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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
ESTUDO DO EFEITO ANTIDEPRESSIVO DA MEMANTINA:
MECANISMO DE AÇÃO E VIAS DE SINALIZAÇÃO
Rúbia Chassot de Almeida
Florianópolis, 2005.
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ESTUDO DO EFEITO ANTIDEPRESSIVO DA MEMANTINA:
MECANISMO DE AÇÃO E VIAS DE SINALIZAÇÃO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Santa
Catarina como parte dos requisitos
para obtenção do grau de Mestre em
Neurociências.
Orientador: Profº Dr. Nelson Horácio Gabilan
Co-orientador: Profª. Dra. Ana Lúcia S. Rodrigues
Florianópolis, setembro de 2005.
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AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me dado esta vida maravilhosa...
Ao Fábio, meu esposo e meu grande amor, obrigada pela paciência, pelo
apoio, palavras de encorajamento e pela companhia, amo você.
Um agradecimento mais que especial aos meus pais por todo amor e
carinho dispensados a mim, pelo incentivo, pela compreensão, e por terem
me proporcionado desde a infância a oportunidade de estudar. Obrigada por
tudo.
Ao único e querido irmão, Ricardo, por ser tão especial, tão amigo e amável,
guardo você no meu coração.
Ao meu orientador, mestre e amigo Nelson, agradeço pela oportunidade de
trabalhar em seu laboratório, por todos os conhecimentos transmitidos e
pela amizade. Você é um exemplo de profissional.
À professora Ana Lúcia, muito obrigada pelos ensinamentos e pelo auxílio
na realização deste trabalho. Você me ajudou bastante.
Ao Nivaldo da Pós-Graduação, muito obrigada por todas as vezes que me
ajudou.
A todos os professores da Pós-Graduação em Neurociências pelo
conhecimento transmitido.
A todos os colegas do Mestrado e do laboratório, que direta ou
indiretamente estiveram presentes neste período, a ajuda de vocês foi
imprescindível.
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas ................................................................................................. iii
Lista de Figuras..........................................................................................................iv
Resumo........................................................................................................................v
Abstract
............................................................................................................................
vi
1. Introdução............................................................................................................... 1
1.1 Depressão.......................................................................................................... 1
1.2 Tratamento da depressão................................................................................... 4
1.2.1 Terapia eletroconvulsiva.............................................................................. 4
1.2.2 Fármacos antidepressivos ........................................................................... 5
1.3 Depressão e o receptor NMDA........................................................................... 9
1.4 Vias de sinalização envolvidas na ação de antidepressivos ..............................11
1.5 Memantina e suas ações farmacológicas ..........................................................14
1.6 Modelos animais de depressão .........................................................................17
2. Justificativa ...........................................................................................................19
3. Objetivos................................................................................................................20
3.1 Objetivo geral ....................................................................................................20
3.2 Objetivos específicos.........................................................................................20
4. Materiais e Métodos..............................................................................................21
4.1 Animais .............................................................................................................21
4.2 Drogas e reagentes ...........................................................................................21
4.3 Tratamentos ......................................................................................................22
4.4 Testes comportamentais ...................................................................................22
4.4.1. Teste do nado forçado (TNF).....................................................................22
4.4.2. Teste do campo aberto (TCA)....................................................................23
4.5 Protocolos Experimentais..................................................................................24
4.5.1 Curva dose-resposta do tratamento com memantina no TNF e no TCA .....24
4.5.2 Análise do mecanismo de ação antidepressiva aguda da memantina
através de estudos farmacológicos in vivo...........................................................24
4.5.2.1 Envolvimento da via L-arginina-óxido nítrico-GMPc ........................24
4.5.2.2 Envolvimento do sistema serotonérgico..........................................25
ii
4.5.3 Vias de sinalização intracelular envolvidas no efeito antidepressivo agudo
da memantina......................................................................................................26
4.6
Análise Estatística
................................................................................................. 27
5. Resultados.............................................................................................................28
5.1. Efeito antidepressivo agudo da memantina em camundongos .........................28
5.1.1 Efeito da administração aguda da memantina no TNF ...............................28
5.1.2 Efeito da administração aguda da memantina no TCA ...............................28
5.2. Estudo do mecanismo de ação antidepressiva aguda da memantina............... 31
5.2.1. Envolvimento da via L-arginina-óxido nítrico ............................ .................31
5.2.2. Envolvimento do sistema serotonérgico ................................... .................37
5.3 Estudo das vias de sinalização intracelular ........................................................41
5.3.1 Envolvimento da proteína quinase A (PKA)............................................. ....41
5.3.2 Envolvimento da via MAPK/ERK..................................................................43
5.3.3 Envolvimento da Calmodulina quinase II (CaMKII)......................................45
5.3.4 Envolvimento da proteína quinase C (PKC).................................................47
6. Discussão ........................................................................................................... ....51
7. Conclusões .............................................................................................................60
8. Referências Bibliográficas ................................................................................ ....61
iii
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPc – Adenosina monofosfato cíclica
ANOVA – Análise de Variância
BDNF – Fator neurotrófico derivado do cérebro
CaMKII – Ca
2+
/ Calmodulina quinase II
CEUA – Comissão de Ética no Uso de Animais
CREB – Proteína ligante ao elemento responsivo ao AMPc
DAG - Diacilglicerol
GDNF – Fator neurotrófico derivado da glia
DMSO – Dimetil sulfóxido
DSM – IV – Manual Estatístico e Diagnóstico de Doenças Mentais, 4ª edição.
ECT – Terapia eletroconvulsiva
E.P.M. – Erro padrão da média
ERK – Quinase regulada por sinal extracelular
GMPc – Guanosina 3’,5’monofosfato cíclica
H-89 - (N-[2-(p-bromocinnamylamino) ethyl]-5-isoquinolinesulfonamide)
iMAO – Inibidores da monoamino oxidase
i.c.v. – Intracerebroventricular
i.p. – Intraperitoneal
KN-62 - (4-[2-[(5-isoquinolinyl-sulfonyl)metilamina]-3-oxo-3-(4-fenil-1piperazinyl)
propyl] fenil éster)
L-NNA – N
G
-nitro-L-arginina
MAO – Enzima monoamino oxidase
MAPK – Proteína quinase ativada por mitógeno
mg – miligrama
µg - micrograma
NMDA – N-metil-D-aspartato
ng - nanograma
NO – Óxido nítrico
NOS – Enzima óxido nítrico sintase
ODQ – (1H-[1,2,4]oxadiazole[4,3-a]quinoxalin-1-one)
OMS – Organização Mundial da Saúde
PDE5 – Fosfodiesterase 5
PKA – Proteína quinase A
PKC – Proteína quinase C
PMA – Éster de forbol
pmol – picomol
PS - Fosfatidilserina
SNAP – S-nitroso-N-acetilpenicilamina
SNC – Sistema nervoso central
SSRIs – Inibidores seletivos da recaptação de serotonina
TCA – Teste do campo aberto
TNF – Teste do nado forçado
trkB – Receptor de tirosina quinase B
TSC – Teste da suspensão da cauda
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
USA – Estados Unidos
5-HT
1A
5-HT
2A/2C
– Subtipos de receptores serotoninérgicos
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Via óxido nítrico-GMPc ............................................................................. 7
Figura 02 – Vias de sinalização celular e antidepressivos ..........................................14
Figura 03 – Estrutura química da memantina .............................................................15
Figura 04 – Efeito do tratamento agudo com memantina (i.p.) no TNF.......................29
Figura 05 – Efeito do tratamento agudo com memantina (i.p.) no TCA.......................30
Figura 06 - Efeito do pré-tratamento dos animais com L-arginina, D-arginina ou
com SNAP sobre a redução da imobilidade causada pela memantinano TNF ............32
Figura 07 Efeito do pré-tratamento dos animais com L-NNA ou ODQ na
potencialização do efeito antidepressivo da memantina no TNF .................................34
Figura 08 – Efeito do pré-tratamento dos animais com sildenafil sobre a redução
da imobilidade causada pela memantina no TNF........................................................36
Figura 09 – Efeito do pré-tratamento dos animais com NAN-190 sobre a redução
de imobilidade causada pela memantina no TNF........................................................38
Figura 10 Efeito do pré-tratamento dos camundongos com ciproheptadina e
cetanserina sobre a redução da imobilidade causada pela memantina no TNF ..........40
Figura 11 – Efeito do pré-tratamento dos animais com H-89 sobre a
redução da imobilidade causada pela memantina no TNF ..........................................42
Figura 12 – Efeito do pré-tratamento dos animais com PD098059 sobre a redução
da imobilidade causada pela memantina no TNF........................................................44
Figura 13 – Efeito do pré-tratamento dos animais com KN-62 sobre a redução
da imobilidade causada pela memantina no TNF........................................................46
Figura 14 – Efeito do pré-tratamento dos animais com queleritrina sobre a redução
da imobilidade causada pela memantina no TNF........................................................48
Figura 15 – Efeito da administração de PMA no TNF e do pré-tratamentodos animais
com PMA na potencialização do efeito antidepressivo da memantina no TNF............50
v
RESUMO
A memantina é um antagonista não-competitivo e de afinidade moderada
pelo receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). O uso clínico tem demonstrado que a
memantina é bem tolerada, e ela é utilizada nos EUA e na Europa para o tratamento
da doença de Alzheimer, fase moderada a severa. Este trabalho investigou o efeito
antidepressivo agudo da memantina em camundongos no teste do nado forçado
(TNF), o envolvimento da via L-arginina-óxido nítrico- guanosina 3’,5’-monofosfato
cíclica (L-arginina-NO-GMPc), dos receptores serotonérgicos e algumas das vias de
sinalização intracelular envolvidas na ação antidepressiva aguda da memantina. No
presente estudo, o tratamento de camundongos com memantina produziu efeito
antidepressivo no TNF nas doses de 3 e 10 mg/kg, i.p. Entretanto, na dose de 10
mg/kg, i.p., produziu uma diminuição na atividade locomotora no teste do campo
aberto (TCA). O efeito antidepressivo da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF foi
bloqueado pelo pré-tratamento dos camundongos com L-arginina (750 mg/kg, i.p.,
um precursor de NO) ou SNAP (25 µg/sítio, i.c.v., um doador de NO), mas não com
D-arginina (750 mg/kg, i.p., um isômero inativo da L-arginina). Os resultados também
mostram que o pré-tratamento dos animais com L-NNA (0,03 e 0,3 mg/kg, i.p., um
inibidor da enzima óxido nítrico sintase) ou com ODQ (30 pmol/sítio, i.c.v., um
inibidor da guanilato ciclase solúvel) potencializou o efeito da dose sub-ativa de
memantina (0,3 mg/kg, i.p.) no TNF. Além disso, a redução do tempo de imobilidade
provocada pela memantina (3 mg/kg, i.p.) foi prevenida pelo pré-tratamento com
sildenafil (5 mg/kg, i,p., um inibidor da enzima fosfodiesterase 5). O pré-tratamento
dos animais com NAN-190 (0,5 mg/kg, i.p., um antagonista de receptores 5-HT
1A
),
ciproheptadina (3 mg/kg, i.p., um antagonista de receptores 5-HT
2
) ou cetanserina (5
mg/kg, i.p., um antagonista de receptores 5-HT
2A/2C
) também preveniu o efeito
antidepressivo da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. O efeito anti-imobilidade da
memantina (3 mg/kg, i.p.) foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais com H-89 (1
µg/sítio, i.c.v., um inibidor da PKA), PD98059 (5 µg/sítio, i.c.v., um inibidor da
MAPK/ERK), KN-62 (1 µg/sítio, i.c.v., um inibidor da CaMKII), mas não com
queleritrina (1 µg/sítio, i.c.v., um inibidor da PKC). Além disso, o pré-tratamento dos
animais com PMA (30 ng/sítio, i.c.v., um ativador de PKC) não causou efeito
sinérgico com dose sub-ativa de memantina (0,3 mg/kg, i.p.) no TNF. Em conjunto,
os resultados sugerem que o efeito antidepressivo da memantina em camundongos
envolve uma interação com a via L-arginina-NO-GMPc, sistema serotonérgico, e vias
de sinalização intracelular moduladas por PKA, MAPK/ERK e CaMKII.
vi
ABSTRACT
Memantine is a noncompetitive, moderate affinity antagonist of the N-methyl-
D-aspartate (NMDA) receptor. Clinical use has demonstrated that memantine is well
tolerated and it is used both Europe and USA for the treatment of moderate to severe
dementia of the Alzheimer’s type. This study investigated the acute antidepressant-
like effect of memantine in mice in the forced swimming test (FST), the involvement
of nitric oxide - cyclic guanosine 3’,5’monophosphate (NO-cGMP) pathway,
serotonergic receptors and a few intracellular signaling pathways involved in the
acute antidepressant-like action of memantine. In the present study, the treatment of
mice with memantine significantly decreased the immobility time in the FST (dose
range 3-10 mg/kg, i.p.). However, memantine at a dose of 10 mg/kg, i.p., caused a
significant reduction in the number of crossings in the open-field test. The
antidepressant-like effect of memantine (3 mg/kg, i.p.) was prevented by
pretreatment with L-arginine (750 mg/kg, i.p., a precursor of NO) or S-nitroso-N-
acetyl-penicillamine (SNAP, 25 µg/site, i.c.v., a NO donor), but not with D-arginine
(750 mg/kg, i.p., an inactive isomer of L-arginine). The results also show that
pretreatment of mice with L-NNA (0.03 and 0.3 mg/kg, i.p., an inhibitor of nitric oxide
synthase) or ODQ (30 pmol/site, i.c.v., a specific soluble guanylate cyclase inhibitor)
potentiated the effect of subeffective dose of memantine (0.3 mg/kg, i.p.) in the FST.
Furthermore, the reduction of the immobility time elicited by memantine (3 mg/kg, i.p.)
was prevented by pretreatment of mice with sildenafil (5 mg/kg, i.p., an inhibitor of 5
phosphodiesterase). The pretreatment of mice with NAN (0.5 mg/kg, i.p., a 5-HT
1A
receptor antagonist), ciproheptadina (3 mg/kg, i.p., a 5-HT
2
receptor antagonist) or
ketanserin (5 mg/kg, i.p., a 5-HT
2A/2C
receptor antagonist) also prevented the
antidepressant-like effect of memantine (3 mg/kg, i.p.) in the FST. The anti-immobility
effect of memantine (3 mg/kg, i.p.) was prevented by pretreatment with H-89 (1
µg/site, i.c.v., an inhibitor of PKA), PD98059 (5 µg/site, i.c.v., an inhibitor of
MAPK/ERK), KN-62 (1 µg/site, i.c.v., an inhibitor of CaMKII), but not with
chelerythrine (1 µg/site, i.c.v., an inhibitor of PKC). Moreover, the pretreatment of
mice with PMA (30 ng/site, i.c.v., an PKC) not induced synergistic effect with
subeffective dose of memantine (0.3 mg/kg, i.p.) in the FST. Taken together, these
data suggest that the antidepressant-like effect of memantine in mice seems to be
mediated through an interaction with the NO-cGMP pathway, serotonergic receptors,
and cellular signaling pathways modulated by PKA, MAPK/ERK and CaMKII.
Introdução
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 D
EPRESSÃO
A depressão tem sido descrita pelos homens vários séculos. O termo
melancolia, que significa bile preta em grego, foi primeiramente usado por
Hipócrates em 400 a.C. Assim, a maioria dos sintomas da depressão observados
hoje já eram reconhecidos em tempos antigos (Nestler et al., 2002).
Os distúrbios de humor estão entre as principais formas de doenças mentais
(Nestler et al., 2002), e de todos esses distúrbios, a depressão é o mais comum
deles (Kalia, 2005). As formas severas de depressão afetam 2% a 5% da
população dos Estados Unidos (Nestler et al., 2002) e segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o transtorno depressivo atinge cerca de 15% da
população mundial, em pelo menos um momento da vida (Nemeroff e Owens,
2002).
A OMS constatou que a depressão é a causa global que leva indivíduos a
permanecerem inválidos por muitos anos, e estes por sua vez, são acometidos de
morte prematura (Evans e Charney, 2003). A depressão aparece freqüentemente
na idade jovem do indivíduo, pode se tornar uma doença crônica e afeta
adversamente o prognóstico de outras doenças tais como: doenças vasculares
coronarianas, diabetes e osteoporose (Charney e Manji, 2004).
A doença é mais comum em mulheres do que em homens, numa relação de
5:2. A prevalência da depressão é alta no mundo inteiro, e está associada com
morbidade e mortalidade consideráveis (Duman et al., 1997; Wong et al., 2001;
Manji et al., 2001; Altar, 1999). Os últimos dados da OMS revelam que a depressão
vem alcançando índices preocupantes: mais de 400 milhões de pessoas no mundo
Introdução
2
sofrem com a doença (Zalsman et al., 2004). Um distúrbio depressivo maior não
tratado pode durar em média 9 meses e 80-90% dos pacientes experimentam um
episódio de remissão no período de dois anos (Kalia, 2005).
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, a depressão é uma
doença heterogênea com manifestações fisiológicas, comportamentais e
psicológicas. Ela está classificada dentro dos distúrbios do humor, que incluem os
transtornos unipolares (transtornos depressivos) e os transtornos bipolares (doença
maníaco-depressiva) (American Psychiatry Association, 1994).
O diagnóstico do distúrbio depressivo maior é baseado em critérios
estabelecidos pelo Manual Estatístico e Diagnóstico de Doenças Mentais, 4ª edição
(DSM-IV, 2000), pois é considerado muito confiável (Kalia, 2005). Um conjunto de
sintomas caracteriza clinicamente a depressão: 1. humor deprimido a maior parte
do tempo; 2. diminuição marcante no interesse ou prazer em todas ou quase todas
as atividades (anedonia); 3. aumento ou diminuição significativa de peso ou apetite;
4. insônia ou hiperinsônia; 5. agitação ou retardo psicomotor; 6. fadiga ou falta de
energia; 7. sentimentos de culpa ou desvalia excessivos; 8. diminuição na
capacidade de concentração e pensamento; 9. pensamentos recorrentes de morte,
idéias ou tentativas de suicídio, sentimentos de desesperança. O indivíduo para
preencher os critérios de depressão maior deve apresentar pelo menos um entre os
dois primeiros sintomas e mais o número necessário para perfazer um total de
cinco entre os sintomas três a nove, com duração mínima de duas semanas
(American Psychiatry Association, 1994).
O suicídio é um evento comum entre os pacientes com depressão severa,
sendo que em 1999, houve nos Estados Unidos (USA) aproximadamente 30.000
suicídios. O suicídio tem se tornando a terceira causa de morte entre indivíduos de
15 a 24 anos de idade. Dados levantados, estimam que 85 a 90% dos indivíduos
Introdução
3
que morrem desta forma, têm diagnóstico de doença psiquiátrica, com um número
muito grande de depressão severa (Charney e Manji, 2004).
O mecanismo envolvido na patogênese da depressão não é ainda
totalmente compreendido (Vaidya e Duman, 2001). A depressão pode resultar da
disfunção de vários sistemas de neurotransmissores ou sistemas metabólicos. A
hipótese monoaminérgica postula que a depressão resulta de uma deficiência de
serotonina ou noradrenalina, ou ainda de receptores deficientes para estes
neurotransmissores (Mann et al., 1995; Wong e Licinio, 2001). Esta hipótese é
evidenciada por vários fatores, tais como: 1) vários antidepressivos aumentam a
concentração de serotonina ou noradrenalina na fenda sináptica, pois bloqueiam a
recaptação destes neurotransmissores (Baldessarini, 1996); 2) têm sido observados
baixos níveis plasmáticos de serotonina em pacientes com depressão maior
(Coppen e Doogan, 1988); 3) o nível reduzido de ácido 5-hidroxiindolacético (5-
HIAA), um metabólito da serotonina, no líquor de pacientes depressivos (Ricci e
Wellman, 1990) e, por último, 4) a reserpina, uma droga que depleta catecolaminas,
pode causar sintomas de depressão (Wong e Licinio, 2001).
Estudos epidemiológicos também mostram que 40-50% dos casos de
depressão apresentam um componente genético, indicando a depressão como uma
doença altamente hereditária (Fava, 2000; Nestler et al., 2002). Assim, é provável
que alterações na expressão gênica afetariam a plasticidade neuronal, contribuindo
para a patogênese da depressão (Vaidya e Duman, 2001).
A depressão maior tem sido tradicionalmente considerada por ter uma base
neuroquímica, mas estudos recentes têm associado este distúrbio complexo com
reduções regionais de volume do sistema nervoso central (SNC), bem como
reduções no número e no tamanho de neurônios e células da glia (Manji et al.,
2001). Estas alterações foram observadas principalmente na região límbica
Introdução
4
(hipocampo, amídala e gânglios basais) e nas regiões corticais (Manji et al., 2001).
Recentes estudos utilizando imagem cerebral revelaram atrofia e perda de
neurônios no córtex pré-frontal e no hipocampo de pacientes depressivos (Eilat et
al., 1999). No entanto, algumas alterações morfológicas poderiam ser revertidas por
drogas antidepressivas (Santarelli et al., 2003;).
1.2 T
RATAMENTO DA DEPRESSÃO
Uma variedade de intervenções tem sido utilizada no tratamento da
depressão há aproximadamente quatro décadas. As principais são a psicoterapia, a
terapia eletroconvulsiva e as terapias farmacológicas (Ressler e Nemeroff, 1999;
Donati e Rasenick, 2003).
1.2.1 T
ERAPIA ELETROCONVULSIVA
(ECT)
A ECT foi introduzida em 1937, mas apesar disso ainda é muito utilizada,
principalmente em casos de melancolia severa (Wong e Licinio, 2001). A ECT
consiste na passagem de uma corrente elétrica através do cérebro para produzir
uma convulsão generalizada no SNC sob anestesia e relaxamento muscular
(Greenberg e Kellner, 2005).
Dentre os vários efeitos conhecidos da ECT, os principais são: aumento da
transmissão dopaminérgica no córtex pré-frontal e estriado, associda com uma
diminuição da sensibilidade dos auto-receptores dopaminérgicos; aumento da
transmissão serotonérgica no córtex pré-frontal; bloqueio muscarínico;
desensibilização β-adrenérgica e aumento do “turnover” de noradrenalina e da
sensibilidade do receptor α
1
-adrenérgico (Greenberg e Kellner, 2005).
Introdução
5
O tratamento crônico com a ECT induziu brotamento axonal de neurônios do
giro denteado do hipocampo de ratos, que parece ser parcialmente dependente do
fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) (Vaidya et al., 1999). A ECT, assim
como alguns antidepressivos, aumentou a neurogênese no cérebro de adultos
(Nemeroff e Owens, 2002; Nestler et al., 2002). Além disso, este tratamento
também aumentou a expressão de CREB (proteína ligante ao elemento responsivo
ao AMPc) (D’Sa e Duman, 2002).
1.2.2 F
ÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS
Atualmente existem várias e diferentes opções para a escolha do uso de
antidepressivos. De um modo geral, os medicamentos antidepressivos atuam
através de um mecanismo que aumenta a oferta de neurotransmissores no cérebro
para restaurar o balanço químico. As drogas geralmente são escolhidas em função
dos sintomas da depressão ou outros quadros psiquiátricos associados. O
tratamento antidepressivo prolongado e contínuo é essencial para alcançar uma
remissão completa e prevenir o risco de recidiva da doença (Zajecka, 2003).
Os tratamentos farmacológicos foram descobertos em meados da década
de 50 e ajudaram a revolucionar a compreensão da ação dos neurotransmissores e
de seus receptores (Wong e Licinio, 2001). Os inibidores da enzima monoamino
oxidase (MAO) e os antidepressivos tricíclicos foram introduzidos em 1950, e os
inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRIs) em 1980 (Maubach et al.,
1999). O desenvolvimento e a utilização destes fármacos redefiniram o tratamento
da depressão.
Os antidepressivos podem agir por inibição da enzima monoamino oxidase
(iMAO) ou sobre os sistemas de recaptação das monoaminas (noradrenalina,
serotonina e dopamina em quantidade menor) em conjunto, que é o caso dos
Introdução
6
antidepressivos tricíclicos. Os antidepressivos tricíclicos e iMAO aumentam a
concentração de noradrenalina e serotonina no cérebro ou por inibir a recaptação
dos neurotransmissores ou por impedir a sua degradação (Brunello et al., 2002). Os
compostos inibidores da recaptação de serotonina, tais como a fluoxetina, são os
agentes terapêuticos mais utilizados atualmente (Frazer, 1997; Nemeroff e Owens,
2002). As suas ações terapêuticas são diversas, pois além de tratar vários tipos de
depressão, eles também são utilizados no tratamento do transtorno obsessivo
compulsivo, na síndrome do pânico e na bulimia (Stahl, 1998).
Os agonistas dos receptores serotonérgicos 5-HT
1A
, os antagonistas de
receptores 5-HT
2
e os antagonistas da substância P também têm mostrado uma
ação antidepressiva (Maubach et al, 1999). Várias evidências demonstram o
envolvimento de receptores serotonérgicos, particularmente de receptores 5-HT
1A
no tratamento da depressão (Blier e Ward, 2003). Estes receptores estão
localizados pré-sinapticamente no núcleo da rafe e pós-sinapticamente nas regiões
corticais e límbica (Blier e Ward, 2003). Os auto-receptores serotonérgicos (pré-
sinápticos) também são alvos de várias drogas antidepressivas, como os iMAO e os
SSRIs (Hensler, 2002; Celada et al., 2004). Os receptores 5-HT
2
estão amplamente
distribuídos pelo cérebro e dados recentes sugerem que a ativação desta classe de
receptores pode estar implicada na regulação dos distúrbios de humor (Celada et
al., 2004; Elhwuegi, 2004).
Vários estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado que antagonistas de
receptores glutamatérgicos do subtipo N-metil-D-asparato (NMDA) apresentam
propriedades antidepressivas; e que o tratamento com antidepressivos pode ter um
efeito sobre a função destes receptores (Skolnick, 1999; Petrie et al., 2000).
Estudos neuroquímicos e comportamentais mostraram que os antagonistas de
receptores NMDA produzem alterações neuroquímicas no cérebro similares a
drogas antidepressivas. Estes antagonistas mostraram em modelos animais de
Introdução
7
depressão um perfil comportamental muito semelhante ao apresentado por alguns
antidepressivos (Petrie et al., 2000).
Em resposta a ativação de receptores NMDA, ocorre um influxo de cálcio,
ativando a enzima óxido nítrico sintase (NOS), que converte a L-arginina em óxido
nítrico (NO) (ver Figura 1 abaixo; Contestabile, 2000; Esplugues, 2002; Bishop e
Anderson, 2005). O NO é uma molécula sinalizadora em vários tecidos e células, e
no SNC desempenha um papel relevante na sinalização neuronal, plasticidade
sináptica, aprendizado, percepção da dor, agressividade, ansiedade (Snyder, 1992;
Esplugues, 2002) e depressão (Harkin et al., 1999). O NO tem múltiplos alvos,
dentre eles, ativar a enzima guanilato ciclase solúvel (GCs), que converte a
guanosina 5’-trifosfato (GTP) em guanosina 3’,5’-monofosfato cíclica (GMPc)
(Denninger e Marletta, 1999) (Figura 1).
Figura 1: Via L-arginina-óxido nítrico-GMPc.
Tem sido demonstrado que compostos inibidores da enzima NOS, tais como
L-NNA (N
G
-nitro-L-arginina), L-NAME (N
G
-nitro-L-arginina-metil éster), 7-nitroindazol
e o 1-(2-trifluorometil-fenil)imidazol provocam um efeito antidepressivo em modelos
L
-
arginina
rico
NOS
GMPc
PDE 5
GMP
GCs
GTP
Introdução
8
animais de depressão (da Silva et al., 2000; Yildiz et al., 2000; Harkin et al., 1999;
Harkin et al., 2003; Volke et al., 2003). Tem sido relatado que pacientes deprimidos
apresentam níveis plasmáticos aumentados de nitrato, o produto final do
metabolismo do NO, sugerindo que a produção de NO está aumentada na
depressão (Suzuki et al., 2001). De acordo com Heiberg e colaboradores (2002), a
inibição seletiva da formação de GMPc, dependente de NO, parece estar envolvida
no efeito antidepressivo dos inibidores da NOS no teste do nado forçado (TNF).
Recentemente, foi demonstrado que os inibidores da NOS potenciaram o efeito de
antidepressivos do tipo SSRIs no TNF (Harkin et al., 2004).
De acordo com Nemeroff e Owens (2002), a farmacoterapia antidepressiva
devem ser desenvolvidas com três objetivos principais: 1) eficácia - após 6 a 8
semanas de tratamento com os antidepressivos atualmente utilizados, apenas
cerca de 35-45% dos pacientes apresentam remissão total dos sintomas; 2)
tolerabilidade – a nova geração de antidepressivos, tais como os SSRIs e os SNRIs
(inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina) são claramente
mais efetivos do que os “primeiros” antidepressivos (tricíclicos e os inibidores da
MAO). Além disso, a “superdosagem” não é letal e nem provocam efeitos cardíacos
adversos (Brunello et al., 2002). Entretanto, eles também podem apresentar efeitos
colaterais, como a disfunção sexual. 3) resposta rápida ao tratamento - o
tratamento com os atuais antidepressivos resulta em uma resposta lenta. Assim,
seria um atributo desejável que os próximos antidepressivos a serem desenvolvidos
tenham uma ação rápida (Nemeroff e Owens, 2002).
Desta forma, uma necessidade do desenvolvimento de terapias
antidepressivas alternativas e/ou de substâncias moduladoras que possam
aumentar a eficácia clínica no tratamento da depressão.
Introdução
9
1.3 D
EPRESSÃO E O RECEPTOR
NMDA
Os aminoácidos excitatórios e seus receptores são importantes mediadores
da transmissão sináptica excitatória no cérebro de mamíferos, participando de
funções normais e anormais do SNC (Petrie et al., 2000).
O glutamato é o principal neurotransmissor do SNC de mamíferos e atua em
mais de 50% das sinapses no cérebro (Kornhuber e Weller, 1997). A atividade dos
receptores glutamatérgicos modulam vários processos neuronais fisiológicos, como
a ação motora, aquisição de memória, percepção e aprendizado. Mas, eles também
podem estar envolvidos em várias doenças neurodegenerativas e neurológicas
(Akhondzaeh, 1999; Dingledine et al., 1999; Kew e Kemp, 2005). Estes receptores
são classificados em duas categorias, de acordo com a transdução de sinal
efetuada: metabotrópicos e ionotrópicos. Por sua vez, os receptores metabotrópicos
são sub-classificados em três grupos: o grupo I, que estimula a formação de inositol
trifosfato e diacilglicerol; e os grupos II e III, que reduzem os níveis intracelulares de
adenosina-5’-monofosfato cíclico (AMPc) ou de GMPc. Os receptores ionotrópicos
(NMDA, AMPA e cainato) são canais iônicos, classificados conforme a sua
sensibilidade a agonistas farmacológicos (Kornhuber e Weller, 1997; Herin e
Aizenman, 2004; Kew e Kemp, 2005).
A ativação do receptor NMDA é complexa, sendo que é necessário que,
ambos glutamato e glicina, se liguem ao receptor para abrir o canal iônico e permitir
a entrada de cálcio (Kemp e McKernan, 2002). O glutamato é liberado de terminais
pré-sinápticos de uma maneira dependente de atividade, enquanto a glicina atua
como um modulador que está presente no fluido extracelular. A ligação da glicina
no receptor NMDA é essencial para a abertura do canal, por isso, ela é considerada
um co-agonista. Por outro lado, o receptor NMDA é bloqueado de forma
dependente de voltagem pelo íon magnésio e a despolarização remove este
Introdução
10
bloqueio (Kemp e McKernan, 2002). A ativação dos receptores NMDA tem sido
relacionada aos mecanismos de plasticidade neuronal, processos de aprendizagem
e memória e desenvolvimento neuronal (Dingledine et al., 1999; Petrie et al., 2000).
Contudo, a ativação excessiva destes receptores têm sido associada com a
neurotoxicidade presente em muitas doenças neuropsiquiátricas e neurológicas,
tanto agudas como crônicas (Kornhuber e Weller, 1997). A influência dos
receptores NMDA na liberação de neurotransmissores tem sido estudada com
grande interesse, pois parece estar relacionada com alguns distúrbios psiquiátricos
comuns como a esquizofrenia, demência, dependência alcoólica e a depressão
maior (Le e Lipton, 2001).
Apesar de apresentarem um interessante efeito neuroprotetor, o uso clínico
de antagonistas de receptores NMDA não tem sido recomendado, pois provocam
vários efeitos colaterais severos e indesejados (Kornhuber e Weller, 1997). A
incidência destes efeitos colaterais é variável, mas parece estar relacionada com a
afinidade da droga pelo receptor. Os antagonistas com média ou baixa afinidade
pelo receptor são bem tolerados clinicamente, como é o caso da memantina
(Parsons et al., 1999; Skolnick, 1999; Lipton, 2004). Ao contrário, a fenciclidina
(PCP) e o MK-801, por possuirem uma alta afinidade pelo receptor, apresentam um
importante ação neuroprotetora, mas sérios efeitos adversos. Um antagonista de
receptores NMDA é considerado bem tolerado clinicamente”, se o paciente, após
ingerir a medicação, não apresentar sonolência, alucinações e nem comatose
(Lipton, 2004).
Provavelmente, por estarem relacionados ao controle da excitabilidade
neuronal, vários estudos têm demonstrado que os receptores NMDA poderiam ser
alvo da ação de compostos antidepressivos (Skolnick, 1999, Petrie et al., 2000).
Antagonistas destes receptores apresentaram ações antidepressivas em modelos
animais de depressão (Skolnick, 1999, Petrie et al., 2000). Vários autores têm
Introdução
11
proposto que os inibidores da ativação do receptor NMDA poderiam vir a ser uma
nova classe de fármacos antidepressivos. Estes compostos apresentariam um
efeito terapêutico mais breve que os antidepressivos clássicos, que necessitam de
várias semanas para produzirem seu efeito terapêutico (Skolnick, 1999; Petrie et
al., 2000; Le e Lipton, 2001).
1.4 V
IAS DE SINALIZAÇÃO INTRACELULAR ENVOLVIDAS NA AÇÃO DE ANTIDEPRESSIVOS
As cascatas de mensageiros intracelulares exercem um controle importante
sobre quase todas as funções neuronais, inclusive morfológicas, expressão gênica,
diferenciação, proliferação e sobrevivência celular (Chen et al., 1999; Popoli et al.,
2000; Vaidya e Duman, 2001; Duman, 2002). Estas vias de sinalização celular
tornam os sistemas neuronais capazes de se adaptar a respostas farmacológicas e
estímulos ambientais (Vaidya e Duman, 2001).
Apenas recentemente, vários trabalhos sobre depressão e antidepressivos
têm dado ênfase às vias de sinalização intracelulares, que são conhecidas por
serem ativadas por sinais extracelulares, como fatores de crescimento, estresse e
por neurotransmissores (Manji et al., 2001; Vaidya e Duman, 2001; Mercier et al.,
2004). A regulação de fatores de transcrição mediada por diferentes classes de
antidepressivos ocorre através da estimulação de diversas cascatas de transdução
de sinal acopladas a um receptor (Vaidya e Duman, 2001). A atrofia e a morte
neuronal são eventos mediados por vias de sinalização ativados pelo estresse. A
ação de compostos antidepressivos nestes processos, sugere que estes fármacos
atuem sobre outras vias de sinalização que revertem ou bloqueiam os efeitos
deletérios do estresse na morfologia e sobrevivência celular (Vaydia e Duman,
2001; Gould e Manji, 2002; Coyle e Duman, 2003). Trabalhos recentes têm
mostrado que os efeitos mais relevantes dos compostos estabilizadores de humor e
Introdução
12
dos antidepressivos provavelmente envolvem a modulação da sinalização
intracelular, a expressão gênica e a plasticidade sináptica (Gould e Manji, 2002).
Vários autores têm relatado que a administração crônica de diferentes
classes de antidepressivos atua induzindo uma “up-regulation” da cascata de
sinalização AMPc-PKA-CREB (AMPc-proteína quinase dependente de AMPc-
proteína ligante ao elemento responsivo ao AMPc) (Duman et al., 1997; Duman et
al., 2000; Popoli et al., 2000; Manji et al., 2001; D’Sa e Duman, 2002; Hashimoto et
al., 2004; ver Figura 2). Um efeito conhecido do AMPc é a ativação da PKA, uma
enzima que fosforila e regula vários substratos, como canais iônicos, componentes
do citoesqueleto, fatores de transcrição e diferentes enzimas (Gould e Manji, 2002).
Um dos fatores de transcrição fosforilado, e por isso, modulado pela PKA é o
CREB. O tratamento crônico com antidepressivos aumenta a fosforilação de CREB
que ativa, por exemplo, a expressão de BDNF, a neurotrofina mais abundante do
SNC (Duman et al., 1997; Duman et al., 2000; Manji et al., 2001; D’Sa e Duman,
2002; Hashimoto et al., 2004). Assim, a ativação do CREB aumenta a expressão de
várias proteínas envolvidas na regulação de inúmeros processos no SNC, como a
excitação neuronal, diferenciação, apoptose, sobrevivência celular, plasticidade
sináptica, etc... (Walton e Dragunow, 2000; Gould e Manji, 2002). Além destes
efeitos, a administração crônica de diferentes antidepressivos também aumenta a
proliferação e a sobrevivência de neurônios no hipocampo (Malberg, 2004).
Mercier e colaboradores (2004) demonstraram que a fluoxetina (um SSRI)
ativa rapidamente os genes de proteínas envolvidas na neuroproteção (BDNF e o
fator neurotrófico derivado de glia, GDNF) através da via de proteínas quinases
ativadas por mitógeno (MAPKs) em cultura de astrócitos. O lítio e o valproato, dois
fármacos utilizados no tratamento da fase maníaca do distúrbio bipolar, parecem
atuar modulando a via de sinalização de MAPK/ERK (proteína quinase regulada por
sinal extracelular) e também a proteína quinase C (PKC) (Einat et al., 2003).
Introdução
13
A PKC é uma família de proteínas quinase serina treonina ativadas por
lipídeos e cálcio, com um importante papel na transdução de sinais intracelulares
(Parker e Murray-Rust, 2004; Poole et al., 2004). Estas proteínas estão envolvidas
na fosforilação de diferentes proteínas e apresentam várias funções, como a
regulação do crescimento e diferenciação celular, exocitose, expressão gênica,
modulação da condutância iônica e proliferação celular (Kanashiro e Khalil, 1998).
A PKC apresenta diferentes isoformas, que são classificadas de acordo com o
domínio regulatório N-terminal (Rando e Kishi, 1992; Parker e Murray-Rust, 2004).
Este domínio determina a sensibilidade para os segundo mensageiros cálcio e
diacilglicerol (DAG). As isoenzimas da PKC, c, -α, -βI, -βII e -γ requerem DAG,
fosfatidilserina (PS) e cálcio para a sua ativação. As PKC n, -δ, -ε, -ηe -θ requerem
DAG e PS, mas são independentes de cálcio. Por outro lado, as PKC a, -ι /λ e ζ
não requerem nem cálcio nem DAG (Rando e Kishi, 1992; Parker e Murray-Rust,
2004).
Também tem sido demonstrada que a administração prolongada de drogas
antidepressivas ativam a enzima Ca
2+
/calmodulina quinase II (CaMKII), sugerindo
que a modulação desta proteína poderia ter um efeito relevante no tratamento de
distúrbios depressivos (Popoli et al., 2000, Du et al., 2004). A CaMKII modula vários
aspectos das funções neuronais, como a síntese de neurotransmissores, exocitose,
expressão gênica e interações do citoesqueleto (Du et al., 2004).
Introdução
14
Figura 2: Vias de sinalização celular envolvidas na ação de antidepressivos e
estabilizadores de humor. Esta figura apresenta como os antidepressivos ativam
as vias de sinalização intracelular da CaMKII, PKC, PKA e MAPK/ERK, que levaria
à fosforilação de CREB e ativação de genes para a expressão de BDNF e da
proteína antiapoptótica Bcl-2. A ação dos antidepressivos resultaria na plasticidade
sináptica, neurogênese e sobrevivência celular (retirado de Hashimoto et al., 2004).
1.5 M
EMANTINA E SUAS AÇÕES FARMACOLÓGICAS
A memantina (1-amino-3,5-dimetiladamantina) foi primeiro sintetizada por
pesquisadores do laboratório Eli Lilly, no início dos anos 60, como um potencial
agente antidiabético. Porém, ela foi ineficaz em baixar os níveis elevados de açúcar
no sangue (Parsons et al., 1999; Witt et al., 2004). Em 1972, pesquisadores do
laboratório Merz, na Alemanha, investigaram a sua ação no sistema nervoso central
e tiveram resultados que indicavam este composto na terapia da doença de
Plasticidade sináptica
Neurogênese
Sobrevivência celular
Antidepressivos
Estabilizadores de Humor
Núcleo
Ativação
Inibição
Núcleo
Introdução
15
Parkinson, espasticidade e de outras desordens cerebrais (Parsons et al., 1999).
Apenas em 1989, os pesquisadores do laboratório Merz demonstraram que a
memantina atua como um antagonista de receptores glutamatérgicos do tipo
NMDA e indicada para o tratamento da isquemia cerebral e da doença de
Alzheimer (Parsons et al., 1999; Molinuevo, 2003; Witt et al., 2004).
Desde então, várias pesquisas pré-clínicas e clínicas têm evidenciado a
importância terapêutica da memantina no tratamento da demência, principalmente
aquela relacionada à doença de Alzheimer (Miguel-Hidalgo et al., 2002; Molinuevo,
2003; Sonkusare et al., 2005).
A memantina apresenta uma fórmula molecular de C
12
H
21
N, possui um peso
molecular de 179,30 (Sonkusare et al., 2005) e sua estrutura química está mostrada
na Figura 3 (Parsons et al., 1999; Jarvis e Figgit, 2003).
Figura 3: Estrutura química da memantina
A memantina atravessa rapidamente a barreira hemato-encefálica, pois 30
minutos após uma infusão intravenosa de 20 mg, a droga pode ser encontrada
no fluido cérebro-espinhal (CSF) (Sonkusare et al., 2005). Este fármaco é
completamente absorvido pelo trato gastrintestinal e as concentrações máximas
ocorrem no plasma entre 3 e 8 horas após a administração oral (Jarvis e Figgit,
2003; Lipton, 2004).
Introdução
16
A memantina bloqueia os receptores do tipo NMDA de maneira não-
competitiva e com afinidade moderada. Assim, quando uma liberação
prolongada de baixas concentrações de glutamato, o excessivo influxo de cálcio é
prevenido (Sonkusare et al., 2005). Além disso, a memantina parece não
apresentar os efeitos colaterais indesejados causados pelos antagonistas clássicos
de receptores NMDA (Parsons et al., 1999, Witt et al., 2004). A explicação para esta
característica da memantina seria devido à sua forte dependência de voltagem e à
rápida cinética de desbloqueio do receptor NMDA. Deste modo, a memantina
bloqueia a ativação patológica do receptor NMDA, mas não a fisiológica (Kemp e
Mckernan, 2002; Molinuevo, 2003).
Assim como outros antagonistas de receptores NMDA, a memantina
também exerce um efeito neuroprotetor em diversos modelos animais de injúria
cerebral (Lipton, 2004). A memantina protegeu o hipocampo de danos induzidos por
ácido quinolínico (Keilhoff et al., 1992), atenuou a perda de neurônios colinérgicos
induzida por NMDA no córtex pré-frontal de ratos (Wenk et al., 1997), reduziu o
trauma isquêmico por oclusão da artéria cerebral (Dogan et al., 1999) e diminuiu o
dano neuronal em modelo animal de injúria traumática (Rao et al., 2001). Além
disso, a memantina mostrou um efeito neuroprotetor em fatias hipocampais
submetidas à privação de glicose e oxigênio (Sobrado et al., 2004). Num estudo
realizado com ratos, a memantina também mostrou um efeito neuroprotetor contra
a degeneração neuronal induzida pela proteína β-amilóide no hipocampo (Miguel-
Hidalgo et al., 2002). A administração de memantina (5 - 50 mg/kg, i.p.), em ratos,
induziu uma rápida expressão de RNAm para BDNF e também da proteína BDNF
em várias regiões do SNC (Marvanova et al., 2001). Além disso, também foi
detectado um aumento da expressão do receptor, tirosina quinase B (trkB), para a
neurotrofina BDNF (Marvanova et al., 2001).
Introdução
17
A eficácia da memantina tem sido investigada no tratamento da demência
vascular, demência associada ao HIV, dor neuropática e no glaucoma (Lipton,
2004). A memantina também melhorou a aprendizagem espacial e não afetou a
atividade motora, quando testados em camundongos transgênicos para a doença
de Alzheimer (Minkeviciene et al., 2004).
Estudos anteriores demonstraram que a memantina possui propriedades
antidepressivas no TNF em camundongos e em ratos (Moryl et al., 1993; Rogóz et
al., 2002). Além disso, a memantina potenciou os efeitos de antidepressivos como a
imipramina, venlafaxina e fluoxetina, reduzindo o tempo de imobilidade no TNF
(Rogoz et al., 2002). Estes autores destacam a importância deste resultado, pois
estes dados poderiam ser úteis para pacientes resistentes aos antidepressivos
tradicionais.
A memantina também pode produzir alguns efeitos colaterais em animais,
como ataxia, relaxamento muscular e amnésia. Entretanto, estes efeitos são
observados somente quando administradas em doses mais elevadas em relação
àquelas consideradas de importância terapêutica (Parsons et al., 1999).
1.6 M
ODELOS ANIMAIS DE DEPRESSÃO
Os modelos animais de depressão são ferramentas úteis e indispensáveis
na identificação de novas drogas antidepressivas. Estes modelos têm contribuído
para uma melhor compreensão da neuropatologia da depressão (Cryan et al.,
2002). Atualmente, vários modelos utilizados foram desenvolvidos com base nas
conseqüências do estresse, drogas, lesões ou manipulações genéticas (Cryan et
al., 2002).
Introdução
18
O teste do nado forçado (TNF), descrito por Porsolt et al. (1977), e o teste
da suspensão da cauda (TSC), um modelo derivado do TNF e desenvolvido por
Steru et al. (1985), são comumente usados para detectar drogas com propriedades
antidepressivas.
No TNF os animais são forçados a nadar em um cilindro restrito,
inescapável, e no TSC os animais são suspensos pela cauda. Em ambos os testes,
os animais inicialmente executam movimentos orientados para a fuga e depois de
alguns minutos adotam uma postura de imobilidade (Porsolt et al., 1977; Steru et
al., 1985). Os antidepressivos reduzem o tempo de imobilidade dos animais em
ambos os testes. Estes dois testes são sensíveis a diferentes classes de drogas
antidepressivas, como os tricíclicos, os inibidores da enzima monoamino oxidase e
os antidepressivos atípicos (Porsolt et al., 1977; Steru et al., 1985).
Justificativa
19
2. JUSTIFICATIVA
A depressão é um distúrbio que afeta milhares de pessoas no mundo todo e
é a segunda condição crônica mais comum na prática clínica (Altar, 1999; Nestler et
al., 2002). No entanto, apesar dos significativos avanços no desenvolvimento de
novas drogas antidepressivas nos últimos anos, o tratamento com antidepressivos
ainda não é totalmente eficaz, pois somente 60% dos pacientes respondem aos
atuais tratamentos (Gareri et al., 2000). Além disso, em muitos casos o tratamento
com antidepressivos apresenta efeitos colaterais indesejados para os individuos
(Nestler et al., 2002).
Em vista disso, é necessário que novas pesquisas sejam feitas, com novas
drogas, a fim de controlar os sinais e sintomas associados aos distúrbios
depressivos e, se possível, minimizar os efeitos colaterais do tratamento
medicamentoso. Sendo assim, neste trabalho se pretende investigar o efeito
antidepressivo da memantina, seu mecanismo de ação e algumas das vias de
sinalização intracelular pelas quais ela atua.
Como a memantina é atualmente utilizada na clínica para o tratamento da
doença de Alzheimer e tem se mostrado bem tolerada (Parsons et al., 1999),
poderia ser uma opção interessante para o tratamento da depressão.
Além disso, o conhecimento sobre a ação da memantina e seus alvos
celulares, podem auxiliar a compreensão de como estas drogas afetam a
sobrevivência e a plasticidade celular (Santarelli et al., 2003).
Objetivos
20
3. OBJETIVOS
3.1.
O
BJETIVO GERAL
Investigar o mecanismo de ação antidepressiva da memantina utilizando o
modelo do teste do nado forçado em camundongos.
3.2
O
BJETIVOS ESPECÍFICOS
Investigar o efeito da administração aguda de memantina no teste do nado
forçado em camundongos;
Verificar o efeito da administração aguda de memantina na atividade
locomotora, utilizando o teste do campo aberto;
Investigar o envolvimento da via L-arginina-óxido nítrico-GMPc na ação
antidepressiva aguda da memantina;
Verificar o envolvimento do sistema serotoninérgico na ação antidepressiva
aguda da memantina;
Investigar a participação das vias de sinalização intracelular dependentes de
PKA, MAPK/ERK, CaMKII e PKC na ação antidepressiva aguda da
memantina.
Materiais e Métodos
21
4. MATERAIS E MÉTODOS
4.1
A
NIMAIS
Neste trabalho foram utilizados camundongos Swiss, de ambos os sexos,
pesando 30-40 g (50-75 dias de idade), mantidos com acesso livre à água e
comida, sob um ciclo claro/escuro de 12 horas (luzes acesas às 07h00min h) em
temperatura de 22-27°C. Os animais foram fornecidos pelo Biotério Central da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Todas as observações foram feitas entre 09h00min e 16h00min, sendo que
cada animal foi usado somente uma vez. Todos os procedimentos utilizados foram
aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFSC, e todos
os esforços foram feitos para minimizar o sofrimento dos animais e para reduzir o
número de animais usados nos experimentos.
4.2
D
ROGAS E REAGENTES
Neste trabalho foram utilizadas as seguintes drogas: memantina, H-89 (N-[2-
(p-bromocinamilamina) etil]-5-isoquinolinasulfonamida), PD98059, KN-62 (4-[2-[(5-
isoquinolinil-sulfonil)metilamino]-3-oxo-3-(4-fenil-1piperazinil)propil] fenil-ester), L-
arginina, D-arginina, SNAP (S-nitroso-N-acetilpenicilamina), L-NNA (N
G
-nitro-L-
arginina), ODQ (1H-[1,2,4]oxadiazol[4,3-a]quinoxalin-1-ona), sildenafil,
ciproheptadina, cetanserina, PMA (éster de forbol), adquiridos da Sigma, St Louis,
MO, USA). NAN-190 (1-(2-metóxifenil)-4[-(2-ftalimido) butil] piperazina), adquiridos
da Tocris-Cookson, Ballwin, MO, USA). Queleritrina, gentilmente doada pela
Alomone Labs, Israel.
Materiais e Métodos
22
4.3
T
RATAMENTOS
As drogas utilizadas, memantina, L-arginina, D-arginina, SNAP, L-NNA,
sildenafil, ciproheptadina, cetanserina e queleritrina, foram diluídas em salina. Os
compostos H-89, PD98059, KN-62 e ODQ foram diluídos em salina com 10% de
DMSO (dimetil sulfóxido), e o NAN-190 foi diluído em salina com 1% de Tween 80.
Uma solução estoque de PMA (1 mM) foi preparada em etanol absoluto e
posteriormente diluída em salina.
Estas drogas foram administradas nos camundongos pela via intraperitoneal
(i.p.) em um volume de 10 mg/kg de peso corporal. A memantina foi administrada
pela via i.p., 30 minutos antes dos testes.
As drogas H-89, PD98059, KN-62, queleritrina, ODQ e PMA foram
administradas pela via intracerebroventricular (i.c.v.) em camundongos, conforme
descrito por Eckeli et al. (2000). Para a injeção, uma agulha foi conectada a uma
cânula de polipropileno acoplada a uma microseringa Hamilton de 50 µl. Os animais
foram levemente anestesiados com éter e a administração por via i.c.v., em um
volume de 5 µl, realizada com a inserção da agulha diretamente no ventrículo
lateral com a fissura bregma como referência (1 mm lateral e 1 mm posterior ao
bregma e 2,4 mm de profundidade). O grupo controle foi tratado com o mesmo
volume de solução veículo.
4.4
T
ESTES COMPORTAMENTAIS
4.4.1.
T
ESTE DO NADO FORÇADO
(TNF)
O teste do nado forçado foi desenvolvido por Porsolt et al., em 1977, para
auxiliar na pesquisa de drogas antidepressivas. O objetivo foi criar um modelo
Materiais e Métodos
23
animal que reproduzisse um comportamento semelhante à depressão e que fosse
sensível a drogas utilizadas clinicamente no tratamento desta patologia. O modelo
foi baseado na observação de que ratos e camundongos quando forçados a nadar,
numa situação em que não poderiam escapar, após um curto período de agitação,
adotam uma postura de imobilidade, flutuando ou fazendo apenas movimentos
necessários para manter a sua cabeça acima da água.
Os camundongos foram forçados a nadar individualmente, em um cilindro
plástico aberto de 10 cm de diâmetro e 25 cm de altura, contendo 19 cm de água a
25 ± 1°C. O tempo total de imobilidade, durante 6 minutos, foi medido conforme
utilizado por Eckeli et al., (2000) e da Silva et al. (2000).
4.4.2.
T
ESTE DO CAMPO ABERTO
-
TCA
(
OPEN FIELD TEST
)
Com a finalidade de excluir a possibilidade de que um eventual efeito
antidepressivo, isto é, uma diminuição do tempo de imobilidade no TNF seja devido
a um aumento na atividade locomotora, os camundongos foram submetidos a uma
sessão no teste do campo aberto, como descrito por Rodrigues et al. (1996).
O teste foi realizado em uma caixa de madeira medindo 40x60x50 cm, com
chão dividido em 12 quadrados iguais. A parte frontal da caixa é de vidro, para
facilitar o trabalho do observador. O número de quadrados cruzados com todas as
patas por sessão foi o parâmetro usado para avaliar a atividade locomotora. Cada
sessão teve a duração de 6 minutos.
Materiais e Métodos
24
4.5
P
ROTOCOLOS EXPERIMENTAIS
4.5.1
C
URVA DOSE
-
RESPOSTA DO TRATAMENTO COM MEMANTINA NO TNF E NO
TCA
Para investigar o efeito antidepressivo agudo da memantina no TNF, os
camundongos receberam injeções de salina (grupo controle) ou de memantina (0,3
-10 mg/kg, i.p.). Decorridos 30 minutos, os animais foram submetidos ao TNF.
Os animais também receberam injeções das mesmas concentrações de
memantina e depois de 30 minutos foram submetidos ao TCA. Este teste foi
realizado para verificar um possível efeito da memantina na atividade locomotora
dos camundongos.
4.5.2
A
NÁLISE DO MECANISMO DE AÇÃO ANTIDEPRESSIVA AGUDO DA
MEMANTINA ATRAVÉS DE ESTUDOS FARMACOLÓGICOS IN VIVO
Para investigar os possíveis mecanismos de ação pelos quais a memantina
produz um efeito antidepressivo, a via L-arginina-óxido nítrico-GMPc e o sistema
serotonérgico foram analisados.
4.5.2.1
E
NVOLVIMENTO DA VIA
L-
ARGININA
-
ÓXIDO NÍTRICO
-GMP
C
Com o objetivo de investigar o envolvimento da via L-arginina-óxido nítrico-
GMPc na atividade antidepressiva da memantina, os animais foram pré-tratados
com salina (veículo), L-arginina (um precursor do óxido nítrico, na dose de 750
mg/kg, i.p., que não produz efeito per se no TNF) ou com D-arginina (um isômero
inativo da L-arginina, na dose de 750 mg/kg, i.p.) (Rosa et al., 2003). Depois de 30
Materiais e Métodos
25
minutos, os animais receberam uma injeção de memantina (3 mg/kg, i.p.) ou salina.
Decorridos 30 minutos do tratamento, os animais foram submetidos ao TNF. Em um
experimento independente, para verificar se a ação da memantina seria devido a
uma interação com a via L-arginina-óxido nítrico, os animais foram pré-tratados com
SNAP (um doador de óxido nítrico, na dose de 25 µg/sítio, i.c.v.) (Rosa et al., 2003)
ou salina. Decorridos 15 minutos, os animais receberam uma injeção de memantina
(3 mg/kg, i.p.) ou salina e 30 minutos depois foram testados no TNF.
Para verificar um possível efeito sinérgico entre a memantina e o L-NNA (um
inibidor da NOS) e também entre a memantina e o ODQ (um inibidor específico da
GCs), os animais foram pré-tratados com doses sub-ativas de L-NNA (0,03 e 0,3
mg/kg, i.p.) (Kaster et al., 2005) ou com doses sub-ativas de ODQ (30 pmol/sítio,
i.c.v.) (Kaster et al., 2005). Decorridos 20 minutos da injeção de L-NNA ou 15
minutos após a injeção de ODQ, os camundongos foram administrados com uma
dose sub-ativa de memantina (0,3 mg/kg, i.p.). Após 30 minutos, os animais foram
submetidos ao TNF.
Em outro experimento, para investigar o envolvimento do GMPc no efeito
antidepressivo agudo da memantina, os camundongos foram pré-tratados com
sildenafil (5 mg/kg, i.p.), um inibidor específico da fosfodiesterase 5 (PDE5) (Kaster
et al., 2005). Depois de 30 minutos, os animais receberam uma injeção de salina ou
de memantina (3 mg/kg, i.p.) e após 30 minutos foram submetidos ao TNF.
4.5.2.2
E
NVOLVIMENTO DO SISTEMA SEROTONÉRGICO
Com o objetivo de investigar o envolvimento de receptores serotonérgicos
no efeito antidepressivo da memantina, os animais foram pré-tratados com salina,
NAN-190 (um antagonista de receptores dos subtipos 5-HT
1A
, na dose de 0,5
mg/kg, i.p.), ciproheptadina (um antagonista de receptores dos subtipos 5-HT
2
, na
Materiais e Métodos
26
dose de 3 mg/kg, i.p.,) ou cetanserina (um antagonista de receptores dos subtipos
5-HT
2A/2C
, na dose de 5 mg/kg, i.p.) (Zomkowski et al., 2004). Decorridos 30
minutos, os animais receberam uma injeção de memantina (3 mg/kg, i.p.) ou salina.
Após 30 minutos, os animais foram submetidos ao TNF.
4.5.3
V
IAS DE SINALIZAÇÃO CELULAR ENVOLVIDAS NO EFEITO ANTIDEPRESSIVO
AGUDO DA MEMANTINA
Para investigar as vias de sinalização intracelular envolvidas no efeito
antidepressivo agudo da memantina, foram utilizados inibidores específicos de
proteínas quinases. Os animais foram pré-tratados com veículo ou com os
seguintes compostos: H-89 (um inibidor da PKA, na dose de 1 µg/sítio, i.c.v., como
descrito por Sato et al., 2004), PD98059 (um inibidor da MAPK/ERK, na dose de 5
µg/sítio, i.c.v., como descrito por Vianna et al., 2000), KN-62 (um inibidor da
CaMKII, na dose de 1 µg/sítio, i.c.v., como descrito por Vianna et al., 2000),
queleritrina (um inibidor da PKC, na dose de 1 µg/sítio, i.c.v., como descrito por
Cervo et al., 1997). Depois de 15 minutos, os camundongos receberam memantina
(3 mg/kg, i.p.) e decorridos 30 minutos, eles foram submetidos ao TNF.
Para melhor elucidar o envolvimento da PKC, foi utilizado um éster de forbol
ativador desta enzima (PMA). Inicialmente, foi realizada uma curva dose-resposta
do efeito do PMA no tempo de imobilidade no TNF. Para verificar um possível efeito
sinérgico entre o PMA e a memantina, os camundongos foram pré-tratados com
uma dose sub-ativa PMA (30 ng/sítio, i.c.v., obtido da curva dose-resposta) ou
veículo. Depois de 15 minutos, os animais foram tratados com uma dose sub-ativa
de memantina (0,3 mg/kg, i.p.). Após 30 minutos, os animais foram submetidos ao
TNF.
Materiais e Métodos
27
4.6
A
NÁLISE ESTATÍSTICA
Para análise dos resultados foi efetuada a Análise de variância (ANOVA) de
uma ou de duas vias, de acordo com o protocolo experimental, seguida do teste
post-hoc de Newman Keuls, quando apropriado. As diferenças entre as médias
foram consideradas significativas quando P<0,05.
Resultados
28
5. RESULTADOS
5.1
E
FEITO ANTIDEPRESSIVO AGUDO DA MEMANTINA EM CAMUNDONGOS
5.1.1
E
FEITO DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE MEMANTINA NO TNF
O tempo de imobilidade no TNF dos camundongos tratados com memantina
(0,3 a 10 mg/kg, i.p.) está mostrado na Figura 4. A ANOVA de uma via revelou uma
diferença significativa para o efeito da memantina no tempo de imobilidade no TNF
[F(3,20) = 59,65, P < 0,01]. O teste post-hoc de Newman Keuls mostrou que a
memantina nas doses de 3 e 10 mg/kg (i.p.) reduziu significativamente o tempo de
imobilidade dos animais no TNF, em relação ao grupo controle.
5.1.2
E
FEITO DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE MEMANTINA NO TCA
A memantina, nas doses de 0,3 a 3 mg/kg (i.p.) não causou uma redução
significativa no número de quadrantes cruzados no TCA (Figura 5). Porém, na dose
de 10 mg/kg (i.p.), a ANOVA de uma via indicou diferença significativa quando
comparada ao grupo controle [F(3,9) = 44,55; P < 0,01].
Em resumo, os resultados mostraram um efeito antidepressivo agudo da
memantina no TNF nas doses de 3 e 10 mg/kg (i.p.). Mas, na dose de 10 mg/kg
(i.p.), a memantina afetou a atividade locomotora no TCA. Portanto, a dose de
memantina de 3 mg/kg (i.p.), foi selecionada para a realização dos experimentos
seguintes.
Resultados
29
0
50
100
150
200
250
300
**
**
Tempo de Imobilidade (s)
C 0,3 1 3 10
Memantina (mg/kg, i.p.)
Figura 4. Efeito da administração aguda de memantina (0,3 - 10 mg/kg, i.p.) no
teste do nado forçado (TNF) em camundongos. A memantina foi administrada 30
minutos antes dos testes. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n =
6-8). **P < 0,01, comparado com o grupo controle (C).
Resultados
30
0
15
30
45
60
75
Memantina (mg/kg, i.p.)
**
C 0,3 1 3 10
Número de Cruzamentos
Figura 5. Efeito da administração aguda da memantina (0,3 - 10 mg/kg, i.p.) no
teste do campo aberto (TCA) em camundongos. A memantina foi administrada 30
minutos antes dos testes. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n =
6-7). **P < 0,01, comparado ao grupo controle (C).
Resultados
31
5.2
E
STUDO DO MECANISMO DE AÇÃO ANTIDEPRESSIVO AGUDO DA MEMANTINA
5.2.1
E
NVOLVIMENTO DA VIA
L-
ARGININA
-
ÓXIDO NÍTRICO
-GMP
C
A Figura 6A mostra o resultado da influência do pré-tratamento dos
camundongos com a precursora de óxido nítrico, a L-arginina (750 mg/kg, i.p.) no
efeito antidepressivo produzido pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA
de duas vias revelou um efeito significativo do pré-tratamento [F(1,21) = 18,06; P <
0,01], do tratamento [F(1,21) = 87,21; P < 0,01] e da interação entre o pré-
tratamento e o tratamento [F(1,21) = 19,90; P < 0,01].
O efeito do pré-tratamento dos animais com o isômero inativo da L-arginina,
a D-arginina (750 mg/kg, i.p.) na redução do tempo de imobilidade no TNF causado
pela memantina (3 mg/kg, i.p.) está mostrado na Figura 6B. A ANOVA de duas vias
revelou efeito significativo do tratamento [F(1,20) = 149,09; P < 0,01], mas não do
pré-tratamento [F(1,20) = 0,143; P = 0,709] e da interação entre o pré-tratamento e
o tratamento [F(1,20) = 0,424; P = 0,522].
A Figura 6C apresenta o resultado do pré-tratamento dos camundongos
com o doador de óxido nítrico, SNAP (25 µg/sítio, i.c.v.) no efeito antidepressivo da
memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de duas vias revelou um efeito
significativo do pré-tratamento [F(1,20) = 17,22; P < 0,01], do tratamento [F(1,20) =
143,72; P < 0,01] e da interação entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,20) =
29,93; P < 0,01].
Uma análise post-hoc de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais com a
L-arginina (um precursor de NO) e com o SNAP (um doador de NO), mas não com
a D-arginina (o isômero inativo da L-arginina).
Resultados
32
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
L-arginina
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
A
Tempo de Imobilidade (s)
0
50
100
150
200
250
300
**
**
Veículo
D-arginina
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
B
Tempo de Imobilidade (s)
0
50
100
150
200
250
300
Veículo
SNAP
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
**
#
C
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 6. Efeito do pré-tratamento de camundongos com L-arginina (750 mg/kg,
i.p.) (A), D-arginina (750 mg/kg, i.p.) (B) ou com SNAP (25 µg/sítio, i.c.v.) (C) sobre
a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF.
Os camundongos foram pré-tratados com L-arginina ou D-arginina, 30 minutos
antes da administração da memantina. O pré-tratamento com SNAP foi realizado 15
minutos antes da administração da memantina. Os resultados estão expressos
como média + e.p.m. (n = 6-9). **P < 0,01, quando comparado com grupo controle,
#
P < 0,01, quando comparado com o grupo tratado com memantina.
Resultados
33
A Figura 7A mostra o efeito sinérgico de doses sub-ativas do inibidor da
NOS, o L-NNA (0,03 e 0,3 mg/kg, i.p.) com uma dose sub-ativa de memantina (0,3
mg/kg, i.p.) na redução do tempo de imobilidade no TNF em camundongos. A
ANOVA de duas vias revelou um efeito significativo do pré-tratamento [F(2,28) =
16,08; P < 0,01], do tratamento [F(1,28) = 52,95; P < 0,01], e da interação entre o
pré-tratamento e o tratamento [F(2,28) = 7,94; P < 0,01].
Na Figura 7B pode ser observado o efeito antidepressivo sinérgico de uma
dose sub-ativa do inibidor específico de GCs, o ODQ (30 pmol/sítio, i.c.v.) com uma
dose sub-ativa de memantina (0,3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de duas vias
revelou um efeito significativo do pré-tratamento [F(1,21) = 66,81; P < 0,01], do
tratamento [F(1,21) = 44,83; P < 0,01], e da interação entre o pré-tratamento e o
tratamento [F(1,21) = 58,35; P < 0,01].
Uma análise post-hoc de Newman Keuls indicou que um inibidor da NOS (L-
NNA) ou um inibidor da GCs (ODQ) provocaram um efeito antidepressivo sinérgico
com a memantina, reduzindo o tempo de imobilidade no TNF em camundongos.
Resultados
34
0
50
100
150
200
250
300
**
**
Veículo
Memantina
L
-NNA
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
+
-
+
-
+
+
0.03 mg/kg 0.3 mg/kg
A
Tempo de Imobilidade (s)
0
50
100
150
200
250
300
**
Veículo
ODQ
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
B
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 7. Efeito antidepressivo sinérgico do L-NNA (0,03 e 0,3 mg/kg, i.p.) (A) e do
ODQ (30 pmol/sítio, i.c.v.) (B) com a memantina (0,3 mg/kg, i.p.), no TNF em
camundongos. Os animais foram pré-tratados com L-NNA ou com ODQ, 20 ou 15
minutos, respectivamente, antes da administração da memantina. Os resultados
estão expressos como média + e.p.m. (n = 6-7). **P < 0,01, quando comparado
com o grupo controle.
Resultados
35
A Figura 8 mostra o resultado da influência do pré-tratamento dos
camundongos com o inibidor da fosfodiesterase 5 (PDE5), sildenafil (5 mg/kg, i.p.)
no efeito antidepressivo da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de duas
vias indicou um efeito significativo do pré-tratamento [F(1,20) = 18,93; P < 0,01], do
tratamento [F(1,20) = 57,99; P < 0,01], e da interação entre o pré-tratamento e o
tratamento [F(1,20) = 16,52; P < 0,01].
Uma análise post-hoc de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF, foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais
com o sildenafil, um inibidor da PDE5.
Resultados
36
0
50
100
150
200
250
300
Tempo de Imobilidade (s)
**
#
Veículo
Sildenafil
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Figura 8. Efeito do pré-tratamento de camundongos com sildenafil (5 mg/kg, i.p.)
sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.)
no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com sildenafil e depois de 30 minutos
tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o tratamento com
memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n = 6-8). **P <
0,01, quando comparado com o grupo controle,
#
P < 0,01, quando comparado com
o grupo tratado somente com memantina.
Resultados
37
5.2.2
E
NVOLVIMENTO DO SISTEMA SEROTONÉRGICO
O efeito do pré-tratamento de camundongos com um antagonista de
receptores serotonérgicos do subtipo 5-HT
1A
, o NAN-190 (0,5 mg/kg, i.p.) no efeito
antidepressivo causado pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF está apresentado na
Figura 9. A ANOVA de duas vias revelou efeito significativo do pré-tratamento
[F(1,20) = 55,38; P < 0,01], do tratamento [F(1,20) = 153,54; P < 0,01] e da
interação entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,20) = 62,99; P < 0,01].
Uma análise post-hoc de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF, foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais
com um antagonista de receptores 5-HT
1A
(NAN-190).
Resultados
38
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
NAN-190
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 9. Efeito do pré-tratamento de camundongos com NAN-190 (0,5 mg/kg, i.p.)
sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.)
no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com NAN-190 e depois de 30
minutos tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o
tratamento com memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n
= 6-8). **P < 0,01, quando comparado com grupo controle,
#
P < 0,01, quando
comparado com o grupo tratado somente com memantina.
Resultados
39
A Figura 10A mostra a influência do pré-tratamento de camundongos com
um antagonista de receptores serotonérgicos do subtipo 5-HT
2
, a ciproheptadina (3
mg/kg, i.p.) no efeito antidepressivo provocado pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no
TNF. A ANOVA de duas vias revelou um efeito significativo do pré-tratamento
[F(1,20) = 81,33; P < 0,01], do tratamento [F(1,20) = 122,58; P < 0,01] e da
interação entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,20) = 108,73; P < 0,01].
A Figura 10B apresenta o efeito do pré-tratamento de camundongos com
um antagonista de receptores serotonérgicos do subtipo 5-HT
2A/2C
, a cetanserina (5
mg/kg, i.p.) na redução do tempo de imobilidade provocada pela memantina (3
mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de duas vias revelou um efeito significativo do pré-
tratamento [F(1,20) = 37,87; P < 0,01], do tratamento [F(1,20) = 181,54; P < 0,01] e
da interação entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,20) = 32,34; P < 0,01].
Uma análise post-hoc de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF, foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais
com antagonistas de receptores serotonérgicos dos subtipos 5-HT
2
(ciproheptadina)
e 5-HT
2A/2C
(cetanserina).
Resultados
40
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
Cetanserina
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
B
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 10
. Efeito do pré-tratamento de camundongos com ciproheptadina (3 mg/kg,
i.p.) (
A
) ou com cetanserina (5 mg/kg, i.p.) (
B
) sobre a redução do tempo de
imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. Os camundongos
foram pré-tratados com ciproheptadina ou com cetanserina e depois de 30 minutos
tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o tratamento com
memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n = 6-8). **
P
<
0,01, quando comparado com grupo controle,
#
P
< 0,01, quando comparado com o
grupo tratado somente com memantina.
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
Ciproheptadina
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
A
Tempo de Imobilidade (s)
Resultados
41
5.3
E
STUDO DAS VIAS DE SINALIZAÇÃO CELULAR ENVOLVIDAS NO EFEITO
ANTIDEPRESSIVO AGUDO DA MEMANTINA EM CAMUNDONGOS
5.3.1
E
NVOLVIMENTO DA PROTEÍNA QUINASE
A
(PKA)
A
Figura 11
mostra a influência do pré-tratamento de camundongos com o
inibidor específico da PKA, o composto H-89 (1 µg/sítio, i.c.v.) na redução do tempo
de imobilidade provocado pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de
duas vias mostrou um efeito significativo do pré-tratamento [F(1,21) = 28,84;
P
<
0,01], do tratamento [F(1,21) = 54,44;
P
< 0,01] e da interação entre o pré-
tratamento e o tratamento [F(1,21) = 21,21;
P
< 0,01].
Uma análise
post-hoc
de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF foi completamente prevenido pelo pré-
tratamento dos animais com um inibidor da PKA (H-89). Este resultado indica o
envolvimento da PKA no efeito antidepressivo da memantina em camundongos.
Resultados
42
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
H-89
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 11
. Efeito do pré-tratamento de camundongos com H-89 (1 µg/sítio, i.c.v.)
sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.)
no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com H-89 e depois de 15 minutos
tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o tratamento com
memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n = 6-8). **
P
<
0,01, quando comparado com o grupo controle,
#
P
< 0,01, quando comparado com
o grupo tratado somente com memantina.
Resultados
43
5.3.2
E
NVOLVIMENTO DA VIA
MAPK/ERK
Na
Figura 12
está mostrada a influência do pré-tratamento de camundongos
com um inibidor da via MAPK/ERK, o composto PD98059 (5 µg/sítio, i.c.v) no efeito
antidepressivo provocado pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de
duas vias revelou um efeito significativo do pré-tratamento [F(1,20) = 15,19;
P
<
0,01], do tratamento [F(1,20) = 82,44;
P
< 0,01] e da interação entre o pré-
tratamento e o tratamento [F(1,20) = 21,16;
P
< 0,01].
Uma análise
post-hoc
de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF foi completamente prevenido pelo pré-
tratamento dos animais com um inibidor da MAPK/ERK (PD98059). Este resultado
indica o envolvimento da via MAPK/ERK no efeito antidepressivo da memantina em
camundongos.
.
Resultados
44
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
PD098059
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 12.
Efeito do pré-tratamento de camundongos com PD98059 (5 µg/sítio,
i.c.v.) sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg,
i.p.) no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com PD98059 e depois de 15
minutos tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o
tratamento com memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n
= 6-8). **
P
< 0,01, quando comparado com o grupo controle,
#
P
< 0,01, quando
comparado com o grupo tratado somente com memantina.
Resultados
45
5.3.3
E
NVOLVIMENTO DA CALMODULINA QUINASE
II
(C
A
MKII)
Na
Figura 13
pode ser observado o resultado do pré-tratamento de
camundongos com um inibidor específico da calmodulina quinase II (CaMKII), o
composto KN-62 (1 µg/sítio, i.c.v.) no efeito antidepressivo causado pela
memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF. A ANOVA de duas vias revelou diferenças
significativas do pré-tratamento [F(1,20) = 40,31;
P
< 0,01], do tratamento [F(1,20) =
54,25;
P
< 0,01] e da interação entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,20) =
70,67;
P
< 0,01].
Uma análise
post-hoc
de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF foi completamente prevenido pelo pré-
tratamento dos animais com um inibidor específico da CaMKII (KN-62). Este
resultado indica o envolvimento da CaMKII no efeito antidepressivo da memantina
em camungondos.
Resultados
46
0
50
100
150
200
250
300
**
#
Veículo
KN-62
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 13
. Efeito do pré-tratamento de camundongos com KN-62 (1 µg/sítio, i.c.v.)
sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg, i.p.)
no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com KN-62 e depois de 15 minutos
tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o tratamento com
memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m. (n = 6-8). **
P
<
0,01, quando comparado com o grupo controle,
#
P
< 0,01, quando comparado com
o grupo tratado somente com memantina.
Resultados
47
5.3.4
ENVOLVIMENTO DA PROTEÍNA QUINASE
C
(PKC)
Na
Figura 14
está apresentado o efeito do pré-tratamento de camundongos
com um inibidor específico da proteína quinase C (PKC), a queleritrina (1 µg/sítio,
i.c.v.) na redução da imobilidade provocada pela memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF.
A ANOVA de duas vias revelou efeito significativo do tratamento [F(1,19) = 310,27;
P
< 0,01], mas não do pré-tratamento [F(1,19) = 0,0001;
P
= 0,99] e da interação
entre o pré-tratamento e o tratamento [F(1,19) = 3,28;
P
= 0,085].
Uma análise
post-hoc
de Newman Keuls indicou que o efeito antidepressivo
da memantina (3 mg/kg, i.p.) não foi prevenido pelo pré-tratamento dos animais
com o inibidor específico da PKC (queleritrina). Este resultado indica que a PKC
parece não estar envolvida no efeito antidepressivo da memantina no TNF em
camundongos.
Resultados
48
0
50
100
150
200
250
300
**
**
Veículo
Queleritrina
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
Figura 14
. Efeito do pré-tratamento de camundongos com queleritrina (1 µg/sítio,
i.c.v.) sobre a redução do tempo de imobilidade causada pela memantina (3 mg/kg,
i.p.) no TNF. Os camundongos foram pré-tratados com queleritrina e depois de 15
minutos tratados com memantina. O TNF foi realizado 30 minutos após o
tratamento com memantina. Os resultados estão expressos como média + e.p.m.
(n = 6-8). **
P
<0,01 quando comparado com o grupo controle.
Resultados
49
Para fornecer evidências adicionais de que a PKC parece não mediar o
efeito antidepressivo da memantina, foram realizados protocolos experimentais
utilizando o PMA, um éster de forbol que ativa a PKC. Primeiro, foi verificado o
efeito da administração central de diferentes concentrações (30 - 3000 ng/sítio,
i.c.v.) de PMA sobre o tempo de imobilidade no TNF em camundongos (
Figura
15A)
. A ANOVA de uma via revelou uma diferença significativa para o efeito do
PMA no tempo de imobilidade no TNF [F(4,27) = 17,63
P
< 0,01]. O teste
post-hoc
de Newman Keuls mostrou que o PMA, nas doses de 1000 - 3000 ng/sítio (i.c.v.),
reduziu significativamente o tempo de imobilidade dos animais no TNF, em relação
ao grupo controle.
A seguir, foi investigado o possível efeito sinérgico do pré-tratamento de
camundongos com uma dose sub-ativa de PMA (30 ng/sítio, i.c.v.) com uma dose
sub-ativa de memantina (0,3 mg/kg, i.p.) no TNF
(
Figura 15B
). A ANOVA de duas
vias não indicou efeito significativo do pré-tratamento [F(1,19) = 1,66;
P
= 0,21], do
tratamento [F(1,19) = 0,60;
P
= 0,44], e nem da interação entre o pré-tratamento e o
tratamento [F(1,19) = 0,24;
P
= 0,62].
Uma análise
post-hoc
de Newman Keuls indicou que o pré-tratamento dos
animais com o éster de forbol PMA (ativador da PKC) não causou efeito sinérgico
com a memantina no TNF. Estes resultados parecem confirmar que não
envolvimento da PKC no efeito antidepressivo da memantina.
Resultados
50
0
50
100
150
200
250
300
**
C 30 300 1000 3000
**
PMA (ng/sítio, i.c.v.)
Tempo de Imobilidade (s)
A
Figura 15
. (
A
) Efeito da administração central de éster de forbol, PMA (30-3000
ng/sítio, i.c.v.) no TNF em camundongos. O PMA foi administrado 15 minutos antes
dos testes. (
B
) Efeito antidepressivo sinérgico do pré-tratamento de camundongos
com PMA (30 ng/sítio, i.c.v.) com a memantina (0,3 mg/kg, i.p.) no TNF em
camundongos. Os camundongos foram pré-tratados com PMA e depois de 15
minutos tratados com memantina (0,3 mg/kg, i.p.). O TNF foi realizado 30 minutos
após o tratamento com memantina. Os resultados estão expressos como média +
e.p.m. (n = 6-8). **
P
< 0,01, quando comparado com o grupo controle.
0
50
100
150
200
250
300
Veículo
PMA
Memantina
+
-
-
+
+
-
+
-
+
-
+
+
Tempo de Imobilidade (s)
B
Discussão
51
6. DISCUSSÃO
No presente estudo foram obtidos os seguintes resultados: i) a
administração sistêmica de memantina provocou um efeito antidepressivo no teste
do nado forçado (TNF) em camundongos; ii) a via L-arginina - óxido nítrico -
guanosina monofosfato cíclica (L-arginina-NO-GMPc) e receptores serotonérgicos
parecem estar envolvidos no efeito antidepressivo da memantina e; iii) a ação
antidepressiva aguda da memantina é mediada por vias de sinalização intracelular
dependentes de PKA, MAPK/ERK e CaMKII, mas não de PKC; iv) a ativação da
eKC provoca uma redução no tempo de imobilidade no TNF em camundongos.
O TNF é um modelo animal de depressão utilizado para a triagem de novas
drogas antidepressivas. Este teste foi desenvolvido por Porsolt e colaboradores
(1977) para estudos em ratos e, logo após, modificado para ser utilizado em
camundongos (Porsolt, 1979). No TNF, os camundongos são forçados a nadar em
um espaço restrito, do qual não têm como escapar. Depois de um período inicial de
agitação, cessa a tentativa de escape e eles adquirem uma postura de imobilidade
(Steru et al., 1985); acredita-se que esta condição parece ser semelhante à
depressão humana (Willner, 1984; Steru et al., 1985; Cryan et al., 2002). As drogas
com ação antidepressiva reduzem o tempo de imobilidade de camundongos e ratos
neste teste (Porsolt et al., 1977; Willner, 1984; Steru et al., 1985). O TNF é sensível
e relativamente específico para a maioria das drogas antidepressivas, como os
antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoamino oxidase, inibidores seletivos da
recaptação de serotonina e noradrenalina e os atípicos (Porsolt et al., 1977; Steru
et al., 1985). O TNF apresenta resultados reprodutíveis e é o modelo animal de
depressão mais utilizado/citado na literatura (Cryan et al., 2002). Devido a isso, este
modelo foi escolhido para o estudo do mecanismo de ação e das vias de
sinalização celular envolvidas no efeito antidepressivo da memantina.
Discussão
52
A memantina é um antagonista não-competitivo e de afinidade moderada
pelo receptor glutamatérgico NMDA (Moryl et al., 1993; Parsons et al., 1999;
Sonkusare et al., 2005). Na Europa e nos Estados Unidos a memantina foi liberada
para o tratamento das fases moderada e severa da doença de Alzheimer (Lipton,
2004; Sonkusare, 2005; Parsons et al., 1999). Uma característica importante desta
droga é que ela tem se mostrado bem tolerada clinicamente, ao contrário dos
antagonistas de alta afinidade pelos receptores NMDA, como o MK-801 (Parsons et
al., 1999; Molinuevo, 2003). Deste modo, a memantina também poderia ser útil no
tratamento de outros distúrbios do SNC, como no tratamento da depressão (Moryl
et al., 1993; Parsons et al., 1999; Sonkusare et al., 2005).
Trullas e Skolnick (1990) foram os primeiros autores a demonstrar que
antagonistas não-competitivos e competitivos do receptor glutamatérgico NMDA
apresentavam propriedades antidepressivas em modelos animais de depressão.
Estudos posteriores desmonstraram o efeito antidepressivo da memantina, quando
avaliada no TNF em camundongos (Moryl et al., 1993) e ratos (Rogoz et al., 2002).
Além disso, a co-administração de memantina com fármacos antidepressivos, como
a imipramina, fluoxetina ou venlafaxina, produziu um efeito antidepressivo sinérgico
no TNF (Rogoz et al., 2002). Entretanto, o mecanismo de ação e as vias de
sinalização pelas quais a memantina atua são desconhecidos.
No presente estudo, foi demonstrado que a administração sistêmica de
memantina (3 e 10 mg/kg, i.p.) produziu um efeito antidepressivo no TNF em
camundongos, confirmando os dados da literatura (Moryl et al., 1993; Rogoz et al.,
2002). A dose terapêutica de memantina utilizada no tratamento da doença de
Alzheimer é de 20 mg/dia (Lipton, 2004; Sonkusare et al., 2005). De acordo com
Parsons e colaboradores (1999), ratos tratados com uma dose de memantina de 5
mg/kg (i.p.) apresentaram depois de 30 minutos, concentrações plasmáticas
equivalentes às encontradas em humanos submetidos à dose terapêutica (20
Discussão
53
mg/dia). A memantina também demonstrou efeito antidepressivo no TNF, quando
administrada nas doses de 2,5 e 5 mg/kg (i.p.) em ratos. Assim, a dose de
memantina utilizada neste trabalho (3 mg/kg, i.p.) parece estar próxima da utilizada
na clínica e os resultados obtidos poderiam ter uma importância terapêutica.
O TNF pode apresentar um resultado falso positivo ou negativo (Borsini e
Meli, 1988). Por exemplo, as drogas que aumentam a atividade motora podem
indicar um efeito falso positivo no TNF. Os resultados apresentados neste trabalho
mostraram que o efeito antidepressiva da memantina (3 mg/kg, i.p.) no TNF não
está associada a nenhum efeito motor. Esta dose não alterou a atividade
locomotora no teste do campo aberto (TCA), indicando que o efeito antidepressivo
da memantina é específico.
O óxido nítrico (NO) desempenha um papel relevante em várias funções do
SNC e a manipulação farmacológica da sua via dentese e degradação tem
despertado interesse pelo seu envolvimento na depressão (Harkin et al., 1999;
2003; 2004; Karolewicz et al., 2001; Heiberg et al., 2002; Inan et al., 2004).
Os resultados obtidos neste trabalho fornecem evidências de que o efeito
antidepressivo agudo da administração sistêmica de memantina é dependente, pelo
menos em parte, da inibição da síntese de óxido nítrico (NO) e de guanosina
monofosfato cíclica (GMPc). Os resultados mostraram que o pré-tratamento dos
camundongos com L-arginina, um substrato para a NOS, ou com SNAP, um doador
de NO, mas não com isômero inativo da L-arginina, a D-arginina, reverteram o
efeito antidepressivo da memantina. Além disso, um efeito antidepressivo sinérgico
foi observado quando a memantina foi administrada com L-NNA, um inibidor da
NOS. Vários autores demonstraram que os inibidores da NOS como L-NNA, L-
NAME, 7-nitroindazol e o 1-(2-trifluorometil-fenil)imidazol, apresentam efeito
antidepressivo em modelos animais de depressão (Yildiz et al., 2000; Harkin et al.,
2003, Volke et al., 2003). Assim, os resultados obtidos sugerem que a inibição da
Discussão
54
síntese de NO pode estar envolvida na redução do tempo de imobilidade no TNF
causada pela memantina.
O possível envolvimento da via L-arginina-NO-GMPc na redução do tempo
de imobilidade causada pela memantina no TNF foi reforçada pelo fato de que a
memantina, em dose sub-ativa, produziu um efeito antidepressivo sinérgico com
ODQ, um inibidor da enzima guanilato cliclase solúvel (GCs). Esta inibição
resultaria na diminuição dos níveis de GMPc (ver
Figura 1
, pág. 7). Vários
trabalhos têm demonstrado que a via NO-GCs está envolvida na fisiopatologia da
depressão (Harkin et al., 1999; Heiberg et al., 2002; Kaster et al., 2005). Heiberg e
colaboradores (2002) mostraram que o ODQ produziu um efeito antidepressivo em
ratos no TNF, que foi revertido pela L-arginina. Um estudo recente demonstrou que
o ODQ reduziu o tempo de imobilidade no TNF, de modo dependente da dose, em
camundongos (Kaster et al., 2005).
Outro resultado relevante deste trabalho é que o efeito antidepressivo da
memantina no TNF foi revertido pelo pré-tratamento com sildenafil, um inibidor
seletivo da fosfodiesterase 5 (PDE5). Este dado, novamente sugere que a
memantina exerce seu efeito antidepressivo através de uma diminuição dos níveis
de GMPc. As concentrações intracelulares de GMPc não são reguladas apenas
pela GCs, mas também pela PDE5, que catalisa a hidrólise dos segundos
mensageiros AMPc e GMPc para produzir AMP e GMP, respectivamente
(Denninger e Marletta, 1999). A PDE5 é encontrada em várias áreas do encéfalo,
particularmente na camada celular de Purkinje no cerebelo (Bender e Beavo, 2004)
e nos neurônios piramidais do hipocampo (Van Staveren et al., 2004). O papel
exercido pela PDE5 na via da NO-GMPc e a sua distribuição no SNC pode tornar
esta enzima um alvo da ação de compostos antidepressivos. Portanto, os
resultados deste trabalho estão de acordo com os vários autores que sugerem o
envolvimento da via L-arginina-NO-GMPc na fisiopatologia da depressão (Harkin et
Discussão
55
al., 1999; Yildiz et al., 2000). A diminuição da produção de NO pela inibição da NOS
pode ser um sítio de ação para compostos que apresentam efeito antidepressivo
(Rosa et al., 2003; Harkin et al., 2004; Kaster et al., 2005).
A relação entre o sistema serotonérgico e a depressão tem sido amplamente
investigada (Duman et al., 1997; Manji et al., 2001; Kalia, 2005). A patogênese da
depressão está relacionada com o sistema monoaminérgico, particularmente com
os mecanismos noradrenérgicos e serotonérgicos. Portanto, drogas que afetam a
neurotransmissão serotonérgica m sido efetivas no tratamento da depressão
(Duman et al., 1997; Manji et al., 2001; Kalia, 2005).
Os dados obtidos neste trabalho indicam o envolvimento de receptores 5-
HT
1A
no efeito antidepressivo da memantina no TNF. Os resultados mostraram que
o pré-tratamento dos camundongos com NAN-190 (um antagonista do receptor 5-
HT
1A
) reverteu o efeito anti-imobilidade da memantina. Este resultado sugere que o
efeito antidepressivo da memantina pode ser mediado por sua interação com os
receptores serotonérgicos 5-HT
1A
. Vários trabalhos têm demonstrado o
envolvimento dos receptores serotonérgicos 5-HT
1A
no mecanismo de ação de
drogas antidepressivas, como os antidepressivos tricíclicos, os inibidores da MAO e
os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (Hensler, 2002; Blier e Ward,
2003). Tem sido relatado que o bloqueio de auto-receptores 5-HT
1A
aumenta a
função serotonérgica pré-sináptica por prevenir ações auto-inibitórias da serotonina
no disparo e liberação de neurônios serotonérgicos, o que contribui para um efeito
antidepressivo (Artigas et al., 1996). Além disso, Hascoet e colaboradores (1994)
mostraram que compostos com alta afinidade por receptores 5-HT
1A
, como o 8-OH-
DPAT (um agonista de receptores 5-HT
1A
), diminuíram o tempo de imobilidade dos
camundongos no TNF.
O papel dos receptores 5-HT
2
na ão de drogas antidepressivas tem sido
largamente evidenciado, pois alguns antidepressivos clássicos atuam como
Discussão
56
antagonistas dos receptores 5-HT
2A/2C
(Redrobe e Bourin, 1997; 1998; Middlemiss
et al., 2002; Van Oekelen et al., 2003). A administração repetida destes fármacos
diminuem o “binding” de receptores 5-HT
2
(Deakin, 1988). A “down regulation” de
receptores 5-HT
2A
é uma característica do efeito dos antidepressivos administrados
a longo prazo. O papel dos receptores 5-HT
2A
na depressão foi enfatizado num
estudo mostrando que um polimorfismo no gene deste receptor está associado com
pensamentos suicidas em pacientes com depressão severa (Du et al., 2000). O
agonista preferencial dos receptores 5-HT
2A
, o DOI (R(-)-1-(2,5-dimethoxi-4-
iodofenil)-2-aminopropano), assim como diferentes antidepressivos, causa uma
dessensibilização destes receptores (Van Oekelen et al., 2003).
No presente trabalho, o efeito antidepressivo da memantina foi revertido
pelo pré-tratamento dos animais com ciproheptadina (um antagonista não seletivo
de receptores 5-HT
2
) e com cetanserina (um antagonista de receptores 5-HT
2A/2C
).
Os resultados deste trabalho mostram que um envolvimento da modulação do
sistema serotonérgico no efeito antidepressivo da memantina no TNF, afetando
direta ou indiretamente os receptores serotonérgicos 5-HT
1A
, 5-HT
2A
e 5-HT
2C
.
Mais recentemente, o estudo sobre a fisiopatologia e o tratamento dos
distúrbios de humor tem focalizado as vias de sinalização intracelular (Manji et al.,
2001; D’Sa e Duman, 2002; Gould e Manji, 2002; Hashimoto et al., 2004; ver
Figura 2
, pág. 13). Estas vias interagem em vários níveis formando um complexo
de sinalização celular que permite receber, processar e responder a informações, e
também modular o sinal gerado por múltiplos neurotransmissores e neuropeptídeos
Neste contexto, as vias de transdução de sinal exercem um papel essencial no
SNC e representam um alvo atrativo para o desenvolvimento de agentes
farmacológicos para o tratamento dos distúrbios de humor (Chen et al., 1999).
Os resultados apresentados neste trabalho mostram que a redução do
tempo de imobilidade no TNF pela memantina foi completamente bloqueada pelo
Discussão
57
pré-tratamento dos camundongos com o composto H-89, um inibidor específico da
proteína quinase A (PKA). Este resultado indica a possível participação da PKA no
efeito antidepressivo agudo da memantina no TNF em camundongos. A PKA está
envolvida em várias funções fisiológicas do SNC, como a síntese e liberação de
neurotransmissores, expressão gênica, plasticidade sináptica, memória,
crescimento, diferenciação e sobrevivência celular. (D’Sa e Duman, 2002; Gould e
Manji, 2002). O mecanismo mediado pela PKA é através da fosforilação de
substratos específicos, que inclui o CREB (D’Sa e Duman, 2002; Gould e Manji,
2002). A fosforilação de CREB ativa a expressão de genes como o BDNF, que tem
sido fortemente implicado na sobrevivência celular e plasticidade neuronal (D’Sa e
Duman, 2002; Hashimoto et al., 2004). O tratamento a longo prazo com
antidepressivos aumentaram o RNAm para CREB e a expressão da proteína CREB
no hipocampo (Gould e Manji, 2002). Duman e colaboradores (1997; 2000)
demonstraram que a via AMPc-PKA-CREB es envolvida na sobrevivência e
plasticidade neuronal, e o tratamento com antidepressivos causa uma “up
regulation” desta via. Estudos
post mortem
de cérebros de individuos que morreram
por suicídio e com histórico de diagnóstico de depressão maior, apresentaram uma
atividade da PKA diminuída (Dwivedi et al., 2004). Resultados recentes
demonstraram que os antidepressivos aumentam a atividade da PKA (Popoli et al.,
2000; Akin et al., 2005).
No presente trabalho, os resultados mostraram que o pré-tratamento de
camundongos com o composto PD98059, um inibidor da MAPK/ERK, inibiu o efeito
anti-imobilidade causado pela memantina no TNF. Este resultado sugere o
envolvimento da via MAPK/ERK no efeito antidepressivo agudo da memantina no
TNF. Este resultado é relevante, pois vários antidepressivos ativam esta cascata de
sinalização celular, provocando efeitos benéficos na plasticidade e na sobrevivência
neuronal (Chen et al., 1999; D’Sa e Duman, 2002; Einat et al., 2003). Estes eventos
Discussão
58
foram demonstrados recentemente pela fluoxetina, um inibidor seletivo da
recaptação de serotonina. Este fármaco antidepressivo promoveu uma rápida
ativação da via MAPK/ERK em astrócitos em cultura, aumentando a expressão de
neurotrofinas como o BDNF e o GDNF (Mercier et al., 2004).
A enzima Ca
2+
/calmodulina quinase II (CaMKII) desempenha um papel
importante na fisiopatologia e no tratamento de vários distúrbios relacionados ao
estresse (Du et al., 2004). Neste trabalho foi demonstrado que o efeito
antidepressivo agudo da memantina foi revertido pelo pré-tratamento dos
camundongos com KN-62, um inibidor de CaMKII. Este resultado indica que, pelo
menos em parte, o efeito antidepressivo da memantina pode ser devido a uma
ativação da CaMKII. Vários trabalhos sugerem que a CaMKII representa um alvo
para drogas antidepressivas (Popoli et al., 2000; Du et al., 2004; Hashimoto et al.,
2004). O tratamento a longo prazo com paroxetina, fluvoxamina e venlafaxina
provocou um aumento na fosforilação e na atividade da CaMKII em frações
subcelulares do hipocampo (Popoli et al., 2000).
As drogas antidepressivas ativam cascatas de transdução de sinal que
envolvem também a PKC (Chen et al., 1999; Popoli et al., 2000; Hashimoto et al.,
2004; Akin et al., 2005). A PKC, assim como a PKA, fosforila fatores de transcrição
como o CREB, c-Fos e c-Jun, além de outros substratos (Pandey e Dwivedi, 2005).
Além disso, a PKC parece exercer um papel importante no mecanismo de ação
terapêutica de drogas antidepressivas como desipramina e fluoxetina (Mann et al.,
1995). Outros trabalhos mostraram que o “binding” para PKC está diminuído no
hipocampo e córtex pré-frontal do cérebro
post mortem
de suicidas. Isto sugere que
a PKC desempenha uma função na fisiopatologia do comportamento suicida
(Pandey et al., 1997). Akin e colaboradores (2005) mostraram que a fosforilação de
CREB mediada pela PKC estava significativamente diminuída em fibroblastos de
pacientes depressivos melancólicos. Entretanto, outro estudo relata que a atividade
Discussão
59
da PKC está aumentada em plaquetas de pacientes com distúrbio bipolar durante a
fase maníaca (Friedman et al., 1993). Estas observações, apesar de controversas,
indicam que alterações na PKC podem estar envolvidas na fisiopatologia dos
distúrbios de humor (Akin et al., 2005). Neste trabalho, o efeito antidepressivo da
memantina no TNF não foi revertido pelo pré-tratamento dos camundongos com a
queleritrina, um inibidor da PKC. Além disso, não foi observado um sinergismo
entre o PMA (ativador da PKC) e a memantina, sugerindo que a PKC não está
envolvida na sua ação antidepressiva aguda no TNF. Um resultado relevante
destes experimentos foi a redução do tempo de imobilidade causado pela ativação
da PKC no TNF em camundongos. Na literatura o foram encontrados trabalhos
sobre os efeitos da ativação da PKC no modelo animal de depressão do TNF, o que
poderá vir a ser posteriormente investigado.
Os resultados mostrados neste trabalho contribuem para uma melhor
compreensão da ação antidepressiva da memantina, do seu mecanismo de ação e
de algumas das vias de sinalização envolvidas no seu efeito. O conjunto destes
dados sugere que a memantina poderia via a ser útil no tratamento da depressão
ou de outras doenças neurológicas.
Conclusões
60
7. CONCLUSÕES
1.
A administração sistêmica de memantina produziu um efeito antidepressivo
agudo no teste do nado forçado (TNF) em camundongos, sem afetar a
atividade locomotora.
2.
O efeito antidepressivo agudo da memantina no TNF parece ser mediado,
pelo menos em parte, pela via da L-arginina-óxido nítrico-GMPc.
3.
A redução do tempo de imobilidade no TNF provocada pela memantina
sugere a participação de receptores serotonérgicos 5-HT
1A
, 5-HT
2A
e 5-HT
2C
.
4.
As proteínas quinases PKA, MAPK/ERK e CaMKII parecem estar envolvidas
no efeito antidepressivo agudo da memantina no TNF.
5.
A ação antidepressiva aguda da memantina no TNF parece o ser
dependente da ativação da PKC.
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