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JESSÉ BOQUETT LAGOS
ESTUDO COMPARATIVO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS FOLHAS E CASCAS
DA Trichilia catigua A. JUSS., MELIACEAE
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Farmacêuticas, Setor de Ciências da
Saúde, Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Obdúlio Gomes Miguel
CURITIBA
2006
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ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Paraná.
Ao Professor Dr. Obdúlio Gomes Miguel pela paciência, confiança e
ensinamentos dedicados muitas vezes à distância.
Ao Laboratório Catarinense, em especial ao Carlos Eduardo de Carvalho e a
Andréa Birckholz Lobo, por tornarem possível a realização deste estudo, e a todos
os demais amigos desta.
Ao João Luiz de Souza Carvalho pela amizade e treinamento desde o início
da minha carreira profissional.
À Professora Dra. Márcia do Rocio Duarte pelos ensinamentos e
disponibilidade para a realização do estudo anatômico da droga vegetal.
Aos demais Professores do Curso de Pós Graduação.
Aos meus pais e irmãs pelo constante amor e suporte incomensuráveis.
À Carolina pelo amor, companhia e ajuda durante todos esses anos.
Aos colegas do Curso de Pós Graduação.
À Janice Valmórbida pela ajuda na coleta do material vegetal.
Ao Nilson, do Departamento de Botânica pela ajuda na confecção das
lâminas permanentes.
À Regina, secretária do Curso de Pós Graduação pela ajuda constante.
À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho.
À Deus por nos proporcionar o convívio com esta natureza maravilhosa.
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iii
RESUMO
A Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae é uma espécie arbórea nativa do Brasil
comumente conhecida como catuaba. Suas cascas são utilizadas na medicina
popular como tônico físico e mental e como estimulante sexual. Apesar da sua
crescente utilização pelas indústrias farmacêuticas e de alimentos existem poucas
publicações sobre a composição química das suas cascas e nenhuma sobre suas
folhas. Tendo em vista a falta de estudos que determinem parâmetros para o
controle da qualidade dessa espécie, foram realizados estudos botânicos e químicos
das cascas e folhas da planta através de cnicas cromatográficas. Os estudos
botânicos realizados possibilitaram a caracterização anatômica das cascas e folhas
da espécie Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae. Foi identificada a presença dos
compostos fenólicos ácido clorogênico, catequina e epi-catequina nas cascas e
folhas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Foi identificada a presença
dos esteróides beta sitosterol e estigmasterol nas cascas e folhas por cromatografia
gasosa (CG). Os métodos cromatográficos para a quantificação de ácido clorogênico
por CLAE e beta sitosterol por CG foram validados. Foram estudados os métodos
extrativos de maceração, sonicação, turbólise, refluxo e soxhlet com etanol 50 % e
96 %. Dentre estes, a turbólise com etanol 50 % foi mais eficiente para a extração de
ácido clorogênico e a extração por soxhlet com etanol 50 % foi mais eficiente para a
extração de beta sitosterol. O ácido clorogênico está presente em maior
concentração nas cascas (2046 µg/g) do que nas folhas (1702 µg/g). o beta
sitosterol está presente em maior quantidade nas folhas (777 µg/g) do que nas
cascas (396 µg/g). As metodologias analíticas desenvolvidas neste estudo
demonstraram eficiência, segurança e reprodutibilidade, caracterizando-se como
propostas viáveis para rotinas de controle da qualidade da espécie.
PALAVRAS CHAVE: Trichilia catigua, catuaba, ácido clorogênico, beta sitosterol,
fitoquímica.
iv
ABSTRACT
Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae is a native tree widely distributed in Brazil
commonly known as "catuaba". Its bark has been used in popular medicine as
physical and mental tonic and as a sexual stimulant. Despite of its increasing use by
the pharmaceutical and food industries there is a lack of publications concerning the
chemical composition of its bark and none about the leaves. Because of the lack of
studies that determine parameters for the quality control of this species, the
phytochemical constitution of the bark and leaves of the plant was investigated
through chromatographic techniques. The accomplished botanical studies made
possible the anatomical characterization of the bark and leaves of the species. It was
identified by HPLC the presence of chlorogenic acid, catechin and epi-catechin in the
bark and leaves. It was identified by GC the presence of the steroids beta sitosterol
and stigmasterol in the bark and leaves. The chromatografic methods for the
quantification of chlorogenic acid by HPLC and beta sitosterol by GC were validated.
The extractive methods of maceration, sonication, turbolisys, reflux and soxhlet with
50% and 96% ethanol were evaluated. Among these, the turbolisys with 50% ethanol
was more efficient for the extraction of chlorogenic acid and the soxhlet extraction
with 50% ethanol was more efficient for the extraction of beta sitosterol. The
chlorogenic acid is present in larger concentration in the bark (2046 µg/g) that in the
leaves (1702 µg/g). The beta sitosterol is present in larger amount in the leaves (777
µg/g) that in the peels (396 µg/g). The analytical methodologies developed in this
study demonstrated efficiency, safety and reproducibility, being characterized as
viable proposals for routines for the quality control of the species.
KEY WORDS: Trichilia catigua, catuaba, chlorogenic acid, beta sitosterol,
phytochemistry.
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................
1
2 OBJETIVOS...................................................................................................
3
2.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................
3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................
3
3 REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................
4
3.1 ASPECTOS BOTÂNICOS...........................................................................
4
3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA......................................................................... 7
3.3 ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS............................................................
10
4 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 12
4.1 ANÁLISES DA DROGA...............................................................................
12
4.1.1 Coleta e Identificação...............................................................................
12
4.1.2 Secagem e Moagem................................................................................
12
4.1.3 Determinação Granulométrica..................................................................
13
4.1.4 Ensaios de Pureza...................................................................................
13
4.1.4.1 Cinzas totais..........................................................................................
13
4.1.4.2 Cinzas insolúveis em HCl......................................................................
14
4.1.4.2 Perda por dessecação...........................................................................
15
4.1.5 Determinação do Perfil Fitoquímico Preliminar........................................
15
4.1.5.1 Preparo dos extratos para o perfil fitoquímico preliminar......................
15
4.1.5.1.1 Ensaios com o extrato aquoso...........................................................
16
4.1.5.1.2 Ensaios com o extrato hidroalcoólico.................................................
17
4.1.6 Estudo Anatômico....................................................................................
18
4.2 ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS.............................................................
19
4.2.1 Preparo dos Extratos Brutos....................................................................
19
4.2.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.................................................
19
4.2.3 Cromatografia Gasosa.............................................................................
22
4.2.4 Cromatografia em Camada Delgada........................................................
24
4.2.5 Validação analítica...................................................................................
25
4.2.5.1 Validação analítica do doseamento do ácido clorogênico por CLAE....
25
4.2.5.1.1 Linearidade.........................................................................................
25
4.2.5.1.2 Exatidão..............................................................................................
26
4.2.5.1.3 Especificidade................................................................................... 27
vi
4.2.5.1.4 Precisão por repetibilidade.................................................................
28
4.2.5.1.5 Precisão intermediária........................................................................
28
4.2.5.1.5 Robustez............................................................................................
28
4.2.5.1.6 Intervalo..............................................................................................
29
4.2.5.2 Validação analítica do doseamento do beta sitosterol por CG..............
29
4.2.5.2.1 Linearidade.........................................................................................
29
4.2.5.2.2 Exatidão..............................................................................................
30
4.2.5.2.3 Especificidade....................................................................................
31
4.2.5.2.4 Precisão por repetibilidade.................................................................
32
4.2.5.2.5 Precisão intermediária........................................................................
32
4.2.5.2.5 Robustez............................................................................................
32
4.2.5.2.6 Intervalo..............................................................................................
33
4.3 ANÁLISES DE EFICIÊNCIA EXTRATIVA...................................................
33
4.3.1 Extração por Maceração..........................................................................
33
4.3.2 Extração por Sonicação...........................................................................
34
4.3.3 Extração por Turbólise.............................................................................
35
4.3.4 Extração por Refluxo................................................................................
36
4.3.5 Extração por Soxhlet................................................................................
37
4.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS........................................................................
38
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................
38
5.1 ANÁLISES DA DROGA...............................................................................
38
5.1.1 Ensaios de Pureza...................................................................................
38
5.1.2 Perfil Fitoquímico Preliminar.....................................................................
40
5.1.3 Anatomia Botânica...................................................................................
41
5.1.3.1 Folhas....................................................................................................
41
5.1.3.2 Cascas...................................................................................................
42
5.2 ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS.............................................................
46
5.2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.................................................
47
5.2.2 Cromatografia Gasosa.............................................................................
63
5.2.3 Cromatografia em Camada Delgada........................................................
70
5.2.4 Validação dos Métodos Analíticos Quantitativos......................................
72
5.2.4.1 Validação do método de doseamento de ácido clorogênico por CLAE
73
5.2.4.1.1 Linearidade.........................................................................................
73
5.2.4.1.2 Exatidão..............................................................................................
74
vii
5.2.4.1.3 Especificidade....................................................................................
75
5.2.4.1.4 Precisão por repetibilidade.................................................................
80
5.2.4.1.5 Precisão intermediária........................................................................
81
5.2.4.1.6 Intervalo..............................................................................................
82
5.2.4.1.7 Robustez............................................................................................
82
5.2.4.2 Validação do método de doseamento de beta sitosterol por CG..........
84
5.2.4.2.1 Linearidade.........................................................................................
84
5.2.4.2.2 Exatidão..............................................................................................
85
5.2.4.2.3 Especificidade....................................................................................
86
5.2.4.2.4 Precisão por Repetibilidade................................................................
88
5.2.4.2.5 Precisão Intermediária........................................................................
89
5.2.4.2.6 Intervalo..............................................................................................
90
5.2.4.2.7 Robustez............................................................................................
90
5.3 ANÁLISES DE EFICIÊNCIA EXTRATIVA...................................................
91
5.3.1 Quantificação do ácido clorogênico..........................................................
91
5.3.2 Quantificação do beta sitosterol...............................................................
96
6 CONCLUSÕES..............................................................................................
97
REFERÊNCIAS.................................................................................................
99
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 ASPECTOS DAS FOLHAS E CASCAS SECAS ANTES DA
MOAGEM...........................................................................................
13
FIGURA 2 PREPARO DOS EXTRATOS POR MACERAÇÃO............................
34
FIGURA 3 PREPARO DOS EXTRATOS POR SONICAÇÃO............................. 34
FIGURA 4 PREPARO DOS EXTRATOS POR TURBÓLISE...............................
35
FIGURA 5 PREPARO DOS EXTRATOS POR REFLUXO..................................
36
FIGURA 6 PREPARO DOS EXTRATOS POR SOXHLET..................................
37
FIGURA 7 VISTA FRONTAL DA FACE EPIDÉRMICA ABAXIAL ...................... 44
FIGURA 8 VISTA FRONTAL DA FACE EPIDÉRMICA ADAXIAL.......................
44
FIGURA 9 VISTA TRANSVERSAL DO MESOFILO DORSIVENTRAL...............
44
FIGURA 10 VISTA TRANSVERSAL DA NERVURA CENTRAL........................... 44
FIGURA 11 VISTA TRANSVERSAL DA CASCA.................................................. 45
FIGURA 12 VISTA TRANSVERSAL DA CASCA.................................................. 45
FIGURA 13 VISTA LONGITUDINAL DA CASCA..................................................
45
FIGURA 14 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DOS PADRÕES
DE FENÓLICOS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE................
49
FIGURA 15 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
GÁLICO..............................................................................................
50
FIGURA 16 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA
CATEQUINA.......................................................................................
50
FIGURA 17 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO.................................................................................
50
FIGURA 18 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CAFEICO............................................................................................
51
FIGURA 19 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI-
CATEQUINA.......................................................................................
51
FIGURA 20 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA
CUMARINA........................................................................................
51
FIGURA 21 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO P-
CUMÁRICO........................................................................................
52
FIGURA 22 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
FERULICO.........................................................................................
52
FIGURA 23 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA RUTINA...
52
FIGURA 24 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS CASCAS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE......
53
FIGURA 25 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE.......
54
ix
FIGURA 26 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
55
FIGURA 27 ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA CATEQUINA
APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO BRUTO DAS
CASCAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO
QUALITATIVO DA CLAE...................................................................
55
FIGURA 28 ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO
BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
56
FIGURA 29 ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI
CATEQUINA APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO
BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
56
FIGURA 30 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
57
FIGURA 31 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA
CATEQUINA APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
57
FIGURA 32 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
58
FIGURA 33 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI
CATEQUINA APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO
MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE...................................................
58
FIGURA 34 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE....
61
FIGURA 35 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE................................................
61
FIGURA 36 ESPECTROGRAMA E (A) CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE....
62
FIGURA 37 ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE................................................
62
FIGURA 38 CROMATOGRAMA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES E
TRITERPENOS DO MÉTODO QUALITATIVO DA CG......................
65
FIGURA 39 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS DO
MÉTODO QUALITATIVO DA CG.......................................................
66
FIGURA 40 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS DO
MÉTODO QUALITATIVO DA CG.......................................................
66
x
FIGURA 41 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS
ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA
CG......................................................................................................
67
FIGURA 42 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS
ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA
CG......................................................................................................
67
FIGURA 43 CROMATOGRAMA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES E
TRITERPENOS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CG...................
69
FIGURA 44 CROMATOGRAMA EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG....................................................
69
FIGURA 45 CROMATOGRAMA EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG....................................................
69
FIGURA 46 PERFIL CROMATOGRÁFICO EM CCD PARA VISUALIZAÇÃO DE
COMPOSTOS FENÓLICOS..............................................................
71
FIGURA 47 PERFIL CROMATOGRÁFICO EM CCD PARA VISUALIZAÇÃO DE
ESTERÓIDES....................................................................................
72
FIGURA 48 CURVA DE LINEARIDADE DO ÁCIDO CLOROGÊNICO.................
73
FIGURA 49 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO PLACEBO
DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE.................
76
FIGURA 50 ESPECTROGRAMA E CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS
FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE..........................
76
FIGURA 51 ESPECTROGRAMA E CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO
DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE.................
77
FIGURA 52 ANÁLISE DE PUREZA (A) E ESPECTRO DE UV (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO DO CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO
DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE.................
77
FIGURA 53 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO
BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
78
FIGURA 54 ANÁLISE DE PUREZA (A) E ESPECTRO DE UV (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO DO CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO
DAS FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE..................
78
FIGURA 55 ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO PADRÃO
DE ÁCIDO CLOROGÊNICO NO MÉTODO QUANTITATIVO DA
CLAE..................................................................................................
79
FIGURA 56 ANÁLISE DE PUREZA E ESPECTRO UV DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO DO PADRÃO DE ÁCIDO CLOROGÊNICO NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE ...............................................
79
FIGURA 57 CURVA DE LINEARIDADE DO BETA SITOSTEROL....................... 84
FIGURA 58 CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS CASCAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG.....................................................................
86
FIGURA 59 CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS FOLHAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG.....................................................................
86
xi
FIGURA 60 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG....................................................
87
FIGURA 61 CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG....................................................
87
FIGURA 62 CROMATOGRAMA DO PADRÃO DE BETA SITOSTEROL NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG....................................................
87
FIGURA 63 TEORES DE ÁCIDO CLOROGÊNICO DOS MÉTODOS
EXTRATIVOS REALIZADOS.............................................................
93
FIGURA 64 TEORES DE BETA SITOSTEROL DOS MÉTODOS EXTRATIVOS
REALIZADOS.....................................................................................
95
xii
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 PROGRAMAÇÃO DA MUFLA PARA A ANÁLISE DE CINZAS.........
14
TABELA 2 GRADIENTE DE ELUIÇÃO DAS FASES MÓVEIS DO MÉTODO
QUALITATIVO DA CLAE...................................................................
20
TABELA 3 GRADIENTE DE ELUIÇÃO DAS FASES MÓVEIS DO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CLAE.................................................................
21
TABELA 4 DADOS PARA O PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO............
26
TABELA 5 PREPARO DAS AMOSTRAS DE PLACEBO FORTALECIDO
PARA O TESTE DE EXATIDÃO........................................................
27
TABELA 6 DADOS PARA O PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO............
30
TABELA 7 PREPARO DAS AMOSTRAS FORTALECIDAS PARA O TESTE
DE EXATIDÃO...................................................................................
31
TABELA 8 TEOR DE CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM HCl DAS CASCAS
DA CATUABA....................................................................................
38
TABELA 9 TEOR DE CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM HCl DAS FOLHAS
DA CATUABA.....................................................................................
39
TABELA 10 PERDA POR DESSECAÇÃO DO MATERIAL VEGETAL SECO......
39
TABELA 11 RESULTADO DO PERFIL FITOQUÍMICO PARA OS EXTRATOS
AQUOSOS DAS DROGAS................................................................
40
TABELA 12 RESULTADO DO PERFIL FITOQUÍMICO PARA O EXTRATO
HIDROALCOÓLICO DAS DROGAS..................................................
40
TABELA 13 RETENÇÃO RELATIVA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES E
TRITERPENOS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CG......................
65
TABELA 14 RESULTADO DO TESTE DE EXATIDÃO PARA O ÁCIDO
CLOROGÊNICO.................................................................................
74
TABELA 15 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO POR
REPETIBILIDADE DO ÁCIDO CLOROGÊNICO...............................
80
TABELA 16 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE PRECISÃO POR REPETIBILIDADE DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO.................................................................................
80
TABELA 17 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA
DO ÁCIDO CLOROGÊNICO..............................................................
81
TABELA 18 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA DO ÁCIDO CLOROGÊNICO.......
82
TABELA 19 RESULTADO DAS ANÁLISES DE ROBUSTEZ DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO.................................................................................
83
TABELA 20 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE ROBUSTEZ DO ÁCIDO CLOROGÊNICO...................................
83
TABELA 21 RESULTADO DO TESTE DE EXATIDÃO PARA O BETA
SITOSTEROL.....................................................................................
85
xiii
TABELA 22 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO POR
REPETIBILIDADE DO BETA SITOSTEROL......................................
88
TABELA 23 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE PRECISÃO POR REPETIBILIDADE DO BETA SITOSTEROL...
88
TABELA 24 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA
DO BETA SITOSTEROL....................................................................
89
TABELA 25 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA DO BETA SITOSTEROL.............
89
TABELA 26 RESULTADO DAS ANÁLISES DE ROBUSTEZ DO BETA
SITOSTEROL.....................................................................................
90
TABELA 27 AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES
DE ROBUSTEZ DO BETA SITOSTEROL.........................................
91
TABELA 28 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TEOR DE ÁCIDO CLOROGÊNICO
DOS MÉTODOS EXTRATIVOS REALIZADOS.................................
94
TABELA 29 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TEOR DE BETA SITOSTEROL DOS
MÉTODOS EXTRATIVOS REALIZADOS..........................................
96
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CCD Cromatografia em Camada Delgada
CG Cromatografia Gasosa
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CV Coeficiente de Variação
DAD Detector de Arranjo de Diodos
DIC Detector de Ionização de Chamas
DP Desvio Padrão da Média
EM Espectrômetro de Massas
EtOH Etanol
fig Figura
figs Figuras
g Grama
°C Grau Celsius
IC Intervalo de Confiança
kPa Kilo Pascal
µg Micrograma
µL Microlitro
m massa
M molar
min minuto
mm milímetro
nm Nanômetro
N Normal
p. Página
p Peso
pa Para Análise
pH Potencial de Hidrogênio
UV Ultravioleta
RE Resolução
Rf Mobilidade Relativa ao Fronte
RNM Ressonância Nuclear Magnética
rpm Rotações por minuto
r
2
Coeficiente de Correlação
xv
Vis Visível
v volume
1
1 INTRODUÇÃO
Cerca de 25 % dos fármacos disponíveis para a terapêutica atualmente são
derivados de produtos naturais, especialmente de plantas superiores. Apesar disso,
nas últimas décadas, devido principalmente ao avanço da química combinatória,
estudos em produtos naturais pela indústria farmacêutica experimentou um leve
declínio. Entretanto as atuais pesquisas nas companhias farmacêuticas
demonstraram que para doenças complexas, os produtos naturais ainda
representam uma fonte valiosa para a produção de novos compostos químicos,
que eles possuem estruturas privilegiadas selecionadas pelos mecanismos
evolucionários em um período de milhões de anos (CALIXTO, 2005).
A maior parte da biodiversidade mundial está presente nos países da
América Latina. O Brasil possui cerca de 20 % de todas as plantas e
microorganismos existentes no planeta. Em decorrência da exploração
descontrolada, uma grande parte desta biodiversidade está sendo reduzida ano a
ano (CALIXTO, 2005).
Dentre as várias espécies nativas, a Catuaba - Trichilia catigua A. Juss.,
Meliaceae é uma espécie bioativa muito requisitada como matéria-prima industrial e
de exportação. Não obstante, poucos estudos têm sido publicados sobre a espécie,
especialmente quando se tratam de marcadores químicos, em identidade e
concentração adequadas para rotinas de controle da qualidade. A utilização
tradicional desta espécie preconiza o uso das cascas da planta. Este fato pode levar
a espécie à extinção se não foram tomadas ações para o cultivo e manejo racional
das árvores.
O conhecimento da composição química da planta pode contribuir
positivamente no controle da qualidade de fitoterápicos, pois somente com estas
informações pode-se avaliar tecnicamente desde o início do processo, na
elaboração do extrato vegetal, até a obtenção do produto final. Deve ser priorizado o
desenvolvimento de análises rápidas, de baixo custo e alta especificidade para a
garantia de segurança e eficácia do medicamento.
A legislação vigente que trata do registro de medicamentos fitoterápicos a
2
Resolução - RDC 48 de 16 de março de 2004, entre várias exigências, determinou a
obrigatoriedade da análise de marcadores e/ou princípios ativos para o controle da
qualidade dos produtos e suas respectivas matérias primas vegetais. Essa resolução
privilegia as plantas importadas, tendo-se em vista a quantidade de estudos já
realizados nos países de primeiro mundo, em detrimento a enorme biodiversidade
da flora brasileira, onde ainda predomina a falta de estudos.
3
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Através de técnicas cromatográficas pretende-se investigar a constituição
química das cascas e folhas da Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae e comparar os
teores dos marcadores químicos identificados entre estas partes da planta.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar análises de controle da qualidade físico-químico das cascas e folhas da
planta;
Descrever a anatomia botânica das cascas e folhas da espécie;
Identificar e selecionar marcadores químicos comuns das cascas e folhas da
planta presentes em quantidade satisfatória para sua quantificação;
Desenvolver metodologias cromatográficas para quantificação dos marcadores
químicos das cascas e folhas da planta por cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE) e cromatografia gasosa (CG);
Validar os métodos cromatográficos quantitativos;
Realizar testes extrativos de maceração, turbólise, Soxhlet, ultra-som e refluxo
visando a maior obtenção dos marcadores químicos identificados.
4
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 ASPECTOS BOTÂNICOS
Rodolfo Albino Dias da Silva, elaborador da primeira edição da Farmacopéia
Brasileira, incluiu a monografia das raízes de uma Bignoniaceae, denominada
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. conhecida como catuaba, que era amplamente
comercializada na região Sul do Brasil, tornando desta forma tal espécie oficial, ou a
“catuaba verdadeira”. Com a utilização progressiva das raízes dessa espécie e pelo
fato de serem colhidas as partes subterrâneas, o que prejudica a reposição da
planta no seu habitat natural, bem como a falta de iniciativa de cultivo, o seu preço
de mercado aumentou gradativamente e o seu fornecimento começou a rarear.
Assim, houve uma substituição gradual da planta por várias “novas catuabas”,
envolvendo mais de dez espécies de diferentes famílias presentes na medicina
popular de várias regiões do país, dentre as quais destacaram-se as cascas de
Erythroxylum catuaba A. J. Silva, Erythroxylaceae (MARQUES, 1998). No entanto
confirmou-se que e espécie Erythroxylum catuaba não existe, apesar da tese de
doutoramento de A. J. da Silva, que em 1906 identificou botanicamente a espécie
fornecedora das cascas de uso popular como tal. Avaliações posteriores
demonstraram que a figura constante na tese como documento original apresenta as
características da família Meliaceae, levando a crer não se tratar de uma
Erythroxylaceae. Tal erro comum na botânica caracteriza o chamado “nomem
nudum”, isto é, um nome botânico errado que não corresponde à respectiva espécie
vegetal real. Mais tarde o material que é mais utilizado no mercado foi avaliado pela
taxonomista Doutora Inez Cordeiro, do Instituto Botânico de São Paulo, e
identificado como Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae (MARQUES, 1998).
A família Meliaceae é composta por 51 gêneros com aproximadamente 1400
espécies em grande parte pantropicais, sendo poucas as subtropicais e as de
regiões temperadas. Diversas espécies da família Meliaceae destacam-se por
5
apresentarem grande potencial de utilização, tanto no fornecimento de madeiras,
como de óleos essenciais (MOSQUETA, 1995).
Várias espécies da família Meliaceae têm merecido a atenção de
pesquisadores que buscam a identificação de diversos compostos químicos,
principalmente dos limonóides, geralmente relacionados direta e indiretamente a
uma aplicação econômica ou medicinal. Segundo CHAMPAGNE et al. (1992), os
limonóides são metabólicos secundários, triterpenos modificados, característicos da
ordem Rutales e a maioria das pesquisas realizadas para identificar sua ação, têm
sido motivadas pelo interesse de encontrar compostos que possam ser usados para
aplicações específicas na agricultura e na medicina. Segundo CORTEZ (1993), os
limonóides recebem especial atenção por serem considerados os principais
marcadores quimiossistemáticos da família Meliaceae.
A Trichilia catigua é popularmente conhecida como catuaba, catiguá,
cataguá, angelim-rosa, mangalto-catinga (KLEIN, 1984).
A catuaba é uma árvore de 3 a 5 m de altura no sul do Brasil. Possui ramos
jovens curta e eretamente pubescentes até densamente seríceos, cedo tornando-se
glabros até marrons, lenticelados. As folhas são compostas, imparipinadas ou
pinadas com um folíolo do último par orientado no sentido de simular um folíolo
terminal, pecíolo semicilíndrico, ráquis mais ou menos cilíndrica, vilosa até
subglabra. Folíolos são alternos até opostos, oblanceolados, elípticos ou oblongos
raramente lanceolados, ápice ordinariamente atenuado muitas vezes com a ponta
um pouco emarginada, menos freqüentemente acuminada ou obtusamente
cuspidada, base quase sempre assimétrica, um lado agudo ou atenuado ou outro
agudo até arredondado, obtuso ou truncado, raramente ambos os lados agudos,
mais ou menos cartáceos, os pares inferiores muitas vezes menores; venação
eucamptódroma, nervura central quase sempre saliente, raramente plana; nervura
secundárias em cada lado da nervura central, ascendentes, ordinariamente mais ou
menos retas e mais ou menos paralelas, menos freqüentemente ligeiramente
convergentes; intersecundárias obscuras ou ausentes. Flores são unissexuais,
plantas dióicas; Inflorescência é axilar ou diversas reunidas em cachos num curto
rebento axilar, desde um pequeno fascículo até um delgado tirso piramidal,
pubescente ou pubérulo. Cálice é geralmente pateliforine, raramente rotado ou
6
ciatiforme. Possuía 4 a 5 pétalas, concrescidas até 3/4 do seu comprimento, eretas
ou ligeiramente patentes, valvadas, ovadas a lanceoladas, ápice agudo,
miudamente apresso-pubérulos na parte externa, glabros por dentro. Tubo estaminal
urceolado até curtamente cilíndrico; filetes completamente concrescidos, parte
externa glabra ou raramente com esparsos los crespos ao redor do ápice, por
dentro com pêlos longos esparsos até densos. Anteras glabras, estaminódios com
anteras delgadas, indeiscentes, sem pólen. Nectário ausente. Ovário ovóide, 3-
locular, lóculos com 2 óvulos colaterais; estilete quase sempre glabro; estigma
capitado ou tenuemente discóide, às vezes apiculado, igualando ou debaixo das
anteras; pistilódio mais ou menos nico contendo óvulos não funcionais bem
formados. psula estreitamente ovóide ou oblonga, lisa, apresso-pubescente até
densamente serícea, 3-valvada;. Sementes 1-2, colaterais em cada fruto, obovóides,
completamente envolvidas por um arilóide fino, carnoso, que também se envolve ao
redor dos óvulos abortados; tegumento da semente membranáceo. Embrião com
cotilédones colaterais plano-convexos; radícula apical, inclusa. Endosperma ausente
(KLEIN, 1984).
Macroscopicamente as cascas da Trichilia catigua têm forma plana a
levemente encurvada. A superfície externa é acinzentada, variando de tons claros a
escuros, com aspecto grosseiramente granuloso; ocorre a presença de lenticelas
circulares pequenas e fendas longitudinais curtas e superficiais; a superfície externa
é avermelhada, com fibras finamente estriadas no sentido longitudinal; a fratura é
externamente granulosa e internamente fibrosa, o odor não é característico e o
sabor é fortemente amargo (MARQUES, 1998).
Aspectos morfológicos e estruturais das flores de Trichilia catigua A. Juss.,
T. elegans A. Juss. e T. pallida Sw., Meliaceae foram descritas por SOUZA et al
(2001). A antese ocorreu de abril a agosto na Trichilia catigua. Sépalas e pétalas
apresentaram epiderme papilosa e pilosa e um mesofilo parenquimático. Flores
masculinas apresentaram pistilos com óvulos abortivos e um tubo estaminal com
anteras tetrasporangiaceas. A parede da antera possui uma epiderme papilosa e um
endotécio fibroso.
As plântulas e tirodendros de Trichilia catigua A. Juss., T. elegans A. Juss. e
T. pallida Sw., Meliaceae foram estudados morfológica e anatomicamente por
7
MOURÃO et al (2002). Os autores determinaram que as plântulas de T. catigua são
fanerocotiledonares, os cotilédones são espessos, com epiderme glabra e o mesofilo
é parenquimático. A raiz é axial e tetrarca. O primeiro eofilo é simples e varia em
espessura entre as espécies. O metafilo é composto. O eofilo e o metafilo o
diferem significamente e estruturalmente entre si caracterizando-se como
dorsiventrais, hipoestomáticos e de venação tipo broquidódroma.
A distribuição geográfica de ocorrência da T. catigua no estado do Paraná
compreende uma região vasta, mas bem definida. Esta faixa localiza-se acima da
latitude 25° nas regiões central e leste e acima da latitude 2 no sudoeste do
Paraná. A caracterização dos ambientes associados demonstrou que a espécie
ocorre em solos férteis, ricos em matéria orgânica e protegida pela floresta
(CORREA JUNIOR & MING 2000).
no estado de Santa Catarina a T. catigua ocorre predominantemente em
floresta semidecidual estacional, além de na transição das florestas de Araucária e
Atlântica. Ocorre em solos férteis e ricos em matéria orgânica. A formação
geomorfológica predominante é basáltica e os tipos predominantes de solos variam
de latossolo vermelho até latossolo vermelho-amarelado além de cambissolo de
origem basáltica e granítica (MING & CORREA JUNIOR 2000).
3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Uma mistura de duas flavalignanas epiméricas (cinchonainas 1b e 2b) foi
isolada da fração extraída com acetato de etila das cascas de T. catigua. Estas
flavalignanas exibiram atividade bactericida contra Bacillus cereus, Escherichia coli,
Pseudomonas aeruginosa e Staphylococus aureus (PIZZOLATTI et al, 2002).
O estudo de outras espécies de Trichilia descreve o isolamento de três
novos sesquiterpenóides do extrato metanólico dos galhos de Trichilia claussenii: 14-
hidroxielemol, germacra-10(14)-en-9,11,15-triol e germacra-3,10(14)-dien-9,11-diol-
4-carbaldeído. Também foram isolados os sesquiterpenos β-eudesmol,
8
criptomeridiol e o triterpeno 22,25-diidroxi-9β,19-ciclolanost-23-en-3-ona. Do extrato
diclorometânico das folhas de T. lepidota foram isolados mistura de hidrocarbonetos
(C
29
H
60
, C
31
H
64
e C
33
H
68
), mistura dos sesquiterpenos epóxido de cariofileno e
epóxido de humuleno, espatulenol e os esteróides 24-metileno-12β-hidroxicolesterol,
24-metil-12β-hidroxicolest-4-en-3-ona, 3-palmitato de 24-metil-12β-hidroxicolest-5-
eno, mistura de 24-metilenocolesterol, campesterol, estigmasterol e β-sitosterol,
além de α-tocoferol e fitol. O extrato metanólico forneceu a N-metil-4-hidroxiprolina.
As estruturas das substâncias isoladas foram estabelecidas com base em dados
espectroscópicos (PUPO et al, 2002).
Realizou-se a caracterização farmacognóstica das cascas da T. catigua de
amostras coletadas em Caitié (BA) e Maringá (PR). Os dados obtidos confirmaram a
presença dos grupos de flavonóides, antracênicos livres, taninos e saponinas, bem
como a ausência de alcalóides, mucilagens, cumarinas e óleos essenciais; a reação
de Stiasny confirmou que os taninos presentes são do tipo condensados.
Determinou-se que as duas amostras possuem composição parecida, com teor de
taninos 10,3 % (PR) e 12,5 % (BA) e teor de saponinas 21,4 % (PR) e 17,4 % (BA)
(OLIVEIRA et al, 2003).
Foi desenvolvido um método qualitativo através de CLAE para avaliação de
amostras comerciais de cascas de catuaba. Utilizou-se uma tintura hidroetanólica
(34:66 %, v/v) da Trichilia catigua padrão para a obtenção de um perfil
cromatográfico em coluna Hyperisil C
18
(15 x 0,45 cm) com gradiente de eluição
Água:Metanol e detecção UV a 232 nm. As análises quimiométricas dos
cromatogramas de três amostras comerciais demonstraram que estas se
assemelham ao cromatograma usado como impressão digital da Trichilia catigua
padrão (BELTRAME et al, 2003).
Quatorze amostras comerciais de cascas de catuabas comercializadas como
espécies de Anemopaegma, Erythroxilum e Trichilia foram examinadas quanto sua
pureza e identidade. Somente uma minoria das amostras de catuaba testada
continha a droga descrita nos tulos. Mais da metade dos produtos estava
adulterado com diferentes drogas. A maioria das amostras continha cascas de
Trichilia catigua. Os perfis por CCD confirmaram a heterogeneidade, em 50 % das
amostras alcalóides tropânicos em várias concentrações foram detectados. Foram
9
desenvolvidos métodos de CCD e CLAE para a separação e identificação dos
alcalóides tropânicos. Determinou-se a estrutura dos dois principais alcalóides
encontrados, catuabina D e seu derivado hidroximetil. Os extratos aquosos e
metanólicos de Trichilia catigua e suas frações ricas em alcalóides das amostras
comerciais o mostraram nenhuma atividade em teste in vitro no corpo cavernoso
de coelho (KLETTER et al, 2004).
Gama lactonas de Trichilia catigua e seus precursores foram identificados
por CG-EM. Análises das frações clorofórmicas do extrato das cascas desta espécie
foram realizadas por ressonância nuclear magnética (RNM) e CG acoplado a
espectrômetro de massa (EM) e levaram à identificação de três ômega-fenil-ácidos
alcanóides, cinco ômega-fenil-gama lactonas, duas alquil-gama lactona, uma
alquenil-gama lactona, além de uma mistura de ácidos graxos de C
14
a C
26
. Também
foram identificados o beta-sitosterol, estigmasterol e campesterol como álcoois livres
(PIZZOLLATTI et al, 2004).
Utilizando a técnica de CLAE-ultravioleta (UV)-EM foi desenvolvido um
método para a distinção dos extratos das espécies Trichilia catigua e Anemopaega
arvense, ambas comercializadas no Brasil como catuaba. O acoplamento CLAE-UV-
EM permitiu determinar os íons moleculares das principais bandas cromatográficas
da impressão digital (fingerprint) das amostras de Trichilia catigua e Anemopaega
arvense. O método se demonstrou útil para análises de fitoterápicos contendo
catuaba, podendo ser empregado no controle da qualidade. A interpretação dos
dados permitiu demonstrar que as três amostras testadas o da espécie Trichilia
catigua, apesar de duas destas serem comercializadas como Anemopaega arvense
e Erithroxylum catuaba (BELTRAME, 2004).
Um método espectrométrico em UV foi validado para a quantificação de
flavonóides totais, equivalentes em rutina, para extratos comerciais de Trichilia
catigua e Ptycopetalum olacoides. O método foi validado segundo os seguintes
resultados experimentais: coeficiente de correlação, intervalo, exatidão,
especificidade à quantificação de flavonóides totais, equivalentes em rutina, ao
comprimento de onda 361,0 nm, limite de detecção, limite de quantificação, precisão
por repetibilidade, precisão intermediária e exatidão por repetibilidade e intermediária
(ROLIM et al, 2005).
10
3.3 ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS
A mobilização do ácido araquidônico (AA) pela enzima fosfolipase A
2
(PLA
2
)
e síntese das prostaglandinas subseqüentes é considerado um evento primordial no
processo inflamatório. Desta forma, drogas que inibem a PLA
2
, bloqueando assim as
vias metabólicas das enzimas ciclooxigenases na cascata do AA, podem ser efetivas
no tratamento dos processos inflamatórios. Neste sentido, novas estratégias para o
tratamento de processos inflamatórios podem ser atingidas na pesquisa de
princípios ativos de origem vegetal que controlem a produção dos mediadores
lipídicos pela inibição da PLA
2
. Uma vasta investigação exploratória dos efeitos da
Trichilia catigua demonstrou que a atividade da PLA
2
foi totalmente inibida pelo
extrato hidroetanólico das cascas desta planta na concentração de 120 µg/mL
sugerindo que esta planta possa produzir substâncias com atividade antiinflamatória
(BARBOSA et al, 2004).
Foram investigados os possíveis efeitos anti-depressivos em abordagens in
vivo em duas espécies de roedores (ratos e camundongos) e também in vitro. O
extrato hidroetanólico das cascas de Trichilia catigua produziu efeitos
antidepressivos no teste de nado forçado tanto em ratos quanto em camundongos. A
atividade antidepressiva do extrato no modelo anti-imobilizantes foi inibida de forma
significativa pelo haloperidol ou cloropromasina, mas não pela pimozida,
cetanserina, siproxatrina ou p-clorofenilalanina. In vitro, o extrato hidroetanólico de
Trichilia catigua inibiu de forma dose dependente a recaptação de noradrenalina e e
principalmente de serotonina e de dopamina, em preparações sinaptosomais em
cérebro de ratos. Este estudo demonstrou a convicta evidência de um efeito
antidepressivo mediado por monoaminas e pelos princípios ativos deste extrato em
ratos e camundongos empregando-se estudos farmacológicos e bioquímicos. Desta
forma, um extrato padronizado de Trichilia catigua ou suas substâncias purificadas
podem possuir interesse potencial do tratamento de distúrbios depressivos
(CAMPOS et al, 2005).
Diversos estudos farmacológicos foram realizados para o esclarecimento
das atividades farmacológicas do fitoterápico Catuama ®, compreendendo testes
com a mistura de seus extratos e também dos extratos de forma individual. A seguir
11
serão descritas as atividades do extrato da Trichilia catigua isoladamente,
resgatados destes estudos.
A ação vasodilatadora do extrato hidroetanólico de Trichilia catigua foi
investigada e comparada com a ação da acetilcolina. O experimento foi realizado em
anéis da aorta torácica de ratos com e sem endotélio, em artéria pulmonar de
cobaias, artéria pulmonar de coelhos e artéria mesentérica de coelhos pré-
contraídas com noradrenalina ou fenilefrina. O extrato hidroetanólico de Trichilia
catigua causou efeito vasorelaxante em aorta de rato com endotélio de 1 a 3000
µg/mL (CALIXTO et al, 1997).
O efeito antinociceptivo do extrato hidroetanólico das cascas de Trichilia
catigua foi investigado em modelos químicos e térmicos de nocicepção em
camundongos. O extrato administrado na dose de 200 mg/kg via oral, seis horas
antes do experimento inibiu em 82 ± 2 % a nocicepção induzida por ácido acético
avaliada no número de contrações abdominais. Utilizando a mesma forma de
admistração, o extrato também foi capaz de inibir a dor em ambas as fases do teste
da formalina, indicando que o mesmo possa ter efeitos antinociceptivos relacionados
ao sistema opióide (VAZ et al, 1997).
A ação de relaxamento do corpo cavernoso isolado de coelho foi investigada
para o extrato hidroetanólico das cascas de Trichilia catigua. Este extrato provocou
de forma dose dependente um efeito relaxante de longa duração. O relaxamento
produzido não foi significativamente inibido pela infusão de 10 µM de N-nitro-L-
arginina metil éster, o inibidor da síntese de óxido nítrico. A infusão de 10 µM de
inibidor solúvel da guanilatociclase reduziu em mais de 50 % o relaxamento induzido
pelo extrato. O extrato hidroetanólico de Trichilia catigua (1-100 mg) não causou
aumento da liberação do nucleotídeo AMP cíclico de forma significativa acima dos
níveis basais. Portanto o efeito relaxante do extrato em corpo cavernoso isolado de
coelho não parece ter relação com a liberação de óxido nítrico (ANTUNES et al,
2001).
Um estudo clínico de fase I investigou a administração crônica de 25 mL de
Catuama® duas vezes por dia por 28 dias, em voluntários saudáveis de ambos os
sexos. Objetivou-se a observação de quaisquer efeitos tóxicos do fitoterápico.
Nenhuma reação adversa tóxica foi relatada ou mudanças hematopoiéticas e
12
bioquímicas foram detectadas (OLIVEIRA et al, 2005). Por conseguinte, o extrato
hidroetanólico das cascas de Trichilia catigua na concentração presente no
fitoterápico Catuama® pode ser considerado seguro e bem tolerado.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 ANÁLISES DA DROGA
4.1.1 Coleta e Identificação
A coleta das amostras utilizadas para este estudo foi realizada em uma
região de ocorrência natural da espécie no estado de Santa Catarina em janeiro de
2005. Coletaram-se amostras de cascas e folhas de uma população de cerca de 20
árvores de T. catigua na cidade de São Miguel do Oeste - SC, com altitude entre 522
a 536 metros, latitude 26º 46' 950" a 26º 47' 006" e longitude 53º 30' 612" a 53º 30'
910".
Realizou-se uma exsicata do material, a qual foi identificada pelo botânico
Dr. Gerdt Hatchbach e depositada no herbário da Prefeitura Municipal de Curitiba
sob o registro número 306253.
4.1.2- Secagem e Moagem
Após a coleta, as amostras das folhas e das cascas, Figura 1, foram secas
em estufa a 50 °C por 24 h. Separou-se uma parte para a realização do estudo
anatômico e o restante do material foi moído em moinho de martelos IKA modelo
13
MFC com tela de 3 mm e armazenadas em frasco âmbar até o momento das
análises.
FIGURA 1 – ASPECTOS DAS FOLHAS E CASCAS SECAS ANTES DA MOAGEM.
4.1.3 Determinação Granulométrica
A determinação da granulometria da droga moída foi realizada no
granulômetro Produtest modelo T, segundo a Farmacopéia Brasileira IV ed. 1988,
utilizando-se exatamente cerca de 50 g de amostra. A análise foi realizada em
triplicata.
4.1.4 Ensaios de Pureza
4.1.4.1 Determinação das cinzas totais
Pesou-se exatamente cerca de 3 g da droga moída em um cadinho de
porcelana previamente calcinado a 800 °C em mufla EDG modelo 1800, resfriado
em dessecador e pesado. A amostra foi então incinerada aumentando-se a
14
temperatura gradativamente até 450 °C como pode ser observado na Tabela 1. O
cadinho foi então resfriado em dessecador e o peso final foi anotado.
A relação das cinzas totais se pela subtração do peso final do cadinho
com a amostra e o peso do cadinho vazio, dividido pelo total de amostra. A análise
foi realizada em triplicata.
TABELA 1- PROGRAMAÇÃO DA MUFLA PARA A ANÁLISE DE CINZAS
Patamar de aquecimento 1 2 3
Temperatura (°C) 105 250 450
Rampa de aquecimento (°C/min) 5 10 25
Tempo de estabilização no patamar (min) 60 60 180
4.1.4.2 Determinação das cinzas insolúveis em HCl
O resíduo obtido da determinação de cinzas totais foi fervido durante 5
minutos com uma solução de ácido clorídrico 0,2 M. O resíduo insolúvel no ácido
clorídrico foi recolhido em papel de filtro com cinzas conhecidas e lavado com água
quente até o filtrado tornar-se neutro. O papel de filtro foi transferido para o cadinho
original e incinerado paulatinamente a cerca de 450 °C, com a mesma programação
de aquecimento da mufla da análise de cinzas totais, até peso constante.
A relação das cinzas insolúveis se dá pela diferença entre o peso do cadinho
incinerado com a amostra e do cadinho vazio, dividido pela quantidade de amostra.
A análise foi realizada em triplicata.
15
4.1.4.2 Determinação da perda por dessecação
Foi realizada em balança de infravermelho Sartorius modelo MA 30,
segundo a Farmacopéia Brasileira 4 ed. (1988) modificada pelo departamento de
Garantia da Qualidade do Laboratório Catarinense. Pesou-se exatamente cerca de 2
g de droga em um prato de alumínio específico para determinação de perda e
dessecou-se a 105 °C por 60 minutos.
A perda por dessecação se pela diferença do prato de alumínio com a
amostra antes da dessecação e após a dessecação, dividido pelo peso da amostra,
cálculo realizado automaticamente pelo equipamento. A análise foi realizada em
triplicata.
4.1.5 Determinação do Perfil Fitoquímico Preliminar
Determinou-se o perfil fitoquímico do extrato aquoso e hidroalcoólico das
cascas e folhas da espécie segundo método descrito por MOREIRA (1979).
4.1.5.1 Preparo dos extratos para a determinação do perfil fitoquímico preliminar
O extrato aquoso foi produzido a 20 % (40 g da droga moída macerada por
24 horas com 200 mL de água purificada) e o extrato hidroalcoólico foi produzido e
também a 20 % (40 g da droga moída macerada por 24 horas com 200 mL etanol a
70 % v/v). Após a maceração, os extratos foram filtrados por papel de filtro e
armazenados em frascos âmbar mantidos sob refrigeração. Com os mesmos
procedeu-se a análise fitoquímica preliminar.
16
4.1.5.1.1 Ensaios com o extrato aquoso
a) Heterosídeos antociânicos: Separaram-se 3 porções de 5 mL do
extrato aquoso em três tubos de ensaio e levou-se um ao pH ácido, um ao pH neutro
e outro ao pH básico (com solução aquosa de hidróxido de potássio a 5 % e solução
aquosa de ácido clorídrico 1 M), obtendo os respectivos pHs: 5,5 (pH ácido) ; 7,0 (pH
neutro) e 9,5 (pH básico). Mudança de coloração nas três porções indica a presença
de heterosídeos antociânicos.
b) Heterosídeos saponínicos: Os três tubos obtidos no ensaio anterior
foram agitados energicamente durante 5 minutos. Espuma persistente em um dos
tubos indica a presença de saponinas, que é confirmada pela adição de solução
aquosa de ácido clorídrico a 1 %.
c) Heterosídeos cianogenéticos: Foram transferidos 15 mL do extrato
aquoso para um tubo de ensaio, com o cuidado de não umedecer as paredes
superiores. Adicionou-se 1 mL de ácido sulfúrico 1 N. Uma tira de papel picro-sódico
foi suspensa no tubo com o auxílio de uma tampa. O tubo de ensaio foi deixado em
um banho-maria à temperatura de 60 °C, durante 30 minutos. O papel adquirindo
coloração vermelha indica a presença de heterosídeos cianogenéticos.
d) Taninos: Em 5 mL do extrato adicionaram-se 5 gotas de cloreto férrico
a 1 %. Havendo a formação de um precipitado escuro o seguinte ensaio é efetuado:
5 mL do extrato aquoso é transferido para um balão de fundo chato de 100 mL. Nele
acrescenta-se 5 gotas de formaldeído a 37 % e 4 mL de ácido clorídrico. A mistura é
aquecida sob refluxo durante 1 hora. Após seu resfriamento, a solução é filtrada e o
insolúvel é lavado com água purificada e com álcool. Se no insolúvel houver
formação de coloração pela adição de algumas gotas de solução aquosa de
hidróxido de potássio a 5 %, significa a presença de taninos condensados. Se no
filtrado, pelo excesso de acetato de sódio e a adição de 10 gotas de cloreto férrico a
1 %, houver formação de precipitado escuro ou azul, indica a presença de taninos
hidrolisáveis.
e) Amino-grupos: Foram concentrados 10 mL do extrato aquoso à 50 °C
até o volume de 5 mL. Em um papel de filtro, 5 gotas deste extrato foram
17
depositadas. Após secos, foram nebulizados com solução butanólica de ninhidrina.
Depois do aquecimento em estufa a 90-100 °C durante 15 minutos, o aparecimento
de coloração azul-violácea indica a presença de amino-grupos.
4.1.5.1.2 Ensaios com o extrato hidroalcoólico
a) Esteróides e triterpenos: Foram evaporados à secura 20 mL do extrato
alcoólico e extraído com 3 vezes sucessivas de 5 mL de diclorometano. O extrato
diclorometânico foi concentrado a um volume de 3 mL e transferido para um tubo de
ensaio, onde juntou-se 2 mL de anidrido acético. Cautelosamente adicionaram-se 3
gotas de ácido sulfúrico. O desenvolvimento de coloração azul a verde indica a
provável presença de núcleo esteroidal e o aparecimento de coloração vermelha,
rósea, púrpura ou violácea indica a provável presença de policíclicos triterpênicos.
b) Alcalóides: Foram evaporados 50 mL do extrato alcoólico em banho-
maria a 60 °C. O resíduo foi dissolvido em 1 mL de etanol e 20 mL de solução de
ácido clorídrico 1 %. A mistura foi transferida para um funil de separação e
alcalinizada com solução de hidróxido de amônio 6 N até pH 9-10. O extrato
alcalinizado foi extraído três vezes sucessivas de 15 mL com uma mistura de éter
etílico e diclorometano (3:1). O extrato éter-diclorometano-amoniacal foi evaporado à
secura em banho-maria a 50 ºC, e dissolvido em 0,5 mL de etanol e 5 mL de solução
de ácido clorídrico 1 %. A mistura foi dividida em 5 tubos de ensaio. Após
resfriamento gotejam-se os reativos de Mayer, Bertrand, Bouchardat e Dragendorff.
Turvação nos tubos quando comparados ao tubo branco indica a presença de
alcalóides.
c) Cumarinas: Depositou-se em um papel de filtro 15 gotas do extrato
etéreo obtido no teste b, dividido em 3 pontos. Dois pontos foram tratados com uma
gota de hidróxido de sódio 1 N e então o papel foi levado a uma câmara de luz UV
em ondas longas durante 3 minutos. O desenvolvimento de fluorescência azul ou
verde-amarelada nas manchas tratadas com o hidróxido de sódio revela a presença
de cumarinas.
d) Ácidos orgânicos: o restante do extrato etéreo obtido no teste b foi
18
levado à secura e dissolvido em 5 mL de água purificada. O pH ácido desta solução
indica a presença de ácidos orgânicos.
e) Hidroxiantraquinonas: Foram fervidos 20 mL do extrato alcoólico
adicionado de 3 mL de ácido sulfúrico 10 % sob refluxo durante 15 minutos. O
líquido foi filtrado ainda quente e após o resfriamento foi transferido para um funil de
separação junto com 30 mL de água purificada e extraído por 3 vezes de 10 mL de
tolueno. O extrato toluênico foi concentrado a 10 mL e transferido para um tubo de
ensaio. Então foi agitado com 10 mL de solução reagente de hidróxido de sódio. O
aparecimento de coloração rósea ou avermelhada indica a presença de
hidroxiantraquinonas.
f) Flavonóides: Em um tubo de ensaio mantido sob gelo, adicionou-se 5
mL do extrato alcoólico, 2 g de limalhas de magnésio e 2 mL de ácido clorídrico
concentrado. Deixou-se reagir 15 minutos e observou-se. Desenvolvimento de
coloração rósea ou vermelha indica a presença de heterosídeos flavônicos.
4.1.6 Estudo Anatômico
As análises dos caracteres anatômicos foram efetuadas em folhas adultas e
cascas de caule secas re-hidratadas em água destilada antes da realização dos
cortes.
Prepararam-se lâminas semipermanentes, a partir de secções paradérmicas
à mão livre do limbo das folhas, incluindo a nervura central. Os cortes foram
submetidos à coloração com azul de astra e fuccina básica (ROESER, 1962). As
lâminas foram montadas com glicerina diluída a 50 % (BERLYN, MISCHE, 1976) e
para a lutagem foi utilizado esmalte incolor (BEÇAK, PAULETE, 1976).
As lâminas permanentes foram obtidas a partir de secções transversais do
limbo das folhas, incluindo a nervura central. Para as cascas foram realizados cortes
transversais e longitudinais. O material foi desidratado em rie etanólica e incluído
em glicol-metacrilato (Leica Historesine ®) (KRAUSS, ADUIN, 1997). O material
19
incluído foi então seccionado no micrótomo Olympus CUT 4055, obtendo-se cortes
de 7 µm de espessura corados com azul de astra e fuccina básica (ROESER, 1962)
ou azul de toluidina (O’BRIEN, FEDER MCCULLY, 1965).
Os resultados foram registrados por meio de fotomicrografias no microscópio
fotônico Olympus BX 40, acoplado à unidade de controle PM-20.
4.2 ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS
4.2.1 Preparo dos Extratos Brutos
Para o desenvolvimento das análises cromatográficas foram utilizados
extratos brutos das cascas e folhas da catuaba. Os extratos foram preparados em
extrator tipo Soxhlet com solvente etanol a 96 % (v/v). Adicionaram-se exatamente
cerca de 5 gramas de droga em um tubo de Falcon de polipropileno perfurado na
parte cônica com algodão nas extremidades. Colocou-se o tubo na parte extratora
do aparelho de Soxhlet acoplado a um balão de fundo chato contendo 120 mL de
solvente e pérolas de vidro. Verteram-se 80 mL de solvente sobre o tubo com a
amostra, conectou-se o conjunto ao condensador de bolas e deixou-se o sistema
sob refluxo em chapa de aquecimento por 5 horas. Decorrido o tempo, filtrou-se o
extrato em papel de filtro e concentrou-se em rotavapor a 50 °C até 50 mL,
constituindo-se assim os extratos brutos das cascas e folhas.
4.2.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
As análises de CLAE foram desenvolvidas em aparelho Merck-Hitachi
LaChrom Elite equipado com detector DAD L-2450, forno de coluna L-2300, bomba
20
quaternária L-2130 e amostrador automático L-2200. O programa de aquisição de
dados utilizado foi o EZChrom Elite.
As separações foram realizadas em coluna Waters X-Terra com fase reversa
octadecilsílica (RP-18) de 250 mm comprimento, 4,6 mm diâmetro interno,
preenchida com partículas esféricas de 5 µm e associada a uma pré-coluna. O forno
da coluna operou a temperatura de 25 °C. As fases móveis constituíram-se de ácido
fosfórico a 0,2 % em ácido sulrico 0,01 M – fase móvel ácida (Bomba A), e
acetonitrila grau CLAE 90 % em água purificada (Bomba B). Estas soluções foram
filtradas a vácuo por membrana de 0,45 µm de celulose modificada antes de serem
submetidas ao gradiente da análise. O gradiente de eluição das fases móveis
utilizado no método qualitativo da CLAE foi o descrito na Tabela 2.
TABELA 2- GRADIENTE DE ELUIÇÃO DAS FASES MÓVEIS DO MÉTODO QUALITATIVO
DA CLAE
Tempo (min) A (%) B (%) Fluxo (mL/min)
0 90 10 0,7
25 88 12 0,7
75 63 37 0,7
77 10 90 0,7
81 10 90 1,0
82 10 90 0,9
83 90 10 0,8
85 90 10 0,7
90 90 10 0,7
O detector de arranjo de diodos (DAD) foi configurado para realizar a
varredura de 200 a 400 nm e integrar o cromatograma a 280 nm.
Foram feitas soluções estoque dos padrões de referência de ácido gálico,
epi-catequina, ácido clorogênico, ácido cafêico, catequina, cumarina, ácido p-
cumárico, ácido ferúlico e rutina em metanol na concentração de 1 mg/mL (p/v). Foi
realizada uma mistura dos padrões diluídos para 0,1 mg/mL na fase móvel ácida.
Após o preparo a solução padrão foi homogeneizada em vortex, centrifugada,
filtrada por membrana de 45 µm e 20 µL da solução foi injetada no equipamento.
21
Na análise das amostras, os extratos brutos das cascas e das folhas foram
diluídos 4 vezes na fase móvel ácida. Após o preparo as amostras foram
homogeneizadas em vortex, centrifugadas, filtradas por membrana de 45 µm e 20 µL
da solução foi injetada no equipamento.
A presença dos compostos fenólicos identificados foi confirmada pela adição
de 0,1 mg/mL do padrão de referência nas amostras dos extratos brutos diluídos na
fase móvel ácida. Após o preparo as amostras foram homogeneizadas em vortex,
centrifugadas, filtradas por membrana de 45 µm e 20 µL da solução foi injetada no
equipamento.
Para a quantificação do ácido clorogênico utilizou-se a mesma coluna e
fases móveis do método do perfil de fenólicos. O gradiente de eluição das fases
móveis utilizado no método quantitativo foi o descrito na Tabela 3.
TABELA 3- GRADIENTE DE ELUIÇÃO DAS FASES MÓVEIS DO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CLAE
Tempo (min) A (%) B (%) Fluxo (mL/min)
0 80 20 0,7
9 77 23 0,7
10 10 90 0,7
11 10 90 0,7
13 10 90 0,8
14 80 20 0,9
15 80 20 0,7
16 80 20 0,7
20 80 20 0,7
O DAD foi configurado para realizar a varredura de 230 a 400 nm e integrar
o cromatograma a 326 nm. Foram feitas soluções estoque do padrão de referência
de ácido clorogênico em metanol na concentração de 0,5 mg/mL (p/v). Foi realizada
uma diluição do padrão para 0,1 mg/mL na fase móvel ácida e 20 µL da solução
foram injetados no equipamento.
22
Realizaram-se análises espectrais da resposta do DAD, onde o perfil
espectral determinando o comprimento de onda máximo e a pureza do pico do
padrão de ácido clorogênico foi avaliada.
Para a análise das amostras os extratos brutos das cascas e das folhas
foram diluídos adicionando-se 750 µL do extrato em um balão volumétrico de 5 mL e
completando-se o volume com fase ácida. Para confirmar a presença dos fenólicos
identificados foi realizada análise por adição de padrão de referência nas amostras
dos extratos brutos diluídos na fase móvel ácida. Após o preparo as amostras foram
homogeneizadas, centrifugadas, filtradas por membrana de 45 µm e 20 µL da
solução foi injetada no equipamento. Foram realizadas análises espectrais onde a
pureza do pico de ácido clorogênico antes e após a adição do padrão de referência
foi avaliada.
4.2.3 Cromatografia Gasosa
As análises de CG foram realizadas em aparelho Shimadzu 14-B equipado
com detector de ionização de chama (DIC), forno de colunas com rampas de
aquecimento programáveis e interface CBM-101. O programa de aquisição de dados
utilizado foi o Class GC.
As separações foram realizadas em coluna J&W Scientific DB-17, com 0,53
mm de diâmetro interno, 30 m de comprimento, 1 µm de filme da fase estacionária
50 % fenil e 50 % dimetilpolisiloxano. Utilizou-se como gás de arraste hidrogênio a
30 kPa. O gradiente de temperatura utilizado foi: temperatura inicial 100 °C com
patamar de 1 minuto e rampa de aquecimento a 7 °C por minuto até 260 °C com
patamar de 66 minutos. A temperatura do injetor foi de 260 °C e do detector foi de
280 °C. As amostras foram injetadas em modo de divisão de amostra (split mode) à
razão de 1:10 e o volume de injeção foi de 4 µL. A análise dos dados obtidos foi
realizada utilizando o programa Class-CG.
23
Foram feitas soluções estoque dos padrões de referência dos esteróides
estigmasterol e beta-sitosterol, e os triterpenos lupeol, alfa-amirina e beta-amirina. O
padrão interno utilizado foi o acetato de tocoferol. Todos os padrões foram diluídos
em etanol na concentração de 1 mg/mL (p/v). Foi realizada uma solução padrão da
mistura dos padrões diluídos para 0,1 mg/mL em etanol. Após o preparo a solução
padrão foi homogeneizada em vortex, centrifugada e 4 µL da solução foram
injetados no equipamento.
O preparo das soluções amostra foi realizado adicionando 25 mL do extrato
bruto adicionado de 5 mL de água em um tubo de Falcon. Extraiu-se a solução com
cinco porções de 20 mL de éter de petróleo por agitação da solução em vortex. Após
cada extração a solução foi centrifugada e as porções etéreas foram reunidas e
evaporadas à secura em rotavapor a 50 °C. Em seguida adicionou-se 500 µL da
solução de padrão interno de acetato de tocoferol 1 mg/mL em um balão volumétrico
de 5 mL e completou-se o volume ressuspendendo o resíduo do balão de
evaporação com porções de 1 mL de etanol absoluto. Centrifugou-se uma porção da
solução do balão volumétrico e 4 µL foram injetados no equipamento.
A presença dos compostos identificados foi confirmada pela adição de 0,1
mg/mL do padrão de referência nas amostras dos extratos brutos extraídos. Após o
preparo as amostras foram homogeneizadas em vortex, centrifugadas e 4 µL da
solução foi injetada no equipamento.
Para a quantificação do beta-sitosterol foi desenvolvido um método na
coluna Phenomenex ZB-1, com 0,53 mm de diâmetro interno, 30 m de comprimento
0,5 µm de filme da fase estacionária 100 % dimetilpolisiloxano. Utilizou-se como gás
de arraste hidrogênio a 30 kPa. O gradiente de temperatura utilizado foi: temperatura
inicial 100 °C com patamar de 1 minuto, rampa de aquecimento a 8 °C por minuto
até 270 °C com patamar de 35 minutos e rampa de aquecimento a 40 °C por minuto
até 300 °C com patamar de 5 minutos. A temperatura do injetor foi de 280 °C e do
detector foi de 300 °C. As amostras foram injetadas em modo de divisão de amostra
(split mode) à razão de 1:10 e o volume de injeção foi de 4 µL. A análise dos dados
obtidos foi realizada utilizando o programa Class-CG.
24
4.2.4 Cromatografia em Camada Delgada
A análise de compostos fenólicos foi realizada em cromatoplacas Merck
recobertas com Sílica gel 60 F
254
. Esta análise compreendeu o desenvolvimento de
um sistema de fase móvel, o qual constituiu-se da mistura de acetato de etila, ácido
fórmico, ácido acético e água na proporção 68:7:7:18 volumes respectivamente. A
corrida cromatográfica ascendente foi desenvolvida em cuba de vidro previamente
saturada com a fase móvel.
Com o auxílio de uma micropipeta aplicaram-se na placa bandas de 10 µL
dos extratos brutos e dos padrões de referência. A confirmação da presença dos
compostos foi realizada aplicando os extratos brutos adicionados da solução do
padrão de referência. A visualização do perfil de fenólicos foi realizada através da
revelação com o reativo de NEU (éster-β-etilamina do ácido difenilborônico a 1 % em
etanol seguido de polietilenoglicol-4000 a 5 % em etanol) e observadas sob luz UV a
366 nm (WAGNER,1996).
A análise de esteróides e triterpenos foi realizada em cromatoplacas Merck
recobertas com Sílica gel 60 F
254
. A fase móvel utilizada constituiu-se da mistura de
clorofórmio e etanol na proporção 95:5 respectivamente. A corrida cromatográfica foi
desenvolvida em cuba de vidro previamente saturada com a fase móvel.
Com o auxílio de uma micropipeta aplicaram-se na placa bandas de 10 µL
dos extratos brutos e dos padrões de referência. A confirmação da presença dos
compostos foi realizada aplicando os extratos brutos adicionados da solução do
padrão de referência. A visualização do perfil de esteróides e triterpenos foi realizada
através da revelação com vanilina fosfórica (1 g de vanilina em 100 mL de ácido
fosfórico a 50 %). Em seguida a placa foi colocada em estufa a 100 °C por 10
minutos e observada sob luz visível (WAGNER,1996).
25
4.2.5 Validação analítica
As análises cromatográficas quantitativas por CLAE e CG foram validadas
segundo o Guia para Validação de Métodos Analíticos e Bioanalíticos (RE-899 de 29
de maio de 2003) da ANVISA.
Segundo esta resolução, as metodologias se classificam, segundo sua
finalidade, na categoria I Testes quantitativos para a determinação do princípio
ativo em produtos farmacêuticos ou matérias-primas. Esta categoria exige a
realização dos seguintes ensaios: especificidade, linearidade, intervalo, precisão por
repetibilidade e intermediária, exatidão e robustez.
4.2.5.1 Validação analítica do doseamento do ácido clorogênico por CLAE
A descrição detalhada da execução do ensaio analítico para fins de
validação do método de doseamento de ácido clorogênico no extrato bruto de
catuaba cascas e folhas apresenta-se a seguir.
As análises foram realizadas utilizando o extrato bruto das cascas, somente
a análise de especificidade utilizará a amostra do placebo das folhas no intuito de
demonstrar a aplicabilidade do método aos dois extratos. As condições da análise
cromatográfica bem como o modo de preparo da amostra encontram-se descritas no
item 4.2.2. Os resultados são demonstrados em micrograma de analito por grama de
droga (µg/g).
4.2.5.1.1 Linearidade
Para a realização da curva de calibração foram preparadas cinco
concentrações diferentes a partir da solução padrão de referência de ácido
26
clorogênico [0,5 mg/mL]. Para cada concentração foram realizadas 5 corridas (5
pontos por concentração). Prepararam-se as soluções em balões volumétricos
calibrados de 5 mL conforme Tabela 4. Apesar da RE 899 da ANVISA (2003)
preconizar um intervalo entre 80 a 120 % para análises de determinação quantitativa
do analito em matérias-primas resolveu-se estender este intervalo para 50 a 150 %,
visando a obtenção mais precisa dos resultados de eficiência extrativa, os quais
podem demonstrar variações maiores que 20 %. A condição de análise é que o
coeficiente de correlação (r
2
) deve resultar no mínimo 0,99.
TABELA 4 - DADOS PARA O PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO
Concentração do padrão
de referência (%)
Volume da solução de referência
ácido clorogênico [0,5 mg/mL] (µL)
Volume de
fase ácida
50 67
75 100
100 133
125 167
150 200
Q.s.p. 5 mL
4.2.5.1.2 Exatidão
O placebo do extrato bruto foi considerado o resíduo da droga que já passou
pelo processo de extração por soxhlet. Amostras dos placebos das cascas e folhas
fortalecidas com o padrão de referência foram analisadas em triplicata em três níveis
de concentrações determinando a porcentagem de recuperação da quantidade
conhecida do padrão adicionada na amostra. Para os cálculos serão utilizadas no
mínimo três leituras.
Foi utilizado o padrão de referência de ácido clorogênico para preparo da
amostra placebo fortalecido nas concentrações de 50 %, 100 % e 150 %. As
extrações foram feitas com o mesmo processo do preparo dos extratos brutos,
substituindo a droga pelo resíduo de extração adicionado do padrão de referência.
27
As amostras de placebo fortalecido foram preparadas em três replicatas
conforme a Tabela 5.
TABELA 5 PREPARO DAS AMOSTRAS DE PLACEBO FORTALECIDO PARA O TESTE
DE EXATIDÃO
Amostra
(%)
Concentração
esperada (µg/mL)
Resíduo de
extração (g)
Padrão de referência ácido
clorogênico (mg)
50 6,70 5 2,23
100 13,30 5 4,43
150 20,00 5 6,67
A exatidão é expressa em porcentagem de recuperação através do ensaio
do ativo adicionado em quantidade conhecida. Esta porcentagem é calculada
determinando-se a razão da quantidade encontrada dividida pela quantidade
adicionada e multiplicando-se por 100. O valor de recuperação deve ficar entre 95 a
105 %.
Recuperação (%) = Concentração prática do padrão adicionado x 100
Concentração teórica padrão adicionado
4.2.5.1.3 Especificidade
Foram analisadas as soluções do padrão de referência e as soluções
placebo das cascas e folhas, para a determinação da interferência de cada amostra
nas análises. A solução placebo foi preparada da mesma forma que a amostra,
substituindo a droga pelo resíduo da extração.
Os cromatogramas resultantes foram analisados por sobreposição, não
podendo haver resposta maior que 2 % nas soluções placebo, no mesmo tempo de
retenção do ácido clorogênico obtido nas soluções padrão e placebo fortalecido.
28
4.2.5.1.4 Precisão por repetibilidade
A precisão é a proximidade dos resultados obtidos em uma série de medidas
de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. A precisão por repetibilidade
(intra- corrida) é a concordância entre os resultados dentro de um curto período de
tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação. Foram realizadas três
análises da amostra com seis repetições no mesmo dia, com o mesmo analista e
mesmo equipamento.
4.2.5.1.5 Precisão intermediária
A precisão por intermediária (inter-corridas) é a concordância entre os
resultados dentro de um mesmo laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com
analistas diferentes e/ou equipamentos diferentes. Foram realizadas três análises da
amostra com seis repetições em dias diferentes e com analistas diferentes.
4.2.5.1.5 Robustez
É a medida da capacidade de um método analítico resistir a pequenas e
deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso
normal. Para a CLAE serão considerados como fatores de variação do método:
- Uso de outra coluna cromatográfica com lote diferente da utilizada para
as análises anteriores;
- Variação do pH da fase vel ácida em menos 0,2 pontos (de 2,20
para 2,00) adicionando ácido fosfórico concentrado à fase móvel;
- Aumento da temperatura do forno de colunas em 2 °C, ou seja, de 25
°C para 27 °C.
29
4.2.5.1.6 Intervalo
O intervalo de utilização do método foi considerado aquele compreendido
entre os valores utilizados no teste da linearidade. Todas as amostras testadas
foram diluídas de modo que sua concentração de ácido clorogênico ficasse dentro
destes parâmetros.
4.2.5.2 Validação analítica do doseamento do beta sitosterol por CG
Descrição detalhada da execução do ensaio analítico para fins de validação
do teste de doseamento de beta sitosterol no extrato bruto de catuaba cascas
apresenta-se a seguir.
As análises serão realizadas utilizando o extrato bruto das cascas. Somente
a análise de especificidade utilizará a amostra do placebo das folhas no intuito de
demonstrar a aplicabilidade do método a ambos os extratos. As condições da
análise cromatográfica bem como o modo de preparo da amostra encontram-se
descritas no item 4.2.2. Os resultados são demonstrados em micrograma de analito
por grama de droga (µg/g).
4.2.5.2.1 Linearidade
Para a realização da curva de calibração foram preparadas cinco
concentrações diferentes a partir da solução padrão de referência de beta sitosterol
[1 mg/mL]. Para cada concentração foram realizadas 5 corridas (5 pontos por
concentração). Prepararam-se as soluções em balões volumétricos calibrados de 5
mL conforme Tabela 6. Apesar da RE 899 da ANVISA (2003) preconizar um
intervalo entre 80 a 120 % para análises de determinação quantitativa do analito em
matérias-primas resolveu-se estender este intervalo para 50 % a 150 %, visando a
30
obtenção mais precisa dos resultados de eficiência extrativa, os quais podem
demonstrar variações maiores que 20 %. A condição de análise é que o coeficiente
de correlação (r
2
) resulte no mínimo 0,99.
TABELA 6 - DADOS PARA O PREPARO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO.
Concentração
do padrão de
referência (%)
Volume do padrão
interno acetato de
tocoferol [1 mg/mL] (µL)
Volume do padrão de
referência beta
sitosterol [1 mg/mL] (µL)
Volume de
etanol
50 500 250
75 500 375
100 500 500
125 500 625
150 500 750
Q.s.p. 5 mL
4.2.5.2.2 Exatidão
O placebo para extração do extrato bruto foi considerado o resíduo das
drogas que já passaram pelo processo de extração por soxhlet. Foi utilizado o
padrão de referência beta sitosterol para preparo da amostra placebo fortalecido nas
concentrações de 50 %, 100 % e 150 %. As extrações foram feitas com o mesmo
processo do preparo dos extratos brutos, substituindo a droga pelo resíduo de
extração adicionado do padrão de referência.
As amostras fortalecidas foram preparadas em três replicatas conforme a
Tabela 7.
31
TABELA 7 – PREPARO DAS AMOSTRAS FORTALECIDAS PARA O TESTE DE
EXATIDÃO.
Amostra
(%)
Concentração
esperada (µg/mL)
Resíduo de
extração (g)
Padrão de referência beta
sitosterol (mg)
50 50 5 0,50
100 100 5 1,00
150 150 5 1,50
A exatidão é expressa em porcentagem de recuperação através do ensaio
do ativo adicionado em quantidade conhecida. Esta porcentagem é calculada
determinando-se a razão da quantidade encontrada dividida pela quantidade
adicionada e multiplicando-se por 100. O valor de recuperação deve ficar entre 95 a
105 %.
Recuperação (%) = Concentração prática do padrão adicionado x 100
Concentração teórica padrão adicionado
4.2.5.2.3 Especificidade
Foram analisadas as soluções do padrão de referência e as soluções
placebo das cascas e folhas, para a determinação da interferência de cada amostra
nas análises. A solução placebo foi preparada da mesma forma que a amostra,
substituindo a droga pelo resíduo da extração.
Os cromatogramas resultantes foram analisados por sobreposição, não
podendo haver resposta maior que 2 % na solução placebo, no mesmo tempo de
retenção do beta sitosterol obtido nas soluções padrão e placebo fortalecido.
32
4.2.5.2.4 Precisão por repetibilidade
A precisão é a proximidade dos resultados obtidos em uma série de medidas
de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. A precisão por repetibilidade
(intra- corrida) é a concordância entre os resultados dentro de um curto período de
tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação. Foram realizadas três
análises da amostra com seis repetições no mesmo dia, com o mesmo analista e
mesmo equipamento.
4.2.5.2.5 Precisão intermediária
A precisão por intermediária (inter-corridas) é a concordância entre os
resultados dentro de um mesmo laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com
analistas diferentes e/ou equipamentos diferentes. Foram realizadas três análises da
amostra com seis repetições em dias diferentes e com analistas diferentes.
4.2.5.2.5 Robustez
É a medida da capacidade de um método analítico resistir a pequenas e
deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso
normal. Para a CG serão considerados como fatores de variação do método:
- Uso de outra coluna cromatográfica com lote diferente da utilizada para
as análises anteriores;
- Variação da vazão do gás de arraste, de 30 para 32 Kpa;
- Aumento da temperatura do forno de colunas em 2 °C, ou seja, de 280
°C para 282°C.
33
4.2.5.2.6 Intervalo
O intervalo de utilização do método foi considerado aquele compreendido
entre os valores utilizados no teste da linearidade. Todas as amostras testadas
foram diluídas de modo que sua concentração de beta sitosterol ficasse dentro
destes parâmetros.
4.3 ANÁLISES DE EFICIÊNCIA EXTRATIVA
Realizaram-se análises de eficiência extrativa pelos métodos descritos a
seguir. As extrações das cascas e folhas foram realizadas em paralelo e utilizaram
como solvente extrator o etanol a 96 % (v/v) e etanol 50 % (v/v), constituindo
extratos a 10 % (p/v).
Após a confecção dos extratos, foi realizado o perfil cromatográfico por
CLAE de cada extrato, conforme metodologia descrita no item 4.2.2. As
quantificações de ácido clorogênico e beta-sitosterol foram realizadas conforme as
metodologias validadas.
4.3.1 Extração por Maceração
Adicionaram-se exatamente cerca de 5 g de droga em um erlenmeyer de
125 mL e verteu-se 50 mL de solvente extrator. Tampou-se o erlenmeyer e o
sistema permaneceu em repouso por 24 horas, Figura 2. Decorrido o tempo filtrou-
se o extrato sobre algodão para um balão volumétrico de 50 mL e lavou-se a droga
com o solvente extrator até completar o volume do balão volumétrico.
34
FIGURA 2 – PREPARO DOS EXTRATOS POR MACERAÇÃO
4.3.2 Extração por Sonicação
Adicionaram-se exatamente cerca de 5 g de droga em um erlenmeyer de
125 mL e verteu-se 50 mL de solvente extrator. Tampou-se o erlenmeyer e o
sistema foi colocado em um banho de ultra-som Bransom modelo 2210 por uma
hora, Figura 3. Decorrido o tempo filtrou-se o extrato sobre algodão para um balão
volumétrico de 50 mL e lavou-se a droga com o solvente extrator até completar o
volume do balão volumétrico.
FIGURA 3 – PREPARO DOS EXTRATOS POR SONICAÇÃO
35
4.3.3 Extração por Turbólise
Adicionaram-se exatamente cerca de 5 g de droga em um tubo de
polipropileno de 50 mL e verteu-se 15 mL de solvente extrator. Realizou-se a
extração em Ultra Turrax IKA modelo T25 basic a 24000 rpm por 5 minutos, Figura
4. Após a extração, centrifugou-se o tubo de polipropileno e o sobrenadante foi
filtrado sobre algodão para um balão volumétrico de 50 mL. Repetiu-se o processo
extrativo com mais quatro porções de 10 mL de solvente extrator até completar o
volume do balão volumétrico.
FIGURA 4 – PREPARO DOS EXTRATOS POR TURBÓLISE
36
4.3.4 Extração por Refluxo
Adicionaram-se exatamente cerca de 5 g de droga em um balão de fundo
chato de 250 mL e verteu-se 50 mL de solvente extrator. Acoplou-se o balão em um
condensador de bolas e o sistema foi colocado sobre uma chapa de aquecimento
onde permaneceu em refluxo por uma hora, Figura 5. Decorrido o tempo filtrou-se o
extrato sobre algodão para um balão volumétrico de 50 mL e lavou-se a droga com o
solvente extrator até completar o volume do balão volumétrico.
FIGURA 5 – PREPARO DOS EXTRATOS POR REFLUXO
37
4.3.5 Extração por Soxhlet
Adicionaram-se exatamente cerca de 5 gramas de droga em um tubo de
Falcon de polipropileno perfurado na parte cônica com algodão nas extremidades.
Colocou-se o tubo na parte extratora do aparelho de Soxhlet acoplado a um balão
de fundo chato contendo 120 mL de solvente extrator e pérolas de vidro, Figura 6.
Verteram-se 80 mL de solvente extrator sobre o tubo com a amostra, conectou-se o
conjunto ao condensador de bolas e deixou-se o sistema sob refluxo em chapa de
aquecimento por cinco horas. Decorrido o tempo, filtrou-se o extrato em algodão e
concentrou-se em rotavapor a 50 °C até 50 mL, constituindo-se assim os extratos
brutos das cascas e folhas.
FIGURA 6 – PREPARO DOS EXTRATOS POR SOXHLET
38
4.4- ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Foi realizada análise de variância ANOVA ao nível de 5 % de significância
utilizando um delineamento inteiramente casualizado. O teste foi aplicado para
comparar os teores de marcadores químicos nas cascas e folhas dos diferentes
processos extrativos. Para a comparação entre médias foi realizado o teste de Tukey
ao nível de 95 % de probabilidade.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ANÁLISES DA DROGA
5.1.1 Ensaios de Pureza
Os resultados para a análise de cinzas totais e insolúveis em ácido clorídrico
podem ser observados nas Tabelas 8 e 9.
TABELA 8 - TEOR DE CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM HCl DAS CASCAS DA
CATUABA
Cadinho Cinzas totais (%) Cinzas insolúveis em HCl (%)
1 7.56 0.87
2 7.49 1.07
3 7.41 1.41
Média 7.52 1.11
DP 0.04 0.27
39
TABELA 9 - TEOR DE CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM HCl DAS FOLHAS DA
CATUABA.
Cadinho Cinzas totais (%) Cinzas insolúveis em HCl (%)
4 8.23 1.43
5 8.13 0.91
6 8.21 1.01
Média 8.19 1.12
DP 0.05 0.27
Observou-se que o teor de cinzas totais das cascas é 0,67 % menor que o
das folhas, mas as cinzas insolúveis em HCl das duas partes da planta estudadas
são praticamente iguais variando em apenas 0,01 %.
Os resultados das análises de perda por dessecação podem ser observados
na Tabela 10.
TABELA 10- PERDA POR DESSECAÇÃO DA CATUABA
Análise Cascas (%) Folhas (%)
1 10,64 11,52
2 10,67 11,90
3 10,60 11,75
Média 10,64 11,72
DP 0,04 0,19
Observou-se que a perda por dessecação das cascas é de 1,08 % menor
que o das folhas. Os resultados demonstram que as análises de ensaio de pureza
possuem repetibilidade pelo baixo desvio padrão da média encontrado.
40
5.1.2 Perfil Fitoquímico Preliminar
Os resultados do perfil fitoquímico dos extratos aquoso e hidroalcoólico das
cascas e folhas da catuaba podem ser observados nas Tabelas 11 e 12.
TABELA 11 - RESULTADO DO PERFIL FITOQUÍMICO PARA OS EXTRATOS AQUOSOS DAS
DROGAS.
Grupo Reação positiva Folhas Cascas
Heterosídeos Antociânicos Coloração diferente + +
Saponinas Espuma persistente
- +
Heterosídeos Cianogenéticos Papel vermelho - -
Taninos com FeCl
3
1 % Marrom + +
Taninos com acetato de chumbo Precipitado + +
Condensados
-
azul
+
+
Taninos com formol-clorídrico
Hidrolisáveis - azul + +
Amino-grupos Azul-violácea - -
O resultado do perfil fitoquímico dos extratos aquosos das cascas e folhas
foi praticamente igual sendo observada a presença de heterosídeos antociânicos,
taninos condensados e hidrolisáveis. A exceção foi a presença de saponinas que
somente foram detectadas nas cascas da planta.
TABELA 12 - RESULTADO DO PERFIL FITOQUÍMICO PARA O EXTRATO HIDROALCOÓLICO
DAS DROGAS.
Grupo Reação positiva Folhas Cascas
Alcalóides Fomação de precipitado - -
Flavonóides Coloração vermelha + +
Cumarinas Fluorescência azul-amarelada - -
Antraquinonas Coloração vermelha - -
Esteróides Coloração Azul-esverdeada + +
Triterpenos Coloração Vermelha-violácea - -
41
O resultado do perfil fitoquímico do extrato hidroalcoólico das cascas e
folhas foi igual sendo observada a presença de flavonóides e esteróides
demonstrando a similaridade da composição das duas partes da planta nesse
extrato.
5.1.3 Anatomia Botânica
5.1.3.1 Folhas
Na vista frontal do limbo, as células epidérmicas da face adaxial apresentam
contorno praticamente poligonal (fig 8) e as da abaxial levemente ondulada (fig7),
com campos primários de pontoação visíveis (figs. 7 e 8). A epiderme é
uniestratificada, apresenta células alongadas periclinalmente e são revestidas por
uma cutícula espessa e estriada. Os estômatos, do tipo anomocítico, estão inseridos
no mesmo nível em relação às demais células da epiderme, sendo encontrados
exclusivamente na face abaxial, caracterizando a folha como hipoestomática. As
células-guarda possuem formato reniforme e apresentam crista externa evidente (fig
7). Observa-se também a presença de tricomas tectores uni e pluricelulares com
parede espessada, cutícula granulosa e ápice agudo em ambas as faces.
O mesofilo é dorsiventral, composto por um estrato de parênquima
paliçádico junto à face adaxial e por parênquima esponjoso composto por cerca de
seis camadas de células com espaços intercelulares evidentes. Neste, distribuem-se
feixes vasculares de pequeno porte do tipo colateral, envoltos por uma bainha
parenquimática (fig 9).
A nervura central apresenta secção biconvexa, com uma leve curvatura na
face adaxial e maior proeminência na abaxial. A epiderme é uniestratificada,
revestida por cutícula estriada e espessada, com presença significativa de tricomas
tectores principalmente na face abaxial. O parênquima paliçádico gradualmente se
interrompe e é substituído por colênquima do tipo anelar composto por cerca de
42
cinco camadas na face adaxial e cerca de três camadas na abaxial. Observa-se
também a presença de idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio pelo
parênquima fundamental. Percorrendo o parênquima fundamental observa-se um
único feixe vascular concêntrico anficrival, sendo que a região central é ocupada por
células parenquimáticas. Este feixe é completamente envolto por uma bainha
esclerenquimática. O xilema é completamente lignificado, os elementos traqueais
estão dispostos em fileiras e a zona cambial é nítida. O floema consiste de uma faixa
contínua e estreita envolvendo todo o xilema (fig 10).
Numerosos idioblastos cristalíferos com drusas de oxalato de cálcio o
observados no mesofilo e no parênquima fundamental da nervura central (figs 9 e
10). Idioblastos constituídos por células aproximadamente isodiamétricas e
comparativamente maiores que as células adjacentes com conteúdo mucilaginoso
que se coram de azul são encontrados no mesofilo (fig 9).
5.1.3.2 Cascas
Morfologicamente as cascas são todos os tecidos e sistemas externos ao
câmbio vascular, periderme, cortex e floema. Portanto, o xilema não faz parte das
cascas, mas eventualmente na coleta deste material, parte do caule pode ser
retirado junto. Este fato justifica a presença de xilema na droga popularmente
chamada de casca.
Em secção transversal, a casca do caule apresenta periderme sendo o
súber formado por cerca de 10 camadas de células tabulares de paredes
espessadas. O feloderme evidente é formado por uma camada de cerca de 7 células
(fig. 12).
A região cortical é formada por 20 a 30 camadas de células parenquimáticas
alongadas tangencialmente. O floema, comparativamente bem desenvolvido, é
formado por células parenquimáticas, elementos crivados e por fibras dispostas
isoladamente, ou na sua maioria, em pequenas faixas. Ambas as regiões cortical e
43
floemática são repletas de células isodiamétricas contendo cristais de oxalato de
cálcio no formato de drusas e prismas (figs. 12 e 13).
O sistema vascular é percorrido por raios estreitos sendo as células destes
lignificadas no xilema. O xilema é totalmente lignificado, formado de elementos
traqueais dispostos em fileiras (fig. 11).
44
7
8
10
9
Ep
pP
D
I
cr
Es
Fv
Pe
Pa
Pa
Fv
Be
25 µm25 µm
25 µm
25 µm
50 µm
Figuras 7-10: T. catigua limbo: 7,8. Vista Frontal das faces epidérmicas abaxial e
adaxial, respectivamente, mostrando cutícula estriada, estômatos anomocíticos e
campos primários de pontoação (setas); 9. Vista transversal do mesofilo dorsiventral
mostrando a epiderme uniestratificada (Ep), parênquima paliçádico (Pp), parênquima
esponjoso (Pe), feixe vascular (Fv), idioblasto (Id), estômato (Es) e cristal de oxalato
de lcio (Cr); 10. Nervura central mostrando parênquima anelar (Pa), feixe vascular
(Fv) e bainha esclerenquimática (Be).
45
11
12
13
Cr
Fe
Su
Co
Fl
Xi
Pr
25 µm
25 µm
100 µm
Figuras 11-13. T. catigua cascas: 11,12. Vista transversal das cascas mostrando
suber (Su), feloderme (Fé), região cortical (Co), floema (Fl) e drusas (Dr); 13. Vista
longitudinal mostrando prismas (Pr).
46
5.2 ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS
O conceito de “fitoequivalência” foi desenvolvido na Alemanha para
assegurar a consistência das plantas medicinais. De acordo com este conceito, um
perfil químico, como o perfil cromatográfico, para uma planta medicinal deve ser
construído e comparado com o perfil de um produto de referência aprovado
clinicamente. Por definição, um perfil fitoquímico é, na prática, um padrão
cromatográfico do extrato da planta com componentes químicos farmacologicamente
ativos e ou característicos quimicamente. Sugere-se que com a ajuda de perfis
cromatográficos obtidos, a autenticação e identificação de plantas medicinais podem
ser conduzidas com maior precisão, ou perfis cromatográficos podem demonstrar
com sucesso ambas “semelhanças” e “diferenças“ entre várias amostras. Então,
deve-se considerar globalmente múltiplos constituintes nos extratos de plantas
medicinais e não considerar individualmente um e/ou dois marcadores químicos para
a avaliação da qualidade dos produtos das plantas medicinais (LIANG et al, 2004).
Entretanto, em qualquer planta medicinal e seu extrato, existem centenas de
componentes desconhecidos e muitos deles estão em baixa quantidade. Além disso,
usualmente existe variabilidade no mesmo material vegetal. Conseqüentemente,
para obter perfis cromatográficos que representem componentes farmacolo-
gicamente ativos ou compostos químicos característicos não é tarefa fácil. A
cromatografia oferece uma capacidade de separação muito poderosa, de modo que
o complexo de componentes químicos de um extrato de planta medicinal pode ser
separado em várias sub frações relativamente simples. Além disso, os recentes
avanços na aplicação de cromatografia conjugada com espectrometria tais como
CLAE-DAD, CLAE-EM e CG-EM, podem prover informação espectral adicional, a
qual será muito útil para a análise qualitativa e até mesmo para a elucidação
estrutural on-line (LIANG et al, 2004).
47
5.2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
A CLAE é um método popular para a análise de plantas medicinais, pois é
fácil de aprender e seu uso não é limitado pela volatilidade ou estabilidade dos
compostos da amostra. Geralmente, CLAE pode ser utilizada para analisar quase
todos os compostos das plantas medicinais. Assim, nas últimas décadas, CLAE é o
método mais aplicado na análise das plantas medicinais. As colunas de fase reversa
são as mais populares utilizadas na separação analítica de plantas medicinais
(LIANG et al, 2004).
A CLAE-DAD tornou-se uma técnica comum na maioria dos laboratórios
analíticos do mundo atualmente. Com a informação espectral adicional, a análise
qualitativa de amostras complexas em plantas medicinais torna-se muito mais cil
que antigamente. Por exemplo, pode-se checar a pureza do pico e comparar o
espectro do padrão conhecido com o da amostra investigada. Perfis cromatográficos
por CLAE podem ser aplicados para a documentação de extratos vegetais
completos com informações importantes (LIANG et al, 2004).
Existem diversos métodos para a quantificação de compostos fenólicos nas
plantas. O método de Folin-Denis é o procedimento mais utilizado para a
quantificação de fenólicos totais em plantas. A redução do reagente ácido
fosfomolibdico-fosfotungico (Folin-Denis) para um complexo azul em solução alcalina
ocorre na presença de compostos fenólicos detectados por espectrofotometria. O
método de Folin-Ciocalteau também é utilizado para a determinação do conteúdo
total de fenólicos nas plantas. Ambos os reagentes de Folin-Denis e Folin-Ciocalteu
não são específicos e detectam todos os grupos de compostos fenólicos nos
extratos, incluindo aqueles das proteínas extraíveis. Outra desvantagem destes
métodos é a interferência de substâncias redutoras como o ácido ascórbico (NACZK
et al, 2004). Além disso, foi publicada a validação de um método de análise de
flavonóides totais da Trichilia catigua por espectrofotometria (ROLIM et al, 2005). Por
estas razões, resolveu-se não quantificar os compostos fenólicos da catuaba por
espectrofotometria e sim desenvolver uma metodologia por CLAE para este fim.
Primeiramente desenvolveu-se um método capaz de separar alguns padrões
48
de compostos fenólicos de interesse, tendo em vista a revisão bibliográfica realizada.
Submeteram-se também os extratos brutos a este método proporcionando um perfil
cromatográfico de fenólicos dos extratos e a possibilidade de identificação de
marcadores químicos.
Compostos fenólicos o considerados metabólicos secundários que são
sintetizados pelas plantas durante o desenvolvimento normal e em resposta a
condições de stress como infecções, lesões e radiação UV, entre outros. Estes
compostos são onipresentes nas plantas e são um grupo muito diversificado de
fitoquímicos derivados da fenilalanina e tirosina. Compostos fenólicos das plantas
incluem fenóis simples, ácidos fenólicos (derivados de ambos ácido benzóico e ácido
cinâmico), cumarinas, flavonóides, taninos hidrolisáveis e condensados, lignanas e
ligninas. Nas plantas, os fenólicos podem atuar como fitoalexinas, atratores de
polinizadores, contribuintes da pigmentação da planta, antioxidantes e agentes
protetores contra a radiação UV, entre outros. Nos alimentos, os compostos
fenólicos podem contribuir para o amargor, adstringência, cor, sabor, odor e
estabilidade oxidativa dos produtos. Além disso, a capacidade da proteção da saúde
de alguns e propriedades antinutricionais de outros fenólicos das plantas são de
grande importância para os produtores, processadores e consumidores (NACZK et
al, 2004).
Considerando outros antioxidantes dietéticos, a medida da capacidade
antioxidante total do plasma após a injestão de polifenóis sugere que metabólitos
formados em nossos tecidos e/ou pela microflora do lon contribui
significativamente para a capacidade antioxidante, para a prevenção do estresse
oxidativo e suas influências na prevenção de doenças (TAPIERO et al, 2002).
Técnicas de CLAE são atualmente as mais utilizadas para ambas separação
e quantificação de compostos fenólicos. Vários suportes e fases móveis estão
disponíveis para a análise de antocianinas, procianidinas, flavononas e flavonóis,
flavan-3-ols, flavonas, ácidos fenólicos e secoiridóides. A introdução de colunas de
fase reversa aumentou consideravelmente a separação por CLAE de diferentes
classes de compostos fenólicos. Muitas revisões foram publicadas sobre a aplicação
de metodologias por CLAE para a análise de fenólicos. Compostos fenólicos são
comumente detectados utilizando detectores UV-vis, detector de arranjo de
49
fotodiodos (DAD) e detectores de fluorescência. Recentemente foram comparados
procedimentos eletroquímicos (voltametria diferencial de pulso e biosensor
amperométrico) e CLAE-DAD para a análise de fenólicos em matrizes naturais.
Dentre estes, a técnica CLAE-DAD demonstrou-se a mais exata (NACZK et al,
2004).
O método desenvolvido para a detecção dos padrões dos compostos
fenólicos mostrou-se eficiente para a separação dos compostos estudados. Como
estes compostos possuem estruturas de polaridade semelhante foi preciso utilizar
um método com tempo longo de análise e com gradiente de eluição. Obteve-se
assim o cromatograma padrão integrado em 280 nm de ácido gálico, epi-catequina,
ácido clorogênico, ácido cafêico, catequina, cumarina, ácido p-cumárico, ácido
ferúlico e rutina. Foi também realizada a análise espectral destes compostos pelo
detector de DAD onde se verificaram os comprimentos de onda máximos entre 200 e
400 nm e a pureza dos picos dos padrões. Estes dados podem ser observados nas
figuras 14 e 15.
FIGURA 14 – ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DOS PADRÕES DE
FENÓLICOS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
50
FIGURA 15 – ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO GÁLICO
FIGURA 16– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA CATEQUINA
FIGURA 17– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO
51
FIGURA 18– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO CAFEICO
FIGURA 19– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI-CATEQUINA
FIGURA 20– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA CUMARINA
52
FIGURA 21– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO P-
CUMÁRICO
FIGURA 22– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO FERULICO
FIGURA 23– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA RUTINA
Utilizando estas mesmas condições cromatográficas foram injetados os
extratos brutos das cascas e folhas na intenção da possível identificação de algum
dos compostos fenólicos injetados. Obteve-se assim o perfil cromatográfico de
53
compostos fenólicos dos extratos brutos das cascas e folhas da espécie. Após as
análises dos cromatogramas dos extratos brutos, verificou-se a coincidência de
picos nos mesmos tempos de retenção da catequina, ácido clorogênico e epi-
catequina. Além do mesmo tempo de retenção estes picos também apresentaram
espectros de UV idênticos aos dos padrões correspondentes. A presença de ácido
clorogênico ainda não havia sido reportada na espécie. Os cromatogramas dos
extratos brutos das cascas e folhas podem ser observados nas figuras 24 e 25.
FIGURA 24– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS CASCAS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
54
FIGURA 25– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS FOLHAS NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
A presença de catequina, ácido clorogênico e epi-catequina nos extratos
brutos foi confirmada pela adição destes padrões aos extratos. Os extratos
adicionados dos padrões foram cromatografados e observou-se que a área dos
picos correspondentes aumentou sem o aparecimento de novos picos no
cromatograma. Este fato aliado à análise espectral dos picos pelo DAD demonstrou
a presença dos mesmos nos extratos brutos. Os cromatogramas dessas análises
podem ser observados nas figuras 26 a 33.
55
FIGURA 26– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS CASCAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
FIGURA 27– ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA CATEQUINA APÓS A
ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
56
FIGURA 28– ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
FIGURA 29– ESPECTRO UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI CATEQUINA APÓS
A ADIÇÃO DO PADRÃO DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
57
FIGURA 30– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS FOLHAS ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
FIGURA 31– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA CATEQUINA APÓS
A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
58
FIGURA 32– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS
ADICIONADO DOS PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
FIGURA 33– ESPECTRO DE UV (A) E ANÁLISE DE PUREZA (B) DA EPI CATEQUINA
APÓS A ADIÇÃO DO PADRÃO NO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CLAE
Uma grande classe de compostos fenólicos é a dos ácidos hidroxicinâmicos,
os quais são encontrados em praticamente todas as plantas. O principal
representante dos ácidos hidroxicinâmicos é o ácido cafêico, o qual é encontrado
nas plantas principalmente como um éster com o ácido quínico chamado de ácido
clorogênico (ácido 5-cafeoilquínico). A maior parte do ácido clorogênico ingerido
chega ao cólon e parte deste entra na circulação sanguínea. O ácido clorogênico e o
ácido cafêico são antioxidantes in vitro e eles podem inibir a formação dos
compostos N-nitrosos mutagênicos e carcinogênicos, pois eles são inibidores da
reação de N-nitrosação in vitro. Além disso, o ácido clorogênico pode inibir danos ao
59
DNA in vitro (TAPIERO et al, 2002). In vivo, o ácido clorogênico aumentou a
tolerância à glicose, diminuiu alguns lipídeos do plasma e do fígado e melhorou a
distribuição de minerais em ratos nas condições do estudo de SOTILLO et al, (2002).
O ácido clorogênico também se demonstrou eficiente na prevenção in vivo de
diversos tipos de cânceres, como o de fígado e cólon em hamsters (MORI et al,
1986), de cólon em ratos (MORISHITA et al, 1997) e de língua em ratos (TANAKA et
al, 1993). Abaixo se observa a estrutura do ácido clorogênico.
Os flavonóides são os polifenóis mais abundantes da dieta humana e
representam uma subclasse de polifenóis com estrutura C
6
-C
3
-C
6
. Eles podem ser
divididos em várias classes dependendo do grau de oxidação do oxigênico
heterocíclico. As principais classes são flavonóis, isoflavonas, flavanonas, flavonas e
flavanóis. As catequinas são os principais flavanóis e são encontrados no chá verde,
vinho e chocolate (TAPIERO et al, 2002).
As catequinas do chá verde podem aliviar a inflamação pela inibição das
enzimas COX 1 e COX 2 e diminuição da produção das prostaglandinas. A
propriedade mais importante das catequinas é a sua habilidade antioxidativa para
impedir radicais livres de danificar biomoléculas, quelar íons metálicos catalíticos da
formação de radicais livres e impedir oxigênios singletes da ativação de moléculas
orgânicas para formar peróxidos e radicais livres. Tais propriedades previnem danos
ao DNA por espécies reativas do oxigênio. Catequinas o, portanto,
antimutagênicas e anticarcinogênicas. As catequinas também se demonstraram
úteis na proteção de neurônios e células hepáticas contra danos de radicais livres
gerados durante isquemia, aumento da resistência de células vermelhas do sangue
ao estresse oxidativo, retardo da progressão de cataratas, inibir o estresse oxidativo
na pele causado por radiação ultravioleta e reduzir o nível de colesterol, por
proteção da oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (CHU et al, 2004).
60
Abaixo podem ser observadas as estruturas da catequina e da epi-catequina.
Após a análise mais criteriosa dos perfis cromatográficos obtidos com os
extratos brutos das cascas e folhas, observou-se que os extratos possuem vários
outros compostos com perfil espectral de UV parecido com os da catequina e epi-
catequina. Este fato é devido à planta sintetizar outros compostos com os mesmos
cromóforos da catequina e epi-catequina, provavelmente outras substâncias que
possuem o núcleo fundamental flavan-3-ol na sua estrutura. A polimerização deste
núcleo é a responsável pela formação dos taninos condensados, compostos que
foram detectados no perfil fitoquímico. Estes compostos estão presentes em maior
concentração nas cascas que nas folhas da planta. Além disso, PIZZOLATTI et al,
(2002) já demonstraram a presença de compostos com este núcleo fundamental nas
cascas da Trichilia catigua.
Observando a grande quantidade de compostos com núcleo flavan-3-ol nos
extratos e a falta de destes padrões disponíveis comercialmente, optou-se em
realizar a análise quantitativa apenas do ácido clorogênico nos extratos. O ácido
clorogênico é um cafeoilquínico relativamente comum no reino vegetal,
considerado marcador químico de outras plantas medicinais como a alcachofra,
além de estar disponível comercialmente e ser relativamente barato, fato
imprescindível para rotinas de controle da qualidade.
Tendo isto em vista, otimizou-se o gradiente de eluição da CLAE visando a
simplificação da análise quantitativa do ácido clorogênico. Desenvolveu-se um
método capaz de separar convenientemente o ácido clorogênico dos outros
compostos do extrato em 20 minutos, diminuindo significativamente o tempo da
61
análise e o custo operacional. Esta metodologia foi então validada para ser utilizada
na quantificação do ácido clorogênico nos testes de eficiência extrativa. Os
cromatogramas dos extratos brutos e suas análises espectrais de pureza podem ser
observados nas figuras 34 a 37.
FIGURA 34– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 35– ESPECTRO DE UV (B) E ANÁLISE DE PUREZA (A) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA
CLAE
62
FIGURA 36– ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO
DAS FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 37– ESPECTRO DE UV (B) E ANÁLISE DE PUREZA (A) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA
CLAE
63
5.2.2 Cromatografia Gasosa
A vantagem da cromatografia gasosa claramente está em sua alta
sensibilidade para a detecção de quase todos os componentes químicos voláteis.
Isto é especialmente verdadeiro para a detecção usual de ionização de chama (DIC).
Além disso, a alta seletividade das colunas capilares proporciona a separação de
muitos compostos voláteis simultaneamente em tempo relativamente curto. Assim,
nas últimas décadas, CG tornou-se uma ferramenta analítica popular e útil no campo
de pesquisa das plantas medicinais (LIANG 2004).
Entretanto, a mais séria desvantagem da CG é que ela não é conveniente
para a análise de amostras que contenham compostos polares ou não voláteis. Por
isso, é necessário trabalhar no preparo da amostra, onde pode incluir derivatização
(LIANG 2004). Este fato foi levado em consideração no presente estudo, pois no
preparo da amostra os extratos brutos foram extraídos com éter de petróleo,
portanto somente os compostos apolares solúveis neste solvente foram injetados no
CG.
Primeiramente utilizaram-se as condições cromatográficas descritas por
CARVALHO (2002) para a análise de perfil de esteróides e triterpenos dos extratos e
a possibilidade de identificação de marcadores químicos.
Esteróides são um grupo de substâncias que ocorrem naturalmente
derivadas de isopentenóides hidroxilados policíclicos contendo a estrutura 1,2
ciclopentanofenantreno. Estes compostos contêm um total de 27 a 30 átomos de
carbono (o número de átomos de carbono no precursor biosintético óxido de
esqualeno) nos quais uma cadeia lateral com número de átomos de carbono maior
ou igual a 7 ligada no carbono de posição 17. Suas estruturas estão intimamente
relacionadas e variam dependendo da extensão das modificações do sistema anelar
e modificações da cadeia lateral. Assim, o número e posições das duplas ligações
em ambos sistemas policíclicos e cadeia lateral dos esteróides podem ser diferentes
(ABIDI et al, 2001).
Os esteróides possuem um amplo espectro de atividades biológicas e
propriedades físicas. Esteróides de plantas (por exemplo fitoesteróis), em particular
64
são importantes produtos agrícolas para indústrias farmacêuticas e alimentícias.
Eles são emulsificantes úteis para a indústria de cosméticos e suprem a maior parte
de intermediários esteroidais e precursores para a produção de hormônios
farmacêuticos. Alguns esteróis de plantas com estruturas específicas inibem a
deterioração oxidativa de óleos servindo como potentes agentes antipolimerizantes
para óleos de fritura. Atividades hipocolesterolêmicas de alguns fitoesteróis (por
exemplo, esteróides da soja, componentes de óleos vegetais e sitosterol) foram
documentadas. Os análogos saturados dos fitoesteróis e seus ésteres foram
sugeridos como agentes efetivos para baixar o nível de colesterol do sangue
oferecendo benefícios cardiológicos (ABIDI et al, 2001). A mistura dos triterpenos
alfa e beta amirina produziram atividade antinociceptiva periférica, espinhal e
supraespinhal em roedores provavelmente por mecanismos que envolvem a inibição
das vias metabólicas das proteínas quinase A e quinase C (OTUKI et al, 2005).
A avaliação de fitoesteróis misturados com uma diversidade de compostos
não saponificáveis em lipídeos de plantas de matriz complexa é uma tarefa
formidável e requer técnicas analíticas confiáveis para a extração, isolamento,
separação, purificação, detecção de análises quantitativas. Dados da literatura
revelam que a maioria dos pesquisadores prefere técnicas de CG capilar como
métodos de escolha para a análise de esteróides e compostos relacionados. Em
alguns casos a CG parece prover maior seletividade para certos isômeros que a
CLAE (ABIDI, 2001).
Colunas capilares de sílica fundida contêm fases estacionárias
quimicamente ligadas de diferentes polaridades. Quando colunas capilares de alta
temperatura são utilizadas, análises de amostras com esteróis podem ser realizadas
com alto grau de detecção, sensitividade e resolução dos componentes. Em análises
típicas, o detector de ionização de chama é utilizado para monitorar as análises.
Outros detectores (por exemplo detectores de captura de elétrons ou de
condutividade térmica) são menos utilizados porque o detector de ionização de
chama tem melhores respostas em termos de sensitividade, linearidade de resposta
e generalidade de resposta (ABIDI, 2001).
O método utilizado para a detecção dos padrões de esteróides e triterpenos
mostrou-se eficiente para a separação dos compostos estudados. Como estes
65
compostos possuem estruturas de polaridade semelhante foi preciso utilizar um
método com tempo longo de análise e com um gradiente de temperatura brando.
Obteve-se assim o cromatograma dos padrões dos esteróides estigmasterol e beta
sitosterol, e dos triterpenos lupeol, alfa-amirina e beta-amirina. Este cromatograma
pode ser observado na figura 38.
FIGURA 38– CROMATOGRAMA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES DO MÉTODO
QUALITATIVO DA CG.
Com a realização desta análise foi possível calcular os tempos de retenção
relativa dos padrões de referência de esteróides e triterpenos em relação ao padrão
interno de acetato de tocoferol. A retenção relativa (RR) é dada pela razão do tempo
de retenção do padrão de referência pelo tempo de retenção do padrão interno.
Estes dados são importantes para a identificação destes compostos nos extratos
brutos, onde os tempos de retenção relativa devem ser muito parecidos com os do
cromatograma padrão. A Tabela 13 mostra esses dados.
TABELA 13– RETENÇÃO RELATIVA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES NO MÉTODO
QUALITATIVO DA CG.
Padrão Tempo de retenção (min) Retenção relativa
Acetato de tocoferol 53,532 1,000
Estigmasterol 62,165 1,161
Beta sitosterol 67,588 1,263
Beta amirina 77,192 1,442
Alfa amirina 85,252 1,593
Lupeol 88,263 1,649
66
Utilizando estas mesmas condições cromatográficas foram injetados os
extratos brutos das cascas e folhas na intenção da possível identificação de algum
dos compostos injetados. Obteve-se assim o perfil cromatográfico de esteróides e
triterpenos dos extratos brutos das cascas e folhas da espécie. Após as análises dos
cromatogramas dos extratos brutos, verificou-se a coincidência de picos nos
mesmos tempos de retenção do estigmasterol com RR = 1,163 nas cascas e RR =
1,165 nas folhas. Também se verificou a presença do beta sitosterol com RR =
1,262 nas cascas e RR = 1,268 nas folhas. Esta pequena variação na retenção
relativa obtida com o cromatograma dos padrões e dos extratos brutos se deve ao
fato das amostras dos extratos brutos possuírem número de compostos muito
superior à amostra dos padrões, diminuindo o número de pratos teóricos da coluna,
além do fato do equipamento não possuir injetor automático. A presença de
esteróides e ausência de triterpenos havia sido observada na realização do perfil
fitoquímico confirmando os resultados obtidos na CG. Os cromatogramas dos
extratos brutos das cascas e folhas podem ser observados nas figuras 39 e 40.
FIGURA 39– CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS DO MÉTODO
QUALITATIVO DA CG
FIGURA 40– CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS DO TODO
QUALITATIVO DA CG
67
A presença de estigmasterol e beta sitosterol nos extratos brutos foi
confirmada pela adição destes padrões aos extratos. Os extratos adicionados dos
padrões foram cromatografados e observou-se que a área dos picos
correspondentes aumentou sem o aparecimento de novos picos no cromatograma.
Estes dados condizem com a pesquisa bibliográfica realizada, pois PIZZOLLATTI et
al, (2004) também demonstraram a presença destes compostos nas cascas da
Trichilia catigua. Os cromatogramas dessas análises podem ser observados nas
figuras 41 e 42.
FIGURA 41– CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CG
FIGURA 42– CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS ADICIONADO DOS
PADRÕES NO MÉTODO QUALITATIVO DA CG
Observando os cromatogramas dos extratos brutos observa-se que o
esteróide beta sitosterol é o composto presente em maior quantidade, portanto
optou-se para a análise quantitativa apenas deste composto nos extratos. O beta
68
sitosterol é um esteróide comum no reino vegetal, identificado em outras plantas
medicinais, além de estar disponível comercialmente e ser relativamente barato, fato
imprescindível para rotinas de controle da qualidade.
Estudos in vitro demonstraram a atividade preventiva de câncer do beta
sitosterol em células de cólon (CHOI et al, 2003). Estudos in vivo em amimais
demonstraram que o beta sitosterol livre e glicosilado exibiram atividades
antiinflamatória, antineoplásica, antipirética e imuno modulatória (BOUIC et al, 1999).
Abaixo observam-se as estruturas do beta siosterol e do estigmasterol.
Portanto, resolveu-se desenvolver outro método visando a simplificação da
análise do beta sitosterol. Utilizou-se para isto outra coluna cromatográfica mais
polar (ZB-1), fato que permitiu separar convenientemente o beta sitosterol (RR =
1,159) dos outros compostos do extrato em 60 minutos, diminuindo
significativamente o tempo da análise e o custo operacional. Apesar de separar bem
o beta sitosterol dos outros padrões, esta coluna não teve resolução para a
separação do lupeol da alfa amirina, os quais foram eluídos juntos da coluna
cromatográfica resultando no último pico do cromatograma dos padrões com área
maior que o dos outros padrões bem resolvidos. Como estes compostos o estão
presentes nos extratos estudados este fato foi ignorado. Esta metodologia foi então
validada para ser utilizada na quantificação do beta sitosterol nos testes de eficiência
extrativa. Os cromatogramas dos padrões e dos extratos brutos no método
quantitativo podem ser observados nas figuras 43 a 45.
69
FIGURA 43– CROMATOGRAMA DOS PADRÕES DE ESTERÓIDES E TRITERPENOS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG
FIGURA 44– CROMATOGRAMA EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG
FIGURA 45– CROMATOGRAMA EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG
70
5.2.3 Cromatografia em Camada Delgada
CCD foi o método de escolha para a análise de plantas medicinais antes que
os métodos cromatográficos de CG ou CLAE fossem estabelecidos. Hoje em dia a
CCD é ainda freqüentemente utilizada para a análise de plantas medicinais, pois
várias farmacopéias utilizam esta técnica para providenciar os primeiros perfis
cromatográficos das plantas. Usualmente, a CCD é utilizada como um método fácil
para a pesquisa inicial, com uma avaliação semiquantitativa aliada outra forma de
cromatografia (LIANG et al, 2004).
A CCD tem a vantagem de inúmeras possibilidades de detecção na análise
de plantas medicinais. Além disso, CCD é uma metodologia simples e pode ser
empregada para a análise de múltiplas amostras. Para cada placa, mais de 30
pontos de amostras podem ser estudados simultaneamente. Por isso o uso da CCD
é ainda muito popular na análise de plantas medicinais. Em suma, as vantagens da
utilização da CCD para a construção de perfis cromatográficos de plantas medicinais
são sua simplicidade, versatilidade, alta velocidade, sensitividade específica e
simples preparo da amostra. Assim, CCD é um método conveniente de
determinação da qualidade e possível adulteração de plantas medicinais (LIANG et
al, 2004).
Foram efetuadas análises qualitativas por CCD com o propósito da avaliação
da presença dos marcadores químicos identificados e do estabelecimento de perfis
cromatográficos de compostos fenólicos e esteróides para a espécie.
O perfil cromatográfico obtido para a análise de fenólicos demonstrou-se
muito parecido para as duas partes estudadas da planta. O ácido clorogênico foi
convenientemente resolvido dos outros fenólicos da planta nas condições utilizadas
apresentando fluorescência amarelada e Rf de 0,48.
Ambos os extratos brutos das cascas e das folhas demonstraram a presença
do ácido clorogênico. Esta presença foi confirmada pela adição do padrão nas
amostras, fato que provocou o aumento da fluorescência no Rf característico do
ácido clorogênico, sem provocar o aparecimento de novas manchas no
71
cromatograma. Na figura 46 pode-se conferir o resultado do perfil cromatográfico da
análise de CCD para a visualização de compostos fenólicos.
FIGURA 46- PERFIL CROMATOGRÁFICO EM CCD PARA VISUALIZAÇÃO DE
COMPOSTOS FENÓLICOS
1- Extrato bruto das cascas, 2- Extrato bruto das folhas, 3- Padrão de ácido clorogênico, 4- Extrato
bruto das cascas adicionado do padrão de ácido clorogênico e 5- Extrato bruto das folhas adicionado
do padrão de ácido clorogênico.
Da mesma forma o perfil cromatográfico obtido para a análise de esteróides
demonstrou-se muito parecido para as duas partes da planta estudadas. O beta
sitosterol pode ser convenientemente resolvido dos outros esteróides da planta nas
condições utilizadas apresentando coloração marrom e Rf de 0,57.
Ambos os extratos brutos das cascas e das folhas demonstraram a presença
do beta sitosterol. Esta presença foi confirmada pela adição do padrão nas
amostras, fato que provocou o aumento da intensidade de cor no Rf característico do
beta-sitosterol, sem provocar o aparecimento de novas manchas no cromatograma.
Na figura 47 se confere o resultado do perfil cromatográfico da análise de
CCD para a visualização de esteróides e triterpenos.
72
FIGURA 47- PERFIL CROMATOGRÁFICO EM CCD PARA VISUALIZAÇÃO DE
ESTERÓIDES
1- Extrato bruto das cascas, 2- Extrato bruto das folhas, 3- Padrão de beta-sitosterol, 4- Extrato bruto
das cascas adicionado do padrão de beta-sitosterol e 5- Extrato bruto das folhas adicionado do
padrão de beta-sitosterol.
Ambas as análises de CCD desenvolvidas demonstraram-se satisfatórias
para a detecção dos compostos estudados e podem ser utilizadas na identificação
qualitativa destes compostos para o controle da qualidade desta planta.
5.2.4 Validação dos Métodos Analíticos Quantitativos
Validar é estar com o objetivo voltado para a confiabilidade analítica do
laboratório e do método desenvolvido para se obter o resultado desejado. Validação
100 % é utopia, sempre haverá um critério pessoal, ou seja, aceitar sempre gerará
um conflito. É importante lembrar que não existe modelo pronto para sistemas de
validação, portanto deve-se fazer adaptações, adequando as recomendações às
suas necessidades (LEITE, 2002).
73
5.2.4.1 Validação do método de doseamento de ácido clorogênico por CLAE
5.2.4.1.1 Linearidade
Linearidade é a capacidade de uma metodologia analítica demonstrar que os
resultados analíticos são diretamente proporcionais à concentração do analito na
amostra, dentro de um intervalo especificado. Recomenda-se que a linearidade seja
determinada pela análise de, no mínimo, 5 concentrações diferentes. Estas
concentrações devem seguir os limites do intervalo de trabalho (ANVISA, 2003).
De acordo com o coeficiente de correlação obtido para o ácido clorogênico,
0.999442, a curva de calibração mostra relação linear entre a concentração e a área
integrada nos intervalos de concentrações analisados para o analito em pesquisa. A
figura 48 mostra o resultado da análise de linearidade do ácido clorogênico.
FIGURA 48– CURVA DE LINEARIDADE DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
74
5.2.4.1.2 Exatidão
A exatidão de um método analítico é a proximidade dos resultados obtidos
pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro (ANVISA, 2003). A Tabela
14 demonstra os resultados da análise de exatidão realizada.
TABELA 14 – RESULTADO DO TESTE DE EXATIDÃO PARA ÁCIDO CLOROGÊNICO.
Amostra
Concentração de
ácido clorogênico
adicionada (µg/mL)
Concentração de ácido
clorogênico encontrada
g/mL)
Recuperação
(%)
50 %.1 6,77 101,04
50 %.2 6,75 100,75
50 %.3
6,70
6,73 100,45
Média 6,75 100,75
DP 0,02 0,30
CV% 0,30 0,30
IC 6,75 ± 0,02 100,75 ± 0,34
100 %.1 13,20 99,25
100 %.2 13,38 100,60
100 %.3
13,30
13,39 100,68
Média 13,32 100,18
DP 0,11 0,80
CV% 0,80 0,80
IC 13,32 ± 0,12 100,18 ± 0,91
150 %.1 20,14 100,70
150 %.2 19,82 99,10
150 %.3
20,00
19,99 99,95
Média 19,98 99,92
DP 0,16 0,80
CV% 0,80 0,80
IC 19,98 ± 0,18 99,92 ± 0,91
Analisando os resultados, percebe-se que o método em análise apresenta
exatidão, pois as porcentagens de recuperação 100,75 %, 100,18 % e 99,92 %,
75
respectivamente para as análises de 50 %, 100 % e 150 %, estão dentro do limite
esperado, ou seja, entre 95 % e 105 %. Além disso, o intervalo de confiança (IC)
indica que o valor verdadeiro encontrado está dentro da faixa de valores associados
aos valores obtidos.
5.2.4.1.3 Especificidade
É a capacidade que otodo possui de medir exatamente um composto em
presença de outros componentes tais como impurezas, produtos de degradação e
componentes da matriz. Em métodos cromatográficos, deve-se tomar as precauções
necessárias para garantir a pureza dos picos cromatográficos. A utilização de testes
de pureza de pico (por exemplo, com auxilio de detector de arranjo de fotodiodos ou
espectrometria de massas) são interessantes para demonstrar que o pico
cromatográfico é atribuído a um só componente (ANVISA, 2003).
Demonstrou-se que o método proposto apresenta especificidade, pois o
cromatograma do placebo das cascas e folhas indica a ausência de resposta do
analito ao método, não havendo interferência da matriz nem do solvente extrator na
análise quantitativa. Além disso, a análise espectral realizada pelo detector de DAD
evidenciou que o pico correspondente ao ácido clorogênico no extrato bruto das
cascas da catuaba está puro, com índice de pureza igual a 0,9972, ou seja, pureza
99,72 %. Da mesma forma o pico correspondente ao ácido clorogênico no extrato
bruto das folhas também está puro, com índice de pureza igual a 0,9986, ou seja,
pureza 99,86 %. Estes dados garantem a especificidade de quantificação do analito
livre de outras impurezas do extrato. Os cromatogramas, espectrogramas e dados
de pureza de pico da análise de especificidade podem ser observados nas figuras
49 a 56.
76
FIGURA 49- ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO PLACEBO DAS
CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 50- ESPECTROGRAMA E CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS FOLHAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
77
FIGURA 51- ESPECTROGRAMA E CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS
CASCAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 52- ANÁLISE DE PUREZA (A) E ESPECTRO DE UV (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO DO CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
78
FIGURA 53- ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO EXTRATO BRUTO DAS
FOLHAS NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 54- ANÁLISE DE PUREZA (A) E ESPECTRO DE UV (B) DO ÁCIDO
CLOROGÊNICO DO CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
79
FIGURA 55- ESPECTROGRAMA (A) E CROMATOGRAMA (B) DO PADRÃO DE ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
FIGURA 56- ANÁLISE DE PUREZA E ESPECTRO UV DO PADRÃO DE ÁCIDO
CLOROGÊNICO NO MÉTODO QUANTITATIVO DA CLAE
80
5.2.4.1.4- Precisão por repetibilidade
A precisão é a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma
série de medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. A precisão
por repetibilidade é a concordância entre os resultados dentro de um curto período
de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação (ANVISA, 2003). As
Tabelas 15 e 16 demonstram os resultados desta análise.
TABELA 15- RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO POR REPETIBILIDADE
Concentração de Ácido Clorogênico encontrada (µg/g)
Replicatas
Primeira análise Segunda análise Terceira análise
1 945,59 950,321 946,259
2 947,99 951,235 946,321
3 946,02 950,236 947,929
4 945,09 951,475 947,524
5 947,74 950,952 946,746
6 947,03 951,067 948,249
Média 946,58 950,88 947,17
DP 1,19 0,50 0,85
CV % 0,13 0,05 0,09
TABELA 16– AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
PRECISÃO POR REPETIBILIDADE DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
Análise Média da concentração de ácido clorogênico encontrada (µg/g)
Primeira 946,58
Segunda 950,88
Terceira 947,17
Média 948,21
DP 2,33
CV % 0,25
81
O método proposto apresenta precisão por repetibilidade, pois os
coeficientes de variação (CV %) encontrados entre as três determinações realizadas
para este fim encontram-se dentro do limite esperado, isto é, menor ou igual a 5 %.
5.2.4.1.5 Precisão intermediária
A precisão intermediária é a concordância entre os resultados do mesmo
laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou
equipamentos diferentes. Para a determinação da precisão intermediária
recomenda-se um mínimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes (ANVISA,
2003). As Tabelas 17 e 18 demonstram os resultados desta análise.
TABELA 17- RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA
Concentração de Ácido Clorogênico encontrada (µg/g)
Replicatas
Primeiro analista Segundo analista Terceiro analista
1 951,241 956,658 949,958
2 952,325 957,524 948,921
3 954,325 956,958 950,365
4 952,958 958,326 951,322
5 953,254 957,741 949,635
6 951,247 959,339 947,682
Média 952,56 957,76 949,65
DP 1,21 0,97 1,25
CV % 0,13 0,10 0,13
82
TABELA 18- AVALIAÇÃO DAS MÉDIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
PRECISÃO INTERMEDIÁRIA DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
Análise Média da concentração de ácido clorogênico
encontrada (µg/g)
Primeiro analista 952,56
Segundo analista 957,76
Terceiro analista 949,65
Média 953,32
DP 4,11
CV % 0,43
O método proposto apresenta precisão intermediária, pois os coeficientes de
variação (CV %) encontrados entre as três determinações realizadas neste teste
estão dentro do limite esperado, isto é, menor ou igual a 5 %;
5.2.4.1.6- Intervalo
O intervalo de aplicação do método foi considerado a concentração
compreendida entre 6,7 e 20 µg/mL de ácido clorogênico na solução amostra.
5.2.4.1.7 Robustez
A robustez de um método analítico é a medida de sua capacidade em resistir
a pequenas e deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança
durante o uso normal. Durante o desenvolvimento da metodologia, deve-se
considerar a avaliação da robustez. Constatando-se a susceptibilidade do método à
variações nas condições analíticas, estas deverão ser controladas e precauções
devem ser incluídas no procedimento. Para a CLAE os fatores que podem ser
83
considerados na determinação da robustez do método analítico são: variação do pH
da fase móvel, variação na composição da fase móvel, diferentes lotes ou
fabricantes de colunas, temperatura e fluxo da fase móvel (ANVISA, 2003). As
Tabelas 19 e 20 demonstram os resultados desta análise.
TABELA 19 – RESULTADO DAS ANÁLISES DE ROBUSTEZ DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
Concentração de Ácido Clorogênico encontrada (µg/g)
Replicatas
Troca de coluna
cromatográfica
Alteração de pH da
fase móvel
Alteração da
temperatura do forno
1 951,958 946,58 951,362
2 951,254 946,53 952,147
3 949,325 947,25 953,849
4 952,475 946,98 954,024
5 949,697 946,87 952,541
6 950,625 946,36 953,693
Média 950,89 946,76 952,94
Desvio 1,24 0,33 1,08
CV % 0,13 0,03 0,11
TABELA 20 - AVALIAÇÃO DAS DIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
ROBUSTEZ DO ÁCIDO CLOROGÊNICO
Análise Média da concentração de ácido
clorogênico encontrada (µg/g)
Troca de coluna cromatográfica 950,89
Alteração de pH da fase móvel 946,76
Alteração da temperatura do forno 952,94
Média 950,20
Desvio 3,15
CV % 0,33
As leituras do teor de ácido clorogênico com outra coluna analítica de lote
diferente da usada para as análises anteriores demonstraram desvio padrão relativo
(CV) de 0,13 % indicando assim a robustez do todo para esta alteração. Da
mesma forma a alteração do pH da fase móvel em menos 0,2 pontos (de 2,20 para
84
2,00) resultou em um CV de 0,03 % indicando que o método permanece estável
para esta alteração. Finalmente, o aumento da temperatura do forno de colunas de
25 para 27 °C também não promoveu mudanças significativas no teor de ácido
clorogênico dosado, demonstrando um CV de 0,11 %.
Com os resultados obtidos na série de análises realizadas de acordo com os
parâmetros exigidos pela Resolução - RE 899, de 29 de maio de 2003 da Anvisa,
conclui-se que o método utilizado para o doseamento de ácido clorogênico no
extrato soxhlet de catuaba cascas e folhas por CLAE pode ser considerado validado.
5.2.4.2 Validação do método de doseamento de beta sitosterol por CG
5.2.4.2.1 Linearidade
De acordo com o coeficiente de correlação obtido para o beta sitosterol,
0.99832, a curva de calibração mostra relação linear entre a concentração e a área
integrada nos intervalos de concentrações analisados para o analito em pesquisa. A
figura 57 mostra o resultado da análise de linearidade do beta sitosterol.
FIGURA 57– CURVA DE LINEARIDADE DO BETA SITOSTEROL
85
5.2.4.2.2 Exatidão
A Tabela 21 demonstra os resultados da análise de exatidão realizada.
TABELA 21 – RESULTADO DO TESTE DE EXATIDÃO PARA O BETA SITOSTEROL
Amostra
Concentração de Beta
sitosterol adicionada
g/mL)
Concentração de Beta
sitosterol encontrada
g/mL)
Recuperação
(%)
50 % - 1 49,52 99,04
50 % - 2 50,01 100,02
50 % - 3
50,00
49,97 99,94
Média 49,83 99,67
DP 0,27 0,54
CV% 0,55 0,55
IC 0,31 0,62
100 % - 1 100,15 100,15
100 % - 2 100,51 100,51
100 % - 3
100,00
100,04 100,04
Média 100,23 100,23
DP 0,25 0,25
CV% 0,25 0,25
IC 0,28 0,28
150 % - 1 150,28 100,19
150 % - 2 150,26 100,17
150 % - 3
150,00
149,93 99,95
Média 150,16 100,10
DP 0,20 0,13
CV% 0,13 0,13
IC 0,22 0,15
Analisando os resultados, percebe-se que o método em análise apresenta
exatidão, pois as porcentagens de recuperação 100,10 %, 100,24 % e 100,08 %
86
respectivamente para as análises de 50 %, 100 % e 150 % estão dentro do limite
esperado, ou seja, entre 95 % e 105 %. Além disso, o intervalo de confiança (IC)
indica que o valor verdadeiro encontrado está dentro da faixa de valores associados
com os valores obtidos.
5.2.4.2.3 Especificidade
Demonstrou-se que o método proposto apresenta especificidade, pois os
cromatogramas dos placebos das cascas e folhas indicam a ausência de resposta
do analito ao método, não havendo interferência da matriz nem do solvente extrator
na análise quantitativa. Os cromatogramas da análise de especificidade podem ser
observados nas figuras 58 a 62.
FIGURA 58- CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS CASCAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG.
FIGURA 59- CROMATOGRAMA DO PLACEBO DAS FOLHAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG.
87
FIGURA 60- CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS CASCAS DA CATUABA
NO
MÉTODO QUANTITATIVO DA CG
FIGURA 61- CROMATOGRAMA DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG
FIGURA 62- CROMATOGRAMA DO PADRÃO DE BETA SITOSTEROL NO MÉTODO
QUANTITATIVO DA CG
88
5.2.4.2.4 Precisão por Repetibilidade
As Tabelas 22 e 23 demonstram os resultados da precisão por
repetibilidade.
TABELA 22 - RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO POR REPETIBILIDADE DO
BETA SITOSTEROL
Concentração de beta sitosterol encontrada (µg/g)
Replicatas
Primeira análise Segunda análise Terceira análise
1 250,45 251,32 255,36
2 251,19 251,01 254,21
3 251,42 252,68 255,98
4 251,32 252,95 255,42
5 251,89 251,35 256,24
6 249,33 251,84 256,85
Média 250,93 251,86 255,68
DP 0,92 0,79 0,91
CV % 0,36 0,31 0,35
TABELA 23 - AVALIAÇÃO DAS DIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
PRECISÃO POR REPETIBILIDADE DO BETA SITOSTEROL
Análise Média da concentração de beta sitosterol encontrada (µg/g)
Primeira 250,93
Segunda 251,86
Terceira 255,68
Média 252,82
DP 2,52
CV % 1,00
O método proposto apresenta precisão por repetibilidade, pois os
coeficientes de variação (CV %) encontrados entre as três determinações realizadas
para este fim encontram-se dentro do limite esperado, isto é, menor ou igual a 5 %.
89
5.2.4.2.5 Precisão Intermediária
As Tabelas 24 e 25 demonstram os resultados da precisão intermediária.
TABELA 24 - RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA DO BETA
SITOSTEROL
Concentração de beta sitosterol encontrada (µg/g)
Replicatas
Primeira análise Segunda análise Terceira análise
1 253,65 251,12 258,21
2 254,21 250,14 258,34
3 253,32 251,24 257,54
4 253,98 250,58 257,98
5 254,69 252,31 258,32
6 255,32 251,36 257,49
Média 254,20 251,13 257,98
DP 0,72 0,74 0,38
CV % 0,28 0,29 0,15
TABELA 25 - AVALIAÇÃO DAS DIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
PRECISÃO INTERMEDIÁRIA DO BETA SITOSTEROL
Análise Média da concentração de beta sitosterol encontrada (µg/g)
Primeira 254,20
Segunda 251,13
Terceira 257,98
Média 254,44
Desvio 3,43
CV % 1,35
O método proposto apresenta precisão intermediária, pois os coeficientes de
variação (CV %) encontrados entre as três determinações realizadas neste teste
estão dentro do limite esperado, isto é, menor ou igual a 5 %;
90
5.2.4.2.6 Intervalo
O intervalo de aplicação do método foi considerado a concentração
compreendida entre 50 e 150 µg/mL de beta sitosterol na solução amostra.
5.2.4.2.7 Robustez
Para a CG os fatores que podem ser considerados na determinação da
robustez do método analítico são: diferentes lotes ou fabricantes de colunas,
temperatura e a velocidade do gás de arraste (ANVISA 2003). As Tabelas 26 e 27
demonstram os resultados desta análise.
TABELA 26 – RESULTADO DAS ANÁLISES DE ROBUSTEZ DO BETA SITOSTEROL
Concentração de Beta sitosterol encontrada (µg/g)
Replicatas
Troca de coluna
cromatográfica
Alteração da vazão
do gás de arraste
Alteração da
temperatura do forno
1 251,64 252,38 255,21
2 250,69 253,62 255,47
3 251,74 252,14 255,28
4 251,31 252,59 256,39
5 250,84 252,18 254,37
6 250,39 251,39 255,51
Média 251,10 252,38 255,37
Desvio 0,54 0,73 0,65
CV % 0,22 0,29 0,25
91
TABELA 27 - AVALIAÇÃO DAS DIAS DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE
ROBUSTEZ DO BETA SITOSTEROL
Análise Média da concentração de beta sitosterol encontrada (µg/g)
Coluna 251,10
Vazão 252,38
Temperatura 255,37
Média 252,95
Desvio 2,19
CV % 0,87
As leituras do teor de beta sitosterol com outra coluna analítica de lote
diferente da usada para as análises anteriores demonstraram coeficiente de variação
(CV) de 0,22 % indicando assim a robustez do todo para esta alteração. Da
mesma forma a alteração da vazão do gás de arraste resultou em um CV de 0,29 %
indicando que o método permanece estável para esta alteração. Finalmente, o
aumento da temperatura do forno de colunas de 270 para 272 °C no patamar de
temperatura em que é detectado o analito, também não promoveu mudanças
significativas no teor de beta sitosterol dosado demonstrando CV de 0,25 %.
Com os resultados obtidos na série de análises realizadas de acordo com os
parâmetros exigidos pela Resolução - RE n° 899, de 29 de maio de 2003, conclui-se
que o método utilizado para o doseamento de beta sitosterol no extrato soxhlet de
catuaba cascas por CG pode ser considerado validado.
5.3 ANÁLISES DE EFICIÊNCIA EXTRATIVA
5.3.1 Quantificação do ácido clorogênico
A extração de compostos fenólicos nas plantas é influenciada pela sua
natureza química, método extrativo empregado, tamanho da partícula da amostra,
tempo e condições de armazenamento, assim como a presença de substâncias
92
interferentes. A natureza química dos fenólicos das plantas varia de substâncias
simples até altamente polimerizadas que incluem proporções variadas de ácidos
fenólicos, fenilpropanóides, antocianinas e taninos, entre outros. Eles podem
também existir como complexos com carboidratos, proteínas e outros componentes
das plantas; alguns fenólicos de alto peso molecular e seus complexos podem ser
muito insolúveis. Por isso, extratos fenólicos de plantas sempre o uma mistura de
diferentes classes de fenólicos que são solúveis no sistema de solventes usado.
Procedimentos adicionais podem ser necessários para a remoção de fenólicos
indesejados e substâncias não fenólicas como ceras, gorduras, terpenos e clorofilas.
Técnicas de extração em fase sólida e fracionamentos baseados na acidez são
comumente utilizados para remover fenólicos indesejados e substâncias não
fenólicas (NACZK et al, 2004).
A solubilidade de compostos fenólicos é governada pelo tipo de solvente
(polaridade) utilizado, grau de polimerização dos fenólicos, assim como interação
dos fenólicos com outros constituintes da planta e formação de complexos
insolúveis. Por isso, não procedimento uniforme ou completamente satisfatório
que seja adequado para a extração de todos os fenólicos ou uma classe específica
de compostos fenólicos nas plantas. Metanol, etanol, acetona, água, acetato de etila
e, em menor extensão, propanol e dimetilformamida, e suas combinações são
freqüentemente utilizadas para a extração de fenólicos (NACZK et al, 2004).
O doseamento de ácido clorogênico por CLAE nos extratos das cascas e
folhas da T. catigua dos métodos de extração realizados podem ser verificados na
figura 63.
93
FIGURA 63– TEORES DE ÁCIDO CLOROGÊNICO DOS MÉTODOS EXTRATIVOS
REALIZADOS
1933
1823
2046
1592
1645
1566 1561
1702
1199
1437
951
551
476
424 427
927
535
278
195
274
0
500
1000
1500
2000
2500
SOXHLET REFLUXO TURLISE MACERAÇÃO SONICAÇÃO
mcg/g de Ácido Clorogênico
Cascas EtOH 50 % Folhas EtOH 50 % Cascas EtOH 96 % Folhas EtOH 96 %
De acordo com a figura 63 pode-se observar que o método de turbólise com
etanol 50 % apresentou o maior rendimento de ácido clorogênico para a extração
das cascas e folhas, com teores de 2046 µg/g e 1702 µg/g respectivamente. o
método de maceração foi o menos eficiente na extração deste composto com
rendimento de 1592 µg/g e 1199 µg/g das cascas e folhas respectivamente, cerca de
25 % menos que o método de turbólise.
Observa-se também que o segundo melhor método extrativo foi o soxhlet
com etanol 50 %, então a renovação do solvente no processo extrativo ajuda a
extração do ácido clorogênico, pois estas duas metodologias possuem renovação do
solvente em seu processo extrativo. A pequena diferença, cerca de 6 % menor, da
quantidade de ácido clorogênico extraída pelo processo de refluxo contínuo do
soxhlet pode ter acontecido pela granulometria da droga. Este parâmetro não foi
variado, mas futuras pesquisas podem esclarecer se a diminuição da granulometria
aumentaria a quantidade de ácido clorogênico extraído. A eficiência superior da
turbólise pode ser devida a pulverização das partículas da droga durante o processo
extrativo, expondo assim a maior parte do conteúdo interno das células, facilitando a
ação do solvente. A presença de água no solvente provoca o amolecimento dos
tecidos da droga facilitando a extração do composto pelo etanol. A Tabela 28
demonstra a análise estatística das médias dos teores de ácido clorogênico nos
métodos extrativos realizados.
94
TABELA 28 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TEOR DE ÁCIDO CLOROGÊNICO DOS
MÉTODOS EXTRATIVOS REALIZADOS.
Método Droga e Solvente
Média do teor de ácido
clorogênico (µg/g)
Desvio
Padrão Variância
Cascas EtOH 50% 1932,908
a
1,970 3,882
Folhas EtOH 50% 1565,77
b
1,782 3,175
Cascas EtOH 96% 951,24
c
2,061 4,248
Soxhlet
Folhas EtOH 96% 927,25
d
0,655 0,429
Cascas EtOH 50% 1823,40
e
3,593 12,912
Folhas EtOH 50% 1560,92
b
2,203 4,851
Cascas EtOH 96% 551,20
f
1,754 3,078
Refluxo
Folhas EtOH 96% 534,70
g
2,324 5,399
Cascas EtOH 50% 2046,41
h
1,357 1,842
Folhas EtOH 50% 1702,37
i
1,800 3,238
Cascas EtOH 96% 475,87
j
0,514 0,264
Turbólise
Folhas EtOH 96% 278,07
l
0,250 0,063
Cascas EtOH 50% 1592,02
m
1,674 2,803
Folhas EtOH 50% 1199,14
n
1,881 3,539
Cascas EtOH 96% 424,07
o
1,344 1,807
Maceração
Folhas EtOH 96% 195,14
p
0,406 0,164
Cascas EtOH 50% 1645,22
q
2,561 6,558
Folhas EtOH 50% 1436,60
r
0,878 0,771
Cascas EtOH 96% 426,83
o
1,647 2,714
Sonicação
Folhas EtOH 96% 274,16
l
0,774 0,600
* Letras diferentes significam teores diferentes ao nível de 5 % de significância.
De acordo com as análises estatísticas realizadas, a maioria os métodos de
extração e concentrações de solvente foram diferentes a 5 % de significância, com
exceção da extração das folhas com etanol 50 % por refluxo e soxhlet, extração das
folhas com etanol 96 % por turbólise e sonicação e extração das cascas com etanol
96 % por maceração e sonicação.
As cascas apresentaram maior teor de ácido clorogênico que as folhas em
todos os métodos extrativos testados.
95
5.3.2 Quantificação do beta sitosterol
O doseamento de beta sitosterol por CG nos extratos das cascas e folhas da
T. catigua dos métodos de extração realizados podem ser verificados a figura 64.
FIGURA 64- TEORES DE BETA SITOSTEROL DOS MÉTODOS EXTRATIVOS
REALIZADOS
396
57
191
37
52
777
64
295
38
53
252
230
313
222
170
582
399
535
366
289
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
SOXHLET REFLUXO TURBÓLISE MACERÃO SONICAÇÃO
mcg/g de Beta-Sitosterol
Cascas EtOH 50 % Folhas EtOH 50 % Cascas EtOH 96 % Folhas EtOH 96 %
De acordo com a figura 64 pode-se observar que o método de soxhlet com
etanol 50 % apresentou o maior rendimento de beta sitosterol para a extração das
cascas e folhas, com teores de 396 µg/g e 777 µg/g respectivamente. o método
de maceração foi o menos eficiente na extração deste composto com rendimento de
37 µg/g e 38 µg/g das cascas e folhas respectivamente. Todos os outros métodos
extrativos apresentaram maior rendimento com o etanol a 96 %.
Observa-se também que o segundo melhor método extrativo foi a turbólise
com etanol 96 %, então a renovação do solvente no processo extrativo ajuda a
extração do beta sitosterol, pois estas duas metodologias possuem renovação do
solvente em seu processo extrativo. A temperatura influencia a extração de modo
positivo, pois o todo de soxhlet foi mais eficiente que de turbólise, mesmo com a
exposição do conteúdo interno das células da droga por este método. O beta
sitosterol é mais solúvel em etanol que em água, justificando seu maior rendimento
em dia nas extrações com etanol 96 % comparado às com etanol 50 %. Porém a
extração em soxhlet com etanol 50 % foi maior que a com etanol 96 %. Este fato
pode ser devido à presença de água no solvente provocar o amolecimento dos
96
tecidos da droga, facilitando a perfusão do etanol nos tecidos da droga. Este fato
aliado ao aumento da temperatura facilitaram a extração do composto pelo etanol.
Estes resultados estão de acordo com SHEN & SHAO (2005) que também
demonstraram a eficiência superior da extração por soxhlet de terpenóides e
esteróides nas folhas do tabaco pelo etanol. A Tabela 29 demonstra a análise
estatística das médias dos teores de beta sitosterol nos métodos extrativos
realizados.
TABELA 29 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TEOR DE BETA SITOSTEROL DOS MÉTODOS
EXTRATIVOS REALIZADOS
Método Droga e Solvente
Média do teor de
beta sitosterol (µg/g)
Desvio
Padrão Variância
Cascas EtOH 50% 396,31
a
4,803 23,066
Folhas EtOH 50% 777,14
b
1,786 3,191
Cascas EtOH 96% 252,33
c
3,940 15,526
Soxhlet
Folhas EtOH 96% 581,65
d
1,320 1,743
Cascas EtOH 50% 57,44
e
2,194 4,814
Folhas EtOH 50% 64,17
ef
0,345 0,119
Cascas EtOH 96% 230,49
g
1,980 3,920
Refluxo
Folhas EtOH 96% 399,193
a
2,217 4,913
Cascas EtOH 50% 190,62
h
1,263 1,595
Folhas EtOH 50% 294,7
i
4,081 16,654
Cascas EtOH 96% 313,33
j
2,229 4,967
Turbólise
Folhas EtOH 96% 534,03
l
3,846 14,788
Cascas EtOH 50% 37,38
m
1,596 2,548
Folhas EtOH 50% 28,29
n
1,955 3,821
Cascas EtOH 96% 221,58
o
0,621 0,385
Maceração
Folhas EtOH 96% 366,11
p
4,699 22,084
Cascas EtOH 50% 51,92
e
0,542 0,294
Folhas EtOH 50% 53,32
e
3,419 11,692
Cascas EtOH 96% 170,34
s
0,613 0,376
Sonicação
Folhas EtOH 96% 288,74
i
2,451 6,005
* Letras diferentes significam teores diferentes ao nível de 5 % de significância.
97
De acordo com as análises estatísticas realizadas a maioria os métodos de
extração e concentrações de solvente foram diferentes a 5 % de significância, com
exceção da extração das cascas e folhas com etanol 50 % por refluxo e extração
das folhas e cascas com etanol 50 % por sonicação e extração das cascas com
etanol 96 % por refluxo.
As folhas apresentaram maior teor de beta sitosterol que as cascas em todos
os métodos extrativos testados.
6 CONCLUSÕES
Este estudo demonstrou-se útil para caracterização fitoquímica da espécie
nativa Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae. Em detrimento à enorme biodiversidade
brasileira, ainda faltam estudos nacionais bem conduzidos que forneçam os
subsídios necessários para o registro de fitoterápicos oriundos de plantas nativas. A
atual legislação brasileira que trata do registro de fitoterápicos, a RDC 48 de março
de 2003 da ANVISA uma das mais rigorosas do mundo, dentre várias exigências
determinou a obrigatoriedade da análise de marcadores químicos para o controle da
qualidade de matérias primas vegetais. Os resultados deste estudo cumprem esta
exigência, pois identificam possíveis marcadores químicos e demonstram
alternativas viáveis para sua quantificação em ambas as partes da planta estudadas.
Os perfis cromatográficos desenvolvidos pelas tecnologias de CCD, CG e
CLAE aliados ao estudo botânico anatômico fornecem os subsídios necessários
para a caracterização da espécie. Esta é a primeira etapa do controle da qualidade
de matérias-primas vegetais, pois garante a utilização da espécie correta, fato
imprescindível para proporcionar a segurança e eficácia dos efeitos farmacológicos
esperados do fitoterápico.
Análises cromatográficas mais específicas de CLAE puderam demonstrar
pela primeira vez a presença dos compostos fenólicos ácido clorogênico, catequina
e epi-catequina nas cascas e folhas da espécie. os ensaios de CG confirmaram a
presença dos esteróides beta sitosterol e estigmasterol nas cascas da planta
citadas na literatura anteriormente (PIZZOLLATTI et al, 2004). Além disso,
98
demonstrou-se que as folhas além de também possuírem estes compostos, os
produzem em maior quantidade que as cascas.
Os todos quantitativos desenvolvidos para a análise do ácido clorogênico
por CLAE e beta sitosterol por CG demonstraram eficiência, sensibilidade e
reprodutibilidade, caracterizando-se como propostas viáveis para rotinas de controle
da qualidade das cascas e folhas da espécie.
Os testes de eficiência extrativa realizados para avaliação das melhores
condições de extração dos marcadores químicos estudados. Avaliaram-se as
técnicas de maceração, sonicação, turbólise, refluxo e soxhlet, todas com etanol 50
% e 96 % e foram doseados os marcadores químicos. Nas condições estudadas
demonstrou-se que a melhor técnica para a extração do ácido clorogênico é a de
turbólise com etanol 50 % e a melhor técnica para a extração do beta sitosterol é a
de soxhlet com etanol a 50 %. Estas análises são de extrema valia para nortear
futuros testes para o processo produtivo de extração em escala industrial da droga.
Os resultados das análises de eficiência extrativa demonstraram que as
cascas possuem maior teor de compostos fenólicos e as folhas possuem maior teor
de esteróides. Como a catuaba possui diversas ações farmacológicas
comprovadas, pode-se propor a utilização de extratos das folhas para ações
farmacológicas características de esteróides e a utilização de extratos das cascas
para ações farmacológicas características de compostos fenólicos.
Com a análise mais criteriosa dos dados apresentados neste estudo verificou-
se que as cascas e folhas possuem composição química semelhantes, mas que
diferem nas concentrações percentuais dos metabólicos secundários. Tendo isto em
vista pode-se propor a formulação de um extrato das folhas com composição
química próxima ao das cascas e submetê-lo a testes farmacológicos para as ações
comprovadas das cascas. Este fato poderia diminuir a chance de extinção da
espécie, pois poderia-se substituir o uso das cascas pelas folhas. Assim poderia ser
proposto o manejo do cultivo das árvores voltado para a produção de folhas,
facilitando o processo de coleta da planta e tornando o processo ecologicamente
correto.
99
REFERÊNCIAS
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métodos analíticos e bioanalíticos. RE-899 de 29 de maio de 2003.
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phospholipase A2 activity by catuaba extract suggests anti-inflammatory properties.
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