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A partir de outubro de 1999 o câmbio deu sinais de recuperação, sendo que
em 31 de dezembro o dólar era cotado a R$1,7890. Até o início do primeiro trimestre
de 2001 o mercado cambial operou relativamente estável, sendo que a cotação
mensal média deste período foi R$1,8279, com variância de apenas R$0,0041.
No mês de março, as duas trocas de ministro da economia na argentina em
menos de um mês, como também as incertezas quanto aos efeitos da
desaceleração da economia americana trouxeram uma maior instabilidade para o
mercado de câmbio. No final de março a moeda americana era negociada
novamente acima de R$2,00. O dólar continuou a trajetória ascendente nos meses
seguintes, sendo que em 19 de julho de 2001, o dólar chegou à cotação de
R$2,4675. No mês de setembro, os atentados terroristas nos E.U.A. trouxeram ainda
mais instabilidade para o mercado cambial brasileiro, sendo que de janeiro a
setembro de 2001 o Banco Central já tinha gasto US$5,3 bilhões com intervenções
cambiais, enquanto em todo o ano de 2002 as intervenções somaram US$4,6
bilhões. Em fevereiro de 2002 o fim do regime de câmbio fixo na Argentina gerou
muita incerteza quanto à reação do peso ao regime de câmbio flutuante. Neste
contexto, os bancos no Brasil mantinham posições compradas em dólar como forma
de proteção, o que continuou a pressionar o câmbio. No mês de julho o dólar fechou
cotado a R$2,84, refletindo as incertezas do mercado em relação ao crescimento da
candidatura da oposição para as eleições de outubro. Os analistas financeiros
temiam que, com a eventual vitória do candidato petista, poderia haver uma
descontinuidade da ortodoxia fiscal e monetária utilizada pelo governo vigente. Com
o aumento das incertezas no cenário político e a subseqüente recomendação por
parte de alguns bancos de investimento estrangeiros para que seus clientes
diminuíssem a exposição a títulos da dívida externa brasileira, aumentou a demanda
por dólar tanto pelo lado das empresas quanto pelo das tesourarias dos bancos. A
vitória do partido oposicionista nas eleições de outubro de 2002 aumentou ainda
mais a volatilidade do mercado de câmbio, sendo que o dólar chegou a ser cotado a
R$3,75. Esta incerteza só se dissipou a partir do segundo trimestre de 2003.
No final de março o comportamento da taxa de câmbio se tornou mais
estável, devido à confiança dos agentes externos na determinação do novo governo
em manter a austeridade econômica, inclusive com a realização de reformas
estruturais importantes como a da previdência. O processo de reversão das
expectativas culminou com uma acentuada desvalorização do dólar, impulsionada