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casa e segundo porque colocaram empecilho, não esta gestão, a
anterior, e eu nunca mais questionei, não pode, não pode, eu
dou outro jeito, mas eu trabalho da mesma forma, por exemplo,
em português eu trabalho as receitas culinárias, faço tudo,
nós fazemos pesquisas sobre a origem dos alimentos, inclusive
com os alunos inclusos, no ano passado o de DV também fazia.
Eles levam para casa e com a ajuda das mães eles fazem a
receita e trazem para a classe degustar. Até foto trabalhando
na cozinha eles trazem. A mãe só ajuda na hora de mexer no
fogão.
• E algum tipo de apoio extra-classe que ajude, você acha
importante?
Bom, atrapalhar a gente sempre acha quem gosta, mas não vai
estar me dizendo nada. O que eu posso fazer? A comunidade
pouco faz, não tem muito apoio não, é difícil...
• É um trabalho mais isolado?
É, tem que realmente querer, gostar e ir à luta. Se não for à
luta ninguém vai adivinhar que você precisa determinada
coisa.
• Então, o que seria essa determinada coisa?
Olha, acho que o que falta é uma sala ambiente para esse tipo
de experimento, para aulas mais práticas, mas isso não é só
nessa escola, é em todas.
• Mas isso não seria só para os em inclusão né?
Não, eu trabalho a inclusão junto, eu nem vejo esse aluno
diferente, são normais como os outros, o diferente também
nos ajuda, é muito bom ter o diferente.
• Você acha que a sala fica com algum prejuízo por conta
de estar com esses alunos em inclusão?
Não fica, não deixa nada a dever para uma escola, uma classe
de alunos tidos como normais. O mundo que nó vivemos, nós não
somos iguais, todos têm dificuldades, todos têm uma
necessidade especial, seja o João, a Maria, o José, todos são
diferentes, nós não somos perfeitos, nem donos da verdade,
estamos sempre aprendendo, a gente ensina alguma coisa e eu
também aprendo.
Eu tive um aluno DF, em outra escola, eu aprendi muito com
ele, a mãe e a irmã o traziam todo dia e o deixavam na
escola, aí eu tinha que acompanhá-lo até no banheiro, hoje
ele é administrador de empresas, isso é muito gratificante,
naquela época era ainda mais difícil, ninguém dava valor, ele
era discriminado mesmo, ele só era normal daqui para cima
(mostrando o tórax), o resto ele não tinha domínio nenhum,
então foi muito difícil. Normalmente o DV, o DF, são pessoas
que tem uma percepção muito aguçada, eles percebem, eles
descobrem rapidinho, são questionadores, eles querem saber
tudo, então tem que estar sempre estudando, pesquisando tudo.
• A senhora. fez algum curso específico sobre inclusão?
Não, nesse ponto eu me considero uma auto-ditada. Eu invisto
muito em livros, então eu estou sempre buscando coisas para