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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
METODOLOGIA PARA INOVAÇÃO DA
GESTÃO DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
Tese submetida à Universidade Federal de Santa Catarina
para a obtenção do grau de
DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA
Fernando Félix Espinosa Fuentes
Florianópolis, Outubro 2006.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
METODOLOGIA PARA INOVAÇÃO DA GESTÃO DE
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
FERNANDO FÉLIX ESPINOSA FUENTES
Esta tese foi julgada para a obtenção do título de
DOUTOR EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECÂNICA
Sendo aprovada em sua forma final.
________________________________________________
Fernando Cabral, Ph.D.
Coordenador do PPGEM - UFSC
___________________________________ ___________________________________
Acires Dias, Dr. Eng. Nelson Back, Ph.D.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
ORIENTADOR CO-ORIENTADOR
BANCA EXAMINADORA
___________________________________ ___________________________________
Acires Dias, Dr. Eng. Gilberto Francisco Martha e Souza, Dr. Eng.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Universidade de São Paulo - USP
Presidente Relator
___________________________________ ___________________________________
Kátia Lucchesi Cavalca Dedini, Dra. Eng. Osmar Possamai, Dr. Eng.
UNICAMP Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
________________________________________________
André Ogliari, Dr. Eng.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
ads:
También se os ha dicho que la vida es oscuridad, y en vuestro
cansancio, repetís lo que aquellos cansados os dijeran.
Y yo os digo que la vida es en verdad oscuridad, excepto
donde hay un anhelo.
Y todo anhelo es ciego, excepto cuando hay saber.
Y todo saber es vano, excepto cuando hay trabajo.
Y todo trabajo es inútil, excepto cuando hay amor.
Y cuando trabajáis con amor, os integráis a vosotros mismos, y
el uno al otro, y a Dios.
Gibran Khalil Gibran
A toda mi familia que siempre está presente en mi corazón
Fernando
La busqueda del conocimiento inevitablemente pasa por el
encuentro de un nuevo amigo.
Mi eterna gratitud para mis profesores orientadores Acires Dias y
Nelson Back por el gran afecto y apoyo que me brindaron, y para
todos los integrantes del NEDIP por tan cálida acogida.
i
RESUMO
Entre as funções administrativas e operacionais as mais relevantes são a produção e a
manutenção já que, em conjunto, têm que entregar os produtos ou serviços no tempo indicado,
com a qualidade solicitada e a quantidade projetada. Devido a isso a manutenção assume uma
importância estratégica na estrutura das empresas com reflexos diretos ao nível de operação e
logística. Muitas empresas estão conscientes dos desafios e têm implementado políticas ou
estratégias de gestão visando dar à função manutenção importância igual às outras funções da
organização.
As empresas brasileiras e, porque não dizer as empresas latino-americanas, têm manifestado
forte preocupação com a melhoria dos recursos físicos e humanos no contexto da manutenção.
A necessidade de aumentar a disponibilidade operacional vem sendo impulsionada pelos
requisitos de produtividade, aumento da qualidade, competitividade, abertura de mercados,
entre outros. Ocorre, porém, que há fortes limites de investimento, tem-se um parque
industrial envelhecido (vida média 15 – 25 anos) cuja indisponibilidade de 12% a 15% é, em
média, o dobro da operada nas empresas das nações economicamente desenvolvidas.
Pergunta-se, então: porque as empresas têm tido dificuldade de melhorar sua disponibilidade
operacional apesar dos investimentos em capacitação e modernização? As hipóteses
levantadas para responder a esta pergunta estão relacionadas com restrições no campo da
gerência de ativos, nos recursos metodológicos apropriados, nos recursos computacionais, na
capacitação integrada à cultura do “chão de fábrica” e na pesquisa científica apropriada às
necessidades da operação e manutenção.
Fundamentado nessas hipóteses apresenta-se neste trabalho uma metodologia para a
identificação de concepções da manutenção e para apoiar as decisões e implementação da
inovação da gestão da manutenção, levando em consideração a situação atual da organização
em relação aos aspectos tecnológicos, recursos humanos, processo produtivo e organizacional,
quanto às metodologias para gestão da manutenção. A metodologia apresenta uma estrutura de
conhecimento suportada por um software, que considera as bases de informação sobre os
ativos técnicos e humanos, para a função manutenção no contexto industrial. Identifica o
estágio atual do sistema de manutenção da empresa em relação a um referencial teórico e
indica o quanto é preciso investir para implementar a gestão selecionada, no horizonte de dois
ou de quatro anos.
Palavras-chaves: Gestão da Manutenção, Modelagem, Concepção de Manutenção, Inovação
da Manutenção.
ii
ABSTRACT
Production and maintenance are among the most relevant functions of an industrial concern
with a view to delivering products and services on time, with appropriate quality and quantity.
Consequently, maintenance assumes strategic importance within a company's structure that is
reflected in both logistics and in operations. Many firms, aware of the relevance of
maintenance to the strategic goals of the enterprise, have implemented policies aimed at
giving maintenance the same importance as other functions within the organization.
Brazilian and other Latin American companies have revealed notable apprehension regarding
upgrading the physical and human resources in the maintenance context. The need for
maximizing up-time is due to productivity requirements, quality concerns, overall
competitiveness, market presence and other factors. However, investment is limited and the
aged industrial equipment, with an average age of 15-25 years, has a down-time of 12-15%,
double that of economically developed nations. One might therefore ask why companies have
had difficulties in improving operational availability despite investment in training and plant
modernization. Our hypothesis is that restrictions in asset management, inappropriate
methodological and computational resources, the lack of a shop floor culture and inadequate
research are the causes of this difficulty.
In this work it is developed a methodology for identification of maintenance concepts to
support maintenance management innovation, considering technological and human resource
aspects of the current organizational structure.
The methodology presents a knowledge structure supported by a software, which considers
both physical and human resource assets having a bearing on the maintenance function and on
the industrial context. This is based on a sequential model characterizing the performance of
the maintenance functions, its characteristics and performance levels.
Key-words: Maintenance Management, Modeling, Maintenance Conception, Maintenance
Innovation.
iii
LISTA DE NOMENCLATURAS
ABRAMAN: Associação Brasileira de Manutenção
BBM: Behavior-Based Maintenance (Manutenção Baseada no Comportamento)
BSC: Balanced Scorecard (Indicadores de Desempenho Balanceados)
CMMS: Computer Maintenance Management Systems (Software para sistema de gestão de
manutenção)
EI: Employees Integration (Integração do Pessoal)
FIESP: Federação de Indústrias do Estado de São Paulo
FMEAC: Failure Mode Effect and Criticality Analysis (Análise dos Modos de Falha, Efeito e
Criticidade)
FOFA: Forças, Oportunidades, Franquezas e Ameaças (S.W.O.T)
GdF: Garantia de Funcionamento
IC: Inspeção Contínua
IDEF0: Integration Definition for Function Modeling (Modelo functional para defnição
integrada)
ILS/LSA: Integrated Logistic Support/Logistic Support Analysis (Suporte logístico integrado/
análise do suporte logístico)
IMMS: Intelligent Maintenance Management Systems (Sistema de gestão de manutenção
inteligente)
JIPM: Japanese Institute Plant Maintenance (Instituto japones de planejamento de
manutenção)
JIT: Produção Just-in-Time
LAAS: Laboratoire d’Analyse et d’Arquitecture des Systèmes
LCC: Life Cycle Costing (Custo do ciclo de vida)
MBC: Manutenção Baseada na Condição
MBD: Manutenção Baseada na Detecção
MBF: Manutenção Baseada na Falha
MBN: Manutenção Baseada no Negócio
MBO: Manutenção Baseada na Oportunidade
MBU: Manutenção Baseada no Uso
MCC: Manutenção Centrada na Confiabilidade
MO: Manutenção de Oportunidade
MOB: Mão de Obra
iv
MP: Manutenção Preventiva
MPT: Manutenção Produtiva Total
MSP: Manutenção sob Especificação
MTF: Manutenção de Tempo Fixo
OAF: Operar Até a Falha
OEE: Overall Equipment Effectiveness (Efetividade global do equipamento)
OOMM: Object/Objective Management Maintenance (Objeto/objetivo da gestão de
manutenção)
PDCA: Planejar, Fazer, Checar, Atuar
PGdF: Programa para a Garantia de Funcionamento
PPM: Projeto para Manufatura
RBM: Risk Based Maintenance (Manutenção Baseada no Risco)
SAP: Systems Applications and Products in Data Processing (Sistema para aplicação e
processamento de dados de produtos)
SMC: Strategic Maintenance Conception
S.I.A: Sistema de Informação Administrativo
SSCM: Sistemática de Seleção de Concepção de Manutenção
TFI: Inspeção de Tempo Fixo
TPM: Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total)
TQM: Administração Total da Qualidade
TQMain: Total Quality Maintenance (Manutenção para a qualidade total)
Cr
1,j :
Média do atendimento / Impacto (M/I)
MA
j
: Média do atendimento por equipamento
IP
i,j
: Criticidade dos equipamentos da linha
Cr
2,j
: Criticidade / valor investimento (C/V)
CRIT
j
: Criticidade dos equipamentos da linha
CE
j
: Valor do investimento (US$)
Cr
3,j
: Ordem das prioridades para a implementação
GM
i
: Nível atual da maturidade
imp
i,j
: Número de impactos
v
SUMÁRIO
RESUMO
i
ABSTRACT
ii
LISTA DE NOMENCLATURAS
iii
SUMÁRIO
v
LISTA DE FIGURAS
ix
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO TEMA
1
1.1 INTRODUÇÃO 2
1.2 OBJETIVO 6
1.2.1 Objetivos específicos 7
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO 7
1.4 O CONTEXTO DA TESE 8
CAPÍTULO 2 MODELOS DE CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO E
MODELOS PARA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA GESTÃO
13
2.1 INTRODUÇÃO 14
2.2 INOVAÇÃO DA FUNÇÃO DE MANUTENÇÃO 15
2.3 CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO PARA UM SISTEMA INDUSTRIAL 21
2.4 PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE MANUTENÇÃO: ESTADO DA ARTE 25
2.4.1 Manutenção Centrada na Confiabilidade – MCC 26
2.4.2 Manutenção Produtiva Total – TPM 29
2.4.3 Manutenção Baseada no Risco - RBM 31
2.4.4 Resumo comparativo de diversas concepções de manutenção 32
2.5 EXPERIÊNCIAS NA APLICAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DE MANUTENÇÃO 36
2.6 MODELOS PARA A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA FUNÇÃO DE
MANUTENÇÃO 39
2.6.1 Modelo para análise da maturidade da função manutenção 40
2.6.2 Modelo para a análise da situação da gestão de manutenção 44
2.6.3 Diagrama de causalidade para avaliação técnica e definição de estratégias 47
2.7 COMENTÁRIOS 49
CAPÍTULO 3 MODELAGEM DO PROCESSO DE SELEÇÃO DA
CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO
53
3.1 INTRODUÇÃO 54
vi
3.2 MODELAGEM DO PROCESSO DE ANÁLISE DA SELEÇÃO DA
CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO 55
3.2.1 Modelo conceitual 55
3.2.2 Modelo de avaliação para a implementação das concepções 57
3.3 DEFINIÇÃO DOS ANTECEDENTES PARA CADA PASSO DA
METODOLOGIA 61
3.3.1 Identificação e caracterização da empresa 62
3.3.2 Nível de atendimento aos requisitos pelos equipamentos produtivos,
manutenção, produção e logística 63
3.3.3 Análise detalhada da situação atual da função manutenção 67
3.3.4 Análise da maturidade da organização 69
3.3.5 Análise da criticidade dos equipamentos e da função manutenção 71
3.3.6 Análise dos parâmetros e seleção da concepção da manutenção 73
3.3.7 Análise econômica das alternativas de manutenção 77
3.4 PROCESSO DE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA 78
3.4.1 Hierarquização dos investimentos no parque de equipamentos 81
3.4.2 Hierarquização das atividades relacionadas com o melhoramento da
maturidade da organização para a manutenção 84
3.4.3 fatores chave de sucesso na implementação das estratégias de manutenção 87
3.5 COMENTÁRIOS 89
CAPÍTULO 4 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DA METODOLOGIA
E ANÁLISE DOS RESULTADOS 93
4.1 INTRODUÇÃO 94
4.2 ESTRUTURA DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 94
4.3 IMPLEMENTAÇÃO DA ANÁLISE DA INFORMAÇÃO FORNECIDA 95
4.4 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 97
4.5 NÍVEL DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS PELOS EQUIPAMENTOS
PRODUTIVOS, MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E PELA LOGÍSTICA 98
4.6 ANÁLISE DETALHADA DA GESTÃO ATUAL DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO 102
4.7 ANÁLISE DA MATURIDADE DA ORGANIZAÇÃO 104
4.8 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS E DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO 110
vii
4.9 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SELEÇÃO DA CONCEPÇÃO DE
MANUTENÇÃO 113
4.10 ANÁLISE ECONÔMICA DAS ALTERNATIVAS SELECIONADAS 120
4.11 COMENTÁRIOS 124
CAPÍTULO 5 MODELO DE MONITORAMENTO, CONTROLE E
PLANEJAMENTO DA APLICAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO
127
5.1 INTRODUÇÃO 128
5.2 GARANTIA DE FUNCIONAMENTO 128
5.3 INDICADORES DE EFICIÊNCIA 131
5.4. PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA A APLICAÇÃO DA GARANTIA
DE FUNCIONAMENTO 136
5.4.1 Módulo inicial 137
5.4.2 Indicador de confiança no equipamento 138
5.4.3 Indicador de eficiência da manutenção 140
5.4.4 Indicador de acesso ao equipamento 142
5.4.5 Indicador de segurança do equipamento 143
5.4.6 Índice global 144
5.4.7 Indicador de melhoria no equipamento 146
5.4.8 Indicador da qualidade da manufatura 147
5.4.9 Indicador da eficiência no custo 148
5.4.10 Informações complementares do programa 148
5.5 COMENTÁRIOS 149
CAPÍTULO 6 PROCESSO DE VALIDAÇÃO, CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
153
6.1 INTRODUÇÃO 154
6.2 PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA SISTEMÁTICA 155
6.3 CONCLUSÕES 159
6.4 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 162
ANEXO A DOCUMENTAÇÃO DA SISTEMÁTICA
170
A1. FLUXOGRAMA DA SISTEMÁTICA 171
A2 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 174
A2.1 Processo de diagnóstico 174
viii
A2.2 Percepção global da caracterização 174
A3 NÍVEL DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS PELOS EQUIPAMENTOS
PRODUTIVOS, PELA MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E LOGÍSTICA 180
A3.1 Processo de diagnóstico 181
A3.2 Resumo do nível de atendimento aos requisitos pelos equipamentos
produtivos, pela manutenção, produção e logística 181
A4 ANÁLISE DETALHADA DA SITUAÇÃO ATUAL DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO EM RELAÇÃO COM O SERVIÇO FORNECIDO NA
EMPRESA 182
A4.1 Processo de diagnóstico 182
A4.2 Resumo da análise detalhada da situação atual da função manutenção 183
A5 RESUMO DA ANÁLISE DA MATURIDADE PARA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO 183
A5.1 Processo de diagnóstico 183
A6 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS E DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO 185
A6.1 Processo de diagnóstico 185
A6.2 Relatório para análise da criticidade dos equipamentos 186
A7 ANÁLISE DOS PARÂMETROS E SELEÇÃO DA CONCEPÇÃO DA
MANUTENÇÃO 186
A7.1 Filtro para seleção das concepções 186
A8 ANÁLISE ECONÔMICA DAS ALTERNATIVAS DE MANUTENÇÃO PARA
UM HORIZONTE DE PLANEJAMENTO DADO 188
A8.1 Processo de diagnóstico 188
A8.2 Indicadores financeiros usados 188
ANEXO B QUESTIONÁRIOS PARA VALIDAÇÃO
189
QUESTIONÁRIO B1 190
QUESTIONÁRIO B2 191
ix
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1.1 Organização do conhecimento para definição do melhor sistema de gestão da
manutenção 10
Fig. 2.1 Triângulo estratégico para a gestão da manutenção (adaptado de ARANTES,
2002) 16
Fig.: 2.2 Fatores no processo da implementação da estratégia (adaptado de OKUMUS,
2003) 17
Fig. 2.3 Integração da manutenção no contexto produtivo (baseado em DIAS, 1996) 21
Fig. 2.4 Etapas na aplicação da MCC (adaptado de FLEMING et al. 1997e
CARRETERO et al, 2000) 27
Fig. 2.5 Processo de implementação da manutenção produtiva total (adaptado de
TSUCHIYA, 1992) 29
Fig. 2.6 Processo de implementação da concepção da manutenção baseada no risco
(adaptado de KHAN, 2003) 31
Fig. 2.7 Quadro resumo para as concepções de manutenção 33
Fig. 2.8 Diagrama radar para a análise da maturidade da organização (adaptado de
CLARKE e GARSIDE, 1997) 41
Fig. 2.9 Modelo situacional da função manutenção (adaptado de RIIS et al. 1997) 44
Fig. 2.10 Modelo para a análise da função manutenção, baseado em quadrantes
(adaptado de RIIS et al., 1997) 46
Fig. 2.11 Diagrama de estratégias e correlações (adaptado de ESPINOSA e SALINAS
2000) 48
Fig. 3.1: Modelo conceitual para definir o processo de inovaçao da concepção da
manutenção 56
Fig. 3.2: Modelo de avaliação e seleção das concepções de gestão de manutenção 58
Fig. 3.3: Antecedentes para a identificação e caracterização da empresa 62
Fig. 3.4: Fatores do nível de atendimento do equipamento aos objetivos da empresa 66
Fig. 3.5: Fatores para análise detalhada da situação atual da função manutenção 68
Fig. 3.6: Aspectos considerados para a avaliação da maturidade 70
Fig. 3.7: Fatores para análise de criticidade dos equipamentos e da gestão atual da
manutenção 72
Fig. 3.8: Fatores para análise das opções de concepções de manutenção 74
Fig. 3.9: Aspectos considerados na análise econômica para as alternativas selecionadas 77
x
Fig. 3.10 Processo de aplicação da metodologia para identificar a concepção da
manutenção 80
Fig. 3.11: Matriz de hierarquização para definir prioridades de investimentos baseado
nos critérios de criticidade e investimento 82
Fig. 3.12: Matriz de prioridades para ações relacionadas com a maturidade da
organização baseada no numero de impactos na organização 85
Fig. 3.13: Modelo integrado de formulação de estratégias (baseado em
CHAHARBAGHI e WILLIS, 1998) 88
Fig. 3.14: Dados para a análise de uma estratégia implementada 90
Fig. 4.1: Tela com sumário da Sistemática de Seleção de Concepção de Manutenção
(SSCM) para acessar as informações requeridas para aplicação da metodologia 95
Fig. 4.2: Formatação das regras em no formato Excel para análise do nível de
atendimento dos equipamentos de uma linha de produção 96
Fig. 4.3: Parte da tela de captura de dados para caracterizar a empresa (fonte FIESP,
2004) 97
Fig. 4.4: Relatório para os antecedentes da organização 98
Fig. 4.5: Parte da tela com dados para avaliar o nível de atendimento aos requisitos 100
Fig. 4.6: Relatório para o nível de atendimento dos equipamentos analisados 100
Fig. 4.7: Gráfico da média do atendimento aos requisitos dos equipamentos 101
Fig. 4.8: Gráfico da média do atendimento aos requisitos 101
Fig. 4.9: Tela para a entrada de dados para a análise da gestão da manutenção 102
Fig. 4.10: Resultados dos parâmetros avaliados na gestão da manutenção existente 104
Fig. 4.11: Relatório da avaliação da gestão da manutenção 105
Fig. 4.12: Parte da tela para introduzir dados para a avaliação da maturidade 106
Fig. 4.13: Quadro com os conceitos para o aspecto do apoio continuo 107
Fig. 4.14: Relatório para a análise de maturidade referida ao apoio da organização 108
Fig. 4.15: Relatório com aspectos complementares para o apoio da organização 109
Fig. 4.16: Resultados para a análise do apoio contínuo da organização 109
Fig. 4.17: Quadro resumo com todos os conceitos da maturidade para a organização 110
Fig. 4.18: Parte da tela para ingresso de dados para análise da criticidade 111
Fig. 4.19: Relatório para a análise da criticidade da linha de produção e do sistema de
gestão da manutenção 112
Fig. 4.20: Tela para o ingresso de dados para a seleção da concepção da manutenção 115
xi
Fig. 4.21: Recomendações para a gestão da manutenção conforme as metas declaradas 116
Fig. 4.22: Relatório para os requisitos a atender priorizados no atendimento 117
Fig. 4.23: Parte dos parâmetros considerados no filtro para selecionar as concepções
da manutenção 118
Fig. 4.24: Parte dos resultados relativos à análise dos parâmetros para seleção da
concepção de manutenção 120
Fig. 4.25: O nível de atendimento dos requisitos das concepções pela empresa
analizada 121
Fig. 4.26: Parte da tela para o ingresso de dados para a avaliação econômica das
concepções para um horizonte de 2 anos 122
Fig. 4.27: Resumo da avaliação econômica para as concepções selecionadas 123
Fig. 4.28 Quadro resumo dos custos atuais que serão usados como base para a análise
econômica 123
Fig. 5.1 Arvore da Garantia de Funcionamento (adaptado de AVIZIENIS et al. 2001) 130
Fig. 5.2 Feedback operacional para as medidas de eficiência (adaptado de TSANG et
al. 1999) 131
Fig. 5.3 Os componentes dos Indicadores de Desempenho Balanceados (adaptado de
PRADO, 2002) 132
Fig. 5.4 Indicadores diretos relacionados ao desempenho do equipamento 134
Fig. 5.5 Indicadores para os aspectos de finanças, processo interno e de aprendizagem 137
Fig. 5.6 Telas de introdução ao Programa de Garantia de Funcionamento (PGdF) 106
Fig. 5.7 Tela para a introdução de dados para calcular a confiança no equipamento 139
Fig. 5.8 Tela do gráfico para o indicador de confiança no equipamento 140
Fig. 5.9 Tela para o indicador da eficiência da manutenção 141
Fig. 5.10 Tela para o indicador do acesso ao equipamento 142
Fig. 5.11 Tela para o indicador do segurança do equipamento 144
Fig. 5.12 Tela para o indice global do equipamento 145
Fig. 5.13 Tela para o índice melhoria no equipamento 146
Fig. 5.14 Tela para o índice a qualidade da manufatura 147
Fig. 5.15 Tela para o indicador da eficiência no custo 149
Fig. 5.16 Tela para a funcionalidade do sistema 150
Fig.A1 Fluxograma da sistemática para seleção da concepção de manutenção 171
Fig. A2 Características para preencher o processo de diagnóstico 174
xii
Fig. A3 Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa 174
Fig. A4 Forma de efetuar a análise do grau de atendimento 180
Fig. A5 Variação do número de equipamentos da análise 181
Fig. A5 Variação do número de equipamentos da análise 181
Fig. A7 Análise da especificação da função administrativa para cada área de atuação 182
Fig. A8 Procedimento para o cálculo do valor medio do nivel de definição de cada
função administrativa
183
Fig. A9 Tela de captura de dados para a análise do nível de uso de metodologias 184
Fig. A10 Relatório para a análise de maturidade 184
Fig. A11 Relações matemáticas para o aspecto da maturidade 185
Fig. A12 Captura de dados para avaliar a criticidade dos equipamentos 185
Fig. A13 Procedimento para calcular a criticidade de um equipamento 186
Fig. A14 Nível mínimo para atender os requisitos da concepção relacionados com a
gestão, maturidade e tecnologia 186
Fig. A15 Nível mínimo para atender os requisitos da concepção relacionados com tipo
de produção, metas declaradas, confiabilidade esperada, etc. 186
Fig. A16 Captura dos dados para a análise financeira 188
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO TEMA
Neste capítulo apresenta-se uma visão geral da situação atual da função
manutenção no que se refere à forma de gestão, referida à nossa realidade, e se
definem os objetivos e alcances deste estudo bem como a estrutura deste trabalho.
2
1.1 INTRODUÇÃO
Nesta época de rápidas mudanças as organizações devem estar sempre sondando
por novos cenários, novos concorrentes, mudanças constantes nos requisitos, mudanças nas
tendências dos negócios, tecnologias inovadoras, aumento da complexidade dos sistemas,
exigências ambientais mais rigorosas, entre outros. Todos estes desafios devem ser
enfrentados pela organização como um todo e com todos os recursos que possui, ou seja,
ninguém e nenhuma função administrativa e produtiva podem ficar à margem ou
indiferente, sem fazer o seu melhor esforço.
Dentro das funções administrativas e operacionais as mais relevantes são a
produção e manutenção, já que ambas têm a missão de manter funcionando e melhorando a
infra-estrutura produtiva da organização. Em conjunto têm que entregar os produtos ou
serviços no tempo indicado, com a qualidade solicitada e a quantidade projetada. Em
outras palavras se está falando de confiabilidade do sistema produtivo, disponibilidade dos
equipamentos, alta mantenabilidade e segurança do pessoal e ambiente.
Este tema reflete a importância da manutenção na estrutura estratégica das
empresas e recentemente está sendo abordado por vários pesquisadores, sendo que todos
são unânimes quanto à importância que a função manutenção tem para alcançar um
adequado posicionamento no conjunto de empresas concorrentes. SWANSON (2001)
indica que cada vez mais e mais companhias, para alcançar o que se chama “World-Class
Performance”, estão demandando grandes esforços para melhorar a qualidade e a
produtividade e reduzir custos, e este direcionamento passa, de forma inevitável, por uma
efetiva manutenção.
O impacto potencial da manutenção ao nível de operações e logística (flexibilidade,
tempo de abastecimento, qualidade, etc.) é considerável e, além disso, as implicações
financeiras da manutenção são apreciáveis. O reconhecimento da manutenção como um
gerador potencial de ganhos é um desenvolvimento recente. Outro desenvolvimento
recente é o estudo sobre as inter-relações com as outras funções operativas da organização,
que agora é relevante e tem que ser otimizado (WAEYENBERGH et al., 2002).
TEIXEIRA (2001) e KARDEC (2003) concordam com o fato que a manutenção
tem um papel importante no apoio para manter a logística da empresa, a qual está
diretamente relacionada com a competitividade do sistema industrial. A gestão da
manutenção deve ter por princípio ser um apoio efetivo para conseguir a excelência
empresarial e contribuir com criatividade, flexibilidade, velocidade, cultura da mudança,
3
competência e trabalho em equipe, ou seja, a função manutenção não pode caminhar de
forma isolada do resto das funções da organização.
Os investimentos na manutenção tendem a crescer em todos os setores econômicos
de nossa sociedade apesar dos avanços tecnológicos, o que poderia levar a, pensar que é
uma contradição, mas, as principais razões são a contínua expansão dos bens de capital e
os requisitos de mercado que impõem uma alta confiabilidade. Soma-se a isto, o aumento
na qualidade da terceirização, o qual impõe à administração da manutenção ter
procedimentos muito bem descritos e exatos (DEKKER et al., 1998).
Muitas empresas estão conscientes dos desafios da função de manutenção e
implementam políticas ou estratégias para fazer dela uma função com a mesma
importância que outras funções da organização, ou seja, a função manutenção é parte
integral das estratégias que a organização deve implementar para ser a melhor. Considerar
a manutenção somente como uma função tática e operacional é ter uma visão míope
(TSANG, 1998). Também tem uma dimensão estratégica visando aspectos como: definição
da concepção da manutenção, gestão dos recursos à disposição da função, elaboração de
programas de manutenção, melhoramento das capacidades dos colaboradores, aumento do
desempenho dos equipamentos e obtenção da tecnologia necessária para manter os bens
durante sua vida útil.
Em uma das últimas pesquisas feita pela ABRAMAN (Associação Brasileira de
Manutenção) no ano 2003 e apresentada no 18º Congresso Brasileiro de Manutenção,
realizado em Porto Alegre – RS em Setembro de 2003, revela dados muito interessantes
que demonstram que as empresas brasileiras (e este resultado se pode fazer extensivo à
realidade latino-americana) estão preocupadas em melhorar seus recursos na área de
manutenção. Assim, por exemplo, o efetivo próprio de pessoal qualificado, ou seja, com
uma capacitação que atinja os objetivos da função de manutenção, apresentou uma
evolução de 21,01% em 1995 para 28,69% no ano 2003 (Tabela 1.1). O mesmo vale para
todos os níveis da função manutenção, no nível superior de 6,65% para 7,20%, no nível
técnico médio de 13,52% para 14,85% e no nível de mão-de-obra qualificada de 17,15 a
40,62%, no mesmo período, demonstrando com isto que há uma preocupação constante
nas empresas em ter um melhoramento significativo nas ações de manutenção (Tabela 1.2).
Em relação à idade média dos equipamentos e instalações das empresas esta se
mantém estável em um valor de 16,25 anos, o que revela que o nível tecnológico
atualizado dos equipamentos só é possível por meio de ações de manutenção. Mas, a
disponibilidade operacional, sendo crescente e variando de 85,82% em 1997 para 89,48%
4
em 2003. Contudo, ainda é baixa em relação à média dos melhores indicadores que é
93,3% (dado fornecido pela ABRAMAN).
Tabela 1.1 O efetivo próprio de pessoal na área de manutenção.
Colaboradores Próprios de Manutenção
Ano
Total das Empresas (TE) Total na Manutenção (TM) TM/TE
2003 109794 31504 28,69%
2001 159454 33015 20,71%
1999 133650 26257 19,65%
1997 154250 30750 19,94%
1995 320650 67375 21,01%
Fonte: Documento Nacional 2003: A situação da Manutenção no Brasil. Elaborado por
ABRAMAN.
Tabela 1.2 Qualificação do pessoal de manutenção.
Qualificação do Pessoal de Manutenção (%)
Ano
Nível
Superior
Técnico
Nível Médio
MOB
Qualificada
MOB Não
Qualificada
Não
Classificada
2003 7,20 14,85 40,62 4,94 32,39
2001 7,64 14,81 38,72 7,63 31,20
1999 7,08 13,135 38,06 6,77 34,74
1997 6,18 14,78 40,63 8,07 30,34
1995 6,65 13,52 17,15 8,81 53,87
Fonte: Documento Nacional 2003: A situação da Manutenção no Brasil. Elaborado por
ABRAMAN.
A pergunta que cabe fazer é: por que as empresas não conseguem ter uma
disponibilidade mais alta, apesar dos contínuos esforços que fazem na capacitação do
pessoal, no investimento em equipamentos, no apoio computacional e na melhor
organização de seus recursos? Uma das respostas é direta (baseada na observação pessoal e
intercâmbio de opiniões com especialistas na manutenção): o pessoal de manutenção não
aplica na forma certa uma metodologia que apóie a seleção adequada de modelos de gestão
da manutenção.
5
Alguns fatos podem confirmar a hipótese: muitas empresas produtivas adquirem o
software para aplicação no processamento de dados para toda a organização o SAP
(Systems Applications and Products in Data Processing). Estes softwares têm muito
sucesso por estar na forma de pacote padronizado que pode ser configurado para muitas
áreas e adaptável às necessidades específicas de uma companhia, mas, para suportar essas
necessidades inclui um grande número de funções feitas para negócios, o que dificulta em
grau extremo a análise da informação para a tomada de decisão na área de manutenção. O
problema é que quando se impõe um sistema de gestão que não leve em conta as
particularidades dos usuários este é rejeitado e o uso eficiente não ocorre.
Outro fato está relacionado com a aquisição de software chamados de sistemas de
gerenciamento de manutenção - CMMS (Computer Maintenance Management Systems) -
quando a função de manutenção deseja ter um sistema de informação próprio. O primeiro
passo é normalmente entrar em contato com empresas que vendem software para
administração da manutenção e, baseado em critérios econômicos e na comparação com
outras empresas que já possuem algum software, selecionar e adquirir um sistema. O
problema surge depois, no momento da implementação, porque a análise e o projeto do
sistema de informação não estão feitos, as funções administrativas, as tarefas e as
responsabilidades do manejo da informação não estão definidas e a principal conseqüência
é um aproveitamento ruim do investimento.
Soma-se ao anterior que na literatura quando se menciona o tema da seleção de
concepções para a gestão da manutenção, em geral são modelagens matemáticas muito
complexas e centradas num aspecto principal, por exemplo, ZHAO (2003) modela a
política de manutenção preventiva para equipamentos nos quais as ações de manutenção
não os devolvem para seu estado original completamente. MURTHY et al. (1999)
propõem um modelo matemático para decidir sobre a conveniência econômica de levar
para terceiros as tarefas de manutenção, baseado na complexidade do equipamento, seu
ciclo de vida e taxa de falhas.
O pesquisador TEIXERA (2001) modela o planejamento da manutenção como uma
modelagem multi–critérios para múltiplas decisões, cada uma delas com um custo
associado. CASSADY et al. (2001) utilizam a pesquisa operacional para definir as ações
de manutenção com a finalidade de incrementar a confiabilidade do equipamento
considerando os requisitos de operação. Outro caso similar é desenvolvido por MÁRQUEZ
et al. (2002) que propuseram resolver o problema mediante o uso do processo de decisão
semi-Markoviano.
6
Todos estes modelos requerem um nível de conhecimento matemático alto e um
grande investimento de tempo e esforço. Outras vezes, as descrições de como implementar
um sistema administrativo para a gestão são muito específicas e não servem como guia
para introduzir melhoramentos na função de manutenção. Este tipo de informação não é
útil para o pessoal de manutenção que não dispõe de tempo para fazer a implementação
dos modelos matemáticos e, portanto, vê com reticência o sucesso da administração
científica da manutenção.
A última razão, a qual está sustentada na experiência própria de vários anos na área
de manutenção e docência, e que se considera a mais importante, é que na generalidade das
faculdades de engenharia, a disciplina de manutenção é optativa ou no seu conteúdo
programático não trata temas relacionados com ferramentas de gestão estratégica, análise
de sistemas e gestão e controle de projeto aplicado à manutenção. Sabe-se, no entanto, que
a aplicação prática da gestão da manutenção para ser bem sucedida é, normalmente
complexa.
Em resumo, a gestão da manutenção está adquirindo importância como tema de
estudo para ser realmente aprofundado, no sentido de fazer que esta função, na prática, seja
um apoio real e não só um campo para propor modelagens matemáticas que são muito
difícieis na sua aplicação. Daqui nasce a principal motivação que vai a ser tratada nesta
tese, que é fornecer uma ferramenta de análise estrurada para que de apoio á toma de
decisão no momento de ter enfrentar um processo de mudanças na forma da gestão da
manutenção, e preencher assim, a falta de uma metodologia que forneça ajuda para definir
o melhor direcionamento no processo. Há que criar, em especial, pontes entre os
praticantes e os cientistas que trabalham com modelagem de otimização da manutenção de
tal forma que a aplicação das metodologias seja um real aporte à gestão e que seu produto
seja ótimo (RAUSAND, 1998). Assim, o escopo deste trabalho se centrará na definição de
uma metodologia que apóie a estruturação de um modelo de gestão da manutenção, com
diretrizes para selecionar a melhor concepção de acordo com a realidade atual da empresa
e sua projeção no futuro.
1.2 OBJETIVO
O objetivo desta tese é desenvolver uma metodologia para a identificação da
melhor concepção de manutenção para a situação atual da organização nos aspectos
tecnológicos, de recursos humanos e organizacionais. A perspectiva é contribuir com o
7
processo de inovação da gestão da manutenção industrial, no contexto particular da
indústria brasileira e latino americana.
1.2.1 Objetivos específicos
Conhecer o estado da arte no que se refere à gestão da manutenção em geral e as
concepções de manutenção, em particular, a partir de uma revisão bibliográfica.
Determinar mediante esta revisão, quais aspectos que faltam ser desenvolvidos para
contribuir com a área da gestão da manutenção e com novas ferramentas.
Propor um modelo para avaliar a implementação das alternativas das concepções de
manutenção, levando-se em conta que o roteiro sobre o qual o administrador da
manutenção vai avaliar as concepções tem que ser simples e dar uma visão muito
clara sobre a situação atual da manutenção da sua empresa.
Definir as variáveis de análise que conduzirão à seleção das alternativas de
concepção da manutenção considerando os aspectos a serem detectados na revisão
e que deverão ser desenvolvidos. Implementar o modelo de forma computacional
com a finalidade de ter uma ferramenta operativa.
Avaliar os modelos desenvolvidos mediante aplicações reais em empresas da região
e consulta a especialistas em distintas aplicações das concepções de manutenção,
tais como a manutenção centrada na confiabilidade, manutenção centrada no risco,
manutenção produtiva total, entre outras concepções.
Definir um modelo para avaliar e prever, o grau de sucesso da aplicação da
abordagem selecionada baseado na Garantia de Funcionamento, a fim de fechar o
círculo da gestão da manutenção.
Ajustar os modelos de acordo com as experiências das aplicações nas empresas e as
recomendações dos especialistas consultados.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está descrito em seis capítulos como se mostra a seguir:
Capítulo 2: Este capítulo apresenta revisão dos princípios de gestão aplicados à
função manutenção, das distintas concepções desenvolvidas para a função e de modelos
aplicados para fazer uma análise situacional da gestão da manutenção. As características
principais destes modelos formarão parte da metodologia que se desenvolverá nos
capítulos seguintes. Finaliza-se o capítulo com uma análise das lacunas ou itens que são
necessários desenvolver para ter uma ferramenta completa e de fácil aplicação para a
8
análise de um sistema atual de gestão da manutenção e para apoiar na tomada de decisão
sobre a seleção de uma nova alternativa de concepção da manutenção.
Capítulo 3: Neste capítulo, apresenta-se uma proposta do modelo de seleção e da
aplicação de concepções de manutenção em ambientes industriais considerando seus
aspectos comportamentais, relacionais e informacionais, para o apoio ao processo de
análise e introdução de mudanças. Este modelo é desenvolvido em duas etapas uma das
quais terá implementação computacional. Mostra-se ademais como deveria ser o processo
de aplicação desta metodologia quanto à manipulação da informação que é obtida no
processo de análise. Além disso, se identifica os aspectos que compõem a metodologia e
todas as variáveis de entrada para realizar a aplicação.
Capítulo 4: Neste capítulo se mostram as saídas que a sistemática chamada SSCM
(Sistemática de Seleção de Concepções de Manutenção) fornece, produto da análise dos
dados fornecidos pelo analista da manutenção, as quais estão apresentadas na forma de
gráficos, relatórios e recomendações para a implementação de melhorias no sistema da
função manutenção.
Capítulo 5: Este capítulo apresenta uma estratégia de planejamento e
acompanhamento do desempenho funcional de sistemas técnicos fundamentado na teoria
de Garantia de Funcionamento (GdF). Para facilitar as ações dos agentes e gestores de
manutenção foi desenvolvido um Programa Computacional de Garantia de Funcionamento
(PGdF). Este software sistematiza e processa as informações relacionadas com análises de
disponibilidade, confiabilidade, mantenabilidade, segurança e procedimentos. Os
resultados na forma de indicadores foram fundamentados nos conceitos contidos no
método de Indicadores de Desempenho Balanceados (Balanced Scorecard, BSC).
Capítulo 6: Finaliza-se este trabalho com uma análise dos resultados obtidos
incluindo comentários e aportes na validação do modelo usado para a metodologia e se
conclui com recomendações para pesquisas futuras que incrementariam esta proposição.
Anexo: No Anexo A tem-se a documentação da sistemática e no Anexo B os
questionários para a validação da sistemática.
1.4 O CONTEXTO DA TESE
“Na manutenção da indústria brasileira, existem práticas desde o tipo puramente
corretivas, ou seja, "quebrou-conserta", até técnicas pró-ativas, ancoradas no uso de
tecnologias e processos avançados. Nesse contexto, destacam-se empresas dos setores de
papel e celulose, petroquímico, aviação e siderúrgico como impulsionadores da utilização
9
de técnicas de ponta em engenharia de confiabilidade. Os avanços em determinados
segmentos são resultado das condições de mercado que exigem maior competitividade e,
em conseqüência, maior disponibilidade operacional e menor custo. A manutenção na
indústria brasileira está sintonizada com essa evolução e outras portas se abrirão para
novos avanços" (A MANUTENÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO MUNDIAL,
editorial da Revista Manutenção Edição 98 - Maio / Junho 2004, editada por ABRAMAN).
É amplamente reconhecido que a função manutenção aporta valor à organização
produtiva, quando esta é realizada de forma adequada, ou seja, que seus objetivos sejam
definidos em concordância com o negócio da organização. As empresas estão descobrindo
a importância de um plano estruturado de manutenção dos equipamentos por meio da
aplicação dos conceitos de confiabilidade. Mas ainda existem empresas experimentando
soluções caseiras ou alocando equipes internas para efetuar estudos, auxiliadas por
consultores com pouca experiência no âmbito da manutenção ou poucos conhecimentos de
gestão aplicada na Função Manutenção.
Resultados das soluções aplicadas no âmbito da manutenção indicam que a
disponibilidade do parque industrial, para a grande maioria das empresas produtivas, ainda
é baixa quando comparada com empresas de países economicamente desenvolvidos. Para o
mundo atual dos negócios isto é uma desvantagem que não pode ser permitida. Soma-se ao
anterior o fato de que os custos vão crescendo em face do uso de equipamentos com
requisitos de tecnologias cada vez mais sofisticadas, da necessidade de colaboradores
altamente qualificados e das limitações de capital para novos investimentos.
As diretrizes que as empresas adotam para serem competitivas, em geral,
atravessam verticalmente todos os níveis da organização e cada nível deve definir as suas
ações para atingir a meta que é fixada. Aqui se torna necessário dominar estratégias, no
âmbito da manutenção, para responder aos novos requisitos da gerência. Percebe-se então
ser necessário dispor de uma metodologia apropriada para gerir os recursos existentes para
responder aos requisitos de produção.
Devido a isso, nesta proposta de tese objetiva-se apresentar uma metodologia que
forneça à equipe de analistas uma visão sobre o nível de desenvolvimento daqueles
parâmetros que são importantes no momento de aplicar uma nova concepção, ou mudança,
no âmbito da manutenção. Na Fig. 1.1 descreve-se o contexo da metodologia proposta que
auxiliará ao analista ou encarregado da função manutenção na tarefa de definir qual é a
concepção mais adequada de manutenção, para as características próprias da sua empresa e
do entorno em que se desenvolve.
10
Fig. 1.1 Organização do conhecimento para definição do melhor sistema de gestão da
manutenção
SISTEMA DE GESTÃO DA FUN
Ç
ÃO MANUTEN
Ç
ÃO
Processos de
manutenção,
adequação e
melhoramento
Recursos humanos
Recursos financeiros
Conhecimentos
Tecnologia
Recursos físicos
POLÍTICAS,
ESTRATÉGIAS E
TÁTICAS DA
ORGANIZAÇÃO
Novas tecnologias
Novos equipamentos
Novas formas de gestão
Novos conhecimentos
Políticas de manutenção para cada
equipamento
Programa de ações de manutenção
Disponibilidade de recursos
Dimensionamento da
capacidade de operação
Quantidade e qualidade dos
recursos
Conhecimentos e tecnologia
necessários
Estratégia de integração com
outros departamentos
Estrutura administrativa
Requisitos de infraestrutura
Sistema de planejamento e controle
Recrutamento e capacitação
Sistema de informação da manutenção
Sistema de medição do desempenho e
incentivos
SSCM:
Sistemática de
Seleção de
Concepções de
Manutenção
CONCEPÇÃO DE
MANUTEN
Ç
ÃO
Desempenho dos recursos
Requisitos dos recursos
Equipamento
confiável, produtivo,
atualizado, seguro e a
custo mínimo
11
A definição da concepção da manutenção reflete o que a empresa espera da função
manutenção para acompanhar a consecução dos objetivos do negócio da empresa. Isto é só
uma pequena parte de todo o processo de gestão da manutenção.
A tarefa da gestão da manutenção não termina na definição da concepção, só é a
primeira fase do processo. A gestão refere-se a todo o conjunto de ações, decisões e
definições sobre todo o que tem que se fazer, possuir, usar, coordenar e controlar para gerir
os recursos fornecidos para a função manutenção e fornecer assim os serviços que são
esperados da função manutenção.
Os elementos que devem ser atendidos na elaboração da estratégia da manutenção
são: a capacidade de operação, a quantidade e disponibilidade de recursos, conhecimentos
e tecnologia necessários e a integração com outros níveis organizativos da empresa. Além
dos elementos de infra-estrutura física e administrativa, tem-se o sistema de planejamento,
controle, recrutamento e capacitação de pessoal, entre outros tantos elementos necessários
para uma boa gestão.
Na elaboração da sistemática, entre os aspectos mais destacados se pode considerar:
1. Aspectos relacionados ao parque de equipamentos. O período de vida útil do
equipamento da empresa tem um papel importante na implementação de uma
concepção. Por exemplo, pode haver muita dificuldade de implementar uma
concepção visando alcançar alta disponibilidade se o parque tem uma idade
superior a 25 anos, ou, implementar MCC se o equipamento é antigo e não existe
informação sobre históricos de manutenção.
2. Aspectos relacionados à maturidade da organização. O fator humano e a cultura
da organização têm uma influência relevante para o desenvolvimento e sucesso
no momento de empreender ações para mudar a forma de realizar a gestão. Se os
profissionais que integram a equipe de trabalho não acreditam na nova forma de
gestão, vai ser muito difícil e oneroso chegar a um final adequado. Torna-se
praticamente impossível se a gerência não acredita no empreendimento. Por isto
nesta metodologia estes aspectos são de alta importância para a análise de
alternativas de gestão da manutenção.
3. Aspectos relacionados com as distintas concepções de manutenção já definidas
por diversos autores. A metodologia vai incluir, como uma etapa no seu
desenvolvimento, a medição do grau de preparação da atual função manutenção
para a implementação de umas destas metodologias, ou seja, ser um filtro para
evitar uma aplicação incorreta.
12
4. Aspectos relacionados com o investimento de recursos econômicos. Esta etapa
está destinada a fornecer um guia à equipe de avaliação para se obter uma noção
do investimento e as ações que são necessárias a planejar, já que a forma como é
realizado este estudo é similar à avaliação de um projeto de investimento.
Este trabalho pretende ser mais um elemento entre os estudos acadêmicos que
apontam metodologias ou ferramentas para ajudar os administradores e profissionais da
manutenção a fazerem da gestão um efetivo apoio para a empresa, de acordo com os novos
desafios que o mercado global está impondo. Deste modo, verifica-se que a passagem da
manutenção tradicional para uma gestão de ativos industriais vai tomando forma clara,
principalmente, no cenário atual de desaceleração de investimentos. Nestes tempos a
função manutenção tem sido particularmente solicitada, fazendo com que questões como
ciclo de vida, relação custo/benefício, ganhos de produtividade e rentabilidade do capital
investido passem a ser considerados com prioridade no estabelecimento de diretrizes
estratégicas adequadas a esta realidade. Está se falando de performance técnica, tanto na
operação como na manutenção e, por isso, a função manutenção tem que estar se
aparelhando com ferramentas mais elaboradas e competências mais ampliadas, com uma
nova visão apontando para uma contribuição econômica ao produto.
13
CAPÍTULO 2
MODELOS DE CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO E
MODELOS PARA ANÁLISE DA GESTÃO
Realiza-se uma revisão das distintas concepções desenvolvidas para a função
manutenção e dos modelos para a análise da gestão da manutenção. As
características principais destes modelos formarão parte da metodologia que se
desenvolverá nos capítulos seguintes. Finaliza-se o capítulo com uma análise das
lacunas ou itens que são necessários desenvolver para ter uma ferramenta
completa, de fácil aplicação para apoiar a seleção de uma nova alternativa para
a concepção da manutenção.
14
2.1 INTRODUÇÃO
O propósito de uma organização para a manutenção pode ser definido como um
conjunto de elementos básicos que caracterizam aquilo que a organização gostaria de ser
no futuro, sua vontade, seu desejo de ser e de agir. Enfim, o propósito sintetiza a vontade
própria, sua auto-imagem e suas crenças básicas, transcendendo as circunstâncias, não se
limitando pelo ambiente externo nem pela capacitação atual (ARANTES, 2002).
KONONEN (2002) e VERNA (2002) destacam o fato que a manutenção é uma
combinação de ações técnicas definidas a partir de uma concepção da manutenção, de
ações administrativas e de gestão durante o ciclo de vida da máquina na intenção de manter
ou retorná-la ao estado onde possa cumprir sua função. Dão especial ênfase à condição de
gestão e indicam que a alta eficiência é obtida mediante três atributos: alta confiabilidade,
alta mantenabilidade e eficiente sustentabilidade, parâmetros a serem monitorados
continuamente.
A função manutenção para cumprir de maneira satisfatória o seu objetivo e se
tornar competitiva deve adotar os princípios de administração contidos nos conceitos da
gestão estratégica, desenvolver-se ao mesmo ritmo que as demais funções administrativas
da organização e desta forma, fornecer um serviço eficiente a seus clientes, que são os
ativos da empresa. Deve ter uma visão, uma missão e uma abrangência bem definida, ou
seja, o que a função manutenção quer ser no futuro dentro da organização, qual é a
necessidade básica que a função pretende suprir e, finalmente, quais são as limitações reais
ou auto-impostas para a atuação da função.
A concepção de manutenção se refere, em essência, a ter objetivos definidos,
delineamentos administrativos e procedimentos para enfrentar e gerir as tarefas de
manutenção que indicam como conseguir o melhor rendimento dos equipamentos e
recursos definidos para a manutenção (GITS, 1992).
O assunto central está relacionado com o volume, quantidade, complexidades e
inter-relações dos equipamentos que devem ser atendidos. Assim, para um equipamento
único e para uma necessidade bem determinada, não é necessária uma estratégia muito
sofisticada para manter o equipamento em funcionamento pelo período de vida útil e cujo
conceito foi definido no seu projeto, o qual é conhecido pelo usuário.
O caso mais distinto se refere à estratégia que uma organização industrial deve
adotar para manter todo seu ativo patrimonial em boas condições e com um processo de
depreciação adequado. As variáveis, deste caso, e os problemas a resolver tendem a
15
aumentar de forma drástica, entre os quais os seguintes: definição dos tipos de
manutenção, atendimento conforme a criticidade de cada equipamento, cronogramas de
parada dos equipamentos, definição da qualidade da mão-de-obra e sua obtenção,
avaliação dos serviços de terceiros, introdução de novas tecnologias, decisão sobre a
eliminação de equipamentos e sua substituição, definição de canais logísticos, definição do
sistema de informação e de administração, etc. No entanto, o aspecto mais relevante que
deve ser conhecido é a maturidade da equipe e a maturidade da organização da função
manutenção, com a finalidade de contar com o apoio suficiente para evoluir conforme
mudam as condições do entorno.
A concepção de manutenção relacionada com um equipamento individual é
definida na etapa de projeto informacional, pela consideração do atributo de
mantenabilidade. Esta característica deve ser levada em conta no momento de integrar o
equipamento no sistema industrial, ou seja, na definição da forma da gestão de
manutenção.
Para inovar a função manutenção é requerido o uso de modelos para a análise da
situação da gestão, de maturidade, de causalidade e financeiros no contexto organizacional.
Isto define as variáveis que são matérias de estudo e análise, sua relação com as demais
funções produtivas e administrativas, e concentrar-se naquilo que é importante para
melhorar o desempenho. Os itens aqui definidos formarão parte do procedimento para
chegar a selecionar a concepção mais adequada para a função manutenção, conforme os
objetivos para ela propostos.
2.2 INOVAÇÃO DA FUNÇÃO DE MANUTENÇÃO
Pode-se conceituar a inovação da gestão da manutenção como um processo
sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderança da alta
administração da instituição, envolvendo e comprometendo todos os gerentes, responsáveis
e colaboradores da organização (ARANTES, 2002). É um trabalho em equipe que tem por
finalidade assegurar o crescimento de seu nível tecnológico e administrativo, a
continuidade na sua gestão assegurando a eficiência de seus serviços, via adequação
contínua de sua estratégia, de sua capacitação e de sua estrutura, possibilitando-lhe
enfrentar e se antecipar às mudanças observadas ou previsíveis no seu ambiente externo.
Para formular um plano de desenvolvimento da manutenção, três aspectos
importantes devem ser considerados:
16
O propósito que define o objetivo da função de manutenção, ou o estado a que se
pretende chegar;
O ambiente que define até que ponto se pode chegar, de acordo com a
disponibilidade de recursos e restrições reguladoras internas e externas, e;
A capacitação que responde ao nível de preparação que tem a equipe de manutenção
para enfrentar as tarefas necessárias de acordo com o objetivo proposto.
A fim de orientar estas três questões encontra-se no centro do triângulo estratégico (ver
Fig. 2.1) a estratégia que define o que se vai fazer.
Fig. 2.1 Triângulo estratégico para a gestão da manutenção (adaptado de ARANTES,
2002)
O ponto de partida é uma avaliação da importância da função manutenção
(conjunto de recursos humanos e físicos com tarefas, procedimentos e objetivos cujo fim é
dar manutenção aos ativos físicos da organização). A importância desta função deve ser
analisada em confronto com os requisitos que são impostos para atender o conjunto de
equipamentos de acordo com o nível de confiabilidade requerido. Esta análise deve ser
feita antes que as condições sejam negativas para a empresa.
OKUMUS (2003) identifica quatro fatores que se deve conher para assegurar que a
implementação da estratégia, a qual foi definida por algum método de seleção, tenha
sucesso e se consiga cumprir com as metas traçadas para a organização. Estes fatores são:
o conteúdo estratégico, o contexto estratégico, o processo operacional e os resultados
esperados (Fig. 2.2).
Estratégia: o que se vai
fazer?
Ambiente: o que é permitido
fazer?
Capacitação: o que se pode
alcançar?
Propósito: o que se quer ser?
17
Fig.: 2.2 Fatores no processo da implementação da estratégia (adaptado de OKUMUS,
2003)
Para a função manutenção, cada um dos fatores nomeados tem a seguinte conotação:
O conteúdo estratégico se refere a como e por que a mudança é iniciada. Para este
fator do processo, a nova estratégia para a função manutenção deve ser consistente
com os objetivos estratégicos globais da empresa, pelo qual o eixo central para a
nova iniciativa deve estar claramente identificado, bem como, a participação ativa
de todos os níveis administrativos da empresa.
Também tem que ser quantificado o potencial de impacto da nova iniciativa sobre
projetos em desenvolvimento e futuros projetos, bem como o impacto potencial
sobre outras estratégias que se desejem implementar no futuro.
O contexto estratégico pode se dividir em dois: o contexto externo e o contexto
interno, e ambos têm uma grande influência para definir o conteúdo estratégico que
será a entrada informacional para o processo operacional.
O contexto externo está diretamente relacionado com a variabilidade do ambiente
onde está inserida a organização produtiva, e são estas mudanças que repercutem
na função manutenção, assim como, novos requisitos tecnológicos para os
produtos, novas condições ambientais que devem ser atendidas, novas condições
financeiras que afetam a rentabilidade do negócio, etc. Tudo isto impõe novas
formas de gestão para os ativos físicos.
Em referência ao contexto interno, a estratégia tem que levar em conta os aspectos
relacionados com a estrutura organizacional, como organograma, divisão do
Processos operacionais
Conteúdo Saídas
Contexto externo
Contexto interno
Lideran
ç
a
18
trabalho, funções e responsabilidades do trabalho, a distribuição do poder e o
processo de tomada de decisões. Também se deve incluir na análise a cultura
organizacional, ou seja, a cultura para as mudanças e atitudes para dar colaboração
e o aspecto da liderança, selecionando pessoal capacitado e com ascendência e
participação gerencial. Este último ponto tem uma influência notável para o
processo de aplicação da concepção da manutenção.
No processo operacional os aspectos que têm que ser contemplados para conseguir
sucesso na aplicação da concepção para a manutenção são: o planejamento
operacional que tem relação direta com a preparação e o planejamento da
implementação das atividades consideradas para o projeto. Além da coordenação
das diferentes áreas que participarão do projeto, a definição de um projeto piloto,
avaliação e retro-alimentação dos conhecimentos adquiridos, e a aprovação de um
cronograma de atividades devem ser contemplados.
Outros aspectos que estão relacionados são: a definição ou alocação do fluxo de
recursos necessários para a implementação do projeto, tanto os recursos financeiros
como os humanos; o recrutamento do pessoal adequado, para o qual deve se definir
a capacitação e os incentivos que serão necessários; os canais de informação para a
condução de informação formal e informal; e por último, os mecanismos para o
controle e retro alimentação conjuntamente com a definição dos padrões de
eficiência.
O último ponto considerado para o processo de implementação de uma estratégia é
a saída desejada do projeto, que pode ser tangível ou intangível. Para a equipe que
esteve a cargo da implementação do projeto, uma característica muito desejável é a
capacidade de analisar os resultados que se obtiveram, sejam estes bem-sucedidos
ou não. Para ambos os casos, se deve analisar as fontes de erros e as áreas dentro do
planejamento e da execução, que podem ser melhoradas e para onde estes
conhecimentos podem ser transmitidos.
Há uma ampla concordância entre diversos autores de que a engenharia e a gestão
da manutenção estão recebendo cada vez mais atenção, especialmente devido à
necessidade de obter dos equipamentos, de alto custo, uma alta produtividade, como
também influir fortemente, mediante uma efetiva manutenção, no diferencial competitivo
do seu produto. Mas, a atenção que recebe a função manutenção é, freqüentemente,
resultado de uma ação isolada sem uma adequada integração entre as variadas técnicas
empregadas (COETZEE, 1999).
19
Neste sentido COETZEE (1999), WAEYENBERGH e PINTELON (2002)
destacam que a forma correta para direcionar as necessidades para uma função de
manutenção efetiva dentro da organização é tendo a visão holística da função. Outro ponto
em destaque é que para alcançar um real melhoramento, existe a necessidade de integrar
completamente a manutenção no sistema de negócios da empresa (GITS, 1992),
especialmente usando tecnologias da informação e formulando uma concepção com bases
teóricas comprovadas (SHERWIN, 2000; VATN et al., 1996, PUN, 2002; ZHU, 2002).
Além disso, se as variadas metodologias, filosofias e técnicas empregadas são
apropriadamente coordenadas e planejadas, o efeito é um melhoramento bem sucedido da
função manutenção.
A aproximação mais frequente para incrementar a eficiência da função de
manutenção é implementar alguma técnica ou concepção
1
de manutenção mais divulgada.
Isto inclui MCC (manutenção centrada na confiabilidade), TPM (manutenção produtiva
total), MBC (manutenção centrada na condição), CMMS (sistemas de administração da
manutenção computadorizada) entre outras. Todas estas técnicas contribuiram, de alguma
forma, para o sucesso da organização da manutenção, mas, a forma casual ou improvisada
em que elas são introduzidas pode não resultar na otimização de sua aplicação (COETZEE,
1999).
A forma recomendada, por diversos pesquisadores, para alcançar o sucesso na
aplicação de uma maneira da gestão da manutenção não é muito variada, e todos usam um
processo iterativo entre diferentes etapas, onde identificam os parâmetros que deveriam ser
desenvolvidos para obter o sucesso na implementação do sistema de gestão.
Os pesquisadores VANNESTE e VAN WASSENHOVE (1995) no projeto
Computer Aided Maintenance Management”, usaram um enfoque de integração dos
aspectos relacionados com eficácia e eficiência na proposição de um modelo para a gestão
da manutenção. A concepção consiste de duas grandes áreas: a primeira parte é relacionada
com a análise de eficácia, a qual tem como objetivo detectar os problemas mais
importantes e suas soluções potenciais. Na segunda parte, que corresponde à análise de
eficiência, assegura que os esforços dedicados ao melhoramento são voltados às tarefas
mais importantes. Todas as fases constituem um ciclo fechado o qual é repetido em um
programa de melhoramento contínuo dos procedimentos de manutenção e da informação.
1
Técnica se refere ao uso de facilidades para definir as ações de manutenção e concepção á definição do
objetivo principal da função manutenção.
20
O modelo proposto por COETZEE (1999), para estudar o processo de
implementação da gestão usa como base para a discussão a concepção holística da
manutenção. A concepção holística que COETZEE (1999) propõe, está baseada no fato de
que a complexidade no planejamento da função manutenção, onde intervêm múltiplos
fatores, requer uma concepção a qual deve ser estrategicamente conduzida. Esta deve
contemplar áreas tão importantes como o clima organizacional, a disponibilidade de
pessoal para as necessidades futuras, capacitação, disponibilidade de recursos, sistema de
informações, etc. A organização da manutenção é um sistema onde as variadas partes
devem funcionar em total harmonia para alcançar o objetivo de fornecer a máxima
contribuição para atinguir as metas da organização. Tal harmonia não pode ser conseguida
mediante a implementação de soluções altamente sofisticadas e localizadas para problemas
experimentados em sub-partes da organização. A única solução é um aproveitamento
holístico que considera todas as partes críticas da organização da manutenção ao mesmo
tempo.
Outro aspecto destacado por todos os autores em relação à gestão da manutenção, é
o uso da informação, a qual é um complemento fundamental, mas também deve ser usada
na sua quantidade e qualidade adequada. HASSANAIN et al. (2001) se concentraram em
desenvolver um sistema genérico de gestão da manutenção com forte apoio de um sistema
de informação, o qual pode ser customizado à medida da empresa. A sua argumentação é
que apesar da disponibilidade de sistemas de software para gestão de manutenção a
administração da informação não é boa e muito desta é perdida por causa da sua baixa
padronização e, portanto, é quase nulo o aproveitamento em outras aplicações dentro da
organização.
WAEYENBERGH e PINTELON (2002) destacam em seu modelo, também o fato
de que a concepção de manutenção deve ser desenvolvida de forma holística, considerando
aspectos técnicos e administrativos e todas as suas inter-relações, agregando-se uma
condição a mais no processo de análise e estudo, além da customizacão da concepção. No
entanto, a estrutura básica aplicada para desenvolver tal concepção é comparável entre as
diferentes análises feitas para cada implementação. O fato de propor uma customização na
gestão da manutenção está baseado em experiências na aplicação de metodologias como
MCC, TPM e LCC. Como cada empresa tem condições particulares, a aplicação das
metodologias tal como é descrita na literatura, não dá respostas totais para todos os
problemas na gestão. As empresas necessitam customizar os conceitos aplicados trazendo
21
idéias de outras concepções teóricas e adaptando-as para seus espaços e assim criar a sua
própria e flexível concepção da manutenção.
Tem-se um amplo consenso entre os pesquisadores de que a função manutenção
tem um papel muito importante no esquema de negócios da empresa e é neste foco onde
ZHU et al. (2002) propõem um modelo para a administração chamado de gestão da
manutenção orientada ao objeto/objetivo (OOMM). O argumento é que as empresas
necessitam visualizar o processo de manutenção de uma forma sistêmica, desde as
perspectivas administrativa e tecnológica. O conceito de OOMM ajuda as empresas a tratar
com o processo de manutenção, a se focalizar no processo de administração das atividades
de manutenção e avaliar a cadeia de falhas do equipamento. A orientação ao objetivo
focaliza todo o processo de gestão da manutenção fundamentando os objetivos do processo
de manutenção para o planejamento, execução e controle das tarefas de manutenção. Por
outro lado, a orientação ao objeto enfatiza o foco do processo de manutenção, ou seja, o
comportamento do equipamento.
2.3 CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO PARA UM SISTEMA INDUSTRIAL
Uma organização industrial tem um número elevado de sistemas técnicos, cada um
deles com uma função bem definida e inter-relacionados por um fluxo de massa, energia e
informação. Cada função individual contribui para alcançar a função global proposta para a
organização.
A manutenção contribui agora mais do que nunca, para se alcançar os objetivos das
funções pela integração total do processo de produção, o enfoque moderno que se dá a sua
gestão e pela consciência que se tem sobre a sua contribuição para obter alta eficiência.
Assim, a manutenção atua positivamente na diminuição do custo total (com maior
tempo de bom funcionamento e menor tempo de recolocação), no melhoramento do
equipamento (introduzindo melhorias) como também, na segurança das pessoas e do
ambiente, no projeto de novos produtos, entre outros aspectos. Tudo isto impõe demandas
mais altas para que a equipe de manutenção também aumente a sua eficiência e
capacidade.
No desenvolvimento de um produto se manipula uma grande quantidade de
informação em todos os aspectos relacionados com o projeto. No referente aos aspectos da
manutenção estes dados se relacionam com a confiabilidade, mantenabilidade (o que
conduze á disponibilidades) e a sustentabilidade que o equipamento deverá possuir para a
satisfação das expectativas do usuário (ver Fig. 2.3). Os aspectos mencionados para a
22
função manutenção se referem às ações que ela deve prever para que o equipamento
obtenha todos os recursos tecnológicos e conhecimentos necessários a fim de fornecer todo
seu potencial, não se degrade antecipadamente e o usuário possa obter todo o retorno
esperado, ou seja, a base na qual o equipamento debe se apoiar.
Fig. 2.3 Integração da manutenção no contexto produtivo (baseado em DIAS, 1996)
Um equipamento que se integra a uma linha de produção introduz nela todo seu
conteúdo tecnológico e sua concepção da manutenção, os quais foram definidos no projeto
do produto. No processo de projeto se identificaram as tecnologias e a confiabilidade dele,
custo potencial da implementação e os riscos associados em conjunto com uma concepção
Capacidade
potencial de
produção
Demanda
por
manutenção
SISTEMA DE
PRODUÇÃO
Melhorias
VIDA (x)
Sistema re
p
arável
Tempo de
recoloca
ç
ão
MANTENABILIDADE
Probabilidade de
recolocação
Tempo de bom
funcionamento
CONFIABILIDADE
Probabilidade de bom
funcionamento
+C +M
+D
DISPONIBILIDADE
Probabilidade de uso efetivo
Projeto
Sensores
Redundancia
Projeto de
manufatura
M
C
D
Falha
Reparo
Materiais, energia, informação,
mão-de-obra, capital.
Produto final
pro
j
etado
Recursos financeiros,
humanos, físicos,
tecnológicos,
informação.
Concepção da manutenção
Gestão dos recursos
FUNÇÃO
MANUTENÇÃO
Sistema produtivo
com alta eficiência e
produtividade
Redundância
23
da manutenção. Esta aproximação preliminar deve refletir as necessidades que o produto
deve satisfazer e que não são satisfeitas ainda, e aqui tem um papel muito importante a
experiência do analista, seu conhecimento e inter-relacionamento com o usuário.
No processo de projeto ou de melhoramento contínuo de um produto há uma
grande quantidade de experiência e conhecimentos envolvidos, aplicação de ferramentas
de análises, introduções de novas tecnologias e novas informações no desenvolvimento
destes. O ótimo seria que todo este volume de conhecimentos possa ser aproveitado
quando o equipamento chega à empresa, é usado na produção de bens e serviços e é
adaptado às novas condições impostas pela mudança no mercado. A concepção da
manutenção para a organização industrial deve se apoiar em toda esta informação.
Na parte de estudo da confiabilidade se desenvolve o que está relacionado com a
definição do objetivo do equipamento e do conceito de operação (que é o resultado da
previsão da forma e ambiente de uso do item). Resultado disto são os requisitos de
confiabilidade, modelagem, análise e predição da confiabilidade, análise dos modos de
falhas efeito e criticidade e análise da árvore de falhas. Com base nas análises anteriores se
definem aspectos tais como redundâncias, re-configurabilidade, manejo das criticidades do
sistema (pontos específicos de falhas, modos degradados de operação), métricas e
ferramentas. O conhecimento deve ser aplicado na forma de uso do item, e se as condições
não são similares às do projeto inicial, introduzem-se as correções necessárias no projeto
ou operação para assegurar seu bom desempenho.
Para a mantenabilidade as análises se referem a aspectos como a definição da
concepção da manutenção, diagnóstico de falhas, requisitos de testabilidade, modelagem e
análise da mantenabilidade, análise da acessibilidade e fator humano. O projeto fornece
todos estes antecedente, mas estes são projetados em condições que podem não ser as
atuais aonde vai a funcionar o equipamento. Corresponde ao usuário, na concepção da
manutenção, definir aspectos tais como ajustes das tarefas de manutenção, disponibilidade
de recursos, monitoração da eficiência e localização da falha, métricas e ferramentas.
Nas tarefas mencionadas, a sustentabilidade refere-se a que o item tenha sempre
apoio de ferramentas, logística, tecnologia e conhecimento. Destacam-se a definição do
conceito operacional de sustentabililade, a análise do sistema na perspectiva de uso de
elementos comuns e intercambiáveis, análise da tecnologia e sua evolução e aplicação da
tecnologia da informação. Como produto desta etapa se obtém o grau de funcionalidade
para os sistemas comuns, o uso de partes padronizadas, seleção e administração de
fornecedores, métricas e ferramentas. Aqui está a garantia da continuidade de
24
funcionamento do item e compete à manutenção aperfeiçoar a tecnologia usada no item e
fazer ajustes na parte de logística.
Antes da entrega do produto todas estas características de projeto são analisadas,
comprovadas e testadas, para que as necessidades do cliente sejam satisfeitas. È tarefa do
usuário, mediante a escolha da concepção da manutenção, acrescentar estas características
visando uma manutenção de alta qualidade.
Na concepção da manutenção se define o conceito de gestão da manutenção mais
adequada para o grupo de ativos da empresa e a estrutura administrativa sob a qual essas
concepções serão conduzidas, executadas e controladas. A concepção deve ser pensada
holisticamente (WAEYENBERGH et al., 2002) já que sua definição influi, não somente
nas atividades da manutenção e sua execução, na coordenação, apoio logístico e
recopilação de dados, mas também em todas as outras atividades produtivas e
administrativas que estão presentes na organização.
O desenvolvimento da concepção da manutenção para cada organização es
associado à qualidade da informação que a empresa possui sobre aspectos relacionados
com ações de manutenção, gestão dos estoques e custos associados, além dovel de
conhecimento, experiência do pessoal e compromisso com o desenvolvimento da
concepção. Esta última requer muito cuidado para a análise dos critérios de entrada sob os
quais será desenvolvida, a decisão sobre os tipos de manutenção a empregar e o
fornecimento total do “know-how” de cada colaborador, para assim decidir sobre a forma
de manutenção que será utilizada.
A concepção da manutenção é materializada na forma de plano de ações de
manutenção e este será desenvolvido a partir de critérios que serão usados para sua
elaboração. Este plano, conjuntamente com o sistema de gestão, é próprio de cada
empresa, porque para ter sucesso este deve abranger, além dos conhecimentos técnicos,
todas as capacidades de administração para a integração de pessoal, equipamentos, meios e
métodos num bom projeto da concepção da manutenção.
Para definir a concepção se deve analisar os requisitos operacionais do sistema, os
tempos mínimos de funcionamento por período, o tempo máximo para reparos, os
equipamentos que são mais críticos, seu nível tecnológico, pessoal requerido, risco
associado à sua operação, custos estimados para a reparo e perda de produção.
Pode-se adotar a metodologia da Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), a
Manutenção Produtiva Total (TPM), Manutenção Baseada no Negócio (MBN) ou outras.
Cada uma delas apresenta maior ou menor ênfase em alguns aspectos que fazem aplicável
25
a metodologia, dentro de um escopo de viabilidade técnica, econômica e de disponibilidade
do recurso humano.
2.4 PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE MANUTENÇÃO: ESTADO DA ARTE
As ações de manutenção são usadas para controlar as falhas e restabelecer o
equipamento em falha a seu estado operacional, de preferência, “tão bom quanto novo”. As
decisões mais importantes que se devem tomar na administração da manutenção se referem
ao tema relacionado com quais itens, que devem ser submetidos à manutenção, que tipo de
manutenção deve ser realizado e quando as ações de manutenção devem ser realizadas.
A concepção de manutenção se manifesta como um conjunto de ações necessárias
para desenvolver as políticas específicas de manutenção numa organização de produção, o
que leva de manifesto ter um objetivo. É a customização da forma como a organização
pensa sobre o papel (função a cumprir) da manutenção, vista como uma função operativa.
Assim, a concepção da manutenção se traduz em um conjunto de variadas formas de
intervenções de manutenção (corretiva, preventiva, sintomática, etc.) e da estrutura geral,
nas quais essas intervenções serão realizadas (WAEYENBERGH, 2005).
Em uma concepção da manutenção, reflete-se a ênfase e a percepção que tem a
empresa sobre o papel da função manutenção. Por exemplo, se a empresa decide integrar
os operadores na manutenção dos equipamentos para aumentar os padrões de qualidade,
tratará de adequar à concepção da Manutenção Produtiva Total. Outra que está mais
focalizada no controle dos custos da manutenção ao longo do ciclo de vida de um
determinado produto, optará pela concepção de Custo do Ciclo de Vida (Life Cycle
Costing-LCC).
Diversas abordagens de gestão de manutenção têm sido propostas e cada uma delas
com distintos graus de sucesso ou insucesso nas suas aplicações. As três concepções mais
publicadas e usadas nas empresas terão um maior destaque neste texto: Manutenção
Centrada na Confiabilidade - MCC, Manutenção Produtiva Total – TPM (Total Productive
Maintenance) e Manutenção Centrada no Risco – RBM (Risk Based Maintenance) por
serem as mais usadas. As concepções tais como: Tero–Tecnologia Avançada, Concepção
Estratégica de Manutenção - SMC, Manutenção Centrada no Negócio – BCM (Business
Centered Maintenance), Apoio Logístico Integrado/Análise do Apoio Logístico – ILS/LSA
(Integrated Logistic Support/Logistic Support Analysis) e Manutenção com Qualidade
Total – TQMain (Total Quality Maintenance), serão analisadas em resumo mostrando suas
principais características.
26
2.4.1 Manutenção Centrada na Confiabilidade - MCC
Esta concepção combina, basicamente, várias técnicas e ferramentas para a
administração da manutenção tais como as árvores de decisão e a análise do modo de falha
e efeito, de forma sistemática, para apoiar efetiva e eficientemente as decisões de
manutenção.
O melhor desempenho desta concepção está quando é aplicada desde as primeiras
etapas do projeto de equipamentos para evoluir à medida que o projeto avança. No entanto,
pode ser usada para avaliar programas de manutenção preventiva com a finalidade de
introduzir melhoramentos. A MCC pode ser completamente descrita por suas principais
características: preservar a função, identificar os modos de falha que podem afetar a
função, priorizar os requisitos da função (por meio dos modos da falha) e selecionar tarefas
de manutenção que sejam efetivas. MCC pode, entre outros fatores, melhorar a
disponibilidade, confiabilidade e segurança do sistema.
De acordo com RAUSAND (1998), o principal objetivo da MCC é reduzir o custo
de manutenção, centrando o foco nas mais importantes funções do sistema e evitando ou
removendo ações de manutenção que não são absolutamente necessárias. Se um programa
de manutenção já existe, o resultado da análise de MCC eliminará tarefas ineficientes da
manutenção preventiva.
A MCC é baseada na suposição de que a confiabilidade inerente de um
equipamento é uma função da qualidade do projeto e da construção. Um programa de
manutenção preventiva assegura a realização dessa confiabilidade, mas não a incrementa.
O incremento da confiabilidade só é possível por meio de re-projeto ou modificações do
equipamento.
A análise da MCC pode ser feita como uma seqüência de passos, mas são iterativos
já que, à medida que o processo avança o pessoal adquire mais experiência e pode
visualizar melhor as funções e, irá corrigir o processo fazendo as modificações, eliminação
ou agregação com mais segurança (Fig. 2.4).
A MCC foi projetada para equilibrar os custos e os benefícios com o fim de obter o
melhor programa de manutenção preventiva
2
, com um custo mínimo. Para alcançar isto se
deve definir os valores referenciais do sistema para assim ter um controle posterior sobre a
evolução das práticas de manutenção que foram adotadas.
2
Inclui-se sintomática, baseada na condição e cíclica.
27
Fig. 2.4 Etapas na aplicação da MCC (adaptado de FLEMING et al. 1997e CARRETERO
et al, 2000)
Em essência, a MCC pode ser apresentada de uma forma bem simples enfocando os
seus quatro elementos que a distinguem da prática tradicional, que são:
Preservação da função do sistema;
Identificação das falhas funcionais e dos modos de falha dominantes;
Identificação dos sistemas para análise
MCC
Base de dados
Lista de equipamentos
críticos
Identificação das funções para cada
sistema
Lista das funções para
cada e
q
ui
p
amento
Seleção dos sistemas e subsistemas
Identificação das falhas funcionais do
sistema e seu nível de criticidade
Lista ordenada dos
sistemas
Lista ordenada das falhas
funcionais
Identificação e análise de itens que
p
recisam manuten
ç
ão
p
reventiva
Lista de itens funcionalmente
si
g
nificativos
Seleção das tarefas de manutenção Lista de tarefas de
manuten
ç
ão
Programa inicial de manutenção: tarefas
e intervalos
Procedimentos iniciais de
manuten
ç
ão
Implementação e desenvolvimento do
p
ro
g
rama de manuten
ç
ão
Experiência operacional
Atualização da base de dados
28
Priorização das falhas funcionais de acordo com as suas conseqüências; e
Seleção das tarefas de manutenção aplicáveis e de custo-eficiente favoráveis, por
meio de um diagrama de decisão.
Em contraposição ao planejamento tradicional, o paradigma central da MCC é a
preservação da função do sistema sendo que a análise da MCC basicamente fornece
respostas às seguintes perguntas:
Quais são as funções e os níveis normais de eficiência dos equipamentos em seu atual
contexto operacional?
Qual é o estágio da falha para haver perda da sua função?
Qual é a causa de cada falha funcional?
O que sucede quando cada falha ocorrer?
De que forma cada falha se manifesta?
O que se pode fazer para prevenir cada falha?
O que se deveria fazer se uma tarefa preventiva adequada não pode ser executada?
Grande parte dos esforços na implementação da MCC está concentrada em responder
a estas questões, em especial na definição das funções e de seus níveis de referência.
Na MCC cada tarefa, de um programa de Manutenção Preventiva – MP, é gerada a
partir da avaliação das conseqüências das falhas funcionais do sistema, seguido do exame
explícito da relação entre cada tarefa e as características de confiabilidade dos modos de
falha do equipamento para determinar se a tarefa é:
Essencial do ponto de vista de segurança e do ambiente
Desejável do ponto de vista de custo-benefício (perda de capacidade operacional
e indisponibilidade são consideradas custos) (FLEMING et al. 1997).
2.4.2 Manutenção Produtiva Total - TPM
Esta concepção da manutenção tem como objetivo principal a realização da
manutenção dos equipamentos com a participação do pessoal da produção, dentro de um
processo de melhoria contínua e uma gestão de qualidade total. Considera que não existe
ninguém melhor que o operador para conhecer o funcionamento do equipamento que lhe é
confiado.
Embora existam especificidades na implementação da TPM em um tipo de
indústria e nas metas que possam ser exclusivas para cada caso, as características comuns
ao processo de TPM são usualmente conhecidas como os oito pilares básicos (Fig. 2.5)
que sustentam qualquer implementação de TPM. São eles: manutenção preventiva;
29
melhorias individuais dos equipamentos; projetos de manutenção preventiva/custo do ciclo
de vida; educação e treinamento de novas habilidades; manutenção da qualidade; controle
administrativo; cuidado ambiental, segurança e higiene e finalmente manutenção
autônoma.
Fig. 2.5 Processo de implementação da manutenção produtiva total (adaptado de
TSUCHIYA, 1992)
Meio ambiente
segurança e higiene.
Políticas de
prevenção de riscos,
avaliação dos custos
diretos e indiretos dos
acidentes.
Melhorias individuais
dos equipamentos.
Condições ótimas,
redução das seis
grandes perdas,
estabelecimento de
metas, esclarecimento
dos pontos conflitantes
e definição de
procedimentos.
Educação, treinamento e capacitação em novas habilidades.
Avaliação das capacidades do recurso humano, determinação e planejamento
das atividades de aperfeiçoamento, avaliação do avanço e aplicação.
Manutenção
preventiva.
Definição dos tipos de
manutenção, critérios
de planejamento da
manutenção, controle
de estoques, controle
da lubrificação,
controle do orçamento.
Projetos de
manutenção
preventiva/custo do
ciclo de vida.
Análise da viabilidade
de substituição de
equipamentos com
maior desempenho
Manutenção da
qualidade.
Avaliação do efeito
do equipamento na
qualidade, definição
dos parâmetros de
controle,
monitoramento.
Controle administrativo.
Implementação da metodologia de 5S, otimização das áreas de
compras, matérias primas, peças e ferramentas, reuniões
efetivas.
Manutenção
autônoma.
Implementação de
rotinas de manutenção,
reforço da consciência
de cuidado do
equipamento,
mudanças das
condições inadequadas
do ambiente de
trabalho.
30
A TPM pode ser definida da seguinte forma: é projetada para maximizar a
efetividade total do equipamento (melhorando a eficiência total) mediante o
estabelecimento de um sistema produção-manutenção detalhado, que abrange o ciclo de
vida dos equipamentos. Engloba todos os aspectos relacionados (projeto, uso, manutenção,
etc.) e, preconiza a participação de todo o pessoal, desde a alta gerência até o “chão de
fábrica”, para promover a manutenção produtiva por meio da motivação das atividades
administrativas ou de pequenos grupos voluntários (TSUCHIYA, 1992).
O pessoal de manutenção pode conhecer muito bem as especificações do
equipamento e as suas partes constitutivas, mas, o operador trabalha e convive diariamente
com a máquina e chega a conhecê-la profundamente. Quando se implementa este tipo de
manutenção em uma empresa, esta se constitui num complemento da gestão da qualidade
total, dado que todo o pessoal se envolve nesta filosofia mediante a sua participação.
A implementação da TPM é uma tarefa não só do departamento de manutenção,
como também dos departamentos de produção e da engenharia. Essa característica da
metodologia força a quebra da tradicional “rivalidade” entre as divisões de uma mesma
empresa (TAVARES, 2003). O envolvimento integrado de todos na empresa passa a ser,
então, uma outra característica da TPM. A condução do processo por meio de atividades de
pequenos grupos, formados desde a alta gerência até o “chão de fábrica”, demonstra que o
apoio decisivo da alta direção é uma pré-condição para o sucesso da implementação da
TPM.
Os oito pilares básicos que norteiam a filosofia da metodologia de TPM definem
ações concretas que visam alcançar as metas que traduzem esses pilares para o contexto da
indústria em questão. A meta principal da TPM é a quebra-zero e, para atingí-la, os
objetivos específicos devem ser perseguidos, tais como: eliminação das grandes perdas
(paradas por quebra, preparação e ajustes, redução da taxa de produção, ociosidade e
interrupções, defeitos e re-trabalho e perdas na partida), manutenção autônoma;
manutenção planejada; educação e treinamento. Alguns autores consideram estes objetivos
como características básicas do processo.
Uma das ferramentas mais importantes é a Efetividade Global do Equipamento -
OEE (Overall Equipment Effectiveness) - a qual é composta em três parâmetros que têm
um papel relevante na filosofia TPM: disponibilidade do equipamento, a taxa de produção
ou eficiência e a qualidade do produto. A multiplicação dos três é a OEE. Este índice
mostra aos encarregados da manutenção em quais das seis grandes perdas precisam
concentrar-se para aumentar o desempenho do equipamento.
31
2.4.3 Manutenção Baseada no Risco - RBM
Neste caso a manutenção é baseada no risco de um acidente e está centrada na
busca da redução do risco global do equipamento produtivo. Nas áreas onde o risco é alto
ou médio concentra-se manutenção maior e em áreas com um risco menor os esforços de
manutenção são menores com a finalidade de minimizar o escopo de trabalho e os custos
do programa de manutenção numa forma estruturada e justificada (Fig. 2.6).
Fig. 2.6 Processo de implementação da concepção da manutenção baseada no risco
(adaptado de KHAN, 2003)
Dividir o sistema produtivo em
unidades
g
erenciáveis
Analisar cada unidade
individualmente
Desenvolvimento do cenário
de acidente ou falha
Estimativa da área
provavelmente
danificada
Avaliação das
conse
q
üências
Desenvolvimento da
árvore de falhas
Análise da árvore de
falhas
Estimativa do
risco
Avaliação
quantitativa do
risco
Avaliação
probabilística do
risco
Estimativa do risco
Risco estimado
Comparação do
risco estimado
contra um critério
de aceitação
Definir o
critério de
aceitação para o
risco
Adicionar este
equipamento no
planejamento da
manutenção
O risco é
aceitável
?
Continuar com
outra unidade
Avaliação do risco
Sim
Não
Planejamento da manutenção
Desenvolver um plano de manutenção para
diminuir o risco inaceitável para um nível aceitável.
Programa de manutenção
Atualização da base de dados
Ajuste das distribuições de
probabilidades usadas na
estimativa do risco
32
O valor quantitativo do risco é usado para priorizar as inspeções e tarefas de
manutenção. RBM sugere um conjunto de recomendações sobre a quantidade e
profundidade das tarefas preventivas que devem ser realizadas. A implementação da RBM
visa reduzir a probabilidade de uma falha inesperada que desembocaria em um acidente,
humano ou ambiental.
A metodologia para a manutenção apoiada no risco está composta de três módulos
principais:
Determinação do risco, que consiste na identificação e estimativa do risco. Este
módulo contém quatro passos: descrição do cenário das falhas, avaliação das
conseqüências das falhas, análise das probabilidades para a ocorrência das falhas e
estimativas do risco.
Avaliação do risco, cujo objetivo é estimar o risco usando os seguintes passos: definir
um critério para que o nível do risco seja aceitável para cada sistema em estudo
conforme a sua natureza e tipo, e comparar o risco estimado contra o nível definido
como aceitável e, assim, definir as prioridades da manutenção.
Planejamento da manutenção considerando os fatores de risco. Os passos deste
módulo são as estimativas do intervalo ótimo para as manutenções e uma re-
estimativa e re-avaliação do risco
O principal objetivo desta análise é determinar um plano de manutenção que visa
minimizar o nível do risco resultante de uma falha do sistema. Realizando a avaliação do
risco, mediante o uso de técnicas apropriadas para esse tipo de análise, determina-se o
valor do nível de risco aceitável. Usando o valor da probabilidade da falha do evento topo,
avalia-se uma árvore de falha reversa (top-down) para determinar a probabilidade
requerida dos eventos raízes. A probabilidade da falha do evento raiz é usada para estimar
o intervalo de tempo entre tarefas consecutivas de inspeção ou de manutenção.
2.4.4 Resumo comparativo para outras concepções de manutenção
As demais concepções de manutenção listadas no início deste item foram propostas
por diversos autores, apresentam algumas características distintas entre si e em relação às
três descritas anteriormente, por isto não serão detalhadas individualmente. A seguir
apresenta-se, na figura 2.7, uma lista destacando, as referências, objetivo, características e
procedimento para implementar.
33
Objetivo Características Procedimento
Tero–tecnologia avançada
(SHERWIN, 2000)
Criar uma combinação
de sistema
administrativo e
canais de
comunicação os quais
provêm suporte para a
manutenção.
É uma combinação de
conhecimentos de gestão,
finanças, engenharia, projeto,
construção e outras práticas
aplicadas a bens físicos na
busca de um ciclo de vida
econômico. Inclui: ter ativos
com mantenabilidade e
confiabilidade; aplicação das
melhores tecnologias; ativos
com características de
operatividade; uso de técnicas
operativas para reduzir as
paradas e melhorar os
cuidados dos bens; controle e
monitoramento dos custos e
informação de retro
alimentação; programas de
seleção e treinamento para os
colaboradores.
- Fazer análise FMECA.
- Realizar projeto do
equipamento.
- Definir especificações
técnicas e econômicas.
- Aquisição do
equipamento, testar,
analisar e definir
instalação dos
equipamentos.
- Testes, ajuste e receber
em conformidade.
- Treinamento,
capacitação dos
operadores e
mantenedores.
- Operação e manutenção.
- Substituição.
Concepção estratégica de manutenção – SMC (MURTHY
et al., 2002)
Integrar
estrategicamente a
concepção da
manutenção com
outras áreas da
empresa baseada em
modelos para tomada
de decisão.
Na concepção SMC a
manutenção é uma atividade
multidisciplinar que envolve o
conhecimento científico da
degradação dos mecanismos.
Este conhecimento baseado na
análise dos dados coletados na
empresa avalia o estado do
equipamento, constrói
modelos quantitativos para a
predição dos diferentes
impactos das ações (de
manutenção e operação) na
degradação do equipamento e
administra a manutenção a
partir de uma perspectiva
estratégica.
- Conhecimento total do
equipamento.
- Planejar, de forma
otimizada, as ações de
manutenção, o qual
implica: coletar e analisar
os dados relevantes para
avaliar o estado do
equipamento; construir
modelos para predizer as
conseqüências das ações
de manutenção e das
cargas de operação e
decidir sobre as melhores
ações de manutenção.
- Implementação das
ações que otimizam a
manutenção.
Fig. 2.7: Quadro resumo para as concepções de manutenção
34
Objetivo Características Procedimento
Manutenção centrada no negócio – BCM
(WAEYENBERGH, 2002)
Identificar os
objetivos do negócio e
estes são trasladados
para os objetivos da
gestão da manutenção.
O foco central é posto
na orientação de que a
manutenção tem que
ser visualizada como
um centro de
benefícios e não como
um centro de custos.
Esta concepção requer para o
seu desenvolvimento uma
quantidade grande de
informação sobre o processo
de produção, plano de
produção, predições de
vendas, carga de trabalho
projetada, ciclo de vida do
produto e do equipamento,
confiabilidade esperada do
sistema técnico, entre outras
informações. O total do
equipamento é divido em
múltiplas unidades de
produção e cada uma como
uma concepção própria para a
manutenção, sendo similares
às unidades de negócios, todas
interconectadas.
- Definir os objetivos do
negócio da empresa.
- Processo de
compatibilização e
internalização.
- Definir os objetivos
para função manutenção.
- Identificar os grupos
funcionais úteis críticos e
perfil do processo
produtivo.
- Dividir cada grupo
funcional em itens que
precisam de manutenção.
- Determinar e ordenar os
procedimentos da
manutenção.
- Estabelecer métodos e
tempos para os trabalhos
de manutenção definidos.
- Estabelecer um
programa para a
manutenção em linha,
fora de programa de
produção e paradas
gerais.
- Estabelecer guias para
as manutenções
corretivas inesperadas.
Fig. 2.7 (Cont.): Quadro resumo para as concepções de manutenção
35
Objetivo Características Procedimento
Apoio logístico integrado/Análise do apoio logístico - ILS/LSA (WAEYENBERG, 2002)
O principal objetivo do
ILS é assegurar a
integração de variados
elementos de apoio
(recursos e pessoal,
capacitação, peças e
partes, testes e
equipamentos de
apoio, facilidades para
a manutenção,
transporte e manuseio,
recursos
computacionais e
dados técnicos).
LSA é um processo
analítico para
identificar e avaliar a
logística de apoio de
um sistema novo.
ILS é uma função
administrativa que fornece o
planejamento inicial, suportes e
controle para assegurar que o
usuário receberá um sistema
que não somente atingirá seus
requisitos de desempenho, mas,
também poderá ser apoiado
(mantido) em forma econômica
e expedita ao longo de todo seu
ciclo de vida útil.
É claro que a análise ILS/LSA
é mais efetiva e terá um grande
impacto no custo na fase de
projeto conceitual e nas
primeiras etapas do programa.
Como tal, a análise do
ILS/LSA é apropriada para
pesquisar as alternativas de
estratégias para manutenção.
Tais decisões deveriam ser
influenciadas pela informação
de retro alimentação do
projeto, desempenho e custos
que provêm do ciclo completo
de vida de toda a instalação.
- Definição do problema e
identificação das
alternativas.
- Preparação da estrutura
de custos hierarquizada.
- Coleta dos dados de
custos e desempenho;
custo de aquisição do
produto ou item; de
distribuição do produto;
de operação; de
treinamento; de estoques;
de descarte do produto; de
atualização dos dados
técnicos e custos de
manutenção.
- Cálculo do custo do ciclo
de vida.
- Comparar opções e
realizar um ranking.
- Efetuar uma análise de
cenários e de
sensibilidade.
- Investigação das
restrições de custos -
realizar as compensações.
Fig. 2.7 (Cont.): Quadro resumo para as concepções de manutenção
36
Objetivo Características Procedimento
Manutenção com qualidade total - TQMain (SHERWIN, 2000;
AL-NAJJAR, 1996)
Implementar técnicas
de manutenção apoiada
na condição, tal como
a análise das vibrações
para melhorar as
políticas de
manutenção depois de
cada retirada da parte
por meio da
confrontação com os
dados históricos
armazenados.
Nesta concepção considera-se
o equipamento e todos os
elementos essenciais que
constituem o processo de
manufatura tais como as
operações de produção,
condições ambientais, controle
de qualidade, pessoal, métodos
e materiais. É baseado no uso
intensivo de dados e de sua
análise para detectar as causas
de cada desvio na qualidade do
produto e na condição de
operação do equipamento e
monitorar a evolução do
defeito (dano) nas primeiras
etapas para aumentar a vida
média do equipamento.
- Definir as características
do produto.
- Obter informação de
cartas de controle, limites,
desvios, capacidade do
processo, normalidade e
causas atribuíveis.
- Identificar e analisar as
causas por trás dos
desvios.
- Classificar os elementos
do processo os quais são
os responsáveis dos
desvios.
- Determinar a melhor
combinação dos
elementos do processo.
- Re-ajustes dos elementos
do processo.
Fig. 2.7 (Cont.): Quadro resumo para as concepções de manutenção
2.5 EXPERIÊNCIAS NA APLICAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DE MANUTENÇÃO
Variados estudos sobre a implementação e aplicação das diferentes concepções para
a manutenção indicam melhorias na gestão da manutenção, umas mais bem sucedidas que
outras, entretanto todas as formas contribuem na consecução dos objetivos propostos para
a função manutenção. Este ponto é importante já que o fato de ter uma concepção ajuda
enormemente aos esforços para introduzir melhorias na gestão.
McKONE et al. (2001) indicam que TPM pode ser pensada como parte integrante
de uma estratégia de Manufatura de Classe Mundial que também envolve Produção Just-
in-Time (JIT), Administração Total da Qualidade (TQM) e Integração do Pessoal
(Employees Integration EI). O autor levanta a hipótese de que as companhias que
implementam TPM não somente são capazes de melhorar suas práticas de manutenção,
mas também melhorar sua performance na manufatura. Esta hipótese foi provada com um
estudo que abrangeu 114 empresas manufatureiras.
37
Uma análise mais detalhada das condições que devem ser desenvolvidas para a
implementação da TPM é realizada pelos pesquisadores IRELAND e DALE (2001), os
quais estudaram esta aplicação em três empresas de grande porte que tinham problemas
nos negócios (redução da competitividade, necessidade urgente de aumentar a produção e
até a possibilidade de terminar suas atividades). Conforme as características inerentes de
TPM decidiram implementá-la com a finalidade de diminuir custos, envolver todo o
pessoal para o sucesso da companhia e, principalmente, para ordenar o processo de
administração.
O estudo mais recente que reporta a aplicação de TPM foi realizado por CHAN et
al. (2005) em uma companhia multinacional de componentes eletrônicos, que em um prazo
de dois anos conseguiu fazer uma implementação bem sucedida de TPM, sob consulta ao
JIPM. Mas, a obtenção do sucesso na aplicação ocorreu numa segunda tentativa. A análise
das causas que levaram ao insucesso na primeira instância foi um aporte significativo para
o resto dos pesquisadores na área, já que em geral os fracassos não são relatados.
Uma experiência muito interessante foi relatada por PRICKETT (1999), sobre a
aplicação do conceito de manutenção autônoma de TPM para melhorar a efetividade global
do equipamento (OEE) e do sistema de manufatura flexível. A aplicação foi desenvolvida
com base em três parâmetros: taxa de disponibilidade, taxa de desempenho e taxa de
qualidade. A vantagem de usar esta concepção está no fato de permitir identificar
claramente as causas das perdas no desempenho da manufatura e facilita o monitoramento
contínuo dos fatores mais importantes que influenciam o desempenho do sistema de
manufatura. Esta aplicação permitiu passar de um desempenho de 55% para 80% com um
valor esperado de 89% quando se implementassem todas as ações de melhoria contínua
que incluem a manutenção autônoma e central.
Um exemplo da aplicação de MCC é analisado pelos pesquisadores DESHPANDE
e MODAK (2002) numa indústria de aço de médio porte na Índia. A escolha da MCC foi
baseada nas suas características que estão descritas na literatura que permitem atingir
objetivos como a diminuição das tarefas de rotina da manutenção a um mínimo permitido
para sustentar o desempenho da planta produtiva sem perder qualidade, segurança e
integridade do ambiente. A meta da indústria era de ser competitiva mediante uma
diminuição dos custos e melhorar a qualidade da produção. O artigo só fornece todo o
roteiro que a empresa seguiu para a implementação da MCC, definindo os tipos de
manutenção para cada item definido como crítico e não mostra uma análise ou estudo
sobre a esperada diminuição de custos.
38
Uma análise das condições para a aplicação da MCC, na área marítima, é feita
pelos pesquisadores MOKASHI, WANG e VERMAR (2002). As empresas marítimas
também devem ser eficientes, especialmente com relação ao custo e a função manutenção
tem uma ampla margem de contribuição. Mas, sob as condições na qual a atividade
marítima desenvolve suas operações (com mudanças do ambiente, com uma estrutura
hierárquica muito rígida e que não fomenta o trabalho em equipe, com pessoal pouco
preparado técnica e administrativamente, com informações pouco confiáveis, etc.), a
aplicação da MCC é complicada, mas é necessária. Assim, os autores propõem um método
para aplicar MCC na parte técnica e fazer uso da filosofia de TPM na parte administrativa
e de relações humanas.
A metodologia MCC também foi implementada em uma empresa manufatureira do
ramo automotivo e se procurou encontrar um método com o qual uma concepção da
manutenção poderia ser desenvolvida de forma eficiente. PINTELON, NAGARUR e VAN
PUYVELDE (1999) mencionam no seu artigo que o foco estava na dificuldade do caso:
uma máquina totalmente automatizada, complexa e custosa, relativamente nova com um
nível muito baixo de dados sobre falhas e comportamento. Além disso, o método obtido
deveria ser suficientemente robusto para ser aplicado posteriormente nos demais
equipamentos definidos como críticos.
Para selecionar a metodologia da MCC como melhor alternativa, foi feito um
exame cuidadoso na literatura, das características das possíveis metodologias a
implementar. Para obter informação técnica buscou-se um equipamento com componentes
similares e com histórico completo e toda esta informação se ajustou para o equipamento
em estudo, com um trabalho em equipe composto pelo pessoal de manutenção, de
produção e da engenharia. Como resultado deste trabalho obteve-se recomendações para
definir tarefas de manutenção, rotinas de manutenção preventiva para o operador e um
cronograma de manutenções preventivas.
A aplicação da manutenção apoiada no risco foi analisada por KHAN (2003) para
um sistema de ventilação, calefação e ar condicionado de um centro hospitalar, onde era
preciso uma alta confiabilidade do sistema de ventilação devido às implicâncias negativas
de um mau funcionamento. Com a aplicação da metodologia contida na RBM se conseguiu
diminuir a probabilidade de paradas inesperadas para um nível que é considerado aceitável
e, por conseguinte obter uma alta confiabilidade mediante a identificação das tarefas de
manutenção para aqueles itens considerados críticos para o bom funcionamento, tudo isto
usando a metodologia proposta na análise de riscos.
39
MURTY et al. (2002) analisaram a aplicação da manutenção estratégica para os
casos de gasodutos de gás industrial, máquinas para fotocópias e otimização da caçamba
para uma draga de mineração. Suas conclusões apontam para a conveniência de integrar
aspectos técnicos, operacionais e comerciais em conjunto com a manutenção. Os fatores
chave para a manutenção estratégica são: conhecimento de processos de degradação,
necessidade de coletar dados apropriados, fazer uma análise com pertinência, o uso de
modelos matemáticos para avaliar as alternativas de estratégias para a função manutenção
e ter um melhoramento contínuo no desempenho dos negócios.
Uma descrição detalhada para adequar a aplicação da metodologia ILS, usada pelas
forças armadas dos E.U.A. e Inglaterra, para administrar todo o apoio logístico para seus
equipamentos militares móveis (terrestres e aéreos) é apresentada por GALLOWAY
(1996) em seu artigo. Descreve-se todo o procedimento utilizado na metodologia, no qual
há um ponto dedicado à manutenção e como este processo pode ser utilizado na área civil.
Mostra as vantagens da aplicação, seus efeitos sobre os custos, a sustentabilidade do
equipamento durante seu ciclo de vida e os requisitos de informação para a gestão.
2.6 MODELOS PARA A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA FUNÇÃO DE
MANUTENÇÃO
Um dos fatores que influem de forma negativa no momento de implementar uma
nova concepção de manutenção é o desconhecimento, ou ter uma percepção vaga do
ambiente tecnológico e humano que está presente na organização. A determinação ou
definição deste estado inicial é de alta relevância e deve ser determinado ou visualizado, a
fim de traçar o caminho mais adequado para chegar à meta proposta.
Os aspectos humanos e tecnológicos que influem no processo de implementação da
concepção de manutenção e da definição do modelo de gestão, precisam ser caracterizados
na forma de variáveis quantificáveis, ou seja, assimilar um valor ou um conceito bem
definido para cada estado em que as variáveis que modelam o sistema sob estudo possam
apresentar-se. Esta forma de análise permite ao analista conhecer o estado atual dos
recursos físicos e humanos da organização e, junto ao estado final que é desejado, propor
alternativas de ação para eliminar todos os aspectos que não contribuem de forma positiva
para alcançar o objetivo.
Nesta parte se analisam três modelos principais que serão incluídos posteriormente
na implementação computacional. Um é o modelo de análise situacional que será usado
para avaliar o estado atual da gestão dos recursos de manutenção, em referência aos
40
objetivos propostos para a função, outro é o modelo de maturidade para analisar o aspecto
humano presente na organização da manutenção e o último é o diagrama de causalidades
que avaliará a condição técnica dos equipamentos e ajudará a internalizar os objetivos da
empresa na função manutenção.
2.6.1 Modelo para análise da maturidade da função manutenção
É importante compreender que todas as organizações (e não está excluida a função
manutenção) atravessam seus próprios processos de maturidade e que se trata de um
processo que deve preceder a excelência. A maturidade é a qualidade ou o estado de ser
madura. Quando se aplica o conceito de maturidade a uma organização, analisa-se o estado
onde a organização se encontra em relação a uma condição ideal para conseguir seus
objetivos. (ANDERSEN e JESSEN, 2003).
A maturidade da manutenção significaria então que a organização está
perfeitamente condicionada para tratar seus projetos. Mas a maturidade dentro da
organização da manutenção é explicada pela soma da ação (habilidade de agir e decidir),
da atitude (vontade de estar envolvido) e do conhecimento (uma compreensão do impacto
da vontade de fazer algo novo e da ação).
Para fazer uma avaliação da maturidade dentro da função manutenção é preciso
medir o estado em que a empresa se encontra. CLARKE e GARSIDE (1997) propõem um
modelo que combina cinco aspectos: compromisso, cultural, comunicação, ferramentas e
metodologias e gerenciamento de conflitos (Fig. 2.8).
Para o caso da manutenção, cada um destes aspectos significa o seguinte:
Compromisso: Inclui reconhecer a mudança como uma parte integral da estratégia
da função, em concordância com a estratégia da organização, nível da apropriação
em toda a organização mais particularmente no nível de gerência e formação de
equipes de trabalho. Também inclui a provisão de recursos adequados para permitir
que o projeto funcione eficazmente e da participação do pessoal em todos os níveis
da organização que têm um relacionamento com a manutenção em todos os
estágios do projeto.
Cultural: Refere-se principalmente às pessoas como elemento da mudança, isto é, o
assunto que envolve o comportamento das pessoas, das percepções e das atitudes
para todos os aspectos da mudança. Refere-se ao nível da participação e do apoio à
mudança não somente do pessoal da manutenção, mas também inclui a produção, a
41
administração dos recursos humanos e financeiros e do pessoal de apoio logístico e
computacional.
Fig. 2.8 Diagrama radar para a análise da maturidade da organização (adaptado de
CLARKE e GARSIDE, 1997)
Comunicação: Considera todos os aspectos associados com uma comunicação
interna e externa. Isto inclui a programação dos tempos, métodos para uma
comunicação efetiva dos conteúdos das mudanças. O escopo principal é que todas
as pessoas estejam totalmente informadas sobre as mudanças, os benefícios e como
estão comprometidas com a forma em que será feita a manutenção no presente
momento.
Ferramentas e metodologias: Embora o interesse predominante seja com o uso da
metodologia da gerência de projeto (equipes de projeto e gerentes de projeto),
42
também se deve incluir o uso de medidas de comparação, de desempenho e de
processo. Cobre também o conhecimento subjacente requerido para assegurar que a
mudança possa ocorrer eficazmente e facilitar o uso da entrada de conhecimentos e
do treinamento externo. Manutenção deve, em sua área, liderar e propagar o uso de
ferramentas para ter um controle e retro-alimentação das suas ações.
Gerenciamento dos conflitos: Refere-se à preocupação de não interagir
negativamente com outros métodos que já estão em aplicação dentro da
organização para tratar esses conflitos. Controlar o equilíbrio entre as operações
normais e as outras mudanças que podem acontecer na organização e que nenhuma
das melhorias feitas resulta no desenvolvimento de um dos fatores chaves de
sucesso à custa de outros. Deve haver o equilíbrio entre os distintos fatores que
promovem o sucesso da produção.
Uma organização pode ser madura em gestão e não ser excelente. A definição de
excelência vai além da definição de maturidade. Quando as organizações desenvolvem
sistemas e processos maduros, surgem dois benefícios adicionais: primeiro, o trabalho é
executado com um mínimo de mudanças de escopo; segundo, os processos são definidos
de maneira a causarem o mínimo de problemas para o negócio principal da empresa
(KERZNER, 2000).
Os estados da maturidade impõem condições distintas para a gestão já que o escopo
não pode ser o mesmo para todas elas. A fase mais adversa (fase onde predomina a
desordem) se caracteriza pelo reconhecimento de uma necessidade ou falência do serviço
que se obtém e que precisa mudar para atender com sucesso os objetivos da empresa. Neste
estado, é muito difícil empreender uma mudança da gestão e se deve primeiro fazer um
trabalho em todos os aspectos para que o pessoal empenhe todos seus esforços para
conseguir um melhor nível. Nesta etapa é muito importante o comprometimento da alta
gerência com o desenvolvimento da função de manutenção e a participação ativa e efetiva
da equipe de manutenção para desenvolver um projeto de melhoramento da gestão.
Nas etapas da implementação da função manutenção já se pode desenvolver uma
metodologia de gestão da manutenção com suas correspondentes ferramentas de seleção e
avaliação da concepção da manutenção. Assim, a obtenção do comprometimento com o
que foi planejado é mais simples e se pode definir um sistema de rastreamento da gestão.
Na fase de maturação se pode desenvolver um sistema de controle da gestão de custos e de
programação e desenvolver um programa de capacitação para melhorar as competências da
equipe na parte tecnológica e de gestão da manutenção.
43
No que concerne excelência FLYNN et al. (1999) citam os fundamentos de
HAYES e WHEELRIGHT mediante os quais se manifesta a excelência ou performance
superior. No caso da manutenção pode-se explicitar da seguinte forma:
Capacidades e habilidades da força de trabalho. O pessoal da manutenção está
altamente capacitado e seus conhecimentos são transmitidos às pessoas que fazem
uso do equipamento com o fim de minimizar as atividades não programadas de
manutenção. Há um reconhecimento e recompensa aos esforços para se aperfeiçoar e
contribuir com seus conhecimentos para o melhoramento da produtividade dos
equipamentos. A rotação do pessoal é baixa e há um intercâmbio fluente de
informação entre eles.
Competência na administração e na técnica. Os administradores superiores são, em
geral, engenheiros e os demais têm graus técnicos. O treinamento dos
administradores em tecnologias que são importantes para a empresa começa cedo nas
suas carreiras. Há uma rotação dos administradores por variadas funções da
manutenção para ampliar sua experiência e, também é recomendável que os
administradores assumam tarefas na produção.
Evidência pela qualidade. A manutenção sempre deve buscar o alinhamento de seus
serviços e procedimentos para sustentar as necessidades dos equipamentos, em
primeiro lugar. Tem um compromisso de longo prazo com a qualidade do serviço.
Transmite conhecimento de mantenabilidade, confiabilidade e segurança ao projeto
dos produtos que a empresa manufatura.
Participação da força de trabalho. Deve desenvolver uma cultura de confiança entre
o pessoal dos vários departamentos, os trabalhadores e administradores. Isto permite
um contínuo fluxo de informação que dá forças às ações de manutenção. Há uma
complementação entre o pessoal para analisar e decidir o momento, a duração e a
participação nas tarefas de manutenção e atualização dos equipamentos. Há um total
conhecimento da função que desenvolve manutenção.
Melhoramento contínuo da engenharia de manufatura. Há uma forte atenção na
contribuição ao melhoramento da eficiência global da tecnologia usada na indústria.
A contribuição da manutenção para o melhoramento dos equipamentos está enfocada
no aumento do ritmo de produção, instalação de mecanismos de automação,
participação na seleção de novos equipamentos e definição do momento da
substituição de uma máquina.
44
Enfoques para melhoramentos incrementais. A função manutenção se preocupa em
avançar na tecnologia da informação com o fim de avaliar com dados precisos, seu
desempenho e ter as bases para propor e implementar ações corretivas. Isto se
manifesta em rápidas respostas, alto grau de flexibilidade, orçamentos bem
mensurados e custo dentro dos limites estabelecidos.
2.6.2 Modelo para a análise da situação da gestão de manutenção
Para identificar e integrar os elementos de um sistema de manutenção, com a
finalidade de revelar as variáveis de decisão, RISS et al. (1997) propõem o modelo
conceptual mostrado na Fig. 2.9.
Fig. 2.9 Modelo situacional da função manutenção (adaptado de RIIS et al., 1997)
Neste modelo se dá especial ênfase às interações dos elementos da função
manutenção com as metas declaradas para o sistema objeto (área focal) e com perfil das
tarefas de manutenção. Além disso, as mudanças na situação da empresa e a avaliação do
desempenho atual podem provocar modificações nas metas corporativas declaradas, o qual
afeta o sistema objeto selecionado e o perfil das tarefas de manutenção.
A teoria para a análise da situacão de um sistema, tem suas raízes na tomada de
decisão normativa, na teoria de sistemas, na teoria organizacional (na perspectiva das
Situação da
empresa
Estratégias e
metas
declaradas
Sistema
objeto
selecionado
Perfil das
tarefas de
manutenção
Desempenho
atual
Atores: Comportamento individual
Cultura corporativa.
Sistema de manutenção
Sistema de
administração e
métodos
Estrutura
organizacional
Sistema de
informação
Tecnologia
45
contingências) e no projeto de engenharia. Essencialmente, quando é visto da perspectiva
de uma organização industrial, a teoria situacional avalia a posição específica da empresa e
seu entorno e orienta qual solução é a mais conveniente para a empresa. O modelo
situacional tem um forte componente intuitivo (RIIS et al., 1997).
No modelo situacional de RIIS et al. (1997) se identificam doze tarefas principais
para a função manutenção, as quais estão agrupadas em três categorias primárias: técnicas,
humanas e econômicas (Fig. 2.10).
A categoria técnica das tarefas de manutenção compreende a identificação dos
serviços de manutenção, as qualidades desses serviços, os métodos de trabalho, os
recursos, materiais e controle das atividades de manutenção. A categoria humana das
tarefas de manutenção compreende as relações internas entre a organização para a
manutenção e os outros departamentos da empresa incluindo o staff corporativo, relação
com a autoridade reguladora e fornecedores, como também com o tipo de organização para
a gestão da manutenção. A categoria econômica da função manutenção compreende a
estrutura da manutenção, o controle financeiro e a contribuição econômica ao produto.
Cada elemento identificado no perfil das tarefas de manutenção deve ser analisado
na perspectiva das funções administrativas mencionadas nos modelos de gestão do
VANNESTE e VAN WASSENHOVE (1995), COETZEE (1999), HASSANAIN (2001),
WAEYENBERGH e PINTELON (2002) e no do ZHU et al. (2002), que são:
planejamento, organização, análise, execução e controle.
Como se mostra na Fig. 2.10, para cada ponto de intercessão entre as tarefas e as
funções administrativas, se analisará e se avaliará o grau de desenvolvimento dos
procedimentos administrativos, para as funções, conforme com os objetivos fixados para a
manutenção, de acordo com quatro conceitos: totalmente definido ou especificado,
definido ou especificado em alta percentagem, definido ou especificado com deficiências e
sem definição ou especificação.
Tal análise conduz ao desenvolvimento de um perfil da condução da função
manutenção, o qual ilustra claramente ao administrador para aonde seus esforços foram
dirigidos em relação às tarefas de manutenção dentro da organização. Além disso, este
perfil pode também sugerir as mudanças necessárias para conseguir alcançar os objetivos
que são impostos à organização da manutenção.
46
Fig. 2.10 Modelo para a análise da função manutenção, baseado em quadrantes (adaptado
de RIIS et al., 1997)
No uso deste modelo para detectar pontos fracos dentro da gestão de manutenção e
analisar a conveniência de introduzir uma nova forma para administrar os recursos, deve
estar presente o aspecto formal e informal da organização. No aspecto formal está toda a
estrutura administrativa, os procedimentos, o sistema de informação e a tecnologia
Serviços da manutenção
Qualidade dos serviços da manutenção
Métodos de trabalho da manutenção
Recursos da manutenção
Materiais da manutenção
Controle das atividades da manutenção
Relações internas da manutenção
Relações externas da manutenção
Organização da função manutenção
Aspectos técnicos Aspectos
h
u
m
a
n
o
s
Estrutura da manutenção
Economia da manutenção
Economia da produção
Aspectos
eco
n
ô
mi
co
s
Planejamento
Organização
Análise
Condução
Controle
Totalmente Definido ou
definido ou especificado
especificado em alta
percentagem
Definido ou Sem
especificado definição
com ou especi-
de
fi
c
i
ê
n
c
i
as
fi
cação
47
necessária para implementar uma gestão. No aspecto informal está o desempenho
individual dos integrantes da organização, a influência da cultura da empresa, as
motivações e atitudes, ou seja, os dois aspectos são complementares, e cada um deles
analisa uma área específica dentro da organização da manutenção.
2.6.3 Diagrama de causalidade para avaliação técnica e definição de estratégias
A aplicação das estratégias deve ter um objetivo e neste caso é a otimização do
sistema de manufatura na sua totalidade, incluindo a função manutenção para responder
assim aos requisitos que a empresa transmite para a parte produtiva (operações e
manutenção). A análise de causalidade é usada nesta metodologia para identificar as
variáveis que desempenham um papel importante no melhoramento do processo produtivo
e que têm relação direta com a atividade de manutenção. Serve, além disso, como um meio
para internalizar os objetivos da empresa, que em geral são expressos em uma linguagem
distinta daquela usada no ambiente da função manutenção.
Para este efeito é necessário fazer uma modelagem do sistema e estudar seu
comportamento, ou seja, como inter-atuam as diferentes estratégias ou ações entre os
diferentes fatores do sistema produtivo e como devem ser definidos para direcionar o
comportamento dos efeitos que se desejam otimizar.
O método está baseado na premissa de que o sistema é composto de duas estruturas
básicas: estrutura do processo físico e estrutura da informação. Além disto, há fluxos de
recursos e fluxos de informação, respectivamente. Para criar a estrutura do sistema é
necessário reconhecer qual é o processo fundamental do sistema que converte os recursos
entre os distintos estados. A palavra recurso, refere-se a materiais, pessoas, dinheiro,
requisitos, produtos, conhecimentos, etc. O estado de um processo pode ser definido como
a acumulação do recurso que é relevante para à análise ou para o propósito do modelo
(WOLSTENHOLME, 1990) e é realizada a partir dos estados, variações e influência de
cada tipo de recurso (JAMBEKAR, 2000).
Esta forma de representação tem a particularidade que pode descrever o
comportamento interativo dos estados (representado pelos retângulos) por meio da
polaridade da variação da influência de cada taxa (ver Fig. 2.11). Por conseqüência a
análise para determinar onde introduzir melhorias no sistema se vê altamente simplificado
pelo uso deste método.
48
Fig. 2.11 Esquema de estratégias e relações (adaptado de ESPINOSA e SALINAS 2000)
Na elaboração do modelo, considera-se que os requisitos a atender é uma variável
exógena, sobre a qual não há poder de decisão por parte do administrador da manutenção,
e que as demais variáveis podem ser otimizadas mediante decisões e ações dos
administradores do sistema. Portanto, a análise se concentra em determinar as relações das
+ +
+
+
+
+
+ +
+
+
+
+
+
+
Requisitos
da empresa
Cuidado ambiental
Recursos Humanos
Seguir a
evolução do
produto no
mercado
Equipamentos
Manutenção
Atender a
regulamentação
de segurança
Atender a
regulamentação
ambiental
Melhorar a
produtividade dos
equipamentos
Produção
Melhorar a
qualidade da
produção
Atender os
fluxos de massa e
energia
Atender aos resultados
econômicos esperados
Introduzir automatização.
Reprojetar a máquina.
Aumentar disponibilidade.
Aumentar confiabilidade.
Melhorar eficiência
Introduzir automatização.
Melhorar mantenabilidade.
Reduzir tempos de ajustes.
Melhorar a gestão dos recursos
Melhorar a capacidade produtiva
Aumentar a qualidade da manutenção
Projetos para diminuir vibrações e
melhorar barreras para acidentes
Projetos para diminuir nível
de polução e emisões
nocivas
Melhorar controles, calibrações
e qualidade das peças.
Usar manutenção preditiva.
49
variáveis e o estado delas quando são submetidas a mudanças (ESPINOSA e SALINAS.
2000).
A análise para formalizar o modelo do comportamento do sistema, realiza-se em
duas etapas: análise quantitativa e análise qualitativa. Na primeira etapa projeta-se o mapa
do sistema com o propósito de identificar as relações entre os componentes ou estados e
usá-las para explorar e analisar o sistema. Os componentes se identificam, a um nível
altamente agregado, na primeira iteração com o fim de identificar os principais fluxos de
massa e informação entre eles, e depois, se for necessário se faz uma desagregação de cada
componente para determinar qual é a parte mais afetada pelo fluxo.
No diagrama da Fig. 2.11, pode-se ver a interação entre os estados e o conjunto de
estratégias para um sistema industrial. O sinal “
+” no diagrama significa que a ação
definida provoca um aumento ou dá um efeito positivo sobre o componente o qual provoca
que a variação do estado ou do elemento de produção tenha um aumento na sua eficiência
e possa atender melhor os requisitos da empresa.
A segunda etapa tem por objetivo definir quais são as correspondentes ações,
ferramentas, informações, estratégias, políticas ou medidas a serem implementadas para
minimizar os efeitos negativos dos fluxos, ou maximizar os efeitos positivos, entre os
componentes e assim obter os resultados desejados do sistema.
Estas estratégias têm relação direta, neste caso, com ações que a manutenção pode
implementar. Para medir a efetividade da estratégia, junto com sua definição, deve também
ser definido o fator de correlação que servirá para monitorar a efetividade da estratégia.
2.7 COMENTÁRIOS
A concepção da manutenção fornece os delineamentos sob os quais o administrador
da função definirá as ações de manutenção que conforme SIMEU-ABAZI et al. (2001)
podem ser corretiva (direta, posposta, global), preventiva (regular, condicional,
sistemática, cíclica, indicativa, crítica, limite) ou mista (cíclica ou indicativa, funcional,
celular), para cada um dos bens da organização, sua periodicidade e tecnologia necessária.
Toda esta informação é a base para definir o processo de gestão da manutenção, como será
a implementação da concepção, os recursos humanos e financeiros, e o nível de
compromisso requerido de cada ator na organização da manutenção o que ressalta a
importância de selecionar a melhor concepção para as características individuais de cada
empresa.
50
Para selecionar a concepção mais adequada e obter da sua aplicação o maior
potencial se deve considerar todos os aspectos relacionados com os fatores técnicos de
cada equipamento, os fluxos de informação e os recursos que descrevem as inter-relações
dos diferentes sistemas da organização que têm relação com a manutenção. Somam-se
também os aspectos relacionados à estrutura organizacional da empresa e seus planos
estratégicos de desenvolvimento.
Definir a melhor concepção da manutenção não é um problema trivial, já que as
variáveis a serem consideradas variam de acordo com as empresas, os tempos, analistas e
visões gerenciais. Não é possível aplicar um sistema padrão e decidir: este é o melhor, já
que uma modelagem que busque um ótimo (no sentido que indica a pesquisa operacional)
é excessivamente complexa. Nenhum pesquisador fornece essa solução e no máximo
indica que podem ser usados modelos quantitativos para conseguir a melhor solução de
alguma variável do problema que esteja bem caracterizada.
Todos os modelos apresentados por diferentes grupos de pesquisadores na área da
gestão da manutenção só apresentam uma seqüência de atividades, com as suas respectivas
descrições e resultados esperados de cada uma delas. Mas a grande maioria não revela qual
ferramenta é utilizada para fazer a avaliação de cada etapa na análise e só indicam
ferramentas que já são utilizadas para fazer análise técnica como FMEA, análise de
criticidade e outras. BAMBER et al. (2004) mencionam que a análise da maturidade pode
ser feita de forma similar à análise da maturidade para uma organização que realiza um
projeto. Este ponto é de alta importância para definir em que nível está a organização da
manutenção e que merece ser desenvolvido com mais profundidade.
É objetivo de este trabalho fornecer ferramentas que orientem o líder do projeto na
escolha da concepção para a manutenção, mas, com um conhecimento bastante preciso da
situação atual da manutenção e a projeção no futuro com mais probabilidade de sucesso.
Tem que ter presente que as experiências documentadas na literatura técnica foram
implementadas em empresas com uma realidade bastante distinta da brasileira. São
condições, culturas, conhecimentos, tecnologias e mercados com outra dimensão (piores
ou melhores, não cabe analisar agora), mas se existe esta certeza de que são distintas e não
cabe a alternativa de imitar outras experiências de forma cega.
As distintas concepções incluídas na metodologia têm como finalidade fornecer ao
analista da manutenção uma visão completa das características, objetivos, potencialidades
e dos requisitos para a implementação de cada uma delas, a fim de que a seleção da
concepção seja informada. Para o analista estas concepções estão amplamente
51
documentadas, e a sua decisão será orientada a definir quais delas, conforme a uma
avaliação das suas capacidades de implementação, são as mais adequadas para solucionar o
problema da gestão da manutenção.
Cada uma das etapas na aplicação da metodologia fornece uma avaliação da
situação atual da função manutenção, no referente ao aspecto humano, de gestão e dos
ativos da empresa. É nestes pontos de avaliação onde os modelos de análise para a tomada
de decisão sobre investimentos em equipamentos, definir ações de melhoramento na
maturidade da organização e avaliação das estratégias implementadas para atender os
requisitos da empresa vêm em apoio para decidir sobre a conveniência de introduzir
melhorias naqueles aspectos que estão deficientes, conforme á visão do encarregado da
manutenção da organização.
Nos capítulos seguintes apresenta-se o modelo de uma proposta estruturada com
passos seqüenciais, mas com a visão de conjunto, para guiar o analista no processo de
seleção de uma concepção de manutenção para a sua gestão, quando a empresa decide
fazer este estudo. Esta proposta considera, para a avaliação da capacidade de implementar
uma nova concepção, os aspectos seguintes: características do parque de equipamentos,
maturidade da organização, condições para atender aos requisitos de cada alternativa de
concepção e avaliação econômica para as alternativas selecionadas.
O produto final que a metodologia proposta oferece para o analista ou
administrador da manutenção é um conjunto de informações que apóiam sua tomada de
decisões. Este conjunto faz referência a múltiplos aspectos que são relevantes para a gestão
da manutenção e que abrangem aspectos desde a maturidade da organização até uma
avaliação econômica para as alternativas selecionadas.
O desenvolvimento principal deste trabalho será centrado em definir uma
ferramenta de análise para preencher o espaço que ainda falta na definição de uma
concepção de manutenção. É uma metodologia construída principalmente de listas de
verificação e cujas respostas possam ser categorizadas e valoradas para que guiem o
analista para a seleção da melhor concepção para a sua empresa. Este procedimento deve
fornecer pontos de avaliação os quais formarão as bases para a tomada de decisão sobre as
futuras ações para implementar uma das alternativas possíveis de concepção da
manutenção.
Para que a manutenção seja um aporte realmente efetivo na organização produtiva,
deve usar os meios, ferramentas, tecnologias e recursos humanos altamente qualificados
52
como nos outros setores da empresa. Uma gestão, com visão de futuro, ajuda para que a
função manutenção forneça todo seu potencial e este seja eficientemente usado.
53
CAPÍTULO 3
MODELAGEM DO PROCESSO DE SELEÇÃO DA
CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO
Neste capítulo, apresenta-se uma proposta do modelo para seleção e aplicação
de concepções de manutenção em ambientes industriais, considerando seus
aspectos comportamentais, relacionais e informacionais. Este modelo é
desenvolvido em duas etapas uma das quais será implementada na forma
computacional. Mostra-se, ademais, como deveria ser o processo de aplicação
desta metodologia quanto à manipulação da informação que é obtida no
processo de análise.
54
3.1 INTRODUÇÃO
A modelagem de um processo visa obter informação para: estudar o melhoramento
do desempenho de um sistema, entender o comportamento do mesmo, adotar e manipular
uma linguagem em comum e constatar dualidades na interpretação. AL-AHMARI et al.
(1999) indicam que os analistas e projetistas necessitam elaborar modelos para descrever
as operações industriais, tomar as decisões relevantes e definir os fluxos de informação,
mas o modelo deve ser simples e capaz de suportar diferentes níveis de abstração. No
mesmo sentido HANGOS et al. (1997) agregam as condições de projeto, controle e
otimização.
Há benefícios significativos ao trabalhar com modelos, principalmente, quando se
quer responder uma ampla quantidade de perguntas e ser estendido por toda empresa. Um
modelo é composto de uma fase qualitativa e outra quantitativa. A modelagem qualitativa é
a fase que provê os meios para efetuar um mapeamento do sistema, incluindo os
participantes do processo, de forma que possa facilitar seu entendimento e fundamentar-se
para propor mudanças. A modelagem quantitativa ou modelagem industrial dinâmica
focaliza-se em resolver problemas de comportamento de um sistema composto de
máquinas, pessoal e organização da empresa e é usada no planejamento, na implementação
e no controle (TOWILL, 1996; CORBEN et al. 1995). Além disto, um bom modelo deve
ter a capacidade de ser explanatório e de predizer saídas de eficiência, garantindo que com
a modelagem se tenha um ganho positivo (BURGESS, 1998; ZHENG et al. 1991).
Como características gerais para uma modelagem, ZAKARIAN et al. (2001)
propõem os seguintes aspectos: deve ser suficientemente flexível para trabalhar um amplo
conjunto de aplicações, ser fácil de entender, prover guias para a análise de tal forma que a
equipe de estudo possa questionar todos os aspectos do processo e atividades requeridas
para serem implementadas. Finalmente, deveria prover um mecanismo para identificar e
avaliar o impacto do processo das mudanças incorporadas. Neste último aspecto, CURRY
(1996) acrescenta que a interpretação dos resultados do processo de experimentação ou
simulação ainda é subjetiva, já que a modelagem é uma representação da percepção que o
administrador tem da sua organização e de seu meio ambiente. Aqui tem uma grande
relevância a experiência do administrador e de sua equipe de trabalho.
55
3.2 MODELAGEM DO PROCESSO DE ANÁLISE DA SELEÇÃO DA
CONCEPÇÃO DE MANUTENÇÃO
O modelo proposto para realizar a análise visando definir a melhor alternativa no
processo de seleção de uma concepção de manutenção, está formado de duas partes: a
primeira parte, denominada modelagem de tipo conceitual, tem a finalidade de localizar,
no contexto da empresa, o conjunto de equipamentos para os quais se definirá uma nova
concepção de manutenção. A segunda parte é uma modelagem de avaliação com a qual se
analisa o estado atual da função manutenção e as condições para implementar as mudanças
com base nos requisitos que demanda cada concepção e no nível de cada variável de
decisão que contribui para seleção de uma concepção.
3.2.1 Modelo conceitual
O objetivo principal deste modelo é mostrar a relação, principalmente em nível
informacional, entre a totalidade das linhas de produção da empresa, os equipamentos que
serão objetos de estudo e as características individuais de cada equipamento. O fator
comum que os une é o objetivo que a função manutenção deve atingir, que por sua vez,
está condicionado pelo objetivo dos negócios da empresa. Na Fig. 3.1, apresenta-se
graficamente os fatores que são importantes para o desenvolvimento da metodologia que
conduzirá à seleção da concepção mais adequada com a realidade da empresa.
O nível 1 (nível superior da pirâmide) na Fig. 3.1 representa todo o conjunto de
linhas de produção ou grupos de equipamentos que são atendidos pela função de
manutenção. Para este conjunto de equipamentos deve existir um critério que permitirá
classificá-los como críticos ou motivo de análise e para os quais, será aplicada a
metodologia para mudar a concepção de manutenção.
No segundo nível (nível 2: linhas de produção selecionadas) se encontram as linhas
ou equipamentos do sistema de produção da empresa. Sobre estes equipamentos se faz a
coleta de toda a informação necessária para avaliar o processo de inovação da concepção
de manutenção. A informação se refere disponibilidade de dados, pessoal capacitado,
sistema atual de manutenção, orçamentos e compromissos com a mudança.
Este estudo se constitui na fase mais importante do processo e deverá ser feito com
o maior rigor, já que compromete tempo, dinheiro e esforço e se ao longo do tempo a
aplicação não tiver sucesso, a credibilidade nas mudanças será perdida. Na Fig. 3.2 mostra-
se o detalhamento do estudo para este nível.
56
Fig. 3.1 Modelo conceitual para definir o processo de inovaçao da concepção da
manutenção
Base de dados: tecnologia, usabilidade,
históricos, análise funcional e de falhas,
Políticas, estratégias e táticas
da organização.
Nível 1: leiaute geral
da planta industrial
Nível 2: linhas de
produção
selecionadas
Nível 3:
equipamentos
individuais
Metodologias e ferramentas de análise
para determinar a melhor concepção
da manutenção (SSCM)
Requisitos de
manutenção de cada
metodologia:
Infra-estrutura
Capacitação
Compromissos
Investimentos
Relacionamentos
CONCEPÇÃO DE
MANUTENÇÃO PARA
CADA LINHA DE
EQUIPAMENTOS
Informação para retro-alimentação:
Valores dos indicadores de
desempenho. (PGdF)
Ajustes na programação.
Ajustes de tecnologia
Necessidades de capacitação.
Criticidade, seqüência
na linha, relações entre
linhas
57
O último nível (nível 3: equipamentos individuais) representa todos os
equipamentos individuais com as suas respectivas informações técnicas e de uso, as quais
serão as entradas para o estudo dos equipamentos do nível 2. Todos estes dados serão
muito importantes no momento de definir o plano de manutenção, em especial se a decisão
é implementar MCC, já que para definir ações de manutenção para esses equipamentos é
preciso a experiência dos operadores.
Para apoiar a aplicação da metodologia proposta, a parte da análise das capacidades
da organização da manutenção contará com a ferramenta computacional, implementada em
planilha Excel™, SSCM (Sistemática de Seleção de Concepção de Manutenção) Para obter
o conhecimento dos antecedentes relativo ao desempenho da concepção, existente, foi
desenvolvido um programa computacional, implementado no Visual Basic 6.0™, PGdF
(Programa para a Garantia de Funcionamento). Este programa também servirá de
referência para acompanhar os indicadores da gestão de manutenção implementada. Mais
detalhes sobre estes programas serão mostrados no capítulo 4 “Implementação
computacional da metodologia e análise dos resultados”, e capítulo 5 “Modelo de
monitoramento e controle da aplicação da concepção de manutenção”.
3.2.2 Modelo de avaliação da implementação das concepções
Um processo de diagnóstico é demandado para avaliar, de foma completa, os vários
aspectos que estão relacionados com a função manutenção e identificar os mais
importantes que devem ser positivados no sentido de direcionar corretamente o processo
para inovação da gestão da manutenção. Há que ter presente que na cadeia de requisitos,
aquele que for considerado deficiente tende a marcar o ritmo do processo de gestão. Em
outras palavras, é mais produtivo eliminar as fraquezas detectadas no processo de
avaliação do sistema antes de seguir para o próximo passo na implementação da
concepção, do que reconsiderar quando o processo já estiver encaminhado para resolver
estes problemas que ficaram pendentes.
O processo descrito na Fig. 3.2 começa com a definição da missão da função
manutenção, conforme as estratégias da empresa e as táticas definidas para alcançar seus
objetivos de negócios. Esta será a primeira informação que deve ter a função manutenção
para dimensionar a sua meta, a qual deve ser totalmente compatível com a empresa (RIIS
et al., 1997).
58
Fig. 3.2 Modelo para avaliação e seleção das concepções de gestão de manutenção
Passo 5
Passo 4
Passo 3
Avaliação dos aspectos técnicos do sistema de
manufatura e administrativos da função manutenção
Internalização dos requisitos
A
Indicadores de eficiência
Sim
Análise de criticidade para os equipamentos,
da função e dimensionamento do estudo
A
Sim
Indicadores financeiros
Análise dos requisitos fundamentais para
implementar as concepções de manutenção
A
Sim
Indicadores de implementação
Análise econômica das alternativas
de implementação das concepções
A
Sim
Indicadores de viabilidade
Não
Não
Não
Não
Análise das
deficiências
Indentificadores
de deficiências
Programa de
melhoramento
Cronograma
para o
melhoramento
: aceitável?
A
Dimensionamento da missão para a função
manutenção conforme as estratégias e
políticas da organização produtiva
Avaliação das capacidades da
organização para apoiar a implementação
CONCEPÇÕES DE MANUTENÇÃO
AVALIADAS E RANQUEADAS
Indicadores de maturidade
A
Sim
Não
Ciclo de retro-alimentação com modificações
Passo 1
Passo 2
59
Esta análise servirá para que a função manutenção possa internalizar os objetivos da
empresa e expressá-los na forma de conceitos que sejam compreensíveis por toda a equipe
de manutenção. Em outras palavras, as metas que a alta direção fornece para a função
manutenção devem ser transformadas numa linguagem que seja entendida por todos na
área de manutenção. Desta maneira já se terá uma visão clara sobre os requisitos que a
manutenção deve atender.
Na segunda análise se avalia a condição técnica do equipamento, seu ciclo de vida
em relação ao ciclo de vida planejado para o produto, sua condição de viabilidade para
modernização e todos os aspectos concernentes às capacidades tecnológicas da empresa.
Além disso, deve-se avaliar a capacidade atual de gestão da função manutenção, ou
seja, qual é o desempenho desta função para planejar, programar, administrar, controlar as
tarefas de manutenção e corrigir desvios na gestão. A saída desta análise é uma avaliação
sobre a eficácia técnica dos equipamentos produtivos e da eficácia do sistema
administrativo relacionado com a manutenção para atingir os requisitos do negócio.
No passo seguinte, avalia-se a maturidade da organização para enfrentar novos
projetos de inovação na área de manutenção. A maturidade se relaciona com o
compromisso das pessoas envolvidas com a inovação da manutenção, principalmente em
níveis administrativos superiores da empresa. Também têm relencia os aspectos como a
cultura e capacidade da organização para enfrentar a mudança, conhecimento e uso de
métodos e ferramentas para a gestão, comunicação e transmissão de informações
importantes para o interior e exterior da organização e gerenciamento de conflitos
resultantes do processo de mudança (CLARKE et al. 1997). O nível de maturidade fornece
indicações muito precisas sobre futuras ações que devem ser empreendidas, em especial
para formar um espírito de equipe.
Para optar pela concepção de manutenção mais conveniente para a organização,
idendifica-se e avaliam-se os requisitos apropriados para cumprir a missão da empresa:
uma equipe de manutenção comprometida, apoio da alta gerência, nível tecnológico
adequado para atender as exigências do mercado, maturidade e cultura para realizar as
mudanças.
Cada concepção incluída no estudo tem características e requisitos próprios, os
quais devem ser atendidos para sua implementação. No passo seguinte da análise estes
requisitos são comparados com um conjunto de elementos necessários, presentes na
organização e se mede o grau de atendimento dos requisitos. O grau de atendimento é feito
em relação: a disponibilidade de informação do equipamento, conhecimentos das
60
funcionalidades, nível de preparação técnica dos colaboradores, sistema de administração
dos recursos, etc.
Além disso, neste ponto da avaliação, mediante uma análise da criticidade dos
equipamentos, deve-se decidir sobre a quantidade destes que, inicialmente será incluida na
implementação da nova concepção. É recomendável dimensionar a quantidade de
equipamentos conforme os recursos disponíveis e a experiência do grupo de colaboradores.
É preferível selecionar um número pequeno de itens, obter experiência e mostrar resultados
efetivos. Esta definição também tem influência sobre a análise econômica que é uma etapa
posterior.
O estudo que sempre deverá estar presente, para formalizar uma decisão sobre a
concepção mais conveniente para a organização, é a avaliação econômica. Cada estrutura
de ação de manutenção que se propõe, tem um custo inicial para a implementação e um
custo anual de operação. Nos benefícios resultantes, tem-se a diminuição de custos
operacionais e, principalmente a redução de perdas de produção. Neste caso, o indicador
será do tipo financeiro e deverá estar em concordância com os níveis exigidos pela
empresa para projetos de investimento. A concepção que obtiver o valor do beneficio
esperado mais alto devería ser selecionada como a concepção da manutenção para o grupo
de equipamentos selecionado, caso não existam condições de política restritivas.
Em cada etapa da aplicação do modelo de avaliação, gera-se um conjunto
importante de informações sobre os pontos fortes e fracos da gestão atual e aspectos que
podem ser potencializados na organização da manutenção. Estas informações devem ser
tratadas como uma fonte de dados para uma análise da deficiência, para buscar alternativas
de melhorias e para definir um plano de implementação de ações orientadas a otimizar a
eficiência da função manutenção. Esta metodologia fornece informação para ter um laço de
retro alimentação para definir planos de melhoramentos, eliminar os fatores negativos e
voltar à implementação da concepção com uma base mais robusta para a gestão, o que dará
à função manutenção as ferramentas para atingir seus objetivos.
O processo que se propõe implantar deve ser feito em concordância com a equipe
de manutenção, que abrange desde o administrador ou principal responsável da gestão até
o especialista mantenedor para cada área de conhecimento presente na organização da
manutenção. Deve-se incluir também pessoal da produção, porque o objetivo é atingir a
maturidade global do sistema industrial.
Um fato importante que deve ser ressaltado é que a metodologia proposta, durante
sua aplicação, não implementa ações, mas fornece para o administrador e sua equipe de
61
estudos, diagnósticos, perfis, diagramas ou textos explanatórios sobre os aspectos
avaliados. Com os resultados obtidos da aplicação da sistemática a equipe de manutenção,
baseado na sua experiência e conhecimento dos colaboradores, recursos, logística,
políticas, etc., decide sobre a passagem para a próxima etapa da avaliação.
3.3 DEFINIÇÃO DOS ANTECEDENTES DE CADA PASSO DA METODOLOGIA
Uma das ferramentas mais efetivas, pela simplicidade de implementação e por sua
facilidade para analisar os dados, é a lista de verificação a qual é usada nas mais distintas
aplicações, como segue: no plano de controle em um processo de aplicação da FMEA
(TENG e HO, 1996), na codificação do conhecimento tácito (JOHANNSEN, 2000) e no
monitoramento do desempenho da segurança em uma planta petroquímica (DUFFUAA e
DAYA, 2004). Esta ferramenta é mportante na implementação computacional da
metodologia. Há, contudo, alguns inconvenientes na aplicação da lista, como: a omissão de
perguntas chaves que obrigue a aplicação de um novo questionário para complementar as
informações, ou, por outro lado, dispor-se de um questionário tão extenso que ao final é
rejeitado pelas pessoas que devem colaborar por disporem de tempo limitado devido às
atividades próprias na empresa.
Em geral, as interfaces do modelo com o usuário serão formadas por conjuntos de
perguntas, às quais devem ser respondidas baseadas em níveis de atendimento. Para
seleção das perguntas de cada tópico incluído na metodologia geral (Fig. 3.2) será usada a
metodologia da decisão múltiplos-critérios já que esta metodologia permite mediante a
construção de mapas cognitivos, auxiliar no conhecimento do problema e na definição
(ENSSLIN et al. 2001; FENTON, 2001). Usando o processo de hierarquização, o
problema será dividido em conceitos e áreas prioritárias e estas últimas podem ser
avaliadas no seu nível de atendimento mediante perguntas para o usuário.
Este conjunto de perguntas uma vez avaliadas fornecerá uma “fotografia” do
momento atual da organização e, ao ser comparado com uma situação “ideal,” se tem uma
visão da posição atual da organização. Este processo identificará os itens que podem ser
melhorados na gestão da manutenção e, assim, passo a passo se conseguirá fazer uma auto-
avaliação.
62
3.3.1 Identificação e caracterização da empresa
O primeiro módulo da metodologia identifica os participantes no estudo, o
facilitador e o líder do projeto de inovação. Caracteriza, além disso, o tipo de empresa
mediante os seguintes antecedentes (Fig. 3.3):
Tipo de empresa: classificada sob a denominação da FIESP (Federação de
Indústrias do Estado de São Paulo) a qual inclui 35 tipos de empresas que vão da
fabricação de produtos do fumo até atividades da construção.
Tamanho da empresa (de acordo a FIESP): micro empresa: 0 a 9 colaboradores;
pequena empresa: 10 a 99 colaboradores; média empresa: 100 a 499 colaboradores
e grande empresa: 500 e mais colaboradores.
Relação colaborador de produção por equipamento no setor analisado: relação
maior que 1; relação igual a 1 e relação menor que 1.
Idade dos equipamentos: maior que 15 anos; entre 5 e 15 e menor que 5 anos.
Grau de automação dos equipamentos: operação manual (tecnologia simples);
parcialmente automatizado e totalmente automatizado.
Tipo de manutenção aplicada: corretiva na maioria (maior que 80%); corretiva e
preventiva segundo um programa e corretiva, preventiva e sintomática.
Definição do tipo de manutenção preventiva: a critério do responsável pela
manutenção; por recomendações do fabricante e critério definido pela empresa.
Caracterização relação produto/operação da empresa: fluxo contínuo; repetitivo em
massa; repetitivo em lotes; lotes por projeto; produtos padronizados e produtos sob-
medida / encomenda.
Fig. 3.3 Antecedentes para a identificação e caracterização da empresa
63
Os dados solicitados neste módulo servirão para guiar a posterior recomendação ou
validação da concepção com maior viabilidade de ser implementada. Assim por exemplo,
se a relação colaborador de produção por equipamento for menor que 1, significa que a
linha de produção tem um componente muito forte de automação e para este caso uma
concepção como TPM não é recomendável. Esta resposta deve estar corroborada quando
se introduz o dado sobre o grau de automatização da linha.
Referente ao tipo de manutenção aplicada e o critério para defini-la, o objetivo da
pergunta é encaminhado para determinar o tipo de experiência e conhecimentos
acumulados. Se o tipo de manutenção aplicada é predominantemente corretivo, a chance de
aplicar com êxito uma concepção mais sofisticada é muito baixa e a recomendação é
primeiro começar com o desenvolvimento da manutenção preventiva, apoiada em
recomendações do fabricante, formar uma base de dados, capacitar os colaboradores e em
seguida passar para uma concepção mais evoluída.
O processo de produção pode ser caracterizado por: produção de fluxo contínuo,
repetitivo em lotes, em massa e em lotes por projeto. PINJALA et al. (2005) estudaram de
maneira empírica, o nexo entre o tipo de processo de produção e a estratégia de negócios e
encontraram as seguintes relações: para processo de lotes por projeto ou repetitivo a
flexibilidade é a característica mais relevante; a qualidade e a inovação no produto é o
diferencial para todos os processos e, o custo e tempo de entrega é a prioridade para
processos de fluxo contínuo.
Se ao anteriormente descrito se somar a característica do produto (padrão ou sob
medida), tem-se um antecedente a mais para optar por uma concepção. Por exemplo, se o
processo for de fluxo contínuo e o produto é padrão uma concepção como TPM ou MCC
pode se adequar bem, mas se o produto é sob medida e o processo é em lotes por projeto,
neste caso uma concepção como ILS ou Tero-tecnologia avançada pode ser adequada.
Deve-se ter presente que nenhuma concepção de manutenção é exclusiva de uma ou outra
classificação, só que se adaptam melhor ou pior a certas condições.
3.3.2 Nível de atendimento dos equipamentos produtivos, manutenção, produção e
logística aos objetivos da empresa
Com as tendências atuais de produção Just-in-Time (JIT), ajustada (Lean
Production) e produção flexível e ágil, é vital que a gestão da manutenção esteja integrada
com as estratégias da empresa para assegurar disponibilidade do equipamento, a qualidade
64
do produto, a entrega a tempo, o preço competitivo e o respeito às normas de segurança
(RIIS et al. 1996).
Neste módulo da metologia (corresponde ao passo 1 na Fig. 3.2) explora-se a
condição dos equipamentos para atender os objetivos da empresa, conjuntamente com os
serviços relacionados com a disponibilidade e sustentabilidade total, a saber: manutenção,
operação, abastecimento (logística) e capacidade administrativa. Outras orientações, como
especificadas na Fig. 3.4, podem ainda ser consideradas.
Cada requisito incluído neste módulo é avaliado por um processo de multicritério,
cuja graduação é definida, para cada ponto da análise, segundo a seguinte orientação:
3 Evolução do produto no mercado
Atende a evolução tecnológica: se o equipamento está em condições de processar e
integrar novas tecnologias no produto.
Atende a evolução estrutural: se o equipamento está em condições de processar e
integrar novos materiais e arquiteturas no produto.
Atende a evolução operativa: se o equipamento está em condições de processar e
integrar novas formas de operar ou manipular o produto.
3 Resultados econômicos esperados
Contribui para a redução de custos: a função manutenção está em condições de
reduzir seus custos melhorando a gestão dos recursos e se o equipamento permite um
processo produtivo mais eficiente.
Contribui para o aumento do faturamento: se o equipamento pode aumentar a
qualidade do produto elaborado e conseguir assim uma melhor margem de
contribuição.
Contribui para o retorno do investimento: se realizar uma efetiva manutenção se
consegue diminuir a perda de valor dos equipamentos no tempo.
Contribui para a relação custo/benefício: se a função manutenção contribui com o
resultado global da empresa, mediante a diminuição de custos operacionais.
3 Produtividade dos equipamentos
Aumento da produtividade: se existe a capacidade da função manutenção e dos
equipamentos para aumentar a produtividade via maior automação ou re-projeto dos
mesmos.
65
Manter a produtividade: se existe a capacidade da função manutenção e dos
equipamentos para manter os níveis atuais de produtividade evitando a deterioração
acelerada.
3 Qualidade da produção
Diminuição da taxa de rejeição: se existe a capacidade da função manutenção e dos
equipamentos para introduzir melhoramentos tecnológicos que incrementem os
níveis atuais de qualidade do produto.
Manter a taxa de rejeição: se existe a capacidade da função manutenção e dos
equipamentos para manter os níveis atuais de qualidade do produto.
3 Fluxos de massa e energia
Atende os tempos de entrega: a função manutenção e os equipamentos devem manter
a disponibilidade de acordo com as exigências dos tempos de entrega dos produtos.
Atende os volumes de entrega: os equipamentos devem garantir a disponibilidade e a
capacidade de produção conforme as exigências dos volumes de entrega dos
produtos, a partir da função manutenção no sentido de garantir a taxa de
produtividade.
Atende os consumos de energia: se a eficiência dos equipamentos é alta para não
consumir energia extra em seu funcionamento.
3 Regulamentação ambiental
Diminui os níveis de poluição: ou seja, diminuir todo material que ao final possa se
traduzir em contaminação, como: vazamento de óleo lubrificante, produtos
rejeitados, peças de reposição usadas e acumuladas, cavacos de processos de
fabricação, etc.
Manter os níveis de poluição: evitar que a contaminação aumente, ou seja, manter os
poluentes no nível atual como: vazamento de óleo lubrificante, produtos rejeitados,
peças de reposição usadas e acumuladas, material em partículas dos processos
operacionais, etc.
Diminui os níveis de vibrações: se existe um plano o capacidade de diminuição dos
níveis de vibrações para dar ao trabalhador maior conforto e para proteger o ambiente
de trabalho.
Manter os níveis de vibrações: evitar que os níveis de ruído aumentem e cheguem a
ser nocivos para a saúde do operário e para o ambiente de trabalho.
3 Requisitos de segurança
66
Aumentar a segurança para o operador: se existe a posibilidade de implementar ações
para evitar a ocorrência de acidentes aos colaboradores na operação dos
equipamentos.
Manter a segurança para o operador: implementar um plano de manutenção para ter
em excelente estado de barreiras atuais e assim evitar a ocorrência de acidentes.
Aumentar segurança do equipamento: se existe a capacidade para implementar um
plano de ações de manutenção e projeto para incrementar o estado de auto-proteção
das máquinas.
Manter a segurança do equipamento: implementar um plano de manutenção para ter
em excelente condióes o estado atual de auto-proteção da maquinaria.
O conjunto de perguntas definido para avaliar o nível de atendimento dos requisitos
se mostra na Fig. 3.4, e são qualificados conforme a visão da equipe que atende a função
manutenção.
Fig. 3.4 Fatores do nível de atendimento do equipamento aos objetivos da empresa
67
A lista de condições da empresa a serem levantadas, anteriormente relacionada, é a
mais simples que a gerência de uma empresa poderia submeter à função manutenção. Esta
lista não é exaustiva mesmo sendo relativamente ampla podendo, no caso haver alguma
condição particular de uma empresa, ser agregado ou substituido por outro que seja de real
importância. O objetivo é ter uma visão bastante clara do nível de atendimento dos
equipamentos, a esses requisitos, como também dos serviços que a empresa tem e que
estão relacionados com o parque de máquinas.
3.3.3 Análise detalhada da situação atual da função manutenção
Esta parte da metodologia está orientada para avaliar a função manutenção com
relação à gestão dos aspectos humanos, técnicos e econômicos (passo 1 na Fig. 3.2). A
diferença do módulo anterior é que nesta análise a informação é cruzada com as funções
típicas da gestão e não se concentra na parte técnica somente (Fig. 3.5). A situação é
analisada sob o ponto de vista da capacidade administrativa do gestor da manutenção.
Fig. 3.5 Fatores para análise detalhada da situação atual da função manutenção
Completando esta auditoria da função manutenção, os resultados podem ser usados
para analisar o sistema de manutenção atual que a organização tem em relação ao sistema
de administração, métodos e procedimentos, à estrutura organizacional, ao sistema de
informação e ao uso de tecnologia para a manutenção. Esta análise pode indicar setores ou
68
áreas no sistema atual que não estão equilibrados, ou que não estão corretamente
direcionados para os objetivos que a função manutenção deve atender.
Cada aspecto contido nos itens do módulo da Fig. 3.5 se refere ao seguinte:
3 Aspectos técnicos
Serviços da manutenção: especificação dos diferentes tipos de serviços e produtos da
função manutenção. Especificação em relação a cada área de atuação.
Qualidade dos serviços de manutenção: especificação da qualidade dos trabalhos de
manutenção. Qualidade dos relatórios, das certificações, das decisões sobre os
padrões de manutenção, etc.
Métodos de trabalho da manutenção: especificação dos métodos de trabalho, dos
tempos padrões, relação entre os trabalhos de manutenção, etc.
Recursos da manutenção: equipamentos para a manutenção, contratação de serviços
de manutenção, informação sobre novos equipamentos, capacidade dos
equipamentos, controle do uso, etc.
Materiais da manutenção: planejamento dos inventários (sobressalentes, partes e
equipamentos) armazenamento, relação com os vendedores, etc.
Controle das atividades da manutenção: planejamento dos trabalhos de manutenção,
progresso dos trabalhos, planejamento dos recursos humanos, etc.
3 Aspectos humanos
Relações internas da manutenção: relação com outros departamentos, com a gerência
e coordenação especialmente com a produção.
Relações externas da manutenção: relação com organizações externas e outras
empresas similares. Relação com fornecedores, usuários, organizações de educação e
de profissionais.
Organização da função manutenção: estrutura da organização, seleção dos
profissionais, relação entre grupos de especialidades, responsabilidade e autoridade.
3 Aspectos econômicos
Estrutura da manutenção: estrutura do trabalho de manutenção, responsabilidade por
grupos de trabalho, estrutura da área, relação com o sistema de contabilidade,
especificações básicas (documentação, planos, esquemas), etc.
Economia da manutenção: controle orçamentário da função manutenção, planos de
investimentos e financiamento.
69
Economia da produção: indicador sobre a relação economia da produção e economia
da manutenção, indicador de custo-benefício da manutenção.
3 Funções administrativas
Planejamento: seleção dos objetivos e metas e dos meios para cumprir esses
objetivos.
Organização: definir a estrutura de cargos necessários para o funcionamento,
selecionar e capacitar pessoas que desempenharão esses cargos.
Análise: uso da informação de retro-alimentação para detectar desvios e propor ações
de correção.
Execução: tomar ações para motivar o pessoal e fazer que realizem o trabalho
conforme o planejado para atingir os objetivos.
Controle: definição de estratégias, indicadores de desempenho e controle das ações
de manutenção. Implementar as ações corretivas para chegar aos objetivos.
Documentar as ações realizadas.
Como em todos os aspectos considerados nesta metodologia a interpretação dos
resultados (a apreciação do nível de desenvolvimento) é uma instância muito particular do
administrador ou do encarregado da manutenção. De certa forma, está ao alcance dele a
percepção de capacidade de administração e do nível de resposta de seus recursos em
relação aos objetivos fixados para a função manutenção. O importante é potencializar a
oportunidade para fazer uma revisão profunda de todos os aspectos que forem importantes
para a gestão.
3.3.4 Análise da maturidade da organização
Quando se aplica o conceito de maturidade em uma organização é para constatar o
estado onde a organização estáem relação aos atributos que estão sendo avaliados. A
maturidade da função manutenção poderia indicar que a organização definida para a
manutenção está perfeitamente condicionada para empreender todos seus projetos de
inovação, sejam tecnológicos ou de gestão integral de seus recursos.
No mundo real não se encontra a maturidade completa de uma organização;
ninguém alcançou o estado de máximo desenvolvimento e ninguém o fará (ANDERSEN e
JESSEN, 2002). A razão é que o mundo dos negócios está sempre evoluindo, como
também o fazem as pessoas que compõem a organização. Então tem sentido falar de graus
de maturidade e fazer esforços para estar, em cada ciclo de avaliação, melhor que no
anterior.
70
Na Fig. 3.6, se mostram os fatores considerados na metodologia para estruturar o
conjunto de perguntas, que depois de serem valoradas pelos avaliadores, permitirão uma
visão do estado da maturidade da organização para a manutenção e no seu entorno para
cada um dos aspectos considerados (esta análise corresponde ao passo 2, na Fig. 3.2).
Fig. 3.6 Aspectos considerados para a avaliação da maturidade
A avaliação de cada resposta é dada a partir de uma escala de valores que vão desde
muito alto até sem interesse ou negativo, incluindo a alternativa normal ou esperada. Esta
escala inclui o conceito de ótimo ou máximo que seria a referência para a qual a
organização deve se conduzir a fim de ter segurança que a implementação de um projeto
vai terá êxito.
A medição da maturidade é mais subjetiva que objetiva e depende do julgamento
do administrador de seu entorno. A maturidade é principalmente, a combinação do apoio
ou comprometimento que o entorno oferece à função manutenção mais a capacidade ou
conhecimento que se tem das metodologias relacionadas com implementação de projetos.
Como há vontade da organização se envolver em projetos novos, há quantidade e
71
qualidade da informação e capacidade de solucionar conflitos, a apreciação ou avaliação
do estado atual de maturidade por parte do administrador, pode não estar muito longe da
realidade.
A escala de valores para avaliar o grau de maturidade é o seguinte (CLARKE e
GARSIDE, 1997):
Nível 4: um compromisso total e visível, uma cultura totalmente comprometida com
as mudanças, uma excelente comunicação, as metodologias para projetos são sempre
usadas e a administração dos conflitos é excelente.
Nível 3: compromisso visível e freqüentemente consistente, mas de baixo perfil, a
cultura aceita as mudanças, boas comunicações, as metodologias são usadas
freqüentemente e a administração dos conflitos é boa.
Nível 2: o compromisso é limitado e inconsistente, a cultura aceita com certa
desconfiança as mudanças, as comunicações são limitadas, as metodologias às vezes
são usadas e a gestão dos conflitos é limitada.
Nível 1: o compromisso é pobre, a cultura que possui a organização torna muito
difícil às mudanças, a comunicação é pobre, as metodologias raramente são usadas e
a gestão dos conflitos é muito limitada.
Como todos os aspectos da maturidade não têm a mesma importância, o
administrador deverá priorizar cada um destes antes de seguir com a aplicação da
metodologia. Este ponto é incluído na metodologia para se considerar e refletir sobre o
processo de priorização que cada empresa dá a cada aspecto da maturidade em cada projeto
de inovação em particular.
3.3.5 Análise da criticidade dos equipamentos e da função manutenção
No momento em que se decide realizar o estudo sobre a viabilidade de adotar uma
nova concepção para a manutenção, o administrador já definiu qual é a linha crítica de
produção ou o conjunto de equipamentos que são de alta criticidade para sustentar o
negócio da empresa. O objetivo deste módulo, no desenvolvimento da metodologia, é
decidir se o processo de inovação se aplica a toda a linha ou somente a um grupo mais
reduzido de equipamentos (passo 3 na Fig. 3.2)
É recomendável não abranger todo o conjunto de equipamentos, em especial se este
conjunto for numeroso e de alta complexidade (CHAN et al., 2004, COETZEE, 1999). É
preferível se concentrar em adquirir experiência em equipamentos que são conhecidos e
para os quais com a introdução de melhoramentos, sejam estes tecnológicos ou de gestão,
72
obtêm-se resultados apreciáveis. Isto motiva o grupo a expandir a aplicação dos
conhecimentos adquiridos e comprovados.
Nesta análise também se define o número de equipamentos que entrarão na
primeira etapa do estudo, o que influi diretamente na análise de custos para cada
concepção. Na Fig. 3.7 se mostram os fatores principais que são considerados no módulo
de análise da criticidade.
Fig. 3.7 Fatores para análise de criticidade dos equipamentos e da gestão atual da
manutençao
Esta análise está composta de duas partes: a primeira avalia, para cada
equipamento, um indicador de criticidade e o classifica em crítico, semi-crítico e não
crítico. A segunda parte é para avaliar a criticidade conjunta de todo o sistema de
manutenção e é realizada a fim de comparar as condições reais para cada par de variáveis
incluídas na análise. A idéia central é visualizar como está condicionado o
desenvolvimento de uma variável em relação a outra. Assim por exemplo, se a gestão
administrativa dos recursos é deficiente, qualquer forma de realizar a manutenção
(corretiva, preventiva ou sintomática) tem alto risco de não fornecer os resultados
esperados da função manutenção.
Cada item deste módulo está integrado por:
3 Fator de velocidade de manifestação da falha
Período P-F (Potencial failure – Functional failure): é o tempo que pode transcorrer
entre o momento em que se detecta uma falha em potencial e o momento em que esta
se transforma em falha funcional. A escala de valoração é: muito curto, não dá tempo
para parar o equipamento; curto, é possível parar o equipamento; suficiente, é
possível programar a intervenção.
73
3 Fator de segurança do pessoal e do ambiente
Descrição: o foco é avaliar as conseqüências que a falha poderia ocasionar sobre as
pessoas e seu impacto sobre o ambiente. A escala é: sem conseqüências; efeito
temporal sobre pessoas, não afeta o ambiente; efeito temporal sobre as pessoas e
ambiente; efeito irreversível sobre as pessoas; efeito irreversível sobre as pessoas e
ambiente.
3 Fator de custos da parada de produção
Critério: permite estabelecer critérios para categorização dos equipamentos conforme
as conseqüências sobre o processo de produção e satisfação da demanda. A escala é:
não implica demora na entrega; implica demora leve na entrega; implica demora e
perda de clientes.
3 Fator de custos de reparação
Classificação de acordo com Pareto: permite determinar critérios de classificação das
falhas de acordo com os custos diretos de reparação
. A escala usada é: classificação
A: equipamento que pertence ao grupo responsável por 80% do total dos custos
diretos de reparação; classificação B: equipamento que pertence ao grupo
responsável por 15% do total dos custos diretos de reparação; classificação C:
equipamento que pertence ao grupo correspondente a 5% do total dos custos diretos
de reparação.
3.3.6 Análise dos parâmetros e seleção da concepção da manutenção
Esta aplicação da metodologia (passo 4 na Fig. 3.2) é a parte mais importante do
processo já que aqui é feito uma analise com todos os dados recolhidos nos módulos
anteriores e cruzada com a informação que o administrador vai a ingressar sobre as
características que deveria possuir o sistema no futuro, para atender os requisitos da
empresa (para maior detalhe sobre este ponto ver seção 4.9).
Para cada concepção que forma parte do modelo da metodologia selecionam-se
aqueles parâmetros que definem suas características e que são relacionados com os
aspectos técnicos, administrativos, de gestão, de apoio do entorno, de conhecimentos
básicos, de uso de metodologias e ferramentas de otimização e de modelos de projeto. Para
cada um deles fixa-se um nível mínimo que a função manutenção deveria atender em
conformidade com seu entorno competitivo e o mercado que enfrenta e estes níveis são
comparados com as avaliações já feitas nas etapas anteriores. Tem-se um ponto de
74
referência sobre as condições qualitativas que a organização possui para a implementação
de algumas concepções.
Para a implementação de cada concepção devem-se ter conhecimentos específicos,
habilidades especiais, infra-estrutura mínima e apoio do entorno, então se apresenta para o
administrador uma matriz que mostra quais são estes requisitos, quem deverá indicar os
que no momento da validação já tem cobertos ou pode acesar de forma muito rápida. Este
questionário da uma outra visão sobre as possibilidades de implementação de uma
alternativa de concepção.
A informação colhida neste módulo, na parte da definição dos parâmetros de
seleção, tem como objetivo fornecer uma análise que faz referência a dois aspectos: as
características atuais do sistema de manutenção e as metas declaradas ou o que se almeja
como característica da função manutenção com a inovação da concepção (Fig. 3.8). O
objetivo desta primeira parte é mostrar se a passagem de uma concepção para outra é
realizável em conformidade com a análise feita, em conjunto pelo facilitador e pelo
analista, dos requisitos que impõe a situação futura. Da mesma forma que nas análises
anteriores a decisão está em mãos do encarregado da manutenção.
Fig. 3.8 Fatores para análise das opções de concepções de manutenção
De acordo com as metas declaradas pela equipe de manutenção, a sistemática
fornece uma recomendação sobre o sistema administrativo que se deveria possuir, o nível
de conhecimentos que a equipe de manutenção deveria atingir e o tipo de tarefas mínimas
que deveriam realizar nos equipamentos. Tem-se desta forma uma base de discussão
75
quanto à função manutenção no sentido de avaliar as condições para assumir as novas
responsabilidades que afetam as metas declaradas.
Se as metas declaradas pelo analista são as que na realidade vão satisfazer os
requisitos da função, todos estes antecedentes servirão para adequar parte da base de
decisão na perspectiva de recomendar uma nova forma de concepção de gestão de
manutenção.
A informação solicitada sobre o atual sistema produtivo é (ver Fig. 3.8):
3 Primeiro grupo, que compreende as características: tecnologia simples; redundâncias;
quantidade alta em estoque de peças e baixa complexidade do produto.
3 Segundo grupo, que compreende: tecnologia semi-automática; algumas redundâncias;
nível de estoque moderado e complexidade média do produto.
3 Terceiro grupo, as carateristicas são: tecnologia automatizada; baixas redundâncias; alto
estoque de componentes e complexidade média a alta do produto.
3 Quarto grupo compreende: tecnologia avançada; muito baixas redundâncias; sistemas
complexos; alto investimento de capital e processamento contínuo.
A informação solicitada para o grupo de dados chamado "requisitos a atender" (ver
fig. 3.8) é a ponderação para cada um dos requisitos que já foram definidos no módulo
"nível de atendimento aos requisitos pelos equipamentos produtivos, pela manutenção,
produção e logística". Este ponderação serve para centrar ainda mais a atenção sobre a
relevância ou importância que se atribui a cada requisito a atender já analisados. Pode
ocorrer que em algumas situações para a função manutenção eles não sejam importantes ou
não estão declarados e, assim, não deveriam influenciar a seleção de uma nova concepção.
O grupo de antecedentes referido como "metas declaradas", na Fig. 3.8, têm como
objetivo a coleta de informação sobre as características desejadas para a nova forma de
gestão da manutenção e estão agrupadas como:
3 Primeiro grupo: manter a capacidade de utilização; reduzir os trabalhos de manutenção;
aumentar a confiabilidade da linha; melhorar a mantenabilidade; manter a segurança,
qualidade e manter o nível de serviço.
3 Segundo grupo: alta confiabilidade; alto nível de serviço; alta capacidade de utilização;
aumento da produtividade; alta mantenabilidade e aumentar a segurança e qualidade.
3 Terceiro grupo: alto tempo de funcionamento; baixa manutenção não programada; alta
segurança e qualidade; muito alto nível de serviço e muita alta mantenabilidade.
3 Quarto grupo: muito alta disponibilidade do equipamento; muita alta confiabilidade do
processo; reduzido número de falhas e muito alta segurança e qualidade.
76
Terá que ser destacado para o analista o fato de que à medida que as metas
declaradas forem mais sofisticadas, a implementação da gestão da manutenção deve fazer
uso de ferramentas, conhecimentos, colaboradores e recursos de qualidade mais alta e mais
detalhadas. Tem que ser levado em conta o uso dos recursos, os tempos de respostas, os
conhecimentos e habilidades requeridas, entre outros aspectos. Há que se pensar em
estruturas administrativas mais adequadas como as descentralizadas, matriciais ou híbridas.
A informação da parte “análise dos parâmetros e seleção da concepção da
manutenção” está projetada para definir finalmente qual ou quais são as concepções mais
adequadas para as condições e requisitos a atender pela função manutenção. O
procedimento em primeiro lugar, conforme todos os antecedentes identificados nos
módulos anteriores, submete o conjunto de dados a um filtro onde estão valorados todos os
requisitos mínimos, para cada concepção e fornece o resultado sobre qual concepção de
manutenção é a que melhor se adapta, conforme as características atuais da manutenção,
produção e as metas declaradas
.
Na segunda parte do procedimento, obtém-se uma série de antecedentes sobre as
características de cada concepção e as condições sob as quais estas devem ser
implementadas. Assim por exemplo, para a concepção da manutenção produtiva total
(TPM) os requisitos de informação e conhecimentos identificados são: identificação dos
seis tipos de perdas de eficiência; ações de manutenção, evolução do estoque e controle do
orçamento; informação sobre custos de manutenção e perdas de produção; necessidades de
capacitação para a manutenção autônoma; dados para conformar os parâmetros de
eficiência global e informação técnica dos equipamentos. Neste ponto consulta-se o
analista sobre qual destes requisitos a função manutenção está em condições, naquele
momento, para levar a um bom término, isto para todas as concepções incluídas no estudo.
O objetivo desta fase é mostrar ao analista que não basta ter as condições atuais de
gestão, maturidade, tecnologia e metas a cumprir bem conformadas, o que já é um grande
avanço, mas também terá que se planejar para o futuro. Um dos fatores que mais influi
negativamente, na seleção de uma concepção é o desconhecimento de todos os requisitos
que ela impõe na sua implementação e esta parte está destinada a minimizar esse efeito.
Também o módulo seguinte, a avaliação econômica, contribui ao maior conhecimento dos
requisitos da concepção e os desafios para a função manutenção
.
A decisão final sobre a seleção das concepções que serão submetidas à avaliação
econômica é do analista, mas diante de um conjunto bastante amplo de informações sobre
os requisitos de cada concepção e das capacidades atuais da função manutenção.
77
3.3.7 Análise econômica das alternativas de manutenção
A avaliação econômica é um passo importante na seleção final da concepção da
manutenção, já que nesta parte se valora o real impacto da inovação na gestão. Na Fig. 3.9
se mostram os componentes deste estudo com o qual se finaliza a aplicação da metodologia
e corresponde ao passo 5 indicado na Fig. 3.2.
Fig. 3.9 Aspectos considerados na análise econômica das alternativas selecionadas
Este módulo da metodologia é o mais difícil de realizar, porque quantificar os
benefícios é uma tarefa que requer um conhecimento (e uma estimativa do futuro) que
muitas vezes não está presente, em especial quando se está trabalhando diante de uma
experiência inovadora. Embora o módulo ofereça uma lista dos benefícios esperados e não
é necessário que o analista tenha que identificá-los, sua valoração requer o trabalho de uma
equipe experiente e qualificada. O ganho adicional refere-se à necessidade da equipe
pesquisar em profundidade sobre suas capacidades instaladas, e identificar aquelas que
podem surgir dentro ou fora da organização, para assim obter valores de acordo com a sua
realidade.
Vale destacar a característica principal desta avaliação econômica, de ser do tipo
incremental, ou seja, a referência está na estrutura atual de custos. Qualquer diminuição
78
destes custos se transforma em um ganho para a empresa. Se ao final da avaliação, para as
alternativas selecionadas, o resultado é negativo ou que não convém trocar a estrutura atual
por uma nova, significa que os benefícios obtidos não compensam os custos da
implementação. Neste caso o que resta é implementar ações para eliminar as fraquezas
detectadas e melhorar a gestão atual, até que os requisitos do mercado em que a empresa se
desenvolve imponham novas condições.
Em geral a estimativa dos custos é relativamente mais simples, já que é um trabalho
habitual dentro da administração de recursos. A metodologia requer a inclusão dos valores
de custos, classificados na forma de itens para cada concepção, conforme se mostra na Fig.
3.9. Ao selecionar, por exemplo, a concepção da manutenção centrada no risco, no item
capacitação os custos de treinamento solicitados deveriam ser para os seguintes
conhecimentos: princípios metodológicos da manutenção centrada no risco; técnicas de
avaliação física e econômica do risco; análise dos modos de falha e sua criticidade
(FMECA); definição das criticidades dos equipamentos e teoria das probabilidades e
estatística para análise de riscos. Para os demais itens a informação solicitada também deve
estar de acordo com a concepção selecionada.
O resultado fornecido neste módulo é o benefício líquido presente e a taxa interna
de retorno. Esta última informação deve ser comparada com a taxa exigida pela empresa
para os projetos de investimento e se indica qual das concepções cumpre com a condição
financeira. Se não existir condicionantes qualitativas, a concepção que resultou na maior
taxa deve ser implementada.
3.4 PROCESSO DE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
Em cada passo da aplicação da metodologia, obtém-se informação sobre o estado
da gestão atual da manutenção e do nível tecnológico que existe na empresa. Tudo se
refere aos objetivos que a função manutenção deve atender. Este processo se considera
similar a uma análise de forças e fraquezas da organização, como também de
oportunidades para melhorar o desempenho da função (SWOT).
Para cada conjunto de variáveis de decisão que compõem a metodologia se obtém
gráficos e relatórios sobre o estado atual, mais sugestões que são resultados de uma análise
dos valores do processamento dos dados obtidos ao aplicar as listas de verificação. Esta
informação ajuda o responsável pela manutenção a propor estratégias para o
melhoramento, onde as necessidades, suas características e a meta a alcançar estão
identificadas.
79
Na Fig. 3.10 mostra-se, em sua totalidade, o processo de aplicação da metodologia
identificando as ferramentas usadas. O processo conta com um corpo principal de
compilação de informação, que uma vez elaborado é forneceido ao administrador na forma
de indicadores, principalmente. Este por sua vez, apoiado no conhecimento de sua
realidade (capacidade dos recursos e urgência em atender as metas impostas) decidirá se
aceita o nível dos parâmetros ou indicadores definidos em cada análise. Quando isto
ocorre, passa-se para estudo seguinte ou, estuda-se a viabilidade de implementar ações para
eliminar as debilidades em seu sistema.
Dentro desta metodologia está contemplada uma via de retro-alimentação de
informação que, de acordo com o período de tempo que transcorre a implementação das
estratégias recomendadas para o melhoramento no processo de avaliação, o administrador
deverá avaliar se retorna para começo do processo de análise ou somente à etapa anterior.
O ponto chave está nas mudanças dos objetivos para a manutenção neste período. Se os
objetivos forem os mesmos, não terá sentido recomeçar tudo de novo, é só retonar ao
caminho do ponto onde se implementaram as melhorias.
A elaboração das estratégias é tarefa do administrador, já que ficará sob seu
controle todo o processo que consiste em introduzir melhorias em um sistema que já tem
sua forma de proceder e, ninguém melhor do que ele para liderar estas transformações.
Uma ferramenta muito usada para definir prioridades, contrastar situações e avaliar
alternativas é a análise matricial (CLARKE e GARSIDE, 1997; GOVERS, 1996; HAN et
al, 2001). Esta ferramenta será usada neste trabalho para desenvolver modelos que
ajudarão o administrador, em seu processo de definição das prioridades para implementar
os melhoramentos necessários em seu sistema de manutenção. Outra ferramenta proposta é
o uso de fatores-chave de sucesso, a qual pode ser usada para estudar o tratamento das
variáveis de operatividade da manutenção no que se relaciona à proposição de estratégias
para as ações de manutenção (ver itens 2.6.1, 2.6.2 e 2.6.3).
Os modelos a serem mostrados nas seções seguintes são complementares á
metodologia e estão disponíveis para ajudar ao administrador em três situações especificas:
o problema de hierarquizar os investimentos para atualizar o parque de equipamentos, o
impacto as ações para melhorar a maturidade da organização e para ajudar na identificação
das melhores estratégias para a implementação das ações de manutenção.
80
Fig. 3.10 Processo de aplicação da metodologia para definir a melhor concepção de manutenção para a produtividade industrial
Sim
Mapa situacional da gestão da
manuten
ç
ão
Lista de verificação para a maturidade da
or
g
aniza
ç
ão
Matriz de avaliação da
criticidade:
Velocidade de manifestação
Segurança pessoal e
ambiente
Custo de parada de produção
Custo de reparação
Avaliação econômica para as
alternativas selecionadas:
Beneficios esperados da
innovação
Custos de implementação de
cada concepção
Estado das características da empresa
Modelos de concepções da manutenção
Da estrutura da empresa:
Nível tecnológico
Nivel de maturidade
Condição da gestão
Tipo de produção
Da concepção da manutenção:
Informação e conhecimentos
Técnicas e ferramentas
Apoio logístico
Infraestutura física
Nível de atendimento dos
requisitos da empresa por parte dos
equipamentos produtivos, função
manutenção, produção e logística
Análise detalhada da situação da
função manutenção em relação ao
serviço fornecido
Análise do grau de maturidade da
organização para apoiar a
innovação da concepção
Internalização dos objetivos da
empresa
Objetivos para a função:
Manter a capacidade de produção
Reduzir custos da manutenção
Aumentar a confiabilidade da linha
Melhorar a mantenabilidade
Aumentar a segurança e qualidade
Alto tempo de funcionamento
Condição?
Nível de
atendimento
Compatibilização da
condição, requisitos
e disponibilidade de
recursos.
Concepções
selecionadas
Taxa de implementação:
Número de equipamentos
Nível de criticidade
Concepção final selecionada.
Tempo de implementação
Nível de investimento
Continua
?
Programa de melhoramentos
Diagrama de causalidades para os
re
q
uisitos
Lista de verificação para o nível de
atendimento dos requisitos
Requisitos para as concepções:
Tero-tecnologia avançada
Manutenção estratégica
Manutenção centrada na confiabilidade
Manutenção centrada no negócio
Manutenção produtiva total
Apoio logístico integrado
Manutenção com qualidade total
Manutenção centrada no risco
Não
Avaliação do nível
de atendimento
81
A modelagem proposta tem por finalidade ajudar o responsável pela manutenção a
definir prioridades no processo de melhoramento, mas tendo em mente o conceito da
análise holística, o qual demonstrou ser a melhor opção no momento de introduzir
inovações em um sistema.
3.4.1 Hierarquização dos investimentos no parque de equipamentos
Para solucionar o problema de obsolescência ou inadequação de alguns
equipamentos da linha de produção, geralmente a solução mais imediata é adquirir a
máquina ou tecnologia e instalá-la. Mas o problema não é tão simples como parece: terá
que assegurar-se de que a organização (produção e manutenção especificamente) pode
absorver a tecnologia (CHEN e SMALL, 1996) e que a linha de produção, por outro lado,
não seja prejudicada pela inserção de um novo componente (geração de estoques
intermediários ou elevação de custos de produção por subutilização).
O impacto da introdução de um novo equipamento na linha de produção não
somente se reflete na célula de onde fará parte integrante, mas também repercute em todos
os processos que são realizados na linha de produção.
O melhoramento de um processo leva a adequar os demais equipamentos ou
processos, para que desta forma o ganho em uma célula não se converta em perdas nas
outras. O problema se amplia quando os pontos que necessitam melhoramentos são vários
e o orçamento é limitado. Terá então que tomar decisões sobre as prioridades de
investimento sobre os equipamentos.
O procedimento mostrado na Fig. 3.11 usa um conjunto de indicadores, apoiados
nos antecedentes obtidos da aplicação da metodologia e outros que são fornecidos pelo
analista. Os antecedentes obtidos da aplicação da metodologia são a criticidade de cada
equipamento e seu nível atual de adequação às metas impostas para o equipamento que
está sujeito ao estudo da manutenção. O administrador deve introduzir o custo de cada
equipamento, o impacto do equipamento novo sobre o restante da linha (valor positivo ou
negativo) e a apreciação da capacidade de adequação das pessoas e infra-estrutura à nova
tecnologia.
A matriz para a análise dos resultados está composta de dois grupos de indicadores:
um grupo referido à situação atual do equipamento e ao impacto da inovação na linha de
produção e o outro grupo ao custo de aquisição do equipamento e à criticidade do
equipamento.
82
Fig. 3.11 Matriz de hierarquização para definir prioridades de investimentos baseado nos critérios de criticidade e investimento
83
A primeira lista ordenada fornecida pela matriz está referida à situação atual do
nível de atendimento dos equipamentos em relação às metas impostas para obter um
produto, de acordo com a qualidade que o mercado exige (ver itens 3.4.2 e 4.5).
Este valor se faz referência com o impacto que provoca a introdução do
equipamento na linha de produção, o qual é obtido mediante a soma dos impactos pontuais
em cada processo de fabricação envolvido. O primeiro critério - Cr
1,j
-
(Média do
atendimento / Impacto (M/I)) é calculado pela razão entre o nível de atendimento do
equipamento j considerado - MA
j
- (Média do atendimento por equipamento) e - IP
i,j
-
(Criticidade dos equipamentos da linha) o impacto total na linha de produção do
equipamento j nos processos de fabricação i (Ver Fig. 3.11).
processosni
IP
MA
Cr
joequipamentcadaPara
n
i
ji
j
j
,...2,1
:
1
,
,1
==
=
(Eq. 3.1)
A máquina associada ao valor mais baixo deveria ter prioridade na aquisição, já que
isto indica que o equipamento possui um nível baixo de atendimento dos requisitos de
negócio da empresa e, além disso, um alto impacto nos processos de fabricação da linha de
produção.
O segundo critério - Cr
2,j
– (Criticidade / valor investimento (C/V)) é calculado
mediante a razão entre a criticidade do equipamento j - CRIT
j
– (Criticidade dos
equipamentos da linha
) (vide itens 3.5.5 e 4.8) e o custo de aquisição deste - CE
j
– (Valor
do investimento (US$)
), cujo valor é introduzido pelo analista (Ver Fig. 3.11).
j
j
j
CE
CRIT
Cr
joequipamentcadaPara
=
,2
(Eq. 3.2)
Este indicador dá preferência a aquele equipamento cuja criticidade é alta e seu
custo de adquisição baixo, ou seja, leva em conta não somente o aspecto econômico, mas
também sua importância na confiabilidade da linha de produção. Deveria ter prioridade o
equipamento associado ao indicador com maior valor.
O terceiro indicador mostrado na Fig. 3.11 é a conjunção dos dois indicadores
anteriormente nomeados, e aquele equipamento com o ordenamento nos primeiros lugares
84
das listas anteriores, ficará com a mais alta preferência para ser introduzido na linha de
produção, já que é o que melhor atende todas as condicionantes para uma boa seleção.
Deve-se ressaltar que este modelo é somente um procedimento de ajuda para o
administrador com a finalidade de lhe dar uma visão holística do problema. Mas podem
existir condicionantes especiais que farão com que a sugestão fornecida pelo modelo fique
sem validade, como a urgência na aquisição do equipamento ou um orçamento muito
pequeno. Então o administrador terá que decidir sobre a aquisição do equipamento
somente por um único fator que é o custo de perda de vendas ou custo do equipamento.
Também pode acontecer que a influência da introdução do equipamento na linha de
produção seja quase nula para o resto dos processos. Neste caso uma análise deste tipo não
é necessária realizar, já que o problema está restrito a um ponto só na linha de produção,
ou que a condição do nível de baixo atendimento dos requisitos se concentre somente em
poucos equipamentos para o qual a solução pode ser direta.
No modelo faz-se referência a uma variável chamada de grau de adequação à
tecnologia, que pode ser uma condicionante que mude todas as prioridades definidas pelo
modelo. Contudo esta variável é de difícil modelagem por ser muito subjetiva. A variável,
grau de adequação pode influir na redefinição da tecnologia do equipamento, ou no atraso
da introdução da máquina, devido a exigências de capacitação dos operadores e
mantenedores, obras em infra-estrutura entre outras restrições.
3.4.2 Hierarquização das atividades relacionadas com o melhoramento da
maturidade da organização para a manutenção
O modelo mostrado na Fig. 3.12 relaciona as variáveis que foram definidas para
descrever o nível de maturidade da organização em relação às tarefas ou ações
recomendadas para serem implementadas, tendo por finalidade eliminar os pontos fracos
na organização. Melhorar a maturidade traz como conseqüência duas vantagens: reduzir a
variabilidade inerente ao processo e melhorar a eficiência média do processo (COOKE-
DAVIES e ARZYMANOWC, 2003).
Um estudo sobre a maturidade tem entre outras finalidades ajudar à organização a
reconhecer quando e por que deve melhorar, bem como obter uma visão dela própia e,
assim, conhecer quais ações precisa empreender para conseguir alcançar seus objetivos
(DUFFY, 2001). Desta forma, assegura-se a prover os meios adequados para melhorar o
desempenho de cada integrante e da organização como um todo (HARRISON, 1995).
85
Fig. 3.12 Matriz de prioridades para ações relacionadas com a maturidade da organização baseada no numero de impactos na organização
86
O foco central do modelo está em procurar qual a ação de melhoramento, dentro de
todas as sugeridas, que provoca o maior impacto através de todos os aspectos considerados
no estudo da maturidade e, desta forma ser mais efetivo na aplicação das ações
selecionadas. O critério de ordenamento - Cr
3,j
– (Ordem das prioridades para a
implementação
) é o produto ponderado entre o grau de maturidade de cada aspecto i -GM
i
– (
Nível atual da maturidade) determinado na aplicação da sistemática (ver itens 3.4.4 e 4.7
para maior detalhamento da forma de obter o grau de maturidade) e o número de impactos
de cada ação j no conjunto de aspectos i - imp
i,j
– (Número de impactos) (Ver Fig. 3.12).
=
=×=
n
i
ijij
aspectosniGMimpCr
jaçãocadaPara
1
,,3
,...,2,1
(Eq. 3.3)
Ordenam-se da menor para o maior, priorizando desta maneira às ações que têm o
maior número de impacto sobre os aspectos com mais baixo nível de maturidade.
O modelo mostrado na Fig. 3.12, a título de exemplo, considera somente os
aspectos relacionados com apoio da organização à implementação de projetos de inovação
para a gestão da manutenção e a cultura da organização com relação às mudanças. A
definição das ações de melhoramento, quando se aplica a metodologia, em princípio está
enfocada para resolver o problema pontual de cada variável da maturidade, mas no modelo
de hierarquização destas ações já se tem a visão holística do problema. Desta forma,
define-se o conceito de impacto da ação.
A diferença com o modelo para aquisição de equipamento, este modelo considera
que cada ação de melhoramento tem o mesmo grau de impacto em qualquer variável da
maturidade, mas se o analista considera importante realçar o nível do impacto pode definir
uma escala para cada grau, e introduzir os valores na matriz.
Nos dois últimos modelos apresentados pode-se dar a situação que dois ou mais
fatores tenham o mesmo valor para o critério de ordenamento, mas a condição que deu
origem a estes valores pode ser muito diferente para cada um deles. Prestar maior atenção
em quanto suceda esta situação já uma decisão baseada numa analise sem aprofundamento
pode levar a resultados errados.
87
3.4.3 Fatores chave de sucesso na implementação das estratégias de manutenção
Os fatores chaves de sucesso fornecem uma relação entre o desempenho de um
negócio ou atividade, em termos de vantagens competitivas, e as causas desse
desempenho, em termos do aproveitamento dos recursos e do uso das habilidades. E
sucesso é definido como o desempenho de uma atividade, que quando comparada a um
critério de eficiência válido é superior a este valor (GRUNET et al., 1992).
O mais importante é que os parâmetros que são definidos como críticos refletem os
pontos chave que a função de manutenção deve desenvolver e atender de forma eficiente
para apoiar as estratégias definidas para o negócio da organização e ter sucesso na sua
gestão.
A estratégia é o que transforma as idéias em realidade. Sem idéias não há um
contexto para a formulação e implementação de estratégias (CHAHARBAGHI e WILLIS,
1998). Para a função manutenção as idéias para formular as estratégias vêm do
conhecimento total da realidade que se enfrenta e que deve manter sob seu controle. Além
disso, soma-se o fato de que a implementação de uma estratégia é um processo que
abrange um período de tempo e, portanto necessita de uma aprendizagem e de um
seguimento contínuo (Fig. 3.13). É por isso que o manejo de correlações entre o fator
chave de sucesso definido e a taxa de variação do efeito que se deseja otimizar, fornece um
melhor diagnóstico da efetividade das ações de manutenção.
Para muitos casos, especialmente em ambientes competitivos, que apresentam uma
série de fatores intangíveis, a avaliação da eficácia organizacional não pode ser resumida
às medidas de desempenho quantitativas (financeiras ou não-financeiras), mas deve
também incluir explicitamente fatores intangíveis (RANGONE, 1997). Neste caso devem-
se dar ênfase, por exemplo, à capacitação contínua, a um ambiente de trabalho com
segurança, etc., e não somente ao cumprimento da meta de custos.
Uma vez identificados os fatores que vão ser otimizados (minimizar ou maximizar),
procura-se propor as estratégias que vão ser implementadas para cada um dos fatores-
chave de sucesso. O processo começa com a declaração do objetivo que se deseja atingir e
para este objetivo se define qual será a estratégia a implementar. Posteriormente se
correlacionam os resultados obtidos no ambiente de fábrica, como conseqüência da
execução das ações e a taxa de variação para um período de referência.
88
Dependendo da natureza da taxa e da estratégia definida, a correlação será positiva
ou negativa, evidentemente, em função do julgamento do administrador sobre os resultados
e sobre o sucesso da estratégia.
Fig. 3.13 Modelo integrado de formulação de estratégias (baseado em CHAHARBAGHI e
WILLIS, 1998)
Por exemplo, na definição de uma estratégia para melhorar a qualidade da produção
(ver item 2.7.3 para maior informação), declara-se a estratégia, ação e fator de correlação
com a finalidade de atuar de forma positiva sobre esse fator. Na Fig. 3.14 se mostram os
aspectos para a estratégia E1, e são:
Objetivo da estratégia: promover a melhoria da qualidade do produto via aumento da
implementação de manutenção preditiva;
Ação: comunicar ao grupo de projetos as melhorias possíveis para introduzir no
equipamento com a finalidade de aumentar a eficiência da manutenção;
Fator de correlação (FC): correlação entre a taxa de produtos rejeitados no controle
de qualidade e o investimento em instrumentação no equipamento. Deve ser
negativo.
Aprendizagem
Evolução
Medição
Ajustes
Novos níveis de
requisitos identificados
Novos níveis de
requisitos implementados
Novos níveis de requisitos
prontos para ser
implementados mediante a
aplicação da estratégia
Novos níveis de
requisitos desenvolvidos
por meio da formulação
de estratégias
Implementação - estabilização
Criação
Estabilização
Criação - implementação
Evolução contínua
Implementação da estratégia
Evolução constante
Formulação da estratégia
89
Para cada requisito que a empresa fornece à função manutenção, esta deve definir
uma estratégia e um fator de correlação para fazer um controle da efetividade das ações
implementadas visando atender os requisitos da empresa. Na Fig. 3.14, mostra-se um
exemplo de um conjunto de estratégias e seus fatores para medir a efetividade para os
requisitos definidos no diagrama de causalidade da Fig. 2.10.
Se o administrador preferir vincular sua gestão a um conjunto de indicadores, o
modelo também serve já que parte do fator de correlação pode se transformar em um
indicador. Nesse caso deveria ter um valor de referência para medir a eficiência da
implementação da estratégia.
3.5 COMENTÁRIOS
O conceito presente neste capítulo aponta para importância de se conhecer, antes de
optar por uma concepção da manutenção específica. Se a empresa existe, então há também
um conhecimento presente em todos os níveis. Assim, ao optar por inovar a gestão de
manutenção, que neste caso se dá de forma progressiva, deve-se aprofundar o
conhecimento de seus ativos e recursos humanos e financeiros. Mas para que se tenha um
real apoio à gestão da manutenção, o objetivo da função deve estar em total concordância
com o objetivo de negócio da empresa.
A modelagem proposta leva em consideração todos estes elementos relacionados,
na sua parte principal ou central, mais uma série de outras ferramentas complementares
destinadas a definir estratégias para o melhoramento. Na parte central do modelo se
destaca a análise da maturidade da organização, já que conhecê-la, ou melhor, dimensioná-
la, dá a base para decidir se a organização é apta para introduzir inovações em sua gestão.
Todos os elementos incluídos na metodologia para a definição de uma concepção
da função de manutenção são importantes e estes podem ser usados para avaliar a gestão
atual e assim ter uma visão muito acertada sobre seu nível atual. Se na aplicação da
metodologia é detectada a falta de qualquer destes elementos, é uma indicação para o
administrador de que alguma coisa está faltando, ou em caso contrário, que se têm as
condições para empreender novas ações dirigidas a satisfazer os requisitos que a
manutenção deve atender.
A aplicação da metodologia é baseada em passos seqüenciais e cada um destes
passos fornece um resultado, produto da análise das respostas do analista a cargo do
estudo. A avaliação destes resultados em comparação com a realidade da organização e
90
análise que se faz junto ao facilitador dará as bases para aceitar o valor dos indicadores e
continuar no estudo.
Fig. 3.14 Dados para a análise de uma estratégia implementada
Estratégias
e Fatores de
Correlação
Promover o melhoramento da qualidade do produto via aumento
da implementação de manutenção preditiva
E1
FC
Correlação entre a taxa de produtos rejeitados no controle de
qualidade e o investimento em instrumentação no equipamento
Diminuir a taxa de emissão de poluentes via implementação de
projetos afins.
E2
FC
Correlação entre a taxa de emissão de poluentes e a quantidade de
investimentos em re-projetos realizados nos equipamentos.
Aumentar a segurança na operação dos equipamentos para evitar
provocar dano ao operador.
E3
FC
Correlação entre a taxa de acidentes e a quantidade de ações
implementadas visando evitar danos aos operadores.
Melhorar a gestão financeira da função manutenção para atender
os resultados econômicos esperados.
E4
FC
Correlação entre a taxa de despesa para manutenção e a perdas de
produção por efeito de paradas não programadas.
Melhorar a disponibilidade e eficiência dos equipamentos para
atender os consumos de energia.
E5
FC
Correlação entre a taxa de consumo de energia e os investimentos
na planta produtiva para diminuir o consumo de energia.
Promover o aumento da capacidade produtiva dos equipamentos
via seu próprio melhoramento ou dos métodos de trabalho.
E6
FC
Correlação entre a taxa de variação da produtividade e das ações
implementadas para o melhoramento.
Introduzir variações na arquitetura do equipamento visando a
adequação para novos produtos.
E7
FC
Correlação entre o número de intervenções nos equipamentos e a
percentagem de novos produtos não fabricados sobre os
planejados.
91
Não basta um bom modelo de análise e o uso de ferramentas de efetividade
comprovada, mas também o analista deve ter a capacidade de discriminar e interpretar
adequadamente os resultados para tomar as decisões acertadas. Além disso, não pode
perder a visão do negócio, ou uma visão holística do negócio, tanto no âmbito interno da
empresa, quanto em relação a outras empresas do ramo.
É certo que todo o processo está apoiado, principalmente em escalas de valoração
de tipo quantitativas, muito sujeito à apreciação do encarregado da manutenção. Assim,
para evitar as distorções, produto da apreciação qualitativa e, desta forma obter um valor
que é relativo entre todas as variáveis consideradas, a equipe que assumirá o papel de
analista deve ser sempre a mesma em todo o estudo, ou seja, o padrão de medição é
mantido durante a aplicação da metodologia.
OLEN (1998) menciona que os modelos matemáticos de otimização para
manutenção são raramente usados na gestão da manutenção pela falta de dados completos
para o seu desenvolvimento. No mesmo sentido RAUSAND (1998) acrescenta que os
modelos de otimização, muitas vezes, são desenvolvidos fora da realidade da aplicação das
ações de manutenção. No caso em que os dados não estejam disponibilizados ou o modelo
não possa descrever com suficiente precisão a situação em estudo, o melhor é recorrer ao
julgamento de um especialista para efetuar formalizações rigorosas, ou ao encargo de um
engenheiro comprometido com a aplicação da manutenção, para obter informações
valiosas do comportamento do entorno (OLEN, 1998). Este processo de obtenção de
informações específicas dá um ganho de anos na avaliação da implementação de uma
determinada aplicação.
Os problemas que são detectados na aplicação da metodologia, em geral, fazem
referência à realização de investimentos em tecnologia, capacitação, melhoramentos das
relações humanas e infra-estrutura e, tudo isto, é produto das debilidades detectadas no
processo. Neste caso aplicar uma análise F.O.F.A. (S.W.O.T.) para detectar fraquezas seria
redundar sobre o mesmo tema.
Para ajudar na priorização dos investimentos se fornece um conjunto de
ferramentas em forma de matrizes e fatores de sucesso e, com base nesta valoração,
podem-se propor planos de melhoramento. Estes planos podem ser implementados de
forma paralela com a concepção da manutenção, para assim atacar vários problemas de
uma vez e avançar mais rápido para o objetivo. A aplicação de forma simultânea é uma
decisão que tem dois lados, por um deles envolve tempo e dinheiro, e por outro, benefícios
92
que são perdidos por não atender as exigências do cliente. Novamente o aspecto financeiro
está presente na decisão.
93
CAPÍTULO 4
IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DA
METODOLOGIA E ANÁLISE DOS RESULTADOS
No capítulo anterior identificaram-se os aspectos que compõem a metodologia
e todas as variáveis de entrada para realizar a aplicação. Nesta seção serão
mostradas as saídas que o programa fornece, os resultados da análise dos
dados fornecidos pelo analista da manutenção, que estarão apresentados na
forma de gráficos, relatórios e recomendações para a implementação de
melhorias no sistema da função manutenção.
94
4.1 INTRODUÇÃO
Obter a informação adequada e processá-la para implementar ações na empresa,
sejam estas ações para o melhoramento, inovação ou re-projeto, consome muito tempo
porque na maioria dos casos esta informação está dispersa ou as fontes são do tipo
informal (LOWE et al. 2004). Neste caso é necessário dispor de uma ferramenta que ajude
o analista a coletar a informação que precisa, em especial do tipo informal, com a
finalidade de conformar sua base de dados para ser usada no processo de análise da
organização e na sua posterior tomada de decisão.
A informação de tipo informal, para esta aplicação, tem relação com a análise de
maturidade e com o nível de atendimento dos equipamentos aos requisitos de produção,
enquanto que a informação de tipo formal está relacionada, entre outros aspectos, com a
análise de custos e a estimativa dos benefícios. Por formal se entende aquelas em uma base
de dados formalizada dentro da organização e a que se tem acesso de diversos pontos de
consulta e para atualização.
A ferramenta computacional foi desenvolvida para apoiar os agentes do processo de
inovação da gestão de manutenção e posterior acompanhamento da implementação. Assim
procurou-se dar ênfase às interfaces usadas, sejam estas gráficas ou textuais. Não adianta
ter um algoritmo eficiente implementado se os resultados que se obtém não conseguem
fornecer a informação com a utilidade esperada pelos usuários. Neste aspecto os resultados
se expressam em uma linguagem simples e com o apoio de gráficos e tabelas.
Todo o processo de definição de quais variáveis que contém cada módulo do
programa, os parâmetros que servem para avaliar cada variável estão detalhados no
Capítulo 3 “Modelagem do processo de seleção da concepção de manutenção” (todo o
procedimento resumido na Fig. 3.10). Este capítulo concentrará mais a atenção na captura
dos dados de entrada, nas saídas que provê a implementação computacional e no uso e
aplicação da informação por parte do analista e pelo facilitador do estudo.
4.2 ESTRUTURA DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
A sistemática está estruturada com dezesseis entradas relacionadas com a análise
para a implementação da concepção da manutenção e mais três, de número 17 a 19, que
contêm modelos para ajudar na avaliação de alternativas para introduzir melhorias no
sistema de gestão atual de manutenção (Fig. 4.1). Os três últimos modelos já foram
abordados nos capítulos anteriores, mas para sua aplicação devem ser complementados
com uma análise econômica, que é também uma tarefa para a equipe de manutenção.
95
O programa computacional foi desenvolvido de forma a possibilitar o acesso
independente para cada um dos fatores a serem analisados para se chegar à concepção de
manutenção mais adequada. Da mesma forma, a inclusão de dados pode ser feita de
maneira independente. Neste contexto, as onze primeiras telas dispõem de todas as
informações requeridas para a seleção da melhor sistemática de manutenção, mas é
conveniente preencher todas elas de uma forma continuada.
Nos módulos que contêm os modelos de análise para ajudar na definição dos
investimentos e ações de melhoramento (telas 17,18 e 19 da sistemática), têm-se os dados
processados nas planilhas relacionadas com estes aspectos. Além destes, há que se
adicionar aos dados introduzidos pelo analista. Por isso é importante que todos os dados
das planilhas precedentes sejam devidamente atualizados e validados.
Fig. 4.1 Tela com sumário da Sistemática de Seleção de Concepção de Manutenção
(SSCM) para acessar as informações requeridas para aplicação da metodologia
4.3 IMPLEMENTAÇÃO DA ANÁLISE DA INFORMAÇÃO FORNECIDA
A metodologia proposta, em cada uma da suas etapas, fornece uma análise da
situação atual da organização, como também de suas projeções futuras, baseada nas
respostas que provê o analista ou responsável pela manutenção. O conhecimento dinâmico,
96
também chamado "saber fazer" pode ser modelado por um procedimento geral de
resolução no qual cada função ou passo está composto por um conjunto de regras
(CHTOUROU et al. 2005).
A análise dos resultados obtidos por meio da aplicação das regras, que são definidas
com um objetivo, permite sugerir ações a implementar já que toda a análise está baseada
no conhecimento que um especialista possui (BALACHANDRA, 2000). À medida que a
metodologia seja aplicada, o facilitador poderá ir melhorando ou ajustando as sugestões
que vêm do programa, num processo de atualização constante.
Um sistema especialista apoiado em regras é definido como básico e contém
informação obtida de um especialista humano e representa essa informação na forma de
regras (LIAO, 2005). Nesta aplicação as regras são construídas usando a expressão do
Excel™: SE(teste_lógico;valor_se_verdadeiro;valor_se_falso), já que pelas
características lógicas desta metodologia isto é suficiente para fornecer o resultado final
que se deseja: recomendar uma concepção para a manutenção. Na Fig. 4.2 mostra-se um
exemplo de construção de uma regra para a análise das capacidades do equipamento da
linha de produção, baseado nos antecedentes fornecidos pelo analista (Fig. 4.5).
Fig. 4.2 Formatação das regras em no formato Excel para análise do nível de
atendimento dos equipamentos de uma linha de produção
A opção pela planilha Excel™ ocorreu pelo fato de ser acessível a todos, é de
conhecimento amplo, permite mostrar facilmente o conceito estruturado para sustentar a
proposta da tese, permite acompanhar os resultados na forma de gráficos, tabelas e fazer
direcionamentos para outros resultados. Também tem a vantagem de que o texto contido
nos relatórios é compatível com o processador de texto Word™, o qual permite customizar
para cada empresa, o relátorio. Apresenta também algumas desvantagens no que se refere a
97
atualização, interação com outros softwares de programação estruturada. Contudo, a
planilha possibilitou arranjar todas as informações requeridas para desenvolver a tese,
aplicar, avaliar e validar a concepção presente nesta pesquisa.
4.4 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
A tela apresentada na figura 4.3 identifica a empresa quanto a endereço e categoria,
a partir da caracterização definida pela FIESP (2004). A caracterização é atribuída pela
digitação do valor 1 na célula que melhor descreve a empresa em estudo.
Fig. 4.3 Parte da tela de captura de dados para caracterizar a empresa (fonte FIESP, 2004)
São importantes estes antecedentes porque servem para ter referências quando se
deseja comparar as formas de gestão entre empresas, como também são dados necessários
para que o facilitador tenha um ponto de início na aplicação da metodologia. Com efeito, o
facilitador pode conduzir melhor a análise se já tiver um conhecimento da realidade diante
do modelo proposto para a aplicação da metodologia.
Para cada fonte de entrada, tem-se um relatório de saída, como o apresentado na
Figura 4.4. Este está dividido em duas partes: a primeira sintetiza as características da
empresa e na segunda parte apresenta uma análise destas características, além de
recomendações e críticas aos antecedentes introduzidos, e se for o caso também aponta
98
algumas incoerências. Este funciona como um primeiro filtro cujo objetivo é ter dados que
sejam compatíveis com o restante que será introduzido na medida em que se desenvolve o
estudo (ver anexo A2.2). Traz também as observações dos analistas, revelando
particularidades que julgarem necessárias para a implementação da metodologia de seleção
da concepção de gestão da manutenção.
Fig. 4.4 Relatório para os antecedentes da organização
4.5 NÍVEL DE ATENDIMENTO DOS REQUISITOS PELOS EQUIPAMENTOS
PRODUTIVOS, MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E PELA LOGÍSTICA
A tela de avaliação do nível de atendimento dos equipamentos, Fig. 4.5, permite
relacionar recursos técnicos (equipamentos) e recursos humanos (serviços) com os
requisitos relativos a: evolução do produto no mercado, resultados econômicos, etc,
presentes na Fig. 4.5. A ponderação segue o seguinte critério:
4: Atendimento excelente: O equipamento pode responder aos requisitos sem
introduzir modificações tecnológicas ou de arquitetura.
3: Atendimento bom: O equipamento pode responder bem aos requisitos de boa
forma, só é necessário realizar adequações pequenas que não comprometem a
capacidade de produção.
99
2: Atendimento com dificuldade: Para alcançar os requisitos é necessário realizar
um investimento no equipamento para adquirir a tecnologia adequada para
fabricar o novo produto.
1: Não atende os requisitos: O equipamento está obsoleto ou para realizar as
modificações necessárias tem-se custo muito alto, o que torna inviável o projeto.
Para os serviços que estão relacionados com o funcionamento dos equipamentos,
como a manutenção, operação, logística e administração, a valoração se refere à
capacidade de atendimento. Ou seja, se os equipamentos têm a capacidade de atender os
requisitos necessários, mesmo diante de modificações nas condições do entorno. No caso
de manutenção, se esta função pode implementar as novas tecnologias e as manter
operando. Assim para operações, se o pessoal está capacitado para integrar as mudanças
tecnológicas; para o abastecimento, se pode adquirir a tecnologia e sustentá-la com um
fluxo contínuo de peças e finalmente, para a administração, se possui a rapidez suficiente
para não paralizar o ritmo de aquisição da tecnologia e das peças.
Fig. 4.5 Parte da tela com dados para avaliar o nível de atendimento dos requisitos
100
Como saída desta análise, tem-se o relatório da Fig. 4.6 onde apresenta-se os
antecedentes para que o administrador tome sua primeira decisão: o nível de atendimento é
o adequado para enfrentar os desafios da empresa? É importante esta decisão por que os
objetivos da função manutenção devem ser congruentes com os objetivos do negócio da
empresa. Os resultados em percentual são expressos em função da ponderação 3 ou
superior para o atendimento em cada condição avaliada. São apresentadas também
observações, do próprio sistema especialista, baseada no conhecimento que está
armazenado na sua base de dados.
Os resultados baseados nos antecedentes são também formatados em gráficos de
barras, quer seja para os equipamentos (Figura 4.7) ou para os requisitos expressos na
forma de perguntas (Figura 4.8). Esta forma de apresentação é bastante conveniente para
tomada de decisão nas reuniões, devido a fácil visualização de todos os aspectos avaliados.
Fig. 4.6 Relatório para o nível de atendimento dos equipamentos analisados
Neste ponto da aplicação da metodologia, o analista já tem uma visão mais
aprofundada das capacidades de seus recursos, já que teve a necessidade de compatibilizar
a informação atual com uma prospecção de futuro, ou seja, o que a empresa espera obter de
seus recursos tanto físicos quanto humanos.
101
Fig. 4.7 Gráfico da média do atendimento aos requisitos dos equipamentos
Fig. 4.8 Gráfico da média do atendimento aos requisitos
102
4.6 ANÁLISE DETALHADA DA GESTÃO ATUAL DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO
O passo três do processo refere-se à análise da gestão da manutenção existente na
organização (Figura 4.9). É sabido que gestão de manutenção é um conjunto de atividades
administrativas que são determinadas por objetivos e prioridades, estratégias,
responsabilidades e pela implementação de atividades tais como o planejamento e
programação das tarefas de manutenção, controle e supervisão das tarefas e melhoramento
de métodos incluindo o aspecto econômico na organização (MARQUEZ e GUPTA, 2005).
Deve também ser considerado como fator de sucesso o efetivo processamento da
informação (MADU, 2000), para facilitar no relacionamento com seu ambiente interno
(outros departamentos na empresa) e o externo (fornecedores, regulamentação e empresas
similares) (EMBLEMSVAG e TONNING, 2003).
Para esta análise da gestão da manutenção, se relacionou as funções administrativas
com as áreas de atuação da manutenção, a partir da seguinte ponderação (Fig. 4.9):
Fig. 4.9 Tela para a entrada de dados para a análise da gestão da manutenção
4- Definida ou especificada totalmente: As ações administrativas de planejamento,
organização, análise, condução e controle para cada um dos aspectos técnicos,
humanos e econômicos estão muito bem definidas ou especificadas. Conhecem-se
103
procedimentos, o responsável, a informação e está assegurada a disponibilidade de
recursos.
3- Definida ou especificada em alta percentagem: As ações administrativas estão
devidamente consolidadas e somente ficam pendentes alguns ajustes. Em geral não se
espera grandes surpresas na administração.
2- Definida ou especificada com deficiências: As ações administrativas
implementadas não são suficientes para assegurar continuidade na gestão. O
administrador e sua equipe consomem muito tempo na solução dos imprevistos.
1- Sem definição ou especificação: A forma de acionar está condicionada por
experiência do responsável e é praticada a improvisação administrativa. Não há
procedimentos, responsáveis definidos e os recursos são insuficientes quanto á
qualidade ou quantidade.
A Fig. 4.10 apresenta os resultados, onde amplifica a análise num Pareto em três
dimensões: funções administrativas; nível de definição e área de atuação. Na Fig. 4.11 o
resultado é detalhado na forma de análise e explicitação de um resumo gerencial,
importante para orientar as decisões. A análise tem como base um valor médio e é
realizada para cada função administrativa, com relação ao nível da gestão, para cada
aspecto considerado como importante para a realização da função manutenção (ver anexo
A3.2). Obtém-se, além disto, uma avaliação e apreciação global da eficiência.
Complementa-se a análise com a identificação daqueles aspectos que estão com deficiência
em sua gestão.
Esta análise é tão importante quanto à realizada no passo anterior, que considerou a
capacidade dos equipamentos para atender a produção. Esta análise é a base fundamental
de uma gestão com sucesso, dado a chance na implementação da inovação da gestão, de
conhecer em detalhe a infra-estrutura física, os recursos humanos e o nível de ordenamento
administrativo.
Evidentemente, a decisão de continuar com a aplicação da metodologia fica ao
encargo do administrador. Ele decide se a avaliação da gestão da manutenção reflete o
estado atual e se esta condição é aceitável e administrável. Pode haver a consideração, no
caso em que a avaliação fornece um resultado muito próximo ao valor 3, de que se podem
realizar os ajustes necessários enquanto se está implementando a nova concepção para a
manutenção. Neste caso, é recomendável continuar com a aplicação da metodologia e com
a implementação da inovação. Para valores abaixo do nível 3, deve-se seguir com a
104
análise, mas não é aconselhável seguir com a implementação imediata da inovação. É mais
interessante processar alguns ajustes, já neste nível de conhecimento.
Fig. 4.10 Resultados dos parâmetros avaliados na gestão da manutenção existente
No item 3.2 da figura 4.11, tem-se um relato da condição da função manutenção
para cada uma das funções analisadas. Este resultado e fruto da confrontação das
informações fornecidas com o conhecimento que está presente no SSCM, advindo da
literatura e da experiência dos pesquisadores. No item 3.3 da Figura 4.11, a avaliação é
valorada a partir da ponderação inicial: no caso é crítico o planejamento (1,83) e já existem
na manutenção presente bons métodos para análise (3,25). Isto indica que se têm estruturas
para analisar, mas falta gestão para implentar.
4.7 ANÁLISE DA MATURIDADE DA ORGANIZAÇÃO
Nos dois itens anteriores se analisou o nível de adequação dos equipamentos para a
produção requerida e a capacidade de gestão da função manutenção. Tem-se, então as
105
bases para analisar o estado da maturidade da organização para enfrentar o processo de
inovação. A análise da maturidade engloba trabalhar com os passos de 4 a 9 da figura 4.1.
Este tópico é de alta relevância e aqui o fator humano é chave para o
desenvolvimento de aplicações inovadoras. Tem influência o grau prévio de preparação e
conhecimento sobre a inovação a implementar como também, a capacidade de transmitir o
conhecimento (NETO, 2004). A transição do "estado de evolução" a um "estado de
revolução" requer conhecer em profundidade aspectos chave como a natureza do contexto
externo da empresa e as variáveis organizacionais tais como: visão organizacional,
paradigmas conhecidos de mudança, alinhamento estratégico, cultura organizacional,
modos usados para a mudança, liderança dominante, estilos de administração,
aprendizagem organizacional e as metas e resultados esperados (HILL e COLLINS, 2000).
Fig. 4.11 Relatório da avaliação da gestão da manutenção
Seguindo sugestões de CLARKE e GARSIDE (1997) para análise de maturidade,
foi incluído na metodologia cinco aspectos: compromisso, cultural, comunicação, gestão
106
dos conflitos, ferramentas e metodologias, os quais serão avaliados com base nos conceitos
definidos no item 3.4.4. A seguir, será dado destaque para a análise da maturidade da
organização em relação ao aspecto de compromisso e, como ele atua nas mudanças na
função manutenção. Apresenta-se também o resumo da avaliação completa da maturidade
da organização.
O passo 4 da metodologia (Figura 4.1) corresponde ao primeiro passo para análise
da maturidade, como está apresenado na Figura 4.12. As perguntas realizadas ao
administrador, por meio da tela mostrada na Fig. 4.12, são posteriormente agrupadas na
forma de diagrama radar (Fig. 4.13), para melhor evidenciar o estado atual em relação ao
campo de possibilidades para o maior grau de maturidade.
Fig. 4.12 Parte da tela para introduzir dados para a avaliação da maturidade
Pode ocorrer que o valor médio oculte algum aspecto pontual negativo importante.
Para fugir desta possibilidade, apresenta-se na Fig. 4.16, a pontuação atribuída por
107
pergunta, além de reunir as perguntas por grupos, acompanhada de uma avaliação
quantitativa. Isto é feito para que todos os resultados sejam destacados: positivios,
negativos, possibilidades de sucesso, necessidades de investimentos, etc Se a avaliação for
negativa, são dadas orientações de possíveis ações que poderiam se implemendas para
minimizar o efeito não desejado.
Fig. 4.13 Quadro com os conceitos para o aspecto do apoio continuo
O relatório que acompanha a análise de maturidade é constituido de três partes, em
destaque nas Fig. 4.14 e 4.15. A primeira parte (Fig. 4.14) enfoca os aspectos mais globais
considerados na análise e se referem ao tipo de apoio que se terá durante a implementação
da inovação e ao apoio posterior para sustentar e ampliar a aplicação da concepção de
manutenção.
A segunda parte do relatório refere-se ao processo de análises específicos para os
aspectos da maturidade “ter apoio contínuo no desenvolvimento” e “para ter apoio na
implementação e elaboração de projetos”. Por exemplo os valores obtidos na Figura 4.14,
estão próximo de 2,5 o que na escala ponderada indica estar entre “dificuldade e difícil e
normal ou bom” (Fig.4.12). Tem a função de explicar o porquê do nível dos conceitos
globais e desta forma conhecer as causas do nível de maturidade atual, para melhor
identificar as ferramentas que auxiliam na evolução do nível de maturidade.
108
Fig. 4.14 Relatório para a análise de maturidade referida ao apoio da organização
A terceira parte fornece uma análise dos aspectos pontuais, que são
complementares, relacionando os que deveriam ser compatíveis (Fig. 4.15). Esta
informação é útil para detectar desequilíbrios que podem afetar a implementação da
inovação. Por exemplo, a relação que existe entre o interesse em participar de projetos para
inovação, por parte de profissionais de outras áreas e o apoio que outorgam os dirigentes
dessas áreas. Se o superior não apoiar ou não concorda com o projeto, o profissional
subordinado certamente não contribuirá de forma eficiente para o projeto.
O resultado final da análise da maturidade se obtém mediante a média ponderada
dos cinco fatores considerados na análise (ver anexo A5.1). O administrador define as
ponderações de cada fator para que se reflita a sua importância em relação ao futuro da
aplicação da concepção da manutenção. Assim, se o administrador estima que os conflitos
não são relevantes durante o processo de implementação, porque existem recursos
suficientes para todos os projetos e os integrantes de outras equipes de projeto ou áreas da
empresa não vão ser afetados pela implementação do projeto de inovação, atribui-se a este
aspecto um valor baixo. Assim, ele vai perder importância na avaliação final (Fig. 4.17).
109
Fig. 4.15 Relatório com aspectos complementares para o apoio da organização
Fig. 4.16 Resultados para a análise do apoio contínuo da organização
Neste ponto da aplicação da metodologia o administrador se pergunta novamente: o
nível de maturidade da organização é o adequado para enfrentar o processo de inovação? A
resposta deve ser fornecida baseada no conhecimento e da experiência que o administrador
tem sobre seu entorno. Pode-se dar o caso que o nível de maturidade está muito próximo
110
ao que o administrador considera como o recomendado ou esperado para a aplicação da
inovação na gestão da manutenção, de ser assim, pode por em prática em paralelo as
melhorias sugeridas na sistemática em conjunto com a implementação da concepção, se o
tempo que tem definido para responder aos requisitos da empresa é curto .
Fig. 4.17 Quadro resumo com todos os conceitos de maturidade da organização
4.8 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS E DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO
A análise da criticidade dos equipamentos, passo 10 da SSCM na figura 4.1, tem
dois objetivos: o primeiro define o porte do projeto para implementação da inovação da
manutenção e o segundo estabelece a hierarquia de aplicação da concepção da manutenção
para garantir a inovação.
A definição da extensão de aplicação da inovação da concepção é importante
porque está relacionada, diretamente com a capacidade e os recursos que a organização
dispõe. Se a experiência em projetos inovadores é relativamente recente, não é conveniente
111
abranger todos os equipamentos simultaneamente já que a probabilidade de fracasso pode
aumentar (RENTES, 2000; CHAN et al. 2004). As causas que levariam ao fracasso da
aplicação estão centradas, basicamente, na falta de conhecimento e na falta da informação
necessária para o que se quer inovar. Isto pode levar a repetir o que já se conhece, sem
saber o que mudar.
Também é conveniente definir o tamanho da mudança em face da condição
econômica. Se os recursos são limitados, é melhor assegurar uma boa implementação no
que é prioritário, com melhor repercussão para a produção e para o aprendizado e para
seguir em frente com a inovação.
O modelo usado para definir a criticidade do equipamento está baseado em quatro
aspectos: velocidade de manifestação da falha, segurança do operador e ambiente, perdas
de produção e custos de reparo. Dependendo da natureza da empresa, o administrador tem
a facilidade de ponderar cada um destes fatores e, assim refletir melhor suas contingências
e prioridades (Fig. 4.18).
Fig. 4.18 Parte da tela para introdução de dados para análise da criticidade
A saída da análise, mostrada na Fig. 4.19, é uma lista dos equipamentos com a
correspondente condição de criticidade. O critério para definir as criticidades é o seguinte:
se o valor do parâmetro de criticidade (calculado segundo uma heurística definida no
112
programa) é maior ou igual a 87 a máquina é declarada “Crítica”, significa que três dos
aspectos contidos na avaliação são de alto impacto e um deles é de mediano impacto, ou
todos são de alto impacto. Que seja “Semi-crítico” (valor entre 87 e 50) significa que todos
os aspectos são de mediano impacto ou contem só uma condição de alto impacto. Para as
restantes condições a classificação é "Não crítico".
Fig. 4.19 Relatório da análise da criticidade da linha de produção e do sistema de gestão da
manutenção
A definição de quais equipamentos que serão selecionados para iniciar a aplicação
da nova concepção depende das características tecnológicas, tamanho, localização na linha
de produção, requisitos de disponibilidade de recursos físicos, entre outros fatores. Deve-se
também levar em conta a disponibilidade de recursos financeiros, cuja quantia será
calculada mais adiante e o tempo para a implementação, que é um requisito que impõe a
competência no negócio da empresa.
113
Inclui-se como parte da análise de criticidade a chamada "matriz de avaliação da
criticidade conjunta" (Fig. 4.19), a qual relaciona, aos pares, distintas variáveis que foram
incluídas nos passos anteriores da metodologia. Esta matriz tem a finalidade de analisar a
relação de condicionalidade entre as variáveis, ou seja, se a condição de uma delas é
compatível com a condição de outra a que esteja relacionada. Com este processo se
finaliza-se a análise das condições necessárias para a inovação do sistema de gestão da
manutenção.
Por exemplo, se relacionam variáveis do tipo de manutenção com o nível de
automatização. Ao se declarar que a automatização é alta e a concepção de manutenção
atual é baseada em ações do tipo corretivo e preventivo, tem-se aí um conflito. Diz-se que
a condição é crítica porque na organização não há os mínimos conhecimentos sobre
instrumentação, análise espectral de dados e modelagem do desgaste dos sistemas
produtivos, para um processo de manutenção adequado ao nível de automatização
declarado. Assim, uma concepção de manutenção mais apropriada necessita de mais
experiência. Da mesma maneira, esta análise é realizada nas demais variáveis, obtendo um
índice geral que mede a condição global da criticidade do sistema, e identifica todas
aquelas relações entre variáveis que poderiam ser fortalecidas: conflitos e aderências.
Neste caso, o valor de 2,9 de criticidade global (Fig. 4.19) sugere cuidados para a
implementação do processo de inovação da gestão de manutenção.
Neste caso, cabe ao administrador decidir sobre: quantos equipamentos serão
incluídos na aplicação da nova concepção da manutenção? Esta decisão deverá ser
referendada com a avaliação econômica nos passos seguintes da metodologia.
A outra decisão é definir se atende às sugestões indicadas na matriz de criticidade
conjunta e em que momento se realizará as mudanças necessárias para eliminar os
desequilíbrios identificados na gestão.
4.9 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SELEÇÃO DA CONCEPÇÃO DE
MANUTENÇÃO
Nesta parte da metodologia é feito um tratamento para adequar os elementos da
situação atual da gestão de manutenção com o que será implementado para uma nova
concepção de manutenção, o que corresponde ao passo 11 da figura 4.1. Aproveitam-se os
antecedentes sobre a tecnologia e conhecimentos que se tem em conjunto com as
informações das características do sistema produtivo atual e se comparam com as metas
114
que se desejam alcançar e são especificadas mediante a tela apresentada na Fig. 4.20. É
uma análise para compatibilizar o estado atual com a meta declarada.
Seja o seguinte caso: para um sistema atual com tecnologia simples, redundâncias e
estoques altos (veja a primeira coluna da Fig. 4.20) e, cujos dados já foram introduzidos
mediante a tela mostrada na Fig. 4.3, se o administrador declarar que deseja ter um sistema
com muito alta confiabilidade e mantenabilidade (veja a terceira coluna da Fig. 4.20), a
sistemática dá uma alerta indicando que é inconveniente requerer de imediato um sistema
de manutenção com essas características, já que não se possui o "know how" necessário
para implementar o sistema num tempo razoável. É melhor que o primeiro passo requeira
um sistema com uma confiabilidade mais alta do que a atual, que melhore os métodos de
trabalho, disponha de sistemas mais eficientes de administração e capacite seus
colaboradores em técnicas apropriadas às condições estabelecidas. No entanto a decisão
sobre o nível da inovação está nas mãos do administrador.
Conforme as metas declaradas pelo administrador na tela de captura de dados (Fig.
4.20), o sistema computacional indica para ele quais deveriam ser as condições mínimas
que devem ser contempladas para uma gestão efetiva da manutenção (Fig. 4.21). Estas
características se referem ao sistema administrativo recomendado, ao nível de
conhecimentos que deve ter a sua disposição, e por último, ao tipo de manutenção
recomendada para o nível de tecnologia e disponibilidade do equipamento que se persegue.
Como já comentado a função manutenção tem um objetivo, que deve ser
compatível com o objetivo do negócio da empresa. Isto deve orientar a escolha da melhor
concepção para planejar as ações de manutenção. A orientação que se fornece nesta etapa
da aplicação da metodologia serve para guiar ao responsável da função, sobre os recursos
com os quais deverá contar mais adiante, quando chegar o momento de implementar a
concepção.
Complementando os antecedentes fornecidos e com apoio nos requisitos a atender,
priorizados pelo administrador (veja a segunda coluna da Fig. 4.20), elabora-se um
relatório, de forma automática, com as informações com orientações qualitativas onde se
indicam métodos, tempos e recursos a empregar, como mostra a Fig. 4.22. Além disso,
estes dados são usados para apoiar a seleção de uma concepção de manutenção pela
orientação que o administrador quer dar a seu sistema de gestão.
115
Fig. 4.20 Tela para o ingresso de dados para a seleção da concepção da manutenção
Nesta etapa da metodologia, já se tem um panorama mais claro sobre o estado atual
da gestão da manutenção e tem-se avaliados os aspectos relevantes: gestão dos recursos,
estado tecnológico dos equipamentos, capacidade operativa dos integrantes da organização
para a manutenção, definição de metas e objetivos, participação e apoio interno e externo
na gestão e disponibilidade de informação. Soma-se, ao anterior a meta que deve atingir a
função manutenção e o conhecimento de vários outros aspectos que se poderia
implementar para conseguir o dito objetivo, tais como: qualidade da informação, tipos de
ações de manutenção recomendadas de acordo com as metas declaradas e requisitos a
atender, conhecimentos e capacidades requeridas para seus colaboradores, criticidade de
cada equipamento da linha de produção e tecnologia necessária para responder à evolução
do produto da empresa. Com estas informações o administrador já tem uma visão
116
suficientemente ampla para selecionar uma ou várias concepções para a manutenção, que é
o passo seguinte na aplicação deste módulo.
Fig. 4.21 Recomendações para a gestão da manutenção conforme as metas declaradas
Na segunda parte do processo de seleção da concepção de manutenção se reúne as
informações introduzidas até este ponto da análise para serem submetidas a uma análise
mais precisa, definida como um "filtro" que tem como saída recomendações em relação a
cada uma das concepções que pode ser mais eficiente para os requisitos da função
manutenção (Fig. 4.23). Esta seleção é resultante dos dados de entrada e da sistemática
presente no programa, relacionando as oito concepções avaliadas com os requisitos
manifestos pelo facilitador ao longo da análise. Influenciam a forma de produção e
tecnologia usada quanto o apoio organizacional, e manejo da informação para cada
concepção de manutenção, entre outros aspectos.
O filtro para definir quais das concepções presentes na metodolgia são as mais
adequadas para a emprese sob estudo está composto de dois blocos. No primeiro bloco
constam os cinco parâmetros que estão diretamente relacionados com as condições que a
organização para a manutenção tem que possuir no momento de implementar a inovação:
grau de apoio organizacional, nível de manejo da informação, trajetória da capacitação e
aprendizagem, capacidade tecnológica dos equipamentos e nível de gestão da manutenção.
117
Fig. 4.22 Relatório para os requisitos que devem ser priorizados no atendimento
No segundo bloco são caracterizados os parâmetros que descrevem a aplicação de
cada concepção e estes se comparam com as metas declaradas pelo administrador. Estão
incluídos neste bloco aspectos tais como: forma da produção, tecnologia usada na
produção, confiabilidade esperada da linha de produção, os requisitos que se deseja
cumprir, relação do número de operários e de máquinas na linha e a idade dos
equipamentos.
O filtro tem a possibilidade de ser parametrizado para cada aplicação em particular,
conforme o estime o facilitador. O valor dos parâmetros (apoio organizacional, manejo da
informação, capacitação, aprendizagem, capacidade tecnológica e gestão da manutenção)
podem ser definidos num valor alto, para uma empresa que enfrenta uma concorrência
forte e pretende implementar uma concepção que seja duradoura. Por exemplo, na Fig.
4.23, para a concepção da manutenção produtiva total o valor do parâmetro “apoio
organizacional” foi definido com valor 4 porque se foi acordado que essa concepção requer
de um grande apoio dos colaboradores na sua totalidade. Da avaliação feita na parte
referente à maturidade o parâmetro obteve valor 2,5, o qual indica que a organização não
118
está preparada para usar TPM. Desta forma se pode assegurar uma base de recursos
humanos e tecnológicos firme e coerente, com a visão de futuro da organização.
Fig. 4.23 Parte dos parâmetros considerados no filtro para selecionar as concepções de
manutenção
Para os parâmetros contidos no segundo bloco, a valoração deles é feita em
concordância à aptidão que tem cada concepção para atender os requerimentos definidos
para a sistemática. Na Fig. 4.23, se mostra, por exemplo, que a manutenção centrada na
confiabilidade, para o parâmetro “tecnologia usada”, a concepção é boa quando a
tecnologia usada na empresa é semi-automática, automatizada ou avançada (tem definido
os números 2, 3 e 4 respectivamente). Através da tela mostrada na Fig. 4.3 o administrador
indicou que a empresa tinha tecnologia automatizada e a sistemática automaticamente
preenche com o valor 3 na célula correspondente e um valor 9 nas restantes células. Isto é
usado para calcular a percentagem de aptidão da concepção, o qual será apresentado na tela
mostrada na Fig. 4.25.
119
Os resultados da adaptabilidade da organização de manutenção para cada uma das
concepções também são mostrados na Fig. 4.24, em baixo de cada célula que identifica a
concepção na forma de percentagem.
O administrador tem, além disto, a opção dele mesmo avaliar suas capacidades e
verificar se a recomendação fornecida pelo programa é a mais adequada de acordo com
suas possibilidades para implementar a concepção. Para tal efeito se identificam, para cada
concepção de manutenção, os requisitos de informação e os conhecimentos, de técnicas e
ferramentas, de apoio administrativo, logística e de infra-estrutura. Para cada aspecto, o
administrador deve indicar quais destes requisitos estão em condições de pôr em prática
imediatamente. Desta forma pode ter outra alternativa para explorar. Na Fig. 4.24 se
mostra a tela de captura de dados para indicar quais dos requisitos são de imediata
aplicação e para este efeito o administrador introduze o valor 1 na célula correspondente.
O programa vai, assim, indicar, para cada uma das concepções avaliadas valores do
quanto ela já está presente na gestão existente. Entretanto, a aceitação da recomendação
está ao encargo do administrador, já que em alguns casos pode ter preferências por certa
concepção, ou, a implementação pode estar condicionada a outros fatores, que são de tipo
qualitativo ou decisões de planejamento da corporação. O ideal é que a escolha das
concepções seja baseada naquelas condições para as quais se tem a mais alta capacidade de
atendimento. Para facilitar a tomada de decisão é apresentado na figura 4.25 um resumo
comparando as concepções, de um lado os requisitos e de outro as capacidades para
implementar cada uma das concepções. Para o caso desenvolvido, as concepções com
maior adaptabilidade a todas as condições presentes na análise são manutenção centrada no
negocio e apoio logístico integrado.
Na Fig. 4.25 mostra-se a tela para definir, finalmente, quais das concepções para a
manutenção têm maior probabilidade de sucesso. A partir daí, para um detalhamento mais
intenso se identifica com o número 1 aquelas concepções que deseja avaliar
economicamente (neste caso foram selecionadas as concepções de MCC, TPM e MCR).
Aqui é muito importante a ação do facilitador do estudo, que, deve dar a conhecer
todas as vantagens e desvantagens de cada concepção de acordo com o que conhece sobre
a capacidade da empresa e das características do mercado. O facilitador não pode ser um
simples manipulador do programa que gerencia a metodologia, tem que ser uma pessoa
muito bem preparada nos conceitos de gestão da manutenção para mantenabilidade,
confiabilidade e gestão de pessoal.
120
Fig. 4.24 Parte dos resultados relativos à análise dos parâmetros para seleção da concepção
de manutenção
4.10 ANÁLISE ECONÔMICA DAS ALTERNATIVAS SELECIONADAS
A justificativa econômica de um processo de inovação é exigida na maioria das
ocasiões pela alta direção da empresa, a fim de conhecer os reais benefícios que resultaria
da mudança na forma de gestão da manutenção. Esta etapa é importante porque, além de
quantificar cada benefício e cada custo, complementa a informação sobre o desempenho
atual da função manutenção em relação à disponibilidade de informação. Também permite
ajustar a internalização dos requisitos avaliando o grau de atendimento que estes terão, visa
sustentar a definição das estratégias para a manutenção conforme as cargas de trabalho
extra que são necessárias desenvolver na etapa de implementação e definir as tarefas
chaves que deverão ser controladas e avaliadas no projeto de inovação. Esta parte da
metodologia corresponde aos passos 13, 14, e 15 da SSCM, presentes na Fig. 4.1
121
Fig. 4.25 O nível de atendimento dos requisitos das concepções pela empresa analizada
Na metodologia se propõe fazer a avaliação econômica para dois horizontes de
planejamento: 2 e 4 anos (Fig. 4.26 e Fig. 4.27). É feita em relação à estrutura de custos
atual da empresa (Fig. 4.28), já que o modelo de avaliação econômica na metodologia é do
tipo incremental. Propõem-se estes horizontes para a análise econômica porque na prática
o período médio para implementar um processo de inovação varia entre um ano e meio e
quatro anos (CHEN e SMALL, 1996; CHAN, 2005; RAUSAND, 1998).
Entretanto, se não existir as condições de dispor de um foco claro para a inovação,
um apoio e compromisso total dos níveis mais altos da empresa, uma condução sistemática
e orientada para realizar mudanças organizacionais, uma equipe de estudos e colaboradores
comprometidos com as mudanças e, finalmente agentes externos que apóiem as mudanças
e facilitem o processo de inovação, corre-se o risco de não cumprir a meta do tempo
inicialmente previsto para a implementação.
122
O resultado da avaliação econômica é realizado com base em dois indicadores (ver
anexo A): a taxa interna de retorno e o benefício líquido atual (Fig. 4.27). Estes indicadores
fornecem o rendimento do investimento que se vai realizar, mas terá que ter presente, no
momento de interpretar os resultados, que os dados fornecidos para a avaliação estão
baseados em estimativas do que se poderá obter como benefícios e do que terá que investir
em recursos financeiros. É importante então ser realista na estimativa dos valores e usar a
maior quantidade de informação possível na quantificação dos benefícios e custos. Os
resultados econômicos devem ser complementados com apreciações de tipo qualitativa
sobre a urgência de implementar as inovações e outros ganhos nas relações tanto internas e
externas da empresa.
Fig. 4.26: Parte da tela para a introdução de dados para a avaliação econômica das
concepções para um horizonte de 2 anos
123
Fig. 4.27 Resumo da avaliação econômica para as concepções selecionadas
Na Fig. 4.27 se mostra o resultado da avaliação econômica das três alternativas
selecionada no passo anterior. Conforme com os valores introduzidos pela equipe de
manutenção, a melhor alternativa é a manutenção baseada no risco por ter os melhores
indicadores econômicos.
Fig. 4.28 Quadro resumo dos custos atuais que serão usados como base para a análise
econômica
124
4.11 COMENTÁRIOS
Um processo de inovação da gestão da manutenção nasce da necessidade de
estabelecer uma conexão entre os requisitos que devem possuir os recursos e os requisitos
que devem ser atendidos pela empresa, os quais, por sua vez, são determinados pela
evolução do mercado (concorrentes, fornecedores, consumidores e produtos alternativos),
além da regulamentação ambiental. Esta relação deve ser sustentável no tempo para que a
contribuição que faz a função manutenção seja relevante para a vantagem competitiva que
a empresa deseja conseguir.
Estabelecendo e mantendo tal relação com a finalidade de satisfazer, da melhor
forma, os requisitos dos equipamentos, suas capacidades, conhecimento, competências,
tecnologias e recursos, no nível de eficiência que a empresa requer, é o que define
finalmente a concepção para a manutenção. O sucesso da concepção escolhida se mede por
meio da melhoria da qualidade do serviço que fornece a gestão da função manutenção, de
acordo com os princípios administrativos da empresa e de um contínuo crescimento da
capacidade humana da equipe de colaboradores e tecnológica do equipamento.
Para conseguir todas estas metas se requer uma correspondência entre o processo de
tomada de decisões, visando a inovação na concepção da manutenção, a dinâmica e
evolução tecnológica do mercado em que a empresa está inserida.
As decisões estratégicas então, envolvem avaliar detalhadamente a pertinência de
investir recursos financeiros em atividades para inovar a concepção da manutenção com a
finalidade de fornecer para a empresa um real apoio para fazê-la mais competitiva. Em
efeito, fatores tais como alta confiabilidade, mantenabilidade, disponibilidade e segurança,
além do baixo custo de manutenção, alta qualidade dos produtos elaborados, depreciação
adequada dos equipamentos, podem dar um impacto fundamental à empresa para ser
altamente competitiva.
O produto ou serviço que uma empresa oferece ao mercado consumidor é o reflexo
de seu nível ou capacidade tecnológica, mas este produto deve possuir certas
características de qualidade para o uso previsto, ter um tempo determinado para chegar a
seu destino final e ser produzido em um volume que é necessário satisfazer. Para tudo isto
a função manutenção tem um papel muito importante: é uma das responsáveis direta para
que estes requisitos se cumpram.
Por um lado se têm os requisitos do mercado e por outro as capacidades atuais da
função manutenção. Usando uma metodologia estruturada se pode determinar todas as
125
fraquezas e forças definindo quais são as ações mais apropriadas para melhorar a qualidade
do serviço de manutenção e, por conseguinte a competitividade da empresa.
Os itens incluídos na metodologia indicam ser necessário criar uma interface que
facilita a auto-análise para a função manutenção na finalidade de realizar uma inovação na
sua gestão, relativa a sua estrutura organizacional e a disponibilidade de recursos. As
análises vão orientando os responsáveis da manutenção sobre o nível de coerência
existente entre o que é necessário ter para uma gestão inovadora e o que ele e sua equipe
podem conseguir para seu sucesso.
Na primeira análise se revisa a consistência entre o tamanho da empresa, a relação
com a produção: por equipamento, idade dos equipamentos, grau de automação dos
equipamentos, tipo de manutenção aplicada e o critério para definir o tipo de manutenção.
O objetivo é detectar as situações que não são adequadas para um processo de inovação.
Por exemplo, se declarar que a manutenção é, em sua na maioria, corretiva, com grande
quantidade de equipamentos, dá-se uma mensagem que a situação atual não é favorável
para iniciar, de imediato, um processo de mudança para uma forma de gestão mais
sofisticada.
As análises que seguem a continuação referem-se à capacidade tecnológica dos
equipamentos e a capacidade de atenção dos serviços relacionados com o funcionamento
dos equipamentos. Também é avaliada a efetividade da gestão da função manutenção em
aspectos como: planejamento da manutenção para seus serviços, qualidade, métodos de
trabalho, uso dos recursos, materiais, controle das atividades da manutenção, entre outros.
Se não existir uma condição prévia de conhecimento e experiência em administração, em
nível aceitável também é emitido um relatório indicando estas fraquezas. Isto tem a
finalidade de sugerir a equipe de manutenção iniciar ações para enfrentar o desafio da
inovação.
Dá-se especial atenção à maturidade da organização como um tudo. É uma análise
destinada a medir o grau de apoio para as mudanças na concepção da manutenção, já que
fornece um ponto de partida para definir a estratégia para implementar a nova concepção.
Se não existir as condições nas pessoas que têm que colaborar com a manutenção, a
estratégia de implementação deve seguir outra orientação.
O ciclo da metodologia se fecha com uma análise da capacidade financeira da
empresa para sustentar pelo tempo que seja necessário, o processo de implementação da
inovação da concepção da manutenção e esta análise é detalhada para cada concepção que
seja escolhida pela equipe de analistas.
126
Além disto, estas análises permitem aprofundar e revelar outros tipos de fraquezas,
que não são captadas imediatamente, como ser: a falta de preparação para atacar problemas
complexos, que não há uma liderança clara e definida na equipe da função manutenção,
ausência de visão estratégica e de negócios. Também a falta de informação para analisar
sua situação competitiva e análise de cenários, entre outros itens que poderiam ser
obstáculos para a inovação.
É relevante, na aplicação da metodologia, o fato de que se deixe ao encargo do
administrador a decisão de implementar ações de melhoramento. Com efeito, apoiado na
análise da situação atual que o induz a conhecer a real efetividade da gestão da manutenção
e relacioná-la com os requisitos que impõe a alta direção da empresa, pode-se medir ou
avaliar efetivamente a distância que separa o estado de início do processo de inovação do
estado final que é necessário alcançar. Tem-se com isto a real dimensão da tarefa que se
tem que desenvolver para o futuro da gestão da manutenção.
127
CAPÍTULO 5
MODELO DE MONITORAMENTO, CONTROLE E
PLANEJAMENTO DA APLICAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE
MANUTENÇÃO
Este capítulo apresenta uma estratégia de planejamento e de acompanhamento do
desempenho funcional de sistemas técnicos fundamentada na teoria de Garantia de
Funcionamento (GdF). Para facilitar as ações dos agentes e gestores de manutenção
foi desenvolvido um Programa Computacional de Garantia de Funcionamento
(PGdF). Este software sistematiza e processa as informações relacionadas com a
análise de disponibilidade, confiabilidade, mantenabilidade, segurança e
procedimentos. Os resultados, na forma de indicadores, foram fundamentados nos
conceitos contidos no método de Indicadores de Desempenho Balanceados (Balanced
Scorecard, BSC).
128
5.1 INTRODUÇÃO
Uma vez decidido por um modelo de concepçao de manutenção e por tanto de uma
forma de gestão, planeja-se, implanta-se e monitora-se por meio de índices e fatores que
possam acompanhar o desempenho do sistema. Ou seja, para continuar avançando em seu
processo de implementação de melhorias, há que dispor de ferramentas que permitem
monitorar as estratégias implementadas, como também os efeitos dos novos
empreendimentos. O acompanhamento pode ser feito por um conjunto de indicadores
selecionados que deve abranger todos os aspectos importantes para a gestão.
Neste capítulo apresenta-se um modelo cujo principal objetivo é fornecer ao
analista o conhecimento sobre o real desempenho da gestão da manutenção e da linha de
produção, em relação às ações operativas que realiza a função manutenção. Para facilitar
este processo um programa computacional deve apoiar o ciclo de retro alimentação do
modelo conceitual da metodologia proposta.
O modelo desenvolvido está dirigido principalmente à parte operativa da
manutenção, já que para cada indicador definido, seu valor é determinado a partir de dados
de causas individualizadas de falhas, o qual fornece ao administrador uma base de dados
que lhe permite programar as ações de manutenção que terão que ser realizadas e, planejar
as necessidades de recursos. Embora os indicadores tradicionalmente usados na
manutenção tenham uma correlação positiva com o desempenho e segurança na empresa,
estes devem ser individualizados para a função específica que se deseja controlar
(MARTORELL et al. 1999).
Qualquer que seja a forma que tomam os indicadores, os valores obtidos sobre
eficiência, produtividade, segurança e disponibilidade, têm dois propósitos principais:
decidir sobre o destino dos recursos e avaliar o desempenho do sistema depois que os
recursos foram usados (LÖFSTEN, 2000). Assim, a ferramenta portadora dos indicadores
permite identificar os desvios no desempenho dos equipamentos, e o controle que integra o
laço de retro alimentação, que todo sistema de gestão bem implementado deve possuir.
5.2 GARANTIA DE FUNCIONAMENTO
Segundo BLANCHARD et al. (1995) dependabilidade é: “a probabilidade do
sistema completar a sua missão, dado que o sistema estava disponível no começo da
missão”. A dependabilidade é uma medida da condição do sistema em um ou mais pontos
durante sua missão e seu valor é fortemente influenciado pela confiabilidade do sistema,
129
mantenabilidade e a qualidade do projeto (BIFULCO et al. 2004; KOSTIC et al. 1995). A
confiabilidade está associada ao cumprimento da função ao longo do tempo e do
comportamento do sistema e a mantenabilidade está associada a condição de recuperar a
função do equipamento, quando esta for afetada (KUMAR, 1997; CASTRO et al. 2003;
KNEZEVIC et al. 1997).
Como os equipamentos são cada vez mais complexos, têm funções distintas
dependendo dos requisitos do usuário e do meio em que estejam inseridos e na maioria das
vezes integrados ao computador para sua operação e controle, o conceito de
dependabilidade é cada vez mais relevante. Neste sentido, os pesquisadores europeus e em
especial os franceses pertencentes ao grupo de LAAS (Laboratoire d’Analyse et
d’Arquitecture des Systèmes) deram especial ênfase ao termo “Sûreté de Fonctionnement
Informatique” (LAPRIE et al. 1996; KAANICHE, 1999).
A Garantia de Funcionamento (GdF) é a propriedade que permite aos usuários de
ter uma confiança justificada nos serviços fornecidos pelo sistema (LAPRIE, 1996). O
serviço fornecido por um sistema é caracterizado pelo comportamento deste, tal como seus
usuários o percebem. Um usuário é um outro sistema (humano ou físico) que inter-atua
com o sistema considerado.
Conforme a aplicação e o requisito de qualidade do serviço, o foco pode ser
colocado sobre diferentes facetas da GdF, o que indica que a GdF se manifesta de acordo
com diferentes propriedades, mas complementares, que permitem definir seus atributos,
como mostrado a seguir:
O fato de que esteja pronto para a sua utilização leva à disponibilidade
A continuidade no fornecimento do serviço leva à confiabilidade
A ausência de conseqüência catastrófica para seu entorno leva à segurança
A ausência de divulgações não autorizadas da informação conduz à
confidencialidade
A ausência de alterações impróprias da informação conduz à integridade
A atitude para as reparações e evoluções conduz à mantenabilidade.
O conceito de GdF será utilizado principalmente por dois motivos: primeiro, é um
conceito que trata do problema do funcionamento de acordo com as exigências do usuário,
que vão desde os aspectos da concepção do sistema até produção e uso. Segundo, que a
linguagem Garantia de Funcionamento fornece uma idéia mais completa do problema
que se está abordando, permitindo desta forma gerar um conjunto harmônico de
130
parâmetros para revisar o projeto, implementar ações de manutenção e definir políticas
para a gestão.
Os aspectos a serem abordados com a GdF na gestão da manutenção são
disponibilidade, confiabilidade, procedimentos, segurança e mantenabilidade.
Complementam os conceitos da GdF as ameaças e os meios mediante os quais se consegue
a GdF, como pode ser visto na Fig. 5.1.
Fig. 5.1 Árvore da Garantia de Funcionamento (adaptado de AVIZIENIS et al. 2001)
Dependendo das aplicações que se pretende para o sistema, diferentes ênfases
podem ser colocadas nos diversos atributos. A descrição das metas requeridas para os
atributos da GdF deve ser feita em termos das condições de entrega do serviço do sistema.
Para a obtenção de sistemas com Garantia de Funcionamento usam-se quatro
técnicas que podem ser combinadas (AVIZIENIS et al., 2001):
Prevenção dos defeitos: como prevenir a ocorrência ou a introdução de defeitos;
Tolerância aos defeitos: como fornecer um serviço correto em presença de defeitos;
Remoção de defeitos: como reduzir o número e a severidade dos defeitos;
Predição dos defeitos: como estimar a quantidade atual, o incidente futuro e
provável conseqüência dos defeitos.
Estas definições são perfeitamente aplicáveis a todos os sistemas, quer sejam de
origem informática ou eletromecânica, tendo em consideração as particularidades de cada
um deles, a fim de selecionar as ferramentas mais adequadas para a aplicação de cada um
dos meios que indica a metodologia da GdF. Assim por exemplo, na informática aplica-se
Garantia de
Funcionamento
Atributos
Meios
Amea
ç
as
Disponibilidade
Confiabilidade
Procedimentabilidade
Mantenabilidade
Segurança
Prevenção de defeitos
Tolerância aos defeitos
Eliminação de defeitos
Previsão de defeitos
Falhas
Erros
Defeitos
131
a introdução de avarias para averiguar as debilidades do sistema, prática que nos sistemas
mecânicos não é possível fazer e tem que ser mudado para provas de campo, ou quando for
possível, por testes com sobrecarga.
5.3 INDICADORES DE EFICIÊNCIA
A análise de eficiência fornece medidas de comparação dos níveis de realização dos
objetivos específicos. As medidas de eficiência provêm informações muito úteis para guiar
as decisões administrativas e obter comportamentos desejáveis dos recursos empregados,
se as medidas forem corretamente selecionadas para ajustar o meio operacional da
organização (TSANG et al. 1999). Considera-se que um indicador de desempenho torna-se
parte integral de um circuito de retro-alimentação e, portanto deve ser adequadamente
definido (Fig. 5.2).
Fig. 5.2 Feedback operacional para as medidas de eficiência (adaptado de TSANG et al.
1999)
A seleção dos indicadores de desempenho, em sua definição e o valor padrão
exigido, é um compromisso que é assumido pela alta direção da empresa com um
departamento da mesma. As condições têm que ser negociadas porque compromete
Estratégia
corporativa
Estratégia para a
manutenção
Objetivos para a
manutenção
Plano de ação
Implementação
do plano
Medidas de
desempenho
Revisão
periódica
132
recursos humanos e financeiros para sua implementação e níveis de sucesso a serem
alcançados.
É na definição dos indicadores que o Método de Indicadores de Desempenho
Balanceados (Balanced Scorecard, BSC) se torna uma ferramenta importante. Isto
porque, o BSC é uma ferramenta de apoio para acompanhar e monitorar as evoluções das
decisões da empresa, centradas em indicadores chaves. Possibilita que cada pessoa na
organização entenda cada aspecto ligado à estratégia, para que o sucesso seja total.
O método BSC abrange quatro aspectos fundamentais: finanças, processos internos,
clientes, aprendizado e crescimento. Todos estes aspectos devem ter seus objetivos,
indicadores, metas e iniciativas muito bem definidas e explícitas (Fig. 5.3).
Fig. 5.3 Componentes dos indicadores de desempenho balanceados (adaptado de PRADO,
2002)
Para a função manutenção, o detalhe dos aspectos será:
Finanças: para ser bem sucedido financeiramente, como se devería administrar os
recursos?
Processos internos: para satisfazer os clientes em que processo de manutenção se
deverá alcançar a excelência?
Clientes: para alcançar a visão, como se deveria manter os clientes?
MISSÃO
VISÃO
ESTRATÉGIA
DA
MANUTENÇÃO
CLIENTES
(garantia de
funcionamento do
equipamento)
FINANÇAS
(custos de
manuten
ç
ão
)
PROCESSOS
INTERNOS
(qualidade da
produção)
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
(pessoal de produção e
manutenção)
133
Aprendizado e crescimento: para alcançar a visão, como sustentar a capacidade da
empresa de mudar e melhorar?
Há autores que apresentam crítica a algum tipo de indicadores de eficiência usados
na técnica chamada “indicadores de classe mundial”, no âmbito da gestão de manutenção,
tais como tempo médio entre falhas, tempo médio para a reparação, tempo médio para a
falha, disponibilidade do equipamento, custo de manutenção por faturamento e custo de
manutenção pelo valor de reposição. As restrições referem-se ao fato dos mesmos não
serem os mais adequados para a parte operativa da função manutenção (TSANG, 2002;
BERRAH et al., 2000).
A razão apresentada deve-se ao fato dos resultados serem obtidos em termos
médios. A tomada de decisões na fase operacional, em função de valores médios, não
fornece os detalhes necessários para identificar a fonte de desvios. É aqui onde a garantia
de funcionamento fornece soluções adequadas para resolver este problema de informação
e definir os indicadores que se precisa para a implementação do BSC.
Para a definição dos indicadores do modelo da GdF selecionam-se os atributos da
disponibilidade, confiabilidade, segurança e mantenabilidade para dar resposta aos clientes
(ESPINOSA e CEA, 2004) que para a manutenção, são os ativos para produção, como se
mostra na Fig. 5.4.
Para o aspecto das finanças deve-se referir à relação entre o índice total de
eficiência e o gasto total feito durante um período (custo de horas-homem - H.H., de
recursos aplicados, de sobressalentes, serviços de terceiros e de perda de produção). Para o
processo interno as medições serão referenciadas à qualidade da produção e as definições
dos indicadores serão baseadas na metodologia da manutenção produtiva total (TPM)
como sendo a taxa de qualidade e taxa de produção (MASAHI et al. 1992), cujas
definições são mostradas na Fig. 5.5.
Por último, para o aspecto da aprendizagem, a relação será entre as horas-homem
empregadas na manutenção (incluem-se pessoal de terceiros) e as horas-aula totais
investidas em capacitação. Os serviços de terceiros são incluídos porque estes também
devem ser competentes e, isto deve ser uma exigência da organização no momento da
contratação das empresas externas.
134
Fig. 5.4 Indicadores diretos relacionados ao desempenho do equipamento
Antecedentes do equipamento Identificação dos fatores de perdas
PERÍODO DE PLANEJAMENTO
Tempo de Tempo de espera Tempo de operação efetivo
manuten
ç
ão administrativo
Tempo para o diagnóstico da falha (1)
Demora em proporcionar os recursos (2)
Demora na aquisição de sobressalentes (3)
Demora por procedimentos inadequados (4)
Perdas de tempo por paradas menores
(
7
)
Perdas de tempo por ajustes e colocação
em marcha
(
8
)
Perdas de tempo por falhas no
e
q
ui
p
amento
(
9
)
Perda de tempo pelo fornecimento de
servi
ç
o incom
p
leto
(
10
)
Perda de tempo pela entrega de produtos
sem
q
ualidade ou re-manufaturado
(
11
)
Perdas de
mantenabilidade
Perdas de
disponibilidade
Perdas de
confiabilidade
Tempo de
manutenção
Tempo efetivo
entre falhas
Tempo operativo
efetivo
efetivooperativotempo
)()(efetivooperativotempo
oequipamentdoconfiançadeIndicador
1110
=
Indicador Global = indicador de confiança x indicador de acesso x
indicador de segurança x indicador de eficiência da manutenção
Perda de tempo por acidentes menores (5)
Perda de tempo por acidentes maiores (6)
Perdas de
segurança
Tempo operativo
efetivo
efetivooperativotempo
)()(efetivooperativotempo
oequipamentaoacessodeIndicador
)9(87
=
efetivasoperativasHH
)()(efetivasoperativasHH
oequipamentdosegurançadeIndicador
.
65.
=
)4()3()2()1( ++++
=
manutençãodetempo
manutençãodetempo
manutençãodaeficiênciadeIndicador
135
Fig. 5.5 Indicadores para os aspectos de finanças, processo interno e de aprendizagem
Como as informações e indicadores no modelo se referem a cada um dos
equipamentos e, para não causar confusões com as definições dos indicadores de classe
mundial, definiu-se para os indicadores diretos incluídos no modelo de monitoramento,
(Fig. 5.4), a seguinte nomenclatura: para mantenabilidade como eficiência da manutenção,
para confiabilidade como confiança no equipamento, para disponibilidade como acesso ao
equipamento ou equipamento pronto para operar e para segurança como segurança no uso
do equipamento. Da mesma forma para os indicadores indiretos do modelo (Fig. 5.5) que
Antecedentes do equipamento Identificação dos fatores de perdas
h.h. empregadas
Custos de
manutenção
Tempo
operativo útil
Tempo
operativo útil
Perdas de
velocidade
Perdas por
defeitos
Perdas de produção por redução de
velocidade
(
3
)
Perdas por defeitos de qualidade
(
2
)
Perdas por reprocessamentos (1)
produzidaquantidade
)()(produzidaquantidade
manufaturadaqualidadedeIndicador
21
=
idealtempodeciclo
realtempodeciclo
oequipamentnomelhoriasdeIndicador =
)8()7()6()5()4( custocustocustocustocusto
globalíndice
custoeficiênciadeIndicador
++++
=
Custos de h.h.. próprios (8)
Custos sobressalentes e materiais (7)
Custos de serviços de terceiros (6)
Custos por perdas de produção (5)
Custos de uso de recursos físicos (4)
empregadasHH
scapacitadatotaisHH
mapredizagedeIndicador
..
..
=
136
estão baseados nos conceitos de TPM, denomina-se de indicador de melhorias do
equipamento ao aspecto que se relaciona à diminuição da taxa de produção e de indicador
de qualidade da manufatura ao que se relaciona às perdas de produção por defeitos no
produto.
Para que o sistema de controle seja realmente efetivo, tem que haver apoio
computacional, dado a importância para o administrador da entrada dos dados de todos que
participam do processo de controle ou do trabalho e da necessidade de fazer sínteses na
forma de tabelas, gráficos, ábacos, etc.
Dispor da informação correta no momento de tomar uma decisão é fundamental.
Isto permite orientar com eficiência a função de manutenção: na introdução de
melhoramentos nos equipamentos, realização de planejamento mais ajustado às tarefas de
manutenção, na análise dos métodos de trabalho de manutenção e de operação das
máquinas, na definição mais adequada para a aquisição de novas tecnologias, entre outras
ações.
A identificação das fontes de desvios, seja na manutenção ou na produção, além de
ajudar na caracterização das fraquezas também é uma oportunidade para introduzir
melhoramentos. A implementação deste processo depende também do meio adotado para
detectar os efeitos produzidos pelos desvios de função ou falhas dos equipamentos. Deve
ser fácil de compreender, ter robustez em relação à informação produzida e amplamente
aceito pelos mantenedores e operadores.
O foco está em identificar as causas de cada falha. Implementar um processo de
tomada de decisão baseada em aspectos pontuais, permite planejar as ações operativas da
manutenção tanto no específico quanto no geral e, assim, conseguir resultados mais cedo e,
ao mesmo tempo, acompanhar mais de perto a estratégia e a ação implementada.
5.4 PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA A APLICAÇÃO DA GARANTIA DE
FUNCIONAMENTO
Nas Figs. 5.4 e 5.5, apresentou-se a estrutura dos indicadores para analisar os
antecedentes em relação à eficiência da manutenção. Entra-se com os dados dos valores
padrões, que são atribuídos no planejamento dos trabalhos e, na saída tem-se todos os
dados reais, que serão analisados posteriormente. Caso haja algum valor com desvio
acentuado existe a possibilidade de identificar os fatores que interferiram ou contribuíram
para este valor final.
137
Na medida em que se dispõe dos dados referentes à análise das causas de falha, dos
modos de falha e dos efeitos produzidos, como também as conseqüências para produção,
têm-se a possibilidade de definir, em primeiro lugar, a localização, quantidade e qualidade
dos recursos para a manutenção e, avaliar a eficiência de uso destes recursos. Assim, se
fecha o primeiro ciclo de análise e ação para uma gestão efetiva da manutenção.
5.4.1 Módulo inicial do programa computacional
O programa computacional foi desenvolvido no modelo de orientação a objeto e foi
programado na linguagem Visual Basic 6. A opção pela orientação a objeto deveu-se a
facilidade de incorporação de blocos de parâmetros e indicadores, programados e testados
de forma independente, mas inter-relacionados para os usuários dos resultados. A
linguagem Visual Basic, deveu-se à facilidade de acesso ao programa fonte, disponível no
laboratório, mas também por ser esta linguagem de uso comum nestes sistemas, devido às
interfaces gráficas e de visualização, facilitando em muito a relação entre os usuários e o
sistema computacional.
O procedimento de busca da informação, intermediado pelo programa, de maneira
que permita planejar as ações operativas da manutenção, pode ser sintetizado em duas
janelas iniciais: uma que se refere ao produto que está na linha de produção e a outra (a
direita na Fig. 5.6) fornece o conjunto das máquinas ou equipamentos que participam do
seu processo de fabricação, como indica a Fig. 5.6.
Fig. 5.6 Telas de introdução ao Programa de Garantia de Funcionamento (PGdF)
138
Como mostra a Fig. 5.6, o “produto referência” que está sendo fabricado (Motor
1,5CV), está decomposto na forma de árvore, com as respectivas máquinas de fabricação
vinculadas a ele. Na outra coluna da figura, são apresentadas as máquinas para a
fabricação, com as respectivas árvores de subsistemas e componentes requeridos para o
funcionamento da máquina.
É neste módulo que se realiza a ligação entre o produto que está sendo fabricado e o
equipamento que está em uso no processo de fabricação. Nesta janela se seleciona o
equipamento ou subsistema sobre o qual se deseja obter os antecedentes de seu
desempenho e se combina com qualquer indicador que está incluído no programa, além
dos dados técnicos e históricos de manutenção.
5.4.2 Indicador de confiança no equipamento (confiabilidade)
As características de confiabilidade e mantenabilidade estão sendo tratadas com
alto interesse hoje em dia no mundo empresarial. Este interesse é a resposta à questão de
permanecer competitivo, prover serviços a tempo e sem erros, e bem relacionados com
todos os outros elementos da cadeia de comercialização (MADU, 2005). Soma-se a isto a
necessidade de eliminar os altos custos de inventários e realizar uma produção ajustada
(Lean Production), para o que é muito importante se assegurar que os equipamentos estão
propriamente mantidos e são altamente confiáveis.
A confiança no equipamento (Fig. 5.7) se refere ao fato de poder contar com a
máquina, para que o produto projetado seja fabricado em um período de tempo dado e com
a qualidade que está definida. O equipamento passa a ser não confiável se ocupar parte do
tempo atribuído à produção, em processar peças fora de especificação; se houver perda de
tempo em produção defeituosa que não se recupera; se ocupar tempo para entregar um
serviço incompleto ou ocupar mais tempo do que o programado (funcionamento em estado
degradado) e; todo o tempo que o equipamento esteve parado por falhas repetidas quando
deveria estar em produção.
Os dados relacionados com qualquer indicador devem ser introduzidos com uma
periodicidade definida pelo administrador das operações de manutenção. É importante este
fato já que, além de ser rigoroso na tomada e introdução dos dados ao programa
computacional, gera-se uma base de dados ordenada da qual se pode obter os antecedentes
para realizar estudos de tipo estatístico relacionados com a análise de riscos, distribuições
de probabilidades para a análise de confiabilidade e substituição de equipamentos, entre
outras análises de tipo quantitativo que poderiam ser necessárias na gestão da manutenção.
139
Na janela da Fig. 5.8 mostra-se a distribuição dos índices calculados e posicionados em
relação a uma referência, que ajuda ao administrador a gerenciar o indicador de confiança
no equipamento.
Apoiado na evolução do indicador e para um ponto fora dos valores padrões
definidos, pode-se implementar diversos tipos de ações dependendo da origem da perda de
confiança no equipamento. Assim, se a causa estiver no produto fabricado,
complementando esta informação com os antecedentes do indicador de qualidade da
manufatura, pode-se pesquisar sobre a qualidade das ações de reparo (reposições,
lubrificantes, controladores, montagens, mudanças estruturais, etc.) que poderiam provocar
desajustes, desbalanceamentos ou desalineamentos no maquinário, como também falta de
preparação na operação dos equipamentos de parte dos operadores.
Para o caso em que a perda de confiança tenha sua origem em falhas repetitivas no
equipamento também se pode pesquisar, apoiado nos dados do indicador de eficiência na
manutenção, sobre o nível da qualidade de atendimento de parte da manutenção (peças
sobressalentes, pessoal capacitado e métodos de trabalho).
Fig. 5.7 Tela para a introdução de dados para calcular a confiança no equipamento
140
Fig. 5.8 Tela do gráfico para o indicador de confiança no equipamento
5.4.3 Indicador de eficiência da manutenção (mantenabilidade)
A mantenabilidade é um aspecto importante no projeto do ciclo de vida e tem um
papel significativo durante o período de serviço do produto (WANI e GANDHI, 1999). É
no processo de projeto do sistema que se estruturam os atributos para obter alto
desempenho nas tarefas de manutenção, em particular, inspeção, reparação, substituição e
diagnóstico. Estas atividades para uma boa mantenabilidade do sistema, não somente
devem ser executadas no menor tempo possível e com a melhor disponibilidade de
recursos. Como é importante conjugar estes dois aspectos da mantenabilidade, o programa
suporta duas bases de dados: uma que está contida no módulo de eficiência da manutenção
(Fig.5.9) e outra base para o melhoramento dos aspectos de projeto do sistema (Fig. 5.16).
O módulo de eficiência da manutenção captura e processa todos os antecedentes
que estão diretamente relacionados com a execução eficiente das tarefas de manutenção.
Contém aspectos administrativos como a rapidez para diagnosticar a causa da falha, definir
tarefas e atribuir responsabilidades e aspectos de logística como a aquisição e
141
disponibilidade de peças. Tudo isto se complementa com os aspectos operativos que é a
execução das tarefas de manutenção.
Fig. 5.9: Tela para o indicador da eficiência da manutenção
Diante de um valor de eficiência da manutenção, fora dos limites definidos como
aceitáveis pelo responsável da gestão da manutenção (uma análise com um gráfico similar
à Fig.5.8), se analisam os antecedentes correspondentes á data do desvio, introduzidos na
base de dados para a eficiência da manutenção, e se poderiam tomar ações corretivas para
cada uma das causas. Se a causa da baixa eficiência for tempo elevado para realizar o
diagnóstico, se poderia analisar a viabilidade de implementar ações como: aumentar as
ações de manutenção preditiva, capacitar os operários para realizar a interpretação de
funcionamentos anômalos, melhorar os canais de comunicação entre operação e
manutenção, revisar as pautas de programação das tarefas de manutenção com a finalidade
de evitar esperas desnecessárias por diagnóstico, entre outras ações de melhoramento da
manutenção. Da mesma maneira, para cada item contemplado na base de dados existem
soluções para o caso de não atingir os valores padrões, e estas soluções deverão ser
142
propostas de acordo com o nível de conhecimento interno da empresa e das capacidades e
disponibilidades de recursos físicos e financeiros.
5.4.4 Indicador de acesso ao equipamento (disponibilidade)
Este indicador está relacionado com o fato de dispor do equipamento no momento
que é requerido (Fig. 5.10), ou seja, ter acesso ao equipamento para a produção. Em outras
palavras, que o equipamento não fique parado por estar em reparos menores (lubrificação,
aperto, alinhamentos, etc.) ou por ajustes constantes para o correto funcionamento.
Também se consideram como causas de não acessibilidade (indisponibilidade) do
equipamento o fato de estar inoperante devido à manutenção não programada ou por falhas
repentinas, como também por início do funcionamento fora das condições normais. Pode
ser incluído neste indicador causas indiretas como paradas devidas a falhas em
equipamentos contíguos, por alta contaminação de seu entorno que, embora possa estar em
produção deve ser parado, ou ainda, por ações de manutenção requerida por circunstâncias
externas e não programadas.
Fig. 5.10 Tela para o indicador do acesso ao equipamento
143
O valor deste indicador fora dos limites aceitáveis, vai requerer ações corretivas
que poderiam estar incluídas no melhoramento dos procedimentos ou métodos para efetuar
a manutenção. Quando se apresenta com freqüência problemas com este indicador de
disponibilidade, as causas poderiam estar radicadas no fato de não haver uma coordenação
consistente entre o período de produção e o período para realizar as tarefas de manutenção
menores (atrapalhando o tempo de produção) ou devido ao tempos de manutenção ser
maior que o programado inicialmente, como também pela presença de muitas falhas
inesperadas. Inclui-se a qualidade dos trabalhos de manutenção, que se foram deficientes,
ocasionam desajustes intermitentes do equipamento ou dificultam o início da funçao do
equipamento. Este indicador está diretamente relacionado com a eficiência da manutenção.
5.4.5 Indicador de segurança do equipamento (segurança)
Elevado número de colaboradores das áreas de manutenção é afetados por acidentes
de trabalho, mais que os operadores dos equipamentos (MANUELE, 2005). A razão é que
os mantenedores estão mais expostos a fatores que são de alto risco, como choques
elétricos, queda de componentes pesados, contato com produtos químicos, etc. Para o
pessoal de operação em geral a razão é devido à falha nas barreiras para evitar acidentes ou
pela operação imprudente que rompe os procedimentos estabelecidos. De todas as formas,
qualquer que seja a origem, um acidente repercute de forma negativa sobre a moral dos
colaboradores, detém a produção e afeta a confiabilidade do equipamento. No programa da
Garantia de Funcionamento se inclui este fator, o qual é monitorado mediante o Indicador
Segurança do Equipamento (Fig. 5.11).
É responsabilidade da função manutenção, atender o requisito da segurança dos
equipamentos e do ambiente e cooperar com as instâncias reguladoras. A manutenção deve
ser rigorosa ao elaborar e fazer respeitar os procedimentos de segurança, como também
manter em bom estado de funcionamento as barreiras para evitar os acidentes. É
importante deixar registrado a deterioração de parte dos equipamentos que poderiam ser
causas de futuros acidentes.
Para um valor de horas de produção perdidas por acidentes (dado obtido do gráfico
do indicador, similar ao mostrado na Fig. 5.8), qualquer que seja o valor padrão proposto
deve-se tomar ações para evitar que se repita o acidente. É um trabalho em conjunto, no
qual devem participar todos os que estão envolvidos com o equipamento. Outra fonte de
possíveis acidentes e que terá que se vigiar de perto, está relacionado com os trabalhos de
manutenção efetuados pelo pessoal externo, já que eles, as vezes, e não conhecem os
144
procedimentos habituais da organização. Qualquer fonte de perigo ou acidente deve ser
contemplada na programação das atividades da função manutenção.
Fig. 5.11 Tela para o indicador de segurança do equipamento
5.4.6 Índice global
O índice global corresponde a multiplicação de todos os indicadores considerados
anteriormente. Incorporou-se a este índice estes indicadores com igual relevância para a
função manutenção e, por isto, o valor global é função direta de cada um destes fatores.
Para se ter um bom índice global há que ter equilíbrio, não se pode ter um fator destoante
em termos de qualidade funcional (Fig. 5.12). Em outras palavras, basta que um dos
indicadores esteja baixo para que o sistema se veja afetado e seja notória a deterioração do
desempenho do sistema produtivo. Além disso, se pode fazer um paralelo com o TPM e
estabelecer estratégias para que o sistema alcance uma efetividade total da linha de 85% ou
mais. Logo, para uma companhia de classe mundial segundo Riss (1997), cada indicador
deve estar acima de 95% no seu desempenho.
145
Fig. 5.12 Tela para o índice global do equipamento
São exigidos valores altos de eficiência, mas este é o desafio para ser uma empresa
altamente confiável. Seguindo a evolução deste indicador pode-se medir a efetividade das
estratégias derivadas da aplicação da concepção da manutenção e, o ritmo de crescimento
se deve definir com base numa negociação entre o encarregado da manutenção e a alta
direção da empresa.
O índice global definido para cada equipamento se pode fazer extensivo à linha de
produção, mediante um valor médio ponderado pela criticidade de cada máquina na linha.
O valor da criticidade é o mesmo determinado na aplicação da metodologia para selecionar
a concepção da manutenção. Este valor é ilustrativo da eficiência total da linha de
produção e, além disto, indica em quais equipamentos se devem concentrar os esforços de
melhoramento. Equipamentos mais críticos provocam maior impacto no índice total da
linha de produção.
O índice global definido para cada equipamento pode-se fazer extensivo à linha de
produção, mediante um valor médio ponderado pela criticidade de cada máquina da linha.
O valor da criticidade é o mesmo calculado na aplicação da metodologia para selecionar a
concepção da manutenção. Este cálculo é ilustrativo da eficiência total da linha de
produção e, além disto, indica em quais equipamentos se devem concentrar os esforços de
melhoramento. Equipamentos mais críticos provocam maior impacto no índice total da
linha de produção.
146
5.4.7 Indicador de melhoria no equipamento
A função manutenção está na empresa para manter o equipamento em boas
condições de trabalho em primeiro lugar e, para aumentar a eficiência dos equipamentos
sob sua responsabilidade. Assim, este indicador está projetado para capturar e medir a
efetividade da manutenção para conseguir esses objetivos (Fig. 5.13).
Fig. 5.13 Tela para o índice melhoria do equipamento
Os melhoramentos são medidos pelo aumento da taxa de produção considerando a
introdução de automação, mudanças na estrutura da máquina, otimização dos métodos de
trabalho, otimização do leiaute da linha de produção, adotando facilidades externas que
aumentam a produtividade, mudança de materiais ou qualidade de reposições (re-projeto
do equipamento), etc. Ao contrário, se a velocidade de produção diminui e o equipamento
ainda está dentro dos limites de sua vida útil, indica que a função manutenção não está
cumprindo com seu papel. Deve ser um motivo de preocupação ter um equipamento em
funcionamento degradado e não conseguir do equipamento seu máximo retorno.
Introduzir melhorias nos equipamentos ajuda a permitir a obtenção global de 85%,
embora existam autores que indicam que 75% é excelente (DAL et al. 2000), já que este
indicador, na sua definição, contém a razão entre a taxa de produção melhorada via
147
introdução de melhorias e a taxa de produção nominal do equipamento, podendo dar um
fator maior que 1 se o re-projeto para melhorias tem sucesso, o qual num momento dado
pode suprir uma queda no índice de acesso ao equipamento e assim manter a eficiência
global do equipamento, para o período de planificação da produção. De todas as maneiras,
manter este indicador num valor próximo da unidade (um), por um período de tempo
longo, já é um grande sucesso para a função manutenção, porque está indicando que a
eficiência nominal está sendo mantida sob as políticas atuais de manutenção.
5.4.8 Indicador da qualidade da manufatura
A qualidade do produto elaborado também é uma boa fonte de informação para a
manutenção, já que é aqui onde se reflete, finalmente, o trabalho realizado pelo pessoal de
manutenção. Se não foi conseguido cumprir a quantidade planejada de produtos pode
indicar baixa disponibilidade do equipamento de produção devido à baixa qualidade da
função manutenção.
Fig. 5.14 Tela para o índice de qualidade da manufatura
Um outro aspecto mais, pode estar associado à qualidade do produto. Neste caso a
informação sobre determinados tipos de rejeição do produto por falta de qualidade na
produção (Fig. 5.14), pode indicar um caminho para se chegar à origem da falha do
148
equipamento, partindo da suposição de que a matéria prima é a indicada para produzir o
produto e de que a máquina deve cumprir com as exigências de projeto.
Este indicador aponta para a detecção de pequenas anomalias no equipamento que
cedo ou tarde vão repercutir negativamente na qualidade do produto, como montagem
deficiente, peças com tolerâncias fora dos limites, cargas excessivas, controle com uma
sensibilidade incorreta, entre outros fatores. Somam-se a isto, também agentes externos
como os poluentes que provocam corrosão ou má operação dos equipamentos.
5.4.9 Indicador da eficiência de custo
Aumentar o desempenho de cada equipamento e, por conseguinte, da linha de
produção, deve ser um dos objetivos mais importantes para a função manutenção. Mas o
desafio é conseguir este aumento de forma eficiente com os recursos financeiros
disponíveis. Como esses recursos em geral são limitados, o aumento do desempenho global
não pode ser a qualquer custo e os gastos devem ser controlados.
Para este fim, se definiu o indicador de eficiência de custo (Fig. 5.15), o qual se
relaciona com o índice global (Fig. 5.12) e com todas as despesas resultantes de falhas e
conseqüentes paradas dos equipamentos. Incluem-se todos os custos diretos e os indiretos
com a perda de produção. O administrador deve seguir a evolução deste indicador (Fig.
5.15) e estar atento, já que no caso em que o valor começa a diminuir, isto indica que a
eficiência no tratamento também disminui. Pode significar que, para um mesmo nível de
investimentos a eficiência global do equipamento esteja caindo, ou mesmo que a eficiência
global não se altere, os custos de manutenção, ainda assim, estão aumentando. Em ambos
os casos indicam problemas na gestão.
5.4.10 Informações complementares do programa
O programa de Garantia de Funcionamento contém um conjunto de informação
complementar e que está destinada a servir de apoio ao processo de decisão para a
definição das ações de melhoramento. Os grupos de informação são: histórico das falhas
com a descrição do dano ocorrido, histórico das falhas com os custos associados, descrição
da funcionalidade de cada sistema do equipamento e os dados técnicos de cada
equipamento. Nestas bases de dados se encontram os antecedentes que ajudarão no re-
projeto do equipamento ou na re-definição das ações de manutenção. Na Fig. 5.16 se
mostra um conjunto de informação referente à funcionalidade de um sistema do
equipamento produtivo.
149
Fig. 5.15 Tela para o indicador da eficiência de custo
5.5 COMENTÁRIOS
O sentido tradicional de um índice está associado ou indica um critério da
estabilidade: quer seja no cumprimento de uma norma ou referência estabelecida, ou na
medida de um certo grau de desempenho. Mas, na atualidade essa visão deve ser mais
ampla para ver a organização em todos os aspectos e deve apoiar todo o processo de
melhoramento contínuo da estrutura organizacional, dos meios, recursos e da
administração.
Para conseguir um processo de melhoramento contínuo precisa-se ter antecedentes
para levar ao fim três etapas no processo:
Análise da situação atual,
Definição das ações de melhoramento e execução destas conforme o objetivo
desejado e,
Medição dos efeitos das ações de melhoramento num intervalo de tempo
estabelecido.
150
Fig. 5.16 Tela para a funcionalidade do sistema
Ter os antecedentes na quantidade e qualidade apropriada fará a diferença entre um
projeto para o melhoramento bem definido e avaliado e outro que não o é.
O objetivo do programa computacional de garantia de funcionamento é contribuir
de forma significativa, para a função manutenção na sua parte operativa, para cada uma das
etapas de um processo de melhoramento.
Na primeira etapa, que consiste na análise da situação atual, aqueles indicadores
com um valor abaixo do definido como padrão, indica para as chamadas áreas de
melhoramento. Estas áreas estão diretamente relacionadas com as caracteristicas definidas
151
para a linha de produção, e que têm relação com: quantidade e qualidade produzida,
tempos de produção, produtividade e disponibilidade. Também, abrangem as
características cobertas pela função manutenção: mantenabilidade, desempenho dos
recursos disponíveis, estado dos equipamentos, qualificação dos colaboradores da
manutenção e das operações, qualidade dos fornecedores de peças sobressalentes, etc.
Para a área de melhoramento que foi devidamente identificada, mediante uma
análise detalhada dos fatores que compõem cada indicador, pode-se agora isolar os
chamados fatores de melhoramento. É neste ponto onde o programa para a garantia de
funcionamento contribui com outros antecedentes importantes para o administrador; dá as
causas valoradas que influem no baixo desempenho dos recursos utilizados, as que podem
ser de procedimentos, métodos, preparação, execução dos trabalhos de manutenção ou de
operação dos equipamentos.
A seleção dos fatores de melhoramento leva consigo a definição dos planos de
ação, que é a segunda etapa no processo de melhoramento. Saber, por exemplo, que os
tempos de abastecimentos são altos demais, que os períodos de ajustes não são os
adequados, que o refugo de peças produzidas é alto por não cumprir com as tolerâncias
estabelecidas, entre outros tantos fatores que se poderiam ocorrer, indicam o tipo de ações
corretivas que terá que empreender. Este conhecimento pode levar a destinação de recursos
suficientes e definidos para implementar ações de melhoramento.
O terceiro passo no processo corresponde medir, com o mesmo instrumento com o
qual se detectaram os insucessos na gestão, que neste caso são os indicadores contidos no
programa garantia de funcionamento, o efeito das ações realizadas e avaliar sua
efetividade. Como resultado tem-se decisões mais racionais a partir de um conjunto de
indicadores obtidos.
Existe uma relação muito estreita entre manutenção e operação para o
melhoramento da efetividade de ambos. Bons procedimentos de manutenção fornecem a
operação maior efetividade em sua taxa de produção e melhorias nas facilidades dos
equipamentos, simplificando as tarefas de manutenção. Esta sintonia deve estar sustentada
por antecedentes reais.
A baixa qualidade dos itens usados na manutenção ou atualização dos
equipamentos pode afetar a qualidade do produto elaborado pela empresa como também o
desempenho da linha de produção. Se não se tiverem os antecedentes para caracterizar as
causas que provocam variações no desempenho, na operatividade, na arquitetura do
equipamento e nos procedimentos de manutenção, terá como resultado um projeto de
152
melhoras que, possivelmente, não fornece as respostas adequadas para solucionar o
problema do equipamento produtivo.
Por isso, entende-se que priorizar um sistema de informação que individualize os
fatores que podem ser melhorados ajuda efetivamente a implementação e posterior
crescimento da concepção da manutenção selecionada. Esta crença foi decisiva para o
desenvolvimento desta metodologia e dos programas SSCM e PGdF, como também para
os processos de avaliação, tanto nos seminários da área de manutenção quanto congressos
científicos e para a validaçãoda metodologia no interior das empresas, com os agentes de
manutenção.
153
CAPÍTULO 6
PROCESSO DE VALIDAÇÀO, CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
Contém as conclusões finais, análise das avaliações da sistemática e
recomendações para outras pesquisas.
154
6.1 INTRODUÇÃO
A idéia para o desenvolvimento desta tese originou-se de uma percepção que pode
ser resumida na seguinte pergunta: por que as empresas produtivas não conseguem ter uma
disponibilidade mais alta, apesar dos contínuos esforços que as empresas fazem na
capacitação do pessoal, no investimento em equipamentos, no apoio computacional e na
melhor organização de seus recursos? A constatação que levou a formulação da pergunta
veio da experiência vivenciada pela equipe que está desenvolvendo esta tese, mas também
está presente na literatura, principalmente, aquela que versa sobre a realidade brasileira e
latino-americana. A resposta pode estar associada ao fato de que o pessoal de manutenção
não aplica na forma certa uma metodologia que apóie a seleção adequada de modelos de
concepção da manutenção e, a partir deste ponto, se elaborou uma metodologia e uma
posterior sistemática, cujo fundamento é fornecer apoio para o responsável da manutenção
pela seleção de uma concepção e que dê as bases para construir um sistema para a gestão
da organização de manutenção.
O foco para a elaboração da metodologia foi concentrado na identificação das
concepções de manutenção que melhor se adaptam às condições da empresa e da função
manutenção sob estudo, já que este é o ponto de início de um processo de construção do
sistema de gestão da manutenção e, na maioria das vezes, esta etapa é esquecida ou tratada
em forma superficial.
Para elaborar uma metodologia que seja efetiva, estruturou-se o trabalho em duas
etapas. A primeira etapa esteve dedicada em fixar os parâmetros ou variáveis mais
relevantes que devem ser consultados para definir um modelo de concepção. Esta atividade
foi desenvolvida mediante uma revisão bibliográfica exaustiva, complementada com
informação obtida da experiência de colaboradores ligados à manutenção. Assim, nesta
parte foram definidos os aspectos que definem a seleção de uma forma de concepção
como: caracterização da empresa, o nível de atendimento aos requisitos do produto e
condições do entorno, a análise detalhada da situação atual da organização da manutenção,
avaliação do grau de maturidade da função manutenção, a análise da criticidade dos
equipamentos e da função manutenção. Este conjunto de informação fornece uma visão
global das condições atuais da organização e situa a análise em um ponto de início
conhecido e que, de uma forma ou de outra condicione a seleção da concepção pela aptidão
presente na organização.
Para proporcionar ao analista condições para a seleção de uma concepção de
manutenção, se definiu um outro grupo de informações complementares as anteriores, as
155
quais estão relacionadas ao nível de análise das condições presentes na organização e
requeridos para cada concepção ou para a concepção mais adequada. Estas novas
informações solicitadas são: as metas declaradas (ou que devem atingir) para função
manutenção, ponderação dos requisitos do produto a ser atendido, análise da
disponibilidade de recursos (físicos, humanos e de informação) presentes na organização
conforme os requisitos de cada concepção da manutenção, e finalmente uma análise
econômica das alternativas de manutenção para um horizonte de planejamento dado, com o
qual se fecha a aplicação da metodologia.
Com a aplicação desta metodologia a equipe de manutenção consegue ter uma
visão com completeza da situação atual, em relação a sua organização, conhecimentos,
atitudes, definição de metas, disponibilidade de recursos e a posição da função manutenção
na empresa, aspectos que foram corroborados na validação da sistemática.
Para acompanhar o processo de inovação da função manutenção, já na sua parte de
gestão, elaborou-se um software que vai a agir diretamente no controle da evolução da
eficácia das ações definidas para manter os equipamentos. O desenvolvimento desta
ferramenta está baseado nos conceitos contidos na teoria da Garantia de Funcionamento
porque desde um inicio se definiu que as características principais que deve atender a
gestão de manutenção são: disponibilidade, mantenabilidade, confiabilidade e segurança,
aspectos que são compatíveis com esta teoria. O software recolhe todos os dados
necessários para avaliar uma serie de indicadores e em base a estes últimos ter as
informações precisas para selecionar as estratégias de melhoramento para o sucesso da
função de manutenção.
6.2 PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA SISTEMÁTICA
O processo de validação foi realizado em duas etapas, cada uma com objetivos
distintos, mas complementares entre si. Na primeira etapa o objetivo central esteve
focalizado em verificar se a estrutura e interfaces definidas na implementação
computacional forneciam suficiente informação para que a equipe de analistas
compreendesse o objetivo da sistemática. Além disto, testou também se a linguagem e
interfaces eram compreensíveis, se o conteúdo era de fácil aplicação, se o alcance da
metodologia cobria todos os aspectos da gestão da manutenção e se na empresa existia a
capacidade humana para realizar este tipo de análise.
Para levar a cabo esta validação se utilizou, em uma primeira etapa, um breve
questionário (ver questionário B1, anexo B) que foi aplicado em seminários sobre o tema
156
para alunos do POSMEC e em apresentações em congressos de engenharia (III Seminário
Catarinense de Manutenção, 26 a 28 de Setembro de 2005, Joinville e 18th International
Congress of Mechanical Engineering (COBEM 2005), 6 a 11 de Novembro de 2005, Ouro
Preto, MG).
Os custos e as dificuldades inerentes a uma pesquisa como esta, levou a optar por
aproveitar os eventos com profissionais da área, onde o trabalho foi apresentado, para obter
desta forma resultados exploratórios preliminares para a SSCM sobre aspectos de
comunicação, entendimento, estrutura, forma, abrangência e pertinência, com a finalidade
de ter bases para continuar no desenvolvimento da sistemática.
Nestes eventos, foram distribuídos 68 questionários e obteve-se 52 respostas. Os
resultados obtidos nesta etapa podem ser resumidos como segue:
Entendimento da metodologia: O 83% dos que responderam, entenderam
totalmente o objetivo da sistemática e 17% entenderam parcialmente.
Grau de facilidade para aplicação da metodologia: Com referência ao grau de
facilidade da aplicação da sistemática, 66% opinaram que seria fácil de aplicar, mas
com a participação ativa do facilitador. Os outros 34% dos pesquisados indicaram o
contrário por considerá-la muito extensa.
Temas abordados na sistemática: Para o aspecto, se os temas incluídos na
sistemática refletem o comportamento de sua empresa, 69% responderam que sim,
enquanto que 31% indicaram que não sabiam. Este ponto deve ser destacado
porque esto revela que um alto número de pessoas não tem um conhecimento
completo sobre os planos e estratégias da sua empresa.
Quantidade de informação nos questionários: No que se refere ao tamanho dos
questionários incluídos na sistemática, 62% considerou adequado para o objetivo
proposto e 13% indicou que era muito extenso e o restante indicou que era muita
informação solicitada e as saídas eram poucas.
Possibilidade de aplicação O último ponto considerado na pesquisa, que fez
referência à capacidade da equipe de manutenção para aplicar a metodologia
proposta, o resultado foi que 35% acredita que se existe a capacidade para aplicá-la
e 50% indicou que será muito difícil e 15% não respondeu.
Para a segunda parte do processo de validação consistiu de duas etapas:
selecionaram-se quatro empresas com parques fabris muito bem estruturados, fez-se uma
apresentação para um grupo de gestores de manutenção e, posteriormente, colheu-se as
157
percepções. Para isto, utilizou de um questionário mais elaborado (ver questionário B2,
anexo B), seguindo a metodologia usada por PEREZ (2003) e ROMANO (2003). Esta
etapa se concentrou em verificar se a sistemática ao ser aplicada em situações reais
forneceria as respostas necessárias para uma equipe de manutenção que está frente a um
processo de tomada de decisão em relaçao a gestao de manutenção. Nesta etapa da
validação os detalhes incluídos na sistemática foram: a claridade das perguntas e
explicações anexas; a facilidade para seguir o processo de análise; a estrutura e conteúdos
nas telas com informação útil processada para a equipe de análise e; a relação entre o
qualitativo de uma apreciação da realidade e o quantitativo de um valor que mede e explica
esta realidade.
Para tal efeito a sistemática foi aplicada em quatro indústrias de manufatura, com
alto nível de exportação de seus produtos, portanto com altas exigências de disponibilidade
de seus recursos produtivos, nas quais a manutenção desempenha papel importante e
requerendo melhorias constantes em sua gestão para acompanhar o desenvolvimento da
empresa.
O procedimento que se adotou para validar a sistemática consistiu em visita a cada
uma das empresas, formalizando uma pequena apresentação da metodologia, indicando
objetivo, acesso a ferramenta de análise e apresentando os fundamentos teóricos sobre
todas as formas de concepção da manutenção incluídas na planilha eletrônica. Após a
palestra, partia-se para a discussão da aplicação da sistemática, solicitando que um dos
membros da equipe de manutenção ajudasse a preencher os formulários para um setor
específico da empresa, enquanto o facilitador ia explicando os passos e coordenando o
debate com os outros membros para o preenchimento dos formulários. Ressalta-se, ainda,
que o software foi enviado, antes da visita, com todas as indicações de uso para que já
houvesse um primeiro contato com a ferramenta de seleção da manutenção – SSCM.
A primeira empresa, um dos maiores fabricantes de motores elétricos do mundo,
estava desenvolvendo estudos para redefinir seu sistema de gestão, a fim de responder às
demandas por disponibilidade dos recursos e tinham que definir qual concepção seria
adotada no futuro. O grupo era formado por cinco profissionais, em nível de gerência e
chefias, tanto da manutenção fabril quanto da manutenção de seus produtos nos clientes.
A segunda empresa foi um grande fabricante do ramo automotivo, líder no
segmento que atua. Estavam presentes três profissionais, sendo o gerente da área de
manutenção e dois chefes de setor.
158
A terceira empresa é líder no setor de produtos eletro eletrônicos para telefonia e o
grupo de avaliadores era também constituído pelo gerente de manutenção e dois chefes de
setor.
A quarta empresa é do rubro da celulosa e grande percentagem da sua produção
está dirigida á exportação. O grupo avaliador foi composto de seis engenheiros de
manutenção, lideres na suas áreas de atuação ao interior da empresa.
As três primeriras empresas são brasileiras e a quarta é chilena.
As principais características da sistemática que foram avaliadas nesta segunda fase
são: primeiro a clareza para a captura dos dados e no fornecimento da informação e,
segundo, a profundidade adotada para identificar a realidade e as potencialidades presentes
na gestão atual, bem como as concepções com mais chances de serem postas em prática.
Outros atributos importantes estão relacionados com a completeza, ou seja, se a sistemática
cobre suficiente aspectos que estão presentes na gestão da manutenção e sua amplitude, ou
seja, a capacidade de visualizar outros aspectos não quantificáveis, como estimular o
diálogo, capturar atitudes de liderança, etc.
O primeiro ganho do processo de validação deste trabalho foi que permitiu aos
membros do setor de manutenção conhecer o nível de atualização de ferramentas que eles
já possuíam implantado em sua gestão, ou bem, conhecer outras formas de gestão de
manutenção. Além, obter ferramentas de discussão e análise frente a empresas externas que
oferecem soluções às problemas na gestão.
Os grupos das quatro empresas manifestaram opinião aproximada de que a
metodologia apresentada, apesar de ser densa em seu conteúdo proporciona uma avaliação
muito precisa da realidade da manutenção na empresa, destaca os objetivos da manutenção
e dá claras diretrizes sobre a forma a seguir para realizar uma inovação na forma de gestão
da manutenção.
Os problemas detectados na aplicação se referem com a dificuldade inicial em
compreender a linguagem usada, a forma de preencher as planilhas, o conhecimento do
nível tecnológico e a estrutura produtiva da empresa por parte do facilitador do estudo.
Aqui é revelada novamente a importância do facilitador: tem que se envolver
completamente com o pessoal de manutenção e os aspectos tecnológicos da empresa e
conhecê-los nas dimensões que a sistemática necessitar. Ou seja, o facilitador deve ser um
profissional capacitado quanto ao conteúdo da teoria e quanto ao preenchimento da
planilha do SSCM e análise dos resultados, para melhor dialogar com os outros membros
159
do setor de manutenção. Assim, pode-se melhor aproveitar a quantidade de informação que
está presente na metodologia.
Como resultado da avaliação pode-se concluir que é uma ferramenta que reflete de
forma satisfatória a situação da organização da manutenção, revela suas potencialidades,
fomenta uma discussão no interior da função e direciona a análise para a implementação de
uma inovação na forma da gestão da manutenção. Todas estas características apontam de
forma positiva para responder a questão inicial que deu a origem desta tese.
6.3 CONCLUSÕES
A metodologia desenvolvida e, em especial a sistemática para avaliação, oferece as
bases para o administrador da manutenção que, em um dado instante, tem que decidir se
realiza ou não, a inovação da atual forma de administrar a manutenção:
Oferece respostas categorizadas e avaliadas de aspectos da gestão da manutenção
que são essencialmente qualitativos, o que fornece uma base de discussão para
analisar a viabilidade de fazer uma inovação na forma de gerir os recursos.
Relaciona distintas áreas de atuação na gestão da manutenção para assim fornecer
os relacionamentos que são complementares entre si. Pode-se realizar, desta forma
uma análise cruzada de variáveis que vão interferir no sucesso da implementação
da concepção da manutenção.
É uma ferramenta de avaliação do melhoramento contínuo. Cada vez que é aplicada
a metodologia, esta permite comparar distintos estados no tempo e analisar a
efetividade das ações de melhoramento que foram implementadas, ou os avanços
que são conseguidos com a inovação da concepção.
Fornece a informação ao administrador sobre problemas atuais na gestão da
manutenção e as possíveis ações que poderiam melhorar este ponto. Identifica os
pontos da gestão atual na sua real dimensão e, além disto, o nível que deveria ter
para não ser um obstáculo no processo de gestão.
É uma ferramenta que guia o diálogo, entre o analista e o facilitador do estudo, por
ser uma metodologia ordenada que permita discutir tópicos importantes para a
gestão da manutenção e sua relevância para conseguir os objetivos propostos.
A metodologia, além de fornecer informações, diagnósticos, relatórios e uma série
de contribuições, também impõe seus requisitos para serem aplicados, os quais foram
detectados nas sucessivas avaliações da aplicabilidade da sistemática:
160
O facilitador deve ser um profissional altamente capacitado na parte tecnológica tal
que, compreenda com facilidade o processo produtivo da empresa que está sendo
estudada e, além disto, dominar em profundidade as características, vantagens e
desvantagens de cada concepção da manutenção. Também deve ter bom
relacionamento com os colaboradores para obter, de cada membro da equipe de
manutenção, a melhor e real informação da situação atual da empresa e sua visão
de futuro e deve preocupar-se em conhecer, em profundidade as características da
empresa sob estudo.
Entre os participantes deve existir uma real vontade de cooperar no estudo, já que a
sistemática, para seu desenvolvimento consome um considerável tempo,
considerando o nível de trabalho que, geralmente tem uma equipe de manutenção.
A extensão dos questionários não é pequena, mas é necessária para capturar a real
dimensão da situação atual da empresa.
A informação que é solicitada, durante a aplicação da sistemática é de alta
qualidade e quantidade. Como em toda aplicação computacional, se o fornecimento
de dados é de má qualidade, as respostas também o serão. A metodologia exige
conhecer em detalhe o comportamento organizacional, o grau de preparação de
toda a equipe de manutenção, o nível de desempenho da gestão, a estrutura de
custos, a função de cada equipamento na linha de produção e a caracterização da
disponibilidade de recursos externos e internos.
Mencionou-se que a metodologia, em especial a sistemática desenvolvida pode ser
utilizada como ferramenta de melhoramento contínuo. Com efeito, mediante a aplicação da
sistemática se pode detectar itens no sistema de manutenção da empresa que podem ser
melhorados, como também aquelas ações que poderiam se implementadas. Mas é
importante, para ter um controle da eficácia das ações implementadas, possuir um sistema
de indicadores como o PGdF para corroborar o sucesso ou insucesso, ou fazer ajustes das
estratégias definidas para conseguir o melhoramento.
Propôs-se como objetivo desta tese, desenvolver uma metodologia para preencher a
lacuna no processo de inovação da gestão que era a falta de um procedimento ordenado
para ajudar na seleção de uma concepção de mantenção. Fornece-se a metodologia com
sua implementação computacional, que apóia efetivamente o administrador da função de
manutenção na seleção da melhor concepção da manutenção, baseado nas metas da função
e na suas fortalezas, para assim, formalizar todo seu processo de gestão dos recursos o seu
encargo e obter os resultados que são esperados da função manutenção. Obteve-se como
161
resultado, neste trabalho, uma metodologia que combina aspectos técnicos,
administrativos, humanos e econômicos, todos focalizados para mostrar ao administrador o
potencial que poderia obter ao definir uma nova concepção, evitando desta maneira, a
seleção de uma concepção com base, somente, em uma opinião de um especialista ou atuar
por imitação. Obteve-se, além disto, uma metodologia (também implementada
computacionalmente, PdGF) para medir a eficácia das estratégias de manutenção que são
implementadas.
O objetivo global se conseguiu por meio de um produto final implementado
computacionalmente em uma planilha Excel™, o que lhe dá uma alta flexibilidade para ser
aperfeiçoado se a situação assim requerer.
6.4 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Programar a metodologia em uma linguagem de programação orientada a objeto e
ser usada como base para um processo de benchmarking para a gestão da manutenção,
usando todo o conjunto de informações que se teria pelas sucessivas aplicações da
sistemática.
No aspecto relacionado com o desenvolvimento de novas concepções de
manutenção, suger-se usar como base o modelo CIBOCOF proposto pelo pesquisador
WAEYENBERGH (2005), na parte da decisão do tipo de manutenção a realizar, mas toda
a parte relacionada com a modelagem matemática para definir a periodicidade e a
quantidade de recursos a usar, substituí-la por uma modelagem, centrada no aspecto
econômico principalmente.
Aperfeiçoar o modelo proposto na tese para controlar a efetividade das estratégias
definidas para as ações de manutenção. Incluir uma modelagem, baseado nas redes de
Petri, para avaliar a efetividade total do conjunto de estratégias porque elas estão
inevitavelmente relacionadas entre se.
Ampliar a metodologia para avaliar alternativas de implementação de um sistema
de gestão da manutenção para o qual se definiu sua concepção. Conforme com os
requisitos da concepção selecionada e as características da empresa em estudo, definir
aspectos como o sistema de informação, gestão de estoques, planos de capacitação, relação
com fornecedores, engenharia para as máquinas, etc.
162
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170
ANEXO A
DOCUMENTAÇÃO DA SISTEMÁTICA
Contém a documentação das planilhas para os itens principais desenvolvidos na
sistemática e que são usados para a tomada de decisão.
171
A1. FLUXOGRAMA DA SISTEMÁTICA
Fig.A1 Fluxograma da sistemática para seleção da concepção de manutenção
1. Identificação e
caracterização da empresa
A
Sim
Não
: aceitável?
A
Inicio da sistemática para seleção
da concepção de manutenção:
atividades principais
1.1 Processo de diagnóstico
1.2 Relatório de identificação e
caracterização da empresa
1.3 Percepção global da caracterização
2. Nível de atendimento aos requisitos
pelos equipamentos produtivos, pela
manutenção, produção e logística
2.1 Processo de diagnóstico
2.2 Relatório para o nível de
atendimento dos requisitos pelos
equipamentos produtivos, pela
manutenção, produção e logística.
2.3 Resumo do nível de atendimento
aos requisitos pelos equipamentos
produtivos, pela manutenção,
produção e logística.
A
Sim
Não
3. Análise detalhada da situação atual da
função manutenção em relação com o
serviço fornecido na empresa
3.1 Processo de diagnóstico
3.2 Relatório da análise preliminar
dos resultados para a situação atual
da função manutenção
3.3 Resumo da análise detalhada da
s
i
tuação
atua
l
da
f
u
n
ção
m
a
n
ute
n
ção
A
Sim
Não
4. Avaliar o grau de apoio contínuo da
organização para inovação da
manutenção
4.1 Processo de diagnóstico
4.2 Relatório para o grau de apoio
contínuo da organização para
inovação da manutenção
4.3 Análise complementaria
4.4 Apreciação geral do grau de
apoio contínuo da organização
para inovação da manutenção
1
Ajustes dos
dados
fornecidos
17. Hierarquização dos
investimentos no parque de
equipamentos
19. Modelo de análise para
avaliação das estratégias
implementadas para
atender os requisitos da
empresa
2
172
Fig. A1 (cont.) Fluxograma da sistemática para seleção da concepção de manutenção
5. Avaliar o nível de cultura das
pessoas para mudanças
5.1 Processo de diagnóstico
5.2 Relatório para o aspecto
avaliar o nível de cultura das
pessoas para mudanças
5.3 Análise complementaria
5.4 Apreciação geral para o
aspecto de avaliar o nível de
cultura das pessoas para mudanças
6. Avaliar o nível de comunicação
interna e externa da função
manutenção
6.1 Processo de diagnóstico
6.2 Relatório para o aspecto
avaliar o nível de comunicação
interna e externa da função
manutenção
6.3 Análise complementaria
6.4 Apreciação geral para o
aspecto de avaliar o nível de
cultura das pessoas para mudanças
7. Avaliar o nível de uso de
metodologias e ferramentas
7.1 Processo de diagnóstico
7.2 Relatório para o aspecto
avaliar o nível de uso de
metodologias e ferramentas
7.3 Análise complementaria
7.4 Apreciação geral para o
aspecto de avaliar o nível de
cultura das pessoas para mudanças
8. Avaliar o nível de gerenciamento
dos conflitos internos e externos da
empresa
8.1 Processo de diagnóstico
8.2 Relatório para o aspecto de
gerenciamento dos conflitos
internos e externos da empresa
8.3 Análise complementaria
8.4 Apreciação geral para o
aspecto de gerenciamento dos
conflitos internos e externos da
empresa
9. Resumo da análise da maturidade
para função manutenção
9.1 Processo de diagnóstico
9.2 Relatório para a análise da
maturidade para função
manutenção
9.3 Perfil dos aspectos específicos
da maturidade da organização
1
A
Sim
Não
3
18. Hierarquização das
atividades relacionadas
com o melhoramento da
maturidade da organização
para a manutenção
2
173
Fig. A1 (cont.) Fluxograma da sistemática para seleção da concepção de manutenção
10. Análise da criticidade dos
equipamentos e da função
manutenção
10.1 Processo de diagnóstico
10.2 Relatório para análise da
criticidade dos equipamentos
10.3 Matriz de avaliação da
criticidade conjunta para a função
manutenção
14.2 Resumo avaliação econômica
para 2 anos
15.2 Resumo avaliação econômica
para 4 anos
3
A
Sim
Não
Fim aplicação
da sistemática
10.4 Resumo da análise de
criticidade
A
Sim
Não
11. Definição dos parâmetros de
seleção da concepção de manutenção
11.1 Processo de diagnóstico
11.2 Observações gerais
11.3 Resultados para a definição
dos parâmetros de seleção da
concepção de manutenção
A
Sim
Não
12. Análise dos parâmetros e seleção
da concepção da manutenção
12.1 Processo de diagnóstico
12.2 Quadro resumo para a análise
dos parâmetros e seleção da
concepção da manutenção
13. Identificação dos efeitos da
manutenção sobre os custos de
produção
14. Análise econômica das
alternativas de manutenção para um
horizonte de planejamento de 2 anos
15. Análise econômica das
alternativas de manutenção para um
horizonte de planejamento de 4 anos
13.1 Processo de diagnóstico
14.1 Processo de diagnóstico
15.1 Processo de diagnóstico
Ajustes á
quantidade de
equipamentos no
estudo inicial
Ajustes ás metas
declaradas e
requisitos a
atender
Ajustes das
quantidades de
recursos financeiros
que serão usadas na
implementação
174
A2 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
A2.1 Processo de diagnóstico: para a captura dos dados referente à identificação da
empresa e suas características básicas deve-se preencher com valor 1 cada célula que
corresponda à descrição da estrutura atual da empresa (Fig. A2):
Fig. A2 Características para preencher o processo de diagnóstico
A2.2 Percepção global da caracterização: As regras implementadas no sistema semi-
especialista para realizar a primeira análise dos dados introduzidos na identificação da
empresa, têm as seguintes regras (Fig. A3):
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
ou
e
"A manutenção praticada ao
interior da empresa deveria
fornecer os resultados muito
próximos aos esperados,
mas se o encarregado da
manutenção deseja mudar a
forma da gestão da
manutenção continuar para
o seguinte passo: nível de
atendimento. ";" "
Fig. A3 Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
Valor 1 para
identificar o tipo de
empresa sob estudo
Valor 1 para identificar o
tamanho de empresa sob
estudo
175
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está baseada
somente em ações de tipo
corretiva, que não é o
correto para uma empresa
deste tamanho, a pesar do
tipo dos equipamentos. Dá
para implementar
mudanças, ver a análise do
nível de atendimento.";" "
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
e
"A situação atual para a
manutenção é altamente
perigosa para o desempenho
do equipamento,
especialmente pelo tamanho
do parque de equipamentos
e pela forma de definir as
ações de manutenção.
Recomenda-se seguir para o
passo seguinte da análise.";"
"
Fig. A3 (cont) Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
176
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
ou
e
"Para o tamanho da
empresa com uma relação
alta de máquinas
automátizadas a gestão da
manutenção baseada no
criterio do encarregado ou
de acordo ás recomedações
não é o melhor.
Recomenda-se mudar para
uma forma de gestão mais
sofisticada.";" "
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está bem
focalizada, mas se o
responsável da gestão
estima que deve haver
mudanças é porque a função
não está de acordo com os
objetivos da empresa.
Comprovar este fato com a
análise do nível de
atendimento.";" "
Fig. A3 (cont) Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
177
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está baseada
em um conceito rígido que
são as recomendações do
fabricante, o qual com alta
chance, faze que o
responsável da gestão
estima que deve haver
mudanças. Comprovar este
fato com a análise do nível
de atendimento.";" "
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está baseada
nas recomendações do
fabricante, que não é o
correto para uma empresa
deste tamanho, o qual com
alta chance, dá para
implementar mudanças na
gestão. Comprovar com a
análise do nível de
atendimento.";" "
Fig. A3 (cont) Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
178
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está baseada no
critério do encarregado da
manutenção, que não é o
correto para uma empresa
deste tamanho, o qual com
alta chance, dá para
implementar mudanças na
gestão. Comprovar com a
análise do nível de
atendimento.";" "
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
e
"A gestão atual da
manutenção está baseada no
critério do encarregado da
manutenção, que não é o
correto para uma empresa
deste tamanho, a pesar do
uso dos equipamentos. Dá
para implementar
mudanças,comprovar com a
análise do nível de
atendimento.";" "
Fig. A3 (cont) Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
179
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
e
"Uma empresa deste
tamanho não pode seguir
com a manutenção baseada
no critério do encarregado.
Tem que aplicar uma gestão
mais sofisticada que
permita dar uma projeção
para o futuro. Aplicar a
análise do nível de
atendimento";" "
Micro empresa: 1 a 9 funcionários
Pequena empresa: 10 a 99 funcionários
Média empresa: 100 a 499 funcionários
Grande empresa: 500 e mais funcionários
Relação maior que 1
Relação igual a 1
Relação menor que 1
Maior que 15 anos
Mais de 5 e menor ou igual a 15
Menor que 5 anos
Operação manual (tecnologia simples)
Parcialmente automatizado
Totalmente automatizado
Corretiva na maioria (acima de 80%)
Corretiva e preventiva segundo um programa
Corretiva, preventiva e preditiva
A critério do responsável pela manutenção
Por recomendações do fabricante
Critério definido pela empresa
ou
ou
ou
ou
e
"Uma empresa com
equipamentos com alta
automação não pode seguir
com a manutenção baseada
no critério do encarregado.
Tem que aplicar uma gestão
mais sofisticada que
permita dar uma projeção
para o futuro. Aplicar a
análise do nível de
atendimento.";" "
Fig. A3 (cont) Regras definidas para a percepção global da caracterização da empresa
180
A3 NÍVEL DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS PELOS EQUIPAMENTOS
PRODUTIVOS, PELA MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E LOGÍSTICA
A3.1 Processo de diagnóstico: A forma correta para realizar a análise sobre o grau de
atendimento de cada recurso da empresa para cada um dos requisitos que têm que ser
atendidos, respondendo a pergunta: como o recurso j (equipamentos ou serviços) atende ao
requisito i (no presente e em um futuro muito próximo)?
Fig. A4 Forma de efetuar a análise do grau de atendimento
A implementação inicial da sistemática contempla a análise para treze
equipamentos e em caso que esse número precise ser alterado, recomenda-se ter em conta
os seguintes aspectos: para aumentar o número de máquinas, basta introduzir novas
colunas na planilha entre a posição da primeira e ultima coluna e no caso de diminuir a
quantidade de equipamentos ajustar o número de colunas (não as apagar) para que deste
modo o cálculo do valor médio seja correto (Fig. A5). Para obter os valores médios que
presente no gráfico de atendimento ir para a posição AA74 na planilha “2. Nível de
atendimento aos requisitos pelos equipamentos produtivos, pela manutenção, produção e
logística”.
Direção da análise:
como o recurso j
atende o requisito i?
valoraçãoX
ji
=
,
181
Fig. A5 Variação do número de equipamentos da análise
A3.2 Resumo do nível de atendimento aos requisitos pelos equipamentos produtivos,
pela manutenção, produção e logística: O resultado final para o nível de atendimiento se
apresenta como a percentagem dos equipamentos e serviços que alcançam o nível de bom
ou superior. O procedimento de cálculo se mostra na Fig.A6.
Equipamentos mais serviços
4,3,2,11
2,10
4,31
:
,
:
,,
,
,
,
,
,
1
==
=
=
=
=
=
=
jiji
ji
ji
ji
i
ji
i
ji
XW
X
X
Vcom
serviçososequipamentj
atenderarequisitoionde
j
W
V
Perc
Somente os equipamentos
4,3,2,11
2,10
4,31
:
:
,,
,
,
,
,
,
2
==
=
=
=
=
=
=
jiji
ji
ji
ji
i
ji
i
ji
XW
X
X
Vcom
osequipamentj
atenderarequisitoionde
j
W
V
Perc
Fig. A6 Procedimento para o cálculo da percentagem de atendimento
Introduzir novos equipamentos
entre estas colunas
Ajustar a quantidade de equipamentos para
o cálculo do valor médio quando o número
seja menor que 13
182
Somente os serviços
4,3,2,11
2,10
4,31
:
:
,,
,
,
,
,
,
3
==
=
=
=
=
=
=
jiji
ji
ji
ji
i
ji
i
ji
XW
X
X
Vcom
serviçosj
atenderarequisitoionde
j
W
V
Perc
Somente o serviço de
manutenção
4,3,2,11
2,10
4,31
:
:
,,
,
,
,
,
,
4
==
=
=
=
=
=
=
jiji
ji
ji
ji
i
ji
i
ji
XW
X
X
Vcom
manutençãodeserviçoj
atenderarequisitoionde
j
W
V
Perc
Fig. A6 (cont.) Procedimento para o cálculo da percentagem de atendimento
A4 ANÁLISE DETALHADA DA SITUAÇÃO ATUAL DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO EM RELAÇÃO COM O SERVIÇO FORNECIDO NA EMPRESA
A4.1 Processo de diagnóstico: O procedimento para preencher as células se mostra na
Fig. A7.
Fig. A7 Análise da especificação da função administrativa para cada área de atuação
Direção da análise: como a
gestão atual especifica ou define
a função administrativa j para
atender o aspecto i?
valoraçãoX
ji
=
,
183
A análise deve ser dirigida para capturar a realidade sobre a forma como é realizada
a gestão da manutenção. O objetivo é detectar áreas na administração que ainda estão com
deficiências ou não estão bem estruturadas, o qual causa um impacto negativo no
desempenho atual da gestão da manutenção e que de certa forma vão entorpecer a
implementação de uma nova concepção da manutenção.
A4.2 Resumo da análise detalhada da situação atual da função manutenção: O
resultado final para a análise da situação atual da gestão da manutenção se apresenta como
o valor médio para cada função administrativa. O procedimento de cálculo se mostra na
Fig. A8, tendo em consideração 12 aspectos e X
i,j
é o valor introduzido pelo analista.
Planejamento:
)(1
12
12
1
,
toplanejamenjpara
X
i
ji
=
=
Organização:
)(2
12
12
1
,
oorganizaçãjpara
X
i
ji
=
=
Análise:
)(3
12
12
1
,
análisejpara
X
i
ji
=
=
Execução:
)(4
12
12
1
,
execuçãojpara
X
i
ji
=
=
Controle:
)(5
12
12
1
,
controlejpara
X
i
ji
=
=
Fig. A8 Procedimento para o cálculo do valor medio do nivel de definição de cada função
administrativa
A5 RESUMO DA ANÁLISE DA MATURIDADE PARA FUNÇÃO MANUTENÇÃO
A5.1 Processo de diagnóstico: O relatório para a análise de maturidade (Fig. A10) está
feito com base no valor médio obtido para cada aspecto considerado ma determinação do
nível de manturidade e que foi determinado em planilhas anteriores (Fig. A9). Corresponde
nesta planilha ao usuário introduzir o valor do ponderador para realizar o cálculo final e
posterior análise da maturidade da função manutenção e do resto das funções relacionadas
com manutenção (Fig. A11).
184
Fig. A9 Tela de captura de dados para a análise do nível de uso de metodologias
Fig. A10 Relatório para a análise de maturidade
Valor médio ponderado para
todos os aspectos considerados
na análise de maturidade
Valores médios para cada um dos
aspectos considerados na análise
de maturidade
X
i,j
= 1 para identificar a
situação atual sobre os
aspectos relacionados com
o uso de metodologias
185
Grau de apoio contínuo da organização
para inovação da manutenção:
contínuoapoioaspectoopara
XXXXM
iiii
)*4*3*2*1(
23
1
4,3,
23
1
2,1,1
+++=
Nível de cultura das pessoas para
mudanças:
mudançasparaculturaaspectoopara
XXXXM
iiii
)*4*3*2*1(
18
1
4,3,
18
1
2,1,2
+++=
Nível de comunicação interna e externa
da função manutenção:
ocomunicaçãaspectoopara
XXXXM
iiii
)*4*3*2*1(
16
1
4,3,
16
1
2,1,3
+++=
Nível de uso de metodologias e
ferramentas:
sferramentaeiasmetodoaspectoopara
XXXXM
iiii
log
)*4*3*2*1(
17
1
4,3,
17
1
2,1,4
+++=
Nível de gerenciamento dos conflitos
internos e externos da empresa:
conflitosdosntogerenciameaspectoopara
XXXXM
iiii
)*4*3*2*1(
16
1
3,3,
16
1
2,1,5
+++=
Resultado global da maturidade da
organização
maturidadedaaspectocadadeponderadoroponde
ppppp
pMpMpMpMpM
M
i
G
:
****
*****
54321
5544332211
+
+
+
+
=
Fig. A11 Relações matemáticas para o aspecto da maturidade
A6 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS E DA FUNÇÃO
MANUTENÇÃO
A6.1 Processo de diagnóstico: A forma para a captura de dados é mostrada na Fig A12.
Fig. A12 Captura de dados para avaliar a criticidade dos equipamentos
X
i,j
= 1 para identificar a
situação atual sobre os
aspectos relacionados com a
criticidade do equipamento i
Valor p
k
para identificar a
ponderação de cada factor
que influi na criticidade do
equipamento
186
A6.2 Relatório para análise da criticidade dos equipamentos: O resultado final da
análise da criticidade de cada equipamento se apresenta como o valor ponderado. O
procedimento de cálculo se mostra na Fig.A13.
Equipamento Valor
Criticidade
Equipamento i
reparaçãodecustosdefatorponderadorp
parodocustosdefatorponderadorp
segurançadefatorrponderardop
velocidadedefatorponderadorp
osequipamentdenúmerom
mi
CritCritCritCritCRIT
XXXpCrit
XXpCrit
XXXXpCrit
XXXpCrit
iiiii
iiii
iii
iiiii
iii
=
=
=
=
=
=
+++=
++=
+=
+++=
++=
4
3
2
1
4,3,2,1,
14,13,12,44,
11,10,33,
8,7,6,5,22,
3,2,11,11,
,......,1
)1,05,0(
)6,0(
)8,06,03,0(
)2,05,0(
críticoNãoCRITse
críticoSemiCRITse
CríticoCRITse
i
i
i
;50
;5087
;87
<
<
Fig. A13 Procedimento para calcular a criticidade de um equipamento
A7 ANÁLISE DOS PARÂMETROS E SELEÇÃO DA CONCEPÇÃO DA
MANUTENÇÃO
A7.1 Filtro para seleção das concepções: Os aspectos relacionados com a gestão da
manutenção e a maturidade da organização são tratados na primeira parte da estrutura do
filtro (Fig. A14) e todos os aspectos relacionados com tecnologia, tipo de produção, grau
de automação, idade dos equipamentos, confiabilidade, mantenabilidade, segurança
esperada, entre outros aspectos são tratados na segunda estrutura do filtro (Fig. A15). O
resultado entregue é a percentagem de aspectos cujo nível é igual ou maior que o nível
mínimo fixado para a empresa.
O valor atual que é mencionado no filtro considerado para a concepção da
manutenção é o valor meio de um conjunto de aspectos relacionados com o requisito
solicitado para atender a concepção estudada e cujos valores já foram introduzidos em
planilhas anteriores. Por isso é importante que todas as planilhas sejam preenchidas, ou
bem, se o aspecto não é importante introduzir o valor 1 como nível para esse requisito e
assim desta forma qual seja o valor introduzidos nas planilhas cumprirá com o valor
mínimo exigido. Caso contrário, se deseja eliminar uma concepção da análise introduzir o
valor 9 na célula azul e não introduzir valor nenhum nas células cor turquesa e deste modo
o resultado emitido pelo filtro será 0%.
187
Fig. A14 Nível mínimo para atender os requisitos da concepção relacionados com a gestão,
maturidade e tecnologia
Fig. A15 Nível mínimo para atender os requisitos da concepção relacionados com tipo de
produção, metas declaradas, confiabilidade esperada, etc.
Valor mínimo
declarado para o
requisito da concepção
Valor real do aspecto
considerado para
atender à concepção
Se estes valores
coincidem significa
que a concepção atende
essa característica
Significa que esta concepção dá bom
resultado para a forma de produção
repetitiva em massa
188
A8 ANÁLISE ECONÔMICA DAS ALTERNATIVAS DE MANUTENÇÃO PARA
UM HORIZONTE DE PLANEJAMENTO DADO
A8.1 Processo de diagnóstico: A captura dos dados financeiros é realizada mediante a
planhila mostrada na Fig. A16.
Fig. A16 Captura dos dados para a análise financeira
A8.2 Indicadores financeiros usados
Indicador
Modelo
Taxa interna de retorno (TIR)
(
)
(
)
()
osconsideradperíodosdenúmeron
TIR
CB
n
t
t
tt
=
+
=
=1
1
0
Beneficio liquido atualizado (BLA)
(
)
(
)
()
empresadaprojetosaosexigidataxai
osconsideradperíodosdenúmeron
i
CB
BLA
n
t
t
tt
=
=
+
=
=1
1
Valor dos benefícios estimados
para cada período na análise
financeira
Valor dos custos estimados
para cada período na análise
financeira
189
ANEXO B
QUESTIONÁRIOS PARA VALIDAÇÃO
Contém os questionários usados para a validação da sistemática
190
QUESTIONÁRIO B1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
P
ROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
UMA METODOLOGIA PARA A IDENTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO PARA
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL (SSCM)
QUESTIONÁRIO
1. Você entendeu o objetivo da metodologia?
Sim: Não: Parcialmente:
2. Você acha que a sistemática (SSCM) apresentada será fácil de ser implementada?
Sim: Não: Parcialmente:
3. Os aspectos considerados refletem o comportamento da sua empresa?
Sim: Não: Parcialmente:
4. Você acha que esta metodologia pode ajudar a definir, mais adequadamente, o
gerenciamento de manutenção em sua empresa?
Sim: Não: Parcialmente:
5. Você acha que as “saídas” gráficas, relatórios e diagnóstico são adequados para
orientar a escolha ou análise da concepção da manutenção?
Sim: Não: Parcialmente:
Você tem interesse em aplicar esta sistemática de seleção de concepção de manutenção
em sua empresa?
Sim:
Nome do contacto:
Empresa:
Endereço:
Telefone:
E-mail:
Não:
Muito obrigado.
191
QUESTIONÁRIO B2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
P
ROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
METODOLOGIA PARA A IDENTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO PARA
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL (SSCM)
QUESTIONÁRIO
Questões
1. A sistemática SSCM abrange os aspectos mais importantes para apoiar a seleção de
uma nova concepção da manutenção?
Abrange
totalmente
Abrange em
muitos aspectos
Abrange
parcialmente
Não abrange
2. Os gráficos e relatórios da SSCM são adequados para decidir sobre a concepção da
manutenção para a empresa?
Totalmente
adequado
Adequado em
muitos aspectos
Adequado
parcialmente
Não é
adequado
3. As informações da SSCM são adequadas para ter uma visão completa da
potencialidade (ou fraquezas) da função manutenção na empresa?
São adequadas
totalmente
São adequadas
em muitos
aspectos
São
adequadas
parcialmente
Não o
adequadas
4. O texto presente no SSCM é de fácil entendimento, tanto nas perguntas quanto nos
relatórios?
Totalmente
entendível
Entendível em
muitos aspectos
Entendível
com
dificuldade
Não é
entendível
5. A SSCM é capaz de identificar a realidade da organização, quanto ao nível
tecnológico, gestão e capacidade humana para a inovação da gestão da manutenção?
Identifica
totalmente
Identifica em
muitos aspectos
Identifica
parcialmente
Não identifica
6. A SSCM permite orientar a relação da manutenção com outras áreas da empresa?
Permite
totalmente
Permite em
muitos aspectos
Permite
parcialmente
Não permite
192
7. A SSCM permite visualizar outros aspectos da gestão para o desempenho da
manutenção?
Permite
totalmente
Permite em
muitos aspectos
Permite
parcialmente
Não permite
8. A seqüência de módulos da SSCM é a indicada para conduzir o estudo da inovação da
manutenção?
Indicada
totalmente
Indicada em
muitos aspectos
Indicada
parcialmente
Não é a
indicada
9. O relatório final do SSCM deixa claro o que é necessário fazer para implementar uma
nova concepção?
Deixa claro
totalmente
Deixa claro em
muitos aspectos
Deixa claro
parcialmente
Não deixa
claro
10 O relatório final do SSCM deixa claro o que é necessário fazer para aperfeiçoar a
concepção atual?
Deixa claro
totalmente
Deixa claro em
muitos aspectos
Deixa claro
parcialmente
Não deixa
claro
11. A SSCM fornece à equipe de manutenção ferramentas para a tomada de decisão no
planejamento da manutenção
Fornece
totalmente
Fornece em
muitos aspectos
Fornece
parcialmente
Não fornece
12. A aplicação da SSCM fomentou o diálogo sobre o contexto da manutenção, na
perspectiva de mudar de atitude diante das práticas utilizadas?
Fomentou
totalmente
Fomentou em
muitos aspectos
Fomentou
parcialmente
Não fomentou
13. Que procedimento você sugere para facilitar a aplicação da sistemática?
14. A partir da aplicação da SSCM, quais aspectos você identifica como novos em seu
processo de tomada de decisão?
Comentários da equipe:
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
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