),1,0(
t tem-se ).*,()´()´()´( txftVtVtV
t
===
+
48
Através da incorporação de um requerimento de que a função objetivo seja côncava
em ambos a variável de escolha e o parâmetro, um corolário apresentado por Milgrom e Segal
(2002) proveniente do teorema 4.1 nos diz que:
Corolário 4.1: Suponha que X é um conjunto convexo e
[
]
:0,1fX×→ é uma
função côncava. Também suponha que
0
(0,1)t
e que há algum
0
**()
x
Xt , de modo que
f
t
(x*, t
0
) exista. Então V é diferenciável em t
0
e
00
'( ) ( *, )
t
Vt fxt
=
.
Prova:
Tomemos ´, ´´, [0,1].tt
λ
Pela convexidade de X e pela concavidade da f, para
qualquer ´, ´´
x
xX podemos escrever:
( ´ (1 ) ´´, ´ (1 ) ´´) ( ´, ´) (1 ) ( ´´, ´´)
f
xxttfxt fxt
λ
λλ λ λ λ
+− +− +
Tomando o supremo de ambos os lados em ´, ´´
x
xX
e usando a convexidade de X,
obtemos:
( ´ (1 ´) ) (1 ) ´),Vt t Vt Vt
λ
λλ λ
+
−≥ +
e, portanto, V é côncava. Isto implica que V é direcionalmente diferenciável em cada
(0,1)t
e ´( ) ´( ).Vt Vt
−+
Por outro lado, pelo teorema 4.1,
000
´( ) ( *, ) ´( ).
t
Vt fxt Vt
+
≤≤
Milgrom e Segal (2002) sugerem como aplicação de seus resultados uma nova
maneira de demonstrar o teorema exposto no trabalho de Benveniste e Scheinkman (1979).
Entretanto não desenvolvem esta idéia.
4.2 APLICANDO OS RESULTADOS DE MILGROM E SEGAL (2002) EM
BENVENISTE E SCHEIKMAN (1979):
O objetivo principal desta seção é aplicar os resultados alcançados por Milgrom e
Segal (2002) a fim de obtermos o Teorema do Envelope proposto por Benveniste e
Scheinkman (1979), entretanto, propondo uma nova forma de se ver o problema analisado. A
idéia que propomos consiste em alterarmos o modo de se descrever as trajetórias possíveis, de
modo que a dotação inicial se torne um parâmetro exógeno da função objetivo na classe de
problemas analisada por Benveniste e Scheinkman (1979). Conseqüentemente, essa função
49
objetivo possuirá duas variáveis: uma proveniente do conjunto de escolha, dado pela
tecnologia e outra determinada pelo conjunto de possíveis valores para o parâmetro exógeno.
Construído dessa forma, poderemos aplicar os resultados obtidos por Milgrom e Segal (2002)
sobre o problema de alocação intertemporal abordado e obtermos uma expressão para a
derivada da função valor-ótimo correspondente. Vamos começar pelo caso no qual o tempo é
contínuo.
4.2.1 Tempo Contínuo:
O problema a ser analisado no tempo contínuo é aquele definido no capítulo anterior,
ou seja, dado o conjunto de tecnologia
2n
T
ache a trajetória absolutamente contínua (x(t)),
a qual soluciona:
0
Max ( ( ), ( ), )
. .( ( ), ( )) , e (0) fixo.
uxt xt tdt
sa xt xt T t x
∈∀
&
&
O que propomos é um artifício que consiste primeiramente em reescrevermos as
trajetórias de modo que estas possam se iniciar a partir de qualquer ponto x pertencente ao
conjunto de escolha. As equações que descrevem essas trajetórias para o caso contínuo são:
00
0
0
0
(, ) ( ) 1 ; 0 t h
(, (, ), )
(, ); t h
()
t
ytx x x
vtytx x
h
ytx
xx
vy
h
⎛⎞
+
−− <
⎜⎟
=
⎝⎠
=−
&&
Da interpretação dessas equações temos que
0
(, )
y
tx é uma trajetória qualquer
começando em x
0
.
0
(, (, ), )vtytx x é uma trajetória começando em um x qualquer do conjunto
de escolha. Sendo que, portanto, se uma determinada trajetória começa em x
0
então
00
(, (, ), ) (, )vt ytx x ytx= . Além disso, da forma como definimos, uma trajetória que não tenha
se iniciado em x
0
atingirá e se igualará à trajetória
0
(, )
y
tx a partir do instante
th=
.
50
A conseqüência desse modo de se descrever as trajetórias possíveis é podermos
reescrever a função objetivo de forma que o ponto inicial não dependa do caminho escolhido
e seja, portanto, um parâmetro exógeno nesta função, como mostrado a seguir:
0
0
0
0
((, ),) (,,)
((, ),) (,,) (,,)
def
def
h
h
fytx x uvvtdt
f
ytx x uvvtdt uyytdt
=
=+
∫∫
&
&&
O supremo do conjunto das trajetórias que se iniciam em x
0
define a trajetória ótima
que maximiza a função objetivo. E, portanto, supondo que a solução exista, os caminhos que
começam em x
0
acabam por determinar as trajetórias que maximizam a função de valor-
ótimo, definida como se segue:
000
0
()sup((,),)
onde é o caminho e é o parâmetro exógeno
xX
Vx fytx x
yx
=
Suponha que ),(*
0
xty seja o caminho ótimo, então:
000 00
0
( ) ( *(, ), *(, ),) ( *(, ), )Vx uytxytxtdt fytxx
==
&
Por essa equação fica claro o modo como estamos reescrevendo o problema exposto
anteriormente por Benveniste e Scheinkman (1979). Estamos escrevendo o problema
tornando x
0
parâmetro real exógeno.
Porém, antes de enunciarmos o resultado obtido a partir dessa nova forma de se
escrever o problema analisado, vamos fazer uma observação referente à diferenciabilidade da
função u(.). Vamos definir o que vem a ser uma função localmente lipschitziana e apresentar
dois teoremas que dizem que uma função côncava é localmente lipschitziana e que uma
função localmente lipschitziana é diferenciável quase sempre. O que é suficiente para
garantirmos que essa função seja diferenciável dentro de uma integral. Iniciemos pela
seguinte definição:
51
Definição 4.1: Uma função
: A
ϕ
é dita localmente Lipschitz se para cada
compacto KA existe uma constante C
K
tal que,
( ) ( ) , para todo , .
K
x
yCxy xyK
ϕϕ
−≤−
Seja o seguinte teorema:
Teorema 4.2: Seja :
n
ϕ
 uma função côncava. Então
ϕ
é localmente Lipschitz
no
n
.
Um resultado interessante está estabelecido no Teorema de Rademacher, enunciado
logo abaixo:
Teorema 4.3: (Rademacher) Seja :
nm
ϕ
uma função localmente Lipschitz.
Então
ϕ
é diferenciável quase sempre.
Então, pelo teorema 4.2 temos que a função u(.) do nosso problema é localmente
Lipschitz por ser côncava. O que implica, pelo Teorema de Rademacher, que a função u(.) é
diferenciável quase sempre. Logo a função u(.) pode ser derivada dentro da integral.
Adicionando a hipótese de que as derivadas da função u(.) sejam integráveis, podemos
estabelecer um teorema resultante da nova forma de se descrever o problema analisado:
Teorema 4.4:
00
0
1
( *( , ), ) ( *, *, ) 1 ( *, *, )
h
futu
y
tx x y y t y y t dt
xxhxh
∂⎡
⎛⎞
=−+
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
&&
&
Prova:
[]
000
0
(*(,),) (*(,),) (,,) (*,*,)
h
f
ytxx fytxx uvvt uyytdt−=
&&
Aplicando Taylor em ( , , )uvvt
&
em torno de y*, temos:
52
()
(,,) (*, *,) (*, *,) * (*, *,)( *)
uu
uvvt uy y t y y t v y y y t v y R
xx
−= + +
∂∂
&& & &&&
&
Substituindo esta equação na equação que a precede:
()
000
0 0
( *( , ), ) ( *( , ), ) ( *, *, ) * ( *, *, )( *) ( )
h h
uu
f
ytxx fytxx yytvy yytvy dt Rtdt
xx
∂∂
⎡⎤
−= ++
⎢⎥
∂∂
⎣⎦
∫∫
&&&&
&
Da definição das equações que descrevem as trajetórias podemos escrever:
000
0 0
0 0
(*(,),) (*(,),)
1()
( *, *, ) 1 ( *, *, )
h h
fy tx x fy tx x
utu Rt
y
yt yyt dt dt
x
xxhxhxx
⎡∂
⎛⎞
=−+ +
⎜⎟
⎢⎥
−∂
⎝⎠
⎣⎦
∫∫
&&
&
(*)
Torna-se necessário olhar o comportamento do resto quando
0
x
x . Sabemos por
Taylor que:
()
lim 0
vy
vy
Rt
vy vy
=
−+
&&
&&
.
Ou seja, dado
0
ε
> existe 0
δ
> tal que:
()Rt
vy vy
vy vy
δ
ε
−+< <
−+
&&
&&
Mas:
00
1
1
t
vy vy xx xx
hh
⎛⎞
−+=− +
⎜⎟
⎝⎠
&&
Então, existe
´0
δ
> tal que:
0
´xx vy vy
δ
δ
<→−+<
&&
Além disso,
53
0
00
0
() ()
1
1
() ()
1
1
hh
Rt Rt
t
xx vy vy hh
Rt Rt
t
dt dt
xx vy vy hh
⎛⎞
=+
⎜⎟
−−+
⎝⎠
⎛⎞
=+
⎜⎟
−−+
⎝⎠
∫∫
&&
&&
00
0
2
0
0
0
0
()
1
1
()
1
1
2
()
1
2
hh
h
h
Rt
t
dt dt
xx hh
Rt
h
dt h
xx h
Rt
h
dt
xx
ε
ε
ε
⎛⎞
<+
⎜⎟
⎝⎠
⎛⎞
<+
⎜⎟
⎝⎠
⎛⎞
<+
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
Logo, se
0
0
0
()
'1
2
h
Rt
h
xx dt
xx
δε
⎛⎞
−< < +
⎜⎟
⎝⎠
.
Então,
0
0
0
()
lim 0.
h
xx
Rt
dt
xx
=
Voltando à equação (*) e fazendo
0
x
x :
0 0 0
000
00
0 0
(*(,),) (*(,),)
**1()
lim lim (.) 1 (.) lim
hh
xx xx xx
fy tx x fy tx x
utu Rt
dt dt
xx x h x h xx
→→
⎡⎤
⎡∂
⎛⎞
=−++
⎢⎥
⎜⎟
⎢⎥
−∂
⎝⎠
⎣⎦
⎣⎦
∫∫
&
00
0
1
( *( , ), ) ( *, *, ) 1 ( *, *, )
h
futu
y
tx x y y t y y t dt
xxhxh
∂⎡
⎛⎞
=−+
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
&&
&
Agora vamos demonstrar a diferenciabilidade da função V em x. Iniciaremos
estabelecendo a concavidade da função f:
Sejam
10 20
(, ) e (, )
y
tx y tx duas trajetórias quaisquer iniciadas em
0
x
; e
12
e
x
x
dois
pontos quaisquer do conjunto de escolha.
54
Devido à linearidade das equações que descrevem as trajetórias nas variáveis
0
(, ) e
y
tx x, temos:
10 20 1 2 101 202
(,(1 ) (, ) (, ),(1 ) ) (1 )(, (, ), ) (, (, ), )vt y tx y tx x x vty tx x vty tx x
λ
λλλλ λ
−+ += +
Por definição:
10 20 12 12 12
0
((1)(,) (,),(1) ,) ((1) ,(1) ,)
f
ytx ytx x xt u v v v vtdt
λλ λλ λλλλ
−+ +=++
&&
Devido à concavidade da u(.):
12 12 11 22
00
((1) ,(1) ,) ((1)(,,) (,,))u v v v vtdt uv v t uv vt dt
λλ λλ λ λ
∞∞
−+ −+ +
∫∫
&& & &
Então:
10 20 1 2 11 22
((1 ) ( , ) ( , ),(1 ) , ) (1 ) ( , ) ( , )
f
ytx ytx x xt fyx fy x
λ
λλλλλ
−+ + +
Logo f é côncava.
Do fato de f ser côncava concluímos, de acordo com o lema 2.1, que V é côncava, pois
maximizamos a função f sobre uma correspondência convexa. Logo, pelo lema 2.5, as
derivadas
00
´( ) e ´( )Vx Vx
−+
existem. Por definição, () (,)Vx fxt para todo
x
X , então:
00
00
0
00
00
00
00
(,) ( ,) () ( )
; para
(,) ( ,) () ( )
lim lim
entao ( , ) '( )
xx xx
fxt fxt Vx Vx
x
x
xx xx
fxt fxt Vx Vx
xx xx
f
xt Vx
x
++
→→
++
−−
≤>
−−
−−
−−
%
Por outro lado,
55
00
00
0
00
00
00
00
(,) ( ,) () ( )
; para
(,) ( ,) () ( )
lim lim
entao ( , ) '( )
xx xx
fxt fxt Vx Vx
x
x
xx xx
fxt fxt Vx Vx
xx xx
f
xt Vx
x
−−
→→
−−
−−
≥<
−−
−−
−−
%
V é côncava, então pelo lema 2.5:
00
´( ) ´( ).Vx Vx
+
Logo:
00 0 0 00
(*(, ), ) ´( ) ´( ) (*(, ), )
ff
y
tx x V x V x y tx x
xx
++−
∂∂
≤≤≤
∂∂
Podemos então aplicar o teorema 4.1, o qual estabelece que:
00 00 00
(*(, ), ) (*(, ), ) (*(, ), )
fff
y
tx x y tx x y tx x
xxx
+−
∂∂∂
==
∂∂∂
,
o que implica que V é derivável em x
0
e
000
´() (*(,),)
f
Vx y tx x
x
=
.
Unindo os resultados dos teoremas 4.1 e 4.4, temos:
0
0
0
1
´( ) lim ( *, *, ) 1 ( *, *, )
h
h
utu
Vx yyt y yt dt
xhxh
⎡∂
⎛⎞
=−+
⎜⎟
⎢⎥
∂∂
⎝⎠
⎣⎦
&&
&
4.2.2 Tempo Discreto:
A derivação para o caso de tempo discreto não difere essencialmente daquela
apresentada para o caso contínuo. Novamente o problema a ser analisado é aquele definido no
capítulo anterior, ou seja, dado um conjunto de tecnologia
2n
T
ache a seqüência (x
t
), t =
0,...,
a qual soluciona:
56
Max
1
0
10
(, ,)
..( , ) , e fixo
tt
t
tt
ux x t
sa x x T t x
+
=
+
∈∀
Assim como no caso contínuo, vamos reescrever as trajetórias possíveis de modo que
0
(, )
y
tx seja uma trajetória qualquer começando em x
0
.
0
(, (, ), )vtytx x é uma trajetória
começando em um x qualquer do conjunto de escolha. Logo, se uma determinada trajetória
começa em x
0
, então
00 0
(, (, ), ) (, )vtytx x ytx
=
. Além disso, uma trajetória que não tenha se
iniciado em x
0
atingirá e se igualará à trajetória
0
(, )
y
tx no instante t = 1, por hipótese. Desse
modo definimos as equações que descrevem as trajetórias:
00
0
0
11
(0, ) ( ); 0
(, (, ), )
(, ); 1
tt
y
xxxt
vtytx x
ytx t
vy
++
+
−=
=
=
Reescrevendo a função objetivo de modo que x
0
seja um parâmetro exógeno nessa
função temos:
000
0
0000
1
((,),) ((,(,),),(1,(1,),),)
((,),) (,(1,),0) ((,),(1,),)
def
t
def
t
f
ytx x uvtytx x vt yt x x t
f
ytx x uxy x uytx yt x t
=
=
=++
=+ +
Ambas equações descrevem a mesma situação, apenas destacamos o período
0t
=
no
somatório a fim de ressaltar o instante a partir do qual as trajetórias possíveis se encontram
com a trajetória ótima.
A função valor-ótimo é definida pelo supremo do conjunto das trajetórias que
começam em x
0
:
000
0
()sup((,),)
onde é o caminho e é o parâmetro exógeno
xX
Vx fytx x
yx
=
De forma análoga, vamos supor que a trajetória que maximiza exista. Seja ),(*
0
xty
esse caminho ótimo, logo:
57
000 00
0
() (*(,),) (*(,),*(1,),)
t
Vx fy tx x uy tx y t x t
=
== +
Assim como no caso contínuo, estamos tornando x
0
parâmetro real exógeno. Podemos
então estabelecer o seguinte teorema:
Teorema 4.5:
00 0 0
(*(, ), ) (,(1, ),0)
fu
ytxx xyx
xx
∂∂
=
∂∂
Prova:
000000
(*(,),) (*(,),) (,(1,),0) (,(1,),0)f y tx x f y tx x uxy x ux y x−=
Aplicando Taylor em
0
(,(1, ),0)uxy x em torno de x
0
, temos:
000 000
( , (1, ), 0) ( , (1, ), 0) ( , (1, ), 0)( )
u
uxy x ux y x x y x x x R
x
−= +
Substituindo esta equação na equação que a precede:
000000
(*(,),) (*(,),) (,(1,),0)( )
u
f
ytxx fytxx xyx xx R
x
−= +
Logo,
000
00
00
(*(,),) (*(,),)
(,(1,),0)
fy tx x fy tx x
uR
xy x
x
xxxx
=+
−∂
Fazendo
0
x
x :
0 00
000
00
0 0
(*(,),) (*(,),)
lim lim ( , (1, ),0) lim
xx xx xx
fy tx x fy tx x
uR
xy x
x
xxxx
→→
=+
∂−
58
O resto vai a zero quando
0
x
x . Logo:
00 0 0
(*(, ), ) (,(1, ),0)
fu
ytxx xyx
xx
∂∂
=
∂∂
Já mostramos a diferenciabilidade da V em x. Logo podemos aplicar o teorema 4.1 e
estabelecer o seguinte resultado para o caso discreto:
000
'( ) ( , (1, ),0)
u
Vx xy x
x
=
Nesta seção formalizamos o que foi proposto no trabalho de Benveniste e Scheinkman
(1979), pois estes autores ao estabelecerem a diferenciabilidade da função valor-ótimo na
classe de problemas de consumo com horizonte infinito com uma dotação inicial
parametrizada, já estavam olhando para o parâmetro exógeno. Naquele cenário, X é o
conjunto de trajetórias de consumo tecnicamente factíveis e a função objetivo é a utilidade
intertemporal do consumidor, isto é,
0
1
(,) ( ) ( )
s
s
s
f
xt ux t ux
δ
=
=++
. Contudo, se em adição à
restrição tecnológica encontrada em X há uma restrição sobre a factibilidade do consumo
0
x
t+ no primeiro período (ex.
0
0
x
t
+
), então a análise presente se aplica na vizinhança do
conjunto de parâmetros, no qual a restrição de consumo está inativa.
4.3 APLICAÇÕES À TEORIA DE ALOCAÇÃO INTERTEMPORAL ÓTIMA:
Nesta seção vamos sugerir duas aplicações para os resultados encontrados nas seções
anteriores deste capítulo. Vamos apresentar o problema de otimização intertemporal para cada
um dos casos de tempo discreto e tempo contínuo. Sobre cada qual valem os conjuntos de
hipóteses apresentados no capítulo 3, o que garante a aplicabilidade dos referidos resultados.
Em seguida interpretaremos os resultados sem, contudo, desenvolver a aplicação.
59
4.3.1 Tempo Discreto:
Para o caso em que o tempo é discreto vamos nos basear em uma aplicação presente
em Dutta e Mitra (1989), a qual trata de um problema de alocação intertemporal ótima. É
possível, com os resultados encontrados neste capítulo, mostrar que a função valor-ótimo
associada a esse problema é diferenciável.
Uma estrutura padrão de alocação intertemporal ótima pode ser descrita da seguinte
forma: A economia E consiste de um trio ( , , )u
δ
Ω
, onde
mm
++
Ω⊆ × é o conjunto
tecnológico,
:u Ω→ é a função utilidade e 01
δ
<
< é um fator de desconto. As hipóteses
feitas para a economia E são aquelas expostas no capítulo 3, para o caso discreto.
Um programa a partir de em
m
k
+
é uma seqüência
0
{()}
t
kt
=
tal que
(0) e ( ( ), ( 1))k k kt kt=+ está em para 0t
Ω
. Um programa
0
{*()}
t
kt
=
a partir de k é um
programa ótimo a partir de
k
se:
00
( ( ), ( 1)) ( *( ), *( 1))
tt
tt
uktkt uktkt
δδ
∞∞
==
+≤ +
∑∑
,
para qualquer programa
0
{()}
t
kt
=
a partir de k.
Definimos a função valor-ótimo, :
m
V
+
como:
0
0
() Max ((),( 1))
s.a. { ( )} e um programa iniciado em .
t
t
t
Vk ukt kt
kt k
δ
=
=
=+
Então supondo que exista
0
{*()}
t
kt
=
, um programa ótimo a partir de k, temos:
0
() Max (*(), *( 1))
t
t
Vk uk t k t
δ
=
=
+
60
De acordo com o que foi mostrado nas seções anteriores deste capítulo, podemos
estabelecer a diferenciabilidade da função valor-ótimo com relação à variável de escolha no
ponto
k
. Isto é:
´( ) ( , (1))
u
Vk kk
k
=
Esse resultado nos fornece uma importante caracterização econômica de preços
sombra, que emerge do Cálculo Variacional. Segue da equação acima que os preços sombra
do Cálculo Variacional representam a valoração marginal do capital. (Este resultado tem
implicações sobre a necessidade de condições de transversalidade para tais problemas). Além
disso, Dutta e Mitra (1989) tratando o mesmo problema estabeleceram a continuidade da
função valor-ótimo, enquanto que, aplicando os resultados alcançados no presente trabalho,
estabelecemos a diferenciabilidade da função V.
4.3.2 Tempo Contínuo:
Para o caso contínuo, vamos considerar o clássico problema de poupança ótima
formulado originalmente por Ramsey (1928). Entretanto, vamos nos basear na formulação
deste problema exposta em Blanchard e Fischer (1989). Consideremos uma economia que
produz um único bem, que pode ser tanto investido quanto consumido. A quantidade
consumida traz utilidade imediata para o tomador de decisão, o planejador social. A
quantidade investida aumenta o estoque de capital, o que faz crescer a possibilidade de
produção no futuro. Dito de outra forma, podemos ver o problema como alguém
maximizando uma função (utilidade total) de infinitas variáveis (consumo e estoque de capital
em cada data), sujeito às restrições impostas pela tecnologia. Supomos válidas aqui o conjunto
de hipóteses apresentado para o caso contínuo no capítulo 3.
As preferências da família por consumo ao longo do tempo são representadas pela
seguinte integral:
()
()
ts
st
s
Uucedt
θ
−−
=
O bem estar da família no tempo s, U
s
, é a soma descontada de utilidades instantâneas
u(c
t
). A função u(.) é uma função de utilidade instantânea ou “felicidade”. O parâmetro θ é a
taxa de impaciência, estritamente positiva.
61
A função de produção, que descreve a restrição tecnológica, é dada em termos per
capita por:
()
t
tt t
dk
f
kc nk
dt
=+ +
Onde: k é a relação capital-trabalho e n é a força de trabalho empregada na produção.
Vamos assumir também que a economia começa com algum capital, de modo que é
possível iniciar uma produção, k
0
>0.
Suponha que o planejador central queira no tempo t = 0, maximizar o bem-estar da
família representativa. A única escolha que deve ser feita a cada momento do tempo é quanto
essa família deve consumir e quanto deve incorporar ao estoque de capital, a fim de prover o
consumo futuro. Logo, o problema de otimização intertemporal vem a ser:
0
0
0
max ( ( ))
()
.. ( ()) () ()
dado; ( ), ( ) 0 para todo
t
Ueuctdt
dk t
sa f k t ct nk t
dt
kktct t
θ
=
=+ +
Podemos definir a função valor-ótimo para este problema como:
0
0
() max ((),())
.. 0 () (()), 0
0 dado.
t
Vk e Ukt kt dt
sa k t f k t t
k
θ
=
≤≤
>
&
De acordo com o que foi mostrado nas seções anteriores deste capítulo, podemos
estabelecer a diferenciabilidade da função valor-ótimo com relação à variável de escolha no
ponto k
0
. Isto é:
0
´( ) ( (0), (0))
U
Vk k k
k
=−
&
&
Assim como na aplicação para o caso discreto, segue da equação acima que os preços-
sombra do Cálculo Variacional representam a valoração marginal do capital. Ou seja, o preço
62
em termos de bens de consumo de uma unidade de capital instalada no ponto de ótimo, dada a
dotação inicial do capital.
CONCLUSÃO:
Neste capítulo reescrevemos o problema analisado no trabalho de Benveniste e
Scheinkman (1979) a partir de um artifício que consiste em mudar a forma de se descrever as
trajetórias resultantes da solução do problema de otimização dinâmica analisado, o que nos
permitiu introduzir o valor inicial da variável de estado, na forma de parâmetro exógeno, na
função objetivo. Isso tornou possível, a partir da aplicação dos resultados obtidos por
Milgrom e Segal (2002), a obtenção dos resultados alcançados por Benveniste e Scheinkman
(1979) de forma mais simples e em um formato que facilitou a aplicação do teorema de
envelope.
63
CONCLUSÃO:
Neste trabalho analisamos a diferenciabilidade da função valor-ótimo em problemas
de Otimização Dinâmica. Reescrevemos o lema fundamental do trabalho de Benveniste e
Scheinkman (1979) de forma mais geral e ainda com resultados mais fortes; apresentamos
uma demonstração nova e baseada em conceitos mais simples que aqueles encontrados no
trabalho original. Além disso, apresentamos o trabalho de Benveniste e Scheinkman (1979),
ou seja, estabelecemos o conjunto de hipóteses necessárias por trás de um modelo de Cálculo
Variacional com horizonte infinito, a fim de garantir a hipótese de diferenciabilidade da
função valor-ótimo em tempo discreto e tempo contínuo. Além disso, reescrevemos o
problema analisado no referido trabalho a partir de um artifício que consiste em mudar a
forma de se descrever as trajetórias resultantes da solução do problema de otimização
dinâmica analisado, o que nos permitiu introduzir o valor inicial da variável de estado, na
forma de parâmetro exógeno, na função objetivo. Isso tornou possível, a partir da aplicação
dos resultados obtidos por Milgrom e Segal (2002), a obtenção dos resultados alcançados por
Benveniste e Scheinkman (1979) de forma mais simples e em um formato que facilitou a
obtenção da expressão para a derivada da função valor-ótimo correspondente.
64
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