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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO
CRITÉRIOS SOCIAIS NA SELEÇÃO DE PACIENTES EM SERVIÇOS DE
ODONTOLOGIA: UM DILEMA BIOÉTICO
SÉRGIO d’ AVILA
CAMARAGIBE – PE
MAIO 2006
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1
SÉRGIO d’AVILA
CRITÉRIOS SOCIAIS NA SELEÇÃO DE PACIENTES EM SERVIÇOS DE
ODONTOLOGIA: UM DILEMA BIOÉTICO
Tese apresentada ao programa de Pós-
graduação em Odontologia, área de
concentração em Odontologia em Saúde
Coletiva, da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Pernambuco. Como
requisito para a obtenção do título de
Doutor em Odontologia.
Área de concentração: Saúde Coletiva
Orientador: Professor Doutor Arnaldo de França Caldas Júnior.
CAMARAGIBE – PE
MAIO 2006
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2
SÉRGIO d’AVILA
CRITÉRIOS SOCIAIS NA SELEÇÃO DE PACIENTES EM SERVIÇOS DE
ODONTOLOGIA: UM DILEMA BIOÉTICO
Camaragibe – PE, aprovada em 03 / 05 / 2006
BANCA EXAMINADORA:
Viviane Colares (Membro UPE)
José Ricardo Dias Pereira (Membro UPE)
Arine Maria Viveros de Castro Lyra (Membro UPE)
Kátia Maria Fonseca Guerra (Membro UFPI)
Marize Raquel Diniz da Rosa (Membro UFPB)
Etenildo Dantas Cabral (Suplente UFPE)
Renata Cimões Jovino Silveira (Suplente UFPE)
3
Dedico este trabalho
Dedico este trabalhoDedico este trabalho
Dedico este trabalho
aos meus pais
aos meus paisaos meus pais
aos meus pais
Mirtes e Gabriel
Mirtes e GabrielMirtes e Gabriel
Mirtes e Gabriel
por toda dedicação empregada
por toda dedicação empregadapor toda dedicação empregada
por toda dedicação empregada
à minha
à minhaà minha
à minha formação profissional
formação profissional formação profissional
formação profissional
4
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao meu
Orientador
OrientadorOrientador
Orientador
Prof. Dr.
Arnaldo de França Caldas Júnior
Arnaldo de França Caldas JúniorArnaldo de França Caldas Júnior
Arnaldo de França Caldas Júnior
Pelos
conhecimentos
conhecimentosconhecimentos
conhecimentos
adquiridos e
pela maneira
elegante
elegante elegante
elegante
e
calma
calmacalma
calma
que soube conduzir
esse trabalho:
paci
pacipaci
paciente
ente ente
ente
como um monge
intelig
inteligintelig
inteligente
ente ente
ente
como um mago
e
sábio
sábiosábio
sábio
como um filósofo.
O meu
muito obrigado
muito obrigadomuito obrigado
muito obrigado
5
AGRADECIMENTOS
A Universidade de Pernambuco,
Faculdade de Odontologia de Pernambuco
Faculdade de Odontologia de PernambucoFaculdade de Odontologia de Pernambuco
Faculdade de Odontologia de Pernambuco
, pela
oportunidade em realizar a minha qualificação como docente.
A
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Estadual da ParaíbaUniversidade Estadual da Paraíba
Universidade Estadual da Paraíba
; pela liberação durante o período para cursar
as disciplinas do curso de Doutorado.
Aos
professores do Curso de Pós
professores do Curso de Pósprofessores do Curso de Pós
professores do Curso de Pós-
--
-graduação
graduação graduação
graduação de
dede
de Odontologia em Saúde Coletiva
Odontologia em Saúde Coletiva Odontologia em Saúde Coletiva
Odontologia em Saúde Coletiva
, da
Faculdade de Odontologia de Pernambuco, pela contribuição no meu processo
de aprendizado;
Prof. Dr.
Ricardo
RicardoRicardo
Ricardo Cavalcanti Duarte
Cavalcanti Duarte Cavalcanti Duarte
Cavalcanti Duarte
pela amizade e indicação à Faculdade de
Odontologia de Pernambuco.
Aos
paciente
pacientepaciente
pacientes
ss
s
que permitiram a doação as imagens para a elaboração do
cenário de caso;
Aos colegas
Cirurgiões
CirurgiõesCirurgiões
Cirurgiões-
--
-Dentistas
Dentistas Dentistas
Dentistas
que viram a importância de fazer parte desta
pesquisa;
A prof.ª Drª.
Patrícia Moreira Rabello
Patrícia Moreira RabelloPatrícia Moreira Rabello
Patrícia Moreira Rabello
, pela grande amizade iniciada durante esse
curso e pelo incentivo em todas as horas.
Aos colegas do Curso de pós-graduação,
Andréa de Aguiar,
Andréa de Aguiar,Andréa de Aguiar,
Andréa de Aguiar, André Suliano,
André Suliano, André Suliano,
André Suliano,
Andréa Gadelha,
Andréa Gadelha, Andréa Gadelha,
Andréa Gadelha, Bernadete Bené Barbosa,
Bernadete Bené Barbosa, Bernadete Bené Barbosa,
Bernadete Bené Barbosa, Lúcia Silvestr
Lúcia SilvestrLúcia Silvestr
Lúcia Silvestre,
e, e,
e, Ludmila Montenegro
Ludmila MontenegroLudmila Montenegro
Ludmila Montenegro
e em
especial a
Sandra Cadena
Sandra CadenaSandra Cadena
Sandra Cadena,
,,
,
que tornaram agradáveis os momentos como aluno.
Prof. Dr.
Edmilson Mazza
Edmilson MazzaEdmilson Mazza
Edmilson Mazza
, pela valiosa contribuição na análise estatística e pela
presteza e rapidez em analisar os resultados;
Ao prof.
Lucas
LucasLucas
Lucas
Clemente Per
Clemente PerClemente Per
Clemente Pereira
eiraeira
eira
e ao Prof.
José Alfredo Leite
José Alfredo LeiteJosé Alfredo Leite
José Alfredo Leite
pela rapidez na
correção do Português e Inglês, respectivamente;
A Profª. Drª. e amiga
Patrícia Meira
Patrícia MeiraPatrícia Meira
Patrícia Meira
pela leitura e incentivo ao trabalho;
A amiga
Solange Soares da Silva Felix
Solange Soares da Silva FelixSolange Soares da Silva Felix
Solange Soares da Silva Felix
, que me abriu os caminhos para a Bioética;
Ao hoje colega
Esdras
Esdras Esdras
Esdras Rago
RagoRago
Rago
, e aos alunos da UEPB:
Ana Marly Maia,
Ana Marly Maia,Ana Marly Maia,
Ana Marly Maia, Mariângela
Mariângela Mariângela
Mariângela
Vitorino, Paulo Emanuel
Vitorino, Paulo EmanuelVitorino, Paulo Emanuel
Vitorino, Paulo Emanuel e
e e
e André Ramos
André Ramos André Ramos
André Ramos
, pela ajuda no projeto piloto.
6
D’AVILA, Sérgio . Critérios sociais na seleção de pacientes em serviços de
odontologia: um dilema bioético. 2006. 120 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva).
Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Universidade de Pernambuco.
RESUMO
1
Foi realizado um estudo transversal com o objetivo de identificar que critérios
demográficos e sociais influenciam na seleção de pacientes por parte dos Cirurgiões-
Dentistas da cidade de João Pessoa PB (Brasil). Os critérios de inclusão foram: os
profissional estarem inscritos no Conselho Regional de Odontologia CRO-PB e
exercendo atividade clínica. A coleta de dados foi realizada através de questionário,
previamente calibrado, constando dados de identificação do profissional contendo as
características sociais, de raça, sexo, idade, situação conjugal, tempo de formado,
titulação, renda mensal e local de trabalho e tempo de atendimento, e um cenário de
caso. 308 respondentes, sorteados da lista do CRO-PB, após cálculo amostral, tiveram
que escolher, observando fotografias de seis supostos pacientes com carateristicas
diferentes de idade, raça e sexo, o único que deveria receber tratamento odontológico
de urgência, e qual o motivo da escolha numa situação de recursos escassos de
saúde. Todos os profissionais que foram entrevistados assim como os modelos das
fotos, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para análise dos
dados, foram obtidas distribuições absolutas e percentuais uni e bivariadas, assim
como foram utilizados os testes estatísticos Qui-quadrado de Pearson, teste Exato de
Fisher ou teste da Razão de Verossimilhança. Nos resultados, a maioria (60,4%) da
amostra foi composta de Cirurgiões-Dentistas do sexo feminino, com idade acima de
41 anos, representando 37,3% dos pesquisados, seguidos dos que tinham entre 22 a
30 anos (34,1%). Dentre os seis pacientes, a escolha mais freqüente recaiu no
homem branco de 50 anos (70,5%), seguido pela mulher negra (12%). Ainda houve
um percentual de profissionais afirmando que não atenderiam ninguém. A idade foi o
motivo mais relevante na escolha (46,4%), seguido da fisionomia (30,8%). Concluiu-se
que não houve influência significativa das características demográficas dos
profissionais sobre a seleção de pacientes nem sobre o motivo da escolha na situação
que foi apresentada através do cenário de caso.
Descritores: Bioética; Alocação de recursos; seleção de paciente; Dotação de
Recursos para Cuidados de Saúde.
1
De acordo com a NBR 6028 (ABNT, 2003)
7
D’AVILA, Sérgio, Social criteria in the selection of patients at dentistry services: a
bioethical dilemma. 2006. 120 pages. Thesis PhD in Public Health. Faculdade de
Odontologia de Pernambuco. Universidade de Pernambuco.
ABSTRACT
A cross-section study was conducted with the objective of identifying the social and
demographic criteria influencing patient selection by Dentistry-Surgeons in the city of
João Pessoa, Paraiba (Brazil). The research data was obtained by means of a
questionnaire, previously validated, containing identification questions, and a case
scenario, in which 308 respondents, chosen by lot from a list of surgeon-dentists, in
accordance with a sampling calculation method, to select, out of a set of six
photographs of supposed patients, the one patient to receive urgent dental treatment
in a situation of scarce health resources. All participating and interviewed dentists had
to sign a Free Consent and Awareness Agreement. Univariate and bivariate
distributions of absolute and percent values were obtained and the Pearson’s Chi-
Square and Fisher’s Exact tests or the Verisimilitude Ratio tests were used for data
analysis. The results obtained showed that the majority of the sample (64.4%) was
composed of female surgeon-dentists, over 41 years of age, representing 37.3% of the
researched dentists followed by those with 22-30 years of age (34.1%). In the
selection of the six patients, the most frequent choice fell upon the 50 year-old white
man (70.5%) followed by the afro-descendent woman (12%). Age was the most
relevant choice motive with 46.4% of all cases followed by physiognomy with 30.8%.
The conclusion was that these demographic criteria dominated the patient choice
process.
Key-words: Bioethics; Resource Allocation; patient selection; Health Care Rationing
8
LISTA DE TABELAS
TABELA
1:
Distribuição dos Cirurgiões-Dentistas segundo as variáveis sexo e
faixa etária, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 .......................................72
TABELA
2:
Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis dos Cirurgiões-
dentistas: raça, estado civil, tempo de formado, titulação máxima, local
de trabalho e tempo médio utilizado para cada paciente (min), João
Pessoa - PB, Brasil, 2006 ...................................................................74
TABELA
3:
– Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis: área de atuação
e renda mensal, João Pessoa - PB, Brasil, 2006................................75
TABELA
4:
Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis: escolha do
paciente e fator relevante para a escolha do paciente, João Pessoa -
PB, Brasil, 2006 ..................................................................................76
TABELA
5:
Avaliação da escolha do paciente segundo o sexo do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................77
TABELA
6:
Avaliação da escolha do paciente segundo a faixa etária do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................78
TABELA
7:
Avaliação da escolha do paciente segundo a raça do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................79
9
TABELA
8:
Avaliação da escolha do paciente segundo a situação conjugal do
Cirurgião-dentista , João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ...........................80
TABELA
9:
– Avaliação da escolha do paciente segundo o tempo de formado (em
anos) do Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 .............81
TABELA
10:
Avaliação da escolha do paciente segundo a titulação do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................82
TABELA
11:
Avaliação da escolha do paciente segundo o tempo médio de
atendimento (em min) dos pacientes, João Pessoa - PB, Brasil, 2006.83
TABELA
12:
Avaliação da escolha do paciente segundo a renda mensal (em
salários mínimos) do Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil,
2006....................................................................................................84
TABELA
13:
Avaliação da escolha do paciente segundo o local de trabalho do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................85
TABELA
14:
Avaliação do motivo da escolha segundo o sexo do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................86
T
ABELA
15:
– Avaliação do motivo da escolha segundo a faixa etária do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................86
T
ABELA
16:
Avaliação do motivo da escolha segundo a raça do Cirurgião-
dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................................87
10
T
ABELA
17:
Avaliação do motivo da escolha segundo a situação conjugal do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................88
TABELA
18:
Avaliação do motivo da escolha segundo o tempo de formado do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................89
TABELA
19:
Avaliação do motivo da escolha segundo a titulação máxima do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................89
TABELA
20:
Avaliação do motivo da escolha segundo o tempo de atendimento
(em min.) do Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 .......90
TABELA
21:
– Avaliação do motivo da escolha segundo a renda mensal (em salário
mínimo) do Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006..........91
TABELA
22:
Avaliação do motivo da escolha segundo o local de trabalho do
Cirurgião-dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006 ............................91
11
LISTA DE QUADROS E FIGURAS
Figura 1- Fluxograma do desenho do estudo
.........................................................64
Figura 2. Fotografia dos pacientes................................................................................67
Quadro1 – Elenco de variáveis .....................................................................................69
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LILACS – Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEDLINE – Medlars on line
CRO-PB - Conselho Regional de Odontologia da Paraíba
CFO - Conselho Federal de Odontologia
CEO - Código de Ética Odontológica
UEPB - Universidade Estadual da Paraíba
UFPB - Universidade Federal da Paraíba
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
CNS – Conselho Nacional de Saúde
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
SM - Salários mínimos
PSF - Programa Saúde da Família
SUS - Sistema Único de Saúde
UBS – Unidade Básica de Saúde
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................16
2 REVISTA DA LITERATURA ..............................................................................19
2.1 Ética e bioética.................................................................................................19
2.2 Tomada de decisão .........................................................................................25
2.3 Recursos escassos em saúde .........................................................................34
2.4 Relação paciente profissional .........................................................................40
2.5 Os fatores sociais e o processo de decisão clínica..........................................48
2.6 A tomada da decisão na Odontologia .............................................................55
3 OBJETIVOS........................................................................................................58
4 METODOLOGIA .................................................................................................59
4.1 Localização do estudo .....................................................................................59
4.2 População a ser estudada ...............................................................................59
4.3 tamanho da amostra........................................................................................60
4.4 Seleção da amostra.........................................................................................61
4.5 Desenho do estudo..........................................................................................61
4.6 Estudo piloto ....................................................................................................65
4.7 Coleta de dados ..............................................................................................65
4.7.1Instrumento de pesquisa................................................................................66
4.7.2 Cenário de caso ...........................................................................................68
4.7.3 Elenco das variáveis.....................................................................................69
4.8 Considerações éticas.......................................................................................70
4.9 Análise dos dados ...........................................................................................71
14
5 RESULTADOS....................................................................................................72
5.1 Caracterização dos profissionais ....................................................................72
5.2 Escolha do paciente para atendimento ...........................................................77
5.3 Motivos da escolha ..........................................................................................85
6 DISCUSSÃO.......................................................................................................92
7 CONCLUSÕES.................................................................................................107
REFERÊNCIAS ...................................................................................................108
APÊNDICES
ANEXOS
15
1. INTRODUÇÃO
As conquistas obtidas pelos avanços tecnológicos e científicos,
principalmente nas ciências médicas e biológicas, proporcionaram ao homem um
poder de intervenção sobre a vida e sobre a natureza e, conseqüentemente, causaram
grandes desafios à ética nas últimas décadas.
“Ética” é uma palavra de origem grega, com duas origens possíveis. A
primeira é a palavra grega éthos, com “e” curto, a qual pode ser traduzida por costume,
a segunda também se escreve éthos, porém com e” longo, significando propriedade
do caráter (MOORE, 1975). Ética é refletir, argumentar e fornecer justificativas
racionais para as escolhas e tomadas de decisão morais em casos e situações
concretas (SCHRAMM, 1997; CAMPBELL, 1987).
Bioética tem sido definido como o "estudo sistemático da conduta
humana na área das ciências da vida e dos cuidados da saúde, na medida em que
essa conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais". Clotet (1993), ao
analisar o motivo da Bioética nos dias atuais, define-a como um novo paradigma da
ética na área das ciências biológicas e da saúde.
A Bioética Clínica esteve mais centrada no relacionamento entre
profissionais, instituições de saúde e pacientes, dentro de uma abordagem mais
individualizada; por outro lado, a Bioética Social se associou ao campo da saúde
pública, aos diversos aspectos ligados à saúde da coletividade. Nessas duas últimas
décadas, a Bioética Social tem acentuado sua preocupação com a questão da locação
de recursos da saúde, ou seja, com a distribuição de recursos entre usos alternativos,
procurando compreender os princípios e valores éticos envolvidos nas tomadas de
16
decisão no campo da saúde. Essa reflexão objetiva estabelecer bases racionais para
as tomadas de decisão que possam contemplar o fundamento da ética,
proporcionando o bem-estar na vida dos indivíduos e da coletividade (FORTES, 2000).
Decisão pode ser considerada a resolução de um ato que acontece após
um período de avaliação, seguido de uma escolha entre as alternativas encontradas,
baseada nas informações disponíveis.
A tomada de decisão na área de saúde está tão envolvida no processo
de solução de problemas clínicos, que é essencial a ele. Ela envolve a idealização de
planos e cursos de ação os quais tenham por objetivo mudar a situação atual do
problema para uma outra melhor. A mudança pode ser a cura, o alívio de um
sofrimento, a prevenção de uma doença grave iminente ou de uma complicação, a
redução das preocupações do paciente ou a compreensão realista do problema
(NETO, 1998).
No caso da alocação de recursos públicos para a saúde, a discussão é
sobre os princípios que direcionam a distribuição daqueles, uma vez que o dinheiro
disponível é escasso, e uma pobreza histórica da população, a qual a leva à
dependência em relação aos serviços prestados pelo Estado, fazendo com que os
resultados da alocação tenham impactos muito relevantes na vida do povo brasileiro
(MEDEIROS, 1999).
Para a seleção de pessoas candidatas a escassos recursos de saúde, a
literatura especializada em bioética aponta a utilização de diversos critérios:
objetividade médico-científica, os critérios éticos e os critérios não médicos. Dentre os
últimos, são empregados os critérios sociais: a cooperação do paciente com os
profissionais de saúde, a idade, o sexo, a força de trabalho potencialmente afetada e
17
recuperada, o potencial e a expectativa de vida e o ambiente de apoio para
seguimento de tratamento (FORTES, 2000).
Revisando tal literatura, observa-se a inexistência de estudos que
enfatizem a escolha de quem deve receber atendimento odontológico em situação de
micro alocação de recursos escassos. Vê-se, então, a necessidade de se desenvolver
pesquisas ressaltando a bioética como parâmetros para definir quais critérios sociais
interferem naquela decisão. Diante da escassez da literatura especializada, esta
pesquisa objetiva determinar a influência das características sociais e demográficas
por parte dos Cirurgiões-Dentistas do Município de João Pessoa PB em selecionar
pacientes em situações de recursos escassos em saúde.
18
2. REVISTA DA LITERATURA
Esta revista da literatura foi desenvolvida através da análise documental
da produção bibliográfica, a partir das bases de dados LILACS e MEDLINE,
relacionadas à biblioteca virtual BIREME (http://www.bireme.br), assim como ao
SCIELO (www.scielo.br). Foram usados os seguintes descritores do assunto: “bioética,
tomada de decisão, decisão de tratamento, recursos em saúde, relação paciente-
profissional”. Como limite do tema, adotaram-se as citações com resumo, para que se
pudesse fazer a primeira análise crítica dos artigos. Os critérios para inclusão dos
estudos foram: discorrer sobre as condutas éticas realizadas nos motivos da escolha
de pacientes, decisão de escolha e estarem escritos nos idiomas inglês, português ou
espanhol. Este trabalho ainda teve o suporte de livros que tratam dos assuntos
relacionados ao tema proposto.
2.1 Ética e bioética
Para a manutenção da convivência social, o homem desenvolveu alguns
mecanismos reguladores, dentre os quais, a ética. Esta era considerada um
instrumento de coesão social o qual harmonizava os interesses individuais e os
coletivos. Posteriormente, a ética passou a ser o artifício social, orientador, de caráter
positivo, determinando aquilo que se deve fazer para se conseguir “a boa vida,” o
“bem-estar” das pessoas vivendo em sociedade, em uma dimensão não somente
física, mas também psíquica e social (CHAUÍ, 1995; DURANT, 1995).
19
A ética nos fala de valores, princípios e normas os quais servem de base
para o comportamento humano; fala-nos do que é certo, correto e justo, assim como
da responsabilidade dos indivíduos por seus atos, com a finalidade de que vivamos
bem em sociedade (FORTES, 2000).
A ética implica uma opção individual, uma escolha ativa. Requer a
adesão íntima da pessoa aos valores, aos princípios e às normas morais; é ligada
intrinsecamente à noção da autonomia individual. Visa à interioridade do ser humano,
solicita convicções próprias que não podem ser impostas de fontes exteriores ao
indivíduo; requer aceitação livre e consciente das normas (COHEN e SEGRE, 1994).
Ética é refletir, argumentar e fornecer justificativas racionais para as escolhas e
tomadas de decisão morais em casos e situações concretas (SCHRAMM, 1997;
CAMPBELL, 1987).
Como assinala CHAUÍ (1995), a deliberação ética se faz no campo do
possível. Se, por vezes, não podemos escolher o que nos acontece, assim mesmo
podemos escolher o que fazer diante da situação que nos foi apresentada. Por isso, a
autodeterminação do homem está relacionada à responsabilidade que tem consigo e
com os outros membros da sociedade. Enfim, o ser ético é autônomo e responsável
por seus atos.
No início da década de 70 do século XX, Van Ressenlaer Potter, em seu
livro “Ponte para o futuro: um conceito de progresso humano”, propõe o termo Bioética
como “forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma
nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e
valores humanos.” E, ainda questiona o progresso; para onde o avanço materialista da
ciência e da tecnologia está levando a cultura ocidental; o tipo de futuro que está-se
20
construindo e se opções. A partir daí, a palavra emplaca na mídia, e a expressão
“bioética” torna-se parte da linguagem diária. Seu significado original é perscrutado e
redefinido, principalmente pelos especialistas em ética médica, sendo atualizado a
cada dia (POTTER, 1998).
A bioética tem por objetivo a “busca de benefícios e da garantia da
integridade do ser humano, tendo como fio condutor o princípio básico da defesa da
dignidade humana” (OLIVEIRA, 2002).
O embate da autonomia e da heteronomia ocorre em um sistema de
forças que, nem sempre, equivalem-se e se respeitam. Emoldurando esse cenário, a
Bioética, com lastro na autonomia, na justiça e na beneficência, trouxe efetiva
contribuição, predominantemente nas questões da vida e da saúde humana
(GARRETT, HARALD e GARRETT, 1993).
Assim, ela tem sido alvo de inesgotáveis discussões e reflexões, dado o
teor das questões que tem abarcado, concernentes a essas áreas. A Bioética nasce
em um contexto de intensas inovações técnico-científicas e em uma sociedade
pluralista, de que emergem distintas concepções de vida e diferentes valores éticos.
Particularmente na área da saúde os novos marcos contextuais
têm contribuído para o surgimento de reflexões éticas por parte dos profissionais no
que diz respeito às condutas frente a situações-dilema. Tais situações denotam o
quanto os avanços tecnológicos têm propiciado um poder de intervenção sobre a vida
e o quão relevantes são as conseqüências advindas para os indivíduos e a sociedade
(BOEMER, 1997).
Em face de tal realidade, as discussões emergentes no campo da
Bioética têm demonstrado que a interdisciplinaridade pode permitir articulação e
21
complementariedade entre diversas áreas do saber, propiciando contemplar as
situações que se refletem em uma visão prismática. Assim, envolvem áreas como
direito, política, sociologia, psicologia, biologia, filosofia, entre outras. Este espaço de
diálogo que se abriu evidencia que o pensar ético, de certa forma, tem acompanhado
as modificações ocorridas no mundo, considerando que, de uma ênfase à ão
individual, temos atualmente o foco voltado para o sujeito-social, passando da micro-
ética para a macro-ética, respectivamente (BOEMER, 1997).
Assim, conforme assinalam Pessini e Barchifontaine (2002), a Bioética
atua em uma área comum a diversas disciplinas, tratando de problemas que são
únicos. Engloba questões que se referem ao início e ao fim da vida humana, assim
como a outras intermediárias, tais como contracepção, esterilização, aborto,
concepção assistida, doação de sêmen ou de óvulo, morte e o morrer, paciente
terminal, eutanásia, suicídio, transplantes, experimentação em seres humanos e,
ainda, a saúde pública.
Para Schramm e Kottow (2001), a bioética contempla quatro princípios: a
beneficência pressupõe que todo ato médico tem por finalidade fazer o bem e cuidar
dos interesses do paciente; ao maleficência afirma que toda intervenção deve
reduzir, ao mínimo, os riscos e danos; a autonomia requer que todos os participantes
de um ato médico sejam conscientizados e que sejam voluntários e autônomos; e, por
fim, os princípios da justiça e da equidade preceituam que todos os recursos, direitos e
obrigações devem ser igualmente distribuídos. Tal descrição deixa claro que esses
delineamentos éticos se referem às interações entre indivíduos, tal como, por exemplo,
a relação profissional – paciente.
22
As reflexões bioéticas são abrangentes e devem sempre abordar todos
os ângulos dos assuntos em pauta, sejam eles os de características mais atuais, por
conseguinte, mais empolgantes, sejam eles os mais tradicionais, portanto mais
conservadores. Quando se trata da vida cotidiana, os aspectos emergentes e
empolgantes cedem lugar a aspectos mais tradicionais e conservadores, mas, nem por
isso, menos importantes, ou que deixem de se constituir em dilemas a serem
analisados (MEIRA, 2004).
O desenvolvimento e a crescente incorporação de tecnologias aplicadas
à saúde trazem para os profissionais que atuam na área situações e questionamentos
sobre os quais não existe uma reflexão sedimentada em suas corporações.
Particularmente para os médicos, que, muitas vezes, são instados a tomar decisões
em um momento determinado, a falta de uma diretriz a ser seguida os leva a tomarem
decisões baseadas apenas em seu bom senso. A falta desta diretriz consolidada é a
expressão da crise do paradigma da ética médica tradicional, essencialmente
deontológica, sustentada nos deveres, considerados absolutos, da não maleficência e
da beneficência, a qual é incapaz de oferecer soluções a muitas das novas situações
que se apresentam. Como afirmam Almeida e Schramm (1999), vivemos um período
de transição paradigmática no campo da ética médica, com dois paradigmas
competindo: o deontológico e o da bioética.
As transformações ocorridas na sociedade, no século passado, incluindo
a maior disseminação e valorização dos direitos individuais, refletiram-se na
assistência médica, com os direitos do paciente assumindo uma relevância sem
precedentes na História da humanidade. Embora seja possível apontar-se que o
conceito de autonomia só se afirma com o individualismo do século XVIII, com o
23
Iluminismo, e, como afirma Schramm (1998), "a primeira formulação sistemática do
conceito de autonomia aplicado ao indivíduo, deve-se a Kant, para quem o sujeito
moral em questão é a pessoa, isto é, o indivíduo racional e livre", foi no século XX,
mais precisamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que os
indivíduos passaram a ser reconhecidos merecedores do respeito à autodeterminação,
inicialmente em relação à participação em pesquisas e depois em relação ao
atendimento médico em geral.
A partir da década de 60 do século XX, o princípio do respeito à
autonomia de um indivíduo passou a ser mais significativo, não tendo sido por acaso
que tenha ocorrido contemporaneamente à luta pelos direitos civis dos negros norte-
americanos e das mulheres e, no campo da assistência à saúde, à descoberta da
pílula anticoncepcional, da diálise renal e da realização do transplante cardíaco.
Durante a década de 60, havia um "clima cultural", nas palavras do bioeticista italiano
Mauricio Mori, o qual possibilitou tantos questionamentos e mudanças dos valores e
princípios morais vigentes, a principal sendo, talvez, o reconhecimento progressivo do
direito à autodeterminação pessoal (TAQUETTE et al., 2005).
A sofisticação tecnológica dos hospitais e dos serviços especializados
tem sido uma das motivações mais evidentes para o desenvolvimento da bioética, que
tem-se dedicado mais à reflexão e à discussão dos problemas éticos enfrentados
pelos profissionais nesse âmbito da assistência, relegando a atenção básica (DUCATI
e BOEMER, 2001; ZOBOLI e FORTES, 2004).
24
2.2 Tomada de decisão
O termo “decisão” pode ser considerado como a resolução de um ato
voluntário que, após um período de avaliação, provoca a execução de uma alternativa
encontrada entre várias outras. A teoria da decisão é o conjunto de métodos e
procedimentos de análise o qual procura assegurar a coerência e a eficácia das
decisões tomadas, em função das informações disponíveis (JAPIASSU e
MARCONDES, 1996).
Uma posição de natureza deontológica poderia ser tomada a partir da
noção de que, se todas as pessoas são iguais, não se podem estabelecer critérios de
escolha entre elas. Alguns filósofos e religiosos, como Edmond Cahn, em “The moral
decision”, citado por BASSON (1979), e por RAMSEY (1976) propugnavam o
acatamento da denominada ética dos últimos dias”. Segundo essa orientação
filosófica, no caso de uma escolha entre duas pessoas, tendo as pessoas igual valor e
não havendo recursos para todos, não se deveria optar por ninguém, pois o homem
não poderia ser um substituto da divindade.
Basson (1979) e Ramsey (1976) consideram:
“Eu salvaria todos ou nenhum porque todos são iguais. Ou os
dois, ou nenhum. Não escolheria nenhum porque tem que salvar
a vida de todos”.
Contudo, na prática diária do campo de saúde, não como fugir de
tomar decisões que impliquem escolha entre pessoas candidatas a atendimento em
situações de recursos escassos; seleções têm que ser feitas, pois existem recursos,
25
mesmo que insuficientes para todos, os quais devem ser utilizados. Isso significa que
existe uma obrigação ética dos profissionais e dos administradores de saúde de
estabelecer critérios para alocação de recursos e para seleção de pacientes
(CHILDRESS, 1988a; YOUNG, 1980).
Em alguns casos pode ser relativamente simples tomar a decisão em um
tratamento; em muitos outros, é mais difícil. Nem todas as decisões de intervir trazem
benefícios, e nem todas as decisões de não intervir são prejudiciais. Tratamentos
podem produzir efeitos indesejáveis, e implementar alguns procedimentos de
diagnóstico pode ser arriscado ou desnecessários (ROHLIN e MILEMAN, 2000).
Não uma terapia única aplicada que preencha todos os objetivos de
tratamento do paciente. Embora boas terapias sejam utilizadas de forma bem
sucedidas para condições específicas, riscos e benefícios associados com o
procedimento (NEWMAN, 1998).
A grande parte das decisões é realizada de um modo implícito, intuitivo e
evidências de que os profissionais de saúde não compartilham um processo
comum de tomada de decisão (PLASSCHAERT et al., 1995).
O processo de solução de um problema clínico é caracterizado por dois
grandes elementos da tomada de decisão, os quais precisam ser analisados
separadamente, embora, na prática, eles não possam ser separados. O primeiro deles
é o conteúdo, uma base de conhecimentos que reside na memória do profissional.
Este está à procura da solução do problema; o outro é o método de aplicação do
conhecimento, utilizado nesta tentativa de resolver o problema existente (CABRAL,
CALDAS e CABRAL, 2005).
26
Os profissionais de saúde tomam decisões continuamente na sua prática
diária. Os aspectos éticos são um importante elemento no processo de tomada de
decisão. A importância daqueles fica mais evidente, quando esta envolve a situação de
alocação de recursos escassos. Não se podem tomar decisões baseando-se apenas
em fatos, os valores são componentes respeitáveis deste processo. Tomar decisões
sem usar os valores é incorreto e de baixo nível” (TAQUETTE et al., 2005).
Segundo Fortes (2000), para a tomada de decisão ética, além da
existência de alternativas de ação, devem ser possibilitadas ao sujeito ético a escolha
entre as opções possíveis, como a liberdade de optar, e a liberdade de agir conforme a
decisão e a alternativa por ele escolhida.
Faleiros (1997) considera que a decisão entre quem atender e quem não
atender assume uma tensão política, social e ética de grande relevo podendo a
escolha ser realizada através do Reordenamento institucional: com as rotinas de
promoção de saúde e o aparecimento de programas de atenção básica da saúde,
como por exemplo, o Programa Saúde da Família- PSF, podem inverter a relação
oferta/demanda de serviços: é a oferta que determina a demanda, facilitando a
prevenção. A eqüidade onde as chances de vida são consideradas na prioridade do
atendimento. Alguém que esteja com nenhuma chance de sobreviver ou em fase
terminal deve ceder lugar a alguém que possa continuar vivendo por mais tempo. E
por fim a oportunidade econômica que é a análise do custo de oportunidade visando
comparar alternativas para se estabelecer quais as vantagens e desvantagens de cada
uma em termos de perdas e ganhos de recursos e benefícios.
Os critérios que geralmente são utilizados para a alocação de recursos
são a necessidade, o merecimento e a afetividade. A necessidade relaciona-se às
27
condições atuais do paciente. Este critério estabelece a prioridade aos que estão em
estado de saúde mais grave, mesmo sabendo que os custos serão altos e os efeitos
da intervenção médica terão pouca repercussão. Isto pode ser visto como desperdício
de recursos, pois os mesmos poderiam ser utilizados em outros pacientes com mais
chances. O merecimento, que é voltado para o passado. Os recursos escassos devem
ser alocados para aqueles pacientes que mereçam recebe-los, com base em ões,
registros e eventos que ocorreram, e o critério de efetividade que é orientado para o
futuro. Os recursos escassos devem ser alocados para aqueles pacientes que possam
fazer o melhor uso para si (efetividade local) ou para os outros, especialmente a
sociedade (efetividade global). Esta última pode ser expressa pela redução de custos
sociais, e ainda ao retorno à produtividade (GOLDIN, 1997; ELSTER e HERPIN 1994).
Starfield (2001) considera que, deve ser observado o princípio da
eqüidade, conceituado como a ausência de diferenças sistemáticas em um ou mais
aspectos do status de saúde nos grupos ou subgrupos populacionais definidos social,
demográfica ou geograficamente. “Eqüidade nos serviços de saúde implica em que
não existam diferenças nos serviços onde as necessidades são iguais (eqüidade
horizontal), ou que os serviços de saúde estejam onde estão presentes as maiores
necessidades (eqüidade vertical)”. Para a autora, a eqüidade no cuidado à saúde
define-se enquanto igualdade de acesso para idênticas necessidades, equivalentes
igual dos serviços para necessidades iguais e igual qualidade de atenção para todos.
A tomada de decisão clínica ocorre num ambiente complexo, que inclui o
contexto imediato de encontros clínicos socialmente organizados, e é realizada e
influenciada por padrões de interação social e comunicação entre os profissionais e os
28
pacientes, os quais refletem seus valores, interesses, expectativas e orientações para
a saúde e para os problemas particulares (STAUDNMAYER e LEFKOWITZ, 1981).
A eficiência do atendimento na área de saúde é bastante dependente da
análise e síntese adequadas dos dados clínicos e da qualidade das decisões
envolvendo riscos e benefícios dos testes diagnósticos e do tratamento. Um dos
preceitos associados com tomar boas decisões clínicas é o requisito de ser
cientificamente preciso, pois a aplicação de uma abordagem baseada em evidências
tem o potencial para melhorar substancialmente a qualidade e eficiência do
atendimento (NETO, 1998; NEWMAN, 1998).
A seleção de pacientes pode envolver, entre outros, critérios de
objetividade médico-científica, de randomização, de triagem, de fila de espera
(KILNER, 1995; BUCHANAN, 1989).
O estado de saúde do paciente (bom, regular, ruim) pode ser utilizado
como critério para alocação de recursos. A intervenção médica tem a máxima
efetividade nos casos regulares, tendo pouco a acrescentar aos casos com estado de
saúde bom ou ruim. A intervenção médica agrega pouco à qualidade de recuperação
do paciente, mas, na visão da equipe, o resultado final é o que vale. A máxima
efetividade é atingida, quando são alocados recursos para os pacientes em estado
regular, pois estes terão o maior benefício com a intervenção médica (ELSTER e
HERPIN, 1994).
Segundo Mackinlay, Potter e Feldman (1996), os fatores não médicos
que influenciam decisões médicas são de três categorias: características do paciente -
idade, sexo, condição sócio-econômica, raça ou etnicidade; características do
profissional - especialidade, nível de instrução, experiência clínica, situação geográfica,
29
como também idade, sexo, raça, etnicidade e personalidade; e características do local
de trabalho - tipo de clínica, forma de compensação médica, formas de seguro de
administração e reembolso e o auto-encaminhamento.
Como critérios sociais, são lembrados: idade, sexo, cooperação do
paciente com os profissionais de saúde, força de trabalho potencialmente afetada e
recuperada, potencial e expectativa de vida, qualidade ajustada de anos de vida e
ambiente de suporte para seguimento de tratamento. Podem ser lembrados ainda as
condições sociais e econômicas para suporte do necessitado, o local de moradia, o
mérito social, a responsabilidade social e a existência de estilos de vida considerados
não saudáveis (CHILDRESS, 1988b; FORTES, 2002).
Faleiros (1997) aponta critérios considerados não médicos como o
clientelismo e patrimonialismo, que é a pressão política para se atender algum afilhado
ou apadrinhado, amigo ou indicado, e tem sido um dos critérios práticos mais utilizados
para se burlar as imensas filas de espera; a ordem de chegada, a qual que, sem nem
uma contemplação das singularidades e da gravidade de cada caso, pode ser
extremamente injusta, pois situações que não admitem espera, sob risco de morte
ou dano irreparável ao paciente.
A análise de Caplan (1989), realizado nos EUA, mostrou que o
encaminhamento de pacientes para transplante é realizado com base em vários
fatores, como estabilidade psicológica, a sua idade, a qualidade de vida que
desfrutam, o fato de contarem com uma família que lhes apoio, o custo do
tratamento, a necessidade de avançar nas pesquisas médicas, a motivação do
paciente e mesmo o valor deste para a sociedade Esses resultados mostram que os
critérios que dominam a elegibilidade e admissibilidade são fortemente marcados por
30
fatores não-médicos e representam mais uma evidência de que, em uma época em
que a escassez de recursos é percebida agudamente, os idosos, bem como outros
grupos vulneráveis, podem ficar em situação bastante delicada.
Nos Estados Unidos, 88% da população estão de acordo com que a
idade seja utilizada como fator de decisão. De acordo com este enfoque, os mais
velhos devem ser preteridos em relação aos mais jovens na alocação de recursos
escassos, tais como: leitos de unidades de tratamento intensivo, tratamento de
hemodiálise, como nas políticas de saúde do Estado norte-americano do Oregon e na
destinação de órgãos para transplantes. Esta, contudo, não é uma posição unânime
em outros países (GOLDIN, 2000).
A abrangência das decisões pode ser dividida em dois grupos: macro
alocação e micro alocação. A macro alocação não se refere a qualquer pessoa em
particular, mas visa a atingir todo um grupo de indivíduos. A micro alocação refere-se
especificamente a um caso em particular, a um indivíduo específico e identificável
(GOLDIN, 2004).
A macro alocação de recursos, sempre que possível, deverá ser
expressa segundo a vontade geral do grupo com poder de decisão, o qual abrange um
conjunto de indivíduos que estão disputando um recurso escasso. É importante
estabelecer critérios que preservem a igualdade de acesso a todas as pessoas. a
micro alocação de recursos de saúde se refere à seleção individualizada de
beneficiários de recursos disponíveis, porém escassos, não suficientes para o
atendimento das necessidades de saúde de todas as pessoas. Dilemas bioéticos de
micro alocação de recursos de saúde se apresentam na seleção de pacientes para
insuficientes vagas em hospitais, serviços de terapia intensiva ou de alta tecnologia; na
31
escolha daqueles que deverão receber órgãos escassos para transplantes; podendo
ocorrer também em situações relativas à utilização de quimioterapia, do instrumental
de hemodiálise ou de novas conquistas tecno-científicas no campo da saúde
(GOLDIN, 2004; FORTES, 2000; OLSEN e ELLEK, 1995).
A posição dos profissionais de saúde, diante de dilemas de micro
alocação, frente a pessoas identificáveis, não é cômoda para a tomada de decisão, por
vezes sendo tarefa sumamente difícil e indesejável. Sua obrigação ética fundamental,
desde os tempos hipocráticos, na relação com seus pacientes, é de agir para o bem-
estar destes (beneficência), de não lhes causar danos ou prejuízos (não maleficência),
assim como atualmente lhes é cobrada a garantia da manifestação da autonomia do
paciente (FORTES, 2000; OLSEN e ELLEK, 1995).
A reflexão bioética sobre micro alocação de recursos diferencia-se
conforme as condições econômicas e sociais dos diferentes países (MARINER, 1995).
Todavia, se a necessidade de tomar decisões de natureza ética provém da
insuficiência de recursos decorrentes ou de deficiências na organização e no
funcionamento do sistema de saúde, também é resultante de excesso de demanda
frente à oferta de recursos, realmente, limitados. Por conseguinte, tudo isso resulta em
que, no cotidiano dos serviços de saúde, é freqüentemente preciso que sejam tomadas
decisões que envolvam escolhas para a seleção de quem deve ter saúde, de quem
deve viver e a quem será negada a oportunidade de vida e saúde (FORTES, 2000).
Alguns profissionais defendem a idéia de que os recursos devem ser
dirigidos àqueles que receberão o mais longo benefício. Nesses casos, o critério de
idade poderia ser usado como medida para definir quem receberia tratamento, pois a
escolha de pacientes mais jovens tenderia a produzir maiores benefícios. Outro
32
argumento a favor desse critério gira em torno da qualidade de vida. A idéia é que os
pacientes idosos não terão, a princípio, a mesma qualidade de vida que os mais
jovens, o que justificaria dar prioridade a estes (COELHO, 2000).
O processo decisório envolvido na alocação de recursos depende de
como os participantes reconhecem a existência de uma visão ou missão no
estabelecimento de estratégias ou políticas assistenciais, assim como do grau de
conhecimento e da credibilidade dos objetivos que estão sendo buscados. De acordo
Devechi (1996), a combinação destas duas características gera uma tipologia para o
processo de alocação de recursos, classificando-o como racional, negociado,
conflitual, casual ou degenerado.
Para Goldin (2004), o processo decisório racional é aquele onde tanto a
visão quanto os objetivos estão estabelecidos e compartilhados entre todos os
participantes. Este tipo de processo é possível de ser acompanhado. A sua aplicação é
sistemática e abrangente. O processo decisório negociado apresenta uma clareza na
visão, pode ser aplicado de forma sistemática e abrangente e ainda se utiliza de
objetivos implícitos. Como em toda negociação, estes acabam sendo impostos por
uma das partes. O processo conflitual é aquele que, apesar de os objetivos serem
explícitos, a visão permanece duvidosa, admitindo diferentes perspectivas divididas
para o processo como um todo. Quando a visão do processo é imprecisa e os
objetivos são implícitos, a decisão ocorre de forma casual, ou seja, pode ocorrer
qualquer desfecho. Isso ocorre, em geral, frente a situações totalmente imprevisíveis.
Por último, o processo decisório envolvido na alocação de recursos se torna
degenerado, quando já havia anteriormente uma visão clara do processo, com a
33
decorrente aplicação sistemática e abrangente ou, então, a explicitação de objetivos, e
uma ou ambas as características se alteram.
Atualmente, em função de exigências sociais, culturais ou legais, existem
diferentes tipos de comissões de ética atuando no âmbito das instituições de saúde. As
primeiras a surgir foram as Comissões de Ética e Deontologia Médica, seguidas pelas
de Enfermagem, pelas Comissões de Ética em Pesquisa em Saúde e, mais
recentemente, pelas Comissões de Bioética. As Comissões de Bioética têm por
finalidade refletir e avaliar questões e dilemas morais provenientes da prática e dos
procedimentos realizados no âmbito da instituição. Dentre outras, com as seguintes
funções: tomar decisões sobre tratamentos adequados para pacientes incapazes,
servir como consultores para médicos, pacientes e familiares na tomada de decisões
éticas específicas, revisar as decisões tomadas pelo médico ou responsável legal
sobre tratamentos específicos (GOLDIN e FRANCISCONI, 1995).
2.3 Recursos escassos em saúde
O processo de tomada de decisão envolvido na alocação de recursos
escasso é intrínseco, envolve aspectos referentes ao recurso em si, ao critério utilizado
na alocação do recurso e à forma, ao âmbito e à abrangência do processo. Tais
aspectos têm que ser contemplados de forma integrada, para garantir a adequação
das decisões tomadas (GOLDIN, 2004).
No processo de seleção de candidatos a escassos recursos de saúde,
existem duas etapas: a de inclusão e a de seleção final. Na primeira, são selecionadas
as pessoas avaliadas como necessitadas do recurso de saúde, ou seja, os critérios
34
iniciais de inclusão diferenciarão indivíduos com uma condição inicial de igualdade
para concorrer ao limitado recurso. Na segunda escolhe-se quem, entre os incluídos
na etapa anterior, deve ser priorizado para a recepção do limitado recurso (YOUNG,
1980).
Havendo diretrizes gerais para a alocação de recursos, as decisões
utilizarão os mesmos princípios para todos os indivíduos. Se essas diretrizes não
existirem, tais decisões serão discricionárias, ou seja, ficarão a critério de quem detém
o poder de decidir caso a caso. Quando se discute o uso de recursos públicos em um
regime democrático, especialmente em casos de escassez, é inaceitável que o
princípio ético da distribuição dos bens norteie-se por valores que não são
reconhecidos como legítimos pela maioria das pessoas, o que pode ocorrer mais
facilmente, quando as decisões são tomadas de modo individual (MEDEIROS, 1999).
O processo de tomada de decisão em situação de carência de recursos
nunca é uma tarefa fácil, podendo gerar inúmeras situações de posicionamentos
frontalmente contrários. Os aspectos éticos envolvidos podem aumentar a
complexidade do processo, mas propiciam, sem dúvidas, um importante referencial a
ser utilizado. O importante é lembrar que a simplificação do processo pode torná-lo
menos justo, enquanto que o reconhecimento da sua complexidade pode garantir esta
característica fundamental de adequação ética (CHILDRESS, 1988a).
Devido à escassez de recursos destinados à saúde pública, existe uma
carência de atenção. Se os recursos não fossem limitados, poucos discordariam dos
princípios de universalidade no acesso, e o uso seria ilimitado, permitindo a todos o
direito de utilizar os serviços de saúde na medida em que desejassem. Devido à
escassez, é necessário definir quem tem direito ao acesso e quanto cada indivíduo
35
pode utilizar os bens coletivos, a decisão sobre quem tem direito a quê tem de ser
tomada em algum momento (MEDEIROS, 1999).
Goldin (1997) considera que, na área de saúde, é fácil encontrar
situações de disputa pela utilização de um determinado recurso. Desta forma, seria
necessário selecionar, dentre os candidatos, quem deveria ser o indicado para àquele
ter acesso.
Um grande desafio para os gestores dos sistemas de saúde é lidar com a
simultaneidade: de um lado, as demandas crescentes e legítimas dos usuários; do
outro, existe a urgência de racionalizar os recursos que realmente possam estar
disponíveis. Devido a essa situação, a alocação daqueles para a saúde se torna um
problema complexo, cuja solução deve ter em conta, concomitantemente, os aspectos
sanitários, econômicos, políticos e morais e otimizar os meios disponíveis para a
resolução desses desafios. Para que a política sanitária seja legítima, é necessário a
construção de um consenso social sobre as modalidades da alocação, o qual esteja
baseado no princípio moral da justiça. Isso leva a debates éticos e políticos sobre
quais seriam as escolhas mais razoáveis, moralmente legítimas e politicamente
aceitáveis a serem feitas (SCHRAMM, 2000).
Para Devechi (1996), um recurso a ser alocado pode ser classificado
segundo dois critérios: ser divisível ou não, e ser homogêneo ou heterogêneo. Os
divisíveis e homogêneos são, por exemplo, os medicamentos especiais de que um
grupo de portadores de patologia específica necessita. Na falta destes, é possível
dividir o estoque existente entre os que necessitam, enquanto é aguardada a chegada
de um novo lote. um recurso divisível heterogêneo é o sangue, por exemplo. Este
pode ser dividido em seus múltiplos componentes, atendendo a inúmeros pacientes
36
com necessidades específicas. Os leitos de unidades de tratamento intensivo são
recursos não divisíveis homogêneos, pois, quando existem várias pessoas disputando
o mesmo leito, apenas uma poderá usufruir. É considerado homogêneo pois, um
hospital encaminhar um paciente para uma outra UTI de mesmo nível de
complexidade, quando houver disponibilidade. Um recurso é considerado não divisível
e heterogêneo, quando possui características que o diferenciam e não pode ser
utilizado por mais de uma pessoa simultaneamente. Um exemplo disso é um rim de
doador cadáver. Cada rim pode ser transplantado apenas para um doador, e a sua
tipagem HLA o torna diferenciável frente aos receptores, isto é, nem todo receptor
pode receber aquele rim em particular.
As reformas da política de saúde são conduzidas, não no Brasil, mas
em boa parte do mundo, para responder a duas questões centrais: como otimizar os
escassos recursos destinados ao setor e como organizar um sistema de saúde eficaz
e com envergadura suficiente para atender às necessidades de saúde da população.
No Brasil, essas questões foram debatidas ao longo dos anos 80 e 90, e, em relação à
política de saúde, optou-se pela ampliação da participação democrática e da garantia
dos direitos de cidadania, mediante conformação de um sistema de saúde com
características universalizantes, de cunho igualitarista, sustentado pela idéia de justiça
social (VIANA, FAUSTO e LIMA, 2003).
Segundo Fortes (2000) a reflexão sobre alocação de recursos de saúde
está baseada no pressuposto de que as necessidades de assistência à saúde são
infinitas, crescentes, mais amplas que as possibilidades de recursos financeiros,
humanos e materiais existentes, e isso independe do estágio econômico dos países e
da estrutura organizacional de seus sistemas de saúde. Aquela é estimulada pela
37
consciência de que os recursos para assistência à saúde vêm crescendo de forma
exponencial, pressionando fortemente o equilíbrio dos custos e recursos financeiros
dos sistemas públicos e privados de saúde, resultando na necessidade de novas
estratégias para sua distribuição, fundamento válido, atualmente, para todos os
sistemas de saúde conhecidos.
As investigações em saúde demonstram que os piores índices de saúde
encontram-se entre os grupos populacionais mais vulneráveis, localizados na base da
pirâmide social. Essas disparidades podem ser verificadas nas condições de vida e de
saúde entre diferentes grupos sociais e entre distintas áreas geográficas do mesmo
país. Tradicionalmente, a epidemiologia ocupa-se dessa temática, e inúmeros estudos
apontam para as desigualdades de adoecer e morrer na sociedade, assinalando as
diferenças em relação a lugar, tempo, idade e sexo, bem como entre grupos, etnias,
gênero e classes sociais (VIANA, FAUSTO e LIMA, 2003).
No Brasil, através da sua Constituição Federal de 1988, a saúde foi
entendida como direito social e dever do Estado. O Sistema Único de Saúde SUS -
tem, como seus pilares básicos, a universalidade no acesso aos serviços, a igualdade
no atendimento e a eqüidade na distribuição dos recursos e, ainda, o atendimento
integral (ELIAS, 1999).
A reforma implementada no sistema de saúde brasileiro, no final dos
anos 80, trouxe, como questão de fundo, não a garantia do direito à saúde, mas,
em essência, a noção de eqüidade quanto à distribuição mais ampla dos recursos da
saúde. Essas duas questões buscavam dar respostas às críticas dirigidas ao sistema
de saúde vigente àquela época, cujo formato deixava à margem do sistema grande
parte da população brasileira: os mais pobres, os que se encontravam em condições
38
de desvantagem social e, por isso, os que talvez mais precisassem de atenção à
saúde (VIANA, FAUSTO e LIMA, 2003).
Para fazer frente ao desafio de concretização do Sistema Único de Saúde
- SUS, parece patente a urgência de se lidar com os problemas de ordem ética
vivenciados nos serviços e sistema de saúde, especialmente na atenção básica, que,
mesmo representando, como registra Elias (1999), 78% dos estabelecimentos de
saúde, tem sido preterida no campo das reflexões bioéticas.
Enfrentar este desafio também requer investigar outra questão ainda
relativamente inexplorada na pesquisa em bioética. Segundo Richter e Eisemann
(2001), ainda são poucos os estudos que buscam reconhecer os critérios e
fundamentos os quais determinam, ou influenciam as decisões dos profissionais de
saúde.
A implementação do SUS, por representar um processo de mudança na
prática da atenção à saúde que exige dos profissionais, gestores e usuários
transformações quanto às atitudes e à cultura, requer uma reviravolta ética. Assim,
para fazer frente ao desafio da sua concretização, faz-se necessário lidar com as
questões de ordem ética (ZOBOLI e FORTES, 2004).
A atenção básica compreende o conjunto de ações de caráter individual
ou coletivo situadas no primeiro vel de atenção dos sistemas de saúde e voltadas
para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação. O
PSF assume um conceito ampliado de atenção básica, avançando na direção de um
sistema de saúde integrado que converge para a qualidade de vida das pessoas e de
seu meio ambiente. Assim, se a construção do SUS implica uma reviravolta ética, a
reorganização da atenção básica pela estratégia do PSF amplia e aprofunda o trajeto
39
desse giro ético, pois sua efetivação não se resume a uma nova configuração da
equipe técnico-assistencial, mas a um novo processo de trabalho marcado por uma
prática ética, humana e vinculada ao exercício da cidadania (DUCATI e BOEMER,
2001).
2.4 Relação paciente-profissional
O desenvolvimento do conhecimento científico fez surgir novas posturas
em relação a inúmeros ângulos do comportamento entre os participantes da área de
saúde. Como conseqüência a área de saúde se viu invadida por pessoas cuja
prioridade não é igual à preocupação dos profissionais formados nos conhecimentos
teóricos e práticos das ciências da saúde. Assim, muitos aspectos do modo de agir do
médico passaram a ser passíveis de discussão (MEIRA, 2004).
É sempre habitual, em cada situação, considerar que a evolução do seu
tempo é sempre mais rápida e mais profunda do que em épocas anteriores. Com isso,
cada novidade traz a atenção para o novo, negligenciando-se o que ocorre no
transcorrer da rotina diária. Como o novo é o emergente que modifica a rotina, a vida
cotidiana, mais conservadora e menos atraente, tem dificuldades de receber atenção
e, mais ainda, uma contribuição para seu aperfeiçoamento e melhoria. A vida, na
Terra, transformou-se em espinhosa à observação, contraditória em relação ao
progresso das ciências e conflitante para quem distingue a moral pregada da
praticada. A relação do médico com o seu paciente, antiga e tradicional rotina que
ocorre diariamente, vive esses dilemas (BERLINGUER, 1993).
O reconhecimento do direito de autodeterminação do indivíduo leva,
muitas vezes, a eventuais conflitos com o chamado paternalismo médico, que
40
pretende deter a competência exclusiva do saber sobre o que seria o maior bem para
o indivíduo, podendo, no entanto, gerar conflitos entre os dois princípios hipocráticos
da beneficência e não-maleficência. Reconhecendo que o conceito da sacralidade da
vida - que tradicionalmente orientava, de fato, estes dois princípios - é incapaz de
resolver situações relacionadas com, por exemplo, a escassez de recursos. Outros
princípios, não absolutos, passaram a ser considerados para dirimir os conflitos. A
sociedade mudou, a ciência não responde a todas as questões, e o saber científico
também não é domínio exclusivo dos médicos. Os pacientes mudaram, pois já não são
assim tão "pacientes" como outrora (TAQUETTE et al., 2005).
Apesar de muitos médicos terem posições marcadas por dogmas,
considerados, portanto, imutáveis, o passar do tempo, com o advento de invenções e
descobertas, levou o posicionamento ético a se modificar, ainda que, muitas vezes,
sem uma percepção acentuada. Isso se realça com a dificuldade que se tem de
observar as ocorrências da rotina diária (GARRAFA e PORTO, 2002).
Nas relações interpessoais, inerentes ao exercício profissional, é a
qualidade do encontro que determina sua eficiência. Reconhecidamente, a empatia,
entendida como a troca de sensibilidade entre médico e paciente, é essencial neste
encontro. Assim, na formação e na identificação do bom profissional médico, a relação
médico-paciente é sempre referida como fundamental na promoção da qualidade do
atendimento (TEIXEIRA e DANTAS, 1997; NEVES, 1996).
O pouco tempo para a realização das consultas médicas e a falta de
estrutura dos serviços de saúde são apontados como principais fatores que
impossibilitam a empatia, caracterizando a relação médico-paciente como uma mera
41
busca de sintomas para a prescrição de medicamentos adequados às queixas
apontadas (SÁ Jr., 2001).
O desenvolvimento das tecnologias, a complexidade das aparelhagens, a
dificuldade em ter o conhecimento dos seus manejos e o tempo necessário para
adquirir a capacitação de como aplicá-los corretamente no que seja necessário
estabeleceram uma distância entre o médico e o seu paciente o qual vai aumentando
quanto mais especializada é a capacitação do profissional. Muitas vezes escondido
atrás da sua aparelhagem, o médico não se apresenta ao paciente (MEIRA, 2004).
Para a maioria dos profissionais de saúde, a questão da relação com
seus pacientes remete basicamente às aulas da graduação, ou aparece na forma de
conversas entre colegas, freqüentemente sem maiores correlações com a realidade
vivida nos consultórios e enfermarias. Mostra-se, desta forma, desassociada de
qualquer conteúdo positivo ou intrínseco às aptidões objetivamente exigidas para o
cuidado dos doentes; portanto, um conceito idealizado. Por outro lado, em boa parte
das críticas dirigidas à forma como se estabelece usualmente esta relação, falta
igualmente a proposição de alternativas dentro da realidade cotidiana dos
profissionais, que compartilham da mesma ilusão idealista (FERNANDES, 1993).
É fato que a relação entre o médico e o seu paciente se faz por um
processo de interação social. Este ocorre dentro da sociedade através de um sistema
que define o papel dos envolvidos, especifica o padrão de comportamento e fornece
um conjunto de valores e orientação, em virtude dos quais os membros são motivados
para a relação. O êxito dessa situação interativa traduz-se na eficiência da atenção
médica e está diretamente relacionado com as atividades, valores, conhecimentos e
expectativas dos participantes. Neste caso, apesar de leiga nos aspectos científicos da
42
saúde, a população não é passiva e completamente receptiva às determinações
médicas, tendo valores e padrões próprios, os quais, mesmo não atendendo ao que,
seria desejável em uma análise racional ditada pelos conhecimentos técnicos e
científicos da medicina, são por aquela reconhecidos como corretos e válidos (MEIRA,
2004).
Esses valores e padrões sobre a saúde, pertencentes à cultura, são os
determinantes da ão que leva ao início do contato médico-cliente. Esse começo é
sempre provocado pelo paciente que toma a decisão de procurar o serviço médico. Tal
resolução não é simples, não pelo reconhecimento de ter sua saúde abalada, como
também por razões econômicas; não só em termos monetários, como também pela
perturbação em sua rotina e pela preocupação que aquele fato causa. O paciente tem
dificuldade em decidir se está ou não doente e, neste último caso, em qual a atitude a
ser tomada. Deve decidir se precisa de auxílio e onde procurar essa ajuda. A
compreensão da doença por parte do leigo não é correta em termos científicos, pois
ela depende de fatores biológicos, psicológicos, educacionais, econômicos, sociais e
culturais. Porém, qualquer que seja a percepção da condição do doente, quem faz o
primeiro diagnóstico e decide como será solucionado o problema é o próprio paciente.
Acontece não com pouca freqüência que esse primeiro momento, início da relação
médico-paciente, seja, pelo menos para este, angustiante e desagradável. (GARRAFA
e PORTO, 2002).
Estes autores, ao tratar da situação do paciente que se encontra em vias
de decidir qual o caminho a ser escolhido à procura do alívio do seu problema, detêm-
se nas dificuldades que a sociedade estabelece, para que a atenção médica possa ser
oferecida. Aquela, mesmo tendo a preocupação de universalizar a atenção à saúde e
43
de oferecer atendimento nos casos de doença, não se tem organizado para permitir
que a decisão do paciente de escolher o médico para ser atendido possa ser realizada.
Geralmente, aquela procura que está ao seu alcance.
A relação entre os membros de uma família tem grande repercussão em
inúmeras áreas da Bioética entre eles podem ser citadas as situações de
procedimentos de reprodução assistida, de autorização para a realização de
procedimentos ou para a participação em projetos de pesquisa e ainda o processo de
tomada de decisão clínica. Estes são alguns exemplos de situações onde os vínculos
familiares podem ter papel decisivo na solução de situações em que se necessita uma
tomada de decisão de tratamento. (GOLDIN, 2003)
Segundo Nelson e Nelson (1995) várias situações que devem ser
observadas quando se discute questões éticas relativas à família. Destacando entre
outros os seguintes aspectos fundamentais: Os membros da família são vinculados
uns aos outros; Nas famílias os motivos contam muito, as virtudes são aprendidas no
seio da família
A sociedade é compreensiva em relação a essa situação, pois até os
mais necessitados em procurar uma fórmula capaz de oferecer a possibilidade de
escolher livremente o médico se defrontam com dificuldades. Por um princípio de
justiça, não existe uma sociedade que ofereça a todos os seus membros a mesma
atenção à saúde. A relação entre a oferta e a demanda, de um lado, a capacidade
social, do outro, em oferecer a atenção básica em saúde é, cada vez mais, limitada
pela possibilidade econômica, enquanto a demanda é crescente, porem a oferta é a
mesma, não se alcançando o equilíbrio desejado. Na impossibilidade de fazer justiça,
44
a sociedade se torna tolerante, sem se preocupar em discutir essas dificuldades. Não
se procura o melhor em relação aos valores humanos, mas sim o possível em termos
econômicos, suprimindo-se os valores éticos (MEIRA, 2004).
Existe, deste modo, uma série de situações que se manifestam na
relação médico-paciente e determinam a sua existência com as características que
conhecemos. Isso significa que pouco adianta recorrer a um discurso doutrinário que
incentive a humanização do atendimento médico, caso não sejam visualizadas e
modificadas as causalidades e desentendimentos decorrentes do estabelecimento
desta relação (FERNANDES, 1993).
Outros fatores ocorrem, causando um maior desgaste na relação entre o
médico e o paciente. Em algumas situações, aquele procura, em um período pequeno,
atender um número maior de clientes; outras vezes, em razão da falta de tempo ou de
organização administrativa, esquece algum paciente por longo tempo. Submisso a
múltiplas atividades que pretende exercer ao mesmo tempo, não tem a preocupação
com o horário estabelecido. Coloca-se, nesses momentos, acima do bem e do mal,
entendendo que, para o paciente, resta uma alternativa: esperar. Essa espera é
cansativa e passa à irritação, quando, por razões várias, seja de amizade ou de
compromissos financeiros, o médico discrimina na escolha de quem primeiro deve ser
atendido. O paciente não vai à procura do médico por vontade própria, sequer para
satisfazer um desejo, mais porque tem uma necessidade imediata de atendimento.
Após essa espera, acontece o contato das duas partes. A solidariedade social da
espera promulgada em gabinetes políticos, também, é evidenciada nos consultórios e
ambulatórios médicos de todos os níveis (MEIRA, 2004).
45
No contexto do dia a dia, é difícil imaginar um consentimento informado
para um paciente autônomo, quando falta a esse paciente o primeiro de seus direitos,
o de escolher o que melhor lhe convier, para tratar de seus males. Impossibilitado, vê-
se também constrangido a se sujeitar à rotina no atendimento que, raras vezes, é
seguido da preocupação de verificar suas dificuldades. Nada resta, senão concordar
com o que lhe é oferecido. Não existe, nessas situações a liberdade de optar pelo que
deseja. A autonomia do paciente é abandonada. A este nada mais resta, salvo aceitar
o que lhe é oferecido (PESSINI e BARCHIFONTAINE, 2002).
Muitos dos que se dedicam ao estudo da doutrina bioética não têm a
preocupação com os assuntos do cotidiano. Poucos procuram estudar o que acontece
no dia a dia da relação do médico com seu paciente. Esse dilema bioético nada tem de
encantador na sua discussão, pois seus atributos morais se distanciam não só em
relação aos interesses dos participantes, como também daqueles que poderiam estar
interessados a dar uma participação. Ambas as partes, o médico e o paciente, são
vulneráveis nessa relação. E, a sociedade como um todo talvez seja a maior
responsável, pois, mesmo com o desejo de resolver esse dilema, até agora não
conseguiu atingir o seu equilíbrio (MEIRA, 2004).
Um importante elemento de todo o cuidado à saúde é a relação
profissional-paciente. Num serviço de emergência, geralmente, não existe nem um
contato anterior, os antecedentes clínicos são desconhecidos, e o nível de ansiedade
associado à própria situação dificulta uma adequada relação entre os profissionais,
seus pacientes e familiares. Nesta área, uma outra importante questão é a que diz
respeito às condições de trabalho a que os profissionais de saúde são submetidos.
Muitas vezes, é exigido um tipo de atendimento não compatível com as condições
46
materiais disponíveis. As rotinas de trabalho também podem ser um fator estressante a
mais. O resultado de todas estas particularidades é a constatação de um sofrimento
pessoal muito grande (ROSA, 2001).
Quando o profissional se depara como paciente num primeiro encontro,
este oferece várias informações, além de suas respostas e comentários iniciais, como
aparência, sexo, idade, postura, expressão facial, linguagem e aflições. Algumas
outras informações podem estar disponíveis em prontuários. A partir desses dados
bem iniciais, o profissional percebe que um problema e qual sua natureza
primordial. Esse é o conceito imediato, formulado pelo profissional, que pode ser
influenciado pela circunstância do atendimento, pelas características demográficas do
paciente, pela sua aparência, pela capacidade de percepção e especialidade do
profissional, além das queixas principais. Mesmo quando estas são essencialmente as
mesmas, os conceitos iniciais podem ser muito diferentes, porque o profissional
percebeu outros elementos que mudaram seu entendimento (NETO, 1998).
As pesquisas sobre categorização social sugerem que essas
expectativas são irreais. As pessoas fazem julgamentos a respeito de categorias ou
grupos de pessoas e generalizam esses julgamentos para todos os indivíduos
mentalmente atribuídos àqueles agrupamentos (ANDERSEN, KLATZKY e MURRAY,
1990).
Essa estratégia de categorização leva ao uso de estereótipos – crenças a
respeito de características, atributos e comportamentos de membros de certos grupos
(HILTON e VON HIPPEL, 1996).
47
evidências de que as pecularidades do paciente, do profissional e do
trabalho influenciam especialmente, também, a decisão de tratamento de Cirurgiões-
Dentistas (KAY e BLINKHORN, 1996).
2.5 Os fatores sociais e o processo de decisão clínica
Segundo Carvalho (2000). A raça, do ponto de vista da biologia, é um
conceito pouco empreguado e é sinônimo de subespécie. Entretanto este termo foi
utililzado historicamente para identificar categorias humanas socialmente definidas. O
conceito de raças humanas foi usado pelos regimes coloniais e pelo aparthaid, para
perpetuar a submissão dos colonizados (ou da maioria negra, mas sem recursos);
atualmente, os Estados Unidos usa uma classificação da sua população em raças,
alegadamente para proteger os direitos das minorias. As diferenças mais comuns
referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial, ancestralidade e
genética.
A primeira classificação dos homens em raças foi a “Nouvelle division de
la terre par les différents espèces ou races qui l'habitent” ("Nova divisão da terra pelas
diferentes espécies ou raças que a habitam") de François Bernier, publicada em 1684.
Tradicionalmente, os seres humanos foram divididos em grupos, mas a denominação
de cada um pelo motivo indicado - tem variado ao longo do tempo: brancos
(caucasianos) marrons (indianos), negros (africanos) amarelos, (asiáticos) e
vermelhos (nativos americanos e arborigenes australianos). Como qualquer
classificação, esta é imperfeita e, por isso, ao longo do tempo, foram sendo usados
outros termos, principalmente para grupos cujas características não se ajustavam aos
48
grupos “definidos”, como é o caso dos pardos para indicar os que nao se enquadravam
na classificação. (CARVALHO, 2000).
um consenso entre antropólogos e geneticistas humanos de que, do
ponto de vista biológico, raças humanas não existem (Nat Genet, 2001). Em outras
palavras, as categorias raciais humanas não são entidades biológicas, mas sim
construções sociais. A cor da pele é determinada pela quantidade e tipo do pigmento
melanina na derme. A melanina ocorre em dois tipos: feomelanina (cor de vermelho a
amarelo) e eumelanina (marrom escuro a preto). Tanto a quantidade quanto o tipo de
melanina são controlados por apenas quatro a seis genes, dos quais o mais importante
parece ser o gene do receptor do hormônio melanotrópico (REES, 2003). Esse número
de genes é insignificantemente pequeno no universo dos cerca de 25 mil genes
estimados de existir no genoma humano.
Em relação à ancestralidade do povo brasileiro, Telles (2003) classifica a
cor em três grandes sistemas: (1) os censos do IBGE que distinguem três categorias
(brancos, pardos e pretos) (2) o discurso popular que utiliza uma nomenclatura ampla,
inclusive o termo bastante ambíguo 'moreno', e (3) o sistema do movimento negro, que
distingue apenas duas categorias, brancos e não brancos que reúnem pardos e pretos
como negros.
O Censo brasileiro pede às pessoas que se classifiquem dentro de uma
das cinco categorias seguintes: branco, preto, pardo, indígena e amarelo (oriental).
Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (2000), pretos
e pardos constituem 45% de toda a população e 98,7% da população não branca.
Duas novas expressões quase equivalentes estão sendo incorporadas a
essa etnossemântica: afro-descendente e afro-brasileiro. Edna Roland, da ONG "Fala
49
Preta!", relata que durante os preparativos para a Conferência Mundial Contra o
Racismo em 2001 alguns países latino-americanos rejeitaram a expressão 'negro'
como tendo conotações pejorativas, enquanto 'afro-descendente' foi endossada por
todos como termo de escolha (PENA, 2005; NICOLAU, 2003).
Entre os fatores sociais que podem influenciar o processo de decisão
clínica, a raça do paciente tem importância fundamental haja vista os estereótipos,
geralmente negativos, estão associados aos afro-descendentes (KUNDA e SPENCER,
2003).
O efeito negativo na saúde na variação na de decisão de tratamento que
pode ocorrer de forma sistemática, de modo a resultar em tratamentos que tenham
como conseqüência uma pior condição de saúde e menor qualidade de vida para a
população e que quando o negro tem acesso ao sistema de saúde, eles recebem
certos procedimentos menos freqüentes que os brancos (JACCOUD e BEGHUIN,
2002; BLENDON et al., 1989).
No Brasil os dados que analisam a questão da raça, independentemente
do aspecto abordado, convergem sempre para o desfavorecimento do negros. E que
devido a essas condições menos favoráveis, é de se esperar que os negros
apresentem piores condições de saúde do que os de raça branca (JACCOUD e
BEGHIN, 2002; CRUZ, 1993).
No artigo 5.º da Constituição Federal Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, (BRASIL, 1988) corroborando com a Constituição a Lei
50
. 7.437, de 20 de dezembro de 1985, conhecida como Lei CAÓ e que veio a
substituir a Lei Afonso Arinos de 1951, Incluí, entre as contravenções penais, a prática
de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. O autor
desta lei, que de tão importante carrega seu nome, é o baiano Carlos Alberto de
Oliveira Caó, jornalista, ex-secretário do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro e ex-
deputado constituinte de 1988.
Maru (2006) considera racismo, quando limitamos a área de incidência do
preconceito. As manifestações preconceituosas são muitas: podem envolver a raça, a
cor, a idade, o sexo ou ainda o grupo social. o preconceito é uma infração genérica;
percebemos preconceito de: raça, cor, estado civil, sexo, inclinação religiosa, entre
outros.
No Brasil, são marcantes essas diferenças raciais apresentadas entre
brancos e negros. Torna-se necessária a realização de novas pesquisas que
identifiquem os determinantes dessas disparidades, sendo de fundamental importância
não para a melhoria da saúde do negro, mas para a melhoria da qualidade de
saúde da população brasileira (FISCELLA et al., 2000).
Ford et al. (1989) examinaram as diferenças raciais no diagnóstico e no
tratamento de doença coronariana e constataram que, embora os negros
apresentassem uma taxa de internação por infarto agudo do miocárdio de 77%
daquelas observadas em brancos, eles foram submetidos à arteriografia com a metade
da freqüência dos brancos e à cirurgia de ponte de safena com um terço da freqüência
dos brancos.
51
Gittelsohn, Halpern e Sanchez (1991) constataram o efeito ordenado da
raça e renda do paciente na realização de procedimentos cirúrgicos, segundo o qual,
quanto mais complexa a cirurgia, menor a taxa de incidência relativa entre os negros,
mesmo controlando as variáveis: idade, sexo e renda.
Giles et al. (1995) perceberam diferenças em números de procedimentos
cardíacos invasivos em relação à etnia e ao sexo. Os mais invasivos foram realizados
em homens brancos, seguidos por mulheres brancas, homens e mulheres negros.
Saif et al. (2001), estudando os procedimentos cardíacos realizados em
homens e mulheres, apontou que as pacientes foram submetidas a menos
procedimentos, do tipo cateterismo cardíaco, após sofrerem um infarto agudo do
miocárdio, tanto quanto tratadas por médicos (38.6% vs 50.8%; P = .001) quanto nas
ocasiões em que foram tratadas por médicas (34.8% vs 45.8%; P = .001), indicando
que não diferença na utilização de procedimento cardíaco nas pacientes, quando
tratadas por outras mulheres.
Schulman et al. (1999) apresentaram a clínicos entrevistas gravadas em
vídeo e em texto, em que atores interpretavam pacientes com dor no peito e
solicitavam a decisão daqueles acerca de como tratar os sintomas. Foram construídas
144 descrições usando a combinação dos fatores: raça do paciente, sexo, idade, nível
de risco coronariano, tipo de dor no peito e os resultados de testes de esforço físico.
Além disso, cada descrição incluiu o mesmo resultado de eletrocardiograma. A
pesquisa mostrou que a raça do paciente afetou a decisão do médico quanto ao seu
encaminhamento, com dor no peito, para a realização do cateterismo, sendo os negros
menos beneficiados pelo procedimento que os brancos.
52
Busschbach et al.
(1993) em pesquisa realizada na Holanda, sobre a
priorização de pessoas com problemas renais para transplante, confrontou duas
pessoas uma com 35 anos e outra com 60 anos de idade, ambas candidatas a uma
única possibilidade de realização de transplante renal, os respondentes optaram por
melhorar a qualidade de vida do mais jovem por parecer maior a possibilidade deste
realizar futuros benefícios sociais.
No entanto, como assinalam Berlinguer e Garrafa (1996) problemas de
“violação dos princípios de eqüidade” no transplante de rim ocorrem, contudo,
freqüentemente, “os homens são favorecidos em relação às mulheres, os brancos
recebem proporcionalmente mais órgãos do que os outros, os ricos mais do que os
pobres, os idosos mais do que os jovens”, não existindo para estas discriminações
nem uma justificativa biológica ou ética. É importante, no entanto, distinguir entre
aquelas discriminações que podem ser consideradas negativas, como as assinaladas
acima, e as que podem ser consideradas positivas, como, por exemplo, aquelas
estabelecidas pela ação afirmativa, que procura compensar grupos sociais específicos
de injustiças ocorridas no passado ou ainda presente nos dias atuais (PAUL, 1998;
CHILDRESS, 1996).
O art. 15 da Lei 10.741, (Brasil, 2003) que passou a ser conhecida como
o Estatuto do Idoso, assegura a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do
SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde,
incluindo a atenção especial às doenças que afetam essa faixa etária.
Fortes (2002) entrevistou 395 pessoas na cidade de Diadema/SP, as
quais responderam a nove situações que versaram sobre os seguintes critérios
53
sociais: idade, sexo, responsabilidade social, condição econômica e local de
residência. Demonstrou-se uma expressiva opção pelas pessoas que se encontram
em situação de "maior desfavorecimento", ou seja, favorecem-se "os mais
desafortunados", em detrimento de situações que pudessem levar a um maior
custo/benefício social.
Fortes, Zobolib e Spinetti (2001) analisaram as escolhas realizadas por 2
grupos de alunos do curso de Administração Hospitalar: do primeiro ano e um outro do
último ano, para a seleção de pacientes em serviços de emergência médica. Foi
realizado questionário que envolvia critérios passíveis de ocorrer na seleção de
pacientes dentro de um serviço de emergência médica: idade, sexo, condição
econômica, estilo de vida e responsabilidade social. A pesquisa não previu a
apresentação de justificativas de suas escolhas, questionando-se se as opções feitas
não apontariam para uma orientação que, afastando-se do princípio ético da
solidariedade, se dirigisse a um posicionamento de natureza utilitarista, buscando mais
eficiência econômica-administrativa para a instituição hospitalar, ao indicar uma
aproximação com a “lógica de mercado”.
Os pacientes idosos, devido a pouca pressão política exercida por este
grupo etário, podem ser relegados a um plano secundário quando do estabelecimento
de políticas de atenção à saúde. Podem ocorrer situações em que surja uma clara
discriminação em decorrência da idade (GOLDIN, 2000).
Grandes diferenças na tomada de decisão entre Cirurgiões-Dentistas
afetam a eficiência e o custo-benefício dos cuidados odontológicos, como
conseqüências que vão dos efeitos no paciente individualmente até impactos no
âmbito nacional e, em alguns casos no internacional. Mudanças na tomada de decisão
54
clínica podem ter uma influência significativa na saúde oral de numerosos pacientes e
um grande impacto na extensão dos ganhos de saúde alcançados através dos gastos
com recursos de saúde (PLASSCHAERT et al., 1995).
2.6 A tomada de decisão na Odontologia
O Código de Ética Odontológica CEO no seu artigo , considera a
Odontologia é uma profissão que se exerce em benefício da saúde do ser humano e
da coletividade, sem discriminação de qualquer forma ou pretexto. O artigo
preceitua que constitui infração ética a discriminação do ser humano de qualquer
forma ou sob qualquer pretexto, assim como deixar de atender paciente que procure
cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro Cirurgião-Dentista
em condições de fazê-lo (CFO, 2003).
Na Odontologia, também pode haver estes dilemas entre a visão do
preceito e a visão descritiva em tomada de decisão. Segundo a visão do preceito, a
tarefa do dentista em escolher o tratamento ideal para cada paciente requer uma
avaliação racional dos riscos envolvidos em uma decisão positiva e negativa,
considerando ainda que é importante levar em consideração os valores do paciente
(KAY e NUTTALL, 1995a; KAY e NUTTALL, 1995b; SUTHERLAND, 2000).
Decisões inevitavelmente requerem um elemento de subjetividade e
algumas variações, portanto, serão esperadas se vários Cirurgiões-Dentistas
examinarem os mesmos pacientes. Entretanto, enquanto pequenas diferenças podem
ser de pequeno significado, qualquer disparidade grosseira necessitará ser identificada
e quantificada. As implicações dessas disparidades na saúde bucal do paciente e
55
sobre os custos e ofertas de serviços odontológicos podem ser de enormes
proporções (MARYNIUK, 1990; ELDERTON e NUTTALL, 1983).
A tarefa do Cirurgião-Dentista, por exemplo, em escolher o tratamento
ideal para cada paciente requer uma avaliação racional dos riscos envolvidos em uma
decisão positiva e negativa, considerando ainda que é importante levar em
consideração os anseios do paciente e seus valores em relação à saúde bucal (KAY e
NUTTALL, 1995b; KAY e NUTTALL, 1995c; KAY e NUTTALL, 1995d; ANUSAVICE,
1992).
Nuttall (1995) considera que existe um consenso entre os pesquisadores
na área de decisão de tratamento em odontologia de que essa decisão é influenciada
por padrões de interação social e comunicação entre os profissionais e os pacientes.
No estudo de Frazão, Antunes e Narvai (2003), foi realizado um
levantamento da situação bucal em professores e funcionários na faixa etária de 35 a
44 anos em de escolas de 131 Municípios do Estado de São Paulo, e mostrou-se que
o risco de apresentar mais de 12 dentes perdidos por examinado foi significativamente
maior entre os negros do que entre os brancos.
Cabral, Caldas e Cabral (2005) estudaram a influência da raça na
decisão de extrair, ou conservar um dente extensamente cariado. Foram entrevistados
Cirurgiões-Dentistas residentes na cidade de Recife PE, depois das entrevistas, os
dados coletados mostraram que os profissionais decidiram conservar o elemento
extensamente cariado de pacientes brancos em 83,8%, dos casos contra 16,2% que
indicaram extração do mesmo elemento. Em contrapartida, para os pacientes negros,
foi indicado em 25,6% hipóteses a extração do referido elemento, com um total de
74,4% das decisões decidindo um tratamento mais conservador. Concluiu-se que a
56
freqüência na decisão referida foi maior para o paciente negro, confirmando a hipótese
que esta decisão é influenciada pela característica racial daquele.
Entretanto, alguns conhecimentos sobre o processo de estereotipagem
levam a crer que os Cirurgiões-Dentistas, mesmo recebendo a informação de que
tanto o paciente negro como os pacientes brancos eram pobres, podem ter sido
influenciados pelo estereótipo sócio-econômico do paciente negro. Para esclarecer
esses conhecimentos, pode-se fazer referência ao fato de que o processo de
estereotipagem ocorre em decorrência de diferenças reais entre grupos, mas também
independentemente dessas diferenças (HILTON e VON HIPPEL, 1996).
57
3.
OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral:
Analisar a influência das características sociais e demográficas dos Cirurgiões-
Dentistas do Município de João Pessoa – PB sobre a escolha de pacientes para
atendimento em situação de recursos escassos em saúde.
3.2 Objetivo específico:
Identificar qual dos pacientes do caso-cenário foi o mais escolhido;
Verificar o motivo da escolha dos Cirurgiões-Dentistas;
Observar se o motivo da escolha teve relação com características sócio-
econômicas e demográficas dos Cirurgiões-Dentistas do Município de João
Pessoa - PB.
3.3 HIPÓTESE
H
1
– Os pacientes negros serão os menos escolhidos para o atendimento.
58
4 METODOLOGIA
4.1 Localização do estudo
Este estudo foi realizado no período de outubro a dezembro de 2005, no
Município de João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba, Região Nordeste do Brasil.
João Pessoa possui uma área total de 209,94 km
2
, com uma população de pessoas
residentes de 597.934 habitantes, sendo 279.476 homens e 318.458 mulheres. A
cidade possui ainda 151.865 domicílios particulares permanentes, existem 30
hospitais, 3.566 leitos hospitalares, 177 unidades ambulatoriais e 45 Unidades Básicas
de Saúde - UBS (IBGE, 2006).
4.2 População estudada
A população estudada foi composta por Cirurgiões-Dentistas do
Município de João Pessoa. Segundo dados fornecidos pelo Conselho Regional de
Odontologia – CRO-PB, no momento de seleção da amostra, março de 2005, existiam,
inscritos no Conselho e exercendo as atividades, 1.555 profissionais, sendo 332
especialistas e desses 186 com especialidades clínicas.
59
4.3 Determinação do Tamanho da amostra
O tamanho amostral de 308 participantes foi obtido considerando-se:
O objetivo principal da determinação dos percentuais da escolha do paciente;
Margem de erro de 5,0%;
Confiabilidade de 95,0%;
Tamanho populacional igual a 1.555 (Igual ao número de dentistas inscritos na
cidade);
Percentual esperado igual a 50% em cada resposta, valor esse que maximiza o
tamanho da amostragem;
Fator de correção de 1,2% para as perdas;
Os cálculos foram obtidos através do programa EPI-INFO, versão 6.04 DOS.
A forma de cálculo utilizada para o tamanho do tamanho amostral para cada item
foi:
n =
2
2
)1(
e
ppz
ee
m =
N
n
n
1
1
+
onde m = Tamanho amostral;
z = valor da curva normal relativa á confiabilidade (1,96);
p
e
= Proporção esperada igual a 50,0%;
e = erro de 5,0% (0,05);
N = tamanho populacional igual a 308 Cirurgiões-dentistas.
60
4.4 Seleção da amostra
A partir de listagem fornecida pelo CRO-PB, os profissionais inscritos
receberam um número, sendo sorteados, por amostragem simples e aleatória, através
do programa estatístico EPI-INFO. Portanto, o primeiro critério de inclusão na amostra
foi a inscrição do profissional no CRO-PB. Os selecionados foram contatados por
telefone, com a finalidade de se obter o endereço do lugar onde realizam suas
atividades laborais, uma vez que o local indicados na listagem fornecida pelo CRO-PB
geralmente contar apenas com um endereço, muitas vezes, o residencial, e ainda não
estão atualizados em virtude muitas vezes de displicência do profissional em atualizar
seu endereço. Nas situações em que não foi possível localizar o Cirurgião-Dentista ou
quando o mesmo revelou que não estava exercendo atividade clínica, escolheu-se o
nome anterior ou posterior da listagem. Portanto, o segundo critério de inclusão na
amostra foi o profissional estar exercendo atividade clínica. Na lista, encontraram-se
muitos profissionais que, apesar de não estarem exercendo suas atividades, ainda
continuavam inscritos no CRO-PB, outros tinham falecido ou transferido a inscrição,
ou, ainda, abandonado a profissão.
4.5 Desenho do estudo
Tratou-se de um estudo quantitativo e analítico, com um desenho do tipo
transversal, pois “causa” e “efeito” foram analisados simultaneamente (PEREIRA,
2000). Também conhecido como seccional, nesse tipo de pesquisa os indivíduos
foram observados apenas uma vez (ALTMAN, 1991). Baseado em Pereira (2000),
pode-se dizer que essa análise apresentou, como conveniência, a simplicidade, o
61
baixo custo, a rapidez e a objetividade na coleta dos dados (referentes ao momento do
contato examinador-examinado), não havendo necessidade de soerguimento de
pessoas.
Contudo, essa tipologia clássica de estudo transversal teve uma
característica particular, pois utilizou um “cenário de caso”, ou seja, uma apresentação
de caso clínico, padronizado pelo investigador, no momento da coleta de dados. O
cenário de caso foi apresentado aos profissionais, para que escolhessem qual o (a)
paciente que deveria ser atendido.
Cenários de casos foram utilizados em outros ensaios e pesquisas
epidemiológicas e têm sido usados em estudos específicos de tomada de decisão,
sendo considerado um método de grande valor, pois apresenta a vantagem distinta de
controlar variáveis, permitindo analisar a extensão pela qual elas são responsáveis por
diferenças em tomada de decisão. (SCHULMAN et al., 1999). Têm sido utilizados em
estudos que envolvem tomada de decisão, inclusive na Odontologia (HEINIKAINEN,
2002). Essa metodologia pode apresentar entraves, pois não reproduz as condições
clínicas da vida real (LU et al., 2001), embora algumas pesquisas através de situações
reais tenham chegado aos mesmos resultados de estudos com casos simulados
(GROSS et al., 2002).
A coleta de dados realizou-se por meio de questionário individualizado,
composto por itens, para que se compusessem dados de identificação do
entrevistado: as características sociais e demográficas, de raça, sexo, idade, situação
conjugal, tempo de formado, titulação, renda mensal e local de trabalho e tempo de
atendimento, e por perguntas relacionadas a uma situação clínica com existência de
62
seis supostos pacientes com o mesmo problema odontológico e necessitando de
atendimento de urgência em um serviço odontológico público.
Foram escolhidas as seguintes características fenotípicas para o estudo,
paciente na faixa etária dos 30 anos mulher negra; paciente na faixa etária dos 30
anos mulher branca; paciente na faixa etária 50 anos homem; paciente na faixa etária
dos 30 anos homem branco; paciente na faixa etária dos 30 anos homem negro; e
paciente na faixa etária dos 20 anos homem branco.
Durante o mês de março de 2004, foram fotografados diversos
pacientes, vestidos com as suas próprias roupas, após uma análise foi decidido
fotografar novos pacientes, vestidos com uma camiseta branca, para que houvesse
padronização, e a roupa não pudesse causar nenhum viés durante a escolha. Ao todo
foram fotografados mais de 30 modelos, para serem escolhidos os 6 que seriam
utilizados no estudo, que melhor refletiram as características fenotípicas que o estudo
necessitava.
Os pacientes que cederam as suas imagens à pesquisa foram
selecionados nas salas de espera das clínicas de Odontologia da UEPB e o fizeram
por livre e espontânea vontade. Para tanto, leram e assinaram o termo de
consentimento de doação de imagem (APÊNDICE A). Os participantes selecionados
aceitaram ser fotografados em parede de fundo branco, sob as condições acordadas
no termo de consentimento mencionado. Foi elaborado um fluxograma do estudo, a
fim de facilitar o desenvolvimento de todas as etapas da pesquisa. (Fig. 1)
63
Figura 1 . Fluxograma do desenho do estudo
População 1.555
CDs
CD, do Município de João Pessoa
CDs sorteados Amostra 308
Coleta de dados
Cenário de caso
apresentado
Consolidação do questionário e
banco de dados SPSS 11.0
Entrevista com a apresentação do
cenário de caso
Entrevista com a apresentação do
cenário de caso
Cenário de caso
Determinação do tamanho da
amostra
Análise estatística
Encaminhamento ao
chefe do departamento
de odontologia da
UEPB
Encaminhamento ao
Comitê de ética em
pesquisa
Descrição de análise dos
resultados
Alunos de graduação do
último ano UEPB - 48
Piloto
Coleta de dados
64
4.6 Estudo piloto
O projeto piloto foi realizado em novembro de 2004, com os acadêmicos
matriculados no último ano do curso de Odontologia, da Universidade Estadual da
Paraíba UEPB. Foi solicitada ao Chefe do Departamento a realização da pesquisa
com os alunos de Odontologia. Segundo dados da Coordenação do curso, haviam 48
alunos matriculados, entretanto 41 participaram do estudo, equivalendo a 85.42% do
total.
Foi realizada uma análise prévia do resultado do estudo piloto, com a
finalidade de examinar a adequação da forma de coleta de dados e a avaliação dos
métodos de avaliar as variáveis utilizadas, o planejamento do estudo, assim como o
tempo gasto na entrevista e a clareza do instrumento de coleta de dados (ALTMAN,
1991).
Algumas questões do questionário foram modificadas, suprimindo-se, por
exemplo, o tipo de escola onde foi cursado o grau; foi substituída a renda familiar
pela renda pessoal, e incluído as questões relativas ao tempo de formado, a titulação
máxima, o local de trabalho, o tempo médio utilizado para cada paciente e a área de
atuação clínica, seguindo o questionário elaborado por Cabral, Caldas e Cabral (2005).
4.7 Coleta de dados
Inicialmente, houve o contato com o pesquisado, sendo explicado o
motivo, a natureza e a relevância do estudo para a Odontologia, como também foi
informado aos pesquisados que o trabalho tinha como objetivo identificar os fatores
65
sociais relacionados à seleção de pacientes por parte dos profissionais, frente a uma
situação de recursos escassos de saúde, em caso de urgência. então, foi solicitada
a participação do pesquisado com a apresentação do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE B). Após a leitura do mesmo com as respectivas explicações,
foi solicitada a assinatura no Consentimento Pós-informado (APÊNDICE C). Sempre
que alguém se recusou a participar do estudo, foram sorteados outros profissionais
pela listagem do CRO-PB.
4.7.1 Instrumento de pesquisa
Aos entrevistados, foi apresentado um questionário (APÊNDICE D)
contendo duas partes: a primeira com os dados de identificação, e a segunda com a
apresentação de cenário de caso, com a mesma situação clínica, sendo apresentados
as fotografias de 6 supostos pacientes diferentes. Foi, então, solicitado que aqueles
escolhessem quem seria atendido e qual o motivo da escolha. As fotografias dos
pacientes estavam dispostas numa mesma folha dispostas aleatoriamente, com letras
de “A” a “F” para facilitar a definição da seqüência. A disposição aleatória segue
adiante, sendo: foto A, paciente na faixa etária dos 30 anos mulher negra; foto B,
paciente na faixa etária 50 anos homem branco; foto C, paciente na faixa etária dos 30
anos homem negro; foto D paciente na faixa etária dos 20 anos, homem branco; foto
E, paciente na faixa etária dos 30 anos mulher branca; foto F, paciente na faixa etária
dos 30 anos homem branco (Fig.2).
66
A
B
C
D
E
F
67
Quanto à técnica de pesquisa empregada, utilizou-se a observação direta
extensiva, realizada através de questionário, em que o autor explicou o preenchimento
e deixou o respondente sozinho para que este pudesse preencher a questionário. As
perguntas foram preestabelecidas e padronizadas, de modo a obter respostas às
mesmas perguntas, permitindo a comparação com o mesmo conjunto de perguntas, e
que as diferenças refletissem divergências entre os respondentes, e não diferenças
nas perguntas. Como vantagens dessa técnica de coleta, destaque-se: economia de
tempo, grande número de dados, atinge um número maior de pessoas
simultaneamente, obtém respostas rápidas e precisas entre outras. (MARCONI e
LAKATOS, 1999).
Foi elaborado um quadro de variáveis (dependente e independentes
pág. 66) com a finalidade de facilitar a elaboração do questionário e a categorização
das respostas. Quanto ao salário mínimo, adotou-se o valor de R$ 300,00, vigente
durante a realização do trabalho.
4.7.2 Cenário de caso
O caso clínico apresentado ao profissional foi o seguinte: serviço público de
odontologia: dia da semana sexta feira, horário de funcionamento da clínica das 8 às
18 horas. No momento, são 17:45 horas.
Situação apresentada: 06 pacientes se encontram para serem atendidos,
todos não têm condições de pagar tratamento odontológico em clínicas privadas, todos
apresentam sintomatologia sugerindo uma pulpite, mas apenas uma vaga devido
aos recursos escassos em saúde, e um único jogo de instrumental clínico esterilizado.
68
4.7.3 Elenco de variáveis
VARIÁVEIS DEFINIÇÃO CATEGORIZAÇÃO
Dependente:
Escolha do paciente A influência das características raciais,
sexo e faixa etária de pacientes sobre a
decisão dos Cirurgiões-Dentistas em
prestar atendimento de emergência,
através de cenário de caso
30 anos mulher negra
50 anos homem branco
30 anos homem negro
20 anos, homem branco
30 anos mulher branca
30 anos homem branco
Não atenderia ninguém
Independentes:
Motivo da escolha
Características fenotípicas, como cor da
pele, cabelo, lábios, tipologia facial e
nasal, do paciente apresentado ao CD por
fotografia
fisionomia
idade
problemas biológicos
( sistêmicos e locais)
sexo
necessidade de trabalhar
não respondeu
Idade do CD Anos completos de vida 22 a 30
31 a 40
41 a mais
Sexo do CD Gênero do Cirurgião-Dentista Masculino
Feminino
Raça do CD Raça auto-declarada pelo Cirurgião-
Dentista, segundo IBGE
Branco
negro
pardo
amarelo
indígena
Tempo de formado do CD Anos completos decorridos após a
graduação do Cirurgião-Dentista
Até 10
De 11 a 20
21 a mais
Titulação do CD Nível de formação do Cirurgião-Dentista Graduação
Aperfeiçoamento
Especialização
Mestrado
Doutorado
Local de trabalho do CD Natureza do serviço odontológico do local
de trabalho do Cirurgião-Dentista
Serviço Público
Serviço Privado
Ambos
Tempo de atendimento Tempo de que o Cirurgião-Dentista dispõe
ou determina para o atendimento ao
paciente
Até 20 min.
De 21 a 40 min.
Mais de 41 min.
Área de atuação clinica Área em que o profissional atua Clínica Geral
Dentística
Endodontia
Prótese
Cirurgia
Implantodontia
Periodontia
Odontopediatria
Ortodontia/Ortopedia
outra
Renda pessoal do CD Receita mensal total auferida pelo
Cirurgião-Dentista.
de 01 A 04 salários mínimos
Mais de 04 salários a 08 salários-mínimos
Mais de 08 salários a 12 salários- mínimos
Acima de 12 salários-mínimos
Não respondeu
Quadro 1 . Elenco de variáveis
69
4.8 Considerações éticas
Em maio de 2004, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e
Pesquisa do Centro das Ciências da Saúde CCS - da Universidade Federal da
Paraíba UFPB, uma vez que o pesquisador é membro do Comitê de Ética em
Pesquisa da UEPB e não seria ético o próprio comitê de que o pesquisador faz parte
analisar a pesquisa (ANEXO A). Junto com o projeto, foi enviada cópia do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, que seguiu as normas da Resolução 196 do
Conselho Nacional de Saúde, conforme os objetivos propostos no estudo.
Segundo determinações da Resolução CNS/MS 196 (BRASIL, 1997) a
qual regulamenta a ética da pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil, a cada um
dos sujeitos foi solicitado seu consentimento livre e esclarecido como anuência para
participação na pesquisa e entregue cópia do termo contendo os objetivos da
pesquisa, o que se demandava do sujeito, as garantias para a preservação de seu
anonimato, a omissão de nomes e a exclusão de particularidades que possibilitassem
a identificação. Neste documento, indicou-se uma forma de contato com o pesquisador
para esclarecimentos de dúvidas, se necessário, como também dos resultados da
pesquisa. Assegurou a liberdade de participação, de recusa e o direito do profissional
retirar-se a qualquer momento da pesquisa, sem que isso lhe causasse prejuízos.
70
4.9 Analise dos dados
Para análise dos dados, foram obtidas distribuições absolutas e
percentuais uni e bivariadas das variáveis na escala nominal das medidas estatísticas:
valor nimo, valor máximo, média, desvio padrão e coeficiente de variação para as
variáveis numéricas (técnicas de estatística descritiva), e foram utilizados os testes
estatísticos Qui-quadrado de Pearson, teste Exato de Fisher, quando as condições
para utilização do teste Qui-quadrado não foram verificadas, ou o teste da Razão de
Verossimilhança, quando não foi possível determinar o teste Exato de Fisher.
Os dados foram digitados na planilha Excel, e o “software” estatístico
utilizado para a obtenção dos cálculos foi Statistical Analysis System - SAS na versão
8.0. O nível de significância utilizado nas decisões dos testes estatísticos foi de 5,0%.
71
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização dos profissionais
A idade dos 308 profissionais participantes da pesquisa variou de 22 a 71
anos, teve média de 38,06 anos, desvio padrão de 11,08 anos, coeficiente de variação
de 29,11% e a idade mediana ficou em 37 anos.
Na Tabela 1 apresenta-se a distribuição por sexo e faixa etária. Desta
tabela é possível destacar que: a maioria da amostra foi composta de pesquisados do
sexo feminino (60,4%). Em relação à faixa etária, a mais prevalente, foi a de 41 anos
ou mais, representando 37,3% dos pesquisados.
Tabela 1 Distribuição dos Cirurgiões-Dentistas segundo as variáveis sexo e faixa
etária, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Variável n %
Sexo
Masculino 122 39,6
Feminino 186 60,4
TOTAL 308 100,0
Faixa etária (em anos)
22 a 30 105 34,1
31 a 40 88 28,6
41 ou mais 115 37,3
TOTAL 308 100,0
72
Na Tabela 2 analisam-se os resultados das variáveis: raça, estado civil,
tempo de formado, titulação máxima, local de trabalho do Cirurgião-Dentista e o tempo
médio utilizado no atendimento de cada paciente.
Desta tabela destaca-se que a maioria (68,2%) era de cor branca e mais
da metade (58,8%) da amostra foi composta de pessoas casadas. Quanto a variável
tempo de formado, o maior percentual (46,1%) tinha até 10 anos de formado, e quando
indagados sobre a titulação máxima, os três maiores resultados corresponderam:
especialização (32,1%) apenas graduação (31,8%), e aperfeiçoamento (29,9%). Em
relação ao local de trabalho, o maior percentual (41,9%) correspondeu aos que
trabalhavam em serviço particular. Um pouco mais da metade da amostra (54,6%)
afirmou que atende um paciente em média durante 21 a 40 minutos.
73
Tabela 2 Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis dos Cirurgiões-
Dentistas: raça, estado civil, tempo de formado, titulação máxima, local de trabalho e
tempo médio utilizado para cada paciente (min), João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Variáveis de estudo n %
Raça
Branco 210 68,2
Negro 14 4,5
Pardo 81 26,3
Amarelo 3 1,0
TOTAL 308 100,0
Estado civil
Solteiro 92 29,9
Casado 181 58,8
União estável 7 2,3
Divorciado 25 8,1
Viúvo 3 1,0
TOTAL 308 100,0
Tempo de formado (em anos)
Até 10 142 46,1
11 a 20 69 22,4
21 ou mais 97 31,5
TOTAL 308 100,0
Titulação máxima
Graduação 98 31,8
Aperfeiçoamento 92 29,9
Especialização 99 32,1
Mestrado 11 3,6
Doutorado 8 2,6
TOTAL 308 100,0
Local de trabalho do CD
Serviço público 74 24,0
Serviço particular 129 41,9
Ambos 105 34,1
TOTAL 308 100,0
Tempo médio utilizado para cada paciente (min)
Até 20 70 22,7
21 a 40 168 54,6
41 ou mais 70 22,7
TOTAL 308 100,0
74
A área de atuação mais citada foi a Clínica Geral, referenciada por
(63,6%) dos profissionais, seguido de Dentística (37,7%), Prótese (24,4%) e
Endodontia (19,8%) tendo sido encontrado valores acima de 100%.
Em relação à renda mensal em salário mínimo (SM), a faixa mais citada
foi a faixa entre 8 a 12 salários mínimos- SM (31,5%).
Tabela 3 Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis: área de atuação e
renda mensal, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Variáveis de estudo n %
Área de atuação *
Clínica geral 196 63,6
Dentística 116 37,7
Endodontia 61 19,8
Prótese 75 24,4
Cirurgia 37 12,0
Implantodontia 17 5,5
Periodontia 39 12,7
Odontopediatria 33 10,7
Ortodontia/ortopedia 41 13,3
Outros 21 6,8
Renda mensal (em salários mínimos)
1 a 4 32 10,4
Mais de 4 a 8 82 26,6
Mais de 8 a 12 97 31,5
Mais de 12 86 27,9
Não respondeu 11 3,6
TOTAL 308 100,0
* para esta variável, havia a possibilidade de mais de uma resposta por entrevistado
75
A Tabela 4 mostra que: a maioria (70,5%) dos Cirurgiões-Dentistas
escolheria o candidato “B” (Homem, 50 anos, branco) e em segundo lugar escolheriam
o candidato “A (mulher, 30 anos, negra) com (12,0%). O motivo da escolha mais
freqüente foi: idade (46,4%), seguido de fisionomia (30,8%) e fator biológico (15,9%).
Tabela 4 Distribuição dos pesquisados segundo as variáveis: escolha do paciente e
fator relevante para a escolha do paciente, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Variável n %
Escolha do paciente
A – 30 anos mulher negra 37 12,0
B - 50 anos homem branco 217 70,5
C - 30 anos homem negro 8 2,6
D - 20 anos, homem branco 16 5,2
E - 30 anos mulher branca 15 4,9
F - 30 anos homem branco 3 1,0
Não escolheu ninguém 12 3,9
TOTAL 308 100,0
Qual fator foi relevante para a escolha
Fisionomia 95 30,8
Idade 143 46,4
Fator biológico 49 15,9
Gênero 7 2,3
Necessidade de trabalhar 2 0,6
Não atenderia ninguém 12 3,9
TOTAL 308 100,0
76
5.2 Escolha do paciente para atendimento segundo as variáveis: sexo, faixa
etária, raça, situação conjugal, tempo de formado, titulação máxima e tempo
médio de atendimento, faixa de renda mensal e local de trabalho
Nas Tabelas 5 a 13 são analisados os resultados da escolha do paciente
pelos profissionais pesquisados segundo as variáveis sócio-econômicas e
demográficas desconsiderando os 12 pesquisados que não escolheriam nenhum
paciente.
Da Tabela 5 não se verificam diferenças percentuais muito elevadas
entre os sexos dos profissionais, desde que a maior diferença ocorreu para o paciente
“B” que teve diferença de 5,3% e não se comprova associação significante entre o
sexo e a escolha do paciente no nível de significância considerado (p > 0,05).
Tabela 5 Avaliação da escolha do paciente segundo o sexo do Cirurgião-Dentista,
João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Sexo
Escolha do paciente
Masculino Feminino Grupo total Valor de p
n % n % n %
A – 30 anos mulher negra
14 12,0 23 12,9 37 12,5 p
(1)
= 0,3366
B - 50 anos homem branco
82 70,1 135 75,4 217 73,3
C - 30 anos homem negro
3 2,6 5 2,8 8 2,7
D - 20 anos, homem branco
8 6,8 8 4,5 16 5,4
E - 30 anos mulher branca
7 6,0 8 4,5 15 5,1
F - 30 anos homem branco
3 2,6 - - 3 1,0
TOTAL 117 100,0 179 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
77
Na Tabela 6 analisa-se a escolha segundo a faixa etária do Cirurgião-
Dentista. Desta tabela destaca-se que a maior diferença percentual foi registrada entre
as faixas de 31 a 40 anos e 41 anos ou mais em relação à escolha do paciente “B”
(77,9% x 68,5%) entretanto, não se comprova associação significante entre faixa etária
e escolha do paciente (p > 0,05).
Tabela 6 Avaliação da escolha do paciente segundo a faixa etária do Cirurgião-
Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Faixa etária (em anos)
Escolha do paciente
22 a 30 31 a 40 41 ou mais Grupo total Valor de p
N % n % n % n %
A – 30 anos mulher
negra
11 10,8 9 10,5 17 15,7 37 12,5 p
(1)
= 0,8133
B - 50 anos homem
branco
76 74,5 67 77,9 74 68,5 217 73,3
C - 30 anos homem
negro
1 1,0 2 2,3 5 4,6 8 2,7
D - 20 anos, homem
branco
6 5,9 4 4,6 6 5,6 16 5,4
E - 30 anos mulher
branca
7 6,9 3 3,5 5 4,6 15 5,1
F - 30 anos homem
branco
1 1,0 1 1,2 1 0,9 3 1,0
TOTAL 102 100,0 86 100,0 108 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
Em relação à raça do pesquisado não se verificam diferenças
percentuais elevadas (Tabela 7) desde que a maior diferença foi de 2,3% no paciente
“C” mais elevado entre os não brancos (4,3% x 2,0%) e não se comprova associação
significante entre raça e escolha do paciente.
78
Tabela 7 Avaliação da escolha do paciente segundo a raça do Cirurgião-Dentista,
João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Raça
Escolha do paciente
Branco Não branco Grupo total Valor de p
n % N % n %
A – 30 anos mulher negra
26 12,8 11 11,8 37 12,5 p
(1)
= 0,8073
B - 50 anos homem branco
148 72,9 69 74,2 217 73,3
C - 30 anos homem negro
4 2,0 4 4,3 8 2,7
D - 20 anos, homem branco
11 5,4 5 5,4 16 5,4
E - 30 anos mulher branca
11 5,4 4 4,3 15 5,1
F - 30 anos homem branco
3 1,5 - - 3 1,0
TOTAL 203 100,0 93 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
Da Tabela 8 verifica-se que: o percentual de profissionais que
escolheriam o paciente “B” foi mais elevado entre os solteiros/divorciados/viúvo do que
entre os casados ou com união estável (80,0% x 69,1%) e o contrário ocorreu com a
escolha do paciente B que teve um percentual mais elevado entre os casados /união
estável (14,4% x 9,6%), sendo as duas maiores diferenças percentuais, entretanto não
se comprova associação significante entre escolha do paciente e situação conjugal ao
nível de 5,0% (p > 0,05).
79
Tabela 8 Avaliação da escolha do paciente segundo a situação conjugal do
Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Situação conjugal
Escolha do paciente
Solteiro/divorciado/
viúvo
casado/ união
estável
Grupo total Valor de p
N % n % n %
A – 30 anos mulher
negra
11 9,6 26 14,4 37 12,5 p
(1)
= 0,3012
B - 50 anos homem
branco
92 80,0 125 69,1 217 73,3
C - 30 anos homem
negro
1 0,9 7 3,9 8 2,7
D - 20 anos, homem
branco
4 3,5 12 6,6 16 5,4
E - 30 anos mulher
branca
6 5,2 9 5,0 15 5,1
F - 30 anos homem
branco
1 0,9 2 1,1 3 1,0
TOTAL 115 100,0 181 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
Em relação ao tempo de formado é possível determinar que as maiores
diferenças percentuais em relação à escolha do paciente foi registrada entre os que
tinham de 11 a 20 anos de formado, e os que tinham 21 anos ou mais (79,1% x 70,3%)
na escolha do paciente “B” e entre as duas faixas citadas na escolha do paciente “A”
(9,0% x 16,5%), diferenças estas insuficientes para que se comprove associação
significante entre tempo de formado e escolha do paciente (p > 0,05) conforme
resultados apresentados na Tabela 9.
80
Tabela 9 Avaliação da escolha do paciente segundo o tempo de formado (em anos)
do Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Tempo de formado (em anos)
Escolha do paciente
1 a 10 11 a 20 21 ou mais Grupo total Valor de p
n % n % N % n %
A – 30 anos mulher
negra
16 11,6 6 9,0 15 16,5 37 12,5 p
(1)
= 0,4431
B - 50 anos homem
branco
100 72,5 53 79,1 64 70,3 217 73,3
C - 30 anos homem
negro
2 1,5 3 4,5 3 3,3 8 2,7
D - 20 anos, homem
branco
10 7,3 1 1,5 5 5,5 16 5,4
E - 30 anos mulher
branca
8 5,8 3 4,5 4 4,4 15 5,1
F - 30 anos homem
branco
2 1,5 1 1,5 - - 3 1,0
TOTAL 138 100,0 67 100,0 91 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
A escolha do paciente em relação à titulação máxima do Cirurgião-
Dentista é apresentada na Tabela 10. Desta tabela não se constatam diferenças
elevadas entre as categorias da titulação máxima em relação aos percentuais relativos
à escolha do paciente, entretanto não se comprova associação significante entre
titulação máxima do Cirurgião-Dentista e a escolha do paciente para fazer o
atendimento (p > 0,05).
81
Tabela 10 – Avaliação da escolha do paciente segundo a titulação do Cirurgião-
Dentista João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Titulação máxima
Escolha do
paciente
Graduação Aperfeiçoamento Especialização Mestrado/
doutorado
Grupo total Valor de p
N % n % n % n % n %
A – 30 anos
mulher
negra
13 13,7 8 9,0 14 15,0 2 10,5 37 12,5 p
(1)
= 0,5201
B - 50 anos
homem
branco
72 75,8 66 74,2 65 69,9 14 73,7 217 73,3
C - 30 anos
homem
negro
- - 4 4,5 2 2,2 2 10,5 8 2,7
D - 20 anos,
homem
branco
4 4,2 5 5,6 6 6,5 1 5,3 16 5,4
E - 30 anos
mulher
branca
6 6,3 4 4,5 5 5,4 - - 15 5,1
F - 30 anos
homem
branco
- - 2 2,3 1 1,1 - - 3 1,0
TOTAL 95 100,0 89 100,0 93 100,0 19 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
Da Tabela 11 é possível calcular que as três maiores diferenças
percentuais entre as faixas de tempo em relação à escolha do paciente, foram: entre
as faixas de tempo de atendimento 1 a 20 minutos e 21 a 40 minutos na escolha do
paciente “B” (81,2% x 69,4% que resulta numa diferença de 11,8%); entre as faixas de
tempo de 21 a 40 minutos com a faixa 41 ou mais minutos na escolha do paciente A”
(7,3% x 17,5% com diferença de 11,5%) e entre as faixas de 21 a 40 minutos e a faixa
de 1 a 20 minutos (17,5% x 7,3% com diferença de 10,2%), diferenças estas que
revelam associação significante ao nível de significância considerado entre o tempo de
atendimento e escolha do paciente (p < 0,05).
82
Tabela 11 – Avaliação da escolha do paciente segundo o tempo médio de atendimento
(em min) dos pacientes, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Tempo de atendimento (em min)
Escolha do paciente
1 a 20 21 a 40 41 ou mais Grupo total Valor de p
n % n % n % n %
A – 30 anos mulher
negra
5 7,3 28 17,5 4 6,0 37 12,5 p
(1)
= 0,0147*
B - 50 anos homem
branco
56 81,2 111 69,4 50 74,6 217 73,3
C - 30 anos homem
negro
- - 6 3,7 2 3,0 8 2,7
D - 20 anos, homem
branco
4 5,8 8 5,0 4 6,0 16 5,4
E - 30 anos mulher
branca
4 5,8 7 4,4 4 6,0 15 5,1
F - 30 anos homem
branco
- - - - 3 4,5 3 1,0
TOTAL 69 100,0 160 100,0 67 100,0 296 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5.0%.
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
Em relação à escolha do paciente segundo a renda mensal do Cirurgião-
Dentista (Tabela 12) destaca-se que: o percentual de escolha do paciente “B” foi mais
elevado entre os Cirurgiões-Dentistas que tinham renda de 1 a 4 salários mínimos
(S.M.) do que entre os que tinham outras faixas de renda enquanto que a escolha do
paciente “A” foi mais elevado entre os que tinham renda com mais de 8 a 12 S.M.,
entretanto ao nível de 5,0% não se comprova associação significante entre as duas
variáveis em análise (p < 0,05).
83
Tabela 12 Avaliação da escolha do paciente segundo a renda mensal (em salários
mínimos) do Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Renda mensal (em salários mínimos)
Escolha do
1 a 4
Mais de 4 a 8
Mais de 8 a 12
Mais de 12
Grupo total Valor de p
Paciente
n % n % n % n % n %
A – 30 anos
mulher
negra
3 10,0 7 8,6 17 18,1 9 11,0 36 12,5 p
(1)
= 0,0980
B - 50 anos
homem
branco
24 80,0 59 72,8 67 71,3 60 73,2 210 73,2
C - 30 anos
homem
negro
- - 2 2,5 2 2,1 4 4,9 8 2,8
D - 20 anos,
homem
branco
- - 4 4,9 6 6,4 6 7,3 16 5,6
E - 30 anos
mulher
branca
3 10,0 6 7,4 2 2,1 3 3,7 14 4,9
F - 30 anos
homem
branco
- - 3 3,7 - - - - 3 1,1
TOTAL 30 100,0 81 100,0 94 100,0 82 100,0 287 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
A escolha do paciente para fazer o atendimento em relação ao local de
trabalho é apresentada na Tabela 13. Desta tabela destaca-se que a maior diferença
percentual entre os locais de trabalho ocorreu entre os que trabalhavam em serviço
público e os que trabalham em ambos os tipos de serviço (ambos) com diferença de
8,1% (6,9% x 15,0%) e não se comprova associação significante entre escolha do
paciente e local de trabalho (p > 0,05).
84
Tabela 13 Avaliação da escolha do paciente segundo o local de trabalho do
Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Local de trabalho
Escolha do
paciente
Serviço público Serviço privado Ambos Grupo total Valor de p
n % n % n % n %
A – 30 anos
mulher
negra
5 6,9 17 13,7 15 15,0 37 12,5 p
(1)
= 0,3103
B - 50 anos
homem
branco
56 77,8 89 71,8 72 72,0 217 73,3
C - 30 anos
homem
negro
- - 5 4,0 3 3,0 8 2,7
D - 20
anos,
homem
branco
5 6,9 6 4,8 5 5,0 16 5,4
E - 30 anos
mulher
branca
6 8,3 5 4,0 4 4,0 15 5,1
F - 30 anos
homem
branco
- - 2 1,6 1 1,0 3 1,0
TOTAL 72 100,0 124 100,0 100 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
5.3 Motivos da escolha segundo as variáveis: sexo, faixa etária, raça, situação
conjugal, tempo de formado, titulação máxima e tempo médio de atendimento,
faixa de renda mensal e local de trabalho
Nas Tabelas 14 a 22 analisam-se o motivo da escolha e as variáveis
citadas. Em relação ao sexo não se observam diferenças percentuais elevadas entre
os sexos em relação aos motivos desde que a maior diferença foi de 6,4% para o
motivo fisionomia que teve valor mais elevado entre os Cirurgiões-Dentistas do sexo
85
feminino (34,6% x 28,2%) e a associação entre sexo e motivo da escolha não se
mostra significante (p > 0,05).
Tabela 14 Avaliação do motivo da escolha segundo o sexo do Cirurgião-Dentista,
João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Sexo
Motivo
Masculino Feminino Grupo total Valor de p
n % n % n %
Fisionomia 33 28,2 62 34,6 95 32,1 p
(1)
= 0,2003
Idade 56 47,9 87 48,6 143 48,3
Fator biológico 24 20,5 25 14,0 49 16,6
Gênero 2 1,7 5 2,8 7 2,4
Necessidade de trabalhar 2 1,7 - - 2 0,7
TOTAL 117 100,0 179 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
Da Tabela 15 constata-se que o percentual dos que escolheriam o
paciente pelo motivo da idade foi mais elevado entre os Cirurgiões-Dentistas com
idade entre 31 a 40 anos do que na faixa etária de 41 anos ou mais (57,0% x 42,6%)
seguido das diferenças entre as faixas etárias de 22 a 30 anos versus 31 a 40 anos em
relação à idade (47,1% x 57,0%) e fisionomia (35,3% x 25,6%) e ao nível de
significância de 5,0% comprova associação significante entre a faixa etária e o motivo
da escolha (p < 0,05).
Tabela 15 Avaliação do motivo da escolha segundo a faixa etária do Cirurgião-
Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Faixa etária (em anos)
Motivo
22 a 30 31 a 40 41 ou mais Grupo total Valor de p
n % N % n % n %
Fisionomia 36 35,3 22 25,6 37 34,3 95 32,1 p
(1)
= 0,0258*
Idade 48 47,1 49 57,0 46 42,6 143 48,3
Fator biológico 12 11,8 14 16,3 23 21,3 49 16,6
Gênero 6 5,9 - - 1 0,9 7 2,4
Necessidade de trabalhar - - 1 1,2 1 0,9 2 0,7
86
TOTAL 102 100,0 86 100,0 108 100,0 296 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5.0%.
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
Da Tabela 16 não se constatam diferenças percentuais elevadas entre os
brancos e os não brancos em relação ao motivo da escolha desde que a maior
diferença percentual ocorreu para o motivo gênero que teve maior percentual entre os
não brancos e a associação entre raça e motivo não foi significante.
Tabela 16 Avaliação do motivo da escolha segundo a raça do Cirurgião-Dentista,
João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Raça
Motivo
Branco Não branco Grupo total Valor de p
n % N % n %
Fisionomia 65 32,0 30 32,3 95 32,1 p
(1)
= 1,0000
Idade 97 47,8 46 49,5 143 48,3
Fator biológico 34 16,7 15 16,1 49 16,6
Gênero 5 2,5 2 16,1 7 2,4
Necessidade de trabalhar 2 1,0 - - 2 0,7
TOTAL 203 100,0 93 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
O estudo da relação entre o motivo de escolha e a situação conjugal é
apresentada na Tabela 17 onde não se constata diferenças elevadas entre as duas
situações conjugais e a associação entre o motivo da escolha e situação conjugal não
se mostra significante.
87
Tabela 17 – Avaliação do motivo da escolha segundo a situação conjugal do Cirurgião-
Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Situação conjugal
Motivo
Solteiro/divorciado/
viúvo
casado/ união estável
Grupo total Valor de p
n % n % n %
Fisionomia 32 27,8 63 34,8 95 32,1 p
(1)
= 0,7608
Idade 59 51,3 84 46,4 143 48,3
Fator biológico 20 17,4 29 16,0 49 16,6
Gênero 3 2,6 4 2,2 7 2,4
Necessidade de trabalhar 1 0,9 1 0,6 2 0,7
TOTAL 115 100,0 181 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Exato de Fisher.
No estudo do motivo por tempo de formado (Tabela 18) verifica-se que
as duas maiores diferenças percentuais entre as faixas etárias foram registradas entre
os que tinham de 1 a 10 anos de formado e os que tinham 21 anos ou mais em relação
ao fator biológico com valor mais elevado na faixa etária com mais tempo de formado
(22,0% x 13,0%) e entre as faixas etárias de 11 a 20 anos e as que tinham 21 ou mais
em relação ao motivo da idade, não se comprova associação significante entre o
motivo e o tempo de formado ao nível de 5,0% (p > 0,05).
88
Tabela 18 Avaliação do motivo da escolha segundo o tempo de formado do
Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Tempo de formado (em anos)
Motivo
1 a 10 11 a 20 21 ou mais Grupo total Valor de p
n % N % n % n %
Fisionomia 45 32,6 20 29,9 30 33,0 95 32,1 p
(1)
= 0,2122
Idade 68 49,3 35 52,2 40 44,0 143 48,3
Fator biológico 18 13,0 11 16,4 20 22,0 49 16,6
Gênero 6 4,4 - - 1 1,1 7 2,4
Necessidade de trabalhar 1 0,7 1 1,5 - - 2 0,7
TOTAL 138 100,0
67 100,0 91 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
A análise do motivo segundo a titulação máxima é apresentada na
Tabela 19 onde se destaca que: o percentual de Cirurgiões-Dentistas que teriam como
motivo a idade foi menos elevado entre os que tinham Mestrado/doutorado enquanto
que o fator biológico teve maior percentual entre os que tinham Mestrado/doutorado,
entretanto não se comprova associação significante entre a titulação e o motivo da
escolha (p > 0,05).
Tabela 19 Avaliação do motivo da escolha segundo da titulação máxima do
Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006.
Titulação máxima
Motivo
Graduação Aperfeiçoamento Especialização Mestrado/
doutorado
Grupo total Valor de p
n % n % n % n % n %
Fisionomia 35 36,8 27 30,3 26 28,0 7 36,8 95 32,1 p
(1)
= 0,3397
Idade 44 46,3 46 51,7 47 50,5 6 31,6 143 48,3
Fator
biológico
15 15,8 12 13,5 16 17,2 6 31,6 49 16,6
Gênero 1 1,0 2 2,3 4 4,3 - - 7 2,4
Necessidade
de trabalhar
- - 2 2,3 - - - - 2 0,7
TOTAL 95 100,0 89 100,0 93 100,0 19 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
89
Da Tabela 20 observa-se que as maiores diferenças percentuais
ocorreram para os motivos, idade e fisionomia, sendo que para o motivo idade, o maior
percentual ocorreu entre os que gastavam de 1 a 20 minutos e para fisionomia o
menor percentual correspondeu a referida faixa de tempo, diferenças estas que
indicam associação significante entre tempo de atendimento e motivo da escolha (p <
0,05).
Tabela 20 Avaliação do motivo da escolha segundo o tempo de atendimento (em
min) do Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Tempo de atendimento (em min)
Motivo
1 a 20 21 a 40 41 ou mais Grupo total Valor de p
n % n % n % n %
Fisionomia 16 23,2 55 34,4 24 35,8 95 32,1 p
(1)
= 0,0069*
Idade 42 60,9 74 46,3 27 40,3 143 48,3
Fator biológico 11 15,9 24 15,0 14 20,9 49 16,6
Gênero - - 7 4,4 - - 7 2,4
Necessidade de trabalhar - - - - 2 3,0 2 0,7
TOTAL 69 100,0
160 100,0 67 100,0 296 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5.0%.
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
No estudo da renda e o motivo da escolha é possível observar que a
maior diferença percentual ocorreu para o motivo idade entre as faixas de renda de 1 a
4 salários mínimos e mais de 12 salários mínimos (56,7% x 43,9%), entretanto não se
comprova associação significante a 5,0% (p > 0,05) conforme resultados apresentados
na Tabela 21.
90
Tabela 21 Avaliação do motivo da escolha segundo a renda mensal (em salário
mínimo) do Cirurgião-Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Renda mensal (em salário mínimo)
Motivo
1 a 4 Mais de 4 a 8 Mais de 8 a 12 Mais de 12 Grupo total Valor de p
n % n % n % n % n %
Fisionomia 8 26,7 28 34,6 30 31,9 28 34,2 94 32,8 p
(1)
= 0,1573
Idade 17 56,7 37 45,7 49 52,1 36 43,9 139 48,4
Fator
biológico
5 16,7 11 13,6 11 11,7 18 21,9 45 15,7
Gênero - - 3 3,7 4 4,3 - - 7 2,4
Necessidade
de trabalhar
- - 2 2,5 - - - - 2 0,7
TOTAL 30 100,0 81 100,0 94 100,0 82 100,0 287 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
Em relação ao local de trabalho, tabela 22, a maior diferença percentual
ocorreu para o motivo idade com o maior percentual entre os dentistas que
trabalhavam no serviço público e o menor entre os que trabalhavam em local público e
privado (55,6% x 44,0%) e não se comprova associação significante entre local de
trabalho o motivo para a escolha do paciente (p > 0,05).
Tabela 22 Avaliação do motivo da escolha segundo o local de trabalho do Cirurgião-
Dentista, João Pessoa - PB, Brasil, 2006
Local de trabalho
Motivo Serviço público Serviço privado Ambos Grupo total Valor de p
n % n % n % n %
Fisionomia 21 29,2 40 32,3 34 34,0 95 32,1 p
(1)
= 0,5571
Idade 40 55,6 59 47,6 44 44,0 143 48,3
Fator biológico 10 13,9 19 15,3 20 20,0 49 16,6
Gênero 1 1,4 4 3,2 2 2,0 7 2,4
Necessidade de trabalhar - - 2 1,6 - - 2 0,7
TOTAL 72 100,0 124 100,0 100 100,0 296 100,0
(1) – Através do teste Razão de Verossimilhança.
91
6 DISCUSSÃO
Diante das condições sócio-econômicas do país, a escassez de recursos
é uma realidade constante no dia a dia, o que torna a renda per capita da população
muito abaixo do necessário. Tem-se que refletir sobre o pensamento e a oferta de
serviços em saúde pública no país, ainda mais em tempos em que ética e economia
passaram a ser consideradas adversárias. Considerando o direito à saúde como um
dos principais valores do paradigma bioético, colocar em prática qualquer valor exige a
adoção de outros princípios que possibilitem o seu direcionamento.
Os movimentos sociais que lutam contra a discriminação racial e de
gênero foram os principais precursores da luta pela eqüidade no corpo social.
Infelizmente, o princípio caiu em certo desuso, até mesmo como conseqüência dos
abusos na utilização indevida que sofreu. Ultimamente vem sendo reanimado pelas
discussões em saúde, e a eqüidade passa a significar a disposição de reconhecer
igualmente o direito de cada um a partir de suas diferenças. Na Constituição Federal, o
acesso à saúde passa a ser direito de todos os cidadãos brasileiros e um dever do
Estado, através do acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.
Todo o procedimento ético implica escolhas, que por sua vez, exigem
seleções de parcelas da humanidade a serem beneficiadas ou não. Não estamos aqui
negando que, apesar de ser difícil, essa é uma tarefa que deve continuar sendo feita.
Enquanto houver escassez de recursos, a reflexão ética nos obriga a escolher e a
procurar, entre as várias soluções possíveis, aquelas que correspondem não a
92
critérios de eficiência e de eficácia, ao equilíbrio entre custos e benefícios, mas
sobretudo a exigências de prioridade e de eqüidade .
Uma das maiores dificuldades, em pesquisas de campo, é a coleta de
dados, a qual, sendo uma tarefa cansativa e tomando mais tempo do que se espera,
exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal. Neste trabalho, havia
a necessidade de o pesquisador entrar em contato com os Cirurgiões-Dentistas, para
explicar o preenchimento do questionário e a assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido que, muitas vezes, os profissionais, alegavam falta de tempo para
responder ao questionário; outras vezes, alegavam estar ocupados e ainda com
pressa de atender seus pacientes, e não dispondo de tempo para a pesquisa.
Renner, Goldin e Prati (2002), avaliando os tipos de dilemas éticos
presentes na pratica dos fisioterapeutas, observaram que 25,0% trataram do
insuficiente envolvimento dos profissionais em participar das pesquisas ou ainda de
respondê-las.
O Conselho Federal de Odontologia – CFO evidencia que, no País,
45,3% dos Cirurgiões-Dentistas são do sexo masculino, e a maioria (54,7%) é do sexo
feminino. O Nordeste acompanha essa tendência de predomínio do sexo feminino. O
Estado que apresenta maior concentração de Cirurgiões-Dentistas do sexo feminino é
a Paraíba, com um percentual chegando a 68,32% (CFO, 2006; CFO, 2003). em
Santa Catarina, a situação é oposta: 54,71% dos profissionais são do sexo masculino,
e 45,28%, do feminino, conforme dados do CFO (CFO-2006).
uma predominância do sexo feminino ao longo da graduação,
correspondente a 59%, confirmando o aumento da demanda feminina em Odontologia,
seguindo a tendência de outros cursos, como Enfermagem e Nutrição. Esta disposição
93
está de acordo com outros estudos da literatura a partir de meados da década de 70
(NAKAYAMA e FREITAS, 1995; FREIRE et al., 1995; MORAIS, 1989; LEWING, 1977).
Contudo, Costa, Stegun e Todescan (1992) afirmavam que o número
de Cirurgiãs-Dentistas vinha aumentando rapidamente desde a década de 70, o que,
com certeza, implicaria mudanças profundas na profissão. Esse aumento de
profissionais do gênero feminino foi constatado nos trabalhos de Marcelino, (2000) e
Carvalho e Carvalho (1997).
A situação é inversa na categoria médica, que é predominantemente
masculina (67,3%), conforme a pesquisa do perfil dos médicos do Brasil (MACHADO
et al., 1996).
Em relação ao sexo dos pesquisados, a maioria (60,4%) da amostra foi
composta por pessoas do sexo feminino, enquanto que, no trabalho de Cabral, Caldas
e Cabral (2005) 68% eram do sexo feminino, e 32%, do masculino. Situação inversa
encontrada no estudo de Rago, (2004) em que entrevistaram alunos de graduação, em
Odontologia. Em tal amostra foi composta 43,9% dos entrevistados era do sexo
feminino, e 56,1%, do masculino.
Em relação à cor, os entrevistados declararam-se, em sua maioria, de cor
branca (68,2%), seguida de 26,3% pardos, e os negros representaram 4,5% do total
da amostra; os mesmo resultados foram encontrados no trabalho de Rago (2004):
65,8% dos entrevistados declararam-se brancos; 24,4%, pardos, 4,87%, amarelos e
4,87%, negros. Já na pesquisa de Cabral, Caldas e Cabral, (2005) houve duas
respostas: declararam a raça apenas como brancos 68,4% e pardos 31,6%. Ninguém
respondeu ser amarelo, nem indígena, nem negro, mesmo havendo estas opções de
resposta no questionário.
94
Bastos, Aquilante e Almeida (2003) analisando o perfil de 98 Cirurgiões-
Dentistas, concluíram que 66,3% fizeram, ou faziam, pós-graduação, e que 33.7%
possuíam a graduação. Dados semelhantes foram encontrados por Cabral, Caldas e
Cabral (2005), ao entrevistarem 297 Cirurgiões-Dentistas, dentre os quais 35%
possuíam a graduação, enquanto a maioria (65%) realizou alguma pós-graduação. Os
resultados do presente estudo também se assemelharam aos anteriormente citados,
pois 31,8% dos Cirurgiões-Dentistas da amostra possuíam apenas graduação,
enquanto 68,2% já realizaram algum tipo de pós-graduação, estando em conformidade
com a pesquisa do CFO (2003) sobre o perfil do Cirurgião-Dentista brasileiro, em que
um total de 57,3% já cursou pós-graduação. Situação inversa foi encontrada no estudo
do Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina - CRO-SC (2002) - com 605
Cirurgiões-Dentistas, em que 69% declararam apenas à graduação e 31% a pós-
graduação.
Em setembro de 2001 o CFO realizou a II Assembléia Nacional das
Especialidades Odontológicas, que aumento o numero de especialidades
reconhecidas de 14 para 19, esse fato pode ser considerado como o causador do
aumento do numero de profissionais especialistas, como também ao aumento da
oferta destes cursos. Segundo dados do site do CFO, em abril de 2006, contavam-se
em torno de 888 cursos em andamento entre reconhecidos e credenciados.
Em relação ao local de atuação clínica, Bastos, Aquilante e Almeida
(2003) encontraram o perfil predominante do profissional: aquele que trabalha no
consultório particular (64,0%) e na rede pública (12,2%). As áreas em que estes
Cirurgiões-Dentistas mais atuavam eram: Dentística (59,2%), Cirurgia (50,0%), Prótese
(39,8%), Periodontia (32,7%) e Odontopediatria (31,6%), em concordância com
95
Marcelino (2000), que, na análise do perfil profissional, relatou a predominância de
Cirurgiões-Dentistas trabalhando no consultório particular (66,3%), sendo Dentística,
Cirurgia, Prótese, Periodontia e Odontopediatria são as áreas de maior atuação. No
estudo do CRO-SC, 63 % atuavam no consultório privado, 11%, no setor público; e
24%, em ambos. Os resultados deste estudo acompanharam os anteriores, quando
indagados sobre o local de trabalho, contudo em menores proporções; o maior
percentual (41,9%) correspondeu aos que trabalhavam em serviço particular, seguido
dos que trabalhavam em ambos os serviços, público (24%) e particular (34,1%). Estes
dados corroboram com os do CFO (2003) segundo os quais apenas 26,2% dos
entrevistados revelaram ter emprego público, e 51,5% mostraram o desejo de, um dia,
trabalhar no PSF/SUS. Uma provável explicação para esse fato é a inserção do
profissional no PSF a qual ocorreu a partir de 2001 e abriu o mercado de trabalho para
o serviço público, sugerindo também uma fonte de renda estável. A área de atuação
predominante nos autores supracitados foi a Clínica Geral, referenciada por 63,6% dos
profissionais, seguido de Dentística (37,7%), Prótese (24,4%) e Endodontia (19,8%).
É consenso que a Declaração Universal dos Direitos do Homem redigida
em 1948, constituiu-se no início da nova visão mundial sobre o direito de se ter
oportunidades, propondo como ideal comum, a ser atingido por todos os povos e todas
as nações, que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, se esforce para promover
o respeito aos direitos e liberdades do cidadão. Dentre eles o direito de trabalhar e
viver sem ser alvo de humilhações, violência, agressões, desrespeito, perseguições e
discriminação. De para cá, verifica-se uma procura pela justiça social, colocando a
sociedade frente aos fenômenos do preconceito, discriminação, intolerância e
xenofobia.
96
Preconceito é um conceito ou opinião formado antecipadamente, sem
maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida. Julgamento ou
opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; a Discriminação
significa "fazer uma distinção". Existem diversos significados para a palavra, o
significado mais comum, no entanto, tem a ver com a discriminação sociológica: a
discriminação social, racial, religiosa, sexual e étnica. Uma discriminação que violenta
jovem e adultos em sua humanidade e cidadania é a que se relaciona ao racismo. o
racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pre concebidas onde
a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, que
alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua etnia (CARVALHO,
2000).
Childress, (1988a) e Young, (1980) consideram que deva haver critérios
estabelecidos para a seleção de pacientes. No uso de critérios na seleção de pessoas
necessitadas e concorrentes a limitados recursos de saúde, encontramos autores que
apontam os critérios: clínicos, que são: o estado de saúde do paciente, a
randomização, a triagem, (NETO, 1998; NEWMAN; 1998, KILNER, 1995; BUCHANAN,
1989; STAUDNMAYER E LEFKOWITZ, 1981). Outros autores consideram os critérios
éticos: a necessidade, o merecimento, a afetividade, a equidade, (TAQUETTE et al.,
2005; FORTES, 2000; FALEIROS, 1997; GOLDIN, 1997; ELSTER e HERPIN, 1994 e
STARFIELD, 2001) e ainda existem autores que consideram os critérios não médicos
que são as características do paciente, as características do profissional: e as
características do local de trabalho (MACKINLAY, POTTER e FELDMAN 1996;
CHILDRESS, 1988b; FORTES, 2002 e FALEIROS, 1997). Dentre os critérios não
médicos encontramos os critérios sociais
e demográficos.
97
Existem entre os bioeticistas e as associações de profissionais de saúde,
posições divergentes, voltadas para a defesa ou para a recusa de validade ética dos
critérios sociais. Os defensores da validade do uso destes alegam que, por vezes, é
melhor utilizá-los do que não usar nem um critério, ou deixar que as decisões sejam
aleatórias (Fortes, 2002; Starfield, 2001; Faleiros, 1997; Mackinlay, Potter e Feldman,
1996 e Young, 1980). os que divergem desse pensamento julgam os critérios
sociais como "moralmente arbitrários", pois conduziriam, muitas vezes, ao
aprofundamento das desigualdades trazidas pelas loterias biológica e social,
discriminando indivíduos ou grupos minoritários, reforçando o sexismo, o racismo e
outras condenáveis atitudes e práticas sociais (Elster e Herpin,1994). A solução mais
justa seria a implementação de comissões de bioética as quais pudessem avaliar
esses dilemas envolvendo a escolha de pacientes (Goldin e Francisconi, 1995).
Sugerimos que esses temas sejam mais discutidos durante eventos
científicos ou ainda no serviço público de saúde durante a programação de
planejamento das atividades das UBS. A fim de evitar situações onde os critérios não
sejam claros e os pacientes se sintam excluídos.
A reflexão bioética sobre micro alocação de recursos diferencia-se
conforme as condições econômicas e sociais dos diferentes países (MARINER, 1995).
Em nações com sistemas de saúde mais estruturados, onde o acesso a serviços não
apresenta os mesmos problemas, os resultados dos estudos são diferentes dos
encontrados no Brasil .
Na literatura relacionada com a odontologia, foi pouco encontrado o
utilização de um cenário de caso envolvendo dilemas sobre a alocação em situações
de escassez de recursos.
98
Na prática, o CEO, resguarda o paciente da discriminação de qualquer
forma ou sob qualquer pretexto, assim como o fato de deixar de atender o paciente
que procure cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro
Cirurgião-Dentista em condições de fazê-lo é considerada infração ética. Porém na
realidade não conhecimento de nenhum profissional que tenha sito punido
eticamente por esses tipo de infração ao código de ética.
É tida a relação dos critérios sociais empregados na escolha de
pacientes em situações de recursos escassos de saúde, em especial sexo, idade e
raça.
Quando perguntados sobre a escolha de qual paciente seria atendido, a
maioria (70,5%) dos profissionais, nesta pesquisa, escolheu o candidato homem, da
faixa etária mais elevada. Este paciente não é considerado idoso, visto que, segundo a
Lei 10.741 (Brasil, 2003), são considerados idosos as pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos. Em segundo lugar, foi escolhida a paciente mulher da faixa etária
dos 30 anos, negros. A diferença entre o primeiro escolhido e o segundo superou em
quase 6 vezes. Esse resultado surpreendeu, visto que a hipótese deste trabalho era
que os pacientes, tanto do sexo masculino como do sexo feminino, negros não seriam
atendidos. O paciente homem, faixa etária dos 30 anos, negro, teve percentual de
2,6%, acima do paciente homem, branco, faixa etária 30 anos, que teve apenas 1,0%.
Os motivos de escolha mais freqüentes foram: idade (46,4%), fisionomia (30,8%) e
fator biológico (15,9%). Em relação ao fator biológico foram incluídos nessa categoria
os fatores locais e fatores sistêmicos. Os fatores gênero e necessidade de trabalhar
tiveram percentuais de, no máximo, 2,3%, e 3,9% afirmaram que, numa situação
99
dessas, não atenderiam ninguém, mandariam que os pacientes fossem para casa e
voltassem depois.
Segundo o trabalho de Rago (2004) na seleção com os 06 pacientes, a
escolha mais freqüente, recaiu no homem de 50 anos, com 68,2% das escolhas,
seguido da mulher negra, com 14,6%, e da mulher branca, com 12,2%, do homem
branco de 30 anos com 2,5%, do homem de 20 anos com 2,5%, e o homem negro não
foi selecionado, o autor relata discriminação e preconceito por parte dos entrevistados
em relação ao homem negro.
Um estudo realizado por Nord (1993), na Austrália, o qual tentou avaliar
quais seriam as escolhas e justificativas da população numa situação de escolha entre
um recém-nascido e uma criança na fase escolar para receber um transplante,
mostrou que mais da metade dos pesquisados (52%) negava-se a escolher, pois não
consideravam a diferença de idades como válida para sua tomada de decisão.
Contrariamente no Brasil, os estudos de Fortes (2000), Fortes (2002) e
Fortes, Zoboli e Spinetti (2001) mostraram que quando que havia uma situação de
escolha, o percentual de não respondentes não foi alto.
Quando se analisou a relação entre a escolha do paciente para
atendimento segundo as variáveis: sexo, faixa etária, raça, situação conjugal, tempo
de formado, titulação máxima, faixa de renda mensal e local de trabalho, não se
comprovou associação significante com a escolha do paciente. houve
correspondência significativa quando foi considerada a relação entre o tempo médio de
atendimento e escolha do paciente (p < 0,05).
Quando analisamos os motivos da escolha segundo tais variáveis: sexo,
raça, situação conjugal, tempo de formado, titulação máxima e tempo médio de
100
atendimento, faixa de renda mensal e local de trabalho, não se encontrou associação
significativa entre as variáveis acima e o motivo da escolha.
Ao relacionar o percentual dos que escolheriam o paciente pelo motivo
da idade, este foi mais elevado entre os Cirurgiões-Dentistas com idade entre 31 a 40
anos do que na faixa etária de 41 anos ou mais (57,0% x 42,6%), indicando
associação do significante (p < 0,05).
Fortes (2002) encontrou orientações defendendo os mais “fracos e
vulneráveis”, vistos como “os mais desafortunados” por Rawls (1997), tais como:
crianças, mulheres, idosos, pessoas com condições econômicas desfavoráveis, bem
como posições utilitaristas optando pelo potencial e expectativa de vida e pela
responsabilidade social maximizadora no evitar a dor a um número maior de
envolvidos com a decisão tomada (mulher casada, mulher com maior número de
filhos).
Na situação de recursos escassos em saúde, deve ser considerada
inicialmente a ética de cada indivíduo e ainda o princípio da eqüidade, que implica na
ausência de diferenças nos serviços de saúde e que estejam presentes onde estão as
maiores necessidades da população.
No trabalho de Fortes, Zoboli
e Spinetti (2001) e Fortes (2002)
confrontando uma situação referente a um acidente de carro, em que as vítimas eram
um homem e uma mulher, verificou-se que a prioridade foi dada à mulher. Essa
pesquisa teve uma parte qualitativa e os pesquisados responderam uma suposta
"fragilidade" da mulher, vista como sendo a "menos afortunada": "O homem é mais
resistente"; "A mulher é mais frágil mais debilitada, o homem é mais duro e agüenta
mais e a mulher é mais fraca, esse tipo de conceito ainda é muito prevalente nas
101
nossas respostas em que as mulheres foram escolhidas, encontramos respostas
semelhantes”.
Ressalta-se ainda, na pesquisa de Fortes (2002) que os resultados
demonstraram uma expressiva opção pelas pessoas que se encontram em situação de
“maior desfavorecimento”, em detrimento de situação que pudessem levar a um maior
custo/benefício social. Alguns autores (Busschbach et al. (1993) Caplan, (1989)
consideram que deva ser observado que receberão o benefício pelo mais longo
período. Nesses casos, o critério de idade poderia ser usado como medida para definir
quem receberia tratamento, pois a escolha de pacientes mais jovens tenderia a
produzir maiores benefícios.
Nas pesquisas de Giles et al (1995) Giacomini (1996) de Seils, Friedman
e Schulman (2001) comparando à realização de procedimentos cardíacos invasivos
em quatro grupos: homens brancos, mulheres brancas, homens negros e mulheres
negrasdescendentes. Os autores concluíram que foram realizados mais procedimentos
nos homens brancos, as mulheres e as minorias recebem menos procedimentos
cardíacos invasivos do que os homens.
Segundo Giles et al (1995) e Giacomini (1996) esse fato poderia ter
ocorrido devido a diferenças na severidade das doenças e não na escolha dos
pacientes. na pesquisa de Seils, Friedman e Schulman (2001) ressalta que as
mulheres procuram os serviços de saúde mais cedo do que os homens portanto seus
problemas cardíacos são menores. Esse é um fato pode ocorrer aqui no Brasil uma
vez que as Unidades Básicas de Saúde – UBS, atendem em horário comercial, 8:00 às
12:00 horas e das 14:00 às 18:00 horas, é nesse horário os homens estão
trabalhando, ficando sem assistência a saúde, não existe horário específico para
102
atender a faixa etária economicamente ativa. Neste estudo o cenário de caso relatado
é uma situação bastante comum nas UBS. As pessoas passam o dia trabalhando e só
procuram o atendimento no final de expediente evitando perder o dia de trabalho.
O Estatuto do Idoso, (Lei 10.704 de 2003), no seu artigo , parágrafo
único, a garantia de prioridade e atendimento preferencial imediato e
individualizado, junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à
população, às pessoas acima dos 60 anos. O paciente escolhido nesta pesquisa, de
maior idade não se encaixava na faixa etária considerada idosa, mesmo assim, foi o
mais atendido e, segundo relatam alguns respondentes, por ser o de maior idade ou
ainda pela presença de cabelos brancos comuns às pessoas da idade associando
cabelos brancos a pessoas idosas.
No estudo de Rago (2004), que abordou o caso de morbidade de um
órgão dentário, o paciente com mais de 50 anos foi selecionado para receber
atendimento, com 68,3% das escolhas dos acadêmicos do último ano do curso de
Odontologia. Ilustrando este resultado, o autor faz algumas citações das respostas
encontradas: “Mais idade, necessidade de atendimento mais evidente devido à
senilidade”; Paciente mais idoso é impaciente”; “O idoso necessita de um tempo de
espera bem menor”; “Pacientes idosos, ou com mais idade, se torna mais urgente o
procedimento”. Nesse trabalho também encontramos respostas semelhantes, “os
idosos não tem paciência, os idosos sofreram muito na vida, merecem prioridades”.
No cenário de caso utilizado, que não envolve risco de vida, entende-se
que a prioridade foi dada ao suposto paciente de mais idade, visto que foi divulgado,
com o Estatuto do Idoso que as pessoas mais velhas merecem prioridade de
atendimento, Apesar de já ter sido relatado que paciente não tinha, ainda, 60 anos.
103
No Brasil, os critérios sociais, entre eles o da raça, acabam sendo uns
fatores de exclusão social. Existem diferenças étnicas relacionadas entre brancos e
negros, e é de fundamental importância não para a promoção da saúde do negro,
mas para a melhoria da qualidade de saúde da população brasileira, que tais
distinções deixem de existir.
A população negra esta concentrada principalmente nas regiões mais
pobres do País e é um indicativo que a mesma encontra-se mais vulnerável no que diz
respeito às condições de vida e ao acesso a serviços básicos, alguns indicadores
revelam que a população negra vivencia condições mais precárias (IBGE, 2000).
Mais de um século depois da abolição da escravidão, o trabalho braçal
continua sendo reservado para os afro-descedentes. Mesmo com o rápido crescimento
econômico ocorrido nas últimas décadas não parece ter contribuído para diminuir de
maneira significativa o abismo existente entre os étnicos presentes na população
brasileira.
Burns et al. (1996) estudaram dois grupos de pacientes do sexo feminino
com mais de 65 anos, os quais tiveram câncer de mama, e encontrou uma diminuição
de cinco anos na taxa de sobrevida das mulheres negras em comparação com
mulheres brancas, possivelmente por causa de indicação menos freqüente da
mamografia.
Ford et al. (1989) examinaram as diferenças de procedimentos no
diagnóstico e no tratamento de doença coronariana entre brancos e negros.
Observaram que 77 % dos brancos foram submetidos à arteriografia, e menos de 35%
de pacientes negros também foram. Quando observaram a cirurgia de ponte de
safena, verificaram que os negros tiveram apenas um terço da freqüência dos brancos.
104
A mesma situação da menor taxa de procedimento também foi encontrado nos
estudos de Gittelsohn, Halpern e Sanchez (1991), Giles et al. (1995), e Schulman et
al. (1999).
Kahn et al. (1994); O’Malley, Earp e Harris (1997); Cooper-Patrick (1999)
sugeriram que os médicos podem incorporar, não intencionalmente, estereótipos
raciais ou estimar o comportamento do paciente e a capacidade de o mesmo pagar por
um tratamento caro e ainda o desejo do paciente por tal terapêutica.
Essas concepções antecipadas dos profissionais a respeito do
comportamento e da atitude dos pacientes foram confirmadas por Ryn e Burke (2000),
no sentido em que esses autores verificaram, através de entrevistas, que os médicos
classificaram pacientes negros, após uma consulta, como mais sujeitos a
comportamentos de risco e menos colaboradores, independentemente da condição
sócio-econômica do paciente.
Segundo Tickle, Milson e Blinkhorn (2002), os Cirurgiões-Dentistas
também podem ter idéias preestabelecidas a respeito dos pacientes e, desse modo,
suas concepções de como esses pacientes devem ser tratados. Na análise da
pesquisa aqui apresentada, foi possível diagnosticar, através dos questionários,
influências raciais, como se pode observar nos seguintes comentários: ”Porque não
gosto de discriminar a cor nem de ser acusado disto”; “O homem negro tem maior
conservação devido aos cristais de esmalte ser mais resistentes, assim como a mulher
negra”; “Os pacientes negros aparentemente apresentam uma menor condição
financeira”.
É de suma importância a definição dos princípios éticos da sociedade e
que tenhamos a saúde com melhores condições de acesso e a efetivação dos
105
princípios de universalidade, integralidade e equidade. Num caso em que nos
vivenciássemos essa situação indesejável de termos que escolher um único paciente
para o atendimento odontológico teria que estar preparados para essas situações
dilema, na medida em que não pode haver discriminação de pessoas em virtude de
raça, sexo, idade ou condição sócio-econômica.
106
7 CONCLUSÕES
De acordo com os objetivos propostos, a metodologia empregada e os
resultados alcançados, este estudo apresentou as seguintes conclusões apresentadas
a seguir.
Não houve influência significativa das características sociais e
demográficas dos Cirurgiões-Dentistas do Município de João Pessoa PB sobre a
seleção de pacientes nem sobre o motivo da escolha na situação que foi apresentada
através do cenário de caso envolvendo recursos escassos em saúde. O paciente mais
escolhido foi o homem da faixa etária de 50 anos e a mulher negra foi a segunda mais
selecionada, comprovando a hipótese de trabalho segundo a qual os pacientes negros
seriam menos escolhidos. Os motivos mais freqüentes de seleção foram: idade,
fisionomia e fatores biológicos. Ainda houve um percentual de profissionais afirmando
que não atenderiam ninguém.
107
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121
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
CURSO DE DOUTORADO EM SAÚDE COLETIVA
TERMO DE DOAÇÃO DE IMAGEM - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa: Critérios sociais na seleção de pacientes em serviços de odontologia: um dilema bioético
APÊNDICE - A
Responsável: Prof. Dr. Sérgio d’ Ávila (pesquisador)
A pesquisa objetiva a decisão de tratamento por parte dos alunos do último ano do curso de
odontologia da Universidade Estadual da Paraíba e dos Cirurgiões-Dentistas do Município de João
pessoa. Será apresentado um caso clínico onde os participantes darão sua opinião na escolha de um
paciente para um tratamento odontológico. A pesquisa de tomada de decisão não trará quaisquer ônus,
prejuízos ou riscos em potencial para modelos das fotografias.
A coleta de dados será realizada por meio de questionário individualizado, contendo dados de
identificação e questões relativas a situações que possam ocorrer em serviços de emergência
odontológica. As situações se referirão à existência de seis pacientes com os mesmo problemas
odontológicos e necessitando de atendimento em uma clínica de odontologia. Todos necessitam de
atendimento, sendo que apenas um poderá ser atendido. Será requerido aos entrevistados que
escolham qual destas pessoas deveria ser atendida.
Os dados coletados por esta pesquisa serão agrupados em instrumentos estatísticos como
gráficos, tabelas e quadros, que poderão ser utilizados em reuniões científicas e ser publicados em
revistas ou quaisquer outros meios científicos, inclusive com a utilização de fotos para ilustração, mas
sempre com a omissão da identidade do propósito por ocasião da publicação dos resultados.
O documento será guardado pelos pesquisadores responsáveis e em nenhum momento, será permitido
o conhecimento por outras pessoas.
Ciente do exposto, sei que tenho o direito de não participar ou desistir a qualquer momento do
ensaio fotográfico como também o direito de escolher a melhor fotografia que ira ser utilizada.
Em vista dos esclarecimentos acima, declaro de livre e espontânea vontade o meu
consentimento em participar da posar para as fotografias e que as minhas imagens possam ser
utilizadas.
modelo Número de identidade
Qualquer esclarecimento entrar em contato com o pesquisador Sérgio d’ Ávila por fone 83.9982-2618 ao
através de e-mail [email protected]om
122
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
CURSO DE DOUTORADO EM SAÚDE COLETIVA
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – APÊNDICE - B
Pesquisa: Critérios sociais na seleção de pacientes em serviços de odontologia: um dilema bioético
Equipe responsável:
Prof. Sérgio d’ Ávila (pesquisador da UEPB)
Prof. Dr. Arnaldo de França Caldas Jr. (pesquisador da UPE/FOP)
A pesquisa objetiva a escolha de pacientes por parte dos profissionais Cirurgiões-dentista do
Município de João Pessoa. Será apresentado um cenário de caso onde os profissionais escolherão um
paciente para um tratamento odontológico. A pesquisa de tomada de decisão não trará quaisquer ônus,
prejuízos ou riscos em potencial para os respondentes.
A coleta de dados será realizada por meio de questionário individualizado, contendo dados de
identificação do Cirurgião-Dentista e questões relativas a uma situação hipotética que possa ocorrer em
serviços de atendimento odontológico. As situações se referirão à existência de seis pacientes com o
mesmo problema odontológicos e necessitando de atendimento em uma clínica de odontologia. Todos
necessitam de atendimento, sendo que apenas um pode ser atendido. Será requerido aos
entrevistados que escolham quais destas pessoas deveria ser atendida.
Os dados coletados por esta pesquisa serão agrupados em instrumentos estatísticos como
gráficos, tabelas e quadros, que poderão ser utilizados em reuniões científicas e ser publicados em
forma de artigos em revistas ou quaisquer outros meios científicos, inclusive com a utilização de fotos
para ilustração, mas sempre com a omissão da identidade do respondente por ocasião da publicação
dos resultados.
O documento será guardado pelos pesquisadores responsáveis e em nenhum momento, será permitido
o conhecimento por outras pessoas.
Ciente do exposto sei que tenho o direito de não participar ou desistir a qualquer momento na
pesquisa. Em vista dos esclarecimentos acima, declaro de livre e espontânea vontade o meu
consentimento em participar da pesquisa.
888.209-SSP-PB
PESQUISADOR Número de identidade
Qualquer esclarecimento entrar em contato com o pesquisador Sérgio d’Ávila por fone 83.9982-2618 ao
através de e-mail [email protected]om
123
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO
CURSO DE DOUTORADO EM SAÚDE COLETIVA
Termo de Consentimento Pós-informado
Pesquisa: Critérios sociais na seleção de pacientes em serviços de odontologia: um dilema bioético
APÊNDICE - C
Eu, _________________________ ________________ _ ___ RG nº. ______ _, li
a descrição do estudo e, não havendo qualquer dúvida concordo em participar do mesmo. Confirmo que
recebi cópia do termo de esclarecimento para participação da pesquisa. Compreendo que minha
participação é voluntária e que posso desistir de continuar o estudo. Autorizo a liberação dos dados
obtidos para apresentação em eventos científicos e publicações, desde que minha identidade seja
protegida.
João Pessoa ____ de ____________________ de 2005
_________________________________________ _
Assinatura
124
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO CURSO DE DOUTORADO EM SAÚDE COLETIVA
Questionário de Pesquisa – APÊNDICE - D
1. Idade: ______
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Raça: ( ) branco ( ) negro ( ) pardo ( ) amarelo
4. Situação conjugal:
( ) Solteiro(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo (a)
( ) Casado(a) ( ) União estável
5. Tempo de Formado (em anos): ______
6. Titulação Máxima:
( ) Graduação ( ) Aperfeiçoamento ( ) Especialização
( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós-doutorado
7. Local de Trabalho do Cirurgião-Dentista
( ) Serviço público
( ) Serviço Privado
( ) Serviço público + Serviço Privado
8. Tempo médio utilizado para cada paciente (min): _________
9 . Área de atuação clínica:
( ) Clínica Geral ( ) Dentística ( ) Endodontia ( ) Prótese
( ) Cirurgia ( ) Implantodontia ( ) Periodontia ( ) Odontopediatria
( ) Ortodontia/Ortopedia ( ) outra ______________________
10. Renda mensal
( ) de 01 A 04 salários mínimos
( ) Mais de 04 salários a 08 salários mínimos
( ) Mais de 08 salários a 12 salários mínimos
( ) acima de 12 salários mínimos
125
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO
CURSO DE DOUTORADO EM SAÚDE COLETIVA
Cenário do caso:
Clinica de odontologia, dia da semana sexta feira, horário de funcionamento da clínica 14 às 18
horas. No momento são 17:45 horas
Situação: 06 pacientes se encontram para serem atendidos, todos os pacientes apresentados não têm
condições de pagar tratamento odontológico em clínicas privadas, todos apresentam sintomatologia
sugerindo uma pulpite, mas apenas uma vaga devido aos recursos escassos em saúde, e um único
jogo de instrumental clínico esterilizado.
Quanto ao atendimento dos 06 pacientes mostrados nas fotos:
1 ) Observe as fotografias e escolha um ÚNICO paciente para ser atendido.
RESPOSTA
2) Descreva o fator mais relevante para esta seleção.
126
D259c D’Avila, Sérgio
Critérios sociais na seleção de pacientes em serviços
de Odontologia: um dilema Bioético/ Sérgio D’Avila. –
Camaragibe-PE, 2006.
126 p.:,l
Inclui Bibliografia
Orientador: Arnaldo de França Caldas júnior
Tese (doutorado) Faculdade de Odontologia de
Pernambuco. Universidade de Pernambuco.
1. Odontologia 2. Pacientes seleção 3. Bioética
UFPB CDU: 616.314(043)
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