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Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes
Aquáticos Continentais
COMUNIDADE DE ALGAS PERIFÍTICAS, COM
DESTAQUE PARA CIANOBACTÉRIAS, NOS
RESERVATÓRIOS DE SEGREDO E IRAÍ, ESTADO
DO PARANÁ, BRASIL
Carina Moresco
Maringá – Paraná
2006
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ii
Carina Moresco
COMUNIDADE DE ALGAS PERIFÍTICAS, COM
DESTAQUE PARA CIANOBACTÉRIAS, NOS
RESERVATÓRIOS DE SEGREDO E IRAÍ, ESTADO
DO PARANÁ, BRASIL
Dissertação apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Ecologia de
Ambientes Aquáticos Continentais,
da Universidade Estadual de Maringá,
como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Ciências Ambientais.
Orientadora: Dr
a.
Liliana Rodrigues
Maringá – Paraná
2006
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iii
À minha família, Odonias,
Ivete, Cleyton, Adriani,
Fernanda, Maria Luiza e ao
meu amor Weferson, dedico.
iv
Agradecimentos
À Deus por atender todas as minhas orações, pela vida e pelas oportunidades.
Ao programa de Pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e ao
CNPq, pela concessão da bolsa de mestrado e aos órgãos financiadores dos projetos Pronex
– CNPq, CT – Hidro, Nupélia/UEM.
À Dra. Liliana Rodrigues pela orientação, dedicação, paciência, carinho e pela amizade.
À Dra. Norma Catarina Bueno, que despertou em mim a paixão pelas algas, e que “treinou os
meus olhos” para a observação dos detalhes da taxonomia.
Aos amigos do laboratório de perifíton do Nupélia: Sirlene, Vanessa, Natália, Eliza,
Arnaldo, Josimeire, Iraúza e Cássio, pela convivência, amizade e ajuda.
Ao Pitágoras Augusto Piana e à Dra. Carolina Viviana Minte Vera pela ajuda nas análises
estatísticas e pela amizade. A o Fernando Mayer Pelicice pelo auxílio.
Ao Jaime Lopes Pereira, por me atender com muita atenção e me socorrer com as
ilustrações e mapas.
Ao pessoal da biblioteca setorial do Nupélia, Salete, Márcia e João, que são sempre
atenciosos.
À Aldenir, Mércia e Dona Ondina pelo carinho e pela amizade.
Ao laboratório de limnologia básica do Nupélia por disponibilizar os dados abióticos.
Aos meus amigos de longa data: Fernanda, Ligiana, Adriana, Andréia, Patrícia, Kalinca,
Renata, Tati, Indira, Cândida, Alice, Lucas, Oracélio e Sibila que, mesmo à distância, tenho
certeza, torcem por mim.
Aos meus tios e primos.
Aos amigos que fiz em Maringá: Geuza, Éder, Pitágoras, Amália, Dayani, ntia, Paula, Ana,
Giovana, Micheli, Alejandra, Susi, Érica, Dani, Pati, Talge, Thiago e Luciana.
Ao Júnio, Rique, Dona Conceição e Seu Edivaldo sempre torcendo por mim.
Aos meus irmãos Cleyton e Adriani que sempre me apóiam e me incentivam em tudo. Às
minhas sobrinhas Fernanda e Maria Luiza, eu amo vocês.
Aos meus pais Odonias e Ivete, que não me deram a vida, mas orientaram os meus
passos, muitas vezes renunciando aos seus próprios sonhos para a realização dos meus. As
palavras não seriam suficientes para expressar a gratidão que tenho para com vocês.
Ao Weferson, pelo amor, carinho, atenção, confiança, amizade e respeito. Você deu um novo
e bonito sentido à minha vida. É muito bom ser sua namorada. Te amo e admiro muito.
v
Sumário
Resumo
Capítulo I - Comunidade de algas perifíticas do reservatório de Segredo, Estado do
Paraná, Brasil
Resumo 2
Abstract 2
Introdução 3
Materiais e Métodos 4
Resultados 7
Discussão 15
Referências 18
Capítulo II - Estrutura e dinâmica da comunidade de algas perifíticas do
reservatório de Iraí – Estado do Paraná, Brasil
Resumo 30
Abstract 30
Introdução 31
Materiais e Métodos 32
Resultados 35
Discussão 40
Referências 44
Capítulo III - Cianobactérias perifíticas nos reservatórios de Segredo e Iraí, Estado
do Paraná - Brasil
Resumo 58
Abstract 58
Introdução 59
Materiais e Métodos 60
Resultados 64
Discussão 71
Referências 75
vi
Resumo
Os reservatórios são construídos para armazenar água, a qual é utilizada para diversos
fins, tais como irrigação, navegação, abastecimento de água potável, pesca,
abastecimento industrial, geração de energia elétrica, dentre outros. Desta forma,
independente de seu uso, a qualidade da água é uma constante preocupação das várias
companhias de abastecimento existentes no país. A morfometria do reservatório, a
estrutura das comunidades do rio anterior ao represamento, a hidrologia e o seu
gerenciamento irão influenciar na fixação do novo sistema. Os processos longitudinais
em reservatórios, geralmente associados ao tempo de residência da água e entrada de
material alóctone, promovem o surgimento de diferentes regiões ao longo do eixo rio-
barragem. Esta organização longitudinal está relacionada às características físicas e
químicas, assim como aos componentes bióticos do ambiente. Dentre os componentes
bióticos destaca-se o perifiton, o qual é definido como complexa comunidade de
microrganismos (fungos, algas, bactérias, animais) e de partículas orgânicas e
inorgânicas, os quais vivem aderidos ou associados a um substrato. Este estudo abordou
a comunidade de algas perifíticas, a qual ocupa um substrato de acordo com a
combinação dos fatores bióticos, como a competição por alimento e espaço e a
herbivoria e também fatores abióticos, tais como temperatura, corrente de água,
luminosidade e nutrientes. Desta forma objetivou-se analisar, num primeiro momento, a
comunidade de algas perifíticas, em dois sistemas: o reservatório de Segredo, localizado
no rio Iguaçu, com principal função de produção de energia elétrica, e o reservatório de
Iraí, localizado na bacia do rio Iguaçu, com a finalidade de abastecimento público.
Dentre as algas perifíticas apresentaram destaque às cianobactérias. Os aspectos
benéficos e prejudiciais das cianobactérias são de considerável significância, pois o
crescimento abundante de cianobactérias, principalmente em reservatórios de água, cria
um sério problema para o abastecimento público. Assim, numa segunda etapa, analisou-
se a distribuição espacial e temporal da comunidade de cianobactérias perifíticas, bem
como os fatores abióticos que atuam sobre este grupo. Os principais questionamentos
levantados foram: a composição e abundância das algas perifíticas responde às
diferenças físicas e químicas encontradas nas regiões (superior, intermediária e inferior)
e aos períodos de coleta de cada sistema em particular? As cianobactérias perifíticas
caracterizam os diferentes reservatórios, assim como as distintas regiões ao longo do
eixo rio-barragem de cada um? Quais os principais fatores abióticos que atuam sobre a
estrutura da comunidade de algas perifíticas, especialmente as cianobactérias, em ambos
os reservatórios? Foram feitas coletas em dois períodos: verão (abril) e inverno
(setembro) de 2002, sempre na zona litorânea de cada uma das três regiões dos
reservatórios (superior, intermediária e inferior). Os substratos determinados para a
coleta das amostras foram seixos (Segredo) e vegetação aquática (Iraí). Independente do
substrato, após estipulada a área a ser raspada, o material perifítico foi removido do
substrato com auxílio de uma escova ou lâmina de barbear e jatos de água destilada,
sendo transferidos para frascos de vidro de 150ml, os quais foram preservados com
solução de Transeau para análise qualitativa e com Lugol acético a 5% para análise
quantitativa. A análise taxonômica foi realizada em microscópio binocular, acoplado
com ocular micrometrada, com objetivas de 40 e 100 X. A contagem da comunidade
das algas perifíticas foi realizada através de microscópio invertido e de campos
aleatórios. Os dados limnológicos abióticos foram coletados simultaneamente aos dados
bióticos e determinados pelo Laboratório de Limnologia Básica, do Núcleo de
vii
Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura Nupélia, da Universidade Estadual
de Maringá. No reservatório de Segredo, foram encontradas 210 espécies, 158 em abril,
sendo que 83 táxons foram encontrados apenas neste mês, e 127 em setembro, das quais
53 foram exclusivas deste período. Observou-se predomínio das Bacillariophyceae em
todas as regiões e em ambos os períodos, tanto no número de táxons, quanto para a
densidade. Com relação à composição taxonômica, observou-se maior similaridade
entre as regiões superior e intermediária, que foi mais notável no mês de setembro, e
distinção da região inferior, acentuada em abril. Os resultados obtidos para a densidade
da comunidade de algas perifíticas para todas as regiões, foram menores no período de
setembro e maiores no período de abril, mês no qual a densidade é distinta entre as
regiões. O contrário ocorre em setembro, quando os valores de densidade foram mais
semelhantes entre as zonas. Em Iraí, foram encontradas 297 espécies, 225 em abril,
sendo 73 exclusivas deste período e 224 em setembro das quais 72 foram encontradas
apenas neste mês. Observou-se predomínio das Bacillariophyceae em todas as regiões e
em ambos os períodos, tanto para o número de táxons, quanto para a densidade. Com
relação à composição taxonômica, a distinção entre as zonas e as regiões intermediária e
inferior foram mais similares quando comparadas à região superior, principalmente no
mês de setembro. No que diz respeito à densidade das algas perifíticas, foi observada
diferença significativa entre os períodos (p = 0,002; F = 16,48), com os menores valores
em abril, e maiores no mês de setembro, e não houve diferença significativa entre as
regiões do reservatório. Em relação às cianobactérias, foram inventariadas 64 espécies,
sendo que o reservatório de Iraí apresentou 50 táxons (cinco dos quais possuem
heterocito), com 28 espécies exclusivas deste ambiente. No reservatório de Segredo
foram encontradas 36 espécies (das quais apenas uma é heterocitada), sendo que 14
espécies foram registradas apenas neste ambiente. O reservatório de Iraí apresentou
densidade de cianobactérias (25,13 a 100,73 x 10
3
ind.cm
-2
) maior do que aquelas
observadas para o reservatório de Segredo (1,24
a 14,22 x 10
3
ind.cm
-2
). Acredita-se
ainda, que tanto a composição, quanto a densidade da comunidade de algas perifíticas,
incluindo a forma das cianobactérias, nos ambientes analisados foi resultado de uma
combinação de fatores, onde as diferenças nas concentrações de nutrientes ao longo do
eixo rio-barragem, a morfometria e a hidrodinâmica foram consideradas
preponderantes.
Capítulo I
Comunidade de Algas Perifíticas no Reservatório de Segredo,
Estado do Paraná, Brasil
2
Comunidade de Algas Perifíticas no Reservatório de Segredo, Estado
do Paraná, Brasil
Resumo: Em reservatórios em cascata, os efeitos daqueles localizados à montante, no
que diz respeito à qualidade de água, são transferidos para os reservatórios a jusante.
Porém, a morfometria do reservatório, a vazão, a operação do sistema e a interação com
a bacia de drenagem de cada ambiente em particular, fazem com que o reservatório
tenha características próprias. Com o objetivo de caracterizar a comunidade de algas
perifíticas quanto à composição taxonômica e densidade no reservatório de Segredo,
foram feitas coletas na região litorânea de cada uma das três zonas (superior,
intermediária e inferior), nos meses de abril e setembro de 2002. Os substratos
utilizados foram seixos. Foram encontradas 210 espécies (158 em abril, sendo que 83
táxons foram encontrados apenas neste mês, e 127 em setembro, das quais 52 foram
exclusivas). Observou-se predomínio de Bacillariophyceae em todas as regiões e em
ambos os períodos, tanto para ao número de táxons, quanto para a densidade. Com
relação à composição taxonômica, observou-se maior similaridade entre as regiões
superior e intermediária, que é mais notável no mês de setembro, e distinção da região
inferior, acentuada em abril. Os resultados obtidos para a densidade da comunidade de
algas perifíticas para todas as regiões, foram menores no período de setembro e maiores
no período de abril, mês no qual a densidade foi distinta entre as regiões, ao contrário de
setembro, quando os valores de densidade são mais semelhantes entre as zonas.
Palavras-chave: Algas perifíticas, reservatório, comunidade, estrutura.
Abstract:
In cascades of reservoirs, upstream effects on water quality are commonly
transferred to regions downstream. However, reservoir morphometry, sewage discharge,
operational procedures and other watershed interactions, contribute to make each
reservoir particular in their environmental characteristics. To characterize the periphytic
algae community (taxonomic composition) in Segredo Reservoir, samples were
collected in littoral zone from three regions of the reservoir (upper, intermediary and
lower), in April and September 2002. Pebbles were utilized as substratum, and a total of
210 species were recorded (158 in April, being 83 taxa registered only in this month;
and 127 in September, with 52 exclusive taxa). Bacillariophyceae predominated in all
regions and in both periods. With regard to taxonomic composition, upper and
intermediary regions showed higher similarity, mainly in September, while the lower
region was more distinct, mainly in April. In relation to periphytic algae density, lower
values were observed in September for all regions. In April, algae density differed
among regions, while in September algae density tended to be similar among zones.
Keywords: Periphytic algae, reservoir, community, structure.
3
Introdução
Os rios das principais bacias hidrográficas do Brasil foram regulados pela
construção de reservatórios, os quais isoladamente ou em cascata, constituem um
importante impacto qualitativo e quantitativo nos principais ecossistemas de águas
interiores (Tundisi et al., 2002).
Em reservatórios construídos em cascata os efeitos daqueles localizados à
montante, no que diz respeito à qualidade de água, são transferidos para os reservatórios
à jusante. Dentre esses efeitos, destacam-se a diminuição da temperatura da água, da
concentração de material em suspensão, da concentração de oxigênio dissolvido, de
nutrientes e da turbidez (Straškraba e Budĕjovice, 1990; Tundisi et al., 1993; Straškraba
e Tundisi, 2000). Porém a morfometria do reservatório, a vazão, a operação do sistema e
a interação com a bacia de drenagem de cada sistema em particular fazem com que o
reservatório tenha características próprias (De Filippo et al., 1999; Tundisi, 1999),
mesmo estando localizado em uma cascata (Agostinho e Gomes, 2005).
As variáveis físicas e químicas desempenham uma seletividade ambiental
muito forte sobre a distribuição dos organismos, a composição das comunidades e os
processos de produção primária das comunidades planctônica e perifítica, determinando
a composição das espécies, assim como sua abundância (Tundisi, 1990; Tundisi e
Matsumura-Tundisi, 1994; Matsumura-Tundisi e Tundisi, 1997).
O perifiton é uma complexa comunidade de microrganismos (bactérias, fungos,
algas, animais) e de partículas orgânicas e inorgânicas, os quais vivem aderidos ou
associados a um substrato submerso. Estes organismos formam uma fina camada de
poucos milímetros (bioderme), localizada entre o substrato e a camada de água
circundante (Wetzel, 1983). O perifíton que cresce sobre seixos é denominado epilíton
(Stevenson, 1996). O seixo é considerado um substrato inerte, não havendo troca de
nutrientes entre ambos, substrato e comunidade. Portanto, as algas utilizam-se dos
nutrientes da camada de água circundante e da decomposição de organismos dentro da
própria matriz perifítica (Burkholder, 1996).
No Brasil os estudos sobre algas perifíticas especificamente em reservatórios
podem ser considerados recentes. Na última década, o estudo sobre o perifíton neste
tipo de ambiente tem demonstrado avanços, o que é percebido pelo aumento no número
de publicações, tanto de cunho ecológico quanto taxonômico (Moschini-Carlos, 1996;
Moschini-Carlos e Henry, 1997; Moschini-Carlos et al., 2000 e 2001; Almeida, 2001;
4
Vercellino, 2001; Felisberto, 2003; Felisberto et al., 2001; Felisberto e Rodrigues, 2002
e 2004; Cetto et al., 2004; dentre outros).
Assim, procurando ampliar o entendimento sobre esta comunidade em
reservatórios, este trabalho teve por objetivo caracterizar a comunidade de algas
perifíticas quanto à riqueza e densidade em três distintas regiões (superior, intermediária
e inferior) do reservatório de Segredo e entre dois períodos estacionais (abril e
setembro), durante o ano de 2002.
Materiais e Métodos
Área de Estudo
O reservatório de Segredo (S 25º47'28'' W 052º07'36'') está
localizado na bacia do rio Iguaçu (Fig. 1). Este rio perrcorre 1060 km desde suas
nascentes, localizadas na Serra do Mar, até desaguar no rio Paraná. Sua bacia de
drenagem apresenta aproximadamente 72.000 km
2
(Eletrosul, 1978).
Este reservatório foi fechado no ano de 1992, apresentando área inundada de
82.5 km
2
, profundidade média de 36,6 m e tempo de residência de 47 dias. Está situado
na reserva do Iguaçu, no município de Mangueirinha, tendo a finalidade de produção de
energia elétrica. Segredo é o segundo de uma cascata de cinco reservatórios, sendo que
à sua montante se localiza Foz do Areia e à jusante está o reservatório de Salto
Santiago. Segredo recebe vários tributários, tais como Floresta, São Pedro, Verde e
Touros em sua margem direita e Patos, Iratim, Butiá e Covó em sua margem esquerda
(Júlio Júnior et al., 2005).
5
Figura 1: Localização do reservatório de Segredo situado na bacia do Rio Iguaçu. Na figura são
indicadas as regiões Inf =inferior, Int = intermediária e Sup = superior.
Método de Coleta - As coletas do perifíton foram realizadas em dois períodos
durante o ano 2002 (abril e setembro), sempre na região litorânea de cada uma das três
zonas do reservatório (superior, intermediária e inferior). Os substratos utilizados para
as coletas das amostras foram seixos por serem substratos mais abundantes. O material
perifítico foi removido do substrato com auxílio de uma escova e jatos de água
destilada, sendo transferido para frascos Wheaton de 150 ml. As amostras para a análise
6
qualitativa foram preservadas com solução de Transeau e para a análise quantitativa foi
utilizado Lugol Acético 5%.
Para a análise qualitativa foram preparadas lâminas semipermanentes, em uma
média de 20 lâminas por amostra ou até não ser registrado a ocorrência de novos táxons.
A análise das lâminas foi realizada em microscópio binocular, com ocular micrometrada
e objetivas de 40 e 100 X. A identificação das algas perifíticas foi baseada em literatura
clássica, específicas e regionais. Para diatomáceas o sistema de classificação utilizado
foi Round et al. (1990) e os demais grupos foram classificados de acordo com Bicudo e
Menezes (2005).
Para a contagem da comunidade das algas perifíticas, o material removido, como
anteriormente descrito, foi acondicionado a um volume conhecido. A enumeração foi
feita através de microscópio invertido, segundo o método de Utermöhl (1958) e através
de campos aleatórios, conforme recomendação de Bicudo (1990). Os resultados foram
expressos por unidade de área. Para a sedimentação do material biológico, foram
utilizadas câmaras de 2,8 mL. A equação para o cálculo da densidade seguiu Ros
(1979), adaptada para a área do substrato, sendo que os resultados foram expressos por
unidade de área.
Os dados físicos e químicos da água, coletados simultaneamente aos dados
biológicos, foram: temperatura da água (termistor digital YSI); transparência (disco de
Secchi); pH e condutividade elétrica (potenciômetro digital Digimed); oxigênio
dissolvido (oxímetro digital YSI), carbono orgânico dissolvido (analisador de carbono
Schimadzu); nitrogênio total, N-nitrito e N-nitrato (Guiné et al., 1980); N-amoniacal,
fósforo total, fósforo total dissolvido e ortofosfato (Mackareth et al., 1978). Para análise
da fração dissolvida dos nutrientes, as amostras foram imediatamente filtradas em filtros
Whatman GF/C. Os resultados de todas estas variáveis foram cedidos pelo Laboratório
de Limnologia do Nupélia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e
Aqüicultura) da Universidade Estadual de Maringá.
Os dados de precipitação pluviométrica foram fornecidos pela SUDERHSA
(Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental), ANA (Agência Nacional das Águas) e COPEL (Companhia Paranaense de
Energia Elétrica). A precipitação corresponde à média de dez dias anteriores à coleta.
Os dados de vazão foram cedidos pela COPEL e referem-se à média dos vinte dias antes
da coleta.
7
A Análise dos Componentes Principais (PCA) e Análise de Correspondência
Destendenciada (DCA) foram aplicadas para reduzir a dimensionalidade dos dados
abióticos (condutividade, pH, turbidez, oxigênio dissolvido, temperatura da água,
nitrogênio total, N-nitrato, N-amoniacal, fósforo total, fósforo total dissolvido,
precipitação pluviométrica e vazão) e bióticos (densidade da comunidade ficoperifítica).
Estas análises foram realizadas com transformação dos dados [log (x + 1)], com
exceção do pH, utilizando o programa PC-ORD, versão 4.0. Para a PCA foram
considerados os eixos com valores maiores que o modelo Broken-Stick. Os valores de
densidade da comunidade ficoperifítica foram correlacionados com as variáveis
limnológicas por meio do coeficiente de Pearson, a fim de analisar a influência dessas
variáveis sobre a densidade (p<0,05%). A similaridade da comunidade de algas
perifíticas entre as três zonas estudadas do reservatório e entre os períodos estacionais
foi medida pela análise de agrupamento (Análise de Cluster). Nesta análise foi utilizado
o critério de presença e ausência através do índice de Jaccard, de acordo com o
programa NTSYS, versão 1.5 (Rohlf, 1989) e média não-ponderada (UPGMA).
Também foram confeccionados gráficos com os dados de densidade através do
programa Microsoft Office Excel 2003.
Resultados
Variáveis físicas e químicas - Os dados abióticos estão contidos na tabela 1,
sendo que uma análise mais detalhada dos parâmetros limnológicos pode ser encontrada
em Pagioro et al. (2005).
A temperatura da água, N-amoniacal e a vazão apresentaram maiores valores no
mês de abril. O fósforo dissolvido, o fósforo particulado e a turbidez tiveram os valores
mais expressivos no mês de abril nas regiões superior e inferior, e no mês de setembro
na região intermediária. A condutividade, o oxigênio dissolvido, a alcalinidade, o N-
nitrato o nitrogênio total, o fósforo total e a precipitação apresentaram maiores valores
no mês de setembro em todas as regiões. O pH teve valores mais elevados na região
superior em abril e nas regiões intermediária e inferior no mês de setembro. A
profundidade do disco de Secchi apresentou valores maiores nas regiões intermediária e
inferior no mês de abril e na região superior no mês de setembro.
8
Tabela 1: Dados físicos e químicos coletados no reservatório de Segredo. S: região superior; Int:
região intermediária; Inf: região inferior. Chuva (média dos 10 dias anteriores à coleta e das
estações de amostragem pluviométrica); Vazão (média dos 20 dias anteriores à coleta).
Abril Setembro
S Int Inf S Int Inf
Precipitação pluviométrica (mm) 1,15 1,15 1,15 4,54 4,54 4,54
Vazão m
3
/s 696,2 696,2 696,2 572,8 572,8 572,8
Secchi (m) 1,5 1,7 2,4 1,6 1,3 2,3
Condutividade (µS/cm)
43,9 41,3 38,4 56,1 56 45,4
pH 6,51 6,47 6,99 6,24 6,67 7,09
Alcalinidade (µEq/L) - 256,8 244,9 277,6 270,6 262,3
Turbidez 1,8 1,75 0,78 1,04 2,65 0,6
Oxigênio dissolvido (mg/L) 3,79 4,48 7,59 7,09 7,22 8,05
Temperatura água (
o
C) 23,8 23,9 24,8 16,4 17,0 18,1
Material em suspensão (mg/L) 7,6 8,0 2,1 6,3 7,3 10,3
Nitrogênio total (µg/L)
559,0 532,8 442,6 759,8 833,9 712,2
N - nitrato (µg/L)
496,1 525,6 407,3 753,1 823,9 704,3
N- amoniacal (µg/L)
17,3 3,1 2,2 2,7 1,6 0,4
Fósforo total (µg/L)
16,3 10,7 10,6 16,5 18,0 10,9
Fósforo total dissolvido (µg/L)
10,3 8,1 6,7 9,3 8,4 4,9
Fósforo particulado (µg/L)
5,2 1,8 3,3 2,6 7,1 2,6
A Análise de Componentes Principais (ACP), utilizando os dados abióticos, explicou
89,38% da variabilidade total dos dados físicos e químicos da água em seus dois
primeiros eixos e houve a separação das regiões do reservatório (região superior,
intermediária e inferior), em função dos diferentes meses amostrados (Fig. 2; Tab. 2).
No eixo 1, obteve-se a separação dos períodos estacionais de acordo com a
temperatura da água e com a vazão positivamente, e negativamente influência da
condutividade, nitrogênio total, N- nitrato e da precipitação pluviométrica. No eixo 2, a
região inferior é separada das demais regiões em ambos os períodos de coleta, sendo
influenciada pelo pH e oxigênio dissolvido positivamente e negativamente pela
turbidez, N-amoniacal, fósforo total e fósforo total dissolvido .
9
Sup A
Int A
Inf A
Sup S
Int S
Inf S
-4 -2 0 2 4
Eixo 1
-4
-2
0
2
4
Eixo 2
Cond; NT; N-NO
3
; Chuva
Temp; vazão
Turb; N-NH
4
; PT; PDT
pH; OD;
Figura 2: Ordenação das unidades amostrais do reservatório de Segredo de acordo com os dois
primeiros eixos da análise de componentes principais (PCA); T água temperatura da água
(
o
C); Vazão (m
3
/s); Cond- condutividade S/cm); NT nitrogênio total g/L); N-NO
3
: N-
nitrato g/L); Chuva- precipitação pluviométrica (mm), pH potencial hidrogeniônico; OD -
oxigênio dissolvido (mg/L); Turb- turbidez; N-NO
4
: N-amoniacal g/L); PT - fósforo total
(mg/L); PDT- fósforo total dissolvido (mg/L); Sup A- região superior em abril; Int A região
intermediária em abril; Inf A região inferior em abril; Sup S região superior em setembro;
Int S – região intermediária em setembro; Inf S – região inferior em setembro.
Tabela 2: Contribuição das variáveis físicas e químicas nos dois primeiros eixos da Análise
de Componentes Principais, aplicada aos dados químicos e físicos, coletados no reservatório
de Segredo, no ano de 2002.
Eixo 1 Eixo 2
Condutividade(µS/c)
-0.3566
-0.1929
Turbidez (NTU) -0.0344
-0.3785
pH 0.0482
0.4134
Oxigênio dissolvido (mg/l) -0.2281
0.3402
Temperatura da água (
o
C)
0.3882
-0.0024
Nitrogênio Total (µg/l)
-0.3768
-0.0868
N-nitrato (µg/l)
-0.3789
-0.0554
N-amoniacal (µg/l) 0.2036
-0.3794
Fósforo total (µg/l) -0.2101
-0.3729
Fósforo total dissolvido (µg/l) 0.0335
-0.4756
Precipitação pluviométrica (mm)
-0.3836
0.0809
Vazão (m
3
/s)
0.3836
-0.0809
54,67%
34.71%
10
Composição da Comunidade de Algas Perifíticas e Análise de Agrupamento
- No reservatório de Segredo foram registrados 210 táxons, distribuídos nas classes
Cyanophyceae (17,62%), Bacillariophyceae (48,1%), Zygnemaphyceae (16,6%),
Chlorophyceae (11,9%), Oedogoniophyceae (2,42%), Euglenophyceae (1,43%),
Xanthophyceae (0,48%), Chrysophyceae (0,48%), Dinophyceae (0,48%) e
Chlamydophyceae (0,48%) (Tab. 3 e Anexo 1).
Deste total, 158 espécies foram registradas no mês de abril e 127 no mês de
setembro. Ainda, 83 táxons foram exclusivos para o mês de abril e 52 foram exclusivos
do mês de setembro de 2002.
No reservatório de Segredo foi observado em todas as regiões (superior,
intermediária e inferior) e em ambos os períodos, predomínio de Bacillariophyceae. O
número de táxons de Bacillariophyceae foi maior na região superior no mês de abril.
Nas regiões intermediária e inferior o número de espécies foi maior em setembro. Para
Zygnemaphyceae, o maior número de táxons foi verificado no mês de abril, porém na
região inferior foi registrado o mesmo número de espécies em ambos os períodos.
Chlorophyceae apresentou maior número de táxons na região superior e intermediária
em abril e a região inferior apresentou maior número de espécies em setembro. Para
Cyanophyceae, verificou-se a maior número de táxons nas regiões superior e
intermediária no mês de abril e na região inferior, o maior número de espécies foi
registrado no mês de setembro (Tab. 3).
Tabela 3: Número de táxons total e por classes das algas perifíticas registradas nos meses de
abril e de setembro, nas regiões Sup = superior, Int = Intermediária Inf = Inferior do reservatório
de Segredo, no ano de 2002
.
Abril Setembro
Sup Int Inf Sup Int Inf Total
Bacillariophyceae
53 40 29 51 50 35 101
Chlorophyceae
8 7 2 7 5 7 25
Oedogoniophyceae
3 4 4 1 3 2 5
Xanthophyceae
1 1 0 0 0 0 1
Zygnemaphyceae
14 17 6 4 4 6 35
Chrysophyceae
1 1 0 1 1 0 1
Chlamydophyceae
0 0 0 1 0 0 1
Dynophyceae
0 1 0 0 0 0 1
Euglenophyceae
2 2 1 0 0 0 3
Cyanophyceae
19 16 9 15 9 11 37
101 89 51 80 72 61 210
11
Figura 3: Dendrograma, baseado no índice de similaridade, entre os táxons registrados no
Reservatório de Segredo (r=0,82). Locais: Sup = região superior, Int = região intermediária
e Inf = região inferior. Períodos: A= abril e S= setembro do ano de 2002.
A distinção florística entre a comunidade de algas perifíticas das diferentes
regiões do reservatório de Segredo e diferentes períodos do ano (Abril e Setembro) foi
evidente através do agrupamento de similaridade (Fig. 3). Inicialmente, a comunidade
de algas perifíticas da região inferior do mês de abril ficou separada das demais regiões
de ambos os períodos. No outro grupo, a comunidade registrada no mês de abril ficou
separada daquela encontrada no mês de setembro. Observa-se maior similaridade da
comunidade de algas perifíticas das regiões superior e intermediária em ambos os
períodos e, ainda, a separação da região inferior no mês de setembro. A similaridade
entre as regiões superior e intermediária foi mais acentuada no mês de setembro. Desta
forma, a composição florística da comunidade perifítica foi principalmente
caracterizada através do período do ano e das regiões do reservatório.
12
Abundância da Comunidade de Algas Perifíticas e Variação Temporal - Os
resultados obtidos para a densidade da comunidade de algas perifíticas para todas as
regiões, foram menores no período de setembro (inverno) e maiores no período de abril
(verão) (Figs. 4 e 5 ). A flutuação da densidade total da comunidade de algas perifíticas
foi determinada pela tendência de variação espacial da densidade de Bacillariophyceae
para todas as regiões de estudo e em ambos os períodos (Fig. 4). A contribuição das
demais classes de algas foi mais pronunciada em abril, sendo observada maior
abundância das diatomáceas sobre os outros grupos no mês de setembro.
0
50
100
150
200
250
Sup A Int A Inf A Sup S Int S Inf S
Ind x 10
3
. cm
-2
Figura 4: Densidade da comunidade de algas perifíticas (ind x 10
3
. cm
-2
) do Reservatório de
Segredo (em branco densidade total e em preto Bacillariophyceae), nas regiões Sup =
superior, Int = intermediária e Inf = inferior, nos meses de A = abril e S = setembro do ano
de 2002.
No mês de abril, as classes algais que apresentaram maiores densidades na região
superior, foram Bacillariophyceae (91,44%) e Cyanophyceae (6,55%). As demais
classes somaram 2,01% da densidade total da comunidade de algas perifíticas. Na
região intermediária, as classes com maiores densidades foram Bacillariophyceae
(79,8%), Oedogoniophyceae (11,17%) e Cyanophyceae (7,22%). As demais
apresentaram juntas 1,81%. Para a região inferior foram Bacillariophyceae (82,19%),
Cyanophyceae (10,16%) e Oedogoniophyceae (6,29%), sendo que o restante das classes
somaram 1,36% (Figs. 4 e 5).
13
No mês de setembro, as classes algais mais representativas, em termos de densidade,
foram, na região superior, Bacillariophyceae (96,38%) e Cyanophyceae (3,47%). Na
região intermediária, Bacillariophyceae (94,49%) e Cyanophyceae (5,39%). Para a
região inferior, Bacillariophyceae (82,15%), Cyanophyceae (16,41%) e as outras classes
de algas somaram 1,44% da densidade total das algas perifíticas (Figs 4 e 5).
0
5
10
15
20
25
Sup A Int A Inf A Sup S Int S Inf S
Ind x 10
3
.cm
-2
Dynophyceae
Chrysophyceae
Euglenophyceae
Zygnemaphyceae
Oedogoniophyceae
Chlorophyceae
Cyanophyceae
Figura 5: Densidade das demais classes (ind x 10
3
. cm
-2
), exceto Bacillariophyceae, no
reservatório de Segredo, nas regiões: Sup = superior, Inter = intermediária e Inf = inferior, nos
meses de A = abril e S = setembro, no ano de 2002.
Os resultados obtidos pela DCA, baseados nos valores da densidade da
comunidade de algas perifíticas nas distintas regiões dos reservatórios e nos dois
períodos de coleta (abril e setembro), são mostrados na figura 6. Os dois primeiros eixos
apresentaram autovalores de 0.38 e 0.14, respectivamente.
A distribuição dos escores no primeiro eixo mostra uma tendência de separação
da comunidade de algas perifíticas entre períodos, onde as regiões no período de
setembro encontram-se mais próximas do que no mês de abril. O segundo eixo, mesmo
tendo baixa explicabilidade, mostra a separação da região inferior, em ambos os
períodos, principalmente no mês de abril e a proximidade das regiões superior e
intermediária.
14
Sup A
Int A
Inf A
Sup S
Int S
Inf S
-50 0 50 100 150 200 250
Eixo 1
-50
0
50
100
150
200
250
Eixo 2
Figura 6 = Análise de correspondência com remoção do efeito do arco (DCA) aplicada aos
dados de densidade da comunidade ficoperifítica (ind. 10
3
. cm
-2
). Ordenação das regiões (Sup =
superior, Int = intermediária e Inf = inferior) A= abril, S= setembro.
O resultado da correlação de Pearson entre os eixos 1 da PCA e o eixo 1 da DCA
foi significativo (r= 0,89). Provavelmente, os fatores encontrados no eixo 1 da PCA
influenciaram os escores do eixo 1 da DCA, ou seja, os fatores como alta temperatura
da água, maior vazão, menores concentrações de nitrogênio total e maior precipitação
foram os que mais influenciaram a densidade total da comunidade de algas perifíticas,
evidenciando uma separação na abundância da comunidade entre os períodos analisados
e, num segundo plano, entre as regiões analisadas ao longo do reservatório (Fig. 7).
15
Sup A
Int A
Inf A
Sup S
Int S
Inf S
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
PCA
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
DCA
Figura 7: Posição das regiões do reservatório ordenadas de acordo com os dois primeiros eixos
da PCA e da DCA, A= abril, S= setembro
.
Discussão
A comunidade de algas perifíticas respondeu às diferenças físicas e químicas
observadas entre os períodos estacionais e entre as regiões do eixo rio-barragem, tanto
em relação à composição taxonômica, quanto em relação à densidade.
A semelhança qualitativa observada nas regiões superior e intermediária e a
dissimilaridade da região inferior deram-se em ambos os períodos. Segundo Straškraba
e Bud
ĕ
jovice (1990), em reservatórios construídos em cascata, aqueles localizados à
montante influenciam, no que diz respeito à qualidade de água, os reservatórios à
jusante. Ainda, conforme Straškraba e Tundisi (2000), a determinada distância da
barragem as variáveis sicas e químicas começam a voltar gradualmente às suas
características naturais. Segundo estes autores, o estado natural do rio é recuperado
centenas de quilômetros abaixo da barragem. Devido à distância considerável entre
região inferior de Segredo da barragem de Foz do Areia, os valores dos parâmetros
físicos e químicos foram mais semelhantes nas regiões superior e intermediária, em
ambos os períodos. Esses fatores também podem ter tido influência dos tributários, os
16
quais, na sua maioria, deságuam mais próximo à região inferior, como também das
características lênticas deste local. A entrada de materiais derivada dos tributários é uma
das principais funções de força de um reservatório (Matsumara-Tundisi e Tundisi,
2003), pois há interação com a rede hídrica da bacia hidrográfica (Tundisi, 2005).
A densidade total das algas perifíticas apresentou uma distinção entre os
períodos. Este fato foi determinado pela densidade de Bacillariophyceae, classe que
apresentou também maior número de táxons em relação às demais, independente de
região e de período. Segundo Cattaneo (1987), as diatomáceas são abundantes na
maioria das assembléias perifíticas e estão associadas a baixas concentrações de fósforo
total. A densidade de diatomáceas, principalmente nas regiões superior intermediária,
está relacionada à maior turbidez e à baixa concentração de fósforo, que segundo
McCormick (1996), é uma situação favorável para esta classe de algas. Isto também foi
verificado por Leandrini (2006) e Cetto
et al.
(2004). Outros estudos encontraram
predomínio de Bacillariophyceae em comunidades epilíticas (Peterson
et al.,
1990;
Sahin, 2003, dentre outros).
O perifíton é sensível a mudanças na qualidade de água (Horner
et al.,
1983;
Cattaneo, 1987) e a estrutura da comunidade de algas perifítica é controlada por um
conjunto de fatores hidrodinâmicos, físicos e químicos da água (Moschini-Carlos, 1996;
Stevenson, 1997). Os maiores valores de densidade registrados em abril, assim como o
número de táxons, podem estar relacionados aos valores pronunciados de temperatura,
vazão, às baixas concentrações de fósforo e aos menores valores de nitrogênio,
principalmente.
Neste estudo foi encontrada correlação positiva da densidade da comunidade
perifítica com a temperatura. Bicudo
et al.
(1995) e Moschini-Carlos (1996) sugerem
que a temperatura é uma variável controladora do perifíton, uma vez que o processo
sucessional é mais rápido durante os períodos quentes e chuvosos. Felisberto e
Rodrigues (2005) e Cetto
et al.
(2004) verificaram que a comunidade de algas perifíticas
apresenta maiores abundâncias em períodos de maiores temperaturas.
Segundo Bothwel (1985) e Bochardt (1996) quando proporção N/P é maior que
17/1, valor que é considerado ideal para a comunidade perifítica, o fósforo é assumido
como sendo limitante. Essa relação foi verificada por outros autores (McCormick
et
al.,
1996; Stelzer e Lamberti, 2001; Ferragut, 2004). No mês de setembro a densidade
total das algas perifíticas foi menor do que a densidade registrada em abril, assim como
o número de táxons. Em setembro, a proporção N/P chega a 65:1, indicando a limitação
17
extrema de fósforo neste período. Em setembro, além da classe Bacillariophyceae, a
segunda classe mais abundante quantitativamente foi Cyanophyceae. As cianofíceas têm
capacidade de estocar fósforo internamente (Pearl, 1988), sendo esta uma estratégia
eficiente de sobrevivência e manutenção do crescimento sob condições limitantes de
fósforo (Ferragut, 2004) e as diatomáceas, como mencionado, apresentam vantagem
competitiva sob condições limitantes de fósforo.
Em abril a proporção N:P foi menos acentuada, variando de 34:1 na região
superior a 49:1 na região intermediária Neste período, a densidade da comunidade de
algas perifíticas foi representada principalmente pelas classes Cyanophyceae,
Chlorophyceae, Oedogoniophyceae e Zygnemaphyceae, além de Bacillariophyceae.
Stelzer e Lamberti (2001) encontraram maiores densidades quando a proporção N/P foi
média, reduzindo à medida que aumenta a proporção destes nutrientes. Segundo
Bochardt (1996), as algas verdes se tornam abundantes quando os níveis de nitrogênio e
fósforo são elevados.
A precipitação e a vazão também foram fatores essenciais na determinação da
densidade e da composição taxonômica das algas perifíticas. A pluviosidade atua como
função de força pela introdução de nutrientes para o reservatório (Tundisi
et al.,
1993),
e também, com o aumento do volume d água, contribui com o aumento de velocidade
de corrente, o que pode provocar a desaderência dos organismos. Para Straškraba e
Tundisi (2000) os reservatórios com tempo de retenção entre 15 dias e 1 ano apresentam
uma vazão defluente consideravelmente rápida, com velocidade de corrente notável.
Grandes velocidades de corrente limitam o desenvolvimento de formas frouxamente
aderidas e, desta forma, as formas firmemente aderidas, como as diatomáceas,
prevalecem (Peterson, 1996; Biggs
et al.,
1998).
Assim, conclui-se que a composição taxonômica da comunidade de algas
perifíticas é semelhante nas regiões superior e intermediária do Reservatório de Segredo
e distinta na região inferior, muito provavelmente devido à entrada de aportes laterais
através dos tributários que deságuam próximo a esta região e também à distância
considerável da barragem do reservatório à montante, além das características lênticas
deste local. A densidade apresenta diferenças entre os períodos, sendo maior em abril.
Acredita-se que isto esteja relacionado às diatomáceas, que foram dominantes, se
beneficiando das condições limnológicas existentes no sistema, ou seja, valores mais
elevados de temperatura, vazão e menores valores de fósforo e nitrogênio neste período.
18
Agradecimentos -
Este trabalho está inserido no Programa de Pesquisas Pronex:
“Produtividade em reservatórios: relações com o estado trófico e predação”, e CT-
Hidro: Identificação de indicadores biológicos de eutrofização e poluição de
reservatórios da bacia do Paraná”, executados pelo Núcleo de Pesquisas em Limnologia,
Ictiologia e Aqüicultura – Nupélia, da Universidade Estadual de Maringá, Paraná.
Agradecemos de forma especial aos biólogos e técnicos do Nupélia, pelo suporte
técnico-científico, ao Jaime Lopes Pereira pela confecção do mapa. Ao CNPq pela
concessão da bolsa de mestrado (Programa CT-Hidro).
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Anexo 1: Ocorrência dos táxons de algas perifíticas no reservatório Segredo, nas regiões
S = superior, Int = intermediária e Inf = inferior nos meses de abril e setembro do ano de
2002:
Abril
Setembro
Sup
Int Inf
Sup
Int Inf
Bacillariophyceae
Achnanthes exigua
Grunow
x
Achnanthes inflata
Grunow
x x x
Achnanthidium minutissimum
(Kützing) Czarnecki
x x x x x x
Amphipleura lindheimeri
Grunow
x x
Amphora pediculus
(Kützing) Grunow
x x x
Amphora tumida
Hustedt
x
Aulacoseira ambigua
(Grunow) Simonsen
x x x x x x
Aulacoseira alpigena
(Grunow) Krammer
x
Aulacoseira granulata
(Ehrenberg) Simonsen
x x x x x x
Aulacoseira granulata
(Ehrenberg) Simonsen var
angustissima
(O. Müller) Simonsen
x
Caloneis westii
(Wm. Smith) Wendey
x
Capartograma crucicola
(Grunow ex. Cleve) Ross. var
cruscicola
x x
Cocconeis placentula
Ehrenberg
x x
Cyclotella distinguenda
Hustedt
x
Cyclotella pseudostelligera
(Hustedt) Houk & Klee
x x
Cyclotella stelligera
(Cleve & Grunow) Van Heurck
x
Cymbella affinis
Kützing
x x x
Cymbella gracilis
(Ehrenberg) Kützing
x
Cymbella tumida
(Brébisson ex Ralfs) Van Heurck var
tumida
x x x x
Diploneis elliptica
(Kützing) Cleve
x x
Diploneis subovalis
Cleve
x
Encyonema mesianum
(Cholnoky) Mann
x x x x x x
Encyonema minutum
(Hilse in Rabenhorst) Mann
x x x x x
Encyonema perpusilla
(Cleve) Mann
x x x x
Encyonema silesiacum
(Bleisch in Rabenhorst) Mann
x x x x x x
Eunotia camelus
Ehrenberg
x x x x
24
Eunotia didyma
Grunow
x
Eunotia major
(W Smith) Rabenhorst
x x x x
Eunotia monodon
Ehrenberg
x
Eunotia pectinalis
(Dllwyn) Rabenhorst
x x x
Eunotia pyramidata
Hustedt
x x
Eunotia praerupta
Ehrenberg
x
Eunotia sudetica
Otto Müller
x x
Fragillaria capucina
Dèsmazieres
x x x x x x
Fragillaria delicatissima
(W. Smith) Lange-Bertalot
x x x x x x
Frustulia guayanensis
Metzeltin et Lange-Bertalot
x
Frustulia rhomboides
(Ehrenberg) De Toni
x x x x x
Frustulia undosa
Metzeltin et Lange-Bertalot
x
Frustulia ziskae
Lange-Bertalot
x
Frustulia
sp.
x
Gomphonema
cf
apicatum
Ehrenberg
x x
Gomphonema augur
Ehrenberg
x x x x
Gomphonema brasiliense
Grunow
x x x x x x
Gomphonema clevei
Fricke
x
Gomphonema gracile
Ehrenberg
x x x x x x
Gomphonema parvulum
Kützing
x x x x x
Gomphonema truncatum
Ehrenberg var truncatum
x
Gyrosigma acuminatum
(Kützing) Rabenhorst
x
Gyrosigma nodiferum
Grunow
x x x
Hantzschia amphioxys
(Ehrenberg) Grunow
x x x x
Hydrosera
sp.
x
Kobayasiella subtilissima
(Cleve) Lange-Bertalot
x
Luticola frenguelli
Metelzin & Lange-Bertalot
x x
Luticola mutica
(Kutzing) Mann
x x
Melosira varians
C.A. Agardh
x x x x x
Navicula aikenesis
Patrick
x x x x x
Placoneis constans
(Hustedt) Cox
x
Navicula cryptotenella
Lange-Bertalot
x x
Navicula cryptocephala
Kützing
x x x x
Navicula disparilis
Hustedt var.
rostrata
(Frengelli) Van
Landingham
x x x
Navicula schoerterii
Meister
x x x
Navicula veneta
Kützing
x x
Navicula viridula
var.
rostellata
(Kützing) Cleve
x
Neidium iridis
(Ehrenberg) Cleve
x
Nitzschia agnita
Hustedt
x
Nitzschia curvula
var.
subcapitata
Rabenhorst
x x x x x
Nitzschia gracilis
Hantzsch
x x
Nitzschia ignorata
Krasske
x x
Nitzschia linearis
Smith
x
25
Nitzschia lorenziana
Grunow
x
Nitzschia palea
(Kützing) W. Smith
x x x x x x
Nitzschia sigma
(Kützing) W. Smith
x
Pinnularia acrosphaeria
W Smith
x x x x
Pinnularia
cf
apendiculata
(Agardh) Cleve
x
Pinnularia braunii
Grunow Cleve
x
Pinnularia divergens
W. Smith
x
Pinnularia doeringii
(Frenguelli) F. W. Mills
x
Pinnularia gibba
Ehrenberg
x
Pinnularia interrupta
W Smith
x x x x
Pinnularia major
Rabenhorst
x
Pinnularia mesolepta
(Ehrenberg) W. Smith
x x x
Pinnularia microstauron
(Ehrenberg) Cleve
x x x
Pinnularia obscura
Krasske
x
Pinnularia stomatophora
var.
triundulata
(Fontell)
Hustedt
x x
Pinnularia subgibba
var.
angustarea
Krammer & Metzltin
x
Pinnularia viridis
(Nitzsch) Ehrenberg
x x
Rhopalodia gibberula
(Ehrenberg) Otto Müller
x
Sellaphora bacillum
Ehrenberg
x
Sellaphora pupula
Kützing
x x x x
Stenopterobia delicatissima
(Lewis) Bréb ex V Heurck
x x x x
Stenopterobia schweickerdtii
Cholnoky
x x
Surirella
cf
celebesiana
Hustedt
x
Surirella guatimalensis
Ehrenberg
x x x
Surirella linearis
W Smith
x x x x
Surirella robusta
(Ehrenberg) Ehrenberg
x
Surirella tenera
Gregory
x
Surirella tenuissima
Hustedt
x
Surirella
sp.
x
Synedra ulna
(Nitzsch) Ehrenberg
x x x x x x
Thalassiosira visurgis
Hustedt
x x x x x x
Thalassiosira
sp.
x
Chlorophyceae
Ankistrodesmus fasciculatus
(Lündberg) Komárková
Legnerová
x
Ankistrodesmus falcatus
(Corda) Ralfs
x
Ankistrodesmus fusiformis
Corda sensu Korsikov
x x
Aphanochaete repens
A. Braun
x x
Characium
sp.
x
Chlorococcum infusionum
(Schrank) Meneghini
x
Coelastrum cambricum
Archer
x
Coelastrum sphaericum
Nägeli
x
Coleochaete orbicularis
Pringsheim
x x
26
Desmodesmus armatus
(Chodat) Hegewald
x x
Desmodesmus armatus
var.
bicaudatus
(Guglielmetti)
Egewald
x
Desmodesmus communis
(Hegewald) Hegewald
x x
Desmodesmus denticulatus
(Lagerheim) Na, Friedl et
Hegewald
x x x
Desmodesmus intermedius
var.
acutispinus
(Roll)
Hegewald
x
Desmodesmus spinosus
(Chodat) Hegewald
x
Monoraphidium contortum
(Thurrt) Komárková
Legnerová
x
Palmella
sp.
x
Pediastrum tetras
(Ehrenberg) Ralfs
x
Scenedesmus acuminatus
(Lagerheim) Chodat
x
Scenedesmus dimorphus
(Turpin) Kützing
x x
Scenedesmus brevispina
(G.M Smith) Chodat
x
Scenedesmus ecornis
(Ralfs)Chodat
x
Scenedesmus
sp.
x
Stigeoclonium
sp.
x
Uronema
sp.
x x x x
Oedogoniophyceae
Bulbochaete
sp.
x
Oedogonium
sp. 1
x x x x x
Oedogonium
sp. 2
x x x x x x
Oedogonium
sp. 3
x x x
Oedogonium
sp. 4
x x
Xanthophyceae
Characiopsis
sp.
x x
Zygnemaphyceae
Closterium ehrenbergii
Meneghini ex Ralfs
x
Closterium jenneri
Ralfs
x
Closterium leibleinii
Kützing ex Ralfs
x
Closterium
cf
moniliferum
(Bory) Ehrenberg
x
Closterium venus
Küting ex Ralfs
x
Closterium
sp.
x
Cosmarium granatum
Brébisson ex Ralfs
x x x x
Cosmarium impressulum
Elfving
x x
Cosmarium leave
Rabenhorst
x x x x
Cosmarium
cf
naegelianum
Brébisson
x
Cosmarium nitidulum
var.
javanicum
Krieger et Gerloff
x
Cosmarium pseudoconnatum
Nordstedt
x
Cosmarium regnelii
Wille
x x
Cosmarium subspeciosum
(Nordestd) Krieger & Gerloff
x x
Cosmarium venustum
(Brébisson) Archer
x
Cosmarium
sp.
x
27
Euastrum
sp.
x
Gonatozygon monotaenium
De Bary
x
Micrasterias laticeps
Nordstedt var
acuminata
Krieger
x
Netrium digitus
Ehrenberg
x x
Netrium
sp.
x
Pleurotaenium ehrenbergii
(Bréb.) De Bary
x x
Spirogyra
sp.1
x x x
Spirogyra
sp. 2
x
Spirogyra
sp. 3
x x x x
Staurastrum anatinum
Cooke et Wills
x
Staurastrum
cf
chaetoceras
(Schöder) Smith
x
Staurastrum dilatatum
Ehrenberg
x
Staurastrum
cf
leptocladum
Nordstedt
x
Staurastrum margaritaceum
(Ehrenberg) Meneghini
x
Staurastrum paradoxum
Meyen
x
Staurastrum pseudotetracerum
(Nordst) West et West
x
Staurastrum rotula Nordstedt x
Staurodesmus cuspidatus
Brébisson ex Ralfs
x
Staurodesmus mamillatus
(Nordstedt) Teiling
x
Chrysophyceae
Mallomonas
sp.
x x x x
Chlamydophyceae
Chlamydomonas
sp.
x
Dynophyceae
Peridinium
sp.
x
Euglenophyceae
Phacus
sp.
x
Euglena
sp.1
x x
Euglena
sp. 2
x x
Cyanophyceae
Aphanocapsa grevillei
(Berkeley) Rabenhorst
x
Aphanocapsa
sp.
x
Blenothryx
sp.
x
Calothrix fusca
(Kuetzing) Bornet & Flahault
x
Chroococcus
sp.
x
Geitlerinema amphibium
(Agardh) Anagnostidis
x
Geitlerinema splendidum
(Greville) Anagnostidis
x x x
Gloeothece
cf
subtilis
Skuja
x
Gloeothece
sp.
x
Jaaginema quadripunctulatum
(Bruhl & Biswas)
Anagnostidis et Komárek
x x x x x x
Konvophoron
sp.
x x x x
Leibleinia nordgaardii
Anagnostidis & Komárek
Hieronymus
x x
28
Leibleinia subtilis
Anagostidis et Komárek
x x x x x
Leptolyngbya faveolarum
(Rabenhorst ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x
Leptolyngbya perelegans
(Lemmermann) Anagnostidis et
Komárek
x x x x x x
Leptolyngbya valderiana
(Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x
Lyngbya comperei
Lemmermann
x x
Lyngbya
cf
nigra
Agardh ex Gomont
x
Merismopedia
sp.
x
Oscillatoria annae
Van Goor
x
Oscillatoria curviceps
Agardt ex Gomont
x
Oscillatoria geminata
Meneghini ex Gomont
x
Oscillatoria irrigua
Kützing ex Gomont
x
Oscillatoria limosa
Agardt ex Gomont
x
Oscillatoria subbrevis
Kützing ex Gomont
x x
Oscillatoria
sp.
x
Planltolyngbya limnetica
(Lemmermann) Kómarková -
Legnerová & Cronberg
x x x x x x
Phormidium aqualimpidense
(Senna & Ferreira) Azevedo
x
Phormidium foreaui
(Frémy) Umezaki & Watanabe
x x x x x x
Phormidium konstantinosum
Umezaki & Watanabe
x x x x
Phormidium
sp.
x
Porphyrosiphon
cf
notarisii
Kützing ex Gomont
x
Porphyrosiphon martesianus
(Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x x x x x
Pseudanabaena galeata
Böcher
x x x
Schizothrix fragilis
(Kützing) Gomont
x
Schizothrix friesii
Gomont
x x
Synechocystis
sp.
x
29
Capítulo II
Estrutura e Dinâmica da Comunidade de Algas Perifíticas no
Reservatório de Iraí, Estado do Paraná, Brasil
30
Estrutura e Dinâmica da Comunidade de Algas Perifíticas no
Reservatório de Iraí, Estado do Paraná, Brasil
Resumo:
Para analisar a estrutura e a dinâmica da comunidade de algas perifíticas no
reservatório de Iraí, o qual é considerado um ambiente eutrofizado, foram feitas coletas
em dois períodos: verão (abril) e inverno (setembro) de 2002, sempre na zona litorânea
de cada uma das três regiões do reservatório (superior, intermediária e inferior). O
substrato determinado para a coleta das amostras foi vegetação aquática, por estar
presente em todos os pontos de amostragem. Foram registradas 297 espécies, das quais
225 foram constatadas em abril, sendo 73 exclusivas deste período e 224 em setembro,
das quais 72 foram encontradas apenas neste mês. Observou-se predomínio das
Bacillariophyceae em todas as regiões e em ambos os períodos, tanto para o número de
táxons, quanto para a densidade. Com relação à composição taxonômica, a distinção
entre as zonas e as regiões intermediária e inferior foram mais similares quando
comparadas à região superior, principalmente no mês de setembro. No que diz respeito
à densidade das algas perifíticas foi observada diferença significativa entre os períodos
(
p
= 0,002;
F
= 16,48), com os menores valores em abril e maiores no mês de setembro.
Não houve diferença significativa entre as regiões do reservatório.
Palavras-chave: Reservatório, perifiton, riqueza, abundância.
Abstract:
To analyze the structure and dynamics of periphytic community in Iraí
reservoir, which is considered a eutrophic environment, samples were taken in two
periods: summer (April) and winter (September) of 2002, in littoral areas from three
regions of the reservoir (upper, intermediary and lower). Aquatic macrophytes were
used as substrates, because they were present in all sampling sites. A total of 297
species was recorded (225 in April, 73 exclusive to this period; and 224 in September,
with 72 exclusive taxa). Bacillariophyceae predominated in all regions and in both
periods, in number of species and density. With regard to richness, there were
differences among zones, since intermediary and lower regions showed more similarity
when compared to the upper zone, mainly in September. In relation to periphytic algae
density, periods differed significantly (
F
= 16,48;
p
= 0,002), with lower values in
September. No significant difference in density was registered among zones.
Keywords: reservoir, periphyton, richness, abundance.
31
Introdução
Um dos principais objetivos da construção dos reservatórios é o armazenamento
de água para atender ao consumo humano (Straškraba
et al
., 1993; Tundisi
et al
.,
2002a). Estes ambientes são conhecidos como sistemas intermediários entre rios e lagos
e apresentam um gradiente longitudinal, no qual são observadas três regiões distintas
com diferenças físicas, químicas e biológicas (Thornton
et al.,
1990). Devido à grande
necessidade de utilização de água potável, a construção de reservatórios muitas vezes
contempla regiões com elevada ocupação populacional, o que favorece o processo de
eutrofização (Tundisi
et al.
, 2002b; Pagioro
et al
., 2005). Isto porque a qualidade das
águas que entram nos reservatórios é resultado do tipo de solo das bacias hidrográficas,
da vegetação, das atividades humanas, do clima e da precipitação (Straškraba e Tundisi,
2000).
Os resultados da eutrofização podem ser drásticos para o ambiente, pois através
do aumento da concentração de nutrientes nos ecossistemas aquáticos uma maior
produtividade (Esteves, 1988; Tundisi
et al
., 2002b), alterando a estrutura de todas as
comunidades aquáticas (Mehner e Benndorf, 1995). Ao mesmo tempo em que um
maciço investimento se concentra na construção de reservatórios, no Brasil muito pouco
é investido na geração de conhecimentos básicos, como a composição natural dos
produtores primários destes ambientes aquáticos (Tundisi
et al
., 2002b). A utilização de
organismos sésseis como indicadores biológicos apresenta vantagens principalmente no
sentido de que representam os efeitos imediatos de fatores ambientais, como também os
efeitos prévios (Júlio Júnior
et al
., 2005).
O perifiton pode ser encontrado em quase todos os tipos de ambientes (Azim e
Asaeda, 2005). É definido como uma comunidade de microrganismos (fungos, algas,
bactérias, animais) e de partículas orgânicas e inorgânicas, os quais vivem aderidos ou
associados a um substrato submerso (Wetzel, 1983). É excelente indicador das
mudanças que ocorrem no ambiente aquático, porque apresenta uma grande diversidade
de espécies em um pequeno espaço (Azim
et al
., 2005), constituindo um grupo
caracteristicamente de ciclo de vida curto e de respostas rápidas às alterações ambientais
(Lowe e Pan, 1996).
A diversidade taxonômica e a abundância do perifiton dependem de vários
fatores, tais como o tipo de substrato (Burkholder, 1996), disponibilidade de nutrientes
(Bochardt, 1996; Stelzer e Lamberti, 2001), intensidade luminosa (Hill, 1996; Maltais e
32
Vincent, 1997), sazonalidade (Goldsborough e Robinson, 1985), variações de
temperatura (De Nicola, 1996), qualidade da água e hidrodinâmica do sistema
(Moschini-Carlos
et al
., 2000; Horner
et al
., 1990), dentre outros.
Em alguns ecossistemas aquáticos, o perifiton pode contribuir com boa parte da
produtividade total e desenvolver uma função relevante na dinâmica desses
ecossistemas (Cerrao
et al.
, 1991; Lowe e Pan, 1996; Azim
et al
., 2005).
Este trabalho teve por objetivo analisar a estrutura e a dinâmica da comunidade
perifítica no reservatório de Iraí, em função das diferenças físicas e químicas observadas
nas regiões (superior, intermediária e inferior) e entre períodos estacionais (abril e
setembro) do ano de 2002.
Materiais e Métodos:
Área de Estudo
O reservatório de Iraí pertence à sub-bacia do rio Iguaçu e
foi construído para atender a demanda de abastecimento público da região
metropolitana de Curitiba, sendo responsável por cerca de 40% da água tratada para
consumo (Carneiro
et al.,
2005; Fernandes
et al.,
2005) (Fig. 1).
Iraí é um reservatório caracterizado como eutrófico (Júlio Júnior
et al
., 2005) e
está localizado muito próximo à área urbana e áreas utilizadas para agricultura,
pastagem e mineração. A susceptibilidade à eutrofização também é favorecida por
características tais como a baixa profundidade média e elevado tempo de retenção
(Carneiro
et al.,
2005). Foi inaugurado em 2000 e apresenta área inundada de 15 km
2
,
profundidade média de 5 m e tempo de residência de 8 a 13 meses. Recebe tributários
tais como Cercado, Curralinho, Timbú e Canguiri.
33
Figura 1: Localização do reservatório de Iraí situado na bacia do Rio Iguaçu. Na figura são
indicadas as regiões Inf = inferior, Int = intermediária e Sup = superior.
Método de Coleta -
As coletas do perifíton foram realizadas em dois períodos:
verão (abril) e inverno (setembro) de 2002, sempre na zona litorânea de cada uma das
três regiões do reservatório (superior, intermediária e inferior), totalizando seis amostras
qualitativas e doze amostras quantitativas. O substrato determinado para a coleta das
amostras foi vegetação aquática enraizada, por estar presente em todos os pontos de
amostragem. Após estipulada a área a ser raspada, o material perifítico foi removido do
substrato com auxílio de lâmina de barbear e jatos de água destilada, sendo transferidos
para frascos de vidro de 150ml, os quais foram preservados com solução de Transeau
para análise qualitativa e com Lugol acético a 5% para análise quantitativa.
Para análise qualitativa foram preparadas lâminas semipermanentes, em uma
média de 20 lâminas por amostra ou até não ser registrado a ocorrência de novos táxons.
A análise das lâminas foi realizada em microscópio binocular, acoplado com ocular
micrometrada e objetivas de 40 e 100X. A identificação das algas perifíticas foi baseada
em literaturas clássicas, específicas e regionais. Para diatomáceas o sistema de
classificação utilizado foi Round (1990) e os demais grupos foram classificados de
acordo com Bicudo e Menezes (2005).
34
A contagem da comunidade das algas perifíticas foi realizada através de microscópio
invertido, segundo o método de Utermöhl (1958) e através de campos aleatórios,
conforme recomendação de Bicudo (1990). Para a sedimentação do material biológico,
foram utilizadas câmaras de 2,8 mL. A equação para o cálculo da densidade seguiu Ros
(1979), adaptada para a área do substrato, sendo que os resultados foram expressos por
unidade de área.
Os dados físicos e químicos da água, coletados simultaneamente aos dados
biológicos, foram: temperatura da água (termistor digital YSI); transparência (disco de
Secchi); pH e condutividade elétrica (potenciômetro digital Digimed); oxigênio
dissolvido (oxímetro digital YSI), carbono orgânico dissolvido (analisador de carbono
Schimadzu); nitrogênio total, N-nitrito e N-nitrato (Guiné
et al.,
1980); N-amoniacal,
fósforo total, fósforo total dissolvido e ortofosfato (Mackareth
et al.,
1978). Para análise
da fração dissolvida dos nutrientes, as amostras foram imediatamente filtradas em filtros
Whatman GF/C. Os valores destas variáveis foram cedidos pelo Laboratório de
Limnologia do Nupélia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura)
da Universidade Estadual de Maringá.
Os dados referentes à precipitação pluviométrica e vazão foram fornecidos pela
SUDERHSA (Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental), ANA (Agência Nacional das Águas) e COPEL (Companhia
Paranaense de Energia Elétrica). A precipitação corresponde à média de dez dias
anteriores à coleta. Os dados de vazão foram cedidos pela COPEL e referem-se à média
dos vinte dias antes da coleta.
A similaridade da comunidade de algas perifíticas entre as regiões (superior
intermediária e inferior) do reservatório e entre os períodos estacionais foi avaliada pela
análise de agrupamento (Cluster). Nesta análise foi utilizado o critério de presença e
ausência através do índice de Jaccard, de acordo com o programa NTSYS, versão 1.5
(Rohlf, 1989) e média não ponderada (UPGMA).
Para testar diferenças significativas na densidade entre os períodos e as regiões
(superior, intermediária e inferior) do reservatório de Iraí, aplicou-se uma ANOVA
fatorial (p < 0,05), através do programa Statistica 7.1. A construção do gráfico foi
realizada através do programa Statistica 7.1. Também foram confeccionados gráficos
com os dados de densidade através do programa Microsoft Office Excel 2003.
35
Resultados
Variáveis físicas e químicas -
No reservatório de Iraí, a temperatura da água foi
maior no mês de abril. O fósforo dissolvido, o fósforo particulado, o N-nitrato, a
precipitação e transparência da água tiveram os valores mais expressivos no mês de
setembro. Turbidez, oxigênio dissolvido e pH apresentaram maiores registros na região
inferior no mês de abril e nas regiões superior e intermediária no mês de setembro. As
quantidades de fósforo particulado e N-amoniacal foram mais elevadas na região
intermediária em abril e nas regiões superior e inferior no mês de setembro. A
condutividade teve os maiores valores nas regiões intermediária e inferior no mês de
abril e na região superior no mês de setembro. As quantidades de material em suspensão
e de N-nitrito foram mais expressivas na região superior no mês de abril e nas regiões
de intermediária e inferior no mês de setembro (Tab. 1). Uma análise mais detalhada
dos dados abióticos pode ser encontrada em Pagioro
et al.
(2005).
Tabela 1: Dados físicos e químicos obtidos no reservatório de Iraí em abril e setembro de 2002.
Sup: região superior; Int: região intermediária; Inf: região inferior. Chuva (média dos 10 dias
anteriores à coleta e das estações de amostragem pluviométrica).
Abril Setembro
Sup Int Inf Sup Int Inf
Secchi (m) 0,35 0,4 0,55 Total 0,8 0,8
Condutividade (µS/cm) 54,2 47,2 48,6 56,8 46,6 45,1
pH 6,1 6,86 7,41 6,66 7,31 6,49
Turbidez 2,4 4,78 5,28 4,1 6,62 5,24
Oxigênio dissolvido (mg/L) 6,9 8,92 9,1 9,21 9,48 7,62
Temperatura água (
o
C) 25,2 25,4 26 13,5 17,3 16,7
Alcalinidade (µEq/L) 322,9 307,5 465,4 354,6 275,0 281,2
Material em suspensão (mg/L) 2,4 1,0 1,2 1,9 2,1 2,3
Nitrogênio total (µg/L) 480,6 797,3 789,2 600,1 657,5 431,5
N-Nitrato (µg/L) 205,5 10,6 16,5 231,3 106,8 76,2
N-Amoniacal (µg/L) 80,8 10,0 11,7 95,5 4,7 12,3
N-Nitrito (µg/L) 12.1 0.5 1.2 4.5 3.2 2.3
Fósforo total (µg/L) 31,5 37,0 39,2 42,7 39,2 48,5
Fósforo total dissolvido (µg/L) 17,1 10,3 12,2 18,3 17,0 15,9
Fósforo particulado (µg/L) 13,3 24,3 23,2 18,7 18,8 29,6
Precipitação pluviométrica (mm) 0,74 0,74 0,74 1,4 1,4 1,4
Vazão m
3
/s 13,48 13,48 13,48 1,92 1,92 1,92
36
Composição da Comunidade Perifítica e análise de agrupamento -
No
reservatório de Iraí foram encontradas 297 espécies, distribuídas nos grupos
Bacillariophyceae (33.67%), Zygnemaphyceae (21.55%), Chlorophyceae (14.81%),
Oedogoniophyceae (1.35%), Xanthophyceae (1.01%), Chrysophyceae (2.02%),
Rhodophyceae (0.34%), Dinophyceae (0.34%), Euglenophyceae (7.41%)
Craspedomonadophyceae (0.67%) e Cyanophyceae (16.84%). Dentre estas espécies,
225 foram registradas no mês de abril e 224 foram encontradas no mês de setembro,
sendo que 73 foram exclusivas do mês de abril e 72 foram exclusivas do mês de
setembro (Anexo 1).
Observou-se em todas as regiões (superior, intermediária e inferior) e em ambos
os períodos, predomínio das Bacillariophyceae, o qual foi mais acentuado no mês de
setembro. Para Zygnemaphyceae, o maior número de táxons foi registrado em setembro,
com exceção da região inferior, com maior número de espécies no mês de abril.
Chlorophyceae e Cyanophyceae foram mais representativas no mês de abril e com
relação à Euglenophyceae, o maior número de táxons foi verificado em abril, com
exceção da região superior, com número de táxons mais expressivo em setembro (Tab.
2).
Tabela 2: Número total de táxons e por classes das algas perifíticas registradas nos meses de
abril e setembro, nas regiões Sup = superior, Int = intermediária e I = inferior do reservatório de
Iraí, no ano de 2002.
Abril
Setembro
Sup
Int Inf Sup
Int Inf total
Bacillariophyceae
50 37 39 67 55 39 100
Zygnemaphyceae
28 28 23 35 31 21 64
Chlorophyceae
24 31 19 15 18 16 44
Oedogoniophyceae
4 3 4 2 3 3 4
Xanthophyceae
2 2 3 3 3 0 3
Chrysophyceae
1 2 1 4 5 2 6
Rhodophyceae
0 1 0 0 0 0 1
Dinophyceae
1 1 1 1 1 0 1
Euglenophyceae
3 9 4 12 6 3 22
Craspedomonadophyceae
1 0 0 1 0 1 2
Cyanophyceae
19 27 22 15 22 13 50
Total
133 141 116 155 144 98 297
37
Figura 2: Dendrograma baseado no índice de similaridade, entre os táxons registrados no
Reservatório de Iraí (r=0,90). Locais: Sup = região superior, Int = região intermediária e Inf =
região inferior. Períodos: A= abril e S= setembro do ano de 2002.
A diferenciação da composição taxonômica da comunidade ficoperifítica nas
distintas regiões do reservatório e nos diferentes períodos amostrados (abril e setembro)
é observada através do dendrograma de similaridade (Fig. 2). Inicialmente, a
comunidade perifítica encontrada na região superior no mês de abril ficou separada das
demais regiões de ambos os períodos. No outro grupo, a região superior do mês de
setembro também ficou separada das demais regiões. As regiões intermediária e inferior
no mês de abril foram similares entre si, assim como no mês de setembro, período no
qual a similaridade é mais acentuada. Desta forma, a composição da comunidade
ficoperifítica foi principalmente caracterizada através das regiões do reservatório e do
período estacional.
Densidade -
Os resultados obtidos para a densidade da comunidade de algas
perifíticas, para todas as regiões, foram menores no período de abril (verão) e maiores
no período de setembro (inverno) (Fig. 3). Através da ANOVA, não houve diferença
significativa da densidade das algas perifíticas entre as regiões (superior, intermediária e
38
inferior), mas foi verificada diferença significativa entre períodos (abril e setembro) (
p
=
0,002;
F
= 16,48).
A S
Período
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
700
10
3
. ind.cm
-2
Figura 3: Análise de variância (ANOVA) com os dados de densidade da comunidade de algas
perifíticas (ind x 10
3
.cm
-2
), do reservatório de Iraí, nos meses de abril e setembro de 2002.
A flutuação da densidade total da comunidade ficoperifítica foi determinada pela
tendência de variação da abundância de Bacillariophyceae para todas as regiões de
estudo e em ambos os períodos (Fig. 4). A contribuição das demais classes de algas foi
mais pronunciada nas regiões superior e inferior no mês de abril e na região inferior no
mês de setembro (Fig. 5).
39
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Sup A Int A Inf A Sup S Int S Inf S
Ind x 10
3
.cm
-2
Figura 4: Densidade da comunidade de algas perifíticas (ind x 10
3
. cm
-2
) do Reservatório de Iraí
(em branco densidade total e em preto Bacillariophyceae), nas regiões Sup = superior, Int =
intermediária e Inf = inferior, nos meses de A = abril e S = setembro do ano de 2002.
No mês de abril, as classes algais que apresentaram maiores densidades na
região superior foram Bacillariophyceae (80,61%), Cyanophyceae (7,7%) e
Chlorophyceae (6,15%). As outras classes somaram 5,54% da densidade total da
comunidade ficoperifítica. Na região intermediária, as classes com maiores densidades
foram Bacillariophyceae (69,16%), Cyanophyceae (23,39%) Chlorophyceae (4,48%).
As outras classes apresentaram juntas 3,07%. Para a região inferior foram
Bacillariophyceae (81,00%) e Cyanophyceae (14,78%), as outras classes somaram
4,22% (Figs. 4 e 5).
No mês de setembro, as classes de algas perifíticas mais representativas em
termos de densidade, foram, na região superior, Bacillariophyceae (90,79%) e
Cyanophyceae (4,08%), as outras classes somaram 5,13% da densidade total das algas
perifíticas. Na região intermediária, Bacillariophyceae (81,12%), Cyanophyceae
(11,83%), as outras classes somaram 7,05%. Para a região inferior Bacillariophyceae
(76,82%), Cyanophyceae (18,88%) e as outras classes de algas somaram 4,3% da
densidade total das algas perifíticas (Figs. 4 e 5).
40
0
20
40
60
80
100
120
140
Superior A Inter. A Inferior A Superior S Inter. S Inferior S
Ind. x 10
3
.cm
-2
Craspedomonadophyceae
Euglenophyceae
Chrysophyceae
Oedogoniophyceae
Xanthophyceae
Chlorophyceae
Zygnemaphyceae
Cyanophyceae
Figura 5: Densidade das demais classes, exceto Bacillariophyceae, no reservatório de Iraí, nas
regiões: superior, Inter = intermediária e inferior, nos meses de A = abril e S = setembro, no ano
de 2002
.
Discussão
O número de táxons de algas perifíticas registrado no reservatório de Iraí (299),
para o ano de 2002, pode ser comparado ao encontrado em outros reservatórios
paranaenses para o mesmo período de estudo. Felisberto e Rodrigues (2005), em quatro
meses amostrados, encontraram 269 espécies no reservatório de Salto do Vau, 318 no
reservatório de Mourão e 405 em Rosana. Cetto
et al.
(2004), em trabalho realizado no
reservatório de Iraí, registraram 130 táxons, apenas na região inferior.
Através do dendrograma de similaridade, foi observada diferenciação d do
número de táxons das algas perifíticas no reservatório de Iraí, tanto entre regiões,
quanto entre períodos. É nítida a separação da região superior e a similaridade das
regiões intermediária e inferior em ambos os períodos. A região superior apresentou 28
e 29 espécies exclusivas, nos meses de abril e setembro respectivamente (Anexo 1).
Também apresentou diferenças quanto aos parâmetros abióticos, com valores mais
elevados de condutividade, N-nitrato, N-nitrito e fósforo total dissolvido e menores
registros de turbidez e temperatura da água. Segundo Wetzel (1990) e Kimmel
et al.
41
(1990), esta região freqüentemente funciona como um rio, com turbulência, cargas de
sedimento, carga de nutrientes e fluxo elevados. Porém, o tamanho da zona horizontal
varia em cada reservatório individual, e depende da morfometria, tempo de retenção,
estratificação térmica, estação e localização geográfica do reservatório (Straškraba,
1999).
Embora os efeitos da região superior se dissipem com as mudanças na largura e
profundidade da bacia ao longo do eixo do reservatório, as influências fluviais podem
persistir até uma distância considerável em alguns reservatórios (Kennedy e Walker,
1990). Entretanto, em reservatórios com tempo de retenção superior a 200 dias, como é
o caso de Iraí, a zona superior é pequena e maior parte do reservatório apresenta
características lacustres (Straškraba, 1999; Straškraba e Tundisi, 2000), fato que
influencia a similaridade da composição taxonômica das regiões de intermediária e
inferior em ambos os períodos, principalmente em setembro, quando a vazão foi menor
e a chuva maior. Também, algumas variáveis limnológicas são semelhantes nas regiões
intermediária e inferior e diferenciados na região superior, como por exemplo, a
condutividade, o N-nitrato, o N-amoniacal e N-nitrito.
O reservatório de Iraí, como mencionado, está localizado muito próximo à
área urbana e de áreas utilizadas para agricultura, pastagem e mineração (Carneiro
et al.,
2005). Para Straškraba e Tundisi (2000), o reservatório em si é um coletor das entradas
e dos efeitos existentes nas bacias hidrográficas. Dentre esses efeitos estão os processos
internos físicos, químicos, biológicos e suas conseqüências dentro do reservatório.
Segundo estes autores, as bacias hidrográficas, incluindo elementos naturais como
clima, precipitação, vegetação e atividades humanas, determinam a características das
águas que fluem ao reservatório, sua distribuição temporal e seus efeitos sobre a
qualidade da água.
As maiores densidades da comunidade ficoperifítica registradas no mês de
setembro, provavelmente são explicadas pelo maior aporte de nutrientes encontradas
neste período. Em setembro a quantidade de chuvas foi um pouco maior do que em
abril, trazendo maiores aportes de matéria alóctone para o corpo do reservatório.
Segundo Tundisi (1990) e Tundisi
et al.
(1999) a chuva traz cargas de origem
terrestre para o corpo d água. Esteves (1988) relata que em períodos de elevação do
nível da água, há aumento da concentração de matéria orgânica dissolvida e particulada,
provenientes da entrada de águas superficiais, de águas de tributários e da ressuspensão
do sedimento. Silva e Esteves (1995) encontraram elevadas concentrações das formas
42
fosfatadas e nitrogenadas nas baías Acurizal e Porto de Fora (Pantanal de Mato Grosso),
que são derivadas de grandes quantidades de material orgânico na enchente. Na Lagoa
do Mato, localizada nas proximidades do Rio Mogi-Guaçú, Camargo e Esteves (1995)
observaram que no período chuvoso, aumento das formas de nitrogênio e fósforo,
que foi atribuído, dentre outros, à entrada da água da chuva.
Porém, a vazão foi menor em setembro, o que sugere que a velocidade de
corrente seja menor neste período. Em sistemas com correntes reduzidas, o
desenvolvimento da comunidade de algas perifíticas não é restringido pela correnteza, e
as comunidades frouxamente aderidas se desenvolvem (Peterson, 1996; Azim e Asaeda,
2005).
As diatomáceas, grupo que apresentou maior riqueza e maior densidade de
espécies, são boas competidoras por nutrientes, especialmente fósforo (Sommer, 1988)
e, freqüentemente, dominam as comunidades de algas perifíticas (Bochardt, 1996). São
consideradas colonizadoras rápidas e eficazes, porque muitas espécies apresentam
estruturas especializadas de fixação ao substrato, como pedúnculos mucilaginosos,
produção de matrizes mucilaginosas e formação de colônias fixas pela base (Hoagland
et al
., 1982; Round, 1991). No Paraná, para a comunidade perifítica, foi encontrada a
dominância de diatomáceas, no ano de 2002, nos reservatórios de Salto do Vau, Mourão
e Rosana (Felisberto e Rodrigues, 2005) e no ano de 2001, no reservatório de Iraí (Cetto
et al.,
2004). Também, na planície de inundação do Alto Rio Paraná, Rodrigues (1998)
verificou que a classe Bacillariophyceae foi a que apresentou maior riqueza e densidade.
No mês de setembro também houve dominância da classe Bacillariophyceae,
porém a densidade dos outros grupos, como Cyanophyceae, Chlorophyceae e
Zygnemaphyceae, foram, em geral, maiores do que as densidades registradas no mês de
abril, principalmente nas regiões intermediária e inferior. Para Bochardt (1996), as
clorofíceas se tornam abundantes quando os níveis de nitrogênio e fósforo são
relativamente altos e disponibilidade de luz. Essas algas apresentam ciclo de vida
curto e são oportunistas, atingindo taxas ótimas de crescimento quando as ofertas de
nutrientes são adequadas (Happey-Wood, 1988), e muitas vezes são relacionadas ao
processo de eutrofização (Biggs, 1996). Dias (1997) observou que as algas verdes
filamentosas se desenvolvem preferencialmente em ambientes lênticos e rasos. Em
sistemas lênticos, tanto Zygnemaphyceae quanto Chlorophyceae aumentam a
demsidade gradualmente e formam assembléias frouxamente aderidas (Azim e Asaeda,
2005) e as desmídias tendem a ser mais comuns no metafíton (Happey-Wood, 1988).
43
as algas do grupo dos euglenóides, geralmente são encontradas em águas ricas em
matéria orgânica (Round, 1974).
As cianobactérias são favorecidas em ambientes enriquecidos por nitrogênio
(Ferragut, 2004). Também possuem vantagem competitiva em ambientes com baixa
concentração de fósforo (Shapiro, 1973; Paerl, 1988), por apresentarem a capacidade de
armazenar este elemento na forma de polifosfatos (Mur
et al
., 1999), e ainda,
apresentam maior densidade em ambientes que apresentam regime de baixa corrente
(Azim e Asaeda, 2005). Desta forma, as maiores concentrações de nitrogênio e as
baixas concentrações de fósforo e regime de corrente reduzido devem ter colaborado
com a maior densidade de cianobactérias em setembro.
Embora a temperatura tenha sido menor em setembro, ocorreram densidades
mais elevadas de algas perifíticas. As algas frequentemente requerem mais nutrientes
quando a temperatura é menor do que o ótimo para crescimento (Bochardt, 1996). A
temperatura não é limitante para o crescimento das algas quando outros fatores são
favoráveis (De Nicola, 1996).
Assim, conclui-se que no reservatório de Iraí a composição taxonômica da
comunidade de algas perifíticas é distinta entre as regiões e apresenta modificações
moderadas entre os períodos. a densidade não evidenciou caracterização das zonas
em um mesmo período, mas mantém diferenças marcantes entre os meses de abril e
setembro.
Agradecimentos -
Este trabalho está inserido no Programa de Pesquisas Pronex:
“Produtividade em reservatórios: relações com o estado trófico e predação”, e CT-
Hidro: Identificação de indicadores biológicos de eutrofização e poluição de
reservatórios da bacia do Paraná”, executados pelo Núcleo de Pesquisas em Limnologia,
Ictiologia e Aqüicultura – Nupélia, da Universidade Estadual de Maringá, Paraná.
Agradecemos de forma especial aos biólogos e técnicos do Nupélia, pelo suporte
técnico-científico, ao Jaime Lopes Pereira pela confecção do mapa. Ao CNPq pela
concessão da bolsa de mestrado (Programa CT-Hidro).
44
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Anexo 1: Ocorrência dos táxons de algas perifíticas no reservatório de Iraí, nas regiões S =
superior, Int = intermediária e Inf = inferior nos meses de abril e setembro do ano de 2002:
Abril
Setembro
Sup
Int Inf
Sup
Int Inf
Bacillariophyceae
Achnanthes coarctata
(Brébisson ex Smith) Grunow
x
Achnanthes exigua
Grunow
x
Achnanthes inflata
Grunow
x
Achnanthidium minutissimum
(Kützing) Czarnacki
x x x x x x
Actinella
sp.
x
Amphora
cf
copulata
(Kutzing) Schoeman &
Archibald
x
Asterionella formosa
(Hassal) Grunow
x x x x x x
49
Aulacoseira alpigena
(Grunow) Krammer
x x x x x x
Aulacoseira ambigua
(Grunow) Simonsen
x x x x x
Aulacoseira granulata
(Ehrenberg) Simonsen
x x x x x x
Aulacoseira granulata
(Ehrenberg) Simonsen var
angustissima
(O. Müller) Simonsen
x x x
Caloneis
cf
liber
( W Smith) Cleve
x x x
Capartograma crucicola
(Grunow ex. Cleve) Ros.
var cruscicola
x x x
Cyclotella meneghiniana
Kützing
x x x
Cyclotella pseudostelligera
Hustedt
x
Cyclotella stelligera
(Cleve & Grunow) Van Heurck
x x x x x
Cymbella affinis
Kützing
x
Cymbella lunata
W. Smith
x x
Cymbella microcephala
Grunow
x x x x x
Cymbella naviculiformis
Auerswald ex Heiberg
x x x x
Cymbella tumida
(Brébisson ex Ralfs) Van Heurck
var tumida
x x x
Diploneis elliptica
(Kützing) Cleve
x x
Diploneis subovalis
Cleve
x
Encyonema mesianum
(Cholnoky) Mann
x x x x x x
Encyonema minutum
(Hilse in Rabenhorst) Mann
x x x x x x
Encyonema
sp
.
x
Encyonema perpusilla
(Cleve) Mann
x
Encyonema selisiacum
(Bleisch in Rabenhorst)
Mann
x x x x x x
Eunotia bilunaris
(Ehrenberg) Mills
x x x
Eunotia camelus
Ehrenberg
x x x x x
Eunotia coringii
Metzeltin & Lange-Bertalot
x
Eunotia didyma
Grunow
x
Eunotia
cf
flexuosa
Brébisson ex Kützing
x
Eunotia
cf
intermedia
(Krasske ex Hustedt) Nörpel
x
Eunotia lineolata
Hustedt
x x x
Eunotia major
(W Smith) Rabenhorst
x x x x
Eunotia minor
(Kützing) Grunow
x
Eunotia monodon
Ehrenberg
x x
Eunotia pectinalis
(Dllwyn) Rabenhorst
x x x x x
Eunotia praerupta
Ehrenberg
x
Eunotia serra
Ehrenberg
x
Eunotia sudetica
Otto Müller
x x x x x
Eunotia ventriosa
var.
brevis
Patrick
x x x
Eunotia yanomami
Metzeltin et Lange-Bertalot
x
Eunotia
sp.
x x
Fragilaria capucina
Dèsmazieres
x x x x x x
Fragilaria delicatissima
(W. Smith) Lange-Bertalot
x x x x x x
Frustulia rhomboides
(Ehrenberg) De Toni
x x x x x x
50
Frustullia undosa
Metzeltin et Lange-Bertalot
x x
Gomphonema augur
Ehrenberg
x x x x
Gomphonema brasiliense
Grunow
x x x x x x
Gomphonema gracile
Ehrenberg
x x x x x x
Gomphonema parvulum
Kützing
x x x x x x
Gomphonema truncatum
Ehrenberg var truncatum
x x x x x x
Hantzschia amphioxys
(Ehrenberg) Grunow
x x x x
Hippodonta capitata
(Ehrenb.) Lange-Bertalot,
Metzeltin & Witkowski
x
Melosira varians
C.A. Agardh
x x
Navicula aikenesis
Patrick
x
Navicula
cf
capitatoradiata
Germain ex Gasse
x
Navivula constans
Hustedt var.
symetrica
Hustedt
x x x
Navicula cryptotenella
Lange-Bertalot
x x x x x x
Navicula radiosa
Kützing
x
Navicula
sp.
x
Neidium affine
(Ehrenberg) Pfitzer
x x
Neidium ampliatum
(Ehrenberg) Krammer
x
Neidium
cf
infirmum
Metzeltin & Krammer
x
Nitzschia acicularis
(Kützing) W. Smith
x x x x
Nitzschia clausii
Hantzsch
x x x
Nitzschia ignorata
Krasske
x x x x
Nitzschia linearis
Smith
x x x
Nitzschia palea
(Kützing) W. Smith
x x x x x x
Orthoseira
cf
roeseana
Rabenhorst
x
Pinnularia acrosphaeria
W Smith
x x
Pinnularia biceps
Gregori
x x
Pinnularia borealis
Ehrenberg
x
Pinnularia braunii
(Grunow) Cleve
x x x
Pinnularia divergens
W. Smith
x x
Pinnularia doeringii
(Frenguelli) F. W. Mills
x
Pinnularia gibba
Ehrenberg
x x x
Pinnularia interrupta
W Smith
x x x
Pinnularia major
Rabenhorst
x
Pinnularia mesolepta
(Ehrenberg) W. Smith
x
Pinnularia microstauron
(Ehrenberg) Cleve
x
Pinnularia viridis
(Nitzsch) Ehrenberg
x x
Pinnularia
sp.
x x x x
Placoneis elginensis
(Gregor in Ralfs) Cox
x x x x x
Rhizosolenia
sp.
x x x x x
Rhopalodia gibberula
(Ehrenberg) Otto Müller
x x x
Sellaphora bacillum
Ehrenberg
x x
Sellaphora pupula
Kützing
x
Stauroneis phoenicenteron
(Nitzsch) Ehrenberg
x x x
51
Stenopterobia delicatissima
(Lewis) Bréb ex V
Heurck
x x x
Stenopterobia schweickerdtii
(Cholnoky) Brassac,
Ludwig & Torgan
x
Surirella angusta
Kützing
x
Surirella delicatissima
Lewis
x
Surirella linearis
W Smith
x x
Surirella tenera
Gregory
x x x
Synedra ulna
(Nitzsch) Ehrenberg
x x x x x x
Thalassiosira
sp.
x
Trybionella calida
(Grunow) Mann
x
Zygnemaphyceae
Actinotaenium curcubita
(Bréb.) Teil.
x
Actinotaenium globosum
(Bulnheim) Förster ex
Compére
x x x x x
Closterium dianae
(Ehr.) ex. Ralfs
x x
Closterium gracile
Brebisson ex Ralfs
x x x x x
Closterium jenneri
Ralfs
x
Closterium leibleinii
Kützing ex Ralfs
x
Closterium lunula
(Müller) Nitzsch ex Ralfs
x
Closterium
cf
moniliferum
(Bory) Ehrenberg
x
Closterium praelongum
Brébisson
x
Closterium pseudolunula
Borge
x
Closterium
cf
ralfsii
Brébisson ex Ralfs
x
Closterium venus
Kützing ex Ralfs
x x x x
Cosmarium abreviatum
Raciborskii
x x x x x
Cosmarium angulosum
Brébisson
x
Cosmarium denticulatum
Borge
x
Cosmarium granatum Brébisson ex Ralfs x x x x
Cosmarium granulatum
West
x x x x x
Cosmarium impressulum
Elfving
x x x x x
Cosmarium leave
Rabenhorst
x x x x x x
Cosmarium nitidulum
var.
javanicum
Krieger et
Gerloff
x x x x x
Cosmarium norimbergense
Reinsch
x x
Cosmarium porrectum
Nordstedt
x
Cosmarium portianum
Archer
x
Cosmarium pseudoconnatum
Nordstedt
x x x x x
Cosmarium quadrum
Lundell
x x
Cosmarium regnelii
Wille
x x x x x
Cosmarium reniforme
(Ralfd) var
reniforme
x x x
Cosmarium retusiforme (
Ralfs) Archer
x x x x
Cosmarium sexnotatum
Gutwinski
x x x x x x
Cosmarium subspeciosum
(Nordestd) Krieger &
Gerloff
x x
52
Cosmarium subtumidum
Nordst.
x
Cosmarium trilobulatum
Reinsc
x x x x x x
Euastrum binale
(Turpin) Ehrenberg ex Ralfs
x x
Euastrum denticulatum
Kirchner
x x
Euastrum evolutum
(Nordstedt) West et West
x
Euastrum verrucosum
Ehr. Ex. Ralfs var
jemtlandicum
Grönblad
x
Gonatozygon kinahanii
(Arch.) Rabenh.
x
Gonatozygon monotaenium
De Bary
x x
Micrasterias truncata
(Corda) Bréb. ex Ralfs
x x x x x
Mougeotia
sp.
x x x x x
Netrium digitus
(Ehrenberg) Itzigsohn & Rothe
x
Octacanthium mucronulatum
(Nordstedt) Compère
x
Pleurotaenium ehrenbergii
(Bréb.) De Bary
x x x x x
Pleurotaenium trabecula
(Ehrenberg) Nägeli
x x x x x
Spirogyra
sp. 1
x x x x
Spirogyra s
p. 2
x x x x x
Spirogyra
sp. 3
x
Spondylosium pulchellum
Archer
x x x x
Staurastrum cingulum
var.
ornatum
Irénéé-Marie
x x
Staurastrum dilatatum
Ehrenberg
x x x
Staurastrum hanzschii
Reinsch
x
Staurastrum hirsutum
(Ehrenberg) Brébisson ex
Ralfs
x
Staurastrum margaritaceum
(Ehrenberg) Meneghini
x x
Staurastrum rotula
Nordstedt
x
Staurastrum setigerum
Cleve
x x
Staurastrum subpolymorphum
Borge
x
Staurastrum tetracerum
(Kützing) Ralfs
x x x
Staurastrum volans
West & West
x x x x
Staurastrum dickiei
(Ralfs) Lillieroth
x
Staurastrum
sp.
x
Staurodesmus extensus
(Borge) Teling
x
Teilingia granulata
(Roy et Bisset) Bourrely
x x
Teilingia wallichii
(Jacobs) Bourrelly
x
Xanthidium
sp.
x
Chlorophyceae
Ankistrodesmus densus
Korsikov
x
Ankistrodesmus falcatus
(Corda) Ralfs
x x x x x
Ankistrodesmus fusiformis
Corda sensu Korsikov
x x x
Aphanochaete repens
A. Braun
x x
Chaetosphaeridium globosum
(Nordstedt) Klebahn
x x
Characium ensiforme
Hermann
x
Characium ornithocephalum
A. Braun
x
53
Coelastrum astroideum
De Notaris
x x x x x
Coelastrum cambricum
Archer
x
Coleochaete orbicularis
Pringsheim
x x x
Crucigenia tetrapedia
(Kirch.) West & West
x
Desmodesmus armatus
(Chodat) Hegewald
x x x x x x
Desmodesmus armatus
var.
bicaudatus
(Guglielmetti) Hegewald
x x x x
Desmodesmus communis
(Chodat) Hegewald
x x x x x x
Desmodesmus denticulatus
(Lagerheim) Hegewald
x x x x x
Desmodesmus dispar
(Brébisson) Hegewald
x
Desmodesmus intermedius
var.
acutispinus
(Roll)
Hegewald
x x x x x
Desmodesmus lefevrei
(Deflandre) Na, Friedl &
Hegewald
x
Desmodesmus serratus
(Corda) Na, Friedl &
Hegewald
x x x
Desmodesmus spinosus
(Chodat) Hegewald
x x x x x x
Dictyosphaerium ehrenbergianum
Nägeli
x
Dictyosphaerium pulchellum
Wood
x x
Dimorphococcus lunatus
A. Braun
x
Eutetramorus tapasteanus
(Komárek) Korsikov,
Darienko, Leukesová & Hoffman
x
Gloeocystis
sp.
x
Monoraphidium braunii (
Nägeli) Kützing
x x x x x x
Monoraphidium contortum
(Thurrt) Komárková-
Legnerová
x x x x x
Palmella
sp.
x x
Pediatrum duplex
Meyen
x x x x x
Pediastrum tetras
(Ehrenberg) Ralfs
x x x x x
Scenedesmus acuminatus
(Lagerheim) Chodat
x x x x x x
Scenedesmus acutiformis
Scroeder
x
Scenedesmus dimorphus
(Turpin) Kützing
x x x x
Scenedesmus ecornis
(Ralfs) Chodat
x x x x
Schizomeris
sp.
x
Stigeoclonium
sp.
x x x
Tetradesmus wisconsinensis
G. M. Smith
x
Tetraëdron caudatum
(Corda) Hansgirg
x
Tetraëdron minimun
(A Braun) Hansgirg
x
Tetraëdron regulare
Kützing
x x
Tetraëdron triangulare
Korsikov
x x
Tetraëdron trigonum
(Nägeli) Hansgirg
x x
Tetrastrum heteracanthum
(Nordstedt) Chodat
x x
Uronema
sp.
x x
Oedogoniophyceae
Bulbochaete
sp.
x x x x
54
Oedogonium
sp. 1
x x x x x x
Oedogonium
sp. 2
x x x x x x
Oedogonium
sp. 3
x x x
Xanthophyceae
Characiopsis longipes
(Rabenhorst) Borzi
x x x x x
Characiopsis
cf
minor
Pascher
x x x x
Tetraedriella spinigera
Skuja
x x x x
Chrysophyceae
Chrysopora
sp.
x x x x
Dinobryum
sp. 1
x x
Dinobryum
sp. 2
x
Mallomonas
sp. 1
x x
Mallomonas
sp. 2
x x x x
Synura
sp.
x x
Rhodophyceae
Batrachospermum
sp.
x
Dinophyceae
Peridinium
sp.
x x x x x
Euglenophyceae
Euglena acus
Ehrenberg
x x
Euglena gibbosa
Schiller
x x
Euglena oxyuris
var.
charkowensis
(Swirenko)
Bourrelly
x
Eulgena
sp. 1
x
Euglena
sp. 2
x
Phacus acuminatus
Stokes
x
Phacus curvicauda
Swirenko
x x x
Phacus gigas D
a Cunha
x
Phacus triqueter
Ehrenberg
x
Stombomonas fluviatilis
(Lemmermann) Deflandre.
x
Strombomonas scabra
(Playfair) Tell et Conforti
x
Trachelomonas abrupta
Swirenko
x x
Trachelomonas armata
(Ehrenberg) Stein
x
Trachelomonas bacillifera
Playfair
x
Trachelomonas hispida
(Petry) Stein ememd.
Deflandre
x
Trachelomonas
cf
kellogii
Skv. Emend Defl.
x
Trachelomonas oblonga
Lemmermann var.
australica Playfair
x x
Trachelomonas sculpta
Balech
x x x x
Trachelomonas verrucosa
Stokes
x
Trachelomonas volvocina
Ehrenberg
x x
Trachelomonas volvocinopsis
Swir
x x x x x
Trachelomonas
sp.
x x
Craspedomonadophyceae
55
Salpingoeca
sp. 1
x
Salpingoeca
sp. 2
x x
Cyanophyceae
Anabaena
sp.
x
Aphanocapsa conferta
(W. et G. S. West) Komárek-
Legnerová et Cronberg.
x x x
Aphanocapsa grevillei
(Berkeley) Rabenhorst
x
Aphanocapsa
sp.
x x
Calothrix brevissima
G. S. West
x
Calothrix fusca
(Kuetz.) Bornet & Flahault
x x x x x
Chroococcus
sp.
x
Cylindropermopsis raciborskii
(Woloszynska)
Seenayya et Suba Rajir
x x x x
Geitleribactron periphyticum
Komárek
x x x x x
Geitlerinema amphibium
(Agardt) Anagnostidis
x x
Geitlerinema splendidum
(Greville) Anagnostidis
x x x
Gloeocapsiopsis
sp.
x x
Gloeothece subtilis
Skuja
x
Hapalosiphon
sp.
x
Jaaginema geminatum
(Meneghini ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x x
Jaaginema gracile
(Börcher) Anagnostidis et
Komárek
x x
Jaaginema pseudogeminatum
(Schmid)
Anagnostidis et Komárek
x
Jaaginema quadripunctulatum
(Brühl & Biswas)
Anagnostidis et Komárek
x x x x x
Konvophoron
cf
schmidlei
Jaag
x
Konvophoron
sp.
x x x x
Leibleinia nordgaardii
Anagnostidis et Komárek
x x
Leibleinia subtilis
Anagnostidis et Komárek
x x x x x
Leptolyngbya faveolarum
(Rabenhorst ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x
Leptolyngbya perelegans
(Lemmermann)
Anagnostidis et Komárek
x x x x x x
Leptolyngbya
sp.
x x x x
Merismopedia glauca
(Ehrenberg) Nägeli
x x
Merismopedia tenuissima
Lemmermamm
x x x x x
Merismopedia
sp.
x x x
Microcrocis
cf
obvoluta
(Tiffani) Frank et Landman
x x x
Microcystis aeruginosa
(Kützing) Kützing
x x
Oscillatoria annae
Van Goor
x
Oscillatoria curviceps
Agardt ex Gomont
x x
Oscillatoria princeps
Vaucher ex Gomont
x
Oscillatoria subbrevis
Kützing ex Gomont
x x
Oscillatoria
sp. 1
x x
56
Oscillatoria
sp. 2
x
Oscillatoria
sp. 3
x
Phormidium aerugineo-caeruleum
(Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x x
Phormidium breve
(Kützing ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x
Phormidium granulatum
(Gardner) Anagnostidis
x x x
Phormidium simplicissimum
(Gomont) Anagnostidis
et Komárek
x
Phormidium konstantinosum
Umezaki & Watanabe
x x x x
Planktolyngbya limnetica
(Lemmermann)
Komárková-Legnerová & Kronberg
x x x x x
Porphyrosiphon
cf
notarisii
Kützing ex Gomont
x
Pseudanabaena galeata
Böcher
x x
Pseudanabaena mucicola
Huber Pestalozzi et
Naumann) Bourrelly
x
Snowella
cf
fennica
Komárek et Komárkova-
Legnerová
x x x
Snowella lacustris
(Chodat) Komárek et Hindak
x x x
Snowella
sp.
x
Spirulina princeps
W. et G. S. West
x
57
Capítulo III
Cianobactérias Perifíticas nos Reservatórios de Segredo e
Iraí, Estado do Paraná, Brasil
58
Cianobactérias Perifíticas nos Reservatórios de Segredo e
Iraí, Estado do Paraná, Brasil
Resumo
: Com o objetivo de avaliar a distribuição espacial e temporal da comunidade
de cianobactérias perifíticas, bem como os fatores abióticos que atuam sobre este grupo,
foram feitas amostragens em dois reservatórios, com morfologias e hidrodinâmicas
diferenciadas: Segredo, localizado no rio Iguaçu, e Iraí, inserido na sub-bacia do rio
Iguaçu, ambos no estado do Paraná. As coletas foram realizadas no ano de 2002, sempre
na zona litorânea de cada uma das três regiões (superior, intermediária e inferior) dos
reservatórios. Foram inventariadas 64 espécies de cianobactérias, sendo que o
reservatório de Iraí apresentou 50 táxons (cinco dos quais possuem heterocito),
distribuídos em 24 gêneros e 12 famílias, com 28 espécies exclusivas deste ambiente. Já
no reservatório de Segredo foram encontradas 36 espécies (das quais apenas uma é
heterocitada), distribuídas em 21 gêneros e em 9 famílias, sendo que 14 espécies foram
registradas apenas neste ambiente. O reservatório de Iraí apresentou densidade de
cianobactérias (25,13 a 100,73 x ind. 10
3
.cm
-2
) maior do que aquelas observadas para o
reservatório de Segredo (1,24 a 14,22 x ind. 10
3
.cm
-2
). Considerando a forma da
comunidade de cianobactérias, as filamentosas foram dominantes no reservatório de
Segredo, com poucos representantes de unicelulares, e ausência de coloniais. No
reservatório de Iraí as formas foram mais diversificadas (unicelular, colônia e
filamento), e as unicelulares foram dominantes. Acredita-se que tanto a composição,
quanto a densidade e a fisionomia das cianobactérias nos ambientes analisados foram
resultado de uma combinação de fatores, onde a morfometria e a hidrodinâmica foram
consideradas preponderantes.
Palavras-chave: cianobactérias, hidrodinâmica, perifiton, reservatórios.
Abstract:
To evaluate spatial-temporal distribution of periphytic cyanobacterial
community, as well as the influence of abiotic factors on these organisms, samples were
collected in two reservoirs with distinct hydrodynamics and morphology: Segredo,
located in Iguaçu River, and Iraí, located within Iguaçu River Basin, both in Paraná
State. Samplings occurred in 2002, in littoral areas from three regions of the reservoirs
(upper, intermediary and lower). A total of 64 cyanobacterial species were registered.
Fifty species occurred in Iraí Reservoir (five with heterocyte), belonging to 24 genera
and 12 families, with 28 species restricted to this reservoir. In Segredo Reservoir, 36
species were identified (only one with heterocytes), belonging to 21 genera and 9
families, with 14 species restricted to this reservoir. Iraí showed higher values of
cyanobacteria density (range: 25.13 to 100.73 x ind. 10
3
.cm
-2
) when compared to
Segredo (range: 1.24 to 14.22 x ind. 10
3
.cm
-2
). In relation to cyanobacterial forms,
filamentous forms dominated in Segredo reservoir, with few unicellular organisms and
absence of colonial species. In Iraí reservoir, there was higher forms diversity
(unicellular, colony and filamentous), with dominance of unicellular forms. We believe
59
that cyanobacterial composition in these reservoirs, as well density and physiognomy,
resulted from several factors, with preponderance of morphometric and hydrodynamic
effects.
Keywords: cyanobacteria, hydrodynamics, periphyton, reservoirs.
Introdução
As cianobactérias são capazes de viver em uma ampla variedade de ambientes,
mas a maioria das espécies habita a água doce (Prescott, 1968; Van Den Hoek
et al.,
1995) e são sensíveis a pequenas alterações ambientais (Paerl, 1988; Perona
et al.,
1998; Hadas
et al.,
2002). Geralmente são associadas a condições eutróficas, porém são
importantes em corpos de água oligotróficos e mesotróficos (Vincent, 1989; Huszar e
Caraco, 1998).
Estas algas fazem parte de uma das constantes preocupações de várias
companhias de abastecimento, porque são potenciais formadoras de florações,
provocando sabor e odor na água, o que dificulta a manutenção da qualidade hídrica
(Bartram
et al.,
1999). Os problemas de qualidade de água causados por densas
populações de cianobactérias têm causado impactos econômicos e também relacionados
à saúde, já que muitas espécies são produtoras de toxinas (Sivonen e Jones, 1999).
Os reservatórios são construídos para armazenar água com diversas finalidades.
Apresentam um gradiente longitudinal, no qual são observadas três regiões distintas
com diferenças físicas, químicas e biológicas (Thornton
et al.,
1990). A morfometria do
reservatório, a estrutura da comunidade do rio anterior ao represamento, a hidrologia e o
gerenciamento do sistema determinam os processos posteriores ao enchimento da
represa e irão influenciar na fixação do novo ecossistema (Magadza, 2001). Também,
apresentam características do seu próprio funcionamento como circulação horizontal e
vertical os quais são afetados pela operação do sistema (Tundisi, 1990).
Alguns fatores ambientais podem influenciar na dominância de cianobactérias
em ambientes aquáticos tais como: baixa turbulência, baixa luminosidade, altas
temperaturas, altas concentrações de fósforo total, baixas concentrações de nitrogênio
total, baixa proporção nitrogênio/fósforo e baixa concentração de nitrogênio inorgânico
60
dissolvido (Huszar
et al.,
2000). Porém, devido ao fato de as espécies diferirem em suas
características ecológicas, os fatores que promovem uma espécie necessariamente não
são os mesmos que promovem outras espécies (Oliver e Ganf, 2000).
Sobre a comunidade de algas perifíticas, apenas um estudo para o
reservatório de Iraí (Cetto
et al.,
2004). Tem-se conhecimento de uma pesquisa com
cianobactérias fitoplanctônicas para o reservatório de Iraí (Fernandes
et al.,
2005).
Sobre a comunidade fitoplanctônica tem-se conhecimento de três trabalhos, um nos
reservatórios em cascata do rio Iguaçu, incluindo o reservatório de Segredo (Silva
et al.,
2005), outro em três reservatórios da bacia do rio Paraná, compreendendo o reservatório
de Iraí (Train
et al
., 2005) e outro realizado em trinta reservatórios paranaenses,
incluindo os reservatórios de Segredo e Irai.
Este estudo teve como objetivo avaliar a distribuição espacial e temporal das
cianobactérias presentes no perifíton, bem como os fatores abióticos que atuam sobre
este grupo de algas, em dois reservatórios com hidrodinâmica e morfometria
diferenciadas, os quais constituem fatores determinantes da estruturação do perifíton em
reservatórios.
Materiais e Métodos
Área de estudo
- Foram selecionados dois reservatórios do Estado do Paraná,
com usos, idades e morfometrias distintas. O reservatório de Iraí pertence à sub-bacia
do rio Iguaçu e foi construído para atender a demanda de abastecimento público da
região metropolitana de Curitiba sendo responsável por cerca de 40% da água tratada
para consumo (Carneiro
et al.,
2005; Fernandes
et al.,
2005). Segredo está localizado no
rio Iguaçu e tem como principal finalidade a produção de energia elétrica (Fig. 1).
Iraí é um reservatório caracterizado como eutrófico (Júlio Júnior
et al
., 2005) e
está localizado muito próximo à área urbana e áreas utilizadas para agricultura,
pastagem e mineração. A susceptibilidade à eutrofização também é favorecida por
características tais como a baixa profundidade média e elevado tempo de retenção
(Carneiro
et al.,
2005). Segredo é o segundo de uma cascata de cinco reservatórios,
sendo que à sua montante se localiza Foz do Areia e à jusante está o reservatório de
Salto Santiago. O reservatório de Segredo recebe vários tributários tais como Floresta,
São Pedro, Verde e Touros em sua margem direita e Patos, Iratim, Butiá e Covó em sua
61
margem esquerda (Júlio Júnior
et al
., 2005). A tabela 1 sumariza algumas informações
disponíveis para os dois reservatórios selecionados para o estudo.
Tabela 1: Principais características dos reservatórios de Iraí e Segredo, situados no estado do
Paraná (Fonte: Júlio Júnior, 2005).
Iraí Segredo
Ano de fechamento 2000 1992
Área (km
2
) 15 82,5
Área da bacia de drenagem (km
2
) 96.63 34.100
Volume (m
3
) 58.000.000 3.000.000.000
Tempo de retenção 8 a 13 meses 47 dias
Profundidade média (m) 5 36,6
Município Pinhais Reserva do Iguaçu/
Mangueirinha
62
Figura 1: Localização dos reservatórios de Segredo e Iraí, situados na bacia do Rio Iguaçu,
estado do Paraná. Na figura estão indicadas como regiões superior (Sup), intermediária (Int) e
inferior (Inf) os locais onde ocorreram as coletas em cada reservatório.
Método de Coleta -
As coletas do perifíton foram realizadas em dois períodos:
verão (abril) e inverno (setembro) de 2002, sempre na zona litorânea de cada uma das
três regiões dos reservatórios (superior, intermediária e inferior), totalizando seis
amostras qualitativas e doze amostras quantitativas para cada reservatório. Os substratos
determinados para a coleta das amostras foram seixos (Segredo) e vegetação aquática
enraizada (Iraí). Independente do substrato, após estipulada a área a ser raspada, o
material perifítico foi removido do substrato com auxílio de uma escova ou lâmina de
barbear
e jatos de água destilada, sendo transferidos para frascos de vidro de 150ml, os
63
quais foram preservados com solução de Transeau para análise qualitativa e com Lugol
acético a 5% para análise quantitativa.
Para análise qualitativa foram preparadas lâminas semipermanentes, em uma
média de 20 lâminas por amostra ou até não ser registrado a ocorrência de novos táxons.
A análise das lâminas foi realizada em microscópio binocular, acoplado com ocular
micrometrada, com objetivas de 40 e 100 X. A identificação dos táxons de
cianobactérias perifíticas foi baseada em Geitler (1932), Desikachari (1959), Cocke
(1967), Prescott (1982), Komárek e Anagnostidis (1986, 1989, 1998); Anagnostidis e
Komárek (1988, 1990), Bicudo (1988), Senna (1992), Sant’Anna e Azevedo (1995),
entre outras. O sistema de classificação seguiu Sant’Anna
et al
. (2005).
A contagem da comunidade das algas perifíticas foi realizada por meio de
microscópio invertido, segundo o método de Utermöhl (1958) e através de campos
aleatórios, conforme recomendação de Bicudo (1990). Para a sedimentação do material
biológico, foram utilizadas câmaras de 2,8 mL. A equação para o cálculo da densidade
de cianobactérias seguiu Ros (1979), adaptada para a área do substrato, sendo que os
resultados foram expressos por unidade de área.
Os dados físicos e químicos da água, coletados simultaneamente aos dados
biológicos, foram: temperatura da água (termistor digital YSI); transparência (disco de
Secchi); pH e condutividade elétrica (potenciômetro digital Digimed); oxigênio
dissolvido (oxímetro digital YSI), carbono orgânico dissolvido (analisador de carbono
Schimadzu), nitrogênio total, N-nitrito e N-nitrato (Guiné
et al.,
1980), N-amoniacal,
fósforo total, fósforo total dissolvido e ortofosfato (Mackareth
et al.,
1978). Para análise
da fração dissolvida dos nutrientes, as amostras foram imediatamente filtradas em filtros
Whatman GF/C. Esses dados foram cedidos pelo Laboratório de Limnologia do Nupélia
(Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura) da Universidade
Estadual de Maringá.
Os dados referentes à precipitação pluviométrica e vazão foram fornecidos pela
SUDERHSA (Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental), ANA (Agência Nacional das Águas) e COPEL (Companhia
Paranaense de Energia Elétrica). A precipitação corresponde à média de dez dias
anteriores à coleta. Os dados de vazão foram cedidos pela COPEL e referem-se à média
dos vinte dias antes da coleta.
64
Para verificar a possível relação da densidade das cianobactérias perifíticas com
as variáveis abióticas foram feitas correlações de Pearson, para cada reservatório em
separado, e para as cianobactérias que foram abundantes e/ou dominantes em ambos os
locais esta análise foi realizada para cada espécie em ambos os reservatórios. Estas
análises foram feitas através do pacote estatístico Statistica versão 7.1. Também foram
feitos gráficos no programa Excel.
Resultados
Variáveis Físicas e Químicas dos Ambientes Estudados
Os dados abióticos estão contidos na tabela 2. Uma análise mais detalhada das
variáveis limnológicas pode ser encontrada em Pagioro
et al.
(2005).
Em geral, os maiores valores de Secchi, vazão e N-nitrato foram encontrados em
Segredo. As maiores concentrações de fósforo total, N-amoniacal, alcalinidade, e
oxigênio dissolvido foram registradas no reservatório de Iraí. Em relação à temperatura,
os maiores registros ocorreram no mês de abril, independente do reservatório. O pH não
apresentou grandes variações, mas os maiores valores foram encontrados em Iraí. As
concentrações de nitrogênio total variaram entre os meses e entre regiões, e foram
maiores em Segredo. A vazão foi maior em Segredo, em ambos os períodos (Tab. 2).
65
Tabela 2: Dados físicos e químicos dos reservatórios de Segredo e Iraí durante os meses de abril
e setembro do ano de 2002 (Sup: região superior; Int: região intermediária; Inf: região inferior).
Local Iraí Segredo
Abril Setembro Abril Setembro
Sup Int Inf Sup Int Inf Sup Int Inf Sup Int Inf
Secchi (m) 0.35 0.4 0.55 1.2 0.8 0.8 1.55 1.7 2.4 1.65 1.35 2.3
Condutividade
(µS/cm)
54.2 47.2 48.6 56.8 46.6 45.1 43.9 41.3 38.4 56.1 56 45.4
pH 6.1 6.86 7.41 6.66 7.31 6.49 6.51 6.47 6.99 6.24 6.67 7.09
Oxigênio dissolvido
(mg/L) 6.9 8.92 9.1 9.21 9.48 7.62 3.79 4.48 7.59 7.09 7.22 8.05
Temperatura água
(
o
C) 25.2 25.4 26 13.5 17.3 16.7 23.8 23.9 24.8 16.4 17 18.1
Alcalinidade
(µEq/L) 323 308 465 355 275 281 - 257 245 278 271 262
Nitrogênio total
(µg/L)
480 797 789 600 657 432 559 533 443 760 834 712
N-Nitrato (µg/L)
206 11 17 231 107 76 496 526 407 753 824 704
N- Amoniacal
(µg/L)
80.8 10.0 11.7 95.5 4.7 12.3 17.3 3.1 2.2 2.7 1.6 0.4
Fósforo total (µg/L)
31.5 37.0 39.2 42.7 39.2 48.5 16.3 10.7 10.6 16.5 18.0 10.9
Vazão m
3
/s 13,48 13,48 13,48 1,92 1,92 1,92 696 696 696 572 572 572
Precipitação (mm) 3,78 3,78 3,78 0,79 0,79 0,79 1,55 1,55 1,55 4,39 4,39 4,39
Reservatório de Iraí
O reservatório de Iraí apresentou um total de 50 táxons de cianobactérias,
distribuídos em 12 famílias e 24 gêneros. O gênero com maior número de táxons
registrado foi
Oscillatoria
(7 táxons), seguido por
Phormidium
(5 táxons) (Anexo 1).
Durante o período de abril constatou-se uma maior riqueza específica, quando
comparado ao período de setembro, independente se analisado o ambiente como um
todo ou cada região separadamente. Ainda, em ambos os períodos estudados, o menor
número de espécies foi registrado na região superior, e o maior foi na região
intermediária (Fig. 2).
De acordo com a anexo 1, do total de táxons inventariados para este
reservatório, apenas cinco são heterocitados (
Calotrix brevíssima
G. S. West,
C. fusca
(Kuetz.) Bornet e Flahault,
Anabaena
sp.,
Cylindropermopsis raciborskii
(Woloszynska) Seenayya et Suba Rajir e
Hapalosiphon
sp.). Todos os demais são não-
heterocitados.
66
0
5
10
15
20
25
30
35
Sup Int Inf Sup Int Inf
Regiões
Número de xons
Abril Setembro
Figura 2: Riqueza de espécies de cianobactérias nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e
inferior (Inf) do Reservatório de Iraí, estado do Paraná, em abril e setembro de 2002.
Considerando a forma da comunidade de cianobactérias perifíticas, o referido
reservatório apresentou maior número de táxons de formas unicelulares e filamentosas,
sendo que as formas unicelulares predominaram na região intermediária em abril e nas
regiões inferior e intermediária no mês de setembro. as formas filamentosas foram
dominantes nas regiões superior e inferior no mês de abril e nas zonas superior e
intermediária no mês de setembro, e abundantes na região intermediária no mês de abril
e na inferior em setembro (Fig. 3).
Figura 3: Forma de espécies de cianobactérias nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e
inferior (Inf) do Reservatório de Iraí, estado do Paraná, em abril e setembro de 2002. Preto=
colônia, Cinza= filamento e Branco= filamento.
0
20
40
60
80
100
120
Sup Int Inf Sup Int Inf
Ind. 10
3.
cm
-2
Abril Setembro
67
Considerando os valores de densidade de cianobactérias perifíticas no
reservatório de Iraí, observou-se maior tendência de abundância dessas algas no
período de setembro, quando comparado à análise realizada em abril, tanto em média
geral (Fig. 4a), quanto por região em separado (Fig. 4b). Ainda, independente do
período amostrado, apresentaram abundância crescente da região superior para a
inferior (Fig. 4b). Os valores variaram de 25,13 x ind. 10
3
.cm
-2
na região superior no
mês de abril, a 100,73 x ind.10
3
.cm
-2
na região inferior em setembro (Fig. 4b).
B
0
20
40
60
80
100
120
Sup Int Inf Sup Int Inf
Regiões
ind x 10
3
.cm
-2
Abril Setembro
A
0
20
40
60
80
100
120
Abril Setembro
Período
ind x 10
3
.cm
-2
Figura 4: (a) Valores médios (n=6) e desvio padrão da abundância de cianobactérias perifíticas
no reservatório de Iraí em ambos os períodos amostrados. (b) Valores médios (n=2) da
densidade de cianobactérias perifíticas nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e inferior
(Inf) no reservatório de Iraí, nos dois períodos analisados
.
As espécies consideradas abundantes no reservatório de Iraí, de acordo com o método
de Lobo e Leighton
(1986), foram:
Calothrix fusca
(Kuetz.) Bornet e Flahault, na região
inferior no mês de abril;
Cylindropermopsis raciborskii
(Woloszynska) Seenayya et
Suba Rajir, em todas as regiões no mês de abril, sendo que a maior densidade foi
registrada na região inferior;
Leptolyngbya lignicola
(Frémy) Anagnostidis et Komárek
na região superior no mês de abril;
Planktolyngbya limnetica
(Lemmermann)
Kómarková - Legnerová & Cronberg em todas as regiões e em ambos os períodos;
Leibleinia subtilis
Anagostidis et Komárek
na região superior no mês de setembro;
Jaaginema quadripunctulatum
(Brühl & Biswas) Anagnostidis et Komárek
nas regiões
inferior no mês de abril e intermediária no mês de setembro;
Geitleribactron
periphyticum
Komárek, na região inferior no mês de abril e nas regiões superior e
intermediária no mês de setembro e foi dominante na região intermediária no mês de
abril e na região inferior no mês de setembro.
68
Reservatório de Segredo
Para o reservatório de Segredo foram encontradas 38 espécies, distribuídas em
21 gêneros e em 9 famílias. O gênero com maior número de táxons, assim como
registrado para o reservatório de Iraí, foi
Oscillatoria
(6 táxons), seguido por
Phormidium
(5 táxons) (Anexo 1). De maneira geral, excetuando a região próxima à
barragem (inferior), os maiores valores de riqueza de cianobactérias foram registrados
em abril, quando comparado a setembro. No mês de abril, a riqueza de cianobactérias
foi decrescente da região superior para a inferior. em setembro, a riqueza foi maior
na região superior e menor na região intermediária, com valores intermediários na
região inferior (Fig. 5).
0
5
10
15
20
25
30
Sup Int Inf Sup Int Inf
Regiões
Número de táxons
Abril Setembro
Figura 5: Riqueza de espécies de cianobactérias nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e
inferior (Inf) do Reservatório de Segredo, estado do Paraná, em abril e setembro de 2002.
Considerando a forma da comunidade de cianobactérias perifíticas, as
filamentosas foram dominantes no reservatório de Segredo, com poucos representantes
unicelulares, e ausência de formas coloniais (Fig. 6). Ainda, vale destacar que dentre os
38 táxons registrados, apenas um apresenta heterocito (
Calothrix fusca
(Kuetz.) Bornet
e Flahault), sendo todos os demais não-heterocitados.
69
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sup Int Inf Sup Int Inf
Ind.10
3
.cm
-2
Abril Setembro
Figura 6: Forma de espécies de cianobactérias nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e
inferior (Inf) do Reservatório de Segredo, estado do Paraná, em abril e setembro de 2002.
Preto= unicelular e Branco= filamento
Considerando os valores médios de densidade de cianobactérias perifíticas no
reservatório de Segredo, observou-se maior abundância dessas algas em abril, quando
comparado a setembro (Fig. 5a), sendo verificada diferença significativa entre os
períodos (
p
= 0,034,
F
= 6,03). Por sua vez, quando analisadas as regiões em separado,
observou-se que no reservatório de Segredo, no mês de abril, a densidade de
cianobactérias foi menor na região intermediária, mais elevada na região superior e teve
valor médio na região inferior. para o mês de setembro, a densidade é crescente da
região superior para a inferior (Fig. 5b). A abundância de cianobactérias perifíticas
variou de 1,24 x 10
3
ind.cm
-2
na região superior no mês de setembro, a 14,22 x 10
3
ind.cm
-2
na região superior no mês de abril.
B
0
5
10
15
20
Sup Int Inf Sup Int Inf
Regiões
ind x 10
3
.cm
-2
Abril Setembro
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Abril Setembro
Período
ind X 10
3
.cm
-2
Figura 5: (a) Valores médios (n=6) e desvio padrão da abundância de cianobactérias perifíticas
no reservatório de Segredo em ambos os períodos amostrados. (b) Valores médios (n=2) da
densidade de cianobactérias perifíticas nas regiões superior (Sup), intermediária (Int) e inferior
(Inf) no reservatório de Segredo, nos dois períodos analisados
.
70
Novamente, seguindo os métodos de Lobo e Leighton (1986), as espécies consideradas
abundantes no reservatório de Segredo foram:
Leibleinia nordgaardii
Anagnostidis et
Komárek e
Jaaginema quadripunctulatum
(Brühl & Biswas) Anagnostidis et Komárek,
na região superior no mês de abril;
Phormidium foreaui
(Frémy) Umezaki & Watanabe,
nas regiões superior e intermediaria no mês de abril;
Phormidium
sp na região
intermediária em abril; e
Leptolyngbya perelegans
(Lemmermann) Anagnostidis et
Komárek
,
na região superior em ambos os períodos e na região inferior no mês de abril;
Leibleinia subtilis
Anagostidis et Komárek
,
foi abundante na região superior em abril e
dominante na região inferior em setembro;
Planktolyngbya limnetica
(Lemmermann)
Kómarková - Legnerová & Cronberg
,
foi abundante nas regiões superior e intermediária
no mês de abril e dominante na região inferior no período de abril e nas regiões superior
e intermediária em setembro. Portanto, sete espécies foram abundantes e apenas duas
apresentaram dominância.
Correlações da densidade das cianobactérias perifíticas com as variáveis físicas e
químicas dos reservatórios.
Para o reservatório de Segredo, a densidade total de cianobactérias perifíticas
apresentou correlação positiva com a temperatura da água (r = 0,83) e N-amoniacal (r =
0,82) e correlação negativa com a alcalinidade (r = -0,87). Já para o reservatório de Iraí,
a densidade total de cianobactérias foi correlacionada positivamente com fósforo total (r
= 0,86) e negativamente com a condutividade (r = -0,83).
Dentre as espécies abundantes, foi observada correlação positiva de
Lyngbya
limnetica
Lemmermann com N-amoniacal (r = 0,71). Também foram significativas as
correlações entre a densidade de
Lyngbya subtilis
W. West com N-nitrato (r = -0,67).
Oscillatoria quadripunctulata
(Brühl e Bisw) Anagnostidis et Komárek teve correlação
alcalinidade (r = - 0,99).
71
Discussão
Segundo Oliver e Ganf (2000) cianobactérias são comuns em muitos sistemas
aquáticos, mas a composição de espécies, distribuição e a densidade diferem entre os
diversos ambientes. Também, raramente um único fator é responsável pela densidade de
cianobactérias (Hadas
et al.,
2002). A distribuição deste grupo de algas é comumente
influenciada por fatores como fósforo, nitrogênio, proporção N:P, oxigênio, pH e baixa
condutividade (Branco
et al.,
2001), sendo que as espécies variam em seus
requerimentos ecológicos. A distribuição geográfica é um fator que depende da
especificidade ecológica (Hoffmann, 1996) e as características hidrológicas e
hidrográficas são determinantes na composição das espécies de cianobactérias em
diferentes corpos d´água (Steinberg e Hartmann, 1988; Huszar e Caraco, 1998; Huszar
et al.,
2000).
No total, foram inventariadas 64 espécies de cianobactérias nos reservatórios de
Segredo e Iraí, durante o ano de 2002. Cetto
et al.
(2004) encontraram 19 espécies de
cianobactérias perifíticas no reservatório de Iraí, no ano de 2001, porém seu estudo foi
restrito à região inferior. Huszar
et al.
(2000), estudando oito reservatórios brasileiros,
localizados em diferentes estados, encontraram 49 espécies de cianobactérias.
O reservatório de Iraí apresentou, em geral, número de táxons de cianobactérias
maior do que o reservatório de Segredo. Este último é extenso, profundo e com pequeno
tempo de residência da água. Iraí, por sua vez, é pequeno, relativamente raso e com
elevado tempo de residência, com regime de baixa corrente e eutrófico, o que favorece o
desenvolvimento de cianobactérias (Steinberg e Hartmann, 1988; Burkholder, 2002).
Além da riqueza, a forma das cianobactérias perifíticas também foi diferenciada
entre os reservatórios, com predomínio de formas filamentosas e cocóides em Iraí e
apenas de formas filamentosas em Segredo. Conforme Komárek
et al.
(2003), as formas
filamentosas de cianobactérias constituem um importante grupo de organismos que
compõem comunidades aderidas em habitats submersos. Watson
et al.
(1997), sugerem
que o tamanho e a forma das cianobactérias são influenciados pelas características
hidráulicas do ambiente. Segundo Burkholder (2002), as formas cocóides e filamentosas
de cianobactérias são abundantes em lagos eutróficos rasos e, segundo Paerl (1988), as
formas unicelulares podem ser abundantes (e até dominantes) em corpos de água
enriquecidos por nutrientes.
72
Entre os nutrientes essenciais requeridos pelas cianobactérias, o fósforo e o
nitrogênio são os mais importantes (Paerl, 1988). Comparando os reservatórios, a maior
densidade de cianobactérias registrada foi em Iraí.
Analisando os reservatórios por período, em setembro, a maior densidade das
cianobactérias perifíticas em Iraí, esteve possivelmente associada à ocorrência de
maiores concentrações fósforo total e ortofosfato e consequente menor proporção
NT/PT. Quanto ao reservatório de Segredo, as densidades de cianobactérias perifíticas
variaram de 1,24 x 10
3
ind.cm
-2
na região superior no mês de setembro, a 14,22 x 10
3
ind.cm
-2
na região superior no mês de abril, período que apresentou maior temperatura e
quantidade de N-amoniacal, além de baixa proporção NT/PT.
O fósforo é o principal nutriente controlador da ocorrência de florações de
cianobactérias na água, embora compostos nitrogenados sejam relevantes na
determinação da quantidade de cianobactérias presentes (Bartram
et al.,
1999). As
concentrações de fósforo foram muito reduzidas em ambos os ambientes e períodos. As
cianobactérias consomem este nutriente quando está disponível, sendo estocado na
forma de polifosfatos (Mur
et al.,
1999) e, devido a este fato, toleram condições de
menores concentrações de fósforo (Shapiro, 1973; Oliver e Ganf, 2000).
Embora na literatura vários trabalhos afirmem que a diminuição da proporção
NT/PT, favoreça cianobactérias fixadoras de nitrogênio (Trimbee e Prepas, 1987; Lagus
et al.,
2002) ainda não é claro que seja devido à baixa proporção NT/PT que as
cianobactérias heterocitadas se tornem dominantes em sistemas aquáticos. De acordo
com Steinberg e Hartmann (1988) as cianobactérias que não apresentam heterocito
sobressaem-se em ambientes com baixa proporção NT/PT.
Trimbee e Prepas (1987) observaram que a proporção NT/PT foi mais
importante em ambientes que sofreram dramáticas mudanças na concentração de
nutrientes do que aqueles onde as cargas anuais foram relativamente constantes. Nestes,
como é provavelmente o caso do reservatório de Iraí, o aumento de cianobactérias se
mais pelo aumento nas concentrações de fósforo, do que devido à baixa proporção
NT/PT.
Outro fator que influencia no desenvolvimento de cianobactérias em
ecossistemas de águas continentais é a temperatura (Gross e Pfiester, 1988; Shapiro,
1990; Huszar
et al.,
2000). Este grupo de algas desenvolve-se melhor acima de 25°C.
73
Dentre todas as cianobactérias registradas, onze espécies foram abundantes e três
dominantes.
Cylindropermopsis raciborskii
(Woloszynska) Seenayya et Suba Rajir é uma
espécie oportunista (Isvánovics
et al.,
2000), que possui diversas estratégias adaptativas,
como reservas intracelulares de fósforo e fixação de nitrogênio (Branco e Senna, 1994).
É favorecida em corpos de água rasos e com elevado tempo de retenção, além de
temperaturas mais elevadas (Bittencourt-Oliveira e Molica, 2003). Esta espécie foi
encontrada apenas no reservatório de Iraí, e a sua abundância no mês de abril esteve
relacionada às baixas concentrações de N-amoniacal, N-nitrato e também à maior
temperatura da água. Train
et al.
(2005) registraram florações de
Cylindropermopsis
raciborskii
(Woloszynska) Seenayya et Suba Rajir no reservatório de Irai e associaram
este evento ao alto tempo de residência e à intensa ação antrópica nas proximidades do
reservatório.
A única espécie dominante no reservatório de Iraí foi
Geitleribactron
periphyticum
Komárek. Segundo Komárek e Anagnostidis (1998), esta espécie cresce
aderida em carapaças de moluscos, plantas aquáticas, algas filamentosas, partículas de
detritos e substratos sólidos presentes principalmente nas zonas litorânea de lagos
oligotróficos, da Alemanha, República Tcheca, Suíça e Finlândia. Porém, esta espécie
foi registrada, no presente estudo, apenas no reservatório de Iraí, que é classificado
como eutrófico.
Duas espécies foram dominantes no reservatório de Segredo
Planktolyngbya
limnetica
(Lemmermann) Kómarková - Legnerová & Cronberg e
Leibleinia subtilis
Anagostidis et Komárek, as quais também foram abundantes no reservatório de Iraí.
Jaaginema quadripunctulatum
(Brühl & Biswas) Anagnostidis et Komárek
foi abundante em ambos os reservatórios
Cianobactérias filamentosas são típicas de locais enriquecidos por nutrientes
(Wehr e Sheath, 2003). Também são bem representadas no metafíton e no perifiton,
onde as espécies de
Lyngbya
e
Phormidium
são reportadas (Komárek
et al.,
2003).
Segundo Sant’Anna
et al
. (2005) as espécies pertencentes ao gênero
Leibleinia
têm
hábito perifítico e podem estar presentes tanto em águas continentais ou salgadas.
Phormidium
, que foi abundante no reservatório de Segredo, também é um gênero
comum, distribuído no mundo todo, que se adere à superfície de rochas inundadas e
macrófitas em águas lênticas ou lóticas (Komárek
et al.,
2003).
74
Oscillatoria
é um gênero amplamente distribuído, principalmente no perifíton e
diversas espécies são consideradas cosmopolitas (Sant’Anna
et al.,
2005). Outro gênero
presente no perifíton é
Calothrix
, encontrado em águas paradas ou em correnteza
(Komárek
et al.
, 2003), aderido a pedras ou plantas (Sant’Anna
et al.,
2005).
Calothrix
foi abundante no reservatório de Iraí.
É necessário ressaltar a influência do substrato sobre a comunidade de
microalgas perifíticas (Vandeboncoeur e Lodge, 2000). Os seixos são considerados
como substratos inertes para a colonização de algas perifíticas e a utilização de
nutrientes deste substrato pelo perifiton, é dependente da composição química e
porosidade do seixo. Quando o substrato é vegetal, as algas perifíticas podem utilizar
nutrientes provenientes da planta hospedeira, mas essa interação es sujeita à
integridade fisiológica da planta (Burkholder, 1996), e às condições trófias do sistema.
Concluindo, nos reservatórios estudados, a variabilidade na composição e
densidade das cianobactérias perifíticas teve grande influência do regime hidrodinâmico
dos reservatórios. Ainda, a diferenciação da riqueza e da densidade das cianobactérias
perifíticas entre as regiões dos reservatórios e entre os períodos estacionais foi
influenciada, principalmente, pelas distintas concentrações de nutrientes registradas ao
longo do eixo rio-barragem e ao longo do ano.
Agradecimentos -
Este trabalho está inserido no Programa de Pesquisas Pronex:
“Produtividade em reservatórios: relações com o estado trófico e predação”, e CT-
Hidro: Identificação de indicadores biológicos de eutrofização e poluição de
reservatórios da bacia do Paraná”, executados pelo Núcleo de Pesquisas em Limnologia,
Ictiologia e Aqüicultura – Nupélia, da Universidade Estadual de Maringá, Paraná.
Agradecemos de forma especial aos biólogos e técnicos do Nupélia, pelo suporte
técnico-científico, ao Jaime Lopes Pereira pela confecção do mapa. Ao CNPq pela
concessão da bolsa de mestrado (Programa CT-Hidro).
75
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Anexo 1: Ocorrência dos táxons de cianobactérias perifíticas nos reservatórios de Segredo e Iraí,
nas regiões superior (s) intermediária (int) e inferior (inf), nos meses de abril e setembro do ano
de 2002.
Iraí
Segredo
Abril Setembro
Abril Setembro
Sup
Int
Inf
Sup
Int Inf Sup
Int
Inf
Sup
Int Inf
Família Borziaceae
Konvophoron
sp
x x x x x x x x
Konvophoron
cf schmidlei
Jaag
x
Família Chamaesiphonaceae
Geitleribactron periphyticum
Komárek
x x x x x x
Gloeocapsiopsis
sp
x
80
Família Chrococcaceae
Chroococcus
sp
x x
Família Nostocaceae
Anabaena
sp.
x
Cylindropermopsis raciborskii
(Woloszynska) Seenayya et
Suba Rajir
x x x x x
Família Mastigocladaceae
Hapalosiphon
sp
x
Família Merismopediaceae
Aphanocapsa conferta
(W. et
G. S. West) Komárek-
Legnerová et Cronberg.
x x x
Aphanocapsa grevillei
(Berkeley) Rabenhorst
x x
Aphanocapsa
sp.
x x x
Merismopedia glauca
(Ehrenberg) Nägeli
x x x
Merismopedia
sp.
x x x
Merismopedia tenuissima
Lemmermamm
x x x x x x
Microcrocis
cf
obvoluta
(Tiffani) Frank et Landman
x x
Sowella
cf
fennica
Komárek et
Komárkova-Legnerová
x x x
Snowella lacustris
(Chodat)
Komárek et Hindak
x x x
Snowella
sp.
x
Synechocystis
sp
x
Família Microcystaceae
Microcystis aeruginosa
(Kützing) Kützing
x x
Família Oscillatoriaceae
Blennothrix
sp
x
Lyngbya comperei
Lemmermann
x x
Oscillatoria annae
Van Goor
x x
Oscillatoria curviceps
Agardt
ex Gomont
x x
Oscillatoria irrigua
Kützing
ex Gomont
x x
Oscillatoria limosa
Agardt ex
Gomont
x
Oscilatoria princeps
Vaucher
ex Gomont
x
Oscillatoria
sp. 1
x x
Oscillatoria
sp. 2
x
Oscillatoria
sp. 3
x
81
Oscillatoria subbrevis
Kützing
ex Gomont
x x x
Família Rivulariaceae
Calothrix brevissima
G. S.
West
x x
Calothrix fusca
(Kuetz.)
Bornet & Flahault
x x x x x x
Família Synechococcaceae
Gloeothece subtilis
Skuja
x x
Gloeothece
sp.
x
Família
Pseudanabaenaceaae
Geitlerinema amphibium
(Agardh) Anagnostidis
x x x
Geitlerinema splendidum
(Greville) Anagnostidis
x x x x x x
Jaaginema geminatum
(Meneghini ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x x x x
Jaaginema gracile
(Börcher)
Anagnostidis et Komárek
x
Jaaginema pseudogeminatum
(Schmid) Anagnostidis et
Komárek
x
Jaaginema quadripunctulatum
(Brühl & Biswas)
Anagnostidis et Komárek
x x x x x x x x x x x x
Leptolyngbya faveolarum
(Rabenhorst ex Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x
Leptolyngbya lignicola
(Frémy) Anagnostidis et
Komárek 1988
x x x x x
Leptolyngbya perelegans
(Lemmermann) Anagnostidis
et Komárek
x x x x x x x x x x x
Leptolyngbya valderiana
(Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x x
Planktolyngbya limnetica
(Lemmermann) Kómarková -
Legnerová & Cronberg
x x x x x x x x x x x
Pseudanabaena galeata
Böcher
x x x x x
Pseudanabaena mucicola
Huber Pestalozzi et Naumann)
Bourrelly
x
Família Phormidiaceae
Leibleinia nordgaardii
Anagnostidis et Komárek
x x x x x
82
Leibleinia subtilis
Anagostidis
et Komárek
x x x x x x x x x
Phormidium aerugineo-
caeruleum
(Gomont)
Anagnostidis et Komárek
x x
Phormidium aqualimpidense
(Senna & Ferreira) Azevedo
x
Phormidium breve
(Kützing
ex Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x x
Phormidium foreaui
(Frémy)
Umezaki & Watanabe
x x x x x
Phormidium granulatum
(Gardner) Anagnostidis
x x x
Phormidium konstantinosum
Umezaki & Watanabe
x x x x x x x x x
Phormidium nigrum
(Vaucher
ex Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x x x
Phormidium simplicissimum
(Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x
Phormidium
sp.
x
Porphyrosiphon martesianus
(Gomont) Anagnostidis et
Komárek
x x x x x x
Porphyrosiphon
cf
notarisii
Kützing ex Gomont
x x x
Spirulina princeps
W. et G. S.
West
x
Família Schizothricaceae
Schizothrix fragilis
(Kützing)
Gomont
x
Schizothrix friesii
Gomont
x
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