Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL: UM ESTUDO DOS
FATORES QUE AFETAM A EXPORTAÇÃO DO MEL
por
MARIA DA PIEDADE MEDEIROS
29 de julho de 2005
i
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARIA DA PIEDADE MEDEIROS
ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL: UM ESTUDO DOS FATORES
QUE AFETAM A EXPORTAÇÃO DO MEL
NATUREZA DO TRABALHO:
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Aprovado em: 29 de julho de 2005
___________________________________________________________
Prof. Jorge Luiz Mariano da Silva, Dr. – Orientador, Presidente
_____________________________________________________________
Prof. Nominando Andrade de Oliveira, Dr. - Membro Examinador
_____________________________________________________________
Prof. Gerbson Azevedo de Mendonça, Dr. - Membro Examinador Externo
_____________________________________________________________
Prof. Francisco Joseraldo Medeiros do Vale, Consultor do IICA – Instituto
Interamericano de Cooperação à Agricultura.
i
ads:
Divisão de Serviços Técnicos.
Catalogação da publicação: UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Medeiros, Maria da Piedade.
Estratégia de produção agroindustrial : um estudo dos fatores que
afetam a exportação do mel / Maria da Piedade Medeiros. - Natal[RN],
2005.
68p
Orientador: Jorge Luiz Mariano da Silva.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.
1. Empresa agroindustrial – Dissertação. 2. Pequenas empresas –
Mercado internacional. 3. Fatores de Competitividade - Dissertação. 4.
Mercado Internacional – Brasil – Dissertação. I. Jorge Luiz Mariano da.
II Título
RN/UF/BCZM CDU 631.145(043.3)
-
ii
Ao meu pai
Waldemar (in memorian)
À minha mãe
Corina
Com o meu mais sincero e profundo amor, agradecendo a compreensão, a paciência
que tiveram no decorrer desta caminhada, incentivando-me para a realização deste trabalho.
OFEREÇO
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Engenharia de Produção – PEP da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN pela oportunidade de desenvolver este trabalho.
A Direção da Apismel, pelo espaço concedido e aos associados apicultores pela valiosa
contribuição nas respostas dos questionários.
Ao Prof. Júlio César de Andrade Neto, Diretor da EAJ por ter possibilitado a minha
qualificação.
Ao Dr. Dalton Andrade, por sua valiosa colaboração que muito me fortaleceu na realização
deste trabalho.
Ao Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, Coordenador do Programa de Engenharia de
Produção.
Ao Prof. Jorge Luiz Mariano, pela disposição de indicar os sinais que me levaram ao objetivo
pretendido.
À minha irmã Rosa Maria, pela grande compreensão e companheirismo durante a realização
desse trabalho.
Aos colegas Roberto, Renata, Silvana e Robson, pela valiosa contribuição durante a
construção do mestrado.
Faço uma menção aos que contribuíram e apoiaram os esforços para a concretização desta
dissertação.
A Deus, a quem devo as forças para chegar onde cheguei e quem está sempre ao meu lado.
Aos companheiros Edson, Gilvanice, Zuilson e enfim todos aqueles que me ajudaram a
chegar vitoriosa nessa corrida de obstáculos.
iv
RESUMO
Este trabalho aborda a situação da Apismel diante do processo de exportação, com enfoque no
mel (Apis mellifera). A crescente internacionalização dos mercados se manifesta na economia
mundial com conceito de globalização. A exportação deve ser encarada como uma forma de
minimizar as dificuldades no mercado interno e incrementar os níveis de qualidade e
produtividade para atender aos mercados externos de forma competitiva. O processo de
exportação de uma empresa não está vinculado às suas dimensões, ele está, principalmente,
conectado ao compromisso com a qualidade, criatividade e profissionalismo. Este trabalho
compreende um estudo de caso realizado junto a sessenta e nove apicultores do Estado do Rio
Grande do Norte que formam a Associação de Produtores do município de Serra do Mel –
Apismel, tendo como objetivo investigar os fatores de competitividade que afetam a
exportação do mel. Para se atingir o objetivo proposto neste trabalho, aplicou-se um
questionário estruturado a partir de variáveis consideradas como direcionadoras de
competitividade na exportação do mel a dois grupos de produtores: os produtores meleiros e
os produtores qualificados. A análise foi realizada através da estatística descritiva e
exploratória com o emprego do teste de Kolmogorov-Smirnov. Os resultados encontrados
sugerem que a Apismel promova cursos de capacitação de consultorias técnicas nas diversas
vilas que compõem o município, para que, desse modo, haja um amadurecimento e eficácia na
implementação de práticas de manejo a fim de equilibrar os fatores de produção e atrair o
mercado interno e externo.
Palavras-chave: Exportação, fatores de competitividade, agroindústria, mel.
v
ABSTRACT
This thesis approaches the situation of small and medium Brazilian companies facing the
exportation process, focusing honey (Apis Mellifera). The world economy has had growing
market internationalization, known as globalization. In this context, the exportation has to be
faced as a way to minimize the inner market difficulties and increase the levels of quality and
productivity to attend the external markets in a competitive way. A company exportation
process is not linked to its dimensions, but connected to the commitment with quality,
creativity and professionalism. The search for new productive frontiers has benefited
Brazilian beekeeper, mainly the northeast ones. Besides, the claim for products that are free of
chemical remains, with a bigger aggregate value has increased every day, and the Apismel
Company is benefited for having potential to produce organic honey. This paper approaches a
case study realized with Sixty-nine beekeeper from Serra do Mel, RN, that make the Apismel
Company and it aims to investigate the competitive factors that affects honey exportation. In
order to obtain subsidies to execute the objective of this work, it was chosen a questionnaire
as instrument of research. The questionnaire was structured from variables that were
considered as directions of competition in honey exportation. The results were tabled in
Software (Statistics version 11.0). The descriptive, exploiter and Kolmogorov-Smirnov
analyses were used to analyze the obtained results. At the end, this work recommends that the
Apismel Company promote capacitating courses and technical consultations at the many
villages that make the county, to ripen and add efficiency in handling implementation in order
to equilibrate production factors and to attract inner and external markets.
Key words: Exportation, commercialization, small and middle companies and competition
factors.
vi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 01
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................ 01
1.2 OBJETIVO..................................................................................................................
.
02
1.3 RELEVÂNCIA............................................................................................................
.
02
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS..............................................................................
.
03
2 INSERÇÃO E COMPETITIVIDADE DAS PEQUENAS EMPRESAS
NO MERCADO INTERNACIONAL..........................................................................
.
04
2.1 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.......................................................................... 06
2.2 COMPETITIVIDADE................................................................................................. 08
2.2.1 Marketing................................................................................................................
.
09
2.2.2 Qualidade................................................................................................................. 12
2.2.3 Tecnologia................................................................................................................ 14
3 CADEIA PRODUTIVA DO MEL............................................................................... 16
3.1 PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO: BRASIL E OUTROS PAÍSES.................. 16
3.2 PREÇO E DEMANDA................................................................................................ 19
3.3 CADEIA PRODUTIVA DO MEL NO NORDESTE ................................................. 20
3.4 ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO MEL NO RIO GRANDE DO
NORTE..............................................................................................................................
21
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 26
4.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA...................................................................................... 26
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA COLETA DE DADOS................................ 26
4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............................................................. 28
4.4 COLETA DE DADOS................................................................................................. 32
4.5 TÉCNICAS DE ANÁLISES........................................................................................ 32
vii
4.5.1 Análise Descritiva e Exploratória.......................................................................... 32
4.5.2 Análise de Kolmogorov-Smirnov........................................................................... 33
5 RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO.............................................................
.
34
5.1 COLETA DE DADOS................................................................................................. 34
5.2 ANÁLISE DESCRITIVA............................................................................................ 35
5.2.1 Gênero...................................................................................................................... 35
5.2.2 Escolaridade............................................................................................................
.
36
5.2.3 Renda Familiar........................................................................................................ 36
5.2.4 Tempo de Atividade Apícola.................................................................................. 37
5.2.5 Situação quanto à Exploração do Imóvel.............................................................
.
38
5.2.6 Tempo de Sócio da Apismel...................................................................................
.
38
5.3 RESULTADOS DA ANÁLISE DO TESTE KOLMOGOROV-SMIRNOV.............. 38
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................... 58
6.1 CONCLUSÕES DA PESQUISA DE CAMPO...........................................................
.
58
6.2 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO E LIMITAÇÕES DA PESQUISA............... 60
6.3 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS..........................................
.
60
REFERÊNCIAS............................................................................................................... 63
ANEXOS........................................................................................................................... 69
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 Micro e pequenas empresas industriais......................................................
.
06
TABELA 2.2 Relação entre os 4 Ps e os 4 Cs..................................................................
.
11
TABELA 3.1 Principais países produtores, exportadores e importadores de mel............ 17
TABELA 3.2 Exportações e importações brasileiras de mel natural, de 2001 a 2004.....
.
19
TABELA 4.1 Fatores que afetam a competitividade dos apicultores na exportação do mel.
30
TABELA 5.1 Renda familiar (SM) dos associados da Apismel....................................... 37
TABELA 5.2 Obstáculos à exportação do mel.................................................................
.
39
TABELA 5.3 Estratégias de mercado adotadas pela Apismel.......................................... 41
TABELA 5.4 Medidas para aumentar o poder de exportação..........................................
.
42
TABELA 5.5 Vantagens competitivas da Apismel........................................................... 45
TABELA 5.6 Potencial produtivo da Apismel.................................................................
.
49
TABELA 5.7 Relação de trabalho na atividade apícola...................................................
.
52
TABELA 5.8 Conhecimento financeiro da Apismel........................................................
.
55
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 Os 4 Ps no composto de marketing.............................................................
.
10
FIGURA 4.1 Mapa do Município de Serra do Mel..........................................................
.
27
FIGURA 5.1 Distribuição dos apicultores por nível de escolaridade............................... 36
FIGURA 5.2 Distribuição do tempo (em anos) de atividade apícola dos associados......
.
37
FIGURA 5.3 Desconhecimento do mercado internacional............................................... 39
FIGURA 5.4 Ausência de planos e estratégias comerciais................................................. 40
FIGURA 5.5 Preços competitivos..................................................................................... 41
FIGURA 5.6 Cumprimento de normas e requisitos técnicos............................................ 42
FIGURA 5.7 Pesquisa de mercado...................................................................................
.
43
FIGURA 5.8 Técnicas e certificação de produtos na região............................................. 43
FIGURA 5.9 Certificação ambiental – ISO 9000.............................................................
.
44
FIGURA 5.10 Qualificar os meleiros...............................................................................
.
44
FIGURA 5.11 Qualidade do mel......................................................................................
.
46
FIGURA 5.12 Tecnologia empregada no setor apícola.................................................... 46
FIGURA 5.13 Conhecimento das barreiras tarifárias....................................................... 47
FIGURA 5.14 Demanda do mercado externo................................................................... 47
FIGURA 5.15 Parque industrial instalado........................................................................
.
49
FIGURA 5.16 Conhecimento técnico............................................................................... 50
FIGURA 5.17 Preços altos do produto em relação ao comércio interno.......................... 50
FIGURA 5.18 Associativismo na cadeia produtiva do mel.............................................. 51
FIGURA 5.19 Membro familiar remunerado...................................................................
.
52
FIGURA 5.20 Troca de serviço / Membros associados.................................................... 53
FIGURA 5.21 Membro familiar não remunerado............................................................. 53
x
FIGURA 5.22 Trabalhadores e eventuais assalariados..................................................... 54
FIGURA 5.23 Relação da mão-de-obra dos meleiros......................................................
.
54
FIGURA 5.24 Mão-de-obra especializada........................................................................ 55
FIGURA 5.25 Financiamento de custeio.......................................................................... 56
FIGURA 5.26 Investir recursos no processo produtivo.................................................... 56
xi
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Segundo Lengler (2002) o mel é um produto natural elaborado por abelhas a partir do
néctar das flores, que é coletado e transformado por elas por meio de dois processos básicos:
um físico, por evaporação da água, e outro químico, por adição de enzimas. É um dos
produtos da colméia mais usados, tanto in natura, quanto em diversas formas industrializadas.
O mercado apícola nacional é evolutivo, seu desenvolvimento é notável, porém, sofre
influência do mercado internacional através da Argentina e Uruguai, países que compõem o
MERCOSUL.
Segundo Message (2002) o Brasil pode ser considerado como um país de forte
potencial de produtos orgânicos, principalmente em regiões onde as fronteiras agrícolas são
menos agressivas. Esse potencial deve-se ao fato de utilizarmos as abelhas africanizadas e de
termos condições climáticas ótimas, que ajudam no controle de doenças, pragas e parasitas.
Segundo Vilckas (2000), “nós temos o privilégio de produzirmos o melhor mel do
mundo inteiro, o único puro, numa região especialíssima, em que a abelha está livre dos
efeitos dos antibióticos e dos agrotóxicos, e com água não poluída”.
Segundo Reis (2002), o Brasil além de contar com grande quantidade de produtores,
mesmo artesanalmente, necessita competir em todos os mercados, aproveitando todo seu
potencial de riquezas naturais.
A representatividade do setor ainda é muito pequena, não corresponde a 50% do
potencial existente. Em 2001 o Brasil exportou 2.488 toneladas de mel, tendo a Alemanha
como melhor parceiro comercial (84,66% do total exportado). Os importadores pagam cerca
1
de US$ 1,15 / kg pelo mel orgânico, um valor baixo, mas que abre perspectivas para a entrada
do produto nacional no mercado externo (LENGLER, 2002).
Iniciativas como a inclusão do mel na merenda escolar das escolas municipais,
incentivadas pela CBA (Confederação Brasileira de Apicultura), podem render ao apicultor
entre US$ 1,69 e US$ 3,38 / kg. Esse quadro demonstra que tanto o mercado brasileiro quanto
o mercado externo abrem expectativas atraentes para o apicultor.
Formado em sua grande maioria por pequenos produtores, o mercado apícola precisa
planejar seu “marketing” integrado. Iniciativas isoladas podem resultar em vantagens
competitivas limitadas. A saída para ganhar o status merecido passa, contudo, pela
organização e o cooperativismo (LENGLER, 2002).
1.2 OBJETIVO
O objetivo desse estudo é investigar os fatores que afetam a competitividade dos
pequenos apicultores qualificados e meleiros na exportação de mel no município de Serra do
Mel – RN.
1.3 RELEVÂNCIA
Na prática, este estudo analisa os fatores que afetam a competitividade da pequena
empresa apícola na exportação de mel:
Adequação dos pequenos produtores às normas de acesso aos mercados
internacionais;
Identificação e análise de fatores que possibilitem uma maior exportação de mel;
Incentivo da adoção de estratégia com o padrão de qualidade, preço competitivos e
compatíveis com o mercado externo.
Do ponto de vista acadêmico, esse estudo contribui para o estado do conhecimento
sobre os fatores de competitividade que influenciam a exportação do mel.
2
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS
Visando a alcançar o objetivo proposto, de acordo com a metodologia adotada para o
procedimento do estudo, este trabalho está estruturado em sete capítulos, onde:
No primeiro capítulo, faz-se, de forma introdutória, uma contextualização sobre os
fatores de competitividade adotados pelos apicultores que afetam as exportações do mel.
O segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica sobre a inserção e competitividade
da pequena empresa no mercado internacional.
O terceiro capítulo aborda a participação brasileira no mercado internacional do mel.
O quarto capítulo trata da metodologia da pesquisa, da elaboração do instrumento da
pesquisa, da descrição do processo de coleta de dados e da análise estatística.
No quinto capítulo, destacam-se os principais resultados da pesquisa de campo, a
partir da análise estatística dos dados.
No sexto capítulo, são apresentadas as considerações finais do estudo, com um resumo
dos principais itens sobre o tema estudado: análise crítica, limitações do trabalho,
recomendações para futuras pesquisas e sugestões a partir dos resultados observados ou
discutidos.
No final são apresentados os anexos, contendo: o instrumento de pesquisa utilizado,
gráfico de análises descritivas e tabelas com os resultados da aplicação do teste de
Kolmogorov-Smirnov.
3
2 INSERÇÃO E COMPETITIVIDADE DAS
PEQUENAS EMPRESAS NO MERCADO
INTERNACIONAL
No comércio internacional a comercialização exige elevados investimentos em
recursos humanos, viagens internacionais, remessa de amostras, participações em feiras e
missões comerciais, preparo de embalagens, adequação do produto, etc. Todas essas
atividades exigem investimentos bastante elevados, que a maioria das empresas nacionais,
principalmente as de pequeno porte, não têm condições de suportar.
Competitividade é definida como a capacidade da empresa formular e implementar
estratégias, concorrências, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura,
uma posição sustentável no mercado. A competitividade depende da criação e renovação
das vantagens competitivas por parte das empresas, em consonância com os padrões de
concorrências vigentes, de acordo com cada setor da estrutura produtiva (HAGUENAUER,
FERRAZ, KUPFER, 1996 APUD BAUMANN).
A competitividade de um país depende da capacidade de sua indústria inovar e
melhorar. São constatadas disparidades marcantes no padrão de competitividade entre
empresas, não sendo possível competir em todos e nem mesmo na maioria dos setores.
Porter (1990) cita os custos de mão-de-obra, as taxas de juros, as taxas de câmbio e as
economias de escala como os determinantes mais poderosos da competitividade.
Investir em novos mercados é também uma característica de evolução da empresa,
permitindo o aumento de sua capacidade de produção, sua organização logística e
investimentos em qualidade e recursos humanos especializados.
A exportação pode ser direta e indireta. A direta é quando o fabricante exporta
diretamente para o importador no exterior e o exportador é responsável por todo o
4
processo. A exportação indireta se dá quando o fabricante contrata uma empresa no
mercado interno para intermediar a venda de seu produto no mercado externo, podendo ser
uma empresa comercial exportadora ou uma trading company (APEX, 2003).
O Brasil, no período compreendido entre os anos de 1981 e 1994, ficou
caracterizado por apresentar distúrbios macroeconômicos. Nesses anos, somente em
períodos de desvalorização real da taxa de câmbio o país conseguiu aumentar suas
exportações. No ano de 1986, quando da implantação do plano econômico denominado
Plano Cruzado, houve grande expansão do consumo interno e aumento da produção
industrial, mas sem grandes reflexos nas exportações. Esse fenômeno voltou a ocorrer após
a implementação do Plano Real, em meados de 1994, quando foi intensificada a
liberalização comercial, havendo significativa valorização do real frente ao dólar e a
explosão no consumo interno de bens e serviços. As importações aumentaram em
proporção muito maior que as exportações e, desde então, a Balança Comercial brasileira
passou a apresentar sucessivos déficits. Registre-se que boa parte do déficit decorreu de
investimentos realizados na implementação e no desenvolvimento de novas indústrias,
linhas de produção e processos produtivos.
As diretrizes do governo de FHC para buscar a evolução econômica do país foram,
claramente, de expandir as exportações, diversificar ainda mais os mercados, ampliar a
pauta exportadora com produtos de maior valor agregado e aumentar o número de
empresas exportadoras. O foco estava voltado principalmente para a incorporação das
micro e pequenas empresas.
A tabela 2.1 mostra o número de micro e pequenas empresas exportadoras nos
semestres compreendidos de 2002 a 2004. Tal resultado sugere um comportamento sazonal
das atividades de determinadas empresas que exportam apenas no segundo semestre do
ano, mas não no primeiro (SECEX, 2005).
5
Tabela 2.1 - Micro e pequenas empresas industriais – 2002/2004.
Tamanho Número de empresas
Exportação média por empresa
(US$ Mil)
1º sem
2002
1º sem
2003
1º sem
2004
1º sem
2002
1º sem
2003
1º sem
2004
Micro industrial 363 371 335 8,3 8,0 8,1
Pequena industrial 293 277 387 13,7 20,0 23,3
MPE especial, média e
grande industrial
95 88 128 59,0 58,8 207,0
% das estreantes no total de
empresas exportadoras do estrato
% das estreantes no total de
empresas exportadoras do estrato
Micro industrial 20,6 20,0 18,2
16,0 14,3 12,9
Pequena industrial 293 277 387
2,5 3,1 3,2
Fonte: SECEX/MDIC, RAIS/MT e IBGE (PIA e Cadastro Central de empresas, 2005)
Nota: Exclui exportações realizadas por pessoas físicas (identificadas por seus CPF’s).
Empresas que se apresentaram como exportadoras pela primeira vez no semestre do ano indicado.
2.1 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
A competição internacional se faz entre cadeias produtivas. Por isso a inserção
brasileira na economia internacional deve estar estruturada a partir de cadeias produtivas
num trabalho competitivo entre o setor privado, os trabalhadores e o governo na busca de
uma isonomia competitiva interna, tendo como referência à pequena empresa no cenário
internacional.
Minervini (1997) destaca as principais necessidades que levam as empresas para o
mercado internacional: as dificuldades de vendas no mercado interno com um melhor
aproveitamento das estações, a possibilidade de preços mais rentáveis, o prolongamento do
ciclo de vida do produto, a busca de equilíbrio com outros concorrentes no mercado
interno. O autor propõe algumas formas para uma empresa ingressar no mercado externo
que são através da formação de consórcios de exportações ou através de contratos de
franchising ou licenciamento, contatos com consulados e câmaras de comércio buscando
6
oportunidades para sua empresa comercial exportadora ou uma trading company que atue
no mercado desejável.
Analisando a globalização em sua forma dinâmica, é possível observar que a
capacidade dos sistemas locais com ambientes inovadores é projetada naturalmente para o
exterior. As micro e pequenas empresas empenhadas na diferenciação de seus produtos em
qualidade, e se organizando coletivamente, são formas eficazes de globalização coletiva e
territorializada (BENKO, 1999).
O Brasil ampliou gradativamente seu grau de internacionalização desde a década de
80, diversificando sua pauta de produtos exportados, mas ainda depende fortemente de
produtos de processamento industrial básico (BAUMANN, 1996). Há a necessidade de
diversificação de seus produtos, adicionando o valor agregado e formação de parcerias
com novas empresas ou a abertura de relacionamentos com países vizinhos.
As pequenas empresas formam uma extensa rede capilar na economia brasileira e
na maioria dos países do mundo. Por isso, os governos estudam e executam programas de
apoio buscando garantir sua sobrevivência e crescimento. Os programas de apoio
governamentais à inserção internacional de pequenas empresas são baseados na aquisição
de competitividade: de custos, de tecnologias, de promoção comercial, de escala de
produção e de diferenciação de preço.
O critério referente ao número de empregados simplifica bastante o processo de
enquadramento da maioria dos negócios no Brasil como MPE's. Busca-se que, com esse
critério, seja dada uma abrangência maior à política, aos programas e às ações voltadas
para elas.
As empresas que não estão buscando a formação de parcerias ou o trabalho de
forma associativa estão se concentrando em um mercado cada vez mais competitivo e
concorrente, muitas acabando por fechar. Através de uma pesquisa realizada pelo
SEBRAE em 1999, verificou-se que a taxa de mortalidade das empresas variou de 30% até
61% no primeiro ano da existência, de 40% até 68% no segundo ano, e de 55% até 73% no
terceiro ano do empreendimento.
Segundo Silva (1998) as características das MPE's mostram que a gestão de
pequenos negócios pode ser muito influenciada pelo perfil pessoal de seus proprietários.
Daí a importância do desenvolvimento das habilidades e competências pessoais do
7
empresário como forma de garantir o resultado de qualquer programa gerencial e de apoio
a sua internacionalização.
Em uma pesquisa realizada pela Fundação Centro de Comércio Exterior (Funcex),
registrada pela Gazeta Mercantil em junho de 1998, entre pequenas, médias e grandes
empresas, verificou-se que 62% das empresas viam na dificuldade de divulgação de seus
produtos no exterior, um dos principais entraves para a exportação.
Para atingir um mercado exportador é necessário ter preço, qualidade e capacidade
de fornecimento: três itens difíceis de conseguir pelo micro e pequeno empresário. É
necessária uma ampla capacitação deste empresariado em cultura de comércio exterior, e
vivência de atividades em conjunto buscando um espírito associativista e minimizando os
índices de mortalidade das empresas.
Segundo Casarotto et al (1999) a cooperação entre pequenas empresas é algo tão
irreversível como a globalização, ou melhor, talvez seja a maneira como as pequenas
empresas possam assegurar sua sobrevivência e a sociedade garantir seu desenvolvimento
equilibrado.
2.2 COMPETITIVIDADE
Numa economia aberta é essencial que sejam identificados os fatores
condicionantes da competitividade de cada cadeia para que se possam entender as razões
do seu desempenho.
Competitividade, sob essa perspectiva, deve ser entendida em três dimensões:
Primeiro: Empresarial – Fatores ou condicionantes das empresas, como
custo/preço (produtividade), qualidade, inovação e “marketing” – a capacidade
produtiva e sua relação com custos e preço (produtividade), a capacidade para
inovação e sua relação com qualidade e diferenciação com os produtos, a
qualidade dos recursos humanos, a capacidade comercial, a estratégia e a gestão
das empresas;
Segundo: Estrutural – Fatores ou condicionantes relacionados ao mercado e ao
acesso à tecnologia, à configuração da industria e sua relação com escala de
produção e a dinâmica específica da concorrência;
8
Terceiro: Sistêmica – Fatores ou condicionantes macro-econômicos
internacionais (mercado internacional), avanço do conhecimento, infra-
estruturais, fiscais, financeiros e político-institucionais, que mais diretamente
influenciariam o desempenho geral ou específico da cadeia em algumas das
variáveis econômicas analisadas: na mão-de-obra contratada no comércio
exterior, nos custos da estrutura produtiva ou nos obstáculos que essa mesma
dimensão impõe à superação dos problemas competitivos identificados no
plano micro (empresarial) e setorial (estrutural), como o “custo Brasil”.
Segundo Gassarotto et al (1999), a visão de competitividade do Instituto Alemão
para o Desenvolvimento (IAD) é definida por quatro fatores: primeiro - ação conjunta do
Estado, empresariados e outros atores para aperfeiçoar o tecido institucional; segundo -
entrelaçamentos entre empresas e instituições de suporte; terceira - entrelaçamentos entre
empresas; quarta - competitividade no nível de empresa: flexibilidade, qualidade, agilidade
e produtividade.
2.2.1 Marketing
Na concepção de Cobra (1992) marketing é mais do que uma forma de sentir o
mercado e adaptar produtos ou serviços é um compromisso com a busca de melhoria da
qualidade de vida das pessoas.
Segundo a American Marketing Association (AMA) citado por Slack (1996)
marketing “é o processo de planejamento e execução desde a concepção, apreçamento,
promoção e distribuição de idéias, mercadorias e serviços para criar e trocar que satisfaçam
os objetivos individuais e organizacionais”.
Para Kotler (1998) o novo conceito de marketing deve ser revisado e recolocado.
Entre os propósitos estão: “o conceito humano, o conceito de consumo inteligente e o
conceito do imperativo ecológico”, todos abordando diferentes aspectos do mesmo
problema, ou seja, colocando no conceito de marketing o aspecto societal.
O papel do marketing é, então, identificar necessidades não satisfeitas, de forma a
colocar no mercado produtos ou serviços que, ao mesmo tempo, proporcionem a satisfação
dos consumidores, dando resultados auspiciosos aos acionistas e ajudando a melhorar a
qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral.
9
Composto de marketing é o conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir
seu objetivo de marketing no mercado alvo.
Literalmente, há dezenas de ferramentas para o composto de marketing. McCarthy
(1996) popularizou uma classificação dessas ferramentas chamadas os 4 Ps: produto,
preço, praça (isto é, distribuição) e promoção.
Produto
Variedade do
produto
Qualidade
Cobertura
Design
Sortimento
Características
Localizações
Nome da Marca
Embalagem
Transporte
Tamanho
Serviços
Garantias
Devoluções
Praça
Canais
Cobertura
Sortimento
Localização
Estoque
Transporte
Preço
Lista de preços
Descontos
Condições
Prazo de pagamento
Condições de crédito
Promoção
Promoção de vendas
Propaganda
Força de vontade
Relações públicas
Marketing direto
Mercado-alvo
Composto de
Marketing
Figura 2.1: Os 4 P’s no composto de marketing
Fonte: Slack,1996.
10
Os 4 P’s representam a visão dos vendedores em relação às ferramentas de
marketing disponíveis para influenciar comprador.
Do ponto de vista de um comprador, cada ferramenta de marketing é planejada para
entregar em beneficio do consumidor. Lautenborn (1990) sugeriu que os 4Ps dos
vendedores correspondam aos 4Cs dos consumidores (Tabela 2.2). Assim, as empresas
vencedoras serão aquelas que podem atender às necessidades dos consumidores de forma
econômica e conveniente e com comunicação eficaz.
Tabela 2.2 -
Relação entre os 4Ps e os 4Cs
4P's 4C's
Produto Cliente (solução para o)
Preço Custo (para o cliente)
Praça (Pontos de Venda) Conveniência
Promoção Comunicação
Fonte: SEBRAE, 2004.
O investimento em propaganda é importante porque toda a empresa depende do
consumidor para crescer. É por esta razão que os apicultores devem repensar a
apresentação de suas embalagens e atentar para a necessidade de um “selo de qualidade”
que imprima credibilidade ao seu produto.
A promoção do produto engloba todos os meios de comunicação, mas para que essa
estratégia obtenha êxito é preciso que o apicultor adquira a certificação do Serviço de
Inspeção Federal. Sem isso, é praticamente impossível levar a produção aos diferentes
tipos de mercado e conseguir uma negociação no nível da concorrência.
A abordagem sistêmica adotada no conceito de Sistemas Agroindustriais propõe
que se trabalhe as cadeias agroindustriais de trás para frente, ou seja, identificando, num
primeiro momento, o consumidor final, suas características, padrões de preferência,
tendências de mudanças nestes padrões, formas de organização social e capacidade de
interferir sobre a cadeia. Parte-se do princípio de que o consumidor é o elemento
dinamizado das cadeias agroindustriais modernas.
11
Uma cadeia de produção agroindustrial pode ser vista como uma sucessão de
operações técnicas, logísticas e comerciais que permitem que determinada matéria-prima
passe por sucessivas etapas de transformação até chegar às mãos do consumidor na forma
de produto acabado. Todo este processo envolve, normalmente, uma série de agentes
econômicos que trabalham sob as mais diversas formas contratuais. São raros os casos em
que uma só empresa é a responsável por todas estas etapas.
Uma cadeia de produção agroindustrial, como já foi dito, pode ser dividida em três
grandes macro-segmentos: produção de matérias-primas, industrialização e
comercialização. No caso mais geral, existem mercados, potenciais ou reais, que servem
para articular estes macro-segmentos. É evidente que também podem existir mercados
(reais ou potenciais) no interior de cada um dos macro-segmentos. É o caso, por exemplo,
das indústrias agroalimentares de primeira transformação, que vendem produtos semi-
acabados para indústrias agroalimentares de segunda ou terceira transformação, também
inclusa a cadeia produtiva do mel.
Segundo Porter (1990) a compreensão do processo industrial leva a uma avaliação
detalhada do processo competitivo internacional por três razões principais: primeira - cria
exigências específicas para as diferentes indústrias da economia; segunda - surge a
necessidade de investir em novos negócios de produção, permitindo a sustentabilidade
competitiva; terceira - maiores investimentos freqüentemente operam com alta
produtividade do trabalho, alcançando significativos rendimentos para o capital aplicado.
2.2.2 Qualidade
O atributo da qualidade do produto, do processo e da gerência do negócio, recebe
freqüentes abordagens de autores que tratam do tema da competitividade. Porter (1990) vê
a qualidade como determinante principal à demanda doméstica sofisticada. Para o autor, aí
estaria o aprendizado para exportar, para competir internacionalmente, com atendimento
das exigências dos compradores. Para Porter, as indústrias da cadeia produtiva, no sentido
de montante e de jusante, jogam também um papel importante na aquisição da qualidade,
seja ela de produto, de processo ou de gestão. Segundo o mesmo autor, deve-se ainda dar
um peso ao sistema promotor da inovação tecnológica e, dentro dele, à função pesquisa e
desenvolvimento, P&D.
Dodgson, Rothwell (1996) vêem a qualidade como um atributo decorrente do
sistema de inovação, do sistema de financiamento e da natureza da relação que a unidade
12
produtiva estabelece com os usuários (consumidores) e com os fornecedores. Coutinho &
Ferraz (1994) definem a qualidade de produto e de processo como decorrente da elevação
do conteúdo tecnológico. No caso dos produtos, ela se expressaria por meio da
descomoditização e da reciclagem. A obtenção da qualidade, segundo estes autores, se dá
mediante o aprendizado e a cooperação na indústria e na cadeia produtiva. Atribuem
também importância em termos de determinação da qualidade aos sistemas de inovação e
assistência às unidades produtivas.
Contemporaneamente a preocupação com a qualidade tem sido vista como fator
estratégico para sobrevivência da firma. Isto se aplica, de modo inequívoco, ao caso dos
alimentos devido a uma crescente exigência por parte dos consumidores.
Feigenbaum (1994) define controle de qualidade como um sistema efetivo de
integração de esforços para o desenvolvimento, a manutenção e o aprimoramento da
qualidade dos vários grupos em uma organização, para capacitar os departamentos
responsáveis pela produção de um bem ou serviço a atender plenamente às necessidades
dos clientes da maneira mais econômica. As proposições de Feigenbaum (1994)
constituem a base dos sistemas de garantia da qualidade definidos nas normas da série ISO
9000.
Para Crosby (1979) a qualidade de uma empresa não pode ser medida apenas pela
qualidade de seus produtos finais. A qualidade é a soma das qualidades obtidas nas
diversas atividades, uma das quais é a produção. Ainda Crosby (1979) dá uma ênfase
muito grande à motivação para a qualidade. Para ele, é obrigação da alta administração
organizar campanhas para conseguir um espírito receptivo para assuntos relacionados à
qualidade com todos os níveis da empresa. O tema principal sugerido para estas campanhas
é: do it right for the first time!
1
.
Deming (1986) estruturou sua filosofia sobre a importância da qualidade como
fator de aumento da competitividade de uma empresa. Enfatiza a criação de grupos de
trabalho, com a finalidade de eliminar instabilidades nos processos operacionais, com uso
intenso de ferramentas estatísticas básicas, que deverão ser compreendidas e utilizadas por
todos para atingir o autocontrole.
Na norma ISO 8402 (Gerência da qualidade e garantia de qualidade) versão de
1992, parte-se do pressuposto de que “adequação ao uso” e “conformidade com
1
Tradução: Faça certo desde a primeira vez!
13
especificações” representam apenas certos aspectos da qualidade. A qualidade é definida
como a totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de
satisfazer às necessidades explícitas e implícitas.
A série ISO 9000 (que vai até 9004) passou a ser importante para os produtores que
estão exportando ou pensando em exportar para países membro da União Européia,
seguramente teremos que satisfazer certas exigências contratuais, inclusive, que implicam
certificações específicas para poder operar naquele mercado.
Provavelmente a ISO 9001 é a mais importante da série. Ela constitui um modelo
para o sistema de garantia de qualidade relativo a empresas envolvidas com concepção,
desenvolvimento e projeto do produto ou serviço, produção, instalação e assistência
técnica. Esse modelo leva a um processo bem definido de certificação, que implica
autoditagem para verificar a conformidade do sistema em análise.
Autores como Sawin e Hutchns (1991) dizem que a série ISO 9000 “constitui
apenas a base para o desenvolvimento de um sistema total efetivo. Existem aspectos,
segundo eles, que não foram objeto desta série tais como: custo da qualidade, satisfação do
cliente, melhorias contínuas, segurança e confiabilidade do produto”.
As exigências internacionais para a qualidade dos produtos apícolas, obrigaram o
Brasil a estabelecer normas para definir padrões mínimos de comercialização dos produtos
originário das colméas. Esta legislação, recentemente criada, regula parâmetros químicos
físico-químicos mínimos para as amostras de produtos aptos a comercialização. Tal
procedimento, agregam valor ao produto apícola brasileiro e o levam a alta
competitividade internacional.
2.2.3 Tecnologia
Segundo Poter (1997) as empresas dão grande importância à tecnologia como fator
de competitividade e de sucesso dos negócios. O negócio agrícola brasileiro tem
assimilado estes sinais, procurando integrar e harmonizar o trabalho de todos os segmentos
desse mercado.
Em resposta a essas tendências, as instituições de pesquisa agropecuária têm
procurado orientar seus programas para o atendimento das demandas atuais, potenciais e
futuras do mercado de tecnologia no contexto do negócio agrícola. A visão de mercado
14
deve ser ampla, abrangendo todos os seus segmentos, desde o consumidor final até o
fornecedor de insumos.
Em síntese, cresce a aceitação e a internalização do modelo de demanda, exigindo,
implicitamente, a adoção do enfoque de P&D, em que a pesquisa e o desenvolvimento são
etapas integrantes e inseparáveis de um único processo. Um modelo simplificado de P&D
foi proposto e discutido com as equipes da EMBRAPA (CASTRO et al., 1992). A partir
daí, o processo de P&D teve início com a identificação das demandas do mercado, as quais
devem orientar a elaboração da proposta de oferta de soluções tecnológicas – projeto de
P&D e seus resultados que, uma vez desenvolvidas, são validadas e oferecidas a segmentos
do mercado demandante.
O aperfeiçoamento do processo de prospecção de demandas tecnológicas vem
exigindo, entre outras ações, o desenvolvimento de metodologias de simples aplicação,
mas eficazes em seus resultados. Nesse sentido, tem havido um grande esforço na
definição das bases conceituais e no aperfeiçoamento dos procedimentos para viabilização
do modelo de P&D (CASTRO et al., 1994; CASTRO et al., 1996).
A evolução das análises do mercado de tecnologia demonstrou que as necessidades
e aspirações do consumidor final dos produtos de uma cadeia produtiva têm influência em
todos os elos antecedentes, até o produtor rural. Modificam a demanda de tecnologia e
devem, portanto, ser consideradas em seu processo de identificação.
Necessidades e aspirações relacionadas à tecnologia – as demandas – dos diversos
componentes da cadeia produtiva. Estas demandas constituem-se as referências para a
geração de projetos no centro de P&D.
15
3 CADEIA PRODUTIVA DO MEL
3.1 PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO: BRASIL E OUTROS PAÍSES
A apicultura no Brasil vem sendo praticada desde o período da colonização, quando
foram introduzidas abelhas Apis mellifera das raças européias. A partir dessa introdução
iniciou-se a atividade apícola de forma racional no Brasil, segundo métodos de produção
utilizados na Europa.
Em 1956 o professor Warwick Estevam Kerr introduziu no Brasil, especificamente em
São Paulo, 49 enxames da espécie africana (Apis mellifera scutellata) para estudo
comparativo de produção, rusticidade e agressividade. Entretanto, por acidente 26 enxames
fugiram, multiplicaram-se e disseminaram-se rapidamente, devido à sua identificação com as
características do clima brasileiro muito similar ao do continente africano, segundo Sommer
(1996).
Ocorreram, espontaneamente, cruzamentos com subespécies européias, formando um
poli-híbrido e alterando as características de ambas as raças. Isso provocou mudanças bruscas
na atividade devido principalmente ao comportamento agressivo da abelha híbrida, o que
contribuiu para o significativo declínio da atividade apícola nos anos seguintes, culminando
com o abandono de sua prática por muitos apicultores.
Segundo Wiese (1985) somente na década de 70 com o desenvolvimento de novas
técnicas de manejo e com grade esforço de apicultores e pesquisadores a atividade reergueu-
se e tomou novo impulso.
Estudos mostram que há 50 milhões de anos as abelhas já produziam mel ou seja,
muito tempo antes que o homem aparecesse sobre a terra. A partir daí, este líquido precioso
tem sido utilizado ao longo dos anos como alimento e como medicamento. Quase todas as
civilizações antigas conheceram e utilizaram os produtos das abelhas como valiosos recursos
16
terapêuticos na sua medicina. Tais produtos tornaram-se princípios medicinais que o homem
primitivo encontrou na natureza e deles fez uso intuitiva e empiricamente.
Em 2003, a China foi o maior produtor mundial de mel (275,9 mil toneladas), seguida
de Estados Unidos (82,1 mil toneladas), Argentina (75,0 mil toneladas) e Turquia (75,0 mil
toneladas). Os Estados Unidos que ocupava o segundo lugar na produção, foram também o
segundo maior importador mundial. A Argentina foi o terceiro produtor e o maior exportador
de mel do mundo. A tabela 3.1 demonstra a produção de mel de países produtores,
exportadores e importadores em 2003.
Tabela 3.1 -
Principais países produtores, exportadores e importadores de mel, 2003.
Produção toneladas Exportações US$1000 Importações US$1000
China 275.935 Argentina 159.894 Alemanha 240.851
Estados Unidos 82.144 China 106.001 Estados Unidos 219.496
Argentina 75.000 Alemanha 79.291 Reino Unido 64.229
Turquia 75.000 México 67.947 Japão 62.014
México 55.840 Hungria 52.040 França 49.532
Ucrânia 53.550 Canadá 47.253 Itália 42.382
Índia 52.000
Brasil
45.545 Arábia Saudita 28.344
Rússia 50.000 Espanha 38.385 Espanha 27.269
Espanha 35.074 Turquia 36.421 Austrália 24.988
Canadá 33.566 Chile 33.186 Holanda 22.794
Etiópia 29.000 Romênia 25.943 Suíça 21.950
Iran 29.000 Uruguai 23.701 Bélgica 20.997
Tanzânia 26.500 Vietnan 18.917 Canadá 18.135
Coréia 25.500 Austrália 18.078 Dinamarca 15.185
Brasil
24.000 Nova Zelândia 15.694 Áustria 13.793
Alemanha 23.691 Bulgária 15.670 Suécia 9.602
Sub-total 945.800 Sub-total 783.966 Sub-total 881.561
Outros 370.440 Outros 161.589 Outros 94.859
Total 1.316.240 Total 945.555 Total 976.420
Fonte: Elaborada pelos autores com dados básicos da FAO/ONU.
Para Perez et al (2005), os dados de produção são mais difíceis ainda de serem
coletados. Assim, é provável que a exemplo do Brasil, vários países ainda não tenham
computados todo o impacto das exportações em suas produções de mel.
17
O mundo produz 1.200.000 toneladas de mel por ano. A Alemanha compra 50% do
mel exportado no mundo e só produz 33.000 t/ano. A China foi o principal exportador de mel
para a Alemanha até 1987. No Japão, 60% do mel consumido destina-se a usos na indústria, e
40% constitui mel de mesa. O Japão tem se transformado num dos maiores importadores de
mel, principalmente devido à redução do número de apicultores, em decorrência da
competição dos preços de importação e da diminuição de áreas melíferas. A Argentina, que
produz cerca de 75.000 t/ano, consome só 10.000 t/ano (MUNHOZ, 1997).
Desde o início de 2002, decisões dos Estados Unidos da América (EUA) e da União
Européia (UE) levaram à suspensão da importação de mel da China devido aos altos índices
de resíduos de drogas veterinárias encontrados no produto oriundo daquele país.
Concomitantemente, os EUA suspenderam também a importação de mel da Argentina,
alegando distorções no preço do produto, o que estava promovendo uma concorrência desleal
com os próprios produtores americanos.
Episódios da China e da Argentina contribuíram para colocar o Brasil pela primeira
vez, na rota do mercado mundial. Até 2001, a produção brasileira de mel era totalmente
voltada para o mercado interno, portanto as importações brasileiras eram maiores que as
exportações. Praticamente tudo o que se produzia era consumido no mercado interno. Os altos
custos de produção e o bom preço do mercado interno, até 2001, desestimulavam a
exportação. O consumo per capta era inferior a 300 g/ano. A Argentina exportava cerca de
2,2% de sua produção para o Brasil (1.300 t/ano) e o Uruguai 4% (350 t/ano) (Munhoz,
1997).
Segundo dados disseminados pelo SECEX (2005), representados na Tabela 3.2 , as
importações e exportações brasileiras de mel natural, de 2001 a 2004 (jan/dez), tiveram
comportamentos inversos: enquanto as importações diminuíram, as exportações aumentaram.
A produção de mel nesse mesmo período também apresentou tendência crescente em função
do aumento do número de colméias e da produtividade.
18
Tabela 3.2 - Exportações e importações brasileiras de mel natural, de 2001 a 2004.
Ano
Produção de mel (em 1.000 Toneladas)
2001
2002 2003 2004
Produção 20 24 25 24
Importações 254 49,7 17,2 38,4
Exportações 2,4 12,6 19,2 21,0
Fonte: SECEX – Sistema Alice
Segundo Belchior Filho (2003) a queda da produção Argentina teria sido decorrente da
ocorrência da cria pútrida, doença que ataca as abelhas e não tem cura, contudo a apicultura
está sustentada no tripé abelha, técnica e meio ambiente (pasto apícola). Resolvidas as
questões do manejo e do acesso aos pastos apícolas, de acordo com esse mesmo autor, o
Brasil tem potencial para atingir a produção de 200 mil toneladas de mel por ano, podendo
igualar-se à China.
3.2 PREÇO E DEMANDA
Segundo Belchior Filho (2003), os acontecimentos da China e da Argentina
provocaram uma importante redução da oferta e, conseqüentemente, um desequilíbrio na
relação oferta-demanda, elevando significativamente o preço do mel no mercado
internacional.
Em termos agregados, a produção mundial de mel aumentou 4,6% em quanto as
exportações aumentaram 35,6% e as importações 38,8% de 2002 a 2003.
A disputa internacional pelo produto brasileiro elevou seu preço de US$ 1,13/kg em
2001 para US$ 2,36/kg em 2003, mas com o reequilíbrio do mercado em 2004, o preço médio
recebido pelo exportadores brasileiros foi reduzido em 14,7% (para US$ 2,02/kg), como
resultados as exportações totais do mel brasileiro cresceram 9,1% na quantidade, mas caíram
7,0% no valor em 2004 comparado com 2003 segundo dados do SECEX/MDIC 2004.
19
No primeiro bimestre de 2005, o preço do mel exportado apresentou forte queda, para
US$ 1.429/ tonelada, comparada a US$ 2.386/ tonelada em 2004 e US$ 2.283/ tonelada em
2003 de acordo com SECEX/MDIC, 2005.
Segundo Abreu 2004, o Brasil chegou a triplicar a produção por causa do mercado
favorável em virtude da grande procura por parte de europeus e norte-americanos com a saída
da China do mercado nos últimos dois anos. Com o mercado internacional mais competitivo,
preços baixos e fraca demanda interna e com o retorno da China ao mercado internacional os
preços recuaram e parte das vendas brasileiras sofram substituídas, obrigando parte dos
produtores a redirecionar as vendas para o mercado interno.
Segundo Filho (2004), a produção brasileira é estimada pelo setor entre 30 e 40 mil
toneladas/ano, mas não acredita que haja excedente de oferta no mercado. O maior problema
continua sendo a baixa produtividade media da apicultura brasileira em torno de
20/kg/coméia.
Segundo Sattler 1996 as reservas da flora brasileira apresentam um percentual de
néctar e pólen apenas parcialmente explorado até o momento. O incremento desta atividade,
tanto na pequena propriedade como numa apicultura mais profissionalizada, aumentaria
significativamente a produção. No entanto, é de fundamental importância que, paralelamente,
se busque aumentar a produtividade dos apiários.
3.3 CADEIA PRODUTIVA DO MEL NO NORDESTE
A apicultura vem-se apresentando nos últimos anos como uma importante alternativa
econômica para o meio rural da região. A flora ainda diversificada do nordeste brasileiro
associada às condições climáticas favoráveis as atividades das abelhas durante todo o ano
asseguram boa produção de mel. Esse, por sua vez, trata-se de um produto nobre, de grande
aceitação no mercado (BELCHIOR FILHO, 2004).
Para Couto (2002) houve um crescimento de 665% na exportação de mel no Ceará em
2002, com referência a 2001, quando o Estado exportou 283 mil kg, sendo que a região do
médio Jaguaribe respondeu com 210 mil kg nesse ano. A vantagem da apicultura é que os
insumos para a produção têm o preço nivelado em real, enquanto as vendas são feitas em
dólar. Outro fator é que a atividade substitui o desmatamento possibilitando assim uma maior
conservação do ambiente.
20
Estudos sobre a cadeia produtiva da apicultura no Piauí dão conta do crescimento
dessa atividade no Estado. O último censo agropecuário (1995/1996) registrou a existência de
aproximadamente 9.500 famílias envolvidas na apicultura (IBGE, 1996). Portanto, o mel
produzido nessa região está apto a receber o selo de qualidade, como produto orgânico por ser
de origem de plantas silvestres, ou isentas de contaminação com agrotóxicos e ser produzido
por abelhas sadias, que não demandam a utilização de antibióticos para o combate a doenças.
Isso vai possibilitar o incremento de algo em torno de 30% no valor do mel e o seu
credenciamento para a exportação no mercado com a Denominação de Origem Protegida
(DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP).
O Piauí faturou em 2004 segundo dados do IBGE 2002 3,9 milhões de dólares com a
exportação de mel, sendo o terceiro produto mais importante na pauta de exportações do
Estado em volume, atrás da soja e das ceras vegetais e o quinto em valor, superado neste item
também pelo camarão e pela castanha de caju. Segundo balanço da Secretaria de Agronegócio
o Estado dispõem atualmente de 200.000 colméias.
Segundo Freitas 1994, a apicultura no sul da Bahia tem dois marcos históricos bastante
diferenciados, antes e depois da atividade ser orientada pela CEPLAC. Os últimos dez anos o
crescimento da atividade é algo extraordinário, já são dezesseis as associações de apicultores
e uma cooperativa, são 1200 pessoas ligadas com a atividade. A diversidade da flora apícola,
em diversos ecossistemas vem permitindo as exploração do mel, pólen e da própolis. O autor
cita CEPLAC realizou através do seu centro de pesquisa, nesses últimos dez anos diversos
trabalhos científicos, procurando desta forma fortalecer as ações dos produtores, onde
destaca-se: identificação de plantas de interesse apícola do litoral e de áreas de transição;
caracterização físico e química do mel, pólen e da própolis; transferência de tecnologia. O
centro irá dispor de sala de treinamento equipada apiário modelo e equipamentos de
beneficiamento, possibilitando a transferência tecnologia para o estado da Bahia e
circunvizinhos.
3.4 ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO MEL NO RIO GRANDE DO
NORTE
O Estado do Rio Grande do Norte, apresenta um grande potencial natural para a
exploração apícola a partir da sua vegetação, com grande diversidade de floradas. Também
21
são considerados favoráveis as condições climáticas, o número de apicultores, e o
aproveitamento das abelhas africanizadas como agentes polinizadores nas culturas para
exportação, melão, caju etc, aumentando a produtividade destas culturas no pólo agrícola
Assu / Mossoró RN.
Porém, a apicultura racional do Rio Grande do Norte aparentemente sofre dos mesmos
problemas citados na cadeia produtiva do mel do Nordeste como um todo e não tem
produzido benefícios esperados para a população da região. A atividade dos meleiros por sua
vez, merece atenção especial visto que a sua prática rudimentar precisa ser redirecionada,
tendo em vista que o seu manejo inadequado influencia na qualidade do mel. Além disso, em
muitos casos a forma de extração primitiva feita pelos meleiros provoca danos irreparáveis ao
meio ambiente, já que são comuns a destruição do enxame, a derrubada de árvores ou as
queimadas, advindas de técnicas impróprias, segundo Belchior Filho 2004.
O SEBRAE e a APEX (2003) aprovaram o Projeto Setorial Integrado de Promoção
(PSI) das Exportações de “Mel e Derivados”, que tem como objetivo aumentar as exportações
de produtos apícolas comercializados pelas micro e pequenas empresas do setor, capacitando
a base produtiva e consolidando alternativas de comercialização que assegurem aos
produtores e suas comunidades uma atividade de caráter permanente e melhor remunerada,
contribuindo com o desenvolvimento da economia regional e com o esforço nacional de
equilíbrio da balança comercial brasileira.
Um dos fatores importantes que contribui na formação da cadeia produtiva do mel do
RN é o apoio ao financiamento dessa atividade pelas instituições bancárias. O BNB, segundo
Vilella, Pereira (2002), realizou no ano de 2000 36 operações, no valor total de US$
167.613,35. No ano de 2001 foram 129 operações, no valor total de US$ 399.180,20,
apresentando um crescimento de mais de 100% em apenas um ano. Esses números indicam
que a crença da instituição financeira e dos produtores na apicultura potiguar é crescente.
Villela, Pereira (2002 )consideram que apicultura potiguar está na sua fase de franco
crescimento, apresentando um baixo nível de inadimplência dos empréstimos tomados pelos
produtores para o financiamento de sua produção. Esse é um fato extremamente positivo e
que tende a promover um crescimento mais acelerado e sólido da atividade melhorando a
capacidade competitiva da apicultura norte-riograndense.
Outros fatores importantes na formação da cadeia produtiva do mel no Estado são as
inspeções sanitárias, as normas e os regulamento que incidem sobre essa atividade. O mel no
22
RN, até o fim do 2001, segundo Villela, Pereira (2002), praticamente ainda não saía das
fronteiras do Estado. A tendência é que, à medida em que o produto passa a ser
predominantemente comercializado fora do Estado, ocorra uma intensificação da inspeção e
fiscalização aliada às exigências para adoção, pelas empresas (associações), dos requisitos
estabelecidos no regulamento técnico.
Segundo Pinheiro et al (2002) os regulamentos contêm regras a serem seguidas pelos
setores em geral, estando ligados a algumas atividades, tais como: meio ambiente, segurança
de saúde, enfim, envolve itens que dizem respeito ao bem estar da sociedade.
Segundo Cezari & Nascimento (1993) e Bryan (1992) Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle (APPCC) é uma técnica de questão da qualidade, requer avaliação e
identificação das etapas de processamento, desde a coleta até o consumo final, permitindo
reconhecer as etapas críticas no intuito da segurança do produto e onde concentrar os recursos
técnicos para garantir que as operações estejam sob controle. Segundo Schilling (1995), o
objetivo é permitir ações corretivas antes que o produto deva ser rejeitado, prevenindo que um
alimento contaminado alcance o consumidor.
A existência para um regulamento técnico coloca o Brasil entre os países mais
modernos em termos de legislação para este tipo de produto e reflete um amadurecimento do
setor, pois são poucos os países que já detém uma legislação em vigor.
Esse aspecto favorecerá de forma muito significativa a competitividade do mel
brasileiro no mercado mundial. Constitui-se a partir daí, um passo fundamental para a
normalização através da adoção de normas técnicas.
Apesar do crescimento dessa atividade no Estado, alguns entraves ainda estão
presentes, entre eles a existência de apenas quatro indústria de beneficiamento no Estado,
localizadas nos municípios de Nísia Floresta, Paus dos Ferros, Mossoró, Rodolfo Fernandes.
Este é um elo deficiente no contexto da cadeia produtiva do mel potiguar. Segundo
Villela, Pereira 2002, existe apenas uma indústria de colméias e uma empresa de
comercialização de insumos e equipamentos. Nenhuma indústria de máquinas ou
equipamentos para a apicultura. Em grande parte dos casos, as colméias são fabricadas pelos
próprios apicultores, a partir de processos pouco profissionais, de material menos
recomendado ou com poucas pesquisas a respeito do desenvolvimento dos enxames e da
capacidade em manter a temperatura interna dos ninhos.
23
Para que haja uma consolidação da atividade apícola no RN, faz-se necessário
minimizar a carga tributária, e com isso incrementa-se o processo produtivo apícola, sem
causar impacto na composição dos custos da transação.
Com uma eficiente infra-estrutura de logística e distribuição, os atravessadores
repassam o mel para indústrias de beneficiamento das regiões Sul e Centro-Sul do país, as
quais, após envase, distribuem-no para os pontos de comercialização em todo o país,
inclusive, em alguns casos, para o próprio RN e para o mercado externo.
Com o crescimento da produção, elevação do número de apicultores e o incremento no
processo organizativo das associações e da federação, a tendência é de que aumentem a sua
capitalização, as associações se fortaleçam aumentando seu poder de barganha em relação ao
preço e, assim, desenvolvam outras formas de comercialização com menor interferência de
intermediários, tendo as associações, cooperativas e federações papel central neste processo.
Durante o Seminário Internacional sobre Comércio Exterior no Setor Apícola,
realizado em Mossoró/RN, Martin (2002) indicou alguns pontos básicos antes de se buscar o
mercado internacional: organização dos produtores e produção tecnificada, para garantir a
preservação das qualidades intrínsecas; envase adequado do produto - tambores de trezentos
kg (sessenta a setenta unidades) próprios para alimentos, quando for a granel e,
preferencialmente potes de vidro, quando for fracionado, com rótulo aprovado pelo
importador; fornecimento de amostras ao comprador para análise de parâmetros requeridos na
legislação do país importador; transporte do local de produção até o porto, em condições
adequadas; contratação de pessoal capacitado para acompanhar, dentro do porto, o produto até
o embarque.
Um dos aspectos que fortalece não só a cadeia produtiva do mel no Rio Grande do
Norte mas em todo o Brasil é a presença do polihíbrido que é o cruzamento das abelhas
africanizadas (Apis mellifera scutelata Lepeletier) com abelhas de origem européia trazidas
pelos imigrantes no século XIX.
A flora apícola ideal é fornecedora de grande quantidade de alimento possibilitando
um constante desenvolvimento das colméias (ALCONFORADO FILHO, GONÇALVES,
2000). Sua qualidade depende das espécies vegetais naturais ou cultivadas, condições
climáticas, fertilidade do solo, adensamento da espécie e presença de flora competidora, além
da hereditariedade, a idade e sanidade das espécies vegetais, que também podem influenciar
no fornecimento de néctar e pólen (ALCONFORADO FILHO, 1996).
24
Este conjunto de informações torna-se útil diante da pouca experiência da apicultura
potiguar com a exportação do mel. O cenário tende a mudar em função do aumento da
demanda, tornando-se, assim, importante o conhecimento por parte dos apicultores e gestores
das associações, das exigências do mercado externo e dos procedimentos fundamentais para a
exportação.
25
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
O estudo caracterizou-se como exploratório visado proporcionar maior familiaridade
com o problema a fim de torná-lo explícito ou construir hipóteses. Quanto aos procedimentos
técnicos, envolveu, inicialmente, um levantamento bibliográfico e posteriormente, a
realização de pesquisas de campo no município de Serra do Mel, numa série de três visitas,
além de entrevista com o presidente da Apismel e aplicação de questionário aos seus
associados.
Como forma de se alcançar os objetivos presentes neste estudo, optou-se por escolher
uma associação de pequenos apicultores (Apismel), situada no município de Serra do Mel
/RN. A população é de 73 (setenta e três) apicultores efetivamente associados.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA COLETA DE DADOS.
Serra do Mel é um dos primeiros assentamentos do Rio Grande do Norte, formado por
22 agrovilas rurais. (Figura 4.1)
26
Figura 4.1: Mapa do município de Serra do Mel
Fonte: PMSM: Desenvolvimento sustentável da serra do mel – 1998
O nome Serra do Mel, originado na existência de uma população de enxames de
abelhas africanizadas na área onde hoje se localiza o município, já diz da sua vocação para o
desenvolvimento da atividade apícola.
Segundo Costa (2004) em 2001 os apicultores serramelenses deram um importante
passo para a organização da produção e comercialização do mel e seus derivados: a unificação
dos vários grupos de apicultores qualificados e não qualificados (meleiros) existentes no
município, com a criação da Associação dos Apicultores de Serra do Mel – Apismel. As
condições climáticas e o suporte florístico do município, que além da florada silvestre no
período chuvoso (março / junho) tem ainda a floração do cajueiro durante os meses de agosto
a novembro, são propícias para o desenvolvimento dessa atividade.
Os apicultores de Serra do Mel conseguem mais lucro ao eliminar a figura do
atravessador. A partir de 2003 passaram a vender a produção direta para uma empresa que
exporta mel para a Alemanha. Os colonos possuem, aproximadamente, 2200 colméias com
uma produção média de 20Kg/colméia/ano.
27
Dentre os fatores que contribuíram para o desenvolvimento crescente dessa atividade
no município, merecem destaque as inúmeras capacitações realizadas nas diversas vilas e as
consultorias técnicas desenvolvidas pelo setor de apicultura do SEBRAE/RN.
4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para obter subsídios necessários à execução do estudo proposto nesse trabalho
utilizou-se o questionário, estruturado a partir das variáveis consideradas como investigadoras
dos fatores de competitividade dos pequenos produtores na exportação de mel, obtidos
durante o processo de pesquisa bibliográfica.
As perguntas utilizadas no questionário foram do tipo “fechada” (uma única resposta
entre várias opções possíveis), formuladas em um modelo do tipo “escala”, ou seja, aquelas
que devem ser analisadas dentro de um tipo de escala de mensuração, pois as prioridades
variam de acordo com o posicionamento do entrevistado (Oliveira, 1997). Nessa proposta,
foram utilizadas questões de escala do tipo Likert, onde são aplicadas questões de onze
pontos, cuja qualificação das respostas possíveis era variável em função de cada
questionamento aplicado. O questionário utilizado no estudo é apresentado no anexo I. A
opção em se utilizar a escala tipo Likert para o estudo proposto é baseada no pensamento de
Martins (1994) que cita que as vantagens desse procedimento reside na variabilidade que
resulta de tal escala, o que admite que os entrevistados se expressem em termos de graus de
opinião sobre a questão tratada no questionário de pesquisa.
O instrumento de pesquisa utilizado foi baseado em escalas projetadas para investigar
os fatores que afetam a competitividade dos pequenos apicultores na exportação de mel, cujas
variáveis são agrupadas nos seguintes blocos: obstáculos à exportação, estratégias de
mercado, medidas tomadas para aumentar o poder de exportação da Apismel, vantagens
competitivas, potencial produtivo para competir no mercado internacional, relação de trabalho
na atividade apícola, conhecimento financeiro da Apismel e perfil sócio-econômico.
No primeiro bloco (OE – Obstáculos à Exportação), levantaram-se informações e
considerações iniciais de como a Apismel está se comportando frente ao mercado
internacional com relação a: desconhecimento ao mercado internacional, ausência de planos e
estratégias comerciais e falta de contato com agentes e clientes no exterior.
28
No segundo bloco (EM – Estratégias de Mercado), referiu-se às implantações das
estratégias de mercado a ser adotada pela Apismel na busca por maior eficiência na produção
de mel com relação a: preços competitivos, cumprimentos de normas e requisitos técnicos e
facilidade de acesso a financiamentos.
No terceiro bloco (MAPE – Medidas para Aumentar o Poder de Exportação da
Apismel), constitui-se basicamente de entender melhor as características do mercado
consumidor de mel para se estimular o aumento do consumo de mel através de: pesquisa de
mercado, sistema de informação de apoio ao comércio exterior, participação em feiras e
rodadas de negócios, reconhecimento e homologação de normas e regulamento, técnicas e
certificação de produtos na região, certificação ambiental ISO 9000 e qualificação na mão-de-
obra dos meleiros.
O quarto bloco (VC – Vantagens Competitivas) referiu-se às vantagens adotadas a
Apismel com relação à qualidade do mel, tecnologia empregada no setor apícola,
conhecimento de barreiras tarifárias, estratégias de marketing e demanda no mercado externo,
só assim a associação tornar-se-á competitiva frente a outras empresas apícolas.
O quinto bloco (PP – Potencial Produtivo) constituiu-se basicamente do forte potencial
da Apismel para a produção de mel, desta forma o produto serramelense tem melhor
qualidade e, portanto, maior destaque no mercado com relação a: biodiversidade, abelhas
africanizadas, parque industrial instalado, conhecimento técnico, potencial de produção
apícola, preço alto do produto em relação ao comercio interno e o associativismo na cadeia
produtiva do mel.
No sexto bloco (RTAA – Relação de trabalho da Atividade Apícola), levantaram-se
informações em relação à mão-de-obra empregada na atividade apícola e os possíveis
impactos no processo produtivo com relação a: membro familiar remunerado, troca de
serviço/membros associados, troca de serviço/membro associado, membro familiar não
remunerado, trabalhadores e eventuais assalariados, meleiros e mão-de-obra especializada.
O sétimo bloco (CF – Conhecimento Financeiro da Apismel) constituiu-se
basicamente do grau de conhecimento frente às leis do consumidor e de programas de crédito
quanto a: financiamento de custeio, conhecimento de programa de crédito, tipos de
financiamentos, exigências frente às leis de direito ao consumidor, investir recursos no
processo produtivo.
29
O oitavo bloco ficou constituído das variáveis sócio-econômicas dos apicultores, onde
se levantou perguntas pessoais quanto a: escolaridade, renda familiar, exploração do imóvel,
tempo de sócio e outros.
A demanda por produtos livres de resíduos químicos, com maior valor agregado, vem
aumentando a cada dia. Sob esse ponto de vista, o produtor nordestino se beneficia, uma vez
que existe um potencial de produção de mel do município de Serra do Mel, devido à
exploração da flora nativa para a apicultura, mas ainda existe um baixo índice de
profissionalismo da apicultura potiguar.
A Tabela 4.1 apresenta as variáveis, a descrição das questões correspondentes no
questionário e seus respectivos blocos de variáveis.
Tabela 4.1 -
Fatores que afetam a competitividade dos apicultores na exportação do mel.
Variável Descrição da Variável
Blocos de
Variáveis
OE (Q1.1)* Desconhecimento do mercado internacional.
OE (Q1.2) Ausências de planos e estratégias comerciais.
OE (Q1.3) Falta de contato com agentes e clientes no exterior.
Obstáculos à
Exportação
EM (Q2.1) Preços competitivos.
EM (Q2.2) Cumprimento de normas e requisitos técnicos.
EM (Q2.3) Facilidade de acesso ao financiamento.
Estratégica de
mercado.
MAE (Q3.1) Pesquisa de mercado
MAPE (Q3.2) Sistema de informação de apoio ao comércio exterior.
MAPE (Q3.3) Participação em feiras e rodada de negócio.
MAPE (Q3.4) Homologação de normas e regulamentos.
MAPE (Q3.5) Técnicas e cerificação de produtos na região
MAPE (Q3.6) Certificação ambiental – ISO 9000.
MAPE (Q3.7) Qualificação da mão-de-obra dos meleiros.
Medidas para
aumentar o poder
de exportação da
Apismel.
VC (Q4.1) Qualidade do mel.
VC (Q4.2) Tecnologia empregada no setor apícola.
VC (Q4.3) Conhecimento das barreiras tarifárias.
Vantagens
competitivas
30
VC (Q4.4) Estratégia de marketing.
VC (Q4.5) Demanda do mercado externo.
PP (Q5.1) Biodiversidade
PP (Q5.2) Abelhas africanizadas
PP (Q5.3) Parque industrial instalado.
PP (Q5.4) Conhecimento técnico.
PP (Q5.5) Potencial de produção apícola.
PP (Q5.6) Preços altos do produto em relação ao comércio interno.
PP (Q5.7) Associativismo na cadeia produtiva do mel.
Potencial
produtivo
RTAA (Q6.1) Membro familiar remunerado.
RTAA (Q6.2) Troca de serviço/membros associados.
RTAA (Q6.3) Membro familiar não remunerado.
RTAA (Q6.4) Trabalhadores e eventuais assalariados.
RTAA (Q6.5) Meleiros.
RTAA (Q6.6) Mão-de-obra especializada.
Relação de
trabalho na
atividade apícola
CFA (Q7) Financiamento de custeio.
CFA (Q.8) Programas de linhas de crédito.
CFA (Q.9) Tipo de financiamento
CFA (Q.10) Exigências frente às leis de direito do consumidor.
CFA (Q.11) Investir recursos no processo produtivo.
Conhecimento
financeiros da
Apismel
Sexo (Q12) Gênero.
Esc .(Q13) Escolaridade.
Renda (Q14) Renda familiar.
Tempo (Q15) Tempo na atividade apícola.
Imóvel (Q16) Exploração do imóvel.
Sócio (Q17) Tempo de associativismo na Apismel.
Perfil sócio
Econômico
OBS*.: O número entre parênteses em cada variável corresponde ao número no questionário.
31
4.4 COLETA DE DADOS
Na pesquisa foram utilizados a entrevista e o questionário como métodos de coleta de
dados, em que cada apicultor respondia sob a orientação do entrevistador. A entrevista com o
presidente da Apismel foi realizada na Coopercaju, município de Serra do Mel, em abril de
2004.
Após a entrevista e com autorização do presidente da pequena empresa apícola para a
realização da pesquisa, foram inquiridos alguns apicultores na vila Brasília e na vila Rio
Grande do Norte, através de uma reunião com os seus associados agendada para o dia 15 de
abril de 2004, a fim de esclarecê-los com relação ao preenchimento do questionário. No dia
agendado, compareceram ao local previamente estabelecido 40 apicultores, que foram
orientados sobre o objetivo da pesquisa. Para encontrar os faltantes, a pesquisadora se
deslocou às vilas Paraíba, Mato Grosso e Rio Grande do Sul para contatos individuais com 20
apicultores para o preenchimento do questionário. Ainda foi necessário seguir para as vilas
Maranhão, Pará, para o preenchimento de três questionários, resultando no fracasso da
tentativa, pois os entrevistados alegaram ser analfabetos.
No inicio do mês de maio de 2004, a pesquisadora retomou as atividades de
preenchimento de mais treze questionários nas vilas Rio de Janeiro e Paraná, pois nas
tentativas anteriores os entrevistados encontravam-se viajando.
Quatro apicultores recusaram-se a participar da pesquisa sem apresentarem
justificativas. Do total de 73 associados apenas 69 participaram efetivamente da pesquisa.
4.5 TÉCNICAS DE ANÁLISES
As técnicas de análises estatísticas utilizadas nos dados foram: a análise descritiva,
exploratória e o teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov, para verificação do grau de
concordância ou discordância entre as variáveis.
4.5.1 Análise Descritiva e Exploratória
O objetivo principal de se utilizar a análise descritiva e exploratória dos valores
absolutos e dos percentuais obtidos é o de apresentar a percepção dos entrevistados sobre os
fatores que afetam a competitividade dos apicultores da Apismel que afetam a exportação,
32
abordados na forma de tabelas e gráficos baseados nos dados coletados, considerando os
vários atributos e suas dimensões.
4.5.2 Análise de Kolmogorov - Smirnov
Segundo Siegel (1975) o teste Kolmogorov-Smirnov é um teste não-paramétrico que
possibilita a comparação de dois grupos que foram mensurados em escalas ordinal, intervalar
ou razão. Este teste visa à concordância entre dois conjuntos de valores amostrais, onde, após
a construção de suas freqüências acumuladas, verifica-se a maior diferença entre elas (valor
calculado) e compara-a com um valor tabelado que é encontrado na tábua M. Para um nível
de significância de
D
=5% tem-se que o valor tabelado será dado pela seguinte fórmula:
KS =
12
12
1, 36
nn
nn
Onde: é o tamanho da amostra do 1º grupo e é o tamanho da amostra do 2º
grupo.
1
n
2
n
Caso o valor calculado seja maior que o valor tabelado, rejeita-se a hipótese de que as
freqüências acumuladas das amostras não diferem significativamente, ou seja, os grupos
diferem entre si em relação as variáveis estudadas. Esta rejeição pode ser verificada através do
p-valor que rejeitará a hipótese H
0
caso
D
< 5%.
O teste de Kolmogorov permite testar a significância entre as variáveis formulando, de
um modo geral, as seguintes hipóteses:
H
o
= as duas variáveis são independentes (obs = esperado);
H
1
= Existe associação entre as duas variáveis.
O nível de significância do teste é a probabilidade de rejeitar H
o
(Hipótese de
nulidade), quando H
o
é verdadeira. Para esse trabalho será utilizado Į = 5% (valor de p).
Depois, para cada par de variáveis é preciso comparar as freqüências observadas com
as freqüências esperadas sob a hipótese de nulidade.
33
05 Resultados da Pesquisa de Campo
Neste capítulo estão os resultados obtidos na pesquisa de campo contendo uma
análise descritiva e exploratória através de figuras e medidas para uma melhor
compreensão dos dados. Em seguida, estão os resultados da análise, onde foi realizado um
teste não-paramétrico denominado Kolmogorov-Smirnov para comparação dos dois grupos
estudados.
Inicialmente este capítulo apresenta: 1) coleta de dados; 2) perfil dos associados da
Apismel; 3) os resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov.
5.1 COLETA DE DADOS
A pesquisa foi realizada utilizando a aplicação de questionários nas diversas vilas
que compõem o município nas residências dos apicultores e na sede da Coopercaju, nos
meses de abril e maio de 2004.
O questionário compreendendo os itens revisados e adaptados à bibliografia
existente foi pré-testado, contendo uma entrevista com o presidente da Apismel, com
características similares aos apicultores da população em estudo. A intenção foi de
identificar possíveis ambigüidades de respostas, respostas que eventualmente não tivessem
sido previstas, uma possível ocorrência de não variabilidade de respostas em alguma
pergunta realizada e o tempo de aplicação do questionário. Nesse caso, a amostra de
indivíduos utilizada foi o presidente da Apismel – Associação de Apicultores da Serra do
Mel – RN. Durante a entrevista foi solicitado a contar dificuldades ou ambigüidades nas
questões formuladas.
34
Para realização deste trabalho foram entrevistados sessenta e nove pequenos
apicultores sendo cinqüenta e nove qualificados e dez não qualificados denominados de
meleiros, associados a Apismel correspondendo a um percentual de 94,6% do universo
total de apicultores de 73 associados no período de realização da pesquisa.
As onze primeiras questões do questionário foram formuladas com o objetivo de
levantar informações dos fatores de competitividade que afetam os apicultores na
exportação do mel.
As questões doze a dezessete se referem ao perfil sócio-econômico dos apicultores.
A tabulação e análise dos dados foi realizada através de software estatística SPSS
vers. 11.0.
5.2 ANALISE DESCRITIVA
Este item visa apresentar o perfil sócio-econômico do apicultor.
5.2.1 Gênero
Participaram deste estudo sessenta e nove dos setenta e três associados da Apismel,
todos do sexo masculino. Fato esse justificado por todos serem também sócios da
Cooperativa de Beneficiamento e Processamento da Amêndoa do Caju (Coopercaju).
Ficando as mulheres e jovens serramelenses responsáveis pelas atividades industriais do
caju por isso que as atividades econômicas da apicultura são de responsabilidades apenas
dos homens.
Sendo o município de Serra do Mel um grande produtor e exportador de castanha
de caju, os agricultores desenvolveram a partir de 1989 uma tecnologia alternativa de
beneficiamento descentralizado de castanha de caju, adaptando a tecnologia industrial para
mini-industria familiar, que garante a inserção da mulher e do jovem no mercado de
trabalho, diferenciando os pequenos produtores do município dos demais, ficando as
atividades do setor apícola sob responsabilidade dos homens, uma vez que o produtor é
associado tanto na Coopercaju como da Apismel.
35
5.2.2 Escolaridade
Como mostra a Figura 5.1 76% dos apicultores possuem ensino fundamental, 22%
possuem ensino médio e 2% ensino superior. Esses dados se aproximam dos dados dos
apicultores do RN, segundo Villela e Pere ira (2002), onde (65%) possui o ensino
fundamental, (19,8%) o ensino m édio e (9,6%) possuem superior.
Esses números permitem considerar que os apicultores possuem condições de
absorver cursos e treinamentos que ajudem a obter um maior nível de profissionalização,
com poucos esforços e em menor tempo, necessitando apenas de estratégias adequadas e
capacitação técnica.
0
20
40
60
80
100
Fudamental Médio Superior
Porcentagem (%)
Pesquisa
Villela & Pereira (2002)
Figura 5.1: Distribuição dos apicultores por nível de escolaridade
5.2.3 Renda Familiar
Através da Tabela 5.1. nota-se que a apicultura permite aos apicultores
desenvolverem outras atividades, isso possibilita a ocupação dos membros da família e
viabiliza a geração de renda para aproximadamente 80% dos apicultores associados da
Apismel, com 2 até 5 salários mínimos e conseqüentemente a diversificação da produção
na pequena propriedade, pela classificação do IBGE significa estar nas classes C, D e E.
36
Tabela 5.1: Renda familiar (SM) dos associados da Apismel
Renda (salários Mínimos) %
Menos de Um 2%
Um 17%
Mais de Um a Dois 59%
Mais de Dois a Cinco 22%
Total 100%
5.2.4 Tempo de Atividade Apícola
A Figura 56.2 demonstra que para 56% dos apicultores com menos de 5 anos na
atividade o tempo exercido no setor apícola pela Apismel é insipiente enquanto atividade
profissional, muito embora, que nos últimos cinco anos essa atividade venha ostentando
um crescimento extremamente rápido. Estes dados revelam que o rápido crescimento da
atividade apícola est
á associado à entrada de muitos profissionais que tinham pouca
experiência nessa atividade. Certamente, a inserção de produtores na apicultura
serramelense est
á ligada ao rápido e expressivo aumento na demanda nacional e
internacional.
56%
31%
8%
5%
Menos de 5 De 5 a menos de 6 De 6 a menos de 10 De 10 a 15
Tempo (anos)
Figura 5.2: Distribuição do tempo (em anos) de atividade apícola dos associados
37
5.2.5 Situação quanto à Exploração do Imóvel
O município de Serra do Mel tem sua origem em um projeto de exploração
agrícola, que divide o município em agrovilas comunitárias de produção. Observa-se que
93% dos apicultores são colonos e exploram lotes de cinqüenta hectares de terra utilizando
técnicas na cultura do cajueiro e pequenas áreas com agricultura familiar. A apicultura
apesar de recente, vem nos últimos anos ganhando destaque na região, isso possibilitou que
um grupo de apicultores das agrovilas fundasse a Apismel utilizando tecnologia para o
desenvolvimento da apicultura, esse cenário coloca a apicultura como atividade promissora
para a região, fortalecendo a agricultura familiar de forma sustentável. Deve-se ressaltar
também que 7% dos colonos utilizam os lotes na qualidade de meeiros utilizando-a com
agricultura familiar, na maioria das vezes sem a utilização de técnicas, provocando
impactos ambientais no ecossistema local.
5.2.6 Tempo de Sócio da Apismel
Em relação à distribuição dos produtores de acordo com o tempo que estão
associados à Apismel, observa-se que 12% dos apicultores estão associados a apenas um
ano, 70% estão associados a dois anos, 10% es tão associados a três anos e 8% estão
associados a quatro anos, demonstrando com isso um nível de associativismo muito
recente. Obviamente este fato est
á relacionado com a entrada recente de produtores nesta
atividade.
5.3 RESULTADOS DA ANÁLISE DO TESTE KOLMOGOROV-
SMIRNOV
Este item apresenta a análise comparativa entre as variáveis pesquisadas e os
resultados obtidos do teste kolmogorov-Smirnov para verificação da existência do grau de
concordância entre as variáveis. Para cada teste observa-se o nível de significância p.
Conforme a Tabela 5.2, que trata das opiniões dadas sobre as variáveis que
determinam os obstáculos que afetam a exportação de mel, em relação ao tipo de
profissional apicultor, qualificado e não qualificado (meleiros), percebe-se que os valores
da probabilidade Q1.1- desconhecimento do mercado internacional - p= 0,024 e Q1.2 -
ausência de planos e estratégias comerciais - p= 0,021 foram significativas, P<5%.
38
Tabela 5.2: Obstáculos à exportação do mel
Q1.1 Q1.2 Q1.3
Desconhecimento do
mercado internacional
Ausência de planos e
estratégia comerciais
Falta de contato com
agentes no exterior
Diferença
Kolmogorv-Smirnov
P- valor
0,508
1,487
0,024
0,515
1,507
0,021
0,342
1,001
0,269
Após a análise realizada através da escala tipo likert, observa-se, na Figura 5.3, que
a maioria dos apicultores qualificados concorda parcialmente que o desconhecimento de
mercado internacional é um obstáculo que afeta a exportação do mel. Por outro lado, a
maioria dos apicultores meleiros concorda que o desconhecimento do mercado
internacional é um obstáculo à exportação do mel.
0
20
40
60
80
100
discordo
totalmente
discorda
parcialmente
concordo concordo
parcialmente
concordo
totalmente
%
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.3:
Desconhecimento do mercado internacional
Na Figura 5.4, observa-se que a maioria dos apicultores qualificados concorda
parcialmente que a ausência de planos e estratégias comerciais é um obstáculo que afeta a
exportação do mel, enquanto que 30 % dos m eleiros discordam parcialmente que a
ausência de planos e estratégias seja um obstáculo a exportação do mel.
39
0
20
40
60
80
100
discorda
totalmente
discorda
parcialmente
concorda concorda
parcialmente
concorda
totalmente
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.4: Ausências de planos e estratégias comerciais
Um alto nível de comprometimento coincide com o conhecimento sobre medidas
adotadas para aumentar o poder de exportação, podendo atuar de modo transformador
juntos aos gestores da empresa apícola. Minervini (1997) propõe algum as formas para a
empresa ingressar no mercado externo, que são através de contatos de licenciamento com
consulados e câmara de comércio, que busquem oportunidades para a empresa exportar e
que atuem no mercado desejado.
Nota-se, portanto, que tanto os produtores qualificados quanto os meleiros, em sua
maioria, concordaram que essas duas variáveis são obstáculos à exportação, entretanto, os
apicultores qualificados foram mais coerentes com o nível de suas respostas.
Em relação a variável Q1.3 - Acesso a financiamentos - p= 0,269, verifica-se que as
opiniões desses profissionais não diferem significativamente, conforme a Tabela 6.2.
Conforme a Tabela 5.3, percebe-se, através do valor de probabilidade p(p = 0,009),
que as estratégias “preços competitivos”, p(p= 0,017), e “cum primento de normas e
requisitos técnicos” foram significativos, p<5%, ou seja, as opiniões dos apicultores
qualificados e meleiros sobre as estratégias de mercado adotadas pela Apismel diferem
significativamente.
40
Tabela 5.3: Estratégias de Mercado adotadas pela Apismel
Q2.1 Q2.2 Q2.3
Preços
competitivos
Normas e requisitos
técnicos
Acesso a
financiamentos
Diferença
Kolmogorv-smirnov
P-valor
0,559
1,636
0,009
0,529
1,546
0,017
0,407
1,189
0,118
Na Figura 5.5, observa-se que 100% dos m eleiros concordam que a adoção de
preços competitivos é uma estratégia adotada pela Apismel, e os apicultores qualificados
concordam, em sua maioria, que adotar preços competitivos é uma estratégia de mercado
para ampliar sua inserção no processo de exportação do mel.
0
20
40
60
80
100
discordo
totalmente
discordo
parcialmente
concordo
parcialmente
concordo concordo
totalmente
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.5: Preços competitivos.
Na Figura 5.6, verifica-se que 80% dos m eleiros concordam parcialmente que o
cumprimento de normas e requisitos técnicos é uma estratégia adotada pela Apismel,
enquanto a maioria dos apicultores qualificados discorda totalmente dessa afirmativa.
Os meleiros demonstram maior sensibilidade em concordar que a Apismel adota
preços competitivos, normas e requisito técnicos, para se tornar mais competitivo no
mercado globalizado.
41
0
20
40
60
80
100
discordo
totalmente
discordo
parcialmente
concordo
parcialmente
concordo concordo
totalmente
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.6: Cumprimento de normas e requisitos técnicos.
Em relação a variável Q2.3 - Acesso a financiamentos -, p (p= 0,118), as opiniões
entre os profissionais não diferem significativamente.
Pela tabela 5.4, observa-se que os P’s va lores das variáveis Q3.1 - Pesquisa de
Mercado -, Q3.5 - Técnicas e certificação de produtos na região -, Q3.6 – Certificação
ambiental – ISO 9000 -, e Q3.7 - Qualificar m eleiros - foram significativas, menores que
5%, ou seja, as opiniões dadas sobre as variáv eis que determinam as medidas tomadas para
aumentar o poder de exportação diferem significativamente em relação ao profissional
entrevistado.
Tabela 5.4:
Medidas para aumentar o poder de exportação
Q3.1 Q3.2 Q3.3 Q3.4 Q3.5 Q3.6 Q3.7
Pesquisa
de
mercado
Sistema de
informação
ao comércio
exterior
Participação
em feiras,
exposições e
rodadas de
negócios
Homologação
de normas e
regulamentos
Técnicas e
certificação
de produtos
na região
Certificação
ambiental –
ISO 9000
Qualificar
meleiros
Diferença
Kolmogorov
-smirnov
P – valor
0,492
1,437
0,032
0,458
1,338
0,056
0,407
1,189
1,118
0,288
0,843
0,477
0,508
1,487
0,024
0,915
2,676
0,000
0,593
1,735
0,005
42
De acordo com a Figura 5.7, verifica-se que aproximadamente 50% dos apicultores
qualificados consideram pouco importante que a adoção pela Apismel da pesquisa de
mercado como uma medida para aumentar o poder de exportação, enquanto para a maioria
dos meleiros essa medida é pouco importante ou sem importância para aumentar o poder
de exportação. Esses dados demonstram a imaturidade dos profissionais em estudo, pois
essa medida credencia a associação como uma atividade de elevado potencial competitivo.
0
20
40
60
80
100
sem muita
importancia
sem
importancia
pouco
importante
importante muito
importante
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.7: Pesquisa de mercado.
Na Figura 5.8, verifica-se que 100% dos m eleiros consideram pouco importante as
técnicas e certificações de produtos na região. Já os apicultores qualificados consideram
pouco importante, sem importância e sem muito importância esta medida para aumentar o
poder de exportação da Apismel.
0
20
40
60
80
100
sem muita
importancia
sem
importancia
pouco
importante
importante muito
importante
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.8: Técnicas e certificação de produtos na região.
43
Na Figura 5.9, verifica-se que 100% dos m eleiros consideram pouco importante a
certificação ambiental ISO 9000 para a comercialização do produto, enquanto para mais de
70% dos apicultores qualificados consideram importante tal medida, pois contribui para
aumentar o poder de competitividade da Apismel.
0
20
40
60
80
100
sem muita
importancia
sem
importancia
pouco
importante
importante muito
importante
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.9: Certificação ambiental - ISO 9000.
Na Figura 5.10, observa-se que a maioria dos apicultores qualificados e todos os
meleiros consideram importante qualificar os meleiros para que a Apismel possa competir
com o mercado globalizado da apicultura.
Diante dos resultados, torna-se necessária a implantação de cursos de capacitações
e consultorias técnicas nas diversas agrovilas para a melhoria das atividades a serem
desenvolvidas pelos profissionais.
0
20
40
60
80
100
sem muita
importancia
sem
importancia
pouco
importante
importante muito
importante
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.10: Qualificar os meleiros.
44
Haguenauer, Ferraz et al e Kupper apud Baumann (1996) relatam que a
competitividade depende da criação e renovação das vantagens competitivas por parte das
empresas em consonância com os padrões de concorrência vigentes e de acordo com cada
setor da estrutura produtiva.
Em relação as variáveis Q3.2 - Sistema de informação ao comercio exterior -, Q3.3
- Participação em feira, exposições e rodadas de negócios-, Q3.4 - Homologação de
normas e regulamentos -, verifica-se que as opiniões desses profissionais não diferem
significativamente, pois os P’s valores são respectivam ente: p= 0,118, p=0,056, p=0,477.
Observa-se na tabela 5.5, que os P’s valo res das variáveis Q4.1 - Qualidade do mel
-, Q4.2 - Tecnologia empregadas -, Q4.3 - Barreiras tarifarias - e Q4.5 - Demanda do
mercado externo - foram significativos (P< 5%), ou seja, as opiniões dadas sobre as
variáveis que determinam as vantagens competitivas da Apismel diferem
significativamente em relação ao tipo de profissional entrevistado.
Tabela 5.5:
Van tagem competitiva da Apismel
Q4.1 Q4.2 Q4.3 Q4.4 Q4.5
Qualidade
do mel
Tecnologia
empregadas
Barreiras
tarifarias
Marketing Demanda do
mercado
externo
Diferença 0,898 0,864 0,475 0,305 0,780
Kolmogorov-Smirnov 2,627 2,528 1,388 0,892 2,280
P-valor 0,000 0,000 0,042 0,404 0,000
Na Figura 5.11, observa-se que, com relação à maturidade da Apismel para julgar a
qualidade do seu produto como sendo uma vantagem competitiva, 100% dos m eleiros
consideram que a Apismel encontra-se com excelente grau de maturidade e a maioria dos
apicultores qualificados avalia a Apismel com razoável maturidade.
45
0
20
40
60
80
100
muito imatura pouco imatura maturidade razoavelmente
madura
excelente
maturidade
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.11:
Qualidade do mel.
Na Figura 5.12, verifica-se que 100% dos meleiros consideram que a Apismel
encontra-se com maturidade no emprego da tecnologia. Já os apicultores qualificados
concordam que a Apismel encontra-se com razoável maturidade no emprego da tecnologia
para produzir mel com competitividade do mercado globalizado apícola.
0
20
40
60
80
100
muito imatura pouco imatura maturidade razoavelmente
madura
excelente
maturidade
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.12: Tecnologia empregada no setor apícola.
Na Figura 5.13 observa-se que a maioria dos profissionais qualificados e meleiros
consideram a Apismel com pouca maturidade com relação ao conhecimento das barreiras
tarifárias como medida tomada para aumentar o seu poder de exportação no mercado
externo. O resultado demonstra que os profissionais em estudo desconhecem os requisitos
46
básicos para a comercialização do mel no mercado externo, como os relacionados na
Tabela 5.5.
0
20
40
60
80
100
muito imatura pouco imatura maturidade razoavelmente
madura
excelente
maturidade
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.13:
Conhecimento das barreiras tarifárias.
Na Figura 5.14, verifica-se que, em relação à demanda de mercado externo, a
maioria dos apicultores qualificados e meleiros concordam que a Apismel encontra-se com
maturidade para suprir a demanda do mercado.
0
20
40
60
80
100
muito imatura pouco imatura maturidade razoavelmente
madura
excelente
maturidade
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.14:
Demanda do mercado externo.
47
Esses resultados refletem provavelmente a desorganização do sistema de produção,
ausência de conhecimentos no planejamento das vantagens competitivas favorável à
expansão do agronegócio apícola da Apismel.
Para Cezari e Nascimento (1993) e Bryan (1992), APPCC é uma técnica de gestão
de qualidade que requer avaliação e identificação das etapas de processamento, deste a
coleta até o consumo final. O objetivo é permitir ações corretivas antes que o produto seja
rejeitado, prevenindo que um alimento contaminado alcance o consumidor (SCHILLING,
1995).
Deve-se ressaltar a importância da Apismel no repasse de conhecimentos
específicos sobre as questões de tecnologias a serem empregados no setor apícola, uma vez
que esses conhecimentos contribuem como um elemento fundamental como estratégia
competitiva. Coutinho et al (1999) citam a importância conferida às atividades
tecnológicas, eleitas como elementos fundamentais da nova estratégia competitiva.
Em relação à variável Q4.4 - estratégia de marketing - verifica-se que as opiniões
dos grupos estudados não diferem significativamente, pois tem um P=0,404.
Observa-se na tabela 6.6, que os p’s valore s das variáveis Q5.3 - Parque industrial -
, Q5.4 - Conhecimento técnico -, Q5.6 - Preços altos em relação ao comércio interno - e
Q5.7 - Associativism o na cadeia produtiva do mel -, foram significativos (menores que
5%) ou seja, as opiniões dadas sobre as variáv eis que determinam o potencial produtivo da
Apismel para competir no mercado externo diferem significativamente em relação ao tipo
de profissional entrevistado.
48
Tabela 5.6: Potencial Produtivo da Apismel.
Q5.1 Q5.2 Q5.3 Q5.4 Q5.5 Q5.6 Q5.7
Biodivers
idade
Abelhas
africaniz
adas
Parque
industrial
Conheci
mento
técnico
Potencial
de
produção
Preços altos
em relação ao
comércio
interno
Associativismo
na cadeia
produtiva do mel
Diferença
Kolmogorv-
smirnov
P-valor
0,237
0,694
0,721
0,271
0,793
0,556
0,525
1,536
0,018
1,000
2,924
0,000
0,322
0,942
0,338
0,763
2,230
0,000
0,831
2,429
0,000
Na Figura 5.15, observa-se que para 100% dos meleiros o parque industrial
instalado é mais ou menos adequado, e para a maioria dos agricultores qualificados é
adequado para atender a demanda do mercado nacional e internacional.
0
20
40
60
80
100
não muito
adequado
pouco
adequado
mais ou menos
adequado
adequado muito
adequado
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.15: Parque industrial instalado.
Na Figura 5.16, observa-se que 100% dos m eleiros acreditam que o conhecimento
técnico da Apismel não é muito adequado, enquanto para a maioria dos apicultores
qualificados essa proposição encontra-se mais ou menos adequado e adequado enquanto
potencial produtivo da Apismel. Esse resultado reflete, provavelmente, a percepção dos
49
apicultores qualificados de que o potencial produtivo através do conhecimento técnico
viabilizará a inclusão da Apismel no mercado competitivo.
0
20
40
60
80
100
não muito
adequado
pouco
adequado
mais ou menos
adequado
adequado muito
adequado
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.16: Conhecimento técnico.
Na Figura 5.17, observa-se que 100% dos m eleiros acreditam que os preços altos
do produto em 2003 em relação ao mercado interno é mais ou menos adequado, enquanto a
maioria dos apicultores qualificados acredita que os preços são adequados e muito
adequados.
0
20
40
60
80
100
não muito
adequado
pouco
adequado
mais ou menos
adequado
adequado muito
adequado
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.17: Preços altos do produto em relação ao comércio interno.
Na Figura 5.18, verifica-se que a maioria dos apicultores qualificados avalia o
associativismo da cadeia produtiva do mel como adequado e muito adequado, enquanto os
meleiros avaliam a proposição acima como adequada e mais ou menos adequada.
50
0
20
40
60
80
100
não muito
adequado
pouco
adequado
mais ou
menos
adequado
adequado muito
adequado
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.18: Associativismo na cadeia produtiva do mel.
Mediante o resultado, deve-se ressaltar a importância da Apismel em incentivar a
instalação da indústria e fortalecer o associativismo, sensibilizar os dirigentes das
instituições de pesquisas para a necessidade de ampliação do quadro de pesquisadores e de
melhoria da infraestrutura do existente.
Pode-se inferir que a meta principal do associativismo serramelense é atender ao
apicultor no que tange a tecnificação da apicultura, comercialização dos produtos da
colméia, resultando na profissionalização do setor. Entretanto, essa variável deve ser mais
bem investigada.
Deve-se ressaltar a importância de sensibilizar os apicultores, através de cursos de
capacitação, sobre a importância do nível de adequação da Apismel.
A avaliação do resultado aparentemente indica que os meleiros demonstram menor
sensibilidade em relação à proposição “aumentar o custo de produção e diminuir a
lucratividade da atividade”, devido à baixa produtividade. Assim, o fator preço alto é um
importante na opinião dos apicultores qualificados para que a Apismel possa competir no
mercado externo.
Em relação as variáveis Q5.1 – Biodiversidade -, Q5.2 - Abelhas africanizadas - e
Q5.5 - Potencial de produção -, verifica-se que as opiniões dos profissionais pesquisados
não diferem significativamente de acordo com os P’s valores observados na tabela 6.6.
Observa-se na tabela 5.7 que os P’s valores de todas as variáveis foram
significativas (menores que 5%), ou seja, as opiniões dos profissionais sobre a im portância
das relações de trabalho no processo produtivo do mel diferem significativamente.
51
Tabela 5.7: Relação de trabalho na atividade apícola.
Q6.1 Q6.2 Q6.3 Q6.4 Q6.5 Q6.6
Membro
familiar
remunerado
Troca de
serviço/remunerado
Membro
familiar não-
remunerado
Trabalhadores
e eventuais
assalariados
Meleiros Mão-de-obra
especializada
Diferença
Kolmogorov-
Smirnov
P-valor
0,631
1,844
0,002
0,932
2,726
0,000
0,780
2,280
0,000
0,915
2,676
0,000
0,559
1,636
0,009
0,542
1,586
0,013
Na Figura 5.19, observa-se que aproximadamente 80% dos apicultores qualificados
consideram que a relação da mão de obra do membro familiar remunerada provavelmente
não causa impacto e a maioria dos meleiros considera que talvez sim e certamente causa
impacto.
0
20
40
60
80
100
certamente não
causa impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.19:
Membro familiar remunerado.
Na Figura 5.20, observa-se que aproximadamente que 80% dos apicultores
qualificados acreditam que a troca de serviços dos membros associados provavelmente não
causa impacto, enquanto para a maioria dos meleiros causa impacto no decorrer do
processo produtivo.
52
0
20
40
60
80
100
certamente não
causa impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.20: Troca de serviço / membros associados.
Na Figura 5.21, observa-se que aproximadamente 80% dos apicultores qualificados
acreditam que a relação da mão-de-obra familiar não remunerada provavelmente não causa
impacto, e a maioria dos meleiros acredita que esse tipo de relação causa impacto no
processo produtivo.
0
20
40
60
80
100
certamente não
causa impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.21: Membro familiar não remunerado.
Na Figura 5.22, observa-se que a maioria dos apicultores qualificados acredita que
a relação da mão-de-obra dos trabalhadores e eventuais assalariados talvez não cause
impacto, enquanto os meleiros acreditam que causa impacto e certamente causa impacto.
53
0
20
40
60
80
100
certamente não
causa impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.22:
Trabalhadores e eventuais assalariados.
Na Figura 5.23, observa-se que a maioria dos apicultores qualificados acredita que
a relação da mão-de-obra dos meleiros certamente causa impacto, enquanto a maioria dos
meleiros acreditam que esse tipo de relação provavelmente não causa impacto, em todo o
processo produtivo.
0
20
40
60
80
100
certamente
não causa
impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.23:
Relação da mão de obra dos meleiros.
Na Figura 5.24, observa-se que a maioria dos apicultores qualificados avalia que a
mão-de-obra especializada certamente não causa impacto sobre o processo produtivo, e
60% dos m eleiros, acreditam que provavelmente está relação de mão-de-obra dos meleiros
não causa impacto no processo produtivo.
54
0
20
40
60
80
100
certamente não
causa impacto
provavelmente
não causa
impacto
talvez não
causa impacto
impacto certamente
causa impacto
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.24:
Mão-de-obra especializada.
Esses resultados refletem, provavelmente, o grau de maturidade dos apicultores
qualificados com relação às atividades da mão-de-obra empregada pela Apismel.
Observa-se na Tabela 5.8 que os P’s valo res das variáveis Q7 - Financiam ento de
custeio - e Q11 - Investir no processo produtivo - foram significativos (P< 5%), ou seja, as
opiniões dadas sobre o financiamento de custeio, e investir no processo produtivo diferem
significativamente e relação ao tipo de profissional entrevistado (qualificados e meleiros).
Tabela 5.8:
Conhecimento Financeiro da Apismel.
Q7 Q8 Q10 Q11
Financiamento
de custeio
Conhecimento de
programas de
crédito
Exigências frente
as leis de direto do
consumidor
Investir no
processo
produtivo
Diferença 0,932 0,463 0,331 0,492
Kolmogorov-Smirnov 2,726 1,353 0,966 1,437
P-valor 0,000 0,051 0,308 0,032
Na Figura 5.25, observa-se que 100% dos m eleiros acreditam que há inibição por
parte da Apismel com relação ao financiamento de custeio, e, para a maioria dos
apicultores qualificados, inibe totalmente. Esse resultado demonstra provavelmente que
existe desestruturação da cadeia produtiva no processo produtivo devido ao estágio
incipiente de capacitação dos apicultores, limitando, com isso, o seu acesso a
financiamentos para as atividades apícolas.
55
Aparentemente, esse fato indica que existem outras fontes que podem dificultar a
atuação das instituições financeiras na definição de linhas de crédito para a apicultura,
como, por exemplo, a própria desestruturação da cadeia produtiva à montante do processo
produtivo, estágio insipiente de capacitação dos apicultores, o que limita sua própria
capacidade de demandas de insumos, estando amparado em um projeto técnico.
0
20
40
60
80
100
não inibe
totalmente
não inibe inibe inibe
parcialmente
inibe totalmente
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.25: Financiamento de custeio.
Com relação ao resultado da variável, investir recursos na alteração do processo
produtivo como se observa na Figura 5.26, os dois grupos acreditam que a Apismel
encontra-se muito motivada para investir no processo produtivo.
0
20
40
60
80
100
nenhuma
motivação
pouco
motivada
talvez motivada muito
motivada
(%)
apicultores qualificados meleiros
Figura 5.26: Investir recursos no processo produtivo.
56
O resultado é corroborado por Costa (2002) que cita que até o final de 2004 deverá
ser construída uma central projetada para atender o fluxograma da atividade apícola que
possibilitará a Apismel coordenar a organização da produção, realizar o controle sanitário
do processo de extração, armazenamento e envase, atender à exigência do serviço de
inspeção federal de ter SIF internacional para exportar garantindo assim a escala de
produção requerida pelo mercado externo, com qualidade e regularidade exigida pelo
mercado. Até o final da pesquisa em janeiro de 2005, a central ainda se encontrava em
construção.
Esse resultado indica que os profissionais envolvidos com o processo produtivo
destinam maior preocupação ao desempenho da associação e isso os impulsiona a estar à
frente das tendências na busca de novas tecnologias e assim, investir no processo
produtivo.
Através do valor de probabilidade p=0,051 e 0,308 das respostas dos apicultores
qualificados e meleiros com relação ao grau de conhecimento sobre linhas e programas de
crédito e exigências frente às leis do direito ao consumidor percebe-se que não existe
diferença significativa quanto ao profissional entrevistado.
Não foi feita a análise da variável Q9, pois a escala obteve uma única resposta.
57
6 CONCLUES E RECOMENDÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões da pesquisa de campo, os principais
resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov, as limitações do estudo, e as recomendações
para trabalhos futuros.
6.1 CONCLUSÕES DA PESQUISA DE CAMPO
Percebe-se que o desconhecimento de mercado representa um entrave à exportação,
embora haja uma ligeira discordância por parte dos meleiros. Ambos os grupos concordam
que a ausência de planos e estratégias torna a Apismel menos competitiva no mercado
globalizado. Em relação às estratégia de mercados, os meleiros demonstram maior
sensibilidade em concordar que a Apismel adota preços competitivos além de normas e
requisitos técnicos, pois a competitividade depende da capacidade da empresa inovar e
implementar políticas estratégicas. Os apicultores qualificados e os meleiros julgam pouco
importantes as medidas adotas pela Apismel para aumentar o poder de exportação
relacionadas na Tabela 6.4, demonstrando assim imaturidade, pois essas medidas
credenciam a associação como atividade de elevado potencial competitivo na
comercialização.
Atualmente, o maior desafio do agronegócio é identificar e promover atividades
que tragam vantagens competitivas na exportação de produtos, em especial para o setor
apícola. Os profissionais em estudo julgam a Apismel imatura com relação a
conhecimentos das barreiras tarifárias. Uma análise crítica do estudo permite dizer que
ainda não existe por parte dos apicultores da Apismel, um nível satisfatório de maturidade
voltado para o mercado externo.
58
Os apicultores e meleiros julgam o potencial produtivo da Apismel mais ou menos
adequado para atender a demanda do mercado, embora o meleiro julgue não muito
adequado o nível de conhecimento técnico da associação. Observa-se um elevado nível de
maturidade nas análises dos apicultores qualificados na relação de trabalho realizada na
atividade apícola na serra do mel, demonstrando que a apicultura é uma real possibilidade
de desenvolvimento econômico e social para inúmeras famílias de apicultores.
Percebe-se que a associação encontra-se muito motivada para investir no processo
produtivo, pois atualmente, uma série de fatores ambientais, econômicos e sociais,
viabilizados pelos avanços tecnológicos, sinalizam o surgimento de um novo cenário
mundial, favorável à expansão do agronegócio apícola em função das seguintes tendências:
x Consciência sobre a importância da qualidade dos alimentos para a saúde humana;
x Preocupação com meio-ambiente e sua preservação;
x Aumento da demanda e valorização de produtos naturais.
Nota-se, portanto, que apesar do elevado potencial da Apismel, ela tem como ponto
de estrangulamento a falta de coordenação entre os agentes da cadeia produtiva,
caracterizada por:
x Deficiência / ausência de uma logística de comercialização e de distribuição, com
forte atuação de intermediários (corretores de mel);
x Desinformação do consumidor sobre características e qualidades do mel e
derivados (falta de uma política de marketing);
x Desconhecimento dos requisitos /exigências dos mercados interno e externo
(aspectos qualitativos e quantitativos da demanda);
x Ausência de uma política de agregação de valor que contemple a verticalização da
produção, a certificação e o design;
x Deficiência no sistema de capacitação tecnológica e gerencial.
59
6.2 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO E LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Ao final da pesquisa foi possível fazer um comparativo entre os resultados obtidos
e os objetivos definidos inicialmente, ressaltando que a pesquisa atingiu os seus objetivos.
O trabalho tem limitações inerentes aos estudos de pesquisa de campo. Entre eles, o
tipo de questionário aplicado, em que se procurou constatar a intensidade nas respostas dos
dois tipos de apicultores entrevistados. Talvez a aplicação de um questionário com apenas
um tipo de resposta fornecesse resultados mais precisos. A aplicação de um outro tipo de
teste estatístico, para verificar o grau de concordância das respostas dos apicultores, daria
também solidez estatística às conclusões encontradas.
Como de resto no Brasil, a busca por dados consistentes esbarra na falta de uma
cultura voltada à manutenção da informação sobre o setor apícola. Para dificultar, os dados
e as informações estão disponíveis em uma base numérica ou mesmo em uma estrutura
conceitual diferente.
O fato de existirem poucos dados oficiais de maneira cronológica sobre a estrutura
agroindustrial do setor apícola do município de Serra do Mel, por se tratar de um
município constituído por agrovilas que distam aproximadamente 5 km uma das outras,
também dificultou o resgate de informações do setor produtivo.
Existem dificuldades inerentes ao próprio trabalho de pesquisa, no sentido de ser
uma abstração da realidade. Pelo menos é o que transparece quando se entrevistam os
setores “na vida real”, o que talvez se deva ao nível de escolaridade dos entrevistados.
Um outro fator limitante neste estudo foi o reduzido número de publicações
encontradas sobre o tema, com o foco em exportação de mel, para obtenção de referencial
teórico para este estudo e, conseqüentemente, a utilização de um instrumento de pesquisa
(questionário) mais adequado.
6.3 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
O fato de existirem poucas pesquisas sobre os fatores que afetam os apicultores na
exportação de mel no município de Serra do Mel – RN seguem-se algumas recomendações
que podem ser feitas para auxiliar futuros trabalhos.
60
Como o mel produzido em todas as regiões do Brasil possui alta competitividade,
deve-se identificar a origem floral e realizar ampla divulgação da sua qualidade
nutricional.
Deve-se também investigar atitudes e comportamentos dos apicultores com relação
ao associativismo ou cooperativismo, como medidas para o agronegócio apícola crescer e
fortalecer, considerando um fator econômico, grau de escolaridade, nível de conhecimento,
elementos de grande importância para melhorar e compreender suas ações e servir como
base para tomadas de decisões.
Além disso, faz-se necessário pesquisar a existência de problemas relacionados ao
meio ambiente nas propriedades rurais, evitando os impactos causados pelos meleiros.
Sugere-se que a Apismel promova cursos de capacitação e consultorias técnicas
para os seus associados nas diversas vilas que compõem o município, para que, desse
modo, haja um amadurecimento e eficiência com relação ao:
x Controle e higienização na extração do mel;
x Extração do mel;
x Armazenamento e envase do mel;
x Exigências da inspeção para conseguir o SIF garantindo uma escala de produção
requerida pelo mercado externo com qualidade e a regularidade exigida pelo
mercado consumidor.
Para que os problemas identificados neste estudo sejam minimizados, é necessário
considerar algumas sugestões capazes de auxiliar no tocante aos fatores de competitividade
que afetam as exportações na questão agroindustrial do mel.
x Implantação do programa de apoio tecnológico da pequena empresa apícola;
x Implantação do processo de planejamento operacional com vistas a obter resultados
a curto, médio e longo prazos;
x Melhorar a competitividade através de pesquisas, divulgação e informações através
de treinamento e desenvolvimento gerencial, promovendo e realizando workshops
com especialistas em mel, para capacitar os apicultores em gestão empresarial e a
realização de visitas técnicas em centros avançados de tecnologias;
61
Considera-se também, de grande importância que os apicultores da Apismel
busquem equilibrar os fatores que afetam a produção tanto para o mercado externo quanto
para o interno.
É necessário portanto: que a Apismel realize um estudo com relação aos fatores de
comercialização que abram perspectivas para a entrada do produto norteriograndense no
mercado nacional e internacional; que a Apismel realize cursos de capacitação para seus
associados objetivando facilidades de competitividade no mercado internacional e
nacional; e que a Apismel se adapte às exigências do mercado para competir com os
grandes produtores em qualidade e quantidade do mel, buscando operacionalizar ações de
apoio à comercialização no que diz respeito ao acesso a feiras, eventos e rodadas de
negócios.
62
REFERÊNCIAS
ABREU, J.H.R., Encontro com apicultores do Rio Grande do Norte. Tribuna do Norte,
Natal, 26 maio 2004.
ALCONFORADO FILHO, F.G., GONÇALVES, J.C. Flora apícola e mel orgânico. In:
VILELA, S.L. de (org). Cadeia produtiva do mel no estado do Piauí. Teresina: Embrapa
Mio-Norte, 2000. p.48-59.
____________. Flora Apícola e Seu Aproveitamento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
APICULTURA, 11. 1996. Anais ... Teresina Piauí, Confederação Brasileira de Apicultura,
1996. p. 131 e 134.
APEX – Guia de Exportação Passo-a-Passo. Disponível em <http://www.apex.gov.br
>
Acesso em: nov. 2006.
BAUMANN, R. (Org). O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
BELLIK, W. Agroindústria e Reestruturação Industrial no Brasil: elemento para avaliação
In: RAMOS, P.; REYDSON, B. p. (Org) Agropecuária e Agroindústrias no Brasil:
ajuste, situação atual e perpesctiva, Campinas: Abra, 1998
BENKO, O. G. Economia e espaço e globalização: na aurora do século XXI. Tradução de:
Antonio de Pádua Danesi. 2. ed. São Paulo. Hucitec, 1999
BNB, Apud Vilela, S. L. Org et al. Cadeia Produtiva do mel no estado do RN, Natal:
SEBRAE/RN 2002.
BRYAN, F. L. Hazard Analysis Critical Control Point. Aquid to e dentifymg hazards en
and assessing risks associat ed with foal preparation end storage words nealth organization.
Geneve . 1992.
CASAROTO, F. et al. Redes de Pequenas Empresas: As vantagens competitivas na
cadeia de valor. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção 18. 1999 [s.l]. Anais...
[s.l.]: Universidade Federal Fluminense DC-ROM.
CASAROTO, F. et al. Redes de Pequenas Empresas: As vantagens competitivas na
cadeia de valor. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção 18. 1999 [s.l]. Anais...
[s.l.]: Universidade Federal Fluminense DC-ROM p. 35-36 1999.
CASTRO, A. M. G. et al Enfoque Sistémico P&D na Agropecuaria e Formação de
Capacitação Técnica na EMBRAPA. In: simpósio de gestão da inovação tecnológica, 17,
1992. São Paulo. anais ... São Paulo: USP – FEA/IA/PACTO, 1992
63
____________.; COBRE, R.V.; GOEDERT, W.J. Manual de Prospecção de Demandas
para o SNPA. Brasília: Embrapa, 1994. 85p.
____________. et al – Metodologia para Viabilização do Modelo de Demanda na
Pesquisa Agropecuária. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DE INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA, 19, 1996 – São Paulo. anais ... São Paulo USP, 1996.
CEZARI, D. L., Nascimento, E. R. (1993). Manual de Analise de Riscos e Pontos
Críticos de Controle – APPCC; Profiqua São Paulo 35 p.
COBRA, M. Administração de Marketing – 2. ed. São Paulo. Atlas 1992.
COSTA, J.H. M. Fome Zero. <www.fomezero.org.br
>. A paicultura é própria para o
produtor familiar. Setembro de 2004.
COUTINHO. L; FERRAZ, J.C. (Org), Estudo da Competitividade da Industria
Brasileira. São Paulo: Papirus; Unicamp. 1994.
COUTO, G. S. Apicultura Brasileira no Cenário Mundial. Disponível em:
<http://www.urct.gov.br/prog/empresa/progex.htl.2002
>. Acesso em novembro 2002.
CROSBY, P. B. Quality is Free, New American Library, 1979.
DAVIS, S. J. H.; e GOLDBERG, R.A. A concept of agribusiness. Boston: Harvard
University. Press, 1957. 136p.
DEMING, W. E. Quality, Productivity and Competitive Position. Mit Center for
Advanced Engineering Study, 1986.
DODGSON, M & ROTHWELL, R. The handbook of industrial innovation. Brookfield:
Ewar Elgar, 1996.
FARINA, E. M. M. Q e ZYLBERZTAJN, D. Organização das cadeias agro-industriais
de alimentos. 1992.
FAVERET FILHO, P. Cadeia da carne bovina: os desafios da coordenação vertical. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DE MELHORAMENTO ANIMAL, 2, 1998. Anais do II
simpósio nacional de melhoramento animal, Uberaba: SBMA, 1998 p. 207 - 212.
FAVERET FILHO, P. Cadeia da carne bovina: os desafios da coordenação vertical.
1998b. (Informe Setorial, n.14; <
http://www.bnds.gov.br/publica/
> informe.htm#agro).
FEIJENBAUM, A. V. Total Quality Control, Nova Iorque: Mc Graw-Hill Book
Company, 1994.
64
____________. Pollen identification of pollen and néctar loads collected by
Africanized honey bee in the state of Ceará, Brazil. Proceedings of the Fifth
International. Conference on Apiculture in Tropical Climates. Trinidad and Tobago, 1992.
Cardiff: IBRA. p. 73-79. 1994
FILHO, B.W. A Apicultura no Rio Grande do Norte. encontro com os apicultores do RN.
Tribuna do Norte, mar. 2003.
FILHO, C. Z. Comercialização de Mercado. Artigo publicado na revista Almanaque
Rural – Apicultura, n°1. 2003.
GAZETA MERCANTIL – Pequenas empresas ligadas à exportação, FUNCEX 1998.
____________. , FUNCEX, 1997 (http://www.funces.com.br
)
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. São Paulo: Atlas, 1991.
GOLDBERG, R. A. Agribusiness Coordination, Boston: Harvard University, 1968.
GUIA DE EXPORTAÇÃO – passo a passo. Disponível em <http://www.apex.gov.br>.
Acesso em: 27 nov. 2003.
HAGUENAUER, L., FERRAZ, J. C., KUPFER, D. S. Competição e internacionalização
na Industria Brasileira in: BAUMANN, R. O Brasil é a Economia Rural. Rio de Janeiro:
Campos, 1996.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censos Agropecuários,
(1995/1996), Rio de Janeiro, 1998.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Dados Publicados no
Globo Rural, p. 18 Globo, abril de 1993.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores
Conjunturais. (On line) Disponível em <www.ibge.gov.br>. 2001.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento e controle. São
Paulo: Atlas, 1998.
LAUTERBORN, R. New Marketing Litang: 4Ps passe: C. words Take Over.
Advertining. Age, P26, 10 OTC. 1990.
LAZZARINI NETO, S., NEHMI FILHO, V. A. Pecuária de corte moderna:
produtividade e lucro. [s.l.]: Lazzarini & Associados Consultoria; FNP Consultoria &
Comércio, 1995. p.278
LENGLER, S. Manejo Produtivo: Desenvolvimento do Negocio Apícola no Brasil –
Revista Brasileira de Agropecuária. ano 3, n. 15, 2002.
65
____________. Manejo Produtivo: Inspeção e Controle da Qualidade do Mel – Revista
Brasileira de Agropecuária. ano 3, n. 15, 2002.
____________. Manejo Produtivo: qualidade e baixos custos – Revista Brasileira de
Agropecuária. ano 3, n. 15, 2002.
LIMA, A.O.N. Pólen coletado por abelhas africanizadas em apiário comercial na
caatinga cearense. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, xx + 118 p. 1995
(dissertação de mestrado).
MARTIN, P. em Palestras aos Apicultores no município de Mossoró – Rn, Consultor e
Secretário da Comissão Européia de Mel, 2002.
MARTINS, G. A. Manual para Elaboração de Monografias e Dissertações. São Paulo:
Atlas, 1994.
McCARTHY, E. Jerome – Marketing Essencial: uma abordagem gerencial e global. E.
Jerome McCarthy, Willian. D. Perarendult Jr., tradução Ailton Bonfim Brandão – São
Paulo – Atlas 1996.
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comercio no Exterior. Disponível em:
<http://www.mdic.gov.br> acesso em março de 2004.
MESSAGE, D. – Doenças, Pragas e Predadores das Abelhas no BrasilRevista
Brasileira de Agropecuária ano 3, n. 15, 2002.
MINERVINE, N. Exportar: competitividade e internacionalização. São Paulo: Makron
Books, 1997.
MORVAN,Y. Foudements d’economie industrielle .Paris: economica, 1998. 247p.
MUNHOZ, A. A Apicultura Brasileira no Contexto Mundial. Picus 1997, (resumo de
palestra apresentada no seminário Piauiense de apicultura, 4. Picus 1998. 4 p.). na indústria
brasileira. In: BAUMANN, R. O Brasil e a economia global. Rio de Naneiro.
NEVES, M. F.; SPERS, E. E. Agribusiness: a Origem, os Conceitos e Tendêncies na
Europa. In; MACHADO, F. C. A. et al. Agribusiness Europeu. São Paulo: Pioneira, 1996.
p.1-15.
NUNES, C.G.F. Identificação de plantas apícolas do Campus da ESAM, Mossoró-RN,
durante os meses de maio e junho de 1994. Mossoró: Escola Superior de Agricultura de
Mossoró, 6 + 13 p.1994 (monografia de graduação).
OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: pioneira, 1997.
66
PARENT, J. Filières de Produits, Stades de Prodúction et bramches d’activité. Revue
D’ economie Industrielle. 5. n. 7. p. 89, 1979.
PEREIRA, R.M.A., etal estudos fenológicos de algumas espécies lenhosas e herbáceas da
caatinga. Ciência Agronômica, Fortaleza, v.20, n. 1/2, p.11-20. 1989
Programa de incentivo a cajucultura e apicultura orgânica. Serra do Mel, 2004. Notas:
especiais.
PINHEIRO, L. E. L., et. al. Subsídios Básicos Para a Criação de um Programa de
Avaliação de Conformidade para Produtos Apícolas no estado do Piauí. 2002, 48 p.
PORTER, M. E. (1990), The Competitive Advantage of Nations. New York: The Free
Press of Macmillen. 855p. PRONAF (2002). Disponivel em: <www.pronaf.gov.br
> acesso
maio de 2002.
____________. Estratégia Competitiva. Técnicas para Analises de Industrias e da
Concorrência, Rio de Janeiro: Campus, 1997.
____________. The Competitive Advantage of Nations. Lohdon: Macmillan press, 1990.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SERRA DO MEL, desenvolvimento sustentável da Serra
do Mel 1998. Notas especiais.
REIS, P. R. O. – Mercado Atrativo, Revista Brasileira de Agropecuária – Ano 3, n. 15,
2002.
SATTLER, Aroni. Apicultura Brasileira frente ao mercosul. Mini-conferência: Presente e
Futuro. Barreiras sanitárias x comercialização. Congresso Brasileiro de Apicultura, 11,
1996, Teresina. Resumo e palestras... Teresina: Confederação Brasileira de Apicultura,
1996. 434.p
SAWIN, S. D. E. e HUTCHENS, S. – ISO 9000. In: Action. 45º Congresso Anual para
Qualidade. ASQC. Inlwankee, USA, maio 1991.
SLACK, N.; CRISTINE, H.; ALAN; ROBERT; HARRISON – Administração da
Produção, 1996.
SCHILLING, M. Qualidade em Nutrição – São Paulo: Varela, 1995. 115 p.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas. Conheça o mercado – 803.
disponível em: <
www.sebrae.com.br
>. acesso em jun. 2004.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas. Conheça o mercado – 803.
disponível em: <www.sebrae.com.br
> acesso em maio de 2005.
67
SECEX – Sistema de Analise das Informação de Comercio Exterior, Sistema Alice.
Disponível em: <http://www.damark.com.br> acesso em jun. 2005
SIEGEL, SIDNEY: Estatística não-paramétrica para as ciências do comportamento.
Tradução: Alfredo Alves de Farias, UFMG: McGraw-Hill, 1975
SILVA, M. C. gestão da qualidade em pequena empresa. Uma contribuição aos modelos
de implantação. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Programa de pós
graduação, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, Florianópolis, SC.
Jul, 1998.
SOMMER, P.G., Apicultura Brasileira: Presente e Futuro. Seleção e melhoramento das
abelhas. In: mini-conferência congresso brasileiro de apicultura. 1996 Teresina.
Resumos e palestras... Confederação Brasileira de Apicultura, 1996, 434.p
WIESE, H. Apicultura Novos Tempos. Guaíba: Agropecuária, 2000, 424 p.
WIESE, H. Nova Apicultura. 6 ed. Porto Alegre: Agropecuária, 1985, 493 p.
VILELA, O. L. et al, Cadeia Produtiva do Mel RN / Org. Natal: SEBRAE/RN, 2002, p
130.
VILCKAS, M. Estudo sobre o perfil do consumidor de mel da região de Ribeirão Preto.
Como subsídio para a exploração da apicultura. Trabalho de conclusão do curso de
administração de empresas – FEA – USP – RP – 105p. 2000 – Publicado na revista
brasileira de agropecuária. Ano III. Nº 15. p22.
ZYLBERSZTAJN, D. NEVES, Conceitos Gerais, Evolução e Apresentação do Sistema
Industrial In: ZYLBERSZTAJN, D. NEVES, M. F. (orgs). Economia e Gestão dos
Negócios Agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000 b p. 1 – 21
68
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo