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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
A ÉTICA E O SISTEMA BANCÁRIO NO BRASIL
Ricardo Ennio Beccari
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Securato
Dissertação a ser apresentada ao
Departamento de
Administração da
Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como
requisito parcial para a
obtenção do título de
Mestre em
Administração.
São Paulo
2006
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ii
B
ANCA
E
XAMINADORA
Prof. Dr. José Roberto Securato
Prof. Dr. Edson Ferreira de Oliveira
Prof. Dr. André Luiz Oda
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iii
Dedicatória
Aos meus pais, Ennio Beccari e Dona Maria Lopes
Beccari (in memorian), ao meu filho Ricardo
e aos netos, Matheus e Pedro.
iv
AGRADECIMENTOS
Um trabalho de pesquisa não pode ser concluído somente pelos
conhecimentos do autor. Assim, todos os presentes no seu círculo de trabalho
contribuem direta ou indiretamente para sua finalização.
Indubitavelmente, a energia particular de cada um motiva para que o trabalho
seja eficaz como a boa técnica o exige. Assim, o autor manifesta os seguintes
agradecimentos.
Ao Prof. Dr. José Roberto Securato, pelas aulas ministradas, pelas
oportunidades oferecidas ao meu desenvolvimento, pelo dinamismo, motivação e
entusiasmo no que se refere aos estudos de Finanças, pela orientação, críticas,
construções e conduta disciplinar para que o trabalhe se tornasse concluso, e pela
contribuição ao meu crescimento intelectual.
Ao Prof. Dr. Edson Ferreira de Oliveira, pela análise criteriosa e valiosos
comentários, que contribuíram para o aperfeiçoamento do trabalho.
Ao Prof. Dr. André Luiz Oda, pela orientação profissional, atenta e dedicada,
e pelo exemplo de disciplina e perseverança.
v
RESUMO
O processo de Globalização Financeira intensificou-se nos últimos trinta anos
tendo como conseqüência direta um expressivo aumento das volatilidades nos ativos
financeiros, com graves conseqüências para os sistemas bancários.
A resposta da Sociedade a essas crises tem sido ex-post, caracterizando-se
por um conjunto de medidas regulatórias, com embasamento jurídico. Entretanto, a
gestão dos negócios bancários, como a de outro qualquer, está exposta aos
problemas de agência e risco moral, pois existem normas para gerir as
organizações, mas as relações se fazem por intermédio de pessoas, o que pode
acarretar conflitos de natureza ética e moral.
Tendo em vista esse caos, o presente trabalho procura rever historicamente
os conceitos de ética e moral e aplicá-los, limitando-o ao sistema bancário brasileiro
com a finalidade de procurar evidências de comportamentos éticos, na gestão das
operações financeiras.
Procurou-se, introduzir conceitos qualitativos de ética e, por meio de estudos
estatísticos quantificá-los, obtendo-se uma proposta de possíveis Indicadores de
ética do sistema bancário brasileiro.
vi
ABSTRACT
The Financial Globalization process has intensified in the last thirty years,
having as its direct outcome a significant increase in the financial securities
volatilities, with serious consequences to the banking systems around the world.
Society’s response to these crises has been characterized by a group of
regulatory measures on the basis of the law. However, the managing banking
businesses, as in any other industry, is subject to agency and moral hazard
problems, because, in spite of there having norms to run organizations, the relations
within it are made of people, and their behavior is always exposed to conflicts of
moral and ethics nature.
Bearing this chaos in mind, this assignment provides a historical review of
ethical and moral concepts and applies them to the Brazilian banking system,
intending to investigate evidences on ethical behaviors in the financial operations
management.
It was intended to introduce qualitative ethical concepts and to quantify them
by means of statistical research, in search of potential ethical indicators within the
Brazilian banking system.
vii
SUMÁRIO
Relação de Tabelas x
Relação de Gráficos xi
CAPÍTULO 1. Introdução 1
1.1. Situação Problema 1
1.2. Objetivos 4
1.3. Metodologia 5
1.4. Descrição dos Capítulos 6
CAPÍTULO 2. A Ética e sua Aplicação na Sociedade Brasileira 7
2.1. O conceito de Ética 7
2.1.1. A Ética e a História 8
2.1.2. A Ética Grega 9
2.1.3. A Ética Cristã Filosófica 11
2.1.4. A Ética Moderna 12
2.1.5. A Ética Contemporânea 14
2.1.6. A Moral e a Religião 16
2.1.7. A Moral e a Política 17
2.1.8.A Moral e o Direito 19
2.1.9. A Moral e o Trato Social 20
2.1.10. A Ética e a Psicanálise 21
2.1.11. A Ética e o Marxismo 22
2.1.12. A Ética e a Ecologia 23
2.1.13. A Ética na Medicina 24
2.1.14. A Ética e a Bioética 25
2.1.15. A Ética e a Informática 26
2.1.16. A Ética e o Marketing
27
2.2. A Ética e a Sociedade 30
2.3. A Evolução da Postura Ética de uma Sociedade 34
2.4. A Sociedade Brasileira e a Ética 38
2.5. A Ética e a Responsabilidade Social 39
viii
2.6. A Ética nos Negócios 40
2.7 A Ética Empresarial 42
CAPÍTULO 3. Metodologia da Pesquisa Realizada 45
CAPÍTULO 4. A Ética no Sistema Bancário Brasileiro 48
4.1. O Sistema bancário e a Ética 48
4.2. Indicadores de Padrões Éticos no Sistema Bancário 49
4.3. A pesquisa evidenciando indicadores de padrões de ética no
Sistema Bancário Brasileiro
56
4.3.1. A definição dos bancos para a pesquisa dos padrões éticos 56
4.3.2. Relação de bancos pesquisados 56
4.4. Seleção dos indicadores de padrões de ética no Sistema
Bancário Brasileiro
59
4.5. Evidências da Pesquisa 62
4.5.1. Hipóteses testadas para a amostra de 50 bancos 67
4.5.2. Hipóteses testadas para a amostra de 20 bancos 72
4.6. Comparação entre a amostra de 50 bancos e a amostra de 20
bancos
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86
ix
RELAÇÃO DE TABELAS
Tabela 1 – Relação de Bancos Pesquisados e Valor do Ativo Total 57
Tabela 2 – Indicadores Pesquisados 60
Tabela 3 – Número de Indicadores de Ética por Instituição Financeira 63
Tabela 4 – Indicadores de ética identificados para as 10 maiores
instituições do ranking por ativo total
65
Tabela 5 – Indicadores de ética identificados para as 10 menores
instituições do ranking por ativo total
66
Tabela 6 – Resumo das correlações e poder explicativo das variáveis,
Lucro Líquido, Ativo Total, Patrimônio Líquido e Taxa de
Retorno, versus Indicadores de Ética 72
Tabela 7 – Amostra dada pelo ranking dos 10 maiores e os 10 menores
bancos por valor de Ativo Total
73
Tabela 8 – Comparação entre os R
2
- poder de determinação das
regressões realizadas
82
x
RELAÇÃO DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Regressão Linear Simples dos 50 bancos
Ativo Total versus Indicadores Éticos
68
Gráfico 2 – Regressão Linear Simples dos 50 bancos
Patrimônio Líquido versus Indicadores Éticos
69
Gráfico 3 – Regressão Linear Simples dos 50 bancos
Lucro Líquido versus Indicadores Éticos
70
Gráfico 4 – Regressão Linear Simples dos 50 bancos
Taxa de Retorno versus Indicadores Éticos
71
Gráfico 5 – Regressão Linear Simples dos 20 bancos
Ativo Total versus Indicadores Éticos
74
Gráfico 6 – Regressão Linear Simples dos 20 bancos
Patrimônio Líquido versus Indicadores Éticos
76
Gráfico 7 – Regressão Linear Simples dos 20 bancos
Lucro Líquido versus Indicadores Éticos
78
Gráfico 8 – Regressão Linear Simples dos 20 bancos
Taxa de Retorno versus Indicadores Éticos
80
1
Capítulo 1 – Introdução
1.1 Situação Problema
Nos últimos anos, de uma forma geral, as instituições públicas, privadas e as
próprias pessoas físicas vêm, cada vez mais, se preocupando em manter uma
postura ética. Muitos não percebem o fato, mas algo mudou na sociedade brasileira,
exigindo, de algum modo, tal posicionamento.
No início dos anos de 1990, com o fim dos títulos e operação ao portador,
surgiram os primeiros sinais para o mercado financeiro que não se pode tudo,
limitações. Assim, as entidades físicas e jurídicas passaram a se preocupar cada vez
mais com a origem e o destino de seus recursos, levando-se em consideração o
questionamento que sobre eles recai.
Uma outra mudança de postura também pode ser observada com relação ao
meio ambiente. Basta, para tanto, observar a conduta dos administradores, que
passaram a se preocupar com os danos a este causados, conforme Ferreira (2000).
Os ambientalistas estão preocupados com os efeitos do marketing sobre o
meio ambiente e com os custos de atender as necessidades do consumidor,
segundo Lisboa (2002). Os ambientalistas também estão preocupados com os
danos tais como: a devastação de florestas, em Margulis (2003); a chuva ácida, em
Motta (2002); a destruição da camada de ozônio, em André (2003) e o lixo tóxico
comentado em Acselrad (2000); águas poluídas, segundo Vieira (2002); bem como a
qualidade do ar, conforme Minayo (2000) e produtos químicos usados para a
conservação de alimentos, segundo Costa (2001).
Nesse sentido, a indústria automobilística introduziu dispositivos para
controlar a emissão de gases, em Azuaga (2000); a indústria de embalagens reduziu
seu lixo, em Forlin (2002) e a indústria petrolífera criou a gasolina sem chumbo,
conforme citado em Assunção (1999). Assim, as empresas, de um modo geral,
começam a se ajustar aos novos tempos.
2
Como por exemplo, Mamede (2004) cita o Pantanal, onde se promove a
conservação da fauna, flora e o turismo, atualmente bastante efetivado, no encalço
de que as atividades a ele inerentes tenham baixo impacto ambiental.
A Lei 9795/99 estabelece a Política de Educação Ambiental que é
coordenada por órgão gestor dirigido pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente e da
Educação. A missão é aprofundar a educação ambiental em todos os municípios e
setores do país, criando territórios sustentáveis.
Em outra diretriz, outra preocupação, diz respeito às práticas ilegais de
empregadores, e versa sobre o trabalho forçado de trabalhadores, como em Abreu
(2002). Nesse sentido, para coibir tais abusos, uma atuação conjunta, envolvendo
Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público
Federal, Polícia Federal, INCRA, IBAMA e outras organizações governamentais e
não-governamentais, está em exercício. Com efeito, pretende-se introduzir o tema
na escola fundamental, a fim de esclarecer o que é trabalho escravo.
Um outro item importante de combate ao trabalho escravo, e que está sendo
implantado, é o da formação de um banco de dados entre os Ministérios blicos,
com interferência nas linhas de financiamento dos infratores, bem como por meio da
Fazenda Nacional, além da inscrição de tais infratores na dívida ativa da união.
Ao Ministério Público, incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Como guardião da
lei, tem o dever de combater as fraudes e a pior das fraudes é aquela que se
utiliza da lei para burlar os direitos trabalhistas.
Nessa linha, apurando as ocorrências no Brasil, o Ministério Público tem
atuado rigorosamente nos delitos cometidos contra o meio ambiente, bem como no
trabalho escravo, entre outras faltas repreensíveis.
Outro problema, reconhecidamente nacional, está ligado ao consumidor,
tendo em vista os inúmeros abusos contra ele facultados. O Código de Defesa do
Consumidor dá garantia de proteção contra eventuais atos lesivos ou cláusulas
leoninas que favorecem alguns em prejuízos de terceiros; no caso, o consumidor. A
propósito, vale lembrar que a Lei 8078/90, regulamentada pelo Decreto 2181/97,
exibe o Código de Defesa do Consumidor, estabelecendo-lhe normas de proteção e
defesa.
3
Outro segmento que vem se agigantando, procurando estabelecer uma
postura íntegra e transparente, segundo Fraga (2002), perante a sociedade são as
organizações não-governamentais, em geral indicada pela sigla ONG. Tais
organizações comparecem e se formalizam, nesse sentido, para evitar situações
abusivas. São grupos e movimentos comunitários e sociais que, informalmente,
traduzem vontades individuais e coletivas. Do ponto de vista jurídico, o termo ONG
não se aplica, pois pela nossa legislação existe a associação civil ou a fundação
privada.
Portanto, as observações registradas e os problemas apontados comprovam
evolução de setores da sociedade brasileira, no sentido de obrigar o todo a se voltar
para fazer o certo; procedimento, evidentemente, irmanado ao conceito de um ser
ético.
Esta mudança de comportamento, não foi somente brasileira, pois ocorreram
escândalos internacionais, e as sociedades passaram a clamar por uma postura
ética e mais transparente por parte das empresas. Entre todos os segmentos de
negócios, destaca-se o bancário que, por seu poder de interação com os demais
agentes das economias, é um dos mais visados pelos órgãos reguladores e pela
própria sociedade, no que se refere à transparência e padrões éticos.
Entre os autores que se dedicam ao tema, Moreira (2003, p.68-69), destaca a
relevância da transparência do sistema bancário:
“O que de comum existe e o que está por trás de problemas bancários ocorridos em
países emergentes como México, Venezuela, Rússia, Argentina e Turquia? O que aconteceu
em episódios recentes nos países desenvolvidos como os que envolveram o tradicionalíssimo
Banco Barings, na Inglaterra, e o Long Term Capital Management LTCM, nos Estados
Unidos? O que está encoberto no combalido sistema bancário japonês, no problemático setor
financeiro da Alemanha e nos prejuízos fabulosos do Citigroup, do Credit Suisse, entre
outros, por conta também, dos escândalos contábeis, envolvendo as megacorporações
americanas Enron, Arthur Andersen, Xerox, Worldcom e Merck? Qual o motivo da quebra dos
bancos Nacional, Bamerindus, Marka e Fonte-Cindam, no Brasil? Além de problemas
peculiares a cada uma dessas instituições, o que de comum entre elas, efetivamente, é
um nível mínimo ou ausência de transparência do sistema bancário”.
O BIS - Bank for International Settlements, como um organismo internacional
preocupado com procedimentos bancários, vem desenvolvendo recomendações no
4
sentido de ampliar o grau de transparência das instituições financeiras nos principais
mercados. Esses estudos deram origem ao Novo Acordo de Capitais da Basiléia
NACB, em 2005, que grande ênfase aos procedimentos de transparência. Sobre
o NACB, Moreira (2003, p.68-69), explica que:
“o documento Embacing Banking Transparency ultrapassa ser apenas um conjunto
de normas e procedimentos, pois ele é o que possibilita uma melhor tradução do espírito
NACB. Mais do que em nenhum outro instrumento do NACB, a questão da transparência é
tratada de forma precisa, explícita e exemplificativa. Em nossa opinião, transparência é,
portanto, a palavra chave do Novo Acordo. A implantação do NACB, que desde provoca
profundas mudanças no sistema financeiro mundial, é, sem dúvida, um importante passo na
estabilização do setor bancário, com enorme potencial de redução do risco sistêmico inerente
ao setor.”
Este trabalho parte do conceito de ética e de como as várias áreas de
conhecimento humano vêm se preocupando em aprimorar os padrões e
procedimentos éticos, para, em seguida, focalizar o segmento financeiro,
especificamente o setor bancário no Brasil. Como outros segmentos, o setor
bancário vem procurando desenvolver melhores procedimentos e, mais do que isso,
vem procurando evidenciar, com maior clareza, seus padrões e procedimentos
éticos, cada vez mais valorizados pela Sociedade.
A pesquisa desenvolvida neste trabalho busca, portanto, identificar
procedimentos ligados à ética, por parte das principais instituições financeiras
brasileiras, com o objetivo de identificar se a existência desses procedimentos
guarda alguma relação com o porte e o retorno oferecido por essas instituições.
1.2 Objetivos
As percepções apresentadas no item anterior permitem pensar em um
processo evolutivo da postura ética.
O objetivo deste trabalho é estudar como, e em que medida, a questão da
ética é tratada pelos bancos brasileiros. Mais especificamente, o objetivo é estudar
5
se existe relação quantitativa entre os indicadores de ética das instituições bancárias
e os indicadores de resultados ou de porte dos bancos.
Os bancos criaram um sistema de compliance, conforme Bergamini Jr.
(2005), responsabilidade corporativa na conformidade com as regras, ou seja,
procuram estar de acordo com leis, decretos, portarias e demais normas que vigem
em um sistema de postura ética. A missão deste trabalho é, portanto, procurar
estabelecer uma relação entre a evolução da postura ética da sociedade brasileira
com a preocupação do compliance dos bancos brasileiros.
No corpo do trabalho serão apresentadas diversas abordagens conceituais a
respeito da ética em diversos ramos de atividades. Por outro lado, tendo em vista
que o trabalho de pesquisa irá analisar o tema de ética em corporações do sistema
financeiro, em particular instituições bancárias, optou-se por nortear a pesquisa
relevando a ética empresarial, bem como, a responsabilidade social dessas
organizações.
1.3 Metodologia
Para atingir o objetivo deste trabalho e estudar se existe relação quantitativa
entre os indicadores de ética das instituições bancárias e os indicadores de
resultados ou de porte dos bancos, utilizou-se como metodologia a pesquisa
bibliográfica, buscando literatura relacionada aos temas de ética, instituições
bancárias e métodos quantitativos.
O trabalho iniciou-se pelo levantamento da literatura relacionada aos
conceitos de ética, que incluiu pesquisa em livros, teses e artigos referentes aos
procedimentos éticos nos vários segmentos do conhecimento humano. Buscaram-se
autores nacionais e estrangeiros, referentes às tendências de desenvolvimento de
padrões e procedimentos éticos.
Documentos como Leis, decretos, e publicações especializadas também
fizeram parte do levantamento de dados, que incluíram informações contábeis das
instituições. O trabalho utilizou também a pesquisa empírica a partir de dados e
6
informações indicadores de procedimentos éticos, apresentados pelas instituições
em seus respectivos sites.
A partir dos dados coletados, adotou-se como metodologia estatística o
modelo de regressão linear simples. Através da regressão, utilizando-se do método
dos mínimos quadticos, procurou-se estabelecer o grau e a intensidade do
relacionamento da variável indicadora de ética com os índices econômico-
financeiros das instituições. A metodologia de pesquisa utilizada será descrita mais
detalhadamente no capítulo 3.
1.4 Descrição dos Capítulos
O capítulo 1 descreve a situação problema do trabalho, buscando fornecer
uma visão geral sobre o que será tratado no decorrer da pesquisa. A metodologia
utilizada na investigação, por sua vez, procura verificar a existência de uma relação
entre indicadores éticos e outras variáveis econômico-financeiras no sistema
bancário brasileiro.
O capítulo 2 apresenta uma retrospectiva do conceito e das práticas da ética
e da moral nas diferentes sociedades, estabelecendo dentro da possibilidade, um
comparativo com as diferentes instituições e outras ciências.
O capítulo 3 apresenta a metodologia a ser desenvolvida e aplicada na
pesquisa entre os indicadores de ética propriamente ditos e os indicadores de
resultados dos bancos.
O capítulo 4 acosta-se em buscar evidências entre a ética e o sistema
bancário, através da pesquisa realizada que permite um tratamento estatístico dos
dados, avaliando as variáveis propostas para esse estudo.
Nas Considerações Finais, à luz dos resultados obtidos, são feitas
recomendações e reflexões para futuros trabalhos.
7
Capítulo 2 - A Ética e sua Aplicação na Sociedade Brasileira
2.1 O Conceito de Ética
Estabelecer uma escrita sobre ética, hoje, afigura-se difícil empreendimento,
pois a sociedade humana se transforma no cotidiano, que já é tenso, e a vida parece
sinonimizar sobrevivência. Segundo Zajdsznajder (2001, p.11), “no salve-se quem
puder, prevalece um instinto animal nas formas mais variadas de conduta e
comportamento”.
O que norteia o ser humano na modernidade é a idéia de processo financeiro;
logo, as virtudes o deixadas de lado. A ética não cria moral e, portanto, não pode
ser reduzida a um conjunto de normas e prescrições. O seu estudo é constituído por
vários tipos de atos, entretanto, ética e moral relacionam-se. O termo moral origina-
se do latim mor ou mores, significa costumes, normas adquiridas por hábitos; o
termo ética do grego ethos, significa modo de ser ou caráter. Assim, segundo
Vázquez (2003, p.26), “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade”, ou seja, é a ciência específica do comportamento humano,
ou ainda ética é ciência e moral é comportamento.
A moral só pode surgir quando o homem supera sua natureza instintiva,
passando para uma natureza social; isto é, como membro de uma coletividade,
integrado em família, aparentado entre si ou tribo.
Para regular o comportamento dos indivíduos, e deste com a comunidade,
existe a moral. A moral é, então, forma de comportamento humano, normativa e
factual, ou seja, atos que se conformam num sentido ou no outro, com as referidas
normas mencionadas.
A moral é um fato social, existe em sociedade e cumpre função social. O
indivíduo interioriza normas e deveres, e são tais normas sancionadas pela
comunidade. O ato moral do comportamento dos indivíduos é indissolúvel quanto
aos aspectos ou elementos que o integram; a saber: motivo, intenção, decisão,
8
meios e resultados. O ato moral é parte fundamental, portanto, de um código vigente
em uma comunidade.
Segundo Vasquez (2003, p.84), “a moral é um conjunto de normas, princípios
e valores, segundo os quais são regulamentadas as relaçõestuas entre os
indivíduos ou entre estas normas, datadas de um caráter histórico e social, sejam
acatadas, livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal”.
Segundo Srour (2000, p.29):
”Moral é um conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de
conduta que coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma
comunidade religiosa ou uma organização. Enquanto que a ética diz respeito à disciplina
teórica, ao estudo sistemático, a moral diz respeito às representações imaginárias que dizem
aos agentes, sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem-vindos e quais
não. Em resumo, as pautas de ão ensinam o bem fazer ou o fazer virtuoso, a melhor
maneira de agir coletivamente, qualificam o bem e o mal, o permitido e o proibido, o certo e o
errado, a virtude e o vício. A ética opera no plano da reflexão ou das indagações, estuda os
costumes das coletividades e as morais que podem conferir-lhes consistência”.
Segundo Arruda (2001, p.42) “a ética é a parte da filosofia que estuda a
moralidade dos atos humanos, enquanto livres e ordenados, a seu fim último”, ou
seja, é a parte da filosofia que estuda o ser humano, quanto a sua moralidade,
relevando os atos humanos e qualificando-os se bons ou maus.
Com os conceitos anteriormente expostos, a moral e a ética, se aplicam a
indivíduos ou a sociedades e distinguindo ao que é bom do que é mau para estes.
2.1.1 A Ética e a História
Segundo Vasquez (2004, p.267), “as doutrinas éticas fundamentais nascem e
se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas
básicos apresentados pelas relações entre os homens, e em particular pelo seu
comportamento moral efetivo”. Nessa perspectiva, ética e história relacionam-se e
9
não podem ser vistas isoladamente, mas sim dentro de um processo de mudança e
de sucessão.
Segundo Valls apud Ekuni (2002, p.51) “de acordo com a história, a reflexão
grega, neste campo, surgiu como uma pesquisa na natureza do bem moral, na
busca de um princípio absoluto da conduta. (...) Tradicionalmente, ela é entendida
como um estudo, ou uma reflexão científica ou filosofia, e eventualmente, teológica
sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos a ética a
própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos.”
A moral se forma por princípios, valores ou normas, e, mudando a vida social
na história, muda a vida moral. Se tais valores, normas e princípios entram em crise,
faz-se necessário refletir é preciso justificá-los ou substituí-los.
Portanto, a moral é um fato histórico e, como conseqüência, a ética, por ser
ciência da moral. As sociedades se sucedem e a moral bem como a ética, se sucede
também. A moral e a ética são históricas, pois são decorrência de um ser, o homem,
e, pela sua intnseca natureza, é histórico, com os encargos materiais, práticos e
espirituais.
2.1.2 A Ética Grega
Na antiga Atenas, conforme Vasquez (2004, p.268) “com o triunfo da
democracia escravista sobre o domínio da velha aristocracia, com a democratização
da vida potica, com a criação de novas instituições eletivas e com o
desenvolvimento de uma intensa vida pública, deram origem à filosofia política e
moral”.
Segundo Ekuni (2002, p.51) “o indivíduo para viver em coletividade tem a
necessidade de eleger determinadas normas e valores para que a liberdade e a
igualdade sejam prerrogativas comuns. A idéia da ordem e de conviver com
determinadas regras é um conceito muito antigo que teve origem na Grécia Antiga”.
Por outro lado, Sócrates, Platão e Aristóteles pensavam numa comunidade
democrática limitada e local.
10
Ainda segundo Vasquez (2004, p.268) “Os sofistas constituem um movimento
intelectual na Grécia V (a.n.e.); o vocábulo sofista é pejorativo, significa mestre ou
sábio”. Reagem contra o saber mundano, pois o que atrai é um saber do homem
especificamente político e jurídico. São mestres que ensinam a arte de convencer,
ou retórica.
Vasquez (2004, p.268) lembra que Sócrates, nascido em Atenas, mestre de
Platão, lança-se adversário da democracia ateniense. Acusado de corromper a
juventude, é condenado a beber cicuta e morre. Para Sócrates, o saber deve voltar-
se ao homem. Como se nota, a ética socrática é racionalista.
Para Sócrates, bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam
estreitamente. O homem age com retidão quando conhece o bem e o pratica, e,
aspirando ao bem, sente-se dono de si mesmo e assim é feliz.
Platão, inimigo da democracia e discípulo de Sócrates, também nasce em
Atenas. Na ética de Platão, transparece o desprezo pelo trabalho físico: o artesão
apresenta-se em degrau social inferior. Na ética desse filósofo grego, encontramos a
íntima unidade da moral e da política. Para ele, o homem se forma espiritualmente
no estado e mediante a subordinação do indivíduo à comunidade.
Por outro lado, para Aristóteles, discípulo de Platão em Atenas, a supremacia
pura é Deus. A ética de Aristóteles está unida à sua filosofia potica. Prega que o
homem deve viver em sociedade, isto é, não pode ser um indivíduo isolado
enquanto membro de uma comunidade. Todavia, para ele, a vida em comum é
acessível à elite, cabendo aos escravos a exclusão da vida e da política.
O estoicismo e o epicurismo surgem no processo de decadência do mundo
antigo grego-romano que se caracteriza pela perda de autonomia dos Estados
gregos. Para ambos, a moral não é definida mais em relação à polis, mas ao
universo.
Fundamentalmente, a moral é colocada pela necessidade física, natural do
mundo. Assim, tanto para o estoicismo quanto para o epicurismo a ética é norteada
pela física. Para o estóico, o cosmos tem Deus como princípio: a vontade de Deus é
determinante.
11
O sábio da época aceita o destino e age conscientemente. O bem maior é
viver pela natureza, pela razão, sem paixões ou afetos. O indivíduo, assim, não
necessita do mundo exterior, tampouco da comunidade.
O estóico vive pelo cosmos, e não pela pólis. Para o epicurista, por outro lado,
o que existe é formulado pelos átomos. Não intervenção divina. O epicurista
alcança o bem sem religião com muitos prazeres, retirado da vida social, rodeado
de poucos amigos. A ética epicurista e a ética estóica surgem numa época de
decadência e de crise social, e a moral e a política se dissolvem, não mais
constituindo uma unidade.
A ética cristã medieval eleva-se sobre as ruínas da sociedade e torna-se
religião oficial de Roma, impondo o seu domínio. Nessa sociedade, existe a quebra
da economia e da potica, e a religião garante a unidade social. A Igreja Católica por
sua vez monopoliza a vida intelectual.
A ética religiosa, enquanto filosofia, parte naturalmente de Deus, das relações
do homem como criador. Nessa ética, o homem deve fazer, não em relação à
comunidade nem em relação ao universo, ou a vida em relação à polis, mas
somente a Deus. A felicidade vem da contemplação a Deus: o amor humano a Ele
está subordinado.
Desta forma, o cristianismo propõe a solução de problemas mundiais e
introduz a riqueza moral, que é a igualdade dos homens. A ética moral tende a
regular o comportamento dos homens com vistas a outro mundo, sobrenatural,
colocando seu fim fora do homem, ou seja, em Deus. Com efeito, o cristianismo
oferece princípios morais advindos de Deus; princípios estes imperativos e
incondicionados.
2.1.3 A Ética Cristã Filosófica
Para Vasquez (2004, p.278) “o cristianismo não é uma filosofia, mas sim uma
religião”. Trata-se portanto de uma fé, um dogma. Na Idade Média, a filosofia se
insurge para justificar as verdades, apostando na razão. Nesse período da história, a
12
filosofia mostrava-se a serviço da teologia. Tal qual a filosofia, a ética também se
subordina à teologia. A ética era limitada pela divindade religiosa e dogmática.
Segundo Lima Vaz apud Silva (2003, p. 11):
“Um estudo sobre Ética que se pretenda filosófico deve dedicar-se preliminarmente
a delinear o contorno semântico dentro do qual o termo Ética será designado e a definir
assim, em primeira aproximação, o objeto ao qual se aplicarão suas investigações e suas
reflexões, bem como a caracterizar a natureza e a estabelecer os limites do tipo de
conhecimento a ser praticado no estudo da Ética”.
Nos problemas filosóficos, em geral, e morais, em particular, aproveita-se da
herança da Antiguidade de Platão e de Aristóteles, submetendo-os a um processo
de cristianização. Esse processo é visto com mais legibilidade na ética de Santo
Agostinho (354 –430) e de Santo Tomás de Aquino (1226 – 1274).
A purificação de alma, em Platão, transforma-se em Santo Agostinho na
elevação até Deus, que culmina na felicidade não alcançada neste mundo. Santo
Agostinho afasta-se do pensamento grego, pregando o valor da experiência pessoal,
a interioridade, a vontade e o amor. A ética agostiniana se contrapõe ao
racionalismo ético dos gregos.
A ética tomista concorda com a de Aristóteles: Deus, para São Tomás, é o fim
supremo, que causa gozo ou felicidade. Assim, aproxima-se de Aristóteles, pois a
contemplação e o conhecimento são o meio mais adequado para alcançar o fim.
O homem, assim, é um ser social e politizado, e inclina-se a uma monarquia
moderada como forma de governo; entretanto, considera que todo o poder divino de
Deus e a supremacia advêm da Igreja.
2.1.4 Ética Moderna
Moderna, para Vasquez (2004, p.279) “é a ética dominante desde o culo
XVI a os começos do século XIX”. Embora existisse uma multiplicidade de
13
doutrinas éticas, a tendência era antropocêntrica, ou seja, teoria pela qual o homem
é o referencial único.
A ética moderna ou antropocêntrica, no mundo moderno, é cultivada na nova
sociedade causando mudanças gerais. Na economia as forças produtivas superam o
desenvolvimento científico e o capitalismo produtivo amplia suas relações.
Com o surgimento da burguesia, nova classe social, preocupada com o poder
econômico, e impondo a sua hegemonia política emerge, são criados os grandes
Estados Modernos, únicos e centralizados.
Espiritualmente a religião deixa de ser ideologia dominante e a Igreja Católica
não mais exerce liderança.
O homem adquire vontade e um valor pessoal. Projeta-se no centro da
ciência, da política, da arte e da moral. O centro, antes atribuído a Deus, transfere-se
para ele passa a ser o absoluto em tudo, inclusive na moral. No século XVII, em
Descartes, a tendência é a de basear a filosofia no homem; assim ele será
reformado.
Segundo palavras defendidas por um dos principais filósofos da modernidade,
Immanuel Kant apud Campos, Greik e Do Vale (2002, p.5),
“A ética traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser tratados
sempre como o fim da ação e nunca como o meio de alcançar seus interesses”. Ele ainda
afirma que não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos,
destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nos saciam, e pelos quais matamos,
mentimos, roubamos”.
Segundo KERBS (2006
):
“a ética moderna estabelece os valores de gastos do consumidor, seu tempo livre e
a ociosidade. Mas isso não podia funcionar sem a exaltação do individualismo, a
desvalorização de causas caritativas e a indiferença em relação ao bem público. A busca de
gratificação, do prazer e realização individual é o ideal supremo. O culto à independência
pessoal e a diversidade de estilos de vida tornam-se importantes. O pluralismo provê uma
multiplicidade de valores com opções individuais, mas nenhuma delas autêntica. Diferenças
ideológicas ou religiosas são tratadas como modismo e consideradas superficiais. A cultura
da independência pessoal, do divertimento e da liberdade de expressão surge como algo
sagrado. O irracional é legitimado através das afeições, intuições, sentimentos, carnalidade,
sensualidade e criatividade. Tudo isso tem lugar na conjuntura de um axioma respeitado por
14
quase todos: minimizar a austeridade e maximizar o desejo, minimizar a disciplina e
maximizar a tolerância”.
2.1.5 A Ética Contemporânea
As éticas que surgiram no século XIX, bem como a contemporânea e as
doutrinas éticas atuais, permanecem exercendo sua influência na atualidade. É o
caso das idéias de Kierkegaard, Sterner ou Marx, segundo Vasquez (2004, p. 284).
A ética contemporânea surge num período em que há grandes bases de
progresso científico, técnico e de forças produtoras. Nesse momento, questiona-se a
existência da humanidade, pois a ameaça que suas utilizações ocasionam é
indiscutível.
Essa mesma ética conhece também o socialismo e uma reestruturação de
princípios e comportamentos, diferentes daqueles que antes se apresentam ao
mundo ocidental.
Marx tentou resgatar o homem concreto. Na leitura desse filósofo alemão, o
homem é uno e indissolúvel, espiritual e sensível, natural e humano, teórico e
prático, objetivo e subjetivo. O homem é produtor, criador, na arte e em outras
atividades. É um ser social e histórico. Havendo mudanças na base econômica
acredita Marx apud Vasquez (2004, p. 291), altera-se a estrutura ideológica e
conseqüentemente a moral.
Entretanto, historicamente, o agente da mudança é a classe ou classes que
partilham desse mesmo interesse, assim, deduzem-se teses para a ética.
Ainda segundo Vasquez (2004, p.294), a moral cumpre função social. Nesse
sentido, existem numa mesma sociedade várias morais, sublinhando-se que moral
possui caráter relativo, tornando-se necessária uma nova para não se cair num
moralismo imperativo. Por último, o homem deve intervir na transformação da
sociedade. Assim, a toda tentativa de reduzir a participação ao cumprimento de uma
moral ou de um ideal, Marx denominou “impotência em ação”.
15
Sob a ética do neopositivismo e a filosofia analítica, Vasquez (2004, p.294)
agrega as correntes éticas contemporâneas que focam a análise da linguagem
moral, desprendendo-se da ética dominada pela metafísica.
Vasquez (2004, p.294) cita a publicação de Princípios de Ethica, de G. E.
Moore, em 1993, como o ponto inicial destas correntes, que têm como principais
porta-vozes Ayer, Stevensom, Hare, Nowele-Smith e Toulmin. Esses filósofos foram
neutros no que diz respeito à moral, não se posicionando nas grandes questões que
norteiam a ética.
A seguir, em linhas gerais, observa-se, no terreno da ética o movimento que
parte de Moore e reina até os filósofos analíticos de nossos dias. Moore se insurge
contra toda ética que define o bom como propriedade natural, quando em realidade
não é possível definir. Segundo Vasquez (2003, p.295), essa tentativa de conceituar
a ética é definida como “falácia naturalista”. Para o autor, Moore entrelaça toda a
ética naturalista, como a utilitarista ou como a ética metafísica, na tentativa de
explicar o bom como realidade metafísica. Se o bom não pode ser definido, Moore
afirma e conclui que só pode ser captado pela intuição.
Assim, novo passo é dado pelos positivistas lógicos, pois as correntes éticas
nada representam, que não existem propriedades tais como “bom”, “dever” etc.
São somente expressões de emoção.
Logo, passa-se para o efeito da emoção na ética, pois não se enunciam fatos,
e posições morais carecem de valor científico. Stevensom apud Vasquez (2004: p.
295) investiga o significado emotivo dos termos éticos, e na esteira, Ayer, o qual
deixou a ética sem objeto, considera que deve ser estudada a linguagem emotiva.
Na concepção de Stevensom, a linguagem ética não é expressão de emoções
nos outros.
R. M. Hare apud Vasquez (2004: p.296) segue esta linha de moral. E,
finalmente, Nowell-Smith apud Vasquez (2004, p.296) sustenta que as palavras
podem desempenhar num dado momento as duas funções emotivas, ou seja, a
expressiva e a afetiva. Nesses termos, são inegáveis as contribuições dos filósofos
analíticos na investigação da linguagem moral.
De certa forma, o que diz Mary Warnock apud Vasquez (2004: p. 296), após
passar em revista a sua ética contemporânea, é o seguinte: “todas as analogias e
16
modelos destinados a esclarecer a linguagem ética tem o aspecto de tentativas
preparatórias para limpar a mesa do jogo. É natural que nos sintomas logrados
quando comprovam que, uma vez limpa a mesa, parece estar terminado, o próprio
jogo”.
Portanto, para que o jogo se inicie, é necessário que se definam os juízos
morais e a linguagem moral, e estes estejam vinculados com à moral da vida social
que esteja vigorando.
Tão logo nasce, o homem possui uma diversidade de comportamentos. É um
comportamento prático-utilitário e produtivo: reina confusão entre trabalho, arte,
conhecimento e religião. Aos poucos, a sua conduta é enriquecida por escolhas, em
geral pessoais, adquirindo ele feições muito próprias. Eis que o homem transforma a
natureza com o seu trabalho. Existe também um comportamento estético ao se
comunicar, tanto com a natureza quanto com as obras de arte que são, outrossim,
as suas criações.
Um comportamento religioso também é inerente à sua conduta. Ademais,
essa diversidade do homem com o mundo possibilita inúmeros e mútuos contatos,
quer na esfera econômica, política, judicial, social, moral etc.
Nessas relações, determina-se qual o comportamento humano dominante,
embora o que sempre domine é a exigência da sociedade quanto à produção de
bens para a sobrevivência, ou seja, a estrutura econômica.
2.1.6 A Moral e a Religião
Segundo Keeling (2002, p.194-195), a fé cristã é fundamentalmente um
engajamento ético, não em abraçar uma regra de conduta particular, mas de
ingressar em uma nova vida onde reina a palavra de Deus.A fé cristã pressupõe
certo equilíbrio entre visão e disciplina ou seja profecia e lei.
Para Vasquez (2004: p.89):
“religião é a ou a crença na existência de forças sobrenaturais, ou em um ser
transcendente e sobre-humano, todo poderoso (Deus) com o qual o homem, está em relação
17
ou está ligado. (...) Se a religião oferece salvação aos males do mundo, é sinal de que os
conhece, o que limita o desenvolvimento do homem. Por outro lado, se a religião valida a
existência de outra vida, demonstra que não está conformada com os males deste mundo,
emitindo assim um “protesto contra a miséria real”
Segundo Cardedal (1977, p.43), o homem que se torna crente e se integra na
Igreja, não o faz precisamente porque ela seja uma instituição de natureza
principalmente ética e ordenada para aperfeiçoar as qualidades da natureza humana
na ordem moral, senão exclusivamente enquanto é de natureza religiosa. Na Igreja a
graça de Deus é anterior à criação do homem. (tradução do Autor)
A religião armazena certa dose de moral; garantia da moral considera
Deus. Ressalta Vasquez (2004, p.90), recuperando palavras do romancista russo
Dostoievski: “se Deus não existisse tudo seria permitido”. Nesse caso, a fonte da
moral seria em Deus.
Inegável, no entanto, a existência de uma inspiração religiosa que
regulamenta as relações humanas. Todavia, se Deus, no passado, era o
fundamento e a garantia de vida moral, na modernidade, pessoas cada vez mais
procuram no próprio homem o seu fundamento e a sua garantia.
2.1.7 A Moral e a Política
Se a moral regulamenta as relações humanas, a potica estabelece relações
entre grupos humanos.
Na política, procura-se de forma transparente estabelecer o que pensam
determinados grupos sociais, observando-se os interesses, principalmente os
econômicos. A política por sua vez é instrumento para conservar, reformar ou mudar
a ordem social. Também imprime certa participação de setores da sociedade: a
pessoa se faz coletiva e orienta-se para interesse comum.
18
Na moral, em contrapartida, o indivíduo toma decisões pessoais e
eventualmente responde pelas conseqüências, apesar de as normas a que está
sujeito serem de caráter coletivo.
Assim, segundo Vasquez (2004: p. 93) “a moral e a política se distinguem: a)
porque os termos das relações que ambas estabelecem são distintos (grupos sociais
num caso; indivíduos no outro); b) pela maneira distinta com que os homens reais
(os indivíduos) se situam numa e outra relação; c) pela maneira distinta com que,
numa e na outra, articula-se a relação entre o individual e o coletivo”.
Outra forma de distinção, se pela maneira como é articulada a relação
entre o indivíduo e o coletivo. Política e moral, portanto, são formas de
comportamento que não podem se identificar.
Nesse sentido, segundo Scantimburgo (2002, p. 94) “o político de carreira
pode agir com a maior correção ética nos seus atos de vida, na família, nos negócios
e outros, mas para conquistar os votos que lhe poderão assegurar a vitória nas
urnas é capaz de praticar ações em que não se combina com nenhum traço de seu
caráter”.
Por outro lado, a política realista, quando tenta atingir certas metas a qualquer
custo, sejam quais forem os meios para alcançá-las, não se preocupando com a
moral, conduz ao egoísmo, conduz à fragmentação do homem real, entre ser
indivíduo e ser cidadão, e é o que bem caracteriza a sociedade moderna.
O que se vê é uma dissociação entre o individual e o coletivo, ou, ainda, entre
a vida privada e a vida pública, quando da ação política, de modo que a moral opera
somente na intimidade da consciência do indivíduo. A moral, por sua vez, o é
privada ou íntima é fato social e regula as relações entre pessoas; razão por que
não pode ser separada da potica.
A política afirma ou nega a moral e, na realidade, para ser eficaz, para se
obter resultados, deve assegurar o consenso das pessoas; nessa direção, lança
mão da moral. Moral e política assim mantêm relação mútua, pois o homem é um
ser que vive em comunidade e se desenvolve individual e socialmente.
O homem não pode renunciar à política: é uma necessidade social; também
não pode renunciar à moral: outra necessidade social. Segundo Vasquez (2004: p.
19
96) “por conseguinte, nem renúncia à política em favor da moral, nem exclusão da
moral em favor da política.”
Em uma análise política se faz necessário contrapor a perspectiva dos que
governam e dos que o governados. Os anseios de natureza ética fundamentam-
se na aceitação e respeito pelo outro, que é a base para a democracia. É por isso
que os direitos humanos na modernidade, constituem-se de um tema globalizado.
Conforme Lafer (1995, p.211) ”emntese, na lógica potica da vida mundial e
regional, a legitimidade dos Estados e das sociedades, o seu lócus standi no plano
diplomático, a sua credibilidade e seu acesso à cooperação internacional, se vêem
reforçados com a promoção dos direitos humanos a sua proteção democrática. Por
isso, democracia e direitos humanos, no plano interno, passaram a ser um
ingrediente relevante de soft power no plano internacional”.
Em conseqüência, eticamente no futuro, vale a pena uma preocupação pela
preservação e ampliação do progresso da humanidade.
2.1.8 A Moral e o Direito
O comportamento humano, na sua forma jurídica ou legal, tem estreito
relacionamento com a moral. Ambos são regulados por normas, e estas regulam as
relações entre os homens. O denominador comum entre moral e direito pode, em
itens, ser assim enfatizado, segundo Vasquez (2004, p.97):
“ a)O direito e a moral regulam as relações das pessoas por normas;
b)as normas jurídicas e morais são imperativas, devem ser cumpridas;
c)o direito e a moral procuram manter a coesão da sociedade;
d)o direito e a moral são dinâmicos e podem sofrer mudanças para atender à sociedade
Entretanto, moral e direito possuem diferenças:
a) A norma moral é cumprida pela convicção do ser humano. Em contrapartida, a
norma jurídica deve ser cumprida mesmo sem que haja tal convicção;
20
b) a norma moral, se não cumprida, não possui dispositivo estatal coercitivo o que
não ocorre com a norma jurídica, pois o Estado tem organismos e instrumentos para obrigar o
indivíduo a cumpri-la;
c) as normas morais não existem em códigos, ao passo que as jurídicas são formas:
oficiais, em códigos e leis;
d) a moral é mais ampla que o Direito;
e) a moral cumpre função social; o direito exercido coercitivamente liga-se ao
Estado;
f) as normas jurídicas emanadas pelo Direito são únicas, ao passo que a sociedade, dividida
em classes, pode ter multiplicidade de moral;
g) a moral e o Direito têm características históricas. Se os homens voluntariamente
atendem às normas morais, as normas jurídicas se reduzirão e haverá como conseqüência um
progresso social”.
Assim, a sociedade superior substitui as normas jurídicas pelas normas
morais voluntárias. Desta forma, a moral e o Direito possuem elementos comuns e
possuem também diferenças; o Direito tem normas sancionadas pelo Estado, e a
moral não exige essa sanção, porém se apóia na aceitação ou não da comunidade a
qual exprime normas que são espontaneamente atacadas.
Segundo Bacciotti (2000), “Direito e Moral regulamentam as relações de uns
homens com outros por meio de normas. Postulam, portanto, uma conduta
obrigatória e devida. Nisto se parecem também, com o trato social”.
2.1.9 A Moral e o Trato Social
Tendo em vista Bacciotti (2000),
“A esfera Moral é mais ampla do que a do direito. A moral atinge todos os tipos de
relação entre os homens e as suas várias forma de comportamento (qualquer comportamento
pode ser objeto de qualificação moral). O direito, pelo contrário regulamenta as relações
humanas mais vitais para o Estado para as classes dominantes ou para a sociedade em
conjunto. Algumas formas de comportamento humano (criminalidade, por exemplo) se
encontram na esfera do direito. Existe violação de regra jurídica . O mesmo se deve dizer de
21
certas formas de organização social como o matrimônio e a família e as respectivas relações.
Outras relações entre os indivíduos, como o amor a amizade, a sociabilidade, não são objeto
de regulamentos jurídicos. Somente moral”.
As normas que acompanham o comportamento não se limitam à moral ou ao
direito. Determinados atos de convivência têm de seguir determinadas normas no
cotidiano. A própria saudação, respeito aos idosos, cortesias são regras regidas
através dos tempos em diversos países e em diferentes grupos sociais. Entretanto,
esse trato social é mutável e sofre alterações na história; em geral, são aceitas as
regras dos grupos sociais dominantes.
Como referência, segundo Vasquez (2004, p.102), o “burguês do culo XVIII
na França, com relação às boas maneiras da nobreza e assim também os artistas
boêmios ou malditos quando mostravam o seu desprezo pelo mundo social, prosaico
e utilitário em que viviam, não somente através de sua arte, mas também pelo seu
desalinho no vestir”.
Assim, como o direito e a moral, o trato social regula as relações entre
pessoas. São regras de comportamento, não são coercitivos: a impunidade inexiste,
pois a opinião dos outros sanciona a sua desaprovação. O comportamento no trato
social é formal e exterior, não reclamando a adesão íntima do indivíduo.
Dessa maneira, o trato social é constituído por um comportamento normativo
cuja finalidade é regular, na forma e exteriormente, a convivência dos indivíduos em
sociedade, mesmo sem o apoio íntimo do indivíduo e sem a necessidade de o
Estado agir coercitivamente.
2.1.10. A Ética e a Psicanálise
Iniciada por Sigmund Freud (1856 – 1930), a psicanálise, como vertente
psiquiátrica, ganhou vários ramos, liderados por Jung, Sullivan, Adler e outros
revisores, em certo grau, das teses do conceituado pensador vienense.
22
A psicanálise atesta que uma certa parte da personalidade do indivíduo não é
consciente. Retêm-se na memória: fatos, desejos ou impulsos reprimidos que tentam
escapar mas, de certa forma, são apreendidos pela consciência. Assim, o
inconsciente é dinâmico, ativo influi no comportamento da pessoa. Para Freud, a
energia liberada é denominada libido e é dotada de sexualidade. Quando reprimida,
origina-se uma doença chamada neurose. Freud distingue o “id”, que são os
impulsos, o “ego”, que é a consciência, e o “superego”, que são as normas impostas
de certa forma ao inconsciente. Durante a educação, valores e normas morais são
armazenados no superego como consciência inconsciente.
Freud conclui que, se o ato moral é aquele que caracteriza a ação de uma
pessoa de forma consciente e livremente, os atos que são praticados por meio de
uma motivação inconsciente devem ser excluídos do campo moral. Por sua vez, a
ética deve contemplar essa motivação, procurando considerar imoral o ato que é
originado dessas forças inconscientes.
2.1.11. A Ética e o Marxismo
O marxismo explica as morais do passado, sugerindo nova moral. A teoria de
Marx fundamenta-se na recuperação do homem concreto. Para esse pensador, o
homem real é sensível, espiritual, natural, humano, prático, teórico, subjetivo e
objetivo. O homem é “praxis”, ou seja, produtor, criador, mediante seu trabalho.
Enquanto ser social, contrai relações; logo, é um ser histórico. Assim, formam-se
relações econômico-social que sofrem mudanças ao curso da história. Com a
mudança na estrutura econômica, muda-se também a moral. Nessas mudanças, o
elemento principal é a classe ou as classes.
Assim, a moral é de natureza social; existem várias morais e de várias
classes. A moral de cada sociedade é relativa. Nova moral sempre é necessária,
que o homem deve sempre interceder na transformação da sociedade.
Essas são, entre outras, as conclusões mais importantes no discurso de
Marx.
23
2.1.12. A Ética e a Ecologia
Segundo Sung e Silva (2003, p.84), “ecologia é a ciência que estuda as
relações de intercâmbio e transformação de energia entre os seres vivos, e engloba
a relação de todas as coisas e com tudo que existe”. Assim, a ecologia é mais
ampla, não se relaciona com o meio ambiente, mas com a economia e com a
política.
O termo ecologia vem do grego, oikos”, que significa casa. Ecologia é o
estudo da casa. Como o ser humano interage com o meio ambiente, pois pertence à
natureza, deve com rapidez repensar sua conduta ante as agressões causadas a
esse espaço que o circunda. Em território internacional, e em meio ao atroz
progresso originado pelo capitalismo, vários países se mobilizaram a favor do meio
ambiente; segmentos da sociedade assim expressaram preocupação com a
natureza.
Na modernidade, não se pretende alcançar o céu com a morte, mas construir
o paraíso na terra; e o caminho, acima de tudo, é o progresso técnico. A natureza
não é ilimitada e, muito menos inesgotável.
Atualmente a destruição ambiental é grande, basta atentar para o efeito
estufa, a poluição nas suas mais diversas formas, as chuvas ácidas gerando
potencial de gravidade etc. Assim, a ética individualista do capitalismo se impõe à
ética ecológica.
O tipo de sociedade moderna destrói as próprias origens de sua reprodução,
isto é, a natureza e o homem. Conseqüentemente, assiste-se à exagerada
valorização do capital.
A sociedade capitalista, no afã do lucro, devasta a natureza e estimula o
consumismo. Este, por seu turno, gera produtos descartáveis agredindo a natureza e
criando mais problemas ecológicos. A solução é, portanto, uma ação global,
reformando a sociedade industrial.
24
2.1.13. A Ética e a Medicina
Conforme Fortes (1990) “a atividade médica, representando um dos
principais componentes do processo de produção do setor saúde, pode se
apresentar desde a forma de assalariamento até a prática autônoma, a medicina
liberal. Apesar do progressivo assalariamento, ocorrido nas últimas décadas, pelo
qual passa a categoria médica em nosso país, a atividade liberal ainda compõe uma
significativa parcela de inserção dos médicos no mercado de trabalho, devido
principalmente à adoção de formas conjugadas de trabalho autônomo-assalariado”.
A medicina notoriamente alcançou avanços notáveis na modernidade. Os
laboratórios, os seguros-saúde, a indústria farmacêutica, os equipamentos para
saúde são segmentos que se relacionam com a atividade médica e, por
conseguinte, se vêem envolvidos em problemas morais e éticos.
As pressões a que este profissional se submete são fortes, e as dificuldades
enfrentadas também o são. Assim, erros médicos o cometidos e a corporação
busca proteger o que é imoral e antiético, adverte Zadjsnajder (2001, p.107).
Esse profissional da saúde, por sua vez, deve orientar seus pacientes de
forma isenta dos apelos comerciais. Da mesma forma, todos os profissionais ligados
à atividades de saúde, como fornecedores de equipamentos médicos, equipamentos
e materiais de laboratório e produtos farmacêuticos, devem privilegiar os princípios
éticos, na comercialização e divulgação de seus produtos e serviços.
25
2.1.14. A Ética e a Bioética
Tendo em vista as novas formas de reprodução humana, novos tratamentos
jurídicos e éticos devem ser questionados.
Conforme Almeida e Schramm (1999):
“A crescente incorporação de tecnologia médica e as novas demandas sociais,
inclusive de saúde, que tiveram início nos anos 60, impuseram importantes transformações
na prática médica. Tal situação tem estimulado crescente debate filosófico em torno de
problemas de ética prática que não mais encontram respostas no âmbito do modelo ético
hipocrático. Para os autores, a crise da ética hipocrática poderia ser caracterizada como um
período de transição paradigmática em que se estaria formando um novo conjunto de valores.
A partir do movimento da bioética, os autores apresentam as diferentes teorias éticas
aplicadas à prática médica, concluindo que a abordagem principialista seria mais adequada à
resolução dos novos dilemas morais postos à prática clínica”.
Exemplificando, as técnicas in vitro, ou seja, em laboratório, onde existem
bancos de esperma e óvulos e que são fertilizados por doadores, ampliam as
opções de reprodução. A biotécnica também gera outra estranha situação: pela
biologia molecular aumenta a expectativa de duração da vida média. Entende-se por
biotecnologia, conforme Denny (2003, p.8), como “modificação intencional do código
genético de microorganismos, com seu plano de produção e que assim o seu
patrimônio hereditário se fixe em determinado produto”. Assim, por meio da
biotecnologia se interfere na substancia genética, podendo ser originado um novo
DNA e produzir nova forma de vida mas artificial, podendo ser acelerada a evolução
natural.
Também pouco ético é interferir, por meio da biotecnologia, nas
características humanas, predeterminando traços aceitáveis e desejáveis para futura
adoção.
26
2.1.15 A Ética e a Informática
Na modernidade, que vem do século XIX a nossos dias, a técnica
expandiu-se, gerando mais poder de criação para a atividade humana e para a
sociedade. A técnica, hoje, mais que nunca está a serviço do capitalismo,
favorecendo a acumulação de bens materiais.
A lógica se impõe e auxilia os organismos técnicos que são soberanos e se
impõem. Entretanto, as mudanças dos padrões tecnológicos têm como
conseqüência os altos custos sociais. A técnica atua como se dela emanassem os
princípios éticos e morais. O homem e a técnica estão em plena comunhão. Lembra
Dupas (2000, p.70) que Descartes dizia que a nova ciência faria do homem “o
mestre e o senhor da natureza”, e que “a ciência é o centro e o cientista o sumo
sacerdote”.
Na atualidade, os indivíduos defrontam-se com todo o tipo de tecnologia da
informação, passíveis de dominação e lucratividade. A sociedade, por sua vez,
aceita a supremacia da técnica, que tanto pode ser utilizada para o bem quanto para
o mal. A sociedade, na pós-modernidade, habituou-se a armas de alto poder
destrutivo, e com uma cultura valorativa de imagens violentas e destruidoras.
A técnica dita o que fazer, e o conhecimento tornou-se automatizado,
impostos pela própria sociedade. Ao se pensar em uma nova ética para os tempos
atuais, deve-se refletir e retornar aos princípios .
O modelo do ser humano tradicional é autônomo, responsável, determinado;
e, gozando de suas próprias leis, não é controlado por nenhum poder exterior. Na
sociedade contemporânea, s-moderna, o homem se sente desprotegido, inclusive
pelo próprio Estado, que antes o acolhia.
O futuro do homem é incerto, entretanto prega-se a longevidade. Pensa-se
atualmente na necessidade iminente de uma nova ética, mas é improvável criá-la,
assim como é difícil imbuir a sociedade desses novos princípios, mesmo contando
com o mais poderoso instrumento da tecnologia da informação e comunicação.
27
2.1.16. A Ética e o Marketing
As empresas que atuam com responsabilidade, descobrem quais os desejos
e necessidades dos consumidores e fornecem produtos bons, a preços justos,
gerando valor e criando lucro.
“O Código de Ética da ABEMD - Associação Brasileira de Marketing Direto,
constitui a auto-regulamentação do setor de marketing direto no Brasil, entendendo-
se por marketing direto um sistema interativo que usa uma ou mais mídias para
obter uma resposta ou transação mensurável em algum lugar” (ABEMD, 2006).
Assim, o marketing, segundo Kotler e Armstrong (1997, p.298),
“conceitualmente tem a filosofia de servir ao cliente com ganhos mútuos”.
Essa prática conceitual direciona a economia para uma situação confortável
entre o produtor e o consumidor. Entretanto nem todos os profissionais de marketing
se utilizam desse conceito e certas empresas usam práticas mercadológicas
questionáveis e afetam negativamente a sociedade, como é o caso, por exemplo,
dos cigarros, pois para o fumante, o custo para adquiri-lo é considerável, o custo
emocional e médico para a família é um grande encargo e o custo é ainda maior
para a sociedade, para os indivíduos ao redor do fumante.
Em vista desse fato, os consumidores, órgãos governamentais e críticos têm
acusado o marketing de causar danos ao consumidor. Conforme Kotler e Armstrong
(1997, p.298}: “quer seja, por promover preços abusivos, criar práticas enganosas,
praticar vendas forçadas, colocar à venda produtos com qualidade duvidosa ou sem
segurança, planejar a que o produto fique obsoleto, promover serviços de má
qualidade para posição social desfavorável”.
O impacto do marketing na sociedade, e usando a propaganda como
instrumento, é alvo de críticas, tais como, segundo Kotler e Armstrong (1997: p.299),
“as pessoas são julgadas pelo que tem e não pelo que são”, e assim o marketing
excessiva atenção a bens materiais, o que perante a sociedade representa sucesso
profissional.
Por outro lado, as empresas têm sido acusadas de vender em excesso bens
privados, e em aumentando esses os serviços públicos a eles vinculados, aumentam
28
muito. Por exemplo, a venda excessiva de automóveis, aumenta e requer mais
estradas, mais estacionamentos, mais policiamento, mais congestionamentos, mais
poluição do ar, o que inegavelmente aumentam os custos sociais.
Por outro lado, o marketing, através da propaganda, cria poluição visual e
cultural, segundo Kotler e Armstrong (1997, p.303), pois “os sentidos são
bombardeados, com anúncios, outdoors, comerciais de televisão interrompendo
programas importantes, poluindo a cabeça das pessoas com mensagens sobre
materialismo, sexo, poder ou status”.
À luz dessas citações, “a empresa ética, deve estabelecer uma política
corporativa de marketing ético” , segundo Kotler e Armstrong (1997, p.309). Essa
política assim, deve incluir relações com distribuidores, critérios para propaganda,
serviço ao cliente, potica justa de preços, desenvolvimento do produto e
indubitavelmente padrões éticos a serem seguidos.
Os produtos de quaisquer tipos de organizações devem ser esclarecidos
sobre todos os aspectos ao público consumidor.
Desta forma, a empresa, ao assim agir, está eticamente considerando o
consumidor e simultaneamente pensando em sua imagem.
Se houver algum problema com qualquer produto de uma empresa, esta com
transparência, deve assumir as conseqüências, e providências gerais e não setoriais
devem ser tomadas, garantindo assim à sociedade consumidora a tranqüilidade de
poder usufruir com segurança do referido produto. Finalizando, deve também a
empresa, visando atingir a qualidade total, dar assistência ao consumidor e não se
eximir de responsabilidades parciais.
No Brasil, o Conar, Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária,
possui código de ética, referencial para profissionais desse ramo de atividade.
O gerente de vendas das organizações bem como seus subordinados devem
ser transparentes quanto ao produto a ser comercializado e as reais necessidades
do consumidor.
Vendedores ou equipe de vendas isentos de moralidade e ética, ao se
defrontarem com consumidores sem a devida capacidade de discernimento,
29
constituem a mistura ideal para uma prática nada simpática junto à sociedade,
gerando fonte de conflitos e afetando a longo prazo a imagem da organização.
A lei garante, por meio do Código de Defesa do Consumidor e Código Civil,
que o legislador alerte com clareza e puna em face de vícios ocultos e redibitórios.
Desse nodo, o profissional de vendas deve sempre orientar para o que é bom,
correto, verdadeiro e ético.
Embora exista, suportada pela economia, a lei da oferta e procura, os
dirigentes devem, além de atender aos requisitos legais princípios de justiça e
equidades , agir eticamente quando houver escassez de determinados produtos
quanto ao preço estabelecido, evitando assim a prática do superfaturamento. Ocorre
que esses princípios devem ser estendidos mais amplamente aos profissionais da
área de propaganda e comunicação.
Um exemplo, conforme Alberguini, Silva e Rezende (2003), diz respeito ao
gerenciamento de resíduos químicos, que, segundo esses autores, “depende da
conscientização e participação de professores, funcionários e alunos. Para que esse
gerenciamento tenha êxito, é necessário desenvolver uma consciência ética com
relação ao uso e descarte de produtos visando a prevenção da poluição e redução,
reaproveitamento e recuperação de materiais, objetivando a preservação ambiental”.
A ética, a moral e a justiça, se ignoradas, podem danificar de forma
irreversível o futuro das gerações atuais. O consumidor, tendo em vista esse mundo
informativo, e, aí, incluem-se também a internet e intranet, pode sofrer corrosão
moral proveniente de valores alterados e distorcidos, principalmente as crianças e os
jovens. Uso indevido de imagens religiosas para efeito promocional também deve
ser combatido.
A própria propaganda política deve conter ética, pois conforme Gomes (1994):
“a retórica é ineliminável em ambiente de competição discursiva. Por outro lado,
não precisamos ser ingênuos e afirmar que, sendo a ética imprescindível, a retórica deve ser
excluída da propaganda política. A ética da dimensão pública exige a mediação
argumentativa dos conflitos e ensina a buscar o consenso, não precisamos torná-la um
discurso ingênuo e inócuo. Portanto, deve-se partir do pressuposto de que a retórica o
pode ser eliminada. Isto porque a política é necessariamente competitiva, a competição
envolve sempre uma dose considerável de estratégia e ainda não foi inventada uma arte mais
30
perfeita de manejar estratégias argumentativas do que a retórica. Mas não há como confundir
retórica e uso da retórica”.
2.2 A Ética e a Sociedade
Os valores morais têm muita vinculação com as normas da sociedade. Essas
normas constituem a forma pela qual os valores morais são vinculados e adquirem
um caráter normativo e imperativo.
A palavra moral mor ou mores significa costumes. Para Sung e Silva (2003,
p.13), a sociedade tem preferido expressar “bons costumes” como sinônimo de
moral ou moralidade.
Quando a sociedade aceita os costumes e valores morais estabelecidos por
esta mesma sociedade, não necessidade de muita discussão sobre eles, pois
inexiste conflito. Quando então surgem conflitos relacionados à validação desses
costumes, ocorre a necessidade de fundamentação teórica dos valores da
sociedade.
Assim, surge o conceito de ética, originário do grego ethos: modo de ser,
caráter. Importa frisar que Sung e Silva (2003, p.13) definem ética como “a teoria
sobre a prática moral”, e daí se diferencia a ética da moral.
Ética seria então uma reflexão teórica que faz cticas e analisa ou legitima os
fundamentos e princípios regentes em determinado sistema moral. Em geral, na
história, os filósofos criticam a moral vigente e propõem um sistema ético novo,
revolucionando valores e normas estabelecidos historicamente na sociedade.
Para Dupas (2001, p.104), ”um claro paradoxo se instala nas sociedades pós-
modernas. Ao mesmo tempo que elas se libertam das amarras dos valores de
referência, a demanda por ética e preceitos morais parece crescer indefinidamente.
A cada momento um novo setor da vida se abre à questão do dever”.
Em face dessa realidade social, a conduta do filósofo não é exclusiva, pois é
inerente ao ser humano questionar os valores morais vigentes. A realidade gera a
diferença entre o que “deveria ser” e o que “é”, segundo Sung e Silva (2003, p.14).
31
O conhecimento acerca da ética não é apenas de domínio acadêmico, sendo
pois uma prioridade na sociedade, para a mais justa convivência entre os homens.
Harmonicamente, o ser humano deve construir e conquistar o seu ser. Desafio da
vida, é o processo de construção do novo ser.
A responsabilidade individual surge quando relacionamentos com outras
pessoas, que, direta ou indiretamente, passam a responder pelas conseqüências
das ações e atitudes, pois delas dependem a convivência humana e a realização do
ser humano. Essa responsabilidade gera liberdade e por certo oferece segurança
aos indivíduos.
Ao se superar a visão da realidade existente é que se pode imaginar, sonhar.
Enfim, idealizar uma realidade prodigiosa. Assim, se as pessoas se revoltam diante
de uma situação desumana ou injusta, constatamos uma “indignação ética”, diriam
Sung e Silva (2003, p.7).
As normas aceitas pela sociedade, quando injustas e pétreas, causam tal
indignação. A experiência do ser humano, ao praticar a liberdade de acordo com as
normas impostas e aceitas como justas, permite desmascarar o mal, travestido de
normal, e descobrir o bem e a justiça. Conduz, também, a uma mudança no futuro
da sociedade: sempre visando a um presente melhor.
Ao assumir a prerrogativa de humanos, com necessidades e liberdades, os
indivíduos tornam-se responsáveis por suas atitudes, isto é, pelos atos e ações, bem
como pelas conseqüências que resultam dos impulsos mais ou menos conscientes.
Quando as ações o conscientes, o ato é voluntário; se a grande maioria das ações
é inconsciente, os atos afiguram-se involuntários. As ações também produzem
efeitos intencionais e não intencionais.
O conhecimento dos efeitos não-intencionais releva a não redução das
questões éticas do ser humano, e entender como esses sistemas interferem nas
nossas ações e vidas é a preocupação.
O questionamento da ética mostra certas contradições. Um dos conflitos são
os anseios, a curto prazo, e os objetivos, a médio ou longo prazo, a serem atingidos.
Existem interesses e alternativas imediatas que se contrapõem a objetivos
maiores e num prazo mais longo. O importante é que sempre deve prevalecer o bem
do indivíduo ou do grupo. Assim pode existir o conflito entre interesse imediato e de
32
longo prazo de um grupo social, bem como pode conflitar também o interesse
pessoal e coletivo. Por outro lado, ninguém pode viver isolado, tanto do ponto de
vista afetivo quanto material. Se cada um negar os direitos do outro, é impossível a
vida em grupo social. Como afirmam Sung e Silva (2003, p.21), “por detrás das
normas e valores morais, que regulam esses conflitos, reflete que um membro de
uma coletividade não sobrevive se esta coletividade vier a se extinguir”.
Logo, a consciência ética que surge desse conjunto é diferente do
conhecimento de valores e normas morais vigentes na sociedade, e jamais
interesses particulares e imediatos devem ser colocados acima dos bens maiores da
sociedade ou coletividade. O ser humano necessita ser construído, é um processo;
necessita construir um mundo, uma sociedade para si e para evitar o caos.
Daí, as sociedades tradicionais, conhecidas como pré-modernas, as que
existiram antes da industrialização, como as que existem em locais que não
conseguem se comunicar com a sociedade moderna ou mesmo mantêm relutância
em manter tal contato. É o caso dos séculos XVI e XVII, em que os principais valores
da sociedade eram tradição, honra e família.
A legitimação era ao redor da tradição. Novidades não eram admitidas, quer
seja nos setores econômico, político e moral. As desigualdades eram legitimadas por
meio de valores morais eternos, tanto pela religião como pela filosofia. O básico e
fundamental o admitiam alteração ou mudança, e a sociedade humana não podia
ao menos pensar em construir um futuro diferente. “O diferente era pecado e o
paraíso não era na terra, mas no céu, pela graça divina” afirmam Sung e Silva,
(2003, p.36).
A religião era a base da legitimação da sociedade estática. As normas morais,
com seus valores, eram justificadas pela vontade divina, bem como usadas para a
repressão a todas as tentativas de inovação e liberdade. Tal repressão implica,
ainda hoje, uma leitura negativa da palavra moral. Assim a repressão incorria sobre
a possibilidade de inovação ou libertação.
Por outro lado, nas sociedades modernas, capitalistas e socialistas,
ocorreram grandes mudanças em relação às tradicionais. Uma inversão impera: o
progresso é a base da sociedade moderna e a tradição passa a ser profundamente
apreendida como negativa. O adequado era ser progressista na sociedade moderna,
33
em oposição aos conservadores da sociedade pré-moderna. O indivíduo, assim, é
valorizado e se contrapõe ao coletivo que era a valorização anterior; em detrimento
ao coletivo, o indivíduo é o centro desta sociedade moderna.
O progresso é ilimitado e as ações humanas conseqüentemente o são. O
paraíso não é mais o céu, e sim o futuro, que, metaforicamente, será construído pelo
ser humano, pautando-se na razão e na ciência.
O progresso técnico-científico é apresentado como via para o paraíso, e todos
os anseios individuais acredita-se serão realizados. O novo passa a ser o
sinônimo direto de melhor. O otimismo está em alta. Na história, a burguesia
legitimou a nova ordem social, tornando-se indubitavelmente a classe dominante.
Com o progresso, eliminar-se-iam as doenças por meio da evolução médica,
e a acumulação de riquezas ocorreria, pois a visão da época não conhecia limites,
quer no tempo e no espaço, quer na capacitação da humanidade. Assim, a ordem
social passa a ser reconhecida pelo progresso, e não mais pela religião e moral. No
entanto, o progresso promove miséria, causando desequilíbrios no meio ambiente e
pondo em risco a vida humana na terra. Se o progresso técnico se lança como a
solução para todos os problemas, a ética começa a se dissociar da sociedade,
sendo substituída pela técnica.
A burguesia, interiorizada pela nova ordem social, não é perfeita, e a técnica
não dá conta de todos os problemas. Portanto, o mito do progresso não abafa tudo:
morte, miséria, violência, corrupção, frustrações pessoais, dúvidas existenciais e
desastres ecológicos ou desastres naturais, como a tsunami, continuam e
continuarão existindo.
Por essa razão, a ética retorna e passa a ser discutida novamente em nossa
sociedade. A sociedade e os indivíduos continuam a buscar respostas ao
fundamental.
34
2.3 A Evolução da Postura Ética de uma Sociedade
Como já definido anteriormente, entende-se por moral um conjunto de normas
e regras que regulam as relações dos indivíduos em sociedade; assim, o seu
significado, a sua função e a sua validade devem variar nas sociedades.
Existe, historicamente, a moral que imperou na Antiguidade e durante o
feudalismo na Idade Média, como uma moral da burguesia na modernidade, e
assim por diante. A moral é portanto dinâmica. Logo, se a moral é fato histórico, a
ética como ciência da moral admite alterações no tempo.
Historicamente, Deus foi a origem da moral. Assim, as raízes dessa moral não
estariam no homem, mas fora e acima dele.
A natureza também pode ser a origem ou fonte da moral. Nesse sentido, a
origem da moral manifestar-se-ia por meio dos instintos: não estaria restrita aos
homens, integraria também o mundo animal. Segundo Vasquez (2003, p.38),
“Darwin chega a afirmar que os animais experimentam quase todos os sentimentos
dos homens, tais como amor, felicidade, lealdade, etc.”.
Por sua vez, o homem, como origem e fonte da moral, seria eterno e imutável;
e a moral, também eterna e imutável, cristalizando-se, perpetuando-se,
atravessando mesmo alterações históricas e sociais.
Embora a moral seja intrínseca ao homem desde a sua existência, ela muda e
se desenvolve de acordo com as várias sociedades. Entretanto, respondem às
mudanças, em grande parte, a pré-história da moral, bem como a correlação entre
transformação histórico-social e moral. Se isso ocorre, então existe um progresso
moral ou uma evolução na postura ética da sociedade.
A moral, como mencionado, pode surgir quando o homem vence a sua
natureza natural e instintiva e se torna membro de uma sociedade. Dessa forma,
nasce a moral com finalidade de garantir o comportamento individual com objetivos
maiores os coletivos. Tudo o que colabora para a união da sociedade é
representado como bom, sendo o seu contrário salientado como mau.
A linha divisória entre o bom e o mau é traçada, e apropriados são os deveres
que emergem como obrigações comuns e direcionadas para o bem da sociedade.
35
Não existiam qualidades morais pessoais, pois a qualidade de um indivíduo é
comum a outro indivíduo da sociedade. Assim, as condições econômico-sociais que
permitem a passagem para normas morais se efetuam pelo aparecimento da
propriedade privada e pelas diferentes classes existentes na sociedade.
Pelas mudanças que ocorrem na moral, vistas na sociedade escravista feudal
estendendo-se à burguesia, comprovamos que, se na sociedade homens exploram
outros homens, países exploram outros países, a moral se diferencia de acordo com
os interesses.
Para se construir uma nova sociedade, na qual vigore uma moral humana,
universal, devem desaparecer interesses antagônicos que o origem às diferenças
morais. Uma nova moral impõe mudanças de postura no trabalho, no espírito
coletivista, na eliminação da posse, do individualismo, do racismo, nas atitudes para
com a mulher e no trato familiar. Vasquez (2003, p.52), ao acenar para Kant,
enuncia que a nova sociedade será aquela que “considera o homem como um fim e
não como um meio”.
A nova moral somente surgirá quando condições econômica, social e política
de um homem com atualizadas qualidades morais vigorarem. As diferentes morais
mudam e as substituições ocorrem a fim de que haja renovações promissoras.
Histórica e cronologicamente, quando se estabelece comparação entre a moral de
sociedades, a recente apresenta moral mais avançada, mais elevada e rica do que a
anterior. Exemplo clássico é o canibalismo em sociedades primitivas. Nas palavras
de Vasquez (2003, p.54), “existe progresso moral e este não pode separar-se de
uma sociedade para outra, ou seja, este não pode ocorrer sem o progresso histórico-
social”.
O progresso moral e o progresso histórico, embora vinculados, não são iguais
e mesmo havendo progresso histórico não significa que haverá progresso moral.
O homem produz quando em sociedade, estabelecendo relações, sendo prático e
produtor. Assim, o tipo de sociedade e o grau de participação do homem nela são
índices indicadores de progresso moral.
A produção humana é de escopo material e espiritual. Produz ciência, arte,
direito e educação, e ainda muito mais. De fato, podemos falar em progresso
histórico de proporção material, social e cultural.
36
Do ponto de vista histórico, a burguesia, enquanto classe social emergente,
marchou no sentido do progresso. Progresso, diga-se, que a nobreza feudal
procurou frear. Por outro lado, o progresso histórico-social de determinados países
ocorreu retardando o de outros.
Conclui Vasquez (2003, p.56) que, o “progresso histórico social cria condições
necessárias para o progresso moral e que este afeta positiva ou negativamente os
homens de determinadas sociedades do ponto de vista moral”. Portanto, o progresso
histórico influi positivamente no sentido moral.
O capitalismo, por sua vez, como processo histórico progressista, tem o
sofrimento simbolicamente cravado em suas raízes. Crises, consorciadas ao
progresso oriundo da técnica mecânica, degradam em larga medida a moral do
operário. O progresso histórico, portanto, influi positivamente e/ ou negativamente na
moral do homem em sociedade.
De outra forma, o progresso é mensurado pela amplitude da esfera moral na
vida social; pois, não necessitando de normas para regular as relações entre os
indivíduos, aumenta-se a moral. E a isso se deve o aumento de responsabilidades
dos homens ou grupos no comportamento moral. Assim, o progresso moral, que
consiste na negação de valores antigos e na aceitação de outros novos valores,
verifica-se somente quando ocorre um progresso histórico-social que assume essa
negação.
Por outro lado, em havendo o progresso moral, uma vez que a ética é um
estudo que recai sobre práticas, atitudes, regras e ações humanas, deve-se saber
qual o critério utilizado para avaliar a ação humana. Segundo Sung e Silva (2003,
p.41), “o critério usado é a própria vida humana”. Partem do princípio, que a
finalidade de existência da sociedade, é garantir a sobrevivência dos seres
humanos, e com dignidade, tendo acesso a tudo que facilite o seu desenvolvimento.
A função da moral, nesse sentido, é dar orientação para se atingir tal objetivo.
Assim a vida é o critério para avaliar os comportamentos e atitudes da sociedade.
Hoje a ética exige mudanças de atitude, pois as ações de um m repercussão
imediata nas ações de outros. Isso ganha clareza ao se constatar os problemas
ecológicos e raciais, as guerras e outros tantos conflitos praticamente sem solução.
37
Solução, bastante utópica, seria a participação de todos os grupos envolvidos
na construção de uma ética cujos princípios e valores fossem por unanimidade
aceitos. Segundo Sung e Silva (2003, p.43), “as duas vertentes mais presentes em
nosso comportamento moral são a moral essencialista, herdada das tradições greco-
latina e judaica cristã e a moral subjetivista, fruto da cultura moderna”.
A moral essencialista é, pois, constituída de um conjunto de normas que deve
ser a base do comportamento moral. A raiz desses princípios toma por alicerce um
fundo filosófico ou religioso. É a forma de moral das sociedades tradicionais.
Nessa moral, as influências estão calcadas nas normas e costumes, visando
à união da sociedade. O que é “bom” ou “mau” para o indivíduo já foi antes definido,
cabendo-lhe apenas acatar. Tais regras são exteriores ao ser humano; são elas de
autoria divina.
O controle do cumprimento dessas normas é feito pela própria sociedade. E o
grande castigo, pois, é ser excluído da comunidade, caso não haja reverência a tais
normas. No caso dos critérios pessoais, o ser humano age conforme a vontade de
Deus, a mesma que orienta todo princípio de justiça.
Na modernidade, mais precisamente por meio do Direito, o Estado exerce a
aplicação da justiça, havendo assim um enfraquecimento da sociedade no que tange
ao controle rigoroso do indivíduo. Assim, o essencialismo torna-se frágil na
modernidade, o que não impede de adotado como comportamento moral, ou seja,
as pessoas seguem o preconizado por filósofos ou religiosos.
A moral essencialista, entretanto, como forma de conduta, limita o campo da
liberdade humana. Sendo a moral limitada, obedecida sem questionamento, o
contribui para melhorar o convívio social, possibilitando tampouco a felicidade das
pessoas. As regras de conduta, por sua vez, correm o risco de serem usadas como
instrumento de poder e controle.
Se essas regras forem inflexíveis, não se adaptam às mudanças históricas e
se contrapõem com as novas formas de ética na sociedade; o resultado é um
conflito entre a moral de princípios e a ética da responsabilidade, ou seja, seguir
princípios sem preocupar-se com as conseqüências.
38
2.4 A Sociedade Brasileira e a Ética
Na modernidade, que vai do século XVI ao XIX, tendo em vista a sociedade
mais conservadora, firmada na tradição e nos costumes, o ser humano reage em
função dos exageros praticados. Na atualidade, o indivíduo é, pois, orientado a não
seguir a tradição e, assim direcionado a ignorar o conjunto de regras que vigoram
no período em questão, deve ele eleger o que é melhor para si e para a sociedade.
A subjetividade é, na modernidade, o centro; ela busca a autonomia e a
liberdade das pessoas. Essa postura, em que cada um procura o seu critério para
julgar, produziu excessos e criou uma moral individualista. A máxima adotada é a de
cada um por si, promovendo comportamentos cada vez mais egoístas. É a famosa
lei que autoriza o indivíduo a levar vantagem em tudo lei aliás muito estimulada
na sociedade brasileira, já que a concorrência é prática comum no regime capitalista.
Assim, o ser humano deixa de ser visto como um fim e passa a ser visto como um
meio. “A moral individualista é a moral do capitalismo”, afiançam Sung e Silva (2003,
p. 47).
Se a modernidade beneficiou a sociedade e o indivíduo facultando-lhes maior
liberdade, não alterou, em contrapartida, a moralidade. Até porque a idéia sica do
indivíduo se traduz na manutenção do interesse pessoal a qualquer custo, em
incentivo ao imediatismo e ao egoísmo. A sociedade, hoje, é sem dúvida
contraditória: de um lado, prega que o indivíduo deve falar apenas a verdade, que o
próximo deva ser auxiliado, que devamos ser transparentes, e outras tantas
proposições. Por outro lado, os comportamentos são comumente adversos,
direcionados para conveniências pessoais. A sociedade age discricionariamente,
apesar de bem conhecer as normas de conduta e os comportamentos ético e moral.
Os valores ético e moral antigos, são conhecidos, mas enfraqueceram; e o
centro das ações se articula no imediatismo e no egoísmo. A moralidade individual
prevalece à moral tradicional.
Valores como solidariedade e altruísmo, deveras considerados, são abatidos
pelo egoísmo desacelerado. A sociedade tornou-se mesmo extremamente
39
competitiva. E, uma sociedade competitiva e não solidária impede que se rume para
o bem comum.
2.5. A Ética e a Responsabilidade Social
A responsabilidade social é um dos focos de atenção das empresas, na
atualidade. Investimentos têm sido realizados no sentido de associar produtos e
marcas com as melhores práticas de relacionamento com a sociedade e o meio
ambiente.
O administrador, ao pensar simultaneamente na empresa como um todo e no
indivíduo, seguramente tem à mão os objetivos éticos idealizados. Os valores da
empresa e do indivíduo devem, de forma corporativa, ter melhor combinação.
Segundo Zylbersztajn (2003),
“o Instituto Ethos caracteriza da seguinte forma a ação socialmente responsável das
empresas: A responsabilidade social das empresas tem como principal característica a
coerência ética nas práticas e relações com seus diversos públicos, contribuindo para o
desenvolvimento contínuo das pessoas, das comunidades e dos relacionamentos entre si e
com o meio ambiente. Ao adicionar às suas competências básicas a conduta ética e
socialmente responsável, as empresas conquistam o respeito das pessoas e das
comunidades atingidas por suas atividades, o engajamento de seus colaboradores e a
preferência dos consumidores.”
Segundo Nash (2001: p.214), “pensar em termos de relacionamento,
permanecer orientado para o outro, universalizar a opinião, ouvir pontos de vistas
externos, colocar-se no lugar do outro, não são abordagens infalíveis nem são o
caminho para uma solução automática dos dilemas éticos no trabalho, mas ajudarão
a criar vontades de colocar a suposta infabilidade empresarial dentro de uma
perspectiva maior”.
Por outro lado, Srour (2000: p.287) faz indagações como: “que tipo de
contribuição nós, como empresa, damos ou podemos dar à sociedade?”; ou mesmo:
“em que medida é ela positiva ou negativa?”.
40
Assim, pode-se constatar que os autores são unânimes quanto aos objetivos
éticos a serem atingidos.
De outro ângulo, a responsabilidade social empresarial não pode ser usada
como fachada. O bem da sociedade poderá advir de uma reflexão maturada. As
vantagens adquiridas em curto prazo serão diluídas ao longo do tempo, e um
resultado falacioso será irreversível.
Deve-se, assim, firmar uma moral corporativa, estabelecida à luz da
verdadeira ética empresarial, a partir de códigos éticos de conduta. O balizamento
da moral empresarial deve ser arquitetado segundo as morais vigentes no país, com
base nas quais deverão ser tomadas as posições. Os conflitos existentes na
organização devem ser apurados e seguir a orientação moral corporativa
estabelecida.
Essas medidas, associadas a um controle eficaz, viriam matizar os cargos da
esfera diretiva, de forma a prevalecer decisões que beneficiem a coletividade em
detrimento das ingerências individuais.
À guisa de conclusão, deve-se, no intento de atingir a ética por meio da moral,
implementar novas culturas o que significa mudança; mudança que
inevitavelmente afetaria as relações de poder.
2.6. A Ética nos Negócios
Nos últimos tempos, m-se realizado esforços no sentido de promover o
desenvolvimento da ética na área dos negócios. Vê-se que cada vez mais a
sociedade fabrica um discurso favorável para o fortalecimento de um padrão ético.
Torna-se, pois, importante atentar para o fato de que os lucros e ganhos não estão
acima de qualquer valor moral. Assim, andam na mesma direção: conduta com mais
ética nos negócios, código de defesa do consumidor e proteção ecológica.
Nos negócios, quando nos preocupamos com a qualidade total dos produtos,
estamos tentando atingir valores morais como honestidade, verdade e, de certa
forma, a participação do empregado, gerando assim um ambiente ético nas
41
instituições. Entretanto, difícil é saber o que está no plano discursivo e o que de fato
está no plano prático, bem como as suas conseqüências.
A satisfação do cliente é primordial, e nesse sentido os negócios procuram
direcionar suas atividades o privilegiando. Afinal, o cliente não é o meio pelo qual
são obtidos os lucros .
Os negócios, tal prezam certos segmentos, devem envolver parceria. As
relações, fornecedores, clientes e empresa preferencialmente constituem-se de um
vínculo ético. Em vez de resultados imediatos, precisam criar contatos permanentes.
As empresas, ao estabelecer parcerias, também diluem por sua vez o risco.
O estágio da ética nos negócios ainda é primário; se a ótica não estiver
voltada para o empregado, leis trabalhistas são ignoradas, como ocorre na área
fiscal. Os empresários brasileiros ferem a legalidade na tentativa de obter lucros, e
assim a moral também é violada. Por sua vez, os envolvidos na relação com a
empresa mantêm interesses próprios, corrompendo ainda mais o ambiente.
Nas relações com as empresas, os problemas éticos mais selecionados são
os locais de trabalho, a invasão de privacidade e a falta de lealdade do empregado
em relação à empresa. Fora da empresa também existe a concorrência desleal; os
cartéis, por exemplo, emblemam certas ações antiéticas.
Segundo Nash (2001, p.6) , a ética nos negócios “é o estudo da forma pelo
qual as normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da
empresa comercial. Não se trata de pado moral separada, mas do estudo de como
o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral
que atua com um gerente desse sistema”.
E, nas palavras de Srour (2000, p.41), “as decisões empresariais não são
inócuas, anódinas ou isentas, carregam um enorme poder de inadiação pelos efeitos
que provocam”. Em termos práticos, afetam os stakeholders, que Gitman (2002,
p.19) define como ”grupos tais como empregados, clientes, fornecedores e outros,
que possuem vínculo econômico direto com a empresa”.
Assim, as decisões na esfera diretiva das empresas conseqüentemente
afetam ambientes externos e internos pela vulnerabilidade dos partícipes. Tem-se
por fundamento a necessidade de implementação da ética nos negócios. Embora a
empresa deva decidir qual direção e que decisão tomar, é muito importante que
42
pense na sua imagem; caso contrário, a sociedade tende a reagir em caso de falta
de idoneidade.
A sociedade contemporânea, do século XIX anossos tempos, não aceita a
falta de ética e reage, atingindo administradores empresariais que não podem
abdicar da responsabilidade. Conforme Srour (2000, p.43), a sociedade civil “faz
política pela ética” e “lança mão, recorrendo à mídia, à justiça, ao boicote dos
produtos vendidos, às agências de defesa do consumidor como PROCOM,
Promotoria de Justiça e Proteção do Consumidor, Instituto de Pesos e Medidas,
Centro de Vigilância Sanitária, Instituto Nacional de Meteorologia, Normalização e
Qualidade Industrial e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor”.
A ética, assim, pode germinar quando o poder de mercado empresarial está
distribuído, e a clientela possui possibilidade de escolha.
As marcas que certas empresas detêm são como ativos gerados durante
anos. Consomem-se, nesse processo, tempo e dinheiro para a manutenção da
credibilidade. Não havendo transparência nos negócios, pode negativamente ocorrer
alteração de sua imagem, e fatais são os reflexos econômico e financeiro.
A empresa pode agir de maneira egoísta, oportunista, tendo em vista a
competitividade, mas com o tempo avultariam as dificuldades para se manter
operando no mercado. Assim, a ética e a moral gradativamente se instalam nas
relações de consumidores, empregados, competidores, fornecedores e governo.
2.7. A Ética Empresarial
Na atualidade, freqüentemente os indivíduos se defrontam com notícias
veiculadas pela mídia, tais como as que atentam para improbidade, desonestidade,
não atendimento ao Código de Defesa do Consumidor; e isto tem conduzido os
indivíduos a procurar buscar na moral a ética como elemento balizador da sociedade
incluindo-se aí as empresas e seus relacionamentos.
43
O movimento é internacional, e na década de 1960 a Alemanha se
preocupava com a ética. O ensino da ética foi introduzido no cenário acadêmico
pelos EUA, e daí resultou a Ética Empresarial.
É recente a proposta da sociedade, mas o notórios os posicionamentos
com vistas aos vários setores. No âmbito empresarial, o consumidor reivindica cada
vez mais os seus direitos e torna-se mais exigente. Se, na sociedade, tendo em vista
os conflitos de interesse, já se necessita recorrer aos princípios éticos, o que será no
âmbito empresarial, onde os conflitos são de maior proporção. Choques culturais
originam conflitos internacionais; d as empresas avaliarem a ética com mais
rigorosidade.
Em meados de 1990, o estudo da ética empresarial ampliou-se e foi criada a
International Society for Business, Economics and Ethics (ISBEE). Assim, a empresa
não deve visar ao lucro, mas também ser responsável pela moral. Foram então
revistos e aplicados nos sistemas econômicos os conceitos éticos.
Na América Latina, em 1998, o Brasil recepcionou o I Congresso Latino
Americano de Ética, Negócios e Economia, e nessa época foi fundada a Associação
Latino Americana de Ética, Negócios e Economia (ALENE).
Ainda no Brasil, o Ministério da Educação e Cultura, em 1992, solicitou que os
cursos de Administração, graduação e pós–graduação, implantassem como
disciplina obrigatória em seu currículo a Ética. Em São Paulo, cria-se em 1998 e
Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade Social, cujo objetivo é incentivar as
várias instituições públicas e privadas no combate a tudo que é antiético.
Nas empresas, foram criados os códigos de ética, ditando os objetivos que as
movem, conduta e comportamento de seus funcionários, e também dos
stackeholders, ou seja os clientes, fornecedores, funcionários e todas as pessoas
que de certa forma estão ligadas à empresa.
Em 1988, a nova Carta Magna do País a Constituição Federal Brasileira
indica os princípios éticos que devem nortear a atividade empresarial, os quais
seguem no “capítulo I, do Título VII, da Ordem Econômica e Financeira”, valorizando
o trabalho e a livre iniciativa, reprimindo o abuso do poder econômico. O parágrafo
do artigo 173 dessa Constituição estabelece as práticas que devem ser evitadas
ao se explorar a atividade econômica, pois ferem a ética empresarial, e dispõe que a
44
“lei reprime o abuso do poder econômico que vise a dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”.
Neste capítulo, tratou-se do conceito de ética e sua influência nas várias
atividades humanas. As relações sociais levam à necessidade de observar esses
padrões, nos vários estágios da evolução humana. Mais recentemente, a
intensificação das relações empresariais aumentou a importância da observação de
procedimentos de comportamento ético. As empresas, em geral, têm investido em
construir códigos de ética, e, além de colocá-los em exercício, preocupam-se em dar
evidências e transparência dessas práticas.
Este trabalho irá tratar, nos próximos capítulos, de um determinado segmento
de atividade o setor bancário. Será conduzida uma pesquisa visando relacionar o
evidências de comportamento ético com indicadores de porte e rentabilidade dos
bancos múltiplos privados brasileiros.
O próximo capítulo, mais especificamente, tratará da metodologia da pesquisa
realizada.
45
Capítulo 3 - Metodologia da Pesquisa Realizada
Para atingir o objetivo deste trabalho e estudar se existe relação quantitativa
entre os indicadores de ética das instituições bancárias e os indicadores de
resultados ou de porte dos bancos, realizou-se uma pesquisa a partir de dados
disponibilizados pelas próprias instituições bancárias.
A amostra foi selecionada a partir dos cinqüenta maiores bancos múltiplos
privados, apresentados pela revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil, referente a
2004, como pode ser visto na Tabela 1, a seguir. Os dados referem-se aos balanços
do exercício social de 2003.
A partir da leitura e investigação das informações disponibilizadas por essas
instituições financeiras, através de seus sites, foram identificados os procedimentos
adotados, que revelam características de padrões éticos. Portanto, foram
identificadas as seguintes variáveis dependentes: existência do site; código de ética;
Fale Conosco; Segurança da Informação; Política de Qualidade; Outras Línguas;
Institucional; Cultural; Política de Privacidade; Relação com Investidores,
Governança Corporativa; Prêmios; Segurança; Responsabilidade Social;
Oportunidades; Primeiro Acesso; Dificuldades no Acesso; Acesse sua Conta; Abra
sua Conta; Quem Somos; Mapa do Site; FAQ’s perguntas freqüentes; Contatos;
Demonstrativos no Site; Transparência.
Em seguida, buscaram-se os indicadores econômico-financeiros das
instituições objeto de análise, definidos como variáveis independentes do estudo:
como parâmetro para o porte das instituições, adotaram-se as medidas de ativo total
e patrimônio líquido, para identificar se o porte das instituições é determinante do
padrão de informações relacionadas aos procedimentos éticos. Buscaram-se
também indicadores de lucratividade lucro líquido e taxa de retorno sobre o
patrimônio líquido, medido como lucro líquido sobre patrimônio líquido, para
pesquisar sua possível correlação com os indicadores éticos.
Foram testadas as seguintes hipóteses:
Hipótese 1:
46
H0: O porte da instituição, medido pelo total do ativo total, não influencia a
evidência de procedimentos éticos;
H1: O porte da instituição, medido pelo total do ativo total, influencia a
evidência de procedimentos éticos;
Hipótese 2:
H0: O porte da instituição, medido pelo total do patrimônio líquido, não
influencia a evidência de procedimentos éticos;
H1: O porte da instituição, medido pelo total do patrimônio líquido, influencia a
evidência de procedimentos éticos;
Hipótese 3:
H0: O lucro líquido da instituição não influencia a evidência de procedimentos
éticos;
H1: O lucro líquido da instituição influencia a evidência de procedimentos
éticos;
Hipótese 4:
H0: A taxa de retorno da instituição, medido pelo quociente lucro líquido por
patrimônio líquido, não influencia a evidência de procedimentos éticos;
H1: A taxa de retorno da instituição, medido pelo quociente lucro líquido por
patrimônio líquido, influencia a evidência de procedimentos éticos;
Para testar as hipóteses propostas pelo trabalho, adotou-se a seguinte
metodologia estatística: modelo de regressão linear simples, conforme Levine et al
(1998: 513-569), e Bussab e Morettin (2006: 436-454). Através da regressão,
utilizando-se do método dos mínimos quadráticos, procurou-se estabelecer o grau e
a intensidade do relacionamento da variável indicadora de ética com os índices
econômico-financeiros das instituições.
A regressão linear simples, através do método dos mínimos quadrados,
permite investigar se ou não relação estatística entre as variáveis eleitas para o
estudo. O fato de haver relação estatística não implica que qualquer relação
causal entre as variáveis, ou seja, não é porque relação entre lucro e a
47
quantidade de indicadores de ética que podemos afirmar que lucro causa ética, por
exemplo. Não importa o quão forte é a relação entre as variáveis, não é possível
estabelecer nenhum padrão de causa e efeito entre elas.
A partir do modelo de regressão, buscou-se também estimar os coeficientes
das variáveis independentes, assim com seus intervalos de confiança de 95%.
Ainda conforme Levine et al (1998: 513-569), as relações lineares entre as
variáveis também serão medidas através dos coeficientes de determinação e de
correlação.
O coeficiente de determinação, também conhecido como poder explicativo do
modelo ou ainda a qualidade do ajuste, cuja nomenclatura é R*2 da regressão, é
uma medida do efeito de usarmos uma variável independente na redução da
incerteza relacionada à previsão da variável dependente, neste caso a evidência de
indicadores de ética. Por sua vez o coeficiente de correlação é a raiz quadrada do
coeficiente de determinação, e é uma medida mais comum da relação entre duas
variáveis.
O todo de regressão linear simples foi aplicado para as 50 instituições
listadas na tabela 1, buscando testar as hipóteses propostas.
Em seguida, o mesmo método foi aplicado para os extremos da relação de
bancos, ou seja, para os dez primeiros bancos – as instituições listadas de 1 a 10, e
para os 10 últimos bancos as instituições listadas de 39 a 50, na tabela 1. Foram
excluídos o Rabobank, tendo em vista que o banco não possui site em língua
portuguesa e o Baneb porque foi privatizado em 1989 e vendido para o Bradesco,
conforme Correio da Bahia (2006). Procurou-se, com esse procedimento buscar
indicações da significância da correlação entre as variáveis e o porte das
instituições.
48
Capítulo 4 - A Ética no Sistema Bancário Brasileiro
4.1 O Sistema Bancário e a Ética
Nascido como uma necessidade da Revolução Industrial inglesa, segundo
Doellinger (2001/2002) sob o estímulo da máquina a vapor, e em razão do crescente
aumento das atividades comerciais, as instituições bancárias vêm, paulatinamente,
incorporando o cotidiano da sociedade moderna, seja participando e propiciando
financiamento às negociações nacionais, seja estimulando dando sustentação ao
comércio internacional.
O final do século XIX desponta como o peodo do grande crescimento
econômico da Europa e, paralelamente a essa contínua evolução do sistema
bancário, surgem também as caixas econômicas e os bancos agrícolas na
Alemanha e Suíça.
Dessa forma, no cotidiano do mundo atual, é imperativo o vínculo com
atividades bancárias. Por meio dos serviços bancários é que salários são recebidos,
poupanças são alimentadas, financiamentos de consumo e investimentos são
realizados, pagamentos de contas se consolidam, contratos são atendidos e sofrem
liquidação, correntistas operam recebendo e pagando, e transferências de valores
são efetivadas, bem como as mais diversas operações são realizadas através do
dinheiro eletrônico.
Trata-se de uma evidência, portanto, a presença do sistema bancário
envolvendo toda a sociedade econômica e financeiramente ativa, nos mais diversos
ramos de atividade. Depositário da credibilidade popular, hoje, um sistema bancário
consiste em uma rede de bancos, interagindo entre si, e que, com amparo legal,
atende ao consumidor de todos os segmentos sociais, abrangendo o grande
investidor com operações nacionais ou multinacionais de grande porte, assim como
o mais humilde operário que para ele converge em busca do recebimento de uma
pequena aposentadoria ou pensão.
49
Do exposto, é imediata a questão das responsabilidades éticas dos bancos
para com todos os participantes da sociedade: clientes, fornecedores, concorrentes,
parceiros e o governo e órgãos públicos em todas as instâncias.
O alcance de uma tão forte presença do sistema bancário na sociedade é que
motivou o nosso trabalho. Ou seja, trata-se de questionar, no âmbito da influência
bancária, por quais padrões éticos se pautam tais instituições no que se reporta à
prestação de seus serviços. Ou, ainda, em que medida tais atividades bancárias são
permeadas ou atravessadas por valores éticos e, principalmente, quais seriam eles e
em quais operações ou intenções de prestação de serviços poder-se-ia detectá-los.
Com tal objetivo, um primeiro passo da presente pesquisa busca localizar as
origens primeiras dos indicadores de padrões éticos nos bancos.
4.2 Indicadores de Padrões Éticos no Sistema Bancário
A partir de 2006 deve vigorar o Novo Acordo de Capitais que é o alvo do
Comitê da Basiléia, em especial o Pilar 3, afeito diretamente ao mercado e cujo alvo
principal centra-se na questão da transparência, entendida como um mecanismo
cuja finalidade é a de proteção aos que fazem depósitos, necessidade evidenciada
tendo em vista o grande número de escândalos ocorridos em organizações e
instituições financeiras americanas.
Nesse caso, que se avocar a importância de que se reveste o NACB
Novo Acordo de Capitais da Basiléia, principalmente no que concerne às
recomendações exaradas neste documento referentes às informações obrigatórias a
serem fornecidas pelos bancos, bem como às providências do Banco Central do
Brasil.
Também chamado de Basiléia 2, o NACB vem em continuidade ao processo
iniciado em 1974, ocasião da criação do Comitê da Basiléia, passando a vigorar a
partir de 1988. Formado em 1974, o Comitê da Basiléia foi formado pelos bancos
centrais dos países integrantes do Grupo do 10 (G-10) : Bélgica, Canadá, França,
50
Alemanha, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda, Espanha, Suécia, Suíça, Reino
Unido e Estados Unidos.
Segundo Securato (2002, p.198) : “as decisões desse comitê não possuem
força legal ou autoridade supervisora supranacional. No entanto, são amplamente
aceitas por estimularem a convergência das técnicas de supervisão bancária dos
países membros a padrões e abordagens comuns, o que viabiliza o fluxo de capitais
entre os países sem impor barreiras, mas garantindo a segurança desses capitais”.
Assim, o NACB acaba por abranger todos os agentes econômicos e
financeiros e de forma globalizada, apoiando-se em três pilares: o NACB consiste no
Pilar 1 que exige o mínimo de capital e estabelece que os bancos em função do
tamanho devem estabelecer a forma de gerenciar o risco. o Pilar 2 consiste na
supervisão bancária contínua e avaliação sob sólidos controles internos. O Pilar 3,
por sua vez, constitui-se de uma disciplina do mercado, fortalecendo a transparência
do sistema bancário e incentivando a práticas sólidas e seguras.
Nessa óptica, a transparência e a supervisão contínua transformam-se em
importantes mecanismos para a manutenção da estabilidade dos bancos e do
sistema financeiro, cabendo aos supervisores bancários a tarefa de estabelecer
paradigmas mínimos de confiabilidade na divulgação daquilo que diz respeito às
informações.
Na concepção de Moreira (2003, p.55) deve haver Disclosure, que é, um
complemento à supervisão”.
A divulgação pública da informação, quando confiável, tanto quantitativa
quanto qualitativamente, permite que os usuários avaliem a atividade, o risco, as
práticas dos gerentes e a performance da instituição bancária. Trata-se de constituir
um Comitê capaz de gerar e gerir ações e condutas transparentes que aliadas a
uma supervisão bancária, refletem o comportamento ético do sistema bancário como
um todo.
Cabe ao Comitê articular, continuamente, com as partes interessadas, um
aperfeiçoamento das práticas bancárias, de certa forma buscando uma
padronização da atividade bancária, com alcance internacional, mobilizando
adequados e eficientes padrões de conduta a serem viabilizados por todas as
organizações envolvidas, bem como seus segmentos.
51
Assim, embora tal Comitê não possua força legal, deve concentrar-se e
responsabilizar-se por incrementar a prática das recomendações mínimas.
No Brasil, recentemente o Banco Central do Brasil (BACEN) passou a
introduzir um controle e uma supervisão bancárias diferenciadas atendendo aos 25
princípios sugeridos no Acordo da Basiléia, cuja finalidade é a transparência.
Aliás, o BACEN tem demonstrado tais intenções de elevar o índice
transparência, desde a Resolução 2099, do Banco Central do Brasil, de 17.08.1994.
A Resolução 2554 de 24.09.1998 do Banco Central do Brasil, que institui o
programa de controle procedimentos internos, postula que eles sejam claros e
objetivos e que sejam do conhecimento de todos os funcionários, estabelecendo
limites a alcances de responsabilidades, de modo a evitar conflitos de interesses.
Sugere, também, a necessidade da existência de um responsável pelos controles
internos, o qual deverá se reportar diretamente ao controle da administração.
Essa postura, segundo Moreira (2005: p.57) “inaugura uma legislação sobre
compliance”, isto é, um conjunto de regras e normas que estabelecem posturas
éticas específicas, fundando uma nova fase do BACEN, aberto às sugestões do
público e objetivando que sejam legisladas normas mais realistas no atendimento
dos direitos da sociedade, de forma a não se perde o foco da transparência e ,
paralelamente, conquistando maior fidelidade e credibilidade.
Nesse sentido, segundo Brito (2005, p.74), “as atividades do compliance têm
como objetivo mitigar o risco da imagem da instituição, através do monitoramento
dos processos de cumprimento das normas internas e externas. O objetivo claro e
primordial dessas medidas, é o de reduzir o risco de prejuízo para clientes e
credores e confiabilidade no sistema bancário”.
Tecnicamente, para diferentes países onde a contabilidade, a legislação e o
fisco apresentam um perfil diferenciado, ainda que o Comitê não deseje tecer
comparações tendo em vista a padronização, ressalte-se que , porém, uma forte
pretensão de se garantir um mínimo de estabilidade.
Espera também o Comitê que, simultaneamente, aos instrumentos de
transparência e de divulgação, a supervisão pratique controles internos, por meio de
um sistema de auditorias contínuas, tanto internas como externas, cujo propósito se
centra no estabelecimento de padrões éticos a serem seguidos.
52
Face à rapidez com que os riscos ocorrem nas atividades das instituições
financeiras, os bancos devem ser transparentes em seus processos de avaliação de
risco, tendo em vista a recomendação do Pilar 3 cujos padrões a recomendam o
envolvimento da alta administração na avaliação dos riscos. Conseqüentemente,
organizações bancárias de maior porte devem instituir mecanismos mais complexos
de controle de risco, de forma que bancos menores podem se pautar por
paradigmas menos formais.
Levando em conta que as operações de maior risco são as de crédito, de
mercado, de liquidez, operacional e de risco legal, os bancos devem monitorar
também tais exposições, além da prática contínua de controles internos.
Apesar da discricionariedade, a supervisão bancária deve ser transparente,
pois, segundo Moreira (2005, p.60), “quando uma sociedade democrática confere
independência a seu banco central, e, portanto, a um poder substancial sobre sua
economia, em troca essa sociedade tem direito de exigir imputabilidade”.
Em um tal enfoque, é possível perceber que o banco o necessita ter
divulgado de todas as informações, mas expor-se ao máximo grau de transparência
possível, até o limite da credibilidade.
As informações a serem fornecidas devem ter a característica de serem, ao
mesmo tempo, básicas e gerais, com materialidade, ou seja, ocultá-la ou omiti-la
pode influenciar decisões; devem ser freqüentes, devem ser comparáveis a certos
benchmarks do mercado e devem ser submetidas a comprovações oportunas e
confiáveis.
No sentido da transparência as recomendações dirigidas ao sistema bancário
enfocam a necessidade de que se saibam as informações sobre a performance
financeira do banco e os demonstrativos financeiros devem incluir relatórios sobre
receitas e despesas, taxas e comissões cobradas, outras receitas não operacionais,
despesas operacionais, perdas e resultado líquido por ação, rentabilidade média dos
ativos, margem operacional bruta e líquida.
Todas essas informações sobre a posição financeira devem conter valor dos
ativos, obrigações, empréstimos, investimento em ações e em ativos fixos, dentre
outras estabelecidas pelo comitê.
53
Da mesma forma, não devem ser marginalizadas as estratégias e práticas de
gerenciamento de risco.Os supervisores de bancos devem ser informados sobre as
exposições de riscos de crédito, de mercado, de liquidez, operacional, legal e outras
a que a instituição está exposta. Cabe-lhes também estar cientes de informações
atinentes às práticas contábeis de outros países.
É necessário, ainda, para que a atividade do sistema bancário seja
transparente, que os avalistas sejam informados e, segundo Moreira (2005: p.68),
“os principais negócios, gerência e governança corporativa” também devem ser de
mútuo conhecimento.
Nesse sentido, as informações mais relevantes são as estratégias atuais e
futuras, posição no mercado, organização legal da instituição, a estrutura gerencial,
a estrutura de negócios, a qualificação dos quadros gerenciais, a política de
incentivo, relações com empresas e cultura organizacional e posição no mercado.
Assim, a finalidade da transparência no sistema bancário volta-se para a
conquista de uma mudança no sentido de atendimento às normas e procedimentos,
objetivando o alinhamento com as recomendações propostas pelo NACB e a
estabilização desse sistema, reduzindo a taxa de risco, conforme aponta Moreira
(2005, p. 69) e, em conseqüência, recepcionar a ética.
Pelo exposto, confrontados com tais indicadores, e tendo em vista os
compromissos assumidos junto ao NACB, vale apurar se, no trabalho que vem
sendo desenvolvido pelo sistema bancário, para além de qualquer efeito de
transparência, seria possível visualizarem-se indícios que respondam por uma
evidência de respeito a posturas éticas.
Assim, de imediato, pode-se constatar que elementos como: o compliance, o
código de ética, o diálogo com o cliente, a potica de qualidade, a segurança das
informações, os sites em línguas estrangeiras ou o institucional, ações culturais,
responsabilidade social, meio ambiente, a governança corporativa, constituem
possíveis indicadores éticos no sistema bancário.
Em termos legais, o banco deve atender ao compliance, integrado por um
conjunto de regras e instruções de controles internos e certificações de qualidade e
ética profissional, instituído nas atividades bancárias quando da gestão de recursos
54
e que são ditadas pelo Banco Central. Ressalte-se que um instrumento como o
compliance não deve ser confundido com auditoria ou controladoria.
Assim devem os banco cumprir leis locais e do país de origem, gerenciar o
risco adequadamente, estar em compliance, implantar procedimentos e testar
periodicamente os itens citados. As poticas de compliance a serem adotadas
incluem: código de ética, segregação de funções, conhecimento do cliente, do
funcionário, da política contra a lavagem de dinheiro, das fraudes e até do
recebimento de presentes por parte dos funcionários.
Por outro lado, a Resolução do Banco Central de 2554, de 24.9.99, que
trata da implantação e implementação de sistemas de controles internos, traz
algumas inovações como: mudança de cultura para algumas organizações;
introduziu o conceito de compliance (não padrão determinado): conheça a sua
empresa, conheça o seu cliente e definição de responsabilidade. Assim, nesse
sentido, as providências a serem tomadas chamam a atenção para: a criação de
manuais e procedimentos, a comunicação, a designação de responsabilidades, o
monitoramento constante, os mecanismos de disciplina, e como em caso de falhas
saná-las imediatamente, a criação oficial de compliance, bem como : assegurar que
a organização cumpra fielmente as regras estabelecidas, disseminar a todos os
funcionários, estabelecer poticas e divulgar código de conduta.
O Código de Ética dos Bancos, por outro lado, deve indicar normas de
conduta para o correto e adequado cumprimento dos deveres funcionais e visa à
educação ética e prevenção de condutas disfuncionais que facilitem a corrupção.
Conclui-se, pois, que o banco que permite e incentiva o diálogo com seu
cliente se abre para uma postura ética, pois viabiliza o esclarecimento de dúvidas e
uma forte evidência de tal postura, na atualidade, é possível ser detectada quando
nos deparamos com sites do tipo Fale Conosco.
A Política de Qualidade e a Segurança das Informações também constituem
indicadores éticos no sistema bancário, pois, como conseqüência, os funcionários
não podem divulgar informações e todas elas têm caráter sigiloso, segundo as
normas vigentes e, se violadas, são passíveis de punição. Da mesma forma, a
Política de Qualidade reflete o compromisso da melhoria contínua, atendendo as
normas, inovando com a tecnologia e aprimorando os produtos e serviços, bem
55
como propiciando treinamento aos funcionários, com o objetivo de satisfazer aos
clientes.
Possuir sites em outras nguas, tais como inglês ou espanhol, é também uma
indicação de preocupação com os clientes, o que, sem dúvida, é uma clara
sinalização de um comportamento ético.
Por sua vez, o site Institucional tamm é outra demonstração de uma
postura ética do banco para com a sociedade, pois propicia que profissionais
especializados ofereçam as melhores soluções para o mercado de investidores.
Outra forma de demonstrar uma preocupação com a sociedade no que diz
respeito à ética encontra-se no fato de o Banco possuir ações voltadas para a
cultura e responsabilidade social, tais como artes, fotografia, literatura, ciência,
música, educação e a preocupação com o meio ambiente. A premiação dentro deste
ambiente descrito, também é um estímulo da prática da ética, visando à evolução do
relacionamento com o cliente.
Por outro lado, a criação de vagas para aproveitamento de clientes em postos
de trabalho, para eventualmente tornarem-se funcionários do banco, também é um
indicador de preocupação com a sociedade e, portanto, uma postura ética.
Outro importante item que aponta no sentido de uma postura ética bancária é
a governança corporativa. O Novo Mercado da Bovespa estabeleceu um programa
para as empresas brasileiras que associam um índice de boas práticas de
governança corporativa (IBC), ou seja, veicular de forma clara, precisa, rápida, eficaz
e transparente as relações com investidores, fornecedores etc., com a finalidade de
dar credibilidade à empresa com relação ao mercado em geral, o que contribui para
aumentar o valor da empresa e melhorar a liquidez de suas ações e é, sem dúvida,
uma característica ética.
De posse de tais dados, e ainda a fim de constatar se há ou não uma postura
ética por parte do sistema bancário, foi elaborada a pesquisa envolvendo métodos
quantitativos – modelo de regressão linear.
56
4.3 A Pesquisa Evidenciando Indicadores de Padrões de Ética no
Sistema Bancário Brasileiro
4.3.1 A Definição dos Bancos para a Pesquisa dos Padrões Éticos
O trabalho foi iniciado com a idéia de pesquisar as informações abertas e
disponíveis dos cinqüenta maiores bancos brasileiros. Para tanto, partiu-se do
informativo Balanço Anual 2004, elaborado pelo Centro de Informações da Gazeta
Mercantil no qual selecionamos os cinqüenta maiores bancos do mercado brasileiro
por total de ativos.
Em seguida, passou-se à pesquisa dos possíveis indicadores de padrões
éticos dos bancos.
Foram examinadas as demonstrações financeiras e coletadas informações na
mídia impressa e nos sites dos bancos os quais nos forneceram a grande maioria
dos possíveis indicadores de pades éticos.
Cada um dos sites dos 50 dos bancos foi analisado de forma a detectar todas
as possíveis informações ou comunicações que mostrassem preocupações dos
bancos com os demais participantes do seu relacionamento, sejam clientes,
fornecedores, acionistas, funcionários, parceiros, concorrentes ou o governo, nas
suas mais variadas representações.
4.3.2 Relação dos Bancos Pesquisados
A tabela a seguir apresenta a relação dos 50 bancos pesquisados, com os
respectivos valores de Lucro, Ativo Total, Patrimônio Líquido e Taxa de Retorno em
31 de Dezembro de 2004 :
57
Tabela 1 – Relação de Bancos Pesquisados e Valor do Ativo Total
Banco
Ativo Total
(em R$mil)
Lucro (R$mil)
PL (em R$mil)
Retorno
sobre PL
01. Bradesco – SP
140.888.310 2.306.339 13.546.880 17,02%
02. Itaú – SP
88.361.536 2.383.678 6.786.097 35,13%
03. Unibanco – SP
59.933.318 1.052.346 7.155.896 14,71%
04. Real/Abn Amro – SP
43.996.501 334.292 8.104.555 4,12%
05. Banespa – SP
30.807.049 1.746.997 4.756.675 36,73%
06. Safra – SP
30.640.205 617.006 3.057.948 20,18%
07. Santander Brasil – SP
28.926.998 22.049 1.589.198 1,39%
08. Hsbc Bank – PR
25.395.099 190.102 1.637.458 11,61%
09. Votorantim – SP
24.519.555 629.170 2.191.968 28,70%
10. Itaú BBA – SP
21.273.691 363.530 3.115.480 11,67%
11. Citibank – SP
19.271.547 97.175 2.091.459 4,65%
12. Bankboston – SP
16.903.943 183.501 1.914.653 9,58%
13. Sudameris – SP
13.104.506 72.638 1.339.518 5,42%
14. Bemge – MG
9.932.512 528.644 2.438.591 21,68%
15. Banestado – PR
8.559.633 70.175 6.665.081 1,05%
16. Santander – RJ
7.447.990 1.580.831 5.203.073 30,38%
17. Banerj – RJ
7.020.914 663.678 1.232.534 53,85%
18. Fibra – SP
6.436.980 90.354 414.735 21,79%
19. Jpmorgan – SP
6.262.895 274.086 1.154.750 23,74%
20. Pactual – RJ
6.256.895 182.564 552.663 33,03%
21. BNP Paribas – SP
6.184.311 215.503 504.935 42,68%
22. Santos – SP
6.161.931 112.128 546.264 20,53%
23. Rural – RJ
5.724.578 115.166 609.709 18,89%
24. Finasa – SP
5.556.710 -19.287 201.532 -9,57%
25. Deutsche Bank – SP
4.527.684 -35.895 257.197 -13,96%
26. Banco Mercantil de SP
4.348.019 160.577 4.098.806 3,92%
58
27. Bicbanco – SP
4.202.272 76.176 361.104 21,10%
28. Mercantil do Brasil – MG
3.998.276 40.688 388.353 10,48%
29. BBM – BA
3.906.428 107.566 312.597 34,41%
30. Boavista Interat – SP
3.598.202 601.435 628.236 95,73%
31. Bandepe – PE
3.436.856 332.845 2.369.261 14,05%
32. Volkswagen – SP
3.207.981 22.587 445.091 5,07%
33. Santander Merid – RS
3.185.050 73.641 964.936 7,63%
34. Unicard Banco – SP
3.071.987 122.569 905.240 13,54%
35. Fiat – SP
3.032.064 78.457 463.157 16,94%
36. Dibens – SP
3.016.244 23.292 173.579 13,42%
37. Banco HSBC – SP
2.887.491 -30.349 162.243 -18,71%
38. Banco Alvorada – BA
2.790.296 67.852 2.652.196 2,56%
39. Cruzeiro do Sul – SP
2.579.907 28.388 110.593 25,67%
40. Westlb – SP
2.538.960 16.583 340.714 4,87%
41. Rabobank – SP
2.515.010 41.975 161.561 25,98%
42. CNH Capital – PR
2.482.920 73.412 285.394.000 25,72%
43. Baneb – BA
2.358.498 222.972 1.719.456 12,97%
44. ABC Brasil – SP
2.356.313 94.461 379.022.000 24,92%
45. General Motors – SP
2.178.685 59.367 325.576.000 18,23%
46. BMC – SP
2.174.898 8.723 218.417.000 3,99%
47. Panamericano – SP
2.154.384 34.025 233.724.000 14,56%
48. BMG – MG
2.063.617 90.189 332.008.000 27,16%
49. Tokyo Mitsubishi – SP
1.998.579 -28.073 337.183.000 -8,33%
50. Banco BVA – RJ
1.617.319 9.370 132.113.000 7,09%
Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Anuário 2004
59
4.4 - Seleção dos Indicadores de Padrões de Ética do Sistema Bancário
Brasileiro
Para a seleção dos indicadores, foram examinados os sites dos 50 maiores
bancos para buscar as palavras-chave que caracterizassem o relacionamento ético
do banco com seus stakeholders.
De imediato, o primeiro fato importante é a própria existência do site, que
mostra a preocupação do banco em se comunicar com todos os participantes do
sistema.
Foram pesquisadas as seguintes informações:
Existência do site;
Código de Ética;
Fale Conosco;
Segurança da Informação;
Política de Qualidade;
Outras Línguas;
Institucional;
Cultural;
Política de Privacidade;
Relação com Investidores, Governança Corporativa;
Prêmios;
Segurança;
Responsabilidade Social;
Oportunidades;
Primeiro Acesso;
Dificuldades no Acesso;
Acesse sua Conta;
60
Abra sua Conta;
Quem Somos;
Mapa do Site;
FAQ’s – Perguntas Freqüentes;
Contatos;
Demonstrativos no Site;
Transparência.
A tabela 2, a seguir, apresenta os indicadores pesquisados, selecionados em
função dos conceitos de ética expostos anteriormente. O estudo buscou traçar uma
comparação entre o que as instituições financeiras apresentam em seus sites.
Tabela 2 – Indicadores Pesquisados
Indicador Definições
Código de Ética
Significa aquele conjunto de princípios, normas e regras adotadas com o
propósito de regular a conduta de seus sócios em suas relações comerciais
e pessoais com seus clientes, o público em geral e com os demais
stakeholders, assim como suas relações com seus empregados e
representantes da mesma.
Fale Conosco
O Fale Conosco é o serviço de apoio a usuários do banco pela Internet,
através do qual ele pode tirar dúvidas, pedir informações, registrar suas
sugestões, reclamações ou elogios, ou mesmo como se tornar um cliente. É
um canal aberto que permite ao usuário entrar em contato com o banco, de
acordo com sua necessidade.
Pedidos relativos ao acesso, à atualização e correção de dados e
informações pessoais, às políticas, regulamentos e práticas do banco acerca
de privacidade e armazenamento de informações e dados normalmente são
direcionados ao Fale Conosco.
Segurança da
Informação
Os sites dos bancos devem possuir uma série de iniciativas que garantam a
privacidade e a total segurança de seus clientes ao utilizarem o serviço.
Política de Qualidade
A melhoria contínua, atendendo normas, inovando com tecnologia,
aprimorando os produtos e serviços, dando treinamento aos funcionários
com o objetivo de satisfazer os clientes.
Outras línguas
A globalização dos mercados faz com que os bancos (em especial os de
grande porte) tenham clientes em todo o mundo. Assim, é fundamental,
atualmente, que os bancos se preocupem não com seus clientes no país
como clientes fora dele, ou mesmo clientes que estejam no país, mas que
sejam, eles próprios, estrangeiros.
Além disso, muitos dos bancos têm controladores fora do país em que ele se
localiza. De forma a padronizar o site do grupo, é importante haver a
comodidade de se escolher a língua (no caso do Brasil elas são, mais
comumente, inglês e espanhol)
61
Institucional
Propicia que profissionais especializados ofereçam as melhores soluções
para o mercado de investidores, através de relatórios da Administração,
ratings etc.
Cultural
Relaciona todas as atividades culturais com que a empresa tem
envolvimento ou que patrocina.
Política de Privacidade
Políticas da empresa em relação à recepção, armazenamento e utilização
das informações pessoais disponibilizadas pelos Usuários.
O tratamento de informações como o nome do cliente, seu endereço físico e
eletrônico, números de telefone e de cartão de crédito, deve estar de acordo
com aquele esperado pelo cliente. Os dados pessoais, informações
confidenciais e senhas dos clientes devem ser utilizados pelo banco de
maneira transparente.
Termos de Uso
A navegação e consulta pública de qualquer site deve estar sujeita aos seus
termos de uso. Em geral é onde se encontram os termos de
confidencialidade das informações do usuário, os direitos dos autores e
propriedade intelectual, entre outros.
Governança Corporativa
Veicular de forma clara, precisa, rápida, eficaz e transparente as relações
com os stakeholders com a finalidade de dar credibilidade à empresa em
relação ao mercado em geral.
Prêmios
Relaciona todos os prêmios (ou pelo menos os mais importantes e /ou
recentes) que a empresa já ganhou.
Segurança
Senhas Numéricas são senhas compostas por determinado número de
dígitos que permitem o acesso a consultas e transações;
Assinatura Eletrônica em geral, difere da senha numérica por ser utilizada
para realizar transações via Internet, tais como pagamento de contas e
transferências para terceiros;
Chave de Segurança consiste em algumas letras, e complementa a senha
numérica nas movimentações financeiras realizadas em equipamentos de
auto-atendimento e Bancos 24horas;
Frase Secreta - A Frase Secreta é composta por uma Pergunta e uma
Resposta, criadas pelo usuário e cuja resposta apenas o usuário tenha
conhecimento, desenvolvida para aumentar ainda mais segurança na hora
de acessar o Internet Banking dos bancos.
Firewalls - sistemas que estabelecem regras e filtros de tráfego entre os
computadores do cliente e do banco, segurando-os contra ameaças
externas, como hackers;
Criptografia - é a tecnologia utilizada para codificar e decodificar uma
mensagem, ou mesmo um arquivo, utilizando um código secreto;
Protocolo SSL - é um protocolo desenvolvido para fornecer segurança aos
dados presentes nos navegadores mais utilizados, como Internet Explorer e
Netscape Navigator. Ele permite a transferência segura de informações
através da Internet;
Certificado, Dispositivo de Segurança - ;
Tempo de Conexão Limitado alguns bancos realizam a desconexão
automática após certo tempo de inatividade, de modo a proteger usuários
que eventualmente se esqueçam de sair do sistema;
Teclado Virtual - previne contra vírus ou programas que capturam a senha
dos usuários, inseridas pelo teclado manual, e que podem existir em seus
computadores.
Responsabilidade
Social
Relata as atividades da empresa relacionadas com a responsabilidade
social. Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da
empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo
desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que
possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas,
funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores,
comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no
planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos
62
e não apenas dos acionistas ou proprietários.
“Ética é a base da Responsabilidade Social e se expressa através dos
princípios e valores adotados pela organização. o Responsabilidade
Social sem ética nos negócios. Não adianta uma empresa, por um lado
pagar mal seus funcionários, corromper a área de compras de seus clientes,
pagar propinas à fiscais do governo e, por outro, desenvolver programas
junto a entidades sociais da comunidade. Essa postura não condiz com uma
empresa que quer trilhar um caminho de Responsabilidade Social. É
importante seguir uma linha de coerência entre ação e discurso.”
Fonte: ETHOS (www.ethos.org.br) da qual fazem parte bancos como ABN
AMRO, Banco do Brasil, BankBoston, Banco Bandeirante, Bradesco,
Citibank, , Fibra, HSBC, Itaú, JPMOrgan, Panamericano, Rural, Safra,
Santander BaneSPa, Votorantim e Unibanco.
Oportunidades
A grande maioria dos bancos oferece a oportunidade de o usuário enviar
seu currículo e/ou preencher alguns dados com o intuito de trabalhar na
empresa.
Primeiro Acesso
Ensina o usuário “de primeira viagem” a utilizar o sistema de maneira
correta. É muito importante na medida em que auxilia o usuário a se
familiarizar com o sistema e realizar as operações mais facilmente e
rapidamente, divulgando assim o uso da Internet como meio de
comunicação (no caso, dentro do sistema bancário).
Dificuldades no Acesso
Contém informações ou diretivas para dificuldades freqüentes, seja ela uma
dificuldade de navegação no site, de difícil acesso no site ou mesmo por
parte do usuário (letras pequenas, computador não-compatível etc).
Acesse sua Conta
Uma vez que a significativa maioria das pessoas que acessam os sites dos
bancos buscam informações sobre suas contas correntes, quase todos os
bancos disponibilizam, na página de rosto de seu site, um link direto para
que esse acesso seja facilitado.
Abra sua Conta Facilita a abertura de contas, online, de pessoas físicas e jurídicas.
Quem Somos?
Denota a preocupação do banco em se apresentar, relatar seu histórico,
missão, valores, enfim um cartão de visitas da empresa e de seu site.
Mapa do Site
Apresenta um mapa com o conteúdo do site para que o usuário encontre
mais facilmente toda e qualquer informação que necessite.
FAQ – Perguntas
Freqüentes
São dúvidas mais recorrentes dos usuários e que o banco já disponibiliza as
respostas de antemão no site.
Transparência Clareza na apresentação dos produtos bancários propostos.
Fonte: dados obtidos pelo autor nos sites pesquisados.
4.5 - Evidências da Pesquisa
A tabela 3, a seguir apresenta o número de indicadores de ética identificados
para cada instituição da amostra:
63
Tabela 3 – Número de Indicadores de Ética por Instituição Financeira
Banco
Ativo Total (em
R$mil)
Número de
Indicadores
01. Bradesco – SP
140.888.310 20
02. Itaú – SP
88.361.536 17
03. Unibanco – SP
59.933.318 19
04. Real/Abn Amro – SP
43.996.501 19
05. Banespa – SP
30.807.049 17
06. Safra – SP
30.640.205 11
07. Santander Brasil – SP
28.926.998 17
08. Hsbc Bank – PR
25.395.099 18
09. Votorantim – SP
24.519.555 10
10. Itaú BBA – SP
21.273.691 17
11. Citibank – SP
19.271.547 15
12. Bankboston – SP
16.903.943 14
13. Sudameris – SP
13.104.506 10
14. Bemge – MG
9.932.512 17
15. Banestado – PR
8.559.633 17
16. Santander – RJ
7.447.990 17
17. Banerj – RJ
7.020.914 17
18. Fibra – SP
6.436.980 8
19. JP Morgan – SP
6.262.895 9
20. Pactual – RJ
6.256.895 9
21. BNP Paribas – SP
6.184.311 11
22. Santos – SP
6.161.931 0
23. Rural – RJ
5.724.578 10
24. Finasa – SP
5.556.710 5
25. Deutsche Bank – SP
4.527.684 8
26. Banco Mercantil de SP
4.348.019 5
64
27. Bicbanco – SP
4.202.272 8
28. Mercantil do Brasil – MG
3.998.276 16
29. BBM – BA
3.906.428 9
30. Boavista Interatlântico – SP
3.598.202 0
31. Bandepe – PE
3.436.856 9
32. Volkswagen – SP
3.207.981 8
33. Santander Meridional – RS
3.185.050 0
34. Unicard Banco – SP
3.071.987 0
35. Fiat – SP
3.032.064 5
36. Dibens – SP
3.016.244 0
37. Banco HSBC – SP
2.887.491 15
38. Banco Alvorada – BA
2.790.296 0
39. Cruzeiro do Sul – SP
2.579.907 13
40. Westlb – SP
2.538.960 8
41. Rabobank – SP
2.515.010 0
42. CNH Capital – PR
2.482.920 7
43. Baneb – BA
2.358.498 17
44. ABC Brasil – SP
2.356.313 6
45. General Motors – SP
2.178.685 15
46. BMC – SP
2.174.898 8
47. Panamericano – SP
2.154.384 7
48. BMG – MG
2.063.617 10
49. Tokyo Mitsubishi – SP
1.998.579 5
50. Banco BVA – RJ
1.617.319 7
As tabelas 4 e 5, a seguir mostram, intencionalmente, para melhorar a
evidência, um detalhamento dos indicadores de ética identificados para os 10
primeiros e os 10 últimos bancos do ranking por ativo.
65
Tabela 4: Indicadores de ética identificados para as 10 maiores
instituições financeiras do ranking por ativo total:
In s tit u iç ã o / In d ic a d o r e s
BRADESCO – SP
ITAÚ – SP
UNIBANCO – SP
BANCO REAL
ABN AMRO BANK – SP
BANESPA – SP
SAFRA – SP
SANTANDER BRASIL – SP
HSBC BANK – PR
VOTORANTIM – SP
ITAÚ BBA – SP
P o s s u i s ite
C ó d ig o d e É tic a
F a le C o n o s c o / C o n t a te - n o s
S e g u r a n ç a d a In fo r m a ç ã o
P o lí tic a d e Q u a lid a d e
O u t r a s L í n g u a s
In s tit u c io n a l
C u lt u r a l
P o lí tic a d e
P r iv a c id a d e
R e la ç ã o c o m
In v e s tid o r e s - G o v e rn a n ç a
C o r p o r a t iv a
P r ê m io s
S e g u r a n ç a
R e s p o n s a b ilid a d e S o c ia l
O p o r tu n id a d e s
P r im e ir o A c e s s o
D ific u ld a d e s n o A c e s s o
A c e s s e s u a C o n ta
A b r a s u a C o n t a
Q u e m S o m o s ?
M a p a d o S it e
F A Q 's
C o n ta to s
D e m o n s tr a t iv o s
n o s it e
T r a n s p a r ê n c ia
Fonte: elaboração do autor.
66
Tabela 5: Indicadores de ética identificados para as 10 menores
instituições financeiras do ranking por ativo total:
Instituão/ Indicadores
WESTLB - SP
CNH CAPITAL – PR
BANEB – BA
ABC BRASIL – SP
GENERAL MOTORS – SP
BMC – SP
PANAMERICANO – SP
BMG – MG
BANCO BVA – RJ
TOKYO MITSUBISHI – SP
Possui Site
Código de Ética
Fale Conosco/ Contate-nos
Segurança da Informação
Política de Qualidade
Outras Línguas
Institucional
Cultural
Política de
Privacidade
Relação com
Investidores - Governança
Corporativa
Prêmios
Segurança
Responsabilidade Social
Oportunidades
Primeiro Acesso
Dificuldades no Acesso
Acesse sua Conta
Abra sua Conta
Quem Somos?
Mapa doSite
FAQ's
Contatos
Demonstrativos
no site
Transparência
Fonte: elaboração do autor.
67
A partir dos dados coletados, adotou-se a seguinte metodologia estatística:
modelo de regressão linear simples, conforme Levine et al (1998: 513-569), e
Bussab e Morettin (2006: 436-454). Através da regressão, utilizando-se do método
dos mínimos quadticos, procurou-se estabelecer o grau e a intensidade do
relacionamento da variável indicadora de ética com os índices econômico-
financeiros das instituições.
O todo de regressão linear simples foi aplicado para as 50 instituições
listadas na tabela 1, buscando testar as hipóteses propostas.
4.5.1. Hipóteses testadas para a amostra de 50 bancos
Hipótese 1:
H0: O porte da instituição, medido pelo total do ativo total, não influencia a evidência de
procedimentos éticos;
H1: O porte da instituição, medido pelo total do ativo total, influencia a evidência de
procedimentos éticos;
68
Gráfico 1: Regressão Linear simples dos 50 Bancos
Ativo Total versus Indicadores Éticos
y = 1E-07x + 8,4627
R
2
= 0,2594
0
5
10
15
20
25
30
0 20.000.000 40.000.000 60.000.000 80.000.000 100.000.000 120.000.000 140.000.000 160.000.000
Ativo Total
Indicadores
Estatística de
regressão
R
múltiplo
0,50935705
5
R-
Quadrado
0,25944460
9
R-quadrado
ajustado
0,24401637
2
Erro
padrão
5,23160520
2
Observaçõe
s
5
0
ANOV
A
g
l
SQ
M
Q
F
F de
significação
Regressã
o
1
460,254736
3
460,254736
3
16,8162184
5
0,00015825
1
Resídu
o
4
8
1313,74526
4
27,3696929
9
Tota
l
4
9
177
4
Coeficiente
s
Erro
padrão
Stat
t
valor-
P
95%
inferiores
95%
superiores
Interseçã
o
8,46268227
8
0,85257239
4
9,92605712
1
3,22772E-
13
6,74847159
5
10,1768929
6
Variável X
1
1,24844E-
07
3,04441E-
08
4,10075827
8
0,00015825
1
6,3632E-
08
1,86056E-
07
69
Hipótese 2
H0: O porte da instituição, medido pelo total do patrimônio líquido, o influencia a
evidência de procedimentos éticos;
H1: O porte da instituição, medido pelo total do patrimônio líquido, influencia a evidência de
procedimentos éticos;
Gráfico 2: Regressão Linear simples dos 50 Bancos
Patrimônio Líquido versus Indicadores Éticos
y = 1E-09x + 8,9506
R
2
= 0,2496
0
5
10
15
20
25
30
0 2.000.000.000 4.000.000.000 6.000.000.000 8.000.000.000 10.000.000.000 12.000.000.000 14.000.000.000 16.000.000.000
Patrimônio Líquido
Indicadores
Patrimônio Líquido versus Indicadores Éticos
Estatística de regressão
R múltiplo 0,499567354
R-Quadrado 0,249567541
R-quadrado ajustado 0,233933532
Erro padrão 5,266377594
Observações
50
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 442,732818 442,732818 15,96311811 0,000221217
Resíduo 48 1331,267182 27,73473296
Total
49
1774
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 8,950584249 0,807765473 11,08067198 7,91772E-15 7,326463864 10,57470463
Variável X 1
1,14252E-09
2,85961E-10
3,995387104
0,000221217
5,67562E-10
1,71749E-09
70
Hipótese 3
H0: O lucro líquido da instituição não influencia a evidência de procedimentos éticos;
H1: O lucro líquido da instituição influencia a evidência de procedimentos éticos;
Gráfico 3: Regressão Linear simples dos 50 Bancos
Lucro Líquido versus Indicadores Éticos
y = 5E-09x + 8,5797
R
2
= 0,2157
0
5
10
15
20
25
-500.000.000 0 500.000.000 1.000.000.000 1.500.000.000 2.000.000.000 2.500.000.000 3.000.000.000
Lucro
Indicadores
Lucro Líquido versus Indicadores Éticos
Estastica de regressão
R múltiplo 0,464461684
R-Quadrado 0,215724656
R-quadrado ajustado 0,199385587
Erro padrão 5,383819237
Observações
50
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 382,6955404 382,6955404 13,20299508 0,000679184
Resíduo 48 1391,30446 28,98550958
Total
49
1774
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 8,579684932 0,882360809 9,723556224 6,29015E-13 6,805580661 10,3537892
Varvel X 1
5,03032E-09
1,38439E-09
3,633592586
0,000679184
2,24681E-09
7,81382E-09
71
Hipótese 4
H0: A taxa de retorno da instituição, medido pelo quociente lucro líquido por patrimônio
líquido, não influencia a evidência de procedimentos éticos;
H1: A taxa de retorno da instituição, medido pelo quociente lucro líquido por patrimônio
líquido, influencia a evidência de procedimentos éticos;
Gráfico 4: Regressão Linear simples dos 50 Bancos
Taxa de Retorno versus Indicadores Éticos
y = -1,7541x + 10,497
R
2
= 0,0028
0
5
10
15
20
25
-40,00% -20,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%
Taxa de Retorno
Indicadores
Taxa de Retorno versus Indicadores de Ética
Estatística de regressão
R múltiplo 0,052867532
R-Quadrado 0,002794976
R-quadrado ajustado -0,017980129
Erro padrão 6,070834842
Observações
50
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 4,958287331 4,958287331 0,134534867 0,715387731
Resíduo 48 1769,041713 36,85503568
Total
49
1774
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 10,49749581 1,18108029 8,888045879 1,03689E-11 8,122776114 12,8722155
Variável X 1
-1,754147428
4,78243046
-0,36678995
0,715387731
-11,3698627
7,861567847
72
A tabela 6, a seguir, apresenta um resumo dos resultados encontrados na
aplicação da regressão linear simples para as variáveis objeto deste estudo.
As colunas referem-se às quatro variáveis independentes consideradas no
estudo: lucro, ativo total, patrimônio líquido e taxa de retorno. A primeira linha
apresenta o resultado de cada correlação com a variável representativa do indicador
de ética. A segunda linha da tabela apresenta o poder explicativo do modelo.
Tabela 6 : Resumo das correlações e poder explicativo das variáveis,
Lucro Líquido, Ativo Total, Patrimônio Líquido e Taxa de Retorno, versus
Indicadores de Ética:
Correlação
Indicadores X
Lucro Líquido
Correlação
Indicadores X
Ativo Total
Correlação
Indicadores X
Patrimônio
Líquido
Correlação
Indicadores X
Taxa de Retorno
Correlações 0,4645 0,5094 0,4996 -0,0529
Poder Explicativo 0,2157 0,2594 0,2496 0,0028
Fonte: elaboração do autor.
Como se pode notar, ao se analisar essa tabela, os resultados não são muito
significativos, não permitindo uma avaliação entre o grau e a intensidade do
relacionamento entre as variáveis propostas.
Dessa forma, os resultados encontrados não permitem aceitar ou rejeitar as
hipóteses formuladas.
4.5.2. Hipóteses testadas para a amostra de 20 bancos
Em continuidade à pesquisa, numa tentativa de buscar melhor aferição para
as hipóteses testadas, o mesmo método foi aplicado para os extremos da relação de
bancos, ou seja, para os dez primeiros bancos – as instituições listadas de 1 a 10, e
73
para os 10 últimos bancos as instituições listadas de 39 a 50, na tabela 1. Foram
excluídos o Rabobank, tendo em vista que o banco não possui site em língua
portuguesa e o Baneb porque foi privatizado em 1989 e vendido para o Bradesco,
conforme Correio da Bahia (2006). Procurou-se, com esse procedimento buscar
indicações da importância da correlação entre as variáveis e o porte das instituições.
Assim o modelo foi novamente aplicado para essa nova amostra de 20
instituições financeiras. A tabela 7, a seguir, apresenta a relação dos 20 bancos
selecionados para a nova amostra.
Tabela 7: Amostra dada pelo ranking dos 10 maiores e os 10 menores bancos
por valor de Ativo Total
Banco
Indicadores
de Ética
Lucro/Prej.
Líquido
Ativo Total PL
Taxa de
Retorno
10 maiores:
BRADESCO SP 20 2.306.339.000 140.888.310 13.546.880.000 17,02%
ITAÚ SP 17 2.383.678.000 88.361.536 6.786.097.000 35,13%
UNIBANCO SP 19 1.052.346.000 59.933.318 7.155.896.000 14,71%
BANCO REAL ABN AMRO BANK SP 19 334.292.000 43.996.501 8.104.555.000 4,12%
BANESPA SP 17 1.746.997.000 30.807.049 4.756.675.000 36,73%
SAFRA SP 11 617.006.000 30.640.205 3.057.948.000 20,18%
SANTANDER BRASIL SP 17 22.049.000 28.926.998 1.589.198.000 1,39%
HSBC BANK PR 18 190.102.000 25.395.099 1.637.458.000 11,61%
VOTORANTIM SP 10 629.170.000 24.519.555 2.191.968.000 28,70%
ITAÚ BBA SP
17
363.530.000
21.273.691
3.115.480.000
11,67%
10 menores:
CRUZEIRO DO SUL - SP 13 28.388.000 2.579.907 110.593.000 25,67%
WESTLB - SP 8 16.583.000 2.538.960 340.714.000 4,87%
CNH CAPITAL PR 7 73.412.000 2.482.920 285.394.000 25,72%
ABC BRASIL SP 6 94.461.000 2.356.313 379.022.000 24,92%
GENERAL MOTORS SP 15 59.367.000 2.178.685 325.576.000 18,23%
BMC SP 8 8.723.000 2.174.898 218.417.000 3,99%
PANAMERICANO SP 7 34.025.000 2.154.384 233.724.000 14,56%
BMG MG 10 90.189.000 2.063.617 332.008.000 27,16%
TOKYO MITSUBISHI SP 5 -28.073.000 1.998.579 337.183.000 -8,33%
BANCO BVA RJ
7
9.370.000
1.617.319
132.113.000
7,09%
Fonte: elaboração do autor.
74
Gráfico 5: Regressão Linear simples dos 20 Bancos
Ativo Total versus Indicadores Éticos
y = 1E-07x + 9,9798
R
2
= 0,4778
0
5
10
15
20
25
30
0 20.000.000 40.000.000 60.000.000 80.000.000 100.000.000 120.000.000 140.000.000 160.000.000
Ativo Total
Indicadores
Estatística de regressão
R múltiplo 0,691262941
R-Quadrado 0,477844453
R-quadrado ajustado 0,448835811
Erro padrão 3,819672269
Observações
20
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 240,3318676 240,3318676 16,47248641 0,000737046
Resíduo 18 262,6181324 14,58989624
Total
19
502,95
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 9,979761121 1,063266162 9,385948206 2,34675E-08 7,745920079 12,21360216
Variável X 1
9,94505E-08
2,45035E-08
4,058631101
0,000737046
4,79706E-08
1,5093E-07
Interpretação dos resultados obtidos entre ativo total e indicadores de
ética para as 20 instituições selecionadas:
75
Nesta regressão linear simples, a variável independente é o ativo total.
Conforme a tabela obtida de resultados, o coeficiente da variável ativo total é de
9,95*10
-8
, e seu êrro padrão é de 2,45*10
-8
. É possível, então, afirmar com 95% de
confiança que o coeficiente da variável ativo total está contido no intervalo
[4,80*10
-8
;1,51*10
-7
].
Assim, como no modelo anteriormente proposto, neste também é possível
afirmar com 95% de confiança que o coeficiente da variável independente é
diferente de zero, ou seja, associação linear entre o ativo total dos bancos e a
quantidade de indicadores de ética bancária.
O coeficiente de determinação, R
2
, deste modelo é igual a 0,48. Esta variável,
portanto, contribui mais para o modelo que a variável anterior, haja vista que a
redução da variância da variável dependente é maior neste caso que no caso
anterior.
O coeficiente de correlação entre as duas variáveis é também maior que o
mesmo coeficiente da variável anterior. Seu valor é de R=0,69.
A análise da tabela ANOVA deste modelo, indica que relação de
associação entre as variáveis. Seu nível de significância calculado é menor que
0,001.
76
Gráfico 6: Regressão Linear simples dos 20 Bancos
Patrimônio Líquido versus Indicadores Éticos
y = 1E-09x + 9,7157
R
2
= 0,5344
0
5
10
15
20
25
0 2.000.000.000 4.000.000.000 6.000.000.000 8.000.000.000 10.000.000.000 12.000.000.000 14.000.000.000 16.000.000.000
Patrimônio Líquido
Indicadores
Estatística de regressão
R múltiplo 0,731033768
R-Quadrado 0,534410369
R-quadrado ajustado 0,508544279
Erro padrão 3,606847691
Observações
20
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 268,7816952 268,7816952 20,66065482 0,000250624
Resíduo 18 234,1683048 13,00935027
Total
19
502,95
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 9,7156839 1,019456225 9,530260993 1,86289E-08 7,573884189 11,85748361
Varvel X 1
1,03751E-09
2,28255E-10
4,545399302
0,000250624
5,57964E-10
1,51706E-09
Interpretação entre as variáveis patrimônio líquido e indicadores de
ética, para as 20 instituições selecionadas:
77
Ao usarmos a terceira variável, patrimônio líquido, contra a quantidade de
indicadores de ética bancária, obtemos como coeficiente da variável independente o
valor de 1,04*10
-9
. O intervalo de confiança deste coeficiente, com 95% de confiança
é [5,58*10
-10
;1,52*10
-9
]. Como o zero não está contido neste intervalo, podemos
dizer ainda com 95% de confiança que o coeficiente é diferente de zero, e que
associação linear entre as variáveis, patrimônio líquido e ética bancária.
Para este modelo, o coeficiente de determinação, R
2
, é igual a 0,53, o maior
entre os três modelos estimados até o presente momento da investigação na
pesquisa.
Portanto a variável patrimônio líquido é responsável pela maior redução da
variância da variável dependente quando inserida no modelo.
Conseqüentemente, seu coeficiente de correlação é também o maior até aqui
estimado, sendo positivo e igual a 0,73.
A análise da tabela ANOVA, confirma a existência de modelo e a presença de
associação linear entre as variáveis estudadas. Seu nível de significância calculado
é menor que 0,001, portanto altamente significativo.
78
Gráfico 7: Regressão Linear simples dos 20 Bancos
Lucro versus Indicadores Éticos
y = 4E-09x + 10,606
R
2
= 0,3348
0
5
10
15
20
25
-500.000.000 0 500.000.000 1.000.000.000 1.500.000.000 2.000.000.000 2.500.000.000 3.000.000.000
Lucro
Indicadores
RESULTADOS DA REGRESSÃO LINEAR
Estatística de regressão
R múltiplo 0,578627612
R-Quadrado 0,334809913
R-quadrado ajustado 0,297854908
Erro padrão 4,31120861
Observações
20
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 168,3926457 168,3926457 9,05993422 0,007520489
Resíduo 18 334,5573543 18,58651968
Total
19
502,95
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0% Superior 95,0%
Interseção 10,60633439 1,160305435 9,140984842 3,49228E-08 8,168621244 13,04404754 8,168621244 13,04404754
Variável X 1
3,87495E-09
1,28737E-09
3,009972462
0,007520489
1,17028E-09
6,57962E-09
1,17028E-09
6,57962E-09
Interpretação dos resultados obtidos entre Lucro e Indicadores de Ética,
para as 20 instituições selecionadas:
79
De acordo com os resultados apresentados na tabela anterior, o coeficiente
da variável X
1
, ou seja, Lucro, é 3,87*10
-9
e seu erro padrão é igual a 1,29*10
-9
.
Sendo assim, podemos afirmar com 95% de confiança que o coeficiente da variável
X
1
está contido no intervalo [1,70*10
-9
; 6,58*10
-9
]. Como o intervalo de confiança
apresentado não contém o zero, podemos , ainda com 95% de confiança, rejeitar a
hipótese nula de que o coeficiente é igual a zero, ou seja, podemos dizer que
associação linear entre a variável Lucro e a quantidade de indicadores de ética
bancária.
Sendo assim, podemos afirmar, com 95% de confiança, que, para cada
unidade adicional de lucro de um determinado banco, entre 1,70*10
-9
e 6,58*10
-9
unidades de indicadores de ética são esperados a mais para este banco.
Uma vez discutida a questão da estimação dos parâmetros da regressão,
podemos nos concentrar agora nas medidas de associação linear entre as duas
variáveis. Duas medidas descritivas o freqüentemente usada para descrever o
grau de associação linear entre variáveis: o coeficiente de determinação e o
coeficiente de correlação.
O coeficiente de determinação, ou R
2
, é uma medida do efeito de usarmos
uma variável independente, neste caso o Lucro, na redução da incerteza relacionada
à previsão da variável dependente (indicadores de ética bancária). Para os dados
em questão, R
2
é igual a 0,33.
A raiz quadrada do coeficiente de determinação é chamada coeficiente de
correlação. Sendo assim, R=0,58: uma correlação positiva entre as variáveis Lucro e
quantidade de Indicadores Éticos desta instituição.
De maneira geral, pode ser visto pelo nível de significância apresentado na
tabela de resultados da Análise de Variância (ANOVA) que um modelo quando
consideramos a variável Lucro como variável independente. O nível de significância
calculado é menor que 0,01, portanto, bastante significante.
80
Gráfico 8: Regressão Linear simples dos 20 Bancos
Taxa de Retorno versus Indicadores Éticos
y = 6,217x + 11,539
R
2
= 0,0208
0
5
10
15
20
25
-15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%
Taxa de Retorno
Indicadores
Estatística de regressão
R múltiplo 0,144225162
R-Quadrado 0,020800897
R-quadrado ajustado -0,033599053
Erro padrão 5,230722218
Observações
20
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 10,46181137 10,46181137 0,382369789 0,544083759
Resíduo 18 492,4881886 27,36045492
Total
19
502,95
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores
Interseção 11,53926608 2,009909855 5,741185881 1,92301E-05 7,3165989 15,76193326
Varvel X 1
6,21696363
10,05394583
0,618360565
0,544083759
-14,90560911
27,33953637
Interpretação dos resultados obtidos entre Taxa de Retorno e
Indicadores de Ética, para as 20 instituições selecionadas:
81
Ao usarmos a variável Taxa de Retorno no modelo, obtemos resultados
inferiores aos dos modelos estimados anteriormente. O coeficiente da variável
independente é de 6,22, com intervalo de confiança de 95% entre [-14,91; 27,34].
Como é possível verificar, o intervalo contém o zero, e, portanto, o podemos
rejeitar a hipótese nula de que ele é diferente de zero. A análise do gráfico também
indícios desta falta de relação entre as variáveis. É possível ver que a reta de
regressão é praticamente horizontal, o que indica a completa falta de relação linear
entre as variáveis.
O coeficiente de determinação R
2
deste modelo é baixo (0,02), o que significa
que a variável Taxa de Retorno contribui com 2% na redução da variância da
variável de interesse quantidade de indicadores de ética bancária.
O coeficiente de correlação é positivo e igual a 0,14. É o menor coeficiente de
correlação entre os quatro modelos estimados.
A tabela de Análise de Variância apresenta nível de significância igual a 0,54,
um valor alto e que corrobora com tudo que foi dito sobre esta variável, ou seja, que
ela não apresenta relação com a quantidade de Indicadores e, portanto, não
contribui para o modelo.
4.6. Comparação entre a amostra de 50 bancos e a amostra de 20 bancos
A pesquisa aplicada à amostra de 50 bancos revelou resultados piores para
os quatro modelos de regressão estimados. Para isto, basta verificar o coeficiente de
determinação dos modelos. Todos, sem exceção alguma, baixaram os valores de
R
2
, conforme pode ser visto na tabela 8, a seguir:
82
Tabela 8: Comparação entre os R
2
- poder de determinação das
regressões realizadas:
Modelo 50 bancos 20 bancos
Lucro/Prejuízo 0,22 0,33
Ativo Total 0,26 0,48
Patrimônio Líquido 0,25 0,53
Taxa de Retorno 0,003 0,02
Fonte: elaboração do autor.
É possível ainda notar que a ordem de importância das variáveis se altera um
pouco. Antes, ao invés de o Patrimônio Líquido ser a variável que mais se associava
com a quantidade de indicadores de ética bancária, era o Ativo que cumpria esse
papel, apesar de seguido bem de perto pelo Patrimônio Líquido. Vale destacar que,
com o aumento da amostra, a variável Taxa de Retorno não apresenta relação com
a variável dependente do estudo.
Sendo assim, pode-se concluir que as variáveis Ativo e Patrimônio Líquido
são as que apresentam maior associação com a quantidade de Indicadores Éticos
em Instituições Bancárias. Quanto maior o Ativo ou o Patrimônio Líquido, mais
preocupado está o banco em desempenhar um papel de transparência ética perante
a sociedade.
Fica claro, também, que a Taxa de Retorno não possui relação com a
quantidade de indicadores de ética bancária, ou seja, não é esta variável que
determina se uma instituição bancária é mais ou menos preocupada com as
questões de ética.
83
Considerações Finais
Este trabalho procurou, no seu desenvolvimento, verificar se relação
quantitativa entre os conceitos de ética inicialmente estudados e os indicadores de
resultados e de porte dos bancos múltiplos privados brasileiros.
O que se nota, na atualidade, é que a sociedade brasileira preocupa-se e
reivindica uma postura ética de cada indivíduo e com o seu meio e os fatos atuais no
campo político mostram essa necessidade.
Os empresários, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e outras
organizações governamentais e privadas expõem a sua preocupação no tocante a
assuntos éticos e morais.
Neste trabalho, procurou-se estabelecer uma escrita sobre os conceitos de
ética e moral e apurar como as normas, princípios e valores são regulados,
principalmente, no sistema bancário brasileiro.
A ética contemporânea surge numa época em que volumoso progresso
científico, técnico e de forças produtoras. Entretanto, as éticas que surgiram no
século XIX e as doutrinas éticas atuais, segundo as idéias de Kierkegaard, Sterner
ou Marx, permanecem exercendo grande influência na atualidade segundo Vasquez
(2004, p. 284).
Assim, à luz dessas informações, procurou-se verificar o grau e a intensidade
do relacionamento entre a variável de interesse, denominada de Indicador de Ética
do Sistema Bancário, e as variáveis independentes Lucro/Prejuízo, Ativo Total,
Patrimônio Líquido e Taxa de Retorno, bem como identificar se possuem alguma
correlação, e se esta é ou não representativa.
A pesquisa foi conduzida a partir de uma amostra extraída da revista Balanço
Anual da Gazeta Mercantil, datada de agosto de 2004, que exprime um balanço
anual das 10.000 empresas e dos 300 maiores grupos do Brasil, versando sobre
Economia e que elaborou um ranking regional das maiores companhias, o que pode
representar tendências, limitações e certos erros nos resultados. Essa edição traz os
dados dos balanços encerrados em Dezembro de 2003.
84
Foram selecionados os 50 maiores bancos múltiplos privados pelo critério de
ativo total. Para toda essa amostra foi realizada detalhada pesquisa nas informações
divulgadas por essas instituições através de seus sites. Buscou-se, nessa pesquisa,
identificar padrões éticos e procedimentos que indiquem preocupação com conceitos
relacionados à ética, tais como, a busca de melhor relacionamento com clientes,
investidores e funcionários; a busca de transparência; a preocupação com a
Governança Corporativa, com a melhor qualidade de informações, entre outros.
Com isso, procurou-se construir um Indicador da Ética Bancária.
Após identificar variáveis indicadores de procedimentos éticos, no sentido de
obter informações quantificáveis, construiu-se uma tabela que relaciona quatro
variáveis econômico-financeiras: lucro líquido, ativo total, patrimônio líquido e taxa
de retorno. Os dados econômico-financeiros constituíram-se em variáveis
independentes, e os indicadores de procedimentos éticos constituíram-se como
variável dependente. Com isso, foram formuladas hipóteses para verificar se o
indicador econômico-financeiro influencia ou não o procedimento ético da instituição.
Para realizar a pesquisa adotou-se como metodologia, dentro dos métodos
quantitativos, o modelo estatístico de regressão linear simples. O modelo foi aplicado
para a amostra de 50 maiores bancos, pelo critério de ativo total. Os resultados não
foram satisfatórios do ponto de vista da variável de interesse, ou seja, indicador de
ética no sistema bancário, pois apresentavam baixa correlação e baixo poder
explicativo, o que indica pouca dependência entre as variáveis.
Numa segunda etapa da pesquisa, partiu-se, intencionalmente, para uma
redução da amostra. O mesmo modelo estatístico foi aplicado considerando as 10
primeiras e as 10 últimas instituições financeiras dentro do ranking com maior Ativo
Total.
Nesse segundo teste, a análise dos resultados revelou que as variáveis
associadas ao porte das instituições: Ativo Total e Patrimônio Líquido, são
representativas e são as que apresentam maior vínculo com a variável de interesse:
quantidade de indicadores éticos bancários; isto é, quanto maior o Ativo Total ou o
Patrimônio Líquido, mais preocupado está o banco em possuir uma transparência
ética para com a sociedade.
85
Por outro lado, ficou evidente, pela pesquisa, que a correlação entre Taxa de
Retorno e Indicador de Ética é baixa, o que indica que essa variável não é
determinante se o banco está mais ou menos preocupado com as questões de ética.
A investigação ocorreu de acordo com os dados apresentados pela própria
instituição bancária, o que constitui uma das limitações do trabalho, pois não existe
uma regulamentação jurídica, uniforme e padronizada, para as páginas
apresentadas ao público em geral. Outra limitação observada é que as amostras
para o estudo foram obtidas dentre os principais bancos múltiplos privados,
excluindo-se os públicos, de acordo com o ranking da citada fonte.
Por outro lado, procurou-se estabelecer no andamento da pesquisa, certos
padrões éticos, que de certa forma, são ofertados pelas próprias instituições
bancárias, e outras de acordo com as pprias definições de ética e moral. Assim,
propõe-se, para outras pesquisas futuras, que sejam pesquisados novos paradigmas
que evidenciem a ética.
86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEMD. Associação brasileira de marketing direto. http://www.abemd.org.br.
Consultado em 01 ago 2006.
ABREU, Susane Rocha de. Crianças e adolescentes em situações de risco no
Brasil. Rev. Brasileira de Psiquiatria, vol.24, nº.1, p.5-6. Mar. 2002.
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Lista de sites visitados no decorrer do mês de outubro de 2005:
1) ABC BRASIL – SP - http://www.abcbrasil.com.br
2) BANCO ALVORADA – BA - o possui site
3) BANCO BVA – RJ - http://www.bancobva.com.br
4) BANCO HSBC – SP - http://www.hsbc.com.br
5) BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO – SP - http://www.finasa.com.br
6) BANCO REAL/ABN AMRO BANK – SP - http://www.abnamro.com.br
7) BANDEPE – PE - http://www.bandepe.com.br
8) BANEB – BA - http://www.baneb.com.br
9) BANERJ – RJ - http://www.banerj.com.br
10) BANESPA – SP - http://www.banespa.com.br
11) BANESTADO – PR - http://www.banestado.com.br
12) BANKBOSTON – SP - http://www.bankboston.com.br
13) BBM – BA - http://www.bbmbank.com.br
14) BEMGE – MG - http://www.bemge.com.br
15) BICBANCO – SP - http://www.bicbanco.com.br
16) BMC – SP - http://www.bmc.com.br
17) BMG – MG - http://www.bancobmg.com.br
18) BNP PARIBAS – SP - http://www.bnpparibas.com.br
19) BOAVISTA INTERATLÂNTICO – SP - Não possui site
20) BRADESCO – SP - http://www.bradesco.com
21) CITIBANK – SP - http://www.citibank.com/brasil
22) CNH CAPITAL – PR - http://www.bancocnh.com.br
23) CRUZEIRO DO SUL – SP - http://www.bcsul.com.br
24) DEUTSCHE BANK – SP - http://www.deutsche-bank.com.br
25) DIBENS – SP - http://www.bancodibens.com.br
26) FIAT – SP - http://www.bancofiat.com.br
27) FIBRA – SP - http://www.bancofibra.com.br
28) FINASA – SP - http://www.finasa.com.br
29) GENERAL MOTORS – SP
- http://www.bancogm.com.br
30) HSBC BANK – PR - http://www.bancohsbc.com.br
92
31) ITAÚ – SP - http://www.itau.com.br
32) ITAÚ BBA – SP - http://www.itau.com.br
33) JPMORGAN – SP - http://www.jpmorgan.com
34) MERCANTIL DO BRASIL – MG - http://www.mercantil.com.br
35) PACTUAL – RJ - http://www.pactual.com.br
36) PANAMERICANO – SP - http://www.panamericano.com.br
37) RABOBANK – SP - http://www.rabobank.com
38) RURAL – RJ - http://www.rural.com.br
39) SAFRA SP - http://www.safra.com.br
40) SANTANDER – RJ - http://www.santander.com.br
41) SANTANDER BRASIL – SP - http://www.santander.com.br
42) SANTANDER MERIDIONAL – RS - http://www.santander.com.br
43) SANTOS – SP - http://www.bancosantos.com.br (em intervenção)
44) SUDAMERIS – SP - http://www.sudameris.com.br
45) TOKYO MITSUBISHI – SP - http://www.btm.com.br
46) UNIBANCO – SP - http://www.unibanco.com.br
47) UNICARD BANCO – SP - http://www.unicard.com.br
48) VOLKSWAGEN – SP - http://www.bancovw.com.br
49) VOTORANTIM – SP - http://www.bancovotorantim.com.br
50) WESTLB – SP - http://www.westlb.com.br
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
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