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VANESSA GABAS GARRÁN
A INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS VISUAIS DA EMBALAGEM NA
FORMAÇÃO DAS ATITUDES DO CONSUMIDOR: UM ESTUDO NO
SETOR DE ALIMENTOS
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de MESTRE
em Administração área de concentração
Administração e Planejamento sob a
orientação do Professor Doutor Francisco
Antonio Serralvo.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP
São Paulo
2006
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13
VANESSA GABAS GARRÁN
Dissertação intitulada “A influência dos
aspectos visuais da embalagem na formação
das atitudes do consumidor: um estudo no
setor de alimentos”, apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de MESTRE
em Administração área de concentração
Administração e Planejamento sob a
orientação do Professor Doutor Francisco
Antonio Serralvo.
Data: ______/______/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________
________________________________
________________________________
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14
VERBETE DE AUTORIZAÇÃO
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
____________________________________ São Paulo, 23 de agosto de 2006.
15
A Deus, meu Criador e Salvador,
acima de tudo e de todos, por tudo
que Ele me permitiu ser e realizar
neste mundo.
16
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo seu amor incondicional por mim.
Ao meu marido Felipe, pelo companheirismo, pela disposição em ouvir meus relatos de
desânimo e os de empolgação com a pesquisa, pela paciência e pelo amor.
À minha mãe querida, pelo exemplo de força, longanimidade, alegria e disposição em servir,
me ajudando a chegar até aqui.
Aos meus familiares, ao meu pai e às minhas irmãs queridas, que souberam compreender
minhas ausências.
À querida Lili, in memorian, minha gratidão pelo carinho e incentivo inicial fundamental para
os estudos, tornando possível a realização do sonho de me tornar uma pesquisadora.
Ao meu orientador, professor Dr. Francisco Antonio Serralvo, pela amizade, pela disposição
em compartilhar seu vasto conhecimento, e pela orientação preciosa na elaboração deste
trabalho.
17
“Buscai o SENHOR enquanto se pode achar,
invocai-o enquanto está perto.”
(Livro do Profeta Isaías, capítulo 55, versículo 6).
18
RESUMO
As embalagens têm se destacado como uma importante ferramenta do composto de
marketing. Há muito elas deixaram de ser consideradas apenas por suas funções básicas,
como conservar, proteger e transportar o produto. Atualmente, o seu papel promocional
ganhou importância, sendo que, em grande parte dos casos, a embalagem representa o único
meio de comunicação com o mercado consumidor.
O presente trabalho objetiva conhecer as características visuais das embalagens de alimentos
(biscoitos) e sua possível influência na formação das atitudes do consumidor, representadas
pelos componentes cognitivo, afetivo e conativo.
O levantamento bibliográfico permitiu concluir que uma conceituação ampla e comumente
aceita para o termo atitude é a que considera a mesma como uma avaliação geral favorável ou
desfavorável de um objeto, formada pelas crenças e emoções evocadas pelo mesmo. Tal
avaliação se torna evidenciada a partir do comportamento do indivíduo (componente
conativo).
Para o alcance do objetivo proposto optou-se por uma pesquisa de cunho exploratório,
qualitativa. Foram realizadas entrevistas em profundidade a partir de uma amostra não
probabilística, selecionada por conveniência. As entrevistadas puderam falar dos atributos das
embalagens que elas consideravam mais importantes e, a partir de tais resultados, foi possível
interpretar as opiniões levantadas utilizando-se a técnica da análise de conteúdo. Por meio do
processo de categorização das unidades de registro (frases) colhidas durante as entrevistas,
permitiu-se realizar uma comparação destas com a teoria das atitudes do consumidor.
Os resultados da pesquisa sugerem que as características visuais das embalagens utilizadas
provocam opiniões, sensações e inferências a respeito dos atributos do produto (biscoito), o
que demonstra a ligação existente entre as cores, ilustrações, formatos, textos, desenhos e os
demais aspectos visuais das embalagens e a formação das crenças, emoções e intenções
comportamentais do consumidor.
PALAVRAS-CHAVE: embalagem, atitudes do consumidor, comportamento do consumidor.
19
ABSTRACT
Packages have drawn attention as an important tool in the marketing mix.
It has been a long time since they are not considered just for their basic functions, such as
keeping, protecting and transporting the product. Nowadays, their promotional role has
gained importance and, in many cases, the package represents the only communication tool to
the consumer market.
This work aims to understand the visual characteristics of food packages (cookies) and their
possible influence on the formation of consumer attitudes, represented by cognitive, affective
and behavior components.
The literature survey allowed concluding that a broad and generally accepted conception of
the term attitude is the one which considers it as a general favorable or unfavorable
evaluation of an object, formed by beliefs and emotions evoked by it. This evaluation becomes
evident through the individual’s behavior (behavior component).
In order to reach the proposed objective an exploratory and qualitative research has been
chosen. In-depth interviews were made using a non-probabilistic sample, selected by
convenience. The interviewees could talk about which package attributes they considered
more important and, out of such results, it was possible to interpret the exposed opinions
utilizing the content analysis technique. Through the categorization of registering units
(sentences) obtained in the course of the interviews it was possible to make a comparison
between these units and the consumer attitude theory.
The results of the research suggest that the visual characteristics of the packages used in the
interviews provoke opinions, sensations and inferences regarding product attributes
(cookies), what demonstrates the existent relation between colors, illustrations, shapes, texts,
drawings and some other visual aspects of the packages and the development of beliefs,
emotions and behavior intentions of the consumer.
KEYWORDS: package, consumer attitudes, consumer behavior.
20
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS ...................................................................................................... 10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .............................................................................................. 11
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................
12
Relevância do tema .............................................................................................................
14
Justificativa .........................................................................................................................
16
Problema da pesquisa ......................................................................................................... 20
Objetivos .............................................................................................................................
25
Estrutura do trabalho .......................................................................................................... 25
CAPÍTULO 1 - ATITUDES DO CONSUMIDOR ............................................................
27
1.1 - Origem dos estudos sobre atitude .............................................................................. 28
1.2 - Dimensões da atitude ................................................................................................. 31
1.2.1 - Cognição ................................................................................................................. 32
1.2.1.1 - Conhecimento ...................................................................................................... 37
1.2.1.2 - Crenças ................................................................................................................. 40
1.2.2 - Afeto ........................................................................................................................
45
1.2.3 - Conação ...................................................................................................................
47
1.3 - As abordagens teóricas da atitude .............................................................................. 50
1.3.1 - Atitude sob a perspectiva unidimensional ...............................................................
50
1.3.2 - Atitude sob a perspectiva bidimensional .................................................................
52
1.3.3 - Atitude sob a perspectiva tridimensional ................................................................ 54
1.4 - Funções das atitudes ...................................................................................................
62
1.5 - Mudança de atitudes e a teoria da Dissonância Cognitiva ......................................... 65
CAPÍTULO 2 - A EMBALAGEM .................................................................................... 73
2.1 - Origem histórica das embalagens ...............................................................................
74
2.2 - O universo da embalagem .......................................................................................... 79
2.2.1 - Funções básicas ....................................................................................................... 81
2.2.2 - Aspectos legais e ambientais ...................................................................................
83
2.2.2.1 - Rotulagem ............................................................................................................ 84
2.2.2.2 - Utilização de materiais e reciclagem ....................................................................
88
2.2.3 - Aspectos tecnológicos ............................................................................................. 92
2.2.4 - Funções comunicacionais ou mercadológicas ........................................................ 100
2.3 - A visualidade da embalagem e seu impacto no consumidor ......................................
108
2.3.1 – A atenção seletiva ...................................................................................................
108
2.3.2 - Aspectos visuais das embalagens ............................................................................
111
2.4 - Embalagem e atitude do consumidor ......................................................................... 118
2.5 - Mudança da embalagem e os aspectos psicológicos do consumidor ......................... 125
CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................. 130
3.1 – A natureza da pesquisa .............................................................................................. 131
3.2 – Técnica de coleta dos dados ...................................................................................... 132
3.3 – Plano de análise dos resultados a análise de conteúdo ........................................... 139
3.3.1 – Etapas da análise .....................................................................................................
141
3.3.2 – A análise de asserção avaliativa ............................................................................ 142
21
3.4 – Forma de apresentação dos dados ............................................................................. 144
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................. 145
4.1 – Atributos visuais e o componente cognitivo da atitude .............................................
146
4.1.1 – Análise dos resultados (atributos visuais versus componente cognitivo)............... 156
4.2 – Atributos visuais e o componente afetivo da atitude .................................................
160
4.2.1 – Análise dos resultados (atributos visuais versus componente afetivo) .................. 171
4.3 – Atributos visuais e o componente conativo da atitude .............................................. 174
4.3.1 – Análise dos resultados (atributos visuais versus componente conativo) ................
179
4.4 – Resumo dos resultados .............................................................................................. 182
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 189
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 195
APÊNDICES ...................................................................................................................... 207
A Resultados do pré-campo (entrevistas) ........................................................................
208
B Roteiro utilizado nas entrevistas em profundidade ......................................................
213
C Transcrição das entrevistas em profundidade .............................................................. 215
ANEXOS ............................................................................................................................ 275
A Fotos das embalagens utilizadas nas entrevistas ......................................................... 276
B Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB)................................................... 281
22
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Distribuição percentual da utilização de materiais .......................................... 80
Quadro 2 Modelo de rotulagem nutricional .................................................................... 85
Quadro 3 Destino dos resíduos sólidos urbanos (em %) ................................................. 88
Quadro 4 Geração de resíduos sólidos urbanos per capita ............................................. 89
Quadro 5 Percentual de reciclagem de embalagens de aço em 2004 .............................. 90
Quadro 6 Percentual de reciclagem de latas de alumínio em 2004 ................................. 90
Quadro 7 Percentual de reciclagem de plásticos em 2004 .............................................. 91
Quadro 8 Percentual de reciclagem de papel/papelão em 2004 ...................................... 91
Quadro 9 Consumo per capita de papel em 2004 ........................................................... 91
Quadro 10 Percentual de reciclagem de vidro em 2004 .................................................. 92
Quadro 11 Exemplo do quadro de análise de conteúdo .................................................. 144
Quadro 12 Objetos de atitude relacionados ao componente cognitivo ........................... 145
Quadro 13 Objetos de atitude relacionados ao componente afetivo ............................... 146
Quadro 14 Objetos de atitude relacionados ao componente conativo .............................
146
Quadro 15 – Análise de conteúdo: componente cognitivo .................................................
147
Quadro 16 Análise de conteúdo: componente afetivo .....................................................
160
Quadro 17 Análise de conteúdo: componente conativo .................................................. 175
Quadro 18 Resumo da análise ......................................................................................... 183
23
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 A perspectiva bidimensional da atitude ....................................................... 52
Ilustração 2 - Visão tradicional dos três componentes da atitude ...................................... 57
Ilustração 3 - Embalagens zip lançadas pela Sadia ............................................................ 83
Ilustração 4 Processo de desenvolvimento da embalagem .............................................. 94
Ilustração 5 Embalagem de biscoitos Pepperidge Farm ................................................. 98
Ilustração 6 Embalagem Bisnaguinhas Panco Copa 2006 .............................................. 99
Ilustração 7 - Embalagens sucos de frutas Del Valle ......................................................... 101
Ilustração 8 Novas embalagens dos leites longa vida Batavo ......................................... 107
Ilustração 9 A famosa garrafa contour da Coca-Cola ..................................................... 114
Ilustração 10 Embalagens de biscoitos Tostines Nestlé .................................................. 116
Ilustração 11 Embalagens dos óleos compostos Olívia ...................................................
117
Ilustração 12 Primeira versão da embalagem do Leite Moça ..........................................
126
Ilustração 13 Embalagem do Leite Moça antes e após a reformulação .......................... 126
Ilustração 14 Embalagem atual do Leite Moça ............................................................... 127
Ilustração 15 Embalagem antiga e a primeira modificação (Sonho de Valsa) ................ 128
Ilustração 16 Embalagem atual do bombom Sonho de Valsa ......................................... 129
24
INTRODUÇÃO
O termo comportamento do consumidor refere-se à maneira como os consumidores se
comportam quando procuram, compram, usam e avaliam um produto, com base na
correspondência do mesmo às suas expectativas e necessidades. Assim, estudar o
comportamento do consumidor engloba compreender, de forma ampla, como ocorre o
consumo de produtos e serviços, incluindo desde os fatores que influenciam a aquisição (ou
não) do produto, assim como todo o processo de decisão de compra, a freqüência com que
este processo ocorre, as motivações de cada indivíduo, seus desejos, suas características
pessoais, enfim seus interesses de consumo de forma geral. As empresas que objetivam ser
lucrativas no cenário competitivo atual não têm outra escolha senão a de buscar compreender
o consumidor (e todos os fatores que influenciam suas decisões de compra) e atender melhor
às suas necessidades e desejos quando comparadas às empresas concorrentes.
A Associação Americana de Marketing conceitua esta área de estudo marketing -
como um processo de planejamento e execução de idéias, bens e serviços que se apresentam
por meio de um conjunto que inclui a concepção do produto, o preço com que este é oferecido
ao mercado, a promoção, e a distribuição ao público-alvo, objetivando-se trocas que
satisfaçam metas individuais (consumidores) e organizacionais (empresas). Antes do conceito
de marketing existir como se conhece hoje, as empresas tinham orientações muito diferentes
das atuais, fabricando seus produtos a partir do pressuposto de que as pessoas consumiam de
forma estritamente racional, isto é, compravam apenas aquilo de que precisavam, levando-se
em conta somente custo versus benefício, em uma perspectiva unicamente econômica.
A primeira orientação era para a produção, onde o objetivo principal das companhias
era produzir de forma eficiente, com baixo custo e com boa distribuição, independentemente
de se saber, com antecedência, se haveria demanda ou não. Henry Ford foi uma referência
para este tipo de orientação, que valorizava, acima de tudo, a eficiência e a produtividade das
linhas de produção no início do século XX.
A segunda orientação, para o produto, visava fabricar artigos de qualidade e com bom
funcionamento do ponto de vista técnico, pois assim se esperava que sempre houvesse
25
demanda para um produto de desempenho superior. Esta fase ficou conhecida como o período
da ‘miopia’ de marketing.
Posteriormente à crise econômica de 1929, surge a terceira fase do marketing: a da
orientação para as vendas. Neste período, o objetivo maior era conseguir vender o máximo
possível, considerando-se muito mais a habilidade de convencimento do vendedor que a
necessidade ou a satisfação dos consumidores. O cenário era de recessão e desemprego, o que
levava muitos produtos a ficarem encalhados nas prateleiras. Assim, se tornou fundamental
conseguir vender o produto, por meio de estratégias que incluíam descontos no preço final,
parcelamento das vendas e o aumento da publicidade.
Nos anos 1950, a partir do surgimento do conceito de marketing e dos estudos sobre o
consumo, passou a se evidenciar também que este não se limitava ao simplesmente racional e
necessário, mas que era orientado inclusive por questões psicológicas e por aquelas relativas
ao comportamento humano. Nenhuma empresa consegue ignorar essas verdades e continuar
atuante no mercado de forma competitiva e lucrativa.
Enfim, surge a época da orientação para o consumidor ou orientação de marketing,
que persiste até os dias de hoje. Nesta, as empresas decidem produzir apenas depois de
realizar pesquisas de intenção de compra e análise das expectativas do consumidor. O foco,
portanto, nesta orientação para o mercado, passou a ser as necessidades do cliente. Tudo
começa com o consumidor (necessidades e desejos) e termina nele (soluções por meio de
produtos e serviços).
Com isso, os profissionais de marketing e pesquisadores do consumidor finalmente
puderam concluir que o consumo envolvia muito mais que apenas as necessidades básicas,
mas também expectativas, desejos e sonhos, muitas vezes apenas latentes, mas possíveis de
serem despertados por novos produtos e inovações de marketing.
Relevância do tema
26
O consumidor, em seu processo de decisão de compra, em geral age de forma coerente
com sua personalidade, seu conhecimento prévio, suas experiências e suas emoções. Mas o
que, realmente, dirige o seu comportamento e, principalmente, as suas escolhas? Por que ele
escolhe uma determinada categoria de produtos ou marca em detrimento de outra?
Há diversas e variadas respostas para a questão colocada acima. O consumidor é um
ser complexo e influenciado por muitas variáveis que atuam concomitantemente. Além disso,
como um objeto de estudo, o consumidor apresenta ainda uma natureza não passiva, mas que
atua e interage com a realidade, transformando-a. Assim, a lógica do consumo parece ser
muito difusa, não existindo fórmulas objetivas capazes de medi-la.
Apesar da grande diversidade de preferências, gostos e hábitos existentes em nossa
sociedade há algumas semelhanças com relação ao interesse que um determinado produto
desperta em um grupo relativamente homogêneo de pessoas. São estas similaridades, dentro
de um mundo tão diversificado, que tornam possíveis os estudos na área do comportamento
do consumidor, com posterior aplicação no contexto das empresas em seus planejamentos
estratégicos de marketing.
Este é o motivo da importância de se estudar o comportamento do consumidor: a partir
da compreensão de tal fenômeno, os profissionais de marketing têm a possibilidade de fazer
previsões sobre as expectativas de consumo e, dessa forma, planejar toda a sua estratégia
mercadológica com base nos resultados destas previsões.
O estudo do comportamento do consumidor teve seu início por volta do final dos anos
1960, emprestando muitos conceitos de outras ciências como a psicologia, a sociologia, a
antropologia e a economia. No começo, acreditava-se que o consumo era, essencialmente, um
ato racional.
Surgiram então algumas teorias (a partir do interesse de gerentes de marketing da
época), que objetivavam compreender o ato de consumir, dentre elas os métodos de pesquisa
positivista e interpretativista. O primeiro deles, o positivismo, se baseava na possibilidade de
predizer o comportamento do consumidor e, portanto, influenciá-lo. O segundo, o
interpretativismo ou pós-modernismo, tinha seu foco na experiência de consumo e, portanto,
seu objetivo era entender e interpretar o comportamento do consumidor e os significados
27
ocultos em tal comportamento. Embora estas duas linhas de pesquisa pareçam ser divergentes,
na realidade são complementares, ou seja, a predição aliada ao entendimento se constitui em
uma base mais forte para o estudo do consumidor.
De maneira resumida, pode-se concluir que os pesquisadores positivistas tendem a ser
mais objetivos e empíricos, procurando as causas de determinado comportamento e
conduzindo suas pesquisas à generalização para grandes populações. Já os pesquisadores
interpretativistas tendem a ser mais qualitativos, e se baseiam em pequenas amostras.
Assim, surge a questão do quê, de fato, pode determinar as decisões de consumo, ou
seja, quais os fatores que influenciam o consumidor na hora da compra. Os fatores
influenciadores do consumo têm sido objeto de estudo de vários autores, que têm utilizado
diferentes maneiras de classificar tais determinantes. Uma destas classificações divide tais
fatores em dois principais grupos: fatores sócio-culturais e fatores pessoais/psicológicos,
conforme será abordado posteriormente.
Dentre os fatores pessoais/psicológicos do consumo, tem-se a questão da motivação e
necessidade, os tipos de aprendizagem do consumidor e a formação de atitudes. No presente
trabalho o consumidor será visto pelo prisma da formação de suas atitudes relativamente aos
objetos (embalagens), representados nesta pesquisa pela categoria de produtos alimentícios
‘biscoito’.
Pelo enfoque que tem sido dado ao consumidor nos dias atuais, o presente trabalho se
torna relevante como uma reflexão a respeito das considerações que uma empresa deve fazer
a fim de atender melhor e mais rápido às necessidades de seu público-alvo, objetivando-se
com que este forme uma opinião favorável sobre seu produto, o que, em geral, resultará em
consumo.
Justificativa
28
O impacto e a efetividade das embalagens são questões que nem sempre foram
consideradas pelas empresas no passado. Atualmente, ante a forte concorrência existente em
praticamente todos os setores, a embalagem ganhou destaque e importância no contexto dos
compostos mercadológicos das empresas.
A embalagem, antes vista mais pelo aspecto relacionado à proteção da integridade do
produto, ganhou importância comercial relevante quando outros aspectos, mais relacionados
às questões estéticas, emocionais e sociológicas, passaram a serem considerados como fatores
preponderantes que levariam à concretização da venda de um produto.
Toda embalagem deveria, assim, possuir características que fizessem o produto
contido na mesma ser especial, único no mercado. Apesar de muitos fatores influenciarem a
decisão de compra pelo consumidor (propaganda, preço, ponto de venda etc.), se uma
embalagem não está adequada provavelmente os consumidores vão procurar por outro
produto.
A aparência não é o único fator que faz com que uma embalagem produza os efeitos
desejados. Questões como manter o produto fresco, protegê-lo do ambiente, proporcionar
conforto e facilidade no uso, atender às regras de transporte, higiene e segurança, assim como
as restrições ambientais, também são fatores imprescindíveis. Dessa forma, pode-se afirmar
que a embalagem é tão importante quanto seu conteúdo.
Castro (1994) cita ainda outras funções que a embalagem exerce: influente veículo de
comunicação, “vendedor silencioso”, formador de opinião sobre o produto, esclarecedor do
seu conteúdo, complemento da imagem criada pela propaganda, podendo também funcionar
como um poderoso instrumento de marketing. Neste mesmo trabalho a autora diz que “[...]
uma embalagem bem sucedida precisa ter a capacidade de se vender ao consumidor, ser
distinguida das concorrentes, ter habilidade de levar o consumidor a desejar e a comprar o
produto [...]” (CASTRO, 1994, p.62).
De acordo com Peter e Olson (1996), são quatro as funções básicas da embalagem:
a) proteger o produto conforme este é transportado do distribuidor ao consumidor
final;
b) ser econômica e não adicionar custos desnecessários ao produto;
29
c) permitir com que o produto seja armazenado de forma conveniente e usado de
maneira prática pelo consumidor;
d) ser usada efetivamente como instrumento de promoção do produto.
Mestriner (2002) apresenta uma lista mais detalhada sobre as diversas funções
exercidas pela embalagem, dentre as quais se encontram as seguintes:
funções primárias, como proteger e transportar;
funções tecnológicas, a partir do desenvolvimento de novos materiais para a maior
conservação do produto;
funções mercadológicas, como a de chamar a atenção do consumidor, transmitindo-
se assim uma mensagem que pode resultar em desejo de compra;
funções conceituais, como a de construir uma marca e agregar valor ao produto;
funções comunicacionais, constituindo-se em um importante atributo das
embalagens.
Walton (2002) destaca que as embalagens representam um modo de confirmar a
confiança do consumidor, aumentando o seu interesse em um contexto repleto de opções de
produtos. O autor ainda expõe que, a embalagem possui a importante função de chamar a
atenção do consumidor, pois apesar de a relação entre uma marca e o seu respectivo
consumidor existir mais por causa de sua experiência com aquela, o autor diz que 85% das
decisões de compra são feitas nos pontos de venda e que, portanto, uma embalagem com
aparência agradável pode levar o consumidor a comprar o produto e a partir disso desenvolver
sua lealdade à marca. Se, ao contrário, a presença do produto na gôndola for inexpressiva, e a
embalagem não fizer com que o produto se destaque e seja reconhecido, a chance de se
estabelecer um relacionamento com a marca pode ser perdida, assim como todo o esforço
feito para colocar o produto no mercado.
Rettie e Brewer (2000) acreditam que a embalagem é uma parte essencial no processo
de venda e que, portanto, deve ser eficaz o suficiente para se destacar em um contexto cada
vez mais competitivo e cheio de opções. Os autores acreditam que muitas compras são feitas
por impulso e não de maneira planejada e que, por esse motivo, as embalagens devem ser
atraentes e se tornarem o grande comunicador ao consumidor, pois estão presentes no
momento crucial de decisão pela compra.
30
Um fator importante a ser considerado relativamente ao momento da compra é o da
escassez de tempo. Atualmente os consumidores são inundados por todo tipo de mensagem e
propaganda, e as gôndolas ganham mais opções a cada dia. Se a embalagem conseguir se
destacar dentre as demais, certamente isso poderá representar um fator de vantagem em
relação aos outros produtos.
Diferenciação por meio da embalagem significa diferenciação do produto, servindo
como fator de destaque para o mesmo (HOLLERAN, 1998). Uma embalagem atraente
certamente ajudará a estabelecer a imagem de um produto, e a questão da atratividade fica
ainda mais evidente quando se trata de produtos alimentícios, devido aos desenhos ou fotos
sugestivas que as embalagens podem conter.
Sherwood (1999) coloca que, um design inovador é absolutamente crítico para obter
sucesso em um mercado muito competitivo, não importando o produto. Caso contrário, os
resultados serão desastrosos, com uma marca ficando praticamente invisível no varejo. Para
ele, as vantagens de uma embalagem única, especial, vão além da atração exercida nas
prateleiras: formatos originais ajudam a conquistar e manter a atenção do consumidor,
enquanto que uma funcionalidade e conveniência superiores farão com que ele volte.
Conforme Murphy (1997), a relação dos consumidores com novos produtos pode ser
de desconfiança, a princípio. Uma embalagem atraente geralmente é o que faz com que um
consumidor potencial pegue o produto, o examine e talvez o leve para casa. Quando considera
a hipótese de testar um novo produto, o consumidor leva em conta lidar com um tipo similar
de artigo ao qual estava acostumado, preferindo produtos de fácil uso e a um preço razoável.
Assim, para uma primeira experiência, é através da embalagem que ele obterá tais
informações. Esta possui um papel importante ao ilustrar os atributos de um produto, fazendo
com que o consumidor se sinta mais confortável, diminuindo assim o risco percebido, e
incentivando-o a se decidir pela compra.
Quanto à questão da praticidade, Tosh (1998) cita que, a partir de dados empíricos,
uma em cada três pessoas aceitaria pagar 0,40 centavos de dólar a mais por uma embalagem
que pudesse tanto ser usada no micro-ondas quanto no forno convencional. Isto reforça a
questão da conveniência, flexibilidade e praticidade.
31
Peter e Olson (1999) consideram a questão das cores da embalagem como um
importante fator de influência. Tal impacto não se deve somente pela atração exercida pelas
cores, mas também porque estas trazem consigo algum significado importante ao consumidor
e, portanto, podem ser usadas estrategicamente. Há casos de empresas norte-americanas que,
ao alterarem as cores de algumas de suas embalagens, chegaram a ter acréscimos de 25% nas
vendas, o que é um número bastante considerável para uma alteração aparentemente pequena.
Outro importante atributo das embalagens de alimentos é a identificação da marca e as
informações no rótulo, pois os consumidores têm se mostrado mais dispostos e interessados
neste tipo de informação (PETER; OLSON, 1999). Uma clara disposição da marca na
embalagem simplifica a compra e faz com que o processo de desenvolvimento da lealdade
àquela seja possível. Com relação às informações disponíveis nas embalagens, estas incluem
instruções de uso, lista de ingredientes ou matérias-primas, cuidados no uso e manipulação do
produto, entre outras. Atualmente, as informações nutricionais têm sido especialmente
observadas, pois se constata um aumento no interesse dos consumidores por questões relativas
à alimentação saudável e à boa forma física.
Outro fator levantado é que os consumidores valorizam embalagens que possam ser
usadas mesmo depois que o produto original acabar (MURPHY, 1997). Questões relativas à
preservação do meio ambiente também envolvem o setor de embalagens, que podem ganhar o
adjetivo de “ecológicas” quando feitas com materiais recicláveis ou reciclados, que não
venham a agredir o meio ambiente por ocasião de seu descarte. Apesar disso, Murphy (1997)
não considera que a reciclagem do material da embalagem seja definidor da compra, apesar de
ser um fator interessante.
A embalagem é muitas vezes percebida como responsável por desperdiçar vários tipos
de materiais como plástico, papel, isopor, borracha etc., comprometendo o meio ambiente.
Assim, uma embalagem ecológica, ou seja, que leve em conta o desenvolvimento sustentável
por meio de uma composição estrutural aprovada, pode significar vantagem competitiva para
as empresas.
A embalagem de biscoitos (produto escolhido para a elaboração da pesquisa) é
constituída de polipropileno (PP). Este material permite com que cores vivas e ilustrações
32
com alta definição sejam impressas nas embalagens, que se tornam assim, muito atrativas para
o consumidor.
O interesse da autora pelo tema surgiu sem que houvesse experiências anteriores no
setor de embalagens. O conhecimento teórico sobre os fatores pessoais e psicológicos
determinantes do consumo (especificamente ‘atitudes’) e a observação, no varejo, da
existência de belas e criativas embalagens, resultou no interesse pelo assunto, especialmente
pelas embalagens de produtos alimentícios. A partir da necessidade de buscar um foco para a
pesquisa, optou-se, dentre as opções iniciais que incluíam as categorias ‘iogurtes’,
‘congelados’ e ‘biscoitos’, por esta última, considerando-se os aspectos visuais encantadores
das embalagens dos mesmos.
Apesar de ainda haver muitas outras considerações a serem feitas sobre um tema de tal
magnitude, pode-se afirmar que a embalagem de produtos alimentícios tem ganhado cada vez
mais destaque por ocasião do planejamento estratégico de marketing das empresas, levando-
se em conta os aspectos mercadológicos, sociais, legais, psicológicos e comunicacionais.
O presente trabalho pode ser considerado inovador na medida em que busca conhecer
em que medida as características visuais que compõem as embalagens conseguem influenciar
a formação das atitudes do consumidor, assunto essencial no contexto do comportamento e
psicologia do consumo.
Problema da pesquisa
O estudo do comportamento do consumidor constitui-se em uma área específica de
conhecimento que envolve analisar e compreender uma vasta gama de fatores e aspectos
sociais, culturais, pessoais e psicológicos a fim de se obter explicações para os motivos e
padrões de consumo.
A complexidade do tema se deve ao fato de que o consumidor não é um ser passivo,
mas interage com a realidade, modificando-a. Ou seja, ele transforma e é transformado por
todas as variáveis envolvidas em seu processo de decisão de consumo. Portanto, entender tal
33
comportamento não é tarefa simples, visto que engloba a compreensão de aspectos distintos,
mas que não podem ser analisados isoladamente, ou seja, são inter-relacionados.
Os fatores envolvidos no comportamento de consumo podem ser divididos, conforme
sua natureza e características, em duas principais categorias:
Fatores sócio-culturais
São considerados os maiores determinantes do comportamento do consumidor,
compreendendo as influências da cultura, classe social, grupos de referência e família no
processo de decisão de compra.
Por meio das crenças e valores de uma comunidade, o indivíduo aprende sobre uma
determinada cultura e a compartilha com os demais indivíduos pertencentes àquela, o que os
distingue dos demais grupos e os associa como um grupo relativamente homogêneo. Assim, a
cultura de um país ou de um local específico contribui para a formação de costumes e hábitos
de comportamento, incluindo o consumo de bens e serviços.
Mas, indivíduos que pertencem a uma mesma cultura podem se distinguir por meio da
participação em classes sociais diferentes. Portanto, em um único país, com cultura
relativamente homogênea, existem grupos distintos de pessoas identificados por meio da
renda familiar, do grau de escolaridade, da profissão, da posse de bens materiais etc. As
classes sociais exercem um papel importante no desenvolvimento dos padrões de consumo,
pois os seus membros geralmente compartilham valores, interesses e comportamentos
semelhantes.
Em âmbito mais restrito se encontram os grupos de referência, que funcionam como
pontos de comparação na formação das atitudes ou comportamentos de uma pessoa, ou seja,
são grupos formadores de opinião. Assim, um indivíduo que se identifica com uma
determinada classe social pode se basear em grupos de referência distintos.
A família, grupo mais específico ao qual um indivíduo pertence, é a organização de
compra mais importante da sociedade, exercendo grande poder sobre as decisões de consumo.
Sua influência é uma das mais preponderantes na construção dos hábitos de consumo, uma
34
vez que a criança está exposta às crenças, valores, costumes e comportamentos dentro do lar,
e vai construir os seus próprios a partir desta influência.
Fatores pessoais e psicológicos
O consumidor também sofre influências de fatores classificados como pessoais e
psicológicos. Dentre eles considera-se a questão da motivação, da aprendizagem, da formação
da atitude, da personalidade e auto-conceito do consumidor, do seu estilo de vida e do estágio
em que se encontra no ciclo de vida.
Todo indivíduo possui necessidades inatas e adquiridas (SCHIFFMAN; KANUK,
2000). As inatas correspondem às necessidades básicas, como as fisiológicas, também
chamadas necessidades primárias. As necessidades adquiridas, também conhecidas como
secundárias, são desenvolvidas ao longo da vida e sofrem grande influência de fatores já
mencionados, como os culturais e de classes sociais e grupos de referência.
Assim, a partir de uma necessidade sentida pelo consumidor, este passa a sofrer um
sentimento de desconforto originado pela diferença entre o estado real (deficitário de algo) e o
estado desejado (satisfação de uma necessidade). Tanto as necessidades quanto os desejos não
satisfeitos geram uma tensão no indivíduo. Tal tensão provoca o surgimento da motivação,
que é uma força que objetiva reduzir a situação desconfortável. Sendo a força motriz de todo
comportamento humano, a motivação pretende conquistar satisfação e a conseqüente
diminuição do estado de tensão e frustração inicial.
Após se sentir motivado, o consumidor passa a direcionar sua atenção aos estímulos
do ambiente que estejam relacionados à diminuição do estado desconfortável, que se instalou
devido à falta de atendimento de suas necessidades e desejos atuais. Assim se inicia o
processo de aprendizagem.
O processo cognitivo de aprendizagem se origina a partir do processamento de
informações. O consumidor está exposto a todo tipo de estímulos do ambiente (responsáveis
pelos profissionais de marketing). Nesta fase, o consumidor pode despender atenção a tais
estímulos em maior ou menor grau, o que gera interpretação e compreensão dos mesmos. A
próxima fase, de aceitação, é considerada crítica, pois é nesta etapa que o consumidor retém
ou descarta a informação processada, ou seja, há sucesso ou fracasso na etapa da comunicação
35
mercadológica. Em caso de retenção, o conhecimento formado durante o processo será
armazenado na memória do consumidor. Portanto, o aprendizado consiste em mudança nos
processos mentais, no comportamento e na memória de longo prazo, formando-se assim
padrões de conduta que organizam e facilitam o processo decisório, podendo o conhecimento
adquirido ser aplicado em comportamentos futuros.
E finalmente se formam as atitudes que são as organizações psíquicas resultantes dos
processos motivacionais e cognitivos vistos anteriormente, formando-se assim sentimentos a
favor ou contra um determinado objeto, e conseqüentemente, tendências a agir de maneira
consistente com tais sentimentos. As atitudes são formadas pelos componentes cognitivo
(crenças), afetivo (sentimentos) e conativo (ações), e podem ser conceituadas, de forma
resumida, como avaliações favoráveis ou desfavoráveis sobre um objeto em questão (KRECH
et al, 1962 apud RODRIGUES, 1972).
Somados aos processos mencionados estão a personalidade (conjunto de
características psicológicas singulares) e o auto-conceito do indivíduo (opinião que este
possui sobre si mesmo), além de aspectos como o estilo de vida (padrão de ação e de
interação com o mundo, percebido por meio das atividades, interesses e opiniões de cada
pessoa), idade, ocupação e circunstâncias econômicas.
Levando-se em conta tais fatores, o consumidor ainda passará por algumas etapas até
decidir efetuar uma compra ou não: em primeiro lugar há a conscientização da necessidade de
aquisição de um determinado bem, seguida pela fase da busca por informações e avaliação
das alternativas disponíveis. Uma vez completadas essas etapas, o consumidor fará a decisão
de compra e, posteriormente, se posicionará quanto ao seu grau de satisfação com o produto
adquirido (fase da pós-compra). Essas cinco etapas completam o processo de decisão de
compra e, ainda que o consumidor não esteja ciente, todos os fatores e processos mencionados
anteriormente estão presentes e influenciam suas decisões de consumo, em maior ou menor
grau.
É dentro desse contexto complexo de racionalidade e emoção que está inserido o papel
exercido pela embalagem. Ela está presente desde os primórdios da vida humana (peles,
bexigas de animais, pedaços de árvores) e teve seu marco histórico a partir da Revolução
Industrial, quando bens manufaturados passaram a serem comercializados em grande escala,
36
surgindo a necessidade de os mesmos serem acondicionados para o transporte e a distribuição
em um mercado em expansão. Aliadas a essas funções iniciais se seguiram a necessidade de
prolongar a vida útil do produto no mercado e, posteriormente, a embalagem ganhou o papel
de auxiliar na promoção das vendas, passando também a trazer esclarecimentos sobre o
produto contido nela e complementando, positiva ou negativamente, a imagem criada pela
propaganda.
Por esse motivo tem sido considerada como um influente veículo de comunicação e
um poderoso instrumento de marketing, ao mesmo tempo em que deve atender à legislação
vigente sobre o assunto, por meio de órgãos normativos e fiscalizadores.
Considerando-se a complexidade do consumidor e as potencialidades da embalagem
para promoção do produto, o presente trabalho terá como foco a embalagem de alimentos
(representada pela categoria ‘biscoitos’), baseando-se nas funções e papéis que podem ser
exercidos por ela, no contexto dos fatores psicológicos do consumo, mais especificamente na
formação das atitudes.
A partir disso, levanta-se a questão-problema da presente pesquisa: qual a influência
dos aspectos visuais das embalagens de alimentos (biscoitos) na formação das atitudes do
consumidor?
Objetivos
Objetivo geral:
Conhecer a influência dos aspectos visuais da embalagem de alimentos (biscoitos) na
formação das atitudes do consumidor.
37
Objetivos específicos:
Compreender o processo de formação da atitude do consumidor e a relação entre
conhecimento (componente cognitivo), sentimento (componente afetivo) e comportamento
(componente conativo);
Descrever os componentes e as funções desempenhadas pela embalagem de
alimentos;
Descobrir de que forma a embalagem pode estabelecer uma comunicação eficaz
com o consumidor;
Entender como as características visuais da embalagem podem funcionar como
fator de atração da atenção do consumidor.
Estrutura do trabalho
Na introdução deste estudo se faz uma abordagem ao tema, destacando-se a sua
relevância para as empresas, seguida pela justificativa de tal escolha, pela autora. Em seguida,
é apresentado o problema da pesquisa, com seus objetivos geral e específicos.
Inicia-se então a fundamentação teórica. O capítulo 1 aborda os aspectos que
envolvem a atitude do consumidor, iniciando-se pela origem dos estudos sobre o tema. Em
seguida, são apresentadas as dimensões da atitude por meio de seus componentes cognitivo,
afetivo e conativo, e as abordagens teóricas que defendem as perspectivas unidimensional,
bidimensional e tridimensional da atitude. O capítulo prossegue apresentando as funções
desempenhadas pela atitude e os fatores que influenciam tanto na sua formação quanto nas
suas mudanças, incluindo a questão da dissonância cognitiva.
O capítulo 2 se inicia com uma abordagem histórica sobre o surgimento e
desenvolvimento do setor de embalagens. Em seguida são apresentadas as funções
desempenhadas pela mesma, os aspectos legais e ambientais, a questão da utilização de
materiais e da reciclagem, os aspectos tecnológicos e de inovações do setor, e as funções
mercadológicas desempenhadas pela embalagem. Segue-se uma reflexão sobre os aspectos
visuais das embalagens e seu impacto na formação das atitudes do consumidor. O capítulo
38
termina com a questão da mudança da embalagem e da interpretação desta mudança pelo
consumidor.
Os procedimentos metodológicos são tratados no capítulo 3 a partir da apresentação e
detalhamento da metodologia de pesquisa utilizada para a consecução dos objetivos do
trabalho. Apresenta-se uma fundamentação teórica sobre o tipo de pesquisa realizada, os
critérios para a seleção da amostra e da categoria de produtos utilizada, as fases de pré-campo
e de campo (coleta de dados), a técnica para o tratamento dos dados (análise de conteúdo) e a
forma de apresentação dos resultados.
A seguir, no capítulo 4, são feitas as análises de todos os resultados obtidos por
ocasião da pesquisa, com a utilização da técnica da análise de conteúdo. As frases
selecionadas a partir das entrevistas são analisadas e valorizadas, dentro de cada categoria de
atributos visuais das embalagens. A análise é feita levando-se em conta o referencial teórico
sobre atitudes. São apresentados quadros com todas as frases selecionadas e suas respectivas
valorações, assim como quadros-resumo das categorias levantadas (objetos de atitude) e das
médias ponderadas finais para cada embalagem utilizada na pesquisa, em cada categoria de
componente atitudinal. São feitos comentários pontuais a respeito de algumas características
preponderantes das embalagens, exemplificando-se as mesmas com frases emblemáticas.
São feitas as considerações finais a respeito dos resultados levantados no capítulo 4,
com a sugestão de possíveis pesquisas que poderiam resultar dos mesmos.
Ao final se encontram a lista dos trabalhos consultados (bibliografia), a transcrição
literal das entrevistas realizadas e do roteiro utilizado nas mesmas (apêndices), e as fotos das
embalagens que foram utilizadas nas entrevistas, seguidas pelo critério de classificação
econômica que serviu como referência para classificar as entrevistadas (anexos).
CAPÍTULO 1
ATITUDES DO CONSUMIDOR
Dentre os fatores psicológicos ou intra-pessoais relacionados ao comportamento do
consumidor, um deles se destaca pela sua importância tanto para as empresas quanto para os
indivíduos: o conceito de atitude. Embora possam ser encontradas diversas conceituações para
o termo atitude, a maior parte delas converge para a idéia de uma avaliação geral favorável ou
desfavorável sobre um objeto, uma pessoa, uma situação ou um comportamento.
Todas as pessoas possuem atitudes em relação a outras pessoas, a objetos, a situações,
a lugares, e, portanto, a produtos também. Assim, as atitudes são formadas pela experiência
própria ou de terceiros e pelas informações que os indivíduos obtêm do ambiente externo, o
que resulta em avaliações sobre atributos de produtos e marcas e intenções comportamentais
advindas de tais avaliações.
A atitude é um conceito-chave nos estudos da psicologia há mais de um século.
Muitos estudiosos e pesquisadores já ofereceram suas contribuições com o intuito de
conceituar e até mesmo de mensurar as atitudes. Em 1935 já havia mais de cem definições
sobre o tema, e mais de quinhentas formas de mensuração já foram propostas (FISHBEIN;
AJZEN, 1972). Outros fatos corroboram a importância atribuída ao assunto: em 1918,
Thomas e Znaniecki definiram psicologia social como o estudo científico das atitudes
(RODRIGUES, 1972). Portanto, relacionar um termo tão abrangente, como a psicologia
social, ao estudo das atitudes, trata-se de um acontecimento que não pode ser desprezado,
assim como o fato de que, durante décadas, o conceito de atitude tem sido considerado o mais
distinto e indispensável entre os pesquisadores da psicologia social, atingindo os dias atuais.
Aplicando-se o conceito aos estudos do comportamento do mercado, Petty et al (1991,
p.241) abordam a preponderância do papel da atitude do consumidor ao concluírem que “em
reconhecimento da importância do constructo da atitude para o marketing, Aaker e Myers
40
(1987, p.160) notaram que ‘atitude relativa a uma marca é o pilar sobre o qual estão firmados
as vendas e os lucros de grandes corporações’.”
Ratifica-se assim o grau de importância relacionado à compreensão e análise dos
fatores que mantém estreita ligação tanto com a formação das atitudes do consumidor quanto
com a sua manutenção a longo prazo.
1.1 Origem dos estudos sobre atitude
Originalmente, a palavra “atitude” se referia à posição física de uma pessoa
relativamente a um objeto ou situação, remetendo à idéia de ação. Expressões como postura
ou modo de posicionar o corpo eram usadas como sinônimos para atitude. O conceito evoluiu,
e outras expressões passaram a representar atitude: ponto de vista, comportamento geralmente
observado em certas situações, maneira de enfrentar problemas, disposição do temperamento,
entre outras. Assim, o conceito migrou da idéia de posição física para a idéia de posição
mental de uma pessoa. Wilkie (1994, p.281) reforça o exposto:
O termo atitude deriva das palavras em latim para ‘postura’ ou ‘posição
física’. A noção geral era a de que as atitudes físicas de um corpo sugeriam o
tipo de ação na qual uma pessoa se engajaria.
Embora existam as duas vertentes (posição física e posição mental), o conceito
amplamente adotado no contexto do comportamento de compra e consumo é o que considera
a atitude como sendo a avaliação geral de um objeto
1
, ou seja, a posição mental de uma
pessoa relativamente a um produto ou serviço ofertado ao mercado. Este será o conceito
adotado também no presente trabalho.
Peter e Olson (1996, p.158) apresentam uma breve cronologia a respeito de como se
desenvolveram os estudos sobre atitude, desde a década de 1930:
1
Entende-se por objeto as pessoas, produtos, fatos, comportamentos, situações, eventos, idéias e conceitos,
considerando-se um contexto mais amplo e não somente o relacionado ao comportamento do consumidor.
41
- Thurstone, em 1931, definiu atitude como a quantidade de afeto que uma pessoa tem
a favor ou contra um objeto (uma das primeiras definições de atitude).
- Allport, em 1935, apresentou um conceito mais abrangente, ao definir atitude como
um estado mental e neural de disposição instantânea para responder de forma
consistentemente favorável ou desfavorável, organizado por meio da experiência, e que
exerce uma influência diretiva e/ou dinâmica sobre o comportamento.
- Triandis e outros estudiosos (PETER; OLSON, 1996) apresentaram o modelo
tripartite que inclui três componentes inter-relacionados, que constituiriam a atitude: cognição
(crença, pensamento e conhecimento sobre o objeto), afeto (sentimentos e avaliações
favoráveis ou desfavoráveis sobre o objeto) e conação (ação, intenção de agir ou
comportamento real direcionado ao objeto).
Rodrigues (1972) complementa o levantamento cronológico sobre as origens dos
estudos e conceituações sobre atitude:
- Doob, em 1947, considerou atitude como uma resposta aprendida e implícita e que
produz tensão no indivíduo, sendo considerada importante no meio social em que este vive e
atua. Para ele, uma resposta não-observável (atitude) ocorre antes de uma resposta observável
(comportamento).
- Krech e Crutchfield, em 1948, definiram atitude como organização resultante de
processos motivacionais, emocionais, perceptivos e cognitivos relativamente a algum aspecto
do mundo do indivíduo.
- Bruner e White, em 1956, apresentaram a atitude como uma pré-disposição para
experimentar, ser motivado e agir em relação a um objeto, de uma determinada maneira ou
forma.
- Krech, Crutchfield e Ballachie, em 1962, conceituaram atitude como avaliações
positivas e negativas, sentimentos e tendências de ação a favor ou contra um objeto,
constituindo-se assim em um sistema duradouro para o indivíduo.
- Secord e Backman, em 1964, entendiam atitude como uma constância de
sentimentos, pensamentos e tendências comportamentais em relação a algum aspecto do
ambiente da pessoa.
- Newcomb, Turner e Converse, em 1965, consideraram possível uma compreensão do
termo atitude a partir de dois pontos de vista: (a) cognitivo, em que a atitude seria uma
organização de cognições possuidoras de valências (positiva, negativa ou neutra); e (b)
42
motivacional, em que a atitude representa um estado de prontidão para o despertar de um
motivo.
- Rockeach, em 1969, definiu atitude como uma organização de crenças relativamente
a um objeto ou circunstância, que influencia e predispõe o indivíduo a agir de uma
determinada maneira, de forma duradoura.
- Freedman, Carlsmith e Sears, em 1970, apresentaram atitude como um agrupamento
de cognições, crenças, opiniões, fatos, conhecimentos, avaliações e sentimentos, que se
direciona a um objeto específico.
- Triandis, em 1971, entendia atitude como algo influenciado fortemente pela emoção,
o que conduz a um conjunto de ações relativas a certas situações sociais.
Thurstone (1976, p.158) foi um dos pioneiros nos estudos sobre atitude, apresentando
um outro conceito, além do visto anteriormente:
Atitude é a soma de inclinações e sentimentos, preconceitos ou distorções,
noções pré-concebidas, idéias, temores, ameaças e convicções de um
indivíduo acerca de qualquer assunto específico.
Com base nas definições vistas se pode perceber a existência de algumas contradições
no que diz respeito a conceituar atitude de forma coerente e harmoniosa entre os vários
autores. Alguns a consideram como quantidade de afeto (THURSTONE, 1931), outros como
uma organização de crenças (ROCKEACH, 1969) e ainda outros como um estado mental e
neural de disposição para responder (ALLPORT, 1935), o que é apenas uma amostra do
quanto as opiniões podem divergir umas das outras.
Apesar das contradições apresentadas sobre o significado do termo, é fundamental
destacar o motivo pelo qual as atitudes existem. O consumidor experimenta algumas etapas
em seu processo de decisão de compra. Tal processo pode ser mais extenso e completo, ou
mais rotinizado, de acordo com a natureza do produto a ser adquirido. Embora a tomada de
decisão de compra possa ser classificada de diferentes formas, um modelo simples que
representa esse processo é composto por três etapas: os inputs, o processo em si, e os outputs.
Os inputs representam as influências externas, que são os esforços de marketing das empresas
a fim de desenvolver, promover e distribuir um produto no mercado. Os outputs representam
o comportamento do consumidor, ou seja, a efetivação da compra e a avaliação pós-compra. E
o processo em si (decisório) é geralmente representado pelas fases do reconhecimento da
43
necessidade (pelo consumidor), da busca pré-compra e da avaliação de alternativas.
(SCHIFFMAN; KANUK, 2000).
É justamente na fase de avaliação de alternativas que as atitudes se tornam mais
preponderantes, pois facilitam tal avaliação. As atitudes surgem com a finalidade de satisfazer
as necessidades do dia-a-dia, dando sentido às coisas e apoio para que o homem possa
resolver os problemas que surgem. Fornecem padrões de resposta que são facilitadores do
processo decisório mencionado acima, pois uma vez formada a atitude na memória do
consumidor, este não precisa mais experimentar todo o processo novamente para avaliar o
mesmo objeto.
As atitudes representam as avaliações dos vários elementos que cercam um indivíduo,
e por esse motivo são tão importantes para as empresas e seus respectivos profissionais de
marketing. Estes precisam entender o comportamento atual de suas vendas e as atitudes de
seus consumidores, e assim melhorar o marketing mix (as escolhas e estratégias da empresa
no que se refere ao desenvolvimento de produto, o preço que será praticado, as formas de
comunicar e promover esse produto ao mercado e como será feita a distribuição do mesmo),
objetivando influenciar as atitudes de seus clientes atuais e potenciais.
1.2 Dimensões da Atitude
Existem diversos termos relacionados à atitude e, muitas vezes, tais termos são
utilizados como sinônimos, embora sejam conceitos distintos. Assim, se tornam necessários
alguns breves esclarecimentos a respeito do que não é atitude.
McNeal (1982) apresenta uma relação que exemplifica, ainda que superficialmente,
algumas das controvérsias conceituais existentes entre o termo atitude e outros termos:
- interesse: é envolvimento positivo pessoal ou atenção especial de uma pessoa com
relação a um objeto em particular. É um estado da mente, não atitude.
- opinião: são expressões verbais ou escritas das atitudes, mas podem, eventualmente,
não corresponder às mesmas, pois estas também são expressas de forma não-verbal, ou seja,
por meio do comportamento. As opiniões são as explicações e justificativas das atitudes, mas
não são sinônimos de atitude.
44
- valor: são critérios ou padrões de julgamento relativos a situações e modos de
conduta. Nas palavras de Tomanari (2003, p.310), “[...] são crenças gerais e duradouras,
padrões culturais compartilhados (configurados pela história, cultura e interação social) dos
objetos que são preferíveis e desejáveis [...]”;
- princípio: sugere uma alta avaliação ou preferência, ou seja, algo quase imutável
para o consumidor, mas não pode ser usado como sinônimo de atitude.
- hábito: um padrão de resposta com uma direção definida, um padrão de
comportamento cujo mapa está na mente. Pode ser entendido como a intenção
comportamental na perspectiva tridimensional da atitude, que será vista posteriormente.
- expectativas: antecipação de que algo será feito e a probabilidade de que algo
acontecerá. Algo como uma previsão de eventos, mas não são atitudes.
No entanto, para que se tenha uma visão ampla e completa a respeito do termo atitude,
se faz necessário entender primeiramente conceitos fundamentais e estritamente relacionados
a ela: cognição, afeto e conação (comportamento). Estes são utilizados nos estudos e
pesquisas sobre atitudes, e serão apresentados e identificados a seguir, bem como a inter-
relação entre os mesmos.
1.2.1 Cognição
A palavra cognição representa aquisição de conhecimento, formação de uma crença ou
de um pensamento sobre determinado assunto ou objeto. Assemelha-se ao afeto (item 1.2.2 a
seguir) na medida em que também se refere a uma resposta psicológica dada em determinada
situação, diferindo daquele por se tratar de uma resposta de pensamento (mente) e não de
sentimento. Assim, a cognição, dada sua característica predominantemente mental, não pode
ser sentida no corpo, como ocorre com o afeto.
Gade (1980, p.83) dá a seguinte definição para o componente cognitivo da atitude:
Remete às crenças, isto é, às informações, à experiência passada, que,
através de processos cognitivos, formaram o corpo de crenças do indivíduo.
Estas crenças são avaliadores de traços percebidos como bons ou maus, em
função dos quais o indivíduo poderá agir.
45
Uma primeira função importante desempenhada pelo sistema cognitivo é que este
interpreta, dá sentido e entende a própria experiência do indivíduo (o comportamento e o
sentimento) e dos estímulos que este encontra, atribuindo significados simbólicos ou
subjetivos. Por exemplo, o sucesso de muitos produtos envolve não somente a sua utilidade
funcional, mas também o status ou o simbolismo atribuído a ele. Uma segunda função do
sistema cognitivo é processar tais interpretações e significados em tarefas como identificar
objetivos, desenvolver e avaliar os cursos alternativos de ação para atingir tais metas, escolher
um deles e desenvolver o comportamento (PETER; OLSON, 1996). Para exercer essas
funções e atingir os objetivos propostos, o sistema cognitivo cumpre os seguintes processos:
a) compreensão: interpretar ou determinar o sentido dos aspectos do ambiente;
b) avaliação: julgar se um aspecto é bom ou ruim, positivo ou negativo, favorável ou
desfavorável;
c) planejamento: determinar como solucionar um problema e atingir um objetivo;
d) decisão: comparar alternativas e selecionar a melhor;
e) pensamento: ocorre em todos os processos acima citados.
De acordo com Peter e Olson (1996) há dois tipos de processos cognitivos: o processo
interpretativo e o processo integrativo.
No processo interpretativo, o indivíduo está exposto à informação oriunda do
ambiente externo, e cria novo conhecimento, significado e crenças sobre o ambiente.
A informação à qual o indivíduo está exposto será filtrada por meio da etapa da
atenção seletiva (orientação a respeito de qual informação interpretar e qual informação
ignorar) em que há uma ativação do conhecimento armazenado na memória, que funciona
como um orientador para o processo de compreensão de estímulos. A informação filtrada,
posteriormente, ganhará significado por meio da etapa da compreensão (atribuição de
significados subjetivos à informação), em que são acrescentadas interpretações pessoais aos
dados brutos recebidos, criando-se assim conhecimento e crenças próprias. Esse é, portanto, o
processo interpretativo, por meio do qual o consumidor atribui sentido aos seus próprios
comportamentos e aos aspectos relevantes do ambiente, construindo significados e formando
estruturas de conhecimento.
46
Peter e Olson (1996) apresentam quatro aspectos importantes do sistema cognitivo que
influenciam o processo interpretativo:
1. interpretação envolve interação entre conhecimento armazenado e informação do
ambiente;
2. o conhecimento então ativado da memória influencia como o consumidor presta
atenção à informação e compreende seu significado;
3. como o sistema cognitivo possui capacidade limitada, o consumidor só pode
prestar atenção e compreender uma quantidade pequena de informação, simultaneamente;
4. atenção e compreensão ocorrem de forma automática e rápida, sem muita
consciência do processo.
A atenção seletiva representa ainda o momento em que o indivíduo foca sua
capacidade de processamento de informação em um estímulo específico, podendo ser de três
tipos (WILKIE, 1994):
planejada - quando o consumidor usa seu processo de atenção em sua atividade de
consumo;
involuntária - quando um estímulo atrai para ele a atenção de uma pessoa; e
espontânea - uma combinação das duas anteriores: ocorre quando a pessoa está
disposta a prestar atenção a vários estímulos, embora nenhum deles esteja pressionando para
isso. Neste caso, a atenção pode ser estimulada por interesses mentais próprios ou por
estímulos do ambiente, sendo este último o mais comum.
O processo de compreensão pode variar de quatro formas:
1. pode ser automático ou controlado;
2. pode produzir significados mais concretos ou mais abstratos (níveis de compreensão
superficial e profundo respectivamente);
3. pode produzir muitos ou poucos significados (mais ou menos elaborado);
4. pode criar lembranças (memórias) fracas ou fortes os significados mais abstratos e
mais elaborados tendem a serem relembrados mais facilmente.
Alguns fatores influenciam o processo de compreensão (PETER; OLSON, 1996):
1. conhecimento armazenado na memória quanto maior, mais fácil o processo de
compreensão;
47
2. grau de envolvimento no momento da exposição quando o consumidor possui alto
envolvimento relativo a uma informação do ambiente, há uma motivação para compreendê-la
e, portanto, a compreensão será maior;
3. aspectos ambientais quando da exposição fatores como pressa, pouco tempo, mau
humor, lojas cheias, fazem com que o consumidor tenha pouca oportunidade de interpretar e
compreender os estímulos ambientais.
Relativamente ao conceito de envolvimento, alguns autores explicam que este
representa o grau em que a pessoa se interessa por determinado assunto ou objeto, ou seja, o
reconhecimento da importância ou relevância pessoal deste para o indivíduo (PETER;
OLSON, 1996). Possui, ainda, tanto aspectos cognitivos quanto afetivos, pois quanto maior o
nível de envolvimento com um produto, por exemplo, maior o aspecto cognitivo presente,
pois haverá uma busca maior de informação. A mesma situação se aplica ao afeto envolvido,
pois um objeto que implica alto grau de envolvimento provavelmente evocará emoções e
sentimentos fortes.
O envolvimento guia a seleção de estímulos e, conseqüentemente, a atenção (PETER;
OLSON, 1996). Assim, cada pessoa possui níveis diferentes de envolvimento em
determinadas situações de consumo: se a compra representar uma aquisição de alto valor para
o consumidor e fortemente relacionado à sua auto-imagem, o grau de envolvimento será alto.
Se, ao contrário, a compra for rotineira ou de itens de pequeno valor e de pouca ligação com a
auto-imagem, o grau de envolvimento provavelmente será baixo. Tal conceito é fundamental
para compreender o comportamento do consumidor e, nesse sentido, Engel et al (2000, p.268)
explicam o envolvimento como sendo:
[...] o nível de importância pessoal ou interesse evocado por um estímulo
numa dada situação [...] um reflexo de motivação forte na forma de elevada
relevância pessoal percebida de um produto ou serviço num contexto
particular.
Exemplificando, uma compra de alto envolvimento geralmente representa alto risco
para o consumidor: a aquisição de um imóvel ou de um automóvel se encaixa neste tipo de
compra. Com relação à compra de baixo envolvimento, o consumidor geralmente está lidando
com um artigo de baixo custo e cujo consumo se dá de forma mais freqüente, ou seja, há
menos risco envolvido na compra. Alguns produtos das categorias de higiene doméstica,
48
higiene pessoal, papelaria e alimentos se enquadram nos casos de compras de baixo
envolvimento. Havendo casos de insatisfação (o produto ficou abaixo da expectativa criada
em torno dele) o consumidor não sofrerá um dano significativo tanto no aspecto financeiro
quanto no aspecto do prejuízo de sua auto-imagem
2
.
Durante o processo de compreensão o consumidor cria inferências sobre o objeto de
sua interpretação. Inferências são conhecimentos ou crenças que não são baseadas em
informações explícitas fornecidas pelo ambiente, mas em interpretações que vão além da
informação obtida, e são fortemente influenciadas pelo conhecimento armazenado (PETER;
OLSON, 1996). Quando o consumidor faz inferências, ele relaciona significados sobre os
atributos físicos do produto com significados mais abstratos, como os resultados de se usar o
produto e as possíveis conseqüências sociais deste uso. Os consumidores podem inferir sobre
a qualidade de um produto por meio das características físicas de sua embalagem, por
exemplo.
Em suma, a atenção e a compreensão do consumidor são fortemente influenciadas por
dois fatores internos: o conhecimento ativado no momento da exposição e o nível de
envolvimento do consumidor. Esses fatores influenciam, respectivamente, a habilidade e a
motivação do consumidor para interpretar a informação.
No segundo processo cognitivo apresentado por Peter e Olson (1996), o processo
integrativo, o indivíduo combina os diferentes tipos de conhecimento já adquiridos para (1)
formar avaliações gerais (atitudes e intenções comportamentais) e (2) para fazer escolhas
entre as alternativas existentes (tomar decisão). Assim, o conhecimento existente na memória
a respeito de um produto, por exemplo, quando resgatado, pode influenciar os dois processos,
mantendo uma ligação com o nível de envolvimento do consumidor com o produto.
O sistema cognitivo possui outras capacidades, como a ativação, por exemplo. Esta
representa o processo pelo qual o conhecimento armazenado é ativado da memória e usado na
interpretação e integração, acontecendo automaticamente, seja de forma inconsciente ou
intencional. Quando uma pessoa está bem humorada ela ativa crenças positivas e, ao
contrário, quando está mal humorada, ativa crenças negativas.
2
Auto-imagem representa a imagem que o indivíduo tem de si mesmo e também a imagem que este deseja passar
para outros.
49
O consumidor pode ter contato com informações sobre produtos de três formas: (1)
por meio de experiência de uso direto pessoal, (2) por meio de experiência vicária com o
produto pela observação do uso deste por terceiros, e (3) por meio da interpretação da
informação relacionada a um produto fornecida pela mídia ou por fontes pessoais de contato.
A aprendizagem cognitiva ocorre quando o consumidor interpreta informação do
ambiente e cria novo conhecimento e significado. Dentro desta perspectiva, Peter e Olson
(1996) concluem que existem três tipos de aprendizado cognitivo: acréscimo, condensação e
reestruturação. O acréscimo ocorre nos casos em que o consumidor adiciona conhecimento,
significado e crença ao interpretar as informações que recebe. A condensação ocorre quando
o consumidor ajusta o conhecimento que possui, agrupando o mesmo em novas partes e
atribuindo novos sentidos às mesmas. A reestruturação ocorre quando há criação de novos
significados por parte do consumidor, que reorganiza o conhecimento que já possui.
Mas a cognição também possui capacidade limitada, pois somente uma parte da
informação armazenada pode ser considerada ao mesmo tempo. Quando um comportamento
se torna automático, menos capacidade de pensamento é necessária, pois ocorre o
processamento automático.
Os sistemas afetivo e cognitivo são, até certo ponto, independentes, mas também estão
conectados um ao outro (como será visto), sofrendo assim, influências mútuas. O indivíduo
sente algo e interpreta este sentimento por meio do sistema cognitivo. Tal interpretação pode
levá-lo a repetir ou evitar situações de consumo futuro. Os sentimentos também influenciam a
cognição: quando se está de bom humor a pessoa tende a comprar mais. Por outro lado, o
sistema afetivo pode ser influenciado pelas interpretações de experiências passadas, ou seja,
pelo sistema cognitivo.
1.2.1.1 Conhecimento
Pode-se dizer que, de forma geral, conhecimento é a consciência de uma informação
armazenada na memória. Como esta informação é processada na mente, era considerado
como ‘algo não solucionável’ em épocas passadas, consistindo-se em uma ‘caixa preta’, em
que não se sabia o que acontecia ‘lá dentro’. Atualmente é conhecido que há uma seqüência
50
de atividades mentais que ajudam as pessoas em seus processos de decisão de consumo,
estando relacionadas aos valores culturais, avaliação de um produto, processos de decisão,
estratégias de compra, comportamentos de uso, satisfação e assim por diante (WILKIE,
1994).
Enquanto a necessidade é a causa que dispara a tensão (resultando na motivação para o
comportamento), e o ato da compra é a evidência concreta da ‘união’ entre empresa e
consumidor, a aliança essencial entre os dois está na mente do consumidor na forma de
atitude e conhecimento. Para McNeal (1982, p.104), “conhecimento é entendimento e
compreensão a respeito de um objeto” enquanto que “atitudes são sentimentos e tendências de
ação direcionados a um objeto.” Assim, os sentimentos incluem impressões e avaliações sobre
o objeto, enquanto que as tendências de ação resultam dos primeiros.
Embora sejam aspectos distintos da personalidade, as atitudes e o conhecimento estão
relacionados quando possuem como foco o mesmo objeto. Geralmente o conhecimento ocorre
antes da atitude, mas esta, uma vez formada, pode influenciar a busca de mais conhecimento.
A quantidade e a qualidade também estão relacionadas neste caso, pois quanto mais
informações o consumidor tiver, mais opiniões pode ter sobre o objeto analisado; e quanto
melhor a qualidade da informação, mais apurada será a avaliação do objeto. A decisão de
compra pelo consumidor é influenciada pela atitude e pelo conhecimento, mas também os
influencia posteriormente, por meio da experiência pessoal adquirida por intermédio da posse
e uso do produto.
McNeal (1982, p.103) oferece uma visão interessante a respeito da inter-relação
existente entre as necessidades do consumidor e as atitudes e conhecimento. Para ele, as
necessidades dirigem o desenvolvimento das atitudes e do conhecimento, e estes, por sua vez,
facilitam a expressão e satisfação das necessidades sentidas.
Os profissionais de marketing não podem mudar ou criar necessidades, mas
podem afetar o modo como estas são expressas, influenciando as atitudes e o
conhecimento controlados pelas necessidades e que determinam os padrões
de comportamento do consumidor.
Esta abordagem procede, uma vez que o processo de decisão de compra se inicia na
mente do consumidor por meio da sensação de que algo está insatisfeito, ou seja, existe uma
51
necessidade não atendida, o que gera um estado de tensão no consumidor. A força que
impulsiona o consumidor a agir para diminuir esta tensão é a motivação. Uma vez motivado,
o consumidor estará mais propenso a prestar atenção a determinados estímulos do ambiente
que correspondam à sua necessidade. Dessa forma, o consumidor aprenderá a respeito dos
estímulos que recebeu, interpretou e armazenou, formando padrões de conduta a serem
seguidos e constituindo, assim, a sua memória. O resultado de tais processos leva o indivíduo
a formar uma opinião sobre um produto ou situação, comportando-se de forma relativamente
consistente com esta opinião a cada oportunidade ou circunstância semelhante. Isso é atitude.
Peter e Olson (1996) dividem o conhecimento em basicamente dois tipos: o
conhecimento geral e o conhecimento procedural. O primeiro, envolve a interpretação de
informação relevante sobre vários objetos do ambiente, e é armazenado na memória como
uma proposição que conecta dois conceitos. Exemplo: produtos da marca A são produtos de
qualidade. O segundo tipo, o procedural, refere-se a como fazer as coisas e é armazenado na
memória como uma produção que conecta um conceito com um comportamento apropriado
(se ... então). Por exemplo, se uma pessoa não teve boas experiências em uma loja que visitou,
não voltará a comprar lá, provavelmente. Embora haja esta divisão, ambos os conhecimentos
afetam os processos interpretativo e integrativo em situações de decisão de compra, não
atuando de forma independente um do outro.
A informação que se torna relevante para o consumidor constitui-se num subconjunto
chamado conhecimento do consumidor, que pode ser classificado em três tipos:
a) Conhecimento de produto: engloba vários tipos diferentes de informações, como
por exemplo, o conhecimento da categoria de produto e marcas dentro desta categoria, a
terminologia do produto, atributos ou aspectos do produto e as crenças sobre a categoria do
produto em geral e sobre marcas específicas (ENGEL et al, 2000).
É possível fazer um levantamento sobre o conhecimento de produto que o consumidor
detém por meio de dois tipos de análise: a análise do conhecimento e a análise da imagem. A
análise do conhecimento é o “top of the mind” que mede a consciência sobre uma determinada
marca. Esta análise é feita perguntando-se ao consumidor qual a marca que primeiro vem a
sua mente quando se trata de uma determinada categoria de produto. Já a análise da imagem
52
engloba as características (propriedades físicas e atributos) associadas à determinada marca,
assim como os benefícios percebidos com o uso do produto.
Peter e Olson (1996) defendem que há quatro níveis de conhecimento de produto:
classe de produto (ex. café), forma de produto (ex. instantâneo), marca do produto, e modelo
(ex. em embalagem individual, em vidro etc.). Estes autores também apresentam outra
classificação, em que três tipos de conhecimento de produto podem ser listados:
- produto como um conjunto de atributos (abstratos ou concretos);
- produto como um conjunto de benefícios (funcionais ou psicossociais);
- produto como auxiliador para satisfação de necessidades.
b) Conhecimento de compra: diz respeito às informações de que os consumidores
precisam e possuem referentes à aquisição de produtos. As informações mais básicas relativas
a este tipo de conhecimento incluem locais de compra, melhor época para comprar, meios de
acesso às lojas (quando não pela Internet), entre outras informações.
c) Conhecimento de uso: embora possa parecer estranho, alguns produtos, pelo fato de
não serem muito populares, têm suas utilidades desconhecidas por uma grande parcela da
população. Um exemplo disto são os aparelhos iPod, projetados e vendidos pela Apple
Computer. Trata-se de aparelhos criados para tocar música em formato MP3 além de alguns
possuírem suporte a fotos e vídeo. Portanto, possuir informação incompleta sobre as maneiras
ou situações possíveis em que o produto pode ser usado se constitui em uma barreira para a
sua comercialização.
Uma vez recebidas e interpretadas as informações sobre os vários tipos de produtos e
serviços oferecidos pelo mercado, acumula-se conhecimento na memória do consumidor.
1.2.1.2 Crenças
As crenças aparecem muitas vezes associadas à atitude como um par, em diversos
trabalhos. Nestes, o termo geralmente utilizado é ‘crenças e atitudes’ e não somente
‘atitudes’. Mas se faz necessário mencionar que são conceitos distintos, embora relacionados.
53
As crenças representam um conceito importante e amplamente estudado por
sociólogos, antropólogos e psicólogos. Para Benett e Kassarjian (1975) as crenças retratam o
‘conhecimento’ de um indivíduo sobre algum aspecto de seu ambiente. De forma
simplificada, pode-se dizer que crenças são as imagens mentais que uma pessoa possui a
respeito de qualquer objeto, pessoa, instituição, evento etc. Muitas vezes são evidenciadas por
expressões como ‘eu acredito em...’, ‘eu creio que...’ etc.
Fishbein e Ajzen (1975) defendem que as crenças de uma pessoa são as representações
resultantes dos julgamentos desta relativamente aos vários aspectos de seu mundo e da
compreensão que tem a respeito de si mesma. Pode-se acreditar que algo existe ou que um
determinado objeto possui certos atributos, ou que um determinado comportamento resultará
em uma conseqüência específica etc. Portanto, é a ligação entre dois aspectos do mundo de
uma pessoa, ou seja, a associação entre um objeto (que pode ser uma pessoa, um produto,
uma instituição, um fato) a uma característica ou atributo.
Bennett e Kassarjian (1975, p.101) oferecem a seguinte definição para crenças:
Uma crença (ou opinião) é uma cognição emocionalmente neutra ou um
‘conhecimento’ de um indivíduo sobre algum aspecto de um objeto do
ambiente isto é, as coisas que a pessoa ‘sabe’ que são verdadeiras, a partir
de seu próprio ponto de vista, consistindo dos fatos sobre alguma coisa,
como a pessoa os vê, num determinado momento.
E prosseguem na definição, identificando as diferenças entre crenças e atitudes:
O conceito irmão, a atitude, é, por definição, não-neutro, mas sim insistente,
dinâmico e tumultuado. Uma pessoa pode achar que os Panteras Negras
3
são
uma organização radical revolucionária, o que, para ela, é um fato uma
crença e, portanto, é neutro em sentimentos e afeto. Suas atitudes,
entretanto, não são neutras; podem ser extremamente positivas ou
extremamente negativas. Obviamente, pode-se ter uma crença sem uma
atitude associada, como por exemplo, em relação a uma marca de borracha
para lápis. O produto existe, ele pode ser necessário, mas nem o amamos
nem o odiamos. (BENNETT; KASSARJIAN, 1975, p.101, grifos nossos).
Embora os autores defendam a existência de crenças sem, necessariamente, haver uma
atitude associada àquelas, eles não consideram possível, entretanto, existir atitude sem haver
3
Grupo político-social fundado em 1966 que visava proteger e ajudar a comunidade negra de Oakland,
Califórnia, e que revolucionou o Movimento Negro Americano nos anos 1960, tendo se dissolvido em 1972.
54
também uma crença anterior, uma vez que as atitudes são formadas a partir do conhecimento
do mundo exterior.
Robertson (1984) conceitua crenças como os padrões organizados de cognições e
percepções, ou seja, o que a pessoa considera como verdadeiro a respeito de algum aspecto de
seu mundo. O autor possui a mesma idéia vista anteriormente na definição de Benett e
Kassarjian (1975), isto é, de que as crenças não possuem valência, afeto ou sentimentos,
sendo, portanto, neutras; posição esta defendida por McCarthy e Perreault (1997, p.120), que
defendem que as crenças “[...] podem ajudar a moldar as atitudes de um consumidor, mas não
envolvem, necessariamente, gostar ou desgostar.”
Todo indivíduo possui um sistema de crenças, sendo que uma crença não é,
necessariamente, tão importante quanto outra crença. Algumas são mais resistentes à
mudança, enquanto outras, menos. Quanto mais importante for uma crença, mais repercussões
podem ser esperadas em caso de haver uma mudança naquela. A força de uma crença refere-
se à probabilidade subjetiva de que o objeto em questão está associado ao atributo referido.
Nesse sentido, Peter e Olson (1996) discorrem sobre a questão da existência de crenças
proeminentes dentro do sistema de crenças do indivíduo.
As crenças são redes de significados interligados estocados na memória. Como a
cognição tem capacidade limitada, apenas algumas destas crenças podem ser resgatadas. As
crenças que são ativadas e resgatadas da memória são as proeminentes, e formam ou causam a
atitude quanto a um objeto. As crenças são ativadas e se tornam proeminentes devido a fatores
como: estímulos ambientais (pontos de venda de um produto, propaganda, embalagem),
eventos atuais, o estado de humor e emocional, e valores e objetivos ativados na situação.
Assim, uma das formas de se conhecer a atitude do consumidor é por meio da identificação e
compreensão do seu conjunto de crenças salientes ou proeminentes.
Britt (1966) apresenta algumas abordagens e características das crenças, citando
Rokeach (1963) para a identificação dos tipos de crenças existentes. A classificação apresenta
os cinco seguintes tipos:
1. crenças primitivas: são aquelas crenças ‘tomadas por certo’, não sujeitas à
controvérsia, e nas quais todas as pessoas acreditam. Por esse motivo (forte aceitabilidade),
são pouco sujeitas à mudança. Exemplo nacional: os políticos brasileiros são desonestos.
55
2. crenças referentes às experiências pessoais profundas: são também muito
resistentes à mudança, mas, ao contrário das crenças primitivas, estas não dependem de
consenso social, sendo predominantemente a respeito de fatos vividos pelo próprio indivíduo
em seu ambiente interior.
3. crenças nas autoridades: não é possível uma pessoa saber tudo a respeito de todas
as coisas do mundo em que vive. Portanto, os indivíduos escolhem pessoas e autoridades em
assuntos nos quais eles sejam leigos, desde que tais autoridades possam ser dignas de
confiança.
4. crenças periféricas: são as crenças derivadas das autoridades nas quais se acredita
serem confiáveis, ou seja, são as crenças resultantes das crenças anteriores.
5. crenças irrelevantes: são as crenças que, quando alteradas, não afetam o sistema
de crenças do indivíduo. Por exemplo, se uma pessoa considera uma celebridade mais
importante que outra, mas alguém tenta convencê-la do contrário e consegue, não há
problemas cognitivos relevantes nesta mudança de crença.
Fishbein e Ajzen (1975) classificam as crenças em três categorias, levando-se em
conta o tipo de formação destas. Os autores chamam de crença descritiva aquela que é
resultante da observação direta de um objeto e de suas características. Por exemplo, quando
um indivíduo observa um veículo de passeio e todas as suas características e atributos físicos,
pode-se dizer que a crença formada nesta situação é a crença descritiva.
A pessoa também pode formar crenças sem, necessariamente, observar eventos. Esta é
a segunda, chamada crença inferencial. Estas crenças resultam das crenças descritivas
formadas anteriormente, por meio de (a) ligações previamente aprendidas (ex. se uma pessoa
está chorando ela deve estar triste) ou por meio de (b) sistemas formais de códigos ou lógica
(ex. se A é maior que B, e B é maior que C, logo A é maior que C). Um dos aspectos mais
característicos relativos à inferência é que o indivíduo adiciona aos estímulos recebidos a sua
própria experiência passada a fim de formar seus julgamentos.
Há ainda a crença informacional, cujas fontes são externas ao indivíduo, como, por
exemplo, os meios de comunicação, leituras, grupos de referência, jornais, revistas etc.
56
As crenças são formadas a partir de certos determinantes. Young (1961 apud BRITT,
1966) utiliza a tabela de determinantes das crenças, de Lund (1925-1926), que os organiza na
ordem de freqüência em que ocorrem:
1. ensinamento e treinamento: crenças condicionadas às instruções recebidas em casa,
na igreja e na escola;
2. experiência pessoal: aceitação obtida pela experiência sensorial ou observação;
3. opinião pessoal: crenças formadas pelo que a pessoa pensa que algo é;
4. raciocínio pessoal: aceitação definida por um processo racional;
5. desejo e satisfação: crenças formadas por satisfazerem condições desejadas pela
pessoa;
6. opinião autorizada: aceitação determinada pelo prestígio conferido por meio de
oficiais e autorizados;
7. opinião pública: crenças desenvolvidas por meio da atitude geral de aceitação pela
sociedade como um todo;
8. princípio evidente: princípios que não podem ser considerados duvidosos, nem
contestados.
Embora não esteja contemplado na lista anterior, Alexander Bain apud Young (1961)
usou o termo primitive credulity’ (credulidade inicial) para se referir à aceitação das
informações, de forma fácil, pelas crianças. O que foi ensinado a elas permanecerá, a menos
que algum evento confronte a idéia inicial, fazendo com que mudem de opinião.
Para Fishbein e Ajzen (1975, p.14), as crenças representam conceitos essenciais para o
entendimento de atitude:
Baseadas na observação direta ou em informação recebida de fontes externas
ou através de vários processos inferenciais, uma pessoa aprende ou forma
um número de crenças a respeito de um objeto. Ou seja, ela associa o objeto
a vários atributos. (...) A totalidade das crenças de uma pessoa serve como a
base informacional que enfim determina suas atitudes, intenções, e
comportamentos. Nossa abordagem, portanto, enxerga o homem como um
organismo essencialmente racional, que utiliza a informação a sua
disposição para fazer julgamentos, formar avaliações, e tomar decisões.
Portanto, o processamento de informação e as crenças resultantes deste influenciam na
formação da atitude. Vale a pena observar que esta é formada considerando-se um conjunto
57
de crenças e não apenas uma, podendo inclusive haver crenças positivas e negativas
convivendo, mas a atitude formada dependerá do afeto relativo a uma crença e à outra.
1.2.2 Afeto
O afeto é uma resposta psicológica dada em determinadas situações. É resposta de
sentimento, e se refere ao que a pessoa é ou sente no próprio corpo (PETER; OLSON, 1996).
O afeto tem sido considerado por alguns pesquisadores como sinônimo de atitude pelo fato de
exercer uma forte influência na formação da avaliação geral sobre um objeto.
Cohen e Areni (1991) ressaltam a confusão conceitual existente entre afeto e atitude e
buscam esclarecer esses conceitos ao exporem que atitude trata-se de um julgamento
avaliativo, com escalas bipolares, enquanto que afeto é um estado de sentimento valorado.
A fim de esclarecer essa questão, os autores apresentam algumas propriedades únicas
pertencentes ao afeto: trata-se de uma resposta com algum nível de alerta ou excitação
corporal e o seu estado no domínio cognitivo envolveria mais que uma simples avaliação do
objeto em questão: envolveria também uma forma de identificar e gravar um estado, deixando
assim um traço afetivo, uma lembrança relativa a algo com o qual se manteve um contato
psicológico. Assim, embora o afeto possa ser transitório, ele pode deixar gravado na memória
um traço relativo àquela experiência.
Em geral, entretanto, uma atitude parece ser propensa a ser mais duradoura,
provavelmente como resultado de um grau maior de processamento e de
elaboração inicial e uma relevância funcional maior (o que causa mais
oportunidades para fortalecer as associações criadas). (COHEN; ARENI,
1991, p.190)
Os autores também não concordam com a adoção de um único termo como sinônimo
para atitude e afeto. Para eles, atitude se refere a processos de avaliação de objetos ou pessoas
bem como lembranças de coisas que foram aprendidas, ou seja, trata-se de um julgamento
avaliativo. O afeto, por sua vez, é representado por resíduos de estados emocionais altamente
envolventes, conforme já mencionado, ou seja, resulta em traços afetivos despertados por um
objeto com o qual o indivíduo teve um contato representativo. Essa memória afetiva criada
em torno de um produto pode ser resultante da associação deste com pessoas ou eventos com
58
apelo afetivo, de experiências agradáveis ou desagradáveis, e da experiência vicária, ou seja,
da observação do uso do produto por outras pessoas.
Outros termos constantemente utilizados como sinônimos de afeto são a emoção e o
humor. Para Cohen e Areni (1991) afeto é um estado de sentimento não neutro (valorado),
gerando traços afetivos, enquanto que emoção e humor são exemplos específicos de tal
estado, são respostas afetivas. Emoção, por sua vez, é mais intensa que o humor, focando
muito mais no estímulo do qual é resultante. O humor pode ser evocado e mantido sem
consciência do estado de sentimento envolvido, sendo, portanto, um estado menos
intensamente afetivo.
Alguns psicólogos distinguem dois aspectos do afeto: estados sentidos no corpo, como
raiva ou depressão, e estados psicológicos que resultam da interpretação do indivíduo.
Newcomb (1950 apud BRITT, 1966) considera que tanto o conceito de emoção quanto o
conceito de sentimento estão inclusos na idéia mais abrangente do que é afeto. Gade (1980,
p.83) confirma essa proposição ao dizer que “o componente afetivo ou de sentimento se
relaciona com as emoções ligadas ao objeto, o qual é sentido como amado ou odiado, querido
ou detestado. Os sentimentos parecem formar um núcleo de emoções a favor ou contra.”
Uma pessoa pode manifestar o afeto que sente por meio de diferentes tipos de
respostas afetivas (PETER; OLSON, 1996): (a) emoções, que envolvem grande resposta
fisiológica e possui forte nível de intensidade; (b) sentimentos específicos, que podem ser
menos intensos e com menos resposta fisiológica; (c) humor, ou seja, quanto menos humor,
menos afeto envolvido; e (d) avaliação, que representa a resposta afetiva fraca em intensidade
com baixa ou nenhuma resposta fisiológica.
O sistema afetivo de uma pessoa pode ter até cinco características básicas (PETER;
OLSON, 1996):
1. muito reativo não planeja, não toma decisões nem tenta atingir objetivos; mas
responde imediata e automaticamente aos aspectos significativos do ambiente;
2. não controlado diretamente pelo consumidor ocorre nos casos em que o sistema
afetivo pode ser controlado apenas indiretamente pelo consumidor, ou por meio de mudança
de comportamento ou de ambiente.
59
3. respostas afetivas são sentidas no corpo o indivíduo demonstra o que está
sentindo por meio de uma linguagem corporal específica, como suor nas mãos, o rosto
franzido, a pupila dos olhos dilatada, aceleração dos batimentos cardíacos etc.
4. pode responder a virtualmente qualquer tipo de estímulo um objeto, uma situação
social, o próprio comportamento ou o pensamento.
5. a maioria das respostas afetivas é aprendida como no caso das avaliações e
sentimentos, o aprendizado das respostas afetivas também ocorre por meio da socialização
vivenciada já na infância, diferindo assim entre países e culturas.
1.2.3 Conação
A conação representa mais um item relacionado à atitude. Trata-se do aspecto
comportamental ou das intenções comportamentais de um indivíduo relativamente ao objeto
da atitude. Sua importância pode ser atribuída ao fato de que as atitudes são, muitas vezes,
descobertas somente por meio dos comportamentos resultantes delas. Schiffman e Kanuk
(2000, p.167) defendem que “uma vez que resultam de processos psicológicos, as atitudes não
são diretamente observáveis, mas devem ser deduzidas a partir do que as pessoas dizem ou
fazem”.
Gade (1980, p.84) resume da seguinte maneira o componente conativo ou
comportamental:
O componente comportamental tem sido encarado como uma provável
predisposição para a ação. Se o indivíduo tem uma atitude favorável em
relação a determinado objeto, terá uma predisposição para agir
favoravelmente, e, se tem uma atitude negativa, deverá agir
desfavoravelmente. [...] A tendência à ação é constituída em parte por
respostas aprendidas e remete à experiência passada.
E, posteriormente, Gade (1998, p.27) conceitua o comportamento como “[...] uma
manifestação externa de processos psicológicos internos, de respostas aos estímulos que são
processados e transformados em informações aprendidas e memorizadas.”.
Embora a atitude possa, na maior parte das vezes, ser deduzida por meio da
observação de comportamentos, há situações em que tal correspondência não acontece. Em
60
muitos casos as atitudes são apenas razoavelmente coerentes com o comportamento que
refletem, pois, muitas vezes, dependendo da disponibilidade ou não de recursos, ou da
situação vivida pelo consumidor, as atitudes podem, eventualmente, não corresponder com o
comportamento evidenciado. Por exemplo, um indivíduo que possui uma atitude bastante
positiva quanto a um determinado hotel, sempre que possível se hospeda nele em suas férias.
Entretanto, em um determinado período de seu ciclo de vida ou em circunstâncias de
contenção de despesas, se sentirá forçado a escolher outro hotel, mais barato ou mais
adaptado à sua situação atual. Isso não significa que tal indivíduo deixou de apreciar o hotel
de que tanto gostava e onde costumava sempre se hospedar. Portanto, não se deve concluir
uma atitude apenas pelo comportamento observável, mas considerar também que a situação
será determinante nas escolhas de consumo.
As atitudes podem variar muito de acordo com sua especificidade. As pessoas podem
ter uma atitude relativa a restaurantes fast-food dependendo da companhia e da situação do
momento: se estiver com pressa e sozinha, a pessoa avaliará a loja de comida rápida de uma
forma geralmente positiva; se estiver acompanhada e dispuser de um longo tempo disponível
para o almoço, provavelmente escolherá um outro tipo de restaurante, fazendo com que, neste
caso, o restaurante fast-food não seja tão atraente, sendo avaliado de forma desfavorável nesta
situação.
Dessa forma, é possível listar os motivos de não-aderência das atitudes com o
comportamento observado do consumidor (WILKIE, 1994):
a) o papel da atitude é geralmente mais fraco em compras de pouco envolvimento do
consumidor, como por exemplo, as compras freqüentes, de baixo valor, ou de conveniência;
b) nem todas as atitudes estão relacionadas a comportamentos. Ex: a avaliação geral
de alguém sobre um Porsche é positiva, embora ela não influencie o comportamento da
pessoa, devido à impossibilidade financeira de adquiri-lo;
c) os consumidores possuem atitudes positivas em relação a várias marcas
concorrentes. Ex: uma pessoa pode avaliar favoravelmente diversas marcas de iogurte e
comprar, dentre estas, sempre a que estiver em promoção;
d) efeitos situacionais podem alterar planos de compra. Ex: falta do produto em
estoque, liquidações de outra marca considerada boa etc;
e) conforme já mencionado no exemplo do hotel, fatores pessoais e econômicos
podem afetar as escolhas e, conseqüentemente, o comportamento de compra;
61
f) a opinião dos outros pode significar alteração na decisão de consumo, ainda que tal
decisão possa ser contrária à atitude existente a respeito do objeto do consumo.
Para McNeal (1982), a incoerência entre atitude e comportamento pode ocorrer
também por causa dos seguintes motivos:
erros de pesquisa ou pesquisas mal feitas;
inadequação na expressão da atitude, pois as pessoas podem não conhecer ou não
expressar adequadamente seus próprios sentimentos, além do desconforto causado por
questões muito pessoais;
espaço de tempo longo entre a pesquisa sobre atitude e o comportamento (as
atitudes podem ter mudado neste período);
o comportamento é situacional, ou seja, muitos fatores podem interferir no
momento da compra, fazendo com que o consumidor não decida conforme sua atitude, mas
com base em promoções do concorrente, indisponibilidade do produto em estoque, falta de
recursos necessários, etc.
Wells (1961 apud BRITT, 1966) apresenta uma lista de predisposições do consumidor
para a compra, ou seja, uma classificação de possíveis tipos de intenção comportamental:
intenção firme e imediata para comprar uma marca específica. Ex. comprarei um
destes logo mais ou em breve;
intenção positiva, mas sem planos definidos de compra. Ex. tenho certeza de que
comprarei um dia; provavelmente comprarei um em algum momento;
neutralidade (poderia comprar e poderia não comprar). Ex: posso comprar um dia
desses; poderia comprar um, mas duvido que o faça;
inclinação a não comprar a marca. Ex: não estou interessado em comprar isto;
indefinição sobre comprar a marca. Ex: provavelmente nunca comprarei um;
firme intenção de não comprar a marca. Ex: se ganhasse um, jogaria fora;
nunca considerou tal compra. Ex. nunca ouvi falar dessa marca.
62
1.3 As abordagens teóricas da atitude
Atitude, como já mencionado no início do capítulo, é um conceito fundamental para
uma compreensão mais clara sobre a maneira como os indivíduos se comportam e fazem suas
escolhas de consumo. Apesar disso, não há atualmente entre os pesquisadores um consenso
que levaria a um conceito definitivo sobre o que é atitude. As definições atuais possuem
pontos em comum entre elas, mas não chegam a se constituir em uma única teoria definida
sobre o tema.
O ponto de concordância entre os pesquisadores repousa sobre os três conceitos vistos
anteriormente: cognição, afeto e conação. As diferenças se referem à maneira de considerar a
atuação desses três componentes e como eles influenciam e são influenciados na formação das
atitudes.
Alguns autores consideram apenas o afeto como componente formador da atitude
(perspectiva unidimensional), outros defendem que a atitude é composta por cognição e afeto
(perspectiva bidimensional) sendo que o comportamento é conseqüência; e ainda há uma
corrente que considera que cognição, afeto e conação devam ser considerados, os três, como
componentes das atitudes (perspectiva tridimensional ou tripartite). Essas três correntes de
pensamento não esgotam as muitas definições existentes sobre o tema, havendo ainda outras
considerações por parte de outros autores (atitude formada apenas pela cognição, por
exemplo). O presente trabalho se limitará a discorrer sobre essas três perspectivas citadas a
fim de oferecer uma visão geral sobre o assunto, sem, no entanto, encerrar todas as
possibilidades.
1.3.1 Atitude sob a perspectiva unidimensional
Retomando o conceito de Thurstone (1931) apresentado no subitem 1.1 (Origem dos
estudos sobre atitude), atitude pode ser conceituada como a quantidade de afeto que um
indivíduo possui a favor ou contra um objeto. Essa foi uma das primeiras definições do termo
e representa a posição dos pesquisadores que consideram a atitude apenas como gostos e
aversões por qualquer coisa que possa ser avaliada dentro do universo de conhecimento do
63
indivíduo, incluindo desde o produto em si até lojas e marcas, considerando-se o contexto do
comportamento do consumidor.
Alguns pesquisadores concordam com esse conceito mais simples de atitude, ou seja,
de que esta é formada apenas pelo componente afetivo, enquanto que as crenças (cognição) e
a intenção comportamental (conação) são vistas como relacionados à atitude, mas não fazem
parte de sua composição, sendo, portanto, conceitos cognitivos separados, de acordo com a
abordagem unidimensional.
Daniel Katz, apud Kassarjian e Robertson (1968, p.121) apresenta a visão
unidimensional de conceituação das atitudes:
Esta visão assume um modelo irracional do homem: especificamente
defende que os homens possuem poderes muito limitados de razão e
reflexão, capacidade fraca para discriminar, somente os mais primitivos
discernimentos próprios, e memórias muito curtas. Sejam quais forem as
capacidades mentais que as pessoas possuam, são facilmente dominadas por
forças e apelos emocionais que servem aos interesses próprios e à vaidade.
Assim, uma parte dos estudiosos sobre atitude se posiciona a favor da conceituação
desta apenas como sentimento, favorável ou desfavorável, separando os componentes
cognitivos e conativos, e considerando-os como conceitos separados.
Mowen e Minor (1998) apresentam o modelo experiencial/direto como explicação
para o conceito unidimensional da atitude. Neste, os autores defendem que, apesar da
aceitação ampla relativa ao modelo de três componentes, fortes evidências sugerem que tanto
as crenças quanto os sentimentos (afeto) residem em sistemas fisiológicos distintos, ou seja,
as primeiras seriam partes de um sistema cognitivo, enquanto que os sentimentos estariam
relacionados ao sistema nervoso automático. Assim, o sistema cognitivo seria influenciado
por princípios de aprendizagem cognitiva
4
, e o sistema nervoso por princípios de
condicionamento clássico
5
. Isso levou os autores a distinguir crenças de atitudes, sendo que as
primeiras ilustram o conhecimento cognitivo sobre o objeto enquanto as atitudes são respostas
afetivas e emocionais relativas ao mesmo.
4
Aprendizagem cujo foco são os processos mentais do indivíduo, que sofrem influências internas e externas, e
que buscam a resolução de problemas de forma estruturada a partir do processamento de informação.
5
Aprendizagem comportamental que ocorre por meio da associação entre estímulos e respostas e da repetição,
cujo resultado é um aumento da força das associações.
64
Rodrigues (1972, p.395) concorda com essa visão ao concluir que a atitude “[...]
refere-se a um sentimento pró ou contra um objeto social, sendo que este pode ser uma
pessoa, um acontecimento social, ou qualquer produto da atividade humana.”.
Conclui-se, portanto, de acordo com as conceituações vistas, que a atitude é
sentimento, podendo ou não sofrer as influências das crenças, e resultando em tendências a
agir de forma coerente com tais sentimentos.
1.3.2 Atitude sob a perspectiva bidimensional
Não existe consenso, entre os pesquisadores, a respeito da perspectiva unidimensional.
Arnold (1960, apud COHEN; ARENI, 1991, p.201) postula que “[...] mesmo as respostas
afetivas intensas requerem uma avaliação cognitiva a fim de gerar a resposta comportamental,
e, além disso, a avaliação cognitiva media a própria resposta afetiva.”.
Assim, alguns autores adotam a perspectiva bidimensional (Ilustração 1) para
conceituar atitudes, ou seja, consideram que estas representam a soma das crenças e dos
sentimentos de uma pessoa, o que a leva a se comportar de acordo com uma determinada
tendência. Nessa ilustração a atitude é vista como formada apenas pelos componentes
cognitivo e afetivo, sendo que a intenção comportamental e o comportamento real são
considerados resultantes da atitude.
Ilustração no. 1 - A perspectiva bidimensional da atitude.
FONTE: ENGEL et al, 2000, p.241
Sentimentos Crenças
Atitude
Intenção
Comportamental
Comportamento
65
Daniel Katz (apud KASSARJIAN; ROBERTSON, 1968, p.121) complementa a visão
bidimensional, enfatizando o papel da cognição neste processo (papel este não considerado na
perspectiva unidimensional) ao invocar o modelo do homem racional:
Assume-se que o ser humano possui um córtex cerebral, e que ele busca
compreender e persistentemente se esforça em encontrar sentido para o seu
mundo, que ele possui poderes distintivos e racionais que serão confirmados
de tempos em tempos, e que ele é capaz de auto-crítica e de auto-
compreensão.
Portanto, sob essa perspectiva, a atitude não se limita apenas aos sentimentos e afetos
do indivíduo por um objeto, pessoa ou situação, mas amplia o conceito englobando também
os aspectos racionais e cognitivos utilizados na avaliação geral.
Myers e Reynolds (1975, p.172) retomam o significado inicial da palavra atitude antes
de esta ser assumida pelos psicólogos (algo como ‘postura e disponibilidade para certo tipo de
ação’) para enfatizar a tendência comportamental a partir da formação da atitude:
Quando dizemos que certa pessoa tem uma atitude particular, queremos
significar que certos comportamentos estão implicados na atitude e ocorrem
com mais facilidade que outros. O componente ação sugere a relação entre
as atitudes e as forças motivacionais, [...] há muitas vezes um componente
motivacional numa atitude dada. [...] Outra maneira de considerar as atitudes
é vê-las como combinação de fatores emocionais e cognitivos. (grifos
nossos)
Fazio (1986 apud ESPINOZA, 2004) resume a abrangência do conceito de atitude em
dois pólos, um quente (afeto) e um frio (cognição), ressaltando a perspectiva bidimensional:
Atitude é essencialmente uma associação entre um dado objeto e uma dada
avaliação. Essa avaliação pode variar entre um afeto ‘quente’, associado com
uma forte resposta emocional, e um julgamento ‘frio’ baseado na cognição
em relação a favorabilidade ao objeto.
Nos casos em que o indivíduo tem que responder rapidamente, sem tempo suficiente
para analisar as alternativas e a natureza do problema, em que há poucas opções de escolha,
em que suas necessidades emocionais mais profundas estão em jogo, a tendência é que ele
reaja conforme a abordagem irracional, ou seja, sob uma perspectiva afetiva. Quando ele tiver
mais contato com o ambiente, mais tempo para obter feedback da realidade, maior número de
escolhas realistas, seu comportamento será mais pautado pelo uso da racionalidade.
66
1.3.3 Atitude sob a perspectiva tridimensional
Cohen e Areni (1991, p.188) apresentam uma perspectiva histórica sobre o surgimento
das primeiras reflexões sobre os termos cognição, afeto e conação:
Em suas revisões filosóficas e teóricas das influências internas no
comportamento, Hilgard (1980) e Isen e Hastorf (1982) notaram a
recorrência do tema da conceituação tripartite ou trilogia da mente. [...]
Leibnitz (1714) e Kant (1781) estavam entre os primeiros a formalmente
tratar cognição, afeto, e conação como atividades fundamentalmente mentais
envolvendo faculdades separadas.
Isen e Hastorf (1982, apud COHEN; ARENI, 1991) atentam para o fato de que essa
integração entre os três componentes não ocorreu durante o século XX, havendo a
predominância da conação e da cognição em um primeiro estágio. Ao afeto foi atribuído um
papel subordinado, considerado mais como um aspecto funcional do comportamento ou
apenas como um componente de avaliação, geralmente sendo ignorado ou tendo sua
influência minimizada.
6
Quando o assunto se tornou mais estudado e ganhou importância entre os psicólogos
sociais, descobriu-se que os estados afetivos influenciavam nos seguintes aspectos pessoais:
lembrança, julgamentos avaliativos, associações livres, categorizações de estímulos familiares
e/ou novos, regras de decisão nas tarefas de escolha, e estratégias de negociação em tarefas de
barganha, o que tornou evidente que o conceito afetivo não poderia mais ser ignorado.
Assim, com base em teorias psico-analíticas, a partir de 1930 as empresas e os
profissionais de propaganda passaram a enxergar o consumidor por meio de suas emoções, o
que fez com que os apelos emotivos se tornassem “[...] a ordem do dia, refletindo uma nova
visão dos consumidores como seres emotivos [...]” (ROBERTSON et al, 1984, p.13).
Voltando às diferentes visões dos pesquisadores, atualmente entende-se por
perspectiva tridimensional da atitude aquela em que o termo é utilizado como um conceito
6
Affect has frequently been assigned a subordinate role for example, as a functional aspect of goal-directed
behavior and performance feedback (hence blended into conation) or as a component of evaluation (hence
blended into cognition). Often it was simply ignored or its disruptive influence on more orderly cognitive
operations minimized, lest insights into more important areas of human functioning be compromised. (COHEN;
ARENI, 1991, p.189)
67
formado pelos três componentes inter-relacionados: cognição, afeto e conação. Apenas
retomando os conceitos vistos:
- os componentes cognitivos: representados pelas crenças, são as informações,
pensamentos, conhecimentos, opiniões, descrições, idéias e convicções sobre um objeto ou
conceito;
- os componentes afetivos ou emocionais: são os sentimentos e emoções estimulados
pelo objeto da atitude;
- os componentes comportamentais: representados pela conação, são as ações ou
intenções comportamentais, ou seja, as tendências a agir de determinada maneira em relação
ao objeto da atitude.
Bennett e Kassarjian, (1975, p.102) entendem atitude como sendo “[...] um conjunto
de regularidades dos sentimentos, pensamentos e predisposições do indivíduo para comportar-
se com respeito a algum aspecto do mundo. É um desencadeamento de ação [...]”.
A definição de Boone e Kurtz (1998, p.179-180) ratifica a idéia da perspectiva
tripartite:
Uma atitude possui componentes cognitivos, afetivos e comportamentais. O
componente cognitivo se refere à informação e conhecimento do indivíduo
sobre um objeto ou conceito. O componente afetivo lida com os sentimentos
ou reações emocionais. O componente comportamental envolve tendências
para agir de um certo modo.
Kotler (2000, p. 196-197) enfatiza a distinção existente entre crenças e atitudes,
conforme já mencionado, ressaltando a maior complexidade que encerra o conceito de atitude:
Uma crença é o pensamento descritivo que uma pessoa mantém a respeito
de alguma coisa. As crenças podem ter como base conhecimento, opinião ou
fé. Elas podem ou não conter uma carga emocional. [...] uma atitude
corresponde a avaliações, sentimentos e tendências de ação duradouros,
favoráveis ou não, a algum objeto ou idéia. As pessoas têm atitudes em
relação a quase tudo: religião, política, roupa, música, comida. As atitudes
predispõem as pessoas a gostar ou não de um objeto, o que as aproxima ou
afasta dele. As atitudes levam as pessoas a se comportar de maneira
razoavelmente coerente em relação a objetos semelhantes.
E Sheth et al (2001, p. 368-369) confirmam a distinção entre os três componentes da
atitude, ao dissertarem que:
68
Cognições ou pensamentos sobre marcas ou objetos também são chamados
de crenças. Mais especificamente, crenças são expectativas quanto ao que
alguma coisa é ou não é, ou quanto ao que determinado objeto fará ou não
fará. [...] O afeto são sentimentos que uma pessoa tem em relação a um
objeto, ou emoções que o objeto evoca para a pessoa. [...] Finalmente, a
conação é a ação que uma pessoa deseja realizar em relação ao objeto.
Os componentes que formam a atitude, sob a perspectiva tridimensional, atuam de
forma hierárquica relativamente ao grau de envolvimento do consumidor. Assim, podem ser
listadas três situações que apresentam seqüências diferentes (SHETH et al, 2001):
- hierarquia de aprendizado ou racional: o consumidor pensa primeiro, em seguida
sente e por fim age;
- hierarquia emocional: o consumidor primeiro sente, depois age e pensa por último,
ou seja, analisa e aprende somente depois de ter agido (consumido);
- hierarquia de baixo envolvimento: “[...] refere-se à seqüência em que os três
componentes ocorrem na tomada de atitude da pessoa em relação a objetos de pouco interesse
em sua vida. Esse modelo tem a seqüência de conação, afeto e cognição [...]” (SHETH et al,
2001, p.371).
Solomon (1999) também aborda os três componentes por meio de hierarquias, sendo
estas bastante semelhantes às descritas anteriormente:
- hierarquia de aprendizado padrão: a atitude é baseada no processamento cognitivo
da informação, o que faz com que o consumidor pense primeiro, depois sinta e aja por último;
- hierarquia de baixo envolvimento: a atitude é baseada em processos
comportamentais de aprendizagem, isto é, o consumidor age, sente e pensa. Nesse caso,
quanto menor o envolvimento do consumidor, mais importantes são os estímulos de
marketing, como a embalagem, que será vista no capítulo 2;
- hierarquia experimental: a atitude é baseada no consumo hedônico (prazer) e nas
emoções, o que leva o consumidor a sentir primeiro, e depois agir e pensar.
Essa perspectiva evidencia a idéia de que as atitudes podem ser fortemente
influenciadas por atributos intangíveis de produtos, como o desenho de uma
embalagem [...] o que faz com que as atitudes resultantes sejam afetadas por
motivações hedônicas do consumidor, como o sentimento e o divertimento
despertados pelo uso do produto. (SOLOMON, 1999, p.210)
69
Há um debate nessa última hierarquia a respeito da independência da cognição e do
afeto. O modelo cognitivo-afetivo defende a dependência entre ambos (hierarquia de
aprendizado ou racional), sendo que o afeto vem por último. Mas existe a hipótese da
independência, que defende que o afeto e a cognição são sistemas separados e parcialmente
independentes, o que faz com que as respostas afetivas não requeiram, necessariamente, que
respostas cognitivas tenham acontecido antes das mesmas. Tal hipótese não elimina o papel
da cognição nas experiências de consumo, apenas leva em consideração também os aspectos
estéticos e subjetivos de tais experiências, equilibrando a visão tradicional e racional de
decisão de compra.
Independentemente das hierarquias apresentadas, os três componentes são
interdependentes e influenciam um ao outro (na perspectiva tripartite), fazendo com que o que
as pessoas pensam, como sentem e como se comportam sejam coerentes entre si. A Ilustração
2 representa a visão tradicional dos componentes das atitudes:
Ilustração no. 2 Visão Tradicional dos Três Componentes da Atitude
FONTE: ENGEL et al, 2000, p.240.
McDougall (1923, p. 266) expõe a relação entre os três componentes da seguinte
forma:
… é geralmente admitido que todas as atividades mentais possuem estes três
aspectos, cognitivo, conativo, e afetivo; e quando nos referimos a qualquer
um destes três adjetivos a qualquer fase do processo mental, nós
simplesmente queremos dizer que este determinado aspecto é o mais
proeminente dos três naquele momento. Cada ciclo de atividade possui este
triplo aspecto; embora cada um tenda a experimentar fases nas quais
cognição, conação e afeto são mais ou menos proeminentes.
Atitude
Componente
Cognitivo
(Crenças)
Componente
Afetivo
(Sentimental)
Componente
Conativo (Intenções
Comportamentais)
70
Wilkie (1994) também defende a perspectiva de três componentes, conhecida por
think-feel-do perspective. Para ele, todo comportamento é uma combinação de dimensões
mentais, emocionais e físicas, ou seja, o que o indivíduo pensa (conhecimento) corresponde
ao componente cognitivo da atitude, o que sente (emoções) corresponde ao componente
afetivo, e como se comporta (tendências) está relacionado ao componente conativo.
Assim, a atitude pode ser considerada como uma avaliação geral, favorável ou não,
que um indivíduo possui sobre determinado objeto, formada pelas crenças e opiniões sobre
este, e que faz com que ele aja de acordo com esta opinião que possui. Tal avaliação
geralmente se forma a partir de experiências pessoais ou de outrem, ou pela obtenção de
informações provenientes do mundo exterior. Bagozzi (2000, p.99) entende que:
As atitudes capturam a apreciação de um produto ou serviço e são
modeladas em função das crenças do indivíduo em relação às características
do produto ou serviço e das suas avaliações sobre essas características, onde
as avaliações são construídas a partir de julgamentos de “bom-ruim” e do
quanto o indivíduo gosta do objeto.
Outros autores apresentam conceituações que enfocam a perspectiva de que atitude é
avaliação geral favorável ou desfavorável, e de que os sentimentos são resultantes desta
avaliação:
Uma atitude é um complexo de sentimentos, desejos, medos, convicções,
preconceitos, ou outras tendências que fornecem ao indivíduo uma prontidão
para agir por causa de experiências diversas. (CHAVE, 1928, p.366)
Hawkins et al (1998) fornecem uma conceituação bastante abrangente sobre atitude,
com ênfase na sua formação a partir das experiências resultantes dos processos da motivação
e da aprendizagem:
Atitude é uma organização duradoura de processos motivacionais,
emocionais, perceptuais e cognitivos com relação a algum aspecto de nosso
ambiente. [...] Portanto, uma atitude é o modo como pensamos, sentimos, e
agimos relativamente a algum aspecto de nosso ambiente como uma loja, um
programa de televisão, ou um produto. [...] É uma orientação geral quanto a
um objeto. (HAWKINS et al, 1998, p.396-397, grifo nosso).
E Gade (1980) complementa a definição anterior, acrescentando e enfatizando os
aspectos tanto da predisposição interna para a avaliação quanto da disposição para a ação:
71
O conceito de atitude é estudado na psicologia do consumidor, porque, por
atitude, podemos entender a predisposição interna de um indivíduo para
avaliar determinado objeto, ou aspecto, de forma favorável ou desfavorável,
o que poderá ser uma das variáveis a decidir no consumo. Existe um sem-
número de definições de atitude em psicologia, podendo os elementos
característicos assinalados pelos diversos autores ser (sic) resumidos da
seguinte forma: trata-se de uma organização psíquica resultante de processos
cognitivos, perceptivos e motivacionais, tendo como conseqüência
sentimentos a favor ou contra, o que leva a uma disposição para agir em
direção a determinado objeto. (GADE, 1980, p.83, grifos nossos).
Na conceituação oferecida por Tomanari, o componente cognitivo ganha destaque na
medida em que a autora entende a atitude como resultante das experiências, da cultura e do
convívio familiar e social:
Atitude é uma avaliação apreendida (através de experiências, cultura,
família) favorável ou desfavorável a um determinado objeto, pessoa, grupo,
idéia, organização ou evento que gera uma predisposição a agir em relação
a esse objeto, pessoa, grupo, idéia, organização ou evento de forma coerente
com determinado valor social. (TOMANARI, 2003, p.305)
Boone e Kurtz ressaltam uma das principais características das atitudes: a sua
durabilidade e resistência à mudança:
Atitudes são avaliações próprias duradouras favoráveis ou desfavoráveis
ou sentimentos e tendências pró-ativos em relação a algum objeto ou dado.
Desenvolvidas ao longo do tempo através das experiências individuais e
contatos de grupo, são altamente resistentes a mudanças. (BOONE; KURTZ,
1998, p.179-180)
Resumindo as conceituações apresentadas, pode-se concluir que a atitude é uma
avaliação duradoura favorável ou desfavorável, direcionada a um determinado objeto, e que
se forma a partir das crenças atribuídas a este objeto e dos sentimentos provocados pelo
mesmo no indivíduo, o que o leva a certa tendência de ação coerente com tal avaliação. Isso
não anula o papel exercido pelos três componentes estudados, mas apenas os reclassifica
como formadores da avaliação geral e não como sinônimos entre si.
Fishbein e Ajzen (1975, p.15) concordam que “[...] a atitude pode ser descrita como
uma predisposição aprendida para responder de maneira consistentemente favorável ou
desfavorável com relação a um dado objeto [...], e está relacionada ao afeto total associado às
crenças, intenções e comportamentos.” Assim, pode-se concluir que, a atitude, sendo uma
72
avaliação geral ou uma predisposição a agir, guiará o indivíduo a um conjunto de intenções
possíveis de comportamento e, finalmente, a um comportamento cujo afeto relativo ao mesmo
também pode ser aplicado ao afeto sentido pelo objeto em questão.
Petty et al (1991, p.242) sumarizam esse conceito de forma muito interessante, ao
enfatizar que os três componentes podem servir como base para a atitude, e esta, por sua vez,
como orientação para as respostas relativas aos três componentes:
[...] é útil considerar as atitudes como avaliações globais e relativamente
duradouras (isto é, armazenadas na memória de longo prazo) de objetos,
assuntos, ou pessoas [...] Estas avaliações podem se basear em informações e
experiências comportamentais, cognitivas, e afetivas, sendo capazes de
orientar as respostas comportamentais, cognitivas e afetivas [...].
Robertson (1984, p.246) também apresenta uma conceituação abrangente sobre
atitude, ao defini-la como sendo uma orientação psicológica interna:
[...] atitude, portanto, é por definição não neutra [...] e geralmente age como
um mecanismo causador do comportamento. [...] Quando os psicólogos
sociais discutem atitudes, eles enfatizam que atitudes são construtos
hipotéticos, isto é, orientações psicológicas internas. Uma atitude é uma
variável mediadora hipotética que age a fim de organizar os estímulos
ambientais. Um consumidor percebe um estímulo (produto), usa a atitude
(predisposição aprendida) para categorizar este estímulo favorável ou
desfavoravelmente, e então se comporta quanto àquele estímulo (compra ou
não compra) com base na avaliação. Atitudes, então, são orientações que
existem dentro da mente do consumidor.
Para Rodrigues (1972) a atitude é vista como uma variável interveniente (ou
mediadora, conforme conceituação de Robertson, 1984) e que pode ser inferida de um fato,
mas não sendo, ela mesma, diretamente observável. Em sua própria conceituação, atitude é
“[...] uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva
pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a uma ação coerente com as
cognições e afetos relativos a este objeto.” (RODRIGUES, 1972, p.411).
Assim como as crenças, as atitudes podem ser mais ou menos estáveis, dependendo do
seu objeto de avaliação. Como um indivíduo pode ter muitas crenças a respeito de um mesmo
objeto, a sua atitude relativa ao mesmo pode ser resultante de um grupo de crenças mais
salientes naquele momento. Estas crenças mais salientes também podem mudar, se tornando
73
mais fortes, mais fracas, ou mesmo sendo substituídas por outras. O consumidor avalia um
produto com base em uma série de características ou atributos que o mesmo possui, mas, para
facilitar tal avaliação, escolhe um ou dois atributos que considera mais importantes e
classifica os produtos nesta base.
A fim de mensurar a atitude de um indivíduo, Fishbein e Ajzen (1975) consideram
suficiente o uso das primeiras cinco até nove crenças salientes relativas a um objeto. Um
problema apresentado nesse acesso das crenças salientes é que, conforme o tipo de medição
de atitude, as crenças salientes da pessoa podem ser substituídas pelas crenças do
questionário, por exemplo, podendo influenciar o fenômeno que se está investigando.
Tomando-se por base os conceitos vistos até aqui, pode-se chegar às seguintes
conclusões relativamente à atitude:
é uma organização duradoura do conhecimento que se tem a respeito de um objeto,
que pode resultar em sentimentos a favor ou contra tal objeto, levando o indivíduo a se
comportar de forma coerente com tal avaliação;
são predisposições mentais, portanto as atitudes não podem ser diretamente
observadas;
são aprendidas e, portanto, são afetadas pela experiência ou contato direto com um
objeto, pela interação com outras pessoas, e por meio dos esforços de marketing, como
propaganda e venda pessoal;
apesar de duráveis, as atitudes podem ser mudadas;
são predisposições para responder, ou seja, causam uma resposta consistente, e
dessa forma, podem estar relacionadas ao comportamento real, precedendo-o e produzindo-o;
refletem o que os indivíduos pensam, como sentem e como se comportarão;
dentre seus objetos de avaliação estão produtos, lojas, marcas, estilos etc.
Portanto, o que mais diferencia atitude de outros conceitos é a sua natureza avaliativa
com carga afetiva.
74
1.4 Funções das atitudes
Devido a sua natureza afetiva e de julgamento, as atitudes são fundamentais tanto para
as empresas e pesquisadores quanto para o próprio consumidor, pois exercem influência em
muitos comportamentos e decisões, inclusive reduzindo o esforço necessário no processo
decisório. As atitudes influenciam o julgamento e a compreensão de alguém sobre algo, a sua
eficiência em aprender, sua reação aos outros, sua personalidade e sua filosofia de vida.
A formação das atitudes não acontece de forma aleatória e sem um objetivo (ainda que
inconsciente), mas sim a fim de satisfazer necessidades corriqueiras de uma pessoa, dando
sentido ao seu mundo, coerência ao comportamento observado e oferecendo uma estrutura
sobre a qual se apoiar para que possa resolver as questões que surgem no dia-a-dia. Como
Gade (1980, p.85) descreveu, “esta estrutura fornece predisposições e padrões de resposta que
facilitam o processo decisório.”.
Rodrigues (1972) enfatiza a importância da atitude, a partir da apresentação de três
principais motivos:
1. as atitudes são bons preditores do comportamento, possibilitando que se façam
inferências;
2. as atitudes desempenham funções importantes para o consumidor, como a
formação de uma idéia sobre a realidade e a proteção da auto-imagem;
3. as atitudes promovem o bem estar geral da sociedade (relacionamentos x
mudanças de atitude).
Lambert e Lambert (1964 apud BRITT, 1966, p.138) acreditam que as pessoas “[...]
desenvolvem atitudes no processo de lidar com o ambiente social e que, uma vez
desenvolvidas, as atitudes facilitam o ajustamento por meio da regularização das reações dos
indivíduos aos eventos recorrentes.” A partir desta declaração, pode-se dizer que, de modo
geral, as atitudes evitam com que os indivíduos tenham que se colocar em situações
avaliativas a cada vez que tiverem contato com um objeto, pessoa ou circunstância,
facilitando, dessa forma, suas decisões diárias.
Há algumas teorias que apresentam as funções desempenhadas pela atitude e o motivo
pelo qual são formadas e úteis aos consumidores. Dentre as mais conhecidas se encontra a
75
Teoria Funcional da Atitude, do psicólogo Daniel Katz (1960). Nesta, Katz defende que as
atitudes possuem, basicamente, quatro funções distintas que moldam o comportamento:
função utilitária, função de defesa do ego, função expressiva de valor e função de
conhecimento, explicadas a seguir.
A função utilitária está relacionada aos atributos e à utilidade do objeto ou do produto,
e se baseia em recompensas e punições, em oportunidades de sentir prazer e dor fornecidas
pelo objeto. Assim, as pessoas possuem a tendência de formar atitudes favoráveis relativas a
objetos que são recompensadores para elas, e atitudes desfavoráveis àqueles que não trazem
recompensas, mas punições. Essa função, também chamada instrumental ou ajustiva, busca
evitar situações desagradáveis e proporciona a simplificação das decisões de consumo diárias,
uma vez que a atitude então orienta o consumidor em seus gostos e aversões.
A função de defesa do ego pode ser explicada como uma tentativa de manutenção e
defesa da auto-imagem do indivíduo, sendo formada para protegê-lo de ameaças externas,
impulsos inaceitáveis ou sentimentos internos de inferioridade, garantindo assim a
atratividade social do mesmo. Os instrumentos utilizados na defesa do ego não são
conhecidos conscientemente pelo indivíduo.
A função expressiva de valor ou de auto-expressão é a manifestação dos valores já
existentes na pessoa. Expressam, assim, os valores centrais do indivíduo de acordo com sua
auto-imagem e com aquilo que ele considera importante e válido, a fim de estabelecer sua
própria identidade. Essa função está relacionada ao estilo de vida da pessoa, ou seja, suas
atividades, interesses e opiniões.
E por fim, a função de conhecimento, na qual as atitudes servem como padrões ou
esquemas de referência na busca de sentido, correspondendo a sua necessidade de cognição,
de uniformidade, de ordem, de estrutura e de significado. Esta função ajuda a organizar e
estruturar a interpretação e compreensão do mundo exterior.
Katz (1960) e Solomon (1952 apud McNEAL, 1982), ainda apresentam uma outra
abordagem à teoria funcional, que representa uma tentativa de compreender as razões pelas
quais as pessoas mantêm suas atitudes, considerando-se as necessidades e motivações
psicológicas, e não os eventos e circunstâncias externas:
76
harmonia social obtida pelo compartilhar das atitudes, gerando interação social e
relacionamentos interdependentes;
conhecimento - compreensão de si mesmo e do ambiente;
proteção e melhora do auto-conceito ocorre quando o consumidor compra
determinados tipos de produtos e marcas que correspondam ao conceito que tem de si mesmo,
compartilhando isso com outras pessoas;
facilita a satisfação de necessidades desenvolver uma atitude a favor ou contra
um objeto depende do que o consumidor acredita que melhor satisfará suas necessidades.
Rodrigues (1972) apresenta um levantamento cronológico de vários autores e seus
diferentes enfoques teóricos sobre as funções desempenhadas pelas atitudes:
1. Enfoque funcional
1a) Smith, Bruner e White (1956): defendem a utilidade da atitude para o indivíduo na medida
em que esta pode servir como base para entender o mundo ou como estímulo para atividades
revolucionárias, isto é, um ajustamento da personalidade diante do mundo exterior. Para eles,
as três principais funções são: avaliação do objeto (fornece os padrões para lidar com um
objeto), ajustamento social (manutenção dos relacionamentos com os outros) e externalização
(manifestação de posições que defendem ou protegem a pessoa - como uma maneira de lidar
com a insegurança - e o sentimento de inferioridade, como na manifestação de um
preconceito).
1b) Katz e Stotland (1959): apresentam a função de ajustamento (instrumento para a
consecução de um objetivo), função de defesa do eu (contra a admissão de verdades
indesejáveis), e função expressiva de valor (exibição de uma posição).
1c) Kelman (1961): defende que as atitudes existem a fim de corresponder a três processos de
influência social: aceitação (semelhante ao ajustamento social, visto anteriormente),
identificação (comportamento associado a um grupo ou a outra pessoa) e internalização
(aceitação de uma influência uma vez que esta corresponde aos valores do indivíduo).
77
2. Enfoque baseado na noção de consistência cognitiva
2a) Heider (1946, 1958), Newcomb (1953), Osgood e Tannenbaum (1955) e Festinger (1957):
para eles, as atitudes existem como uma correspondência às crenças, sentimentos e intenções
comportamentais pré-existentes. Assim, surge a possibilidade de haver harmonia, consistência
e coerência entre as atitudes e os comportamentos provocados por ela.
2b) Rosenberg (1960): a atitude possibilita a formação de uma estreita ligação entre as
crenças e o afeto relativos a um mesmo objeto.
Apesar de haver ao menos cinco ou seis funções que uma atitude pode exercer, tais
funções não são excludentes entre si. Assim, uma atitude pode exercer múltiplas funções ao
mesmo tempo, embora uma seja sempre predominante. Identificar a função dominante pode
levar à descoberta de qual benefício o consumidor considera mais importante para
determinada categoria de produto. A mesma atitude relativa a um objeto pode ter funções
diferentes para cada pessoa, assim como uma atitude pode atender a mais de um propósito ou
função para o indivíduo, conforme visto.
O mais importante a salientar na questão das funções das atitudes é que, uma vez
formada a atitude na memória do consumidor, ele não precisa mais experimentar todo o
processo de avaliação novamente para aplicar ao mesmo objeto. Por outro lado, como
salientaram Lambert e Lambert (1964, apud BRITT, 1966), quando as atitudes são muito
rigidamente organizadas na mente, elas podem limitar a vivência de experiências, ou então
tornar rotinizadas as respostas a muitos eventos.
1.5 Mudança de atitudes e a teoria da Dissonância Cognitiva
As atitudes também possuem certas propriedades que as possibilitam variarem ao
longo de várias dimensões ou propriedades. São elas: valência, extremidade, resistência,
persistência e confiança. (ENGEL et al, 2000).
A valência diz respeito à favorabilidade ou não da atitude, ou seja, se ela é positiva,
negativa ou neutra. A extremidade (vários graus de favorabilidade) explica a intensidade do
78
gosto ou da aversão que um indivíduo sente por determinado objeto, isto é, ele pode gostar
muito, pouco, detestar, ser indiferente etc. As atitudes também podem diferir em sua
resistência, que representa o grau em que as atitudes podem resistir ou serem imunes à
mudança, umas podendo ser mais resistentes, enquanto outras, mais vulneráveis. A
propriedade da persistência refere-se ao desgaste de uma atitude com o passar do tempo, ou
em outras palavras, o quanto ela dura. E por último, a confiança, que representa o quanto uma
pessoa confia em que sua atitude está ou é correta, ou seja, a convicção inerente à atitude.
Kassarjian e Robertson (1968) apresentam uma outra lista com as dimensões das
atitudes: intensidade, que representa a força do componente afetivo (semelhante à
extremidade, citada anteriormente); especificidade ou generalidade, relacionado à crença, ou
seja, se a atitude é formada por uma crença ou por um conjunto de crenças; grau de
diferenciação, que varia com base no número das crenças contidas na atitude; e
centralidade, que está relacionada ao papel da atitude como parte do sistema de valores do
indivíduo.
Esses conceitos ou dimensões auxiliam no entendimento da questão da mudança de
atitudes. Por exemplo, se uma atitude possuir resistência muito forte (uma das características
vistas) será muito mais difícil conseguir mudar tal atitude, isto é, o esforço deverá ser muito
maior. Outro exemplo se refere à dimensão do grau de diferenciação: quanto mais simples for
a atitude em sua estrutura cognitiva, ou seja, quanto menos crenças estiverem envolvidas na
sua formação, mais fácil será mudá-la. Da mesma forma, quanto maior o número e a força das
ligações com o sistema de valores associado à atitude, mais difícil será mudar a mesma. Se, ao
contrário, a atitude for isolada de qualquer sistema de valor do indivíduo, mais fácil será
alterá-la. Essa regra será tanto mais forte quanto maior for a ligação entre o sistema de valores
da pessoa e o seu auto-conceito.
As atitudes são consistentes e geralmente estáveis, portanto, difíceis de serem
mudadas. Por outro lado, de acordo com a Teoria da Estabilidade ou Harmonia, de Heider
(apud ROBERTSON, 1984), o indivíduo busca uma relação equilibrada entre os componentes
afetivo e cognitivo da atitude, que devem estar em harmonia. Se estes não estiverem
balanceados, a atitude resultante será instável e sujeita à mudança, devido à tensão ou
desequilíbrio psicológico causados.
79
Uma pessoa pode experimentar a consistência ou a dissonância cognitiva em diversos
eventos ao longo de sua vida. O princípio da consistência cognitiva (FESTINGER, 1957)
postula que o consumidor se esforça para que haja uma relação harmoniosa entre os
pensamentos e os sentimentos, sendo essa uma das principais funções da atitude, conforme
visto anteriormente na teoria funcional.
Para Wilkie (1994) o conceito de consistência cognitiva tem duas implicações
importantes:
(1) na formação da atitude, o que o consumidor pensa é fundamental para a atitude que
ele formará quanto a um objeto; e
(2) na mudança da atitude, que só ocorrerá favoravelmente a um objeto se o quê o
consumidor pensa sobre o mesmo for positivo, assim como a experiência vivida.
Quando dois elementos do sistema cognitivo de um indivíduo não estão em harmonia,
eles passam a serem considerados dissonantes entre si. Tal desarmonia pode ocorrer entre
uma crença e um sentimento, um sentimento e um comportamento, uma crença e um
comportamento. Festinger (1957) atribuiu o nome de dissonância cognitiva a esta ausência de
harmonia, que representa um estado de desconforto psicológico causado por uma incoerência
sentida pelo indivíduo relativamente ao seu sistema cognitivo.
Aplicando-se tal conceito ao contexto do consumo, a dissonância cognitiva representa
o sentimento que surge quando o consumidor não tem certeza de ter feito a melhor escolha
dentre as opções disponíveis no mercado. Por exemplo, uma pessoa está em um processo de
escolha de um novo carro. Após ter feito as considerações que considera suficientes para a
tomada de tal decisão, a pessoa finalmente opta por um determinado modelo, em detrimento
dos demais. Após a compra, o consumidor passa a questionar sua escolha, sofrendo
influências dos comentários de terceiros sobre outros veículos, da propaganda de outras
marcas, de testes de qualidade divulgados etc. Os atributos das marcas desprezadas na compra
passam a ganhar maior importância e o consumidor começa a sentir a sensação desagradável
de que talvez não tenha feito a melhor escolha.
Embora o paradigma da dissonância cognitiva envolva mais as situações em que um
determinado comportamento foi adotado por motivos de força maior, mesmo sendo contrário
às crenças e atitudes, para o consumidor “[...] o paradigma da dissonância mais relevante para
80
as atitudes [...] envolve as conseqüências da escolha entre alternativas [...]” (PETTY et al,
1991, p.256).
A teoria da dissonância se aplica mais em situações de grande probabilidade de
elaboração, como nos casos de considerável relevância pessoal, decisões com conseqüências
muito importantes, alto grau de responsabilidade e de valor envolvido, e forte necessidade de
conhecimento anterior à decisão.
Hawkins et al (1998) apresentam uma lista com sete razões pelas quais os três
componentes (crença, afeto e comportamento) podem se tornar inconsistentes entre si,
gerando dissonância cognitiva:
1. uma atitude favorável requer uma necessidade ou motivo antes de levar o indivíduo
a agir;
2. embora a atitude seja favorável, o indivíduo pode não ter recursos suficientes para a
efetivação da compra;
3. a atitude pode ser favorável, mas o indivíduo decide investir a quantidade de
dinheiro disponível em outra categoria de objeto;
4. uma fraca ligação entre os componentes cognitivo e afetivo pode levar o
consumidor a mudar a atitude se vier a obter mais informações relevantes;
5. o indivíduo pode ter uma atitude favorável, mas, na hora da compra, pode
considerar a atitude de outro membro da família e levar outro produto contrário à sua própria
atitude;
6. a situação no momento da compra pode influenciar a decisão contrária à atitude (ex.
indisponibilidade do produto);
7. pode ser muito difícil mensurar todos os aspectos relevantes da atitude de um
indivíduo.
A dissonância sentida será maior nos casos em que: as alternativas disponíveis são
igualmente desejáveis, mas possuem características não similares; a escolha for irreversível;
quando houver tempo suficiente para pensar a respeito da escolha (o consumidor não decidiu
sob pressão); as conseqüências esperadas da escolha são iminentes etc.
Considerando-se que, uma vez tomada a decisão não há como desfazer tal ação (por
exemplo, devolvendo-se o produto ou trocando-o por outro), o consumidor se esforçará para
81
alcançar a consistência cognitiva. Há muitas maneiras de diminuir a dissonância sentida, e
todas objetivam trazer coerência novamente entre as crenças e os sentimentos, colocando-os
em linha com o comportamento. Essa luta travada na mente do consumidor explica porque
muitos avaliam o produto adquirido muito mais favoravelmente após a compra que antes
desta. Assim, o consumidor busca evidenciar os aspectos positivos do produto que adquiriu e
os aspectos negativos do produto que recusou comprar.
Mas a busca por consonância também pode envolver mudança de atitude:
Dissonância pode resultar em uma re-análise das razões pelas quais uma
pessoa se engajou em um certo comportamento ou fez certa escolha, e isto
pode levar a pessoa a repensar o mérito do objeto da atitude. O resultado
final desta reavaliação pode ser uma mudança na atitude relativa ao objeto.
(PETTY et al, 1991, p.257).
Para Boone e Kurtz (1998, p.180), “são duas as opções: (1) tentar produzir atitudes do
consumidor que motivarão a compra de um produto determinado, ou (2) determinar as
atitudes do consumidor e então fazer os produtos conterem um apelo no sentido de atendê-
las”.
Autores como Peter e Olson (1996) apresentam quatro estratégias para mudança de
atitude, tendo como base a idéia de crenças sobre os atributos do produto:
1. acrescentar ao produto ou serviço uma nova crença proeminente;
2. aumentar a força de uma crença positiva já existente (melhorando a avaliação ou o
peso da crença) ou diminuir a de uma crença negativa existente;
3. melhorar a avaliação de uma crença forte existente a respeito do produto; e
4. fazer uma crença favorável existente ficar mais saliente para o consumidor.
A estratégia 1 é a mais comum entre todas e geralmente envolve uma mudança física
no produto. A estratégia 2 procura convencer o consumidor de que um determinado atributo
do produto, que é considerado ruim, na verdade pode até ser bom. Por exemplo, o sorvete,
considerado um alimento gorduroso, pode ser visto como um alimento saudável e composto
por bons ingredientes. Esta foi a estratégia adotada pela Nestlé com o slogan “é gostoso e faz
bem”. Já a estratégia 3 enfatiza aspectos que são bem considerados pelo consumidor,
reforçando tais crenças. Como exemplos podem ser citados os produtos com baixo índice de
gordura, que atualmente são vistos como ‘amigos do coração’ e representam menores riscos
82
de ataques cardíacos, além de contribuírem para as questões estéticas. E por fim, a estratégia 4
se apresenta como uma tentativa de convencer o consumidor de que um determinado atributo
favorável do produto é mais relevante do que parece, como no caso dos bloqueadores solares,
cujo atributo proteção contra possível câncer de pele pode ser enfatizado e reforçado.
Hawkins (1998) e Sheth et al (2001) apresentam estratégias que podem ser adotadas
pelos profissionais de marketing a fim de mudar as atitudes do consumidor, enfocando os três
componentes atitudinais:
1) mudança do componente afetivo
condicionamento clássico: relacionar algo agradável, como música, a um produto
objeto da atitude do consumidor, fazendo-os sempre aparece como um par;
afeto relativamente ao anúncio: quando o consumidor gosta da propaganda ele
tende a avaliar o produto positivamente também;
simples exposição: a repetição pode levar o indivíduo a gostar de um produto com
o qual mantém uma relação de baixo envolvimento;
ao mudar o afetivo, o cognitivo e o comportamental também podem ser alterados
conseqüentemente.
2) mudança do componente comportamental
o comportamento pode preceder o desenvolvimento dos demais componentes ou
mesmo contrastar com eles;
o consumidor pode não gostar de um produto, mas, por ocasião da experimentação
considerá-lo agradável e mudar sua atitude quanto ao mesmo (como nos casos de dietas
alimentares especiais para determinado tipo de doença);
mudar o comportamento pode ocorrer com base no condicionamento operante
7
,
por meio de recompensas ou punições;
influenciar a decisão do consumidor por meio de brindes, descontos especiais,
amostras grátis, estruturação do ambiente físico, determinações governamentais, entre outros,
pode levá-lo a avaliar o produto favoravelmente.
7
Também conhecido como condicionamento instrumental, refere-se a um processo de tentativa e erro que resulta
na formação de hábitos de comportamento a partir de recompensas ou punições recebidas por ocasião de
escolhas comportamentais, podendo estas serem compensatórias ou não para o indivíduo.
83
3) mudança do componente cognitivo:
mudança das crenças atuais sobre os atributos do produto;
mudança da importância atribuída a um atributo específico para outro onde o
produto é mais forte;
adicionar crenças ou mudar as crenças sobre o produto ideal;
fornecer informações e criar associações na mente do consumidor.
Para Myers e Reynolds (1975) as atitudes se formam por um processo de interação dos
indivíduos, e elas se desenvolvem e mudam devido a fatores como: motivos biológicos,
experiência de satisfação das necessidades mais básicas, quantidade e qualidade da
informação recebida, afiliação a grupos, personalidade e experiência de consumo do produto.
O que acontece é que, cada indivíduo possui diferentes níveis de comprometimento
com uma atitude, o que também representa um aspecto importante quando se consideram
possíveis alterações atitudinais. Solomon (1999) acredita que existem três níveis de
comprometimento por parte do indivíduo:
- complacência: nível muito baixo de envolvimento, no qual a atitude é formada mais
pelos apelos de recompensa ou fuga de punições por outros. Essa atitude é muito fraca e
facilmente modificada.
- identificação: quando as atitudes são formadas a fim de atender a um apelo de um
grupo ou pessoa.
- internalização: em um alto nível de envolvimento, as atitudes passam a fazer parte
do sistema de valores do indivíduo, sendo, portanto, difíceis de serem mudadas.
Entender as atitudes do consumidor é um dos principais focos dos profissionais de
marketing, pois aquele sempre sofre influências em seus processos de decisão de compra,
ainda que de forma inconsciente. Toda a exposição à qual o consumidor está sujeito, a
compreensão dos estímulos que recebe, a retenção de informação importante para ele, e a
aprendizagem por meio de sua experiência ou experiência de terceiros possibilitam com que
se forme uma crença relativamente a algum produto ou serviço. Este conjunto de crenças
despertará sentimentos favoráveis ou desfavoráveis, que por fim, acabarão influenciando o
tipo de comportamento a ser escolhido pelo consumidor. Portanto, ele terá uma forte opinião
valorada sobre uma marca, opinião esta que orientará suas escolhas futuras de consumo.
84
A formação das atitudes de um consumidor engloba suas próprias experiências com o
objeto avaliado, as experiências de outras pessoas, e as informações obtidas por intermédio
dos meios de comunicação, ou seja, as estratégias de marketing desenvolvidas para o produto.
Portanto, embora geralmente duradouras e formadas desde os primeiros contatos familiares e
de grupos, as atitudes dos consumidores podem sim ser mudadas, se o indivíduo for exposto à
informação favorável (ou desfavorável) convincente ou por meio de suas próprias
experiências, sejam elas positivas ou negativas (conceitos de reforço e punição).
A mensuração das atitudes envolve a compreensão e valoração de alguns fatores. O
modelo multiatributos de Martin Fishbein, por exemplo, mede a atitude por meio da soma de
crenças e avaliações sobre os atributos do produto. Mesmo sendo possível mensurar atitudes
do consumidor, as empresas devem considerar todas as implicações da não correspondência
das atitudes existentes relativamente aos seus produtos com o comportamento observado do
consumidor, muitas vezes influenciado por questões situacionais imprevistas e, portanto, não
controláveis. Apesar dessa limitação quanto à ligação entre atitude e comportamento, as
metodologias desenvolvidas com o intuito de medir e compreender as avaliações do
consumidor devem ser utilizadas, a fim de que as organizações possam dar um passo à frente
quando o assunto é entender o quê o consumidor pensa, como ele sente e como pretende agir
relativamente a esse conhecimento e sentimento, ainda que fatores externos venham a
interferir no momento da tomada de decisão de consumo.
CAPÍTULO 2
A EMBALAGEM
“A embalagem é a expressão da alma de todo
produto.” (Peter Brabeck, Chief Executive
Officer (CEO) da Nestlé)
A embalagem representa um dos principais meios de comunicação entre empresa e
consumidor, transmitindo significados e mensagens visuais com o objetivo de influenciar o
comportamento de compra.
A origem semântica da palavra está relacionada a invólucro, embrulho, recipiente,
acondicionamento ou pacote. Tortato (2004, p.21) informa que “as primeiras ‘embalagens’
encontradas na natureza, utilizadas em estado natural pelo homem há mais de 10.000 anos,
foram as cascas de coco ou as conchas do mar que serviam como utensílios para beber ou
estocar.”
Sua importância atualmente não pode ser contestada, uma vez que as embalagens já se
tornaram parte integrante dos bens de consumo não duráveis. Em tempos remotos, a
quantidade de marcas disponíveis para cada categoria de produto se limitava a duas ou três,
como nos casos de artigos como sabão em pó, creme dental, feijão, arroz, café, açúcar,
massas, iogurtes etc. Atualmente, o número de marcas disputando a mesma fatia de mercado
cresceu vertiginosamente havendo, em muitos casos, dezenas de marcas para um mesmo
artigo, o que acarretou uma verdadeira guerra travada nas gôndolas pela atenção do
consumidor, cada vez mais rara.
O consumidor se sente, até certo ponto, confundido e estressado quando se encontra
em frente a uma gôndola de supermercado repleta de diversas marcas diferentes para o
mesmo produto que esteja procurando naquele momento. Nesse sentido, uma embalagem bem
desenvolvida e bem posicionada na mente do consumidor não somente contribui para chamar
86
a atenção para si, como também permite com que o consumidor identifique rapidamente o
produto que procura e ao qual já está acostumado.
Portanto, em muitos casos, a embalagem representa o meio mais importante para
transformar um produto simples em um produto funcional e atraente ao consumidor. Nas
palavras de Presas (2004): “a embalagem é um componente fundamental do produto, sendo
parte integrante e indissociável de seu conteúdo”.
2.1 Origem histórica das embalagens
A embalagem era desnecessária ao homem primitivo, que consumia seu alimento no
próprio local onde este era produzido, ou seja, sob o pé de uma árvore ou arbusto. Ming
(1985, p.25) confirma esse fato ao discorrer sobre a origem da necessidade da embalagem:
A necessidade da embalagem começou a aparecer à medida que a vida do
homem tornou-se gradativamente mais complexa; quando amadureceu a
consciência de que passou a ser preciso armazenar; quando aumentou a
distância entre sua moradia permanente ou semi-permanente
provavelmente a caverna e suas fontes de abastecimento; [...] à medida que
o homem foi especializando e tornando-se caçador, pastor, plantador de
sementes, pescador, guerreiro... e assim por diante. É assim que foram sendo
manufaturados o cesto, a cabaça
8
, o alforje
9
, a aljava
10
, a trouxa de peles...
Assim, com a necessidade de intercâmbio de bens e serviços, surgem as primeiras
formas de comércio e escambo de produtos. Este desenvolvimento comercial possibilitou o
surgimento do mercantilismo como prática comum entre as cidades. Mas, para que tal
comércio realmente funcionasse e fosse lucrativo, os produtos precisavam ser enviados muitas
vezes para locais distantes do seu centro produtivo, havendo, conseqüentemente, longas
viagens para transporte de mercadorias que precisavam, portanto, de proteção. A embalagem
desponta como a solução para o problema do transporte, e encontra, nesta etapa do comércio,
as suas mais primordiais funções: a de conter e de proteger.
8
Fruto grande da cabaceira (planta pertencente à família de plantas rastejantes como a abóbora, o melão, a
melancia) que, depois de seco e limpo, se presta como recipiente de líquidos.
9
Duplo saco, fechado nas extremidades e aberto no meio, geralmente transportado no lombo de animais ou no
ombro de pessoas, equilibrando-se o conteúdo em cada uma das extremidades.
10
Espécie de bolsa onde eram colocadas flechas.
87
Mas a complexidade da embalagem surgiu mais fortemente a partir da Revolução
Industrial, uma vez que a velocidade da produção de mercadorias atingiu um patamar nunca
antes visto, aumentando ainda mais a importância da embalagem em seu papel de proteção e
transporte entre a fábrica e seu destino final. Assim, a manufatura de embalagens migrou do
artesanal para o industrial, dando início à produção em série, com constante evolução de
materiais e formatos. O desenvolvimento de culturas diferentes e o crescimento demográfico
incentivaram a criação de embalagens mais resistentes e mais atraentes (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE EMBALAGEM - ABRE, 2006).
Antigamente, as primeiras embalagens manufaturadas não possuíam rótulos ou
imagens devido à falta de recursos técnicos e, portanto, os produtos nelas contidos eram
identificados apenas pelo formato das mesmas. Essa questão da identificação do produto
apenas pelo formato foi tão fundamental para o desenvolvimento da embalagem, que mesmo
nos dias atuais, apesar da vasta gama de recursos técnicos para a inclusão de imagens e
rótulos elaborados, pode-se distinguir uma lata de sardinha de uma lata de atum, ainda que
estejam sem identificação alguma do produto contido nelas (MESTRINER, 2002).
Portanto, em épocas remotas, a embalagem atendia satisfatoriamente sua função de
recipiente. Mas, a partir do crescimento do comércio entre os países e a maior disposição de
produtos, inviabilizou-se a continuação das embalagens sem rótulos por dois motivos
principais:
(1) apenas o formato do invólucro não identificava mais de que produto se tratava;
(2) tornou-se necessário identificar o país de origem do produto, uma vez que o
comércio se expandia entre as nações.
Assim, a partir de 1830 os rótulos já eram bastante utilizados, pois a função
informativa da embalagem passou a se tornar imprescindível para que os comerciantes
soubessem, exatamente, identificar o produto que negociavam no mercado.
Os Estados Unidos já possuíam comida embalada disponível ao público antes da
Segunda Guerra Mundial, enquanto que a Europa teve que esperar o fim da guerra para isso.
Quando os produtos se tornaram disponíveis, a partir da década de 1950, a distribuição e o
setor de embalagens se tornaram fundamentais para a disponibilização de produtos feitos em
massa e a preços razoáveis (BECKEMAN; OLSSON, [2005?]). Os novos métodos de
88
processamento de alimentos, combinados às novas tecnologias de embalagem, na época,
facilitaram a distribuição de produtos por grandes áreas geográficas sem que estes perdessem
a qualidade durante a distribuição.
A embalagem no Brasil evoluiu principalmente após a Segunda Guerra, pois antes de
1945 havia pouquíssimos produtos que eram comercializados pré-acondicionados, como no
caso do café, do açúcar, do óleo de semente de algodão, latas pequenas de polpa de tomate,
vinagre, cerveja, guaraná e cigarro (TORTATO, 2004). Muitos produtos ainda eram
embrulhados em papel de pão ou em saquinhos e sacolas que o próprio consumidor levava de
casa.
Assim, a Segunda Guerra pode ser considerada um marco no desenvolvimento do
varejo e, por conseqüência, da embalagem. Nos anos que sucederam à guerra, devido à
necessidade de aproveitar melhor as safras e de prolongar a vida-de-prateleira dos alimentos
industrializados, cresceu a importância atribuída à embalagem pela indústria brasileira. Com
isso atribuiu-se também uma maior segurança aos produtos alimentícios embalados, surgindo
a possibilidade de comercializar artigos que antes eram restritos a algumas camadas sociais.
Além dos motivos citados anteriormente, o aumento da conscientização da
importância da embalagem ocorreu também devido às novas oportunidades de fabricação, no
Brasil, de produtos antes apenas importados pelo país. Esta ficou conhecida como a política
de substituição de importação. A maior participação do Brasil no mercado internacional de
produtos industrializados provocou um aumento também da necessidade de mais fábricas para
a produção de materiais para embalagem, como papel, folha-de-flandres
11
, alumínio, vidro e
plástico.
Lody (1985) apresenta uma síntese das influências exercidas sobre o desenvolvimento
das embalagens brasileiras, cuja origem se encontra fundamentada nos continentes europeu e
africano (ibérico, africano poliétnico e indígena). O autor explica o surgimento das primeiras
embalagens como resultado do aproveitamento de materiais como folhas, cascas, raízes e fios
de algodão. Dessa forma, as influências foram resumidas e apresentadas por ele como segue:
11
Folha de ferro revestida com estanho, usada na fabricação de vários utensílios e embalagens como as latas de
óleo, sardinha, creme de leite, azeite, leite em pó etc.
89
- influências africanas: alimentos envoltos em folhas de bananeira; embalagens feitas
com fibras vegetais trançadas; fundição de metais como o ferro, o bronze, a prata e o ouro;
- influências portuguesas: olaria
12
para a fabricação de potes; garrafas e outras formas
feitas de barro; caixas, baús e arcas de couro; embalagens feitas de tecidos grosseiros, como o
algodão;
- influências indígenas: fibras naturais trançadas; embalagens de madeira e de folha-
de-flandres; penas, contas, frutos, peles, madeira, cipó, bambu e fibras de palmeira.
Vieira (1985) oferece um resumo de cinco décadas da história do desenvolvimento da
embalagem no Brasil, com ênfase no aspecto de proteção oferecido pela embalagem. Seguem
algumas das evoluções ocorridas:
- as bolachas e biscoitos eram vendidos embrulhados em papel manilha
13
, ou em
saquinhos de papel. Hoje, os envoltórios são bem mais vistosos, constituídos de plástico
flexível, com maior proteção do produto;
- das caixas de madeira para as caixas de papelão ondulado, utilizadas posteriormente
para o transporte de produtos como máquinas, utensílios domésticos e outros industrializados;
- produção de sacos de papel multifolhados para cimento e produtos químicos;
- cartolinas de qualidade superior, à prova de umidade, para os sabões e detergentes
em pó, misturas para bolos, gelatinas e pudins;
- embalagens de vidro para refrigerantes, bebidas em geral e outros tipos de alimentos;
- embalagens metálicas produzidas na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em
Volta Redonda, para alimentos em geral, tintas e produtos químicos produzidos no Brasil;
- importação de folha-de-flandres para atender à demanda nacional;
- em meados dos anos 1970 surgem as latas de folha-de-flandres com tampa de
alumínio easy-open
14
, para cerveja e refrigerante;
- a partir de 1960 as embalagens plásticas se tornam muito importantes: polietileno,
PVC (policloreto de vinila), poliestireno, polipropileno
15
etc. são utilizados na fabricação de
12
Arte que consiste na modelagem do barro.
13
Papel de média resistência, indicado para envolver louças, utensílios de cozinha, vasos e peças de iluminação.
14
Tampa ‘abre-fácil’, também utilizada em embalagens de molho de tomate, que contém um anel para puxar.
15
Os quatro materiais citados são plásticos pertencentes ao grupo dos termoplásticos. Estes são plásticos que não
sofrem alterações em sua estrutura química durante o aquecimento e que, após o resfriamento, podem ser
novamente moldados. Muito utilizados na fabricação de embalagens para água mineral, óleos comestíveis,
maioneses, sucos, potes para iogurtes, sorvetes, bandejas de supermercado, frascos etc.
90
embalagens para sacos de lixo, saquinhos, pão de forma, bolo, massas, biscoitos, iogurtes,
margarinas, xampus, vinagres, detergentes líquidos e medicamentos;
- as atuais embalagens de ovos, feitas de polpa de papel moldada ou de poliestireno
expandido, substituíram o transporte dos ovos feito em saquinhos plásticos preenchidos com
casca de arroz ou serragem;
- no final da década de 1960 surgem as famosas embalagens Tetra Pak
16
, que
possibilitaram a venda de leite líquido sem necessidade de refrigeração.
Um outro importante fator a ser considerado quando se trata do desenvolvimento do
setor de embalagens foi o aumento da sociedade de consumo. Como Mestriner (2002, p.16)
bem afirma: “Filha da Revolução Industrial, criada entre duas guerras, a embalagem entrava
na vida adulta com o surgimento da sociedade de consumo para tornar-se um de seus maiores
ícones”. A comercialização dos primeiros aparelhos de televisão, em 1939, e o
desenvolvimento dos meios de comunicação e da publicidade também contribuíram para
aumentar a importância atribuída à embalagem como ferramenta de promoção do produto.
O surgimento dos supermercados no formato auto-serviço (final do século XIX nos
EUA e início da metade do século XX no Brasil) contribuiu para que o papel da embalagem
se tornasse preponderante no aspecto visual. Antigamente, as embalagens eram “[...] folhas de
plantas, pedaços ocos de árvores, peles de animais, chifres, bexigas de animais, usando essas
matérias primas como embalagens primitivas para armazenar alimentos.” (TORTATO, 2004,
p.19).
As embalagens substituíram os antigos vendedores ou atendentes de balcão, cuja
função era a de explicar ao consumidor sobre os atributos do produto e os resultados
esperados a partir do seu uso. Os produtos eram então pesados e acondicionados em papel
manilha ou saquinhos de papel. Mas com o surgimento do varejo de auto-serviço, o
consumidor passou a escolher os produtos, pegá-los e manuseá-los, o que transferiu o poder
de argumentação, antes do vendedor, para a embalagem em si, que virou o ‘vendedor
silencioso’ ou o ‘vendedor das prateleiras’.
16
Embalagens feitas de papel (cartão), plástico (polietileno de baixa densidade) e alumínio. As várias camadas de
material criam uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água e microorganismos, protegendo e preservando
os alimentos contidos durante vários meses.
91
O desenvolvimento do setor de embalagens, bem como a importância mercadológica
atribuída à mesma, possibilitou com que os produtos passassem então a serem imediatamente
identificados nas gôndolas dos mercados de auto-serviço. O novo setor que surgia trazia
outras preocupações, como a necessidade de aumentar o tempo de conservação do produto na
gôndola e melhorar sua apresentação visual e o rendimento do espaço nas prateleiras.
Assim, as embalagens, com todo o seu design e conteúdo informativo, cumprem a
necessidade de atrair o consumidor e de fornecer a este o conhecimento necessário
relativamente ao seu conteúdo. Isso denota a importância da evolução desse setor no contexto
do desenvolvimento da sociedade de consumo.
2.2 O universo da embalagem
Os números que caracterizam a indústria mundial de embalagens são muito
representativos. Apenas para se ter uma idéia da dimensão deste mercado, em 2004, a
indústria global de embalagens movimentou US$ 424 bilhões, segundo dados da World
Packaging Organization (WPO Organização Mundial de Embalagens). Desse montante,
30% foram movimentados na Europa e 28% na América do Norte, conforme gráfico abaixo:
$ 118
$ 127
$ 114
$ 30
$ 35
América Latina
Ásia
Europa
América do Norte
Outros
Gráfico no. 1 Distribuição geográfica da indústria de embalagens.
FONTE: WPO, 2006
Em 2004, o setor alimentício foi responsável por US$ 161 bilhões da movimentação
total (o que corresponde a 38% do montante de US$ 424 bilhões), seguido pela indústria de
bebidas (18%) e pela indústria farmacêutica (5%). A taxa de crescimento projetada para esta
92
indústria é de 3,5% ao ano, alcançando-se assim, segundo a previsão, uma movimentação em
torno de US$ 597 bilhões no ano de 2014. No caso das embalagens para produtos
alimentícios, a previsão de crescimento é de 5% ao ano, alcançando-se, em 2008, uma
movimentação de US$ 190 bilhões, em nível mundial.
Relativamente aos tipos de materiais utilizados nessa indústria, a distribuição
percentual em 2004, em nível mundial, apresentou a configuração do Quadro 1:
Quadro no. 1 Distribuição percentual da utilização de materiais.
Material Percentual
Papel 36%
Plástico 34%
Metal 17%
Vidro 10%
Outros 3%
Total 100%
FONTE: WPO, 2006.
A distribuição percentual de materiais, especificamente para a indústria de embalagens
de alimentos, apresentou, em 2004, uma alta concentração no setor de papel e papelão
(Gráfico 2):
43%
28%
17%
7%
5%
Papel e papelão
Plástico
Metal
Madeira
Vidro
Gráfico no. 2 Participação de materiais em embalagens de alimentos
FONTE: WPO, 2006
93
2.2.1 Funções básicas
Conforme abordado no item anterior, desde que o homem passou a consumir o
produto em qualquer lugar que não aquele onde o mesmo fora produzido, surgiu a primeira e
mais básica função da embalagem: a de conter e transportar o produto. Apenas para atender a
esta primordial função de contenção e transporte, a embalagem não precisaria possuir
nenhuma outra característica além de ter o tamanho adequado, de não permitir com que o
produto vazasse ou escorresse, e de ser resistente a possíveis danos durante o transporte.
Somente isso seria suficiente.
Mas há ainda outras funções básicas esperadas. Para alguns autores, a função
prioritária de toda e qualquer embalagem é a de proteção. Uma embalagem adequada deve
proteger o produto conforme este avança na cadeia de distribuição e posteriormente, durante o
seu armazenamento, e inclui proteção contra: “[...] danos mecânicos, físicos, influências
climáticas, contaminações do meio ambiente e perda de características intrínsecas do
produto.” (GURGEL, 2001, p.315).
A proteção proporcionada pela embalagem envolve cinco classes de riscos (GURGEL,
2001):
1. riscos do meio ambiente: temperaturas extremas, água, ar, umidade, condições
naturais ambientais, vento, poeira, microorganismos, fungos, bactérias etc;
2. riscos de perdas de características: por meio de contato com o ambiente externo, o
produto pode perder água que participa de sua formulação, odores característicos, essências e
gases;
3. riscos físicos: durante os deslocamentos, os produtos podem ser amassados,
danificados por meio de choques ou quedas, e impactados de forma tal a provocar rupturas,
cortes, deslocamentos, dobramentos, afrouxamentos etc;
4. riscos de uso: ocorre quando o consumidor acaba sendo contaminado por produtos
tóxicos contidos nas embalagens ou quando estas contaminam o meio ambiente por meio de
seus resíduos tóxicos. Outro risco de uso ocorre nos casos em que a embalagem não protege o
seu conteúdo após ter sido aberta;
94
5. riscos diversos: incluem os danos causados por insetos, roedores e
microorganismos, ou até mesmo por meio do contato com outros tipos de produtos. O produto
deve ser mantido intacto até o momento do uso, protegendo assim o consumidor.
Principalmente pelo surgimento de novos materiais utilizados na fabricação de
embalagens, surge a preocupação de se evitar a contaminação do organismo humano pelas
novas substâncias químicas utilizadas (NAZARIO, 1985).
Essa função remete a uma outra, similar e igualmente importante: a da conservação do
produto. Embora pareçam ser a mesma função, a conservação envolve a manutenção física e
química do produto, incluindo a preservação do sabor e aspectos de higiene e segurança, a fim
de que as propriedades atribuídas ao produto não sejam comprometidas por meio de qualquer
tipo de contaminação que possa ocorrer.
Todos os produtos possuem um determinado tempo de permanência na prateleira,
conhecido como shelf life. A determinação do shelf life envolve estudos sobre a velocidade de
contaminação por microorganismos, de perda dos valores nutritivos e de atributos do produto,
bem como de sua qualidade visual. A vida na prateleira é fortemente afetada por fatores como
sensibilidade do produto à umidade e ao oxigênio, oxidação, hidrólise
17
, desnaturação das
proteínas e deterioração química (GURGEL, 2001).
As embalagens Tetra Pak, citadas anteriormente, são muito eficazes na função de
conservação do produto, o que possibilitou, por exemplo, que o leite, antes embalado em
saquinhos plásticos pouco funcionais, pudesse ser acondicionado em um tipo de embalagem
que, além de evitar sua contaminação e prolongar sua vida útil, também apresentasse
praticidade e facilidade no manuseio e no uso, outras duas funções básicas.
Assim, a questão da conveniência surge como um fator relevante e uma característica
esperada de toda embalagem: ser fácil de manusear, de abrir, de dosar o produto e de fechar.
Uma embalagem pode ser considerada prática se, por ocasião do uso do produto, o
consumidor não precisar dispor de nenhum outro objeto complementar, como tesouras, facas
etc. Embalagens com abertura e fechamento fáceis, como as atuais garrafas de iogurte,
17
Decomposição de uma molécula pela ação da água.
95
possibilitam com que o consumidor tenha facilidade no manuseio e no consumo do artigo,
inclusive quando este não for consumido de uma só vez, necessitando novo armazenamento
mesmo após a embalagem ter sido aberta.
Atualmente há muitos exemplos de empresas que investiram em suas embalagens,
dando especial ênfase à função de fácil manuseio por parte do consumidor. Dentre elas,
podem ser citadas a Sadia, com o lançamento de sua embalagem plástica ‘abre e fecha’,
contendo pedaços separados congelados de frango; a Nestlé, com o lançamento do Nescafé
em lata, que esquenta automaticamente a bebida ao se pressionar o fundo da embalagem; e a
Ambev, com a Skol, que lançou a sua versão Big Neck da cerveja, que dispensa o abridor,
pois a embalagem contém tampa de rosca (SEIBEL; LIMA, 2005).
Ilustração no. 3 Embalagens zip lançadas pela Sadia.
FONTE: http://www.sadia.com.br
Apesar de básicas, as funções listadas até aqui têm se beneficiado das inovações
tecnológicas, acrescentando modernidade ao composto do produto.
2.2.2 Aspectos legais e ambientais
As embalagens, além de suas funções básicas vistas anteriormente, também devem
atender a alguns requisitos legais e ambientais antes de serem disponibilizadas ao mercado.
Os itens a seguir tratam da questão da rotulagem e da principal função legal, a informativa,
bem como dos aspectos relacionados à geração de resíduos sólidos, reciclagem e os impactos
ambientais.
96
2.2.2.1 Rotulagem
Todas as embalagens devem, obrigatoriamente, trazer informações pertinentes ao seu
conteúdo, como quantidade, peso líquido, peso drenado, ingredientes utilizados na fórmula do
produto, informação nutricional (no caso de alimentos), indústria produtora, data de validade
do produto, instruções de uso etc. Para se ter uma idéia do quanto essa função é importante,
uma única embalagem de cereal matinal pode conter até 250 informações, entre as
obrigatórias e as facultativas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu algumas diretrizes
quanto às embalagens e rótulos de alimentos, por meio de suas portarias números 41 e 42,
ambas de 14 de janeiro de 1998. A portaria 41 objetiva fixar a identidade, diretrizes gerais de
forma, as características mínimas de qualidade que devem ser obedecidas pelos alimentos que
utilizem a rotulagem nutricional de embalados, declaração de nutrientes e as informações
nutricionais particulares.
Nutrientes são substâncias químicas que integram a composição dos alimentos, e a
rotulagem nutricional é a descrição das propriedades nutricionais de um alimento com o
objetivo de informar ao consumidor sobre as mesmas. O fato de que os alimentos geralmente
são embalados na ausência do consumidor, antes de serem ofertados ao mercado, se constitui
em uma das principais preocupações da Anvisa, por isto a necessidade e imposição de regras
para a rotulagem nutricional.
Dois componentes formam a rotulagem nutricional: a declaração de nutrientes e a
informação nutricional complementar. A primeira é a listagem ordenada dos nutrientes de um
produto alimentício, e deve conter, além do valor energético, a quantidade dos seguintes
nutrientes: carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra
alimentar e sódio. A segunda, informação nutricional complementar, representa a declaração
de que o produto possui propriedades nutricionais particulares quanto ao seu valor energético,
conteúdo de lipídios, glicídios, fibras, proteínas, açúcares, ácidos graxos, vitaminas e
minerais. Este tipo de informação visa facilitar a compreensão, por parte do consumidor,
quanto ao valor nutritivo do alimento que estiver adquirindo e que, posteriormente, irá ingerir.
97
O cálculo da porcentagem do Valor Diário (% VD) é feito com base nos Valores
Diários de Referência (VDR) para os nutrientes de declaração obrigatória, e com base no
índice da Ingestão Diária Recomendada (IDR) para os componentes da informação nutricional
complementar (minerais e vitaminas), de declaração voluntária (ANVISA).
Quadro no. 2 Modelo de rotulagem nutricional
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção ___ g ou ml (medida caseira)
Quantidade por porção % VD (*)
Valor energético ....kcal =....kJ
Carboidratos g
Proteínas g
Gorduras totais g
Gorduras saturadas g
Gorduras trans g (Não declarar)
Fibra alimentar g
Sódio mg
Outros Minerais mg
Vitaminas mg
“Não contém quantidade significativa de ......(valor energético e ou o(os) nome(s)
do(s) nutriente(s)” (Esta frase pode ser empregada quando se utiliza a declaração
nutricional simplificada)
% Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários
podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
FONTE: ANVISA, 2006.
A declaração de nutrientes, antes opcional, passou a ser obrigatória a partir da
Resolução RDC no. 360, de 23 de dezembro de 2003, obrigando as empresas do setor
alimentício a se adequarem à mesma até o dia 31 de julho próximo passado (ANVISA). O seu
âmbito de aplicação inclui todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e
embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor. Desta lista, excluem-se
as bebidas alcoólicas, águas minerais e demais águas, aditivos alimentares, especiarias,
vinagres, produtos sem adição de outros ingredientes (sal, café, açúcar, erva-mate, chá),
alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabelecimentos comerciais, produtos
fracionados nos pontos de venda a varejo, frutas, vegetais e carnes in natura, e embalagens
menores que 100 cm² (ANVISA).
Importante ressaltar que a informação nutricional complementar não pode substituir a
declaração de nutrientes, e sim complementá-la. Portanto, trata-se de uma informação
facultativa a ser colocada nos rótulos das embalagens de alimentos. Tanto a declaração de
98
nutrientes quanto a informação nutricional complementar compõem a rotulagem ou
informação nutricional, apresentada por meio de quadros ou tabelas, no verso das embalagens.
Nos casos em que estas sejam muito pequenas e não possuam espaço suficiente para tal
inclusão, a informação nutricional aparece de forma linear, contornando a embalagem. O
importante é que esteja em local visível e seja descrita com caracteres legíveis ao consumidor.
A portaria número 42, por sua vez, é responsável por toda a descrição dos rótulos. Ela
determina o que deve e o que não deve conter na rotulagem, o idioma predominante e todas as
características visuais da embalagem. Para isso, seguem algumas definições oferecidas pela
Anvisa:
Rótulo: é toda inscrição, legenda, imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica
que esteja escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo, litografada
18
ou colada
sobre a embalagem do alimento;
Embalagem primária ou embalagem de contenção: a que fica em contato direto
com os alimentos;
Embalagem secundária ou embalagem de apresentação: é aquela destinada a
conter a embalagem primária;
Embalagem terciária ou embalagem de comercialização: é a que contém uma ou
mais embalagens secundárias.
Apenas para exemplificar o que fora dito, considere-se um produto como pizza
congelada. A embalagem primária seria a de plástico que envolve a pizza; a secundária seria a
caixa de papelão que envolve a embalagem primária (e que constitui o meio de comunicação
com o consumidor); e a terciária seria uma caixa maior e mais resistente, utilizada para
transportar algumas ou várias unidades de embalagem secundária contendo o produto.
Os princípios gerais que regem a utilização de rótulos em embalagens de alimentos se
referem a questões como:
- tipos de vocábulos, símbolos, desenhos ou ilustrações utilizados;
- veracidade, suficiência, clareza e legitimidade da informação contida;
18
Arte ou processo de produzir desenhos ou caracteres em uma pedra plana, placas de zinco ou alumínio, e por
meio destes reproduzir os desenhos em papel.
99
- idioma do país de consumo, com eventual necessidade de disponibilização das
informações em outros idiomas (para os casos de produtos exportados);
- atribuição de efeitos ou propriedades medicinais/terapêuticas que não possam ser
comprovados não podem ser listados;
- destaque de presença ou ausência de componentes intrínsecos ou próprios de
alimentos de igual natureza;
- estímulo ao consumo, referindo-se ao produto como estimulante ou com ação
curativa, sendo também proibido pela Anvisa.
Em suma, os rótulos de alimentos embalados devem apresentar, obrigatoriamente, as
seguintes informações ao consumidor: denominação de venda, lista de ingredientes (em
ordem decrescente de proporção), informação nutricional, conteúdo líquido (em unidade de
massa, unidade de volume ou quantidade de unidades contidas na embalagem), origem do
alimento (nome e endereço do produtor, país de origem e cidade), número do lote no processo
produtivo, prazo de validade (com condições especiais para alimentos congelados,
temperaturas máxima e mínima, validade após embalagem ser aberta etc.), e instruções para o
preparo e uso, quando se fizerem necessárias.
Pesquisa feita no Reino Unido em 2003 revelou que 61% dos consumidores investiam
tempo na leitura dos rótulos de alimentos, contra apenas 13% em 2000 (SILAYOI; SPEECE,
2004), demonstrando um aumento considerável da importância atribuída à função informativa
desempenhada pela embalagem de alimentos. Nos casos em que o consumidor sente
necessidade de conhecer melhor o produto que está comprando, as informações escritas nas
embalagens podem auxiliá-lo neste processo. Em muitos casos, tais informações são
apresentadas de forma confusa, exagerada ou inexata, merecendo, portanto, a atenção das
empresas, a fim de se evitar com que isto aconteça, desagradando assim ao consumidor.
A tendência à alimentação saudável aumentou o interesse dos consumidores pelas
informações contidas nos rótulos, o que lhes permite fazer escolhas e decisões mais acertadas.
Mas, a maioria dos consumidores não aprova a maneira como tais informações são
geralmente dispostas nas embalagens, sendo algumas delas bastante confusas. Considerando-
se que nem todos os consumidores possuem tempo suficiente para ler rótulos, uma provável
solução seria a padronização das informações, apresentadas por meio de codificação de cores,
a fim de facilitar e acelerar o entendimento daquelas. Assim, haveria uma tendência de
100
transformação dos elementos não-visuais das embalagens (informações escritas) para
elementos visuais (cores, códigos e símbolos) (SILAYOI; SPEECE, 2004).
2.2.2.2 Utilização de materiais e reciclagem
Um segundo fator a ser atendido pela embalagem no âmbito de suas funções legais diz
respeito às questões ambientais. A embalagem representa o componente de maior visibilidade
do lixo urbano, o que tem despertado discussões quanto à responsabilidade pelo descarte dos
invólucros após o uso. No Brasil há atualmente uma discussão sobre o destino das embalagens
vazias e sobre quem deve recair a responsabilidade: sobre as empresas produtoras ou sobre o
Poder Público. Conforme dados de 2004, apenas 40% dos resíduos sólidos urbanos coletados
no Brasil recebiam destinação correta. O Quadro 3 mostra um comparativo do destino desses
resíduos em vários países.
Quadro no. 3 Destino dos resíduos sólidos urbanos (em %)
País Aterros Incineração com Compostagem +
e/ou lixões
recuperação de energia Reciclagem
Brasil 90 ---------------- 10
Bélgica 10 35 55
República Tcheca 70 15 15
Alemanha 20 20 60
Espanha 60 5 35
França 40 35 25
Itália 60 5 35
Polônia 95 1 4
Portugal 75 20 5
Suécia 10 50 40
Reino Unido 75 10 15
Grécia 90 ---------------- 10
Hungria 85 5 10
China + de 70 Dado não disponível 20
(somente compostagem)
FONTE: CEMPRE, 2006.
Apesar de reciclar apenas 10% dos resíduos sólidos urbanos (principal destino das
embalagens), o Brasil destaca-se positivamente em relação à geração deste tipo de resíduo per
capita, conforme Quadro 4:
101
Quadro no. 4 Geração de resíduos sólidos urbanos per capita
País Quantidade
Brasil 0,80 kg/dia
Polônia 0,78 kg/dia
Dinamarca 1,55 kg/dia
Suécia 1,04 kg/dia
Reino Unido 1,36 kg/dia
Itália 1,23 kg/dia
Alemanha 1,46 kg/dia
Eslovênia 1,63 kg/dia
FONTE: CEMPRE, 2006.
Com esse tipo de debate acontecendo, algumas empresas já tem tomado para si a
solução do problema, apresentando novas maneiras para reciclar as embalagens de seus
produtos. Embora a Tetra Pak não seja uma indústria alimentícia, esta gigante das embalagens
já iniciou um projeto com o objetivo de possibilitar com que seja feita reciclagem de suas
embalagens, por meio de uma tecnologia inédita que separa o alumínio do plástico, antes
muito difícil de ser feito ou até mesmo inviável. A tecnologia, desenvolvida por brasileiros,
tem possibilitado alcançar números da ordem de 23% de reaproveitamento em 2004,
colocando o país na liderança desse tipo de reciclagem. Apenas para se ter uma idéia, o Chile,
por exemplo, reciclou apenas 2,5% de suas embalagens Longa Vida no mesmo ano
(CENTRO DE TECNOLOGIA DE EMBALAGEM - CETEA ITAL).
Mestriner (2002), ao discutir as implicações sociais e ambientais das embalagens,
apresenta o conceito de design for environment, algo como desenhado para o ambiente. A
preocupação com o impacto ambiental levou à criação de maneiras de reciclar os
componentes (materiais) para reutilizá-los, viabilizando-se assim o negócio, pois os materiais
reciclados representam fonte de matéria-prima para as próximas embalagens a serem
produzidas.
No Brasil, a reciclagem de materiais como aço, alumínio, papel, vidro e plástico tem
atingido patamares elevados, mesmo quando comparados aos de várias outras nações,
inclusive européias. Há métodos próprios de reciclagem desenvolvidos pelo país, o que,
somado ao maior envolvimento e conscientização da população brasileira, tem possibilitado
altos índices de reciclagem. Um número que merece destaque é o percentual de latas de
alumínio recicladas em 2005: 96,2%, o que corresponde a 9,4 bilhões de latas por ano ou 26
102
milhões de latas por dia, fazendo com que o Brasil batesse o recorde mundial pela quinta vez
consecutiva, deixando para trás países com legislação rígida sobre reciclagem, como
Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suíça (CETEA ITAL).
A seguir estão alguns quadros que fornecem números representativos do percentual
reciclado no Brasil, em 2004, dos principais tipos de embalagens:
Quadro no. 5 Percentual de reciclagem de embalagens de aço em 2004.
País %
Brasil 47
Estados Unidos 70,7
Alemanha 44,4
Portugal 65
Espanha 64
Finlândia 50
Itália 55
Noruega 61
FONTE: CEMPRE, 2006.
Quadro no. 6 Percentual de reciclagem de latas de alumínio em 2004.
País %
Brasil 95,7
Argentina 80
Japão 86
França 20
Noruega 63
Polônia 27
FONTE: CEMPRE, 2006.
No Quadro 7 pode-se notar a liderança do Brasil, comparativamente a países como
Portugal, Suécia, França e China, em reciclagem mecânica (conversão dos descartes plásticos
pós-industriais ou pós-consumo em grânulos a serem utilizados na produção de outros itens).
Nações como Alemanha e Noruega apresentam altos índices de reciclagem de plásticos, pois
nestes há a inclusão da reciclagem energética (uso dos resíduos plásticos como combustível
na geração de energia elétrica e/ou calefação). Ressalta-se também o indíce de reciclagem de
48% das garrafas PET no Brasil, contra 21,6% nos Estados Unidos no mesmo período
(CETEA ITAL).
103
Quadro no. 7 Percentual de reciclagem de plásticos em 2004.
País %
Brasil 16,5
Alemanha 97
Espanha 21,4
França 9,2
República Tcheca 34
Bélgica 30
Noruega 21
Polônia 17
Suécia 8,3
Portugal 2,9
Luxemburgo 30,6
China 10
Estados Unidos
21,6 - só PET
FONTE: CEMPRE, 2006.
Relativamente à reciclagem de papel e papelão, o Brasil continua obtendo ótimos
resultados, ficando entre as dez nações com os melhores índices. O índice de reciclagem
somente do papelão foi de 79% em 2004, e o consumo per capita de papel também merece
destaque: 40 quilos por ano, perdendo apenas para Rússia (34,4 kg/ano). Os Estados Unidos
apresentam a espantosa marca de 312 quilos de papel consumidos por pessoa por ano, em
2004.
Quadros no. 8 e 9 Percentual de reciclagem de papel/papelão em 2004, e consumo per capita.
País %
Brasil 45,8
Coréia do Sul 84,3
Japão 68,4
Alemanha 68
Espanha 54
Reino Unido 51,9
Itália 49,2
Estados Unidos 47,5
Argentina 44,7
México 41,9
Malásia 38,7
Polônia 33,2
China
30,4
FONTE: CEMPRE, 2006. FONTE: CEMPRE, 2006.
País
Consumo per
capita
Brasil 40 kg/ano
Estados Unidos 312 kg/ano
França 182,7 kg/ano
Chile 66,7 kg/ano
México 57,8 kg/ano
Argentina 49,5 kg/ano
China 41,6 kg/ano
Rússia 34,4 kg/ano
104
Na reciclagem de vidro, o Brasil apresentou um índice de 47%, acima de países como
Portugal e Polônia. Mas o ritmo de crescimento neste tipo de reciclagem assemelha-se ao de
países como Noruega e Suécia.
Quadro no. 10 - Percentual de reciclagem de vidro em 2004.
País %
Brasil 47
Alemanha 99
França 96
República Tcheca 57
Bélgica 99,8
Noruega 84
Polônia 20,49
Suécia 92
Portugal 28,7
Luxemburgo 59,5
FONTE: CEMPRE, 2006.
De acordo com os números vistos anteriormente, não há dúvidas de que a questão
ambiental passará a ser cada vez mais considerada e cobrada pelos órgãos reguladores, o que
intensificará a tendência pela fabricação de embalagens recicláveis. Isto também resultará em
maior conscientização por parte da sociedade e dos consumidores. Ainda que, atualmente,
estes não pautem suas escolhas de consumo com base no reaproveitamento de materiais, se as
grandes empresas estipularem como prioridade este tipo de questão ambiental, a
conscientização do consumidor também acontecerá, ainda que de forma gradual.
2.2.3 Aspectos tecnológicos
Desde as primeiras embalagens industriais até o que se conhece hoje, muitas
transformações e inovações foram desenvolvidas. As embalagens já sofreram grandes
mudanças, tanto em seus formatos, cores e grafismos, quanto nos tipos de materiais utilizados
em sua fabricação. Devido à crescente demanda por embalagens mais eficientes, bonitas,
funcionais e econômicas, o setor está se associando cada vez mais à tecnologia e inovação.
Relativamente ao setor de embalagens alimentícias, Earle (1997, apud BECKEMAN;
OLSSON, [2005?], p.3), defende que “inovações na indústria alimentícia estão combinadas
105
com inovações sociais e culturais, e o objetivo é ‘produzir alimentos que satisfaçam desejos e
necessidades nutricionais, pessoais e sociais de todas as comunidades’”.
As inovações no setor de embalagem originam-se basicamente de duas fontes: as
tendências atuais no desenvolvimento de produtos, e o próprio comportamento do
consumidor, que se encontra mais exigente e em busca de sofisticação, com um estilo de vida
mais diversificado (SILAYOI; SPEECE, 2004). Por sua vez, os grandes varejistas, com seu
poder de negociação bastante aumentado por conta da concorrência entre diversas marcas,
também buscam maior receptividade e flexibilidade de seus fornecedores (empresas
produtoras).
Atualmente as principais matérias-primas utilizadas na fabricação de embalagens são:
celulose (papel, cartão, papelão materiais mais utilizados)
plástico (polietileno, polipropileno, PVC e PET)
metal (alumínio, folha de flandres)
vidro (garrafas, frascos, potes)
Apenas para se ter uma idéia, para desenvolver e fabricar uma embalagem existem
diversas empresas e processos envolvidos. Trata-se de uma cadeia industrial, que começa com
a fabricação de matéria-prima como vidro, papel, folha de flandres, madeira, resina, alumínio,
aço etc. Tais matérias-primas são passadas às empresas convertedoras, que são as indústrias
que fabricam as garrafas, potes, frascos, sacos, cartuchos, rótulos, tampas, lacres etc. As
embalagens seguem então para as indústrias embaladoras de seus produtos, com
equipamentos próprios de envase. Embora não citados, há dois tipos intermediários de
indústria neste processo: as indústrias que fabricam equipamentos utilizados pelas
convertedoras para a fabricação das embalagens propriamente ditas, e as indústrias que
fabricam equipamentos de envase para as empresas embaladoras. Até alcançar o consumidor
final, estão envolvidas as empresas de transporte e logística, os atacadistas e os varejistas
(MESTRINER, 2002).
Portanto, não se trata de uma criação solitária por parte dos designers. Os que criam,
os que fabricam, os que envasam e os que transportam devem trabalhar de forma conjunta e
106
sintonizada, a fim de que o produto final seja satisfatório para todas as partes envolvidas, mas
principalmente, para o consumidor.
A Ilustração 4 apresenta um modelo de estrutura para o desenvolvimento de uma
embalagem:
Ilustração no. 4 Processo de desenvolvimento da embalagem.
FONTE: GURGEL, 2001.
Portanto, para desenvolver uma embalagem eficiente, bem sucedida, e que ainda
exerça as funções esperadas, há uma extensa inter-relação entre a manufatura, o produto e o
mercado. Assim, a embalagem deve também, além de proteger o produto e de representar uma
interface deste com o mercado, estar adequada à manufatura das indústrias de matéria-prima,
as convertedoras e as embaladoras, assim como com as empresas de transporte e logística.
Aspectos legais e de defesa do consumidor devem ser considerados, bem como todos os
fatores relativos aos mercados varejistas, comunicação do conceito mercadológico e a
exposição no ponto-de-venda. Nas palavras de Gurgel (2001, p.299):
Relacionamento com o produto e manufatura
Proteção
produto/
embalagem
Interface
produto/
embalagem
Sub/super
embalagem
Adequação à
manufatura e
distribuição
Legislação
tributária /
aspect
os legais
Código do
consumidor
Desenvolvimento
da embalagem
Automação
comercial
Modulação
Industrial
Comunicação do
conceito
mercadológico
Embalagem de
apresentação no
ponto
-
de
-
venda
Embalagem de
comercialização sujeita
à política comercial
Relacionamento com o mercado
107
A utilização de uma embalagem deficiente pode ser uma visão míope de
quem está desenvolvendo o produto, pois a embalagem deve ter sofisticação
técnica e exercer as funções necessárias. A boa embalagem pode ser o fator
determinante da preferência do usuário de produtos tecnicamente iguais.
Assim, em um processo de desenvolvimento de uma embalagem, há muitos aspectos e
etapas envolvidas, sendo, portanto, uma tarefa ampla. Dependendo do artigo, o
desenvolvimento da embalagem pode ser mais custoso e importante até mesmo que o produto
em si, como nos casos das embalagens de água mineral e grãos enlatados, como milho e
ervilha.
Há grandes inovações tecnológicas ocorrendo na indústria de embalagem. Uma delas
se refere ao surgimento de uma tecnologia que possibilita rastrear as embalagens por meio de
radio freqüência. É o que tem sido chamado de RFID, a sigla em inglês para identificação por
radio freqüência. Trata-se de uma tecnologia de identificação automática que possibilitará
substituir os atuais códigos de barras das embalagens por etiquetas de identificação. Com
estas etiquetas inseridas nos produtos se tornarão possíveis tanto o controle de estoques à
distância e em tempo real, quanto a passagem direta pelo caixa do supermercado, sem
necessidade de tirar os produtos do carrinho.
Outra grande novidade para o setor é a nanotecnologia, que trabalha em nível
molecular por meio da manipulação de materiais com dimensões em nanômetros
(milionésimo de milímetro). A Unicamp, em parceria com a Rhodia-Ster, desenvolveu uma
embalagem que aumenta a durabilidade de alimentos e bebidas, possibilitando assim
diminuição de perdas de produtos por ocasião do vencimento (CRUZ, 2004). Nos Estados
Unidos, o mercado de embalagens que utilizam a nanotecnologia gira em torno de US$ 38
bilhões, com previsões de que ultrapasse os US$ 54 bilhões, em 2008. Alguns exemplos de
aplicações da nanotecnologia incluem: bloqueio do oxigênio, do dióxido de carbono e da
umidade, preservando-se assim os alimentos; sensores com detectores de microorganismos
nos alimentos, de modo a alertar os consumidores por meio de mudança nas cores das
embalagens; e embalagens que poderão liberar um conservante se o alimento entrar em
processo de deterioração (SCHNOOR, 2005).
Como destaca Mestriner (2002), a tecnologia e o design devem caminhar juntos em
uma embalagem bem sucedida. Não adianta a embalagem somente proteger e conservar o
108
produto se não possuir elementos visuais atraentes para o consumidor. Da mesma forma, não
adianta uma embalagem ser graficamente perfeita, se não for útil para proteger e manter as
características físicas do produto intactas e livres de agentes externos como água, ar, luz,
microorganismos etc. Além da sinergia entre tecnologia e desenho, se faz necessário também
que a embalagem seja de uso prático, fácil e conveniente pelo consumidor, assim como deve
igualmente respeitar o meio ambiente após ser descartada, conforme visto.
Um dos aspectos tecnológicos mais importantes é o reconhecimento de benefícios por
parte do consumidor. Assim, de nada valeriam grandes inovações se estas não agregarem
valor ao produto, valor este percebido e reconhecido pelo consumidor final. A orientação é
que nem toda tecnologia disponível no mercado deve ser adotada, indiscriminadamente, pelas
empresas, que devem levar em conta as necessidades do consumidor e o grau de valor
adicionado ao produto pela embalagem inteligente. Segundo fontes da Associação Brasileira
da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF) as inovações deveriam ser pautadas
pelos seguintes critérios:
- se fazem com que o produto chegue ao consumidor em melhores condições;
- se são capazes de indicar ao consumidor a validade do conteúdo, como por exemplo,
nível de amadurecimento de alimentos in natura, temperatura em que se encontram etc.;
- se possuem aplicadores eletrônicos do conteúdo da embalagem, evitando-se assim
desperdício de produto;
- se possuem sistemas de auto-aquecimento ou auto-resfriamento, que deixam o
produto na temperatura certa na hora do consumo outdoor;
- se asseguram que o produto é original, por meio de dispositivos anti-
violação/falsificação.
Algumas empresas já têm utilizado as novas tecnologias disponíveis, colocando no
mercado embalagens inteligentes que oferecem benefícios concretos ao consumidor: a
Ambev, indústria de bebidas, inovou mais uma vez, colocando no mercado cerveja batizada
com o nome de Skol Geladona, que traz a vantagem de manter a temperatura interna por até
70% a mais do que as marcas tradicionais. Essa inovação se tornou possível graças à criação,
pela empresa Dupont, de uma embalagem composta de dois filmes de poliéster que envolvem
uma camada de não tecido que age como isolante térmico.
109
Outro caso de sucesso foi a introdução de uma nova embalagem do leite condensado
Moça, da Nestlé. A embalagem criada é uma garrafa de plástico de várias camadas, com um
dispensador para colocar o produto de forma fácil, confortável e limpa. Quando o consumidor
pára de apertar a garrafa, a válvula (dispensador) corta o fluxo de leite, sem pingar. Com essa
alteração, as vendas da empresa aumentaram, constituindo-se este caso em uma situação
ganha-ganha-ganha, com vantagens para todas as partes, conforme declaração da própria
empresa: para a Nestlé as vantagens estão na liderança em inovação, grande diferencial no
valor percebido dos produtos, melhora da imagem da marca e margens mais altas; o
consumidor se beneficia com uma embalagem limpa e conveniente, de fácil uso; e o
comerciante ganha com a revitalização da categoria e melhor rentabilidade.
Há ainda outros exemplos de empresas estrangeiras, com rótulos que mostram o nível
de amadurecimento de frutas, e rótulos que informam há quanto tempo uma embalagem está
aberta, sendo muito útil nos casos de alimentos refrigerados e congelados. Neste último caso,
o tempo do monitoramento automático, feito pela embalagem, pode variar de 10 minutos a 12
meses (ABIEF, 2006).
Um aspecto interessante no caso das embalagens mais sofisticadas é que, não
necessariamente, elas são consideradas custosas para a empresa e para o consumidor, se
levadas em conta a possível economia do produto no momento do uso (não-desperdício) e a
possibilidade de reciclagem do material. Embalagens com mais tecnologia podem reduzir o
percentual de perdas de produtos no transporte e na estocagem destes, assim como possibilitar
melhor proteção do produto em todas as suas fases, inclusive quando já estiver na casa do
consumidor final. A respeito disso, Gurgel (2001, p.334) defende que:
Uma embalagem com alto nível de criatividade não custará mais do que uma
embalagem pobre em idéias. Entretanto, a embalagem criativa poderá ser a
diferença entre uma boa venda e produtos encalhados no ponto-de-venda.
Um exemplo de embalagem criativa foi dado pela empresa americana, Pepperidge
Farm, para seus biscoitos. A embalagem se parece com um saquinho de pipoca, com
possibilidade de ser fechada novamente após o consumo, e ainda pode ser colocada em porta-
copo de carros de passeio. Para os varejistas, representa a possibilidade de ganho de espaço
nas prateleiras, pois a embalagem pode ser colocada também de ‘cabeça para baixo’,
110
alternando-se com a sua posição ‘normal’. Isso se deve ao fato de que o topo da embalagem é
mais largo que o fundo (Ilustração 5).
Ilustração no. 5 Embalagem de biscoitos Pepperidge Farm.
FONTE: FOOD AND DRUG PACKAGING
Há embalagens que atraem o consumidor pelo fato de poderem ser utilizadas mesmo
após o produto acabar. É o caso clássico dos copos de requeijão: muitos consumidores
acabam optando pelo produto oferecido em copos de vidro devido à possibilidade de os
utilizarem posteriormente. Outro exemplo é o de latas metálicas de biscoitos, chás etc., o que
faz com que os benefícios pela aquisição do produto se estendam além do seu uso.
A Revista Embalagem Marca apresentou, na sua edição de dezembro de 2005, as
tendências e perspectivas para a indústria de embalagens no ano de 2006:
contract packaging: tendência de terceirização dos serviços de embalagens.
Considerando-se que 18 dos 20 maiores grupos mundiais de embalagens estão presentes no
Brasil, esta pode ser uma boa decisão por parte das empresas de bens de consumo de massa;
a força da Copa do Mundo: várias possibilidades de realizar ações promocionais
que dão visibilidade às marcas; e o lançamento de embalagens comemorativas do evento
(Ilustração 6);
perfis específicos: segmentação de mercado, com embalagens destinadas às
necessidades das pessoas idosas (sistemas fáceis de abertura e fechamento), de pessoas que
moram sozinhas (produtos fracionados), bebidas e alimentos orgânicos, materiais
ambientalmente corretos, plásticos de rápida degradação, refeições rápidas e o consumo
nômade (no carro, na rua etc.);
rótulos do varejo: há uma previsão de que, nos próximos dois anos, as marcas
próprias representem 10% do faturamento total dos supermercados, o que pode representar
uma oportunidade para o setor de embalagens;
111
Ilustração no. 6 Embalagem Bisnaguinhas Panco Copa 2006
varejo de baixa renda: as chamadas classes C, D e E representam 77% da
população brasileira, ou seja, uma fatia muito grande do mercado consumidor. Tal informação
traz idéias sobre a substituição de embalagens sofisticadas por outras, feitas de matérias-
primas menos nobres, como os plásticos flexíveis. Outra possibilidade é a maior
disponibilidade de produtos em embalagem refil, mais barata e, portanto, mais acessível a
essa fatia de mercado;
fracionáveis: venda de medicamentos em quantidades menores e de produtos com
uma quantidade específica de calorias para o público com restrições alimentares (conhecidas
nos Estados Unidos como “100 Calorie Packs”);
smart packs: conforme visto anteriormente, embalagens que possibilitam um
acondicionamento inteligente, indicando validade e situação do produto ao consumidor;
microchips instalados nos rótulos (RFID); e a nanotecnologia, com a inclusão de novos
materiais de acondicionamento, possibilitando a criação de embalagens ativas que podem
mudar de cor, absorver oxigênio, eliminar odores ou monitorar modificações de umidade e
temperatura do ambiente, conforme mencionado.
Conclusivamente, Gerding et al (1996 apud BECKEMAN; OLSSON, [2005?], p.4)
consideram que:
112
[...] o desenvolvimento de embalagens para alimentos deveria ser vista como
dirigida pelos desejos dos consumidores, necessidades de distribuição e
novos materiais, assim como por desenvolvimentos funcionais, industriais
ou legislativos que continuamente impõem novas demandas de
desenvolvimento de materiais de embalagem e design.
Considerando-se a perspectiva histórica com as tendências futuras, o desenvolvimento
das embalagens será dirigido por fatores como (BECKEMAN; OLSSON, [2005?]):
novas tecnologias com alto potencial;
novas demandas resultantes do produto e do conceito de produto;
novas demandas e tendências do consumidor;
novas demandas do varejo e de distribuição;
aspectos legais;
mudanças na sociedade;
competição e globalização.
Atualmente, no Brasil, os aspectos industriais, tecnológicos, de materiais e processos,
de qualidade e de design representam o que há de melhor em nível internacional, refletindo o
estágio avançado do desenvolvimento do setor (VEGSO, 2003a).
2.2.4 Funções comunicacionais ou mercadológicas
Embora seja vista essencialmente pela sua função de proteção do produto, a
embalagem está se tornando cada vez mais reconhecida como um instrumento de promoção
do mesmo, e representa uma excelente oportunidade para persuadir o consumidor no ponto de
venda. A maioria, senão todas, as funções desempenhadas pela embalagem, representam
oportunidades de se obter vantagem competitiva no mercado, mas a função comunicacional
merece destaque quando o objetivo é chamar a atenção do consumidor.
Considerando-se que menos de 10% dos produtos vendidos em supermercados são
comunicados por meio de propagandas televisivas e impressas, pode-se concluir, portanto,
que mais de 90% dos produtos expostos nas gôndolas dependem apenas da embalagem para
que o consumidor tome conhecimento de sua existência. A conclusão de Silayoi e Speece
(2004) postula que, independentemente das considerações logísticas atribuídas à embalagem,
113
ela representa um atributo-chave percebido pelo consumidor, e que, dessa forma, não há como
escapar à sua função mercadológica, ainda que a empresa não a reconheça e ignore a sua
influência como instrumento de promoção do produto.
Independentemente da existência ou não de propaganda, a embalagem representa um
veículo essencial na comunicação direta com o consumidor. Nenhum outro aspecto do
produto está tão visivelmente presente no momento da decisão de compra quanto a
embalagem. Uma empresa que ilustra bem esse fato é a Del Valle. Empresa do ramo de
bebidas, a Del Valle tem utilizado a embalagem como principal ferramenta de comunicação e
diferenciação no ponto de venda (Ilustração 7), resultando em uma marca forte e reconhecida
pelo consumidor (VEGSO, 2003a).
Ilustração no. 7 - Embalagens sucos de frutas Del Valle.
FONTE: http://www.sucosdellvale.com.br
A maioria das decisões de consumo é feita no ponto de venda, sem a influência direta
de propaganda impressa ou comercial de televisão. Naquele momento, estão apenas o
consumidor e a embalagem do produto. Quando o consumidor está fora de seu ambiente de
compra, muitos fatores exercem influência sobre ele: propagandas televisivas, no rádio,
pessoas de seu círculo de amizades, a sua própria experiência de compra e uso, outdoors nas
ruas, a família, as circunstâncias, entre muitos outros. Mas, uma vez em situação de compra, o
consumidor deixa de ter grande parte das influências listadas acima, sendo influenciado
apenas por aquilo que está armazenado em sua memória e por aquilo que o ambiente do local
de compras proporcionar (os estímulos ambientais). No caso de produtos alimentícios, a
embalagem representa esta influência ambiental.
114
A questão é que, geralmente, no ambiente de compra (supermercados, na grande
maioria das vezes) o número de opções disponíveis ao consumidor é muito alto, o que faz
com que a concorrência entre as marcas nas gôndolas também seja bastante acirrada.
Conforme bem descreve Grager ([2005?], p.1) “quando a porta se abre, automaticamente,
diante de você, você entra em um local onde suas emoções e seus apetites estão em jogo, e
uma caminhada pelo corredor é um exercício de auto-definição.”
Os supermercados simbolizam a principal vitrine para as embalagens de alimentos, e
são locais cheios de informações, com muitos itens e grande variedade de marcas para cada
artigo. Alguns supermercados possuem uma quantidade de itens que pode variar de 15.000 a
25.000, e representam um dos espaços mobiliários mais caros de uma cidade, pois a disputa
pelos melhores lugares nas gôndolas é muito grande. Nesse sentido, Asher (2005) propõe um
exercício para evidenciar a importância da embalagem. Trata-se de um cálculo simples, que
pretende responder à seguinte questão: quanto tempo em média um consumidor destina a um
único produto durante a sua jornada de compras?
O autor procura responder tal questão a partir de um cálculo superficial e aproximado,
sem nenhum tratamento estatístico: considerando-se um supermercado com 15.000 itens e um
consumidor que olhe para metade desta quantidade, ou seja, 7.500 itens, tem-se então que os
outros 7.500 itens passam despercebidos pelo consumidor. Considerando-se um tempo médio
de compras de 30 minutos (ou 1.800 segundos), e dividindo-se este montante de segundos
pela quantidade de itens que serão vistos, isso significa que cada item é visto pelo consumidor
por 0.24 segundos apenas. Assim, ele conclui que “[...] sua marca deve ser vista e estimular
algum nível de interesse em menos de três décimos de um segundo. É de se admirar que a
taxa de insucesso para novos produtos é de 80% ou mais?” (ASHER, 2005).
As embalagens, que também carregam várias informações sobre o produto, devem se
destacar nesse cenário complexo:
Entretanto, uma vez dentro da loja, os consumidores vêem grandes
quantidades de elementos que afetam seus comportamentos de uma forma
completamente diferente. Dentro da loja, o comportamento do consumidor é
baseado em um conjunto de regras totalmente novas. Os produtos são
agrupados por categoria, geralmente deixando com que o consumidor
escolha entre uma marca ou outra. Freqüentemente, o comportamento do
consumidor está relacionado a acionadores exclusivos que determinam como
115
uma marca é percebida e se sobreviverá ou não nas prateleiras. Estes são
acionadores que, enquanto quase impossíveis de se controlar, podem ser
usados para desenhar uma embalagem orientada ao consumidor. (WARREN,
[2005?], p.18)
Para o autor, tais acionadores podem ser de dois tipos: o hábito e o ambiente, sendo
que ambos influenciam grandemente o comportamento de compra. O hábito existe e, a menos
que algo o transforme, ele tende a continuar. Mas o ambiente pode representar o tipo de
acionador que tem o poder de quebrar hábitos e estabelecer novos estilos de compra. Embora
este acionador ambiental possa ser muito simples, existe a possibilidade de que provoque
súbitas e representativas transições nos padrões de compra do indivíduo.
Vários e diferentes estímulos podem representar um acionador, sendo que a
embalagem simboliza um dos mais importantes e fundamentais estímulos ambientais
existentes. Assim, para que ela se destaque, chamando a atenção na prateleira, ela deve
corresponder aos padrões inconscientes do consumidor, sendo, portanto, desenvolvida com
base na mente do consumidor e não somente no produto em si. A esse respeito, Grager
([2005?], p.4) expõe que as “embalagens são tão onipresentes que elas se movem dentro do
inconsciente, embora muitas embalagens são desenhadas para que as pessoas respondam a
elas mesmo que não estejam prestando atenção.”
Nos casos em que o produto é anunciado em propaganda, a embalagem deve
corresponder à mesma, reafirmando o que fora dito anteriormente, ou seja, ela se torna um
apoio de mídia para a propaganda. Mestriner (2002) defende, por exemplo, que, se o produto
tiver um slogan associado ao mesmo, colocá-lo na embalagem é uma idéia interessante, que
reforçará a mensagem que se pretende transmitir a respeito do produto. Há muitas outras
idéias a serem exploradas e aproveitadas nas embalagens, uma vez que esta é uma mídia
gratuita, cujo custo de veiculação é muito baixo.
Para Mestriner (2002) a primeira grande missão da embalagem como instrumento de
comunicação e venda é chamar a atenção para a existência do produto na gôndola, pois se o
consumidor não enxergar o produto, todos os demais esforços para colocá-lo no mercado
terão sido em vão. A segunda é informar, em poucos segundos, o que o produto é, o que ele
faz e a quem se destina. A terceira missão é transmitir as informações complementares
(atributos) que apelam às necessidades e desejos do consumidor. E por último, a embalagem
116
deve construir a imagem da marca, agregando valor ao produto e fazendo com que o
consumidor considere válido o dinheiro que despenderá pela compra.
Uma outra seqüência que explica o processo comunicacional da embalagem é
apresentada por Gurgel (2001): a embalagem deve chamar a atenção primeiramente; em
seguida deve transformar a atenção em interesse, por meio da apresentação de características
singulares do produto; e por fim, deve provocar, na mente do consumidor, imagens
associativas que estimularão os desejos deste.
No contexto mercadológico, Peter e Olson (1999) consideram outros papéis
importantes desempenhados pela embalagem:
melhorar a maneira como o consumidor vê o produto;
aumentar a visibilidade do produto e da empresa;
reforçar a imagem da marca na loja e em casa;
reter consumidores atuais e atrair novos consumidores;
aumentar a vantagem competitiva dos produtos.
Relativamente à função de reforço da imagem da marca, Mestriner (2002, p.20)
oferece a seguinte conclusão sobre o papel comunicacional desempenhado pela embalagem
com o consumidor:
[...] a partir da embalagem o consumidor forma imagem da empresa. Ele ‘vê’
a empresa através da embalagem. Nada mais natural que a empresa converse
com ele, incluindo na embalagem tudo o que ela tem para comunicar. Assim,
se a empresa fez aniversário importante (50 anos), se ela ganhou um prêmio,
apoiou uma campanha ou entidade, lançou um novo produto, [...] tudo isso
pode aparecer na embalagem. O consumidor vai gostar de saber.
Um fator importante relativo à função conceitual desempenhada pela embalagem é que
esta deve refletir as características intrínsecas do produto. Nas palavras de Presas (2004), “[...]
não basta uma embalagem perfeita do ponto de vista tecnológico ou gráfico, se não respeitar
as particularidades de cada mercado e se suas propriedades não interagirem com o produto em
perfeita harmonia.”
117
Por meio de suas características como cor, formato, tamanho, textura etc. as
embalagens também contribuem para a formação de uma opinião sobre o produto contido nas
mesmas. Embora o conteúdo de uma embalagem seja o mais importante, é a embalagem em si
que atrai os olhares do consumidor e o faz parar e examinar o produto com mais atenção. Não
raro, consumidores que desconhecem uma marca ofertada na gôndola tendem a julgar a
qualidade do produto de acordo com a avaliação instantânea que fazem sobre a embalagem.
Dessa forma, uma possível experimentação do produto pode mesmo não chegar a acontecer se
o consumidor ‘desaprovar’ o tipo de embalagem que a empresa escolheu como ‘cartão de
visita’ para o seu produto. Por outro lado, uma embalagem bem concebida e visualmente
atraente para o consumidor pode agregar valor ao produto, ainda que este não seja de marca
conhecida.
Tal fato acontece, pois a embalagem representa, no momento da compra, o produto em
si mesmo para o consumidor, ou seja, embalagem e produto são indissociáveis. Esta questão é
tão preponderante que pode, inclusive, influenciar a qualidade percebida do artigo ofertado na
gôndola, resultando em muitos prejuízos para as empresas cujo único canal de comunicação
com seus consumidores seja a embalagem de seus produtos:
Se você vê o produto, se você o pega na mão, ainda que você compre ou não,
a embalagem fez seu papel. Uma vez que você abre a embalagem o produto
está nu e deve se destacar por seus próprios méritos a embalagem se torna
invisível. [...] Nós sabemos que a embalagem moderna é uma ferramenta de
marca, um vendedor e um educador muito importante. (GRAGER, [2005?],
p.5)
Além de influenciar os aspectos citados anteriormente, relacionados ao produto, a
embalagem também possui influência marcante sobre a empresa fabricante do produto,
interferindo fortemente na imagem da marca, conforme já citado. Neste caso, uma embalagem
mal formulada poderá acarretar prejuízos não somente para o produto que armazena, mas
também para toda uma linha de produtos que estejam sob a mesma marca:
A embalagem tem sido considerada como um estímulo crítico para a criação
e a comunicação da identidade e do significado de uma marca, e no
estreitamento da relação consumidor-marca especialmente para produtos
não-duráveis e de baixo envolvimento. [...] A embalagem comunica a
personalidade de uma marca através de muitos elementos, incluindo uma
combinação da logomarca, cores, fontes, materiais, desenhos, descrições do
produto, formatos e outros elementos que fornecem ricas associações de
marca (UNDERWOOD, 2003, p.1-2).
118
E uma última (mas não menos importante) função mercadológica está na comunicação
dos benefícios do produto. Mesmo nos casos em que os produtos são anunciados em outras
mídias, como televisão e revista, muitos atributos importantes não conseguem ser transmitidos
ao consumidor por motivos como curto espaço de tempo (comerciais) ou pouco espaço
disponível nas revistas de grande circulação. Por esse motivo, as embalagens podem ser
fortemente utilizadas para caracterizar o produto e mesmo para anunciar outros produtos do
mesmo fabricante.
Mesmo aos produtos considerados commodities (sem valor adicionado preponderante)
podem ser atribuídos aspectos que os diferenciem a partir de uma embalagem criativa e bem
construída. Por exemplo, o caso da maçã: uma commodity que, envolta em uma embalagem
diferenciada e atraente, acaba criando um adicional de valor na mente do consumidor. As
maçãs lançadas sob a marca da Turma da Mônica têm exercido este efeito sobre o público
infantil.
A função de comunicação de benefícios remete à questão do espaço disponível nas
embalagens. Uma embalagem de produto alimentício pode conter até quatro tipos de painel,
que podem ser tanto utilizados em sua função informativa (como visto no item 2.2.2), quanto
utilizados em sua função mercadológica junto ao público consumidor ou potencial. A seguir
são descritos os quatro possíveis tipos de painel em uma embalagem:
Painel principal: onde se apresenta a marca do produto;
Painel frontal: a parte do painel principal que fica mais visível ao consumidor no
local de venda;
Painel lateral: corresponde à parte do painel principal onde são colocadas as
informações de natureza obrigatória;
Painel secundário: a parte não habitualmente visível ao comprador quando
colocada em prateleira, onde se encontram as informações facultativas ou obrigatórias.
Quando se considera que a empresa se comunica com seu público consumidor por
meio de suas embalagens, torna-se incompreensível o fato de que alguns produtos tragam
informações repetidas em seus painéis frontal e secundário. Esse tipo de situação pode
indicar, ao consumidor, que a empresa não tem nada novo a acrescentar, não tem nenhuma
119
informação interessante a compartilhar com ele, o que é algo que deve ser evitado
(MESTRINER, 2002).
Por exemplo, a Batavo, indústria de laticínios, recentemente alterou a embalagem
longa vida de seus leites (integral, semi-desnatado e desnatado Ilustração 8), não somente
modificando os aspectos visuais do painel frontal, mais moderno e suave, como acrescentando
receitas em seu painel secundário (antes igual ao painel frontal), representando uma forma de
oferecer algo mais ao consumidor.
Ilustração no. 8 - Novas embalagens dos leites Longa Vida Batavo.
FONTE: http://www.batavo.com.br
O consumidor gosta de novidades, ainda que seja leal a algumas marcas. Ele gosta de
perceber que a sua marca favorita acompanha as tendências, evolui e se mantém
contemporânea. A marca para ele é algo vivo, que sofre mudanças sutis ao longo de sua
existência, e a embalagem retrata tais transformações. Dessa forma, a empresa conversa com
o consumidor, dando sinais de que percebe as variações da sociedade e as considera em suas
escolhas de comunicação mercadológica.
Produtos que não acompanham as mudanças e as tendências passam a serem vistos
como retrógrados e envelhecidos. Quando o consumidor nota isto, ele passa a consumir a
marca concorrente, ainda que tenha sido fiel à marca estagnada por um longo período
(GRAGER, [2005?]). E nesse ensejo, a fim de experimentar sensações novas advindas de um
produto que tenha passado por qualquer processo de modernização, a experimentação pode
levar à satisfação e ao consumo contínuo de um produto por um período razoável de tempo,
principalmente nos casos de produtos de baixo envolvimento.
120
Todas as características encontradas em uma embalagem podem, quando bem
trabalhadas, transmitir ao consumidor uma idéia de exclusividade e originalidade de um
produto. Portanto, a embalagem pode transmitir tanto uma imagem de qualidade quanto de
não qualidade por meio de suas características visuais e não-visuais. O consumidor interpreta
esses sinais e julga o produto pelo conjunto desses, atribuindo-lhe qualidade superior ou
inferior, por meio de um julgamento implícito da embalagem (SILAYOI; SPEECE, 2004).
Assim, uma vez tornado desnecessário o papel do vendedor dos antigos armazéns e
mercearias, passando-se ao auto-serviço dos supermercados, apenas as funções de proteção e
transporte desempenhadas pelas embalagens passaram a não ser suficientes, destacando-se, na
sociedade contemporânea, as funções informativas e, principalmente, as relacionadas à
atração visual e à função mercadológica das embalagens. O consumidor deixou de pedir ao
vendedor por um determinado produto e passou a olhar e buscar, por si mesmo, o artigo
pretendido. É sobre essa questão da visualidade que trata o próximo item.
2.3 A visualidade da embalagem e seu impacto no consumidor
Esta seção aborda os aspectos relacionados ao impacto das características visuais das
embalagens, levando-se em conta que o consumidor protagoniza um processo de atenção que
seleciona os estímulos ambientais aos quais despenderá tempo e concentração.
2.3.1 A atenção seletiva
À embalagem de alimentos têm sido atribuídos muitos papéis: tornar o alimento mais
seguro, mais conveniente, fazer com que seu prazo de validade seja maior (função de
conservação), entre outros. Mas o papel que mais se destaca é o de fazer com que o produto
seja visto, seja notado e ganhe posição de destaque na prateleira. A esse respeito, Nancarrow
et al (1998, p.110) defendem que “a importância de se comunicar o produto certo e os valores
de uma marca através da embalagem é extremamente importante, assim como alcançar um
nível estético e visual apropriado.”
121
Asher (2005) aplica a máxima ver é acreditar’ ao contexto do consumidor,
adaptando-a para ‘ver é comprar’, ou seja, o consumidor não compra aquilo que não pode ver.
Assim, de nada vale um produto fantástico com uma campanha de marketing brilhante se o
produto não for visto nas prateleiras.
Conforme mencionado na introdução deste trabalho, 85% das decisões de consumo
são definidas no ponto de venda, e o consumidor gasta em torno de 3 segundos para decidir
sobre qual produto levar. Isso mostra quão essencial se tornou a questão da visualidade das
embalagens, pois, no ponto de venda, ou seja, no local de decisão de compra, é a ela que ficou
destinada a função de chamar a atenção do consumidor que caminha rapidamente pelos
corredores dos grandes supermercados.
Dessa forma, as questões como cores vivas e ousadas, formatos inovadores e desenhos
gráficos de última geração têm sido incorporadas às embalagens a fim de que estas consigam
captar a atenção do consumidor apressado dos modernos ambientes de varejo. Assim, a
criação da proposta mais adequada à categoria de um determinado produto pode, além de
chamar a atenção, influenciar fortemente o consumidor que decidirá, em questão de segundos,
que marca colocar no carrinho.
O consumidor tende a decidir levando-se em conta a compreensão que ele tem da
situação no momento da compra. E quando se fala em estilo da embalagem remete-se ao
estilo visual, pois a atenção humana é amplamente dominada pela visão. Como conclui
Mestriner (2002, p.18-19) “a grande força da embalagem está no fato de o marketing ser uma
batalha de percepção e não de produtos [...] O consumidor é humano, deseja o melhor, o mais
bonito e o mais atraente [...] Ninguém prefere o feio...”
As pessoas estão expostas a uma quantidade muito grande de estímulos ou sinais e não
atentam claramente a todos eles (o que seria humanamente impossível). Portanto, reparam em
determinados estímulos ambientais levando-se em conta não somente a natureza destes, mas
também as experiências prévias e o histórico de vida. Nas palavras de Gade (1980, p.47):
[...] cada indivíduo tem sua própria imagem do mundo, pois esta deriva do
somatório de variáveis próprias e exclusivas do indivíduo, como sua história
passada, seu meio ambiente físico e social, sua personalidade e sua estrutura
122
fisiológica e psicológica. E estas variáveis são integradas, resultando assim
na estrutura cognitiva que permite [...] que interpretemos as coisas.
Boone e Kurtz (1998, p.177) ratificam tal afirmação, defendendo a ocorrência de
interação de dois tipos de fatores:
1. Fatores estimulantes: características do objeto físico, como tamanho, cor, peso ou
forma.
2. Fatores individuais: características do indivíduo, incluindo não apenas o processo
sensorial, mas também as experiências com itens similares, bem como as expectativas e
motivações básicas.
Deve-se levar em conta também que o background do indivíduo, ou seja, sua história e
memória, bem como seus fatores individuais (características pessoais, necessidades e
predisposição mental) fazem com que ele preste atenção a determinados estímulos e a outros
não. Portanto, há uma seleção de estímulos, ‘escolhendo-se’ assim os que mais se ajustam aos
valores e às características de cada um.
Normalmente, as pessoas prestam atenção aos estímulos que correspondem às suas
necessidades atuais ou em perspectiva, ou quando tais estímulos são capazes de provocar uma
grande diferença. A seleção de tais estímulos depende de três fatores (Schiffman e Kanuk,
2000):
a) natureza do estímulo: os estímulos possuem características que podem funcionar
como fatores atrativos para o consumidor, como por exemplo, alguns atributos físicos,
formatos diferentes, cores, texturas, sons ou ausência de, contraste etc. Tais características
‘ajudam’ o produto anunciado a se diferenciar dentre os demais.
b) expectativas: geralmente as pessoas percebem um determinado produto com base
não somente naquilo que o produto em si é e possui, mas nas expectativas que se criaram em
torno dele. Há um conjunto pré-condicionado na memória histórica do consumidor, que se
forma a partir de sua experiência prévia e de sua familiaridade, que formará a expectativa
sobre algum objeto ou situação.
c) motivações: as necessidades do indivíduo, que o motivam a consumir, estão
diretamente relacionadas à seleção de estímulos, ou seja, o consumidor tende a prestar mais
atenção às coisas das quais esteja precisando naquele momento.
123
O indivíduo seleciona e transforma as idéias, mensagens e informações recebidas que
não correspondem às suas crenças e valores existentes, ou seja, o fazem de forma que se
adaptem aos seus pré-julgamentos, ajustando os estímulos ao seu quadro mental e a sua
conveniência.
Como resultado disso, as pessoas tendem a resgatar somente as idéias e informações
que sustentam suas crenças e atitudes. Por exemplo, há uma inclinação de se recordar apenas
os pontos positivos sobre um produto do qual o consumidor gosta e uma tendência a esquecer
as vantagens oferecidas por um produto concorrente.
Importante ressaltar que o conhecimento e o sentimento prévios do consumidor se
transformam em expectativas, ou seja, em crenças sobre o que vai acontecer. Tais crenças
prévias influenciam a interpretação da realidade, podendo “alterá-la” para melhor ou para
pior.
Karsaklian (2000) refletindo sobre as questões sensoriais, considera que a impressão
sobre algo se forma a partir da soma de várias experiências. Para ela, quando um consumidor
olha um produto, vê a sua propaganda na televisão ou em mídia impressa, ouve o que as
pessoas comentam sobre o produto e examina sua embalagem, ele possuirá os elementos
necessários para estruturar sua impressão global.
2.3.2 Aspectos visuais das embalagens
Quando se fala em aspecto visual de um objeto, um dos principais termos associados
ao mesmo é o formato ou design. Diversas definições podem ser encontradas para a palavra
design. Dentre as existentes, Presas (2004) utiliza as conceituações apresentadas pela
Associação Latino-americana de Desenho Industrial (ALADI) e pela Escola Bauhaus, da
Alemanha, e sintetiza que:
[...] design compreende a atividade de desenhar para a indústria segundo
uma metodologia de projeto que leva em consideração a função que o
produto final irá realizar, as características técnicas da matéria prima e do
sistema produtivo utilizado em sua produção, bem como as características e
124
necessidades de mercado e do destinatário final do produto, ou seja, seu
consumidor.
A autora cita Mestriner (2002, p.10) para abordar a questão do design aplicado à
embalagem e suas peculiaridades dentro da categoria de produtos à qual pertence:
A linguagem visual da embalagem constitui um vocabulário que os
designers precisam conhecer para poder se comunicar com os consumidores.
Esse é o principal diferencial do design de embalagem em relação às outras
linguagens do design; existe um repertório exclusivo, construído ao longo
dos séculos com a evolução do comércio e o desenvolvimento da sociedade
de consumo, que dotou os produtos de uma roupagem que permite a
identificação de seu conteúdo e facilita o processo de compra.
Gruenwald (1993), Gurgel (1995), Stein (1997), e Baxter (1998) sintetizam as
principais características visuais que as embalagens devem ter:
- enviar sinais visuais rápidos;
- explicar ao consumidor o que o produto é e como usá-lo;
- chamar a atenção através da visibilidade e legibilidade (qualidade do que se pode ler
ou está escrito em caracteres nítidos);
- uma vez atraída a atenção, a embalagem deve provocar interesse;
- estimular desejos através de imagens associativas;
- estabelecer sua identidade através de sua forma, impressão e desenho;
- “[...] observar sempre a tendência do olho em ver da esquerda para direita e de cima
para baixo (leitura ocidental) e, portanto, a parte principal do design deve estar mais para o
lado esquerdo e, naturalmente, mais no alto que na parte baixa da embalagem” (SILVEIRA
NETO, 2001, p.48).
A grande vantagem de qualquer empresa quando o assunto é embalagem é que todas
podem ter o mesmo consumidor, na mesma gôndola, concomitantemente com as marcas
concorrentes. Isso implica, por exemplo, em aproveitar ao máximo a vantagem oferecida pela
embalagem, ainda que a empresa não tenha recursos suficientes para anunciar em outras
mídias. Portanto, a batalha final será sempre travada nas gôndolas.
Um exemplo de benefício alcançado exclusivamente por meio do design da
embalagem é o da Mococa. Em 2003 a empresa, na época produtora dos mingaus e farinhas
lácteas Nutriton (hoje a cargo da Support), mudou a embalagem destes produtos sem nenhum
125
outro esforço de comunicação representativo, experimentando assim um aumento de 40% nas
vendas quando comparadas com os números do ano anterior. As novas embalagens, além de
bastante coloridas, recebiam o desenho de uma vaquinha, com traços muito amigáveis ao
público infantil. Além disso, outros aspectos visuais permitiam com que os consumidores
pudessem identificar cada sabor disponível com facilidade, sem necessidade de ‘procurá-los’
nas embalagens (VEGSO, 2003b).
Portanto, por meio de alterações restritas à embalagem, um produto pode ser
reformulado e reposicionado estrategicamente no mercado. Embora a embalagem seja,
essencialmente, um objeto cujo motivo principal de existência seja o de proteção, transporte e
conservação do produto ao consumidor final, atualmente ela ganhou status de objeto de
desejo associado ao produto. Há embalagens que desenvolveram tão bem este papel que
passaram a serem colecionadas, como nos casos de latas de biscoitos e bolos, copos de
requeijão pintados, entre outras.
O aspecto do desejo despertado pela embalagem é marcado pela tentativa de persuasão
do consumidor, ou seja, pela intenção explícita de sedução através do design, das cores, dos
formatos e das texturas que constituem o sistema embalagem como um todo. A embalagem
está relacionada à identificação do produto e à escolha do consumidor, e sua importância
cresceu com o advento das lojas de auto-serviço, encorajando assim as compras por impulso,
possibilitando o reconhecimento imediato de marca e criando imagens duradouras de
produtos. Isso tornou indispensável a apresentação do produto envolto em uma embalagem
atraente e distinta das demais.
As embalagens também agregam personalidade ao produto que contém, evocando um
conjunto de crenças e valores existentes na mente do consumidor. Dessa forma, o consumidor
faz suas escolhas no ponto de venda baseando-se também no efeito visual, transferindo, ainda
que de forma inconsciente, o efeito estético da embalagem para seu conteúdo.
A imagem transmitida ao consumidor pela embalagem é resultado de percepções
relacionadas à cor, à forma, à diagramação, à textura etc. Cada um desses aspectos tem uma
significação imediata e outra inconsciente, provocando nos indivíduos interpretações e
reações quanto aos produtos dispostos nas gôndolas (PRESAS, 2004). A respeito do poder
126
visual apelativo das embalagens, Santaella (2002, apud TORTATO, 2004, p.113) faz a
seguinte colocação:
São convidativas. Apelam para a ação de pegar. São anatômicas, chamam
para o manuseio quase instintivo. Isso é importante quando se considera que
o produto está misturado aos competidores no ponto-de-venda. As variações
nas cores da embalagem são indicativas do tipo de produto e de sua
finalidade.
Quanto a essa última questão (indicação do tipo de produto) é interessante notar que
cada categoria de produto possui sua própria linguagem visual, tanto no formato da
embalagem quanto nas cores utilizadas. Isso permite com que o consumidor identifique o
produto pelo envoltório ou recipiente (linguagem visual). Por exemplo, a garrafa da Coca-
Cola ou da vodca Absolut são reconhecidas mundialmente apenas por meio de seus formatos,
exclusivos e consolidados na mente do consumidor. A embalagem da Coca-Cola, criada em
1916, se tornou marca registrada da empresa (Ilustração 9). Já a embalagem da vodca Absolut
foi inspirada em um frasco medicinal vendido em farmácias suecas no século passado, e
completa 127 anos em 2006 (SEIBEL; LIMA, 2005). Assim, ocorre uma identificação
instantânea por meio de códigos visuais conhecidos pelo consumidor, com reconhecimento do
produto por associação.
Ilustração no. 9 A famosa garrafa contour da Coca-Cola.
FONTE: http://www.coca-cola.com.br
127
Essas associações que ocorrem na mente do consumidor, embora simbólicas, fazem
com que ele transfira o efeito do exterior, da embalagem, para o interior, do produto. É por
esse motivo, conforme visto, que o produto pode ter um desenvolvimento mercadológico
irrisório, se for desconhecido e envolto em uma embalagem desprovida de significado,
atração, funcionalidade e beleza. Portanto, o desenho da embalagem e suas características
visuais devem ser consistentes com a marca, com sua história e com sua visão.
Outro aspecto diz respeito às cores escolhidas, pela empresa, para a criação de suas
embalagens. As cores são facilmente perceptíveis ou visíveis, e provocam sensações
dinâmicas nos seres humanos, atuando sobre os seus estados de espírito.
Os estudos sobre os impactos psicológicos das cores se iniciaram em 1920. Algumas
conclusões desses estudos sugerem que cores fortes remetem a coisas pesadas, cores vibrantes
remetem a objetos leves, a cor amarela remete a coisas baratas, a cor azul a produtos light e
assim por diante. A importância da cor pode ser exemplificada quando uma pessoa é capaz de
identificar ou de se lembrar de uma embalagem pelas cores, mas não se lembra do nome da
marca. Algumas pesquisas de marketing indicam que mais de 80% da informação visual está
relacionada a cores (GRAGER, [2005?]).
Embora as pessoas possam não considerar racionalmente o impacto das cores em suas
escolhas, inconscientemente estas estão associadas a alguns tipos de sabores ou de categoria
de produto, ou seja, trabalham como um estímulo subconsciente preponderante (REX et al,
[2005?]). Muitas empresas são reconhecidas instantaneamente pelas cores, que já se tornaram
símbolos da marca: vermelho e branco para Coca-Cola, rosa choque para o Sonho de Valsa, o
azul e branco da Nestlé, verde para o Guaraná Antarctica etc.
A consistência nas cores pode ajudar a consolidar, na mente do consumidor, os
códigos visuais de certas marcas. Algumas pesquisas indicam que os consumidores não lêem
embalagens, e que eles se guiam pelas cores das marcas que pretendem comprar. Por ocasião
da formação de atitudes, uma das primeiras características que os indivíduos avaliam em um
objeto é sua cor. Esse fato guarda uma forte relação com a embalagem de alimentos, o que faz
com que as cores possam atrair ou repulsar, fazer o indivíduo se sentir bem ou mal, ou desejar
comer mais ou menos.
1
28
As embalagens devem seguir alguns ‘padrões’ de cores e símbolos relacionados à sua
categoria de produto, mas de forma tal que, ainda assim, consigam se destacar na prateleira e
se comunicar eficientemente com seu público alvo (NANCARROW et al, 1998).
A questão da visualidade ganhou cada vez mais importância à medida que passaram a
surgir inúmeros concorrentes para o mesmo artigo. Fatores como qualidade do produto e
preço, embora essenciais, podem, eventualmente, se encontrar em paridade com relação a
produtos concorrentes, o que aumenta o papel atrativo exercido pelas embalagens com o
objetivo de ‘desempatar’ a disputa.
Considerando-se a acirrada disputa pela atenção do consumidor no ambiente
competitivo atual, a embalagem passa a ser vista não somente como uma obrigatoriedade para
o armazenamento, transporte e conservação do produto, do ponto de vista dos aspectos legais,
mas muito mais como uma oportunidade ímpar de diferenciação do produto na gôndola em
um cenário de produtos tão similares.
Uma das maneiras de se destacar é criando contraste. Foi o que fez a Nestlé com o
relançamento da marca de biscoitos Tostines. As embalagens de Tostines Água e Sal e Cream
Cracker (Ilustração 10), por exemplo, são brancas, destoando assim das demais marcas que,
nessa categoria, se apresentam geralmente nas cores amarelo, laranja e vermelho. O que deve
ser alvo de atenção é o quanto tal distinção pode ser bem ou mal sucedida, ou seja, o quão
longe ela poderá ficar do padrão da categoria. Enquanto as marcas líderes desejam se
destacar, as marcas próprias buscam a semelhança com as embalagens mais conhecidas no
mercado.
Ilustração no. 10 - Embalagens de biscoitos Tostines Nestlé.
FONTE: http://www.nestle.com.br
129
Uma embalagem que se destaca na gôndola atrai a atenção do consumidor,
incentivando-o a pegar e a examinar o produto. Pesquisadores da área consideram que,
quando o consumidor pega o produto, dificilmente ele o devolverá na gôndola, aumentando-
se muito a chance de este produto ir para o carrinho de compras. E muitas vezes, trata-se de
um produto do qual o consumidor não estava precisando e nem tinha intenção de comprar, até
que a embalagem conseguiu captar a sua atenção, gerando curiosidade.
Outra empresa que experimentou mudanças nos seus índices financeiros foi a Cargill
Foods: a linha de óleos compostos Olívia (Ilustração 11) recebeu reformulação visual de suas
embalagens, registrando-se, assim, o maior ganho de participação da empresa (VEGSO,
2003b).
Ilustração no. 11 Embalagens dos óleos compostos Olívia.
FONTE: http://www.cargillfoods.com.br
Faison (1961, apud BRITT, 1966) já indicava quatro características-chave esperadas
de uma embalagem bem sucedida, mesmo na década de 1960, quando a concorrência ainda
não se encontrava no estado acirrado de hoje, nem existia tanta semelhança entre os produtos:
1. visibilidade: a embalagem se destaca visualmente das demais embalagens nas
gôndolas? A que distância ela pode ser identificada? Ela atrai a atenção de quem passa?
2. conteúdo da comunicação: a embalagem comunica adequadamente o seu conteúdo?
3. conotações psicológicas: a embalagem possui uma imagem consistente com a
estratégia de marketing do produto?
4. função: a embalagem é fácil de abrir, fechar e armazenar? Ela protege
adequadamente seu conteúdo?
130
Mas a visualidade não consiste somente em elementos como cor, forma, textura,
padrão, desenho etc. A mensagem comunicada através da embalagem também pode assumir a
forma verbal. Dessa forma, o verbal (informações sobre o produto) e o não-verbal (cores,
formatos, desenhos) se complementam, comunicando de forma mais eficaz a mensagem que
se deseja transmitir a respeito do produto. A respeito disso, Tortato (2004, p.52) defende que:
A força de atração de uma embalagem ou seu processo de comunicação, está
na capacidade de promover uma intersemiose processo de comunicação no
qual estão envolvidos signos de dois códigos diferentes, como letras e
desenhos, para compor uma só mensagem. À medida que se inserem outros
elementos como cor, textura, pictogramas, imagens, formas, entre outro
(sic), na criação de uma embalagem, obtém-seda (sic) combinação desses
elementos, uma massa gráfico-visual que constrói a identidade do produto.
Alguns erros visuais mais comuns no universo da embalagem são: esquemas de cores
pouco criativos, fotos muito artificiais dos ingredientes principais ou mesmo do produto,
expressões muito comuns e pouca atenção dada à questão estética.
2.4 Embalagem e atitude do consumidor
De acordo com Nancarrow et al (1998) os profissionais de marketing se vêem
envolvidos no design de embalagem em basicamente sete ocasiões:
1. lançamento de um novo produto ou de variação de um produto existente;
2. revitalização de uma embalagem antiga ou ultrapassada;
3. reposicionamento de um produto;
4. mudança do mercado alvo;
5. necessidade de redução de custos da embalagem;
6. requisições legais;
7. disponibilização de novas tecnologias de embalagem.
E para que o resultado final seja satisfatório, a construção da embalagem deve
contemplar aspectos como:
131
o conhecimento do produto para uma melhor expressão deste por meio da
embalagem;
o conhecimento do público-alvo e seus hábitos de compra;
o conhecimento do mercado, da concorrência e da indústria que vai produzir a
embalagem;
o conhecimento das características técnicas da embalagem, como materiais,
formatos, técnicas de acondicionamento, fechamento e abertura;
o conhecimento dos objetivos mercadológicos a serem obtidos por meio da
colocação do produto no mercado.
Mas, para que uma empresa ganhe vantagem competitiva por meio da embalagem é
necessário, antes de tudo, compreender o tipo de consumidor alvo para o produto e quais os
processos psicológicos envolvidos no momento da escolha do artigo e da marca que serão
colocados no carrinho de compras. Assim, compreender o consumidor envolve o estudo de
como ele percebe e interpreta os sinais do ambiente, especialmente dos códigos visuais das
embalagens.
A WPO considera fundamentais os seguintes atributos para que uma embalagem seja
considerada boa:
(1) conveniência para abrir, dosar, fechar e segurar, sem necessidade de força física;
(2) visualidade atraente e com uma comunicação apropriada, ou seja, fácil de ler, de
compreender, com um bom desenho estrutural e gráfico;
(3) características de segurança, como boa vedação no fechamento, materiais e
formatos amigáveis ao consumidor;
(4) tamanhos apropriados, sendo oferecidos para pessoas que moram sozinhas,
famílias pequenas e famílias grandes;
(5) preço apropriado.
Assim, de acordo com a WPO, as embalagens que oferecem esses atributos essenciais
estão aptas a serem avaliadas, pelos consumidores, como muito satisfatórias e oferecidas ao
preço correto. Mas será que os atributos citados, embora muito abrangentes e fundamentais,
podem, realmente, assegurar isso?
132
Lysonski et al (1996) explica que o processo de tomada de decisão do consumidor é
uma orientação mental que caracteriza a maneira como o consumidor aborda um objeto, o
avalia e decide se compra ou não este objeto. Essa orientação envolve aspectos tanto
cognitivos quanto afetivos.
Para Warren ([2005?], p.22), a diferenciação do produto na gôndola possibilita com
que este se destaque dos demais concorrentes, mas não é o suficiente em um cenário em que
os produtos são planejados, todos, justamente para serem diferentes.
Para um design eficaz, o produto tem que ir além da diferenciação e
estabelecer uma conexão emocional com o consumidor. [...] A chave para
alcançar isto é ter em mente as necessidades mais importantes para o
consumidor.
Considerando-se o exposto pelo autor, a embalagem deve ser desenvolvida levando-se
em conta os valores emocionais transmitidos ao consumidor (consumer obsession minded), o
que resultaria em um relacionamento de longo prazo entre este e a empresa. O consumidor
deve ser tocado pelo racional e também pelo emocional, e isso independe de classe social:
consumidores de classes menos privilegiadas também desejam um produto de qualidade e
envolto em uma embalagem atrativa, dentro de suas limitações de recursos.
Os valores dos consumidores, subjetivos e muito importantes, geralmente envolvem a
capacidade funcional do produto, sua capacidade em despertar sentimentos e satisfazer
curiosidades, e sua capacidade de provocar diversão ou prazer. Portanto, a embalagem
representa a conexão entre o produto e o consumidor, podendo criar valor em todas estas
dimensões (WPO).
Dessa forma, as empresas podem criar conexões emocionais com seus consumidores
por meio da embalagem. Lucas ([2005?]) apresenta uma lista com cinco principais formas de
se criar tais conexões e despertar sentimentos no consumidor por meio da embalagem:
1. inclusão de fotos nas embalagens: isto se aplica com mais freqüência quando se
trata da embalagem de alimentos. As fotos dos alimentos apetitosos que serão ‘obtidos’ por
meio da compra do produto podem levar o consumidor a pensar sobre a sensação de desfrute
133
e prazer obtida a partir desse consumo, indo além do produto em si. Isso é o que se chama
appettite appeal, algo como apelo ao apetite do consumidor;
2. linguagem: a comunicação verbal disposta nas embalagens pode trazer bons
resultados à empresa, por meio de mensagens concisas, objetivas e relevantes ao consumidor.
Os resultados são melhores na medida em que o tipo de linguagem se aproxima daquele
utilizado pelo público-alvo do produto;
3. tipografia: os tipos de letras utilizadas nas mensagens verbais também possuem
efeitos distintos, podendo ir do tradicional ao moderno, do divertido ao medicinal, do frio ao
quente. Assim, o estilo, o tamanho e a cor das letras podem proporcionar o nível correto de
ênfase aos diversos componentes verbais de uma embalagem;
4. cor: conforme descrito anteriormente, as cores utilizadas na embalagem podem
surtir efeitos desejados e controlados pelas empresas, estabelecendo-se, inclusive, o tipo de
sentimento e emoção que se deseja que o produto provoque no consumidor. Por exemplo, a
cor vermelha é estimulante; a cor azul, calmante; a amarela atrai a atenção; a verde remete às
questões de saúde e meio ambiente; a cor cinza é considerada profissional e séria etc;
5. estrutura: a embalagem deve oferecer uma composição estrutural que atenda às
necessidades dos consumidores. Para isso, é necessário que a empresa conheça as rotinas
diárias de seu público-alvo a fim de oferecer embalagens apropriadas a este. Idosos e crianças
são os que demandam maior atenção no planejamento da estrutura de embalagens de
produtos.
Uma vez despertados os sentimentos no consumidor, a embalagem deve atender as
suas requisições racionais, como por exemplo, explicar àquele sobre as principais
características do produto e seus atributos mais importantes e valorizados. Assim, o
consumidor racionaliza sua conexão emocional com o produto, passando a atribuir-lhe
aspectos de saúde e bem estar. Conforme Warren ([2005?], p.16): “O desenho da embalagem
deve melhorar a compreensão e a atitude do consumidor relativamente à marca.” A
embalagem e seu desenho estão relacionados à imagem do produto que contém.
O consumidor participa de um processo de atenção seletiva, conforme anteriormente
mencionado, durante o qual ele seleciona os sinais ambientais aos quais prestará atenção. De
outra forma (se prestasse atenção a absolutamente todos os sinais do ambiente), ele ficaria
confuso e atordoado. Essa seleção é influenciada por dois fatores internos: a experiência
134
passada (o que o consumidor espera ver) e os motivos atuais (necessidades, desejos, interesses
e valores). (NANCARROW et al, 1998).
Mas a embalagem exerce grande influência nesse cenário ‘confuso’. Ela pode sinalizar
sua relevância às necessidades e desejos do consumidor e, ao mesmo tempo, se destacar entre
os produtos concorrentes a partir do momento em que corresponde aos anseios (muitas vezes
inconscientes) do consumidor.
Conforme visto no capítulo anterior, a atitude do consumidor envolve três dimensões:
o afeto, a cognição e o comportamento. Para Peter e Olson (1999), o afeto e a cognição
tornam possível a escolha razoavelmente rápida de muitos itens em um supermercado. Mas
por que isso ocorre?
O consumidor guarda em sua memória as sensações experimentadas durante o uso de
um determinado produto. Forma-se assim o sistema afetivo do indivíduo por ocasião de suas
experiências de consumo. A partir disso, o consumidor forma uma interpretação cognitiva
(racional) de tais experiências. Assim, em suas próximas decisões de compra ele se utilizará
tanto do que está armazenado em seu sistema afetivo quanto em seu sistema cognitivo para
responder, de forma relativamente rápida, aos estímulos do ambiente (locais de compra).
Essas são as atitudes formadas na mente do consumidor. Conforme visto
anteriormente, as pessoas não estão dispostas (e nem poderiam) a avaliar objetos (produtos)
em todas as suas dimensões, a cada processo de decisão de compra pelo qual tivessem que
passar. A resposta afetiva a um objeto pode corresponder a 60% pela aceitação do mesmo
(PETER; OLSON, 1999).
O afeto também contribui para a escolha rápida de produtos com os quais o
consumidor tem baixo envolvimento. Silayoi e Speece (2004) retratam essa questão, e
explicam que, no contexto dos elementos visuais e dos elementos informativos das
embalagens, o sistema afetivo e o sistema cognitivo exercem papéis diferentes. Para compras
de alto envolvimento, o consumidor utiliza mais o seu sistema cognitivo para avaliar os
elementos informativos das embalagens. Para compras de baixo envolvimento, rotineiras e,
portanto, de baixo risco, o consumidor usa seu sistema afetivo para avaliar os elementos
visuais das embalagens. Portanto, os produtos de baixo envolvimento são avaliados mais por
135
suas características visuais, envolvendo respostas mais emotivas. Para muitos consumidores,
quando se trata de produtos de baixo envolvimento, a embalagem é o produto, e forma
impressões, nos primeiros contatos, com impactos duradouros.
Britt (1966) questiona se, em caso de uma embalagem de um produto predileto ser
trocada por outra, se o consumidor seria capaz de reconhecer o produto. Para encontrar
resposta a esta questão, o autor analisou os resultados de um teste cego realizado em São
Francisco, no ano de 1962, pelo Institute for Design Analysis.
A pesquisa consistiu em um teste de sabor de oito tipos de cervejas. Foram montados 2
grupos de 96 pessoas cada. No primeiro grupo foram apresentadas as cervejas a serem
testadas sem nenhuma identificação de marca e, depois, com uma identificação (uma etiqueta
apenas). No segundo grupo, as cervejas foram apresentadas sem identificação de marca na
primeira vez e com suas próprias etiquetas ou embalagens na segunda. Os resultados gerais
surpreendem: a marca que ficou em quarto lugar na preferência do consumidor durante o teste
de sabor (sem identificação), passou para primeiro lugar ao ser identificada tanto com a
etiqueta quanto com a embalagem própria. A marca que recebeu o quinto lugar em sabor no
teste cego passou para a oitava colocação ao ser identificada, e para a quarta, ao receber a
embalagem própria.
Por meio desse teste, Britt (1966) pôde concluir que o consumidor ‘se perde’ quando o
produto predileto não está com sua identificação visual. A imagem ganha, portanto, uma
dimensão preponderante no reconhecimento pelo consumidor, transmitindo idéias e emoções,
e podendo, inclusive, interferir nos desejos de uma pessoa (TORTATO, 2004). A autora
disserta sobre a natureza semiótica
19
da embalagem:
Os elementos gráficos/signos/icones (sic) relacionados num espaço visual de
uma embalagem são percebidos e entendidos como um fato de comunicação.
Interiorizamos e damos significado à mensagem pelo que nosso olhar capta.
Aspectos estético-visuais quando bem formulados geram percepções
positivas, atraindo a atenção e o desejo, beneficiando a satisfação e a
fidelidade do consumidor. (TORTATO, 2004, p.115)
19
Ciência da linguagem que opera com a articulação dos signos verbais e não-verbais, com os diversos sistemas
de sinais, de linguagem e suas relações.
136
Portanto, o ambiente do local de compras exerce grande influência sobre o afeto, a
cognição e o conseqüente comportamento do consumidor. Assim, os sistemas afetivo e
cognitivo do consumidor podem ser afetados por muitos fatores no contexto de um
supermercado, dentre eles os estímulos ambientais, a disposição dos produtos nas gôndolas, a
comunicação visual das embalagens (que representa uma importante estratégia de marketing),
preços, promoções etc.
Tanto o sistema afetivo quanto o cognitivo se inter-relacionam. Não há hierarquia
entre os dois, cada um respondendo independentemente ao sistema ou entre si. As respostas
produzidas pelo sistema afetivo são interpretadas pelo sistema cognitivo, e então usadas no
processo de tomada de decisão. Ex: o humor interfere nas compras e na disposição de
conhecer produtos. O contrário também se aplica: dependendo do conhecimento e opinião que
um indivíduo tenha sobre determinado produto, a sua avaliação e sentimento pelo mesmo
podem ser favoráveis ou desfavoráveis:
Devemos levar em conta que as escolhas normalmente são feitas de forma
emocional, como propõe Luiz Cheskin (1964, p.60) "... as escolhas, com
muito maior freqüência são feitas emocionalmente, e não racionalmente. Os
compradores são motivados por símbolos, por imagens e/ou cores".
(PRESAS, 2004)
Nancarrow et al (1998) apresentam os resultados de uma pesquisa qualitativa realizada
com o objetivo de investigar como os consumidores decifravam as informações contidas em
embalagens de suco de laranja. A amostra era composta por donas de casa de todas as classes
sociais, com idades entre 20 e 50 anos. O pesquisador explorou os sinais que as consumidoras
usavam para julgar a pureza do produto, a interpretação dos sinais verbais e a atração dos não-
verbais, e as possíveis fontes de incredulidade e confusão. O moderador também procurou
exemplos de bons desenhos. Os resultados foram:
- a pureza do produto se baseou nas cores, letras utilizadas, nome da marca,
reputação do fabricante, outras fontes de comunicação do marketing, e sinergia entre todos
esses sinais;
- a qualidade percebida também dependeu do julgamento de uma série de sinais,
como os descritos anteriormente;
137
- algumas expressões como “sugar free” (livre de açúcar), “no added sugar” (sem
adição de açúcar), no artificial colourings” (sem colorantes artificiais), “low in calories
(produto de baixa caloria) foram consideradas confusas e misteriosas.
2.5 Mudança da embalagem e os aspectos psicológicos do consumidor
Uma vez que as embalagens podem estabelecer conexões emocionais com os
consumidores, alterá-las passa a ser uma questão que merece grande atenção por parte das
empresas e de seus designers. Embalagens já consagradas e reconhecidas pelo consumidor
devem ser modificadas de forma que o produto passe a ser percebido como atualizado,
moderno, mas sem perder as características que levaram anos para serem memorizadas e
reconhecidas pelos consumidores.
Há um conceito importante relacionado à observação de alterações realizadas em
objetos conhecidos pelas pessoas: a diferença marginal notada, ou d.m.n. Este conceito foi
definido por Schiffman e Kanuk (2000, p.105) como sendo “a diferença mínima que pode ser
detectada entre dois estímulos similares”.
A lei de Weber, um cientista alemão do século 19, postula que a d.m.n. entre dois
estímulos não é a quantidade absoluta, mas a quantidade relativa à intensidade do estímulo
referencial, ou seja, “[...] quanto mais forte o estímulo inicial, maior será a intensidade
adicional necessária para o segundo estímulo ser percebido como diferente.” (SCHIFFMAN;
KANUK, 2000, p.105). Dessa forma, conhecer a d.m.n. associada ao produto se trata de uma
questão fundamental para as empresas devido a basicamente dois motivos:
1. para que mudanças negativas não sejam percebidas;
Como exemplos podem-se citar as reduções de tamanho das embalagens, sem
correspondente redução do preço; e os aumentos de preços dos produtos sem que ocorra
aumento da qualidade.
2. para que as mudanças positivas não sejam consideradas extravagantes;
As empresas não desejam que seus produtos não sejam mais reconhecidos nas
gôndolas por ocasião de mudanças nas embalagens. O caso clássico nacional é o do leite
138
condensado Moça, uma das marcas mais consagradas da Nestlé. Fabricado no Brasil há 85
anos, o produto foi comercializado em sua latinha cilíndrica tradicional de 1921 até 2004
(Ilustração 12).
Ilustração no. 12 Primeira versão da embalagem do Leite Moça.
FONTE: http://www.furg.br/portaldeembalagens/dez/historia.html.
A primeira mudança nos dias atuais ocorreu no desenho da moça de trajes típicos que
segura o balde de leite (representando as camponesas do século XIX), por meio da atualização
de sua expressão, tom de pele, cabelo e contornos mais femininos, fazendo com que o
desenho ganhasse maior definição visual. Isso foi feito sem, no entanto, alterar as cores de sua
roupa e a posição de seu corpo (Ilustração 13).
Ilustração no. 13 Embalagem do Leite Moça antes e após a reformulação.
FONTE: a autora
139
A segunda mudança foi relativa ao formato da embalagem, em setembro de 2004,
projeto este que levou dois anos para ser concluído, e envolveu fábrica, engenharia,
marketing, pesquisa, fornecedores e a parceria com a CSN Companhia Siderúrgica
Nacional. A embalagem original era cilíndrica, enquanto que a nova embalagem é sinuosa,
com um design mais anatômico (Ilustração 14), e com todas as informações litografadas na
própria lata (antes, as informações vinham impressas nos rótulos de papel, apresentados na
Ilustração 13). A Nestlé desejava, com essas modificações, chamar novamente a atenção do
consumidor para o seu produto nas prateleiras, e dificultar a cópia por parte de outras
empresas.
Ilustração no. 14 - Embalagem atual do Leite Moça.
FONTE: http://www.nestle.com.br
Esses cuidados quanto à intensidade das mudanças se justifica, uma vez que as
empresas não podem correr o risco de que os seus produtos não sejam mais identificados por
seus consumidores, fazendo com que estes os percebam como sendo novos produtos. Isso se
aplica mais intensamente nos casos dos produtos mais tradicionais do mercado, sendo que a
alteração das embalagens destes torna-se complicada e arriscada, em muitos casos. Por meio
de alterações sutis na embalagem (abaixo da diferença marginal notada), os produtos podem
ser modernizados sem perder o reconhecimento obtido durante anos de exposição.
Os consumidores guardam uma ligação sentimental com as embalagens de seus
produtos prediletos, consideradas parte da personalidade dos mesmos, e por este motivo, o
reconhecimento das mudanças efetuadas em qualquer embalagem guiará qualquer iniciativa
de marketing nessa área (GRAGER, [2005?]). Assim, as empresas devem mudar suas
140
embalagens a fim de que estas continuem a ter o mesmo apelo de antes, mexendo com a
memória afetiva do consumidor.
Outro caso interessante é o do bombom Sonho de Valsa, da Kraft Foods, lançado no
Brasil em 1938. Antigamente, os bombons eram vendidos por quilo nas bombonnières da
cidade de São Paulo, e comprados predominantemente por mulheres. A fim de popularizar o
bombom e disponibilizá-lo também em outros pontos de venda, como bares e armazéns, a
Lacta, na época, iniciou uma série de mudanças para a criação de uma embalagem que
chamasse a atenção do consumidor, principalmente do homem.
A primeira embalagem era feita de um celofane sem impressão e sem cor, que
envolvia o bombom envolto em estanho colorido. Sobre o celofane havia um selo preto com o
desenho de um violão e o nome ‘Sonho de Valsa’. A evolução se deu em 1942 (Ilustração 15),
com a inclusão de um casal dançando (incorporação da figura masculina), a manutenção do
violão e do nome do bombom, a impressão de notas musicais de uma valsa do compositor
Johann Strauss, e a adição da cor maravilha, forte e vibrante, ao papel celofane. (VIEIRA,
1985).
Ilustração no. 15 Embalagem antiga e a primeira modificação (Sonho de Valsa).
FONTE: http://www.furg.br/portaldeembalagens/dez/historia.html.
Após essa representativa modificação, a embalagem permaneceu praticamente
inalterada desde então, apenas com mudanças bastante sutis nas letras do nome e na roupa dos
dançarinos. Já em 2001, a embalagem sofreu nova reformulação, transportando-se o violão do
centro da embalagem para as bordas (dividindo espaço com as notas musicais),
141
acrescentando-se mais movimento às letras e mudando-se a posição dos casais (Ilustração 16).
Outra alteração sutil, feita ainda no ano de 2001, incluiu um design mais dinâmico ao casal de
dançarinos e uma versão mais atualizada ao logotipo da marca, com letras maiores e mais
modernas, facilitando assim a leitura.
Ilustração no. 16 Embalagem atual do bombom Sonho de Valsa.
FONTE: a autora
Portanto, quando se trata da modificação de embalagens, deve-se levar em conta que
estas possuem um ciclo de nascimento, vida e morte. Dessa forma, é necessário estar atento
para que, ao menor sinal de desatualização de uma embalagem, esta possa ser modificada em
tempo. Mas as mudanças precisam ser feitas com critério, pois o consumidor já formou uma
imagem em sua mente que o orienta na compra do produto. Ou seja, ele precisa continuar
identificando o produto pela embalagem, que gera atração e desejo, atingindo assim, o
inconsciente do consumidor.
Enfim, embora continue sendo apêndice de um produto, a embalagem
passou a ser ela própria um produto, sujeito a um projeto, a um orçamento, a
pesquisas tecnológicas, a uma linha de produção, a requisitos de ordem
mercadológica e ao crivo da lei da oferta e da procura: passou a ser algo tão
vivo como um ser que nasce, cresce e morre (MING, 1985, p.26-27)
CAPÍTULO 3
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho apresenta como objeto de estudo a influência exercida pelos
aspectos visuais das embalagens de alimentos no processo de formação das atitudes do
consumidor, o que se constitui na questão de pesquisa proposta no capítulo introdutório.
Para tanto, foram cumpridas as seguintes etapas:
levantamento do referencial teórico sobre atitudes e embalagens;
definição do perfil do consumidor que comporia a amostra não-probabilística;
escolha da categoria de alimentos a ser utilizada para exemplificar os aspectos
visuais das embalagens;
pesquisa qualitativa (pré-campo) para levantamento de atributos mais relevantes
das embalagens de biscoitos;
escolha das embalagens (marcas e sabores) a serem utilizadas por ocasião das
entrevistas em profundidade;
entrevistas em profundidade (pesquisa de campo) com consumidoras, a partir do
roteiro obtido na fase do pré-campo;
análise de conteúdo das entrevistas para responder à questão de pesquisa: qual a
influência dos aspectos visuais das embalagens de alimentos (biscoitos) na formação das
atitudes do consumidor?
A perspectiva adotada neste trabalho para conceituar atitudes considera que as mesmas
são formadas por três componentes: cognitivo, afetivo e conativo. Assim, conforme abordado
no capítulo 1 (Atitudes do consumidor), o conceito utilizado para a consecução dos objetivos
propostos foi o da perspectiva tridimensional da atitude.
143
As atitudes podem ser observadas por meio de respostas afetivas dadas a um objeto,
evento ou situação, mas não representam, em si mesmas, as emoções que evocam. Espinoza
(2004, p.43) representa adequadamente tal perspectiva por meio da seguinte definição:
As atitudes referem-se a um julgamento de avaliação, que é o
posicionamento de determinado objeto em um continuum de avaliação e de
afeto. Mesmo que a atitude seja essencialmente afetiva, ela não é o
sentimento em si, mas sim uma avaliação deste sentimento.
Para Fishbein e Ajzen (1975) as crenças, que podem ser formadas por observação
direta, informações externas ou por meio de processos inferenciais, são atribuídas aos objetos
que fazem parte do mundo do indivíduo. Assim, a soma de todas as crenças de uma pessoa
representa a base informacional desta para a formação de suas atitudes, intenções e
comportamentos.
Portanto, o processamento de informação e as crenças resultantes determinam a
atitude, mas esta é formada considerando-se um conjunto de crenças e não apenas uma,
podendo inclusive haver crenças positivas e negativas convivendo. Cada crença relaciona o
objeto a algum atributo e, assim, a avaliação e o afeto do indivíduo sobre tais atributos é o que
constituirá a sua atitude.
3.1 A natureza da pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório, em que se buscou conhecer os processos de
formação de atitudes do consumidor a partir do uso de características visuais das embalagens
de alimentos. As pesquisas exploratórias não apresentam a mesma rigidez dos outros tipos de
pesquisa, e não se aplicam, geralmente, técnicas quantitativas para a coleta de dados.
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar
visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de
pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco
explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e
operacionalizáveis. (GIL, 1987, p.45)
Na primeira etapa desta pesquisa exploratória, a abordagem ao referido objeto foi
realizada por meio de duas fases:
144
a) levantamento das origens dos estudos sobre atitudes do consumidor e revisão
conceitual sobre cognição, afeto e conação, bem como sobre as dimensões da atitude, suas
funções e os seus processos de formação e de mudança;
b) abordagem histórica sobre o setor de embalagens, as funções desempenhadas pela
embalagem de alimentos, sua composição e suas características visuais preponderantes.
3.2 Técnica de coleta dos dados
Para a compreensão da influência exercida pelos aspectos visuais das embalagens,
considerando-se o envolvimento da questão das atitudes do consumidor, entendeu-se como
mais apropriada a utilização do método qualitativo que, nas palavras de Richardson (1999,
p.80), é comumente utilizado nas seguintes situações:
[...] em que se evidencia a importância de uma abordagem qualitativa para
efeito de compreender aspectos psicológicos cujos dados não podem ser
coletados de modo completo por outros métodos devido à complexidade que
encerra. Nesse sentido, temos estudos dirigidos à análise de atitudes,
motivações, expectativas, valores etc.
A abordagem qualitativa provê detalhes importantes e cheios de significação, que
possibilitam explorar pontos de vista distintos por ocasião dos primeiros estágios da pesquisa,
o que permite ao pesquisador compreender, de forma melhor, os principais aspectos que
permeiam o assunto a ser tratado. Assim, torna-se possível realizar descobertas sobre assuntos
pouco conhecidos pelo pesquisador, ou ainda ampliar o conhecimento sobre assuntos
familiares àquele.
Assim, na segunda etapa, o trabalho foi conduzido também por meio de uma pesquisa
exploratória (não-experimental qualitativa) na qual, para Marconi e Lakatos (1999, p.87)
“uma variedade de procedimentos de coleta de dados pode ser utilizada, como entrevista,
observação participante, análise de conteúdo etc., para estudo relativamente intensivo de um
pequeno número de unidades, mas geralmente sem o emprego de técnicas probabilísticas de
amostragem.”
145
Levando-se em conta a natureza do objeto da pesquisa, a escolha do procedimento
metodológico teve ainda como base a propriedade com que as técnicas de observação e
entrevista - típicas da pesquisa qualitativa - aprofundam questões complexas do
comportamento humano. Nesse sentindo, Richardson (1999, p.90) conceitua a pesquisa
qualitativa como segue:
A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais
apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas
quantitativas de características ou comportamentos.
E Denzin e Lincoln (1994, p.4) a respeito da pesquisa qualitativa dissertam:
A palavra qualitativa insinua uma ênfase nos processos e significados que
não são rigorosamente examinados, ou mensurados, em termos de
quantidade, volume, intensidade, ou freqüência. Pesquisadores qualitativos
enfatizam a natureza socialmente construída da realidade, o relacionamento
íntimo entre o pesquisador e o que se está estudando, e as restrições
situacionais que modelam a investigação...
Portanto, essa segunda etapa do trabalho de pesquisa foi dividida também em duas
fases:
a) pré-campo: esta fase correspondeu ao levantamento dos atributos salientes do
produto (biscoito) e dos fatores importantes no ato da compra e na formação da imagem de
marca.
Foi utilizado um roteiro semi-estruturado aplicado em três entrevistas qualitativas com
consumidoras, com o objetivo de levantar, a partir de suas respostas, os atributos salientes
relativos às embalagens de biscoitos, possibilitando, dessa forma, uma melhor compreensão
dos aspectos a serem trabalhados com as demais consumidoras por ocasião das entrevistas em
profundidade (não estruturadas). Relativamente à utilidade desse instrumento, Richardson
(1999, p.89) diz:
No planejamento da pesquisa, a utilização de um questionário prévio no
momento da observação ou entrevista pode contribuir para delimitar o
problema estudado e a informação coletada, permitindo identificar casos
representativos ou não representativos em nível grupal ou individual.
146
O roteiro utilizado no pré-campo contemplou questões como:
- como você compra biscoitos?
- por que você compra esta(s) marca(s)?
- quais os aspectos mais importantes no ato da compra de biscoitos?
- das marcas que você compra, de quais atributos das embalagens você se lembra?
- que cores você associa à marca de biscoitos que você compra sempre?
Foi utilizada uma lista com alguns aspectos visuais de embalagens de biscoitos que
serviu como apoio para a formulação de questões no momento desta fase da pesquisa.
Entretanto, tais aspectos não foram mencionados às entrevistadas: tamanho, cor, textura,
formato, transparência, luminosidade, desenhos, fotos, ilustrações etc.
A entrevista, como uma técnica qualitativa de observação direta intensiva, possibilita a
troca de informações entre pesquisador e entrevistado. Nesse momento, dado o objetivo de se
conhecer as opiniões das entrevistadas sobre quais atributos consideravam salientes, houve a
possibilidade de descoberta do que as entrevistadas pensam, quais seus sentimentos e
condutas em determinadas situações, e o que pode influenciá-las. O resultado dessa fase foi a
elaboração de um roteiro mais completo sobre aspectos visuais das embalagens para posterior
aplicação do mesmo durante as entrevistas em profundidade.
Os resultados do pré-campo se encontram registrados no Apêndice A, sendo que as
principais descobertas e contribuições desta fase se encontram destacadas em negrito. As
entrevistadas desta fase são identificadas como Entrevistadas A, B e C.
b) verificação empírica (campo): nesta fase foram realizadas doze entrevistas em
profundidade a partir do roteiro desenvolvido na fase de pré-campo. Os procedimentos
seguiram a seguinte seqüência:
1. Estruturação da entrevista em profundidade a partir dos resultados obtidos com a
pesquisa qualitativa
A entrevista em profundidade, embora não atenda a mensurações precisas por se tratar
de uma técnica qualitativa de pesquisa, possibilita a interpretação do pensamento do
147
entrevistado e a obtenção de um conhecimento mais profundo sobre temas específicos. Para
Richardson (1999, p.30):
[...] fenômenos qualitativos não podem ser analisados com instrumentos
quantitativos. Em outras palavras, opiniões, crenças, atitudes, valores etc.
são processos mentais não aparentes. Portanto, para coletar informações,
devem-se utilizar instrumentos qualitativos (entrevista semi ou não
estruturada).
E completa seu pensamento, ampliando as considerações sobre a aplicação de
entrevistas em profundidade na pesquisa qualitativa e sobre a questão do número de
entrevistas a serem realizadas:
Os fundamentos da entrevista em profundidade estão na convicção de que as
pessoas envolvidas em um fenômeno têm pontos de vista ou opiniões que só
podem ser descobertas por meio da pesquisa qualitativa. Portanto, o que
importa é a qualidade das informações, não o número de entrevistados que
compartilha a informação. (RICHARDSON, 1999, p.99)
As entrevistas realizadas foram baseadas em um roteiro de assuntos a serem tratados
junto às consumidoras, tendo como base de comparação a embalagem de biscoitos e os fatores
importantes no ato da compra, levantados pelas entrevistadas por ocasião da fase de pré-
campo. Levou-se em consideração também a ligação entre as características das embalagens
(componentes escritos, ilustrações, cores e estrutura geral) e os três componentes atitudinais
(cognição, afeto e conação). Os três grandes temas do roteiro (Apêndice B) ficaram assim
dispostos:
1. cognição: a embalagem e a formação de crenças, conhecimento e opiniões;
2. afeto: a embalagem e a criação de conexão emocional com o consumidor;
3. conação: o ato da compra.
2. Aplicação do campo
Neste momento foram realizadas as entrevistas em profundidade. O universo de
entrevistadas foi composto por uma amostragem não probabilística, selecionada por
conveniência, composta por três consumidoras (durante a fase de pré-campo) e mais doze
consumidoras para a fase de campo (entrevistas em profundidade). A amostra foi selecionada
a partir do pressuposto de que, comumente, as mulheres são as que melhor tipificam o
148
universo de compradores de biscoitos, considerando-se o consumo familiar. As consumidoras
entrevistadas possuem as seguintes características:
faixa etária entre 23 e 59 anos;
13 casadas, 1 solteira e 1 divorciada;
11 possuem filhos;
9 são residentes na cidade de São Paulo, 5 na cidade de Santo André e 1 na cidade
de São Bernardo do Campo;
3 são pertencentes à classe A2; 7 são pertencentes à classe B1; e 5 são pertencentes
à classe B2.
Quanto a esse último item de caracterização das entrevistadas, foi utilizado o Critério
de Classificação Econômica Brasil (CCEB), da Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa ABEP. Este critério classifica a população em classes econômicas ao invés de
classes sociais, por meio da atribuição de pontos de acordo com dois fatores: posse de itens e
grau de instrução do chefe de família, o que resulta na classificação em uma das sete seguintes
classes: A1, A2, B1, B2, C, D e E. Como qualquer outro critério, o CCEB pode não satisfazer
a todas as situações de pesquisa, uma vez que foi construído com a utilização de técnicas
estatísticas, baseando-se, portanto, em coletividades. Assim, há tanto a probabilidade de
classificação correta quanto de erro. Por esse motivo, a escolha da amostra não se baseou
exclusivamente neste critério, mas também em outros, como o perfil do público e o seu
comportamento de compra. A metodologia completa do critério da CCEB-ABEP segue ao
final deste trabalho (Anexo B).
Ratificando o critério escolhido para a seleção do universo amostral, Richardson
(1999, p.161) atribui os nomes de amostra intencional ou de seleção racional para a
amostragem não probabilística, e explica que “os elementos que formam a amostra
relacionam-se intencionalmente de acordo com certas características estabelecidas [...] pelo
pesquisador.”
As entrevistas foram realizadas individualmente, entre os meses de maio e julho de
2006 (início em 2 de maio e término em 23 de julho). As respondentes permitiram a gravação
das entrevistas (que foram transcritas literalmente e se encontram ao final do trabalho
149
Apêndice C), e foram estimuladas, durante a entrevista, por meio da exposição de algumas
embalagens de biscoitos. As entrevistas duraram entre 45 e 60 minutos, sendo que o tempo de
cada entrevista dependeu, em grande parte, do interesse das entrevistadas em expressar
opiniões e sentimentos quanto às embalagens expostas. A entrevistadora (autora) buscou
incentivá-las a expressar toda e qualquer idéia que viesse à mente durante a entrevista.
Para atender aos objetivos do presente trabalho foi escolhida a categoria de biscoitos
para exemplificar o amplo mercado de produtos alimentícios, a fim de que a pesquisa de
campo pudesse ser melhor conduzida a partir de um maior grau de especificidade.
De acordo com definição oferecida pelo SIMABESP Sindicato da Indústria de
Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado de São Paulo “biscoito ou bolacha é o produto
obtido pelo amassamento e cozimento conveniente de massa preparada com farinhas, amidos,
féculas fermentadas, ou não, e outras substâncias alimentícias.” (2006, p.1)
As embalagens utilizadas foram escolhidas por meio do seguinte critério de seleção:
- escolha de uma única categoria de biscoito;
- as marcas vendidas, dentro da categoria escolhida, nas cinco principais redes
varejistas das cidades de São Paulo e região metropolitana.
A ABRAS Associação Brasileira de Supermercados divulga, anualmente, o seu
ranking de supermercados, utilizando como critério o faturamento das redes varejistas. O
Ranking Abras 2006, estudo oficial do setor de supermercados, realizado pela
Abras/Fundação Abras em parceria com a ACNielsen, divulgou os principais varejistas do
país e de cada estado/cidade. Na região metropolitana de São Paulo, onde residem as
entrevistadas, o ranking apontou como os cinco principais supermercados os seguintes, em
ordem decrescente: Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar), Carrefour, Wal
Mart, Sonda e Coop.
A partir desta informação, procedeu-se à escolha da categoria de biscoitos e das
marcas encontradas nas cinco redes varejistas levantadas. As visitas aos supermercados
citados foram realizadas entre os dias 23 e 28 de maio de 2006, sendo que o Pão de Açúcar, o
Carrefour e o Wal Mart visitados se localizam na cidade de São Paulo, e os supermercados
Sonda e Coop, na cidade de Santo André.
150
A categoria escolhida de biscoitos foi a ‘waffer’, que corresponde a 6,5% sobre o
volume total comercializado em 2003, de acordo com a última pesquisa realizada pela ANIB
Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos - e pelo SIMABESP. Foram considerados
os seguintes critérios para a escolha da categoria ‘waffer’:
alto nível de elaboração das embalagens;
grande variedade de marcas e sabores;
melhor visualização na gôndola (painel frontal).
Assim, considerando-se as embalagens de biscoitos ‘waffer’ e as marcas encontradas
nos cinco principais varejistas da região, as escolhidas foram:
Adria
Bauducco
Mabel
Marilan
Nestlé (Bono e Tostines)
Parmalat (Duchen)
Arcor (Triunfo)
Foram escolhidos, dentro das marcas citadas, os sabores mais representativos e mais
comumente encontrados nos supermercados. Refinando-se a escolha a partir da inclusão dos
sabores, a representação final das embalagens ficou conforme segue:
Adria sabor mousse de limão
Adria sabor mousse de morango
Bauducco sabor chocolate com avelã
Bauducco sabor brigadeiro
Bauducco sabor triplo chocolate
Bono sabor floresta negra
Duchen sabor chocolate com avelã
Duchen sabor morango
Mabel sabor chocolate
151
Mabel sabor limão
Marilan sabor chocolate
Marilan sabor morango
Tostines sabor brigadeiro
Triunfo sabor limão
Triunfo sabor maçã com canela
As embalagens citadas acima e utilizadas nas entrevistas são apresentadas no Anexo A
ao final deste trabalho.
3.3 Plano de análise dos resultados a análise de conteúdo
Os dados coletados por ocasião das entrevistas em profundidade foram tratados,
analisados e interpretados por meio da aplicação da técnica de análise de conteúdo, cujo
objetivo foi o de oferecer respostas à questão de pesquisa apresentada no início do trabalho.
Esta técnica se constitui em um conjunto de procedimentos sistemáticos que visa analisar as
comunicações (os termos utilizados nas entrevistas que estejam relacionados com a teoria) a
partir da descrição do conteúdo das mensagens, ou em outras palavras, fazer “falar” o material
objeto da análise.
A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que
possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para
investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais
amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros
conhecimentos anteriormente obtidos. (GIL, 1987, p.166)
Dentre as aplicações da técnica da análise de conteúdo, optou-se pelo uso da análise de
asserção avaliativa, de Osgood (1959 apud BARDIN, 2003) que busca uma forma de medição
de atitudes por meio da interpretação das manifestações verbais. Esta análise é similar à
análise de conteúdo temática na medida em que também se baseia em um desmembramento
do texto em unidades de significação. A diferença é que, além de procurar a ocorrência de
certos temas, também se interessa em descobrir a carga avaliativa das unidades de
significação por meio de um procedimento de avaliação da direção e da intensidade dos juízos
de valor, ou seja, das atitudes.
152
A concepção da linguagem em que esta análise se fundamenta é chamada
representacional, isto é, considera-se que a linguagem representa e reflete
diretamente aquele que a utiliza. Por conseguinte, podemo-nos contentar
com os indicadores manifestos, explicitamente contidos na comunicação
para fazer inferências a respeito da fonte de emissão. (BARDIN, 2003,
p.155)
A adequação da técnica escolhida para análise dos resultados à presente pesquisa teve
por base a possibilidade de interpretar, a partir de procedimentos objetivos, as respostas
obtidas nas entrevistas junto às consumidoras, comparativamente ao referencial teórico sobre
atitudes e embalagens. Torna-se, possível, assim, colocar em evidência as opiniões e
avaliações de um indivíduo a partir de seus enunciados e significados subjetivos, objetivando-
se, dessa forma, estabelecer uma correspondência entre as palavras e expressões dos
entrevistados e as estruturas psicológicas ou sociológicas ocultas, que representam a
manifestação de crenças e atitudes quanto a um determinado objeto ou tema. (BARDIN,
2003)
A utilização da análise de conteúdo permite ao pesquisador sistematizar, de forma
objetiva, o conteúdo das mensagens a serem analisadas, com o intuito de, a partir da criação
de indicadores e categorias, interpretar os dados brutos obtidos. O analista manipula as
mensagens (conteúdo) para fazer surgir indicadores que permitam conhecer uma realidade
não percebida superficialmente.
[...] o analista tira partido do tratamento das mensagens que manipula, para
inferir (deduzir de maneira lógica) conhecimentos sobre o emissor da
mensagem ou sobre o seu meio, por exemplo. [...] Se a descrição (a
enumeração das características do texto, resumida após tratamento) é a
primeira etapa necessária e se a interpretação (a significação concedida a
estas características) é a última fase, a inferência é o procedimento
intermediário, que vem permitir a passagem, explícita e controlada, de uma à
outra. (BARDIN, 2003, p.39)
No presente trabalho foi utilizado o campo lógico-semântico da análise de conteúdo.
Para Franco (2003) este campo está relacionado à função de classificadores dos conteúdos
manifestos e à análise e interpretação destes. Assim, o analista inicia a sua leitura a partir dos
conteúdos manifestos nos documentos (no caso, a transcrição das entrevistas) e a evidência se
torna o conteúdo imediatamente acessível.
153
Em suma, toda análise de conteúdo objetiva alcançar interpretações e, a partir destas,
poder fazer inferências. Apenas a descrição do conteúdo não tem valor, é necessário que haja
uma comparação tendo como base uma fundamentação teórica consistente.
3.3.1 Etapas da análise
A análise de conteúdo desenvolve-se em três fases principais (GIL, 1987):
a) a pré-análise: fase de escolha e organização dos documentos, e preparação do
material para análise;
b) a exploração do material: tarefas de codificação que envolvem o recorte (escolha
das unidades) e a classificação (escolha das categorias);
c) o tratamento dos dados, inferências e interpretações: conforme são obtidas
informações e estas são confrontadas com informações pré-existentes (teoria), o analista
obtém resultados que servirão de base para suas interpretações e conclusões.
Na pré-análise foram realizadas a escolha dos documentos (as entrevistas transcritas)
e a elaboração dos indicadores para fundamentar a interpretação final. A obtenção (coleta) dos
dados encontra-se explicitada no item ‘Técnica de coleta de dados’ deste capítulo. Os índices
ou indicadores são os valores médios ponderados obtidos para cada objeto da atitude (o
detalhamento do procedimento utilizado será explicado no item 3.3.2).
Na fase de exploração do material ocorreram as seguintes etapas:
a) definição das unidades de análise: as unidades de análise são divididas em unidades
de registro e unidades de contexto (FRANCO, 2003). As unidades de registro podem ser
palavras, expressões, temas ou sentenças. Nesta pesquisa, as unidades de registro foram as
frases selecionadas a partir das entrevistas realizadas, sendo aquelas escolhidas de acordo com
as categorias levantadas (objetos de atitude). As unidades de contexto representam a parte
mais ampla do conteúdo a ser analisado, e são apresentadas, nesta pesquisa, por meio das
entrevistas em profundidade, indispensáveis para a correta análise e interpretação das
unidades de registro (frases) a serem decodificadas.
154
b) classificação ou escolha das categorias: são as atividades de classificação e
agrupamento das unidades de registro, a partir de critérios pré-estabelecidos, ou seja, é a
passagem de dados brutos a dados organizados. Assim, a classificação neste trabalho levou
em conta a teoria tridimensional da atitude - formada por cognição, afeto e conação e os
aspectos visuais relevantes das embalagens de biscoitos levantados por ocasião da pesquisa de
pré-campo. Assim, as categorias desta pesquisa são os objetos de atitude, ou seja, as
dimensões e características visuais das embalagens de biscoitos, agrupadas em outras três
grandes categorias: componente cognitivo, componente afetivo e componente conativo.
A classificação das unidades de registro nas categorias levou em conta as
similaridades das sentenças recortadas em cada entrevista. Tais similaridades foram medidas a
partir da menção, pela entrevistada, de algum aspecto específico das embalagens e a sua
ligação com a formação de sua atitude, ou seja, em qual dimensão (cognição, afeto ou
conação) o atributo mencionado da embalagem exerce influência na formação da opinião
geral a respeito do produto.
3.3.2 A análise de asserção avaliativa
De acordo com a técnica de análise de asserção avaliativa, o primeiro passo a ser
atendido é o da escolha dos objetos de atitude que serão avaliados. Nesta pesquisa, as
unidades ou categorias foram representadas por meio dos objetos de atitude, ou seja, as
dimensões e características visuais das embalagens de biscoitos, conforme anteriormente
mencionado. Em seguida, foram considerados os ‘termos de significação comum’, que são
todas as palavras que qualificam, em algum sentido, os objetos de atitude, como por exemplo,
adjetivos, substantivos e advérbios. E por fim, foram destacados, durante a análise, os
‘conectores verbais’, representados pelos verbos utilizados nas frases, que ligam os termos de
significação comum aos objetos de atitude.
Após as identificações descritas anteriormente, foram atribuídos, a cada termo de
significação comum e a cada conector verbal, valores positivos ou negativos em uma escala
de 7 pontos, variando de -3 a +3. Tal valorização ocorreu da seguinte maneira:
155
termos de significação comum: foram classificados como favoráveis ou
desfavoráveis quanto ao objeto de atitude. A escala de 7 pontos abrange os níveis ‘muito’,
‘bastante’ e ‘pouco’. Exemplificando: muito positivo = +3, bastante positivo = +2, pouco
positivo = +1, neutro = 0, pouco negativo = -1, bastante negativo = -2 e muito negativo = -3.
conectores verbais: os conectores verbais também podem ser positivos ou
negativos. São positivos quando ligam o sujeito ao seu complemento (afirmações), e
negativos quando separam o sujeito de seu complemento (negações). A intensidade de tais
ligações é valorizada em uma escala que varia também de -3 a +3. A presença de advérbios
reforça e auxilia na escolha da intensidade do conector verbal, como por exemplo:
‘totalmente’, ‘completamente’ e ‘decisivamente’ = (±3); ‘parcialmente’, ‘relativamente’ e
‘iminentemente’ = (±2); ‘aparentemente’, ‘casualmente’ e ‘eventualmente’ = (±1).
Após as fases de recorte e categorização, foram atribuídas notas para cada frase
identificada e classificada em uma categoria e variável atitudinal. Assim, cada frase recebeu
uma nota para os conectores verbais (cv) e uma nota para os termos de significação comum
(tsc), conforme o critério anteriormente abordado. Estas notas foram ponderadas utilizando-se
a seguinte fórmula:
onde:
n = resultado da multiplicação das notas de ‘cv’ e ‘tsc’ para cada frase;
x = quantidade de frases obtidas em cada categoria (objeto da atitude) considerando-se
cada marca de biscoito avaliada.
O número 3 é a constante da ponderação da média, representando a amplitude da
escala utilizada, que varia de -3 a zero e de zero a +3.
x
n
Media
3
=
156
3.4 Forma de apresentação dos dados
As entrevistas em profundidade foram transcritas e se encontram no Apêndice C deste
trabalho. Cada entrevista contém a data da realização, a idade da entrevistada, estado civil, se
possui ou não filhos, e a cidade onde reside. Os nomes foram substituídos por Entrevistada 1,
Entrevistada 2 e assim por diante, a fim de preservar a identidade das mesmas.
As unidades de registro (frases) selecionadas a partir das entrevistas foram transcritas
no corpo da análise de conteúdo (em quadros em que constam o componente atitudinal, as
categorias/objetos de atitude/características visuais das embalagens), e foram classificadas de
acordo com a marca. Ao lado de cada frase registrada e classificada estão os valores
atribuídos aos conectores verbais e aos termos de significação comum, bem como a média
ponderada (índices) desses valores. O quadro a seguir oferece uma idéia da estrutura da
análise de conteúdo, que será apresentada, na íntegra, no capítulo 4 Análise dos Resultados.
Quadro no. 11 Exemplo do quadro de análise de conteúdo
COMPONENTE COGNITIVO
Objeto da
atitude Marca Frase
cv tsc
n
(cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
A Bauducco chocolate com avelã tem letra mais torta. 3 -1 -3 -3
-1,0
Tipo de letra
Triunfo
Talvez a forma como está escrito limão nessa da Triunfo dá a impressão de um
produto saudável. 2 2 4 4
1,3
FONTE: a autora
Além das frases relativas a cada marca de biscoito, há também frases classificadas
como gerais, sem atribuição específica a nenhuma marca. Estas foram frases ditas pelas
entrevistadas sem menção a alguma das embalagens expostas na ocasião.
Um outro quadro resumo foi elaborado, contendo todos os resultados finais (médias)
de cada embalagem e marca, em cada categoria e componente atitudinal. Este quadro objetiva
oferecer uma visão geral da análise que foi realizada, possibilitando uma compreensão melhor
dos resultados e análises comentadas posteriormente.
CAPÍTULO 4
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A pesquisa realizada e analisada por meio da técnica da análise de conteúdo gerou 750
frases a partir das entrevistas. Destas, foram selecionadas 620 frases que continham
significação especial dentro do contexto das categorias levantadas, objetos de atitude.
Assim, foram gerados três quadros de análise, com a transcrição e valorização de cada
uma das frases selecionadas (unidades de registro) e dos termos de significação comum e
conectores verbais atribuídos às mesmas.
Os quadros a seguir apresentam um resumo das categorias (atributos das embalagens)
levantadas em cada componente atitudinal. O critério de seleção e classificação de tais
categorias foi a existência de alguma relação com os aspectos cognitivo, afetivo ou conativo,
de acordo com as referências teóricas sobre atitude. Todo e qualquer aspecto visual das
embalagens que pudesse ser relacionado aos componentes atitudinais foi categorizado,
conforme segue.
Quadro 12 Objetos de atitude relacionados ao componente cognitivo
Atributos referentes ao componente cognitivo
Componentes escritos
Tipo de letra
Ilustrações
Cores
Grau de legibilidade
Tamanho
Luminosidade
Informações Nutricionais e Lista de Ingredientes
Grau de atratividade
Inferências sobre o produto
Adequação da comunicação
FONTE: a autora
158
Quadro 13 Objetos de atitude relacionados ao componente afetivo
Atributos referentes ao componente afetivo
Componentes escritos
Tipo de letra
Ilustrações
Cores
Grau de legibilidade
Tamanho
Grau de atratividade
Inferências sobre o produto
Despertar de sentimentos/emoções
FONTE: a autora
Quadro 14 Objetos de atitude relacionados ao componente conativo
Atributos referentes ao componente conativo
Componentes escritos
Tipo de letra
Ilustrações
Cores
Grau de legibilidade
Tamanho
Informações Nutricionais e Lista de Ingredientes
Grau de atratividade
Inferências sobre o produto
Proteção e Conservação
Experiências com o produto
FONTE: a autora
4.1 Atributos visuais e o componente cognitivo da atitude
O componente cognitivo da atitude, conforme abordado no capítulo 1 deste trabalho,
engloba as crenças, opiniões, conhecimentos e associações que um indivíduo possui e faz a
respeito das características ou atributos de um objeto, representando padrões organizados de
cognições e percepções. Em suma, o componente cognitivo significa o que a pessoa pensa e
acredita ser verdadeiro a respeito de algum aspecto de seu mundo.
Assim, os atributos de um objeto (nesse caso, as embalagens de biscoitos) transmitem
mensagens e informações aos indivíduos, resultando em opiniões e inferências sobre aquelas e
sobre os produtos contidos nas mesmas.
159
No Quadro 15 encontram-se dispostas as categorias da análise de conteúdo (atributos
das embalagens), as marcas utilizadas, as frases selecionadas (unidades de contexto) e as
notas atribuídas aos índices para cada frase, conforme metodologia detalhada no capítulo 3.
Quadro 15 Análise de Conteúdo: componente cognitivo
COMPONENTE COGNITIVO
Objeto da atitude: Componentes escritos
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco triplo
chocolate
O escrito triplo chocolate subentende-se que a quantidade de chocolate
é maior do que os demais.
2 2 4 4
1,3
Geral
Eu acho importante ler, porque aí me dá certeza daquilo que eu estou
vendo.
3 3 9 9
3,0
Objeto da atitude: Tipo de Letra
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral O tamanho da fonte é importante. Ela se sobressai bastante. 3 3 9
Eu acho que o tipo de letra influencia na percepção que a gente tem da
embalagem.
3 2 6
Quanto às letras é indiferente. 3 1 3
As letras também importam, não só o desenho. 3 3 9 27
2,3
E até porque a letra brilha muito, é verde, não é muito visível. -3 2 -6
Triunfo limão
Talvez a forma como está escrito limão nessa da Triunfo dá a
impressão de um produto saudável.
2 2 4
Parece que eles tentam pegar um pouco da essência da foto da fruta
para caracterizar a letra (dos sabores).
2 2 4
A letra da Triunfo limão é tradicional. 3 2 6
O limão da Triunfo, escrito com uma letrinha assim, meio como se
fosse uma letrinha ácida mesmo, engraçado.
3 2 6
Eu acho que combina quando é uma letra mais arredondada, combina
com o formato do limão acho que tem tudo a ver sim, a escolha da
letra.
3 2 6 20
1,1
Duchen morango
O escrito morango é bem redondo, passa uma sensação de morango, do
sabor da fruta...
3 2 6 6
2,0
Triunfo maçã com
canela
Estas letras passam uma idéia de saudável, são tradicionais e simples. 2 2 4 4
1,3
A Bauducco chocolate com avelã tem letra mais torta. 3 -1 -3
Bauducco chocolate
com avelã
Talvez o de chocolate com avelã da Bauducco é clean, prática, direto
ao ponto.
2 2 4 1
0,2
Adria (ambas) A letra da Adria mousse é muito espalhafatosa. 3 -3 -9
É engraçado, parece que a letra se relaciona com o sabor, porque
quando a bolacha vem com essa letra assim ‘mousse’, dá a impressão
de que a letra é macia.
2 2 4
A palavra já é fofa, então você fica imaginando que a bolacha deve ser
uma delícia.
2 3 6 1
0,1
Tostines
As letras em estilo de computador estão muito simplesinhas, não estão
dando destaque, me parece que faltou um pouco de criatividade.
-3 3 -9
Já a brigadeiro da Tostines não tem esse apelativo, a embalagem não
chama atenção, o brigadeiro dela é escrito em letras, sei lá, de
computador, não chama atenção.
-3 2 -6 -15
-2,5
Bauducco
brigadeiro
Ela é feita de um jeito assim que ela parece um brigadeirinho mesmo, a
própria letra, escrita assim parece manual, como você enrolar um
brigadeiro...
3 2 6 6
2,0
Esse escrito waffer chocolate Mabel é um pouco antiquado. 3 -1 -3
Mabel chocolate
Eu não diria que ela é uma letra ‘pra cima’ não, porque pelo tamanho
dela, ela é menor.
-2 2 -4 -7
-1,2
Bono
Acho que algumas letras passam mais confiança, como a Bono floresta
negra.
2 3 6 6
2,0
160
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Nesse caso a figura fala mais alto que o escrito. 3 3 9
Triunfo limão
O limão, embora bem verde, o recheio é mais branquinho, então isso também
passa a idéia de que não é tão artificial.
3 -2 -6
A camada de creme que aparece entre os biscoitos está mais alta que nas
outras embalagens.
3 2 6
Eu tenho a sensação de que a da Triunfo tem o biscoito mais largo, mais
grosso.
2 2 4
O limão está muito digitalizado. 3 -3 -9
Esse biscoito fechadinho chama a atenção pois dá a impressão de que tem
bastante recheio.
2 3 6
O desenho do limão traz um aspecto de limão bem fresco assim, de alta
qualidade.
2 3 6
Fica melhor quando os biscoitos são menores e aparecem três, por exemplo,
como na Triunfo.
3 2 6
A da Triunfo nem é tão ruim assim, mas são mais artificiais (os limões). 3 -2 -6
Esse creminho branco do limão está um pouco artificial, os limões estão um
pouco artificiais, estão muito perfeitos, irreais.
3 -1 -3
A Triunfo parece ser mais saudável, pois tem mais limão desenhado. 2 2 4
Quando você olha limão, por exemplo, você pensa em uma bebida gelada,
pensa em verão, em época de calor.
2 3 6 23
0,6
Geral As ilustrações ajudam a formar a impressão que eu tenho do produto. 3 3 9
Então quando você vê a bolacha aberta você fala ‘nossa, quanto recheio que
tem’.
3 2 6
Pelas fotos, pelas cores, pelo tamanho das fotografias que têm na embalagem.
É dessa forma que elas me ajudam a formar uma opinião.
3 2 6
As ilustrações auxiliam muito na formação da imagem da marca. 3 3 9
Eu acho que o desenho é como se fosse um selo, que garante que realmente é
isso.
2 3 6
A figura comprova o que está escrito. 3 1 3
Mas pelo visual, pela embalagem, é interessante para você ver a espessura do
recheio, o que conta bastante.
3 1 3
Esses que aparecem três biscoitos dá a impressão de uma coisa assim, mais
abundante, mais rica.
2 3 6
As de fruta parecem mais saudáveis, passam mais essa impressão. 2 2 4
Eu julgaria se é calórico, pelas fotos do chocolate, da avelã, do brigadeiro. 1 -3 -3
As de frutas não passam tanto essa impressão. Sugerem que são menos
calóricas.
2 2 4
As que tem frutas são as mais bonitas, passam a sensação de um produto mais
saudável, embelezam mesmo.
3 2 6
Então eu não diria que eles são saudáveis olhando assim só os desenhos, a
embalagem.
-1 2 -2 57
1,5
Marilan morango
(Apesar de parecer artificial) eu colocaria o morango, pois tem que ter o
morango na foto.
1 1 1
Não está chamativo o morango, o recheio está muito branco. -3 3 -9
A da Marilan a fotografia parece muito artificial. A foto natural da fruta é
melhor que desenho.
2 -3 -6
O morango cortado está muito feio. Está muito artificial, acho que morango
por dentro não é assim. Passa pouca credibilidade.
3 -3 -9
Pelas cores ela chama a atenção. Mas batendo o olho assim acho que a
bolacha é bem diferente, o recheio quase não aparece.
-2 2 -4
Esse moranguinho da Marilan está muito apagadinho, está muito artificial. 3 -3 -9
(continua) Dá a impressão de iogurte de morango, está muito fraquinho, digamos assim. 3 -1 -3
161
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Marilan
morango
O morango da Marilan também eu acho muito apagadinho, é um rosinha assim
meio iogurte, não chama a atenção.
3 -2 -6
(continuação)
Esse morango da Marilan está muito horroroso, o morango por dentro está muito
artificial.
3 -3 -9
Os morangos não estão tão originais. Parece sem muito recheio, não chamou a
atenção, um biscoito mais simples, mais fino, parece que vem menos, parece que
são menores.
-3 2 -6
O biscoito aqui não parece que é de verdade, essas gotas aqui estão um pouco
falso, artificial.
-2 2 -4
A Marilan, por exemplo, tem esse caldinho, com essa disposição, passa uma
impressão muito artificial.
2 -3 -6
Os morangos da Marilan passam uma idéia de artificial. 2 -2 -4
O recheio quase não aparece. -2 2 -4
A Marilan (morango) parece ser mais saudável, pois a bolacha é mais clarinha. 2 2 4 -74
-1,6
Bono
O cremezinho branco que aparece aqui também ajuda porque ele está presente
também entre as camadas do biscoito, e também a cerejinha, que é uma fruta
assim muito sofisticada.
3 2 6
Não se vê cerejinha em nenhuma outra embalagem. O marshmallow branco
também chama a atenção.
3 2 6
A embalagem da Bono tem umas cerejas lindas, no recheio você vê pedaços de
cereja.
3 3 9 21
2,3
Mabel
chocolate
Não dá para reconhecer os bombons facilmente. Tem que chegar perto, olhar com
carinho, não parece bombom, estão escuros. Muito aglutinados, sobrepostos, ficou
um negócio esquisito, não está bonito.
-3 3 -9
A fotografia do bombom aqui está, não sei, não tem brilho, não tem colorido, está
muito apagado.
-3 2 -6
A embalagem não é atraente, não salta aos olhos porque eu acho que a bolacha dá
a impressão de ser muito fininha, dá a impressão de que tem menos chocolate.
-3 3 -9
Essa da Mabel de chocolate não tem bombons muito legais, poderiam ser mais
discretos, nem muito grande nem muito pequeno.
-3 2 -6
Faltou criatividade. Ele não associa. Eu colocaria uma outra referência de fundo
com a bolacha, esse chocolate está no nada, não está em cima de uma mesa ou de
uma tábua de fazer chocolate, falta uma referência.
-3 3 -9
O bombom não parece gostoso, parece meio escuro, meio esquisito, eu não
associo à chocolate, ele está apagado, sem brilho a foto, e muito escuro para ser
chocolate.
-2 2 -4
A da Mabel o chocolate parece aquele chocolate bem ruinzinho, escuro, o formato,
parece aquele chocolate de terceira categoria, daqueles bem gordurosos, é a
impressão que dá, não está bonito.
2 -2 -4
Eu não sei se é porque o tom do biscoito que está aqui, a maneira como ele está
colocado, eu acho que o chocolate que está aqui está uma coisa meio apagada.
2 -2 -4
Parece que está mole o biscoito, não está uma coisa crocante, uma coisa
fresquinha assim.
2 -2 -4
Geralmente o chocolate é consumido em barras. Ele está em formato de bombom,
sei lá, está meio confusa essa figura aqui, para ser um chocolate.
3 -2 -6
Porque tem só esse desenhinho do chocolate, não tem esse chocolate assim
derretido, e não é marrom, tem toda essa coisa da cor também.
-1 2 -2 -63
-1,9
162
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações (continuação)
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Mabel
limão
Esse biscoito é muito grande, podia ser menor, está muito ‘cheguei’, se impondo, podia
ser um pouco mais discreto. Pode ver que só ele é grandão desse jeito.
3 -1 -3
O limão da Mabel está mais bonito, a embalagem não, mas o limão está mais bonito, está
parecendo mais natural.
3 2 6
A bolacha da Mabel parece um lanche montado em casa, sabe quando você pega duas
bolachas e coloca algo no meio e faz como se fosse um lanchinho?
2 -2 -4 -1
-0,1
Triunfo
maçã com
canela
Essas maçãzinhas vermelhinhas como elas estão aqui estão muito chamativas, passa uma
idéia de coisa saudável. Elas estão perfeitas na embalagem então passa essa idéia.
3 3 9
Tem uma maçã partida, com semente e tudo, que passa a idéia de algo saudável e leve
também.
3 2 6
Neste caso, as maçãs são bem originais, bem verdadeiras, bem feitas. 3 3 9
Os paus de canela também são muito bonitos, e as bolachas estão bem destacadas. 3 3 9
Quando eu falei da Triunfo maçã com canela, eles poderiam ter colocado um recheio
como se tivesse canela moída no meio.
2 -2 -4 29
1,9
Bauducco
brigadeiro
Eu prefiro a Bauducco, porque os brigadeiros estão mais atraentes. Passam a sensação de
que o biscoito tem mais recheio e mais sabor de brigadeiro.
2 3 6
Num primeiro momento o da Bauducco fica interessante aberto assim porque dá a
impressão de que tem muito recheio, de que é gostoso, cremoso.
3 2 6
A casquinha levantada passa a idéia de crocância. 2 3 6
As da Bauducco transmitem idéia de limpeza acho que por causa do brilho que tem nas
camadas de chocolate. Dá a sensação de alimento fresco, alimento recém-preparado.
3 2 6
As cores da embalagem (Bauducco) são quentes, amarelo e cor de abóbora, e o chocolate
por si só, a fotografia do brigadeiro, que mostra uma boa quantidade de chocolate, é um
alimento muito energético.
3 2 6 30
2,0
Duchen
morango
O morango parece que está mais fresquinho, eu acho. 2 3 6
A da Duchen de morango, as frutas são bem originais, parecem de verdade. 3 3 9
A da Duchen, por causa dos desenhos dos morangos, eles para mim aparentam que são
morangos muito frescos, muito vermelhinhos, muito gostosos.
2 3 6
A Duchen passa a mensagem de que os biscoitos deles são deliciosos, bem recheados,
crocantes, pelo visual do biscoito.
2 3 6
E esses (biscoitos) sozinhos eu realmente acho que está muito sozinho, parece que ele
está separado, parece que não tem na verdade uma ligação com o produto sabe, é esse o
sentido, é isso que eu estou enxergando, é essa a mensagem, exatamente.
-2 2 -4
Eles (biscoitos Duchen) parecem que estão meio secos assim, sem sabor. 2 -2 -4
E esses Duchen também está vendo, biscoito fechado, parece que não tem muito recheio. -2 2 -4
Parece que, pelo fato de estarem fechados assim, ele não transmite uma coisa assim tão
recheio, e acho que o recheio é uma coisa muito importante neste tipo de biscoito.
-2 2 -4
Parece que é um recheiozinho assim, bem 'chinfrim'. 2 -2 -4 7
0,3
163
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Tostines
Não precisa ler, mesmo tendo um brigadeiro só, ela passa a mensagem. Mas ficou pobre
colocar só um brigadeiro. Poderiam ter colocado mais.
2 1 2
Deu pra ver o brigadeiro da Nestlé desenhado, mas tem um só. 3 -1 -3
O brigadeiro não está tão atraente, eu creio que porque ele está menor aqui, está colocado
de um jeito que parece que ele está atrás, mas ele está ao lado do biscoito.
-3 3 -9
O mordido da Tostines passa uma idéia de recheio abundante, pela mordida dá a
impressão de maior recheio.
2 2 4 -6
-0,5
Adria
morango
A Adria deveria substituir o mousse por morangos. 2 1 2
Sobre a Adria de morango, apesar do mousse estar muito bonito na embalagem, passando
a impressão de algo muito gostoso, eu não penso em encontrar essa textura no biscoito.
-2 2 -4 -2
-0,3
Objeto da atitude: Cores
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Adria
morango
(O morango) da Adria também está rosa ao invés de estar vermelho, talvez seja um
pouquinho mais vermelho, mais avermelhado, não tão rosa assim.
3 -1 -3
A Adria passa uma impressão de mais simples. O tamanho da embalagem, as cores
usadas...
2 -1 -2
Eu não vejo, na minha cabeça, que a cor do mousse seja nesse tom, por isso que dá a
sensação realmente de ser muito artificial.
2 -3 -6 -11
-1,2
Triunfo
maçã
com
canela
A própria Triunfo de maçã é meio apagadinha, eu acho, o escrito e mesmo as cores da
embalagem, as maçãs estão meio apagadinhas, elas podiam brilhar um pouquinho.
3 -1 -3
Essa da Triunfo de maçã é bem compatível, ela é clarinha e o recheio é branco. 3 2 6
Parece que é uma coisa mais fina, por causa dessa cor (da embalagem). 2 3 6
Essa Triunfo maçã com canela é privilegiada pelas cores, o vermelho acaba se
destacando, e é uma cor que sobressai as letras.
3 2 6
Porque a cor da letra fica associada com o sabor. A maçã, escrita em marrom, fica
associada com a canela, que é uma coisa muito gostosa, que a gente põe em chá, passa
uma idéia de coisa saudável, de coisa pura, bem natural.
2 2 4
O aspecto da bolacha da Triunfo, essa cor mais escurinha dá a impressão de mais
crocante porque essa outra é mais clara.
2 3 6 25
1,2
Geral
Uma embalagem toda vermelha em um biscoito de chocolate não tem problema se tiver a
foto do chocolate.
1 2 2
As cores mais escuras, tipo vermelho, cor mais forte, dá a impressão de colorido
artificialmente.
2 -2 -4
Acho que você identifica rapidamente a marca pelo padrão da cor, da embalagem. 3 3 9
Se tivesse um produto light no mercado em embalagem vermelha ou marrom ficaria
estranho. Seria melhor branco, amarelo claro.
1 -2 -2
Eu associo a cor branca a produtos saudáveis. 2 2 4
Eu acho que a cor da bolacha depende do recheio. Eu sou muito de combinar, a cor do
recheio compatível com a cor do biscoito.
1 2 2
Agora o vermelho, o rosa, não tanto. Eu acredito que mais de três cores confunde e
atrapalha a imagem.
3 -1 -3
As cores têm que ser bem usadas para atrair o consumidor. 3 2 6 14
0,6
164
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Cores (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Marilan
morango
Eu acho que passa essa impressão por causa das cores, está muito apagada, o próprio
desenho do morango está artificial, não está em destaque, ele está se confundindo um
pouco com a própria cor da embalagem.
3 -2 -6
Os morangos são vermelhos e estão sobre uma base vermelha. Então não se destacam. -3 2 -6
Parecem aqueles chicletes... a cor também não está ajudando. Morango não é cor de rosa
assim...
2 -2 -4 -16
-1,8
Marilan
chocolate
É bonita, deram uma quebrada no vermelho com o marrom, o que não acontece na de
morango, ficou tudo muito vermelho.
3 2 6
Não parece muito real, porque ficou bem escuro o recheio, e a bolacha é mais clarinha. -2 2 -4
Ele não parece muito crocante não, porque ele está meio clarinho, dá a sensação de mal
assado, não sei se é o clarinho em cima do marrom [...], esse begezinho em cima do
marrom a sensação é de biscoito mal passado.
-2 3 -6
Não sei se em função da embalagem, o biscoito dá a impressão que é um biscoito assim
já não tão fresquinho. Ele passa uma sensação de que está meio murcho. Mas eu acho que
é o jogo de cor.
2 -2 -4
Acho que a que não passa mesmo uma coisa legal em termos de cor é a Marilan, está
muito apagada, talvez se o marrom fosse mais brilhante não passaria essa sensação de
sujeira.
-2 3 -6
Na Marilan o chocolate está presente mas a cor da bolacha também está infeliz. 3 -2 -6
O escrito do sabor em branco é como se eles não tivessem tido essa preocupação aqui. 2 -2 -4 -24
-1,1
Mabel
chocolate
O amarelo da Mabel é mais forte e mais apagado. 3 -2 -6
Eu mudaria as cores, colocaria umas cores mais vivas, como o vermelho, uma cor de
chocolate, colocaria mais cores chamativas, amarelo.
1 2 2
Eu acho que é a cor, ele não passa que é crocante, não sei se talvez a cor dele, é diferente.
É menos queimado né.
-2 3 -6
A cor também foi infeliz, porque seria um marrom mais claro, não tão escuro. 2 -2 -4
Normalmente bolacha nós gostamos porque são crocantes. A bolacha mais clara da
Mabel quando você olha pela figura e a cor ela não dá essa impressão.
-2 3 -6 -20
-1,3
Duchen
morango
Por exemplo, na Parmalat, onde estão os morangos é uma base amarelinha, por isso
talvez eles pareçam mais vermelhos, então eles se destacam.
2 2 4 4
1,3
Bauducco
(todas)
Acho o amarelo da Bauducco infeliz, não combina. Passa a impressão de uma empresa
não muito preocupada em caprichar na embalagem.
2 -2 -4
Essa da Bauducco é mais compatível a cor do recheio com a bolacha. 3 2 6
A Bauducco tem esse detalhe da cor do chocolate destacando a palavra. 3 2 6
O amarelo da Bauducco é mais brilhante. 3 2 6 14
1,2
Tostines
Apesar da sensação do marrom forte, o branco não me chamou atenção e não passa uma
sensação contrária, de limpeza.
-2 2 -4
Essa da Tostines não é muito legível por causa do fundo branco com a letra dourada. -3 2 -6
O branco ficou apagado. Qualquer coisa que eles colocam aqui parece que não vai
ressaltar muito.
2 -2 -4 -14
-1,6
165
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Grau de Legibilidade
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Adria
limão
A da Adria mousse de limão cria uma confusão. Se não tivesse o desenho do mousse e do
limão, até você encontrar o sabor limão escrito é confuso. O mousse está bem claro, mas
não diz nada.
3 -2 -6 -6
-2,0
Tostines A menos legível é a de brigadeiro, que está bem discreta. 3 -2 -6 -6
-2,0
Bauducco
chocolate
com
avelã
As avelãs, por exemplo, ajudam a compreender. 3 2 6
Ela mostra muito bem. Dá para identificar perfeitamente. 3 3 9 15
2,5
Mabel
chocolate
Olhando assim rapidamente não dá a impressão de chocolate. Depois olhando mais perto
tudo bem.
-2 2 -4
A da Mabel de chocolate o desenho está meio embolado, o escrito está bem menor ali. 3 -2 -6 -10
-1,7
Duchen
chocolate
com
avelã
Se for uma pessoa que não conhece fica difícil de identificar a avelã, está bem
escondidinha.
3 -2 -6 -6
-2,0
Triunfo
(ambas)
Agora a Triunfo está bem clara, tem menos informações. 3 2 6 6
2,0
Objeto da atitude: Tamanho
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral Peso é importante, porque tem muito a ver com o valor que você paga pelo produto. 3 2 6
É muito material jogado fora quando se fazem aquelas embalagens menores. 2 -2 -4
O tamanho da Marilan parece ser maior. 2 2 4 6
0,7
Objeto da atitude: Luminosidade
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Já a Mabel de chocolate, se a gente perceber, a embalagem é menos brilhosa, ela não
passa tanta confiança de um produto bom.
-2 2 -4
A da Mabel chama atenção também por causa da parte luminosa, desse verde meio
fluorescente na embalagem.
3 2 6
A da Bauducco, o papel dela é melhor, me passa mais brilho. 3 2 6 8
0,9
Objeto da atitude: Informações Nutricionais e Lista de Ingredientes
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Sem o quadro (de informação nutricional) seria complicado julgar se o produto é
saudável ou não.
1 -2 -2
É importante, pois a gente fica ligada nessas coisas, calorias, vitaminas etc. 3 2 6
Eu que tenho filha mais alérgica, preciso ver se tem corante, ou alguém da família que
está de regime, eu vejo a quantidade de calorias, eu acho importante sim.
3 2 6 10
1,1
166
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Grau de Atratividade
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Bono
Não sei explicar o motivo, não sei o que é, ficou muito diferente, ela passa um quê de
superior essa embalagem. Não estou me levando pela marca Nestlé.
2 3 6
A Bono de floresta negra, eu acho que foi feliz, é muito linda a embalagem. 3 3 9 15
2,5
Duchen
(ambas)
É uma embalagem bem simples, para mim ela está meio apagada. 3 -1 -3 -3
-1,0
Triunfo
maçã
com
canela
Eu ainda acho a Triunfo a mais original. Começaram a colocar uma embalagem meio
brilhante, meio espelhada...
2 2 4
A Triunfo de maçã ela me parece ser uma bolacha gostosa, mas a embalagem dela não
me chama atenção. Ela é muito apagadinha, apagada.
3 -2 -6 -2
-0,3
Tostines Olha, apesar de ser Nestlé, não é muito caprichada. -3 3 -9
A da Tostines está bem sugestiva. 3 2 6 -3
-0,5
Geral Uma embalagem bem elaborada, bem trabalhada, acho que é importantíssimo 3 3 9
Nem sempre o que é bonito e chamativo é o melhor. -3 2 -6 3
0,5
Bauducco
Eu acho que ela investiu, investiu financeiramente, pensou mesmo no consumidor. 2 2 4
(todas) Acho que eles conseguem captar o que o cliente quer. 2 2 4
Eu acredito que eles se preocupam bastante com o cliente. Eu percebo que eles se
preocupam com a imagem.
3 3 9
A Bauducco se preocupou bastante com a embalagem, se preocupa em atrair o
consumidor.
2 3 6 23
1,9
Mabel
limão
O limão ficou meio escondido, o nome ficou em cima, se deslocassem o nome a
aparência ficaria bem melhor do que está.
2 -2 -4
A da Mabel é bem discreta, você está vendo que ela não tem muito enfeite, muita coisa. 3 2 6 2
0,3
Objeto da atitude: Inferências sobre o produto
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Artificial todos são. O que chega mais perto mesmo é a de chocolate em pureza. A de
morango é a mais artificial.
1 2 2
Eu não vejo assim, porque se você conhece o produto a embalagem não vai interferir. -2 2 -4
Para quem não conhece, acho que vale a pena uma embalagem bonita, bem desenhada. 2 2 4
Uma embalagem mais bem elaborada passa a idéia de que o produto é melhor. 2 3 6
Se você pega o biscoito com um saco muito simplesinho assim, você já fala, isso não é de
qualidade.
2 -3 -6
Acho que se a empresa se preocupa com a embalagem, me passa a imagem de um
produto bom, confiável e de qualidade. De limpeza, de sabor gostoso.
2 2 4
Não de forma consciente, mas o que está bem acondicionado, em uma embalagem legal,
passa a mensagem de que se trata de um produto bom.
2 2 4
Quando a gente olha a embalagem, se ela não atrai, a gente já pensa que o biscoito não é
saboroso.
-1 2 -2
Uma embalagem mal feita passa uma mensagem de que o produto também é mal feito. 2 -2 -4
Embalagem para mim é tudo, o produto está lá dentro, você vai analisar pela embalagem.
3 2 6
Você está comprando um produto, é lógico pela embalagem, primeiro pelo visual, e
aquilo vai realmente estar mostrando o que é o produto, que é o que nós esperamos.
2 2 4 14
0,4
167
COMPONENTE COGNITIVO (continuação)
Objeto da atitude: Inferências sobre o produto (continuação)
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Triunfo
maçã
com
canela
Acho que maçã com canela, seria a opção, na minha mente, de bater o olho, a menos
calórica.
2 2 4
A de maçã com canela parece ser tradicional. 2 2 4
A Triunfo me passa assim ‘emergente’, era meio simplesinha, foi melhorando,
melhorando, e agora está querendo aparecer.
2 1 2
Essa de maçã com canela eu tenho a sensação de ser muito artificial. 2 -3 -6
A da Triunfo quando você olha dá a impressão de mais crocante, bem recheada. 2 3 6
O fato de ser uma fruta por mais que seja uma bolacha, o fato de ser maçã com canela dá
assim uma impressão de ser algo natural.
2 2 4 14
0,8
Mabel
chocolate
A Mabel passa uma idéia de biscoito popular, de qualidade inferior. 2 -2 -4
A da Mabel passa a impressão de que o biscoito tem poucas camadas. 2 -2 -4
A Mabel de chocolate é antiquada, pouco moderna, pouco ligada, pouco antenada com as
tendências.
3 -2 -6
Essa Mabel de chocolate acho que ela é mais oleosa, mais gordurosa. 2 -3 -6
Eu olhando para a Mabel eu não tenho a sensação que ela é tão de chocolate como essa,
por causa da embalagem.
-2 2 -4 -24
-1,6
Tostines A Tostines brigadeiro é uma embalagem conservadora. 3 -1 -3
Eu acho que na da Tostines não foram feliz. A mensagem que passa é de que não é uma
coisa gostosa não.
2 -2 -4 -7
-1,2
Bono A Bono floresta negra é arrojada, agressiva, para frente. 3 3 9 9
3,0
Bauducco
(todas)
Com essa ‘roupa’ a gente acha que o biscoito é excepcional, maravilhoso, saboroso. 3 3 9
E a Bauducco me passa aquela assim ‘olha, nós somos bons e somos bons mesmo, nós
somos chiques’.
2 2 4
A mais sofisticada é a da Bauducco, você espera encontrar algo bom por causa da
embalagem.
3 3 9 22
2,4
Marilan
chocolate
Parece que ele não é tão saboroso quanto os outros. Talvez ele tenha mais biscoito que
recheio.
-2 3 -6
Não parece que o biscoito é delicioso, não traz isso para mim, talvez eles poderiam mexer
aqui na foto.
-2 3 -6
A Marilan passa uma coisa assim do tipo ‘a gente faz o básico e tenta vender’. 2 1 2
Eu tenho a sensação que é um biscoito que você pega ele e que ele não é crocante. Dá a
sensação de que é um biscoito que ao você co-lo ele é uma coisa mole, sabe bolacha
que está passada? Essa é a sensação.
2 -2 -4
O da Marilan aparenta não ser tão saboroso. 2 -2 -4
Transmite que o produto é de chocolate e tem muito chocolate! 3 2 6
A Marilan parece que é mais chocolate que as outras, por causa da embalagem. 2 2 4 -8
-0,4
Duchen
(ambas)
A Parmalat já passa aquela impressão assim ‘eu dou uma arrumadinha e saio’, não é tão
chamativo, não é tão apelativo, parece que ela mais confia no produto que na embalagem.
-3 2 -6
Acho que o material da embalagem é mais resistente, o biscoito pode estar mais crocante.
2 3 6 0
0,0
Adria
(ambas)
Dá um sentido assim que tem muito gosto artificial. 2 -3 -6 -6
-2,0
168
COMPONENTE COGNITIVO (conclusão)
Objeto da atitude: Adequação da comunicação
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
brigadeiro
A de brigadeiro informa, em poucos segundos, o que o produto é. 3 1 3
A Bauducco brigadeiro se comunica melhor, a cor e a fotografia. Os brigadeiros são
maiores.
3 2 6
Traduz bem o produto, está bem compatível. 3 2 6
Tem características muito marcantes, muito visíveis, muito facilmente percebidas. 3 2 6 21
1,8
Bauducco
chocolate
com avelã
(A Bauducco) mostra melhor os ingredientes, como as avelãs. 3 2 6
Quando eu olho a embalagem realmente o produto é o que é. 3 1 3
Eu olho que tem chocolate, que tem sabor de avelã, então eu creio que eles foram fiéis
naquilo que se propuseram a fazer. Ela consegue transmitir isso.
3 2 6
A da Bauducco é mais fácil de perceber porque a avelã está tão destacada quanto a
bolacha.
3 2 6
Da Bauducco você vê primeiro as avelãs e bastante recheio no biscoito, então já vê logo
que é de avelã.
3 2 6 27
1,8
Geral Algumas são melhores que outras. 3 3 9
Você visualiza a fruta e já sabe o sabor, é fácil. Ajuda na identificação do sabor. 3 2 6
Então é mais importante que a embalagem esteja voltada para o lado de informar,
mostrar o produto, o sabor.
3 2 6 21
2,3
Triunfo
maçã com
canela
A Triunfo maçã com canela se comunica bem por causa das cores e dos detalhes. 3 2 6 6
2,0
Marilan
(ambas)
A Marilan também destacou bastante o produto, o sabor. 2 2 4
A da Marilan seria uma coisa mais extravagante, uma coisa meio misturada, as cores,
como se tivesse sendo jogada, solta talvez.
2 -2 -4
A Marilan se preocupou em colocar o sabor, mas não tem detalhes a respeito do produto.
-3 2 -6 -6
-0,7
Tostines
Mesmo se ocultarmos a marca e o escrito, dá para ter certeza de que é um biscoito de
brigadeiro.
3 3 9 9
3,0
Bono
A mais difícil é a da Nestlé de floresta negra. Se você não olhar com detalhe você
compra pensando que é de chocolate.
3 -2 -6
A Bono eu não cheguei a ver o escrito do sabor em branco. Eu sabia do sabor pelos
desenhos, pela cereja, pelo recheio.
2 2 4 -2
-0,3
Duchen
chocolate
com
avelã
Eu nem tinha visto que essa da Parmalat era de chocolate com avelã. -2 2 -4
A bolacha está mais em destaque. A avelã está pequenininha lá no fundo. 3 -2 -6
A da Duchen parece que estão mais atrás (as avelãs), você bate o olho você vê só o
biscoito.
2 -1 -2
A da Duchen você demora mais para perceber. -2 2 -4
Na da Duchen as avelãs estão mais escondidas, então eu tenho que parar para ler e ver
que é de chocolate com avelã.
3 -1 -3 -19
-1,3
FONTE: a autora
4.1.1 Análise dos resultados (atributos visuais versus componente cognitivo)
Nesta parte da análise não serão comentados absolutamente todos os resultados
obtidos em cada marca e em cada categoria levantada (objetos da atitude) a fim de não
169
sobrecarregar o leitor com excesso de informação. Serão comentados apenas os casos mais
representativos, que oferecem contribuições importantes para a resposta à questão de pesquisa
apresentada no início deste trabalho. Tais casos serão exemplificados por meio da escolha das
frases mais emblemáticas em cada categoria analisada. Os comentários colocados entre
parênteses em cada citação são de autoria própria, inseridos apenas para melhorar a
compreensão do contexto em que a frase foi proferida pela entrevistada.
a) Tipo de letra
A categoria ‘tipo de letra’ apresentou resultados interessantes. A embalagem da
Bauducco sabor brigadeiro recebeu média ponderada de +2 (na escala de -3 a +3), portanto
bastante favorável, evidenciando a importância do tipo de letra na formação da opinião sobre
o produto. Uma das entrevistadas citou a seguinte frase: “Ela (a letra da embalagem) é feita de
um jeito assim que ela parece um brigadeirinho mesmo, a própria letra, escrita assim parece
manual, como você enrolar um brigadeiro...”.
A embalagem do biscoito Triunfo sabor limão ficou com nota 1,1 nesta categoria.
Uma das frases que demonstra a relação existente entre o tipo de letra escolhido e a geração
de crenças sobre o produto foi a seguinte: “O limão da Triunfo é escrito com uma letrinha
assim, meio como se fosse uma letrinha ácida mesmo...”.
Um outro exemplo da relação entre tipo de letra e opinião sobre o produto é o da Adria
mousse de morango. A entrevistada afirmou que “parece que a letra se relaciona com o sabor,
porque quando a bolacha vem com essa letra assim ‘mousse’, dá a impressão de que a letra é
macia [...] então você fica imaginando que a bolacha deve ser uma delícia”.
b) Ilustrações
As ilustrações representaram uma das categorias mais importantes entre as avaliadas
pelas respondentes. Muitos aspectos das fotos e desenhos escolhidos para ilustrar o produto
geram percepções e crenças a respeito do mesmo, como exemplificado a seguir.
A embalagem feita pela Triunfo (sabor limão) foi, em média, bem avaliada pelas
consumidoras. Uma das entrevistadas afirmou que “o limão, embora bem verde, o recheio é
mais branquinho, então isso também passa a idéia de que não é tão artificial.” Outra
170
entrevistada acredita que “o desenho é como se fosse um selo, que garante que realmente é
isso.”
Outras duas embalagens bem avaliadas foram a Triunfo sabor maçã com canela (nota
+1,9) e Bauducco (os três sabores, nota +2). As frases respectivas que confirmam isso são:
“Tem uma maçã partida, com semente e tudo, que passa a idéia de algo
saudável e leve também.”
“As da Bauducco transmitem idéia de limpeza, acho que por causa do brilho
que tem nas camadas de chocolate. Dá a sensação de alimento fresco,
alimento recém-preparado.”
A embalagem da Marilan sabor morango recebeu nota final -1,6. As entrevistadas não
tiveram conclusões positivas sobre o produto a partir das ilustrações escolhidas para compor a
embalagem. Algumas frases que comprovam essa afirmação:
“O morango cortado está muito feio. Está muito artificial. Acho que
morango por dentro não é assim. Passa pouca credibilidade.”
“O biscoito aqui não parece que é de verdade. Essas gotas aqui estão um
pouco falso, artificial.”
Outra embalagem que despertou opiniões desfavoráveis sobre o produto foi a da
Mabel sabor chocolate, com nota final -1,9. Exemplos das frases citadas nas entrevistas:
“A da Mabel o chocolate parece aquele chocolate bem ruinzinho, escuro, o
formato, parece aquele chocolate de terceira categoria, daqueles bem
gordurosos [...]”
“Parece que está mole o biscoito, não está uma coisa crocante, uma coisa
fresquinha assim.”
c) Cores
As cores também representaram um quesito muito citado pelas entrevistadas, muitas
vezes de forma bastante espontânea, o que evidencia a importância deste atributo.
171
Mais uma vez, apareceram como destaque as embalagens Triunfo sabor maçã com
canela e Marilan sabor chocolate. A primeira recebeu nota final +1,2 e a segunda, -1,1. Duas
frases que confirmam a nota favorável obtida pela Triunfo:
“[...] a cor da letra fica associado com o sabor. A maçã, escrita em marrom,
fica associada com a canela, que é uma coisa muito gostosa, que a gente põe
em chá, passa uma idéia de coisa saudável, de coisa pura, bem natural.”
“O aspecto da bolacha da Triunfo, essa cor mais escurinha (do biscoito), dá a
impressão de mais crocante [...]”
No caso da Marilan sabor chocolate:
“Ele (o biscoito) não parece muito crocante não, porque ele está meio
clarinho, dá a sensação de mal assado, não sei se é o clarinho em cima do
marrom [...], esse begezinho em cima do marrom a sensação é de biscoito
mal passado.”
“Acho que a (embalagem) que não passa mesmo uma coisa legal em termos
de cor é a Marilan. Está muito apagada, talvez se o marrom fosse mais
brilhante não passaria essa sensação de sujeira.”
d) Inferências sobre o produto
Esta foi uma categoria que gerou comentários bastante relevantes. De forma geral,
toda a estrutura de cores, ilustrações, letras, tamanhos etc., resulta em opiniões favoráveis ou
não quanto ao produto embalado.
Não de forma específica a alguma marca, as entrevistadas fizeram os seguintes
comentários, que servem para ilustrar o grau de importância das embalagens e as inferências
que elas despertam no consumidor:
“Uma embalagem mais bem elaborada passa a idéia de que o produto é
melhor.”
“Se você pega o biscoito com um saco muito simplesinho assim, você já fala,
‘isso não é de qualidade’.”
“[...] o que está bem acondicionado, em uma embalagem legal, passa a
mensagem de que se trata de um produto bom.”
172
e) Adequação da comunicação
As consumidoras entrevistadas se queixaram de algumas embalagens em termos de
comunicação dos atributos do produto e a que público se destina. Em geral, as embalagens
mais elogiadas neste quesito foram as da Bauducco e as da Triunfo.
A embalagem da Duchen (Parmalat), especialmente o sabor chocolate com avelã, foi
desfavoravelmente avaliada (-1,3) quanto à adequação da comunicação. Algumas frases
citadas:
“Eu nem tinha visto que essa da Parmalat era de chocolate com avelã.”
“Na da Duchen as avelãs estão mais escondidas, então eu tenho que parar
para ler e ver que é de chocolate com avelã.”
4.2 Atributos visuais e o componente afetivo da atitude
O componente afetivo da atitude é representado pelos sentimentos e emoções
evocados pelos atributos dos objetos. Trata-se de um sentimento não neutro relativamente a
aspectos, pessoas, situações e produtos, que resultam em respostas afetivas.
Foi possível identificar que alguns aspectos visuais das embalagens são capazes de
estimular sensações e emoções, tanto agradáveis quanto desagradáveis, a partir das respostas
fornecidas pelas entrevistadas a respeito dos temas tratados durante as entrevistas.
O Quadro 16 apresenta estes resultados em forma de categorias, unidades de registro e
índices, de forma semelhante ao quadro dos componentes cognitivos.
Quadro 16 Análise de Conteúdo: componente afetivo
COMPONENTE AFETIVO
Objeto da atitude: Componentes escritos
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
Passa a impressão de que é saboroso o biscoito, aguça a vontade de provar. 3
3
9
(todas) O sabor triplo chocolate também, chama a atenção o ingrediente escrito. 3
2
6
O nome, além da empresa, o sabor triplo chocolate vem bem discriminado, achei
bem legal essa embalagem.
2
2
4
Eu diria que a triplo chocolate da Bauducco, eu gosto que está escrito ‘meio
amargo, branco, ao leite’.
3
1
3 22
1,8
173
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Tipo de Letra
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
Eu acho a da Bauducco bonita mesmo, parece escrita à mão. 2
2
4
(todas) Acho bonita, moderna. 3
2
6
As letras da Bauducco eu gosto. São arredondadas, é difícil adjetivar, é legal. Ela é
simpática, parecida com uma letra à mão mesmo.
3
2
6
A letra está muito bem feita e legível, a cor escolhida para a letra (marrom escuro)
destaca bastante na embalagem.
3
3
9
Não gosto dos escritos da Bauducco, parece um garrancho, uma letra feia. 2
-2
-4
As da Bauducco são mais bonitinhas, mais carismáticas, mais atraentes, mais
redondinhas. Eu gosto mais.
3
3
9 30
1,7
Geral
De modo geral, as letras que parecem manuscritas são legais, são mais
interessantes.
3
2
6 6
2,0
Tostines Eu não gostei do tipo das letras. São muito sérias, sem graça. 3
-2
-6
A letra é sempre igual, não muda nunca. 3
-1
-3 -9
-1,5
Adria Eu não gostei do escrito da Adria mousse, é como se a letra tivesse mal feita. 2
-2
-4
(ambas) A letra foi a que menos gostei, a mais garranchada. 3
-2
-6
Eu não gostei desse mousse da Adria de morango, acho essa letra cansativa, chata. 3
-2
-6
Acho bonita, moderna. 3
2
6
É bonita mesmo, parece escrita à mão. 2
2
4 -6
-0,4
Marilan
Essa letra também eu não gosto, acho pouco profissional, passa pouca confiança
essa letra.
2
-2
-4
(ambas)
O jeito que está escrito o sabor parece uma coisa gorda, chata, pesada, sem sal, não
sei te explicar, faltou vida.
2
-2
-4
Eu acho que é uma letra alegre, pela maneira sabe, como está colocada, como está
escrita, acho que ela é uma letra ‘pra cima’.
3
2
6
As da Marilan são mais bonitinhas, mais carismáticas, mais atraentes, mais
redondinhas. Eu gosto mais.
3
2
6 4
0,3
Bono Não gosto do escrito Bono pois é muito grande e muito azul. 3
-3
-9 -9
-3,0
Bauducco
brigadeiro
Agora quando o pessoal faz assim o chocolate com aquelas letras todas trabalhadas
chega a encher a boca de água.
3
2
6
Acho esse brigadeiro da Bauducco escrito, acho jovial, brincalhão, divertido. 3
3
9 15
2,5
Triunfo
maçã com
canela
Mas acho que a que mais gosto é a da Triunfo maçã com canela, o estilo. Ela é mais
arredondada, está mais para conservadora.
3
2
6
Ela é mais parecida com uma caligrafia bonita. Eu gostei da caligrafia. 3
2
6 12
2,0
Duchen
chocolate
com
avelã
A da Duchen chocolate com avelã também não gosto, lembra uma caligrafia feia. É
desproporcional, não sei, não gosto.
3
-2
-6 -6
-2,0
Mabel
chocolate
A escrita pela Mabel, waffer de chocolate em branco, a letra não chama a atenção, é
apagada e se mistura com o desenho.
-3
2
-6 -6
-2,0
174
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Primeiro, o que chama mais a atenção mesmo é o desenho. Que nem você chega
perto, o brigadeiro, a de limão, você vê a figura tal...
3 2 6
Particularmente, essas embalagens que mostram várias unidades de biscoitos são
mais legais.
3 2 6
No caso do biscoito todo desmontado não me chama a atenção, não me influencia. -3 2 -6
É gostoso ver a fruta, dá a impressão de que é daquele sabor. Você já se imagina
comendo aquilo em função do que você viu sobre a fruta.
2 2 4
O biscoito aberto está fazendo diferença, para melhor. É mais chamativo. 3 2 6
As embalagens com frutas são mais atraentes. 3 2 6
Eu gosto quando aparecem frutas, dá uma sensação assim diferente no meio das
outras, de chocolate.
3 2 6
Os (biscoitos) abertos mostram mais os ingredientes e dá mais vontade de comer. 3 2 6
Quanto menor a bolacha e em maior quantidade, melhor. 2 2 4
Eu acho que o (biscoito) mordido é interessante, porque mostra assim quando a
gente está comendo, a gente gosta de ver o recheio, então mostra bem.
3 2 6
O biscoito que aparece mordido dá a impressão de uma mordida bem gostosa, então
dá vontade de dar a mesma mordida.
2 2 4 48
1,5
Triunfo
limão
A Triunfo aparentemente é bem saborosa, por causa dos limões que aparecem, as
bolachinhas, assim acho que eu me identifico mais com embalagens assim.
2 3 6 6
2,0
Bono
Uma coisa legal na da Bono é que aparece a fruta, e isso é legal, eu gosto de foto de
frutas.
3 2 6
Olhando assim você pensa ‘essa coisa deve ter muito recheio, muito calórico’ então
eu olhando assim a Bono eu acho que ela é calórica mesmo. Você vê que a quantia
de recheio dá essa sensação.
2 -2 -4 2
0,3
Adria
morango
A da Adria é melhor, pois o tamanho das bolachas é mais discreto, são mais bonitas,
passam a impressão de mais gostosas.
3 2 6
Eu olhei essa fotografia da tacinha com a mousse, mas talvez se a tacinha estivesse
completa, se alguém não tivesse ido lá e tirado uma colherada da mousse, sem que a
gente visse a textura da mousse, talvez não tivesse chamado tanto a atenção.
2 2 4
A apresentação do produto está mais bonita, a embalagem em si é mais bonita. 3 2 6
A Adria não me atraiu em muita coisa, porque o morango está tão longe, parece que
é tão pouquinho morango.
-2 2 -4
A embalagem é mais bonita, chama muito a atenção por causa daquele mousse de
morango ali, muito bonito, dá vontade mesmo de comer o mousse de morango. Essa
ilustração fez muita diferença.
3 2 6
A embalagem da Adria, com o mousse, aquele rosa ao fundo, ficou muito bonito. 2 2 4
Outra que eu achei legal foi essa da Adria, esse morango tipo mousse, a bolachinha
meio aberta e aparecendo o recheio, passa uma sensação muito boa [...] parece ser
muito gostosa.
2 3 6
(O biscoito) aberto não fica bom o visual da embalagem. -3 2 -6 22
0,9
175
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Mabel
limão
Então o tamanho da foto influencia sim. Se diminuíssem o tamanho do biscoito, a
embalagem ficaria mais simpática.
-1 2 -2
Eu gosto bastante de limão, mas essa não aparenta ter muito recheio. -2 2 -4
A Mabel é esquisita pois mostra muito as bolachas. 3 -2 -6
A Mabel é muito sem graça. O desenho do biscoito deles não passa uma qualidade
boa.
3 -2 -6
A Mabel tem três biscoitos grandes e também não é legal. -3 2 -6
(O limão) é bem mais real, chama mais minha atenção. 3 2 6 -18
-1,0
Mabel
chocolate
Não gostei do chocolate, os biscoitos estão muito espaçados, muito grandes, irreais,
não gosto dos biscoitos mordidos.
3 -2 -6
Eu acho que esse chocolate é sem brilho, meio apagado (referindo-se aos
bombons). Então você olhando não dá uma sensação que é uma coisa gostosa,
prazerosa.
3 -2 -6
O mordido passa uma impressão estranha, de alguma coisa que foi mordida, sei lá,
não gosto, não me passa uma sensação boa.
-2 2 -4 -16
-1,8
Triunfo
maçã com
canela
Elas causam apetite, dá vontade [...] por causa de ter a metade da maçã cortada e
além de você ver a maçã inteira, com a casca bonita e brilhante, você vê a parte
interna da maçã também.
3 2 6
Acertaram em tudo nessa embalagem, as cores são legais [...] aí aparecem as frutas,
a maçã, a canela em pau, o biscoito.
3 2 6
O toque da canela ficou especial. 2 3 6
A maçã tem até sementes, e eu gosto também do escrito. 3 2 6 24
2,0
Bauducco
brigadeiro
Está mais bacana o design, até no recheio dá para ver que tem brigadeiro, o
granulado, de fato.
3 2 6
E tem também a maneira como eles apresentam a bolacha, mostrando as camadas
dos recheios e são recheios assim que parecem bem cremosos e com brilho até,
chama a atenção, dá vontade.
3 2 6
A de brigadeiro também (chama a atenção), pois o docinho aparece bem grande na
foto.
3 2 6
A da Bauducco tem quatro (recheios), mais o recheio granulado, então dá mais
vontade de comer a da Bauducco.
3 2 6
(Eu compraria) a da Bauducco porque tem mais brigadeiro no desenho, chama mais
a atenção.
3 2 6
Então parece que o biscoito é mais gostoso porque o desenho está mais bonito. 2 2 4
O desenho do brigadeiro está uma coisa super brilhosa, você olha assim, parece
uma coisa muito gostosa para se comer.
2 3 6 40
1,9
Bauducco
chocolate
com
avelã
O da Bauducco é mais bacana, porque mostra as camadas de recheio que tem
dentro da bolacha, como se a gente pegasse a bolacha depois e fosse tirando as
camadas dela para ver o recheio.
3 2 6
A foto está mais atraente por causa da camada de chocolate. 3 2 6
Acho que prefiro o biscoito aberto porque já mostra que é cremoso, que tem o
recheio legal.
3 2 6
O desenho dela está mais bonito, eu gostei mais, dos desenhos da avelã, do biscoito
mesmo, do chocolate, eles me transmitem mais sabor, mais qualidade.
3 2 6 24
2,0
176
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Ilustrações (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Tostines Mas na da Tostines as camadas são mais grossas. 3 2 6
Deu pra ver o brigadeiro da Nestlé desenhado, mas tem um só. 3 -1 -3
O desenho é esquisito, não gostei do fundo dourado, parece que os biscoitos estão
dentro de uma garrafa.
3 -1 -3
A Tostines, de brigadeiro, parece que está um biscoito tão sem emoção, seco. 2 -2 -4 -4
-0,3
Duchen
morango
Tem uns morangos lindos aqui na embalagem, bem mais vivos, as cores mais vivas,
do que as outras.
3 3 9
A que chama mais a atenção é a Duchen pois as frutas estão maiores. 3 2 6
Ela passa a impressão de ser um biscoito feito com ingredientes assim naturais; dá a
impressão que você pegou o morango, cozinhou lá e passou na bolacha, ela dá essa
sensação porque o morango está bem vermelhinho na embalagem.
2 3 6
Essa da Duchen parece muito gostosa porque eu adoro morango, ela tem bastante
recheio, aparentemente pela embalagem.
2 2 4
Esses morangos aqui me agradaram mais, pelo aspecto deles. 2 2 4
Acho que fica ruim um biscoito só, ficou sem graça. 2 -2 -4
Apenas um (biscoito) grande como na da Duchen fica feio. 2 -2 -4
Um único biscoito fica feio, passa uma impressão de pouca coisa talvez, solitário... 2 -2 -4
Pelas fotos a Duchen é mais sugestiva porque o morango parece mais natural. 3 2 6
Ele (biscoito) está uma coisa assim meio isolada, apesar de estar ao lado do
morango [...] não dá o sentido que seja uma coisa assim prazerosa...
3 -2 -6 17
0,6
Bauducco
triplo
chocolate
Eu gostei bastante da bolachinha, dos pedaços de chocolate, vem bem especificado
na embalagem ‘ao leite, chocolate branco e meio amargo’
3 2 6
Chama mais minha atenção a foto do waffer em si, com estas divisões do chocolate.
3 2 6
Essa da Bauducco de chocolate eu acho positivo, o biscoito aberto com as camadas
mostra que tem vários tipos de chocolate, então chama a atenção para experimentar,
‘será que é tudo isso mesmo’?
3 2 6
Acho que esses tabletes em volta chamam a atenção. 3 2 6
Esses biscoitos da Bauducco parecem que são uma coisa de louco, assim de
recheio.
2 3 6 30
2,0
Marilan
chocolate
Eu gosto mais do Marilan porque ele dá a impressão da bolacha caindo dentro de
um balde de chocolate, dá uma sensação mais gostosa do que você simplesmente
espalhar chocolate sobre uma mesa e tirar foto.
2 2 4
O biscoito é sem graça, ele é muito clarinho. 3 -1 -3
Eu também não gosto desse caldinho, é bem artificial. 3 -2 -6
A Marilan de chocolate parece aquele chocolate derretido, parece ser muito boa. 2 2 4
Olhando realmente também dá a sensação que é uma coisa assim bem calórica
também. Você vê pelo tamanho do recheio. Então também é uma coisa bem
artificial. Às vezes dá até um arrepio.
2 -3 -6 -7
-0,5
Duchen
chocolate
com
avelã
A bolacha da Duchen de chocolate com avelã tira o charme do ingrediente
principal.
-3 2 -6
As avelãs parecem mais reais (Duchen), dá vontade de pegar e de comer. 2 2 4 -2
-0,3
177
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Cores
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bono Mas a do Bono é elegante, o azul deu um toque sobre o marrom. 3 2 6
Passam uma idéia de divertido e frio, por causa do recheio branco que tem na
bolacha, por causa da cor azul na parte escrita.
2 2 4
A Bono floresta negra, apesar de ela ser escura, o azul dá um toque especial. 3 2 6
Toda marrom, tipo a Bono, não é legal. -3 2 -6
Pela cor da embalagem, o sabor é de chocolate, cor marrom, isso me atrai. 3 2 6
A Bono é muito carregada pois a cor não ficou boa, embora o marrom seja bonito. 3 -2 -6
Passa uma imagem pesada. Não gosto. 2 -2 -4
Ao mesmo tempo em que ela é escura, ela é uma escura alegrinha. Acho que pelo
fundo da embalagem, tem uma cereja.
3 1 3
A Bono é bem sugestiva, a cor, para uma pessoa que está procurando chocolate, o
marrom.
3 2 6
A cor também é importante para mim, me chamou bastante a atenção, as cerejas
vermelhas, porque dá um colorido assim, quebra um pouco o marrom.
2 2 4 19
0,6
Marilan
morango
O contraste do vermelho da embalagem apagou completamente o destaque do
produto principal.
-2 2 -4
Está faltando cor ali nos biscoitos, estão mais claros, não chamam tanto a atenção. -3 2 -6
Não está chamativo o morango, o recheio está muito branco. -3 2 -6
Realmente assim, você olha e fala ‘é bem legal’, porque ocupou todo o espaço com
a cor.
3 2 6 -10
-0,8
Marilan
chocolate
Acho que o apelo dela para chocolate é maior, por causa dos desenhos e da cor,
marrom, cor de chocolate.
2 2 4
A embalagem é sem graça porque, talvez as cores não estejam bem combinadas. 3 -2 -6
A embalagem é muito carregada, pois a cor não ficou boa, embora o marrom seja
bonito.
3 -2 -6
Passa uma imagem pesada. Não gosto. 2 -2 -4
É toda marrom, fica meio apagadinha, meio tristinha. 3 -2 -6 -18
-1,2
Adria
morango
Talvez porque tenha mais cores, além do rosa do mousse, da foto do morango, o
azul quebra, dá uma combinação legal.
3 2 6
Eu não gostei das cores da Adria, eu não gostei do azul. -2 2 -4
Na minha opinião, a cor azul não tem nada a ver com a cor do morango, que é a cor
do biscoito.
-3 1 -3
Eu não gosto da mistura, eles deveriam ter uniformizado a embalagem de acordo
com o produto.
-3 1 -3
Dividindo as cores fica melhor, tipo a Adria. 2 1 2
Eu achei muito legal que a Adria tem essa cor rosa porque é de morango. 2 3 6
A da Adria é bem mais legal, metade azul e metade com o mousse de morango. 3 2 6
A de morango eu achei lindíssima a cor, muito bonita. 2 3 6
Na Adria eu achei a cor mais viva [...] você tem um azul mais escuro e um mais
claro. Acho que teve um contraste legal, nesse sentido.
2 2 4
Eu gostei da cor, mas você olhando assim parece que é muito artificial, o morango. 2 -2 -4 16
0,5
178
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Cores (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Só que precisa tomar um certo cuidado com o vermelho nas embalagens, porque
fica uma embalagem muito forte, meio agressiva.
3 -3 -9
As cores mais suaves são mais agradáveis, mais alegres. 3 2 6
Roxo, me transmite morte, coisas deprimentes. 2 -3 -6
As embalagens vermelhas não são legais. Passam a impressão de que o produto não
convence, não sei porque.
-3 2 -6
Acho que vermelho também é uma cor que a gente vê muito nas embalagens e que
também chama a atenção. Eu gosto de embalagem vermelha.
3 2 6
Eu sou viciada em chocolate, eu ligo para a cor, a cor é importante para mim. 3 2 6
Não gosto das monocolores. -3 2 -6
Eu prefiro sempre cores vivas. 3 2 6
De todas eu acho que chama atenção as mais coloridas. 3 2 6
Na minha opinião, o marrom não é legal, mesmo quando o biscoito é de chocolate.
Marrom dá uma sensação de que não está limpo.
2 -3 -6
O branco acho que chama menos atenção, fica um pouco apagado. -3 2 -6
Eu gosto muito de laranja, de rosa, de cores que chamam a atenção, amarelo,
vermelho.
3 2 6
Mas se eu vejo uma embalagem muito carregada, você fica meio assim. 3 -2 -6
Se você está alegre você compra uma amarelinha né? As cores influenciam o estado
de espírito.
3 2 6
Cores mais escuras, mais fechadas, tipo preto, roxo, sozinhas, talvez não seja muito
legal.
2 -2 -4
Mas eu gosto de coisa colorida, então sempre o que é colorido me chama a atenção. 3 2 6
A cor que eles colocam no biscoito da ilustração é uma coisa que mexe muito. 3 2 6
Sempre quando eu vejo doce, quando a embalagem é marrom, eu associo à
chocolate, e eu gosto muito de chocolate, então sempre me atrai.
3 2 6 11
0,2
Tostines Eu acho pouco atrativa embalagem branca. 3 -2 -6
Acho que não foi feliz não. Usar um colorido no fundo chama mais a atenção. Acho
que colocaram o branco para destacar o preto. Se fosse invertido seria melhor.
-3 2 -6
Achei feia (Tostines). Porque o branco, eu gosto de branco, mas ele não tem um
apelo assim, para comida, por exemplo, sei lá.
-3 2 -6
Entre todas as outras, esse branco ficou apagado. Eu não gostei, achei muito pobre. 2 -2 -4 -22
-1,8
Triunfo
limão
A que está me chamando mais a atenção é a Triunfo, por causa do contraste que
tem no fundo da embalagem, do verde com o branco.
2 2 4
Essa de limão da Triunfo ficou legal a combinação de verde, amarelo e branco, tem
tudo a ver com limão.
3 2 6
Mas na hora que eu olhei eu gostei mais da Triunfo, acho que por causa do laranja. 2 2 4
Aquele amarelo com aquele dourado chama bastante atenção, no caso da bolacha de
limão da Triunfo.
3 2 6
O dourado deu um toque especial com o verde e o vermelho, o dourado chamou a
atenção.
2 3 6
Talvez por causa dos limões da Triunfo estarem mais verdes, chamam mais a
atenção...
3 2 6
Achei que ela ficou muito estranha, não sei se a cor que eles jogaram ali [...] não
deu sentido a cor do limão, está muito artificial, carregaram demais no verde.
3 -3 -9 23
1,1
179
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Cores (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
(todas)
Eles puseram um amarelo vivo na embalagem, dá um contraste, tem mais tons de
amarelo do que de marrom e então a embalagem fica mais alegre em função da cor.
3 2 6
Eu gostei muito da de brigadeiro da Bauducco, esse amarelo com cor de abóbora
ficou bem legal.
2 3 6
A da Bauducco está mais bonita a embalagem, chama mais atenção em termos de
distribuição de cor, de como destaca o biscoito, parece que o chocolate da
Bauducco é mais marrom que o outro, é mais brilhante, dá água na boca.
3 3 9
O chocolate em cima de um fundo branco assim destaca, o biscoito em cima de um
fundo amarelo destaca, o marrom dele está mais bonito.
3 2 6
A qualidade pode estar na média, mas o jogo de cor que a Bauducco coloca no
pacote dela chama mais atenção.
3 2 6
Acho que o amarelo, de forma geral, chama a atenção. E ele dá bastante destaque
nas outras, dá destaque no marrom que é de chocolate.
3 2 6
Eu gosto desse amarelo. Eu prefiro que a embalagem seja de uma cor só, que não
varie conforme o sabor.
3 1 3
Eles foram felizes nesta embalagem, a combinação de cores, amarelo com marrom,
a presença do chocolate em quantidade, isso também atrai bastante.
2 3 6 48
2,0
Mabel
limão
Gostei bastante da combinação de cores, tem tudo a ver o verdinho do limão com o
amarelo, até porque a gente até encontra limão com casca amarela, limão com casca
verde, acho que tem tudo a ver.
3 2 6
Essa embalagem de limão está super bonita, acho que até pelo efeito do verde com
amarelo, do vermelho, dá um destaque...
3 3 9
O limão da Mabel está um verde mais apagado. 3 -1 -3 12
1,3
Triunfo
maçã
com
canela
Esse de maçã com canela ficou bem bacana também porque eles tentaram [...] mais
ou menos trazer um pouquinho da cor da canela né, acho que ficou bacana.
2 2 4
Esse dourado passa uma coisa bacana, chique. 3 2 6
A da Triunfo maçã com canela também tem cores muito bonitas, esse amarelo
dourado...
3 2 6
O colorido da Triunfo eu não gostei desse laranja, muito clarinho, não combinou,
devia ser cores mais vivas, podiam explorar a outra cor da maçã verde também.
-2 2 -4
A da Triunfo me chamou mais atenção por causa das cores que ela tem. 2 2 4 16
1,1
Mabel
chocolate
É muito amarela, muito colorida. Não convence. Não dá vontade de comer. -3 2 -6 -6
-2,0
Duchen
chocolate
com
avelã
O (chocolate) está apagadinho, está um marrom sobre um tom meio bege, não
chamou tanto a atenção.
-2 2 -4 -4
-1,3
Duchen
morango
Ela é mais alegre assim, é mais vibrante, é um vermelho [...] meio laminado, mais
brilhante, chama mais atenção, dá mais vontade.
3 3 9
Na verdade, as da Parmalat, embora tenham uma letra bonita, o que chama a
atenção é a embalagem ser vermelha, destaca.
3 2 6
Eu acho legal, mas só vermelho fica meio pesado, meio cansativo. 2 -2 -4
A da Duchen é a que me chama mais a atenção porque é vermelha. 3 2 6 17
1,4
180
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Grau de legibilidade
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Marilan
(ambas)
A Marilan chocolate é meio sem graça também, embora a letra seja grande, a
identificação é boa.
3 2 6 6
2,0
Bauducco
(todas)
Embora eu ache feia, a da Bauducco é bem legível. 3 2 6 6
2,0
Objeto da atitude: Tamanho
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Adria
(ambas)
O pacote da Adria é esquisito, estreito, a gente está acostumada com um pacote
mais larguinho.
3 -2 -6
O que é estranho na Adria é o tamanho, o pacote é mais estreito, tem menos
biscoito, tem pouco conteúdo.
3 -2 -6 -12
-2,0
Geral Quando vejo um pacote muito pequeno cria antipatia. 3 -2 -6
Prefiro as (embalagens) tamanho família por causa da questão ecológica, de
diminuir a quantidade de lixo, de matéria-prima.
3 1 3
Eu prefiro o pacote grande. 3 1 3 0
0,0
Objeto da atitude: Grau de Atratividade
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Tostines Não gostei dessa embalagem, muito sem graça. 3 -2 -6
Essa embalagem em geral é sem graça. O mais gozado é que é um produto Nestlé. 3 -2 -6
Ela não chama a atenção, ela é muito discreta. Eu não faria uma embalagem assim. -3 2 -6
Está meio relaxada, está sem criatividade, simplesmente mostrando uma bolachinha
e um brigadeiro do lado, então não tem assim alguma coisa que chame a atenção
em termos de criatividade.
-3 2 -6
Ela é mais clean, acho que ela chama a atenção na gôndola quando você tem todas
elas coloridas.
3 2 6 -18
-1,2
Bono
Então ela ficou uma embalagem sofisticada, elegante. Chamaria sim minha
atenção.
2 3 6
Essa Bono chama atenção porque se ela fica no meio do colorido ela se destaca. 3 2 6
Mas a embalagem é atraente, chama a atenção, apesar do sabor não estar destacado.
3 2 6
A Bono da Nestlé é a que mais chama a atenção, por causa do escrito, do nome do
biscoito.
3 2 6 24
2,0
Geral
Uma coisa de que eu não gosto é quando a embalagem faz propaganda de outro
produto da empresa. Não sei explicar por que.
-3 2 -6
É importante ter um visual atrativo, colorido, que chame a atenção, para saborear o
produto.
3 2 6
Mais de uma vez eu parei porque a embalagem chamou minha atenção, para ver o
que era.
2 2 4 4
0,4
Bauducco
brigadeiro
O que dá mais vontade de comer acho que são os da Bauducco, por causa do
recheio. Desperta desejo. Você olhando assim dá uma vontade de comer.
3 3 9
Olhando a embalagem realmente assim dá a sensação de que aquilo que você vai
comer é o que está mostrando na embalagem.
2 3 6
A da Bauducco tem mais brigadeiro no desenho, chama mais a atenção. 3 2 6
A da Bauducco continua mais sugestiva, pela presença dos brigadeiros, a cor, a
escrita, é tudo claro.
3 2 6 27
2,3
181
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Grau de Atratividade (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
chocolate
com
avelã
Pela combinação dos dois, chocolate com avelã da Bauducco, seria a mais atraente
para mim.
2 2 4
Eu achei que a da Bauducco está bem visível, as avelãs, o recheio da bolacha, acho
que ela fica bem chamativa...
2 3 6 10
1,7
Bauducco
triplo
chocolate
Eu gostei [...] ela é bem original, chama bem a atenção, devido às cores, tem
informação, é bem chamativa.
3 3 9
Eu acho que essa divisão, essas setinhas, ficou bem diferente, achei muito legal. É
divertido, a criançada gosta.
3 3 9
Você olha da Bauducco triplo chocolate, chama a atenção as flechas, as camadas,
parece ser um biscoito mais sofisticado, com três sabores. Transmite uma
mensagem boa.
3 3 9
Em frente à gôndola, você escolheria a aberta da Bauducco porque o visual acaba
chamando a atenção, que é a quantidade de chocolate, tanto da bolacha quanto do
recheio.
3 2 6
Você vê e fala nossa que cremoso, tem meio amargo, branco, ao leite, tudo isso,
então eu gosto desse desfolhado. Dá mais vontade de comer o biscoito.
3 2 6 39
2,6
Triunfo
limão
Ela (embalagem) tem melhor qualidade, a embalagem é mais bonita, é verde, é mais
bonita que as outras.
3 2 6 6
2,0
Triunfo
maçã
Porque o (sabor) maçã com canela é meio apelativo para mim, é assim, o doce com
o amarguinho para mim é bem apelativo. Falou de maçã com canela eu gosto.
3 3 9
A embalagem é muito linda! 3 3 9 18
3,0
Mabel
(ambas)
A da Mabel é sem graça, faltou alguma coisa no lado superior direito. 3 -2 -6
Não chama a atenção, você não fala ‘olha que gostoso’. Então eu não tenho vontade
de adquirir esse produto realmente olhando assim a embalagem.
-3 2 -6
A embalagem da Mabel os biscoitos estão mais saltados, chamam mais a atenção. 3 1 3 -9
-1,0
Adria
(ambas)
Eu achei que está bem legal também, está um verde bonito ali, me chamou a
atenção.
3 2 6
A Adria também é uma embalagem legal, discreta, eu gosto de coisa mais discreta. 3 2 6
A da Adria eu descartei porque a foto não chama a atenção. Olhando para o rótulo,
o desenho, o formato, o tamanho, ou talvez muitas informações em um rótulo
pequeno.
-3 2 -6 6
0,7
Objeto da atitude: Inferências sobre o produto
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Marilan
(ambas)
A Marilan é muito falsa. 3 -3 -9 -9
-3,0
Triunfo
limão
A Triunfo de limão é alegre. 3 2 6 6
2,0
Geral A idéia de realidade é bacana, é importante. 3 2 6 6
2,0
Bauducco
(todas)
Essa Bauducco pela embalagem dela você vê e fala puxa essa é saborosíssima né. 3 3 9 9
3,0
Triunfo
maçã
com
canela
Parece que o biscoito (Triunfo maçã) tem um toque diferente, um diferencial. 2 3 6 6
2,0
Mabel
(ambas)
O apelo dela (Mabel) é mais fraquinho eu diria, em relação ao chocolate. 3 -2 -6 -6
-2,0
182
COMPONENTE AFETIVO (continuação)
Objeto da atitude: Despertar de sentimentos e emoções
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Chocolate né, festa, momento alegre, sensação de que quando eu consumir vou
sentir algo muito bom.
2 3 6
Vou me divertir, me sentir bem. 2 2 4
Lembra minha irmã, ela ama tudo isso. 3 2 6
Quando eu passo no mercado ela é a primeira pessoa que eu penso, ‘ela vai amar’,
meu irmão é o segundo e eu sou a terceira. Mas a primeira coisa que eu lembro é de
agradá-la.
3 2 6
(As embalagens) estão associadas também a momentos agradáveis, sem dúvida. 3 2 6
Eu penso nos meus filhos. Mas levo em conta preço e qualidade, às vezes até pago
um pouco mais, dentro de um certo limite, a fim de agradá-los, de acordo com a
preferência deles.
3 2 6
Se eu estou com vontade eu compro pra mim também, por mim, porque eu estou
com vontade e quero me agradar.
3 2 6
Está associado a prazer, a momento bom. 3 2 6
Todas as bolachas de chocolate me despertam a lembrança das crianças, dos meus
filhos. Eu olho para elas e lembro deles. Eu compro pensando neles.
3 2 6
A compra de biscoitos é mais emotiva, porque racionalmente não é um alimento
adequado para nossa saúde física, se a gente levar em consideração os produtos que
vão, a quantidade de gordura, não é um alimento natural.
3 2 6
Eu penso nos meus netos, no que eles gostam de comer. 3 2 6
Para consumo próprio é racional, para meus netos, a emoção fala mais alto. 3 2 6
Quando eu como (biscoitos) são momentos bons. No sofá com meu marido,
tomando um chá, a gente fala, ‘vamos abrir um waffer’?
3 2 6
Uma embalagem mais bonita te chama mais a atenção, te faz ficar com vontade né? 3 2 6
Sempre que vejo penso no sorvete, nos amigos que gostam dessa bolacha com
sorvete.
3 2 6
Você fala ‘ai, eu quero, que gostoso’, uma coisa assim, um sentimento. 3 2 6
Mas eu não associo às pessoas. -3 2 -6
Eu penso que quando eu comer eu vou sentir prazer. 2 3 6
Acho que não estão associadas ao meu emocional. -3 2 -6
Acho interessantes essas que tem frutas, como os de morango e a maçã, são duas
frutas que eu tive na minha infância, eu acompanhei do plantio à colheita, então
marcam bastante.
3 2 6
Todas as embalagens que aparecem chocolate puro eu me lembro do meu marido, e
também da minha filha.
3 2 6 100
1,6
Triunfo
limão
Então quem gosta muito de limão, por exemplo, já vai sentir o azedinho. Eu acho
que vai despertar, vai aguçar a vontade de comer aquele biscoito.
2 2 4
O da Triunfo dá vontade de comer. Essa embalagem está mais brilhante, os limões
mais vistosos, a palavra limão está verde.
3 2 6
O limão está associado a verão. 3 2 6 16
1,8
183
COMPONENTE AFETIVO (conclusão)
Objeto da atitude: Despertar de sentimentos e emoções (continuação)
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Triunfo
maçã
com
canela
Em determinado momento, a maçã com canela traria a sensação de casa,
aconchego, um café quentinho, um chazinho. A embalagem com certeza faz essa
ponte, essa associação.
3 3 9
Maçã e canela dá uma sensação assim de que está chegando o inverno pois maçã e
canela tem a ver com chá.
2 2 4
Desperta sentimento de coisa boa, gostosa. De alegria, sensação de descanso, paz,
relaxamento, sono gostoso. Desperta o desejo de comer.
3 2 6
Na verdade eu tenho visto ela no mercado e deu vontade de provar. A sensação que
eu tenho é a vontade de provar esse recheio branco, de maçã com canela.
2 2 4
Eu fiquei com vontade de comer essa bolacha por causa do chá de maçã com canela
que minha mãe faz.
2 2 4 27
1,8
Bono Sim, com certeza está associado ao prazer. 3 3 9
Eu até poderia dizer que, levando para o lado festivo, traria alguma lembrança sim
[...] o bolo também, por ser floresta negra.
2 2 4
O chocolate está relacionado a inverno e a festa de aniversário, tem esse apelo. 3 2 6 19
2,1
Adria
(ambas)
Quando eu vejo coisa de morango é a cara do Gabriel, meu sobrinho, eu lembro
dele.
3 2 6
Dá vontade de fazer mousse de morango e de limão né... 2 2 4
Estas menores eu me lembro de que eu comia quando eu era pequena, no recreio... 3 2 6
Essa embalagem mousse da Adria é uma delícia, mas eu só associo a mousse a
quando o meu filho era novinho ele gostava de uns quadradinhos assim que eu nem
lembro de que marca era, então eu vejo esses mousses da Adria em forma de waffer
me remete àquele tempo
3 2 6 22
1,8
Bauducco
(todas)
O brigadeiro lembra festa. 3 2 6
A da Bauducco traz lembranças dos meus filhos pequenos, quando comprava para
eles. Lembra coisas boas.
3 3 9
Eu até poderia dizer que [...] levando para o lado festivo, traria alguma lembrança
sim em função de ser doces que a gente encontra em festa...
2 2 4 19
2,1
Tostines Está esquisito; não dá vontade de comer. 3 -2 -6 -6
-2,0
Bauducco
chocolate
com
avelã
A da Bauducco chocolate com avelã eu associo ao meu marido, que sempre escolhe
essa. Então eu lembro sempre muito dele quando vejo essa embalagem.
3 3 9
A avelã fez muita parte da minha infância. Então quando eu vejo esse pacote com
essa figura eu volto pro passado.
3 3 9
A família, a natureza, por ela (avelã) estar presente na minha infância, eu acabo
associando.
3 2 6 24
2,7
FONTE: a autora
4.2.1 Análise dos resultados (atributos visuais versus componente afetivo)
Em geral, as entrevistadas se sentiram à vontade em declarar seus sentimentos e
emoções despertadas por um ou mais aspectos apresentados em cada embalagem de biscoito.
As principais expressões, utilizadas pelas consumidoras para declararem seus sentimentos,
184
foram do tipo ‘desperta o desejo’, ‘aguça a vontade’, ‘eu gosto mais’, ‘me atrai’.
Semelhantemente à maneira com que foram feitas as análises para o componente cognitivo,
aqui são apresentadas as principais descobertas relativas à possível influência dos aspectos
visuais na formação do componente afetivo da atitude.
a) Tipo de letra
Algumas letras utilizadas nas embalagens causaram emoções do tipo ‘parece algo
chato’, ‘faltou vida’, ‘é uma letra alegre’, ‘é uma letra cansativa’ etc. Uma embalagem que se
destacou favoravelmente nesta categoria foi a da Bauducco sabor brigadeiro (+2,5). Duas
unidades de registro que exemplificam isso:
“Quando o pessoal faz assim o chocolate com aquelas letras todas
trabalhadas chega a encher a boca de água.”
“Acho esse brigadeiro [...] escrito, jovial, brincalhão, divertido.”
b) Ilustrações
Mais uma vez, este foi o aspecto visual mais fortemente relacionado à influência da
embalagem na formação de atitudes. Muitas responderam que já se imaginam desfrutando
daquele sabor ‘transmitido’ pela foto ou desenho do biscoito e do ingrediente principal
relacionado ao sabor.
A embalagem da Mabel sabor chocolate obteve média ponderada -1,8 neste quesito:
“Não gostei do chocolate, os biscoitos estão muito espaçados, muito grandes,
irreais, não gosto dos biscoitos mordidos.”
“O mordido passa uma impressão estranha, de alguma coisa que foi mordida,
sei lá, não gosto, não me passa uma sensação boa.”
A embalagem da Tostines sabor brigadeiro passou, para algumas entrevistadas, a
sensação de escassez, pelo fato de apresentar apenas um brigadeiro ao lado dos biscoitos,
diferentemente da Bauducco, que foi considerada mais abundante justamente pela presença de
quatro docinhos nas ilustrações. Uma das entrevistadas chegou a afirmar que “a Tostines, de
brigadeiro, parece que está um biscoito tão sem emoção, seco.”
185
A sensação de realidade, transmitida por algumas embalagens, também fez diferença
para algumas consumidoras entrevistadas, assim como, de forma oposta, a sensação de
artificialidade. Entrevistadas comentaram, a esse respeito, sobre a embalagem da Duchen
sabor morango:
“Ela passa a impressão de ser um biscoito feito com ingredientes assim
naturais; dá a impressão que você pegou o morango, cozinhou lá e passou na
bolacha, ela dá essa sensação porque o morango está bem vermelhinho na
embalagem.”
“Essa da Duchen parece muito gostosa porque eu adoro morango, ela tem
bastante recheio, aparentemente pela embalagem.”
Já no caso da embalagem da Marilan do mesmo sabor (morango), a idéia de
artificialidade transmitida e a sensação despertada pelas ilustrações ficam claras neste
comentário:
“Olhando realmente também dá a sensação que é uma coisa assim bem
calórica também. Você vê pelo tamanho do recheio. Então também é uma
coisa bem artificial. Às vezes dá até um arrepio.”
c) Cores
As cores escolhidas para as embalagens também foram reconhecidamente capazes de
provocar sentimentos e emoções. De forma geral, as entrevistadas se mostraram desfavoráveis
às cores muito pesadas e escuras, e se sentiram mais atraídas pelas cores mais vivas e alegres:
“[...] precisa tomar um certo cuidado com o vermelho nas embalagens,
porque fica uma embalagem muito forte, meio agressiva.”
“As cores mais suaves são mais agradáveis, mais alegres.”
“Roxo me transmite morte, coisas deprimentes.”
“As embalagens vermelhas não são legais. Passam a impressão de que o
produto não convence, não sei porque.”
“Na minha opinião o marrom não é legal, mesmo quando o biscoito é de
chocolate. Marrom dá uma sensação de que não está limpo.”
“A cor que eles colocam no biscoito da ilustração é uma coisa que mexe
muito.”
186
d) Despertar de sentimentos/emoções
Esta categoria, existente apenas para o componente afetivo, possibilitou a classificação
e análise de expressões e frases bastante reveladoras. As embalagens com ilustrações de
brigadeiro e a de floresta negra (Bono) foram bastante associadas a festas e momentos alegres.
Isto pôde ser evidenciado na frase “Chocolate, festa, momento alegre, sensação de que
quando eu consumir vou sentir algo muito bom”, proferida a respeito da Bauducco sabor
brigadeiro. Uma outra frase que marca essa questão é a seguinte:
“Acho interessantes essas que têm frutas, como as de morango e de maçã; são
duas frutas que eu tive na minha infância, eu acompanhei do plantio à colheita,
então marcam bastante.”
A Triunfo sabor maçã com canela, que foi avaliada em +1,8 nesta categoria, foi uma
das marcas com as frases mais reveladoras a respeito do despertar de emoções:
“Em determinado momento, a maçã com canela traria a sensação de casa,
aconchego, um café quentinho, um chazinho. A embalagem com certeza faz
essa ponte, essa associação.”
“Maçã e canela dá uma sensação assim de que está chegando o inverno pois
maçã e canela tem a ver com chá.”
“Desperta sentimento de coisa boa, gostosa. De alegria, sensação de descanso,
paz, relaxamento, sono gostoso. Desperta o desejo de comer.”
“Eu fiquei com vontade de comer essa bolacha por causa do chá de maçã com
canela que minha mãe faz.”
4.3 Atributos visuais e o componente conativo da atitude
A conação - ou comportamento - está relacionada às escolhas e ações tomadas pelos
indivíduos a partir das crenças e sentimentos despertados por um objeto. Representam as
tendências a agir de determinada maneira com relação aos objetos de atitude. Trata-se de uma
predisposição para a ação, que pode ser tanto associativa quanto não associativa relativamente
às crenças e sentimentos. Isto se deve ao fato de que, conforme tratado no item 1.2.3 do
capítulo 1, as intenções comportamentais podem mesmo não serem coerentes com os outros
187
dois componentes atitudinais pelas razões expostas no trecho referido. Por outro lado, as
atitudes de um indivíduo podem ser observadas e confirmadas por meio de seu
comportamento.
Relativamente a esse componente, houve também descobertas a partir dos relatos das
consumidoras.
O Quadro 17 apresenta, na íntegra, todas as frases selecionadas que estavam
relacionadas ao comportamento no ponto de venda, e suas respectivas valorações, conforme
metodologia anteriormente explicada.
Quadro 17 Análise de Conteúdo: componente conativo
COMPONENTE CONATIVO
Objeto da atitude: Componentes escritos
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral Primeiro eu olho a marca, depois o sabor. 3 2 6
Na verdade a gente vai mais pela marca, que a gente já conhece. 3 2 6
É mais a título de informação o que está escrito. Não vai influenciar na escolha do
produto.
-2 2 -4
Acho que eu presto atenção mais no logo da marca do que no sabor. 2 2 4
Pode chamar a atenção, mas não é por isso que eu vou comprar o produto. -2 2 -4
Engraçado que a gente tem necessidade de olhar a marca... 3 2 6
Olhar a marca influencia, é um problema. 3 2 6 20
1,0
Objeto da atitude: Tipo de Letra
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
As que trazem letras muito pequenas dificultam a leitura. Tem que ter uma letra
razoável.
3 2 6
As que têm letra maior fica mais fácil de visualizar o sabor. Isso ajuda. 3 2 6
Eu acho que essas letras, para quem não tem visão boa, tem que ficar procurando. -2 2 -4 8
0,9
Objeto da atitude: Ilustrações
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Triunfo
maçã
com
canela
A gente não se sentiria atraída por ela sem a foto da maçã, eu não compraria uma
embalagem que não trouxesse nenhuma ilustração, só com o nome do produto e de
uma só cor.
-2 -2 4 4
1,3
Geral Sem o desenho do chocolate eu teria que ler a embalagem. Não ia ficar bonito. -2 -2 4
Sem dúvida, as ilustrações fazem ir lá pegar e comprar. 3 2 6
A ilustração quando é bonita, passa a idéia de gosto e então influencia no momento da
compra.
3 2 6 16
1,8
Adria
(ambas)
Acredito que não compraria, não ficaria atraída se a da Adria não tivesse as fotos. -2 -2 4
Eu compraria a da Adria, que tem a foto da mousse. 2 2 4 8
1,3
Mabel
chocolate
A gente olha e vê um biscoito bem fininho, um chocolate bem escuro, então você já
pensa que é um chocolate amargo. Eu não compraria, eu imaginaria que não fosse um
biscoito saboroso.
-2 2 -4 -4
-1,3
188
COMPONENTE CONATIVO (continuação)
Objeto da atitude: Cores
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Eu não compraria por uma cor predileta, mas uma combinação de cores numa
embalagem chama a atenção da gente.
-2 2 -4
Cor é legal, ajuda bastante a identificar o produto. 3 2 6
É mais importante associar a cor ao produto que à marca. Para visualizar é melhor. 3 2 6
Uma boa combinação de uma cor alegre com uma cor suave eu acho que tem a ver,
influenciam no momento da compra sim.
3 2 6
Sem conhecer, acho que eu não compraria não (embalagem roxa). -2 -2 4 18
1,2
Triunfo
maçã
com
canela
Não aparenta ser um biscoito com esses dois recheios, faltou por mais colorido no
biscoito, o recheio está só branco, eu não compraria. (Triunfo maçã)
-3 2 -6 -6
-2,0
Triunfo
limão
Eu pegaria a da Triunfo na gôndola. Ela se destaca das outras pelas cores, a
combinação, que é de limão, a faixa dourada acho que chama a atenção, as frutas...
2 2 4 4
1,3
Objeto da atitude: Grau de legibilidade
Marca Frase
cv tsc n (cv.tsc) Sn
Média
Tostines É, essa está bem apagadinha, nem dá pra ver, bem pequenininho. 3 -2 -6
Se você não olhar direito, nem consegue enxergar o brigadeiro. Eu não tinha reparado
que tinha esse brigadeiro aqui, e olha que está bem pertinho aqui de mim. Só agora
que eu peguei na mão que eu vi.
-3 2 -6 -12
-2,0
Bono O escrito (floresta negra) quase some. 2 -2 -4
Dá muita ênfase à sub-marca do biscoito e o que interessa mesmo não está fácil de
visualizar.
-3 2 -6 -10
-1,7
Geral
Já aconteceu comigo de eu procurar um sabor de bolacha específico e ter dificuldade
de ler, na embalagem, qual o sabor da bolacha.
3 -2 -6
Se não tivesse nada escrito, ficaria mais difícil na hora de comprar. 2 -2 -4
Dá a impressão de que, o conjunto de bolachinhas fica mais fácil de visualizar. 3 2 6 -4
-0,4
Duchen
chocolate
com
avelã
O biscoito sozinho deixa a visualização prejudicada. 3 -2 -6
Quem está de longe não consegue identificar, e eu creio que essa figura que eles
colocaram da bolacha em si [...] está uma coisa assim apagada, uma coisa meio escura.
3 -2 -6
As avelãs estão menores, tem que chegar bem perto para ver o sabor. 3 -2 -6 -18
-2,0
Triunfo
maçã
com
canela
A de maçã com canela ajuda muito, nem precisaria ler. 3 3 9 9
3,0
Mabel
chocolate
Você tem que pegar nela e olhar ela muito de perto para poder identificar. 2 -2 -4 -4
-1,3
Bauducco
triplo
chocolate
Quem olha de longe parece que o chocolate meio amargo é igual ao chocolate ao leite.
Você só percebe quando chega perto e lê.
2 -2 -4 -4
-1,3
189
COMPONENTE CONATIVO (continuação)
Objeto da atitude: Tamanho
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Eu acho que (as embalagens pequenas) agridem mais ao meio ambiente. Eu associo e
não compro. E também são mais caras.
-3 3 -9
Eu dou preferência de comprar maior, mesmo depois tendo o trabalho de vedar para
guardar, eu prefiro.
3 2 6
Mesmo se fossem mais baratas, eu continuaria comprando as maiores por causa do
ambiente.
3 2 6 3
0,3
Triunfo
limão
Eu levaria a Triunfo porque é maior! 2 2 4
Eu compraria a Triunfo de limão por causa do tamanho do biscoito, que é tradicional.
Dá a impressão de que contém mais.
2 2 4 8
1,3
Objeto da atitude: Grau de Atratividade
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Bauducco
triplo
chocolate
Mostra que é atraente, gostoso, só falta desenhar uma boca aqui, mostra as camadas,
não tem como não comprar.
-3 -2 6 6
2,0
Bono
Se os produtos tivessem o mesmo preço e o mesmo peso, eu escolheria a Bono, pois
de forma geral é muito simpática. O toque da cerejinha é bem legal, bem bonitinho.
1 3 3 3
1,0
Adria
morango
Eu compraria a Adria (mousse de morango), pois a embalagem é mais bonita, mais
simpática.
1 2 2 2
0,7
Geral
Então às vezes você não passa direto por um produto, ele chama a atenção e você pára
para olhar.
3 2 6
Você compra por causa da embalagem, você olha assim, você acha bonita, que
realmente está com chocolate, tal.
3 2 6
E é muito importante quando você vê a embalagem você vê uma coisa bonita, mais à
vista, então eu compraria por causa disso.
1 2 2
Eu não me deixaria levar pelo rótulo não. -1 2 -2
Se é esse produto e desse sabor que eu quero, a embalagem em si pode ser bonita,
atrativa, mas não me deixaria levar pelo rótulo.
-1 2 -2 10
0,7
Tostines
A da Tostines, se eu não conhecesse a marca, eu não compraria, pois a criação foi
muito infeliz. Parece uma garrafa com bolacha dentro.
-1 3 -3 -3
-1,0
Mabel
(ambas)
Eu achei a embalagem bonita. Mas eu particularmente não compraria... -1 2 -2 -2
-0,7
Objeto da atitude: Inferências sobre o produto
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral
Eles fazem muito sensacionalismo nas embalagens. Quando você vai comer não é bem
aquilo.
3 -3 -9
No geral é sempre assim, bonita e cheia de foto, mas quando você vai comer, o recheio
é pouquinho...
2 -2 -4
Eu já deixei de comprar bolachas em grandes promoções porque a embalagem era
muito ruinzinha mesmo, você já via tudo o que tinha lá dentro.
2 -2 -4 -17
-1,9
190
COMPONENTE CONATIVO (conclusão)
Objeto da atitude: Informações Nutricionais e Lista de Ingredientes
Marca Frase
cv tsc
n (cv.tsc) Sn
Média
Geral Eu procuro o valor calórico nas embalagens. 3 1 3
Eu leio a informação nutricional e procuro também a validade do produto. 3 2 6
Quando eu vou olhar a informação nutricional, a primeira coisa que eu olho é
realmente a gordura.
3 1 3
Quando é um produto novo, às vezes eu leio a informação nutricional. 2 2 4
São importantes para mim e eu tenho o hábito de lê-las. 3 3 9
A tabela nutricional às vezes eu leio no ato da compra. 2 2 4
Os ingredientes são importantes para minha saúde, então eu leio também a rotulagem
nutricional.
3 3 9
É relevante, eu leio, mas só quando chego em casa. 3 2 6
Eu olho atrás para ver se tem alguma receita, o que você pode fazer, como se deve
guardar, é muito interessante, acho que isso é bom pro consumidor.
3 3 9
Eu quando vou fazer compras geralmente eu demoro porque eu gosto de ler, ver o que
tem, a questão da data, então geralmente eu faço isso na compra.
3 2 6
Eu vejo bastante, principalmente, a composição, a porcentagem, as calorias. 3 2 6
Eu consulto essas informações na gôndola, já se tornou uma mania... 3 2 6
Dificilmente eu leio, não pelo menos na hora de comprar. -3 2 -6
Só leio na gôndola informações como a questão do corante, da gordura, que eu posso
ler rápido. Com calma às vezes eu leio em casa.
3 2 6
Eu costumo olhar, eu leio na gôndola, não leio tudo, somente o quadro de informação
nutricional.
3 2 6
É muito importante, eu leio em casa, geralmente eu sempre dou uma olhadinha atrás do
que é feito, como é feito, quais são as proteínas, eu sempre dou uma olhadinha na
quantidade de gordura, essas coisas nas embalagens eu sempre gosto de olhar.
3 2 6
Nem sempre eu leio na gôndola pois são muito pequenas, eu vejo mais em casa. 1 2 2
Não sei se eu conseguiria julgar (o produto), pois se tornou um hábito tão grande de
olhar na tabela, que as que não tem tabela eu nem pego.
3 3 9
Eu pego, vejo que não tem tabela e devolvo. Eu nem paro para prestar atenção. Se
viesse sem tabela eu não sei como seria.
2 -2 -4
A lista de ingredientes é difícil ler, a letra é muito pequena. 3 -2 -6
Às vezes eu leio a lista de ingredientes, mas nem sempre no mercado, no momento da
compra, muitas vezes em casa, enquanto eu como a bolacha, olho também o fabricante,
de onde é.
2 2 4
A lista de ingredientes eu dou uma lida mais detalhada depois que comprei o produto. 2 2 4
Não leio a lista de ingredientes com tanta freqüência. -2 2 -4
Eu procuro sempre observar a composição da maioria dos produtos que eu compro. 3 2 6
Hoje em dia eu vejo bastante a composição do produto. 3 2 6
Eu nem olho, nem informação nutricional, não me preocupo com isso. -3 2 -6 94
1,2
Duchen
(ambas)
Eu compraria a da Duchen, porque a informação nutricional está mais clara. 2 2 4 4
1,3
FONTE: a autora
191
4.3.1 Análise dos resultados (atributos visuais versus componente conativo)
Relativamente às intenções comportamentais das entrevistadas quanto às embalagens
de biscoitos, constata-se que, o ato da compra (conação/comportamento) acaba sendo o
resultado dos outros dois componentes atitudinais (cognição e emoção). Geralmente, a
compra se efetiva quando houve a formação de opiniões e sentimentos favoráveis ao produto.
Quando as embalagens não atraem e não influenciam por meio de seus aspectos visuais, a
compra geralmente não ocorre. Isto se aplica de forma considerável às embalagens
pesquisadas por se tratarem de produtos de compra de baixo envolvimento (baixo custo de
aquisição e alta freqüência de compra).
Assim, algumas categorias podem ser citadas para ilustrar as intenções
comportamentais das entrevistadas, e a influência dos aspectos e características das
embalagens em tais comportamentos:
a) Ilustrações
A escolha das fotos e desenhos utilizados para ilustrar as embalagens de biscoitos
representou um item fortemente considerado pelas consumidoras que responderam às
entrevistas em profundidade. As frases que melhor exemplificam tal afirmação seguem:
“A gente não se sentiria atraída por ela (embalagem Triunfo sabor maçã com
canela) sem a foto da maçã. Eu não compraria uma embalagem que não
trouxesse nenhuma ilustração, só com o nome do produto e de uma só cor.”
“Sem dúvida, as ilustrações fazem ir lá, pegar e comprar.”
A ilustração, quando é bonita, passa a idéia de gosto, e então influencia no
momento da compra.”
b) Cores
Como nos demais componentes atitudinais, as cores exercem forte influência também
no ato da decisão de compra:
“Uma boa combinação de uma cor alegre com uma cor suave eu acho que
tem a ver, influenciam no momento da compra sim.”
“Eu pegaria a da Triunfo na gôndola. Ela se destaca das outras pelas cores, a
combinação [...] a faixa dourada acho que chama a atenção, as frutas...”
192
c) Informações nutricionais e lista de ingredientes
Embora esta categoria não tenha sido ressaltada nos outros dois componentes
(cognição e emoção), as consumidoras afirmaram que, no momento da compra, investem
tempo na leitura de pelo menos parte do quadro de informação nutricional e, em casos mais
específicos (restrições alimentares, alergia aos componentes etc) chegam a considerar a lista
de ingredientes também.
Apesar de algumas consumidoras terem ressaltado a clareza e legibilidade de algumas
embalagens específicas nesta categoria, de forma geral pode-se exemplificar a importância
das informações nutricionais e lista de ingredientes por meio das frases que seguem:
“Não sei se eu conseguiria julgar (o produto por meio das ilustrações), pois se
tornou um hábito tão grande de olhar na tabela, que as que não tem tabela eu
nem pego.”
“São importantes para mim e eu tenho o hábito de lê-las.”
“Eu pego, vejo que não tem tabela e devolvo. Eu nem paro para prestar
atenção. Se viesse sem tabela eu não sei como seria.”
“Eu consulto essas informações na gôndola, já se tornou uma mania...”
d) Grau de atratividade
Algumas marcas foram muito bem avaliadas quanto ao grau de atratividade. Algumas
entrevistadas chegaram a declarar que as embalagens mais atraentes são decisivas no
momento da compra:
“Mostra que é atraente, gostoso, só falta desenhar uma boca aqui, mostra as
camadas, não tem como não comprar.” (Bauducco sabor triplo chocolate)
“Se os produtos tivessem o mesmo preço e o mesmo peso, eu escolheria a
Bono, pois de forma geral é muito simpática.”
“Então às vezes você não passa direto por um produto, ele chama a atenção e
você pára para olhar.”
“É muito importante quando você vê a embalagem, você vê uma coisa bonita,
mais à vista, então eu compraria por causa disso.”
“A da Tostines, se eu não conhecesse a marca, eu não compraria, pois a criação
foi muito infeliz.”
193
e) Inferências sobre o produto
As entrevistadas declararam que, geralmente, a composição visual total das
embalagens fornece subsídios para o julgamento do produto, conforme comentado
anteriormente no item 4.1.1 letra d). Uma das frases que melhor exemplifica esta afirmação é
a seguinte:
“Eu já deixei de comprar bolachas em grandes promoções porque a embalagem
era muito ruinzinha mesmo, você já via tudo o que tinha lá dentro.”
f) Experiências com o produto
Um dos pontos do roteiro para as entrevistas tratava da questão “experimentação
versus embalagem”. As entrevistadas foram questionadas a respeito da seguinte situação: em
caso de experimentação de um novo biscoito waffer lançado no mercado (e do qual elas
aprovassem o sabor), se comprariam o produto caso o mesmo estivesse envolvo em uma
embalagem pouco elaborada e pouco criativa, monocromática e sem ilustrações, apenas com a
descrição de qual produto se tratava e do sabor. Em suma, a experiência hipotética com o
produto havia sido agradável (sabor), mas o mesmo apresentava uma embalagem de aparência
duvidosa.
Algumas entrevistadas responderam que sim, que comprariam mesmo com a
embalagem descrita acima. Outras afirmaram que só comprariam mesmo pelo fato de terem
experimentado e gostado do produto, caso contrário (não experimentação), não levariam.
Ainda outras respondentes afirmaram que não levariam um produto embalado dessa forma,
mesmo que fosse saboroso. Algumas das respostas:
“Se eu experimentar e gostar do sabor eu compro, mesmo se a embalagem não
for legal.”
“Compro, porque eu experimentei. Se eu não tivesse provado, não compraria.”
“Acho que não compraria. Passa uma coisa assim de desleixo [...] imagina
como foi embalado isso. Então o produto é bom, mas está acondicionado desse
jeito?”
“[...] eu compraria com muita desconfiança para fazer um teste, mas com muita
desconfiança mesmo, mesmo tendo experimentado. Se eu não tivesse
experimentado, aí eu não compro de jeito nenhum.
194
“Sim, se eu experimentei e gostei. Se eu não tivesse experimentado, não. As
ilustrações fazem falta.”
4.4 Resumo dos resultados
O quadro 18 Resumo da Análise (próxima página) apresenta um resumo dos quadros
15, 16 e 17 dispostos anteriormente. São apresentados os resultados finais (médias
ponderadas) de cada embalagem de biscoito utilizada na pesquisa, em cada categoria
(aspectos visuais objetos de atitude) e em cada componente atitudinal.
A seguir estão os comentários dos resultados gerais obtidos para cada marca de
biscoito e posteriores análises da pesquisa.
Adria
As embalagens dos biscoitos Adria possuem três aspectos que provocam a formação
de opiniões desfavoráveis quanto ao produto: as ilustrações e as cores utilizadas, resultando
em um grau de legibilidade comprometido. Na perspectiva do componente cognitivo da
atitude, as entrevistadas apresentaram, como resultado, inferências desfavoráveis em relação
às duas embalagens apresentadas (Adria mousse de limão e Adria mousse de morango).
Outras entrevistadas afirmaram gostar tanto das ilustrações quanto das cores utilizadas
em ambas as embalagens, o que se pode relacionar ao componente afetivo de formação das
atitudes. Algumas referenciaram as embalagens Adria como bastante atraentes e capazes de
despertar sentimentos e lembranças afetivas. O aspecto do tamanho da embalagem foi
mencionado a partir do sentimento de engano despertado nas entrevistadas, pelo fato de o
pacote ser menor que o das demais marcas.
Quanto à intenção comportamental, foi citada a ilustração da mousse disposta nas
embalagens como um fator de atração para a efetivação da compra.
195
Quadro 18 Resumo da Análise
FONTE: a autora
196
Bauducco
As embalagens dos biscoitos Bauducco, representadas nesta pesquisa pelos sabores
chocolate com avelã, brigadeiro e triplo chocolate, não obtiveram resultado desfavorável em
nenhuma categoria. As consumidoras entrevistadas possuem, na maioria, uma crença muito
favorável com relação ao produto, evidenciada pela aprovação de diversos aspectos das
embalagens, como por exemplo, o tipo de letra utilizado para destacar o sabor, a clareza e
beleza das ilustrações e desenhos, e as cores utilizadas (na maioria, as prediletas das
entrevistadas). Foi também a embalagem que recebeu as maiores notas em termos de
legibilidade e grau de atratividade, e também uma das que apresenta a comunicação mais
adequada do produto.
Relativamente ao componente afetivo, muitas afirmaram que as letras e as cores
utilizadas passam uma sensação de alegria e de festa, incluindo-se também as ilustrações e
fotos utilizadas para exemplificar tanto o biscoito quanto o sabor do recheio. Algumas
declararam se sentirem muito atraídas pelas embalagens na gôndola, inclusive pelo despertar
(por meio das figuras, cores e ilustrações) de momentos e sensações já vivenciadas. Todos
estes aspectos fizeram com que as entrevistadas declarassem uma opinião geral muito
favorável sobre as embalagens e os biscoitos Bauducco.
Bono
A marca Bono, da Nestlé, foi representada pelo sabor floresta negra. As ilustrações
utilizadas e também o tipo de letra receberam pontuações favoráveis, sendo confirmadas
como auxiliadoras no processo de compreensão, pelo consumidor, dos atributos do produto, e
também na formação das crenças sobre a marca. Houve apenas um quesito referente aos
aspectos visuais da embalagem que não foi bem avaliado pelas entrevistadas: o tamanho da
letra em que se lê o sabor do biscoito. Algumas chegaram a afirmar que só perceberam o
sabor pelas ilustrações de chocolate e cereja, mas que nem chegaram a ver os escritos sobre o
sabor. Apesar do problema da legibilidade, a opinião geral sobre o produto foi muito
favorável, inclusive com alto grau de atratividade na gôndola.
As cores escolhidas também foram relevantes para a formação de um sentimento bom
em relação ao produto. Apesar de marrom (uma cor bastante criticada pelas respondentes), a
197
embalagem apresenta outras cores vivas, como o azul, o branco e o vermelho, o que, na
opinião de algumas entrevistadas, suavizou a cor predominante da embalagem.
Muitas afirmaram que se trata de uma das embalagens mais atraentes entre todas as
apresentadas, o que resulta em despertar de desejo e conseqüente intenção de compra.
Duchen
A marca Duchen, da Parmalat, foi representada na pesquisa pelos sabores chocolate
com avelã e morango. Houve algumas discrepâncias entre as duas embalagens.
A primeira apresentou problemas nos quesitos de legibilidade, atratividade e
adequação da comunicação. Algumas entrevistadas não reconheceram prontamente o sabor do
biscoito, nem perceberam rapidamente as fotos das avelãs dispostas no canto inferior direito
da embalagem. Por esses motivos, a opinião a respeito do produto ficou prejudicada.
As cores também foram consideradas muito apagadas, sem apelo visual. Em geral, as
entrevistadas não gostaram da composição visual da embalagem e declararam que talvez não
comprassem o produto por este motivo. Afirmaram que outras marcas chamariam atenção
mais rapidamente e melhor.
Já a embalagem do sabor morango recebeu pontuações mais favoráveis em alguns
quesitos. A grande diferença se deu em relação às ilustrações e cores utilizadas. Das três
marcas de sabor morango (as outras duas eram Adria e Marilan), a Duchen foi a mais bem
votada, principalmente pelo tipo de foto utilizada para representar as frutas. As cores também
foram apontadas como muito bonitas, despertando desejo de consumir o produto.
Mabel
As embalagens dos biscoitos Mabel foram representadas pelos sabores chocolate e
limão.
Os aspectos visuais das embalagens foram muito criticados pelas entrevistadas. O tipo
de letra utilizado foi considerado confuso e não atraente. As ilustrações representaram o
198
quesito mais desfavoravelmente analisado pelas consumidoras, especialmente a embalagem
do biscoito sabor chocolate. Juntamente às ilustrações, as cores formaram um conjunto que foi
citado como confuso e não legível, comprometendo, inclusive, a comunicação do produto, e
resultando em um baixo grau de atratividade na gôndola. Assim, as inferências sobre o
produto foram muito desfavoráveis, e algumas entrevistadas chegaram a concluir que, se o
biscoito vem envolto em uma embalagem com tais características ele não deve ser bom e,
portanto, não deve ser comprado.
Marilan
As embalagens da Marilan, apresentadas nos sabores chocolate e morango, também
foram avaliadas desfavoravelmente pela maior parte das consumidoras entrevistadas.
Os aspectos visuais mais responsáveis por tal avaliação foram as ilustrações e as cores
escolhidas para ilustrar os biscoitos. As ilustrações foram consideradas muito irreais, as
embalagens (predominantemente monocolores) ficaram muito ‘carregadas’ na opinião das
entrevistadas, e as cores dos biscoitos passaram a impressão de mal assados ou murchos.
Apesar das letras escolhidas serem consideradas bastante legíveis e de fácil compreensão, as
inferências sobre o produto foram as mais desfavoráveis de todas as marcas apresentadas, o
que resulta em baixa intenção de compra.
Tostines
A Nestlé foi também representada pela marca Tostines, sabor brigadeiro. Apesar de
ser uma marca líder no setor alimentício, a embalagem não agradou.
As duas maiores críticas foram quanto ao tipo de letra escolhida para exemplificar o
sabor, e a cor da embalagem. Quase todas as entrevistadas afirmaram que a letra é muito séria
e sem emoção, e que também não é muito legível. A cor branca foi ‘responsabilizada’, pelas
consumidoras, por deixar a embalagem muito apagada, sem apelo visual algum, e sem
destaque na gôndola.
199
As ilustrações escolhidas também não foram favoravelmente avaliadas. Algumas
entrevistadas consideraram os desenhos e fotos muito pequenos e pouco legíveis, o que
compromete a adequada comunicação do produto no ponto de venda.
Muitas afirmaram que, mesmo se tratando de uma marca líder e conhecida, não
sentiriam vontade de comprar e consumir o produto, considerando-se os aspectos visuais da
embalagem.
Triunfo
A marca Triunfo foi representada por dois sabores: limão e maçã com canela.
Em geral, a embalagem foi bem avaliada. O tipo de letra escolhido, associado às cores
tanto das letras quanto das ilustrações, surtiu um efeito bastante positivo nas entrevistadas. As
fotos e ilustrações dos sabores também foram as mais elogiadas dentre as embalagens
apresentadas, não somente pela capacidade de chamar a atenção na gôndola, como também
pelo despertar de sentimentos e emoções associados aos desenhos.
A de maçã com canela foi a mais citada, sendo associada a momentos agradáveis, boa
comida, bebidas quentes, inverno etc. Assim, o grau de legibilidade de ambas as embalagens
foi muito bem avaliado, bem como o grau de atratividade e a adequação da comunicação do
produto. Por meio destes aspectos, as entrevistadas concluíram possuir uma opinião muito
favorável quanto às duas embalagens e seus produtos.
Análise geral
De forma geral, pode-se concluir que os atributos visuais das embalagens ajudam a
formar as atitudes dos consumidores.
Os componentes escritos e o tipo de letra escolhido transmitem impressões e chegam
mesmo a serem associados com a ‘cremosidade’ do recheio e o sabor do biscoito.
As ilustrações também representam um aspecto de grande importância na formação da
opinião sobre o produto. Em geral, ilustrações pobres e mal elaboradas transmitem a sensação
200
de produto também mal elaborado. O contrário também se aplica, havendo, inclusive,
ilustrações que foram citadas como sugestões de que o produto é fresco e limpo.
As cores também guardam relação importante na formação das atitudes. Muitas
entrevistadas citaram-nas como principais responsáveis pela beleza ou feiúra das embalagens.
Algumas cores foram até mesmo associadas à sujeira ou limpeza.
O tamanho da embalagem e a luminosidade são quesitos importantes, mas pouco
citados pelas entrevistadas.
Um aspecto bastante importante é o da disposição das informações nutricionais e lista
de ingredientes. Por volta de 9 entrevistadas responderam que lêem o quadro de informação
nutricional, inclusive muitas delas no ponto de venda. Uma chegou a afirmar que não compra
o produto se ele não apresentar tais informações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo foi realizado com o objetivo de oferecer uma reflexão a respeito dos
fatores influenciadores na formação das atitudes do consumidor.
Uma das mais importantes ferramentas à disposição dos profissionais da comunicação
mercadológica é a própria embalagem dos produtos. Assim, optou-se pelo estudo das
características visuais das embalagens (tal como dispostas nas gôndolas) e do poder de
influência das mesmas na formação das atitudes do consumidor, representadas por meio de
seus três componentes: opiniões, sentimentos e tendências comportamentais.
A questão de pesquisa que norteou o presente trabalho foi a seguinte:
Qual a influência dos aspectos visuais das embalagens de alimentos (biscoitos) na
formação das atitudes do consumidor?
A categoria de alimentos escolhida foi a de biscoitos waffer por se tratar de um
produto que apresenta, geralmente, aspectos visuais bastante elaborados em suas embalagens.
Outra razão importante para esta escolha foi o fato de que biscoitos e bolachas são produtos
de baixo envolvimento e não duráveis, portanto, mais susceptíveis às compras não planejadas
(por impulso). Produtos de alto envolvimento geralmente não são comercializados por meio
do auto-serviço e, assim não possuem, via de regra, o apelo visual oferecido pelas
embalagens.
Buscou-se, assim, compreender se e em que medida os atributos visuais das
embalagens exercem alguma influência na formação das atitudes do consumidor, por meio de
características como componentes escritos, ilustrações, cores, tipos de letras, legibilidade,
comunicação do produto, entre outros.
202
O trabalho foi realizado em duas etapas. Na primeira foi feito um levantamento
bibliográfico dos conceitos ligados à atitude e, posteriormente, das questões e aspectos
relacionados às embalagens em geral. Por meio da revisão bibliográfica sobre atitudes,
constatou-se que a mesma pode ser conceituada como uma orientação geral favorável ou
desfavorável relativamente a um objeto, orientação esta que se forma a partir do
conhecimento e crença do indivíduo, e dos sentimentos resultantes deste conhecimento. A
soma de crenças e sentimentos levaria o indivíduo a se comportar de forma razoavelmente
coerente com estas duas dimensões. Esta é a perspectiva tridimensional ou tripartite da
atitude, adotada no presente trabalho.
A segunda etapa foi realizada por meio da elaboração de uma pesquisa qualitativa. A
técnica para aplicação da fase de campo foi a de entrevistas em profundidade, realizadas com
três consumidoras (pré-teste) e, posteriormente, com doze consumidoras. Os resultados da
transcrição de tais entrevistas foram analisados por meio da aplicação da técnica da análise de
conteúdo.
Os resultados obtidos neste trabalho não podem ser generalizados pelo fato de se tratar
de um estudo de nível exploratório, limitando-se, portanto, ao contexto da pesquisa efetuada.
Outro fator que deve ser também destacado é a constituição da amostra, não representativa do
universo estudado. Por limitações de tempo e de recursos, a amostra da pesquisa foi não-
probabilística e selecionada por conveniência, ou seja, a partir de um perfil traçado de
consumidoras que costumam comprar biscoitos no supermercado.
Uma outra limitação a ser levada em conta é a subjetividade da própria técnica de
análise de conteúdo, uma vez que a mesma se baseou em percepções e interpretações da
analista, autora do trabalho. Estas interpretações foram necessárias em momentos como o da
escolha dos atributos visuais a serem utilizados como categorias da análise, a seleção das
frases a partir da transcrição das entrevistas (unidades de registro e de contexto,
respectivamente) e, principalmente, as atribuições de valores positivos e negativos aos índices
(conectores verbais e termos de significação comum), o que resultou em médias ponderadas
para cada embalagem analisada.
Mesmo levando-se em conta a subjetividade existente no cálculo das médias, pôde-se
constatar que, de forma geral, as mesmas corresponderam numericamente às opiniões gerais
203
expressas verbalmente pelas entrevistadas, ou seja, houve coerência entre as médias obtidas e
as análises favoráveis ou desfavoráveis. Por exemplo, embalagens que receberam notas finais
negativas (entre -3 e 0) foram avaliadas de forma negativa pela maior parte das consumidoras.
Interessante notar que, apesar de não ter feito parte do escopo da presente pesquisa, as
embalagens de marcas não líderes e, portanto, mais baratas e populares, foram as que
provocaram reações e respostas mais desfavoráveis por parte das entrevistadas. Uma exceção
foi a embalagem Tostines, da Nestlé, que embora seja de uma marca líder e uma das mais
caras do segmento, foi avaliada de forma desfavorável em várias categorias, como cor, tipo de
letra e ilustrações.
Houve diferença de importância entre os atributos visuais das embalagens que foram
trabalhados com as consumidoras, por ocasião das entrevistas. Categorias como cor,
ilustrações e tipo de letra foram as que geraram as respostas mais intensas e representativas
em termos de cognição, afeto e conação. Outras categorias, como componentes escritos, grau
de legibilidade, grau de atratividade e informações nutricionais podem ser consideradas
importantes também, embora em menor grau quando comparadas às anteriores. Aspectos
como grau de luminosidade e tamanho, por exemplo, não se constituíram em características
definidoras de opiniões e sentimentos quanto ao produto, de forma geral.
Durante a pesquisa com as consumidoras, a questão preço não foi mencionada em
momentos em que se solicitou a escolha, dentre as embalagens, da mais atrativa, por exemplo.
Buscou-se também orientar as entrevistadas que, na medida do possível, elas se
concentrassem na embalagem em si (características visuais) a despeito das marcas dos
biscoitos.
Interessante citar também a questão da experiência com o produto. Quando a
consumidora já havia comprado e experimentado o biscoito ao menos uma vez, a questão das
embalagens se tornava menos importante. Neste caso, a atitude já havia se formado por meio
da experimentação, isto é, o componente conativo já estava estabelecido. Uma das
entrevistadas contou sua experiência com o biscoito Mabel e confessou que, mesmo que a
empresa fizesse a embalagem considerada perfeita em termos visuais, ela não voltaria a
comprar o produto. Mas, nos casos em que o contato com o produto não havia ocorrido ainda,
os aspectos visuais se tornavam preponderantes para todas elas.
204
Com base no exposto, durante as entrevistas solicitou-se também às consumidoras
que, em casos de experiências anteriores negativas com o produto, se esforçassem para
analisar as embalagens como se não conhecem a marca e a qualidade do biscoito, atentando
apenas para os seus aspectos visuais, o que poderia, inclusive, reforçar ou contrariar as
experiências negativas.
Considerando-se os resultados obtidos a partir da análise realizada, são permitidas as
seguintes conclusões:
as consumidoras, em geral, inferem sobre a qualidade do produto a partir da beleza
e visual estético das embalagens, por ocasião do primeiro contato com o produto;
as ilustrações escolhidas pelas empresas para estampar suas embalagens podem
despertar sensações e desejos nas consumidoras;
ilustrações mal elaboradas e com aparência artificial transmitem mensagens
desfavoráveis a respeito do produto;
ilustrações bem elaboradas e próximas da realidade transmitem mensagens
favoráveis em relação ao produto;
a utilização de cores foi considerada muito importante, pois estas são responsáveis
pelo maior ou menor grau de atratividade na gôndola;
as cores dos próprios biscoitos, conforme ilustrados nas embalagens, transmitem
mensagens sobre o grau de crocância e frescor do produto, assim como as cores utilizadas
para ilustrar os recheios (gorduroso, saboroso etc.);
a utilização de ingredientes considerados saudáveis (frutas, por exemplo) para
ilustrar os sabores dos biscoitos podem transmitir mensagens positivas às consumidoras.
Para produtos de baixo envolvimento, como biscoitos, a embalagem apresentada na
gôndola é o produto em si no momento da compra. O consumidor não tem, em geral,
informações complementares geradas intencionalmente, por ele mesmo ou por terceiros.
Assim, a compra se torna, de certa forma, impulsiva para este tipo de produto. Neste cenário,
a embalagem ganha ainda mais relevância em termos de comunicação do produto e atração da
atenção do consumidor.
205
Conclusivamente, quando as empresas comercializam seus produtos ao mercado
envoltos em embalagens pouco elaboradas e com características visuais não atrativas,
transmitem ao consumidor algum nível de desleixo e falta de preocupação com a
comunicação do produto, na opinião das entrevistadas. Algumas respostas abordaram esta
questão, afirmando que, se a empresa não teve este tipo de preocupação com a embalagem,
ela também não está preocupada com o consumidor. Por outro lado, se a embalagem é
considerada ‘bonita e atraente’, o consumidor se sente, de certa forma, valorizado e
reconhecido.
Outras respostas que geraram contribuições importantes para o alcance do objetivo
desta pesquisa foram as que atribuíram, à embalagem, o status de responsável por evidenciar e
transmitir a ‘personalidade’ do produto, em uma dimensão mais racional (cognição), e a
projeção de sensações e valores, em uma dimensão mais emocional (afeto). O poder de
sedução e encantamento da embalagem, a partir de suas características visuais, não pode ser
ignorado quando se consideram respostas do tipo “chama tanto a atenção que não tem como
não comprar o produto.”
Assim, é possível dizer que as embalagens, por meio de seus atributos, conseguem
mexer com as emoções e sensações dos consumidores, envolvendo aspectos como prazer e
gratificação no consumo. Podem também servir como instrumento de referência e de
avaliação do produto pelo consumidor.
A embalagem, em seu sentido mais amplo, conquistou ao longo do tempo funções que
vão além das básicas, como conservação, proteção e transporte. Ajudam a construir a imagem
da marca, a formar conceitos sobre os fabricantes, a suportar outras ações promocionais, a
comunicar o produto e adicionar valor ao mesmo. Podem chamar a atenção, despertar desejo,
transmitir informações, seduzir e encantar. São, portanto, capazes de atingir e influenciar os
fatores pessoais e psicológicos mais intrínsecos do consumidor, formando conceitos e crenças,
e despertando sensações e emoções, levando-o à decisão pela compra, e contribuindo para que
as empresas atinjam seus objetivos de mercado.
Apesar das limitações apresentadas, a pesquisa realizada trouxe colaborações
importantes para o conhecimento da ligação existente entre atitudes e embalagens de
alimentos. Tais colaborações podem ser utilizadas como ponto de partida para outras
206
investigações futuras, inclusive com aplicação de técnicas quantitativas de pesquisa,
possibilitando-se, assim, a generalização dos resultados para grandes populações. Outras
pesquisas de mesma natureza poderão ser realizadas inclusive utilizando-se categorias
diferentes de produtos embalados, o que pode, eventualmente, possibilitar outras descobertas
e conclusões.
207
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219
APÊNDICES
220
APÊNDICE A RESULTADOS DO PRÉ-CAMPO (ENTREVISTAS)
1ª. Entrevista realizada em 02/05/2006
Entrevistada A 40 anos casada – 2 filhos residente na cidade de São Paulo
pertence à classificação B1 da CCEB
Não compra biscoito recheado devido ao teor de gordura e açúcar e também ao
corante (caso do sabor morango, por exemplo), pois um dos filhos é alérgico a
corantes.
Procura comprar biscoitos enriquecidos com vitaminas ou que contenham fibras, e não
somente aqueles compostos por ‘açúcar e farinha’ somente.
Por algum tempo deixou de comprar biscoitos industrializados e passou a fazê-los em
casa. Quando o tempo se torna escasso, volta a comprar biscoitos.
Os filhos preferem os doces e recheados; ela prefere os salgados, tipo cookies e os que
contêm fibras. Para lanches rápidos, ela prefere os salgados em embalagens
individuais.
Ela mesma compra os biscoitos, mas quando os filhos estão presentes no ato da
compra, eles mesmos optam pelos biscoitos que desejam consumir. Nesses casos,
costumam escolher biscoitos do tipo Trakinas e também os que ofereçam brindes.
Quando eles não estão, ela mesma escolhe um biscoito doce para eles, dentro das
características citadas anteriormente.
O primeiro critério na escolha é o gosto das crianças, considerando-se que o recheado
redondo fica de fora.
O segundo critério na escolha é o sabor e a qualidade do biscoito.
Em terceiro lugar, considera o preço como fator importante. Já tentou comprar
biscoitos mais baratos, mas não achou válida a tentativa. Não achou que vale a pena
economizar alguns centavos em detrimento da qualidade. Por outro lado, não acha que
vale a pena também pagar muito por um biscoito. Para a família, não representa um
item muito importante, fundamental. Eles passam sem. Quando tem tempo, ela prefere
as opções caseiras (biscoitos, bolos, tortas, gelatinas, mousses etc.), feitas por ela
mesma, pois considera mais saudável, substituindo-se assim o biscoito industrializado.
Ela não se considera fiel a nenhuma marca, mas costuma comprar biscoitos waffer da
Bauducco, pois os considera muito saborosos e de qualidade superior às demais
marcas do mercado. Uma outra marca citada foi a Nestlé, com o biscoito Aveia e Mel
como uma segunda opção ao waffer. Citou também biscoitos especiais lançados pela
Danone (recheio de framboesa, edição limitada) e pela Nabisco. São ótimos, mas
muito caros, na opinião dela.
As crianças não se importam com a marca, desde que seja biscoito recheado. Ela sim,
mas não se sente atraída por biscoitos industrializados. O caseiro representa um
substituto à altura do industrializado.
Relativamente à embalagem, citou os seguintes pontos:
o A questão da proteção do biscoito é algo muito importante para ela. Por
exemplo, elogiou aqueles que vêm dispostos em embalagens de plástico duro
(que ela chamou de ‘caminha’), geralmente encontrado nos biscoitos mais
caros. Falou da questão do biscoito ficar esfarelado. Elogiou as embalagens
que envolvem o biscoito com ar, o que ela acha que os protege.
o Cor: não compraria um biscoito envolto em embalagem verde, pois acha que
não combina com comida. A cor vermelha a faz lembrar de muito corante,
muito artificial. Ela citou a embalagem amarela da Bauducco, pois acha
221
interessante. Citou a embalagem azul da Visconti e acha que essa cor não
combina com comida.
o Reclamou do tamanho das letras muito pequenas da lista de ingredientes e
da informação nutricional. Deveriam ser de leitura mais fácil para o
consumidor.
o Ilustrações, desenhos, fotos: acha que desenho de fruta não ‘pega bem’
porque lembra recheio e recheio, para ela, lembra corante. Exceção feita nos
casos de frutas secas, como uva passa, por exemplo. Prefere figuras de grãos,
inclusive ela procura grãos na ilustração da embalagem.
o Tamanho: é importante para ela, pois não gosta de embalagem grande. Prefere
as menores para poder consumir o produto em menos tempo, mantendo sua
qualidade e crocância.
o Textura: mais uma vez ela retomou o assunto da proteção do biscoito, citando
que tanto uma embalagem de material simples quanto uma de papel
aluminizado são iguais desde que protejam o biscoito, por exemplo, da
presença de ratos (‘o rato rói ambas’ ela disse). Apesar disso, reconhece que a
aluminizada chama mais a atenção na gôndola (grau de atratividade).
Gostaria de comprar biscoitos que viessem em latinhas, mas sabe que isso
encareceria o produto. Sugeriu a opção de um envoltório em plástico duro, que
protegeria melhor, mas logo se lembrou do problema ambiental (degradação,
reciclagem). Em nenhum momento citou a textura do ponto de vista estético.
o Formato: não faz diferença.
o Transparência: não faz diferença.
o A embalagem não influencia na formação da imagem da marca, na sua
opinião. Se influenciou em algum momento, foi inconsciente. Pode ser que
sim, pode ser que não. Não sabe afirmar com certeza.
o Consumiria biscoitos Bauducco mesmo que estes não estivessem em sua
embalagem própria, desde que assegurada a procedência.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2ª. Entrevista realizada em 07/05/2006
Entrevistada B 37 anos casada 1 filho residente na cidade de São Paulo
pertence à classificação B2 da CCEB
Procura biscoitos mais saudáveis e menos prejudiciais para o filho de 3 anos, mas
acaba comprando os mais ‘prejudiciais’ pois estes são os mais atrativos em termos
de embalagem. Procura biscoitos salgados saudáveis direcionados às crianças (com
apelo infantil), mas não encontra. Por esse motivo, acaba sempre comprando os
recheados ou outros biscoitos doces cujas embalagens sejam coloridas e tragam
personagens de desenhos ou filmes.
Ela gosta de biscoitos salgados também e o marido prefere biscoito waffer, embora ela
nunca compre esses tipos, pois acaba sempre optando pelo biscoito mais atraente para
o filho (recheado com chocolate). Ela só compra biscoitos para o filho.
Interessante a afirmação de que seu filho gosta também de biscoitos salgados simples,
mas ela não compra desse tipo, pois acha que o recheado com carinhas (Trakinas) e os
que possuem personagens infantis nas embalagens (Shrek/Bauducco) são ‘melhores’
para ele e ela afirmou gostar sempre de dar o melhor. Em suas palavras ‘o melhor
nunca é o mais simples’.
222
Ela já chegou a pegar da gôndola um biscoito salgado simples, mas devolveu, mesmo
sabendo que o filho gosta e que comeria, pois era barato e sem atrativos visuais.
Chegou a citar diferenças de preços: R$ 1,80 um pacote de biscoito recheado e R$
0,90 um pacote de biscoito salgado, mas acha que preço está relacionado à qualidade.
No momento da compra ela até busca opções mais saudáveis, mas sempre acaba
comprando o recheado com chocolate da Trakinas. Ela já chega ao local de compra
com esse tipo e marca determinados. O filho não dá muita importância às carinhas
estampadas no biscoito Trakinas, mas ele mesmo já chegou a pegar o biscoito com a
ilustração do Shrek por causa da embalagem.
Os aspectos mais importantes no ato da compra são: a marca, seguida pela
embalagem, o sabor e em quarto lugar, o preço. O preço corresponde à qualidade.
Os biscoitos light possuem embalagem sem graça.
Ela sempre compra Trakinas por causa das carinhas, do sabor e da embalagem.
Ela citou que a embalagem da Trakinas é vermelha, brilhante, com as carinhas bem
evidentes. A do Shrek é verde limão, amarela, com a figura do personagem.
Quanto aos aspectos visuais mais importantes das embalagens:
o Tamanho: ela analisa custo nesse quesito, e por isso prefere as embalagens
grandes, que são boas tanto para o bolso quanto para o meio ambiente (menor
produção de lixo). As pequenas são mais caras e produzem mais lixo.
o Cor: ela gosta de amarelo (ela se lembra de biscoitos com essa cor), laranja,
dourado, vermelho. Não gosta de azul e roxo. Citou um biscoito salgado da
Bauducco com escritos em vermelho.
o Textura: acha que a aluminizada protege melhor o biscoito. A textura é
importante. Quanto mais elaboração houver melhor a idéia transmitida ao
consumidor.
o Formato: indiferente.
o Transparência: ela não gosta, pois parece que o biscoito está desprotegido.
Não gosta de ver o biscoito, a não ser em foto ilustrativa na embalagem.
o Ilustrações: o fundamental é ter personagens infantis. Quando questionada
sobre a sua opinião pessoal, ela citou uma embalagem de biscoito amarela que
trazia desenhos de trigo, gergelim etc. Também acha que fotos de frutas
passam uma idéia de saudável (ela faz tal associação). Ela tem preguiça de ler
e também pela escassez de tempo as fotos ajudam muito a decidir. As
informações escritas são ‘detalhes’ a serem utilizados em momentos de
comparação de ingredientes etc.
o Ela forma imagem de marca por meio dos comerciais veiculados na televisão.
Ela não compra marca desconhecida, pois tradição e tempo de mercado são
pontos muito importantes. O preço mais alto também diz algo ‘bom’ sobre a
marca. Se uma marca mais simples melhorasse a embalagem de seus
produtos, poderia ser comprada. Uma embalagem bonita diz muito, então
ela considera o investimento em embalagem muito recompensador para a
empresa. Portanto, ela arriscaria comprar tal marca.
o Para ela, os atributos mais importantes em uma embalagem são: a proteção
contra luz, odores etc.; as ilustrações dos ingredientes e dos personagens
infantis; e a cor.
o Ela associa o consumo de biscoitos com momentos agradáveis em casa, com
conforto, bebida quente (chá), televisão etc.
o Ao final, ela confessou não compreender a sua própria lógica de consumo de
biscoitos: o que ela considera importante não pesa na hora da decisão. O
saudável e o mais barato ficam em segundo plano. A embalagem influencia
223
demais. Ela mesma impôs o biscoito recheado para o filho, e acredita que
tenha a ver com o fato de precisar distrai-lo em locais públicos onde se preza
pelo silêncio. No fundo, ela procura agradá-lo.
o Ela mesma tomou a iniciativa de compartilhar o fato de que deixa de comprar
inseticidas por causa dos desenhos de baratas nas embalagens. Ela acaba
boicotando o produto sem intenção. Ela evita entrar nos corredores das
gôndolas que contenham esse produto, e também considera absurdas as
propagandas de inseticidas.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
3ª. Entrevista realizada em 11/05/2006
Entrevistada C 46 anos casada – 3 filhos residente na cidade de São Paulo
pertence à classificação A2 da CCEB
Não possui o hábito de comprar biscoitos, mas a família consome quando tem. Ela
raramente come os biscoitos que compra; quem realmente consome são os filhos e o
marido. Quando come, disse preferir os biscoitos tipo waffer e maizena. Os filhos
consomem waffer, cream cracker, maisena, tortinhas etc.
No ato da compra o que mais importa é a marca. Ela se disse fiel à Nestlé e só compra
outra marca se for indicada por alguém ou se for muito conhecida. Indicaram os
biscoitos Marilan e ela resolveu experimentar e gostou da qualidade e também do
preço baixo. Por esse motivo, às vezes compra também dessa marca, mas porque teve
uma experiência de consumo agradável.
Questionada sobre a mudança da embalagem da Marilan, ela afirmou não ter
percebido e disse não reparar muito na embalagem.
Dentre os fatores considerados importantes para ela, a marca aparece em 1º. lugar,
seguida do sabor, muito importante. A embalagem não é tão importante, mas é legal
quando essa é ‘bonitinha’. Por se tratar de um item de compra pouco freqüente, o
preço não se torna um fator muito importante.
Ela disse formar a imagem da marca pela qualidade e sabor do biscoito, ou seja, o
sabor é mais importante que o visual.
Algumas questões diretamente relacionadas à embalagem:
o Abertura/Fechamento: aquela fitinha vermelha que ajuda na abertura da
embalagem é fundamental para ela. A Nestlé tem, a Marilan não, e isso é um
fator que a irrita muito na hora de abrir a embalagem. Gostaria que as
embalagens tivessem dispositivos melhores para armazenar os biscoitos não
consumidos, ou seja, que pudessem ser fechadas/vedadas após a abertura. Ela
repetiu que o ‘lacre é fundamental’ e que, em muitos casos, abrir um pacote de
biscoitos é um sacrifício.
o Tamanho: ela prefere os pacotes menores de embalagens, pois o consumo é
mais rápido e o biscoito não estraga fácil. Disse que a embalagem da Nestlé é
muito comprida.
o Cor: não considera um item importante. Mas ao ser questionada sobre a
embalagem dos biscoitos da marca própria ‘Mais por Menos’, que são
monocromáticos, ela não aprovou. Disse que não compraria, pois é uma marca
desconhecida e ainda com embalagem feia. Se ela tivesse experimentado o
biscoito antes (como nas degustações do supermercado) e avaliado
positivamente o sabor, então ela compraria sim, mesmo com a embalagem feia.
Mas ela não gostou da descrição da embalagem e concluiu que, nesses casos,
224
se o produto não possui outros meios de ser comunicado, a embalagem é
importante e pode influenciar sim. Quando perguntada se compraria um
biscoito envolto em embalagem roxa disse que não. A embalagem do biscoito
champagne da Bauducco foi citada por ela como sendo amarela, mas não sabe
dizer a cor de outras marcas. Mesmo a Nestlé, marca mais comprada por ela,
ela disse que não sabe a cor predominante, e citou branco ou bege.
o Textura: ela citou aspectos ligados ao manuseio como, por exemplo, se a
embalagem é dura e difícil de rasgar/abrir. Falou também sobre a deterioração
do biscoito. A embalagem tem que possuir uma textura que seja resistente.
o Transparência: ela acha muito bom poder enxergar o biscoito. Ela já chegou a
comprar biscoito champagne da marca Dunga (quando a Bauducco estava
muito cara) porque, apesar da embalagem ser ‘feia, horrorosa’ havia uma
abertura no centro do pacote que permitia ver o biscoito e isso a influenciou
naquele momento. Ela falou que, se essa marca tivesse uma embalagem
melhor, venderia mais. Se ela não tivesse essa abertura no centro e ela não
pudesse ter visto os biscoitos, ela não teria comprado a marca Dunga. Uma
coisa interessante é que, nos casos em que as embalagens não apresentam
transparências, ela afirmou tentar transpor a embalagem para sentir se o
biscoito é fresco e crocante ou não. Nesse momento ela pegou uma embalagem
de biscoito waffer de morango, da Adria (comprada pelo marido) e deu um
pequeno aperto para sentir se era bom ou não. Ela faz isso sem prejudicar o
produto e sem violar a embalagem não transparente. Depois ela decidiu abrir
para experimentar e reclamou novamente da falta da fitinha vermelha, pois foi
difícil de abrir sem esse tipo de ajuda.
o Um produto novo, que ela não conhecesse, teria que ser apresentado em uma
embalagem que não rasgasse fácil, que fosse boa, com composição de
nutrientes de forma bem clara, com cores associadas ao sabor do biscoito
(por exemplo, verde nos casos de bolachas recheadas sabor limão), e também
boas ilustrações, que ajudam no caso de não se precisar ler do que é feito o
biscoito. As ilustrações ajudam a decidir o que levar sem precisar ler.
225
APÊNDICE B ROTEIRO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE
Temas:
1. Cognição: a embalagem e a formação de crenças, conhecimento e opiniões.
a) Componentes escritos
- o que representam as mensagens escritas
- o quanto a informação disposta na embalagem valoriza os atributos do produto
- a comunicação adequada do conteúdo
- a relevância da comunicação escrita
- a relevância da informação nutricional e da lista de ingredientes
- o tipo de letra utilizado e o seu significado simbólico (tradicional, moderno, divertido,
saudável, quente, frio etc.).
- estilo e tamanho da fonte utilizada
- a questão da legibilidade e visibilidade
- a inferência sobre pureza, saúde e qualidade superior a partir dos componentes escritos.
- as crenças salientes sobre o produto e a relação com os componentes escritos
b) Ilustrações
- o papel das ilustrações no processo de compreensão do consumidor a respeito das
características do produto
- o que as ilustrações transmitem em termos de aspectos nutricionais (calorias, gorduras,
corantes etc.).
- a mensagem transmitida pela foto do ingrediente principal
- a participação de símbolos e imagens na formação da impressão sobre o produto
- a inferência sobre pureza, saúde e qualidade superior a partir das ilustrações.
- a valorização do produto por meio de ilustrações, fotos e desenhos.
- a influência das ilustrações na formação da imagem da marca (comunicação da identidade e
do significado)
- ilustrações bem elaboradas e a formação da avaliação sobre o produto
c) Estrutura Geral
- a mensagem implícita atribuída a cada cor
- as cores e a associação com produtos saudáveis
- a associação das cores com sabores e categorias de produto
- a capacidade de informação da embalagem (informar, em poucos segundos, o que o produto
é e a quem se destina).
- características da embalagem e a questão da proteção e conservação do biscoito
- características da embalagem e a questão do manuseio e conveniência para abrir, fechar e
guardar o biscoito.
- a influência das questões ambientais e do tipo de material escolhido para fabricação da
embalagem
- a associação existente entre uma característica específica e um produto
- a descrição do produto apenas por meio da embalagem
- a embalagem e a representação da ‘personalidade’ do produto
- a ligação da embalagem com a formação do conhecimento e pensamento sobre o produto
226
- a influência da embalagem no processo de criação de inferências (interpretações que vão
além da informação obtida externamente sobre o produto)
- a associação da embalagem com a idéia de originalidade e exclusividade
2. Afeto: a embalagem e a criação de conexão emocional
a) Componentes escritos
- o apelo às necessidades e desejos por meio dos componentes escritos
b) Ilustrações
- o apelo às necessidades e desejos por meio de ilustrações
- como as ilustrações podem despertar sentimentos
c) Estrutura Geral
- características da embalagem que ajudam a despertar sentimentos
- a formação de memória afetiva (lembrança, traço) como resultado da associação do produto
com pessoas ou eventos com apelo afetivo.
- a formação de memória afetiva como resultado da associação do produto com experiências
agradáveis ou desagradáveis
- falar sobre a hierarquia emocional ou experimental (sente, age, pensa consumo
hedônico/prazer/divertimento) e a ligação desta com os atributos intangíveis do produto
- o despertar de interesse
- os sentimentos evocados por cada tipo de cor
- como as cores atuam no estado de espírito
- o impacto do formato da embalagem
3. Conação: o ato da compra
- a influência das ilustrações no ato da compra de baixo envolvimento e com escassez de
tempo
- o poder de atração e de destaque da embalagem na gôndola
- a influência das cores no momento da escolha do produto
- a opinião dos outros no ato da compra
- a freqüência do comportamento situacional
- a influência das promoções e de estímulos do ambiente (por exemplo, experimentação) no
processo de decisão de compra.
- a indisponibilidade do produto
- a existência de intenção comportamental e de comportamento contrário à mesma
- falar sobre a hierarquia de baixo envolvimento (age, sente, pensa)
- o papel da emoção no ato da compra de biscoitos
- o papel da razão no ato da compra de biscoitos
227
APÊNDICE C TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE
Entrevista realizada em 01/06/2006
Entrevistada 1 59 anos casada 5 filhos residente na cidade de Santo André -
pertence à classificação B2 da CCEB
ENTREVISTADORA: QUAL EMBALAGEM TE ATRAI E POR QUÊ?
Entrevistada 1: a Triunfo Limão, porque ela tem melhor qualidade, a embalagem é mais
bonita, é verde, é mais bonita que as outras. As bolachas aparecem com cores mais vivas, o
limão está mais verde e também o limão escrito em verde está muito bonito.
ENTREVISTADORA: E QUANTO AO QUE ESTÁ ESCRITO, QUAIS AS LETRAS MAIS
BONITAS E LEGÍVEIS?
Entrevistada 1: a Triunfo Maçã com Canela tem as letras mais bonitas, e também porque eu
gosto muito de maçã com canela. A letra está muito bem feita e legível, a cor escolhida para a
letra (marrom escuro) destaca bastante na embalagem. Estas letras passam uma idéia de
saudável, são tradicionais e simples. A Bauducco chocolate com avelã tem letra mais torta. A
letra da Adria mousse é muito espalhafatosa. A Tostines também tem uma letra bonita. Não
gosto do escrito Bono, pois é muito grande e muito azul.
ENTREVISTADORA: O QUE MAIS VOCÊ GOSTA NESTA EMBALAGEM?
Entrevistada 1: gosto das frutas. As embalagens com frutas são mais atraentes. Neste caso, as
maçãs são bem originais, bem verdadeiras, bem feitas. Os paus de canela também são muito
bonitos, e as bolachas estão bem destacadas.
ENTREVISTADORA: QUE OUTROS ASPECTOS SÃO IMPORTANTES NA
MENSAGEM ESCRITA?
Entrevistada 1: passa a impressão de que é saboroso o biscoito, aguça a vontade de provar. Os
ingredientes são importantes para minha saúde, então eu leio também a rotulagem nutricional.
ENTREVISTADORA: A COMUNICAÇÃO É ADEQUADA, É SUFICIENTE, OU FALTA
ALGO?
Entrevistada 1: sim, é suficiente.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO EXISTISSE O QUADRO DE INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL, VOCÊ CONSEGUIRIA JULGAR PELAS ILUSTRAÇÕES SE O
PRODUTO É SAUDÁVEL?
Entrevistada 1: sem o quadro seria complicado julgar se o produto é saudável ou não. As de
fruta parecem mais saudáveis, passam mais essa impressão.
ENTREVISTADORA: AINDA SOBRE O ASPECTO DE SAÚDE, ENTRE AS
EMBALAGENS DE BISCOITOS SABOR MORANGO (ADRIA, DUCHEN E MARILAN),
QUAL PARECE SER A MAIS SAUDÁVEL?
Entrevistada 1: a Marilan, pois a bolacha é mais clarinha.
ENTREVISTADORA: E ENTRE AS EMBALAGENS DE BISCOITOS SABOR LIMÃO
(ADRIA, MABEL E TRIUNFO)?
Entrevistada 1: a Triunfo, pois tem mais limão desenhado.
228
ENTREVISTADORA: AS ILUSTRAÇÕES CONTRIBUEM NA FORMAÇÃO DA
OPINIÃO SOBRE O PRODUTO?
Entrevistada 1: sim, chamam a atenção, despertam curiosidade. A ilustração quando é bonita,
passa a idéia de gosto e então influencia no momento da compra.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ TERIA VONTADE DE
COMER?
Entrevistada 1: a Bauducco chocolate com avelã, por causa da avelã. A avelã é um produto
caro e então você tem a oportunidade de experimentar o sabor através do recheio do biscoito.
Entre a da Duchen e a da Bauducco eu prefiro a última.
ENTREVISTADORA: MAS E SE VOCÊ NÃO CONHECESSE NENHUMA DAS DUAS
MARCAS OU SE A MARCA NÃO ESTIVESSE IDENTIFICADA NESTAS
EMBALAGENS?
Entrevistada 1: eu prefiro a Bauducco, pois a da Duchen você vê mais o biscoito que a avelã.
Na da Bauducco o escrito é maior e o biscoito foi deslocado do centro da embalagem para a
lateral. Assim, as avelãs ganharam destaque, pois ficaram no centro. O sabor triplo chocolate
também, chama a atenção o ingrediente escrito. A de brigadeiro também, pois o docinho
aparece bem grande na foto. As ilustrações auxiliam muito na formação da imagem da marca.
ENTREVISTADORA: E QUAL A EMBALAGEM MENOS ATRAENTE PARA VOCÊ?
Entrevistada 1: a da Tostines, não vejo graça nenhuma, o desenho é esquisito, não gostei do
fundo dourado, parece que os biscoitos estão dentro de uma garrafa. Se fosse tudo branco
seria melhor.
ENTREVISTADORA: E QUAL A MAIS ATRAENTE?
Entrevistada 1: a Triunfo de Maçã com Canela. A embalagem é muito linda! A maçã tem até
sementes, e eu gosto também do escrito. Uma embalagem mais elaborada passa a mensagem
de que o produto é melhor.
ENTREVISTADORA: E SE TIVESSE QUE ESCOLHER ENTRE A ADRIA DE LIMÃO E
A MABEL DE LIMÃO?
Entrevistada 1: a Adria é mais bonita, só o escrito que é feio. O destaque do mousse de limão
é legal. A Mabel é esquisita, pois mostra muito as bolachas. A da Adria é melhor, pois o
tamanho das bolachas é mais discreto, são mais bonitas, passam a impressão de mais gostosas.
A casquinha levantada passa a idéia de crocância. A bolacha da Mabel parece um lanche
montado em casa, sabe quando você pega duas bolachas e coloca algo no meio e faz como se
fosse um lanchinho?
ENTREVISTADORA: E O QUE VOCÊ ACHA DOS BISCOITOS SEREM MOSTRADOS
ABERTOS, MORDIDOS OU FECHADOS?
Entrevistada 1: os abertos mostram mais os ingredientes e dá mais vontade de comer. A
intenção deles é essa né? No mordido também dá vontade, mas o aberto atrai mais.
ENTREVISTADORA: E SOBRE A QUANTIDADE DE BISCOITOS QUE APARECEM
NA EMBALAGEM, FAZ DIFERENÇA?
Entrevistada 1: sim, fica melhor quando os biscoitos são menores e aparecem três, por
exemplo, como na Triunfo. Apenas um grande como na da Duchen fica feio. A Mabel tem
três grandes e também não é legal. Quanto menor a bolacha e em maior quantidade, melhor. A
bolacha da Duchen de chocolate com avelã tira o charme do ingrediente principal.
229
ENTREVISTADORA: E DAS TRÊS EMBALAGENS DE MORANGO QUAL VOCÊ
MAIS GOSTA?
Entrevistada 1: a que chama mais a atenção é a Duchen, pois as frutas estão maiores. A Adria
deveria substituir o mousse por morangos.
ENTREVISTADORA: E QUANTO ÀS CORES, QUAL SUA PREDILETA?
Entrevistada 1: as cores da Triunfo de Maçã com Canela são lindas. As embalagens vermelhas
não são legais. Passam a impressão de que o produto não convence, não sei porque.
ENTREVISTADORA: TRASMITEM ALGO A VOCÊ?
Entrevistada 1: não, mas, por exemplo, se tivesse um produto light no mercado em
embalagem vermelha ou marrom ficaria estranho. Seria melhor branco, amarelo claro.
Dividindo as cores fica melhor, tipo a Adria. Toda marrom, tipo a Bono, não é legal.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ASSOCIA CORES A PRODUTOS SAUDÁVEIS?
Entrevistada 1: sim, a cor branca.
ENTREVISTADORA: DESTAS QUE ESTÃO AQUI, QUAL A QUE MELHOR SE
COMUNICA NA GÔNDOLA?
Entrevistada 1: a da Bauducco, porque mostra melhor os ingredientes, como as avelãs. A da
Tostines, se eu não conhecesse a marca, eu não compraria, pois a criação foi muito infeliz.
Parece uma garrafa com bolacha dentro.
ENTREVISTADORA: É IMPORTANTE A QUESTÃO DE PROTEÇÃO E
CONSERVAÇÃO DO PRODUTO?
Entrevistada 1: deveria haver outro jeito para conservar após abrir. A fitinha vermelha não é
importante, é mais fácil de abrir, mas rasga uma parte que é importante para conservar o
produto.
ENTREVISTADORA: E SOBRE O TAMANHO?
Entrevistada 1: eu prefiro o pacote grande. Nunca pensei na questão ambiental, mas concordo
que é muito material jogado fora quando se fazem aquelas embalagens menores.
ENTREVISTADORA: A EMBALAGEM TRANSMITE ALGUMA IDÉIA DE
PERSONALIDADE DO PRODUTO, DE QUALIDADE?
Entrevistada 1: a Duchen não chama atenção. A Marilan também não é legal. As melhores são
a Triunfo maçã com canela e a Bauducco chocolate com avelã.
ENTREVISTADORA: E A MARILAN CHOCOLATE?
Entrevistada 1: é bonita, deram uma quebrada no vermelho com o marrom, o que não
acontece na de morango, ficou tudo muito vermelho.
ENTREVISTADORA: E A MABEL CHOCOLATE?
Entrevistada 1: é muito amarela, muito colorida. Não convence. Não dá vontade de comer. A
Triunfo maçã é imbatível.
ENTREVISTADORA: ELA PROVOCA ALGUM SENTIMENTO?
Entrevistada 1: sim, de coisa boa, gostosa. De alegria, sensação de descanso, paz,
relaxamento, sono gostoso. Desperta o desejo de comer. A da Bauducco traz lembranças dos
meus filhos pequenos, quando comprava para eles. Lembra coisas boas.
230
ENTREVISTADORA: QUAL O TIPO DE COMPORTAMENTO DIANTE DA
GÔNDOLA?
Entrevistada 1: eu sinto, ajo e penso por ultimo. Primeiro eu penso nos meus netos, no que
eles gostam de comer, aí eu ponho no carrinho de compras e depois de algumas voltas pelos
corredores eu reflito se vale à pena mesmo ou se é melhor levar de outra marca, às vezes mais
barata, às vezes mais cara. Eu quero levar sempre o melhor para eles. Já tentei comprar marca
pior, mais barata, mas eles não comem. Não vale a pena.
ENTREVISTADORA: E AS PROMOÇÕES, EXPERIMENTAÇÕES NO PONTO DE
VENDA, ENFIM, OS ESTÍMULOS AMBIENTAIS FAZEM DIFERENÇA?
Entrevistada 1: sim, se é promoção de marca boa sim. Se eu experimentar uma que não
conheço e for boa eu compro mesmo se a embalagem for feia.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ DEFINIRIA A COMPRA DE BISCOITOS?
Entrevistada 1: para consumo próprio é racional, para meus netos, a emoção fala mais alto.
Entrevista realizada em 01/06/2006
Entrevistada 2 38 anos casada 2 filhos residente na cidade de Santo André -
pertence à classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: O QUE AS MENSAGENS ESCRITAS REPRESENTAM PARA
VOCÊ?
Entrevistada 2: indicam o que estou comprando, o que contém na embalagem, o sabor, se é o
que eu quero.
ENTREVISTADORA: O QUE ESTÁ ESCRITO COMUNICA ADEQUADAMENTE O
CONTEÚDO?
Entrevistada 2: acho que sim.
ENTREVISTADORA: É RELEVANTE A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL E A LISTA
DE INGREDIENTES?
Entrevistada 2: são importantes para mim e eu tenho o hábito de lê-las, inclusive a lista de
ingredientes. A tabela nutricional às vezes eu leio no ato da compra. A lista de ingredientes eu
dou uma lida mais detalhada depois que comprei o produto.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ ADJETIVARIA A LETRA QUE CONSIDERA MAIS
BONITA?
Entrevistada 2: a que me chama mais atenção em termos de letra é a embalagem da Bono,
porque o nome da marca está escrito de uma maneira bem atraente. Passam uma idéia de
divertido e frio, por causa do recheio branco que tem na bolacha. Por causa da cor azul na
parte escrita. Quanto às letras dos sabores me parece que eles tentam pegar um pouco da
essência da foto da fruta para caracterizar a letra. Por exemplo, a que mais gosto é a da
Duchen de morango. O escrito morango é bem redondo, passa uma sensação de morango, do
sabor da fruta, não sei explicar o porquê. Talvez porque ela é preenchida de branco e
contornada de vermelhinho. Acho que é por isso.
231
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE A MENSAGEM ESCRITA PASSA UMA
IMPRESSÃO DE MAIS QUALIDADE DO PRODUTO?
Entrevistada 2: não, acho que não falta. Eu não gostei do escrito da Adria mousse, é como se a
letra tivesse mal feita. As cores que contornam a letra não combinam com o verde do limão
que aparece na embalagem. Acho que não tem uma combinação de cor.
ENTREVISTADORA: E SOBRE A VISIBILIDADE DAS LETRAS, QUAL O MAIS
FÁCIL DE IDENTIFICAR NA GÔNDOLA?
Entrevistada 2: tem mais de uma. O de chocolate da Marilan e a de morango. Acho bonito,
fácil de identificar. Já aconteceu comigo de eu procurar um sabor de bolacha específico e ter
dificuldade de ler, na embalagem, qual o sabor da bolacha. Se não me engano, era de doce de
leite. A menos legível é a de brigadeiro, que está bem discreta, e a de floresta negra é a pior.
ENTREVISTADORA: QUAL TE CHAMA MAIS A ATENÇÃO?
Entrevistada 2: a de mousse de morango, porque eu olhei essa tacinha, a fotografia da tacinha
com a mousse, mas talvez se a tacinha estivesse completa, se alguém não tivesse ido lá e
tirado uma colherada da mousse, sem que a gente visse a textura da mousse, talvez não tivesse
chamado tanto a atenção. Mas o fato de a mousse estar assim, com uma colherada tirada de
maneira que a gente vê a parte interna da taça, chama a atenção. A outra que chama a atenção
foi a Triunfo de maçã com canela, por causa das maçãs que estão na foto. Elas causam apetite,
dá vontade, por causa da cor vermelha brilhante que ela tem e por causa de ter a metade da
maçã cortada e além de você ver a maçã inteira, com a casca bonita e brilhante, você vê a
parte interna da maçã também que dá, não é apetite, mas é quando a gente fica com vontade,
desejo.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ TIVESSE QUE COMPRAR UMA DE MORANGO,
QUAL VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 2: a da Adria, que tem a foto da mousse. As outras duas são bonitas, são
atraentes também, chamam a atenção. Mas a da Marilan a fotografia parece muito artificial. A
foto natural da fruta é melhor que desenho.
ENTREVISTADORA: AS ILUSTRAÇÕES TE AJUDAM A COMPREENDER OS
ATRIBUTOS DO PRODUTO?
Entrevistada 2: ajudam.
ENTREVISTADORA: QUAL BISCOITO SABOR LIMÃO VOCÊ COMPRARIA APENAS
PELA EMBALAGEM?
Entrevistada 2: é engraçado porque das três a que está me chamando mais a atenção é a
Triunfo, por causa do contraste que tem no fundo da embalagem, do verde com o branco, e
porque a camada de creme que aparece entre os biscoitos ta mais alta que nas outras
embalagens. A fotografia do limão ta mais bonita também. A da Mabel chama atenção
também por causa da parte luminosa, desse verde meio fluorescente na embalagem. Eu tenho
a sensação de que o biscoito é muito fino, então se eu fizer a comparação da foto do biscoito
eu tenho a sensação de que a da Triunfo tem o biscoito mais largo, mais grosso. Eu
particularmente prefiro waffer mais grossinho, com mais camadas. A da Mabel passa a
impressão de que o biscoito tem poucas camadas. Isso me ajuda a formar a opinião sobre o
produto que tem dentro da embalagem.
ENTREVISTADORA: E AS DE CHOCOLATE COM AVELÃ, BAUDUCCO OU
DUCHEN?
232
Entrevistada 2: a da Bauducco, porque a foto ta mais atraente por causa da camada de
chocolate.
ENTREVISTADORA: E AS DE BRIGADEIRO, TOSTINES OU BAUDUCCO?
Entrevistada 2: Bauducco, porque os brigadeiros estão mais atraentes. Me passam a sensação
de que o biscoito tem mais recheio e mais sabor de brigadeiro.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA EMBALAGEM DA MABEL
CHOCOLATE?
Entrevistada 2: muito discreta, ela é clara, a gente não tem dúvida de que está comprando
waffer de chocolate, mas a embalagem não é atraente, não salta aos olhos porque eu acho que
a bolacha dá a impressão de ser muito fininha, dá a impressão de que tem menos chocolate e
porque o chocolate, a fotografia do bombom aqui está, não sei, não tem brilho, não tem
colorido, está muito apagado.
ENTREVISTADORA: E A DA BAUDUCCO TRIPLO CHOCOLATE?
Entrevistada 2: é uma embalagem bonita, eu acho. Porque eu acho que, bom, em primeiro
lugar, a questão das cores, eles puseram um amarelo vivo na embalagem, dá um contraste,
tem mais tons de amarelo do que de marrom e então a embalagem fica mais alegre em função
da cor. O amarelo da Mabel é mais forte e mais apagado. O da Bauducco é mais brilhante. E
tem também a maneira como eles apresentam a bolacha, mostrando as camadas dos recheios e
são recheios assim que parecem bem cremosos e com brilho até, chama a atenção, dá vontade.
ENTREVISTADORA: QUE TIPO VOCÊ PREFERE: AS ILUSTRAÇÕES COM
BISCOITOS ABERTOS, FECHADOS OU MORDIDOS?
Entrevistada 2: o da Bauducco é mais bacana, porque mostra as camadas de recheio que tem
dentro da bolacha, como se a gente pegasse a bolacha depois e fosse tirando as camadas dela
para ver o recheio. Sobre os biscoitos fechados, o conjunto de três é mais interessante, me
chama mais a atenção. O biscoito sozinho deixa a visualização prejudicada. Dá a impressão
de que, o conjunto de bolachinhas fica mais fácil de visualizar.
ENTREVISTADORA: A EMBALAGEM TE TRANSMITE A IDÉIA DE QUE QUANDO
VOCÊ FOR COMER SERÁ ASSIM, VOCÊ TERÁ ESSE MOMENTO DE DESFRUTE?
Entrevistada 2: isso, sim. Está associado a prazer, a momento bom.
ENTREVISTADORA: E SOBRE AS CORES, ELAS DESPERTAM SENTIMENTOS EM
VOCÊ?
Entrevistada 2: olha, de todas aqui, eu não gostei das cores da Adria, eu não gostei do azul.
Nem no caso do morango nem no caso do limão. Não sei explicar exatamente, mas na minha
opinião a cor azul não tem nada a ver com a cor do morango, que é a cor do biscoito, e nem o
azul tem a ver com o verde, que é o sabor do limão. Não gostei do azul. Gostei bastante da
combinação de cores da Mabel limão, tem tudo a ver o verdinho do limão com o amarelo, até
porque a gente até encontra limão com casca amarela, limão com casca verde, acho que tem
tudo a ver. Eu gostei muito da de brigadeiro da Bauducco, esse amarelo com cor de abóbora
ficou bem legal. Esse de maçã com canela ficou bem bacana também porque eles tentaram,
nessa parte bege aqui mais ou menos trazer um pouquinho da cor da canela né, acho que ficou
bacana. Essa de limão da Triunfo ficou legal a combinação de verde, amarelo e branco, tem
tudo a ver com limão.
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ENTREVISTADORA: O QUE AS ILUSTRAÇÕES TRANSMITEM EM TERMOS DE
ASPECTOS NUTRICIONAIS SE NÃO HOUVESSE AS INFORMAÇÕES ESCRITAS?
Entrevistada 2: elas me mostram mais ou menos calorias, mais ou menos a carga de caloria
que elas têm e qualidade no sentido de limpeza. As da Bauducco transmitem idéia de limpeza
acho que por causa do brilho que tem nas camadas de chocolate. Dá a sensação de alimento
fresco, alimento recém-preparado. A que passa mais a impressão de maior caloria são as da
Bauducco. As de limão passam a impressão de mais saudável porque o limão por si só é uma
fruta que traz a sensação de frescor, de pouca gordura, é como se fosse a fruta da higiene.
ENTREVISTADORA: AS ILUSTRAÇÕES VALORIZAM O PRODUTO?
Entrevistada 2: sim, porque me ajudam a formar uma opinião sobre o que está dentro, sobre a
qualidade do produto. Pelas fotos, pelas cores, pelo tamanho das fotografias que têm na
embalagem. É dessa forma que elas me ajudam a formar uma opinião.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ASSOCIA COR COM PRODUTO SAUDÁVEL, PUREZA?
Entrevistada 2: sim, as de limão passam essa impressão.
ENTREVISTADORA: QUAL A MAIS CAPAZ DE COMUNICAR O PRODUTO EM
POUCOS SEGUNDOS?
Entrevistada 2: a Bauducco brigadeiro, a cor e a fotografia. Os brigadeiros são maiores.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA QUESTÃO DE PROTEÇÃO E
CONSERVAÇÃO DO PRODUTO?
Entrevistada 2: eu tenho críticas, pois uma vez abertas essas embalagens, se a gente não
consome toda a bolacha, você tem que ter bastante cuidado para fechar para o produto não
perder a consistência que ele tinha antes de abrir a embalagem, a consistência com a qual ele
chegou.
ENTREVISTADORA: E A FITINHA VERMELHA É IMPORTANTE?
Entrevistada 2: sim, é mais fácil de abrir, é importante.
ENTREVISTADORA: VOCÊ PREFERE AS EMBALAGENS TAMANHO FAMÍLIA OU
AS MENORES?
Entrevistada 2: as tamanho família por causa da questão ecológica, de diminuir a quantidade
de lixo, de matéria-prima.
ENTREVISTADORA: IMAGINE QUE O BISCOITO É UMA PESSOA E A
EMBALAGEM É A ROUPA DO BISCOITO. ELA MOSTRA A PERSONALIDADE DO
BISCOITO PARA VOCÊ?
Entrevistada 2: a de brigadeiro da Bauducco, porque as cores da embalagem são quentes,
amarelo e cor de abóbora, e o chocolate por si só, a fotografia do brigadeiro, que mostra uma
boa quantidade de chocolate, é um alimento muito energético.
ENTREVISTADORA: QUAL A MAIS ORIGINAL, EXCLUSIVA, DIFERENTE?
Entrevistada 2: a Bono floresta negra, porque não é comum a gente ver esse sabor, não é
comum. Por isso não se vê cerejinha em nenhuma outra embalagem. O marshmallow branco
também chama a atenção.
ENTREVISTADORA: ALGUMA DELAS DESPERTA O DESEJO DE COMER?
Entrevistada 2: a de chocolate e a de brigadeiro da Bauducco.
234
ENTREVISTADORA: HÁ ALGUMA ILUSTRAÇÃO QUE VOCÊ ASSOCIA A ALGUMA
PESSOA QUERIDA, A UM EVENTO COM APELO AFETIVO, A UM MOMENTO
AGRADÁVEL?
Entrevistada 2: todas as bolachas de chocolate me despertam a lembrança das crianças, dos
meus filhos. Eu olho para elas e lembro deles. Eu compro pensando neles.
ENTREVISTADORA: O CONSUMO DE BISCOITO ESTÁ ASSOCIADO AO CONSUMO
HEDÔNICO?
Entrevistada 2: eu até poderia dizer que a Bono e a brigadeiro da Bauducco, levando para o
lado festivo, traria alguma lembrança sim em função de ser doces que a gente encontra em
festa e o bolo também, por ser floresta negra.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE ALGUMA DELAS INFLUENCIA SEU
ESTADO DE ESPÍRITO NA HORA DA COMPRA?
Entrevistada 2: influencia, eu penso na questão calórica, fico preocupada em consumir um
produto que eu sei que tem muitas calorias. E também quando eu quero agradar as crianças.
ENTREVISTADORA: QUAL SERIA A SUA HIERARQUIA NA COMPRA DE
BISCOITOS?
Entrevistada 2: penso, sinto e ajo.
ENTREVISTADORA: SE A TOSTINES BRIGADEIRO ESTIVESSE EM PROMOÇÃO,
VOCÊ DEIXARIA DE COMPRAR A DE BRIGADEIRO BAUDUCCO?
Entrevistada 2: sim. Compro de outra marca.
ENTREVISTADORA: VOCÊ EXPERIMENTOU UM BISCOITO NO SUPERMERCADO,
GOSTOU DO SABOR E, QUANDO VAI PEGÁ-LO NA GÔNDOLA, VÊ QUE É UMA
EMBALAGEM MONOCROMÁTICA ROXA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITA ‘WAFFER
SABOR UVA’. VOCÊ COMPRA?
Entrevistada 2: compraria.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ DEFINIRIA A COMPRA DE BISCOITOS?
EMOTIVO?
Entrevistada 2: mais emotivo, porque racionalmente não é um alimento adequado para nossa
saúde física, se a gente levar em consideração os produtos que vão, a quantidade de gordura,
não é um alimento natural.
ENTREVISTADORA: E SE NA EMBALAGEM ESTIVESSE ESCRITO LIGHT’, COM
X% MENOS GORDURA?
Entrevistada 2: influenciaria, desde que, existem fabricantes que trocam o açúcar comum por
adoçante químico e coloca na embalagem que o produto é tantos % menos calórico. Aí não,
eu prefiro levar um que seja mais calórico, mas que seja mais natural.
ENTREVISTADORA: VOCÊ TINHA REPARADO QUE A TOSTINES É A ÚNICA
EMBALAGEM BRANCA?
Entrevistada 2: não tinha reparado. Mas ela não chama a atenção, ela é muito discreta. Eu não
faria uma embalagem assim.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS QUE NÃO PERGUNTEI E QUE VOCÊ GOSTARIA
DE CHAMAR A ATENÇÃO?
235
Entrevistada 2: não, só essa questão do adoçante, por exemplo, eu não compraria. Eu olharia
bem na lista de ingredientes ainda no supermercado. Se constasse ingredientes tipo aspartame
ou outra coisa nesse sentido, aí eu descarto.
ENTREVISTADORA: UMA ÚLTIMA OBSERVAÇÃO, A QUESTÃO DE CORES.
ALGUMAS ADOTAM CORES DE ACORDO COM A MARCA, ENQUANTO OUTRAS
ADOTAM A COR DO SABOR. A ADRIA FEZ UMA MISTURA DESSAS DUAS
COISAS. O QUE VOCÊ ACHA?
Entrevistada 2: eu não gosto da mistura, eles deveriam ter uniformizado a embalagem de
acordo com o produto. Não me chamou a atenção na gôndola quando surgiu.
ENTREVISTADORA: TUDO ISSO QUE FOI CONSIDERADO, FOTOS, CORES,
LETRAS, TAMANHOS, ILUSTRAÇÕES, TE INFLUENCIA QUANDO VOCÊ FORMA
UMA OPINIÃO SOBRE O PRODUTO?
Entrevistada 2: influencia, comprometeria sim. Eu não deixaria de comprar, mas à primeira
vista seria. Pela embalagem minha opinião seria mais ou menos favorável. Se eu olhar a
embalagem da Bauducco e a da Adria esta última me passa a impressão de menos qualidade e
a da Bauducco de mais qualidade. O que é estranho na Adria é o tamanho, o pacote é mais
estreito, tem menos biscoito, tem pouco conteúdo. Talvez o preço não compense.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO TIVESSE ESCRITO ‘ADRIA’ (tampei o nome da marca).
Entrevistada 2: engraçado como mudou! Para melhor. Mas a embalagem não convence sobre
a qualidade. Não sei explicar. Mesmo que tivesse escrito ‘Bauducco’ nesta embalagem. A
letra foi a que menos gostei, a mais garranchada.
Entrevista realizada em 24/07/2006
Entrevistada 3 37 anos divorciada 1 filho - residente na cidade de Santo André -
pertence à classificação B2 da CCEB
ENTREVISTADORA: DE TODAS AS EMBALAGENS QUE ESTÃO AQUI, QUAL
ATRAIRIA MAIS A SUA ATENÇÃO SUPONDO QUE ELAS ESTIVESSEM DISPOSTAS
EM UMA GÔNDOLA?
Entrevistada 3: a de limão da Triunfo, porque ela tem um dourado que, com esse verde, ficou
bonito, chamou a atenção.
ENTREVISTADORA: É SÓ POR CAUSA DO DOURADO OU POR ALGUM OUTRO
MOTIVO?
Entrevistada 3: ah não sei, o dourado deu um toque especial com o verde e o vermelho, o
dourado chamou a atenção. A outra, da Mabel, também chama a atenção porque é meio
brilhante o esverdeado. Então essas coisas assim, por serem muito vivas, chamaram a atenção.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA OUTRA COR QUE VOCÊ CONSIDERA
INTERESSANTE?
Entrevistada 3: acho que o amarelo, de forma geral, chama a atenção. E ele dá bastante
destaque nas outras, dá destaque no marrom que é de chocolate, é o caso das duas Bauducco.
236
Agora, por exemplo, a Triunfo de maçã ela me parece ser uma bolacha gostosa, mas a
embalagem dela não me chama atenção. Ela é muito apagadinha, apagada.
ENTREVISTADORA: ENTÃO POR QUE ELA PARECE SER GOSTOSA?
Entrevistada 3: porque o maçã com canela é meio apelativo para mim, é assim, o doce com o
amarguinho para mim é bem apelativo. Falou de maçã com canela eu gosto. Já não acontece a
mesma coisa com as bolachas de morango que, embora eu goste de morango, já não tem
aquele sabor doce/amarguinho igual à canela.
ENTREVISTADORA: EXISTE ALGUMA COR DA QUAL VOCÊ NÃO GOSTA EM
EMBALAGEM DE BISCOITOS OU DE ALIMENTOS?
Entrevistada 3: na minha opinião o marrom não é legal, mesmo quando o biscoito é de
chocolate. Marrom dá uma sensação de que não está limpo, embora às vezes eu compro
produto que a embalagem é marrom, mas o marrom me traz essa sensação assim de que a
embalagem não está muito limpa. Por exemplo, a brigadeiro da Tostines que é o branco com o
chocolate, que é marrom, tudo bem, dá uma impressão melhor. Mas o marrom do chocolate
com chocolate fica uma coisa meio pesada, meio apagada, não sei.
ENTREVISTADORA: VOCÊ REPAROU QUE ESTA É A ÚNICA EMBALAGEM
BRANCA?
Entrevistada 3: reparei. Eu acho ela sem graça, não chama atenção.
ENTREVISTADORA: QUANDO UMA EMPRESA FAZ UMA EMBALAGEM BEM
FEITA, BEM ELABORADA, QUE MENSAGEM ELA TRANSMITE PARA VOCÊ?
Entrevistada 3: olha, acho que são dois lados. Primeiro, que ela caprichou para chamar sua
atenção, mas se a gente compra o produto e dentro não corresponde, então a sensação é de que
ela me enganou. Primeiro quis chamar a atenção, mas não correspondeu com a atenção que
ela quis chamar, então eu já descarto. É o caso da Mabel. A Mabel, na minha opinião, essa
embalagem de limão está super bonita, acho que até pelo efeito do verde com amarelo, do
vermelho, dá um destaque, mas é uma bolacha que eu não gosto. Então quer dizer, ela
capricha na embalagem, o apelo visual, mas não corresponde em termos de qualidade na
minha opinião. Então, por mais bonita que seja a embalagem ela já está fora da minha lista, eu
não compro, por melhor que seja a embalagem dela.
ENTREVISTADORA: COMO UMA EMBALAGEM CONSEGUE CHAMAR A SUA
ATENÇÃO?
Entrevistada 3: o que eu falei da falta de qualidade é relacionado também à imagem, porque
num primeiro momento a gente vai pela imagem, mas aí ele só te conquista, digamos assim, a
imagem dele te conquista só uma vez, se ele não prestar, não te conquista mais, eles podem
fazer a embalagem que for, que já por ter uma experiência anterior, não te seduz mais,
entendeu, no meu caso. Tem bolacha que não me seduz mais, mesmo que a embalagem seja
bonita.
ENTREVISTADORA: E POR QUE VOCÊ NÃO ESCOLHEU A ADRIA DE LIMÃO?
Entrevistada 3: ela não chamou tanto a atenção, eu acredito que justamente pela falta de
colorido. Embora ela tenha o azul com verde, aquele amarelo com aquele dourado chama
bastante atenção, no caso da bolacha de limão da Triunfo. Mais até do que a Mabel, que
embora seja uma embalagem laminada e bonita, ela já não chama tanto a atenção, mas a
Triunfo, eu acho que esse tom meio gema, com o dourado e o verde causou um efeito, na
237
minha opinião. A Adria, embora seja de limão, não chamou a atenção assim, não teve o
mesmo efeito.
ENTREVISTADORA: E QUANTO ÀS LETRAS ESCOLHIDAS PARA MOSTRAR O
SABOR, TEM ALGUMA QUE VOCÊ PREFERE, QUE VOCÊ ACHA MAIS
ADEQUADA. POR QUÊ?
Entrevistada 3: é engraçado, parece que ela se relaciona com o sabor. Porque a bolacha de
mousse, quando ela vem com essa letra assim ‘mousse’, dá a impressão de que ela já é macia,
dá a impressão de que a letra é macia. E esse tipo de letra da Adria ‘mousse’ parece que ela é
até fofa. É chama atenção mesmo a letra.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA OUTRA QUE VOCÊ ACHA LEGAL?
Entrevistada 3: eu acho interessante essa bolacha mousse nesse aspecto que eu te falei, porque
dá a impressão de que o mousse, do jeito que ele é escrito, a palavra já é fofa, então você fica
imaginando que a bolacha deve ser uma delícia. Essa bolachas assim tipo brigadeiro
(Bauducco) pela maneira como se escreve, às vezes, dependendo da quantidade do gosto de
chocolate que você tem, do quanto você gosta, dá a impressão que já enche a boca. Ela é feita
de um jeito assim que ela parece um brigadeirinho mesmo, a própria letra, escrita assim
parece manual, como você enrolar um brigadeiro, ela fica bonita assim. Já a brigadeiro da
Tostines não tem esse apelativo, a embalagem não chama atenção, o brigadeiro dela é escrito
em letras, sei lá, de computador, não chama atenção. Agora quando o pessoal faz assim o
chocolate com aquelas letras todas trabalhadas chega a encher a boca de água. Chocolate com
avelã, enche a boca de água isso. A letra é importante, tem efeito sim.
ENTREVISTADORA: A LETRA CHEGA A PASSAR PARA VOCÊ ALGUMA
IMPRESSÃO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO?
Entrevistada 3: passa, com certeza. Engraçado, eu não tinha feito essa comparação. O limão,
olha, da Triunfo, escrito com uma letrinha assim, meio, tipo como se fosse uma letrinha ácida
mesmo, engraçado. Eu não tinha reparado. Interessante. A Tostines é muito apagadinha. A
Mabel também não chama a atenção, a de chocolate. Na verdade, as da Parmalat, embora
tenham uma letra bonita, o que chama a atenção é a embalagem ser vermelha, destaca. Mas
acho que está um pouquinho pobre, as duas, tanto a de morango quanto a de chocolate.
ENTREVISTADORA: VOCÊ GOSTA DE VERMELHO?
Entrevistada 3: eu acho legal, mas só vermelho fica meio pesado, meio cansativo. Bolacha,
até pelo apelo infantil, que é muito voltado para criança, principalmente este tipo de bolacha,
precisava ter um toque melhorzinho assim, mais alegre. A própria Triunfo de maçã é meio
apagadinha, eu acho. O escrito e mesmo as cores da embalagem, as maçãs estão meio
apagadinhas, elas podiam brilhar um pouquinho. O morango da Marilan também eu acho
muito apagadinho, é um rosinha assim meio iogurte, não chama a atenção.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER DE
MORANGO E NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA.
QUAL EMBALAGEM SERIA MAIS APELATIVA PARA VOCÊ?
Entrevistada 3: entre a Adria e as outras duas fica um pouco de dúvida porque a Adria vem
escrito esse mousse assim, que enche a boca de água, parece uma espuminha, então parece
bem gostosa. Como as outras duas não são tipo mousse, parecem um creme mais compacto,
eu compraria a Duchen da Parmalat. Embora eu tenha dito assim da falta de cores mais
alegres, entre ela e a Marilan ela é mais alegre assim, é mais vibrante, é um vermelho e é um
vermelho meio laminado, mais brilhante, chama mais atenção, dá mais vontade. O morango é
238
mais vermelho, esse moranguinho da Marilan está muito apagadinho, está muito artificial. O
vermelhinho da Parmalat está mais chamativo, bem mais.
ENTREVISTADORA: O QUE ESSA EMBALAGEM TE CONTA SOBRE O BISCOITO?
Entrevistada 3: ela passa a impressão de ser um biscoito feito com ingredientes assim
naturais; dá a impressão que você pegou o morango, cozinhou lá e passou na bolacha, ela dá
essa sensação porque o morango está bem vermelhinho na embalagem.
ENTREVISTADORA: E A DA MARILAN MORANGO, O QUE ESSA EMBALAGEM TE
CONTA SOBRE O BISCOITO?
Entrevistada 3: embora em termos de produto ela até que seja boa, a embalagem dela passa
assim uma... Não passa muito bem não. Dá a impressão de iogurte de morango, está muito
fraquinho, digamos assim. Eu acho que passa essa impressão por causa das cores, está muito
apagada, o próprio desenho do morango está artificial, não está em destaque, ele está se
confundindo um pouco com o próprio, a própria cor da embalagem, ele não destaca. Por
exemplo, na Parmalat, onde estão os morangos é uma base amarelinha, por isso talvez eles
pareçam mais vermelhos, então eles se destacam. Na Marilan não, é vermelho sobre
vermelho, então não chama atenção.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, QUAL VOCÊ ESCOLHERIA: A DA PARMALAT OU DA BAUDUCCO?
Entrevistada 3: aí já é um pouquinho mais difícil, as duas embalagens chamam a atenção, mas
eu escolheria a Bauducco. Eu já posso fazer uma comparação que eu estava fazendo com a
Marilan, nesse caso a da Bauducco está mais bonita a embalagem, chama mais atenção em
termos de distribuição de cor, de como destaca o biscoito, parece que o chocolate da
Bauducco é mais marrom que o outro, é mais brilhante, dá água na boca. O da Parmalat não,
ele está apagadinho, está um marrom sobre um tom meio bege, não chamou tanto a atenção. A
da Bauducco está com um visual melhor.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE, QUAL
VOCÊ ESCOLHERIA: A DA MARILAN, A DA MABEL OU A DA BAUDUCCO?
Entrevistada 3: Bauducco, pela mesma questão, ela chama mais atenção pelo jogo de cor que
ela dá. A qualidade pode estar na média, mas o jogo de cor que a Bauducco coloca no pacote
dela chama mais atenção. O chocolate em cima de um fundo branco assim destaca, o biscoito
em cima de um fundo amarelo destaca, o marrom dele está mais bonito, é a mesma questão da
aparência, a embalagem da Bauducco está mais bonita.
ENTREVISTADORA: QUANDO VOCÊ OLHA A EMBALAGEM DA MARILAN, O QUE
ELA TE CONTA SOBRE O BISCOITO?
Entrevistada 3: ele não parece muito crocante não porque ele está meio clarinho, dá a
sensação de mal assado, não sei se é o clarinho em cima do marrom, como eu disse o marrom
já ficou pesado, então esse beginho em cima do marrom a sensação é de biscoito mal passado.
ENTREVISTADORA: E O DA MABEL?
Entrevistada 3: o da Mabel ele está com um amarelo, o biscoito dele, não sei se em função da
embalagem, o biscoito dá a impressão que é um biscoito assim já não tão fresquinho. Ele
passa uma sensação de que está meio murcho. Mas eu acho que é o jogo de cor.
ENTREVISTADORA: E SOBRE AS ILUSTRAÇÕES, QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE
ESTAS EMBALAGENS DE BISCOITOS SABOR CHOCOLATE?
239
Entrevistada 3: eu gosto mais do Marilan porque ele dá a impressão da bolacha caindo dentro
de um balde de chocolate, dá uma sensação mais gostosa do que você simplesmente espalhar
chocolate sobre uma mesa e tirar foto, então esse apelativo do biscoito caindo num balde de
chocolate é mais gostoso.
ENTREVISTADORA: QUE MENSAGEM A MABEL TE TRANSMITE COM ESSA
EMBALAGEM?
Entrevistada 3: faltou criatividade. Ele não associa. Eu colocaria uma outra referência de
fundo com a bolacha, esse chocolate está no nada, não está em cima de uma mesa ou de uma
tabua de fazer chocolate, falta uma referência. O bombom não parece gostoso, parece meio
escuro, meio esquisito, eu não associo a chocolate, ele está apagado, sem brilho a foto, e
muito escuro para ser chocolate.
ENTREVISTADORA: E O QUE A EMBALAGEM DA TOSTINES BRIGADEIRO TE
CONTA SOBRE O PRODUTO?
Entrevistada 3: eu nunca tinha reparado, mas está meio relaxada, está sem criatividade,
simplesmente mostrando uma bolachinha e um brigadeiro do lado, então não tem assim
alguma coisa que chame a atenção em termos de criatividade. As letras em estilo de
computador estão muito simplesinhas, não estão dando destaque, me parece que faltou um
pouco de criatividade. Não dá vontade de comer se eu tiver outra opção. Até a da Marilan me
chama mais atenção do que esta em função da embalagem, embora não seja brigadeiro.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. QUAL VOCÊ PREFERE?
Entrevistada 3: num primeiro momento o da Bauducco fica interessante aberto assim porque
dá a impressão de que tem muito recheio, de que é gostoso, cremoso. Em segundo lugar, o
biscoito que aparece mordido dá a impressão de uma mordida bem gostosa, então dá vontade
de dar a mesma mordida. E num terceiro momento esse fechadinho, ele chama a atenção, pois
dá a impressão de que tem bastante recheio. Mas na minha opinião, o abertinho que mostra o
recheio do biscoito parece mais gostoso.
ENTREVISTADORA: NA SUA OPINIÃO, QUAL DESTAS EMBALAGENS VALORIZA
O PRODUTO QUE CONTÉM?
Entrevistada 3: as da Bauducco no sabor chocolate e a da Triunfo no sabor de limão.
ENTREVISTADORA: EM GERAL VOCÊ CONSIDERA QUE AS EMBALAGENS
COMUNICAM ADEQUADAMENTE O CONTEÚDO?
Entrevistada 3: sim, a gente tem algumas surpresas ruins às vezes, mas em geral sim.
ENTREVISTADORA: A LISTA DE INGREDIENTES E A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL SÃO IMPORTANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 3: eu costumo olhar, eu leio na gôndola, não leio tudo, somente o quadro de
informação nutricional.
ENTREVISTADORA: QUANTO AOS ASPECTOS NUTRICIONAIS, SE NÃO
HOUVESSE AS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS, APENAS AS ILUSTRAÇÕES
TRANSMITAM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO SER NATURAL, SEM
CONSERVANTES, SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL, CALÓRICO ETC?
240
Entrevistada 3: não sei se eu conseguiria julgar, pois se tornou um hábito tão grande de olhar
na tabela, que as que não tem tabela eu nem pego. Eu pego, vejo que não tem tabela e
devolvo. Eu nem paro para prestar atenção. Se viesse sem tabela eu não sei como seria. Mas
vamos fazer de conta... É difícil, eu iria em marcas mais tradicionais porque teoricamente são
mais confiáveis. Às vezes isso não corresponde, mas...
ENTREVISTADORA: E SE NÃO HOUVESSE OS ESCRITOS, VOCÊ CONSEGUIRIA
IDENTIFICAR O PRODUTO APENAS PELAS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 3: esse da Duchen, por exemplo, vendo o chocolate e as avelãs do lado eu faria a
suposição de que ela é de chocolate com avelã. A da Bauducco é mais fácil de perceber
porque a avelã está tão destacada quanto a bolacha, diferente da Duchen, em que está mais em
destaque a bolacha. A avelã está pequenininha lá no fundo.
ENTREVISTADORA: VOCÊ CONSIDERA QUE AS EMBALAGENS CONTRIBUEM NA
FORMAÇÃO DA IMAGEM DE MARCA?
Entrevistada 3: sim, concordo, por exemplo, se eu não tivesse ainda comprado a Mabel era
capaz de comprar e deixar a Triunfo de lado porque o limão dela está mais bonito, a
embalagem não, mas o limão está mais bonito, está parecendo mais natural, o da Triunfo está
muito digitalizado, embora a embalagem seja mais bonita. Mas em termos de sabor, se eu não
conhecesse a Mabel, eu arriscaria comprar a Mabel.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS SE COMUNICA MELHOR EM POUCOS
SEGUNDOS?
Entrevistada 3: a Bauducco, não tem muita dúvida de que é bom.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA QUESTÃO DA CONSERVAÇÃO E
PROTEÇÃO DO PRODUTO?
Entrevistada 3: eu acho que num primeiro momento elas atendem, só não atendem quando
tem a sobra, aí eu acho que todas ficam devendo.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ROUPA
DO PRODUTO. VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
BISCOITO?
Entrevistada 3: a Marilan passa uma coisa assim do tipo ‘a gente faz o básico e tenta vender’;
a Parmalat já passa aquela impressão assim ‘eu dou uma arrumadinha e saio’, não é tão
chamativo, não é tão apelativo, parece que ela mais confia no produto que na embalagem. A
Triunfo me passa assim ‘emergente’, era meio simplesinha, foi melhorando, melhorando, e
agora está querendo aparecer. E a Bauducco me passa aquela assim ‘olha, nós somos bons e
somos bons mesmo, nós somos chiques’, tanto quanto a Nestlé também, mas às vezes a Nestlé
parece que não se preocupa tanto com a embalagem porque sabe o produto que tem, como a
Parmalat, dá a impressão que é isso, confia mais no produto e não se preocupa tanto com a
embalagem, ao passo que as outras, que estão um pouco atrás, se preocupam mais com a
aparência, em se vestir melhor, para tentar provar a qualidade, do que deixar uma embalagem
mais simples e manter uma qualidade digamos assim, às vezes questionável.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
ORIGINAL/DIFERENTE?
Entrevistada 3: eu ainda acho a Triunfo, ela vem assim de uma coisa básica, tipo a Marilan, e
começou a colocar uma embalagem meio brilhante, meio espelhada, ela está querendo se
destacar.
241
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA A MAIS
SOFISTICADA?
Entrevistada 3: acho que a Bauducco.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ASSOCIA PRODUTOS BONS A EMBALAGENS BEM
ELABORADAS E PRODUTOS RUINS A EMBALAGENS MÉDIAS?
Entrevistada 3: não de forma consciente, mas o que está bem acondicionado, em uma
embalagem legal, passa a mensagem de que se trata de um produto bom.
ENTREVISTADORA: AS EMBALAGENS SÃO CAPAZES DE DESPERTAR
SENTIMENTOS, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 3: não é uma coisa que acontece muitas vezes, mas, por exemplo, essa
embalagem mousse da Adria é uma delícia, mas eu só associo a mousse a quando o Felipe era
novinho ele gostava de uns quadradinhos assim que eu nem lembro de que marca era, então
eu vejo esses mousses da Adria em forma de waffer me remete àquele tempo em que ele
comia muito dessas bolachinhas que eu comprava para ele. Quando eu vejo coisa de morango
é a cara do Gabriel, meu sobrinho, eu lembro dele. O brigadeiro lembra festa, e o maçã e
canela dá uma sensação assim de que está chegando o inverno, pois maçã e canela têm a ver
com chá. O limão está associado a verão e o chocolate relacionado a inverno e a festa de
aniversário, tem esse apelo.
ENTREVISTADORA: E SE HOUVER UMA PROMOÇÃO MUITO BOA NO MERCADO
DE UMA EMBALAGEM NÃO MUITO LEGAL, VOCÊ COMPRA?
Entrevistada 3: não, eu passo por isso pelo menos duas vezes por mês. A menos que eu
conheça o produto, pois se eu não conheço, não me convence.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ ESTIVESSE NO MERCADO E ESTIVESSEM
FAZENDO EXPERIMENTAÇÃO DE BISCOITO WAFFER SABOR UVA E GOSTASSE
DA QUALIDADE, SÓ QUE AO PROCURÁ-LO NA GÔNDOLA VOCÊ SE DEPARASSE
COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA, MONOCROMÁTICA, SEM ILUSTRAÇÕES,
ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 3: olha, eu acho que não. Passa uma coisa assim de desleixo. Se na embalagem
não colocaram nem o nome direito, imagina como foi embalado isso. Então o produto é bom,
mas está acondicionado desse jeito? Ou eu compraria com muita desconfiança para fazer um
teste, mas com muita desconfiança mesmo, mesmo tendo experimentado. Se eu não tivesse
experimentado aí eu não compro de jeito nenhum.
ENTREVISTADORA: O QUE OCORRE PRIMEIRO NA GÔNDOLA: SENTIR, PENSAR
OU AGIR?
Entrevistada 3: em dois momentos diferentes: se eu conheço o produto, é pensar e agir. Se eu
não conheço, é sentir, pensar várias vezes, e agir.
ENTREVISTADORA: SENTIR O QUÊ?
Entrevistada 3: se está passando confiança, se vale a pena experimentar o que eu não conheço.
Nesse momento em que eu não conheço, o sentir vem primeiro por isso. A embalagem me
atinge pelo visual mesmo. Às vezes a gente vê coisa na prateleira que me faz babar. Depois eu
penso e pondero se vale a pena, a questão do custo, aí eu compro ou não compro, vem a ação.
Mas desperta desejo, principalmente se tem aquele apelo visual.
242
ENTREVISTADORA: ALGUMA OUTRA OBSERVAÇÃO SOBRE UMA EMBALAGEM
ESPECÍFICA?
Entrevistada 3: a Bono da Nestlé chama mais atenção do que a Tostines, que é Nestlé
também, pelo visual. Apesar da sensação do marrom forte, o branco não me chamou atenção e
não passa uma sensação contrária, de limpeza.
ENTREVISTADORA: EXISTE ALGUMA QUE PASSA A SENSAÇÃO DE PUREZA, DE
LIMPEZA?
Entrevistada 3: as da Bauducco passam, as da Triunfo e da Adria também. Acho que a que
não passa mesmo uma coisa legal em termos de cor é a Marilan, está muito apagada, talvez se
o marrom fosse mais brilhante não passaria essa sensação de sujeira. Engraçado que a da
Bono não tem problema, apesar de ser escura.
Entrevista realizada em 01/06/2006
Entrevistada 4 40 anos casada 2 filhos residente na cidade de Santo André -
pertence à classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: O QUE AS MENSAGENS ESCRITAS REPRESENTAM PARA
VOCÊ?
Entrevistada 4: em primeiro lugar informação sobre o produto, peso é importante, porque tem
muito a ver com o valor que você paga pelo produto. É importante analisar a parte da
informação nutricional.
ENTREVISTADORA: VOCÊ CHEGA A LER A INFORMAÇÃO NO VERSO DA
EMBALAGEM?
Entrevistada 4: assim, quando é um produto novo, às vezes sim, o prazo de validade às vezes
eu confiro nos produtos perecíveis. Às vezes eu leio a lista de ingredientes, mas nem sempre
no mercado, no momento da compra, muitas vezes em casa, enquanto eu como a bolacha,
olho também o fabricante, de onde é.
ENTREVISTADORA: O QUANTO AS INFORMAÇÕES ESCRITAS VALORIZAM OS
ATRIBUTOS DO PRODUTO?
Entrevistada 4: na verdade a gente vai mais pela marca, que a gente já conhece. No meu caso
não influencia grande coisa não. É mais a título de informação o que está escrito. Não vai
influenciar na escolha do produto. No meu caso não.
ENTREVISTADORA: A COMUNICAÇÃO É ADEQUADA, MOSTRAM O QUE É O
PRODUTO?
Entrevistada 4: algumas são melhores que outras. As que trazem letras muito pequenas
dificultam a leitura. Tem que ter uma letra razoável.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS É MAIS FÁCIL DE LER O SABOR, QUE VOCÊ
MAIS APROVA?
Entrevistada 4: têm algumas com letras bem grandes, como as da Bauducco, da Marilan. As
que têm letra maior fica mais fácil de visualizar o sabor. Isso ajuda.
243
ENTREVISTADORA: QUAL AQUELA EM QUE O SABOR ESCRITO ESTÁ MAIS
DIFÍCIL DE VISUALIZAR?
Entrevistada 4: o floresta negra da Bono, o da Tostines também. As outras estão muito boas.
A da Adria mousse de limão cria uma confusão. Se não tivesse o desenho do mousse e do
limão, até você encontrar o sabor limão escrito é confuso. O mousse está bem claro, mas não
diz nada. Se não tivesse o desenho, você teria que perder tempo procurando o sabor. Se o
sabor viesse escrito logo abaixo da palavra mousse melhoraria. Por outro lado, a palavra
mousse está enfatizada propositalmente, e se refere à textura, não ao sabor.
ENTREVISTADORA: E QUANTO AO TIPO DE LETRA UTILIZADA, ESTILO,
TAMANHO, QUAL A MAIS BONITA, MAIS FEIA...
Entrevistada 4: as letras da Bauducco eu gosto. São arredondadas, é difícil adjetivar, é legal.
Ela é simpática, parecida com uma letra à mão mesmo. A mais feia é a da embalagem da
Tostines. Não gostei dessa embalagem, muito sem graça. As outras são legais também. De
modo geral, as letras que parecem manuscritas são legais, são mais interessantes. A letra da
Bono floresta negra é mista, mas não está fácil de visualizar, está muito pequena. Dá muita
ênfase à sub-marca do biscoito e o que interessa mesmo não está fácil de visualizar.
ENTREVISTADORA: ALGUNS ELEMENTOS ESCRITOS PASSAM A IDÉIA DE QUE
O PRODUTO É MAIS PURO, SAUDÁVEL, COM QUALIDADE SUPERIOR?
Entrevistada 4: difícil essa pergunta, são coisas que a gente não pára para pensar, para analisar
isso. Talvez a forma como está escrito limão nessa da Triunfo, essa maçã com canela também
dá a impressão de um produto saudável. Porque a cor da palavra limão em verde fica
associado com a fruta. Idem para a de maçã, escrita em marrom, fica associado com a canela,
que é uma coisa muito gostosa, que a gente põe em chá, passa uma idéia de coisa saudável, de
coisa pura, bem natural, pois a canela é uma coisa que não é muito processada.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ CONHECE QUANTO AO PRODUTO, SUA
OPINIÃO, A IMAGEM FORMADA DA MARCA, O QUE VOCÊ PENSA, SOFRERAM
INFLUÊNCIAS DA EMBALAGEM?
Entrevistada 4: na verdade existe uma diferença sim, da embalagem da Bono e da Marilan,
por exemplo. Mas eu não sei até que ponto essa influência é da marca que a gente já conhece
ou da embalagem em si.
ENTREVISTADORA: SE A MARCA FOSSE OCULTADA E VOCÊ OLHASSE SÓ PARA
OS DESENHOS...
Entrevistada 4: a Marilan chocolate está com uma embalagem muito escura, a Bono é
praticamente marrom também, só que o azul da marca quebra essa predominância do marrom,
entendeu? Se os produtos tivessem o mesmo preço e o mesmo peso, eu escolheria a Bono,
pois de forma geral é muito simpática. O toque da cerejinha é bem legal, bem bonitinho.
ENTREVISTADORA: ENTÃO, SE VOCÊ NÃO CONHECESSE ESSAS MARCAS, VO
ACREDITA QUE ISSO TE INFLUENCIARIA DE ALGUMA FORMA? POR EXEMPLO,
BISCOITOS ABERTOS, FECHADOS, MORDIDOS...
Entrevistada 4: particularmente, essas embalagens que mostram várias unidades de biscoitos
são mais legais, em segundo lugar as que mostram o biscoito mordido. Nesse caso do biscoito
todo desmontado não me chama a atenção, não me influencia. Fica mais simpático ver três
biscoitos do que um solitário.
ENTREVISTADORA: E QUAL A MAIS ATRAENTE NO PONTO DE VENDA?
244
Entrevistada 4: engraçado que a gente tem necessidade de olhar a marca... Pode parecer
brincadeira, mas a Bono me chamaria a atenção. O pacote da Adria é esquisito, estreito, a
gente está acostumada com um pacote mais larguinho. Quando vejo um pacote muito pequeno
cria antipatia. Uma coisa legal na da Bono é que aparece a fruta, e isso é legal, eu gosto de
foto de frutas.
ENTREVISTADORA: POR QUE, O QUE TRASMITEM?
Entrevistada 4: primeiro porque você visualiza a fruta e já sabe o sabor, é fácil. Ajuda na
identificação do sabor. E por que é gostoso ver a fruta, dá a impressão de que é daquele sabor.
Você já se imagina comendo aquilo em função do que você viu sobre a fruta. Então quem
gosta muito de limão, por exemplo, já vai sentir o azedinho. Eu acho que vai despertar, vai
aguçar a vontade de comer aquele biscoito. Mas a do Bono é elegante, o azul deu um toque
sobre o marrom. O cremezinho branco que aparece aqui também ajuda porque ele ta presente
também entre as camadas do biscoito, e também a cerejinha, que é uma fruta assim muito
sofisticada. Então ela ficou uma embalagem sofisticada, elegante. Chamaria sim minha
atenção.
ENTREVISTADORA: E QUAL NÃO CHAMARIA SUA ATENÇÃO NA GÔNDOLA?
Entrevistada 4: olhar a marca influencia, é um problema. Essa Tostines da Nestlé não
chamaria. Eu não gostei da cor branca da embalagem, não gostei do tipo das letras. São muito
sérias, sem graça. Essa embalagem em geral é sem graça. O mais gozado é que é um produto
Nestlé. Outra que não gosto são as da Marilan, embora tenha a frutinha, não é foto. É mais
legal quando é foto do que quando é desenho, na minha opinião. Não ta chamativo o
morango, o recheio está muito branco. O contraste do vermelho da embalagem apagou
completamente o destaque do produto principal. A Marilan chocolate é meio sem graça
também, embora a letra seja grande, a identificação é boa, mas a embalagem é sem graça
porque, talvez as cores não estejam bem combinadas. Não sei. O jeito de mostrar o chocolate
não está legal, talvez.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA EMBALAGEM DA MABEL SABOR
CHOCOLATE?
Entrevistada 4: não está legal. Entre as duas eu ainda prefiro a Marilan. Não dá para
reconhecer os bombons facilmente. Tem que chegar perto, olhar com carinho, não parece
bombom, estão escuros. Muito aglutinados, sobrepostos, ficou um negócio esquisito, não está
bonito.
ENTREVISTADORA: ALGUMA ILUSTRAÇÃO TE TRANSMITE IDÉIA DE CORANTE,
GORDURA, SAÚDE...
Entrevistada 4: as cores mais escuras, tipo vermelho, cor mais forte, dá a impressão de
colorido artificialmente.
ENTREVISTADORA: E ESSA DA ADRIA QUE VEM COM A FOTO DO MOUSSE
COMPARADA COM A MARILAN...
Entrevistada 4: eu compraria a Adria, pois a embalagem é mais bonita, mais simpática. Talvez
porque tenha mais cores, alem do rosa do mousse, da foto do morango, o azul quebra, dá uma
combinação legal. A apresentação do produto ta mais bonita, a embalagem em si é mais
bonita. Se os biscoitos tivessem fechados acho que o efeito seria outro também. O biscoito
aberto está fazendo diferença, para melhor. É mais chamativo. No caso da Bauducco, o
biscoito aberto não fez tanta diferença quanto no da Adria morango.
245
ENTREVISTADORA: E AS ILUSTRAÇÕES DOS TRÊS BISCOITOS DE LIMÃO. UMA
PARECE MAIS ARTIFICIAL QUE A OUTRA?
Entrevistada 4: não, talvez porque o limão, embora bem verde, o recheio é mais branquinho,
então isso também passa a idéia de que não é tão artificial.
ENTREVISTADORA: ALGUMA OUTRA ILUSTRAÇÃO QUE MOSTRA QUE O
PRODUTO É SAUDÁVEL, GORDUROSO, CALÓRICO, COM MUITO CORANTE,
NATURAL ETC., QUE ACABAM TE PREOCUPANDO E FAZENDO COM QUE VOCÊ
NÃO COMPRE POR ISSO?
Entrevistada 4: no meu caso não porque eu tenho o hábito de olhar a informação nutricional e
eu sei que não existe muita diferença entre uma e outra marca, qualquer sabor que a gente
compra, acho que não tem muita diferença.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO HOUVESSE A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL NO
VERSO DA EMBALAGEM?
Entrevistada 4: em geral as de chocolate passam a impressão de mais calóricas, as que
mostram o chocolate, o brigadeiro, condenam mais. Se tivesse que escolher o sabor entre o
floresta negra e o brigadeiro escolheria o primeiro, levando por esse lado.
ENTREVISTADORA: E DOS DE FRUTA COMO VOCÊ JULGARIA, SEM A
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL, ENTRE OS SABORES MORANGO, LIMÃO E MAÇÃ
COM CANELA?
Entrevistada 4: acho que maçã com canela, seria a opção, na minha mente, de bater o olho a
menos calórica. Essas maçãzinhas vermelhinhas como elas estão aqui estão muito chamativas,
passa uma idéia de coisa saudável. Elas estão perfeitas na embalagem então passa essa idéia.
Tem uma maçã partida, com semente e tudo, que passa a idéia de algo saudável e leve
também. Sobre a Adria de morango, apesar de o mousse estar muito bonito na embalagem,
passando a impressão de algo muito gostoso, eu não penso em encontrar essa textura no
biscoito. Se a idéia é essa, na minha opinião não penso em comprar.
ENTREVISTADORA: VOCÊ TEM RESTRIÇÕES DE CORES, TEM CORES
PREDILETAS?
Entrevistada 4: eu não compraria por uma cor predileta, mas uma combinação de cores numa
embalagem chama a atenção da gente. Então às vezes você não passa direto por um produto,
ela chama a atenção e você pára para olhar. Só que precisa tomar um certo cuidado com o
vermelho nas embalagens, porque fica uma embalagem muito forte, meio agressiva. É o caso
da Duchen e da Marilan de morango.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ASSOCIA A COR AO SABOR?
Entrevistada 4: é legal, ajuda bastante a identificar o produto.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA COR AMARELA DAS EMBALAGENS
BAUDUCCO?
Entrevistada 4: acho que você identifica rapidamente a marca pelo padrão da cor, da
embalagem. É mais importante associar a cor ao produto que à marca. Para visualizar é
melhor.
ENTREVISTADORA: E QUANTO À COMUNICAÇÃO NA GÔNDOLA?
Entrevistada 4: sim, é importante conseguir se comunicar rapidamente. Para mim é mais
importante, como consumidora, do que saber que é um Bauducco, mas ter que ficar
246
procurando para ver que tipo de Bauducco ele é, que sabor ele é. Então é mais importante que
a embalagem esteja voltada para o lado de informar, mostrar o produto, o sabor.
ENTREVISTADORA: NESSE SENTIDO, O QUE VOCÊ ACHOU DAS EMBALAGENS
DA ADRIA?
Entrevistada 4: ficaram interessantes metade azul e metade de outra cor, e acho que pode
aplicar também à Bono, pois o nome grande desse jeito é super conhecido, então identifica,
embora a embalagem não seja toda marrom, identifica bem que é o floresta negra.
ENTREVISTADORA: E QUANTO À PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PRODUTO,
VOCÊ GOSTA DE COMO É, É FÁCIL DE ABRIR, DE GUARDAR DEPOIS QUE ABRE?
Entrevistada 4: não, de guardar não é fácil, ele precisa ser bem vedado. Como vem do
mercado está ótimo, mas o papel deveria se tornar reciclável.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DAS EMBALAGENS MENORES, COM
BISCOITOS EMBALADOS INDIVIDUALMENTE?
Entrevistada 4: não são uma boa idéia, pois eu acho que agridem mais ao meio ambiente. Eu
associo e não compro. E também são mais caras. Eu dou preferência de comprar maior,
mesmo depois tendo o trabalho de vedar para guardar, eu prefiro. Mesmo se fossem mais
baratas, eu continuaria comprando as maiores por causa do ambiente.
ENTREVISTADORA: A EMBALAGEM TRANSMITE A PERSONALIDADE DO
PRODUTO? IMAGINE QUE VOCÊ NÃO CONHECESSE AS MARCAS...
Entrevistada 4: acho que sim, esses que aparecem três biscoitos dão a impressão de uma coisa
assim, mais abundante, mais rica. .
ENTREVISTADORA: E O NÍVEL DE ELABORAÇÃO DE UMA EMBALAGEM, FAZ
DIFERENÇA?
Entrevistada 4: sim, passa a idéia de que o produto é melhor. Se a gente não conhece a marca,
passa. Se você pega o biscoito com um saco muito simplesinho assim, você já fala: 'isso não é
de qualidade'.
ENTREVISTADORA: SERIA INTERESSANTE SE OS BISCOITOS PUDESSEM SER
VISUALIZADOS POR MEIO DE UMA JANELA TRANSPARENTE NA EMBALAGEM?
Entrevistada 4: eu não acho adequado, porque dá a impressão de que a embalagem está
violada. É melhor fechadinho, bem vedado.
ENTREVISTADORA: QUAL DESSAS EMBALAGENS VOCÊ ACHA MAIS ORIGINAL,
EXCLUSIVA?
Entrevistada 4: com certeza não é a Bauducco. Ela é muito batida, muito padronizada, fica
maçante. Eu não sei por que, mas esse biscoito (triplo chocolate) aberto não faz minha cabeça.
ENTREVISTADORA: PORQUE O BISCOITO ABERTO TE INCOMODA?
Entrevistada 4: não, ele não me incomoda, mas ele não me atrai.
ENTREVISTADORA: MAS EXCLUSIVIDADE NÃO SIGNIFICA BELEZA.. QUAL A
MAIS DIFERENTE?
Entrevistada 4: olha, eu volto na Bono de novo. Não sei por que, mas ela me chamou muito
atenção. Não sei explicar o motivo, não sei o que é, ficou muito diferente, ela passa um que de
superior essa embalagem. Não estou me levando pela marca Nestlé.
247
ENTREVISTADORA: A FITINHA VERMELHA DA ABERTURA É IMPORTANTE?
Entrevistada 4: se eu pudesse abrir com a mão, sem auxilio da tesoura, seria melhor. É legal
ter o fitilho sim, embora eu não compraria só por causa disso. Uma coisa de que eu não gosto
é quando a embalagem faz propaganda de outro produto da empresa. Não sei explicar por que.
ENTREVISTADORA: ALGUMA EMBALAGEM PODE SER ASSOCIADA A PESSOAS
OU EVENTOS COM APELO AFETIVO?
Entrevistada 4: as menores, de desconfiança, no ato. Eu olho e percebo rapidamente que está
menor, eu acho um absurdo. Desperta desconfiança, me sinto enganada, lesada, fico com
antipatia. Eu penso nos meus filhos. Mas levo em conta preço e qualidade, às vezes até pago
um pouco mais, dentro de um certo limite, a fim de agradá-los, de acordo com a preferência
deles. Os sabores de limão eu penso no Luiz (marido) e no Gabriel (filho). Eu compraria a
Triunfo de limão por causa do tamanho do biscoito, que é tradicional. Dá a impressão de que
contém mais. Em determinado momento, a maçã com canela traria a sensação de casa,
aconchego, um café quentinho, um chazinho. A embalagem com certeza faz essa ponte, essa
associação. Sim, com certeza está associado ao prazer.
ENTREVISTADORA: E AS CORES INFLUENCIAM SEU ESTADO DE ESPÍRITO?
Entrevistada 4: As cores mais suaves são mais agradáveis, mais alegres, uma boa combinação
de uma cor alegre com uma cor suave eu acho que tem a ver, influenciam no momento da
compra sim. Não me lembro quando, mas talvez eu já tenha dito, ‘olha que cor bonita’!
ENTREVISTADORA: E NO MOMENTO DA COMPRA, COMO FUNCIONA A
HIERARQUIA DOS VERBOS SENTIR, PENSAR E AGIR?
Entrevistada 4: Pensar e sentir é muito próximo uma coisa da outra. Acho que primeiro eu
sinto, depois penso e por último ajo. Mas é difícil dissociar sentir de pensar.
ENTREVISTADORA: O QUANTO OS ESTÍMULOS AMBIENTAIS INFLUENCIAM?
Entrevistada 4: promoção é importante, se a diferença de preço não for muito grande. Mas não
é decisivo. A experimentação no ponto de venda faz diferença. Se eu experimentar e gostar do
sabor eu compro, mesmo se a embalagem não for legal. Quando o produto está indisponível
eu compro outro. Não sou fiel, eu mudo de marca em alguns casos, pois geralmente tem uma
segunda opção. A Mabel passa uma idéia de biscoito popular, de qualidade inferior. A
embalagem não é ruim, não é culpa da embalagem. É mais, pensando bem, esse biscoito é
muito grande, podia ser menor, está muito ‘cheguei’, se impondo, podia ser um pouco mais
discreto. Pode ver que só ele é grandão desse jeito. O da Duchen também é grandão, apesar de
ser um só, mas eu também não fui muito com a cara dele. Então o tamanho da foto influencia
sim. Se diminuíssem o tamanho do biscoito, a embalagem ficaria mais simpática.
ENTREVISTADORA: ACONTECE DE VOCÊ TER UMA INTENÇÃO
COMPORTAMENTAL E NA HORA A DECISÃO SER CONTRÁRIA A ESSA
INTENÇÃO?
Entrevistada 4: Eu tenho intenção e ajo de outra forma. Outras coisas influenciam, como o
peso, o preço.
ENTREVISTADORA: QUAL O PAPEL DA RAZÃO E DA EMOÇÃO NA COMPRA DE
BISCOITOS?
Entrevistada 4: Razão é escolher uma marca boa que não seja caríssima, que por outro lado
vai agradar as pessoas da família. Se eu estou com vontade eu compro pra mim também, por
mim, porque eu estou com vontade e quero me agradar.
248
Entrevista realizada em 02/06/2006
Entrevistada 5 30 anos casada sem filhos residente na cidade de Santo André -
pertence à classificação B2 da CCEB
ENTREVISTADORA: OLHANDO PARA ESSAS EMBALAGENS, AS MENSAGENS
ESCRITAS TE TRANSMITEM ALGO?
Entrevistada 5: me informam o que tem, o conteúdo, o sabor.
ENTREVISTADORA: O QUE ESTÁ ESCRITO AJUDA VOCÊ A ESCOLHER E A
FORMAR UMA OPINIÃO SOBRE O PRODUTO?
Entrevistada 5: sim, mas quanto às letras é indiferente.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ A ADJETIVARIA A LETRA QUE CONSIDERA A
MAIS BONITA?
Entrevistada 5: a da Triunfo maçã com canela. Ela é mais parecida com uma caligrafia bonita.
Eu gostei da caligrafia. Não gosto dos escritos da Bauducco, parece um garrancho, uma letra
feia. Gosto também da Bono floresta negra pelos mesmos motivos da Triunfo. A da Duchen
chocolate com avelã também não gosto, lembra uma caligrafia feia. É desproporcional, não
sei, não gosto.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE AS EMBALAGENS COMUNICAM
ADEQUADAMENTE O CONTEÚDO?
Entrevistada 5: não, acho que não falta, sobra. Eles fazem muito sensacionalismo nas
embalagens. Quando você vai comer não é bem aquilo. No geral é sempre assim, bonita e
cheia de foto, mas quando você vai comer, o recheio é pouquinho...
ENTREVISTADORA: É RELEVANTE A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL E A LISTA
DE INGREDIENTES?
Entrevistada 5: é relevante, eu leio, mas só quando chego em casa. Não leio a lista de
ingredientes com tanta freqüência. É importante, pois a gente que é mulher fica ligada nessas
coisas, calorias, vitaminas etc.
ENTREVISTADORA: E SE ESSA INFORMAÇÃO NÃO FOSSE DADA, PELAS
CARACTERÍSTICAS DA EMBALAGEM VOCÊ JULGARIA SOBRE A PUREZA,
QUALIDADE, CALORIAS ETC?
Entrevistada 5: acho que não, porque as embalagens são sensacionalistas, o produto não é
exatamente o que a embalagem mostrou. Eu julgaria se é calórico, pelas fotos do chocolate,
da avelã, do brigadeiro. As de frutas não passam tanto essa impressão. Sugerem que são
menos calóricas. As que têm frutas são as mais bonitas, passam a sensação de um produto
mais saudável, embelezam mesmo.
ENTREVISTADORA: E SOBRE A VISIBILIDADE DAS LETRAS?
Entrevistada 5: acho que têm muitas bem legíveis, independentemente de eu gostar ou não.
Por exemplo, embora eu ache feia, a da Bauducco é bem legível.
ENTREVISTADORA: AS ILUSTRAÇÕES AJUDAM A COMPREENDER O PRODUTO,
O QUE ELE É, DE QUE SABOR ETC?
Entrevistada 5: nem sempre, pois as de chocolate se confundem bastante. Se bem que as
avelãs, por exemplo, ajudam a compreender. A de maçã com canela ajuda muito, nem
precisaria ler.
249
ENTREVISTADORA: IMAGINE QUE O BISCOITO É UMA PESSOA E A
EMBALAGEM É A ROUPA DO BISCOITO. ELA MOSTRA A ‘PERSONALIDADE’ DO
BISCOITO PARA VOCÊ?
Entrevistada 5: o que ele é em si, mostra.
ENTREVISTADORA: QUAL VOCÊ MAIS GOSTA, QUAL CHAMARIA SUA
ATENÇÃO?
Entrevistada 5: muitas destas eu não provei, até tenho vontade de provar. A que me chama
mais atenção é a Triunfo maçã com canela. Eu achei a embalagem mais bonita, as cores, a
forma como as frutas estão, a maçã com a canela. Na verdade eu tenho visto ela no mercado e
deu vontade de provar. A sensação que eu tenho é a vontade de provar esse recheio branco, de
maçã com canela. Eu fiquei com vontade de comer essa bolacha por causa do chá de maçã
com canela que minha mãe faz.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ TIVESSE QUE COMPRAR UMA DE MORANGO,
QUAL VOCÊ ESCOLHERIA: ADRIA, DUCHEN E MARILAN?
Entrevistada 5: a Adria, por causa da marca. Mas se eu não conhecesse as marcas, eu também
compraria a Adria, porque a embalagem é mais bonita, chama muito a atenção por causa
daquele mousse de morango ali, muito bonito, dá vontade mesmo de comer o mousse de
morango. Essa ilustração fez muita diferença.
ENTREVISTADORA: E QUAL O PROBLEMA DA DUCHEN E DA MARILAN?
Entrevistada 5: a embalagem é bem mais simples. A Marilan, por exemplo, tem esse caldinho,
com essa disposição, passa uma impressão muito artificial. Parecem aqueles chicletes... A cor
também não está ajudando. Morango não é cor de rosa assim... A embalagem da Adria, com o
mousse, aquele rosa ao fundo, ficou muito bonito.
ENTREVISTADORA: E AS DE LIMÃO, ADRIA, MABEL OU TRIUNFO?
Entrevistada 5: a Adria, pelos mesmos motivos. A da Triunfo nem é tão ruim assim, mas são
mais artificiais. Esse creminho branco do limão ta um pouco artificial, os limões estão um
pouco artificiais, estão muito perfeitos, irreais. O da Mabel, nesse sentido, é melhor que o da
Triunfo, é bem mais real, chama mais minha atenção.
ENTREVISTADORA: E AS DE BRIGADEIRO, TOSTINES OU BAUDUCCO?
Entrevistada 5: Tostines, porque eu achei muito mais bonita a embalagem. Me parece mais
real também.
ENTREVISTADORA: E AS DE CHOCOLATE COM AVELÃ, BAUDUCCO OU
DUCHEN?
Entrevistada 5: a Duchen, as avelãs parecem mais reais, dá vontade de pegar e de comer.
ENTREVISTADORA: A IDÉIA DE REALIDADE PARA VOCÊ É IMPORTANTE?
Entrevistada 5: eu nunca parei para pensar nisso, mas estou vendo que é bem bacana, é
importante.
ENTREVISTADORA: E SOBRE ESTAS TRÊS DE CHOCOLATE, MABEL, MARILAN E
BAUDUCCO TRIPLO?
Entrevistada 5: as três estão bem ruinzinhas, mas a da Bauducco é a melhorzinha, porque me
chama mais a atenção a foto do waffer em si, com estas divisões do chocolate, mas não sei
porque. A da Mabel o chocolate parece aquele chocolate bem ruinzinho, escuro, o formato,
250
parece aquele chocolate de terceira categoria, daqueles bem gordurosos, é a impressão que dá,
não ta bonito. A da Marilan ta bem melhor, mas eu também não gosto desse caldinho, é bem
artificial.
ENTREVISTADORA: E SOBRE AS CORES, ELAS DESPERTAM SENTIMENTOS EM
VOCÊ?
Entrevistada 5: acho o amarelo da Bauducco infeliz, não combina. Passa a impressão de uma
empresa não muito preocupada em caprichar na embalagem. Nunca gostei, não combina. Os
da Adria são muito bonitas, o verde com azul, o rosa com azul, bem bonito. A da Triunfo
maçã com canela também tem cores muito bonitas, esse amarelo dourado, bem diferente do
amarelão da Bauducco. Não gosto das monocromáticas.
ENTREVISTADORA: UMA EMBALAGEM BEM ELABORADA TE AJUDA A
FORMAR A IMPRESSÃO SOBRE A MARCA E O PRODUTO?
Entrevistada 5: ajuda. Acho que se a empresa se preocupa com a embalagem, me passa a
imagem de um produto bom, confiável e de qualidade. De limpeza, de sabor gostoso.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ASSOCIA COR COM PRODUTO SAUDÁVEL, PUREZA?
Entrevistada 5: talvez não de uma forma extremista, mas se eu vejo uma embalagem muito
carregada, você fica meio assim. Por exemplo, a Nestlé Bono e a Marilan chocolate são muito
carregadas, pois a cor não ficou boa, embora o marrom seja bonito. Passa uma imagem
pesada. Não gosto. Nenhuma destas de chocolate é legal. A da Adria é bem mais legal,
metade azul e metade com o mousse de chocolate.
ENTREVISTADORA: QUAL A EMBALAGEM MAIS HÁBIL EM INFORMAR
RAPIDAMENTE SOBRE O PRODUTO?
Entrevistada 5: a Triunfo maçã com canela, as da Adria, por causa das cores e dos detalhes.
Dá vontade de fazer mousse de morango e de limão né...
ENTREVISTADORA: QUE TIPO VOCÊ PREFERE: AS ILUSTRAÇÕES COM
BISCOITOS ABERTOS, FECHADOS OU MORDIDOS?
Entrevistada 5: acho melhor fechado. Aberto não fica bom o visual da embalagem. O mordido
passa uma impressão estranha, de alguma coisa que foi mordida, sei lá, não gosto, não me
passa uma sensação boa. As fechadas ficam mais bonitas com três ao invés de uma. Um único
biscoito fica feio, passa uma impressão de pouca coisa talvez, solitário, não sei...
ENTREVISTADORA: QUAL A MAIS ORIGINAL, EXCLUSIVA, DIFERENTE?
Entrevistada 5: a Tostines é bonita sim. No sentido de originalidade. Eu não gostei de ela ser a
única branca, achei estranho. Não me agradou e eu percebi na gôndola que era a única branca.
Mas não achei bonita. Essa parte dourada é bem original.
ENTREVISTADORA: O CONSUMO DE BISCOITO ESTÁ ASSOCIADO AO PRAZER,
MOMENTOS BONS, ALEGRIA?
Entrevistada 5: porque quando eu como são momentos bons. No sofá com meu marido,
tomando um chá, a gente fala, ‘vamos abrir um waffer’? A da Bauducco chocolate com avelã
eu associo ao meu marido, que sempre escolhe essa. Então eu lembro sempre muito dele
quando vejo essa embalagem.
ENTREVISTADORA: E SE A BAUDUCCO TROCASSE A EMBALAGEM?
Entrevistada 5: eu estranharia.
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ENTREVISTADORA: É IMPORTANTE A QUESTÃO AMBIENTAL?
Entrevistada 5: é importante, mas eu não paro para pensar, sou relapsa. Não teria dificuldade
em trocar uma pela outra para ajudar o ambiente, se eu parar para pensar.
ENTREVISTADORA: O QUANTO OS ESTÍMULOS AMBIENTAIS INFLUENCIAM?
Entrevistada 5: promoção é importante.
ENTREVISTADORA: VOCÊ EXPERIMENTOU UM BISCOITO NA GÔNDOLA,
GOSTOU DO SABOR E, QUANDO VAI PEGÁ-LO, VÊ QUE É UMA EMBALAGEM
MONOCROMÁTICA ROXA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITO ‘WAFFER SABOR UVA’,
VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 5: compro, porque eu experimentei. Se eu não tivesse provado, não compraria.
Eu já deixei de comprar bolachas em grandes promoções no Sonda porque a embalagem era
muito ruinzinha mesmo, você já via tudo o que tinha lá dentro. Em um primeiro contato a
embalagem influencia sim.
ENTREVISTADORA: EM QUAL HIERARQUIA FUNCIONAM OS VERBOS SENTIR,
PENSAR E AGIR NA COMPRA DE BISCOITOS?
Entrevistada 5: penso, sinto e ajo.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS QUE VOCÊ GOSTARIA DE CHAMAR A
ATENÇÃO?
Entrevistada 5: a Mabel e a Marilan concorrem para ver qual ganham em feiúra. Se fosse para
escolher a mais feia seria a Mabel de chocolate. Não gostei do chocolate, os biscoitos estão
muito espaçados, muito grandes, irreais, não gosto dos biscoitos mordidos. A gente age de
uma forma tão mecânica, não tem consciência disso tudo. A gente vai com pressa ao
supermercado e não pára para pensar. A gente não percebe. Mas de fato, uma embalagem
mais bonita te chama mais a atenção, te faz ficar com vontade né? Isso é óbvio.
Entrevista realizada em 12/07/2006
Entrevistada 6 29 anos casada residente na cidade de São Paulo - pertence à
classificação A2 da CCEB
ENTREVISTADORA: OS COMPONENTES ESCRITOS DAS EMBALAGENS
TRANSMITEM ALGUMA COISA PARA VOCÊ?
Entrevistada 6: eu acho que o tipo de letra influencia na percepção que a gente tem da
embalagem. Acho que algumas letras passam mais confiança, como a Bono floresta negra. Já
a Mabel de chocolate, se a gente perceber, a embalagem é menos brilhosa, ela não passa tanta
confiança de um produto bom. Acho que algumas letras são mais deprimentes, outras são
mais animadas. Acho esse brigadeiro da Bauducco escrito, acho jovial, brincalhão, divertido.
Eu não gostei desse mousse da Adria de morango, acho essa letra cansativa, chata.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS LETRAS SERIA A SUA PREDILETA?
Entrevistada 6: nenhuma me chama tanto a atenção. Acho que eu presto atenção mais no logo
da marca do que no sabor. Mas do sabor, não gosto desse waffer morango Marilan. Parece
uma coisa gorda, sem sal, não sei te explicar, faltou vida. Talvez o de chocolate com avelã da
Bauducco é clean. Mas acho que a que mais gosto é a da Triunfo maçã com canela, o estilo.
252
Acho que ela é mais arredondada, tem mais a ver comigo, meu estilo assim. Ela está mais
para conservadora. Acho que seria uma ‘pessoa’ com bom senso esse maçã com canela. Já
esse waffer morango da Marilan seria uma ‘pessoa’ pesada, chata, mala sem alça. Esse
chocolate com avelã da Bauducco seria uma ‘pessoa’ clean, prática, direto ao ponto. O
brigadeiro da Nestlé é uma pessoa mais adolescente/jovem, mais divertida. Esse waffer
chocolate Mabel é um pouco antiquado.
ENTREVISTADORA: A LISTA DE INGREDIENTES É IMPORTANTE PARA VOCÊ?
Entrevistada 6: eu nem olho, nem informação nutricional, não me preocupo com isso.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS VOCÊ ACHA QUE COMUNICA MELHOR O
CONTEÚDO, INCLUINDO AS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 6: essa de limão da Adria se comunica bem. Ficou bem colorida, chama a
atenção. É engraçado porque todas as embalagens têm as mesmas imagens, são parecidas, têm
a bolacha, o biscoito, tudo que é de limão tem o limão do lado, tudo que é chocolate tem o
chocolate do lado, mas eu achei esse design comunicou bem, eu gostei.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. QUAL VOCÊ PREFERE?
Entrevistada 6: eu não tinha reparado nestes detalhes que você me falou. Acho que prefiro o
biscoito aberto porque já mostra que é cremoso, que tem o recheio legal, como nesse
Bauducco chocolate com avelã. Aqui também no Bauducco triplo chocolate você vê e fala
nossa que cremoso, tem meio amargo, branco, ao leite, tudo isso, então eu gosto desse
desfolhado. Dá mais vontade de comer o biscoito.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA PROPOSTA DA PARMALAT DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO INTEIRO SOZINHO?
Entrevistada 6: acho que fica ruim um biscoito só, ficou sem graça. Você nunca come biscoito
porque é algo super saudável. Biscoito é aquela coisa que você come de sábado à tarde,
aquela fominha que não é fome, é gula, então você não come um só, você come vários né?
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER UMA DE LIMÃO, QUAL
VOCÊ COMPRARIA SEM QUE CONHECESSE NENHUMA DESTAS MARCAS?
Entrevistada 6: eu levaria a Triunfo porque é maior! Achei que o limão está clean. Tem até a
cor do Brasil, verde e amarela. Escolheria esse. A da Mabel é sem graça, faltou alguma coisa
no lado superior direito, está sem appetite appeal. Está um pouco mais moderna talvez essa
embalagem. A Triunfo limão dá um status para o sabor limão.
ENTREVISTADORA: E SE NENHUMA DESTAS EMBALAGENS TROUXESSE
INFORMAÇÕES ESCRITAS, QUAL VOCÊ ACHA QUE COMUNICARIA MELHOR O
CONTEÚDO APENAS PELAS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 6: eu diria que a triplo chocolate da Bauducco, eu gosto que está escrito ‘meio
amargo, branco, ao leite’. Mas se não tivesse nada escrito, apenas o obrigatório, não sei. É
engraçado porque é difícil não levar em conta a marca, pois a marca diz se o biscoito tem
qualidade, se não tem. Mas, acho que a da Tostines brigadeiro é a melhor. Mesmo se
ocultarmos a marca e o escrito, dá para ter certeza de que é um biscoito de brigadeiro.
ENTREVISTADORA: MAS A DA BAUDUCCO TAMBÉM TEM BRIGADEIROS
DESENHADOS...
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Entrevistada 6: hum, não sei te dizer. Acho que a Bauducco está melhor, está mais bacana o
design, até no recheio dá para ver que tem brigadeiro, o granulado, de fato. Mas na da
Tostines as camadas são mais grossas.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE ESCOLHER UMA DE CHOCOLATE, QUAL
VOCÊ ESCOLHERIA: MABEL, BAUDUCCO OU MARILAN?
Entrevistada 6: a da Bauducco, porque tirando a marca o papel dela é melhor, me passa mais
brilho. A Mabel é muito sem graça. O desenho do biscoito deles não passa uma qualidade
boa. Eu acho que é a cor, ele não passa que é crocante, não sei se talvez a cor dele, é diferente.
É menos queimado né. Se a gente for ver a gente pode até pegar uma embalagem pensando
que é outra né. A Triunfo de limão e a Mabel estão bem parecidas. A Marilan é normal. Acho
que está muito escura a embalagem. O biscoito... Aqui não parece que é de verdade, essas
gotas aqui estão um pouco falso, artificial. Não é crocante. Não parece que o biscoito é
delicioso, não traz isso para mim, talvez eles poderiam mexer aqui na foto.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA COR QUE VOCÊ NÃO APROVA EM
EMBALAGEM DE ALIMENTOS?
Entrevistada 6: roxo. Me transmite morte, coisas deprimentes. Não tenho cor predileta.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHOU DE A EMBALAGEM DA TOSTINES SER
A ÚNICA BRANCA?
Entrevistada 6: ela é mais clean, acho que ela chama a atenção na gôndola quando você tem
todas elas coloridas.
ENTREVISTADORA: VOCÊ GOSTOU DESTA EMBALAGEM?
Entrevistada 6: depois que você falou que ela era branca, eu acho pouco atrativa. Dá muito
mais vontade de comer uma Bauducco triplo chocolate ou uma Bono floresta negra, apesar de
ela ser escura, o azul dá um toque especial, diferente da Marilan chocolate, que é toda
marrom, fica meio apagadinha, meio tristinha.
ENTREVISTADORA: QUANTO AOS ASPECTOS NUTRICIONAIS, APENAS AS
ILUSTRAÇÕES TRANSMITAM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO SER
NATURAL, SEM CONSERVANTES, SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL, CALÓRICO
ETC?
Entrevistada 6: transmitem sim. Eu acho que dá para parecer, acho que da para você tirar foto,
o ângulo assim, você aumenta. Acho até que os biscoitos parecem mais bonitos nas
embalagens do que de fato são. Acho que às vezes acontece isso. Eu já cheguei a comprar
uma bolacha Passatempo da Danone achando que era a Passatempo da Nestlé porque a
embalagem estava muito parecida e aí eu comi e falei ‘nossa, essa bolacha está muito
horrorosa’. Aí novamente eu comprei sem querer essa mesma e pensei ‘essa bolacha está ruim
mesmo hein, piorou muito a qualidade’. Quando eu olhei estava comprando a Danone e não a
Nestlé.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER DE
MORANGO E NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA.
QUAL EMBALAGEM SERIA MAIS APELATIVA PARA VOCÊ?
Entrevistada 6: a da Duchen. Primeiro porque eu detesto fruta, então eu já nem olho muito
para elas. O morango está mais, parece que está mais fresquinho o morango deles, eu acho.
Esse morango da Marilan está muito horroroso, o morango por dentro está muito artificial. Eu
não gosto muito de morango e nem sei como é o morango por dentro, mas assim ele não é, e
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da Adria também está rosa ao invés de estar vermelho, talvez seja um pouquinho mais
vermelho, mais avermelhado, não tão rosa assim.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE A DONA DA MARILAN, O QUE VOCÊ
MUDARIA NESTA EMBALAGEM?
Entrevistada 6: eu mudaria de novo aqui essa parte artificial (caldinho de morango), eu tiraria,
tiraria esse morango cortado, colocaria talvez um morango inteiro, melhor que esse morango
cortado. Essa letra também eu não gosto, acho pouco profissional, passa pouca confiança essa
letra.
ENTREVISTADORA: POR QUE VOCÊ NÃO GOSTOU DESSE MORANGO CORTADO,
VOCÊ SÓ FALOU DELE, NÃO FALOU DOS OUTROS INTEIROS...
Entrevistada 6: o inteiro está melhor, o inteiro está com uma cara melhor que este aqui. Este
cortado está muito feio. Está muito artificial, acho que morango por dentro não é assim. Passa
pouca credibilidade.
ENTREVISTADORA: E A ILUSTRAÇÃO DO BISCOITO?
Entrevistada 6: o biscoito é sem graça, ele é muito clarinho, acho que desses de morango,
apesar de ele estar sozinho o da Duchen, ele passa mais credibilidade do que todos os outros.
ENTREVISTADORA: IMAGINE QUE A BAUDUCCO TROCASSE SUAS
EMBALAGENS AMARELAS POR EMBALAGENS ROXAS. MESMO CONHECENDO A
QUALIDADE DO BISCOITO, ISSO PROVOCARIA ALGO EM VOCÊ?
Entrevistada 6: acho que se não tivesse nenhuma outra marca que eu conhecesse e gostasse aí
eu compraria a Bauducco roxa, por já ter uma lembrança da marca.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ NÃO CONHECESSE A MARCA E ELA SURGISSE
NO MERCADO EM EMBALAGEM ROXA?
Entrevistada 6: sem conhecer, acho que eu não compraria não.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ EXPERIMENTASSE UM BISCOITO WAFFER
SABOR UVA NO MERCADO E GOSTASSE DA QUALIDADE, SÓ QUE AO PROCURÁ-
LO NA GÔNDOLA VOCÊ SE DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA,
MONOCROMÁTICA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR
UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 6: compro, mas só experimentaria se estivesse mesmo com fome. Se eu não
experimentasse eu não compraria a embalagem roxa. A única embalagem roxa que eu
compro, eu nem sei se existe mais, é o do Lancy chocolate, que é roxa, e esse eu compro,
mesmo sendo roxa.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE A EMBALAGEM COMO ‘ROUPA’ DO
PRODUTO VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO MESMO?
Entrevistada 6: a Tostines brigadeiro parece ser uma pessoa conservadora. A Bauducco triplo
chocolate seria uma pessoa prática, antenada, ligada. A Mabel de chocolate seria uma pessoa
antiquada, pouco moderna, pouco ligada, pouco antenada com as tendências. A Bono floresta
negra seria uma pessoa arrojada, agressiva, para frente. A Duchen seria uma pessoa centrada,
sem sal, sem muita crítica, uma pessoa ok. Essa Adria mousse de morango uma pessoa fresca,
não me toque. Esse Marilan uma pessoa mais falsa. Esse Triunfo limão uma pessoa alegre. A
maçã com canela, eu não gosto desse sabor, mas seria uma pessoa mais tradicional.
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ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DESSA EMBALAGEM DA TRIUNFO
(MAÇÃ COM CANELA)?
Entrevistada 6: acho chique. Esse dourado passa uma coisa bacana, chique assim. Não gosto
de maçã, gosto só da canela. O toque da canela deu um tchan. Se o biscoito fosse só de maçã
seria sem graça, mas maçã com canela o pessoal diz que é bom.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
ORIGINAL, MAIS CRIATIVA?
Entrevistada 6: acho que a Bono Nestlé. Todas são muito parecidas, todas colocam o biscoito,
a mesma coisa. Acho que pelo fundo da embalagem, tem uma cereja. Se você for ver acho
que ela é uma das mais... Ao mesmo tempo em que ela é escura, ela é uma escura alegrinha.
Original, original não tem, mas acho que ela tenta se diferenciar, mesmo sendo chocolate.
ENTREVISTADORA: AS EMBALAGENS DESPERTAM DESEJO, VONTADE DE
COMER?
Entrevistada 6: às vezes, quando eu estou com fome. Na gôndola do supermercado acho que
desperta.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS DÁ MAIS VONTADE DE COMER?
Entrevistada 6: a de chocolate com avelã, é um sabor diferente, eu nunca vi, e eu gosto de
chocolate com avelã.
ENTREVISTADORA: AS EMBALAGENS SÃO CAPAZES DE DESPERTAR
SENTIMENTOS, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 6: acho que elas passam uma coisa mais moderna, outras mais antiquadas. Mas
eu não associo a pessoas. Só estas menores eu me lembro de que eu comia quando eu era
pequena, no recreio, mas hoje não me traz nenhuma ligação afetiva, absolutamente nada.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE AS CORES INFLUENCIAM O SEU ESTADO
DE ESPÍRITO?
Entrevistada 6: acho que sim. Se você está alegre você compra uma amarelinha né?
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS CHAMA MAIS A ATENÇÃO QUANDO NA
GÔNDOLA?
Entrevistada 6: a da Parmalat, porque é vermelha.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, QUAL VOCÊ ESCOLHERIA: A DA PARMALAT OU DA BAUDUCCO?
Entrevistada 6: eu nem tinha visto que essa da Parmalat era de chocolate com avelã. Ela não
chamou minha atenção. As avelãs estão menores, tem que chegar bem perto para ver o sabor.
ENTREVISTADORA: O QUE OCORRE PRIMEIRO NO ATO DA COMPRA: SENTIR,
PENSAR OU AGIR?
Entrevistada 6: eu ajo depois eu penso.
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Entrevista realizada em 25/06/2006
Entrevistada 7 40 anos casada 1 filho residente na cidade de São Paulo - pertence
à classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: SE ESTAS EMBALAGENS ESTIVESSEM DISPOSTAS NA
GÔNDOLA, QUAL DELAS CHAMARIA MAIS A SUA ATENÇÃO?
Entrevistada 7: da Bauducco chocolate com avelã, porque eu gosto de chocolate e também por
causa da avelã. Pela combinação dos dois, chocolate com avelã.
ENTREVISTADORA: MAS EXISTE ESTA DE CHOCOLATE COM AVELÃ DA
MARCA DUCHEN. POR QUE ESTA NÃO CHAMOU A SUA ATENÇÃO?
Entrevistada 7: neste caso é porque eu só conhecia esta marca Bauducco.
ENTREVISTADORA: E SE NÓS OCULTÁSSEMOS O NOME DA MARCA?
Entrevistada 7: olhando pela figura, pelo desenho, eu não me prenderia tanto, é mais pelo que
eu conheço, pela composição, no caso seria a Bauducco por esse motivo, embora a outra seria
semelhante, chocolate com avelã também.
ENTREVISTADORA: EXISTEM DIFERENÇAS NO COMPOSTO VISUAL DAS
EMBALAGENS EM TERMOS DE COR, LETRAS, FOTOS ETC. O QUE VOCÊ TEM A
DIZER COM RELAÇÃO A ESTAS DUAS EMBALAGENS ESPECÍFICAS?
Entrevistada 7: o tamanho das frutas, da avelã, e o chocolate chamam mais a atenção, a figura
realmente chamaria mais a atenção, não observando realmente o nome.
ENTREVISTADORA: QUAL É A EMBALAGEM QUE CONTÉM OS COMPONENTES
ESCRITOS MAIS INTERESSANTES NA SUA OPINIÃO, SUPONDO QUE VOCÊ NÃO
PUDESSE CONTAR COM AS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 7: a Bauducco triplo chocolate, pois eu gosto de chocolate e em casa o chocolate
tem primeiro lugar. O escrito triplo chocolate subentende-se que a quantidade de chocolate é
maior do que os demais.
ENTREVISTADORA: E A QUESTÃO DA COR UTILIZADA NAS LETRAS?
Entrevistada 7: é sugestiva, a cor é sugestiva, justamente da cor do chocolate. Chamaria mais
a atenção.
ENTREVISTADORA: VOCÊ CHEGOU A REPARAR QUE NESTA EMBALAGEM
EXISTE ESTE TIPO DE INFORMAÇÃO ESCRITA (REFERINDO-SE A CADA TIPO DE
CHOCOLATE QUE COMPÕE O RECHEIO)?
Entrevistada 7: não, a princípio você vai simplesmente pelo título maior, e não observa os
detalhes.
ENTREVISTADORA: QUAIS DAS LETRAS UTILIZADAS NESTAS EMBALAGENS
VOCÊ REPROVARIA?
Entrevistada 7: a escrita pela Mabel, waffer de chocolate em branco. Ela não chama a atenção,
é apagada e se mistura com o desenho. A marca está destacada, mas o produto não. A da
Triunfo de limão também, embora tenha a figura do limão, o escrito acaba misturando o
verde, embora quiseram usar o verde por causa do limão, mas não chama a atenção.
ENTREVISTADORA: A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL E A LISTA DE
INGREDIENTES SÃO RELEVANTES PARA VOCÊ?
257
Entrevistada 7: sim, eu procuro sempre observar a composição da maioria dos produtos que
eu compro, porque às vezes, principalmente em termos de preço, tem um rótulo bonito, mas é
a mesma composição, a mesma coisa, mas pela marca você está pagando um preço maior e eu
vejo bastante, principalmente, a composição, a porcentagem, as calorias. Eu consulto essas
informações na gôndola, já se tornou uma mania...
ENTREVISTADORA: QUAL VOCÊ ACHA QUE TEM UMA VISIBILIDADE MELHOR
EM TERMOS DAS MENSAGENS ESCRITAS?
Entrevistada 7: alguns acabam destacando realmente a marca, mas eu acho que a Tostines é
interessante. Acho que eles capricham bastante, é bem legível. Embora a Marilan também
tenha destacado bastante o produto, o sabor.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER DE
MORANGO E NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA.
QUAL EMBALAGEM CHAMARIA MAIS A SUA ATENÇÃO E POR QUÊ?
Entrevistada 7: eu compraria a da Duchen, porque a informação nutricional está mais clara.
Eu não me deixaria levar pelo rótulo não.
ENTREVISTADORA: E SE FOSSE APENAS PELAS CARACTERÍSTICAS VISUAIS.
ATÉ VOCÊ MANUSEAR A EMBALAGEM PARA VERIFICAR A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL, UMA DELAS CHAMOU A SUA ATENÇÃO MAIS QUE AS OUTRAS...
Entrevistada 7: olhando simplesmente eu pegaria a Duchen. Acho que o material da
embalagem é mais resistente, o biscoito pode estar mais crocante, embora o tamanho da
Marilan pareça ser maior.
ENTREVISTADORA: TEMOS ILUSTRAÇÕES DE MORANGO NAS TRÊS
EMBALAGENS, HÁ TAMBÉM DIFERENÇAS DE CORES, ENTRE OUTRAS
CARACTERÍSTICAS VISUAIS. O QUE VOCÊ ACHA DESTAS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 7: bom, pelas fotos a Duchen é mais sugestiva porque o morango parece mais
natural. Hoje principalmente essas coisas contam bastante. Então se fosse pela foto seria
realmente essa. Os morangos da Marilan passam uma idéia de artificial, embora todos possam
ter a mesma composição, a embalagem acaba influenciando nesse sentido, o desenho.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO SABOR LIMÃO.
QUAL DESTAS EMBALAGENS CHAMARIA A SUA ATENÇÃO?
Entrevistada 7: eu ficaria entre a Triunfo e a Mabel. A da Adria eu descartei porque a foto não
chama a atenção. Olhando para o rótulo, o desenho, o formato, o tamanho, ou talvez muitas
informações em um rótulo pequeno. Normalmente você passa pela gôndola e não tem tempo
de prestar atenção a tudo isso. O rótulo ficou prejudicado, poluído. Não dá para pegar
rapidamente. Agora a Triunfo está bem clara, tem menos informações. Eu pegaria a da
Triunfo na gôndola. Ela se destaca das outras pelas cores, a combinação, que é de limão, a
faixa dourada acho que chama a atenção, as frutas, embora a da Mabel pareça bem natural. O
aspecto da bolacha da Triunfo, essa cor mais escurinha dá a impressão de mais crocante
porque essa outra é mais clara. Normalmente bolacha nós gostamos porque são crocantes. A
bolacha mais clara da Mabel quando você olha pela figura e a cor ela não dá essa impressão.
A da Triunfo quando você olha dá a impressão de mais crocante, bem recheada.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE ESCOLHER UMA DE CHOCOLATE, QUAL
DESTAS VOCÊ ESCOLHERIA: MABEL, BAUDUCCO OU MARILAN? Entrevistada 7: a
da Bauducco. Acho que eles conseguem captar o que o cliente quer. Eu acredito que eles se
258
preocupam bastante com o cliente. Eu percebo que eles se preocupam com a imagem. Eles
foram felizes nesta embalagem, a combinação de cores, amarelo com marrom, a presença do
chocolate em quantidade, isso também atrai bastante. O chocolate da Mabel é um pouco
apagado, ele não aparece e o recheio da Bauducco se destaca. Na Marilan o chocolate está
presente, mas a cor da bolacha também está infeliz. O escrito do sabor em branco é como se
não tivesse tido essa preocupação aqui. Eles não se preocuparam. A Bauducco tem esse
detalhe da cor do chocolate destacando a palavra.
ENTREVISTADORA: VOCÊ PODE CONTAR UM POUCO MAIS A RESPEITO DO
CHOCOLATE DA MABEL.
Entrevistada 7: bom, geralmente o chocolate é consumido em barras. Ele está em formato de
bombom, sei lá, ta meio confusa essa figura aqui, para ser um chocolate. A cor também foi
infeliz, porque seria um marrom mais claro, não tão escuro. Olhando assim rapidamente não
dá a impressão de chocolate. Depois olhando mais perto tudo bem. E a preocupação deles foi
apresentar a bolacha waffer, mas você percebe que essas outras informações, como a
Bauducco oferece, já falta nesta.
ENTREVISTADORA: E QUAL VOCÊ PREFERE ENTRE AS EMBALAGENS DE
BRIGADEIRO?
Entrevistada 7: em termos de produto eu escolheria a Tostines. Mas pela embalagem a da
Bauducco continua mais sugestiva, pela presença dos brigadeiros, a cor, a escrita, é tudo
claro. A Tostines não está clara. A Bauducco se preocupou bastante com a embalagem, se
preocupa em atrair o consumidor.
ENTREVISTADORA: QUAIS CORES VOCÊ GOSTA MAIS EM EMBALAGENS DE
BISCOITOS?
Entrevistada 7: eu acredito que a da Bauducco, esse tom que ela escolhe, faz o produto se
destacar por causa do amarelo. Essa Triunfo maçã com canela, é privilegiada pelas cores, o
vermelho acaba se destacando, e é uma cor que sobressai as letras. Agora o vermelho, o rosa,
não tanto. Eu acredito que mais de três cores confunde e atrapalha a imagem. As cores têm
que ser bem usadas para atrair o consumidor. A Bono é bem sugestiva, a cor, para uma pessoa
que está procurando chocolate, o marrom. Apesar de que, esse escrito ‘floresta negra’
pequenininho faria com que muita gente não pegaria a embalagem. A cor dá a impressão de
chocolate, que está bem presente no produto. Embora a cereja seja bem pequena. Pelo que eu
observo lá em casa, a cor marrom chama a atenção. Mas a embalagem é atraente, chama a
atenção, apesar do sabor não estar destacado.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. ISSO FAZ DIFERENÇA PARA VOCÊ?
Entrevistada 7: não. Mas pelo visual, pela embalagem, é interessante para você ver a
espessura do recheio, o que conta bastante. E muitas vezes ficamos frustrados quando
compramos um produto que não condiz com aquilo que está na embalagem. O mordido da
Tostines passa uma idéia de recheio abundante, embora a Bauducco apareça aberta, mas pela
mordida dá a impressão de maior recheio. Apesar de a Bauducco ter se preocupado e ter
colocado bastante recheio, a da Tostines está mais sugestiva. Mas isso olhando de perto, com
mais tempo, porque em pé, mais rapidamente, em frente à gôndola, você escolheria a aberta
da Bauducco porque o visual acaba chamando a atenção, que é a quantidade de chocolate,
tanto da bolacha quanto do recheio. Acho que esse tabletes em volta chamam a atenção.
2
59
ENTREVISTADORA: QUANTO AOS ASPECTOS NUTRICIONAIS, APENAS AS
ILUSTRAÇÕES TRANSMITAM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO SER
NATURAL, SEM CONSERVANTES, SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL, CALÓRICO
ETC?
Entrevistada 7: talvez seria o de maçã com canela, porque o fato de ser uma fruta por mais
que seja uma bolacha, o fato de ser maçã com canela dá assim uma impressão de ser algo
natural, então seria essa.
ENTREVISTADORA: EM TERMOS DE INFORMAR E TRANSMITIR, DE FORMA
MAIS EFICAZ, O QUE O PRODUTO É, EM POUCOS SEGUNDOS, QUAL VOCÊ ACHA
MELHOR?
Entrevistada 7: a Bauducco porque ela explica através do desenho, ela tem essa preocupação
em mostrar, por exemplo, ao leite, branco e amargo.
ENTREVISTADORA: E QUAL DELAS É A MENOS COMPETENTE NESTA FUNÇÃO?
Entrevistada 7: acho que a Marilan. Ela se preocupou em colocar o sabor, mas não tem
detalhes a respeito do produto. Poucas informações sobre o produto. A mais difícil é a da
Nestlé de floresta negra. Se você não olhar com detalhe você compra pensando que é de
chocolate.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ‘ROUPA’
DO PRODUTO, VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
MESMO?
Entrevistada 7: a Adria passa uma impressão de mais simples. O tamanho da embalagem, as
cores usadas... A mais sofisticada é a da Bauducco, você espera encontrar algo bom por causa
da embalagem. A da Marilan seria uma coisa mais extravagante, uma coisa meio misturada,
as cores, como se tivesse sendo jogada, solta talvez.
ENTREVISTADORA: QUANDO VOCÊ OLHA PARA UMA EMBALAGEM HÁ
ALGUMA ASSOCIAÇÃO AFETIVA, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM
MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 7: a de chocolate com avelã da Bauducco, porque a avelã fez muita parte da
minha infância. Então quando eu vejo esse pacote com essa figura eu volto pro passado. A
avelã me acompanhou em uma época da minha vida. A família, a natureza, por ela estar
presente na minha infância, eu acabo associando. Acho interessantes essas que tem frutas,
como os de morango e a maçã, são duas frutas que eu tive na minha infância, eu acompanhei
do plantio à colheita, então marcam bastante. Todas as embalagens que aparecem chocolate
puro eu me lembro do meu marido, e também da minha filha. Eu gosto mais de frutas. Então
quando tem de chocolate eu compro para alegrá-los.
ENTREVISTADORA: NO ATO DA COMPRA, EM QUE ORDEM APARECEM OS
VERBOS SENTIR, PENSAR E AGIR?
Entrevistada 7: eu penso primeiro, preciso ver os produtos, o que tem no rótulo. O próximo
seria agir, e depois sentir. A partir do momento que eu olho essa parte racional o sentir vai
corresponder. O primeiro produto que eu pego no mercado é o produto novo. Então eu pego
para ver como é composto. Muitas vezes o preço é semelhante ao dos produtos já conhecidos.
Hoje em dia eu vejo bastante a composição do produto.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ EXPERIMENTASSE NO MERCADO UM BISCOITO
WAFFER SABOR UVA DE UMA MARCA QUE VOCÊ NÃO CONHECESSE, E
260
GOSTASSE DA QUALIDADE, SÓ QUE AO PROCURÁ-LO NA GÔNDOLA VOCÊ SE
DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA, MONOCROMÁTICA, SEM
ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 7: se eu provei o produto e gostei eu levaria, independente da embalagem. Se eu
não tivesse experimentado e fosse novo no mercado, eu acabo levando para experimentar,
independentemente da embalagem. Mesmo sendo uma embalagem simples, as informações
obrigatórias estarão lá. Se é esse produto e desse sabor que eu quero, a embalagem em si pode
ser bonita, atrativa, mas não me deixaria levar pelo rótulo. Embora eles se apresentem de
forma atrativa e bonita, que é para o consumidor comprar. Nem sempre o que é bonito e
chamativo é o melhor.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS QUE NÃO PERGUNTEI E QUE VOCÊ GOSTARIA
DE CHAMAR A ATENÇÃO?
Entrevistada 7: hoje pelo número de marcas existentes no mercado, o apelo do rótulo é forte e
as crianças acabam sendo influenciadas... os pais acabam comprando pelos filhos,
principalmente os que não tem muita compreensão.
Entrevista realizada em 07/06/2006
Entrevistada 8 46 anos casada 2 filhos residente na cidade de São Paulo -
pertence à classificação A2 da CCEB
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DAS EMBALAGENS DISPOSTAS?
Entrevistada 8: eu gosto porque você tem uma variedade que você pode escolher né, em
termos de variedade, em termos de preço, então acho bem interessante todas essas opções que
nós temos no mercado. Eu quando vou comprar, é lógico, não tem como, tem que olhar a
embalagem e tem umas que realmente chamam bastante a atenção. Inclusive têm algumas
aqui que eu ainda não tinha visto e eu estou achando bem interessante, realmente dá vontade
de comprar né.
ENTREVISTADORA: QUAL, POR EXEMPLO?
Entrevistada 8: bom, essa Bauducco (chocolate com avelã) pela embalagem dela você vê e
fala puxa essa é saborosíssima né. Na realidade eu já comprei e particularmente não gostei.
Mas realmente assim, você compra por causa da embalagem, você olha assim, você acha
bonita, que realmente está com chocolate, tal. Tem uma outra da Bauducco que é só
chocolate, que eu gosto muito. É todas elas realmente te pegam pelo visual né.
ENTREVISTADORA: MAS TEVE ALGUMA QUE VOCÊ OLHOU, NÃO CONHECIA, E
A EMBALAGEM TE ATRAIU?
Entrevistada 8: aquela da Adria de limão e de morango gostei muito.
ENTREVISTADORA: POR QUE ELAS TE ATRAÍRAM?
Entrevistada 8: bom, as cores né. A de morango eu achei lindíssima a cor, muito bonita, e a de
limão porque eu realmente gosto de limão. Eu achei que ta bem legal também, ta um verde
bonito ali, me chamou a atenção.
ENTREVISTADORA: MAS VOCÊ GOSTA DE LIMÃO E NÃO FALOU DA MABEL E
DA TRIUNFO, QUE TAMBÉM SÃO DE LIMÃO...
261
Entrevistada 8: eu creio que é porque, vamos supor, a Adria está no mercado há um bom
tempo. Você tem macarrão e outras coisas aí. Deve ser por causa disso né, como é uma marca
mais conhecida, porque eu realmente bati o olho nela ali e achei interessante.
ENTREVISTADORA: E SE, POR EXEMPLO, NÓS OCULTÁSSEMOS AS TRÊS
MARCAS? CONSIDERANDO-SE SOMENTE AS ILUSTRAÇÕES, AS CORES, POR
QUE ESSA DA ADRIA TE CHAMOU MAIS A ATENÇÃO?
Entrevistada 8: na Adria eu achei a cor mais viva, tanto do verde ali que está bem vivo,
quanto o do azul, você tem um azul mais escuro e um mais claro. Acho que teve um contraste
legal, nesse sentido. As outras, como a Mabel, estão usando mais o verde, pegou quase todo o
espaço da embalagem, então eu creio que foi isso que não me chamou tanto a atenção, por
causa disso. A da Triunfo eu creio que é a mesma coisa, ela também ta meio assim um verde
um pouco mais escuro, aí depois tem um verde ali, mas ele também realmente não me
chamou a atenção.
ENTREVISTADORA: DE QUAL LETRA VOCÊ GOSTA MAIS?
Entrevistada 8: a que está na Marilan (morango) eu acho bem interessante. Não sei se porque
eu uso óculos, mas realmente é uma coisa assim que você bate o olho e você consegue
identificar rápido que é morango. Então eu acho essa letra bem legal. A da Mabel (chocolate)
a letra dela também acho bem interessante.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ ADJETIVARIA A LETRA DA MARILAN
(MORANGO)?
Entrevistada 8: realmente eu gosto, acho que a letra é bonita e ficou muito bem dentro do
espaço da embalagem. Interessante você fazer essa pergunta porque eu acho que é uma letra
alegre, pela maneira sabe, como ta colocada, como está escrita, acho que ela é uma letra ‘pra
cima’.
ENTREVISTADORA: E ESSA DA MABEL (CHOCOLATE), COMO VOCÊ
ADJETIVARIA?
Entrevistada 8: essa eu também gosto, achei interessante também. Eu não diria que ela é uma
letra ‘pra cima’ não, porque pelo tamanho dela, ela é menor, então você bate o olho, você tem
que pegar nela e olhar ela muito de perto para poder identificar. Eu diria que é uma letra
média, que dá pra você ver, mas não coisa que você olha assim e logo identifica né.
ENTREVISTADORA: DE TODAS AS LETRAS QUE ESTÃO AQUI QUAL VOCÊ NÃO
COLOCARIA NA EMBALAGEM SE VOCÊ FOSSE A DONA DA EMPRESA?
Entrevistada 8: acho que essa da Duchen, é uma letra que não me chama a atenção, é meio
apagada, não sei se é porque ela está numa cor mais escura, eu achei assim que fica uma coisa
meio apagada. Eu colocaria outro tipo para chamar mais a atenção.
ENTREVISTADORA: E AS INFORMAÇÕES ESCRITAS, COMO A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL E A LISTA DE INGREDIENTES, SÃO IMPORTANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 8: para mim é, normalmente eu vou lá olhar, eu olho atrás para ver se tem
alguma receita, o que você pode fazer, como se deve guardar, é muito interessante, acho que
isso é bom pro consumidor.
ENTREVISTADORA: VOCÊ LÊ A INFORMAÇÃO QUE VOCÊ CONSIDERA
IMPORTANTE AINDA NA GÔNDOLA OU SOMENTE AO CHEGAR EM CASA?
262
Entrevistada 8: normalmente eu leio na gôndola. Eu quando vou fazer compras geralmente eu
demoro porque eu gosto de ler, ver o que tem, a questão da data, então geralmente eu faço
isso na compra.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE O QUE ESTÁ ESCRITO COMUNICA
ADEQUADAMENTE O QUE O PRODUTO É?
Entrevistada 8: dentro daquilo que é o propósito, eu creio que está bem explicadinho, dá para
você entender perfeitamente, a maneira como é colocado, eu creio que está bom.
ENTREVISTADORA: E QUAL A EMBALAGEM MENOS LEGÍVEL?
Entrevistada 8: olha, essa Bauducco (chocolate com avelã) por causa do tipo da letra dela eu
na realidade tenho que chegar bem de perto, para poder identificar, por causa do estilo da
letra.
ENTREVISTADORA: A RESPEITO DAS ILUSTRAÇÕES, SE OS SABORES NÃO
ESTIVESSEM ESCRITOS, SOMENTE PELAS ILUSTRAÇÕES VOCÊ SERIA CAPAZ
DE IDENTIFICAR O SABOR DO PRODUTO?
Entrevistada 8: eu creio que sim. Por exemplo, a da Bauducco (chocolate com avelã), eu creio
que ela mostra muito bem. Dá para identificar perfeitamente. Essa da Marilan realmente
também dá para identificar. Aquela Bono também dá para identificar bem.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ QUISESSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, QUAL VOCÊ COMPRARIA: A BAUDUCCO OU A DUCHEN, JULGANDO
APENAS PELA EMBALAGEM?
Entrevistada 8: a da Bauducco, porque a embalagem, você olhando, realmente é a que chama
mais a atenção. E é muito importante quando você vê a embalagem você vê uma coisa bonita,
mais à vista, então eu compraria por causa disso.
ENTREVISTADORA: VOCÊ TEM ALGO A DIZER SOBRE A EMBALAGEM DA
DUCHEN?
Entrevistada 8: eu creio que é uma embalagem bem simples, para mim ela está meio apagada.
Vamos supor a ilustração, para quem está de longe não consegue identificar, e eu creio que
essa figura que eles colocaram da bolacha em si, eu creio que está uma coisa assim apagada,
uma coisa meio escura sabe, a da Bauducco está mais brilhosa, mais viçosa, vamos dizer
assim né.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO, QUAL VOCÊ PREFERE?
Entrevistada 8: eu acho mais interessante ele aberto. Acho que tem um visual melhor, a
colocação dele fica melhor. Os mordidos são indiferentes para mim, não sei se eles colocam
para dar o sentido de sei lá, de sabor, mas para mim não, eu só vou sentir o sabor na hora de
experimentar. E esses sozinhos eu realmente acho que ta muito sozinho. Ele ta como se fosse
sozinho no sentido assim, parece que ele está separado, parece que não tem na verdade uma
ligação com o produto sabe, é esse o sentido, é isso que eu estou enxergando, é essa a
mensagem, exatamente. Ele ta uma coisa assim meio isolada, apesar de estar ao lado do
morango (Duchen), mas parece que é uma coisa meio isolada, não dá o sentido que seja uma
coisa assim prazerosa, de você estar comendo ele.
263
ENTREVISTADORA: ENTRE AS DE CHOCOLATE, MARILAN E MABEL, QUAL
VOCÊ PREFERE EM TERMOS DE EMBALAGEM?
Entrevistada 8: eu creio que cai naquela questão realmente de uma coisa que não chama a
atenção, não te dá vontade de comprar. Sabe, uma coisa que você olha assim, não chama a
atenção, você não fala ‘olha que gostoso’. Então eu não tenho vontade de adquirir esse
produto realmente olhando assim a embalagem.
ENTREVISTADORA: NO MOMENTO DA COMPRA, A EMBALAGEM É O PRODUTO.
QUE MENSAGEM ELA TE PASSA A RESPEITO DOS ATRIBUTOS DO PRODUTO?
Entrevistada 8: Essa Marilan (chocolate) eu tenho a sensação que é um biscoito que você pega
ele e que ele não é crocante. Dá a sensação de que é um biscoito que ao você comê-lo ele é
uma coisa mole, sabe bolacha que está passada? Essa é a sensação. Eu não sei se é porque o
tom do biscoito que está aqui, a maneira como ele está colocado, eu acho que o chocolate que
está aqui está uma coisa meio apagada. Parece que está mole o biscoito, não está uma coisa
crocante, uma coisa fresquinha assim.
ENTREVISTADORA: POR QUÊ?
Entrevistada 8: pela cor do biscoito. A cor está esquisita, porque dá a sensação de uma coisa
que não é gostosa sabe? Acho que tinha que ser talvez uma coisa, mesmo a cor do biscoito,
mais um amarelinho, uma coisa assim. Mas ele você olha assim parece aquelas pessoas que
estão, sabe, com anemia?
ENTREVISTADORA: E A MABEL CHOCOLATE?
Entrevistada 8: eu tava falando da cor né, você vê essa cor aqui já não dá aquela sensação,
mas vamos supor, aqui eu acho que esse chocolate é sem brilho, meio apagado (referindo-se
aos bombons). Então você olhando não dá uma sensação que é uma coisa gostosa, prazerosa.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER ENTRE AS DUAS
EMBALAGENS DE BRIGADEIRO?
Entrevistada 8: eu ficaria com a Bauducco, porque você olhando a Bauducco realmente assim
dá a sensação de que aquilo que você vai comer é o que está mostrando na embalagem. Acho
que eles foram felizes a hora que colocaram o desenho do brigadeiro, está uma coisa super
brilhosa, você olha assim, parece uma coisa muito gostosa para se comer. A da Tostines a
diferença para mim na cor. A cor que eles colocam no biscoito da ilustração é uma coisa que
mexe muito, é a mesma sensação. Olhando assim eu não acho que ele é gostoso, apesar de ter
o deseinho aqui (o brigadeiro) tem uma diferença grande. O brigadeiro não está tão atraente
eu creio que porque ele está menor aqui, está colocado de um jeito que parece que ele está
atrás, mas ele está ao lado do biscoito. Você batendo o olho, se você não olhar direito, você
nem consegue enxergar ele. Eu não tinha reparado que tinha esse brigadeiro aqui, e olha que
está bem pertinho aqui de mim. Só agora que eu peguei na mão que eu vi.
ENTREVISTADORA: VOCÊ REPAROU QUE ESSA EMBALAGEM É A ÚNICA
BRANCA?
Entrevistada 8: sim, não sei por que eles optaram pelo branco. Realmente ele ficou apagado.
Entre todas as outras, esse branco ficou apagado. Eu não gostei, achei muito pobre.
ENTREVISTADORA: QUANTO AOS ASPECTOS NUTRICIONAIS, APENAS AS
ILUSTRAÇÕES TRANSMITEM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO SER
SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL, CALÓRICO ETC?
264
Entrevistada 8: essa da Adria (morango) eu achei bonita a embalagem, mas você olhando
realmente dá um sentido assim que tem muito gosto artificial a mais. Eu gostei da cor, mas
você olhando assim parece que tem muito, muito artificial, o morango. E a de limão também.
ENTREVISTADORA: MESMO ELES TENDO TENTADO APROXIMAR A COR DO
RECHEIO COM A COR DA MOUSSE?
Entrevistada 8: mesmo, porque eu não vejo, na minha cabeça, que a cor do mousse seja nesse
tom, por isso que dá a sensação realmente de ser muito artificial. Essa de maçã com canela eu
tenho a sensação de ser muito artificial. Uma porque eu já provei uma vez e ficou uma coisa
assim muito acentuada, não é uma coisa assim mais suave, muito forte. Então dá a sensação
de que é uma coisa muito artificial. Não sei se é por causa do sabor da canela, que já é mais
forte, eu olho assim, e vejo muito artificial. A ilustração da maçã está legal, mas a canela
junto com a maçã, a canela ultrapassa o sabor da maçã.
ENTREVISTADORA: E EM TERMOS DE CALORIAS, DE PUREZA, VOCÊ TEM ALGO
A COMENTAR?
Entrevistada 8: a Bono floresta negra, o sabor dela é muito pesado. Eu já experimentei e
olhando assim você pensa ‘essa coisa deve ter muito recheio, muito calórico’ então eu
olhando assim a Bono eu acho que ela é calórica mesmo. Você vê que a quantia de recheio
essa sensação.
ENTREVISTADORA: E ESTA DA MARILAN (CHOCOLATE)?
Entrevistada 8: olhando realmente também dá a sensação que é uma coisa assim bem calórica
também. Você vê pelo tamanho do recheio. Então também é uma coisa bem artificial. Às
vezes dá até um arrepio.
ENTREVISTADORA: QUE PAPEL VOCÊ ACHA QUE A EMBALAGEM
DESEMPENHA?
Entrevistada 8: embalagem para mim é tudo, o produto está lá dentro, você vai analisar pela
embalagem. Então realmente, uma embalagem bem elaborada, bem trabalhada, acho que é
importantíssimo isso. Até porque de repente, quando você vai consumir o produto, pode até
mudar seu modo de pensar, pode pensar que realmente o produto é gostoso. Então a
embalagem eu penso que é tudo.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ‘ROUPA’
DO PRODUTO. VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
MESMO?
Entrevistada 8: eu creio que sim. Você ta comprando um produto, é lógico pela embalagem,
primeiro pelo visual, e aquilo vai realmente estar mostrando o que é o produto, que é o que
nós estamos esperando. Eu penso que eles não vão vestir, fazer uma embalagem super legal, e
colocar um produto lá que não condiz com o que estão apresentando na embalagem né. Então
eu acho que realmente a embalagem é a roupa do que está lá dentro, do produto.
ENTREVISTADORA: DESTAS QUAL A QUE CHAMARIA PRIMEIRO A SUA
ATENÇÃO?
Entrevistada 8: a da Marilan, no quesito da letra, por causa disso. A da Bauducco (chocolate
com avelã) me diz que o produto é. Quando eu olho a embalagem realmente o produto é o que
é. Eu olho que tem chocolate, que tem sabor de avelã, então eu creio que eles foram fiéis
naquilo que se propuseram a fazer. Ela consegue transmitir isso.
265
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS PASSA UMA IMPRESSÃO DE QUE O
BISCOITO TEM UMA PERSONALIDADE COM ASPECTO NEGATIVO?
Entrevistada 8: eu acho que a da Tostines não foram feliz. A mensagem que passa é de que
não é uma coisa gostosa não. Até porque o tamanho dela está desproporcional com os outros.
Então batendo o olho, sinceramente eu não tinha visto antes. Eu não pegaria, apesar de ser a
marca Tostines.
ENTREVISTADORA: E QUANTO ÀS CORES, TEM ALGUMA QUE VOCÊ NÃO ACHA
LEGAL TER EM EMBALAGEM DE ALIMENTO?
Entrevistada 8: eu acho que dentro dessas aqui, acho que pode ser, não tem, a cor eu acho
que... Voltando aqui nessa da Tostines, essa cor branca realmente eles foram infelizes, no
sentido de chamar a atenção. Eu penso que a embalagem tem que mostrar assim que é uma
coisa gostosa, e esse tom aqui ficou apagado, o branco ficou apagado. Qualquer coisa que eles
colocam aqui parece que não vai ressaltar muito.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA OUTRA DA QUAL VOCÊ GOSTOU DA
COMBINAÇÃO DE CORES?
Entrevistada 8: da Bauducco eu gosto, acho que realmente é uma coisa legal que fizeram.
Traduz bem o produto, ta bem compatível. Eu gosto desse amarelo. Eu prefiro que a
embalagem seja de uma cor só, que não varie conforme o sabor.
ENTREVISTADORA: E QUANTO À CONSERVAÇÃO DO PRODUTO, MANUSEIO, A
EXISTÊNCIA DA FITINHA VERMELHA....
Entrevistada 8: essas que têm a fitinha, quando lançaram, eu achei dez, bem legal. Mas
quando você vai guardar o produto não funciona, a bolacha fica mole. Você tem que guardar
em uma lata. Mas para consumo fora de casa é legal porque não precisa de tesoura. Mas você
tem que arrumar um jeito de fechar, é complicado.
ENTREVISTADORA: QUAL A MAIS ORIGINAL, DIFERENTE?
Entrevistada 8: essa da Marilan, eu acho ela bem original. Realmente assim, você olha e fala
‘é bem legal’, porque ocupou todo o espaço com a cor, tanto a de morango, quanto a de
chocolate.
ENTREVISTADORA: QUANDO VOCÊ OLHA PARA UMA EMBALAGEM HÁ
ALGUMA ASSOCIAÇÃO AFETIVA, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM
MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 8: na realidade, eu sempre que vejo penso no sorvete, nos amigos que gostam
dessa bolacha com sorvete. E em casa também, as meninas, dá para fazer uma coisa legal, de
juntar o pessoal. Normalmente em casa, quando eu compro alguma coisa, é pensando assim
que fulano gosta disso, então é um prazer servir porque sei que ele gosta. Você está
comprando e sabe que é uma coisa prazerosa. Então quando tem em casa, minhas filhas olham
e acham legal.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE ELAS DESPERTAM DESEJOS?
Entrevistada 8: não, eu não sou muito de coisa doce, não faço muita questão. E o recheio para
mim incomoda um pouco, é gorduroso. Para mim não cai bem.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ EXPERIMENTASSE UM BISCOITO WAFFER
SABOR UVA, NO MERCADO, E GOSTASSE DA QUALIDADE, SÓ QUE AO
PROCURÁ-LO NA GÔNDOLA VOCÊ SE DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM
266
TODA ROXA, MONOCROMÁTICA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS
‘WAFFER SABOR UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 8: eu vou ter que gostar muito! Porque envolve muito a família, eu posso gostar e
eles não gostarem.
ENTREVISTADORA: NO ATO DA COMPRA, EM QUE SEQUÊNCIA OCORREM OS
VERBOS SENTIR, PENSAR E AGIR?
Entrevistada 8: olha normalmente eu paro e penso. Aí depois que eu pensei eu tomo a decisão,
levo um, dois, entendeu? Então eu penso, aí eu pego o produto, então eu penso e ajo.
ENTREVISTADORA: EM QUE MOMENTO VOCÊ SENTE?
Entrevistada 8: quando eu estou pensando eu estou sentindo também.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ PUDESSE RESUMIR, VOCÊ DIRIA QUE A COMPRA
É MAIS RACIONAL OU EMOCIONAL?
Entrevistada 8: depende do seu dia. Eu por exemplo passo por todos os corredores do
supermercado. Às vezes no meio do caminho eu vejo algo de que eu preciso. Eu não faço
lista, detesto. Mas a maioria das vezes é racional, mas acredito que em alguns momentos entra
a questão do emocional.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS QUE NÃO PERGUNTEI E QUE VOCÊ GOSTARIA
DE CHAMAR A ATENÇÃO?
Entrevistada 8: essa embalagem da Triunfo de limão ficou muito assim, eu particularmente
não gostei. Achei que ela ficou muito estranha, não sei se a cor que eles jogaram ali. Porque
na realidade para mim não deu sentido a cor do limão, está muito artificial, carregaram demais
no verde. Se a gente for dar uma olhada aqui, na da Adria, a cor está mais compatível com o
limão, está mais real.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DE TER FRUTAS NA EMBALAGEM?
Entrevistada 8: sim, acho interessante. Até porque está identificando o sabor.
ENTREVISTADORA: O QUE A EMBALAGEM DA BAUDUCCO TRIPLO
CHOCOLATE TRANSMITE A VOCÊ?
Entrevistada 8: eu quando olhei, eu não tinha reparado nas setinhas, e vi que era chocolate
escuro com chocolate branco. Mas eu não tinha percebido o meio amargo. Quem olha de
longe parece que o chocolate meio amargo é igual ao chocolate ao leite. Você só percebe
quando chega perto e lê.
Entrevista realizada em 17/07/2006
Entrevistada 9 29 anos casada 1 filha - residente na cidade de São Paulo - pertence
à classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: DE TODAS AS EMBALAGENS QUE ESTÃO AQUI, QUAL
ATRAIRIA MAIS A SUA ATENÇÃO SUPONDO QUE ELAS ESTIVESSEM DISPOSTAS
EM UMA GÔNDOLA?
Entrevistada 9: essa Bono da Nestlé floresta negra, primeiro porque as letras são grandes e
também pela cor da embalagem, o sabor é de chocolate, cor marrom, isso me atrai.
267
ENTREVISTADORA: MAS ESSA EMBALAGEM DA MARILAN DE CHOCOLATE
TAMBÉM É TODA MARROM, POR QUE ELA NÃO TE ATRAIU?
Entrevistada 9: por causa das letras brancas, para mim chama mais a atenção a letra azul, mais
forte, realça mais. Os desenhos, a cereja, tudo, chama mais a atenção a da Nestlé. Se eles
(Marilan) caprichassem melhor na embalagem talvez eu poderia mudar minha opinião.
ENTREVISTADORA: QUANDO UMA EMPRESA FAZ UMA EMBALAGEM BEM
ELABORADA QUE TIPO DE MENSAGEM ELA TRANSMITE A VOCÊ?
Entrevistada 9: eu acho que ela investiu, investiu financeiramente, ela pensou mesmo no
consumidor. A preocupação em realmente vender o produto e fazer o melhor para conquistar
mesmo o consumidor.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE ESCOLHER UMA DE CHOCOLATE, QUAL
VOCÊ ESCOLHERIA, SUPONDO QUE NÃO CONHECESSE AS MARCAS?
Entrevistada 9: a da Marilan, mais uma vez pelas cores, acho que por ser de chocolate, a cor
marrom predominou. Eu sou viciada em chocolate, eu ligo para a cor, a cor é importante para
mim.
ENTREVISTADORA: ALÉM DA COR MARROM, HÁ ALGUMA OUTRA COR QUE
VOCÊ ASSOCIA COM ALIMENTOS OU ALGUMA COR QUE VOCÊ DESAPROVA EM
EMBALAGENS?
Entrevistada 9: eu sempre ouvi dizer que vermelho também faz a gente comer determinado
alimento. Acho que vermelho também é uma cor que a gente vê muito nas embalagens e que
também chama a atenção. Eu gosto de embalagem vermelha.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER DE
MORANGO E NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA,
QUAL EMBALAGEM SERIA MAIS APELATIVA PARA VOCÊ?
Entrevistada 9: a da Duchen. Porque tem uns morangos lindos aqui na embalagem, bem mais
vivos, as cores mais vivas, do que as outras. Também o biscoito está maior, mostra mais
recheio que os outros.
ENTREVISTADORA: QUE MENSAGEM A DUCHEN PASSA PARA VOCÊ POR MEIO
DESTA EMBALAGEM?
Entrevistada 9: que os biscoitos deles são deliciosos, bem recheados, crocantes, pelo visual do
biscoito.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHOU DA EMBALAGEM DA ADRIA DE
MORANGO?
Entrevistada 9: agora olhando está escrito mini waffer, então os biscoitos são menores, apesar
do cor de rosa eu acho que é uma cor mais fraca, mais clara, mas também está interessante,
mas não tão bonita assim, de chamar a atenção como a Duchen.
ENTREVISTADORA: E OS MORANGOS E OS BISCOITOS DA MARILAN?
Entrevistada 9: está faltando cor ali nos biscoitos, estão mais claros, não chamam tanto a
atenção.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ ADJETIVARIA ESSE BISCOITO?
Entrevistada 9: parece que ele não é tão saboroso quanto os outros. Talvez ele tenha mais
biscoito que recheio. Os morangos não estão tão originais. Parece sem muito recheio, não
268
chamou a atenção, um biscoito mais simples, mais fino, parece que vem menos, parece que
são menores.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER UMA DE LIMÃO, QUAL
VOCÊ COMPRARIA SEM QUE CONHECESSE NENHUMA DESTAS MARCAS?
Entrevistada 9: da Triunfo parece que tem mais recheio, mas acho que a embalagem da Mabel
os biscoitos estão mais saltados, chamam mais a atenção. O da Triunfo dá vontade de comer.
Essa embalagem está mais brilhante, os limões mais vistosos, a palavra limão está verde.
ENTREVISTADORA: COM RELAÇÃO À COMUNICAÇÃO VERBAL DAS
EMBALAGENS, O TIPO DE LETRA ESCOLHIDO TRANSMITE ALGUMA
MENSAGEM PARA VOCÊ?
Entrevistada 9: eu acho que combina quando é uma letra mais arredondada, combina com o
formato do limão acho que tem tudo a ver sim, a escolha da letra.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, QUAL VOCÊ ESCOLHERIA: A DA PARMALAT OU DA BAUDUCCO?
Entrevistada 9: eu nem tinha visto que essa da Parmalat era de chocolate com avelã. A da
Bauducco tem uma embalagem mais grossa, parece ter mais quantidade, o desenho das avelãs
está logo de cara aqui. A da Duchen parece que estão mais atrás, você bate o olho você vê só
o biscoito. Da Bauducco você vê primeiro as avelãs e bastante recheio no biscoito, então já vê
logo que é de avelã. A da Duchen você demora mais para perceber.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE BRIGADEIRO, QUAL
VOCÊ ESCOLHERIA: A DA NESTLÉ OU A DA BAUDUCCO?
Entrevistada 9: a da Bauducco porque tem mais brigadeiro no desenho, chama mais a atenção.
Deu pra ver o brigadeiro da Nestlé desenhado, mas tem um só. A da Bauducco tem quatro,
mais o recheio granulado, então dá mais vontade de comer a da Bauducco.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. QUAL VOCÊ PREFERE?
Entrevistada 9: eu acho que o mordido é interessante. Porque mostra assim quando a gente
está comendo, a gente gosta de ver o recheio, então mostra bem, acho interessante.
ENTREVISTADORA: A LISTA DE INGREDIENTES E A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL SÃO IMPORTANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 9: para mim são, porque muitas vezes, por exemplo, eu que tenho filha mais
alérgica, preciso ver se tem corante, ou alguém da família que está de regime, eu vejo a
quantidade de calorias, eu acho interessante sim. Nem sempre eu leio na gôndola, pois são
muito pequenas, eu vejo mais em casa. Só leio na gôndola informações como a questão do
corante, da gordura, que eu posso ler rápido. Com calma às vezes eu leio em casa.
ENTREVISTADORA: SE NÃO HOUVESSE AS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS,
APENAS AS ILUSTRAÇÕES TRANSMITEM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO
SER NATURAL, SEM CONSERVANTES, SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL,
CALÓRICO ETC?
Entrevistada 9: eu acho que não. Precisaria de mais detalhes.
269
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS VOCÊ CONSIDERA QUE MELHOR COMUNICA
O CONTEÚDO, INCLUINDO AS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 9: a Bono de floresta negra, eu acho que foi feliz, é muito linda a embalagem.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE AS ILUSTRAÇÕES VALORIZAM O
PRODUTO?
Entrevistada 9: sim, a embalagem é muito importante. Uma embalagem mal feita passa uma
mensagem de que o produto também é mal feito.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ‘ROUPA’
DO PRODUTO. VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
MESMO?
Entrevistada 9: quando a gente olha a embalagem, se ela não atrai a gente já pensa que o
biscoito não é saboroso. Talvez a gente não deveria agir dessa maneira, mas a gente age
assim. Por isso que é importante ter um visual atrativo, colorido, que chame a atenção, para
saborear o produto. Por exemplo, aquela da Mabel de chocolate. A gente olha e vê um
biscoito bem fininho, um chocolate bem escuro, então você já pensa que é um chocolate
amargo. Eu não compraria, eu imaginaria que não fosse um biscoito saboroso. Essa da
Bauducco de chocolate eu acho positivo, o biscoito aberto com as camadas mostra que tem
vários tipos de chocolate, então chama a atenção para experimentar, ‘será que é tudo isso
mesmo’? Para avaliar em casa e ver se é isso mesmo. Com essa ‘roupa’ a gente acha que o
biscoito é excepcional, maravilhoso, saboroso.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DESSA EMBALAGEM DA TRIUNFO
(MAÇÃ COM CANELA)?
Entrevistada 9: não aparenta ser um biscoito com esses dois recheios, faltou por mais colorido
no biscoito, o recheio está só branco, eu não compraria. Eu também não gosto do sabor, mas...
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE AS CORES INFLUENCIAM O SEU ESTADO
DE ESPÍRITO?
Entrevistada 9: acho que sim, mas hoje tudo é muito colorido, todas as empresas colocam as
cores bem vivas.
ENTREVISTADORA: VOCÊ REPAROU QUE A EMBALAGEM DA TOSTINES É A
ÚNICA BRANCA?
Entrevistada 9: não tinha visto. Acho que não foi feliz não. Usar um colorido no fundo chama
mais a atenção. Acho que colocaram o branco para destacar o preto. Se fosse invertido seria
melhor.
ENTREVISTADORA: AS PROMOÇÕES E EXPERIMENTAÇÕES NO PONTO DE
VENDA FAZEM VOCÊ MUDAR DE IDÉIA?
Entrevistada 9: às vezes fazem sim. Muitas vezes eu já comprei produtos que experimentei e
vi que era bom, coloquei no carrinho.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ EXPERIMENTASSE NO MERCADO UM BISCOITO
WAFFER SABOR UVA E GOSTASSE DA QUALIDADE, SÓ QUE AO PROCURÁ-LO
NA GÔNDOLA VOCÊ SE DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA,
MONOCROMÁTICA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR
UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
270
Entrevistada 9: sim, se eu experimentei e gostei. Se eu não tivesse experimentado, aí só
olhando a embalagem talvez eu não compraria. As ilustrações fazem falta.
ENTREVISTADORA: AS EMBALAGENS SÃO CAPAZES DE DESPERTAR
SENTIMENTOS, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 9: não, emoção não. A única coisa é que, por exemplo, eu acho que os biscoitos
de limão, de morango, vão bem no verão, os de chocolate vão melhor no frio, apesar de eu
comprar em qualquer época. Quando você olha limão, por exemplo, você pensa em uma
bebida gelada, pensa em verão, em época de calor. A questão do chocolate a gente presenteia
as pessoas.
ENTREVISTADORA: EM QUE SEQÜÊNCIA OCORREM OS VERBOS SENTIR,
PENSAR E AGIR NO ATO DA COMPRA?
Entrevistada 9: eu sinto, depois penso e depois ajo. Quando eu paro em frente à gôndola, eu
sinto vontade de comer, desperta a vontade principalmente quando uma embalagem está bem
caprichada. Aí a gente pensa em comprar.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
ORIGINAL?
Entrevistada 9: a da Duchen de morango, as frutas são bem originais, parecem de verdade.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
DIFERENTE?
Entrevistada 9: a da Marilan de chocolate tem esse desenho da barra de chocolate, os
quadradinhos, você associa o formato com o do biscoito, retangular, é mais diferente.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
SOFISTICADA?
Entrevistada 9: a da Bono tem umas cerejas lindas, no recheio você vê pedaços de cereja...
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE ILUSTRAÇÕES BEM ELABORADAS NAS
EMBALAGENS AJUDAM A FORMAR A IMAGEM DA MARCA?
Entrevistada 9: acho que sim, mas é um conjunto, da embalagem, do produto, várias coisas.
ENTREVISTADORA: ALGUMA DESTAS EMBALAGENS É CONFUSA?
Entrevistada 9: a da Duchen de chocolate com avelã, as avelãs estão mais escondidas, então
eu tenho que parar para ler e ver que é de chocolate com avelã. As de morango, de limão, às
vezes só pela cor você já sabe de que sabor é. Olha, apesar de ser Nestlé, a embalagem da
Tostines não é muito caprichada. Não precisa ler, mesmo tendo um brigadeiro só, ela passa a
mensagem. Mas ficou pobre colocar só um brigadeiro. Poderiam ter colocado mais. A da
Mabel de chocolate o desenho está meio embolado, o escrito está bem menor ali.
ENTREVISTADORA: ALGUMA OUTRA OBSERVAÇÃO?
Entrevistada 9: a Mabel, que eu falei que é fininha, eu acho até que o desenho da embalagem
deve corresponder ao conteúdo, porque observando a da Bauducco o biscoito é mais grosso, é
mais recheado, tem mais camadas, a embalagem é mais alta, então eu acho que está
correspondendo. Então parece que a qualidade da Mabel é inferior à da Bauducco. As letras
também importam, não só o desenho. A cor também. A Bono eu não cheguei a ver o escrito
do sabor em branco. Eu sabia do sabor pelos desenhos, pela cereja, pelo recheio. Quando eu
falei da Triunfo maçã com canela, eles poderiam ter colocado um recheio como se tivesse
271
canela moída como foi essa da Nestlé, que colocou pedacinhos de cereja, eles tiveram essa
preocupação. Você olha da Bauducco triplo chocolate, chamam a atenção as flechas, as
camadas, parece ser um biscoito mais sofisticado, com três sabores. Transmite uma
mensagem boa. O colorido da Triunfo eu não gostei dessa laranja, muito clarinho, não
combinou, devia ser cores mais vivas, podiam explorar a outra cor da maçã verde também. A
calda da Marilan de morango não chama atenção, porque o recheio está muito clarinho, não
achei interessante não.
Entrevista realizada em 04/07/2006
Entrevistada 10 23 anos casada residente na cidade de São Paulo - pertence à
classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS CHAMA MAIS A SUA
ATENÇÃO E POR QUÊ?
Entrevistada 10: Bono da Nestlé, por causa do escrito, do nome do biscoito, que está bem...
ENTREVISTADORA: O QUANTO OS ESCRITOS, RELACIONADOS À INFORMAÇÃO
SOBRE O PRODUTO, SÃO IMPORTANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 10: às vezes, por exemplo, olhando só o desenho, nem sempre eu consigo ter
certeza do que é, o desenho dá uma pista, mas eu gosto de ler para saber. Por exemplo, esse
Parmalat de morango, eu olho os moranguinhos e acho que realmente é um biscoito de
morango. Mas porque eu acho importante ler, porque aí me dá certeza daquilo que eu estou
vendo. Ah realmente eu acho que é de morango, e é mesmo, é um biscoito waffer de
morango, como eu imaginei mesmo.
ENTREVISTADORA: E SE AQUELE BISCOITO BONO WAFFER DE FLORESTA
NEGRA NÃO TIVESSE NADA ESCRITO, NEM A MARCA NESTLÉ, A EMBALAGEM
TERIA CHAMADO A SUA ATENÇÃO APENAS PELOS ASPECTOS VISUAIS?
Entrevistada 10: teria, por causa do tom de chocolate, da cor da embalagem toda, e chocolate
me atrai bastante, entendeu? Talvez por isso. A cor também é importante para mim, me
chamou bastante a atenção, as cerejas vermelhas, porque dá um colorido assim, quebra um
pouco o marrom, fora dos escritos é basicamente isso mesmo. O desenho dos biscoitos, mas a
cor é o principal.
ENTREVISTADORA: A COR MARROM TRANSMITE ALGUMA EMOÇÃO PARA
VOCÊ, ALÉM DE FAZER SABER QUE É DE CHOCOLATE?
Entrevistada 10: não, é porque sempre quando eu vejo doce, quando a embalagem é marrom,
eu associo a chocolate, e eu gosto muito de chocolate, então sempre me atrai entendeu, mas
nada além disso, não conscientemente, pelo menos.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER UMA WAFFER DE
CHOCOLATE, APENAS PELOS ASPECTOS VISUAIS, QUAL VOCÊ ESCOLHERIA?
MABEL, BAUDUCCO OU MARILAN?
Entrevistada 10: Marilan. Porque parece que ela é mais chocolate que as outras, por causa da
embalagem, acho que o apelo dela para chocolate é maior, por causa dos desenhos e da cor,
marrom, cor de chocolate.
272
ENTREVISTADORA: QUE INFORMAÇÕES ESSA EMBALAGEM TE TRANSMITE A
RESPEITO DO PRODUTO?
Entrevistada 10: o produto é de chocolate e tem muito chocolate!
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ DIRIA SOBRE A EMBALAGEM DA MABEL?
Entrevistada 10: o apelo dela é mais fraquinho eu diria, em relação ao chocolate. Eu olhando
para a Mabel eu não tenho a sensação que ela é tão de chocolate como essa, por causa da
embalagem. Porque tem só esse desenhinho do chocolate, não tem esse chocolate assim
derretido, e não é marrom, tem toda essa coisa da cor também. Mas o desenho da Marilan é
mais significativo com relação ao chocolate.
ENTREVISTADORA: POR QUE VOCÊ NÃO ESCOLHEU A EMBALAGEM DA
BAUDUCCO?
Entrevistada 10: por causa do chocolate branco, apesar de que eu achei que ela é bem
chamativa também, no aspecto do sabor, mas não é tão chocolate igual à Marilan.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER UMA DE MORANGO, E
NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA. QUAL
EMBALAGEM CHAMARIA MAIS A SUA ATENÇÃO E POR QUÊ?
Entrevistada 10: das de morango a que me chamou mais atenção foi a da Duchen, por causa
dos desenhos dos morangos, eles para mim aparentam que são morangos muito frescos, muito
vermelhinhos, muito gostosos, então foi a que mais me chamou a atenção. Apesar de a
Marilan ter todo esse apelo do morango, esses morangos aqui me agradaram mais, pelo
aspecto deles. Então me chamou mais atenção, eu levaria essa aqui. A Adria não me atraiu em
muita coisa, porque o morango está tão longe, parece que é tão pouquinho morango. Não sei,
acho que é isso. Mas essa aqui me atraiu bem, bastante, mais do que as outras.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER SABOR
LIMÃO. QUAL DESTAS CHAMARIA A SUA ATENÇÃO, TRIUNFO, MABEL OU
ADRIA?
Entrevistada 10: Triunfo por causa do limão, do desenho do limão também, que traz um
aspecto de limão bem fresco assim, de alta qualidade. Essa aqui, por exemplo, a Mabel, eu
achei o conjunto não chama tanto a atenção, talvez por causa dos limões da Triunfo estarem
mais verdes, chamam mais a atenção que o limão da Mabel que está um verde mais apagado.
Então não parece que é tão limão. A Adria é a mesma coisa, o limãozinho está lá tão longe,
parece que é assim tão pobre de limão.
ENTREVISTADORA: E QUAL VOCÊ PREFERE ENTRE AS DE BRIGADEIRO?
Entrevistada 10: Bauducco, por causa dos desenhos, eu acho que eles estão mais bonitos
também. Então parece que o biscoito é mais gostoso porque o desenho está mais bonito,
entendeu? Transmite essa imagem de ser mais gostoso.
ENTREVISTADORA: E ENTRE AS EMBALAGENS DAS DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, VOCÊ PREFERE A DA BAUDUCCO OU A DA DUCHEN?
Entrevistada 10: a Bauducco, porque eu achei que o desenho dela está mais bonito, eu gostei
mais, dos desenhos da avelã, do biscoito mesmo, do chocolate, eles me transmitem mais
sabor, mais qualidade.
273
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. QUAL VOCÊ CONSIDERA MAIS INTERESSANTE?
Entrevistada 10: o aberto, porque ele te dá uma sensação melhor do recheio mesmo, porque o
que interessa nessas bolachas para mim é o recheio, ele que dá o sabor, então quando você vê
a bolacha aberta você fala ‘nossa, quanto recheio que tem’, então alguma coisa nessa linha,
por isso que eu acho os abertos mais interessantes.
ENTREVISTADORA: QUAL DAS LETRAS UTILIZADAS PARA ESCREVER O SABOR
VOCÊ ACHA MAIS INTERESSANTE?
Entrevistada 10: a Marilan e a Bauducco, elas são mais bonitinhas, mais carismáticas, mais
atraentes, mais redondinhas. Eu gosto mais.
ENTREVISTADORA: A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL E A LISTA DE
INGREDIENTES SÃO RELEVANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 10: dificilmente eu leio, não pelo menos na hora de comprar, depois em casa até
muitas vezes eu olho, mas para comparar esses escritos, esses pormenores, nem tanto. A única
coisa que eu vejo é a data de validade, se o produto não está vencido, e às vezes a quantidade,
o peso, o quanto vem dentro da embalagem, e o produto em si mesmo, o que ele é, o sabor, a
marca às vezes, eu opto pela marca, se eu sei que é uma marca que tem mais qualidade que a
outra, eu vejo qual é a marca, eu sempre procuro ver, às vezes está meio escondido eu procuro
encontrar qual que é, essas coisas.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO TIVESSE NADA ESCRITO, APENAS PELAS
ILUSTRAÇÕES VOCÊ ACHA QUE AS EMBALAGENS COMUNICAM
ADEQUADAMENTE O CONTEÚDO DO PRODUTO?
Entrevistada 10: nestas que estão aqui na minha frente eu entendo que sim, apesar de umas
para mim serem com mais intensidade, mais força que outras, mas eu consigo identificar que
o Bauducco é de brigadeiro, olhando aqui só, a de morango. Enfim, dá para perceber do que
se trata.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ‘ROUPA’
DO PRODUTO. VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
MESMO?
Entrevistada 10: o Bauducco de brigadeiro. O que eu posso dizer? Que é uma pessoa de
personalidade forte, que tem características muito marcantes, muito visíveis, muito facilmente
percebidas. E que é um biscoito muito gostoso, porque tem muito brigadeiro no recheio dele,
eu chego a essa conclusão.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ GOSTASSE DE LER A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
E ELA NÃO EXISTISSE, APENAS PELAS ILUSTRAÇÕES QUE ESTÃO NO PAINEL
PRINCIPAL, VOCÊ CONSEGUE JULGAR SE O BISCOITO É FRESCO, SAUDÁVEL,
GORDUROSO, ARTIFICIAL, QUALQUER ADJETIVO RELACIONADO À NUTRIÇÃO?
Entrevistada 10: acho que nenhum deles seria saudável para mim porque é tudo doce, coisa
que engorda, nem tanto de gordura, gordura, mas açúcar, chocolate, coisa que não é tão
saudável assim né, então eu não diria que eles são saudáveis olhando assim só os desenhos, a
embalagem. Apesar de que também não diria que é muito ruim, eu gosto de doce então...
ENTREVISTADORA: E OS QUE TRAZEM FRUTAS ILUSTRADAS NA EMBALAGEM,
NÃO ALTERAM ESTA PERCEPÇÃO?
274
Entrevistada 10: eu não sei, eu acho que não, eu não sei se é só por causa da embalagem ou se
é por causa de um conhecimento prévio, por exemplo, que eu tenho que eu olho e bolacha de
morango não é, apesar de ser de morango, é doce do mesmo jeito, de limão a mesma coisa. É
igual um mousse de limão, mas e aí, é doce!
ENTREVISTADORA: ATÉ QUE PONTO VOCÊ ACHA QUE AS EMBALAGENS
AJUDAM A FORMAR A IMAGEM QUE VOCÊ TEM DESTAS MARCAS?
Entrevistada 10: eu acho que ajuda sim. Pode ser que eu esteja enganada, mas eu não penso
que tenha sido em função da marca que eu não gostei da embalagem da Adria, mas com
certeza eu penso que, por exemplo, quando eu vejo a marca Bauducco escrita na embalagem,
me chama a atenção, porque eu sei que a Bauducco é uma marca conhecida, estabelecida há
vários anos, uma marca de sucesso, líder, tudo isso né.
ENTREVISTADORA: E SE OS BISCOITOS BAUDUCCO VIESSEM NESTA
EMBALAGEM DA ADRIA? ALTERARIA A SUA PERCEPÇÃO DO PRODUTO?
Entrevistada 10: eu acho que não. Mas eu continuaria não gostando da embalagem, mesmo
com o logo da Bauducco.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACREDITA QUE EMBALAGENS BEM ELABORADAS
AJUDAM A VENDER O PRODUTO?
Entrevistada 10: eu acho, eu acredito que sim.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ EXPERIMENTASSE NO MERCADO UM BISCOITO
WAFFER SABOR UVA DE UMA MARCA QUE VOCÊ NÃO CONHECESSE, E
GOSTASSE DO SABOR, SÓ QUE AO PROCURÁ-LO NA GÔNDOLA VOCÊ SE
DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA, MONOCROMÁTICA, SEM
ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR UVA’ OU ‘SABOR
MORANGO’, QUE É UM SABOR MAIS COMUM, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 10: não, porque só porque é roxo é de uva? Sei lá. Eu tenho que associar e olhar
para a embalagem, que é mesmo. Não iria me agradar, porque assim, eu sei que está escrito
waffer de morango, mas eu acho que o desenho é como se fosse uma, não uma garantia, uma
prova, sei lá, um selo, uma coisa que realmente é isso que eu estou falando. A figura
comprova o que está escrito.
ENTREVISTADORA: EM TERMOS DE INFORMAR O QUE O PRODUTO É EM
POUCOS SEGUNDOS, TRANSMITIR OS ATRIBUTOS DO PRODUTO DE FORMA
EFICAZ, QUAL VOCÊ ACHA MELHOR?
Entrevistada 10: as da Marilan, ambas; a mais seria essa mesmo. As Bauducco também, o
apelo é mais forte. Mas de maneira geral acho que todas elas, batendo o olho, dá para
identificar o que é, qual é o produto. Mas essas duas são as mais fortes.
ENTREVISTADORA: E QUAL DESTAS SERIA A MAIS ORIGINAL?
Entrevistada 10: a Triunfo maçã com canela, por causa do douradinho, achei mais sofisticada
por causa desse tom dourado assim sabe?
ENTREVISTADORA: QUE MENSAGEM ESSA EMBALAGEM TRANSMITE A VOCÊ?
Entrevistada 10: que é uma coisa mais fina, por causa dessa cor. Talvez por causa do sabor
também, que é maçã com canela, é um negócio mais... não é chocolate, brigadeiro... Por causa
desse detalhe da embalagem, ela traz um ar de sofisticação assim.
275
ENTREVISTADORA: ALGUMA DELAS DESPERTA ALGUM SENTIMENTO EM
VOCÊ? ALGUMAS
Entrevistada 10: eu não sei, mas, não vejo nenhuma associação assim olhando. Não tem
nenhuma recordação. Tem uma marca de leite que é a marca que sempre os meus pais
compram na casa deles. Então sempre que eu vejo esse leite eu lembro que é de lá, que eu
tomava todo dia de manhã. E eu compro às vezes o leite, porque é um leite muito gostoso.
Mas eu tenho essa lembrança.
ENTREVISTADORA: E SE ELES MUDASSEM A EMBALAGEM DESTE LEITE, COMO
VOCÊ SE SENTIRIA?
Entrevistada 10: eu não sei se eu ia mudar alguma coisa, a menos que talvez eu nunca mais
visse essa embalagem na casa deles. Mas a embalagem sendo mudada e eles continuarem
comprando a embalagem, a associação continua a mesma.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACREDITA QUE AS CORES INFLUENCIAM O SEU
ESTADO DE ESPÍRITO?
Entrevistada 10: eu acredito, mas eu não tenho certeza, porque eu nunca tive uma experiência
neste sentido.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA COR QUE VOCÊ NÃO GOSTA QUE SEJA
COLOCADA EM EMBALAGEM DE ALIMENTOS?
Entrevistada 10: em princípio não, mas acho que talvez umas cores mais escuras, mais
fechadas, tipo preto, roxo, sozinhas, talvez não seja muito legal. Mas eu gosto de coisa
colorida, então sempre o que é colorido me chama a atenção.
ENTREVISTADORA: VOCÊ SE LEMBRA DE ALGUM MOMENTO EM QUE VOCÊ
PASSAVA PELA GÔNDOLA E UMA EMBALAGEM FISGOU SUA ATENÇÃO MESMO
VOCÊ NÃO INTENCIONANDO COMPRAR AQUELE PRODUTO?
Entrevistada 10: olha, já aconteceu comigo sim, mas eu não lembro o que era. Mas já, acho
que mais de uma vez eu parei porque a embalagem chamou minha atenção, para ver o que era.
ENTREVISTADORA: QUANDO VOCÊ ESTÁ NO SUPERMERCADO, EM QUE
HIERARQUIA VOCÊ ACHA QUE OCORREM OS VERBOS PENSAR, SENTIR E AGIR?
Entrevistada 10: primeiro eu sinto, eu acho. Quer dizer, acho que tem dois momentos: quando
você vai para comprar uma coisa determinada, aí você pensa primeiro o que você vai
comprar, aí você olha lá na gôndola aí você sente talvez e aí você age, compra ou não compra.
Agora quando você está andando pelo supermercado assim sem ter muito foco você olha a
embalagem, a primeira coisa você sente, se você quer comprar ou não. Aí que você vai pensar
‘mas será que eu compro mesmo ou não’. Por vários fatores, pelo tipo do produto, pelo preço,
várias coisas. E depois você age também. A ação é sempre a última.
ENTREVISTADORA: NESTE CASO QUE A EMBALAGEM TE ATRAIU, MAS VO
NÃO TINHA INTENÇÃO DE COMPRAR O PRODUTO, ELA MEXEU COM ALGUMA
EMOÇÃO SUA?
Entrevistada 10: sim, você fala ‘ai, eu quero, que gostoso’, uma coisa assim, um sentimento.
ENTREVISTADORA: ALGUMA DESTAS EMBALAGENS DESPERTA DESEJO EM
VOCÊ?
Entrevistada 10: a de brigadeiro, por exemplo, de chocolate.
276
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS QUE NÃO PERGUNTEI E QUE VOCÊ GOSTARIA
DE CHAMAR A ATENÇÃO, DE COMENTAR?
Entrevistada 10: acho que não.
ENTREVISTADORA: VOCÊ PERCEBEU QUE A TOSTINES É A ÚNICA BRANCA?
Entrevistada 10: eu não tinha percebido. Achei feia. Porque o branco, eu gosto de branco, mas
ele não tem um apelo assim, para comida, por exemplo, sei lá. Se fosse um sabão em pó,
talvez, entendeu? Não gostei muito não...
ENTREVISTADORA: VOCÊ GOSTA DESTAS EMBALAGENS AMARELAS DA
BAUDUCCO?
Entrevistada 10: não acho ruim, não vejo problema, acho que não fica ruim não.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS?
Entrevistada 10: é aquilo que te falei, dessa embalagem (maçã com canela) que me chamou a
atenção, que me traz um aspecto de mais sofisticação, de algo mais fino.
ENTREVISTADORA: E QUE RECADO ELA TE PASSA?
Entrevistada 10: Talvez não que (o biscoito) seja de qualidade superior, mas que ele tem um
toque diferente, um diferencial.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS PARECE QUE GUARDA O
BISCOITO MENOS SABOROSO?
Entrevistada 10: a Tostines, de brigadeiro. Parece que está um biscoito tão sem emoção, seco.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ MUDARIA NESTA EMBALAGEM, O QUE
TIRARIA?
Entrevistada 10: primeiro a cor, que eu já falei. Mas faria um biscoito mais, por exemplo,
esses biscoitos da Bauducco parecem que são uma coisa de louco, assim de recheio sabe. Esse
aqui não tem muito..., está esquisito não dá vontade de comer. E esses Duchen também está
vendo, biscoito fechado, parece que não tem muito.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHOU DE ELES ESTAREM SOZINHOS?
Entrevistada 10: não vejo diferença, mas eles parecem que estão meio secos assim, sem sabor.
Parece que, pelo fato de estarem fechados assim, ele não transmite uma coisa assim tão
recheio, e acho que o recheio é uma coisa muito importante neste tipo de biscoito. Parece que
é um recheiozinho assim, bem chinfrim. Os abertos eu achei melhor por causa disso.
Entrevista realizada em 31/05/2006
Entrevistada 11 51 anos solteira sem filhos residente na cidade de São Paulo
pertence à classificação B1 da CCEB
ENTREVISTADORA: O QUE REPRESENTAM PARA VOCÊ OS ELEMENTOS
VERBAIS DAS EMBALAGENS?
Entrevistada 11: Primeiro, o que chama mais a atenção mesmo é o desenho né. Que nem você
chega perto, o brigadeiro, a de limão, você vê a figura tal... Depois realmente é a marca.
Agora com relação ao que está escrito eu procuro ver o valor calórico, eu vou lá e vejo.
277
ENTREVISTADORA: O QUE É IMPORTANTE PARA VOCÊ EM TERMOS DOS
COMPONENTES ESCRITOS?
Entrevistada 11: O sabor, no caso. A marca, depois o sabor. Você vê o chocolate (Bauducco
brigadeiro), aí você vai lá perto, se é o que você quer, se o chocolate está misturado com outro
sabor. Chocolate com avelã, realmente é o escrito mesmo.
ENTREVISTADORA: VOCÊ LÊ A INFORMAÇÃO NUTRICIONAL NO VERSO DA
EMBALAGEM?
Entrevistada 11: Leio, leio. Procuro também a validade. A gente não tinha muita preocupação
com isso, mas de repente eu comecei a ouvir pela imprensa que um dos mercados Carrefour,
nosso vizinho aqui, estava com a embalagem vencida. Eles estavam adulterando a
embalagem. Então, a primeira coisa é, principalmente, se o pacote está meio assim né, então
você vai, eu vejo a validade, o valor calórico. Escrito acho que é basicamente isso. A lista de
ingredientes é difícil ler, a letra é muito pequena.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE O QUE ESTÁ ESCRITO COMUNICA
ADEQUADAMENTE O CONTEÚDO?
Entrevistada 11: Sim, que nem a embalagem do mousse (Adria mousse de morango).
ENTREVISTADORA: E O TIPO DE LETRA, TAMANHO?
Entrevistada 11: eu acho a da Adria e a da Bauducco bonitas mesmo, parecem escritas à mão.
Se você pega, por exemplo, a Triunfo limão, em que o sabor está escrito em uma letra não
muito grande, não está tão bonito como na da Adria. E até porque ela brilha muito, é verde,
não é muito visível. Nesse caso a figura fala mais alto que o escrito.
ENTREVISTADORA: ADJETIVE ESSAS LETRAS QUE VOCÊ ACHOU BONITAS, A
DA BAUDUCCO CHOCOLATE COM AVELÃ E DA ADRIA MOUSSE DE MORANGO.
Entrevistada 11: Acho bonita, moderna. Normalmente ela é mais tipo Tostines, sempre igual,
não muda nunca.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DOS COMPONENTES ESCRITOS DA
EMBALAGEM DA TOSTINES BRIGADEIRO...
Entrevistada 11: É, essa está bem apagadinha, nem dá pra ver, bem pequenininho. A Bono da
Nestlé o escrito (floresta negra) quase some. A da Bauducco é melhor que a Tostines, sem
dúvida.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA COISA DO QUE ESTÁ ESCRITO QUE TE
INFORMA QUE O PRODUTO É PURO, SAUDÁVEL E DE QUALIDADE SUPERIOR?
Entrevistada 11: Não.
ENTREVISTADORA: QUAL O PAPEL DAS ILUSTRAÇÕES NA COMPREENSÃO DAS
CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO?
Entrevistada 11: Pela minha preferência, o chocolate, o brigadeiro..., o chocolate com avelã,
então é mais a figura mesmo, que chama a atenção.
ENTREVISTADORA: O QUE ELAS TRANSMITEM EM TERMOS DE ASPECTOS
NUTRICIONAIS, POR EXEMPLO, VOCÊ VÊ A ILUSTRAÇÃO E PENSA ‘ESSE
BISCOITO É MUITO CALÓRICO’, ‘ESSE DEVE SER MUITO GORDUROSO’, ‘ESSE
TEM MUITO CORANTE’.
278
Entrevistada 11: Gorduroso. Quando eu vou olhar a informação nutricional, a primeira coisa
que eu olho é realmente a gordura.
ENTREVISTADORA: MAS E A FOTO, ELA TE DIZ DE ALGUMA FORMA SE O
BISCOITO É GORDUROSO OU NÃO?
Entrevistada 11: A maioria dessas waffers é muito gordurosa.
ENTREVISTADORA: MESMO AS DE FRUTAS PASSAM ESSA IMPRESSÃO PARA
VOCÊ?
Entrevistada 11: A de fruta eu não comparei, mas eu acho que é menos que a de chocolate.
ENTREVISTADORA: SUPONDO QUE VOCÊ NÃO PUDESSE LER A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL, VOCÊ JULGARIA UMA MAIS GORDUROSA QUE A OUTRA PELAS
ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 11: Sim, a de chocolate. A de frutas dá a impressão de que não é tanto.
ENTREVISTADORA: QUANDO VOCÊ FORMA UMA OPINIÃO SOBRE UM
PRODUTO, A EMBALAGEM CONTRIBUI NA FORMAÇÃO DESSA OPINIÃO?
Entrevistada 11: ajuda, ajuda.
ENTREVISTADORA: QUE EMBALAGEM CHAMARIA MAIS A SUA ATENÇÃO?
Entrevistada 11: elas são tão bonitas agora... A verdinha (Triunfo limão), embora a gente
concluiu que o nome está escondido mas a cor né, a Bauducco por causa do brigadeiro que é a
minha preferência, a Adria também está bonita. É difícil, pois todas estão bonitas.
ENTREVISTADORA: QUAL A SUA PREDILETA, A MAIS BONITA?
Entrevistada 11: a Adria e a Bauducco
ENTREVISTADORA: E A MAIS FEIA, MENOS ELABORADA, MAIS COMUM?
Entrevistada 11: a Tostines é a mais comum.
ENTREVISTADORA: POR EXEMPLO, SE A TRIUNFO DE MAÇÃ COM CANELA NÃO
TIVESSE AS ILUSTRAÇÕES E FOSSE TODA DE UMA COR SÓ, APENAS LISTRADA
EM VERMELHO E LARANJA, E SÓ TIVESSE ESCRITO O SABOR SEM FOTO, O QUE
VOCÊ ACHARIA?
Entrevistada 11: a gente não se sentiria atraída por ela sem a foto da maçã, eu não compraria
uma embalagem que não trouxesse nenhuma ilustração, só com o nome do produto e de uma
só cor.
ENTREVISTADORA: A IMAGEM QUE VOCÊ POSSUI DESTAS MARCAS FOI
FORMADA COM A INFLUÊNCIA DA EMBALAGEM OU SÓ POR MEIO DA
PROPAGANDA, PREÇO?
Entrevistada 11: pela tradição a gente sempre vai na Nestlé primeiro, Bauducco
ENTREVISTADORA: MESMO VOCÊ NÃO TENDO CITADO AS DA NESTLÉ COMO
AS MAIS ATRAENTES, VOCÊ VAI DIRETO NELA?
Entrevistada 11: é verdade, eu conheço a historia, a propaganda é boa, o slogan ‘vende mais
porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais’, realmente nunca me decepcionei
com a Nestlé. As outras a gente vai por curiosidade. Não gosto da Mabel, Duchen mais ou
menos, a Adria a gente experimentou algumas vezes, a Marilan a gente não gosta. Muito
279
gordurosa. Eu experimentei a Mabel quando minha irmã ganhava cesta básica, geralmente
com produtos inferiores, é ruim.
ENTREVISTADORA: POR QUÊ?
Entrevistada 11: sabor, a gente sabe que todas são artificiais, mas a que chega mais perto em
termos de sabor são a Adria e a Nestlé.
ENTREVISTADORA: QUAL O PROBLEMA COM A DUCHEN?
Entrevistada 11: sei lá, preferência, eu comprei alguma coisa da Duchen quando foi novidade,
quando entraram no mercado com sabores diferentes, a gente pega mais não tem preferência
por ela.
ENTREVISTADORA: A QUESTÃO DA PREFERÊNCIA TEM RELAÇÃO COM A
EMBALAGEM?
Entrevistada 11: não, eu conheço o produto.
ENTREVISTADORA: VOCÊ DEIXARIA DE COMPRAR SE A EMBALAGEM VIESSE
COM ALGUMA COR DA QUAL VOCÊ NÃO GOSTA?
Entrevistada 11: Eu acho que é a preferência da pessoa. Se eu quisesse, por exemplo, sabor
limão, eu não me importaria por ser verde. Não tenho preferência de cor. Mas sempre que
puxa o chocolate... embora a de morango está muito bonita.
ENTREVISTADORA: ATÉ A ADRIA ENTRAR NESSE MERCADO, NÓS NÃO
TÍNHAMOS EMBALAGEM AZUL. ISSO FOI UMA INOVAÇÃO NO SEGMENTO
WAFFER. VOCÊ GOSTOU DESSA COR?
Entrevistada 11: gostei
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA COR QUE TE TRANSMITE ALGO?
Entrevistada 11: não, eu nunca tinha parado para pensar nisso...
ENTREVISTADORA: VOCÊ MENCIONOU A LIGAÇÃO DAS CORES COM SABORES.
MAS A DUCHEN CHOCOLATE COM AVELÃ TEM A EMBALAGEM
PREDOMINANTEMENTE VERMELHA. ALGUM PROBLEMA?
Entrevistada 11: não, porque o desenho do chocolate está aqui.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO EXISTISSE O DESENHO?
Entrevistada 11: não ia saber que era chocolate, eu ia ter que ler. Não ia ficar bonito.
ENTREVISTADORA: QUE EMBALAGEM VOCÊ ACHA QUE CONTRIBUI PARA
INFORMAR EM POUCOS SEGUNDOS AO CONSUMIDOR O QUE O PRODUTO É?
Entrevistada 11: a de brigadeiro, a de limão.
ENTREVISTADORA: NA GUERRA DAS GÔNDOLAS UMA EMBALAGEM TEM QUE
CHAMAR A ATENÇÃO PRIMEIRO E TRANSMITIR AO CONSUMIDOR O QUE O
PRODUTO É EM POUCOS SEGUNDOS. QUAL VOCÊ ACHA QUE CUMPRE MELHOR
ESSE PAPEL?
Entrevistada 11: a de brigadeiro
ENTREVISTADORA: QUANTO À PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO DO BISCOITO?
Entrevistada 11: essa embalagem conserva mesmo, fechando bem depois.
280
ENTREVISTADORA: E QUANTO À ABERTURA, AS QUE NÃO POSSUEM A
FITINHA VERMELHA.
Entrevistada 11: é melhor, mas eu não me importo, eu passo a tesoura e depois armazeno
direitinho. Se for difícil de abrir, significa até que está bem protegido. Não me importo, nem
em usar a tesoura. Eu não mudaria a embalagem, o papel é bom, conserva mesmo.
ENTREVISTADORA: O TIPO DE MATERIAL QUE SE ESCOLHE POSSUI EFEITOS
PARA O MEIO AMBIENTE. VOCÊ PENSA NISSO?
Entrevistada 11: a gente como família compra maior mesmo, mas o Club Social, por exemplo,
foi uma boa, porque você come aquela porção e pronto. Mas eu reciclo todas, é importante.
ENTREVISTADORA: ALGUMA EMBALAGEM TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’
DO PRODUTO?
Entrevistada 11: eu não vejo assim, porque se você conhece o produto a embalagem vai
interferir. Para quem não conhece, acho que vale a pena uma embalagem bonita, bem
desenhada.
ENTREVISTADORA: O QUE A BAUDUCCO TRANSMITE PARA VOCÊ AO
APRESENTAR UMA EMBALAGEM ELABORADA COMO ESSA (TRIPLO
CHOCOLATE, COM MUITAS INFORMAÇÕES VISUAIS)?
Entrevistada 11: mostrar que é atraente, gostoso, só falta desenhar uma boca aqui, mostra as
camadas, não tem como não comprar. É muito original e exclusiva.
ENTREVISTADORA: TODAS AS BAUDUCCOS MOSTRAM OS BISCOITOS
ABERTOS, AS DA NESTLÉ MOSTRAM O BISCOITO MORDIDO, QUAL VOCÊ
PREFERE?
Entrevistada 11: a Bauducco triplo chocolate está linda demais, eu prefiro as abertas.
ENTREVISTADORA: NO ATO DA COMPRA COMO OCORREM OS VERBOS SENTIR,
PENSAR E AGIR?
Entrevistada 11: age, sente, pensa (baixo envolvimento), penso por último, principalmente nas
guloseimas.
ENTREVISTADORA: AS INFORMAÇÕES VERBAIS E AS ILUSTRAÇÕES
DESPERTAM DESEJO?
Entrevistada 11: sem dúvida, fazem ir lá pegar e comprar.
ENTREVISTADORA: ENTÃO SE ESSA DA ADRIA DE MORANGO NÃO TIVESSE
ESSAS FOTOS...
Entrevistada 11: acredito que não compraria, não ficaria atraída.
ENTREVISTADORA: ALÉM DO DESEJO DE COMPRAR, A EMBALAGEM
DESPERTA ALGUM SENTIMENTO?
Entrevistada 11: Os de brigadeiro e de chocolate lembram festa, momento alegre, sensação de
que quando eu consumir, vou sentir muito prazer.
ENTREVISTADORA: ALGUMA COISA TE REMETE A ALGUMA PESSOA OU
ALGUM EVENTO COM APELO AFETIVO?
Entrevistada 11: lembra minha irmã, ela ama tudo isso.
281
ENTREVISTADORA: VOCÊ SABE ENTÃO QUE, AO COMPRAR UM PACOTE DE
BISCOITO VOCÊ VAI AGRADÁ-LA. VOCÊ SE LEMBRA DISSO NO ATO DA
COMPRA?
Entrevistada 11: quando eu passo no mercado ela é a primeira pessoa que eu penso, ‘ela vai
amar’, meu irmão é o segundo e eu sou a terceira. Mas a primeira coisa que eu lembro é de
agradá-la.
ENTREVISTADORA: E A EMBALAGEM TE AJUDA A ESCOLHER?
Entrevistada 11: sem dúvida, estão associadas também a momentos agradáveis.
ENTREVISTADORA: NO ATO DA COMPRA, VOCÊ VÊ A BAUDUCCO BRIGADEIRO
E A DUCHEN DE MORANGO. A PRIMEIRA É SUA PREDILETA E A SEGUNDA É A
PREDILETA DE SUA IRMÃ, QUAL VOCÊ COMPRA?
Entrevistada 11: a dela, eu abriria mão da minha.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ ESTIVER NO SUPERMERCADO E HOUVER
ALGUMA PROMOÇÃO, POR EXEMPLO, A TOSTINES BRIGADEIRO MAIS BARATA
QUE A BAUDUCCO, VOCÊ MUDA A MARCA?
Entrevistada 11: Eu não gosto de promoção, dá a impressão de que o alimento está vencido,
estragado, não ficou bom, estão querendo queimar, só pra alimentos, outros produtos tudo
bem.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ EXPERIMENTASSE O BISCOITO DA MARILAN,
CUJA EMBALAGEM VOCÊ NÃO ACHA BONITA, MAS GOSTASSE DO SABOR,
VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 11: se achei gostosa, é novidade, compraria.
ENTREVISTADORA: A COMPRA DE BISCOITOS É MAIS EMOTIVA OU RACIONAL?
Entrevistada 11: emotiva, mas primeiro eu ajo e depois sinto.
ENTREVISTADORA: ALGO MAIS?
Entrevistada 11: é o desenho, é atrativo mesmo.
Entrevista realizada em 19/07/2006
Entrevistada 12 24 anos casada 1 filha - residente na cidade de São Paulo -
pertence à classificação B2 da CCEB
ENTREVISTADORA: DE TODAS AS EMBALAGENS QUE ESTÃO AQUI, QUAL
ATRAIRIA MAIS A SUA ATENÇÃO SUPONDO QUE ELAS ESTIVESSEM DISPOSTAS
EM UMA GÔNDOLA?
Entrevistada 12: eu como gosto de chocolate a Bauducco brigadeiro. Ela chama mais a
atenção, a cor, chama bastante atenção. É bem nítida.
ENTREVISTADORA: MAS VOCÊ GOSTA DE BRIGADEIRO. POR QUE A
EMBALAGEM DA TOSTINES, QUE É DE BRIGADEIRO TAMBÉM, NÃO CHAMOU
SUA ATENÇÃO?
282
Entrevistada 12: ela chama a atenção, mas acho que por causa das cores da Bauducco
brigadeiro, eu vou mais para o lado das cores, as cores mais fortes, então à primeira vista essa
que me chamaria a atenção.
ENTREVISTADORA: TEM ALGUMA COR QUE VOCÊ PREFERE EM EMBALAGENS?
Entrevistada 12: eu prefiro sempre cores vivas, a Bauducco triplo chocolate também chama
bastante atenção. A Marilan de morango também tem cores vivas. Essa Nestlé Bono também
as cores chamam bastante atenção. Eu gosto muito de laranja, de rosa, de cores que chamam a
atenção, amarelo, vermelho.
ENTREVISTADORA: QUAL SUA OPINIÃO SOBRE A EMBALAGEM BRANCA DA
TOSTINES?
Entrevistada 12: no meio das coloridas acho que ela fica meio apagado, ela ficou um pouco
apagada. Eu não gostei. As outras já são bem coloridas, envolvem chocolate, essa Marilan
waffer chocolate ela envolve um pouco de branco, mas ela mistura uma cor mais forte, o
branco acho que chama menos atenção, fica um pouco apagado.
ENTREVISTADORA: E QUANTO ÀS LETRAS ESCOLHIDAS PARA MOSTRAR O
SABOR, TEM ALGUMA QUE VOCÊ PREFERE, QUE VOCÊ ACHA MAIS
ADEQUADA. POR QUÊ?
Entrevistada 12: eu acredito que é assim, essa Triunfo limão está bem visível, o sabor, a
marca, eu acho que fica mais fácil para as pessoas identificarem, acho que fica bem legal.
Essa Duchen de morango também está bem visível, acho que assim fica mais fácil para o
cliente identificar. Eu acho que essas letras, para quem não tem visão boa, tem que ficar
procurando. Essa da Tostines não é muito legível por causa do fundo branco com a letra
dourada. A da Triunfo limão é minha letra predileta. Essa mousse da Adria também fica bem
bonita, ela é grande, dá para você identificar bem.
ENTREVISTADORA: COMO VOCÊ ADJETIVARIA A LETRA DA TRIUNFO LIMÃO?
Entrevistada 12: tradicional. Uma que eu gostei é essa de maçã com canela. Ela está bem
bonita também, está bem legível, a marca em cima e o sabor em baixo. Acho que é bem
importante isso.
ENTREVISTADORA: DE QUAL DESTAS LETRAS VOCÊ NÃO GOSTA?
Entrevistada 12: não diria feia, mas ilegível, a Tostines sabor brigadeiro, o branco apagou essa
cor dourada, acho que se fosse de uma outra cor, acho que chamaria mais atenção.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ TIVESSE QUE ESCOLHER UMA DE LIMÃO, QUAL
VOCÊ COMPRARIA SEM QUE CONHECESSE NENHUMA DESTAS MARCAS?
Entrevistada 12: eu escolheria a da Triunfo, porque ela aparentemente é bem saborosa, por
causa dos limões que aparecem, as bolachinhas, assim acho que eu me identifico mais com
embalagens assim.
ENTREVISTADORA: POR QUE VOCÊ NÃO ESCOLHEU AS EMBALAGENS DA
MABEL E DA ADRIA?
Entrevistada 12: as duas também têm uma embalagem bonita. A da Mabel é bem discreta,
você está vendo que ela não tem muito enfeite, muita coisa. Essa outra da Adria ela também é
uma embalagem legal, discreta, eu gosto de coisa mais discreta, mas na hora que eu olhei eu
gostei mais da Triunfo acho que por causa do laranja. Essa da Adria tem azul e não sou muito
fã dessas cores. A da Triunfo me chamou mais atenção por causa das cores que ela tem.
283
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UM BISCOITO WAFFER DE
MORANGO E NÃO CONHECESSE AS MARCAS DUCHEN, MARILAN E ADRIA.
QUAL EMBALAGEM SERIA MAIS APELATIVA PARA VOCÊ?
Entrevistada 12: a Marilan, ela tem cores fortes, apesar de ter o cinza, ela tem uma cor bem
forte, do vermelho com os morangos e acho que à primeira vista, quando eu chegasse, seria a
que me chamaria a atenção.
ENTREVISTADORA: E SOBRE AS ILUSTRAÇÕES O QUE VOCÊ ACHA QUE É
LEGAL?
Entrevistada 12: dela eu achei muito legal que a Adria tem essa cor rosa porque é de morango,
ela chamaria também a atenção. Aquela dali (Duchen) os morangos, a bolacha, as cores, o
vermelho com laranja, acho que fica bem chamativo também. A outra tem umas cores mais
fortes por causa do vermelho, tem um pouco de laranja com vermelho e os morangos.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE CHOCOLATE COM
AVELÃ, QUAL VOCÊ ESCOLHERIA: A DA PARMALAT OU DA BAUDUCCO?
Entrevistada 12: eu compraria as duas. Mas eu achei que a da Bauducco está bem visível, as
avelãs, o recheio da bolacha, acho que ela fica bem mais chamativa do que a Duchen.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE A EMBALAGEM DA DUCHEN SE
COMUNICA ADEQUADAMENTE?
Entrevistada 12: ela é bem legível também, mas como você está acostumada a comprar
sempre daquela marca você vai direto naquela, você não tem muita visão de todos os lados.
Eu já vou direto. Então a Bauducco chamaria mais atenção.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS SE COMUNICA DE FORMA MENOS
ADEQUADA NA GÔNDOLA?
Entrevistada 12: de todas eu acho que chama atenção as mais coloridas. Essa Bono chama
atenção porque se ela fica no meio do colorido ela se destaca. A que chama menos atenção,
não vou falar a branca porque no meio do colorido ela se destaca também. Acho que é muito
fácil, acho que o nome por causa da embalagem da Tostines é a menos visível.
ENTREVISTADORA: A LISTA DE INGREDIENTES E A INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL SÃO IMPORTANTES PARA VOCÊ?
Entrevistada 12: muito importante, eu leio em casa, geralmente eu sempre dou uma olhadinha
atrás do que é feito, como é feito, quais são as proteínas, eu sempre dou uma olhadinha na
quantidade de gordura, essas coisas nas embalagens eu sempre gosto de olhar.
ENTREVISTADORA: SE NÃO HOUVESSE AS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS,
APENAS AS ILUSTRAÇÕES TRANSMITEM ALGUMA IDÉIA SOBRE O PRODUTO
SER NATURAL, SEM CONSERVANTES, SAUDÁVEL, PURO, ARTIFICIAL,
CALÓRICO ETC?
Entrevistada 12: eu acho que depende da embalagem. Destas aqui a de maçã com canela, ou a
de brigadeiro da Bauducco.
ENTREVISTADORA: E QUAL DESTAS PARECE A MAIS GORDUROSA APENAS
PELAS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 12: essa Mabel de chocolate acho que ela é mais oleosa, mais gordurosa. Eu
achei a embalagem bonita. Mas eu particularmente não compraria, você está acostumada com
284
uma marca então, as pessoas gostam de variar, mas eu vou sempre na mesma. Então eu não
sei se eu compraria.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ FOSSE A DONA DA MABEL VOCÊ TERIA FEITO
ESSA EMBALAGEM?
Entrevistada 12: não. Eu mudaria as cores, colocaria umas cores mais vivas, como o
vermelho, uma cor de chocolate, colocaria mais cores chamativas, amarelo. Eu acho que a
marca está bem legível. Eu gosto de desenho jogadinho assim para baixo, inclinadinho, para
dar um diferencial.
ENTREVISTADORA: AQUI HÁ BASICAMENTE TRÊS FORMAS DE
APRESENTAÇÃO DO BISCOITO: INTEIRO (SOZINHO OU EM TRIOS), ABERTO,
MORDIDO. QUAL VOCÊ PREFERE?
Entrevistada 12: eu acho legal os inteiros. O que dá mais vontade de comer acho que são os da
Bauducco, por causa do recheio. Desperta desejo. Você olhando assim dá uma vontade de
comer.
ENTREVISTADORA: E SE VOCÊ FOSSE COMPRAR UMA DE BRIGADEIRO, QUAL
VOCÊ ESCOLHERIA: A DA NESTLÉ OU A DA BAUDUCCO?
Entrevistada 12: a da Bauducco porque tem mais brigadeiro no desenho, chama mais a
atenção. Deu pra ver o brigadeiro da Nestlé desenhado, mas tem um só. A da Bauducco tem
quatro, mais o recheio granulado, então dá mais vontade de comer a da Bauducco.
ENTREVISTADORA: VOCÊ ACHA QUE AS ILUSTRAÇÕES CONTRIBUEM NA
FORMAÇÃO DA IMAGEM DO PRODUTO?
Entrevistada 12: acho, eu acho que nem tudo o que aparece é o que é. Tem umas que parecem
uma delícia você chega em casa são péssimas. Então varia muito. Aparentemente, você bate o
olho e pensa que é muito boa.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS, ALÉM DA BAUDUCCO BRIGADEIRO, TE
DESPERTARIA O DESEJO DE COMER?
Entrevistada 12: essa Bauducco triplo chocolate, muito boa, chama bem a atenção também
por causa das cores. Eu gostei bastante da bolachinha, dos pedaços de chocolate, vem bem
especificado na embalagem ‘ao leite, chocolate branco e meio amargo’. O nome, além da
empresa, o sabor triplo chocolate vem bem discriminado, achei bem legal essa embalagem.
ENTREVISTADORA: SE VOCÊ EXPERIMENTASSE, NO MERCADO, UM BISCOITO
WAFFER SABOR UVA E GOSTASSE DA QUALIDADE, SÓ QUE AO PROCURÁ-LO
NA GÔNDOLA VOCÊ SE DEPARASSE COM UMA EMBALAGEM TODA ROXA,
MONOCROMÁTICA, SEM ILUSTRAÇÕES, ESCRITO APENAS ‘WAFFER SABOR
UVA’, VOCÊ COMPRARIA?
Entrevistada 12: sim, se eu experimentei e gostei. Se eu não tivesse experimentado, não. As
ilustrações fazem falta.
ENTREVISTADORA: CONSIDERANDO-SE QUE A EMBALAGEM FOSSE A ‘ROUPA’
DO PRODUTO, VOCÊ ACHA QUE ELA TRANSMITE A ‘PERSONALIDADE’ DO
MESMO?
Entrevistada 12: essa da Duchen parece muito gostosa porque eu adoro morango, ela tem
bastante recheio, aparentemente pela embalagem. A Marilan de chocolate parece aquele
chocolate derretido, parece ser muito boa. Não parece muito real, porque ficou bem escuro o
recheio, e a bolacha é mais clarinha. Essa da Bauducco é mais compatível a cor do recheio
285
com a bolacha. O da Marilan aparenta não ser tão saboroso. Eu acho que a cor da bolacha
depende do recheio. Eu sou muito de combinar, a cor do recheio compatível com a cor do
recheio. Essa da Triunfo de maçã é bem compatível, ela é clarinha e o recheio é branco.
ENTREVISTADORA: QUAL DESTAS EMBALAGENS VOCÊ CONSIDERA MAIS
ORIGINAL/DIFERENTE?
Entrevistada 12: eu gostei da Bauducco triplo chocolate, ela é bem original, chama bem a
atenção, devido às cores, tem informação, é bem chamativa. Eu acho que essa divisão, essas
setinhas, ficou bem diferente, achei muito legal. É divertido, a criançada gosta. Outra que eu
achei legal foi essa da Adria, esse morango tipo mousse, a bolachinha meio aberta e
aparecendo o recheio, passa uma sensação muito boa, ela parece que é menor. Parece ser
muito gostosa.
ENTREVISTADORA: AS EMBALAGENS SÃO CAPAZES DE DESPERTAR
SENTIMENTOS, VOCÊ PENSA EM ALGUÉM OU EM MOMENTOS AGRADÁVEIS?
Entrevistada 12: passam uma sensação de que são muito boas. Acho que não estão associadas
ao meu emocional. Eu penso que quando eu comer eu vou sentir prazer.
ENTREVISTADORA: O QUE VOCÊ ACHA DA QUESTÃO DA CONSERVAÇÃO E
PROTEÇÃO DO PRODUTO?
Entrevistada 12: eu se fosse a empresa eu lançaria uma moda para essa embalagens, eu
colocaria aquele zipzap para não amolecer. Geralmente as pessoas em casa comem uma ou
duas e depois fica lá. Quando você vai comer fica mole. Eu mudaria, acho que é mais prático.
As pessoas têm que usar um pregadorzinho para fechar.
ENTREVISTADORA: AS PROMOÇÕES NO PONTO DE VENDA FAZEM VOCÊ
MUDAR DE IDÉIA?
Entrevistada 12: eu não deixo de comprar a que eu gosto, eu levo as duas. Eu aproveitaria
para conhecer o outro produto em promoção, mas continuaria levando aquela que eu gosto.
ENTREVISTADORA: NO ATO DA COMPRA EM QUE SEQÜÊNCIA OCORREM OS
VERBOS SENTIR, PENSAR OU AGIR?
Entrevistada 12: primeiro o pensar, qual procuro eu vou levar, aí eu vou agir, porque eu vou
comprar, e depois eu vou sentir o produto após eu ter comido ele.
ENTREVISTADORA: NO MOMENTO DA COMPRA VOCÊ NÃO SENTE VONTADE?
Entrevistada 12: é verdade, eu uso o verbo sentir também. Então fica sentir, pensar e agir.
ENTREVISTADORA: ALGUMA OUTRA OBSERVAÇÃO SOBRE UMA EMBALAGEM
ESPECÍFICA?
Entrevistada 12: eu gostei bastante dessa Nestlé da Bono, é bem interessante, aparecem essas
duas cerejas. Ela é floresta negra, é menor também, só tem duas camadinhas, são três
bolachas, dois recheios, acho que ela chama bem atenção. Passa uma mensagem de muito
boa, é uma embalagem bonita, é bem específica, interessante as cerejinhas destaca bem. Eu
gosto quando aparecem frutas, dá uma sensação assim diferente no meio das outras, de
chocolate. A maçã com canela também eu gosto bastante porque tem a maçã, embaixo
aparece a canela em pau, acho bem legal. Acertaram em tudo nessa embalagem, as cores são
legais, tem um laranja depois um laranja degradé, com a cor escrita em marrom, aí aparecem
as frutas, a maçã, a canela em pau, o biscoito. Ela parece ser muito boa, contém frutas, canela.
286
ENTREVISTADORA: DE TODAS QUE ESTÃO AQUI, QUAL NÃO DESPERTA
VONTADE DE COMER?
Entrevistada 12: a Marilan de morango chama menos atenção que as outras. A gente está
acostumado a sempre comprar de uma marca, os mesmos desenhos. Pelas cores ela chama a
atenção. Mas batendo o olho assim acho que a bolacha é bem diferente, o recheio quase não
aparece. Eu gosto bastante de limão, mas essa não aparenta ter muito recheio a Mabel de
limão. O limão ficou meio escondido, o nome ficou em cima, se deslocassem o nome a
aparência ficaria bem melhor do que está, mas acho que mudaria um pouco.
ENTREVISTADORA: E SE NÃO HOUVESSE OS ESCRITOS, VOCÊ CONSEGUIRIA
IDENTIFICAR O PRODUTO APENAS PELAS ILUSTRAÇÕES?
Entrevistada 12: Se não tivesse nada escrito, ficaria mais difícil na hora de comprar. Essa da
Mabel de chocolate não tem bombons muito legais, poderiam ser mais discretos, nem muito
grande nem muito pequeno, mas acho que ficou bem legal está bem compatível com os
desenhos, com o nome. Eu saberia que a da Duchen é de chocolate com avelã mesmo sem ter
o escrito, para a gente que conhece fica mais fácil, se for uma pessoa que não conhece fica
difícil de identificar a avelã, está bem escondidinha. A da Bauducco é mais legível.
287
ANEXOS
288
ANEXO A FOTOS DAS EMBALAGENS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS
Embalagens sabor limão
289
Embalagens sabor morango
290
Embalagens sabores brigadeiro e floresta negra
291
Embalagens sabores chocolate com avelã e maçã com canela
292
Embalagens sabor chocolate
293
ANEXO B CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL - CCEB
294
295
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