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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
ALENCAR GARCIA BACARJI
AS ORGANIZAÇÕES DA CÂMARA SETORIAL NA
GARANTIA DE QUALIDADE DO LEITE EM MATO
GROSSO DO SUL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS
CAMPO GRANDE/MS
MARÇO/2006
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ALENCAR GARCIA BACARJI
AS ORGANIZAÇÕES DA CÂMARA SETORIAL NA GARANTIA DE QUALIDADE
DO LEITE EM MATO GROSSO DO SUL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO MULTIINSTITUCIONAL EM
AGRONEGÓCIOS (CONSÓRCIO ENTRE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
GROSSO DO SUL, UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA E A UNIVERSIDADE FEDERAL
DE GOIÁS), COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS À
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
AGRONEGÓCIOS NA ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO DE COMPETITIVIDADE
NO AGRONEGÓCIOS.
ORIENTADOR: Prof. Dr. LEANDRO SAUER
CAMPO GRANDE/MS
MARÇO/2006
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BACARJI, A. G. As Organizações da Câmara Setorial na Garantia de Qualidade
do Leite em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Departamento de Economia e
Administração, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2006, 101p.
Dissertação de Mestrado.
Documento formal, autorizando reprodução
desta dissertação de mestrado para
empréstimo ou comercialização,
exclusivamente para fins acadêmicos, foi
passado pelo autor à Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, Universidade de
Brasília e Universidade Federal de Goiás e
acha-se arquivado na Secretaria do
Programa. O autor reserva para si os outros
direitos autorais, de publicação. Nenhuma
parte desta dissertação de mestrado pode
ser reproduzida sem a autorização por
escrito do autor. Citações são estimuladas,
desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Bacarji, Alencar Garcia
A
s Organizações da Câmara Setorial na Garantia de
Qualidade do Leite em Mato Grosso do Sul.
Alencar Garcia Bacarji; orientação de Leandro Sauer, 2006.
101p.: il.
Dissertação de Mestrado (M) – Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul/ Departamento de Economia e
Administração, 2006.
1. Câmara Setorial. 2. Organizações. 3. Garantia de
qualidade I. Sauer, L. II. As Organizações da Câmara
Setorial na Garantia de Qualidade do Leite em Mato Grosso
do Sul.
iii
ALENCAR GARCIA BACARJI
AS ORGANIZAÇÕES DA CÂMARA SETORIAL NA GARANTIA DE QUALIDADE
DO LEITE EM MATO GROSSO DO SUL
APROVADA POR:
_______________________________________________
SAUER, Leandro, Prof. Dr. (UFMS)
(ORIENTADOR)
_______________________________________________
MICHELS, Ido Luiz, Prof. Dr. (UFMS)
(EXAMINADOR INTERNO)
________________________________________________
ONSELEN, Valter Joost van, Prof. Dr. (UFMS)
(EXAMINADOR EXTERNO)
CAMPO GRANDE/MS, 17 de março de 2006.
iv
“É melhor tentar e falhar do que preocupar-se e ver a vida passar.
É
melhor tentar, ainda em vão, que sentar-se fazendo nada até o
final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa
me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em
conformidade viver.
(Martin Luther King)
v
DEDICATÓRIA
A Deus que cotidianamente me acompanha. Aos meus familiare
e amigos que se tornaram co-participantes da pesquisa, pela
ajuda e companheirismo incessante ao longo desta.
Alencar Garcia Bacarj
i
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar a Deus por ter me dado essa oportunidade e a
minha família, em especial aos meus pais, Alexandre e Neusa, e a meu irmão Isaias,
que sempre me ajudaram e me deram apoio nas horas mais difíceis.
Sou grato a todos os membros do Programa de Pós-graduação
Multiinstitucional em Agronegócios (PPAgro), tanto ao corpo administrativo, quanto
ao corpo docente. Ao coordenador Prof. Dr. Paulo Sérgio Miranda Mendonça e, em
especial ao orientador, Prof. Dr Leandro Sauer, cujos ensinamentos muito
contribuíram, não somente para a execução e conclusão desse estudo, mas também
pelas contribuições fundamentais para minha formação profissional.
Aos demais membros da banca examinadora, pelas contribuições, críticas e
sugestões.
Neste momento não poderia deixar de agradecer as pessoas que durante o
período de Mestrado, foram fundamentais para que pudesse concluí-lo: aos amigos
Rosemar Hall, Alice Dahmer, Claodinardo Fragoso, Cristiane Pitaluga , Valéria
Peron, Roberto Galeano, e, ao professor Valter Joost van Onselen, o qual
incentivou sempre ao desenvolvimento do trabalho, contribuindo sempre com o seu
conhecimento e solidariedade para o bom desenvolvimento do trabalho.
Por fim, agradeço aos membros da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do
Leite de Mato Grosso do Sul, em especial a coordenadora Adriana Mascarenhas
Braga, pela atenção e cordialidade ao longo dessa caminhada.
vii
RESUMO GERAL
AS ORGANIZAÇÕES DA CÂMARA SETORIAL NA GARANTIA DE QUALIDADE
DO LEITE EM MATO GROSSO DO SUL
O objetivo deste estudo foi examinar o papel das organizações que atuam na
Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite em Mato Grosso do Sul para garantir
a qualidade do leite produzido no Estado. Pretende-se identificar quais os fatores
determinantes para a garantia da qualidade segundo as organizações, quais são as
informações processadas e geradas por essas organizações e como essas
informações são disponibilizadas aos agentes interessados na cadeia em estudo.
Além desses objetivos, o trabalho foi moldado de forma a verificar se a câmara é
considerada pelos seus membros como um agente coordenador da cadeia produtiva
do leite. Foi realizado um estudo exploratório, por meio de um levantamento dos
principais estudos teóricos e empíricos na área, sendo utilizada como técnica de
coleta de dados a entrevista focalizada individual, aplicada a cada representante das
organizações participantes da câmara. Os resultados revelam que poucas
organizações possuem ações específicas para o setor leiteiro do Estado,
constituindo em sua maioria por ações genéricas, sem contribuição efetiva para o
desenvolvimento do setor. Apesar de a câmara possuir uma boa avaliação por sua
atuação na cadeia produtiva do leite, poucas organizações reconhecem o papel de
coordenadora desenvolvida pela câmara.
PALAVRAS CHAVE:
Câmara Setorial , Organizações, Garantia de qualidade.
viii
ABSTRACT
THE ORGANIZATIONS OF THE SECTORIAL CAMERA IN THE WARRANTY OF
MILK QUALITY IN MATO GROSSO DO SUL
The objective of this study was examine which the paper of the organizations that act
in the Sectorial Camera of the Productive Chain of the Milk in Mato Grosso do Sul to
guarantee the quality of the produced milk in the State. It is intended to identify which
the decisive factors for the warranty of the quality according to the organizations,
which are the processed information and generated by those organizations and as
those information they are made available the interested agents in the chain in study.
Beyond of those objectives, the work was molded from way to verify their members
consider the camera since a coordinating agent of the productive chain of the milk.
An exploratory study was accomplished, through a rising of the main theoretical and
empiric studies in the area, being used as technique of collection of data the
interview focused individual, applied to each representative of the participant
organizations of the camera. The results reveal, that few organizations possess
specific actions for the section milkman of the State, constituting a lot of times for
generic actions, without contribution executes for the development of the section. In
spite of the camera to possess a good evaluation for her performance in the
productive chain of the milk, few organizations recognize coordinator's paper
developed by the camera.
KEYWORDS:
Sectorial Camera, Organizations, Quality warranty.
ix
ÍNDICE
Capítulos/ Subcapítulos
Página
ÍNDICE DE TABELAS
x
ÍNDICE DE FIGURAS
xi
ÍNDICE DE QUADROS
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
xiii
1. INTRODUÇÃO 15
1.1 Problemática e Relevância 17
1.2 Objetivos 19
2. MÉTODO 21
3. REFERENCIAL TEÓRICO 24
3.1 Cadeia Produtiva 24
3.1.1 Conceitos e Definições Metodológicas 24
3.1.2 Cadeia Produtiva do Leite 28
3.1.3 Qualidade do leite desde a produção até a comercialização 32
3.1.4 Qualidade do leite em Mato Grosso do Sul: Peculiaridades da Cadeia
Produtiva no Estado
35
3.2 Sistema Agroindustrial e Qualidade 41
3.3 Instituições e Organizações 44
3.3.1 Ambiente Institucional e Organizacional 45
3.3.2 Mudança Institucional 45
3.4 Coordenação 46
3.5 Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite de Mato Grosso do Sul 48
3.5.1 Histórico das Organizações da CSCPLMS 52
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 58
4.1 Mapeamento das Fontes de Informações do Estado 79
4.2 Resultados Alcançados quanto ao Papel de Coordenação proposto
pela CSCPLMS
86
5. PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES 89
6. REFERÊNCIAS 94
ANEXO A – Modelo do Questionário utilizado na Coleta de Dados 98
x
ÍNDICE DE TABELAS
Capítulo 4
Tabela 4.1 Percentual das Diretrizes por Elos da Cadeia Produtiva 65
Tabela 4.2 Percentual dos Entrevistados por Elo de Atuação que
reconhecem a CSCPLMS como Coordenadora da Cadeia Produtiva do
Leite
87
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Capítulo 3
Figura 3.1.1 Sistemas de Agribusiness e Transações Típicas 26
Figura 3.1.4 A Cadeia Produtiva do Leite em Mato Grosso do Sul 41
Figura 3.2.1 Características da Qualidade dos Produtos Alimentícios 43
Capítulo 4
Figura 4.1 Atuação das Organizações por Elo da Cadeia Produtiva 59
Figura 4.2 Abrangência das Ações da CSCPLMS 66
Figura 4.1.1 Disponibilidade de Dados Gerados pelas Organizações 85
xii
ÍNDICE DE QUADROS
Capítulo 3
Quadro 3.5.1.1 Histórico das Organizações da CSCPLMS 53
Capítulo 4
Quadro 4.1 Objetivos das Organizações segundo os agentes entrevistados 73
Quadro 4.2 Ações propostas segundo os agentes entrevistados 75
Quadro 4.3 Geração de Dados por Organização da CSCPLMS 80
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIA Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos
ABIQ Associação de Indústria de Queijos
ABLV Associação Brasileira de Longa Vida
ABRAS Associação Brasileira de Supermercados
ACRISSUL Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul
AMAS Associação Sul-Matogrossense dos Supermercados
APL Arranjos Produtivos Locais
APPCC Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle
ASBRAM Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais
ASPROLER Fórum das Associações de Produtores de Leite da Região de Rochedo
ASSOMASUL Associação dos Municípios do Estado de Mato Grosso do Sul
BPF Boas Práticas de Fabricação
CEPA/MS Conselho Estadual de Política Agrícola e Agrária de Mato Grosso do Sul
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COMSOL Projeto Comunidades Rurais Solidárias
CONSELEITE Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite
COOPERAV Cooperativa Agropecuária do Vale do Ivinhema
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
CSA
Commodity System Approach
CSCPLMS Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite em Mato Grosso do Sul
EDUCAMPO Programa de Educação no Campo
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAMASUL Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul
FCO Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste
FETAGRI Federação dos Trabalhadores na Agricultura
FGV Fundação Getúlio Vargas
FIEMS Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul
FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
IAGRO Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
IDATERRA Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão
Rural
IN 51 Instrução Normativa nº 51 de 18 de dezembro de 2002
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC Ministério da Educação
OCB/MS Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras
PIS Programa de Integração Social
PRODEAGRO Programa de Desenvolvimento do Agronegócio
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SAG’s Sistemas Agroindustriais
xiv
SDA Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário
SEBRAE/MS Serviço de apoio as micro e pequenas empresas de Mato Grosso do Sul
SEPLANCT Secretaria de Estado de Planejamento Ciência e Tecnologia
SEPROTUR Secretaria de Estado da Produção e Turismo
SERC Secretaria de Estado de Receita e Controle
SFA Superintendência Federal da Agricultura
SIE Serviço de Inspeção Estadual
SIF Serviço de Inspeção Federal
SIGSIF Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal
SILEMS Sindicatos das Indústrias de Laticínios do Estado de Mato Grosso do Sul
SIMLEITE Sistema de Monitoramento de Preço do Leite e Derivados
SINTEGRA Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com
Mercadorias e Serviços
SUCT Superintendência de Ciência e Tecnologia
UCDB Universidade Católica Dom Bosco
UEMS Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UHT Ultra Pasteurização (Ultra Alta Temperatura – UAT)
UNIDERP Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal
15
INTRODUÇÃO
Esse trabalho teve por objetivo estudar o papel das organizações que atuam na
CSCPLMS para a garantia da qualidade do leite em Mato Grosso do Sul, sendo a
terminologia organização, definida como todo órgão e/ou entidade, de caráter
público ou privado, encarregada de operacionalizar ações sobre a cadeia produtiva
do leite do Estado, objeto de análise do estudo. Para tanto, utilizou-se no estudo um
ferramental analítico baseado em duas abordagens complementares, que
freqüentemente têm sido invocadas em estudos sobre agronegócios: Cadeias
Produtivas Agroindustriais e Sistemas Agroindustriais.
O método utilizado foi o dedutivo, contemplando um estudo exploratório, por
meio de um levantamento dos principais estudos teóricos e empíricos que abordam
o objeto da pesquisa. A coleta de dados teve como ponto de partida uma listagem
de organizações fornecida pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite de
Mato Grosso do Sul (CSCPLMS). A técnica de coleta de dados adotada foi a
entrevista focalizada individual, aplicada a cada representante das organizações da
CSCPLMS. É importante ressaltar que os resultados alcançados estão atrelados a
duas condições: em primeiro lugar pelo grau de importância da organização
atribuída a CSCPLMS (uma vez que a organização designa um agente para
representá-la) e, em segundo lugar, pela acessibilidade e pelo comportamento
desses agentes (uma vez que os representantes haviam sido previamente
contactados, sendo estes designados a representar as respectivas organizações
perante a CSCPLMS).
Esse estudo é composto de quatro seções, sendo a primeira a introdução. Na
segunda seção, é apresentado ao leitor o método utilizado na pesquisa, ou seja, é
demonstrado ao leitor como a pesquisa foi realizada, qual metodologia e técnicas
16
utilizadas no decorrer da pesquisa, sendo necessário uma fundamentação teórica,
invocada nesta seção.
O terceiro capítulo traz o referencial teórico que subsidia a pesquisa realizada.
Para isso, é apresentado de forma sucinta as principais distinções e similaridades
entre cadeia produtiva agroindustrial e sistema agroindustrial, trazendo para
discussão os principais autores que fundamentam as duas principais escolas: a
americana e a francesa. Em seguida, mostra-se ao leitor, a cadeia produtiva do leite,
fundamental para o desenvolvimento da pesquisa, e como essa cadeia produtiva
está inserida no contexto do agronegócios sul-matogrossense.
Ainda no terceiro capítulo, apresenta-se uma abordagem institucionalista,
demonstrando quais os principais conceitos e definições que permeiam o assunto.
Por fim, é apresentado ao leitor uma breve consideração sobre coordenação,
expondo os principais conceitos e definições metodológicas acerca da coordenação
agroindustrial, em especial, a coordenação da cadeia produtiva do leite.
O quarto capítulo demonstra os principais resultados da pesquisa, permitindo ao
leitor realizar um mapeamento das fontes de informações da cadeia produtiva do
leite em Mato Grosso do Sul, no que diz respeito ao papel de cada uma das
organizações, bem como do papel de coordenação desenvolvido pela Câmara
Setorial do leite no Estado.
Para finalizar, o quinto capítulo o qual contempla as principais considerações
acerca da pesquisa realizada, diagnosticando qual a situação atual da CSCPLMS
como entidade mantenedora da garantia da qualidade do leite no Estado.
17
1.1 PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA
Diversos autores, entre eles Caswell (1998), relatam que a garantia da
qualidade está ganhando importância no contexto atual, pois os atributos de
qualidade estão sendo melhor analisados por governantes, consumidores e
companhias.
Quanto aos produtos oriundos da cadeia produtiva do leite, a situação não é
diferente. Em geral, os consumidores estão ampliando suas exigências, visando
suprir suas necessidades nutricionais, bem como assegurar a qualidade do produto
consumido (SPERS, 2000).
Dessa forma, as organizações ganham um maior grau de importância, uma vez
que são constituídas por grupos de indivíduos que admitem possuir ações mais
eficientes atuando de forma coletiva, com o propósito de atender seus interesses e
desenvolverem ações conjuntas no ambiente institucional, o qual delineia suas
ações.
Com a desestruturação do setor público foi progressivamente transferindo para
o setor privado atividades típicas atribuídas tradicionalmente ao Estado, mesmo nas
economias onde o mercado é supostamente soberano: financiamento da produção
agrícola, políticas de estabilização da produção, a orientação da pesquisa
tecnológica ou a provisão de informações. Algumas delas vão sendo administradas
razoavelmente por decisões individuais que regem os negócios privados, isto é,
pelas transações de mercado (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1996). Esse mecanismo
vem ganhando importância, sobretudo após a década de 90, quando o Estado
deixou de ser um agente executor para ser um agente regulador no cenário
18
macroeconômico, surgindo verdadeiros grupos setoriais voltados ao
desenvolvimento de determinados setores das economias regionais.
A motivação para o desenvolvimento desse trabalho surgiu dessa observação, e
da carência de estudos na cadeia produtiva do leite em Mato Grosso do Sul, dada a
necessidade externa e intuitiva, de se conhecer como se organizam e se
desenvolvem essa cadeia produtiva quanto a questão da qualidade, buscando
sempre, conciliar o embasamento teórico predominante nos estudos do agronegócio
com a realidade de uma cadeia produtiva que é, na maioria das vezes, fonte de
renda primária para a maioria dos produtores do Estado, sendo hoje considerada a
terceira atividade econômica de Mato Grosso do Sul (MICHELS et al., 2003).
A mesma preocupação foi encontrada na investigação bibliográfica realizada por
Michels et al. (2003), originando a coletânea Cadeias Produtivas do MS, em
especial, a obra destinada ao diagnóstico leiteiro do Estado, onde o autor relata a
importância de se obter qualidade em cada um dos elos que constituem a cadeia
produtiva do leite, como fator fundamental para se obter um produto final de
qualidade, sendo imprescindível a atuação organizacional e institucional neste
contexto.
Segundo a análise proposta por Michels et al. (2003) e dada a conjuntura atual
do Estado, torna-se fundamental o estudo das organizações que atuam na cadeia
produtiva do leite em Mato Grosso do Sul, em especial, as organizações que
compõem a CSCPLMS. Tais organizações são responsáveis pela orientação,
fiscalização, apoio aos agentes da cadeia produtiva, entre outras atribuições,
atuando em toda a cadeia produtiva, visando identificar quais suas competências e
contribuições; quais os resultados gerados para o setor leiteiro no Estado, permitindo
direcionar futuras sugestões de política de desenvolvimento ao setor.
19
Dessa forma, o presente estudo buscou responder a seguinte questão: Qual o
papel das organizações na cadeia produtiva do leite, em especial, as organizações
que pertencem a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, para a garantia da
qualidade do leite em Mato Grosso do Sul?
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho propôs a estudar o papel das organizações que atuam na garantia
da qualidade do leite em Mato Grosso do Sul.
Essa pesquisa teve como objetivos específicos:
i. Identificar as principais organizações envolvidas com a cadeia
produtiva do leite em Mato Grosso do Sul, em especial as organizações
que compõe a CSCPLMS;
ii. Verificar quais são os fatores determinantes para a garantia da
qualidade do leite em cada elo da cadeia produtiva;
iii. Verificar como atua as diversas organizações envolvidas na cadeia
produtiva do leite para garantir a qualidade do leite no Estado;
iv. Verificar quais são as principais fontes de informações da cadeia
produtiva do leite no Estado, segundo as organizações envolvidas;
v. Verificar se a CSCPLMS desempenha de forma adequada a função de
agente coordenador da cadeia produtiva do leite no Estado, segundo a
visão das organizações;
vi. Verificar se a CSCPLMS desenvolve ações voltadas a padronização de
processos na cadeia produtiva do leite;
20
vii. Verificar se a CSCPLMS desenvolve ações de capacitação de recursos
humanos na cadeia produtiva do leite;
viii. Identificar quais os principais meios de comunicação utilizados pela
CSCPLMS;
ix. Verificar como ocorre o processo de tomada de decisão na CSCPLMS;
x. Avaliar a forma de atuação da CSCPLMS, segundo a visão das
organizações que a constitui.
21
MÉTODO
Este estudo segue com foco metodológico centrado na cadeia produtiva do leite,
entendido como um conceito mais amplo, onde se considera a inserção do produtor
rural, da indústria, e dos postos de comercialização como agente de cada um dos
elos. Segundo a metodologia proposta por Lakatos e Marconi (2001), utilizou-se
nesse estudo o método dedutivo, pois dispõe para o esclarecimento, teorias
previamente estabelecidas.
Para tanto, procedeu-se um estudo exploratório, por meio de uma revisão
teórica dos principais estudos que abordam o objeto de pesquisa. A coleta de dados
teve como ponto de partida uma listagem das organizações pertencentes a
CSCPLMS (26 organizações), fornecida pela coordenação da câmara, sendo
utilizado como técnica de coleta de dados a entrevista focalizada individual, técnica
proposta por Mattar (1996) classificada como uma abordagem não estruturada e não
disfarçada, conforme o modelo do questionário apresentado no anexo A.
De acordo com Mattar (1996) a entrevista focalizada individual é caracterizada
por ter os propósitos de estudos claros aos representantes, mas não há uma
estruturação predefinida das perguntas e respostas. Há grande flexibilidade no
“como perguntar” e no grau de questionamento. As respostas, em geral, são abertas
e os respondentes têm liberdade e são encorajados a expressar suas percepções,
opiniões, experiências, relatos entre outros. Em geral, este tipo de técnica é
conduzida por um moderador, com único entrevistado de cada vez, para obter dados
sobre determinado assunto. Essa técnica de coleta de dados apresenta como
vantagem um maior aprofundamento do tema e associação direta dos dados com o
respondente, atendendo as necessidades do objeto de estudo em questão.
22
Visando atender o propósito do estudo, foi adotado o levantamento de dados em
fontes secundárias. O levantamento em fontes secundárias, conforme proposto por
Mattar (1996) compreende: levantamentos bibliográficos, levantamentos
documentais, levantamentos de estatísticas e levantamento de pesquisas realizadas
na área, os quais, segundo Malhotra (2001) são dados já coletados para objetivos
que não os do problema em questão, sendo localizados de forma rápida, de fácil
acesso e manuseio.
Segundo Mattar (1996), levantamentos bibliográficos envolvem a procura em
livros sobre o assunto, revistas especializadas (ou não), dissertações e teses
apresentadas em universidades e informações publicadas por jornais, órgãos
governamentais, sindicatos, associações, entre outras fontes. Por outro lado, os
levantamentos documentais consistem na procura por registros, documentos,
informações e dados em arquivos públicos e/ou empresa, objeto de estudo.
Já o levantamento estatístico, Mattar (1996) ressalta que é de suma importância
para o delineamento do problema de pesquisa, existindo inúmeras fontes de
estatísticas públicas ou não, tais como o IBGE, FIPE, FGV, entre outras fontes. Por
fim, o levantamento de pesquisas realizadas na área é fundamental para expandir o
conhecimento do pesquisador, mesmo quando efetuados em outros locais e em
outras épocas, podendo auxiliar ao pesquisador na escolha de metodologias já
utilizadas. As fontes para o levantamento dessas pesquisas são, em geral,
universidades, institutos de pesquisa, publicações especializadas, etc.
Neste estudo, o levantamento bibliográfico foi realizado por meio de pesquisas
bibliográficas com base nas principais obras (livros, revistas especializadas,
dissertações, teses), em especial obras que enfatizam as peculiaridades do setor
leiteiro do Estado, bem como o levantamento documental, disponibilizado pela
23
CSCPLMS. Para o levantamento estatístico foram utilizados dados disponibilizados
pelo IBGE. Já a coleta de dados (primários), foi realizado por meio de um
questionário aberto, aplicado aos representantes das organizações da CSCPLMS.
É importante ressaltar que a operacionalização é feita pelos agentes que foram
designados a representar a organização, sendo que, em algumas vezes, esses
agentes possuem uma visão diferente da organização , sendo ele, o porta-voz da
organização na CSCPLMS.
Dado a escolha de uma pesquisa exploratória, este estudo não tem como
objetivo apresentar hipóteses e sim ajudar a estabelecer as prioridades a pesquisar.
Busca-se gerar informações sobre as possibilidades práticas na condução de
pesquisas sobre o objeto de estudo.
24
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão expostas algumas abordagens teóricas fundamentais para
melhor compreensão da cadeia produtiva; sistemas agroindustriais; qualidade do
leite; instituições e organizações no agronegócio (agribusiness) e; câmaras setoriais,
como agentes de coordenação das cadeias produtivas e sistemas agroindustriais.
3.1 CADEIA PRODUTIVA
3.1.1 Conceitos e Definições Metodológicas
O conceito de agronegócios está pautado em duas correntes metodológicas:
uma oriunda da escola americana e outra da escola francesa. A primeira, segundo
Batalha e Silva (1997) teve origem nos Estados Unidos, mais precisamente em
Harvard, com os trabalhos de Davis e Goldberg em 1957. Coube aos dois
pesquisadores a criação do conceito de agronegócios
1
, e, através do trabalho
1
Agribusiness
25
posterior de Goldberg em 1968, a primeira aparição do termo CSA
2
(Abordagem do
Sistema de Comodities).
Segundo Davis e Goldberg (1957), agronegócios é a soma de todas as
operações que englobam a produção e distribuição de insumos para a atividade
rural, operações da propriedade rural, processamento e distribuição de produtos e
subprodutos agrícolas (antes e pós-porteira).
Em 1968, Goldberg redefine o conceito de agronegócios partindo do modelo de
CSA, introduzindo o conceito de sistema agroindustrial, sendo definido como:
Um sistema de commodities engloba todos os atores envolvidos com
a produção, processamento e distribuição de um produto. Tal
sistema inclui o mercado de insumos das fazendas, a produção
agrícola, operações de estocagens, processamento, atacado e varejo
demarcando um fluxo que vai dos insumos até o consumidor final. O
conceito engloba todas as instituições que afetam a coordenação dos
estágios sucessivos do fluxo de produtos, tais como estruturas
governamentais e associações de comércio (GOLDBERG, 1968
apud ZYLBERSZTAJN, 2000, p. 05)
.
A segunda corrente metodológica, de acordo com Zylbersztajn (2000), é produto
da Escola Industrial Francesa e se aplica à seqüência de atividades que
transformam uma commodity em um produto pronto para o consumidor final, e
segundo Morvan (
1985 apud ZYLBERZSTAJN 2000) é definido como:
Cadeia (fillière) é uma seqüência de operações que conduzem à
produção de bens. Sua articulação é amplamente influenciada pelas
fronteiras de possibilidades ditadas pela tecnologia e é influenciada
pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus
lucros. As relações entre os agentes são de interdependência ou
complementaridade e são determinados por forças hierárquicas. Em
diferentes níveis de análise a cadeia é um sistema mais ou menos
capaz de assegurar sua própria transformação (MORVAN, 1985
apud ZYLBERZSTAJN, 2000, p. 09).
2
Commodity System Approach
26
Para Zylberzstajn (2000), a proposta descrita por Morvan em 1985, conduz a
uma intensa semelhança entre o conceito de sistema agroindustrial e cadeia de
produção agroindustrial, tendo como ponto de partida uma visão analítica sistêmica,
conforme proposto na figura abaixo:
Figura 3.1.1: Sistemas de Agribusiness e Transações Típicas (modificado
ZYLBERSZTAJN, 2000)
Ambiente Organizacional
Consumidor
Mercado
Distribuição
Indústria
Produção
Insumos
Ambiente Institucional
T5 T4 T3 T2 T1
27
Segundo ZYLBERSZTAJN (2000), pode-se argumentar que uma cadeia de
produção agroindustrial pode ser entendida como uma seqüência de ações técnicas
e econômicas, podendo ser, dessa forma, identificado cinco transações distintas. A
primeira transação identificada (T1) envolve as empresas de insumos e os
produtores rurais, que realizam a venda e a compra de insumos, respectivamente,
necessários à produção. A segunda transação (T2), corresponde a venda, por parte
dos produtores, e a compra, pelas indústrias, do produto in natura. A terceira
transação (T3), envolvem as indústrias e as empresas (ou agentes) especializados
pela distribuição do produto final (seja para o atacado ou varejo). A quarta
transação (T4) retrata a relação entre as empresas (agentes) de distribuição e o
mercado (pontos de venda) onde são comercializados os produtos finais. Por fim, a
quinta transação (T5) retrata a relação entre os pontos de venda e o consumidor,
englobando todos os agentes que possuem contato com o consumidor final.
Entre as diversas etapas de uma cadeia de produção agroalimentar,
sobressaem:
a) Comercialização: engloba todas as empresas que possuem o contato direto
com o consumidor final;
b) Industrialização: engloba todas as empresas responsáveis pela
transformação da matéria–prima em produto final;
c) Produção de matérias–primas: representa as empresas fornecedoras de
matérias–primas, para que as outras empresas da cadeia possam avançar no
processo de produção do produto final;
d) Fornecimento de insumos: constituídos por empresas, em geral grandes
grupos econômicos, que fazem chegar aos produtores, através do varejo, os
insumos necessários à produção.
28
Além dessas etapas, há presença dos ambientes institucional e
organizacional, os quais são definidos, respectivamente, como leis, costumes e
tradições que fundamentam um sistema agroindustrial e, as estruturas necessárias
para dar suporte ao funcionamento desses sistemas. Esses ambientes interagem
entre si e definem as diretrizes e perspectivas de uma cadeia de produção
agroindustrial.
3.1.2 Cadeia Produtiva do Leite
Insumos
Conforme relata diversos autores, entre eles, Gomes et al.(2001), este elo é
de suma importância para obter produtos de qualidade:
Inadequada qualidade e quantidade de alimentos podem parar o
processo de produção de leite e aumentar os riscos de doenças,
abortos, mortes, inibindo a produtividade do animal e,
consequentemente, o sistema como um todo. (GOMES et al., 2001,
p. 222)
Produção
Na década de 90, segundo a análise de Rufino (2004), a produção brasileira
do leite cresceu aproximadamente 40%, passando de 14,5 para 20,4 bilhões de
litros entre 1990 e 1999.
Porém, um dos responsáveis pelo crescimento substancial do volume de leite
é a produção informal (leite clandestino), caracterizada por não sofrer nenhum tipo
de controle de qualidade, desde a sua concepção até a mesa do consumidor.
29
Segundo Farina (2000), estima-se que entre 1997 e 2000, a produção de leite
informal cresceu entre 28% e 29%.
Jank et al. (1999), afirmam que a produção de leite no Brasil é considerada
pouco ou nada especializada, com interesses divididos entre a venda sazonal de
pequenos volumes de leite de baixo custo e qualidade, e a venda de animais
mestiços e de corte. No Brasil, os produtores de leite são classificados em:
Produtores especializados: são aqueles que têm como atividade principal a
produção de leite, obtida a partir de rebanhos leiteiros especializados, e outros
ativos específicos para este fim, tendo investido em conhecimento
3
, tecnologia,
economias de escala e até alguma diferenciação do produto (leites tipo A e B).
Produtores não especializados: também chamados de “extratores” ou
“extrativistas”, os produtores não-especializados são aqueles que trabalham com
tecnologia extremamente rudimentar, para os quais o leite ainda é um subproduto
do bezerro de corte e, por isso, são capazes de suportar grandes oscilações de
preços. Em geral, trata-se de produtores que encontram no leite uma atividade
típica de subsistência, portanto não-empresarial, que serve mais como uma fonte
adicional de liquidez mensal, onde os custos são, geralmente, bastante reduzidos
e o produto entregue aos laticínios são de baixa qualidade.
Indústria
A indústria de laticínios é definida por Jank e Galan (1998), como o setor que
adquire a matéria prima (leite), processa e produz diversos derivados lácteos.
Segundo o autor, as empresas do setor podem ser dividas em: empresas
3
know how
30
multinacionais, empresas de grupos nacionais, negociantes sem fábrica,
cooperativas e pequenos laticínios, cada um desses grupos com suas
especificidades, constituindo o complexo industrial da cadeia láctea brasileira.
De acordo com Santos e Vilela (2000), as indústrias de processamento ainda
sofrem com a baixa qualidade da matéria-prima e com a sazonalidade do leite, mas
por décadas, aceitou leite de qualidade inferior, recusando-se a pagar um preço
premium por qualidade e quantidade, chegando até a obter lucro com a
sazonalidade da oferta.
Primo (1999) descreve alguns problemas presentes no elo da transformação
industrial:
i. Ausência de exigências de certificados de origem e de qualidade nos
produtos lácteos;
ii. Baixa automação e informatização dos processos;
iii. Altos custos de transporte e armazenamento;
iv. Pagamento diferenciado por volume e qualidade ainda incipiente;
v. Ausência de marketing institucional dos produtos lácteos;
vi. Pouca ênfase em processos de reaproveitamento de produtos;
vii. Reduzido investimento em desenvolvimento de microorganismos de
interesse industrial;
viii. Reduzida vida útil dos produtos.
Segundo Costa et al. (2004), recentemente, algumas mudanças foram
identificadas no elo da transformação industrial, principalmente quanto ao mercado
internacional de produtos lácteos. Tendo em vista a necessidade em competir com
uma tendência de valorização de sua qualidade, o pagamento diferenciado por leite
de melhor qualidade quanto ao seu conteúdo de proteína, gordura e contagem de
31
células somáticas vem se tornando uma tendência nas grandes indústrias de
laticínios.
Distribuição e Comercialização:
A partir da década de 90, verifica-se uma redução no volume de vendas dos
pequenos pontos de comercialização de lácteos, representados especialmente pelas
padarias e até mesmo bares e conveniências. Em contrapartida, verifica-se uma
elevação substancial do volume transacionado pelos supermercados (contribuindo,
especialmente para o abastecimento dos grandes centros), em especial a partir do
Plano Real, onde há estabilidade da moeda, queda da inflação e uma melhor
distribuição de renda à população (Farina et al., 1999).
De acordo com Primo (1999) há dois fatores a serem ressaltados pelo
crescimento dos supermercados na comercialização dos lácteos: a primeira
decorrente do grande poder de barganha dessas empresas (representando
aproximadamente metade do faturamento do setor de laticínios) e a segunda, a de
que as grandes redes realizam importações diretas para pressionar preços
nacionais, utilizando até mesmo subsídios que acabam por restringir o
desenvolvimento do setor. Atualmente, essa é uma prática não muito utilizada, tendo
em vista que o volume das importações reduziram durante os últimos anos, além de
haver um incremento das exportações de produtos lácteos.
Consumidor
32
Conforme Primo (1999), a partir de meados da década de 90, o consumidor
deixou de ser um simples agente passivo da cadeia produtiva que simplesmente
aceitava o que a indústria decidia produzir, transformando em agente ativo,
determinando o quê, o quanto, como e onde produzir.
Primo (1999) define o consumidor como sendo exigente, comodista e infiel;
possuindo características tais como: ser consciente quanto aos seus direitos, a
saúde, ao meio ambiente, valorizar atributos financeiros, possuir alimentação
baseada em prazer sensorial, aumento gradativo do consumo fora de casa, ser
cauteloso e racional quanto ao processo de tomada de decisão em relação à
qualidade do produto.
3.1.3 Qualidade do leite desde a produção até a comercialização
Nesta subseção, será apresentado de forma sumária, alguns dos procedimentos
necessários para que se obtenha produtos lácteos de qualidade, desde a produção
a comercialização.
Produção
Behmer (1999) afirma que o leite obtido em condições naturais possui como
características ser uma emulsão de cor branca, ligeiramente amarelada, de odor
suave e gosto adocicado. As causas das variações da quantidade e qualidade do
leite podem ser inúmeras, entre as quais, se destacam: raça, alimentação adequada,
idade e número de parições, tempo de lactação e variações climáticas.
33
Scalco (2004) afirma que a qualidade do leite, e, por conseguinte, a qualidade
dos produtos lácteos industrializados, depende dentre os principais fatores, do
manejo do gado leiteiro, o qual deve ser mantido em ambiente limpo, seco e
ventilado, sem sujeiras e mosquitos, e principalmente, sem a presença de qualquer
patologia. O processo de ordenha, tanto manual, quanto mecânico, também deve
ser adequado. Procedimento de limpeza e sanitização dos equipamentos de
ordenha e tanques de resfriamento do leite devem ser respeitados, de modo que
não haja contaminação do leite ordenhado por parte do animal e do ordenhador.
Dessa forma, é importante ressaltar que a qualidade do produto final é no
máximo igual a do leite ordenhado, ou seja, quando respeitado os padrões de
qualidade no processo de produção, verifica-se um igual padrão de qualidade nas
etapas subsequentes, garantindo um produto final de qualidade.
Transporte
Segundo Behmer (1999), o transporte do leite até o consumidor final é realizado,
no mínimo, em três etapas: da propriedade até o entreposto ou posto de
concentração (para refrigeração), do entreposto à indústria e da indústria à
distribuição (comercialização).
O transporte em qualquer uma dessas etapas pode ser considerado de suma
importância para a permanência da qualidade do leite. Após o leite ter sido
ordenhado, resfriado e armazenado de forma adequada, este deve ser transportado
da unidade produtiva até a indústria. Sendo assim, é necessário um treinamento
adequado ao encarregado de exercer a função, bem como máquinas e
equipamentos apropriados ao transporte.
34
Neste processo, ressaltam a importância dos entrepostos (postos de
refrigeração e/ ou postos de estocagem) necessários para manter a qualidade da
matéria prima, assegurando no final do processo, um produto de qualidade, tendo
em vista que os entrepostos se encarregam de refrigerar o produto, mantendo a
temperatura de forma adequada (igual ou inferior a 4°C) por determinado período
de tempo (24 horas para leite tipo C, segundo IN 51).
É importante ressaltar a necessidade de conscientização por parte do
consumidor do adequado manuseio do produto final, uma vez que o produto
acondicionado em locais inapropriado ou por período acima do prazo de validade do
produto, recomendado pela indústria, pode acarretar a perda das características do
produto final, bem como a deterioração.
Indústria
Segundo Toledo (2001), para garantir a qualidade do produto na
industrialização, existem diversas ações designadas e implementadas pelos agentes
da cadeia produtiva. Em se tratando da cadeia produtiva do leite destacam-se os
regulamentos instituídos pelos Ministérios da Agricultura e da Saúde, os quais
obrigam a implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e da Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).
Os procedimentos de limpeza e sanitização dos equipamentos industriais são
praticamente os mesmos utilizados nas unidades produtivas.
Distribuição e Comercialização
35
De acordo com Scalco (2004), na distribuição sempre devem seguir as normas
do fabricante. Quando refrigerado, os produtos devem ser devidamente
acondicionados em caminhões previamente refrigerados e, permanecerem
refrigerados até o ponto de venda, onde serão comercializados. Os caminhões
devem ser lavados anteriormente ao seu carregamento. Além disso, os produtos
devem ser manuseados com cuidado para que não ocorra qualquer dano na
embalagem, pois caso isso ocorra, a qualidade do produto fica comprometida. Neste
caso, poderiam ser apontados alguns problemas relacionados ao manuseio
inadequado, tais como: rótulos descolados, embalagens danificadas (amassada,
com furos ou até mesmo rasgadas), entre outros.
Na comercialização, os procedimentos são praticamente os mesmos da
distribuição. Segundo Scalco (2004), existem muitos casos de contaminação por
microorganismos (como coliformes fecais, por exemplo) nesta etapa da cadeia. Isto
ocorre, na maioria das vezes, porque os funcionários que manipulam os produtos de
origem láctea, não tomam os devidos cuidados com à higiene, como: cabelos presos
com touca, uniforme limpos, mão higienizadas, utilização de luvas para manipulação
de produtos, etc.
3.1.4 Qualidade do leite em Mato Grosso do Sul: Peculiaridades da Cadeia
Produtiva no Estado
Insumos
Segundo Michels et al. (2003), o setor de insumos voltados à bovinocultura de
leite em Mato Grosso do Sul é dominado por grandes empresas, sendo que seu
36
fornecimento tem preços estabelecidos pelos fornecedores. A compra é geralmente
feita de maneira individual, pois existem poucos produtores que adquirem insumos
através de associações ou cooperativas. Nessa relação, não há nenhuma forma
contratual.
Alguns problemas são apontados pelos produtores, entre eles: custo elevado
dos insumos (para aquisição de um quilo de ração são necessários,
aproximadamente, dois litros de leite), elevação constante de preços, alto custo no
transporte (até a propriedade rural), elevada distância dos fornecedores, baixa
eficiência de alguns medicamentos (MICHELS et al., 2003).
Produção
Michels et al. (2003) destaca que a atividade leiteira em Mato Grosso do Sul é a
terceira atividade econômica do Estado. Constatou-se que cerca de 40% do leite é
destinado ao leite resfriado cru, 11% leite pasteurizado, 10% a queijos e 37% queijo
mussarela. A atividade leiteira do Estado é bastante heterogênea, sendo
encontradas produções totalmente rudimentares como também as que aplicam
tecnologias de última geração. No Estado predomina a produção
extrativista e a
baixa profissionalização do produtor de leite, pois há manejo reprodutivo
inadequado, insuficiência de capacidade gerencial dos produtores e ausência de
planejamento nas fazendas leiteiras.
É predominante o uso de pouca tecnologia, a produção é a partir de gado
mestiço, criado no pasto, ordenha manual com bezerro ao pé, o produto é
acondicionado em latões (correspondendo atualmente a 31,7%
4
) e transportado até
4
Avaliação da Gestão da Qualidade das indústrias de leite de Mato Grosso do Sul. Relatório Parcial
do Projeto de Pesquisa, UFMS, 2005.
37
o laticínio, sem refrigeração. O controle de qualidade na propriedade é praticamente
inexistente, exceto pelo controle de sanidade do rebanho ou higiene básica no
momento da ordenha. A maioria das propriedades é administrada de forma familiar,
predominando mão de obra de pouca qualificação. Tendo em vista o nível de
formação predominante, torna-se ainda mais difícil a qualificação desses
trabalhadores, já que a compreensão do conteúdo de cursos de qualificação e a
baixa escolaridade dificultam ainda mais a adoção de novas tecnologias. A
comercialização do produto ocorre no mercado interno. O produto é vendido de
acordo com as condições estabelecidas pela indústria, ou seja, os produtores são
tomadores de preço
5
(MICHELS et al. , 2003).
Indústria
Segundo Michels et al. (2003), o segmento industrial consiste na indústria
laticinista de pequeno, médio e grande porte, nas miniusinas e cooperativas. A idade
média das empresas é de 15 anos. Poucas empresas pertencem a grandes grupos.
Predominam no Estado as plantas industriais de pequeno e médio porte, voltado
para produção de consumo popular. A mão de obra empregada nos
estabelecimentos industriais é de baixa qualificação, pouco capacitada para o
desempenho das atividades.
A informalidade ainda é grande: alguns estabelecimentos não se adequam à
legislação e as normas exigidas pelo Serviço de Inspeção Sanitária. A indústria tem
o poder da determinação de preço sobre a produção, portanto, a indústria
5
Tomador de preços ou aceitador de preços, segundo Pindyck (2002) são aqueles agentes ou
empresas que não tem influência sobre o preço de mercado e, que, portanto, o aceita.
38
estabelece com os produtores uma relação mais próxima de oligopólio
6
. Sendo
assim, a indústria interage com a distribuição, que determina os preços e as
características dos produtos a serem produzidos pela indústria (MICHELS et al.,
2003).
As indústrias de processamento de leite, em geral, trabalham com um mix de
produtos diversificados, principalmente os laticínios de médio e grande porte. Nos
laticínios de menor porte, o mix de produto varia de acordo com a época do ano (na
seca, reduz a produção de leite e conseqüentemente reduz o mix, sendo que o leite
recebido é destinado somente para produto de leite tipo C). Na produção das
indústrias locais predominam a baixa especificidade, produtos em geral
homogêneos, que competem via preço no mercado (em decorrência da isenção do
ICMS
7
e ao crédito presumido nas operações internas e interestaduais) (MICHELS
et al., 2003).
Segundo Michels et al. (2003), a maioria das indústrias de leite controla a
qualidade do produto no momento do recebimento da matéria-prima, onde há testes
laboratoriais, na própria empresa (empresas que possuem a certificação do Serviço
de Inspeção Federal – SIF) ou no Órgão de Defesa Sanitária do Estado (empresas
que possuem a certificação do Serviço de Inspeção Estadual – SIE).
Distribuição/Comercialização:
6
Mercado no qual apenas algumas empresas competem entre si e há impedimento para a entrada de
novas empresas (PINDYCK, 2002).
7
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
39
De acordo com Michels et al. (2003) quanto análise das cadeias de produção,
deve-se enfatizar o papel dos consumidores finais, o qual pauta as decisões de
compra dos produtos a partir de referenciais, tais como preço, qualidade e
propaganda.
Segundo dados do IBGE (2005), Mato Grosso do Sul possuía em 2003 cerca
de 3.605 estabelecimentos de comercialização de produtos lácteos, divididos entre
pequeno varejo, representado por mercearias, padarias e conveniências; e as
grandes redes, representados pelos supermercados, hipermercados e atacadistas,
estes, com alta representatividade no Estado, influenciando preços, prazos de
pagamentos e impondo características para o transporte do produto. A venda do
leite pasteurizado ocorre no mercado interno onde aproximadamente 40% dos
produtos são absorvidos pelos supermercados e 70% ou mais, direciona-se às
padarias, mercearias e similares. Em geral, as empresas utilizam um prestador de
serviço (intermediário) para colocar o produto no mercado. O leite fluído é entregue
direto no comércio varejista. Quanto aos derivados (queijos) o maior percentual de
vendas ocorre para o setor atacadista, tanto no mercado interno como no
interestadual (MICHELS et al. 2003).
A produção interna é comercializada basicamente nos pequenos varejos do
Estado: aproximadamente 70% das vendas do mercado local. O leite in natura e o
leite pasteurizado tipo A, B e C comercializados no mercado interno, são isentos de
ICMS. Os impostos, com maior incidência, são representados pelo PIS
8
e pelo
COFINS
9
. Constatou-se que, do total de 160 milhões de litros de leite fluído
comercializado, 66% circula na forma in natura resfriado. Aproximadamente, 106
milhões de litros destinam-se a outros Estados, em especial São Paulo e Paraná,
8
Programa de Integração Social
9
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
40
deixando de agregar valor no próprio Estado. O leite fluído tem aumentado sua
participação no mercado, ocorrendo a substituição do leite pasteurizado pelo leite
esterilizado (UHT). Por ser pouco competitivo, o leite tipo C vem paulatinamente
perdendo mercado para o leite esterilizado (UHT). Cerca de 85% dos queijos
produzidos no Estado são destinados para outros Estados, em especial São Paulo.
Iogurte, requeijão e outros produtos lácteos são destinados a outros Estados, já a
bebida láctea é vendida integralmente para o mercado interno (MICHELS et al.,
2003).
De acordo com Michels et al. (2003), a maior preocupação no mercado de leite é
a comercialização paralela sem controle de qualidade e sem fiscalização do leite in
natura e de alguns derivados.
Dada à nacionalização do comércio de leite fluído, com a consolidação do leite
longa vida (UHT) e o baixo padrão tecnológico dos produtos domésticos, o mercado
local está cada vez mais competitivo e as pequenas indústrias de laticínios estão
vulneráveis na medida em que não conseguem se profissionalizar para gerar
produtos com maior valor agregado (MICHELS et al., 2003).
Diante do exposto, a cadeia produtiva do leite pode ser estruturada da
seguinte maneira:
41
3.2. Sistema Agroindustrial e Qualidade
Segundo Toledo et al. (2000), o ferramental teórico referente ao agronegócios
(agribusiness) e sistema agroindustrial oferecem a abordagem que deve ser utilizada
para a aplicação dos conceitos sobre qualidade, por permitir uma análise abrangente
e capaz de lidar com as especificidades dessa indústria.
Frente à diversidade de características que se encontram nos produtos
alimentares, há dentro do estudo da qualidade, diversos referenciais: Shewart,
Figura 3.1.4: A Cadeia Produtiva do Leite em Mato Grosso do Sul (modificado - MICHELS
et al., 2003)
INDÚSTRIAS DE RAÇÕES
INSUMOS
POSTO
REFRIGERAÇÃO
PRODUÇÃO
LEITE
INDÚSTRIA
LATICÍNIOS
REDES
DISTRIBUIÇÃO
CONSUMIDOR
FINAL
VAREJO DE RAÇÕES
INDÚSTRIAS DE MEDICAMENTOS
VAREJO MEDICAMENTOS
42
Deming, Juran, Crosby, Ishikawa, Feigenbaum, Garvin, os quais podem se tornar
objeto de análise para o estudo da qualidade. Como o trabalho se limita análise da
cadeia produtiva do leite, será adotado Toledo (2001) como referencial, pois o
mesmo atende as especificidades do estudo em questão.
O conceito de cadeia de produção agroindustrial utiliza a noção de sucessão de
etapas produtivas, desde a produção de insumos (montante) até o produto acabado
(jusante), como forma de orientar a construção de suas análises.
Conforme Toledo (1997) adota–se o conceito de qualidade de produto como
uma propriedade síntese de múltiplos atributos do produto que determinam o grau
de satisfação do cliente.
Para Toledo (2001) os produtos agroindustriais, no que tange a qualidade,
possuem duas características marcantes: objetiva e subjetiva.
Do ponto de vista objetivo, a qualidade do produto refere-se as características
intrínsecas ou ocultas do produto, ou seja, características nutricionais e higiênicas do
produto, que são características não percebidas pelos consumidores, mas que
podem comprometer a saúde do consumidor. Em geral, esses parâmetros se
encontram em normas e regulamentações oficiais e se referem aos padrões
microbiológicos, à ausência de substancias nocivas e à sanidade do produto em
geral (análises feitas segundo as regulamentações de setor de produção de origem
animal).
Sob o ponto de vista subjetivo, a qualidade do produto refere-se às
características de preferência dos consumidores, tais como forma, sabor cheiro,
textura, aparência e praticidade que, embora não comprometem diretamente à
saúde e segurança do consumidor, podem interferir na decisão de compra do
43
produto. Ou seja, refere-se a importância de qualidade na apresentação do produto,
conforme proposto na figura abaixo:
Quando tratamos da questão da qualidade, devemos relatar a importância do
produto final “leite com qualidade”. Existem duas principais formas de
processamento do leite: leite processado em “caixinha” (UHT) e leite em “saquinho”
(pasteurizado), sendo que na visão do consumidor o leite na forma UHT seria um
leite de melhor qualidade, pois, afinal, o processamento e acondicionamento do
produto assegura uma vida útil maior do produto final. Contudo, devemos ressaltar
que os dois processos utilizam da mesma matéria prima, sendo que a distinção está
em que o leite UHT utiliza um processo tecnológico mais avançado, o que, não
necessariamente irá garantir um produto final de qualidade superior ao leite
pasteurizado (em saquinho).
Figura 3.2.1: Características da Qualidade dos Produtos Alimentícios (modificado –
SCALCO, 2004
)
.
QUALIDADE OBJETIVA CARACTERÍSTICAS OCULTAS
CARACTERÍSTICAS
VALORIZADAS
PELO CONSUMIDOR
QUALIDADE SUBJETIVA
QUALIDADE DE
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
•MICROBIOLÓGICAS
•FÍSICO-QUÍMICAS
•NUTRICIONAIS
•GOSTO
•ODOR
•APARÊNCIA
•FORMA
•VISCOSIDADE
•TEXTURA
44
3.3 Instituições e Organizações
A qualidade do alimento vem sendo objeto de interesse por parte de diversos
agentes econômicos, pois há percepção por parte desses agentes de que existem
possíveis prejuízos à sociedade devido à falta de qualidade. A qualidade dos
alimentos ou a falta de qualidade envolve diretamente diversos agentes, entre eles
as instituições e as organizações, conforme relatam SPERS, ZYLBERSZTAJN,
LAZZARINI (2003).
De acordo com North (1993), as instituições são regras do jogo em uma
sociedade, ou mais formalmente, são restrições impostas pelo homem que dão
forma a interação humana. O objetivo das instituições é reduzir as incertezas,
proporcionando uma melhor estrutura de convivência diária, constituindo verdadeiras
normas de interação humana. Estas normas poderão estimular ou retardar o
desenvolvimento da atividade econômica (CUNHA, 1999).
As organizações, por sua vez, são grupos de indivíduos envolvidos com
interesses e com certos objetivos em comum. Para North (1993), as instituições,
junto com as limitações ordinárias da teoria econômica, determinam as
oportunidades que há em uma sociedade. Já as organizações são organismos
criados para aproveitar essas oportunidades e, conforme evoluíram as organizações,
alteraram as instituições.
De modo geral, as organizações atuam de forma coordenada e coletiva, com o
objetivo de atender aos seus interesses e desenvolverem ações em um ambiente
institucional.
Em Mato Grosso do Sul, em se tratando da cadeia produtiva do leite, essas
considerações são representadas pela formação da Câmara Setorial da Cadeia
45
Produtiva do Leite, a qual é constituída por organizações (públicas/privadas),
encarregadas de operacionalizar toda a cadeia produtiva, dado o aparato
institucional.
3.3.1 Ambiente Institucional e Organizacional
O ambiente institucional e organizacional se tornam fundamental quando se
tratam de qualidade de produtos agroalimentares, possibilitando o monitoramento e
a punição de agentes responsáveis por possíveis alterações e distorções na cadeia
produtiva agroindustrial.
Segundo Zylberzstajn (2000) o ambiente institucional é constituído por leis,
tradições e costumes que caracterizam as diferentes sociedades existentes, ou seja,
são regras e normas vigentes em uma sociedade. Por outro lado, o ambiente
organizacional é caracterizado por apresentar estruturas criadas para dar suporte ao
funcionamento dos sistemas agroindustriais, tais como as empresas, as
universidades, cooperativas, associações de produtores, entre outras.
3.3.2 Mudança Institucional
A mudança institucional, segundo North (1993), consolida o modo como as
sociedades evoluíram ao longo do tempo. É um processo complicado e descontínuo,
por se tratar de normas formais e informais, limitações informacionais e diversas
classes de afinidades e observações coercitivas. Apesar de as normas formais
poderem mudar da noite para o dia pelo resultado de decisões políticas ou judiciais,
as limitações informais devido aos costumes, tradições e códigos de conduta são
mais resistentes e impenetráveis às políticas deliberadas. Estas limitações culturais
46
não somente conectam o passado com o presente e o futuro, se não também nos
proporcionam uma chave para explicar o caminho da mudança histórica do sistema.
De modo geral, as instituições mudam de maneira incremental e não contínua. A
interação entre as distinções existentes nas instituições e nas organizações
determinam a direção da mudança institucional.
Zylberzstajn (2000) afirma que as mudanças organizacionais ocorrem com
rapidez e as mudanças institucionais são mais lentas, devido às mudanças culturais,
de costumes e, em especial, do aparato legal que se distinguem entre as diversas
sociedades.
3. 4. Coordenação
Segundo Lacombe e Heilborn (2003), coordenar é equilibrar, sincronizar e
integrar as ações das pessoas e as atividades das unidades organizacionais, de
acordo com certa ordem e método, visando assegurar seu desenvolvimento
harmônico. Neste contexto, equilibrar consiste em proporcionar o suficiente de
alguma coisa para contrabalançar outro, ou seja, não pender para nenhum dos
extremos. Sincronia, por sua vez, significa fazer com que as diferentes atividades
executadas segundo seus cronogramas próprios, sejam realizadas no tempo devido,
ou seja, as ações são simultaneamente realizadas para terminar no tempo certo. Por
fim, integrar significa verificar interesses diversos das pessoas e unidades num
objetivo comum, fazendo com que os esforços individuais caminhem na mesma
direção.
Porém, quando tratamos de coordenação, três são os mecanismos de
coordenação: ajuste espontâneo, organização e comunicação. Contudo, quando
47
enfatizamos seus principais instrumentos, a supervisão se enquadra como o
instrumento mais formal de coordenação, sendo o mais simples e usual (LACOMBE
e HEILBORN, 2003), sendo, portanto, utilizado como medida de coordenação.
Em se tratando da cadeia de produção agroindustrial, Toledo et al. (2004) relata
que a coordenação de uma cadeia produtiva agroindustrial pode ser realizada
objetivando o controle de forma eficiente das quantidades produzidas, dos custos,
dos prazos de produção e de distribuição dos produtos de mercado e, de qualidade
do produto, assegurando maior competitividade e sobrevivência à cadeia de
produção agroindustrial.
De acordo com Zylberzstajn (2000), a coordenação de sistemas produtivos não
é uma característica intrínseca, mas sim o resultado de uma construção entre os
agentes econômicos, tendo por finalidade conduzir uma determinada transação por
meio de estruturas de governança. As estruturas de governança, por sua vez, têm a
finalidade de governar as transações existentes, estas podem ocorrer por meio do
mercado, de forma híbrida (ou seja, por meio de contratos) e/ou hierárquica (isto é,
por meio de integração vertical).
O mecanismo de coordenação entre os elos de uma cadeia produtiva
agroindustrial envolve o que se denomina custos de transação, que de uma forma
geral, é definido como o custo referente à comercialização ou a transação de
determinado ativo. Este custo é decorrente de alguns fatores, que segundo
Williamson (1989) seriam: especificidade dos ativos, o grau e o tipo de incerteza (ou
seja, o grau de confiança entre os agentes e sua capacidade de antecipar eventos
futuros) e a freqüência com que as transações ocorrem. Com o objetivo de reduzir
riscos de transação dos agentes envolvidos foram desenvolvidos mecanismos de
comercialização e um conjunto de regras denominado estruturas de governança.
48
Coordenar a qualidade em uma cadeia produtiva, conforme afirma Scalco
(2004), implica em prover aos agentes da cadeia produtiva informações referentes,
desde os requisito para a qualidade do produto, até informações referentes à
situação atual da gestão da qualidade em todos os segmentos da cadeia,
intermediado por um agente coordenador. Para Zylberzstajn (1995), a eficiência no
agronegócio pode ser entendida como a capacidade que os diferentes sistemas têm
de se organizarem após um choque externo ou de uma simples mudança do
ambiente institucional, sempre com vistas a encontrar uma forma eficiente de
produção. Surgem então, os “bureaus” (agentes coordenadores) públicos ou
privados, desenhados para executar a tarefa de coordenação.
Scalco (2004) argumenta que no caso de uma cadeia produtiva do leite e
derivados, a qualidade do leite pode constituir num ativo altamente específico,
podendo haver diversas formas organizacionais entre os agentes: de forma híbrida
ou de forma hierárquica, já citados anteriormente.
No Brasil, existem diversas organizações relacionadas à cadeia produtiva do
leite, entre as quais, destacam-se: Associação Brasileira de Longa Vida (ABLV),
Sindicato das Indústrias de Laticínios Produtos e Derivados, Associação de Indústria
de Queijos (ABIQ), Câmara Setorial do Leite, Associação Brasileira de Indústrias de
Alimentos (ABIA), entre outras. Frente às limitações metodológicas e ao escopo do
estudo, será feita análise da Câmara Setorial do Leite em Mato Grosso do Sul.
3. 5. Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite de Mato Grosso do Sul
A competitividade de uma cadeia produtiva agroindustrial é o resultado de
algumas ações coordenadas, articuladas e de certa forma cooperadas entre os
49
diversos agentes de uma cadeia agroindustrial. Dessa forma, surgem as Câmaras
Setoriais, com a participação de representantes dos produtores, da indústria, do
varejo e do governo, tendo por objetivo buscar soluções com maior transparência e
eqüidade para problemas da cadeia produtiva (MARTINS, 2004).
Segundo Anderson (1999), as câmaras setoriais surgiram no final dos anos 80,
como uma tentativa de estabelecer diagnósticos de competitividade setorial,
identificar as causas das distorções existentes e indicar as estratégias para seu
equacionamento. Desde o início, suas funções foram voltadas para objetivos de
política industrial.
Entretanto, a controvérsia gerada pela existência e utilização das câmaras como
locus de discussão de política industrial envolve questões teóricas e ideológicas
acerca da necessidade de intervenção do Estado no mercado e das relações capital-
trabalho. A polêmica envolve também questões econômicas, pois, a partir dos
acordos firmados nas câmaras, foram tomadas medidas de política industrial por
parte do governo que afetaram os diferentes setores envolvidos (ANDERSON,1999).
Conforme afirma Anderson (1999), no Governo Collor as câmaras setoriais
foram utilizadas como instância de resolução de conflitos quanto à política de preços
durante a saída do congelamento imposto pelo Plano Collor 2. No entanto, no
segundo semestre de 1991, medidas do governo redefiniram a competência e
abrangência das câmaras. Nesse período passaram a ser elaboradas cartas-
compromisso para cada setor, que incluíam o desenvolvimento de programas do
Governo: o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, o Programa de Apoio
à Capacitação Tecnológica da Indústria e o Programa de Competitividade Industrial
no âmbito dos setores. De modo geral, com passar do tempo as necessidades
foram surgindo, fazendo com que o escopo das câmaras fossem ampliados e, aos
50
poucos, as cartas-compromisso foram substituídas por acordos setoriais, que
visavam tratar de assuntos que não se limitavam apenas a negociações de preços,
mas abordavam questões estruturais de médio e longo prazos. Assim, ao contrário
do que vinha ocorrendo, entre 1992 e 1994 as câmaras setoriais constituíram-se em
um locus de discussão de questões abrangentes relacionadas ao desempenho da
indústria, tratadas setorialmente. Os temas debatidos no âmbito das câmaras
passaram a ser desde a redução de alíquotas de impostos, geração de empregos,
até questões de inserção do Brasil no comércio exterior, destacando-se entre as
principais câmaras: a câmara do brinquedo, dos produtos têxteis e confecções, da
indústria naval, tratores e máquinas agrícolas e do complexo automotivo.
O Governo de Mato Grosso do Sul com o propósito de fomentar o
agronegócios no Estado, resolveu instituir, através da SEPROTUR, as câmaras
setoriais como uma estratégia essencial na gestão das cadeias produtivas e
coordenação dos programas da Secretaria de Produção e Turismo, sendo um fórum
de apoio ao direcionamento e operacionalização das ações desenvolvidas,
proporcionando um processo de articulação e integração institucional, visando
parcerias na elaboração e execução dos projetos e ações de interesse do setor.
Entre as câmaras setoriais instituídas, atualmente existem em funcionamento a
câmara setorial da fruticultura, do setor sucroalcooleiro, floresta, mandioca, leite,
bovinocultura e bubalinocultura, piscicultura, ovinocaprinocultura, suinocultura,
avicultura e estrutiocultura, logística armazenagem, transporte e biodiesel.
(CÂMARA SETORIAL, 2005).
A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite em Mato Grosso do Sul foi
criada em 06 de julho de 2001, com a missão de desenvolver e consolidar a cadeia
produtiva do leite no Estado. A CSCPLMS está vinculada ao Conselho Estadual de
51
Política Agrícola e Agrária – CEPA/MS, que visa desenvolver e consolidar a cadeia
produtiva do leite em Mato Grosso do Sul, coordena os interesses e proporciona
satisfação e harmonia entre os elos da cadeia, além de apresentar um processo de
articulação de integração institucional, envolvendo a sociedade civil e organismos
governamentais e não governamentais, visando parcerias na elaboração e execução
dos projetos de interesse do setor (CÂMARA SETORIAL, 2004).
Entre os 26 (vinte e seis) órgãos, entidades e membros do Estado que a
compõem, segundo a coordenadoria da câmara, temos:
i. Secretaria de Produção e Turismo (SEPROTUR);
ii. Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (SDA)/ Instituto de
Desenvolvimento Agrário, Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(IDATERRA);
iii. Secretaria de Estado de Receita e Controle (SERC);
iv. Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia (SUCT);
v. Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO);
vi. Superintendência Federal de Agricultura (SFA);
vii. Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (FAMASUL);
viii. Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS);
ix. Federação dos Trabalhadores da Agricultura (FETAGRI);
x. Fórum das Associações de Produtores de Leite da Região de Rochedo
(ASPROLER);
xi. Assembléia Legislativa de MS;
xii. Associação dos Municípios do Estado de Mato Grosso do Sul (ASSOMASUL);
xiii. Associação Sul-Matogrossense dos Supermercados (AMAS);
xiv. Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (ACRISSUL);
52
xv. Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM);
xvi. Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul
(SEBRAE/MS);
xvii. Banco do Brasil S.A;
xviii. Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/MS);
xix. Sindicato das Indústrias de Laticínio do Estado de Mato Grosso do Sul
(SILEMS);
xx. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS);
xxi. Universidade Católica Dom Bosco (UCDB);
xxii. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS);
xxiii. Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal
(UNIDERP);
xxiv. Associação dos Vendedores de Leite Caipira;
xxv. Cooperativa Agropecuária do Vale do Ivinhema (COOPERAV);
xxvi. Vigilância Sanitária.
3.5.1 Histórico das Organizações da CSCPLMS
Nesta subseção será apresentado um breve histórico de cada organização da
CSCPLMS. O Quadro 3.5.1.1 contempla o perfil formal de cada organização,
contendo informações relativas ao motivo de sua criação, seus objetivos, suas
principais atribuições e ações na cadeia produtiva do leite, sendo fundamental para
posterior análise dos resultados, onde serão aferidos os objetivos propostos
formalmente para cada organização com os objetivos mencionados pelos agentes
entrevistados no estudo.
53
Quadro 3.5.1.1 - Histórico das Organizações da CSCPLMS
Organização
FUNDAÇÃO
MOTIVO
OBJETIVO
AÇÕES
SEPROTUR
1998
Readequação da estrutura estatal.
Reformular o modelo de gestão da produção
e do turismo em MS.
Desenvolvimento de
programas e subprogramas,
visando desenvolver projetos
e ações de forma articulada e
integrada que permitam
consolidar e fortalecer a
cadeia produtiva do leite em
MS.
SDA/IDATERRA
2003
Necessidade de priorizar a
Reforma Agrária em MS.
Atender todos os agricultores familiares
assentados ou não, fomentando a produção
agrícola e diminuindo o número de
acampados em MS, transformando-os
gradativamente em assentados.
Quatro grandes ações:
Programa MS Solidário,
Programa Terra Nova,
Programa Tupã’I e Programa
Prove Pantanal.
IAGRO
1979
Divisão do Estado.
Promover, manter e recuperar a saúde
animal e vegetal, a qualidade de seus
produtos e subprodutos por meio da defesa
sanitária animal e vegetal.
Ações de promoção,
manutenção e recuperação da
saúde dos animais e vegetais
e dos aspectos qualitativos
dos produtos agropecuários
deles derivados, em especial
aos atributos de inocuidade,
com atividades preventivas
pela qualidade e pela defesa
dos direitos do consumidor.
SFA
1979
Necessidade de implantar uma
divisão da SFA, sendo uma
extensão do Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Fiscalizar, inspecionar e defesa sanitária
federal dos produtos agropecuários sob o
regime SIF.
Ações de apoio a diversos
programas e projetos do
MAPA:PNQL, Leite Brasileiro,
Continua...
54
FAMASUL
1979
Necessidade de uma federação
própria para o Estado, para
defender os interesses voltados a
agricultura e pecuária de MS
perante o cenário nacional.
Defender os interesses do setor
agropecuário do Estado.
Ações voltadas ao
desenvolvimento e a defesa
do setor agropecuário do
Estado.
ASPROLER
1992
Necessidade de organizar e
representar a classe produtora de
leite de Rochedo e região.
Organizar o setor produtivo local.
Ações de apoio e orientação a
pecuária leiteira da região.
OCB/MS
1979
Com a divisão do Estado, tornou-
se necessário uma representação
da OCB do Brasil.
Integrar o sistema cooperativista sul-mato-
grossense, promover e desenvolver o
cooperativismo, bem como prestar serviços
adequados ao pleno desenvolvimento das
sociedades cooperativistas e de seus
integrantes.
Ações em prol do
cooperativismo em todo o
Estado, atuando como órgão
consultivo do Governo,
através do desenvolvimento
de políticas que possam
subsidiar o cooperativismo no
Estado.
FIEMS
1979
Divisão do Estado.
Amparar e defender os interesses gerais dos
sindicatos e das indústrias que a
congregam, prestando assistência e apoio
quando necessário.
Atua com ações visando
congregar os sindicatos
(ações políticas/econômicas
as indústrias do Estado).
ASSOMASUL
1981
Surgiu da necessidade de unir
objetivos comuns, buscando
congregar as prefeituras do
Estado e fomentar o
municipalismo forte e participativo.
Associar os Municípios do Estado de Mato
Grosso do Sul.
Ações de orientação aos
prefeitos do Estado.
AMAS
1980
Em decorrência da ausência de
representação do setor
supermercadista no Estado recém
criado.
Prestar serviços diversos a seus associados.
Ações de representação e
capacitação dos associados.
Continua...
55
UCDB
1961
Atender os anseios da sociedade
matogrossense da época.
Formação de educadores, orientadores e
agentes de transformação da sociedade
mato-grossense.
Ações contínuas de formação
das mais diversas áreas.
SEBRAE/MS
1972
Fomento ao desenvolvimento
sustentável das empresas de
pequeno porte.
Apoio às micros e pequenas empresas do
Estado.
Ações voltadas a prover
cursos de capacitação,
facilidade de acesso a
serviços financeiros, estimular
a cooperação entre as
empresas, organizar feiras e
rodadas de negócios e
incentivar o desenvolvimento
de atividades que contribuem
para a geração de emprego e
renda.
BANCO DO BRASIL
S/A
1808
Necessidade de um banco próprio
para o país.
Financiar atividades diversas do país
Financiamento a atividade
agropecuária.
SERC
1979
Divisão do Estado.
Coordenar e zelar pelo emprego adequado
dos recursos do Estado.
Ações de arrecadação fiscal e
controle de gastos públicos.
Assembléia
Legislativa de MS
1979
Divisão do Estado
Discutir projetos de lei que, uma vez
aprovados, irão nortear a sociedade sul-
mato-grossense. Também fiscaliza os atos
do Poder Executivo (Governo do Estado) e,
ainda, propõe discussões sobre temas que
afetam diretamente a vida do cidadão.
Atua em prol da sociedade
sul-matogrossense discutindo
assuntos que venham a afetar
a vida dos cidadãos sul-
matogrossenses, via projetos
de lei,
UFMS
1979
Divisão do Estado
Aprimorar o ensino e estímulo às atividades
de pesquisa e de extensão.
Atua como preconiza a LDB
Nacional, exercendo
atividades de ensino pesquisa
e extensão em todo o Estado.
Continua...
56
SEPLANCT/SUCT
2002
Reforma administrativa da
estrutura estatal.
Indutor estadual das políticas públicas de
Ciência e Tecnologia, sendo responsável
pelas atividades de planejamento do
Governo.
Ações diversas: elaboração do
Orçamento Geral do Estado, o
Plano Plurianual e o
desenvolvimento dos Planos
Regionais de
Desenvolvimento. Além disso,
é responsável pelos principais
indicadores econômicos do
Estado, divulga mensalmente
o índice de Preços ao
Consumidor e a Cesta Básica
Alimentar.
SILEMS
1998
Defesa dos interesses do setor.
Representar a classe laticinista do Estado
perante as autoridades públicas.
Ações comumentes
designadas aos sindicatos.
ACRISSUL
1979
Divisão do Estado.
Promover e defender os direitos e interesses
da classe rural.
Ações de promoção de
eventos que visam a
interação, desenvolvimento e
aprimoramento técnico,
direcionado principalmente
aos seus associados.
ASBRAM
1997
Necessidade de representação
dos interesses do setor
Congregar todas as indústrias brasileiras
produtoras de suplementos para a pecuária
leiteira.
Ações diversas, mas que em
conjunto conseguiu agrupar
empresas que, juntas,
alcançam mais de 80% de
participação do mercado.
Associação dos
Vendedores de leite
caipira
2003
Necessidade de representar a
classe produtora do leite in natura
em Campo Grande e, da
necessidade de regulamentação
para comercialização do leite in
natura no município.
Regulamentar a comercialização do leite in
natura .
Ações em prol da
regulamentação do leite in
natura no município, bem
como a implantação de um
laticínio para os associados.
Continua...
57
FETAGRI
1979
Divisão do Estado
O estudo, a defesa, a representação e
coordenação dos interesses profissionais,
individuais e coletivos dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais do Estado, bem como
promover e realizar pesquisa, ensino,
treinamento, qualificação e requalificação
profissional e de colaborar com o
desenvolvimento institucional.
Ações de organização e
mobilização dos trabalhadores
rurais para a luta pela reforma
agrária, indicação de áreas
para vistoria pelo INCRA,
negociação e
acompanhamento do
andamento dessas áreas,
além de atuar em prol da
educação para o campo.
UEMS
1994
Propagar o ensino superior no
interior do Estado, alicerçado na
pesquisa e extensão respaldada
na Política de Educação do
Estado de Mato Grosso do Sul.
Superar as disparidades regionais e
contribuir através do ensino, da pesquisa e
da extensão para o desenvolvimento
científico, tecnológico e social do Estado.
Desenvolvimento do ensino
superior, da pesquisa e da
extensão no interior do
Estado, reduzindo as
disparidades locais.
UNIDERP
1974
Surgiu da evolução de um
conjunto de organizações
educacionais e da iniciativa de
educadores do Estado.
Objetivo atender às aspirações e às
necessidades da população do Estado de
Mato Grosso do Sul.
Atua oferecendo cursos de
graduação e pós-graduação,
realizando pesquisas e
desencadeando projetos de
extensão.
COOPERAV
2004
Necessidade de uma organização
para defender a classe produtora
do Vale do Ivinhema.
Atender os produtores dentro da região do
Vale do Ivinhema, representando e
defendendo os interesses dos associados.
Atua providenciando a compra
em atacado dos insumos
necessários para a produção,
promovendo palestras de
orientação e diversas ações
de defesa do interesse do
setor produtivo local.
Vigilância Sanitária
1979
Divisão do Estado.
Fazer cumprir o papel do Estado de
guardião dos direitos do consumidor e
provedor das condições de saúde da
população.
Ações voltadas para a
fiscalização e inspeção
sanitária dos
estabelecimentos de saúde,
ensino e de comercialização
de alimentos, de remédios,
drogarias, bem como cuidar
da saúde do trabalhador.
Fonte: Dados da pesquisa
58
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme proposta inicial do estudo, nesta seção serão apresentados os
resultados das entrevistas aplicadas as organizações da CSCPLMS, demonstrando
serem ou não eficientes no processo de garantia da qualidade do leite em Mato
Grosso do Sul.
Os resultados alcançados pela pesquisa apontam que do total das organizações
entrevistadas (26), apenas duas não possuem ações voltadas a cadeia produtiva do
leite no Estado, seja de forma direta e/ou indireta. A média de ações desenvolvidas
pelas organizações, atribuídas diretamente a cadeia produtiva do leite no Estado é
de aproximadamente 2,7 ações por organização, sendo que 88% das organizações
atuam executando alguma ação na cadeia produtiva do leite, enquanto que 54%
atuam apoiando alguma ação voltada à cadeia produtiva do leite em MS.
Exatamente a metade das organizações atuam no apoio e na execução e, 8% não
atuam (nem diretamente, nem indiretamente) nesta cadeia produtiva.
Do total das organizações que atuam na cadeia produtiva do leite, 88% tem
acompanhado efetivamente suas ações, demonstrando estarem preocupadas
quanto a forma de execução de suas ações.
Sendo assim, é importante ressaltar em qual dos elos da cadeia produtiva do
leite os órgãos da Câmara Setorial exercem suas ações. Para isso, a cadeia
produtiva do leite foi subdividida em cinco elos: insumos, produção, transporte,
indústria, distribuição e comercialização. É importante destacar que o elo
consumidor não possui representação perante a CSCPLMS, motivo pelo qual não
está representado no estudo, podendo ser considerado uma lacuna na
representação da cadeia produtiva do leite no Estado. Dessa forma, para fins
metodológico, consideramos o elo comercialização como o elo responsável por
59
englobar todas as transações desde a entrada do produto no ponto de venda até o
consumo do produto pelo consumidor final.
O resultado demonstra que 46% dos órgãos atuam de alguma maneira no elo
insumos, 69% na produção, 35% no transporte, 54% na indústria, 23% na
distribuição e 38% na comercialização. Aproximadamente, 23% atuam em toda a
cadeia produtiva, sendo representado de acordo com figura 4.1:
Figura 4.1: Atuação das Organizações por Elo da Cadeia Produtiva
Fonte: Dados da Pesquisa
Organização Insumo Produção Transporte Indústria Distribuição Comercialização
SEPROTUR
SDA/IDATERRA
IAGRO
SFA
FAMASUL
ASPROLER
OCB/MS
FIEMS
ASSOMASUL
AMAS
UCDB
SEBRAE/MS
BANCO DO BRASIL S/A
SERC
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
UFMS
SUCT
SILEMS
ACRISSUL
ASBRAM
FETAGRI
ASSOCIAÇÃO DOS VENDEDORES DE LEITE CAIPIRA
UEMS
UNIDERP
COOPERAV
VIGINCIA SANIRIA
LEGENDA:
Há atuação no elo
Não há atuação no elo
60
De acordo com a pesquisa realizada, dentre os fatores de qualidade
fundamentais para garantir a qualidade do leite no Estado, sobressaem:
Insumos:
Utilização dos insumos e equipamentos de forma adequada ao rebanho
leiteiro, além da adequação da infra-estrutura necessária a pecuária leiteira, com
ações efetivas voltadas a orientação e divulgação da IN 51, participação na Câmara
Nacional do Leite, visando desenvolver políticas para melhoria da qualidade no setor
de insumos e, a elaboração do manual do uso correto de suplementos minerais para
bovinocultura leiteira.
Produção:
Sanidade, genética e alimentação adequados à pecuária leiteira;
Higiene no processo de ordenha;
Acondicionamento adequado do produto;
Capacitação, assistência técnica e orientação aos produtores de forma
adequada;
Crédito aos produtores.
Na produção, os fatores de qualidade elencados, são desenvolvidos com ações
voltadas ao desenvolvimento de projetos e programas, tais como: a distribuição de
kits de análise da qualidade do leite, distribuição de tanques resfriadores,
capacitação técnica, participação em programas nacionais (Programa Nacional da
Melhoria da Qualidade do Leite – PNQL), Dias de Campo, palestras e encontros
rurais no interior do Estado, divulgação da IN 51, formação profissional de qualidade,
ações fiscalizadoras e ações de fomento e acesso ao crédito. Além desses fatores, é
61
importante destacar a ausência das relações contratuais entre produtor e indústria, o
que pode estar acarretando o atraso tecnológico do elo produção, podendo
inviabilizar o produtor de melhorar e modernizar sua capacidade produtiva e
consequentemente a qualidade do leite ordenhado.
Indústria:
Qualidade da matéria prima, fundamental para garantir a transformação do
produto, bem como a correta adequação a IN 51, com ações efetivas voltadas a
fiscalização e a inspeção sanitária, controle de qualidade da matéria prima e
palestras técnicas, divulgando a importância de se adequar a IN 51.
Transporte:
Manipulação adequada do produto (envolvendo aprimoramento da mão-de-
obra, o seu correto acondicionamento, bem como a temperatura apropriada do
recipiente), com ações de orientação sobre a IN 51.
Distribuição:
Não mencionado nas entrevistas (provavelmente em decorrência de existirem
poucas organizações da CSCPLMS voltadas a esse elo);
Comercialização:
Treinamento em mão de obra, acondicionamento e organização dos produtos
de forma adequada (local e temperatura), com ações voltadas a treinar os agentes
desse elo, bem como orientar sobre a garantia da qualidade nos elos anteriores,
62
pois muitas vezes, o produto sofre alterações de suas caraterísticas na fase anterior,
comprometendo a qualidade do produto nos elos subsequentes.
Consumidor:
Não mencionado nas entrevistas (provavelmente por não estar representado
na CSCPLMS). Dessa forma, é importante salientar, que o consumidor não possui
papel ativo na CSCPLMS, sendo os elos anteriores responsáveis pela garantia da
qualidade do leite, em especial o elo indústria (através dos requisitos necessários
para obter as certificações SIE/SIF).
Em relação aos indicadores de atuação dos órgãos na cadeia produtiva do leite,
a maioria dos representantes das organizações entrevistadas afirmaram a
importância de desenvolver e executar determinados programas, sub-programas e
projetos, bem como o desenvolvimento de ações autônomas, o que de uma forma
ou de outra, estão entrelaçados entre diversos órgãos que compõe a câmara. Entre
os principais, sobressaem o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite
(PNQL), EDUCAMPO, Leite Legal, CONSELEITE (em fase de viabilização), APL,
SIMLEITE, Tupã`I, MS Solidário, Projeto COMSOL, Comissão Estadual da Pecuária
de Leite de MS, além de outras atividades, como a execução de palestras,
seminários, que envolvem todos agentes da cadeia produtiva (produtores,
industriais, funcionários públicos, acadêmicos, professores, pesquisadores,
consumidores, empresários, entre outros), a formação de profissionais com
qualidade para atuar em toda a cadeia produtiva, pesquisas voltadas a área, e
projetos de extensão que envolvam a comunidade acadêmica das principais
universidades do Estado e agentes da cadeia produtiva, principalmente, produtores
e industriais.
63
Quanto as diretrizes de atuação das organizações, proposta no questionário,
podemos defini-las da seguinte maneira:
Fiscalização: “fazer cumprir” a legislação vigente, visando atender os
padrões de qualidade requeridos nas legislações, por meio de ações
voltadas a verificação, vigilância e exanimação dos processos em cada elo
da cadeia produtiva;
Orientação: corresponde a desenvolver ações efetivas e contínuas, voltadas
a direcionar e encaminhar os agentes da cadeia produtiva, visando atingir
um objetivo comum;
Apoio Técnico: desenvolver ações voltadas com a finalidade de dar suporte
técnico, através de técnicos capacitados, em qualquer elo da cadeia
produtiva do leite;
Fomento ao crédito: desenvolver ações incentivando e estimulando o acesso
ao crédito;
Fomento a pesquisa: estímulo ao desenvolvimento de pesquisas, através de
organizações voltadas especificamente para esse fim.
Do total dos entrevistados, apenas 27% atuam diretamente na fiscalização da
cadeia produtiva do leite, seja fiscalizando a revenda dos insumos (ou o seu correto
uso), seja fiscalizando a produção da bovinocultura leiteira do Estado (incluindo o
transporte) e/ou fiscalizando a indústria (através dos serviços de inspeção) a
distribuição (e o transporte adequado) e a comercialização nos pontos de venda.
Cerca de 73% das organizações atuam orientando a cadeia produtiva do leite,
ou seja, executam ações voltadas a direcionar os agentes da cadeia produtiva, na
qual visam atender os padrões de qualidade requeridos, destacando a orientação
conjunta entre as organizações (de maneira unânime) em relação a adesão a IN 51.
64
Da mesma forma, 58% atuam fornecendo apoio técnico adequado aos agentes da
cadeia produtiva do leite, com ações voltadas a fornecer suporte técnico, através de
técnicos capacitados, a qualquer elo da cadeia produtiva do leite.
Em relação ao fomento ao crédito, 35% das organizações afirmam participar
ativamente na cadeia produtiva do leite no Estado, desenvolvendo ações efetivas,
que buscam facilitar, incentivar e estimular o acesso ao crédito aos agentes da
cadeia produtiva.
Quanto ao fomento a pesquisa, caracterizados por ações de estímulo ao
desenvolvimento de pesquisas, 42% das organizações atuam de alguma forma para
o desenvolvimento de pesquisas no Estado, contribuindo para o desenvolvimento do
setor leiteiro.
Do total dos entrevistados, aproximadamente 20% afirmam possuir outras
diretrizes, tais como fomento a políticas públicas para o leite no Estado, organização
da classe produtiva, assessoria as cooperativas de leite no Estado, capacitação dos
agentes da cadeia produtiva, fomento a qualificação de profissionais na área por
meio de cursos de pós-graduação, divulgação de eventos, entre outros.
Contudo, é importante ressaltar que os altos índices das ações de orientação e
apoio técnico são ações genéricas, tais como palestras eventuais (em parcerias com
outras organizações), participação em feiras e eventos, dias de campo, entre outras.
Quando interrogados sobre as ações efetivas de orientação e apoio técnico, tais
como a periodicidade das palestras de orientação, envolvimento de técnicos no
acompanhamento efetivo das ações, bem como desenvolvimento constante de
instrumentos o qual se possa quantificar a atuação do órgão, a justificativa relatada
foi a carência de infra-estrutura das organizações e o alto custo envolvido nesses
processos.
65
A Tabela 4.1 aponta o percentual das principais diretrizes propostas, por elo da
cadeia produtiva do leite.
Tabela 4.1 – Percentual das Diretrizes por Elos da Cadeia Produtiva:
Fonte: Dados da pesquisa
Diante deste aparato geral sobre as diretrizes e atribuições das organizações
que compõem a CSCPLMS, ressalta a carência de organizações voltadas a
fiscalização da cadeia produtiva do leite especialmente voltadas ao elo da produção,
o que pode constituir numa lacuna para a garantia da qualidade do leite no Estado,
uma vez que, quando interrogados sobre a qualidade do leite, os agentes ligados ao
elo da indústria, foram quase que unânimes em responder que o fator fundamental é
a qualidade da matéria-prima, sendo esta, dependente do controle de qualidade e
dos serviço de inspeção desenvolvidos por essas organizações.
É importante salientar que os elos transporte e distribuição apresentam baixo
percentual de atuação dessas organizações, uma vez que ambos os elos estão
diretamente ligados à indústria, sendo esta um agente atuante tanto no transporte
(diretamente ou através de “freteiros”) como também na distribuição de seus
produtos (de forma direta ou através de atacadistas, muito pouco presentes no
Estado).
ELOS FISCALIZAÇÃO ORIENTAÇÃO APOIO
TÉCNICO
FOMENTO AO
CRÉDITO
FOMENTO A
PESQUISA
INSUMOS 38,5% 76,9% 38,5% 38,5% 30,8%
PRODUÇÃO 27,8% 83,3% 55,5% 33,3% 50,0%
TRANSPORTE 30,0% 80,0% 50,0% 20,0% 30,0%
INDÚSTRIA 40,0% 66,7% 40,0% 26,7% 26,7%
DISTRIBUIÇÃO 42,8% 71,4% 28,6% 14,3% 28,6%
COMERCIALIZAÇÃO 40,0% 70,0% 40,0% 20,0% 20,0%
66
Em se tratando de crédito e pesquisa, verifica-se uma carência de organizações
voltadas a essas diretrizes, em especial num período de readaptação da estrutura
produtiva via Instrução Normativa n°51, o que se pressupõe ser vital para a
manutenção e desenvolvimento da cadeia láctea do Estado.
Em relação a abrangência das ações, conforme demonstra a figura 4.2, a maior
parte dos órgãos possuem ações estaduais, sendo justificada pela a CSCPLMS por
ser uma entidade constituída por 70% de órgãos estaduais, ligados direta e
indiretamente ao Governo do Estado.
Figura 4.2:Abrangência das ações da CSCPLMS
Fonte: Dados da pesquisa
A pesquisa demonstrou que quase a totalidade dos membros da CSCPLMS
(92%) possui ações contínuas, ou seja, não há periodicidade nas ações, sendo
fundamentado pelo percentual de acompanhamento das ações (100% das
organizações que exercem ações efetivas sobre a cadeia produtiva).
Abrangência das ações da CSCPLMS
Nacional
19%
Regional
4%
Estadual
58%
Municipal
15%
o atuam
4%
Nacional
Regional
Estadual
Municipal
o atuam
67
Enfatizando a questão da qualidade, a maior parte dos entrevistados afirmam
possuir atuações correspondentes e complementares na cadeia produtiva do leite,
quanto a garantia da qualidade do leite em MS. Porém, os resultados demonstram
que a maior parte das ações são oriundas de programas e projetos pouco
integrados, de ações autônomas e/ou eventuais de algumas organizações e de
algumas ações rotineiras, em especial as ações voltadas a fiscalização, orientação e
qualificação profissional.
O estudo possibilitou identificar as ações consideradas fundamentais,
segundo os entrevistados, para a garantia da qualidade do leite em Mato Grosso do
Sul, destacando-se:
Desenvolvimento de programas e projetos para melhoria na qualidade
do leite;
Fornecimento de infra-estrutura tais como: tanques resfriadores, kits
para realização de testes de qualidade do leite nas propriedades rurais, além
da capacitação e a organização dos produtores;
Controle de qualidade nas indústrias laticinistas do Estado;
Controle fiscal da sanidade do rebanho;
Divulgação, orientação e apoio técnico para disseminar a importância
da IN 51;
Comercialização adequada dos produtos lácteos (manipulação e
acondicionamento adequados dos produtos);
Formação acadêmica na área de qualidade, desenvolvimento de
projetos de extensão e pesquisa voltados a bovinocultura de leite do Estado;
Apoio técnico gerencial aos produtores rurais;
Financiamento de recursos;
68
Cumprimento da legislação tributária (e das normas que regem a pauta
fiscal) de forma adequada;
Transferência tecnológica por meio direto ao produtor e aos
acadêmicos da área.
Os resultados demonstram que as principais organizações formalmente
apresentam seus objetivos muito próximo as teorias apresentadas, conforme
apresentado no Quadro 4.1 (Objetivos das organizações segundo os agentes
entrevistados), porém quando realizada análise entre os objetivos propostos e as
ações efetivamente realizadas, verifica-se que grande parte não exercem ou
exercem de maneira inadequada (de maneira descontínua e com baixa
periodicidade), as ações voltadas para o leite no Estado , tanto qualitativamente,
quanto quantitativamente.
Quando interrogados sobre as ações efetivamente realizadas pelas
organizações, constata-se que, de acordo com o Quadro 4.2, grande parte das
organizações possuem atribuições formalmente definidas, mas no contexto real, as
mesmas não são executadas e/ou transformadas em ações concretas, ou quando
transformadas, são ações genéricas ou meramente ilustrativas, não condizentes
com a realidade (neste caso temos como exemplo a participação na CSCPLMS
sendo a ação apontada de maneira unânime pelos entrevistados, porém poucos
agentes possuem freqüência regular nas reuniões (ordinárias e extraordinárias) da
CSCPLMS, segundo a coordenação da CSCPLMS).
Entretanto, algumas considerações são necessárias, quando confrontamos os
objetivos propostos das organizações (Quadro 3.5.1.1) com as ações propostas
(Quadro 4.2), ressaltando:
69
As organizações que possuem seus objetivos voltados a desenvolver e a
fortalecer o setor leiteiro no Estado, quando interrogados quanto as ações
que efetivamente executam, revelam que possuem poucas ações específicas
voltadas para o leite, tais como: a participação em programas integrados da
melhoria da qualidade do leite (como por exemplo o PNQL do Governo
Federal), programas regionais (Tupã’I, MS Solidário, Terra Nova e Prove
Pantanal), que envolvem de maneira indireta a melhoria na qualidade do
leite, e o desenvolvimento de ações (autônomas ou em parcerias com as
demais organizações) em alguns municípios do Estado, entre outras;
Em se tratando de Inspeção e Fiscalização, as organizações que possuem
essas diretrizes são pontuais em suas ações, exercendo suas atividades de
forma adequada, e fomentando através de ações genéricas a importância da
qualidade do leite em todo processo produtivo;
Quanto ao crédito, poucas organizações possuem ações específicas para o
leite, sendo que formalmente, possuem como objetivo o fomento ao crédito,
porém, de uma forma geral, pois não há linhas de créditos específicas para o
setor leiteiro do Estado;
Quanto ao desenvolvimento de pesquisas, as organizações relatam possuir
ações generalizadas quanto ao desenvolvimento de pesquisas para o leite,
sendo coerente com os objetivos propostos formalmente (atrelado ao ensino
e a extensão), mas não demonstra ser uma diretriz dentro das organizações
(não há linhas de pesquisas específicas para o leite, com algumas
exceções).
70
Tendo em vista os resultados da pesquisa, é importante ressaltar que estudos
na área já foram realizados, sendo identificados resultados muito próximos aos
discutidos nesse estudo.
Em outubro de 2001 havia sido criada no Estado a Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do leite, com o intuito de apurar os indícios de carterização no setor
leiteiro, bem como as denúncias do não comprometimento dos laticínios com os
produtores (quanto a forma e o preço de pagamento do leite
in natura). Já nesse
período foram identificadas algumas ações consideradas fundamentais para o
desenvolvimento da produção leiteira no Estado, segundo o relatório final da CPI do
leite (2001):
Assegurar a qualidade do leite consumido pela população, através da
implantação de um Centro Tecnológico do leite e de Laboratório para Análises
Físico-Química do Leite;
Combate a questão do “dumping”: criação de barreira tributária o leite que vem
de fora e/ ou instituição de incentivo fiscal para o leite produzido e comercializado
em Mato Grosso do Sul (adoção de alíquota diferenciada);
Realização de ampla campanha de esclarecimento e divulgação à comunidade,
sobre a qualidade do leite pasteurizado (Tipo C);
Estabelecimento de uma política nacional de preço mínimo do leite;
Implantação de um Laticínio Comunitário, para pasteurizar o leite “in natura”, que
atualmente é a vendido nas ruas, em canecas e garrafas;
Articulação das Bacias Leiteiras para a implantação do “Fórum de Gestão das
Bacias Leiteiras”, que discutirá desde processo produtivo até a comercialização
do leite;
71
Extensão e ampliação de linha de crédito facilitada para todos os produtores,
objetivando a aquisição de resfriadores, reforma de pastagens, melhoramento
genético, plantio de milho e sorgo para encilagem para nutrição de vacas em
lactação na época da seca, implantação, adubação e/ ou reforma de capineiras
para alimentação do gado em época da seca; instalação e aquisição de
equipamentos e construção de barracão para ordenha mecânica,
Política de favorecimento aos produtores da marca “PROVE PANTANAL”,
principalmente aqueles produzidos nos assentamentos;
Aferição dos resfriadores e réguas para medição do leite em latões, pelo
INMETRO;
Inclusão do leite tipo C na merenda escolar das escolas estaduais e municipais;
Elaboração do Programa, pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul para
concessão de incentivos fiscais para a instalação de indústrias de leite UHT e de
leite em pó;
Adoção de incentivos fiscais para favorecer a produção de leite do Estado de
Mato Grosso do Sul e instituição de barreiras tributárias, para coibir a entrada de
leite de outros estados no mercado, visando coibir prática do “dumping”.
Michels
et al. (2003) relata que a qualidade do leite ainda é um desafio para o
Estado, pois a cadeia produtiva do leite se encontra bastante fragmentada e
desorganizada para atender as exigências legais de controle de qualidade. O autor
relata que a maior preocupação quanto a qualidade na cadeia produtiva do leite se
encontra na produção, onde se faz necessário um controle mais eficaz sobre quem
produz, como e onde está se produzindo. Outro ponto a ser analisado é a
capacitação da mão de obra, pois é através de mão de obra qualificada em cada elo
que se obtêm um produto final de qualidade. Além dessas considerações, o autor
72
remete a diversas questões, sendo algumas delas identificadas neste estudo: a
organização dos agentes econômicos, com o fortalecimento da CSCPLMS, a
necessidade de um sistema de informação (banco de dados) para o setor, a inclusão
da aquisição de leite produzido no Estado em programas sociais do Estado e
municípios, incentivo a formalidade entre produtor e indústria , estabelecendo direito
e deveres a esses agentes, campanhas publicitárias visando esclarecer a
necessidade de se consumir um produto de qualidade, apoio financeiro aos agentes,
proteção ao meio ambiente, incentivo a industrialização, parcerias entre
organizações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, entre outras.
73
Quadro 4.1 – Objetivos das Organizações segundo os agentes entrevistados
ORGANIZAÇÃO
OBJETIVOS
SEPROTUR
Fomento as cadeias produtivas;
SDA/IDATERRA
Desenvolvimento rural integrado, inclusão social, ecologia e agricultura familiar;
IAGRO
Defesa e Inspeção agropecuária do Estado;
SFA
Fiscalização, inspeção e defesa federal dos produtos agropecuários;
FAMASUL
Defesa dos interesses do setor agropecuário;
ASPROLER
Organização do setor produtivo da região de Rochedo;
OCB/MS
Representar os interesses das cooperativas de MS;
FIEMS
Apoio aos sindicatos das Indústrias do MS;
ASSOMASUL
Orientação aos prefeitos do Estado;
AMAS
Prestar serviços aos associados supermercadistas;
Continua...
74
UCDB
Desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão no Estado;
SEBRAE/MS
Desenvolvimento de ações em prol da micro e pequena empresa;
Banco do Brasil S/A
Financiar a atividade agropecuária;
SERC
Controlar a receita/arrecadação e tributação do Estado;
Assembléia Legislativa de MS
Discutir projetos de lei que norteiam o desenvolvimento do Estado, além de supervisionar o Poder Executivo;
UFMS
Ensino, pesquisa e extensão;
SUCT
Coordenar as ações de Governo, articular todo o sistema operacional de C&T em MS, representar e ser o
interlocutor do Estado e do Governo Federal, captar recursos;
SILEMS
Representar os interesses das indústrias laticinistas do setor;
ACRISSUL
Representar e defender os interesses dos criadores de MS;
ASBRAM
Defender os interesses do setor e difundir o uso correto dos suplementos minerais;
FETAGRI
Representar e defender os interesses dos trabalhadores rurais;
Associação dos Vendedores de Leite
Caipira
Dar condições para comercialização do leite caipira, atendendo os requisitos legais;
Continua...
75
UEMS
Ensino, pesquisa e extensão;
UNIDERP
Ensino, pesquisa e extensão;
COOPERAV
Viabilizar a comercialização do produto final, conquistando novos mercados, adquirindo insumos necessários
a produção;
Vigilância Sanitária
Normatizar, fiscalizar e inspecionar comercialização dos produtos de origem animal e vegetal nos
estabelecimentos de varejo, medicamentos, hospitais, escolas e demais unidades que necessitam da licença
da vigilância sanitária para seu funcionamento.
Fonte: Dados da pesquisa
Quadro 4.2 – Ações propostas segundo os agentes entrevistados
ORGANIZAÇÃO
AÇÕES
SEPROTUR
Desenvolver o projeto das câmaras setoriais, instituindo a câmara setorial do leite no Estado;
Atuar no apoio e na execução de programas e subprogramas voltados para o setor leiteiro;
SDA/IDATERRA
Fortalecimento da pecuária leiteira familiar, com ações voltadas ao fomento, organização, capacitação e
tributação;
IAGRO
Serviços de Inspeção e Defesa Agropecuária;
Divulgação e orientação da IN 51;
SFA
Inspeção das indústrias de laticínios do Estado, sob o registro SIF;
Continua...
76
FAMASUL
Instituir a Comissão Estadual da Pecuária de Leite;
ASPROLER
Projetos junto a UCDB/UNIDERP/FINEP com as prefeituras do Estado,
Palestras técnicas e orientação sobre a IN51;
OCB/MS
Capacitação dos cooperados,
Apoio a realização de cursos e eventos, através de parceiras com demais organizações;
FIEMS
Nenhuma
ASSOMASUL
Projeto de melhoria genética e de pastagens;
Incentivo ao fornecimento de áreas para instalação das indústrias laticinistas;
AMAS
Treinamento aos integrantes do Setor;
UCDB
Diversas ações de ensino, pesquisa e extensão, em especial projetos de extensão (junto a ASPROLER e
junto a região de Jaraguari);
SEBRAE/MS
EDUCAMPO;
Projeto de Desenvolvimento do setor lácteo de MS (2005/2007);
Projeto COMSOL (melhoria nas condições de produção para produtores de leite, mandioca, piscicultura,
entre outros produtos);
Banco do Brasil S/A
Divulgação e apoio a IN 51;
Fornecimento de crédito ao produtor rural;
Continua...
77
SERC
Cuidar da arrecadação do ICMS no Estado;
Todas ações inerentes a arrecadação e a tributação na CPL;
Assembléia Legislativa de MS
Participação e apoio a feiras e eventos;
Definir políticas públicas para a cadeia produtiva do leite;
UFMS
Formação profissional (médicos veterinários, zootecnistas, agrônomos), desenvolvimento de pesquisas
(pós-graduação em bovinocultura de leite, tecnologia de alimentos e agronegócios) e projetos de
extensão na área (atendimento clínico cirúrgico, prestação de serviços zootécnicos);
SUCT
Plataforma tecnológica;
SILEMS
Orientação e divulgação sobre IN 51
ACRISSUL
Nenhuma
ASBRAM
Participação na Câmara Nacional do leite;
Manual do uso correto de suplementos minerais para gado de leite (em fase de divulgação);
FETAGRI
Participação na conquista da política de preços mínimos e, da industrialização do leite para o pequeno
produtor (através do cooperativismo);
Associação dos Vendedores de Leite
Caipira
Organização dos produtores/vendedores de leite caipira da região;
Regulamentar e manter a atividade, através do leite minimamente processado (implantar um laticínio
próprio dos associados);
UEMS
Desenvolvimento de ensino na área de bovinocultura de leite;
Execução de projetos de pesquisas: Avaliação de forrageiras, nutrição de ruminantes, etc;
Continua...
78
UNIDERP
Projetos de extensão: Projeto carroceiro;
Análises de leite para indústrias do Estado;
Pesquisas voltadas a nutrição animal com base no leite;
COOPERAV
Adquirir insumos em atacado com preços mais acessíveis;
Comercializar produtos do município;
Buscar ampliar mercados;
Vigilância Sanitária
Fazer vistorias visando zelar pela saúde do trabalhador sob ponto de vista higiênico sanitário e industrial:
vistoriando a produção, o acondicionamento, manejo, beneficiamento, transporte, armazenamento dos
produtos alimentícios, entre eles o leite.
Fonte: Dados da pesquisa
79
4.1 Mapeamento das Fontes de Informações do Estado
O referencial teórico apresentado na seção 3 permite antever a natureza dos
fatos e as limitações existentes no estudo das cadeias produtivas, largamente
utilizado no estudo do agronegócio brasileiro. Porém, quando realizado a acareação
entre a fundamentação teórica proposta e análise dos resultados, constatou-se a
existência de contradições, em especial, contradições quanto aos objetivos que as
organizações se propõe a executar e, as ações efetivamente executadas (conforme
apresentado nos Quadros 3.5.1.1 e 4.2), bem como contradições quanto as fontes
de informações disponíveis no Estado e a disponibilidade das mesmas.
Identificada a necessidade, buscou-se nesse estudo demonstrar, de forma breve
e em linguagem simples, as principais fontes de informações do Estado, tendo como
base de dados as organizações da CSCPLMS.
Quanto ao levantamento de dados (gerais do Estado), verificou-se que a maior
parte dos membros não possuem, ou possuem dados parciais da cadeia produtiva
do leite no Estado, conforme proposto no quadro abaixo:
80
Quadro 4.3 – Geração de Dados por Organização da CSCPLMS
Organização
DADOS GERADOS
SEPROTUR
Não há geração de dados;
SDA/IDATERRA
Dados parciais de todo o Estado (voltados a produção familiar), como por exemplo, Planilhas de
controle das ações de capacitação, orientação através de palestras e dias de campo e apoio técnico
(por técnicos especializados), e planilhas de gerenciamento das propriedades rurais;
IAGRO
Controle fiscal do controle de qualidade das indústrias sob o regime de inspeção estadual (SIE), por
meio da coleta e análise de amostras; controle fiscal da pecuária leiteria, por meio da legislação
vigente;
SFA
Relatórios de supervisão, auditorias nas indústrias de laticínios sob o regime de inspeção federal (SIF),
lista de verificação de produtos lácteos nas indústrias, através de análise realizadas periodicamente,
entre outros indicadores;
FAMASUL
Não há geração de dados;
ASPROLER
Não há geração de dados de forma independente. Os dados gerados são em parcerias com
UCDB/UNIDERP;
OCB/MS
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado;
FIEMS
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado;
Continua...
81
ASSOMASUL
Não há geração de dados específicos para o leite. Os dados que a organização contribui para geração
estão sob a posse do SDA/IDATERRA;
AMAS
Dados gerados através do oferecimento de cursos de aperfeiçoamento aos funcionários do varejo, em
especial cursos de manipulação de produtos lácteos, com certificado ABRAS/MEC;
UCDB
Dados de projetos de extensão realizados na região de Rochedo e Jaraguari, referentes a sanidade do
rebanho, nutrição animal, análise de solos, etc, disponíveis em meio digital junto as pró-reitorias, desde
de 2001;
SEBRAE/MS
Dados resultantes de ações decorrentes de projetos voltados para o leite no Estado, em parceria com
outras organizações, possibilitando uma avaliação parcial do leite no Estado;
Banco do Brasil S/A
Geração de dados internos, não permitindo uma avaliação quantitativa da atuação da organização na
cadeia produtiva do leite no Estado;
SERC
Dados do volume de arrecadação no Estado, podendo ser feito um levantamento por cadeia produtiva
(registradas no SINTEGRA, porém não específico para o leite).
Assembléia Legislativa de MS
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado;
UFMS
O banco de dados disponível não contempla informações específicas para o leite;
Pode ser feito o levantamento parcial por meio de relatórios de estágios supervisionados para
bovinocultura de leite da universidade, por meio do laboratório de reprodução, bem como pelo total de
publicações e pesquisas científicas que envolvem o leite no Estado;
SUCT
Dados gerados através do programa de desenvolvimento científico e tecnológico para o leite no
Estado;
Continua...
82
SILEMS
Arquivos materiais sobre algumas conquistas do setor, mas não contempla gerações de dados
específicas para o leite no Estado;
ACRISSUL
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado;
ASBRAM
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado (cada empresa possui dados particulares
de controle interno);
FETAGRI
Geração de dados disponíveis no IDATERRA e FETAGRI, especialmente quanto ao percentual de
trabalhadores qualificados no Estado, o total de famílias assentadas, entre outros dados;
Associação dos Vendedores de Leite
Caipira
Não há geração de dados, somente arquivos materiais sobre as principais decisões que ocorreram na
associação (a partir de 2003);
UEMS
Dados gerados através de projetos de extensão na região de Aquidauana e Anastácio, resultando em
artigos científicos, relatórios de pesquisa, possibilitando referencias pontuais do leite no Estado;
UNIDERP
Todas os resultados das ações realizadas pelas organizações são registradas nas respectivas pró-
reitorias, mas, não há um banco de dados específicos para o Estado;
COOPERAV
Não há geração de dados específicos para o leite no Estado;
Vigilância Sanitária
Geração de dados registrados em banco de dados, dados referentes ao serviço de vistoria da
vigilância sanitária em todo o Estado.
Fonte: Dados da pesquisa
83
A maior dificuldade encontrada segundo os entrevistados, ainda é no setor
produtivo, em especial quanto ao cadastramento dos produtores em todo o Estado,
pois a produção é pulverizada e pouca especializada (organizada) acarretando
dificuldade de se mapear a produção.
Apesar das indústrias de laticínios obterem o cadastro do volume de produção
por produtor rural, podendo dessa forma, serem realizados diversos levantamentos
(por município, região, microrregião ou bacia leiteira) da produção do Estado, esta
ainda é uma preocupação, uma vez que, segundo os agentes entrevistados, não há
um cadastro que se possa quantificar a produção leiteira da região. Dessa forma, os
dados da produção geral do Estado (volume de produção) são baseados no banco
de dados do IBGE. Quase que a totalidade dos membros possuem uma análise
pontual da produção (em algum município ou região) do Estado.
Sobressaem como fonte de dados da produção leiteira do Estado o
SDA/IDATERRA possuindo dados referentes à produção familiar (sendo pequeno,
médio ou grande produtor) desde que enquadrado como produção familiar, o
SEBRAE/MS com atuação em grande parte dos municípios do Estado, o Banco do
Brasil S.A através do oferecimento de linhas de créditos aos produtores (via
cadastramento dos produtores nas linhas do FCO, PRONAF, PRODEAGRO), e as
organizações de ensino (UCDB/UNIDERP/UEMS) com dados pontuais de alguns
dos municípios.
Na indústria sobressaem o IAGRO (empresas sob o Serviço de Inspeção
Estadual, através do controle fiscal de qualidade), o SFA (empresas sob o Serviço
de Inspeção Federal através do SIGSIF) e a SERC (através do controle da
arrecadação) via SINTEGRA, (permitindo quantificar o volume arrecadado com
84
exceção dos agentes que não emitem nota fiscal - a maior parte dos produtores de
leite do Estado).
No transporte e na distribuição não há fonte de dados que possam ser citados
no Estado.
Na comercialização destacam-se a SERC através do controle fiscal dos
estabelecimentos de varejo no Estado (via SINTEGRA), a Vigilância Sanitária,
através de relatórios de inspeção nos pontos de venda, e a AMAS com o cadastro
dos empregados capacitados através dos cursos de manipulação de frios e laticínios
nos estabelecimentos de varejo do Estado.
Contudo, é importante destacar o papel da SUCT e da FETAGRI,
disponibilizando dados quanto aos programas tecnológicos do Estado e da mão de
obra voltada para a pecuária leiteira, respectivamente. A maior parte dos órgãos
membros acima citados, não disponibilizam integralmente seus dados (tanto para a
câmara setorial do leite quanto para a população), pois muitas das vezes são dados
de controle interno ou dados sigilosos (de controle do Estado) sendo necessário
uma apreciação dos interesses para poderem ser disponibilizados.
Dessa maneira, podemos afirmar que:
50% gera algum dado sobre o leite para o Estado (produção/
indústria/comercialização);
Do total de organizações geradoras de dados:
61% possui algum tipo de informação sobre o perfil do produtor/da
indústria/comercialização;
Apenas 23% possui método quanto a definição de perfil (do produtor ou da
indústria);
85
Aproximadamente 30% possuem algum tipo de dado sobre volume de
produção;
23% possui algum tipo de dado sobre periodicidade na produção;
Aproximadamente 15% possui dados sobre infra-estrutura das
propriedades, bem como sobre a necessidade de financiamento na cadeia
produtiva do leite;
Desse total, aproximadamente 70% dos órgãos disponibilizam algum tipo
de dado, sendo disponíveis conforme apresentado na figura abaixo:
Figura 4.1.1: Disponibilidade de Dados Gerados pelas Organizações
Fonte: Dados da pesquisa
Das organizações fontes geradoras de dados sobre o leite no Estado,
aproximadamente 73% são fontes disponíveis a CSCPLMS e, 46% dos membros
são fontes de dados disponíveis a população.
Do total de dados obtidos, 62% são digitalizados pelos órgãos, facilitando o
acesso e a organização dos dados. Da mesma forma, 42% dos membros geram
algum tipo de dados para toda a cadeia produtiva do leite, seja através de
Disponibilidade de Dados Gerados
4%
8%
19%
4%
38%
27%
Região
Micro-Região
Estado
Bacia Leiteira
Município
Não disponibilizam
86
programas, projetos, ações eventuais ou cotidianas, que de uma forma ou de outra
geram algum benefício a cadeia produtiva, sendo disponível em maior parte por
meio digital (e/ou papel).
Desse mecanismo adotado, 46% dos membros geram algum tipo de resultados,
sendo 62% disponíveis a população .
4.2 Resultados Alcançados Quanto ao Papel de Coordenação Proposto
pela CSCPLMS
O papel fundamental para qualquer Câmara Setorial é o de ser agente
coordenador de uma cadeia produtiva. Para isso, foram levantadas quatro
características primordiais que caracterizam uma entidade ser ou não coordenadora:
equilíbrio (consiste em proporcionar ações de forma a prover o suficiente de alguma
coisa para contrabalançar outra), sincronia (significa fazer com que as diferentes
atividades executadas segundo seus cronogramas próprios, sejam realizadas no
tempo devido), integração (significa centrar os interesses diversos dos agentes num
objetivo comum) e supervisão (o instrumento mais simples e formal de
coordenação).
Quando interrogados por essas competências, os membros tiveram o seguinte
comportamento: 58% afirmam que há equilíbrio na CSCPLMS; 58% afirmam que a
CSCPLMS possui sincronia em suas ações; 65% afirmam que há integração entre
os membros e conseqüentemente entre as ações da CSCPLMS e, 50% afirmam que
a CSCPLMS desenvolve a função de supervisora da cadeia produtiva do leite no
Estado.
87
Diante desse aparato, verificou-se que apenas 38% dos membros atribuem a
CSCPLMS como coordenadora da cadeia láctea do Estado.
A Tabela 4.2 apresenta o percentual dos entrevistados por elo da cadeia
produtiva, sendo possível uma melhor visualização do grau de importância atribuída
a CSCPLMS como coordenadora, por meio de atuação das organizações
entrevistadas.
Tabela 4.2 – Percentual dos Entrevistados por Elo de Atuação que reconhecem a
CSCPLMS como Coordenadora da Cadeia Produtiva do leite:
ELO DA CADEIA PRODUTIVA PERCENTUAL
INSUMOS 25%
PRODUÇÃO 33%
TRANSPORTE 33%
INDÚSTRIA 43%
DISTRIBUIÇÃO 50%
COMERCIALIZAÇÃO 40%
Fonte: Dados da pesquisa
Quando realizada associação das variáveis mencionadas nas entrevistas,
observamos que, do total dos entrevistados que apontam a CSCPLMS de ser
coordenadora da cadeia produtiva do leite, aproximadamente 66% afirmam que há
equilíbrio e sincronia nas ações propostas pela CSCPLMS, 62% afirmam ter
integração entre as organizações e consequentemente entre as ações e, 69%
afirmam ter supervisão nas ações propostas pela CSCPLMS.
88
Quanto a forma de execução das ações, foi verificado que aproximadamente
70% dos membros executam as ações em grupos, de acordo com as caraterísticas
de cada órgão e da afinidade entre os mesmos. Quanto a avaliação desse
mecanismo adotado, 54% dos órgãos argumentam ter uma eficácia.
Em relação as ações de padronização de processos e capacitação de recursos
humanos desenvolvidas pela CSCPLMS, 65% dos órgãos afirmam que a
CSCPLMS está envolvida em algum processo, seja de padronização do processo
produtivo ou na capacitação e qualificação de recursos humanos, em geral, ações
delegadas aos membros por meio de projetos, programas e atividades direcionadas
a orientação e apoio técnico, voltadas para a divulgação, conscientização e
implantação da IN 51.
Em relação aos meios de comunicação utilizados pela CSCPLMS, os mais
utilizados são: e-mail; telefonemas; fax e contato direto; e documentos escritos,
correspondendo a 77%, 65%, 46% e 15%, respectivamente.
O processo de tomada de decisão ocorre de maneira democrática, sendo que
cerca de 80% dos membros afirmam que as decisões ocorrem via votação
consensual (assembléia). O mesmo percentual é apontado quando interrogados
quanto a transparência no processo de tomada de decisão, o que demonstra ser um
processo imparcial e não tendencioso. Quando realizada a associação entre as
variáveis “tomada de decisão” e “avaliação positiva da CSCPLMS”, os resultados se
repetem.
Por fim, quanto a avaliação da CSCPLMS quanto a sua forma de atuação,
aproximadamente 73% dizem ter boa atuação, apesar de alguns ajustes serem
necessários, enquanto 23% possuem avaliação negativa da CSCPLMS.
89
5 PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES
Este estudo partiu da necessidade de se conhecer qual o papel das
organizações representadas na Câmara Setorial do Leite em Mato Grosso do Sul
para a garantia da qualidade do leite. O estudo constatou que a grande maioria das
indústrias de laticínios do Estado afirmam que a matéria-prima processada é oriunda
de pequenos produtores. Contudo, não há por parte das organizações ações
efetivas voltadas aos pequenos produtores, bem como ações desenvolvidas pelas
indústrias, visando assegurar a qualidade da matéria prima. O que se faz, é uma
inspeção da matéria prima final, ora através de exames laboratoriais na plataforma,
naquelas indústrias com sistema de inspeção federal, ora nas organizações com
caráter institucional de fiscalização para aquelas com sistema de inspeção estadual.
Em geral, tanto as indústrias, quanto as organizações justificam essa lacuna através
do alto custo em desenvolver ações desse caráter. O custo implícito nessas relações
pode inviabilizar o produtor e toda a cadeia de se modernizar, conferindo ao Estado
um atraso relativo na sua estrutura produtiva.
Neste contexto é importante ressaltar a baixa atuação e representação das
organizações no que se refere ao transporte, distribuição e comercialização, o que
pode não estar contribuindo para a melhoria na qualidade do produto final, podendo
vir a constituir, a médio e a longo prazos, em prováveis lacunas na garantia da
qualidade do leite no Estado.
Quando enfocamos as organizações, as quais operacionalizam as instituições
vigentes, verificamos que as ações desenvolvidas, em especial aos produtores e as
indústrias, são ações genéricas, limitando-se a cumprir o que o ambiente
institucional solicita. Dessa forma, quando tratamos de mudança institucional,
verificamos que as organizações não desenvolvem ações de maneira a proporcionar
90
essa mudança, se limitando somente a manter o que é exigido, lembrando que,
para que ocorra essa mudança, os agentes da cadeia produtiva, de modo geral,
devem se mobilizar e exigirem das organizações novas instituições, de modo a
contemplar a necessidade identificada.
Quando relatamos a questão institucional, esta se restringe a legislações,
Instrução Normativa n
° 51, BPF, APPCC, necessárias para auferir registros nos
serviços de inspeção (federal e estadual).
De modo geral, foi verificado que não existem políticas para o desenvolvimento
do pequeno produtor, como por exemplo, não há linhas de créditos específicas para
o leite (com exceção do PRODEAGRO, FCO, PRONAF, que são linhas de crédito
para os produtores de modo geral, grandes, médios ou pequenos), não há
assistência técnica continua e extensiva de maneira a contemplar as necessidades
de todos os produtores do Estado. Quando selecionamos algumas organizações
com determinadas diretrizes, como por exemplo as organizações de ensino superior,
verificamos que formalmente são atribuídas a elas o dever de desenvolver ações de
ensino, pesquisa e extensão. Porém, essas organizações não desenvolvem essas
ações voltadas especificamente para o leite no Estado, ou quando exercem, de
forma pontual, não se verifica a existência de registros nas organizações, de modo a
permitir um levantamento quantitativo da questão do leite no Estado.
O mesmo se estende a determinadas organizações, em especial organizações
encarregadas de defender interesses dos agentes que representam, que não
exercem ou exercem de maneira inadequada ações sobre a cadeia produtiva do
leite, gerando com isso resultados incompletos, sem relevância para o setor.
Contudo é importante ressaltar, que o produtor pode estar, de maneira não
intencional, sendo prejudicado pela ausência de instituições que possam garantir
91
uma melhor qualidade do leite produzido, devido a ausência de relações contratuais
formais entre o produtor e a indústria, que garantiriam um planejamento a médio e
longo prazo, ou uma assistência técnica exaustiva e abrangente que gerasse um
leite de qualidade superior. A Instrução Normativa n
° 51 tem um caráter institucional
na cadeia produtiva do leite, porém a dificuldade observada na sua implementação
caracterizada pelos diversos adiamentos na sua efetiva execução, revelam a
fragilidade nas relações desta cadeia. A instituição “pagamento diferenciado por
volume” largamente utilizada no país e no Estado, em particular, gera dificuldades
crescentes na garantia da qualidade do leite em nosso Estado, pois aumenta a
lacuna entre o pequeno produtor (maioria no estado) e o médio/grande produtor, em
detrimento do primeiro.
A grande maioria dos entrevistados relataram atuar orientando na cadeia
produtiva, de forma genérica, não gerando regras novas para o setor, simplesmente
mantendo as vigentes na cadeia produtiva. Este tipo de procedimento, pode gerar, a
longo prazo, um atraso no desenvolvimento do setor, pois a abordagem genérica,
sem uma atividade operacional específica, como por exemplo, assistência técnica
extensiva e abrangente, não tem a mesma eficácia.
Os agentes da cadeia produtiva designados a representar essas organizações
desenvolvem suas ações de maneira embrionária, ou seja, não assumem a
representatividade da CSCPLMS, desenvolvendo ações genéricas e delegando a
outrem o dever de desenvolver ações mais específicas dentro da câmara, não
estando claro a todos os agentes o papel proposto pela câmara. Entretanto, a
CSCPLMS é a entidade encarregada de desenvolver mudanças institucionais, uma
vez que sua constituição pressupõe ser um espaço de discussão, em prol do
desenvolvimento do setor, dada a operacionalização proposta pelas organizações.
92
Os entrelaçamentos propostos na discussão dos resultados revelam que a
grande maioria das organizações não geram dados para o setor leiteiro no Estado,
ou geram de forma pontual e relativa, não havendo contribuição substancial para o
setor no Estado. Esta falta de dados impossibilita uma avaliação independente da
cadeia e da relação entre os vários elos que a compõem, bem como de dimensionar
custos para a realização das mudanças necessárias.
Neste estudo foi identificado a necessidade de se definir objetivos claros por
parte das organizações que constituem a CSCPLMS, com ações bem definidas
pelas organizações, bem como desenvolver propostas claras para a criação e o
desenvolvimento de novas instituições. Além disso, foi verificado que, quanto a
disponibilidade desses dados gerados, bem como a disponibilidade dos resultados
atribuídos a cada órgão não ocorrem de maneira a contemplar as necessidades do
Estado. Para isso, foi identificado a necessidade de se implantar um banco de
dados, próprio para o leite no Estado, comum a todas as organizações, de maneira a
compartilhar e a disponibilizar os dados entre as organizações, facilitando
desenvolvimento de suas ações, bem como permitir um melhor relacionamento entre
as mesmas, poupando esforços às vezes realizados de maneira desnecessária,
acarretando em duplicidade de ações com o mesmo propósito.
Dessa forma, verificamos que não há mapeamento de dados que revelam as
necessidades do produtor, bem como das relações existentes entre o elo indústria e
produção, dado que não se verifica por parte das indústrias informações pontuais
dos produtores, impossibilitando uma análise independente dos elos da cadeia
produtiva.
Além disso, verifica-se que as organizações não são fortes, a ponto de criar
novas instituições, se restringindo apenas em a atuar como mantenedora das
93
instituições vigentes. Isso ocorre dado que as organizações não possuem o pleno
conhecimento das necessidades da cadeia produtiva, o que pode ser explicado pela
estrutura da câmara estar ainda em formação, dado que a entidade ainda é muito
incipiente.
Apesar de a maior parte das organizações apresentarem uma avaliação positiva
da CSCPLMS, muitos ajustes ainda deverão ocorrer: uma melhor comunicação entre
as organizações; um preparo maior dos agentes designados a representar as
organizações perante a Câmara e as autoridades públicas; uma maior
representatividade de determinados elos de forma a preservar os interesses desses,
bem como o desenvolvimento de ações conjuntas associadas aos objetivos
propostos pelas organizações e a realidade que o Estado atravessa.
Quanto a coordenação, podemos considerar que em alguns elos a CSCPLMS
desenvolve seu papel de forma adequada, por apresentarem, entre outros fatores,
maior representatividade na cadeia, uma participação mais efetiva e agentes
comprometidos com a sua função na CSCPLMS.
Essas considerações mostram que ainda existem muitos desafios a serem supridos
pela entidade, visando a sustentabilidade e o desenvolvimento da cadeia produtiva
do leite no Estado.
Por fim, é interessante ressaltar que os resultados do estudo apontam que,
efetivamente, não existem ações específicas quanto a garantia da qualidade do leite
para a maioria das organizações da CSCPLMS, mas sim ações genéricas
envolvendo entre outros objetivos a qualidade do leite produzido no Estado.
94
6 REFERÊNCIAS
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Economia e Gestão
dos Negócios Agroalimentares.
São Paulo: Pioneira, 2000.
98
ANEXO A: Modelo do Questionário utilizado na Coleta de Dados
IDENTIFICAÇÃO
Cidade:
Nome do Entrevistador: Data: / / /
Horário de início: : hs Horário de término: : hs
Órgão Entrevistado:
Nome do Representante:
Função que exerce no órgão:
H
ISTÓRICO DO ÓRGÃO
Ano de Fundação:
Decreto/Ata:
Motivo da Criação do órgão:
Qual o objetivo do órgão?
Que ações são desenvolvidas pelo órgão?
1. Que ações são desenvolvidas pelo órgão atribuídas diretamente à cadeia
produtiva do leite em Mato Grosso do Sul?
(Quais/quantas/como/acompanhamento)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
2. Em quais dos elos abaixo o órgão atua? Como?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
3. Dentro dos elos que o órgão atua, quais são os fatores fundamentais para
garantir a qualidade do leite? (Por exemplo: O que garante um leite de
qualidade superior quando o leite é entregue a indústria
? O que garante a
manutenção da qualidade do leite recebido do produtor, até entregá-lo a
indústria
? O que garante a manutenção da qualidade do leite durante o seu
processamento na indústria
? O que garante a manutenção da qualidade do
leite durante o processo de distribuição nos diferentes pontos de venda
? O que
garante a manutenção da qualidade do leite ao longo da comercialização?)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
99
4. Quais são os indicadores da atuação do órgão na cadeia produtiva do leite?
(Quantificar).
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
5. Dentro de quais diretrizes o órgão exerce suas ações:
( )Fiscalização ( )Orientação ( )Apoio Técnico
( )Fomento ao crédito ( )Fomento a pesquisa ( ) Outros
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
6. Qual a abrangência de cada ação? (Espacial)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
7. Qual a intensidade de cada ação? (Periodicidade da Ação)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
8. Como atua o órgão para garantir a qualidade do leite em Mato Grosso do Sul?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
9. Qual a ação fundamental do órgão para a garantia de qualidade do leite em
Mato Grosso do Sul?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
10. Que tipos de dados (resultados/relatórios) são gerados pelo órgão? Qual e
como são esses dados? Tais dados possibilitam uma avaliação quantitativa da
questão do leite em Mato Grosso do Sul? Existem registros desses dados?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
11. As ações que o órgão executa possuem registros? Que tipos de registros são
esses?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
100
12. Qual o resultado final obtido através do mecanismo adotado pelo órgão? O
mesmo é disponível
?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
Câmara Setorial do Leite: A ação da Câmara Setorial do Leite em MS
I. Coordenação:
13. Do ponto de vista formal, a coordenação é definida como “equilibrar,
sincronizar e integrar as ações das pessoas e as atividades das unidades
organizacionais”. Equilibrar consiste em proporcionar o suficiente de alguma
coisa para contrabalançar outra, isto é equilibrar a intensidade (quantidade).
Sincronizar significa fazer com que as diferentes atividades, executadas
segundo seus cronogramas próprios, sejam realizadas no tempo devido
(proporciona o avanço conjunto de forma uniforme). Integrar consiste em
unificar interesses diversos das pessoas e unidades num objetivo comum,
fazendo com que os esforços individuais caminhem na mesma direção.
(unificar metas). Que ações você atribui a Câmara Setorial do leite em Mato
Grosso do Sul (CSCPLMS) que visa o equilíbrio, a sincronia e a integração?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
II. Mecanismos de Coordenação:
14. A supervisão é o instrumento mais simples e formal de coordenação.
Coordenar os esforços é fundamental dentro de qualquer órgão, bem com as
relações entre os órgãos. A CSCPLMS desempenha esse papel de forma
adequada?
( ) SIM ( ) NÃO
Como?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
15. Como são definidas as responsabilidades na CSCPLMS? Esse mecanismo
produz resultados eficazes?
( ) SIM ( ) NÃO
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
16. A padronização é recomendável numa cadeia produtiva agroindustrial. A
CSCPLMS tem contribuído para padronização no processo? (insumos,
produção, indústria, transporte, distribuição e comercialização).
( ) SIM ( ) NÃO
101
Como?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
17. Para obter os padrões acima requeridos é necessário capacitar os recursos
humanos envolvidos no processo. A CSCPLMS tem auxiliado na qualificação
de mão de obra envolvida na cadeia produtiva do leite?
( ) SIM ( ) NÃO
Como?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
III. Comunicação:
18. Quais os meios de comunicação utilizados na CSCPLMS? (telefone, e-mail,
memorandos, contato direto (reuniões /audiências) documentos escritos).
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
____________________________________________________________
19. Como ocorre o processo de tomada de decisão na CSCPLMS? (assembléia,
votação,
ad referendum).
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
20. Como membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do leite em Mato
Grosso do Sul, qual sua avaliação sobre o papel de coordenação desenvolvido
pela Câmara?
( )Péssimo ( )Ruim ( )Bom ( )Muito Bom ( )Ótimo
Por quê?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
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