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publicações, na criação das academias científicas
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, no aparecimento do
jornalismo médico
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, e nas reformas introduzidas no ensino cirúrgico em Lisboa e
no ensino médico em Coimbra (Lemos, 1991; Carvalho, 1929).
O crescimento do periodismo médico durante o século XIX reflete o esforço
da medicina portuguesa em divulgar as novidades científicas ocorridas dentro e
fora do país
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. Em suas páginas publicavam-se memórias, extratos de matérias
médicas circulantes no exterior e em Portugal, estatísticas médicas, notícias
sobre epidemias, biografias de médicos ilustres, descrições de casos clínicos e
cirúrgicos, notícias sobre epidemias, medidas de salubridade pública, emprego de
substâncias medicamentosas, extrato de jornais estrangeiros, correspondência
recebida, discussões acerca dos cursos de medicina e cirurgia, seção de
variedades, dentre outros tópicos.
Esta inclinação da comunidade científica portuguesa de se manter em dia
com as inovações científicas que vinham a lume foi constante nos Oitocentos. A
atualização se deu através de viagens científicas, dos estágios em laboratórios
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Em 1720, foi criada a Academia Real da História Portuguesa, que teve vida curta e se extinguiu
após o terremoto de 1755; em 1748, fundou-se a Academia Cirúrgica Protótipo Lusitânica
Portuense, com o objetivo de discutir sobre o método mais adequado de tratar as doenças
cirúrgicas; em 1759, Manuel Gomes de Lima fundou a Academia Real Cirúrgica Portuense com
a sanção de D. José. A admissão na Sociedade se fazia à semelhança do Colégio dos
Cirurgiões de São Cosme, em Paris. O seu objetivo era aperfeiçoar a teoria e a prática da
cirurgia e, segundo esta trilha, elaborar um compêndio de Anatomia e outros de Cirurgia, bem
como ministrar aulas de Anatomia, Cirurgia e de Arte Obstétrica; em 1779, foi criada a Academia
das Ciências de Lisboa, que tinha por finalidade estudar a meteorologia, a química, a botânica e
a história natural, o que de fato muito contribuiu para o incremento das ciências médicas.
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Em 1749, Gomes de Lima fundou o primeiro periódico médico português – Zodíaco Lusitano
Délfico – como órgão da Academia Médico-Portopolitana. Em 1762, foi lançada a Gazeta
Literária por Bernardo de Lima que, embora não sendo propriamente um jornal médico, trazia
uma seção de medicina; em 1764, surge o Diário Universal de Medicina, Cirurgia e Farmácia,
órgão da Academia Real Cirúrgica Portuense; em 1792, publicou-se no Porto o Ano Médico
(Caeiro, 1979). Sobre este assunto, ver também A. X. da Silva Pereira em O Jornalismo
Português (1896) e André Belo em As Gazetas e os Livros (2001).
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Na primeira metade do século XIX foram publicados os seguintes jornais médios: Periódico
Médico Escrito em Dialeto Galego (Porto, 1820-1821), Anais da Medicina Dinâmica (Lisboa,
1832), Repositório Literário da Sociedade de Ciências Médicas e de Literatura do Porto (Porto,
1834), Jornal Médico, Cirúrgico e Farmacêutico de Lisboa (Lisboa, 1835-1837), Jornal das
Ciências Médicas de Lisboa (Lisboa, 1835), Jornal da Sociedade das Ciências Médicas de
Lisboa (Lisboa, 1836), Anais do Conselho e Saúde Pública do Reino (Lisboa, 1838-1842), Anais
das Ciências Médicas (Coimbra (?), 1838), Medicina Portuguesa (Lisboa, 1839), Gazeta Médica
do Porto (Porto, 1842-1853), Jornal dos Facultativos Militares (Lisboa, 1843-1849), O
Escholiaste Medico (Lisboa, 1851-1869), Revista Médica de Lisboa (Lisboa, 1844-1846),
Registro Médico do dr. Lima Leitão (Lisboa, 1847-1848), Zacauto Lusitano (Lisboa, 1849), O
Esculápio (Lisboa, 1849-1854). As informações aqui citadas foram retiradas de Lopes (1897).