inicial da criança exercitar a coordenação de pontos de vista, no PCN é a tomada de
consciência, o desenvolvimento da autonomia da consciência que diferencia e sucede a
anterior. Porém, a autonomia das situações não se confunde com independência, a
segunda é condição para que a criança, especialmente ao brincar, exercite a cooperação
e a liberdade de explorar os ambientes e materiais de forma compartilhada. Noutras
palavras, a adaptação ao espaço, rotina e materiais instrumentaliza a criança para uma
convivência independente e essa é condição básica para o desenvolvimento da
autonomia. Nesses documentos identificamos as seguintes expressões: no RCNEI,
A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si
próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a
perspectiva do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com
as crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à
autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e
competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no
meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no plano das
ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das idéias e dos valores (Brasil,
1998, p.14).
no PCN,
Este é o sentido da autonomia como princípio didático geral proposto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais: uma opção metodológica que considera a atuação do aluno na
construção de seus próprios conhecimentos, valoriza suas experiências, seus
conhecimentos prévios e a interação professor-aluno e aluno-aluno, buscando
essencialmente a passagem progressiva de situações em que o aluno é dirigido por
outrem a situações dirigidas pelo próprio aluno.
A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, elaborar projetos pessoais e
participar enunciativa e cooperativamente de projetos coletivos, ter discernimento,
organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, participar da gestão de ações
coletivas, estabelecer critérios e eleger princípios éticos, etc. Isto é, a autonomia fala de
uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o que envolve
aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociopolíticos. Ainda que na escola se destaque
a autonomia na relação com o conhecimento – saber o que se quer saber, como fazer
para buscar informações e possibilidades de desenvolvimento de tal conhecimento,
manter uma postura crítica comparando diferentes visões e reservando para si o direito
de conclusão, por exemplo -, ela não ocorre sem o desenvolvimento da autonomia moral
(capacidade ética) e emocional que envolvem auto-respeito, respeito mútuo, segurança,
sensibilidade, etc(Brasil, 2000, p.94-95).
Outra consideração a ser tecida diz respeito ao desenvolvimento da autonomia
moral como condição da autonomia em sentido amplo, afirmação que nos parece bem
piagetiana, que também aparece no RCNEI:
A passagem da heteronomia para a autonomia supõe recursos internos (afetivos e
cognitivos) e externos (sociais e culturais). Para que as crianças possam aprender a
gerenciar suas ações e julgamentos conforme princípios outros que não o da simples
obediência, e para que possam ter noção da importância da reciprocidade e da
cooperação numa sociedade que se propõe a atender o bem comum, é preciso que
exercitem o autogoverno, usufruindo de gradativa independência para agir, tendo
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