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necessidade de desenvolver recursos teórico-metodológicos compatíveis com a demanda
hospitalar (Yamamoto & cols., 2002). Trata-se apenas de reconhecer que as competências
básicas para inserção do psicólogo em hospitais são as mesmas necessárias à inserção em
outros contextos. Assim sendo, podem ser desenvolvidas ainda no curso de formação
básica.
Todavia, a atuação dos psicólogos em hospitais tende a se diferenciar da prática
clínica tradicional, como salientado na literatura (Seidl & Costa, 1999). A diferença parece
estar associada à flexibilidade teórico-metodológica do profissional e ao valor atribuído à
assistência psicológica por parte da instituição. Neste caso, o psicólogo desenvolve
atividades variadas, em diferentes espaços do hospital, em constante interação com os
demais profissionais, e com o objetivo de atender pacientes, familiares, equipe, instituição
e comunidade. Por outro lado, psicólogos de instituições públicas, que têm uma postura
tradicional e não se sentem valorizados pela instituição ao integrarem uma equipe
assistencial, continuam atendendo os pacientes de forma individual, em espaço próprio da
psicologia, por tempo indeterminado, sem interagirem com os demais profissionais
(Romano, 1999; Seidl & Costa, 1999; Yamamoto & Cunha, 1998).
A diversificação das atividades do psicólogo e a abrangência de seu trabalho
dependem de qualidades tais como flexibilidade, tolerância à frustração, e reconhecimento
da equipe. Outra qualidade associada ao serviço psicológico parecer ser o oferecimento de
estágios. O estágio é um fator de diversificação e até mesmo de ampliação da atuação da
psicologia. No entanto, se o número de estagiários é grande o psicólogo acaba se ocupando
basicamente de atividades burocráticas e de supervisão. Nas instituições em que isto
acontece, as atividades voltadas para o atendimento de pacientes acabam sendo realizados
basicamente por estagiários. Por conseguinte, espaços como rounds, reuniões de equipe e
intervenções multidisciplinares nem sempre são utilizadas para divulgar o trabalho da
psicologia junto aos demais profissionais, estratégia imprescindível para o reconhecimento
e a valorização do serviço (Wild, Bowden & Bell, 2003).
O envolvimento do psicólogo hospitalar com a prática de pesquisa permanece
restrito (Romano, 1999). A pesquisa aparece associada à necessidade de justificativa da
contratação do psicólogo e não ao compromisso profissional em contribuir para o
desenvolvimento da área. Deste modo, a pesquisa realizada em instituições particulares e
mistas atende a fins imediatos, carecendo de rigor metodológico.
É plenamente justificado o argumento de que a psicologia hospitalar apresentada-se
como uma nova área de atuação. Contudo, os recursos teórico-metodológicos utilizados
são os mesmos empregados em outros contextos não apresentando, tecnicamente, aspectos