Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA BÁSICA
CURSO DE MESTRADO EM
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E PATOLOGIA
AVALIAÇÃO DA COLONIZAÇÃO DE LEVEDURAS NO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR DE FUNCIONÁRIOS DE UMA
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
CURITIBA
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
VOLMIR PITT BENEDETTI
AVALIAÇÃO DA COLONIZAÇÃO DE LEVEDURAS NO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR DE FUNCIONÁRIOS DE UMA
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Microbiologia, Parasitologia e
Patologia – Área de Concentração Microbiologia, do
Setor de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Flávio de Queiroz Telles Filho.
Co-orientadora: Profª. Msc. Gisele P. Fernandes.
CURITIBA
2006
ii
ads:
AGRADECIMENTOS
Ao professor Doutor Flávio de Queiroz Telles, cuja orientação possibilitou e
ensinamentos que contribuíram muito na minha formação científica.
À professora. Mestre. Gisele P. Fernandes, por todas as oportunidades
concedidas, pela confiança depositada e por todos os ensinamentos, parte desta
conquista se deve a sua orientação e amizade.
A minha família, em especial à minha esposa, pela dedicação, incentivo,
compreensão, companheira de todas as horas, a qual lutou ao meu lado para a
realização de mais este sonho em minha vida.
A professora Mestre Marisol Munaro, sem a qual não teria conseguido
concluir meu trabalho. Você foi uma mão amiga que me ajudou nas dificuldades.
Ao amigo Renato M. Pesibiczeski e coordenador do curso de enfermagem da
UNIPAR - Campus de Francisco Beltrão, pela ajuda em prestada no decorrer dos
dois anos de mestrado.
Aos colegas, e funcionários do Laboratório de Micologia do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, que de maneira muito gentil e
atenciosa, ajudaram no desenvolvimento da minha pesquisa.
A você, Carlos Augusto Albini, grande mestre, aquém me espelhar para que
um dia possa ser como você, um grande professor. Obrigado por ser meu primeiro
incentivador, pelo apoio, por me mostras os caminhos para realizar o meu grande
sonho.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS..................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................vi
RESUMO.......................................................................................................................vii
ABSTRACT ..................................................................................................................viii
1 INTRODUÇÃO. ............................................................................................... 1
2 OBJETIVOS..................................................................................................... 4
3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 5
3.1 TRABALHO E A RELAÇÃO SAÚDE - DOENÇA DE ORIGEM
OCUPACIONAL ............................................................................................... 5
3.2 FATORES DE RISCO NO TRABALHO.......................................................... 6
3.3 DERMATOMICOSES – CANDIDÍASE OCUPACIONAL............................. 7
3.4 Candida spp........................................................................................................ 8
3.5 MECANISMOS DE PATOGENICIDADE E FATORES DE
VIRULÊNCIA DAS Candida spp ..................................................................... 9
3.6 IDENTIFICAÇÃO DAS LEVEDURAS Candida.............................................10
4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................12
4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................12
4.1.1 Casuística...........................................................................................................12
4.1.2 Análise Estatística.............................................................................................13
4.2 CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS AVALIADOS......................................13
4.3 MÉTODOS LABORATORIAIS DE ANÁLISES.............................................14
5 RESULTADOS.................................................................................................15
6 DISCUSSÃO.....................................................................................................23
7 CONCLUSÃO...................................................................................................27
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................28
ANEXOS .......................................................................................................................32
iv
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE ACORDO COM O
USO DE BOTAS DE BORRACHAS DURANTE A ROTINA DE
TRABALHO, COM A OCORRÊNCIA OU AUSÊNCIA DE
LEVEDURAS DOS ESPAÇOS INTERPODODACTILAR..........................15
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO GRUPO I POR
GÊNERO MASCULINO OU FEMININO, COM OCORNCIA OU
AUSÊNCIA DE LEVEDURAS DOS ESPAÇOS
INTERPODODACTILAR ...................................................................................16
TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO GRUPO II POR
GÊNERO MASCULINO OU FEMININO, COM OCORNCIA OU
AUSÊNCIA DE LEVEDURAS DOS ESPAÇOS
INTERPODODACTILAR ...................................................................................16
TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO E PERCENTUAL DAS
LEVEDURAS QUE CRESCERAM DO MATERIAL COLETADO
DOS ESPAÇOS INTERPODODACTILAR DOS DOIS GRUPOS DE
FUNCIONÁRIOS..................................................................................................17
TABELA 5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE
LEVEDURAS ISOLADAS EM CULTURA E A RESPECTIVA
RELAÇÃO COM O GÊNERO MASCULINO E FEMININO......................18
TABELA 6 - RELAÇÃO ENTRE O PERCENTUAL DE ISOLAMENTO DE
Candida albicans E AS DEMAIS ESPÉCIES DE LEVEDURAS
ISOLADAS EM CULTURA, NOS DIFERENTES GRUPOS DE
FUNCIONÁRIOS..................................................................................................19
TABELA 7 - RELAÇÃO ENTRE O PERCENTUAL DE POSITIVIDADE DAS
AMOSTRAS ANALISADAS, UTILIZANDO DOIS MÉTODOS DE
DIAGNÓSTICO, O EXAME DIRETO E A CULTURA................................20
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - PERCENTUAL DOS FUNCIONÁRIOS DISTRIBUÍDOS POR
GRUPO QUE APRESENTARAM CRESCIMENTO DE
LEVEDURA NO MATERIAL DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR, SENDO QUE NO GRUPO I, 22%
APRESENTARAM CRESCIMENTO ENQUANTO QUE NO
GRUPO II, ESTE VALOR FOI DE 10% ................................................21
FIGURA 2 - APRESENTA OS PERCENTUAIS DE MICRORGANISMO
ISOLADOS EM CULTURA, ONDE Candida albicans
REPRESENTOU 40,63% DOS CRESCIMENTOS, C. famata,
9,38%; C. parapsilosis, 9,38%; C. guilliermondii, 6,25%; C.
lusitaniae, 3,12%; C. tropicalis; 3,12%; Trichosporon spp, 25%;
Geotricum spp, 3,12% .............................................................................22
vi
RESUMO
As dermatoses ocupacionais compreendem alterações da pele, das mucosas e de anexos,
causadas, mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, pelo trabalho. Fatores como a
sudação, a umidade, as marchas prolongadas, o descuido na higiene da pele, as mudanças
de hidratação da pele, do pH ou das concentrações de nutrientes e a alteração da
microbiota, constituem fatores que auxiliam na implantação e no crescimento dos fungos,
podendo levar ao surgimento de dermatoses fúngicas. Sendo assim, o objetivo deste estudo
é avaliar a colonização de fungos do espaço interpododactilar de funcionários de uma
indústria de alimentos, efetuar uma comparação da colonização entre os homens e as
mulheres e verificar se uso de botas de borracha durante a jornada de trabalho influencia na
colonização. Neste estudo, fez-se uma relação entre dois grupos de funcionários de uma
determinada indústria de alimento. O primeiro grupo foi formado por indivíduos que
utilizavam botas de borrachas, o segundo foi constituído por indivíduos que não utilizavam
tais equipamentos durante a jornada de trabalho. Foi coletado material do espaço
pododactilar e encaminhado ao laboratório para análise micológica. Pôde-se observar que o
crescimento de leveduras no material do espaço pododactilar dos funcionários do Grupo I,
que utilizavam botas de borracha, foi de 22%, enquanto que no Grupo II, no qual não se
usavam botas de borracha, o índice de crescimento foi de 10%. A levedura Candida
albicans apresentou um índice de isolamento de 40,63%, enquanto que as outras espécies
de leveduras apresentaram o seguinte percentual de isolamento: Candida famata (9,38%),
C. guilliermondii (3,12%), C. lusitaniae (3,12%), C. tropicalis (3,12%), Tricosporum spp
(25%), Geotricum spp (3,12%) e C. parapsilosis (9,38%). Pode-se concluir através deste
estudo que o uso de botas de borracha propicia um ambiente favorável à colonização por
leveduras, comparativamente com a não utilização deste EPI, independentemente do sexo
dos funcionários. Contudo, é importante ressaltar que a colonização não é suficiente para
termos um diagnóstico confirmatório de micoses interdigitais podais, mas que
provavelmente, em situações, locais ou sistêmicas de debilitação, esses pacientes estarão
em condições mais propícias para o desenvolvimento de infecções, uma vez que esses
microrganismos já se encontram como parte da sua microbiota.
Palavras chave: Dermatose ocupacional, leveduras, Candida, indústria alimento, micose
interdigital podal.
vii
ABSTRACT
The occupational dermatoses consists of alterations in skin, mucosa and its attachments,
direct or indirectly caused, kept or aggravated by work. Factors such as the sweating,
humidity, long marks, the lack of skin hygiene, changes in the skin hidratation or in the pH
or in the nutrients concentrations and the micro biotic alteration constitute factors which
aid in the fungi implantation and growth, leading to the appearance of fungi dermatoses.
Therefore, the objective of this study is to evaluate the colonization of the fungi in the area
of the employees’ toes in a food industry, to make a comparison of this colonization
between men and women and to verify whether the use of rubber boots during the work
time influences the colonization on not. It was observed that the fungi growth in the toes
area of the employees which wore rubber boots in the group I was 22% while the group II
in which the employees didn’t wear them, the growth percentage was 10%. The fungi
Candida albicans presented an isolation index of 40,63%, while other species of fungi
presented the following isolation percentages: Candida famata (9,38%), C. guilliermondii
(3,12%), C. lusitaniae (3,12%), C. tropicalis (3,12%), Trichosporon spp (25%), Geotricum
spp (3,12%) and C. parapsilosis (9,38%). We can conclude through this study that the use
of rubber boots provides a favorable environment for the fungi colonization compared to
the non use of it, being a man or a woman employee. However, it is important to elicit that
the colonization is not enough to have a confirmatory diagnosis of the mycosis in the toes,
but, in local situations or debilitation systems, these patients are probably in more proper
conditions for the infections development, once that these microorganisms are already part
of its microbiota.
Keywords: Occupational dermatoses, yeast, Candida, food industry, interdigital feet
mycoses.
viii
1
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo trata da colonização de leveduras no espaço
interpododactilar, a qual contribui para o surgimento das micoses superficiais e
cutâneas de origem ocupacional. A pesquisa se desenvolveu no Laboratório de
Microbiologia da Universidade Paranaense (UNIPAR) Campus de Francisco
Beltrão, em conjunto com o Laboratório de Micologia do Hospital de Clínicas
(H.C.), da Universidade Federal do Paraná.
A pesquisa surgiu devido à existência de um grande número de indústrias de
alimentos na região do sudoeste do Paraná, aliada à escassez de estudos
epidemiológicos que relacionassem atividade ocupacional dos funcionários de um
frigorífico de aves aos fatores predisponentes ao desenvolvimento de micoses
podais.
Nas indústrias a ambiência do trabalho é tão importante que determina em
grande parte, a qualidade e quantidade de trabalho produzido (MARCHEZETTI,
2002). Entretanto alguns fatores ambientais interfiram diretamente na produção dos
funcionários, como temperatura, umidade, substancia químicas tóxicas, poeiras,
ruído, vibração, radiações e microrganismos, entre outros, fazendo se necessário a
utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (luvas, uniforme, óculos, botas
de borracha, toca, protetor auditivo), para evitar os riscos ocupacionais, Rezende
(2003). Todavia, Mello (1999), cita que a utilização destes equipamentos, não
elimina a possibilidade do desenvolvimento de algumas doenças, em especial
aquelas que atingem a pele, dentre elas as micoses.
As micoses superficiais e cutâneas podem ser causadas por fungos
dermatófitos pertencentes ao gênero Epidermophyton, Microsporum e
Trichophyton, sendo, neste caso, denominadas de dermatofitoses; porém,
igualmente, podem ter sua origem de fungos não dermatófitos e, neste caso, são as
dermatomicoses, denominadas de Hialohifomicose, Feohifomicose e Candidose
(SIDRIM, 2004).
2
Em determinados trabalhadores, as dermatofitoses, as dermatomicoses, bem
como outras micoses superficiais e cutâneas podem ser consideradas como doenças,
relacionadas ao trabalhador, do Grupo II - da Classificação de Schiling, como as
observadas em trabalhadores que executam atividades em condições de temperatura
elevada, umidade e de outras condições específicas. Considerando que os fatores de
risco para o desenvolvimento destas doenças aumento, quando existe exposição
ocupacional aos fungos dermatófitos ou não dermatófitos (BRASIL, 2001).
Entre os agentes causadores das dermatomicoses, pode-se destacar as
leveduras do gênero Candida, sendo a maioria das infecções de origem endógena,
tendo em vista que este microrganismo é albergado em alguns locais do corpo.
Relacionado a infecção na pele a candidíase, estas podem ocorrem geralmente
envolvendo áreas de dobra, sendo que o mecanismo básico desencadeador da
infecção, esta influenciado por uma mudança na relação entre a levedura e o seu
hospedeiro (MIDGLEY et al, 1997).
A candidíase superficial de região interdigital plantar ou palmar (intertrigo),
apresenta a lesão caracterizada, pelo surgimento de fissura central, circundada pela
pele macerada despregada e branca, tendo sua ocorrência favorecida em áreas onde
existe exsudação excessiva e maceração, este tipo de lesão, indica que o principal
fator predisponente a colonização por leveduras é a atividade ocupacional,
principalmente naqueles trabalhadores que exercem atividades em limpeza,
lavanderias e cozinha (NICO, 1997; SANTOS et al., 2005).
Dentre as leveduras do gênero Candida, mais freqüentemente associadas
como agentes patológicos em humanos, estão C. albicans, C. tropicalis, C.
parapsilosis, C. glabrata, C. krusei, C. lusitaniae, C. guilllermonii, e C.
pseudotropicali ( LACAZ et al., 2002).
Referindo-se a distribuição anatômica da microbiota normal, certas áreas
corpóreas caracterizadas por maior umidade, como axilas, regiões interdigitais dos
pés e períneo, apresentam-se potencialmente propensas a serem colonizadas por um
número maior de microrganismos do que áreas de menor umidade. Dentre estes
3
organismos podem-se destacar as leveduras do gênero Candida que apresentam
capacidade de colonizar diferentes regiões do corpo (SIDRIM, 2004). As leveduras
do gênero Candida tendo sido isolada em vários sítios orgânicos, como anus, boca,
pele e vagina, segundo Odds (1984). Podendo ser encontrada em todos os tecidos, á
exceção dos cabelos, e isolada especialmente no trato gastrointestinal, sendo
eliminada pela urina, fezes e secreções brônquicas (LYNCH, 1994).
Deste modo, as ações da vigilância de candidíase relacionada ao trabalho
visam diagnosticar e tratar precocemente a fim de evitar complicações posteriores.
Ainda que se observe que a candidíase não é uma doença de notificação
compulsória, a mesma deve constar no controle periódico de saúde laboral, em
especial no caso de trabalhadores envolvidos com a manipulação de alimentos,
conforme normas regulamentadoras (N.R.) específicas da vigilância sanitária
(BRASIL, 1978).
Nesse sentido, a relevância deste estudo consiste em contribuir com a
diminuição do risco ocupacional de desenvolvimento de micoses podais dos
funcionários da indústria de alimentos na qual este estudo foi desenvolvido.
Ressalta-se que tal experiência demonstra-se como passível de aplicação em
indústrias de alimentos em geral, sejam estas de maior ou de menor porte ou ainda
microempresas.
4
2 OBJETIVOS
Constituiu objetivo deste estudo avaliar a colonização dos espaços
interpododactilares em trabalhadores usuários ou não botas de borracha durante
toda sua jornada de trabalho.
Correlacionar a colonização diagnosticada nos casos de uso de botas de
borracha com o sexo dos funcionários em estudo.
Identificar as espécies de leveduras isoladas e comparar a freqüência de
isolamento entre as diferentes espécies de leveduras.
Analisar comparativamente o exame micológico direto e a cultura, para
verificar qual apresentou maior percentual de sensibilidade na análise das amostras.
5
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 TRABALHO E A RELAÇÃO SAÚDE - DOENÇA DE ORIGEM
OCUPACIONAL
O reconhecimento do papel do trabalho na determinação do processo saúde-
doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais. De um modo
esquemático algumas ações podem auxiliar na implantação de medidas que
contribuam com a saúde do trabalhador. Um início para tais ações podem ser a
identificação e o controle dos fatores de risco presentes nos ambientes e nas
condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos
danos, lesões ou doenças provocadas pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de
trabalhadores (BRASIL, 2001).
O trabalhador que se enquadram como indivíduos saudáveis, apresentam
melhor atenção e concentração durante à execução da rotina diária laboral,
apresentando menor risco de se envolver em acidentes durante as atividades
realizadas no trabalho. Entretanto os funcionários enquadrados no perfil de
indivíduos doentes apresentam as reações orgânicas alteradas, podendo apresentar
alterações na capacidade de concentração, acarretando em maior risco de
envolvimentos em acidentes no trabalho (SILVA et al., 2002)
Os artigos 168 e 169 da Consolidação das Leis de Trabalho - CLT
forneceram embasamento jurídico para a criação da NR7 (Norma Regulamentadora
número 7), que se refere ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
Esta N.R. estabelece, por parte de todos os empregadores e instituições que
admitam trabalhadores como empregados, a obrigatoriedade de elaboração e
implantação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO,
objetivando a promoção e a preservação da saúde do conjunto dos seus
trabalhadores (BUDA, 2004).
6
As doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho apresentam
algumas características próprias, a saber: em primeiro lugar, os agentes etiológicos
não são de natureza ocupacional; em segundo, a ocorrência da doença está
diretamente relacionada com a exposição ocupacional, depende das condições, ou
circunstâncias, em que as atividades são executadas, e, ainda, se estas são
favorecedoras do contato com agentes causadores, o que implicaria facilitação de
contágio e transmissão. Dada a amplitude das situações de exposição e o caráter
endêmico de muitas dessas doenças, torna-se, por vezes, difícil estabelecer a relação
das mesmas com o trabalho, mesmo reconhecendo-se que a prevenção das doenças
infecciosas e parasitárias é mecanismo dos mais importantes para a conservação da
saúde do trabalhador (BRASIL, 2001).
3.2 FATORES DE RISCO NO TRABALHO
Risco ocupacional é toda a situação encontrada no ambiente de trabalho, que
possa representar perigo à integridade física e/ou mental dos trabalhadores
(VIEIRA, 1996). Burguess (1997) ainda cita que risco é todo fator ambiental
potencialmente causador de lesão, doença, inaptidão ou mesmo que possa afetar o
bem-estar dos trabalhadores, sendo necessário que estes fatores sejam investigados
para minimizar os perigos ao trabalhador.
Os artigos 175 e 178 da CLT forneceram embasamento jurídico para a
criação da NR9, a qual estabelece, para todos os empregadores ou instituições que
admitam trabalhadores, a obrigatoriedade de elaboração e implantação do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA. Tal Programa visa a prevenção da
saúde e da integridade física dos trabalhadores, através da antecipação, do
reconhecimento, da avaliação e do conseqüente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que possam se desenvolver no ambiente de trabalho,
sempre com devida consideração da, também imprescindível, proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais (BUDA, 2004).
7
3.3 DERMATOMICOSES – CANDIDÍASE OCUPACIONAL
As dermatoses ocupacionais compreendem alterações da pele, das mucosas e
dos anexos, sendo causadas, mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente pelo
trabalho. As mesmas são determinadas pela interação de fatores diretos e indiretos.
Os fatores diretos são representados por agentes biológicos, físicos, químicos ou
mecânicos e os indiretos pela idade, sexo, etnia, antecedentes mórbidos e fatores
ambientais (temperatura, umidade e hábitos de higiene) (BRASIL, 2001).
No Brasil, embora se suspeite de alta incidência, a determinação dos índices
dessas dermatoses constitui tarefa complexa. Diversos fatores, tais como a escassez
de serviços especializados no atendimento de casos suspeitos ou comprovados de
dermatoses relacionadas ao trabalho, a subnotificação, a falta de preparo dos
profissionais da área de saúde para correlacionar a lesão cutânea com a atividade
profissional, a desinformação dos trabalhadores sobre os riscos decorrentes das
atividades desenvolvidas, entre outros, contribuem para esta dificuldade (MELLO,
1999).
MARAFUSE (2004) cita que os principais agentes etiológicos envolvidos
nas infecções localizadas na pele e nos tecidos subcutâneos são Staphyloccocus
aureus, Streptoccocus pyogenes, e Candida albicans. Fazendo a caracterização da
candidíase como uma infecção provocada pelos fungos do gênero Candida,
sobretudo Candida albicans, ocorrendo a transmissão pelo contato com secreções
originadas da boca, da pele, da vagina ou, ainda, de dejetos de portadores ou
doentes. Sendo que o período de transmissibilidade dura enquanto houver lesões
(BRASIL, 2001).
Segundo Lacaz et al. (2002), candidíase ou candidoses são infecções
provocadas por leveduras do gênero Candida, principalmente C. albicans, que,
normalmente, faz parte da microbiota endógena do corpo humano. Dividindo as
formas clínicas de candidíase em mucocutânea, cutâneas e sistêmicas. Nico (1997)
cita que uma das variações das lesões cutâneas causadas pela Candida spp é o
intertrigo plantar e palmar. Midgley (1998) ainda cita que o intertrigo dos espaços
8
interdigitais dos dedos das mãos ou dos pés, é um tipo de lesão relacionado à
atividade ocupacional, podendo ser o tipo de infecção mais comum em militares dos
trópicos. Silveira et al. (2004), determinou em pesquisa realizada com famílias de
agricultores, que entre as micoses de origem ocupacionais naquele grupo
pesquisado, a candidíase interdigital foi a que apresentou maior ocorrência.
3.4 Candida spp
Os fungos do gênero Candida formam células leveduriformes, elípticas ou
esféricas, com diâmetro que varia de 3 a 6, geralmente forma múltiplos brotos e
pseudo-hifas. A Candida albicans, apresenta a característica de produzir
clamidósporos. Em agar Sabouraud suas colônias possuem cor branca ou branco-
amarelada, unidas e com aspecto cremoso (JOKLIK et al. 1995).
HAZEN (1995) cita, em seu estudo de revisão sobre agentes leveduriformes
emergentes e patogênicos para o homem, que o grupo de leveduras potencialmente
patogênico é composto em sua grande maioria pelo gênero Candida. A Candida
albicans e outras espécies como: C. ciferri, C. famata, C. glabrata, C.
guilliermondii, C. baemulonii, C. bunicola, C. kefyr, C. lipolytica, C. lusitaniae, C.
norvegensis, C. pintolopesii, C. parapsilosis, C. pulcherrima, C. rugosa, C.
tropicalis, C.utilis, C. viswanatbii e C. zeylanoides compõem este grupo, além de
outras leveduras que não pertencem ao gênero Candida, igualmente mencionadas
no referido estudo (LACAZ et al., 2002).
Candida guilliermondii, e C. parapsilosis e C. pseudotropicalis, podem estar
associadas à infecção de mucocutânea, particularmente na mucosa bucal e mucosa
vaginal, Sendo que a Candida guilliermondii, e C. parapsilosis, podem ser agente
etiológico de infecções nas unhas (onicomicosis) e endocardites (JOKLIK et al.,
1995). Colombo et al. (1999) cita que a C. parapsilosis esta envolvida
frequentemente em candidemia de pacientes hospitalizados.
Candida tropicalis é uma levedura, que possui a capacidade de atravessar a
9
mucosa intestinal e atingir a corrente sanguínea em indivíduos
imunocomprometidos, podendo estar associado a infecções na mucosa bucal e
vaginal e nas unhas (JOKLIK et al., 1995).
O critério de patogenicidade dos fungos esta passando por transformações,
alguns fungos classificados anteriormente com sapróbios, atualmente são
conhecidos causadores de doenças, podendo enquadrar-se neste grupo as leveduras
do gênero Candida (MIDGLEY et al., 1997). Segundo Linhares et al. (1978), este
grupo de leveduras pode ser isolado de diferentes locais do corpo humano, como a
boca, a pele, na mucosa vaginal, nas fezes e na urina. Contudo, Shattuck et al.,
1996, comenta que a presença do microrganismo não é suficiente para causar a
infecção, é necessário que haja mudanças no equilíbrio entre fungo e o hospedeiro,
podendo ser provocado pelo uso de medicamento, debilidade imunológica e por
procedimentos invasivos.
3.5 MECANISMOS DE PATOGENICIDADE E FATORES DE VIRULÊNCIA
DAS Candida spp
A colonização e infecção da pele, por leveduras do gênero Candida, esta
associada predominantemente a C. albicans e em menor numero as outras espécies
de Candida spp. Sendo assim a aderência destas leveduras ao tecido epitelial é um
pré-requisito para a colonização e injeção da pele (RAY et al., 1984). Ainda
Kimura, Persal (1978), cita que a Candida albicans apresenta uma maior
capacidade de aderência às células epiteliais e mesmo a outras superfícies, o que
pode estar relacionado com sua maior patogenicidade, se comparada com outras
espécies de Candida. Referindo-se a colonização Woggoner et al. (1996), cita que a
transmissão da C. albicans, ocorre de forma materno-fetal, sendo que o mesmo não
ocorre com as outras espécies de leveduras do mesmo gênero.
Ray et al. (1983), relata que entre as leveduras C. krusei, C. parapsilosis, C.
Guilliermondii, C. Tropicalis, C. stellatoidea e C. albicans, estas duas ultimas
apresentaram maior capacidade de aderência às células epiteliais.
10
Estudos realizados para verificar a patogenia das micoses superficiais
assinalaram a importância das proteinases da Candida albicans, em especial a SAP
(Secretad Acid Proteinase), cujo peso molecular é de 41.5 kDa, na degradação da
ceratina e do colágeno nos tecidos da pele. Além disso, seriam as proteinases as
responsáveis pela virulência das micoses (TSUBOI et al., 1994; LACAZ et al.,
2002).
Os fatores de virulência das leveduras do gênero Candida, principalmente a
Candida albicans, são representados pelas proteinases (Cps), acredita-se que possa
colaborar na invasão fúngica aos tecidos. A formação de hifas (pseudomicélio), que
dificultam a resposta imunológica celular. Ao fator antigênico D-arabinitol e as
manoproteínas ou adesinas, que podem estar relacionadas na fixação ao tecido do
hospedeiro (GOTTLIEB et. al., 1991; PANAGODA e SAMARANAYAKE, 1998;
FUKAZAWA e KAGAYA, 1997; LACAZ et al., 2002).
Sidrim (2004) cita que o poder patogênico das leveduras do gênero Candida
pode ser justificado pelos seguintes fatores: primeiro que somente as espécies
capazes de crescer a 37ºC são potencialmente patogênicas para o homem; segundo,
a formação das hifas e pseudo-hifas com mais de 200 µm de comprimento é
obstáculo à fagocitose; terceiro, a produção de alguns metabólitos capazes de
desencadear manifestações alérgicas; quarto, a inundação antigênica do
microrganismo nas infecções graves, associada à ação da mananas podem provocar
a depressão da imunidade celular; quinto a ação das enzimas lípase e proteinase, em
sexto lugar, a variação fenotípica e a capacidade de aderência.
3.6 IDENTIFICAÇÃO DAS LEVEDURAS Candida
Os métodos de identificação de leveduras podem ser realizados através de
sistemas manuais e automatizados que se baseiam, essencialmente, em provas de
assimilação de carboidratos. Porém, a análise da micro e da macromorfologia é de
fundamental importância, como na observação de estruturas blastoconidiadas,
associadas ou não a pseudo-hifas e pseudomicélios, as quais podem ser observadas
11
no exame direto (ODDS et al., 1984; SANTOS et al., 2005). No exame direto a
morfologia das hifas orienta a possível etiologia fúngica: hifas regulares fazem
pensar em dermatófitos, hifas irregulares e atípicas, com ou sem conídios, induzem
a suspeita de diferentes fungos. Caso sejam observadas leveduras não pigmentadas,
a suspeita é de Candida (LOPES et al., 1992).
12
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
A distribuição dos parâmetros que constituem os resultados foi formada com
base em dados obtidos dos funcionários que trabalham em uma indústria de alimentos
do sudoeste do Paraná. Estes parâmetros obedeceram a seguinte divisão: o primeiro
foi constituído da relação estabelecida entre o crescimento de leveduras oriundas do
espaço interpododactilar e os diferentes grupos de funcionários que compõem este
estudo, (Grupo I) foi composto por funcionários da indústria alimentícia que utilizam
botas de borracha durante a rotina diária de trabalho e (Grupo II) formado por
funcionários da mesma indústria os quais não utilizavam as botas de borracha na
rotina de trabalho; o segundo parâmetro pesquisado neste estudo formou-se da
relação entre o crescimento positivo das leveduras do espaço interpododactilar nos
dois grupos dos funcionários, separados segundo o gênero masculino e feminino.
Outros resultados, igualmente analisados neste estudo, foram obtidos com
base no perfil microbiológico das leveduras, sendo que os parâmetros para a análise
destes resultados foram obtidos através das seguintes divisões: o primeiro foi
formado entre a relação das espécies de Candida isoladas em cultivo a partir de
amostras coletadas dos diferentes grupos de funcionários; o segundo parâmetro
formou-se das diferentes espécies de leveduras que foram isoladas em cultivo e
relacionadas com o sexo dos funcionários; o terceiro e último parâmetro analisado foi
constituído da incidência de C. albicans em relação às outras espécies de leveduras
relacionadas com o grupo de funcionários.
4.1.1 Casuística
O grupo de sujeitos estudados foi constituído de duzentos funcionários,
divididos equanimente entre os que utilizavam e aqueles que não utilizavam as
13
botas de borracha em sua atividade laboral diária. Indivíduos pertencentes a ambos
os sexos e a faixa etária pode ser classificada entre 18 e 60 anos, sendo que os
sujeitos trabalhavam em diferentes setores da indústria, excetuado o setor
administrativo.
4.1.2 Análise Estatística
Os dados foram digitados em planilha eletrônica (EXCEL® 9.0/2000,
Microsoft, EUA). Conforme cada tipo de variável, do objetivo do estudo de cada
uma delas e do estudo de suposições, os resultados foram analisados por meio dos
testes do qui-quadrado.
4.2 CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS AVALIADOS
O critério de análise dos funcionários desta indústria alimentícia foi feito da
seguinte forma:
Em primeiro lugar, executou-se uma entrevista com cada funcionário, na
qual o mesmo respondeu a perguntas cujas respostas foram anotadas na ficha
epidemiológica, realizando-se, em seguida, uma avaliação clínica da ocorrência
interdigital de lesões. As perguntas respondidas na entrevista eram relacionadas ao
setor de trabalho, como relações de quais equipamentos de proteção individual
utilizavam (bota de borracha), a temperatura do ambiente de trabalho e o turno em
que os trabalhadores exerciam suas funções. Tais informações foram utilizadas para
o preenchimento de uma ficha epidemiológica. Os dados contidos nesta ficha foram
amplamente analisados com relação às características epidemiológicas, propósito
desta pesquisa (Anexo I). Havendo ou não lesão, coletou-se material biológico
(escamas de pele interdigital podal) para posterior análise no laboratório de
microbiologia da Universidade Paranaense - Campus Francisco Beltrão. Foi
selecionado o terceiro espaço interpododactilar e com o auxílio de uma lâmina de
bisturi esterilizada e descartável com tamanho 22 (marca Solidor), as escamas de
14
pele foram coletadas após uma anti-sepsia com álcool isopropílico a 70%. O
material coletado foi acondicionado em placas de Petri esterilizas (60 x 10, Rodac
da Bio-plass).
4.3 MÉTODOS LABORATORIAIS DE ANÁLISES
Os métodos laboratoriais de análise das amostras biológicas se basearam no
exame micológico direto, na cultura e nas provas complementares para identificação
das leveduras. O exame micológico direto foi realizado pela técnica de clarificação
com hidróxido de potássio em uma concentração de 40% (KERN e BLEVINS,
1999).
O isolamento primário das leveduras foi realizado em ágar Sabouraud
incubado a temperatura entre 25°C e 30°C durante quatro semanas e se procedeu a
posterior identificação das espécies, segundo critérios já estabelecidos na literatura e
listados abaixo. Após observação do aspecto das colônias em meio de cultivo, foi
realizada análise microscópica das estruturas celulares das leveduras. A Produção
de tubos germinativos - Efeito Reynolds e Braude (R.B.) e Prova de assimilação de
fontes de carbono e de nitrogênio (auxanograma) foram os critérios adotados para a
identificação das diferentes espécies do gênero Candida isoladas (LACAZ et al.,
2002).
15
5 RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos dados constituída da relação entre o
crescimento de leveduras do espaço interpododactilar com os grupos de
funcionários, significante estatisticamente.
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE ACORDO COM O USO DE BOTAS DE
BORRACHAS DURANTE A ROTINA DE TRABALHO, COM A OCORRÊNCIA OU
AUSÊNCIA DE LEVEDURAS DOS ESPAÇOS INTERPODODACTILAR
ISOLAMENTO DE LEVEDURAS DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR
Crescimento de
levedura
Ausência de
crescimento de
levedura
Número de
funcionários
GRUPO I (usuários de botas de borracha) 22% (22) 78% (78) 100% (100)
GRUPO II (não usuários de botas de
borracha)
10% (10) 90% (90) 100% (100)
TOTAL 16% (32) 84% (168) 100% (200)
Qui-quadrado: 5,36; Grau de liberdade: 1; Nível de significância: 5%
De acordo com os resultados obtidos foi verificado que os indivíduos do
Grupo I apresentaram maior freqüência de colonização comparando com os
indivíduos do Grupo II.
A análise estatística realizada confirmou os resultados encontrados na Tabela 1.
Na Tabela 2 pode se verificar a distribuição do Grupo I (funcionários que
usam botas de borracha) com relação ao gênero masculino e feminino.
16
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO GRUPO I POR GÊNERO MASCULINO OU
FEMININO, COM OCORRÊNCIA OU AUSÊNCIA DE LEVEDURAS DOS ESPAÇOS
INTERPODODACTILAR
ISOLAMENTO DE LEVEDURAS DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR
Sexo
Crescimento de
levedura
Ausência de
crescimento de
levedura
Número de
funcionários de
botas de borracha
Masculino 20,83% (10) 79,17% (38) 100% (48)
Feminino 23,08% (12) 76,92% (40) 100% (52)
TOTAL 22% (22) 78% (78) 100% (100)
Qui-quadrado: 0,037; Grau de liberdade: 1; Nível de significância: 5%
De acordo com os resultados obtidos foi verificado que nos indivíduos do
Grupo I o gênero masculino ou feminino não influenciou na freqüência de
colonização das leveduras.
A análise estatística realizada confirmou os resultados encontrados na Tabela 2.
TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO GRUPO II POR GÊNERO MASCULINO OU
FEMININO, COM OCORRÊNCIA OU AUSÊNCIA DE LEVEDURAS DOS ESPAÇOS
INTERPODODACTILAR
ISOLAMENTO DE LEVEDURAS DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR
Sexo
Crescimento de
levedura
Ausência de
crescimento de
levedura
Número de
funcionários não
usuários de botas
de borracha
Masculino
10,53% (8) 89,47% (68) 100% (76)
Feminino
8,33% (2) 91,67% (22) 100% (24)
TOTAL
10% (10) 90% (90) 100% (100)
Qui-quadrado: 2,996; Grau de liberdade: 1; Nível de significância: 5%
17
De acordo com os resultados obtidos foi verificado que nos indivíduos do
Grupo II o gênero masculino ou feminino não influenciou na freqüência de
colonização das leveduras.
A análise estatística realizada confirmou os resultados encontrados na Tabela 3.
Na Tabela 4, estão relacionadas às espécies de leveduras isoladas nos grupos
de funcionários avaliados. As espécies identificadas foram: C. albicans, C. famata,
C. guilliermondii, C. lusitaniae, C. tropicalis, C. parapsilosis, Trichosporon spp,
Geotricum spp.
TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO E PERCENTUAL DAS LEVEDURAS QUE
CRESCERAM DO MATERIAL COLETADO DOS ESPAÇOS INTERPODODACTILAR
DOS DOIS GRUPOS DE FUNCIONÁRIOS
MICRORGANISMOS ISOLADOS DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR
Grupo I
Com / Bota
Grupo I
Sem / Bota
Total de espécie de
leveduras isoladas
C. albicans 12 01 40,63% (13)
C. famata 01 02 9,38% (03)
C. parapsilosis 02 01 9,38% (03)
C. guilliermondii 01 01 6,25% (02)
C. lusitaniae 0 01 3,12% (01)
C. tropicalis 0 01 3,12% (01)
Trichosporon spp 05 03 25% (08)
Geotricum spp 01 0 3,12% (01)
TOTAL 68,75% (22) 31,25% (10) 100,00% (32)
Qui-quadrado (corrigido): 10,55; Grau de liberdade: 7; Nível de significância: 5%
Considerando apenas os casos nos quais houve o crescimento de leveduras,
verificou-se que 68,75% pertenciam aos indivíduos do Grupo I e 31,25%
pertenciam ao Grupo II.
Com relação à distribuição das espécies, do total de isolamentos, sem
18
considerar o uso ou não de botas, a C. albicans representou 40,63% (13), sendo
portanto, a levedura mais isolada. As demais espécies de leveduras isoladas foram o
Trichosporon spp 25% (8), a C. famata 9,38% (3), a C. parapsilosis 9,38% (3), a C.
guilliermondii 6,25% (2), a Candida lusitaniae 3,12% (1), a C. tropicalis 3,12% (1)
e o Geotricum spp 3,12% (1).
Contudo, analisando separadamente, pôde-se verificar que no Grupo I a
espécie mais isolada permaneceu sendo a C. albicans, enquanto que no Grupo II a
levedura que apresentou a maior freqüência de isolamento foi o Trichosporon spp.
As demais espécies variaram quanto à prevalência conforme a relação com o
calçado utilizado.
Na Tabela 5 estão relacionadas às espécies de leveduras isoladas em cultura
e a relação com o gênero masculino e feminino. Obtendo os seguintes isolamentos:
C. albicans, C. famata, C. guilliermondii, C. lusitaniae, C. tropicalis, C.
parapsilosis, Trichosporon spp, Geotricum spp.
TABELA 5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE LEVEDURAS
ISOLADAS EM CULTURA E A RESPECTIVA RELAÇÃO COM O GÊNERO
MASCULINO E FEMININO
MICRORGANISMOS ISOLADOS DOS ESPAÇOS
INTERPODODACTILAR
MASCULINO FEMININO
Total de espécie de
leveduras isoladas
C. albicans 08 05 40,63% (13)
C. famata 01 02 9,38% (03)
C. parapsilosis 02 01 9,38% (03)
C. guilliermondii 01 01 6,25% (02)
C. lusitaniae 01 0 3,12% (01)
C. tropicalis 01 0 3,12% (01)
Trichosporon sp 04 04 25% (08)
Geotricum sp 0 01 3,12% (01)
TOTAL 56,25%(18) 43,75%(14) 100,00% (32)
Qui-quadrado: 3,94; Grau de liberdade: 7; Nível se significância: 5%
19
De acordo com os resultados obtidos foi verificado que na distribuição das
espécies de leveduras isoladas em cultura, o gênero masculino ou e feminino, não
influenciou na freqüência de colonização das diferentes espécies de leveduras.
A análise estatística realizada confirmou os resultados encontrados na Tabela 5.
Em ambos os gêneros a C. albicans, foi o microrganismos mais isolado,
porém entre os homens o percentual alcançou 44,45% dos casos, enquanto que entre
as mulheres este índice foi de 27,78% dos isolamentos.
Na Tabela 6, pode-se observar a comparação entre o número de amostras
com crescimento positivo para Candida albicans e a sua relação com as outras
espécies de leveduras isoladas em cultura.
TABELA 6 - RELAÇÃO ENTRE O PERCENTUAL DE ISOLAMENTO DE CANDIDA ALBICANS E AS
DEMAIS ESPÉCIES DE LEVEDURAS ISOLADAS EM CULTURA, NOS DIFERENTES
GRUPOS DE FUNCIONÁRIOS
ISOLAMENTO DE LEVEDURAS DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR
GRUPO I
Com / Bota
GRUPO II
Sem / Bota
TOTAL
Candida albicans 37,51% (12) 3,12% (01) 40,63% (13)
Candida não albicans 12,5% (04) 18,75% (06) 31,25% (10)
Trichosporon sp 15,62% (05) 9,38% (03) 25% (08)
Geotricum sp 3,12%(01) 0 3,12% (01)
TOTAL 68,75% (22) 31,25% (10) 100% (32)
Qui-quadrado (corrigido): 5,13; Grau de liberdade: 3; Nível se significância: 5%.
Na Tabela 6, é possível observar o percentual de isolamento de Candida
albicans em relação às demais leveduras isoladas. O isolamento de Candida
albicans correspondeu a 40,63% (13), as outras leveduras do gênero Candida
totalizaram 31,25% (14), Trichosporon spp 25% (06) e Geotricum sp representaram
3,12% (01). Relacionando-se a freqüência de isolamento das leveduras do gênero
20
Cândida, verifica-se um índice de 71,88% para as leveduras Candida e 28,12% para
as outras leveduras.
A análise estatística realizada mostrou que não houve alterações
significativas na relação entre o uso e não uso de botas e o tipo de microrganismo
isolado, demonstrando, assim, que as relações analisadas são independentes.
Na Tabela 7 pode-se observar a comparação entre dois métodos de
diagnósticos micológicos, o exame direto e a cultura, verificando os diferentes
índices de positividade das amostras analisadas.
TABELA 7 - RELAÇÃO ENTRE O PERCENTUAL DE POSITIVIDADE DAS AMOSTRAS
ANALISADAS, UTILIZANDO DOIS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO, O EXAME DIRETO
E A CULTURA
QUADRO COMPARATIVO ENTRE A POSITIVIDADE
DO EXAME DIRETO E DA CULTURA
EXAME
DIRETO/CULTURA
GRUPO I
Com / Bota
GRUPO II
Sem / Bota
TOTAL
EDPCN 10% (10) 5% (05) 7,5% (15)
EDPCP 2% (02) 4% (04) 3% (06)
EDNCP 20% (20) 6% (06) 13% (26)
EDNCN 68% (68) 85% (85) 76,5% (153)
TOTAL 100% (100) 100% (100) 100% (200)
EDPCN = exame direto positivo e cultura negativa, EDPCP = exame direto positivo e cultura positiva,
EDNCP = exame direto negativo e cultura positivo, EDNCN = exame direto negativo e cultura negativa
Qui-quadrado: 11,74; Grau de liberdade: 3; Nível se significância: 5%
Na Tabela 7, foi possível observar que o índice de positividade das amostras
em ambos os métodos de diagnóstico foi de 23,5%, enquanto que o índice de
negatividade foi de 76,5%. Se considerar o exame direto positivo e a cultura
negativa, a discordância apresentada é de 7,5%, porém, no caso de considerar-se o
exame direto negativo e cultura positiva, a discordância resulta em 13%. Pode-se
ainda, se considerar o grau de concordância entre o exame direto positivo e a cultura
21
positiva, o que apresenta um índice de 3%, sendo assim, a concordância entre o
exame direto negativo e a cultura negativa resta em 76,5%.
A análise estatística efetuada revelou que houve alterações significativas na
relação entre o uso e não uso de botas e o tipo de exame aplicado, demonstrando,
assim, que as relações analisadas são dependentes.
FIGURA 1 - PERCENTUAL DOS FUNCIONÁRIOS DISTRIBUÍDOS POR GRUPO QUE
APRESENTARAM CRESCIMENTO DE LEVEDURA NO MATERIAL DO ESPAÇO
INTERPODODACTILAR, SENDO QUE NO GRUPO I, 22% APRESENTARAM
CRESCIMENTO ENQUANTO QUE NO GRUPO II, ESTE VALOR FOI DE 10%
CRESCIMENTO
INTERDIGITAL PODAL
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Grupo I Grupo II
Sem cresciment o
Com crescimento
22
FIGURA 2 - APRESENTA OS PERCENTUAIS DE MICRORGANISMO ISOLADOS EM CULTURA,
ONDE Candida albicans REPRESENTOU 40,63% DOS CRESCIMENTOS, C. famata,
9,38%; C. parapsilosis, 9,38%; C. guilliermondii, 6,25%; C. lusitaniae, 3,12%; C. tropicalis;
3,12%; Trichosporon spp, 25%; Geotricum spp, 3,12%
LEVEDURAS ISOLADAS EM CULTUR
A
3,12%
40,63%
3,12%9,38%
3,12%
9,38%
3,12%
25,00%
C. guilliermondii
C. albicans
C. lusitaniae
C. famata
Geotricum sp
C. parapsilosis
C. tropicalis
Trichosporon sp
23
6 DISCUSSÃO
No presente estudo, pesquisou-se a colonização dos espaços
interpododactilares de funcionários de uma indústria de alimentos, com relação às
leveduras. Verificou-se que o uso de botas de borracha propiciou um maior índice
de colonização por leveduras em comparação com a não utilização deste EPI
durante a jornada de trabalho. Aqueles que utilizavam botas de borracha
apresentaram crescimento de levedura no espaço interpododactilar de 22%,
enquanto que no grupo não usuário de botas, o crescimento foi de 10%,
confirmando a citação de Lacaz (2002), no sentido de que o uso prolongado de
calçados oclusivos é fator auxiliar na implantação e no crescimento de fungos no
espaço interpododactilar.
Soares et al. (1995), pesquisando microbiota fúngica dos pés de um grupo de
indivíduos sadios observou o isolamento de fungos em cultura de 2% (3) dos
indivíduos sem lesão clínica, em uma amostra de 149 usuários de calçados
oclusivos, índice inferior ao obtido neste trabalho.
A avaliação da colonização por fungos do espaço interpododactilar
correlacionada com o gênero masculino e feminino dos funcionários foi outro
aspecto abordado neste estudo. Os resultados obtidos demonstraram que o
percentual de colonização entre os homens foi na razão de 56,25% e entre as
mulheres de 43,75%, sendo que a análise estatística demonstrou homogeneidade
entre os grupos, não revelando relação estatisticamente significativa, considerando
5% de probabilidade. Os autores Lopes et al. (1992), estudando ocorrência de
fungos em região podal de pacientes, porém sem fazer correlação com o uso de
calcados oclusivos, obtiveram um percentual semelhante, de 52,36% (476) de casos
do gênero masculino e 47,34% (433) de casos do gênero feminino. Este mesmo
parâmetro foi pesquisado por Mok et al. (1984), nas comunidades ribeirinhas do
amazonas, e os resultados foram de que 10,11% dos homens pesquisados
apresentaram a pele colonizada por leveduras, enquanto que nas mulheres este
24
índice foi na razão de 15,28%. Ainda que o índice de colonização encontrado neste
estudo tenha sido menor do que o já encontrado nos estudos citados, houve
equivalência entre os gêneros, o que foi condizente com tais pesquisas. Os
resultados destes trabalhos levam a crer que o fator determinante da colonização
não está relacionado ao gênero masculino ou feminino e sim a outros fatores,
inclusive ao micro ambiente propício ao desenvolvimento de microrganismos, como
a situação ocorrida quando do uso de calçados oclusivos.
Outro parâmetro abordado na pesquisa foi a verificação de quais os gêneros e
quais as espécies de leveduras se desenvolviam com maior freqüência. O resultado
obtido neste trabalho mostrou que as leveduras do gênero Candida apresentaram um
índice de crescimento de 71,88% dentre a totalidade das amostras,
comparativamente com as demais leveduras. Os autores Soares et al. (1995),
estudando a ocorrência de leveduras da região podal de um grupo de indivíduos
sadios, verificaram que as leveduras do gênero Candida foram predominantes entre
os isolamentos. Resultado similar foi obtido por Linhares et al. (1978), embora o
autor não faça distinção do sítio anatômico, mas trate genericamente como
microbiota da pele, as leveduras do gênero Candida foram os microrganismos mais
freqüentes.
Resultados diferentes foram obtidos por Mok et al. (1984), que, estudando a
microbiota da pele, verificaram a existência de leveduras do gênero Trichosporon,
Candida e Cryptococcus, sendo que o primeiro obteve o maior número de
isolamentos, entrando em discordância com os resultados obtidos neste trabalho,
onde se verificou que a maior freqüência de isolamentos entre as leveduras foi do
gênero Candida.
Embora os trabalhos citados anteriormente refiram-se a colonização da pele
por leveduras, resultados similares foram obtidos por Purim et al. (2001) e por Zaitz
(1988), quando estes autores estudaram a ocorrência de episódios de infecção
fúngica. No primeiro caso pesquisado, micose nos pés de um grupo de atletas
demonstrou que a microbiota fúngica isolada em cultura se constituiu em 20% por
Candida spp, e no segundo trabalho, investigando pacientes suspeitos de micose
25
podal, mostrou que a Candida spp foi isolada em 31,95% dos pacientes com
suspeita clínica de micose podal. Citando ainda o trabalho desenvolvido por
Andrade et al. (1998), no qual analisou intertrigo de membro inferior em 21
pacientes com linfedema, a levedura Candida spp com 19,04% foi o fungo que
apresentou o maior índice de isolamento.
Considerando as espécies de leveduras isoladas neste estudo, alguns
trabalhos, analisando variados sítios anatômicos, apontam a C albicans como a
levedura mais freqüentemente isolada. Segundo King et al. (1980), esta
característica se justifica pela maior capacidade de aderência da C albicans à
superfície das mucosas. Law et al. (1997) comenta que a aderência é pré-requisito
para a colonização e multiplicação, podendo levar à formação de hifas e à invasão
dos tecidos, o autor ainda afirma que a existência de lipídios na superfície da pele
inibe a aderência da C. albicans.
Neste trabalho, a espécie de levedura que apresentou o maior índice de
isolamento foi a C albicans com um percentual de 40,63%, entrando em
concordância com o citado anteriormente.
Ainda que para este trabalho os resultados tenham sido concordantes,
existem estudos cujos resultados diferem, como os obtidos por Soares et al. (1995) e
por Mok et al. (1984). No primeiro caso, utilizando raspado de pele de indivíduos
sadios, a C. albicans não foi isolada, sendo a C. tropicalis, com 3,87% de
isolamento, a levedura mais freqüente; no segundo trabalho obteve-se apenas uma
amostra de C. albicans em 17 isolados, sendo o Trichosporon beigelii a levedura
predominante. Resultados semelhantes aos destes trabalhos foram encontrados por
Linhares et al. (1978), que, em isolamento da levedura de microbiota de pele,
encontrou com microrganismo mais freqüente a C. parapsilosis.
De um modo geral, é importante ressaltar a necessidade da realização de
técnicas diferentes para o diagnóstico micológico, como o exame micológico direto
e a cultura, no trabalho realizado por Soares et al. (1995), pesquisando a ocorrência
de leveduras da região podal de um grupo de indivíduos sadios, confrontou a
26
sensibilidade dos dois métodos de análise o que possibilitou verificar-se que a
cultura micológica apresentou um índice de positividade maior entre os indivíduos
saudáveis. Com relação aos resultados obtidos neste estudo, o índice de positividade
foi na ordem de 23,5%, considerando qualquer um dos métodos utilizados,
enquanto que a negatividade foi de 76,5%. No entanto, quando se fez a correlação
entre o exame direto positivo e a cultura negativa, ocorreu discordância na ordem de
7,5%, este fato, provavelmente, pode ser justificado pela ação de alguma substância
antimicrobiana utilizada pelos indivíduos analisados, como por exemplo, talcos
anti-sépticos, sabonetes germicidas ou medicamento com ação antifúngica. Outra
discordância ocorreu quando do confronto do resultado de exame direto negativo
com a cultura positiva. Esta ocorrência se justifica em função da microbiota local
estar apenas colonizando o espaço interpododactilar, não apresentando, portanto,
estruturas como hifas e pseudo-hifas, que são componentes celulares indicativos de
processo infeccioso.
Pode-se ressaltar que a importância deste trabalho se revelou na
possibilidade de estudo de fatores que contribuem para o aumento da colonização
da pele por fungos, nos quais se enquadra o uso de calçado oclusivo. Neste estudo,
as leveduras do gênero Candida foram os microrganismos colonizantes mais
freqüentes dos espaços interdigitais, sendo a C. albicans a levedura de maior
evidência. O isolamento de leveduras em região podal revela a capacidade
adaptativa do fungo como agente comensal participante da microbiota de pele neste
sítio anatômico.
27
7 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos, frente à metodologia empregada neste trabalho,
fundamentam as seguintes conclusões:
O uso de botas de borracha contribui para o aumento da colonização de
leveduras no espaço interpododactilar, porém o gênero masculino ou feminino, não
foi um fator relevante para este acréscimo.
As leveduras do gênero Candida foram os microrganismos mais
freqüentemente isolados, sendo que o maior índice de isolamento ocorreu com a
espécie C. albicans.
No confronto entre o exame direto e a cultura, a última apresentou um maior
índice de positividade, o que se justifica por se tratar de colonização pela microbiota
local. Para a confirmação de uma micose podal, faz-se necessário o diagnóstico de
um clínico, analisando as lesões podais associado a testes complementares.
28
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M.F.C.A.; NISHIMARA, K.; LEÃO, P.P. Intertrigo em pacientes com
lenfedema de membro inferior. Rev. Hosp. Clin. Fac. Méd. S. Paulo. 53ed., p.3-5,
jan. 1998.
BRASIL, Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil.
Doenças Relacionadas ao Trabalho: manual de procedimentos para serviços de
saúde. Brasília. Ministério da Saúde. Brasil, 2001.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução, n.169. Diretrizes e Normas
Regulamentadoras da Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Código de Ética em
Pesquisa. v.1, n.1. p.34-42, 1986.
BRASIL. Portaria nº. 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas
Regulamentadoras – NR – do Capitulo V do Titulo II, da Consolidação das
Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Segurança e
Medicina do Trabalho. 43ª edição. São Paulo: Atlas, 1999.
BUDA, J.F. Segurança e Higiene no Trabalho em Estação de Tratamento de Esgoto.
Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil – Fec.
Dissertação de mestrado. Campinas, 2004.
BURGUESS, W.A. Identificação dos possíveis riscos à saúde do trabalhador
nos diversos processos industriais. Belo Horizonte: Ergo, p.3. 1997.
COLOMBO, A.L.; NUCCI, M.; SALOMÃO, R.; BRANCHINI, M.L.;
RICHTMANN, R.; DEROSSI, A.; WEY, S. High rate of non-albicans candidemia
in Brazilian tertiary care hospitals. Diagnostic Microbiology and Infectious
Diseases, v.34, p.281-286, 1999.
FUKAZAWA, Y.; KAGAYA, K. Molecular bases of adhesion of Candida
albicans. J. Med. Vet. Mycol., 1997.
GOTTLIEB, S. et al. Adhesion of Candida albicans to epithelial cells effects of
polyoxin D. Mycoplathologia. 1991.
HAZEN, K.C. New and emergent yeast pathogens. Clin. Microbiol. Rev.,
Washington DC, v.8, p.462-478, 1995.
JOKLIK, W.K.; WILLETT, H.P.; AMOS, D.B.; WILFERT, C.M. Zinsser
microbiologia. 20ªed. Buenos Aires: Editora Panamericana, 1995.
KERM, M.E.; BLEVINS, K.S. Micologia Médica.ed., São Paulo: Premier, 1999.
29
KIMURA, L. H.; PEARSAL, N. N. Adherence of Candida to human buccal
epithelial cells. Infect. Immunol., Washington, v.21, n.1, p.64-68, jul. 1978.
KING, R.D.; LEE, J.C.; MORRIS, A.L. adherence of Candida albicans and other
Candida species to human mucosal epithelial cell. Infect. Immunol., 27ed., p.667-
674, 1980.
LACAZ et al. Tratado de micologia médica. São Paulo, 9ªed., p.123-169, 252-
340, 616-635. Sarvier, 2002.
LAW, S.; FOTOS, P.G.; WERTZ, P.W. Skin Surface Lipids Inhibit Adherence of
Candida albicans to Stratum corneum. Dermatology. Basel, v.195, p.220-223,
May. 1997
LINHARES, L.M.; CONCEPCIÓN, M. Frequency of yeasts of the genus Candida
in humans, as pathogens and as part of normal flora. Proceedings of the IV
International Conference on the Mycoses. The Black and White Yeasts, Scientific
Publication, 356, Washington, 1978.
LOPES, J.O.; ALVES, S.H.; BENEVENGA, J.P. Dermatofitose humanas por
Microsporum gypseum no interior do Rio Grande do Sul: estudo clínico. An. Bras.
Derm., v.67, p.71-72. Rio de Janeiro, 1992.
LYNCH, D.P. Oral candidiasis. History, classification and clinical presentation.
Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. St Louis, v.78, n.2, p.189-193, Aug. 1994.
MARCHEZETTI, M.A. Aspectos físicos no serviço de alimentação. In: SILVA,
E.A.J. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. São Paulo: Editora
Varela, 2002.
MELLO, M.G.M. Estudo de dermatoses em trabalhadores de uma indústria
farmacêutica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.
MIDGLEY, G.; RODERICK, J.H.; CLAYTON, Y.M. Micologia médica:
diagnóstico em cores. São Paulo: Manole, 1998.
MOK, W.Y.; BARRETO DA SILVA, M.S.B. Mycoflora of the human dermal
surfaces. Can. J. Microbiol., v.30, p.1205-1209. Ottawa, 1984.
MUROFUSE, N.T. Adoecimento dos trabalhadores de enfermagem da
fundação hospitalar do Estado de Minas Gerais: reflexo das mudanças no
mundo do trabalho. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004.
NICO, M.M.S. Candidose sistêmica na região dorsal de doentes acamados.
Dissertação de mestrado. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
São Paulo, 1997.
30
ODDS, F.C. Ecology and epidemiology of Candida species. Zbl. Bakt. Hyg. A.,
Stuttgart, v.257, p.207-212, 1984.
PANAGODA, G.P.; SAMARANAYAKE, L.P. The relationship between the cell
length, adhesion to acrylic and relative cell surface hydrophobicity of Candida
parapsilosis. Med. Mycol., Oxford, v.36, n.6, p.373-378, 1998.
PURIM, K.S.M.; BORDIGNON, G.P.F.; TELLES, F.Q. Infección fúngica en pies
de jugadores de fútbol y en no atletas. Revista Iberoamericana de Micologia.
v.22, p.34-38 Bilbao. Spain, 2005.
RAY, T.L.; DIGRE, K.B.; PAYNE, C.D. Adherence of Candida species to human
epidermal corneocytes and buccal mucosal cells: correlation with cutaneous
pathogenicity. J. Invest. Dermatol. Boston, v.83, n.1, p.37-41, jul. 1984.
REZENDE, M.P. Agravos à saúde de auxiliares de enfermagem resultantes da
exposição ocupacional aos riscos físicos. Escola de Enfermagem. Ribeirão Preto,
2003.
SANTOS, I.B. et al. Avaliação do Método Clássico e do CHROMagar
®,
Candida na
identificação de leveduras. Rev. Laes Haes, ed. 154, p.182-192, abr./mai. 2005.
SHATTUCK, K.E.; COCHRAN, C.K.; ZABRANSKY, R.J.; PASARELL, L.;
DAVIS, J.C.; MALLOY, M.H. Colonization and infection associated with
Malassezia and Candida species in a neonatal unit. Jour. Hospital Infect., v.34,
n.2, p.123-129, Oct. 1996.
SIDRIM, J.C.; ROCHA, F. Micologia médica a luz de autores contemporâneos.
Rio de Janeiro: Guanabara, p.265-274, 2004.
SILVA, E.A.J. Manual de Controle Higiênico-Sanitário. São Paulo: Varela,
2002.
SILVEIRA, M.A.; CASTRO, V.L.; PEREZ, M.A. Aplicação de indicadores
clínicos de exposição na avaliação da saúde da agricultura familiar: o caso de
Sumaré, Brasil. São Paulo. Disponível em:
www.agricoma.com.br/rev1artigomiguelsilveiraoutros.htm, 2004. Acesso em julho
2006.
SOARES, M.S.R et al. Micose superficial da região podal em indivíduos
considerados imunocomprometidos. Anais brasileiro de Dermatologia, Rio de
Janeiro, v.70, n.3, p.211-217, mai./jun. 1995.
TSUBOI, R. et al. Pathogenesis of superficial mycoses. J. Med. Vet. Mycol., v.32
(Supl.1), p.92-104, 1994.
VIEIRA, S.I. Medicina básica do trabalho. Génesis. Curitiba: 2ed., v.4, p.81-168,
1996.
31
WAGGONER, L.A.F.; WALKER, M.W.; HOLLIS, R.J. et al. Vertical and
horizontal transmission of unique Candida species to premature newborns. Clin.
Infect. Dis., Chicago, v.22, p.803-808, 1996.
ZAITZ, C. Estudo epidemiológico de tinha pedis em população adulta da
cidade de São Paulo. São Paulo, 1988.
32
ANEXOS
33
ANEXO I: FICHA EPIDEMIOLÓGICA
FICHA EPIDEMIOLÓGICA
PROJETO – MICROBIOTA PODAL
Dados pessoais do Funcionário
Nome: _______________________________________________________________
Idade: _______________ Sexo:  M  F
Turno de trabalho:  Manhã  Tarde  Noite
Tempo que trabalha na empresa:
Menos de 6 meses  6 a 12 meses  Mais de 1 ano
Setor que trabalha:
Temperatura:  Ambiente  Climatizado
Dados clínicos do Funcionário
Faz tratamento para alguma doença:  Não  Sim
Qual doença:____________________________________________________________
Usa bota no trabalho de borracha:  Sim  Não
Presença de lesão interdigital:  Sim  Não
Presença de outra lesão sugestiva de micose:  Sim  Não
Lesão Secundária Sugestiva de Micose
Característica da lesão
Tipo de material colhido:
Suspeita Clínica:  Onicomoicose  Outra
Está tratando:  Sim  Não
FICHA DE CONTROLE INTERNO
Diagnóstico
Coloração de gram:_______________________________________________________
Resultado do micológico direto:_____________________________________________
Resultado da cultura: _____________________________________________________
Prova de identificação ____________________________________________________
34
ANEXO II: TERMO DE LIVRE CONSENTIMENTO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
As micoses superficiais são as infecções de origem fúngica mais freqüentemente
encontradas, existindo diversos agentes etiológicos que provocam este tipo de micose,
algumas destas micoses podem estar relacionado à atividade ocupacional, entre elas a
micose dos pés, onde o paciente pode apresentar sintomas como: descamação da pele,
manchas, lesões entre os dedos e nas unhas, coceira e odor fétido. Você pode possuir
alguns destes fungos em seus pés e por isso está sendo convidado a participar do estudo
intitulado: INFECÇÃO FÚNGICA NOS PÉS DE TRABALHADORES DE UMA
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
Através das pesquisas, será possível relacionar a freqüência de isolamento de
leveduras dos pés de funcionários da uma indústria de alimentos, com o uso de calcados,
como a bota de borracha. Contribuindo desta maneira com os avanços na medicina do
trabalho, sendo sua participação de fundamental importância.
Caso você participe da pesquisa, será coletado material do espaço interpododactilar
ao em outro local de seus pés que apresente lesão suspeita de micose, Juntamente com a
coleta do material será realizado uma entrevista com o objetivo de obter dados
epidemiológicos. Esta coleta de material não oferece danos à sua saúde.
O Dr. Flávio Queiroz Telles Filho, responsável clínico pela pesquisa poderá ser
contatado no Hospital de Clínicas, no Setor de Infectologia, no telefone (41) 3360-1800.
A sua participação neste estudo é voluntária. Você tem a liberdade de recusar
participar do estudo ou, se aceitar participar, retirar seu consentimento a qualquer
momento.
Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de
responsabilidade do funcionário, nem da empresa.
As informações relacionadas ao estudo poderão ser inspecionadas pelos
pesquisadores que executam a pesquisa. No entanto, se qualquer informação for divulgada
em relatório ou publicação, isto será feito de forma codificada, para que a confidência e
anonimato sejam mantidos.
Pela sua participação no estudo não haverá remuneração em dinheiro.
Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome e sim um código.
Eu, ________________________________________________________li o texto
acima e compreendi a natureza e objetivo do estudo ao qual fui convidado a participar.
Concordo voluntariamente em participar desta pesquisa.
___________________________________
Assinatura do Paciente ou Responsável
Local: __________________________________ Data ___ / ___ / _____
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo