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UFAM – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INPA – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA TROPICAL E RECURSOS
NATURAIS
Dieta Frugivora de
Tapirus terrestris
e deposição de fezes:
Contribuição para a dispersão de sementes e regeneração de
florestas, Amazônia Central, AM.
ADRIANE A. MORAIS
Dissertação apresentada à Coordenação
do Programa de Pós-Graduação em
Biologia Tropical e Recursos Naturais,
do convênio INPA/UFAM, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas, área de
concentração em Ecologia.
Manaus
2006
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Livros Grátis
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UFAM – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INPA – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA TROPICAL E RECURSOS
NATURAIS
Dieta Frugivora de
Tapirus terrestris
e deposição de fezes:
Contribuição para a dispersão de sementes e regeneração de
florestas, Amazônia Central, AM.
ADRIANE A. MORAIS
Orientador: Dr. Rogério Gribel
Fontes financiadoras:
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Cnpq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico
CT-PETRO: Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural
Dissertação apresentada à Coordenação
do Programa de Pós-Graduação em
Biologia Tropical e Recursos Naturais,
do convênio INPA/UFAM, como parte
dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Ciências Biológicas, área
de concentração em Ecologia
.
Manaus
2006
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Morais, A. A. 2006
Dieta Frugivora de Tapirus terrestris e deposição de fezes: contribuição para
a dispersão de sementes e regeneração de florestas, Amazônia Central, AM.
60p.
Dissertação de Mestrado.
1. Amazônia Central 2. Capoeira 3. Dispersão de Sementes
4. Fezes 5. Frugivoria 6. Regeneração florestal 7. Sementes 8. Tapirus
terrestris.
SINOPSE
Considerando a carência de informações a respeito da história natural das antas
na Amazônia Central, a importância ecoló
g
ica destes animais e a forte pressão
de caça estabelecida sobre a espécie, foi investi
g
ada a composição da dieta
frugivora de Tapirus terrestris durante a estação seca para determinar o
conteúdo das fezes destes animais na área da Reserva de Petróleo da Bacia do
Solimões em Urucu, uma área de Floresta Continua sem interferência de caça.
Dados sobre a deposição de fezes pelas antas na paisa
g
em foram analisados,
com a finalidade de avaliar a contribuição destes animais para a dispersão de
sementes e a regeneração de florestas.
Palavras-chave: Amazônia Central, Capoeira, Dispersão de Sementes, Fezes,
Frugivoria, Regeneração florestal, Sementes, Tapirus terrestris.
Ke
y
words: Central Amazonia, Scrub, Seed Dispersal, Feces, Fru
g
ivor
y
,
Regeneration, Seeds, Tapirus terrestris.
Aos olhos azuis mais lindos e ternos (minha mãe) sempre me transmitiram carinho e permissão para
seguir.
Ao doce contador de histórias (meu pai) dono do maior coração do mundo, sempre a acreditar e a me
incentivar.
A minha querida avó Dona Iracema, por todas as alegrias do passado e do presente...
Um Poema para a Anta
Autora: Adriane A. Morais
Uma lenda conta que quando Deus “criou” o mundo, escolheu alguns bichinhos
de sua preferência para viver em sua imensa fazenda, e os colocou a seu serviço.
O hipopótamo que é gordinho, Deus escolheu para moer as uvas de sua fazenda e
produzir o vinho dele de cada dia.
O porco foi escolhido para poder comer os restos espalhados feito lixo pelo chão e
“limpar” toda sujeira que pudesse existir em sua fazenda.
O cavalo Deus escolheu pois gostava de sair a cavalgar pela manhã em seus
passeios matinais e admirar a beleza daquele lugar que “acabara de criar”.
O elefante foi escolhido por causa da grande tromba que utilizava para regar as
flores do jardim e as plantações daquele lugar.
A vaca pois lhe fornecia leite todos os dias pro café da manhã e lanche da tarde.
Muito tempo se passou e Deus achou cansativo demais cuidar de tantos bichos
num único lugar, tão atarefados já eram os seus dias...
Deus resolveu por sua vez “criar” um animal que reunisse características de seus
animais preferidos.
Então Deus pegou os pés das vacas e lhes deu dedos, as pernas do hipopótamo, o
corpo do porco, a tromba de elefante, a crina e o rabo do cavalo e montou seu novo
bichinho e a ele deu um rosto...com bochechas fofinhas...e assim nasceu a ANTA !
Agradecimentos
Ao Dr. Rogério Gribel por acreditar neste trabalho e pelo apoio e ensinamentos valiosos
durante a orientação.
Aos Avaliadores Dr. José M. V. Fragoso, Dr. Marco A. Pizo, Dr. Mauro Galetti, Drª
Cecília P. Alves Costa e Dr. José Luis Camargo pelos comentários e sugestões.
Ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pela bolsa de estudos e ao Programa CT-PETRO: Fundo Setorial do
Petróleo e Gás Natural.
Ao INPA: Divisão dos Cursos de Pós-Graduação, Coordenações de Pesquisas em
Ecologia e Botânica.
A PETROBRAS: Pela infra-estrutura e logística fornecidas no apoio durante a minha
estadia na Reserva de Urucu e aos colegas que tive a satisfação de conhecer, e pude
contar com o apoio e disposição que foram imprescindíveis para o bom andamento das
atividades de campo. Com carinho a Drª Maria de Fátima Vieira pelas longas conversas.
A Drª Maria do Rosário Ayres pela oportunidade concedida para desenvolver o trabalho
dentro da Reserva de Urucu e por todo o apoio logístico.
Ao Dr. Niwton Leal pela sugestão da área de estudo, por ceder a Casa de Vegetação para
disposição do material e por todo o apoio durante a dissertação e a Juliana que conhece
muito de plântulas e me ajudou na identificação.
Ao assistente de campo, amigo e companheiro das “caçadas ao ouro” Sr. João Batista dos
Santos, carinhosamente “reapelidado” João da Nova.
Aos Senhores Paulo Apóstolo e José Ramos, pois cederam algumas horas de seus dias
para me ensinar muito sobre a morfologia e anatomia das sementes e plântulas. Graças
aos senhores, este trabalho ganhou muito mais vida! conseguiram fazer com que mais de
100 pontinhos redondinhos, tortuosos, compridos, achatados e etc. se transformassem em
riqueza de informações.
Aos amigos pesquisadores Dadão, Marina, Gonçalo, Durigan, Zé Luis, e Renato Cintra
por toda luz e incentivo.
Ao Ricardo pelos primeiros passos dentro da reserva e ao Marcelo por toda assistência,
respeito e amizade. As secretarias Geize e Beverly por todo apoio sempre que foi
necessário.
A todos os amigos que conviveram na “casa do terror” Sol, Don, Fabricera, Julio,
Calouro, Cleiton, Jorge, Wesley, Luana e JJ...durante estes dois anos enriqueceram não
somente a dissertação, mas os meus conhecimentos e ampliaram minha visão sobre todas
as coisas da vida...no caminho do bem!
A Carlinha Bantel por todo incentivo sempre...
A Dani Boto, pela convivência, os ensinamentos, todos os sons e afinidades, trouxeram
musica e ensinamentos para a vida!
Larissa Mellinger, pelas longas horas de conversas, divagações, idéias e por todo o
samba nas mãos!!
A minha grande amiga e irmã Thaís, pelo companheirismo e cumplicidade sempre...
A Soledad pelo carinho, atenção, paciência, pelos ensinamentos...por toda sua doce
poesia e astral imensurável que sempre foram essenciais para minha vida!
Aos amigos Anselmo, Tiago André e Dani Rossoni pelas horas inacabáveis de
conversas, principalmente pela paciência em ouvir minhas reclamações, lamentos,
angustias e não desistirem nunca de me apresentarem soluções, dicas, estratégias e
conselhos!!!
Aos bons amigos Juju, Ju Leoni, Lucéia, Vini, Manoela, Bogão, Dani Tucuxi, Daniel
Pimpão, Cesário, Fábio, Thaíssa, Will, Léo, Duka, Luiza, Pedro, Renata, Cae. Aline e
Joana (companheiras das horas de triagem...), Fernanda, Alexandre, Diego, Elizangela,
Amanda, Ju Stropp, Débora, Milton, Madruga, Santi, Silvia, Renato, Ricardo, Victor,
Carlinha Flanders, Paulinha Soares, Camilinha, Sejana, Lílian Procópio, pelas idéias,
alegrias, bons papos, cervejas, pelos grandes momentos de Manaus e pela amizade.
Aos amigos colombianos Robin, Maria Clara, Santi, Nataly, Maria Cecília pelos alegres
papos, alegres cervejas, alegres danças...pelo café colombiano, balinhas de chocolate com
grãos de café torrados, arepas, patacones e pela alegre companhia de “ustedes”...
Aos amigos do coração e de sempre, principalmente Aninha Atem, Mateus Biancon,
Thais de Almeida e Cynthia Widmer por permanecerem presentes de alguma forma nos
momentos de tensão e conquistas.
Aos meus queridos amigos João Vitor Campos e Silva (JB), Carol Minorelli, Pedro
Jardim e Guga Teixeira, por transformarem minhas idas a Londrina, em reais retornos
para “casa”.
A todos os meus novos colegas de Presidente Prudente por proporcionarem calma e
diversão no momento mais tenso da dissertação, os momentos são inesquecíveis!
Aos professores da Uel Moacir Medri, Zé Marcelo, Edmilson, Oscar, pela força e pelo
incentivo que fortaleceram a minha vinda pra Amazônia!
Ao Dr. Arnaldo Carneiro agradeço por ter me ensinado e acrescentado muito sobre a
história da Amazônia, enriquecendo meus novos conhecimentos.
Aos colegas Gabi, Rafael e Trupico que sempre acrescentaram idéias, sugestões,
informações e contribuíram para o trabalho.
A Lili pela amizade, por todo material “paper + fezes” e pela grande força sempre!
Ricardo Braga (Saci) pela arte! As fotos ficaram ótimas.
Ao Jorge Costa por disponibilizar e trabalhar no mapa da área.
A Carol Cheida pelas dicas e força enviadas a distância! Bem como por todo material que
me colocou a disposição...e os comentários enriquecedores!
Ao Julio Zaminelli pela riqueza de material que me forneceu durante todo o mestrado e
pelas horas de discussões sobre as dificuldades e relevâncias da dispersão de sementes...
A Dona Maria de Fátima e Sr. Carlinhos do Lingue, meus pais, exemplares!! Agradeço
por tudo, principalmente pela educação e amor incondicional!
Aos meus irmãos Rodolfo e Carlos, por todo amor e carinho irrestrito sempre, pelas
alegrias e por todos os momentos de descontração, respeito e amizade!
A todos os colegas do curso de mestrado!!
Aos amigos de Itaí, à minha família em Itaí, Ourinhos, Sorocaba, Campinas e Paulínia,
pelo incentivo desde sempre!
Aos companheiros da nova casa do jasmins, Sol, Maria Clara, Feliz, Fumaça, Caio e
Julio, por tornarem os últimos dias de redação, muito mais ameno.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS i
LISTA DE TABELAS iii
RESUMO iv
ABSTRACT v
1. INTRODUÇÃO GERAL 1
1.1 Consumo de Frutos e dispersão de sementes 1
1.2 Aspectos gerais sobre Tapirus terrestris (LINNAEUS, 1758). 3
2. ÁREA DE ESTUDO 5
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8
Capitulo I
COMPOSIÇÃO DA DIETA FRUGÍVORA DE Tapirus terrestris DURANTE
A ESTAÇÃO SECA
11
1. INTRODUÇÃO 12
2. MÉTODOS 14
2.1 Delineamento Experimental 14
2.2 Análise dos dados 19
3. RESULTADOS 20
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 25
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30
Capítulo 2
DEPOSIÇÃO DE FEZES POR Tapirus terrestris: CONTRIBUIÇÃO PARA A
DISPERSÃO DE SEMENTES E REGENERAÇÃO DE FLORESTAS.
32
1. INTRODUÇÃO 33
2. MÉTODOS 35
2.1.Delineamento Experimental 35
2.2 Análise dos dados 41
3. RESULTADOS 42
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57
Anexo I – Guia Ilustrativo das sementes encontradas nas fezes de
Tapirus terrestris durante a estação seca
60
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa da localização da área de estudo, na Bacia do Rio Urucu. Fonte:
Acta Amazônica 32 (4): 555-569. 2002 ........................................................................ 6
Figura 2 - Área de Estudo, Base de Extração de Petróleo da Petrobrás/S.A. Bacia
do Rio Urucu. Os pontos seguidos de nomes representam as regiões de coleta de
fezes. Fonte: Laboratório SigLab(INPA)........................................................................7
Figura 3 – Fezes de Tapirus terrestris. ........................................................................ 15
Figura 4 - Bandejas dispostas em bancada na casa de vegetação do CPEC......... 17
Figura 5 – Plântula apresentando caracteres vegetativos para a identificação... 18
Figura 6 – Bandeja contendo fezes disposta na Casa de Vegetação do CPEC.......18
Figura 7 –Número de morfoespécies e o volume das amostras de fezes de Tapirus
terrestris. ...........................................................................................................................21
Figura 8 – Freqüência das famílias de frutos presentes nas fezes de Tapirus
terrestris no período de maio a julho de 2005. ........................................................... 23
Figura 9 – Freqüência das morfoespécies de frutos presentes nas fezes de Tapirus
terrestris no período de maio a julho de 2005. ........................................................... 24
Figura 10 – Fezes de Tapirus terrestris. .........................................................................36
Figura 11 - Bandejas dispostas na casa de vegetação do CPEC. ............................ 38
Figura 12 – Plântula apresentando caracteres vegetativos para a identificação... 39
Figura 13 – Bandeja contendo fezes disposta na Casa de Vegetação do CPEC.....39
Figura 14 – Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas
em ambientes de baixio...................................................................................................45
Figura 15 - Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas
em ambientes Capoeira...................................................................................................46
i
Figura 16 - Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas
em ambientes de Platô.....................................................................................................46
Figura 17 – Numero de morfoespécies de sementes por amostra em cada um dos
ambientes. As barras representam + ou – o erro padrão............................................47
Figura 18 - Ordenação com MDS para dados qualitativos. Os eixos representam a
dissimilaridade em composição de espécies. Os pontos representam as amostras de
fezes e estão classificados pelo ambiente onde foram coletados: Baixio (B),
Capoeira (C) e Platô (P)....................................................................................................48
ii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Lista das espécies vegetais que fizeram parte da dieta de Tapirus
terrestris. ............................................................................................................................. 22
Tabela 2 – Lista de espécies encontradas nas fezes de Tapirus terrestris, Habito da
planta, local mais adequado para ocorrência e local onde foi encontrado nas fezes.
Baixio (B), Capoeira (C), Platô (P), Vertente (V) e Campinarana (Cm). ................... 42
Tabela 3 – Número total de sementes por espécie encontradas nas 113 fezes de
Tapirus terrestris..................................................................................................................43
iii
RESUMO
Tapirus terrestris (anta) é o maior mamífero terrestre neotropical. Classificado como
frugívoro-pastador, possui dieta composta de itens vegetais, sendo que os frutos
correspondem à cerca de 33% de sua alimentação. São capazes de ingerir muitas
espécies de sementes, inclusive as de grande tamanho sem danifica-las
promovendo a dispersão. São animais muito apreciados como fonte de alimento
pelas populações humanas na Amazônia e muito pouco foi estudado sobre a
espécie na Amazônia Central. O objetivo deste trabalho foi determinar a dieta
frugivora das antas na estação seca, período de escassez de frutos na floresta e
analisar a contribuição destes animais para a dispersão de sementes e regeneração
de florestas perturbadas por meio da deposição das fezes. Durante o inicio da
estação seca de 2005, nos meses de maio a julho, foram coletadas 113 amostras de
fezes de antas. Foram encontradas 48 morfoespécies de sementes, destas, 39 foram
identificadas ao menor nível taxonômico possivel. A família que esteve presente
em 100% das amostras foi Melastomataceae devido a espécie Bellucia sp1 ter sido
encontrada em todas as fezes. Em segundo lugar a familia Leg. Mimosoideae
(40%), cujos frutos são do tipo vagem, seguida de Passifloraceae (13%), cujos frutos
são drupas carnosas. Dentre as 113 amostras de fezes de antas contendo sementes,
56 foram encontradas em ambientes de capoeira, 30 em baixio e 27 em ambientes
de Platô, todos com o mesmo esforço amostral. O número de morfoespécies
encontrados em cada ambiente foi de 34, 28 e 23 respectivamente. As antas
utilizaram preferencialmente áreas abertas nos meses de escassez de frutos e
transportaram uma maior variedade de espécies para estas áreas, isso contribui
para regeneração destes ambientes alterados. O número de espécies por amostra
de fezes variou pouco em todos os ambientes, e a analise multivariada mostrou
que não houve padrão de deposição de morfoespécie por ambiente, isso reflete a
grande mobilidade destes animais dentro e fora das florestas.
iv
ABSTRACT
Tapirus terrestris (tapir) is the biggest terrestrial Neotropical mammal. It is
classified as frugivorous – grazer, it feeds on vegetables, and fruits correspond to
33% of its diet. It is capable of ingesting some seeds without harming them;
consequently it promotes its dispersion. Tapirs are appreciated as a feeding source
for the human populations in the Amazon and very little was studied about the
species in the Central Amazon. The aim of this study was to determine the tapir’s
frugivore diet during the dry season, and to analyze, through feces deposition, the
contribution of these animals to the dispersion of seeds and regeneration of
damaged forests. The study was carried out in an area free of poaching activities,
aiming gathering data that may collaborate to the effective preservation and
maintenance of the ecological process that this species promote.
During the beginning of the dry season of 2005, from May to July, 113 samples of
tapir feces were collected. Forty eight morphospecies of seeds were found, from
which, 39 were identified at a precise taxonomic level. The family found in 100% of
the samples was the Melastomataceae , because the species Bellucia sp1 was found
in all the feces samples. The family Leg. Mimosoideae was the second family more
abundant (40%), which the fruits were bean like, Passifloraceae (13%) was the third
family, which has fruits with succulent drupes. From the 113 samples of tapir feces
containing seeds, 56 were found in scrub areas. 30 were found below and 27 in
plateau areas. The number of morphospecies found in each area was of 34, 28 and
23, respectively. The tapirs preferred to use open areas during the months where
the fruits were scarce in the forest, therefore, they transported a great variety of
species to these areas which contributed to the regeneration of the environments.
The number of species per feces sample had little variation in all the areas, and the
multivariate analysis showed that there was no deposition pattern in the
morphospecies per environment, which reflects the great mobility of these animals
inside and outside the forests.
v
1. Introdução Geral
1.1 Consumo de Frutos e dispersão de sementes
As florestas tropicais possuem elevada diversidade de árvores e arbustos
cujos frutos, são consumidos por vertebrados, invertebrados, fungos e outros
microorganismos (Fleming, 1979). Aproximadamente 90% da flora neotropical
produz frutos carnosos, com características atrativas para os vertebrados que os
consomem (Howe & Smallwood, 1982). Alguns vertebrados, principalmente aves e
mamíferos, são capazes de consumir os frutos sem que haja destruição das sementes
durante a passagem pelo trato digestório e estas podem ser depositadas em
condições viáveis para a germinação (Rocha, 2001). Quando estas sementes são
transportadas longe das proximidades da planta-mãe, tais animais promovem a
dispersão de sementes e este processo contribui para a dinâmica e estruturação das
populações de plantas neotropicais (Wheellwright & Orians, 1982). O transporte das
sementes é bem sucedido quanto estas são depositadas em sítios potencialmente
adequados à germinação e recrutamento (Janzen, 1970).
A vantagem seletiva para a espécie vegetal ocorre quando os propágulos
encontram sítios com alta probabilidade para o sucesso de germinação e
sobrevivência, bem como para o desenvolvimento da progênie (Denslow et. al.,
1986). Algumas espécies realizam dispersão através de agentes abióticos tais como o
vento e a água, outras ejetam suas sementes presas em cápsulas explosivas a
distâncias que variam de 1 a 10 metros. Muitas espécies vegetais interagem com os
animais que são capazes de dispersarem suas sementes para locais distantes (Stiles,
1989). Neste caso ocorre o beneficio tanto para as plantas quanto para os animais,
1
envolvendo respectivamente a disseminação das sementes e o fornecimento do fruto
como alimento para os dispersores (Howe, 1986).
O fruto e a morfologia das sementes freqüentemente indicam o modo de
dispersão (Pijl, 1982). Frutos de vários tamanhos são consumidos a diferentes taxas e
atraem de maneira diferente os agentes dispersores (Janzen, 1982). Vários frugívoros
tais como as aves (Galetti,1999, 2000), morcegos (Fleming, 1981; Reis & Guillaumet,
1983) e roedores (Fragoso & Huffman, 2000), são capazes de dispersar sementes
pequenas inferiores a 5 mm de comprimento ou até mesmo sementes de tamanho
médio (entre 5 – 15 mm) contribuindo para o processo de regeneração. Já os frutos
com sementes grandes que apresentam polpa nutritiva, podem atrair os grandes
mamíferos frugívoros que são capazes de se movimentar a distâncias extensas
(Fragoso, 1997). Este é o caso de Tapirus terrestris (anta), mamífero de grande porte
que pode percorrer cerca de 20 km em um único dia a procura de alimentos
(Fragoso et al., 2003).
Nas ultimas décadas na Amazônia, vem ocorrendo um intenso processo de
desmatamento para a expansão de atividades humanas, queimadas sejam estas
naturais ou provocadas e diversas áreas que continuam a ser exploradas (Fearnside,
1989). Após um curto período de utilização destas áreas, o solo torna-se improdutivo
e à medida que estes locais são abandonados pode-se iniciar a sucessão através da
colonização de algumas espécies de plantas pioneiras, estabelecendo um novo
habitat composto por floresta secundária (Finegan, 1984; Ricklefs, 1996). As áreas em
regeneração, denominadas capoeiras, são altamente dependentes de agentes
dispersores que irão transportar os propágulos oriundos da floresta (Miriti, 1998;
Howe & Smallwood, 1982; Howe, 1986).
2
1.2 Aspectos gerais sobre Tapirus terrestris (LINNAEUS, 1758).
Existem quatro espécies do gênero Tapirus, três destas são os últimos
representantes da megafauna do Pleistoceno na América do Sul e Central. Estes
animais pesam cerca de 150-300 kg e são os maiores vertebrados terrestres
encontrados na região Neotropical (Einsenberg, 1981, 1989).
A anta (Tapirus terrestris) pertence à Ordem Perissodactyla, família Tapiridae
e possui a mais ampla distribuição de todas as espécies do gênero, desde a
Venezuela até o norte da Argentina (Bodmer & Brooks, 1997). A área geográfica
abrange uma variedade de biomas, incluindo a floresta tropical úmida, semidecidua
e savana (Bodmer, 1991). A área de vida das antas é bastante ampla, em média cerca
de 1500 ha e estes animais podem mover sementes para muitos metros de distância
da planta-mãe (Janzen, 1981), pois retêm as sementes por longos períodos e
percorrem longas distâncias diariamente. A espécie quase sempre habita florestas
próximas a cursos d’água, que utiliza para nadar, refugiar-se e defecar. Outro
habitat bastante freqüentado por T. terrestris são as áreas de capoeiras (Timo &
Venticinque, 2003). Animal frugívoro-pastador, cuja dieta consiste de gramíneas,
vegetação aquática, brotos suculentos e uma variedade de espécies de frutos
espalhados no chão da floresta (Janzen, 1981; Bodmer, 1989; Fragoso, 1994; Nowak,
1999). Considerados oportunistas, estes animais consomem frutos facilmente
acessíveis, permanecendo em locais com altas concentrações deste recurso (Bodmer,
1990 e Downer, 1996). Cerca de 33% da alimentação das antas é composta por frutos,
que podem variar de 1 a 3 mm de comprimento como o Ficus sp ou até cerca de 50
mm de comprimento (Bodmer, 1990). Já foram registrados para estes animais o
consumo de espécies tais como: Buriti (Mauritia flexuosa), Bacaba (Oneocarpus bacaba),
3
Cajuí (Anacardium parvifolium), Orelha de Macaco (Enterolobium schombugkii) e Inajá
(Maximiliana maripa) (Fragoso & Huffman, 2000).
Janzen (1981) relata que antas defecam única e exclusivamente na água e em
áreas que sofrem alagamento. Seu relato foi apoiado por Salas & Fuller (1996). Estes
autores sugeriram ainda que as sementes depositadas por T. terrestris não eram
viáveis para a germinação, afirmando que estes animais estariam atuando somente
como predadores de sementes. Além disso, estes sítios são inadequados para a
deposição das sementes, e mesmo ao defecarem sementes viáveis, mas sempre em
sítios impróprios, as antas não atuariam como dispersores de sementes.
Em contraste, Bodmer (1990, 1991), Fragoso (1994, 1997) e Rocha (2001)
encontraram a maioria das fezes em terra seca e relataram algumas taxas de
sobrevivência de sementes que estavam presentes nas fezes de Tapirus terrestris.
Fragoso (1997) estudando a atuação das antas como dispersores de sementes de
Maximiliana maripa, relata que cerca de 89% das sementes foram defecadas viáveis
para a germinação e fortalece a hipótese de que T. terrestris tenha importante papel
na dispersão de determinadas espécies ao afirmar que este é o maior mamífero do
Neotropico e o único que ingere grande número de sementes grandes, defecando
geralmente as sementes intactas. As antas podem defecar repetidas vezes em certos
sítios comumente denominados latrinas, ou em locais que não sejam latrinas (Rocha,
2001; Fragoso & Huffman, 2000; Fragoso, 1994, 1997).
A analise da utilização dos recursos alimentares presentes na floresta,
juntamente com a verificação da contribuição de T. terrestris para a dispersão de
sementes, poderão demonstrar como estes ungulados atuam nos ecossistemas,
contribuindo para a conservação desta espécie que se encontra em perigo de
extinção (IUCN-RedList, 2004–www.redlist.org).
4
2. Áreas de estudo
Este estudo foi desenvolvido nas áreas da Reserva de Petróleo da Bacia do
Solimões (REPSOL), base de extração de petróleo da Petrobrás/S.A. em Urucu.
Reserva de Petróleo da Bacia do Solimões (REPSOL)
A área de estudo está situada na Bacia do Rio Urucu, afluente da margem
direita do rio Solimões no município de Coari (Figura 1), Estado do Amazonas,
dentro da área de exploração de petróleo da PETROBRÁS/S.A., nas coordenadas
geográficas situadas nos paralelos 4° 51’ 18’’ e 4° 52’ 16’’ S e os meridianos 65° 17’
58’’ e 65° 20’ 01’’ W (Lima Filho et. al. 2002). A distância entre Manaus e a área de
estudo por via fluvial é de 900km. Possui uma área de aproximadamente 514.000
hectares de floresta continua (Figura 2). O clima segundo a classificação Köppen é
do tipo Afi, com temperatura média mínima em torno de 22,5°C e média máxima
cerca de 31,5 °C. O período mais chuvoso compreende os meses de outubro a abril, e
período seco de maio a setembro (RADAM, 1978).
O solo da região é constituído por sedimentos da Formação Solimões, muito
drenado, apresenta relevo ondulado e textura argilosa (RADAM, 1978). A região é
coberta por floresta ombrófila densa de terra firme, de dossel uniforme constituído
de árvores que variam em torno de 23-32m de altura e baixa diversidade de epífitas
e lianas. (Lima Filho et. al. 2001). A área da base de exploração de petróleo possui
muitas áreas de clareiras, as quais foram abertas para a instalação do gasoduto
Coari-Manaus, instalações da base da Petrobrás e retirada de areia para construções.
5
Figura 1 – Mapa da localização da área de estudo, na Bacia do Rio Urucu.
Fonte: Acta Amazônica 32 (4): 555-569. 2002.
6
Figura 2 – Área de Estudo, Base de Extração de Petróleo da Petrobrás/S.A.
Bacia do Rio Urucu. Os pontos seguidos de nomes representam as regiões
de coleta de fezes. Fonte: Laboratório SigLab (INPA).
7
3. Referencias Bibliográficas
Bodmer, R.E. ; Brooks D.M. 1997. Status and action plan of the lowland tapir (Tapirus
terrestris). In:Brooks D.M. ; Bodmer, R.E.; Matola S. (eds.). Tapirs: Status, Survey
and Conservation Action Plan. GLAND: IUCN/SSC SPECIALIST GROUP,
Switzerland, pp.46-56.
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10
CAPITULO 1
COMPOSIÇÃO DA DIETA FRUGÍVORA DE Tapirus terrestris DURANTE A
ESTAÇÃO SECA
11
1. Introdução
As antas são animais classificados como frugívoros – pastadores no que diz
respeito a composição de sua dieta (Bodmer, 1990). No entanto, estes animais
consomem uma grande variedade de espécies vegetais e diferentes partes de plantas
(Terwillinger, 1978). Alimentam-se de folhas, brotos, raízes, bambus, grãos, plantas
aquáticas além dos frutos e gramíneas (Janzen, 1982; Fragoso, 1994; Nowak, 1999). O
percentual da dieta representada essencialmente por frutos é de cerca de 33%
(Bodmer, 1990).
O fruto é definido como o ovário maduro de uma planta e pode ou não
incluir outras partes florais (Raven, 2001). Os frutos que apresentam a maior
variedade e abundância nas florestas podem ser macios e carnosos ou secos e
lenhosos. Os frutos carnosos mais encontrados na natureza são as bagas e as drupas.
Bagas são caracterizados por possuírem um ou mais carpelos, cada um contendo
muitas sementes. Já as drupas podem possuir um a muitos carpelos porem cada
carpelo possui apenas uma semente (Raven, 2001). Frutos secos podem ser
deiscentes, quando o pericarpo se abre e libera as sementes ou indeiscentes, quando
as sementes permanecem no fruto após a liberação e queda no chão da floresta. Os
tipos mais comuns são os legumes e as cápsulas (Raven, 2001).
Os frutos anatomicamente auxiliam na proteção das sementes e atração de
animais, que podem atuar como agentes dispersores de sementes (Wenny, 2000).
Além disso, representam um recurso nutricional que pode ser altamente qualitativo
(Stiles, 1989). Frutos grandes possuem polpas ricas em lipidios e proteínas, são
produzidos em baixa quantidade, já os frutos pequenos são normalmente
produzidos em quantidades elevadas e constituídos basicamente por água e açúcar
(Wenny, 2000).
12
As plantas que ocorrem na região dos trópicos atraem diversos animais e
fornecem as polpas de seus frutos para o dispersor (Howe & Smalwood, 1982), a
espécie de fruto poderá variar em tamanho, forma, cor, odor e posição na planta
(Janzen 1980). Frutos consumidos por aves possuem atrativos visuais pronunciados
tais como coloração, anexos e tamanho, sendo as cores vermelho e amarelo, e
tamanhos pequenos e médios os mais importantes atrativos (Pijl, 1982). Frutos
consumidos pelos mamíferos possuem tamanhos na maioria das vezes superior
àqueles consumidos pelas aves e padrões de odores, com relação à coloração, não
possuem cores tão fortes quanto os frutos consumidos pelas aves (Snow, 1971).
As antas consomem uma variedade extensa de itens vegetais e utilizam os
frutos como recurso energético para a manutenção das suas atividades diárias.
Devido ao fato de deslocarem-se até 20 quilometros por dia (Fragoso et al., 2003),
estes animais têm necessidade de consumir frutos grandes e carnosos, que são ricos
em compostos energéticos, como lipídios e proteínas. Muitos estudos registraram
uma variedade de frutos na dieta de Tapirus terrestris em outras regiões da
Amazônia (Bodmer, 1991; Fragoso & Huffman, 2000) e na Mata Atântica (Rocha,
2001).
Considerando que cada espécie é única em seu habitat e extremamente
valiosa para este, e que a função ecológica das populações animais em seus
respectivos ecossistemas está intimamente vinculada com a alimentação, é
importante que sejam conhecidos os aspectos da dieta destes animais frugívoros
(Wilson, 1997). O objetivo deste trabalho foi determinar quais as espécies de frutos
que foram consumidas pelas antas durante a estação seca na região do rio Urucu na
Amazônia Central. Esta análise foi feita para determinar quais os tipos de frutos que
T. terrestris ingerem no período de escassez destes recursos dentro das florestas e
também para verificar as características atrativas destes frutos para as antas.
13
2. Métodos
2.1 Delineamento amostral
2.1.1 Determinação da dieta frugívora de Tapirus terrestris
Coleta de Fezes
Para determinar os frutos presentes na dieta das antas, foram estudados os
ambientes de Baixio, Capoeira e Platô que compõem a paisagem de floresta continua
da área de estudo, durante os meses de maio a julho de 2005. As buscas pelas fezes
foram realizadas de forma aleatória, devido ao fato de não existirem grides de
estudo nas áreas e na maioria das vezes foram utilizadas as “varadas de antas” que
são trilhas espessas e com vegetação pisoteada, construídas pela passagem de T.
terretris dentro da floresta. Foram percorridos um total de 37 km de trilhas em cada
um dos ambientes, somando-se 111 km ao longo de trilhas de T. terrestris. Foram
amostrados 3 metros para cada lado da trilha, totalizando cerca de 67 hectares de
área amostrada. As fezes de Tapirus terrestris (Figura 3) são facilmente reconhecidas
pelo volume depositado, pela cor (verde quando está fresca e marrom quando foram
depositadas há poucos dias) e pelo formato (pelotas) iguais aos das fezes de cavalo,
porém diferenciando-se destas pelo conteúdo (presença de sementes e fragmentos
de frutos).
14
Figura 3 – Fezes de Tapirus terrestris.
Identificação dos frutos
As fezes coletadas tiveram seu volume total determinado através do igual
deslocamento de volume de água em proveta graduada de 1000 mL, a finalidade
deste método foi determinar se o volume total das fezes pode influenciar na riqueza
de morfoespécies de sementes encontradas. O material fecal foi então lavado em
água corrente sobre uma rede de malha fina (0,5 cm) e, após esse procedimento todo
o material foi triado com a finalidade de separar sementes dos demais fragmentos
de frutos, cipós, raízes e outras partes vegetais encontradas nas fezes. Estas sementes
15
foram triadas, separadas e classificadas em morfoespécies, posteriormente
identificadas quanto ao nível taxonômico possível.
As sementes que não puderam ser identificadas foram colocadas em bandejas
de 20cm X 40 cm, enterradas em substrato contendo areia (70%) e terra preta (30%).
A areia foi utilizada para distribuir e manter a umidade e a terra preta para fornecer
nutrientes para a germinação das sementes. As bandejas foram distribuídas na casa
de vegetação do CPEC (Figura 4) molhadas diariamente. Após o recrutamento as
plântulas foram transferidas para sacos plásticos pretos contendo substrato (areia +
terra preta) e até atingirem estágios de desenvolvimento que possibilitassem a
identificação baseada em caracteres vegetativos produzidos (Figura 5). Para cada
morfoespécie semeada foram separadas sementes testemunho que foram
preservadas em frascos contendo álcool a 70%. A identificação das sementes foi feita
por especialistas botânicos, e auxilio de literatura (Lorenzi 2002, Van Roosmalen
1985, Ribeiro et al. 1999). Cada uma das fezes também foi colocada em bandeja 20 X
40 cm e deixada em casa de vegetação, para que as sementes que eventualmente não
tivessem sido separadas durante o processo de triagem fossem identificadas após a
germinação e desenvolvimento de plântula (Figura 6). Para cada amostra de fezes
foi determinado o número e morfotipo de sementes, volume das fezes e local onde
foi coletado. Os frutos identificados foram classificados quanto ao tipo de fruto, que
variou entre drupa, baga, castanha e cápsula de acordo com literatura (Van
Roosmalen 1985).
16
Figura 4 – Bandejas dispostas em bancada na Casa de Vegetação do CPEC.
17
Figura 5 – Plântula apresentando caracteres vegetativos para a identificação.
Figura 6 – Bandeja contendo fezes disposta na Casa de Vegetação (CPEC).
18
Guia de Sementes
As sementes que foram encontradas nas fezes das antas, foram medidas,
fotografadas e identificadas ao nível taxonômico possível. Cada uma das
morfoespécies foi pesquisada em literatura e as fotos e informações relevantes foram
organizadas no guia ilustrativo (Anexo I).
2.2 Análise dos dados
Para determinar se houve correlação entre o volume da amostra coletada e o
número de morfoespéices presentes foi feito teste de correlação simples de Pearson
no programa Systat 8.0 (Wilkinson, 1998).
19
3. Resultados
Foram coletadas 113 amostras de fezes de Tapirus terrestris durante os
meses de maio a julho de 2005. Após a triagem do material fecal foram separados
37 morfoespécies diferentes de sementes. Destas, 28 foram possíveis de ser
identificadas ao nível taxonômico de gênero e espécie quando possível. Fezes
colocadas em bandejas apresentaram germinação de 11 morfoespécies de
plântulas. Após dois meses, todas puderam ser identificadas ao nível taxonômico
mais preciso. Ao todo foram obtidos 48 morfoespécies neste trabalho (somando-
se as morfoespécies de sementes e plântulas) e deste total, 39 foram identificadas
ao nível taxonômico mais preciso (família/gênero/espécie), num total de 23
famílias botânica (Tabela 1).
O teste de correlação de Pearson demonstrou que não houve correlação entre o
volume das amostras e o número de morfoespécies (figura 7). O número de
morfoespécies por amostra variou de 1 a 8 com média = 2,7, desv. padrão= + ou –
1,5).
20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0 500 1000 1500 2000
Volume das Fezes
Número de Morfoespécies
Figura 7.: Número de morfoespécies e o volume das amostras de fezes de
Tapirus terrestris.
Dentre as 48 morfoespécies encontradas, foram possíveis de serem
identificados 39 morfoespécies pertencentes a 23 famílias botânica, enquanto que
outras nove morfoespécies não foram identificadas. Para 37 morfoespecies foi
possível determinar o tipo de fruto (Tabela 1) e prevaleceu o tipo baga (43%),
seguido pelas vagens (26%) e drupas (23%), cápsula e castanha foram representados
por apenas quatro e uma morfoespécie respectivamente.
21
Tabela 1. Lista das espécies vegetais que fizeram parte da dieta de Tapirus terrestris.
Modo de identificação Morfoespécie Espécie Família
Se
m
e
n
te
Pl
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n
tu
l
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Tipo de
Fruto
1
Anacardium
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N.
I
.
N.I.=Não identificado
Melastomataceae esteve presente em 100 % das amostras, devido ao consumo
de Bellucia sp1, uma espécie de goiaba de anta, presente em todas as amostras e
também a única espécie que produziu frutos durante todo período de coleta na área
de estudo (obs. pes.). Sementes da família Leguminosae-Mimosidae (representada
por 5 morfoespécies) estiveram presentes em 40% das amostras de fezes e Myrtaceae
(uma morfoespécie) em 33%, Passifloraceae (uma única morfoespécie) em 13%, de
amostras e a partir daí as demais famílias ocorreram com freqüências inferiores a
13% (figura 8).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Melastomataceae
Myrtaceae
Passifloraceae
LegMimosoideae
Cecropiaceae
Annonaceae
LegCaesalpinoideae
Memecylaceae
Apocynaceae
Arecaceae
Myrsinaceae
Onagraceae
Aquifoliaceae
Araceae
Euphorbiaceae
Sapotaceae
Anacardiaceae
Araliaceae
Erythroxylaceae
Leg Papilinoideae
Humiriaceae
FAMÍLIA
FREQÜENCIA (%)
Figura 8 : Freqüência das famílias de frutos presentes nas fezes de Tapirus
terrestris no período de maio a julho de 2005.
23
A espécie com a maior freqüência de ocorrência em número de amostras de
fezes foi Bellucia sp1 presente em 100% das fezes, seguida por Psidium sp (33%) e
Passiflora sp (13%), ver figura 9. Estas três espécies são classificadas como bagas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Bellucia sp1
Psidium sp
Passiflora sp
Coussapoa sp1
Stryphnodendron
Annona sp
Bauhinia sp
Couma sp
Ludwigia sp
Oenocarpus
Bellucia sp2
Crotalaria sp
Ilex sp
Phylodendrun sp
Mouriri sp3
Chrysophyllum
Enterolobium sp
Erytroxylum sp
Mouriri sp1
Mouriri sp2
Rollinia sp
Schefflora
Annacardium
Coussapoa sp2
Guatteria sp
Hymenea
Mimosa sp
Pouteria sp
Rhigospira sp
Tococa sp
Morfoespécies
Frequência
Figura 9: Freqüência das morfoespécies de frutos presentes nas fezes de Tapirus
terrestris no período de maio a julho de 2005.
24
4. Discussão e Conclusão
A florestas equatoriais tropicais são caracterizadas por possuírem estações de
chuva e seca bastante definidas. No entanto, a heterogeneidade existente entre as
diversas regiões de Floresta Amazônica, promove variações nos períodos de seca e
chuva de local para local. Na área da RPSOL o período mais chuvoso ocorre entre os
meses de outubro a abril, enquanto que o período seco de maio a setembro.
As coletas das fezes foram realizadas durante os três primeiros meses da
estação seca, período onde ocorre maior sucesso em encontrar fezes, pois estas ficam
maior tempo expostas, enquanto que na estação de chuva as fezes se espalham e
desintegram com maior rapidez dificultando o sucesso de coleta (Cheida 2005,
Rocha, 2001, Fragoso 1994, Fragoso & Huffman, 2000), Por outro lado a estação seca
pode ser considerada o período de produção e disponibilidade de frutos nestas
florestas tropicais (Fleming, 1979). Muitos estudos mostram a relação positiva entre
a quantidade de precipitação e a disponibilidade de frutos na floresta (Van Schaik et
al. 19933; Steeg & Persaud, 1991; Gentry, 1982). Esta é uma estratégia utilizada pelas
plantas pois a frutificação no inicio da estação chuvosa minimiza a exposição das
sementes aos predadores e garante um período favorável para as plântulas
desenvolverem o sistema radicular necessário para a sobrevivência durante a
estação seca (Van Schaik et. al. 1993). Também é durante a estação chuvosa o periodo
de maior disponibilidade de nutrientes que são utilizados para a produção de frutos
(Steeg & Persaud 1991).
25
Sobre o Consumo de Frutos por T. terrestris
Bodmer (1991) determinou que dentre os itens vegetais consumidos por T.
terrestris, os frutos representam cerca de 33 % do total da dieta destes animais. Um
percentual bastante elevado, considerando a grande variedade de itens vegetais que
estes animais consomem. O total de 48 morfoespécies encontradas neste estudo é
superior aos demais estudos feitos com Tapirus terrestris em outras regiões da
Amazônia e do Brasil (Bodmer, 1991; Fragoso & Huffman, 2000; Rocha, 2001).
Bodmer (1991) que trabalhou durante as estações de seca e cheia na
Amazônia peruana analisou a dieta de Tapirus terrestris e encontrou 15 espécies
diferentes distribuídas nas famílias: Anacardiaceae, Annonaceae, Arecaceae,
Araceae, Chrysobalanaceae, Leguminoseae-papilionoidae, Meliaceae,
Menispermaceae e Sapotaceae. Fragoso & Huffman (2000) em trabalho realizado em
Roraima durante as estações de seca e cheia que predominam na Amazônia,
encontrou 35 espécies das quais 21 puderam ser identificadas dentro das familias
Anacardiaceae, Araceae, Arecaceae, Bromeliaceae, Burseraceae, Leguminoseae,
Moraceae, Myrtaceae, Passifloraceae, Poaceae, Rubiaceae, Sapindaceae e Sapotaceae.
Rocha (2001) também trabalhou com a espécie na região Sul do país em uma floresta
de Mata Atlântica, durante as quatro estações do ano e encontrou 44 espécies,
destas, 35 estavam distribuídas em 23 familias, sendo que Acanthaceae, Apiaceae,
Amaranthaceae, Cactaceae, Caricaceae, Cucurbitaceae, Phytolaccaceae, Rosaceae,
Rutaceae e Vitaceae foram as famílias que diferiram dos demais estudos. No
presente trabalho, eu obtive 48 morfoespecies das quais 39 estavam distribuídas em
23 familias. Dentre as famílias identificadas, Apocynaceae, Aquifoliaceae,
Araliaceae, Cecropiaceae, Erythroxylaceae, Euphorbiaceae, Melastomataceae,
Memecylaceae, Myrtaceae e Onagraceae ainda não haviam sido registradas nos
26
estudos citados anteriormente. São cinco familias do tipo baga, três do tipo drupa e
duas do tipo cápsula, sendo que Melastomataceae esteve presente em 100% das
amostras.
O número máximo de morfospécies encontrado em uma única amostra foi
oito, em apenas uma amostra. Somente duas amostras apresentaram uma riqueza de
sete morfoespécies. A grande maioria (cerca de 75%) das amostras apresentou de 1 a
3 morfoespécies diferentes. Se considerarmos o total de morfoespécies encontradas
na dieta das antas há uma elevada riqueza. No entanto a riqueza é menos
pronunciada se analisada por cada individuo que forrageou, baseado nas amostras
fecais individualmente, e isto reflete a escassez de frutos disponíveis para cada
individuo nesta época. Somente Bellucia sp1 esteve presente em todas as amostras
coletadas e esta também foi a única espécie que frutificou durante todo o período de
coleta (obs. pess.). Considerando que todos os mamíferos herbívoros estão expostos
a variação espacial e temporal sob a abundancia das plantas de que se alimentam
(Stiles, 1989), nota-se que as antas são pouco vulneráveis a mudanças na
disponibilidade de frutos (Bodmer, 1989).
Os grandes herbívoros podem não ter a opção de especialização em uma
espécie particular se esta ocorre em baixa densidade. Eles podem então ser forçados
a se alimentar de muitas espécies simplesmente para atingir as necessidades
metabólicas (Janis & Toit, 2001). Para tal comportamento de forrageamento, as antas
podem percorrer muitos quilômetros de floresta, se alimentando durante todo o
percurso (Cristoffer & Peres, 2003).
27
Tipos de frutos consumidos por Tapirus terrestris.
A dieta frugivora de Tapirus terrestris na Reserva de Urucu durante o período
de seca foi constituída em sua maioria de frutos carnosos (70%) enquanto que o
restante (30%) são frutos secos (Raven et al., 2001). Na área limitada à atividade de
coleta não houveram outras espécies de frutos frutificando que não fosse Bellucia sp1
(goiaba de anta). Houve no entanto uma variedade de frutos carnosos presentes na
dieta e estes provavelmente estavam frutificando em outras áreas da floresta
continua local.
As antas não são animais especializados em uma determinada espécie de fruto.
Neste estudo consumiram os frutos disponíveis independentes de coloração,
tamanho e formato (30% das morfoespécies amostradas são secos que não investem
em anexos atrativos ). Portanto estes animais podem ser essenciais para a floresta
exercendo o papel de dispersor das sementes dos frutos que não tem capacidade de
investir em anexos atrativos no período de escassez de precipitação.
Algo bastante interessante é o fato das antas também consumirem e terem a
capacidade de dispersar sementes grandes, intactas, como foi o caso da semente da
família Apocynaceae, gênero Rhigospira com cerca de 3 cm de diâmetro e de
sementes de palmeiras da espécie patauá (Oenocarpus bataua) que também passaram
intactas pelo tubo digestório. Estas espécies são dispersas por endozoocoria.
Considerando ainda que a megafauna foi extinta durante o período do Pleistoceno, e
que nem todas as espécies de frutos que eram dispersos por estes animais se
extinguiram, então T. terrestris pode ser um dos responsáveis pela manutenção da
dispersão destas espécies vegetais durante os últimos 10 mil anos (Fragoso &
Huffman, 2000; Janzen, 1982).
28
Estes resultados demonstram que durante os meses de seca, quando não há
grande diversidade, tampouco elevada produção de frutos T. terrestris pode ser
essencial nas áreas onde ocorre, alimentando-se daqueles frutos que não são
atrativos para outras espécies, e percorrendo uma extensa área de floresta, além de
ser o único capaz de consumir sementes grandes sem predá-las (Fragoso &
Huffman, 2000; Fragoso, 1994; Janzen, 1981). É importante ressaltar que o numero de
amostras coletadas durante este estudo foi alto quando comparado aos estudos
citados anteriormente, e o sucesso do maior número de morfoespécies em uma única
estação conforme foi observado, pode ser reflexo do sucesso de encontro de fezes. A
facilidade em se encontrar as fezes neste estudo se deve ao fato de se tratar de uma
região de floresta continua, afastada de vilas e comunidades ribeirinhas e indígenas
(Peres 1994) e por se tratar de uma área de extração de Petróleo da Petrobras, a qual
desenvolve intensivas medidas de segurança e proteção, fato esse que colabora com
a proteção desta espécie que ocorre em abundância na Região da REPSOL.
29
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31
CAPITULO 2
DEPOSIÇÃO DE FEZES POR Tapirus terrestris: CONTRIBUIÇÃO PARA A
DISPERSÃO DE SEMENTES E REGENERAÇÃO DE FLORESTAS
32
1. Introdução
Os animais são responsáveis pela maioria dos eventos de dispersão de
sementes, e as plantas dependem da mobilidade animal para gerar padrões de
distribuição dos propágulos que provavelmente aumentarão a probabilidade de
sobrevivência das progênies (Stiles, 1989). Nas florestas tropicais cerca de 90% das
árvores e arbustos possuem frutos carnosos adaptados para atração de animais que
irão atuar como dispersores de suas sementes (Fleming, 1979). Aves e mamíferos
interagem mais fortemente com as plantas atuando no transporte de sementes
(Stiles, 1989) e podem contribuir para a regeneração das florestas que sofreram
processos de degradação tais como desmatamento.
Na região Amazônica o processo de desmatamento é uma atividade
freqüente. Durante o ano de 2005 aproximadamente 18,9 mil km
2
de floresta foram
desmatadas na Amazônia (Inpe, 2006). Após estas áreas serem desmatadas, os
históricos mais comuns de uso destas terras incluem práticas de cultivos agrícolas
inconstantes e a criação de gado. Estas áreas, após um curto período de uso tornam-
se improdutivas, devido à baixa fertilidade do solo, e aos poucos são abandonadas e
gradativamente recolonizadas por vegetação secundária (Laurance et al., 2001). No
entanto à medida que estes locais são abandonados pode-se iniciar a sucessão
através da colonização de algumas espécies de plantas pioneiras, estabelecendo um
novo habitat composto por floresta secundária (Finegan, 1984; Ricklefs, 1996). Estas
áreas, denominadas capoeiras, são locais onde ocorrem os processos de regeneração
e são altamente dependentes de agentes dispersores (Miriti, 1998) que irão
transportar os propágulos da floresta para a área de capoeira (Howe & Smallwood,
1982; Howe, 1986). Uma das formas mais eficazes é a dispersão por vertebrado
através de fezes ou regurgito (Reis et al. 1999).
33
Grandes mamíferos terrestres consumidores de frutos e sementes, como
Tapirus terrestris, podem provavelmente contribuir com a dinâmica da regeneração
das florestas tropicais, pois devido ao seu tamanho, estes animais podem ingerir um
elevado numero de frutos e sementes em um curto espaço de tempo e ainda são
capazes de movimentar-se a grandes distancias defecando os propágulos longe da
planta-mãe (Fragoso, 1994; Fragoso & Huffman, 2000), contribuindo com o fluxo
gênico entre as áreas distantes.
O objetivo deste trabalho é determinar a contribuição de Tapirus terrestris para
a dispersão de sementes e regeneração de florestas, na área da Reserva de extração
de Petróleo do Rio Urucu, Amazonas, em função da composição e abundância
florística dos propágulos presentes nas fezes, do ambiente de deposição (Floresta de
baixio, Capoeira e Florestas de Platô) e do micrositio de deposição (alagado ou não
alagado).
34
2. Métodos
2.1 Delineamento amostral
2.1.1 Composição e abundância florística de propágulos presentes nas fezes.
Para determinar os frutos presentes na dieta das antas, foram estudados os
ambientes de Baixio, Capoeira e Platô que compõem a paisagem de floresta continua
da área de estudo, durante os meses de maio a julho de 2005. As buscas pelas fezes
foram realizadas de forma aleatória, devido ao fato de não existirem grides de
estudo nas áreas e na maioria das vezes foram utilizadas as “varadas de antas” que
são trilhas espessas e com vegetação pisoteada, construídas pela passagem de T.
terretris dentro da floresta. Foram percorridos um total de 37 km de trilhas em cada
um dos ambientes, somando-se 111 km ao longo de trilhas de T. terrestris. Foram
amostrados 3 metros para cada lado da trilha, totalizando cerca de 67 hectares de
área amostrada. As fezes de Tapirus terrestris (Figura 10) são facilmente reconhecidas
pelo volume depositado, pela cor (verde quando está fresca e marrom quando foram
depositadas há poucos dias) e pelo formato (pelotas) iguais aos das fezes de cavalo,
porém diferenciando-se destas pelo conteúdo (presença de sementes e fragmentos
de frutos).
35
Figura 10 – Fezes de Tapirus terrestris.
O material fecal coletado foi transportado para laboratório e então lavado em
água corrente sobre uma rede de malha fina (0,5 cm). Após esse procedimento todo
o material foi triado com a finalidade de separar sementes dos demais fragmentos
de frutos, cipós, raízes e outras partes vegetais encontradas nas fezes. Estas sementes
foram triadas, separadas e classificadas em morfoespécies, posteriormente
identificadas quanto a família botânica e quando possível foram também
identificadas em nível genérico e especifico.
As sementes que não puderam ser identificadas foram colocadas em bandejas
de 20cm X 40 cm, enterradas em substrato contendo areia (70%) e terra preta (30%).
A areia foi utilizada para distribuir e manter a umidade e a terra preta para fornecer
nutrientes para a germinação das sementes. As bandejas foram distribuídas na casa
de vegetação do CPEC (Figura 4) molhadas diariamente. Após o recrutamento as
plântulas foram transferidas para sacos plásticos pretos contendo substrato (areia +
36
terra preta) e até atingirem estágios de desenvolvimento que possibilitassem a
identificação baseada em caracteres vegetativos produzidos (Figura 5). Para cada
morfoespécie semeada foram separadas sementes testemunho que foram
preservadas em frascos contendo álcool a 70%. A identificação das sementes foi feita
por especialistas botânicos, e auxilio de literatura (Lorenzi 2002, Van Roosmalen
1985, Ribeiro et al. 1999). Cada uma das fezes também foi colocada em bandeja 20 X
40 cm e deixada em casa de vegetação, para que as sementes que eventualmente não
tivessem sido separadas durante o processo de triagem fossem identificadas após a
germinação e desenvolvimento de plântula (Figura 6). Não foi possível verificar a
viabilidade para todas as sementes, pois nem todas germinaram em laboratório no
entanto foram possíveis de observa-las germinando ainda nas fezes.
37
Figura 11 – Bandejas dispostas na casa de vegetação do CPEC.
38
Figura 12 – Plântula apresentando caracteres vegetativos para a identificação.
Figura 13 – Bandeja contendo fezes disposta na Casa de Vegetação (CPEC).
39
2.1.2 Ambientes e micrositios de deposição das fezes.
As coletas de fezes foram feitas utilizando-se o mesmo esforço amostral para
cada um dos ambientes. As amostras de fezes foram identificadas quanto à área
onde cada amostra foi coletada e o ambiente (Baixio, Capoeira ou Platô). Os
ambientes podem ser diferenciados pelo tipo de solo, vegetação e relevo, neste
contexto tem-se que os baixios são planícies aluviais com solos arenosos
freqüentemente encharcados pelas chuvas e com acumulo de sedimentos. Já as
vertentes caracterizam-se por serem mais dissecadas e possuírem solos argilosos na
partes mais elevadas e arenosos nas áreas mais baixas e por fim os platôs são
ambientes caracterizados por estarem nas áreas mais elevadas e possuírem o solo
argiloso e bem drenado. Diferenciando-se deste tipo de classificação, estão as
capoeiras que são ambientes onde se estabelecem vegetações secundárias através de
sucessões, após a retirada da vegetação primaria. Cada um dos ambientes possuem
caracteristicas abióticas diferenciadas que permitem o estabelecimento adequado de
cada espécie vegetal, de acordo com os recursos abióticos que necessitam. Na área
da Reserva da Petrobrás em Urucu, a divisão de ambientes (Baixio, vertente e platô)
é pouco pronunciada, os ambientes de platô são pouco elevados desta maneira
podem ser confundidos com vertentes. Portanto, para não haver confusão durante
as coletas de dados quanto ao ambiente amostrado, devido a difícil diferenciação da
vertente e platô, bem como vertente e baixio; os ambientes escolhidos para serem
amostrados foram o baixio e o platô, além de áreas de capoeiras. Em cada coleta
também foram anotados os micrositios, que neste caso, foram identificados como
local alagado ou não alagado.
40
2.2 Análise dos dados
A composição florística dos propágulos presentes nas fezes foi descrita em
uma tabela, juntamente com dados e informações referentes ao habito da planta,
habitat natural que a espécie geralmente ocorre obtidos em literatura (Ribeiro et al.
1999) e o ambiente onde foi coletada junto às fezes. Para cada ambiente foi
determinado quantitativamente o número de morfoespécies de sementes presentes
no total de fezes amostradas. Foram traçadas curvas cumulativas de morfoespécies
para cada ambiente amostrado, para verificar se o esforço amostral foi suficiente
para amostrar as espécies em cada local.
Foi feito Analise de Variância (ANOVA) para verificar a variação entre as
morfoespécies de sementes presentes em cada amostra de fezes em cada ambiente
no programa Systat 8.0 (Wilkinson, 1998).
Para determinar como as morfoespécies vegetais estão distribuídas nos
diferentes ambientes as fezes foram ordenadas pela dissimilaridade na composição
de espécies com Escalonamento Multidimensional Não Métrico (MDS). Essa análise
permite a redução da dimensionalidade dos dados em um ou dois eixos que
descrevem a variação da comunidade das sementes (as distâncias entre as amostras
demonstram a dissimilaridade na composição destas, quanto mais próximas, menos
dissimilares). Foram realizadas ordenações utilizando informações sobre presença-
ausência de espécies (dados qualitativos) por fezes. A matriz de dissimilaridade
utilizada na ordenação dos dados qualitativos foi construída com o índice de
Sorensen e a ánalise foi feita utilizando-se o programa PcOrd 4.25 (McCune &
Mefford, 1999).
41
3. Resultados
3.1 Composição florística de propágulos nas fezes e abundancia de sementes nos
diferentes ambientes.
Foram coletadas 113 amostras de fezes de Tapirus terrestris. As amostras
foram analisadas e 48 morfoespécies de sementes foram encontradas. Aquelas que
puderam ser identificadas pelo menos até o nível de família botânica estão listadas
na tabela 2 juntamente com a o habito das mesmas e o ambiente natural onde
geralmente ocorrem.
Tabela 2.: Lista de espécies encontradas nas fezes de Tapirus terrestris, Habito da
planta, ambiente mais adequado para ocorrência natural e ambiente onde foram
encontrada as fezes. Baixio (B), Capoeira (C), Platô (P), Vertente (V) e Campinarana
(Cm).
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,
B
P
,
B
A abundância variou desde uma unidade a mais de dez mil sementes. Esta
ampla variação está representada na tabela 3. Bellucia sp1 foi a espécie mais
consumida pelas antas. O número de sementes de Bellucia sp1 foi bem maior que o
das demais morfoespécies, seguida de Psidium sp, Phylodendron sp e Bauhinia sp.
Tabela 3: Número total de sementes por espécie encontradas nas 113 fezes de Tapirus
terrestris.
Espécies Total
Melastomataceae/
Bellucia sp1
>10000
Myrtaceae/
Psidium sp
193
Araceae/
Philodendron sp
142
Leg Caesalpinaceae/
Bauhinia sp
95
Araliaceae/
Schefflera sp
72
Arecaceae/
Oenocarpus bataua
69
Poaceae/ Não identificada
50
43
Cyperaceae/ Não identificada 43
Cecropiaceae/
Coussapoa asperifolia
41
Não identificado
37
Não identificada
35
Memecylaceae/
Mouriri sp3
32
Apocynaceae/
Rhigosphira sp
31
Leg Mimosoideae/
Stryphnodendron sp
29
Melastomataceae/
Bellucia sp2
26
Cecropiaceae/
Coussapoa sp1
21
Melastomataceae/
Tococa sp
20
Myrsynaceae/Não identificada
20
Onagr
aceae/
Ludwigia sp
14
Leg Caesalpinaceae/
Hymenaea parviflora
11
Não identificado
11
Leg Mimosoideae/
Enterolobium sp
10
Não identificado
10
Sapotaceae/
Chrysophyllum sp
8
Leg Papilionoideae/
Crotolaria sp
6
Passifloraceae/
Passiflora sp
6
Aquifoli
aceae/
Ilex sp
5
Memecylaceae/
Mouriri sp2
5
Não identificada
5
Annonaceae/
Annona sp
3
Euphorbiaceae/ Não identificada
3
Leg Mimosoideae/Não identificada
3
Memecylaceae/
Mouriri sp1
3
Leg Mimosoideae/
Mimosa sp
2
Leg Mimosoideae/ Não identificada
2
Não identificada
2
Annacardiaceae/
Anacardium parvifolium
1
Annonaceae/
Guatteria sp
1
Annonaceae/
Rollinia sp
1
Apocynaceae/
Couma sp
1
Arecaceae/Não identificada
1
Erythroxylaceae/
Erythroxylum sp
1
Humiriaceae/ Não identificada
1
Leg Papilion
oideae/ Não identificada
1
Não identificada
1
Não identificada
1
Não identificado
1
Sapotaceae/
Pouteria sp
1
44
3.2 Ambientes e micrositios de deposição.
Dentre as 113 amostras de fezes de antas coletadas durante os três meses de
seca, 56 foram encontradas em ambiente de capoeira, 30 em baixio e 27 em
ambientes de Platô. Dentro de cada um dos ambientes, as antas transportaram e
depositaram um numero variável de morfoespécies de sementes. Em ambientes de
capoeira foram encontradas 34 morfoespécies, enquanto que no baixio houveram 28
e nos ambientes de platô 23 morfoespécies.
As curvas cumulativas de morfoespécies de propágulos presentes nas fezes
para cada um dos ambientes amostrados (Figuras 14, 15 e 16) demonstrou que para
todos os três ambientes estudados, o esforço de coleta parece ser suficiente para
amostrar a composição de espécies de cada um dos ambientes, uma vez que as três
curvas atingiram uma estabilização antes do final das coletas.
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 9 11131517192123252729
Numero de amostras
Numero de Morfoespécies
Figura 14: Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas em
ambientes de baixio.
45
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1
5
9
13
17
21
25
29
33
37
41
45
49
53
Numero de amostras
Numero de Morfoespecies
Figura 15: Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas em
ambientes de Capoeira.
0
5
10
15
20
25
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
25
27
Numero de amostras
Numero de Morfoespécies
Figura 16: Curva cumulativa de morfoespécies para amostras de fezes coletadas em
ambientes de Platô.
46
A analise de Variância (ANOVA) não encontrou diferença significativa entre
o numero de morfoespécies por amostra em cada um dos ambientes (F= 1.026,
p=0,362), conforme figura 17.
B
A
I
X
I
O
C
A
P
O
E
I
R
A
P
L
A
T
Ô
Ambiente
0
1
2
3
4
N
u
m
e
r
o
d
e
m
o
r
f
o
e
s
p
é
c
i
e
s
/
a
m
o
s
t
r
a
Figura 17: Número de morfoespécies de sementes por amostra em cada um
dos ambientes. As barras representam + ou – o erro padrão.
Cerca de 38% das amostras de fezes de T. terrestris foram depositadas dentro
de corpos d’água. Outras 47% foram encontradas muito próximas a locais com água
(distância inferior a um metro de corpos d’agua) e somente 15% das amostras
estavam depositadas em locais secos.
47
3.3 Distribuição da composição florística dos propágulos entre os ambientes
Com relação à composição florística de propágulos de espécies que foram
encontradas em cada um dos ambientes estudados, a analise multivariada mostrou
uma aglomeração de espécies similares em um numero elevado de amostras
depositadas nos três ambientes. Além disso, nenhum padrão claro separa as
amostras por ambiente estudado (figura 18).
-3 -2 -1 0 1 2 3
EIXO1
-3
-2
-1
0
1
2
E
I
X
O
2
B
C
C
C
P
PP
B
P
P
P
C
B
B
B
B
BBBC
P
P
C
C
C
C
C
C
C
C
CC
C
B
C
C
C
C
PP
P
P
C
P
P
PPCC
C
C
C
B
B
B
C
C
C
C
C
C
BB
B
B
C
CC
C
C
C
C
C
C
C
C
P
B
B
C
C
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
C
C
C
C
C
C
CC
C
C
C
P
P
P
P
P
P
PPPB
Figura 18: Ordenação com MDS para dados qualitativos. Os eixos representam a
dissimilaridade em composição de espécies. Os pontos representam as amostras de
fezes e estão classificados pelo ambiente onde foram coletados: Baixio (B), Capoeira
(C) e Platô (P).
48
4. Discussão e Conclusão
4.1 Composição e abundância florística de propágulos presentes nas fezes.
As antas consumiram uma elevada abundância de Bellucia sp1 defecando
milhares de sementes desta espécie em uma única deposição de fezes. Isto pode
promover o espalhamento das sementes e a melhor distribuição no solo da floresta,
o que pode contribuir para o sucesso do estabelecimento da espécie, pois aumentam
as chances de recrutamento (Schupp, 1993). Estas sementes muito pequenas
possuem baixa quantidade de reserva para o rapido crescimento pós germinação e
recrutamento e requerem nutrientes do meio para se estabelecerem. Os nutrientes
que compõe as fezes (matéria orgânica em decomposição, tais como folhas,
gramíneas, fragmentos de frutos, raízes, cipós) também podem auxiliar na
germinação e rápido crescimento. A elevada quantidade de sementes também pode
levar a saciação dos predadores (Schupp, 1992), bem como poderá disponibilizar
sementes para participar dos bancos de sementes nos solos das florestas. Nas regiões
tropicais espécies pioneiras dominam o banco de sementes permanecendo viáveis
por longos períodos no solo (Thompson et. al. 1993).
Dentre as espécies que apresentaram grandes abundâncias no número de
sementes encontradas nas fezes estão, além de Bellucia sp1 (goiaba de anta) com mais
de 10.000 sementes, Psidium sp (a segunda espécie com elevado número de
sementes). Os frutos destas duas espécies são globosos, carnosos e de tamanho
médio, portanto possuem características de espécies atrativas para os animais
frugívoros de grande porte. Philodendron sp que possuem frutos atrativos deve ter
sido consumido, após a queda dos frutos no chão da floresta já que trata-se de uma
epífita. A ausência de uma elevada riqueza de espécies produzindo frutos carnosos
49
nesta área durante o período de estudo, pode ter influenciado para o elevado
consumo de frutos secos do gênero Bauhinia sp que produz e disponibiliza grandes
quantidades de frutos por individuo (Lorenzi, 2002). As antas, portanto, podem
contribuir para a dispersão dos frutos que não possuem atrativos para os frugivoros.
Durante o período de escassez de frutos na floresta as aves e outras espécies
especializadas no consumo de frutos carnosos geralmente consomem frutos de
palmeiras (Família Arecaceae) consideradas recursos-chaves nas florestas já que
frutificam durante a estação seca e devem suportar grande parte da fauna de
vertebrados nos períodos críticos de escassez de alimento (Terborgh 1986, Spironello
1991, Peres, 1994). T. terrestris podem ser importantes na manutenção do processo de
regeneração de espécies ao consumir elevada abundância de frutos de Oenocarpus
bataua (patauá), defecando-as intactas.
Dentre as 48 morfoespécies consumidas pelas antas um grande numero de
espécies apresentaram freqüência de abundancia igual a um. Neste caso, T. terrestris
podem ter ingerido estas sementes acidentalmente enquanto consumiam outros
itens vegetais, tais como folhas, o mesmo já fora observado por Cheida (2005) nas
fezes de lobo-guará.
4.2 Ambiente e micrositio de deposição
A deposição de sementes junto com as fezes pelos animais em um ambiente
que representa o habitat em que a espécie vegetal naturalmente ocorre, proporciona
uma maior probabilidade de sucesso na germinação e desenvolvimento da plântula
até a vida adulta, pois estes locais geralmente possuem condições para as quais a
espécie está mais bem adaptada (Hubbell et al. 1999). O comportamento de
forrageamento e os padrões de utilização das áreas pelo animal ira determinar o
50
sucesso do recrutamento das sementes (Wheelright & Orians 1982, Denslow et. al.,
1986) e o comportamento de forrageamento depende em parte da disponibilidade e
abundância de recursos alimentares.
As antas transportaram sementes de 75% das morfoespecies para ambientes
que coincidiram com os quais elas geralmente ocorrem, proporcionando elevadas
possibilidades de dispersão e recrutamento bem sucedidos (Hubbel et al. 1999).
Todas estas espécies foram depositadas viáveis, mesmo as que não germinaram em
laboratório foram possíveis observa-las germinando ainda nas fezes, indicando que
a passagem pelo trato digestório do animal não danificou as sementes. Situação
semelhante já fora detectada por Fragoso (1994) trabalhando na Amazônia
setentrional (Roraima).
Cerca de 50% das fezes foram depositadas em ambientes de capoeiras, e todas
estas amostras continham Bellucia sp1, uma espécie pioneira (Vizcarra 2006, Lorenzi
2002, Ribeiro et al. 1999), que necessita de luz para recrutamento e pode se beneficiar
deste comportamento de deposição por T. terrestris, sendo depositada em locais que
apresentam condições favoráveis para a germinação. Espécies pioneiras em geral
promovem o recobrimento das áreas perturbadas (Brown & Lugo, 1990), são
responsáveis pela produção inicial de frutos em abundancia que poderá
proporcionar a atração dos vertebrados pelos frutos, conduzindo-os até as áreas
abertas. Deste modo estes animais poderão transportar sementes maiores,
pertencentes a estágios sucessionais mais avançados (Tabarelli & Peres, 2002),
permitindo o desenvolvimento de todos os estágios da sucessão que ocorrem em
áreas de regeneração. A grande colaboração de T. terrestris neste caso é que a espécie
pode substituir a ausência dos atrativos para os outros vertebrados nestas áreas, pois
freqüentam bastante estes locais e podem então defecar sementes de diversos
tamanhos e contribuir para a regeneração antecipando-se aos demais frugívoros que
51
somente adentrariam estas áreas após o desenvolvimento de frutos que os atraíssem.
Fragoso (1991) verificou que Tapirus terrestris preferem áreas de habitat no estágio
sucessional inicial que suporta uma maior densidade de plantas, especialmente
herbáceas e gramíneas. Além de forragear estas áreas abandonadas T. terrestris as
utilizam para deslocarem-se entre as áreas de floresta (Morais, 2003). Estes animais
remanescentes da megafauna que foi extinta durante o periodo do Pleistoceno
(Janzen, 1982) migraram da América do Norte para as áreas da América Central e do
Sul (Einsenberg, 1981) e possuem adaptações para viverem em ambientes de savana,
predominados por áreas abertas, e precisaram se adaptar ao consumo dos frutos
para garantir sobrevivência nos ambientes de florestas (Cristofer & Peres, 2003).
Deste modo nots-se a preferência em locomover-se em ambientes de capoeira, que
poderá contribuir para a maior deposição de fezes nestes ambientes.
Outra evidencia de atrativos para as antas dentro das áreas de capoeira
amostradas na REPSOL é a presença de corpos d’água (poças e córregos muito
estreitos) pois esses animais são altamente dependentes de água e sais minerais
(Bodmer 1991). Além destas áreas abertas com presença de corpos d’água, as antas
freqüentemente são registradas em áreas alagadas, tais como rios e poças dentro das
florestas (Fragoso, 1994). Este comportamento deve-se à busca por minerais, muitas
vezes que escorrem da serrapilheira na floresta com as águas das chuvas para dentro
de poças, igarapés e lagos (Montenegro, 1999; Terwinlliger, 1978) tais como cálcio,
potássio e magnésio que constituem elementos essenciais para os animais
(Theuerkauf & Ellenberg 2000). A maioria das amostras de fezes foram encontradas
muito próximos destes locais alagados, tanto nos ambientes de baixio quanto em
capoeiras, a menos de um metro de distancia da água. Fezes encontradas em platô
estavam dentro de locais que permanecem alagados durante a estação chuvosa, e
secam na estação seca, porém ainda mantinham umidade maior que outros pontos
52
do platô. Para as espécies de sementes que são adaptadas a hidrocoria ou que
toleram determinado período de tempo sob condições de encharcamento, a
deposição de fezes em corpos d’água pode auxiliar a dispersão destas sementes (J.
Luis Camargo, com. pes. ).
4.3 Distribuição da composição florística dos propágulos entre os ambientes
As três curvas cumulativas do número de morfoespecies por ambiente
mostram que o esforço de coleta de fezes para todos os ambientes pode ter sido
suficiente. Conforme os gráficos, houve saturação de morfoespécies vegetais nas
fezes para os ambientes de baixio e platô a partir da 23ª-25ª amostra, com o número
de morfoespécies saturado em torno de 28 e 23 respectivamente enquanto que a
estabilização para os ambientes de Capoeira, ocorreu por volta da 46ª amostra com
34 morfoespécies. Devido ao fato de as coletas terem sido realizadas no período de
seca, a disponibilidade de frutos foi bastante reduzida, principalmente dentro dos
ambientes florestais (Baixio e Platô). Ambientes de Capoeira onde existem espécies
pioneiras que produzem frutos pequenos ou médios que possuem sementes
pequenas as quais requerem pouco conteúdo de reserva energética, pode ser
encontrado maior riqueza destes frutos para serem forrageados.
Considerando que as antas são animais territorialistas que demarcam seu
território através da deposição de fezes, conforme foi sugerido por Rocha (2001), a
maior riqueza de morfoespécies em amostras de fezes coletadas em capoeira sugere
que os animais que forrageiam nestas áreas possuem comportamento territorial
defendendo os ambientes de capoeiras (restritos e mais ricos em frutos) além de se
alimentarem também de frutos dentro das áreas de florestas. Além de espécies de
capoeira foram encontradas espécies de florestas nas fezes depositadas em capoeira.
53
Mouriri spp por exemplo, não ocorrem naturalmente em ambientes de capoeira, no
entanto foram todas transportadas com grande freqüência para estes ambientes,
demonstrando que os indivíduos que forrageiam em capoeira podem ser indivíduos
que dominam este tipo de ambiente, mas que também forrageiam nos ambientes de
florestas. Já Passiflora sp, Ludwigia sp e Psidium sp, são espécies que ocorrem
geralmente em ambientes de capoeira, e que foram depositadas na maioria das
vezes em ambientes de capoeira.
Ainda com relação ao numero de morfoespécies por ambiente, a Analise de
Variância (ANOVA) mostrou que não houve diferença significativa entre os
números de morfoespécies por amostra de fezes por ambiente, devido ao fato de
haver baixa oferta de frutos durante o período de coleta.
A Analise multivariada mostra que houve grande similaridade das espécies
entre as amostras nos ambientes. Isto reforça a idéia de que as antas se movimentam
muito entre os ambientes, pois há ausência de um padrão claro separando a
composição das amostras por ambiente. As sementes de espécies similares que
foram distribuídas em ambientes distintos podem ser favorecidas quando se tratar
de espécies que são adaptadas a se desenvolverem nestes três tipos de ambientes.
O elevado potencial em deslocar-se pelas áreas de florestas e capoeiras, faz com
que as antas sejam animais bastante importantes para a regeneração de florestas, não
somente pelo fato de defecar em capoeiras com elevada freqüência, mas também por
promover o fluxo de sementes, contribuindo para a variabilidade genética das
populações vegetais. Áreas de Reserva Florestal próxima a ambientes urbanos como
é o caso da Reserva Florestal Adolpho Ducke distante 25 km do centro de Manaus,
possuem baixa abundância de Tapirus terrestris, devido a pressões de caça. M. Clara
Arteaga (com. pes.) que desenvolve um trabalho de monitoramento da fauna
utilizando armadilhas fotográfica na área, relatou que em dois anos de trabalho não
54
foi registrada presença de Tapirus terrestris nas fotos. Neste caso, pode ser um dado
bastante preocupante pois as espécies florestais da Reserva Ducke que compõe a
área de 10.000 ha. podem apresentar forte estruturação familiar e endogamia.
Portanto alem da contribuição para regeneração de áreas abertas através da
deposição de fezes contendo sementes nestas áreas, uma das maiores contribuições
de Tapirus terrestris para a dinâmica das florestas é também o transporte de sementes
viáveis para ambientes distantes do local de origem, reduzindo as chances de
endocruzamento entre as espécies consumidas.
55
Conclusão
O maior número de morfoespecies presentes na capoeira pode refletir o maior
número de fezes encontrados neste tipo de ambiente. Apesar do mesmo esforço
amostral ter sido utilizado para coletar as amostras dentro dos três ambientes. Os
resultados fortalecem que as antas tem preferência pelos ambientes de capoeira
(Fragoso, 1991; Timo & Venticinque, 2003). Este comportamento é muito importante
pois contribui para a reposição das espécies durante a regeneração de áreas
perturbadas.
Para espécies de plantas epífitas tais como o gênero Philodendron e as hemi-
epífitas do gênero Coussapoa, as antas podem não ter contribuído diretamente para o
desenvolvimento destas espécies até a vida adulta, pois trata-se de espécies vegetais
que se estabelecem no alto dos troncos das árvores (Ribeiro et al., 1999). No entanto
o fato de depositar sementes viáveis no ambiente que ocorre pode disponibilizar as
sementes para a outros dispersores tais como as formigas, que podem se comportar
eficientemente como dispersores ao visitarem fezes de antas. Já para espécies que
são adaptadas a áreas alagadas tais como Oenocarpus bataua, Mouriri spp e algumas
espécies dos gêneros Pouteria e Chrysophyllum devem se beneficiar da deposição de
grande proporção das fezes de anta próximo a corpos d’água.
56
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59
Anexo I – Guia Ilustrativo das sementes
encontradas nas fezes de Tapirus terrestris
durante a estação seca.
Guia Ilustrativo das sementes
encontradas nas Fezes de Tapirus
terrestris durante a estação Seca.
60
SUMÁRIO
1. Descrição das Morfoespécies de sementes encontradas nas fezes de
T. terrestris.
1
2.Fotos ilustrativas das Morfoespécies de sementes encontradas nas
Fezes de Tapirus terrestris (Crédito de todas as fotos: Ricardo Braga)
13
3. Referencias Bibliográficas
20
1. Descrição das Morfoespécies de sementes encontradas nas fezes de T.
terrestris.
Nesta lista são apresentadas as morfoespécies de sementes que foram
encontradas nas fezes de Tapirus terrestris, descritas e detalhadas conforme o nível
taxonômico mais preciso o qual pode ser identificado a partir da morfologia da
semente.
Família Anacardiaceae
Anacardium parvifolium Ducke (Cajuí) – (Figura 1)
Arvore de dossel, ocorre geralmente em vertentes, na Amazônia Brasileira,
de acordo com Lorenzi (2002), se caracterizam por serem encontradas em terrenos
altos, tanto de terra firme quanto de várzea, da região amazonica, desde o Pará,
Amazonas e Guianas até o norte do Mato Grosso. Possuem pedúnculo bastante
desenvolvido e suculento, o qual é geralmente considerado como fruto
(pseudofruto), quando na verdade, a castanha afixada é o verdadeiro fruto. No
entanto é o pseudofruto que irá atrair os frugívoros.
As árvores desta espécie se desenvolvem com sucesso em áreas abertas, e
podem ser utilizadas em áreas de reflorestamento. As sementes viáveis geralmente
são dispersas pela avifauna (Lorenzi 2002, Van Roosmalen 1985).
As sementes desta espécie são as castanhas recobertas por casca, que
possuem inibidores de germinação. As antas consomem e defecam sementes desta
espécie, pode então contribuir com sua dispersão pois são animais que freqüentam
ambientes de área aberta, depositam fezes nestes locais e podem contribuir com
sucesso de regeneração e dispersão.
1
Família Annonaceae:
Família representada no Neotropico por cerca de 40 gêneros e
aproximadamente 650 espécies, com centro de distribuição na região Amazonica e
Guianas (Ribeiro et al. 1999). São arvores geralmente de pequeno porte, algumas
vezes são representadas pelas lianas (Van Roosmalen 1985). Os frutos são carnosos
e a dispersão de sementes desta família é feita principalmente por zoocoria. Muitas
espécies são cultivadas, principalmente espécies do gênero Annona, devido aos
seus frutos comestíveis (graviola, fruta do conde, etc.).
Rollinia sp – (Figura 2)
Planta helofita, secundaria, característica da mata de terra firme da
Amazônia ocidental. A coloração verde-amarelada dos frutos desta espécie atrai
grande numero de aves e primatas que são as principais responsáveis pela
dispersão das sementes deste gênero (Van Roosmalen 1985). São sementes muito
duras, que possuem dormência pronunciada e ocorrem geralmente nas área de
platô, vertentes e capoeiras na Amazônia brasileira e Peruana. As antas
transportaram sementes para os ambientes de capoeira.
Annona sp – (Figura 3)
Arvores ou lianas, que possuem frutos carnosos e sincarpicos, concrescência de
numerosos carpelos, superfícies usualmente areoladas, carpelos únicos. Sementes
dispersas geralmente através de zoocoria por mamíferos tais como primatas,
roedores e também já foi registrado para o jupará (Van Roosmalen 1984). Foram
consumidas pelas antas e dispersas em ambientes de Capoeira e Platô.
Guatteria Ruiz et. Pav. - (Figura 4)
Fruto com formato ovóide ou elipsóide, ou cilíndricos-elipsoidais curtos, são
raramente sésseis. Gênero representado por espécies de arbustos ou arvores,
2
raramente trepadeiras. Suas sementes são dispersas por zoocoria. (Van Roosmalen
1985). Foram transportadas em ambientes de capoeira pelas antas.
Família Apocynaceae:
Nos neotrópicos são encontrados aproximadamente 66 generos e mais de
700 espécies, sendo 400 espécies e 41 generos registrados na flora brasileira. São
plantas caracterizadas por possuírem látex branco e abundante. Arvores de grande
a médio porte, arvoretas, lianas e menos freqüentemente arbustos. As sementes
dos frutos são dispersadas pelo vento e também por animais sendo relatados
registros de primatas e aves consumindo estes frutos e provavelmente dispersando
suas sementes.
Couma sp - (Figura 5)
Árvore de sub-bosque, ocorre na amazônia central e ocidental e nas
Guianas. Possui frutos do tipo baga globosa, com polpa carnosa e adocicada. Trata-
se de uma espécie decídua, heliofita ou de luz difusa, característica de floresta
amazonica e terra firme, muito rara em terrenos úmidos, suas sementes são
disseminadas pela fauna (Lorenzi 2002). As antas depositaram sementes desta
espécie em ambientes de baixio na floresta.
Rhigosphira sp - (Figura 6)
Pouca informação existente sobre o gênero, trata-se de uma árvore de subsossel,
ocorre em ambientes de campinarana, baixio e vertente na Amazônia Central e
Ocidental. Possui frutos grandes, e comestíveis. (Ribeiro et al. 1999).
3
Família Aquifoliaceae - (Figura 7)
Família composta por 3 generos e aproximadamente 420 espécies sendo o
gênero Ilex o único representante nos Neotrópicos com cerca de 150 espécies. Em
terras baixas ocorrem principalmente em solos arenosos, em florestas sujeitas a
inundação. São arvores ou arbustos, raramente de grande porte, o fruto é uma
drupa pequena e a dispersão é endozoocórica, provavelmente as aves sejam seus
principais dispersores (Ribeiro et al. 1999). As antas transportaram sementes desta
espécie para ambientes de baixio que são locais de solo bastante arenosos.
Família Araceae
A família possui uma distribuição mundial com cerca de 105 generos e mais
de 3500 espécies principalmente em regiões tropicais. No Brasil ocorrem 30
generos e mais de 402 espécies. Trata-se de uma família constituída por ervas
terrestres, epífitas, hemiepifitas, raramente flutuantes ou aquáticas submersas;
Possuem frutos do tipo baga e sementes pequenas a grandes. A grande maioria
estão adaptadas a condições úmidas, tais como florestas pluviais e brejos, ou
crescem próximas a água corrente.
Philodendron sp - (Figura 8)
O gênero é representado por espécies hemiepifitas e algumas epífitas, a maior
parte delas também encontram-se em ambientes de baixio, havendo representantes
em todos os ambientes.Tapirus terrestris depositaram sementes deste gênero em
elevada freqüência, principalmente nos ambientes de baixio.
4
Familia Araliaceae
Família com cerca de 55 generos e aproximadamente 1500 espécies
ocorrendo em regiões temperadas e tropicais. Os frutos são geralmente drupas
lateralmente comprimidas e pilosa, enegressendo-se quando maduro, sementes
são dispersadas por aves (Van Roosmalen 1985).
Schefflera sp (morototó) - (Figura 9)
Possui cerca de 15 metros de altura, ocorre geralmente em capoeiras,
principalmente em áreas de clareiras na Amazônia.(Ribeiro et al. 1999)
Seus frutos são drupas globosas com cerca de 1 cm de diâmetro. Ocorre desde a
região amazonica até o Rio Grande do Sul, espécie perenifólia, heliofita ou de luz
difusa, indiferente as condições físicas do solo, apresenta larga dispersão em quase
todas as formaçãoes florestais. Desenvolve-se preferencialmente em áreas pouco
densas e formações secundárias. (Lorenzi, 2002). As antas transportaram sementes
para os ambientes de capoeira que são ambientes onde estas espéices geralmente
estabelecem e que geralmente ocorrem adultos desta espécies.
Familia Arecaceae
As espécies da família Arecaceae estão distribuídas em habitats de floresta
de terra firme, campinarana, floresta periodicamente inundadas e em ambientes
degradados. Em áreas periodicamente inundadas, ocorre pouca diversidade e
elevada abundância. Algumas espécies demonstram-se resistentes ao
desmatamento e queimadas, o que justifica sua ocorrência muitas vezes em grande
densidade nessas áreas (Miranda et. al. 2001). A Amazônia possui
5
aproximadamente 30 % das espécies de palmeiras do Novo Mundo (Henderson,
1995).
São plantas que possuem raízes subterrâneas ou aéreas, com estipes duros,
solitários ou capitosos e raramente escadente, aéreos ou subterrâneos, quando
aéreo pode ser liso ou densamente coberto com espinhos. As folhas apresentam-se
de forma palmada, pinada e inteiras, os frutos variam em tamanho e podem
apresentar o pericarpo liso ou com presença de espinhos; o tegumento da semente
é duro e contem no seu interior uma ou mais sementes. As plântulas possuem
folhas inteiras, bífidas e pinadas (Miranda et. al. 2001).
Oenocarpus bataua var. bataua Martius – (Figura 10)
Comumente denominada patauá, uma palmeira monocaule com cerca de 4,3 a
26 m de altura e caule liso medindo de 15 a 45 cm de diâmetro. Os frutos dessa
espécie são ovóides lisos, medindo 3,5 x 1,8 cm de diâmetro, de coloração escuro
arroxeado, e o período de frutificação ocorre entre os meses de setembro a janeiro.
Espécie muito abundante nas florestas de baixio e ocasionalmente em terra firme,
nos solos arenosos e mal drenados de baixa altitude (Miranda et. al. 2001). T.
terrestris depositou sementes desta espécie em elevada abundancia dentro dos
ambientes de baixio, e um tanto nos ambientes de capoeira.
Não identificada - (Figura 11)
Família Cyperaceae - (Figura 12)
Trata-se de uma familia que possui cerca de 90 gêneros e aproximadamente
4000 espécies das quais 845 ocorrem nos Neotropicos, geralmente em solos
úmidos. Pode ocorrer em áreas de solo encharcado, porém a base da planta nunca
fica submersa. O fruto é do tipo noz ou drupa. A morfologia é muito semelhante à
6
da família Poaceae com redução das peças florais favorecendo a polinização pelo
vento. A dispersão das sementes pode ser epi ou endozoocórica, ou ainda,
hidrocórica. As sementes ingeridas pelas antas foram depositadas nos três
ambientes de estudo por Tapirus terrestris.
Família Erythroxylaceae - (Figura 13)
Família com aproximadamente 260 espécies incluídas em 4 generos, dos
quais apenas Erythroxylum tem distribuição pantropical, com cerca de 180
espécies ocorrendo nos Neotrópicos. São em geral arbustos ou árvores pequenas,
que possuem pequenos frutos em geral são drupas verde-amareladas
provavelmente dispersos por aves (Ribeiro et al. 1999). As antas depositaram
sementes desta espécies em ambientes de capoeira.
Família Leguminosae: Caesalpinaceae
Compreende cerca de 180 gêneros e 3000 espécies, representadas
principalmente por arvores e arbustos, tropicais e subtropicais. A maioria dos
gêneros encontra-se nos Trópicos, na África, América e Sudeste da Ásia. A
subfamília está bem representada no Brasil. Os frutos são geralmente tipo vagem,
secos e deiscentes, às vezes indeiscentes e drupáceos. As sementes apresentam, às
vezes arilo, tegumento duro e impermeável. Os vetores de dispersão das sementes
geralmente são animais, água e vento (Ribeiro et al. 1999).
7
Bauhinia sp - (Figura 14)
São lianas lenhosas ou arbustos e arvoretas que possuem resina escassa, e
são conhecidos como “escada de jabuti”(Ribeiro et al. 1999). Os frutos são vagens
secas e as espécies deste gênero ocorrem nos três ambientes estudados, sendo que
as antas depositaram sementes nos três ambientes.
Hymenaea parvifolia – (Figura 15)
São árvores com cerca de 35 m, que possuem frutos grandes representados
por vagens, medindo cerca de 9-12 X 4-5 X 1-3,5 cm, contendo de 1 a 6 sementes
por vagens. Ocorre um pouco de polpa doce ao redor das sementes e a dispersão é
efetuada geralmente por primatas e roedores. As árvores estão muito bem
adaptadas a crescerem em áreas abertas (Lorenzi, 2002; Van Roosmalen, 1985).
Família Leguminosae: Mimosideae
A subfamilia Mimosoideae possui cerca de 60 generos e 3000 espécies. Os
representantes dessa subfamília inclui árvores, ervas, lianas e arbustos. Os frutos
são vagens deiscentes ou não, mas sempre com sementes númerossas. Muitas
espécies são consumidas por macacos ou papagaios que podem ser predadores ou
dispersores ocasionais. Em muitas espécies a testa da semente é dura e pode
permanecer viável por muitos anos. A dispersão de sementes ocorrem geralmente
pelo vento, água, aves (araras) e provavelmente primatas e outras aves (Lorenzi
2002).
8
Stryphnodendron sp - (Figura 16)
Arvore de dossel, ocorre geralmente em baixios e capoeiras, freqüentemente
nos estados do Amazonas e Pará. Os frutos são vagens secas e as sementes foram
transportadas pelas antas para os três ambientes estudados neste trabalho
Enterolobium sp - (Figura 17)
Popularmente conhecida como orelha de macaco, ocorrem geralmnte em
ambientes de platô na América Central e América do Sul. Ocorre na região do
Baixo amazonas em direção ao sul, seus frutos são consumidos pelos roedores é
uma espécie de crescimento rápido. São plantas decíduas, heliofitas até mesófitas,
seletiva xerófitas, pioneiras. Ocorre preferencialmente em formações secundarias
às vezes algumas arvores isoladas em terrenos elevados e solos argilosos bem
drenados (Lorenzi 2002). Os frutos são vagens e as sementes foram depositadas em
ambientes de baixio e capoeira pelas antas.
Mimosa sp – (Figura 18)
Podem ser herbáceas, arbustos ou lianas, possuem autocoria ou hidrocória e
seus frutos são pequenas vagens secas (Van Roosmalen,1985). Geralmente ocorrem
em beira de rios.
Leguminosae: Papilionoideae – (Figura 19)
Papilionoideae é a maior das três subfamílias de Leguminosae, com
aproximadamente 500 generos e mais de 10 mil epécies. Tem distribuição bastante
ampla, nas zonas tropicais, subtropicais, estendendo-se às regiões temperadas, mas
sua maior diversidade encontra-se nos trópicos americanos e africanos. Estes
gêneros são constituídos por espécies de diversos tipos de hábitos, incluindo ervas,
lianas e arvores.
9
O fruto é uma vagem, com uma até muitas sementes; pode ser deiscente ou
não, segmentado entre as sementes, inteiro ou circular. O fruto pode ser seco ou
carnoso, ocorrem arilos em vários gêneros. O fruto pode ser espesso ou achatado e
as vezes pode ser alado. Ocorre dispersão pelo vento e pela água, e alguns frutos
tem suas sementes dispersadas pelos roedores ou morcegos.
Família Memecylaceae
É uma família com aproximadamente 400 espécies distribuídas em 3
gêneros, tendo dois gêneros representados na região neotropical. As espécies
neotropicas ocorrem em florestas tropicais a subtropicais e savanas. O maior
numero de espécies ocorre na bacia amazonica, das 44 espécies que ocorrem na
Amazônia, 23 são endêmicas. São arbustos ou arvores de pequeno a grande porte,
crescem em florestas de platô, vertente, baixio e áreas de campinarana. Os frutos
são do tipo baga, geralmente globosos, a cor variando de verde, amarela e
vermelha, com polpa adocicada e perfumada. Os mamíferos são os principais
consumidores e prováveis dispersores dos frutos (Ribeiro et al 1999).
Mouriri spp – (Figuras 20, 21, 22)
Frutos são bagas, que possuem cerca de 1 a 12 sementes, trata-se de espécies
que são arvores ou arbustos e suas sementes são dispersas por aves e primatas
(Van Roosmalen 1985). T. terrestris transportou sementes para os três ambientes.
Família Myrsinaceae – (Figura 23)
A família possui cerca de 32 generos e 1000 espécies amplamente
distribuídas nas regiões temperadas e tropicais. São arvores de grande a pequeno
porte e arbustos. Os frutos são drupáceos, freqüentemente são pequenos e variam
de amarelo a laranja, vermelho ou negro.
10
As sementes dos frutos são dispersadas principalmente por aves (Ribeiro et al
1999). As antas transportaram sementes para os ambientes de Platô e Capoeiras.
Família Myrtaceae
É constituída por cerca de 3000 espécies distribuídas em aproximadamente
140 gêneros, que ocorrem principalmente em regiões tropicais. Os frutos são bagas
normalmente pouco carnosas, adocicadas ou cítricas. As espécies são arvores ou
arbustos, as sementes são dispersas geralemente por aves e primatas.
Psidium sp – (Figura 24)
Frutos são bagas, usualmente globoso, possuem cálices em forma de lóbulo
e polpa. Possuem muitas sementes que são dispersas normalmente por aves. As
antas depositaram sementes nos três ambientes de estudo (Baixio, Platô e
Capoeira).
Família Passifloraceae – (Figura 25)
Uma família com cerca de 500 espécies, mais da metade incluída no gênero
Passiflora que é predominantemente na América Neotropical. São lianas
freqüentemente lenhosas. O fruto é parecido com uma bola de couro, raramente
alongado, com sementes envolvidas numa polpa viscosa. Provavelmente as
sementes são dispersadas por mamíferos e aves (Ribeiro et al. 1999). As antas
transportaram sementes para ambientes de capoeira.
11
Família Sapotaceae
A família é formada por cerca de 450 especies distribuídas em 11 generos
nos Neotropicos. Apresenta alta diversidade em diversos ambientes,
principalmente em florestas úmidas localizadas em regiões de baixa altitude.
Todas as espécies são árvores, o fruto é uma baga, e as sementes apresentam
geralmente uma cicatriz esbranquiçada indicando o local em que se prendem ao
fruto. A dispersão é realizada principalmente por animais especialmente os
primatas (Ribeiro 1999, Van Roosmalen 1985).
Pouteria sp – (Figura 26)
Este gênero é composto de árvores que freqüentemente ocorrem dentro das
florestas, em ambientes de platô e baixio. Os frutos são drupas variáveis, que
podem ser globosos ou ovais. Variando em tamanho de médio para grandes frutos
(Van Roosmalen, 1985).
Chrysophyllum sp – (Figura 27)
O genero é representado por árvores, algumas espécies possuem frutos
solitários, outras em par, os frutos são grandes drupas com formatos elipsóides ou
ovais. (Van Roosmalen, 1985).
12
Fotos ilustrativas das Morfoespécies presentes nas Fezes de Tapirus terrestris
(Crédito de todas as fotos: Ricardo Braga)
Figura 1 – Annacardium parvifolium
Anacardiaceae
A
nacardium
p
arvi
f
olium
Comprimento: 3 mm
Largura: 2 mm
Tecido: duro
Formato: C
Cor: preta
Obs.: Possui carapaça
Figura 2 – Rollinia sp
Annonaceae
Rollinia sp
Comprimento: 15 mm
Largura: 9,3 mm
Tecido: duro
Formato: Gota
Cor: preta
Annonaceae
A
nnona s
p
Comprimento: 10 mm
Largura: 6,5 mm
Tecido: duro
Formato: Gota
Cor: preta
Figura 3 - Annona sp
Annonaceae
Guatteria sp
Comprimento: 8,7 mm
Largura: 7 mm
Tecido: duro
Formato: Gota
Cor: preta
Figura 4 – Guatteria sp
13
Figura 5 – Couma sp
Apocynaceae
Couma sp
Comprimento: 12 mm
Largura: 9 mm
Tecido: duro
Formato: Oval
Cor: preta
Apocynaceae
Rhigospira sp
Comprimento: 25 mm
Largura: 20 mm
Tecido: Mole
Formato: Redonda
Cor: Marrom
Obs: endocarpo carnoso
Figura 6 – Rhigospira sp
Aquifoliaceae
Não identificada
Comprimento: 8 mm
Largura: 5,5 mm
Tecido: mole
Formato: oval
Cor: amarelo
Figura 7 – Aquifoliaceae (Não identificada)
Araceae
Philodendron sp
Comprimento: 3 mm
Largura: 1,5 mm
Tecido: mole
Formato: Bastonete
Cor: branca
Figura 8 – Philodendron sp
14
Figura 9 – Schefflera sp
Araliaceae
Schefflera sp
Comprimento: 11 mm
Largura: 8 mm
Tecido: mole
Formato: redondo
Cor: palha
Figura 10 – Oenocarpus bataua
Arecaceae
Oenocarpus bataua
Comprimento: 23 cm
Largura: 12 cm
Tecido: Duro
Cor: marrom, com
manchas e fibras.
Figura 11 – Arecaceae (Não identificada)
Arecaceae
Não identificada
Comprimento: 16 mm
Largura: 6 mm
Tecido: mole
Formato: gota
Cor: palha
Cyperaceae
Não identificada
Medidas:
Comprimento: 6 mm
Largura: 2,5 mm
Tecido: mole
Formato: oval
Cor: palha
Figura 12 – Cyperaceae (Não identificada)
15
Erythroxylaceae
Erythroxylum sp
Comprimento: 6 mm
Largura: 3 mm
Tecido: mole
Formato: Gota
Cor: marrom
Figura 13 – Erythroxylum sp
Leg. Caesalpinaceae
Bauhinia sp
Comprimento: 9 mm
Largura: 8 mm
Tecido: duro
Formato: dura
Cor: marrom
Figura 14 – Bauhinia sp
Figura 15 – Hymenaea parvifolia
Leg. Caesalpinaceae
Hymenaea parvifolia
Comprimento: 25 mm
Largura: 20 mm
Tecido: duro
Formato: Redondo
Cor: preta
Figura 16 - Stryphnodendron sp
Leg. Mimosoideae
Stryphnodendron sp
Comprimento: 12 mm
Largura: 6 mm
Tecido: duro
Formato: oval
Cor: Marrom avermelhado
16
Figura 17 – Enterolobium sp
Leg. Mimosoideae
Enterolobium sp
Comprimento: 23 mm
Largura: 12 mm
Tecido: Duro
Formato: Oval
Cor: Marrom
Figura 18 – Mimosa sp
Leg. Mimosoideae
M
imosa sp
Comprimento: 5 mm
Largura: 5 mm
Tecido: duro
Formato: redonda
Cor: Marrom
l
Figura 19 – Leg. Papilionoideae (Não identificada)
Leg. Papilionoideae
Não identificada
Comprimento: 7 mm
Largura: 3 mm
Tecido: duro
Formato: Bastonete
Cor: Marrom escuro
Memecylaceae
M
ouriri s
p
2
Comprimento: 6,5 mm
Largura: 7,3 mm
Tecido: Mole
Formato: Redondo
Cor: Palha
Figura 20 – Mouriri sp2
17
Memecylaceae
M
ouriri s
p
2
Comprimento: 8 mm
Largura: 7,5 mm
Tecido: mole
Formato: Sem formato
caracterizado
Cor: palha
Figura 21 – Mouriri sp2
Memecylaceae
M
ouriri s
p
3
Comprimento: 6,5 mm
Largura: 6 mm
Tecido: mole
Formato: sem formato
definido
Cor: marrom
Figura 22 – Mouriri sp3
Figura 23 – Mysynaceae (Não identificada)
Myrsynaceae
Não identificada
Comprimento: 6,5 mm
Largura: 6 mm
Tecido: duro
Formato: C
Cor: preto
Myrtaceae
Psidium sp
Comprimento: 4 mm
Largura: 3 mm
Tecido: duro
Formato: sino
Cor: caramelo
Figura 24 – Psidium sp
18
Passifloraceae
Não identificada
Comprimento: 7 mm
Largura: 3,7 mm
Tecido: duro
Formato: Gota
Cor: preta
Figura 25 – Passifloraceae (Não identificada)
Sapotaceae
Pouteria sp
Comprimento: 12 mm
Largura: 7 mm
Tecido: duro
Formato: Gota
Cor: preta
Obs: hilo em volta da
semente.
Figura 26 – Pouteria sp
Sapotacae
Chrysophyllum sp
Comprimento: 11 mm
Largura: 7,5 mm
Tecido: mole
Formato: oval
Cor: palha
Figura 27 - Chrysophyllum sp
19
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