RESUMO
Castro Neto, J.V. Estudo comparativo entre os enxertos arteriais compostos e os
enxertos arteriais isolados na revascularização do miocárdio: análise do fluxo
sangüíneo e da reserva de fluxo coronariano com Doppler intravascular. São Paulo,
2005.110p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
As doenças do aparelho circulatório têm sido, sucessivamente, as principais causas de
mortalidade em nosso país. Com base nos estudos que demonstraram o benefício da
utilização da artéria torácica interna esquerda (ATIE) para revascularizar o ramo
interventricular anterior (RIVA) da artéria coronária esquerda (CE), os cirurgiões
passaram a utilizar os enxertos arteriais na técnica de enxertos compostos (EC) na
revascularização do miocárdio (RM). Entretanto, uma questão de grande relevância e
ainda pouco abordada pela literatura consiste em saber se com essa técnica é possível
oferecer o mesmo fluxo sangüíneo (FS) aos ramos da CE que com a técnica empregando
os enxertos arteriais isolados: ATIE para o RIVA e a artéria radial (AR) em posição
aorto-coronariana. O objetivo foi avaliar o diâmetro interno proximal da ATIE, o FS
total às artérias revascularizadas pelas ATIE e AR e a reserva de fluxo (RF) da ATIE nas
técnicas composta em Y invertido e composta modificada, comparando-as com a técnica
de enxertos isolados. Elaborou-se um ensaio clínico no qual foram estudados 42
pacientes distribuídos, de forma randomizada, em três grupos, conforme a técnica de
RM utilizada. Grupo A ou ATIE e AR composta em Y invertido (n=14). Grupo B ou
ATIE e AR composta modificada (enxerto intercoronariano com AR e anastomose da
ATIE sobreposta a AR ao nível do RIVA, n=14). Grupo C ou ATIE pediculada para o
RIVA e AR em posição aorto-coronariana (n=14). Trinta e cinco foram submetidos à
angiografia no pós-operatório imediato e em trinta e um realizou-se fluxometria com
cateter-guia Doppler de 12-MHz (0,014 polegada, Flowire, Jometrics,Inc). A RF foi
calculada pela determinação da média da velocidade de pico (APV) em hiperemia após
administração de adenosina e o FS pelo produto entre a velocidade média e a área de
secção transversa do enxerto. No grupo C, o FS total consistiu na soma do FS da ATIE e
do FS da AR. O diâmetro interno proximal médio da ATIE foi de 3,13±0,36 no grupo A,
3,19±0,31 no grupo B e 2,77±0,29 mm no grupo C (p=0,0071 A, B x C). O FS total
distribuído aos ramos da CE revascularizados foi no grupo A 110±30 ml/min, no grupo
B 145±59 ml/min e no grupo C 136±58 ml/min (p=0.3232 A,B x C). A reserva de fluxo
da ATIE foi de 2,1 ± 0,44 no grupo A, 1,96 ± 0,3 no grupo B e 2,06 ± 0,42 no grupo C
(p=0.7208 A, B x C). Concluiu-se que o diâmetro interno proximal da ATIE ao estudo
angiográfico no pós-operatório imediato foi maior nos grupos compostos. Não houve
diferença significante do FS total oferecido às artérias revascularizadas pelos enxertos
compostos quando comparado com o fluxo dos enxertos isolados. A RF da ATIE nos