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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA
MARIA LITA PADINHA CORRÊA
COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA CONSORCIADA COM CAUPI,
SORGO E AMENDOIM.
FORTALEZA
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA
MARIA LITA PADINHA CORRÊA
COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA CONSORCIADA COM CAUPI,
SORGO E AMENDOIM
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de
Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em
Agronomia/Fitotecnia.
Orientador: Prof. Francisco José Alves Fernandes Távora
FORTALEZA
2005
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal
do Ceará
MARIA LITA PADINHA CORRÊA
CORRÊA, Maria Lita Padinha
Comportamento da mamoneira consorciada com caupi, sorgo e
amendoim.
Orientador: Prof. Francisco José Alves Fernandes Távora
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Departamento de
Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará.
1. Ricinus communis L. 2. Planta Oleaginosa. 3. Consorciação. 4.
Culturas de ciclo curto . I. Título.
MARIA LITA PADINHA CORRÊA
COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA CONSORCIOADA COM CAUPI,
SORGO E AMENDOIM
.
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de
Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em
Agronomia/Fitotecnia.
Apresentação em 28/03/2005.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Francisco José Alves Fernandes Távora, PhD (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
_________________________________________________
Prof. João Bosco Pitombeira, PhD (Conselheiro)
Universidade Federal do Ceará – UFC
____________________________________________________
Dr. João Ribeiro Crisóstomo (Conselheiro)
EMBRAPA/CNPAT
Aos meus Pais
Maria Lúcia Padinha e
Sebastião Serrão Corrêa
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me concedido o dom da vida e por sua presença em todos os momentos.
Aos meus pais e irmãos (Juliana, Rafael, Ítalo), pela confiança e incentivo para realização do
curso de mestrado.
À Universidade Federal do Ceará, particularmente ao Departamento de Fitotecnia pela
oportunidade de realização do curso;
Ao Professor Francisco José Alves Fernandes Távora, pela dedicada orientação, ensinamentos e
amizade.
Á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES, pela concessão da
bolsa de estudo durante o curso;
Ao Professor João Bosco Pitombeira, por participar da banca examinadora e pelas sugestões
apresentadas no decorrer dos trabalhos.
Ao pesquisador da Embrapa Dr. João Ribeiro Crisóstomo, por participar da banca examinadora e
pelas sugestões apresentadas no decorrer dos trabalhos.
Ao meu namorado Antônio Lucrécio dos Santos pelo carinho, amizade, incentivo e colaboração
nas análises estatísticas.
A Cristiany Sally pela colaboração nos trabalhos de campo e laboratório.
Às amigas Ana Paula Bezerra e Aurilene Vasconcelos pela amizade e apoio nos trabalhos de
campo.
Aos professores Renato Innecco e Sebastião pela amizade, incentivo e ensinamentos.
Aos pesquisadores Sydney Ribeiro e Eráclito (Embrapa/CPATU), pela orientação e amizade.
Ao funcionário Pedro Djacir, pela desmedida ajuda nos trabalhos de campo e catalogação dos
dados para as análises.
À Vanda, Leandro e Ryuji Hori pelo apoio, incentivo e amizade no decorrer do curso.
A todos os familiares e amigos pelo incentivo e confiança.
A todos os colegas de Curso de Pós-graduação em Fitotecnia pela amizade e convivência.
Ao corpo docente do Departamento de Fitotecnia da UFC pelos ensinamentos transmitidos e pela
contribuição à minha formação acadêmica.
SUMÁRIO
gina
RESUMO
ABSTRACT
LISTAS DE TABELAS
LISTAS DE FIGURAS
1. CAPÍTULO I........................................................................................................... 14
1.1 - A cultura da mamona ...........................................................................................
1.2 - Caracterização dos sistemas de plantio................................................................
1.3 - Consorciação de culturas......................................................................................
1.4 - Referências Bibliográficas....................................................................................
14
18
19
28
2. CAPÍTULO II - COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA
EM PLANTIO CONSORCIADO COM CAUPI E SORGO GRANÍFERO.
RESUMO..................................................................................................................... 36
ABSTRACT ................................................................................................................. 37
2.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 38
2.2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 40
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 44
2.4. CONCLUSÕES...................................................................................................... 59
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 60
3. CAPÍTULO II – COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA CONSORCIADA
COM O CAUPI E O AMENDOIM.
RESUMO .................................................................................................................... 63
ABSTRACT ................................................................................................................ 64
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 65
3.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 67
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 72
3.4. CONCLUSÕES...................................................................................................... 86
3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 87
LISTA DE TABELAS
TABELA Página
01
Análise química do solo do campo experimental................................................. 42
02 Análise de variância do número de frutos por cacho, relação peso da
sementes/peso do fruto (%) e peso de 100 sementes (g) de mamona consorciada
com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2003.................................................................
47
03 Médias referentes ao número de frutos das cultivares de mamona Nordestina e
Paraguaçu nos diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2003........................
48
04 Médias referentes a relação peso da semente/peso do fruto (%) das cultivares de
mamona Nordestina e Paraguaçu nos diferentes sistemas de plantio. Quixadá,
CE, 2003.................................................................................................................
49
05 Médias referentes ao peso de 100 sementes (g) das cultivares de mamona
Nordestina e Paraguaçu nos diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2003...
50
06 Análise de variância para rendimento de sementes (kg/ha) da mamona em
plantio consorciado com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2003..................................
51
07 Médias referentes ao rendimento de sementes (kg/ha) da mamona em plantio
consorciado com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2004.............................................
51
08 Análise de variância do rendimento (kg/ha), comprimento da vagem (cm),
número sementes por vagens e relação peso da semente/peso da vagem do
caupi, rendimento (kg/ha), altura da planta (m) e peso de cinco panículas do
sorgo. Quixadá, CE. 2003.......................................................................................
54
09 Rendimento (kg/ha) e componentes de produção do caupi e sorgo em consorcio
com a mamona Quixadá, CE. 2003........................................................................
55
10 Uso eficiente da terra do consórcio das cultivares de mamona Nordestina e
Paraguaçu com o caupi e o sorgo. Quixadá, CE. 2003...........................................
57
11 Espaçamento entre fileiras e número de plantas/ha, para as culturas da mamona,
caupi e amendoim. Quixadá, CE. 2004..................................................................
70
12 Análise de variância para as variáveis comprimento do cacho (cm), número de
frutos/cacho e peso de 100 sementes (g) da mamona consorciada com caupi e
amendoim. Quixadá, CE. 2004.............................................................................
75
13 Médias referentes ao comprimento do cacho (cm) da mamona em diferentes
sistemas de plantio com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004...........................
76
14 Médias referentes número de frutos/cacho da mamona em diferentes sistemas
de plantio com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004.........................................
77
15 Médias referentes ao peso de 100 sementes (g) da mamona em diferentes
sistemas de plantio com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004..........................
78
16 Análise variância do rendimento de sementes (kg/ha) da mamoneira
consorciada com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004......................................
79
17 Médias referentes aos rendimento (kg/ha) de sementes da mamona consorciada
com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004..........................................................
79
18 Uso eficiente da terra da mamona consorciada com o amendoim e caupi.
Quixadá, CE, 2004.................................................................................................
82
19 Análise de variância do rendimento (kg/ha) da cultura do caupi e amendoim
submetidas a diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2004..........................
85
20 Médias do rendimento (kg/ha) de grãos do caupi e vagem de amendoim em
diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE,
2004.................................................................
85
LISTA DE FIGURAS
FIGURA
Página
1 Precipitação pluviométrica na área experimental. Quixadá, CE.
2003................................................................................................................
37
2 Participação dos cachos no rendimento da mamona submetida a diferentes
sistemas de plantio. Quixadá, CE. 2003.........................................................
52
3 Uso eficiente da terra na consorciação de duas cultivares de mamona
(Nordestina e Paraguaçu) com caupi e sorgo. Quixadá, CE. 2003................
58
4 Precipitação pluviométrica na área experimental. Quixadá, CE.
2004................................................................................................................
67
5
6
Participação dos cachos no rendimento da semente de mamona (M)
consorciada com o amendoim (A)e caupi (C). Quixadá, CE. 2003...............
Uso eficiente da terra (UET) do consórcio da mamona (M) com o
amendoim (A) e caupi (C). Quixadá, CE. 2004.............................................
80
83
RESUMO
A mamoneira (Ricinus communis L.), oleaginosa pertencente à família Euphorbiaceae, tem como
origem a Etiópia. No Nordeste brasileiro, a mamoneira é cultivada freqüentemente em regime de
sequeiro consorciada com o feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), caupi (Vigna unguiculata (L).
Walp) ou milho (Zea mays L.). Com o objetivo de avaliar cultivares de mamoneira em sistema de
consórcio com culturas de ciclo curto, foram conduzidos dois experimentos em Quixadá-CE na
Fazenda Lavoura Seca. No primeiro experimento, conduzido em 2003, utilizou-se dois cultivares
de mamona (BRS 149 Nordestina e a BRS 188 Paraguaçu) consorciados com o caupi e o sorgo
granífero (Sorghum bicolor (L). Moench); no segundo, em 2004, avaliou-se o cultivar Nordestina
consorciado em diferentes densidades de plantio, com o amendoim (Arachis hypogea L.) e o
caupi. O delineamento experimental em 2003 e 2004 foi de blocos ao acaso com 8 tratamentos, o
primeiro com 4 repetições e o segundo com 3 repetições. Em ambos os ensaios foram avaliados o
rendimento e os componentes de produção da mamona e os rendimentos das culturas
consorciadas do amendoim, caupi e sorgo. Para avaliar o efeito do sistema de consórcio no
rendimento das culturas, utilizou-se o Uso Eficiente da Terra (UET). Nos dois experimentos foi
observado um decréscimo generalizado no rendimento da mamona e das culturas nos tratamentos
consorciadas. O sorgo causou a maior restrição ao rendimento da mamona, fato mais evidenciado
com a cultivar Nordestina. Os valores do UET foram superiores a 1,0 revelando incremento de
produtividade do consórcio em relação aos respectivos monocultivos. Em 2004, o amendoim teve
o menor efeito depressivo na produtividade da mamona no sistema consorciado. Em ambos os
experimentos a produção de mamona foi composta de sementes originárias de cachos primários,
secundários e, em menor escala, terciários. No primeiro experimento a contribuição dos cachos
terciários na produção total foi inexpressiva. Neste experimento o melhor tratamento foi o
consórcio cv. Nordestina + caupi, com 45% de vantagem sobre as culturas solteiras; em 2004, a
melhor combinação foi mamona + caupi no espaçamento 2,0 x 1,0 m com vantagem de 71%
sobre os plantios isolados.
ABSTRACT
Castorbean (Ricinus communis L.) originated from Etiopia, is an oil seed plant belonging to the
Euphorbiaceae family. In Northeast of Brazil castorbean is frequentely grown under rain fed
conditions intercropped with cowpea, bean or corn. Two field experiments were performed at
Fazenda Lavoura Seca, in Quixadá county, state of Ceará, Brazil, with the objective of evaluating
castor bean cultivars intecropped with short cycle crops. In the first experiment conducted in
2003, there were used two castorbean cultivars (BRS 149 Nordestina and BRS 188 Paraguaçu)
intercropped with cowpea (Vigna unguiculata (L). Walp) and sorghum (Sorghum bicolor (L).
Manch); in the second experiment, performed in 2004, the cultivar BRS 149 Nordestina was
evaluated under different plant densities, intercropped with cowpea and peanut (Arachis hypogea
L.). The experimental design was a randomized complete blocks with eight treatments, and four
and three replications in 2003 and 2004, respectively. In both experiments were evaluated the
yield and the yield components of castorbean and the yield of the intercropped peanut, cowpea
and sorghum. Land equivalent ratio (LER) was determined for intercop evaluation. In both
experiments it was observed a general decrease in the yield of all crops in the intercropping
systems. Sorghum was responsible for the highest decrease in castorbean yield. In all
intercropping combinations LER was superior a 1, suggesting an increase in the efficiency of the
intercrop compared to the single crops. In 2004 peanut had the least negative effect over
castorbean yield in the intercropping system. Castorbean yield in both experiments was
composed of seeds from primary, secondary and in a smaller percentage, from tertiary racemes.
In the first experiment (2003) the contribution of the tertiary racemes was very low. In 2003 the
best treatment was the intercrop of Nordestina + cowpea with 45% of advantage; in 2004 the
best combination was castorbean + cowpea, spaced 2,0 x 1,0 m with an advantage over the sole
crops of 71%.
14
1. CAPÍTULO I
1.1 - A cultura da mamona
A mamoneira (Ricinus communis L.), oleaginosa pertencente à família Euphorbiaceae
é originária da Etiópia no leste da África. Devido à facilidade de propagação e de
adaptabilidade a diferentes condições climáticas, a espécie disseminou-se para as mais
variadas regiões do mundo. No Brasil, foi introduzida pelos colonizadores portugueses com a
finalidade de utilização do óleo para iluminação e lubrificação do eixo das carroças (KOURI
et al., 2004).
É uma espécie potencialmente perene em zonas tropicais e subtropicais, e anual em
zonas temperadas, de porte arborescente ou arbóreo com hábito de crescimento
indeterminado. A haste principal se desenvolve em posição vertical até o surgimento da
primeira inflorescência, que é denominada de cacho principal ou primário. Os ramos laterais
se desenvolvem da axila da última folha, logo abaixo da inflorescência e recebem a
denominação de ramos secundários. A ramificação é classificada botanicamente como
simpodial e progride tendo sempre origem na axila das folhas do ramo de ordem inferior.
Assim, podem ocorrer ramos terciários, quaternários ou de ordem mais elevada. Esse sistema
de ramificação persiste na planta indefinidamente e cada ramo termina num cacho
(BELTRÃO et al., 2001; TÁVORA, 1982)
É uma planta de grande diversidade na coloração de caule, folhas e racemos, podendo
possuir depósito de cera sobre o caule e o pecíolo. Classificada como monóica, apresenta
inflorescência do tipo panicular, denominada de racemo, com flores femininas na parte
superior e masculinas na parte inferior, com estames ramificados com anteras de cor amarela
e polinização do tipo anemófila (BELTRÃO et al., 2001).
A mamoneira é classificada quanto ao porte em: anã (altura inferior a 1,80 m); média
(altura de 1,80 a 2,50 m) e alta (altura 2,50 a 5 m), porém existem tipos arbóreos cuja altura
atinge até 12 m (TÁVORA, 1982; AZEVEDO et al., 2001c). Seu crescimento é do tipo
indeterminado no sentido da emissão da inflorescência, que se apresenta em várias ordens e
idades fisiológicas, proporcionando dificuldades para a colheita mecanizada, em especial para
cultivares de frutos deiscentes (BELTRÃO et al., 2003).
A organogênese da mamoneira envolve 12 diferentes estádios de desenvolvimento,
desde a germinação à completa maturidade de cada cacho, e a duração de cada estádio
depende da cultivar e do ambiente, em especial da temperatura e da precipitação
15
pluviométrica. Nas regiões tropicais a mamoneira chega a ter ciclo de 250 a 300 dias, havendo
cultivares adaptados às regiões semi-áridas que completam o ciclo com 230 a 250 dias
(BELTRÃO et al., 2003).
Os frutos, em geral, possuem espinhos, e são caracterizados por uma cápsula tricoca
de coloração variando do verde ao roxo. Cada fruto é constituído de três sementes e estas
apresentam-se com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração.
Quanto a abertura, os frutos são classificados como deiscentes ou indeiscentes (TÁVORA,
1982; RODRIGUES FILHO, 2000).
Suas sementes têm variabilidade de cor, forma, tamanho, peso e proporção do
tegumento. O peso de 100 sementes varia entre 10 a 100 g, com a média na cultivares anãs de
30 g e nas cultivares de porte médio entre de 45 a 75 g (MAZZANI, 1983; EMBRAPA, 1998;
EMBRAPA, 1999).
Apresenta sistema radicular do tipo pivotante e pode ser cultivada em quase todo o
tipo de solo, porém não tolera solos mal drenados, pois é sensível ao excesso de água, sendo
recomendado seu cultivo em solos que não apresentem camadas impermeáveis que impeçam
ou dificultem a drenagem natural e a penetração das raízes laterais (TÁVORA, 1982). Seu
sistema radicular tem a capacidade de explorar as camadas mais profundas do solo,
promovendo aumento da aeração e da capacidade de retenção e distribuição da água (SAVY
FILHO et al., 1999).
Solos profundos de textura variável, com boa estrutura, boa drenagem, fertilidade
média e pH 6,0 a 6,8 são ideais para o cultivo da mamoneira. O terreno deve ter topografia
plana a suavemente ondulada, sem erosão (SEAGRI, 2005). Solos com fertilidade elevada
favorecem um crescimento vegetativo excessivo, prolongando o período de maturidade e
expandindo, consideravelmente, o período de floração (HEMERLY, 1981; AZEVEDO et al.,
1997).
Exigente em nutrientes minerais, a mamoneira é considerada planta esgotante do solo.
Resultados de pesquisas sobre adubação realizados pela Embrapa Algodão, indicam que
proporções de 40 a 100 kg/ha de N, 40 a 60 kg/ha de P
2
O
5
e 15 a 60 kg/ha K
2
O satisfazem as
necessidades da mamoneira (SEAGRI, 2005).
A mamoneira é extremamente adaptada às mais variadas condições ambientais,
desenvolvendo-se bem em climas tropicais e subtropicais. É resistente à seca e requer
temperatura entre 20
o
e 33
o
C, estando a temperatura ótima em torno de 28
o
C (TÁVORA,
1982). A precipitação pluviométrica exigida está entre 500 a 1000 mm/ano e a umidade
relativa abaixo de 80% (CARTAXO et al, 2004).
16
Segundo Azevedo et al. (2001c), toda a cultura em regime de sequeiro depende da
quantidade e distribuição de chuvas, além da capacidade de armazenamento de água no solo.
A ausência de água em qualquer fase de crescimento e desenvolvimento da planta pode
comprometer o rendimento da lavoura. Na cultura da mamona a época mais crítica ao déficit
hídrico, situa-se no período da floração, aproximadamente 70 a 90 dias depois da germinação.
A resistência à seca característica da cultura se dá por diversos mecanismos, ainda pouco
estudados, sobressaindo: ajustamento osmótico, sistema radicular com crescimento vigoroso,
mudanças rápidas nos movimentos dos estômatos evitando perdas elevadas de água em
momentos de deficiência hídrica no solo, redução proporcional no crescimento mantendo a
alometria entre os seus diversos órgãos, acúmulo de prolina e de outras substâncias capazes de
hospedarem nitrogênio e ter poder osmótico, podendo baixar o potencial hídrico interno e
assim manter ou alterar o fluxo de água no sistema solo-planta-atmosfera. Os poucos dados
que existem sobre a produtividade biológica da mamoneira foram obtidos em condições de
irrigação (BELTRÃO et al., 2004).
Das sementes extrai-se o óleo de mamona ou rícino, que contém 90% de ácido
ricinoléico, que representa uma fonte praticamente pura deste ácido graxo, fato raro na
natureza. Esse componente confere ao óleo de mamona aplicabilidade na indústria de
plásticos, siderurgia, saboaria e perfumaria, sendo inclusive fonte alternativa de combustível,
o diesel vegetal, tornando a cultura importante potencial econômico e estratégico ao País
(RODRIGUES FILHO, 2000; EMBRAPA, 2004 e ALVES et al, 2004).
Outro uso do óleo da mamona é na biomedicina, na fabricação de prótese e implantes,
sendo um importante substituto do silicone (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
S.A., 2000).
A amêndoa da mamona representa aproximadamente 75% em peso da baga com teor
de óleo variando de 24% a 53% dependendo do cultivar e das condições ambientais
(TÁVORA, 1982; ALVES et al, 2004).
Como subproduto tem-se a torta que é utilizada como fertilizante orgânico em
lavouras perenes ou anuais e quando desintoxicada via vapor (30 minutos a 130
o
C) pode ser
usado para alimentação animal (ALVES et al., 2004).
Coelho (1979) afirma que de cada 100 kg de mamona em bagas se obtém, em geral, 45
kg de óleo e 50 kg de farelo e torta.
Com a ampla possibilidade do uso de biocombustíveis no Brasil e no mundo, em
especial do diesel vegetal ou biodiesel (transesterificação), tendo o óleo da mamona como
uma das matérias-primas, a demanda por tecnologias de produção desta cultura aqui no Brasil
17
e em especial no Nordeste deverá aumentar muito nos próximos anos, pois no Nordeste,
somente no semi-árido, há mais de 400 municípios zoneados para o cultivo desta euforbiácea
em condições de sequeiro (BELTRÃO et al., 2004).
O Brasil já foi o maior produtor mundial de mamona no final dos anos 1980, com uma
produção de 500 mil toneladas de bagas. Porém, durante a década de 90, a cultura foi
marginalizada devido, principalmente, aos baixos preços (ALVES et al, 2004).
A produção mundial e brasileira em 2004 foi de 1.116 e 137 mil toneladas,
respectivamente, com uma participação no Brasil de apenas 12,27%. A produtividade
nacional também é baixa (797 Kg/ha) em relação à mundial (1.041 kg/ha), fato que confere
condições desfavoráveis para a competição por mercado ( KOURI et al., 2004 e IBGE, 2005).
Segundo Santos et al., (2001), o Brasil é o segundo maior exportador mundial de óleo
de mamona. Entre 1980 e 1998, a quantidade exportada foi reduzida em grandes proporções,
mas o Brasil tem como grandes compradores, com participação em 1996, Países Baixos
(19,2%), Estados Unidos (18,5%), França (14,2%), Bélgica (8%), Reino Unido (7%) e
Argentina (5%).
A mamoneira desenvolveu-se de forma comercial nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste
do Brasil. Nas regiões Sudeste e Sul, para garantir a competitividade com outros produtos, foi
necessário o emprego de técnicas que facilitassem a mecanização e o desenvolvimento de
variedades mais produtivas. No Nordeste, a mistura de variedades provocou um hibridismo
espontâneo, os frutos são deiscentes requerendo múltiplas colheitas em operação manual
(COELHO, 1979). A inexistência de muitas culturas concorrentes e a instabilidade climática
têm provocado pouca evolução na adoção de novas tecnologias (KOURI et al.; 2004).
A área ocupada pela mamoneira no Brasil sofreu decréscimo de cerca de 55% no
período 1984-1989, correspondendo a uma redução de 485,0 mil para 215,2 mil hectares, o
que ainda é superior a área atual da safra de 2004 com aproximadamente 139,4 mil hectares.
Cerca de 89% da produção nacional (134,9 mil toneladas), está concentrada no estado da
Bahia, que obteve no mesmo ano uma produtividade média de 902 kg/ha (IBGE, 2005).
No final dos anos oitenta havia uma capacidade nominal instalada no país de
processamento de 747 mil t/ano, com uma capacidade ociosa de 57%. Essa capacidade ociosa
perdura, podendo ser superada através do aumento da oferta de matéria prima, a ser
conseguido com a modernização tecnológica e o uso de sistemas de produção mais adequados
às regiões produtoras (FREIRE et al, 1990).
A cultura sempre foi considerada atividade de pequenos produtores, especialmente
no semi-árido Nordestino. É no estado da Bahia que possui maior expressão econômica,
18
sendo grande empregadora de mão-de-obra no período de entressafra das culturas de grãos.
Com a elevação dos preços internacionais do óleo de mamona e a evolução da ricinocultura
com maior orientação para fabricação do biodiesel, a cultura desperta grande interesse dos
produtores, exportadores e industriais (CONAB, 2005).
Um dos grandes problemas da mamonicultura no Nordeste é o uso de cultivares com
grande adaptabilidade à seca mas baixíssimo potencial genético para a produção. O estado da
Bahia, através de sua empresa de pesquisa desenvolveu um trabalho de melhoramento que
culminou com a liberação da cultivar Sipeal 28. A liberação dessa cultivar impulsionou o
cultivo desta cultura com a substituição das cultivares regionais de baixa produtividade e de
materiais melhorados para as condições do Sudeste como as cultivares Guarany e IAC 80
(FREIRE et al., 2001).
Estudos ecofisiológicos na cultura da mamoneira são poucos, tanto no Brasil como no
restante do mundo. Conhecer a capacidade produtiva da planta da mamona, a partição dos
assimilados, o índice de colheita e a produtividade biológica é importante para se poder
verificar as possibilidades do uso mais racional desta espécie cultivada nas condições
edafoclimáticas do semi-árido brasileiro (BELTRÃO et al., 2004).
1.2 - Classificação dos sistemas de plantio
Aidar, (1982) e Zaffaroni & Azevedo (1982), propõem as seguintes definições para os
sistemas de cultivos, em função do número de espécies em uma mesma área em um mesmo
ano agrícola.
Cultivo isolado ou monocultivo, que se caracteriza pelo cultivo de uma única espécie
ou variedade numa mesma área no mesmo ano agrícola;
Cultivo múltiplo, que se caracteriza pelo cultivo de mais de uma espécie em uma
mesma área no mesmo ano agrícola. Os cultivos são intensificados no tempo e no espaço.
Higuita (1971) define cultivos múltiplos como a exploração intensiva pelas culturas
dos fatores do solo, água e nutrientes e da atmosfera, CO
2
e radiação solar, durante os doze
meses do ano. A utilização mais eficiente dos fatores de produção pode refletir em uma alta
produção principalmente em associações com culturas de diferentes ciclos de crescimento,
altura e profundidade de raiz.
O cultivo múltiplo implica na associação de culturas numa progressiva escala que
varia desde os cultivos seqüenciais, passando por uma superposição parcial e culminando no
19
outro extremo com a semeadura simultânea. A consorciação de culturas é considerada a forma
mais intensiva de cultivo múltiplo, pois o crescimento das culturas ocorre simultaneamente na
mesma área, durante todo tempo ou parte dele (SOUZA 2003).
Os cultivos múltiplos são classificados em:
Cultivo seqüencial, em que duas ou mais culturas crescem no mesmo ano. A cultura de
sucessão é plantada depois que a cultura precedente é colhida. Podem ser diferenciados em
cultivos duplos, triplos e quádruplos, quando duas, três e quatro culturas são plantadas em
seqüência, respectivamente, durante um ano.
Cultivo consorciado, quando duas ou mais culturas são plantadas simultaneamente na
mesma área no mesmo ano agrícola.
1.3 - Consorciação de culturas
O plantio solteiro é realizado normalmente nas regiões de clima temperado onde se
pratica agricultura moderna, podendo ser plantado tanto em sequeiro como sob irrigação. Por
sua vez, o plantio consorciado é praticado apenas nas regiões de clima tropical onde
predomina uma agricultura tradicional ou de subsistência. O consórcio é uma prática agrícola
utilizada em todas as regiões tropicais da Ásia, África e América Latina. No Nordeste do
Brasil este sistema também é predominante, sendo utilizado principalmente por produtores de
baixa renda (ZAFFARONI & AZEVEDO 1982).
Os cultivos consorciados são classificados (ANDREWS & KASSAM, 1976), de
acordo com o arranjo de plantio e a época de semeadura em:
Cultivos mistos - plantio simultâneo de duas ou mais culturas na mesma área, sem
organizá-las em fileiras distintas;
Cultivos intercalares- plantio simultâneo de duas ou mais culturas na mesma área,
com uma ou mais culturas plantadas em fileiras;
Cultivos de substituição- plantio de duas ou mais culturas na mesma área, de modo
que uma é plantada depois que a cultura anterior alcance a fase reprodutiva de crescimento,
mas ainda não atinja o ponto de colheita;
Cultivos em faixas- plantio simultâneo de duas ou mais culturas na mesma área, em
faixas diferentes, suficientemente amplas para permitir o manejo independente de cada
cultura, mas bastante restrita para possibilitar a interação entre elas.
20
Em diversas partes do mundo, para algumas culturas, o sistema consorciado assume
grande importância quando comparado com o plantio solteiro (SOUZA, 2003). Trabalhos
realizados por Norman (1974a) no Nordeste da Nigéria mostraram que em 83% das terras
cultivadas usava-se o sistema consorciado. Gutiérrez et al (1975) informam que 90% do feijão
comum (Phaseolus vulgaris L.) produzido na Colômbia são consorciados com milho (Z. mays
L) e batata (Solanum tuberosum L).
Os sistemas consorciados podem envolver duas ou mais espécies e quanto maior o
número de espécies mais complexo se torna o consórcio. São consorciadas culturas anuais
com anuais (ex.: milho + feijão comum), anuais com perenes (ex.: milho + banana) ou
perenes com perenes (ex.: cacau + coqueiro), ou envolver sistemas agroflorestais (ex.: erva-
mate + florestas de araucárias) (ALTIERI et al., 2004).
O caupi é preferido nos sistemas de consórcio por apresentar ciclo vegetativo curto,
ser pouco competitivo, ser semeado em diferentes épocas, ser tolerante à competição movida
pela planta consorte, ser alimento básico da dieta do brasileiro. No Nordeste brasileiro são
praticados consórcios triplos de milho-caupi-algodão e caupi-milho-mamona (EMBRAPA,
1999), sendo amplamente usado pelos pequenos e médios produtores (ZAFFARORI &
AZEVEDO, 1982). Esta região é caracterizada por uma estação chuvosa relativamente curta,
precipitações pluviais intensas, intercaladas com secas imprevisíveis, elevada demanda
evaporativa do ar, predominância de minifúndios, capital limitado e predominância de
sistemas de parcerias ou meiação, com elevados riscos da atividade agrícola (MENEZES et
al., 1980 e TÁVORA et al, 1988).
No Nordeste brasileiro, tradicionalmente a mamoneira é cultivada pelos pequenos e
médios produtores, em sua quase totalidade em regime de sequeiro em plantios consorciados
com o caupi ou milho (TÁVORA et al 1989; TÁVORA & LOPES, 1990a). O seu cultivo
isolado é praticado por grandes produtores que preferem cultivares de porte anão e mais
recentemente, materiais híbridos (AZEVEDO te al, 2001a).
O manejo adequado das culturas é de grande importância para que o consórcio atinja
níveis tecnológicos desejados, garantindo bons rendimentos aos produtores. Trabalhos a
respeito do manejo das espécies consorciadas envolvendo a cultura da mamona com culturas
alimentares são cada vez mais freqüentes (JESUS et al., 1987; TÁVORA et al., 1988;
RANDO & QUINTANILHA, 1990; AZEVEDO et al., 1998ab; AZEVEDO et al., 2001 b;
ARAÚJO FILHO, 2004; BELTRÃO et al., 2004; CORRÊA et al., 2004; PAULO et al.,
2004).
21
Há um grande potencial para a exploração da mamona consorciada com caupi em
regime de sequeiro, devido a importância do caupi como fonte protéica na dieta alimentar da
população rural nordestina (BELTRÃO et al., 2002).
Para Jesus et al. (1987) a consorciação da mamona com culturas de ciclo curto na
Bahia, além de satisfazer requerimentos da dieta alimentar local, estende o período de
ocupação da mão-de-obra e mantém a estabilidade da unidade produtiva familiar.
Os sistemas de consórcio são empregados no Brasil há muito tempo, mas só a partir
da década de 70 a pesquisa e o serviço de extensão rural passaram a trabalhar para melhorar a
eficiência do consórcio (MENEZES et al., 1982; SILVA, 1985; REUNIÃO, 1990).
De acordo com Willey (1977), diversos pesquisadores têm sido atraídos para o
estudo de sistemas de consórcio em varias partes do mundo e a principal razão deste interesse
é o acúmulo de evidências de que o consórcio oferece substanciais vantagens sobre o cultivo
isolado.
Para Machado et al (1984), se houvesse maior número de trabalhos experimentais a
utilização dos sistemas de cultivo consorciado por parte dos pequenos produtores rurais
poderia ser feita de forma mais racional, proporcionando ainda maiores vantagens na
utilização da terra.
Nos sistemas consorciados espera-se um maior retorno econômico, uma vez que
com pequenos acréscimo de insumos e de mão-de-obra o agricultor consegue produzir uma
quantidade maior de grãos por área de plantio (PORTES, 1996). Em vista disso, esse sistema
apresenta grandes vantagens econômicas e agronômicas sobre os cultivos isolados (FLESCH,
2002).
O consórcio proporciona um melhor uso dos fatores da produção: luz, CO
2
, água e
nutrientes. Da eficiência com que as plantas agrupadas em cultivo fizerem uso dos fatores de
produção, dependerá o nível de produtividade alcançado. Quando o consórcio é praticado, o
que se pretende é reduzir o nível de competição entre as plantas para um dado conjunto de
população x arranjo de plantio. Tal ocorre em função das diferentes exigências das culturas
consorciadas com relação aos fatores de produção já referidos, no tempo e no espaço. Há,
portanto, no consórcio, uma complementaridade em função das diferenças espaciais e
temporais (WILLEY, 1979).
Associando-se espécies de diferentes portes, ciclos e exigências hídricas e nutricionais,
aumenta-se a probabilidade de êxito e redução de riscos. No monocultivo é maior o risco do
fracasso devido à maior susceptibilidade ao estresse hídrico e ao ataque de algumas pragas.
Com o consócio, o agricultor garante maior estabilidade de rendimento, maior aproveitamento
22
dos recursos naturais, redução da erosão do solo, maior diversidade alimentar, maior
ocupação de mão-de-obra e supressão de plantas daninhas (WILLEY, 1979; NORMAM,
1974b; AZEVEDO, 1990).
A exigências pelos fatores de produção das culturas consorciadas varia ao longo do
ciclo. Desta forma, as vantagens proporcionadas pelo consórcio ocorrem mais
freqüentemente quando as culturas associadas têm ciclos diferentes (AIDAR, 1982). Quanto
maior a diferença no ciclo das culturas consorciadas, maior é a utilização dos recursos
disponíveis e melhor é a eficiência do consórcio.
Para Trenbath (1976), num cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem
em altura e em distribuição das folhas no espaço que podem levar à redução da competição
entre plantas por energia luminosa. A distribuição da radiação solar incidente sobre as plantas
em sistemas consorciados será determinada pela altura das plantas e pela eficiência de
interceptação e absorção. O sombreamento causado pela mais alta reduz a quantidade de
radiação solar incidente na cultura mais baixa sendo fundamental para o desempenho do
consórcio a escolha do melhor arranjo e da melhor época de semeadura.
De acordo com Willey (1979), dependendo da relação ou do nível de competição
entre as espécies, a análise da produção revela a possibilidade de existência de três tipos de
interação entre as plantas consorciadas, a saber: a) inibição mútua, quando as produção obtida
pelas culturas consorciadas fica baixo da esperada; b) cooperação mútua, quando a produção
das culturas consorciadas fica acima da esperada; c) compensação, quando a produção de
uma cultura é superior a esperada enquanto na outra cultura ela é inferior à esperada.
Existem diversos sistemas de plantios consorciados em que há variações nas épocas
de semeadura desde o plantio simultâneo até o de substituição, em que uma cultura é
semeada após a outra ter atingido o estádio reprodutivo, porém antes do ponto de colheita
(SILVA et al., 1993). A defasagem do plantio afeta o crescimento relativo das culturas
consorciadas e altera o grau de competitividade entre elas.
Machado et al. (1984) afirmam que um aspecto importante, porém complexo, no
estudo de tais sistemas de cultivo é a verificação de como se comportam os componentes de
produção das culturas consorciadas. Tal estudo torna-se complexo em virtude de fatores
como: variação das condições ambientais, variação nas épocas relativas de semeadura,
variação nos níveis tecnológicos ou nas populações utilizadas de cada cultura, que podem
contribuir para a vantagem de uma cultura sobre a outra. Há espécies que parecem ser mais
hábeis em atrair para si os recursos disponíveis quando em consórcio com outras espécies
menos competitivas.
23
Outro fato a ser observado na consorciação são as características das cultivares, pois
cultivares com diferentes características reagem de forma diferenciada ao plantio consorciado.
Cultivares de feijão comum com alta produtividade quando em consórcio com milho anão não
mostraram o mesmo desempenho quando consorciado com milho normal (FRANCIS, 1975).
A mamona é consorciada com sorgo (Sorghum bicolor L.) e milheto (Pennisetum
americanum L. Leeke) na Índia e com milho e feijão comum ou caupi no Nordeste do Brasil
(AIYER, 1949; RAO & MORGADO, 1984). É susceptível à competição de cereais e
apresenta compensação limitada após a colheita do mesmo, particularmente quando são
usados cultivares de mamona com porte baixo. Poucos são os trabalhos que mencionam
vantagens do consórcio mamona + sorgo (RAO & WILLEY, 1980; CHINNAPPAN &
PALANIAPPAN, 1980; CHAUDHURY, 1981).
Para Azevedo et al. (2001a), um dos aspectos básicos no consórcio de plantas é a
escolha das espécies componentes do sistema. Para a cultura da mamona, por ter ciclo
vegetativo longo, ramos e folhas horizontais e sistema radicular secundário um tanto
superficial, necessita da escolha de cultuas consortes de pequeno porte, ciclo curto, com
diferente capacidade de exploração do solo. Leguminosas como o feijão comum, o caupi e a
soja são boas opções de consórcio com a mamona. Segundo o mesmo autor, a associação
mamona/milho é comum em muitas regiões produtoras do País no entanto, poucas são as
informações de pesquisa que possam subsidiar sistemas de cultivo mais racionais envolvendo
as duas culturas.
Natarajan & Willey (1980) demonstraram que a exploração das culturas do amendoim,
sorgo e milheto em consórcio proporcionou maiores vantagens sobre o monocultivo em
condições de deficiência hídrica. Távora & Lopes (1990) relatam que a deficiência hídrica
exerce um maior efeito negativo na população de grãos de milho em monocultivo que em
consórcio com o caupi. Os autores afirmam que o consórcio milho + caupi foi mais eficiente
em condições de deficiência hídrica que em condições normais de suprimento de água.
Távora et al (1989) relatam que a vantagem do consórcio mandioca com caupi, soja ou
amendoim, foi maximizada em condições de deficiência hídrica. Estes resultados sugerem
uma maior estabilidade de produção do consórcio frente a condições adversas de suprimento
hídrico.
De acordo com Altieri et al. (2004), o sistema consorciado retrata práticas
agroecológicas que buscam incorporar aos campos de produção agrícola princípios ecológicos
de estrutura e funcionamento de ecossistemas naturais. Entre as vantagens do consórcio, há
também a redução do ataque de pragas em policultivos, já que insetos herbívoros geralmente
24
alcançam maiores densidades populacionais em monocultivo que em estandes
multiespecíficos de plantas hospedeiras (VANDERMEER, 1989).
Em face da reduzida capitalização dos pequenos agricultores, a menor demanda para o
controle de pragas pode contribuir para redução do custo final da produção, já que inseticidas
constituem alta porcentagem do custo de produção. Outro aspecto relevante é que a redução
no uso de inseticidas permite maior sobrevivência de inimigos naturais e estes podem manter
as pragas em baixos níveis populacionais (QUINDERÉ & SANTOS, 1986).
Segundo Batista et al. (1995), na cultura da mamoneira os problemas fitossanitários
estão relacionados ao complexo de insetos fitófagos e seus inimigos naturais, sendo poucos os
estudos, o que resulta num acervo tecnológico escasso e defasado do ponto de vista
cronológico, contrastando com a importância da cultura da mamona para o mundo moderno.
A necessidade de informações disponíveis quanto a pragas e seu manejo levaram à realização
de estudos que forneçam informações sobre a ricinocultura brasileira, no que tange aos
aspectos referentes ao reconhecimento e manejo das principais pragas. Os estudos
identificaram três grupos com maior incidência, que são os percevejos, as cigarrinhas e as
lagartas, além do grupo dos ácaros fitófagos (SOARES et al., 2001).
No plantio consorciado as ervas daninhas tornam-se menos agressivas que nos
monocultivos. Tal fato decorre do abafamento das plantas invasoras pela maior cobertura do
solo pelas espécies em consórcio. Rezende et al. (1987) relatam reduções de 19%, 36% e 38%
na biomassa de plantas daninhas no consórcio caupi + gergelim, caupi + sorgo e caupi +
milho, respectivamente, em relação ao monocultivo do caupi.
A mamoneira é considerada uma espécie sensível à competição das plantas daninhas
pelos recursos naturais (água, luz, nutrientes, CO
2
e agentes polarizadores). Tal fato deve-se
ao metabolismo C
3
que a torna menos eficiente e pouco competitiva, e a sua arquitetura com
folhas e ramos laterais horizontais e sistema radicular secundário disperso e superficial, que a
deixa mais vulnerável à competição (WEISS, 1983).
Estudo realizado por Paulo et al. (2004) relacionando efeito da largura da faixa de
capina aplicada a linha de plantio da cultura da mamoneira, revelou que quando a largura era
inferior a 1,0 m houve diminuição no rendimento, número de racemos e altura das plantas.
Um dos aspectos mais elementares e críticos no estudo do consórcio é o de população
de plantas. A população de plantas, que, em monocultivo, é usualmente quantificado em
termos de número de plantas/unidade de área e determinado o tamanho da área disponível
para cada planta individualmente. Em sistemas consorciados a avaliação torna-se complexa
porque envolve dois tipos de população: população total, isto é, população de todas as
25
culturas do sistema, e população proporcional, aquela de cada cultura individualmente
(WILLEY & RAO, 1981).
A definição da população ótima é um passo tecnológico básico, para que se tenha um
bom desempenho produtivo de uma cultura em determinada região. Para se obter a população
ótima devem ser observados os seguintes fatores: cultivar, umidade e fertilidade do solo e
controle de plantas daninhas. Para o fator cultivar, o que interfere na definição da população
ótima é o porte da planta e seu hábito de crescimento. A umidade do solo é fator
preponderante na definição da população ótima, pois quanto maior a disponibilidade de água
no solo, mais elevada a população de planta por unidade de área. Plantas de porte alto e
crescimento indeterminado exigem populações ótimas menores. Estas plantas como é caso da
mamoneira de porte médio/alto, também exigem populações ótimas menores em condições de
fertilidade elevada do solo. É evidente que estes fatores interagem e cabe à pesquisa definir
para os diferentes sistemas de plantio a população mais adequada para uma determinada
região (AZEVEDO et al., 2001c).
O arranjo espacial é definido como sendo o padrão de distribuição de plantas na área
de cultivo, e esta distribuição determina a forma geométrica de área disponível por planta
individualmente (WILLEY & RAO, 1981).
Apesar de ser utilizada de forma generalizada em sistema consorciado no Nordeste
brasileiro, os plantios de mamona enfrentam o grave problema da redução de populações de
plantas, tornando-se necessário o uso de populações ótimas que permitam rendimentos
superiores aos dos respectivos monocultivos (AZEVEDO, 1990).
De acordo com Azevedo et al. (2001c), o espaçamento utilizado nos sistemas de
consórcio variam com fertilidade do solo, indicando para fileiras simples espaçamentos de 4,0
x 0,5 m para solos de baixa fertilidade; 4,0 x 0,8 m solos com média fertilidade e 4,0 x 1,0 m
para solos com alta fertilidade. Nos plantios com fileiras duplas o espaçamento de 1,0 x 0,8 x
4,0 m em solos com baixa fertilidade; 1,0 m x 1,0 x 5,0 m, em solos com média fertilidade e
1,0 x 1,0 x 6,0 m em solos com alta fertilidade.
Como no consórcio os plantios podem ser arranjados em fileiras simples ou duplas, há
estudos envolvendo diferentes modalidades de configurações de plantio envolvendo o estudo
da mamona com culturas alimentares. No município de Irece-BA, Azevedo et al. (1997),
estudaram o rendimento da mamona em populações fixas de 5 e 50 mil plantas/ha para o
feijoeiro em variadas configurações de fileiras das duas culturas e constataram que os maiores
rendimentos da mamona no consórcio foram obtidos nos arranjos 1:1 e 1:4, e para o feijão
nos arranjos de 1:4 e 2:4.
26
Carvalho (1988), estudou a economicidade do sistema de consórcio envolvendo as
culturas da mamona com o milho e o arroz. A mamona foi plantada em fileira no espaçamento
3m x 1m. As culturas do milho e do arroz foram semeadas entre as fileiras da mamona na
proporção de duas e três fileiras, respectivamente. O autor relatou vantagens econômicas do
consórcio sobre as culturas isoladas de 23% e 203% para o milho e o arroz, respectivamente.
Santos (1986), estudando o consórcio de dois cultivares de mamona (Amarela-de-Irecê
e IAC 38) com as culturas do milho e feijão comum, constatou os maiores rendimentos nas
combinações IAC 38 + milho + feijão comum, com a mamona semeada no espaçamento 3 x 2
m, com quatro fileiras de feijão comum e uma de milho no meio e Amarela-de-Irece + feijão
comum no mesmo espaçamento com cinco fileiras de feijão comum.
Estudos de consórcio da mamona com o milho e o caupi, realizadas por Azevedo et al
(1998b) revelaram um aumento linear de rendimento de grãos com o aumento da proporção
de plantas de mamona no consórcio e um correspondente decréscimo com o aumento da
proporção das culturas consorciadas.
É de fundamental importância para a ricinocultura a realização de estudos que definam
as espécies de melhor utilização para consórcio, o melhor manejo e o nível ótimo de
populações e espaçamento, para que a cultura expresse todo o seu potencial produtivo.
A comparação entre os sistemas de plantio isolados ou consorciados é possível
através de vários critérios de avaliação, considerando-se como os principais, o Coeficiente
Relativo de Adensamento (CRA), Índice de competição e Agressividade (ICA) e o Uso
Eficiente da Terra (UET) (WILLEY, 1979; WILLEY & RAO, 1981). Para Bantilan e
Harwood (1973), a avaliação do consórcio pelo UET descreve melhor o comportamento
das plantas neste sistema. O UET é o mais usado, sendo definido como a "área relativa"
sob monocultivo da qual se espera produzir rendimentos equivalentes ao cultivo
consorciado (WILLEY, 1979; MACHADO et al, 1984).
É calculado pela seguinte fórmula:
Produção da cultura A Consorciada Produção da cultura B Consorciada
UET=
Produção da cultura A Solteira
+
Produção da cultura B Solteira
O UET é um número admensional e os valores parciais para cada cultura expressam a
produção relativa de cada espécie, dando um idéia do grau de dominação na associação.
27
O valor do UET igual à unidade reflete uma resposta neutra do consórcio em relação
ao monocultivo. Quanto maior o UET acima da unidade, maior a vantagem do consórcio em
relação à cultura isolada (BANTILLAN & HARWOOD, 1973).
Experimentos com base no UET têm evidenciado maior eficiência produtiva dos
sistemas consorciados em relação aos respectivos monocultivos (RAO & WILLEY, 1980;
MOHGTA & DE 1980; TÁVORA et al., 1988; TÁVORA et al., 1990a e b; BEZERRA
NETO et al., 1991; ZANATTA et al., 1993; AZEVEDO et al., 1998a)
28
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36
2 - COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA EM PLANTIO
CONSORCIADO COM CAUPI E SORGO GRANÍFERO.
RESUMO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa pertencente à família
Euphorbiaceae disseminada em várias regiões do Brasil. Atualmente o estado da Bahia é o
maior produtor, representando cerca de 89 % da produção nacional. No Nordeste brasileiro, é
cultivada em sua quase totalidade em regime de sequeiro consorciada com o feijão comum,
caupi ou milho. O presente estudo teve como objetivo a avaliação das cultivares BRS 149
(Nordestina) e a BRS 188 (Paraguaçu) em plantio consorciado com o caupi (Vigna
unguiculata (L). Walp) ou sorgo granífero (Sorghum bicolor (L). Moench). O experimento foi
conduzido em Quixadá-CE na Fazenda Lavoura Seca. O delineamento experimental foi de
blocos ao acaso com 4 repetições e 8 tratamentos. Os tratamentos consistiram das
combinações das duas cultivares de mamona com as culturas do caupi ou do sorgo e os
respectivos plantios isolados. O rendimento em kg/ha e os componentes de produção tanto da
mamona como das culturas consorciadas foram determinados para avaliação do desempenho
das culturas isoladamente. Na avaliação do desempenho dos sistemas de consórcio utilizou-se
o Uso Eficiente da Terra (UET). O consórcio reduziu tanto a produtividade das cultivares da
mamona como das culturas consorciadas. O sorgo causou a maior restrição ao rendimento da
mamona, fato mais evidenciado com a cultivar Nordestina. A produção da mamona foi
composta de cachoss primários, secundários e terciários. Houve uma menor participação dos
cachos terciários, com apenas 5,5% e 10,7%, para os consórcios com sorgo e caupi,
respectivamente. O número de frutos por cacho, a relação semente fruto e o peso de 100
sementes diminuiu nos cachos terciários. O consórcio causou redução no peso de 100
sementes. Em geral, os sistemas consorciados apresentaram maior eficiência que os isolados,
de acordo com o UET. Os valores do UET variaram de 1,08 a 1,45.
37
ABSTRACT
Castorbean (Ricinus communis L.) is an oil seed plant belonging to the Euphorbiaceae family,
grown in different regions of Brazil. The state of Bahia is responsible for about 89% of the
brazilian production. In Northeast of Brazil castorbean is frequentely grown under rain fed
conditions intercropped with cowpea, bean or corn. A field study was performed with the
objectives of evaluating two castorbean cultivars, (BRS 149 Nordestina and BRS 188
Paraguaçu) intercropped with cowpea (Vigna unguiculata (L). Walp) or grain sorghum
(Sorghum bicolor (L). Moench). The study was conducted in Quixadá county, state of Ceará,
Brazil, at Lavoura Seca farm. The experimental design was a randomized complete block with
eight treatments and four replications. The treatments were the combinations of two
castorbean cultivars with either sorghum or cowpea and the single crops. The yield and the
yield components of castorbean, sorghum and cowpea were measured for crop performance
evaluation, individually. Land equivalent ratio (LER) was used for intercop evaluation. It was
observed a general decrease in the yield of all crops intercropped. Sorghum was responsible
for the highest decrease in castorbean yield. The cv. Nordestina was more adversely affected
by the sorghum competition than cv. Paraguaçu. Castorbean yield was composed of seeds
from primary, secondary and tertiary racemes. The contribution of the tertiary racemes for
the total seed yield was very low with an average of 5,5% and 10,7% for the intercrop with
sorghum and cowpea, respectively.The number of seeds/raceme, the shelling percentage and
the weigh of 100 seeds were reduced in the tertiary racemes. Intercrop caused a reduction in
the weigh of 100 castorbean seeds. In general, the intercropped systems were more efficient
than the single crops, according to the LER. The LER values varied from 1,08 to 1,45.
38
2.1-INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), oleaginosa da família das euforbiáceas, teve sua
origem possivelmente na Etiópia e disseminou-se para as mais variadas regiões do mundo,
devido sua fácil propagação e adaptação a diferentes condições climáticas. Introduzida no
Brasil pelos portugueses é encontrada em todo o território. Por sua tolerância à seca e
exigência em calor e luminosidade, encontra-se disseminada por quase todo o Nordeste, cujas
condições climáticas são adequadas ao seu desenvolvimento, constituindo-se em grande
potencial para a economia do semi-árido nordestino (TÁVORA, 1982; AMORIM NETO et
al, 2001).
Da industrialização da mamona, obtém-se, como produto principal, o óleo, que tem
utilidades industriais na fabricação de tintas, vernizes, sabões, fibras sintéticas, plástico,
corantes, anilina e lubrificantes, utilização medicinal e biomedicinal na fabricação de
cosméticos, na elaboração de próteses e implantes (SANTOS, et al, 2001). A torta da semente
é usada como fertilizante orgânico, e através de sua desintoxicação, via vapor por 30 minutos
a temperatura de 130
o
C (neutralizando a proteína tóxica ricina), pode servir como
alimentação animal (ALVES et al, 2004).
Além das aplicações mencionadas, há um novo mercado no campo energético, com a
possibilidade da produção de biocombustíveis, em especial a fabricação do diesel vegetal ou
biodiesel, através da transesterificação. O uso do óleo da mamona como matéria-prima na
produção de biodiesel certamente exigirá demanda por melhores tecnologias de produção
desta cultura no Brasil e em especial no Nordeste de modo a possibilitar a utilização de todo o
seu potencial produtivo (BELTRÃO et al., 2004).
A área ocupada pela mamoneira no Brasil sofreu decréscimo de cerca de 55% no
período 1984-1989, correspondendo a uma redução de 485,0 mil para 215,2 mil hectares, o
que ainda é superior à área da atual safra de 2004 com aproximadamente 139,4 mil hectares,
ocupando a terceira posição entre os principias países produtores (Índia e China). Cerca de
89% da produção nacional (134,9 mil toneladas), está concentrada no estado da Bahia, que
obteve no mesmo ano uma produtividade média de 902 kg/ha e área de pouco mais de 125,5
mil hectares (IBGE, 2005).
O cultivo consorciado de diferentes espécies em uma mesma gleba de terra pode
contribuir para o balanceamento da dieta e na economia do produtor. Dentre outros
benefícios, o consórcio pode aumentar a eficiência no uso da terra, aproveitar melhor os
fatores abióticos e reduzir o risco de redução na produção, uma vez que, há um melhor
39
aproveitamento dos recursos naturais (luz, CO
2
; água e nutrientes) e há uma maior resistência
as adversidades ambientais (BEZERRA NETO E ROBICHAUX, 1996).
Trabalhos relacionados com sistemas de consórcio têm revelado superioridade deste
em relação ao monocultivo, referente á produtividade, resistência à ação de pragas e
estabilidade de produção (FRANCIS et al., 1976; RAO E MORGADO, 1984; MACHADO et
al., 1984; TÁVORA, et al., 1988; CASTRO et al., 1994).
A mamoneira está dissemina por todo o Nordeste brasileiro, sendo cultivada em sua
quase totalidade em regime de sequeiro em plantios consorciados com culturas fibrosas,
alimentícias e oleaginosas, tais como: milho, feijão comum e caupi (AZEVEDO et al., 2001).
O manejo adequado das culturas é de grande importância para que o sistema de
consórcio atinja níveis tecnológicos desejados, garantindo bons rendimentos aos produtores.
Trabalhos a respeito do manejo das espécies consorciadas envolvendo a cultura da mamona
com culturas alimentares são cada vez mais freqüentes (JESUS et al., 1987; TÁVORA et al.,
1988; RANDO & QUINTANILHA, 1990; AZEVEDO et al., 1998a; AZEVEDO et al., 200;
ARAÚJO FILHO, 2004; KOURI et al., 2004).
O trabalho teve como objetivo a avaliação das cultivares BRS 149 (Nordestina) e BRS
188 (Paraguaçu) em sistema de consórcio com caupi e o sorgo granífero, através dos
componentes de produção, rendimento e uso eficiente da terra.
40
2.2-MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de sequeiro em Quixadá-CE, na
Fazenda Lavoura Seca, pertencente à Universidade Federal do Ceará, caracterizada pela
posição geográfica de 4
o
59' de latitude Sul e de 39
o
01' de longitude oeste, com altitude
de 190 m.
A área experimental apresenta solo do tipo Argisolo Vermelho-Amarelo,
vegetação xerófita, clima semi-árido do tipo BsH, segundo Koeppen.
A temperatura média anual é de 27
o
C, com uma amplitude média de 24
o
a 30
o
C
e precipitação pluviométrica média anual é de 880 mm. Em 2003 ocorreu na área
experimental, no período janeiro a dezembro uma precipitação pluvial de 844,1 mm. No
período de execução do experimento (março a setembro) ocorreu uma precipitação pluvial
de 520,1 mm (Figura 1), com distribuição irregular, concentrando-se nos meses de março
e abril, sendo que as chuvas cessaram a partir do mês de julho.
0
30
60
90
120
150
180
210
240
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro
Meses
Precipitação (mm)
Figura 1 - Precipitação pluviométrica na área experimental. Quixadá, CE, 2003.
41
O preparo do solo constou de gradagem cruzada realizada uma semana antes do
plantio. Foi realizada adubação com N-P-K na proporção 30-60-30, de acordo com
recomendação da análise do solo (Tabela 1). Foram utilizados como fontes de nutrientes a
uréia, o cloreto de potássio e o superfosfato simples. O fósforo e o potássio juntamente
com a metade da dosagem de nitrogênio foram aplicados no plantio, em sulco com 5 cm
de profundidade ao lado das fileiras de plantio. O restante da dosagem de nitrogênio foi
aplicado em cobertura a lanço 45 dias após a semeadura.
O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso com quatro repetições. Foram
avaliadas as características das cultivares de mamona, caupi e sorgo em plantio solteiro e
consorciado.
Os seguintes materiais foram avaliados: mamona – cultivares BRS 149 Nordestina e
BRS 188 Paraguaçu; caupi – cultivar Epace 10; sorgo granífero– EA 955. As cultivares de
mamona foram liberadas pela Embrapa Algodão, sendo recomendadas para uso em plantio de
sequeiro para o Nordeste brasileiro. A cultivar Nordestina tem ciclo de 250 dias, altura de
1,90m, frutos semideiscentes e sementes de coloração preta, peso de 100 sementes de 68 g,
teor de óleo na semente de 48,90% com potencial de produtividade de 1500 kg/ha. A cultivar
Paraguaçu tem ciclo de 250 dias, altura de 1,60 m, frutos semideiscentes, peso de 100
sementes de 71 g, teor de óleo de 47,72% e potencial de produtividade de 1.500 kg/ha
(BELTRÃO et al., 2002; EMBRAPA, 2004).
Os seguintes tratamentos foram avaliados: cv. Paraguaçu + caupi; cv Paraguaçu
+ sorgo; cv. Nordestina + caupi; cv. Nodestina + sorgo; cv. Paraguaçu isolada;
cv.Nordestina isolada; sorgo isolado; e caupi isolado.
Todos os tratamentos foram implantados no dia 15 de março de 2003.
A mamona e o caupi foram plantados em covas com 5 cm de profundidade, com
3 sementes/cova, deixando-se uma planta por cova após o desbaste. O sorgo foi plantado
em sulcos com 5 cm de profundidade, na proporção de 20 sementes por metro linear,
deixando-se 10 plantas/metro linear após o desbaste.
42
Tabela 1. Análise química do solo do campo experimental.
Elemento Quantidade
Fósforo 2,00 mg/dm
3
Potássio 1,37 mg/dm
3
Cálcio 2,50 cmol
c
/dm
3
Magnésio 2,40 cmol
c
/dm
3
Alumínio 0,0
Sódio 6,00 mg/dm
3
pH 6,1
Análise realizada no laboratório de fertilidade do solo CCA-UFC.
Nos tratamentos consorciados, as culturas foram plantadas em fileiras alternadas
espaçadas de 1 m entre as culturas. A mamona, o caupi e o sorgo foram espaçados dentro da
fileira em 1,0 m, 0,2 m e 0,1 m, respectivamente.
A parcela experimental dos tratamentos consorciados eram constituídas de 4 fileiras de
mamona com 8 m de comprimento espaçadas de 2,0 m, intercaladas com as culturas do caupi
ou do sorgo em idêntico espaçamento. As parcelas de plantio isolado eram constituídas de 4
fileiras de 8 m nos seguintes espaçamentos: mamona – 1,5 m x 1,0 m; caupi – 0,8 m x 0,2 m;
sorgo – 0,8 m x 0,1 m.
Foram colhidas como área útil para análise estatística as duas fileiras centrais de cada
parcela, de cada cultura, eliminando-se as duas plantas situadas nas extremidades de cada
fileira.
As plantas daninhas foram controladas, quando necessário, através de duas capinas
manuais a enxada.
As colheitas foram realizadas entre 15/05 e 15/09/03, observando-se o ciclo das
culturas. O sorgo e o caupi foram colhidos de uma só vez. Na mamona foram realizadas
colheitas múltiplas à proporção que os cachos amadureciam.
Os componentes de produção da mamona foram obtidos de amostras aleatórias de
cachos primários, secundários e terciários, originados de 2 plantas da área útil.
Na apuração dos componentes de produção e da produção de mamona, os cachos
foram classificados em primários, secundários e terciários. Não houve produção de cachos
quaternários ou de ordem superior.
43
As seguintes variáveis foram determinadas para cada cultura:
Mamona - número de frutos por cacho, relação semente fruto (%), peso de 100 sementes,
rendimento das bagas (kg/ha) e contribuição dos cachos primário, secundário e terciário na
produção total .As variáveis número de frutos, relação semente fruto (%) e peso de 100
sementes foram obtidas a partir de duas plantas da área útil de cada parcela escolhidas
aleatoriamente. A participação dos cachos (1
o
, 2
o
, 3
o
) no rendimento total foi obtida sobre o
universo das plantas presentes na parcela útil.
Caupi - comprimento da vagem, número de sementes por vagem, relação semente/vagem e
rendimento de grãos (kg/ha). As variáveis comprimento da vagem e número de sementes por
vagem, foram obtidas de uma amostra aleatória de 10 vagens. O rendimento foi computado
com base no total de plantas da parcela útil.
Sorgo - altura de planta peso de cinco panículas e rendimento de grãos (kg/ha). Estas
variáveis foram obtidas a partir cinco plantas escolhidas aleatoriamente da área útil de cada
parcela. O rendimento de grãos foi obtido a partir do universo das plantas da área útil.
A avaliação do consórcio foi feita através do uso eficiente da terra (UET) definido por
Bantillan e Harwood (1973).
Os componentes de produção relativos à cultura da mamona foram analisados
estatisticamente segundo o delineamento em blocos ao acaso num esquema fatorial 2 x 3 x 3,
representando dois cultivares, três categorias de racemo de três sistemas de plantio (isolado,
consorciado com sorgo e consorciado com caupi). Para o rendimento da mamona foi usado o
delineamento em blocos ao acaso num esquema fatorial 2 x 3, representando dois cultivares e
três sistemas de plantio. O rendimento e respectivos componentes de produção do caupi e do
sorgo foram analisados segundo um delineamento em blocos ao acaso com três tratamentos
representando os sistemas de plantio.
Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparações entre as
médias das variáveis estudadas.
44
2.3-RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de frutos por cacho não foi afetado pelo sistema de plantio (consorciado
versos isolado) e pelas cultivares estudadas. Ao contrário, os dados revelaram diferenças
significativas para esta variável entre as categorias de cachos. Os cachos terciários nas duas
cultivares, independentemente do sistema de plantio, apresentaram menor número de frutos
que os primários e secundários, que não diferiram entre si. Não foram constatados efeitos
significativos para as interações entre sistema de plantio, cultivares e origem dos cachos para
esta variável (Tabela 2 e 3).
Azevedo et al. (1998a), consorciando mamona com milho em diferentes arranjos
populacionais, também não observaram diferença para o número de frutos/cacho entre os
diferentes sistemas utilizados.
A relação peso semente/peso fruto, expressa em porcentagem, foi influenciada pelo
sistema de plantio (5% de probabilidade) enquanto a origem dos cachos determinou
diferenças altamente significativas (1% de probabilidade). A presença da cultura do sorgo no
consórcio com a cv. Paraguaçu determinou uma redução na porcentagem de semente em
relação aos frutos. Não foram constatadas diferenças significativas para as cultivares. Não
houve igualmente, significância para as interações entre os diferentes tratamentos (Tabela 2 e
4).
O peso de 100 sementes foi influenciado pelas cultivares, sistema de plantio e origem
dos cachos (Tabela 2 e 5). A cultivar Nordestina apresentou sementes maiores que a
Paraguaçu. Os cachos secundários apresentaram sementes maiores que os primários e estes
menores que os terciários nas duas cultivares, independentemente do sistema de plantio.
Houve diferença de comportamento entre as cultivares no que respeita a resposta desta
variável ao sistema de plantio. Em ambas as cultivares, o sorgo determinou reduções
significativas no tamanho das sementes. Na cultivar Nordestina não houve diferenças entre a
testemunha e o consórcio com o caupi. A cultivar Paraguaçu beneficiou-se com a presença do
caupi no consórcio, apresentando aumento do tamanho das sementes em relação ao plantio
isolado.
Estes resultados divergem dos relatados por Távora et al. (1988) consorciando
mamona com gergelim, sorgo e caupi e Azevedo et al. (1988b) consorciando mamona e
sorgo. Os autores não verificaram diferenças no peso de 100 sementes nos sistemas utilizados.
Essa diferença nos resultados talvez possa ser explicada pelo fato de, no presente
estudo, a mamona ter sofrido maior competição com o sorgo e limitações ocasionadas pela
45
reduzida disponibilidade hídrica no final do ciclo da cultura quando do enchimento das
sementes dos cachos terciários (Figura 1).
O rendimento de sementes (kg/ha) de mamona não diferiu entre as cultivares
estudadas, independentemente do sistema de plantio empregado. As cultivares Paraguaçu e
Nordestina produziram em plantio isolado, respectivamente, 1021,7 e 899 kg/ha. Quando em
consórcio com o caupi e o sorgo, foram constatadas reduções no rendimento da mamona. No
caso do caupi, o decréscimo foi pequeno, não atingindo significância estatística. O sorgo,
entretanto, em consórcio com a mamona, determinou reduções significativas de 65% e 42%
nas cultivares Nordestina e Paraguaçu, respectivamente.
Os melhores resultados nos sistemas consorciados com caupi podem ser justificados
pelo fato desta espécie ser pouco competitiva, não restringindo de forma expressiva o
crescimento da mamona. Ao contrário, com o sorgo a redução da produtividade da mamoneira
indica o seu baixo potencial competitivo em decorrência da susceptibilidade à competição
exercida pela presença do sorgo. O sorgo por ser uma espécie de metabolismo fotossintético
C4, com crescimento inicial rápido, mais elevado índice de área foliar e arquitetura foliar e
altura mais propícias à captação de luz, torna-se mais competitiva, causando menores
rendimentos na cultura da mamona, que tem metabolismo fotossintético C
3
. Azevedo et al
(1998b) estudando o efeito de diferentes populações de plantas no consórcio mamona/sorgo
verificaram a redução do rendimento da mamoneira com o aumento populacional de plantas
de sorgo. Resultados semelhantes foram registrados por Willey & Osiru (1972) e Azevedo et
al (1998b). Diversos trabalhos registram a queda no rendimento da mamoneira em plantios
consorciados com culturas anuais de ciclo curto (TÁVORA et al., 1988; AZEVEDO et al.,
1998a; RANDO & QUINTANILHA, 1990; ARAÚJO FILHO et al., 2004).
A produção de sementes de mamona foi distribuída entre os cachos primários,
secundários e terciários, nas duas cultivares e nos três sistemas de cultivo. As plantas
cessaram o crescimento e a capacidade produtiva após a emissão e o preenchimento dos
cachos terciários. Algumas poucas inflorescências quaternárias não evoluíram na formação de
frutos normais em condições de colheita.
As duas cultivares apresentaram padrões diferentes de participação dos cachos na
produção total de sementes. A cv. Nordestina teve maior contribuição dos cachos secundários
(55,1%) na produção, seguidos pelos primários (32,94%) e finalmente terciários (11,93)
(Figura 2). Esta distribuição da produção nas diversas categorias de cachos foi semelhante nos
diferentes sistemas de plantio. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Távora
(1988) ao avaliar o consórcio da mamona com as culturas do sorgo, caupi e gergelim em
46
idênticas condições edafoclimáticas. Na cultivar Paraguaçu constatou-se o mesmo padrão de
distribuição da produção entre os cachos nos sistemas de plantio isolado e consorciado com o
caupi. Nesses casos constata-se uma maior participação dos cachos secundários (52,56 %) e
primários (40,91 %). Os cachos terciários tiveram pequena participação com média de 6,53
%. No consórcio mamona + sorgo houve um equilíbrio na participação dos cachos primários e
secundários (49,29 e 48,97 %) com participação inexpressiva dos terciários. Esses resultados
podem se explicados pelo fato da cv. Paraguaçu apresentar maior susceptibilidade à ausência
das chuvas no final do ciclo, restringindo o seu crescimento e conseqüentemente limitando
sua produção aos cachos primários e secundários. Os dados sugerem ainda que o sorgo ao
competir fortemente com a mamona limitou o seu crescimento reduzindo sua capacidade de
produzir cachos terciários.
Esses resultados talvez expliquem a baixa produtividade alcançada pela cultura da
mamona. Como as chuvas foram iniciadas em janeiro/fevereiro, não houve plena utilização da
umidade disponível na quadra chuvosa em virtude do plantio ter sido realizado apenas em
meado de março. Assim, ficou reduzido o período de crescimento e produção da planta em
condições satisfatórias de umidade. Certamente a antecipação de plantio para o mês de
fevereiro venha a possibilitar a produção de maior número de cachos terciários ou de ordem
superior. Fica evidente que práticas culturais que venham a possibilitar uma maior
participação dos cachos de ordem elevada na produção deverão ter efeitos benéficos no
rendimento da cultura.
47
Tabela 2. Análise de variância do número de frutos por cacho, relação peso da
sementes/ fruto (%) e peso de 100 (g) sementes de mamona consorciada com caupi e
sorgo. Quixadá, CE, 2003.
Quadrado Médio Fontes de
Variação
GL
N
o
Frutos/
racemo
Relação semente/
fruto
Peso 100
sementes
Cultivar (C) 1 206,72 468,89 27,88**
Sistema (S) 2 416,58 594,86* 27,12**
Racemos (R ) 2 6930.37 ** 1855,80** 67,74**
C x S 2 92,26 23,42 2,68
C x R 2 224,76 105,76 9,06
S x R 4 10,66 195,68 14,84
C x S x R 4 35,68 32,21 2,50
Blocos 3 168,04 191,97 11,83
Resíduo 51 80,32 127,13 8,71
Total 71
CV % 28 21,82 20,80
* Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
** Significativo ao nível de 1%de probabilidade pelo teste F.
48
Tabela 3. Médias referentes ao número de frutos das cultivares de mamona Nordestina e Paraguaçu nos
diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2003.
Cacho Nordestina Paraguaçu
Isolada +Caupi +Sorgo Media Isolada +Caupi +Sorgo Media
Primário 37,7 43,2 38,5 39,8 a 54,2 49,5 43,0 48,9 a
Secundário 33,7 41,7 35,2 36,9 a 43,7 44,0 35,5 41,1 a
Terciário 15,2 14,0 13,2 14,2 b 11,0 15,0 7,2 11,1 b
Média 28,9 A 33,0 A 29,0 A - 36,4 A 36,1 A 28,6 A -
M. Geral 30,3 A 33,7 A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre si
Pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
49
Tabela 4. Médias referentes a relação peso da semente/peso do fruto (%) das cultivares de mamona
Nordestina e Paraguaçu no diferentes sistemas de plantios. Quixadá, CE, 2003 .
Nordestina Paraguaçu Cacho
Isolada + Caupi + Sorgo Média Isolada + Caupi + Sorgo Média
Primário 58,8 a 56,7 a 56,3 a 57,2 a 55,7 a 55,8 a 55,1 a 55,5 a
Secundário 59,1 a 63,5 a 54,3 a 58,9 a 56,9 a 58,4 a 50,2 a 58,0 a
Terciário 49,8 b 52,1 b 37,3 b 46,4 b 36,0 b 49,6 b 24,1 b 36,5 b
Média 55,9 A 57,4 A 49,3 A - 53,0 A 54,6 A 43,1 B
M. Geral 54,2 A 50,2 A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
50
Nordestina Paraguaçu Cacho
Isolada + Caupi + Sorgo Média Isolada + Caupi + Sorgo Média
Primário 61,3 55,1 54,4 56,9 b 54,6 53,9 50,5 53,0 b
Secundário 63,7 64,1 55,8 61,2 a 56,9 56,9 56,5 56,7 a
Terciário 55,3 54,0 30,4 46,5 c 29,7 49,8 14,1 31,2 c
Média 60,1 A 57,7 A 46,8 B 47,1 B 53,5 A 40,3 C
M. Geral 54,9 A 47,0 B
Tabela 5. Médias referentes ao peso de 100 sementes (g) das cultivares de mamona Nordestina e
Paraguaçu nos diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2003.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
51
Tabela 6. Análise de variância do rendimento de sementes (kg/ha) da
mamona em plantio consorciado com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2003.
Quadrado Médio Fonte de
Variação
GL
Rendimento kg/ha
Cultivar (C) 1 88641,80
Sistema (S) 2 450389,94**
C x S 2 6889,69
Blocos 3 216028,22
Resíduo 15 33972,73
Total 23 -
CV(%) - 10,46
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 7. Médias referentes aos rendimentos da sementes (kg/ha) da mamona
em plantio consorciado com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2003.
Sistemas de plantio Cv. Nordestina Cv. Paraguaçu Média
Isolada 1021,7 a 899,1 a 960,4 a
+Caupi 927,5 a 620,8 b 774,1 a
+Sorgo 457,0 b 521,6 b 489,2 b
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem
significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
52
Cv. Nordestina Cv. Paraguaçu
0
10
20
30
40
50
60
70
Isolada + Caupi + Sorgo Isolada + caupi + Sorgo
Sistema de plantio
% Participação no
rendimento
Racemo primário
Racemo
sucundário
Racemo terciário
Figura 2 - Participação dos cachos no rendimento da mamona submetida a diferentes sistemas de plantio. Quixadá-
CE, 2003.
53
Os componentes de produção estudados para o caupi, (comprimento da vagem,
número de sementes por vagem e relação peso semente/peso vagem) não foram influenciados
pelo sistema de plantio (Tabelas 8 e 9). Por outro lado o rendimento do caupi sofreu reduções
significativas quando consorciado com ambas as cultivares de mamona. Os dados sugerem
que a menor produtividade do caupi no plantio consorciado deveu-se antes à menor densidade
de plantas utilizadas no consórcio do que à ausência de diferenças entre os componentes de
produção estudados. Uma outra explicação seria alterações no componente de produção
número de frutos por vagem, não determinados no presente estudo.
Rezende (1986) trabalhando com caupi isolado e consorciado com milho, sorgo e
gergelim, nas mesmas condições do experimento, obteve rendimentos maiores para o caupi
isolado, quando comparado com os tratamentos consorciados.
Os sistemas de plantio não afetaram a altura das plantas de sorgo. Entretanto, o peso da
panícula, sofreu redução no plantio isolado (Tabelas 8 e 9). O aumento do peso das panículas
no plantio consorciado talvez reflita a menor competição exercida pela mamona às plantas de
sorgo em função das diferenças entre estas espécies pelos fatores de produção. Também
houve diferenças significativas (p<0.05) no rendimento de grãos entre os sistemas de plantio.
O sistema de plantio consorciado, independentemente da cultivar, proporcionou reduções
nesta variável quando comparado ao sorgo isolado, fato que pode ser explicado pela
diminuição da população de sorgo (Tabelas 8 e 9).
54
Tabela 8. Análise de variância do rendimento (kg/ha), comprimento da vagem (cm), número sementes por vagens e relação peso da
semente/peso da vagem do caupi, rendimento (kg/ha), altura da planta (m) e peso de cinco panículas do sorgo. Quixadá, CE. 2003.
Quadrado Médio
Caupi Sorgo
Fontes de
Variação
GL
Comprimento
da Vagem
N
o
de Semente
/Vagem
Relação Peso da
semente/peso da
Vagem
Rendimento Altura
Peso
5 panículas
Rendimento
Sistema de plantio 2 1,61 2,85 0,96 288173,53* 0,00 3860,03* 1595315,14*
Blocos 3 0,28 0,57 1,33 61592,62 0,01 2243,75* 1765009,57*
Resíduo 6 0,91 1,67 1,27 36778,84 0,01 397,63 228534,46
Total 11
CV % 4,46 7,87 1,42 24,21 4,28 7,81 19,91
* Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
55
Variáveis Caupi Sorgo
Isolado + Nordestina + Paraguaçu Isolado + Nordestina + Paraguaçu
Comprimento /vagem (cm) 21,45 a 22,01 a 20,74 a - - -
Número sementes/vagem 16,36 a 17,34 a 15,66 a - - -
Relação peso semente/peso vagem 79,30 a 79,38 a 78,49 a - - -
Altura da planta (m) - - - 2,23 a 2,25 a 2,25 a
Peso da panícula(g) - - - 223,42 b 256,12 ab 285,52 a
Rendimento (kg/ha) 1099,89 a 607,12 b 669,89 b 3126,92 a 1985,00 b 2088,40 b
Tabela 9. Rendimento (kg/ha) e componentes de produção do caupi e do sorgo em consórcio com a mamona. Quixadá, CE. 2003.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
56
A avaliação da consorciação através do UET, revelou vantagem em rendimento de
grãos para todos os esquemas de consórcio estudados, em relação aos plantios isolados. Os
valores do UET variaram de 1,08 a 1,45, significando que o consórcio apresentou mais
eficiência no uso da terra em relação aos plantios isolados com vantagens que variaram de 8%
a 45 % (Tabela 10).
Em geral, os estudos desenvolvidos envolvendo o consórcio da mamoneira com
culturas de ciclo curto têm revelado vantagens para os sistemas de consórcio da mamona +
gergelim (TÁVORA et al., 1988), mamona + milho (JESUS et al., 1987; AZEVEDO et al.,
1998a; AZEVEDO et al., 2001a), mamona + caupi (TÁVORA et al., 1988; RANDO &
QUINTANILHA, 1990; AZAVEDO et al., 2001b; MORGADO, 2004), mamona + sorgo
(AZEVEDO et al., 1998b; MORGADO, 2004) mamona + amendoim (TÁVORA et al., 1988;
ARAÚJO FILHO, 2004).
Nota-se que o consórcio das cultivares da mamona Nordestina e Paraguaçu com a
cultura do sorgo apresentaram menores vantagens (8 e 25 %) que com o a cultura do caupi (30
e 45 %). Azevedo et al.(1998b) também obtiveram resultados menos expressivos para o
consórcio sorgo + mamona em confronto com a associação da mamona com o milho e o
caupi.
A análise do UET parcial revelou comportamento dominante da cultivar Nordestina no
consórcio com o caupi. A associação da cultivar Paraguaçu com o caupi revelou
comportamento neutro, sem predomínio de uma cultura sobre a outra. As combinações do
sorgo com ambas as cultivares de mamona revelaram dominância da gramínea (Figura 3).
Este resultado pode ser explicado pelo mais rápido crescimento da gramínea que se beneficia
do mecanismo fotossintético C
4
de fixação de CO
2
atmosférico, ao contrário da mamona, com
crescimento mais lento, característica das plantas com mecanismo fotossintético C
3.
Vale destacar que no presente estudo os plantios foram simultâneos para todas as
culturas. A defasagem de plantio, com a antecipação da semeadura da mamona poderá
minorar a competição exercida pelo sorgo, inibindo a sua dominação no consórcio. Assim, a
mamona poderá vir a tornar-se dominante atingindo maiores níveis de produtividade.
57
Tabela 10: Uso eficiente da terra do consócio das cultivares de mamona Nordestina e Paraguaçu com o caupi e o sorgo.
Quixadá-CE. 2003.
UET Parcial
Cultura Mamona
Sorgo ou
Caupi
Nordestina Paraguaçu Caupi Sorgo
UET Total
Nordestina 1021 - - - - - -
Paraguaçu 899 - - - - - -
Caupi - 1100 - - - - -
Sorgo - 3127 - - - - -
Nordestina + Caupi 927 607 0,90 0,55 1,45
Nordestina + Sorgo 457 1985 0,45 0,63 1,08
Paraguaçu + Caupi 621 669 - 0,69 0,61 - 1,30
Paraguaçu + Sorgo 521 2088 - 0,58 - 0,67 1,25
58
Figura 3 - Uso eficiente da terra na consorciação de duas cultivares de mamona (Nordestina e Paraguaçu)
com caupi e sorgo. Quixadá, CE, 2003.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
UET Caupi e Sorgo
UET Mamona
Nordestina + Caupi
Nordestina + Sorgo
Paraguaçu + Caupi
Paraguaçu + Sorgo
59
2.4- CONCLUSÕES
Houve redução no rendimento de grãos das culturas estudadas nos sistema de plantio
consorciado.
O sorgo exerceu maior restrição ao rendimento de grãos da mamona que o caupi.
A produção de sementes da mamona foi distribuída entre os cachos primários,
secundários e terciários, com o predomínio das duas primeiras categorias.
Todas as combinações do consórcio proporcionaram incrementos na eficiência do uso
da terra em relação aos respectivos monocultivos.
A consorciação da cultivar Nordestina com o caupi proporcionou a maior vantagem
em rendimento, com aumento de 45 % em relação ao monocultivo.
60
2.5- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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63
3- COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA CONSORCIADA COM O CAUPI E O
AMENDOIM.
RESUMO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa pertencente à família Euforbiaceae,
cultivada em diferentes regiões do Brasil. A planta é adaptada à seca sendo grandemente
explorada no semiárido nordestino, principalmente no estado da Bahia, responsável por 89%
da mamona produzida no Brasil. No Nordeste brasileiro, é frequentemente cultivada por
pequenos produtores sob condições de sequeiro consorciada com feijão comum, caupi ou
milho. O trabalho teve como objetivo a avaliação da cultivar BRS 149 Nordestina em
consórcio com o caupi (Vigna unguiculata (L). Walp) e o amendoim (Arachis hypogea L) em
duas densidades de plantio. O experimento foi conduzido em Quixadá-CE na Fazenda
Lavoura Seca. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 3 repetições e 8
tratamentos. Os tratamentos consistiram dos plantios solteiros e consorciados da mamona em
dois espaçamentos (1,5 m x 1,0 e 2,0 m x 1,0 na cultura solteira e 2,0m x 1m e 3,0m x 1,0m
nos plantios consorciados com amendoim e caupi). No plantio consorciado a mamona foi
plantada em fileiras alternadas com caupi ou amendoim na configuração 1:2 ou 1:3,
respectivamente para os espaçamentos entre fileiras de mamona de 2,0m x 1,0 m ou 3,0 m 1,0
m. O rendimento e os componentes do rendimento da mamona e o rendimento do caupi e do
amendoim foram medidos para avaliação das culturas individualmente. Para avaliar o
desempenho dos sistemas de consórcio utilizou-se o Uso Eficiente da Terra (UET). Entre os
componentes de produção da mamona apenas o comprimento dos cachos foi reduzido pelo
consórcio da mamona com o caupi. O comprimento dos cachos e o número de frutos por
cacho foram reduzidos com o aumento da ordem dos cachos. A participação dos cachos
terciários na produção total foi menor que a dos primários ou secundários, com uma média de
14,8% a 25,7% para os consórcios com caupi e amendoim, respectivamente. O rendimento da
mamona foi máximo nos plantios isolado ou consorciado com o amendoim no espaçamento
2,0 m x 1,0 m, com produtividades de 2000,9 e 2036,2 kg/ha, respectivamente. Todos os
sistemas de consorciação entre as culturas da mamona com o caupi ou o amendoim
apresentaram vantagens de acordo com o uso eficiente da terra (UET), cujos valores variaram
de 1,36 a 1,71 para o consórcio mamona mais caupi nos espaçamentos de 2,0 m e 3,0 m entre
fileiras. O caupi determinou as maiores reduções no rendimento da mamoneira consorciada no
espaçamento 3,0 m x 1,0 m. O consórcio com a mamona determinou reduções nos
rendimentos das culturas do caupi e do amendoim.
64
ABSTRACT
Castorbean (Ricinus communis L.) is an oil seed crop belonging to the Euphorbiaceae family,
grown in different Regions of Brazil. The plant is drought adapted and is mostly grown in the
semiarid areas of Northeast of Brazil, mainly, in the state of Bahia which is responsible for
about 89% of the brazilian production. In Northeast of Brazil castorbean is frequentely
cultivated by small growers, under rain fed conditions, intercropped with cowpea, bean or
corn. A field study was performed with the objective of evaluating the castorbean cultivar
BRS 149 - Nordestina intercropped with cowpea (Vigna unguiculata (L). Walp) and peanut
(Arachis hypogea L) in two planting densities. The study was conducted in Quixadá county,
state of Ceará, Brazil, in the Lavoura Seca Farm. The experimental design was a randomized
complete block with eight treatments and three replications. The treatments were the single
and intercopped combinations of castorbean under two planting spaces (1,5 m x 1,0 and 2,0 m
x 1,0 m as single crop and 2,0 m x 1m and 3,0 m x 1,0 m intercropped with either peanut or
cowpea). In the intercropped systems castorbean was planted in alternate rows with cowpea or
peanut in the configuration of 1:2 or 1:3, respectively for the 2,0 x 1,0 m and 3,0 m x 1,0 m
spacing between castorbean rows. The yield and the yield components of castorbean, and the
yield of cowpea and peanut were measured for individual crop performance evaluation. Land
equivalent ratio (LER) was determined for intercop evaluation. When castorbean was
intercropped with caupi there was a significant decrease in the raceme length. Castorbean
yield was composed of seeds from primary, secondary and of tertiary racemes. It was
observed a general decrease over all treatments of the length and the number of fruits from
primary to tertiary racemes. The contribution of the tertiary racemes for the total seed yield
was lower than either the primary or secondary, with an average of 14,8% and 25,7% for the
intercrop with cowpea and peanut, respectively. The best performance for castorbean was
obtained in the single crop or intercrpped with peanut treatments, 2,0 m x 1,0 m spacing ,
with a seed yield of 2000,9 and 2036,2 kg/ha, respectively. The intercropped systems were
more efficient than the single crops, according to the LER. The LER values varied from 1,36
to 1,71 for the intercrop of castor bean and cowpea in the row spacing of 2,0m and 3,0m,
respectively. Castorbean yield was most reduced when intercropped with cowpea in the
spacing of 3,0 x 1,0 m. Intercropping with castorbean caused a general decrease in the yield of
cowpea and peanut.
65
3.1-INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma das plantas cultivadas de maior
capacidade de adaptação aos mais diversos ambientes, possuindo elevada resistência à seca
(AMORIM NETO et al., 2001). Originária da Etiópia, chegou ao Brasil trazida pelos
colonizadores portugueses (TÁVORA, 1982). O óleo, extraído das sementes é possuidor de
propriedades singulares com inúmeras aplicações industriais, tais como lubrificantes, plásticos
de elevada resistência, tintas, esmaltes, fibras sintéticas, podendo ainda ser usado na
fabricação do biodiesel (PENIDO FILHO E VILLANO, 1984; FREIRE, 2001).
O Brasil já foi o maior produtor mundial de mamona, no período de 1971/1980,
quando participava com 26% da produção mundial. Na década de 1990, sofreu expressiva
redução, sendo em 1999 responsável por apenas 2% da produção mundial (SANTOS et al.,
2001). A perda de competitividade do Brasil no mercado mundial é explicada pela não adoção
de tecnologia modernas, tais como uso de insumos industriais (fertilizantes), sementes
melhoradas, plantio mecanizado, colheita mecanizada e uso de cultivares melhoradas (SAVY
FILHO et al., 1999).
Atualmente o Brasil ocupa a terceira posição mundial, atrás da Índia e da China.
Com uma área de aproximadamente 139,4 mil hectares na safra de 2004, obteve uma
produção de aproximadamente 151.600 t, o que representa 12% da produção mundial. O
estado da Bahia é o principal produtor de mamona, responsável por 89% da produção
nacional (134.900 t). Constata-se uma concentração da produção na região Nordeste,
especialmente no estado da Bahia, nas microrregiões de Irecê, Senhor do Bonfim, Jacobina,
Seabra e Guanambi (IBGE, 2005).
O consórcio de plantas é uma prática agrícola utilizada de forma extensiva em regiões
tropicais. Consiste no cultivo simultâneo de diferentes espécies na mesma área, no mesmo
tempo. Os pequenos produtores utilizam esse sistema de plantio para fugir da irregularidade
climática muito freqüente em regiões semi-áridas. Acredita-se que, ao se cultivar diferentes
espécies em consórcio, o produtor obtém maior estabilidade de produção, maior
diversificação de sua produção, melhor uso dos recursos naturais, melhor controle da erosão,
melhor controle de doenças e pragas, redução da infestação de plantas daninhas, além da
otimização do uso da mão-de-obra e dos recursos financeiros (ZAFFARONI E AZEVEDO,
1982; ALTIERI E LIEBMAN, 1986; TREINBATH, 1986).
66
Alguns aspectos básicos no cultivo consorciado, sobressaem, destacando-se como
mais importantes, a escolha das espécies que vão compor o sistema, a escolha do melhor
arranjo e a melhor época de semeadura. Estes aspectos são fundamentais para que o sistema
de consórcio atinja níveis tecnológicos desejados, garantindo bons rendimentos
(TRENBATH, 1976; AZEVEDO, 1990).
A definição da população ótima é um passo tecnológico básico, para que se tenha um
bom desempenho produtivo de uma cultura em determinada região. Para se obter a população
ótima devem ser observados os seguintes fatores: espécie, cultivar, umidade e fertilidade do
solo e controle de plantas daninhas (AZEVEDO et al., 1998b).
No Brasil é comum a utilização dos sistemas de consórcio, com a predominância para
o consórcio de milho e caupi (RESENDE, 1992; BARROS, 1991).
A mamoneira é cultivada no Brasil em dois sistemas distintos de cultivo: o cultivo
isolado, utilizado por grandes produtores que usam plantas de porte anão ou materiais
híbridos; o cultivo consorciado, no Norte e Nordeste do País onde predomina o uso de
cultivares de porte médio e alto (AZEVEDO te al, 2001a).
De acordo com Azevedo et al. (2001c), entre os pequenos produtores do trópico semi-
árido é comum o uso da consorciação da mamona com o milho, caupi e o feijão comum.
O trabalho teve como objetivo a avaliação do cultivar BRS 149 (Nordestina) em
sistema de consórcio com caupi e amendoim, em diferentes espaçamentos, através dos
componentes de produção, rendimento e uso eficiente da terra.
67
3.2- MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de sequeiro, em Quixadá-CE, na Fazenda
Lavoura Seca, pertencente à Universidade Federal do Ceará, caracterizada pela posição
geográfica de 4
o
59' de latitude Sul e de 39
o
01' de longitude Oeste, com altitude de 190 m.
A área experimental apresenta solo do tipo Argisolo Vermelho-Amarelo, de vegetação
xerófita, clima semi-árido do tipo BsH, segundo Koeppen.
A normal pluviométrica anual da área é de 880 mm. Em 2004 choveu na área
experimental, no período de janeiro a dezembro um total de 1.222 mm. No período
experimental (plantio à colheita) houve uma precipitação pluvial de 490,3 mm.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro
Meses
Precipitação (mm)
Figura 4 - Precipitação pluviométrica na área experimental. Quixadá, CE, 2004.
68
O preparo do solo constou de gradagem cruzada realizada uma semana antes do
plantio. Foi realizada adubação com N-P-K na proporção 30-60-30, de acordo com análise
química do solo. Foram utilizados como fonte de nutrientes a uréia, o cloreto de potássio e o
superfosfato simples. O fósforo e o potássio juntamente com a metade da dosagem de
nitrogênio foram aplicados por ocasião da semeadura, em sulcos com 5 cm de profundidade
ao lado da fileira de plantio. O restante da dosagem de nitrogênio foi aplicado em cobertura, a
lanço, 45 dias após a semeadura.
Os seguintes materiais foram avaliados: mamona - cultivar BRS 149 Nordestina; caupi
- Epace 10; amendoim – PI 165317. A cultivar de mamona Nordestina liberado pela Embrapa
Algodão é recomendada para o plantio em sequeiro no Nordeste brasileiro, e se caracteriza
por apresentar ciclo de 250 dias, altura de 1,90 m, frutos semideiscentes, peso de 100
sementes de 65 g, teor de óleo de 48,9% com uma produtividade média de 1.500 kg/ha
(BELTRÃO et al., 2002 e EMBRAPA, 2004).
Os tratamentos constaram das combinações da cultura da mamona em dois
espaçamentos com o amendoim e o caupi, bem como dos respectivos plantios isolados
(Tabela 11).
Os tratamentos foram implantados simultaneamente no dia 16 de março de 2004.
A mamona foi plantada em cova com 5 cm de profundidade, na base de 3
sementes/cova, deixando-se uma planta por cova após o desbaste. O caupi e o amendoim
foram plantados em covas com 5 cm de profundidade deixando-se 5 plantas/metro linear para
o caupi e 10 plantas/metro linear para o amendoim.
No plantio consorciado as culturas foram plantadas em fileiras alternadas, guardando-
se os seguintes arranjos: mamona espaçada de 2 m x 1 m alternadas com duas fileiras de
amendoim ou caupi; mamona espaçadas de 3 m x 1 m, alternadas com três fileiras de
amendoim ou caupi.
As fileiras de amendoim e caupi, distaram de 0,7 m das fileiras da mamona e 0,8 m
entre si (Tabela 11). Para o amendoim e o caupi foram usados espaçamentos de 0,1 m e 0,2 m
entre as plantas na fileira, respectivamente.
As parcelas experimentais dos tratamentos consorciados foram constituídas de 4
fileiras de mamona com 8 m de comprimento, espaçadas de 2 ou 3 m entre si.
Como área útil foram colhidas as duas fileiras centrais de mamona e as 2 ou 3 fileiras
centrais das culturas consorciadas do caupi ou amendoim, nos espaçamentos 2 m x 1 m e 3 m
x 1 m, respectivamente. excluindo-se as plantas situadas nas extremidades de cada fileira.
69
As colheitas foram realizadas entre 06/05/2004 e 15/9/2004, observando-se o ciclo das
culturas. O caupi e o amendoim foram colhidos de uma só vez. Na mamoneira foram
realizadas colheitas múltiplas à proporção que os cachos amadureciam.
Os componentes de produção foram obtidos do material colhido e beneficiado
originado da área útil de cada parcela e posterior amostragem aleatória realizada em
laboratório.
Na apuração dos componentes e da produção da mamona, os cachos foram
classificados em primários, secundários e terciários. Não houve produção de cachos
quaternários ou de ordem superior.
As seguintes variáveis foram determinadas para cada cultura:
Mamona - comprimento do cacho (cm); número de frutos/cacho; peso de 100 sementes (g);
rendimento das sementes (kg/ha) e contribuição dos cachos primários, secundários e terciários
na produção total. As variáveis comprimento do cacho, número de frutos/cacho e peso de 100
sementes foram obtidas a partir de duas plantas da área útil de cada parcela, escolhidas
aleatoriamente. O número de cachos/planta e contribuição dos cachos (1
o
, 2
o
e 3
o
) no
rendimento total foram obtidas sobre o universo das plantas da parcela útil.
Caupi - O rendimento de grãos (kg/ha) no qual foi computado com base no total de plantas da
parcela útil.
Amendoim - O rendimento de vagem (kg/ha) foi computado com base no total de plantas
presentes na parcela útil.
70
Espaçamento entre fileiras (m) N
o
de plantas /ha Tratamento
Mamona Amendoim Caupi Mamona Amendoim Caupi
Mamona Isolada 2,0 - - 5.000 - -
Mamona Isolada 1,5 - - 6.666 - -
Amendoim Isolado - 0,8 - - 125.000 -
Caupi Isolado - - 0,8 - - 62.500
Mamona+amendoim 2,0 1,4 e 0,8 - 5.000 100.000 -
Mamona+amendoim 3,0 1,4 e 0,8 - 3.333 100.000 -
Mamona+caupi 2,0 - 1,4 e 0,8 5.000 - 50.000
Mamona+caupi 3,0 - 1,4 e 0,8 3.333 - 50.000
Tabela 11. Espaçamentos entre fileiras e número de plantas/ha, para as culturas da mamona, amendoim e caupi.
Quixadá, CE, 2004.
71
A avaliação do consórcio foi feita através do uso eficiente da terra definido por
Bantillan e Harwood (1973).
Os componentes de produção relativos à cultura da mamona foram analisados segundo
delineamento em blocos ao acaso num esquema fatorial 3 x 6, representando três categorias
de cachos e seis sistemas de plantio (isolado, consorciado com o caupi e consorciado com
amendoim nos dois espaçamentos). Para o rendimento da mamona foi usado o mesmo
delineamento nos seis sistemas de plantio. Os rendimentos do caupi e do amendoim foram
analisados segundo delineamento em blocos ao acaso, com três sistemas de plantio (em
consórcio nos dois espaçamentos e isolado).
O dados foram submetidos á análise da variância, através do programa estatístico para
microcomputadores Sanest. Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para as
comparações entre as médias das variáveis estudadas.
72
3.3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
O comprimento dos cachos, na mamona, diminuiu com o aumento da ordem dos
cachos. Assim, os cachos primários apresentaram maior comprimento que os secundários e
estes maior que os terciários, independentemente do sistema de plantio adotado (Tabelas 12 e
13). Esta variável também foi influenciada pelo sistema de plantio. No consórcio mamona +
caupi houve redução no comprimento dos cachos em relação aos plantios isolado ou
consorciado com o amendoim (Tabela 13). O espaçamento entre as plantas de mamona não
interferiu no comprimento do cacho, tanto nos plantios isolados como nos consorciados.
Segundo Távora (1982) o comprimento do cacho pode atingir até 90 cm, existindo uma
grande variação na distância entre os frutos. Apesar do autor afirmar não haver correlação
positiva entre comprimento e produção de frutos da inflorescência, o estudo verificou que a
diminuição do comprimento do cacho reduziu o número de frutos/cacho.
O número de frutos/cacho variou entre 59,9 a 47,5 e foi maior nos cachos primários
em relação aos secundários e terciários que não diferiram entre si, em todos os sistemas de
plantio (Tabelas 12 e 14 ). Com relação aos sistemas de plantio nota-se um discreto aumento
no tamanho dos cachos na mamona isolada, espaçamento 2 x 1 m e consorciada com o
amendoim no espaçamento 3 x 1 m, embora estas diferenças não tenham atingido
significância estatística. Segundo a Embrapa (2004) o cultivar Nordestina produz em média
35 frutos/cacho. Todos os sistemas de plantio estudados apresentaram média de número de
frutos/cacho superior a este valor. Este fato deve ter ocorrido em decorrência provavelmente
de condições edafoclimáticas locais que favoreceram o aumento no número de frutos.
Trabalho realizado por Azevedo et al. (1998a) consorciando mamona e milho também não
constataram diferenças significativas no número de frutos/cacho nos sistemas utilizados.
O terceiro componente de produção de mamona estudado, o peso de 100 sementes,
variou de 56,2 a 65,5 g. Apesar dessa amplitude de variação, não foi constatado diferença
entre as médias. Esta variável apresentou grande estabilidade, não sendo influenciada pelos
diferentes espaçamentos e sistemas de plantio ( Tabelas 12 e 15). Resultados semelhantes
foram obtidos por Távora et al. (1988) consorciando mamona com caupi, gergelim e sorgo e
por Rando e Quintaniha (1990) consorciando mamona com milho, feijão comum e amendoim.
O rendimento em sementes (kg/ha) foi influenciado pelo sistema de plantio (Tabelas
16 e 17). A mamona isolada nos espaçamentos 2,0 m x 1,0 m e 1,5 m x 1,0 m assim como o
consórcio com amendoim no espaçamento 2,0 m x 1,0 m, apresentaram os maiores níveis de
produtividade, com valores variando entre 2009 a 2036 kg/ha (Tabela 17). Esses valores estão
73
acima dos observados por Araújo Filho et al. (2004), consorciando a mesma cultivar com o
amendoim, produzindo uma média de 1007 kg/ha. O consórcio com o amendoim no
espaçamento 3,0 m x 1,0 m determinou uma redução significativa de 22,9 % em relação ao
plantio isolado no espaçamento 1,5 m x 1,0 m. A presença do caupi no consórcio com a
mamona foi responsável pelas maiores reduções no seu rendimento com queda de 26,5 % e
47,2 % nos espaçamentos 2,0 m x 1,0 m e 3,0 m x 1,0 m, respectivamente, em relação ao
plantio isolado 1,5 m x 1,0 m. O menor efeito depressivo do amendoim em relação ao caupi
no rendimento da mamona talvez possa ser explicado pelas diferentes características de
crescimento das espécies e cultivares utilizadas. A cultivar de amendoim PI 165317 do grupo
SPANISH, apresenta porte ereto. A cultivar EPACE 10 apresenta hábito de crescimento semi-
ramador e desta forma, deve ter exercido uma maior competição sobre a mamona. Talvez o
uso de material de caupi com porte ereto venha a produzir, no consórcio com a mamona,
menor efeito restritivo no rendimento desta última.
Banzatto et al. (1986) verificaram que a competição entre os cultivos consorciados
foram mais intensos na fase de desenvolvimento vegetativo da mamona antes da primeira
colheita. Os autores recomendam o uso de culturas de ciclo curto na consorciação coma a
mamona para que esta não sofra competição na fase de crescimento reprodutivo.
A produção de sementes da mamona teve a participação do cacho primários,
secundários e terciários, não havendo a produção de cachos de ordem mais elevada. A figura
5 mostra que em todos os sistemas de plantio os cachos primários e secundários tiveram maior
participação no rendimento da cultura.
A análise dos tratamentos isolados revela uma redução na contribuição dos cachos
terciários no espaçamento 1,5 m x 1,0 m em relação ao 2,0 m x 1,0 m. Este fato pode ser
explicado pela maior competição havida entre as plantas no espaçamento mais fechado. No
sistema consorciado com o amendoim a participação dos cachos terciários foi maior que no
consórcio com o caupi nos dois espaçamentos da mamona (2,0 m x 1,0 m e 3,0 m x 1,0 m).
Este fato sugere que o amendoim deve ter exercido uma menor competição às plantas de
mamona que o caupi. Em conseqüência, a mamona apresentou um maior crescimento
possibilitando a produção de cachos terciários maiores e em maior número.
No consórcio com o amendoim houve uma maior proporção dos cachos terciários
quando a mamona foi espaçada em 3,0 m x 1,0 m. Esta resposta pode ser explicada pela
menor competição havida entre as plantas de mamona na menor densidade de plantio.
74
Rando e Quintanilha (1990) consorciando mamona com caupi e amendoim
verificaram que a participação dos cachos na produção de semente decrescia com o aumento
da ordem dos cachos e atribui esta diminuição à redução no comprimento dos cachos.
As produções de sementes da cultivar Nordestina nos plantios solteiro dos
experimentos realizados em 2003 (capítulo anterior) e 2004, foram de, 1021,7 e 2011.9 kg/ha.
Vale destacar que ambos os ensaios foram realizados no mesmo local, com o mesmo manejo,
variando apenas as condições climáticas ocorridas nos dois anos. A análise da participação
dos cachos na produção talvez explique em parte esta diferença. Em 2003, os cachos
terciários tiveram participação de 10,3 %, enquanto em 2004 ela aumentou para 23,6 %. A
maior participação dos cachos terciários na produção da mamona em 2004 talvez possa ser
explicado pelas melhores condições de umidade disponíveis no plantio, ampliando assim o
seu ciclo de crescimento, decorrente da melhor distribuição de chuvas, principalmente nos
meses de junho e julho ( Figura 1 e 4).
75
Tabela 12. Análise de variância para as variáveis comprimento do cacho (cm), número de frutos/cacho,
peso de 100 sementes (g) da mamona consorciada com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004.
Quadrado Médio
Fontes de variação GL
Comprimento do
cacho
Número
de frutos
Peso de 100
sementes
Sistemas (S) 5 76,14** 275,39 12,19
Cachos (C) 2 2828,72** 16416,79** 30,50
S x C 10 18,59 13,92 23,42
Blocos 2 8,59 125,35 51,78
Resíduo 34 12,07 84,62 11,52
Total 53
CV % 11,63 7,27 5,60
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
76
Tabela 13. Médias referentes ao comprimento do cacho (cm) da mamona em diferentes sistemas de
plantio com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004 .
Mamona Cacho
Isolada
2 x 1
Isolada
1,5 x 1
+ Caupi
2 x 1
+ Caupi
3 x 1
+Amendoim
2 x 1
+Amendoim
3 x 1
Primário 44,8 a 48,4 a 37,4 a 37,7 a 50,0 a 45,1 a
Secundário 29,5 b 26,0 b 23,3 b 21,8 b 26,5 b 27,5 b
Terciário 20,3 c 19,6 c 18,5 c 18,2 c 21,3 c 21,3 c
Média 31,5 A 31,3 AB 26,4 BC 25,9 C 32,6 A 31,3 AB
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
77
Tabela 14. Médias referentes ao número de frutos/cacho da mamona em diferentes sistemas de plantio
com caupi e amendoim . Quixadá, CE, 2004 .
Mamona Cacho
Isolada
2 x 1
Isolada
1,5 x 1
+ Caupi
2 x 1
+ Caupi
3 x 1
+ Amendoim
2 x 1
+ Amendoim
3 x 1
Primário 93,6 a 82,3 a 80,6 a 83,6 a 89,3 a 97,6 a
Secundário 44,6 b 36,6 b 33,3 b 38,3 b 37,6 b 45,3 b
Terciário 41,0 b 27,0 b 28,6 b 27,6 b 33,6 b 37,0 b
Média 59,7 A 48,6 A 47,5 A 49,8 A 53,5 A 59,9 A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre si pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
78
Mamona Cacho
Isolada
2 x 1
Isolada
1,5 x 1
+ Caupi
2 x 1
+ Caupi
3 x 1
+ Amendoim
2 x 1
+ Amendoim
3 x 1
Primário 59,3 a 59,1 a 60,5 a 60,7 a 57,8 a 60,9 a
Secundário 60,4 a 65,5 a 59,6 a 61,6 a 64,4 a 60,6 a
Terciário 64,6 a 59,2 a 56,2 a 57,3 a 57,8 a 63,8 a
Média 61,4 A 61,3 A 58,8 A 53,9 A 60,0 A 61,8 A
Tabela 15. Médias referentes ao peso de 100 sementes (g) da mamona em diferentes sistemas de
plantio com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004 .
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
79
Tabela 16. Análise da variância do rendimento de sementes (kg/ha) da
mamona consorciada com o caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004.
Quadrado Médio Fonte de variação Gl
Rendimento
Sistema 5 470250,99**
Blocos 2 33859,92
Resíduo 10 3189,12
Total 17 -
CV% - 10,46
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 17. Médias referentes aos rendimentos (kg/ha) da mamona
consorciada com caupi e amendoim. Quixadá, CE, 2004.
Sistema de plantio Rendimento
Mamona 2 x 1 m 2011,91 A
Mamona 1,5 x 1m 2009,07 A
Mamona+Amend. 2 x 1m 2036,21 A
Mamona+Amend. 3 x 1m 1477,28 B
Mamona + Caupi 2 x 1 m 1548,98 AB
Mamona + Caupi 3 x 1 m 1062,84 B
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem
significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
0
10
20
30
40
50
M-2 x 1 m M-1,5 x 1m M+A 2x1m M+A 3x1 m M+C 2x1m M+C 3x1m
Sistema de plantio
% Participação no rendimento
Racemo primário
Racemo secundário
80
Figura 5 - Participação dos cachos (racenos) no rendimento da semente de mamona (M) consorciada com o amendoim (A)
e caupi (C). Quixadá, CE, 2004
Racemo terciário
0
10
20
30
40
50
M-2 x 1 m M-1,5 x 1m M+A 2x1m M+A 3x1 m M+C 2x1m M+C 3x1m
Sistema de plantio
% Participação no rendimento
Racemo primário
Racemo secundário
Racemo terciário
81
Todos os plantios consorciados apresentaram vantagem no rendimento sobre os
isolados, expresso pelo UET. Os valores de UET variaram de 1,36 para o consórcio mamona
+ caupi no espaçamento 3,0 m x 1,0 m a 1,71 no espaçamento 2,0 m x 1,0 m. O consórcio
com o amendoim revelou vantagens de 46 e 53 % nos espaçamentos da mamona de 3,0 m x
1,0 m e 2,0 m x 1,0 m, respectivamente (Tabela 18 e Figura 6). Diversos autores também
encontraram índices de UET superiores á unidade nos consórcios mamona + amendoim e
mamona + caupi, com vantagens de 14 a 101% (TÁVORA et al., 1988; JESUS et al., 1987;
AZEVEDO et al., 2001b).
Quando o amendoim foi consorciado com a mamoneira no espaçamento 3,0 m x 1,0
m, não houve cultura dominante. Ao contrário, no espaçamento 2,0 m x 1,0 m, a mamona
nitidamente apresentou-se como dominante sobre o amendoim. Na consorciação com o caupi,
independentemente do espaçamento utilizado, a mamona foi sempre dominada. Talvez esta
dominação possa ser explicado pelo hábito de crescimento indeterminado associado ao porte
semi-ramador do cultivar de caupi utilizado.
Embora o melhor resultado do UET tenha sido obtido no consórcio mamona + caupi
no espaçamento 2,0 m x 1,0 m, vale destacar que neste tratamento o rendimento da
mamoneira foi de apenas 1548 kg/ha. Nota-se que esta cultura quando associada ao
amendoim, no mesmo espaçamento, apresentou o maior rendimento do ensaio com 2036
kg/ha de bagas. Assim, dependendo do interesse do produtor, talvez a melhor opção de cultivo
não seja necessariamente aquela em que o UET atinja valores máximos e sim a que
proporcione o maior rendimento da mamona, caso seja esta considerada a cultura principal.
82
Tabela 18. Uso eficiente da terra do consórcio da mamona consorciada com amendoim e caupi. Quixadá-CE. 2004.
Sistemas de plantio Rendimento (kg/ha) UET Parcial
Mamona Amendoim caupi Mamona amendoim caupi
UET
Total
Mamona 2,0 x 1,0 2011,9 - - - - - -
Mamona 1,5 X 1,0 2009,0 - - - - - -
Mamona+Amendoim 2,0 x 1,0 2036,2 1589,3 - 1,01 0,52 - 1,53
Mamona+Amendoim 3,0 x 1,0 1477,3 2208,3 - 0,73 0,73 - 1,46
Mamona+Caupi 2,0 x 1,0 1548,9 - 1181,0 0,77 - 0,94 1,71
Mamona+Caupi 3,0 x 1,0 1006,8 - 1085,0 0,50 - 0,86 1.36
Amendoim - 3009,0 - - - - -
Caupi - - 1254,3 - - - -
83
Figura 6 - Uso eficiente da terra (UET) do consórcio da mamona (A) com amendoim (A) e caupi (C). Quixadá, CE, 2004.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
UET Amendoim ou Caupi
UET Mamona
M+A 2x1 m
M+A 3x1 m
M+C 2x1 m
M+C 3x1 m
84
As culturas do caupi e do amendoim, quando em consorciação com a mamona,
apresentaram reduções nos rendimentos de grãos e vagens em relação aos plantios isolados
(Tabela 19 e 20). Resultados semelhantes foram verificados por Távora et al. (1988) quando
estudaram o caupi e o amendoim consorciados a mamona.
No caso do caupi, a redução foi maior no consorcio com a mamona no espaçamento
3,0 m x 1,0 m, enquanto no amendoim a maior redução ocorreu na consorciação com a
mamona no espaçamento de 2,0 m x 1,0 m. A redução no rendimento se deve provavelmente
à diminuição das populações destas espécies no consórcio. Em ambas as culturas houve
redução de 20 % na população do consórcio em relação aos plantios isolados. No caso do
caupi, a redução média no rendimento dos tratamentos consorciados foi de 10 %, valor menor
que o percentual de redução da população (20 %). Com o amendoim a queda de rendimento
foi maior na consorciação, somando em média 37 %, portanto, maior que a redução na
população das plantas.
85
Tabela 19. Análise de variância dos rendimentos (kg/ha) das culturas do caupi e
amendoim submetidas a diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2004.
Quadrado Médio
Fonte de variação GL
Caupi
Rendimento
Amendoim
Rendimento
Sistema 2 21633,77 * 1519840,77 *
Blocos 2 23458,73 12301,44
Resíduo 4 3095,79 235476,61
Total 8 - -
CV % - 4,72 21,38
* Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 20: Médias do rendimento (kg/ha) de grãos do caupi e vagem de amendoim
em diferentes sistemas de plantio. Quixadá, CE, 2004.
Sistema de plantio Rendimento
Caupi Amendoim
Cultura isolada 1254,3 a 3009,0 a
Cultura + mamona 2 x 1 m 1181,0 ab 1589,3 b
Cultura + mamona 3 x 1 m 1085,0 b 2208,3 ab
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo
teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
86
3.4- CONCLUSÕES
O comprimento do cacho e o número de frutos por cacho foram reduzidos com o aumento
da ordem dos cachos.
O peso de 100 sementes não foi afetado pelos sistemas de plantio ou ordem dos cachos.
Independentemente do sistema de plantio, houve uma maior participação dos cachos
primários e secundários na formação do rendimento da mamona.
Todos os sistemas de consórcio entre as culturas da mamona com o caupi ou o amendoim
apresentaram vantagens de acordo com o uso eficiente da terra (UET).
Os rendimentos de sementes da mamona (kg/ha) foram máximos nos plantios isolados ou
consorciado com o amendoim no espaçamento 2,0 m x 1,0 m
A mamona teve o rendimento de semente mais reduzido quando em consórcio com o
caupi que com o amendoim.
O consórcio com a mamona determinou reduções nos rendimentos das culturas do caupi e
do amendoim.
87
3.5- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Campina Grande, v.5, n. 1, p. 255 - 265. 2001a.
AZEVEDO, D. M. P. de., SANTOS, J. W. dos., BELTRÃO, J. W. S., NÓBREGA, L. B. da.,
PEREIRA, J. R. Efeito da população de plantas no uso eficiente da terra dos consórcios
mamona/milho e mamona e caupi. Revista de oleaginosas e fibrosas, Campina Grande, v.5, n. 2,
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88
AZEVEDO, D. M. P. de. Et al. Manejo Cultural. In: AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F. O
Agronegócio da Mamona no Brasil. Campina Grande, PB. Embrapa Algodão. Brasília:
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AZEVEDO, D. M. P. de. BELTRÃO, J. W. S., VIEIRA, D. J. NÓBREGA, L. B. da. LIMA, E. F.
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