decorre sua perfeita adequação à perspectiva desenvolvida por Park, de ver a Sociologia como
uma “engenharia social”, mantendo sua preocupação na reforma da sociedade, baseada em
políticas públicas eficientes (LEMA, 1997).
Ogburn, assim como alguns de seus pares, no Departamento de Sociologia, dispunha
de ótimo trânsito nas diversas esferas governamentais. Contribuiu para tal prestígio sua
atuação bastante diversificada. Citemos, por exemplo, a publicação de Social Changes, em
1922, um texto tão importante que guiaria trabalhos pioneiros na área dos indicadores sociais
mais de 30 anos depois, como é o caso de Indicators of Social Changes
24
(1968), de Sheldon
& Moore, além do estudo Human Meaning of Social Changes
25
(CAMPBEL & CONVERSE,
1972). Além disso, Ogburn foi diretor do Comitê de Pesquisa sobre Tendências Sociais,
criado a partir de iniciativa do próprio presidente Hebert Hoover. Deste trabalho, resultaria
uma obra igualmente importante ao Movimento dos Indicadores, produzida junto com Wesley
C. Mitchel, o Recent Social Trends
26
, que foi publicado em 1933. Acrescente-se ainda a tudo
isto, o fato de que, desde 1928, Ogburn trabalhava em uma edição anual do American Journal
of Sociology, dedicado às mudanças sociais nos EUA. A edição de 1934, por sinal, foi
especialmente consagrada a uma avaliação dos efeitos e tendências sociais advindos do New
Deal
27
.
Contudo, o que faz de Ogburn um autor tão influente sobre o movimento dos
indicadores sociais não é apenas sua desenvoltura no trato com métodos estatísticos ou sua
proximidade com órgãos governamentais ou fundações. Ogburn está essencialmente
interessado nos possíveis efeitos que o processo de modernização tecnológica vinha impondo
à sociedade norte-americana da época. Neste sentido, sua produção se faz com vistas a uma
24
Publicado com apoio da Fundação Russel Sage, este livro consistia em 14 ensaios, organizados de acordo com
cinco categorias: (1) a base demográfica que fornece uma indicação de tendências agregativas da população,
suas mudanças de composição e distribuição sobre a superfície da nação; (2) componentes estruturais, da
sociedade, examinando os modos funcionalmente distintos pelos quais a sociedade produz bens e organiza seu
conhecimento e tecnologia (medidas de crescimento econômico, emprego, tamanho das famílias e mudanças
religiosas); (3) aspectos distributivos como consumo, condições de saúde, lazer, escolaridade, etc.; (4) aspectos
agregativos, estratificação e mobilidade social e medidas de bem-estar social (SHELDON, E; MOORE, W. E.
Indicators of social change: concepts and messuraments, 1968).
25
Citado por Carley (1985). Obra complementar ao livro de Sheldon e Moore, feito por encomenda da Fundação
Russel Sage, N. Y.. Nela, os autores preocupam-se com os indicadores psicológicos e subjetivos de bem-estar
(atitudes, expectativas, aspirações e valores) e é, segundo, provavelmente, uma das obras mais influentes sobre o
conceito de qualidade de vida.
26
As mudanças sociais eram captadas através de medidas quantitativas aplicadas a 32 tópicos tais como
educação, família, meio-ambiente, crime, ocupações, etc. Nele, Hoover escreveria na introdução: este volume
“deverá ajudar-nos a vermos onde estão ocorrendo as tensões sociais e onde devem ser empreendidos os
principais esforços para lidar com elas construtivamente”, (apud Carley, 1985, p.17).
27
Este trabalho acha-se também editado como OGBURN, W. F. Social Change and New Deal (social changes
in 1933). Univ. of Chicago Press. Chicago, Ilinois, 1934. Nele, Ogburn apresenta uma série de artigos que
versam sobre temas como recuperação econômica, dinheiro e finanças, educação, nacionalismo, filosofia social,
o futuro do New Deal, etc.