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entra em crise, representando um marco para a constituição do Welfare State,
caracterizado por forte intervenção do Estado.
Conforme Pereira (1997), nessa época,
[...] entrou também em crise o Estado Liberal, dando lugar á
emergência do Estado Social-Burocrático: social porque assume o
papel de garantir os direitos sociais e o pleno-emprego; burocrático,
porque o faz através da contratação direta de burocratas.
Reconhecia-se assim, o papel complementar do Estado no plano
econômico e social. Foi assim que surgiram o Estado do Bem-Estar
nos países desenvolvidos e o Estado Desenvolvimentista e
Protecionista nos países em desenvolvimento. (PEREIRA, 1997,
p.10).
Nesse sentido, em virtude das mudanças sociais, políticas e econômicas
ocorridas na Europa no pós-guerra o estado contemporâneo teve que se adequar às
demandas, passando do Estado Liberal para o Estado Social, ou seja, para a
implantação do que se denominou por Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State.
Conforme Arretche (1995) no pós-guerra, tanto a classe operária quanto à
burguesa tinham interesses, ainda que diferenciados nas políticas sociais. Sobre
esse compromisso entre classes opostas, a autora comenta:
No caso específico do Welfare State, fenômeno do pós-guerra nas
economias capitalistas avançadas, o enfrentamento histórico das
duas classes antagônicas assumiu a forma de um movimento social
organizado e de uma resposta da classe capitalista, sob a forma do
Estado centralizado. Naquela conjuntura, a do pós-guerra, este
enfrentamento histórico da luta de classes implicou a consolidação
de um compromisso de classe. (Arretche 1995, p. 34)
O Welfare State, enquanto conjunto de práticas estatais, passou a ser
adotado como concepção e prática básica de Estado em, praticamente, todos os
países ocidentais, independentemente do partido no poder (OFFE, 1984).
Conforme Wilensky apud Arretche (1995, p. 6):
O surgimento de “padrões mínimos, garantidos pelo governo, de
renda, nutrição, saúde, habitação educação para todos os cidadãos,
assegurados como um direito público e não como caridade (Wilensky
& Lebeauux,1965: xii) está associado aos problemas e possibilidades
postos pelo desenvolvimento da industrialização. De um lado, os
gastos com programas sociais somente são possíveis porque a
industrialização permite um vasto crescimento da riqueza das
sociedades.(Wilensky & Lebeaux,1965,p.14). A partir da constatação
de uma correlação entre as variáveis, crescimento industrial e gastos
sociais, o autor considera que a primeira é uma condição necessária