Enquanto as populações assexuadas sofrem com os efeitos irreversíveis
do acúmulo de mutações deletérias, e populações sexuadas são imunes a isto,
conforme Gordo e Charlesworth (2000), em populações assexuadas a catraca de
Muller pode levar à extinção se permitirmos que o tamanho da população varie.
Para evitar que isto aconteça, a recombinação genética, mistura dos genes do pai
com os da mãe no filho, torna-se fator de elevada importância, pois pode criar, na
população, indivíduos com pequeno número de mutações, que serão
beneficiados no processo seletivo.
As mutações muito prejudiciais, que reduzem drasticamente a adaptação
dos organismos, são eliminadas com muita rapidez pela ação da seleção natural,
e este processo é denominado de seleção purificada ou seleção negativa [Pamilo
et. Al. (1987), Lynch e Gabriel (1990)]. Mutações de efeito moderado, entretanto,
são menos afetadas pelo efeito purificador da seleção e são transmitidas mais
facilmente de geração para geração.O resultado desse processo é a rápida
diminuição da adaptação média da população e o conseqüente acréscimo na
velocidade da catraca.
A velocidade da catraca está ligada ao tamanho da população, pois é
dependente de flutuações dos tamanhos das classes de indivíduos. Estas
flutuações em populações finitas são denominadas de deriva genética. Em
populações finitas sempre haverá uma probabilidade não-nula de que o indivíduo
mais adaptado seja eliminado [Campos e Fontanari (1998)]. Em algumas
populações, esse tempo de perda é extremamente elevado e muitas vezes não é
sensível à escala do tempo do experimento. Por exemplo, em populações de
bactérias, cada geração corresponde a cada 20 minutos de experimento e a
catraca vai correr um dente a cada 40 anos, o que corresponde a um milhão de
gerações. Se não houvesse um mecanismo como a catraca de Müller que
indicasse que os microrganismos com reprodução assexuada estariam em
desvantagem por não conseguir anular a mutação, as formas assexuadas é que
prevaleceriam [Colato e Fontanari (2001)].
O processo de recombinação é um outro fator que leva à variabilidade
genética e por conseqüência a criação de indivíduos mais e menos aptos na
população. Por ser um processo estocástico, a união de gametas pode dar
origem a indivíduos antes inexistentes na população, cujas adaptações relativas
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