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Se em Chiavenato (1987c) os interesses de classes presentes na organização são
camuflados através da adoção de uma justificativa técnica (agilizar as decisões), em Taylor
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observa-se a utilização de um argumento de cunho psicológico, tratando-se de uma questão de
vocação, em que uns nascem para o mando e outros para a obediência. No segundo caso, requer-
se “um homem mais ou menos bovino, pesado física e mentalmente.” (TAYLOR, 1970, p. 124).
A problemática do poder de decisão no PDDE deve ser compreendida, portanto, à
luz da questão da “divisão pormenorizada do trabalho” no capitalismo, já que a escola, enquanto
uma organização que faz parte da estrutura do Estado, mesmo que com contradições, traz em seu
bojo a lógica da estrutura burocrática das organizações capitalistas.
Estas organizações, reordenadas com a cooperação industrial,
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caracterizam-se,
fundamentalmente, pela “maior concentração de decisões nas mãos da direção e a um maior
educação e da gestão escolar, acumulando estudos e experiências na área. Foi pesquisador sênior da Fundação Carlos
Chagas, professor da PUC - SP e, atualmente, é professor titular da Faculdade de Educação da USP, onde exerce a
docência e a pesquisa em educação (PARO, 2001).
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Conhecido como o “Pai da Organização Científica do Trabalho”, Frederick Winslow Taylor foi um dos maiores
teóricos da Administração Científica do Trabalho, dando início aos estudos sobre a eficiência e a racionalidade no
trabalho. Ao desenvolver estudos sobre estes temas, contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento industrial do
Século XX. Seus estudos têm serviço, até hoje, para o desenvolvimento de novos estudos e práticas de organização
do trabalho nas organizações produtivas. Para Lima (2001), os estudos de Taylor sobre racionalismo nas
organizações têm assegurado a longevidade e a atualidade do programa tayloriano. Dentre suas obras, destaca-se o
clássico “Princípios da Administração Científica”, publicado, pela primeira vez, em 1911 (TAYLOR, 1970). Entre as
teses defendidas pelo autor nesta obra, destacamos a referente à divisão técnica do trabalho (concepção x execução)
que, de modo tendencial, tem sido diminuída no contexto atual das modernas estratégias de organização e
administração do trabalho (Gestão Participativa), dada a importância que os saberes no trabalhador assumem hoje no
processo de acumulação capitalista. Por esta razão, o taylorismo será, em parte adotado, em parte negado, como
referência para a análise de nosso objeto investigativo, já que a gestão do PDDE está assentada no modelo de Gestão
Participativa, atualmente adotado nas empresas privadas.
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Marx (apud MOTTA, 1981a), ao estudar a cooperação no trabalho, classifica-a em três formas: a cooperação
simples, em que o trabalho em conjunto se dá quando da impossibilidade da realização de uma tarefa
individualmente, e cuja característica maior é a ausência de uma divisão do trabalho e da introdução de máquinas; a
cooperação manufatureira, típica do capitalismo manufatureiro, caracterizada pela divisão metódica do trabalho,
que reduz o produtor a um trabalho parcelado, e em que ocorre uma nítida separação entre as funções de direção e as
funções de execução; e a cooperação industrial, marcada pela mecanização da produção que levou à perda do
controle do trabalhador sobre operações específicas (subordinação técnica do trabalhador) e à proliferação de
funções administrativas diversas (subordinação organizacional), portanto, à intensificação da subordinação do
trabalho ao capital (Idem).