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UNIVERSIDADE FEDRAL DO PARÁ
CNTRO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOQUÍMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
“PROVENIÊNCIA DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES DO CINTURÃO
ARAGUAIA, COM BASE EM DATAÇÕES EM IDADES MODELO Sm-Nd EM ROCHA
TOTAL E DATAÇÃO Pb-Pb EM ZIRCÃO”.
POR:
BRUNO LUÍS SILVA PINHEIRO
ORIENTADOR:
CANDIDO AUGUSTO VELOSO MOURA
BELÉM
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE GEOICIÊNCIAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOQUÍMICA
“PROVENIÊNCIA DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES DO CINTURÃO
ARAGUAIA, COM BASE EM DATAÇÕES EM IDADES MODELO Sm-Nd EM ROCHA
TOTAL E DATAÇÃO Pb-Pb EM ZIRCÃO”.
DISSERTAÇÃO APRESENTADA POR:
BRUNO LUÍS SILVA PINHEIRO
Como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de GEOQUÍMICA.
Data de Aprovação: 30/06/2005
COMITÊ DA DISSERTAÇÃO:
_________________________________________________
CANDIDO AUGUSTO VELOSO MOURA (Orientador)
_________________________________________________
JEAN-MICHEL LAFON
_________________________________________________
CLAUDIO DE MORISSON VALERIANO
BELÉM
2005
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Aos meus pais Hamilton e Jorgete
AGRADECIMENTOS
A execução deste trabalho só foi possível graças, primeiramente, a Deus, presente em cada
frase e em cada linha contida nesta tese e, em segundo, àqueles abaixo mencionados:
Ao suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa (CNPq),
através do Curso de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, que forneceu as condições
financeiras necessárias para a realização desta pesquisa.
Aos meus pais e minhas irmãs pelo imenso apoio, compreensão e carinho nos momentos
mais difíceis.
Ao professor, Dr. Candido Augusto Veloso Moura que, na condição de orientador, teve,
acima de tudo, paciência e fundamental participação na realização desta tese.
À geóloga Elyana Melo Moura pelo imenso apoio, pela amizade, pelo companheirismo e
momentos felizes que tive em quase todo decorrer do curso.
À Dona Ana Melo Moura pela grande amizade e carinho que cultivamos um pelo outro.
À geóloga Claudia Simone Luz Alves pela grande amizade, pelas descontrações e apoio
recebido durante os momentos mais difíceis.
À Engenheira Sanitarista Roberta Florêncio pela grande amizade e ajuda recebida durante
as aberturas químicas.
Ao colega geólogo Marco Antônio Galarza pelas valiosas discussões, ajuda e
companheirismo durante as análises isotópicas.
Aos meus amigos e colegas geólogos Pablo Condurú e Luciano Frank pelos momentos de
estudo e de diversão que passamos juntos.
Aos demais amigos, aos técnicos de geologia isotópica e da laminação pela ajuda
dispensada.
Ainda quando eu falasse todas línguas dos homens, e mesmo a língua dos
anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um bronze sonante, e
um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom de profecia, penetrasse
todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando
tivesse ainda toda a fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse
a caridade eu nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para
alimentar os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se
não tivesse a caridade, tudo isso não me serviria de nada.
A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é
temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não
procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada;
não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a
verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, permanecem; mas,
entre elas, a mais excelente é a caridade.
1° Epístola aos Coríntios do Apóstolo Paulo
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................15
1.1 APRESENTAÇÃO..................................................................................................................15
1.2 OBJETIVO..............................................................................................................................16
1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..........................................................................17
2 CONTEXTO GEOTECTÔNICO DO CINTURÃO ARAGUAIA......................................19
3 GEOLOGIA DO CINTURÃO ARAGUAIA………………………………….....................28
4 EMPREGO DA DATAÇÃO DE ZIRCÃO E IDADE MODELO Sm-Nd EM ESTUDOS
DE PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR.....................................................................................36
5 MÉTODOS E ATIVIDADES DO TRABALHO...................................................................39
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................39
5.2 ETAPAS DE CAMPO.............................................................................................................39
5.3 GEOQUÍMICA ISOTÓPICA..................................................................................................39
5.3.1 Tratamento das Amostras.................................................................................................39
5.3.2 Método de Evaporação de Pb em Zircão.........................................................................45
5.3.2.1 Princípios do método Pb-Pb em zircão.............................................................................45
5.3.2.2 Análises do Método de Evaporação de Pb em Zircão no Espectrômetro de Massa.........47
5.3.3 Método Sm-Nd em Rocha Total.......................................................................................49
5.3.3.1 Princípios do Método Sm-Nd...........................................................................................49
5.3.3.2 Análises do Método Sm-Nd no Espectrômetro de Massa................................................51
6 RESULTADOS........................................................................................................................53
6.1 MÉTODO ANALÍTICO DE EVAPORAÇÃO DE Pb (Pb-Pb EM ZIRCÃO)......................53
6.2 MÉTODO Sm-Nd EM ROCHA TOTAL (IDADE MODELO)............................................58
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS……………………………….......................................65
8 CONCLUSÕES…………………………………………………............................................77
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................80
ANEXOS.......................................................................................................................................92
ANEXO 01-Tabela com informações sobre os litotipos estudados com os seus respectivos
posicionamentos geográficos.........................................................................................................93
ANEXO 02- Mapa de Amostragem. 1- Sedimentos Fanerozóicos, 2-Granito Neoproterozóico, 3-
Grupo Estrondo, 4-Grupo Tocantins e 5- Embasamento Arqueano e Paleoproterozóico; Xb-
Xambioá, Ag- Araguaína, Rd- Redenção, C.A- Conceição do Araguaia, Pq- Pequizeiro, Gr-
Guaraí, P.T- Paraíso do Tocantins e Pi- Pium...............................................................................96
ANEXO 03- Descrição petrográfica das rochas metassedimentares lamináveis datadas do
Cinturão Araguaia..........................................................................................................................97
ANEXO 04- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do
quartzito da Formação Morro do Campo (amostra BP/08) da Região de Xambioá
(TO).............................................................................................................................................117
ANEXO 05- Imagens dos zircões datados do quartzito da Formação Morro do Campo (BP-08)
da região de Xambioá (TO).........................................................................................................119
ANEXO 06- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do
quartzito da Formação Morro do Campo (amostra BP/33) da Região de Paraíso do Tocantins
(TO)..............................................................................................................................................123
ANEXO 07- Imagens dos zircões datados do quartzito da Formação Morro do Campo (amostra
BP-33) da região de Paraíso Tocantins (TO)...............................................................................125
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01- Mapa fisiográfico da região estudada, destacando as três áreas onde se
concentrou a amostragem para estudos geocronológicos.
18
Figura 02- Paleocontinente Gondwana com os blocos cratônicos e cinturões móveis
Brasiliano-Pan-Africanos segundo Schmitt et. al (2004). Crátons: RDP,
Rio de La Plata; AMZ, Amazonas; ARQ, Arequipa; WA, Oeste Africano;
CH, Chad; SF, São Francisco; CG, Congo; KAL, Kalahari; EAN, Leste da
Antartica; IND, Indiano; WAS, Oeste Australiano; NAS, Norte
Australiano: GAW, Gawler. Cinturões móveis: Moç, Moçambique; Zb,
Zambezi; Lf, Lufilian; ROS, Ross; Kan, Kanmatoo; CF, Cape Fold; Sal,
Saldania: Gar, Gariep; Dm, Damara; Kk, Kaoko; SP, Sierra Pampeanas;
SA, Sierra Australes.
20
Figura 03- Reconstrução paleogeográfica de Rodínia segundo Hoffman (1991). Note
os cinturões móveis Grenville–Kibaran, interpretados como resultados da
colisão de blocos continentais Arqueanos e Palaeoproterozóicos com
Laurentia.
21
Figura 04- Reconstrução Hipotética de 1100–1080 Ma (Cordani et al. 2003). AM,
Amazonia; CSF, Congo-São Francisco; RA, Rio Apa; PR, Paraná; LA,
Luis Alves; AA, Arequipa / Antofalla; PA, Pampia; LP, Rio de la Plata;
CG, Central de Goiás; BTS, Borborema–Trans-Sahara; B, Báltica; L,
Laurentia; K, Kalahari; WA, Oeste Africano.
23
Figura 05- Estrutura tectônica Pré-cambriana da América do Sul Central (segundo
Kroner & Cordani, 2003). 1. Massas Cratônicas e fragmentos; Linhas
tracejadas indicam posições inferidas dos maiores fragmentos cratônicos
sob coberturas Fanerózoicas: AM, Amazonia; SF, São Francisco; RA, Rio
Apa; PR, Paraná; LA, Luis Alves; AA, Arequipa / Antofalla; PA, Pampia;
LP, Rio de la Plata; CG, Central de Goiás; BTS, Borborema–Trans-Sahara.
2. Cinturões móveis Neoproterozóicos: Ar, Araguaia; Br, Brasília; Aç,
Araçuaí ; Pa, Paraguai; Rb, Ribeira; DF, Dom Feliciano; Te, Área
Tebicuari river. 3. Rochas granitóides juvenis de arcos magmáticos intra-
oceanicos: I, Pensamiento; II, Goiás; III, São Gabriel. 4. Aulacógeno
Espinhaço entre o cráton São Francisco. 5. Cinturões movéis Rondoniano
– San Ignácio. 6. Complexo Máfico-ultramáfico entre o Massiço Central
de Goiás: do norte a sul, Cana Brava, Niquelandia e Barro Alto. 7.
Cinturão orogênico Sunsás, incluindo a Formação Aguapeí formation (ag).
8. Cobertura Fanerozóica. 9. Afloramentos de granitóides neoproterozóicos
do Orógeno Pampeano: TB, lineamento Transbrasiliano; AB, limites da
influência tectônica do cinturão Andeano.
24
Figura 06- Estrutura tectônica esquemática do domínio Brasiliano/ Pan-Africano do
nordeste do Brasil e Oeste Africano central em torno do Gulf of Guiné
(Segundo Kroner & Cordani, 2003). 1. Domínios Cratônicos. 2. Rochas
Neoproterozóicas da Bacia do Volta. 3. Cinturões dobrados marginais de
idade Neoproterozóica: Ph, Farusiano, com corpos máficos-ultramáficos;
Se, Sergipano, Ou, Oubanguides. 4. Reativação Eburneana de alto grau de
rochas do embasamento dentro do cinturão Farusiano. 5. Ortognaisses e
25
rochas relacionadas de arcos magmático graníticos entre o cinturão
Farusiano. 6. Embasamento polimetamórfico reativado do domínio
Borborema / Trans-Sahara, intrudido pelos granitóides Brasiliano / Pan-
Africano. 7. Cinturão orogênico Cariris Velhos. 8. Rochas cobertas pelos
sedimentos Fanerozóicos.
Figura 07- Reconstrução hipotética por volta de 600–580 Ma do supercontinente
Gondwana (Cordani et al. 2003). Áreas delimitadas correspondem as Figs.
05 e 06.
26
Figura 08- Mapa geológico simplificado do Cinturão Araguaia (Alvarenga et al.,
2000).
34
Figura 09- Coluna estratigráfica do Cinturão Araguaia, com base em Alvarenga et al.
(2000).
35
Figura 10- Britador de Mandíbulas – triturador de amostras. 41
Figura 11- Visão geral do Elutriador utilizado no processo de separação do material
por densidade.
42
Figura 12- Separador Magnético – Frantz.43
Figura 13- “Tambor” contendo os filamentos de rênio com os cristais de zircão. Parte
removível do espectrômetro.
44
Figura 14- Aspecto do Espectrômetro de Massa Finningan MAT 262 do Pará-Iso. 48
Figura 15- Histograma de freqüência mostrando a distribuição das idades Pb-Pb em
zircão dos quartzitos da Formação Morro do Campo (CA). A- Mostrando
as idades obtidas do quartzito da região de Xambioá (TO); B- Mostrando
as idades obtidas do quartzito da região de Paraíso do Tocantins (TO); C-
Mostrando conjuntamente a distribuição das idades obtidas nas duas
amostras de quartzito.
57
Figura 16- Mapa mostrando os intervalos de idades modelo Sm-Nd e o
posicionamento geográfico aproximado das amostras datadas.
1- Sedimentos Fanerozóicos, 2- Granito Neoproterozóico, 3- Grupo
Estrondo, 4-Grupo Tocantins e 5- Embasamento Arqueano e
Paleoproterozóico; Xb- Xambioá, Ag- Araguaína, Rd- Redenção, C.A-
Conceição do Araguaia, Pq- Pequizeiro, Gr- Guaraí, P.T- Paraíso do
Tocantins e Pi- Pium.
62
Figura 17- Histograma de freqüência das idades modelo Sm-Nd em rocha total
obtidas tanto da porção norte como das porções central e sul das rochas
metassedimentares pertencentes ao Cinturão Araguaia.
63
Figura 18- Diagrama de evolução de Nd das amostras datadas do Cinturão Araguaia.
A - Comparação dos resultados das amostras datadas com os campos de
idades modelo existentes do Cráton Amazônico, do embasamento
paleoproterozóico Central do Ceará e dos Batólitos de Santa Quitéria; B-
Comparação dos resultados das amostras datadas com os campos de idades
modelo existentes do Cráton Amazônico, da Suíte paleoproterozóica do
Maciço de Goiás e do Arco Magmático de Goiás.
73
TABELAS
Tabela 01- Ajustes dos parâmetros utilizados no separador magnético FRANTZ na
separação do zircão.
42
Tabela 02- Idades obtidas Pb-Pb em zircão obtidas do quartzito da Formação Morro do
Campo (amostra BP/08) da Região de Xambioá (TO).
54
Tabela 03- Idades obtidas Pb-Pb em zircão obtidas do quartzito da Formação Morro do
Campo (amostra BP/33) da Região de Paraíso do Tocantins (TO).
56
Tabela 04- Dados analíticos das amostras datadas pelo método Sm-Nd em rocha total. O
ε
Nd
(
t
)
é calculado levando em consideração uma idade de deposição máxima
de 900 Ma.
59
RESUMO
O Cinturão Araguaia é uma importante feição geotectônica da Província Estrutural de
Tocantins, desenvolvida durante a amalgamação do supercontinente Gondwana Ocidental no
Neoproterozóico. O cinturão está situado na borda leste do Cráton Amazônico e limita dois
segmentos crustais distintos: a leste ocorrem terrenos afetados pelos eventos termo-tectônicos
decorrentes da amalgamação do Gondwana (ciclo PanAfricano ou Brasiliano) e, a oeste, terrenos
que não mostram evidências de atuação destes eventos. Modelos evolutivos propostos para o
Cinturão Araguaia, em geral, sugerem que ele se instalou em uma bacia formada pelo rifteamento
restrito (sem formação expressiva de crosta oceânica) da crosta continental arqueana, seguido
pela inversão tectônica da bacia acompanhada de transporte de massa, de SE para NW, do
material supracrustal. No entanto, estudos geocronológicos revelaram que as rochas do Cinturão
Araguaia repousam sobre um embasamento de idade arqueana ao norte, e de idade
paleproterozóica ao sul. Adicionalmente, eles revelaram a presença de basaltos com estrutura
almofadada, situados na porção mais oeste do Cinturão Araguaia, com cristais de zircão
(herdados ?) de 2.05 Ga. Estes dados sugerem que a contribuição de material crustal
paleoproterozóico pode ter sido importante e que as rochas metassedimentares do cinturão podem
ter tido áreas fontes de idades distintas. A definição desta questão é fundamental para a
reconstrução da evolução paleogeográfica do Cinturão Araguaia e do continente Gondwana
Oeste. Em função disso, neste trabalho foram determinadas idades de cristais detríticos de zircão
de quartzitos e idades-modelo Sm-Nd de rochas metassedimentares do Cinturão Araguaia, com o
objetivo de identificar as idades das possíveis áreas fontes dessas rochas, e contribuir para o
entendimento da história evolutiva deste cinturão no contexto da amalgamação do Gondwana.
Cristais detríticos de zircão extraídos de duas amostras de quartzitos da Formação Morro do
Campo foram datados pelo método de evaporação de Pb em monocristais zircão (Pb-Pb em
zircão). A amostragem foi realizada tanto na porção norte, região de Xambioá (TO), como no
segmento sul, região de Paraíso Tocantins (TO), do Cinturão Araguaia. As idades Pb-Pb em
zircão dos cristais detríticos da amostra de quartzito de Xambioá mostram uma grande
contribuição de terrenos arqueanos (3,0-2,65 Ga). Por outro lado, as idades de zircão detrítico do
quartzito amostrado em Paraíso Tocantins, revelam a grande contribuição de terrenos meso-
neoproterozóicos (1,25-0,85 Ga) e, secundariamente, de terrenos paleoproterozóicos (1,7-1.85
Ga). Esses resultados atestam a existência de áreas fontes distintas nos diferentes segmentos do
Cinturão Araguaia. A grande concentração de idades Pb-Pb em zircão entre 0,85 e 1,0 Ga obtidas
no quartzito de Paraíso do Tocantins, pode ser considerada como indicativo do limite superior da
idade de sedimentação das rochas metassedimentares.
Idades modelo Sm-Nd (T
DM
) de diferentes litotipos amostrados, em seções transversais ao
longo do Cinturão Araguaia apresentam uma distribuição bimodal com maior freqüência de idade
entre 1,4 e 2,1 Ga, com moda entre 1,6 e 1,7 Ga. O outro intervalo de idade, bem menos
freqüente, situa-se entre 2,4 e 2,7 Ga. As T
DM
obtidas sugerem que as rochas metassedimentares
do Cinturão Araguaia podem resultar de mistura de fontes de idade paleoproteozóica com fontes
mais jovens, provavelmente meso-neoproterozóicas. Alternativamente, essa mistura pode ter
envolvido também fontes arqueanas, porém de modo restrito.
Os dados isotópicos aqui apresentados sugerem que as rochas metassedimentares do Cinturão
Araguaia são provenientes de segmentos crustais situados à leste do cinturão. Os sedimentos,
depositados em bacias oceânicas associadas a estes segmentos, foram transportados para a
margem leste do Cráton Amazônico, durante a tectônica que estruturou o Cinturão Araguaia,
resultante da amalgamação do supercontinente Gondwana Ocidental. A ocorrência de cristais
detríticos de zircão de idade arqueana no quartzito de Xambioá, não implica necessariamente em
uma fonte situada no Cráton Amazônico, uma vez que rochas arqueanas estão presentes nas
possíveis áreas fontes localizadas a leste do cinturão. Ademais, estes cristais arqueanos podem ter
sido reciclados por processos sedimentares e incorporados em terrenos mais novos.
Os principais segmentos crustais candidatos à área fonte para as rochas metassedimentares do
Cinturão Araguaia seriam o Cráton São Francisco, o Maciço de Goiás e os terrenos do Arco
Magmático de Goiás. Estas áreas fontes situam-se a leste deste cinturão, e reúnem rochas
magmáticas com idades compatíveis àquelas encontradas nos cristais detríticos de zircão. Além
disso, a mistura de rochas provenientes destes diferentes segmentos crustais pode resultar no
intervalo de idades T
DM
obtidas neste trabalho. A colisão do Cráton Paraná, hoje encoberto pela
Bacia do Paraná, com o Cráton São Francisco, o Maciço de Goiás, e os diferentes terrenos do
Arco Magmático de Goiás, resultou na estruturação do Cinturão Brasília e na formação de um
grande bloco crustal. A colisão obliqua deste bloco com o Cráton Amazônico, cerca de 50 a 100
Ma depois de sua formação, teria causado o transporte de massa de SE para NW, o alçamento dos
diferentes conjuntos litológicos sobre a borda leste deste cráton, e resultado na estruturação do
Cinturão Araguaia.
ABSTRACT
The Araguaia belt is an important geotectonic unit of the Tocantins Structural Province,
developed during the amalgamation of the West Gondwana Supercontinent during the
Neoproterozoic. This belt is located on the border of the Amazon Craton and divides two
different crustal segments: to the east there are terrains affected by thermo-tectonic events related
to the Gondwana amalgamation. In the west side, terrains not affected by these
PanAfrican/Brasiliano events occur. Generally, it has been suggested that the Araguaia belt, was
installed in a continental rift basin, developed on Archean crust, without formation of expressive
oceanic crust. Afterwards, tectonic inversion took place with mass transportation toward NW
forming this belt. However, geochronological studies have shown that the Araguaia belt lies over
Archean basement in the north and Paleoproterozoic rocks in the south. In addition, pillow
basalts, located in the western region of the Araguaia belt, presented inherited (?) zircon crystals
with ages around 2.05 Ga. These data suggest that the contribution of Paleoproterozoic crustal
material may have been an important source for the metasedimentary rocks of the Araguaia belt,
too. The answer of this question is fundamental for reconstruction of the paleogeographic
evolution of the Araguaia belt in the context of the West Gondwana evolution. In this
dissertation, single zircon Pb-evaporation ages in quartzites and Sm-Nd model ages in
metasedimentary rocks of the Araguaia belt were determined, in order to identify the ages of the
possible sources of these rocks and to contribute to understanding the paleogeographic evolution
of this belt and West Gondwana.
Detritic zircon crystals of two quartzite samples of the Morro do Campo Formation were
dated by the single zircon Pb-evaporation technique. The sampling was carried out in the
northern segment (Xambioá region), and in the southern segment (Paraíso do Tocantins region)
of the Araguaia belt, both in the state of Tocantins. The zircon ages of the quartzite from
Xambioá range from 3.0 to 2.65 Ga. On the other hand, a main contribution of Meso-
Neoproterozoic terrains (1.25 – 0.85 Ga), with minor of Paleoproterozoic sources (1.75 – 1.85
Ga), is shown by detritic zircons of the southern segment of the belt. These data indicate the
contribution of source areas with distinct ages for the metasedimentary rocks of the Araguaia
belt.
Sm-N model ages (TDM) of the metassedimentary rocks sampled along the Araguaia belt
presented a bimodal distribution, with ages showing a major frequency between 1.4 and 2.1 Ga
and a minor frequency between 2.4 and 2.7 Ga. These TDM ages suggest that the
metasedimentary rocks of the Araguaia belt may result from Paleoproterozoic terrains mixed with
younger sources, probably, of Meso- Neoproterozoic ages. Alternatively, this mixing may had a
minor contribution from Archean crust.
As a result of these isotopic data, it is suggested that the sources of the metassedimentary
rocks of the Araguaia belt are located to the east of the belt. The sediments were deposited in
oceanic basins along these segments, and were thrust over the eastern margin of the Amazon
Craton, due to the amalgamation of the West Gondwana, resulting in the formation of the
Araguaia belt. The presence of detritic zircon of Archean age in the quartzite from Xambioá does
not necessarily implies in an Archean source located in the Amazon Craton, since Archean rocks
are also present in the possible source areas situated to the east of the Araguaia belt. Moreover,
these detritic zircon crystals may have been recycled during sedimentary processes and
incorporated in rocks units of younger terrains.
The main candidates for crustal sources of the metassedimentary rocks of the Araguaia belt
are the rock units of the São Francisco Craton, the Goiás Massif and the Goiás Magmatic Arc.
These source areas are located to the east of the Araguaia belt and have magmatic rocks with ages
similar to those determined in the detritic zircon crystals. In addition, the mixing of rocks from
these different terrains may result in the range of the observed TDM ages of the
meatssedimentary rocks.
The amalgamation of the Paraná Craton, presently under the Paraná sedimentary basin, with
the São Francisco Craton, the Goiás Massif and the terrains of the Goiás Magmatic Arc, resulted
in the formation of the Brasília belt and in a huge crustal block. The oblique collision of this
block with the Amazon Craton, 50 to 100 Ma after the formation of this block, may have led to
the SE to NW tectonic transport that thrust different rock units over the eastern margin of this
craton, resulting in the formation of the Araguaia belt.
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
O Cinturão Araguaia (CA) é uma importante feição geotectônica pertencente à Província
Estrutural de Tocantins. Fez parte de repetidos eventos orogênicos que levou a uma grande
colagem orogênica, edificando o supercontinente Gondwana ao final do Neoproterozóico
(U
NRUG
, 1996).
O Cinturão Araguaia compreende um conjunto de rochas pelíticas e psamíticas
metamorfisadas, com menores contribuições de rochas carbonáticas, rochas máficas e
ultramáficas e corpos graníticos, que afloram ao longo de aproximadamente 1200 km, seguindo a
direção norte - sul, com uma largura de 150 km.
Segundo Abreu (1978), o Cinturão Araguaia evoluiu segundo uma regeneração implantada na
parte marginal do Cráton Amazônico, propiciando o desenvolvimento da bacia de deposição, que
foi seguida de compressão no Neoproterozóico.
Atualmente, a interpretação aceita para a evolução do Cinturão Araguaia é de um simples
sistema de distensão no Mesoproterozóico, seguido de compressão no Neoproterozóico
(A
LVARENGA
et al., 2000). A sedimentação proveniente da regeneração da porção marginal do
Cráton Amazônico (A
BREU
1978) sugere que o mesmo teria se instalado sobre um único terreno
arqueano.
Entretanto, com o desenvolvimento continuado de estudos geoquímicos, geológicos,
geocronológicos, etc, diversas outras questões foram levantadas. Uma delas por Arcanjo &
Moura (2000) com base em datações realizadas no embasamento do Cinturão Araguaia, situado
na porção meridional do mesmo, na região de Paraíso Tocantins (TO), em gnaisses
granodioríticos, calciossilicáticos e sieníticos. Este segmento possui idade paleoproterozóica (2,0
– 2,1 Ga), o que mostra que as seqüências metassedimentares agrupadas no Supergrupo Baixo
Araguaia (ABREU, 1978; HASUI et al., 1984a) estão assentadas sobre dois terrenos de idades
distintas: um no segmento setentrional de idade arqueana e outro no segmento meridional de
idade paleoproterozóica, e não sobre um único substrato arqueano.
No segmento setentrional ocorrem ortognaisses que revelaram, segundo Moura & Gaudette
(1993b), idades tanto do Arqueano (2,85 Ga) como do Proterozóico Inferior (1,85 Ga), sendo as
mais velhas agrupadas no Complexo Colméia e as mais novas denominadas de Gnaisse Cantão.
16
Recentemente, um outro aspecto complicador para o entendimento da evolução do Cinturão
Araguaia foi levantado por Gorayeb et al. (2002), que dataram basaltos com estrutura almofadada
na sua porção norte, região de Xambioá (TO), que estão associados às seqüências supracrustais
de idades neoproterozóicas. Eles obtiveram idades Pb-Pb em zircão por volta de 2.0 Ga, o que fez
surgir a hipótese dos basaltos representarem corpos alóctones, tectonicamente transportados de
terrenos paleoproterozóicos situados a leste, durante a tectônica que originou o cinturão. Uma
outra hipótese considerada ainda por Gorayeb et al. (2002), para as idades obtidas nos basaltos
com estrutura almofadada, seria de que estas idades representariam zircões herdados nos
mesmos, que de qualquer forma isso exigiria uma fonte de idade paleoproterozóica próxima.
Como observado nos fatos acima reportados, apesar do avanço alcançado no conhecimento
geológico e evolutivo do CA, muitas questões importantes ainda precisam ser melhor
esclarecidas, como: a origem dos sedimentos das rochas metassedimentares do Supergrupo Baixo
Araguaia, quais os terrenos que contribuíram para a formação e estruturação do Cinturão
Araguaia e se o Cinturão Araguaia é constituído pela incorporação de diferentes terrenos.
A compreensão da idade e origem desse aporte sedimentar que constitui as seqüências
supracrustais é importante para compreender melhor a evolução neoproterozóica do Cinturão
Araguaia. Com o intuito de contribuir nesta discussão, nessa Dissertação de Mestrado realizou-se
um estudo de proveniência em rochas metassedimentares pertencentes ao Supergrupo Baixo-
Araguaia, buscando identificar os possíveis terrenos que serviram como fontes de sedimentos
para esta unidade principal do CA, bem como alinhavar algumas idéias sobre a significância
tectônica ocorrida na área.
1.2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é a obtenção de dados geocronológicos em rochas
metassedimentares do Supergrupo Baixo-Araguaia do Cinturão Araguaia, contribuindo dessa
forma para a identificação da proveniência dos sedimentos que deram origem a estas rochas
metassedimentares e contribuir para o entendimento da paleogeografia dessa região no
Neoproterozóico.
Com essa finalidade foram realizados estudos isotópicos empregando como ferramentas o
método Sm-Nd em rocha total e o método de evaporação de Pb em monocristais de zircão (Pb-Pb
17
em zircão) nas rochas metassedimentares do Cinturão Araguaia, com o intuito de determinar os
diferentes terrenos que serviram como fontes de sedimentos.
Vale ressaltar, que os recursos do método Sm-Nd em rochas metassedimentares possibilitam
uma avaliação das idades-modelo das rochas estudadas e dão somente uma idéia sobre as
características composicionais das áreas-fonte dos sedimentos, através da avaliação dos valores
de Є
Nd
fornecidos pelos mesmos.
Já a datação de monocristais detríticos de zircão refletem diretamente a distribuição das
idades das rochas contendo zircão nas áreas-fontes, permitindo a identificação precisa de sua
proveniência através da comparação direta da idade do zircão detrítico com aquelas das possíveis
áreas-fontes.
1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E ACESSO
O estudo foi desenvolvido na porção central do Brasil, sudeste do Estado do Pará e norte-
noroeste do Estado de Tocantins. Este estudo ocorreu basicamente por caminhamentos
geralmente transversais à faixa de dobramentos Araguaia, ao longo de três perfis realizados em
áreas distintas da região: porção norte, central e sul (Figura 01).
As áreas visitadas abrangem as cidades de Piçarra (PA), São Geraldo do Araguaia (PA),
Xambioá (TO), Araguanã (TO) e Araguaína (TO), na porção norte; Conceição do Araguaia (PA),
Couto Magalhães (TO), Pequizeiro (TO), Colméia (TO) e Guaraí (TO), na porção central, na
qual fizeram parte ainda as cidades de Bernardo Sayão (TO), Colinas do Tocantins (TO),
Araguacema (TO) e Dois Irmãos (TO); e na porção sul, Abreulândia (TO), Divinópolis (TO),
Monte Santo (TO), Paraíso do Tocantins (TO), Pug-Mil (TO), Pium (TO), Cristalândia (TO) e
Nova Rosalândia (TO).
As cidades paraenses São Geraldo do Araguaia, a norte, e Redenção, na porção centro-sul,
são pontos de acesso à área, pela rodovia PA-150, que pode ainda ser feita pela rodovia BR-153
(Belém-Brasília). Estas rodovias servem como principais acessos a outras rodovias e estradas
que ligam as outras cidades e que transversalmente demandam os rios Araguaia e Tocantins,
constituindo, juntamente com seus afluentes, o sistema viário fundamental da região.
18
19
2 CONTEXTO GEOTECTÔNICO DO CINTURÃO ARAGUAIA
O Cinturão Araguaia faz parte de um supercontinente Neoproterozóico, o Gondwana
Ocidental (Figura 02). É considerado, junto com a Província Borborema, como uma extensão, no
continente sul-americano, dos cinturões Rokelides-Bassarides a oeste, e Dahomeides (parte do
megacinturão Trans-Saara) a leste, do Cráton Oeste-Africano na África (BRITO NEVES et al.
2001).
Segundo Alvarenga et. al (2000), o Cinturão Araguaia configurou-se segundo um simples
processo de rifteamento que se iniciou em torno de 1,1 Ga, como indicado pela idade dos
gnaisses sieníticos da Suíte Monte Santo, propiciando a formação da Bacia Araguaia, seguido de
um processo colisional no Neoproterozóico (Ciclo Brasiliano), durante a amalgamação do
Supercontinente Gondwana. O supercontinente Gondwana Ocidental foi formado pela agregação
de blocos continentais Arqueano-Paleoproterozóicos ao longo de cinturões móveis
Neoproterozóicos (UNRUG, 1996).
O Cinturão Araguaia é uma importante feição neoproterozóica pertencente à Província
Estrutural de Tocantins, resultado da interação de três blocos paleocontinentais maiores: os
Crátons Amazônico, São Francisco e Paraná (S
TRIEDER
& S
UITA
, 1999; P
IMENTEL
et al., 2000),
contendo além do Cinturão Araguaia, os cinturões Paraguai e Brasília como suas principais
ramificações.
Antes da formação do supercontinente Gondwana Ocidental, os fragmentos cratônicos
pertencentes a Plataforma Sul-Americana (Crátons Amazônicos, São Francisco e Paraná) e
Africana (Cráton Oeste Africano, por exemplo) são remanescentes de uma ampla, discutida e
controvérsia configuração paleogeográfica que vem desde a concepção ( 1400 Ma) e fissão (
1000 Ma) do supercontinente Rodínia (HOFFMAN, 1991) (Figura 03). Em diversas reconstruções
idealizadas, no decorrer dos anos, Rodínia é representada como uma assembléia contendo todos
os crátons Meso-Neoproterozóicos conectados por uma faixa de cinturões orogênicos de idade
Grenvilliana (Figura 03).
20
Figura 02- Paleocontinente Gondwana com os blocos cratônicos e cinturões móveis
Brasiliano-Pan-Africanos segundo Schmitt et. al (2004). Crátons: RDP, Rio de La Plata; AMZ,
Amazonas; ARQ, Arequipa; WA, Oeste Africano; CH, Chad; SF, São Francisco; CG, Congo;
KAL, Kalahari; EAN, Leste da Antartica; IND, Indiano; WAS, Oeste Australiano; NAS, Norte
Australiano: GAW, Gawler. Cinturões móveis: Moç, Moçambique; Zb, Zambezi; Lf, Lufilian;
ROS, Ross; Kan, Kanmatoo; CF, Cape Fold; Sal, Saldania: Gar, Gariep; Dm, Damara; Kk,
Kaoko; SP, Sierra Pampeanas; SA, Sierra Australes.
Crátons estabilizados antes de 800Ma.
Coberturas sedimentares
Cinturões móveis Pan-Africanos/Brasilianos
Cinturões móveis Pós-Cambrianos
21
Figura 03- Reconstrução paleogeográfica de Rodínia segundo Hoffman (1991). Note os
cinturões móveis Grenville–Kibaran, interpretados como resultados da colisão de blocos
continentais Arqueanos e Palaeoproterozóicos com Laurentia.
Recentemente, Cordani et al. (2003) reavaliaram presentes informações geológicas,
geocronológicas e principalmente paleomagnéticas disponíveis dos diversos fragmentos
continentais remanescentes de Rodínia da África e América do Sul e propuseram a reconstrução
paleogeográfica hipotética de 1100-1080 Ma, mostrada na figura 04.
Na concepção de Rodínia segundo Cordani et al. (2003), o Cráton Amazônico seria
circundado a norte pelos fragmentos cratônicos Rio Apa (RA), Pampia (PA) e por Laurentia (L),
a nordeste por Báltica e a sul-sudeste pelo Cráton Oeste Africano. A área cratônica Borborema –
Trans-Sahara - Congo – São Francisco, e os blocos Paraná, Central de Goiás, Kalahari, Rio de la
Plata e Luís Alves estão posicionados a oeste de Rodínia e não fariam parte do mesmo.
Como mostra a Figura 04, um amplo oceano designado de Brasiliano separava Rodínia dos
22
demais terrenos que hoje constituem a América do Sul e crátons da África. O fechamento deste
oceano é registrado pelo input contínuo de material juvenil ao longo do arco magmático intra-
oceânico Goiás entre 940 e 630 Ma como atestado por dados isotópicos Sm-Nd (PIMENTEL et al.
1999). A colisão final é registrada por idades U-Pb (SHRIMP e TIMS) de ca. 630-550 Ma ao
longo dos cinturões móveis Pampeano-Paraguai-Araguaia-Farusiano (Figuras 05 e 06; PIMENTEL
et al. 2000; e J
AHN
et al. 2001).
Diques máficos de 1.1 – 0.9 Ga posicionados ao longo das bordas dos blocos Congo – São
Francisco, podem ter sido o primeiro registro de tentativa de fissão dessa grande massa
continental (MACHADO et al. 1989; D’AGRELLA-FILHO et al. 1990, 1996; RENNE et al. 1990
apud CORDANI et al. 2003).
O fechamento do Oceano Adamastor entre os crátons Rio de la Plata – Paraná e Kalahari
ocorreu através de diversas acresções. O Complexo Embu, no interior do Cinturão Ribeira
(CORDANI et al. 2002), e os granitóides de 900-750 Ma no sul do Brasil (HARTMANN et al. 2000)
provavelmente são as primeiras evidências deste colapso (C
ORDANI
et al. 2003). Segundo ainda
estes autores, um arco magmático intra-oceânico de 750 Ma é reconhecido no sul do Terreno
Luís Alves (B
ABINSKI
et al. 1996).
A oeste do Complexo Central de Goiás, idades de rochas metamórficas de aproximadamente
760 Ma indicam provavelmente o início do episódio colisional entre este fragmento continental
compreendendo esta grande massa cratônica Borborema–Trans-Sahara- Congo-São Francisco e
os blocos Paraná, Central de Goiás, Kalahari, Rio de la Plata e Luís Alves com a assembléia
remanescente de Rodínia, na qual o Oceano Brasiliano estava sendo fechado (P
IMENTEL
et al.,
2000). Diversas idades radiométricas de rochas graníticas sincolisonais entre 800 e 580 Ma são
registradas dentro dos cinturões Neoproterozóicos da América do sul (CORDANI et al. 2000).
D’AGRELLA-FILHO, M.S.; FEYBESSE, J.L.; PRIAN, J.P.; DUPUIS, D.; N’DONG, J.E. Palaeomagnetism of
Precambrian rocks from Gabon, Congo craton, Africa. J. Afr. Earth Sci., n.22, p. 65–80. 1996.
D’AGRELLA-FILHO, M.S., PACCA, I.G., RENNE, P.R., ONSTOTT, T.C. AND TEIXEIRA, W. Paleomagnetism
of Middle Proterozoic (1.01–1.08Ga) mafic dykes in southeastern Bahia State-São Francisco Craton, Brazil. Earth
Planet. Sci. Lett., n.101, p.332–348. 1990.
MACHADO, N., SCHRANK, A., ABREU, F.R., KNAUER, L.G.; ABREU, P.A.A. Resultados preliminares da
geocronologia U/Pb na Serra do Espinhaço Meridional. Anais do 5
o
Simpósio Geol. Núcleo de Minas Gerais e
Núcleo Brasília. da SBG, pp. 171–174. 1989.
RENNE, P.R.; ONSTOTT, T.C.; D’AGRELLA- FILHO, M.S.; PACCA, I.G.; TEIXEIRA, W. 40Ar / 39Ar dating of
1.0–1.1 Ga magnetizations from the São Francisco and Kalahari Cratons: tectonic implications for Pan-African and
Brasiliano mobile belts. Earth Planet. Sci. Lett., n. 101, p. 349–366. 1990.
23
Figura 04- Reconstrução Hipotética de 1100–1080 Ma (CORDANI et al. 2003). AM, Amazonia;
CSF, Congo-São Francisco; RA, Rio Apa; PR, Paraná; LA, Luis Alves; AA, Arequipa /
Antofalla; PA, Pampia; LP, Rio de la Plata; CG, Central de Goiás; BTS, Borborema–Trans-
Sahara; B, Báltica; L, Laurentia; K, Kalahari; WA, Oeste Africano.
24
Figura 05- Estrutura tectônica Pré-cambriana da América do Sul Central (segundo KRONER &
CORDANI, 2003). 1. Massas cratônicas e fragmentos; Linhas tracejadas indicam posições
inferidas dos maiores fragmentos cratônicos sob coberturas Fanerózoicas: AM, Amazonia; SF,
São Francisco; RA, Rio Apa; PR, Paraná; LA, Luis Alves; AA, Arequipa / Antofalla; PA,
Pampia; LP, Rio de la Plata; CG, Central de Goiás; BTS, Borborema–Trans-Sahara. 2. Cinturões
móveis Neoproterozóicos: Ar, Araguaia; Br, Brasília; Aç, Araçuaí ; Pa, Paraguai; Rb, Ribeira;
DF, Dom Feliciano; Te, Área Tebicuari river. 3. Rochas granitóides juvenis de arcos magmáticos
intra-oceanicos: I, Pensamiento; II, Goiás; III, São Gabriel. 4. Aulacógeno Espinhaço entre o
cráton São Francisco. 5. Cinturões movéis Rondoniano – San Ignácio. 6. Complexo Máfico-
ultramáfico entre o Maciço Central de Goiás: do norte a sul, Cana Brava, Niquelandia e Barro
Alto. 7. Cinturão orogênico Sunsás, incluindo a Formação Aguapeí formation (ag). 8. Cobertura
Fanerozóica. 9. Afloramentos de granitóides neoproterozóicos do Orógeno Pampeano: TB,
lineamento Transbrasiliano; AB, limites da influência tectônica do cinturão Andeano.
25
Figura 06-
Estrutura tectônica esquemática do domínio Brasiliano/ Pan-Africano do nordeste
do Brasil e Oeste Africano central em torno do Gulf of Guiné (Segundo KRONER & CORDANI,
2003). 1. Domínios cratônicos. 2. Rochas Neoproterozóicas da Bacia do Volta. 3. Cinturões
dobrados marginais de idade neoproterozóica: Ph, Farusiano, com corpos máficos-ultramáficos;
Se, Sergipano, Ou, Oubanguides. 4. Reativação Eburneana de alto grau de rochas do
embasamento dentro do cinturão Farusiano. 5. Ortognaisses e rochas relacionadas de arcos
magmático graníticos entre o cinturão Farusiano. 6. Embasamento polimetamórfico reativado do
domínio Borborema / Trans-Sahara, intrudido pelos granitóides Brasiliano / Pan-Africano. 7.
Cinturão orogênico Cariris Velhos. 8. Rochas cobertas pelos sedimentos Fanerozóicos.
26
Segundo Cordani et al. (2003), por volta de 580 Ma grande parte dos remanescentes de
Gondwana já estavam aglomerados (Figura 07), porém colisões Cambrianas são registradas ao
longo dos maiores fragmentos na borda dos crátons proto-Gondwana (e.g. RAPELA et al. 1998;
M
EERT
2003). Portanto, a assembléia final do supercontinente Gondwana só foi concretizada
logo após a abertura do Oceano Itapetus por volta de 570 Ma (MCCAUSLAND & HODYCH 1998;
C
AWOOD
et al. 2001).
Figura 07- Reconstrução hipotética por volta de 600–580 Ma do supercontinente Gondwana
(CORDANI et al. 2003). Áreas delimitadas correspondem as Figs. 05 e 06.
No mesmo período, Brito Neves (2003) vem de forma enfática contestar diversas
reconstituições de Rodínia publicadas na última década. Segundo este autor, estas reconstituições
apresentam uma série de problemas de fundamentos conceituais (de supercontinente, de
fusão/aglutinação, fissão/dispersão, tipologias e natureza da crosta continental, processos de
ativação e de regenaração) e geológicos reais.
Segundo Brito Neves (2003), a aglutinação supercontinental parece ter sido fato comum e
27
repetida na história pós-Arqueana do planeta, mas deve ser enxergada de forma pragmática,
tendo o conhecimento geológico básico sempre em evidência e sem radicalismo.
Com esta finalidade, Brito Neves (2003) cita o exemplo do Supercontinente Afeusia
(consignação de R
AST
, 1997), entre Eurásia, África e Índia, onde se reconhece uma massa
supercontinental aglutinada, com forma irregular e com muitos ambientes tectônicos distintos
ainda em ação, interna e externamente ao contexto do amplo segmento crustal. Fato que mostra
uma massa supercontinental longe de ser uma peça monolítica e próxima de formas geométricas
ortodoxas, que certamente está em plenas condições (geológico-geotectônicas) transientes para
cenários subseqüentes (ou seja, absolutamente não estática). Exemplo que se contrapõe
frontalmente à sofreguidão na busca irrefletida de instâncias delongadas (com início e final bem
demarcados) de grandes segmentos crustais supercontinentais, monolíticas, homogêneas e até
mesmo com formas geométricas bem delineadas.
Outra observação feita foi sobre o supercontinente mais próximo dos nossos meios de
análise, o Pangea, onde a singularidade foi restrita no tempo (230 ± 5 Ma, V
EEVERS
, 1989) e a
forma foi bastante irregular, longe dos padrões geométricos; e ainda, que o mesmo coexistiu com
processos orogênicos diversos nas zonas mais internas (mares interiores, e.g. Tethys) e nas
porções mais periféricas (início da trama acrescionária circumpacífica).
Outro aspecto problemático importante, levantado por este autor, foi o fato de que a grande
maioria das reconstituições já publicadas aparece apenas os grandes blocos cratônicos como
Amazônico, S. Francisco-Congo e o Rio de La Plata, muito longe da realidade geológica, haja
vista que o número de blocos gerados na fissão/dispersão de Rodínia foi muito grande e diverso,
em dimensões, forma, natureza crustal e comportamentos tectônico e reológico nos processos
posteriores de aglutinação de Gondwana, ao longo do Neoproterozóico.
Portanto, segundo Brito Neves (2003), a singularidade de Rodínia como supercontinente, se
houve, foi episódica; e com certa segurança, a luz dos melhores dados geológicos e
geocronológicos da América do Sul e África computados e bem documentados, os processos de
fusão e fissão de Rodínia, Gondwana e Pangea foram delongados, diacrônicos, e que por
determinados intervalos de tempo, foram processos concorrentes no tempo, em porções
diferentes da grande massa continental.
28
3 GEOLOGIA DO CINTURÃO ARAGUAIA
O Cinturão Araguaia (H
ASUI
et al., 1980) está assentado sobre a borda oriental do Cráton
Amazônico, sudeste do Estado do Pará e oeste do estado de Tocantins, alongada na direção
norte-sul, com mais de 1200 km de extensão e 150 km de largura, truncando as feições
estruturais do embasamento – orientadas na direção WNW – ESSE (Figura 08). .
Grande parte da borda leste do CA é encoberta pelos sedimentos do Paleozóico Superior ao
Cretáceo pertencentes à Bacia do Parnaíba, enquanto suas porções norte e sul são recobertos por
sedimentos do Cenozóico e a sudeste faz limite com o Maciço de Goiás (ALMEIDA et al., 1976).
Sua borda oeste pode ser traçada pela falha de Tucuruí e pelo limite das zonas dobradas e não
dobradas da Formação Couto Magalhães.
O Cinturão Araguaia é constituído por uma sucessão metassedimentar enfeixada no
Supergrupo Baixo Araguaia, subdividida nos grupos Estrondo e Tocantins. Esta sucessão
metassedimentar varia de oeste para leste, desde rochas de baixo grau metamórfico até rochas de
médio grau e é entremeada por rochas vulcânicas máficas a ultramáficas em forma de sills e de
diques. Na figura 09 é mostrada a coluna estratigráfica do Cinturão Araguaia, com base em
Alvarenga et al. (2000).
Segundo Arcanjo & Moura (2000), o embasamento deste cinturão está dividido em dois
segmentos de idades distintas situados nas porções setentrional e meridional do Cinturão
Araguaia. No segmento setentrional, considerado o terreno mais antigo do cinturão, alojado no
interior de estruturas dômicas, foram agrupadas duas unidades litoestratigráficas distintas, o
Complexo Colméia e o Gnaisse Cantão.
O Complexo Colméia reúne ortognaisses de idade arqueana (2,85 Ga – Pb-Pb em zircão)
(DALL’AGNOL et al. 1988; MOURA & GAUDETTE, 1999) e é constituído predominantemente por
gnaisses trondhjemíticos e, secundariamente, por gnaisses tonalíticos e granodioríticos (TTG),
além de raros anfibolitos.
O Gnaisse Cantão é representado por ortognaisses graníticos que intrudem o Complexo
Colméia, sendo seu protólito formado no Paleoproterozóico (1,85 Ga – Pb-Pb em zircão)
(MOURA & GAUDETTE, 1999).
Dentro deste contexto, TTGs arqueanos (2,9 – 2,87 Ga) intrudidos por corpos graníticos
paleoproterozóicos (1,88 Ga) foram bem descritos na porção sudeste (SE) do Cráton Amazônico
29
adjacente (M
ACAMBIRA
& L
AFON
, 1995). Portanto, sugerindo que esta porção do Cinturão
Araguaia seria uma extensão do Cráton Amazônico.
No segmento meridional do Cinturão Araguaia, mais precisamente nos arredores de Paraíso
Tocantins (TO), as rochas do embasamento não estão condicionadas a estruturas dômicas e
foram agrupadas no Complexo Rio dos Mangues. Unidade constituída por gnaisses tonalíticos,
graníticos e calciossilicáticos, que possuem idades Pb-Pb em zircão essencialmente
paleoproterozóicas (entre 2,0 e 2,1 Ga) (A
RCANJO
& M
OURA
, 2000).
Dentro das seqüências gnáissicas do Complexo Rio dos Mangues, na porção centro-oeste,
ocorre um corpo alojado em forma de batólito, representado por microclina granitos e
leucogranitos potássicos, denominado de Granito Serrote (GORAYEB, 1996), que apresenta uma
idade paleoproterozóica de 1,86 Ga (S
OUZA
& M
OURA
, 1995).
De acordo com Souza (1996 apud A
RCANJO
& M
OURA
, 2000), gnaisses alcalinos de idades
mesoproterozóicas (1,01 Ga – idade obtida do Gnaisse Serra da Estrela), representados pelos
corpos de nefelina-sienito-gnaisses de Serra da estrela e de Monte Santo, reunidos na Suíte
Monte Santo (HASUI et al., 1984b), ocorrem ao longo da porção sul do Cinturão Araguaia. O
Gnaisse Serra da Estrela intrude o Complexo Rio dos Mangues e o Monte Santo aflora entre as
rochas metassedimentares do Supergrupo Baixo Araguaia. Este magmatismo alcalino, segundo
Alvarenga et al. (2000), é associado ao rifte crustal que ofereceu condições para o pós-
estabelecimento de um embaciamento, que neste caso, recebeu os sedimentos do Supergrupo
Baixo Araguaia, sendo posteriormente deformados e metamorfisados durante o Neoproterozóico.
Na porção sul do Cinturão Araguaia, também há a ocorrência de rochas metavulcano-
sedimentares metamorfisadas na fácies xisto-verde (B
ARREIRA
& D
ARDENE
, 1981), formalmente
reunidas no Grupo Rio do Coco (COSTA et al. 1983), com uma idade Pb-Pb em zircão obtida em
mebasitos de 2618 ± 14 Ma (ARCANJO et al. 2000). Unidade considerada como um pequeno
pedaço do Máciço de Goiás, situado a leste do Lineamento Transbrasiliano.
O Supergrupo Baixo Araguaia, principal unidade do Cinturão Araguaia foi dividido em dois
grupos: o Grupo Estrondo na base e Grupo Tocantins no topo.
HASUI, Y.; COSTA, J.B.S; GORAYEB, P.S.S.; LEMOS, R.L.; GAMA JR. T.; BEMERGUY, R.L. Geologia do
Pré-Cambriano da Região de Paraíso do Norte de Goiás – GO. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 33, Rio
de Janeiro, Anais..., 2220-2233. 1984b.
SOUZA, S.H.P. DE. Geologia e Geocronologia da Região Sul de Paraíso Tocantins. Universidade Federal do Pará.
Centro de Geociências. Belém, Dissertação de Mestrado, 127p. 1996.
30
O Grupo Estrondo ocorre na parte leste do cinturão, compreendendo as formações Morro do
Campo (base), Xambioá (intermediário) e Canto da Vazante (Topo), sendo a unidade afetada por
metamorfismo de mais alto grau – fácies xisto verde alto a anfibólio médio (DALL’AGNOL et al.,
1988).
A Formação Morro do Campo é constituída por ortoquartzitos, metaconglomerados,
muscovita-quartzo xistos, biotita-quartzo xistos, mica-xistos grafitosos e xistos com granada,
estaurolita, fibrolita e cianita, aflorantes principalmente nos arredores das cidades de Araguanã e
Xambioá, ambas no estado do Tocantins, ao redor das estruturas dômicas do Xambioá e do
Lontra.
Segundo Abreu (1978), os quartzitos da Formação Morro do Campo são principalmente
quartzitos puros e muscovita quartzitos. Localmente, ocorrem sericita-quartzitos e magnetita
quartzitos, podendo ocorrer níveis conglomeráticos oligomíticos associados. Manifestam-se
intercalados normalmente níveis de biotita-xistos, quartzo-mica-xistos e de xistos grafitosos,
variando em espessura desde alguns centímetros até dezenas de metros.
A passagem entre os vários níveis citados acima se dá de maneira transicional, sendo que a
alternância de micaxistos e quartzitos mostra, de acordo com Abreu (1978), uma pulsação na
sedimentação psamitos e pelitos.
A Formação Xambioá repousa concordantemente sobre a Formação Morro do Campo e é
constituída por espessos pacotes representados por muscovita-biotita xistos e calco-muscovita-
biotita xistos. Podem ocorrer ainda em locais restritos, mármores, xistos ricos em estaurolita,
cianita, fibrolita, além de xistos granatíferos, grafitosos e biotita-xistos feldspáticos e freqüentes
corpos de anfibólio-xistos e lentes de anfibolitos.
Ainda de acordo com Abreu (1978), a Formação Xambioá é recoberta a leste e norte pelos
sedimentos da Bacia do Parnaíba. Sua passagem para a Formação Pequizeiro, pertencente ao
Grupo Tocantins, não mostra quebra de estilo estrutural e nem mudança brusca na gradação
metamórfica. Embora se possa suspeitar de uma discordância, traduzida no contraste litológico,
ela é de difícil caracterização em virtude desta superfície estar completamente obliterada pelos
eventos de cristalização e deformação.
A Formação Canto da Vazante é constituída por xistos feldspáticos, com quantidades
variadas de biotita e granada. Unidade que ocorre no extremo leste da cidade de Colméia, ao
longo de uma faixa irregular, aproximadamente N-S, sustentando a Serra do Estrondo. Talco
31
xistos intercalados nestas rochas mostram que o magmatismo básico-ultrabásico ocorreu tanto na
porção ocidental quanto no extremo leste do Supergrupo Baixo Araguaia (C
OSTA
, 1980).
O Grupo Tocantins acamado no lado oeste do Cinturão Araguaia é a unidade de maior
extensão areal. É composto pelas formações Pequizeiro (base) e Couto Magalhães (topo)
(GORAYEB, 1981).
A Formação Pequizeiro é constituída essencialmente de clorita xistos, caracterizados por
bandas alternadas mais quartzosas e mais cloríticas, geralmente verde a cinza esverdeado. Clorita
xisto e quartzo-clorita xisto aparecem associados. Também são reconhecidos corpos de
metabasitos e metaultrabasitos, serpentinitos, talco xistos e talco-actinolita xistos.
A crenulação da xistosidade da Formação Pequizeiro é uma feição característica e em seus
planos a biotita e a clorita aparecem orientadas segundo a direção NW-SE.
A Formação Couto Magalhães, aflorante na parte ocidental do CA nas vizinhanças da cidade
de Couto Magalhães, se associa a numerosos corpos de rochas máficas e ultramáficas,
introduzidas antes do metamorfismo regional que afetou o conjunto. Ela é composta de uma
seqüência predominantemente de filitos e ardósias, com intercalações subordinadas de quartzitos,
silexitos, metassiltitos, metagrauvacas e mármores, além de silexitos hematíticos e corpos
ultramáficos serpentinizados encaixados em filitos.
O metamorfismo registrado na Formação Couto Magalhães, na sua porção mais a oeste, vai
de incipiente a nulo e sua passagem para a Formação Pequizeiro se dá de maneira gradual.
As rochas máficas e ultramáficas, como citado anteriormente, representadas
predominantemente por serpentinitos, metabasaltos e, subordinadamente, por talco xistos e
clorita xisto, são associadas tanto com as rochas supracrustais quanto com as do embasamento.
Este magmatismo máfico ocorre com maior expressão na parte oeste do CA, nos domínios do
Grupo Tocantins (ALVARENGA et al., 2000), e é representado por extensas coberturas lateríticas
ferruginosas, bem identificadas em fotos aéreas, em forma de clareiras, que se desenvolvem
sobre este magmatismo (GORAYEB, 1989; KOTSCHOUBEY et al. 1996; GORAYEB et al., 2004).
Pillows basaltos da porção norte do CA, região de Xambioá (TO), foram datados por
Gorayeb et al. (2002), pelo método Pb-Pb em zircão. As idades obtidas foram essencialmente
paleoproterozóicas, por volta de 2.0 Ga, e foram interpretadas como idades mínimas de
cristalização. Segundo estes autores, os pillows basaltos representariam corpos alóctones,
tectonicamente transportados, de terrenos paleoproterozóicos situados a leste, durante a tectônica
32
neoproterozóica que originou o CA. Hipótese esta que vai de encontra a Kotschoubey et al.
(1996) e Alvarenga et al. (2000), que sugeriram que estes corpos representam restos de crosta
oceânica da fase rift da evolução do CA.
Gorayeb et al. (2004) reuniram os plútons gabróides, em forma de diques e sills, e os
anfibolitos, que ocorrem na região Xambioá-Araguanã (TO), na Suíte Intrusiva Xambica,
baseados em estudos cartográficos, petrográficos e geoquímicos. Datações realizadas ainda por
estes autores, pelo método Pb-Pb em zircão em um metagabro, indicaram que a Suíte Intrusiva
Xambica possui idade mínima de 817 ± 5 Ma, que segundo os mesmos sugere que esta suíte se
alojou na seqüência sedimentar que originou o Grupo Estrondo, precedendo o metamorfismo e o
tectonismo principal da evolução do CA no Neoproterozóico, datado em aproximadamente 550
Ma.
Corpos graníticos, associados com rochas de mais alto grau metamórfico do Grupo Estrondo,
ocorrem ao longo do Cinturão Araguaia (Figura 08). Eles foram considerados como produtos de
fusão parcial de seqüências supracrustais durante o pico do metamorfismo (D
ALL
’A
GNO
l et al.,
1988; ABREU et al., 1994). Uma idade média Pb-Pb em zircão de 554 ± 4 Ma obtida do Granito
Santa Luzia (M
OURA
& S
OUZA
, 2002), situado na porção centro-sul do Cinturão Araguaia, bem
como uma idade média Pb-Pb em zircão de 549 ± 5 Ma obtida no Granito Ramal do Lontra
(ALVES, 2005), situado na porção norte do Cinturão Araguaia, indicam provavelmente a idade de
intrusão destes corpos graníticos.
Segundo Alvarenga et al. (2000), a idade de intrusão destes corpos graníticos, provavelmente
data o pico do metamorfismo e define a idade do evento metamórfico ocorrido no Cinturão
Araguaia. Idades Rb-Sr anteriores, obtidas em rochas metassedimentares do Supergrupo Baixo
Araguaia (HASUI et al., 1980), entre 1.0 Ga e 500 Ma, não são idades isocrônicas verdadeiras, e
provavelmente refletem o desequilíbrio do sistema Rb-Sr nestas rochas metassedimentares.
Idades K-Ar entre 560 e 520 Ma obtidas em biotita, muscovita e hornblenda de xistos e
anfibolitos do Grupo Estrondo registram as idades de resfriamento (MACAMBIRA, 1983). A
impressão deste evento metamórfico está registrada nas rochas do embasamento do Cinturão
Araguaia pelas idades K-Ar por volta de 530 Ma, obtidas em biotita e muscovita dos gnaisses
arqueanos do embasamento (M
ACAMBIRA
, 1983); e por idades Rb-Sr em minerais obtidas nos
plútons graníticos: 500 - 470 Ma para o Gnaisse Cantão (LAFON et al., 1990) e 536 ± 37 Ma para
33
o Granito Serrote (S
OUZA
& M
OURA
, 1995). Todas estas idades relacionam o metamorfismo do
Cinturão Araguaia com o evento Termo-tectônico Brasiliano.
34
35
36
4 EMPREGO DA DATAÇÃO DE ZIRCÃO E DE IDADE MODELO Sm-Nd EM
ESTUDOS DE PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR
Diversos estudos de proveniência desenvolvidos em bacias sedimentares vêm sendo
realizados nos últimos anos, o que tem contribuído significativamente para o entendimento da
história evolutiva de províncias geológicas espalhadas pelo mundo.
Análise de minerais pesados é um método mineralógico clássico mais utilizado em estudos
de proveniência, devido ao fato de muitos minerais pesados serem diagnósticos de rochas fontes
particulares, especialmente se informações geoquímicas sobre espécies individuais são
disponíveis (HALLSWORTH et. al, 2000).
A partir da década de 60, segundo Goldstein et al. (1997), os primeiros estudos de
proveniência utilizando o método U-Pb em zircão foram desenvolvidos (L
EDENT
et al., 1964;
T
ATSUMOTO
& P
ATTERSON
, 1964), utilizando grandes concentrações de amostras que possuíam
provavelmente misturas de grãos que tinham idades diferentes.
Segundo Hallsworth et al. (2000) e Cawood & Nemchin (2000), a datação U-Pb em
monocristais detríticos de zircão em rochas sedimentares tem se revelado uma importante
ferramenta para estudos de proveniência, pois ela reflete diretamente a distribuição das idades
das rochas contendo zircão, nas áreas fontes, assim como, as dos eventos metamórficos ou
magmáticos relacionados com os mesmos. Dessa forma, a datação de monocristais detríticos de
zircão permite a identificação precisa de sua proveniência através da comparação direta da idade
do zircão detrítico com aquelas das possíveis áreas fontes.
Atualmente, além dos métodos de datação U-Pb convencional, Sonda Iônica de Alta
Resolução (SHRIMP) e com ablação a “Laser” (Laser Ablation) (C
AWOOD
& N
EMCHIN
, 2000;
DANTAS et al., 2001; VALERIANO et al., 2004; e etc), em monocristais detríticos de zircão, que
fornecem maior precisão analítica, o método realizado por evaporação de Pb em zircão está
sendo utilizado em estudos de proveniência sedimentar (PINHEIRO, 2003).
Cawood & Nemchin (2000) dataram 588 cristais detríticos de zircão de arenitos do Triássico
Superior, Permiano e Paleozóico Superior da Bacia Perth, Oeste da Austrália, utilizando o
método U-Pb SHRIMP. As idades obtidas destas amostras foram tratadas estatisticamente e
indicaram que seus detritos derivaram de múltiplas fontes, com idades que vai do Arqueano ao
Paleozóico Inferior. Ainda, segundo estes autores, os diferentes espectros de idade obtidos entre
37
as amostras datadas sugerem que os detritos retrabalhados são de origem extra-bacinal e não de
origem intra-bacinal.
Dantas et al. (2001), em estudos de proveniência realizados em seqüências metavulcano-
sedimentares da região de Santa Terezinha de Goiás, utilizaram-se além do método Sm-Nd em
rocha total, do método U-Pb (Convencional) em monocristais de zircão. As idades U-Pb geradas
pelas rochas metavulcano-sedimentares datadas apontaram heranças de diferentes fontes: 700,
800, 1400, 2200 e 2400 Ma, refletindo, segundo estes autores, derivação tanto de rochas de
embasamento mais antigo quanto do próprio arco magmático.
Pinheiro (2003) em estudos de proveniência em arenitos das formações Igarapé de Areia e
Viseu, consideradas coberturas do cráton São Luís, no nordeste do Pará, datou os monocristais
detríticos de zircão utilizando o método por evaporação de Pb em zircão. As idades geradas por
estes arenitos indicaram rochas fontes neoproterozóicas ( 650 Ma) e, secundariamente,
paleoproterozóicas ( 2100 Ma) de sedimentos para a Formação Igarapé de Areia e rochas fontes
essencialmente paleoproterozóicas ( 2100 Ma), para a Formação Viseu.
Valeriano et al. (2004), em datações realizadas em zircões detríticos das unidades
metassedimentares da margem passiva do Cráton São Francisco dos principais domínios
tectônicos do Cinturão Brasília (porção sul), utilizaram-se do método de ablação a “Laser”
(Laser Ablation). Nestas datações, as idades obtidas indicaram proveniências de fontes de idades
Arqueano-Paleoproterozóicas e Paleoproterozóicas (atribuídas ao evento Transamazônico). Além
disso, foi constatada a proveniência de fontes com idades entre 1,6 e 1.2 Ga, revelando uma
variedade inesperada de fontes Mesoproterozóicos indetectadas no Cráton São Francisco, e com
idades entre 0,9 e 1,0 Ga relacionado ao evento rifte, que individualizou o paleo-continente São
Francisco.
Em meados da década de 80, estudos de proveniência utilizando o método geocronológico
Sm-Nd em rocha total começaram a ser realizados (COMPSTON et. al., 1984; FROST & WINSTON,
1987; GOLDSTEIN & JACOBSEN, 1988; GHOSH & LAMBERT, 1989), o que foi de extrema
relevância para o desenvolvimento deste tipo de investigação, já que os dados isotópicos obtidos
por estes métodos identificam grandes eventos de formação da crosta.
A geoquímica isotópica Sm-Nd possui como uma de suas características o fato das razões
isotópicas não apresentarem fracionamento durante os processos de intemperismo, erosão,
transporte, deposição e diagênese. Fato este, que permite sua utilização em estudos de
38
proveniência. No entanto, deve-se considerar que a razão isotópica determinada para os
sedimentos drenados de uma bacia representa mistura de razões isotópicas de todas as unidades
geológicas que compõem a mesma.
Os estudos desenvolvidos utilizando idades modelo Sm-Nd possibilitam, portanto, fazer
apenas uma avaliação das idades modelo dos litotipos estudados, apontando as diferentes
assinaturas isotópicas ocorridas na região em estudo, e dando somente uma idéia das
características composicionais dos terrenos que serviram como fontes de sedimentos, através da
análise do parâmetro ε
Nd
.
Na Austrália Central, por exemplo, Zhao et al. (1992) dataram rochas metassedimentares
pertencentes à Bacia de Amadeus, situada entre dois blocos proterozóicos do embasamento de
idades distintas, blocos Arunta (T
DM
= 2.0 a 2.2 Ga, idade U-Pb em zircão = 1.5 – 1.9 Ga) e
Musgrave (T
DM
= 1.7 a 1.9 Ga, idade U-Pb em zircão = 1.0 – 1.7 Ga). Utilizando o método Sm-
Nd e também o método U-Pb em zircão, eles chegaram à conclusão de que os sedimentos
derivaram destes dois blocos e/ou seus equivalentes.
Pimentel et al. (1999) estudando a porção central da Faixa Brasília (Goiás), que é
caracterizada pela exposição de terrenos de alto grau metamórfico, constituindo o chamado
Complexo Anápolis-Itauçu, exposto em meio a rochas metassedimentares do Grupo Araxá,
utilizaram o método Sm-Nd para investigar a origem dos metassedimentos do Grupo Araxá. As
análises feitas nas rochas metassedimentares apontaram uma ampla faixa de valores que,
colocados em um histograma, parecem constituir uma distribuição bimodal, com idades T
DM
entre 1.1 e 1.3 Ga e outro entre 1.9 e 2.3 Ga, chegando-se à conclusão que estas rochas
metassedimentares sofreram a influência de pelo menos duas fontes principais para a origem dos
sedimentos, terrenos paleoproterozóicos e provavelmente neoproterozóicos.
Cingolani et al. (2003) estudando rochas siliciclásticas ordovicianas no bloco San Rafael,
extensão sul do fragmento crustal Precordilheira (Argentina), combinaram análises petrográficas,
geoquímicas e isotópicas de Nd para revelar a natureza das regiões fontes e posicionamento
tectônico da bacia sedimentar. As análises isotópicas de Nd feitas nestas rochas sedimentares
forneceram idades modelo T
DM
entre 1.4 e 1.5 Ga, levantando a possibilidade de rochas expostas
na área de Ponon Trehue serem as fontes destes sedimentos. Estas idades não foram tratadas
estatisticamente devido aos poucos dados obtidos e foram comparados diretamente com as
idades existentes nas áreas adjacentes.
39
5 MÉTODOS E ATIVIDADES DO TRABALHO
As atividades que levaram à realização da presente dissertação envolveram basicamente
trabalhos de escritório, campo e laboratório, como enumerado a seguir:
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Para a execução deste trabalho foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica envolvendo
principalmente trabalhos versando sobre a geologia relacionados à história evolutiva do Cinturão
Araguaia, assim como pesquisas em trabalhos específicos envolvendo estudos de proveniência
sedimentar realizados na plataforma Sul-Americana (PIMENTEL et al., 1999; VALERIANO et al.,
2004; PINHEIRO, 2003; e etc) e em terrenos sedimentares localizados em outras partes do mundo
(Z
HAO
et. al., 1992; G
OLDSTEIN
et. al., 1997; H
ALLSWORTH
et. al., 2000; e etc), que utilizaram
métodos geocronológicos.
5.2 ETAPAS DE CAMPO
Constaram principalmente de três (3) levantamentos de seções geológico-estruturais por
caminhamentos geralmente transversais à orientação do Cinturão Araguaia. Os perfis realizados
foram feitos ao longo das principais estradas que ligam as cidades de Piçarra - Araguaína,
Redenção - Guaraí e Paraíso Tocantins - Pium. Ao todo foram descritos e coletados amostras de
46 afloramentos em cortes de estradas, drenagens e exposições naturais. Todos os pontos
amostrados foram identificados geograficamente com o uso do GPS (Sistema de Posicionamento
Global), os quais encontram-se tabelados no anexo 01 e representados em mapa no anexo 02.
5.3 GEOQUÍMICA ISOTÓPICA
5.3.1 Tratamento das Amostras
No decorrer desta investigação, foram feitas análises isotópicas utilizando os métodos de
evaporação de Pb em monocristais detríticos de zircão e Sm-Nd em rocha total (idades modelo).
Estas análises foram realizadas no Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Federal do
Pará – Pará-Iso.
Para a execução do método Pb-Pb em zircão foram coletadas no campo duas amostras de
quartzitos da Formação Morro do Campo, uma nas proximidades da cidade de Xambioá (TO)
(amostra BP/08) e outra próxima à cidade de Paraíso do Tocantins (TO) (amostra BP/33), cada
40
qual pesando em média 40 Kg (Anexo 02). As duas foram fragmentadas no local de coleta
usando ferramentas apropriadas como marreta, martelo e talhadeira.
Para a determinação de idades modelo Sm-Nd, foram coletadas 44 amostras de vários
litotipos como ardósias, filitos e xistos de composição variada, pesando cada uma em média 2
Kg. As amostras também foram fragmentadas no local onde cada uma foi coletada, com a
finalidade de diminuir o risco de contaminação. Tanto rochas frescas como alteradas, por efeito
do intemperismo, foram coletadas, já que as primeiras são raramente encontradas preservadas em
campo. Fato que levou a opção pela coleta de rochas intemperisadas, tendo como critério as que
tivessem com foliação metamórfica preservada (Anexo 01).
As descrições petrográficas (mineralogia, aspectos texturais e estruturais) foram feitas em
todas as amostras lamináveis (rochas frescas), a fim de se obter uma melhor classificação para
cada tipo de rocha estudada (Anexo 03).
O procedimento inicial de preparação das amostras é semelhante para as duas metodologias,
sendo que no momento da pulverização, as amostras selecionadas para o método Pb-Pb em
zircão foram pulverizadas no moinho de rolo e as amostras para Sm-Nd em rocha total no
“Shatter Box”.
Todas as amostras foram tratadas na Oficina de Preparação de Amostras (OPA) do Centro de
Geociências (CG) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
As amostras para o método Pb-Pb em zircão foram moídas em britador de mandíbulas
(Figura 10), reduzindo-se o tamanho de seus fragmentos. Em seguida foram pulverizadas em
moinho de rolo e, depois, deslamadas para eliminar a fração argilosa. Posteriormente, o material
foi colocado em bandejas de alumínio para secar completamente, por aproximadamente 24 horas
na estufa a 100° C. Depois de seco e frio, o material foi, em seguida, peneirado utilizando apenas
as peneiras de 250 e 75µm.
41
As frações que ficaram retidas na peneira de 75 µm foram submetidas a uma separação
densimétrica através de elutriação em água (Figura 11) para a pré-concentração dos mineras
pesados. O material elutriado foi colocado em um becker e levado a uma estufa, por
aproximadamente 24 horas, para ser completamente seca.
Figura 10- Britador de Mandíbulas – triturador de amostras
42
Depois de seco, levou-se o material para o separador magnético FRANTZ (Figura 12), para
separar os minerais magnéticos dos paramagnéticos, sendo passado repetidas vezes no separador
nas seguintes condições citadas na Tabela 01.
Tabela 01- Ajustes dos parâmetros utilizados no separador magnético FRANTZ na separação do
zircão.
CORRENTE (A) INCLINAÇÃO LONGITUDINAL INCLINAÇÃO LATERAL
0,5 25
O
20
O
1,0 25
O
20
O
1,5 25
O
20
O
1,5 25
O
15
O
1,5 25
O
10
O
Figura 11- Visão geral do Elutriador utilizado no
processo de separação do material por densidade.
43
A fração não magnética obtida na última repassagem pelo separador magnético (1,5A de
Corrente; 25
o
de Inclinação Longitudinal; 10
o
de Inclinação Lateral), que interessa para o estudo,
é colocada em solução em HNO
3
(50%) e aquecida (80-100° C) por uma hora, visando a
eliminação dos sulfetos e películas de óxido-hidróxido de ferro que estivessem aderidas aos
minerais.
Logo após a lavagem, os materiais foram secos e, em seguida, submetidos ao tratamento com
bromofórmio (líquido de densidade 2,8-2,9 g/cm
3
), onde são separados os minerais mais densos
que o líquido. Os minerais mais densos (pesados), entre eles o zircão, são coletados e lavados
com álcool para eliminar o bromofórmio e colocados para secar. Vale ressaltar, que o manuseio
tanto do bromofórmio como do ácido nítrico (HNO
3
(50%)) é feito em capelas apropriadas para
a exaustão dos gases desprendidos nestas operações.
Na fase seguinte, os minerais pesados, separados no bromofórmio, foram levados à lupa
(binocular), onde foram identificados e separados aleatoriamente os cristais de zircão, que foram,
posteriormente, colocados em uma lâmina, com óleo de imersão para serem fotomicrografados.
Figura 12- Separador Magnético - Frantz
44
Nesse processo, utilizou-se um capturador de imagens acoplado a um microscópico petrográfico,
a fim de registrar com exatidão, as feições dos grãos a serem analisados.
Os zircões separados para análise geocronológica, foram colocados em um arranjo duplo de
filamentos de rênio (Re), um de evaporação, na forma de canoa, onde o zircão é aprisionado, e
outro de ionização, posicionado defronte do primeiro, onde o chumbo evaporado do zircão é
depositado. Estes filamentos são montados em um “tambor ou carrossel” (parte removível da
fonte do espectrômetro) (Figura 13), para posterior leitura das composições isotópicas de Pb.
Para o método Sm-Nd em rocha total, as amostras coletadas também foram preparadas na
Oficina de Preparação de Amostras (OPA/CG/UFPA), sendo que o primeiro passo realizado foi a
redução de seus fragmentos, moendo as amostras no britador de mandíbulas (Figura 10). Sendo,
logo após, pulverizadas utilizando o “Shatter Box”.
As amostras pulverizadas foram quarteadas em duas subfrações das quais uma fração de cada
amostra foi guardada em sacos plásticos para eventual utilização futura. Os restantes das
amostras quarteadas sofreram uma nova pulverização, mais intensa, no grau de ágata. Em
Figura 13- “Tambor” contendo os filamentos de rênio com os cristais de
zircão. Parte removível do espectrômetro.
45
seguida, as amostras resultantes foram quarteadas novamente e uma parte delas levadas ao “Spex
Mix”, para uma nova pulverização de 15 minutos de duração e para garantir a homogeneização
das amostras.
Na fase seguinte, foram feitos os tratamentos químicos em cada amostra, que seguiram a
técnica utilizada por Oliveira & Moura (1995).
Na abertura ou dissolução das amostras, inicialmente, pesou-se aproximadamente 100 mg de
cada amostra para 100 mg de traçador misto (“Spike” -
149
Sm e
150
Nd) feita com HNO
3
(13N) +
HF (48%) em container fechado (bombas tipo “PARR”) por 2 dias consecutivos utilizando o
micro-ondas, cada dia por volta de 36 minutos. Em seguida foi adicionado HNO
3
(13N) + HF
(48%) e colocado na chapa a 100°C para evaporar, sendo depois realizadas mais duas etapas de
evaporação com HC1 (6.2N) e HC1 (2N). Os resíduos foram solubilizados com HC1 (2N) e as
soluções submetidas à separação por cromatografia de resina de troca iônica Dowex AG 1x8
(200-400 mesh), condicionada com HC1 (2N).
As terras raras foram coletadas com HNO
3
(3N). Seus resíduos solubilizados com HNO
3
(7N) + metanol (40- 60%) e submetidos à separação por cromatografia de resina de troca iônica
Dowex AG 1x4 (200-400 mesh), condicionada com HNO
3
(7N) + metanol. O Sm e o Nd foram
coletados com HNO
3
(7N) + Metanol e misturados com HNO
3
(13N).
Os concentrados finais foram depositados em filamentos duplos de Ta para análise isotópica.
As idades-modelo T
DM
foram calculadas segundo o modelo de De Paolo (1981).
5.3.2 Método de Evaporação de Pb em Zircão
5.3.2.1 Princípios do Método Pb-Pb em Zircão
A datação por evaporação de Pb em zircão foi elaborada por Kober (1986, 1987), tendo
como base as razões radiogênicas
207
Pb*/
206
Pb* (corrigidas do Pb comum –
204
Pb), liberadas
durante o aquecimento gradativo de um monocristal de zircão.
A liberação de Pb* ocorre a partir de diferentes domínios do cristal, controlada pela “energia
de ativação”, isto é, a partir da temperatura imposta (Kober 1986, 1987).
De acordo com Ansdell & Kiser (1993) e Chappman & Roddick (1994), a liberação de Pb*
deve-se à decomposição termal de zircão (ZrSiO
4
) que libera a sílica (SiO
2
) para formar um
óxido de zircônio (ZrO
4
, badeleíta). A reação zircão – badeleíta ocorre, no caso de um cristal
46
perfeito (na forma, sem fissuras, zoneamentos, inclusões e etc), da sua borda (baixas
temperaturas) para o seu núcleo cristalino (altas temperaturas).
No entanto, normalmente os zircões possuem regiões metamícticas, fissuras, inclusões,
núcleos descentrados e irregulares, o que faz com que a reação acima ocorra inicialmente a partir
das bordas e fissuras do cristal com baixas temperaturas. Com o aumento de temperatura, esta
tende a dominar todo o grão (C
HAPPMAN
& R
ODDICK
, 1994). Em zircões metamícticos, o Pb* e a
SiO
2
são rapidamente consumidos, ocorrendo a transformação total do cristal em badeleíta.
Segundo Kober (1986, 1987), durante a análise de Pb por etapas de aquecimento são obtidas
idades
207
Pb*/
206
Pb* a partir de diferentes domínios. As etapas iniciais (baixas temperaturas)
definem uma idade mais baixa, relativa à borda do zircão, e as etapas finais (altas temperaturas),
idades mais elevadas, relacionadas ao núcleo cristalino do mesmo. Entre essas etapas pode
ocorrer idades misturadas, com variações de idades inter-etapas.
Assim, ainda segundo Kober (1986, 1987), as idades
207
Pb*/
206
Pb* definidas em
temperaturas mais elevadas seriam consideradas para definir a idade de cristalização do zircão e
as idades de temperaturas baixas e intermedárias representariam domínios perturbados do zircão,
que podem ou não ter significado geológico.
Entretanto, de acordo com Stacey & Kramers (1975), independentemente do conteúdo de Pb
comum (
204
Pb) existente no cristal de zircão, é necessário fazer correções nas razões obtidas
deste zircão, utilizando-se a composição de Pb comum determinada de acordo com a curva de
duplo estágio definida por estes mesmos autores. Segundo Gaudette et al. (1998), a equação de
204
Pb, para a correção do pb comum utilizando o
204
Pb é a expressa abaixo:
(
207
Pb/
206
Pb)
r
= (
207
Pb/
206
Pb)
m
+ {(
204
Pb/
206
Pb)
m
. [(
207
Pb/
206
Pb)
m
– (
207
Pb/
206
Pb)
i
]}
(
204
Pb/
206
Pb)
i
– (
204
Pb/
206
Pb)
m
onde os termos subscritos significam: r = radiogênico, i = inicial e m = medido.
O método de datação por evaporação de Pb em zircão analisa quatro (4) isótopos de Pb (204,
206, 207 e 208), gerando as seguintes razões isotópicas
204
Pb/
206
Pb,
207
Pb/
206
Pb e
208
Pb/
206
Pb. As
idades obtidas por este método são aparentes e devem ser interpretadas como idades mínimas dos
cristais de zircão analisados (Kober, 1986 e 1987). Todavia, Ansdell & Kiser (1991) e Kroner et
al. (1994) demonstraram que em zircões de rochas magmáticas, a idade
207
Pb/
206
Pb se superpõe,
47
no limite do erro analítico, com a idade obtida pelos métodos U-Pb convencional e SHRIMP,
quando vários grãos fornecerem idades semelhantes.
Em rochas sedimentares, as idades Pb-Pb, U-Pb convencional e SHRIMP obtidas em zircões
detríticos dificilmente serão conclusivas, pois não existem garantias que os cristais analisados
pertençam à mesma rocha fonte. Então, a idade Pb-Pb em zircão detrítico deve ser interpretada
como idade mínima e as considerações nela baseadas não devem ultrapassar os limites traçados
pela consistência estatística do conjunto de dados (P
INHEIRO
, 2003).
5.3.2.2 Análises do Método de Evaporação de Pb e Zircão no Espectrômetro de Massa
As análises de evaporação de Pb em monocristais de zircão (Pb-Pb em zircão) são realizadas
no espectrômetro de massa de termo-ionização FINNIGAN MAT 262 do Laboratório de
Geologia Isotópica da Universidade Federal do Pará - Pará-Iso (Figura 14), que utiliza um
arranjo duplo de filamentos de rênio (Re), um de evaporação, na forma de canoa, onde o zircão é
aprisionado, e outro de ionização, posicionado defronte do primeiro, onde o chumbo evaporado
do zircão é depositado.
O filamento de evaporação é aquecido a uma temperatura pré-estabelecida durante 5
minutos, quando o chumbo presente no interior do zircão é evaporado e depositado no filamento
de ionização, que é mantido em temperatura ambiente. Em seguida, o filamento de evaporação é
desligado e o filamento de ionização aquecido a uma temperatura em torno de 1050
o
C, quando o
chumbo ali depositado é ionizado e tem a sua composição isotópica determinada.
Depois de determinada a composição isotópica, a corrente elétrica que aquece o filamento de
evaporação é elevada a aproximadamente 1.2 – 1.5 A e a do filamento de ionização a 3.8 – 4.5
A, simultaneamente, aumentando a temperatura ambiente por volta de 1600 a 1800
o
C. Este
procedimento é feito para eliminar totalmente o chumbo ali depositado visando a sua preparação
para uma nova etapa de aquecimento do filamento de evaporação, que é realizada a uma
temperatura superior à empregada na etapa anterior.
Normalmente são realizadas três etapas de aquecimento (ou evaporação). A primeira, a
1450
o
C, a segunda a 1500
o
C e a terceira, a 1550
o
C. A composição isotópica do chumbo é
determinada por um contador de íons, em modo dinâmico, segundo uma varredura na seguinte
seqüência de massa: 206, 207, 208, 206, 207 e 204.
48
São realizadas cinco varreduras definindo um bloco de dados com nove razões
207
Pb/
206
Pb.
Normalmente, são obtidos cinco blocos de dados para cada etapa de evaporação para se
determinar a idade média aparente
207
Pb/
206
Pb dessa etapa com precisão. Entretanto, para este
estudo, foram obtidos apenas dois blocos de leituras, já que em estudos de proveniência a
precisão analítica é de importância secundária.
Em alguns casos, a intensidade de emissão pode ser alta o suficiente para se determinar a
composição isotópica do chumbo em modo estático, com coleta simultânea de dados. As massas
206, 207 e 208 são medidas em diferentes janelas de Faraday e a massa 204 no contador de íons.
Neste caso são realizadas 10 leituras das massas fornecendo 10 razões
207
Pb/
206
Pb que definem
um bloco de dados.
Em ambos os casos as idades aparentes
207
Pb/
206
Pb obtidas nas diferentes etapas são
corrigidas para chumbo de contaminação utilizando o modelo de evolução do chumbo de Stacey
e Krammers (1975). As idades de cada cristal de zircão obtidas nas diferentes etapas de
evaporação são tabeladas, e aquela idade obtida na etapa de mais alta temperatura é interpretada
como a idade mínima deste cristal.
Figura 14- Aspecto do Espectrômetro de Massa Finnigan MAT 262 do Pará-Iso.
49
5.3.3 Método Sm-Nd em Rocha Total
5.3.3.1 Princípios do Método Sm-Nd
a) Evolução do Nd na Terra e Idades modelos
O método radiométrico Sm-Nd baseia-se na desintegração do
147
Sm para o
143
Nd, através de
uma emissão espontânea de partículas α (equivalente à massa do elemento Hélio), segundo a
meia-vida representada pela constante de desintegração λ
Sm
:
147
Sm
62
143
Nd
60
(λ
Sm
= 6,54 × 10
-12
/a.).
Os elementos Sm e Nd, pertencentes do grupo dos Elementos Terras Raras (ETR) ou
Lantanídeos, possuem sete isótopos cada um. O Sm tem os isótopos 144, 147, 148, 149, 150, 152
e 154 e o Nd os isótopos 142, 143, 144, 145, 146, 148 e 150.
O método Sm-Nd permite datar, para qualquer rocha, a época em que seu magma pai
(protólito crustal) diferenciou-se do manto superior, independentemente dos processos
geológicos que ela tenha sofrido. Uma vez que a razão Sm/Nd somente se modifica
significativamente durante uma eventual diferenciação manto-crosta (D
E
P
AOLO
, 1981 e 1988).
O sistema Sm-Nd, quando aplicado em rocha total, é considerado como geralmente resistente
aos efeitos de intemperismo, erosão, transporte, diagênese e metamorfismo, o que possibilita ter
uma idéia do tempo de residência crustal dos protólitos ígneos que serviram como fontes de
sedimentos, no caso das rochas sedimentares, mesmo quando as rochas sofreram um evento
termo-tectônico posterior.
De acordo com Nisbet (1987), o cálculo de idades modelos (Sm-Nd em rocha total) é
possível conhecendo-se as razões
147
Sm/
144
Nd e
143
Nd/
144
Nd atuais das amostras de rochas
terrestres e comparando-as com modelos de evolução isotópica de Nd existentes de possíveis
reservatórios mantélicos fontes dos quais as mesmas derivaram.
Atualmente, apesar de existirem vários “tipos de manto” com características geoquímicas
distintas, que corroboram com a criação de modelos de evolução isotópica de Nd, empregam-se
dois modelos de evolução para o manto superior: um baseado na evolução do manto a partir de
um reservatório de composição condrítica uniforme (“Chondritic Uniform Reservoir”- CHUR) e
outra evolução a partir de um Manto Empobrecido (Depleted Mantle - DM) (ROLLINSON, 1994;
DE PAOLO 1981, 1988).
50
O modelo CHUR assume que o Nd no manto evoluiu a partir de um reservatório uniforme,
cuja razão Sm/Nd é igual a dos meteoritos condríticos.
O modelo do Manto Empobrecido (Depleted Mantle – DM) foi proposto para explicar as
diferentes assinaturas isotópicas encontradas nos basaltos de ilhas oceânicas e de assoalho
oceânico (MORB). Esse modelo considera que o manto superior, que deu origem aos basaltos
tipo MORB, foi progressivamente empobrecido em Nd ao longo dos tempos geológicos,
evoluindo assim com uma razão Sm/Nd maior que a do reservatório mantélico tipo CHUR. O
empobrecimento em Nd seria uma conseqüência da extração do material crustal.
Segundo Faure (1986), a idade modelo de uma rocha é obtida pela determinação do
momento, no tempo geológico, no qual as razões
143
Nd/
144
Nd da rocha e do CHUR são as
mesmas. Geologicamente, isto significaria o momento no qual o Nd desta rocha se separou do
reservatório condrítico, determinando assim o tempo de residência crustal.
O cálculo da idade modelo T
CHUR
ou T
DM
é realizado através da seguinte fórmula:
T
(x)
= (1/
λ
) ln {1+ [(
143
Nd/
144
Nd)
amostra
– (
143
Nd/
144
Nd)
x
]/ [(
147
Sm/
144
Nd)
amostra
– (
147
Sm/
144
Nd)
x
]}.
Sendo que x corresponde ao CHUR ou ao DM.
No laboratório Pará-Iso/UFPA, para o cálculo das razões isotópicas, que influenciam na
determinação das idades T
CHUR
e T
DM
de uma rocha, atribui-se valores para (
143
Nd/
144
Nd)
CHUR
=
0,512638, relativo a uma razão
143
Nd/
144
Nd de 0,7219, e para (
147
Sm/
144
Nd)
CHUR
= 0,1967, de
acordo com Faure (1986) e Rollison (1994).
A aplicação desta equação acima citada atribui uma evolução linear da razão isotópica
143
Nd/
144
Nd no manto superior. No entanto, existem várias outras propostas para determinar a
evolução de uma fonte de manto empobrecido ao longo dos tempos, sendo a mais utilizada a de
De Paolo (1988) que mostra uma evolução isotópica da razão
143
Nd/
144
Nd ligeiramente
parabólica para o manto superior fracionado, cuja curva pode ser descrita pela equação:
Є
Nd
(T) = 0,25T
2
– 3T + 8,5
Onde T corresponde à idade modelo T
DM
e Є
Nd
(T) representa a diferença da razão
143
Nd/
144
Nd da amostra em relação ao CHUR, no tempo T.
51
A idade modelo T
DM
obtida, segundo De Paolo (1988), é o ponto de intersecção desta curva,
representada pela equação acima, com uma curva definida pela evolução isotópica de Nd em
rochas crustais, cuja equação pode ser descrita assim:
Є
Nd
(T) = Є
Nd
(0) – 25,09 . f
(Sm/Nd)
. T
Portanto, ainda de acordo com este autor, se igualarmos estas duas equações citadas acima de
Є
Nd
(T), obteremos assim, uma expressão matemática do segundo grau em T (T é dado em Ga),
onde:
Є
Nd
(0) = {[(
143
Nd/
144
Nd)
(0)
am - (
143
Nd/
144
Nd)
(0)
CHUR
]
/
(
143
Nd/
144
Nd)
(0)
CHUR
}
x 10
4
e
ƒ
(Sm/Nd)
= [(
147
Sm/
144
Nd)am - (
147
Sm/
144
Nd)
CHUR
] / (
147
Sm/
144
Nd)
CHUR
Sendo: Є
Nd
(0) - a diferença da razão
143
Nd/
144
Nd da amostra em relação ao CHUR, no
tempo zero (0); ƒ
(Sm/Nd)
– o fator de fracionamento do Sm da amostra em relação ao do CHUR; e
am- a razão isotópica medida para a amostra.
Vale ressaltar, que o parâmetro Є
Nd(t)
consiste basicamente na comparação das razões
143
Nd/
144
Nd das amostras estudadas com o valor do CHUR em um tempo “t”, que seria
representativo da terra global, segundo a seguinte expressão:
Є
Nd
= [[(
143
Nd/
144
Nd)
amostra
/ (
143
Nd/
144
Nd)
CHUR
] –1] x 10
4
Portanto, um valor Є
Nd
positivo indica que as rochas foram derivadas do manto superior com
razão Sm/Nd maior que o reservatório condrítico, enquanto que um valor negativo de Є
Nd
indica
que as rochas foram derivadas de uma fonte com uma razão Sm/Nd menor, ou seja, que tais
rochas são derivadas da crosta continental, ou assimilaram, rochas crustais mais antigas.
5.3.3.2- Análises do Método Sm-Nd no Espectrômetro de Massa:
Após a separação química dos elementos Sm e Nd, os mesmos são depositados em
filamentos de Tântalo (Ta), para análise isotópica.
52
As análises também são realizadas no Laboratório Pará-Iso no espectrômetro de massa de
termo-ionização FINNIGAN MAT 262 (Figura 14), equipado com um sistema de multicoleção,
que inclui sete coletores de Faraday e dotado de um tambor para treze amostras. A corrente
elétrica que aquece o filamento de Tântalo (Ta) (evaporação), onde estão depositadas as amostras
de Sm e Nd, é em torno de 1,4 A e a do filamento de Rênio (Re) (ionização) entre 4,1 a 4,2 A.
A composição isotópica do Nd é determinada com a análise de dez blocos sucessivos, onde
são feitos, em cada bloco, dez medidas das massas 142, 143, 144, 145, 146, 147 e 150 em modo
estático, o que permite a obtenção das razões
142
Nd/
144
Nd,
143
Nd/
144
Nd,
145
Nd/
144
Nd,
146
Nd/
144
Nd,
147
Sm/
144
Nd e
150
Nd/
144
Nd. A análise isotópica do Nd para cada amostra tem duração de cerca de
45 minutos.
A determinação da composição isotópica do elemento Sm é feita com análise dos isótopos
147
Sm,
149
Sm,
152
Sm e
155
Gd com dez medidas para cada bloco. Sete blocos de leituras são
realizados para a obtenção das quatro razões:
149
Sm/
147
Sm,
152
Sm/
147
Sm,
154
Sm/
147
Sm e
155
Gd/
147
Sm. A razão
149
Sm/
147
Sm é utilizada para o cálculo da concentração de Sm por diluição
isotópica; a razão
152
Sm/
147
Sm serve de referência e corrige o fracionamento; a razão
154
Sm/
147
Sm serve como controle de um possível fracionamento da amostra durante a análise
isotópica; e a razão
155
Gd/
147
Sm corrige a interferência do Gadolínio (Gd).
O tratamento matemático e estatístico dos dados isotópicos foi realizado em um programa de
software desenvolvido no Laboratório Pará-Iso/UFPA chamado “Finres II”, onde os resultados
“brutos”, não numéricos, apenas corrigidos da interferência de Sm e Gd, arquivados no
computador do espectrômetro, são convertidos em valores numéricos e sendo, posteriormente,
efetuadas as correções de fracionamento, a partir de uma razão de referência
146
Nd/
144
Nd =
0,7219 e
152
Sm/
147
Sm = 1,7830, e de traçador em cada leitura. Em seguida, é efetuado um teste
estatístico de Dixon por bloco, para a eliminação de valores aberrantes.
Os valores finais das razões isotópicas e dos respectivos desvios são calculados a partir da
média ponderada de todos os blocos de leitura obtidos na análise, eliminando-se os blocos que se
afastam a mais de 2,5σ da média.
Os cálculos da razão
147
Sm/
144
Nd e da concentração de Sm e Nd, a partir dos resultados
analíticos, foram obtidos por meio de diluição isotópica, utilizando também um programa de
software disponibilizado ao Laboratório Pará-Iso/UFPA chamado de FORMUL, e,
posteriormente, calculados em fórmulas matemáticas pré-estabelecidas.
53
6
RESULTADOS
6.1 MÉTODO ANALÍTICO DE EVAPORAÇÃO DE Pb (Pb-Pb EM ZIRCÃO)
Para a utilização deste método geocronológico foram coletadas duas amostras de quartzitos
pertencentes à Formação Morro do Campo, subunidade do Supergrupo Baixo Araguaia. Uma
amostra foi coletada na porção setentrional do CA, nas proximidades da cidade de Xambioá
(TO) (amostra BP/08) e outra na porção meridional, próximo à cidade de Paraíso do Tocantins
(TO) (amostra BP/33). Os pontos geográficos das amostras coletadas estão mostrados no mapa
de amostragem (Anexo 02).
Ao todo sessenta e nove (69) cristais detríticos de zircão do quartzito coletado em Xambioá
(TO), amostra BP/08, foram analisados, mas apenas cinqüenta e três (53) cristais emitiram sinais
de Pb adequados (sinais fortes e estáveis) para análise isotópica. Os resultados analíticos
completos estão tabelados no Anexo 04, enquanto que na tabela 02 são mostrados apenas os
dados utilizados na determinação das idades dos cristais detríticos de zircão.
A maioria dos cristais de zircão analisados apresentou-se arredondada a sub-arredondada,
incolor e/ou com tonalidade amarelada. Também foram encontrados muitos cristais metamíticos,
alguns cristais sub-prismáticos, curtos ou alongados e com algumas inclusões fluidas (Anexo
05).
Nas análises isotópicas de Pb-Pb em zircão, em quase todos os cristais obtiveram-se idades
nas etapas de 1450°C e de 1500°C, tomando-se a média de idades dos dois primeiros blocos de
leitura de cada etapa efetuada, já que para este estudo a precisão analítica é de importância
secundária e o método fornece apenas a idade mínima destes zircões. Em alguns casos
obtiveram-se idades apenas nas etapas de 1450
o
C e outras apenas nas etapas de 1500
o
C. Somente
as idades obtidas na etapa de maior temperatura (1500
o
C) foram consideradas para a
interpretação da idade mínima dos cristais detríticos de zircão analisados (Tabela 02).
As idades fornecidas pelos cristais de zircão do quartzito da Formação Morro do Campo da
região de Xambioá, mostram uma grande contribuição de sedimentos de terrenos
Meso/Neoarqueanos e outras menos freqüentes de terrenos Paleoproterozóicos e
Mesoproterozóicos. A idade mais jovem obtida foi 1416 ± 14 Ma e a mais velha foi 3087 ± 17
Ma (Tabela 04). As idades obtidas foram postas em um histograma de freqüência vs idades, onde
são mostrados de maneira mais objetiva os intervalos de idades dos cristais de zircão e,
54
possivelmente, de áreas fontes de sedimentos para esta unidade situada na porção norte do
Cinturão Araguaia (Figura 15a).
Zircão Temp.
204
Pb/
206
Pb (
207
Pb/
206
Pb)r 2 σ Idade 2 σ
BP08/01 1500 0,000159 0,18687 37
2715 3
BP08/02 1500 0,000078 0,19881 4
2817 3
BP08/04 1500 0,000186 0,18224 49
2674 4
BP08/05 1500 0,000014 0,2044 53
2862 4
BP08/07 1500 0,000065 0,18951 56
2738 5
BP08/08 1500 0,000558 0,08986 278
1423 59
BP08/10 1500 0,000024 0,20022 44
2828 4
BP08/11 1500 0,000018 0,12875 31
2081 4
BP08/12 1500 0,000026 0,12984 71
2096 10
BP08/14 1500 0,000094 0,2079 42
2890 3
BP08/15 1500 0,000189 0,18108 202
2663 18
BP08/16 1500 0,00005 0,21159 226
2918 17
BP08/18 1500 0,000021 0,20269 92
2848 7
BP08/19 1500 0,00036 0,19226 62
2762 5
BP08/23 1500 0,000055 0,23511 254
3087 17
BP08/25 1500 0,00036 0,21138 174
2917 13
BP08/29 1500 0,000017 0,20506 52
2867 4
BP08/31 1500 0,000644 0,08952 67
1416 14
BP08/32 1500 0,00008 0,11369 91
1859 14
BP08/33 1500 0,000362 0,20124 211
2837 17
BP08/34 1500 0,000198 0,18985 89
2741 8
BP08/35 1500 0,000192 0,21854 69
2970 5
BP08/36 1500 0,000036 0,21308 38
2929 3
BP08/37 1500 0,000157 0,14737 37
2316 4
BP08/38 1500 0,000323 0,2125 66
2925 5
BP08/39 1500 0,000051 0,21654 278
2955 21
BP08/40 1500 0,000795 0,20638 21
2878 17
BP08/41 1500 0,000364 0,20262 204
2848 16
BP08/42 1500 0,000074 0,12352 165
2008 24
BP08/43 1500 0,000335 0,19458 6
2782 5
BP08/44 1500 0,000278 0,19175 94
2758 8
BP08/45 1500 0,00029 0,18955 216
2739 19
BP08/46 1500 0,000072 0,20402 106
2859 8
BP08/47 1500 0,000085 0,20153 73
2839 6
BP08/48 1500 0,000122 0,189 61
2734 5
BP08/50 1500 0,000013 0,2037 51
2856 4
BP08/53 1500 0,000104 0,16293 96
2487 10
BP08/56 1500 0,000804 0,19388 553
2776 47
BP08/57 1500 0,000134 0,20042 164
2830 13
BP08/60 1500 0,000118 0,15327 81
2383 9
BP08/62 1500 0,001515 0,17981 778
2651 72
BP08/63 1500 0,000219 0,18037 114
2657 10
BP08/64 1500 0,000026 0,20121 96
2836 8
BP08/65 1500 0,000048 0,18737 45
2720 4
BP08/66 1500 0,00008 0,19911 235
2819 19
BP08/67 1500 0,000088 0,20447 151
2863 12
BP08/68 1500 0,000069 0,20283 13
2849 10
Tabela 02 - Idades Pb-Pb em zircão obtidas do quartzito da Formação Morro do Campo (amostra
BP/08) da Região de Xambioá (TO).
55
No quartzito da Formação Morro do Campo coletado na porção sul do CA, nas proximidades
da cidade de Paraíso Tocantins (TO), amostra BP/33, foram analisados sessenta e um (61)
cristais de zircão, mas apenas cinqüenta e um (51) cristais emitiram sinais de Pb adequados
(sinais fortes e estáveis) para análise isotópica. Os resultados analíticos completos também estão
tabelados em anexo (Anexo 06), enquanto que na tabela 03 são mostrados apenas os dados
utilizados na determinação das idades dos cristais detríticos de zircão.
56
Os cristais detríticos de zircão selecionados aleatoriamente do quartzito de Paraíso do
Tocantins (TO) apresentaram-se, em sua grande maioria, sub-arredondados e arredondados, com
apenas alguns cristais prismáticos e fragmentados (Anexo 07).
As idades obtidas nas análises isotópicas Pb-Pb em zircão, como se observa na tabela 03,
apontaram uma grande contribuição de fontes mesoproterozóicas, uma menor, mas significativa
contribuição de fontes paleoproterozóicas e pequena contribuição de fontes neoproterozóicas e
arqueanas para o aporte sedimentar deste quartzito. A idade mais jovem obtida foi 697 ± 28 Ma
e a mais velha foi 2796 ± 08 Ma. As idades obtidas também foram postas em um histograma de
freqüência vs idades, onde são mostrados de maneira mais objetiva os intervalos de idades dos
cristais de zircão e, possivelmente, de áreas fontes de sedimentos para esta unidade situada na
porção sul do Cinturão Araguaia (Figura 15b).
Os resultados Pb-Pb em zircão obtidos nas duas amostras de quartzito da Formação Morro do
Campo também foram postos conjuntamente em um histograma de freqüência, como forma de
comparação entre as distribuições das idades obtidas das duas amostras (Figura 15c).
Tabela 03 - Idades Pb-Pb em zircão obtidas do quartzito da Formação Morro do Campo (amostra
BP/33) da Região de Paraíso do Tocantins (TO).
57
Zircão Temp.
204
Pb/
206
Pb (
207
Pb/
206
Pb)c 2σ Idade 2 σ
BP33/01 1500 0,000217 0,07474 4
1062 11
BP33/03 1500 0,000475 0,11111 57
1818 9
BP33/04 1500 0,000082 0,07318 124
1019 34
BP33/05 1500 0,00018 0,07847 233
1159 59
BP33/06 1500 0,000124 0,10893 3
1782 5
BP33/07 1500 0 0,07614 192
1099 51
BP33/08 1500 0,000113 0,0757 85
1087 23
BP33/09 1500 0,00009 0,11185 168
1830 27
BP33/10 1500 0,000063 0,07433 72
1051 19
BP33/12 1500 0,000242 0,06808 186
871 56
BP33/13 1500 0,000004 0,07585 18
1091 5
BP33/15 1500 0,000091 0,0765 65
1108 17
BP33/16 1500 0,000192 0,07564 135
1086 36
BP33/17 1500 0,000346 0,07182 39
981 11
BP33/18 1500 0,000026 0,07607 8
1097 21
BP33/19 1500 0 0,07812
1150 32
BP33/20 1500 0,000344 0,0768 44
1116 11
BP33/22 1500 0,000159 0,06266 83
697 28
BP33/23 1500 0,000247 0,07615 44
1099 12
BP33/24 1500 0,000015 0,07721 45
1127 12
BP33/25 1500 0,000191 0,19632 95
2796 8
BP33/26 1500 0,000136 0,07514 49
1073 13
BP33/27 1500 0,00005 0,07281 44
1009 12
BP33/28 1500 0,000049 0,12622 52
2046 7
BP33/30 1500 0,000536 0,07142 75
970 21
BP33/34 1500 0,000139 0,07179 16
980 5
BP33/35 1500 0,000198 0,12247 146
1993 21
BP33/36 1500 0,000095 0,07246 55
999 15
BP33/37 1500 0,000059 0,0774 129
1132 33
BP33/38 1500 0,00014 0,07491 34
1066 9
BP33/39 1500 0,000065 0,07302 17
1015 5
BP33/40 1500 0,000016 0,16897 86
2548 8
BP33/41 1500 0,000249 0,10919 36
1786 6
BP33/43 1500 0,000044 0,11231 102
1837 16
BP33/44 1500 0,000128 0,1145 38
1872 6
BP33/45 1500 0 0,08029 174
1204 43
BP33/46 1500 0,000058 0,11376 46
1861 7
BP33/47 1500 0,000062 0,07061 16
946 5
BP33/49 1500 0,000975 0,06123 123
647 43
BP33/50 1500 0,00019 0,07476 106
1062 29
BP33/51 1500 0,000232 0,07496 15
1068 40
BP33/53 1500 0,000062 0,07225 33
993 9
BP33/54 1500 0,000021 0,11171 229
1828 37
BP33/55 1550 0.000044 0.11425 103
1869 16
BP33/56 1500 0.000080 0.11289 61
1847 10
BP33/57 1500 0.000071 0.10582 99
1729 17
BP33/59 1500 0.000079 0.07688 27
1118 7
BP33/60 1500 0.000400 0.07685 67 1118 17
1550 0.000378 0.07634 43 1104 11
média =
1111 14
BP33/61 1500 0.000119 0.11289 39 1847 6
1550 0.000635 0.11534 207 1885 32
média =
1866 19
58
59
Figura 15- Histograma de freqüência mostrando a distribuição das idades Pb-Pb em zircão dos
quartzitos da Formação Morro do Campo (CA). A- Mostrando as idades obtidas do quartzito da
região de Xambioá (TO); B- Mostrando as idades obtidas do quartzito da região de Paraíso do
Tocantins (TO); C- Mostrando conjuntamente a distribuição das idades obtidas nas duas
amostras de quartzito.
60
6.2 MÉTODO Sm-Nd EM ROCHA TOTAL (IDADE MODELO)
Com a finalidade também de identificar os possíveis candidatos à fonte de sedimentos para as
rochas metassedimentares constituintes do Cinturão Araguaia, composições isotópicas de Sm-Nd
foram determinadas em amostras de litotipos dos grupos Estrondo e Tocantins. As coordenadas
geográficas de cada amostra coletada e analisada estão tabelados no Anexo 01.
Ao todo foram datadas 44 amostras, sendo 20 amostras do Grupo Tocantins, representadas
por filitos, magnetita filitos, ardósias, mica xistos intemperizados, clorita-biotita-quartzo xisto e
metassiltitos, e 24 amostras do Grupo Estrondo, representadas por biotita xistos, quartzo-biotita
xistos, estaurolita-granada-muscovita xisto, granada-quartzo-bitotita xistos, cianita-quartzo-
biotita xisto, grafita xistos, granada-mica xistos e quartzo-biotita-muscovita xistos. As amostras
foram coletadas em uma extensão que vai desde Xambioá (TO) até Paraíso Tocantins (TO)
(Anexo 02). Entre as amostras analisadas do Grupo Tocantins, três são amostras pertencentes à
Formação Couto Magalhães obtidas em dois testemunhos de sondagem feitos pela Mineração
Genipapo – WMC, na região de São Martim (Pa), próximo ao município de Redenção (Pa),
sendo duas (2) amostras do furo SMD-03, uma localizada a 155,95m e a outra a 275,90m de
profundidade, e uma amostra do furo SMD-08 localizada a 530,90m de profundidade. Os
resultados analíticos das amostras datadas pelo método Sm-Nd encontram-se na Tabela 04 e
distribuídos no mapa (Figura 16).
Levando-se em consideração que a razão Sm/Nd é raramente afetada por processos de
anatexia, fracionamento, metamorfismo e/ou intemperismo, neste trabalho as idades modelo
Sm/Nd foram calculadas segundo o modelo de manto empobrecido de DePaolo (1988) em
estágio único, pelo fato da maioria dos parâmetros como o fator de fracionamento ƒ
(Sm/Nd)
, que
representa a diferença entre as razões
147
Sm/
144
Nd da amostra e do CHUR dividida pela razão
147
Sm/
144
Nd do CHUR (DePaolo & Wasserburg, 1976) e as razões
147
Sm/
144
Nd, encontrarem-se
em torno do intervalo de valores considerados normais para as rochas analisadas. Esses
intervalos de ƒ
(Sm/Nd)
e
147
Sm/
144
Nd são, respectivamente, -0,60 a -0,35 e 0,09 a 0,125 (Sato &
Siga Jr., 2000). Exceto em uma amostra de filito intemperizado (amostra BP-20), uma amostra
de granada-mica xisto intemperizado (amostra BP-28) e em uma amostra de mica-xisto
intemperizado (amostra BP-35), cujos resultados analíticos ficaram muito fora do considerado
normal, ficando excluídos da interpretação dos resultados (Tabela 04 e Figura 16).
61
62
63
64
65
Como se observa no histograma de freqüência das idades modelo Sm-Nd (T
DM
) obtidas dos
diferentes litotipos amostrados, em seções transversais, ao longo do Cinturão Araguaia, as idades
modelo apresentam uma distribuição bimodal com maior freqüência de idade entre 1,4 e 2,1 Ga
(63,63% das amostras), com moda entre 1,6 e 1,7 Ga. O outro intervalo de idade, bem menos
freqüente, situa-se entre 2,4 e 2,7 Ga (13,63% das amostras) (Figura 17). Esses dados sugerem
que as rochas metassedimentares do Cinturão Araguaia podem ser resultado de mistura de fontes
de idade paleoproterozóica com fontes mais jovens, provavelmente, meso-neoproterozóica.
Alternativamente, essa mistura pode ter envolvido também fontes arqueanas, porém de modo
restrito.
Os valores de ε
Ndt
calculados a 900 Ma, para estas rochas metassedimentares, foram
predominantemente negativos, entre -3,15 e -23,82. Considerando uma idade máxima estimada
de 900 Ma para a deposição destes sedimentos, baseada na idade obtida em monocristais de
zircão de rochas máficas encaixadas nas rochas metassedimentares (817 ± 05 Ma – Gorayeb et
al. 2004), ditas contemporâneas à sedimentação, na grande concentração de idades Pb-Pb em
zircão mínimas obtidas entre 0,85 – 1,0 Ga nos quartzitos da Formação Morro do Campo,
Figura 17- Histograma de freqüência das idades modelo Sm-Nd em rocha total obtidas tanto da
porção norte como das porções central e sul das rochas metassedimentares pertencentes ao
Cinturão Araguaia.
66
coletado na região de Paraíso Tocantins (TO) (Figura 15b), e na presença de zircões de rochas
alcalinas, que apresentaram idades de 1,0 Ga (S
OUZA
, 1996).
67
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Atualmente, a interpretação aceita para a natureza dos sedimentos que deram origem as
rochas supracrustais do Cinturão Araguaia (CA) foi formulada por Abreu (1978), o qual defende
que a sedimentação das rochas metassedimentares deste cinturão adveio em conseqüência da
regeneração implantada na porção marginal do Cráton Amazônico. Modelos evolutivos
propostos para o Cinturão Araguaia, em geral, sugerem que ele se instalou em uma bacia
formada pelo rifteamento restrito (sem formação expressiva de crosta oceânica) da crosta
continental arqueana, seguido pela inversão tectônica da bacia, acompanhada de transporte de
massa, de SE para NW, do material supracrustal (Alvarenga et al., 2000). No entanto, estudos
geocronológicos revelaram que as rochas do Cinturão Araguaia repousam sobre um
embasamento de idade arqueana ao norte, e de idade paleproterozóica ao sul (A
RCANJO
&
M
OURA
, 2000). Adicionalmente, Gorayeb et al. (2002) revelaram a presença de basaltos com
estrutura almofadada, situados na porção mais oeste do Cinturão Araguaia, com cristais de zircão
(herdados ?) de 2.05 Ga. Estes dados sugerem que a contribuição de material crustal
paleoproterozóico pode ter sido importante e que as rochas metassedimentares do cinturão
podem ter tido áreas fontes de idades distintas.
Os dados obtidos pelo método de evaporação de Pb em zircão nos quartzitos da Formação
Morro do Campo do CA, coletados na porção norte e sul da região (Figuras 15a e 15b), indicam
que estas duas porções tiveram histórias de proveniência distintas.
As idades Pb-Pb em zircão obtidas no quartzito da Formação Morro do Campo, coletado na
porção norte do CA, região de Xambioá (TO) (amostra BP/08), indicam a presença de pelo
menos seis populações distintas de zircão. Uma população predominante meso-neoarqueana com
moda de idade entre 2,8 – 2,9 Ga, outras 3 populações menos freqüentes de zircões
paleoproterozóicos (ca. 1,90 -1,85 Ga; 2,1 – 2,0 Ga; e 2,4 – 2,3 Ga) e uma população de idade
mesoproterozóica (ca. 1,45 – 1,40 Ga).
A princípio, aproximadamente 82,6% dos cristais datados são provenientes da erosão de
terrenos de idades meso-neoarqueanos (3,0 – 2,65 Ga) e os 17,4 % restantes de terrenos
paleoproterozóicos e mesoproterozóicos (Figura 15a).
Já os resultados isotópicos obtidos no quartzito (amostra 04/BP17) da Formação Morro do
Campo, coletado na porção sul do CA, região de Paraíso Tocantins (TO) (Figura 15b), mostram
uma distribuição bimodal para este litotipo, com modas entre 850 – 1250, mais freqüente, e
68
1700– 1850 Ma, menos freqüente. Esses dados sugerem uma grande contribuição de terrenos de
idades entre o Meso e o Neoproterozóico e uma menor contribuição de terrenos
paleoproterozóicos. Idades isoladas encontradas nesta amostra entre 600-700, 1950-2050, 2550-
2600 e 2750-2800 Ma sugerem que terrenos com essas faixas de idades podem ter também
contribuído para a formação deste quartzito ou foram provenientes do retrabalhamento de
terrenos mais jovens que possuem cristais de zircão detríticos herdados de terrenos mais antigos.
Os dados obtidos no quartzito da porção sul do CA mostram que 64% dos cristais analisados
apresentaram idades meso-neoproterozóicas, evidenciando uma importante contribuição de
sedimentos de terrenos que se formaram nesta faixa de idade.
A análise conjunta dos dados obtidos destes dois quartzitos da Formação Morro do Campo
mostra diferentes espectros de idade Pb-Pb em zircão, indicando que os sedimentos que
originaram os quartzitos do CA têm fontes distintas (Figura 15c). Esta constatação sugere que o
CA possui uma evolução geológica complexa, já que os diferentes padrões de idades Pb-Pb em
zircão apresentados nestes quartzitos do CA, indicam que a bacia deposicional que originou o
CA não teria sido um simples sistema de rifte, como sugere a evolução estrutural proposta por
Alvarenga et al. (2000).
É importante ressaltar que, apesar destes quartzitos da Formação Morro do Campo
apresentarem diferentes padrões de idades Pb-Pb em zircão, de forma alguma alude a um
diacronismo, já que a heterogeneidade de idades pode ser interpretada como uma questão de
caráter genuinamente geográfico e de simples disponibilidade de sedimentos na área fonte.
A forma dos zircões analisados destes quartzitos estudados das porções norte e sul, como
mencionado anteriormente, levanta a possibilidade de alguns sedimentos das rochas
metassedimentares do CA serem componentes de detritos de natureza multiciclo sedimentar,
como é o caso de alguns zircões arredondados encontrados nas duas amostras, principalmente os
cristais da amostra coletada na região de Xambioá (TO). O grau de arredondamento de detritos
sedimentares pode ser utilizado como um indicativo de extensivo transporte e/ou
retrabalhamento, bem como indício de um intenso processo litorâneo, enquanto que cristais
prismáticos são indícios de sedimentação local (CAWOOD & NEMCHIN, 2000), mas com
possibilidade também destes grãos terem sido transportados protegidos em litoclastos ou seixos e
liberados depois em outro ciclo sedimentar.
69
De acordo com a configuração demonstrada na figura 07, durante a amalgamação do
Supercontinente Gondwana Oeste (U
NRUG
, 1996), e analisando apenas as idades Pb-Pb em
zircão do quartzito coletado na porção norte do CA, observa-se que as idades Pb-Pb em zircão
são compatíveis com às dos terrenos pertencentes ao Cráton Amazônico como na Província
Mineral dos Carajás com idades 3,04 – 2,8 Ga (ex. granodiorito Rio Maria e etc), além de
terrenos paleoproterozóicos, como as faixas Maroni-Itacaiúnas ( 2,15 Ga), Ventuari-Tapajós (
2,0 Ga) e Rio Negro-Jurema ( 1,8 Ga). Este fato indicaria, a princípio, o Cráton Amazônico
como principal candidato à fonte de sedimentos, confirmando em primeira vista a tese defendida
por Abreu (1978), que advoga que a sedimentação das rochas metassedimentares deste cinturão
adveio em conseqüência da regeneração implantada na porção marginal do Cráton Amazônico.
No entanto, apesar das idades Pb-Pb em zircão do quartzito coletado na região de Xambioá
serem compatíveis com as idades dos terrenos pertencentes ao Cráton Amazônico, na Plataforma
Sul-Americana, segundo Brito Neves (1999), terrenos mesoarqueanos (3,2 – 2,8 Ga), que
possuem expressão territorial ainda local, têm sido registrados em várias partes do continente,
especialmente em terrenos de crátons (Amazônico e São Francisco, sobretudo) e “maciços”
(Goiás, S. José do Campestre, Caldas Brandão etc.), com perspectiva de se tornarem mais
numerosos com o desenvolvimento continuado da pesquisa geocronológica.
Os terrenos neoarqueanos também identificados no Continente Sul-Americano (2,8 – 2,5 Ga)
são representados por alguns núcleos microcontinentais neoarqueanos considerados como termos
finais resultantes de uma longa história de docagem de terrenos de alto e baixo grau, que remonta
a 3,5 Ga (Paleoarqueano) pelo menos. Esses terrenos neoarqueanos aparecem mais ou menos
poupados de retrabalhamento pelos processos orogenéticos subseqüentes e como figurantes
expressivos locais (seed nuclei) dentro da trama da ampla colagem que veio a acontecer na parte
média do Paleoproterozóico (BRITO NEVES, 1999).
Já os terrenos paleoproterozóicos, ainda segundo Brito Neves (1999), representariam uma
colagem orogênica, no sentido de ser o resultado de atividade somatória de grande número de
limites convergentes de placas no espaço e no tempo, que originaram provavelmente à formação
de uma grande massa continental coesa, dispersa hoje entre a América do Sul e África, pelo
menos.
Os terrenos mesoproterozóicos fazem parte de uma história evolutiva bastante controversa e
problemática em todo o Continente Sul-Americano. Sua documentação geocronológica é muito
70
pobre em todo o continente e seus protólitos pertencem apenas a algumas orogenias da metade
superior desta Era, que são aquelas postadas em frações litosféricas de comportamento cratônico
no Brasiliano (ao longo do Neoproterozóico) como as faixas San Ignácio/Guaporé e
Sunsás/Aguapeí, sudoeste do Cráton Amazônico, na fronteira Brasil – Bolívia.
A importância dessas orogenias Mesoproterozóicas remonta em pelo menos dois estágios:
1,45 a 1,3 Ga e ca. 1,0/0,96 Ga (períodos Ectasiano e Toniano), que fecharam sítios oceânicos e
afins (de idade mesoproterozóica) e outros domínios Tafrogenéticos Ectasianos (B
RITO
N
EVES
,
1999). O que vem demonstrando progressivamente, que estas orogenias consorciadas formaram
subseqüentes amplas colagens de massas continentais, que podem ter dado origem à concepção
do supercontinente Rodínia de Hoffman (1991).
Brito Neves et al. (1995b apud B
RITO
N
EVES
, 1999) identificaram na estrutura da Província
Borborema a orogenia Cariris Velhos de idade Mesoproterozóica (ca. 1000 Ma), sendo esta a
primeira fora de uma área que não exibiu comportamento de Cráton Brasiliano. Na
reconstituição do supercontinente Rodínia do final do Mesoproterozóico (H
OFFMAN
, 1991), o
Cinturão Cariris Velhos tem sua continuidade preconizada na faixa de Namaqua Oriental
(sudoeste da África), com a qual guarda várias identidades litológicas, estruturais e algumas
cronológicas.
Portanto, de acordo com estas considerações acima e diante dos resultados Pb-Pb em zircão
obtidos no quartzito coletado na região de Xambioá, levanta-se também a possibilidade do
Cráton São Francisco, situado a aproximadamente 700 km a leste do CA, como provável fonte
de sedimentos para sua porção norte, já que na porção norte do Cráton São Francisco também
existem terrenos arqueanos, como os blocos Gavião e Serrinha de idades entre 3,4 e 2,6 Ga e o
Bloco Jequié de idades entre 2,8 e 2,5 Ga. Estes blocos constituem, juntamente com o Cinturão
Itabuna-Salvador-Curuçá, terrenos preservados participantes de uma história acrescionária de
orógenos paleoproterozóicos ocorridos na região por volta de 2,0 Ga. Considerando o grau de
arredondamento dos grãos de zircão apresentados e analisados deste quartzito, que podem estar
indicando que os mesmos foram muito transportados.
BRITO NEVES, B.B. DE; VAN SCHMUS, W.R.; SANTOS, E.J.; CAMPOS NETO, M.C.; KOZUCH, M. O Evento
Cariris Velhos na Província Borborema. Integração de Dados, Implicações e Perspectivas. Revista Brasileira de
Geociências, 25(4): 279-296. 1995b.
71
A possibilidade de o Cráton São Francisco ter servido como fonte de sedimentos,
principalmente aos de natureza multiciclo sedimentar, para a Bacia Araguaia, é sustentada pela
presença de uma feição morfotectônica, situada na porção norte deste cráton, denominado de
Aulacógeno do Paramirim, cujas duas principais fases rifte de subsidência, ocorridas a 1,75 e 1,0
Ga (SCHOBBENHAUS, 1996; DANDERFER F
o
, 2000 apud ALKMIM, 2004), resultaram na deposição
dos supergrupos Espinhaço e São Francisco, que experimentaram uma intensa inversão tectônica
no Neoproterozóico, da qual apenas uma pequena porção do seu setor central foi poupada. Esta
inversão do Aulacógeno Paramirim foi ocasionada durante a amalgamação do Supercontinente
Gondwana (ALKMIM, 2004), a qual pode ter provocado o soerguimento e a intensa erosão dos
seus constituintes no setor oeste do Cráton São Francisco durante a colisão entre este cráton com
o Cráton Amazônico.
Aventa-se também a possibilidade de que terrenos da Província Borborema, situado mais a
norte, a aproximadamente 400 km desta porção norte do Cinturão Araguaia, tenham tido sua
parcela de contribuição, já que na porção mais a norte, ao norte do Lineamento Patos
(Patos/Garoua), inclui além de ortognaisses paleoproterozóicos (2,35; 2,15; 2,0 Ga), com um
complexo quadro lito-estrutural (Transamazônico - Eburniano), alguns prévios núcleos
arqueanos (3,45; 2,8/2,6 Ga) (B
RITO
N
EVES
et al., 2001).
Outra possibilidade também seriam terrenos de idades meso-neoarqueanas,
paleoproterozóicas, mesoproterozóicas e neoproterozóicas (?) situados a leste do CA, encobertos
hoje pela Bacia do Parnaíba, tenham servido como fonte de sedimentos para as rochas
metassedimentares da porção norte do CA.
DANDERFER F
O
A. Geologia Sedimentar e Evolução Tectônica do Espinhaço Setentrional, Estado da Bahia,
Brasília, Inst. Geoc., UNB, Tese de Doutorado, 494f. 2000.
SCHOBBENHAUS, C. As Tafrogêneses Superpostas Espinhaço e Santo Onofre, Estado da Bahia: Revisão e Novas
Propostas. Revista Brasileira de Geociências, v. 4, p. 265-279. 1996.
72
Outras possíveis fontes a princípio, mas um pouco mais restrito, seriam os escudos Man e
Reguibat pertencentes ao Cráton Oeste-Africano, considerando a possível correlação geológica
entre esta parte do continente africano com a Plataforma Sul-Americana, já que a porção sul
deste cráton está praticamente circundada pelos cinturões Rokelides-Bassarides a oeste, e
Dahomeides a leste, que teriam continuidade no continente sul-americano representada,
respectivamente, pelo Cinturão Araguaia e pela Província Borborema. Estes escudos possuem
terrenos de idades Meso a Neoarqueano, como o da porção oeste do Escudo Reguibat (região de
Zouerate) com idades de 3,0 – 2,5 Ga (Supergrupo Amsaga) e da orogenia Liberiana (região de
Guiné) no Escudo Man com idades por volta de 2,8 Ga, assim como terrenos paleoproterozóicos
(TROMPETE, 1994).
Em relação às idades Pb-Pb em zircão obtidas no quartzito da Formação Morro do Campo
coletado na porção sul do CA, região de Paraíso Tocantins, constata-se uma grande contribuição
de terrenos meso-eoneoproterozóico (0,85 – 1,25 Ga) e paleoproterozóicos (1,7 – 1,85 Ga)
(Figura 15b).
Como mencionado anteriormente, terrenos de idades em torno de 1,0 – 1,25 Ga são de difícil
identificação no continente sul-americano, sendo somente detectados em algumas porções do
Cráton Amazônico (porção sudoeste) e Província Borborema (porção sul). No entanto, os dados
obtidos neste estudo evidenciam a possibilidade da existência de importantes terrenos
mesoproterozóicos ainda não identificados no continente sul-americano próximos à porção sul
do CA. Uma possibilidade para esta hipótese, seria a existência destes terrenos de idades
mesoproterozóicas não identificados ainda tanto geológico como geocronologicamente no
Cráton São Francisco, devido sua grande proximidade com esta porção sul do CA. Valeriano et
al. (2004), sugere a possibilidade de que a localização de alguns destes importantes terrenos
estarem de baixo do Grupo Bambuí, que cobre quase toda a porção sul do Cráton São Francisco.
Esta hipótese se baseia em estudos realizados por Braun et al. (1993) e Teixeira et al. (1993) que
reconheceram por métodos sísmicos que, a ocorrência de magmatismo anorogênico
Mesoproterozóico é compatível com estruturas riftes pré-Bambuí. Segundo ainda Valeriano et al.
(2004), também há a possibilidade destes terrenos mesoproterozóicos estarem localizados na
margem oeste do Cráton São Francisco, envolvidos hoje por alóctones externo e interno,
implicando, conseqüentemente, que o lócus do break-up continental Neoproterozóico ocorreu
preferencialmente ao longo de sistemas rifte Mesoproterozóico.
73
Então, baseado nessas considerações acima, aventa-se a possibilidade do Cráton São
Francisco situado a leste do CA, como principal candidato à fonte de sedimentos para este
quartzito da Formação Morro do Campo da região de Paraíso Tocantins, além da possibilidade
de faixas arqueanas, paleoproterozóicas e meso/eo-neoproterozóicas encobertas hoje pelas
seqüências da Bacia do Parnaíba.
Outra possibilidade também para fonte de sedimentos para esta porção sul do CA seria o
Maciço Mediano de Goiás, que é constituído por terrenos granito-greenstone arqueanos da região
de Crixás-Goiás, terrenos granito-gnáissicos e seqüências vulcano-sedimentares
paleoproterozóicos da região de Almas-Natividade-Cavalcante, grandes complexos máficos-
ultramáficos compostos de intrusões acamadadas mesoproterozóicas e neoproterozóicas e
seqüências vulcano-sedimentares associadas (complexos de Barro Alto, Niquelândia e Cana
Brava e Palmeirópolis), bem como pelo Complexo Granulítico de Anápolis-Itauçu e uma extensa
área de terrenos ortognáissicos e vulcano-sedimentares neoproterozóicos juvenis (Arco
Magmático de Goiás) (P
IMENTEL
et al., 2004).
O Arco Magmático de Goiás que possue ortognaisses cálcicos a cálcico-alcalinos de idades
entre 0,90 – 0,60 Ga poderia ser um dos principais candidatos à fonte de sedimentos para este
quartzito da porção sul do CA. A tectônica sofrida por esta região, durante a amalgamação do
Supercontinente Gondwana Oeste, poderia ter soerguido e provocado um intenso processo
erosivo de suas rochas constituintes, ocasionando a deposição de seus fragmentos nesta porção
do CA.
Com os resultados obtidos das determinações isotópicas de Sm-Nd em 44 amostras de rochas
metassedimentares analisadas do Cinturão Araguaia, dentre as quais ardósias, filitos, clorita-
botita xistos, pertencentes ao Grupo Tocantins, biotita xistos, quartzo-biotita xistos e grafita -
xistos, pertencentes ao Grupo Estrondo, que revelaram um amplo espectro de idades modelo,
observa-se que a contribuição mais significativa é fruto ou da mistura de fontes de idade
paleoproterozóica com fontes mais jovens, provavelmente, meso-neoproterozóicas ou,
alternativamente, mistura com contribuição de fontes arqueanas, porém de modo restrito (Figura
18 e Tabela 04).
A distribuição das idades modelo Sm-Nd obtidas das supracrustais do Cinturão Araguaia,
como se observa em dois diagramas de evolução do Nd, onde no primeiro diagrama são
plotados, além dos resultados das amostras analisadas, os campos do embasamento arqueano do
74
Cráton Amazônico (S
ATO
& T
ASSINARI
, 1997), do embasamento paleoproterozóico do terreno
Central de Ceará (F
ETTER
et al., 2003) e do Batólito de Santa Quitéria (F
ETTER
et al, 2003) e no
segundo, os campos do embasamento do Cráton Amazônico (SATO & TASSINARI, 1997), do
terreno paleoproterozóico do Maciço de Goiás e do Arco Magmático de Goiás (Pimentel et al.
1999) (Figura 18), observa-se que o Cráton Amazônico não serviu como fonte de sedimentos
para este cinturão, hipótese levantada pelos dados Pb-Pb em zircão da amostra de quartzito da
Formação Morro do Campo coletada na região de Xambioá, já que o mesmo é constituído por
extensos terrenos arqueanos.
75
76
Estas idades modelo Sm-Nd em rocha total obtidas nestas rochas metassedimentares, como
se pode observar nas figuras 16 e 17, apesar de se apresentarem em diferentes espectros de idade
ao longo das áreas estudadas, mostram que as supracrustais pertencentes ao CA possuem
assinaturas isotópicas semelhantes, apresentando um aparente decréscimo das idades modelo no
sentido norte – sul. Este decréscimo das idades modelo Sm-Nd para sul, pode sugerir uma maior
contribuição de terrenos mais jovens (mesoproterozóicos e/ou neoproterozóicos) para esta porção
do CA.
A presença marcante de rochas metassedimentares com idades modelo Sm-Nd em rocha total
paleoproterozóicas sugere que os sedimentos constituintes das rochas metassedimentares do
Cinturão Araguaia seriam provenientes de segmentos crustais situados a leste do mesmo,
depositados provavelmente em bacias oceânicas associadas a estes segmentos, que foram em
seguida tectonicamente transportados sobre a margem leste do Cráton Amazônico durante a
tectônica que estruturou o Cinturão Araguaia, resultante da amalgamação do Supercontinente
Gondwana Oeste. A zona de deslocamento entre as rochas metassedimentares do CA e o Cráton
Amazônico seria, pelo menos uma parte dela, a Falha de Empurrão de Tucuruí, que bordeja
quase toda a porção oeste do CA, a qual, segundo Trouw et al. (1976 apud A
BREU
, 1978), fora
responsável pelo transporte tectônico do Grupo Tocantins sobre o Cráton Amazônico.
A ocorrência de cristais detríticos de zircão de idade arqueana observada no quartzito de
Xambioá não implica necessariamente em uma fonte situada no Cráton Amazônico, uma vez que
rochas arqueanas estão presentes nas possíveis áreas fontes localizadas a leste do cinturão.
Ademais, estes cristais arqueanos podem ter sido reciclados por processos sedimentares e
incorporados em terrenos mais novos.
Esta hipótese acima mencionada poderia explicar a presença de pillows basaltos com zircões
de idades Pb-Pb em torno de 2,0 Ga, localizados aparentemente sobre as rochas supracrustais
neoproterozóicas do CA, os quais foram interpretados como sendo corpos alóctones,
tectonicamente transportados de terrenos paleoproterozóicos situados a leste, durante a tectônica
que originou o CA (GORAYEB et al. 2002).
TROUW, R.A.J.; VAZ, L.F.; SLONGO, T.T.; NAKASATO, N. Geologia da Região de Tucuruí, Baixo Tocantins,
Pará. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 29, Belo Horizonte. Resumos dos Trabalhos. p. 18. 1976.
77
As idades Pb-Pb em zircão entre 0,85 e 1,0 Ga obtidas do quartzito da Formação Morro do
Campo coletado na região de Paraíso Tocantins fornecem o limite superior para a idade de
sedimentação destas rochas metassedimentares do CA. Limite compatível com idades Pb-Pb em
zircão em torno de 0,81 Ga obtidas em rochas máficas, situadas na porção norte do CA,
encaixadas nas rochas metassedimentares, que foram interpretadas como contemporâneas à
sedimentação (G
ORAYEB
et al., 2004).
O limite inferior para idade de sedimentação do CA seria mais jovem que a idade Pb-Pb em
zircão obtida no quartzito da porção sul do CA de 647 ± 43 Ma e mais antiga que a idade Pb-Pb
em zircão em torno de 550 Ma obtida nos plútons graníticos sin-colisionais como o Granito
Ramal do Lontra (ALVES, 2005), localizado na porção norte, e o Granito Santa Luzia (MOURA &
S
OUZA
, 2002), localizado na porção sul do CA. As idades em torno de 550 Ma obtidas nestes
granitos sin-colisionais representaram o pico do metamorfismo ocorrido na região e,
conseqüentemente, relacionam o CA ao evento Termo-Tectônico Brasiliano (ALVARENGA et al.,
2000).
De acordo com Valeriano et al. (2004), a estruturação geotectônica do CA e do Cinturão
Paraguai apenas ocorreu depois de 50 a 100 Ma depois da estruturação do Cinturão Brasília, que
foi conseqüência da colisão entre o Bloco Paraná, o Maciço Mediano de Goiás e os terrenos do
Arco Magmático de Goiás com o Cráton São Francisco.
Análises estruturais de elementos planares e lineares realizadas no CA sugeriram transporte
tectônico em direção a NW (COSTA et al., 1988; ABREU et al., 1994), indicando uma colisão
oblíqua entre esta grande massa continental constituída pelo menos pelos crátons São Francisco e
Paraná e o Maciço de Goiás com o Cráton Amazônico.
Portanto, levando as considerações acima citadas, aventa-se a possibilidade dos crátons São
Francisco, Paraná, o Maciço de Goiás e os terrenos do Arco Magmático de Goiás serem as
principais fontes destes sedimentos. Estas áreas fontes situam-se a leste do Cinturão Araguaia, e
reúnem rochas magmáticas com idades compatíveis àquelas encontradas nos cristais detríticos de
zircão.
Não descartando, no entanto, a possibilidade do embasamento arqueano do Ceará Central, na
Província Borborema, os Batólitos de Santa Quitéria (F
ETTER
et al. 2003), assim como o Cráton
Oeste-Africano e a Faixa Gurupi serem a princípio candidatos a fontes de sedimentos para a
porção norte do Cinturão Araguaia, devido possuírem terrenos nestas faixas de idades
78
apresentadas neste estudo, porém de forma muito restrita, uma vez que o transporte de massa que
ocasionou na estruturação do Cinturão Araguaia foi no sentido de SE para NW.
É importante ressaltar que, apesar da presença de idades modelo arqueanas obtidas em
algumas rochas metassedimentares do CA não descartar a possibilidade de contribuições de
rochas arqueanas como fonte de sedimentos, de forma alguma isto é indício de que os
sedimentos provieram diretamente de fontes arqueanas. Estes sedimentos poderiam ter sido
originados de rochas metamórficas ou ígneas mais jovens provenientes do retrabalhamento
crustal de tratos mais antigos. Este tipo de retrabalhamento é registrado no Cráton São Francisco,
onde os blocos Gavião e Serrinha de idades entre 3,4 e 2,6 Ga e o Bloco Jequié de idades entre
2,8 e 2,5 Ga, constituem, juntamente com o Cinturão Itabuna-Salvador-Curuçá, na porção norte,
e o Cinturão Mineiro, na porção sul, terrenos preservados participantes de uma história
acrescionária de orógenos paleoproterozóicos ocorridos na região por volta 2,0 Ga (A
LKMIM
,
2004).
79
8 CONCLUSÕES
Os principais resultados e conclusões obtidos neste estudo são sumarizados a seguir:
a) As idades Pb-Pb em zircão detrítico de quartzito da Formação Morro de Campo, coletado
na região de Xambioá, porção norte do CA, mostra uma grande contribuição de terrenos
arqueanos (2,65-3,0 Ga), que sugeriu, em primeira instância, o Cráton Amazônico como sua
principal fonte; enquanto que os resultados da amostra de quartzito da Formação Morro do
Campo, coletada na porção sul, região de Paraíso Tocantins, mostra uma grande contribuição de
terrenos meso-neoproterozóicos de difícil detecção na Plataforma Sul-Americana, demonstrando,
que estas duas rochas tiveram proveniências diferentes e, conseqüentemente, que a bacia
deposicional que originou o CA não pode ter sido um simples sistema de rifte, como sugere a
evolução estrutural proposta por Alvarenga et al. (2000);
b) A análise conjunta dos dados Pb-Pb em zircão das amostras analisadas, da porção norte e
sul do CA, indica que os sedimentos constituintes das rochas metassedimentares pertencentes a
este cinturão possuem natureza multi-fontes;
c) A forma arredondada da maioria dos zircões datados dos dois quartzitos, principalmente, o
quartzito coletado na região de Xambioá (TO), porção norte do CA, indica que uma grande parte
destes fragmentos detríticos é de natureza multiciclo sedimentar, o que sugere uma possível
participação de rochas ígneas ou metamórficas, provenientes do retrabalhamento imposto por
eventos anteriores em terrenos mais antigos, como fontes de sedimentos para as rochas
metassedimentares do CA;
d) Idades Pb-Pb em torno de 1,0 – 1,25 Ga obtidas em zircão do quartzito da Formação
Morro do Campo, coletado na região de Paraíso Tocantins (TO), porção sul do CA, evidenciam a
possibilidade da existência de importantes terrenos mesoproterozóicos ainda não identificados no
continente sul-americano próximos à porção sul do CA. Uma possibilidade para esta hipótese
seria a existência destes terrenos de idades mesoproterozóicas não identificados ainda tanto
geológico como geocronologicamente no Cráton São Francisco, devido sua grande proximidade
com esta porção sul do CA. Hipótese também aventada por Valeriano et al. (2004), que sugerem
a possibilidade da existência de terrenos mesoproterozóicos de baixo do Grupo Bambuí, que
cobre quase toda a porção sul do Cráton São Francisco, bem como, de poderem estar localizados
na margem oeste do Cráton São Francisco, envolvidos hoje por alóctones externo e interno,
implicando, conseqüentemente, que o lócus do break-up continental Neoproterozóico ocorreu
80
preferencialmente ao longo de sistemas rifte Mesoproterozóico.
e) Os resultados obtidos das determinações isotópicas de Sm-Nd em 44 amostras de rochas
metassedimentares analisadas do Cinturão Araguaia indicam que a contribuição mais
significativa é fruto ou da mistura de fontes de idade paleoproterozóica com fontes mais jovens,
provavelmente, meso-neoproterozóica ou, alternativamente, mistura com a participação de fontes
de idade arqueana, porém de modo restrito. Fato este que torna pelo menos discutível a idéia da
fonte sedimentar destas supracrustais se situar na margem leste do Cráton Amazônico defendida
por Abreu (1978) e, também, a modelo evolutivo advogado por Alvarenga et al. (2000) para a
estruturação do Cinturão Araguaia;
f) A presença marcante de rochas metassedimentares com idades modelo Sm-Nd
paleoproterozóicas (idade em torno de 1,4 e 2,1 Ga) sugere que os sedimentos constituintes das
rochas metassedimentares do Cinturão Araguaia são provenientes de segmentos crustais situados
a leste do mesmo, depositados provavelmente em bacias oceânicas associadas a estes segmentos,
que foram em seguida tectonicamente transportados sobre a margem leste do Cráton Amazônico
durante a tectônica que estruturou o Cinturão Araguaia, resultante da amalgamação do
Supercontinente Gondwana Oeste. A zona de deslocamento entre as rochas metassedimentares
do CA e o Cráton Amazônico seria, pelo menos uma parte dela, a Falha de Empurrão de Tucuruí,
que bordeja quase toda a porção oeste do CA, a qual, segundo Trow et al. (1976 apud ABREU,
1978), fora responsável pelo transporte tectônico do Grupo Tocantins sobre o Cráton
Amazônico.
g) A concentração de idades Pb-Pb em zircão entre 0,85 e 1,0 Ga obtidas do quartzito da
Formação Morro do Campo coletado na região de Paraíso Tocantins, sugere que o limite
superior para a idade de sedimentação destas rochas metassedimentares do CA seja entre este
intervalo de idade. Limite compatível com idades Pb-Pb em zircão em torno de 0,81 Ga obtidas
em rochas gabróicas, situadas na porção norte do CA, aparentemente alojadas nas rochas
metassedimentares e consideradas contemporâneas à sedimentação (GORAYEB et al. 2004).
TROUW, R.A.J.; VAZ, L.F.; SLONGO, T.T.; NAKASATO, N. Geologia da Região de Tucuruí, Baixo Tocantins,
Pará. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 29, Belo Horizonte. Resumos dos Trabalhos. p. 18. 1976.
81
h) O limite inferior para idade de sedimentação do CA seria a menor idade Pb-Pb em zircão
obtida no quartzito da porção sul do CA de 647 ± 43 Ma e a idade Pb-Pb em zircão em torno de
550 Ma obtida nos plútons graníticos sin-colisionais como o Granito Ramal do Lontra (ALVES,
2005), localizado na porção norte, e o Granito Santa Luzia (M
OURA
& S
OUZA
, 2002), localizados
na porção sul do CA. As idades em torno de 550 Ma obtidas nestes granitos sin-colisionais
representaram o pico do metamorfismo ocorrido na região e, conseqüentemente, relacionam o
CA ao evento Termo-Tectônico Brasiliano (A
LVARENGA
et al., 2000).
i) Os principais candidatos a fontes de sedimentos para as supracrustais do CA seriam o
Cráton São Francisco, Maciço de Goiás e os terrenos do Arco Magmático de Goiás, situados a
leste deste cinturão, que possuem terrenos com idades compatíveis com as idades obtidas neste
estudo, principalmente as idades modelo Sm-Nd em rocha total, bem como o Cráton Paraná, hoje
encoberto pela Bacia do Paraná, devido a sua participação na configuração do Cinturão Brasília
entre 100-50 anos antes da estruturação do CA (VALERIANO et al. 2004), constituindo
provavelmente um grande bloco continental que veio a colidir obliquamente com o Cráton
Amazônico, resultando na estruturação do CA. Não se descarta, entretanto, a possibilidade da
Província Borborema (Bloco de Santa Quitéria e o embasamento Central de Ceará), que possuem
terrenos com idades também semelhantes a estas idades obtidas neste estudo, como fontes de
sedimentos na porção norte do Cinturão Araguaia. Aventa-se também a possibilidade destes
terrenos estarem encobertos hoje pela Bacia do Parnaíba a leste, bem como o Cráton Oeste
Africano e a Faixa Gurupi.
82
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94
ANEXOS
95
ANEXO 01
- Tabela com informações sobre os litotipos estudados com os seus respectivos posicionamentos
geográficos.
Amostra
Litotipo
Unidade
Litoestratigráfica
Foliação Lineação
Posição
Geográfica
BB/01
Granada-
Quartzo-
Biotita Xisto
Grupo Estrondo 18° / 150° Az 13° / 120° Az
787166 E
923570 N
BP/02
Granada-
Quartzo-
Biotita Xisto
Grupo Estrondo 0° / 270 Az 0° / 126 ° Az
780033 E
9232271 N
BP/03
Quartzo-
Biotita-
Muscovita
Xisto
Grupo Estrondo 22° / 121° Az 18° / 140° Az
776988 E
9235969 N
BP/04
Biotita-
Quartzo
Xisto
Grupo Estrondo 17° / 115° Az 13° / 133° Az
765066 E
9254722 N
BP/05
Quartzo-
Biotita Xisto
Grupo Estrondo 21° / 138° Az 17° / 145° Az
763867 E
9263065 N
BP/06
Estaurolita-
Granada-
Muscovita
Xisto
Grupo Estrondo 15° / 125° Az __________
751250 E
9290000 N
BP/07
Biotita-
Quartzo
Xisto (Massa
escura do
Carbonato)
Grupo Estrondo ___________ __________
766835 E
9278915 N
BP/08
Muscovita
Quartzito
Grupo Estrondo 30° / 225° Az 22° / 262° Az
770000 E
9267500 N
BP/09
Biotita-
Quartzo-
Muscovita
Xisto
Grupo Estrondo 22° / 045° Az 08° / 118° Az
778500 E
9263111N
BP/10
Cianita-
Quartzo-
Biotita Xisto
Grupo Estrondo 22° / 051° Az 10° / 120° AZ
780392 E
9262574 N
BP/11
Quartzo-
Biotita-
Muscovita
Xisto
Grupo Estrondo 25° / 065° Az 05° / 130° Az
781480 E
9262240 N
BP/12
Quartzo-
Biotita-
Muscovita
Xisto
Grupo Estrondo ___________ __________
782245 E
9277092 N
96
- Tabela com informações sobre os litotipos estudados com os seus respectivos posicionamentos
geográficos.
Amostra
Litotipo
Unidade
Litoestratigráfica
Foliação Lineação
Posição
Geográfica
BP/13
Grafita-Xisto
com Granada
Grupo Estrondo 25° / 215° Az ___________
767500 E
9297500 N
BP/14
Quartzo-Mica
Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 22° / 223° Az ___________
763750 E
9298750 N
BP/15
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 35° / 010° Az ___________
760000 E
9298750 N
BP/16
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 68° / 070° Az ___________
743750 E
9240000 N
BP/17
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 27° / 020° Az ___________
739753 E
9295000 N
BP/18
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 11° / 098° AZ ___________
739919 E
9291250 N
BP/19
Magnetita
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 47° / 060° Az ___________
739982 E
9298750 N
BP/20
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 11° / 052° Az ___________
735000 E
9302500 N
BP/21
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 20° / 118° Az ___________
703840 E
9073606 N
BP/22
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 18° / 127° Az ___________
717275 E
9056164 N
BP/23
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Tocantins 15 ° / 305° Az ___________
724860 E
954581 N
BP/24
Mica Xisto
Intemperzado
Grupo Estrondo ___________ ___________
759376 E
9028034 N
BP/25
Granada
Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 23° / 108° Az ___________
750447 E
9028370 N
BP/26
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Tocantins 16° / 110 ° Az ___________
738270 E
9041103 N
BP/27
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Tocantins 60° / 114° Az ___________
707037 E
8843899 N
BP/28
Granada-Mica
Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 06° / 150° Az ___________
711850 E
8829230 N
BP/29 Grafita Xisto Grupo Estrondo 18° / 340 ° Az ___________
727704 E
8831503 N
97
- Tabela com informações sobre os litotipos estudados com os seus respectivos posicionamentos
geográficos.
Amostra
Litotipo
Unidade
Litoestratigráfica
Foliação Lineação
Posição
Geográfica
BP/30
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 14° / 103° Az ___________
733410 E
8872398 N
BP/31
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 12° / 116° Az ___________
733706 E
8877222 N
BP/32
Estaurolita-
Granada
Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 23° / 153° Az ___________
734443 E
8878384 N
BP/33
Muscovita
Quartzito
Grupo Estrondo 30° / 068° Az ___________
735350 E
8872865 N
BP/34
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Tocantins 29 ° / 000° Az ___________
719339 E
893838 N
BP/35
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Tocantins 64° / 305° Az ___________
704845 E
8903822 N
BP/36
Magnetita
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 38° / 127° Az ___________
700464 E
8920905 N
BP/37
Clorita-
Biotita-
Quartzo Xisto
Grupo Tocantins ___________ ___________
708854 E
8948101 N
BB/38
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 80° / 100° Az ___________
705412 E
8977510 N
BP/39
Filito
Intemperizado
Grupo Tocantins 45° / 112° Az ___________
677518 E
8986257 N
BP/40
Ardósia
Intemperizada
Grupo Tocantins 28° / 040° Az ___________
666247 E
9024644 N
BP/41
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 70° / 290° Az ___________
766990 E
9061148 N
BP/42
Quartzo-
Biotita Xisto
Grupo Estrondo
___________ ___________ 756314 E
9105003 N
BP/43
Mica Xisto
Intemperizado
Grupo Estrondo 26° / 115° Az ___________
740298 E
9105062 N
SMD-
03a
Metassiltito Grupo Tocantins ___________ ___________
628599 E
9080999 N
SMD-
03b
Metassiltito Grupo Tocantins ___________ ___________
628599 E
9080999 N
SMD-08 Metassiltito Grupo Tocantins ___________ ___________
627248 E
9082200 N
98
99
ANEXO 03
- Descrição petrográfica das rochas metassedimentares lamináveis datadas do Cinturão
Araguaia:
1) Amostra BP-01:
Em lâmina delgada a amostra BP-01 apresenta textura granolepidoblásticacom matriz
granular e possuindo um fenocristal de granada (Imagem 01). Mineralogicamente é constituída
por quartzo, biotita, muscovita, epidoto, granada, zircão e minerais opacos (rutilo ?).
O quartzo é o mineral mais abundante da rocha, com percentagem em torno de 45%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a grossa, cristalinidade
xenomórfica e, geralmente, sem orientação preferencial. Sua ocorrência normal na rocha define
mosaicos granoblásticos indicando textura de equilíbrio com o desenvolvimento de pontos
tríplices entre os próprios grãos. Seus contatos com os demais minerais são retilíneos ou
irregulares. Possui extinção ondulante e indíceos de recristalização com formação de subgrãos e
novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante, com percentagem em torno de 35%.
Apresenta-se como lamelas inequigranulares, de granulação fina a média, com cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial moderada. Possui forma, geralmente,
acicular e junto com a muscovita presente formam faixas lepidoblásticas que definem a clivagem
de crenulação. Em algumas porções, aparece com inclusões de quartzo, zircão, muscovita e
minerais pacos, todos pertencentes à matriz da rocha.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante, com percentagem em torno de 16%.
Normalmente ocorre como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial moderada. Sua forma ora é acicular ora
de palhetas orientadas subparalelamente, caracterizando clivagem de crenulação.
Os cristais de epidoto, zircão, opacos e de granada são os minerais acessórios, perfazendo em
torno de 4% da amostra. Os minerais opacos e os cristais de epidoto são os mais freqüentes,
ocorrendo geralmente associados aos minerais de biotita e muscovita. Os cristais de zircão
ocorrem tanto incluso na biotita como dispersos na amostra. A granada ocorre como fenocristal,
100
idiomórfico, com uma forma hexagonal, inclusões de quartzo e não apresentando zonas de
pressão, o que pode indicar que é um cristal pós-tectônico.
Baseado na constituição mineralógica apresentada, a amostra BP-01 pode ser classificada
como Granada-Quartzo-Biotita Xisto.
Imagem 01- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural da amostra BP-01.
2) Amostra BP-02:
Em lâmina delgada a amostra BP-02 apresenta textura grano-lepidoblastica, com presença de
porfiroblastos de granada. Mineralogicamente é constituída por quartzo, biotita, muscovita,
minerais opacos (rutilo?), epidoto, granada e zircão.
O quartzo é o mineral mais abundante, representando cerca de 45% da rocha. Os cristais são
inequigranulares, variando de finos a grossos, xenomórficos a subidiomórficos e sem orientação
preferencial. Alguns cristais encontram-se formando pontos tríplices entre si. Com a biotita e a
muscovita, os cristais de quartzo apresentam contatos irregulares ou retos. Possui extinção
ondulante e indíceos de recristalização com a formação de subgrãos e novos grãos.
A biotita representa 30% do total dos minerais constituintes da rocha. Apresenta-se como
cristais inequigranulares, com granulação fina a média, subidiomórficos a xenomórficos e
orientação preferencial suave. Desenvolve, junto com a muscovita, a textura lepidoblástica,
dispostas subparalelamente, definindo a clivagem de crenulação. Nos cristais de biotita ocorrem
inclusões de epidoto, alguns grãos de zircão e minerais opacos .
A muscovita representa 18% da rocha. Seus cristais são inequigranulares, granulação geral
fina, xenomórfica e orientação preferencial suave, a exemplo da biotita. Ocorrem, geralmente,
em forma de palhetas. Porém, observam-se alguns grãos aciculares dispersos.
0,04mm
101
Os cristais de epidoto, granada, zircão e opacos constituem os minerais acessórios,
perfazendo 7% da rocha. Os minerais opacos são os mais abundantes, geralmente associados as
micas. Os cristais de epidoto e zircão ocorrem como inclusões na biotita ou, localmente, disperso
na lâmina. Os grãos de granada ocorrem como fenocristais na rocha, em geral idiomórfico, com
uma forma hexagonal, apresentando inclusões de minerais opacos (Imagem 02).
Baseado na constituição mineralógica apresentada, a amostra BP-02 pode ser classificada
como Granada-Quartzo-Biotita Xisto.
Imagem 02- Fotomicrografia tanto na luz paralela como com nicóis cruzados dos grãos de
granada presente na amostra BP-02.
3) Amostra BP-03:
Em lâmina delgada, a amostra BP-03 apresenta textura granolepidoblástica, com uma matriz
quartzítica (Imagem 03). Mineralogicamente é constituída pro quartzo, biotita, muscovita,
epidoto, minerais opacos, zircão, titanita e apatita.
O quartzo é o mineral mais abundante, com percentagem em torno de 45%. Os cristais de
quartzo são inequigranulares, com granulação fina e grossa, cristalinidade xenomórfica e sem
orientação preferencial. Apresenta textura granoblástica, desenvolvendo contatos retos e/ou
irregulares com os minerais micáceos (biotita e muscovita). Próximo às faixas de minerais
micáceos, predominam grãos finos com contatos pouco definidos entre si, formando um tipo de
massa quartzítica, ou ocorrem como grãos alongados, entremeados nas micas.
Os minerais micáceos (biotita e muscovita) ora aparecem com orientação preferencial
moderada, formando faixas lepidoblásticas, ora ocorrem dispersos entre os grãos de quartzo,
formando cristais aciculares ou cristais maiores sem orientação preferencial. A biotita é o
0,04mm 0,04mm
102
mineral micáceo mais abundante na amostra, perfazendo em torno de 25% da rocha,
apresentando contornos normalmente irregulares e inclusões de epídoto, zircão, minerais opacos
e quartzo. A muscovita representa 20 % da rocha, ocorrendo ora associada à biotita, formando
faixas lepidoblásticas, dispostas subparalelamente definindo uma clivagem de crenulação, ora
associada aos grãos de quartzo com uma orientação preferencial suave.
Os minerais acessórios representam 10% do total de minerais constituintes da rocha. São
representados por epídoto, titanita, zircão, minerais opacos e apatita. Os minerais opacos são os
mais abundantes dos minerais acessórios, geralmente apresentando-se sob a forma de grãos
anédricos ou alongados associados às micas. O epídoto é o segundo mineral acessório mais
abundante, ocorrendo na forma de grãos anédricos a subédricos, preferencialmente como
inclusões nos minerais micáceos ou próximo às faixas micáceas. O zircão e a apatita aparecem
eventualmente como pequenos cristais inclusos na biotita. A titanita aparece como grãos
anédricos, junto aos minerais micáceos ou, eventualmente, entre os grãos de quartzo.
Baseado na constituição mineralógica apresenta, classifica-se a amostra BP-03 como
Quartzo-Biotita-Muscovita Xisto.
Imagem 03- Fotomicrografia do aspecto textural da amostra BP-03.
4) Amostra BP-04:
Em lâmina delgada, a amostra BP-04 apresenta textura granolepidoblástica (Imagem 04).
Mineralogicamente é constituída por biotita, quartzo, k-feldspato, muscovita, epidoto, minerais
opacos e zircão.
A biotita é o mineral mais abundante da rocha, com uma percentagem em torno de 40%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação geral média a grossa e,
0,04mm 0,04mm
103
localmente, fina, cristalinidade xenomórfica e orientação preferencial moderada. Ocorre com
hábito geralmente acicular e conjuntamente com a muscovita, ocorre subparalelamente uma com
as outras, definindo a clivagem de crenulação. Possui muitas inclusões de zircão e, localmente,
inclusões de minerais opacos e quartzo.
O quartzo é o segundo mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de
35%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação geral média,
cristalinidade xenomórfica e sem orientação preferencial. Em alguns locais, os grãos de quartzo
apresentam-se na forma de mosaicos, indiceos de recristalização. Possuem pontos tríplices e seus
contatos com os outros minerais são retilíneos e irregulares. Possuem extinções ondulantes e
formações de subgrãos e novos grãos.
O k-feldspato perfaz 10% do total dos minerais constituintes da rocha. Apresenta-se como
cristais inequigranulares, com granulação média a grossa, cristalinidade xenomórfica e sem
orientação preferencial. Os grãos de granulação grossa parecem ser pré-tectônicos, uma vez que
a foliação, definida pelas micas, se amolda a eles, formando nas terminações sombras de pressão.
Em algumas porções ocorrem com processos de seritização e inclusões de quartzo e minerais
opacos.
A muscovita perfaz 10% da rocha e ocorre associado a biotita e ao k-feldspato.
O epidoto perfaz em torno de 10% da rocha e ocorre associado às micas ou dispersas na
lâmina.
Os cristais de zircão e os minerais opacos são os minerais acessórios, perfazendo em torno de
2% na rocha. Os cristais de zircão ocorrem normalmente inclusos na biotita. Os minerais opacos
ocorrem associados às micas.
A estrutura marcante na lâmina é a foliação que é definida, principalmente, pelas micas, a
biotita e a muscovita. A foliação é do tipo descontínua.
Baseado na constituição mineralógica apresenta pela amostra BP-04, classifica-se a rocha
como Biotita-Quartzo Xisto.
104
Imagem 04- Fotomicrografia do aspecto textural da mostra BP-04
5) Amostra BP-05:
Em lâmina delgada, a amostra BP-05 apresenta textura lepidogranoblástica, com matriz
mica-quartzítica (Imagem 05). Mineralogicamente é constituída por quartzo, biotita, muscovita,
epidoto, minerais opacos e zircão.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de 43%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação geral média, cristalinidade
xenomórfica e com orientação preferencial moderada. Em alguns locais, os grãos de quartzo
apresentam-se na forma de mosaicos, indícios de recristalização. Possuem pontos tríplices e seus
contatos com os outros minerais são retilíneos e irregulares. Possuem extinções ondulantes e
formações de subgrãos e novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante da rocha, com uma percentagem em torno de
30%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação geral média e,
localmente, fina, cristalinidade xenomórfica e orientação preferencial moderada. Ocorre com
hábito geralmente acicular e conjuntamente com a muscovita, ocorre subparalelamente uma com
as outras, definindo a clivagem de crenulação. Possui muitas inclusões de zircão e, localmente,
inclusões de minerais opacos e quartzo.
A muscovita perfaz 20% da rocha e ocorre associado à biotita. Apresenta-se como cristais
inequigranulares, com granulação fina, cristalinidade xenomórfica e orientação preferencial
moderada. Ocorre em forma de palheta e levemente dobrada.
0,04mm 0,07mm
105
O epidoto perfaz em torno de 5% da rocha e ocorre associado às micas ou dispersas na
lâmina.
Os cristais de zircão e os minerais opacos são os minerais acessórios, perfazendo em torno de
2% na rocha. Os cristais de zircão ocorrem normalmente inclusos na biotita. Os minerais opacos
ocorrem associados às micas.
A estrutura marcante na lâmina é a foliação que é definida, principalmente, pelas micas, a
biotita e a muscovita. A foliação é do tipo descontínua.
Baseado na constituição mineralógica apresenta pela amostra BP-04, classifica-se a rocha
como Quartzo-Biotita Xisto.
Imagem 05- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural da amostra BP-05
6) Amostra BP-06:
Em lâmina a amostra BP-06 apresenta textura pórfiro lepidogranoblástica, com matriz no
geral quartzítica. Mineralogicamente é constituída por muscovita, quartzo, biotita, granada,
estaurolita, zircão, minerais opacos, epídoto e plagioclásio (An12).
A muscovita é o mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de 35%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial intensa. Ocorre em forma acicular,
definindo bem a foliação conjuntamente com a biotita. Em algumas porções apresenta-se com
inclusões de minerais opacos.
O quartzo é o segundo mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de
30%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação geralmente fina e,
localmente, média, cristalinidade xenomórfica e sem orientação preferencial. Apresenta-se ainda
0,04mm 0,04mm
106
com uma textura granoblástica e em alguns locais com pontos tríplices. Os contatos entre eles e
com os outros minerais ora são retilíneos ora irregulares. Seus grãos possuem extinções
ondulantes e apresentam indíceos de formação de subgrãos e novos grãos.
A biotita é o terceiro mineral mais abundante da rocha, perfazendo em torno de 20%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial forte. Ocorre com hábito acicular e conjuntamente com a
muscovita formam faixas lepidoblásticas, definindo a foliação. Em algumas porções ocorrem
com inclusões de quartzo e minerais opacos.
Os minerais opacos perfazem em torno de 8% dos minerais constituintes na rocha. Ocorrem
geralmente com uma granulação fina e, localmente, média, cristalinidade xenomórfica e sem
orientação preferencial. Apresentam-se tanto inclusos na biotita, na muscovita, na granada e na
estaurolita, como dispersos na lâmina.
A granada ocorre como porfiroblasto, perfazendo em torno de 4% dos minerais constituintes.
Apresenta-se geralmente com uma cristalinidade xenomórfica a subidiomórfica e, localmente,
idiomórfica, com uma forma hexagonal. Os grãos de granada apresentam-se ainda com inclusões
de quartzo e minerais opacos.
A estaurolita perfaz em torno de 2% na rocha. Ocorre como porfiroblasto, prismático e
normalmente associado aos grãos de granada (Imagem 06).
Os grãos de plagioclásio (An12), zircão e epidoto são os minerais acessórios, perfazendo em
torno de 1% da rocha. Os minerais de plagioclásio (An12) ocorrem com um hábito tabular e sem
orientação preferencial. Os cristais de zircão e de epídoto ocorrem disperso na lâmina.
A estrutura marcante da rocha é a foliação, que é definida principalmente pela orientação dos
minerais micáceos, a biotita e a muscovita. A foliação é do tipo contínua e, localmente,
anastomosada.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-06, classifica-se a rocha
como Estaurolita-Granada-Muscovita Xisto.
107
Imagem 06- Fotomicrografia tanto na luz natural como com nicóis cruzados da forma de
ocorrência da estaurolita e da granada presente na amostra BP-06.
7) Amostra BP-07:
Em lâmina a amostra BP-07 apresenta textura granolepidoblástica (Imagem 07), com uma
matriz carbonato-quartzítica. Minaralogicamente é constituída por quartzo, biotita, muscovita,
carbonato, zircão e minerais opacos.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 45% na rocha.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação geralmente média e, localmente,
fina. Sua cristalinidade é xenomórfica e não possue orientação preferencial. Apresenta pontos
tríplices e os contatos entre eles e com os demais minerais são irregulares e/ou retilíneos. Seus
grãos possuem extinções ondulantes e em algumas porções há a ocorrência de formação de
subgrãos e novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de
35%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação de fina a média,
cristalinidade xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial suave. Ocorre geralmente
com hábito acicular e conjuntamente com a muscovita define uma foliação do tipo descontínua.
Em algumas porções apresenta-se com inclusões de minerais opacos e zircão.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante, com uma percentagem em torno de 12%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial suave. Possue hábito geralmente
acicular.
0,04mm 0,04mm
108
O carbonato perfaz em torno de 6% dos minerais constituintes da rocha. Possue suas três
clivagens típicas bem definidas e ocorre geralmente associado aos grãos de quartzo.
Os cristais de zircão e os minerais opacos constituem os minerais acessórios, perfazendo em
torno de 2% na rocha. Eles ocorrem ora associados aos minerais micáceos ora dispersos na
lâmina.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-07, classifica-se a rocha
como Quartzo-Biotita Xisto.
Imagem 07- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural da amostra BP-07.
8) Amostra BP-08:
Em lâmina a amostra BP-08 apresenta textura granoblástica e é constituída essencialmente
por quartzo, muscovita, zircão e minerais opacos.
O quartzo é o mineral quase que essencial na rocha, com uma percentagem em torno de 96%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação de média a grossa,
cristalinidade no geral xenomórfica e sem orientação preferencial. Em algumas porções
apresenta-se na forma de mosaico, devido à recristalização da borda. Possue extinção ondulante
e indíceos de formação de subgrãos e novos grãos.
A muscovita ocorre com uma percentagem em torno de 3%. Apresenta-se na forma de
cristais finos, de forma acicular, entre os cristais de quartzo ou dentro deles. Possue orientação
preferencial moderada, definindo uma foliação.
Os cristais de zircão e os minerais opacos são os minerais acessórios, perfazendo em torno de
1% do total dos minerais constituintes da rocha. Os cristais de zircão ocorrem dispersos na
lâmina e os minerais opacos normalmente associados aos cristais de muscovita.
0,04mm
109
Baseado na constituição mineralógica apresentada na mostra BP-08, classifica-se a rocha
como Muscovita Quartzito.
9) Amostra BP-09:
Em lâmina a amostra BP-09 apresenta textura lepidogranoblástica, com uma matriz em geral
quartzítica (Imagem 08). Mineralogicamente é constituída por biotita, quartzo, muscovita,
feldspato, epídoto, granada, zircão e minerais opacos.
A biotita é o mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de 46%. Ocorre
como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade xenomórfica e
orientação preferencial intensa. Possue forma geralmente acicular e junto com a muscovita forma
faixas lepidoblásticas bem definidas, caracterizando a foliação presente. Em algumas porções, os
cristais de biotita apresentam-se com processos de epidotização e em outras com inclusões de
quartzo e minerais opacos.
O quartzo é o segundo mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de
30%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a grossa e cristalinidade
xenomórfica. Ocorre com uma orientação preferência suave, normalmente elongado
acompanhando a foliação definida pelos minerais micáceos. De forma geral, os contatos entre
eles e entre os demais minerais são de formas retilíneas e/ou irregulares. Os grãos de quartzo
possuem extinções ondulantes e em muitos há indíceos de recristalização, com formação de
subgrãos e novos grãos.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno
de 10%. Normalmente, ocorre como cristais inequigranulares, com granulação fina a média,
cristalinidade xenomórfica e orientação preferencial intensa. Possue forma de palhetas,
orientadas subparalelamente, caracterizando clivagem de crenulação.
Os cristais de feldspatos ocorrem com uma percentagem em torno de 1%. Apresentam-se
normalmente corroídos, inequigranulares, com granulação que varia de fina a grossa e
cristalinidade xenomórfica. Não há a visualização de seu maclamento, havendo a ocorrência, em
algumas porções, de seritização e a presença de textura do tipo pertita.
Os cristais de granada, epidoto, zircão e os minerais opacos são os minerais acessórios,
perfazendo em torno de 3% da rocha. Os cristais de granada e epidoto são os mais freqüentes na
rocha, ocorrendo geralmente associados aos minerais micáceos e, localmente, dispersos na
110
lâmina. Os cristais de zircão e os minerais opacos ocorrem normalmente associados aos minerais
micáceos e, localmente, dispersos.
A estrutura marcante é a foliação, que é definida pela orientação dos minerais micáceos, a
biotita e a muscovita. A foliação é do tipo contínua e, localmente, anastomosada.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-09, classifica-se a rocha
como Granada-Biotita-Quartzo Xisto.
Imagem 08- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural da amostra BP-09
10) Amostra BP-10:
Em lâmina a amostra BP-10 apresenta textura granolepidoblástica (Imagem 09) e é
constituída por quartzo, biotita, muscovita, plagioclásio (An
18
), epidoto, zircão, minerais opacos
(rutilo ?) e cianita.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de 40%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada, normalmente elongado acompanhando a
foliação definida pelos minerais micáceos. Os contatos entre os grãos de quartzo geralmente são
irregulares e, localmente, retilíneos, formando em algumas porções pontos tríplices. Seus grãos
possuem extinções ondulantes e em muitos grãos há ocorrência de indíceos de recristalização
com formação de subgrãos e novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 22%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada. Possue forma geralmente de palhetas e,
localmente, aciculares. Em algumas porções, apresenta-se levemente dobrada. Junto com a
0,04mm
111
muscovita, forma faixas lepidoblásticas, dispostas subparalelamente entre si, definindo clivagem
de crenulação. Alguns cristais de biotita apresentam processos de epidotização e inclusões de
zircão, quartzo e minerais opacos.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 18%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada. Normalmente, possue forma acicular,
orientadas subparalelamente, caracterizando clivagem de crenulação. Em algumas porções,
apresenta-se levemente dobrada.
O plagioclásio (An
18
) ocorre com uma percentagem em torno de 10%. Normalmente,
apresenta-se corroído, sofrendo talvez um processo de seritização. Ocorre como cristais
inequigranulares, com granulação média, cristalinidade xenomórfica e sem orientação
preferencial. Geralmente, estão envoltos pelos minerais micáceos e seu maclamento é do tipo
albita.
Os cristais de epídoto perfazem em torno de 8% dos minerais constituintes da rocha.
Apresenta-se normalmente associados aos minerais micáceos. Possuem orientação preferencial
suave, muitas das vezes assumindo forma elongada, acompanhando a foliação. Ocorre, também,
localmente dispersos na lâmina.
Os cristais de zircão, cianita e os minerais opacos constituem os minerais acessórios, com
uma percentagem em torno de 2% dos minerais constituintes da rocha. Os cristais de zircão e os
minerais opacos, geralmente, ocorre inclusos ou associados aos minerais micáceos e, localmente,
ocorrem dispersos na lâmina. A cianita se encontra dispersa na lâmina, poucas vezes obedecendo
a orientação dos minerais micáceos.
A estrutura marcante é a foliação, que é em geral do tipo contínua e, localmente,
anastomosada, definida principalmente pela orientação dos minerais micáceos, a biotita e a
muscovita.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-10, classifica-se a rocha
como Cianita-Quartzo-Biotita Xisto.
112
Imagem 09- Fotomicrografia mostrando o aspecto textura apresentada na amostra BP-10.
11) Amostra BP-11:
Em lâmina a amostra BP-11 apresenta textura geral granolepidoblástica. Mineralogicamente
é constituída por quartzo, biotita, muscovita, microclina, carbonato, epídoto, zircão e minerais
opacos.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de 40%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação média a fina, cristalinidade
xenomórfica e sem orientação preferencial. Os contatos entre os grãos de quartzo e com os
outros minerais são ora retilíneos ora irregulares. Seus grãos possuem extinções ondulantes e
indícios de recristalização com formações de subgrãos e novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 18%.
Apresenta-se com cristais inequigranulares, com granulação média a fina, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada. Ocorre com hábito acicular e junto com a
muscovita presente define faixas lepidoblásticas, caracterizando a foliação. Em algumas porções,
apresenta-se com processos de epidotização e em outras com inclusões de zircão, minerais
opacos e quartzo.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de
12%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação média a fina, cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial moderada. Os cristais de muscovita estão
dispostos subparalelamente, caracterizando uma clivagem de crenulação.
0,04mm
113
O Carbonato se apresenta na rocha com uma percentagem em torno de 10%. Ocorre tanto
associado aos minerais micáceos, acompanhando a foliação, como dispersos na lâmina.
Normalmente, apresenta-se com as três direções de clivagens típicas bem definidas (Imagem 10).
A microclina perfaz em torno de 7% dos minerais constituintes da rocha. Normalmente,
ocorre disforme e corroída, com algum indício, provavelmente, de processo de seritização.
Somente em algumas porções, há uma leve visualização de seu maclamento xadrez típico.
Os cristais de zircão, epídoto e minerais opacos constituem os minerais acessórios,
perfazendo em torno de 3% da rocha. Os cristais de zircão ocorrem ora associados aos minerais
micáceos ora dispersos na lâmina. Os grãos de epídoto ocorrem, normalmente, elongados,
acompanhando a foliação e, localmente, ocorrem dispersos
A estrutura marcante é a foliação, que é do tipo descontínua, definida, principalmente, pelos
minerais micáceos, a biotita e a muscovita.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-11, classifica-se a rocha
como Quartzo-Biotita-Muscovita Xisto.
Imagem 10- Fotomicrografia tanto na luz paralela como com nicóis cruzados mostrando a forma
de ocorrência do carbonato presente na amostra BP-11.
12) Amostra BP-12:
Em lâmina a amostra BP-12 apresenta textura granolepidoblástica (Imagem 11) e é
constituída por quartzo, biotita, muscovita, epidoto, zircão e minerais opacos.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de 45%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a grossa, cristalinidade
xenomórfica e sem orientação preferencial. Os contatos entre os grãos de quartzo geralmente são
0,04mm 0,04mm
114
irregulares e, localmente, retilíneos, formando em algumas porções pontos tríplices. Seus grãos
possuem extinções ondulantes e em muitos grãos há ocorrência de indíceos de recristalização
com formação de subgrãos e novos grãos.
A biotita é o segundo mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 30%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada. Possue forma geralmente aciculares e, em
algumas porções, apresenta-se levemente dobrada. Junto com a muscovita, forma faixas
lepidoblásticas, dispostas subparalelamente entre si, definindo clivagem de crenulação. Alguns
cristais de biotita apresentam inclusões de zircão, quartzo e minerais opacos.
A muscovita é o terceiro mineral mais abundante na rocha, perfazendo em torno de 18%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina, cristalinidade xenomórfica e
orientação preferencial moderada. Normalmente, possue forma acicular, orientada
subparalelamente, caracterizando clivagem de crenulação. Em algumas porções, apresenta-se
levemente dobrada.
Os cristais de epídoto perfazem em torno de 4% dos minerais constituintes da rocha.
Apresenta-se normalmente associados aos minerais micáceos e não possuem orientação
preferencial.
Os cristais de zircão e os minerais opacos constituem os minerais acessórios, com uma
percentagem em torno de 3% dos minerais constituintes da rocha. Os cristais de zircão e os
minerais opacos, geralmente, ocorre inclusos ou associados aos minerais micáceos e, localmente,
ocorrem dispersos na lâmina.
A estrutura marcante é a foliação, que é em geral do tipo contínua e, localmente,
anastomosada, definida principalmente pela orientação dos minerais micáceos, a biotita e a
muscovita.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-12, classifica-se a rocha
como Quartzo-Biotita-Muscovita Xisto.
115
Imagem 11- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural apresentada na amostrada BP-12.
13) Amostra 33:
Em lâmina a amostra BP-33 apresenta textura granolepidoblástica e é constituída
essencialmente por quartzo, muscovita, zircão e minerais opacos.
O quartzo é o mineral quase que essencial na rocha, com uma percentagem em torno de 89%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com uma granulação de média a grossa,
cristalinidade no geral xenomórfica e orientação suave. Em algumas porções apresenta-se na
forma de mosaico, devido à recristalização da borda. Possue extinção ondulante e indícios de
recristalização com formação de subgrãos e novos grãos.
A muscovita ocorre com uma percentagem em torno de 9%. Apresenta-se na forma de
cristais finos a médios, de forma acicular, entre os cristais de quartzo ou dentro deles. Possue
orientação preferencial moderada, definindo a foliação presente.
Os cristais de zircão e os minerais opacos são os minerais acessórios, perfazendo em torno de
2% do total dos minerais constituintes da rocha. Os cristais de zircão ocorrem ora dispersos ora
associados as muscovitas. Os minerais opacos ocorrem normalmente associados aos cristais de
muscovita.
Baseado na constituição mineralógica apresentada na mostra BP-33, classifica-se a rocha
como Muscovita Quartzito.
0,04mm
116
14) Amostra BP-37:
Em lâmina a amostra BP-37 apresenta textura geral lepidoblástica, com uma matriz mica-
quartzítica (Imagem 12). Mineralogicamente é constituída por clorita, biotita, quartzo,
muscovita, carbonato, plagioclásio, zircão, epídoto, titanita e minerais opacos.
A clorita é o mineral mais abundante, com percentagem em torno de 35%. Apresenta-se
como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade xenomórfica e
orientação preferencial moderada. Ocorre ora associada aos outros minerais micáceos (biotita e
muscovita) ora individualizadas na lâmina.
A biotita é o segundo mineral mais abundante da rocha, com percentagem em torno de 28%.
Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e orientação preferencial moderada. Ocorre com hábito tabular ou acicular
associado a clorita e em muitos cristais com a presença de processos de cloritização.
O quartzo é o terceiro mineral mais abundante na rocha, com uma percentagem em torno de
20%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica e sem orientação preferencial. Os contatos entre os grãos de quartzo e com os
demais minerais presentes na rocha são no geral irregulares. Os grãos de quartzo apresentam
extinções ondulantes e, localmente, indícios de recristalização com formação de subgrãos e
novos grãos.
O Carbonato se apresenta na rocha com uma percentagem em torno de 10%. Ocorre tanto
associado aos minerais micáceos, acompanhando a foliação, como dispersos na lâmina.
Normalmente, apresenta-se com as três direções de clivagens típicas bem definidas.
Os cristais de muscovita perfazem em torno de 4% dos minerais constituintes da rocha.
Apresentam-se como cristais inequigranulares, com granulação fina, cristalinidade xenomórfica
e orientação preferencial moderada. Ocorrem com hábitos aciculares associados a clorita e a
biotita.
O plagioclásio (An
6
) representa 3% dos minerais constituintes da rocha. Apresenta-se como
cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade xenomórfica e sem
orientação preferencial. Geralmente, aparece associado aos cristais de quartzo.
Os cristais de zircão, epídoto, titanita e minerais opacos constituem os minerais acessórios,
perfazendo em torno de 4% da rocha. Os cristais de zircão, epídoto e titanita ocorrem
117
preferencialmente associados aos minerais micáceos. Os minerais opacos ocorrem dispersos na
lâmina.
Baseado na constituição mineralógica apresentada pela amostra BP-37, classifica-se a rocha
como Clorita-Biotita-Quartzo Xisto.
Imagem 12- Fotomicrografia mostrando, tanto na luz paralela como com nicóis cruzados, o
aspecto textural apresentado na amostra BP-37.
15) Amostra BP-42:
Em lâmina a amostra BP-42 apresenta textura geral granolepidoblástica, com matriz
quartzítica (Imagem 13). Mineralogicamente é constituída por quartzo, biotita, muscovita,
microclina, epídoto, zircão, titanita e minerais opacos.
O quartzo é o mineral mais abundante na rocha, representando 45% dos minerais
presentes. Seu cristais são inequigranulares, com granulação fina a grossa, cristalinidade
xenomórfica e sem orientação preferencial. Os contatos entre os grãos de quartzo e com os
demais minerais presentes na rocha são retilíneos e/ou irregulares. Formam mosaicos, com
contatos poligonais, caracterizando contatos do tipo ponto tríplice e, ainda, apresentam extinções
ondulantes e formações de subgrãos e novos grãos, que são indícios de recristalização.
A biotita é o segundo mineral mais abundante na rocha, com percentagem em torno de
25%. Apresenta-se como cristais inequigranulares, com granulação fina a média, cristalinidade
xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial suave a moderada. Geralmente, ocorre
associada aos cristais de muscovita, definindo a foliação e, localmente, entre os grãos maiores de
0,03mm 0,03mm
118
quartzo. Possui hábito ora acicular ora tabular e, alguns cristais, possuem inclusões de zircão,
minerais opacos e quartzo.
A muscovita representa 10% da rocha, apresentando-se como cristais inequigranulares,
com granulação fina, cristalinidade xenomórfica a subidiomórfica e orientação preferencial
suave a moderada. Geralmente, ocorre associada com a biotita e, localmente, em forma de
palhetas dispersas na lâmina.
A microclina representa 8% da rocha, apresentando-se como cristais inequigranulares,
com granulação fina a média, cristalinidade xenomórfica e sem orientação preferencial. Ocorre
dispersa na lâmina, com alguns cristais sofrendo alteração. O maclamento xadrez típico é
visualizado, porém pouco nítido.
Os cristais de zircão, epídoto, titanita e minerais opacos constituem os minerais
acessórios, com percentagem em torno de 2% dos minerais presentes na rocha. Os minerais
opacos ocorrem ora elongados, acompanhando a orientação preferencial das micas, ora inclusos
nas micas. Os cristais de epídoto e titanita ocorrem dispersos na lâmina. Os cristais de zircão
ocorrem, geralmente, como inclusões nas micas.
A estrutura marcante é a foliação do tipo descontínua, que é formada pela orientação
preferencial dos minerais micáceos, a biotita e a muscovita.
Baseado na constituição mineralógica presente na amostra BP-42, classifica-se a rocha
como Quartzo-Biotita-Xisto.
Imagem 13- Fotomicrografia mostrando o aspecto textural apresentado na amostra 42.
0,04mm
119
ANEXO 04
- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do quartzito da
Formação Morro do Campo (amostra BP/08) da Região de Xambioá (TO).
Zircão Temp. Razões
204
Pb/
206
Pb 2σ
207
Pb/
206
Pb 2 σ (
207
Pb/
206
Pb)c 2 σ Idade 2 σ
BP08/01 1450 22/22 0,002403 48 0,20856 106 0,17994 147 2653 14
1500 10/10 0,000159 11 0,18891 35 0,18687 37
2715 3
BP08/02 1500 14/14 0,000078 2 0,19978 36 0,19881 4
2817 3
BP08/03 1500 12/12 0,000639 9 0,14951 56 0,14117 13 2242 16
BP08/04 1500 14/14 0,000186 6 0,18432 61 0,18224 49
2674 4
BP08/05 1450 14/14 0,000235 2 0,20281 46 0,20007 55 2827 4
1500 16/16 0,000014 2 0,20457 53 0,2044 53
2862 4
BP08/07 1450 12/12 0,000094 8 0,18304 16 0,18184 175 2670 16
1500 14/14 0,000065 5 0,19033 56 0,18951 56
2738 5
BP08/08 1450 6/6 0,000845 1 0,09564 5 0,08377 53 1287 12
1500 14/14 0,000558 38 0,09762 164 0,08986 278
1423 59
BP08/09 1450 14/14 0,000703 57 0,09871 23 0,08877 101 1399 22
1500 12/12 0,000201 2 0,10277 46 0,09995 85 1623 16
BP08/10 1500 14/14 0,000024 7 0,20053 44 0,20022 44
2828 4
BP08/11 1450 6/6 0,000012 1 0,12286 244 0,1227 245 1996 35
1500 14/14 0,000018 17 0,12902 29 0,12875 31
2081 4
BP08/12 1450 8/8 0,000051 18 0,12869 63 0,12801 68 2071 9
1500 16/16 0,000026 8 0,13022 7 0,12984 71
2096 10
BP08/13 1450 6/6 0,000583 28 0,16587 144 0,15849 149 2440 16
BP08/14 1500 14/14 0,000094 1 0,20901 41 0,2079 42
2890 3
BP08/15 1500 10/10 0,000189 12 0,18294 199 0,18108 202
2663 18
BP08/16 1450 6/6 0,000014 18 0,20285 337 0,20268 337 2848 27
1500 8/8 0,00005 16 0,21217 225 0,21159 226
2918 17
BP08/17 1450 8/8 0,00021 4 0,17196 46 0,16934 47 2551 5
BP08/18 1450 14/14 0,000072 9 0,20143 306 0,20061 305 2832 25
1500 22/22 0,000021 12 0,20308 63 0,20269 92
2848 7
BP08/19 1450 8/8 0,000701 58 0,17757 54 0,16886 91 2547 9
1500 6/14 0,00036 32 0,19658 49 0,19226 62
2762 5
BP08/20 1450 10/10 0,000472 14 0,17341 36 0,16762 38 2534 4
BP08/22 1450 6/12 0,000354 34 0,18359 54 0,17925 69 2646 6
BP08/23 1500 12/12 0,000055 2 0,23548 193 0,23511 254
3087 17
BP08/24 1450 16/16 0,001306 83 0,12184 71 0,10404 195 1698 35
1500 16/16 0,00048 13 0,13731 267 0,13085 195 2110 26
BP08/25 1500 8/8 0,00036 98 0,21558 13 0,21138 174
2917 13
BP08/28 1450 14/14 0,0011 5 0,14617 38 0,13176 69 2122 9
1500 16/16 0,000254 3 0,15392 107 0,15071 102 2354 12
BP08/29 1450 24/24 0,00005 14 0,19992 16 0,19927 148 2821 12
1500 14/14 0,000017 2 0,20525 52 0,20506 52
2867 4
BP08/31 1500 16/16 0,000644 21 0,09828 71 0,08952 67
1416 14
BP08/32 1450 8/8 0,000203 23 0,10791 104 0,10523 1 1719 17
1500 14/14 0,00008 1 0,11476 9 0,11369 91
1859 14
BP08/33 1500 8/8 0,000362 156 0,20553 1 0,20124 211
2837 17
BP08/34 1450 14/14 0,00032 19 0,18638 43 0,18249 44 2676 4
1500 16/16 0,000198 4 0,19225 91 0,18985 89
2741 8
BP08/35 1450 12/12 0,000137 23 0,20975 207 0,20814 234 2891 18
1500 12/12 0,000192 52 0,22079 49 0,21854 69
2970 5
BP08/36 1450 14/14 0,000096 16 0,20151 53 0,20035 57 2829 5
1500 12/12 0,000036 12 0,2135 38 0,21308 38
2929 3
BP08/37 1500 16/16 0,000157 1 0,14943 37 0,14737 37
2316 4
BP08/38 1450 16/16 0,00036 22 0,21273 156 0,20851 159 2894 12
1500 16/16 0,000323 14 0,21653 51 0,2125 66
2925 5
BP08/39 1450 16/16 0,0003 33 0,20584 175 0,20245 227 2846 18
1500 12/12 0,000051 2 0,21713 274 0,21654 278
2955 21
BP08/40 1450 14/14 0,000898 57 0,21376 45 0,20135 338 2838 27
1500 16/16 0,000795 48 0,21509 62 0,20638 21
2878 17
120
- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do quartzito da
Formação Morro do Campo (amostra BP/08) da Região de Xambioá (TO).
Zircão Temp. Razões
204
Pb/
206
Pb 2σ
207
Pb/
206
Pb 2 σ (
207
Pb/
206
Pb)c 2 σ Idade 2 σ
BP08/41 1450 24/24 0,002779 1185 0,22246 604 0,18322 557 2682 50
1500 16/16 0,000364 6 0,2069 186 0,20262 204
2848 16
BP08/42 1450 16/16 0,000277 6 0,11415 86 0,11046 91 1807 15
1500 16/16 0,000074 26 0,12433 114 0,12352 165
2008 24
BP08/43 1450 12/12 0,000359 16 0,18711 4 0,18264 36 2677 3
1500 14/14 0,000335 66 0,19833 123 0,19458 6
2782 5
BP08/44 1500 8/8 0,000278 42 0,19509 79 0,19175 94
2758 8
BP08/45 1450 8/8 0,000553 18 0,17759 43 0,17073 49 2565 5
1500 6/6 0,00029 104 0,19305 175 0,18955 216
2739 19
BP08/46 1500 14/14 0,000072 13 0,20469 125 0,20402 106
2859 8
BP08/47 1500 12/12 0,000085 8 0,20252 77 0,20153 73
2839 6
BP08/48 1500 14/14 0,000122 6 0,19055 61 0,189 61
2734 5
BP08/50 1450 12/12 0,000457 25 0,16688 93 0,16117 104 2468 11
1500 16/16 0,000013 2 0,20385 51 0,2037 51
2856 4
BP08/53 1500 12/12 0,000104 15 0,1642 78 0,16293 96
2487 10
BP08/55 1450 6/6 0,000232 286 0,19729 257 0,19451 43 2781 36
BP08/56 1450 6/6 0,000096 18 0,20513 104 0,204 106 2859 8
1500 18/18 0,000804 421 0,20608 99 0,19388 553
2776 47
BP08/57 1500 12/12 0,000134 2 0,202 165 0,20042 164
2830 13
BP08/58 1450 4/4 0,000191 42 0,14179 41 0,13931 68 2219 8
BP08/60 1450 8/8 0,000029 2 0,14102 638 0,14064 638 2235 78
1500 14/14 0,000118 4 0,15463 17 0,15327 81
2383 9
BP08/61 1450 16/16 0,000465 8 0,1755 42 0,16979 45 2556 4
BP08/62 1450 16/16 0,001979 265 0,18067 105 0,15562 485 2409 53
1500 16/16 0,001515 334 0,19345 343 0,17981 778
2651 72
BP08/63 1450 8/8 0,000913 27 0,17828 104 0,16691 356 2527 36
1500 12/12 0,000219 61 0,1828 57 0,18037 114
2657 10
BP08/64 1450 16/16 0,000048 24 0,19325 6 0,19272 51 2766 4
1500 14/14 0,000026 12 0,2017 81 0,20121 96
2836 8
BP08/65 1500 14/14 0,000048 6 0,18794 43 0,18737 45
2720 4
BP08/66 1450 10/10 0,000652 11 0,15554 357 0,14724 517 2315 60
1500 16/16 0,00008 6 0,2 217 0,19911 235
2819 19
BP08/67 1450 16/16 0,000167 2,4 0,19986 34 0,19812 69 2811 6
1500 16/16 0,000088 6 0,2054 117 0,20447 151
2863 12
BP08/68 1500 16/16 0,000069 1,1 0,20353 167 0,20283 13
2849 10
BP08/69 1450 8/8 0,000135 9 0,18005 122 0,17832 113 2638 11
121
ANEXO 05
- Imagens dos zircões datados do quartzito da Formação Morro do Campo (BP-08) da região de
Xambioá (TO).
0,1 mm
132
54
7
6
9
8
10
14
1312
11 15
17
16
201918
122
ANEXO 05 (Continuação)
0,1 mm
2221
25
2423
2827
26
30
29
32
31
3534
33
3837
36 40
39
123
ANEXO 05 (Continuação)
0,1 mm
42
41
4544
43
48
47
46
50
49
53
52
51
5554
58
5756
6059
124
ANEXO 05 (continuação)
0,1 mm
6362
61
69
68
67
66
6564
125
ANEXO 06
- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do quartzito da
Formação Morro do Campo (amostra BP/33) da Região de Paraíso do Tocantins (TO).
Zircão Temp. Razões
204
Pb/
206
Pb 2 σ
207
Pb/
206
Pb 2 σ (
207
Pb/
206
Pb)c 2σ Idade 2 σ
BP33/01 1450 10/10 0,00009 24 0,06416 34 0,06286 7 704 24
1500 16/16 0,000217 6 0,07795 31 0,07474 4
1062 11
BP33/03 1450 4/4 0,000333 54 0,11701 3 0,11252 79 1841 13
1500 14/14 0,000475 56 0,11793 78 0,11111 57
1818 9
BP33/04 1450 10/10 0 0 0,06075 192 0,06075 192 631 68
1500 12/12 0,000082 27 0,07431 46 0,07318 124
1019 34
BP33/05 1500 8/8 0,00018 8 0,08102 232 0,07847 233
1159 59
BP33/06 1450 12/12 0,000059 38 0,10408 4 0,10343 33 1687 6
1500 16/16 0,000124 7 0,11059 25 0,10893 3
1782 5
BP33/07 1500 8/8 0 0 0,07614 192 0,07614 192
1099 51
BP33/08 1450 6/6 0 0 0,06392 62 0,06392 62 739 21
1500 12/12 0,000113 21 0,07731 83 0,0757 85
1087 23
BP33/09 1500 16/16 0,00009 3 0,11333 111 0,11185 168
1830 27
BP33/10 1450 6/6 0 0 0,11285 1343 0,11285 1343 1846 215
1500 12/12 0,000063 12 0,07527 41 0,07433 72
1051 19
BP33/12 1500 8/8 0,000242 2 0,07155 183 0,06808 186
871 56
BP33/13 1450 16/16 0,000081 11 0,06777 35 0,06657 48 825 15
1500 16/16 0,000004 3 0,07589 19 0,07585 18
1091 5
BP33/15 1500 14/14 0,000091 8 0,07782 64 0,0765 65
1108 17
BP33/16 1500 6/6 0,000192 84 0,07836 62 0,07564 135
1086 36
BP33/17 1500 16/16 0,000346 25 0,07667 53 0,07182 39
981 11
BP33/18 1450 6/6 0 0 0,06439 56 0,06439 56 755 18
1500 12/12 0,000026 1 0,07659 31 0,07607 8
1097 21
BP33/19 1500 6/6 0 0 0,07812 125 0,07812
1150 32
BP33/20 1500 12/12 0,000344 32 0,08169 32 0,0768 44
1116 11
BP33/22 1500 8/8 0,000159 56 0,06495 16 0,06266 83
697 28
BP33/23 1450 16/16 0,002335 22 0,09978 182 0,06424 133 750 44
1500 12/12 0,000247 19 0,07953 14 0,07615 44
1099 12
BP33/24 1500 10/10 0,000015 24 0,07748 14 0,07721 45
1127 12
BP33/25 1500 16/16 0,000191 5 0,1987 72 0,19632 95
2796 8
BP33/26 1450 22/22 0,000113 11 0,06169 58 0,05997 37 603 14
1500 6/6 0,000136 28 0,07708 28 0,07514 49
1073 13
BP33/27 1500 14/14 0,00005 2 0,07352 42 0,07281 44
1009 12
BP33/28 1450 6/6 0,000051 2 0,10612 44 0,10543 52 1722 9
1500 14/14 0,000049 6 0,1269 51 0,12622 52
2046 7
BP33/30 1450 14/14 0,000886 12 0,07164 27 0,05856 48 551 18
1500 6/6 0,000536 18 0,07908 69 0,07142 75
970 21
BP33/33 1450 6/6 0,000131 18 0,05935 115 0,05745 118 509 45
BP33/34 1450 4/4 0,000518 44 0,06323 65 0,05568 92 440 37
1500 10/10 0,000139 2 0,07372 17 0,07179 16
980 5
BP33/35 1450 14/14 0,000089 17 0,09034 63 0,08927 5 1410 11
1500 14/14 0,000198 33 0,12501 82 0,12247 146
1993 21
126
- Tabela completa com os dados da análise isotópica Pb-Pb em zircão obtidos do quartzito da
Formação Morro do Campo (amostra BP/33) da Região de Paraíso do Tocantins (TO).
Zircão Temp. Razões
204
Pb/
206
Pb 2 σ
207
Pb/
206
Pb 2 σ (
207
Pb/
206
Pb)c 2σ Idade 2 σ
BP33/36 1500 12/12 0,000095 9 0,07413 97 0,07246 55
999 15
BP33/37 1450 14/14 0,000112 9 0,0642 19 0,06257 32 694 11
1500 16/16 0,000059 2 0,0783 12 0,0774 129
1132 33
BP33/38 1450 12/12 0,000102 2 0,06167 2 0,06022 21 612 8
1500 12/12 0,00014 22 0,07685 18 0,07491 34
1066 9
BP33/39 1450 4/4 0,00009 9 0,07514 21 0,07386 13 1038 36
1500 14/14 0,000065 11 0,07394 33 0,07302 17
1015 5
BP33/40 1450 8/8 0,000038 6 0,11604 175 0,11553 176 1888 27
1500 10/10 0,000016 4 0,16917 9 0,16897 86
2548 8
BP33/41 1450 8/8 0,000898 1 0,09782 22 0,08527 28 1322 6
1500 16/16 0,000249 32 0,11252 31 0,10919 36
1786 6
BP33/42 1500 8/8 0 0 0,07708 39 0,07708 39 1124 10
BP33/43 1450 16/16 0,000214 1 0,09934 119 0,09639 133 1556 26
1500 16/16 0,000044 39 0,114 65 0,11231 102
1837 16
1550 8/8 0,000357 86 0,11458 174 0,10973 21 1795 35
BP33/44 1450 8/8 0,015057 43 0,31414 293 0,11179 833 1829 135
1500 14/14 0,000128 27 0,11624 23 0,1145 38
1872 6
BP33/45 1500 8/8 0 0 0,08029 174 0,08029 174
1204 43
BP33/46 1450 6/6 0,000066 2 0,11489 86 0,114 87 1864 14
1500 14/14 0,000058 5 0,11459 34 0,11376 46
1861 7
BP33/47 1500 14/14 0,000062 7 0,07144 16 0,07061 16
946 5
BP33/48 1450 4/4 0,007991 68 0,21517 54 0,1064 122 1739 21
BP33/49 1450 8/16 0,000269 12 0,06227 31 0,05836 36 544 13
1500 24/24 0,000975 154 0,07643 23 0,06123 123
647 43
BP33/50 1450 14/14 0,000101 2 0,07226 68 0,0706 52 946 15
1500 22/22 0,00019 51 0,07746 21 0,07476 106
1062 29
BP33/51 1450 14/14 0,000157 52 0,06392 78 0,06146 47 655 16
1500 12/12 0,000232 4 0,07841 6 0,07496 15
1068 40
BP33/53 1450 8/8 0,000064 36 0,07128 367 0,07036 371 939 108
1500 12/12 0,000062 12 0,07304 17 0,07225 33
993 9
BP33/54 1500 24/24 0,000021 6 0,11184 2 0,11171 229
1828 37
BP33/55 1550 16/16 0.000044 59 0.11495 99 0.11425 103
1869 16
BP33/56 1500 48/48 0.000080 2 0.11398 62 0.11289 61
1847 10
BP33/57 1500 38/38 0.000071 5 0.10680 104 0.10582 99
1729 17
BP33/58 1450 36/36 0.000017 4 0.11064 22 0.11035 18 1805 3
BP33/59 1500 38/38 0.000079 6 0.07826 49 0.07688 27
1118 7
BP33/60 1450 36/36 0.000196 12 0.06589 48 0.06265 47 697 16
1500 36/36 0.000400 36 0.08252 43 0.07685 67 1118 17
1550 20/20 0.000378 6 0.08170 42 0.07634 43 1104 11
Média 1104 11
BP33/61 1500 32/32 0.000119 6 0.11459 32 0.11289 39 1847 6
1550 8/8 0.000635 98 0.12387 158 0.11534 207 1885 32
Média 1866 19
127
ANEXO 07
- Imagens dos zircões datados do quartzito da Formação Morro do Campo (amostra BP-33) da
região de Paraíso Tocantins (TO).
1
4
3
2
5
9
8
7
6
10
11
12
13
14 15
20
19
18
17
16
0,1 mm
128
ANEXO 07 (continuação)
22
21
25
24
23
35
34
33
32
31
27
26
30
29
28
36
40
39
38
37
0,1 mm
129
ANEXO 07 (continuação)
42
41
45
44
43
46
50
49
48
47
54
53
52
51
55
56
60
59
58
57
0,1 mm
130
ANEXO 07 (continuação)
61
0,1 mm
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