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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA - UCB
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física
CORRELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E A FORÇA DA
MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS OBESOS E NÃO OBESOS
JÚLIO CESAR DE FREITAS QUEIROZ
Orientador: Prof. Dr. Demóstenes Moreira
Brasília
2006
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JULIO CÉSAR DE FREITAS QUEIROZ
CORRELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E A FORÇA DA
MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS OBESOS E NÃO OBESOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação “Stricto Sensu” em Educação Física
da Universidade Católica de Brasília, como
pré-requisito para obtenção do título de Mestre
em Educação Física na área de concentração
em Saúde e Atividade Física.
Orientador: Prof. Dr. Demóstenes Moreira
Brasília
2006
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TERMO DE APROVAÇÃO
CORRELAÇÃO ENTRE A FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E A FORÇA DA
MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS OBESOS E NÃO OBESOS
Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre
no programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física, em 20 de setembro de
2006, pela banca examinadora constituída pelos professores:
Prof. Dr. Demóstenes Moreira
Universidade Católica de Brasília – UCB
Orientador
Prof. Dr. Martim Bottaro
Universidade de Brasília - UnB
Prof. Dr. Oscar Francisco Sanchez Osella
Universidade Católica de Brasília – UCB
Brasília
UCB
À minha esposa, Janaina, por seu apoio incondicional.
Com você sempre ao lado, tudo se tornou mais fácil,
possível. Obrigado por sua dedicação, compreensão e
companheirismo.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Dr. Demóstenes
Moreira, pelos sábios ensinamentos. Tornou-se um
grande amigo.
Ao casal de amigos, Flávia e Marcelo, pela
disposição e colaboração, sempre que solicitados.
À minha amiga e colega de trabalho, professora
Gilmara, pelas incontáveis substituições na
supervisão de estágio.
À fisioterapeuta Geórgia Danila pela imensa
colaboração.
À Miriam, consultora em estatística, pela
dedicação e profissionalismo.
Às professoras Adriana Giavoni e Gislane pela
revisão da estatística.
Aos professores Dr. Oscar Osella, Dr. Martim
Bottaro e Drª Nanci Maria de França por aceitarem
o convite para participar da banca examinadora
desta dissertação.
Às amigas fisioterapeutas, professora Maria do
Horto (UCB), Mariana Barbosa, Fabiana Abritta e
Isabela Miranda (HBDF) pelo incentivo e
colaboração.
Muito obrigado a todos.
“A imaginação é mais importante que o
conhecimento”
“A mente que se abre a uma nova idéia, jamais
voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................IX
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... X
LISTA DE GRÁFICOS .....................................................................................................XI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS...................................................................... XII
RESUMO ........................................................................................................................XIV
ABSTRACT ......................................................................................................................XV
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1
2. OBJETIVO....................................................................................................................... 3
2.1 GERAL .......................................................................................................................... 3
2.2 ESPECÍFICO ................................................................................................................... 3
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .............................................................................. 3
4. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................ 5
4.1 OBESIDADE ................................................................................................................... 5
4.1.1 Epidemiologia ....................................................................................................... 5
4.1.2 Etiologia................................................................................................................ 5
4.1.3 Classificação da obesidade .................................................................................... 7
4.1.4 Tipos de obesidade ................................................................................................ 8
4.1.5 Obesidade e comorbidades .................................................................................... 9
4.2 APARELHO RESPIRATÓRIO E OBESIDADE....................................................................... 10
4.2.1 Estrutura e função dos músculos respiratórios...................................................... 10
4.2.2 Fisiologia pulmonar............................................................................................. 11
4.2.3 Função pulmonar no obeso .................................................................................. 12
4.2.4 Manovacuômetro................................................................................................. 14
4.3 FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E OBESIDADE................................................................. 15
4.3.1 Aspectos funcionais do complexo punho-mão ..................................................... 15
4.3.2 Dinamômetro Jamar ......................................................................................... 16
5. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................... 19
5.1 TIPO DE ESTUDO .......................................................................................................... 19
5.2 AMOSTRA ................................................................................................................... 19
5.3 INSTRUMENTOS ........................................................................................................... 20
5.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ................................................................... 21
5.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ......................................................................................... 27
6. RESULTADOS .............................................................................................................. 28
7. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 36
8. CONCLUSÃO................................................................................................................ 40
9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 41
ANEXO I............................................................................................................................ 50
ANEXO II .......................................................................................................................... 52
ANEXO III......................................................................................................................... 53
ANEXO IV ......................................................................................................................... 54
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificação da obesidade em adultos conforme o IMC e o risco de
comorbidades......................................................................................................................... 8
Tabela 2 – Descrição da amostra (n=100)............................................................................. 28
Tabela 3 – Força de preensão palmar, Pimax e Pemax (média e desvio padrão).................... 29
Tabela 4 – Resultados da two-way ANOVA......................................................................... 32
Tabela 5A – Regressão Linear Múltipla ............................................................................... 33
Tabela 5B – Regressão Linear Múltipla ............................................................................... 34
Tabela 6 – Correlação através do Coeficiente de Pearson (grupo de obesos)......................... 35
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Etiologia da obesidade. ......................................................................................... 6
Figura 2 – Tipos de obesidade................................................................................................ 8
Figura 3 – Volumes e capacidades pulmonares..................................................................... 12
Figura 4 – Manovacuômetro (Suporte
)............................................................................... 22
Figura 5 – Medida da Pimax e Pemax. ................................................................................. 23
Figura 6 – Balança digital (PLENNA
- MEA 07700). ........................................................ 24
Figura 7 – Estadiômetro....................................................................................................... 25
Figura 8 – Dinamômetro (JAMAR
).................................................................................... 25
Figura 9 – Medida da força de preensão palmar. .................................................................. 26
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Força de preensão palmar (a)............................................................................. 30
Gráfico 2 – Força de preensão palmar ( b)............................................................................ 30
Gráfico 3 – Pimax e Pemax (a)............................................................................................. 31
Gráfico 4 – Pimax e Pemax (b) ............................................................................................ 31
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AVD – Atividade da vida diária
CA – Circunferência abdominal
cm – Centímetro
cmH
2
O – Centímetro de água
CQ – Circunferência quadril
CRF – Capacidade residual funcional
DXA – Absorpciometria dual de raios x
FC – Freqüência cardíaca
FPP – Força de preensão palmar
fR – Freqüência respiratória
g - Grama
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDF – International Diabetes Federation
IMC – Índice de massa corporal
Kg – Quilograma
kg/f - Quilograma/força
m
2
– Metro quadrado
O
2
– Oxigênio
OMS – Organização Mundial de Saúde
PA – Pressão arterial
Pemax – Pressão expiratória máxima
Pimax – Pressão inspiratória máxima
POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares
xiii
RC/Q – Razão cintura/quadril
SAS – Statistical Analysis System
SATM – Sociedade Americana de Terapeutas de Mão
WHO – Word Health Organization
xiv
RESUMO
A obesidade é uma epidemia global e está associada a altos índices de
morbimortalidade. Despertam-nos atenção as alterações que ocorrem na função pulmonar
causadas pelo excesso de tecido adiposo. O objetivo deste estudo foi correlacionar a força de
preensão palmar (FPP) e a força dos músculos respiratórios em voluntários obesos e não
obesos de ambos os sexos. A amostra foi constituída por 100 voluntários sedentários,
divididos em grupos de 50 voluntários obesos e 50 não obesos, sendo 25 homens e 25
mulheres em cada grupo. Para a mensuração da FPP, utilizou-se um dinamômetro de mão. A
força da musculatura respiratória foi obtida pela mensuração da pressão inspiratória xima
(Pimax) e pressão expiratória máxima (Pemax) através de um manovacuômetro. É um estudo
do tipo transversal. Os dados foram tratados no software SAS v. 8.2. O nível de
significância adotado foi de 5% (p<0,05). As variáveis sexo e obesidade apresentaram
resultados significativos e explicaram a FPP, a Pimax e a Pemax. Para as correlações da FPP
com a razão cintura/quadril (RC/Q), Pimax e Pemax, em ambas as mãos, os resultados
também foram significativos. A FPP, Pimax e Pemax apresentaram valores médios maiores
no grupo de obesos de ambos os sexos. O sexo masculino apresentou valores médios
significativamente maiores da FPP, Pimax e Pemax em ambos os grupos. Portanto, a variável
sexo foi preditora da Pimax/Pemax e da FPP. A dia da FPP da mão direita foi
significativamente maior do que a esquerda em todos os grupos analisados.
Palavras-chave: Força de Preensão Palmar – Pimax – Pemax – Obesidade
xv
ABSTRACT
Obesity is a global epidemic that is associated with high levels of morbidity and
mortality. It comes to our attention the changes that occur in the pulmonary function due to
the excess of body fat. The purpose of this study was to correlate the hand grip strength
(HGS) and the strength of the respiratory muscles in obese and non-obese volunteers from
both genders. The study group was formed by 100 sedentary volunteers, divided into groups
of 50 obese volunteers and 50 non-obese volunteers, 25 male and 25 female in each group. To
measure the HGS a hand dynamometer was used. The strength of the respiratory muscles was
obtained by measuring the maximum inspiratory pressure (MIP) and maximum expiratory
pressure (MEP) through the manovacumeter. This is a cross sectional study. The data went
through the software SAS
®
v. 8.2. The level of significance used was 5% (p<0,05). The
variables gender and obesity showed significant results and explained the HGS, MIP and
MEP. For the correlations of the HGS with the ratio waist/hip, MIP and MEP, in both hands,
the results were significant. HGS, MIP and MEP showed greater mean values in obese
individuals of both genders. The male had significantly higher mean values of HGS, MIP and
MEP in both groups. Therefore, the variable gender was a predictor of the MIP/MEP and
HGS. The mean of the HGS for the right hand was greater than the mean of the left hand in all
groups analyzed.
Key words: Hand Grip Strength – MIP – MEP – obesity
1
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos países no mundo está acompanhando um aumento do peso corporal em
suas populações. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004), a obesidade é uma
epidemia global e atinge milhões de pessoas: crianças, adolescentes e adultos estão acima do
peso ideal em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil.
O Ministério da Saúde brasileiro mostra os resultados de uma pesquisa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2002-2003, em que 40,6% da
população adulta no Brasil está acima do peso. Confirma, também, que mais pessoas
obesas do que não obesas na população de baixa renda.
Em 1998, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a obesidade de acordo
com o índice de massa corporal (IMC) em graus I, II e III. Afirmou ainda que quanto maior o
IMC, maior é o risco do indivíduo obeso desenvolver comorbidades (WHO, 1998).
A obesidade está associada a altos índices de morbimortalidade e doenças crônico-
degenerativas, como: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes tipo II, doenças
cardiovasculares, osteoartrose, doença pulmonar obstrutiva crônica, apnéia do sono e alguns
tipos de câncer (CAMPBELL, 2003).
A função pulmonar é prejudicada pela obesidade. A mecânica ventilatória no obeso
sofre alterações que provocam mudanças na força da musculatura respiratória, nos volumes e
capacidades pulmonares. Quanto maior o grau da obesidade e quanto mais central for a
localização da gordura, pior será a função respiratória (KOENIG, 2001; CHARLEBOIS e
WILMOTH, 2004).
A obesidade interfere nos valores obtidos na avaliação das pressões inspiratórias e
expiratórias. As medidas de pressão inspiratória máxima (Pimax) e pressão expiratória
2
máxima (Pemax) traduzem a força dos músculos respiratórios, sendo assim, são medidas
funcionais indiretas (KOENIG, 2001).
A força de preensão palmar está relacionada com as atividades da vida diária (AVD).
Exceto para a locomoção, usamos as mãos para quase todas as tarefas em casa, no trabalho e
lazer. Portanto, a força de preensão palmar não é simplesmente uma medida de força da mão
ou limitada à avaliação do membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas diferentes;
por exemplo, é usada como indicador da força total do corpo e, neste sentido, é empregada em
teste de aptidão física (BALOGUN et al.1991; DURWARD et al. 2001).
Existem muitos estudos nacionais e internacionais que utilizaram a medida de força de
preensão palmar para várias finalidades. Porém, não se encontrou na literatura nenhum
estudo, específico para a população obesa, que verificasse, ao mesmo tempo, como se
comporta a força de preensão palmar e a força da musculatura respiratória nessa população.
Este estudo vem preencher essa lacuna e aprofundar o conhecimento sobre a força de
preensão palmar e a força da musculatura respiratória em voluntários obesos, de ambos os
sexos, e estabelecer um pareamento com voluntários não obesos. Além disso, analisar a
correlação da força da musculatura respiratória, força de preensão palmar e medidas
antropométricas como IMC e a RC/Q.
3
2. OBJETIVO
2.1 Geral
Correlacionar a força de preensão palmar e a força dos músculos inspiratórios e
expiratórios em voluntários obesos e não obesos.
2.2 Específico
Correlacionar as seguintes variáveis:
A força de preensão palmar em voluntários obesos e não obesos e por sexo;
A Pimax e Pemax em voluntários obesos e não obesos e por sexo;
A força de preensão palmar com o IMC, RC/Q, Pimax e Pemax em voluntários obesos
e não obesos;
A Pimax e a Pemax com a RC/Q no grupo de obesos.
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
A obesidade apresenta uma relação estreita com várias doenças crônico-degenerativas
como: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares,
osteoartrose, doença pulmonar obstrutiva crônica, apnéia do sono e alguns tipos de câncer
(CAMPBELL, 2003).
A função pulmonar merece atenção porque é prejudicada pelo excesso de gordura. A
mecânica ventilatória no indivíduo obeso sofre alterações que modificam os volumes e
capacidades pulmonares. Além disso, a Pimax e a Pemax, que são medidas indiretas da força
dos músculos respiratórios, também sofrem modificações. Quanto mais central for a
4
localização da gordura, pior poderá ser a função pulmonar (KOENIG, 2001; CHARLEBOIS
E WILMOTH, 2004).
Atualmente, existem vários estudos relacionados à obesidade, porém controvérsias
entre os especialistas sobre as alterações da função pulmonar que ocorrem em conseqüência
da obesidade (CARDOSO, 2005).
Apesar de se encontrar estudos populacionais normativos sobre Pimax, Pemax, IMC,
RC/Q e força de preensão palmar em indivíduos não obesos, existem poucos dados
comparativos para essas medidas entre a população obesa e não obesa. Portanto, existe a
necessidade de se aprofundar os estudos a respeito dessas medidas, estabelecendo correlações
entre as mesmas para indivíduos obesos e não obesos de ambos os sexos.
A força de preensão palmar não é simplesmente uma medida de força da mão, é muito
utilizada em teste de aptidão sica, pois serve como uma medida que indica a força total do
corpo (BALOGUN et al.1991; DURWARD et al. 2001).
O conhecimento das variações das medidas antropométricas, da força de preensão
palmar e da força dos músculos respiratórios, na população obesa, permite aos profissionais
da área de saúde aprimorar a avaliação, a prevenção e o tratamento dos efeitos deletérios
causados pela obesidade.
5
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 Obesidade
4.1.1 Epidemiologia
No Brasil, o aumento de peso da população está progredindo rapidamente nos últimos
anos. Um inquérito foi realizado, em 1997, nas regiões nordeste e sudeste do país. De acordo
com essa pesquisa, a prevalência da obesidade em adultos (Índice de Massa Corporal - IMC
30 kg/m
2
) seria de 7,0% em homens e de 12,4% em mulheres. Se somarmos voluntários com
sobrepeso e voluntários obesos (IMC 25 kg/m
2
), a prevalência seria de 38,5% para homens
e de 39,0% para mulheres (MONTEIRO e CONDE, 1999).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004), a obesidade é uma epidemia
global e atinge milhões de pessoas: crianças, adolescentes e adultos estão acima do peso ideal
em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil.
O Ministério da Saúde brasileiro aponta, numa Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF) de 2002-2003, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
que o país tem cerca de 38,6 milhões de pessoas com peso acima do recomendado, o
equivalente a 40,6% de sua população adulta. Desse total, 10,5 milhões são obesos. O
relatório mostrou que o problema de excesso de peso, no Brasil, não atinge apenas as pessoas
com renda mais alta. Confirma, também, que mais pessoas obesas do que magras na
população de baixa renda.
4.1.2 Etiologia
O peso corporal está relacionado ao equilíbrio energético que é determinado pela
ingestão de macronutrientes, pelo gasto de calorias e pela distribuição da reserva de energia
6
ou de nutrientes. Quando o balanço energético positivo perdura por semanas ou meses, o
resultado é um ganho de peso, enquanto que um balanço negativo exerce o efeito oposto.
Considerando que o balanço energético positivo leva a um ganho de peso, os hábitos
dietéticos e o nível de gasto energético (atividade física) têm uma função importante na
prevalência do sobrepeso e da obesidade (BOUCHARD, 2003).
As causas da obesidade apresentam uma origem multifatorial e, por isso, podem estar
relacionadas a aspectos comportamentais, ao estilo de vida e obviamente, às questões de
natureza fisiológica. A figura 1 mostra que, didaticamente, pode-se dividir a etiologia da
obesidade em dois contextos: causas exógenas, influenciadas por fatores externos, os quais
representam aproximadamente 95% dos casos; e causas endógenas que compõem os 5% dos
casos restantes (DÂMASO, 2003).
Figura 1 – Etiologia da obesidade.
Fonte: DÂMASO, 2003; p.05.
7
4.1.3 Classificação da obesidade
Em 1998, a OMS propôs a classificação do peso corporal baseada no cálculo do índice
de massa corporal IMC e afirmou que essa medida antropométrica é muito útil, não-
invasiva, de baixo custo e fácil de aplicar. Por essas razões, é a técnica mais utilizada em
estudos epidemiológicos (WHO, 1998; DÂMASO, 2003).
O IMC é expresso pela relação entre a massa corporal em Kg e estatura em m
2
. É
amplamente utilizado como indicador do estado nutricional. O IMC é obtido dividindo-se o
peso corporal pela altura elevada ao quadrado (MCARDLE et al. 2003; SANTOS e
SICHIERI, 2005). Fórmula para cálculo do IMC:
IMC = PESO CORPORAL (Kg) ÷ ALTURA (m
2
)
A classificação da obesidade pelo IMC deixa de levar em consideração a composição
corporal específica de cada voluntário, como por exemplo, a proporção de gordura, osso,
massa muscular e amesmo o volume plasmático induzido pelo treinamento com exercícios.
Então, pode não ser recomendada para alguns atletas (MCARDLE et al. 2003 e FONSECA et
al. 2004). Entretanto, no presente estudo, a amostra é constituída por voluntários sedentários
obesos e não obesos. Portanto, o cálculo do IMC é adequado para classificar a obesidade
dessa população. Existem outros métodos mais sofisticados para diagnosticar a obesidade,
como a absorpciometria dual de raios x (DXA), a ultra-sonografia, a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética. Porém, todos esses métodos são de alto custo
financeiro e de uso limitado na prática clínica (MANCINI, 2002).
Segundo a OMS (2004), o IMC elevado está relacionado com o risco de apresentar
comorbidades. Assim, um indivíduo com IMC 30 kg/m
2
é considerado obeso (tabela 1).
8
Tabela 1 Classificação da obesidade em adultos conforme o IMC e o risco de
comorbidades
CLASSIFICAÇÃO IMC (kg/m
2
) Risco de comorbidades
Abaixo do peso
< 18,50
BAIXO (risco aumentado de outros problemas
clínicos).
Variação normal
18,50 – 24,99
MÉDIO
Sobrepeso:
25,00
Pré-obeso
25,00 – 29,99
AUMENTADO
Obeso classe I
30,00 – 34,99
MODERADO
Obeso classe II
35,00 – 39,99
ALTO
Obeso classe III
40,00
MUITO ALTO
Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2004, p. 9.
4.1.4 Tipos de obesidade
Quando a gordura é mais concentrada na região dos quadris caracteriza-se a obesidade
do tipo ginóide ou em ra, mais freqüente em mulheres (Figura 2). Neste caso, está mais
relacionada com complicações vasculares periféricas, alterações ortopédicas e estéticas. Nos
homens, a gordura normalmente é mais localizada na região abdominal ou tronco, sendo
definida como obesidade do tipo andróide ou em maçã. Logo, apresenta maior correlação com
complicações cardiovasculares e metabólicas (MANCINI, 2002).
Figura 2 – Tipos de obesidade
Fonte: Cardoso, 2005.
GINÓIDE
ANDRÓIDE
9
O Consenso Latino-Americano de Obesidade (1999) recomenda para avaliar a
distribuição da gordura corporal, o cálculo da razão cintura quadril (RC/Q), que é definido
pela divisão do maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca (cintura)
pelo perímetro dos quadris ao nível dos trocanteres femorais (quadril) (COUTINHO, 1999).
O risco para o desenvolvimento de alterações metabólicas é maior para a RC/Q acima
de 0,85 nas mulheres, e de 0,90 nos homens (FRANCISCHI et al. 2000; GRIJALBA, 2001;
MANCINI, 2002; DÂMASO e BERNARDES, 2003).
A Federação Internacional do Diabetes (International Diabetes Federation – IDF)
considera que a adiposidade abdominal relaciona-se com todos os componentes da síndrome
metabólica. Afirma, também, que a medida da circunferência da cintura é uma característica
populacional relacionada à raça. Para a população da América do Sul, o risco de desenvolver
doença cardiovascular e diabetes do tipo II está presente para os homens quando a medida da
cintura é 90 cm e para as mulheres 80 cm (ZIMMET et al.2005).
FORD et al. (2003) consultaram os dados de 19.478 participantes do “National Health
and Nutrition Examination Survey (NHANES)” de 1988 a 1994 e de 1999 a 2000 e
mostraram que a circunferência da cintura da população nos Estados Unidos aumentou nesses
períodos. Esses autores recomendaram que as medidas da altura, peso e circunferência da
cintura devem fazer parte da rotina nos consultórios médicos.
4.1.5 Obesidade e comorbidades
Atualmente, sabe-se que a obesidade está associada a altos índices de
morbimortalidade e doenças crônico-degenerativas. Isso porque o indivíduo obeso está mais
predisposto a desenvolver doenças como: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes
10
tipo II, doenças cardiovasculares, osteoartrose, doença pulmonar obstrutiva crônica, apnéia do
sono e alguns tipos de câncer (CAMPBELL, 2003).
Um estudo prospectivo de coorte realizado por CALLE et al. (1999) nos Estados
Unidos, com mais de um milhão de adultos, confirmou que o risco de morte por qualquer
causa, doenças cardiovasculares, câncer ou outras doenças, aumenta significativamente com o
sobrepeso moderado e severo para homens e mulheres em todas as idades.
RAM WEISS et al. (2004) fizeram um estudo de coorte com 439 indivíduos obesos,
com idade entre 4 e 20 anos, e concluíram que a prevalência de síndrome metabólica é maior
entre as crianças e adolescentes obesos, e aumenta com a piora da obesidade.
Uma pesquisa brasileira recente, realizada por FEIJÃO et al. (2005), confirma que
uma relação estreita entre a obesidade e a pressão arterial sistêmica, independente do sexo,
idade, renda familiar, escolaridade e ocupação. A prevalência de hipertensão arterial foi 59%
maior entre os voluntários com sobrepeso e 149% maior nos obesos, quando comparado com
voluntários com o peso dentro da normalidade.
CABRERA et al.(2005) realizaram um estudo ambulatorial com 575 mulheres idosas
com seguimento de 5 anos. Os resultados mostraram que a obesidade central (andróide),
representada pelo aumento da RC/Q, e não a obesidade global (ginóide), representada pelo
aumento do IMC, foi preditora de mortalidade total em idosas, principalmente as com até 80
anos.
4.2 Aparelho respiratório e obesidade
4.2.1 Estrutura e função dos músculos respiratórios
Os músculos respiratórios são estabilizadores do tórax e abdome. Dividem-se em
músculos principais e acessórios. Os principais são o diafragma e os músculos intercostais
11
externos (inspiratórios) e os intercostais internos (expiratórios). Os músculos acessórios são
os escalenos, esternocleidomastóideos, peitorais maiores (inspiratórios) e os abdominais
(expiratórios) e auxiliam quando a demanda ventilatória aumenta, como durante o exercício,
ou em doenças pulmonares restritivas ou obstrutivas (SCANLAN, WILKINS e STOLLER,
2000). Toda a musculatura respiratória funciona como um motor do sistema ventilatório. Gera
uma diferença de pressão colocando o ar para dentro dos pulmões na fase inspiratória em cada
ciclo respiratório. A fase expiratória é geralmente passiva, estando o indivíduo em repouso.
Porém, a expiração forçada requer a força dos músculos expiratórios (SILVA, GUEDES e
RIBEIRO, 2003).
4.2.2 Fisiologia pulmonar
Os volumes e as capacidades pulmonares que compõem cada ciclo da respiração são
demonstrados na figura 3.
O volume de gás que se move para dentro e para fora do trato respiratório é chamado
de volume corrente. O volume de reserva inspiratório é medido a partir do volume corrente
numa inspiração máxima e, ao contrário, o volume de reserva expiratório mede-se numa
expiração máxima, também a partir do volume corrente. O volume de gás que restou no
aparelho respiratório, após uma expiração máxima, é chamado de volume residual. A soma do
volume de reserva expiratória e do volume residual compõe a capacidade residual funcional.
A capacidade vital está relacionada com a quantidade de ar que o indivíduo é capaz de colocar
para dentro e para fora numa inspiração e expiração máxima. A capacidade pulmonar total é o
somatório de todos os volumes pulmonares (GUYTON, 2002).
A mecânica ventilatória no obeso sofre alterações que provocam mudanças na força da
musculatura respiratória, nos volumes e capacidades pulmonares. Quanto maior o grau da
12
obesidade e quanto mais central for a localização da gordura pior será a função respiratória
(KOENIG, 2001; CHARLEBOIS e WILMOTH, 2004).
Figura 3 – Volumes e capacidades pulmonares.
Fonte: Cardoso, 2005.
4.2.3 Função pulmonar no obeso
A obesidade pode interferir na força dos músculos respiratórios e, consequentemente,
influenciar os valores obtidos na avaliação das pressões inspiratórias e expiratórias. As
medidas de Pimax e Pemax traduzem a força dos músculos respiratórios. É uma medida
funcional indireta (PELOSI et al. 1998; DOMINGOS-BENÍCIO et al. 2004; SANTANA et
al. 2005).
O tipo de distribuição da gordura corporal está relacionado com o grau de dificuldade
da passagem do ar pelas vias aéreas. Os voluntários com obesidade andróide apresentam
maior dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas quando comparados com obesos
ginóides (AULER, GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003).
O indivíduo obeso possui uma demanda metabólica maior do que um indivíduo o
obeso da mesma estatura (BOUCHARD, 2003). Em relação ao trabalho muscular respiratório,
13
o indivíduo não obeso consome aproximadamente 1 a 3% do total de O
2
consumido
no
organismo, porém, em indivíduos obesos com IMC > 40 kg/m
2
, esse consumo chega a 16%
(KRESS et al. 1999; LAGHI e TOBIN, 2003).
Durante a fase de inspiração normal, o diafragma desce empurrando o conteúdo
abdominal, aumentando o volume da cavidade torácica e permitindo a expansão dos pulmões.
Em pessoas obesas, a gordura abdominal eleva o diafragma impedindo sua completa excursão
durante a inspiração, reduzindo a capacidade residual funcional a um terço do normal e
causando colapso nos alvéolos das bases pulmonares. A hipoventilação crônica em áreas
pulmonares bem perfundidas contribui para aumento do shunt pulmonar e esse é um fator
agravante para indivíduos com obesidade severa. A complacência pulmonar e da parede
torácica encontra-se diminuída devido ao acúmulo de gordura adjacente às costelas, ao
diafragma e em toda cavidade abdominal (COLLINS et al. 1995; PELOSI et al. 1997;
PELOSI et al. 1998; DOMINGOS-BENÍCIO et al. 2004; SANTANA et al. 2005).
A obesidade geralmente não causa falência respiratória porque a retenção de dióxido
de carbono é facilmente compensada por incremento no volume minuto (freqüência
respiratória x volume corrente). Quando um componente obstrutivo, doença pulmonar ou
sistêmica ocorre, o trabalho respiratório pode ficar facilmente prejudicado, resultando em
graus variáveis de insuficiência respiratória. Portanto, nessa condição, o indivíduo obeso é
mais suscetível às complicações respiratórias (CHARLEBOIS e WILMOTH, 2004).
A medida da Pimax e Pemax possibilita obter dados relevantes para a avaliação
funcional dos músculos respiratórios (CAMELO, FILHO e MANÇO, 1985; FIZ et al. 1992).
Além disso, é uma medida que pode ser feita de forma não invasiva através de um
manovacuômetro, sendo de fácil obtenção e boa reprodutibilidade. O esforço empreendido
pelos músculos inspiratórios determina, em grande parte, o fluxo máximo a ser atingido a
cada inspiração (AZEREDO, 1996; EMMERICK, 2001).
14
Na prática clínica, a medida da Pimax mostra a capacidade ventilatória e pode ser um
indicativo do desenvolvimento de insuficiência respiratória. Entretanto, uma boa força
expiratória promove uma tosse eficaz e é importante para a remoção de secreções em doentes
com padrão obstrutivo. As medidas de Pimax e Pemax deveriam fazer parte dos exames para
auxiliar no diagnóstico de doenças neuromusculares (KARVONEN et al. 1994).
Segundo DOMINGOS-BENÍCIO et al. (2004) e CARDOSO (2005), ainda existem
muitas controvérsias sobre as alterações pulmonares causadas pela obesidade. Relatam que
mais estudos são necessários para entender melhor a função pulmonar no indivíduo obeso.
A sugestão dos autores acima, que afirmam serem necessários mais estudos para
entender melhor a função pulmonar em obesos, reforçou a motivação para se realizar o
presente estudo.
O item seguinte faz uma abordagem sobre o manovacuômetro, que foi o instrumento
usado para medir a Pimax e Pemax neste estudo.
4.2.4 Manovacuômetro
Trata-se de um instrumento clássico e simples, usado largamente na prática clínica
com o objetivo de medir, ao vel da boca, as pressões respiratórias estáticas máximas: 1.
Pressão inspiratória máxima (Pimax); 2. Pressão expiratória máxima (Pemax). O
manovacuômetro utilizado neste estudo é da marca Suporte e tem capacidade de medir
pressões até ±300 cm H
2
0. As mensurações das pressões respiratórias máximas dependem da
compreensão e colaboração do voluntário avaliado para a sua realização. Por isso, solicita-se
ao indivíduo que encaixe bem o bucal na boca, a fim de evitar vazamentos, e faça com vigor o
esforço expiratório ou inspiratório para a medida das pressões máximas (NEDER et al. 1999;
SOUZA, 2002).
15
Segundo MELO (2006), o manovacuômetro é um instrumento de grande utilidade, de
baixo custo, acessível e confiável. É de fácil manuseio e apresenta resultados reprodutíveis.
Pesquisadores realizaram na Alemanha um estudo com 533 voluntários saudáveis,
com idade entre 10 e 90 anos, e concluíram que as medidas da Pressão inspiratória máxima de
pico e de platêau apresentam resultados reprodutíveis, fidedignos e sem diferenças
significantes para determinar a força da musculatura inspiratória. Afirmaram que a Pimax
pode ser medida a partir do volume residual ou da capacidade residual funcional (WINDISCH
et al. 2004). No presente estudo, considerou-se a medida de pico da Pimax a partir do volume
residual.
4.3 Força de preensão palmar e obesidade
4.3.1 Aspectos funcionais do complexo punho-mão
Os músculos que participam da preensão palmar são os flexores profundos dos dedos,
flexores superficiais dos dedos, lumbricais, interósseos dorsais e músculos tenares (SMITH,
WEISS e LEHMKUHL, 1997).
Segundo o estudo clássico de NAPIER (1956), o ser humano apresenta apenas dois
padrões básicos de preensão: preensão de força e preensão de precisão. A preensão de
precisão é uma forma mais delicada de preensão. Ela refere-se a segurar o objeto entre a face
palmar ou lateral dos dedos e o polegar oposto. A preensão de força envolve segurar um
objeto entre os dedos parcialmente flexionados em oposição à contrapressão gerada pela
palma da mão, a eminência tênar e o segmento distal do polegar. Como o nome sugere, ela
favorece o uso total da força.
Um estudo realizado por HANTEN et al. (1999) nos Estados Unidos, estabeleceu
dados normativos relacionados à força de preensão palmar para homens e mulheres com idade
16
entre 20 e 64 anos, divididos em grupos, com intervalos de cinco anos. Um total de 1.182
voluntários de ambos os sexos participaram da pesquisa. Os autores concluíram que, sem
considerar a dominância dos membros superiores, a maioria dos indivíduos tem a mão direita
mais forte que a esquerda, e que não houve diferença estatisticamente significante para a força
de preensão palmar na faixa etária entre 20 e 54 anos em ambos os sexos.
A força de preensão palmar está relacionada com as atividades da vida diária (AVD).
Exceto para a locomoção, usamos as mãos para quase todas as tarefas em casa, no trabalho e
lazer. A diminuição dessa força acaba gerando uma incapacidade física bastante significativa
para o indivíduo. Portanto, a força de preensão palmar não é simplesmente uma medida de
força da mão ou limitada à avaliação do membro superior (DURWARD et al. 2001). Ela tem
muitas aplicações clínicas diferentes; por exemplo, é usada como indicador da força total do
corpo, e neste sentido, é empregada em testes de aptidão física ou capacidade de trabalho
(BALOGUN et al.1991; HANTEN et al. 1999).
Desde meados do século XX, a medida da força de preensão palmar é utilizada para
avaliação funcional de pacientes portadores de doenças do punho e mão (BECHTOL, 1954;
CAPORRINO et al. 1998; MOREIRA et al. 2001 (a)).
A seguir, sedescrito de maneira mais detalhada o dinamômetro Jamar, que foi o
instrumento utilizado para a medida da força de preensão palmar.
4.3.2 Dinamômetro Jamar
Vários instrumentos foram construídos para medir a força de preensão palmar, porém
o dinamômetro Jamar, construído por Bechtol, em 1954, ainda é o sistema de calibração de
maior aceitação clínica, e tem sido utilizado regularmente em vários estudos e na prática
clínica (BECHTOL, 1954; MATHIOWETZ et al.1985 (a); MATHIOWETZ, RENNELS e
17
DONAHOE, 1985(b); MATHIOWETZ, 1990; CAPORRINO et al. 1998; MOREIRA et al.
2001 (b) e 2003 (a); D’ OLIVEIRA, 2005).
O dinamômetro Jamar é um sistema aferidor de tensão, constituído por duas barras
de aço, que se apresentam interligadas. À medida que o indivíduo aperta as barras, elas se
aproximam, provocando uma alteração na resistência dos aferidores, ocorrendo com isso, uma
mudança correspondente na produção de voltagem diretamente proporcional à força de
preensão exercida pela mão (DURWARD et al. 2001). A escala de força é descrita até 200
libras e/ou 90 kg/f - Quilograma/força (JAMAR, 2000).
Esse dinamômetro apresenta cinco estágios para posicionamento das barras de aço
(manopla), onde o indivíduo apóia a mão e aperta para realizar o teste de força de preensão
palmar. Uma pesquisa realizada por CROSBY, WEHBÉ e MAWR (1994), com 214
voluntários, entre 16 e 63 anos, determinou que a segunda posição da manopla é a que oferece
maior desempenho da força de preensão palmar. FIRRELL e CRAIN (1996) também
confirmam num estudo com 288 voluntários assintomáticos que a segunda posição é a melhor
para se realizar o teste de preensão palmar, independentemente do sexo, idade, altura, peso,
dominância e o tamanho da mão do indivíduo.
A Sociedade Americana de Terapeutas de Mão (SATM) recomenda o uso do
dinamômetro Jamar para mensurar a força de aperto em pacientes com diversas desordens
que comprometem os membros superiores (MATHIOWETZ et al. 1985 (a); MATHIOWETZ,
RENNELS e DONAHOE, 1985(b); BALOGUN et al. 1991; CAPORRINO et al. 1998;
MOREIRA, GODOY e SILVA JUNIOR, 2001 (b)).
Conforme descrito anteriormente, existem muitos estudos nacionais e internacionais
que utilizaram a medida de força de preensão palmar com várias finalidades. Porém, não se
encontrou na literatura nenhum estudo, específico para a população obesa, que analisasse
como se comporta a força de preensão palmar nessa população. O presente estudo buscou
18
preencher essa lacuna e aprofundar o conhecimento sobre o comportamento da força de
preensão palmar em voluntários obesos, de ambos os sexos, e estabelecer um pareamento com
voluntários o obesos. Além disso, correlacionar a força da musculatura respiratória com a
força de preensão palmar e medidas antropométricas como IMC e RC/Q.
19
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Tipo de estudo
Estudo transversal
5.2 Amostra
Participaram da pesquisa 100 voluntários obesos e não obesos de ambos os sexos. Os
voluntários foram divididos em 2 grupos de 50 indivíduos. Quanto à idade, os voluntários
tinham entre 18 e 55 anos, porque estão dentro de uma faixa etária em que não uma
variação significante da força de preensão palmar e também da força da musculatura
respiratória (BLACK e HYATT, 1969; CAPORRINO et al. 1998; NEDER et al. 1999).
Grupo I
50 voluntários obesos
25 homens e 25 mulheres com IMC 35 Kg/m
2
Critérios de inclusão:
Indivíduos com IMC 35 Kg/m
2
de ambos os sexos;
Apresentar, no mínimo, 5 anos de obesidade diagnosticada;
Idade entre 18 e 55 anos;
Indivíduos não praticantes de atividade física regular.
Critérios de exclusão:
Tabagistas e etilistas;
Doença pulmonar prévia diagnosticada;
20
Indivíduos com patologias que causam fraqueza muscular nos membros superiores,
como: doenças neurológicas, reumatológicas, ortopédicas e outras.
Grupo II
50 voluntários não obesos IMC 18,50 e 24,99 Kg/m
2
.
25 homens e 25 mulheres.
Os critérios de inclusão e exclusão são os mesmos do grupo I, com exceção da
obesidade.
Todos os voluntários da amostra assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido (Anexo I) para participarem deste estudo.
O presente estudo foi aprovado pelo Comide Ética em Pesquisa da Universidade
Católica de Brasília, em 06 de dezembro de 2005, conforme ofício CEP/UCB 150/2005
(Anexo II).
5.3 Instrumentos
Dinamômetro de mão (Jamar)
Manovacuômetro (Suporte ± 300 cmH
2
O)
Balança digital (Plenna MEA 07700)
Fita métrica
Clipe nasal
Bucal para o manovacuômetro
Ficha de avaliação
Esfignomanômetro (Becton Dickinson)
21
Estetoscópio (Littmann)
Cronômetro
Estadiômetro
5.4 Procedimentos para coleta de dados
Os voluntários foram convidados a participar do estudo, informados quanto aos
objetivos da pesquisa, os procedimentos para a coleta de dados e, em seguida, assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo I).
Iniciou-se a coleta de dados com o preenchimento da ficha de avaliação, conforme
apresentada no anexo III, onde foram anotados os dados pessoais, patologias associadas,
tempo de obesidade e hábitos de vida. As medidas objetivas realizadas foram as seguintes:
peso e altura para calcular o índice de massa corporal (IMC), pressão arterial (PA), freqüência
respiratória (fR), freqüência cardíaca (FC), pressão inspiratória máxima (Pimax), pressão
expiratória máxima (Pemax), circunferência do quadril (CQ) e circunferência abdominal (CA)
para calcular a razão cintura/quadril (RC/Q) e mensuração da força de preensão palmar.
Com o objetivo de evitar um ambiente competitivo no local dos testes, todos os
participantes do estudo foram avaliados de maneira individual e reservada.
Antes de iniciar os testes, todos os participantes foram orientados detalhadamente
quanto à execução dos mesmos. Realizaram uma medida de preensão palmar e
manovacuometria para a familiarização com o equipamento e evitar viés nas mensurações
devido à influência do fator ensino-aprendizagem (SOUZA, 2002; RASSLAN et al. 2004 e
FIORE et al. 2004).
As freqüências respiratória e cardíaca foram as primeiras medidas realizadas. O
voluntário encontrava-se sentado e em repouso pelo menos 10 minutos. Essas medidas
foram obtidas por meio da ausculta pulmonar e cardíaca, direta, por um minuto, utilizando-se
22
um estetoscópio (Littmann). Ainda com o voluntário sentado confortavelmente, foi medida
a pressão arterial, sempre no membro superior esquerdo através de um esfignomanômetro
(Becton Dickinson).
Em seguida, utilizou-se um manovacuômetro analógico, com intervalo operacional de
± 300 cm H
2
O da Marca Suporte (figura 4), para medida da pressão inspiratória máxima
(Pimax) e da pressão expiratória máxima (Pemax). Estas medidas foram realizadas com o
voluntário sentado numa cadeira com encosto e os pés bem apoiados no piso (figura 5).
Figura 4 – Manovacuômetro (Suporte
).
Fonte: Autor, 2006.
A Pimax foi medida a partir do volume residual. Portanto, o voluntário foi orientado a
fazer uma expiração máxima através do bucal e, em seguida, autorizado a realizar uma
inspiração máxima até o seu limite. Por outro lado, a Pemax foi medida a partir da capacidade
pulmonar total. Sendo assim, logo após uma inspiração máxima, o voluntário foi orientado a
expirar com força através do bucal até o seu limite. Todas as medidas foram realizadas com as
narinas vedadas com um clipe nasal e o bucal, rigorosamente ajustado à boca, para não
permitir vazamentos de ar (NEDER et al. 1999; WINDISCH et al. 2004; CARDOSO, 2005;
MELO, 2006).
23
Figura 5 – Medida da Pimax e Pemax.
Fonte: Autor, 2006.
Para ambas as medidas (Pimax e Pemax) adotaram-se as seguintes normas (SOUZA,
2002):
Cada voluntário realizou, pelo menos, três manobras aceitáveis, isto é, sem
vazamento de ar e, no mínimo, com dois segundos de sustentação.
Respeitou-se o limite máximo de cinco tentativas de cada medida, com
intervalo de um minuto entre as mesmas, para se obter as três manobras
aceitáveis.
Dentre as manobras aceitáveis, pelo menos duas manobras deveriam ser
reprodutíveis, isto é, com valores que não diferiam entre si por mais de 10%
do valor mais elevado.
Para a análise estatística, obedecidas as normas acima, considerou-se o maior
valor obtido por cada voluntário.
24
Os voluntários foram pesados, usando roupas leves e descalços, numa balança digital
da marca Plenna modelo - MEA 07700 (figura 6) calibrada previamente, com resolução de
100g (grama) e capacidade de pesagem de 150Kg (CABRERA et al. 2005).
Figura 6 – Balança digital (PLENNA
- MEA 07700).
Fonte: Autor, 2006.
A circunferência abdominal foi medida pelo maior perímetro abdominal entre a última
costela e a crista ilíaca, ao final da expiração (CABRERA et al. 2005), conforme o Consenso
Latino-Americano de Obesidade (1999). A medida da circunferência do quadril foi feita ao
nível dos grandes trocânteres femorais. Ambas as medidas foram obtidas com uma fita
métrica, aferida pelo INMETRO, com resolução em milímetros (ANDRADE, CLEMENTE e
GOMES, 2004; RASSLAN et al. 2004).
A altura dos voluntários foi mensurada utilizando-se um estadiômetro de madeira, com
uma fita métrica anexada, da marca Corrente, resolução em milímetros, certificada e aferida
pelo INMETRO (Figura 7).
25
Figura 7 – Estadiômetro.
Fonte: Autor, 2006.
O dinamômetro hidráulico de mão - Jamar
foi o aparelho utilizado para mensurar a
força de preensão palmar (figura 8). Este equipamento possui resolução de 1 kg/f
(Quilograma/força) e foi previamente calibrado (certificado de calibração - Anexo IV ).
Figura 8 – Dinamômetro (JAMAR
).
Fonte: Autor, 2006.
26
Durante a avaliação da FPP, os participantes do estudo permaneceram sentados com
os pés apoiados, estando o ombro na posição neutra, cotovelo em 90° e punho na posição
neutra (intermediária entre pronação e supinação), enquanto o examinador sustentava o
dinamômetro, cuja manopla foi fixada na posição dois (figura 9). Essa postura é padronizada
e recomendada pela Sociedade Americana de Terapeutas de Mão SATM (MATHIOWETZ
et al. 1985 (a); MATHIOWETZ, RENNELS e DONAHOE, 1985(b); BALOGUN et al. 1991;
MOREIRA, GODOY e SILVA JUNIOR, 2001 (b)). Segundo FIRREL et al. (1996), a posição
dois do dinamômetro é recomendada para medir a FPP independentemente da idade, peso ou
tamanho da mão.
Figura 9 – Medida da força de preensão palmar.
Fonte: Autor, 2006.
27
O teste para medir a FPP foi realizado três vezes em cada mão, de maneira alternada,
começando pela mão direita e, em seguida, o esquerda. Iniciou-se o teste após o
examinador pronunciar o seguinte comando verbal: “um, dois, três e já”. Os voluntários foram
orientados a sustentar a FPP por 5 segundos. Intervalos mínimos de um minuto foram
mantidos entre as medidas, a fim de evitar a fadiga muscular (MOREIRA et al. 2001(b), 2003
(a) e (b)).
5.5 Tratamento estatístico
Realizou-se uma análise exploratória inicial, a fim de identificar as hipóteses a serem
testadas e os valores de normalidade dos dados.
Em seguida, foram feitas as análises inferenciais. Esta fase compreendeu a aplicação
da Two-way ANOVA, análise de regressão linear múltipla e análise de correlação pelo
Coeficiente de Pearson. Os dados foram tratados no software Statistical Analysis System -
SAS
v. 8.2.
Foram consideradas variáveis independentes: sexo, idade, IMC, RC/Q, Pimax, Pemax.
As forças de preensão palmar (FPP) direita e esquerda foram consideradas como variáveis
dependentes.
O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).
28
6. RESULTADOS
A amostra foi constituída por 100 voluntários, divididos em grupos de obesos e não
obesos, separados por sexo. Portanto, formou-se um grupo com 50 voluntários obesos
(obesidade grau II e III, ou seja, IMC 35 Kg/m
2
) e outro grupo com 50 voluntários não
obesos (IMC 18,50 e 24,99 Kg/m
2
), sendo 25 do sexo masculino e 25 do sexo feminino
em cada grupo. Todos os voluntários eram sedentários. Quanto à idade, os voluntários tinham
entre 18 e 55 anos. Foram excluídos tabagistas e etilistas, portadores de doença pulmonar
diagnosticada e/ou patologias que causassem fraqueza muscular nos membros superiores,
como: doenças neurológicas, reumatológicas, ortopédicas dentre outras.
A tabela 2 descreve as características de cada grupo e apresenta os valores médios e o
respectivo desvio padrão dessas variáveis.
Tabela 2 – Descrição da amostra (n=100)
Obesidade Variável Feminino Masculino
Idade (anos)
30,48
± 9,49 33,76
± 8,15
Peso (kg) 54,42
± 6,49 70,44
± 7,43
Altura (m) 1,60
± 0,06 1,73
± 0,07
IMC (Kg/m
2
) 21,27
± 1,78 23,58
± 1,30
Cintura (cm) 73,80
± 6,62 85,92
± 5,00
Quadril (cm) 95,88
± 5,27 96,74
± 4,30
fR (ipm) 17,64
± 3,33 18,44
± 12,23
FC (bpm) 77,12
± 10,49 76,48
± 9,82
Não obeso
(n = 25 fem.)
(n = 25 masc.)
RC/Q (cm) 0,77
± 0,06 0,89
± 0,03
Idade (anos)
36,2
± 11,15 35,88
± 8,49
Peso (kg) 103,63
± 14,17 123,84
± 23,01
Altura (m) 1,61
± 0,08 1,75
± 0,06
IMC (Kg/m
2
) 39,82
± 3,42 40,10
± 5,69
Cintura (cm) 114,42
± 11,27 128,36
± 13,87
Quadril (cm) 132,35
± 7,82 121,80
± 14,33
fR (ipm) 17,68
± 3,65 17,80
± 1,96
FC (bpm) 76,56
± 10,07 79,24
± 8,83
Obeso
(n = 25 fem.)
(n = 25 masc.)
RC/Q cm 0,87
± 0,08 1,06
± 0,09
29
A tabela 3 apresenta os valores médios e o respectivo desvio padrão da FPP, Pimax e
Pemax, em relação às variáveis sexo e obesidade. Em todos os grupos, observou-se uma
maior dia de FPP na mão direita. Os indivíduos obesos, de ambos os sexos, apresentaram
valores médios de FPP, Pimax e Pemax maiores do que os indivíduos não obesos. O sexo
masculino apresentou valores médios maiores do que o sexo feminino, em todas as variáveis
analisadas, independente do indivíduo pertencer ao grupo de obesos ou não (gráficos 1, 2, 3 e
4).
Tabela 3 – Força de preensão palmar, Pimax e Pemax (média e desvio padrão).
Obesidade Variável
Feminino Masculino
FPP Direita (Kgf) 27,13
± 5,84 50,17
± 5,47
FPP Esquerda (Kgf)
25,19
± 6,33 46,72
± 4,81
Pimax (cmH
2
O) 77,80
± 24,58 119,00
± 24,24
Não obeso
n = 50
Pemax (cmH
2
O) 104,60
± 27,61 141,00
± 31,16
FPP Direita (Kgf) 32,85
± 9,04 53,73
± 7,55
FPP Esquerda (Kgf)
31,69
± 7,75 51,27
± 7,5
Pimax (cmH
2
O) 111,00
± 32,27 135,40
± 28,1
Obeso
n = 50
Pemax (cmH
2
O) 128,00
± 28,87 155,00
± 42,23
30
Gráfico 1 – Força de preensão palmar (a).
Valores da FPP médios por sexo e obesidade
27,1
32,9
25,2
31,7
50,2
53,7
46,7
51,3
0 10 20 30 40 50 60
Não
obeso
Obeso
Não
obeso
Obeso
FPP Direita FPP Esquerda
Masculino
Feminino
Gráfico 2 – Força de preensão palmar ( b).
n. 25 25 25 25 25 25 25 25
fem. não obeso fem. obeso masc. não obeso masc. obeso
Sexo e Obesidade
80
70
60
50
40
30
20
10
FPP Direita
FPP Esquerda
31
Gráfico 3 – Pimax e Pemax (a).
Valores da Pimax e Pemax médios por sexo e obesidade
77,8
111
104,6
128
119
135,4
141
155
0 50 100 150 200
Não
obeso
Obeso
Não
obeso
Obeso
Pimax Pemax
Masculino
Feminino
Gráfico 4 – Pimax e Pemax (b).
n
.
25
25
25
25
25
25
25
25
fem. não obeso fem. obeso masc. não obeso masc. obeso
Sexo e Obesidade
300
200
100
0
Pimax
Pemax
32
Para captar a influência da obesidade e do sexo nas medidas de FPP, Pimax e Pemax,
foram realizadas análises de variância (Two-way ANOVA), uma vez que todos os dados
atendem aos pressupostos de normalidade
1
exigidos para aplicação das mesmas. O objetivo
foi avaliar as possíveis diferenças das medidas da FPP, Pimax e Pemax entre os grupos de
obesos e não obesos, considerando também as variações naturais devido ao sexo.
A hipótese inicial testada foi a seguinte:
H
o:
A força de preensão palmar da mão direita dos homens obesos é a mesma dos
homens não obesos.
P-valores menores que 0,05 indicam uma rejeição da hipótese acima. O mesmo tipo de
hipótese foi levantada para as variáveis força de preensão palmar da mão esquerda, Pimax e
Pemax. Além disso, o mesmo foi feito no grupo de mulheres.
As variáveis sexo e obesidade apresentaram resultados significativos (p < 0,05) e
explicam a FPP, a Pimax e a Pemax (Tabela 4).
Tabela 4 – Resultados da two-way ANOVA.
Resultados da two-way ANOVA
Variável dependente Variáveis explicativas P-valor
Obeso 0.0015
Sexo <.0001
FPP Direita (Kgf)
Ambas <.0001
Obeso <.0001
Sexo <.0001
FPP Esquerda (Kgf)
Ambas <.0001
Obeso <.0001
Sexo <.0001
Pimax (cmH
2
O)
Ambas <.0001
Obeso 0.0055
Sexo <.0001
Pemax (cmH
2
O)
Ambas <.0001
p-valor < 0,05 significativo
1
Foram utilizados como critério de Normalidade os resultados dos testes de Komolgorov-Smirnov, Shapiro-
Wilk, Cramer-von Mises, Anderson-Darling dados pelo SAS
®
33
Para a análise da FPP com o IMC, RC/Q, Pimax e Pemax foram feitos modelos de
Regressão Linear Múltipla (tabelas 5A e 5B), onde a FPP de ambas as mãos foram as
variáveis dependentes e o IMC, RC/Q, Pimax e Pemax foram as variáveis independentes.
Controlaram-se as variáveis sexo e obesidade. Essa modelagem pode ser definida da seguinte
forma:
FPP = F (IMC RC/Q Pimax Pemax)
Na análise de regressão, observou-se que as forças de preensão palmar preditas para os
homens foram sempre superiores às das mulheres, o que evidencia uma alta dependência do
sexo para se explicar a força.
Tabela 5A – Regressão Linear Múltipla
F.P. Palmar da mão direita = F (IMC RC/Q Pimax Pemax)
Variável Não obeso Obeso
Feminino Masculino Feminino Masculino
Parâmetro Parâmetro Parâmetro Parâmetro
IMC (Kg/m
2
) 1,32 1,98 0,37 0,53
RC/Q (cm) 28,33 43,77 25,67 20,95
Pimax (cmH
2
O) 0,01 -0,07 0,04 0,08
Pemax (cmH
2
O) 0,06 0 0,12 -0,04
Desempenho do modelo: Desempenho do modelo:
R
2
:
0,36 0,21 0,29 0,27
FPP esperada (kg/f) 27,13 50,17 32,85 53,73
34
Tabela 5B – Regressão Linear Múltipla
F.P. Palmar da mão esquerda = F (IMC RC/Q Pimax Pemax)
Não obeso Obeso
Feminino Masculino Feminino Masculino
Variável
Parâmetro Parâmetro Parâmetro Parâmetro
IMC (Kg/m
2
) 0,95 1,73
*
0,82 0,51
RCQ (cm) 39,1 18,7 14,79 16,54
Pimax (cmH
2
O) 0,01 -0,01 0,01 0,05
Pemax (cmH
2
O) 0,05 -0,03 0,11 -0,03
Desempenho do modelo: Desempenho do modelo:
R
2
:
0,29 0,18 0,34 0,21
FPP esperada (kg/f) 25,19 46,72 31,69 51,27
* Significativo
Para correlacionar as variáveis Pimax, Pemax, IMC e RC/Q com a FPP, e a RC/Q com
a Pimax e Pemax no grupo de obesos, fez-se uma análise de correlação utilizando o
Coeficiente de Pearson.
O seu valor, que varia de -1 a 1, indica a intensidade da relação entre as duas
medições. Valores próximos a 1 indicam uma associação forte e positiva, ou seja, o aumento
de um acompanha o aumento do outro. um valor próximo a -1 indica uma associação
negativa, consequentemente o aumento de um implica na diminuição do outro.
Com a medida, foi então realizado um teste de significância, cuja hipótese inicial foi
de que não existia associação entre as variáveis. Valores de p menores que 0,05 indicam uma
associação significativa (Tabela 6).
35
Tabela 6 – Correlação através do Coeficiente de Pearson (grupo de obesos).
Variáveis
Coeficiente de
Pearson
p-valor
IMC (Kg/m
2
) 0,18046 0,2098
RC/Q (cm) 0,71013 <0,0001*
Pimax(cmH
2
O) 0,45825 0,0008*
FPP Direita
Pemax (cmH
2
O) 0,41463 0,0028*
IMC (Kg/m
2
) 0,23659 0,0981
RC/Q (cm) 0,70470 <0,0001*
Pimax (cmH
2
O) 0,40637 0,0034*
FPP Esquerda
Pemax (cmH
2
O)
0,40886
0,0032*
Pimax (cmH
2
O) 0,24199 0,0904
RC/Q
Pemax (cmH
2
O) 0,22858 0,1103
* p-valor < 0,05 significativo.
Todas as correlações apresentadas se mostraram positivas, indicando uma associação
direta. Assim, indivíduos obesos com valores maiores de uma das variáveis tendem a ter o
valor da outra variável maior também.
Para as correlações da FPP com a RC/Q, Pimax e Pemax, em ambas as mãos, os
resultados foram significativos.
36
7. DISCUSSÃO
A medida da força dos músculos respiratórios é obtida indiretamente através da Pimax
e Pemax. Estas medidas são muito importantes na avaliação da função pulmonar, por
demonstrarem a capacidade dos pulmões na realização da inspiração e expiração. Por
exemplo, são largamente utilizadas na prática clínica durante a avaliação funcional do
pulmão, no pré e pós-operatório de cirurgias abdominais altas e torácicas. Para a análise
estatística, considerou-se o maior valor obtido por voluntário (SOUZA, 2002; CARDOSO,
2005; MELO, 2006).
Segundo KARVONEN et al.(1994), a medida da Pimax é importante por ser um bom
indicador da capacidade ventilatória e auxiliar no diagnóstico de insuficiência respiratória.
Entretanto, uma diminuição acentuada na força dos músculos expiratórios pode levar a um
aumento do volume residual e a um decréscimo do pico de fluxo expiratório. Uma Pemax
normal é importante para promover uma tosse eficiente e prevenir o acúmulo de secreções nas
vias aéreas inferiores, especialmente em indivíduos enfermos e acamados.
A FPP, que décadas é utilizada em testes de aptidão física, nos indica a força da
musculatura do corpo como um todo. Por isso, a FPP foi escolhida para se comparar com a
força dos músculos respiratórios neste estudo (BALOGUN et al.1991; DURWARD et al.
2001).
No presente estudo, se calculou a média entre três medidas da FPP. Segundo
MATHIOWETZ (1990), a média de três tentativas resultou em melhor confiabilidade teste-
reteste, quando comparado àquela obtida com uma tentativa ou com a melhor entre duas
tentativas. ASHFORD et al. (1996) também confirmam que o cálculo da dia entre três
medidas é a melhor forma para se descrever a FPP.
37
Não se encontrou na literatura nenhum estudo que avaliasse o comportamento da FPP
e a força dos músculos respiratórios em indivíduos obesos, comparando com não obesos, em
ambos os sexos. Entretanto, neste estudo, os valores médios encontrados para as medidas da
FPP direita e esquerda, da Pimax e Pemax, independente do sexo, foram maiores no grupo de
obesos, em relação ao grupo de não obesos.
O sexo masculino apresentou valores médios mais altos da FPP, Pimax e Pemax em
ambos os grupos. Esses resultados estão em concordância com todos os autores citados a
seguir (CAMELO et al.1985; KARVONEN et al.1994; NEDER et al.1999; HANTEN et al.
1999; MOREIRA et al. 2001(b); D’OLIVEIRA, 2005).
Um estudo realizado por CARDOSO (2005) com 33 mulheres com obesidade graus II
e III, candidatas à gastroplastia redutora, demonstrou que a força muscular respiratória dessas
mulheres, embora fosse maior, não apresentou diferenças estatisticamente significantes,
quando comparada à de mulheres o obesas, tomando-se como referência os dados
normativos da população brasileira estabelecidos por NEDER et al. (1999). Ao contrário
disso, o presente estudo apresentou valores da força muscular respiratória significativamente
maiores no grupo de mulheres obesas, também com obesidade graus II e III.
HANTEN et al. (1999) estabeleceram dados normativos relacionados à FPP para
homens e mulheres com idade entre 20 e 64 anos. Um total de 1182 voluntários de ambos os
sexos participaram da pesquisa. Os autores concluíram que a maioria dos indivíduos tem a
mão direita mais forte que a esquerda, independente da dominância. Estes achados estão em
concordância com o presente estudo em que os resultados demonstraram que a FPP
encontrada foi maior na mão direita, independente do sexo, tanto no grupo de obesos quanto
no grupo de não obesos.
D’OLIVEIRA (2005) realizou um estudo populacional para estabelecer dados
normativos da força de preensão palmar para a população brasileira. A amostra foi constituída
38
por 2000 voluntários, sendo 1000 homens e 1000 mulheres, com idade variando entre 20 e 60
anos. Concluiu que os homens têm a FPP maior que as mulheres, tanto na mão direita quanto
na esquerda e a variável sexo foi a principal preditora da FPP, corroborando com os achados
do presente estudo. Foi observado também que a FPP diminui a partir dos 50 anos, em ambos
os sexos.
Os resultados da Two-way ANOVA no presente estudo, demonstram que a obesidade
e o sexo o variáveis que explicam a variabilidade da FPP direita e esquerda. Os resultados
da análise de regressão apontam que os valores da FPP predita para os homens são sempre
superiores aos das mulheres. Esses achados justificam uma alta dependência do sexo para se
explicar a FPP e estão em concordância com o estudo de D’OLIVEIRA (2005).
Os valores da média da FPP da mão direita foram significativamente maiores do que a
esquerda, tanto em homens quanto em mulheres, de ambos os grupos. Alguns estudos
consideram que, como a maioria da população mundial é formada por destros, a sociedade
vive então em um mundo organizado para destros, favorecendo dessa forma, o aumento da
força da mão direita (HANTEN et al. 1999; MOREIRA et al. 2001(b)).
Neste estudo, a medida da FPP foi descrita em termos de mão direita e esquerda, em
conformidade com os estudos de MATHIOWETZ et al. (1985 (a)), HANTEN et al. (1999),
MOREIRA et al. (2001(b)) e D’OLIVEIRA, (2005).
CAPORRINO et al. (1998) realizaram um estudo populacional com 800 indivíduos,
com idade entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos, a fim de estabelecer os valores de
normalidade da FPP para a população brasileira. Os voluntários foram distribuídos em grupos
por faixa etária a cada 5 anos. Cada grupo tinha 50 indivíduos de cada sexo. Os resultados
mostraram que as médias da FPP obtidas para cada faixa etária, em ambos os sexos, não
apresentaram diferença significante entre elas. O mesmo foi encontrado no estudo de
39
HANTEN et al. (1999). Isso confirma que, no presente estudo, a utilização de uma faixa etária
estabelecida entre 18 e 55 anos de idade, foi bastante adequada.
Corroborando também com o presente estudo, CAPORRINO et al. (1998), HANTEN
et al. (1999) e D’ OLIVEIRA (2005) concluíram que a FPP foi maior no sexo masculino do
que no feminino, em todas as idades analisadas.
Encontrou-se neste estudo, no grupo de obesos, uma correlação positiva e significativa
(p<0,05) entre a FPP de ambas as mãos e a RC/Q, Pimax e Pemax. Nesse caso, os resultados
são conclusivos e indicam que os indivíduos obesos com maior FPP apresentam também
maior RC/Q, Pimax e Pemax. A correlação entre a FPP de ambas as mãos e o IMC, no grupo
de obesos, não foi significativa, assim como entre a RC/Q e a Pimax e Pemax. Porém,
encontrou-se associação positiva entre essas variáveis analisadas pelo Coeficiente de Pearson.
Não foi possível confrontar esses resultados com os de outros autores, pois não se
encontraram na literatura estudos que fizessem tais correlações.
As mensurações da Pimax, Pemax, e FPP são testes que dependem da compreensão e
colaboração do indivíduo. Apesar disso, são testes rápidos, não invasivos, usam equipamentos
portáteis, de baixo custo e vários autores confirmam sua reprodutibilidade, confiabilidade e
recomendam a aplicação desses testes na prática clínica (KARVONEN et al. (1994),
CAPORRINO et al. (1998), HANTEN et al. (1999), NEDER et al. (1999), MOREIRA
(2003(B)) E MELO (2006).
40
8. CONCLUSÃO
As medidas da força de preensão palmar e da força dos músculos respiratórios foram
significativamente maiores nos indivíduos obesos do que nos não obesos, em ambos os sexos.
O sexo masculino apresentou valores médios mais altos da FPP, Pimax e Pemax, tanto
no grupo de obesos quanto no grupo de não obesos. Portanto, pode-se inferir que o sexo é um
preditor da força dos músculos respiratórios e da força de preensão palmar.
A obesidade e o sexo explicam a FPP e apresentam uma associação positiva com a
Pimax e Pemax.
A média da FPP da mão direita foi maior do que a esquerda, tanto em obesos quanto
em não obesos, para ambos os sexos.
Encontrou-se uma correlação positiva e significativa entre a FPP e a RC/Q, Pimax e
Pemax, em ambos os sexos no grupo de obesos.
Sugere-se que sejam realizados estudos populacionais para a determinação de dados
normativos para a população brasileira obesa, em relação à Pimax, Pemax e a força de
preensão palmar.
41
9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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50
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) a participar da seguinte pesquisa: correlação entre a
força de preensão palmar e a força da musculatura respiratória em voluntários obesos e
não obesos. Este estudo será apresentado como dissertação de mestrado em educação física
na Universidade Católica de Brasília UCB, sob a responsabilidade do pesquisador Júlio
César de Freitas Queiroz.
Existem atualmente vários estudos relacionados à obesidade, porém controvérsias
entre os autores sobre vários aspectos. Sabe-se, por exemplo, que a obesidade provoca
alterações funcionais no aparelho respiratório, mas ainda há divergências sobre o assunto
entre os especialistas.
Estudos recentes sobre a obesidade recomendam o detalhamento dessas informações.
Conhecendo-se melhor a variação das medidas antropométricas (exemplo: peso, altura,
circunferência da cintura e quadril, índice de massa corporal), da força muscular periférica e
da força dos músculos respiratórios na população obesa, facilita o tratamento e a prevenção
dos males da obesidade.
O objetivo deste estudo é verificar, em voluntários obesos e não obesos, como se
comporta os níveis de pressão inspiratória máxima (força que coloca o ar para dentro dos
pulmões) e pressão expiratória máxima (força que coloca o ar para fora dos pulmões)
relacionando-as com a força de preensão palmar (força do aperto de mão).
Será utilizado na coleta de dados deste estudo um aparelho para medir a força de
preensão palmar conhecido como dinamômetro. O teste de força de preensão palmar deverá
ser realizado 3 vezes em cada mão.
As medidas da pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima serão
realizadas 3 vezes cada com um aparelho chamado manovacuômetro. O teste consiste em
você puxar o ar e soprar através de um bucal (de uso individual e devidamente esterilizado).
Antes do início dos testes sepreenchida uma ficha de avaliação com alguns dados
pessoais, medidas de peso, altura, pressão arterial, freqüência respiratória e cardíaca,
circunferência do quadril e abdominal (medidas com uma fita métrica).
51
Os resultados da pesquisa serão apresentados na dissertação de Mestrado em Educação
Física da Universidade Católica de Brasília, reservando-se o direito do pesquisador em
divulgá-los em congressos e revistas científicas a fim de contribuir para um conhecimento
mais amplo sobre a obesidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo e as
informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras. Você poderá recusar e/ou
desistir de participar da pesquisa a qualquer momento sem prejuízo algum e sem qualquer
penalização. Não haverá risco para a sua saúde. Não existirão despesas ou compensações
pessoais para o participante.
Agradeço sua colaboração e estarei à disposição para tirar qualquer dúvida.
Nome do participante: ____________________________________________________
RG: _______________________
Telefone: ___________________
Data:___/___/______
Eu recebi todas as informações necessárias sobre a pesquisa e concordo em participar.
_________________________________________________________
Assinatura do participante
Pesquisador:
Júlio César de Freitas Queiroz
Fisioterapeuta – Telefone: (61) 8401-4386
Aluno do Mestrado em Educação Física – Universidade Católica de Brasília/UCB
Orientador:
Prof. Dr. Demóstenes Moreira – UCB
Fisioterapeuta – Telefone: (61) 8124-3274
52
ANEXO II
53
ANEXO III
FICHA DE AVALIAÇÃO
NOME: _______________________________________________ Data: ____/____/____
Endereço: ________________________________________________________________
Tel: ___________________________ Profissão: _________________________________
Sexo: ( ) F ( ) M Idade: ____ anos Estado civil: ____________________
Peso: ____ kg Altura: ____ cm IMC: ____ kg/m
2
( ) Obeso – Há quanto tempo:_________________ ( ) Não obeso
Patologias associadas: Dispnéia:
( ) Diabete Mellitus ( ) pequenos esforços
( ) Hipertensão arterial ( ) médios esforços
( ) Apnéia do sono ( ) grandes esforços
( ) Colesterol elevado ( ) Não
( ) Artropatia
( ) Cardiopatia
Hábitos de vida:
( ) Pneumopatia Tabagismo: ( ) Sim ( ) Não
( ) Outras:______________________ Etilismo: ( ) Sim ( ) Não
Atividade física: ( ) Sim ( ) Não
Outros: ______________________
PARÂMETRO MEDIDA PARAMETRO MEDIDA
PA fR (ipm)
Cintura FC (bpm)
Quadril Razão C/Q
Medida da Preensão Palmar Medida da Pimax e Pemax
Medida
1
Medida
2
Medida
3
Média
das
medidas
Medida
1
Medida
2
Medida
3
Maior
das
medidas
Mão
Direita
Pimax
Mão
Esquerda
Pemax
OBSERVAÇÃO:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
54
ANEXO IV
55
Livros Grátis
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