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Josué Viana de Castro Neto
Estudo comparativo entre os enxertos arteriais compostos e os
enxertos arteriais isolados na revascularização do miocárdio:
análise do fluxo sangüíneo e da reserva de fluxo coronariano
com Doppler intravascular
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Cirurgia Torácica e
Cardiovascular
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Almeida de
Oliveira
São Paulo
2005
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JOSUÉ VIANA DE CASTRO NETO
Estudo comparativo entre os enxertos arteriais compostos e os
enxertos arteriais isolados na revascularização do miocárdio:
análise do fluxo sangüíneo e da reserva de fluxo coronariano
com Doppler intravascular
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Cirurgia Torácica e
Cardiovascular
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Almeida de
Oliveira
São Paulo
2005
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Para minha amada esposa Patricia
e para nossa filha Luisa
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais: Maria de Fátima e Josué, pelo amor e apoio incondicionais;
À minha esposa Patricia pela dedicação e compreensão e aos seus pais: Celina e Airton;
Aos meus irmãos: Marcelo, Rodrigo e Pedro;
Ao meu orientador Prof. Dr. Sérgio Almeida de Oliveira, pelo apoio em todos os
momentos;
Ao Dr. Paulo Chaccur, exemplo de cirurgião;
Ao meu co-orientador, Dr. Luiz Augusto Ferreira Lisboa, pela dedicação e pelo ensino;
Ao Dr.Alexandre Redondo de Carvalho, irmão de tantos desafios;
Ao Prof. Dr. Luiz Felipe Pinho Moreira, pela atenção dedicada a este estudo;
Ao Dr. Jarbas Jackson Dinkhuysen, pelos ensinamentos;
À Enfermeira Maria Denise Leon;
À circulante de sala Jaflete Will;
Ao Dr. Rodolfo Staico;
Ao Dr. Carlos Alberto Mendez Contreras, eterno companheiro, desde os primeiros
passos;
Ao Prof. Dr. José Eduardo M. R. Sousa;
Ao Prof. Dr. Régis Jucá in memoriam e ao Prof. Dr. João Martins de Souza Torres;
Ao Dr. Mariano Albertal, pelas idéias e discussões;
Ao Dr. Jorge Farran, Dra.Vivian Amato e Dr. Pedro Farsky;
Ao funcionário Wagner Pinto;
Às estatísticas Ângela Paes e Camila Sarteschi;
Aos colegas cirurgiões e médicos residentes de cirurgia cardiovascular, hemodinâmica e
cardiologia do Instituto Dante Pazzanese.
À Universidade de Fortaleza (Unifor).
SUMÁRIO
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Símbolos
Lista de Abreviaturas
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................001
2 OBJETIVOS..............................................................................................................007
3 MÉTODOS.................................................................................................................009
3.1 Casuística..................................................................................................................010
3.1.1 Local da pesquisa e seleção dos pacientes............................................................010
3.1.2 Período...................................................................................................................010
3.1.3 População do estudo..............................................................................................010
3.1.4 Seleção...................................................................................................................011
3.1.4.1 Critérios de inclusão de casos no estudo............................................................011
3.1.4.2 Critérios de exclusão de casos do estudo...........................................................011
3.2 Delineamento da pesquisa........................................................................................013
3.2.1 Desenho do ensaio.................................................................................................013
3.3 Coleta dos dados.......................................................................................................014
3.3.1 Dados clínicos do período pré-operatório.............................................................015
3.3.2 Variáveis angiográficas da cinecoronariografia pré-operatória............................015
3.4 Grupos do estudo......................................................................................................016
3.4.1 Grupo A.................................................................................................................016
3.4.2 Grupo B.................................................................................................................016
3.4.3 Grupo C.................................................................................................................016
3.5 Técnica Operatória...................................................................................................020
3.5.1 Método de dissecção da artéria torácica interna....................................................020
3.5.2 Método de dissecção da artéria radial...................................................................020
3.5.3 Método de confecção das anastomoses distais com o enxerto de artéria radial....021
3.5.4 Método de confecção das anastomoses seqüenciais com o enxerto de artéria
radial......................................................................................................................022
3.5.5 Método de confecção da anastomose proximal do enxerto de artéria radial.........022
3.5.5.1 Anastomose proximal da artéria radial no grupo A............................................022
3.5.5.2 Anastomose proximal da artéria radial no grupo B............................................024
3.5.5.3 Anastomose proximal da artéria radial no grupo C............................................025
3.6 Outros enxertos.........................................................................................................026
3.7 Variáveis do procedimento cirúrgico.......................................................................026
3.7.1 Variáveis dos enxertos...........................................................................................026
3.7.2 Variáveis do leito coronariano...............................................................................027
3.8 Dados do pós-operatório...........................................................................................027
3.8.1 UTI pós-operatória................................................................................................027
3.8.2 Fármacos vasodilatadores......................................................................................028
3.8.3 Enfermaria.............................................................................................................028
3.8.4 Angiografia............................................................................................................028
3.8.5 Variáveis do re-estudo angiográfico......................................................................029
3.8.5.1 Variáveis angiográficas......................................................................................029
3.8.5.1.1 Permeabilidade do enxerto..............................................................................029
3.8.5.1.2 Diâmetro interno da artéria torácica interna esquerda.....................................029
3.8.5.1.3 Diâmetro interno da artéria radial....................................................................030
3.8.5.1.4 Angiografia quantitativa..................................................................................030
3.8.5.2 Fluxometria.........................................................................................................032
3.8.5.2.1 Variáveis da fluxometria.................................................................................036
3.8.5.2.2 Cálculo do fluxo sangüíneo.............................................................................036
3.9 Análise estatística.....................................................................................................036
4 RESULTADOS..........................................................................................................038
4.1 Características clínicas pré-operatórias....................................................................039
4.2 Variáveis da angiografia pré-operatória...................................................................039
4.3 Achados operatórios.................................................................................................039
4.4 Achados pós-operatórios..........................................................................................043
4.4.1 Variáveis da angiografia pós-operatória................................................................044
4.4.1.1 Permeabilidade dos enxertos..............................................................................047
4.4.1.2 Diâmetro interno proximal.................................................................................047
4.4.2 Variáveis da fluxometria.......................................................................................049
4.4.2.1 Média no tempo da velocidade de pico..............................................................049
4.4.2.2 Reserva de fluxo.................................................................................................049
4.4.2.3 Fluxo sangüíneo..................................................................................................050
5 DISCUSSÃO..............................................................................................................052
6 CONCLUSÕES..........................................................................................................072
7 ANEXOS....................................................................................................................074
8 REFERÊNCIAS........................................................................................................091
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho do ensaio clínico.............................................................................014
Figura 2 Ilustração da técnica do grupo A...................................................................017
Figura 3 Ilustração da técnica do grupo B...................................................................018
Figura 4 Ilustração da técnica do grupo C...................................................................019
Figura 5 - Foto ilustrativa da técnica de enxerto composto em Y. Detalhe da anastomose
da AR na ATIE...............................................................................................................023
Figura 6 - Foto ilustrativa da técnica de enxerto composto modificado. Detalhe da
anastomose da ATIE na AR...........................................................................................024
Figura 7 - Foto ilustrativa da técnica de enxertos isolados. Detalhe da anastomose da
ATIE no RIVA (a). A AR após anastomosada a dois ramos marginais foi anastomosada
na aorta ascendente (b) ..................................................................................................025
Figura 8 Quantificação do diâmetro interno da ATIE por angiografia quantitativa ..031
Figura 9 Foto ilustrativa do cateter-guia Doppler.......................................................033
Figura 10 Foto ilustrativa do registro das variáveis da fluxometria............................034
Figura 11 Angiografia de um enxerto composto em Y. A ATIE apresentava DI
proximal de 3,55mm. A AR, com DI de 2,6mm, foi anastomosada proximalmente à
ATIE...............................................................................................................................044
Figura 12 Angiografia de um enxerto composto modificado, em que a ATIE
apresentava DI proximal de 3,34mm e a AR de 3,9mm................................................045
Figura 13 Angiografia de um caso de enxertos isolados. ATIE, com DI de 2,7mm, para
o RIVA (a). Enxerto aorto-coronariano de AR, com DI de 2,96mm, para um ramo
diagonal e outro marginal (b). .......................................................................................046
Figura 14. Diâmetro interno proximal médio da ATIE .................................................048
Figura 15. Diâmetro interno médio da AR ....................................................................048
Figura 16. Média no tempo das velocidades de pico na porção inicial da ATIE em
repouso ..........................................................................................................................049
Figura 17. Reserva de Fluxo da ATIE ...........................................................................050
Figura 18 - Fluxo sangüíneo da ATIE ...........................................................................051
Figura 19. Fluxo sangüíneo total para as artérias revascularizadas. No grupo C, o fluxo
total consistiu na soma dos fluxos da ATIE e da AR ....................................................051
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Variáveis clínicas .........................................................................................013
Tabela 2 - Especificações gerais do sistema utilizado para realização da
fluxometria.....................................................................................................................035
Tabela 3 - Variáveis clínicas conforme grupo de estudo...............................................039
Tabela 4 - Tipos anatômicos dos ramos interventricular anterior e circunflexo............040
Tabela 5 - Variáveis operatórias.....................................................................................040
Tabela 6 - Variáveis cirúrgicas da ATIE........................................................................041
Tabela 7 - Variáveis cirúrgicas da AR...........................................................................041
Tabelas 8 - Variáveis das artérias revascularizadas.......................................................042
Tabela 9 - Morbidade pós-operatória.............................................................................043
Tabela 10 - Permeabilidade dos enxertos de ATIE e AR, segundo a classificação de
FITZGIBBON................................................................................................................047
LISTA DE SÍMBOLOS
kg quilograma
cm centímetro
m
2
metro quadrado
mg miligrama
ml mililitro
mg/kg miligrama por quilo
°C
grau celsius
mm milímetro
µg/kg/min micrograma por quilo por minuto
mg/dia miligrama por dia
UI unidades internacionais
% percentual
° grau
mm
2
milímetro quadrado
MHz megahertz
kHz quilohertz
µseg microsegundo
dB decibéis
cm/seg centímetros por segundo
3,1415
= igual a
± mais ou menos
dP/dT primeira derivada de pressão
= maior ou igual
< menor que
> maior que
LISTA DE ABREVIATURAS
DAC doença arterial coronariana
RIVA ramo interventricular anterior
ATID artéria torácica interna direita
Cx artéria ou ramo circunflexo
ATI artéria torácica interna
AR artéria radial
CE artéria coronária esquerda
EC enxerto arterial composto
FS fluxo sangüíneo
RF reserva de fluxo
APV média da velocidade de pico
CD artéria coronária direita
Vm velocidade média
A área de secção transversa
D diâmetro do enxerto
SPSS Statistical Packcage for the Social Science
Comp comprimento
DI diâmetro interno
DE diâmetro externo
RESUMO
Castro Neto, J.V. Estudo comparativo entre os enxertos arteriais compostos e os
enxertos arteriais isolados na revascularização do miocárdio: análise do fluxo
sangüíneo e da reserva de fluxo coronariano com Doppler intravascular. São Paulo,
2005.110p. Tese (Doutorado) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
As doenças do aparelho circulatório têm sido, sucessivamente, as principais causas de
mortalidade em nosso país. Com base nos estudos que demonstraram o benefício da
utilização da artéria torácica interna esquerda (ATIE) para revascularizar o ramo
interventricular anterior (RIVA) da artéria coronária esquerda (CE), os cirurgiões
passaram a utilizar os enxertos arteriais na técnica de enxertos compostos (EC) na
revascularização do miocárdio (RM). Entretanto, uma questão de grande relevância e
ainda pouco abordada pela literatura consiste em saber se com essa técnica é possível
oferecer o mesmo fluxo sangüíneo (FS) aos ramos da CE que com a técnica empregando
os enxertos arteriais isolados: ATIE para o RIVA e a artéria radial (AR) em posição
aorto-coronariana. O objetivo foi avaliar o diâmetro interno proximal da ATIE, o FS
total às artérias revascularizadas pelas ATIE e AR e a reserva de fluxo (RF) da ATIE nas
técnicas composta em Y invertido e composta modificada, comparando-as com a técnica
de enxertos isolados. Elaborou-se um ensaio clínico no qual foram estudados 42
pacientes distribuídos, de forma randomizada, em três grupos, conforme a técnica de
RM utilizada. Grupo A ou ATIE e AR composta em Y invertido (n=14). Grupo B ou
ATIE e AR composta modificada (enxerto intercoronariano com AR e anastomose da
ATIE sobreposta a AR ao nível do RIVA, n=14). Grupo C ou ATIE pediculada para o
RIVA e AR em posição aorto-coronariana (n=14). Trinta e cinco foram submetidos à
angiografia no pós-operatório imediato e em trinta e um realizou-se fluxometria com
cateter-guia Doppler de 12-MHz (0,014 polegada, Flowire, Jometrics,Inc). A RF foi
calculada pela determinação da média da velocidade de pico (APV) em hiperemia após
administração de adenosina e o FS pelo produto entre a velocidade média e a área de
secção transversa do enxerto. No grupo C, o FS total consistiu na soma do FS da ATIE e
do FS da AR. O diâmetro interno proximal médio da ATIE foi de 3,13±0,36 no grupo A,
3,19±0,31 no grupo B e 2,77±0,29 mm no grupo C (p=0,0071 A, B x C). O FS total
distribuído aos ramos da CE revascularizados foi no grupo A 110±30 ml/min, no grupo
B 145±59 ml/min e no grupo C 136±58 ml/min (p=0.3232 A,B x C). A reserva de fluxo
da ATIE foi de 2,1 ± 0,44 no grupo A, 1,96 ± 0,3 no grupo B e 2,06 ± 0,42 no grupo C
(p=0.7208 A, B x C). Concluiu-se que o diâmetro interno proximal da ATIE ao estudo
angiográfico no pós-operatório imediato foi maior nos grupos compostos. Não houve
diferença significante do FS total oferecido às artérias revascularizadas pelos enxertos
compostos quando comparado com o fluxo dos enxertos isolados. A RF da ATIE nos
grupos compostos foi adequada, não havendo diferença significante em comparação ao
controle.
Descritores: artérias mamárias; artéria radial, revascularização miocárdica/métodos;
velocidade do fluxo sangüíneo.
SUMMARY
Castro Neto, J.V. Comparative study between composite and independent arterial
grafts in myocardial revascularization: blood flow and coronary flow reserve
analysis by intravascular Doppler. São Paulo, 2005.110p. Thesis (PhD) University of
São Paulo Medical School.
Cardio circulatory diseases have been the principal causes of mortality in our country.
Based on studies that showed the benefits of the left internal thoracic artery (LITA) to
the left anterior descending artery (LAD), surgeons have used composite arterial grafting
(CG) techniques for coronary artery bypass grafts (CABG). However, a question of
great relevance and still unclear in the literature is whether this technique provides
similar total blood flow (Bf) to the left coronary artery when compared to isolated grafts
technique: LITA to the LAD and aorto-coronary radial artery (RA).The aim was to
analyze the proximal internal diameter of the LITA, the total Bf to the left coronary
branches that are revascularized with LITA and RA grafts and flow reserve (FR) of the
LITA in composite Y and composite modified techniques, comparing with isolate grafts
technique.A clinical trial was performed where 42 patients were randomly assigned into
three groups according to the CABG techniques. Group A or composite LITA-RA in a Y
configuration (n=14). Group B or modified composite LITA-RA (intercoronary graft
with RA and LITA to RA at the level of the LAD, n=14). Group C or pedicled LITA to
LAD and aorto-coronary RA (n=14). Thirty five patients were submitted to
postoperative angiography and thirty one to Bf velocity analysis with a 0.014in 12 MHz
Doppler flowire. Flow reserve was calculated by the determination of hyperemic
average peak velocity (APV) after injection of adenosine. Total Bf was calculated by the
product of the median velocity and cross-sectional area of the graft. In group C, the total
Bf consisted in the Bf of the LITA and the Bf of the RA. Proximal LITA internal
diameter was 3,13±0,36mm in group A, 3,19±0,31mm in group B e 2,77±0,29 mm in
group C (p=0,0071 A, B x C). The total Bf to LCA branches in group A was 110±30,
145±59 in B and 136±58 ml/min in C (p=0.3232 A, B x C).The FR was 2,1 ± 0,44 in A,
1,96 ± 0,3 in B e 2,06 ± 0,42 in C (p=0.7208 A, B x C). In conclusion, the proximal
LITA internal diameter by the angiographic study in the immediate postoperatory was
higher in composite groups. There was no significant difference in the total Bf to LCA
branches in the composite grafts when compared with isolated grafts. LITA-RA
composite graft maintains an adequate FR, not different when compared to control.
Descriptors: left internal thoracic artery; radial artery; composite grafts; blood flow
velocities; coronary artery bypass grafting.
1 INTRODUÇÃO
2
1 INTRODUÇÃO
A sociedade brasileira presencia um crescimento progressivo da incidência da
doença arterial coronariana (DAC). Dados do Ministério da Saúde apontam que as
doenças do aparelho circulatório são, sucessivamente, as principais causas de
mortalidade em nosso país. Só em 2002, elas foram responsáveis pela morte de
267.496 brasileiros, sendo a doença isquêmica do coração a causa de 81.505 óbitos
(DATASUS, 2005).
Na última década, os cardiologistas testemunharam grandes avanços com o
advento de novos fármacos, métodos diagnósticos e tecnologias. Os cirurgiões
cardiovasculares, particularmente, vivem, hoje, um momento de transformação na
especialidade. As inovações e modificações técnicas, porém, necessitam,
progressivamente, ser incorporadas à prática clínica de modo a tornar os
procedimentos mais eficazes e seguros (LYTLE e MACK, 2005).
Uma das características desse desenvolvimento foi a busca por métodos que
otimizassem os resultados, já consagrados, da revascularização cirúrgica do
miocárdio. A redução do tempo do procedimento, a melhor preservação do
miocárdio durante a cirurgia, o aperfeiçoamento do material empregado para a
realização do ato operatório, a possibilidade de realização da cirurgia sem circulação
extracorpórea em casos selecionados e a ampliação do emprego de enxertos arteriais
representam tentativas de reduzir a morbi-mortalidade relacionada à cirurgia.
O benefício dessa cirurgia depende, funcionalmente, da permeabilidade dos
enxertos empregados. A veia safena magna, utilizada de maneira reversa e em
posição aorto-coronariana, é o enxerto mais comum nesse procedimento.
3
Historicamente, apresenta uma taxa de oclusão de dez a quinze por cento no primeiro
ano após a cirurgia. Trombose, hiperplasia fibroproliferativa intimal e aterosclerose
desenvolvem-se progressivamente de modo que, após dez anos, apenas sessenta por
cento das veias estão pérvias. Além do mais, somente metade dos enxertos pérvios
estão isentos de estenose significante (MOTWANI e TOPOL, 1998). Por apresentar
longo comprimento, ser bilateral e de fácil preparo e manuseio, a veia safena magna
continua sendo utilizada, apesar de estar sujeita à degeneração tardia.
Todavia o principal enxerto utilizado para revascularizar o ramo
interventricular anterior (RIVA) da artéria coronária esquerda (CE) é a artéria
torácica interna esquerda (ATIE), cuja permeabilidade nessa situação é superior a
noventa por cento no primeiro ano. A ATIE tem a peculiaridade de, praticamente,
não desenvolver aterosclerose de forma que, vinte anos após a cirurgia, noventa por
cento dos enxertos estão normofuncionantes. Assim, essa combinação é a opção
terapêutica mais confiável que já se conheceu na história do tratamento da doença
coronariana (LYTLE, 2004).
Durante anos, os cirurgiões vêm procurando outros enxertos que, cada vez
mais, reproduzam os resultados da ATIE e, cada vez menos, os da safena, mesmo
que utilizados para revascularizar outro vaso que não o RIVA. Foi assim que
CARPENTIER et al. (1973, 1975) iniciaram e logo desaconselharam a utilização da
artéria radial (AR); ACAR et al. (1992), de posse de angiografias no pós-operatório
tardio dos primeiros pacientes operados que mostraram artérias radiais pérvias, re-
introduziram esse enxerto após modificações na técnica de dissecção e no manuseio
farmacológico; PUIG et al. (1984) direcionaram a artéria torácica interna direita
(ATID) pelo seio transverso para revascularizar a artéria circunflexa (Cx) e seus
4
ramos; LYTLE et al. (1999) mostraram que o uso de ambas as artérias torácicas
internas é melhor que a utilização de apenas uma; PYM et al. e SUMA et al. (1987)
utilizaram a artéria gastroepiplóica direita; PUIG et al. (1990) introduziram a artéria
epigástrica inferior.
Apesar dos benefícios da utilização de duas torácicas internas (GALBUT et al.,
1990; LYTLE et al., 1999), a ATID como segundo enxerto arterial demanda
habilidade técnica e tempo operatório. Além disso, outras razões fizeram com que
alguns cirurgiões optassem pela AR como segundo enxerto em casos selecionados.
Entre elas: estudo anatômico no qual a artéria torácica interna (ATI) é a principal
fonte de suprimento sangüíneo do esterno (ARNOLD et al., 1972), estudo clínico no
qual a dissecção das duas artérias torácicas internas reduz, significativamente, o
fluxo sangüíneo esternal (SEYER et al.,1988), estudos nos quais a dissecção bilateral
está associada com a maior necessidade de transfusões sangüíneas (COSGROVE et
al.,1988) e com complicações infecciosas do sítio cirúrgico (KOUCHOUKOS et
al.,1990), principalmente entre obesos e diabéticos (BREYER et al., 1984;
NAGACHINTA et al., 1987).
Na verdade, a AR apresenta características anatômicas que a tornam alternativa
promissora como enxerto arterial. Por exemplo, o seu comprimento total, que,
freqüentemente, ultrapassa vinte centímetros, permite revascularização de qualquer
artéria do coração e o seu diâmetro interno, entre dois e três milímetros, é semelhante
ao das coronárias. Além disso, a espessura de sua parede torna fácil o seu manuseio e
a realização das anastomoses e sua dissecção pode ser concomitante com a dos
outros enxertos, reduzindo o tempo operatório (BUXTON et al., 1999). Contudo,
apesar de função endotelial semelhante à artéria torácica interna, a AR apresenta
5
espessa camada média devido à alta densidade de células musculares, que pode estar
propensa à isquemia. Esta característica leva a maior força contrátil, mediada por
receptores, por vezes, responsável pelo vasoespasmo do enxerto (Van SON et al.,
1990; HE et al., 1997).
Motivados por evidências de benefício da utilização da ATIE (OKIES et al.,
1984; LOOP et al., 1986; ZEFF et al., 1988) e antecipando a propriedade de
biossíntese do óxido nítrico pelo endotélio da ATI (HE et al., 1999), os cirurgiões
procuraram desenvolver métodos que maximizassem o emprego da ATIE e dos
outros enxertos arteriais. Isso exigia um conjunto de técnicas por meio das quais
fosse possível, no preparo do enxerto, obter seu maior comprimento e revascularizar
o maior número de artérias com as torácicas internas (KABBANI et al. 1983;
MCBRIDE e BARNER 1983; TECTOR et al. 1984; SAUVAGE et al., 1986;
TECTOR et al., 1986; DION et al. 1989).
Foi justamente com base nos trabalhos de anastomose da ATID na ATIE
(SAUVAGE et al., 1986; BARRA et al., 1991; TECTOR et al.,1994) e convencidos
das vantagens anatômicas da AR, que os cirurgiões passaram a anastomosar esse
enxerto proximalmente à ATIE para revascularizar os ramos da CE (CALAFIORE et
al., 1994, 1995; BARNER, 1996).
Entretanto, no enxerto arterial composto (EC), além da necessidade de
anastomose entre os enxertos, todo o fluxo sangüíneo (FS) distribuído às artérias
revascularizadas é proveniente da ATIE. Essa dependência exclusiva do FS proximal
da ATIE se tornou um fator limitante do método. Até porque há poucos estudos na
literatura médica que tentaram demonstrar a capacidade da ATIE de suprir a
demanda de todo o miocárdio revascularizado (WENDLER et al., 1999;
6
MARKWIRTH et al., 2001). Recentemente, essa capacidade foi questionada por
alguns cirurgiões, pois, em situação de demanda aumentada, a ATIE não apresentaria
reserva de fluxo (RF) suficiente para atender a área revascularizada na técnica de
enxertos compostos (SAKAGUSHI et al., 2002).
A medida da velocidade do fluxo sangüíneo por sistemas que utilizam Doppler
permite a determinação da RF. Também denominada reserva vasodilatadora, consiste
na razão entre a velocidade do fluxo sangüíneo em hiperemia e a velocidade em
repouso. Aquela é uma situação de vasodilatação da microcirculação coronariana,
induzida geralmente por fármacos, a qual permite avaliar a resposta de aumento de
fluxo sanguíneo em uma situação de demanda aumentada (DOUCETTE et al., 1992
e CARLIER et al., 1999).
Uma questão de grande relevância e ainda pouco abordada pela literatura é
saber se, com a técnica de EC, oferece-se o mesmo fluxo sanguíneo para as artérias
revascularizadas quando se compara com a técnica de enxertos isolados, que, neste
estudo, consiste em ATIE para o RIVA e AR em posição aorto-coronariana.
Esta pesquisa foi proposta com a hipótese de que o FS total oferecido aos
ramos da CE revascularizados pelo enxerto composto é, quantitativamente, igual ao
oferecido pelos mesmos enxertos empregados isoladamente. Nesse sentido, foram
utilizadas três técnicas cirúrgicas: enxerto composto em Y invertido, enxerto
composto modificado e enxertos isolados, sendo estes comparados àqueles.
7
2 OBJETIVOS
8
2 OBJETIVOS
Os objetivos deste estudo são:
Comparar o diâmetro interno proximal da ATIE nos enxertos compostos com
o diâmetro interno proximal da ATIE como enxerto isolado;
Avaliar o fluxo sangüíneo total para os ramos da CE revascularizados pela
ATIE e pela AR nas técnicas composta em Y invertido e composta
modificada, comparando-as com a técnica de enxertos isolados;
Definir a reserva de fluxo da ATIE nos enxertos compostos e compará-la com
a reserva da ATIE como enxerto isolado na revascularização do miocárdio.
9
3 MÉTODOS
10
3 MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
3.1.1 LOCAL DA PESQUISA E SELEÇÃO DOS PACIENTES
Este trabalho foi realizado na Divisão de Cirurgia do Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia. Os pacientes portadores de doença arterial coronariana
encaminhados para internação no Instituto pelos cardiologistas do hospital para
revascularização cirúrgica do miocárdio eram entrevistados e examinados pelo
investigador principal. A angiografia pré-operatória era avaliada por dois
investigadores. Se os critérios clínicos e angiográficos de inclusão fossem
preenchidos, e não havendo critérios de exclusão, o paciente era convidado a
participar do estudo e, mediante consentimento livre e esclarecido, o paciente era
selecionado (Anexo A). Vale acrescentar que todos os pacientes foram operados pelo
mesmo cirurgião.
3.1.2 PERÍODO
O protocolo de pesquisa foi apresentado ao comitê de ética em pesquisa do
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia no dia quatro de dezembro de 2001,
quando recebeu o número 3068/2001, sendo aprovado na sessão de cinco de março
de 2002 (Anexo B). O estudo, porém, teve início no dia quinze de janeiro de 2003 e
fim no dia 22 de junho de 2004 com a alta hospitalar do último paciente, não
havendo conflito de interesses por parte de nenhum pesquisador envolvido.
3.1.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO
A população estudada consistiu de pacientes com idade até 65 anos, portadores
de doença arterial coronariana, com apresentação clínica de angina do peito ou
11
infarto do miocárdio e com indicação de revascularização cirúrgica do miocárdio.
Eles foram selecionados após preenchimento de critérios específicos.
3.1.4 SELEÇÃO
3.1.4.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DE CASOS NO ESTUDO
-
Pacientes de ambos os sexos com diagnóstico clínico de angina estável, instável
ou infarto do miocárdio e com apresentação, à cinecoronariografia, de lesões em
ramos da CE passíveis de tratamento cirúrgico;
-
Pacientes com idade inferior ou igual a 65 anos;
-
Pacientes nos quais se verifique fluxo adequado pela artéria ulnar para a mão
no antebraço que se pretenda dissecar a AR, pelo teste de Allen modificado
(ALLEN, 1929; EJRUP et al., 1966) e pelo teste com uso do oxímetro de pulso;
-
Pacientes com lesão obstrutiva superior a setenta por cento em um ramo
principal da CE e superior a sessenta por cento em outros ramos e bom leito arterial
distal dos mesmos;
-
Pacientes sem disfunção ventricular severa.
3.1.4.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO DE CASOS DO ESTUDO
-
Pacientes que, em algum momento, decidam não participar do estudo;
-
Pacientes nos quais se verifique fluxo inadequado da artéria ulnar em até dez
segundos para a mão do antebraço no qual se pretende dissecar a artéria radial pelo
teste de Allen modificado;
-
Pacientes que apresentem diminuição superior a trinta por cento da amplitude
da curva oximétrica ou ausência do retorno da saturação ao valor normal prévio ao
oxímetro de pulso, em até dez segundos, após compressão total da artéria radial;
12
-
Pacientes submetidos à canulação prévia da AR, portadores de fístula
arteriovenosa para hemodiálise, vasculite ou doença de Raynaud;
-
Pacientes dos quais se tenha suspeita de lesões obstrutivas dos ramos do arco
aórtico, principalmente da a. subclávia esquerda, seja pela diferença dos pulsos nos
membros superiores ou pela diferença superior a vinte milímetros de mercúrio na
pressão arterial sistólica nos braços;
-
Pacientes nos quais, por qualquer motivo, seja demonstrado fluxo inadequado
pela ATIE, ou pela AR, ou por doença aterosclerótica ou inflamatória de um dos
enxertos;
-
Pacientes com complicações mecânicas do infarto do miocárdio;
-
Pacientes portadores de aneurisma do ventrículo esquerdo ou cardiopatia valvar
ou congênita associada;
-
Pacientes submetidos à cirurgia cardíaca prévia e portadores de insuficiência
renal ou arteriopatia periférica.
Respeitando os critérios apresentados, foram selecionados 42 pacientes, dos
quais, 35 do sexo masculino (83,3%), com média de idade de 52,4±6,4 anos. A
incidência dos principais fatores de risco e a apresentação clínica dos pacientes estão
demonstradas na Tabela 1.
13
Tabela 1 - Variáveis clínicas
Variável Clínica Pacientes
(n=42)
%
Idade (a) 52,4±6,4 -
Peso (kg) 76,9±14,7 -
Altura (cm) 167,5±7,2 -
Superfície corpórea (m
2
) 1,85±0,18 -
Sexo (M/F) 35/7 83,3/16,7
Hipertensão (n) 30 71,4
Dislipidemia (n) 27 64,2
Tabagismo (n) 16 38
Diabetes (n) 11 26,1
Angina estável (n) 27 64,2
SCA com ou sem infarto
prévio (n)
15 35,7
NOTA: a anos, kg- quilogramas, cm centímetros, m
2
metro
quadrado, M- masculino, F- feminino, SCA síndrome coronariana aguda
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Este estudo teve um delineamento do tipo ensaio clínico randomizado, com
distribuição dos pacientes em cada grupo por sorteio simples.
3.2.1 DESENHO DO ENSAIO
O planejamento deste estudo permitiu comparar duas técnicas de enxerto
arterial composto com a técnica de enxertos isolados de revascularização cirúrgica do
14
miocárdio. Os enxertos isolados foram: ATIE pediculada para o RIVA e AR em
posição aorto-coronariana para outro(s) ramo(s) da CE (Figura 1).
Figura 1. Desenho do ensaio clínico.
3.3 COLETA DOS DADOS
A coleta dos dados era realizada em quatro momentos: no período pré-
operatório, no procedimento cirúrgico, no pós-operatório na unidade de recuperação
e na enfermaria e no re-estudo angiográfico.
SELEÇÃO
Critérios de inclusão e exclusão
GRUPO A
Enxerto Composto
Y invertido
GRUPO C
Enxertos Isolados
(Controle)
RANDOMIZAÇÃO
Técnica operatória
GRUPO B
Enxerto Composto
Modificado
RE-ESTUDO
Angiografia e
Fluxometria
RESULTADOS
15
3.3.1 DADOS CLÍNICOS DO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
A partir da seleção do paciente para o estudo eram registrados os dados clínicos
do pré-operatório em duas fichas (Anexos C e D).
3.3.2 VARIÁVEIS ANGIOGRÁFICAS DA CINECORONARIOGRAFIA PRÉ-
OPERATÓRIA
Um critério angiográfico de seleção empregado foi o percentual obstrutivo da
lesão na artéria afetada. Uma estimativa desse percentual era assumida por dois
observadores de maneira que, quando ambos verificassem obstrução superior a
setenta por cento em um ramo principal e superior a sessenta por cento em outros
ramos, esse critério estaria preenchido.
Outro critério analisado foi o tipo anatômico do RIVA e da Cx. A classificação
utilizada foi a de GENSINI, com modificações propostas por ARIÊ e GALIANO,
citados por OLIVEIRA (1975). Agrupamos os tipos um e dois em I, e os tipos três e
quatro em II.
Assim, para o RIVA:
Tipo I: o RIVA podia se estender ate a ponta do coração;
Tipo II: o RIVA ultrapassou a ponta do coração.
Para a Cx:
Tipo I: a Cx emitiu um ou dois ramos;
Tipo II: emitiu três ou quatro ramos.
16
3.4 GRUPOS DO ESTUDO
Os pacientes eram randomizados no dia do procedimento cirúrgico. E, de
acordo com a técnica operatória empregada, foram distribuídos em três grupos. Dois
formados por técnicas de enxerto arterial composto (grupo A ou ATIE e AR
composta em Y invertido e grupo B ou ATIE e AR composta modificada); um grupo
formado pela técnica de enxertos isolados (grupo C Controle). A diferença entre os
três grupos estava no local da anastomose proximal da AR.
3.4.1 GRUPO A
A revascularização dos ramos da CE era iniciada com anastomose término-
lateral longitudinal da AR com um ramo obtuso marginal da Cx. Em seguida, a ATIE
era utilizada para revascularizar o RIVA. Finalmente, era realizada arteriotomia da
ATIE e anastomose proximal da AR (Figura 2).
3.4.2 GRUPO B
Após anastomose a outro ramo da CE, a anastomose proximal da AR era
realizada no RIVA, fazendo, assim, um enxerto intercoronariano com a AR.
Posteriormente, realizava-se arteriotomia da AR ao nível do RIVA e anastomose da
ATIE na AR, sobreposta ao RIVA (Figura 3 ).
3.4.3 GRUPO C
Nesse grupo, a anastomose proximal da AR era realizada na aorta ascendente como
enxerto aorto-coronariano. Já a ATIE era anastomosada de modo término-lateral no
RIVA (Figura 4).
17
Figura 2. Ilustração da técnica do grupo A
.
18
Figura 3. Ilustração da técnica do grupo B.
19
Figura 4. Ilustração da técnica do grupo C.
20
3.5 TÉCNICA OPERATÓRIA
Em todos os pacientes, a técnica operatória consistiu em revascularização
cirúrgica do miocárdio sob anestesia endovenosa e intubação oro-traqueal. Após
esternotomia mediana, realizou-se a dissecção simultânea da ATIE, da AR e,
conforme necessário, da veia safena magna. A dissecção da ATID, quando realizada,
foi sempre após a dissecção da ATIE.
3.5.1 MÉTODO DE DISSECÇÃO DA ARTÉRIA TORÁCICA INTERNA
Após pericardiotomia e com o posicionamento de um afastador de Finochietto
e um produzido pela Divisão de Bioengenharia da Fundação Adib Jatene, iniciava-se
a dissecção da ATI. Com eletro-cautério em baixa corrente, a ATIE era dissecada de
forma pediculada desde a veia subclávia esquerda até sua bifurcação, sendo seus
ramos cauterizados. Antes, porém, de seccionar sua extremidade distal, media-se o
comprimento do enxerto e aplicava-se solução tópica contendo papaverina na
diluição de cinqüenta miligramas em dezoito mililitros de solução fisiológica a 0,9%.
Após a administração sistêmica de heparina, na dose de quatro miligramas por quilo,
a sua porção distal era seccionada, o débito livre, mensurado e a extremidade distal,
ligada com fio de algodão 4.0. Procedia-se, então, à liberação da fáscia endotorácica
em toda sua extensão.
3.5.2 MÉTODO DE DISSECÇÃO DA ARTÉRIA RADIAL
A técnica utilizada para dissecção da AR foi a proposta por REYES et al.
(1995). Com o braço em abdução, apoiado sobre uma braçadeira com coxins, era
realizada uma incisão a dois centímetros da prega anticubital até meio centímetro do
21
processo estilóide do rádio, acompanhando a borda medial do músculo bráquio-radial
(levemente curvilínea). O plano de referência para liberação era o situado entre o
músculo bráquio-radial e o músculo flexor radial do carpo, rebatendo-se,
lateralmente, o primeiro com a utilização de tesoura Metzenbaum. Após isolar-se a
AR, que era liberada de seu leito em conjunto com as veias adjacentes, o enxerto
tinha seus ramos ligados com fio de algodão 4.0 ou cauterizados. Todavia, antes de
retirar a AR do braço, era utilizada solução tópica de papaverina à semelhança da
retirada da ATIE. Fora do braço, as estruturas adjacentes à artéria eram, também,
retiradas.
Após dissecção dos enxertos, foram realizadas suturas em bolsa na aorta
ascendente e no átrio direito e canulação dos mesmos. Era, então, instituída a
circulação extracorpórea com oxigenador de membranas, mantendo temperatura
esofágica em 32ºC. E, mediante clampeamentos intermitentes da aorta, era iniciada a
revascularização dos ramos da CE.
3.5.3 MÉTODO DE CONFECÇÃO DAS ANASTOMOSES DISTAIS COM O
ENXERTO DE ARTÉRIA RADIAL
A revascularização dos ramos da CE iniciava-se com a realização de
anastomose término-lateral da AR com um ramo marginal obtuso da Cx. Após
arteriotomia de aproximadamente sete milímetros do ramo a ser revascularizado,
começava-se anastomose longitudinal entre o enxerto e o vaso com sutura contínua
de polipropileno 7.0.
22
3.5.4 MÉTODO DE CONFECÇÃO DAS ANASTOMOSES SEQÜENCIAIS
COM O ENXERTO DE ARTÉRIA RADIAL
Em vários casos dos três grupos, foi necessária a revascularização de mais de
uma artéria da coronária esquerda com a AR, em que foram utilizadas anastomoses
seqüenciais. Estas, compreendidas entre a anastomose proximal e a distal, foram
realizadas de duas maneiras. Uma com a AR cruzando, transversalmente, a artéria
coronária, permitindo acomodação mais uniforme no epicárdio com um menor
segmento do enxerto - entretanto, à custa de anastomose em diamante entre o enxerto
e a coronária (GROW e BRANTIGAN, 1975). A outra maneira, com o
posicionamento da anastomose em linha paralela ao sentido da coronária. Em virtude
disso, a AR seguia um trajeto curvilíneo para acomodar melhor a anastomose látero-
lateral. Todas foram realizadas com fio de polipropileno 7.0.
3.5.5 MÉTODO DE CONFECÇÃO DA ANASTOMOSE PROXIMAL DO
ENXERTO DE ARTÉRIA RADIAL
O local da anastomose proximal da AR variava conforme o grupo, de acordo
com a técnica randomizada.
3.5.5.1 ANASTOMOSE PROXIMAL DA ARTÉRIA RADIAL NO GRUPO A
Era a anastomose proximal da AR no grupo composto em Y realizada após a
anastomose da ATIE no ramo interventricular anterior. Ainda em circulação
extracorpórea, realizava-se arteriotomia de sete milímetros da ATIE em sua porção
média, próximo do local de cruzamento com o pericárdio. A AR era anastomosada
de maneira paralela com sutura contínua de polipropileno 7.0. Eventualmente,
23
quando a parede da artéria era mais fina, utilizava-se do fio de polipropileno 8.0
(Figura 5).
Figura 5. Foto ilustrativa da técnica de enxerto composto em Y.
Detalhe da anastomose da AR na ATIE.
24
3.5.5.2 ANASTOMOSE PROXIMAL DA ARTÉRIA RADIAL NO GRUPO B
Nesse grupo a anastomose proximal da AR era realizada no RIVA, exatamente
no local onde seria feita a anastomose da ATIE. Dessa forma, com a AR se realizava
um enxerto intercoronariano, onde a porção proximal da AR estava anastomosada
com o RIVA e a porção distal, geralmente, a um ramo marginal obtuso.
Posteriormente, procedia-se à arteriotomia da AR, de aproximadamente dez
milímetros, na extremidade proximal previamente anastomosada no RIVA. Essa
arteriotomia se prolongava até dois milímetros do local da anastomose da AR no
RIVA. Isso feito, era realizada a anastomose da ATIE na AR sobreposta ao RIVA
com fio de polipropileno 7.0 (Figura 6)
.
Figura 6. Foto ilustrativa da técnica de enxerto composto
modificado. Detalhe da anastomose da ATIE na AR.
25
3.5.5.3 ANASTOMOSE PROXIMAL DA ARTÉRIA RADIAL NO GRUPO C
No grupo controle, após anastomose término-lateral da AR com outros ramos
que não o RIVA, era realizada sua anastomose proximal de maneira habitual, com
sutura contínua de polipropileno 6.0, na aorta ascendente. A ATIE era anastomosada
ao RIVA, também de forma habitual, com sutura contínua de polipropileno 7.0
(Figura 7a e 7b).
(a)
(b)
Figura 7. Foto ilustrativa da técnica de enxertos isolados.
Detalhe da anastomose da ATIE no RIVA (a). A AR após
anastomosada a dois ramos marginais foi anastomosada na aorta
ascendente (b).
26
3.6 OUTROS ENXERTOS
A utilização da ATID foi sempre de forma pediculada e para a CD. A
anastomose distal era realizada com sutura contínua de polipropileno 7.0. Quando se
utilizou a veia safena como enxerto aorto-coronariano para revascularizar a CD, foi
empregada para anastomose distal sutura contínua de polipropileno 7.0, e, para
anastomose proximal, sutura contínua de polipropileno 6.0.
3.7 VARIÁVEIS DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
Todos os dados do procedimento cirúrgico foram coletados pelos mesmos
observadores, os quais foram responsáveis por todas as cirurgias. Esses dados eram
registrados em ficha previamente desenvolvida (Anexo E). As variáveis estudadas
foram dos enxertos (da ATIE e da AR), do leito coronariano e operatórias.
3.7.1 VARIÁVEIS DOS ENXERTOS
As variáveis da ATIE foram:
Comprimento final: subtração entre o comprimento inicial após sua
dissecção, aferido à jusante da veia subclávia esquerda e imediatamente antes
da bifurcação, e o comprimento não utilizado para revascularização;
Débito livre de seu coto distal antes de instituída a circulação extra-corpórea
(considerado como o volume coletado em um recipiente em ml/min);
Diâmetro interno da sua porção distal antes da bifurcação (avaliado por
modeladores metálicos com tamanho que varia de um a cinco milímetros,
com intervalo de meio milímetro);
Diâmetro externo da porção distal, avaliado com paquímetro.
27
As variáveis da AR foram:
Comprimento final: subtração entre o comprimento inicial após a dissecção e
o comprimento não utilizado para revascularização;
Diâmetro interno da porção distal;
Diâmetro externo da porção distal.
3.7.2 VARIÁVEIS DAS ARTÉRIAS REVASCULARIZADAS
As variáveis das artérias revascularizadas foram:
Diâmetro interno da artéria coronária, aferido pelos modeladores metálicos;
Tipo de lesão [localizada (em um só local na porção proximal à anastomose)
x difusa (em mais de um local na coronária)].
3.8 DADOS DO PÓS-OPERATÓRIO
Foram divididos em dados da Unidade de Terapia Intensiva e da enfermaria.
3.8.1 UTI PÓS-OPERATÓRIA
Após a cirurgia, os pacientes eram encaminhados à Unidade de Terapia
Intensiva, onde permaneciam sob monitorização habitual e ventilação mecânica.
Após extubação e retirada da linha arterial e dos drenos mediastinal e pleural, eram
encaminhados para a enfermaria na manhã do segundo dia pós-operatório.
28
3.8.2 FÁRMACOS VASODILATADORES
Logo após a saída de circulação extracorpórea, era iniciada nitroglicerina
endovenosa contínua na dose de dez microgramas por quilograma por minuto, a qual
era mantida até o segundo dia pós-operatório, quando era iniciada amlodipina por via
oral na dose de cinco miligramas por dia (CABLE et al., 1998).
3.8.3 ENFERMARIA
Os pacientes permaneciam na enfermaria até total recuperação e realização do
estudo angiográfico, podendo ter alta hospitalar no mesmo dia da angiografia,
quando esta era realizada pela manhã, ou, no dia seguinte, quando o exame era
realizado à tarde.
3.8.4 ANGIOGRAFIA
O estudo angiográfico era realizado preferencialmente no quinto dia pós-
operatório. O paciente ficava em jejum na manhã do exame e as medicações não
eram suspensas nesse dia. Encaminhado à sala de hemodinâmica, ele tinha suas
regiões inguinais preparadas para o exame. Após punção da artéria femoral direita
com introdutor de tamanho sete french, era administrada heparina na dose de
2.500UI e iniciado o exame. Durante o procedimento, eram monitorizados o
eletrocardiograma e a pressão arterial dos pacientes. Pela técnica de Judkins, eram,
inicialmente, contrastadas as artérias coronárias. Posteriormente, com cateteres
adequados, eram estudados a ATIE e os outros enxertos. Finalmente, era realizada
ventriculografia esquerda. Todos os re-estudos foram realizados pelo mesmo
hemodinamicista.
29
3.8.5 VARIÁVEIS DO RE-ESTUDO ANGIOGRÁFICO
Aqui, compreenderam-se variáveis da angiografia e da fluxometria. As
variáveis angiográficas avaliadas foram: permeabilidade do enxerto, diâmetro interno
da ATIE e diâmetro interno da AR, obtidas por meio da angiografia quantitativa. Já
as da fluxometria foram obtidas com cateter-guia Doppler, que aferia a velocidade do
fluxo sangüíneo.
3.8.5.1 VARIÁVEIS ANGIOGRÁFICAS
3.8.5.1.1 PERMEABILIDADE DO ENXERTO
A permeabilidade do enxerto ao estudo angiográfico foi avaliada seguindo a
classificação de FITZGIBBON et al. (1978):
Tipo A - Excelente condição de fluxo do enxerto com bom enchimento distal da
artéria coronária.
Tipo B - Estenose no enxerto ou na anastomose, proximal ou distal, reduzindo o
calibre em cinqüenta por cento do diâmetro da artéria coronária revascularizada.
Tipo O Anastomose ocluída.
3.8.5.1.2 DIÂMETRO INTERNO DA ARTÉRIA TORÁCICA INTERNA
ESQUERDA
O diâmetro interno da ATIE foi calculado a trinta milímetros de sua origem, no
mesmo local onde a velocidade foi aferida pelo guia Doppler. O cálculo foi feito com
a presença de contraste no interior do enxerto por meio do programa de análise de
contorno de imagens da angiografia quantitativa.
30
3.8.5.1.3 DIÂMETRO INTERNO DA ARTÉRIA RADIAL
Também calculado com base na presença de contraste no interior do enxerto
pela angiografia quantitativa, o diâmetro foi verificado no início da AR.
3.8.5.1.4 ANGIOGRAFIA QUANTITATIVA
Por meio da angiografia, com programa específico, foi obtido o diâmetro
interno e a área de secção transversa dos enxertos. Já tendo como referência a
silhueta do cateter angiográfico, foi obtido o diâmetro interno da ATIE e da AR, no
local onde era posicionado o guia de fluxo (Figura 8 ). O programa utilizado foi o
Quantitative Coronary and Left Ventricular Angiography Cardiovascular
Measurement System versão 5.1, elaborado pela Medis - Medical Imaging Systems
baseado na pesquisa da Leiden Medical University.
31
Figura 8. Quantificação do diâmetro interno da ATIE por angiografia
quantitativa
.
32
3.8.5.2 FLUXOMETRIA
O estudo do FS dos enxertos foi realizado com cateter-guia Doppler, validado
por DOUCETTE et al. (1992) e constituído por um fio guia flexível de 175 cm de
comprimento e 0,014 polegada (0,35mm) de diâmetro (Figura 9). Sua extremidade
apresenta um transdutor ultra-sônico de 12-MHz (FloWire®; Cardiometrics, Inc,
Mountain View, Califórnia) que emite ondas ultra-sônicas com um ângulo de dez
graus. Essas excitam cristais piezoelétricos geradores de um sinal de retorno que é
processado e transformado em sinal áudio Doppler por um sistema analisador
(FloMap II®) ao qual o cateter-guia é acoplado.
A freqüência do sistema é determinada pelo analisador de espectro. Esses dados
são transmitidos a um monitor e podem ser impressos (Figura 10). As especificações
de todo o sistema utilizado na fluxometria estão na tabela dois.
O cateter-guia tem uma área de secção transversa de 0,1mm
2
, a qual reduz, em
nove por cento, a circunferência de uma artéria de diâmetro interno de 1,2mm. A
medida da velocidade média foi possível com o posicionamento do Doppler na luz
do enxerto de maneira que a faixa ultra-sônica estivesse alinhada paralelamente à
linha central do fluxo sangüíneo.
A fluxometria era iniciada com as medidas de velocidade da artéria referencial.
Os possíveis sítios eram: início da artéria coronária esquerda, da direita (CD) ou em
uma ponte de safena para a CD. Posteriormente, era aferida a velocidade no enxerto
de AR aorto-coronariano, se o paciente pertencesse ao grupo controle. Finalmente,
era medida a velocidade no enxerto de ATIE a trinta milímetros de sua origem. A
posição final do Doppler era sempre confirmada com a injeção de contraste.
33
Figura 9. Foto ilustrativa do cateter-guia Doppler.
34
Figura 10. Foto ilustrativa do registro das variáveis da fluxometria.
35
Tabela 2 - Especificações gerais do sistema utilizado para realização da
fluxometria.
Característica Sistema utilizado
Tipo de Doppler Pulsado
Freqüência do Doppler 12MHz
Freqüência de
repetição da onda de
pulso
12-96kHz
Comprimento de sinal
transmitido
1.0µseg
Entrada do analisador
de espectro
72dB
Taxa de transformação
do analisador
90-100 espectros/seg.
Escala da velocidade 45-500 cm/seg
Direção do Doppler Selecionável
Cálculos Computadorizado da média da velocidade de pico
Informações geradas Velocidade de pico em repouso e hiperemia, razão de
velocidade diastólica e sistólica e reserva de velocidade de
fluxo coronariano absoluto
Descrição geral Cardiometrics FloWire®, Cardiometrics FloMapII®, tela
de vídeo e impressora
NOTA: MHz megahertz, kHz quilohertz, µseg microssegundo, dB decibéis,
cm/seg centímetros por segundo
36
3.8.5.2.1 VARIÁVEIS DA FLUXOMETRIA
Foram as variáveis da fluxometria: média no tempo da velocidade de pico
(APV) em repouso e em hiperemia, reserva da velocidade de fluxo sangüíneo
absoluto (ou reserva de fluxo - RF) e fluxo sangüíneo. A hiperemia foi induzida com
administração de adenosina trinta microgramas no enxerto. A RF consistia na razão
das velocidades de pico em hiperemia e em repouso.
3.8.5.2.2 CÁLCULO DO FLUXO SANGÜÍNEO
Nesse estudo, o FS volumétrico quantitativo (fluxo absoluto) foi calculado a
partir da velocidade média (Vm) de fluxo e da área de secção transversa do enxerto
(A - fórmula um) (DOUCETTE et al., 1992), onde:
FS = Vm x A (1)
Foi, assim, considerado que o perfil da velocidade é parabólico, sendo, então, a
Vm calculada como a metade da APV. Já a área de secção transversa foi calculada
assumindo que o enxerto tinha lúmen circular (fórmula dois):
A = ¶ D
2
/4 (2)
¶ = 3,1415, D = diâmetro interno do enxerto
O FS total nos grupos compostos era o FS da ATIE. Já no grupo C (enxertos
isolados), consistia na soma do FS da ATIE e do FS da AR aorto-coronariana.
3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram analisados com o auxílio dos programas Statistical Packcage
for the Social Science (SPSS) versão 10.0 e GraphPad Prism 4.0. O nível descritivo
assumido foi de 0,05. Os valores das variáveis quantitativas foram expressos em
37
média ± desvio padrão. Já as variáveis qualitativas foram expressas em percentual.
Para comparação dos grupos com relação às variáveis qualitativas, foi utilizado teste
do qui quadrado ou o teste exato de Fisher quando o valor esperado era menor que
cinco. Para variáveis quantitativas de distribuição normal, utilizou-se análise de
variância, sendo o teste de Bartlett para igualdade de variância e o teste de
Bonferroni para comparação múltipla. Para as variáveis quantitativas de distribuição
não normal, utilizou-se o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. O cálculo do
tamanho da amostra foi feito a partir da premissa que o FS dos grupos com enxerto
composto teria um acréscimo de cinqüenta por cento em cima do FS da ATIE para o
RIVA. Assumido esse dado como em torno de sessenta mililitros por minuto, era
esperado um acréscimo de trinta mililitros por minuto. Levando-se em consideração
um desvio padrão de trinta mililitros por minuto e um poder do teste de noventa por
cento para um erro alfa (valor de p) menor que 0.05, foi estabelecido previamente
que seriam necessários quatorze pacientes em cada grupo.
4 RESULTADOS
39
4 RESULTADOS
4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS PRÉ-OPERATÓRIAS
Os grupos eram semelhantes quanto à idade e ao sexo. Também não houve
diferença significante na incidência de fatores de risco nem na apresentação clínica
dos pacientes entre os grupos (Tabela 3).
Tabela 3-Variáveis clínicas conforme grupo de estudo
Grupo A
(n=14 )
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Valor de p
Idade (a) 53±5 50±8 54±6 0,321
Sexo (M/F) 13/1 10/4 12/2 0,459
Hipertensão (n) 8 (61,5%) 11 (78,6%) 11 (78,6%) 0,612
Dislipidemia
(n)
10 (71,4%) 10 (71,4%) 7 (50%) 0.353
Diabetes (n) 2 (14,3%) 5 (35,7%) 4 (28,6%) 0,558
Tabagismo (n) 5 (35%) 4 (28,6%) 7 (50%) 0,525
Angina estável
(n)
9 (64,3%) 9 (64,3%) 9 (64,3%) 1,0
SCA com ou
sem infarto
prévio
5 (35,7%) 5 (35,7%) 5 (35,7%) 1,0
NOTA : Grupo A Composto em Y; Grupo B Composto modificado; Grupo C
Controle, SCA Síndrome Coronariana Aguda.
4.2 VARIÁVEIS DA ANGIOGRAFIA PRÉ-OPERATÓRIA
Não houve diferença com significância estatística entre os tipos anatômicos
pré-operatórios do RIVA e Cx entre os grupos estudados (Tabela 4).
4.3 ACHADOS OPERATÓRIOS
O tempo de circulação extracorpórea e de anóxia bem como o número total de
artérias revascularizadas foram semelhantes entre os grupos. A média de artérias da
CE revascularizadas pela ATIE e pela AR no grupo A foi de 2,7±0,5; no grupo B,
também, de 2,7±0,5; já no Grupo C, de 2,5±0,6, não havendo diferença significante
entre os grupos (p =0,494 A,B x C). A artéria torácica interna direita foi utilizada em
40
nove pacientes (21,4%) e a veia safena magna em 24 pacientes (57,1%). Também
sem diferença entre os grupos (Tabela 5).
Tabela 4 - Tipos anatômicos dos ramos interventricular anterior e circunflexo
Grupo A
(n=14 )
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Valor de p
RIVA
Tipo I (n) 2 (14,3%) 5 (35,7%) 4 (28,6%)
Tipo II (n) 12 (85,7%) 9 (64,3%) 10 (71,4%)
0,555
Cx
Tipo I (n)
8 (57,1%) 11 (78,6%) 7 (50%)
Tipo II (n)
6 (42,9%) 3 (21,4%) 7 (50%)
0,269
NOTA: RIVA Tipo I até a ponta do coração, Tipo II - ultrapassa a ponta do
coração; Cx Tipo I emite até dois ramos, Tipo II emite três ou quatro ramos.
Tabela 5 - Variáveis operatórias
Grupo A
(n=14 )
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Valor de p
Tempo de CEC
(min)
87 ±24 93± 14 92± 15 0,688
Tempo de anóxia
(min)
58± 17 58± 9 62± 12 0,656
Vasos da CE
revasc.arterial
(n=)
2,7± 0.5 2.7 ±0.5 2.5 ±0.6 0,494
Total de vasos
revasc. (n=)
3.7± 0.9 3,6± 0.6 3,8± 0.7 0,746
ATID (n=) 3 3 3 1,0
Safena (n=) 8 6 10 0,311
NOTA: CEC - circulação extra-corpórea, min - minutos, CE - Coronária esquerda,
revasc. - revascularizado, ATID - artéria torácica interna direita.
Entre as variáveis da ATIE, o comprimento (Comp) e o diâmetro interno (DI) e
o externo (DE), médios, foram semelhantes entre os grupos (Tabela 6). Vale ressaltar
que o comprimento da ATIE foi de 158,1±25,7 mm no grupo Y, 139,5±18,6 mm no
41
modificado e 159±21,5 mm no controle (p=0,062 A, B x C). No grupo composto em
Y, foi possível aferir o comprimento da ATIE antes e depois da anastomose da AR.
O comprimento proximal médio foi de 85,2±19,4 mm e o distal, de 67,6±23,1 mm.
Quanto à AR, o comprimento e os diâmetros interno e externo não
apresentaram diferença significante entre os grupos (Tabela 7). As variáveis das
artérias revascularizadas, ou seja, o DI das artérias coronárias e a presença de placa
localizada ou difusa estão apresentados na Tabela 8.
Tabela 6 - Variáveis cirúrgicas da ATIE
Grupo A
(n=14 )
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Valor de p
ATIE
DI (mm) 1,9±0,1 2±0,3 2±0,3 0,545
DE (mm) 2,4±0,3 2,5±0,5 2,4±0,4 0,662
COMP (mm) 158,1±25,7 139,5±18,6 159±21,5 0,062
DL (ml/min)
82±36 99±37 75±24 0,206
NOTA: Comp - Comprimento, DI - Diâmetro interno, DE Diâmetro externo, DL
Débito livre.
Tabela 7 - Variáveis cirúrgicas da AR
Grupo A
(n=14)
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Valor de p
AR
DI (mm) 2,8±0,2 2,9±0,1 2,8±0,3 0,673
DE (mm) 3,6±3,5 3,7±3,8 3,7±3,8 0,619
COMP(mm) 170±18 160±24 161±23 0,470
NOTA : COMP Comprimento, DI Diâmetro interno, DE Diâmetro externo.
42
Tabela 8 - Variáveis das artérias revascularizadas
DA Diagonal RI OM1 OM2
DI (mm) 2,07±0,24 1,83±0,2 1,91±0,52 1,92±0,34 1,91±0,34 Grupo A
Placa
difusa (%)
28,5 16,6 66,6 - 16,6
DI (mm) 2,13±0,42 1,91±0,34 1,85±0,43 2,11±0,39 1,95±0,11 Grupo B
Placa
difusa (%)
21,4 33,3 - 9 -
DI (mm) 1,92±0,31 1,69±0,27 2,12±0,53 1,77±0,32 1,85±0,22 Grupo C
Placa
difusa (%)
35,7 33,3 - 20 20
Valor de p
0,263 0,417 0,736 0,81 0,747
NOTA: DI Diâmetro interno, RI Ramo intermédio, OM1 Primeiro ramo
marginal obtuso da Cx, OM2 Segundo ramo marginal obtuso da Cx.
Dois pacientes foram excluídos do estudo em virtude de achados intra-
operatórios. Um deles apresentava calcificação parietal difusa da AR, a qual
impossibilitava a utilização do enxerto mesmo tendo apresentado teste de Allen
modificado negativo. O outro paciente mostrava intensa hipertrofia miocárdica com
artérias a serem revascularizadas em posição intramiocárdica.
Nenhum paciente, porém, dos três grupos apresentou instabilidade
hemodinâmica após a circulação extracorpórea que sugerisse isquemia aguda e fosse
necessária a revascularização adicional com veia safena do território nutrido pelos
enxertos arteriais.
43
4.4 ACHADOS PÓS-OPERATÓRIOS
Não houve mortalidade hospitalar. Entre as complicações ocorridas no pós-
operatório (descritas na Tabela 9), existiram dois casos de infarto do miocárdio (um
relacionado ao fechamento da AR e o outro no território da coronária direita) e um de
ataque isquêmico transitório após o re-estudo angiográfico. Nenhum paciente
apresentou sangramento que necessitasse de revisão cirúrgica de hemostasia.
Tabela 9 - Morbidade pós-operatória
Morbidade Grupo A
(n=14)
Grupo B
(n=14)
Grupo C
(n=14)
Fibrilação atrial (n)
- 1 (7,1%) 3 (21,4%)
IM (n) 1 (7,1%) - 1 (7,1%)
AIT (n) - 1 (7,1%) -
Infecção sítio
cirúrgico (n)
1 (7,1%)
2 (14,2%)
1 (7,1%)
Parestesia polegar
e região tênar (n)
1 (7,1%) - -
Hipoperfusão
membro superior
(n)
- 1 (7,1%) -
Síndrome
vasoplégica (n)
-
-
1 (7,1%)
Síndrome de
Claude Bernard
Horner (n)
1 (7,1%)
-
-
Hérnia de hiato
com esofagite
severa (n)
-
1 (7,1%)
-
NOTA: AIT Ataque isquêmico transitório, IM Infarto do miocárdio
O tempo, em média, de permanência na unidade de terapia intensiva foi de
50,6±23,4 horas, do re-estudo angiográfico, de 6,1±1,2 dias e de alta hospitalar, de
7,6±1,7 dias de pós-operatório.
44
4.4.1 VARIÁVEIS DA ANGIOGRAFIA PÓS-OPERATÓRIA
Sete pacientes optaram, após a cirurgia, pelo adiamento da realização da
angiografia, sendo, portanto, submetidos a cateterismo cardíaco no pós-operatório
imediato 35 pacientes (83,3%) (Figuras 11, 12 e 13). Entre os que realizaram o
exame, não houve variação da pressão arterial, da freqüência cardíaca e do
hematócrito entre os grupos. Em 31 casos (88,5%), foi possível realizar a
fluxometria, pois, em três, houve dificuldade de progressão do guia Doppler no
enxerto e, em um, não se conseguiu posicionamento adequado do cateter para
contraste da ATIE.
Figura 11. Angiografia de um enxerto composto em Y. A
ATIE apresentava DI proximal de 3,55mm. A AR, com
DI de 2,6mm, foi anastomosada proximalmente à ATIE.
45
Figura 12. Angiografia de um enxerto composto modificado,
em que a ATIE apresentava DI proximal de 3,34mm e a AR de
3,9mm.
46
(a)
(b)
Figura 13. Angiografias de um caso de enxertos
isolados. ATIE, com DI de 2,7mm, para o RIVA (a).
Enxerto aorto-coronariano de AR, com DI de
2,96mm, para um ramo diagonal e outro marginal
(b).
47
4.4.1.1 PERMEABILIDADE DOS ENXERTOS
Todas as ATIE e ATID estavam pérvias. Já uma AR estava ocluída e outra
apresentava oclusão de sua porção distal - ambas foram do grupo A (composto em
Y). Das artérias radiais estudadas por angiografia, 94,2% apresentaram
permeabilidade perfeita (Tabela 10). Um dos pacientes foi submetido à endoprótese
coronariana e o outro se encontra em acompanhamento clínico.
Tabela 10 - Permeabilidade dos enxertos de ATIE e AR, segundo a
classificação de FITZGIBBON
Permeabilidade Grupo A
(n=11)
Grupo B
(n=11)
Grupo C
(n=13)
Valor de p
ATIE
Tipo A
Tipo B
Tipo O
11(100%)
-
-
11(100%)
-
-
13(100%)
-
-
1,0
AR
Tipo A
Tipo B
Tipo O
9(81,8%)
1(9,1%)
1(9,1%)
11(100%)
-
-
13(100%)
-
-
0,175
NOTA: Tipo A - Excelente condição de fluxo, Tipo B - Estenose no enxerto ou na
anastomose, Tipo C - Anastomose ocluída.
4.4.1.2 DIÂMETRO INTERNO PROXIMAL
O DI proximal médio da ATIE foi de 3,13±0,36 no grupo A, 3,19±0,31 no
grupo B e 2,77±0,29 mm no grupo C (p=0,0071 A, B x C) (Figura 14).
48
Figura 14. Diâmetro interno proximal médio da
ATIE (*
p
=0,0071 A, B x C).
O DI da artéria radial foi de 2,92±0,49mm no grupo A, 3,21±0,52mm no B e
2,84±0,52mm no C (p=0,2307 A, B x C) (Figura 15).
Figura 15. Diâmetro interno médio da AR
(
p
=0,2307 A, B x C).
49
4.4.2 VARIÁVEIS DA FLUXOMETRIA
4.4.2.1 MÉDIA NO TEMPO DA VELOCIDADE DE PICO
A APV, na porção inicial da ATIE em repouso, foi, no grupo A, de 28,4±4,8
cm/s, no B, de 34,4±7,9 cm/s (p=0,0384 x C) e no C, de 25,8± 8,6 cm/s (Figura 16).
Figura 16. Média no tempo das velocidades de pico na
porção inicial da ATIE em repouso (*
p
=0,0384 x C).
4.4.2.2 RESERVA DE FLUXO
A RF da ATIE foi de 2,1 ± 0,44 no grupo A, 1,96 ± 0,3 no B e 2,06 ± 0,42 no C
(Figura 17).
50
Figura 17. Reserva de Fluxo da ATIE (
p
=0.7208
A, B x C).
4.4.2.3 FLUXO SANGÜÍNEO
O FS na porção inicial da ATIE foi, em repouso, de 110±30 ml/min no grupo
A, 145±59 ml/min, no B (p=0,0058 x C) e 78±34 ml/min, no C (Figura 18).
51
Figura 18. Fluxo sangüíneo da ATIE (*
p
=0,0058 B x C).
O fluxo proximal da AR no grupo de enxertos isolados foi, em média, de
56,1±35,6 ml/min, em repouso. Já o FS total distribuído aos ramos da CE no grupo
C (Controle) foi de 136±58 ml/min. Sem diferença, com significância estatística
quando comparada com os outros dois grupos - p=0,3232 A, B x C(Figura 19).
Figura 19. Fluxo sangüíneo total para as artérias
revascularizadas. No grupo C, o fluxo total consistiu na soma dos
fluxos da ATIE e da AR (
p
=0.3232 A, B x C).
A
B
C
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
*
ml/
min
52
5 DISCUSSÃO
53
5 DISCUSSÃO
A revascularização cirúrgica do miocárdio é um dos procedimentos médicos
mais investigados em todo o mundo
1
e responde, atualmente, pelo maior
investimento de recursos na medicina cardiovascular (EAGLE et al., 2004). Dados
do DATASUS (2005) apontam que foram realizados 11.258 desses procedimentos
no Brasil no último ano. E, mesmo passados quarenta anos das primeiras
intervenções diretas, continua-se pesquisando esse método terapêutico, pois ainda
surgem questionamentos, que, progressivamente, vão sendo esclarecidos.
Após a introdução dos enxertos compostos como alternativa cirúrgica, ainda
não foi comparado, de maneira clara, o fluxo sangüíneo total oferecido às artérias da
CE revascularizadas por essa técnica com o procedimento habitual de enxertos
isolados.
Considerando o EC de ATIE e AR, verifica-se alteração do local da
anastomose proximal da radial, quando se compara com a posição aorto-coronariana.
Nesta técnica, a anastomose é realizada na aorta ascendente; naquela, na ATIE. Isso,
teoricamente, pode trazer algum benefício, pois se elimina o fato da desproporção da
espessura da parede do enxerto de AR e da espessura da parede da aorta, levando à
redução da primeira derivada de pressão (dP/dT) aplicada no endotélio da radial
(CALAFIORE et al., 1995 a,b).
Apesar disso, permanece a preocupação da anastomose entre a ATIE e a AR.
Pelo fato da pequena espessura da parede da ATIE, a anastomose entre esses
enxertos arteriais se torna, tecnicamente, mais difícil.
_____________
1.Cooley DA. Historical overview : sixty years of heart surgery. Conferência profer
ida
durante o 14° International Symposium Cooley Cardiovascular Surgical Society. 6
10 de
Outubro de 2004. Houston-TX-USA.
54
Cientes desse detalhe, CHACCUR et al. (2002) propõem uma modificação
técnica, a qual consiste na realização da anastomose proximal da radial no RIVA,
bem no local onde é realizada a anastomose da ATIE. Assim é criado um enxerto
intercoronariano com a AR. Posteriormente, sobre a anastomose da AR no RIVA, é
anastomosada a ATIE na AR (anastomose sobreposta). Nessa configuração, é
possível inferir que a ATIE prioriza o RIVA com seu fluxo sangüíneo e não há
manuseio da ATIE (pela arteriotomia e anastomose de outro enxerto).
Nessa modificação técnica, o posicionamento da anastomose da ATIE sobre a
AR pode ser comparado com outra situação já descrita. Quando se realiza
endarterectomia em uma coronária e reconstrução com arterioplastia utilizando veia
safena, o implante do enxerto (ATIE) é sobre o segmento venoso (LADOWSKI et
al.,1991).
A anastomose proximal da AR na ATIE torna-se a estratégia preferida na
revascularização do miocárdio por BARNER et al. (2001) nos pacientes jovens e
com anatomia favorável. Em 1020 pacientes estudados, foi possível revascularizar
3,53 artérias por paciente apenas com os dois enxertos. A mortalidade operatória foi
de 0,9% e a tardia, de 5,7%, o que levou a uma sobrevida, em cinco anos, de noventa
por cento. A sobrevida livre de re-intervenção (angioplastia ou re-operação) nesse
mesmo período foi de 93%. Com esses resultados, BARNER et al. acreditam que a
AR pode ser substituta da ATID porque a redução das complicações esternais é
possível, e porque apresenta maior comprimento, diâmetro e permeabilidade
comparável para artérias com estenose superior a setenta por cento.
No Brasil, DALLAN et al. (1996) demonstram, em 269 pacientes, a
versatilidade do emprego da AR - em 8,9% dos casos, esse enxerto é anastomosado
55
na ATIE. E, ainda, ressaltam que, nessa situação, além de manter a condição
hemodinâmica à qual o enxerto está habituado, pode-se diminuir, em cinco
centímetros ou mais, o comprimento utilizado da artéria.
Neste estudo, foram incluídos pacientes com bom leito arterial distal e com
lesões maiores ou iguais a setenta por cento em um ramo principal e, pelo menos,
maiores ou iguais a sessenta por cento em outros ramos. Esse valor foi estabelecido
porque uma estenose desse nível acarreta uma redução de 84% da área de secção
transversa do vaso e de mais de 25% da capacidade de fluxo distal máxima do leito
coronariano (KLABUNDE, 2003). Além disso, SHIMIZU et al. (2000) mostram que
o diâmetro distal da ATIE permanece, significativamente, maior quando esse enxerto
é utilizado para artérias com lesão superior a oitenta (2,27±0,2 mm p<0,01) e a
sessenta por cento (2±0,2 mm p<0,01), quando comparados com artérias com
estenose entre quarenta e sessenta por cento (1±0,2 mm).
Vale lembrar que, entre os pacientes estudados, não houve diferença
significante das variáveis pré-operatórias nem das operatórias. Segundo OLIVEIRA
(1975), a classificação em tipos anatômicos das artérias coronarianas permite estimar
a demanda de fluxo por um enxerto. E, ainda, as determinantes do fluxo sangüíneo
por meio dos enxertos parecem depender de condições anátomo-funcionais das
artérias revascularizadas e do ventrículo esquerdo.
Neste estudo, os quatro tipos
anatômicos foram agrupados em dois com o objetivo de obter um grupo com maior
leito arterial distal e outro com menor. Com base em análise de correlação entre os
tipos anatômicos, o diâmetro proximal da ATIE e o fluxo sangüíneo total, não houve
nenhum dado significativo do ponto de vista estatístico. Até porque, para esse tipo de
análise, o número de casos foi considerado pequeno.
56
Entre as variáveis operatórias, o número de artérias revascularizadas pelas
ATIE e AR da CE foi de 2,7±0,5 no grupo composto em Y, 2,7±0,5 ramos no
composto modificado e 2,5±0,6 no controle (p =0,494 A, B x Controle). Isso só foi
possível porque foram realizadas anastomoses seqüenciais com a AR para
contemplar mais de uma artéria.
Quando se realiza revascularização com essas anastomoses, mais de uma
artéria está na dependência do fluxo proximal. BARTLEY et al. (1972) demonstram
bons resultados da utilização delas com enxerto de veia safena. Em 130 casos
estudados, 352 anastomoses são realizadas obtendo-se uma média de 2,7 por paciente
com um enxerto de safena. Entre esses pacientes, 32 são submetidos a re-estudo
angiográfico e 84 anastomoses são estudadas, das quais, 67 estão patentes e
dezessete, ocluídas - sendo que dezoito pacientes apresentam algum grau de oclusão
parcial e quatro, oclusão total do enxerto. Os autores aqui mencionados recomendam
que a anastomose mais distal seja realizada em uma artéria de melhor leito arterial
distal com maior grau de lesão proximal possível. Dessa maneira, obtém-se a maior
velocidade de fluxo necessária para manter o enxerto patente.
KIESER et al. (1986), avaliando enxertos venosos seqüenciais, evidenciam que
a permeabilidade da anastomose látero-lateral é superior à da término-lateral e que
essa técnica é superior quando utilizada para o território do RIVA e diagonal.
Entre nós, DINKHUYSEN et al. (1986) demonstram, em dezenove pacientes
operados, a realização de anastomoses seqüenciais entre quatro e seis artérias com
enxerto de safena. Eles mostram que o posicionamento do enxerto pode ser em
paralelo, oblíquo e perpendicular e que um detalhe importante nas anastomoses
látero-laterais é o da abertura da coronária não ser maior que 1/3 do diâmetro do
57
enxerto a fim de que o local da sutura não fique deprimindo, o que levaria à alteração
do fluxo sangüíneo. Ressaltam, ainda, a vantagem da anastomose proximal única na
aorta ascendente reduzindo o tempo de anóxia e a manipulação de aortas com
aterosclerose.
RABELO et al. (1997), analisando 165 casos, afirmam que deve ser evitado o
cruzamento do enxerto perpendicularmente com a coronária a ser revascularizada,
sendo a anastomose realizada de maneira paralela, mesmo que isso implique num
trajeto sinuoso; deve ser posicionada a anastomose do enxerto na aorta ascendente de
maneira que o enxerto tenha um bom contorno; devem ser evitadas desproporções
entre a luz do enxerto e o diâmetro do orifício na aorta. MEETER et al. (1991)
demonstram que a estratégia de anastomoses seqüenciais em pós-operatório tardio
apresenta resultados clínicos tão bons quanto à técnica de anastomose única.
Outras variáveis operatórias que podem ter influência no fluxo sangüíneo são
as dos enxertos (diâmetro interno, diâmetro externo e comprimento). No presente
estudo, não houve diferença significante dessas variáveis entre os grupos. Isso
garante que as possíveis alterações da fluxometria que acontecessem no pós-
operatório estariam relacionadas com a adaptabilidade da ATIE à nova condição de
maior demanda de fluxo.
Uma paciente do grupo composto modificado evoluiu com hipoperfusão
transitória da mão após dissecção da AR - KNOBLOCK et al. (2005) demonstram,
numa pequena casuística, mas com metodologia avançada, que a dissecção da AR
não acarreta alteração da micro-circulação palmar. E um paciente do grupo composto
em Y evoluiu com parestesia do polegar e da região tenar (território inervado pelo
nervo radial superficial) - embora ROYSE et al. (1999a) demonstrem que, entre 328
58
pacientes estudados, 11,3% tenham referido parestesia no território inervado pelo
nervo radial, apenas 0,3% apresentam alterações ao exame clínico específico.
GREEN e MALIAS (2001), também estudando 338 antebraços, reportam incidência
de parestesia independente do território em 36 pacientes (10,7%). MEHARWAL e
TREHAN (2001) mostram que, entre 3977 casos de dissecção da AR, 8,4% dos
pacientes apresentam parestesia com mais de quatro semanas. E, após três meses,
três por cento persistem com o sintoma. Uma justificativa para a baixa incidência
(2,38%) de parestesia encontrada neste estudo pode ser a de que os resultados eram
encerrados logo após a alta hospitalar do paciente, período em que o antebraço ainda
apresenta edema considerável.
Na angiografia pós-operatória, todas as artérias torácicas internas estavam
pérvias. Evidenciaram-se, apenas, duas falências do enxerto de AR: uma oclusão
total e uma distal. Sendo, portanto, 94,2% a permeabilidade no pós-operatório
imediato da AR nos 35 pacientes submetidos à angiografia.
Quanto à oclusão total, tratava-se de um paciente portador de lesão de tronco da
CE no qual o re-estudo demonstrou redução da lesão no leito nativo. Isso pôde ter
contribuído para o fechamento da AR. ROYSE et al. (2000) identificam o grau dessa
lesão como preditor de permeabilidade do enxerto de radial. A oclusão distal do
enxerto de AR se localizava no trecho entre a artéria diagonal e a marginal da
circunflexa, sendo que a anastomose entre a AR e ATIE estava pérvia. O fluxo para a
artéria diagonal se fazia de modo satisfatório - a marginal era um ramo de 2,5 mm de
diâmetro interno e com um excelente leito arterial distal. Esse paciente foi submetido
à implante percutâneo de endoprótese.
59
Os primeiros estudos da permeabilidade da AR depois do restabelecimento do
enxerto como alternativa surgem a partir de 1995. MANASSE et al. (1996), entre
109 pacientes operados, realizam angiografia em 56 (52,33%) com intervalo médio
de 334±83 dias. Eles verificam aspecto angiográfico normal da AR em posição
aorto-coronariana em 76,7% dos casos e oitenta por cento dos enxertos ditos
compostos.
No Brasil, COSTA et al. (1996) mostram que 61 (73%) entre 83 pacientes
submetidos a tratamento cirúrgico com AR em posição aorto-coronariana são re-
estudados. Entre estes, 96,7% dos enxertos estão patentes, sendo 86,8%
completamente normais, antes da alta hospitalar. Doze pacientes foram submetidos à
angiografia entre seis e 19 meses (média de 8,7 meses) e nenhum apresentava
oclusão do enxerto.
ACAR et al. (1998) mostram que, no pós-operatório imediato, entre 75
enxertos estudados angiograficamente, setenta apresentam-se excelentes e, após um
ano, entre 61 estudados, 55 apresentam esse resultado. Já no pós-operatório tardio,
entre quatro e sete anos da cirurgia, de 64 enxertos estudados, 83% estão pérvios e
com excelente resultado. Esse estudo, apesar de observacional, teve importante
repercussão e a arterial radial passou a ser utilizada com mais segurança. POSSATI
et al. (1998) mostram que a permeabilidade perfeita de 62 enxertos estudados com
59±6,5 meses foi de 87%. Destes casos, interessante foi demonstrar que 48 já haviam
sido estudados com 11±2 meses de cirurgia. Comparativamente, a permeabilidade
perfeita inicial tinha sido 67,3%. De oito enxertos que apresentavam irregularidades
inicialmente, só um manteve essas alterações parietais no pós-operatório em médio
prazo. TATOULIS et al. (1999), entre 2.417 enxertos de AR, conseguem re-estudar
60
65 em um ano com permeabilidade de 91%. Em 2002, publicam que, entre 6.646
pacientes operados, 271 são submetidos à angiografia no pós-operatório, com média
de 14,4±10,4 meses. E evidenciam permeabilidade da AR de 90,2% das anastomoses
realizadas com esse enxerto, a qual é menor para a coronária direita quando
comparada com o RIVA e circunflexa.
IACO et al. (2001) re-estudam 72 pacientes 48±27 meses após a cirurgia e
verificam que a taxa de permeabilidade, pela classificação de Fitzgibbon (A+B), das
anastomoses distais é de 95,6%, sendo 93,8% para enxertos aorto-coronarianos e
cem por cento para o grupo de enxerto composto. CAMERON et al. (2004), em um
estudo observacional, analisam cinqüenta pacientes assintomáticos e submetidos a
angiografia 5,2±0,4 anos após a cirurgia. A permeabilidade da radial é 89% das 62
anastomoses realizadas com esse enxerto. Esse valor não difere da permeabilidade
dos outros enxertos (ATIE, ATID e safena). O estudo, porém, de maior tempo de
acompanhamento da AR é o de POSSATI et al. (2003), em que 84 enxertos de AR
são contrastados angiograficamente após 105±9 meses da cirurgia. A permeabilidade
perfeita é de 88%, inclusive superior à da safena (53,4%).
BORGER et al. (1998) e CALAFIORE et al. (2002) mostram bons resultados
utilizando a AR ou a ATID como segundo enxerto arterial. CAPUTO et al. (2003)
publicam intrigante artigo analisando, comparativamente, 336 pacientes que recebem
a ATID com 325 pacientes que recebem a AR. E demonstram que, dezoito meses
após a cirurgia, a morbi-mortalidade e a sobrevida livre de eventos cardíacos são
menores no grupo da AR. Na verdade, com a regressão multivariada de COX, a AR
mostrou um efeito protetor. Esse artigo gerou um comentário editorial de LYTLE
(2003), ressaltando que aquela era uma experiência pequena, retrospectiva,
61
observacional e de um único centro. Assim, não poderia gerar a conclusão de que a
AR é superior à ATID. E, ainda, que alguns dos eventos adversos poderiam estar
relacionados a problemas técnicos e não à capacidade do enxerto estar pérvio e
aliviar a isquemia. Concluiu afirmando que, no seu julgamento, a AR deveria ser
menos preditora de permeabilidade quando comparada à ATID. KIESER (2004), em
carta ao editor, citou que poderia ser razoável a substituição da safena pela radial,
mas que a ATID, em se considerando seu enxerto-irmão (ATIE), devia ter o mesmo
potencial de benefício a longo prazo.
BUXTON et al. (2003) publicam o primeiro ensaio clínico avaliando a radial
com outros enxertos (ATID e safena). Eles analisam os resultados clínicos e a
permeabilidade em cinco anos. Esse estudo é chamado de RAPCO (derivado do
inglês radial artery patency and clinical outcomes). Com um desenho diferente, em
um grupo (idade menor que setenta anos, n= 285), são avaliados os resultados da
ATID como enxerto livre (n=145) com a AR aorto-coronariana (n=140); em outro
grupo (idade maior que setenta anos, n=153), a AR (n=73) é comparada com a safena
(n=80). O re-estudo é de, apenas, até o momento da publicação, 68 pacientes do
primeiro grupo e 46 do segundo. Os resultados são permeabilidade da AR em cinco
anos de 95% e da ATID de cem por cento no primeiro grupo; permeabilidade da AR
de 87% e da safena de 94% no segundo grupo. E concluem que esses resultados não
suportam a hipótese de que a AR possua permeabilidade superior à ATID ou à
safena.
Isso gerou um amplo debate na forma de cartas ao editor entre grupos
[CAPUTO et al. (2004), REEVES et al. (2004), BELLOMO et al. (2004) e
BUXTON et al. (2004)]. A metodologia dos estudos foi criticada por cada um.
62
Neste estudo não foi objetivo discutir a superioridade de um enxerto sobre o
outro, mas avaliar a técnica de enxerto composto de ATIE e AR, que vem sendo,
freqüentemente, utilizada por número crescente de cirurgiões. A ATID é tão boa
quanto a ATIE se usada de forma pediculada - foi utilizada em nove pacientes
(21,4%) para a coronária direita quando a anatomia dessa artéria e o local da lesão
permitiram essa estratégia.
GAUDINO et al. (2004), estudando, por angiografia, 223 pacientes em um
período médio de 6,5 anos após a cirurgia, verificam que a permeabilidade perfeita
em 128 pacientes da radial anastomosada na aorta é de 89,8%; já aqueles nos quais a
radial é anastomosada na ATIE (n=95) é de 84,2%. Conclui-se que a severidade da
lesão da artéria revascularizada influencia a permeabilidade em ambos os grupos,
principalmente nos casos em que a radial está anastomosada na ATIE.
MUNERETTO et al. (2003) demonstram que a técnica de enxerto arterial
composto pode reduzir eventos coronarianos quando comparada com a técnica de
ATIE para o RIVA e enxertos venosos adicionais. ZACHARIAS et al. (2004)
associam redução da mortalidade tardia adicionando a AR, como segundo enxerto
arterial, quando comparada com a veia safena. KHOT et al. (2004), em um estudo
retrospectivo e observacional de angiografias realizadas em 310 pacientes
sintomáticos, revelam que a incidência de oclusão da AR foi superior à da ATIE e
semelhante à da safena. Entretanto, ao se avaliar a incidência de lesões severas (>
70%) no enxerto, constatam que essa variável é, significativamente, superior na AR
quando comparada à safena. Na análise multivariada, os preditores de lesão e oclusão
de enxerto são a presença de AR (principal), o enxerto de safena e o território
revascularizado (que não o RIVA).
63
São, porém, DESAI et al. (2004) que realizam o mais bem elaborado estudo de
permeabilidade da AR. Em um ensaio clínico multicêntrico, são operados 561
pacientes entre novembro de 1996 e janeiro de 2001, randomizados para receber AR
ou safena para a coronária direita ou circunflexa, de maneira que o mesmo paciente
receba os dois enxertos. Assim ele próprio serve como controle de si mesmo,
anulando a chance de vieses de seleção e de vasos revascularizados. Eles conseguem,
ainda, realizar estudo angiográfico em 440 pacientes (78,4%) com uma média de
10,9±4,3 meses. O end point primário do estudo, que é o de oclusão completa dos
enxertos, é de 8,2% para a AR. Esse valor é menor, com significância estatística (p=
0,009), quando comparado com o percentual da safena, que é de 13,6%. Uma
diferença absoluta de 5,4%, que corresponde a uma redução do risco relativo de
oclusão do enxerto de quarenta por cento. Avaliando, também, subgrupos de grau de
estenose da artéria revascularizada pela radial, verifica-se queda do percentual de
enxertos ocluídos de 11,8 no subgrupo de lesão entre 70-89% para 5,9 nos pacientes
com lesão maior que noventa por cento ou igual. Entretanto, quando se avalia a
incidência de estreitamento difuso do enxerto (string sign), este é de sete por cento
na AR e de 0,9% na safena (p=0,001). Esse artigo gerou um comentário editorial de
LYTLE (2004) ressaltando que, em se associando o resultado do estreitamento
difuso da AR com os casos de oclusão completa do enxerto, resultaria em valores
não diferentes da falência da safena. Disse, também, que os resultados mais
importantes desse trabalho ainda estariam por vir com os re-estudos angiográficos
após cinco anos, em que, se não fosse mostrado degeneração tardia da AR, a veia
safena poderia ser substituída. Mas, por enquanto, poderia ser razoável a substituição
da safena pela radial.
64
A desvantagem, apontada por vários cirurgiões, do emprego do EC consiste na
dependência da ATIE como única fonte de todo o fluxo sangüíneo para as artérias
revascularizadas. Em caso de espasmo do segmento inicial da ATIE, pode ocorrer
hipoperfusão acarretando isquemia de todo o território suprido pelos enxertos
(JONES et al., 1989). Mesmo havendo estudos pioneiros sugerindo a capacidade de
adaptação da ATIE a uma maior demanda de fluxo (SINGH et al., 1986), tem-se
questionado a reserva da ATIE de suprir, com quantidade de sangue suficiente, o
território revascularizado (SAKAGUSHI et al., 2002).
LEE et al. (1986) são, talvez, os primeiros que, após o início das discussões
envolvendo a necessidade de maior fluxo pela ATIE no EC, demonstram aumento
imediato dessa variável frente à maior demanda. Em cães, o débito livre da ATIE é
de 27 ml/min. Quando anastomosada à DA, o fluxo é de 42 ml/min, à circunflexa, de
63 ml/min, quando a artéria coronária esquerda é ligada logo na origem, aumentava
para 92 ml/min. O cão, porém, mantém-se estável hemodinamicamente nessa nova
situação. Administrando-se isoproterenol, o fluxo aumenta ainda mais para 160
ml/min.
KOUCHI et al. (1997) estudam, experimentalmente, artérias torácicas internas
em dois modelos. Um é denominado grupo de alta demanda de fluxo, em que a ATIE
não é dissecada da parede torácica e, ao nível do sexto espaço, é criada uma fístula
arterio-venosa com a veia adjacente. O outro é denominado de baixa demanda de
fluxo, no qual a ATIE é dissecada de seu leito de forma esqueletizada até sua
bifurcação e tem seus ramos cauterizados. Os achados no grupo de alto fluxo foram:
o aumento do fluxo proximal de 19,7±9,9 ml/min antes da intervenção para 183± 101
ml/min após a criação da fístula; o raio luminal da ATIE de 1,05 mm, que, quando
65
comparado com o controle (0,95mm), foi, significativamente, maior. Isso implicou,
também, em uma diferença significativa da área luminal de secção transversa, sendo
de 3,01±0,73 mm
2
no controle e 3,61±0,57 mm
2
na ATI estudada. Já no grupo de
baixo fluxo, demonstraram redução de 73,5% no fluxo sangüíneo após o
procedimento e menor raio e área da ATI quando comparados com o controle.
NAKAYAMA et al. (2001) demonstram, por meio de angiografia em 53
pacientes no pós-operatório imediato, que o diâmetro distal da ATIE é de 1,67±0,3
mm nos casos com lesão no RIVA menor que noventa por cento, de 1,92±0,3mm nos
casos de lesão entre 90-99% e 2,27±0,3mm nos casos de oclusão do RIVA. O
diâmetro distal médio desses grupos é de 1,90±0,4 mm e, em um período de 4,7±1,5
anos após a cirurgia, aumenta para 2,33±0,5mm. Eles concluem, assim, que a ATIE é
influenciada pelo fluxo nativo competitivo e exibe potencial de adaptação já no pós-
operatório imediato, acompanhado por crescimento sustentado na fase tardia de
acordo com a demanda sangüínea do ventrículo esquerdo.
Os resultados deste trabalho mostraram que o diâmetro proximal médio da
ATIE foi maior nos grupos compostos (3,13±0,36mm e 3,19±0,31mm) quando
comparado com o grupo convencional [2,7±0,3 mm (p=0,0071 A, B x Controle)].
Naqueles, a demanda de fluxo era maior, pois era maior a área miocárdica
revascularizada. Isso refletiu, já no pós-operatório imediato, a capacidade de
remodelamento da ATIE frente a uma demanda aumentada de fluxo sangüíneo -
sugestões desse remodelamento já existiam no final da década de setenta, mas é
somente após o estudo de FURCHGOTT e ZAWADSKI (1981) que o conhecimento
das funções do endotélio permite uma expansão do conhecimento do comportamento
da parede arterial, pois constata-se que as artérias respondem a alterações no fluxo
66
sangüíneo e que o remodelamento é um processo ativo que envolve endotélio, células
musculares lisas, fibroblastos e matriz extracelular. Esses elementos sensibilizados
por meio de sinais intra e intercelulares são capazes de modificar a estrutura do vaso.
Toda essa modificação visa à normalização do estresse de cisalhamento, que é o
principal regulador do diâmetro arterial. O mediador da regulação vasomotora é a
liberação do óxido nítrico e a resposta ocorre em poucos segundos, sendo que o
remodelamento pode ocorrer no período de uma semana a alguns meses (BARNER,
2002).
O comportamento do fluxo sangüíneo do enxerto de ATIE para o RIVA já foi
estudado por meio de Dopplerfluxometria, no pós-operatório, por AKASAKA et al.
(1995). Eles demonstram, em dezesseis casos de ATIE para o RIVA, que o fluxo
sangüíneo em repouso é de 62±17 ml/min e a RF, de 1,8±0,3. Já GURNÉ et al.
(1995), em 28 pacientes, mostram que o fluxo é de 38±22 ml/min e a sua velocidade
aumenta significativamente menos na hiperemia quando comparado o pós-operatório
imediato com o tardio. O fluxo sangüíneo encontrado neste estudo, 78±34 ml/min,
foi maior que o relatado na literatura. Isso pode ser atribuído às características dos
casos estudados. Foram incluídos, entre pacientes jovens, apenas os casos
extremamente favoráveis do ponto de vista da anatomia coronariana. Outra
justificativa pode ser a boa qualidade obtida dos enxertos de ATIE. Esse valor,
superior ao relatado na literatura, associado ao fato de que dois pacientes do grupo Y
apresentaram problemas na AR, pode ter implicado no fato do FS proximal da ATIE
ter sido superior, mas sem significância estatística quando comparado com o FS
proximal da ATIE do grupo controle.
67
ROYSE et al. (1999b),
avaliando o fluxo do EC de ATIE e AR em Y com
fluxômetro no intra-operatório, verificam que o FS, após a CEC, é de 82 ± 13
ml/min, em média; mas que o EC deve ter uma reserva de fluxo de 2.3 quando se
analisa o débito livre potencial máximo do enxerto. SPEZIALE et al. (2000), também
avaliando fluxo no intra-operatório, verificam média de 93 ± 9 ml/min com EC de
ATIE e outro enxerto que não a radial. Mais recentemente, AFFLECK et al. (2004),
avaliando o EC de ATIE e AR em Y, também com fluxômetro intra-operatório,
evidenciam que o fluxo proximal é de 140 ± 70 ml/min. Este, quando comparado
com o débito livre, mostra “reserva” de fluxo de 1.6. Nesta tese, os fluxos nos
enxertos compostos no pós-operatório imediato foram em média de 110±30 ml/min
na técnica em Y e 145±59 ml/min na modificada, em repouso.
Em artérias coronárias normais, apesar de grandes variações, a APV é de 23±11
cm/s (CARLIER et al., 1999). No enxerto de ATIE, no grupo composto em Y, foi de
28,4±4,8 cm/s; no grupo composto modificado, de 34,4±7,9 cm/s: no grupo controle,
de 25,8± 8,6 cm/s - todos esses valores superiores ao valor de uma coronária normal.
[Chama à atenção a velocidade do grupo modificado estatisticamente superior ao do
grupo controle (p=0,0384)]. Uma análise objetiva desse grupo sugeriu que, nessa
técnica, o cirurgião ampliou o leito arterial distal, ao qual a ATIE dá vazão ao seu
fluxo sangüíneo, sem manipulação do enxerto. Por outro lado, o posicionamento das
anastomoses pode gerar fluxo não laminar (CASTRO NETO et al., 2004).
A reserva de fluxo tem sido uma variável empregada cada vez mais por
hemodinamicistas para julgamento das lesões coronarianas e dos resultados das
intervenções percutâneas e consiste na razão entre a APV em hiperemia e em
repouso. A adenosina, fármaco utilizado para indução do estado hiperêmico, quando
68
administrada em bolus, tem efeito fugaz e não aumenta a área de secção transversa
do vaso estudado. À semelhança da APV, a RF em pacientes com artérias
angiograficamente normais pode mostrar grandes variações, em média, mantém-se
próxima a 2.6. Quando a RF é menor que 2.0, podem estar acontecendo alterações da
perfusão miocárdica em situações de estresse hemodinâmico ou disfunção da
microvasculatura. Por outro lado, os pacientes portadores de lesões moderadas e
RF>2.0 não devem ter suas lesões abordadas por angioplastia percutânea com balão
(ALBERTAL, 2001). Isso sugere que esse possa ser o valor limite na interpretação
dos resultados dos enxertos arteriais.
A verdade é que não só o grau da obstrução da artéria coronariana pode afetar a
RF, mas também a integridade da microcirculação coronariana, que pode ser ou não
dependente de endotélio. Além disso, elevações da APV em repouso podem ser
responsáveis por diminuição da RF (ALBERTAL, 2001; HIGANO, 1999).
Pelo exposto, não há um valor ideal da RF no pós-operatório de
revascularização cirúrgica do miocárdio com enxertos compostos. Até porque poucos
trabalhos exploram o assunto. Apenas um estudo mostra que, com uma semana de
cirurgia, a RF é de 1,87±0,37 quando o segundo enxerto é a ATID e de 1,86± 0,33
quando é a AR (WENDLER et al., 1999). Esses resultados estão próximos dos
apresentados neste trabalho, no qual verificou-se que a RF foi de 2,1±0,44 no grupo
em Y e de 1,96±0,3 no grupo modificado. Além do mais, não houve diferença entre
as técnicas compostas quando comparadas com a técnica de enxertos isolados.
WENDLER et al. (1999) mostram, ainda, que, independente do segundo
enxerto utilizado para compor o EC, a RF aumenta significativamente aos seis meses
da cirurgia. Analisando os resultados desses autores, pode-se verificar que isso
69
ocorre não só pelo incremento do fluxo sangüíneo em hiperemia, mas também,
preponderantemente, por redução do fluxo em repouso. Isso, certamente, em virtude
de ajuste da disfunção da microvasculatura que pode ocorrer no pós-operatório
imediato da revascularização do miocárdio.
Quando comparada com o grupo controle, a RF da ATIE dos grupos
compostos foi adequada. Ou seja, a velocidade do fluxo sangüíneo no interior da
ATIE dos grupos compostos apresentou aumento percentual semelhante à velocidade
do fluxo na ATIE isolada, ao estímulo com adenosina.
LOBO FILHO et al. (2004), avaliando o EC de ATIE e veia safena magna (em
Y) pela ecocardiografia com Doppler, demonstram que a ATIE tem condições de
aumentar o fluxo sangüíneo proximal quando utilizada para revascularizar mais de
uma artéria da CE - os resultados deste estudo estão de acordo com esse autor. Além
disso, é demonstrado que não há diferença significativa entre o fluxo sangüíneo total
oferecido aos ramos da CE revascularizados pelas técnicas empregadas de enxerto
composto e pelos enxertos isolados.
Por outro lado, GAUDINO et al. (2004) mostram resultados sub-ótimos com
EC de ATIE e veia safena. Isso pode ocorrer em virtude da desproporção de calibre
entre a porção distal da ATIE em comparação com a veia; inclusive, sendo esse
enxerto bem mais calibroso que a radial. Sabe-se que o fluxo sangüíneo é uma
variável, conforme descreve o físico francês Poiseuille, dependente do gradiente
pressórico, do comprimento e raio do conduto e da viscosidade do fluido. Na prática,
essa fórmula não pode ser aplicada ao sistema cardiovascular, pois os vasos
apresentam distensibilidade e o sangue não é fluido adequado (KLABUNDE, 2003).
Apesar disso, pode se verificar que o fluxo é diretamente proporcional à quarta
70
potência do raio do conduto. Dessa maneira, quando a composição do enxerto é em
Y, teoricamente, a distribuição do fluxo sangüíneo pode priorizar o território irrigado
pelo enxerto de maior diâmetro interno.
Com base na dinâmica dos fluidos, a interpretação dos resultados obtidos do
fluxo sangüíneo pode ser a de que, nos enxertos isolados, existe um gradiente entre a
pressão da origem da ATIE do local da anastomose no RIVA e da porção distal desse
vaso. Na técnica composta em Y, a pressão na origem da ATIE é superior à na ATIE
logo após a anastomose da AR. A segunda, por sua vez, é maior que a pressão ao
nível da anastomose da ATIE no RIVA, bem como maior que a pressão na AR ao
nível da anastomose do ramo marginal. Já na técnica composta modificada, a
pressão na origem da ATIE é maior que a pressão no RIVA logo após a anastomose
sobreposta, que é maior que a pressão na anastomose da AR no outro ramo da
coronária esquerda. Além disso, deve ser considerado que na técnica de enxertos
isolados são duas as fontes de fluxo sangüíneo para as artérias revascularizadas, ao
passo que no EC a fonte é única.
A metodologia empregada neste estudo para coleta da amostra (velocidade do
fluxo sangüíneo) foi uma das mais fidedignas: o Doppler intravascular. Apesar disso,
as limitações inerentes a esse método podem ser a qualidade do sinal obtido pelo
dispositivo e o valor da APV, criticamente dependentes do posicionamento correto e
cuidadoso do Doppler no lúmen do vaso. Para o cálculo do fluxo sanguíneo é
assumido que a APV tem distribuição parabólica, pois a velocidade é fásica e o valor
obtido é a média no tempo, que permanece inalterada durante o ciclo cardíaco. A
variabilidade do cálculo do fluxo sanguíneo pode ser atribuída a imprecisões do
programa de determinação da área de secção transversa do enxerto (DOUCETTE et
71
al., 1992). Na tentativa de suplantar algumas dessas limitações, precauções foram
tomadas: os observadores foram sempre os mesmos nos vários momentos do estudo,
foi realizada sempre mais de uma coleta de amostra durante a fluxometria e os dois
hemodinamicistas participantes eram muito bem adaptados ao método.
Dessa maneira, pode-se dizer que, com base nos resultados do pós-operatório
imediato, o enxerto composto é alternativa técnica à cirurgia com enxertos isolados
realizada na revascularização do miocárdio. A modificação técnica apresentada pode
ser utilizada com segurança quando se opta pelos enxertos compostos. É, porém,
imperativo o estudo, em longo prazo, desses pacientes para confirmação angiográfica
das estratégias utilizadas.
72
6 CONCLUSÕES
73
6 CONCLUSÕES
Os resultados apresentados neste estudo permitem afirmar que:
O diâmetro interno proximal da ATIE ao estudo angiográfico no pós-
operatório imediato foi maior nos grupos compostos;
Não houve diferença significante do fluxo sangüíneo total oferecido às
artérias revascularizadas pelos enxertos compostos quando comparado com o
fluxo total dos enxertos isolados;
A reserva de fluxo da ATIE nos grupos compostos foi adequada, não havendo
diferença significante em comparação ao controle.
74
7 ANEXOS
75
7 ANEXOS
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESTUDO: Estudo comparativo entre os enxertos arteriais compostos e os
enxertos arteriais isolados na revascularização do miocárdio: análise do fluxo
sangüíneo e da reserva de fluxo coronariano com Doppler intravascular
Dados de identificação do paciente ou responsável legal
Nome:
Documento de identidade:
Sexo:
Data de nascimento:
Endereço:
Telefone:
Seus médicos comprovaram que você apresenta o diagnóstico de doença
arterial coronariana, que é a obstrução importante dos vasos que nutrem o coração.
Como tratamento foi indicada a cirurgia de revascularização do miocárdio, que
consiste em um procedimento que leva sangue para as áreas comprometidas pela
doença.
A cirurgia é realizada com enxertos que podem ser veias ou artérias.
Dentre as veias utilizadas, a principal é a safena. Entre as artérias, as principais são
as mamárias e a radial. Os estudos mais recentes mostram que logo após a cirurgia os
resultados são semelhantes, mas que ao decorrer de dez anos os enxertos de artérias
têm uma vantagem sobre os de veia: estão funcionando melhor e com mais sangue.
Com base nesses resultados, nos pacientes mais jovens se passou a utilizar mais as
artérias. Entretanto, nos casos em que são necessárias três ou mais “pontes”, muitas
76
vezes não há artérias suficientes. Os cirurgiões então passaram a juntar duas artérias
e assim tornar possível realizar várias “pontes” com apenas essas duas artérias.
Por você se tratar de um paciente com boa expectativa de vida, e que
necessita de várias “pontes”, estamos convidando-o (a) a participar deste estudo que
tem como proposta avaliar este tipo de cirurgia, que é o que há de mais novo no
tratamento de sua doença do ponto de vista cirúrgico.
Durante o procedimento, serão realizados testes que avaliarão se o fato de
juntar as duas artérias oferece uma quantidade de sangue suficiente e ideal para a
área do coração comprometida pela obstrução da artéria coronária. Caso se verifique
que o procedimento não tenha ficado perfeito, a estratégia cirúrgica será mudada.
Esta medida não acarreta perigo à cirurgia. Os riscos deste tipo de cirurgia são os
mesmos da cirurgia de realização de “pontes” habitual. As complicações que
porventura acontecerem, como em qualquer paciente, serão tratadas neste hospital.
Entre o quinto e sétimo dia de pós-operatório, caso aceite participar do
estudo, você deverá realizar um cateterismo cardíaco com estudo com Doppler para
avaliar como ficaram as “pontes” com as artérias utilizadas. Esse cateterismo é
semelhante ao realizado antes da cirurgia, têm as mesmas possíveis complicações
(hematoma e infecção do local) e não deve acrescentar tempo de internamento ao
paciente.
Sua participação nesse estudo é voluntária, e sua identidade permanecerá
confidencial em todos os momentos. Você não será remunerado por participar desse
estudo. Se você não desejar participar, isto não afetará seu tratamento médico e
cirúrgico sob nenhum aspecto. Caso queira retirar seu consentimento em qualquer
fase da pesquisa, isto não implicará em prejuízo ao seu cuidado. Ao final do estudo,
os resultados serão apresentados em congressos e revistas médicas das sociedades de
cardiologia que têm interesse no assunto.
Declaro estar ciente sobre o conteúdo deste documento, entendi as
explicações e concordo espontaneamente em participar desse estudo.
Assinatura do paciente:
Data:
77
Expliquei o procedimento do estudo, os riscos e as complicações
associadas. O paciente não apresenta dúvidas e concorda em participar.
Assinatura do médico investigador:
Data:
78
ANEXO B
79
ANEXOS C E D
80
81
82
83
84
85
86
87
88
FICHA COMPLEMENTAR DE AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
Paciente:
Data:
Pulso radial direito: _____ / +4
Pulso radial esquerdo: _____ / +4
PA MSD:
PA MSE:
Ausculta cardíaca:
ALLEN MODIFICADO: _____ segundos
ALLEN COM OXÍMETRO: _____ segundos
Exame do membro inferior:
Eletrocardiograma:
Raio X de Tórax:
89
ANEXO E
FICHA DE DADOS CIRURGIA PACIENTE N=___
TÉCNICA:
VARIÁVEIS DOS ENXERTOS
Artéria radial
Diâmetro interno =
Diâmetro externo =
Comprimento final =
Artéria torácica interna esquerda
Diâmetro interno =
Diâmetro externo =
Comprimento final =
Débito livre =
VARIÁVEIS DAS ARTÉRIAS REVASCULARIZADAS
artéria calibre Leito com placa
Tipos anatômicos Tempo de CEC
Cx _____ Tempo de anóxia
DA _____
CD _____
90
INVESTIGADORES
Cirurgiões Cardiovasculares
Josué Viana de Castro Neto
Paulo Chaccur
Alexandre Redondo de Carvalho
Hemodinamicistas
Rodolfo Staico
Mariano Albertal
Cardiologistas
Jorge de Alcântara Farran
Vivian Lerner
Enfermeiras
Maria Denise Leon
Jaflet Will
Estatísticas
Ângela Paes
Camila Sarteschi
Orientador
Sérgio Almeida de Oliveira
Co-Orientador
Luiz Augusto Ferreira Lisboa
Colaborador
Luiz Felipe Pinho Moreira
91
8 REFERÊNCIAS
92
8 REFERÊNCIAS *
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Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e
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F. Crestana, Marinalve de S. Aragão, Suely C. Cardoso, Valéria Vilhena. São Paulo:
Serviço de Biblioteca e Documentação; 2004.
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