Download PDF
ads:
Resumo
Neste trabalho usaremos métodos variacionais para mostrar a existência de solução
fraca para dois tipos de problema. O primeiro consiste num problema não-linear da
forma
u + u = λ
k
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
)
tal que N 3. O segundo, trata-se de uma Equação Diferencial Ordinária do tipo
¨u + G
(u) = f (t).
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Abstract
In this work we use variational methods to show the existence of weak solutions
for two types problems. The first of them is a nonlinear problem of the form
u + u = λ
k
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
)
where N 3. The second, is related with a following Ordinary Differential Equations
of the form
¨u + G
(u) = f (t).
ads:
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Ciências e Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Matemática
Curso de Mestrado em Matemática
Existência de soluções para uma classe
de problemas elípticos via métodos
variacionais
por
Moisés Dantas dos Santos
sob orientação do
Prof. Dr. Claudianor Olive ira Alves
Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa
de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Matemática.
Campina Grande - PB
Dezembro de 2005
Existência de soluções para uma classe
de problemas elípticos via métodos
variacionais
por
Moisés Dantas dos Santos
Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em
Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Matemática.
Área de Concentração: Análise
Aprovada por:
————————————————————————
Prof. Dr. Sergio Henrique Monari Soares - USP - São Carlos
————————————————————————
Prof. Dr. Daniel Cordeiro de Morais Filho - UFCG
————————————————————————
Prof. Dr. Claudianor Oliveira Alves - UFCG
Orientador
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Ciências e Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Matemática
Curso de Mestrado em Matemática
Dezembro de 2005
ii
Agradecimentos
-Primeiramente, agradeço a Deus por toda saúde e coragem que me deu durante este
trabalho.
-Ao professor Claudianor pela sempre atenção, paciência e pelo o exemplo de profis-
sional e pessoa que ele é.
-Ao professor Marco Aurélio pela incasavel atenção e o auxilio dado durante a realiza-
ção deste trabalho.
-Aos professores Daniel Cordeiro e Sergio Henrique por se apresentarem disponível
nesta tarefa de me avaliar, fazendo parte da banca examinadora.
-A todos que fazem parte da minha família, em especial a meu pai que apesar de ser
analfabeto, sempre acreditou e insentivou todos os filhos ao estudo.
-A minha namorada Tatiana pela compreensão, insentivo e ajuda nos momentos ausentes.
-Aos professores da Pós-Graduação: Aparecido, Claudianor, Daniel Cordeiro e Marco
Aurélio pelas disciplinas que lecionaram e que contribuiram para a formação do meu
conhecimento.
-A todos que fazem parte do departamento de Matemática e Estatística da UFCG.
-Aos meus amigos Orlando e Aldo pelo companherismo, motivação e que indiretamente
contribuiram para a elaboração deste trabalho.
iii
Dedicatória
Ao meu pai e a minha querida
Tatiana.
iv
Conteúdo
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1 Teorema do Ponto de Sela 11
1.1 Integrais em Espaços de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Equações Diferenciais Ordinárias em Espaços de Banach . . . . . . . . 14
1.3 Teorema de Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4 Teorema do Ponto de Sela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2 Existência de solução fraca para um problema elíptico não-linear em
R
N
28
2.1 Espaços com Peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2 Um Resultado de Imersão Contínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3 Um Resultado de Imersão Compacta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4 O Operador Solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.5 Propriedades do Operador Solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.6 Propriedades Relacionadas a λ
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.7 Existência de Solução fraca para (P ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.8 Um exemplo para a condição (g
+
2
) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3 Teoremas do Passo da Montanha 60
3.1 Condições de Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.2 Teoremas do Passo da Montanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4 Soluções Periódicas da Equação do Pêndulo Forçado 69
4.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.2 Existência de Solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
A Grau topológico de Brouwer 83
v
B Funcionais diferenciáveis 84
C Operadores Compactos 96
D Resultados utilizados na dissertação 100
Bibliografia 105
Introdução
Nesta dissertação vamos utilizar o s métodos variacionais pa ra determinar soluções
fracas pa ra dois tipos de problemas. O primeiro a ser tratado, é um problema não-linear
do tipo
u + u = λ
k
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
)
(P )
onde N 3, com as funções h : R
N
− R
+
e g : R
N
× R − R contínuas verificando
as seguintes condições:
(i) h L
1
(R
N
) L
(R
N
);
(ii) Existe Z L
1
(R
N
) L
(R
N
) ; Z(x) > 0 x R
N
, satisfazendo
|g(x, t)| Z(x) (x, t) R
N
× R, (1)
e considere λ
k
o k-ésimo autovalor associado ao problema
u + u = λhu, R
N
u H
1
(R
N
).
(P
λ
)
Além disso, vamos supor que g satisfaz uma das condições (g
+
2
) ou (g
2
), listadas abaixo:
R
N
G(x, v(x))dx ±∞ quando v ; v N
λ
k
(g
±
2
)
sendo N
λ
k
o auto espaço associado a λ
k
e G(x, .) =
s
0
g(x, τ) designa a primitiva de
g(x, .).
É importante ressaltar, que a primeira versão referente a existência de solução
do problema (P ), para R
N
limitado é devido a Lazer, Ahmad e Paul [3]. O que
fizemos foi completar o resultado provado por eles, considerando o do mínio co mo sendo
o R
N
. Encontrar uma solução fraca para o problema (P ) equivale a determinar pontos
7
8
críticos do funcional energia associado definido por
Φ : H
1
(R
N
) R
u − Φ(u) =
1
2
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
R
N
G(x, u)dx.
Uma das maiores dificuldades na pro cura de solução para problemas elípticos em
um domínio não-limitado, como por exemplo o R
N
, é a falta de imersões compactas do
espaço de Sobo lev H
1
(R
N
) nos espaço s L
p
(R
N
). Para superar essa dificuldade vamos
trabalhar com espaços com peso.
O segundo problema que iremos abordar, trata-se de uma Equação Diferencial
Ordinária do tipo
¨u + G
(u) = f (t) (2)
a qual é de grande importância para a Mecânica e á Física-Matemática. Em particular,
se considerarmos G(u) = cos u, obtemos a equação do pêndulo forçado
¨u + sin(u) = f(t).
A existência de solução T -periódica para a equação (1), é devido a Ambrosetti-Rabinowitz
[13] e consiste em determinar pontos críticos do funcional energia definido por
Φ(u) =
T
0
[
˙u
2
2
G(u) + fu]dt.
No Capítulo 1 fizemos um breve estudo sobre as integrais e E.D.O’s em es-
paços de Banach, revizando as definições e as principais propriedades, as quais são
ferramentas de grande importância para entendermos as duas versões do Teorema de
Deformação que foram abordadas neste cápitulo. Como conseqüência, demonstraremos
o Teorema do Ponto de Sela que se rá utilizado no estudo que desenvolvemos no Capí-
tulo 2 procurando solução fraca para o problema (P ).
No Capítulo 2 definimos espaços com peso e verificamos que o espaço
L
p
(R
N
, hdx), .
p,h
com 1 p < é Banach. Também conseguimos mostrar que se h L
(R
N
), então
vale a imersão contínua
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
, hdx)
9
para p [1, 2
] se N 3, e que ocorre a imersão compacta com h L
1
(R
N
)L
(R
N
),
de
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
, hdx)
para p [1, 2
] se N 3. Em seguida, fizemos um estudo sobre o operador solução e
algumas de suas propriedades, que serão bastante utilizadas no decorrer deste Capítulo.
Depois destes fatos, voltamos ao problema (P ) e mostramos a existência de solução
fraca.
No Capítulo 3 definimos algumas condições de compacidade que serão de ex-
trema necessídade na procura de solução fraca para a equação (1). Logo após, demon-
stramos duas versões do Teorema do Passo da Montanha e apartir destas, sob certas
condições conseguiremos garantir que equaçã o (1) tem duas soluções T -periódicas que
não diferem por multiplicidade 2π.
No Capítulo 4 fizemos um breve estudo sobre as séries de Fourier e demon-
stramos alguns resultados básicos. Além disso, mostramos que o espaço vetorial
H =
u : R → R ; u absolutamente contínua, T-periódica e
T
0
|˙u(t)|
2
dt <
,
é um espaço de Hilbert com relação ao produto interno dado por
(u, v) =
T
0
( ˙u ˙v + uv)dt
e que o funcional Φ associado a equação (1) satisfaz a condição Fraca de Palais-Smale
(F P S), definida no Capítulo 3. Em seg uida, tratamos da existência de solução T -
periódica para a equação
¨u + G
(u) = f (t),
onde G C
1
(R, R) é uma função 2π-p eriódica e f C(R, R) uma função T -periódica.
No Apêndice A definimos o Grau de Brouwer e suas propriedades que são uti-
lizadas na dissertação.
10
No Apêndice B definimos a derivada de Fréchet e mostramos que os funcionais
utilizados na dissertação são de classe C
1
.
No Apêndice C mostramos que o operador T : H
1
(R
N
) H
1
(R
N
), definido
por T (u) = ψ(u), que foi considerado no Capítulo 2 é co mpacto.
Finalmente no Apêndice D enunciamos os principais resultados utilizados no
decorrer deste trabalho.
Capítulo 1
Teorema do Ponto de Sela
Nosso objetivo neste capítulo é demonstrar o Teorema do Ponto de Sela e, para
isto, usaremos a lguns Teoremas de Deformação e um pouco da Teoria do Grau e suas
propriedades que veremos no decorrer de nosso trabalho. Começamos nosso estudo
verificando alguns conceitos básicos envolvendo integrais em espaços de Banach.
1.1 Integrais em Espaços de Banach
Nesta seção iremos estudar o conceito de integrais em espaços de Banach e estudar
algumas de suas propriedades que serão utilizadas na demonstração do Teorema de
Deformação. Citamos o livro de Serge Lang [10] para maiores detalhes.
No que segue, G é um espaço vetorial normado completo cuja a norma é denotada
por |.|. Considere E o espaço das funções limitadas de [a, b] em G com a norma
f = sup
x[a,b]
|f(x)|.
Sejam a, b números rea is tais que a < b, P uma partição do intervalo [a, b] e considere
a sequência de números (a
0
, a
1
, ..., a
n
) tal que
a = a
0
a
1
... a
n
= b
Definição 1.1 Seja f : [a, b] − G uma função. Dizemos que f é uma função escada,
se existem elementos w
1
, ..., w
n
G tais que
f(t) = w
i
para a
i1
< t < a
i
; i = 1, ..., n.
Assim, pela definição acima, f tem valor constante em cada intervalo aberto de-
terminado pela partição.
11
12
Definição 1.2 Seja f uma função escada com respeito a partição P. O valor da integral
de f será definido por
I
P
(f) = (a
1
a
0
)w
1
+ ... + (a
n
a
n1
)w
n
=
n
i=1
(a
i
a
i1
)w
i
.
Proposição 1.3 Suponha que f é uma função escada com respeito a outra partição Q
de [a, b], então
I
P
(f) = I
Q
(f).
Demonstração: Primeiro vamos considerar uma partição obtida de P, formada pela
inserção de um novo ponto entre os pontos de P,
P
c
= (a
0
, ..., a
k
, c, a
k+1
, ..., a
n
)
com
a
0
< ... < a
k
< c < a
k+1
< ... < a
n
.
Além disso, note que
a
k
< t < a
k+1
e f(t) = w
k+1
então, f tem valor constante em cada intervalo
a
k
< t < c e c < t < a
k+1
.
Consequentemente, a integral de f com respeito a P
c
será
(a
1
a
0
)w
1
+ ... + (c a
k
)w
k+1
+ (a
k+1
c)w
k+1
+ ... + (a
n
a
n1
)w
n
.
Assim, esta soma difere da soma dada por I
P
(f) apenas por um termo (a
k+1
a
k
)w
k+1
.
Observe que
(c a
k
)w
k+1
+ (a
k+1
c)w
k+1
= (a
k+1
a
k
)w
k+1
o que implica,
I
P
c
(f) = I
P
(f).
A partição R é dita um refinamento de P, se cada ponto da partição P é ponto
de R. Inserindo um número finito de pontos e usando indução, concluímos que R é um
refinamento de P, então
I
R
(f) = I
P
(f).
13
Afirmação: Se Q é uma outra partição do intervalo [a, b], então P e Q tem em comun
um refinamento.
De fato, se Q = (b
0
, ..., b
m
), então podemos inserir indutivamente b
0
, ..., b
m
em P, ob-
tendo assim um refinamento, que denotaremos por R. Dessa forma,
I
R
(f) = I
P
(f) = I
Q
(f).
Isto mostra que nossa integral não depende da partição. Vamos denotar a integral de
f por I(f).
É claro que f é limitada, pois f tem um número finito de valores e a norma de f
será dada por
f = max
w
i
G
{|w
i
| ; i = 1, ..., n}.
Assim,
|I(f)|
n
i=1
|a
i
a
i1
||w
i
|
n
i=1
(a
i
a
i1
) f
o que implica,
|I(f)| (b a) f.
Agora, vamos enunciar alguns resultados que nã o iremos demonstrar e, apartir
destes, definir a integral no espaço de Banach.
Lema 1.4 O conjunto das funções escadas f : [a, b] − G é um subespaço do espaço de
todas as funções limitadas de [a, b] em G, que denotaremos por S
t
([a, b], G) . A função
I : S
t
([a, b], G) − G
é linear e limitada, isto é,
|I(f)| (b a) f.
Teorema 1.5 Toda função contínua de [a, b] em G pode ser aproximada uniforme-
mente por funções escadas. Além disso, o fecho de S
t
([a, b], G) contém C ([a, b], G) .
Teorema 1.6 (Extensão Linear) Seja E um espaço vetorial normado, e F um sube-
spaço. Seja L : F − G um funcional linear contínuo. Então, L tem uma única
extensão linear contínua L : F − G.
14
Agora, considere
I : S
t
([a, b], G) G
f − I(f) =
b
a
f(t)dt.
Considerando F = S
t
([a, b], G) e I = L, podemos aplicar o Teorema 1.6 com F =
C ([a, b], G) e concluir que existe uma única extensão linear contínua que denotaremos
também por
I : C ([a, b], G) G
f − I(f) =:
b
a
f(t)dt.
Portanto, pelo Teorema 1.5 e usando o fato de que I(f) é linear e contínua temos
I(f) = lim
n→∞
I(f
n
) ; f
n
f, f
n
S
t
([a, b], G) .
Assim,
b
a
f(t)dt = lim
n→∞
b
a
f
n
(t)dt.
O próximo Teorema é uma versão do Teorema Fundamental do Cálculo.
Teorema 1.7 Seja f : [a, b] − G contínua e F : [a, b] − G diferenciável em [a, b]
com F
= f. Então,
b
a
f(t)dt = F (b) F (a).
Corolário 1.8 Se f : [a, b] − G é contínua e F (x) =
x
a
f(t)dt, então F
(x) = f (x).
1.2 Equações Diferenciais Ordinária s em Espaços de
Banach
Nesta seção iremos fazer um breve estudo sobre as Equações Diferenciais Or-
dinárias em Espaço s de Banach, mais especificamente sobre o problema de Cauchy.
Vamos enunciar alguns resultados que serão utilizadas na demonstração do Teorema
de Deformação.
Seja U um conjunto aberto em E. Um campo vetorial de classe C
p
; 1 p
em U é uma aplicação f : U − E de classe C
p
.
Ao campo vetorial f associemos a equação diferencial
α
(t) = f (α(t)). ()
15
As s oluções desta equação, são, as aplicações diferenciáveis α : J R − U, onde J é
um intervalo aberto contendo o zero, tais que
dt
(t) = α
(t) = f (α(t))
e satisfazem a condição inicial
α(0) = x
0
; x
0
U.
Essas soluções são chamadas trajetórias ou curvas integrais de f ou da equação difer-
encial ().
Comentário: Seja α : J − U uma função contínua satisfazendo a condição
α(t) = x
0
+
t
0
f(α(s))ds.
Então, pelo Teorema 1.7
α
(t) = f (α(t)).
Definição 1.9 Seja U
0
um aberto de U contendo x
0
. A aplicação α : J × U
0
−
U; J × U
0
= {(t, x); x U
0
, t J} chama-se fluxo gerado por f e vale as seguintes
propiedades
(i) α(0, x) = x,
(ii) α(t + s, x) = α(t, α(x + s)),.
Teorema 1.10 Sejam J um intervalo aberto contendo o zero e U um aberto em E;
x
0
E, e 0 < a < 1 tais que
B
2a
(x
0
) U.
Considere f : J × U − E uma função contínua, limitada por uma constante c > 0
satisfazendo a condição de Lipschitziana em U com constante de Lipschitz K > 0,
uniformemente com respeito a J. Se b < min
a
c
,
1
K
, então existe um único fluxo
α : J
b
× B
a
− U.
Além disso, se f é de classe C
p
, então cada curva integral α(t, x) referente a () também
é de classe C
p
.
16
1.3 Teorema de Deformação
Nesta seção vamos demonstrar duas versões do Teorema de Deformação (ver[4])
que serão fundamentais para a demonstração do Teorema do Ponto de Sela. No que
segue, designamos por X um espaço de Banach, φ : X R um funcional de classe
C
1
(X, R),
Y = {u X; φ
(u) = 0}
e
K
c
= {u X; φ(u) = c, φ
(u) = 0}
o conjunto de todos os pontos críticos no nível c. Denotaremos por φ
c
o conjunto de
todos os níveis menores ou iguais a c, isto é,
φ
c
= {u X; φ(u) c}
Definição 1.11 Um campo pseudo-gradiente para φ C
1
(X, R) é uma aplicação
localmente lipschitziana v : Y X tal que, para cada u Y,
v(u) 2 φ
(u) (1.1)
φ
(u), v(u) φ
(u)
2
. (1.2)
Lema 1.12 Assumindo as condições da Definição 1.11, existe um campo pseudo-
gradiente para φ em Y.
Demonstração: Seja ˜u Y, logo φ
(˜u) = 0. Então, existe w = w(˜u) X com
w = 1 e
φ
(˜u), w >
2
3
φ
(˜u).
De fato, desde de que φ
(˜u) é um funcional linear contínuo, tem-se
φ
(˜u) = sup
w=1
φ
(˜u), w. (1.3)
Desde que
φ
(˜u) >
2
3
φ
(˜u),
por (1.3) temos que existe (w
n
) X com w
n
= 1 tal que
φ
(˜u), w
n
φ
(˜u) quando n .
17
Assim, existe w = w
n
para n suficientemente grande tal que
φ
(˜u), w >
2
3
φ(˜u). (1.4)
Agora, defina a seguinte função
v : Y X
˜u − v(˜u) =
3
2
φ
(˜u)w.
Assim,
v(˜u) =
3
2
φ
(˜u) < 2 φ
(˜u)
e
φ
(˜u), v(˜u) =
φ(˜u),
3
2
φ
(˜u)w
,
de onde tem-se
φ
(˜u), v(˜u) =
3
2
φ
(˜u)φ
(˜u), w.
Agora, por (1.4) obtemos
φ
(˜u), v(˜u) >
3
2
.
2
3
φ
(˜u)φ
(˜u),
consequentemente
φ
(˜u), v(˜u) > φ
(˜u)
2
.
Desde que φ
é contínua, existe uma vizinhaça aberta de ˜u em Y que iremos de-
notar por V
˜u
tal que para cada u V
˜u
tem-se:
v(˜u) < 2 φ
(u) (1.5)
φ
(u), v(˜u) > φ
(u)
2
(1.6)
Note que a família {V
˜u
; ˜u Y } é uma cobertura em Y. Além disso, Y X
é metrizável, portanto paracompacto, logo existe um refinamento localmente finito
{V
˜u
i
}
iI
. Desta forma, existe uma partição de unidade contínua e localmente lip-
ischitziana {φ
i
}
iI
subordinada a {V
˜u
i
}
iI
; 0 φ
i
1 e
iI
φ
i
= 1 em Y.
Considere
V (u) =
iI
φ
i
(u)v
i
; v
i
= v( ˜u
i
) u Y.
18
Fixado u Y , existe J I finito tal que
V (z) =
iJ
φ
i
(z)v
i
z B
δ
(u).
Mostrando que V é localmente lipschitziana, pois V é soma finita de funções localmente
lipschitziana φ
i
(z)v
i
em B
δ
(u).
Para fixar a idéia, vamos supor J = {1, 2, ..., n
0
} ; n
0
= n
0
(u) e δ = δ(u) portanto,
V (z) =
n
0
i=1
φ
i
(z)v
i
z B
δ
(u)
em particular,
V (u) =
n
0
i=1
φ
i
(u)v
i
consequentemente,
V (u)
n
0
i=1
φ
i
(u) v
i
.
Assim, usando (1.5) temos
V (u)
n
0
i=1
2φ
i
(u) φ
(u)
o que implica,
V (u) 2 φ
(u)
n
0
i=1
φ
i
(u),
isto é,
V (u) 2 φ
(u).
Além disso,
φ
(u), V (u)
=
φ
(u),
n
0
i=1
φ
i
(u)v
i
logo
φ
(u), V (u)
=
n
0
i=1
φ
i
(u)
φ
(u), v
i
,
de onde obtemos por (1.6)
φ
(u), V (u)
n
0
i=1
φ
i
(u)
φ
(u)
2
,
ou seja,
φ
(u), V (u)
φ
(u)
2
n
0
i=1
φ
i
(u).
19
Assim
φ
(u), V (u)
φ
(u)
2
,
mostrando que existe um campo pseudo-gradiente para φ.
Agora, vamos definir o conjunto S
δ
o qual usaremos na demonstração do próximo
teorema.
Definição 1.13 Dados um subconjunto S X e δ > 0, designamos por S
δ
a vizin-
hança fechada de S definida por
S
δ
= {u X; d(u, S) δ}.
Teorema 1.14 Seja X um espaço de Banach e φ : X − R um funcional de classe
C
1
(X, R). Suponha que S X, c R e , δ > 0 são tais que
φ
(u)
4
δ
(1.7)
para todo u φ
1
([c 2, c + 2]) S
2δ
. Então, existe η C([0, 1] × X, X) tal que,
para todo u X e t [0, 1], tem-se:
(i) η(0, u) = u,
(ii) η(t, u) = u se u / φ
1
([c 2, c + 2]) S
2δ
,
(iii) η(1, φ
c+
S) φ
c
S
δ
,
(iv) η(t, .) : X − X é um homeomorfismo.
Demonstração: Definindo
A = φ
1
([c 2, c + 2]) S
2δ
,
B = φ
1
([c , c + ]) S
δ
e
Y = {u X; φ
(u) = 0},
temos
B A Y.
Além disso, considere v : Y − X um campo pseudo-gradiente para φ e 0 ρ 1
uma função localmente lipschitziana (ver [9]) definida por
ρ : X R
u − ρ(u) =
d(u,X\A)
d(u,X\A)+d(u,B)
.
20
Segue da definição de ρ que
ρ(u) = 1 se u B
e
ρ(u) = 0 se u X\A.
Definindo f : X − X por
f(u) =
ρ(u)
v(u)
v(u)
, se u A
0, se u / A,
temos que f é localmente lipschitziana (Ver [9]) e que f 1 para todo u X. Segue
do Teorema 1.10 que o problema de Cauchy
w
(t) = f(w)
w(0) = u
tem solução única a qual denotaremos por w(t, u), sendo definida para todo t 0.
Seja η : [0, 1] × X − X definida por η(t, u) = w(δt, u). Então,
(i) η(0, u) = w(0, u) = u;
(ii) η(t, u) = w(δt, u) = u se u / A = φ
1
([c 2, c + 2)] S
2δ
De fato, seja w
1
(t) = u t R, note que
w
1
(t) = 0 = f(w
1
(t))
o que implica,
w
1
(t) = f(w
1
(t)) se u / A
w
1
(0) = u
Assim, pelo teorema de existência e unicidade temos
w
1
(t) = w(t, u) = u t R.
Daí,
η(t, u) = w(δt, u) = u t R.
(iii) Note que, para t 0,
w(t, u) w(0, u) =
t
0
f(w(s, u))ds,
21
consequentemente
w(t, u) w(0, u)
t
0
f(w(s, u))ds t.
Note que t [0, δ] tem-se
w(t, u) u t δ
portanto, se u S temos
d(w(t, u), S) δ,
o que implica,
w(t, u) S
δ
u S,
isto é,
w(t, S) S
δ
t [0, δ]
de onde concluímos
η(t, S) S
δ
t [0, 1]. (1.8)
Por outro lado, para cada u X fixado, a função φ(w(t, u)) é não-crescente, p ois
d
dt
φ(w(t, u)) = φ
(w(t, u))w
(t, u)
de onde segue
d
dt
φ(w(t, u)) = φ
(w(t, u))f(w(t, u)).
Pela definição de f, se w(t, u) / A,
d
dt
φ(w(t, u)) = 0 e caso contrário
d
dt
φ(w(t, u)) = ρ(w(t, u))φ
(w(t, u))
v(w(t, u))
v(w(t, u))
.
Por (1.2), temos
d
dt
φ(w(t, u)) ρ(w(t, u))
φ
(w(t, u))
2
v(w(t, u))
, (1.9)
e portanto
d
dt
φ(w(t, u)) 0
mostrando que φ(w(t, u)) é não-crescente.
Fixe u φ
c+
S e observe as seguintes afirmações:
(a) Se φ(w(
ˆ
t, u)) < c para algum
ˆ
t [0, δ) tem-se
φ(η(1, u)) = φ(w(δ, u)) φ(w(
ˆ
t, u)) < c ,
22
de onde podemos concluir que
η(1, u) φ
c
.
Desta forma de (1.8) tem-se
η(1, u) φ
c
S
δ
.
(b) Note que t [0, δ] temos
φ(w(t, u)) φ(w(0, u)) = φ(u) c +
o que implica,
φ(w(t, u)) c + .
Supondo que w(t, u) B = φ
1
([c , c + ]) S
δ
, t [0, δ], segue de (1.1) , (1.9)
e do fato que ρ = 1 em B, a seguinte desigualdade
φ(w(δ, u)) φ(u)
1
2
δ
0
φ
(w(t, u))
dt,
o que implica
φ(w(δ, u)) c +
1
2
4
δ
δ,
ou seja,
φ(w(δ, u)) c .
Portanto, em qualquer um dos casos (a) ou (b),
η(1, u) = w(δ, u) φ
c
S
δ
se u φ
c+
S.
(iv) η(t, .) : X − X é um homeomorfismo, ou s eja, η(t, u) = w(δt, u) é uma aplicação
bijetora com inversa contínua.
Para isto, defina as seguintes funções
h : X X
u − h(u) = w(δt, u)
e
g : X X
u − g(u) = w(δt, u).
Observe o seguinte
(h g)(u) = w(δt, g(u)),
23
o que implica
(h g)(u) = w(δt, w(δt, u))
e assim
(h g)(u) = w(δt δt, u) = w(0, u) = u,
isto é,
(h g)(u) = u.
Usando o mesmo tipo de raciocínio temos
(g h)(u) = u
de onde segue η é inversível.
Além disso, η(t, u) = w(δt, u) é contínua pela dependência contínua com relação aos
dados iniciais para w(δt, u). Desde que w(δt, u) também é contínua, η(t, u) : X − X
é um homeomorfismo.
Definição 1.15 Um funcional φ : X R de classe C
1
(X, R) é dito verificar a
condição de Palais-Smale, denotada por (P S), se toda sequência (u
n
) X com
φ(u
n
) d e φ
(u
n
) 0
admite uma subsequência fortemente convergente em X.
Como uma consequência do Teorema 1.14, tem-se o s eguinte Teorema:
Teorema 1.16 Suponha que φ C
1
(X, R) satisfaz a condição Palais-Smale. Se c R
não é um valor crítico de φ então, para todo > 0 suficientemente pequeno, existe
η C([0, 1] × X, X) tal que para qualquer u X e t [0, 1] tem-se:
(i) η(0, u) = u;
(ii) η(t, u) = u se u / φ
1
([c 2, c + 2]);
(iii) η(t, φ
c+
) φ
c
;
(iv) η(t, .) : X − X é um homeomorfismo.
Demonstação: Como c R não é um valor crítico de φ, devem existir constantes
α, β > 0 tais que se u φ
1
([c 2α, c + 2α]) implique em
φ
(u)
β, pois caso
contrário, para quaisquer α, β > 0 existirá
u
α,β
φ
1
([c 2α, c + 2α])
24
com
φ
(u
α,β
)
< β.
Considerando α =
1
2n
, β =
1
n
e u
n
= u
α
n
n
, tem-se
c
1
n
φ(u
n
) c +
1
n
e
φ
(u
n
)
<
1
n
.
Assim, passando ao limite quando n obtemos
φ(u
n
) c e φ
(u
n
) 0.
Da condição Palais-Smale, existe uma subsequência (u
n
k
) (u
n
) tal que
u
n
k
u.
Desde de que φ C
1
(X, R),
φ(u
n
k
) φ(u) e φ
(u
n
k
) φ
(u).
Portanto, pela unicidade do limite obtemos
φ(u) = c e φ
(u) = 0.
Logo, c é um valor crítico de φ, contradizendo a hipótese. Daí, usando o Teorema 1.14
com S = X, (0, α] fixado e δ =
4
β
, concluímos a demonstração do nosso teorema.
1.4 Teorema do Ponto de Sela
Nesta seção iremos demonstrar o Teorema do Ponto de Sela de R abinowitz (ver[4])
o qual será utilizado para garantir a existência de solução fraca de um problema que
veremos no próximo cápitulo. Para a demonstração do teorema usaremos algumas
propriedades da teoria do Grau (ver apêndice A) e também o Teorema 1 .16.
Teorema 1.17 (Ponto de Sela) Seja X = V W um espaço de Banach, de modo que
dim V < , e seja φ C
1
(X, R) uma aplicação satisfazendo a condição de Palais-
Smale. Se D é uma vizinhaça limitada de 0 em V tal que
a = max
D
φ < inf
W
φ b, (1.10)
25
então
c = inf
hΓ
max
uD
φ(h(u))
é um valor crítico de φ com c b, onde
Γ =
h C(D, X) ; h(u) = u , u D
.
Demonstração: Primeiro vamos verificar que h(D) W = qualquer que seja h Γ.
De fato, definindo
P : X V
x − P (x) = x
1
; x = x
1
+ x
2
; x
1
V e x
2
W
a projeção sobre V, temos P h C(D, V ) (ver apêndice D) e
P (h(u)) = P (u) = u = 0 u D.
Uma vez que podemos identificar V com R
N
, o grau de Brouwer d(P h, D, 0) está bem
definido e de suas propriedades (ver apêndice A) segue
d(P h, D, 0) = d(I
d
, D, 0) = 1.
Logo, existe u
0
D tal que
P (h(u
0
)) = 0,
de onde temos h(u
0
) W. Sendo
b = inf
W
φ = inf {φ(w) ; w W }
e h(u
0
) W, obtemos
φ(h(u
0
)) b.
Consequentemente
max
u
¯
D
φ(h(u)) φ(h(u
0
)) b h Γ,
e sendo
c = inf
hΓ
max
uD
φ(h(u)),
temos que c b.
26
Suponha por contradição que c não é valor crítico. Então, pelo Teorema 1.16,
dado
0 < <
b a
2
existe η C([0, 1] × X, X) tal que
η(t, u) = u se u / φ
1
([c 2, c + 2]) (1.11)
e
η(t, φ
c+
) φ
c
. (1.12)
Escolha h Γ tal que
max
uD
φ(h(u)) c + (1.13)
e defina
ˆ
h(u) = η(1, h(u)).
Usando o fato que c b tem-se
a < c 2.
Agora, se u D
φ(u) a = max
uD
φ(u), (1.14)
de onde podemos concluir,
φ(u) / ([c 2, c + 2])
o que implica,
u / φ
1
([c 2, c + 2]).
Por outro lado, de (1.11) segue
ˆ
h(u) = η(1, h(u)) = η(1, u) = u u D
logo,
ˆ
h Γ.
Agora, por (1.13) teremos
φ(h(u)) max
uD
φ(h(u)) c + ,
portanto
h(u) φ
c+
.
27
Por (1.12) temos
ˆ
h(u) = η(1, h(u)) φ
c
,
isto é,
φ(
ˆ
h(u)) c u
¯
D
o que implica,
max
uD
φ(
ˆ
h(u)) c . (1.15)
Desde que
c = inf
hΓ
max
uD
φ(h(u)),
podemos afirmar que
c max
uD
φ(h(u)) h(u) Γ,
obtendo assim, por (1.15)
c max
uD
φ(
ˆ
h(u)) c ,
o que é um absurdo, mostrando que c é um valor crítico.
Capítulo 2
Existência de solução fraca para um
problema elíptico não-linear em R
N
Neste capítulo, vamos estudar a existência de solução fraca para o problema
u + u = λ
k
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
)
(P )
onde N 3, com as funções h : R
N
− R
+
e g : R
N
× R − R continuas verificando
as seguintes condições:
(i) h L
1
(R
N
) L
(R
N
);
(ii) Existe Z L
1
(R
N
) L
(R
N
) ; Z(x) > 0 x R
N
, satisfazendo
|g(x, t)| Z(x) (x, t) R
N
× R, (2.1)
e λ
k
o k-ésimo autovalor associado ao problema
u + u = λhu, R
N
u H
1
(R
N
).
(P
λ
)
Além disso, vamos supor que g satisfaz uma das condições (g
+
2
) ou (g
2
),
R
N
G(x, v(x))dx ±∞ quando v ; v N
λ
k
(g
±
2
)
sendo N
λ
k
o auto espaço associado a λ
k
e G(x, .) =
s
0
g(x, τ) designa a primitiva de
g(x, .).
O nosso obje tivo, é mostrar a existência de solução fraca para o problema (P ). A
grande dificuldade, é a falta de imersões compactas do espaço de Sobolev H
1
(R
N
) nos
espaços L
p
(R
N
). Sendo assim, vamos estudar alguns espaços de modo que conseguire-
mos que essas imersões sejam compactas.
28
29
2.1 Espaços com Peso
Nesta seção vamos definir espaços co m peso e mostrar algumas propriedades
envolvendo tais espaços. Para isto, começaremos com a seguinte definição:
Definição 2.1 Seja h : R
N
− (0, +) uma função mensurável e 1 < p < .
Definimos o espaço L
p
(R
N
, hdx) como sendo o seguinte conjunto:
L
p
(R
N
, hdx) =
f : R
N
− R mensuráveis ;
R
N
|f(x)|
p
h(x)dx <
.
No que segue denotaremos por
u =
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
1/2
e
f
p,h
=
R
N
|f|
p
hdx
1/p
as normas em H
1
(R
N
) e L
p
(R
N
, hdx), respectivamente.
Teorema 2.2 O espaço
L
p
(R
N
, hdx), .
p,h
com 1 p < é Banach.
Demonstração: Seja {u
n
} L
p
(R
N
, hdx) uma seqüência de Cauchy. Então, dado
> 0 existe n
0
N tal que
u
n
u
m
p,h
< para n, m n
0
. (2.2)
Definindo
v
n
= h
1/p
u
n
,
segue de (2.2) que
v
n
v
m
L
p
(R
N
)
< para n, m n
0
.
Sendo L
p
(R
N
) um espaço de Banach, existe um w L
p
(R
N
) com
v
n
w em L
p
(R
N
) quando n . (2.3)
Definindo,
u(x) =
w(x)
h(x)
1/p
,
observe que
u
n
u
p,h
=
R
N
|u
n
u|
p
hdx
1/p
=
R
N
h
1/p
u
n
h
1/p
u
p
dx
1/p
30
o que implica,
u
n
u
p,h
=
R
N
|v
n
w|
p
dx
1/p
= v
n
w
L
p
(R
N
)
.
Por (2.3) temos
u
n
u
p,h
0 quando n ,
ou seja,
u
n
u em L
p
(R
N
, hdx)
mostrando assim, que L
p
(R
N
, hdx) é um espaço de Banach.
Do Teorema 2.2 podemos concluir que
L
2
(R
N
, hdx), .
2,h
é Hilbert com o
seguinte produto interno
(f, g)
2,h
=
R
N
hfgdx.
2.2 Um Resultado de Imersão C ontínua
Nesta seção vamos estudar um resultado de imersão contínua para espaços com
peso, que será de grande importância na busca de existência de solução fraca para o
problema (P ). Começaremos o nosso estudo enunciando o seguinte teo rema:
Teorema 2.3 Se h L
(R
N
), então vale a imersão contínua
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
, hdx)
para p [1, 2
] se N 3.
Demonstração: Para u H
1
(R
N
), temos
R
N
|u|
p
hdx
1/p
h
R
N
|u|
p
dx
1/p
= h
u
L
p
(R
N
)
onde, usamos o fato de que h L
(R
N
).
Das imersões continuas de Sobolev temos
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
)
31
para p [2, 2
] se N 3. Assim, existe C > 0 tal que
u
L
p
(R
N
)
C u u H
1
(R
N
).
Portanto,
R
N
|u|
p
hdx
1/p
C h
u u H
1
(R
N
).
Considerando C
1
= C h
obtemos
R
N
|u|
p
hdx
1/p
C
1
u,
isto é,
u
p,h
C
1
u u H
1
(R
N
)
mostrando a imersão contínua.
2.3 Um Resultado de Imersão C omp acta
Nesta seção vamos estudar um resultado de imersão compacta que será de ex-
trema importância para garantirmos a existência de uma solução para o problema (P ).
Teorema 2.4 Se h L
1
(R
N
) L
(R
N
), tem-se a imersão compacta
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
, hdx)
para p [1, 2
) se N 3.
Demonstração: Seja (u
n
) H
1
(R
N
) uma sequência limitada, usando o fato que
H
1
(R
N
) é reflexivo existe (u
n
j
) (u
n
) tal que
u
n
j
u em H
1
(R
N
).
Afirmação: Dado > 0, existe R > 0 tal que
u
n
j
u
L
p
(B
c
R
(0),hdx)
<
2
n
j
.
De fato, para R > 0 e usando a desigualdade de Hölder com expoentes
1
γ
+
1
2
/p
= 1,
32
obtemos
B
c
R
(0)
u
n
j
u
p
hdx h
L
γ
(B
c
R
(0))
.
u
n
j
u
p
L
2
p
(B
c
R
(0))
o que implica,
B
c
R
(0)
u
n
j
u
p
hdx h
L
γ
(B
c
R
(0))
.
u
n
j
u
p
L
2
(R
N
)
e pelas imersões continuas de Sobolev
B
c
R
(0)
u
n
j
u
p
hdx C h
L
γ
(B
c
R
(0))
.
u
n
j
u
p
.
Consequentemente
B
c
R
(0)
h
u
n
j
u
p
dx C
1
h
L
γ
(B
c
R
(0))
. (2.4)
Segue da teoria da medida que se h L
γ
(R
N
) para γ [1, ), dado > 0 existe R > 0
tal que
h
L
γ
(B
c
R
(0))
<
2
p
1
C
1
.
Agora, do resultado acima e por (2.4) tem-se
B
c
R
(0)
h
u
n
j
u
p
dx
2
p
n
j
.
Portanto,
u
n
j
u
L
p
(B
c
R
(0),hdx)
<
2
n
j
(2.5)
mostrando a afirmação.
Por outro lado,
u
n
j
u
L
p
(B
R
(0),hdx)
=
B
R
(0)
h
u
n
j
u
p
dx
1/p
h
.
u
n
j
u
L
p
(B
R
(0))
.
Das imersões compactas de Sobolev, temos que
H
1
(R
N
) L
p
(B
R
(0)),
de onde segue
u
n
j
u em L
p
(B
R
(0)) quando n
j
.
Logo, dado > 0 existe n
j
0
tal que
u
n
j
u
L
p
(B
R
(0))
<
2 h
para n
j
n
j
0
,
33
desta forma temos
u
n
j
u
L
p
(B
R
(0),hdx)
<
2
para n
j
n
j
0
. (2.6)
Por (2.5) e (2.6)
u
n
j
u
p,h
< para n
j
n
j
0
o que implica,
u
n
j
u em L
p
(R
N
, hdx) quando n
j
mostrando a compacidade.
2.4 O Operador Solução
Dado f L
2
(R
N
, hdx), existe uma única solução u H
1
(R
N
) do problema
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
(P
1
)
pois, sendo hf L
2
(R
N
, hdx), considere
F : H
1
(R
N
) R
φ − F (φ) =
R
N
fφhdx
que é linear e contínuo, isto é,
|F (φ)|
R
N
|f||φ|hdx
Por Hölder obtemos
|F (φ)| f
2,h
φ
2,h
,
e das imersões continuas de Sobolev
|F (φ)| C f
2,h
φ
o que implica,
|F (φ)| M φ ; M = C f
2,h
mostrando a continuidade de F .
Logo, F H
1
(R
N
) e pelo Teorema da Representação de Riesz, existe um único
u H
1
(R
N
) tal que
(u, φ)
H
1
(R
N
)
= F (φ) φ H
1
(R
N
),
34
de onde segue
R
N
(uφ + )dx =
R
N
fφhdx φ H
1
(R
N
),
ou seja, u é a única solução fraca do problema (P
1
).
Pelo que foi visto até o momento, podemos definir o seguinte operador
S : L
2
(R
N
, hdx) H
1
(R
N
)
f − S(f) = u,
que associa a cada f L
2
(R
N
, hdx) a única solução u = S(f) do problema (P
1
).
2.5 Propriedades do Operador Solução
Nesta seção iremos estudar algumas propriedades relacionadas ao operador solução,
as quais serão usadas para a obtenção de solução para o problema (P ).
(P.1) S é linear, isto é,
S(λf + γg) = λS(f) + γS(g), f, g L
2
(R
N
, hdx) e λ, γ R.
Demonstração: Seja m u = S(f) e v = S(g).Por definição
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
e
v + v = hg, R
N
v H
1
(R
N
).
Logo, multiplicando respectivamente por λ e γ obtemos
∆(λu) + λu = λhf, R
N
λu H
1
(R
N
)
e
∆(γv) + γv = γhg, R
N
γv H
1
(R
N
)
o que implica,
∆(λu + γv) + λu + γv = h(λf + γg), R
N
λu + γv H
1
(R
N
),
35
consequentemente
S(λf + γg) = λu + γv,
isto é,
S(λf + γg) = λS(f) + γS(g), f, g L
2
(R
N
, hdx) e λ, γ R.
(P.2) S é contínuo, ou seja, existe M > 0 verificando
S(f) M f
2,h
f L
2
(R
N
, hdx)
Demonstração: Seja u = S(f). Então,
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
o que implica, por definição
R
N
(uφ + )dx =
R
N
fφhdx φ H
1
(R
N
).
Escolhendo φ = u, obtemos
R
N
(
u
2
+ |u|
2
)dx =
R
N
fuhdx,
assim,
u
2
=
R
N
fuhdx
de onde segue
u
2
R
N
|f||u||h|dx.
Por Hölder tem-se
u
2
f
2,h
u
2,h
.
Das imersões continuas de Sobolev obtemos
u
2
C f
2,h
u.
Se u = 0, temos
u C f
2,h
,
36
isto é,
S(f) C
1
f
2,h
f L
2
(R
N
, hdx).
(P.3) S pode ser vista de L
2
(R
N
, hdx) em L
2
(R
N
, hdx). Além disso, neste caso S é
linear e compacto.
Observe que,
S : L
2
(R
N
, hdx) H
1
(R
N
)
é uma aplicação contínua e pelo Teorema 3.4
i : H
1
(R
N
) L
2
(R
N
, hdx)
é compacta. Recordando que
(a) Composição de aplição linear é linear.
(b) Composição de um operador contínuo com um compacto é compacto.
podemos concluir que o operador
S : L
2
(R
N
, hdx) L
2
(R
N
, hdx)
é linear compacto.
(P.4) O operador S : L
2
(R
N
, hdx) L
2
(R
N
, hdx) é simétrico, ou seja,
(S(f), g)
2,h
= (f, S(g))
2,h
onde, (.)
2,h
é o produto interno de L
2
(R
N
, hdx).
Demonstração: Seja m u = S(f) e v = S(g). Devemos mostrar a seguinte ig ualdade
R
N
ughdx =
R
N
vfhdx.
Desde que u = S(f ) e v = S(g) temos que
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
e
v + v = hg, R
N
v H
1
(R
N
).
37
Portanto,
R
N
(uφ + )dx =
R
N
fφhdx φ H
1
(R
N
)
e
R
N
(vϕ + vϕ)dx =
R
N
gϕhdx ϕ H
1
(R
N
).
Fixe φ = v e ϕ = u, obtemos
R
N
(vu + uv)dx =
R
N
fvhdx
e
R
N
(vu + uv)dx =
R
N
guhdx
de onde segue
R
N
ughdx =
R
N
vfhdx,
isto é,
(S(f), g)
2,h
= (f, S(g))
2,h
.
(P.5) S(f) = 0 se, e somente se, f = 0.
Demonstração: Considere que S(f) = u. Então, u H
1
(R
N
) é solução do problema
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
ou seja,
R
N
(uφ + )dx =
R
N
fφhdx φ H
1
(R
N
). (2.7)
Se f = 0, então
R
N
(uφ + )dx = 0.
Fixando v = u, temos
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx = u
2
= 0 u = 0,
isto é,
S(f) = 0.
38
Supondo que S(f) = 0, segue de (2.7)
R
N
fvhdx = 0, v H
1
(R
N
).
Considere g = f h como g L
2
(R
N
) L
1
loc
(R
N
), segue do Lema de Du Bois Raymond
(ver Apêndice D) que
g = 0 q.t.p em R
N
e sendo h > 0, então
f = 0 q.t.p em R
N
.
(P.6) λ = 0 não é autovalor de S.
Demonstração: Note que
N(S) =
ϕ L
2
(R
N
, hdx) ; S(ϕ) = 0
,
por (P.5), temos
S(ϕ) = 0 ϕ = 0
logo N(S) = 0, mostrando a propriedade.
(P.6) S é positivo, isto é,
(S(f), f)
2,h
> 0 f = 0.
Demonstração: Seja S(f ) = u com u = 0, então
u + u = hf, R
N
u H
1
(R
N
)
o que implica,
R
N
(uφ + )dx =
R
N
fφhdx φ H
1
(R
N
).
Fixando φ = u, segue
0 < u
2
=
R
N
fuhdx =
R
N
fS(f)hdx = (S(f), f)
2,h
39
mostrando que
(S(f), f)
2,h
> 0 f = 0.
Agora, usando a Análise Funcional (ver[3]) o operador S : L
2
(R
N
, hdx)
L
2
(R
N
, hdx) têm uma sequência de autovalores positivos µ
n
verificando
µ
1
> µ
2
> ... > µ
n
> ... > 0
com
lim
n→∞
µ
n
= 0.
Além disso, os autovalores constituem uma base Hilbertiana para L
2
(R
N
, hdx).
Afirmação: Os autovalores de S são os inversos dos autovalores de (P
λ
)
De fato, se λ é um autovalor de , então existe φ = 0 verificando
φ + φ = λhφ, R
N
φ H
1
(R
N
)
Desde que λ = 0, seg ue da definição de solução fraca
R
N
(φψ + φψ)dx =
R
N
λψφhdx ψ H
1
(R
N
).
Fixando, φ = ψ tem-se
φ
2
= λ φ
2
2,h
,
consequentemente
λ =
φ
2
φ
2
2,h
.
Assim, considere o problema
∆(
1
λ
φ) +
1
λ
φ = hφ, R
N
φ H
1
(R
N
).
De onde segue,
S(φ) =
1
λ
φ
40
mostrando que
1
λ
é autovalor de S.
Agora, se µ > 0 é autovalor de S, então existe φ L
2
(R
N
, hdx) com
S(φ) = µφ
logo,
1
µ
S(φ) = φ.
Visto que S é linear, temos
S(
1
µ
φ) = φ,
de onde concluimos que
φ + φ =
1
µ
hφ, R
N
φ H
1
(R
N
)
mostrando que
1
µ
é autovalor de (P
λ
).
Este fato mostra que o problema (P
λ
) possui uma sequência {λ
n
} de autovalores p o si-
tivos verificando
λ
1
< λ
2
< ... < λ
n
< ...
e
lim
n→∞
λ
n
= 0.
2.6 Propriedades Relacionadas a λ
1
Nesta seção vamos mostrar duas importantes propriedades envolvendo o autova lor
λ
1
, as quais serão usadas no decorrer do nosso trabalho.
(P.1) Toda autofunção associada a λ
1
tem sinal definido.
Demonstração: Considere φ uma a utofunção asso c iada a λ
1
e suponhamos que
φ
+
= 0
onde,
φ
+
= max {φ, 0}.
Segue dos espaços de Sobolev que se φ H
1
(R
N
), então a função φ
+
H
1
(R
N
)(ver[1]).
Além disso,
φ
+
=
φ, se φ 0
0, se φ < 0
41
Assim,
φ, φ
+
H
1
(R
N
)
=
R
N
(φφ
+
+ φφ
+
)dx =
R
N
φ
+
2
+
φ
+
2
dx =
φ
+
2
e
φ, φ
+
L
2
(R
N
,hdx)
=
R
N
φφ
+
hdx =
R
N
φ
+
2
hdx =
φ
+
2
2,h
.
Além disso, considere o problema
φ + φ = λ
1
hφ, R
N
φ H
1
(R
N
)
o que implica, por definição de solução fraca
R
N
(φv + φv)dx = λ
1
R
N
vφ hdx; v H
1
(R
N
).
Fixando v = φ
+
,
R
N
(φφ
+
+ φφ
+
)dx = λ
1
R
N
φ
+
φhdx φ
+
H
1
(R
N
),
isto é,
φ, φ
+
H
1
(R
N
)
= λ
1
φ
+
2
2,h
,
logo
φ
+
2
= λ
1
φ
+
2
2,h
,
de onde concluímos que
λ
1
=
φ
+
2
φ
+
2
p,h
.
Agora, usando o fato que
w =
φ
+
φ
+
2,h
verifica o problema
w + w = λ
1
hw, R
N
w H
1
(R
N
),
desde que w 0 e w(x) = 0, pelo princípio do máximo forte
w(x) > 0 x R
N
.
De onde temos
φ
+
(x) > 0 x R
N
,
42
isto é,
φ
+
(x) = max {φ, 0} > 0,
e portanto
φ(x) > 0 x R
N
.
Um raciocínio semelhante é feito para o caso φ
= 0.
(P.2) O autoespaço V
λ
1
associado a λ
1
tem dimensão 1, e V
λ
1
= φ.
Demonstração: seja m u e v autofunções associadas a λ
1
. Considere
A =
t R ; u(x) + tv(x) 0, x R
N
e
B =
t R ; u(x) + tv(x) 0, x R
N
.
Os conjuntos A e B são f echados, p ois c onsiderando {t
n
} A e t
n
t
0
temos
u(x) + t
n
v(x) 0,
logo
lim
n→∞
(u(x) + t
n
v(x)) = u(x) + lim
n→∞
t
n
v(x) 0,
ou seja,
u(x) + t
0
v(x) 0
o que implica, t
0
A e portanto A é fechado. Raciocínio semelhante é utilizado para
demonstrar que B é fechado. Além disso,
A = e B =
portanto,
R = A B.
Uma vez que R é um conjunto conexo, segue-se
A B = .
Assim, existe t
0
A B, isto é,
u(x) + t
0
v(x) = 0 x R
N
43
mostrando que u e v são linearmente dependentes.
2.7 Existência de Solu ção fraca para (P )
Nesta seção mostraremos a existência de solução fraca para o problema
u + u = λ
k
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
)
(P)
onde N 3. O resultado principal deste capitulo é o seguinte teorema:
Teorema 2.5 Se as condições (g
+
2
) ou (g
2
), são válidas então (P ) possui uma solução
fraca u H
1
(R
N
).
Preliminares: Consideraremos o seguinte funcional
Φ : H
1
(R
N
) R
u − Φ(u) =
1
2
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
R
N
G(x, u)dx
o qual está bem definido em H
1
(R
N
), é de classe C
1
(H
1
(R
N
), R) (ver Ap êndice B) e
seus pontos críticos são soluções fracas de (P ).
Definindo o operador linear
Lu = u λ
k
S(u),
temos
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
R
N
((Lu)u + Lu.u) dx,
assim,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
R
N
((u λ
k
S(u))udx +
R
N
(u λ
k
S(u)) udx
isto é,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx λ
k
R
N
(S(u)u + S(u)u)dx. (2.8)
Além disso, considerando S(u) = w tem-se
w + w = hu, R
N
w H
1
(R
N
)
44
o que implica,
R
N
(φw + φw)dx =
R
N
uhφdx φ H
1
(R
N
).
Fixando u = φ,
R
N
(S(u)u + S(u)u)dx =
R
N
u
2
hdx (2.9)
logo, por (2.8) e (2.9) temos
1
2
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
1
2
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
de onde segue
Φ(u) =
1
2
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
R
N
G(x, u)dx.
Agora, vamos fixar a seguinte decomposição ortogonal de X = H
1
(R
N
),
X = X
X
0
X
+
,
onde
X
0
= N
λ
k
,
X
= N
λ
1
N
λ
2
... N
λ
k1
e
X
+
= N
λ
k+1
N
λ
k+2
...
Proposição 2.6 Se u X
0
, então (Lu, u)
H
1
(R
N
)
= 0.
Demonstação: Como vimos
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx λ
k
R
N
u
2
hdx,
sendo u X
0
, o mesmo é solução do problema
u + u = λ
k
hu, R
N
u H
1
(R
N
)
de onde temos
R
N
(φu + φu) = λ
k
R
N
uφhdx; φ H
1
(R
N
).
Fixando φ = u,
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx = λ
k
R
N
u
2
hdx,
45
mostrando que
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= 0, se u X
0
.
Proposição 2.7 Se u X
, então existe α > 0 tal que (Lu, u)
H
1
(R
N
)
α u
2
, ou
seja, L é definido negativo em X
.
Demonstação: Seja u X
= N
λ
1
N
λ
2
... N
λ
k1
, então
u = φ
1
+ φ
2
+ ... + φ
k1
e u = φ
1
+ φ
2
+ ... + φ
k1
.
Observe que por (2.8)
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx λ
k
R
N
(S(u)u + uS(u)) dx
assim,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= (u, u)
H
1
(R
N
)
λ
k
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
. (2.10)
Desde que φ
j
verifica
φ
j
+ φ
j
= λ
j
j
, R
N
φ
j
H
1
(R
N
)
por definição do operador solução
S(λ
j
φ
j
) = φ
j
portanto,
S(φ
j
) =
1
λ
j
φ
j
e S(φ
j
) =
1
λ
j
φ
j
.
Da linearidade de S,
S(u) = S(φ
1
) + S(φ
2
) + ... + S(φ
k1
)
o que implica,
S(u) =
1
λ
1
φ
1
+
1
λ
2
φ
2
+ ... +
1
λ
k1
φ
k1
.
Assim,
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
= (S(φ
1
) + S(φ
2
) + ... + S(φ
k1
), φ
1
+ φ
2
+ ... + φ
k1
)
H
1
(R
N
)
46
e desde que (φ
j
, φ
k
)
H
1
(R
N
)
= 0, se j = k, obtemos
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
=
1
λ
1
(φ
1
, φ
1
)
H
1
(R
N
)
+ ... +
1
λ
k1
(φ
k1
, φ
k1
)
H
1
(R
N
)
.
Segue da definição de produto interno em H
1
(R
N
) que
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
=
1
λ
1
R
N
(|∇φ
1
|
2
+ |φ
1
|
2
)dx + ... +
1
λ
k1
R
N
(|∇φ
k1
|
2
+ |φ
k1
|
2
)dx
o que implica
λ
k
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
=
k1
j=1
R
N
λ
k
λ
j
(|∇φ
j
|
2
+ |φ
j
|
2
)dx
isto é,
λ
k
(S(u), u)
H
1
(R
N
)
=
k1
j=1
λ
k
λ
j
φ
j
2
.
Além disso,
(u, u)
H
1
(R
N
)
= (φ
1
+ φ
2
+ ... + φ
k1
, φ
1
+ φ
2
+ ... + φ
k1
)
H
1
(R
N
)
portanto,
(u, u)
H
1
(R
N
)
=
k1
j=1
R
N
(|∇φ
j
|
2
+ |φ
j
|
2
)dx =
k1
j=1
φ
j
2
.
Agora, podemos escrever (2.10) da seguinte forma
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
=
k1
j=1
1
λ
k
λ
j
φ
j
2
e usando o fato que
λ
j
λ
k1
para j {1, 2, ..., k 1}
o que implica,
1
λ
k
λ
k1
1
λ
k
λ
j
logo,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
k1
j=1
1
λ
k
λ
k1
φ
j
2
=
1
λ
k
λ
k1
k1
j=1
φ
j
2
.
Assim,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
1
λ
k
λ
k1
u
2
de onde temos
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
λ
k
λ
k1
1
u
2
,
47
ou seja,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
α u
2
< 0 u X
\ {0} e α > 0.
Proposição 2.8 Se u X
+
, então existe α > 0 tal que (Lu, u)
H
1
(R
N
)
α u
2
, ou
seja, L é definido positivo em X
+
.
Demonstação: Seja u X
+
= N
λ
k+1
N
λ
k+2
... então
u = φ
k+1
+ φ
k+2
+ ...
Considere,
u =
j=k+1
φ
j
= lim
N→∞
w
N
; w
N
=
N
j=k+1
φ
j
onde w
N
X
+
.
Vamos mostrar que existe α > 0 independente de N tal que
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
α w
N
2
, N {k + 1, k + 2, ...}.
De fato, observe que
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
=
N
j=k+1
j
,
N
j=k+1
φ
j
H
1
(R
N
)
o que implica,
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
=
N
j=k+1
(φ
j
λ
k
S(φ
j
)),
N
j=k+1
φ
j
H
1
(R
N
)
consequentemente,
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
=
N
j=k+1
φ
j
,
N
j=k+1
φ
j
H
1
(R
N
)
N
j=k+1
λ
k
S(φ
j
),
N
j=k+1
φ
j
H
1
(R
N
)
.
Agora, usando o mesmo raciocínio da Proposição 2 temos
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
=
N
j=k+1
φ
j
2
N
j=k+1
λ
k
λ
j
φ
j
2
e observando que
λ
k
λ
k+1
48
encontramos
1
λ
k
λ
j
1
λ
k
λ
k+1
logo,
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
1
λ
k
λ
k+1
N
j=k+1
φ
j
2
.
Assim,
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
1
λ
k
λ
k+1
w
N
2
mostrando que
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
α w
N
2
N {k + 1, k + 2, ...}, (2.11)
onde α =
1
λ
k
λ
k+1
. Usando o fato que
w
N
u quando N
obtemos
w
N
2
u
2
e da continuidade de L tem-se
L(w
N
) L(u).
Consequentemente,
(Lw
N
, w
N
)
H
1
(R
N
)
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
desta forma, passando ao limite em (2.11) segue
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
α u
2
.
Observação: No que segue, denotaremos por P
, P
0
e P
+
as projeções ortogonais em
X
, X
0
e X
+
respectivamente.
Lema 2.9 Se u = P
0
u + P
+
u X
0
X
+
. Então, (Lu, u)
H
1
(R
N
)
= (LP
+
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
.
49
Demonstração: Seja
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= (L(P
0
u + P
+
u), P
0
u + P
+
u)
H
1
(R
N
)
,
então
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= (LP
0
u + LP
+
u, P
0
u + P
+
u)
H
1
(R
N
)
.
Usando a Proposição 2.6 e o fato de L ser simétrico o btemos
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= 2 (LP
0
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
+ (LP
+
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
.
Note que
(LP
0
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
= (P
0
u λ
k
S(P
0
u), P
+
u)
H
1
(R
N
)
portanto,
(LP
0
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
= λ
k
(S(P
0
u), P
+
u)
H
1
(R
N
)
.
Assim, por definição do operador solução obtemos
(LP
0
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
= (P
0
u, P
+
u)
L
2
(R
N
,hdx)
= 0,
onde na última igualdade usamos a ortogonalidade das projeções. Logo,
(Lu, u)
H
1
(R
N
)
= (LP
+
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
.
Proposição 2.10 Suponha válidas as condições (2.1) e (g
2
). Então,
(a) Φ(u) −∞ quando u +; u X
.
(b) Φ(u) + quando u +; u X
0
X
+
.
Demonstração:(a) Seja u X
. Usando o fato de L ser negativo definido em X
obtemos
Φ(u)
1
2
α u
2
R
N
G(x, u)dx.
Observe que pelo Teorema do Valor Médio temos
|G(x, u) G(x, 0)| =
G
(x, s)
|u 0|; s(x) [0, u(x)] ou [u(x), 0],
logo por (2.1)
|G(x, u) G(x, 0)| Z(x) |u|
50
portanto,
R
N
G(x, u)dx u
1,Z
,
de onde temos que
Φ(u)
1
2
α u
2
+ u
1,Z
.
Pelo Teorema 2.3 segue
u
2,Z
C
1
u,
então
Φ(u)
1
2
α u
2
+ C
2
u
consequentemente,
Φ(u) −∞ quando u u X
.
(b) Seja u = P
0
u + P
+
u X
0
X
+
. Usando o Lema 2.9 tem-se
Φ(u) =
1
2
(LP
+
u, P
+
u)
H
1
(R
N
)
R
N
G(x, u)dx.
Além disso, sendo L positivo definido em X
+
segue
Φ(u)
1
2
α P
+
u
2
R
N
[G(x, u) G(x, P
0
u)] dx
R
N
G(x, P
0
u)dx.
Usando novamente o Teorema do Valor Médio e (2.1),
R
N
[G(x, u) G(x, P
0
u)] dx
R
N
|G(x, u) G(x, P
0
u)|dx
R
N
|u P
0
u|Z(x)dx
o que implica,
R
N
[G(x, u) G(x, P
0
u)] dx P
+
u
1,Z
.
Portanto, segue das imersões continuas obtida no Teorema 2.3
Φ(u)
1
2
α P
+
u
2
C P
+
u
R
N
G(x, P
0
u)dx. (2.12)
Agora, usando a condição (g
2
), o fato que
u
2
= P
+
u
2
+ P
0
u
2
e analizando os casos:
(i) P
0
u + e P
+
u M. Usando (g
2
) e fazendo a análise em (2.12), tem-se
Φ(u) + quando u .
51
(ii) P
+
u + e P
0
u K. Note que
R
N
G(x, P
0
u)dx
R
N
|G(x, P
0
u)|dx
R
N
|P
0
u|Z(x)dx,
isto é,
R
N
G(x, P
0
u)dx
K
1
.
Logo, fazendo a análise em (2.12), obtemos
Φ(u) + quando u .
(iii) Se P
+
u e P
0
u . Novamente da condição (g
2
) e fazendo a análise
em (2.12), segue
Φ(u) + quando u ,
mostrando assim, o ítem (b).
Observação: Se tivéssemos assumido a condição (g
+
2
) ao invés de (g
2
) o raciocínio
usado seria o mesmo e as conclusões seriam as seguintes:
(a) Φ(u) −∞ quando u ; u X
0
X
.
(b) Φ(u) + quando u ; u X
+
.
No que segue demonstraremos o Teorema 2.5 que vai garantir a existência de um
ponto crítico para o funcional Φ, e portanto a existência de uma solução fraca para o
problema (P ).
Demonstração do Teorema 2.5: Como sabemos que Φ C
1
(X, R) , mostraremos
no que segue, que Φ satisfaz a condição (P S), isto é, dada uma sequência (u
n
)
H
1
(R
N
) com
|Φ(u
n
)| c e Φ
(u
n
) 0
temos que (u
n
) possui uma subsequência convergente.
De fato, sendo
Φ(u
n
) =
1
2
(Lu
n
, u
n
)
H
1
(R
N
)
R
N
G(x, u
n
)dx,
então
Φ
(u
n
)v = (Lu
n
, v)
H
1
(R
N
)
R
N
g(x, u
n
)vdx
52
o que implica,
Φ
(u
n
)v
=
(Lu
n
, v)
R
N
g(x, u
n
)vdx
. (2.13)
Além disso,
Φ
(u
n
)v
Φ
(u
n
)
v
de onde temos
Φ
(u
n
)v
v v H
1
(R
N
),
para n suficientemente grande, pois
Φ
(u
n
) 0
Φ
(u
n
)
0
logo,
Φ
(u
n
)
1.
Agora, nosso próximo passo é mostrar que
u
n
= P
0
u
n
+ P
u
n
+ P
+
u
n
é limitada. Observe que
(i) Se v = P
+
u
n
, substituindo em (2.13) segue
Φ
(u
n
)P
+
u
n
=
(Lu
n
, P
+
u
n
)
R
N
g(x, u
n
)P
+
u
n
dx
.
Note que usando o mesmo raciocínio do Lema 2.9,
(Lu
n
, P
+
u
n
) = (L(P
u
n
) + L(P
0
u
n
) + L(P
+
u
n
), P
+
u
n
) = (L(P
+
u
n
), P
+
u
n
).
Daí, usando o fato de L ser positivo definido em X
+
temos
(Lu
n
, P
+
u
n
) = (L(P
+
u
n
), P
+
u
n
) α P
+
u
n
2
.
Além disso,
P
+
u
n
Φ
(u
n
)P
+
u
n
|(Lu
n
, P
+
u
n
)|
R
N
g(x, u
n
)P
+
u
n
dx
o que implica,
P
+
u
n
α P
+
u
n
2
P
+
u
n
1,Z
.
Do Teorema 2.3 temos
P
+
u
n
α P
+
u
n
2
C P
+
u
n
53
portanto, P
+
u
n
é limitada.
(ii) Novamente considerando v = P
u
n
em (2.13) obtemos
Φ
(u
n
)P
u
n
(Lu
n
, P
u
n
) +
R
N
|g(x, u
n
)||P
+
u
n
|dx,
de onde segue
Φ
(u
n
)P
u
n
α P
u
n
2
+ P
u
n
1,Z
assim,
P
u
n
Φ
(u
n
)P
u
n
α P
u
n
2
+ C
1
P
u
n
consequentemente,
P
u
n
α P
u
n
2
C
1
P
u
n
.
Logo, P
u
n
é limitada. Agora, por (i) e (ii) tem-se
u
n
P
0
u
n
= P
+
u
n
+ P
u
n
K. (2.14)
Por outro lado, como podemos escrever
Φ(u
n
) =
1
2
(L(u
n
P
0
u
n
), u
n
P
0
u
n
)
R
N
[G(x, u
n
) G(x, P
0
u
n
)] dx
R
N
G(x, P
0
u
n
)dx
temos,
R
N
G(x, P
0
u
n
)dx =
1
2
(L(u
n
P
0
u
n
), u
n
P
0
u
n
)Φ(u
n
)
R
N
[G(x, u
n
) G(x, P
0
u
n
)] dx.
Agora, sendo L = I λ
k
S temos que L é limitado, logo
|(L(u
n
P
0
u
n
), u
n
P
0
u
n
)| L(u
n
P
0
u
n
)u
n
P
0
u
n
Lu
n
P
0
u
n
2
,
e por (2.14) obtemos
|(L(u
n
P
0
u
n
), u
n
P
0
u
n
)| C.
Observe que
R
N
G(x, P
0
u
n
)dx
1
2
|(L(u
n
P
0
u
n
), u
n
P
0
u
n
)|+|Φ(u
n
)|+
R
N
[G(x, u
n
) G(x, P
0
u
n
)] dx
portanto,
R
N
G(x, P
0
u
n
)dx
C
1
.
54
Daí, usando a condição (g
2
) podemos concluir que P
0
u
n
é limitada.
Note que pela ortogonalidade das projeções temos
u
n
2
= P
0
u
n
2
+ P
u
n
2
+ P
+
u
n
2
,
mostrando que (u
n
) é limitada.
Sabemos que
Φ
(u)v =
R
N
(uv + uv)dx ψ
(u)v ; u , v H
1
(R
N
)
onde
ψ(u) =
R
N
(
λ
k
2
u
2
h + G(x, u))dx,
logo
(Φ(u), v)
H
1
(R
N
)
= (u, v)
H
1
(R
N
)
(ψ(u), v)
H
1
(R
N
)
assim,
(Φ(u), v)
H
1
(R
N
)
= (u ψ(u), v)
H
1
(R
N
)
e consequentemente,
Φ(u) = u ψ(u).
Considerando T (u) = ψ(u) temos
Φ(u) = u T (u)
portanto,
Φ(u
n
) = u
n
T (u
n
)
o que implica,
u
n
= Φ(u
n
) + T (u
n
).
Agora, sendo T : H
1
(R
N
) − H
1
(R
N
) compacto (ver Apêndice C), existe (u
n
j
) (u
n
)
tal que
T (u
n
j
) u quando n
j
,
e usando o fato de que
Φ
(u
n
) 0
Φ
(u
n
)
0 ∇φ(u
n
) 0 Φ(u
n
) 0,
55
passando ao limite em
u
n
j
= Φ(u
n
j
) + T (u
n
j
)
encontramos
u
n
j
u quando n
j
,
mostrando que Φ satisfaz a condição (PS).
Finalmente, temos que Φ C
1
(R
N
, R), Φ satisfaz a condição de Palais-Smale e
usando a Proposição 2.10 podemos aplicar o Teorema do Ponto de Sela co m
V = X
, W = X
0
X
+
e garantir a existência de um ponto crítico para Φ, isto é, uma solução fraca do problema
(P ).
2.8 Um exemplo para a condição (g
+
2
)
No que segue iremos supor que G(x, s) = Z(x)
˜
G(x, s) e g(x, s) = Z(x)˜g(x, s);
|˜g(x, s)| M e Z(x) L
1
(R
N
) L
(R
N
), onde
˜
G(x, s) =
s
0
˜g(x, τ ).
Vamos considerar o caso k = 1, ou seja, o problema (P ) pode ser escrito da seguinte
forma
u + u = λ
1
hu + g(x, u), R
N
u H
1
(R
N
).
(P)
Usando as propriedades vistas na Seção 2.6, N
λ
1
tem dimensão 1, N
λ
1
= φ
1
e φ
1
tem sinal definido.
Proposição 2.11 Se a função ˜g : R
N
× R − R é tal que
lim
|s|→∞
˜
G(x, s) = + uniformemente em x R
N
(g
+
3
)
ou
(g
3
) lim
|s|→∞
˜
G(x, s) = −∞ uniformemente em x R
N
, (g
+
3
)
temos
R
N
G(x, v(x))dx ±∞ quando v ; v N
λ
k
. (g
±
2
)
56
Demonstração: Seja v N
λ
1
tal que v = ρw com ρ = v e
w S N
λ
1
= {w N
λ
1
; w = 1} = {−φ
1
, φ
1
},
onde
S =
x H
1
(R
N
); x = 1
.
Afirmação 1: Existe M
0
> 0 tal que
˜
G(x, s) M
0
(x, s) R
N
× R.
De fato, por (g
+
3
), dado M
1
> 0 existe N > 0 tal que
˜
G(x, s) M
1
para |s| N e
x R
N
. Por outro lado, sendo |˜g(x, s)| M tem-se
˜
G(x, s)
M |s|,
logo fixado N > 0, temos
sup
xR
N
s[N,N]
˜
G(x, s)
MN = M
2
portanto,
˜
G(x, s)
M
2
, x R
N
e s [N, N]
consequentemente
˜
G(x, s) M
2
, x R
N
e |s| N.
Definindo
M
0
= min {M
1
, M
2
}
concluímos que
˜
G(x, s) M
0
, x R
N
e s R,
mostrando a afirmação.
Assim, desde de que Z(x) > 0, segue da Afirmação 1
G(x, s) M
0
Z(x), x R
N
e s R. (2.15)
Agora, note que
R
N
G(x, ρw(x))dx =
˜
G(x, ρw(x))dx +
ρ,w,M
G(x, ρw(x))dx,
onde
˜
=
x R
N
; |ρw(x)| < α(M
1
)
57
e
ρ,w,M
1
=
x R
N
; |ρw(x)| α(M
1
)
.
Por (2.15) obtemos que
R
N
G(x, ρw(x))dx M
0
˜
Z(x)dx + M
1
ρ,w,M
1
Z(x)dx
portanto,
R
N
G(x, ρw(x))dx M
0
R
N
Z(x)dx + M
1
ρ,w,M
1
Z(x)dx.
Afirmação 2: Existe ρ(M
1
) tal que
ρ,w,M
1
Z(x)dx
1
2
R
N
Z(x)dx para ρ ρ(M
1
).
De fato, suponha por absurdo que a afirmação não ocorra, então existem (ρ
n
) R com
ρ
n
+ e (w
n
) S N
λ
1
, tal que
ρ
n
,w
n
,M
1
Z(x)dx <
1
2
R
N
Z(x)dx n N. (2.16)
Afirmação 3: Existem (ρ
n
j
) (ρ
n
) e (w
n
j
) (w
n
) tais que
ρ
n
,w
n
,M
1
Z(x)dx
R
N
Z(x)dx.
De fato, seja (w
n
) S N
λ
1
= {φ
1
, φ
1
}. Portanto, existe (n
j
) N tal que
w
n
j
= φ
1
, n
j
ou
w
n
j
= φ
1
, n
j
.
Supondo sem perda de generalidade que
w
n
j
= φ
1
; φ
1
> 0 n
j
tem-se
ρ
n
j
1
,M
1
Z(x)dx =
R
N
χ
ρ
n
j
1
,M
1
(x)Z(x)dx,
onde χ
ρ
n
j
1
,M
1
(x) é a função caracteristica do conjunto
ρ
n
j
1
,M
1
. Fixado x R
N
existe n
j
0
(x) tal que
ρ
n
j
φ
1
(x) > α(M
1
), n
j
n
j
0
(x)
58
o que implica,
x
ρ
n
j
1
,M
1
n
j
n
j
0
(x).
Definindo
f
n
j
(x) = χ
ρ
n
j
1
,M
1
(x)Z(x),
e sendo
χ
ρ
n
j
1
,M
1
(x) = 1, n
j
n
j
0
(x)
obtemos
f
n
j
(x) = Z(x), n
j
n
j
0
(x).
e
f
n
j
(x) Z(x) quando n
j
.
Por outro lado,
f
n
j
Z(x) L
1
(R
N
),
de onde segue pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue
R
N
f
n
j
(x)dx
R
N
Z(x)dx,
ou seja,
ρ
n
j
1
,M
1
Z(x)dx
R
N
Z(x)dx.
Isto é equivalente a dizer, que dado > 0 existe n
0
N, tal que para n
j
n
0
ρ
n
j
1
,M
1
Z(x)dx
R
N
Z(x)dx
< .
Então, para n
j
> n
0
temos que
ρ
n
j
1
,M
1
Z(x)dx
R
N
Z(x)dx ,
R
N
Z(x)dx +
logo para suficientemente pequeno
ρ
n
j
1
,M
Z(x)dx
1
2
R
N
Z(x)dx, n
j
n
0
o que é um absurdo com (2.16).
Portanto, da afirmação 2, concluímos que
ρ,w,M
1
Z(x)dx
1
2
R
N
Z(x)dx para ρ ρ(M
1
)
59
assim,
R
N
G(x, ρw(x))dx M
0
R
N
Z(x)dx + M
1
1
2
R
N
Z(x)dx. (2.17)
Usando o fato que Z(x) L
1
(R
N
), cada parcela em (2.17) é limitada. Considerando
K = M
0
R
N
Z(x)dx + M
1
1
2
R
N
Z(x)dx
temos
R
N
G(x, ρw(x))dx K.
Então, sendo v = ρw e v = ρ obtemos que para ρ suficientemente grande
R
N
G(x, v(x))dx K,
portanto,
R
N
G(x, v(x))dx K para v N
2
= ρ(M
1
).
Assim, dado M
2
> 0 vamos escolher M
1
de maneira que K M
2
. Logo, da definição
de limite temos
R
N
G(x, v(x))dx + quando v ,
mostrando o exemplo.
Capítulo 3
Teoremas do Passo da Montanha
Neste capítulo iremos demonstrar algumas versões do Teorema do Passo da Mon-
tanha encontradas em Willem (ver[13]). Na demonstração dos teoremas abstratos
usamos novamente os Teoremas de Deformação vistos no Capítulo 1.
3.1 Condições de Compacidade
Nesta seção vamos definir alg umas condições de compacidade as quais serão uti-
lizadas no decorrer deste capítulo.
Definição 3.1 Seja X um espaço de Banach e φ C
1
(X, R). O funcional φ satisfaz
a condição Fraca de Palais-Smale ou (FPS) se cada sequência (u
n
) limitada tal que
|φ(u
n
)| é limitada e φ
(u
n
) 0 contém uma subsequência convergente.
Definição 3.2 Seja X um espaço de Banach, φ C
1
(X, R) e c R. O funcional φ
satisfaz a condição de Palais-Smale no nível c ou (PS)
c
se dada uma sequência (u
n
)
tal que φ(u
n
) c e φ
(u
n
) 0, então c é um valor crítico de φ.
Teorema 3.3 Seja X um espaço de Banach e φ C
1
(X, R). Se
(i) φ é limitado inferiormente; c = inf
X
φ,
(ii) φ satisfaz a condição (P S)
c
,
então existe u
0
X tal que
φ(u
0
) = c = inf
X
φ.
Logo, c é um valor crítico de φ.
Demonstração: Suponha por contradição, que c não é valor crítico de φ. Então, segue
do Teorema 1.15 que existe > 0 e η C([0, 1] × X, X) tal que
η(1, φ
c+
) φ
c
.
60
61
Usando a definição de c existe u
0
X tal que
c φ(u
0
) < c +
o que implica,
u
0
φ
c+
assim,
φ
c+
=
de onde segue
η(1, u
0
) η(1, φ
c+
),
ou seja,
η(1, φ
c+
) =
o que é um absurdo uma vez que φ
c
= . Logo, c é um valor crítico de φ.
3.2 Teoremas do Passo da Montanha
Nesta seção vamos demonstrar duas versões do Teorema do Passo da Montanha
as quais serão utilizados no próximo capítulo.
Teorema 3.4 Seja X um espaço de Banach, φ C
1
(X, R), u = v X,
Γ =
g C
1
(X, R) : g(0) = u, g(1) = v
e
c = inf
gΓ
max
0t1
φ(g(t)).
Se
(i) φ satisfaz a condição (P S)
c
.
(ii) Existe 0 < R < u v e b R tal que
w v = R
implica
φ(w) b > a = max {φ(u), φ(v)},
então c b é valor crítico de φ.
62
Demonstração: Da co ndição (ii) para cada g Γ, existe t
0
(0, 1) tal que
g(t
0
) u = R.
De fato, considere a seguinte função
f : [0, 1] R
t − f(t) = g(t) u ; g Γ.
Observe que
f(0) = g(0) u = u u = 0 < R
e
f(1) = g(1) u = v u > R,
isto é,
f(0) < R < f (1).
Logo, pelo Teorema do Valor Intermediário, existe t
0
(0, 1) tal que
f(t
0
) = g(t
0
) u = R
o que implica,
φ(g(t
0
)) b
assim,
max
0t1
φ(g(t)) b , g Γ
portanto, desde de que
c = inf
gΓ
max
0t1
φ(g(t))
segue c b.
Suponha por absurdo que c não é um valor crítico, então pelo Teorema 1.15,
existem 0 < <
ca
2
e η C([0, 1] × X, X) tais que
η(t, u) = u se u / φ
1
([c 2, c + 2]) (3.1)
e
η(1, φ
c+
) φ
c
. (3.2)
63
Pela definição de c, existe g Γ tal que
max
0t1
φ(g(t)) c + (3.3)
e defina
ˆ
h(t) = η(1, g(t)). Desde que,
φ(v), φ(u) a < c 2
obtemos
φ(v), φ(u) / [c 2, c + 2]
o que implica,
v, u / φ
1
([c 2, c + 2]).
Logo, por (3.1) tem-se
ˆ
h(0) = η(1, g(0)) = η(1, u) = u
e
ˆ
h(1) = η(1, g(1)) = η(1, v) = v
portanto
ˆ
h Γ. Ago ra, por (3.3) temos
φ(g(t)) c + t [0, 1]
assim,
g(t) φ
c+
t [0, 1]
consequentemente, por (3.2) obtemos
ˆ
h(t) = η(1, g(t)) φ
c
t [0, 1],
isto é,
φ(
ˆ
h(t)) c t [0, 1]
de onde segue,
max
0t1
φ(
ˆ
h(t)) c .
Sendo
c = inf
gΓ
max
0t1
φ(g(t))
temos,
c max
0t1
φ(g(t)) , g Γ.
64
Portanto,
c max
0t1
φ(
ˆ
h(t)) c
o que é um absurdo, mostrando que c é um valor crítico de φ.
Teorema 3.5 Seja X um espaço de Banach, φ C
1
(X, R), u = v X,
Γ =
g C
1
(X, R) : g(0) = u, g(1) = v
e
c = inf
gΓ
max
0t1
φ(g(t)).
Se
(i) φ satisfaz a condição (P S)
c
e (F P S)
(ii) Existe 0 < r < R < u v tal que, se w X verifica
r w u R
temos
φ(w) a = max {φ(u), φ(v)},
então c a e c é um valor crítico de φ. Além disso, se c = a, existe um único ponto
crítico w tal que
φ(w) = a e w v =
R + r
2
.
Demonstração: Para c > a, basta repetir a demonstração do Teorema 3.4. Vamos
mostrar o caso em que c = a. Seja n N de tal forma que
R r
2
1
n
.
Pela definição de c = a, tem-se
max
0t1
φ(g(t)) a +
1
n
o que implica,
φ(g(t)) a +
1
n
t [0, 1]
ou seja
g(t) φ
a+
1
n
t [0, 1].
Afirmação: Da condição (ii) para cada g Γ, existe t
0
(0, 1) tal que
g(t
0
) u =
R + r
2
.
65
De fato, considere a seguinte função
f : [0, 1] R
t − f(t) = g(t) u ; g Γ.
Note que
0 < r < R
daí,
r < 2r < R + r < 2R
portanto,
r
2
< r <
R + r
2
< R.
Assim,
f(0) = g(0) u = u u = 0 <
R + r
2
e
f(1) = g(1) u = v u > R >
R + r
2
,
isto é,
f(0) <
R + r
2
< f(1).
Logo, pelo Teorema do Valor Intermediario, existe t
0
(0, 1) tal que
f(t
0
) = g(t
0
) u =
R + r
2
mostrando a afirmação. Agora, vamos considerar u
n
= g(t
0
), então
a φ(u
n
) a +
1
n
e
u
n
u =
R + r
2
.
Supondo por contradição que o Teorema 1.14 pode ser aplicado com S = {u
n
},
c = a, =
1
n
e δ =
1
n
, para cada
u φ
1
([c
2
n
, c +
2
n
]) S
2
n
,
implica
φ
(u)
4
n
.
66
Usando o fato u
n
φ
a+
1
n
S
δ
, segue da propriedade (iii) η(1, φ
a+
S) φ
a
S
δ
,
logo
v
n
= η(1, u
n
) φ
a
1
n
S
1
n
. (3.4)
Note que
v
n
u v
n
u
n
+ u
n
u
logo,
v
n
u
1
n
+
R + r
2
R r
2
+
R + r
2
= R,
Por outro lado,
v
n
u u
n
u v
n
u
n
portanto,
v
n
u
R + r
2
1
n
R + r
2
R r
2
logo,
v
n
u r
concluído desta forma que
r v
n
u R.
Por (3.4) tem-se
φ(v
n
) a
1
n
< a
e por (ii) segue
φ(v
n
) a
o que é um absurdo. Então, o Teorema 1.14 não pode ser aplicado, portanto existe
algum
w
,δ
φ
1
([c 2, c + 2]) S
2δ
tal que
φ
(w
,δ
)
4
δ
logo,
u
n
w
,δ
2δ.
Sejam =
1
n
, δ =
1
n
e considere w
n
= w
1
n
,
1
n
, então
c
2
n
φ(w
n
) c +
2
n
, (3.5)
67
φ
(w
n
)
4
n
(3.6)
e
u
n
w
n
2
n
.
Observe que
w
n
u w
n
u
n
+ u
n
u
2
n
+
R + r
2
R r +
R + r
2
o que implica,
w
n
u
3R r
2
.
Por outro lado,
w
n
u w
n
u
3R r
2
de onde segue
w
n
3R r
2
+ u = C, n N,
ou seja, w
n
é limitada.
Passando ao limite em (3.5) e (3.6) tem-se
φ(w
n
) c e φ
(w
n
) 0.
Da condição (F P S) temos que existe uma subsequência (w
n
j
) tal que
w
n
j
w em X
portanto, usando o fato que φ C
1
(X, R) temos
φ(w
n
j
) φ(w) e φ
(w
n
j
) φ
(w).
Logo, pela unicidade do limite
φ(w) = c e φ
(w) = 0,
mostrando que c é valor crítico de φ. Por outro lado,
u
n
j
w
u
n
j
w
n
j
+
w
n
j
w
o que implica,
u
n
j
w
2
n
j
+
w
n
j
w
68
daí, passando ao limite tem-se
u
n
j
w
0,
isto é,
u
n
j
w em X.
Desde que
u
n
j
u
=
R + r
2
,
passando ao limite obtemos
w u =
R + r
2
mostrando o Teorema.
Capítulo 4
Soluções Periódicas da Equação do
Pêndulo Forçado
Nosso objetivo neste capítulo é usar métodos variacionais para mostrar a existên-
cia de soluções T -periódicas da equação
¨u + G
(u) = f (t) (4.1)
a qual é de grande importância para a Mecânica e a Física Matemática. Em particular,
se considerarmos G(u) = cos u, obtemos a equação do pêndulo forçado
¨u + sin(u) = f(t).
A garantia de solução T -periódica para a equação (4.1), é devido a Ambrosetti-Rabinowitz
(ver[13]) e consiste em determinar pontos críticos do funcional energia definido por
Φ(u) =
T
0
[
˙u
2
2
G(u) + fu]dt.
4.1 Preliminares
Nesta seção vamos fazer um breve estudo sobre as séries de Fourier e demonstrar
alguns resultados básicos que serão utilizados ao decorrer deste cápitulo. Maiores
detalhes podem ser encontrados em [11].
Seja u : [0, T ] − R, uma função integrável, a sua série de Fourier é a série da da
por
S[u] =
a
0
2
+
k=1
a
k
cos(
2kπ
T
t) + b
k
sin(
2kπ
T
t)
. (4.2)
69
70
Podemos rescrever a série de Fourier de uma função u definida em [0, T ] de uma maneira
diferente, usando exponênciais complexas. Recorde que se t R, temos
e
i2
T
t
= cos(
2kπ
T
t) + i sin(
2kπ
T
t)
de modo que
cos(
2kπ
T
t) =
e
i2
T
t
+ e
i2
T
t
2
e
sin(
2kπ
T
t) =
e
i2
T
t
e
i2
T
t
2i
.
Portanto,
a
k
cos(
2kπ
T
t) + b
k
sin(
2kπ
T
t) = a
k
e
i2
T
t
+ e
i2
T
t
2
+ b
k
e
i2
T
t
e
i2
T
t
2i
o que implica,
a
k
cos(
2kπ
T
t) + b
k
sin(
2kπ
T
t) =
a
k
2
+
b
k
2i
e
i2
T
t
+
a
k
2
b
k
2i
e
i2
T
t
de onde obtemos
a
k
cos(
2kπ
T
t) + b
k
sin(
2kπ
T
t) =
a
k
ib
k
2
e
i2
T
t
+
a
k
+ ib
k
2
e
i2
T
t
.
Rescrevendo (4.2) tem-se
S[u] =
a
0
2
+
k=1
a
k
ib
k
2
e
i2
T
t
+
k=1
a
k
+ ib
k
2
e
i2
T
t
assim,
S[u] =
kZ
c
k
e
i2
T
t
é a série de Fourier complexa de u, onde os coeficientes de Fourier são dados po r
c
0
=
a
0
2
, c
k
=
a
k
ib
k
2
e c
k
=
a
k
+ ib
k
2
; k Z.
Recorde que a
k
, b
k
, e a
0
são calculados da seguinte forma:
a
k
=
1
T
T
0
u(t) cos(
2kπ
T
t)dt,
b
k
=
1
T
T
0
u(t) sin(
2kπ
T
t)dt
e
a
0
=
1
T
T
0
u(t)dt.
71
Teorema 4.1 Seja u contínua, com ˙u L
2
([0, T ]) e u T-períodica. Então, a série
de Fourier gerada por u converge uniformente a u. Além disso, vale a identidade de
Parseval
c
k
2
2
=
kZ
|c
k
|
2
=
1
T
T
0
|u(t)|
2
dt =
1
T
u
2
2
.
Proposição 4.2 Seja u : R − R
N
uma função absolutamente contínua e T-períodica
tal que
T
0
|˙u(t)|
2
dt < . Se
T
0
u(t)dt = 0, então
T
0
|u(t)|
2
dt
T
2
4π
2
T
0
|˙u(t)|
2
dt.
Demonstração: Seja
u
=
kZ
c
k
e
i2
T
t
a série de Fourier gerada por u, então a sua derivada é dada por
˙u
=
kZ
i2kπ
T
e
i2
T
t
.
Agora, usando a identidade de Parseva l tem-se
1
T
T
0
|u(t)|
2
dt =
kZ
|c
k
|
2
,
e
1
T
T
0
|˙u(t)|
2
dt =
kZ
4π
2
k
2
T
2
|c
k
|
2
de onde segue
1
T
T
0
|˙u(t)|
2
dt =
4π
2
T
2
kZ
k
2
|c
k
|
2
.
Assim,
1
T
T
2
4π
2
T
0
|˙u(t)|
2
dt =
kZ
k
2
|c
k
|
2
,
portanto
1
T
T
2
4π
2
T
0
|˙u(t)|
2
dt
1
T
T
0
|u(t)|
2
dt
logo,
T
2
4π
2
T
0
|˙u(t)|
2
dt
T
0
|u(t)|
2
dt
mostrando a proposição.
72
4.2 Existência de Solu ção
Nesta seção iremos mostrar a existência de soluções T -periódicas para a equação
¨u + G
(u) = f (t),
onde G C
1
(R, R) é uma função 2π-p eriódica e f C(R, R) uma função T -periódica.
No que segue, denotaremos por H o seguinte espaço vetorial
H =
u : R → R ; u absolutamente contínua, T-periódica e
T
0
|˙u(t)|
2
dt <
,
com a seguinte norma
u
2
H
=
T
0
|˙u|
2
+ |u|
2
dt
e por Φ : H R, o seguinte funcional
Φ(u) =
T
0
[
˙u
2
2
G(u) + fu]dt
o qual está bem definido sendo de classe C
1
(H, R) (ver Apêndice B). Além disso, os
pontos críticos de φ são soluções fraca de (4.1), com
Φ
(u)h =
T
0
[ ˙u
˙
h G
(u)h + fh]dt ; h H.
Lema 4.3 O espaço H é Hilbert com relação ao produto interno dado por
(u, v) =
T
0
( ˙u ˙v + uv)dt.
Demonstração: Seja (u
n
) H uma sequência de Cauchy. Então, dado > 0 existe
n
0
N tal que
u
n
u
m
H
< para m, n n
0
. (4.3)
Observe que
u
n
2
H
=
T
0
| ˙u
n
|
2
+ |u
n
|
2
dt = ¯u
n
2
H
1
([0,T ])
,
onde ¯u
n
= u
n
[0,T ]
. Por outro lado,
u
n
u
m
2
H
= ¯u
n
¯u
m
2
H
1
([0,T ])
.
Usando o fato que H
1
([0, T ]) é Hilbert, existe ¯u H
1
([0, T ]) tal que
¯u
n
¯u em H
1
([0, T ]).
73
Agora, considere u(t) = ¯u(t); t [0, T ] e defina
u(t) = ¯u(t kT ) se t [kT, (k + 1)T ] ; k Z.
Das imersões continuas de Sobolev,
H
1
([0, T ]) C([0, T ])
assim,
u
n
(0) = ¯u
n
(0) ¯u(0)
e
u
n
(T ) = ¯u
n
(T ) ¯u(T ).
Segue do fato que u
n
é T -periódica e da unicidade do limite,
¯u(0) = ¯u(T ).
Portanto, para cada k Z temos
u(t + T ) = ¯u(t + T KT ) = u(t),
ou seja,
u(t + T ) = u(t)
mostrando que u é T -periódica e portanto contínua.
Afirmação: u : R − R é absolutamente contínua, ou seja, dado > 0 δ > 0 tal
que para toda sequência finita de intervalos disjuntos (a
i
, b
i
) de [0, T ] temos:
n
i=1
|b
i
a
i
| < δ =
n
i=1
|u(b
i
) u(a
i
)| < .
De fato, para mostrar a afirmação usaremos as seguintes propriedades:
(P
1
) Se f L
1
(X, X, µ) dado > 0, δ > 0 tal que µ(B) < δ =
B
f < .
(P
2
) Se u W
1,p
(I), então u(x) u(y) =
x
y
|u
(t)|dt (ver[3]).
Considere,
B = (a
1
, b
1
) (a
2
, b
2
) ... (a
n
, b
n
) em [0, T ]; i = 1, 2, ..., n,
e usando o fato que a união é disjunta,
µ(B) = µ((a
1
, b
1
)) + ... + µ((a
n
, b
n
)); (µ(B) := medida de Lebesgue)
74
portanto,
µ(B) = |a
1
b
1
| + |a
2
b
2
| + ... + |a
n
b
n
| =
n
i=1
|b
i
a
i
| < δ.
Segue de (P
1
) e (P
2
)
n
i=1
|u(b
i
) u(a
i
)| =
n
i=1
b
i
a
i
u
(t)dt
n
i=1
(a
i
,b
i
)
|u
(t)|dt
o que implica,
n
i=1
|u(b
i
) u(a
i
)|
n
i=1
(a
i
,b
i
)
|u
(t)|dt =
B
|u
(t)|dt <
Segue do argumento acima e do fato que u é T -periódica que u deve ser absolutamente
contínua.
Agora, sendo u(t) = ¯u(t); t [0, T ] uma função T -periódica e absolutamente
contínua com u
n
u em H
1
([0, T ]), então
u
n
u
2
H
=
T
0
| ¯u
n
¯u|
2
dt = ¯u
n
¯u
2
H
1
([0,T ])
0,
isto é,
u
n
u em H.
Lema 4.4 O funcional Φ satisfaz a condição (F P S).
Demonstração: Seja J : H H
onde,
J(u), h =
T
0
˙u
˙
hdt +
T
0
uhdt , u, h H
assim,
Φ
(u)h = J(u), h
T
0
[uh G
(u)h fh]dt ; h H.
Considere também N : H H
com
N(u), h =
T
0
[uh G
(u)h fh]dt ; h H
portanto,
J(u), h N(u), h =
T
0
[ ˙u
˙
h G
(u)h + fh]dt
75
o que implica,
J(u), h N(u), h = Φ
(u)h,
isto é,
Φ
(u) = J(u) N(u).
Afirmação: Se u
k
u em H, então N(u
k
) N(u) em H
.
De fato, usando a norma em H
temos
N(u
k
) N(u)
H
= sup
h≤1
|N(u
k
) N(u), h|.
Agora, observe que
N(u
k
) N(u), h =
T
0
[u
k
G
(u
k
) f (u G
(u) f)]hdt
de onde segue
N(u
k
) N(u), h =
T
0
[u
k
u + G
(u
k
) G
(u)]hdt
o que implica,
|N(u
k
) N(u), h|
T
0
|u
k
u||h|dt +
T
0
G
(u
k
) G
(u)
|h|dt.
Por Hölder, e das imersões contínuas obtemos
|N(u
k
) N(u), h| C u
k
u
L
2
([0,T ])
h
H
+ C
G
(u
k
) G
(u)
L
2
([0,T ])
h
H
.
Agora, usando o fato que u
k
u em H, então (u
k
) é limitada em H. E das imersões
compactas de Sobolev
H
1
([0, T ]) L
2
([0, T ]).
Assim, dado (u
k
) limitada em H
1
([0, T ]) existe uma subsequência, que também deno-
taremos por (u
k
) tal que
u
k
u em L
2
([0, T ]),
e a menos de subsequência
u
k
(t) u(t) q.t.p em [0, T ].
Da continuidade de G
, tem-se
G
(u
k
(t)) G
(u(t)) q.t.p em [0, T ]
76
e portanto,
G
(u
k
(t)) G
(u(t))
2
0 q.t.p em [0, T ].
Por outro lado,
G
(u
k
) G
(u)
2
G
(u
k
)
+
G
(u)
2
daí,
G
(u
k
) G
(u)
2
(M + M)
2
= 4M
2
L
1
([0, T ]),
onde M verifica
G
(t)
M t R.
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue tem-se
lim
k→∞
T
0
G
(u
k
) G
(u)
2
dt = 0
o que implica,
G
(u
k
) G
(u) em L
2
([0, T ]).
Note que se considerarmos h 1, obtemos
|N(u
k
) N(u), h| C u
k
u
L
2
([0,T ])
+ C
G
(u
k
) G
(u)
L
2
([0,T ])
(4.4)
de onde segue
N(u
k
) N(u)
H
C u
k
u
L
2
([0,T ])
+ C
G
(u
k
) G
(u)
L
2
([0,T ])
.
Passando ao limite quando k tem-se
N(u
k
) N(u)
H
0 quando k ,
isto é,
N(u
k
) N(u) em H
mostrando a afirmação.
Desde que
Φ
(u
k
) = J(u
k
) N(u
k
),
passando ao limite e usando o fato que Φ
(u
k
) 0 e N(u
k
) N(u) temos
J(u
k
) N(u) quando k .
77
Agora, note que
J(u), h =
T
0
˙u
˙
hdt +
T
0
uhdt,
ou seja,
J(u), h = (u, h)
H
1
([0,T ])
.
Segue do Teorema da Representação de Riesz, que podemos fazer a seguinte identifi-
cação
J(u)
=
u
e consequentemente
J(u)
H
= u
H
1
([0,T ])
.
Usando o mesmo raciocínio
N(u), h = (T u, h)
H
1
([0,T ])
e fazendo novamente a identificação com
T u
=
N(u),
obtemos
N(u)
H
= T u
H
1
([0,T ])
,
portanto
J(u
k
) N(u), h = (u
k
T u, h)
H
1
([0,T ])
, h H
consequentemente,
J(u
k
) N(u)
H
= u
k
T u
H
1
([0,T ])
. (4.5)
Ora,
J(u
k
) N(u) quando k em H
logo passando ao limite em (4.5) temos
u
k
T u
H
1
([0,T ])
0 quando k
o que implica,
u
k
T u.
Considerando w = T u teremos
u
k
w
mostrando assim, que Φ satisfaz a condição (F P S).
78
Teorema 4.5 Se
T
0
f(t)dt = 0, então a equação (4.1) tem duas soluções T -periódicas
que não diferem por multiplicidade 2π.
Demonstração: Para cada u H iremos escrever
v = u
1
T
T
0
u(t)dt
e
w =
1
T
T
0
u(t)dt
o que implica,
u = v + w (4.6)
assim,
˙u = ˙v. (4.7)
Recorde que
Φ(u) =
T
0
[
˙u
2
2
G(u) + fu]dt
daí, por (4.6) e (4.7) obtemos
Φ(u) =
T
0
˙v
2
2
dt
T
0
G(v + w)dt +
T
0
f[v + w]dt
e usando a hipótese que
T
0
f(t)dt = 0 tem-se
Φ(u) =
T
0
˙v
2
2
dt
T
0
G(v + w)dt +
T
0
fvdt. (4.8)
Afirmação 1: Φ é limitado inferiormente.
De fato, seja
α = max
uR
G(u)
logo, por definição temos
α G(u) u R
portanto, usando a desigualdade de Cauchy-Schwarz
Φ(u)
T
0
˙v
2
2
dt α
T
0
dt
T
0
f
2
dt
1
2
T
0
v
2
dt
1
2
.
79
Pela Proposição 4.2 obtemos
Φ(u)
T
0
˙v
2
2
dt α T
T
4π
T
0
f
2
dt
1
2
T
0
˙v
2
dt
1
2
de onde segue
Φ(u)
1
2
˙v
2
L
2
([0,T ])
B ˙v
L
2
([0,T ])
C, (4.9)
ou seja, Φ é limitado inferiormente.
Afirmação 2: Φ é 2π-periódica, isto é, Φ(u + 2π) = Φ(u).
De fato, considere
u = v + w
consequentemente
˙u = ˙v,
então
Φ(u + 2π) =
T
0
˙v
2
2
dt
T
0
G(v + w + 2π)dt +
T
0
f[v + w + 2π]dt
desta forma,
Φ(u + 2π) =
T
0
˙v
2
2
T
0
G(v + w + 2π)dt +
T
0
fvdt
portanto, usando o fato que
G(v + w + 2π) = G(v + w)
pois G é 2π-periódica, tem-se
Φ(u + 2π) = Φ(u).
Afirmação 3: Φ satisfaz (P S)
c
para todo c R.
De fato, seja (u
k
) uma subsequência em H tal que
Φ(u
k
) c e Φ
(u
k
) 0.
Desde que Φ(u
k
) é limitada, segue de (4.9)
C
1
|Φ(u
k
)|
1
2
˙v
k
2
L
2
([0,T ])
B ˙v
k
L
2
([0,T ])
C,
80
ou seja,
1
2
˙v
k
2
L
2
([0,T ])
B ˙v
k
L
2
([0,T ])
C C
1
portanto, ( ˙v
k
) é limitada em L
2
([0, T ]). Por outro lado, pela Proposição 4.2 temos
T
2
4π
2
T
0
| ˙v
k
(t)|
2
dt
T
0
|v
k
(t)|
2
dt
o que implica,
v
k
2
L
2
([0,T ])
C
2
˙v
k
2
L
2
([0,T ])
de onde temos
v
k
2
L
2
([0,T ])
C
3
,
isto é, (v
k
) é limitada em L
2
([0, T ]). Agora, desde que u
k
= v
k
+ w
k
; w
k
R, temos
pela periocidade de Φ que
Φ(u
k
) = Φ(v
k
+ ˆw
k
); ˆw
k
[0, 2π].
Denotando ˆu
k
= v
k
+ ˆw
k
temos
Φ(ˆu
k
) = Φ(u
k
) c e Φ
(ˆu
k
) = Φ
(u
k
) 0. (4.10)
Observe que
T
0
ˆw
2
k
4π
2
T
isto é,
ˆw
k
2
L
2
([0,T ])
4π
2
T
de onde segue
ˆw
k
L
2
([0,T ])
2π
T ,
mostrando que ( ˆw
k
) é limitada em L
2
([0, T ]). Assim, como (v
k
) e ( ˆw
k
) são limitadas
podemos concluir que (ˆu
k
) é limitada em H, então pelo Lema 4.4, (ˆu
k
) contém uma
subsequência que também denotaremos por (ˆu
k
) tal que
ˆu
k
u em H.
Então, por (4.10) tem-se
Φ(ˆu
k
) c e Φ
(ˆu
k
) 0
81
por outro lado,
Φ(ˆu
k
) Φ(u) e Φ
(ˆu
k
) Φ
(u)
pois, Φ C
1
. Logo, pela unicidade do limite temos
Φ(u) = c e Φ
(u) = 0,
então c é um valor crítico, mostrando que Φ satisfaz a condição (P S)
c
.
Segue da Afirmação 1 e Afirmação 3, juntamente com o Teorema 3.3 que Φ
tem um mínimo em algum ponto u H. Consequentemente, da Afirmação 2
Φ(u + 2π) = Φ(u) = min
H
Φ.
Considerando v = u + 2π observe que
u v
H
=
T
0
[ ˙u ˙v]
2
dt +
T
0
[u v]
2
dt
1
2
e do fato que ˙u = ˙v, tem-se
u v
H
=
T
0
[u v]
2
dt
1
2
,
ou seja,
u v
H
=
T
0
(2π)
2
dt
1
2
o que implica,
u v
H
= 2π
T .
Aplicando o Teorema 3.5 com v = u + 2π, 0 < r < R < 2π
T , w verificando
r w u R
e observando que
Φ(w) a = max {Φ(u), Φ(v)},
então o nível minimáx c a e c é um valor crítico de Φ. Agora, note que
(i) Se c > a, suponha que u
1
é um ponto crítico com Φ(u
1
) = c e usando o fato que
Φ(u) = a, então
Φ(u
1
) > Φ(u)
82
consequentemente
u
1
= u + 2kπ,
pois caso contrário pela periodicidade de Φ teriamos Φ(u
1
) = Φ(u), o que seria um
absurdo.
(ii) Se c = a, p elo Teorema 3.5 temos um ponto crítico u
1
que verifica Φ(u
1
) = a com
Φ(u
1
) = Φ(u) e u
1
u =
R + r
2
. (4.11)
Considerando u
1
= u + 2kπ temos
u
1
u
2
=
T
0
[ ˙u
1
˙u]
2
dt +
T
0
[2kπ]
2
dt
e sendo ˙u
1
= ˙u, segue
u
1
u = 2 |k|π
T 2π
T
portanto, usando o fato que 0 < r < R < 2 |k|π
T obtemos
R + r
2
< 2 |k|π
T = u
1
u
o que contradiz (4.11). Logo, u
1
= u + 2kπ mostrando que a equação (4.1) possui duas
soluções que não diferem por multiplicidade 2π.
Apêndice A
Grau topológico de Brouwe r
Neste apêndice faremos uma breve apresentação dessa importante ferramenta
topológica e de suas principais propriedades (ver [4]).
Seja φ C(
¯
U, R
N
) onde U R
N
é um conjunto aberto limitado. Dado b
R
N
\ φ(U) o problema consiste em resolver a equação
φ(x) = b (A.1)
em U. Isto pode ser feito em certos casos usando-se o chamado Grau de Brouwer
da aplicação φ (relativo a U no ponto a), que é denotado por d(φ, U, b), o qual é um
inteiro que representa uma "contagem algébrica" do número de soluções de (A.1).
Citaremos a seguir, algumas propriedades que foram utilizada s durante o decorrer
deste trabalho:
(P
1
) (Normalização) Se I
d
: U R
N
é a aplicação inclusão então
d(I
d
, U, b) =
1, se b U
0, se b / U
(P
2
) (Dependência na fronteira) Se Ψ = φ em U então
d, U, b) = d(φ, U, b).
(P
3
) (Propriedade de existência) Se d, U, b) = 0 então existe uma solução x
0
U
de (A
1
).
83
Apêndice B
Funcionais diferenciáveis
Neste apêndice o nosso objetivo é mostrar que os funcionais definidos no decorrer
deste trabalho são de classe C
1
.
Definição B.1 Seja J : X R um funcional, onde X é um espaço normado. Dire-
mos que J é Fréchet Diferenciável em u X, se existe L : X R funcional linear
contínuo verificando o seguinte
|J(u + h) J(u) L(h)|
h
0 quando h 0.
Considere o funcional definido por
Φ : H
1
(R
N
) R
u − Φ(u) =
1
2
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
R
N
G(x, u)dx,
mostraremos neste momento apenas que
I : H
1
(R
N
) R
u − I(u) =
R
N
G(x, u)dx
é de classe C
1
(H
1
(R
N
), R).
Afirmação 1: I é Fréchet diferenciável.
De fato, seja u H
1
(R
N
) e para cada v H
1
(R
N
), considere
r(v) = I(u + v) I(u) L(v),
de onde segue
r(v) = I(u + v) I(u)
R
N
g(x, u)dx. (B.1)
84
85
Nosso objetivo é mostrar que
lim
v→0
|r(v)|
v
= 0.
De (B
1
) temos
r(v) =
R
N
(G(x, u + v) G(x, u)) dx
R
N
G
(x, u)vdx.
Afirmação 2: Segue do Teorema Fundamental do Cálculo,
G(x, u + v) G(x, u) =
1
0
d
dt
G(x, u + tv)dt.
De fato, considere a seguinte função
f : [0, 1] R
t − f(t) = G(x, u + tv) com u, v e x fixados,
temos
1
0
f
(t)dt = f (1) f(0).
Por outro lado
1
0
f
(t)dt =
1
0
d
dt
G(x, u + tv)dt = G(x, u + v) G(x, u),
mostrando a afirmação 2. Note que,
d
dt
G(x, u + tv)dt = G
(x, u + tv)v
consequentemente
1
0
d
dt
G(x, u + tv)dt =
1
0
G
(x, u + tv)vdt
portanto,
r(v) =
R
N
1
0
g(x, u + tv)vdt
dx
R
N
g(x, u)vdx
o que implica,
r(v) =
R
N
1
0
g(x, u + tv)vdt g(x, u)v
dx
assim,
r(v) =
R
N
1
0
g(x, u + tv)vdt
1
0
g(x, u)vdt
dx
de onde temos
r(v) =
R
N
1
0
(g(x, u + tv) g(x, u)) vdt
dx,
86
ou seja,
|r(v)|
R
N
1
0
|g(x, u + tv) g(x, u)||v|dt
dx. (B.2)
Desde de que v H
1
(R
N
), segue das imersões continuas de Sobolev
H
1
(R
N
) L
s
(R
N
); s = 2
=
2N
N 2
,
logo v L
s
(R
N
).
Afirmação 3: A função f(x) = g(x, u+tv)g(x, u) L
r
(R
N
); t [0, 1] e r =
2N
N+2
.
De fato,
|f(x)|
r
(|g(x, u + tv)| + |g(x, u)|)
r
(Z(x) + Z(x))
r
= (2Z(x))
r
o que implica,
R
N
|f(x)|
r
R
N
(2Z(x))
r
= 2
r
Z(x)
r1
R
N
Z(x)dx <
de onde segue que f L
r
(R
N
).
Aplicando o Teorema de Fubini em (B.2) temos
|r(v)|
1
0
R
N
1
0
|g(x, u + tv) g(x, u)||v|dx
dt,
usando Hölder segue
|r(v)|
1
0
g(x, u + tv) g(x, u)
L
r
(R
N
)
v
L
s
(R
N
)
dt
e das imersões continuas de Sobolev tem-se
|r(v)| C
1
0
g(x, u + tv) g(x, u)
L
r
(R
N
)
vdt,
consequentemente
|r(v)|
v
C
1
0
g(x, u + tv) g(x, u)
L
r
(R
N
)
dt.
Nosso objetivo nesse momento é mostrar que
|r(v
n
)|
v
n
0 quando v
n
0 em H
1
(R
N
).
Para cada n N defina
s
n
: [0, 1] R
t − s
n
(t) = g(x, u + tv
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
87
portanto,
|r(v
n
)|
v
n
1
0
s
n
(t)dt
assim, basta mostrar que
1
0
s
n
(t)dt 0 n .
Afirmação 4: Para cada t fixado, temos g(x, u + tv
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
0.
De fato, desde que v
n
0 em H
1
(R
N
) segue das imersões continuas de Sobolev que
v
n
0 em L
s
(R
N
)
portanto a menos de subsequência
v
n
(x) 0 q.t.p em R
N
.
Usando o fato de que g é contínua,
g(x, (u + tv
n
)(x)) g(x, u(x)) q.t.p em R
N
logo,
|g(x, u + tv
n
) g(x, u)|
r
0 q.t.p em R
N
.
Por outro lado,
|g(x, u + tv
n
) g(x, u)|
r
(|g(x, u + tv
n
)| + |g(x, u)|)
r
o que implica,
|g(x, u + tv
n
) g(x, u)|
r
(2Z(x))
r
L
1
(R
N
).
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue temos
lim
n→∞
R
N
|g(x, u + tv
n
) g(x, u)|
r
dx = 0,
consequentemente, para cada t fixado
s
n
(t) 0, t [0, 1].
Mostraremos agora que {s
n
} é limitada por uma função η L
1
(R
N
).
Desde de que s
n
(t) = g(x, u + tv
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
, então
0 s
n
(t) g(x, u + tv
n
)
L
r
(R
N
)
+ g(x, u)
L
r
(R
N
)
88
o que implica,
s
n
(t)
R
N
|Z(x)|
r
dx +
R
N
|Z(x)|
r
dx = 2
R
N
|Z(x)|
r
dx = η L
1
(R
N
).
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue temos
lim
n→∞
1
0
s
n
(t)dt = 0,
isto é,
s
n
0 em L
1
(R
N
)
mostrando que I é Fréchet diferenciável com
I
(u)v =
R
N
g(x, u)vdx.
Observação: Em verdade mostramos que dado {v
n
} com v
n
0, existe
v
n
j
{v
n
} satisfazendo
lim
n
j
→∞
r(v
n
j
)
v
n
j
= 0. (B.3)
Afirmação 5: O limite em (B.3) ocorre de fato para sequência {v
n
}.
De fato, suponha que (B.3) não vale para {v
n
}, então deve existir {v
n
k
} e δ > 0 tal
que
|r(v
n
k
)|
v
n
k
δ n
k
. (B.4)
Repetindo o argumento utilizado anteriormente trocando {v
n
} por {v
n
k
}, iremos en-
contrar
v
n
k
j
{v
n
k
} com
lim
n
j
→∞
r(v
n
k
j
)
v
n
k
j
= 0
o que seria um absurdo com (B.4), mostrando que a afirmação ocorre.
Afirmação 6: I
é contínua, ou seja, se u
n
u em H
1
(R
N
), devemos ter
I
(u
n
) I
(u)
H
1
(R
N
)
0 quando n .
Para mostrar essa afirmação basta verificar que
g(x, u + v) g(x, u) em L
r
(R
N
); quando v 0; v H
1
(R
N
)
o que é equivalente a
g(x, u + v
n
) g(x, u) com v
n
0 quando n 0.
89
De fato, considere {v
n
} H
1
(R
N
) com v
n
0 e J
n
(x) = g(x, u + v
n
). Segue das
imersões continuas de Sobolev
v
n
0 em L
s
(R
N
)
logo, a menos de subsequência
v
n
(x) u(x) q.t.p em R
N
.
Sendo g contínua, temos
g(x, (u + v
n
)(x)) g(x, u(x)) q.t.p em R
N
de onde segue
J
n
(x) J(x) q.t.p em R
N
portanto,
|J
n
(x) J(x)|
r
0 q.t.p em R
N
.
Por outro lado,
|J
n
(x) J(x)|
r
(|g(x, u + v
n
)| + |g(x, u)|)
r
o que implica,
|J
n
(x) J(x)|
r
(2Z(x))
r
L
1
(R
N
).
Agora, pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue
lim
n→∞
R
N
|J
n
(x) J(x)|
r
dx = 0,
ou seja,
g(x, u + v
n
) g(x, u) em L
r
(R
N
).
Por definição,
I
(u + v
n
) I
(u)
H
1
(R
N
)
= sup
v≤1
|I
(u + v
n
) I
(u), v|
e observe que
|I
(u + v
n
) I
(u), v| =
R
N
(g(x, u + v
n
) g(x, u))vdx
de onde temos
|I
(u + v
n
) I
(u), v|
R
N
|(g(x, u + v
n
) g(x, u))||v|dx.
90
Por H¨older segue
|I
(u + v
n
) I
(u), v| g(x, u + v
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
v
L
s
(R
N
)
portanto, para v 1,
|I
(u + v
n
) I
(u), v| C g(x, u + v
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
e então
I
(u + v
n
) I
(u)
H
1
(R
N
)
C g(x, u + v
n
) g(x, u)
L
r
(R
N
)
0 quando n ,
isto é,
I
(u + v
n
) I
(u) em H
1
(R
N
),
mostrando que I
é contínuo.
Nosso objetivo agora, é mostrar que o funcional definido no Capítulo 4
Φ : H R
u − Φ(u) =
T
0
˙u
2
2
G(u) + fu
dx
é de classe C
1
(H, R). Utilizando o mesmo raciocínio feito anteriormente para o funcional
I, mostraremos apenas que
ψ : H R
u − ψ(u) =
T
0
G(u)dx
é de classe C
1
(H, R).
Afirmação 1: ψ é Fréchet diferenciável.
De fato, seja u H([0, T ]) e para cada v H([0, T ]), considere
r(v) = ψ(u + v) ψ(u)
T
0
G
(u)vdx. (B.5)
De maneira análoga a que usamos para I, vamos verificar que
lim
v→0
|r(v)|
v
= 0.
De (B.5) temos que
r(v) =
T
0
(G(u + v) G(u)) dx
T
0
G
(u)vdx,
91
segue do Teorema Fundamental do Cálculo
G(u + v) G(u) =
1
0
d
dt
G(u + tv)dt
consequentemente,
1
0
d
dt
G(u + tv)dt =
1
0
G
(u + tv)vdt
portanto,
r(v) =
T
0
1
0
G
(u + tv)vdt
dx
1
0
G
(u)vdx
o que implica,
r(v) =
T
0
1
0
G
(u + tv)vdt
1
0
G
(u)vdt
dx
de onde temos
r(v) =
T
0
1
0
(G
(u + tv) G
(u)) vdt
dx,
ou seja,
|r(v)|
T
0
1
0
|G
(u + tv) G
(u)||v|dt
dx. (B.6)
Note que das imersões continuas de Sobolev
H([0, T ]) L
2
([0, T ])
logo v L
2
([0, T ]).
Afirmação 2: Para cada t [0, T ] a função
f(x) = G
(u + tv) G
(u) L
2
([0, T ])
De fato,
|f(x)|
2
= (|G
(u + tv)| + |G
(u)|)
2
(M + M)
2
= (2M)
2
,
onde M verifica
|G
(t)| M t R.
O que implica,
T
0
|f(x)|
2
dx
T
0
(2M)
2
dx = (2M )
2
T
de onde segue que f L
2
([0, T ]). Aplicando o Teorema de Fubini em (B.6) temos
|r(v)|
T
0
1
0
|G
(u + tv) G
(u)||v|dx
dt,
92
usando H¨older
|r(v)|
1
0
G
(u + tv) G
(u)
L
2
([0,T ])
v
L
2
([0,T ])
dt
e das imersões continuas de Sobolev tem-se
|r(v)| C
1
0
G
(u + tv) G
(u)
L
2
([0,T ])
vdt,
de onde segue
|r(v)|
v
C
1
0
G
(u + tv) G
(u)
L
2
([0,T ])
dt.
Nosso objetivo nesse momento é mostrar que
|r(v
n
)|
v
n
0 quando v
n
0.
Para cada n N, defina
s
n
: [0, 1] R
t − s
n
(t) = G
(u + tv
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
portanto,
|r(v
n
)|
v
n
1
0
s
n
(t)dt
assim, basta mostrar que
1
0
s
n
(t)dt 0 n .
Afirmação 3: Para cada t fixado, temos
G
(u + tv
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
0.
De fato, considere v
n
0 em H([0, T ]) e das imersões continuas de Sobolev,
v
n
0 em L
2
([0, T ])
portanto a menos de subsequência
v
n
(x) u(x) q.t.p em [0, T ],
e sendo G
é contínua
G
((u + tv
n
)(x)) G
(u(x)) q.t.p em [0, T ]
93
logo,
|G
(u + tv
n
) G
(u)|
2
0 q.t.p em [0, T ].
Por outro lado,
|G
(u + tv
n
) G
(u)|
2
(|G
(u + tv
n
)| + |G
(u)|)
2
o que implica,
|G
(u + tv
n
) G
(u)|
2
(2M)
2
L
1
([0, T ]) n N.
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue temos
lim
n→∞
T
0
|G
(u + tv
n
) G
(u)|
2
dx = 0
consequentemente, para cada t fixado
s
n
(t) 0, t [0, 1].
Mostraremos agora que s
n
é limitada por uma função η L
1
([0, T ]). Desde de que
s
n
(t) = G
(u + tv
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
,
então
0 s
n
(t) G
(u + tv
n
)
L
2
([0,T ])
+ G
(u)
L
2
([0,T ])
o que implica,
s
n
(t) 2M
T
0
dx
1
2
= 2MT
1
2
= η
de onde segue
s
n
(t) η L
1
([0, T ]).
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue temos
lim
n→∞
1
0
s
n
(t)dt = 0,
isto é,
s
n
0 em L
1
([0, T ])
mostrando que ψ é Fréchet diferenciável com
ψ
(u)v =
T
0
G
(u)vdx.
94
Afirmação 4: ψ
é contínua, ou seja, se u
n
u em H([0, T ]), devemos ter
ψ
(u
n
) ψ
(u)
H
0 quando n .
Para mostrar a Afirmação 4, começamos verificando que vale o seguinte limite
G
(u + v) G
(u) em L
2
([0, T ]); quando v 0; v H([0, T ])
o que é equivalente a
G
(u + v
n
) G
(u) com v
n
0 quando n 0.
De fato, considere {v
n
} H([0, T ]) com v
n
0. Das imersões contínuas de Sobolev
v
n
0 em L
2
([0, T ])
logo, a menos de subsequência
v
n
(x) u(x) q.t.p em [0, T ].
Sendo G
contínua, temos
G
((u + v
n
)(x) G
(u(x)) q.t.p em [0, T ]
portanto,
|G
((u + v
n
)(x) G
(u(x))|
2
0 q.t.p em [0, T ].
Por outro lado,
|G
((u + v
n
)(x) G
(u(x))|
2
(|G
(u + v
n
)| + |G
(u)|)
2
o que implica,
|G
(u + v
n
)(x) G
(u(x))|
2
(2M)
2
L
1
([0, T ]).
Agora, pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue
lim
n→∞
T
0
|G
(u + v
n
)(x) G
(u(x))|
2
dx = 0,
ou seja,
G
(u + v
n
) G
(u) em L
2
([0, T ]).
95
Por definição,
ψ
(u + v
n
) ψ
(u)
H
([0,T ])
= sup
v≤1
|ψ
(u + v
n
) ψ
(u), v|
e observe que
|ψ
(u + v
n
) ψ
(u), v| =
T
0
(G
(u + v
n
) G
(u))vdx
de onde temos
|ψ
(u + v
n
) ψ
(u), v|
T
0
|(G
(u + v
n
) G
(u))||v|dx.
Por H¨older segue
|ψ
(u + v
n
) ψ
(u), v| G
(u + v
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
v
L
2
([0,T ])
e das imersões continuas de Sobolev e usando o fato que v 1 obtemos
|ψ
(u + v
n
) ψ
(u), v| C G
(u + v
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
;
consequentemente,
ψ
(u + v
n
) ψ
(u)
H
([0,T ])
C G
(u + v
n
) G
(u)
L
2
([0,T ])
0 quando n ,
isto é,
ψ
(u + v
n
) ψ
(u)
mostrando que ψ
é contínuo.
Apêndice C
Operadores Compactos
Neste ap êndice vamos mostrar que o operador T : H
1
(R
N
) H
1
(R
N
), definido
por T (u) = ψ(u), o qual foi considerado no Capítulo 2 é compacto.
Sabemos que H
1
(R
N
) é um espaço de Hilbert, então pelo Teorema da Represen-
tação de Riesz existe um único vetor denotado por Φ(u) tal que
Φ
(u).v = (Φ(u), v) , v H
1
(R
N
).
Recorde que,
Φ : H
1
(R
N
) R
u − Φ(u) =
1
2
R
N
(|∇u|
2
+ |u|
2
)dx
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
R
N
G(x, u)dx,
então
Φ
(u).v =
R
N
(uv + uv) dx ψ
(u)v; u, v H
1
(R
N
),
onde estamos considerando
ψ(u) =
λ
k
2
R
N
u
2
hdx
R
N
G(x, u)dx.
Usando novamente o Teorema da Representação de Riesz para ψ
(u), segue que
ψ
(u)v = (ψ(u), v) ; v H
1
(R
N
)
portanto,
(Φ(u), v) = (u, v) (ψ(u), v)
assim,
(Φ(u), v) = (u ψ(u), v)
96
97
consequentemente
Φ(u) = u ψ(u).
Considerando T (u) = ψ(u) temos
Φ(u) = u T (u).
Proposição C.1 O operador T : H
1
(R
N
) H
1
(R
N
) é compacto.
Demonstração: Considere (u
n
) H
1
(R
N
) uma sequência limitada, sendo H
1
(R
N
)
reflexivo, então existe uma subsequência
u
n
j
u em H
1
(R
N
).
Segue do Teorema 2.4 que vale a imersão compacta de
H
1
(R
N
) L
2
(R
N
, hdx)
assim,
u
n
j
u em L
2
(R
N
, hdx). (C.1)
Afirmação: Se f (x, u) = λ
k
hu + g(x, u) , então f(x, u
n
) f(x, u) em L
2
(R
N
).
De fato, segue de (C.1) que a menos de subsequência
u
n
(x) u(x) q.t.p em R
N
e
|u
n
(x)| F q.t.p em R
N
,
onde F L
2
(R
N
, hdx). Desde que f é contínua,
f(x, u
n
(x)) f(x, u(x)) q.t.p em R
N
consequentemente,
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
0 q.t.p em R
N
.
Por outro lado,
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
(|f(x, u
n
(x))| + |f(x, u(x))|)
2
98
o que implica,
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
C
|f(x, u
n
(x))|
2
+ |f(x, u(x))|
2
portanto
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
C
1
|h|
2
|u
n
|
2
+ |Z(x)|
2
+ |h|
2
|u|
2
+ |Z(x)|
2
.
Agora, note que
|u
n
(x)| F L
2
(R
N
, hdx)
logo
h
2
|u
n
|
2
h
2
F
2
de onde segue
R
N
h
2
|u
n
|
2
dx h
R
N
hF
2
dx <
o que implica,
h
2
F
2
L
1
(R
N
)
assim,
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
C
2
h
2
F
2
+ h
2
|u|
2
+ 2 |Z(x)|
2
L
1
(R
N
).
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesg ue temos
lim
n→∞
R
N
|f(x, u
n
(x)) f(x, u(x))|
2
dx = 0,
isto é,
f(x, u
n
(x)) f(x, u(x)) em L
2
(R
N
)
Daí, usando o Teorema da Representação de Riesz tem-se
T (u
n
) T (u) = ψ
(u
n
) ψ
(u)
H
1
(R
N
)
= sup
v≤1
|ψ
(u
n
) ψ
(u), v|
por outro lado,
|ψ
(u
n
) ψ
(u), v|
R
N
|f(x, u
n
) f(x, u)||v|dx
portanto, usando H¨older e as imersões continuas de Sobolev para v 1, tem-se
|ψ
(u
n
) ψ
(u), v| C f(x, u
n
) f(x, u)
L
2
(R
N
)
99
consequentemente,
T (u
n
) T (u) C f(x, u
n
) f(x, u)
L
2
(R
N
)
0
mostrando que T é compacto.
Apêndice D
Resultados utilizados na dissertação
Neste apêndice enunciaremos as principais definições e teoremas utilizados no
decorrer deste trabalho.
Definição D.1 (Ver [7]) Uma família C=(C
λ
)
λL
de subconjuntos de um espaço métrico
M chama-se localmente finita quando todo ponto x M possui uma vizinhaça que in-
tercepta apenas um número finito de conjuntos C
λ
.
Em termos mais explicitos: C é localmente finita se, e somente se, para cada x M
existem índices λ
1
, ..., λ
n
L e uma vizinhaça V x tais que V C
λ
= λ
{λ
1
, ..., λ
n
}.
Definição D.2 (Ver [7]) Um espaço métrico M chama-se paracompacto quando toda
cobertura aberta de M pode ser refinada por uma cobertura aberta localmente finita.
Definição D.3 (Ver [7]) Seja M um espaço métrico. Uma partição de unidade em
M é uma família (φ
λ
)
λL
de funções contínuas φ
λ
: M R tais que:
1) Para todo x M e todo λ L, tem-se φ
λ
(x) 0;
2) A família C=(supp(φ
λ
))
λL
é localmente finita em M;
3) Para todo x M tem-se
λL
φ
λ
(x) = 1.
Teorema D.4 (Ver [7]) Todo espaço métrico separável é paracompacto.
Teorema D.5 (Imersões de Sobolev)(Ver [1]) As seguintes imersões são contínuas:
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
), 2 p < , se N = 1 ou N = 2;
H
1
(R
N
) L
p
(R
N
), 2 p < 2
, se N 3 onde 2
=
2N
N 2
.
100
101
Teorema D.6 (Imersões de Rellich)(Ver [1]) Se for limitado, vale a seguinte imer-
são compacta
H
1
(Ω) L
p
(Ω), 1 p < 2
.
Teorema D.7 (Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue)(Ver [2]) Seja f
n
uma sequência de funções integráveis que convergem em quase toda parte para uma
função mensurável f. Se existe uma função integrável g tal que
|f
n
| g n N,
então f é integrável e
f = lim
f
n
dµ.
Teorema D.8 (Desigualdade de H¨older)(Ver [2]) Seja f L
p
(Ω) e g L
q
(Ω), onde
1 p < + e
1
p
+
1
q
= 1. Então,
fg L
1
(Ω) e |fg|
L
1
(Ω)
|f|
L
p
(Ω)
|g|
L
q
(Ω)
.
Teorema D.9 (Ver [3]) Seja (x
n
) uma sequência fracamente convergente em um es-
paço normado, isto é, existe x X tal que x
n
x em X. Então,
(i) O limete fraco x de (x
n
) é único.
(ii) Toda subsequência (x
n
j
) (x
n
) converge fraco para x.
(iii) A sequência (x
n
) é limitada.
Teorema D.10 (Teorema de Riesz)(Ver [5]) Todo funcional linear f sobre um espaço
de Hilbert, pode ser representado em termos do produto interno, isto é,
f(x) = z, x
onde z é unicamente determinado e verifica
f = z.
Teorema D.11 (Ver [3]) Seja H um espaço de Banach reflexivo. Se (u
n
) é uma
sequência limitada em H, então existem uma subsequência (u
n
j
) (u
n
) e u X tais
que
u
n
j
x em H.
Teorema D.12 (Ver [3]) Seja H um espaço de Banach. Sejam G e L dois subspaços
vetoriais fechados tais que G + L é fechado. Então existe uma constante c 0 tal que
todo z G + L admite uma decomposição da forma z = x + y com x G, y L,
x c z e y c z.
102
Corolário D.13 A projeção
P : X V
x − P (x) = x
1
; x
1
V
é contínua, onde X = V W.
De fato, seja x X, x = x
1
+ x
2
tal que x
1
V e x
2
W. Por definiç˜cao P (x) = x
1
,
segue do Teorema D.12
P (x) = x
1
c x
mostrando que P (x) c x, ou seja, a projeção P é contínua.
Teorema D.14 (Ver [3]) Suponhamos que H um espaço de Hilbert é separável. Seja T
um operador compacto e autoadjunto. Então H admite uma base Hilbertiana formada
por vetores próprios de T.
Teorema D.15 (Teorema de Fubini)(Ver [1]) Suponhamos que F L
1
(Ω
1
×
2
).
Então, para todo x
1
F (x, y) L
1
y
(Ω
2
) e
2
F (x, y)dy L
1
x
(Ω
1
).
De maneira análoga, para todo y
2
F (x, y) L
1
x
(Ω
1
) e
1
F (x, y)dx L
1
y
(Ω
2
).
Além disso,
1
dx
2
F (x, y)dy =
2
dy
1
F (x, y)dx.
Teorema D.16 (Critério de Compacidade)(Ver [5]) Sejam X e Y espaços normados.
Um operador linear T : X Y é compacto se, e somente se, toda sequência limitada
(x
n
) X tem a propriedade que a sequência (T (x
n
)) Y possui uma subsequência
convergente.
Teorema D.17 (Ver [5]) Sejam X e Y espaços vetoriais normados e T : X Y um
operador linear compacto. Se (x
n
) X verifica
x
n
x em X,
então
T (x
n
) T (x) em Y.
103
Lema D.18 (Du Bois Raymond)(Ver [3]) Seja u L
1
loc
(Ω) tal que
uφdx = 0 φ C
0
(Ω).
Então,
u = 0 q.t.p em .
Proposição D.19 Seja G um espaço de Banach e f : [a, b] G uma função con-
tínua. Então,
b
a
f(t)dt
b
a
f(t)dt. (D.1)
Demonstração: Fixe {ϕ
n
} uma sequência de funções escadas com
sup
t[a,b]
ϕ
n
(t) f(t) 0. (D.2)
Por definição
b
a
f(t)dt = lim
n→∞
b
a
ϕ
n
(t)dt,
ou seja,
b
a
f(t)dt
b
a
ϕ
n
(t)dt
0
o que implica
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt
. (D.3)
Por outro lado
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt, (D.4)
pois
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt
=
b
a
(ϕ
n
(t) f(t))dt
consequentemente,
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt
b
a
|ϕ
n
(t) f(t)|dt
de onde segue
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt
b
a
ϕ
n
(t) f(t)
portanto de (D2) temos
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
f(t)dt
0
104
mostrando (D4).
Mostraremos agora que (D1) ocorre para funções escadas em geral.
De fato, seja
ϕ(t) =
n
i=1
w
i
χ
(a
i1
,a
i
)
(t)
assim,
b
a
ϕ(t)dt =
n
i=1
(a
i
a
i1
)w
i
o que implica
b
a
ϕ(t)dt
n
i=1
(a
i
a
i1
) w
i
=
b
a
ϕ(t)dt,
pois
ϕ(t) =
n
i=1
w
i
χ
(a
i1
,a
i
)
(t).
Desta forma
b
a
ϕ(t)dt
b
a
ϕ(t)dt.
Usando a sequência {ϕ
n
} tem-se
b
a
ϕ
n
(t)dt
b
a
ϕ
n
(t)dt,
por (D3) e (D4) obtemos
b
a
f(t)dt
b
a
f(t)dt.
Bibliografia
[1] Adams, R. A., Sobolev spaces. Academic Press, New York, 1975.
[2] Bartle, Robert G., The Elements of Integration and Lebesgue Measure, Wiley, New
York, 1995.
[3] Brézis, Haim, Analyse fonctionelle. 2
a
ed. Masson, 1987.
[4] Costa, David Goldstein, Tópicos em análise não-linear e Aplicações ás Equações
Diferenciais. CNPq-IMPA, 1986.
[5] Kreyszing, Erwin, Introductory Functional Analysis with Applications. Wiley.
1989.
[6] Lima, E.L., Curso de Análise, Vo l. 1, Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro,
1976.
[7] Lima, E.L., Espaços métricos, Projeto Euclides, CNPq-IMPA, 1977.
[8] Lima, E.L., Curso de Análise, Vol. 2 (6
a
edição), Projeto Euclides, IMPA, Rio de
Janeiro, 2000.
[9] Cavalcante, Luís Paulo de Lacerda, Existência de soluções positivas para uma
classe de problemas elípticas não lineares em domínios não limitados. Disser-
tação de Mestrado. UFCG, 2004.
[10] Lang, serg, Analysis II. Addison-Wesley, 1969.
[11] Iório Jr., Rafael José e Iório, Valéria, Equações Diferenciais Parciais: Uma Intro-
dução, CNPq-IMPA, Rio de Janeiro, 1988.
[12] Sotomayor, Jo rge, Lições de equações diferenciais ordinárias. Projeto Euclides
IMPA, 1979.
[13] Willem, Michel, Lectures on Critical Point Theory, Michel Willem, 1983.
105
106
[14] Willem, Michel, Minimax Theorems. Birkh¨auser, 1996.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo