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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Laborario de Fotoquímicae
Química de Lignocelusicos( LFQL)
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Química
DERIVATIZAÇÃO QUÍMICA E CARACTERIZAÇÃO
DE UMA LIGNINA DO BAGAÇO DA CANA DE
AÇÚCAR
Cristiano Soares de Souza
Uberlândia – MG
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Laborario de Fotoquímicae
Química de Lignocelusicos( LFQL)
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Química
DERIVATIZAÇÃO QUÍMICA E CARACTERIZAÇÃO
DE UMA LIGNINA DO BAGAÇO DA CANA DE
AÇÚCAR
Cristiano Soares de Souza
Dissertação apresentada ao programa de pós-
graduação em Química como parte dos requi-
sitos para a obtenção do título de MESTRE
EM QUÍMICA.
Orientador: Reinaldo Ruggiero, Prof. Dr.
Uberlândia, Maio de 2006
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S729d
Souza, Cristiano Soares de, 1972-
Derivatização química e caracterização de uma lignina do bagaço da
cana de açúcar / Cristiano Soares de Souza. - 2006.
79 f. : il.
Orientador: Reinaldo Ruggiero.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progra-
ma de Pós-Graduação em Química.
Inclui bibliografia.
1. Físico-química - Teses. I. Ruggiero, Reinaldo. II. Universidade Fe-
deral de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Química. III. Títu-
lo.
CDU: 544
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
“Quando estiver em dificuldades e pensar em desistir,
lembre-se dos obstáculos que já superou.
Olhe para trás.
Se tropeçar e cair, levante,
não fique prostrado, esqueça o passado.
Olhe para frente.
Ao sentir-se orgulhoso, por alguma realização pessoal,
sonde suas motivações.
Olhe para dentro.
Antes que o egoísmo o domine, enquanto seu coração é sensível,
socorra aos que o cercam.
Olhe para os lados.
Na escalada rumo às altas posições, no afã de concretizar seus sonhos,
observe se não está pisando em alguém.
Olhe para baixo.
Em todos os momentos da vida, seja qual for sua atividade,
busque a aprovação de Deus.
Olhe para cima.
Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles se forem,
você continuará vivendo,
mas terá deixado de existir”
Charles Chaplin
Dedico este trabalho à minha família,
em especial a minha esposa Sinara.
Agradecimentos
A Deus, pela oportunidade de concluir mais uma etapa dessa breve passagem;
Aos meus pais, José Agustinho de Souza e Maria Soares de Souza, pela forma que me
educaram e pelo carinho e amor que sempre me deram;
À minha esposa, Sinara Ávila Pinheiro Souza, que com paciência e compreensão me
apoiou em todos os momentos de meu trabalho;
Ao Prof. Dr. Reinaldo Ruggiero, pela sua orientação, amizade e dedicação que muito
contribuíram para a minha formação;
Às minhas irmãs, Cristina Soares de Souza e Nelcy Soares de Souza, que tanto me
ajudaram e me incentivaram no decorrer do meu trabalho;
A todos os professores do IQ-UFU, em especial Prof. Dr. Guimes Rodrigues Filho e
Prof. Dr. Manuel Gonzalo Hernandez, pela ajuda em discussões que tanto enriqueceram meu
trabalho;
Ao Prof. Dr. Guimes Rodrigues Filho e ao amigo Daniel Alves Cerqueira, pelos
experimentos de DSC;
Ao Prof. Dr. Alexandre Marleta, pelo material cedido e pelas importantes discussões
sobre meu trabalho;
A todos os meus amigos de laboratório, especialmente Leandro Gustavo da Silva,
Inácio Ramos Leite, Fernando Rosa Gomes e Renata Faria de Souza, pelas contribuições na
parte experimental e durante algumas discussões;
A CAPES pela bolsa inicialmente concedida e, pelo suporte financeiro ao projeto
CAPES/COFECUB 422/03/05.
A FAPEMIG pelo suporte financeiro ao projeto CEX-707/04.
Ao IQ-UFU, pelo uso de sua estrutura;
Índice
Índice de figuras........................................................................................................I
Termos adotados......................................................................................................III
Resumo.....................................................................................................................IV
Abstract......................................................................................................................V
Introdução Geral.........................................................................................................1
Cana-de-açúcar............................................................................................................2
Lignina.........................................................................................................................4
Referências Bibliográficas...........................................................................................9
Capítulo I....................................................................................................................11
1 Eterificação da lignina DHR (Dedini Hidrólise Rápida)........................................11
1.1 Introdução.............................................................................................................12
1.1.1 Ligninas como polieletrólitos (polímeros modificados).....................................12
1.1.2 Formação do álcali de lignina.............................................................................13
1.1.3 Eterificação do álcali de lignina.........................................................................14
1.2 Objetivos...............................................................................................................17
1.3 Experimental.........................................................................................................18
1.3.1 Materiais e Reagentes.........................................................................................18
1.3.2 Procedimentos....................................................................................................19
1.3.3 Carboximetilação................................................................................................19
1.3.4 Determinação do GS (grau de substituição)........................................................19
1.3.5 Titulação Complexiométrica...............................................................................19
1.3.6 Determinação do GS por complexação com íons Nd
+3
......................................20
1.3.7 IV (espectroscopia na região do infravermelho).................................................20
1.3.8 UV/Visível..........................................................................................................20
1.3.9 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) .....................................................21
1.4 Resultados e discussões..........................................................................................22
1.4.1 Caracterização das diferentes CML-Na em termos de GS..................................22
1.4.2 Avaliação do GS por titulação complexiométrica...............................................22
1.4.3 Avaliação do efeito do solvente e do processo de purificação no valor de GS..24
1.4.4 Determinação do GS pela complexação com íons Nd
+3
....................................26
1.4.5 Caracterização das CML-Na por espectroscopia de IVTF.................................28
1.4.6 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ....................................................31
1.5 Referências bibliográficas.....................................................................................33
Capítulo II.....................................................................................................................35
2 Determinação da Concentração de agregação crítica do polieletrólito Carboximetil-
. lignina de sódio............................................................................................................35
2.1 Introdução..............................................................................................................36
2.1.1 Surfactantes..........................................................................................................36
2.1.2 Micelas.................................................................................................................37
2.1.3 Estrutura micelar..................................................................................................37
2.1.4 Concentração Micelar crítica (cmc).....................................................................38
2.2 Objetivos..................................................................................................................40
2.3 Experimental............................................................................................................41
2.3.1 Procedimentos......................................................................................................41
2.3.2 Determinação da concentração de agregação crítica (CAC).................................41
2.4 Resultados e discussões...........................................................................................42
2.4.1 Determinação da Concentração de agregação crítica (CAC)................................42
2.4.2 Estimativa da Concentração de agregação crítica (CAC)......................................43
2.5 Referências bibliográficas....................................................................................49
Capítulo III..................................................................................................................51
3 Dopagem de matrizes poliméricas (CML-Na) com íons neodímio (Nd
+3
)...............51
3.1 Introdução.............................................................................................................52
3.1.1 Dopagem de matrizes poliméricas......................................................................52
3.1.2 Neodímio (Nd)....................................................................................................53
3.2 Objetivos................................................................................................................56
3.3 Experimental..........................................................................................................57
3.3.1 Procedimentos.....................................................................................................57
3.3.2 IV (espectroscopia na região do infravermelho).................................................57
3.3.3 UV/Visível..........................................................................................................57
3.3.4 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ....................................................57
3.3.5 Reação de protonação da CML-Na....................................................................58
3.3.6 Reação de complexação da CML-Na com íons Nd
+3
........................................58
3.4 Resultados e discussões.........................................................................................61
3.4.1 Caracterização dos compostos CML-H, CML-Nd e CML-Poli por IVTF.........61
3.4.2 Caracterização por espectroscopia de UV/Visível.............................................63
3.4.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)............................ .........................66
3.5 Referências bibliográficas......................................................................................68
4 Conclusões.................................................................................................................70
5 Sugestões para trabalhos futuros..............................................................................71
6 Apêndice....................................................................................................................72
7 Produção bibliográfica..............................................................................................79
7.1 Trabalhos em Eventos.............................................................................................79
Índice de Figuras
Introdução Geral
Figura 1-Distribuição de macromoléculas no bagaço de cana
3
........................................3
Figura 2-Principais tipos de ligações entre as unidades fenilpropanóides presentes na
molécula de lignina...........................................................................................................4
Figura 3-Principais unidades aromáticas presentes na molécula de lignina.....................5
Figura 4-Unidades básicas arilpropanóides presentes na lignina
12
..................................6
Figura 5-Modelo proposto para lignina de madeiras
13
.....................................................7
Capítulo I
Figura 6-Reação de formação do álcali de lignina.........................................................15
Figura 7-Reação de Carboximetilação do álcali de lignina............................................15
Figura 8-Reação de Titulação complexiométrica da CML-Na com
Polidimetildialilamônio...................................................................................................23
Figura 9-Curva padrão para a determinação da concentração da solução aquosa de
Nd(NO
3
)
3
em diferentes concentrações...........................................................................26
Figura 10 - Relação da massa de CML-Na utilizada na reação com Nd(NO
3
)
3
versus
ganho de massa em %......................................................................................................27
Figura 11-Espectro no infravermelho da lignina DEDINI junto à CML-Na produzida a
partir da lignina DEDINI................................................................................................28
Figura 12-Espectro no infravermelho da lignina DEDINI junto à CML-Na produzida a
partir da lignina DEDINI................................................................................................29
Figura 13-Curvas de DSC da lignina DEDINI e da CML-Na.......................................31
Capítulo II
Figura 14-Representação esquemática de uma micela esférica
6
....................................38
Figura 15-Espectro de fluorescência do composto Pireno à concentração de 1,0x10
-5
mol.dm
-3
, à diferentes concentrações de CML-Na (λ
exc.
= 334nm).................................43
Figura 16-Relação obtida entre a intensidade de fluorescência a 334nm para soluções
de Pireno de concentração 1,0x10
-5
mol.dm
-3
, variando-se a concentração de CML-Na,
em meio aquoso...............................................................................................................44
Figura 17-Curva
2
I/C
2
a 372,5 nm versus concentração de CML-Na, para soluções
de Pireno de concentração 1,0x10
-5
mol.dm
-3
.As medidas foram feitas em meio
aquoso..............................................................................................................................45
I
Figura 18-Intensidade de emissão de fluorescência do excímero, em diferentes
concentrações de CML-Na..............................................................................................46
Figura 19-Relação das bandas I e III do pireno em diferentes concentrações de CML-
Na produzidas a partir da lignina DEDINI......................................................................47
Capítulo III
Figura 20-Diagrama dos níveis de energia para o íon Nd
+3
...........................................53
Figura 21-Reação de protonação da CML-Na................................................................59
Figura 22-Reação de complexação da CML-Na com íons Nd
+3
....................................60
Figura 23-Espectro no infravermelho da CML-H junto com espectro da CML-Nd......61
Figura 24-Espectro no infravermelho da CML-H junto com espectro da CML-Poli....62
Figura 25-Espectros de absorbância (Kubelka-Munk) para a lignina DEDINI, complexo
Lignina-polidimetildialilamônio, CML-Na, CML-H, CML-Nd e Nd(NO
3
)
3
.................63
Figura 26-Espectros de Absorção dos Polímeros de lignina sólidos (Kubelka-Munk):
CML-H, CML-Na, CML-Nd, comparados com o sal de Neodímio [Nd (NO
3
)
3
]...........64
Figura 27-Curvas de DSC da lignina DEDINI, CML-Na e do Complexo CML-Nd.....66
II
TERMOS ADOTADOS
CMC-Na, carboximetilcelulose de sódio;
CML-Na, carboximetil-lignina de sódio;
CML, carboximetil-lignina;
CAC, concentração de agregação crítica;
GS, grau de substituição;
2
I/C
2
,segunda derivada da intensidade de fluorescência em relação a concentração
de carboximetil-lignina de sódio;
I
I
, intensidade de emissão do pireno em 372 nm;
I
III
, intensidade de emissão do pireno em 383 nm;
TC, titulação complexiométrica;
λ
exc
, comprimento de onda do excímero;
Conc
CML
, concentração de carboximetil-lignina;
ClDDA, cloreto de polidimetildialilamônio;
IV, espectroscopia na região do infravermelho;
CML-H, carboximetil-lignina protonada;
CML-Nd, carboximetil-lignina de neodímio;
CML-Poli, carboximetil-lignina com polidimetildialilamônio;
DSC, Calorimetria Diferencial de Varredura;
UV/Vis, espectroscopia na região do ultravioleta e visível;
III
RESUMO
Neste trabalho a lignina resultante da hidrolise do bagaço de cana de açúcar,
denominada Dedini Hidrolise Rápida (DHR) foi quimicamente modificada para
produzir novos materiais. A reação feita com o monocloroacetato de sódio resultou em
um polieletrólito aniônico denominado Carboximetil Lignina de Sódio (CML-Na)
extremamente solúvel em água em pH acima de 5,5. O grau de substituição (GS) obtido
por Titulação Complexiométrica se situou entre 0,42 e 0,49 tendo como base a unidade
p-hidróxifenil da lignina. Uma forma ácida e insolúvel em água desta molécula foi
também obtida (CML-H). O polieletrólito CML-Na ao reagir com o íon neodímio em
solução aquosa de Nd(NO
3
)
3
formou um complexo insolúvel em água (CML-Nd).
Estudos espectroscópicos (UV/Visível, IR, Fluorescência) deste material mostraram a
incorporação do metal na matriz polimérica e propriedades que possibilitam sua
utilização em dispositivos fotônicos. A presença da banda de neodímio em 880nm
referente à transição eletrônica
4
I
9/2
4
F
3/2
é importante pela seletividade deste no
complexo metálico de lignina. Um estudo para avaliar a agregação do polieletrólito foi
feito pela determinação da Concentração de Agregação Crítica (CAC) usando o pireno
como sonda fluorescente. O valor medido foi 1,4 x 10
-2
g.dm
-3
. O uso deste material
como estabilizante de suspensão de alumina na produção de materiais cerâmicos e, no
seqüestro de metais na purificação de água, estão entre algumas de suas possíveis
aplicações. A análise térmica DSC (Calorimetria Diferencial de Varredura) mostrou
uma diminuição na temperatura de degradação de 395ºC para 330ºC quando a lignina
foi transformada no polieletrólito CML-Na e, sua exotérma passou para 270ºC quando
complexada com o íon neodímio. Quando comparados os calores de degradação da
lignina pura e do polieletrólito CML-Na não observamos grandes diferenças. Mas ao
contrário pode-se observar um aumento significativo quando o metal sódio foi
substituído pelo neodímio.
Palavras-Chaves: Lignina, Hidrólise, Calorimetria Exploratória Diferencial e Cana-de-
açúcar.
IV
ABSTRACT
Lignin obtained hydrolyzing sugar cane bagasse using DHR treatment (Dedini’s
Rapid Hydrolysis) was chemically modified with the aim to produce new materials. The
reaction performed with sodium monochloroacetate results in an anionic polyelectrolyte
(CML-Na) soluble in water at pH > 5.5. The degree of substitution measured by
compleximetric titration ranged from 0.42 to 0.49 based on the lignin p-hydroxyphenyl
unit. Doped with neodymium ion, from aqueous solution of Nd(NO
3
)
3
, generates the
complex water insoluble CML -Nd. UV/Visible, IR and fluorescence spectroscopic
investigation of these materials proved the incorporation of the rare earth metal as well
as properties which support the possibilities of its use in photonic devices. The
existence of a band at 880nm due to Neodymium electronic transition
4
I
9/2
4
F
3/2
permits
the selective lignin metal complex excitation. The polyelectrolyte properties were
investigated determining the Critical Aggregation Concentration (CAC) using pyrene as
a probe. The value 14 x10
-3
g dm
-3
, corresponding to a CMC of approximately 22 atoms
of carbon in a linear polyelectrolyte, was obtained. Use of this material such as
stabilizing aqueous alumina suspension in ceramic industries and to complex heavy
metal ions to clean water is some important applications. Differential Scanning
Calorimetry (DSC) showed a decrease from 395
o
C to 330
o
C when lignin reacts to
produce the sodium polyelectrolyte, and to 270
o
C when doped with the Nd
3+
. The heat
liberate doesn’t change significantly comparing the degradation of pure lignin and
sodium polyelectrolyte. However, an intense increase occurs when one changes to
neodymium containing form.
Key Words: Lignin, Hydrolyzing, Differential Scanning Calorimetry and Sugar Cane.
V
INTRODUÇÃO GERAL
1
CANA-DE-AÇÚCAR
Mais do que elemento essencial no desenvolvimento econômico do Brasil, a
cana-de-açúcar transformou-se em um dos principais produtos agrícolas brasileiros. Na
cozinha, desdobra-se em utilidades; na indústria, colabora para a produção de alimentos
mais saudáveis, de fácil conservação. Dela vem o álcool combustível, a energia elétrica.
Também pode-se produzir papel, plásticos, produtos químicos.
A cana-de-açúcar é versátil, palavra que, aliás, justificaria mais um hífen: cana-
de-açúcar-versátil. Se preferirmos, grama-de-açúcar-versátil, pois a cana é uma
gramínea, cujo potencial, variado e complexo, ainda pode ser muito explorado. No
Brasil, em menos de 1% das terras agricultáveis plantam-se 4,5 milhões de hectares de
cana (duas vezes a área do estado do Piauí), matéria-prima que permite a produção de
energia natural, limpa e renovável.
A cana é em si mesma, usina de enorme eficiência: cada tonelada tem um
potencial energético equivalente ao de 1,2 barris de petróleo. O Brasil é o maior
produtor do mundo, seguido por Índia e Austrália. Na média, 55% da cana brasileira
geram álcool e 45%, açúcar. No Brasil, planta-se cana no Centro-Sul e no Norte-
Nordeste, o que permite dois períodos de safra. Plantada, a cana demora de um ano a
ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez, mas a cada ciclo devem ser
feitos investimentos significativos para manter a produtividade
1
.
Nos últimos anos, tem havido uma crescente tendência em se utilizar de forma
mais eficiente os resíduos agro-industriais, tais como o bagaço de cana-de-açúcar, como
matéria prima para aplicações industriais. O bagaço da cana-de-açúcar é um resíduo
produzido em grandes quantidades pelas indústrias de álcool e açúcar, e é utilizado
principalmente como fonte de energia para o funcionamento da própria indústria
2
.
Porém, o restante do bagaço ainda continua sendo uma ameaça para o meio ambiente e,
um importante objetivo a ser alcançado é uma utilização mais adequada para esses
resíduos.
Tem sido descritos vários processos e produtos que utilizam o bagaço de cana-de-
açúcar como matéria prima. Destes incluem-se geração de eletricidade, produção de
polpa e papel, e produtos baseados em fermentação
2
. Aproximadamente 40-50% do
bagaço de cana-de-açúcar é formado de celulose. Outros 25-35% são hemiceluloses,
2
um polímero amorfo usualmente composto de xilose, arabinose, galactose, glicose e
manose. O restante em sua maioria é formado por lignina
2
.
Figura 1-Distribuição de macromoléculas no bagaço de cana
3
.
A lignina é a segunda macromolécula de origem vegetal em abundância
produzida pela natureza depois da celulose. Ela é obtida, sobretudo por extração depois
de cozimento das fibras vegetais na fabricação de polpa e de papel. Outros processos
que produzem a lignina incluem explosão de vegetais por vapor de água e separação dos
componentes das fibras lignocelulósicas por solventes seletivos. A maioria das ligninas
produzidas é queimada na própria indústria na geração de energia que alimenta a
produção da mesma. Um novo método de produção de lignina em alta escala surgiu
recentemente com o desenvolvimento de um novo processo de produção de etanol por
hidrólise de bagaço de cana de açúcar
4
. O processo DHR (Dedini Hidrólise Rápida) tem
gerado como subproduto lignina alcalina, gerando também perspectivas reais de seu
aproveitamento.
3
LIGNINA
O termo lignina foi introduzido em 1838 por Anselme Payen
3
para designar o
resíduo solúvel obtido no tratamento da madeira por ácido nítrico concentrado. Durante
um longo tempo, a constituição química desse resíduo permaneceu obscura. Em 1917,
Peter Klason propôs que a lignina poderia ser classificada como uma macromolécula
constituída de unidades do álcool coniferílico mantidas juntas através de ligações do
tipo éter. Em 1940, estudos baseados em reações clássicas da química orgânica levaram
a concluir que, de uma forma geral, a lignina era constituída de unidades
fenilpropanóides unidas por ligações éter e carbono-carbono
3
(figura 02).
β
5
OH
CH
3
CH
3
OH
CH
3
OH
OH
CH
3
5 5
CH
3
O
CH
3
OH
4
β
β-5 5-5 β-O-4
Figura 02. Principais tipos de ligações entre as unidades fenilpropanóides presentes
na molécula de lignina
3
.
Apesar das evidências experimentais, alguns cientistas contestavam a natureza
aromática da lignina no seu estado nativo. Somente em 1954, Lange
5
mostrou que os
espectros no ultravioleta (UV) de seções finas da madeira eram característicos de
4
compostos aromáticos e, de acordo com os estudos químicos desenvolvidos na década
de 40, as principais unidades aromáticas presentes na estrutura da lignina foram
classificadas como p-Hidróxifenila, Guaiacila e Siringila (Figura 03).
OH
OH
OH
OH
OH
CH
3
O
OH
OH
OH
CH
3
CH
3
O
OH
O
p-Hidróxifenila (H) Guaiacila (G) Siringila (S)
Figura 03. Principais unidades aromáticas presentes na macromolécula de lignina
3
.
Baseado em informações obtidas através da análise dos tipos de ligações e
grupos funcionais presentes, modelos estruturais para a lignina foram construídos. A
primeira fórmula química para o sistema macromolecular foi proposta por Freudenberg
em 1968 e confirmada posteriormente por outros pesquisadores
5
. Atualmente, o
paradigma aceito para a estrutura da lignina é que a macromolécula está presente na
madeira na forma de uma rede tridimensional amorfa. Entretanto, alguns pesquisadores
6
têm sugerido uma definição menos geral, baseada nas possíveis mudanças estruturais
existentes em ligninas presentes em diferentes regiões morfológicas da madeira.
As ligninas se enquadram entre as substâncias naturais mais abundantes da face
da terra, ocupando cerca de 30% dos carbonos da biosfera
3
e são exclusivamente
formadas dentro da parede celular. As ligninas, cuja composição decorre da combinação
dos álcoois coniferílico e p-cumarílico, apresentam estruturas moleculares de natureza
mais complexa
7
do que se as mesmas fossem constituídas da combinação dos
precursores álcoois coniferílico e sinapílico
8, 9
. Provavelmente o aumento do número de
ligações intermonoméricas apresenta papel importante neste contexto. Essa variação
composicional constitui também um indicativo dos valores da concentração da unidade
subestrutural β-O-4 (éter fenilglicerol-β-aril)
10
. Essa unidade tem sido considerada a
base estrutural nas ligninas isoladas de plantas.
5
Ligninas compostas primariamente por álcool coniferílico são denominadas de
ligninas guaiacílicas e aquelas formadas predominantemente com álcool sinapil são
denominadas de ligninas siringílicas
11
. Em uma estrutura arilpropanóide, os carbonos do
anel fenólico são identificados com números arábicos, no sentido horário, e os carbonos
do segmento propanóide são identificados com as letras gregas α, β e γ, a partir do anel
fenólico.
H
O
R
3
R
1
CH
3
α
β
γ
1
4
5
6
2
3
R
1
= H; R
3
=H: Unidade p-Hidróxifenila
R
1
=OCH
3
; R
3
=OCH
3
: Unidade Siringil
R
1
=H; R
3
=OCH
3
: Unidade Guaiacil
Figura 04-Unidades básicas, arilpropanóides, presentes na lignina
12
.
A lignina apresenta uma estrutura macromoleular aromática que confere rigidez
à parede celular e às diferentes regiões do material lignocelulósico, atua como agente de
ligações cruzadas entre as células gerando uma estrutura resistente ao impacto,
compressão e dobra. Pelo decréscimo que causa na permeação de água através das
paredes da célula dos tecidos condutores do xilema, a lignina apresenta uma importante
atuação no transporte interno da água, nutrientes e metabólicos. Tecidos lignificados
resistem mais ao ataque de microorganismos, impedindo a penetração de enzimas
destruidoras da parede celular
11
.
6
A figura 05 mostra um modelo proposto para lignina de madeiras.
Figura 05-Modelo proposto para lignina de madeiras
13
Diferentes tipos de lignina podem ser observados, em função de sua composição
em álcoois. Na madeira macia, a lignina apresenta principalmente subunidades
guaiacila. Na madeira dura, estão presentes as subunidades guaiacila e siringila em uma
relação 1: 2,5. No caso do bagaço da cana, além de subunidades guaiacila e siringila,
ocorrem também resíduos derivados do álcool p-cumárico (subunidades p-
Hidróxifenila), resultando em uma proporção G:S:H de 1:2:0,8. O álcool p-cumárico é
altamente reativo, por apresentar as posições C3 e C5 do anel fenólico livres para
ligações C-C, altamente resistentes aos métodos de degradação química
14
.
7
Neste trabalho, utilizou-se a lignina DHR (Dedini Hidrólise Rápida), derivada do
bagaço de cana como matéria prima em vários processos. Foi produzido um
polieletrólito aniônico denominado carboximetil-lignina de sódio (CML-Na),
determinou-se seu grau de substituição por duas técnicas diferentes e, procedeu-se à
caracterização da CML-Na utilizando IVTF, DSC e UV/Visível. Neste trabalho,
também determinou-se a concentração de agregação crítica do polieletrólito CML-Na
utilizando o pireno como sonda fluorescente. Verificou-se também a viabilidade de se
produzir filmes utilizando o polieletrólito CML-Na complexado com o íon terra-rara
neodímio (Nd
+3
), em vista de aplicações tecnológicas em dispositivos fotônicos. O
complexo formado, aqui denominado carboximetil-lignina de neodímio (CML-Nd),
também foi caracterizado utilizando-se IVTF, UV/Visível e DSC. Como já foi
mencionado anteriormente, a lignina é um produto natural sendo encontrado em
abundância. Assim, o principal objetivo deste trabalho foi tentar agregar valor a este
material.
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO PAULO. Agroindústria
da Cana-de-Açúcar: Alta Competitividade. 2005. Disponível em: <http: //
www.unica.com.br/pages/cana_origem.asp>. Acesso em: 30 de abril de 2005.
2 SUN, J. X.; SUN, X.F.; ZHAO, H.; SUN, R. C. Isolation and characterization of
cellulose from sugarcane bagasse. Polymer Degradation and Stability, Hong Kong,
v.84, p.331-339, 2004.
3 FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood, chemistry ultrastructure, reactions. New
York: Walter de Gruyler, 1984. p.167-181.
4 UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO PAULO. Agroindústria
da Cana-de-Açúcar: Alta Competitividade. 2003. Disponível em: <http: //
www.unica.com.br/pages/cana_origem.asp>. Acesso em: 30 de abril de 2005.
5 SJOSTROM, E; Wood Chemistry: Fundamentals and Applications. New York:
Academic Press, 1981. p71.
6 GLASSER, W. G.; SARKANEN, S.; Lignin: Properties and Materials. New
York: ACS, 1989. p 2; p 262.
7 FORSS, K.; FREMER, K. E. Comments on nature of coniferous lignin,
Journal at Applied Polymer Science: Applied Polymer Symposium, New York, n.37, p.
531-547, 1983.
9
8 ABREU, H. dos S. Biossíntese de lignificação. Rio de Janeiro: EDUR, 1994. 63p.
9 WHETTEN, R.; SEDEROFF, R. Lignin biosynthesis. The plant cell, Rockville,
v.7, p. 1001-1013, 1995.
10 HWANG, H. R. A lignification mechanism, Journal of Theoretical Biology,
London, n.116, p. 21-44, 1985.
11 BUXTON, D. R.; MERTENS, D. R.; FISHER, D. S. Forage quality and
ruminant utilization. Agronomy Monography, Madison, v.34, p.229-266, 1996.
12 MELO, E. I. Caracterização do polieletrólito aniônico, CMC-Na, produzido a
partir de bagaço de cana-de-açúcar in natura, polpa e polpa branqueada. 2003.
Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de Química de Uberlândia,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2003.
13 A Partial structure of a hypothetical lignin molecule from European beech (Fagus
sylvatica). After Nimz 1974. Disponível em
<
http://www.plantphys.net/printer.php?ch=13&id=24 >. Acesso em: 26 de outubro de
2005.
14 VAN , S. J.; WITTOUCK, N.; ALMGREM, M.; DE SHYVER, F. C.; MIGUEL, M.
da G. The role of polymer flexibility on the interaction with surfactant micelle
interactions studied by dynamic fluorescence quenching. Canadian Journal Chemistry,
v73, p.1765-1772, 1995.
10
Capítulo I
Eterificação da lignina DHR (DEDINI Hidrólise
Rápida)
11
1.1 INTRODUÇÃO
1.1.1 Ligninas como Polieletrólitos (Polímeros Modificados)
Ligninas alcalinas produzidas a partir da hidrólise de resíduos de bagaço de cana
de açúcar na produção de etanol têm sido quimicamente modificadas em nosso grupo de
pesquisa com o objetivo de agregar valor a este rico resíduo orgânico.
Este tipo de lignina é importante visando sua utilização como resina colante na
composição das fibras de bagaço de cana de açúcar na elaboração de painéis. Por ser um
material natural da própria fibra vegetal, seu aproveitamento após modificações
químicas é desejável. A carboximetilação desta lignina torna a mesma totalmente
solúvel em água o que facilita sua caracterização por metodologias apropriadas como
espectroscopia de absorção (UV/Vis) e emissão na região do UV e visível
(Fluorescência), espectroscopia na região de infravermelho (IVTF) e ressonância
magnética nuclear (RMN) e ainda mesmo cromatografia líquida de exclusão por
tamanho (CLAT).
O éter de lignina (CML-Na) é bastante solúvel em água e, esta solubilidade varia
com o grau de substituição (GS). A substituição ocorre de forma não uniforme durante a
eterificação. O inchamento ocorre durante a ativação da lignina pelo hidróxido de
sódio
2
. Quando a lignina é intumescida, o hidrogênio das hidroxilas alifáticas e
fenólicas são afastados do oxigênio gerando o nucleófilo (O
-
) que é mais reativo do
que as próprias hidroxilas. O metal alcalino (Na) então é incorporado às
macromoléculas de lignina formando um produto intermediário que denominou-se de
Álcali de Lignina (hidroxilatos). Em tal estrutura intumescida, um reagente químico
pode penetrar e propagar-se com mais facilidade
3
.
Neste trabalho, a lignina extraída por hidrólise do bagaço de cana, foi
alcalinizada em suspensão e usada na síntese do polieletrólito carboximetil-lignina de
sódio (CML-Na). O meio básico torna os prótons das hidroxilas presentes na cadeia
12
macromolecular lábeis o bastante para serem afastados formando estruturas do
hidroxilato de sódio. A reação seguinte é a carboximetilação que deve ocorrer
preferencialmente nos grupos fenolatos devido à sua maior acidez. O produto formado
passa a se comportar como um fluído cada vez menos viscoso
4
. O polímero formado na
eterificação é então precipitado em mistura de água/álcool, e purificado com sucessivas
lavagens desta mistura. Dessa forma obtém-se uma substância cujas propriedades
diferem significativamente da lignina de partida.
A CML-Na é um derivado preparado em duas etapas, a partir da reação entre a
lignina e o NaOH, formando o álcali de lignina (sal), que em seguida, reage com o ácido
monocloroacético (ou sal monocloroacetato de sódio), sob condições controladas
1,2,5
.
1.1.2 Formação do álcali de lignina
A alcalinização é de grande importância, pois é condicionante da etapa seguinte.
Nela ocorre o inchamento, facilitando o acesso do reagente eterificante
1
. Os íons
hidroxilas provenientes da base são capazes de enfraquecer as possíveis ligações de
hidrogênio intra e intermoleculares, provocando maior separação dos agregados
macromoleculares. Com isso, as estruturas da lignina ficam intumescidas. Mas, como o
agente empregado, NaOH, é pouco volumoso, as macromoléculas de lignina são pouco
afastadas umas das outras. Desta forma, não ocorre a dissolução da lignina o que
implica numa síntese em fase heterogênea
3
. Neste tipo de síntese, o solvente incha a
lignina, mas não a dissolve. Assim somente os grupos hidroxilas da lignina que podem
ser alcançados pelo reagente poderão reagir, enquanto que os grupos hidroxilas
inacessíveis permanecerão inalterados. Se a lignina está presente em um meio que não
favoreça o seu intumescimento, as reações de substituição se limitarão mais fortemente
às suas superfícies
3
. Se as estruturas de lignina estão em um meio que favoreça seu
intumescimento, expondo as partes mais internas dos agregados, um número muito
maior de grupos hidroxilas da lignina será substituído.
A reação representada na figura 06 é do tipo ácido/base, em que as hidroxilas da
lignina (ácido fraco) reagem com uma base forte (NaOH) produzindo sal (álcali de
lignina) e água.
13
1.1.3 Eterificação do Álcali de lignina
A reação de eterificação para a formação da carboximetil-lignina de sódio
(CML-Na), figura 7, é realizada entre o álcali de lignina (hidroxilatos) e o ácido
monocloroacético, ou seu sal. Esta reação pode ser realizada tanto em fase sólida como
em suspensão de misturas hidroalcóolicas empregando álcool t-butílico, isopropílico ou
etílico
1,2
. Nas reações de formação do álcali de lignina e eterificação do álcali de
lignina, representadas pelas figuras 06 e 07, a lignina está representada por uma unidade
siringila.
14
CH
3
CH
3
OH
OO
OH
O
-
OH
Na
+
OH
-
+
FORMAÇÃO DO ALCALI DE
LIGNINA
H
2O
LIGNINA
(Unidade Siringila)
O
-
CH
3
CH
3
OO
OH
O
-
O
-
Na
+
ALCALI DE LIGNINA
ETERIFICAÇÃO DO ALCALI
DE LIGNINA
CH
3
CH
3
O
-
OO
OH
O
-
O
-
Na
+
Cl-CH
2
COO
-
Na
+
O
-
O
CH
3
CH
3
O
OO
OH
O
-
O
-
Na
+
+
Na
+
Cl
-
ALCALI DE LIGNINA
CARBOXIMETIL-LIGNINA
DE SÓDIO
Lignina Lignina
Lignina
Lignina
Lignina
Lignina
Lignina
Lignina
Figura 06-Reação de formação do àlcali de
lignina
Figura 07-Reação de Carboximetilação do
àlcali de lignina
15
Paralelamente, ocorre também a formação do glicolato de sódio, de acordo com
a reação representada na equação 01.
ClCH
2
COO
-
Na
+
+ NaOH HOCH
2
COO
-
Na
+
+ NaCl + H
2
O Eq.01
O número médio de hidroxilas substituídas por unidade siringil, guaiacil ou p-
hidroxifenil é denominado Grau de Substituição (GS). O Grau de Substituição é um
parâmetro importante que define algumas propriedades do polieletrólito. Neste trabalho
o grau de substituição da CML-Na foi determinado por titulação complexiométrica e
comparado com um método empírico envolvendo a reação de complexação com íons
neodímio (Nd
+3
).
16
1.2 OBJETIVOS
Produzir o polieletrólito aniônico Carboximetil-lignina de sódio (CML-Na) em
etanol e isopropanol, a partir da lignina DEDINI, a fim de agregar valor a este material.
Caracterizar as Carboximetil-ligninas em função do grau de substituição (GS),
por titulação complexiométrica e complexação com íons Nd
+3
.
Caracterizar a CML-Na por metodologias como espectroscopia de absorção
(UV/VIS) e emissão na região do UV e visível (fluorescência), espectroscopia na região
do infravermelho (IVTF), e análise térmica (DSC).
17
1.3 EXPERIMENTAL
1.3.1 MATERIAIS E REAGENTES
Reagentes Procedência
I- Cloreto de polidimetildialilamônio ALDRICH
II- Ácido monocloroacético VETEC
III- Ácido acético QUIMEX
IV- Hidróxido de Sódio REAGEN
V- Ácido clorídrico VETEC
VI- H
2
O
2
SYNTH
VII- Ácido sulfúrico SYNTH
VIII- Etanol absoluto VETEC
IX- Etanol QUIMEX
X- Metanol SYNTH
XI- Isopropanol VETEC
XII- Pireno ALDRICH
XIII- Lignina DEDINI
XIV- Dioxano ACROSS
18
1.3.2 Procedimentos
1.3.3 Carboximetilação
Cada grama da lignina seca foi vigorosamente agitado com 27,0 mL de
isopropanol ou de etanol, em um reator de vidro com agitador magnético, enquanto 2,7
mL de uma solução aquosa de NaOH 30% foi adicionada gota a gota durante 30 min, à
temperatura ambiente. Após agitação por mais 1 h e 30 min, 1,20 g de ácido
monocloroacético foram adicionados dentro de um período de 30 min. A mistura foi
agitada por mais 3 h e 30 min. a 55º C. Filtrou-se a solução, e colocou-se o material
filtrado em suspensão em 67,0 mL de etanol aquoso (95% em volume), e neutralizado
com ácido acético. Após a filtração, o produto foi lavado várias vezes com etanol
(95%), a fim de eliminar impurezas e alguns produtos intermediários. A CML
produzida foi secada em um forno à temperatura de aproximadamente 60º C até massa
constante
6
.
1.3.4 Determinação do GS
1.3.5 Titulação Complexiométrica
Uma amostra de 30 mg de CML-Na purificada foi dissolvida em 30 mL de água
destilada, sob agitação contínua. Quando necessário o valor do pH foi ajustado para 7,0
pela adição de algumas gotas de HCl ou NaOH 1 mol.dm
-3
. Com uma bureta
automática, foi adicionado numa vazão de 0,2 mL.min
-1
sob agitação contínua solução
aquosa 0,1 mol.dm
-3
(com base na unidade monomérica) de cloreto de
polidimetildialilamônio, até uma abrupta floculação e clarificação da solução turva
7
.
19
1.3.6 Determinação do GS por complexação com íons Nd
+3
Foi realizada também a reação da CML-Na com o sal nitrato de neodímio
Nd(NO
3
)
3
, para formar um complexo denominado carboximetil-lignina de neodímio
(CML-Nd). O complexo formado também é insolúvel em água.
Preparou-se uma solução aquosa de CML-Na com volume 15 mL e concentração
molar igual a 15 mol.dm
-3
. Preparou-se então uma solução de nitrato de neodímio
Nd(NO
3
)
3
de volume 2,5 mL e concentração molar 0,7838 mol.dm
-3
e, utilizando um
agitador magnético reagimos as soluções, à temperatura ambiente. Observou-se um
repentino aumento na viscosidade da solução. A solução obtida foi filtrada à vácuo com
filtro sinterizado e, seca em um forno à uma temperatura de aproximadamente 80º C.
Logo após, foi transferida para uma câmara de vácuo e deixada até massa constante.
Como o Nd(NO
3
)
3
é um sal extremamente higroscópico preparou-se uma curva
padrão para determinar exatamente a concentração da solução nitrato de neodímio a ser
utilizada.
1.3.7 ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DE INFRAVERMELHO
(IVTF)
Os espectros de IV foram obtidos em aparelho IVTF Spectrum 1000 – Perkin-
Elmer. As amostras foram prensadas na forma de pastilhas de KBr na proporção de
100:1 KBr/amostra. As amostras foram secas por 12 h, numa temperatura de 60º C, e
colocadas em um dessecador contendo CaCl
2
.
1.3.8 UV/VISIVEL
Foram preparadas soluções aquosas de CML-Na, solução de lignina/Dioxano, e
amostras sólidas de lignina DEDINI e CML-Na. Os espectros de absorção na região do
UV-Vis foram obtidos em um espectrofotômetro UV-VIS Recording
Spectrophotometer, Model UV-2501 PC-Shimadzu.
Para as amostra sólidas foram feitos espectros de reflectância (transformado em
absorbância por Kubelka-Munk) utilizando o mesmo espectrofotômetro.
20
1.3.9 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
A análise foi feita usando um equipamento DSC SP Rheometric Scientific.
Amostras na forma de pó de lignina DEDINI e CML-Na com massas de
aproximadamente 5 mg foram pesadas e colocadas em porta amostras de alumínio
apropriadas para serem analisadas. As amostras foram aquecidas de uma temperatura de
45º C até 500º C a uma velocidade de 5º C.min
-1
sob um fluxo de nitrogênio de 20
mL.min
-1
.
21
1.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1.4.1 Caracterização das diferentes CML-Na em termos de GS
As CML-Na produzidas a partir de ligninas alcalinas DEDINI apresentaram
valores de GS, determinados por Titulação Complexiométrica, entre 0,42 e 0,47 por
unidade C9. Os valores obtidos por essa metodologia foram comparados com os valores
determinados pela reação de complexação com íons Nd
+3
(ver seção 1.4.4) e,
apresentaram resultados bem próximos. A tabela 1 mostra os resultados obtidos por
Titulação Complexiométrica.
1.4.2 Avaliação do GS por Titulação Complexiométrica
A medida é baseada na formação de um complexo polieletrólito insolúvel em
água e sua abrupta sedimentação (floculação), após a adição do polieletrólito catiônico
em concentração acima da razão estequiométrica
6,7
.
Cálculos:
Eq:2
C = TM 100
WP
Onde: C = Concentração de grupos carboxi dada em mmol/g de CML-Na
T = Volume do titulante em mL (cloreto de polidimetildialilamônio)
P = Percentagem de pureza da CML-Na
M = Molaridade do titulante (mol.dm
-3
)
W = Massa da amostra (mg)
162c
GS = ____________
Eq:3
1000 – 80c
22
O
-
O
CH
3
CH
3
O
O
O
OH
O
-
O
-
Na
+
+
CH
2
-
CH
2
-
CH
3
CH
3
N
+
Cl
-
Li
CH
2
-
CH
2
-
CH
3
CH
3
N
+
O
O
-
CH
3
CH
3
OO
O
OH
O
-
OH
+
Reação de Titulação
Complexiométrica
CML-Na
CML-Polidimetildialilamônio
n
lignina
lignina
lignina
Na
+
Cl
-
n
Cloreto de Polidimetildialilamônio
Figura 08-Reação de titulação
complexiométrica da CML-Na com Cloreto de
polidimetildialilamônio
23
1.4.3 Avaliação do efeito do solvente no processo de purificação e no
valor de GS.
Para se produzir CML-Na a partir da lignina DEDINI, utilizou-se dois solventes
(etanol e isopropanol) e, também diferentes procedimentos para fazer a purificação das
CML-Na. Acredita-se que o processo de purificação da CML-Na é extremamente
importante, já que se eliminam outros produtos indesejáveis, como por exemplo, o
glicolato de sódio, que também é produzido durante a carboximetilação. A presença
destes outros produtos deve influenciar na caracterização do produto final, mas em
principio não deve afetar os valores de GS.
Pode-se observar pela tabela 01 que os valores de GS não sofreram grandes
variações com as mudanças dos solventes e dos métodos de purificação. O maior valor
de GS obtido (0,49) foi ao se produzir CML-Na em etanol comercial e purifica-la com
metanol aquecido a 55º C. Mas este procedimento não se mostrou muito bom devido ao
fato de que, como a CML-Na é muito solúvel em solvente polar (água), ao se fazer a
purificação com metanol (solvente muito polar), ocorre uma grande perda deste
material, que dificilmente pode ser recuperado posteriormente. Como pode ser visto na
tabela 01, a utilização de isopropanol como solvente não se mostrou muito interessante
já que, além de ser um solvente de custo elevado em relação ao etanol, não se obteve
nenhum valor de GS elevado o bastante para justificar sua utilização. O procedimento
mais viável parece ser a utilização de etanol comercial como solvente e também na
purificação, já que os valores de GS obtidos por este método estão muito próximos dos
demais e, o etanol é um solvente de baixo custo e de fácil aquisição.
De qualquer maneira, o processo mesmo em etanol envolve pequenas perdas de
material referentes aos fragmentos menores que são bastante solúveis mesmo neste
solvente. Uma forma de recuperação interessante é a reprecipitação do polieletrólito em
meio ácido.
A tabela a seguir mostra os solventes utilizados nos processos de produção, os
métodos de purificação e os valores de GS obtidos por titulação complexiométrica.
24
Tabela 01-Dados referentes ao GS por titulação complexiométrica com cloreto de
polidimetildialilamônio.
CML-Na solvente Purificada com GS
I Etanol comercial Etanol 95%
(comercial)
0,47
II Isopropanol Etanol 95%
(comercial) +
metanol aquecido
0,45
III Isopropanol Soluções de
isop/H
2
O 70/30,
80/20, 90/10
0,42
IV Etanol comercial Metanol aquecido 0,49
V Etanol comercial Etanol 95%
(comercial)
0,44
VI Isopropanol Soluções de
isop/H
2
O 70/30,
80/20, 90/10
0,45
Os valores de GS obtidos para as CML-Na são próximos e comprovam que o
método utilizado parece ter sido bem sucedido, e que aparentemente o grau de
substituição independe do processo de purificação. Esses valores de grau de substituição
entre 0,42 e 0,49 mostram que aproximadamente metade dos grupos hidroxilas OH
fenólicos foram substituídos.
25
1.4.4 Determinação do GS pela complexação com íons Nd
+3
Para determinar o grau de substituição (GS) da CML-Na, utilizou-se
alternativamente o nitrato de neodímio, mais precisamente os íons Nd
+3
complexados
com CML-Na. O nosso objetivo foi substituir os íons Na
+
pelos íons Nd
+3
e estimar
quantos grupos foram substituídos, ou seja, seu GS.
O Nd(NO
3
)
3
é um sal extremamente higroscópico e, para termos a certeza da
concentração da solução utilizada preparamos uma curva padrão de calibração que é
vista na figura 09:
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Absorbância
[Nd(NO
3
)
3
]
Figura 09-Curva padrão para determinação da concentração da solução de Nd(NO
3
)
3
em diferentes concentrações
.
O ponto de equivalência da complexação envolvida na troca do íon Na
+
pelo íon
Nd
3+
pode ser determinado pela quantificação dos complexos insolúveis formados em
diferentes concentrações de CML-Na dissolvidos em água com uma concentração
constante de íons Nd
3+
em solução aquosa. Massas de CML-Na dissolvidas em 15 mL
de água foram: 20 mg, 70 mg, 100 mg, 300 mg, 600 mg, 700 mg. A cada uma destas
soluções foram adicionados 2,5 mL de uma solução de Nd(NO
3
)
3
0,7838 mol.dm
-3
.
Os complexos insolúveis obtidos foram filtrados e secos em um forno a uma
temperatura de 80º C e, transferidos para uma câmara de vácuo até massa constante.
26
Um ganho de massa foi observado na medida em que a quantidade de Nd
3+
estava em excesso em relação às massas crescentes de CML-Na, e que este ganho de
massa diminuía na medida em que a massa de CML-Na aumenta, até atingir a
estequiometria do ponto de equivalência, que corresponde ao zero de ganho de massa.
Como pode ser visto figura 10 os dados se enquadram com 98% de correlação numa
curva exponencial decrescente.
0 100 200 300 400 500 600
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Ganho de massa %
Massa de CML-Na inicial (mg)
Figura 10 - Relação da massa de CML-Na utilizada na reação com Nd(NO
3
)
3
versus
ganho de massa em %.
Verificou-se que no ponto de equivalência as quantidades correspondiam a
0,001959 mols de Nd(NO
3
)
3
e 0,002255 mols de CML-Na, ou seja, para cada um mol
de Nd(NO
3
)
3
foi utilizado 1,302 mols de CML-Na. Considerando que cada unidade
monomérica da lignina possui apenas um ponto de substituição na geração da CML-Na
e, que o íon Nd
+3
pode se ligar a até três unidades de CML-Na, temos que neste caso
substituição de 100% equivale a um GS = 1. Como temos uma relação de 1,302 mols de
CML-Na para cada mol de Nd
+3
, isto equivale a um GS = 0,43.
Este resultado é bem próximo aos valores de GS obtidos por Titulação
complexiométrica utilizando o polieletrólito catiônico polidimetildialilamônio. Nesta
determinação do GS, o valor médio obtido foi de 0,44 ± 0,01. Esses resultados mostram
27
que o procedimento usado na estimativa do GS é bom estando bem correlacionado com
o procedimento padrão.
1.4.5 Caracterização das CML-Na por Espectroscopia na
região de Infravermelho (IVTF).
Por esta técnica é possível verificar diferenças entre a lignina DEDINI e a CML-
Na comparando bandas características dos compostos sintetizados com bandas
invariantes presentes no material, de maneira a confirmar a formação dos produtos da
reação de carboximetilação, através da diminuição da intensidade de certas bandas, ou o
aumento na intensidade de outras.
A reação de derivatização da lignina produzindo a CML-Na proporciona um
aumento na intensidade e na definição da banda de carbonila, sendo um forte indício de
que a reação ocorreu.
A seguir são apresentados os espectros da lignina pura DEDINI e CML-Na
produzida a partir da lignina DEDINI.
Figura 11-Espectro na região do Infravermelho da lignina DEDINI junto à
CML-Na produzidas a partir da lignina DEDINI.
28
A figura 12 mostra um espectro de infravermelho com uma ampliação da
região entre 500 nm e 1900 nm, para uma melhor visualização das bandas desta
região.
1800 1200 600
20.384
25.424
27.512
T%
Comprimento de Onda (cm
-1
)
Lignina
CML-Na
1614
1707
1117
1214
1265
1326
831
843
1512
Figura 12-Espectro no Infravermelho da lignina DEDINI junto à CML-Na
produzidas a partir da lignina DEDINI.
As principais bandas de absorção no IV foram listadas a seguir:
*1326 cm
-1
-Vibração do anel siringílico com contribuição do estiramento de C-O e
de estruturas condensadas
8
.
*1265 cm
-1
-Vibração do anel guaiacílico com contribuição do estiramento de C-O
8
*1214 cm
-1
-Estiramento de C-O, C-C com estiramento de C-O sensível a
substituição do anel aromático
8
.
*1117 cm
-1
-Deformação (no plano) de C-H (típico de anel siringílico)
8
.
*1460 cm
-1
-Deformação assimétrica em CH
3
e CH
2
.
*1512 cm
-1
-Vibração do esqueleto aromático.
*1600-1740 cm
-1
-Sugere a existência de carbonila de éster, de cetona não
conjugada, de carbonila cetônica e ou aldeídica conjugada.
*3450 cm
-1
-Larga deformação axial de O-H.
*2920 cm
-1
-Deformação axial de C-H de metila.
29
Os espectros de IV da lignina DEDINI e da CML-Na revelaram a presença de
sinais em 1326, 1265, 1214 e 1117 cm
-1
, que justificam a existência de alta
concentração de unidades siringil e guaiacil
8
. As vibrações de deformação axial de C-O
em álcoois e fenóis produz uma banda forte na região de 1260-1000 cm
-1
do espectro
9
.
Porém o modo vibracional complica-se mais com a presença de ramificações e
insaturações
9
. Como a CML-Na e a lignina são extremamente ramificadas fica difícil
fazer uma análise mais detalhada destes sinais.
Pode-se observar, no entanto uma diminuição na intensidade dos picos em 1326,
1265 e 1214 cm
-1
no espectro da CML-Na em relação ao da lignina, provavelmente
devido à carboximetilação da lignina. Observa-se também um aumento na intensidade
do pico a 1614 cm
-1
que é característico de carbonila, o que nos leva a concluir que a
reação de derivatização realmente ocorreu, já que durante a carboximetilação da lignina
ocorre a introdução do grupo –CH
2
COONa, aumentando assim a quantidade de grupos
carbonila na lignina.
As bandas características do íon carboxilato (-COO
-
) aparecem na região de
1600-1590 cm
-1
e 1400 cm
-1
. Estas bandas provêm das deformações axiais assimétricas
e simétricas de C-O, respectivamente
9
. Podemos observar na figura 12 que na CML-Na
esta banda está bem mais nítida, o que era de se esperar já que na carboximetilação
ocorre a formação de íons carboxilato.
Pode-se observar ainda na figura 11 que a banda referente ao estiramento de OH
em torno de 3430 cm
-1
não varia significativamente com a reação de carboximetilação.
Isto pode ser devido ao fato de que, como foi observado o grau de substituição obtido
foi em torno de 43%, ou seja, existe ainda um grande número de hidroxilas fenólicas
que não foram substituídas. Além disto, como a reação de eterificação deve ocorrer
preferencialmente nas hidroxilas fenólicas, um número muito grande de OH alifáticos
devem estar presentes na estrutura da CML-Na.
30
1.4.6 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
Muitos trabalhos têm utilizado a análise térmica (DSC) para estudar os
componentes das paredes das células das plantas tais como celulose, hemicelulose e
lignina
10
. Neste trabalho examinou-se as atribuições das exotérmas do DSC de amostra
da lignina DEDINI e da CML-Na, com o intuito de confirmar a reação de derivatização
da lignina, e entender melhor o comportamento térmico destes materiais frente às
mudanças químicas realizadas.
A figura 13 mostra as curvas de DSC da lignina e do polieletrólito CML-Na.
EXO
Figura 13-Curvas DSC da lignina e da CML-Na
Pela figura 13 pode-se observar que a exoterma de degradação da CML-Na
ocorre a uma menor temperatura que para a lignina DEDINI. Uma possível explicação
para este comportamento é que, na CML-Na ocorre a decomposição do grupo carboxi
que foi introduzido, além do esqueleto da lignina. A eliminação de CO
2
dos grupos
31
CH
2
COO
-
provocada pelo aquecimento, pode gerar outros sítios possíveis de
decomposição térmica, e o efeito pode se propagar para o esqueleto da lignina, que
passa a se decompor a uma menor temperatura, comparada com a lignina DEDINI que
não possui o grupo carboximetil em sua estrutura. Pela análise do DSC podemos
verificar que a exoterma de degradação da lignina pura está em torno de 395º C, ao
passo que a exoterma de degradação do polieletrólito de lignina (CML-Na) cai para
330º C uma queda de 65º C.
32
1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 CARASCHI, J. C. Estudo das Relações Estrutura Propriedades de
Carboximetilcelulose Obtida a partir da Derivatização de polpa de bagaço de cana-de-
açúcar. 1997.Tese (Doutorado) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade de
São Paulo, São Carlos, 1997.
2 NICHOLSON, M. D.; MERRITT, F. M. Cellulose ethers. In Nevel, T. P.;
ZERONIAN, H. S. Cellulose Chemistry and its application. New York, John Wiley,
Ellis Horwood limited: Chichester, 1985.
3 IPT- Instituto de pesquisa Tecnológica. Celulose e Papel. São Paulo, IPT, 1988,
p.559.
4 BLASS, A.; Processamento de Polímeros. Florianópolis, Dausfc, 1988, p.16.
5 JUST, K. E.; MAJEWICZ, T.G. Cellulose ethers. In Herman Mark. Encyclopedia of
polymer Science and Engineering. New York, John Wiley, 1985. v.3, p. 226-269.
6 KLEMM, D.; PHILIPP, B.; HEINZE, T.; HEINZE, U.; WAGENKNECHT, W.
Comprehensive Cellulose Chemistry: Analytical methods in cellulose chemistry. 1998,
v.1, p. 217-222, p.240.
7 HONG, L. Tr.; BORRMEISTER, B.; DAUZENBERG, H.; PHILIPP, B..Analytical
methods in cellulose chemistry. Zellst. Pap.section 3,8”, 1978, v.5, p.207-210.
8 ABREU, H. S.; OERTEL. A. C. Estudo químico da Lignina de Paullinia rubiginosa.
Cerne, 1999, v.5, p. 52-60.
9 SILVERSTEIN, R. M.; BASSLER, G. C.; MORRILL. T. C. Spectrometric
Identification of Organic Compounds. John Wiley & Sons, Inc. 1979. 3ª edição, p. 65-
140.
33
10 TSUJIYAMA, S.; MIYAMORI, A. Assignment of DSC Thermograms of Wood and
its Components. Department of Forest Science, Faculty of Agriculture, Kyoto
Prefectural University. Kyoto, Thermochimica Acta, 2000. v.351, p. 177-181.
34
Capítulo II
Determinação da Concentração de Agregação
Crítica (CAC) do polieletrólito Carboximetil-
lignina de sódio (CML-Na)
35
2.1 INTRODUÇÃO
2.1.1 Surfactantes
Surfactantes são moléculas anfifílicas, isto é, possuem estrutura peculiar
composta de uma região polar (cabeça polar) e de uma região apolar (cauda
hidrofóbica). Essa natureza dual dos surfactantes é responsável pelos fenômenos de
micelização e adsorção em interfaces reduzindo a tensão superficial. Os surfactantes são
classificados de acordo com a natureza da cabeça polar em aniônicos, catiônicos, não-
iônicos e anfôteros. A parte apolar é constituída de uma ou mais cadeias lineares de
hidrocarbonetos que podem ser de diferentes comprimentos e conter ou não ligações
insaturadas. Existem também surfactantes não lineares, com cadeias ramificadas.
Com o aumento da concentração de surfactantes, há dois efeitos a serem
considerados: Primeiro, leva a um aumento na força iônica da solução, relativo ao
aumento de íons em solução, provocado pela ionização do surfactante, causando uma
diminuição na repulsão eletrostática entre os grupos terminais devido à “blindagem” das
cargas. Segundo, tende a aproximar as cadeias hidrocarbônicas que têm uma natureza
hidrofóbica. Com o aumento da concentração, as forças que contribuem para a
dissolução do surfactante serão superadas por forças que tendem a agregar as partes
hidrofóbicas das moléculas
1
.
Pode-se, a partir daí, considerar dois diferentes cenários, onde, em um deles,
temos: Se a cauda carbônica for suficientemente longa, ocorrerá uma separação
macroscópica; Ou por outro lado, pode ocorrer a formação de micelas. No caso de
formação de micelas, esta concentração é um parâmetro específico para cada surfactante
e é chamada de concentração micelar crítica (cmc)
2
. Vale a pena enfatizar que a
formação de micelas não resulta em fases macroscopicamente visíveis, mas, sim, na
formação de uma fase termodinamicamente estável, um sistema supramolecular
heterogêneo, com moléculas do surfactante agregadas, dissolvidas no volume aquoso
1,3
.
Na verdade, em uma faixa de concentrações muito abaixo da cmc, moléculas do
surfactante podem se concentrar na superfície da solução aquosa, alterando algumas
características dessa solução, como, por exemplo, a tensão superficial
4
.
36
2.1.2 Micelas
Micelas são estruturas dinâmicas, sendo formadas e destruídas constantemente
como demonstradas em estudos cinéticos. O tempo médio de residência de um
monômero em uma micela e o tempo de vida médio de uma micela depende do
comprimento da cauda hidrofóbica do surfactante, sendo que quanto maior a cauda,
mais longos são esses tempos. Para o dodecil sulfato de sódio (SDS), o tempo de
residência médio de um monômero na micela é cerca de 10
-5
s e o tempo de vida médio
das micelas de SDS é de 10
-3
s
5
.
Nas estruturas formadas por surfactantes, conhecidas como micelas normais, a
“cabeça” volta-se para a fase aquosa e a região carbônica fica protegida, formando uma
cavidade apolar. Quando a organização se dá em um meio não aquoso, as micelas
reversas ou invertidas são formadas, sendo que nessa situação a “cabeça” do tensoativo
fica voltada para o interior da micela constituindo um núcleo hidrofílico do agregado
2
.
As micelas são, ainda, responsáveis pela grande maioria das aplicações práticas
de surfactantes nas mais diversas áreas devido à sua importante propriedade de
promover a solubilização de compostos poucos solúveis no meio em que se encontram.
2.1.3 Estrutura Micelar
O modelo clássico para estruturas de micelas proposto por Hartley, em 1939,
sugere que as micelas sejam essencialmente gotículas líquidas de dimensões coloidais
com os grupos polares da molécula de surfactante situados na superfície conforme
representado na figura 14.
Para uma micela normal, a cavidade carbônica interna é conhecida como
Núcleo, enquanto que a região formada pela “cabeça” é hidratada e recebe o nome de
camada de Stern. A região mais externa, formada pelos contra-íons em solução é
conhecida por camada de Gouy-Chapman
2
.
37
Núcleo
Camada de Stern
Gouy-Chapman
Figura 14-Representação esquemática de uma micela esférica. As extremidades
polares são representadas por esferas e as partes hidrofóbicas são representadas por
hastes alongadas
6
.
2.1.4 CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (cmc)
Na cmc, algumas propriedades físicas de uma solução de surfactante sofrem
alterações bruscas em seu comportamento; este fato permite a determinação deste
parâmetro através do acompanhamento do comportamento destas propriedades em
função da concentração do surfactante. Experimentalmente, a cmc pode ser determinada
por uma grande variedade de técnicas
7
, envolvendo medidas de propriedades físicas
tais como: tensão superficial, condutividade, espalhamento de luz, pressão osmótica,
absorção de corantes, índice de refração, e etc.
É importante notar que a magnitude da faixa de concentração correspondente à
cmc, depende da propriedade física que está sendo medida. Existem, portanto,
diferenças sistemáticas entre as várias técnicas para a determinação da cmc. Por
exemplo, uma técnica sensível à mudança na concentração de monômeros (tensão
superficial) ou sensível à concentração de micelas (espalhamento de luz).
38
Neste trabalho, foi preparado um polieletrólito a partir da lignina DEDINI ao
qual se denominou carboximetil lignina de sódio (CML-Na) e, através de fluorescência
utilizando o pireno como sonda, determinou-se sua concentração de agregação crítica
(CAC). Prefere-se utilizar o termo CAC ao termo cmc para o agregado, porque acredita-
se que o polieletrólito CML-Na deve formar agregados irregulares, já que ele não possui
uma cauda hidrofóbica bem definida e, os grupos polares estão distribuídos de forma
aleatória.
39
2.2 OBJETIVOS
Determinar propriedades micelares (concentração de agregação crítica) das
CML-Na, por fluorescência, usando o pireno como sonda, a fim de verificar sua
viabilidade como tensoativo.
40
2.3 EXPERIMENTAL
2.3.1 Procedimentos
2.3.2 Determinação da concentração de agregação crítica (CAC)
Para a estimativa do valor da concentração de agregação crítica (CAC) das
CML-Na, espectros de fluorescência da solução de pireno foram obtidos (λ
exc.
= 334
nm), variando-se a concentração de CML-Na de 0 a 18.10
-3
g. dm
-3
, já que a partir
desssa concentração não foi verificado mais aumento na intensidade de fluorescência.
Os espectros de fluorescência a temperatura ambiente foram obtidos empregando um
espectrofluorímetro HITACHI modelo F-4500. A concentração do pireno foi de 1,0 x
10
-5
mol.dm
-3
. A CAC foi estimada graficando-se a segunda derivada da intensidade de
fluorescência da banda I do monômero com relação à variação de concentração da
CML-Na,
2
I/C
2
, contra a concentração de CML-Na
8
.
41
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
2.4.1 Determinação da concentração de agregação crítica (CAC)
Várias técnicas espectroscópicas e sondas têm sido utilizadas para investigar o
comportamento de macromoléculas em solução, entre elas: espectroscopia UV/Vis,
fluorescência, e RMN. A espectroscopia de fluorescência é particularmente versátil,
devido aos vários aspectos, estáticos e dinâmicos, que podem ser cobertos estudando os
espectros de excitação e emissão, formação de excímeros, tempo de vida, transferência
de energia, etc.
Existem diferentes técnicas que permitem determinar a cmc de um surfactante.
Por exemplo, medidas de absorbância
9
, intensidade de fluorescência de uma molécula
sonda dissolvida
11
, estrutura fina vibrônica da emissão de pireno
10,11
, tensão superficial.
Estudos utilizando pireno como sonda fluorescente, têm recebido atenção
especial
12
. Além de sua baixíssima solubilidade em água
10
, que faz com que o pireno
migre quase que totalmente para regiões hidrofóbicas do sistema, o pireno tem
interessantes propriedades fotofísicas que tornam esta uma molécula eficiente para uso
como molécula sonda.
A propriedade utilizada mais frequentemente na caracterização de sistemas
microeterogêneos é a dependência da intensidade das bandas vibrônicas do espectro do
monômero de pireno com a vizinhança imediata. Seu espectro claramente mostra que as
intensidades da estrutura fina vibracional sofrem perturbações significantes quando a
polaridade do solvente é variada. Dos cinco picos frequentemente observados em
solução, a razão entre os picos I e III, (I
1
/I
3
), é usada para discutir efeitos do micro-
ambiente sobre a emissão de fluorescência do monômero de pireno. Pireno solubilizado
em um ambiente hidrofóbico vai apresentar valores de I
1
/I
3
menores do que pireno
solubilizado em um ambiente polar
4
.
A razão entre as intensidades dos picos na estrutura vibracional do espectro de
emissão, I
1
/I
3
, mede a polaridade do meio onde a sonda está localizada. São esperados
valores altos para a razão I
1
/I
3
, próximos a 1,8
4
, para o pireno em um meio polar, como
soluções aquosas.
42
2.4.2 Estimativa da concentração de agregação crítica (CAC)
A figura 15 apresenta a variação observada na intensidade de fluorescência do
pireno com o aumento da concentração de CML-Na.
360 400 440
0
300
600
0,0 g.dm
-3
2,0 x 10
-3
g.dm
-3
4,0 x 10
-3
g.dm
-3
6,0 x 10
-3
g.dm
-3
8,0 x 10
-3
g.dm
-3
10,0 x 10
-3
g.dm
-3
12,0 x 10
-3
g.dm
-3
14,0 x 10
-3
g.dm
-3
16,0 x 10
-3
g.dm
-3
18,0 x 10
-3
g.dm
-3
Intensidade
Comprimento de Onda (nm)
Excímero
I
II
III
Figura 15-Espectro de fluorescência do composto pireno à concentração de 1,0 x10
-5
mol.dm
-3
, à, diferentes concentrações de CML-Na ( λ
exc
. = 334nm).
Há, inicialmente, uma relação direta entre a intensidade de fluorescência do
pireno, e a concentração de CML-Na. No entanto, a taxa de incremento da intensidade
de fluorescência tende a diminuir à medida que a concentração de CML-Na cresce no
meio, até tender a uma taxa nula. Nesta região define-se a concentração de agregação
crítica (CAC).
A figura 16 apresenta a relação obtida entre a intensidade de fluorescência da
banda I e a concentração de CML-Na.
43
0 5 10 15 20 25 30
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
Intensidade da banda I
[CML-Na] x 10
3
(g.dm
-3
)
Figura 16-Relação obtida entre a intensidade de fluorescência a 334nm para soluções
de Pireno de concentração 1,0 x10
-5
mol.dm
-3
, variando-se a concentração de CML-
Na, em meio aquoso.
A estimativa do valor da CAC feita analisando a mudança na inclinação da curva
intensidade de fluorescência versus [CML-Na] não é muito segura. Em vista disso, essa
estimativa não foi considerada. Entretanto, a partir da relação entre a segunda derivada
da intensidade de fluorescência e a concentração de CML-Na,
2
I/C
2
, versus
concentração de CML-Na, foi possível obter um valor mais preciso para as CAC
2
.
A figura 17 apresenta a curva relativa à segunda derivada da curva formada pelos
pontos da figura 16.
44
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
[CML-Na]x10
3
(g.dm
-3
)
Figura 17-Curva
2
I/C
2
a 372,5 nm versus concentração de CML-Na, para soluções
de Pireno de concentração 1,0 x10
-5
mol.dm
-3
. As medidas foram feitas em meio
aquoso.
Todas as CML-Na produzidas em nosso laboratório obtiveram valores próximos
de concentração de agregação crítica (CAC), em torno de (1,4 ± 0,2) x10
-2
g.dm
-3
.
No intervalo de concentração de surfactante próximo da CAC o sítio de solubilização da
sonda começa a mudar. Um aumento na intensidade de emissão do excímero de pireno
pode ser observado em seu máximo de emissão em 475 nm. O máximo de emissão é
coincidente com a região onde a sonda começa a mudar de ambiente, como evidenciado
pela mudança na razão I
1
/I
3
. Esses resultados indicam que antes da formação das
micelas, a sonda migra do meio aquoso para um ambiente mais hidrofóbico formado
pela agregação das moléculas de surfactante, que não caracterizam neste estágio uma
estrutura de micela (agregado). Como a concentração desses pré-agregados é
inicialmente baixa, mais de uma molécula de pireno pode estar presente em cada
agregado, dando surgimento à emissão do excímero
4
. A adição de quantidades maiores
de surfactantes vai aumentar a concentração de pré-agregados e seu número de
agregação, até a formação de micelas (agregados) verdadeiras, permitindo que as
45
moléculas de pireno sejam redistribuídas de modo que o sistema fique apenas com
agregados vazios e ocupados no máximo por uma molécula de pireno.
A figura 18 mostra a intensidade de fluorescência do excímero versus a
concentração de CML-Na.
0 5 10 15 20 25 30
4
6
8
10
12
14
16
18
Intensidade do excímero
[CML-Na] x10
3
(g.dm
-3
)
Figura 18-Intensidade de emissão de fluorescência do excímero, em diferentes
concentrações de CML-Na
.
A razão entre as intensidades das bandas I e III do pireno, em função da
concentração de CML-Na, apresentou um comportamento diferenciado para todas as
CML-Na produzidas, comparado ao comportamento do pireno em função do dodecil
sulfato de sódio (SDS)
4
. Enquanto que o valor da razão I
I
/I
III
diminui com o aumento da
concentração de SDS, com todas as CML-Na produzidas, o valor da relação entre as
bandas I e III aumenta com o aumento da [CML-Na]. A figura 19 mostra essa variação.
46
-2 0 2 4 6 8 101214161820
1,64
1,66
1,68
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
1,84
I
I
/ I
III
[CML-Na]x10
3
(g.dm
-3
)
Figura 19-Relação das bandas I e III do pireno em diferentes concentrações de CML-
Na produzidas a partir da lignina DEDINI.
Esse aumento da relação das bandas I e III com o aumento da [CML-Na],
confirma um aumento na polaridade do meio onde a sonda se encontra alojada antes da
formação do agregado verdadeiro. Para todas as CML-Na verifica-se uma variação
nessa relação das bandas, em algumas faixas de concentração de CML-Na, isto indica
que deve ocorrer mudanças constantes no sítio de polaridade onde a sonda se encontra.
Verifica-se, no entanto que esta razão esta sempre oscilando em torno de 1,74, o que era
previsto para um meio polar como uma solução aquosa
4
.
Um fator que deve ser levado em conta para este tipo de comportamento
oscilante da relação das bandas I e III, é o caráter diferenciado do polieletrólito aniônico
formado na matriz da lignina DEDINI. Ao carboximetilar a lignina, introduz-se grupos
polares em posições aleatórias na matriz da lignina. Enquanto no SDS verifica-se um
comportamento homogêneo devido a grande diferença no posicionamento do grupo
polar em relação à cadeia apolar hidrocarbônica alifática, o que leva a proposição de um
modelo esferiforme de micela
4
. A CML-Na deve produzir enovelamentos criando
microrregiões polares, que retêm a água no seu interior. Isto explica o comportamento
47
da relação de bandas I/III que hora cresce indicando um aumento na polaridade do sítio
onde se encontra a sonda fluorescente, hora decresce indicando queda na polaridade do
sítio.
Independentemente deste comportamento aleatório, em todas as amostras, a
concentração de agregação crítica é estabelecida quando ocorre uma descontinuidade na
propriedade físico-química medida. Isto se dá a partir de uma determinada CAC do
polieletrólito, cuja confirmação é o comportamento da banda de fluorescência isolada
do excímero e da banda I
8
.
48
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 STAM, V.; DEPAEMELAERE, S.; SCHRYVER, D.; FRANS, C. Journal Chemistry
Education. Micellar aggregation numbers. A fluorescence study, v.75, p.93-98, 1998.
2 PAULA, Rodrigo de. Aplicação de uma cumarina como sonda fluorescente e
caracterização fotofísica e espectrométrica de três análogos de psolareno em meios
homogêneo e microheterogêneo. 2003. Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto
de química de Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2003.
3 OLIVEIRA, H. P. M. de.; GEHLEN, M. H.; Langmuir: The ACS Journal of surfaces
and colloids.Characterization of mixed micelles of sodium dodecyl sulfate and
tetraoxyethylene dodecyl ether in aqueous solution: Columbus (USA),v.18, p3792-
3796, 2002.
4 SENA, G. L. Caracterização fotofísica de sistemas microheterogêneos.1999. Tese
(Doutorado) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade Federal de São Paulo,
São Carlos, 1999.
5 LINDMAN, B.; WENNERSTROM, H. inSolution Behavior of Surfactants
Theoretical and Applied Aspects. Ed. K.L. Mittal and E.J. Fendler. 1982, v.1.
6 MATERIALS DIGITAL LIBRARY. Lab for Computational Nanoscience and Soft
Matter Simulation. Disponível em <
http://repository.matdl.org/handle/1862/1629?mode=full> . Acesso em: 26 de outubro
de 2005.
7 MUKERJEE, P.; MYSELS, K. J. Critical Micelle Concentration of Aqueous
Surfactant Systems. National Standard reference data systems (NSRDS): Washington,
v.36, 1971.
49
8 MELO, E. I. Caracterização do polieletrólito aniônico, CMC-Na, produzido a partir
de bagaço de cana-de-açúcar in natura, polpa e polpa branqueada. 2003. Dissertação
(Mestrado em Química) – Instituto de Química de Uberlândia, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2003.
9 FURTON, K. G.; NORELUS, A. J. A novel colorimetric method for determining the
critical micelle concentration of aqueous surfactant solutions. Journal Chemistry
Education, v.70, p.254-257, 1993.
10 KALYANASUNDARAM, K.; THOMAS, J. K. Environmental effects on vibronic
band intensities in pyrene monomer fluorescence and their application in studies de
micellar systems. Journal Am. Chemistry Soc. V.99, p.2039-2044, 1977.
11 VAN , S. J.; WITTOUCK, N.; ALMGREM, M.; DE SHYVER, F. C.; MIGUEL, M.
da G. The role of polymer flexibility on the interaction with surfactant micelle
interactions studied by dynamic fluorescence quenching. Canadian journal Chemistry,
v.73, p.1765-1772, 1995.
12 WINNIK, F. M. Photophysics of preassociated pyrenes in aqueous polymer
solutions and in other organized media. Chemical Reviews, v.93, n.2, p.587-614, 1993.
50
Capítulo III
Dopagem de matrizes poliméricas (CML-Na) com
íons neodímio (Nd
+3
)
51
3.1 INTRODUÇÃO
3.1.1 Dopagem de matrizes Poliméricas
O estudo de novas matrizes hospedeiras para os íons terras raras, teve um grande
impulso pelo interesse na área de telecomunicações. Em 1977, as fibras óticas foram
utilizadas pela primeira vez em circuitos de telefonia. A partir desta data a pesquisa na
melhoria da qualidade dessas fibras e a busca por novos materiais têm aumentado.
Desde o início, as fibras empregadas nas redes de comunicação são de sílica (SiO
2
),
apesar de existir fibras de polímeros, que possuem um custo mais baixo e são mais
fáceis de produzir. Ainda assim, as fibras de SiO
2
possuem características melhores.
Para a transmissão dos sinais, nestas fibras, são empregados lasers com emissões em
850, 1300, 1380 e 1550 nm
8
. Entretanto, matrizes constituídas de polímeros iônicos
podem ser uma alternativa viável para hospedar os íons terras raras (TR).
Os espectros de absorção das terras-raras são úteis tanto para determinação
qualitativa como para análise quantitativa desses elementos. Eles, às vezes, são
utilizados como traçadores biológicos para acompanhar o caminho percorrido por
medicamentos em seres humanos e animais. Essa aplicação deve-se ao fato das terras-
raras serem facilmente localizadas no organismo, por meios de técnicas
espectroscópicas, pois suas bandas são muito finas e características. Por outro lado, as
aplicações desses elementos devem-se às intensas emissões quase monocromáticas
quando se encontram diluídos em redes hospedeiras adequadas. Frequentemente esses
hospedeiros são terras-raras que possuem 0, 7 ou 14 elétrons na camada 4f, e
compreendem o ítrio e lantânio, gadolínio e lutécio. Por exemplo: os televisores em
cores, empregam o oxissulfeto de ítrio dopado com Eu
3+
(Y
2
O
2
S:Eu
3+
) para produzir a
cor vermelha
9
.
52
3.1.2 Neodímio (Nd)
O neodímio apresenta número atômico 60 e uma configuração eletrônica 4f
4
6s
2
.
Ele pode ser encontrado em três estados de oxidação: 2+ (4f
4
, no NdI
2
), 3+ (4f
3
na
maioria dos compostos) e 4+ (4f
2
, no CS
3
NdF
7
).
Os íons terras-raras têm uma longa história de aplicação ótica, e dentre eles o que
mais se destacou, como meio ativo para laser, foi o Nd
3+
. Embora não tenha sido o
primeiro a emitir luz em um sólido, o neodímio tornou-se o mais importante ativador de
lasers.
Para uma melhor compreensão dos lasers de Nd
3+
, é necessária certa
familiaridade com a estrutura dos níveis de energia desse íon. A figura 20 apresenta o
diagrama dos níveis de energia para o Nd
3+
.
0
4
I
9/2
4
I
11/2
4900
4
I
13/2
2400
4
I
15/2
1700
880
4
F
3/2
Transições Laseres
Convencionais
800
2
H
9/2
4
F
5/2
750
4
S
3/2
4
F
7/2
680
630
4
F
9/2
2
H
11/2
580
2
G
7/2
4
G
5/2
520
2
K
13/2
4
G
7/2
4
G
9/2
ENERGIA (nm)
2
K
15/2
2
D
3/2
2
G
9/2
4
G
11/2
2
P
1/2
2
D
5/2
Figura 20-Diagrama dos níveis de energia para o íon Nd
3+
53
O estado fundamental apresenta uma configuração
4
I
9/2
e a absorção de luz ocorre
desse estado para vários níveis excitados. O íon excitado relaxa via transições radiativas
ou não radiativas para o nível de laser
4
F
3/2
. Este possui um tempo de vida da ordem de
200-1100 µs. O nível
4
F
3/2
decai radiativamente através de quatro transições lasers:
4
F
3/2
4
I
15/2
( 1500 nm);
4
F
3/2
4
I
13/2
( 1350 nm);
4
F
3/2
4
I
11/2
( 1060 nm); e
4
F
3/2
4
I
9/2
( 880 nm), sendo que a primeira dificilmente é observada devido à relaxação-
cruzada no Nd
+3
11
.
O íon Nd
+3
possui absorção na região de 800 nm (
4
I
9/2
4
F
5/2 +
2
H
9/2
), o que
possibilita a construção de um laser bombeado por laser de diodo
12
. Outra absorção
característica do neodímio ocorre 580 nm (
4
I
9/2
4
G
5/2
+
2
G
7/2
).
De uma matriz para outra pode haver deslocamento, alargamento ou
estreitamento das bandas de absorção ou emissão do íon. Isso ocorre devido ao
desdobramento e deslocamento dos níveis de energia do íon luminescente pelo campo
ligante no qual o íon está inserido.
As posições da maioria das bandas de absorção e emissão do íon são muito
semelhantes na maioria das matrizes. As interações íons-matrizes influenciam
diretamente nas intensidades e nos desdobramentos das bandas e estas interações não
podem ser consideradas uma propriedade intrínseca do íon.
Em nosso grupo utilizou-se o polieletrólito carboximetil-lignina de sódio como
matriz polimérica para ser dopado com o íon neodímio. Para tentar confirmar a
complexação com o íon terra-rara (Nd
+3
) do polieletrólito carboximetil lignina de sódio
(CML-Na), fez-se a caracterização deste complexo por espectroscopia na região do
infravermelho (IVTF), UV/Visível e análise térmica (DSC).
Propriedades ópticas de matrizes poliméricas dopadas com íons de terras raras
têm sido estudadas em vista de aplicações tecnológicas em dispositivos fotônicos
2-5
.
Recentemente foi observada eletroluminescência de diodos polímeros emissores de luz
através do complexo de terfenil neodímio em blendas de poli
(dioctifluorenocobenzotiazol) e lissamina-funcionalizada
6
. Temos estudado o efeito de
complexação de neodímio em filmes de poliestireno sulfonato de sódio (PSS-Na), após
sua protonação por troca iônica em coluna de Amberlite IR-120, e mistura de soluções
aquosas de PPS-H e nitrato de neodímio nas proporções apropriadas, após evaporação
do solvente
7
. Nestes estudos temos demonstrado que a incorporação do íon neodímio
na matriz polimérica (Nd-PSS ) não altera significativamente a estrutura eletrônica
54
interna do íon Nd
+3
, podendo se constituir em um dopante com alta seletividade dentro
do material.
A síntese de macromoléculas de lignina dopadas com íons de terras raras abre
caminho para a introdução de outros metais e uma série de novos materiais baseados
neste resíduo vegetal.
55
3.2 OBJETIVOS
Verificar a viabilidade de se produzir filmes utilizando CML-Na complexada
com íons neodímio (Nd
+3
), em vista de aplicações tecnológicas em dispositivos
fotônicos.
Caracterização dos filmes complexados com neodímio por espectroscopia na
região do UV/visível no estado fundamental (absorção), e excitados (excitação e
emissão de fluorescência) e na região do infravermelho (IVTF) na identificação das
principais bandas.
Caracterização destes complexos e da CML-Na utilizando análise térmica
(DSC), a fim de confirmar a ocorrência das reações.
56
3.3 EXPERIMENTAL
3.3.1 Procedimentos
3.3.2 IVTF
Os espectros de IV foram obtidos em aparelho IVTF Spectrum 1000 – Perkin-
Elmer. As amostras foram prensadas na forma de pastilhas de KBr na proporção de
100:1 KBr/amostra. As amostras foram secas por 12 h, numa temperatura de 60º C, e
colocadas em um dessecador contendo CaCl
2
.
3.3.3 UV/VISIVEL
Foram preparadas amostras sólidas de CML-Nd, CML-H, lignina DEDINI,
CML-Polidimetildialilamônio, CML-Na e, os espectros de absorção na região do UV-
Vis foram obtidos em um espectrofotômetro UV-VIS Recording Spectrophotometer,
Model UV-2501 PC-Shimadzu.
Para as amostra sólidas foram feitos espectros de reflectância transformados para
absorbância por Kubelka-Munk utilizando o mesmo espectrofotômetro.
3.3.4 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
O DSC foi feito usando um equipamento DSC SP Rheometric Scientific.
Amostras na forma de pó de lignina DEDINI, CML-Na e CML-Nd com massas de
aproximadamente 5 mg foram pesadas e colocadas em porta amostras de alumínio
apropriadas para serem analisadas. As amostras foram aquecidas de uma temperatura de
45º C até 500º C a uma velocidade de 5º C.min
-1
sob um fluxo de nitrogênio de 20
mL.min
-1
.
57
3.3.5 Reação de Protonação da CML-Na
Para realizar a reação de protonação, pesou-se 1g de CML-Na e, utilizando-se
um agitador magnético preparou-se uma solução aquosa de 200 mL. Utilizando-se uma
bureta de 25 mL titulou-se a solução de CML-Na com HCl em excesso.O produto
obtido foi lavado com água destilada em um filtro sinterizado Nº: 4 utilizando-se uma
bomba de vácuo até retirar totalmente o NaCl formado na reação. O filtrado então foi
levado a um forno e deixado secar a uma temperatura de 80º C até massa constante. O
produto obtido ao contrário da CML-Na inicial é totalmente insolúvel em água. Esta
reação está representada na figura 19.
3.3.6 Reação de complexação da CML-Na com íons Nd
+3
Foi realizada também a reação da CML-Na com o sal nitrato de neodímio
Nd(NO
3
)
3
, para formar um complexo que nós denominamos de Carboximetil-lignina de
neodímio (CML-Nd). O complexo formado também é insolúvel em água.
Preparou-se uma solução aquosa de CML-Na com volume 15 mL e concentração
molar igual a 15 mol.dm
-3
. Preparou-se então uma solução de Nitrato de Neodímio
Nd(NO
3
)
3
de volume 2,5 mL e concentração molar 0,7838 mol.dm
-3
e, utilizando um
agitador magnético reagiu-se as soluções, à temperatura ambiente. Observou-se um
repentino aumento na viscosidade da solução. A solução obtida foi filtrada à vácuo com
filtro sinterizado. O filtrado foi então lavado com água destilada várias vezes para
eliminar o nitrato de sódio produzido durante a reação. O complexo foi secado em um
forno à uma temperatura de aproximadamente 80º C. Logo após foi transferido para
uma câmara de vácuo e deixado até massa constante.
Como o Nd(NO
3
)
3
é um sal extremamente higroscópico preparou-se uma curva
padrão para determinar exatamente a concentração da solução nitrato de neodímio a ser
utilizada. Uma possível representação da reação de complexação da CML-Na com os
íons Nd
+3
está representada na figura 22.
58
O
-
O
CH
3
CH
3
O
O
O
OH
O
-
O
-
Na
+
HCl
OHO
CH
3
CH
3
O
O
O
OH
O
-
O
-
+
NaCl
CML-Na
CML-H
Reação de Protonação
Lignina
lignina
lignina
lignina
Figura 21-Reação de protonação
da CML-Na
59
Reação de Complexação
O
-
O
CH
3
CH
3
O
O
O
OH
O
-
OH
Na
+
LI
Li
Nd(NO
3
)
3
O
-
CH
3
CH
3
O
O
OO
OH
O
-
OH
Nd
3+
NaNO
3
+
CML-Na
CML-Nd
Li
Li
lignina
lignina
lignina
OH
O
-
OH
CH
3
CH
3
O
O
OO
O
-
O
OH
OH
O
-
CH
3
CH
3
O
OO
O
-
O
-
O
CH
3
CH
3
O
OO
OH
O
-
OH
Nd
3+
Figura 22-Provável reação de complexação
da CML-Na com íons neodímio.
60
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.4.1 Caracterização dos Compostos CML-H, CML-Nd e CML-
Polidimetildialilamônio por IVTF.
Para caracterizar os produtos CML-H, CML-Nd e CML com
Polidimetildialilamônio foram feitos espectros de infravermelho e UV/Visível de todos
eles e, as principais bandas foram analisadas e listadas a seguir:
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
29.025
30.017
31.149
31.910
T%
Comprimento de onda (cm
-1
)
1418
1711
1585
674
586
1220
1120
1604
3441 3426
Poli-L-Nd_ _ _
Poli-L-H_____
Figura 23-Espectro na região de infravermelho da CML-H junto com espectro da
CML-Nd
.
61
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
29.024
30.016
31.148
31.909
T%
Comprimento de Onda (cm
-1
)
CML-H
CML-Polidimetil
3438
1711
1604
1622
1215
1110
2929
Figura 24-Espectro na região de infravermelho da CML-H junto com espectro da
CML com polidimetildialilamônio
Pode-se observar tanto na figura 23 quanto na figura 24 que a banda de carbonila
C=O de ácido carboxílico à 1710 cm
-1
só aparece no espectro de CML-H desaparecendo
na CML-Nd e CML com Polidimetil, pois, quando a reação de protonação ocorre, o
metal Na dos grupos –CH
2
COO
-
Na
+
da CML-Na é substituído por prótons H
+
formando
grupos carboxílicos –CH
2
COOH. Já na complexação com os íons Nd
+3
o sódio é
substituído pelo Nd e, na reação com o polidimetildialilamônio também não se formam
grupos carboxílicos, o que nos permite dizer que a substituição realmente parece ter
ocorrido.
A banda intensa vista na figura 23 à aproximadamente 1418 cm
-1
só é vista no
espectro do CML-Nd. Esta banda provavelmente se deve ao estiramento simétrico e
assimétrico de C-O, que ocorre quando um ácido (CML-H) é convertido a sal orgânico
(CML-Nd).
Pode-se ainda observar na figura 23 que a banda referente ao estiramento de OH
em torno de 3430 cm
-1
não varia significativamente após a dopagem com o neodímio.
Isto mostra que a eterificação da lignina não elimina de forma significativa as
hidroxilas, restando, portanto um grande número de hidroxilas presentes na estrutura da
CML-Na. Devemos levar em conta que pelos dados de DS que obtivemos (DS=0,43),
62
implica na existência de um grande número de hidroxilas que não foram substituídas
durante a reação de carboximetilação.
Essas evidências mostram que as reações de protonação e complexação foram
bem sucedidas.
3.4.2 Caracterização por espectroscopia de UV/Visível
Com o intuito de confirmar a ocorrência das reações foram feitos espectros de
UV/Visível da lignina DEDINI, complexo lignina polidimetildialilamônio, CML-Na,
CML-H, CML-Nd e do sal Nd(NO
3
)
3
.
Lignina DHR
CML-Nd
CML-Polidimetil
CML-Na
CML-H
Figuras 25-Espectros de Absorbância (Kubelka-Munk) para Lignina Bruta (DHR),
complexo Lignina-polidialidimetilamônio, CML-Na, CML-H(protonado), CML-Nd
(dopado), comparado com Sal Nd(NO
3
)
3
A lignina bruta, Lignina DHR possui um espectro de absorbância no estado
sólido (espectro de refletância transformado em absorbância por Kubelka-Munk), que
apresenta duas bandas em 300 nm e outra em 380 nm. A derivatização química desta
lignina, não altera significativamente seu espectro de absorção no estado sólido, como
63
pode ser visto na figura 25. No estado sólido (completamente seco), este polieletrólito
sódico de lignina mostrado na figura 25 apresenta uma banda bastante larga na região
que recobre as duas bandas da lignina não modificada, indo de 250 nm a 500 nm. A
complexação deste polieletrólito de lignina com o cloreto de polidimetildialilamônio
(um polieletrólito catiônico solúvel em água), produz um composto insolúvel em água
que absorve menos em comprimentos de onda superiores, tendo um máximo em torno
de 300 nm, absorvendo bem menos na região do visível acima de 400 nm, como se vê
na figura 25.
A reação de complexação com íons Nd
+3
produz um sólido com coloração
menos intensa do que todos os outros. A protonação do polieletrólito de lignina produz
um espectro de absorção que segue o padrão das outras modificações, e da lignina não
modificada, com uma única banda forte em torno de 240 nm e com absorção alta
na região do visível.
Quando este polieletrólito de lignina é dopado com nitrato de neodímio, torna-se
um sólido insolúvel em água. O espectro de absorção na região do UV/ visível mostra
claramente a presença do íon Nd
3+
cujas bandas de absorção em 580 e 800 nm estão
presentes e se referem às transições eletrônicas no visível
4
I
9/2
4
G
5/2
+
2
G
7/2
(580 nm)
e
4
I
9/2
4
F
5/2
+
2
H
9/2
(800nm) (figura 26).
CML-Nd
Figura 26-Espectros de Absorção dos Polímeros de lignina sólidos (Kubelka-Munk):
CML-H, CML-Na, CML-Nd, comparados com o sal de Neodímio [Nd (NO
3
)
3
].
CML-H
CML-Na
Nd(NO
3
)
3
Mais de um pico
64
Pode-se observar na figura 26 que as bandas de absorção do neodímio em 750
nm, 800 nm e 880 nm possuem mais de um pico cada, que é característico de um único
metal. Observando os mesmos sinais no espectro da CML-Nd, vê-se que agora tais
picos se apresentam como uma única banda larga, o que caracteriza o recobrimento de
bandas dos materiais na formação do complexo.
A grande seletividade do íon neodímio se mostra ao excitá-lo em 880 nm, pois,
neste comprimento de onda consegue-se excitar apenas o íon Nd
+3
já que as principais
bandas de absorção da lignina estão abaixo de 800 nm.
65
3.4.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
A análise térmica é um método conveniente e útil para a caracterização de
materiais orgânicos. A figura 27 mostra as exotérmas da lignina DEDINI, CML-Na e do
complexo CML-Nd. Estas exotérmas são atribuídas à degradação destes materiais
13
.
EXO
Figura 27-Curvas DSC da lignina DEDINI, CML-Na e do complexo CML-Nd
Assim como foi visto nas curvas DSC do capítulo I, os resultados encontrados
aqui foram semelhantes àqueles, pois, podemos observar que a incorporação do íon
neodímio na matriz polimérica da lignina também diminuiu a sua temperatura de
degradação, sendo a menor de todas. Neste caso a dopagem se dá pela substituição do
sódio pelo neodímio na CML-Na. Como o neodímio é trivalente, a estrutura provável da
matriz polimérica dopada inclui 3 ligninas para cada íon Nd
+3
(ver figura 22). A queda
provocada nas temperaturas de degradação do material neste caso é de 60º C (de 330º C
a 270º C). Isto pode ser indicativo de que a natureza do metal é importante na
66
degradação do ponto de vista energético, ou seja, no caso do sódio (mono substituído na
matriz polimérica dentro do grupo carboximetil sódico) a queda na temperatura de
degradação foi de 65º C. A simples substituição do metal sódio pelo neodímio diminui
esta energia em mais 60º C na temperatura de degradação
13
. Por outro lado, o calor
liberado no processo de degradação do material não varia significativamente na
formação do polieletrólito CML-Na (76,46 j/g para 106 j/g), mas cresce muito ao
substituir o sódio pelo neodímio (921 j/g). Neste caso a natureza do metal na estrutura
do polieletrólito parece influenciar bastante. Uma possível explicação para a menor
temperatura de degradação da CML-Nd em relação às demais é que, provavelmente, a
ligação entre os 3 grupos carboxi e o íon neodímio é mais fraca que a ligação entre o
sódio e um único grupo carboxi, ocorrendo a quebra dessas ligações a uma temperatura
menor. Com a quebra das ligações neodímio-grupo carboxi, deve ocorrer logo em
seguida à eliminação de CO
2
, que pode gerar outros sítios possíveis de decomposição
térmica e o efeito pode se propagar para o esqueleto da lignina, como observado na
decomposição da CML-Na no capítulo I.
67
3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 MARK, H. F. Polyelectrolytes. In: Kroshwitz, J.I. Encyclopedia de polymer science
and engineering. New York: John. Willey and Sons, v. 17, 1988. p759 .
2 JACQUIER, B: Laser spectroscopy of rare earth-doped glass waveguides, Journal
of alloys and compounds, v.225, p.15-19, 1995.
3 HOMMERICH, U.; NYEIN, E. E.; LEE, D. S.; HEIKENFELD, J.; STECKL, A. J.;
ZAVADA, J. M.: Photoluminescence studies of rare earth (Er, Eu, Tm) in situ doped
GaN, Materials Science and Engineering B, v.105, p.91-96, 2003.
4 PITOIS, C.; VESTBERG, R.; RODLERT, M.; MALMSTROM, E.; HULT, A.;
LINDGREN, M.: Fluorinated dendritic polymers and dendrimers for waveguide
applications, Optical Materials,v.21, p.499-506, 2002.
5 SLOOFF, L. H.; POLMAN, A.; CACIALLI, F.; FRIEND, R. H.; HEBBINK, G. A.;
VEGGEL, F.C.J.M.; REINHOUDT, D.N.: Near- infrared electroluminescence of
polymer light-emitting diodes doped with a lissamine- sensitized Nd
+3
complex,
Applied Physics Letters,v. 78, n.15, p.2122, 2001.
6 SUN, W.; JIANG, L.; WENG, J.; HE, B.; CEN, D.; SHEN, Z.: A novel bithiazole-
tetrathiapentalene polymer and its metal complexes, Reactive & Functional Polymers,
v.55, p.249-254, 2003.
7 SILVA, C. M.; RUGGIERO, R.; CRUZ, W. O.; MARLETTA, A. Near-infrared
emission of Nd-PSS films. Trabalho apresentado no BWSP 2005.
8 HECHT, J. Entendendo Fibras Óticas, Ed. Berkeley: São Paulo, 1993, p.553.
9 MOELER, T.; Comprehensive inorganic chemistry the Chemistry of the Lanthanides.
Chapman & Hall, LTD: London, v.4, p.171, 1973.
68
10 TRIFONOV, D.N.; O Preço da Verdade. Ed. Mir Moscovo: v.16, 1988.
11 MINISCALCO, W.J.; Óptical and Eletronic Properties of Rare Earth Íons in
Glasses: in Rare Earth Doped Fiber Lasers and Amplifiers. Ed. Marcel Dekker: v.44,
1993.
12 PECORARO, E.; NUNES, L. A. O.; SAMPAIO, J. A.; GAMA, S.; BAESSO, M.
L.; Estudo Espectroscópico de Vidros a Base de Aluminato de Cálcio Contendo Nd
+3
.
Química Nova: v.23, n:2, p 161-166, 2000.
13 TSUJIYAMA, S.; MIYAMORI, A. Assignment of DSC Thermograms of Wood and
its Components. Department of Forest Science, Faculty of Agriculture, Kyoto
Prefectural University. Kyoto, Thermochimica Acta, 2000. v.351, p. 177-181.
69
4 CONCLUSÕES
É possível produzir polieletrólitos a partir da lignina de bagaço de cana de
açúcar, com propriedades características interessantes do ponto de vista de aplicações.
A eterificação da lignina na primeira modificação gera um produto solúvel em água que
pode ser também utilizado como agente de transferência de fase na estabilização de
suspensões. A substituição do próton da hidroxila pelo grupo carboxi de sódio, na
reação mostrou um coeficiente de substituição da ordem de 42% baseado na unidade C
9
da lignina. O sistema em solução aquosa produz micelas (ou agregados) acima de
concentração micelar crítica de 14 x 10
-3
g.dm
-3
. A complexação do polieletrólito com o
íon neodímio (Nd
+3
), produz um aglomerado insolúvel, em quantidades
estequiométricas que confirmam o grau de substituição obtido. Medidas
espectroscópicas na faixa do UV/Visível, Infravermelho, mostram a substituição,
confirmados com segurança por medidas de parâmetros térmicos de DSC (Calorimetria
Exploratória Diferencial).
70
5 Sugestões para trabalhos futuros
Fazer a caracterização dos produtos formados (CML-Na, CML-H, CML-Nd),
utilizando técnicas como RMN
13
C e RMN
1
H.
Avaliar através de técnicas apropriadas o tamanho das moléculas de lignina
DHR
Avaliar seu potencial como seqüestrante de metais em solução aquosa.
Avaliar sua utilização como estabilizante de suspensão aquosa de alumina no
processo de fabricação de cerâmicas.
71
6 APÊNDICE
Apêndice/ Espectros de emissão
360 400 440
0
300
600
0,0 g.L
-1
2,0 x 10
-3
g.L
-1
4,0 x 10
-3
g.L
-1
6,0 x 10
-3
g.L
-1
8,0 x 10
-3
g.L
-1
10,0 x 10
-3
g.L
-1
12,0 x 10
-3
g.L
-1
14,0 x 10
-3
g.L
-1
16,0 x 10
-3
g.L
-1
18,0 x 10
-3
g.L
-1
Intensidade
Comprimento de Onda (nm)
Excímero
I
II
III
320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
0,0g.L
-1
2,0.10
-2
g.L
-1
4,0.10
-2
g.L
-1
6,0.10
-2
g.L
-1
8,0.10
-2
g.L
-1
10,0.10
-2
g.L
-1
12,0.10
-2
g.L
-1
14,0.10
-2
g.L
-1
16,0.10
-2
g.L
-1
18,0.10
-2
g.L
-1
Intensidade de Fluorescência
Comprimento de Onda (nm)
Espectro de Emissão do pireno em água com Espectro de Emissão do pireno em água com
diferentes concentrações de CML-Na etanol diferentes concentrações de CML-Na isopropa-
absoluto (04/02) nol (23/02)
320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0,0g.L
-1
2,0.10
-2
g.L
-1
4,0.10
-2
g.L
-1
6,0.10
-2
g.L
-1
8,0.10
-2
g.L
-1
10,0.10
-2
g.L
-1
12,0.10
-2
g.L
-1
14,0.10
-2
g.L
-1
16,0.10
-2
g.L
-1
18,0.10
-2
g.L
-1
Intensidade de Fluorescência
Comprimento de Onda
320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
0,0g.L
-1
2,0.10
-2
g.L
-1
4,0.10
-2
g.L
-1
6,0.10
-2
g.L
-1
8,0.10
-2
g.L
-1
10,0.10
-2
g.L
-1
12,0.10
-2
g.L
-1
14,0.10
-2
g.L
-1
16,0.10
-2
g.L
-1
18,0.10
-2
g.L
-1
Intensidade de Fluorescência
Comprimento de Onda
Espectro de Emissão do pireno em água com Espectro de Emissão do pireno em água
diferentes concentrações de CML-na isopropanol com diferentes concentrações de CML-Na
(03/03) etanol absoluto (04/03)
320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520
0
10
20
30
40
50
60
0,0g.L
-1
2,0.10
-2
g.L
-1
4,0.10
-2
g.L
-1
6,0.10
-2
g.L
-1
8,0.10
-2
g.L
-1
10,0.10
-2
g.L
-1
12,0.10
-2
g.L
-1
14,0.10
-2
g.L
-1
16,0.10
-2
g.L
-1
18,0.10
-2
g.L
-1
Intensidade de Fluorescência
Comprimento de Onda(nm)
360 400 440
0
10
20
30
Intensidade
Comprimento de Onda (nm)
0,0g.L
-1
2,0.10
-2
g.L
-1
4,0.10
-2
g.L
-1
6,0.10
-2
g.L
-1
8,0.10
-2
g.L
-1
10,0.10
-2
g.L
-1
12,0.10
-2
g.L
-1
14,0.10
-2
g.L
-1
16,0.10
-2
g.L
-1
18,0.10
-2
g.L
-1
20,0.10
-2
g.L
-1
22,0.10
-2
g.L
-1
24,0.10
-2
g.L
-1
26,0.10
-2
g.L
-1
28,0.10
-2
g.L
-1
30,0.10
-2
g.L
-1
I
II
Excímero
III
Espectro de Emissão do pireno em água com Espectro de Emissão do pireno em água com
diferentes concentrações de CML-Na isopro diferentes concentrações de CML-Na etanol
panol ( 03/03) absoluto (03/06)
Apêndice/ Espectros IR
72
4000 3000 2000 1000
29.024
30.016
31.148
31.909
Absorbância
Comprimento de Onda (cm
-1
)
CML-H
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
26.531
28.171
29.549
30.379
31.051
Absorbância
Comprimento de Onda
CML-Polidialidimetilamônio
Espectro de infravermelho da carboximetil Espectro de infravermelho da carboximetil
lignina protonada lignina reagida com polidialildimetilamônio
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
43.077
45.958
48.648
50.013
51.096
52.950
Absorbância
Comprimento de Onda (cm
-1
)
CML-Nd
4000 3000 2000 1000
37.263
39.418
43.083
Absorbância
Comprimento de onda (cm
-1
)
CML-Na 2
Espectro de infravermelho da carboximetil
lignina de neodímio Espectro de infravermelho da CML-Na
produzida a partir da lignina DEDINI
em Etanol absoluo
0 1000 2000 3000 4000 5000
25.723
31.472
34.233
35.893
36.859
38.283
Absorbância
Comprimento de Onda (cm
-1
)
CML-Na 3
0 1000 2000 3000 4000 5000
18.055
24.811
29.535
31.116
32.421
33.297
Absorbância
Comprimento de Onda (cm
-1
)
CML-Na 4
Espectro de infravermelho da CML-Na produzida Espectro de infravermelho da CML-Na produ
a partir da lignina DEDINI em isopropanol zida a partir da lignina DEDINI em Etanol
73
0 5 10 15 20 25 30
4
6
8
10
12
14
16
18
Intensidade do excímero
[CML-Na] x10
3
(g.L
-1
)
-202468101214161820
1,64
1,66
1,68
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
1,84
I
I
/ I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Intensidade de fluoresência do excímero de pireno Relação das bandas I e III do pireno em diferen
em diferentes concentrações de CML-Na Etanol tes concentrações de CML-Na Etanol
0246810
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
1,84
I
I
/I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
I
I
/I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Relação das bandas I e III do pireno em diferentes Relação das bandas I e III do pireno em
Concentrações de CML-Na isopropanol diferentes concentrações de CML-Na etanol
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
1,64
1,66
1,68
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
I
I
/I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
1,66
1,68
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
1,84
1,86
1,88
I
I
/I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Relação das bandas I e III do pireno em diferentes Relação das bandas I e III do pireno em di
Concentrações de CML-Na isopropanol ferentes concentrações de CML-Na etanol
74
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
1,68
1,70
1,72
1,74
1,76
1,78
1,80
1,82
1,84
1,86
I
I
/I
III
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
4 6 8 101214161820
-2
0
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Relação das bandas I e III do pireno em diferentes Curva
2
/C
2
a 372,5nm versus concentração
Concentrações de CML-Na isopropanol de CML-Na para soluções de pireno 1x10
-1
Mol.dm
-3
-2 0 2 4 6 8 101214161820
-2
0
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
4 6 8 101214161820
0
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Curva
2
/C
2
a 372,5nm versus concentração Curva
2
/C
2
a 372,5nm versus concentra
De CML-Na, para soluções de pireno 1x10
-5
mol.dm
-3
ção de CML-Na para soluções de pireno
1x10
-5
mol.dm
-3
12 14 16 18 20
-2
0
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Curva
2
/C
2
a 372,5nm versus concentração
De CML-Na para soluções de pireno 1x10
-5
mol.dm
-3
75
14 16 18 20
0
[CML-Na]x10
3
(g.L
-1
)
Curva
2
/C
2
a 372,5 nm versus concentração Espectro de absorção UV/Visível de solução
de CML-Na para soluções de pireno 1x10
-5
mol.dm
-3
aquosa de Nd(NO
3
)
3
Espectro de absorção UV/Visível de amostras sólidas
De CML-Na e CML-Nd
Espectros de absorção UV/Visível de amostras sólidas de
Lignina DEDINI e CML-Na
76
Espectros de absorção UV/Visível de amostras sólidas de
Lignina DEDINI, CML-Na, CML-Nd e CML-H.
Espectros de absorção UV/Visível de amostras sólidas de
Nd(NO
3
)
3
, CML-Nd, CML-H, CML-Polidimetil
Espectros de absorção UV/Visível de amostras sólidas de
Nd(NO
3
)
3
, CML-Nd, CML-Na, CML-H, CML-Poli.
77
200 300 400 500
-4
-2
0
2
4
Fluxo de Calor [mVV]
Temperatura [ºC]
CML-Na
Lignina DEDINI
CML-Nd
Entalpia
921 j/g
Entalpia
76,46 j/g
330ºC
395ºC
270ºC
Entalpia
106 j/g
Curvas de DSC da CML-Na, CML-Nd, Lignina DEDINI
300 400 500
-2
0
2
Fluxo de Calor [mVV]
Temperatura ºC
CML-Na
Lignina DEDINI
330ºC
395ºC
Entalpia
76,46 j/g
Entalpia
106 j/g
Curvas de DSC da CML-Na e Lignina DEDINI
78
7 Produção bibliográfica
7.1 Trabalhos em Eventos
Funcionalização de lignina de bagaço com íons de terras raras, Reinaldo Ruggiero,
Alain Castellan, Alexandre Marletta, Leandro Gustavo da Silva, Inácio Ramos Leite,
Fernando Rosa Gomes e Cristiano Soares de Souza, XIX Encontro Regional da
Sociedade Brasileira de Química, Ouro Preto, MG, novembro de 2005.
Estudo Espectroscópico da Fotoproteção de Fibras de Bagaço de Cana, Reinaldo
Ruggiero, Antonio E. da Hora Machado, Leandro Gustavo da Silva, Renata Faria de
Souza, Cristiano Soares de Souza, Inácio Ramos Leite e Fernando Rosa Gomes, XIX
Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química, Ouro Preto, MG, novembro de
2005.
Estudo de polieletrólito de lignina de bagaço de cana de açúcar como agente
estabilizante de suspensões de alumina, Cristiano Soares de Souza, Bianca Machado
Cerrutti, Elizabete Frollini, Reinaldo Ruggiero e Alain Castellan, 29ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, SP, maio de 2006.
Estudo de lignina modificada de bagaço e dopada com neodímio, por calorimetria
diferencial de varredura (DSC), Cristiano Soares de Souza, Reinaldo Ruggiero,
Elizabete Frollini, Leandro Gustavo da Silva, Fernando Rosa Gomes, Inácio Ramos
Leite, Daniel Alves Cerqueira, Guimes Rodrigues Filho, 29ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, SP, maio de 2006.
79
Livros Grátis
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