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ISTVAN NAGY
COMO ANDAM OS PÉS DOS IDOSOS...
dificuldades e repercussões
Dissertação apresentada à Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Gerontologia.
SÃO PAULO
2006
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2
ISTVAN NAGY
COMO ANDAM OS PÉS DOS IDOSOS...
dificuldades e repercussões
Dissertação apresentada à Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
para Obtenção do título de Mestre em
Gerontologia.
Orientadora: PROFª. DRª. SUZANA
APARECIDA da ROCHA MEDEIROS
SÃO PAULO
2006
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3
BANCA EXAMINADORA
____________________________
Professor (a) Doutor (a)
____________________________
Professor (a) Doutor (a)
____________________________
Professor (a) Doutor (a)
4
AGRADECIMENTOS
Aos asilos que me receberam sem restrição para que
pudesse realizar a minha pesquisa.
À Dra. Suzana Aparecida Rocha Medeiros por
fortalecer a minha confiança, confiar e acreditar
sempre.
A toda equipe da Gerontologia da PUC/SP que me deu
todo apoio necessário.
Ao primo Horácio pela mão estendida, sempre.
Ao casal Ester e Cláudio que fizeram da sua casa a
minha na elaboração desse projeto.
Aos meus caros clientes que se privaram da minha
presença em prol de uma causa nobre.
Ao casal Elvira e Délsio pelas correções e pelo
incentivo.
À Maria Helena que com habilidade de uma artista
ajudou-me a arquitetar essa tese.
À minha cunhada Cilene pela colaboração.
Agradeço, especialmente, às pessoas do cotidiano e às
institucionalizadas que me receberam com carinho e
interesse, procurando oferecer-me informações
preciosas para que eu pudesse desenvolver o meu
trabalho.
5
DEDICATÓRIA
À minha mãe que me apoiou em tudo e procurou facilitar
todas as minhas dificuldades, inclusive as financeiras.
Aos meus filhos queridos, André, Alexandre e Adriana e
aos meus netos amados, Gabriela, Mayara, Ana Luísa,
Alexandre, Marina e Maria Clara pelos olhares e sorrisos.
À querida esposa Mara que superou com dificuldade as
longas ausências requeridas pela dedicação à tese.
6
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo geral confrontar as causas e
conseqüências das principais alterações físicas, psíquicas e
comportamentais desencadeadas pelas deformidades e patologias que
afetam os pés dos idosos. Ao mesmo tempo refletir sobre a qualidade de
vida das pessoas que têm distúrbios nos pés. Esse trabalho busca um
suporte de análise das dificuldades que as pessoas idosas enfrentam
nos compromissos sociais, em virtude das más condições dos seus pés.
É pertinente ao assunto, inserir os aspectos do envelhecimento e a sua
relação com as diversas doenças, dentre elas, os problemas com os pés
que em alguns casos podem afastar o idoso de suas atividades
socioculturais. Normalmente, os pés não recebem a mesma atenção que
outras partes do corpo até que um calo ou odores comecem a
incomodar. Além disso, o idoso só fala dos seus pés quando eles doem.
Não é necessário esconder o problema dentro do sapato, uma vez que
há tratamentos e intervenções que trazem cura, corrigem os passos e
até ajustam a posição anatômica dos artelhos. Outro aspecto importante
é que o idoso deve ser atendido por um especialista, para que os pés
não fiquem em más condições. Os problemas com nossos pés podem
ser os primeiros sinais de condições médicas mais sérias tais como: as
artrites, diabetes, e desordens do sistema nervoso e da circulação.
Qualquer alteração de caráter morfológico e fisiológico que ocorre no
organismo vivo, ao longo do tempo, traz consigo reflexos no
comportamento, na habilidade intelectual e na capacidade física de
cumprir com as atividades diárias. Nesses eventos estão incluídos,
obviamente, os pés que direta ou indiretamente vão interferir nas
interações sociais (exclusão/inclusão) do indivíduo. À medida que o
idoso vai se restringindo nos seus movimentos entra num círculo vicioso
que provoca a diminuição das atividades (sedentarismo) o que vai levá-
lo à atrofia muscular, ao enfraquecimento das pernas e
conseqüentemente ao isolamento das atividades sociais. As soluções
para a inserção de idosos no contexto social dependem de
interatividades profissionais como a gerontologia, a clínica médica e a
fisioterapia, dentre outras, que devem cooperar harmonicamente para
atingir objetivos comuns. Implementos de várias naturezas, utilizados por
equipes, preparadas para isso, tornarão bem-sucedida uma existência,
em termos de longevidade e qualidade de vida.
Palavras-chave: pés – envelhecimento -tratamento-qualidade de vida
7
ABSTRACT
The general purpose of this investigation is to search for parallels
between the causes of some of the most important physical, psychic
and behavioral problems of old age and those of foot deformities. The
extent to which such foot abnormalities exert an influence on the quality
of life of aged people has a direct bearing on the matter under
discussion. This study aims at gathering supporting evidence for the
analysis of the obstacles old people face in their social commitments
when they have defective feet to cope with. Aging entails deleterious
anatomical and physiological changes characterizing distinct diseases,
which include those affecting the feet. This can cause people to keep
away from socio-cultural activities. The feet do not usually receive the
same attention as other parts of the body until callosities or odors start
to bother. Old people only mention their feet when these are hurting.
However, it is nonsensical to keep such problems hidden within the
shoes. There are clinical and surgical interventions which can correct
one’s way of walking and even adjust the anatomical position of the
toes. Thus, old people should seek help from health professionals to
prevent any worsening of the condition of their feet, which often give us
the first indications of serious medical conditions such as the arthritis,
diabetes, nervous system and circulation problems. Morphological or
physiological alterations occurring in people can, over the long run,
involve undesirable consequences in connection with behavior,
intellectual ability and physical capacity to proceed with their normal
activities. In such cases the feet obviously play, directly or indirectly, an
important role in one’s eventual inclusion or exclusion in groups which
could promote social interactions. After all, as aged people restrict their
movements, they start a vicious cycle: reduced activities (sedentary
life) lead to muscular atrophy, weakness of the legs and consequently
the avoidance of social activities. To solve the problem of the insertion
of old people in the social context, the help of health professionals,
including physiotherapists, gerontologists, and clinicians amongst
others, is essential. Such professionals should harmoniously cooperate
to reach a common objective. Some kinds of implements are used to
successfully fulfill the purposes which are a good quality of life and
longevity.
Key-words: feet - aging – physiotherapy – quality of life.
8
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão as mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas dos teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
preferiram (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
9
INDICE
AGRADECIMENTOS...........................................................................................iii
DEDICATÓRIA.....................................................................................................iv
RESUMO...............................................................................................................v
ABSTRACT..........................................................................................................vi
LISTA DE TABELAS............................................................................................x
LISTA DE GRÁFICOS.........................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................2
2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................7
2.1.Como Problemas Físicos e Biológicos transformam-se em Sociais...............7
3 REFERÊNCIAS CONCEITUAIS.....................................................................12
3.1. OS PÉS e TODO APARELHO LOCOMOTOR da MARCHA:......................12
3.1.1. A fisiologia do aparelho locomotor............................................................12
3.1.2. A fisioterapia.............................................................................................12
3.1.3. A marcha: o pé que caminha....................................................................13
3.1.4. A participação do quadril na marcha.........................................................15
3.1.5. A participação do joelho na marcha..........................................................15
3.1.6. O pé..........................................................................................................16
3.1.7. Distúrbios dolorosos do pé do adulto........................................................17
3.1.8. Abordagens sobre diagnósticos nosológicos............................................18
3.1.9. Condições dermatológicas do pé..............................................................19
3.1.10. Calçados.................................................................................................21
3.1.11. Calçadas.................................................................................................22
3.1.12. Alguns fatores que dificultam o equilíbrio e a locomoção:.................... .23
3.1.13. Os pés no envelhecimento......................................................................24
3.1.14. A exclusão...............................................................................................24
3.1.15. A qualidade de vida.................................................................................26
4 OBJETIVOS....................................................................................................29
5 METODOLOGIA da PESQUISA....................................................................30
5.1.CRITÉRIO DE ESCOLHA DOS PARTICIPANTES......................................31
5.2. A PESQUISA DE CAMPO...........................................................................32
10
5.3. ASILOS VISITADOS....................................................................................32
6. RESULTADOS...............................................................................................33
6.1. Cruzamento dos resultados.........................................................................39
7 DISCUSSÃO..................................................................................................45
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................52
9 BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BÁSICAS...............................................57
10 ANEXOS ......................................................................................................63
5.2. A PESQUISA DE CAMPO...........................................................................32
5.3. ASILOS VISITADOS....................................................................................32
6. RESULTADOS...............................................................................................33
6.1. Cruzamento dos resultados.........................................................................39
7 DISCUSSÃO...................................................................................................45
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................52
9 BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BÁSICAS..............................................57
10 ANEXOS......................................................................................................63
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 6.1...........................................................................................................33
Tabela 6.2...........................................................................................................34
Tabela 6.3...........................................................................................................34
Tabela 6.4...........................................................................................................35
Tabela 6.5...........................................................................................................36
Tabela 6.6...........................................................................................................36
Tabela 6.7...........................................................................................................37
Tabela 6.8...........................................................................................................37
Tabela 6.9...........................................................................................................38
Tabela 6.10.........................................................................................................38
Tabela 6.1.1........................................................................................................39
Tabela 6.1.2........................................................................................................40
Tabela 6.1.3........................................................................................................41
Tabela 6.1.4........................................................................................................42
Tabela 6.1.5........................................................................................................43
Tabela 6.1.6........................................................................................................44
12
LISTA DE GRÁFICOS
Figura 7.1............................................................................................................47
Figura 7.2............................................................................................................51
PEGADAS NA AREIA
Os caminhos de Nosso Senhor; Só
quem ama percorreu; Só quem sonha
conheceu;
São caminhos cheios de amor; Que
nem sempre o sonhador; É capaz de
entender;
Alguém me disse que sonhou; Que
estava numa praia; Caminhando com
Jesus;
E olhando o céu viu sua vida; Tanta
estrada percorrida; Sempre em busca
de uma luz;
E olhando as marcas na areia; Viu ao
lado de seus passos as pegadas de
Jesus;
E aí ele falou: "-Não te entendo meu
Senhor"; E olhou para o chão:
"- Nos caminhos mais difíceis eu não
vejo tuas marcas porque me deixaste
só?"
Jesus respondeu: "- Os passos são só
meus, jamais te abandonei,
“É QUE NOS MOMENTOS MAIS
DIFÍCEIS DE VIVER; NOS MEUS
BRAÇOS TE LEVEI”
1
1
Disponível em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&q=Jesus%3B+pegadas+na+areia&btnG=Pesquisa+Google&meta=lr%3Dlang_pt
Acessado em: 04/09/2006
2
1 INTRODUÇÃO
É costumeiro dizer que os ancestrais do homem adotaram a posição
ereta e a locomoção bipedal quando desceram das árvores. A maior vantagem
desse evento foi a liberação dos membros superiores, principalmente das
mãos, para que tornasse possível a manipulação eficiente de ferramentas e
armas e o transporte de alimentos (MAYR, 1977). Portanto o apoio podálico
libertou o homem para poder interagir com maior eficácia com o seu ambiente.
Nos pés, como se fossem estacas de sustentação fincadas no chão, inicia-se o
reequilíbrio corpóreo e paralelamente a compensação de qualquer
desequilíbrio que ocorra nos níveis superiores do corpo (ROLF, 1990).
Qualquer pessoa não se sente disposta a caminhar quando lhe doem os pés e
isto pode ser um sinal de doenças ou lesão do sistema músculo-esquelético
que tende a interromper o padrão normal da marcha. Há uma variedade de
mecanismos que tentam compensar as alterações à custa de bastante
dispêndio de energia. A saúde dos pés é muito importante, porque o efeito do
envelhecimento biológico normal faz diminuir as reservas funcionais do
organismo nos aparelhos e sistemas: muscular e ósseo, nervoso, circulatório
entre outros. A quantidade de energia que cada um dos seres humanos possui
para conservar suas forças é limitada e, portanto deve ser preservada.
Verificando esses aspectos, chegamos aos temas centrais dessa
pesquisa, ou seja, a boa compreensão de distúrbios do aparelho locomotor da
marcha e os reflexos nas expressões físicas e psicossociais, cuja importância o
trabalho procura demonstrar ao analisar os pés dos idosos.
Os valores representativos desta pesquisa são: as dificuldades que os
pés possam apresentar na deambulação, motivadas pela falta de saúde dos
mesmos, as possibilidades de reabilitação dos pés afetados e a associação
destes dois eventos com os conseqüentes entraves sociais.
3
Nota se que há uma estreita interação entre pés, calçados, marcha e
equilíbrio, sobretudo na pessoa da terceira idade. Além disso, devemos lembrar
que os pés das pessoas idosas, depois de muitos anos de “uso e abuso”
podem apresentar alterações, quanto às disfunções estruturais, provocando-
lhes a dor e as deformidades que são causas freqüentes de visita ao médico
(FERREIRA, 2005). Ademais podem comprometer a população idosa, que
vem aumentando progressivamente nas últimas décadas
2
.
É pertinente ao assunto inserir os aspectos do envelhecimento e a sua
relação com as diversas doenças, dentre elas, os problemas com os pés.
Podemos observar as diferentes maneiras de envelhecer e acompanhar
atentamente a desigualdade da falência biológica e fisiológica de cada
organismo envelhecido. Conforme pesquisa do Instituto Sodexo
3
, é de 60% o
percentual das pessoas da terceira idade que se apresentam em condições de
fragilidade, tornando-as dependentes e carentes de ajuda regular para
sobreviver e poder cumprir as suas atividades da vida diária.
A saúde e o bem-estar são os elementos fundamentais para que o idoso
tenha qualidade de vida e os fatores principais de preocupação dos serviços
sociais. Para se ter uma vida com mais qualidade é importante a prática de
bons hábitos, dentro das melhores condições e possibilidades de cada um. O
grupo populacional dos idosos é mais sensível às agressões do meio ambiente,
por causa do desgaste normal imposto pela intrépida passagem do tempo.
Com base nesses fatos conclui-se o seguinte: que a pessoa,
independentemente da sua idade, precisa ter uma grande força interior (física,
psicológica e energética) para poder rechaçar os ataques dos agentes
causadores de doença presentes na natureza. Ser idoso não é sinônimo de
estar doente, segundo os estereótipos já cristalizados em nossa sociedade,
porém ele é um organismo vivo que ao longo do tempo passa pelo processo de
2
Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/perfidosos2000.pdf. Acessado
em: 25/06/2006
3
SODEXO: Do tempo dos “Velhos” a “Idade do Poder”. In: A mutação dos idosos dos anos
2000. São Paulo, 1999
4
desgaste (oxidação, atrofia, entre outros), necessitando maiores cuidados
constantes.
O idoso tem um metabolismo menos ágil que elucida a razão de ele
sentir e reagir mais lentamente às doenças degenerativas, fato que nos leva a
ponderar que “queixar-se” sempre é “mania de velho”.
Excluir uma pessoa do ambiente social, independentemente do motivo,
é corriqueiro, mas inserí-la é bem mais complexo. As soluções para a inclusão
de idosos no contexto social dependem de atividades profissionais, dentre as
quais podemos mencionar a gerontologia, a clínica médica e a fisioterapia que
devem cooperar harmonicamente para atingir objetivos comuns. Implementos
de várias naturezas, utilizados por equipes, preparadas para isso, tornarão bem
sucedida uma existência, em termos de longevidade e qualidade de vida.
Atualmente nos é facultado um estudo pormenorizado dos modelos,
estatais ou outros, de gerenciamento da inserção dos idosos na sociedade. É
parte relevante desse questionamento a cooperação do idoso em assimilar
conceitos e, conseqüentemente, os treinamentos necessários para impedir que
os efeitos de sua senescência comprometam suas atividades sociais, às quais
a capacidade de deambulação, está intimamente ligada. As dores e as
deformidades dos pés aumentam as tendências às quedas, pioram o equilíbrio
e a capacidade funcional do indivíduo e comprometem a sua independência
física. Não podemos nos esquecer de que o indivíduo social necessita e tem o
direito de proteção de Instituições do Estado e outras, esteja ele empregado ou
desempregado, incluído ou excluído do convívio social.
Compreender a relação entre a velhice, o Estado e as políticas públicas
liga-se aos fundamentos e às características atuais de sociedades modernas,
sujeitas aos processos evolutivos nos contextos de cidade e metrópole. No
artigo Nº. 1º da Lei 10.741 (1º de outubro de 2003) é instituído o Estatuto do
Idoso
4
, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
4
Direitos Civis. Disponível em: http://www.serasa.com.br/guiaidoso/20.htm. Acessado em:
17/06/2006
5
ou superior a 60 (sessenta) anos. Este é mais um suporte legal para se evitar
que o idoso seja estigmatizado.
6
...e toda ciência seria supérflua, se a forma de
manifestação e a essência das coisas
coincidissem imediatamente.
Marx
7
2 JUSTIFICATIVA
2.1.COMO PROBLEMAS FÍSICOS E BIOLÓGICOS SE TRANSFORMAM EM
SOCIAIS
Este estudo tem como objetivo compreender e analisar os possíveis
distúrbios dos pés dos idosos; averiguar quais são as conseqüências na vida
deles, tanto na parte física como na social e contribuir para o desenvolvimento
de programas que levem em consideração a solução destes problemas.
Sem assistência adequada, o velho pode tornar-se insígnia de exclusão,
fenômeno típico de uma sociedade na qual sobrevivem atitudes sociais
negativas. Tornar-se idoso é algo inevitável; entretanto, as características
aceitas como conseqüências da idade cronológica podem ter seu surgimento
retardado. Logo, os aspectos estruturais e psicológicos do envelhecimento
necessitam de análise e de cuidados pormenorizados. As características
consideradas como típicas da velhice podem ter inúmeras causas além do
número de anos vividos. Na sociedade competitiva os fracos e os velhos são
perseguidos e rebaixados e consequentemente afastados dos seus cargos. A
exclusão, pois, não terá necessariamente uma explicação plausível, uma vez
que não podemos admitir, na sociedade, a presença de humanos
supostamente “inferiores”, obrigados a permanecerem sempre excluídos.
São relativamente recentes os trabalhos gerontológicos com base em
pesquisas científicas e o estudo social de indivíduos idosos, mais recente ainda
(LEME, 2002). O envelhecimento e as pesquisas relativas a ele têm ocupado a
mente dos homens desde a antiguidade; testemunhos históricos de diversas
culturas preocuparam-se tanto com os aspectos médicos do envelhecimento
como também com o seu perfil sociocultural. Observou-se, então, que a partir
de uma determinada idade as pessoas, de maneira geral, começam a ser
incapazes de produzir e de participar da sociedade com a mesma intensidade
de antes. Daí pode ocorrer uma exclusão dos idosos da esfera social causada
8
por uma exaustão físico e mental (NOGUEIRA, 2000). O foco desta pesquisa
dirige-se às causas que o esgotamento físico pode desencadear nos pés dos
idosos, visto que, apesar de terem surgido vários estudos e pesquisas sobre o
envelhecimento biológico, não há referências mais detalhadas sobre esse
assunto.
O nosso interesse é realizar um estudo a esse respeito, principalmente
porque, não há nada sobre este tema, pelo contrário são negligenciados os
cuidados com os pés das pessoas da terceira idade, não só no Brasil, mas
também em outros países. Na prática médica pode mesmo ocorrer que se dê
toda a atenção à resolução de problemas mencionados nas queixas de
pacientes idosos, contudo sem se preocupar quanto às múltiplas
conseqüências possíveis desses problemas. Explicando melhor: no caso de um
trauma de joelho que afetará conseqüentemente o apoio podálico, onde o
primeiro é tratado e o segundo é negligenciado. Normalmente, os pés não
recebem a mesma atenção que outras partes do corpo até que um calo ou
odores comecem a incomodar. Não é necessário esconder o problema dentro
do sapato, uma vez que há tratamentos e intervenções que trazem cura,
corrigem os passos e até ajustam a posição anatômica dos artelhos
5
. As
preocupações com os pés incluem aspectos circulatórios, neurológicos,
ortopédicos, entre outros, como causas prováveis do aparecimento de dores e
desconfortos irradiativos e reflexivos generalizados em todo o aparelho
locomotor, provocando instabilidades de postura que resultam em quedas.
A pessoa idosa tende a ter dificuldades para cuidar sozinha dos seus
pés, por que: as unhas dos pés ficam desidratadas, endurecidas e, portanto,
difíceis de serem cortadas; os olhos já não conseguem distinguir o que deve
ser tratado; a coluna vertebral muitas vezes não se dobra tanto quanto o
necessário; as suas mãos além de não terem a mesma força de antes podem
ficar trêmulas e inaptas para uma função tão delicada como cortar as unhas
(CONI, DAVISON e WEBSTER, 1996). Neste caso, se o idoso não for atendido
por um especialista, é possível imaginar em que condições os seus pés ficarão.
5
Pés exigem atenção especial para não causar dor de cabeça. Disponível em:
http://www.marimar.com.br/boletins/pes.htm. Acessado em: 14/07/2006
9
Deve se considerar que os problemas com nossos pés podem ser os primeiros
sinais de condições médicas mais sérias, tais como as artrites, os diabetes, e
desordens do sistema nervoso e circulatório.
O idoso, geralmente, fica envergonhado quando expõe os seus pés
descalços - na praia, na piscina, por exemplo - e, se estes apresentarem
qualquer deformidade e quando é obrigado a usar sapatos ortopédicos sente-
se constrangido perante a sociedade. A relação dessas pessoas com o
ambiente social tende a agravar-se quando os seus pés ou qualquer outra
parte do seu aparelho locomotor da marcha, com deformidades aparentes,
chamarem a atenção dos outros, dificultando a sua locomoção. Vai-se
desenhando aqui, por conseguinte, uma cadeia de eventos que culminarão
numa espécie de auto-exclusão do idoso que o impede de participar
ativamente de eventos sociais, culturais, desportivos e recreativos. A perda da
independência em realizar os AVDs
6
está fortemente associada, muitas vezes,
à institucionalização de pessoas idosas e, a partir disso, ao decréscimo
progressivo de oportunidades para a mobilidade. Assim, para as pessoas
idosas, algumas atividades que aparentemente são simples e corriqueiras
como o andar, por exemplo, podem tornar-se extremamente arriscadas e de
difícil execução, principalmente em ambientes complexos, como o andar na
presença de obstáculos (COZZANI e MAUBERG de CASTRO, 2005).
A imobilidade dos moradores, em Instituições de Longa Permanência,
vítimas de um sedentarismo conseqüente da ausência de programas de
atividades que incluam movimento pode estar ligada de alguma forma às dores
nos pés
7
(De acordo com exposição da Professora Dra. Suzana R. A.
Medeiros).
6
Atividades da Vida Diária. Disponível em: http://www.coffito.org.br/noticias1.asp?id=378
Acessado em: 20/07/2006
7
De acordo com exposição da Professora Dra. Suzana R. A. Medeiros. Serviço Social
(PUCSP), mestrado e doutorado em Serviço Social (PUCSP). Professora emérita da PUCSP.
10
A seguir, após a Introdução e a Justificativa da Dissertação, vamos
desenvolver o nosso estudo, considerando as Referências Conceituais, o
Desenvolvimento, a Metodologia da Pesquisa, a Análise e as Considerações
Finais.
11
As pessoas necessitam de esperança,
As pessoas necessitam de amor,
As pessoas necessitam da confiança de um
companheiro,
As pessoas necessitam de amor para tornar boa
uma vida,
As pessoas necessitam de fé em uma mão que
ajuda.
Abba
12
3 REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
3.1. OS PÉS e TODO O APARELHO LOCOMOTOR da MARCHA:
3.1.1. A fisiologia do aparelho locomotor
A fisiologia é a maneira pela qual a natureza resolve nossas
necessidades funcionais.
Cada gesto é feito por um conjunto de ações que se complementam
para atingir o objetivo final. Todos os gestos do ser humano são globais, isto é,
solicitam a ação do conjunto do sistema locomotor. Esses gestos são
executados pelas duas cinturas: a pélvica e a escapular, ligadas por dois
sistemas cruzados. Na deambulação, por exemplo, a cintura escapular
equilibra a cintura pélvica ao projetar o membro inferior. Na preensão da mão,
ação do membro superior, a cintura pélvica apóia os movimentos do tronco e
da cintura escapular. Podemos, então, com base nesse princípio, deduzir que
nenhum movimento é realizado separadamente. Apesar de nossa evolução
como bípedes, continuamos quadrúpedes, em todos os nossos gestos, fato
esse o que comprova o equilíbrio e a reação dos sistemas cruzados.
Para executar a marcha o ser humano se vale do aparelho locomotor
que engloba os seguintes componentes anatômicos: ossos, articulações,
ligamentos, músculos, tendões e todas as partes relacionadas com o
movimento, direta e indiretamente.
3.1.2. A Fisioterapia
A Fisioterapia é a ciência da saúde que estuda, diagnostica, previne e
trata os distúrbios da cinesia humana decorrentes de alterações de órgãos e
13
sistemas humanos
8
. Ela atua nas mais diversas áreas, como: Pediatria,
Geriatria, Reumatologia, Cardiologia, Ortopedia, Neurologia, Ginecologia,
Obstetricia e Fisoterapia preventiva, estética, respiratória e desportiva.
As metas da fisioterapia geriátrica incluem a preservação da função
motora, a prevenção e instalação de incapacidades inerentes à senescência e
a reabilitação funcional do idoso. As participações do fisioterapeuta nas
pesquisas científicas focam o envelhecimento motor e funcional do idoso.
3.1.3. A marcha: o pé que caminha.
A marcha ou locomoção é um instrumento fundamental para a
independência do idoso e deve ser preservada para evitar as conseqüências
da imobilidade. O funcionamento da marcha pode ser afetado por processos
nosológicos
9
ou por lesões (O’ SULLIVAN e SCMITZ, 1993).
Andar requer musculatura e estrutura articular e ligamentar em boas
condições. Durante a marcha há a solicitação de diversos grupos musculares
(sinergismo
10
) e funções proprioceptivas (equilíbrio, equilibração,
compensações e outros) eficientes.
A marcha é um meio de locomoção realizado por intermédio de
movimentos alternados das pernas. Andar é uma produção de vários sistemas
envolvidos, como o neurológico, o vestibular, o somatossensorial e o músculo-
esquelético (GOMES e DIOGO, 2004).
A palavra locomoção vem do latim locus= local e movere= mover, ou
seja, mover-se de um lado para outro. O ser humano adquiriu a habilidade de
8 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisioterapia Acessado em: 06/09/2006
9
Nosologia = estudo das moléstias. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 1ª ed., 15ª
impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1975.
10
Sinérgico = trabalhar junto, cooperar. Dic.Houaiss da Língua Port.- Disponível em:
http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=sinérgico Acessado em: 24/08/2006
14
deambular ainda na época de lactescência. Com a prática (desenvolvimento e
treinamento) o sistema sensitivo motor gera diversos controles para permitir
que um indivíduo ande sem esforço consciente. Uma lesão do sistema músculo
esquelético pode interromper o padrão normal de deambulação (SMITH,
WEISS e LEHKUHL, 1977) e, além disso, as doenças, as lesões e o
envelhecimento fisiológico podem produzir alterações na marcha.
Para elucidar melhor, podemos acrescentar que o andar significa mover-
se de um lado para outro com a ajuda dos pés, enquanto a marcha é o estilo
pessoal dado ao andar de cada um (LIPPERT, 1996).
Hoje em dia, os estudos científicos da mecânica da marcha são amplos,
mas Aristóteles e Leonardo da Vinci já haviam feito observações
documentadas sobre a caminhada. A marcha a pé foi a maneira que o homem
primitivo utilizou para o seu deslocamento, pois somente mais tarde se valeu
da montaria e para chegar aos meios de transporte atuais, teve que inventar a
roda.
Numa comparação, podemos considerar a locomoção humana como
uma roda deslocando-se sobre o solo; neste caso, as pernas representariam os
dois raios de uma roda, de tal modo que enquanto um dos raios apóia (pé
apoiado no chão) o outro simula a fase do balanço (o pé que fica sem ter
contato com o chão). A marcha é dividida em duas fases: apoio e balanceio e
exige completa e livre amplitude de todas as articulações envolvidas, além da
atividade muscular coordenada e conservação de energia.
Os estilos do andar são peculiares e mudam conforme o humor da
pessoa. Normalmente se está feliz seus passos são leves; ao contrário quando
se está triste ou deprimido, o passo tende a ser pesado. Independentemente
da maneira de andar, os componentes da marcha são iguais para toda espécie
humana.
Os seres humanos, para andar, empregam vários movimentos: do
quadril, dos joelhos, dos tornozelos e pés e os da pelve para manter o centro
15
de gravidade. Esses componentes são denominados de determinantes da
marcha que aumentam a eficiência, diminuem o gasto energético e tornam a
marcha mais graciosa (CAILLIET, 2005).
É conveniente lembrar que o corpo humano é um conjunto de sistemas
integrados e interdependentes, portanto, as desordens que o acometem
admitem o aparecimento de alterações e o reflexo deletério da marcha é mais
um deles. As alterações estruturais e funcionais dos diferentes sistemas
relacionados com a marcha e o equilíbrio são os componentes do desempenho
motor, sendo influenciados por diferentes alterações fisiológicas ou patológicas
que ocorrem nestes sistemas. Os processos de envelhecimento; degeneração
cerebral, osteoartroses, diabetes mellitus, doenças dos nervos periféricos,
seqüelas de acidente vascular cerebral, fraturas por osteoporose e outros,
comprometem significativamente o aparelho locomotor do idoso (GOMES e
DIOGO, 2004).
3.1.4. A Participação do Quadril na Marcha
O pé depende estática e cinematicamente do encaixe do tornozelo. Este
último, por sua vez, depende do alinhamento da tíbia, da fíbula e do fêmur
(CAILLIET, 2005). A unidade “perna” vai da cabeça femoral ao pé. Ao
analisarmos o movimento a partir do pé, podemos afirmar que é ele quem
dirige a perna (BÉZIERS, 1992) e o quadril tem sua flexão controlada pela
musculatura para impedir a sua ida além do necessário. Toda anomalia dos
membros inferiores será ponto de partida para uma posição pélvica anormal e
de uma compensação lombar (BIENFAIT, 1995).
3.1.5. A participação do joelho na marcha.
Quando o calcanhar toca o chão, o joelho começa a flexionar e vai até
aproximadamente 20 graus para absorver o choque do impacto. Em seguida
vai se estendendo para dar o apoio à propulsão (LIPPERT, 1996).
16
3.1.6. O pé
A função dos pés é oferecer uma base confiável para a parte superior de
o corpo relacionar-se com o plano horizontal da Terra. A bipedalidade é uma
atitude dinâmica, porque não existe posição estática imóvel, mas um constante
balanceio denominado: “standing dynamic” (VILADOT, 2003). O apoio dos pés
no chão é que condicionam uma boa estática, logo, se houver deformações
nos pés, evidentemente haverá uma estática deficiente (BIENFAIT, 1995). Os
pés e os tornozelos são verdadeiros delatores de qualquer desequilíbrio
ocorrido nos níveis superiores (ROLF, 1990).
Muitos problemas do pé comumente observados ao nascimento e na
primeira infância podem responder ao tratamento conservador apropriado,
evitando o surgimento de problemas subseqüentes (CAILLIET, 2005).
No pé geriátrico devem ser averiguados os problemas dolorosos da
extremidade inferior, com perdas funcionais. É preciso cuidar adequadamente
dos pés dos idosos, inclusive dos seus calçados e ortoses
11
. Nos idosos
diabéticos a inspeção dos pés faz parte do tratamento. Os pacientes que não
conseguem examinar os próprios pés por causa de alguma deficiência, seja ela
visual, funcional, cognitiva ou emocional, devem ser ajudados por outra
pessoa.
O pé é uma estrutura composta de 26 ossos e 33 articulações movidas
por 19 músculos e ligadas por 107 tendões, contendo vasos sanguíneos e
nervos. Ele requer muita coordenação nos diversos momentos da locomoção.
Com a diminuição da capacidade de manter o equilíbrio e a sustentação, em
decorrência da redução circulatória periférica, o idoso torna-se vulnerável aos
traumas. A sensibilidade também diminui pelos mesmos motivos, facilitando
assim ferimentos e lesões nos pés (ROSE, 2002),
11
Aparelhos ortopédicos de correção (nota do autor)
17
As articulações e músculos do tornozelo e pé são projetados para dar
estabilidade e mobilidade às estruturas terminais do membro inferior. O pé
precisa sustentar o peso corporal do indivíduo em ação de bipedalidade e
durante a locomoção, com um mínimo de gasto de energia muscular. Além
disso, o pé precisa ser capaz de adaptar-se de modo a absorver forças e
acomodar-se às superfícies irregulares (KISNER e COLBY, 1988). Os
transtornos dos pés podem causar problemas não só nos joelhos, mas também
nos quadris e na região lombar da coluna, restringindo a mobilidade e a
independência da pessoa (NUNES, 2003).
Tratando-se dos pés, o que mais os afeta os idosos são a dor, a
deformidade, as alterações circulatórias, as hiperceratoses e a claudicação.
Uma afecção comum que os atinge é o pé plano ou achatamento do arco
plantar. Esta afecção é classicamente considerada como uma enfermidade da
civilização, por causa de calçadas e superfícies inadequadas que requerem o
uso de um esforço superior e pelo uso de calçados incorretos que provocam as
deformidades. A queixa, nestes casos, costuma ser a dor nos pés ou a
alteração na marcha normal (VILADOT, 2003). O idoso tende para o pé plano
por perda de massa muscular (sarcopenia) e óssea (osteopenia), inerentes à
senescência, que pode ainda causar artrose acompanhada de inflamação e de
dor.
3.1.7. Distúrbios dolorosos do pé do adulto
A maioria das dores nos pés dos adultos tem a sua origem em tecidos
moles (músculo, ligamento, tendão, etc.). Já as causas articulares e
neurológicas podem advir de anormalidades congênitas, infecções, neoplasias
e traumas.
18
3.1.8. Abordagens sobre diagnósticos nosológicos
O pé normal deve ser indolor, exibir equilíbrio muscular normal, não
deve ter contratura, mas deve ter um calcanhar normal, artelhos retos e móveis
e ter os três pontos de sustentação de peso durante a bipestação
12
e na fase
de apoio da caminhada (ante pé, médio pé e calcanhar).
O pé e o tornozelo oferecem condições para uma avaliação visual,
manual, táctil e funcional. É fundamental para o histórico do paciente que ele
aponte corretamente o local que se apresenta dolorido. A avaliação deve ser
realizada com o paciente parado ou em movimento.
A marcha requer um exame minucioso, pois, as dores podem ter origens
ortopédicas e neurológicas. O resultado da avaliação deve revelar a causa
provável da dor e da incapacidade.
Também é importante examinar os calçados que podem indicar as
anormalidades desencadeadas pela marcha ou pela postura corpórea
inadequadas. Os pontos que devem ser observados no
sapato são: o salto, o
bico do calçado, a parte superior e a sola do sapato. Cada uma dessas áreas
pode denunciar irregularidade do tornozelo e do joelho, flexo-extensão anormal
do pé, deformidades dos artelhos e alterações nos pontos de apoio dos pés.
O exame dos pés deve incluir as abordagens ortopédicas (articulações,
cápsulas articulares, ligamentos, tendões e músculos), a avaliação neurológica
e circulatória (CAILLIET, 2005).
12
Vilem Bischof (07/04/04) Bipedestação ou o caminhar sobre duas pernas conforme a
antropóloga francesa Yvette Deloison que em seu livro intitulado "Préhistoire du piéton" (Pré-
história do pedestre, numa tradução livre), voltou suas pesquisas para o pé, que tem “uma
anatomia totalmente própria do homem e reservada ao uso exclusivo da bipedestação”.
Disponível em:
http://ctjovem.mct.gov.br/index.php?action=/content/view&cod_objeto=16993.
Acessado
em: 23/09/2005
19
3.1.9. Condições dermatológicas do pé
Há diversas condições dermatológicas do pé que causam dor e
interferem na mobilidade normal e na marcha da pessoa. Elas podem ser
conseqüentes de compressão mecânica e/ou irritação, condições fúngicas ou
bacteorolgicas e originárias de condição sistêmica (ex.: diabetes).
Os problemas dermatológicos do pé mais comumente encontrados,
conforme Cailliet (2005) são:
1. Calosidades: são proliferações dérmicas causadas por compressão e
fricção em regiões com pouca proteção de gordura subcutânea.
Calos: são formações de áreas com hiperceratose em conseqüência de
pressão mecânica de uma proeminência óssea sobre a pele.
O tratamento em ambos os casos é o desbastamento dos calos e
calosidades, de preferência por intermédio de podólogo, remoção da pressão
pela modificação do calçado e banhos de água quente com emolientes.
2. Verrugas plantares: podem aparecer em qualquer área plantar e não
são encontradas sobre proeminências ósseas. São papilomas considerados de
origem viral. Para o tratamento aconselha-se procurar a ajuda de um
especialista.
3. Joanete: é uma bolsa em torno das articulações que se inflama em
conseqüência de pressão e fricção repetidas. Afeta principalmente o hálux e o
quinto artelho. Recomenda-se o uso de calçado com ante pé largo e ajuda de
um especialista para tratamento.
4. Ceratoderma plantar: é uma condição pela qual a sola do pé sofre
espessamento difuso, com fissuras dolorosas. As causas podem ser desde
psoríase até a pele avascular no idoso. Caminhar descalça sobre superfícies
20
quentes pode produzir ressecamento da pele, causando a ceratoderma plantar.
O tratamento requer banhos quentes e massagens com ungüento à base de
lanolina.
5. Pé-de-atleta: é uma dermatomicose ou infecção fúngica que afeta a
pele dos pés. Existem mais de cem mil espécies de fungos, porém “apenas”
uma centena delas é patogênica e prejudicial à saúde dos seres humanos. É
contagioso, portanto requer atenção, cuidado e profilaxia. O tratamento é
baseado no uso de antimicóticos tópicos e higiene cuidadosa dos pés, sempre
com a assistência de especialista (NUNES, 2003).
6. Pé diabético: os portadores de diabetes necessitam de cuidados
especiais. Dentre eles o controle da taxa de açúcar no sangue é o mais
importante. O problema do pé diabético surge em conseqüência de alteração
vascular que se divide em três categorias: isquemia, alterações neuropáticas
do tecido mole e artropatia neuropática. As complicações surgidas a partir
dessas alterações são ameaçadoras. Quando o paciente diabético diz: “Meus
pés estão me matando”, pode estar falando a verdade. Os problemas do pé
diabético representam um grande risco. Todas as pessoas acometidas dessa
doença devem observar constantemente os seus pés. Se não agirem assim, as
conseqüências podem ser severas, incluindo a amputação ou septicemia
13,14
.
O tratamento deste problema sistêmico é complexo e vai desde o equilíbrio da
taxa de glicose e insulina até a escolha de um calçado apropriado. O pé
diabético requer muita atenção e o objetivo desses cuidados é preservar a sua
circulação sangüínea para evitar as complicações produzidas pela má
circulação. O exame dos pés é feito periodicamente por profissionais e
diariamente pela pessoa portadora da doença , também se deve verificar se
existem cortes, bolhas, inflamação ou vermelhidão. É fundamental lavar e
secar, diariamente, bem os pés, nunca caminhar descalço, cortar as unhas
13
Sépsis = presença de microorganismos piogênicos e outros organismos patogênicos, ou
suas toxinas, na corrente sangüínea ou nos tecidos; sepse, sepsia. Disponível em:
http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=sepsis. Acessado em 17/09/2006
14
The Diabetic Foot. Disponível em: http://www.aofas.org/i4a/pages/index.cfm?pageid=3303.
Acessado em: 21/06/2006
21
retas e lixar as suas bordas, esses procedimentos são indispensáveis neste
caso.
7. Unha encravada: ocorre quando as unhas são mal cortadas e podem
crescer para dentro da carne e até infeccionar. Calçado de bico fino também
favorece que elas se encravem. O tratamento deve ser feito por um
profissional.
3.1.10. Calçados
A função primordial do calçado é a proteção dos pés contra os agentes
externos que podem lesioná-los, como: a temperatura, a dureza e as
irregularidades do terreno, entre outras (VILADOT, 2003). O calçado tem
importância psicológica para o seu usuário, pois como sempre está à vista,
reflete a auto-imagem e a identidade da pessoa. É de fundamental importância
o uso de sapatos adequados para dar maior estabilidade à marcha e dar
conforto aos pés. Há poucos calçados especiais para os pés delicados dos
idosos, só existem para os diabéticos, mas são caríssimos.
Quanto aos calçados especiais, devemos enfatizar que, por um lado,
não existe este tipo de calçado para os pés delicados dos idosos, apenas para
os pés diabéticos e, assim mesmo, caríssimos. Por outro lado, se uma pessoa
é obrigada a usar calçado especial, se sentirá estigmatizada socialmente por
causa dos
seus “sapatos engraçados”.
Ao se adquirir um calçado, deve-se levar em
consideração o conforto, a cor
e o custo.
O sapato ideal é aquele que se adapta bem ao pé, permite boa
estabilidade e locomoção com segurança, não superaquece o pé e apresenta
certa facilidade de calçar e descalçá-lo (FINLAY, 2002). Um calçado
confortável facilita a função do pé.
22
Sapatos inadequados são responsáveis por 90% das doenças dos pés
(AOFAS, 2006)
15
. Os calçados se classificam em comercias, ortopédicos e
temporários. Os mais simples são encontrados no comércio em geral,
enquanto os ortopédicos são confeccionados com base em receita de
profissionais (médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, podólogo e outros
ligados à saúde das pessoas) e os temporários são feitos sob medida por
profissionais especializados.
3.1.11. Calçadas
Quando os órgãos governamentais responsáveis falam em melhoria de
transportes, logo se pensa em rodovias, em metrôs e em ônibus, porém não se
mencionam os pedestres nesta categoria. Há uma negligência e falta de
respeito aos pedestres que se defrontam com calçadas em péssimas
condições, tanto na periferia como nas regiões mais nobres. Os jovens
locomovem-se por elas sem maiores problemas, entre os buracos e desníveis,
mas os idosos encontram dificuldades e muitas vezes estão sujeitos às
quedas, não raro, com graves conseqüências. As calçadas, as travessias de
pedestres, os degraus dos ônibus, as escadas sem corrimãos, as escadas
rolantes, entre outros, são desafios constantes para o idoso.
A maioria das calçadas paulistanas (COSTA, 2005) não é padronizada e,
por isso mesmo, inadequada para o trânsito de pedestres, principalmente das
pessoas idosas e para os portadores de deficiências físicas. Elas são estreitas e,
quando se apresentam mais largas, a má ocupação delas as torna impraticáveis.
Já o cidadão que tenta seguir pela faixa de pedestres sofre com a histeria e a
grosseria dos motoristas que avançam sobre ele. Os obstáculos mais comuns,
encontrados nas calçadas, são: postes mal posicionados, placas de sinalização,
comércio ambulante, lixo por toda parte, vegetação agressiva (coroa de cristo),
entre outros e o resultado deste quadro é um maior número de acidentados. As
15
Disponível em: http://www.aofas.org. Acessado em: 21/06/2006
23
maiores vítimas acabam sendo os idosos que deambulam com dificuldade por
não possuírem firmeza articular e propriocepção ativa.
As calçadas em São Paulo espelham a falta de respeito e de cultura,
humilhando o pedestre. Uma vez que a calçada é parte integrante do Sistema de
Trânsito, compondo um todo com as vias de circulação de veículos, o artigo 68
do Código de Trânsito Brasileiro
16
confere aos municípios a responsabilidade
pela construção de calçadas e passeios públicos que é compartilhada entre
proprietários de imóveis e o poder municipal. As ferramentas jurídicas já
existem, mas a aplicação de políticas de apoio ao pedestre depende também da
participação da sociedade.
3.1.12. Alguns fatores que dificultam o equilíbrio e a locomoção:
1) Osteoporose: possibilidade de fraturas e conseqüente medo de cair;
2) Alterações posturais: perda do ponto central gravitacional que causa
insegurança à pessoa;
3) Diminuição dos neurotransmissores cerebrais: interferência na função
motora que causa atraso dos reflexos musculares;
4) Alterações sensoriais, hipoestesia discreta distal: causa diminuição da
capacidade reflexa e proprioceptiva, principalmente nos membros
inferiores.
16
Art. 68. “É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das
vias urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade
competente permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja
prejudicial ao fluxo de pedestres.” Disponível em:
http://www.senado.gov.br/web/codigos/transito/cnt00020.htm . Acessado em: 01/10/2006
24
Outros fatores não menos importantes também comprometem a
segurança de bem pisar do indivíduo, como, por exemplo, a obesidade, a
desatenção e o uso de sapatos inadequados para caminhadas mais longas,
entre outras.
3.1.13. Os pés no envelhecimento
O idoso só fala dos seus pés quando eles doem. Às vezes, há neles
enormes deformidades que poderiam ter sido evitadas. Os portadores de
diabetes são vítimas fáceis das agressões aos pés e com conseqüências
drásticas, como já foi dito.
O envelhecimento, do ponto de vista biológico, é marcado por mudanças
morfológicas, funcionais e bioquímicas que alteram progressivamente o
organismo, podendo levá-lo à morte. Esta fase da vida é caracterizada por uma
redução da capacidade de adaptação homeostásica
17
às situações de
sobrecarga funcional (CARVALHO FILHO, 2002). O aparelho locomotor sofre
também a perda de funções celulares do sistema nervoso e muscular que não
devem ser confundidos com as conseqüências deletérias de uma vida
sedentária. A perda de funções é inevitável no envelhescente, apesar dos
melhores hábitos de vida (VANDERWOORT, 2000).
3.1.14. A exclusão
Os aspectos da exclusão estão intimamente ligados ao exercício da
cidadania e à mobilização de segmentos em torno das questões básicas que
proporcionam às pessoas em geral, os sentimentos inerentes ao direito de
participação.
17
Homeostase = Tendência à estabilidade do meio interno do organismo. Novo dicionário
Aurélio da língua portuguesa. 2ª ed., 26ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1975.
25
A exclusão social é uma situação de falta de acesso às oportunidades
oferecidas pela sociedade aos seus membros.
As alterações de caráter morfológico e fisiológico que ocorrem no
organismo vivo ao longo do tempo trazem consigo reflexos no comportamento,
habilidade intelectual e capacidade física de cumprir as atividades diárias. E
vão interferir nas interações sociais de exclusão e inclusão do indivíduo
(JECKEK-NETO e MÂNICA da CRUZ, 2000).
No Brasil, a situação de exclusão social - em quaisquer instâncias - vem
se agravando em termos de quantidade (é cada vez maior o número de
desvalidos) e em intensidade (é cada vez maior o número de pessoas vivendo
abaixo da linha da pobreza). O Brasil ocupa a 109° posição em índice de
exclusão social, após descer 40 posições, entre 175 países pesquisados. O
estudo parte de dados oficiais e traça um perfil da pobreza, da desigualdade e
da concentração de renda. O somatório das variáveis pesquisadas leva a uma
pontuação entre zero e um e quanto mais próximo ao zero pior é a exclusão
(Jornal: O Estado de São Paulo, 2004)
18
.
A inclusão torna-se viável somente quando, por meio de participação em
ações coletivas, os excluídos forem capazes de recuperar sua dignidade e
conseguirem - além de emprego e renda - acesso à moradia decente,
facilidades culturais e serviços sociais, como educação e saúde. Existem
diversas maneiras de exclusão, por exemplo, os excluídos por gênero
(mulheres e crianças); os excluídos por idade (jovens e velhos); os excluídos
por aparência física (obesos, deficientes físicos, pessoas calvas, pessoas
mulatas ou pardas, portadores de deformidades físicas, pessoas mutiladas,
entre outros); excluídos do universo da saúde (pobres em geral, doentes
crônicos e deficientes físicos, sensoriais e mentais); e outros.
18
Disponível em: Estadao.com.br - Notícias, cotações e informações do Brasil e do Mundo com
a credibilidade do Grupo O Estado de S.Paulo.
home/estadao/producao/www/economia/noticias/2004/jun/16/127.htm. Acessado em:
21/06/2006
26
As categorias acima são interpenetrantes. Na tentativa de ordenação
das mesmas, fica clara a presença de grupos de pessoas participando
simultaneamente de várias categorias de exclusão: de modo geral, a exclusão
social atinge mais os pobres, poupando aqueles que dispõem de melhor
condição econômica (CONTEÚDO ESCOLA, 2004)
19
.
O problema central da humanidade nesta Era de incertezas é a busca,
às vezes desesperada, da identidade, do sentimento de pertencer e de partilhar
com o grupo, sem o qual os indivíduos não conseguem encontrar o “sentido da
vida”.
A história do homem é marcada pela tirania que o leva a prática do ódio,
da intolerância, do preconceito, do racismo e às guerras sem fim. Sob esta
perspectiva, a exclusão existe historicamente, não importa por que motivo e só
poderá ser superada, a partir das ações dos próprios excluídos e da tomada de
consciência de toda a sociedade. O idoso, graças às leis, hoje em dia tem os
seus direitos conquistados, mas ainda não implantados, não pode negligenciar
os seus deveres e ao mesmo tempo participar democraticamente no processo
evolutivo, questionando a sua exclusão. É a equipe interdisciplinar que irá
oferecer-lhe, nesse intento, o suporte físico, psíquico e emocional.
O idoso tem direito à vida, à família e à sociedade e o Poder Público
deve garantir-lhe o acesso aos bens culturais e a participação e integração na
comunidade. Contudo, surgem as dificuldades quando esses direitos são
colocados em evidência e não há preocupação com a acessibilidade, pois
faltam calçados e calçadas adequados para preservar e promover a autonomia
e a mobilidade do cidadão “idoso”, que apresenta uma série de dificuldades de
locomoção, inerentes à sua idade e aos transtornos causados pelos seus pés.
3.1.15. A qualidade de vida
19
Exclusão social. Que bicho é esse? Disponível em:
http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/95/36/1/1/. Acessado em: 10/05/2006
27
“Quanto mais aprimorada a democracia, mais ampla é a noção de
qualidade de vida, o grau de bem-estar da sociedade e de igual acesso a bens
materiais e culturais” (Olga Matos, 1999
20
).
O termo qualidade de vida tem sido usado com sentido bastante
genérico, portanto é preciso explicitar e clarificar melhor o conceito geral de
qualidade de vida que está presente nas ocorrências diárias.
O Grupo de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) – Whoqol
Group (World Healt Organization Quality of Life Group) definiu na década de
1980 que a qualidade de vida é: “... a percepção subjetiva do individuo sobre
sua posição na vida dentro do contexto da cultura e dos sistemas de valores
em que vive e com relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações.” (ALLEYNE, 2001). E o presidente dos Estados Unidos, Lyndon
Johnson declarou em 1964 que "os objetivos não podem ser medidos através
do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de
vida que proporcionam às pessoas”.
A preocupação com o conceito de "qualidade de vida" em ralação à
saúde refere-se a um movimento, dentro das ciências humanas e biológicas,
no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a
diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida
21
. Conforme
Minayo (2000) o conceito de saúde tem relação com a noção de qualidade de
vida e que a saúde não é mera ausência de doença. Isto já é um bom começo
para não reduzir este fato a uma ideologia biomédica.
Ao buscar uma noção humana sobre a investigação da qualidade de
vida o foco deve se concentrar no aspecto cultural de todos os elementos de
uma sociedade. Dentro deste relativismo cultural este estado de vida é atrelado
20
Olga Matos, gaúcha é nascida em 1943, é poeta virtual, sem livros editados, seus livros são
ciganos e moram em qualquer lugar... Disponível em:
http://www.google.com.br/search?q=Olga+Matos&hl=pt-BR&lr=&rls=GGLJ,GGLJ:2006-
29,GGLJ:pt-BR&start=0&sa=N
Acessado em: 17/09/2006
21
Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol.html Acessado em: 04/09/2006
28
ao conforto, ao prazer, à boa mesa, a viagens, a carro entre outros, pelas
populações urbanizadas e ricas do mundo ocidental. Esta é uma condição de
vida restrita a poucos.
A década de 70 do século passado foi o marco dos movimentos
ambientalistas que agregaram ao bem-estar e qualidade de vida, a perspectiva
da ecologia humana. Nos dias atuais há uma diversidade de conceitos sobre o
tema que englobam o principio qualitativo da vida no qual cada faixa etária se
identifica com uma referência. Os jovens têm os seus ideais centrados no
futuro e nas vitórias no esporte, os da meia idade buscam a estabilidade
financeira e a construção de uma família enquanto os idosos se preocupam
com a saúde e com os netos.
Em resumo a concepção da qualidade de vida é composta de valores
não-materiais, como o amor liberdade, solidariedade e inserção social,
realização pessoal e felicidade (MINAYO, 2000).
29
4 OBJETIVOS
Geral: Verificar e analisar alterações morfológicas e funcionais dos pés
dos idosos, causadoras de problemas motores e sóciopsíquicos que tendem a
deteriorar a qualidade de vida de indivíduo, motivo de sua exclusão da
sociedade.
Específicos: a) Refletir sobre a qualidade de vida das pessoas idosas
que têm distúrbios nos pés.
b) Contribuir para a elaboração de programas e serviços para o
atendimento de problemas de que trata essa pesquisa.
30
5 METODOLOGIA da PESQUISA
Conforme Demo (1985)
22
. “Quem parte de evidências nada tem a
pesquisar”. Portanto...
Este estudo compreende o levantamento bibliográfico detalhado dos
principais tipos de agravos dos pés e sua incidência, assim como observar
esses distúrbios com base nos ângulos: fisiológico, biológico e sociocultural.
A pesquisa tem caráter qualitativo e consiste no levantamento da
relação dos problemas e das dores nos pés com os cuidados, a saber,
tratamento e prevenção, entrevistando um grupo de cinqüenta (50) pessoas
com idade superior a sessenta anos. Além disso, averiguar os aspectos
oriundos destes fatos como a participação social e auto-exclusão. O número de
entrevistas foi definido com base em dados preexistentes sobre a população
alvo, obedecendo à faixa etária.
A apresentação do trabalho segue os padrões definidos pela ABNT
23
.
Após análise da bibliografia, construiu-se um questionário fechado sobre
os pés o qual foi aplicado aos idosos, como um pré-teste, que continha
perguntas e opções apresentadas em forma de frases.
O dimensionamento do problema foi feito com a realização de entrevista
para aplicar este questionário e se obteve um parecer individual, no contexto
dos grupos abrangidos pelo estudo. O objetivo das entrevistas foi evidenciar
as causas que dificultam a locomoção dos idosos e dos problemas que possam
22
Disponível em: http://pedrodemo.sites.uol.com.br/ Introdução à Metodologia da Ciência,
1985. Acessado em: 07/07/2006
23
Disponível em: Abnt. http://www.unibes.edu.br/index.phtml?id_pagina=1937
31
afetar os seus pés, procurando relacionar esses fatores com a exclusão dessas
pessoas com o seu meio ambiente. No pré-teste foram analisadas as
dificuldades de entender as perguntas e responder a elas. Os possíveis
distúrbios do sistema vestibular
24
(GUYTON, 1992) e as doenças
crônico/degenerativas que possam afetar direta ou indiretamente a marcha
humana, também foram salientados.
Essa etapa nos forneceu o informe do conjunto de pessoas que
participaram da pesquisa e como suporte de avaliação das dificuldades que as
pessoas idosas enfrentam nos compromissos sociais e desportivos, perante as
más condições dos seus pés.
5.1.CRITÉRIO DE ESCOLHA DOS PARTICIPANTES
Pessoas com mais de sessenta anos de idade. O grupo foi
composto de homens e mulheres em diferentes situações o que
garantiu a diversidade de estados: os que andam e os
sedentários que vivem em instituições asilares e os que tratam
regularmente os pés com um podólogo.
Inicialmente foi realizada uma entrevista prévia para analisar a
adequação ou não de um questionário dirigido.
Aplicou-se uma avaliação estatística, após entrevistas feitas, que
permitiu a extrair as informações dos dados para obter uma
melhor compreensão das situações que representam, conforme
IBGE (2005).
5.2. A PESQUISA DE CAMPO
24
O aparelho vestibular é o órgão que detecta as sensações de equilíbrio (Guyton,
1992).
32
Na aplicação do questionário piloto surgiram os seguintes entraves:
Alguns dos idosos institucionalizados que participaram desta pesquisa
são portadores de doenças crônico/degenerativas (LYRA JUNIOR,
2006), em escalas menores, e, portanto não possuem o completo
discernimento sobre o seu estado de saúde. Eles apresentavam
problema na marcha, mas nem sempre tinham consciência, isto é, eles
sofrem, mas não “sentem”.
As respostas dadas por pessoas com doenças crônico-degenerativas
foram respondidas, em parte, pelos seus cuidadores e isto
comprometeu, até certo ponto, a fidedignidade dos resultados.
Na reformulação deste questionário as perguntas foram simplificadas e
adaptadas às condições dos entrevistados.
Após coleta dos dados realizou-se a análise estatística de todos os
dados pesquisados.
5.3. OS ASILOS VISITADOS
Casa Comunitária São José
Casa de Repouso Lírio dos Vales
Casa de Repouso Santa Helena
Lar Nossa Senhora das Mercês
Residencial Santa Catarina
33
6 RESULTADOS
O questionário aplicado foi dirigido aos idosos institucionalizados e aos
que cuidam dos seus pés com a assistência de um podólogo, dando um
percentual de 86% para o primeiro grupo e 14% para o segundo grupo dos
pesquisados.
A amostra é composta de 50 (cinqüenta) idosos, acima de 65 (sessenta
e cinco) anos, de ambos os sexos.
Seguem-se os resultados obtidos, por meio de avaliação estatística,
desta pesquisa, conforme a ordem das perguntas:
Tabela 6. 1 Freqüências de respostas para a pergunta: Qual o nível de
dor nos pés que você sente?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Nenhuma 24 48,0 48,0
Leve 20 40,0 88,0
Intensa 6 12,0 100,0
Total
50
100,0
A maioria (52,0%) apresenta algum tipo de dor, isto é, uma sensação
desagradável nos pés (tabela 6.1).
34
Tabela 6.2 Freqüências de respostas para a pergunta: Os seus pés o
incomodam?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Sim 25 50,0 50,0
Não 25 50,0 100,0
Total
50
100,0
Da amostra entrevistada, 50% se queixaram de desconforto nos pés
(tabela 6.2).
Tabela 6.3 Freqüências de respostas para a pergunta: Como são
cuidados com os seus pés?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
É um profissional que cuida 26 52,0 52,0
Cuido sozinho (a) 5 10,0 62,0
Não cuido dos meus pés 19 38,0 100,0
Total
50
100,0
Enquanto que a maioria (62,0%) de certa forma trata dos seus pés, uma
população significativa (38,0% dos casos), não dedica cuidados a eles (tabela
3).
35
Tabela 6.4 Freqüências de respostas positivas simples e múltiplas
para a pergunta: Quando você anda muito, sobe e desce escadas, o que
dói mais:
Resposta
Freqüência
Percentual
Pés
5 13,9
Pernas
4 11,0
Joelhos
14 38,9
Quadril
1 2,8
Coluna
5 13,9
Joelhos e pés 3 8,3
Coluna e pés 1 2,8
Pernas e pés 1 2,8
Quadril e coluna 1 2,8
Pernas, coluna e joelhos 1 2,8
Total 36 100,0
Na questão referente à tabela 6.4 foram abordadas as conseqüências de
esforços estressantes e as suas repercussões nos diversos segmentos
locomotores. Somente 28,0% dos idosos responderam nada sentirem perante
esta exigência, enquanto o restante (72,0%) reclamou dos pés, das pernas,
dos joelhos, do quadril e da coluna vertebral. A maior queixa foi dos joelhos,
isoladamente ou associada (50,0%). Os pés, isoladamente ou em associação a
outros relatos, representaram 27,8% deste total.
36
Tabela 6.5 Freqüências de respostas para a pergunta: Como você
classificaria o estado geral dos seus pés?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Ruim 2 4,0 4,0
Razoável 26 52,0 56,0
Bom 22 44,0 100,0
Total
50
100,0
A auto-avaliação pedida no quesito destacado na tabela 6.5 relata que
96% dos entrevistados estão satisfeitos com as condições dos seus pés, contra
4% de descontentes com eles.
Tabela 6.6 Freqüências de respostas para a pergunta: Você encontra
com facilidade sapatos que não lhe machuquem os pés?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Sim 32 64,0 64,0
Não 18 36,0 100,0
Total
50
100,0
Da população especifica desta pesquisa, conforme a tabela 6. 6, 36,0%
das pessoas não encontram sapatos que lhes sejam confortáveis.
37
Tabela 6.7 Freqüências de respostas para a pergunta: O fato de os
seus pés serem doloridos limita as suas atividades sociais, culturais e
desportivas?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
De modo algum 29 58,0 58,0
Pouco 11 22,0 80,0
Moderadamente 8 16,0 96,0
Muito 2 4,0 100,0
Total
50
100,0
Enquanto que para 58,0% dos idosos entrevistados os pés não
representam empecilho para executar as atividades socioculturais e esportivas
os outros (42%) relatam que a dor é limitante, em diversos níveis, para estas
atividades (tabela 6.7).
Tabela 6.8 Freqüências de respostas para a pergunta: Sente-se seguro
quando está em pé?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Inseguro 7 14,0 14,0
Pouco seguro 21 42,0 56,0
Seguro 22 44,0 100,0
Total
50
100,0
O valor de 14,0% representa uma população de idosos com possíveis
distúrbios vestibulares, fato que pode comprometer a deambulação das
pessoas (tabela 6.8).
38
Tabela 6.9 Freqüências de respostas para a pergunta: Quando os seus
pés são cuidados, como se sente?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual sobre total de
respostas válidas
Nenhuma diferença 7 14,0 14,3
Um pouco melhor 5 10,0 10,2
Bem melhor 37 74,0 75,5
Ausente 1 2,0
Total
50
100,0
Na tabela 6.9 evidencia-se a importância de preocupar-se com os pés,
uma vez que as pessoas que cuidam deles (74,0% ou 75,5% sobre respostas
válidas) sentem-se bem melhor.
Tabela 6.10 Freqüências de respostas para a pergunta: Você tem
alguma doença crônico-degenerativa (diabetes, pressão alta etc.)?
Resposta
Freqüência
Percentual
Percentual acumulado
Sim 35 70,0 70,0
Não 15 30,0 100,0
Total
50
100,0
Verifica-se, através da tabela 6.10 que 70,0% das pessoas idosas
entrevistadas são portadoras de alguma doença crônico-degenerativa que lhes
compromete direta ou indiretamente o caminhar e a estabilidade.
39
6.1 CRUZAMENTO DOS RESULTADOS
Neste item apresentamos os resultados obtidos analisando-os em
tabelas de dupla entrada, associando respostas a questões inter-relacionadas.
Tabela 6.1.1 Freqüências de respostas associadas às perguntas: Qual
o nível de dor nos pés que você sente? * Os seus pés o incomodam?
2 22 24
8,0% 88,0% 48,0%
18 2 20
72,0% 8,0% 40,0%
5 1 6
20,0% 4,0% 12,0%
25 25 50
100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Nenhuma
Leve
Intensa
Qual o nível de
ue dor nos pés q
você sente?
Total
Sim Não
Os seus pés lhe
incomodam?
Total
Na tabela 6.1.1 verifica-se que este cruzamento de informações ajuda
na avaliação da intensidade de dor nos pés onde mesmo ela sendo
considerada leve (72,0%) chega a incomodar a pessoa.
40
Tabela 6.1.2 Freqüências de respostas associadas às perguntas: O fato
de os seus pés serem doloridos, isso limita as suas atividades sociais,
culturais e desportivas? * Qual o nível de dor nos pés que você sente?
19
9 1
29
79,2% 45,0% 16,7% 58,0%
4 6 1
11
16,7% 30,0% 16,7% 22,0%
1 5 2 8
4,2% 25,0% 33,3% 16,0%
2 2
33,3% 4,0%
24 20
6
50
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
De modo algum
Pouco
Moderadamente
Muito
O fato de os seus pés
so
ociais,
portivas?
serem doloridos, is
limita as suas
atividades s
culturais e des
Total
Nenhuma Leve Intensa
Qual o nível de dor nos pés que
você sente?
Total
Ao traçar o perfil das pessoas idosas confrontando-se com os pés
doloridos, verifica-se que, mesmo existindo relatos de uma dor leve, as
diversas atividades da pessoa (25,0%) mostram-se perturbadas (tabela 6.1.2).
41
Tabela 6.1.3 Freqüências de respostas associadas às perguntas: Você
encontra com facilidade sapatos que não lhe machuquem os pés? * Qual
o nível de dor nos pés que você sente?
16 13
3
32
66,7% 65,0% 50,0% 64,0%
8 7 3
18
33,3% 35,0% 50,0% 36,0%
24 20
6
50
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Sim
Não
Você encontra com
ue
s
és?
facilidade sapatos q
não machuquem o
seus p
Total
Nenhuma Leve Intensa
Qual o nível de dor nos pés que
ente?você s
Total
Avaliando-se a facilidade em obter-se sapatos confortáveis com o nível
de dor nos pés, evidencia-se o fato, em 85,0% dos casos, que não é fácil
encontrar sapatos confortáveis, pois os outros, os “bonitinhos” machucam os
pés (Tabela 6.1.3).
42
Tabela 6.1.4 Freqüências de respostas associadas às perguntas:
Quando os seus pés são cuidados, como se sente? * Qual o nível de dor
nos pés que você sente?
3 2 2 7
13,0% 10,0% 33,3% 14,3%
4 1 5
17,4% 5,0% 10,2%
16 17
4
37
69,6% 85,0% 66,7% 75,5%
23 20
6
49
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Nenhuma diferença
Um pouco melho
r
Bem melho
r
Quando os seus pés
omo
?
são cuidados, c
sentse e
Total
Nenhuma Leve Intensa
Qual o nível de dor nos pés que
ente?você s
Total
Os dados da tabela 6.1.4 confirmam em 85,0% dos casos que a pessoa
idosa quando cuida dos seus pés sente um conforto considerável.
43
Tabela 6.1.5 Freqüências de respostas associadas às perguntas: Sente-
se seguro (a) quando está em pé? * Como você classificaria o estado
geral dos seus pés?
6 1 7
23,1% 4,5% 14,0%
1
11
9
21
50,0% 42,3% 40,9% 42,0%
1 9
12 22
50,0% 34,6% 54,5% 44,0%
2
26 22 50
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Inseguro
(a)
Pouco s
(a)
eguro
Seguro
(a)
Sente-se seguro
stá
?
(a) quando e
éem p
Total
Ruim Razoável Bom
Como você classificaria estado
geral dos seus pés?
Total
Na tabela 6.1.5 ao cruzar as duas questões, observa-se que certa
instabilidade pode ser causada pelo estado ruim dos pés (50,0%), mesmo que
a pessoa não apresente distúrbios vestibulares.
44
Tabela 6.1.6 Freqüências de respostas associadas às perguntas: Sente-
se seguro quando está em pé? * Você encontra com facilidade sapatos
que não lhe machuquem os pés?
6 1 7
18,8% 5,6% 14,0%
12 9 21
37,5% 50,0% 42,0%
14 8 22
43,8% 44,4% 44,0%
32 18 50
100,0% 100,0% 100,0%
Número
Percentagem
Count
Percentagem
Número
Percentagem
Número
Percentagem
Inseguro
(a)
Pouco s
(a)
eguro
Seguro
(a)
Sente-se seguro
stá
?
(a) quando e
em
Total
Sim Não
Você encontra com
ue
achuquem
facilidade sapatos q
Não lhe m
pés?os
Total
Observa-se, através dos dados da tabela 6.1.6 que sapatos
inadequados podem comprometer, em até aproximadamente 60,0%, a
estabilidade da pessoa.
45
7 DISCUSSÃO
O parágrafo 151 do “Direito dos Idosos”, a respeito da segurança física,
assegura:
Do direito à vida e à liberdade deflui da possibilidade de o idoso poder
locomover-se em ambiente interno ou externo, particularmente nos logradouros
e estabelecimentos públicos e através dos veículos de transporte” (MARTINEZ,
1997). Ficam, neste momento, as seguintes dúvidas: a partir de que momento
esse idoso precisa “... ser ajudado a atravessar ruas e avenidas...”?
(MARTINEZ, 1997) e será que ele apresenta condições físicas de realizar tal
tarefa? Os idosos têm seus direitos protegidos por leis que lhes garantem bons
tratos, bem-estar e tratamento privilegiado (LAROUSSE, 2003), mas às vezes
eles sentem-se impotentes em tirar as vantagens dessas leis. Estamos falando
do Direito do Idoso à sua autonomia quando “... com uma elevada proporção de
pessoas com perda de autonomia (47%) precisavam de ajuda para realizar pelo
menos uma das atividades da vida diária. Os resultados são analisados tendo
em vista as demandas futuras por serviços de saúde especializados e suporte
social por parte da crescente população de idosos no Brasil” (RAMOS, ROSA e
OLIVEIRA, 1993
25
).
Portanto ter saúde é um direito do homem. À medida que o idoso vai
restringindo seus movimentos entra num círculo vicioso onde a diminuição das
atividades (sedentarismo) vai levá-lo a ter menos força muscular,
enfraquecimento das pernas e conseqüentemente ao isolamento social e
muitas vezes à institucionalização.
O enfraquecimento das pernas, inicialmente, inibe o andar, causando
dor e cansaço e, em seguida, desencadeia dificuldades de integração social
que, mais tarde, conduzem o indivíduo idoso ao sedentarismo, já que qualquer
doença presente no corpo provoca reflexos nos pés, por meio de dores,
câimbras, inchaços, etc. (YAMAMOTO, 1978). Visto que 40% das pessoas
entrevistadas sentem uma leve dor nos pés (tabela 1), é exatamente neste
contexto que tem o início a reabilitação
26
do indivíduo. Tanto a habilitação
quanto a reabilitação envolvem a proposta da inclusão social.
25
Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89101993000200003&lng=es&nrm=iso Acessado em: 19/09/2006
26
Reabilitar é a recuperação da capacidade física, intelectual, profissional ou material, do
equilíbrio emocional, psicológico e de um indivíduo para o convívio social: devolução à pessoa
46
Os determinantes da exclusão social e familiar do idoso são muito
variados e complexos. Todavia, algumas estimativas mundiais ressaltam que
mais de 80% das pessoas idosas, ou com idades superiores a 65 anos, têm
alguma espécie de problema ortopédico, em geral debilitante e/ou doloroso,
com reflexos significativos na redução da qualidade de vida e na participação
do idoso na sociedade e na família, enquanto elemento ativo e produtivo
(IBGE, 2000
27
).
Os aspectos da exclusão social ou a auto-exclusão estão intimamente ligados
ao exercício da cidadania e à mobilização de segmentos em torno das
questões básicas que proporcionam às pessoas em geral, os sentimentos
inerentes ao direito de participação. Foram apontados como extremamente
graves as ordens de ocorrências como o “desrespeito à cidadania e não tratar
bem idosos, pessoas com deficiência e gestantes... “(Transportes na RMSP,
2004)”.
28
No Brasil são consideradas idosas as pessoas que atingiram os
sessenta e cinco (65) anos de vida e esta população apresenta, mundialmente,
tendências de crescimento, conforme figura 1. Por isso, se torna imprescindível
a atuação de equipes multidisciplinares para poderem atender às dificuldades e
os transtornos que afetam os idosos. A preocupação em relação à população
idosa é universal e conforme Kofi Annan, (2005):
29
O Plano de Ação Internacional de Madri sobre o Envelhecimento, no qual os
Estados se comprometeram não somente a velar pela segurança das pessoas
idosas, mas também em proporcionar-lhes meios para participarem plenamente
na vida econômica, política e social das suas sociedades, terá um papel
importante nesse esforço.”
30
das habilidades até então conquistadas. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2ª ed.,
26ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1986.
27
Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil – 2000. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/perfidosos2000.pdf. Acessado
em: 25/06/2006
28
Pesquisa de imagem dos Transportes na RMSP, 2004. Disponível em:
http://portal.antp.org.br/Publicaes%20ANTP/Informativo%20ANTP/pagina13.pdf. Acessado em:
17/06/2006
29
Secretário-geral do ONU.
30
Mensagem do Secretário-geral da ONU (Kofi Annan) por ocasião do dia Internacional das
Pessoas Idosas. Disponível em:
47
Figura 7.1.
Muitos estudos sugerem que a maioria das dificuldades de locomoção
dos idosos, associadas aos problemas dos pés, pode ser resolvida por meio de
orientações sobre postura, uso de calçados adequados, palmilhas e com a
aplicação de cuidados profiláticos simples, tais como, eliminação de calos e
unhas encravadas. Já os tratamentos cirúrgicos são reservados para a correção
de deformidades mais graves e resistentes aos tratamentos clínicos e
fisioterápicos.
As metas da reabilitação fisioterapeutica incluem a prevenção de
disfunção, o desenvolvimento, a melhora, a restauração ou manutenção de:
força, resistência à fadiga e preparo cardiovascular, mobilidade e flexibilidade,
estabilidade, relaxamento e coordenação, equilíbrio e habilidade funcionais
(KISNER e COLBY, 1998). No caso de distúrbios nos pés estas abordagens
globais são essenciais, pois as instabilidades podálicos levam o corpo inteiro
ao desequilibro. A recuperação e a reabilitação procuram dar ao indivíduo
http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/ONU_PessoasIdosas.htm. Acessado
em: 28/06/2006
48
condições de adaptabilidade para as suas atividades da vida diária que são
fundamentais para a preservação da autonomia do idoso. A reabilitação
gerontológica alicerça-se na abordagem multidisciplinar na busca de um
envelhecimento bem sucedido (PERRACINI, NAJAS e BILTON, 2002).
O pé é o órgão “visual” do relacionamento do corpo com o solo e graças
ao tacto dos pés, sendo uma complexa estrutura capaz de agüentar o nosso
peso, ficando sujeito às inúmeras doenças e traumatismos que interferem,
também, nas interações sociais do indivíduo (JECKEL-NETO e MÂNICA da
CRUZ, 2000). Conclui-se, então, que “A natureza do processo de
envelhecimento, (...) dos biológicos aos sociais, exige que a sua investigação
também seja feita de maneira integrada” (JECKEL-NETO e MÂNICA da CRUZ,
2000) respeitando a qualidade de o corpo interagir.
O andar faz parte das habilidades inatas da pessoa, pois, o recém-
nascido é capaz de executar os movimentos da marcha, denominada reflexa,
que vai aos poucos diminuindo a partir do 2º mês de vida (DIAMENT e CYPEL,
2005). Excetuando-se casos de problemas
físicos ou mentais, um ser humano
começa a ter o andar seguro com aproximadamente três anos de idade, e
desenvolve completamente a função nos seus primeiros sete anos de vida. A
capacidade de andar está associada ao
desenvolvimento infantil (WIKIPEDIA,
2006)
31
.
Na sua origem, o ser humano caminhava descalço facilitando a
interação, adaptação e a aplicação da força dos pés em relação aos diferentes
tipos de superfícies e pisos. Entretanto na atualidade, por causa do crescente
processo de urbanização descomedido do homem, podemos encontrar as
calçadas defeituosas, os transportes urbanos superlotados, agrupamento de
pessoas, entre outros que exigem cada vez mais a proteção dos pés, condição
que, no caso especial dos idosos, pode resultar na aquisição de problemas
adicionais àqueles decorrentes do envelhecimento natural. A modernidade
trouxe ao ser humano muito conforto, mas concomitantemente, em virtude do
31
Andar. http://pt.wikipedia.org/wiki/Andar. Disponível em: 11/06/2006
49
uso de elevadores, de escadas rolantes, de veículos automotores entre outros
está levando as pessoas ao sedentarismo.
Os problemas dos pés, como joanetes, calos, deformidades nas
articulações, entre outros, causam instabilidades que levam o indivíduo à
queda, porém podem ser corrigidos. Na realidade, a freqüência das quedas no
idoso é muito mais alta do que se imagina, uma vez que esse evento não é
inerente ao fator de envelhecimento. Outros fatores também contribuem para o
aparecimento de problemas nos pés, como sapatos mal desenhados,
apertados e de saltos altos que comprometem o equilíbrio, causam distúrbios
circulatórios, distúrbios ortopédicos, más-formações, etc. Isto é possível ser
observado na tabela 6.6, que apresenta um respeitável percentual (36%) de
descontentamento em relação aos sapatos que incomodam os pés.
O profissional da área da saúde deve fazer uma investigação minuciosa
para descobrir a causa ou as causas das quedas, uma vez que elas podem ser
prenúncios de várias doenças importantes (YUASO e SQUIZZATTO, 2002).
Pelo relatório de 1988 do Conselho Nacional de Segurança dos Estados
Unidos, têm-se as quedas de pessoas acima de 65 anos são as principais
causas de morte por acidente (Conselho Nacional de Segurança dos Estados
Unidos
32
).
As quedas custam caro aos serviços de saúde a cada vez que exigem
internação do paciente. As pessoas idosas têm muito receio de cair,
principalmente quando há precedentes causados por doenças metabólicas
(osteoporose) e vestibulares (equilibro/tontura). Observou-se, junto aos idosos
que 56% deles apresentam sinais de comprometimento da estabilidade estática,
entre moderados e severos (tabela 6.8). Supõe-se que a perda da capacidade
de equilíbrio e locomoção do idoso, juntamente com outras conseqüências do
envelhecimento, como a diminuição da força muscular e perda de massa óssea
nas pernas, labirintite e outros, sejam os responsáveis por quedas mais
freqüentes. Basta um passo em falso para que a pessoa se sinta perdida e
sujeita a cair e ao tropeçar todo o corpo acompanha a queda (YUM, 1983).
32
http://scholar.google.com/url?sa=U&q=http://www.cndh.cv/documents/rel_ext_nov_1999.pdf.
Acessado em: 18/04/2005
50
Apesar da baixa confiabilidade das informações disponibilizadas pelo
sistema público de saúde, acredita-se que os atendimentos hospitalares e
ambulatoriais decorrentes das quedas entre os idosos podem exigir
intervenções cirúrgicas, conseqüentes de fraturas e tratamentos complexos.
Requerem também acompanhamento clínico de elevado custo financeiro, de
difícil realização, se levarmos em conta a realidade do atendimento da nossa
rede de Saúde Pública e mesmo dos sistemas privados. Nessas circunstâncias,
há um atendimento deficiente do idoso, que pode ser superado pela adoção de
tratamento preventivo de baixo custo e grande impacto social e familiar.
Sugerem-se, neste caso, o fortalecimento muscular, os exercícios
compensatórios, os cuidados tópicos de podologia e o uso de calçados
adequados. São esses, dentre muitos outros, os procedimentos de cunho
profilático de baixo custo que propiciam a melhoria dos níveis de participações
comunitárias e as possibilidades da retomada do idoso em atividades produtivas
que, com certeza, se refletirão na estima pessoal.
As últimas estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU)
mostram que aproximadamente 10% da população dos países em
desenvolvimento são constituídas por pessoas com deficiência permanente ou
temporária. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram que 14,5% da população brasileira são portadoras de deficiência.
Investir em acessibilidade é, portanto, fundamental. Garante o direito de ir e vir
com autonomia, independência e segurança, proporciona maior qualidade de
vida e estende as oportunidades de acesso a todos os cidadãos
33, 34
.
33
Projeto calçada cidadã. Disponível em : http://www.vitoria.es.gov.br/calcadas/index.htm.
Acessado em: 01/05/2006
34
Deixe sua calçada mais bonita. Disponível em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//passeiolivre/.
Acessado em: 01/08/2006
51
CALÇADAS:
ASSIM OU ASSIM?
Padronização de calçadas de edifícios Queda em calçadas. Reportagem do SPTV Globo
públicos feitas pelas prefeituras. Ref: 10/06/06.
http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//prefeitura Ref: http:stpv.globo.com/Sptv/0,19125,VSEO-
sp.gov.br//passeio livre/ 20060610-172040,00htm/
Figura 7.2.
Obs.: É obrigação do Poder Público fiscalizar o estado de conservação
das calçadas e dever dos proprietários dos imóveis conservá-los.
Os problemas relacionados à locomoção do idoso, em razão do custo
reduzido e da simplicidade das ações profiláticas voltadas para a correção de
deformidades nos pés, consistem em uma das alternativas viáveis para a
recuperação da auto-estima nas idades mais avançadas. Espera-se que a
melhoria da capacidade de locomoção do idoso permita a continuidade da sua
independência para a realização de atividades de trabalho e lazer e a
preservação do sentimento de estima pessoal do indivíduo.
52
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o início do curso de Gerontologia ficou definida uma forte relação
do seu conteúdo ao objeto deste estudo. Sintonizar a ação das equipes
multidisciplinares com as patologias do aparelho locomotor que podem afetar
os pés dos idosos, foi um dos desafios desta pesquisa. Tornou-se relevante,
neste trabalho, observar que as dores provenientes destes distúrbios refletiam
significativamente na vida social das pessoas, tornando-se a mola propulsora
do tema “Como andam os pés dos idosos”.
Confirmou-se nesta pesquisa a hipótese de que os problemas
ortopédicos e dermatológicos entre outros que afetam os pés, comprometem
significativamente a integração social do individuo, sobretudo a dos idosos.
Quando se fala de exclusão é oportuno lembrar que as dificuldades físicas
podem limitar a pessoa mecânica e psicologicamente. O “não poder” e
conseqüentemente o “não querer” movimentar-se vem traçando um aspecto de
depressão onde a pessoa entristece, deixa de falar e andar, não
necessariamente nesta ordem. Configura-se o fato de que o idoso está sendo
isolado ou procurando o isolamento. Cabe, neste aspecto, ao profissional
especializado na manutenção e reabilitação do aparelho locomotor não ser
desatento e olhar um pouco mais além, observando e avaliando o seu paciente
como um todo.
Os problemas que se evidenciam nos pés, como as formações de calos,
podem ser resultados das alterações dos segmentos corpóreos desalinhados
(postura) ou de articulações com processos infamatórios (reumatismo). Avaliar
o apoio podal é um caminho de duas vias, isto é, tanto os pés podem ser
responsáveis pelo mau andar da pessoa como eles podem ser os
compensadores de diversas patologias do sistema músculoesqueletico. É
comum o profissional da área de saúde ficar desatento aos pés, durante a
consulta, por isso, mesmo freqüentando podólogo ou indo ao médico a pessoa
pode não ter um diagnóstico adequado dos seus problemas com os pés.
53
Por conseguinte meditar sobre o material humano que o profissional da
área de saúde tem em suas mãos é um exercício de reflexão, porquanto é
preciso ouvir o corpo para entender o que se passa com ele. ”O corpo não
mente. Seu tom, cor, postura, proporções, movimentos, tensões e vitalidade
expressam o interior da pessoa.” (KURTZ e PRESTERA, 1989).
Às vezes, o desconforto e dor no aparelho locomotor da marcha afastam
o idoso de maneira silenciosa das suas atividades pessoais e sociais, uma vez
que as pessoas se sentem indispostas para andar quando os seus pés
apresentam-se doloridos (FINLAY, 2002). O estado dos pés pode influenciar
muito o bem estar físico, psicossocial e funcional (LUECKENOTTE, 2002).
Conforme a tabela 6.1.2 é possível observar que uma leve dor nos pés limita
moderadamente a participação de 25% das pessoas entrevistadas das
atividades sociais, culturais e desportivas.
O papel do pé nos movimentos é o de assegurar o impulso, servir de
amortecedor ao receber o peso do corpo e solicitar a função muscular para
obter-se a postura corpórea, ao ficar na posição “em pé”.
Andar por calçadas regulares, bem cuidadas e seguras é desejo de
todos e cuidar das calçadas, uma prova de respeito ao próximo. Muitos
acidentes com idosos, gestantes e crianças poderiam ser evitados se as
calçadas estivessem em perfeito estado de conservação. Além disso, calçadas
bem planejadas e adequadamente estruturadas facilitam o trânsito de pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida
35
.
É escusado dizer que isto vale para qualquer pessoa, ou seja, cuidar e
tratar bem dos pés dá um grande conforto à pessoa, mas este, por si só, não é
um fator de inclusão social. Andar bem não é sinônimo de marchar junto com
os outros. A intenção é a de oferecer ferramentas apropriadas, mas o idoso
precisa convencer-se da sua capacidade de poder usá-las adequadamente em
todas as ocasiões.
35
Deixe sua calçada mais bonita. Disponível em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//passeiolivre/.
Acessado em: 01/05/2006
54
Os tratamentos alternativos ou complementares dedicam muita atenção
aos pés, propondo diversas abordagens para promover a saúde geral do
individuo mediante de pontos de reflexo situados na sola dos pés
36
. É a partir
dos pés que se obtém a posição ereta e a boa postura e quando há o
desabamento do arco plantar dos pés as outras partes do corpo, como por
exemplo, os joelhos e a coluna vertebral são afetados também. Foi,
exatamente, esta inter-relação a chave mestra desta pesquisa que relacionou
as dificuldades de locomoção impostas pelos pés inábeis com a possível
exclusão e/ou auto-exclusão de pessoas que só conseguiram chegar até aonde
“as suas pernas conseguiram carregá-los.”
37
Os participantes da amostra foram formados por dois grupos, a saber: os
asilados e os que cuidam dos seus pés por profissionais.
A visita aos asilos transformou a pesquisa em uma realidade, na qual os
personagens ganharam forma. O contato com as pessoas institucionalizadas
despertou, neste pesquisador, a necessidade da busca em qualificar o
envelhecimento. Estes idosos são dependentes dos seus cuidadores, uma vez
que as respectivas famílias não têm condições de cuidar deles. O ambiente a
primeira vista é deprimente, mas como disse Eliana B. Vieira: “é possível
encontrar música no ar da instituição asilar” (VIEIRA, 2003). E mesmo vivendo
num mundo moderno, globalizado e informatizado ainda é possível encontrar
ambientes modestos onde a liberdade das pessoas e das instituições não é
restrita.
Foi possível observar, durante a visita aos asilos, que o dano causado à
mente do idoso é muito pior do que qualquer outro distúrbio físico. O “Como
andam os pés dos idosos” poderia completar-se, neste caso, com “Para onde
vão os pés dos idosos”, uma vez que sem a ordem central de comando a
pessoa demente não tem destino. O aparelho locomotor apresenta-se
36
Reflexologia é uma técnica específica de pressão que atua em áreas específicas dos pés na
procura de campos correspondentes no corpo. A meta é o retorno da harmonia corporal.
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reflexologia Acessado em: 04/09/2006
37
Dito popular
55
preservado, mas aos poucos vai perdendo até os seus reflexos condicionados.
Cuidar dos pés destas pessoas torna-se, aparentemente, inútil, entretanto a
questão é mais profunda: enquanto o coração bate, a vida existe e a ela deve
ser dada a merecida qualidade. A equipe de profissionais, nem sempre
percebe os resultados, mas o idoso mesmo demencial
38
“sentirá” e agradecerá
de maneira silenciosa o cuidado a ele dispensado.
A diversidade da população que respondeu ao questionário permitiu
observar que nas instituições onde há maior suporte financeiro há também um
atendimento mais sofisticado, mas isto não supera a boa vontade daqueles que
dão de si o melhor nos serviços que prestam. Nestes ambientes parece haver
um convite silencioso que causa uma atração a nós, profissionais ou não, a nos
doarmos às instituições, oferecendo-lhes o que cada um pode e tem dentro de
si. Antes de iniciar esta pesquisa as hipóteses e os objetivos deste trabalho
eram apenas propostas em frases que se transformaram em fatos ao entrar em
contato com a população idosa asilada. Ficar de frente com a realidade
humaniza a relação intrerpessoal.
O grupo de idosos, que é praticamente inquilino de um “flat” para a
terceira idade, tem menos problemas com os seus pés do que os asilados em
instituições menos favorecidas ou sustentadas filantropicamente. Os pés da
classe mais pobre são tratados também, mas nem sempre por profissionais
qualificados de sorte que, em casos mais sérios podem resultar problemas
futuros. A maioria relatou que, depois de cuidados dirigidos aos pés, sentiu-os
bem melhor (74%, tabela 6.9), o que nos faz refletir que os tratamentos
podálicos poderiam ser feitos com mais freqüência. Uma proposta de cuidados
profiláticos para manutenção da mobilidade, por meio de atividade física e
cuidados periódicos, dos vinte e seis ossos dos pés teria considerável reflexo
sobre o bem estar e mobilidade do idoso.
38
Demência ou estado demencial = perda de origem orgânica, freqüentemente progressiva,
sobretudo da memória, mas que também compromete o pensamento, julgamento e/ou a
capacidade de adaptação a situações sociais. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
-http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=demência
56
No recinto asilar foi possível observar que os idosos usam chinelos
praticamente durante o dia todo e, na maioria das vezes, com meia, o que
compromete a estabilidade. É possível que esta forma de calçar os pés seja
mais confortável, mas torna a movimentação insegura, podendo levar à queda.
Os calçados de amarrar são mais recomendáveis. Além disso, devem ter
solado antiderrapante, forma larga e quando necessário, adicionar palmilhas
corretivas para garantir o conforto e a segurança na marcha.
Há diversos cuidados profissionais específicos nos asilos, mas são
poucos para lidar com o grande número de pessoas necessitadas de atenção,
sobretudo nas instituições menos favorecidas financeiramente, onde o trabalho
voluntário é bem-vindo. E então,quando se abrirem vários caminhos e você não
souber qual escolher, não tome qualquer, tenha paciência e espere. ... Fique
parada, em silêncio, e ouça o seu coração. Quando enfim ele falar, levante-se
e vá aonde ele a quiser levar (TAMARO, 1995).
Ao realizar as visitas aos asilos foi possível observar que nas casas
aonde há boa organização e o trabalho é feito com fé, reina muita paz sem
causar aquela sensação de um ambiente deprimente.
Para cada instituição, será doado um exemplar desta pesquisa, no
intuito de dar início ao cumprimento da promessa de contribuir, de alguma
forma, nos programas de cuidados com os pés dos idosos.
Há muito que fazer pelos asilos a fim de proporcionar aos idosos uma
melhor qualidade de vida. O fisioterapeuta pode colaborar muito para que o
andar na terceira idade o conduza a caminhos menos espinhosos. Ao
perguntar, no futuro: “Como andam os pés dos idosos”?, a resposta,
esperamos, poderá ser bastante animadora, bem diferente do que averiguamos
atualmente nas instituições que procuramos ajudar.
Este trabalho não se encerra aqui... É um alerta para muitos que
desejam ter o compromisso de possibilitar aos indivíduos da terceira idade que
“tomem pé” da sua situação e lutem por caminhos sem obstáculos.
57
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BR&q=cache:http%3A%2F%2Fwww.scielo.br%2Fscielo.php%3Fscript%3Dsci_
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YUM, Jong S. Diagnóstico visual do homem. Rio de Janeiro, Vários
Escritos, 1983, pp.128.
63
10 ANEXOS:
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Programa de Pós-Graduados em Gerontologia-PUC-SP
Rua Ministro Godoy, 969 – Cep 05015-000
Site: http//www.pucsp.br/pos/gerontlogia
A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) vem
realizando estudos e pesquisas que visam à melhoria da capacidade de
locomoção do idoso. Nesse sentido solicito a sua cooperação no fornecimento
de informações a respeito do estado de saúde dos seus pés para a
continuidade desses trabalhos.
A avaliação será realizada por meio de um questionário elaborado por
profissionais experientes; as respostas serão submetidas a uma análise
estatística para a emissão de resultados que visem a melhoria da qualidade de
vida do idoso. As identidades e as respostas dos participantes da pesquisa
serão mantidas em sigilo.
Sua participação é muito importante.
De acordo:
Nome:
_______________________________________________________________
Endereço:
______________________________________________________________
Bairro: ___________________________________________Cep:
_________________
Data de nascimento: ____/____/_______ RG.:__________________________
Sexo: masculino ( ) feminino ( )
Assinatura:______________________________________________________
_______
Data: ___/___/
2006
64
Observação: informações adicionais poderão ser obtidas com o pesquisador
responsável pelo presente estudo, Istvan Nagy, através dos telefones (11)
3288-7594 e (11)9958-3030, ou pelo endereço eletrônico
65
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia – PUC-SP
Rua Ministro Godoy, 969 – Cep 05015-000
Site: http://www.pucsp.br/pos/gerontologia
Questionário sobre os pés.
Este questionário visa exclusivamente a obtenção de detalhes sobre a
saúde dos seus pés. Tudo que você deve fazer é assinalar a alternativa mais
apropriada com um (X) no espaço correspondente.
1. Você tem dor nos pés? Sim....................( )
Não....................( )
2. Qual o nível de dor nos pés que você sente?
Nenhuma...........( )
Leve...................( )
Intensa...............( )
3. Como são feitos os cuidados com os seus pés?
Os meus pés não são cuidados...........( )
Cuido dos meus pés sozinho(a)...........( )
É um profissional que cuida..................( )
66
4. Quando você anda muito, sobe ou desce escadas o que mais lhe
dói:
Nada........................( )
Os pés?...................( )
Os joelhos?.............( )
As pernas?..............( )
A coluna?................( )
5. Você encontra com facilidade sapatos que não machuquem os
seus pés?
Sim..........................( )
Não..........................( )
6. Como você classificaria o estado geral dos seus pés?
Ruim........................( )
Razoável.................( )
Bom.........................( )
7. O fato de os seus pés serem doloridos, isso limita as suas
atividades sociais, culturais ou desportivas?
De modo algum.......( )
Pouco......................( )
Moderadamente......( )
Muito........................( )
67
8. Quando está em pé sente-se:
Insegura?................( )
Pouco segura?........( )
Segura?...................( )
9. Quando os seus pés são cuidados, como se sente?
Um pouco melhor....( )
Bem melhor.............( )
10.Você tem alguma doença crônico/degenerativa (diabetes, pressão
alta ou outra).
Sim..........................( )
Não..........................( )
Se a resposta for
SIM, cite a(s) doença(s) que possui:
Obrigado por responder este questionário
68
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