Download PDF
ads:
PAPEL DE PRION CELULAR EM MODELOS
EXPERIMENTAIS DE CONVULSÃO E DETECÇÃO DE
POLIMORFISMOS DO GENE PRNP EM PACIENTES
PORTADORES DE EPILEPSIAS
MICHELE CHRISTINE LANDEMBERGER
Tese apresentada à Fundação Antônio
Prudente para a obtenção do título de
Doutor em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientadora: Dra. Vilma Regina Martins
Co-Orientador: Prof. Dr. Roger Walz
São Paulo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do Centro de Tratamento e Pesquisa
Hospital do Câncer A.C. Camargo
Landemberger, Michele Christine
Papel de prion celular em modelos experimentais de convulsão e
detecção de polimorfismos do gene PRNP em pacientes portadores de
epilepsias / Michele Christine Landemberger -- São Paulo, 2006.
99p.
Tese (doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências-Área de concentração: Oncologia.
Orientadora: Vilma Regina Martins
Descritores: 1. EPILEPSIA/genética. 2. POLIMOSRFISMO GENÉTICO. 3.
PRION. 4. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA.
ads:
NÃO EXISTE UM CAMINHO PARA A FELICIDADE
A FELICIDADE É O CAMINHO
(GANDHI)
A persepção do desconhecido é a mais bela experiência que podemos viver
É a verdadeira fonte de toda arte e ciência
Aquele que nunca sentiu essa emoção, que não consegue mais se deslumbrar,
Tem os olhos fechados para a vida,
Os sentidos anestesiados, como num coma.
Somente nossa intuição mais profunda é capaz de perceber
Que o impenetrável existe e se manifesta
Na mais radiante beleza e na mais alta sabedoria.
(Albert Einstein)
DEDICATÓRIA
À minha mãe Marly Landemberger
Pelo apoio incondicional em todas as etapas de minha vida...
Pelo amor, carinho e compreensão sempre...
Pelo exemplo de força e perseverança mesmo nos momentos mais
difíceis de nossa jornada....
Pela educação e ensinamentos que me fizeram ser quem eu sou...
A você MÃE
Muito Obrigada
Eu não teria chegado aqui sem você
MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS
À Dra. Vilma Martins pela oportunidade e confiança em todos estes anos. Por tudo
que me ensinou de Ciência e de vida.
Ao meu co-orientador e amigo Prof. Dr. Roger Walz, um exemplo para mim.
Ao Silvio Zanata pelo grande incentivo e por tudo que me ensinou durante minha
IC.
Ao Prof. Ricardo Brentani a quem tenho enorme adimiração e que me deu o
privilégio de discutir muitos experimentos.
Ao Dr. Luiz Fernando Lima Reis pela excelência de nossa pós-graduação e pelo
grande apoio durante o curso de Bio Mol.
À Diretora do Instituto Ludwig Dra. Luisa Villa pelo esforço para manter a nossa
filial.
Aos queridos amigos do BCM – Cinthia e Cleiton pelo enorme carinho, Flavio,
Tiago e Gabriel pelas boas risadas, Mari e Glau por toda a ajuda científica,
Pamela, Zanith, Camila e Evânia pelo convívio.
Aos amigos do Lab vizinho: Fabio, Fabrício, Andréa e Simone.
As secretárias Eliane, Aline, Stella e Birgit por toda a ajuda que me deram.
À amiga Roseli Ziola pelo apoio e amizade.
Aos amigos antigos do Ludwig, Adriana Mercadante, Adriana Freitas, Kil,
Regina Nomizo, Angelita, Ana Lucia, Luiz, Mônica e Beatriz Stolf.
Aos Bioteristas Sr. João, Éder, Wanderley e Oraci.
Ao Carlinhos, Severino e Sueli pelo apoio técnico.
Aos funcionários da Administração, serviços gerais e manutenção pela eficiência.
Aos demais pesquisadores e colegas do Instituto Ludwig por todos estes
maravilhosos anos de convivência.
À Dra. Karina pela ajuda com as análises estatísticas.
Ao pessoal da pós-graduação.
Ao pessoal da Biblioteca, especialmente a Suely pelo suporte com a TESE.
Aos Drs. Bruce Chesebro e Giovanna Mallucci pelos animais usados neste
trabalho.
Ao Dr. Américo Sakamoto pelas amostras de pacientes.
Ao Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer e ao Hospital do Câncer por
todo o suporte técnico durante minha permanência de quase 7 anos.
À FAPESP, principal financiadora deste trabalho.
À Raquelzinha pela imensa paciência na minha IC.
Aos amigos de RP Érica e Bruno.
Ao meu psiquiatra predileto Ricardo Guarnieri.
Ao Iguatemi e Diogo, pelo exemplo de amor a Ciência.
À Professora Yukie por acreditar em mim.
As amigas: Fernanda, Carine, Wanda e Yonne.
Ao Tio Odair e a Fátima
Aos meus queridos avós sempre presentes em meu coração: Olga e Umberto,
Aparecida e Mauro.
À minha querida MÃE que moldou meu caráter e investiu em minha educação.
A TODOS que de alguma forma contribuíram para meu desenvolvimento pessoal e
profissional.
RESUMO
Landemberger MC. Papel de prion celular em modelos experimentais de
convulsão e detecção de polimorfismos do gene PRNP em pacientes portadores
de epilepsias. São Paulo; 2006. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente]
Prion celular (PrP
c
) é uma glicoproteína expressa em neurônios e nas células
da glia. É muito conservada entre as espécies e sua função celular tem sido
intensamente estudada nas últimas décadas. Nosso grupo mostrou que PrP
c
é capaz
de promover adesão e diferenciação neuronais e proteger contra morte celular,
através de sua associação a laminina e a STI1. No presente trabalho avaliamos a
sensibilidade aos agentes convulsivantes ácido caínico (KA) e pentilenotetrazol
(PTZ) em diferentes linhagens de animais knockout e transgênicos para PrP
c
. A
depleção de PrP
c
leva a uma maior sensibilidade a crises convulsivas induzidas por
KA ou por PTZ de maneira independente do background genético do animal. A
maior sensibilidade foi observada tanto nos animais que não expressam a proteína
desde o período embrionário quanto naqueles onde o gene de PrP
c
foi desligado
apenas nos neurônios no período pós-natal, indicando que este fenótipo é causado
por uma disfunção neuronal e não por um déficit de desenvolvimento. A presença de
apenas uma cópia do gene de PrP
c
foi capaz de reverter o baixo limiar para
convulsão dos animais knockout, enquanto que a superexpressão de PrP
c
levou a uma
alta resistência às convulsões induzidas farmacologicamente. Portanto, o limiar de
convulsão parece estar diretamente associado com as concentrações celulares de
PrP
c
. A plausibilidade biológica destes resultados levou-nos a investigar prevalência
de variantes alélicas no gene que codifica PrP
c
(PRNP) em pacientes com epilepsias
focais e generalizadas primárias e comparar com controles hígidos. Para isso,
validamos a padronização da técnica de DHPLC (cromatografia de fase líquida
denaturante) que foi capaz de detectar adequadamente a presença de polimorfismos
do gene PRNP em todas as amostras estudadas. A análise preliminar mostrou que há
uma maior freqüência do polimorfismo para valina em homozigose no códon 129
entre pacientes do que nos controles. Uma análise detalhada incluindo a
estratificação dos pacientes de acordo com o diagnóstico preciso das síndromes
epilépticas bem como a correlação do genótipo e variáveis clínicas e demográficas é
um ponto a ser investigado futuramente.
SUMMARY
Landemberger MC. [The role of cellular prion in models of experimental seizure
and evaluation of PRNP gene polymorphisms in patients with epilepsy]. São
Paulo; 2006. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente]
Cellular prion protein (PrP
c
) is a glycoprotein expressed in neurons and glia.
It is highly conserved among species and its function is being consistently studied in
the last decades. Our group showed that PrP
c
can promote neuronal adhesion and
differentiation and protects against cell death through its association with laminin
and STI1. In the present study, we evaluated the sensibility of different Prnp
knockout and transgenic mice overexpressig PrP
c
, to seizures induced by Kainic acid
(KA) and Pentylenetetrazol (PTZ). The absence of PrP
c
leads to a higher sensibility
to seizures induced by these two drugs despite of the animal genetic background. The
elevated sensibility was observed both in the animals that do not express the protein
since the embryonic period as well as in those where the PrP
c
was switched off only
in the neurons at the post-natal period. Thus, indicating that this phenotype is caused
by a neuronal dysfunction and not by a development deficit. The presence of just one
Prnp allele was capable of reverting de lower seizure threshold observed in Prnp
knockout mice, whereas PrP
c
overexpression leads to a higher resistance to
pharmacological-induced seizures. Therefore, the seizure threshold seems to be
directly associated to PrP
c
cellular concentrations. The biological relevance of these
results leads us to investigate de presence of PRNP allelic variants in patients with
different forms of epilepsy. Firstly, we validated the DHPLC (Denaturing High
Performance Liquid chromatography) technique that was able to efficiently detect
the PRNP polymorphisms in all samples that were evaluated. The preliminary
analysis demonstrated a higher frequency of valine homozygozity at códon 129 when
patients were compared to controls. A more detailed evaluation including patients´
diagnosis, clinical and demographic parameters will be performed in order to
correlate them with PRNP variant alleles.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema de acasalamentos dos animais ZPrnp
0/0
, ZPrnp
+/+
e Tg20. 39
Figura 2 Esquema de acasalamentos dos animais EPrnp
-/-
, EPrnp
+/+
e E Prnp
+/-
40
Figura 3 Esquema de acasalamento dos animais nocautes pós-natal. 41
Figura 4 Western Blot para quantificação de PrPc no cérebro das cepas usadas
neste estudo. 42
Figura 5 Curva dose resposta de KA em animais ZPrnp
0/0
, C57/BL6J, ZPrnp
+/+
e Tg20. 45
Figura 6 Convulsão induzida por KA nas linhagens EPrnp e knockouts pós-
Natal. 49
Figura 7 Convulsão induzida por PTZ em diferentes linhagens de camundongos
knockout para Prnp ou transgênicos que superexpressam Prnp. 56
Figura 8 Perfil de DHPLC para o protótipo e depleção de um octarepeat em
PRNP. 61
Figura 9 Perfil de DHPLC das variantes alélicas A117A sil e M129V de PNRP. 62
Figura 10 Perfil de DHPLC das variantes alélicas G124G sil e M129V de PRNP. 63
Figura 11 Perfil de DHPLC da variante alélica N171S de PRNP. 64
Figura 12 Eletroesferogramas do seqüenciamento de PRNP na região do códon
129. 64
Figura 13 Eletroesferogramas do seqüenciamento de PRNP na região do códon
171. 66
Figura 14 Digestão da ORF de PRNP com enzimas de restrição para caracterização
de variantes alélicas nos códons 117, 129 e 171. 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Mutações descritas no gene PRNP. 15
Tabela 2 Principais polimorfismos descritos para o gene PRNP. 15
Tabela 3 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com KA usando o animal EPrnp
+/+
como parâmetro. 47
Tabela 4 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com KA usando o animal EPrnp
+/-
como parâmetro. 47
Tabela 5 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
fêmeas
tratadas com KA usando o animal EPrnp
+/+
como parâmetro. 47
Tabela 6 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
fêmeas tratadas com KA usando o animal EPrnp
+/-
como parâmetro. 47
Tabela 7 Descrição da semiologia das crises convulsivas induzidas pelo
tratamento com KA nos camundongos usados neste estudo. 53
Tabela 8 Análise estatística dos animais ZPrnp
+/+
, ZPrnp
0/0
e C57/BL6J
machos tratados com PTZ que morreram usando o animal ZPrnp
+/+
como parâmetro. 57
Tabela 9 Análise estatística dos animais ZPrnp
+/+
, ZPrnp
0/0
e C57/BL6J
machos tratados com PTZ que morreram usando o animal
C57/BL6J como parâmetro. 57
Tabela 10 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos tratados com PTZ que morreram usando o animal EPrnp
+/+
como
parâmetro. 57
Tabela 11 Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com PTZ que morreram usando o animal EPrnp
+/-
como
parâmetro. 58
Tabela 12 Análise estatística dos animais nocautes pós-natal e seus
respectivos controles machos tratados com PTZ que morreram usando
o animal Tg46* como parâmetro. 58
Tabela 13 Análise estatística dos animais nocautes pós-natal e seus respectivos
controles machos tratados com PTZ que morreram usando o animal
CreTg37 como parâmetro. 58
Tabela 14 Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95%
para epilepsia (n= 270) de acordo com a presença das variantes alélicas
do gene PRNP. 70
Tabela 15 Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95% para
epilepsia focal (n = 168) de acordo com as variantes alélicas do gene
PRNP. 70
Tabela 16 Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95% para
epilepsia generalizada idiopática (n = 40) de acordo com a presença das
variantes alélicas do gene PRNP. 71
LISTA DE ABREVIATURAS
BSE Encefalopatia Espongiforme Bovina
CJD Doença de Creutzfeld-Jakob
CWD Doença Crônica Debilitante
DHPLC Cromatografia Líquida de Fase Reversa Denaturante
DNA Ácido Desoxirribonucléico
EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra Acético
GABA
A
Ácido γ-aminobutírico tipo A
GPI Glicosilfosfatidilinositol
GSS Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker
IFF Insônia Familial Fatal
KA Ácido Caínico
kDa KiloDalton
LN Laminina
MAPK Preoteína Quinase Ativada por Mitógeno
Min Minutos
Neo Neomicina
NMR Ressonância Nuclear Magnética
pb Pares de Bases
PCR Reação em Cadeia de Polimerase
PI3K Fosfatidil-Inositol-3 Quinase
PKA Proteína Quinase dependente de AMP cíclico
Prnp Gene que codifica para a proteína Prion Celular em camundongos
PRNP Gene que codifica para a proteína Prion Celular em humanos
PrP
c
Proteína Prion Celular
PrP
sc
Proteína Prion Scrapie
PTZ Pentilenotetrazol
RB Retinoblastoma
RRE Razão de Risco Estimado
SDS Dodecil Sulfato de Sódio
SDS PAGE-Eletroforese em gel de poliacrilamida com SDS
STI 1 Stress Inducible Protein 1
TSE Encefalopatias Espngiformes Transmissíveis
vCJD Nova variante da Doença de Creutzfeld-Jakob
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Prions 1
1.2 Prion Celular 4
1.3 Funções Celulares de PrP
c
5
1.4 PrP
c
e alterações na excitabilidade neuronal e no limiar de convulsão 8
1.5 Epilepsias 11
1.6 Variantes alélicas do gene de PrP
c
14
2 OBJETIVOS 19
3 MATERIAL E MÉTODOS 20
3.1 Modelos animais 20
3.2 Genotipagem dos camundongos knockouts e transgênicos 22
3.3 Modelos experimentais de convulsão 24
3.3.1 Modelo de ácido caínico 25
3.3.2 Modelo de pentilenotetrazol 25
3.4 Escala de Racine 26
3.5 Análise estatística 26
3.6 Quantificação da expressão de PrPc por imunodetecção em extratos
cerebrais 27
3.7 Humanos 28
3.7.1 Casos: Pacientes portadores de epilepsia 28
3.7.2 Controles 28
3.8 Coleta de Material Biológico 29
3.9 Extração de DNA de Leucócitos 29
3.10 Seqüenciamento do gene PRNP 30
3.10.1 Reação de amplificação por PCR 30
3.10.2 Seqüenciamento de PRNP 32
3.11 DHPLC (Cromatografia líquida de fase reversa denaturante) 33
3.12 Identificação de polimorfismos/mutações no gende de PRNP por digestão do
DNA com Endonucleases 35
3.13 Análise Estatística 36
4 RESULTADOS I ANIMAIS 37
4.1 Avaliação da presença do gene Prnp e expressão de PrP
c
nos animais do
estudo 37
4.2 Modelo de convulsão induzida quimicamente por ácido caínico em
camundongos 43
4.3 Descrição da semilogia das crises convulsivas 50
4.4 Modelo de convulsão induzida quimicamente por pentilenotetrazol em
camundongos 53
5 RESULTADOS II HUMANOS 59
5.1 Padronização da técnica de DHPLC (cromatografia líquida de fase reversa
denaturante) para detecção de polimorfismos no gene PRNP 59
5.2 Avaliação de polimorfismos no gene PRNP em pacientes portadores de
síndromes epiléticas e em indivíduos normais 68
6 DISCUSSÃO I 72
7 DISCUSSÃO II 79
8 CONCLUSÕES 84
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85
ANEXO
Anexo 1 Artigo publicado na revista J Neurosci Methods, intitulado High
capacity and low cost detection of prion protein gene variant alleles by
denaturing HPLC.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 PRIONS
As encefalopatias espngiformes transmissíveis (TSE) são um grupo de
doenças neurodegenerativas fatais que atingem tanto humanos quanto animais. Entre
as formas humanas estão a Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), a Síndrome de
Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS), a Insônia Familial Fatal (PRUSINER 1993),
além do Kuru, doença infecciosa associada a rituais canibalísticos praticados por
nativos da Papua Nova Guiné que mantinham a tradição de ingerir vísceras de seus
antepassados mortos (GAJDUSEK 1977). As desordens neurológicas que atingem os
animais são o scrapie em gado ovino, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE)
em gado bovino e a doença crônica debilitante (chronic wasting disease, CWD) em
cervídeos. A BSE foi a TSE mais alarmante durante as décadas de 80 e 90, pois
atingiu grande parte do gado do Reino Unido e foi responsável pelo surgimento de
uma nova doença no homem, denominada nova variante de CJD (vCJD), ocasionada
à ingestão de derivados de carne contaminada (AGUZZI 1996; BUTLER 1996). Isso
transformou as doenças priônicas em um grande problema econômico e de saúde
pública mundial.
As TSE são caracterizadas por demência progressiva, ataxia, associada por
degeneração espongiforme do cérebro com eventual deposição de material amilóide
no sistema nervoso central (revisado por MALLUCCI e COLLINGE 2004). Embora
a etiologia destas doenças tenha permanecido obscura durante muitos anos, sendo
2
atribuída a uma infecção por vírus de ação lenta ou viróides (CHO 1976), sabe-se
hoje que elas são causadas pelo acúmulo intracerebral progressivo da proteína
extremamente insolúvel conhecida como prion ou PrP
sc
(Revisado por PRUSINER
1991, 1997 e 1998).
O termo prion foi designado em 1982 por Stanley Prusiner e deriva da
expressão em inglês de proteinaceous infectious only. Esta foi proposta após muitos
anos de tentativas de isolamento do agente infeccioso a partir de amostras de
cérebros infectados com TSE. A idéia causou uma grande polêmica na comunidade
científica, por quebrar o dogma central da biologia molecular, onde a replicação de
um organismo, neste caso um agente infeccioso, dependia de ácidos nucleicos.
Entretanto, o agente infeccioso responsável pelas TSEs apresentava características
fisico-químicas incomuns àquelas dos patógenos conhecidos até então, como por
exemplo, a resistência a altas temperaturas e a desnaturação por formaldeído.
Diversos métodos conhecidos por solubilizar partículas infecciosas foram
ineficientes, tais como o uso de detergentes, de sais, alterações de pH e sonicação.
(MCKINLEY et al. 1983, 1986; BOLTON et al. 1984). Outros métodos físico-
químicos, eficientes em alterar ácidos nucléicos, tais como radiação ultravioleta, ação
de nucleases e dietil pirocarbonato, também foram incapazes de alterar a capacidade
infecciosa deste agente (revisado por PRUSINER 1992). Entretanto, métodos que
desnaturavam proteínas, como altas temperaturas, uréia e detergentes catiônicos
como o Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) foram eficientes tanto na solubilização
dessas partículas como na diminuição de sua capacidade infectante (PRUSINER
1982 e revisado por PRUSINER 1997).
3
Estudos demonstraram que cérebros de animais não infectados apresentavam
uma forma similar da proteína infecciosa (OESCH et al. 1985). Esta proteína foi
denominada de proteína prion celular (PrP
c
), enquanto a infecciosa depositada no
cérebro dos animais infectados foi designada de proteína prion scrapie (PrP
sc
). O uso
de espectroscopia de ressonância nuclear magnética (NMR) determinou a presença
de diferenças nas estruturas secundárias das duas proteínas, indicando que no
processo infeccioso ocorrem alterações conformacionais que levam a conversão de
estrutura de α hélice presente principalmente em PrP
c
para folha β-pregueada,
abundante em PrP
sc
(GASSET et al. 1992).
Desta forma, PRUSINER (1988) supôs que a partícula infecciosa responsável
pelas TSEs era composta unicamente por proteína, PrP
sc
, sendo que, a propagação do
agente infeccioso ocorreria pela capacidade de PrP
sc
em promover a conversão da
estrutura de sua isoforma celular PrP
c
gerando exponencialmente novas moléculas
infecciosas.
A geração de camundongos que não expressam o gene de PrP
c
foi crucial
para a comprovação de que PrP
c
é absolutamente necessária para o estabelecimento
da doença, uma vez que estes animais são totalmente resistentes à infecção
(BÜELER et al. 1992;
SAKAGUCHI et al. 1995; MOORE et al. 1999;
MONTRASIO et al. 2001; MALLUCCI et al. 2002).
A proposta de Prusiner ganhou um suporte experimental importante em
ensaios recentes onde foi possível amplificar a proteína infecciosa in vitro a partir de
extratos de cérebro ou de proteína recombinante e produzir infecção in vivo
(LEGNAME et al.2004; CASTILLA et al. 2005).
4
Admite-se que as doenças priônicas são causadas por ganho de função da
proteína prion celular que adquire novas características, em particular a
neurotoxicidade, ao se transformar em prion. Entretanto, é plausível pensar que a
patogênese destas doenças pode também estar relacionada à perda de função de PrP
c
(SAMAIA e BRENTANI 1998; MARTINS et al. 2002; HETZ et al. 2003; SOTO e
CASTILLA 2004). Desta forma tornou-se essencial buscar um maior entendimento
de PrP
c
e sua relevância biológica.
1.4 PRION CELULAR
Prion celular ou PrPP
c
é uma glicoproteína abundantemente encontrada em
neurônios e glia, extremamente conservada entre as espécies o que sugere que tenha
uma função celular importante (PRUSINER 1991).
Os genes que codificam a proteína prion celular do homem, hamster,
camundongo, rato, cabra e galinha já foram seqüenciados há pelo menos uma década
(KRETZSCHMAR et al. 1986; BASLER et al. 1986; LOCHT et al. 1986;
WESTAWAY et al. 1987; LIAO et al. 1987; HARRIS et al. 1991). O gene de PrP
c
humano é demominado de PRNP e o de camundongo Prnp. Todos codificam
proteínas de aproximadamente 250 aminoácidos, e 27kDa com um peptídeo
sinalizador de 22 aminoácidos na extremidade amino-terminal e um peptídeo
hidrofóbico de 23 aminoácidos na porção carboxi-terminal.
PrPc é sintetizado no retículo endoplasmático rugoso, encaminhado para o
Golgi e transportado até a superfície celular (revisado por HARRIS 1999). No
retículo endoplasmático rugoso o peptídeo sinal N-terminal (resíduos 1-22) e o
5
segmento hidrofóbico C-terminal (resíduos 231-253) são clivados, seguindo-se a
adição da âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI) (STAHL et al. 1987).
PrP
c
sofre ainda outras modificações pós-traducionais como adição de
oligossacarídeos N-ligados em regiões consenso e formação de uma ponte de
dissulfeto intramolecular entre os resíduos de cisteína 179 e 214. (CAUGHEY et al.
1989; RUDD et al. 2002).
Na membrana plasmática, foi demonstrado que PrP
c
encontra-se em
microdomínios ricos em colesterol, denominados de rafts (KESHET et al. 2000).
Entretanto, PrP
c
pode também ser encontrado em outras organelas celulares como o
complexo de Golgi e endossomos de reciclagem (LEE et al. 2001) ou no
compartimento citoplasmático uma vez que esta sofre ubiquitinação e degradação
pelo sistema de proteassoma (MA e LINDQUIST 2001).
1.3 FUNÇÕES CELULARES DE PRP
C
Uma importante propriedade de PrPP
c
é a sua capacidade de ligar íons Cu
2+
através de 4 resíduos de histidina contidos em 4 ou 5 regiões repetidas, de oito
aminoácidos cada, denominada de octarepeat, localizada na porção amino-terminal
da molécula compreendendo os aminoácidos 51 a 90 em humanos (BROWN et al.
1997a). Animais que tiveram o gene que codifica PrP
c
removido, possuem 20 vezes
menos cobre no cérebro que animais normais, indicando que a associação é
fisiológica (BROWN et al. 1997a). Além disso, células de cerebelo de animais que
não expressam PrP
c
são mais sensíveis a radicais livres que células normais
(BROWN et al. 1997b). Uma vez que a ligação a cobre é importante para a atividade
6
catalítica de muitas enzimas envolvidas com o estresse oxidativo, incluindo a
superóxido dismutase (BROWN et al. 1999), foi sugerido que PrP
c
possa atuar como
um depósito de íons cobre destinado à ligação a enzimas que previnem o estresse
oxidativo (BROWN et al. 1997a; BROWN et al. 1999).
Dados da literatura sugerem ainda que PrP
c
poderia ser um sensor de estresse
celular que desencadearia um processo de sinalização ativando os sistemas
antioxidantes e as defesas celulares (RACHIDI et al. 2003). PrP
c
participa ainda na
modulação da ativação de plasminogênio tecidual de maneira dependente de íons
cobre (ELLIS et al. 2002).
A caracterização de ligantes celulares de PrP
c
tem proporcionado um avanço
importante na determinação do seu papel biológico. Foi demonstrado que o receptor
de laminina de 37/67KDa interage com PrP
c
e participa de sua internalização
(GAUCZYNSKI et al. 2001). Além disso, o receptor de laminina é requerido para a
propagação de PrP
sc
em células neuronais infectadas com scrapie (LEUCHT et al.
2003). PrP
c
interage ainda com plasminogênio (ELLIS et al. 2002) e com caseína
quinase (MEGGIO et al. 2000) modulando suas atividades. Diversas moléculas da
matriz extracelular também já foram descritas como ligantes de PrP
c
, entre elas os
glicosaminoglicanos (GONZALEZ-IGLESIAS et al. 2002), os proteoglicanos
(KESHET et al. 2000), a heparina (WARNER et al. 2002) e a molécula de adesão
celular neural (NCAM) (SCHMITT-ULMS et al. 2001).
Foi descrito também o envolvimento de PrP
c
no estímulo de vias de
sinalização, como as vias fosfatidil-inositol-3 quinase (PI3K), proteína quinase
dependente de AMP cíclico (PKA) e proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK)
(CHEN et al. 2003).
7
Nosso grupo demonstrou que PrP
c
pode se ligar a três outras proteínas: STI1
(stress inducible protein 1), Vitronectina e Laminina (LN). A ligação entre PrP
c
e
STI1 é específica e de alta afinidade no sítio que compreende os aminoácidos 113-
128 da molécula de PrPP
c
e nos resíduos 230-245 de STI1. A interação entre as duas
proteínas desencadeia sinais de proteção dependentes da via de PKA em neurônios
retinianos (ZANATA et al. 2002; CHIARINI et al. 2002), promove crescimento
neurítico, além de proteger neurônios hipocampais da morte celular induzida por
estaurosporina (LOPES et al. 2005).
PrP
c
interage com vitronectina através de uma ligação específica e de alta
afinidade que está mapeada entre os resíduos 105 a 119 da molécula de PrP
c
e nos
resíduos 309-322 na molécula de vitronectina. Esta interação promove crescimento
axonal de gânglios da raiz dorsal e diferenciação de neurônios hipocampais (dados
enviados para publicação.
Em 2000 demonstramos a interação de alta afinidade e especificidade entre
PrP
c
e a região carboxi-terminal da cadeia γ1 de LN, mais especificamente o
peptideo RNIAEIIKDI. Esta associação é responsável por mediar a formação e
manutenção de neuritos “in vitro” (GRANER et al, 2000 a e b). Além disso,
mostramos que esta interação é importante para a consolidação da memória
(COITINHO et al. 2006).
Laminina é uma molécula em forma de cruz composta por três cadeias
polipeptídicas: α de 400 kDa (isoformas 1 a 5), β de 210 kDa (isoformas 1 a 3) e γ de
200 kDa (isoformas 1 a 3). Essa glicoproteína possui múltiplos domínios e é um dos
principais componentes não colagênicos das membranas basais, tais como as
8
alinhadas ao epitélio, as que circundam os vasos e nervos e as que estão localizados
sob a pia máter do cérebro (TIMPL e DZIADEK 1986).
Sabe-se ainda que LN é uma molécula vital nos processos de adesão e
diferenciação celulares em particular os que envolvem a neuritogênese (BECK et al.
1990). Esta função da molécula é determinada por domínios específicos, entre eles o
decapeptídeo da cadeia γ 1 RNIAEIIKDI (LIESI et al. 1989), que até a determinação
de sua interação com PrP
c
, pelo nosso grupo (MERCADANTE 2000; GRANER et
al. 2000a), não se conhecia o ligante celular que se associava a esta região da LN.
A LN foi descrita ainda como alvo de degradação por ativador de
plasminogênio que é induzido por ácido caínico, um análogo de glutamato, que por
sua vez induz processos epileptogênicos e morte neuronal. (CHEN e STRICHLAND
1997). Os autores argumentam que não se conhecia o receptor celular de laminina
que estava implicado neste processo, mas que este não parecia ser uma das
integrinas, receptores clássicos de proteínas da matriz extracelular (CHEN e
STRICHLAND 1997).
1.4 PRPP
C
E ALTERAÇÕES NA EXCITABILIDADE NEURONAL E
NO LIMIAR DE CONVULSÃO
Experimentos com camundongos knockouts para PrP
c
, demonstraram que
esses animais têm desenvolvimento e comportamento aparentemente normais
(BÜELER et al. 1992; MANSON et al. 1994). Foi também descrito que eles
apresentam um nível de ansiedade normal, porém com um discreto aumento na
9
atividade locomotora durante a exploração de um campo aberto (ROESLER et al.
1999).
Estudos eletrofisiológicos demonstraram uma redução do bloqueio na
inibição rápida do receptor GABA
A
(ácido γ-aminobutírico tipo A) na linhagem
ZrchI (BÜELER et al. 1992) de animais knockouts de PrP
c
. Foi observada ainda uma
diminuição na potenciação de longo prazo (LTP) no hipocampo em duas linhagens
de camundongos que não expressam PrP
c
, Zrch I e Npu (COLLINGE et al. 1994;
MANSON et al. 1994; WHITTINGTON et al. 1995; HERMS et al. 2000) além de
um distúrbio nas correntes de K
+
ativadas por Ca
2+
. tanto em neurônios hipocampais
como em células de Purkinje no cerebelo (COLLING et al. 1996; HERMS et al.
2000). Da mesma fora, animais knockouts condicionais onde a expressão de PrP
c
é
abolida apenas em neurônios após a décima segunda semana de vida pós-natal,
apresentam uma diminuição dos potenciais de pós-hiperpolarização em células da
região CA1 do hipocampo (MALLUCCI et al. 2002). Estes últimos experimentos são
particularmente importantes, pois demonstram que uma disfunção neuronal ao invés
de um déficit de desenvolvimento está presente nestes animais.
As alterações descritas previamente são consistentes com os achados do
nosso grupo que mostram que animais knockouts da linhagem Zrch I apresentam
maior suscetibilidade à convulsão induzida por três agentes, ácido caínico,
pentilenotretazol e pilocarpina, que têm mecanismos de ação distintos (WALZ et al.
1999). Interessantemente, como já comentado previamente, o ácido caínico foi
descrito por mediar a ativação de plasmina que tem a laminina cerebral como
substrato (CHEN e STRICKLAND 1997).
10
Entretanto, resultados obtidos com modelos animais onde genes são
removidos ou adicionados ainda são muito discutíveis. Alterações detectadas nestes
camundongos podem ser causadas pelo background genético do animal, manipulação
genética ou ainda por mecanismos compensatórios. O animal knockout de PrP
c
denominado ZrchI (BÜELER et al. 1992) que foi usado no nosso estudo anterior
(WALZ et al. 1999) é passível de críticas importantes. Primeiro, porque possui um
background misto das cepas 129Sv e C57/BL6J e segundo, este animal é um
knockout constitutivo, portanto, a ausência de expressão deste gene durante a
embriogênese pode ter levado ao aparecimento de mecanismos compensatórios.
Desta forma, é de fundamental importância que estas diferenças no limiar de
convulsão previamente mostrados por nós no animal ZrchI possam ser reproduzidas
em outras linhagens de animais knockouts constitutivos e condicionais para PrP
c
.
É ainda notável que os animais knockouts para PrPP
c
apresentam modificações
na reorganização sináptica das fibras musgosas do hipocampo (COLLING et al.
1996), semelhantes em parte, ao observado no hipocampo de pacientes portadores de
epilepsia de lobo temporal mesial relacionada à esclerose hipopcampal (ELTM-EH)
(MATHERN et al. 1995).
Portanto, estes dados apontam que PrP
c
pode estar envolvido no controle da
excitabilidade neuronal e portanto no limiar de convulsão. Além disso, é relevante
pensar que modificações na atividade funcional de PrP
c
causada pela presença de
certos polimorfismos possam participar nos processos associados à epilepsia.
11
1.5 EPILEPSIAS
As epilepsias são doenças crônicas e representam um grave problema de
saúde pública com uma prevalência em torno de 5 a cada 1.000 habitantes nos países
desenvolvidos e superior nos países em desenvolvimento. Embora as razões para a
maior prevalência das epilepsias em países em desenvolvimento não estejam
claramente determinadas, parece provável que essa diferença esteja relacionada à
assistência pré-natal e maternal insuficiente, aos traumas de parto, maior número de
infecções e parasitoses do sistema nervoso central e traumatismos cranianos. Além
de afetar pessoas de todas as idades e raças (HAUSER et al. 1998), as epilepsias
representam a segunda maior causa de incapacidade mental, principalmente em
pacientes jovens (KALE 1997).
Muitas patologias adquiridas são fatores de risco para epilepsia, incluindo
traumatismos, infecções, tumores cerebrais e crises convulsivas prolongadas na
infância (ENGEL 1996). Acredita-se que, no caso das epilepsias secundárias a lesões
identificáveis (sintomáticas), após a injúria ocorram diversos mecanismos
adaptativos envolvendo neuroplasticidade, que em última análise podem contribuir
para o processo de epileptogênese. Embora alterações genéticas tenham sido
descritas em formas familiares de epilepsia (revisado por STEINLEIN 2001), na
maioria das vezes elas são causadas por uma interação de fatores genéticos e
ambientais (revisado por BERKOVIC e JACKSON 2000). Além disso, estudos
experimentais sugerem que o processo de epilepitogênese seja decorrente de
modificações herdadas ou adquiridas na fisiologia intrínseca dos neurônios e da rede
neural da qual fazem parte (ENGEL e PEDLEY 1998).
12
De acordo com a etiologia, a Liga Internacional de Combate a Epilepsia
classifica as epilepsias em (ENGEL e PEDLEY 1998):
1- Primárias, idiopáticas ou essenciais: são aquelas que não estão
associadas a lesões cerebrais ou anormalidades neurológicas. Os fatores genéticos
são bastante importantes neste tipo de epilepsias;
2- Secundárias, sintomáticas ou adquiridas: São epilepsias em que há uma
causa identificável e estão sempre associadas a lesões;
3- Criptogênicas: São epilepsias secundárias, também estão associadas a
lesões, porém não se consegue identificar a etiologia.
Nas epilepsias idiopáticas, entende-se que o processo de “epileptogênese”
depende principalmente de expressão e repressão de genes ao longo da formação e
desenvolvimento do cérebro. Nas epilepsias sintomáticas, o processo de
epileptogênese depende do tipo de insulto, da região cerebral afetada, e da resposta
tecidual, sendo esta última dependente das duas primeiras, das características
genéticas do indivíduo e da faixa etária na qual ocorreu o primeiro insulto ou evento.
Nos casos de epilepsias secundárias e criptogênicas, os fatores genéticos
possuem mecanismos complexos. No entanto, acredita-se, como já comentado, que
em praticamente todos os casos de epilepsia há uma relativa interação entre fatores
adquiridos e predisposição genética. (ENGEL e PEDLEY 1998).
Nas epilepsias focais existe uma região cortical ou sub-cortical (hipocampo,
amígdala) que é capaz de promover uma atividade hiperexcitável e hipersincrônica
anormal. Esta região é denominada de zona epileptigênica. Esta atividade anormal
pode propagar-se ao longo do córtex levando em última análise a uma crise
generalizada. Em termos clínicos as crises podem ser focais (também chamadas de
13
parciais) seguidas ou não de generalização secundária. As manifestações clínicas
sejam elas sinais ou sintomas, vão depender de qual região está sendo envolvida pela
crise naquele determinado momento (WALZ et al. 2003).
No caso das epilepsias generalizadas primárias, a atividade epileptiforme
intercrítica (fora da crise) ou mesmo a atividade ictal (crise propriamente dita), se
manifesta simultaneamente em toda a superfície cortical. Eletroencefalograficamente
não é possível detectar um início focal e uma eventual propagação como no caso das
epilepsias focais. Nestes casos, a atividade epileptiforme é captada simultaneamente
em toda a superfície cortical e resulta de um mecanismo de sincronização tálamo-
cortical. Não está completamente elucidado se esta manifestação se dá por um
gatilho cortical com rápida propagação para o tálamo ou se é iniciada diretamente no
tálamo. Clinicamente o protótipo das epilepsias generalizadas primárias são as crises
de ausência, nas quais o paciente tem uma diminuição ou perda completa da
reatividade ao meio, com duração de segundos, seguida de restabelecimento imediato
da consciência. Durante este período observa-se uma atividade eletroencefalográfica
generalizada (ambos os hemisférios) e síncrona, com morfologia e freqüência
específicas (WALZ et al. 2003).
Assim, em termos gerais as epilepsias podem ser classificadas do ponto de
vista clínico e eletroencefalográfico em dois grandes grupos. As focais, nas quais a
atividade ictal se inicia em uma região do córtex, e as generalizadas, onde a atividade
epileptiforme é bilateral e síncrona. Existem diferentes tipos de epilepsias focais e
generalizadas, cujos aspectos clínicos, demográficos, prognóstico e etiologia são
variáveis (WALZ et al. 2003).
14
1.6 VARIANTES ALÉLICAS DO GENE DE PRP
C
O gene de PrP
c
em humanos (PRNP) está localizado no braço curto do
cromossomo 20 e é composto por 2 exons, sendo que a fase aberta de leitura está
inteira contida no segundo exon que é composto por 737 pares de base. Existem
atualmente descritas na literatura 55 mutações no gene PRNP associadas a doenças
priônicas hereditárias (Tabela 1) e 16 polimorfismos identificados em humanos
(Tabela 2). Isto inclui 24 mutações “missenses” (tradução da proteína com troca de
aminoácidos), 27 mutações por inserção, 2 mutações por depleção, 2 mutações
“nonsense” (tradução de proteína truncada), 12 polimorfismos que não resultam em
modificação do aminoácido e 4 que resultam em modificação do aminoácido
(PARCHI et al. 1996; PRUSINER 1997; JACKSON e COLLINGE 2001).
O códon 129 de PRNP é polimórfico na população humana sendo que cerca
de 43% do indivíduos são homoziotos para metionina (M129M), 49% são
heterozigotos metionina valina (M129V) e 8% são homozigotos para valina V129V
na população caucasiana (ZIMMERMANN et al. 1999). Na população japonesa e
chinesa a distribuição é bem diferente, sendo 92% M129M, 8% M129V e 0% V129V
nos japoneses e nos chineses 97% M129M, 3% M129V e 0% V129V (DOH-URA et
al. 1991; TSAI et al. 2001).
15
Tabela 1 - Principais Mutações descritas no gene PRNP.
Códon Mutação Patologia associada Referência
51-91 Inserção 48 a 216 pb CJD /GSS GOLDFARB et al. 1993
102 ProLeu GSS HSIAO et al. 1989
105 ProLeu GSS YAMADA et al. 1993
117 AlaVal GSS DOH-URA et al. 1989
145 TyrSTOP GSS GHETTI et al. 1996
171 AsnSer Esquizofrenia SAMAIA et al. 1997
178 AspAsn IFF/CJD GOLDFARB et al. 1991, MEDORI et al. 1992
180 Val Ile CJD KITAMOTO et al. 1993
183 ThrAla CJD NITRINI R et al. 1997
187 HisArg GSS CERVENAKOVA et al. 1999
188 TrhLys Demência FINCKH et al. 2000
196 GluLys CJD PEOC’H et al. 2000
198 PheSer GSS HSIAO et al. 1992
200 GluLys CJD GOLDFARB et al. 1990
202 AspAsn GSS PICCARDO et al. 1998
208 ArgHis CJD MASTRIANNI et al. 1996
210 Val Ile CJD POCCHIARI et al. 1993
211 Glu GLN CJD PEOC’H et al. 2000
212 GLN Pro GSS PICCARDO et al. 1998
217 GLN Arg GSS HSIAO et al. 1989
232 Met Arg CJD KITAMOTO et al. 1993
Tabela 2 - Principais polimorfismos descritos para o gene PRNP.
Códon Polimorfismo Freqüências na população Referência
51-91 Depleção 24pb 9% PERRY et al. 1995
51-91 Inserção 24pb ~1% CERVENAKOVA et al. 1994
114 Depleção 45% SALVATORE et al. 1994
117 Silenciosa
#
5.4% HSIAO et al. 1989
124 Silenciosa
#
~1% PRUSINER et al. 1997
129 Met Val M/V 50%; V/V 10% DOH-URA et al. 1989
171 Asn Ser 7 a 10% da população negra MEAD et al. 2003
188 ThrArg ~1% WINDL et al. 1999
219 Glu Lys 12% KITAMOTO et al. 1993
As freqüências constantes são as descritas na literatura (WINDLT et al. 1999; LAMPE et al. 1999). As referências são as dos autores que citaram esses polimorfismos pela primeira vez.
Alterações silenciosas também já foram descritas em pacientes e populações controle (
#
).
16
A presença de metionina neste códon está associada a maior susceptibilidade
a doenças de prion esporádicas bem como a nova variante de CJD (WADSWORTH
et al. 2004). O aminoácido presente neste códon é ainda determinante na distinção de
que tipo de doença hereditária de prion está associada à mutação no códon 178. A
presença de metionina no códon 129 no mesmo alelo da mutação em 178 causa
Insônia Familial Fatal enquanto que valina nesta posição leva a um quadro de CJD
(GOLDFARB et al. 1992). Portanto, o códon 129 parece ter um papel primordial na
estrutura da molécula de PrP
c
e estudos mostram uma maior propensão a formação
de folha β-pregueada quando metionina está nesta posição (PETCHANIKOW et al.
2001). Portanto, é plausível admitir que a presença de um ou outro aminoácido neste
códon possa interferir não só com a patologia das doenças de prion, mas também
com a função fisiológica de PrP
c
.
Interessantemente, variantes aléticas do códon 129 já foram associadas com
melhor desempenho cognitivo em pacientes idosos, em indivíduos com síndrome de
Down, com doença de Alzheimer (RUJESCU et al. 2003; DEL BO et al. 2003 e
2006; GACIA et al. 2006).
Além disso, este polimorfismo pode influenciar o aparecimento de sintomas
neurológicos e hepáticos na Doença de Wilson (GRUBENBECHER et al. 2006).
Alterações na freqüência alélica do códon 129 também já foram correlacionadas com
quadros de afasia primária progressiva (LI et al. 2005) e com as medidas
neuropsicológicas e psicopatológicas de desordens psiquiátricas (MARTORELL et
al. 2006). Uma melhor memória de longa duração foi ainda associada com o alelo
129 metionina em adultos jovens normais (PAPASSOTIROPOULOS et al. 2005).
17
Um outro polimorfismo no gene PRNP está presente na região conhecida por
octarepeats, que contém o domínio de interação ao íon cobre, este domínio de oito
aminoácidos está repetido cinco vezes em cerca de 90% da população humana, sendo
que os restantes 10% apresentam apenas 4 repetições (PERRY et al. 1995). A
presença de três ou mais que 7 octarepeats foi associada a doenças de prion
(GOLDFARB et al. 1993). Entretanto, não se sabe se este polimorfismo (4 ou 5
repetições) pode alterar as funções normais de PrP
c
.
Em 1997 SAMAIA et al. mostraram uma possível relação entre uma variante
no códon 171 de PRNP e uma forma atípica de esquizofrenia familiar (SAMAIA et
al. 1997), sugerindo que outras doenças neurológicas de causa desconhecida podem
estar associadas à perda total ou parcial da função de PrP
c
. Este polimorfismo foi
ainda encontrado em algumas formas de epilepsia (WALZ et al. 2003, 2004),
entretanto estes dados não foram reproduzidos por outro grupo (CAVALLERI et al.
2005). O códon 171 encontra-se próximo ao sítio de ligação de PrP
c
a laminina
(COITINHO et al. 2006) e simulações estruturais mostram que a mudança do
aminoácido nesta posição altera a hidrofobicidade dos aminoácidos vizinhos. Nós
especulamos que o polimorfismo descrito nesta região, onde uma asparagina é
trocada por uma serina (N171S), possa modificar a interação PrP
c
-laminina e em
última análise favorecer o processo de epileptogênese. Embora não se possa excluir a
possibilidade de co-segregação de outros genes não estudados nestes trabalhos
(WALZ et al. 2003 e 2004), a hipótese do envolvimento do PrP
c
no processo de
epileptogênese em humanos é biologicamente plausível considerando as diversas
alterações vistas nos animais knockouts para esta proteína.
18
Desta forma, o presente trabalho pretende primeiramente tornar mais robusta
a plausibilidade biológica do papel de PrP
c
sobre a sensibilidade a convulsões. Para
isso usaremos modelos farmacológicos de convulsão que serão testados em
diferentes linhagens de camundongos onde a expressão de PrP
c
é abolida ou
contrariamente onde ela é muito alta. Com intuito de descartar falsas respostas
ocasionadas pela presença de algum tipo específico de background genético ou ainda
de mecanismos compensatórios estabelecidos durante embriogênese, usaremos
animais com diferentes backgrounds genéticos e ainda que tiveram o gene Prnp
removido durante a fase embrionária ou apenas na fase adulta.
Em segundo lugar avaliaremos os polimorfismos do gene PRNP em pacientes
portadores de diferentes síndromes epilépticas na tentativa de demonstrar a
existência de uma correlação entre a presença de variantes alélicas deste gene e o
processo de epileptogênese.
19
2 OBJETIVOS
9 Avaliar o papel de PrP
c
na sensibilidade a convulsões. Modelos
farmacológicos de convulsão por ácido caínico e PTZ serão testados em
diferentes linhagens de camundongos onde a expressão de PrPP
c
é abolida ou é
muito alta. Com intuito de descartar falsas respostas ocasionadas pela
presença de algum tipo específico de backgronud genético ou ainda de
mecanismos compensatórios estabelecidos durante embriogênese, usaremos
animais com diferentes backgronuds genéticos e ainda que tiveram o gene
Prnp removido durante o período embrionário ou pós natal.
9 Validar a técnica de DHPLC (Denaturing High Performance Liquid
Chromatography) na determinação de variantes alélicas do gene PRNP
usando amostras de DNA de pacientes com diferentes síndromes epiléticas.
9 Determinar a freqüência das variantes alélicas no gene PRNP em pacientes
portadores de epilepsias focais e generalizadas e compará-las com as
observadas em controles hígidos.
20
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 MODELOS ANIMAIS
Camundongos Zrch ou ZPrnp
0/0
- Construídos por BÜELER et al. (1992)
tiveram o gene Prnp deletado na região dos aminoácidos 4 a 186, sendo que esta foi
substituída por um cassete de neomicina. Estes animais têm background genético
misto C57/BL6J X 129 Sv.
Camundongos Tg-20 - Estes animais são transgênicos construídos a partir de
blastocistos do camundongo ZPrnp
0/0
. Neles foram inseridas cópias adicionais do
gene de PrP
c
que levam a expressão de aproximadamente 6 vezes mais proteína no
cérebro que os animais selvagens (FISCHER et al. 1996). Estes animais têm,
portanto, o mesmo background genético dos ZPrnp
0/0
.
Camundongos controle Zrch Prnp
+/+
(ZPrnp
+/+
) - foram gerados de um
acasalamento entre os animais C57/BL6J e 129 Sv. O cruzamento contínuo a partir
dos F1 destes animais gerou a cepa tipo selvagem de background misto que é
controle para os camundongos ZPrnp
0/0
e Tg20.
Camundongos Edbg Prnp
-/-
,
Edbg Prnp
+/-
e
Edbg Prnp
+/+
- Estes animais
foram construídos por MANSON et al. (1994), e neles o cassete de neomicina foi
inserido no sítio de restrição da enzima Kpn-1 presente na ORF de Prnp. Esta
linhagem possuía backgroud puro 129SV, que não é bem aceita para ensaios
cognitivos. Nos últimos anos estes animais foram re-acasalados com animais de
21
background C57/BL10 por 4 gerações no Laboratório do Dr Bruce Chesebro (Rocky
Mountains NIH).
Na tentativa de controlar o background genético desta linhagem dentro dos
experimentos, animais heterozigotos (Edbg Prnp
+/-
) são continuamente acasalados
com C57/BL10 (backcross). Os 25% de animais heterozigotos provenientes destes
acasalamentos são acasalados entre si e geram uma prole onde 25% dos animais são
homozigotos para a depleção (EPrnp
-/-
), 25% são controles homozigotos sem
depleção EPrnp
+/+
e 50% são heterozigotos (EPrnp
+/-
). Estas proles então são usadas
para os experimentos, pois têm o mesmo background e o controle tipo selvagem
vindo do mesmo acasalamento.
Camundongos Tg46*, Cre-Tg46, Tg37* e Cre-Tg37 – Estes camundongos
são knockouts pós-natal, onde o gene Prnp é mantido durante toda a embriogênese e
desligado em torno de 14 semanas pós-natal apenas em neurônios. Para a construção
deste animal foi usado um vetor com a região aberta de leitura do gene de PrP
c
flanqueado por sítio MloxP. Este foi microinjetado em oócitos FVB Prnp
0/0
para a
produção das matrizes cuja progênie expressava PrP
c
. Foram gerados desta forma 2
cepas Tg46 e Tg37, sendo que a primeira apresenta a expressão de PrP
c
semelhante
ao animal tipo selvagem e a segunda apresenta aproximadamente 3 vezes mais
proteína no cérebro.
Foi então gerado um terceiro camundongo expressando a enzima Cre
recombinase do fago P1 sob controle do promotor do gene de neurofilamento H
(NFH) que é especificamente ativado a partir da décima quarta semana pós-natal
apenas em neurônios. A proteína Cre codificada por fago P1 é uma proteína de 38
kDa que promove recombinação do DNA. A recombinação ocorre num sítio
22
específico chamado Lox (cada sítio com 34 pb) e pode ser tecido específica se Cre
estiver sob controle de promotores tecido-específicos (SAUER e HENDERSON
1988). Oócitos FVB Prnp
0/0
foram usados
para a introdução deste vetor. O animal
onde o gene de PrP
c
vai ser desligado após a 14 semanas pós-natal é um F1
proveniente do cruzamento de animais Prnp
0/0
lox (Tg46 ou Tg37) e CRE NFH,
denominado NFH-Cre-MloxP. Os animais do mesmo acasalamento que não possuem
CRE são os controles dos experimentos, pois não têm o gene de PrP
c
desligado e os
animais que sofrerem recombinação tem o gene de PrP
P
c
desligado apenas nos
neurônios.
3.2 GENOTIPAGEM DOS CAMUNDONGOS KNOCKOUTS E
TRANSGÊNICOS
Todos os animais nocautes constitutivos Edgb e condicionais Tg46*,
CreTg46, Tg37* e CreTg37, foram genotipados antes da realização de cada
experimento.
Para a genotipagem dos animais Edbg, DNA extraído da cauda foi
amplificado em duas reações multiplex. A primeira delas para amplificar o gene de
neomicina usando 0,25 μM dos iniciadores 5’ – TTG AGC CTG GCG AAC AGT
TC – 3’ e 5’ – GAT GGA TTG CAC GCA GGT TC – 3’ e 0,5 μM dos iniciadores 5’
– AAT AGA GGC ACT CCC TTC AC – 3’ e 5’ – GGT AAG CCC TTG ACC TAA
AA – 3’ para amplificar o gene de retinoblastoma, usado como controle interno da
reação. As condições de ciclagem foram 94ºC por 5 min, seguido de 35 ciclos de
23
94ºC por 1 min, 57ºC por 1 min e 72ºC por 45 seg, seguidos de uma extensão final
de 72ºC por 5 min.
A segunda reação para amplificar o gene de Prnp usando 0,25μM dos
iniciadores 5’ – AAC CGT TAC CCA CCT CAG GGT -3’ e 5’ – GCG CTC CAT
CAT CTT CAC A – 3’ e 0,25μM dos iniciadores para amplificar o gene de
retinoblastoma como descrito acima. As condições de ciclagem foram 35 ciclos de
94ºC por 1 min, 60ºC por 1 min e 72ºC por 45 seg seguidos de uma extensão final de
72ºC por 5 min. As amostras foram amplificadas por PCR, utilizando-se o Kit de
amplificação Taq DNA polimerase (Promega, WI, USA). As reações foram feitas em
um volume de 10 μL contendo 25 μg de DNA genômico, 20 mM Tris HCl pH 8,0;
50 mM KCl; 25 mM MgCl
2
; 500 μM dNTP (Life Technologies, Gibco BRL); 0,5μM
de iniciadores (Forward e Reverse), DMSO 10% e 1 U de Taq DNA polimerase.
Para a genotipagem dos animais Tg46*, Cre-Tg46, Tg37* e Cre-tg37, DNA
extraído da cauda dos animais de interesse foi amplificado em uma reação multiplex,
usando 0,25μM dos iniciadores 5’ – ATC AGT CAT CAT GGC GAA C – 3’ e 5’ –
AGA GAA TTC TCA GCT GGA TCT TCT CCC GTC – 3’ para amplificar o gene
de Prnp e 5’ – TCG ACC ATG CCC AAG AAG AAG – 3’ e 5’ – ACG TTT TCT
TTT TCG GAT CCG CCG CAT – 3’ para amplificar o gene de Cre. As condições de
ciclagem foram 94ºC por 5 min, seguido de 30 ciclos de 94ºC por 45 seg, 60ºC por
50 seg e 72ºC por 90 seg, seguidos de uma extensão final de 72ºC por 10 min.
As amostras foram amplificadas por PCR, utilizando-se o Kit de amplificação
Taq DNA polimerase (Promega, WI, USA). As reações foram feitas em um volume
de 10 μL contendo 25 μg de DNA genômico, 20 mM Tris HCl pH 8,0; 50 mM KCl;
24
25 mM MgCl
2
; 500 μM dNTP (Life Technologies, Gibco BRL); 0,5μM de
iniciadores (Forward e Reverse), DMSO 10% e 1 U de Taq DNA polimerase.
3.3 MODELOS EXPERIMENTAIS DE CONVULSÃO
Nos modelos experimentais de crise convulsiva em camundongos induzida
quimicamente, foram usadas diferentes doses de Ácido Caínico (KA) e
Pentilenotetrazol (PTZ).
Os animais foram separados por grupo, com 4 ou 5 animais por caixa e
pesados antes da injeção da droga (KA ou PTZ). Após a injeção intraperitoneal dos
agentes, os animais foram observados durante 120 min. Durante este período os
animais foram avaliados quanto a presença de crises convulsivas as quais foram
classificados quanto a sua intensidade usando a Escala de Racine (RACINE 1977).
Seguindo o prtocolo usado por WALZ et al. (1999) a solução de ácido caínico
foi preparada a fresco diluída em PBS na concentração 1 mg/mL ou 2 mg/mL e a
solução de PTZ foi também preparada a fresco e diluída em PBS na concentração 40
mg/mL ou 60 mg/mL.
Os animais permaneceram em um sistema de iluminação artificial, períodos
claro e escuro 12/12, e com livre acesso a comida e água. Todos os experimentos
foram conduzidos em temperatura controlada entre 22-24º C e os procedimentos
realizados com estes animais foram realizados de maneira a minimizar qualquer
sofrimento e o número de animais utilizados. Em todos os experimentos o guia
“Principles of laboratory animals care” (NIH # 85-23, revisado em 1996) foi
estritamente seguido.
25
3.3.1 Modelo de Ácido Caínico
O ácido caínico (cainato) é uma toxina análoga do glutamato, extraído da
Digenea simplex, um tipo de alga vermelha, que cresce em águas quentes. É um
potente agonista de aminoácidos excitatórios e sua potente atividade neurológica tem
sido atribuída a sua semelhança estrutural com o neurotransmissor ácido L-
glutâmico. É um importante modelo para o estudo de neurotoxicidade e tem sido
vastamente usado como modelo de epilepsia de lobo temporal, uma vez que os
achados histopatológicos são semelhantes à esclerose hipocampal em humanos,
ocorrendo reorganização sináptica e brotamento das fibras musgosas.
3.3.2 Modelo de Pentilenotetrazol
O Pentilenotetrazol é um agente farmacológico estimulador do sistema
nervoso central e respiratório. É considerado um antagonista não competitivo de
GABA.
O modelo de convulsão induzida por pentilenotetrazol (PTZ) é
reconhecidamente um modelo agudo de crise generalizada. O PTZ, um inibidor da
transmissão de receptor GABAérgico em doses altas (60-70 mg/kg) induz
inicialmente abalos mioclônicos, seguidos de uma crise generalizada do tipo tônico-
clônica com duração de segundos, evoluindo para um período pós-ictal de minutos
(SEJIMA et al. 1997).
Em doses muito baixas (10-20 mg/Kg, intra-peritoneal) o PTZ induz o
surgimento de crises do tipo ponta-onda em roedores, sendo útil no estudo do
entendimento dos circuitos tálamo-corticais envolvidos nas descargas do tipo ponta-
26
onda e comumente usado na varredura de drogas para tratamento de ausência
(MODY et al. 1997).
3.4 ESCALA DE RACINE
A observação das crises convulsivas foi feita usando a Escala de Racine:
1. Automatismos orofaciais
2. Mioclonia cefálica
3. Mioclonia de membros superiores
4. Rearing ou levantamento
5. Levantamento seguido de queda por perda de equilíbrio
Estágios 1 e 2 são caracterizados por comportamentos muito sutis e difícil
observação. Desta forma só foi considerado o início da crise convulsiva quando o
animal atingia o estágio 3. As classes 4 e 5 foram consideradas crises generalizadas.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi analisada a proporção de convulsão e mortalidade nas diferentes cepas de
animais estudados utilizando o teste de Qui-Quadrado. A magnitude de associação
entre a presença de Prnp e a ocorrência de convulsão e mortalidade foi medida pela
razão de risco estimado (RRE, do inglês odds ratio) e o respectivo intervalo de
confiança de 95% (IC 95%) usando um modelo de regressão logística incondicional
27
através do programa de estatística SPSS versão 12.0 (Chicago, IL). Foram
considerados estatísticamente significativos p< 0,05.
3.6 QUANTIFICAÇÃO DA EXPRESSÃO DE PRP
C
POR
IMUNODETECÇÃO EM EXTRATOS CEREBRAIS.
Extratos cerebrais provenientes de animais adultos (4 meses) das cepas
ZPrnp
+/+
, C57/BL6J, Tg20, EPrnp
+/+
, EPrnp
+/-
, Tg46 e Tg37 foram adquiridos
através da maceração em tampão de lise [50mM Tris-HCl pH 7,4; 1mM EDTA;
0,2% de deoxilato de sódio; 0,5% Triton X-100; + 10% de inibidores de protease
(Complete, Mini, ROCHE, cat. n° 1836153). As proteínas foram dosadas através de
ensaio colorimétrico pelo reagente de Bradford, separadas eletroforeticamente em gel
de poliacrilamida a 10% contendo SDS (SDS-PAGE), transferidas e imobilizadas em
membrana de nitrocelulose (0,45μm - Schleicher e Shuell, Alemanha). A membrana
foi incubada durante 1 hora, com TBST (120mM de NaCl, 20mM de Tris e 0,05% de
Tween 20) contendo 5% de leite desnatado liofilizado (Molico-Nestlé) para bloquear
as ligações inespecíficas. Em seguida, incubações de 12 horas a 4ºC com anticorpos
primários - policlonal anti PrP
c
e β actina (policlonal da Sigma cat. n
o
A 2066),
diluídos em Molico/TBST, 1:5000 ou 1:1000 respectivamente foram feitas. Após três
lavagens de 10 minutos com TBST, a membrana foi incubada com anticorpo
secundário (anticorpo anti Ig de camundongo ou coelho conjugado à peroxidase)
diluídos 1:5000 ou 1:3000 respectivamente em Molico/TBST por 1 hora à
temperatura ambiente. Após nova seqüência de lavagens a reação foi revelada
28
utilizando o "kit ECL Western Blotting Analysis System” (Amersham-Pharmacia)
seguida de exposição de um filme de raio X à membrana.
As bandas do filme radiográfico foram quantificadas usando-se o programa
Scion Image e a expressão de PrPP
c
normalizada pela expressão de β actina em cada
linha.
3.7 HUMANOS
3.7.1 Casos: Pacientes portadores de epilepsia
Foram analisadas 270 amostras de DNA humano de pacientes portadores de
epilepsia, sendo que 168 apresentavam epilepsia focal (com ou sem generalização
secundária) e 40 tinham epilepsia do tipo generalizada primária. Em 62 casos o
diagnóstico do tipo de epilepsia não foi revisado pelos pesquisadores.
Estes pacientes estão em acompanhamento no Centro de Cirurgia de
Epilepsia, HC-Ribeirão Preto, USP e todos assinaram um consentimento informado
concordando na doação do seu sangue para extração de DNA e a avaliação de
polimorfismos no gene PRNP. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCRP 6949/99) e pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital do Câncer A.C. Camargo (482/03).
3.7.3 Controles
No grupo controle foram recrutados 202 indivíduos sadios, sem doença
neurológica ou psiquiátrica prévia ou história familiar destas doenças descritos no
momento da entrevista e sem nenhum grau de parentesco com os pacientes. Dele
29
fazem parte colaboradores do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer e de
acompanhantes de pacientes do Centro de Cirurgia de Epilepsia, HC-Ribeirão Preto,
USP. Todos os controles assinaram um consentimento informado concordando na
doação do seu sangue para extração de DNA e a avaliação de polimorfismos no gene
PRNP.
3.8 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
Após a assinatura do consentimento pós-informado, foi coletada uma amostra
de 5 mL de sangue através de punção venosa da veia braquial, na presença de agente
anti coagulante EDTA, sendo as amostras divididas no estudo em casos e controles.
A coleta de sangue foi feita no CIREP – Centro de Cirurgia em Epilepsia (casos e
controles) e no Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (controles).
3.9 EXTRAÇÃO DE DNA DE LEUCÓCITOS
Para a extração de DNA de todas as amostras incluídas neste estudo, foi
usado o Kit Wizard Genomic DNA Purification
®
da Promega, catálogo A1120, que
tem se mostrado um kit rápido e eficaz na purificação de DNA genômico.
Seguindo o protocolo do fabricante, as amostras de sangue foram
homogeneizadas por 15 minutos, 3 mL de sangue foram adicionados a 9 mL de
solução de lise, a amostra incuba sob agitação a temperatura ambiente por 10
minutos, seguido de centrifugação por 10 minutos a 1700 x g O sobrenadante foi
descartado e o precipitado homogeneizado vigorosamente. A seguir foram
30
adicionados 3 mL de solução contendo Tris [hidroximetil aminoetano],
etilenodiamino-tetra acético e dodecil sulfato de sódio para promover a lise nuclear e
30 μL de RNAse seguidos de incubação a 37
o
C por 30 minutos. A amostra foi então
resfriada a 4
o
C e 2 mL de solução de precipitação de proteínas (contendo SDS) foi
adicionada e misturada vigorosamente. O material foi centrifugado (1700 x g) o
sobrenadante transferido para um tubo contendo 3 mL de isopropanol e misturado
lentamente até a precipitação do DNA. Foi realizada uma nova centrifugação (1700 x
g), o sobrenadante foi desprezado e o precipitado lavado com 3 mL de etanol 70%,
seguido de uma nova centrifugação (1700 x g) por 5 minutos. O sobrenadante foi
novamente desprezado e o DNA foi então seco por 30 minutos e ressuspenso em 100
μL de Líquido de Hidratação (Tris/EDTA), seguido de uma incubação a 65º C, para a
completa solubilização.
Após a extração, o DNA foi dosado pela absorbância, em comprimento de
onda de 260nm e submetido à eletroforese em gel de agarose para verificação de sua
integridade e pureza. O material foi então catalogado e armazenado a -20°C em
nosso banco de DNAs para posterior seqüenciamento do gene PRNP.
3.10 SEQÜENCIAMENTO DO GENE PRNP
3.10.1 Reação de amplificação por PCR
A região codificadora (fase aberta de leitura) do gene PRNP foi dividida em
duas porções que se sobrepõem: Fragmento 1, que corresponde a 423 pb, com início
no nucleotídeo 65 (ATG inicial) e término no 488 e Fragmento 2, que contém 404
pb, com início no nucleotídeo 455 e término no 858, 53 pares de base do códon
31
terminal. Os iniciadores foram analisados quanto a possíveis associações entre eles
(hairpin e formação de dímeros) em software Premier Primer. Os iniciadores foram
sintetizados pela Life Technologies do Brasil (S.P., Brasil):
As amostras foram amplificadas por PCR, utilizando-se o Kit de amplificação
Taq DNA polimerase (Promega, WI, USA). As reações foram feitas em um volume
de 20 μL contendo 50 μg de DNA genômico (diluído em água Dnase/Rnase Free,
Invitrogen), 20 mM Tris HCl pH 8,0; 50 mM KCl; 25 mM MgCl
2
; 500 μM dNTP
(Life Technologies, Gibco BRL); 0,5 μM de iniciadores (Forward e Reverse) e 1 U
de Taq DNA polimerase. A amplificação da primeira metade do gene PRNP foi
realizada usando-se os iniciadores Forward1: 5’ATG CTG GTT CTC TTTGTG 3’ e
Reverse1: 5’AAC GGT CCT CAT AGT CAC TGC 3’. As condições de ciclagem
foram 95ºC por 5 min, seguido de 35 ciclos de 95ºC por 1 min seg, 64ºC por 1 min e
72ºC por 1 min, seguidos de uma extensão final de 72ºC por 10 min.
A amplificação da segunda metade do gene de PRNP foi feita usando-se os
iniciadores Forward2: 5’ TCA TGG TGG TGG CTG GGG TCA 3’ e Reverse2: 5’
CGC CTC CCT CAA GCT GGA AAA 3’.
As condições de ciclagem foram 95ºC por 5 min, seguido de 35 ciclos de
95ºC por 1 min seg, 66ºC por 1 min e 72ºC por 1 min, seguidos de uma extensão
final de 72ºC por 10 min.
Os produtos de PCR amplificados foram separados por eletroforese em gel de
agarose 0,8%, diluídos na proporção 5:1 em TBE (TRIS Borato EDTA). Após a
corrida, o gel foi incubado por 40 minutos com sybr gold (Invitrogen - cat S11494) e
os produtos amplificados visualizados em Luz UV.
32
Os produtos destas amplificações foram usados subseqüentemente nas
reações de seqüenciamento.
3.10.2 Sqüenciamento de PRNP
Após ter o DNA amplificado (item 3.10.1) foi utilizado o kit DYEnamic ET
terminator
®
(Amersham Pharmacia Biotech, Inc, USA) para a reação de
seqüenciamento. As reações foram realizadas segundo as especificações do
fabricante, em um volume final de 10μL contendo 0,2 pmoles de DNA genômico e
0,5 pmoles de iniciador, adicionados a mistura reagente contendo os dNTPs
fluorescentes. A amplificação foi feita em termociclador DNA Thermal Cycler PTC-
100 (MJ Research, Inc), utilizando-se um programa que consta de uma desnaturação
inicial de 1 minuto a 94°C, 1 minuto e 15 segundos a 60° C e 20 segundos a 94° C
por 25 ciclos. Nestas reações foram usados iniciadores sintetizados pela Life
Technologies do Brasil (S.P., Brasil). Primeira metade da seqüência aberta de leitura
de PRNP: F1seq – 5’ CTG GTT CTC TTT GTG GCC 3’ ou R1seq – 5’ AAC GGT
CCT CAT AGT CAC TGC 3’, para a segunda metade da seqüência aberta de leitura
de PRNP: F2 seq – 5’TGG TGG TGG CTG GGG TCA AGG 3’ e R2 seq – 5’ CTC
CCT CAA GCT GGA AAA AGA 3’.
Após esta reação de ciclagem, foi adicionado 1μL de AcNa/EDTA e 40μL de
etanol 95% e o material permanecer por 15 min no escuro e a 4º C. Este foi a seguir
submetido a centrifugação a 10.600 x g por 15 min a 4ºC. O sobrenadante foi
aspirado e o precipitado lavado com 250 μL de etanol 70%, seguido de centrifugação
por 10.600 xg por 5 min a 4º C. O sobrenadante foi aspirado e o precipitado seco a
55
o
C. As amostras foram aplicadas em gel e a leitura da seqüência foi feita em
33
seqüenciador ABI 3100 Genetic Analyzer da Applied Biosystems (New Jersey,
USA).
3.11 HPLC (CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE FASE REVERSA
DENATURANTE)
Os DNAs extraídos de leucócitos de cada um dos pacientes e controles foram
amplificados por PCR, utilizando-se o Kit de amplificação AmpliTaq Gold (Applied
Biosystems, New Jersey, USA). As reações foram feitas em um volume de 50 μL
contendo 100 μg de DNA genômico (diluído em água Dnase/Rnase Free,
Invitrogen), 100 mM Tris HCl pH 8,3; 500 mM KCl; 25 mM MgCl
2
; 500 μM dNTP
(Life Technologies, Gibco BRL); 0,5 μM de iniciadores (Forward e Reverse) e 5 U
de AmpliTaq Gold. Os iniciadores utilizados foram sintetizados pela Life
Technologies do Brasil (S.P., Brasil). A primeira metade da fase aberta de leitura de
PRNP foi amplificada usando o par de iniciadores Forward: 5’ATG CTG GTT CTC
TTTGTG 3’ e Reverse: 5’AAC GGT CCT CAT AGT CAC TGC 3’. Para a segunda
metade foram usados os iniciadores Forward: 5’ ATC ATA CAT TTC GGC AGT 3’
Reverse: 5’ CTC CCT CAA GCT GGA AAA AGA 3’. Para a amplificação foi
utilizado programas touchdown.
Para a 1ª metade de PRNP as condições de ciclagem foram 95ºC por 10 min,
seguido de 10 ciclos de 95ºC por 1 min 63º C por 1 min e 72º C por 1 min, 10 ciclos
de 95ºC por 1 min 61º C por 1 min e 72º C por 1 min, 10 ciclos de 95ºC por 1 min
59º C por 1 min e 72º C por 1 min, seguidos de uma extensão final de 72ºC por 10
min.
34
Para a 2ª metade de PRNP as condições de ciclagem foram 95ºC por 10 min,
seguido de 10 ciclos de 95ºC por 1 min 62º C por 1 min e 72º C por 1 min, 10 ciclos
de 95ºC por 1 min 60º C por 1 min e 72º C por 1 min, 10 ciclos de 95ºC por 1 min
58º C por 1 min e 72º C por 1 min, seguidos de uma extensão final de 72ºC por 10
min.
As amostras de DNA amplificados por PCR foram submetidas à
cromatografia líquida de fase reversa denaturante usando-se o equipamento Wave-
nucleic acid Fragment Analysis System da Transgenomic (CA, USA), para a
pesquisa da presença de variantes alélicas (fitas de DNA em heteroduplex). Para isso
os produtos de PCR são primeiramente aquecidos a 95° C por 5 minutos, para
denaturação total das fitas duplas de DNA e resfriados gradativamente até a
temperatura ambiente para renaturação. Em seguida as amostras são colocadas no
cromatógrafo onde, primeiramente 8 μL destas são aquecidos a uma temperatura de
50°C onde se verifica a qualidade do DNA amplificado (denominada "double-
stranded sizing – single fragment") e em seguida 12 μL do produto de PCR são
aquecidos à temperatura de anelamento, onde se faz a pesquisa de
mutações/polimorfismos por formação de heteroduplex (HUBER et al. 1992). Esta
temperatura foi calculada pelo software do aparelho e se mostrou ótima para a
resolução total dos heteroduplex em 65°C para o fragmento 1 (primeira metade) e
61ºC ou 63ºC para o fragmento 2 (segunda metade).
Os parâmetros de gradiente e fluxo de tampões (tampão A = TEEA 5% e
tampão B = acetonitrila a 25%) foram ajustados utilizando-se o software Wavemaker
system control software (Transgenomic Inc, CA, USA).
35
Amostras que revelaram somente um pico de saída no cromatograma
(homoduplex) são misturadas em igual quantidade com DNA protótipo e
desnaturadas a 95° C por 5 minutos para a formação de possíveis heteroduplex, caso
a amostra contenha uma mutação/polimorfismo em homozigose. A seguir as
amostras são submetidas novamente à analise cromatográfica como descrito
anteriormente.
3.12 IDENTIFICAÇÃO DE POLIMORFISMOS/MUTAÇÕES NO
GENE DE PRNP POR DIGESTÃO DO DNA COM ENDONUCLEASES
Para a digestão do DNA com enzimas de restrição foram feitas amplificações
de toda a fase aberta de leitura do gene PRNP. Para isso usamos os iniciadores F1 -
5’ATG CTG GTT CTC TTTGTG 3’ e R2seq - 5’ CTC CCT CAA GCT GGA AAA
AGA 3’, kit Taq DNA polimerase recombinante (Gibco, USA), seguindo as
especificações do fabricante, em um volume de 20μL por reação, utilizando também
um programa touchdown, com uma temperatura inicial de anelamento de 63°C. O
produto assim obtido foi purificado através de uma precipitação inicial com 400μL
de 2-propanol (P.A, Merck, Germany), seguida de outra com 400μL de 70% etanol
(Merck, Germany). O DNA foi ressuspendido em água estéril para uma concentração
aproximada de 20ng/uL e avaliado através de eletroforese em agarose. As
endonucleases PvuII, NspI and BbvI (New England Biolabs and Amersham
Biosciences) foram usadas para a análise dos códons 117, 129 e 171 respectivamente
(WINDL et al. 1999; FINK et al. 1994). Para a digestão foi usada 1U enzima/ug de
DNA. As reações foram incubadas por 16 horas a 37°C seguidos de 20 minutos a
36
65°C para inativação da enzima e término da reação. Os produtos assim obtidos
foram analisados por eletroforese em gel de poliacrilamida a 8% e revelados por
coloração de prata.
3.14 ESTATÍSTICA
Foi analisada a proporção de casos que apresentavam alelos variantes para o
gene PRNP. A magnitude de associação entre a presença dos alelos variantes e a
ocorrência de epilepsia foi medida pela razão de risco estimado (RRE, do inglês odds
ratio) e o respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%) usando um modelo de
regressão logística incondicional através do programa de estatística SPSS versão 12.0
(Chicago, IL). A mesma análise foi feita separadamente para pacientes portadores de
epilepsias focais (n = 168) e generalizadas primárias (n = 40). Nesta segunda análise
os casos cujos diagnósticos não tenha sido revisado (n = 62). Em todas as análises foi
calculado o RRE ajustado para sexo e a presença de alelos variantes nos códons 117,
129 e depleção do octarepeat.
37
4 RESULTADOS I - ANIMAIS
4.1 AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DO GENE PRNP E EXPRESSÃO
DE PRP
C
NOS ANIMAIS DO ESTUDO
Os esquemas das figuras 1, 2 3 mostram o procedimento de acasalamento das
linhagens de animais usadas no estudo.
Na Figura 1 estão mostrados os animais ZrchI (BÜELER et al. 1992)
ZPrnp
0/0
e seu respectivo controle ZPrnp
+/+
assim como o animal que superexpressa
PrP
c
, denominado Tg20. Estes três animais têm um background misto C57/BL6J x
129Sv e suas genotipagens não são feitas rotineiramente uma vez que as linhagens
são mantidas isoladas, isto é não há acasalamento entre elas.
A Figura 2 apresenta o esquema de acasalamento dos animais da linhagem
Edbg (MANSON et al. 2004). Os animais são mantidos com a depleção de Prnp em
heterozigose e acasalados entre eles para a geração de animais com os diferentes
genótipos na mesma ninhada. Todos estes animais são genotipados e os produtos das
reações de PCR usados para identificação dos genótipos estão mostrados na Figura
2C.
A Figura 3 mostra o esquema de obtenção dos animais knockouts
condicionais Tg46*, Cre-Tg46, Tg37* e Cre-tg37. As linhagens originais contendo o
gene Prnp flanqueado por Mlox são também denominadas Tg37 e Tg46 e a linhagem
contendo o gene da CRE recombinase modulado pelo promotor de neurofilamento H
é denominado Tg63. Os animais gerados dos acasamentos entre Tg37 x Tg63 ou
38
Tg46xTg63 (Tg46*, Cre-Tg46, Tg37* e Cre-tg37) são todos genotipados e os
produtos das reações de PCR usados para identificação dos genótipos estão
mostrados na Figura 3C.
Para confirmar a expressão de PrPP
c
nas cepas de animais Tg20 e naqueles que
dão origem aos animas knockout condicionais Tg37 e Tg46, extratos de cérebro de
cada um destes camundongos foram avaliados por Western Blot usando-se anticorpos
contra PrP
c
e β-actina como controle de carregamento (Figura 4A). Na Figura 4B os
valores relativos da expressão de PrP
c
foram determinados a partir da relação entre a
intensidade das bandas obtidas para PrP
c
e as respectivas intensidades de β-actina.
Assim, podemos observar que o animal Tg37 apresenta três vezes mais PrP
c
no
cérebro do que o animal Tg46, enquanto o Tg20 expressa aproximadamente 6 vezes
mais PrP
c
quando comparado com o controle C57/BL6J. Estes dados são consistentes
com os descritos previamente (FISHER et al. 1996; MALLUCCI et al. 2002).
39
ZPrnp
0/0
neo
Acasalamento por
10 anos no ILPC
ZPrnp
+/+
Prnp
Prnp
0/0
C57/BL6Jx129Sv
Prnp
0/0
C57/BL6Jx129Sv
Prnp
0/0
C57/BL6Jx129Sv
ZPrnp
0/0
C57/BL6Jx129Sv
C57/BL6J
ZPrnp
+/+
C57/BL6Jx129Sv
C57BL6J
x 129Sv
129Sv
Acasalamento por
10 anos no ILPC
Tg20
neo
Prnp
Tg 20
C57BL6Jx 129Sv
Tg 20
C57BL6Jx 129Sv
Tg 20
C57BL6Jx 129Sv
Tg 20
C57BL6Jx 129Sv
Acasalamento por
10 anos no ILPC
+
20x
Legenda: Obtenção das linhagens de camundongos ZPrnp
0/0
, ZPrnp
+/+
e Tg20. Estes animais têm
sido mantidos neste esquema de acasalamento nos últimos 10 anos.
Figura 1 - Esquema de acasalamentos dos animais ZPrnp
0/0
, ZPrnp
+/+
e Tg20.
40
Prnp
neo
E
Prnp
-/-
E
Prnp
+/+
EPrnp
-/-
EPrnp
+/-
EPrnp
+/+
Prnp
+/-
Edbg C57/BL10
Prnp
+/-
C57BL10
Prnp
+/-
C57BL10
A
B
C
Prnp
RB
Neo
RB
600 pb
400 pb
600 pb
400 pb
Legenda: Obtenção dos animais EPrnp
-/-
, EPrnp
+/+
e EPrnp
+/-
provenientes do acasalamento de dois
heterozigotos para Prnp e gel mostrando reação de PCR realizada para a genotipagem destes animais.
Figura 2 - Esquema de acasalamentos dos animais EPrnp
-/-
, EPrnp
+/+
e EPrnp
+/-
41
C
Expressão de PrPc neuronal
Nascimento
Expressão de Cre
-
NFH
Deleção neurônio
-
específica de PrPc
MloxP
NFH
-
Cre
Semanas
Expressão de PrPc neuronal
Nascimento
Expressão de Cre
-
NFH
Deleção neurônio
-
específica de PrPc
MloxP
NFH
-
Cre
Expressão de PrPc neuronal
Nascimento
Expressão de Cre
-
NFH
Deleção neurônio
-
específica de PrPc
MloxP
NFH
-
Cre
Semanas
MALLUCCI et al. 2003 Modificado
Tg46
Lox
-
Prnp
Tg63
Cre Hemizigose
Cre
-
Tg46
Lox
-
Prnp
Tg46
Lox
-
Prnp
Controle
Knokout
pós-
natal
Tg46
Lox
-
Prnp
Tg63
Cre Hemizigose
Cre
-
Tg46
Lox
-
Prnp
Tg46
Lox
-
Prnp
Controle
Knokou
t
pós-
natal
Tg37
Lox
-
Prnp
Tg63
Cre Hemizigose
Cre
-
Tg37
Lox
-
Prnp
Tg37
Lox
-
Prnp
Controle
Knokou
pós-
natal
Tg37
Lox
-
Prnp
Tg63
Cre Hemizigose
Cre
-
Tg37
Lox
-
Prnp
Tg37
Lox
-
Prnp
Controle
Knokou
pós-
natal
A
B
Neo
Prn
p
-lox
CRE
Legenda: Em A esquema de depleção de Prrnp neurônio-específica modificado de MALLUCCI et al.
(2003). Em B, esquema de acasalamento dos animais knockouts pós-natal e em C gel mostrando
reação de PCR realizada para a genotipagem destes animais.
Figura 3 - Esquema de acasalamento dos animais nocautes pós-natal.
42
A
PrP
c
29 KDa
0
1
2
3
4
5
6
7
ZPr
np
+/+
C
57
/B
L
6J
Tg20
EP
rn
p
+/
+
EPrnp+/-
Tg46
Tg3
7
Expressão Relativa de PrP
c
β Actina
45 KDa
ZPrnp
+/+
C57/BL6J Tg20 EPrnp
+/+
EPrnp
+/-
Tg46 Tg37
B
Legenda: (A) Reação de western blot para PrP
c
e β-actina em extratos de cérebro de camundongos
C57Bl6J, Tg20, Tg46 e Tg37. (B) Expressão relativa de PrP
P
c
. Os valores representam a intensidade da
reação para PrP
c
de cada animal normalizada pela expressão respectiva de β-actina.
Figura 4 - Western Blot para quantificação de PrPc no cérebro das cepas usadas
neste estudo.
43
4.2 MODELO DE CONVULSÃO INDUZIDA QUIMICAMENTE POR
ÁCIDO CAÍNICO EM CAMUNDONGOS
Dados anteriores do grupo mostraram que animais
knockouts para PrP
c
, Zrch
Prnp
0/0
apresentavam um limear mais baixo de sensibilidade à convulsão induzida
farmacologicamente que animais do tipo selvagen (WALZ et al 1999).
O modelo experimental de ácido caínico usado por WALZ em 1999 foi
ampliado com o uso de várias doses desta droga nos animais tipo selvagem
(Z
Prnp
+/+
) e knockouts (ZPrnp
0/0
) e ainda em animais Tg20, que expressam 6x mais
PrP
c
do que animais selvagens (Fisher et al, 1996). Além disso, foram avaliadas
outras linhagens de animais
knockouts para Prnp.
A Figura 5A mostra os experimentos de convulsão induzida por doses
crescentes de ácido caínico em machos tipo selvagem, Z
Prnp
+/+
e C57/BL6J, em
knockouts ZPrnp
0/0
e em camundongos que superexpressam PrP
c
, Tg20. Os animais
Z
Prnp
+/+
receberam doses intraperitoniais de 10, 12,5 e 15 mg de ácido caínico/kg.
Na dose 10mg/kg, 10% dos animais Z
Prnp
+/+
apresentaram convulsão (3/30), em
12,5mg/kg, 80% (16/20) e em 15mg/kg 100% (10/10). Os animais tipo selvagem da
linhagem pura C57/BL6J foram analisados nas doses de 10 e 12,5 mg de ácido
caínico/kg animal. Quando tratados com a dose de 10mg/kg, 30% dos animais (3/10)
apresentaram convulsão enquanto que 100% (10/10) deles têm convulsão quando
recebem 12,5mg/kg de ácido caínico. Portanto, os animais Z
Prnp
+/+
de background
misto (C57/BL6J x 129Sv) apresentam sensibilidade semelhante ao ácido caínico
que aqueles de
background puro (C57/BL6J).
44
Nossos dados anteriores apontavam que 80% dos animais knockout para PrP
c
(Z
Prnp
0/0
) tinham convulsão com uma dose de 10mg/kg (WALZ et al. 1999). Os
resultados apresentados na Figura 5A confirmam esta tendência onde 100% dos
animais Z
Prnp
0/0
apresentam convulsão com esta dose (20/20). Entretanto, um dado
novo mostra que estes animais são mais sensíveis do que esperávamos uma vez que a
dose de 7,5 mg/Kg já é capaz de induzir convulsão em 100% dos animais (10/10).
Apenas na dose de 5 mg/Kg não são observadas convulsões no animal Z
Prnp
0/0
(0/10).
Foram analisados ainda camundongos Tg20 que expressam cerca de seis
vezes mais PrP
c
que os do tipo selvagem (Figura 5A). Nas doses de 10 (n=10), 12,5
(n=10), 15 (n=10), 17,5 (n=10) e 20 mg/Kg (n=10) de ácido caínico nenhum animal
apresentou convulsão. Esta só ocorreu quando a dose usada foi de 25mg/Kg, onde
40% dos animais apresentaram convulsão (6/15).
Portanto, a comparação entre os animais Z
Prnp
0/0
com os do tipo selvagem
Z
Prnp
+/+
na dose 10mg/Kg mostrou que a ausência de expressão de PrP
c
torna os
animais mais sensíveis às convulsões induzidas por ácido caínico (p<0,001 – Teste
de Qui-Quadrado). Por sua vez, a superexpressão de PrP
c
nos camundongos Tg20
torna-os muito mais resistentes às convulsões induzidas por esta droga (10mg/Kg) do
que os animais Z
Prnp
+/+
ou C57/BL6J (p<0,001 – Teste de Qui-Quadrado).
Na tentativa de mostrar se havia diferença na sensibilidade à convulsão em
fêmeas, usamos as doses de 10 e 12,5 mg/kg de ácido caínico em camundongas
Z
Prnp
+/+
e ZPrnp
0/0
. A Figura 5B mostra que na dose de 12,5mg/Kg todas as fêmeas
Z
Prnp
0/0
(10/10) tiveram convulsão e 90% (9/10) das ZPrnp
+/+
apresentaram este
fenótipo. Por outro lado, na dose de 10mg/Kg 100% (10/10) das fêmeas Z
Prnp
0/0
45
tiveram convulsão enquanto nenhuma (0/10) das ZPrnp
+/+
apresentaram este fenótipo
(p<0,001. – Teste de Qui-Quadrado). Portanto, tanto machos quanto fêmeas que não
expressam PrP
c
apresentam uma maior sensibilidade a convulsão induzida por ácido
caínico que animais tipo selvagem.
Legenda: (A) Camundongos machos das linhagens ZPrnp
0/0
, C57Bl6J, ZPrnp
+/+
e Tg20 foram
tratados com concentrações crescentes de KA via intraperitonial. Os valores representam a
porcentagem os animais que entraram em convulsão (pelo menos estágio III na escala de Racine). Os
números colocados ao lado de cada ponto representam o número de animais por grupo. (B)
Camundongas fêmeas das linhagens ZPrnp
0/0
e ZPrnp
+/+
foram tratadas com as concentrações
indicadas de KA como descrito em (A).
Figura 5 – Curva dose resposta de KA em animais ZPrnp
0/0
, C57Bl6J, ZPrnp
+/+
e
Tg20.
46
A seguir avaliamos uma segunda linhagem de animais knockout para o gene
Prnp denominada Edbg (MANSON et al. 1994). Os animais usados no experimento
são gerados a partir do acasalamento de dois heterozigotos para a depleção de
Prnp
gerando numa mesma prole os três genótipos – tipo selvagem (
EPrnp
+/+
), knockout
(E
Prnp
-/-
) e heterozigoto (EPrnp
+/-
). Na Figura 6A avaliamos presença de convulsão
pela administração de 10 mg/Kg ácido caínico em machos e fêmeas com cada um
dos genótipos.
A avaliação de 15 machos E
Prnp
+/+
mostrou que apenas 7% (1/15) deles
apresentaram convulsão, enquanto que 20% (4/20) dos animais E
Prnp
+/-
e 73%
(11/15) dos animais E
Prnp
-/-
apresentaram este fenótipo. Resultados semelhantes
foram obtidos para as fêmeas onde 17% das E
Prnp
+/+
(2/12)
apresentavam convulsão
contra 35% (7/20) das
EPrnp
+/-
e 82% (14/17) das EPrnp
-/-
. A diferença entre animais
E
Prnp
+/+
e EPrnp
-/-
foi estatisticamente significativa (p=0,002 para machos e fêmeas
Teste de Qui-Quadrado). Entretanto, a comparação entre os animais E
Prnp
+/+
e
E
Prnp
+/-
não foi estatisticamente significativa (p=0,287 para machos e 0,274 para
fêmeas - Teste de Qui-Quadrado). Além disso, a presença de convulsão é
significativamente maior em animais E
Prnp
-/-
comparados aos animais EPrnp
+/-
(p =
0,003 para machos e 0,002 para fêmeas). Desta forma, os animais E
Prnp
-/-
apresentam chance 38,5 e 23,3 vezes (machos e fêmeas respectivamente) maior de
apresentarem convulsão quando comparados com os E
Prnp
+/+
. Da mesma forma, os
animais E
Prnp
-/-
apresentam 11,0 e 8,7 vezes mais risco de desenvolverem crises
convulsivas quando comparados com os camongongos E
Prnp
+/-
(machos e fêmeas
respectivamente). As Tabelas 3 a 6 mostram os cálculos estatísticos (RRE e p) de
cada grupo.
47
Tabela 3 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com KA usando o animal E
Prnp
+/+
como parâmetro.
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE p
Não Sim
EPrnp
+/+
14 (93,3%) 1 (6,7%) 1,0 -
EPrnp
-/-
4 (26,7%) 11 (73,3%) 38,5 0,002
EPrnp
+/-
16 (80,0%) 4 (20,0%) 3,5 0,287
Tabela 4 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com KA usando o animal E
Prnp
+/-
como parâmetro.
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE P
Não Sim
EPrnp
+/+
14 (93,3%) 1 (6,7%) 0,286 0,287
EPrnp
-/-
4 (26,7%) 11 (73,3%) 11,0 0,003
EPrnp
+/-
16 (80,0%) 4 (20,0%) 1,0 -
Tabela 5 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
fêmeas
tratadas com KA usando o animal E
Prnp
+/+
como parâmetro.
Tabela 6 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
fêmeas
tratadas com KA usando o animal E
Prnp
+/-
como parâmetro.
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE p
Não Sim
EPrnp
+/+
10 (83,3%) 2 (16,7%) 1,00 -
EPrnp
-/-
3 (17,6%) 14 (82,4%) 23,3 0,002
EPrnp
+/-
13 (65,0%) 7 (35,0%) 2,7 0,274
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE p
Não Sim
EPrnp
+/+
10 (83,3%) 2 (16,7%) 0,371 0,274
EPrnp
-/-
3 (17,6%) 14 (82,4%) 8,7 0,006
EPrnp
+/-
13 (65,0%) 7 (35,0%) 1,0 -
48
Esses dados estão de acordo com os obtidos para os animais ZPrnp
0/0
(Figura
5) e mostram que a remoção do gene
Prnp induz a uma maior sensibilidade à
convulsão independente do sexo e das cepas dos animais. Além disso, a presença de
apenas uma cópia do gene
Prnp é suficiente para resgatar o fenótipo de maior
sensibilidade a ácido caínico tanto nos machos como nas fêmeas.
Foram analisadas ainda as duas cepas de animais
knockouts pós-natal Tg46*
(que tem expressão de PrP
c
semelhante ao tipo selvagem) e Tg37* (que apresenta 3x
mais PrP
c
no cérebro) (Figura 4 e MALLUCCI et al. 2002). Todos os animais foram
avaliados após completarem 16 semanas uma vez que o gene
Prnp é “desligado”
entre a nona e décima segunda semanas pós-natal. Os animais foram genotipados e
desta forma separados em 2 grupos: CreTg46 ou CreTg37 (animais que deixaram de
expressar PrP
c
apenas nos neurônios, após 12 semanas) e comparados com animais
da mesma prole que não receberam a Cre recombinase e que portanto, continuam
expressando PrP
c
, respectivamente Tg46* e Tg37*. Na Figura 6B mostramos os
resultados obtidos com machos que receberam a dose de 10mg de ácido caínico/Kg.
A avaliação dos animais Tg46* mostrou que 58% deles (7/12) apresentaram
convulsão contra 80% (8/10) dos camundongos CreTg4 não havendo diferença
significativa entre estes grupos (p=0,277 Teste de Qui-Quadrado).
O tratamento da linhagem Tg37* com ácido caínico levou 27% dos
camundongos (3/11) à convulsão enquanto que 100% (10/10) dos animais da cepa de
knockout pós-natal correspondente, CreTg37, apresentam este fenótipo. A análise
dos dados mostrou que os animais que deixam de expressar PrP
c
apenas nos
neurônios no período pós-natal CreTg37 apresentam uma sensibilidade maior ao
49
ácido caínico do que seus respectivos controles Tg37* que mantêm a expressão desta
proteína (p=0,001).
Sabe-se que os animais Tg37 expressam três vezes mais PrP
c
que os Tg46
(Figura 4 e MALLUCCI et al. 2002), entretanto nenhuma diferença entre a
sensibilidade a ácido caínico foi encontrada entre estes grupos (Figura 6B) (p=0,133
teste de Qui-Quadrado).
Legenda: (A) Camundongos machos ou fêmeas das linhagens EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
ou (B)
machos das linhagens Tg46*, CreTg46, Tg37* e CreTg37 foram tratados com 10mg/kg de KA via
intraperitonial. Os valores representam a porcentagem os animais que entraram em convulsão (pelo
menos estágio III na escala de racine). Os números colocados abaixo das barras representam o número
de animais por grupo. A análise estatística foi feita usando Teste de Qui-Quadrado e os valores de
p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Figura 6 – Convulsão induzida por KA nas linhagens EPrnp e knockouts pós-natal.
50
4.3 DESCRIÇÃO DA SEMILOGIA DAS CRISES CONVULSIVAS
Todos os animais formam observados por 120 minutos após a injeção da
droga e tiveram suas crises classificadas pela escala de racine. Os resultados estão
colocados na tabela 7.
Nas cepas Z
Prnp
+/+
, ZPrnp
0/0
e C57/BL6J as convulsões foram caracterizadas
por uma seqüência de manifestações comportamentais progressivas na escala de
Racine de I a V. Nestes grupos todos os animais atingiram a escala V de Racine,
tendo crises límbicas generalizadas.
Dos animais Z
Prnp
+/+
que tiveram convulsão (n=38), 97% entraram em
Status Epileticus, sendo o primeira manifestação clínica num tempo médio de 47 min
após a injeção da droga e apresentaram crises recorrentes durante o período de
observação. Dos animais C57/BL6J que tiveram convulsão (n=13), o tempo médio
para a primeira manifestação convulsiva foi de 52 min. após a injeção da droga,
100% deles entraram em
Status Epileticus e tiveram crises recorrentes durante o
período de observação. Dos animais Z
Prnp
0/0
que apresentaram convulsão (n=50),
96% entraram em
Status Epileticus, a primeira manifestação foi em média após 36
min da injeção da droga e tiveram crises recorrentes durante o período de
observação.
Os animais Tg20 que convulsionaram não seguiram o padrão da escala de
Racine. Todos iniciaram a primeira manifestação já no estágio V, em um tempo
médio de 63 min. Os 6 animais que convulsionaram entraram em
Status Epileticus,
sendo que um morreu após sucessivas crises generalizadas. Além disso, dois animais
51
analisados na dose 25mg/Kg que não haviam convulsionado, morreram menos de 24
h após o experimento.
Nas cepas E
Prnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
as convulsões foram caracterizadas
por uma seqüência de manifestações comportamentais progressivas na escala de
Racine de I a V. Dos 3 animais E
Prnp
+/+
que tiveram convulsão, 66% entraram em
Status Epieticus e tiveram crises recorrentes durante o período de observação. Dois
animais deste grupo atingiram a escala V de Racine e um deles permaneceu na escala
III. O tempo médio para a primeira manifestação clínica foi de 53 min. Dos animais
E
Prnp
-/-
que apresentaram convulsão (n=25), 88% entraram em Status Epileticus e
tiveram crises recorrentes durante o período de observação. Neste grupo 19 animais
atingiram a escala V de Racine, enquanto que 6 animais permaneceram no estágio
III. O tempo médio para a primeira manifestação clinica foi de 50 min. Dos 11
animais E
Prnp
+/-
que tiveram convulsão, 72% entraram em Status Epileticus e
tiveram crises recorrentes durante o período de observação. Neste grupo 9 animais
atingiram a escala V de Racine, e 2 animais permaneceram no estágio III. O tempo
médio para a primeira manifestação clínica foi de 55 min.
Dos animais CreTg46 que apresentaram convulsão (n=8) 100% entraram em
Status Epileticus, sendo a primeira manifestação clínica num tempo médio de 36 min
após a injeção da droga e apresentaram crises recorrentes durante o período de
observação. Já o seu respectivo controle Tg46, dos animais que apresentaram
convulsão (n=7) 100% entraram em
Status Epileticus, sendo a primeira manifestação
clínica num tempo médio de 40 min após a injeção da droga e apresentaram crises
recorrentes durante o período de observação.
52
Dos animais CreTg37 que apresentaram convulsão (n=10), 100% entraram
em
Status Epileticus, sendo a primeira manifestação clínica num tempo médio de 39
min após a injeção da droga e apresentaram crises recorrentes durante o período de
observação. Já os seus respectivos controles Tg37, que apresentaram convulsão
(n=3) 100% entraram em
Status Epileticus, sendo a primeira manifestação clínica
num tempo médio de 40 min após a injeção da droga e apresentaram crises
recorrentes durante o período de observação.
Nos grupos de animais Tg37*, Tg46*, CreTg37 e CreTg46 as convulsões
foram caracterizadas por uma seqüência de manifestações comportamentais
progressivas na escala de Racine de I a V, sendo que todos os animais que
apresentaram convulsão atingiram a escala V de Racine, tendo crises límbicas
generalizadas.
53
Tabela 7 - Descrição da semiologia das crises convulsivas induzidas pelo tratamento
com KA nos camundongos usados neste estudo.
Animais
Dose de ácido
caínico (mg/kg)
Número de
animais com
convulsão
% Status
Epileticus
Tempo médio da
primeira crise
(min.)
Observações
ZPrnp
+/+
10, 12,5 e 15 38 97 47
C57Bl6J
10 e 12,5 13 100 52
ZPrnp
0/0
5, 7,5 e 10 50 96 36
Tg20
25 6 100 63 Direto ao estágio V
3 óbitos em 24 horas
EPrnp
+/+
10 3 66 53 2 no estágio V
1 no estágio III
EPrnp
-/-
10 25 88 50 19 no estágio V
6 no estágio III
EPrnp
+/-
10 11 72 55 9 no estágio V
2 no estágio III
CreTg37
10 10 100 39
Tg37*
10 3 100 40
CreTg46
10 8 100 36
Tg46*
10 7 100 40
4.4 MODELO DE CONVULSÃO INDUZIDA QUIMICAMENTE POR
PENTILENOTETRAZOL EM CAMUNDONGOS
A sensibilidade a convulsão foi avaliada em todos os animais descritos
anteriormente utilizando 40mg PTZ/Kg animal. A Figura 7A mostra os experimentos
nos animais tipo selvagem - Z
Prnp
+/+
e C57/BL6J, animais nocaute (ZPrnp
0/0
) e
Tg20, todos machos. Nos animais Z
Prnp
+/+
, foram analisados 13 animais, sendo que
92% deles apresentaram convulsão com 23% de mortalidade. Nos animais C57/BL6J
foram analisados 10 animais dos quais 90% convulsionaram, e destes, 20%
morreram. Foram avaliados 13 animais Z
Prnp
0/0
onde 100% convulsionaram e 85%
deles morreram. Não houve diferença significativa quanto ao aparecimento de
convulsão entre estes grupos. Entretanto os animais Z
Prnp
0/0
apresentam um risco
18,33 vezes maior de morte após crise convulsiva que os Z
Prnp
+/+
(Tabelas 8 e 9;
p=0,004, teste de Qui-Quadrado).
54
No grupo de Tg20, apenas 10% dos animais convulsionaram (n=10) e
nenhum animal morreu. Portanto, estes animais apresentam uma maior resistência à
convulsão que os animais tipo selvagem Z
Prnp
+/+
ou C57/Bl6J (p<0,001, teste de
Qui-Quadrado).
A Figura 7B mostra o experimento de convulsão induzida por PTZ com
animais
Edbg machos. Foram analisados 16 animais EPrnp
+/+
, dos quais 25%
convulsionaram e 6% morreram. Dos 16 animais E
Prnp
-/-
100% convulsionaram e
destes 47% morreram. Dos 25 animais E
Prnp
+/-
, 40% tiveram convulsão e 16%
destes morreram. Analisando o parâmetro convulsão, as diferenças entre os animais
E
Prnp
+/+
e EPrnp
-/-
e entre EPrnp
+/-
e EPrnp
-/-
foram estatisticamente significativas
(p<0,001 para os dois grupos) e entre E
Prnp
+/+
e EPrnp
+/-
a diferença não foi
estatisticamente significativa (p=0,742, teste de Qui-Quadrado).
Quando o parâmetro analisado foi morte, vemos que à semelhança do
observado para convulsão, os animais E
Prnp
-/-
apresentaram um risco 12,6 vezes
maior de ir a óbito após a convulsão do que os E
Prnp
+/+
(tabela, 10; p = 0,03) e 4,2
vezes maior se comparados aos
EPrnp
+/-
(tabela 11, p = 0,037). Não houve diferença
entre a mortalidade dos animais E
Prnp
+/+
e EPrnp
+/-
(tabelas 10 e 11; p = 0,40).
Na Figura 7C foram avaliados animais
knockout condicionais e respectivos
controles, todos machos na dose de 40mg de PTZ/Kg de animal. Dos 11 animais
CreTg46 analisados, todos convulsionaram e 20% foram a óbito e igualmente 100%
dos animais Tg46* (n=10), convulsionaram e 20% morreram. Portanto, não houve
diferenças quanto à convulsão ou morte (tabela 12; p = 0,69) entre estes dois grupos.
Já na linhagem de
knockout pós-natal Tg37*, 60% dos animais convulsionaram e
10% deles morreram (n=10) enquanto que o animal CreTg37 que deixou de
55
expressar PrPP
c
nos neurônios, 100% dos camundongos convulsionaram e 75%
morreram (n=12). Desta forma, este último animal
knockout condicional apresenta
maior sensibilidade à convulsão (p = 0,001) e um risco 27 vezes maior de morte após
convulsão que os seu respectivos controle (Tabela 13; p=0,008). Não existem
diferenças entre os animais Tg46* e Tg37* quanto às convulsões (p=0,087) e
mortalidade por PTZ (tabelas 12 e 13; p = 0,53).
Este grupo de resultados mostra que independente do
background genético e
da construção feita para a remoção do gene
Prnp, animais que não expressam PrP
c
são mais susceptíveis à convulsão induzida farmacologicamente. Além disso, uma
vez que animais que deixam de expressar PrP
c
apenas em neurônios no período pós-
natal também apresentam maior sensibilidade a convulsões, podemos admitir que
este fenótipo envolve um mau funcionamento neuronal.
56
Legenda: (A) Camundongos machos das linhagens ZPrnp
+/+
, ZPrnp
0/0
C57Bl6J e Tg20 (B) EPrnp
+/+
,
EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
ou (C) Tg46*, Cre-Tg46, Tg37* e Cre-Tg37 foram tratados com 40mg/kg de PTZ
via intraperitonial. Os valores representam a porcentagem os animais que entraram em convulsão
(pelo menos estágio III na escala de racine) ou a mortalidade . Os números colocados abaixo das
barras representam o número de animais por grupo. A análise estatística foi feita usando o Teste de
qui-quadrado e os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Figura 7 – Convulsão induzida por PTZ em diferentes linhagens de camundongos
knockout para Prnp ou transgênicos que superexpressam Prnp.
57
Tabela 8 - Análise estatística dos animais ZPrnp
+/+
, ZPrnp
0/0
e C57/BL6J machos
tratados com PTZ que morreram usando o animal Z
Prnp
+/+
como parâmetro.
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE p
Não Sim
ZPrnp
+/+
10 (76,9%) 3 (23,1%) 1,0 -
ZPrnp
0/0
2 (15,4%) 11 (84,6%) 18,33 0,004
C57/BL6J 8 (80,0%) 2 (20%) 0,833 0,859
Tabela 9 - Análise estatística dos animais ZPrnp
+/+
, ZPrnp
0/0
e C57/BL6J machos
tratados com PTZ que morreram usando o animal C57/BL6J como parâmetro.
Tipo de Animal Convulsão (%) RRE p
Não Sim
ZPrnp
+/+
10 (76,9%) 3 (23,1%) 1,2 0,859
ZPrnp
0/0
2 (15,4%) 11 (84,6%) 22,0 0,005
C57/BL6J 8 (80,0%) 2 (20%) 1,0 -
Tabela 10 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com PTZ que morreram usando o animal E
Prnp
+/+
como parâmetro.
Tipo de Animal ÓBITO (%) RRE p
Não Sim
EPrnp
+/+
14 (93,3%) 1 (6,7%) 1,0 -
EPrnp
-/-
8 (53,3%) 7 (46,7%) 12,25 0,03
EPrnp
+/-
21 (84,0%) 4 (16,0%) 2,67 0,40
58
Tabela 11 - Análise estatística dos animais EPrnp
+/+
, EPrnp
-/-
e EPrnp
+/-
machos
tratados com PTZ que morreram usando o animal E
Prnp
+/-
como pametro.
Tipo de Animal ÓBITO (%) RRE p
Não Sim
EPrnp
+/+
14 (93,3%) 1 (6,7%) 0,375 0,40
EPrnp
-/-
8 (53,3%) 7 (46,7%) 4,59 0,043
EPrnp
+/-
21 (84,0%) 4 (16,0%) 1,0 -
Tabela 12 - Análise estatística dos animais nocautes pós-natal e seus respectivos
controles machos tratados com PTZ que morreram usando o animal Tg46* como
parâmetro.
Tipo de Animal ÓBITO (%) RRE p
Não Sim
Tg 46 * 8 (80,0%) 2 (20,0%) 1,00 -
CreTg46 8 (72,7%) 3 (27,3%) 1,5 0,69
Tg 37* 9 (90%) 1 (10,0%) 0,44 0,53
CreTg37 3 (25,0%) 9 (75,0%) 12,0 0,016
Tabela 13 - Análise estatística dos animais nocautes pós-natal e seus respectivos
controles machos tratados com PTZ que morreram usando o animal CreTg37 como
parâmetro.
Tipo de Animal ÓBITO (%) RRE P
Não Sim
Tg 46 * 8 (80,0%) 2 (20,0%) 2,2 0,53
CreTg46 8 (72,7%) 3 (27,3%) 3,3 0,33
Tg 37* 9 (90%) 1 (10,0%) 1,00 1,00
CreTg37 3 (25,0%) 9 (75,0%) 27,0 0,008
59
5 RESULTADOS II - HUMANOS
5.1 PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE DHPLC
(CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE FASE REVERSA
DENATURANTE) PARA DETECÇÃO DE POLIMORFISMOS NO
GENE PRNP
O uso da técnica de DHPLC é muito vantajoso para a detecção de variantes
alélicas nos genes de interesse e representa um ganho importante por ser uma técnica
mais rápida e menos dispendiosa que o seqüenciamento (XIAO e OEFNER 2001). A
técnica foi empregada para analisar 553 amostras de DNA humanos.
Na padronização da técnica de DHPLC para a pesquisa de polimorfismos no
gene de
PRNP foram modificamos os iniciadores utilizados inicialmente no
seqüenciamento. Para as reações de seqüenciamento a seqüência aberta de leitura
(ORF) de
PNRP era dividida em duas metades que se sobrepunham na região central.
Desta forma, o códon 129 estava contemplado quando se seqüenciava cada uma das
metades. A mudança visou diminuir a sobreposição destes dois fragmentos de tal
forma que se excluísse o códon 129, altamente polimórfico da segunda metade
amplificada da ORF de
PRNP. Desta maneira a presença deste polimorfismo não
interferiria na detecção, por exemplo, de polimorfismos no códon 171.
Os produtos de PCR obtidos da amplificação de
PRNP com estes dois novos
pares de iniciadores foram submetidos a uma análise cromatográfica (DHPLC). Os
60
detalhes a respeito desta técnica e os perfis de saída do DHPLC são mostrados no
trabalho realizado pelo nosso grupo (CASTRO et al. 2004).
As amostras foram inicialmente avaliadas quanto à qualidade de amplificação
numa reação realizada a 50ºC, como pode ser visto na Figura 8. Nesta temperatura já
é possível verificar a presença de alterações que envolvam deleções ou inserções,
neste caso a depleção de um
octarepeat (indicado por uma seta), presente em
aproximadamente 10% da população.
Em seguida as amostras foram analisadas para se verificar a presença ou não
de polimorfismos e mutações. Como pode ser visto na Figura 9, nesta análise feita a
65ºC, foram encontrados cromatogramas específicos para o polimorfismo no códon
129 em heterozigose (M129V) e em homozigoze que apresenta um pico único. Esta
sida de pico único pode representar uma amostra M129M ou V129V. Todas as
amostras que apresentam este perfil único de saída são misturadas a um DNA
protótipo no caso M129M. Se o cromatograma obtido então continuar sendo de um
pico único, comprovamos a presença de metionina em homozigose no códon 129
para esta amostra. Caso o perfil obtido seja semelhante ao da amostra M129V,
comprovamos que a amostra que inicialmente tinha um pico único era de um
homozigoto V129V.
É possível ainda verificarmos que o perfil obtido pelo cromatograma é
bastante específico e pode determinar a presença de mais que um polimorfismo na
mesma seqüência. No caso o perfil intermediário na Figura 9 representa um
polimorfismo silencioso no códon 117 associado à heterozigoze no códon 129.
A especificidade do padrão dos picos está também apresentada na Figura 10
onde vemos a presença de um polimorfismo silencioso no códon 124 (G124G). Este
61
padrão foi determinado depois da publicação do artigo de CASTRO et al. (2004). A
Figura 11 mostra o perfil obtido para o produto amplificado do fragmento
correspondente à segunda metade da ORF do gene
PRNP. Nesta análise feita a 61ºC,
podemos verificar a presença do polimorfismo do códon 171 (N171S) em
heterozigose quando comparado a uma amostra selvagem.
B20
B21
PRNP 1 -50.C
Time (Minutes)
654
Legenda: Exemplo de cromatograma obtido por DHPLC em uma análise realizada a 50
o
C do produto
amplificado da primeira metade de PRNP, demonstrando que a amplificação foi de boa qualidade.
Nesta temperatura já é possível detectar alterações maiores na seqüência amplificada como a amostra
que possui depleção de um octarepeat em heterozigose (indicado por uma seta).
Figura 8 – Perfil de DHPLC para o protótipo e depleção de um octarepeat em
PRNP.
Absorb (mV)ance
8
7
6
5
4
3
2
1
62
B20
B23
B28
PRNP 1 -65.C
Time (Minutes)
654
Absorbance (mV)
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
M129V
A117A sil + M129V
Homozigota
Legenda: Exemplo de cromatograma do DHPLC em uma análise realizada a 65
o
C do produto
amplificado da primeira metade de PRNP. Neste cromatograma, pode-se verificar que uma amostra
homozigota, uma que possui o polimorfismo no códon 129 em heterozigoze (M129V) e ainda uma
amostra com o polimorfismo no códon 129 associado ao polimorfismo silencioso do códon 117
(A117A sil).
Figura 9 – Perfil de DHPLC das variantes alélicas A117A sil e M129V de PNRP.
63
B26
B27
PRNP 1 -65.C
Time (Minutes)
654
Absorbance (mV)
8
7
6
5
4
3
2
1
B26
B27
PRNP 1 -65.C
Time (Minutes)
654
Absorbance (mV)
8
7
6
5
4
3
2
1
M129V
G124G
Legenda: Exemplo de cromatograma do DHPLC com as amostras analisadas a 65
o
C do produto
amplificado da primeira metade de PRNP onde se verificou a presença de uma alteração no códon 124
- polimorfismo silencioso G124G.
Figura 10 - Perfil de DHPLC das variantes alélicas G124G sil. e M129V de PRNP.
64
EPI 20
EPI 31
PRNP 2 -61.C
Time (Minutes)
654
A
Legenda: Exemplo de cromatograma obtido por DHPLC em uma análise realizada a 61
o
C do
produto amplificado da segunda metade de PRNP. Neste cromatograma, pode-se comparar o perfil
encontrado de uma amostra selvagem, sem alteração com uma amostra onde foi encontrada a variante
alélica N171S.
Figura 11 - Perfil de DHPLC da variante alélica N171S de PRNP.
bsorban V)ce (m
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
PRNP 2 -61.C
EPI 20
EPI 31
Time (Minutes)
654
A an V)bsorb ce (m
10
9
8
7
6
5
4
3
2
N171N
N171S
1
65
Durante a padronização da técnica de DHPLC todos os perfis obtidos para os
diferentes polimorfismos e mutações eram confirmados também por sequenciamento
e digestão por endonucleases. A enzima foi usada principalmente para a confirmação
dos casos com alteração silenciosa no códon 117.
A Figura 12 mostra os esferogramas obtidos para amostras M129M, M129V
e V129V e a Figura 13 mostra os padrões para os polimorfismos N171N e N171S.
B C
A
Legenda: Eletroesferogramas específicos obtidos do seqüenciamento da região do códon 129 de
PRNP. Na figura A, apresenta uma amostra M129M, na figura B, uma amostra com a variante M129V
e na figura C, uma amostra com a variante V129V.
Figura 12 - Eletroesferogramas do seqüenciamento de PRNP na região do códon
129.
66
A B
Legenda: Eletroferogramas específicos obtidos do seqüenciamento da região do códon 171 de PRNP.
Na figura A, apresenta uma amostra N171N e na figura B, uma amostra N171S.
Figura 13 - Eletroesferogramas do seqüenciamento de PRNP na região do códon
171.
Numa terceira abordagem para reforçar os resultados obtidos nas duas
técnicas usadas acima utilizamos endonucleases específicas (Figura 14). A digestão
da ORF de
PRNP com a endonuclease PvuII (Figura 14A) gera duas bandas na
seqüência protótipo de 331 e 466 pares de bases (linha 2). A linha 3 mostra uma
amostra não digerida e a linha 4 a presença de um polimorfismo silencioso em
heterozigose no códon 117 (GCA por GCG), onde um dos alelos perde o sítio de
clivagem para esta enzima, o que leva a ocorrência de uma terceira banda
equivalente ao produto não clivado.
Já a digestão pela enzima NspI que reconhece o códon 129 está mostrada na
Figura 14B. As amostras de indivíduos homozigotos M129M apresentam 3 bandas,
uma de 366, outra de 356 e uma última de 75 pb (linha 2). A presença do alelo
polimórfico no códon 129 (ATG-GTG) abole um dos sítios de restrição, gerando
67
uma banda de 430 pb e a perda da banda de 75 pb. A linha 3 mostra a digestão de um
DNA que possui o polimorfismo do códon 129 em heterozigose e a linha 4 uma
amostra V129V em homozigose.
A digestão pela endonuclease BbvI , vista na Figura 14C, identifica variantes
alélicas no códon 171. A seqüência contendo AAC em homozigose no códon 171
(N171N) gera 3 fragmentos de 251, 206 e 95pb (linha 2), enquanto a presença do
alelo polimórfico (N171S – AAC - AGC) cria um novo sítio resultando em novos
fragmentos de 166 e 46 pb (linha 3).
Portanto, o emprego destas três técnicas assegura a avaliação adequada dos
polimorfismos no gene
PRNP.
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
a
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
b
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
c
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
a
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
800bp
500bp
400bp
300bp
1 2 3 4
a
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
b
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3 4
b
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
c
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
400bp
300bp
200bp
100bp
1 2 3
c
Legenda Análise dos polimorfismos na seqüência de PRNP usando enzimas de restrição. A ORF do
gene PRNP foi amplificada e digerida com enzimas de restrição. (A) PvuII, linha 1 = controle de
100pb, linha2 = amostra sem o polimorfismo no códon 117, linha 3 = controle da digestão sem o uso
da enzima (uncut) e linha 4 = amostra de um portador do polimorfismo silencioso no códon 117. (B)
NspI, linha 1 = controle de 100pb, linha 2 = amostra M129M, linha 3 = amostra M129V e linha 4 =
amostra V129V. (C) BbvI, linha 1 = controle de 100pb, linha 2 = amostra N171N, linha 3 = amostra
N171S.
Figura 14 - Digestão da ORF de PRNP com enzimas de restrição para caracterização
de variantes alélicas nos códons 117, 129 e 171.
68
5.2 AVALIAÇÃO DE POLIMORFISMOS NO GENE PRNP EM
PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROMES EPILÉTICAS E EM
INDIVÍDUOS NORMAIS
A prevalência dos polimorfismos no gene
PRNP de pacientes portadores de
epilepsia (n = 270) foi comparada com a observada nos controles (N = 202). Os
resultados desta análise são apresentados na tabela 14. A freqüência observada do
genótipo Ala/Ala
sil
do códon 117 foi de 4,5% nos controles e 6,7% nos pacientes
(p=0,31). Da mesma forma não houve diferença estatisticamente significativa na
freqüência observada na alteração do códon 171 (N171S) entre controles (0%) e
pacientes (1,5%) (p=0,14). Houve uma tendência para maior prevalência da depleção
do
octarepeat entre os pacientes quando comparado aos controles, após o ajuste para
sexo e genótipo no códon 117 e 129. Quando analisado o códon 129, observou-se
que os pacientes apresentaram um risco relativo estimado (RRE) para a presença do
alelo variante em homozigose (V129V) cerca de 3 vezes maior que o grupo controle
(IC 95% 1,36 – 6,55). O ajuste para sexo e genótipo do 117 e depleção do
octarepeat não modificou o resultado (p = 0,007).
Na tabela 15 são apresentadas as prevalências dos alelos variantes em
pacientes com epilepsia focal. A freqüência observada do genótipo Ala/Ala
sil
do
códon 117 foi de 6,5% entre os pacientes, semelhante à observada no grupo controle
(p=0,40). Também a prevalência da depleção do
octarepeat entre pacientes com
epilepsia focal (8,3%) foi semelhante à observada nos controles (p = 0,19).
Após o ajuste houve uma tendência para uma maior freqüência do genótipo
V129V entre pacientes com epilepsias focais quando comparados aos controles
69
(RRE de 2,67, IC95% 1,13-6,34, p = 0,02). Não houve diferença estatisticamente
significativa na freqüência observada do genótipo no códon 171 entre controles (0%)
e pacientes (1,8%), (p = 0,10).
A freqüência de variantes alélicas de
PRNP observada entre pacientes
portadores de epilepsias generalizadas primárias ou idiopáticas está apresentada na
tabela 16. Após o ajuste, não houve diferença nas freqüências das variantes alélicas
do
PRNP dos códons 117, 129 e 171 entre pacientes e controles (p>0,15). Entretanto,
houve uma tendência para maior prevalência da depleção do
octarepeat no grupo de
pacientes (RRE 2,82, IC 95% 0,89 – 8,91, p = 0,08) em comparação aos controles.
Portanto, a amostra analisada de pacientes com epilepsia apresenta uma maior
freqüência da variante alélica V129V quando comparado com o grupo controle. Esta
observação é mantida quando se avalia o subgrupo de pacientes com epilepsias
focais, mas não se confirma no grupo de pacientes com epilepsias generalizadas ou
idiopáticas.
70
Tabela 14 - Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95% para
epilepsia (n= 270) de acordo com a presença das variantes alélicas do gene
PRNP.
Expostos (%) RRE Bruto RRE Ajustado
a
Códon Genótipo
Controles
N = 202 (%)
Casos
N = 270
RRE (IC 95%)
Nível de
“p”
RRE (IC 95%)
Nível de
“p”
117 Ala/Ala 193 (95,5) 252 (93,3)
1,0 1,0
Ala/Ala
sil
9 (4,5) 18 (6,7)
1,53 (0,67 – 3,48) 0,31 1,48 (0,63 – 3,45)
a
0,36
Met/Met 112 (55,4) 129 (47,8) 1,0 1,0
129 Met/Val 81 (40,1) 110 (40,7) 1,18 (0,84 – 1,73) 0,40
1,16 (0,78 – 1,72)
b
0,45
Val/Val 9 (4,5) 31 (11,5) 2,99 (1,36 – 6,55) 0,006 2,98 (1,35 – 6,58)
b
0,007
171 Asn/Asn 202 (100) 266 (98,5) 1,0
Asn/Ser 0 4 (1,5) N.A. 0,14 N.A. N.A.
Depleção Ausente 192 (95) 243 (90) 1,0 1,0
OctaR Presentee 10 (5) 27 (10) 2,13 (1,0 – 4,51) 0,15 2,23 (1,04 – 4,74)
c
0,04
a = RRE ajustado para sexo, genótipo do códon 129 e presença da depleção do octarepeat.
b = RRE ajustado para sexo, genótipo do códon 117 e presença da depleção do octarepeat.
c = RRE ajustado para sexo, genótipos dos códons 117 e 129.
Tabela 15 - Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95% para epilepsia
focal (n = 168) de acordo com as variantes alélicas do gene PRNP.
Expostos (%) Bruto RRE Ajustado
Códon Genótipo
Controles
N = 202 (%)
Casos
N = 168
RRE (IC 95%)
Nível de
“p”
RRE (IC 95%)
Nível de
“p”
117 Ala/Ala 193 (95,5) 157 (93,5) 1,0 1,0
Ala/Ala
sil
9 (4,5) 11 (6,5) 1,5 (0,61 – 3,72) 0,40 1,44 (0,57 – 3,64)
a
0,44
Met/Met 112 (55,4) 79 (47,0) 1,0 1,0
129 Met/Val 81 (40,1) 72 (42,9) 1,26 (0,82 – 1,94) 0,29 1,25 (0,81 – 1,94)
b
0,31
Val/Val 9 (4,5) 17 (10,1) 2,68 (1,14 – 6,31) 0,02 2,67 (1,13 – 6,34)
b
0,02
171 Asn/Asn 202 (100) 165 (98,2) 1,0
Asn/Ser 0 (0) 3 (1,8) N.A. 0,10 N.A. N.A.
Depleção Ausente 192 (95) 154 (91,7) 1,0 1,0
OctaR Presente 10 (5) 14 (8,3) 1,74 (0,75 – 4,04) 0,19 1,78 (0,76 – 4,16)
c
0,18
a = RRE ajustado para sexo e genótipo do códon 129 e presença da depleção do octarepeat.
b = RRE ajustado para sexo e genótipo do códon 117 e presença da depleção do octarepeat.
c = RRE ajustado para sexo e genótipos dos códons 117 e 129.
71
Tabela 16 - Risco Relativo Estimado (RRE) e intervalo de confiança de 95% para
epilepsia generalizada idiopática (n = 40) de acordo com a presença das variantes
alélicas do gene
PRNP.
Expostos (%) Bruto RRE Ajustado
Códon Genótipo
Controles
N = 202 (%)
Casos
N = 40
RRE (IC 95%)
Nível
de “p”
RRE (IC 95%)
Nível de
“p”
117 Ala/Ala 193 (95,5) 9 (4,5) 1,0 1
Ala/Ala
sil
9 (4,5) 4 (10) 2,38 (0,67 – 8,16) 0,17 2,50 (0,71 – 8,73)
a
0,15
Met/Met 112 (55,4) 19 (47,5) 1,0 1,0
129 Met/Val 81 (40,1) 19 (47,5) 1,38 (0,89 – 2,78) 0,36 1,23 (0,60 – 2,53)
b
0,57
Val/Val 9 (4,5) 2 (5) 1,31 (0,26 – 6,54) 0,74 1,15 (0,22 – 5,90)
b
0,87
171 Asn/Asn 202 (100) 40 (100) N.A. N.A.
Asn/Ser 0 (0) 0 (0) N.A. N.A.
Depleção Ausente 192 (95) 35 (87,5) 1,0 1,0
Octa R Presente 10 (5) 5 (12,5) 2,74 (0,88 – 8,51) 0,08 2,82 (0,89 – 8,91)
c
0,08
a = RRE ajustado para sexo, genótipo do códon 129 e presença da depleção do octarepeat.
b = RRE ajustado para sexo, genótipo do códon 117 e presença da depleção do octarepeat.
c = RRE ajustado para sexo e genótipos dos códons 117 e 129.
72
6 DISCUSSÃO I
Nos últimos anos tem se discutido muito a relevância biológica de PrP
c
, e o
uso de animais geneticamente modificados no gene
Prnp tem trazido muitas
evidências relevantes no conhecimento desta proteína. Há alguns anos se descrevem
alterações comportamentais nestes animais, entretanto dados observados por alguns
grupos não foram reproduzidos por outros. Além disso, existe uma grande discussão
sobre o controle adequado do
background genético dos animais e a forma com que a
depleção do gene foi executada. Vale lembrar que o terceiro animal
knockout para o
gene
Prnp gerado desenvolvia ataxia e degeneração de células de Purkinje no
cerebelo com 8 semanas pós-natal (SAKAGUCHI et al. 1996). De fato, foi
posteriormente demosntrado que a ataxia não era ocasionada pela retirada de
Prnp,
mas pela superexpressão de Doppel (Dpl), um gene que está localizado 16Kb
downstream de Prnp (MOORE et al. 1999). O promotor deste gene é muito fraco em
cérebro, mas quando a depleção de
Prnp estende-se ao terceiro exon, que é o caso
destes animais e não daqueles gerados por BÜELER et al. (1992) e MANSON et al.
(1994), o sítio aceptor de
splicing é removido, levando a geração de um mRNA
quimérico contendo os dois exons não codificantes de
Prnp e o exon do gene de Dpl.
Nestas condições Dpl passa a estar sobre controle do promotor de
Prnp e, portanto,
altamente expresso no cérebro causando morte neuronal particularmente no cerebelo
por mecanismos ainda pouco conhecidos (MOORE et al. 1999; LI et al. 2000).
Portanto, no presente trabalho estudamos um dos fenótipos mais expressivos
observados nos animais
knockout de Prnp que é seu baixo limiar a convulsões
73
induzidas farmacologicamente (WALZ et al. 1999). Nossa estratégia principal e
inédita na literatura foi verificar se este fenótipo era mantido em diferentes linhagens
de animais
knockout para Prnp e se ele tinha uma relação direta com as
concentrações de PrP
c
. Esta abordagem dá, portanto, mais credibilidade aos
resultados de maneira que eles não sejam interpretados como um evento ocasional
presente esporadicamente numa determinada linhagem de camundongos.
Nossos dados mostram que a sensibilidade aos agentes convulsivantes
manteve-se em todos os animais
knockouts utilizados no estudo, mostrando que não
se tratava de um evento linhagem específico associado ao tipo de depleção ou
backgroud genético. Além disso, o comportamento surpreendente do animal Tg20
frente às drogas usadas neste trabalho e o fato do animal heterozigoto resgatar o
fenótipo do camundongo
knockout, mostram que PrP
c
tem um papel protetor contra a
indução de crise convulsiva causada farmacologicamente.
Um importante modelo usado neste trabalho foram os
knockouts condicionais
pós-natal CreTg37 e CreTg46, onde a primeira linhagem apresentou o mesmo padrão
de sensibilidade à convulsão que os animas
knockouts constitutivos ZPrnp
0/0
ou
E
Prnp
-/-
. Portanto, mostrando que o fenótipo alterado não depende de alterações
ocorridas durante a embriogênese, mas de um mau funcionamento neuronal.
Entretanto, apesar dos animais
knockouts CreTg46 apresentarem uma tendência à
maior sensibilidade à convulsão que seus respectivos controles Tg46*, as diferenças
não foram significativas. Desta forma, é importante tentarmos entender o porquê das
diferenças entre estas duas linhagens de
knockouts condicionais com relação à
sensibilidade aos agentes convulsivantes.
74
As linhagens Tg46* e Tg37* diferem entre si por uma maior expressão (cerca
de 3 vezes, Figura 4) de PrP
c
na última. Esperávamos que a linhagem Tg37 fosse
mais resistente às convulsões que a Tg46 à semelhança do que vimos entre os Tg20 e
seu controle. Entretanto, elas respondem aos agentes convulsivantes da mesma
forma. Talvez seja necessária uma diferença bastante alta na concentração de PrP
c
entre os grupos para que o efeito protetor seja detectado. No caso dos Tg20 ela é
mais que 6vezes maior que a do animal controle e no caso dos Tg37 ela é de 3 vezes
a de Tg46. Esta hipótese é reforçada pelo fato de não encontrarmos diferenças entre
animais tipo selvagem e aqueles onde há só uma cópia do gene
Prnp (EPrnp
+/-
)e que,
portanto expressam metade da concentração de PrP
P
c
(Figura 4)
Além disso, os animais
knockout CreTg46 não apresentam diferença na
sensibilidade à convulsão quando comparados ao seu controle tipo selvagem Tg46*
contrariamente ao encontrado entre os
knockout CreTg37 versus Tg37*. Uma das
possibilidades para se explicar este resultado seria que tanto a quantidade de PrP
c
expresso quanto a sua presença em neurônios e nas células da glia podem participar
de forma aditiva neste efeito protetor. Por exemplo, é sabido que astrócitos de
animais
knockout para PrPP
c
apresentam uma menor captação de glutamato (BROWN
et al. 1999). Portanto nos animais
knockouts constitutivos, as diferenças quanto à
sensibilidade à convulsão podem ser uma somatória do mau funcionamento tanto dos
neurônios como das células da glia. No caso do animal CreTg46 a depleção de PrP
c
apenas nos neurônios não causou impacto suficiente que permitisse apresentação de
fenótipo no teste aplicado. Por outro lado, o animal CreTg37 também teve depleção
de PrP
c
só em neurônios mas isso somado a alta expressão de PrP
c
no seu controle
Tg37* permitiu o aparecimento do fenótipo.
75
É interessante ainda observar que os animais controle das linhagens ZrchI
(ZPrnp
+/+
), os C56Bl/6J e os knockouts condicionais Tg46* e Tg37* desenvolvem
convulsão igualmente quanto tratados com a mesma dose de PTZ, isto é quase todos
os animais apresentam convulsão. Por outro lado, os camundongos da linhagem
Edbg (E
Prnp
+/+
) são bem mais resistentes às crises. Neste caso, o background
genético destes animais (dominantemente C57Bl/10) pode ser o responsável pela
diferença. Desta forma, apenas a linhagem de animais Edbg permitiu que se
observassem diferenças quanto a maior sensibilidade a convulsão induzida por PTZ
quanto camundungos
knckouts para Prnp quando comparados ao controle.
O tratamento com PTZ leva a uma alta mortalidade em decorrência de uma
convulsão tônica evoluindo para parada cardiorespiratória (WALZ et al. 1999).
Portanto, uma vez que a morte está associada com a sensibilidade à convulsão ela
também pode ser usada como parâmetro neste estudo.
Os mecanismos moleculares envolvidos com a maior sensibilidade à
convulsão, ou maior hiperexcitabilidade, apresentadas pelos
knockouts de Prnp
podem estar relacionadas às várias alterações eletrofisilógicas já descritas nestes
animais. Camundongos ZrchI assim como os Edbg apresentam comprometimento da
potencialização de longo prazo (
long term potentiation) causada provavelmente pela
presença de inibição anormal de GABA-A no hipocampo (COLLINGE et al. 1994;
MANSON et al. 1994; WHITTINGTON et al. 1995), que foi resgatada pela re-
expressão de PrP
c
por um transgene (WHITTINGTON et al. 1995). Entretanto, estes
achados não foram reproduzidos por outro grupo (LLEDO et al. 1996). Por outro
lado, demonstramos recentemente que camundongos ZrchI apresentam uma alta
excitabilidade no giro dentado do hipocampo demonstrada por um baixo limiar
76
necessário para gerar potencialização de longo prazo. Este evento foi associado à
superexpressão de receptores de NMDA dos tipos NR2A e NR2B (MALLON et al.
2005). Além disso, outra alteração apresentada pelos animais
knockouts constitutivos
de
Prnp foi perda da condutância de I
HAP
(Afterhyperpolarization) causada
provavelmente por alterações nas correntes de K
+
ativadas por Ca
2+
(COLLING et al.
1996), interessantemente esta alteração foi reproduzida mais recentemente nos
knockouts pos-natal CreTg46 (MALLUCCI et al. 2002).
Algumas alterações bioquímicas observadas nos animais
knockout de Prnp
também convergem para explicar seu alto padrão de excitabilidade neuronal. A
atividade de ectopeptidases está diminuída em sinaptossomas de animais
knockout de
Prnp o que atenua a hidrólise de ADP levando a um decréscimo nas concentrações
de adenosina, que funciona como um anticonvulsivante endógeno, na fenda sináptica
(PEREIRA et al. 2001). Embora a captação de glutamato pareça normal em
sinaptossomas de animais ZrchI (THAIS et al. 2006), sua captação pelos astrócitos é
comprometida (BROWN e MOHN 1999), o que em última análise pode levar a um
aumento deste neurotransmissor excitatório na fenda sináptica e conseqüentemente
uma maior excitabilidade.
É sabido que o fluxo de Ca
2+
no espaço intracelular representa um dos
primeiros estágios dos eventos epiléticos (SPECKMANN et al. 1993) e que os
potenciais de
afterhyperpolarization (IAHP) são dependentes do influxo de cálcio
via canais de cálcio voltagem-dependentes do tipo L (VDGC-L). Interessantemente,
a homeostase de Ca
2+
também está alterada em células hipocampais de animais
knockout Prnp (HERMS et al. 2000; BRINI et al. 2005). Recentemente, os baixos
potenciais de IAHP previamente observados em animais
knockouts de Prnp foram
77
explicados por estes apresentarem uma redução do Ca
2+
citosólico. Esta foi
ocasionada por um comprometimento no influxo de cálcio causado provavelmente
pela diminuição na atividade da subunidade β2 de VGCC -L, que é responsável pelo
transporte da subunidade α1 de VGCC-L para a membrana plasmática
(FUHRMANN et al. 2006).
Interessantemente, nosso grupo mostrou que o tratamento de neurônios
hipocampais com o peptídeo de laminina que representa o sítio de interação a PrP
c
(peptídeo γ-1), leva a um aumento nas concentrações citosólicas de Ca
2+
em células
tipo selvagem o que não ocorre em neurônios de animas
knockout de Prnp (Beraldo
et al. em preparação). O aumento de Ca
2+
observado é dependente tanto do
recrutamento de cálcio de estoques celulares (particularmente do retículo
endoplasmático) como de Ca
2+
extracelular. Portanto, é possível que a interação de
PrP
c
a laminina também module a atividade dos VGCC tipo-L.
Além disso, sabemos que PrP
c
está envolvido em mecanismos de proteção
neuronal contra estresse oxidativo (revisado por BROWN 2005) e sua interação com
STI1 protege neurônios retinianos (ZANATA et al. 2002; CHIARINI et al. 2002) e
hipocampais (LOPES et al. 2005) da morte celular programada. É sabido ainda que
ácido kaínico pode levar a morte neuronal por ativar plasmina que tem como
substrato principal no cérebro a laminina. Por outro lado, as interações de PrP
c
com
STI1 ou com Laminina também estão envolvidas com mecanismos de plasticidade
neuronal (GRANER et al. 2000a e LOPES et al. 2005). Portanto, os mecanismos de
morte neuronal e neuroplasticidade relacionados à epileptogenese permanecem como
um ponto importante a ser investigado.
78
Finalmente, os dados obtidos neste trabalho confirmam que modificações
moleculares, bioquímicas e eletrofisiológicas previamente observadas pela depleção
de PrP
c
podem refletir num fenótipo alterado, pela primeira vez consistentemente
demonstrado em diferentes modelos de animais
knockouts de Prnp. Obviamente que
em condições naturais não existem indivíduos onde PrP
c
não é expresso, entretanto o
gene que codifica esta proteína é bastante polimórfico, particularmente em humanos,
e é possível que variantes alélicas podem codificar proteínas com maior ou menor
atividade. Portanto, é importante expandir este estudo no sentido de observar se há
alguma correlação entre a presença de determinadas variantes alélicas no gene
PRNP
e as epilepsias.
79
7 DISCUSSÃO II
Os dados obtidos a partir de animais
knockouts de Prnp nos conduziram a
avaliar a possível associação entre a presença de variantes alélicas de
PRNP e
epilepsias humanas.
Uma etapa crucial para o desenvolvimento deste trabalho foi a padronização
de uma técnica rápida e eficiente para detecção de polimorfismos e/ou mutações no
gene de
PRNP. Inicialmente, usamos três técnicas distintas, o seqüenciamento direto,
o DHPLC e endonucleases de restrição uma vez que resultados controversos foram
encontrados inicialmente quando se comparava o seqüenciamento direto e os
produtos de clonagem destes DNAs. Uma possível explicação para estes resultados
discrepantes deve-se ao fato de que a seqüência de
PRNP é rica em nucleotídeos
citosina e guanina (KRETZSCHMAR et al. 1986) o que dificulta seu
seqüenciamento direto, uma vez que a incorporação do fluorocromo a cada um destes
resíduos cria um impedimento estérico para a incorporação do próximo marcador
(PARKER et al. 1995).
A ORF do gene
PRNP que possui aproximadamente 800bp foi dividida em
duas porções, onde os iniciadores usados para sua amplificação foram desenhados de
maneira em que houvesse sobreposição entre as duas seqüências amplificadas. Desta
forma, teríamos para cada amostra dois eletroferogramas com aproximadamente
400bp cada um, obtendo assim um seqüenciamento mais limpo. Inicialmente, esta
abordagem foi usada tanto para o seqüenciamento direto quanto para a análise
cromatográfica das amostras. Com esta abordagem, a segunda metade de
PRNP
80
amplificada permitia a detecção de quase todos os polimorfismos e mutações. No
entanto, devido a grande quantidade de polimorfismos presentes na ORF, era muito
difícil distinguir por DHPLC um perfil alterado composto de vários polimorfismos,
por exemplo, no códon 129 quando associado com alterações no códon 171.
Portanto, para melhor caracterizar as variantes alélicas por cromatografia e tornar
esta técnica de escolha para uma varredura do gene de
PRNP em todos os nossos
trabalhos, decidimos investir em sua melhor padronização.
Foram desenhados novos iniciadores de tal forma que a região de
sobreposição entre as seqüências amplificadas era menor e mantinha em fragmentos
separados os polimorfismos dos códons 129 e 171. Esta abordagem gerou picos
cromatográficos mais limpos e com perfis típicos que permitiam distinguir os
diferentes polimorfismos e inclusive, a presença de mais que uma alteração. A
digestão por enzimas de restrição específicas para os sítios onde se encontram os
principais polimorfismos, confirmou todos os seqüenciamentos e os padrões de
cromatografia. A análise cromatográfica de
PRNP mostrou-se uma ferramenta rápida
e eficaz para detecção de polimorfismos e mutações no gene de PrP
c
(CASTRO et al.
2004).
A robustez da técnica de DHPLC foi comprovada recentemente quando um
perfil bem diferente de todos que havíamos padronizado foi encontrado. O
seqüenciamento deste DNA confirmou a presença de um polimorfismo silencioso no
códon 124 (G124G). O fato da alteração ter sido facilmente detectada por DHPLC
mostrou mais uma vez que a técnica pode ser usada em qualquer estudo para uma
varredura de polimorfismos sem incorrer no risco de perder possíveis alterações que
81
não estejam padronizadas por DHPLC. Entretanto, em casos como este, é necessário
realizar o seqüenciamento da ORF para verificar de qual alteração se trata.
No presente trabalho continuamos um estudo iniciado anteriormente onde
avaliamos polimorfismos em pacientes com epilepsia do lobo temporal mesial
associada à Esclerose Hipocampal (WALZ et al. 2003) e com malformações do
desenvolvimento cortical (WALZ et al. 2004). Nestes estudos demostramos que
existia uma associação entre o polimorfismo N171S e a epiletogênese. Estudos
posteriores em outras populações não foram capazes de reproduzir estes dados
(CAVALLERI et al. 2005).
Na tentativa de avaliar se outras formas de epilepsia poderiam também estar
associadas a polimorfismos em
PRNP iniciamos este estudo onde analisamos 202
indivíduos normais e 270 casos de epilepsia dos quais 168 são epilepsias focais, 40
são de epilepsias generalizadas e 70 casos que não temos os dados clínicos coletados,
mas incluem-se em um dos grupos citados.
Fizemos, portanto uma análise preliminar dos dados para que este trabalho
pudesse ser concluído parcialmente. Entretanto, continuaremos investindo na coleta
dos dados clínicos para finalização deste estudo.
Quando todos os pacientes foram agrupados verificamos uma maior
freqüência da variante alélica V129V nestes que nos controles normais, que foi
mantida quando se analisou os pacientes com epilepsias focais e perdida nos
pacientes com epilepsias generalizadas. Nenhuma associação foi encontrada para a
variante N171S e tão pouco para as outras variantes alélicas.
Interessantemente, uma tendência de associação da variante V129V já tinha
sido mostrada inicialmente com os 100 pacientes com epilepsia do lobo temporal
82
mesial associada à Esclerose Hipocampal (WALZ et al. 2003) e com malformações
do desenvolvimento cortical (WALZ et al. 2004).
O códon 129 de
PRNP está estrategicamente localizado na primeira α-hélice
de PrP
c
o que o torna importante na manutenção da estrutura desta proteína (RIEK et
al. 1998). Nós especulamos que a composição do aminoácido nesta posição pode
estar diretamente relacionada com a função da proteína ou que esta interfira com
outros domínios de PrP
c
com atividade biológica.
Esta proposta vai de acordo com os dados mostrados na literatura onde
variantes aléticas do códon 129 já foram associadas com melhor desempenho
cognitivo em pacientes idosos, em indivíduos com síndrome de Down, com doença
de Alzheimer (BERR et al. 1998; RUJESCU et al. 2003; DEL BO et al. 2003 e 2006;
GACIA et al. 2006). Uma melhor memória de longa duração foi ainda associada com
o alelo 129 metionina em adultos jovens normais (PAPASSOTIROPOULOS et al.
2005). Além disso, alterações na freqüência alélica do códon 129 também já foram
correlacionadas com quadros neurológicos e psiquiátricos como Doença de Wilson
(GRUBENBECHER et al. 2006) afasia primária progressiva (LI et al. 2005) e com
as medidas neuropsicológicas e psicopatológicas de desordens psiquiátricas
(MARTORELL et al. 2006).
O polimorfismo N171S foi associado com uma doença psiquiátrica
(SAMAIA et al. 1997), e com alguns tipos de epilepsia (WALZ et al. 2003 e 2004).
No presente trabalho esta correlação não foi encontrada para as formas de epilepsia
avaliadas. Esse polimorfismo poderia estar, portanto associado a um tipo específico
de epilepsia. Entretanto, nossos dados não foram reproduzidos por outro grupo
(CAVALLERI et al. 2005) quando as mesmas formas de epilepsia que estudamos em
83
WALZ et al. 2003 e 2004 foram avaliadas. Portanto, estes dados devem ser
reavaliados criteriosamente.
A associação de algumas formas de epilepsia com polimorfismos no gene
PRNP pode ser importante na identificação de grupos de risco e eventualmente na
identificação de novos alvos terapêuticos para estas doenças.
84
8 CONCLUSÕES
9 Animais knockouts para Prnp são mais sensíveis às crises convulsivas
induzidas por dois protocolos distintos (KA e PTZ) do que seus respectivos
controles, independentemente do
background genético, da contrução usada na
depleção do gene e da fase da vida do animal que o gene deixou de ser
expresso;
9 A sensibilidade a convulsão é dependente das concentrações de PrP
c
no
cérebro, uma vez que os animais que expressam 6x mais proteína são mais
resistentes à crises convulsivas induzidas quimicamente;
9 A presença de apenas um alelo de Prnp resgata o fenótipo de maior
sensibilidade a crises convulsivas apresentado pelo animal
knockout;
9 Knockouts pós-natal são mais sensíveis às crises convulsivas do que os
respectivos controles, indicando que a presença de PrP
c
durante o
desenvolvimento não altera o quadro de sensibilidade;
9 A ausência de PrP
c
nos neurônios foi suficiente para aumentar a sensibilidade
à crises convulsivas, independentemente da presença da proteína em outras
regiões, como na glia;
9 A técnica de DHPLC para a detecção de variantes alélicas no PRNP é segura,
confiável, reprodutível e economicamente mais viável que o seqüenciamento;
9 A variante alélica V129V de PRNP parece estar associada com o
aparecimento das síndromes epiléticas.
85
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aguzzi A. Between cows and monkeys.
Nature 1996; 381:734.
Basler K, Oesch B, Scott M, et al. Scrapie and cellular PrP isoforms are encoded by
the same chromosomal gene.
Cell 1986; 46:417-28.
Beck K, Hunter I, Engel J. Structure and function of laminin: anatomy of a
multidomain glycoprotein.
FASEB J 1990; 4:148-60.
Berkovic SF, Jackson GD. The hippocampal sclerosis whodunit: enter the genes.
Ann Neurol 2000; 47:557-8.
Berr C, Richard F, Dufouil C, et al. Polymorphism of the prion protein is associated
with cognitive impairment in the elderly: the EVA study.
Neurology 1998; 51:734-7.
Bolton DC, McKinley MP, Prusiner SB. Molecular characteristics of the major
scrapie prion protein.
Biochemistry 1984; 23:5898-906.
Brini M, Miuzzo M, Pierobon N, Negro A, Sorgato MC. The prion protein and its
paralogue Doppel affect calcium signaling in Chinese hamster ovary cells.
Mol Biol
Cell 2005; 16:2799-808.
Brown DR, Qin K, Herms JW, et al. The cellular prion protein binds copper in vivo.
Nature 1997a; 390:684-7.
Brown DR, Schulz-Schaeffer WJ, Schmidt B, et al. Prion protein-deficient cells
show altered response to oxidative stress due to decreased SOD-1 activity.
Exp
Neurol 1997b; 146:104-12.
86
Brown DR, Mohn CM. Astrocytic glutamate uptake and prion protein expression.
Glia 1999; 25:282-92.
Brown DR, Wong BS, Hafiz F, et al. Normal prion protein has an activity like that of
superoxide dismutase.
Biochem J 1999; 344 Pt 1:1-5. Erratum in: Biochem J 2000;
345 Pt3:767.
Brown DR. Neurodegeneration and oxidative stress: prion disease results from loss
of antioxidant defence.
Folia Neuropathol 2005; 43:229-43.
Büeler H, Fischer M, Lang Y, et al. Normal development and behaviour of mice
lacking the neuronal cell-surface PrP protein.
Nature 1992; 356:577-82.
Butler D. Did UK 'dump' contaminated feed after ban?
Nature 1996; 381:544-5.
Castilla J, Saa P, Hetz C, Soto C. In vitro generation of infectious scrapie prions.
Cell 2005; 121:195-206.
Castro RM, Landemberger MC, Walz R, et al. High capacity and low cost detection
of prion protein gene variant alleles by denaturing HPLC.
J Neurosci Methods
2004; 139:263-9.
Caughey B, Race RE, Ernst D, et al. Prion protein biosynthesis in scrapie-infected
and uninfected neuroblastoma cells.
J Virol 1989; 63:175-81.
Cavalleri GL, Lynch JM, Depondt C, et al. Failure to replicate previously reported
genetic associations with sporadic temporal lobe epilepsy: where to from here?
Brain 2005; 128:1832-40.
Cervenakova L, Brown P, Goldfarb LG, et al. Infectious amyloid precursor gene
sequences in primates used for experimental transmission of human spongiform
87
encephalopathy. Proc Natl Acad Sci U S A 1994; 91:12159-62. Erratum in: Proc
Natl Acad Sci U S A 1995; 92:3631.
Cervenakova L, Buetefisch C, Lee HS, et al. Novel PRNP sequence variant
associated with familial encephalopathy.
Am J Med Genet 1999; 88:653-6.
Chen S, Mange A, Dong L, et al. Prion protein as trans-interacting partner for
neurons is involved in neurite outgrowth and neuronal survival.
Mol Cell Neurosci
2003; 22:227-33.
Chen ZL, Strickland S. Neuronal death in the hippocampus is promoted by plasmin-
catalyzed degradation of laminin.
Cell 1997; 91:917-25.
Chiarini LB, Freitas AR, Zanata SM, et al. Cellular prion protein transduces
neuroprotective signals.
EMBO J 2002; 21:3317-26.
Coitinho AS, Freitas ARO, Lopes MH, et al. Cellular prion interaction with Laminin
mediates memory consolidation by PKA and MAPK.
J Neuroscience in press.
Colling SB, Collinge J, Jefferys JG. Hippocampal slices from prion protein null
mice: disrupted Ca(2+)-activated K+ currents.
Neurosci Lett 1996; 209:49-52.
Collinge J, Whittington MA, Sidle KC, et al. Prion protein is necessary for normal
synaptic function.
Nature 1994; 370:295-7.
Del Bo R, Comi GP, Giorda R, et al. The 129 codon polymorphism of the prion
protein gene influences earlier cognitive performance in Down syndrome subjects.
J Neurol 2003; 250:688-92.
Del Bo R, Scarlato M, Ghezzi S, et al. Is M129V of PRNP gene associated with
Alzheimer's disease? a case-control study and a meta-analysis.
Neurobiol Aging
2006; 27:770.e1-770.e5.
88
Doh-ura K, Tateishi J, Sasaki H, et al. Pro/Leu change at position 102 of prion
protein is the most common but not the sole mutation related to Gerstmann-
Straussler syndrome.
Biochem Biophys Res Commun 1989; 163:974-9.
Doh-ura K, Kitamoto T, Sakaki Y, Tateishi J. CJD discrepancy.
Nature 1991;
353:801-2.
Ellis V, Daniels M, Misra R, Brown DR. Plasminogen activation is stimulated by
prion protein and regulated in a copper-dependent manner.
Biochemistry 2002;
41:6891-6.
Engel J Jr. Introduction to temporal lobe epilepsy.
Epilepsy Res 1996; 26:141-50.
Engel J, Pedley AT.
Epilepsy: a comprehensive textbook. Philadelphia: Lippincott-
Raven; 1998. Introduction: What is epilepsy ?; p.1-7.
Finckh U, Muller-Thomsen T, Mann U, et al. High prevalence of pathogenic
mutations in patients with early-onset dementia detected by sequence analyses of
four different genes.
Am J Hum Genet 2000; 66:110-7.
Fink JK, Peacock ML, Warren JT Jr, Roses AD, Prusiner SB. Detecting prion protein
gene mutations by denaturing gradient gel electrophoresis.
Hum Mutat 1994; 4:42-
50.
Fischer M, Rulicke T, Raeber A, Sailer A, et al. Prion protein (PrP) with amino-
proximal deletions restoring susceptibility of PrP knockout mice to scrapie.
EMBO J 1996; 15:1255-64.
Fuhrmann M, Bittner T, Mitteregger G, et al. Loss of the cellular prion protein
affects the Ca(2+) homeostasis in hippocampal CA1 neurons.
J Neurochem 2006;
98:1876-85.
89
Gacia M, Safranow K, Styczynska M, et al. Prion protein gene M129 allele is a risk
factor for Alzheimer's disease.
J Neural Transm 2006 Aug 8; [Epub ahead of print].
Gajdusek DC. Unconventional viruses and the origin and disappearance of kuru.
Science 1977; 197:943-60.
Gauczynski S, Peyrin JM, Haik S, et al. The 37-kDa/67-kDa laminin receptor acts as
the cell-surface receptor for the cellular prion protein.
EMBO J 2001; 20:5863-75.
Gasset M, Baldwin MA, Lloyd DH, et al. Predicted alpha-helical regions of the prion
protein when synthesized as peptides form amyloid.
Proc Natl Acad Sci U S A
1992; 89:10940-4.
Ghetti B, Piccardo P, Spillantini MG, et al. Vascular variant of prion protein cerebral
amyloidosis with tau-positive neurofibrillary tangles: the phenotype of the stop
codon 145 mutation in PRNP.
Proc Natl Acad Sci U S A 1996; 93:744-8.
Goldfarb LG, Mitrova E, Brown P, Toh BK, Gajdusek DC. Mutation in codon 200 of
scrapie amyloid protein gene in two clusters of Creutzfeldt-Jakob disease in
Slovakia.
Lancet 1990; 336:514-5.
Goldfarb LG, Brown P, McCombie WR, et al. Transmissible familial Creutzfeldt-
Jakob disease associated with five, seven, and eight extra octapeptide coding repeats
in the PRNP gene.
Proc Natl Acad Sci U S A 1991; 88:10926-30.
Goldfarb LG, Brown P, Little BW et al. A new (two-repeat) octapeptide coding
insert mutation in Creutzfeldt-Jakobdisease.
Neurology 1993; 43:2392-4.
Gonzalez-Iglesias R, Pajares MA, Ocal C, Espinosa JC, Oesch B, Gasset M. Prion
protein interaction with glycosaminoglycan occurs with the formation of oligomeric
complexes stabilized by Cu(II) bridges.
J Mol Biol 2002; 319:527-40.
90
Graner E, Mercadante AF, Zanata SM, et al. Laminin-induced PC-12 cell
differentiation is inhibited following laser inactivation of cellular prion protein.
FEBS Lett 2000a; 482:257-60.
Graner E, Mercadante AF, Zanata SM, et al. Cellular prion protein binds laminin and
mediates neuritogenesis.
Brain Res Mol Brain Res 2000b; 76:85-92.
Grubenbecher S, Stuve O, Hefter H, Korth C. Prion protein gene codon 129
modulates clinical course of neurological Wilson disease.
Neuroreport 2006;
17:549-52.
Harris DA, Falls DL, Johnson FA, Fischbach GD. A prion-like protein from chicken
brain copurifies with an acetylcholine receptor-inducing activity.
Proc Natl Acad
Sci U S A 1991; 88:7664-8.
Harris DA. Cell biological studies of the prion protein.
Curr Issues Mol Biol 1999;
1:65-75.
Hauser WA, Rich SS, Lee JR, et al. Risk of recurrent seizures after two unprovoked
seizures.
N Engl J Med 1998; 338:429-34.
Herms JW, Korte S, Gall S, Schneider I, Dunker S, Kretzschmar HA. Altered
intracellular calcium homeostasis in cerebellar granule cells of prion protein-
deficient mice.
J Neurochem 2000; 75:1487-92.
Hetz C, Maundrell K, Soto C. Is loss of function of the prion protein the cause of
prion disorders?
Trends Mol Med. 2003; 9:237-43.
Hsiao K, Baker HF, Crow TJ, et al. Linkage of a prion protein missense variant to
Gerstmann-Straussler syndrome.
Nature 1989; 338:342-5.
91
Hsiao K, Dlouhy SR, Farlow MR, et al. Mutant prion proteins in Gerstmann-
Straussler-Scheinker disease with neurofibrillary tangles.
Nat Genet 1992; 1:68-71.
Jackson GS, Collinge J. The molecular pathology of CJD: old and new variants.
Mol
Pathol 2001; 54:393-9.
Kale R. Bringing epilepsy out of the shadows.
BMJ 1997; 315:2-3.
Keshet GI, Bar-Peled O, Yaffe D, et al. The cellular prion protein colocalizes with
the dystroglycan complex in the brain.
J Neurochem 2000; 75:1889-97.
Kitamoto T, Ohta M, Doh-ura K, Hitoshi S, Terao Y, Tateishi J.Novel missense
variants of prion protein in Creutzfeldt-Jakob disease or Gerstmann-Straussler
syndrome.
Biochem Biophys Res Commun 1993; 191:709-14.
Kretzschmar HA, Stowring LE, Westaway D, et al. Molecular cloning of a human
prion protein cDNA.
DNA 1986; 5:315-24.
Lee KS, Magalhaes AC, Zanata SM, et al. Internalization of mammalian fluorescent
cellular prion protein and N-terminal deletion mutants in living cells.
J Neurochem
2001; 79:79-87.
Legname G, Baskakov IV, Nguyen HO, et al. Synthetic mammalian prions.
Science
2004; 305:673-6.
Leucht C, Simoneau S, Rey C, Vana K, Rieger R, Lasmezas CI, Weiss S. The 37
kDa/67 kDa laminin receptor is required for PrP(Sc) propagation in scrapie-infected
neuronal cells.
EMBO Rep 2003; 4:290-5. Erratum in: EMBO Rep 2003; 4:439.
Li A, Sakaguchi S, Shigematsu K, et al. Physiological expression of the gene for
PrP-like protein, PrPLP/Dpl, by brain endothelial cells and its ectopic expression in
92
neurons of PrP-deficient mice ataxic due to Purkinje cell degeneration. Am J Pathol
2000; 157:1447-52.
Li X, Rowland LP, Mitsumoto H, et al. Prion protein codon 129 genotype prevalence
is altered in primary progressive aphasia.
Ann Neurol 2005; 58:858-64.
Liao YC, Tokes Z, Lim E, et al. Cloning of rat "prion-related protein" cDNA.
Lab
Invest 1987; 57:370-4.
Liesi P, Narvanen A, Soos J, et al. Identification of a neurite outgrowth-promoting
domain of laminin using synthetic peptides.
FEBS Lett 1989; 244:141-8. Erratum in:
FEBS Lett 1989; 251:283.
Lledo PM, Tremblay P, DeArmond SJ, Prusiner SB, Nicoll RA. Mice deficient for
prion protein exhibit normal neuronal excitability and synaptic transmission in the
hippocampus.
Proc Natl Acad Sci U S A 1996; 93:2403-7.
Locht C, Chesebro B, Race R, Keith JM. Molecular cloning and complete sequence
of prion protein cDNA from mouse brain infected with the scrapie agent.
Proc Natl
Acad Sci U S A 1986; 83:6372-6.
Lopes MH, Hajj GN, Muras AG, et al. Interaction of cellular prion and stress-
inducible protein 1 promotes neuritogenesis and neuroprotection by distinct signaling
pathways.
J Neurosci 2005; 25:11330-9.
Ma J, Lindquist S. Wild-type PrP and a mutant associated with prion disease are
subject to retrograde transport and proteasome degradation.
Proc Natl Acad Sci U S
A 2001; 98:14955-60.
Mallon AP, Auberson YP, Stone TW. Selective subunit antagonists suggest an
inhibitory relationship between NR2B and NR2A-subunit containing N-methyl-D: -
aspartate receptors in hippocampal slices.
Exp Brain Res 2005; 162:374-83.
93
Mallucci GR, Ratte S, Asante EA, et al. Post-natal knockout of prion protein alters
hippocampal CA1 properties, but does not result in neurodegeneration.
EMBO J
2002; 21:202-10. Erratum in: EMBO J 2002; 21:1240.
Mallucci G, Dickinson A, Linehan J, Klohn PC, Brandner S, Collinge J. Depleting
neuronal PrP in prion infection prevents disease and reverses spongiosis.
Science
2003; 302:871-4.
Mallucci G, Collinge J. Update on Creutzfeldt-Jakob disease.
Curr Opin Neurol
2004; 17:641-7.
Manson JC, Clarke AR, Hooper ML, et al. 129/Ola mice carrying a null mutation in
PrP that abolishes mRNA production are developmentally normal.
Mol Neurobiol
1994; 8:121-7.
Martins VR, Linden R, Prado MA, Walz R, Sakamoto AC, Izquierdo I, Brentani RR.
Cellular prion protein: on the road for functions.
FEBS Lett 2002; 512:25-8.
Martorell L, Valero J, Mulet B, et al. M129V variation in the prion protein gene and
psychotic disorders: Relationship to neuropsychological and psychopathological
measures.
J Psychiatr Res 2006 Aug 30; [Epub ahead of print]
Mastrianni JA, Iannicola C, Myers RM, DeArmond S, Prusiner SB. Mutation of the
prion protein gene at codon 208 in familial Creutzfeldt-Jakob disease.
Neurology
1996; 47:1305-12.
Mathern GW, Babb TL, Vickrey BG, et al. The clinical-pathogenic mechanisms of
hippocampal neuron loss and surgical outcomes in temporal lobe epilepsy.
Brain
1995; 118:105-18.
94
McKinley MP, Bolton DC, Prusiner SB. A protease-resistant protein is a structural
component of the scrapie prion.
Cell 1983; 35:57-62.
McKinley MP, Braunfeld MB, Bellinger CG, Prusiner SB. Molecular characteristics
of prion rods purified from scrapie-infected hamster brains.
J Infect Dis 1986;
154:110-20.
Mead S, Stumpf MP, Whitfield J, et al. Balancing selection at the prion protein gene
consistent with prehistoric kurulike epidemics.
Science 2003; 300:640-3.
Medori R, Tritschler HJ, LeBlanc A, et al. Fatal familial insomnia, a prion disease
with a mutation at codon 178 of the prion protein gene.
N Engl J Med 1992;
326:444-9.
Meggio F, Negro A, Sarno S, et al. Bovine prion protein as a modulator of protein
kinase CK2.
Biochem J 2000; 352 Pt 1:191-6.
Mercadante A.
Caracterização e implicações fisiológicas das interações da
proteína prion celular com o seu receptor de 60-66 kDa e com a Laminina. São
Paulo; 2000. [Tese de doutorado-Instituto de Química-Universidade de São Paulo]
Montrasio F, Cozzio A, Flechsig E, Rossi D, et al. B lymphocyte-restricted
expression of prion protein does not enable prionreplication in prion protein
knockout mice.
Proc Natl Acad Sci U S A 2001; 98:4034-7.
Moore RC, Lee IY, Silverman GL, et al. Ataxia in prion protein (PrP)-deficient mice
is associated with upregulation of the novel PrP-like protein doppel.
J Mol Biol
1999; 292:797-817.
Nitrini R, Rosemberg S, Passos-Bueno MR, et al. Familial spongiform
encephalopathy associated with a novel prion protein gene mutation.
Ann Neurol
1997; 42:138-46.
95
Oesch B, Westaway D, Walchli M, et al. A cellular gene encodes scrapie PrP 27-30
protein.
Cell 1985; 40:735-46.
Papassotiropoulos A, Wollmer MA, Aguzzi A, et al. The prion gene is associated
with human long-term memory.
Hum Mol Genet 2005; 14:2241-6.
Parchi P, Castellani R, Capellari S, et al. Molecular basis of phenotypic variability in
sporadic Creutzfeldt-Jakob disease.
Ann Neurol 1996; 39:767-78.
Parker LT, Deng Q, Zakeri H, Carlson C, Nickerson DA, Kwok PY. Peak height
variations in automated sequencing of PCR products using Taq dye-terminator
chemistry.
Biotechniques 1995; 19:116-21.
Peoc'h K, Manivet P, Beaudry P, et al. Identification of three novel mutations
(E196K, V203I, E211Q) in the prion protein gene (PRNP) in inherited prion diseases
with Creutzfeldt-Jakob disease phenotype.
Hum Mutat 2000; 15:482.
Pereira GS, Walz R, Bonan CD, et al. Changes in cortical and hippocampal
ectonucleotidase activities in mice lacking cellular prion protein.
Neurosci Lett
2001; 301:72-4.
Perry RT, Go RC, Harrell LE, Acton RT.SSCP analysis and sequencing of the
human prion protein gene (PRNP) detects two different 24 bp deletions in an atypical
Alzheimer's disease family.
Am J Med Genet 1995; 60:12-8.
Petchanikow C, Saborio GP, Anderes L, et al. Biochemical and structural studies of
the prion protein polymorphism.
FEBS Lett 2001; 509:451-6.
Piccardo P, Dlouhy SR, Lievens PM, et al. Phenotypic variability of Gerstmann-
Straussler-Scheinker disease is associated with prion protein heterogeneity.
J
Neuropathol Exp Neurol 1998; 57:979-88.
96
Pocchiari M, Salvatore M, Cutruzzola F, et al. A new point mutation of the prion
protein gene in Creutzfeldt-Jakob disease.
Ann Neurol 1993; 34:802-7.
Prusiner SB. Novel proteinaceous infectious particles cause scrapie.
Science1982;
216:136-44.
Prusiner SB. Molecular structure, biology, and genetics of prions.
Adv Virus Res
1988; 35:83-136.
Prusiner SB. Molecular biology of prion diseases.
Science 1991; 252:1515-22.
Prusiner SB. Natural and experimental prion diseases of humans and animals.
Curr
Opin Neurobiol 1992; 2:638-47.
Prusiner SB. Genetic and infectious prion diseases.
Arch Neurol 1993; 50:1129-53.
Prusiner SB. Prion diseases and the BSE crisis.
Science 1997; 278:245-51.
Prusiner SB. Prions.
Proc Natl Acad Sci U S A 1998; 95:13363-83.
Rachidi W, Vilette D, Guiraud P, et al. Expression of prion protein increases cellular
copper binding and antioxidant enzyme activities but not copper delivery.
J Biol
Chem 2003; 278:9064-7.
Riek R, Wider G, Billeter M, et al. Prion protein NMR structure and familial human
spongiform encephalopathies.
Proc Natl Acad Sci U S A 1998; 95:11667-72.
Roesler R, Walz R, Quevedo J, et al. Normal inhibitory avoidance learning and
anxiety, but increased locomotor activity in mice devoid of PrP(C).
Brain Res Mol
Brain Res
1999; 7:349-53.
97
Rudd PM, Merry AH, Wormald MR, Dwek RA. Glycosylation and prion protein.
Curr Opin Struct Biol 2002; 12:578-86.
Rujescu D, Hartmann AM, Gonnermann C, et al. M129V variation in the prion
protein may influence cognitive performance.
Mol Psychiatry 2003; 8:937-41.
Sakaguchi S, Katamine S, Shigematsu K, et al. Accumulation of proteinase K-
resistant prion protein (PrP) is restricted by the expression level of normal PrP in
mice inoculated with a mouse-adapted strain of the Creutzfeldt-Jakob disease agent.
J Virol 1995; 69:7586-92.
Sakaguchi S, Katamine S, Nishida N, et al. Loss of cerebellar Purkinje cells in aged
mice homozygous for a disrupted PrP gene.
Nature 1996; 380:528-31.
Salvatore M, Genuardi M, Petraroli R, Masullo C, D'Alessandro M, Pocchiari M.
Polymorphisms of the prion protein gene in Italian patients with Creutzfeldt-Jakob
disease.
Hum Genet 1994; 94:375-9. Erratum in: Hum Genet 1995; 95:605.
Samaia HB, Mari JJ, Vallada HP, Moura RP, Simpson AJ, Brentani RR.A prion-
linked psychiatric disorder.
Nature 1997; 390:241.
Samaia HB, Brentani RR. Can loss-of-function prion-related diseases exist?
Mol
Psychiatry
1998; 3:196-7.
Sauer B, Henderson N. Site-specific DNA recombination in mammalian cells by the
Cre recombinase of bacteriophage P1.
Proc Natl Acad Sci U S A 1988; 85:5166-70.
Schmitt-Ulms G, Legname G, Baldwin MA, et al. Binding of neural cell adhesion
molecules (N-CAMs) to the cellular prion protein.
J Mol Biol 2001; 314:1209-25.
98
Sejima H, Ito M, Kishi K, Tsuda H, Shiraishi H. Regional excitatory and inhibitory
amino acid concentrations in pentylenetetrazol kindling and kindled rat brain.
Brain
Dev 1997; 19:171-5.
Soto C, Castilla J. The controversial protein-only hypothesis of prion propagation.
Nat Med 2004; 10 Suppl:S63-7.
Speckmann EJ, Straub H, Kohling R. Contribution of calcium ions to the generation
of epileptic activity and antiepileptic calcium antagonism.
Neuropsychobiology
1993; 27:122-6.
Stahl N, Borchelt DR, Hsiao K, Prusiner SB. Scrapie prion protein contains a
phosphatidylinositol glycolipid.
Cell 1987; 51:229-40.
Steinlein OK. Genes and mutations in idiopathic epilepsy.
Am J Med Genet 2001;
106:139-45.
Thais ME, Carqueja CL, Santos TG, et al. Synaptosomal glutamate release and
uptake in mice lacking the cellular prion protein.
Brain Res 2006; 1075:13-9.
Timpl R, Dziadek M. Structure, development, and molecular pathology of basement
membranes.
Int Rev Exp Pathol 1986; 29:1-112.
Tsai MT, Su YC, Chen YH, Chen CH. Lack of evidence to support the association of
the human prion gene with schizophrenia.
Mol Psychiatry 2001; 6:74-8.
Yamada M, Itoh Y, Fujigasaki H, et al. A missense mutation at codon 105 with
codon 129 polymorphism of the prion protein gene in a new variant of Gerstmann-
Straussler-Scheinker disease.
Neurology 1993; 43:2723-4.
Wadsworth JD, Asante EA, Desbruslais M, et al. Human prion protein with valine
129 prevents expression of variant CJD phenotype.
Science 2004; 306:1793-6.
99
Walz R, Amaral OB, Rockenbach IC, et al. Increased sensitivity to seizures in mice
lacking cellular prion protein.Epilepsia 1999; 40:1679-82.
Walz R, Castro RM, Velasco TR, et al. Cellular prion protein: implications in
seizures and epilepsy.
Cell Mol Neurobiol 2002; 22:249-57.
Walz R, Castro RM, Velasco TR, et al. Surgical outcome in mesial temporal
sclerosis correlates with prion protein gene variant.
Neurology 2003; 61:1204-10.
Walz R, Castro RM, Landemberger MC, et al. Cortical malformations are associated
with a rare polymorphism of cellular prion protein.
Neurology 2004; 63:557-60.
Warner RG, Hundt C, Weiss S, Turnbull JE. Identification of the heparan sulfate
binding sites in the cellular prion protein.
J Biol Chem 2002; 277:18421-30.
Westaway D, Goodman PA, Mirenda CA, et al. Distinct prion proteins in short and
long scrapie incubation period mice.
Cell 1987; 51:651-62.
Whittington MA, Sidle KC, Gowland I, et al. Rescue of neurophysiological
phenotype seen in PrP null mice by transgene encoding human prion protein.
Nat
Genet 1995; 9:197-201. Erratum in: Nat Genet 1995; 9:451.
Windl O, Giese A, Schulz-Schaeffer W, et al. Molecular genetics of human prion
diseases in Germany.
Hum Genet 1999;105:244-52.
Zanata SM, Lopes MH, Mercadante AF, et al. Stress-inducible protein 1 is a cell
surface ligand for cellular prion that triggers neuroprotection.
EMBO J 2002;
21:3307-16.
Zimmermann K, Turecek PL, Schwarz HP. Genotyping of the prion protein gene at
codon 129.
Acta Neuropathol (Berl) 1999; 97:355-8.
Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269
High capacity and low cost detection of prion protein gene
variant alleles by denaturing HPLC
Rosa Maria R.P.S. Castro
a,b
, Michele C. Landemberger
a,b
, Roger Walz
c,d,e
,
Carlos G. Carlotti, Jr.
c,f
, Nancy Huang
g
, Danielle R. Cunha
b
, Ricardo Moura
b
,
Otávia L. Caballero
a,b
, Américo C. Sakamoto
c
, Ricardo Nitrini
g
,
Ricardo R. Brentani
a,b
, Vilma R. Martins
a,b,
a
Ludwig Institute for Cancer Research, São Paulo Branch, São Paulo SP, Brazil
b
Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Cˆancer, São Paulo, SP, Brazil
c
CIREP, Center for Epilepsy Surgery, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP, Ribeirão Preto, SP, Brazil
d
Center for Epilepsy Surgery, Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brazil
e
Centro de Ciˆencias da Saúde, Faculdade de Medicina, UNIVALI, Itaja´ı, SC, Brazil
f
Departamento de Anatomia e Cirurgia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP, Ribeirão Preto, SP, Brazil
g
Disciplina de Neurologia, Hospital das Cl´ınicas da Faculdade de Medicina USP, São Paulo, SP, Brazil
Received 16 March 2004; accepted 6 May 2004
Abstract
Mutationsin the humanprion proteingene(PRNP) areresponsiblefor hereditarydiseases called transmissiblespongiform encephalopathies
(TSE) and a polymorphic site at codon 129 determines sensitivity to infectious forms of these maladies. More recently, codon 129 has been
related to cognition performance in the elderly, in Alzheimer disease (AD) and in Down syndrome. Furthermore, a rare polymorphism at
codon 171 was described in 23% of patients with mesial temporal lobe epilepsy related to hippocampal sclerosis (MTLE-HS), the most
common form of surgically remediable epileptic syndrome. Thus, a method that permits fast and efficient screening of PRNP mutations and
polymorphisms in patients, in high risk populations, and in family members is desirable. In the present study, we established the conditions
for analysis of the PRNP open reading frame using denaturing high-performance liquid chromatography (DHPLC), whereby unpurified PCR
products were subjected to denaturing and reannealing steps leading to heteroduplex formation. We described specific profiles for the PRNP
polymorphisms at codons 129 (M/V), 117 (A/A silent), 219 (E/K), 171 (N/S), and the octarepeat deletion using amplified DNA from 562
samples. The chromatograms for TSE-associated mutations at codons 102 (P/L), 183 (T/A), and 210 (V/I) were also determined. Specificity
of the DHPLC profile for each PRNP variant allele was confirmed in 100% of the samples by direct and cloned DNA sequencing in addition
to endonuclease digestion when applicable. Therefore, the present study shows that DHPLC is a rapid, highly accurate and efficient technique
for the detection of PRNP genetic variants.
© 2004 Elsevier B.V. All rights reserved.
Keywords: Prion protein gene; Prion; Prion diseases; Mutations; Polymorphisms; Denaturing high-performance liquid chromatography
1. Introduction
Transmissible spongiform encephalopathies (TSE) are a
group of fatal human neurodegenerative disorders which
can occur in sporadic, familial and acquired forms. The
hallmark of TSE is the accumulation in the central nervous
Corresponding author. Present address: Ludwig Institute for Cancer
Research, São Paulo Branch, Rua Antonio Prudente 109-4A, Liberdade
01509-010, SP, Brazil. Tel.: +55-11-3388-3220; fax: +55-11-3207-7001.
E-mail address: [email protected] (V.R. Martins).
system of PrP
sc
, which is an abnormally folded isoform
of the encoded cellular prion protein (PrP
c
)(Prusiner,
1998). PrP
c
is encoded by a single exon of a single
gene, PRNP, for which some genetic variants have been
described and are specifically associated with familial
forms of TSEs such as Creutzfeldt–Jakob disease CJD),
Gerstmann–Straussler–Scheinker disease (GSS) and fatal
familial insomnia (FFI). The pathogenic mutations include
single point variations that are located mostly in the central
and C-terminal region of PrP
c
such as those from codons
102 (Doh-ura et al., 1989; Hsiao et al., 1989), 183 (Nitrini
0165-0270/$ see front matter © 2004 Elsevier B.V. All rights reserved.
doi:10.1016/j.jneumeth.2004.05.001
264 R.M.R.P.S. Castro et al./ Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269
et al., 1997) and 210 (Pocchiari et al., 1993; Ripoll et al.,
1993) in addition to deletions and insertions located in the
N-terminal domain (Campbell et al., 1996; Capellari et al.,
1997; Goldfarb et al., 1993; Laplanche et al., 1995; Owen
et al., 1989). In many cases, the diagnosis of these diseases
is very difficult and PRNP sequencing must be performed
in order to validate the presence of a hereditary prion
disease.
A highly frequent PRNP polymorphism at codon 129 is
well known to play a role in modulating disease outcome
since its association with a mutation at position 178 seems
to be a key determinant between CJD and FFI (reviewed
by Gambetti et al., 2003). Homozygosis for methionine
at codon 129 also plays an important role in susceptibil-
ity to the new variant of Creutzfeldt–Jakob disease (vCJD)
(Zimmermann et al., 1999), which was described to be trans-
mitted to humans, particularly to young adults, through the
ingestion of meat from cattle infected with bovine spongi-
form encephalopathy (Collinge et al., 1996). Thus, PRNP
sequencing became important mainly in patients younger
than 50 years to discriminate between vCJD and some early
familial forms of TSE (reviewed by Collinge, 2001). In ad-
dition, population screening might be important to define
higher risk groups.
The octarepeat domain of the human PrP
c
molecule is
also polymorphic and four or five repeats of the peptide
PHGGGWGQ can be found in normal populations (Palmer
and Collinge, 1993). It is believed that these variant alleles
are not related to susceptibility to prion diseases; however,
insertional mutations from two to nine octarepeats are as-
sociated with CJD (Campbell et al., 1996). A third PRNP
polymorphic site at codon 219 is found at very high fre-
quency in the Japanese population and has been reported to
delay the onset of GSS (Tanaka et al., 1997).
PRNP variant alleles have been recently related to other
human diseases, a finding consistent with partial or total PrP
c
loss of function (Martins et al., 2002). The Val/Val polymor-
phism at codon 129 is indicative of a worse cognition in the
elderly (Berr et al., 1998), in patients with Alzheimer disease
(Berr et al., 2003) and in Down syndrome (Del Bo et al.,
2003). In addition, a very rare polymorphism at codon 171
where an asparagine is changed to a serine, previously found
in a familial form of schizoaffective disorder (Samaia et al.,
1997), is present in 23% of patients with mesial temporal
lobe epilepsy related to hippocampal sclerosis (MTLE-HS)
and the serine variant allele indicates a poorer surgical out-
come for seizure cure (Walz et al., 2003). Therefore, these
data indicate that variant alleles in PRNP are associated with
human diseases whose prevalence is much higher than that
of prion diseases.
Optimization of conventional techniques and the develop-
ment of new tools for genotyping PRNP have been reported
to be essential to avoid mistakes that may delay both the
correct molecular diagnosis of the diseases and the classifi-
cation of a normal population in cohort studies. Previously
described methods are time consuming and excessively ex-
pensive to be used for routine analysis. Additionally, several
polymorphic and mutation sites found in the PRNP open
reading frame (ORF) are located within a large domain of
CpG islands (Lee et al., 1998) which complicates direct se-
quencing of genomic DNA (Parker et al., 1995).
In the present study we describe the use of denatur-
ing high-performance liquid chromatography (DHPLC) to
screen variant alleles in PRNP. This technique is based on
the automated detection of heteroduplexes in short DNA
segments by ion-pair reverse phase high-performance liq-
uid chromatography under partially denaturing conditions
(Oefner et al., 1992). Therefore, single base substitutions,
deletions or insertions can be easily detected. The major
advantage of this method is the low cost and the speed of
analysis whereby after a single PCR the unpurified product
can be analyzed within approximately 16min. Once the
profiles are established DNA sequencing of PCR fragments
is unnecessary.
Using two pairs of primers we amplified two overlapping
PRNP segments comprising the entire ORF and submitted
them to DHPLC analysis. We determined specific profiles
for the polymorphic sites at the octarepeat domain and at
codons 117, 129, 171 and 219 in addition to point mutations
at codons 102, 183 and 210. Each profile was confirmed
by direct and cloned product sequencing and by restriction
endonuclease when applicable.
2. Materials and methods
2.1. Samples and DNA extraction
A total of 567 individuals were included in the study.
Blood samples were collected from 177 adult healthy con-
trols, three members of a family presenting GSS with a mu-
tation at codon 102 of the cellular prion protein (P102L),
and two patients with CJD, one with a mutation at codon
183 (T183A) and the other with a mutation at codon 210
(V210I). We also analyzed DNA from 385 samples obtained
at the Center for Epilepsy Surgery, Faculdade de Medic-
ina de Ribeirão Preto USP (CIREP), from patients with
MTLE-HS, different forms of abnormalities of cortical de-
velopment, gliosis, glial brain tumors, focal epilepsy with
normal MRI, idiopathic generalized epilepsies, Rasmussen’s
syndrome, undiagnosed epileptic syndromes, and from fam-
ily members of these patients.
DNA was directly extracted from 3mL of whole blood
using the Puregene Genomic DNA Isolation Kit (Gentra
Systems, USA).
2.2. PCR conditions
Primers were designed to amplify two different overlap-
ping fragments of the PRNP ORF (GenBank accession num-
ber AY008282). Their sequence and positions in PRNP are
shown in Fig. 1.
R.M.R.P.S. Castro et al. / Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269 265
Fig. 1. Primers used in this study (based on GenBank sequence
AY008282). PRNP ORF was divided into two fragments in order to ob-
tain the best performance in DHPLC analysis.
Amplification reactions were carried out using touch
down PCR (Don et al., 1991) in a total volume of 50L
containing 100 ng of genomic DNA, 100 mM Tris–HCl, pH
8.3, 500mM KCl
2
, 25mM MgCl
2
, 200M dNTPs (Invit-
rogen, Carlrsbad, CA, USA ), 0.5M of each primer (In-
vitrogen, Carlsbad, CA, USA), and 5U of AmpliTaq Gold
enzyme (PE Applied Biosystems, Foster City, CA, USA).
Amplifications were performed using a DNA Thermal Cy-
cler PTC-100 (MJ Research Inc., MA, USA) as follows,
for fragment 1: 10min at 95
C, then 10 cycles consisting
of 1 min at 94
C, 1 min at 64
C and 1 min at 72
C; 10
cycles consisting of 1min at 95
C, 1min at 62
C and
1min at 72
C, and 15 cycles consisting of 1 min at 95
C,
1min at 60
C and 1min at 72
C. For fragment 2: 10min
at 95
C, and then 10 cycles consisting of 1min at 94
C,
1min at 62
C and 1 min at 72
C; 10 cycles consisting of
1min at 95
C, 1 min at 60
C and 1 min at 72
C, and 15
cycles consisting of min at 95
C, 1min at 58
C and 1 min
at 72
C(Don et al., 1991).
2.3. DHPLC
DNA amplified in two different reactions (fragments 1
and 2) as described above was submitted to a denaturing
step by heating at 95
C for 5min followed by a gradual
re-annealing by cooling to 60
C(2
C/min) to enhance het-
eroduplex formation. Fifteen microliters of each re-annealed
PCR product were applied to an automated HPLC appara-
tus equipped with a DNASep column (Wave-nucleic acid
fragment analysis system—Transgenomic Inc., Omaha, NE,
USA). Parameters of gradient and flow rate were adjusted
with the Wavemaker system control software (Transgenomic
Inc, Omaha, NE, USA). DNA was eluted in a linear ace-
tonitrile gradient of buffers A and B. Buffer A consisted
of 0.1M triethylammonium acetate (TEAA) (Transgenomic
Inc., Omaha, NE, USA) and buffer B of 0.1M TEAA and
25% acetonitrile (JT Baker, NJ, USA). The start and end
points of the gradient obtained by mixing eluents A and B
were adjusted using the algorithm provided by the Wave-
maker software (Transgenomic Inc., Omaha, NE, USA).
Elution of DNA was detected by 260 nm UV absorbance
and the chromatograms were analyzed based on patterns of
peak number and relative weight. First, the amplicons were
analyzed under non-denaturing conditions at 50
C to estab-
lish the volume of sample injection for the mutation analysis
that ranged from 8 to 10L. The temperature for optimal
resolution of heteroduplex and homoduplex DNA was de-
termined by a DHPLC melting algorithm using the Wave-
maker software (Transgenomic Inc., Omaha, NE, USA) and
also by analyzing the melting behavior of each PCR frag-
ment while the temperature was varied by 1
C increments.
Each sample in which only one peak was identified was
further analyzed by preparing equimolar mixtures with PCR
products from known wild-type samples to generate poten-
tial heteroduplex species. After the addition of the wild-type
sample, denaturation, re-annealing, and re-injection into the
DNASep column the appearance of heterozygous elution
profiles confirmed the presence of a homozygous mutant
genotype. The corresponding homozygous for the wild type
profile appeared as only one peak. The flowchart for this
strategy is shown in Fig. 2.
2.4. DNA sequencing
PCR products were sequenced with the Dynamic
tm
ET
terminator sequenced kit (Amersham Biosciences, Piscat-
away, NJ, USA) according to manufacturer instructions. Se-
quencing reactions were separated on ABI Prism-377 (Ap-
plied Biosystems, Foster City, CA, USA).
2.5. Endonuclease digestion
PCR for the entire open reading frame of PRNP was
carried out in a total volume of 50L using the forward
primer of fragment 1 and the reverse primer of fragment
2(Fig. 1) under the same conditions and at an annealing
temperature of 63
C. The PCR products were purified by
precipitation with 400L of 2-propanol (PA, Merck, Ger-
many) for precipitation of the DNA and elimination of the
PCR mix followed by a second precipitation with 400Lof
70% ethanol (Merck, Germany). The DNA was dissolved at
20ng/L in sterile water. Restriction endonucleases PvuII,
NspI, and BbvI were used to analyze codons 117, 129, and
171 respectively (Fink et al., 1994; Windl et al., 1999). En-
zymes were supplied by New England Biolabs and Amer-
sham Biosciences and were used according to manufacturer
recommendations. Digestion was carried out by incubation
at 37
C for 16h followed by enzyme inactivation at 65
C.
Digestion products were analyzed by electrophoresis on 8%
polyacrylamide gels and DNA was stained with silver.
2.6. Cloning of the PCR products
The complete PRNP coding region from DNA samples
containing each type of polymorphism or mutation was
amplified using the same conditions as described above
and products were cloned in the PCR 2.1 vector using the
TA-cloning kit (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA). DNA pu-
rified from transforming colonies was sequenced to confirm
the presence of variant alleles.
266 R.M.R.P.S. Castro et al./ Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269
Fig. 2. Flowchart of DHPLC strategy for PRNP analysis. PRNP ORF was amplified in two separate overlapping fragments and the PCR products
submitted to DHPLC. Analysis of each amplicon was done using non-denaturing conditions at 50
C and at partial denaturing temperatures (65
C for
fragment 1 and 61 and 63
C for fragment 2). DHPLC profile presenting a single sharp peak indicates homoduplex formation (homozygous sample)
while heteroduplex formation (heterozygous sample) is characterized by double or triple peaks and a heterozygous mutant/polymorphic genotype. In the
first case (homoduplex) the sample must be mixed with a PCR product from a control (wild type) sample and re-analyzed by DHPLC. The appearance
of a single sharp peak (homoduplex) confirms that the sample analyzed is wild type while a heteroduplex formation (double or triple peaks) characterizes
a homozygous mutant/polymorphic genotype. In bold, the final findings that guide to the conclusions of the DHPLC analysis.
3. Results
The PRNP ORFs of a total 567 genomic DNA samples
were submitted to DHPLC analysis and to direct sequenc-
ing. We had no previous information about the presence of
any PRNP polymorphism in 562 DNAs. We also tested DNA
samples from GSS and CJD patients with mutations previ-
ously described at codons 102, 183 and 210, respectively.
Despite the large number of epileptic syndromes evaluated
here, their association with PRNP polymorphisms was not
the scope of the present study.
The samples yielding similar DHPLC profiles were
grouped together and compared to their sequencing results.
Polymorphic sites at codons 117, 129 and 171 were also
confirmed by specific endonuclease digestion.
In order to establish the DHPLC patterns for polymor-
phic and mutation sites at PRNP we divided the ORF into
two overlapping amplicons using the primers described in
Fig. 1. The strategy applied for each reaction is schemat-
ically presented in Fig. 2 where a preliminary analysis of
each amplicon was always done using non-denaturing con-
ditions at 50
C in order to quantify and verify the quality
of the PCR product. Under these conditions, the presence of
an octarepeat deletion within fragment 1 was promptly ob-
served due to a specific DHPLC profile of the shorter PCR
product when compared to the wild type sample (Fig. 3).
This pattern was confirmed in all 40 samples characterized as
heterozygote for the octarepeat deletion by direct sequenc-
ing (Table 1). When fragment 1 amplicon was submitted to
65
C the wild type samples showed a single peak of par-
tially denatured homoduplex DNA, whereas the presence of
polymorphic or mutation sites led to distinct profiles with
two or more peaks (Fig. 4). These peaks are caused by par-
tially denatured heteroduplex molecules that are retained in
the column for shorter times and are specific for each het-
erozygous site. Specificity of the profiles was confirmed for
Fig. 3. PRNP fragment 1 DHPLC sizing analysis. Amplification prod-
ucts from PRNP fragment 1 (codons 8–148) analyzed by DHPLC using
non-denaturing conditions at 50
C (sizing) show different profiles for a
sample with an octarepeat deletion compared with a wild type sample.
R.M.R.P.S. Castro et al. / Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269 267
Table 1
Number of PRNP variant alleles identified using DHPLC in 567 DNA samples
Fragment 1 Fragment 2
Octarepeat
delection
P102L M129V A117A
silent
Del Oct + M129V P102L + M129V M129V + A117A
silent
V129V N171S T183A V210I E219K
22 2 221 13 18 1 18 57 44 1 1 2
13 A117A
silent
samples, 221 samples with M129V, 22 sam-
ples with octarepeat deletion and two samples with P102L
mutation (Table 1). In addition, different profiles are found
when two polymorphic sites are present in this fragment.
The occurrence of an octarepeat deletion or an A117A
silent
polymorphism in heterozygosis with M129V produced pro-
files which differed from those observed for each single
Fig. 4. DHPLC elution profiles of homo and heteroduplexes from PRNP
fragment 1 (codons 8–148) polymorphic and mutation sites at 65
C.
The chromatograms show a homoduplex control (wild type) sample
and samples containing heteroduplexes characterized by specific profiles
for mutation at codon 102 (P102L) and polymorphisms at codons 117
(A117A
silent
), 129 (M129V) and the octarepeat deletion (Del Oct). The
combination of two polymorphic sites also produced a specific profile
which was different from that presented by each polymorphism alone
(Del Oct + M129V, P102L + M129V and A117A
silent
+ M129V).
polymorphism (Fig. 4) and were confirmed in 18 samples
of both combinations (Table 1).
It is important to note that the presence of a profile with a
sharp peak does not necessary characterize a wild type sam-
ple but rather the presence of a homoduplex, which means
that a polymorphism/mutation may be present in homozygo-
sis. Therefore, when the first screening analysis shows ho-
moduplex formation, mixing the sample with a PCR prod-
uct from a wild type sequence is mandatory (Fig. 2). Using
this approach, a second round of DHPLC from mixed sam-
ples (sample of interest plus wild type control) confirmed
253 wild type samples (for fragment 1) and 57 V129V
samples which then produced in this mixed reaction a het-
eroduplex profile of the M129V samples. Furthermore, there
were no heterozygotes for octarepeat deletion or A117A
silent
polymorphisms in our samples. However, the presence of
these variants should produce specific heteroduplex pro-
files, analogous to those presented in Fig. 4, after mixing
with wild type samples and running in a second round of
DHPLC.
The second PRNP amplicon (codons 138 to stop codon
plus 53bp) was submitted to DHPLC analysis at 63
C
(Fig. 2) and a single peak of partially denatured homodu-
plex DNA was also observed for the wild type sample. DNA
presenting heterozygous polymorphic or mutation sites at
codons 171, 183 or 210, respectively, showed different re-
tention times on the DHPLC column (Fig. 5). The pattern
specificity was confirmed in 44 samples with the N171S
polymorphism characterized by direct sequencing and re-
striction digestion with BbvI. However, only two samples,
one containing the mutation at codon 183 (T183A) and the
other at codon 210 (V210I), were available for analysis.
The conditions initially used for fragment 2 were unable to
discriminate between polymorphic sites at codons 171 (N/S)
and 219 (E/K) (Fig. 5) but a reduction of the denaturation
temperature to 61
C permitted us to obtain specific profiles
for each of these sites (Fig. 6). Nevertheless, the pattern
specificity for the other mutations (codons 183 and 210) was
lost at this temperature (61
C).
In summary, our results showed 100% coincidence of the
direct sequencing and restriction enzyme analysis (when ap-
plied) with DHPLC when PRNP ORF was amplified in two
fragments and analyzed at 65
C for PRNP fragment 1 and
at 61
C and 63
C for fragment 2. Therefore, DHPLC pro-
duced highly reproducible profiles allowing the identifica-
tion of PRNP polymorphisms and mutations based on dif-
ferences in chromatogram shape.
268 R.M.R.P.S. Castro et al./ Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269
Fig. 5. DHPLC elution profiles of homo and heteroduplexes from PRNP
fragment 2 (codons 138 to stop plus 53 bp) polymorphic and mutation
sites at 63
C. The chromatograms show a homoduplex control (wild type)
sample and samples containing heteroduplexes characterized by specific
profiles for the polymorphism at codon 171 (N171S) and mutations at
codons 183 and 210.
4. Discussion
There is a continuing need for improved, efficient, rapid
and low cost technology for the detection of PRNP polymor-
phisms and mutations. DHPLC has been used successfully
for the detection of mutations and polymorphisms in sev-
eral genes including those related to cancer predisposition
(reviewed by Xiao and Oefner, 2001).
DHPLC analysis performed according to the conditions
described here resulted in a straightforward detection of the
variant alleles in codons 102, 117, 129, 171, 183, 210 and
219 and identified one octarepeat deletion independently of
direct DNA sequencing analysis. An identical pattern of re-
tention times within the column was observedfor all samples
Fig. 6. DHPLC elution profiles from PRNP fragment 2 at 63
C and 61
C. The DHPLC elution profile of heteroduplexes polymorphic sites at codons
171 (N171S) and 219 (E219K) showed a better resolution at 61
C (panel B) than at 63
C (panel A).
with the same genetic alteration and no false results were
detected, a fact indicating high sensitivity and specificity.
Nevertheless, more variant alleles than those evaluated here
have been described for PRNP (reviewed by Mastrianni and
Roos, 2000) and a careful evaluation of DHPLC conditions
for each nucleotide change or combination of changes dif-
ferent from those described here will be required.
While direct sequencing may be the most efficient way to
identify variant alleles, sometimes problems may occur, in
particular when a CG-rich region is analyzed (Parker et al.,
1995), which is the case for the 5
region of the PRNP ORF.
In this situation, it is necessary to clone the PCR products
and sequence a large number of colonies, an expensive and
time consuming approach. On the other hand, endonuclease
digestion can be an interesting alternative but it is restricted
to the analyses of variant alleles that create or suppress a
cleavage site for the enzyme.
In contrast, DHPLC is an excellent detection strategy of
lower cost, excellent resolution and easy analysis. The ma-
jor requirement is the quality and quantity of PCR products
(A260 >2mV) and the size of the amplification product that
should be less than 700bp (reviewed by Xiao and Oefner,
2001). It is also recommended to check the column condi-
tions and the oven temperatures frequently, as well as to run
controls with known nucleotide changes in every run to en-
sure the reproducibility of the assay. Hence, two PCR pro-
cedures (fragment 1 and 2) are necessary for PRNP ORF
evaluation and the profile of each PCR product is completed
in 8min. Therefore, the entire ORF analysis will be ready
in 16min for heterozygous samples. In the case of homozy-
gous samples, the PCR product must be mixed with a con-
trol sample, must be submitted to a denaturation step and
run again in the DHPLC, a procedure that takes 16 addi-
tional minutes Therefore, with the cost of two PCR reactions
(not included the equipment cost) and in about 30min an
entire PRNP ORF can be analyzed. The automated DHPLC
equipment can be loaded with 192 samples.
In conclusion, the DHPLC technique under optimized
conditions is a rapid, highly accurate and useful tool to
determine polymorphisms and mutations in PRNP. This
approach will permit the screening of relatives from fam-
ilies with hereditary prion diseases, high risk populations
R.M.R.P.S. Castro et al. / Journal of Neuroscience Methods 139 (2004) 263–269 269
for vCJD (Collinge, 2001) and for worse cognition in the
elderly (Berr et al., 1998), in Alzheimer (Berr et al., 2003)
and Down syndrome (Del Bo et al., 2003) and for sus-
ceptibility to epileptic syndromes. It will also permit the
prediction of a poorer surgical outcome in patients with
Hippocampal Sclerosis (Walz et al., 2003).
Finally, one major sanitary problem is related to prion
diseases in cattle and sheep and how variant alleles at
their PRNP sequence are linked to infection susceptibility
(Goldmann et al., 1994; Hunter, 1997). The use of DHPLC
and an adaptation of the conditions described here will also
permit the prompt evaluation of a large number of animals.
Acknowledgements
This work was supported by grant from FAPESP (Fun-
dação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo #
99/07124-8). R.M.R.P.S. Castro and M.C. Landemberger are
research fellows supported by CAPES and FAPESP, respec-
tively.
References
Berr C, Richard F, Dufouil C, Amant C, Alperovitch A, Amouyel P. Poly-
morphism of the prion protein is associated with cognitive impairment
in the elderly: the EVA study. Neurology 1998;51(3):734–7.
Berr C, Helbecque N, Sazdovitch V, Mohr M, Amant C, Amouyel P,
et al. Polymorphism of the codon 129 of the prion protein (PrP)
gene and neuropathology of cerebral ageing. Acta Neuropathol Berl
2003;106:71–4.
Campbell TA, Palmer MS, Will RG, Gibb WR, Luthert PJ, Collinge J.
A prion disease with a novel 96-base pair insertional mutation in the
prion protein gene. Neurology 1996;46:761–6.
Capellari S, Vital C, Parchi P, Petersen RB, Ferrer X, Jarnier D, et al.
Familial prion disease with a novel 144 bp insertion in the prion
protein gene in a Basque family. Neurology 1997;49:133–41.
Collinge J, Sidle KC, Meads J, Ironside J, Hill AF. Molecular analysis of
prion strain variation and the aetiology of new variant CJD. Nature
1996;383(6602):685–90.
Collinge J. Prion diseases of humans and animals: their causes and
molecular basis. Annu Rev Neurosci 2001;24:519–50.
Del Bo R, Comi GP, Giorda R, Crimi M, Locatelli F, Martinelli-Boneschi
F, et al. The 129 codon polymorphism of the prion protein gene
influences earlier cognitive performance in Down syndrome subjects.
J Neurol 2003;250:688–92.
Doh-ura K, Tateishi J, Sasaki H, Kitamoto T, Sakaki Y. Proleu change
at position 102 of prion protein is the most common but not the
sole mutation related to Gerstmann–Straussler syndrome. Biochem
Biophys Res Commun 1989;163:974–9.
Don RH, Cox PT, Wainwright BJ, Baker K, Mattick JS. Touchdown PCR
to circumvent spurious priming during gene amplification. Nucl Acids
Res 1991;19:4008.
Fink JK, Peacock ML, Warren Jr JT, Roses AD, Prusiner SB. Detecting
prion protein gene mutations by denaturing gradient gel electrophore-
sis. Hum Mutat 1994;4:42–50.
Gambetti P, Parchi P, Chen SG. Hereditary Creutzfeldt–Jakob disease and
fatal familial insomnia. Clin Lab Med 2003;23:43–64.
Goldfarb LG, Brown P, Little BW, Cervenakova L, Kenney K, Gibbs Jr
CJ, et al. A new (two-repeat) octapeptide coding insert mutation in
Creutzfeldt–Jakob disease. Neurology 1993;43:2392–4.
Goldmann W, Hunter N, Smith G, Foster J, Hope J. PrP genotype and
agent effects in scrapie: change in allelic interaction with different
isolates of agent in sheep, a natural host of scrapie. J Gen Virol
1994;75(Pt 5):989–95.
Hsiao K, Baker HF, Crow TJ, Poulter M, Owen F, Terwilliger JD, et al.
Linkage of a prion protein missense variant to Gerstmann–Straussler
syndrome. Nature 1989;338:342–5.
Hunter N. PrP genetics in sheep and the applications for scrapie and BSE.
Trends Microbiol 1997;5(8):331–4.
Laplanche JL, Delasnerie-Laupretre N, Brandel JP, Dussaucy M, Chate-
lain J, Launay JM. Two novel insertions in the prion protein gene
in patients with late-onset dementia. Hum Mol Genet 1995;4:1109–
11.
Lee IY, Westaway D, Smit AF, Wang K, Seto J, Chen L, et al. Complete
genomic sequence and analysis of the prion protein gene region from
three mammalian species. Genome Res 1998;8:1022–37.
Martins VR, Linden R, Prado MA, Walz R, Sakamoto AC, Izquierdo I,
et al. Cellular prion protein: on the road for functions. FEBS Lett
2002;512:25–8.
Mastrianni JA, Roos RP. The prion diseases. Semin Neurol 2000;20:337–
52.
Nitrini R, Rosemberg S, Passos-Bueno MR, da Silva LS, Iughetti P,
Papadopoulos M, et al. Familial spongiform encephalopathy associated
with a novel prion protein gene mutation. Ann Neurol 1997;42:138–
46.
Oefner PJ, Bonn GK, Huber CG, Nathakarnkitkool S. Comparative study
of capillary zone electrophoresis and high-performance liquid chro-
matography in the analysis of oligonucleotides and DNA. J Chro-
matogr 1992;625:331–40.
Owen F, Poulter M, Lofthouse R, Collinge J, Crow TJ, Risby D, et al.
Insertion in prion protein gene in familial Creutzfeldt–Jakob disease.
Lancet 1989;1:51–2.
Palmer MS, Collinge J. Mutations and polymorphisms in the prion protein
gene. Hum Mutat 1993;2:168–73.
Parker LT, Deng Q, Zakeri H, Carlson C, Nickerson DA, Kwok PY. Peak
height variations in automated sequencing of PCR products using Taq
dye-terminator chemistry. Biotechniques 1995;19:116–21.
Pocchiari M, Salvatore M, Cutruzzola F, Genuardi M, Allocatelli CT,
Masullo C, et al. A new point mutation of the prion protein gene in
Creutzfeldt–Jakob disease. Ann Neurol 1993;34:802–7.
Prusiner SB. Prions. Proc Natl Acad Sci USA 1998;95:13363–83.
Ripoll L, Laplanche JL, Salzmann M, Jouvet A, Planques B, Dussaucy
M, et al. A new point mutation in the prion protein gene at codon
210 in Creutzfeldt–Jakob disease. Neurology 1993;43:1934–8.
Samaia HB, Mari JJ, Vallada HP, Moura RP, Simpson AJ, Brentani RR.
A prion-linked psychiatric disorder. Nature 1997;390(6657):241.
Tanaka Y, Minematsu K, Moriyasu H, Yamaguchi T, Yutani C, Kitamoto
T, et al. A Japanese family with a variant of Gerstmann–Straussler–
Scheinker disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1997;62(5):454–
7.
Walz R, Castro RMRPS, Velasco TR, Alexandre Jr V, Lopes MH, Leite
JP, et al. Surgical outcome in mesial temporal sclerosis correlates with
prion protein gene variant. Neurology 2003;61:1204–9.
Windl O, Giese A, Schulz-Schaeffer W, Zerr I, Skworc K, Arendt S,
et al. Molecular genetics of human prion diseases in Germany. Hum
Genet 1999;105:244–52.
Xiao W, Oefner PJ. Denaturing high-performance liquid chromatography:
a review. Hum Mutat 2001;17:439–74.
Zimmermann K, Turecek PL, Schwarz HP. Genotyping of the prion protein
gene at codon 129. Acta Neuropathol Berl 1999;97:355–8.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo