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HELDER HENRIQUE COSTA PINHEIRO
CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DE DIABÉTICOS
ACOMPANHADOS PELO PROGRAMA SAÚDE
DA FAMÍLIA EM BELÉM - PARÁ
Belém
2006
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HELDER HENRIQUE COSTA PINHEIRO
CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DE DIABÉTICOS
ACOMPANHADOS PELO PROGRAMA SAÚDE
DA FAMÍLIA EM BELÉM - PARÁ
Dissertação apresentada ao Curso de
Odontologia da Universidade Federal do
Pará, para obter título de Mestre, pelo
Programa de Pós-Graduação em
Odontologia.
Área de Concentração: Saúde Coletiva
Orientadora: Profa. Dra. Regina Fátima
Feio Barroso.
Belém
2006
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Pinheiro, Helder Henrique Costa
Condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo Programa
Saúde da Família em Belém -Pará. / Helder Henrique Costa Pinheiro; orientador:
Regina Fátima Feio Barroso. – Belém, 2006.
132 p. Fig. 30 cm.
Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Odontologia.
Área de Concentração: Saúde Coletiva) – Curso de Odontologia da Universidade
Federal do Pará.
1. Diabetes - Epidemiologia 2. Doença periodontal - Belém (PA) 3. Caries
Dentais
CDD 617.632
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte
e comunicado ao autor a referência da citação.
Belém, _____/_____/_____
Assinatura: ____________________________________________
E-mail: pinheiro_he[email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
Pinheiro HHC. Condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo
Programa Saúde da Família em Belém - Pará. [Dissertação de Mestrado]. Belém:
Curso de Odontologia da UFPA; 2006.
Belém, _____/_____/_____
Banca Examinadora
1) Prof(a). Dr(a). ______________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura:__________________________
2) Prof(a). Dr(a). ______________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura:__________________________
3) Prof(a). Dr(a). ______________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura:__________________________
DEDICATÓRIA
A Deus, fonte eterna de amor e misericórdia em minha vida. Eu rendo glórias
e louvores a Ti, que me conheces profundamente e quer que eu seja um homem
melhor e mais santo.
Aos meus queridos pais, Joel e Sandra, pelo amor e dedicação que sempre
destinaram a mim e a toda nossa família. Agradeço eternamente a Deus por me
conceber no meio de vocês dois, pois os melhores amigos são aqueles que estão
em casa esperando por ti.
À minha querida avó, Maria de Nazaré, pelo cuidado na minha criação, pela
força que criou nossa família e pelo testemunho de vida que tanto me inspira a não
desistir nas dificuldades.
A Alyne e Helton, meus Irmãos de Corpo, Irmãos de Sangue, Irmãos de
Alma. Estamos marcados e unidos eternamente. Sempre cuidarei de vocês.
À Marilene, minha vida, pela companhia que tanto aquece meu coração e
pelo amor que é e será a nossa fortaleza. Deus abençoe a nossa união.
AGRADECIMENTOS
A querida orientadora e professora Regina Feio Barroso, pela forma
cuidadosa e competente que me conduziu durante todo o Curso de Mestrado e na
elaboração da dissertação, desde sua concepção até a sua finalização. Obrigado
pela confiança, pela força e pela amizade que se concretizou durante esta jornada.
Tê-la como orientadora e parceira foi e sempre será uma honra.
Aos queridos mestres e parceiros Izamir e Marizeli Araújo, pelo exemplo de
dedicação e amor à docência e à odontologia, pelo constante apoio em minha vida
profissional e pessoal e pela colaboração na elaboração deste trabalho. Vocês
também fazem parte dele.
À professora Suely Lamarão, coordenadora do Curso de Mestrado em
Odontologia da Universidade Federal do Pará.
Aos professores do Curso de Mestrado, Sônia Araújo, Sônia Bertolo,
Wallace Leal, Regina Tavares, Oscar Pessoa, João Pinheiro, Antônio Nogueira,
Mário Honorato, Adriano Corrêa, Eliza Klautau e Bruno Alves além da
professora Isabela Pordeus, da Universidade Federal de Minas Gerais, pela
convivência durante o curso e pela contribuição e apoio que me fez amadurecer
cientificamente.
Aos colegas de Mestrado, Elaine Aquino, Danielle Emmi, Nazareno Mattos,
Eliana Lago, Cláudia Rothbarth, Alessandra Khayat, Helena Araújo, Kalena
Maranhão, Márcia Dias, Ana Cássia Reis, Cláudia Dourado, Eurydice Alves e
Cleide Carneiro, e aos queridos colegas e professores, Elizabeth Gemaque,
Kunihiro Saito, Armando Chermont, Carlos Zacca, Nelson Carvalho, Cezar
Oliveira e Paulo Oliveira, companheiros que tive o privilégio de conviver e estreitar
laços de amizade durante todo o curso e que muitas vezes apoiaram-me, motivando
a não esmorecer nesta caminhada.
À professora Alda França Costa, pela amizade e apoio na minha vida
profissional desde a graduação.
Ao Professor Edir Veiga, pela amizade e pelo incentivo à carreira docente
com base nas questões sociais.
À secretária do Curso de Mestrado, Mara Gorett Avelar da Silva, pelo
serviço e dedicação a esta primeira versão do curso.
À bibliotecária do Curso de Odontologia, Dona Yeda Lima Martins, pela
amizade e por colaborar na formatação deste trabalho.
Á estatística Sandra Souza Lima, pela colaboração do processamento e
análise dos dados da dissertação.
Aos amigos Anderson Cortês, Marcus Afonso, Lorena Pontes, Renata
Campanharo, Verena Barbosa, Brenda Silva, Marcele Silva e Wanessa Barros,
pela fundamental colaboração na coleta dos dados da dissertação, pelo
compromisso assumido e cumprido para a realização deste trabalho, pelas
experiências profissionais e humanas compartilhas e pelas amizades fortalecidas.
À Coordenação do PSF-PACS da Secretaria Municipal de Saúde, pela
autorização da realização da pesquisa.
Aos Agentes Comunitários de Saúde selecionados para a realização do
estudo, pela dedicação ao seu trabalho essencial na promoção de saúde dos
diabéticos acompanhados pelo PSF em Belém-PA, pela colaboração na seleção dos
indivíduos para o estudo e nas visitas domiciliares para a realização dos exames.
Aos Indivíduos Diabéticos e Não Diabéticos que autorizaram a realização
dos exames que foram essenciais na realização do estudo, o meu muito obrigado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da Bolsa de Mestrado.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela aprovação e apoio ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia,
nível de Mestrado, da Universidade Federal do Pará.
EPÍGRAFE
“Pedi e vos será dado! Procurai e encontrareis! Batei
e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe,
quem procura encontra, e a quem bate, a porta será aberta.
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus
dará coisas boas aos que lhe pedirem! Tudo, portanto,
quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós
também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas”.
Mt 7, 7-8.11-12
Pinheiro HHC. Condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo
Programa Saúde da Família em Belém - Pará. [Dissertação de Mestrado]. Belém:
Curso de Odontologia da UFPA; 2006.
RESUMO
Neste estudo foram avaliadas as condições de saúde bucal de diabéticos
acompanhados pelo Programa Saúde da Família no município de Belém-Pará. As
condições analisadas foram: cárie dentária, doença periodontal, uso e necessidade
de prótese dentária e lesões de mucosa. A amostra foi composta de 268 diabéticos
e 270 indivíduos não diabéticos compondo o grupo controle. Para a coleta dos
dados, foram utilizados os índices recomendados pela Organização Mundial de
Saúde. Os exames foram realizados nos domicílios dos indivíduos selecionados por
examinadores previamente calibrados. Os dados foram processados no Programa
de computação Epi info
versão 3.3.2 para o Sistema Operacional Windows e
estatisticamente analisados. Os resultados demonstraram que: não houve diferença
na prevalência de cárie. O CPOD foi igual a 25,7 e 25,4 para diabéticos e grupo
controle, respectivamente, com uma grande perda dentária para ambos os grupos. A
presença de cálculo foi verificada em 10,6% dos diabéticos e em 13,6% do grupo
controle com a prevalência de bolsa periodontal mais evidente em diabéticos
(p<0,05). Aproximadamente metade da amostra necessitava de prótese superior e
cerca de 78% dos examinados necessitavam de prótese inferior, não diferindo entre
os grupos (p > 0,05). A ocorrência de lesões de mucosa bucal, como estomatites e
lesões hiperplásicas, em ambos os grupos, foi relacionada ao uso de prótese
dentária inadequada. Os dados encontrados demonstram prevalência significante
em todas as condições estudadas em ambos os grupos, mas só a doença
periodontal teve relação estatisticamente significante com a condição de Diabetes
Mellitus.
Palavras-Chave: Diabetes Mellitus – Cárie Dentária – Doença Periodontal – Lesões
Bucais – Epidemiologia.
Pinheiro HHC. Oral health in attended diabetics by Family Health Care Service at
Belém - State of Pará - Brazil. [Dissertação de Mestrado]. Belém: Curso de
Odontologia da UFPA; 2006.
ABSTRACT
This study assessed the oral health of attended diabetics by Family Health Care
Service in the city of Belém, state of Pará, Brazil. The oral diseases analyzed were:
dental caries, periodontal disease, use and necessity of dental prosthesis and oral
lesion. The sample was composed of 268 diabetic patients and 270 not diabetic
patients composing the control group. The indexes recommended for the World
Health Organization were used. The examinations had been carried through in the
home of the patients by examiners previously calibrated. The data were processed
and analyzed in the software Epi info, 3.3.2 version for Windows. The results
demonstrated that did not have difference in the prevalence of caries. The DMF index
was 25.7 and 25.4 for diabetic and control group, respectively, with a great dental
loss for both. The more prevalent periodontal condition was the presence of calculus
in 10.6% of the diabetic and 13.6% for the control group, and the predominance of
periodontal pockets was more obvious in diabetic (p<0.05). Approximately half of the
sample needed superior dental prosthesis and almost 78% needed inferior dental
prosthesis, not differing between the groups (p>0.05). The occurrence of lesions in
oral mucosa in both the groups was related to the inadequate use of dental
prosthesis as stomatitis and denture hyperplasia. The data demonstrated to high
prevalence of all the conditions studied in both the groups, but only the periodontal
disease had significant relation with the condition of Diabetes Mellitus.
Keywords: Diabetes Mellitus – Dental Caries – Periodontal Disease – Oral Lesions –
Epidemiology.
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1: Distribuição geográfica dos distritos administrativos de Belém,
PA........................................................................................................56
Figura 4.2: Sonda CPI, ilustrando as marcações com as distâncias, em milímetros, à
ponta da sonda........................................................................................68
Figura 4.3: Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes índices para
CPI..........................................................................................................69
Figura 4.4: Codificação do Índice Periodontal Comunitário (CPI), ilustrando a posição
da sonda para o exame............................................................................70
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus e faixa
etária. Belém-PA, 2005..........................................................................82
Gráfico 5.2: Número da amostra segundo o Tipo de Diabetes Mellitus e faixa etária.
Belém-PA, 2005.....................................................................................83
Gráfico 5.3: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus e gênero.
Belém-PA, 2005.....................................................................................85
Gráfico 5.4: Número médio dos eventos de cárie e valor do ICPOD segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005..................................87
Gráfico 5.5: Número médio dos eventos de cárie de raiz segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.......................................................88
Gráfico 5.6: Número médio de dentes com necessidade de tratamento segundo tipo
de tratamento e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005..........89
Gráfico 5.7: Percentual de sextantes segundo o maior grau de condição periodontal
observada e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005...............91
Gráfico 5.8: Número do uso de prótese dentária superior segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005......................................................92
Gráfico 5.9: Número do uso de prótese dentária inferior segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005......................................................93
Gráfico 5.10: Número da necessidade de prótese dentária superior segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005...............................95
Gráfico 5.11: Número da necessidade de prótese dentária inferior segundo condição
de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.................................................96
Gráfico 5.12: Número de lesões da mucosa bucal segundo condição de Diabetes
Mellitus. Belém-PA, 2005....................................................................97
Gráfico 5.13: Número de localizações e de lesões na mucosa bucal segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005................................98
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1: Classificação do Diabetes Mellitus.........................................................26
Quadro 2.2: Valores da glicose plasmática (em mg / dl) para diagnóstico de Diabetes
Mellitus e seus estágios pré-clínicos.....................................................32
Quadro 4.1: Fórmula para o cálculo do tamanho da amostra considerando os valores
de média e desvio-padrão da variável em estudo..................................59
Quadro 4.2: Equipes de Saúde da Família selecionadas segundo localização do
Distrito Administrativo de Belém / PA...................................................60
Quadro 4.3: Codificação para o uso de prótese dentária...........................................72
Quadro 4.4: Codificação para a necessidade de prótese dentária............................73
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1: Número e percentual de diabéticos acompanhados pelas ESF do PSF,
por distrito administrativo. Belém, Pará. 2004........................................56
Tabela 5.1: Número e percentual da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus
e faixa etária. Belém-PA, 2005...............................................................82
Tabela 5.2: Número e percentual da amostra segundo o Tipo de Diabetes Mellitus e
faixa etária. Belém-PA, 2005..................................................................83
Tabela 5.3: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus, faixa etária
e gênero. Belém-PA, 2005......................................................................84
Tabela 5.4: Número e percentual da amostra segundo Tipo de Diabetes Mellitus e
gênero. Belém-PA, 2005........................................................................84
Tabela 5.5: Número e percentual da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus
e gênero. Belém-PA, 2005......................................................................84
Tabela 5.6: Número médio e percentual de coroas dentárias acometidas pelos
eventos da cárie segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005......................................................................................................86
Tabela 5.7: Número médio e percentual dos eventos de cárie e ICPOD segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005...................................86
Tabela 5.8: Número médio e percentual dos eventos de cárie de raiz segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005..................................88
Tabela 5.9: Número médio e percentual de dentes com necessidade de tratamento
segundo tipo de tratamento e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005........................................................................................................89
Tabela 5.10: Número e percentual de sextantes segundo o maior grau de condição
periodontal observada e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005......................................................................................................90
Tabela 5.11: Número e percentual do uso de prótese dentária superior segundo tipo
de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005..............92
Tabela 5.12: Número e percentual do uso de prótese dentária inferior segundo tipo
de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005..............93
Tabela 5.13: Número e percentual da necessidade de prótese dentária superior
segundo tipo de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.....................................................................................................94
Tabela 5.14: Número e percentual da necessidade de prótese dentária inferior
segundo tipo de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.....................................................................................................96
Tabela 5.15: Número e percentual de lesões na mucosa bucal e condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.....................................................97
Tabela 5.16: Número e percentual das localizações das lesões na mucosa bucal
segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005...................98
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACD Auxiliar de Consultório Dentário
ACS Agente Comunitário de Saúde
ADA Associação de Diabetes Americana
AVE Acidente Vascular Encefálico
CD Cirurgião-Dentista
CPI Índice Periodontal Comunitário
DM Diabetes Mellitus
ESB Equipe de Saúde Bucal
ESF Equipe de Saúde da Família
FSP-USP Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
CPOD Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados / Restaurados.
IgA Imunoglobulina A
NOAS Norma Operacional Básica da Assistência à Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
PACS Programa de Agendes Comunitários de Saúde
PSF Programa Saúde da Família
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica
SUS Sistema Único de Saúde
THD Técnico de Higiene Dental
USF Unidade de Saúde da Família
WHO World Health Organization
LISTA DE SÍMBOLOS
% percentagem, percentual.
> maior
maior ou igual
= igual
< menor
dL decilitro
g grama
h hora
mm milímetros
mg miligrama
p p value
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................20
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................24
2.1 Diabetes Mellitus..........................................................................25
2.2 Programa Saúde da Família...........................................................44
3 PROPOSIÇÃO...................................................................................51
4 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................53
5 RESULTADOS..................................................................................80
6 DISCUSSÃO....................................................................................101
7 CONCLUSÕES................................................................................109
REFERÊNCIAS....................................................................................111
APÊNDICES.........................................................................................126
ANEXO.................................................................................................131
1 INTRODUÇÃO
21
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica não-transmissível que afeta o
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas caracterizada pela falta de
produção do hormônio insulina ou pela incapacidade do hormônio em exercer suas
funções (resistência periférica), resultando em hiperglicemia crônica do organismo
afetado.
A doença é muito prevalente tanto na população mundial quanto na
população brasileira, tanto na população infantil quanto, principalmente, na
população adulta e idosa que se caracteriza principalmente por ser sedentária,
obesa e por ingerir uma dieta inadequada.
Se não diagnosticado precocemente e não controlado adequadamente
através da injeção periódica de insulina, do uso de hipoglicemiantes orais e da
adequação da dieta alimentar, o Diabetes Mellitus pode provocar várias
complicações sistêmicas que interferirão no quadro de saúde geral do indivíduo,
como macroangiopatias, microangiopatias, neuropatias, nefropatias e retinopatias,
provocando uma série de complicações entre as quais: o infarto agudo do miocárdio,
o acidente vascular encefálico, as amputações de pés e pernas, a cegueira
definitiva, a insuficiência renal crônica, e até abortos e mortes perinatais quando a
doença afeta as gestantes.
Igualmente às complicações sistêmicas, o paciente acometido pelo Diabetes
Mellitus, se não receber acompanhamento de profissionais de saúde para o controle
do seu distúrbio e de profissionais de odontologia para a promoção de saúde bucal,
pode desenvolver algumas doenças bucais em maior grau que os indivíduos
sistemicamente saudáveis, entre as quais a cárie e principalmente a doença
periodontal.
Atualmente, para a maioria dos diabéticos do Brasil, o acesso a serviços de
22
saúde é feito através do Sistema Único de Saúde (SUS), na atenção básica através
do Programa Saúde da Família (PSF), que foi incentivado com o objetivo de
reorganizar a atenção básica de saúde para melhorar o acesso da população aos
serviços primários de saúde.
Além disso, em 2001, o Ministério da Saúde lançou o Plano de
Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, com o
desafio de identificar e tratar os indivíduos diabéticos, bem como os acometidos pela
Hipertensão Arterial. Este Plano, além de acompanhar os indivíduos diabéticos em
todo o território nacional, propõe estruturar todos os serviços de saúde,
principalmente os da atenção básica, oferecendo os medicamentos necessários para
o controle da doença e capacitando os profissionais da rede de assistência através
de cursos e divulgação de protocolos de atendimento elaborados por equipes
técnicas do Ministério da Saúde.
O controle do Diabetes Mellitus, segundo o Plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, deve ser realizado de forma
integral, ou seja, não somente pela atuação médica curativa, através de controle
medicamentoso, mas também pelo desenvolvimento de ações educativas e
preventivas com o intuito de promover saúde e evitar que ocorram as complicações
sistêmicas.
Além do acompanhamento médico, os diabéticos devem ser acompanhados
pelas equipes de saúde bucal da rede de atenção básica do SUS, principalmente
pelas equipes que fazem parte do Programa Saúde da Família. O acompanhamento
odontológico tem o objetivo de identificar os sinais precoces das doenças bucais dos
diabéticos, diminuindo os fatores de risco de desenvolvimento dessas doenças e
promovendo de saúde bucal por ações educativo-preventivas (estabelecendo
23
autocuidados bucais) e pelas intervenções curativas (restabelecendo a saúde bucal
e recompondo a morfologia e a fisiologia do sistema estomatognático).
Sabendo que os diabéticos são um grupo de indivíduos que devem ser
acompanhados na rede de atenção básica de saúde dos municípios através do
Programa Saúde da Família, e que os mesmos requerem uma atenção odontológica
especial, com acompanhamento constante, faz-se necessário conhecer as
condições de saúde bucal de indivíduos portadores de Diabetes Mellitus. Assim, as
ações de saúde bucal a serem desenvolvidas em diabéticos poderão ser planejadas,
implementadas e avaliadas, racionalizando os esforços no primeiro nível de atenção
do SUS para que haja eficiência e eficácia das ações das secretarias municipais de
saúde no intuito de garantir a qualidade do serviço e a promoção da saúde bucal.
Com base nessa conjuntura, este estudo analisou as condições de saúde
bucal de diabéticos atendidos pelo Programa Saúde da Família no município de
Belém - Pará, identificando as doenças mais prevalentes em diabéticos em
comparação a indivíduos que não são diabéticos, mas também atendidos pelo
Programa.
2 REVISÃO DE LITERATURA
25
2.1 Diabetes Mellitus
Os sintomas clínicos do Diabetes Mellitus (DM) são conhecidos desde a
antiguidade. Setian, Damiani e Dichtchekenian (1995) citaram em seu trabalho que
os primeiros dados sobre a doença datam de 1.000 a.C. vindo do Egito e na Índia,
por volta de 400 a.C. Charak e Susrut a caracterizaram através do caráter adocicado
da urina, diferenciando-a ainda em dois tipos: do obeso e do paciente que, no início
da doença, apresentava emagrecimento e desidratação, além de polidipsia e
poliúria. Celsus há cerca de 2.000 anos, foi quem nomeou a doença de “Diabetes”,
que significa sifão (por causa da característica da poliúria nos indivíduos
acometidos), e “Mellitus” que vem do grego “meli”, significando mel (devido à
característica adocicada da urina) (SETIAN; DAMIANI; DICHTCHEKENIAN, 1995).
Atualmente conceitua-se o DM como uma síndrome de etiologia múltipla,
decorrente da falta de produção de insulina ou da incapacidade da mesma em
exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica, com
distúrbio do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas.
Esta diminuída ou alterada produção de insulina pelo pâncreas e as
conseqüentes modificações no metabolismo de proteínas, gorduras, sais minerais e
principalmente da glicose irá se associar a múltiplas manifestações clínicas citadas
logo mais.
2.1.1 Classificação
O DM é classificado em dois tipos principais: o tipo 1 – associado à absoluta
deficiência de insulina pancreática; e o tipo 2 – deficiência parcial de insulina, que
26
afeta principalmente indivíduos obesos. Uma vez que a obesidade confere
resistência à ação periférica da insulina (GROSS et al., 2002; COSTA; ALMEIDA
NETO, 1998).
A nova classificação, atualmente recomendada pelo Consenso Brasileiro de
Diabetes (CBD) (2000) e apresentada no Quadro 2.1, baseia-se na etiologia do DM,
eliminando os termos “diabetes mellitus insulino-dependente” (IDDM) e “não-
insulino-dependente” (NIDDM).
Quadro 2.1: Classificação do Diabetes Mellitus.
Tipo 1: destruição das células beta do pâncreas, geralmente ocasionando deficiência
absoluta de insulina de natureza auto-imune ou idiopática.
Tipo 2: varia de uma predominância de natureza insulínica com relativa deficiência
de insulina, a um defeito predominantemente secretório, com ou sem resistência
insulínica.
Outros tipos específicos:
Defeitos genéticos funcionais das células beta do pâncreas.
Defeitos genéticos da ação da insulina.
Doenças do pâncreas exócrino.
Endocrinopatias.
Induzidos por fármacos e agentes químicos.
Infecções.
Formas incomuns de diabetes imuno-mediado.
Outras síndromes genéticas geralmente associados a diabetes.
Diabetes Gestacional.
Fonte: CBD (2000).
O CBD esclarece também que:
O DM tipo 1 resulta primeiramente da destruição das células beta do
pâncreas e tem tendência a cetoacidose. Inclui casos decorrentes de doenças
auto-imune e aqueles nos quais a causa da destruição nas células beta não é
conhecida;
O DM tipo 2 resulta, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina e
deficiência relativa de secreção de insulina. A maioria dos indivíduos tem
27
excesso de peso e a cetoacidose ocorre apenas em situações especiais,
como durante infecções graves;
A categoria “outros tipos de DM” contém várias formas de DM, decorrentes de
defeitos genéticos associados com outras doenças ou com uso de fármacos
diabetogênicos;
DM gestacional é a diminuição da tolerância à glicose, de magnitude variável,
diagnosticada pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o
parto. Abrange os casos de DM e de tolerância à glicose diminuída
detectados na gravidez;
Os estágios do DM ocorrem em todos os tipos, sendo que no tipo 1 o período
de tempo entre estágios é mais curto.
2.1.2 Prevalência
Segundo Reiner (1977), o DM é sétima maior causas de morte por doenças
nos Estados Unidos, considerado o maior problema de saúde, existindo 2,4 milhões
de casos diagnosticados e cerca de 1,6 milhões de não diagnosticados, sendo a
proporção de 01 indivíduo portador desta patologia para cada 50 pessoas e que há
250 mil novos casos diagnosticados anualmente.
Ryan e Bronstein (1982) relataram que 1,5% da população apresentava DM,
exceto em indivíduos acima da faixa etária de 60 anos de idade, nos quais esses
valores chegam a 10% desta população. Cutler (1985) indicou que
aproximadamente 6 milhões de americanos estão diagnosticados pela doença,
chegando a 16 milhões de casos não diagnosticados, ou seja, 6% da população dos
28
Estados Unidos. Segundo Lalla e D’Ambrósio (2001), há aproximadamente 800 mil
novos casos diagnosticados a cada ano.
Segundo King, Aubert e Herman (1998), a prevalência do DM está
aumentando no mundo inteiro e com a previsão de que mais de 300 milhões de
sujeitos sejam afetados até ano 2025, elevando também as complicações da
doença.
Gregori, Costa e Campos (1999) citaram que aproximadamente 7% dos
habitantes do mundo ocidental apresentam esta patologia, enquanto Sonis, Fazio e
Fang (1996) relataram que cerca de 200 milhões de pessoas em todo mundo
possuem diabetes, afetando 17 em cada 1000 pessoas entre os 25 e 44 anos e em
idade acima de 65 anos, 79 indivíduos a cada 1000.
Nas Américas, o número de pessoas com DM foi estimado em 35 milhões em
2000, sendo esperado um acréscimo de 64 milhões de diabético até o ano de 2025.
Este acréscimo de diabéticos é resultado de múltiplos fatores envolvidos, entre os
quais: mudanças do estilo de vida relacionados ao cotidiano, como também do
decréscimo de atividades físicas, dieta hipercalórica e obesidade. Também há um
grande aumento do processo de envelhecimento da população dos países em
desenvolvimento, sendo um fator de risco para o DM. Devido a esses fatores, um
incremento na prevalência e na incidência do DM será mais evidenciado nos países
em desenvolvimento (KING; AUBERT; HERMAN, 1998).
Na América do Sul, em 1997, 31000 menores de 15 anos foram estimadas
em ter DM tipo 1. A maior prevalência foi estimada para o Uruguai (4,9 por 10000
menores) e a menor foi estimada para o Peru (0.4 por 10000). No Brasil a estimativa
é de que seja de 4 para 10000 (AMOS; MCCARTY; ZIMMET, 1997).
Quanto à população adulta, a maior prevalência foi reportada entre imigrantes
29
japoneses no Brasil (16,2% em Nisseis - 2ª geração e 12,6% em Isseis - 1ª
geração). A prevalência ajustada para indígenas do leste do Suriname (12,7%) foi a
maior da América do Sul. A menor prevalência (1,5%) foi reportada para os índios
Aymara no Chile (BARCELÓ; RAJPATHAK, 2001).
No Brasil, um estudo multicêntrico realizado em 1987, abrangendo nove
capitais, em indivíduos de 30 a 69 anos, permitiu avaliar sua prevalência em 7,6% da
população urbana de nosso país (BRASIL, 2001a). O estudo revelou um alto grau de
desconhecimento em relação à doença, pois 50% dos diagnosticados nem sequer
suspeitavam que tinham DM (BRASIL, 1991).
Fraige Filho (1999) frisou em seu artigo que, em São Paulo, este valor era
ainda mais elevado: 9,66%, dentre os quais 46,5% desconheciam previamente essa
condição, sendo somente informados no momento da aferição glicêmica. Além
disso, constatou-se que, dos casos previamente conhecidos, 22,3% não realizavam
qualquer tipo de tratamento ou acompanhamento médico.
Em 2001, no Brasil, em levantamento de casos suspeitos na população
brasileira acima de 40 anos, o Ministério da Saúde, através Campanha Nacional de
Detecção de suspeitos de DM, identificou 2,9 milhões de suspeitos de serem
portadores de diabetes, o que corresponde a 14,66% da população estudada. Estes
suspeitos iriam ter seus testes confirmados pelas Secretarias Municipais de Saúde
(BRASIL, 2001c).
Este número pode estar aumentado devido ao aumento da expectativa de
vida dos indivíduos e do aperfeiçoamento dos recursos de elucidação diagnóstica.
O DM tipo 2, denominado antigamente de diabetes do adulto ou não-insulino-
dependente é reconhecido como o tipo de maior prevalência na população, sendo
responsável por cerca de 85% a 90% dos casos da doença, acometendo 10% da
30
população acima de 65 anos; sendo 80% obesos (MATTSON; CERUTIS, 2001).
Estudos realizados em finlandeses, em 1992, observaram que 97% dos
pacientes tipo 2 manifestaram a doença após os 40 anos de idade (ERIKSSON et
al., 1992). Munroe (1983) citou a obesidade e dieta como fatores predisponentes.
Para Hother-Nielsen et al. (1988), a associação entre idade e risco do
diabetes está mediada pela questão da obesidade, que aumenta após os 40 anos de
idade.
Obesidade e velhice são fatores de risco também citados no trabalho de
Sonis, Fazio e Fang (1996). Para Service et al. (1997), idade superior a 20 anos e
ausência de episódio de agudo de cetoacidose são indicadores de diabetes do tipo
2.
A idade de forma isolada parece que não define a classificação, mas se aliada
a outras variáveis como obesidade e ausência de cetoacidose podem sugerir o tipo
de diabetes, segundo Kitabchi et al. (2001).
Quanto à hereditariedade, Munroe (1983) alegou que o fator genético é uma
importante consideração, sendo comum observar que parentes diabéticos têm maior
probabilidade de ter filhos diabéticos.
Sonis, Fazio e Fang (1996) relatam que os parentes de indivíduos com DM
são duas vezes e meia mais susceptíveis a desenvolver a doença do que a
população em geral. Outro estudo realizado por Li et al. (2001) alegou que a
agregação familiar do DM tipo 2 é mais comum do que no tipo 1, entretanto a
prevalência do DM tipo 1 é duas vezes maior em famílias com tipo 2, sugerindo uma
possível interação genética entre os dois tipos de diabetes.
De acordo com novas evidências, mais da metade dos casos de DM podem
ser prevenidos entre aqueles que possuem alto risco da doença. A implementação
31
de ações de prevenção e de programas de controle é uma necessidade urgente e
esta estratégia tem custo-benefício potencialmente capaz de reduzir o DM. Esses
programas de controle de DM deveriam ser direcionados com maior atenção aos
grupos mais prevalentes. Apesar dos contrastes econômicos, há uma clara
necessidade de intervenção coordenada de acordo com a epidemia de DM
(BARCELÓ; RAJPATHAK, 2001).
2.1.3 Diagnóstico
O diagnóstico em pessoas que apresentam os sintomas clássicos, como:
poliúria, polidipsia, polifagia, emagrecimento, entre outros, não apresenta
dificuldade, segundo Costa e Almeida Neto (1998), pois são características das
condições de uma dosagem de glicose elevada no sangue. Porém, quando os
sintomas clínicos não são evidentes e existe a suspeita, faz-se necessária uma
investigação laboratorial para a confirmação de diagnóstico.
A Associação Americana de Diabetes e “National Institutes of Health”, têm
como critério o exame de glicemia em jejum e o teste de tolerância à glicose oral
(GTT Oral ou curva sistêmica) (COSTA; ALMEIDA NETO, 1998).
Em 1985, a OMS publicou critérios para diagnóstico do DM (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1985). Mas recentemente, em 1997, a Associação de
Diabetes Americana (ADA) publicou novos critérios de diagnóstico indicando a
concentração plasmática de açúcar rápida, no diagnóstico da doença de > ou = 140
mg/dL para > ou =126 mg/dl. A OMS publicou critério semelhante para diagnóstico
da DM em 1999, após um comitê de especialistas da entidade ter revisto o artigo e
chegado nas mesmas conclusões da ADA (EXPERT COMMITTEE, 1997).
32
No exame de glicemia em jejum os valores normais são dados em até 100
mg/dl, considerando-se alterada quando os valores forem de 110 a 125 mg/dl, sendo
que deverão ser realizados em duas ocasiões distintas (ou seja, 2 exames em dias
diferentes). Neste caso recomenda-se o teste de tolerância à glicose oral para a
confirmação de diabetes.
O diagnóstico de diabetes dar-se-á quando os valores de glicemia sanguínea
forem iguais ou maiores que 126 mg/dl, também em duas ocasiões distintas.
No exame de teste de tolerância à glicose oral, o indivíduo deverá estar em
jejum, onde será colhida uma amostra de sangue para determinar a glicemia. Após
ingerir uma solução contendo 1,75g de glicose por Kg de peso, ou até no máximo de
75g de glicose, amostras de sangue são colhidas 1 e 2 horas após a ingestão desta
solução. Os valores de referência são apresentados no Quadro 2.2.
Quadro 2.2: Valores da glicose plasmática (em mg / dl) para diagnóstico de Diabetes
Mellitus e seus estágios pré-clínicos.
Categoria Jejum*
2h após
75g glicose
Casual**
Glicose de jejum alterada > 110 e < 126 < 140 ______________
Tolerância à glicose
diminuída
< 126 140 e < 200 ______________
Diabetes Mellitus
126 200
200
(com sintomas clássicos***)
Fonte: CBD (2000).
*
O jejum é definido como a falta de ingestão calórica de no mínimo 8 horas.
**
Glicemia plasmática casual é definida como aquela realizada a qualquer hora do dia, sem observar
o intervalo da última refeição.
***
Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda de peso.
2.1.4 Manifestações Sistêmicas
Segundo Costa e Almeida Neto (1998), a maioria das pessoas com DM tipo 2
33
pode herdar de seus familiares uma alteração dos receptores de insulina em
músculos, tecido gorduroso, fígado, entre outros, que propicia o aumento de insulina
no sangue. Este é agravado pela falta de exercícios físicos e pela inadequada
alimentação, contribuindo para o aumento do peso corporal. Com isso a glicose
começa aumentar, principalmente após a alimentação (intolerância à glicose oral).
A hiperglicemia mantida pode levar a citotoxicidade em todos os tecidos e
também nas células que fabricam insulina no pâncreas e conseqüente redução de
sua fabricação (COSTA; ALMEIDA NETO, 1998). Com isso temos a glicemia de
jejum aumentada, caracterizando o DM. Estes autores alegam ainda que existem
algumas situações que, por atuarem de alguma forma na produção ou na ação da
insulina, favorecem, naqueles já predispostos, o aparecimento de DM. Entre elas
podemos destacar: obesidade, infecções, gravidez, cirurgias, traumas emocionais,
estresse e envelhecimento.
O uso de medicamentos diabetogênicos em doses altas e por tempo
prolongado, como cortisona e seus derivados, alguns diuréticos, betabloqueadores,
estrógenos, também irão favorecer o aparecimento da doença (COSTA; ALMEIDA
NETO, 1998).
Houaiss (1987) relatou que o diagnóstico clínico é comumente feito quando
da presença de sintomas clássicos da doença como poliúria, polidipsia, polifagia,
emagrecimento e, nos casos mais graves, desidratação, acidose e distúrbios no
nível de consciência, associados à alta taxa de glicose na urina (glicosúria).
Para Barcellos et al. (2000) esses sintomas e a ausência do controle
metabólico adequado levam a complicações crônicas como as macroangiopatias,
microangiopatias, neuropatias, nefropatias, retinopatias; sintomas e complicações
essas que irão influenciar no tratamento adequado desses indivíduos,
34
principalmente quando do exame pré-operatório, em que a prevenção de infecções e
dos distúrbios metabólicos, durante as consultas, são extremamente importantes.
Lauda, Silveira e Guimarães (1998) dizem que a crise hiperglicêmica
(aumento da taxa de glicose na corrente sanguínea) pode ocorrer durante o
atendimento deste paciente, sendo geralmente limitada aos insulino-dependentes. A
elevação prolongada da glicose sanguínea pode causar uma acidose metabólica
que pode levar a coma, se não tratada.
À crise de hipoglicemia (diminuição da taxa de glicose na corrente sanguínea)
é o mais comum problema médico do DM observado na clínica. Os clássicos sinais e
sintomas são: taquicardia, palpitação, sudorese, tremor, náuseas e fome. Se não for
diagnosticada e tratada pode levar a sérios problemas como o coma e,
conseqüentemente, a morte (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998).
O DM constitui-se em um dos principais fatores de risco para as doenças do
aparelho circulatório. Entre as conseqüências mais freqüentes, encontram-se: o
infarto agudo do miocárdio (IAM), o acidente vascular encefálico (AVE), a
insuficiência renal crônica, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva,
abortos e mortes perinatais (BARBOSA; BARCELÓ; MACHADO, 2001).
2.1.5 Manifestações Bucais
Seiffer (1862), citado por Sonis, Fazio e Fang (1996), foi o primeiro a
descrever a associação entre as alterações bucais e o DM. Para Löe (1993), o DM
também é um importante fator de repercussão para a saúde bucal, tendo a doença
periodontal sido apontada como sua sexta complicação mais prevalente. Acredita
que incidência de periodontite associada ao DM cresce a uma taxa anual de 6%.
35
Sandberg, Sundberg e Wikblad (2001) relatam que a maioria dos indivíduos
diabéticos examinados em seu estudo (84,8%) nunca tinha recebido alguma
informação sobre a relação entre diabetes e saúde bucal. Os diabéticos também
expressaram que o acometimento de DM não teve nenhuma influência sob suas
condições de saúde bucal. Quase a metade dos indivíduos (47,7%) relatou que seus
dentistas não ficaram sabendo que possuíam a diabetes mellitus.
É bem estabelecido que DM é correlacionado com uma variedade de
condições bucais, como a doença periodontal, cárie dentária, estomatite, glossite,
alterações na secreção salivar, mudanças sensoriais (síndrome de ardência bucal,
perda parcial ou total da sensação do paladar), e líquen plano oral (KAWAMURA et
al., 1997).
Segundo Sonis, Fazio e Fang (1996), a periodontite é a complicação
predominante no indivíduo portador de DM, estando associada à presença de placa
bacteriana e cálculo, geralmente acompanhada por coleção purulenta e levando a
grande reabsorção óssea.
Para Enrich, Shlossman e Genco (1991), a probabilidade do indivíduo com
DM desenvolver esta patologia é três vezes maior do que em indivíduos não
diabéticos.
A gengivite, segundo Ervasti et al. (1985), também está relacionada com o
pobre controle metabólico e associada com alterações vasculares.
O DM apresenta dupla relação com a doença periodontal (GROSSI; GENCO,
1998), constituindo-se em um fator de risco comprometedor do periodonto
(SHLOSSMAN et al., 1990), da mesma forma que as infecções periodontais podem
afetar adversamente o controle metabólico do DM (TAYLOR et al., 1996).
Em mesmas condições de higiene bucal, o DM pode afetar o metabolismo de
36
corpo, causando diminuição da defesa imune e perturbando o mecanismo de reparo
tecidual, interferindo na doença periodontal (LU; YANG, 2004).
A descoberta do tratamento de insulina demonstrou uma íntima correlação
entre a desordem do metabolismo de carboidratos e complicações inflamatórias
bucais, onde o tratamento adequado do DM resulta na marcante melhora da saúde
da gengiva e do periodonto (KLEINMAN; SWANGO; NIESSEN, 1991).
Hove e Stallard (1970) verificaram condições semelhantes de higiene bucal
entre indivíduos sadios e indivíduos com DM. Houve diferença muito pequena no
acometimento da doença periodontal, mais prevalente em diabéticos.
No estudo de Bacic, Plancak e Granic (1988), onde foi usado o Índice
Periodontal Comunitário (CPI) para medir a necessidade de tratamento periodontal
entre indivíduos com DM na Iugoslávia, foi encontrada uma prevalência de 51% de
bolsas periodontais 6 mm de profundidade.
Os indivíduos com longa duração do DM tipo 1 (mais de 10 anos) exibiram
doença periodontal mais severa que os indivíduos com diabetes com duração curta
(menos de 7 anos) e não diabéticos (Hugoson et al., 1989).
O pobre controle metabólico de diabetes em longo prazo e a ocorrência de
cálculo parecem estar relacionados à doença periodontal tanto em DM tipo 1 como
DM tipo 2 (OLIVER; TERVONEN, 1993; TERVONEN; OLIVER, 1993).
A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal na população adulta nos Estados
Unidos da América encontrou ausência maior de dentes e maior quantidade de
sextantes apresentando bolsas profundas (> 4 mm) em grupos de diabéticos do tipo
2 do que em indivíduos saudáveis (OLIVER; TERVONEN, 1993).
Tervonen e Oliver (1993) verificaram que a presença de cálculo subgengival e
pobre controle do DM foram associados com bolsas periodontais mais profundas.
37
Comparados a indivíduos sistemicamente saudáveis, os diabéticos têm um
aumento na incidência da doença periodontal com a perda do osso alveolar, da
inserção periodontal e dos dentes (KAWAMURA et al., 1997; COLLIN et al., 1998).
Torrealba et al. (1999), analisando a condição periodontal de indivíduos
diabéticos, verificaram que ocorreu uma maior porcentagem de prevalência para a
situação de gengivite leve (40.12%), seguida pelas categorias gengivite com
formação de bolsas (24,84%) e destruição avançada com perda da função (7.64%).
No estudo realizado por Sandberg et al. (2000) em indivíduos com DM tipo 2,
a freqüência de bolsa periodontal de 4 a 5 mm de profundidade foi significantemente
maior nos grupos diabéticos quando comparados aos controles. Nenhuma diferença
entre os grupos foi detectado na variável bolsa periodontal 6 mm.
Em estudo de Karikoski, Llanne-Parikka e Murtomaa (2001), observou-se que
a prevalência de bolsas periodontais patológicas (profundidade 4 mm) foi de 79%
em sujeitos diabéticos e em 49% do total de sextantes examinados.
Na pesquisa de Karikoski, Murtomaa e Ilanne-Parikka (2002), verificou-se um
forte acúmulo de cálculo nas superfícies dentais dos indivíduos diabéticos, numa
prevalência de 33.5%. Os resultados encontrados sugerem que a higiene bucal e
controle metabólico tenham um papel central no prognóstico da necessidade de
tratamento periodontal entre indivíduos com DM.
Zielinski et al. (2002) analisaram a saúde periodontal de diabéticos e
indivíduos controles e registraram bolsas periodontais com profundidade de
sondagem de 6 mm em 44 % das pessoas com DM tipo 2 e 34% das pessoas do
grupo controle. Não se detectou diferença estatisticamente significante entre o grupo
de estudo e o controle.
Os resultados do estudo de Campus et al. (2005) em população da Sardênia
38
(Itália) revelaram uma associação positiva entre diabetes e doença periodontal
definida pela profundidade da bolsa periodontal. A prevalência de doença
periodontal foi mais alta em indivíduos diabéticos do que no grupo controle.
Rees (1994), em sua revisão sobre alterações bucais em indivíduos
diabéticos, relata que a gravidade das manifestações bucais e o aumento de sua
freqüência, entre elas a cárie, está relacionada com a descompensação do DM.
Alguns autores relatam que a alta incidência de cáries em indivíduos com DM
ocorre devido ao aumento da glicose salivar, naqueles com pobre controle
metabólico, sendo que as cáries cervicais ocorrem com maior freqüência nos
indivíduos portadores de diabetes tipo 2, devido à ingestão de carboidratos (BACIC
et al., 1989; JOSHIPURA et al., 1991; LI et al., 1999).
Os argumentos para explicar uma menor experiência de cárie em diabéticos
realçam que os pacientes são tradicionalmente aconselhados a adotar uma dieta
com reduzido consumo de carboidratos refinados, especialmente sacarose
(TWETMAN et al., 2002).
Tavares et al. (1991) concluíram que a restrição da ingestão de carboidratos
refinados reduziu a cárie de raiz em indivíduos com diabetes. Uma dieta adequada à
condição de DM pode ser menos cariogênica do que uma dieta normal. Entretanto,
um alto nível de glicose no sangue poderia aumentar o risco de cárie.
Após a introdução do uso da insulina na terapia do DM, nenhuma diferença
significativa tem sido observada na prevalência da cárie entre indivíduos diabéticos e
pessoas sistemicamente normais (BACIC et al., 1989), embora alguns autores
tenham encontrado crianças diabéticas com menor experiência de cárie que
crianças não-diabéticas (MATSSON; KOCH, 1975).
Segundo alguns estudos, o risco de cárie em diabéticos do tipo 2 é
39
semelhante ao risco da população em geral (BACIC et al., 1989; CHERRY-
PEPPERS; SHIP, 1993; POHJAMO et al., 1991).
Tenovuo et al. (1986) encontraram um leve aumento do número de
superfícies cariosas entre diabéticos em relação aos controles, mas não houve
diferença no valor total do CPOD (Índice de dentes cariados, perdidos e obturados /
restaurados).
O CPOD em indivíduos com diabetes mellitus, no estudo de Albrecht,
Bánóczy e Tamás Jr. (1988), foi maior que nos controles, mas a diferença não foi
estatisticamente significante. O número médio de dentes cariados foi menor embora
o número médio de dentes extraídos e restaurados não foi significante. O
componente C (cariado) do CPOD de indivíduos com diabetes foi menor e o
componente O (obturado, restaurado) foi maior no grupo controle, dados
semelhantes aos de Matsson e Koch (1975).
Em um estudo realizado com 222 indivíduos com DM e 189 sujeitos sem a
doença, a prevalência de lesões de cárie foi de 68.9% e 75.1% para os respectivos
grupos. Diabéticos tiveram o CPOD um pouco maior (CPOD = 17,7) que o grupo
controle (CPOD = 14.9), não diferindo estatisticamente, não havendo também
diferença na prevalência de cárie entre diabéticos do tipo 1 e do tipo 2 (BACIC et al.,
1989).
Em estudo de Pohjamo et al. (1991), o acúmulo de cárie dentária, expresso
pelas condições cariados, perdidos e obturados / restaurados, foi similar entre
diabéticos e indivíduos controle.
Jones et al. (1992), em um estudo com 457 indivíduos com diabete mellitus,
dos dois tipos principais da doença, demonstraram que o risco da cárie foi
aumentado nos diabéticos de ambos os tipos.
40
Narhi et al. (1996) encontraram uma elevada prevalência de cárie em
indivíduos idosos com DM tipo 2, mais evidente na superfície radicular.
Contrariamente, Piatelli et al. (1989) observaram o oposto.
Segundo Collin et al. (1998), os pacientes com DM tipo 2 não se
diferenciaram aos não-diabéticos com respeito ao CPOD, às superfícies com cárie
de coroa, superfícies restauradas ou presença da cárie de raiz. Os autores não
verificaram diferença na prevalência de cárie entre indivíduos idosos com DM e os
controles.
Zielinski et al. (2002) verificaram que indivíduos com DM tipo 2 possuem
necessidade de tratamento restaurador similar a pessoas que não possuem a
nosologia. As lesões de cárie nos indivíduos diabéticos foram mais localizadas na
margem gengival ou em superfícies radiculares. As diferenças entre os dois grupos
não foram estatisticamente significantes.
A prevalência de cárie dentária no estudo de Arrieta-Blanco et al. (2003) foi de
7,39% para pacientes diabéticos e 6,91% para os controles, sendo o CPOD igual a
15 e 12,5 para os respectivos grupos. Não houve diferença estatisticamente
significante entre diabéticos e não-diabéticos.
Do total de 406 sujeitos com DM examinados na pesquisa de Moore et al.
(1998), 45,8% eram parcialmente desdentados (perda parcial dos dentes) e 3,9%
desdentados totais, estando a perda dentária associada com a duração do DM.
Tanto Collin et al. (1998) quanto Eklund e Burt (1994) não encontraram
relação entre o impacto do DM no número de dentes perdidos dos indivíduos.
Segundo Karikoski, Murtomaa e Ilanne-Parikka (2002), a média do número de
perdas dentárias é um importante indicador de saúde bucal.
Sandberg, Sundberg e Wikblad (2001) verificaram que um problema comum
41
entre diabéticos foi a xerostomia. Estudo realizado por Stefaniotis e Donta (1990),
com 150 indivíduos portadores de DM tipo 2, observou que 76% da amostra
apresentava xerostomia ou hiposalivação.
A hiposalivação ocorre em várias situações, sendo suas avaliações muitas
vezes subjetivas, mas existem escores como o de Tárzia (1993) que definem estes
valores em normais ou anormais (MAGALHÃES et al., 1999). Darwazeh et al. (1991)
mostraram que a concentração de glicose na saliva tinha correlação com a
concentração de glicose de sangue.
Para Ueta et al. (1993), com a diminuição do fluxo salivar há maior
predisposição à proliferação de fungos, principalmente os causadores da
candidíase, visto que a saliva possui Imunoglobulina A e componentes secretórios
livres que inibem a adesão da cândida às células epiteliais. Diz também que
hiperglicemia altera a capacidade oxidativa do neutrófilo com potencial de debelar a
candidíase.
Dorocka-Bobkowska, Budtz-Jorgensen e Wloch (1996) demonstraram que o
DM é um fator predisponente para candidíase, mais comumente implicado por
infecção fúngica pelas espécies C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata e C. rugosa.
Provavelmente como uma conseqüência da alta freqüência de infecção por C.
albicans e mudanças microvasculares, diabéticos tem uma alta freqüência de lesões
atróficas da língua (atrofia papilar central) e de língua geográfica (4 vezes mais
freqüente) (WYSOCKI; DALEY, 1987).
Albrecht et al. (1992) observaram a ocorrência de leucoplasia em 6.2% de
pacientes diabéticos, prevalência semelhante ao encontrado por Ujpál et al. (2004)
onde 6% dos pacientes apresentavam leucoplasia.
A Síndrome de Ardência Bucal é também freqüentemente associada com
42
diabetes mellitus, assim como outros casos que incluem deficiência de vitamina B,
desordens psíquicas, prejuízo da função da glândula salivar, mudanças
hematológicas, infecções por cândida e alergias. Além da ardência lingual, dor na
língua e ardência bucal, o diabético pode também relatar mudanças no paladar que
deve estar prejudicado ou alterado (MOTT; GRUSHKA; SESSLE, 1993).
Lesões que apresentam proliferação celular foram observadas em pacientes
diabéticos no estudo realizado por Quirino, Birman e Paula (1995) devido às más
condições das próteses dentárias utilizadas, ocasionando casos de hiperplasia.
No estudo de Arrieta-Blanco et al. (2003), observou-se que 28.57% dos
indivíduos diabéticos e 10.81% dos indivíduos controles apresentavam alguma lesão
bucal. A prevalência de aftas recorrentes foi de 2.8% para o grupo de diabéticos,
menor que no grupo controle (4.05%).
Mattson e Cerutis (2001) alegaram que, devido ao grande número de
indivíduos portadores de DM, é necessário que o cirurgião dentista conheça os tipos
de diabetes, bem como saiba traçar um plano de tratamento adequado e observe as
possibilidades de resultado do tratamento, assim como suas complicações, pois
segundo Kneckt et al. (1999), a prevenção e o tratamento das doenças bucais, bem
como o DM, necessitam de atenção e cuidados persistentes.
O cuidado bucal de diabéticos provavelmente é responsável pela redução no
número de dentes cariados e pelo aumento do valor de dentes restaurados
(ALBRECHT; BÁNÓCZY; TAMÁS JR, 1988).
Lalla e D’Ambrosio (2001) relataram que o DM pode ter um impacto
significativo na saúde bucal, sendo importante que os dentistas estejam
familiarizados com a gerência médica destes pacientes, reconhecendo os sinais e os
sintomas dos não diagnosticados ou mal controlados. Declararam a necessidade de
43
um papel ativo do cirurgião dentista no diagnóstico e no tratamento das patologias
bucais associadas com o DM, contribuindo para o controle e manutenção da saúde.
E como determinantes à boa saúde bucal, Frandsen (1985) também incluiu
experiências de cuidados bucais prévios, conhecimento acerca das doenças bucais,
autopercepção da saúde bucal, hábitos dietéticos saudáveis e crédito ao
atendimento odontológico.
Os problemas de saúde bucal têm fatores de risco em comum com um
número de importantes doenças crônicas. Sheiham e Watt (2000) concluíram que a
melhora da saúde bucal seria assegurada caso fossem adotadas políticas de
promoção de saúde bucal direcionadas a todos os fatores de risco. Isso não só
colaboraria na prevenção de doenças específicas como também na promoção de
saúde para prevenção de uma maior quantidade de doenças, tendo efetividade e
eficiência nas ações de saúde.
Spangler e Konen (1994) verificaram que os indivíduos com DM tipo 2,
quando motivados, têm maior probabilidade de exercer bom comportamento de
saúde bucal e também são mais propensos a realizarem visitas anuais aos serviços
odontológicos.
Syrjälä, Kneckt e Knuuttila (1999) mostraram que há uma forte associação
entre a percepção de diabéticos do tipo 1 sobre os cuidados de sua saúde e a
prática da escovação dentária, da limpeza interproximal dos dentes e das visitas
odontológicas regulares. Eles também concluíram que os indivíduos com níveis
glicêmicos elevados no sangue têm freqüências mais baixas de escovação dentária
e alto nível de placa.
Moore et al. (2000) relataram que os indivíduos com DM necessitam do
conhecimento sobre as complicações de saúde bucal da sua doença. Sendo assim,
44
profissionais de saúde bucal e equipe de saúde tem o grande desafio de
conscientizar os pacientes diabéticos acerca da relação entre saúde bucal e sua
doença, pois os indivíduos que possuem conhecimento sobre os fatores de risco das
doenças, do seu risco pessoal e entendem esta relação, possuem conduta que
promovem saúde (FLEETWOOD; PACKA, 1991). A educação em saúde e os
programas de prevenção primários podem ser planejados e realizados de forma a
melhorar o comportamento relacionado com saúde bucal.
2.2 Programa Saúde da Família
2.2.1 O que é o Programa Saúde da Família?
O Programa Saúde da Família é considerado, segundo o Ministério da Saúde
(2.000b) “uma estratégia que prioriza as ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde dos indivíduos e da família, do recém-nascido ao idoso,
sadios ou doentes, de forma integral e contínua em substituição ao modelo
tradicional de assistência, orientado para a cura de doenças e no hospital”.
A família passa a ser o objeto precípuo de atenção, entendida a partir do
ambiente em que vive. Mais que uma delimitação geográfica, é nesse espaço que se
constroem as relações intra e extrafamiliares e onde se desenvolve a melhoria das
condições de vida, permitindo ainda, uma compreensão ampliada do processo
saúde-doença e, portanto, da necessidade de intervenções de maior impacto e
significação social. A atenção passa a estar centrada na família, entendida e
percebida a partir do seu ambiente físico e social, possibilitando às equipes de
saúde da família (ESF) uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e da
45
necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas (PREFEITURA
MUNICIPAL DE ARACAJU, 1999).
O Programa Saúde da família representa a principal estratégia de ação na
atenção básica no país, representando a porta de entrada do Sistema Único de
Saúde (SUS) com característica resolutiva, acolhedora e reorganizadora do
processo mais complexo que é a atenção individual e coletiva dos usuários do SUS
(BRASIL, 2001c).
As ações sobre esse espaço representam, para o Ministério da Saúde,
“desafios a um olhar técnico e político mais ousado, que rompa os muros das
unidades de saúde e enraíze-se para o meio onde as pessoas vivem, trabalham e se
relacionam”. A proposta de se trabalhar com o princípio da vigilância à saúde é uma
das decorrências da atuação inter e multidisciplinar, além da responsabilidade
integral sobre a população que reside na área de abrangência de suas unidades de
saúde (BRASIL, 1999).
A primeira etapa de implantação do programa iniciou-se em julho de 1991,
através do Programa de Agentes Comunitários (PACS). A partir de janeiro de 1994,
começaram a ser formadas as primeiras equipes do Programa de Saúde da Família
(PSF), incorporando e ampliando a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde.
(BRASIL, 1994).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2000a), ao contrário da idéia que se
tem sobre a maioria dos programas em nível central, o PSF não se objetiva a uma
intervenção vertical e paralela nas atividades dos serviços de saúde. É uma
estratégia que possibilita a integração e promove a organização destas atividades
em um território definido.
46
2.2.2 Princípios Básicos para a Operacionalização do Programa Saúde da Família
Esta estratégia está estruturada a partir da Unidade de Saúde da Família
(USF) – uma unidade pública de saúde, com equipe multiprofissional, que assume a
responsabilidade por uma determinada população a ela vinculada, onde desenvolve
ações de promoção da saúde e de prevenção, tratamento e reabilitação de agravos.
A USF, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2000b), deve atuar com
base nos seguintes princípios:
Caráter substitutivo: Não significa a criação de novas estruturas de serviços,
exceto em áreas desprovidas, e sim a substituição das práticas convencionais
de assistência por um novo processo de trabalho, cujo eixo está centrado na
vigilância à saúde;
Integralidade e Hierarquização: A USF está inserida no primeiro nível de
ações e serviços do sistema local de saúde, denominado atenção básica.
Deve estar vinculada à rede de serviços de forma que se garanta atenção
integral aos indivíduos e famílias e seja assegurada a referência e contra-
referência para os diversos níveis do sistema, sempre que for requerido maior
complexidade tecnológica para a resolução de situações ou problemas
identificados na atenção básica;
Territorialização e Adscrição da Clientela: trabalha com território de
abrangência definido e é responsável pelo cadastramento e
acompanhamento da população adscrita a esta área. Recomenda-se que
uma equipe seja responsável pelo acompanhamento de, no máximo, 4.500
pessoas;
47
Equipe multiprofissional: a ESF é composta minimamente por um médico
generalista ou médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem
e de quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS). O número de ACS
varia de acordo com o número de pessoas sob a responsabilidade da equipe -
numa proporção média de um agente para 550 pessoas acompanhadas.
É explicitado que outros profissionais poderão ser incorporados nas USF ou
em equipes de supervisão, de acordo com as necessidades e possibilidades locais.
Então, em 2000, o Ministério da Saúde incentivou a implantação de Equipes de
Saúde Bucal (ESB) no PSF compostas por cirurgião-dentista (CD) e auxiliar de
consultório dentário (ACD), podendo contar com um técnico de higiene dental (THD)
(BRASIL, 2000c).
Os principais objetivos da implantação das ESB são reorganização das ações
de saúde bucal na atenção básica e garantindo o acesso da população aos serviços
odontológicos básicos com a finalidade de melhorar os índices epidemiológicos das
doenças bucais (BRASIL, 2000c).
O número de profissionais de cada unidade deverá ser definido de acordo
com os seguintes princípios básicos: capacidade instalada da USF; quantitativo
populacional a ser assistido; enfrentamento dos determinantes do processo saúde-
doença; integralidade da atenção e possibilidades locais (BRASIL, 2000b).
Os profissionais das ESF e das ESB são responsáveis por sua população
adscrita, devendo residir no município onde atuam, trabalhando em regime de
dedicação integral. Para garantir a vinculação e identidade cultural com as famílias
sob a sua responsabilidade, os ACS devem, igualmente, residir nas suas respectivas
áreas de atuação (BRASIL, 2000b).
48
O Ministério da Saúde preconiza ainda que as atividades devem ser
desenvolvidas de forma dinâmica, com avaliação permanente através do
acompanhamento dos indicadores de saúde de cada área de atuação (BRASIL,
2000b). Assim, as ESF e ESB devem estar preparadas para:
Conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, através do
cadastramento destas e do diagnóstico de suas características sociais,
demográficas e epidemiológicas;
Identificar os problemas de saúde prevalentes e situações de risco aos quais
a população está exposta;
Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o
enfrentamento dos determinantes de processo saúde-doença;
Prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à
demanda organizada ou espontânea, na USF, na comunidade, no domicílio e
no acompanhamento ao atendimento nos serviços de referência ambulatorial
ou hospitalar;
Desenvolver ações educativas e intersetoriais para o enfrentamento dos
problemas de saúde identificados.
Em janeiro de 2001 o Ministério da Saúde editou uma portaria criando a
Norma Operacional Básica da Assistência à Saúde (NOAS), que tem a finalidade de
ampliar as responsabilidades dos municípios da atenção básica (BRASIL, 2002). A
NOAS normatiza que todos os municípios habilitados no SUS devem desenvolver
entre suas ações básicas, o controle do DM. Como há também a responsabilidade
municipal pela Saúde Bucal, faz-se necessário coletar dados sobre as condições
odontológicas dos indivíduos acometidos pelo DM com a finalidade de planejar
49
ações que garantam saúde bucal e melhore a qualidade de vida destes indivíduos.
Apesar das várias experiências municipais bem sucedidas de
acompanhamento dos casos de DM, observa-se, em grande parte do país, a falta de
vínculos entre os pacientes e as unidades de saúde. Em regra, atendimento aos
indivíduos ocorre de modo assistemático, nos serviços de emergência, espaço esse
que não propicia nem a identificação de lesões em órgãos-alvo do DM nem o
estabelecimento de um programa de tratamento e acompanhamento adequado a
cada caso. No que se refere à promoção da saúde e a prevenção dos fatores de
risco, a situação é ainda mais crítica, tendo em conta a falta de preparação e de
tradição nos serviços de saúde para a realização sistemática de tais atividades
(BRASIL, 1991).
O número de internações por DM registrados no Sistema de Informação
Hospitalar do SUS (SIH/SUS) é elevado, tendo sido gastos mais de R$ 39 milhões
com hospitalizações no SUS no ano 2000. Esses custos estão relacionados à alta
taxa de permanência hospitalar do diabético e também à gravidade das
complicações que, muitas vezes, demandam procedimentos de alta complexidade
(BRASIL, 2001c), as quais poderiam ser controladas no âmbito da atenção básica.
Devido a este panorama, também verificado em relação à hipertensão arterial,
o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001c) elaborou o Plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus com o principal objetivo de
estabelecer diretrizes e metas para atenção aos portadores desses agravos no SUS,
mediante a reestruturação e a ampliação do atendimento básico voltado para a
hipertensão arterial e o DM, com ênfase na prevenção primária, na ampliação do
diagnóstico precoce e na vinculação de portadores à rede básica de saúde,
compreendendo as ações do PSF. A implementação deste plano representa um dos
50
grandes desafios para o SUS (BRASIL, 2001c).
A identificação precoce dos casos de DM e o estabelecimento do vínculo
entre os portadores e as unidades básicas de saúde são elementos imprescindíveis
para o sucesso do controle desta nosologia. O acompanhamento e o controle do
DM, no âmbito da atenção básica, evitam o agravamento da patologia e o
surgimento de complicações, reduzindo o número de internações hospitalares, bem
como a mortalidade por doenças cardiovasculares (BRASIL, 2001c). A prevenção do
DM deve ser considerada uma prioridade de saúde pública (BRASIL, 1991).
Nem todos os indivíduos com DM visitam regularmente o dentista. Logo não
são devidamente motivados a adquirir boas condutas de saúde bucal e também não
tem acesso ao cuidado profissional. Além disso, uma vez que pacientes estão muito
mais freqüentes a ter uma consulta com o médico, todos os profissionais de saúde
envolvidos no cuidado do diabético deveriam ser informados da importância da boa
saúde bucal e assim indicarem o indivíduo acometido pelo DM para atendimento
odontológico (KARIKOSKI; LLANNE-PARIKKA; MURTOMAA, 2001), podendo
ocorrer esta integração na ESF do PSF.
Sabendo-se que o acompanhamento de indivíduos diabéticos é uma das
ações prioritárias das ESB (BRASIL, 2000c), torna-se importante a integração dos
profissionais de odontologia com a ESF no restabelecimento, prevenção e promoção
da saúde bucal de acometidos pelo DM, contribuindo na melhoria da qualidade de
vida dos mesmos.
3 PROPOSIÇÃO
52
3.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é verificar as condições de saúde bucal de
indivíduos diabéticos e não-diabéticos acompanhados pelo Programa Saúde da
Família em Belém do Pará.
3.2 Objetivos Específicos
3.2.1. Verificar a prevalência de cárie dentária e a necessidade de tratamento
nos grupos do estudo;
3.2.2. Verificar a prevalência de doença periodontal nos grupos do estudo;
3.2.3. Verificar a ocorrência do uso e da necessidade de prótese dentária nos
grupos do estudo;
3.2.4. Verificar as alterações do tecido mole nos grupos do estudo.
4 MATERIAL E MÉTODOS
54
4.1 Material
Os materiais que utilizados no estudo foram:
Termo de aprovação expedido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo 1);
Carta direcionada aos Sujeitos da Amostra: explicando o objetivo do estudo
e os procedimentos a serem realizados (Apêndice 1);
Termo de consentimento livre e esclarecido (autorização da pesquisa): para
ser lido e assinado ou obtido impressão dactiloscópica dos moradores
selecionados para o estudo (Apêndice 2);
Ficha de exame epidemiológico: a ser preenchido durante a visita ao
indivíduo que consentiu na participação do estudo (Apêndice 3);
Crachá: para identificação;
Espelho clínico, sonda periodontal modelo CPI, gazes esterilizadas, luvas
de látex e máscaras descartáveis, além de cuba metálica, sabonete líquido
e toalhas de papel acondicionados em uma maleta para facilidade de
transporte;
Pasta: para guardar o material da pesquisa durante o trabalho de campo;
Lápis, lapiseira, borracha, caneta, almofada carimbo: para preenchimento
das fichas de exame e assinatura ou impressão dactiloscópica da
autorização do exame.
55
4.2 Métodos
Este estudo caracteriza-se por ser transversal (estudo de prevalência) com a
finalidade de verificar a ocorrência de doenças bucais em indivíduos acometidos
pelo Diabetes Mellitus (DM) que são acompanhados pelo Programa Saúde da
Família (PSF) em Belém-Pará.
4.2.1 Seleção da Amostra
O universo do estudo foram os indivíduos diabéticos de todas as idades
acompanhados no ano de 2004 pelas equipes de saúde da família (ESF) de Belém
do Pará, constituindo o Grupo 1 (G1), e os indivíduos não diabéticos também
acompanhados pelas mesmas ESF, formando o Grupo 2 (G2), que é o grupo
controle da amostra.
Segundo o Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB) do mês de
dezembro de 2004, havia em Belém 23.918 diabéticos acompanhados pelo PSF e
pelas 67 ESF cadastradas em 7 distritos administrativos da cidade. Somente um
distrito (DABEL - Distrito Administrativo de Belém), compreendendo o centro da
cidade, não apresentava ESF cadastrada. A distribuição geográfica dos distritos
administrativos está ilustrada na Figura 4.1.
A população de diabéticos acompanhados pelo PSF em dezembro de 2004,
de forma numérica e proporcional, bem como o número e percentual de ESF
cadastradas no PSF em Belém no mês de dezembro de 2004, estão descritos na
Tabela 4.1.
56
DAICO – Icoaraci
DAMOS – Mosqueiro
DAOUT – Outeiro
DASAC – Sacramenta
DABEN – Benguí
DAGUA – Guamá
DAENT – Entroncamento
Figura 4.1: Distribuição geográfica dos distritos
administrativos de Belém, PA.
Tabela 4.1: Número e percentual de diabéticos acompanhados pelas ESF do PSF,
por distrito administrativo. Belém, Pará. 2004.
Diabéticos acompanhados Equipes de Saúde da
Família
Distrito
n % n %
DAICO – Icoaraci 1939 . 8,1 . 6 . 9,0 .
DAMOS – Mosqueiro 2504 . 10,5 . 9 . 13,4 .
DAOUT – Outeiro 691 . 2,9 . 6 . 9,0 .
DASAC – Sacramenta 10019 . 41,9 . 20 . 29,9 .
DABEN – Benguí 2607 . 10,9 . 9 . 13,3 .
DAGUA – Guamá 4372 . 18,2 . 12 . 17,9 .
DAENT – Entroncamento 1786 . 7,5 . 5 . 7,5 .
Total 23918 . 100,0 . 67 . 100,0 .
Fonte: Ministério da Saúde (2004).
57
Os critérios de inclusão e exclusão de indivíduos diabéticos e não diabéticos
na amostra adotados neste estudo foram:
Para Indivíduos Diabéticos (G1):
1. Critérios de inclusão:
Ser diagnosticado ou atestado como diabético, em qualquer idade, pelo
médico da ESF;
Estar sendo acompanhado por pelo menos seis meses pela ESF;
Estar presente no seu domicílio na data agendada para o exame. Se não
estiver presente no domicílio, agenda-se o exame uma segunda vez;
Estar apto a ser examinado, gozando de bom estado geral de saúde que
não comprometa o exame.
2. Critérios de exclusão:
Não ter ido a USF há pelo menos 3 meses para as consultas de controle,
como uma forma verificar se está sendo acompanhado.
Para os Indivíduos Não-Diabéticos:
1. Critérios de Inclusão
Não ser diagnosticado ou atestado como diabético pelo médico da ESF;
Estar sendo acompanhado por pelo menos seis meses pela ESF;
Estar presente no seu domicílio na data agendada para o exame. Se não
estiver presente no domicílio, agenda-se o exame uma segunda vez;
58
Morar na mesma micro-área e ter idade aproximada do diabético
sorteado correspondente;
Estar apto a ser examinado, gozando de bom estado geral de saúde que
não comprometa o exame.
2. Critérios de exclusão:
Estar com suspeita de ser acometido com Diabetes Mellitus.
4.2.2 Cálculo da amostra
Para o cálculo do tamanho da amostra, foi considerado o nível de 90% de
significância e erro amostral de 5%. Foi estabelecido também uma estimativa de
prevalência de 50% (p = 0,5) para o grupo G1, considerada para todas as variáveis
do estudo. Como o tamanho da população de diabéticos acompanhados pelo PSF é
conhecido, utilizou-o como medida para o cálculo, bem como as populações
distribuídas por distrito municipal. A fórmula estatística utilizada está descrita no
Quadro 4.1.
59
Quadro 4.1: Fórmula para o cálculo do tamanho da amostra considerando os valores
de média e desvio-padrão da variável em estudo.
Onde:
n = Tamanho da amostra
δ = nível de significância escolhido, expresso em
número de desvios – padrão = 1,96 (90%).
p = percentagem com a qual o fenômeno se verifica =
0,5 (50%)
q = percentagem complementar = 0,5 (50%)
N = tamanho da população
e
2
= erro máximo permitido = 0,05
n = δ . p. q. N
e
2
(N-1) +δ
2
p.q
Fonte: SILVA (1998)
O tamanho da amostra do Grupo G2 (Controle) foi similar ao grupo avaliado
(diabéticos), para efeito de comparação estatística.
A amostragem do grupo de diabéticos foi aleatória sistemática proporcional
por distrito, onde foram coletadas as listas de diabéticos acompanhados de todas as
ESF previamente e a amostra foi distribuída pelas diversas áreas de atuação do PSF
em cada distrito. Para o grupo controle (G2), foram selecionados indivíduos que não
são acometidos pelo DM e que morem na mesma área de cada diabético
examinado, sendo irmão (ã), vizinho (a), esposo (a) ou companheiro (a) com idade
aproximada aos dos diabéticos examinados, não necessitando ser de mesmo
gênero.
As ESF selecionadas para o estudo são relacionadas no Quadro 4.2, de
acordo com a localização das mesmas nos seus respectivos Distritos
Administrativos. A distribuição dos indivíduos da amostra foi proporcional à
distribuição dos diabéticos acompanhados nos Distritos Administrativos de Belém.
60
Quadro 4.2: Equipes de Saúde da Família selecionadas segundo localização do
Distrito Administrativo de Belém / PA.
Equipe de Saúde da
Família
Distrito
Administrativo
Equipe de Saúde da
Família
Distrito
Administrativo
Fidélis Outeiro Souza II Entroncamento
Fé em Deus Icoaraci Utinga I Entroncamento
Eduardo Angelim Icoaraci Canal do Galo I Sacramenta
Aeroporto I Mosqueiro Canal do Galo II Sacramenta
Aeroporto II Mosqueiro Canal do Pirajá III Sacramenta
Radional I Guamá Canal da Visconde I Sacramenta
Radional II Guamá CDP I Sacramenta
Terra Firme II Guamá Malvinas II Sacramenta
Parque Amazônia III Guamá Barreiro I Sacramenta
Parque Verde I Benguí Barreiro II Sacramenta
Tapanã III Benguí Vila da Barca I Sacramenta
Tapanã IV Benguí Vila da Barca II Sacramenta
Foram examinados 268 indivíduos diabéticos acompanhados pelas ESF do
PSF em Belém-Pará supracitadas. Houve somente a perda amostral de 2 indivíduos
diabéticos, resultando em uma taxa de perda de 0.74%. Um total de 270 indivíduos
não-diabéticos, também acompanhados pelas ESF em Belém foram examinados,
constituindo o grupo controle do estudo, totalizando 538 indivíduos examinados.
4.2.3 Composição da equipe para o estudo
A equipe de trabalho foi formada por 4 examinadores e 5 auxiliares. Os
examinadores foram responsáveis pelo esclarecimento da pesquisa e pelo exame
intrabucal. Já os auxiliares no estudo foram responsáveis pela anotação dos dados
originados pelos exames e pelos materiais e instrumentais da pesquisa.
61
4.2.4 Índices e indicadores de Saúde Bucal
Os índices que foram utilizados para os indicadores de saúde bucal, segundo
seus códigos e critérios, são os recomendados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) na 4ª edição do manual de levantamento epidemiológico básico de saúde
bucal (WHO, 1997), de acordo com os seguintes problemas bucais: cárie dentária,
doença periodontal, uso e necessidade de prótese e lesões de mucosa bucal.
4.2.4.1 Cárie Dentária e Necessidade de Tratamento
Foi utilizado o Índice de Cárie Dentária e de Necessidade de Tratamento para
análise do acometimento de cárie tanto na coroa quanto na raiz dentária. Os códigos
e critérios utilizados foram os seguintes, utilizando-se números para a dentição
permanente e letras para a dentição decídua:
Código 0 (A) - Coroa Hígida
Não houve evidência de cárie. Estágios iniciais da doença não foram levados
em consideração. Os seguintes sinais foram codificados como hígidos:
Manchas esbranquiçadas;
Descolorações ou manchas rugosas resistentes à pressão da sonda CPI;
Sulcos e fissuras do esmaltes manchados, mas que não apresentaram
sinais visuais de base amolecida, esmalte socavado, ou amolecimento das
paredes, detectáveis com a sonda CPI;
Áreas escuras, brilhantes, duras e fissuradas do esmalte de um dente com
62
fluorose moderada ou severa;
Lesões que, com base na sua distribuição ou história, ou exame
táctil/visual, resultem de abrasão.
Raiz Hígida.
A raiz estava exposta e não havia evidência de cárie ou de restauração
(raízes não expostas são codificadas como “8”).
Nota: Todas as lesões questionáveis foram codificadas como dente hígido.
Código 1 (B) - Coroa Cariada.
Sulco, fissura ou superfície lisa apresentava cavidade evidente, ou tecido
amolecido na base ou descoloração do esmalte ou de parede ou havia uma
restauração temporária (exceto ionômero de vidro). A sonda CPI (descrita logo mais)
foi empregada para confirmar evidências visuais de cárie nas superfícies oclusal,
vestibular e lingual. Na dúvida, considerou-se o dente hígido.
Raiz Cariada.
A lesão foi detectada com a sonda CPI. Se houvesse comprometimento
radicular discreto, produzido por lesão proveniente da coroa, a raiz só era
considerada cariada se houvesse necessidade de tratamento radicular em separado.
Nota: Quando a coroa estava completamente destruída pela cárie, restando
apenas a raiz. A OMS recomenda que o código “1” seja registrado apenas na casela
correspondente à coroa.
63
Código 2 (C) - Coroa restaurada, mas cariada.
Havia uma ou mais restaurações e ao mesmo tempo uma ou mais áreas
estavam cariadas. Não havia distinção entre cáries primárias e secundárias, ou seja,
se as lesões estavam ou não em associação física com a(s) restauração(ões).
Raiz restaurada, mas cariada.
Idem coroa restaurada, mas cariada. Em situações onde coroa e raiz estavam
envolvidas, as localizações mais prováveis da lesão primária eram registradas como
restaurada mas cariada. Quando não era possível avaliar essa probabilidade, tanto a
coroa quanto a raiz eram registradas como restauradas mas com cárie.
Código 3 (D) - Coroa restaurada e sem cárie.
Havia uma ou mais restaurações definitivas e inexiste cárie primária ou
recorrente. Um dente com coroa colocada devido à cárie incluiu-se nesta categoria.
Se a coroa resultava de outras causas, como suporte de prótese, é codificada como
7 (G).
Raiz restaurada e sem cárie.
Idem coroa restaurada e sem cárie. Em situações onde coroa e raiz estavam
envolvidas, a localização mais provável da lesão primária era registrada como
restaurada. Quando não era possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa
quanto a raiz foram registradas como restauradas.
Nota: Com relação aos códigos 2(C) e 3(D), apesar de ainda não ser uma
prática consensual, a presença de ionômero de vidro em qualquer elemento dentário
foi considerada, neste estudo, como condição para elemento restaurado.
64
Código 4 (E) - Dente perdido devido à cárie.
Um dente permanente ou decíduo foi extraído por causa de cárie e não por
outras razões. Essa condição foi registrada na casela correspondente à coroa. Para
dentes decíduos, aplicou-se apenas quando o indivíduo está numa faixa etária na
qual a esfoliação normal não constitui justificativa suficiente para a ausência.
Nota: Nesses casos o código registrado na casela correspondente à raiz foi 9
ou 7 (quando tiver um implante no lugar).
Código 5 (F) - Dente perdido por outra razão.
Ausência se deveu a razões ortodônticas, periodontais, traumáticas ou
congênitas.
Nota: Nesses casos o código registrado na casela correspondente à raiz foi
“7” ou 9”. O código para decíduos (F) nestes casos foi mais utilizado na faixa etária
de 18 a 36 meses, uma vez que, a partir dos 5 anos, geralmente o espaço vazio se
deve a exfoliação natural e deveria ser codificado como coroa não erupcionada
(código 8”).
Código 6 (G) - Selante.
Havia um selante de fissura ou a fissura oclusal foi alargada para receber um
compósito. Se o dente possui selante e está cariado, prevalece o código 1 ou B
(cárie).
Nota: Embora na padronização da OMS haja referência apenas à superfície
oclusal, registrou-se a presença de selante localizado em qualquer superfície.
65
Código 7 (H) - Apoio de ponte ou coroa.
Indica que um dente é parte de uma prótese fixa. Este código foi também
utilizado para coroas instaladas por outras razões que não a cárie ou para dentes
com facetas estéticas. Dentes extraídos e substituídos por um elemento de ponte
fixa foram codificados, na casela da condição da coroa, como 4 ou 5, enquanto o
código 9 deveria ser lançado na casela da raiz.
Código 8 (K) - Coroa não erupcionada.
Quando o dente permanente ou decíduo ainda não tinha erupcionado,
atendendo à cronologia da erupção. Não incluiu dentes perdidos por problemas
congênitos, trauma etc.
Raiz não exposta
Não havia exposição da superfície radicular, isto é, não há retração gengival
para além da junção cemento-esmalte.
Código T (T) - Trauma (fratura).
Parte da superfície coronária foi perdida em conseqüência de trauma e não
havia evidência de cárie.
Código 9 (L) - Dente Excluído.
Aplicado a qualquer dente permanente que não poderia ser examinado
(bandas ortodônticas, hipoplasias severas etc.).
Imediatamente após registrar as condições da coroa e da raiz, e antes de
passar ao espaço dentário seguinte, registrou-se o tratamento indicado. Quando não
66
houvesse necessidade de tratamento, um “0” deve ser registrado no espaço
correspondente. Isso precisou ser feito sempre, para evitar dificuldades no posterior
processamento dos dados, uma vez que, não havendo registro, não seria possível
ao digitador saber o que aconteceu (se não havia necessidade ou se o anotador
esqueceu-se de preencher a casela).
Os códigos e critérios para as necessidades de tratamento são:
Código 0 - Nenhum tratamento.
A coroa e a raiz estavam hígidas, ou o dente não poderia ou não deveria ser
extraído ou receber qualquer outro tratamento.
Código 1 - Restauração de uma superfície dentária
Código 2 - Restauração de duas ou mais superfícies dentárias
Código 3 - Coroa por qualquer razão
Código 4 - Faceta estética
Código 5 - Tratamento pulpar e restauração.
O dente necessitava de tratamento endodôntico previamente à colocação da
restauração ou coroa, devido à cárie profunda e extensa, ou mutilação ou trauma.
Nota: Orientou-se que nunca se deveria inserir a sonda no fundo de uma cavidade
para confirmar a presença de uma provável exposição pulpar.
Código 6 - Extração
Um dente foi registrado como indicado para extração, dependendo das
possibilidades de tratamento disponíveis, quando:
67
A cárie destruiu o dente de tal modo que não é possível restaurá-lo;
A doença periodontal progrediu tanto que o dente estava com mobilidade,
havia dor ou o dente estava sem função e, no julgamento clínico do
examinador, não poderia ser recuperado através de tratamento
periodontal;
Um dente precisava ser extraído para confecção de uma prótese; ou,
A extração seria necessária por razões ortodônticas ou estéticas, ou
devido a impactação.
Código 7 - Remineralização de mancha branca
Código 8 - Selante
A regra de decisão adotada foi feita na presença simultânea das seguintes
condições:
O dente estava presente na cavidade bucal há menos de 2 (dois) anos;
O dente homólogo apresentava cárie ou foi atingido pela doença;
Havia presença de placa clinicamente detectável evidenciando higiene
bucal precária.
4.2.4.2 Doença Periodontal
Foi utilizado o CPI (sigla em língua inglesa do Índice Periodontal
Comunitário), que permitiu avaliar a condição periodontal quanto à higidez,
sangramento, e presença de cálculo ou bolsa.
Sonda CPI - Para realizar o exame utilizou-se sonda específica, denominada
sonda CPI, com esfera de 0,5 mm na ponta e área anelada em preto situada entre
68
3,5 e 5,5 mm da ponta. Outras duas marcas na sonda permitem identificar distâncias
de 8,5mm e 11,5 mm da ponta do instrumento (Figura 4.2).
Fonte: WHO, 1997.
Figura 4.2: Sonda CPI, ilustrando as marcações com as distâncias, em
milímetros, à ponta da sonda.
Sextantes - A boca era dividida em sextantes definidos pelos dentes: 18 a 14,
13 a 23, 24 a 28, 38 a 34, 33 a 43 e 44 a 48. A presença de dois ou mais dentes
sem indicação de exodontia (p. ex. comprometimento de furca, mobilidade etc) foi
pré-requisito ao exame do sextante. Sem isso, o sextante seria excluído (quando
houvesse, p.ex., um único dente presente).
Nota: Não se considerou o terceiro molar na contagem de dentes presentes
no sextante, na faixa etária de 15 a 19 anos. Caso se detecte a presença de
somente um dente no sextante e o terceiro molar estive presente nesta faixa etária,
o sextante seria excluído.
Dentes-índice - Foram os seguintes os dentes-índice para cada sextante (se
nenhum deles estiver presente, examinavam-se todos os dentes remanescentes do
sextante, não se levando em conta a superfície distal dos terceiros molares):
69
•Até 19 anos: 16, 11, 26, 36, 31 e 46.
•20 anos ou mais: 17, 16, 11, 26, 27, 37, 36, 31, 46 e 47 (Figura 4.3).
Fonte: WHO, 1997.
Figura 4.3: Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes-
índices para CPI.
Exames - Pelo menos 6 pontos foram examinados em cada um dos 10
dentes-índice, nas superfícies vestibular e lingual, abrangendo as regiões mesial,
média e distal. Os procedimentos de exame foram iniciados pela área disto-
vestibular, passando-se para a área média e daí para a área mésio-vestibular. Após,
inspecionava-se as áreas linguais, indo de distal para mesial. A sonda deveria ser
introduzida levemente no sulco gengival ou na bolsa periodontal, ligeiramente
inclinada em relação ao longo eixo do dente, seguindo a configuração anatômica da
superfície radicular. Movimentos de vai-e-vem vertical, de pequena amplitude
deveriam ser realizados. A força na sondagem deveria ser inferior a 20 gramas
(recomendou-se o seguinte teste prático no período de treinamento e calibração:
colocar a ponta da sonda sob a unha do polegar e pressionar até obter ligeira
isquemia).
Registros - Considerou-se que:
a) em crianças com menos de 15 anos não seriam feitos registros de bolsas
(códigos 3 e 4), uma vez que as alterações de tecidos moles poderiam estar
70
associadas à erupção e não à presença de alteração periodontal patológica;
b) embora 10 dentes sejam examinados, apenas 6 anotações seriam feitas:
uma por sextante, relativa à pior situação encontrada;
c) quando não houvesse no sextante pelo menos dois dentes remanescentes
e não indicados para extração, cancelava-se o sextante registrando um "X".
Códigos: São os seguintes os códigos utilizados no CPI (Figura 4.4):
Código 0 - sextante hígido.
Código 1 - sextante com sangramento (observado diretamente ou com
espelho, após sondagem).
Código 2 - cálculo (qualquer quantidade mas com toda a área preta da
sonda visível).
Código 3 - bolsa de 4 a 5 mm (margem gengival na área preta da sonda).
Código 4 - bolsa de 6 mm ou mais (área preta da sonda não está visível).
Código X - sextante excluído (menos de 2 dentes presentes).
Código 9 - sextante não examinado.
Figura 4.4: Codificação do
Í
ndice Periodontal Comunitário (CPI),
ilustrando a posição da sonda para o exame.
Fonte: WHO, 1997.
71
Nota: Sabe-se que o tempo de resposta à sondagem da gengiva inflamada é
variado. Recomendou-se um tempo de observação após a sondagem de 10 a 30
segundos, critério utilizado na maioria dos índices com essa categoria de medida e
recomendado também pelos pesquisadores que desenvolveram o CPI. Quanto à
inclinação da sonda, em crianças com menos de 15 anos, nas quais não são feitos
registros de bolsas (códigos 3 e 4), indicou-se uma inclinação de aproximadamente
60° da sonda em relação ao longo eixo do dente, evitando-se o toque na base do
sulco gengival como forma de diminuir a probabilidade de casos de sangramento
falso-positivos. A codificação do CPI, bem como o posicionamento da sondagem,
são ilustrados na Figura 4.4.
4.2.4.3 Uso e Necessidade de Prótese Dentária
Foram utilizados os critérios de uso e necessidade de prótese dentária com
base na presença de espaços protéticos. Um mesmo indivíduo poderia estar usando
e, ao mesmo tempo, necessitar de prótese(s). Foram assinalados o uso e a
necessidade de prótese tanto para o arco dentário superior quanto para o arco
inferior.
As observações ao exame levaram em conta os códigos e critérios que estão
ilustrados nos Quadros 4.3 e 4.4 para a análise do uso e da necessidade de prótese
dentária, respectivamente. Vale lembrar que os exemplos citados são apenas os
mais comuns.
72
Quadro 4.3: Codificação para o uso de prótese dentária.
Código Critério Exemplos
0
Não Usa
Prótese
Dentária
1
Usa uma
Ponte Fixa
2
Usa mais do
que uma
ponte fixa
3
Usa Prótese
Parcial
Removível
4
Usa uma ou
mais pontes
fixas e uma
ou mais
próteses
parciais
removíveis
5
Usa Prótese
Dentária Total
9
Sem Informação
Fonte: WHO, 1997.
73
Quadro 4.4: Codificação para a necessidade de prótese dentária.
Código Critério Exemplos
0
Não Necessita
de Prótese
Dentária
1
Necessita de
uma Prótese p/
substituição de
um elemento
2
Necessita de
uma Prótese p/
substituição de
mais de um
elemento
3
Necessita de
combinação de
Próteses
4
Necessita de
Prótese
Dentária Total
9
Sem Informação
Fonte: WHO, 1997.
74
4.2.4.5 Mucosa Bucal
Um exame da mucosa bucal, dos tecidos moles da boca e ao redor desta, foi
realizado em cada indivíduo de forma meticulosa e sistemática obedecendo à
seguinte seqüência:
Mucosa labial e sulco vestibular (superior e inferior).
Porção labial das comissuras e mucosa bucal (direita e esquerda).
Língua (superfícies dorsal e ventral, bordas).
Assoalho da boca.
Palatos duro e mole.
Crista alveolar / gengiva (superior e inferior)
Foram usados um ou dois espelhos bucais ou ainda o cabo da sonda
periodontal para retrair os tecidos. As 3 caselas de lesões bucais localizadas a
esquerda, na ficha de exame epidemiológico (Apêndice 3), foram usadas para
registrar a ausência, presença, ou presença suspeita, das condições codificadas
com os números 1 a 7, descritos a seguir. Os examinadores tentaram diagnosticar
estas condições e ficaram em alerta para a sua presença durante o exame. O código
8 (outras condições) foi usado para registrar uma condição não mencionada na lista
de códigos. Sempre que possível, o diagnóstico presumível foi especificado no
espaço indicado.
Os códigos e critérios foram:
Código 0 - Nenhuma condição anormal.
Código 1 - Tumor maligno (câncer bucal).
75
Código 2 - Leucoplasia.
Código 3 - Líquen plano.
Código 4 - Úlceras (aftosas, herpéticas, traumáticas).
Código 5 - Gengivite Necrosante Aguda.
Código 6 - Candidíase.
Código 7 - Abscesso.
Código 8 - Outras condições (especificando, se possível).
Código 9 - Sem registro.
As localizações principais da(s) lesão(ões) da mucosa bucal foram registradas
nas 3 caselas localizadas a direita, na ficha do exame, segundo os seguintes
códigos:
Código 0 - Linha cutâneo-mucosa.
Código 1 - Comissuras.
Código 2 - Lábios.
Código 3 - Sulcos.
Código 4 - Mucosa bucal.
Código 5 - Assoalho da boca.
Código 6 - Língua.
Código 7 - Palato duro e / ou mole.
Código 8 - Crista alveolar / gengiva.
Código 9 - Sem registro.
Os indivíduos em que fossem observados casos de alterações ou lesões, e
76
que necessitassem de diagnóstico diferencial, foram encaminhados para o Serviço
de Patologia Bucal, Departamento de Anatomia Patológica, no Hospital Universitário
João Barros Barreto da Universidade Federal do Pará (HUJBB-UFPA).
4.2.5 Calibração da Equipe
Os examinadores e os anotadores do estudo foram calibrados no Curso de
Odontologia da Universidade Federal do Pará pelos professores das Disciplinas de
Saúde Coletiva, através do seguinte processo, recomendo por Brasil (2001b):
Discussão teórica das variáveis utilizadas, códigos e critérios de exame:
através da utilização de diapositivos, transparências de retroprojeção e
leitura prévia das instruções e critérios da pesquisa (com duração de 4
horas);
Discussão prática: com o exame de quatro indivíduos para verificar
discrepâncias identificadas nos achados clínicos, critérios de diagnósticos,
codificações e erros de diagnóstico. Os exames foram realizados em
pacientes que estavam freqüentando as clínicas do Curso de Odontologia,
os quais foram examinados após autorização (duração de 8 horas);
Calibração propriamente dita: da mesma forma que o exercício anterior,
mas com um número maior de examinados (10 indivíduos) também
freqüentadores das clínicas do Curso de Odontologia e sem discussão
sobre os achados na hora do exame (com duração de 6 horas). Os dados
encontrados serviram de base para os cálculos de concordância intra e
interexaminador através do coeficiente de Kappa;
Discussão Final: para certificar que os examinadores estavam
77
completamente familiarizados com todos os procedimentos de exame e de
registro, critérios de diagnósticos, formulários de registro e o manejo de
instrumentos e materiais.
4.2.6 Realização dos Exames Intrabucal
Para a realização do estudo propriamente dito, foram realizados contatos
prévios com os ACS nas USF das ESF selecionadas, com a finalidade de verificar a
listagem dos diabéticos acompanhados, bem como dos indivíduos não diabéticos.
Foram assim realizados os processos de amostragem casual simples (aleatória)
para cada um dos dois grupos do estudo, sorteando-se os indivíduos diabéticos e
não diabéticos a serem examinados.
Os sorteios foram realizados da seguinte forma: elaborou-se uma seqüência
de algarismos de 0 a 9 em pedaços de papel de mesmo tamanho colocados num
recipiente. Com a lista numerada de diabéticos em mãos (concedida pelo ACS),
sorteavam-se os números através de duas rodadas, onde a primeira
correspondendo o algarismo da dezena e a segunda da unidade. Verificava-se qual
indivíduo sorteado até a quantidade estipulada para aquela micro-área. Após sortear
todos os diabéticos, escolher-se-ia o indivíduo não diabético na mesma micro-área
com idade semelhante ou próxima do diabético correspondente, não se
necessitando de ser de mesmo gênero. Sorteavam-se a quantidade de indivíduos
diabéticos da amostra por cada micro-área
Logo após os sorteios, agendavam-se os exames com os ACS, programando
o dia em que seriam realizadas as visitas domiciliares, obedecendo aos critérios de
78
inclusão da amostra e dos indicadores de saúde.
No dia do exame, os examinadores e os anotadores encontravam-se com os
ACS na USF e depois se encaminharam para a micro-área selecionada. Chegando
ao domicílio, os examinadores eram apresentados ao indivíduo sorteado para a
participação no estudo pelo ACS. Caso o indivíduo sorteado não estivesse em seu
domicílio no momento do exame agendado, seria novamente realizado o
agendamento com o dia e horário mais provável da presença do indivíduo em sua
residência. E se nesta segunda visita ele não estivesse presente, seria excluído da
amostra. Mas não houve nenhuma perda amostral no estudo.
Então se procedia ao esclarecimento do estudo através da leitura da carta
que esclarecia os objetivos e os procedimentos da pesquisa (Apêndice 1) e posterior
solicitação da autorização para execução do exame epidemiológico através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2). Logo após,
caso o sujeito selecionado autorizasse a pesquisa, seria realizado o exame sob luz
natural, em local iluminado no próprio domicílio.
Notando-se a necessidade de tratamento odontológico, encaminhava-se os
indivíduos para a Unidade de Saúde da Família (se a mesma possuía Equipe de
Saúde Bucal) ou para Unidades Municipais de Saúde próximas de seus domicílios. E
nos casos de necessidade de exames histopatológicos, o indivíduo era
encaminhado para o Serviço de Patologia Bucal do HUJBB-UFPA, como já citado
anteriormente.
4.2.7 Biossegurança
79
Os examinadores e os anotadores estiveram atentos aos preceitos de
biossegurança no desenvolvimento de práticas coerentes e adequadas em relação à
proteção sua e dos submetidos aos exames. As principais medidas, no presente
estudo, incluíram:
Lavar as mãos no início e no final de cada sessão / período, ou quando
fosse necessário;
Usar jaleco, luvas e máscara;
Trocar as luvas a cada paciente;
Não manipular objetos impertinentes: lápis, borrachas, fichas, pranchetas,
etc. pelo examinador. Tais objetos foram utilizados apenas pelos
anotadores;
Pegar o instrumental, fazer o exame e descartá-lo no recipiente adequado,
devidamente identificado;
Armazenar os detritos provenientes do exame pelos materiais descartáveis
em um saco plástico também identificado, e descartá-lo em lixeira própria da
Unidade de Saúde da Família no retorno após terminar os exames;
Lavagem e esterilização do instrumental em autoclave.
4.2.8 Processamento dos Dados e Análise Estatística
Os dados gerados pelo estudo foram processados no programa de
computação (software) Epi Info versão 3.3.2 para o Sistema Operacional Windows
®
.
Foi utilizado o programa de computação (software) Minitab 13.0 para a realização
dos testes estatísticos na análise dos dados e de suas variáveis nos grupos da
80
pesquisa.
4.2.9 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará sob o protocolo número
033/2005 e obteve parecer favorável para sua execução na reunião realizada em 24
de maio de 2005 (Anexo 1).
5 RESULTADOS
82
5.1 Amostra
A distribuição da amostra composta de 268 indivíduos diabéticos e de 270
indivíduos não-diabéticos acompanhados pelas Equipes de Saúde da Família (ESF)
do Programa Saúde da Família (PSF) em Belém-Pará, por tipo de diabetes e faixa
etária e gênero, está representada nas Tabelas 5.1 e 5.2 e pelos Gráficos 5.1 e 5.2.
Tabela 5.1: Número e percentual da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus
e faixa etária. Belém-PA, 2005.
Não Diabético Diabético Total
Faixa etária
n % n % n %
< 35 5 1,9 6 2,2 11 2,0
35 - 44 13 4,8 18 6,7 31 5,8
45 - 54 57 21,1 45 16,8 102 19,0
55 - 64 78 28,9 91 34,0 169 31,4
65 - 74 62 23,0 69 25,7 131 24,3
> 75 55 20,4 39 14,6 94 17,5
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
< 35 35 - 44 45 - 54 55 - 64 65 - 74 > 75
Faixa etária
mero
Não Diabético
Diabético
Gráfico 5.1: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus e faixa
etária. Belém-PA, 2005.
83
Tabela 5.2: Número e percentual da amostra segundo o Tipo de Diabetes Mellitus e
faixa etária. Belém-PA, 2005.
Não diabético
Diabético
Tipo I
Diabético
Tipo II
Total
Faixa
etária
n % n % n % n %
< 35 5 1,9 1 3,6 5 2,1 11 2,0
35 44 13 4,8 3 10,7 15 6,3 31 5,8
45 – 54 57 21,1 5 17,9 40 16,7 102 19,0
55 – 64 78 28,9 8 28,6 83 34,6 169 31,4
65 – 74 62 23,0 8 28,6 61 25,4 131 24,3
> 75 55 20,4 3 10,7 36 15,0 94 17,5
Total 270 100,0 28 100,0 240 100,0 538 100,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
< 35 35 - 44 45 - 54 55 - 64 65 - 74 > 75
Faixa etária
mero
Não diabético
Diabético tipo I
Diabético Tipo II
Gráfico 5.2: Número da amostra segundo o Tipo de Diabetes Mellitus e faixa etária.
Belém-PA, 2005.
O tipo de diabetes mellitus mais freqüente foi o tipo 2, compreendendo 240
dos indivíduos diabéticos examinados no estudos (89,6%), enquanto somente 28
indivíduos diabéticos eram do tipo 1 (10,4%), totalizando 268 indivíduos diabéticos.
A faixa etária mais expressiva foi a de 55-64 anos (34% dos diabéticos),
seguida da faixa de 65-74 anos (25,7% dos diabéticos).
84
A distribuição da amostra segundo faixa etária e gênero está representada
pela Tabela 5.3, e a distribuição segundo condição de Diabetes Mellitus, tipo de
Diabetes Mellitus e gênero, estão representados pelas Tabelas 5.4 e 5.5 e pelo
Gráfico 5.3.
Tabela 5.3: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus, faixa etária
e gênero. Belém-PA, 2005.
Não Diabético Diabético Total
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Faixa etária
n n n n n n
< 35 0 5 0 6 0 11
35 - 44 2 11 5 13 7 24
45 - 54 14 43 15 30 29 73
55 - 64 25 53 20 71 45 124
65 - 74 28 34 20 49 48 83
> 75 30 25 10 29 40 54
Total 99 171 70 198 169 369
Tabela 5.4: Número e percentual da amostra segundo Tipo de Diabetes Mellitus e
gênero. Belém-PA, 2005.
Tipo de Diabetes Mellitus
Não diabético Diabético tipo I Diabético Tipo II
Total
Gênero
n % n % n % n %
Masculino 99 36,7 11 39,3 59 24,6 169 31,4
Feminino 171 63,3 17 60,7 181 75,4 369 68,6
Total 270 100,0 28 100,0 240 100,0 538 100,0
Tabela 5.5: Número e percentual da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus
e gênero. Belém-PA, 2005.
Não diabético Diabético Total
Gênero
n % n % n %
Masculino 99 36,7 70 26,1 169 31,4
Feminino 171 63,3 198 73,9 369 68,6
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
*p = 0,0110 (teste qui-quadrado)
85
99
70
171
198
0
50
100
150
200
250
Não diabético Diabético
mero
Masculino
Feminino
Gráfico 5.3: Número da amostra segundo condição de Diabetes Mellitus e gênero.
Belém-PA, 2005.
De acordo com o teste estatístico, existe uma predominância do sexo
feminino em relação à prevalência de Diabetes Mellitus.
5.2 Cárie Dentária e Necessidade de Tratamento
A prevalência de cárie tanto no grupo de diabéticos quanto no grupo controle
foi de 100%, ou seja, todos os indivíduos apresentaram ao menos um dente com
evento de cárie. A média dos eventos de cárie na coroa dentária e o Índice de
dentes cariados, perdidos e restaurados / obturados (Índice CPOD) estão expressos
nas Tabelas 5.6 e 5.7 e no Gráfico 5.4.
86
Tabela 5.6: Número médio e percentual de coroas dentárias acometidas pelos
eventos da cárie segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.
Não-diabético Diabético
Eventos de cárie
coronária
n % n %
Valor de
p
Hígido 6,2 19,5 6,0 18,7 0,683
Cariado 2,7 8,6 2,3 7,1 0,189
Restaurado com cárie 0,1 0,4 0,1 0,3 0,945
Restaurado sem cárie 0,3 1,2 0,3 0,8 0,449
Perdido devido à cárie 22,3 69,8 23,0 72,0 0,366
Perdido por outras razões 0,0 0,0 0,1 0,2 0,125
Não erupcionado 0,1 0,3 0,1 0,3 0,562
Trauma 0,1 0,3 0,1 0,4 0,108
Total 32,0 100,0 32,0 100,0 --------------
(teste t-student)
Tabela 5.7: Número médio e percentual dos eventos de cárie coronária e Índice
CPOD segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético
Eventos de cárie
n % n %
Valor de
p
Cariado 2,7 10,6 2,3 8,9 0,189
Restaurado com cárie 0,1 0,4 0,1 0,4 0,945
Restaurado sem cárie 0,3 1,2 0,3 1,2 0,449
Perdido devido à cárie 22,3 87,8 23,0 89,5 0,366
CPOD 25,4 100,0 25,7 100,0 0,829
(teste t-student)
87
0
5
10
15
20
25
30
Não-diabéticos Diabéticos
Índice CPOD
Cariado
Restaurado com cárie
Restaurado sem cárie
Perdido devido a cárie
25,4 25,7
Gráfico 5.4: Número médio dos eventos de cárie e valor do Índice CPOD segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Os valores do Índice CPOD foram de 25,7 para o grupo de diabéticos e de
25,4 para o grupo de não diabéticos, não havendo diferença estatisticamente
significante (p > 0,05). Também não houve diferença em nenhum dos eventos de
cárie (cariado, restaurado com cárie, restaurado sem cárie e perdido devido à carie).
Verifica-se a alta ocorrência do evento “perdido”, compreendendo 89,5% dos
eventos nos diabéticos e 87,8% no grupo controle. Não houve a ocorrência dos
eventos “Selante” e “apoio de ponte ou coroa”.
Os eventos de cárie na superfície radicular estão representados na Tabela 5.8
e no Gráfico 5.5.
88
Tabela 5.8: Número médio e percentual dos eventos de cárie de raiz segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético
Eventos de cárie de raiz
n % n %
Valor de p
Hígido 3,826 . 12,0 3,526 . 11,0 0,425
Cariado 0,674 . 2,1 0,813 . 2,5 0,406
Restaurado com cárie 0,004 . 0,0 0,015 . 0,0 0,255
Restaurado sem cárie 0,122 . 0,4 0,022 . 0,1 0,044
Raiz não exposta 4,796 . 15,0 4,254 . 13,3 0,377
Dente excluído 22,578 . 70,6 23,370 . 73,1 0,500
Total 32,000 . 100,0 8,63 . 100,0 -------------
(teste t-student)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Não Diabético Diabético
Número médio de eventos
gido
Cariado
Restaurado com cárie
Restaurado sem cárie
Gráfico 5.5: Número médio dos eventos de cárie de raiz segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Constatou-se a prevalência de 2,5% de elementos dentários de diabéticos
com cárie de raiz, sendo a prevalência no grupo controle igual a 2,1%, diferença não
significante estatisticamente (p = 0,406). A maior freqüência foi de “dentes excluídos”
(73,1% em diabéticos e 70,6% em não diabéticos), denotando alta perda dentária
dos indivíduos examinados. O único evento em que houve diferença
estatisticamente significante foi o “restaurado sem cárie”, mais freqüente em
89
diabéticos (p = 0,044).
As necessidades de tratamento dentário estão representadas na Tabela 5.9 e
no Gráfico 5.6.
Tabela 5.9: Número médio e percentual de dentes com necessidade de tratamento
segundo tipo de tratamento e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.
Não-diabético Diabético
Necessidade de Tratamento
n % n %
Valor de
p
Nenhum 6,31 19,7 5,87 18,3 0,459
Restauração 1 superfície 1,38 4,3 1,29 4,0 0,716
Restauração +de 1 superfície 1,11 3,5 0,92 2,9 0,306
Coroa dentária 0,06 0,2 0,06 0,2 0,931
Faceta estética 0,02 0,1 0,01 0,0 0,597
Pulpar + restauração 0,03 0,1 0,01 0,0 0,165
Extração 0,64 2,0 0,63 2,0 0,900
Selante 0,03 0,1 0,00 0,0 0,263
Sem Informação 22,42 70,0 23,21 72,6 0,900
Total 32,00 100,0 32,00 100,0 ------------
(teste t-student)
0
5
10
15
20
25
Não Diabético Diabético
Número médio de dentes
Nenhum
Restauração 1 superfície
Restauração +de 1 superfície
Coroa dentária
Faceta estética
Pulpar + restaurão
Extrão
Selante
Sem informão
Gráfico 5.6: Número médio de dentes com necessidade de tratamento segundo tipo
de tratamento e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
90
A necessidade de tratamento dentário mais evidente é a restauração dentária
de uma superfície, com prevalência de 14,7% para os elementos dentários de
diabéticos e de 14,4% do grupo controle, seguida de restauração de duas ou mais
superfícies dentárias e exodontia, procedimentos realizados por qualquer cirurgião-
dentista clínico. Não houve diferença estatisticamente significante entre os tipos de
necessidade de tratamento entre o grupo de diabéticos e o grupo controle.
5.3 Doença Periodontal
A prevalência de Doença Periodontal, segundo o Índice Periodontal
Comunitário (CPI), analisando os sextantes de indivíduos diabéticos e não-
diabéticos e expressando o maior grau de condição da doença periodontal, está
representada na Tabela 5.10 e no Gráfico 5.7 a seguir.
Tabela 5.10: Número e percentual de sextantes segundo o maior grau de condição
periodontal observada e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.
Não Diabético Diabético Total
Condição
Periodontal
n % n % n %
Valor
de p
Hígido 139 8,6 115 7,2 254 7,9 ----------
Sangramento 85 5,2 83 5,2 168 5,2 0.4063
Cálculo 220 13,6 171 10,6 391 12,1 0.3641
Bolsa 4 a 5 mm 45 2,8 62 3,9 107 3,3 0.0146
Bolsa 6 mm 13 0,8 24 1,5 37 1,1 0.0316
Sextante excluído 1118 69,0 1153 71,7 2271 70,4 0.0941
Total 1620 100,0 1608 100,0 3228 100,0 ----------
(teste qui-quadrado)
91
0.0 20.0 40.0 60.0 80.0
Hígido
Sangramento
Cálculo
Bolsa de 4 a 5 mm
Bolsa de 6 mm ou mais
Sextante excluído
Percentual de sextantes
Diabético
Não Diabético
Gráfico 5.7: Percentual de sextantes segundo o maior grau de condição periodontal
observada e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
O elevado número de sextantes excluídos (que não possuíam nem 2 dentes
presentes que pudessem ser examinados) denotam a grande perda dentária e
elevada necessidade de tratamento protético.
Houve somente 7,2% e 8,6% de sextantes hígidos em diabéticos e no grupo
controle, respectivamente. Em relação às condições patológicas do periodonto, de
forma geral, o grupo de diabéticos foi mais comprometido que o grupo controle. As
maiores discrepâncias (diferenças estatisticamente significantes) foram nas
seguintes condições: presença de bolsas periodontais de 4 a 5 mm (p = 0,0146) e de
bolsas periodontais a 6 mm (p=0,0316) nos sextantes. A distribuição de sextantes
hígidos foi comparada com cada outra condição, portanto não havendo valor de p
para “hígidos”.
92
5.4 Uso de Prótese Dentária
O uso de prótese superior e o tipo de prótese dentária usada estão
representados pela Tabela 5.11 e pelo Gráfico 5.8.
Tabela 5.11: Número e percentual do uso de prótese dentária superior segundo tipo
de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não diabético Diabético Total
Uso de prótese
superior
n % n % n %
Não usa 125 46,3 122 45,5 247 45,9
Usa 145 53,7 146 54,5 291 54,1
Parcial removível
23 8,5 21 7,8 44 8,2
Fixa
3 1,1 3 1,1 6 1,1
Prótese total
119 44,1 122 45,5 241 44,8
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
*p = 0,93 (teste qui-quadrado)
125
145
122
146
110
115
120
125
130
135
140
145
150
Não usa Usa
mero
Não diabético
Diabético
Gráfico 5.8: Número do uso de prótese dentária superior segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
93
Constata-se que mais da metade dos indivíduos examinados, tanto no grupo
em estudo como no grupo controle, usam prótese superior (54,5% e 53,7%,
respectivamente), não havendo diferença estatisticamente significante entre os dois
grupos (p = 0,93). O tipo de prótese mais utilizada foi a Prótese Total, com 45,5% de
uso para diabéticos e 44,1% para os não-diabéticos.
O uso de prótese inferior e o tipo de prótese dentária usada estão
representados abaixo.
Tabela 5.12: Número e percentual do uso de Prótese Dentária Inferior segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético Total
Uso de Prótese
Inferior
n % n % n %
Não usa 217 80,4 217 81,0 434 80,7
Usa 53 19,6 51 19,0 104 19,3
Parcial removível
14 5,2 7 2,6 21 3,9
Fixa
3 1,1 2 0,7 5 0,9
Prótese total
36 13,3 42 15,7 78 14,5
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
*p = 0,95 (teste qui-quadrado)
217
53
217
51
0
50
100
150
200
250
Não usa Usa
mero
Não diabético
Diabético
Gráfico 5.9: Número do uso de prótese dentária inferior segundo condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
94
Verifica-se a elevada falta de uso de prótese dentária inferior tanto no grupo
de diabéticos (81%) quanto no grupo controle (80,4%). Não houve diferença
estatisticamente significante entre os dois grupos nesta variável (p = 0,95). O tipo de
prótese dentária inferior mais usada foi a prótese total, com a freqüência de 15,7%
para o grupo de estudo e 13,3 para o grupo controle.
5.5 Necessidade de Prótese Dentária
A necessidade de prótese superior e o tipo de prótese dentária necessária
para a reabilitação dos examinados estão representados pela Tabela 5.13 e pelo
Gráfico 5.10.
Tabela 5.13: Número e percentual da necessidade de prótese dentária superior
segundo tipo de prótese e condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA,
2005.
Não-diabético Diabético Total
Necessidade de
prótese superior
n % n % n %
Não necessita 153 56,7 146 54,5 299 55,6
Necessita 117 43,3 122 45,5 239 44,4
Prótese 1 elemento
6 2,2 3 1,1 9 1,7
Mais de 1 elemento
14 5,2 14 5,2 28 5,2
Combinação de prótese
55 20,4 63 23,5 118 21,9
Prótese total
42 15,6 42 15,7 84 15,6
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
*p = 0,67 (teste qui-quadrado)
95
153
117
146
122
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Não necessita Necessita
Número
Não diabético
Diabético
Gráfico 5.10: Número da necessidade de prótese dentária superior segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Observa-se que há necessidade de reabilitação protética no arco superior em
45,5% dos diabéticos examinados e numa freqüência menor em indivíduos não-
diabéticos (43,3%). Esta diferença não é estatisticamente significante (p = 0,67).
O tipo de prótese que o grupo de estudo mais necessitava seria na verdade
uma combinação de próteses fixas e removíveis (23,5%) seguida da necessidade de
prótese total (15,7%), freqüência semelhante no grupo controle, onde 20,4%
necessitavam de combinação de próteses e 15,6% necessitavam de prótese total
para reabilitação do arco superior.
A necessidade de prótese inferior e o tipo de prótese dentária necessária para
a reabilitação dos indivíduos examinados estão representados pela Tabela 5.14 e
pelo Gráfico 5.11.
96
Tabela 5.14: Número e percentual da necessidade de Prótese Dentária Inferior
segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético Total
Necessidade de
prótese inferior
n % n % n %
Não necessita 62 23,0 57 21,3 119 22,1
Necessita 208 77,0 211 78,7 419 77,9
Prótese 1 elemento
3 1,1 3 1,1 6 1,1
Mais de 1 elemento
10 3,7 16 6,0 26 4,8
Combinação de prótese
157 58,1 141 52,6 298 55,4
Prótese total
38 14,1 51 19,0 89 16,5
Total 270 100,0 268 100,0 538 100,0
*p = 0,71 (teste qui-quadrado)
62
208
57
211
0
50
100
150
200
250
Não necessita Necessita
mero
Não diabético
Diabético
Gráfico 5.11: Número da necessidade de prótese dentária inferior segundo condição
de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Há necessidade de reabilitação protética no arco inferior em 78,7% dos
diabéticos e em 77% dos indivíduos não-diabéticos. Esta elevada necessidade de
reabilitação do arco inferior não apresentou diferença estatisticamente significante
entre os grupos estudados (p = 0,71).
Uma combinação de próteses é a maior necessidade de reabilitação do arco
inferior entre diabéticos (52,6%) e entre o grupo controle (58,1%), seguido de
97
necessidade de prótese total em 19% dos indivíduos diabéticos e 14,1% dos
indivíduos não-diabéticos.
5.6 Mucosa Bucal
O acometimento de condições patológicas na mucosa bucal de diabéticos e
não-diabéticos examinados no estudo, bem como sua localização, estão
representados na Tabelas 5.15 e 5.16 e nos Gráficos 5.12 e 5.13.
Tabela 5.15: Número e percentual de lesões na mucosa bucal e condição de
Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético Total
Tipo de Lesão
n % n % n %
Leucoplasia 7 7,9 8 10,5 15 9,1
Úlcera 16 18,0 13 17,1 29 17,6
Candidíase 6 6,7 2 2,6 8 4,8
Abscesso 5 5,6 7 9,2 12 7,3
Outras condições 55 61,8 46 60,6 101 61,2
Total 89 100,0 76 100,0 165 100,0
*p = 0,62 (teste qui-quadrado)
0 102030405060
Leucoplasia
Úlcera
Candidiase
Abscesso
Outras condições
Número de lees
Diabético
Não Diabético
Gráfico 5.12: Número de lesões da mucosa bucal segundo condição de Diabetes
Mellitus. Belém-PA, 2005.
98
Tabela 5.16: Número e percentual das localizações das lesões na mucosa bucal
segundo condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Não-diabético Diabético Total
Localização da Lesão
n % n % n %
Comissuras 3 3,4 3 3,9 6 3,6
Lábios 3 3,4 1 1,3 4 2,4
Sulcos 5 5,6 7 9,2 12 7,3
Mucosa oral 16 18,0 14 18,4 30 18,2
Assoalho da boca 0 0,0 2 2,6 2 1,2
Língua 11 12,4 2 2,6 13 7,9
Palato duro e/ou mole 38 42,6 31 40,8 69 41,8
Crista alveolar/gengiva 13 14,6 16 21,2 29 17,6
Total 89 100,0 76 100,0 165 100,0
0 10203040
Comissuras
Lábios
Sulcos
Mucosa oral
Assoalho da boca
Lingua
Palato duro e/ ou mole
Crista alveolar/gengiva
Número de localizações
Diabético
Não Diabético
Gráfico 5.13: Número de localizações e de lesões na mucosa bucal segundo
condição de Diabetes Mellitus. Belém-PA, 2005.
Segundo os critérios adotados no estudo, não houve nenhum código
específico para a maioria das condições patológicas da mucosa bucal. Por isso, a
freqüência foi maior para o critério “outras condições”. Entre as condições já
especificadas através da codificação adotada, as mais prevalentes foram as úlceras,
99
afetando 17,1% dos indivíduos diabéticos e 18% dos indivíduos não-diabéticos,
seguidas da Leucoplasias que tiveram uma prevalência de 10,5% e 7,9% em
diabéticos e no grupo controle, respectivamente. Entre as lesões que são
apresentadas no item “outras condições”, a maioria absoluta tanto em diabéticos
quanto em não-diabéticos foram relacionadas ao uso de prótese dentária, como
estomatites e lesões hiperplásicas. Também houve ocorrência de mucoceles,
queilites angulares, herpes, candidíase e outras condições menos expressivas. Não
houve diferença estatisticamente significante entre o grupo de diabéticos e o grupo
controle (p = 0,62).
A localização mais freqüente das lesões bucais foi no palato, seguida da
crista alveolar, corroborando com as lesões mais freqüentes (estomatite e
hiperplasias) relacionadas com o uso de prótese, principalmente no arco superior.
6 DISCUSSÃO
101
O estudo analisa as condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados
pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) no Programa Saúde da Família (PSF) em
Belém do Pará, comparado com a situação de saúde bucal a indivíduos não-
diabéticos. Para tanto, a amostragem dos indivíduos diabéticos foi realizada
proporcionalmente por Distrito Administrativo, de acordo com a quantidade de
diabéticos cadastrados e acompanhados pelas ESF de cada Distrito, procurando
examinar indivíduos residentes em todos os Distritos Administrativos onde possuem
ESF.
No processo de seleção da amostra, ressalta-se a participação dos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS), devido suas participações tanto na seleção da
amostra quanto nas visitas domiciliares para a realização dos exames do estudo.
A seleção dos indivíduos diabéticos foi realizada por micro-áreas de ACS e a
seleção dos não-diabéticos foi feita na mesma micro-área correspondente à cada
indivíduo diabético. Tentou-se, com isso, diminuir as variações das condições de
saúde bucal que indivíduos residentes em outras regiões poderiam ter devido ao
acesso a serviços de saúde e às condições sociais, econômicas, culturais,
ambientais.
6.1 Amostra
A amostra de diabéticos selecionados apresentou maior freqüência do tipo 2
da doença (89,6%), como observada na Tabela 5.2. Este resultado é semelhante
aos descritos na literatura (SONIS; FAZIO; FANG, 1996; AMOS; MCCARTY;
102
ZIMMET, 1997; KING; AUBERT; HERMAN, 1998; KITABCHI et al., 2001;
MATTSON; CERUTIS, 2001).
Como não havia dados no SIAB sobre a freqüência do tipo de DM, visto que
expressavam somente o quantitativo de diabéticos cadastrados e acompanhados, a
amostra é representativa para o universo dos diabéticos acompanhados pelas ESF
do PSF no município de Belém, podendo estimar que a prevalência do DM tipo 2
seja semelhante à deste estudo.
A característica do tipo 2 da doença é evidente pela distribuição por faixa
etária, pois 59,7% dos diabéticos estavam compreendidos entre as idades de 55-74
anos, sabendo-se que este tipo de DM sofre influência da idade (KING; AUBERT;
HERMAN, 1998). Houve uma maior predominância do gênero feminino (73,9%) nos
indivíduos diabéticos, estatisticamente comprovada. De acordo com esses dados, as
ações de prevenção do DM, de rastreamento de casos e controle das seqüelas da
doença, devem destinar atenção especial aos grupos mais prevalentes: indivíduos
idosos e do gênero feminino (BARCELÓ; RAJPATHAK, 2001).
Nota-se que os diabéticos selecionados neste estudo são acompanhados, ou
seja, estão sendo controlados pelas ESF do PSF de Belém através de
medicamentos e outros cuidados de saúde, já tendo o diagnóstico da doença bem
estabelecido. Entretanto, não se pode definitivamente afirmar que os indivíduos do
grupo controle não sejam diabéticos, mesmo através dos relatos negativos de DM e
ausência de sintomas característicos da doença, pois não foram realizados exames
laboratoriais para confirmar o diagnóstico negativo, constituindo-se em uma das
limitações do estudo.
103
5.2 Cárie Dentária e Necessidade de Tratamento
A prevalência de cárie dentária, tanto em indivíduos diabéticos quanto nos
não-diabéticos, é de 100%. A gravidade da doença, expressa pelo CPOD, foi
elevada nos dois grupos e com insignificante diferença si, com grande influência dos
elementos dentários perdidos. Estes dados são semelhantes aos encontrados por
alguns autores, como Tenovuo et al. (1986) Bacic et al. (1989), Pohjamo et al.
(1991), Collin et al. (1998), Zielinski et al. (2002) e Arrieta-Blanco et al. (2003),
entretanto outros autores também verificaram que não houve diferença significante
entre diabéticos e controles, mas houve a constatação de maior prevalência de cárie
em não-diabéticos (MATSSON; KOCH, 1975; ALBRECHT; BÁNÓCZY; TAMÁS JR,
1988).
Esta semelhança na prevalência e insignificante diferença na gravidade da
cárie dentária entre os grupos podem ser devido ao controle que indivíduos
diabéticos acompanhados pelas ESF realizam com o uso da insulina,
hipoglicemiantes orais e / ou controle da dieta, normalizando a taxa de glicemia
(BACIC et al., 1989). Assim, os indivíduos que controlam os níveis glicêmicos têm
menor risco de cárie (REES, 1994). Alguns autores relacionam a dieta com reduzido
consumo de sacarose exercida pelos diabéticos com a redução do acometimento da
cárie (TAVARES et al., 1991; TWETMAN et al., 2002).
A prevalência de elementos dentários com cárie de raiz foi baixa em ambos
os grupos, havendo diferença significante somente em relação às raízes restauradas
sem cárie, semelhante a outros estudos (NARHI et al., 1996; COLLIN et al., 1998).
Esta baixa prevalência é devido à grande quantidade de dentes perdidos e,
104
conseqüentemente, menor quantidade de raízes expostas (BRASIL, 2004).
Como no estudo de Zielinski et al. (2002), a necessidade de tratamento
dentário entre portadores de DM foi similar aos de não diabéticos, não havendo
diferença estatisticamente significante entre os grupos. Devido à maioria absoluta
dos procedimentos a serem realizados (restaurações dentárias e exodontias) são
compatíveis com a prática clínica diária de um cirurgião-dentista, nota-se que o
tratamento odontológico tanto dos indivíduos diabéticos quanto dos indivíduos não
diabéticos acompanhados pelas ESF do PSF de Belém podem resolver suas
necessidades de tratamento na rede de atenção básica. Para tanto, basta que haja o
acesso aos serviços de saúde bucal que o município possui pelo Sistema Único de
Saúde seja de forma ampla, organizada e de qualidade, promovendo saúde bucal
destes indivíduos.
5.3 Doença Periodontal
A prevalência de doença periodontal foi maior em indivíduos diabéticos que
no grupo controle, havendo diferença significante. Prevalência maior de doença
periodontal em diabéticos é também verificada em muitos autores (BACIC;
PLANCAK; GRANIC, 1988; OLIVER; TERVONEN, 1993; KAWAMURA et al., 1997;
COLLIN et al., 1998; TORREALBA et al., 1999; SANDBERG et al., 2000;
KARIKOSKI; ILANNE-PARIKKA, MURTOMAA, 2001; KARIKOSKI; MURTOMAA;
ILANNE-PARIKKA, 2002; CAMPUS et al., 2005). Entretanto, outros autores não
corroboram essa associação da doença periodontal com o DM (ZIELINSKI et al.,
105
2002).
O número de sextantes excluídos foi alto devido às perdas dentárias. Já entre
as condições periodontais observadas, a mais prevalente foi o cálculo nas
superfícies dentárias tanto em diabéticos (10,6%) quanto no grupo controle (13,6%),
observado também por Karikoski, Murtomaa e Ilanne-Parikka (2002).
Não houve diferença estatisticamente significante nesta condição
isoladamente. Entretanto, nas duas condições de bolsa periodontal (4-5 mm e 6
mm), a prevalência maior em diabéticos foi estatisticamente significante. Mesmo
com a alta proporção de sextantes excluídos por causa das perdas dentárias (sete
em cada dez sextantes estavam excluídos em ambos os grupos) nota-se que há
diferença na ocorrência de bolsa periodontal, maior em indivíduos diabéticos. Este
achado é semelhante a outros estudos (BACIC; PLANCAK; GRANIC, 1988;
OLIVER; TERVONEN, 1993; KARIKOSKI; ILANNE-PARIKKA; MURTOMAA, 2001),
entretanto Sandberg et al. (2000) não verificaram diferença entre diabéticos e
controle na variável bolsa periodontal 6 mm.
Nota-se que a maior parte da necessidade de tratamento periodontal é
principalmente de procedimentos não complexos (orientação quanto à higiene bucal
e remoção de cálculos) e, à semelhança da cárie dentária, podem ser executadas na
atenção básica por cirurgiões-dentistas clínicos nas unidades municipais de saúde
através da organização da demanda de forma ampla e de qualidade,
proporcionando condições para que os indivíduos possam ter saúde periodontal.
106
5.4 Uso de Prótese Dentária
Observou-se tanto em indivíduos diabéticos quanto nos controles que mais da
metade dos examinados usava prótese dentária na arcada superior e que
aproximadamente 20% usavam prótese dentária inferior. O tipo de prótese usada
pela grande maioria foi a prótese total, tanto no arco superior quanto no arco inferior.
Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos.
Como nos dados encontrados no levantamento epidemiológico nacional de
saúde bucal realizado no Brasil entre 2002 e 2003 (BRASIL, 2004), o uso de prótese
dentária foi elevado devido à alta concentração de elementos dentários perdidos,
evidente principalmente nos indivíduos mais idosos.
5.5 Necessidade de Prótese Dentária
A necessidade de prótese dentária entre os indivíduos examinados no estudo
foi elevada tanto em indivíduos diabéticos quanto em não diabéticos examinados.
Cerca de metade da amostra necessitava de prótese dentária para a arcada superior
e quase 80% necessitavam de prótese dentária inferior. O principal tipo de prótese
necessitada era uma combinação de prótese fixa e removível, devido aos extensos
espaços protéticos criados pelas remoções dos elementos dentários. O segundo tipo
de prótese que mais se necessitava era a prótese total. Não houve diferença
estatisticamente significante entre o grupo de diabéticos e o controle.
107
Como também foi visto no levantamento epidemiológico nacional de saúde
bucal no Brasil (BRASIL, 2004), houve uma grande necessidade de uso de prótese
dentária, devido às extrações dentárias que foram executadas nos indivíduos, sem
que, entretanto, pudessem repor estes dentes removidos, acumulando a
necessidade de reabilitação protética.
5.6 Mucosa Bucal
Entre as condições patológicas da mucosa bucal que foram observadas, as
lesões mais prevalentes foram associadas ao uso de prótese dentária inadequada,
como estomatites e lesões hiperplásicas, tanto em diabéticos quanto em indivíduos
não diabéticos, principalmente pela prótese superior, denotando então uma maior
freqüência destas lesões no palato, observações semelhantes ao estudo de Quirino,
Birman e Paula (1995).
As úlceras estavam afetando 17,1% dos indivíduos diabéticos e 18% dos
indivíduos não-diabéticos, principalmente as aftas recorrentes e aquelas associadas
com injúrias protéticas. Já as lesões suspeitas de serem leucoplasias tiveram uma
prevalência de 10,5% e 7,9% em diabéticos e no grupo controle, respectivamente.
As freqüências de leucoplasias observadas em diabéticos por outros estudos foram
de aproximadamente 6% (ALBRECHT et al., 1992; UJPÁL et al., 2004). Não se pode
afirmar que as lesões observadas neste estudo foram realmente leucoplasias, pois
necessitavam de exames complementares para o diagnóstico. Todas os indivíduos
examinados que possuíam lesões suspeitas e / ou que havia necessidade de
108
diagnóstico definitivo da lesão foram encaminhados para o Serviço de Patologia
Bucal do Hospital Universitário “João de Barros Barreto” da Universidade Federal do
Pará.
Também houve ocorrência de mucoceles, queilites angulares, herpes,
candidíase e outras condições menos expressivas. Não houve diferença
estatisticamente significante entre o grupo de diabéticos e o grupo controle.
Este estudo teve o objetivo de analisar as condições de saúde bucal de
indivíduos acompanhados pelas ESF do PSF em Belém-Pará segundo a condição
de ser diabético ou não acometido pelo DM. Entretanto recomendam-se outros
estudos de análise das condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados por
equipes de saúde na atenção básica no Brasil que compreenda outras variáveis,
entre as quais: gênero, faixa etária, tipo de DM, nível de glicemia, duração da
doença, presença de complicações sistêmicas, grau de instrução, nível sócio-
econômico, comportamentos sobre saúde bucal e presença de fatores de risco de
doenças bucais (como por exemplo, a análise da placa dental e da saliva), entre
outras variáveis.
É necessário que haja uma maior atenção em saúde bucal a indivíduos
diabéticos no Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito da Atenção Básica através
de cuidados primários de saúde por ações educativas, preventivas e curativas. E
através do Programa Saúde da Família (estratégia atual de atenção básica do SUS)
haja melhora do acesso aos serviços de saúde bucal na esfera municipal, através de
Equipes de Saúde Bucal implantadas no PSF, favorecendo a ampliação ações
resolutivas e de excelência que promovam o acompanhamento de indivíduos
diabéticos e favoreçam condições para promoção de saúde e da qualidade de vida
destes indivíduos.
7 CONCLUSÕES
110
Após análise dos dados, os resultados mostram que não houve diferença
significante na prevalência e na gravidade da cárie dentária, tanto em indivíduos
diabéticos quanto em não diabéticos. A condição dental mais freqüente foi a perda
dentária em ambos os grupos..
As maiores necessidades de tratamento dentário foram de restaurações
dentárias de uma superfície, seguida de restaurações de duas ou mais superfícies e
de extrações dentárias em ambos os grupos.
A presença de cálculo foi a condição periodontal mais prevalente tanto em
diabéticos quanto em não diabéticos, enquanto que a bolsa periodontal foi mais
evidente em diabéticos.
Não houve diferença significante tanto no uso de prótese dentária superior e
inferior quanto na necessidade de prótese superior e inferior de ambos os grupo
estudados.
O uso de prótese dentária inadequada foi o responsável pela presença de
lesões de mucosa no palato e no rebordo gengival em ambos os grupos estudados.
E as estomatites, as úlceras e as lesões hiperplásicas foram as patologias
mais prevalentes no grupo estudado e no grupo controle.
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De acordo com Estilo Vancouver do International Committee of Medical Journal Editors.
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95-8.
APÊNDICES
127
Apêndice 1: Carta direcionada aos sujeitos da amostra.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
Prezado(a) Senhor(a),
Pedimos o favor de dedicar alguns minutos do seu tempo para ler ente
comunicado.
O curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará – UFPA, através do
Curso de Mestrado, convida você a participar, como voluntário(a), da pesquisa
Condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo Programa Saúde
da Família em Belém do Pará”. Após os esclarecimentos que seguem, no caso de
aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento. Em caso de recusa
você não será penalizado (a) de forma alguma.
Condições de saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo Programa Saúde
da Família em Belém do Pará.
1 – Pesquisador Responsável: C. D. Helder Henrique Costa Pinheiro.
2 – Instituição / Departamento: Universidade Federal do Pará
3 – Telefone para contato: (91) 8146-8846
4 – Local da coleta de dados: O próprio domicílio do selecionado para o estudo.
5 – Sujeitos da Pesquisa: Indivíduos diabéticos e não acometidos pelo diabetes
que são cadastrados e acompanhados pelo Programa Saúde da Família em Belém
do Pará.
6 – Objetivo do Estudo: Esta pesquisa tem o objetivo de verificar a ocorrência de
doenças bucais, como a cárie dentária e as doenças da gengiva, em indivíduos
diabéticos acompanhados pelo Programa Saúde da Família e comparar estes
resultados com indivíduos não-diabéticos também acompanhados pelo Programa.
128
7 – Procedimentos: Nessa investigação científica, serão examinados os dentes e
as gengivas de indivíduos diabéticos e não-diabéticos da população do município
escolhidos por sorteio.
8 – Benefícios: Este estudo trará maior conhecimento sobre a distribuição das
doenças bucais em indivíduos diabéticos e não-diabéticos no município de Belém –
Pará, sem benefício direto para você. Entretanto, você estará contribuindo para a
produção de dados que servirão de subsídios para a Secretaria Municipal de Saúde
para o planejamento de ações de saúde bucal para indivíduos diabéticos e não
diabéticos do município.
9 – Riscos: O exame é uma observação da boca com toda técnica, segurança e
higiene, conforme normas da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da
Saúde. Não representa riscos nem desconforto para quem será examinado.
10 – Sigilo: Os dados individuais não serão divulgados em nenhuma hipótese, mas
os resultados da pesquisa ajudarão muito a prevenir doenças bucais e melhorar a
saúde de todos, principalmente as pessoas diabéticas.
Belém, _____ de ____________________ de 2005.
______________________________________
Helder Henrique Costa Pinheiro
Pesquisador Responsável
129
Apêndice 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO
Eu, ____________________________________________, RG: __________,
abaixo-assinado, concordo em participar como sujeito da pesquisa “Condições de
saúde bucal de diabéticos acompanhados pelo Programa Saúde da Família em
Belém do Pará”. Fui devidamente informado e esclarecido pelo Pesquisador Helder
Henrique Costa Pinheiro sobre as características da pesquisa, os procedimentos
envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha
participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer
momento, sem que isso leve a qualquer penalidade.
Por estar de acordo, assino o presente termo.
Belém, _____ de ____________________ de 2005.
___________________________________________
Assinatura
130
Apêndice 3: Ficha de Exame Epidemiológico.
Ficha de Exame
Condições de saúde bucal de diabéticos
acompanhados pelo Programa Saúde da
Família em Belém do Pará
INFORMAÇÕES GERAIS
N.° de Identificação
Sexo
Diabetes
Grupo Étnico
Idade em anos
Realização do exame
EDENTULISMO
Uso de Prótese Necessidade
de Prótese
Sup. Inf. Sup. Inf.
DOENÇA PERIODONTAL - CPI
17/16
47/46
26/ 27
36/ 37
11
31
RIE DENTÁRIA E NECESSIDADE DE TRATAMENTO
T
R
C
T
R
C
18 17 16 15 14 13 12 11
48 47 46 45 44 43 42 41
21 22 23 24 25 26 27 28
31 32 33 34 35 36 37 38
MUCOSA BUCAL
Condição Localização
ANEXO
132
Anexo 1: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa.
Livros Grátis
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