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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
COMPETITIVIDADE NA PEQUENA PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL:
ESTUDO NA AGROINDUSTRIA DA CASTANHA DO CAJU
por
JÚLIO CÉSAR DE ANDRADE NETO
ENGENHEIRO AGRÔNOMO, UFPB, 1976
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JULHO, 2006
© 2006 JÚLIO CÉSAR DE ANDRADE NETO
TODOS DIREITOS RESERVADOS.
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i
JÚLIO CÉSAR DE ANDRADE NETO
COMPETITIVIDADE NA PEQUENA PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL: ESTUDO
NA AGROINDUSTRIA DA CASTANHA DO CAJU
NATUREZA DO TRABALHO:
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Aprovado em: 28 de julho de 2006
___________________________________________________________
Prof. Nominando Andrade de Oliveira, Dr. – Orientador - Presidente
___________________________________________________________
Prof. Sérgio Marques Júnior, Dr. – Membro Examinador
___________________________________________________________
José Araújo Dantas, Dr. – Membro Examinador Externo
___________________________________________________________
Terezinha Maria de Oliveira Medeiros – Tesoureira da COOPERCAJU
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ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Andrade Neto, Júlio César de.
Competitividade na pequena produção agroindustrial: estudo na
agroindústria da castanha de caju / Júlio César de Andrade Neto. – Natal,
RN, 2006.
78 f.
Orientadora : Nominando Andrade de Oliveira.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Programa de Engenharia de Produção.
1. Engenharia de produção – Dissertação. 2. Agronegócio –
Dissertação. 3. Fatores de competitividade – Dissertação. 4. Processo
agroindustrial - Dissertação. 5. Castanha de caju – Dissertação. 6. Cadeias
produtivas - Dissertação. I. Oliveira, Nominando Andrade de. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 658.5(043.3)
iii
SOBRE O AUTOR
Júlio César de Andrade Neto é Engenheiro Agrônomo (UFPB/1976),
especialista em Cooperativismo (UFRN/1999).
Atua desde o ano de 1977 como professor de Fruticultura e
Olericultura na Escola Agrícola de Jundiaí/UFRN, no Curso Técnico
em Agropecuária.
iv
À minha esposa
Teresa Cristina Urbano de Andrade
Aos meus filhos
Flávia, Augusto César e Marília
Aos meus netos
André Filho e Maria Luisa
Com o meu mais sincero e profundo amor, agradecendo a compreensão, a paciência
que tiveram no decorrer desta caminhada, incentivando-me para a realização deste trabalho.
OFEREÇO
v
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Engenharia de Produção – PEP da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN pela oportunidade de desenvolver este trabalho.
À Direção da COOPERCAJU, pelo apoio, e aos cooperados produtores, pela valiosa
contribuição nas respostas aos questionários.
Ao professor Nominando Andrade de Oliveira, pela excelente orientação técnica e pedagógica
no desenvolvimento desta pesquisa.
Aos colegas Luiz Henrique, Maria da Piedade e Rosa Maria, pelas colaborações espontâneas
na elaboração e redação deste trabalho.
A Isaque Asafe Costa da Silva, pela digitação e editoração do trabalho.
vi
RESUMO
O presente estudo trata do processo industrial da castanha de caju como um fator de
agregação de valor, envolvendo atividades de produção, industrialização e comercialização.
Sua competitividade depende fundamentalmente da habilidade em superar gargalos
tecnológicos e não tecnológicos que elevem os custos e limitem a implementação de melhorar
os atributos de qualidade que o mercado valoriza. A metodologia empregada neste trabalho
foi a aplicação de um questionário com escala do tipo Likert com questões fechadas,
constituído de variáveis que compuseram os grupos denominados: obstáculos à exportação,
estratégia de mercado, nível de maturidade, vantagens competitivas, índice de quebra da
castanha do caju, potencial produtivo e perfil sócio-econômico dos cooperados. Como forma
de análise de dados, foi utilizada análise descritiva. Após a identificação de alguns fatores de
ganhos quantitativos no processo de beneficiamento da castanha de caju, são apresentadas
recomendações à COOPERCAJU para promover cursos de capacitação e consultorias
técnicas aos seus cooperados, de modo que haja uma maior eficácia no processamento
industrial da castanha de caju.
Palavras-chave: Agronegócio, Fatores de competitividade, Processo agroindustrial,
Amêndoas da castanha de caju, Cadeias produtivas agroindustriais.
vii
ABSTRACT
This paper looks into the cashew nut industrial process as a factor in adding value to it and
involves its productions, industrialization and marketing. Its competitiveness fundamentally
depends in its ability to surpass technological and non technological difficulties that
contributes to increase costs and diminishes attributes to better qualities which means values
to the market. The methodology applied in this paper was application of a questionnaire with
a Likert model scale with closed questions and constituted by variables that composed
nominated groups: exporting obstacles, market strategy, competitive advantages, broken nuts
index, productive potential and social-economic profile of members of the Cooperative. A
descriptive analysis was the method employed for the data analysis. After identifying some of
the quantitative gains in the industrial process of the cashew nuts, recommendations are
presented to COOPERCAJU to promote courses to improve the members productivity as well
as technical assistance, in order to get more efficacy in the cashew nuts industrial processing.
Key words: Agrobusiness, competitive factors, agro industrial processes, cashews nuts, agro
industrial productive chains.
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 01
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................
.
01
1.2 OBJETIVO................................................................................................................... 03
1.3 RELEVÂNCIA............................................................................................................. 03
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS............................................................................... 04
2 CADEIA AGROINDUSTRIAL.................................................................................
.
06
2.1 AGROINDÚSTRIA DO CAJU...................................................................................
.
06
2.2 INSERÇÃO E COMPETITIVIDADE DAS PEQUENAS EMPRESAS NO
COMÉRCIO INTERNACIONAL
...............................................................................
.
11
2.2.1 Produção Mundial – Castanha de Caju................................................................
.
16
2.2.2 Demanda..................................................................................................................
19
2.2.3 Preços .......................................................................................................................
.
19
2.3 AGROINDÚSTRIA DO CAJU NO RIO GRANDE DO NORTE .............................
.
21
2.3.1 Serra do Mel............................................................................................................
.
22
2.3.2 Etapas da Produção................................................................................................
.
24
2.3.2.1 Limpeza.................................................................................................................
.
26
2.3.2.2 Classificação .........................................................................................................
.
26
2.3.2.3 Armazenamento...................................................................................................
.
26
2.3.2.4 Pesagem.................................................................................................................
.
26
2.3.2.5 Cozimento.............................................................................................................
.
27
2.3.2.6 Resfriamento e Secagem......................................................................................
.
27
2.3.2.7 Decorticação/Corte ..............................................................................................
.
27
2.3.2.8 Estufagem das Amêndoas ...................................................................................
.
28
2.3.2.9 Resfriamento ........................................................................................................
.
28
ix
2.3.2.10 Despeliculagem...................................................................................................
.
28
2.3.2.11 Seleção e Classificação.......................................................................................
.
28
2.3.2.12 Fritura.................................................................................................................
.
28
2.3.2.13 Embalagem.........................................................................................................
.
29
2.3.2.14 Produto Beneficiado...........................................................................................
.
29
2.3.3 Parâmetros Técnicos...............................................................................................
.
30
2.3.4 Etapas do Processamento da Castanha Artesanal...............................................
.
30
2.4 UNIDADE DE BENEFICIAMENTO.........................................................................
.
31
2.5 A CENTRAL DE RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, EMBALAGEM E
COMERCIALIZAÇÃO DAS AMÊNDOAS
..............................................................
.
32
2.6 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA O BENEFICIAMENTO ARTESANAL
DA CASTANHA DE CAJU........................................................................................
.
32
2.6.1 Colheita do Fruto....................................................................................................
.
33
2.6.2 Secagem....................................................................................................................
.
33
2.6.3 Cozimento................................................................................................................
.
33
2.6.4 Resfriamento ...........................................................................................................
.
33
2.6.5 Corte ou Decortização ............................................................................................
.
33
2.6.6 Estufagem ................................................................................................................
.
33
2.6.7 Despeliculagem........................................................................................................
.
33
2.6.8 Seleção......................................................................................................................
.
33
2.6.9 Embalagem..............................................................................................................
.
34
2.6.10 Armazenagem........................................................................................................
.
34
2.6.11 Torragem ou Fritagem .........................................................................................
.
34
2.7 ÍNDICES TÉCNICOS DA ATIVIDADE ...................................................................
.
34
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................
.
36
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA .....................................................................................
.
36
x
3.2 POPULAÇÃO .............................................................................................................
.
36
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................... 37
3.4 COLETA DE DADOS.................................................................................................
.
40
3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE..........................................................................................
.
40
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................
.
41
4.1 VALIDAÇÃO DA PESQUISA...................................................................................
.
41
4.1.1 Amostra utilizada....................................................................................................
.
41
4.2 ANÁLISE DESCRITIVA............................................................................................
.
42
4.2.1 Escolaridade ............................................................................................................
.
42
4.2.2 Renda familiar dos cooperados (SM)....................................................................
.
43
4.2.3 Tempo na atividade ................................................................................................
.
44
4.2.4 Exploração do imóvel .............................................................................................
.
45
4.3 OBSTÁCULOS À EXPORTAÇÃO ...........................................................................
.
51
4.4 ESTRATÉGIA DE MERCADO..................................................................................
.
55
4.5 NÍVEL DE MATURIDADE........................................................................................ 60
4.6 VANTAGENS COMPETITIVAS...............................................................................
.
63
4.7 MENOR ÍNDICE DE QUEBRA DE CASTANHA DE CAJU ..................................
.
70
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...................................................................
.
74
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 76
ANEXOS............................................................................................................................ 78
xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 Preços das amêndoas de castanha de caju em função do tipo de
amêndoas, pagos no mercado internacional.....................................................................
07
TABELA 2.2 Descrição dos Tipos de Amêndoas de Castanha de Caju no Mercado
Internacional ....................................................................................................................
09
TABELA 2.3 Características dos Mercados Consumidores de ACC...............................
.
11
TABELA 2.4 Safra Brasileira e Mundial - 1995/2002...................................................... 17
TABELA 2.5 Safra Brasileira – 2003/2004......................................................................
.
18
TABELA 2.6 Comércio interno da amêndoa de castanha de caju processado na
COOPERCAJU (Sebrae/MA2003)..................................................................................
23
TABELA 2.7 Parâmetros Técnicos Utilizados no Beneficiamento da Castanha ........... 30
TABELA 3.1 Fatores que afetam a competitividade dos associados da
COOPERCAJU................................................................................................................
39
xii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 Comparação de rendimento de amêndoas dos tipos inteiros (SLW, LW,
W, SW), total de inteiras (TI) e quebrados entre os processos mecanizado e manual ....
08
FIGURA 2.2 Representação esquemática dos principais produtos/subprodutos
oriundos do processamento industrial do caju.................................................................
08
FIGURA 2.3 Exportações brasileiras de ACC.....................................................................
.
12
FIGURA 2.4 Importações Mundiais de Amêndoas de castanha de caju..........................
.
14
FIGURA 2.5 Exportações Mundiais de Amêndoas de castanha de caju..........................
.
15
FIGURA 2.6 Participação percentual do Brasil no mercado mundial de amêndoa de
castanha de caju (média de 1988 a 1994) ........................................................................
17
FIGURA 2.7 Distribuição dos ganhos anuais na cadeia produtiva da castanha de caju
exportada pelo Brasil, média de 1991/92
............................................................................
20
FIGURA 2.8 Etapas para o beneficiamento da castanha de caju em escala de mini-
fábricas.............................................................................................................................
25
FIGURA 4.1 Escolaridade.............................................................................................. 42
FIGURA 4.2 Renda familiar dos cooperados...................................................................
.
43
FIGURA 4.3 Tempo na atividade.....................................................................................
.
44
FIGURA 4.4 Exploração do imóvel .................................................................................
.
45
FIGURA 4.5 Forma de processamento da castanha de caju.............................................. 46
FIGURA 4.6 Falta de conhecimento sobre outros mercados............................................
.
47
FIGURA 4.7 Conhecimento sobre linhas e programas de créditos..................................
.
48
FIGURA 4.8 Preparo da COOPERCAJU para atender as exigências dos países
desenvolvidos...................................................................................................................
49
FIGURA 4.9 Relação com os componentes da mão-de-obra empregada no processo
produtivo..........................................................................................................................
50
FIGURA 4.10 Desconhecimento do mercado internacional ............................................
.
51
xiii
FIGURA 4.11 Ausência de planos e estratégias comerciais.............................................
.
52
FIGURA 4.12 Falta de contato com agentes e clientes no exterior..................................
.
53
FIGURA 4.13 Preços competitivos ..................................................................................
.
54
FIGURA 4.14 Elaboração de planos de exportações........................................................
.
55
FIGURA 4.15 Pesquisa de mercado .................................................................................
.
56
FIGURA 4.16 Criação de um sistema de informações de apoio ao comércio exterior....
.
57
FIGURA 4.17 Identificação de canais de comercialização ..............................................
.
58
FIGURA 4.18 Participação em feiras, exportações e rodadas de negócios......................
.
59
FIGURA 4.19 Tecnologia empregada no setor ................................................................
.
60
FIGURA 4.20 Estratégia de Marketing ............................................................................
.
61
FIGURA 4.21 Demanda de mercado externo...................................................................
.
62
FIGURA 4.22 Grande concorrência atual.........................................................................
.
63
FIGURA 4.23 Baixa qualidade.........................................................................................
.
64
FIGURA 4.24 Pouca divulgação do produto.................................................................... 65
FIGURA 4.25 Embalagens inadequadas ..........................................................................
.
66
FIGURA 4.26 Falta de incentivos.....................................................................................
.
67
FIGURA 4.27 Ausência de selos regionais e nacionais....................................................
.
68
FIGURA 4.28 Potencial de produção ...............................................................................
.
69
FIGURA 4.29 Classificação .............................................................................................
.
70
FIGURA 4.30 Despeliculagem.........................................................................................
.
71
FIGURA 4.31 Corte..........................................................................................................
.
72
FIGURA 4.32 Resfriagem/secagem .................................................................................
.
73
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é considerado uma das fruteiras mais
importantes e de ampla distribuição nos trópicos. Sua origem é bastante discutida, mas as
provas indicam, de forma convincente, ser o Brasil ou todo o Norte da América do Sul e parte
da América Central, os centros de procedência dessa espécie.
Dentro do contexto mundial, o Brasil se insere como o segundo produtor de castanhas
de caju, ficando abaixo apenas da Índia. Sua área plantada situa-se em torno de 680 mil
hectares, concentrando-se na Região Nordeste, onde representa uma atividade de elevada
importância econômica e social. A produção de castanha de caju, no Brasil, é da ordem de
150 mil toneladas anuais, proporcionando 30 mil toneladas de amêndoas e divisas em torno de
140 milhões de dólares.
As plantas dessa espécie podem atingir altura de até 20 metros dependendo do solo.
Dependendo das características edafo-climáticas mais propícias, torna-se uma árvore baixa,
atarracada, tortuosa e engalhada a partir da base.
O fruto, a castanha, constitui-se de um aquênio reniforme cuja forma apresenta a
seguinte descrição: o pericarpo (casca) de 1/8 polegada de espessura, de cor cinzenta, é
constituída por um epicarpo cariáceo, atravessado por minúsculos poros e um endocarpo
muito duro fortemente mineralizado, separados por um espesso mesocarpo alveolado, onde
existe um bálsamo castanho-escuro, chamado impropriamente de óleo, de poder inseticida que
tem poder de proteção contra insetos.
A cadeia produtiva do caju apresenta várias ramificações dado ao elevado número de
produtos / derivados.
2
Da castanha (o fruto verdadeiro) obtém-se a amêndoa de castanha de caju (ACC) e o
líquido da casca de castanha de caju (LCC). Da película que cobre a amêndoa, é extraído o
tanino. A casca pode ser usada como combustível nas caldeiras das próprias fábricas de
processamento de castanha.
O pseudofruto (ou pedúnculo), por sua vez, proporciona a obtenção de inúmeros
produtos. No ramo de bebidas, por exemplo, destacam-se a cajuína, o suco integral, néctares,
vinhos, licores, refrigerantes, aguardente, champanha, entre outros. No fabrico de doces,
diferentes modalidades são produzidas: em massa, em calda, seco, tipo ameixa, etc.
Entretanto, o mercado desses produtos encontra-se basicamente restrito ao plano interno, mais
especificamente, regional.
A amêndoa de castanha de caju destaca-se pela riqueza em proteínas, em média 25%,
gorduras 46% e carboidratos 25%. Na sua composição encontram-se nove dentre os dez
aminoácidos essenciais. As gorduras são compostas de ácidos graxos predominantemente
monoinsaturados, a exemplo de ácido oléico, cujo consumo pode influenciar na redução do
teor de colesterol no sangue.
A industrialização do caju (pedúnculo e castanha) pode ser dividida em, pelo menos,
dois grandes ramos: a indústria de beneficiamento da castanha e a indústria de transformação
do pedúnculo. A primeira tem por objetivo a obtenção da amêndoa da castanha do caju
(ACC), tendo como principais subprodutos o Líquido da Castanha do Caju (LCC), a casca da
castanha, a película (rica em tanino) e o óleo da amêndoa. A indústria de transformação do
pedúnculo, por sua vez, possui segmentos na indústria de bebidas, doces, condimentos,
farinhas, ração, entre outras.
A peculiaridade da indústria cajueira é que ela se desenvolve, desde o início, voltada
essencialmente para o mercado consumidor externo. A demanda de países de alta renda per
capita pela amêndoa da castanha de caju tem sido estável e até mesmo ascendente nos últimos
anos. Por essa razão, além de gerar empregos no campo e na indústria, a exportação da
amêndoa da castanha constitui importante fonte de receita cambial, especialmente para o
Ceará.
Apesar da considerável importância de que se reveste essa atividade agroindustrial,
constata-se que o seu potencial de crescimento econômico permanece pouco explorado. O
aumento da produção de castanha vem ocorrendo em proporções sempre inferiores ao
aumento da área cultivada, o que indica um decréscimo de produtividade. É possível avaliar o
3
quanto pode ser melhorada a produtividade dos cajuais, se for comparada à dos da Índia,
maior produtor mundial da amêndoa da castanha de caju.
A contribuição da cultura do caju para o desenvolvimento dos Estados produtores
poderia ser maior, se a qualidade brasileira da Amêndoa da Castanha do Caju (ACC), fosse
melhor. A baixa qualidade, além de desestimular a demanda, também tem implicações sobre o
seu preço. O Brasil possui uma indústria de beneficiamento de castanha do caju deficiente.
Cerca de 40% a 45% das amêndoas são quebradas durante o processamento, o que leva a uma
queda no preço médio de exportação de cerca de 27% em relação à cotação internacional.
1.2 OBJETIVO
O objetivo principal desta pesquisa é investigar e analisar os fatores determinantes de
ganhos quantitativos no processo de beneficiamento da castanha do caju, envolvidos na cadeia
produtiva, em Serra do Mel/RN.
1.3 RELEVÂNCIA
Diante disso, para fins deste estudo, considerou-se a cadeia produtiva do caju,
enfocando a Amêndoa da Castanha do Caju (ACC), envolvendo as atividades de produção,
processamento, distribuição e comercialização, buscando entender como esse processo se
desenvolve, identificando seus pontos fracos e fortes.
A relevância desta pesquisa reside em fornecer dados às micro e pequenas
agroindústrias, que representam excelentes estratégias de desenvolvimento, além de
constituírem-se em atividades que absorvam mão-de-obra e participem de forma significativa
na geração de renda do setor.
No caso específico das minifábricas de processamento de castanha de caju, ocorrem
ainda ganhos quantitativos importantes em relação a grandes empresas (indústria tradicional)
a exemplo da elevação do percentual de amêndoas inteiras de 50% para 85% e da redução do
percentual de amêndoas manchadas. A determinação do tamanho mais adequado de
minifábricas pode garantir maior eficiência na obtenção de um produto que atenda aos
4
atributos de qualidade exigidos pelo mercado, bem como, determinar a viabilidade econômica
dessas minifábricas.
Melhorar a competitividade significa também definir claramente as estratégias de
mercado, baseadas em vantagens competitivas sustentáveis. Além da necessidade de
profissionalização, este deve ser o principal desafio enfrentado nos próximos anos. Existem
inúmeras dificuldades neste percurso, algumas delas ligadas as barreiras naturais que o setor
apresenta, no sentido da intensificação da concorrência, outras, ligadas às dificuldades
inerentes a baixa capacidade de articulação entre os atores da cadeia produtiva, mesmo
aqueles inseridos nos pólos industriais.
Neste sentido, o reconhecimento acadêmico da importância do processo produtivo da
ACC, como estrutura analítica de suporte à competitividade empresarial deve assumir maior
destaque. O simples fato de existirem profundas mudanças observadas na dinâmica
concorrencial motivada pelos mercados “globalizados” vem despertando crescente interesse
nas análises dos sistemas industriais. A integração dos agentes econômicos em sistemas que
impulsionem a eficiência técnico-produtiva e a capacidade inovativa adquire especial
importância neste cenário.
A relevância acadêmica se verifica nos seguintes pontos:
x Disponibilização de uma contribuição teórica / metodológica, buscando evidenciar
um método referencial para o desenvolvimento e crescimento da agroindústria do Rio Grande
do Norte;
x Conhecimentos das relações que dão suporte a geração de estratégias da cadeia
produtiva de processamento da castanha de caju;
x Identificação e análise da rentabilidade e competitividade do ganho quantitativo
em minifábricas de processamento da castanha de caju.
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS
A proposta de um modelo de processamento de beneficiamento da ACC, com
referencial metodológico está estruturada neste trabalho em 5 capítulos que serão comentados
a seguir:
5
Capítulo 1: De caráter introdutório, neste capítulo se faz uma contextualização sobre a
cultura do caju, industrialização, cadeia produtiva, seus objetivos, relevância da pesquisa, e
por último descreve sua estrutura.
Capítulo 2: Faz-se uma revisão bibliográfica sobre os conceitos, históricos e teóricos
da agroindústria do caju, no cenário nacional e no Estado do RN, enfocando o processamento
da amêndoa da castanha do caju envolvendo os fatores de competitividade da pequena
empresa no comércio internacional;
Capítulo 3: Prioriza a vertente metodologia. São descritos os procedimentos
metodológicos, por exemplo, tipo “survey”, a coleta dos dados, o processo de
desenvolvimento da pesquisa e as formas de análise dos dados coletados. Ainda são
apresentadas considerações preliminares sobre o setor. É feita uma avaliação com base em
dados secundários;
Capítulo 4: Apresenta o resultado da pesquisa bibliográfica e da coleta de dados e
entrevistas realizadas.
Capítulo 5: Apresenta as conclusões e recomendações científicas.
Por fim são apresentados os anexos, contendo:
Anexo – 1 Î Instrumento de pesquisa;
Anexo – 2 Î Tabelas e figuras de análise descritiva.
6
2 CADEIA AGROINDUSTRIAL
2.1 AGROINDÚSTRIA DO CAJU
No benefício da castanha de caju, o aproveitamento industrial ainda é muito limitado à
produção da amêndoa inteira e salgada. Os seus subprodutos também podem agregar valores
significativos à indústria, especialmente o líquido da casca da castanha do caju (LCC), a casca
e a película.
O agronegócio do caju envolve vários segmentos nos seus diversos produtos. No
entanto, a industrialização pode ser dividida em dois grandes ramos: o de beneficiamento da
castanha e o de transformação do pedúnculo.
O segmento industrial processador de castanha é composto de 22 fábricas, localizadas
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, com capacidade de processar 280 mil
t/safra (Leite et al, 1994).
O beneficiamento é feito predominantemente pelos sistemas mecanizados e
semimecanizados em grandes fábricas. As demais formas de aproveitamento são realizadas
por estabelecimentos classificados como micro e pequenas produções caseiras, cooperativas e
associações de produtores (com capacidade de processar até uma tonelada/dia). Apresenta
rendimento médio de 23%, ou seja, são necessários 4,35 kg de castanha crua para produzir um
quilograma de amêndoa (Leite, 1996).
A qualidade das amêndoas constitui fator importante na formação dos preços.
7
Portanto, a obtenção de amêndoas inteiras, totalmente despeliculadas, de coloração
alva ou marfim-pálida, sem manchas, deve ser o principal objetivo da indústria processadora
de castanha. O tamanho das amêndoas também tem sido importante item no sistema de
classificação. O mercado possui uma diversidade elevada de tipos de amêndoas, com cotações
diferenciadas (Tabela 2.1). Entretanto, alguns produtores vêem isto como uma manobra para
depreciar o produto, com implicações diretas na escala produtiva das unidades e os volumes
demandados no processo de comercialização.
Tabela 2.1 -
Preços das amêndoas de castanha de caju em função do tipo de amêndoas, pagos no
mercado internacional (US$/Kg), de setembro de 1998.
Em relação à qualidade das castanhas, estudos demonstram uma vantagem
significativa dos processos manuais em relação aos processos mecanizados de obtenção da
mesma, uma vez que o primeiro apresenta maior grau de produção de castanhas de melhor
qualidade (Figura 2.1).
O processamento manual supera o mecanizado em 11,4 pontos percentuais. Mesmo
assim, França (1991), citado por Leite (1994), afirmou que os empresários brasileiros
consideram o sistema mecanizado economicamente mais viável.
8
Figura 2.1:
Comparação de rendimento de amêndoas dos tipos inteiros (SLW, LW, W, SW), total
de inteiras (TI) e quebrados entre os processos mecanizado e manual.L
Fonte Adaptado de Leite (1994
).
O mercado possui uma diversidade elevada de tipos de amêndoas, conforme mostrado
na tabela 2.2 e figura 2.2.
9
Figura 2.2:
Representação esquemática dos principais produtos/subprodutos oriundos do
processamento industrial do caju.
Tabela 2.2: Descrição dos Tipos de Amêndoas de Castanha de Caju no Mercado Internacional.
Tipo Denominação em Inglês Denominação em português e características
SLW Special large Whole
Inteira super especial, que contiver até 180 amêndoas/libra
peso
LW Large Whole Inteira especial, entre 181 a 210 amêndoas/libra peso
W Whole Inteira, entre 211 a 450 amêndoas/libra peso
SW Small Whole Inteira, com mais de 450 amêndoas/libra peso
B Butts
Batoques, amêndoas quase inteiras com pequenas fraturas
transversais
SB Small Butts Batoques com menos da metade da amêndoa
S Splits
Metade (bandas), cotilédones separados, inteiros sem
fratura
Outros* Diversos Pedaços, grânulos, resíduos, xerém e farinha
*Tipos de pouco valor comercial. – Fonte: adaptado de Leite (1994).
Aspecto de extrema importância, no que toca à indústria do caju no Brasil, diz respeito
à sua capacidade de beneficiamento. Tendo crescido intensamente nas décadas de 70 e 80, a
capacidade instalada das indústrias ultrapassou consideravelmente a disponibilidade da
matéria-prima. O resultado foi a subutilização das indústrias, situando-se em torno da metade
da sua capacidade instalada. Se for levado em conta que essas indústrias são altamente
absorvedoras de mão-de-obra, há um interesse muito grande em fazer com que elas possam
funcionar e, conseqüentemente, empregar grande quantidade de mão-de-obra, inclusive a
feminina.
O grau elevado de ociosidade do potencial industrial e sua constância através dos anos
indicam que deve ser adotada uma política de expansão e melhoria da cultura do caju,
aumentando a oferta da matéria-prima. Entretanto, como tais ações trarão resultados apenas
em médio prazo, a alternativa a ser considerada imediata é a importação de castanha de caju
in natura para beneficiamento nas indústrias.
10
Não há dúvida de que a agroindústria representa uma excelente estratégia de
desenvolvimento, fato de grande importância para o país, que tem nas micro e pequenas
empresas elementos fundamentais ao desenvolvimento sócio-econômico.
Em valores aproximados, essas empresas respondem por cerca de 27,39% do PIB do
estado do Ceará.
As micro e pequenas empresas agroindustriais desempenham destacado papel no
desenvolvimento regional. Além de constituírem-se atividade absorvedora de mão-de-obra,
participam de forma significativa na geração de renda do setor. Estes pontos se tornam mais
importantes quando se observa que as indústrias de pequeno porte têm uma relação
capital/produto mais baixa e utilizam mais intensamente insumos locais; empregam mais
pessoas ligadas aos grupos de menor renda e orientam a produção, parcialmente, para
mercados locais formados por população mais carente.
Elas representam hoje, um segmento importante na atividade industrial, comercial e de
serviços, responsáveis pela geração de parcela dos empregos, salários, produto nacional e com
elevada participação na receita de ICMS do setor primário do estado, além de contribuírem
com a arrecadação de outros impostos (Almeida & Soares, 1996).
Segundo Pessoa et al (1994), o Brasil possui uma indústria de beneficiamento de
castanha de caju bastante deficiente. Cerca de 40 a 45% das amêndoas são quebradas durante
o processamento, o que leva a uma queda no preço médio de exportação em cerca de 27% em
relação à cotação internacional. Neste contexto as mini-fábricas são alternativas para a
redução dos problemas de quedas das amêndoas, uma vez que alcançam índices de até 85%
de amêndoas inteiras, sem manchas e de coloração clara, além de permitir a inserção de
pequenos processadores no mercado.
Apesar de já terem sido obtidos avanços alentadores com relação à melhoria na
qualidade do produto final e esforços estarem sendo implementados para uma melhor
coordenação e articulação da cadeia produtiva da castanha de caju, pouca atenção tem sido
dada aos aspectos relativos a maior agilidade e precisão no atendimento de encomendas
demandadas pelo mercado. A agilidade e precisão no atendimento de encomendas constituem
vantagens competitivas de importância vital para qualquer empresa.
Nas fábricas processadoras de castanha de caju, mesmo utilizando um tamanho
padronizado de matéria-prima, não é possível obter somente um tipo de amêndoa, ou seja, a
relação entre matéria-prima e produto acabado impossibilita que se obtenha somente um tipo
11
de amêndoa com o processamento de um determinado tipo de castanha de caju. Para cada tipo
de castanha de caju processado são obtidos, conjuntamente diversos tipos de amêndoas. Esta
relação retarda e dificulta o atendimento das encomendas com precisão.
Desta forma, as fábricas de castanha de caju estão sujeitas à formação de estoques
excessivos de matéria-prima e de produtos acabados, elevando substancialmente as despesas
operacionais e o tempo entre o atendimento do pedido e a entrega do produto final.
2.2 INSERÇÃO E COMPETITIVIDADE DAS PEQUENAS EMPRESAS NO
COMÉRCIO INTERNACIONAL
O cajueiro é cultivado em países de terceiro mundo, dos quais Índia, Brasil,
Moçambique, Tanzânia e Quênia são os mais representativos. Em termos de processamento
da castanha, a concentração se dá, praticamente, na Índia e no Brasil. No triênio 1993/95,
estes dois países foram responsáveis, respectivamente por 67,4% e 27,1% das exportações
mundiais de ACC, ou seja, juntos exportaram 94,5% do volume comercializado no período.
Por outro lado, o consumo deste produto ocorre em países de elevada renda, dos quais,
Estados Unidos (maior importador e consumidor mundial), e alguns países europeus, são os
principais consumidores, detendo juntos 78% do total em 1998, o restante divide-se entre
Austrália, Japão, Canadá, China e Singapura. (Tabela 2.3).
Tabela 2.3:
Características dos Mercados Consumidores de ACC.
Mercado
Relevante
Mercado de Consumo
Atributos
Valorizados
Características
Snacks e
aperitivos
Internacional: EUA, União
Européia, Japão, China,
Canadá e Austrália
Tamanho
Integridade
Coloração
Compostos em mixes com outras
amêndoas puras
EUA: Menor exigências em coloração.
UE: Maior exigência em sanidades.
Grande dificuldade para segmentar o
produto brasileiro
Nacional: Grandes cidades
Integridade,
coloração
Vendido a granel ou embalado com ou
sem visualização do produto.
Sobremesas
e doces
Internacional: EUA, União
Européia, Japão, China,
Canadá e Austrália
Conjugação do sabor da amêndoa com
outros produtos: Chocolate e sorvetes.
Enquanto a Índia detém 52% das importações dos EUA e 59% das importações da UE,
o Brasil tem participação de 28% nos EUA e 7% na UE. Apesar do Brasil não estar perdendo
12
participação no mercado internacional, a Índia tem sido mais dinâmica em suas estratégias no
comércio internacional. As empresas indianas contam também com apoio de organizações de
promoção junto ao mercado internacional, destacando-se o Cashew Export Promotion Council
of India, órgão especializado na promoção das exportações de derivados de castanha de caju.
Apesar das fortes oscilações do dólar, a partir do segundo semestre de 2002, verifica-
se que apesar do volume exportado de amêndoas ter aumentado, ocorreu uma redução no
valor total. Esta diminuição deveu-se a uma redução de 8,3% no preço médio por quilo da
amêndoa de caju. O destino principal das exportações brasileiras continuam sendo os Estados
Unidos, que importam 76% do total de amêndoas de caju, a um preço médio de US$3,62,
exportados pelo Brasil. A União Européia, tradicionalmente um dos principais destinos para
as frutas brasileiras, no período de janeiro a novembro de 2002, importou o equivalente a
115% do valor exportado, a um preço médio de US$ 2,52 por quilo, conforme figura 2.3. A
reduzida participação da União Européia poderá ser creditada ao baixo preço praticado pelos
importadores europeus. – Pimentel. (2002).
Figura 2.3:
Exportações brasileiras de ACC (concentradas no mercado norte-americano, que
representa quase 80% do total exportado).
Fonte: Secex (1999).
O mercado internacional pode ser dividido em quatro tipos de agentes:
Outros
5%
UE
11%
Canadá
8%
EUA
76%
13
a) Produtores e exportadores de castanha in natura: destacam-se os países africanos
(Tanzânia, Guiné Bissau, costa do Marfim, Moçambique e Nigéria, entre outros) e asiáticos
(Indonésia); Produtores e importadores de castanha in natura, processadores de castanha e
exportadores de amêndoa de caju: Brasil, Índia e Vietnã;
b) Importadores/exportadores de amêndoa, atuando como intermediários e/ou
consumidores: Holanda para a União Européia, Hong Kong para China e Singapura para o
sudeste asiático;
c) Consumidores de amêndoa de castanha de caju, com destaque para os EUA, UE,
Canadá, Japão, Austrália e China, incluindo Hong Kong;
d) Brokers/Tradings/importadores de ACC, atuando globalmente com agentes
facilitadores no comércio.
O tamanho do mercado é crescente. As participações dos importadores mudam ao
longo do tempo. Enquanto os EUA seguem com volumes importantes constantes, UE,
Austrália, China e Singapura apresentam crescimento. Na UE, os maiores importadores são
Holanda, Alemanha, Reino Unido e França, sendo que a Holanda atua como porto de entrada
redistribuindo internamente. As importações chinesas incluem os dados de Hong Kong, que
importa no mercado e exporta para a China. Singapura é uma região importadora e
exportadora, fornecendo para o Sudeste asiático.
Não existem dados precisos sobre o consumo mundial de amêndoa de caju, mas os
fluxos de comércio podem ser usados como referência. As importações mundiais de ACC
foram de 147,5 mil toneladas em 1998 e seguem com tendência de crescimento. Dentre os
mercados consumidores, destacam-se os Estados Unidos e União Européia detendo 78% do
total em 1998. O restante divide-se entre Austrália, Japão, Canadá, China e Singapura (Figura
2.4) (Pires 2005).
14
Figura 2.4:
Importações Mundiais de amêndoas de castanha de caju (Toneladas).
Fontes: Fao e Iplance.
Nas exportações mundiais de ACC, destacam-se dois grupos de países: os
produtores/exportadores, sendo a Índia, Brasil e Moçambique, e os
importadores/exportadores, como a Holanda, Hong Kong e Singapura (Figura 2.5).
15
Figura 2.5:
Exportações Mundiais de amêndoas de castanha de caju (Toneladas).
Fontes Fao e Iplance.
A posição do Brasil no mercado internacional deve ser analisada em relação aos seus
concorrentes, que são os países produtores e exportadores.
A alta concentração das exportações brasileiras para os Estados Unidos tem sido
responsável pela posição daquele país na formação dos preços internacionais de ACC. Não o
bastante, para esse mercado transmitir sinais de estabilidade de ampliação, são poucos os
esforços dos tomadores de decisão brasileiros voltados a formação de estratégias que
possibilitem que o Brasil desfrute de uma posição vantajosa. Segundo Paula Pessoa et al
(1994), existem duas alternativas capazes de permitir ao Brasil uma posição mais vantajosa no
mercado norte-americano. A primeira seria aumentar a sua participação neste mercado.
Segundo Arango (1994), a quantidade da amêndoa de castanha de caju pode ser
definida como um conjunto de características organolépticas como, gosto, cor, cheiro e
16
homogeneidade morfológica. Nesse caso, atributos como tamanho, integridade física do
produto, cor e sabor, estão relativamente na determinação das preferências do consumo final.
Assim pode-se dividir o mercado de ACC em dois segmentos: O que exige amêndoas
inteiras, brancas e totalmente isentas de manchas ou injúrias, e outro menos exigente com
relação à qualidade, calcados nos tipos quebrados, tostados ou manchados. No primeiro, a
quantidade constitui o principal meio de agregação de valor e inserção no mercado. No
segundo, é mais evidente a concorrência via preços. Neste caso, é utilizada como insumo nos
produtos de confeitaria e padaria. Isto condiciona esse segmento à sistemática de um mercado
de commodity, onde baixos custos de produção/processamento são essenciais para a
participação no mercado.
O processo de quebra da castanha, de classificação e separação das amêndoas exigem
cuidados especiais das indústrias que proporcionam índices elevados na quebra.
As indústrias semimecanizadas têm muita mão-de-obra alocada nessa etapa do
processo para garantir a classificação correta, embora possuam baixo percentual de quebra.
Na questão da qualidade, destacam-se dois itens: sanidade do produto e aspectos
nutricionais. Os mercados de consumo são muito exigentes em relação à segurança dos
processos industriais. Na importação, os controles sanitários são grandes e todas as cargas são
analisadas. A preocupação maior é com a presença de coliformes fecais e aflatoxina.
Os consumidores industriais internacionais (chocolates, sobremesas e doces),
tradicionalmente grandes corporações, como Nestlé, adquirem ACC dos importadores, ainda
crua, para serem incorporadas aos produtos, muitas vezes nem sinalizados no consumo final.
É um mercado comprador de amêndoas quebradas, de menor valor, com elevada exigência de
sabor devido ao consumo in natura. Grande parte da produção brasileira destina-se a esse
segmento.
2.2.1 Produção Mundial – Castanha de Caju
A safra mundial de castanha de caju em 2002, de acordo com estatísticas da FAO
(2003), foi de 1.516,9 mil toneladas distribuídas em 29 países. Os nove maiores produtores
(Brasil, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Índia, Indonésia, Moçambique, Nigéria, Tanzânia e
Vietnã) responderam por 91,0% deste total. Cooperativamente ao ano anterior, o Brasil foi o
único país que apresentou incremento na sua produção (48,0%). Os demais produziram
quantidades semelhantes, exceto o Vietnã que teve uma redução de 46,8%.
17
O Brasil destaca-se como o segundo maior exportador de amêndoas de castanha de
caju (Figura 2.6), sendo que os demais produtos/subprodutos geralmente destinam-se ao
mercado interno.
Figura 2.6:
Participação percentual do Brasil no mercado mundial de amêndoa de castanha de
caju (média de 1988 a 1994).
Fonte: FNP, 1998.
O Brasil tem obtido um crescimento significativo nas exportações a cada triênio,
devido ao aumento da produção decorrente da expansão da área de cultivo e a problemas de
fornecimentos de outros países exportadores.
Já a safra nacional de castanha de caju em 2002, segundo as informações
disponibilizadas pelo IBGE, foi de 187,3 mil toneladas, o que representa 12,3% da produção
mundial. Essa relação virou bastante ao longo dos últimos oito anos, atingindo o mínimo de
4,4% em 1998, quando foram colhidas apenas 54,1 mil toneladas devido às condições
desfavoráveis da região nordeste, principalmente no estado do Ceará, até o máximo de 16,4%
em 1995.
Tabela 2.4 -
Safra Brasileira e Mundial - 1995/2002.
Quantidade (Em Mil Ton.)
Ano
2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995
Safra
Mundial
1.516,9 1.591,0 1.668,0 1.448,3 1.236,5 1.332,9 1.311,9 1.126,4
Safra
Brasileira
187,3 124,1 138,6 154,4 54,1 125,4 167,2 186,2
Fonte: IBGE e FAO (Elab.: Conab-Sureg-Ce).
Quênia
1%
Tanzânia
1%
Ín d ia
58%
Brasil
32%
Moçambique
4%
Outros
4%
18
É válido ressaltar que nesse período o crescimento da produção mundial foi de 34,6%
e a participação da safra nacional foi nula devido à estagnação da produtividade. Essa
ampliação deve-se, principalmente, ao crescimento da safra do Vietnã e da Índia, dentre
outros.
Conclui-se, portanto, que não é possível permanecer com os níveis atuais das nossas
produtividades médias que oscilam entre 150 e 300 kg/ha, e é apenas a metade da
produtividade média mundial, que segundo dados da FAO (2003), vêm oscilando nesses
últimos oito anos entre 467 e 584 kg/ha.
Para 2003 são previstas 205,1 mil toneladas podendo chegar a 220,0 mil toneladas, se
as condições climáticas permanecerem favoráveis e não houver infestação por antracnose, que
é a principal moléstia que ataca os cajueiros. Comparando-se com a produção do ano passado,
que já tinha sido um recorde, percebe-se que haverá um incremento de 9,5% devido ao
aumento da produtividade, pois a área colhida permaneceu praticamente inalterada.
A previsão de safra de Castanha de Caju para o período 2003/2004, elaborado pelo
IBGE, estima que deverão ser colhidas 205 mil toneladas de castanha de caju in natura nessa
safra. Caso seja confirmada, essa produção passa a ser a maior já registrada no Brasil,
configurando um aumento de cerca de 5% em relação à maior produção registrada
anteriormente (196 mil toneladas em 1991). As estimativas de produção para a safra
2003/2004 estão apresentadas de maneira estratificada conforme (tabela 2.5)
Tabela 2.5 -
Safra Brasileira – 2003/2004.
19
Se as condições climáticas permanecerem positivas e não houver queda de
produtividade por motivo de doença nos cajueiros, a produção do Estado do Ceará, que
produz mais da metade da safra nacional, deverá aproximar-se das 120 mil toneladas, o que
seria um fato inédito.
2.2.2 Demanda
A demanda por amêndoas de castanha de caju ocorre em dois segmentos distintos. A
ACC é basicamente um produto de exportação, valor estimado em 90% do total produzido.
Os demais produtos/subprodutos, geralmente destinam-se ao mercado interno.
A quantidade exportada tem uma estreita relação com a produção nacional. Entretanto,
essa correspondência não ocorreu em 1998 quando a safra foi de apenas 54,1 mil toneladas,
em razão dos motivos expostos anteriormente, e foram exportados neste mesmo ano e no
seguinte 55.983 toneladas (o ano-safra vai de agosto a julho do ano subseqüente). Tal fato só
foi possível porque as indústrias estavam relativamente estocadas, mas, mesmo assim, foram
necessárias importações de 9.655 toneladas em 1999 e 6.444 toneladas em 2000 (castanha in
natura).
Assim, as indústrias de beneficiamento estão torcendo para que a previsão de uma
safra superior a 200 mil toneladas em 2003 seja confirmada, pois haveria condições de
superar o recorde de 1992 quando foram exportadas 38.097 toneladas de amêndoas.
As vendas de amêndoas de castanha de caju para o mercado interno variam de 7,0 a
7,5 mil toneladas, que é menos de 20% da produção nacional. Essa quantidade vem se
mantendo há anos e, para ampliá-la, é necessário que haja redução dos preços da castanha de
caju in natura que seria obtido com ganho de produtividade, caso as medidas acima
enumeradas venham a ser implementadas.
2.2.3 Preços
No mercado internacional, a exportação de amêndoas de caju é bastante sensível às
variações de preço, haja vista que uma elevação de 10% no preço causa uma redução de 40%
na quantidade exportada. Isto se deve, em parte, a concorrência com os outros países
produtores e a alta concentração de mercado consumidor. De maneira que se torna explícito a
20
extrema necessidade de se adotar uma política bem definida para obtenção de aumento do
preço do caju e compatível com mercado global.
Outro fator que influencia significativamente a redução dos preços pagos aos
produtores é a distribuição dos ganhos na cadeia produtiva da castanha de caju, uma vez que a
inserção do produto no mercado externo é feita na forma de amêndoa semiprocessada, ou
seja, de baixo valor agregado, permitindo que a maior parte do valor adicionado seja
apropriada pelos países importadores. A Figura 2.7 apresenta a distribuição dos ganhos na
cadeia produtiva da castanha.
Figura 2.7:
Distribuição dos ganhos anuais na cadeia produtiva da castanha de caju exportada
pelo Brasil, média de 1991/92.
Fonte: Leite (1994).
Quanto ao preço da amêndoa da castanha de caju no mercado interno, verifica-se uma
certa variação cíclica ao longo do ano. Nos meses de fevereiro a julho há uma redução no
preço, para em seguida, de agosto a janeiro, ocorrer uma elevação do mesmo. Essas
oscilações no preço da castanha de caju estão associadas ao período de entre safra da cultura,
haja vista que a colheita do caju ocorre no período de agosto a dezembro. Assim, a castanha
beneficiada (amêndoa) somente estará no mercado no primeiro semestre do ano seguinte.
Os preços pagos nos principais mercados aos produtos não são muito animadores e,
estão na maior parte do tempo analisado, abaixo do preço estabelecido pelo governo. Esta
variação é uma função da distância para o parque processador e o porte do produtor. Os
menores em geral vendem seus produtos a um menor preço, os maiores obtêm valores
expressivos, dependendo da oferta do produto.
71%
17%
12%
Produtores
Indústrias
Mercado
21
Outro fator que influencia significativamente na formação dos preços aos produtores é
a distribuição dos ganhos na cadeia produtiva da castanha de caju. A inserção do país no
mercado externo é feita com um produto de baixo agregado, ou seja, a amêndoa
semiprocessada, permitindo que as maiores partes do valor adicionado sejam aprimoradas nos
países importadores, especialmente nos Estados Unidos. Os valores anuais pagos aos produtos
são bem inferiores aos obtidos pela indústria e beneficiamento, enquanto que os pagos ao
mercado (importadores, torrefadores e distribuidoras) perfazem cerca de 71%.
O preço médio anual da castanha de caju paga ao produtor, um dos principais itens de
custo dessa agroindústria, depois de experimentar altas sucessivas a partir de 1996/97 até
1999/2000, recuou nos dois anos de safras subseqüentes, para ter uma elevação expressiva em
2002/2003.
Em 1998/99 a elevação do preço médio em 82,8% foi decorrência da quebra da safra,
pelas razões mencionadas anteriormente. Esse fato também repercutiu no ano seguinte com o
aumento de 7,4%.
Já em 2002/2003 o incremento de 54,1% ao ano anterior foi conseqüência da
sobrevalorização do dólar no segundo semestre de 2002. Esse foi o fator determinante para
que o preço do protocolo de intenções que vem sendo firmado entre as indústrias e os
produtores pudesse sair do valor de R$ 0,71/kg, para a castanha tipo 4, com um máximo de
10% da unidade, para R$ 1,10/kg (ano safra 2002/2003).
O setor movimenta US$ 230 milhões e gera 300 mil empregos. A colheita da castanha
do caju no Ceará detém quase que a metade dos 650 mil hectares cultivados no Nordeste.
Segundo indústrias e produtoras do Ceará, a medida (portaria número 6 de 24 de julho,
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que permite a
exportação do produto in natura) pode desestabilizar a cultura do caju no Estado.
2.3 AGROINDÚSTRIA DO CAJU NO RIO GRANDE DO NORTE
Com uma área plantada de 120 mil hectares, o Rio Grande do Norte é o terceiro
produtor nacional de castanha de caju, representando divisas superiores a 20 milhões de
dólares e oferta de 159 mil empregos diretos e indiretos. Mesmo assim, a produtividade do
cajueiro é baixa. Vários são os fatores que vem contribuindo para que esta situação prevaleça,
22
dentre os quais se pode enumerar o plantio por sementes, que gera pomares desuniformes, de
baixa produção e qualidade de castanhas, baixa fertilidade dos solos, escassez e irregularidade
na distribuição das chuvas, tratos culturais e fitossanitários inadequados, que segundo
Pimentel (1989), as sementes no plantio são oriundas do próprio estabelecimento ou
adquiridas no comércio local, que, via de regra, apresentam baixo potencial genético.
A baixa produtividade, decorrente de seu baixo nível tecnológico, pode também ser
explicada, em parte, pela estrutura fundiária concentrada, pois se sabe que nos minifúndios e
nos estabelecimentos nos quais o produtor não é o proprietário da terra, pouca ou nenhuma
tecnologia é adotada. A esse respeito Araújo (1990) mostrou que 70,27% da área colhida de
caju pertence 7,1% dos estabelecimentos, evidenciando uma elevada concentração fundiária.
2.3.1 Serra do Mel
Serra do Mel – RN, município originário de um projeto de colonização agrícola, tem
sua base econômica centrada na produção de castanha de caju, em regime de economia
familiar. Porém, é a industrialização da castanha de caju em unidades familiares que
diferencia os pequenos produtores da Serra do Mel dos demais agricultores familiares em todo
o nordeste brasileiro, já que seus produtores de castanha de caju desenvolveram, a partir de
1989, uma tecnologia alternativa de sistema de beneficiamento descentralizado de castanha de
caju, adaptando a tecnologia industrial para uma mini-indústria familiar (unidade familiar),
que garante:
x Uma qualidade das amêndoas superior a das grandes indústrias;
x Agregação de valor ao produto;
x Geração de empregos e renda no ambiente familiar;
x Relações de trabalho mais justas;
x Inserção do pequeno produtor de castanha de caju nos mercados internacionais e
nacionais;
x Organização dos pequenos agricultores na Cooperativa de Beneficiamento
Artesanais de Castanha de Caju do Rio Grade do Norte – COOPERCAJU.
A Cooperativa de Beneficiamento Artesanal de Castanha de Caju do Rio Grande do
Norte recebe as amêndoas das unidades familiares de beneficiamento, realiza os serviços de
classificação, seleção (tipos, cor e integridade), embalagem, padronização da qualidade e
23
comercialização das amêndoas de caju para o mercado interno (tabela 2.5) e externo, com
apoio da SIPARN (Sociedade para o Incentivo ao Pequeno Artesão do Rio Grande do Norte)
e Visão Mundial. A SIPARN mantém contatos comerciais com os importadores e possíveis
compradores do mercado até o fechamento do contrato comercial (Pires, 2005). Os
importadores do comércio adiantam 50% do valor do contrato, que se constitui no capital de
giro necessário para processar o produto até o seu embarque.
Tabela 2.6 -
Comércio interno da amêndoa de castanha de caju processado na COOPERCAJU
(Sebrae/MA2003).
Todo o processo de desempenho aduaneiro, análise do produto, certificado de
fitossanidade, contratação de container, remessa do produto e documentos para o exterior é
realizado pela equipe da SIPARN, com apoio de despachantes nos portos. O restante do
pagamento é efetuado somente após o recebimento dos produtos dentro das especificações
exigidas pelos importadores.
O sistema de mini-fábricas para beneficiamento utiliza uma máquina que faz a
abertura da castanha em bandas, diminuindo as perdas por quebras das amêndoas e as chances
de contaminação por manuseio.
As mini-fábricas de beneficiamento de castanha de caju estão aumentando em 55% a
renda de pequenos produtores, além de representar uma alternativa de emprego para os
trabalhadores. Na região Nordeste estima-se que, em 2001, a inovação gerou 1.220 empregos
diretos e 6.100 empregos indiretos. Com as mini-fábricas, para cada tonelada de amêndoa de
24
castanha de caju beneficiada, o pequeno agroindustrial obteve uma renda adicional de R$
654,00.
As mini-fábricas são opção para a redução dos problemas tais como: quebra das
amêndoas, manchas, tipo de coloração, além de permitir a inserção de pequenas indústrias
processadoras no mercado. As micro e pequenas agroindústrias representam excelentes
estratégias de desenvolvimento e constituem-se em atividade que absorve mão-de-obra e
participam de forma significativa na geração de renda do setor (Dourado, 1999).
No caso específico das mini-fábricas de processamento de castanha de caju, ocorrem
ainda ganhos quantitativos importantes em relação à grande empresa (indústria tradicional), a
exemplo da elevação do percentual de amêndoas manchadas. Este fato aumenta as condições
do produto concorrer no mercado externo, desde que sejam vencidos os obstáculos de escala,
padronização e sanitização (Almeida & Soares, 1996).
Essas agroindústrias, caso avancem na organização produtiva, gestão técnica,
administrativa e financeira, podem se tornar a alternativa estratégica para competição diante
das novas condições do mercado internacional, que exigem preços competitivos, qualidade do
produto, regularidade de oferta, escala e padronização.
A safra da castanha de caju compreende os meses de agosto a dezembro. Por isso, os
beneficiadores precisam formar estoques para que as fábricas trabalhem o ano inteiro. Durante
o período de estocagem, as castanhas devem secar até obter umidade de 7% a 9%. Expostas
em quadras de cimentos ou terreiros por um período de até 5 dias, depois são amontoadas, em
camadas de até 30 cm do solo, reviradas pelo menos 2 vezes por dia. À noite elas devem ser
cobertas por uma lona ou plástico, para evitar a ação de agentes externos (ex.: chuva).
2.3.2 Etapas da Produção
As etapas para o beneficiamento da castanha de caju em escala de mini-fábricas, de
acordo com a figura 2.8:
25
Figura 2.8:
Etapas para o beneficiamento da castanha de caju em escala de mini-fábricas.
Fonte COPAN.
Seleção/classificação
Secagem
Limpeza
Armazenagem
Classificação
Pesagem
Resfriamento/secagem
Autoclavagem
Secagem
Corte Cascas
Extração de LCC
Despeliculagem
Fritura
Salga
Embalagem
Amêndoa frita
Amêndoa crua
Embalagem
Resfriamento
Castanha de caju
26
2.3.2.1 Limpeza
No momento da secagem, as castanhas devem estar limpas, livres de folhas, pedras,
areia, pedaços de pedúnculos e outras impurezas, para evitar a contaminação e a deterioração.
A limpeza pode ser efetuada em peneiras manuais ou em chapas perfuradas utilizadas para a
calibragem.
2.3.2.2 Classificação
Consiste em selecionar as castanhas por tamanhos (pequenas, médias, grandes e
cajuís), por meio de uma rotativa, em chapas perfuradas de calibres diversos cujos orifícios
são de acordo com os tamanhos especificados. Esse processo permite satisfatoriamente as
seguintes operações:
x Cozimento das castanhas, para permitir a penetração uniforme do calor;
x Corte em máquinas, de acordo com o tamanho da castanha;
x Fritura das castanhas, para não queimar ou escurecer as de menor tamanho.
A classificação pode ser feita em cilindro rotativo, ou em peneiras manuais de malhas
de arame, ou ainda em chapas perfuradas. Para o processamento manual, utilizam-se peneiras
de calibres diferentes:
x Castanha grande, peneira com diâmetro de 27 mm;
x Castanha média, peneira com diâmetro de 24 mm;
x Castanha pequena, peneira com diâmetro de 18 mm;
x Cajuí, peneira com diâmetro menor que 18 mm.
2.3.2.3 Armazenamento
Após os processos de secagem, limpeza e classificação, as castanhas estão aptas para o
armazenamento por um período superior a 1 ano, quando é recomendável o uso de sacos
empilhados sobre estrados de madeira, em local arejado, limpo e seco, sem contato com água.
As pilhas de sacos devem ficar afastadas uma das outras, para permitir a circulação do ar.
27
2.3.2.4 Pesagem
Para que se tenha uma idéia exata do volume a ser processado e da quantidade da
matéria-prima a ser colocada na autoclave, torna-se necessária a pesagem, que também
permite o controle do estoque e da qualidade da castanha armazenada, uma vez que isso pode
indicar uma reumidificação da castanha ocorrida no armazenamento e a necessidade de secá-
las novamente.
2.3.2.5 Cozimento
Como preparação para o corte, as castanhas são submetidas a uma etapa de cozimento,
que pode ser feita em autoclave a 110 °C/10 minutos, ou em caldeirão comum, por
aproximadamente 30 minutos. Esse último sistema consiste de um caldeirão simples, aberto
(sem pressão), com uma camada de água, colocado sobre uma fogueira.
As castanhas são acomodadas em sacos, para facilitar a carga/descarga. Ficam isoladas
da água, por meio de uma chapa perfurada, apoiada sobre armação de metal, pedaços de
tijolos etc., de modo que somente o vapor da água entre em contato com elas.
Para melhor distribuição do vapor no interior das castanhas, a chapa perfurada deve ter
um tubo central, também perfurado. O caldeirão poderá ter um visor para monitorar o nível da
água e uma ligação com uma caixa d'água, para suprir o caldeirão.
Atualmente, estão disponíveis no mercado, equipamentos para cozimento da castanha,
denominado vaso cozedor, para atender as unidades de mini-fábricas, construídos em aço
carbono, com capacidade de cozinhar até 600 kg de castanha/dia, com produção de vapor
saturado, fonte combustível a GLP, lenha ou casca de castanha.
2.3.2.6 Resfriamento e Secagem
Depois de cozidas, as castanhas são colocadas em local arejado, para resfriamento para
que sequem, facilitando a quebra durante o corte. Essa operação pode ser realizada de duas
formas: para o cozimento feito em sistemas caseiros, ou seja, sem pressa, as castanhas são
colocadas para resfriamento e secagem em lugar arejado, em até 6 horas. Para o cozimento
feito em vaso cozedor, as castanhas poderão permanecer por 20 minutos após a operação de
cozimento, dentro do equipamento, sendo em seguida colocadas para resfriamento por cerca
de 2 horas.
28
2.3.2.7 Decorticação/Corte
Depois de resfriadas, as castanhas são levadas a operação de corte. Essa operação
realiza-se em máquinas de corte, ajustadas aos tipos classificados anteriormente e montadas
em mesas apropriadas. Nas máquinas, trabalham duas operárias: uma corta, e outra, munida
de estilete, retira as amêndoas que ficam aderidas à casca. Aconselha-se que essas operárias
trabalhem com as mãos protegidas com óleo vegetal, para evitar a ação cáustica do LCC.
2.3.2.8 Estufagem das Amêndoas
A secagem visa reduzir a umidade da amêndoa por volta de 3,5% a 4%, para que a
película, até então firmemente aderida a amêndoa, torne-se quebradiça, facilitando sua soltura.
A secagem realiza-se em estufas com circulação de ar quente (60°C a 70°C), por um período
de 6 a 8 horas. As castanhas são colocadas em bandejas teladas e devem ser aquecidas de
modo que a película se solte por igual. Em muitos casos, a amêndoa é submetida a um
processo de umidificação por vapor saturado (1 a 2 minutos), para facilitar a separação da
película da amêndoa.
2.3.2.9 Resfriamento
O resfriamento da amêndoa pode ser feito sobre mesas ou nas próprias bandejas, em
suportes apropriados, por cerca de 2 horas a temperatura ambiente, com objetivo de preparar o
produto para a retirada da película.
2.3.2.10 Despeliculagem
Os operários, com simples torção de dedos conseguem separar a película da amêndoa.
Em alguns casos, lança-se mão de estiletes de metal, para a retirada de partes de películas
mais aderentes. Muitas vezes essa amêndoa tem que voltar a estufa para nova secagem, o que
desvaloriza o produto. Pode-se utilizar um cilindro despeliculador de escovas, porém aumenta
consideravelmente a porcentagem de quebra das amêndoas.
2.3.2.11 Seleção e Classificação
As amêndoas devem ser classificadas basicamente pelo tamanho, integridade e cor,
podendo também, ser divididas por bandas, batoques, pedaços, grânulos, xerém e farinha. A
operação é realizada em mesas com bancadas revestidas de fórmica ou de tecido grosso, de
29
cor clara. Desta maneira, as amêndoas são manuseadas em superfície macia que atua como
filtro, retendo a poeira existente nelas.
2.3.2.12 Fritura
Para comercializar as amêndoas fritas, deve-se proceder a fritura com as amêndoas já
separadas por tamanho. Isso permite uniformização da fritura. O equipamento a gás com
controle de temperatura pode ser o mesmo utilizado para batata frita. O óleo deve ser de boa
qualidade, com recomendação de uso de gordura hidrogenada, para não conferir sabor
estranho à amêndoa, sendo os óleos mais utilizados o de milho ou de soja.
O procedimento recomendado para a operação de fritura à salga é feito da seguinte
maneira:
x As amêndoas do mesmo tamanho e cor são colocadas em cestas apropriadas e
imersas em óleo bem quente, no ponto de fritura. A quantidade de óleo deve ser suficiente
para todas as amêndoas;
x O tempo de fritura varia de 3 a 6 minutos, dependendo do volume de amêndoa
contida nas cestas. Recomenda-se não mexer as amêndoas, para que não ocorra quebra e
desuniformidade da fritura;
x Após a fritura, remove-se o excesso de óleo do produto, derramando o conteúdo
da cesta sobre superfície plana recoberta por papel absorvente. Melhor resultado obtém-se
com o uso de uma centrífuga;
x A salga é feita com as amêndoas ainda quentes, utilizando-se sal refinado de boa
qualidade, seco e sem impureza, na quantidade de 1% a 2% em relação ao peso da amêndoa.
2.3.2.13 Embalagem
As embalagens utilizadas no acondicionamento das amêndoas de castanha de caju
devem ser novas, limpas, secas, impermeáveis, isentas de chumbo, fechadas hermeticamente e
sem qualquer revestimento de papel. As embalagens devem ainda ser suficientemente
resistentes, de modo a garantir a integridade do produto durante os embarques normais e nos
armazenamentos.
30
2.3.2.14 Produto Beneficiado
As amêndoas devem ser acomodadas em sacos aluminizados, com capacidade de
22,68 kg, em peso líquido do produto, equivalente a 50 libras/peso ou em dois sacos
aluminizados com capacidade para 11,34 kg em peso líquido do produto, equivalente a 25
libras/peso. Recomenda-se também o uso de latas de flandres com capacidade para 11,43 kg
em peso líquido ou 25 libras/peso. Em ambos os casos o produto deve ser colocado em caixas
de papelão novas e, devidamente, fechadas.
Recentemente , Almeida &Soares (1996) estimaram que o custo total de uma caixa
(22,68 Kg) de ACC produzida na Índia é de US$ 50,65. No Brasil,estima-se um custo total de
US$ 75,00 por caixa. Desta forma, alta cotação e o baixo custo da ACC indiana lhe permite
estratégias competitivas mais ousadas.
2.3.3 Parâmetros Técnicos
Segundo a EMBRAPA (2003), agroindústria tropical, para implantação de uma mini-
fábrica com capacidade diária de 550 kg de castanha, serão considerados os seguintes
coeficientes técnicos mostrados na tabela 2.7.
Tabela 2.7 -
Parâmetros Técnicos Utilizados no Beneficiamento da Castanha.
Parâmetros Técnicos Unidade Valor
Capacidade de processamento do módulo Kg/castanha/dia 550
Rendimento do processo Percentual 21
Amêndoas inteiras obtidas no processo Percentual 80 – 85
Rendimento do operário no corte da castanha Kg/castanha/dia 34
Rendimento do operário na classificação da amêndoa Kg/castanha/dia 37
Rendimento do operário na classificação manual Kg/castanha/dia 13
2.3.4 Etapas do Processamento da Castanha Artesanal
O sistema de beneficiamento aqui detalhado apresenta dois componentes:
x As unidades de beneficiamento;
31
x A central de recepção, classificação, embalagem e comercialização das amêndoas.
As unidades de beneficiamento podem ter vida autônoma, sem depender da central,
quando se propõem a vender as amêndoas torradas, em pequenas quantidades, para
intermediários ou diretamente aos consumidores finais.
A central se justifica, quando um grupo de, no mínimo, 10 (dez) unidades de
beneficiamento se unem para um esquema de comercialização em maior escala. Nesse caso, a
produção converge para a central quando as unidades de beneficiamento são do tipo familiar,
ou para o setor de classificação e embalagem nos casos de unidades do tipo comunitária
(reunidas em um só galpão).
2.4 UNIDADE DE BENEFICIAMENTO
A unidade de beneficiamento é utilizada para cozinhar as castanhas e extrair, secar e
despelar as amêndoas, podendo ou não fazer a torração e salga, conforme o destino a ser dado
ao produto.
Uma Unidade Básica é composta pelos Seguintes Equipamentos:
x Um recipiente de cozimento das castanhas in natura;
x Uma máquina de corte de castanhas, instalada em bancada de madeira ou outro
material apropriado;
x Uma estufa a lenha (capelinha) para secagem das amêndoas.
Esses três equipamentos são indispensáveis no caso de unidade familiar, só quando a
produção da família for suficiente para ocupá-la por um período de, no mínimo, três meses.
Assim sendo, a família deverá dispor de 3.000 kg de castanha ou mais, uma vez que a
produção mensal média de uma família típica é de 1.000 kg de castanha in natura, gerando
cerca de 180 a 200 kg de amêndoas.
32
Há casos de famílias que conseguem obter essa qualidade de matéria-prima
adquirindo-a dos vizinhos, o que só se justifica quando, “a priori”, se pretende incentivar
empreendimentos privados. Não são aceitáveis, quando se trata de projetos comunitários onde
se deve buscar a equalização de oportunidades. Quando as unidades forem do tipo
comunitário, ou seja, os equipamentos ficando concentrados em um único galpão para uso por
várias famílias, basta um forno para cada duas máquinas de corte sem que haja problemas no
fluxo do processo.
Se a família trabalhar 5.400 kg de castanha/ano (operação durante cinco meses), sua
renda líquida será de R$ 1.650,00, o que permite uma fácil recuperação dos investimentos
realizados.
Quando a unidade for vender castanha para os consumidores locais, ela deverá dispor
dos instrumentos necessários para efetuar a torração e salga das amêndoas. No caso de
unidades familiares, pode ser usada a própria cozinha doméstica e seus utensílios, porém, no
caso da comunitária, haverá necessidade de equipamentos apropriados, que dependerão da
quantidade de amêndoas a serem tratadas.
2.5 A CENTRAL DE RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, EMBALAGEM E
COMERCIALIZAÇÃO DAS AMÊNDOAS
A central deverá ser estruturada para coletar a produção de amêndoas das unidades
individuais, realizando a sua classificação e embalagem e providenciando a sua
comercialização em maior escala, tanto para venda no mercado interno (torrada ou crua),
quanto no exterior (crua). Para tanto, deverá dispor dos seguintes equipamentos:
x Duas balanças, sendo uma grande (100 a 150 kg) e uma pequena (20kg);
x Mesa de classificação de amêndoas, cujo tamanho e quantidade variarão conforme
volume de produção a ser classificada diariamente;
x Uma recravadora de latas com injeção de gás carbônico (equipamento necessário
somente para o caso da exportação direta);
x Um torrador de amêndoas (somente no caso de venda de castanha torrada em
maior escala);
33
x Uma seladora de plástico (nos casos de venda de amêndoas empacotadas);
x Móveis e equipamentos de escritório.
No caso de exportação, há necessidade de um estoque de latas específicas para as
amêndoas, conforme o padrão internacional (latas de 11,34 kg, com solda isenta de chumbo).
Para cada duas latas haverá necessidade de uma caixa de papelão, também de acordo com o
padrão utilizado para as amêndoas exportadas.
2.6 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA O BENEFICIAMENTO
ARTESANAL DA CASTANHA DE CAJU
O procedimento para o beneficiamento artesanal da castanha do caju tem grande
semelhança com o sistema industrial, havendo variações no cozimento, estufagem e
despeliculagem.
Mostra-se a seguir as atividades desenvolvidas em uma unidade familiar e/ou coletiva
de beneficiamento de castanha.
2.6.1 Colheita do Fruto
É realizada no campo onde se faz o desenvolvimento, que é o fato de separar a
castanha do pseudofruto e sua classificação por tamanho (pequena, média e grande).
2.6.2 Secagem
Logo após a colheita, a castanha (fruto) deve permanecer três dias ao sol, para que sua
umidade venha cair até 14% aproximadamente.
2.6.3 Cozimento
O cozimento em água fervente durante 15 a 20 minutos. O método prático de saber se
a castanha está pronta, é verificar se a mesma está amolecida. Para fazer esta operação coloca-
se no cozinhador cinco litros de água para cada 10 kg de castanha.
34
2.6.4 Resfriamento
Após o cozimento, a castanha passará no mínimo 48 horas secando a sombra e ao ar
livre, dependendo da umidade do ar.
2.6.5 Corte ou Decortizacão
Um operador, utilizando máquinas, secciona ao meio a casca da castanha, tomando
cuidado para não atingir a amêndoa, fato que pode ocorrer no máximo 10% para comprometer
a rentabilidade da produção, sendo em seguida retirada a amêndoa da casca com uma pinça
por outra pessoa (tiragem) e separada em amêndoas inteiras, quebradas e casca.
2.6.6 Estufagem
As amêndoas inteiras e quebradas são levadas separadamente para a estufa onde
permanecem por 6 a 8 horas, sendo desidratada, sofrendo em seguida, um resfriamento de 30
minutos a 1 hora para facilitar a retirada da película (membrana que envolve a amêndoa).
2.6.7 Despeliculagem
Ato de retirar a película manualmente ou com a ajuda de um pequeno estilete, tendo o
cuidado de não atingir a amêndoa, o que baixará sua qualidade.
2.6.8 Seleção
A amêndoa é selecionada por tipo: inteira, banda, pedaço, batoque, etc...
2.6.9 Embalagem
Em nível de produtor – o produto é embalado em recipientes de plástico rígido e
levado a unidade central de embalagem, onde será selecionado de acordo com os tipos
exigidos pelo mercado nacional e internacional.
Em nível de central – o produto é embalado em latas de flandres zincadas de 18 litros,
com capacidade para 11.34 kg, onde se extrai através de um compressor o oxigênio e
injetando-se CO
2
para preservação do produto, seguindo-se a recravagem que é o fechamento
da lata para a mandrilagem da tampa.
35
2.6.10 Armazenagem
As latas devem ser acondicionadas de duas a duas em caixas de papelão, com
empilhamento máximo de 5 caixas, em estrado de madeira.
2.6.11 Torragem ou Fritagem
Havendo exigência do cliente, em adquirir amêndoas torradas, logo após a seleção,
frita-se o produto em óleo fervendo pelo período de 5 minutos, logo depois se resfria por uma
hora, efetuando-se salga e acondicionamento em sacos plásticos, de acordo com o peso
solicitado pelo comprador. É bom lembrar que o óleo deve ser de boa qualidade para não
comprometer o produto, os melhores são de milho ou arroz.
2.7 ÍNDICES TÉCNICOS DA ATIVIDADE
A seguir, é dada uma descrição de alguns índices técnicos, visando facilitar os cálculos
para quem deseja entrar nessa atividade bastante lucrativa.
x Para cada 5,4 kg de castanha in natura se produz 1 kg de amêndoa, sendo que
65% de primeira, 20% de segunda e 15% de bandas e pedaços. Esses dados podem variar,
com a qualidade da matéria-prima.
x Um bom cortador consegue cortar 35 kg de castanha por um dia de oito horas;
x Usando um cozimento de 30 kg, uma pessoa cozinha no dia o equivalente ao que
uma família beneficiaria no trabalho de uma semana;
x Para torrar e embalar 20 kg de amêndoa, leva-se em torno de uma hora de
trabalho;
x Em uma semana de trabalho, uma família consome dois litros de óleo de mamona
(protetor contra o óleo da castanha – LCC), quatro litros de álcool (solvente para óleo de
mamona) e dois kg de estopa.
36
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste Capítulo, prioriza-se a vertente metodológica, onde serão descritos os
procedimentos utilizados para o desenvolvimento do trabalho.
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa tem caráter exploratório e descritivo e o estudo proposto é do tipo
Survey”. A opção pelo método descritivo, foi relacionar as características de uma
determinada população, o fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, o qual
envolve o uso de técnicas padronizadas de coletas de dados (Gil, 1991). Para o mesmo autor,
o caráter exploratório é usado porque proporciona maior familiaridade com o problema, com
vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, envolvendo, assim, levantamento
bibliográfico.
Segundo Yin (2001), pode-se definir estudo de caso como estratégia de pesquisa, que
compreende o método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando
abordagem específica à coleta e análise de dados. Nesse sentido, o estudo de caso não indica
ser tática para coleta de dados nem, necessariamente, uma característica do planejamento em
si, mas uma estratégica de pesquisa abrangente.
3.2 POPULAÇÃO
Mediante as necessidades desta pesquisa, foram constituídos intencionalmente como
população alvo 60 (sessenta) associados da COOPERCAJU, pequena empresa agroindustrial,
localizada no município de Serra do Mel/RN, situada na Região do Vale do Açu no litoral
37
norte do Estado, a 278 quilômetros de distância da Capital, tendo cerca de 8.237 pessoas,
segundo dados do IBGE 2000. Serra do Mel é um celeiro produtivo da cultura de caju do RN
com projetos estimuladores de práticas de cooperativismo e da agroindústria, voltada para a
produção organizada do cultivo de terra, destacando-se com a sua grande exportação de
castanhas de caju, e recentemente de mel. Serra do Mel criada originalmente como um
projeto de colonização agrícola, difere-se da grande maioria dos municípios brasileiros por
estar organizada a partir de 22 vilas rurais uma semi-urbana, onde funciona a sede do
município. Abrange uma área de 603Km
2
dos quais 25.000 hectares estão cultivadas com
cajueiros. Registra-se um número de 1196 pequenas propriedades familiares cada uma com 50
ha (Sousa 1991).
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para obter subsídios necessários a execução do estudo proposto neste trabalho, o
instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário, estruturado a partir das variáveis
consideradas como direcionadoras de competitividade e determinantes dos processamentos de
beneficiamento da castanha de caju, obtidos durante o processo de pesquisa bibliográfica.
As perguntas utilizadas no questionário aplicado foram do tipo “fechadas”, (uma única
resposta entre várias opções possíveis) formuladas em um modelo do tipo “escala”, ou seja,
aquelas que devem ser analisadas dentro de um tipo de escala de mensuração, pois as
prioridades variam de acordo com o posicionamento do entrevistado. Oliveira (1997). Nesta
proposta, foram utilizadas questões de escala do tipo Likert, onde são aplicadas questões de
dez pontos, cuja qualificação das respostas possíveis era variável em função de cada
questionamento aplicado. O questionário proposto e utilizado no estudo é apresentado em
anexo. A opção em se utilizar à escala, tipo Likert, para o estudo proposto é baseada no
pensamento de Martins (1994), que cita a vantagem desse procedimento na variabilidade
resultante de tal escala, o que admite que os entrevistados se expressem em termos de graus
de opinião sobre a questão tratada no questionário de pesquisa.
O instrumento de pesquisa utilizado foi baseado em escala projetada para avaliar as
condições de quebra da castanha de caju, conscientização dos associados sobre os fatores de
competitividade que influenciam na exportação da amêndoa do caju, cujas variáveis são
agrupadas nos seguintes blocos:
38
No primeiro bloco (OE – Obstáculos à exportação), levantaram-se informações e
considerações de como a COOPERCAJU está se comportando frente ao mercado
internacional, com relação à: desconhecimento do mercado; ausência de planos e estratégias
comerciais; falta de contato com agentes e clientes no exterior; preços competitivos.
No segundo bloco (EM – Estratégia de mercado), levaram-se em consideração as
medidas econômicas tomadas pela COOPERCAJU para aumentar o poder de exportações em
relação às variáveis: elaboração de planos de exportação; pesquisa de mercado; criação de um
sistema de informação de apoio ao comércio exterior; identificação de canais de
comercialização; a participação em feiras, exposições e rodadas de negócios.
No terceiro bloco (NM – Nível de maturidade), levaram-se em consideração a
adequação da COOPERCAJU, para competir no mercado externo, observando-se as seguintes
variáveis: tecnologia empregada no setor; estratégia de marketing; a demanda do mercado
externo.
No quarto bloco (VC – Vantagem competitiva), referiu-se especificamente à eficiência
da indústria brasileira, levando-se em consideração as variáveis: grande concorrência atual;
baixa qualidade; pouca divulgação do produto; embalagens inadequadas; falta de incentivos;
ausências de selos regional ou nacional; potencial de produção.
No quinto bloco (MIQCC – Menor índice de quebra de castanha de caju), referiu-se às
alternativas em adotar a mão-de-obra familiar como alternativa para a redução dos problemas
no processamento com relação a: classificação; despeliculagem; corte; resfriamento; secagem.
No sexto bloco (PP – Potencial produtivo da COOPERCAJU), levantaram-se
informações e considerações da COOPERCAJU frente ao mercado consumidor com relação
às seguintes variáveis: forma de processamento da castanha de caju na obtenção de produtos
exportáveis; a falta de conhecimento sobre outros mercados inibe a participação da
COOPERCAJU no comércio internacional; conhecimento sobre linhas e programas de crédito
como incentivo às exportações; o preparo da COOPERCAJU para atender as exigências dos
países desenvolvidos; a relação com os componentes da mão-de-obra empregada no processo
produtivo da castanha de caju.
O último bloco ficou constituído das variáveis sócio-econômicas dos associados da
COOPERCAJU (perfil), onde se levantaram perguntas pessoais quanto a: gênero;
39
escolaridade; renda familiar; tempo na atividade como cooperado; forma de exploração do
imóvel.
Tabela 3.1 -
Fatores que afetam a competitividade dos associados da COOPERCAJU.
Variável Descrição da Variável
Blocos de
Variáveis
OE (Q1.1)* Desconhecimento do mercado internacional
OE (Q1.2) Ausências de planos e estratégias comerciais
OE (Q1.3) Falta de contato com agentes e clientes no exterior
OE (Q1.4) Preços competitivos
Obstáculos à
Exportação
EM (Q2.1) Elaboração de planos de exportação
EM (Q2.2) Pesquisa de mercado
EM (Q2.3)
Criação de um sistema de informações de apoio ao
comércio exterior
EM (Q2.4) Identificação de canais de comercialização
EM (Q2.5)
Participação em feiras, exposições e rodadas de
negócios
Estratégica de
mercado.
NM (Q3.1) Tecnologia empregada no setor
NM (Q3.2) Estratégia de Marketing
NM (Q3.3) Demanda do mercado externo
Nível de
maturidade
VC (Q4.1) Grande concorrência atual
VC (Q4.2) Baixa qualidade
VC (Q4.3) Pouca divulgação do produto
VC (Q4.4) Embalagens inadequadas
VC (Q4.5) Falta de incentivos
VC (Q4.6) Ausências de selos regionais ou nacionais
VC (Q4.7) Potencial de produção
Vantagens
competitivas
MIQCC (Q5.1) Classificação
MIQCC (Q5.2) Despeliculagem
MIQCC (Q5.3) Corte
MIQCC (Q5.4) Resfriamento / secagem
Menor índice de
quebra de
castanha de caju
40
PP (Q6.1) forma de processamento da castanha de caju
PP (Q6.2) falta de conhecimento sobre outros mercados
PP (Q6.3) conhecimento sobre linhas e programas de crédito
PP (Q6.4)
preparo da COOPERCAJU para atender as exigências
dos países desenvolvidos
PP (Q6.5)
relação com os componentes da mão-de-obra
empregada no processo produtivo
Esc .(Q12) Escolaridade
Renda (Q13) Renda familiar
Tempo (Q14) Tempo na atividade como cooperado
Imóvel (Q15) Forma de exploração do imóvel
Potencial
produtivo
*O número entre parênteses em cada variável corresponde à questão no questionário
3.4 COLETA DE DADOS
A pesquisa foi realizada utilizando o questionário como método de coleta de dados,
onde cada entrevistado respondia sob orientação do entrevistador. A coleta foi realizada no
período de duas semanas durante o mês de dezembro de 2005, nas seguintes agrovilas que
compõem o município de Serra do Mel / RN: Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Piauí,
Goiás, Ceará, Pernambuco, Guanabara, Acre, Sergipe, São Paulo, Amazonas, Paraíba,
Tocantins, Bahia e Brasília, totalizando 60 cooperados que participaram efetivamente da
pesquisa.
3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE
A técnica de análise estatística utilizada foi a análise descritiva.
O objetivo principal de se utilizar a análise descritiva e exploratória dos valores
absolutos e dos percentuais obtidos é o de apresentar a percepção dos entrevistados sobre os
fatores determinantes de ganhos quantitativos no processo produtivo de castanha de caju
envolvidos na cadeia produtiva, abordados na forma de tabelas e gráficos baseados nos dados
coletados, considerando os vários atributos e suas dimensões.
41
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 VALIDAÇÃO DA PESQUISA
A validação da pesquisa apresenta as diferenças encontradas entre o que foi planejado
originalmente para o trabalho em termos de objetivos pretendidos com a metodologia
estabelecida, e os resultados encontrados quando da sua aplicação. Assim, apresenta-se a
validação da amostra, do instrumento de pesquisa utilizado, e a adequabilidade da escala de
Likert, utilizada na padronização das respostas obtidas.
O questionário, compreendendo os itens revisados e adaptados à bibliografia existente,
foi pré-testado, contendo três entrevistas e aplicadas ao mesmo número de cooperados com
características similares aos cooperados da população em estudo. A intenção foi a de verificar
possíveis ambigüidades de respostas que eventualmente não tivessem sido previstas, uma
possível ocorrência de não variabilidade de resposta em alguma pergunta realizada e o tempo
de aplicação do questionário. Nesse caso, a amostra de indivíduos foi um determinado número
de membros da COOPERCAJU. A cada entrevista foi solicitado apontar dificuldades ou
ambigüidades nas questões formuladas.
4.1.1 Amostra utilizada
Tratando-se de uma pesquisa censitária para realização deste trabalho, foram
entrevistados 60 cooperados, correspondendo a um percentual de 50% do total.
A última parte do questionário refere-se ao perfil sócio-econômico do entrevistado,
que são analizadas utilizando a técnica da estatística descritiva.
A tabulação e análise dos dados foram realizadas através do software “Statistica”
versão 6.0.
42
4.2 ANÁLISE DESCRITIVA
As questões que se relacionam com esta análise de perfil estão na última parte do
questionário (anexo 01). Foi utilizada a técnica da estatística descritiva.
4.2.1 Escolaridade
3,0
0,0
1,07
13,3
80,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Grau
Superior
Superior
incompleto
grau
grau
incompleto
vel de concordância
Figura 4.1: Escolaridade.
Na figura 4.1 observa-se que 80% dos cooperados possuem 1º grau completo; 1,07%
têm o 2º grau incompleto; 13,3% possuem o 2º grau completo e 5% têm ensino superior.
Esta situação demonstra a necessidade de elevar o nível de escolaridade dos
cooperados produtores de ACC em Serra do Mel, no RN. Esta ação pode ser de caráter
governamental ou através do 3º setor com a metodologia pedagógica equivalente à formação
supletiva, a fim de reduzir o tempo de qualificação destes cooperados.
5,0
43
4.2.2 Renda familiar dos cooperados (SM)
0,0
13,3
36,7
40,0
10,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Acima de
cinco
Dois a
cinco
Um a
dois
Um
Menos de
um
Figura 4.2: Renda familiar dos cooperados (SM).
Percebe-se na figura 4.2 que 10% dos cooperados possuem uma renda de apenas 01
salário mínimo, seguidos de 40% dos cooperados com 01 a 02 salários mínimos, 36,7% de 02
a 05 salários mínimos, e 13,3% acima de 05 salários mínimos, que pela classificação do IBGE
significa estar nas classes C, D e E. No entanto, ao analisar o conjunto, observa-se que 76,7%
dos cooperados produtores de ACC na Serra do Mel possuem renda familiar ligada à
atividade entre 02 a 05 salários mínimos, portanto pertencentes à classe D, conforme o IBGE.
Essa maioria demonstra a necessidade de incremento na renda familiar dos envolvidos com a
atividade principalmente tomando por base a formação clássica da família rural do Nordeste
que, via de regra, excede o número de 05 (cinco) membros por família. Este incremento de
renda pode ser feito através de incorporação tecnológica que possibilite o aumento da
produtividade dos módulos, agregados a cursos de capacitação. O objetivo será elevar a renda
familiar para o grupo classificado como C pelo IBGE (13,3% dos cooperados). Urge uma
atitude que identifique os motivos que fazem com que (10%) dos cooperados produtores
permaneçam com renda familiar correspondente a 01 salário mínimo.
44
4.2.3 Tempo na atividade
81,7
8,3
6,7
3,3
0
20
40
60
80
100
(%
)
vel de concordância
Acima de
15anos
De 10 a 15
anos
De 6 a 10
anos
Menos de
5 anos
Figura 4.3: Tempo na atividade.
Na figura 4.3 confirma os dados, demonstrando que 81,7% dos cooperados encontram-
se na atividade a mais de 15 anos; 8,3% estão na atividade entre 10 e 15 anos; já 6,7% dos
cooperados estão na atividade entre 6 a 10 anos e apenas 3,3% a menos de 05 anos como
cooperados.
A partir destes resultados, observa-se que 90,0% dos produtores cooperados estão há
mais de 10 anos nesta atividade. Diante disso, torna-se necessário relatar que o projeto de
colonização de Serra do Mel foi implantado pelo Decreto nº 5.866, de 1972, que a partir de
então passou a imprimir uma nova paisagem ao ambiente, antes totalmente despovoada. Em
seguida à publicação do decreto, efetuou-se a demarcação da área, o desmatamento e o
concomitante plantio de cajueiros, repercutindo na forte concentração da produção da
castanha de caju.
45
4.2.4 Exploração do imóvel
71,7
28,3
0,0
0,0
0,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de
Outros
Propietário
Arrendatário
Meieir o
Porceiro
Figura 4.4: Exploração do imóvel.
Na figura 4.4, nota-se que 71,7% dos produtores cooperados detém a posse de terra,
enquanto que 28,3% dos entrevistados pertencem à categoria de colonos / arrendatários.
Dentro deste contexto, o município de Serra do Mel, que segundo Souza (1991), é formado
por vilas de colonos, com uma área de 603 Km
2
, dos quais 25.000 ha estão cultivados com os
cajueiros; 10.000 ha com cultura de subsistência e 26.000 ha com reserva ecológica. Ainda
Souza (1991) registra um número de 1.196 pequenas propriedades familiares com 50 ha cada
uma.
,
Colono
Colono /
arrendatário
Nível de
concordância
46
78,3
21,7
0,00,00,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Extremamente
sim
Certamente
sim
Talvez sim,
talvez não
Provavelmente
não
Certamente
não
Figura 4.5: Forma de processamento da castanha de caju.
Observa-se na figura 4.5 que 100% dos entrevistados consideram a variável “forma de
processamento da castanha de caju” na obtenção de um produto exportável eficiente e de
grande potencial de competitividade. A forma artesanal de processamento utilizada pela
COOPERCAJU, comprometida com as causas dos pequenos produtores e dentro da
perspectiva de crescimento com a justiça social.
Analisando ainda este quadro, observa-se que 100% dos cooperados produtores da
COOPERCAJU julgaram o modelo de processamento da castanha de caju eficiente e
importante fator de beneficiamento de ACC.
Esta situação revela a eficiência e a utilização do sistema alternativo de
beneficiamento em que é concentrada nas pequenas unidades familiares. É o beneficiamento
em pequena escala, com base nas comunidades rurais.
Portanto, os resultados até agora obtidos já são suficientes para evidenciar a real
potencialidade do sistema em desenvolvimento. Já são obtidos produtos de qualidade
significativamente superior ao da indústria tradicional, com custos menores e, portanto, com
maior competitividade.
47
0,0
0,0
3,3
16,7
80,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Inibe
totalmente
Inibe
parcalmente
Inibe
Não inibe
Não inibe
totalmente
Figura 4.6: Falta de conhecimento sobre outros mercados.
Pela análise da figura 4.6, 80% dos cooperados avaliaram a falta de conhecimento
sobre outros mercados como um fator que inibe totalmente o potencial produtivo da
COOPERCAJU, enquanto que 16,7% avaliam que esta variável inibe parcialmente e 3,3%
acham apenas que inibe.
Ao analisar a variável, observa-se que o avanço na geração de tecnologia não tem sido
acompanhado pela sua incorporação ao sistema produtivo, quer por dificuldade no acesso a
informação, quer por falta de sensibilidade no discernimento do seu benefício. O contraste
que existe entre o grande volume de tecnologias agropecuárias disponíveis e o pequeno índice
de adoção dessas práticas pelos produtores deixa transparecer a fragilidade do processo da
transferência de tecnologia. Entretanto, é através da informação que se eleva o índice de
adoção de tecnologia com reflexo no incremento da produção e da produtividade na melhoria
da qualidade de seus produtos e conseqüentemente a sua inserção no mercado de trabalho
internacional.
48
1,7
18,3
10,0
1,7
28,3
40,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Sem
opinião
Bastante
conhecimento
Razoável
conhecimento
Conhecimento
Pouco
conhecimento
Nenhum
conhecimento
Figura 4.7: Conhecimento sobre linhas e programas de créditos.
Pela análise da figura 4.7, observa-se que 1,7% dos cooperados produtores da Serra do
Mel não possuem qualquer conhecimento sobre linhas e programas de créditos como fator de
elevação do potencial produtivo, 18,3% dos entrevistados detém pouco conhecimento, 10%
detém conhecimento, 40% possuem razoável conhecimento, 28,3% detém bastante
conhecimento e 1,7% não opinaram.
Ao analisar o conjunto, observa-se que 78,3% dos cooperados produtores de ACC em
Serra do Mel detém conhecimento sobre as linhas e programas de crédito. Entretanto, este
trabalho contribui para tentar enfrentar os problemas, os quais exigem uma reflexão séria
daqueles que conduzem os órgãos públicos responsáveis pelas políticas de financiamento,
pesquisa e definição de ações para melhoria do potencial produtivo.
49
0,0
21,7
10,0
1,7
23,3
43,3
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Sem opinião
Muito
preparada
Preparada
Talvez
Pouco
preparo
Nenhum
preparo
Figura 4.8: Preparo da COOPERCAJU para atender as exigências dos países desenvolvidos.
Observa-se na figura 4.8 que 21,7% dos cooperados produtores avaliaram que a
COOPERCAJU parece estar pouco preparada para atender às exigências dos países
desenvolvidos; 10% analisaram que talvez sim, talvez não a COOPERCAJU esteja preparada;
43,3% acreditam que sim; e 23,3% avaliam como muito preparada.
Dentro deste contexto, a COOPERCAJU aparenta estar preparada para atender às
exigências do mercado exterior. Porém, a estrutura existente é favorável, já que a cooperativa
já iniciou o processo de produção de ACC orgânico.
Talvez sim,
talvez não
50
15
56,7
18,3
5,0
3,3
1,7
0
20
40
60
80
100
(%
)
Nível de concordância
Certa-
mente não
Certam-
ente não
Certa-
mente s im
Talvez sim
talvez não
Provavel-
mente não
Certamente
não
Figura 4.9: Relação com os componentes da mão-de-obra empregada no processo produtivo.
Na figura 4.9, observa-se que 3,3% dos cooperados produtores avaliariam que
certamente não há relação com os componentes da mão-de-obra empregada no processo
produtivo como fator de potencial produtivo; 5% acham que provavelmente não existe; 18,3%
avaliaram que talvez sim, talvez não exista essa relação; 56,7% avaliaram que certamente sim,
15% acreditam que extremamente sim existe e 1,7% não quiseram opinar.
Dentro desta análise, observa-se o alto grau de maturidade dos cooperados produtores
de ACC, da conscientização da qualidade do produtos, esta intimamente relacionada à mão-
de-obra utilizada no processo de beneficiamento.
Extrema-
mente sim
Sem
opinião
51
4.3 OBSTÁCULOS À EXPORTAÇÃO
50
28,3
5,0
15,0
1,7
0
20
40
60
80
100
Discorda
parcialmente
(%)
Discorda
totalmente
Concorda Concorda
parcialmente
Concorda
totalmente
Nível de concordância
Figura 4.10: Desconhecimento do mercado internacional.
De acordo com os resultados observados na figura 4.10, 83,3% dos produtores
cooperados concordam parcial ou totalmente que o desconhecimento do mercado
internacional representa um dos mais importantes obstáculos à exportação de ACC, enquanto
que 16,7% discordam.
Dentro deste contexto, é importante que esses desafios relacionados ao
desconhecimento do mercado internacional sejam somados à necessidade de divulgação pelo
diagnóstico específico de mercado, baseado no princípio de que as cadeias agroindustriais
sejam regionais, nacionais ou internacionais, devam ser orientadas para a demanda e não para
a oferta.
Para aprofundamento do estudo de mercado, caberia à COOPERCAJU a realização de
contatos específicos com os principais clientes definidos como potenciais, para a identificação
detalhada das exigências e do modelo de comercialização adotado. Uma vez identificadas as
exigências específicas, caberá aos gestores da COOPERCAJU a criação de modelos de
capacitação e condições adequadas de atendimento às exigências do seu mercado alvo.
Acredita-se que a cooperativa exija proporcionalmente maior tempo e maior investimentos
por parte dos produtores e do própria cooperativa.
52
65,0
21,6
5,0
6,7
1,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Discorda
totalmente
Discorda
parcialmente
Concorda
Concorda
parcialmente
Concorda
totalmente
Figura 4.11: Ausência de planos e estratégias comerciais.
Na figura 4.11, observa-se que 91,6% dos cooperados reconhecem que a ausência de
um planejamento e de estratégias afetam, sobremaneira, a exportação do produto, enquanto
que 8,4% discordam parcial ou totalmente que o planejamento e a estratégia represente
alguma interferência à exportação.
No entanto, ao analisar o conjunto, observa-se que 91,6% dos cooperados produtores
de ACC na Serra do Mel concordaram que a ausência de planos e estratégias, e
conseqüentemente a falta de conhecimento e informação sobre comércio exterior é o que vem
a comprometer qualquer esforço para a elaboração de planejamento, visando o mercado
externo. Ter objetivos definidos é vital para o desenvolvimento de uma política de comércio
exterior. A falta de conhecimento e informação sobre comércio exterior é o que vem a
comprometer qualquer esforço para elaboração de planejamento visando o mercado externo.
53
73,4
13,3
8,3
5,0
0,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de Concordância
Discorda
totalmente
Discorda
parcialmente
Concorda
Concorda
parcialmente
Concorda
totalmente
Figura 4.12: Falta de contato com agentes e clientes no exterior.
De acordo com análise da figura 4.12, 95% dos produtores cooperados da
COOPERCAJU, com sede no município de Serra do Mel-RN, concordam que a variável falta
de contato com agentes e clientes no exterior resulta em obstáculos à exportação da ACC.
Portanto, essa variável pode ser considerada como primordial no processo de crescimento
sustentado da cooperativa e dos produtores, e apenas 5% dos produtores discordam
parcialmente.
Contudo, para viabilizar a concretização desses objetivos, um fator de extrema
relevância para modelos associativos seria a sensibilização de instituições nacionais e
internacionais de apoio ao desenvolvimento sustentável de comunidades rurais, buscando
apoio financeiro e operacional.
Conclui-se que o desconhecimento de mercado internacional, a ausência de planos e
estratégias comerciais, falta de contato com agentes e clientes no exterior, apresentam-se
como variáveis que expressam obstáculos à exportações.
54
65
8,3
8,3
6,7
11,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Concorda
Concorda
parcialmente
Concorda
totalmente
Nível de concordância
Figura 4.13: Preços competitivos.
Pela análise da figura 4.13, 73,3% dos produtores cooperados discordam que a
variável preços competitivos seja obstáculo à exportação, enquanto que 26,7% dos
cooperados concordam que os preços são obstáculos à exportação.
Diante do exposto, percebe-se um alto grau de maturidade por parte dos produtores
cooperados da COOPERCAJU, com relação a preços competitivos no mercado internacional.
A exportação de amêndoas de caju é bastante sensível às variações de preços, haja vista que
uma elevação de 10% no preço causa uma redução de 40% na exportação. Isto se deve, em
parte, à concorrência com outros países produtores e a alta concentração de mercado
consumidor. Além do mais, outro fator que influencia significativamente na formação de
preços aos produtores é a distribuição dos ganhos na cadeia produtiva da castanha de caju. A
inserção do país no mercado externo é feita com um produto de baixo valor agregado, ou seja,
a amêndoa semiprocessada, permitindo que as maiores partes do valor adicionado sejam
aprimoradas nos países importadores.
55
4.4 ESTRATÉGIA DE MERCADO
31,6
65,0
1,7
0,0
0,0
1,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Sem muita
importância
Muito
importância
important
Pouc o
importante
Sem
importância
Sem muita
importância
Figura 4.14: Elaboração de planos de exportações.
Pela análise da figura 4.14, observa-se que 96,6% dos cooperados produtores de ACC
na Serra do Mel acham importante a elaboração de planos de exportações como uma
estratégia de mercado. Porém apenas 1,7% dos cooperados acham sem importância.
Essa situação demonstra a necessidade de uma análise que enfatize o contexto atual.
Seria necessário que os tomadores de decisão tivessem uma visão sistêmica do negócio, que
vislumbrasse o todo, suas partes relevantes e seus inter-relacionamentos. Acrescentam que
não é mais possível planejar setorialmente, sem levar em consideração os desdobramentos ao
longo da cadeia produtiva.
Seria necessário, portanto, que os planejadores e tomadores de decisão percebessem os
sistemas agroindustriais ou cadeias produtivas como processos que desenvolvessem ações
para que os seus segmentos trabalhassem em harmonia na busca de uma meta comum.
Importante
Muito
im
p
ortante
Sem
opinião
56
0,0
0,0 1,7
21,6
1,7
75,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Sem muita
importância
Sem
importância
Pouca
importância
Importante
Muita
importante
Sem
opimião
Figura 4.15: Pesquisa de mercado.
De acordo com a figura 4.15, verifica-se que 96,6% dos cooperados consideram
importante ou muito importante a adoção pela COOPERCAJU de pesquisas de mercados
como medidas para aumentar o poder de exportação. Esses dados demonstram maturidade dos
profissionais em estudo, pois esta medida credencia a cooperativa para uma atividade de
elevado potencial competitivo.
Ao analisar o conjunto, observa-se que 75,0% dos cooperados produtores de ACC na
Serra do Mel avaliaram muito importante a pesquisa de mercado como estratégia de mercado.
Portanto, a COOPERCAJU comercializa a castanha de caju no mercado interno e
mercado externo, tendo a maioria de suas atividades, que fica em torno de 60%, destinando-se
ao mercado de Recife, Natal, Maceió, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Maranhão. Já a Suíça é o principal mercado externo e de onde é distribuído para o resto da
Europa.
A COOPERCAJU também atende ao mercado de produtos orgânicos, de onde 20% de
seus cooperados recebem o certificado do selo orgânico ou “selo verde”, fornecido pelo IBD –
Instituto Biodinâmico.
57
63,3
1,7
31,6
1,7
0,0
1,7
0
20
40
60
80
100
Níivel de concordância
Sem
importância
Sem muita
importância
Muita
importância
Importância
Pouca
importância
Sem
opinião
(
%)
Figura 4.16: Criação de um sistema de informações de apoio ao comércio exterior.
Na figura 4.16, observa-se que 94,9% dos cooperados consideram importante ou muito
importante a criação de um sistema de apoio ao comércio exterior, como uma estratégia a ser
adotada pela COOPERCAJU, para tornar-se mais competitiva no mercado externo, enquanto
que apenas 1,7% analisaram como uma variável sem muita importância como estratégia de
mercado e 1,7% dos entrevistados não opinaram.
Pela análise desta situação, 94,9% dos entrevistados avaliaram esta estratégia de
mercado de suma importância para a COOPERCAJU, para se juntar à SIPARN. Esta se
incumbe de manter os contatos com os compradores até o fechamento do contrato
(COOPERCAJU, s/d).
58
65,0
1,7
26,6
1,7
5,0
0,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de Concordância
Sem opinião
muito
importante
Importante
Pouca
importância
Sem
importância
Sem muita
importância
Figura 4.17: Identificação de canais de comercialização.
Na figura 4.17 verifica-se que 91,6% dos cooperados julgam importante ou muito
importante a variável, como sendo uma estratégia para tornarem-se mais competitivos no
mercado globalizado, enquanto que 1,7% atribuem pouca importância, e outros 5,0%
consideram sem importância.
Haguenauer, Ferraz et al e Kupperapud Boumann (1996), relatam que a
competitividade depende da criação e renovação das vantagens competitivas por parte das
empresas em consonâncias com os padrões de concorrência vigente e de acordo com cada
setor da estrutura produtiva.
Ao analisar o conjunto, observa-se que 93,3% dos cooperados avaliam como
importante a identificação de canais de comercialização como canais de estratégias de
mercado, usados para responder aos desafios da acirrada competição que tem lugar na
economia globalizada. No caso das cooperativas, torna-se cada vez mais freqüente a adoção
de alianças estratégicas que parecem precisar adequar sua capacidade produtiva, comercial e
financeira para enfrentar a concorrência das grandes firmas, o que requer agilidade nas
respostas aos requisitos globais, especialmente no que diz respeito à capacidade de adoção de
modelos de gestões criativas, adoção de tecnologias, preocupação com embalagem,
transporte, meio ambiente, etc.
Muito
importante
59
85,0
6,6
5,0
1,7
1,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concorncia
Pouca
importância
sem
importância
sem muita
importância
Importante
Muito
importante
Figura 4.18: Participação em feiras, exportações e rodadas de negócios.
Na figura 4.18, observa-se que 91,6% consideram importante a participação em feiras,
exposições e rodadas de negócios, enquanto que 3,4% dos cooperados acham sem muita
importância, e 5,0% consideram de pouca importância esta variável como estratégia a ser
tomada para aumentar o poder de exportação no comércio da castanha de caju.
No entanto, ao analisar o conjunto, observa-se que 96,6% dos cooperados produtores
avaliam a participação em feiras, exposições e rodadas de negócios de extrema importância
para a inserção da cooperativa no comércio exterior.
Um grande passo para iniciar um processo de internacionalização seria participar de
feiras, exposições internacionais (internas e externas). Para conhecer novidades e inovações,
fazer contatos e apresentar seu produto, a feira seria um grande ponto de encontro de clientes
e fornecedores mundiais.
Já as feiras na região (RN), no Brasil e no exterior vêm se constituindo num lócus de
clientes e mercados em potencial, tornando-se freqüentemente visitados pela direção da
COOPERCAJU – Mossoró, Natal, São Paulo, Santa Catarina, Alemanha – locais visitados
pelos associados.
60
4.5 NÍVEL DE MATURIDADE
28,6
26,8
21,4
17,8
5,4
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
muito
importante
importante
Pouca
importância
Sem
importância
Sem muita
importância
Figura 4.19: Tecnologia empregada no setor.
Observa-se na figura 4.19, que 55,4% dos cooperados julgam importante e muito
importante a variável tecnologia empregada no setor, enquanto que 21,4% julgam pouco
importante, 17,8% sem importância e 5,4% sem muita importância. Esses dados demonstram
um nível de imaturidade dos cooperados, pois esta variável credencia a cooperativa como uma
atividade de elevado potencial competitivo.
Mediante resultado deve-se ressaltar a importância da COOPERCAJU no repasse de
conhecimento específicos sobre as questões de tecnologia a serem empregadas no setor de
beneficiamento, uma vez que esses conhecimentos contribuem como elemento fundamental
como estratégia competitiva.
No entanto, ao analisar o conjunto, observa-se que 76,8% dos cooperados produtores
de Serra do Mel avaliam importante a tecnologia empregada pela COOPERCAJU, que no
caso específico das mini-fábricas de processamento de castanha de caju, ocorrem ainda
ganhos quantitativos importantes em relação a grandes empresas (indústria tradicional), a
exemplo da elevação do percentual de amêndoas manchadas. Esse fato aumenta as condições
do produtor concorrer no mercado externo, desde que sejam vencidos os obstáculos de escala,
padronização e sanitização (Almeida & Soares, 1996).
61
Por fim, a tecnologia predominante utiliza o corte mecanizado, cujo índice de
amêndoas quebradas é estimado em 45%, enquanto que a Índia, que utiliza o corte manual,
tem um rendimento de 85% (Leite, 1994).
31
18,2
23,6
14,5
12,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Muito
importante
importante
Pouca
importância
Sem
importância
Sem muita
importância
Figura 4.20: Estratégia de Marketing.
Na figura 4.20, observa-se que 49,2% dos cooperados julgam importante ou muito
importante a estratégia de marketing, enquanto que 23,6% julgam pouco importante. Já 14,5%
julgam sem importância e 12,7% sem muita importância.O resultado da presente pesquisa
apresenta um certo nível de maturidade dos entrevistados em relação ao grau de maturidade
da COOPERCAJU em competir no mercado externo.
Ao analisar o conjunto, observa-se que 72,8% dos cooperados produtores de ACC em
Serra do Mel avaliam como sendo importante que a COOPERCAJU reforce urgentemente
suas estratégias empresariais voltados à sua maior competitividade e sustentabilidade, através
de um desenvolvimento de uma política de marketing para ampliação de mercado
(identificação de nichos e políticas de promoção) e de desenvolvimento de produtos
diferenciados para atender aos diferentes mercados – tamanho da amêndoa. Os dados
evidenciam que o mercado potencial de amêndoas do Brasil seria maior do que o mercado
atual. Portanto, o segredo parece ser o marketing.
Importante
62
21,4
16,1
16,1
16,1
30,3
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de Concordância
Muito
importante
Importante
Pouca
importância
Sem
importância
Sem muita
importância
Figura 4.21: Demanda de mercado externo.
Na figura 4.21 observa-se que 30,3% dos entrevistados julgam sem muita importância
a variável demanda de mercados externo, 16,1% sem importância, e 16,1% pouco importante,
enquanto que 37,5% julgam que a variável é importante ou muito importante, revelando assim
o nível de maturidade dos cooperados produtores de Serra do Mel.
Analisando esta situação no seu conjunto, se faz necessário elevar o nível de
maturidade dos entrevistados, uma vez que a ACC brasileira é basicamente um produto de
exportação e que seu destino é o mercado norte-americano. Isto significa que o Brasil é
unitomador de preços no mercado internacional que, à exportação, esta imperfeição ocorre
porque os Estados Unidos importam 64,2% das amêndoas comercializadas no mercado
internacional. Deste volume, o Brasil entra com 25% para o ano de 1999.
63
4.6 VANTAGENS COMPETITIVAS
33,9
12,5
12,5
5,4
35,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Extremamente
sim eficiente
Certamente
Sim eficiente
Talves sim,
talvez não
Provavelmente
não eficiente
Certamente
não eficiente
Figura 4.22: Grande concorrência atual.
Na figura 4.22, observa-se que 35,7% dos cooperados julgam a variável como sendo
certamente não eficiente às indústrias brasileiras de beneficiamento da ACC competitiva,
5,4% acham não competitiva e 12,5% talvez competitiva, enquanto que 46,4% julgam
certamente e extremamente eficientes.
De acordo com a literatura consultada, a exportação de amêndoas é bastante sensível
às variações de preços, haja vista que uma elevação de preços causa uma redução de 40% na
quantidade exportada (FNP,1998). Isto se deve em parte à concorrência com outros países
produtores e à alta concorrência de mercado consumidor, de maneira que pareça se tornar
explícita a necessidade de se tentar adotar uma política definida para a obtenção de aumento
do preço compatível com o mercado global.
64
Figura 4.23:
Baixa qualidade.
Verifica-se na figura 4.23 que 60,8% dos cooperados acham que a baixa qualidade da
amêndoa da castanha de caju influi na comercialização, enquanto que 23,5% acham que a
baixa qualidade talvez tenha e talvez não tenha influência na competitividade. Já para 5,9%
dos cooperados provavelmente não há comprometimento, enquanto que 9,8% consideram que
certamente há um comprometimento em virtude da baixa qualidade da amêndoa.
Esses dados são confirmados ao analisar os aspectos do agronegócio do caju
relacionado à sua produção e comercialização. É sabido que a baixa produtividade e as
condições climáticas vêm contribuindo para a perda de competitividade, uma vez que existam
as taxas de câmbio com suas variações de preço no mercado internacional e a capacidade
ociosa das indústrias aliada a falta de uma política de conquista de novos mercados.
Segundo Paula Pessoa (1997), cerca de 40 a 45% das amêndoas são quebradas durante
o processamento, o que leva a uma queda no preço médio de exportação de cerca de 27% em
relação à cotação internacional.
51,0
9,8
23,5
5,9
9,8
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Extremamente
sim
Certamente
Sim
Talvez sim,
talves não
Provavelmente
não
Certamente
não
65
22,7
11,3
9,4
7,5
49,1
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Extremamente
sim
Certamente
sim
Talves sim,
talvez não
Provavelmente
não
Certamente
não
Figura 4.24: Pouca divulgação do produto.
Pela análise da figura 4.24, observa-se 49,1% dos cooperados produtores de ACC em
Serra do Mel entendem que a variável “pouca divulgação do produto” certamente não seria
nenhuma vantagem competitiva; 7,5% acham que provavelmente não influenciam, 9,4%
acreditam que talvez sim, talvez não; enquanto que 34% dos entrevistados avaliam que
certamente sim, a pouca divulgação influencia nas vantagens de competição.
Essa situação demonstra o grau de maturidade desses cooperados, por conceberem a
esta variável como uma análise de reflexão em suas estruturas. A sobrevivência das
organizações econômicas dependeria das estratégias usadas para responder aos desafios da
acirrada competição que tem lugar na economia globalizada.
66
9,1
3,0
15,2
6,1
66,6
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Extremamente
sim
Certamente
sim
Talvez sim,
talvez não
Provavelmente
não
Certamente
não
Figura 4.25: Embalagens inadequadas.
Na figura 4.25 observa-se que 75,7% dos cooperados avaliam que embalagens
inadequadas certamente não ou provavelmente não representam vantagem competitiva na
comercialização da ACC; 3,0% acreditam que talvez sim, talvez não influenciam; enquanto
que 21,3% acreditam que certamente influenciam.
Essa situação é vivenciada na COOPERCAJU, pois as amêndoas que seguem para o
exterior são embaladas em sacos de alumínio, envoltos em caixas de papelão pesando
22,680Kg. As caixas contêm uma etiqueta com dados de identificação do produtor.
Portanto, a ACC tem seu beneficiamento final realizado nos países de destino.
67
79,3
7,5
1,9
9,4
1,9
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Certamente
não
Provavelmente
não
Talvez sim,
talvez não
Certamente
sim
Extremamente
sim
Figura 4.26: Falta de incentivos.
Na figura 4.26, observa-se que 79,3% dos entrevistados avaliaram que a falta de
incentivos certamente não é vantagem competitiva para o mercado da ACC; 7,5% avaliaram
que provavelmente não; 1,9% que talvez sim, talvez não; 9,4% avaliaram que certamente sim
e 1,9% avaliaram que extremamente sim, a falta de incentivo é vantagem competitiva.
Esta situação mostra o grau de maturidade dos cooperados da COOPERCAJU. É
importante acreditar que seria possível sermos competitivos em nível internacional, desde que
os incentivos tivessem uma ação conservada, onde a nossa visão deixasse de ser a visão de
empresa, unicamente, e passasse a ser a visão da cadeia produtiva.
68
33,2
16,7
16,7 16,7
16,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Certamente
não
Provavelmente
não
Talvez sim
talvez não
Certamente
sim
Extremamente
sim
Figura 4.27: Ausência de selos regionais e nacionais.
Na figura 4.27 observa-se que 49,9% dos entrevistados analisaram que a ausência de
selos regionais e nacionais certamente não ou provavelmente não influencia na
competitividade da comercialização do produto; 16,7% acreditam que talvez sim, talvez não;
enquanto que 33,4% acreditam que extremamente influencia na competitividade da respectiva
comercialização.
Esta situação parece refletir a necessidade de criação de seus próprios selos a nível
regional e nacional, já que o processo de beneficiamento da ACC busca cada vez mais um
produto em condições de comércio externo, pois produzimos 80% de amêndoas inteiras e cor
ideal para exportação.
69
82,8
12,1
3,4
1,7
0,0
0
20
40
60
80
100
(%)
Níveis de concordância
Certamente
não
Talvez sim,
talvez não
Certamente
sim
Extremamente
sim
P
rovavelmente
não
Figura 4.28: Potencial de produção.
Na figura 4.28, observa-se que 94,9% acreditam que certamente sim ou extremamente
sim o potencial de produção é eficiente no beneficiamento da amêndoa da castanha de caju;
3,4% avaliaram que talvez sim, talvez não; e 1,7% dos cooperados analisaram que
provavelmente o potencial produtivo não seja uma vantagem competitiva.
Ao analisar o conjunto, observa-se que 94,9% dos cooperados acreditam que o
potencial de produção é uma das variáveis mais importantes como uma das vantagens de
competitividade.
Ainda analisando o potencial produtivo, a COOPERCAJU adota o processo manual
em relação ao mecanizado, pois estudos têm demonstrado uma vantagem significativa dos
processos manuais, em relação aos processos mecanizados de obtenção da amêndoa, uma vez
que o primeiro processo apresenta maior grau de produção de castanhas de melhor qualidade.
70
4.7 MENOR ÍNDICE DE QUEBRA DE CASTANHA DE CAJU
13,3
46,7
30,0
10,0
0
20
40
60
80
100
(
%
)
Nível de concordância
Muito
adequada
Mais ou menos
adequada
Pouco
adequada
Não Muito
adequada
Figura 4.29: Classificação.
Na figura 4.29, observa-se que 10,0% dos cooperados entrevistados avaliaram a
classificação executada no processo de beneficiamento da ACC como não muito adequada;
30% acham pouco adequada; 46,7% dos cooperados mais ou menos adequada; e 13,3% muito
adequada.
Esta situação demonstra o grau de discordância entre os cooperados da
COOPERCAJU, pois durante o processo de beneficiamento os frutos passam por várias
classificações, porém, a forma de pagamento que incide sobre esta classificação é que seria
ponto de insatisfação, pois segundo Pires (2005), o produtor só irá receber o valor pago em
função de dois tipos: inteira e quebrada.
71
3,3
0,0
78,4
18,3
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Muito
adequada
Mais ou
menos
adequada
Pouco
adequada
Não Muito
adequada
Figura 4.30: Despeliculagem.
Observa-se na figura 4.30, que 96,7% dos entrevistados avaliam a despeliculagem
adequada ou mais ou menos adequada, enquanto que 3,3% consideram a variável pouco
adequada que a este processo poderá contribuir para um maior índice de quebra da ACC.
Ao analisar o conjunto, os resultados indicam que o sistema alternativo de
processamento da castanha de caju adotado pela COOPERCAJU apresenta um índice de 85%
de amêndoas inteiras. Este elevado rendimento indica que o sistema artesanal representa
vantagem competitiva, o que é estratégico na consolidação do agronegócio do caju. Segundo
Leite (1994), as indústrias tradicionais de beneficiamento vêm sofrendo perda de qualidade
em função dos equipamentos utilizados e do processo de beneficiamento.
72
0,0
6,8
50,8
42,4
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordância
Muito
adequado
Mais ou
menos
adequado
Pouco
adequado
Não Muito
adequado
Figura 4.31: Corte.
Na figura 4.31, observa-se que 6,8% dos cooperados produtores avaliaram o corte
empregado no beneficiamento da castanha da COOPERCAJU como um processo pouco
adequado; 50,8% avaliaram como mais ou menos adequado; e 42,4% dos entrevistados como
muito adequado.
Ao analisar o conjunto observa-se que a experiência vivida em Serra do Mel, foi a
descortização empregada que se assemelha ao processo utilizado na Índia. Esta tecnologia
observa-se atualmente, um rendimento de amêndoas inteiras e alvas com registros em torno
de 80%.
73
36,1
12,1
12,1
39,7
0
20
40
60
80
100
(%)
Nível de concordancia
Mais ou
menos
adequado
Muito
adequado
Não Muito
adequado
Pouco
adequado
Figura 4.32: Resfriagem/secagem.
Na figura 4.32, observa-se que 36,1% consideram a variável resfriagem / secagem
como mais ou menos adequada e 12,1% consideram muito adequada, enquanto que 39,7%
avaliam a variável como não muito adequada e 12,1% avaliaram como pouco adequada.
Esta situação estaria revelando que o processo de beneficiamento da ACC encontra-se
em fase de transição entre o modelo industrial e o artesanal, visando assim a eficiência do
processamento e ao mesmo tempo, a qualidade do produto.
74
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo estão apresentadas as conclusões da pesquisa de campo, as limitações
do estudo e as recomendações para trabalhos futuros:
Há um esforço permanente do grupo na adoção de estratégias que permitam maior
valor agregado à castanha de caju in natura. E neste sentido, as parecerias estabelecidas com
algumas entidades têm sido apontados como fator de fundamental importância para o acesso
às informações necessárias, seja no que diz respeito à introdução de melhores práticas de
manejo, seja no que diz respeito ao acesso aos diversos mercados.
A inexistência de capital de giro para a formação de um estoque regulador é vista
ainda como o principal entrave ao crescimento da COOPERCAJU. Há também um
reconhecimento de que a implementação de todos esses processos de melhoria na qualidade
do produto e na produtividade requeressem um aprendizado permanente.
Apesar das conquistas observadas em termos de volume de oferta das amêndoas, de
classificação dos produtos e demanda crescente dos mercados, não se constata, ainda, na
região de Serra do Mel, um incremento produtivo capaz de viabilizar uma dinâmica mais
permanente para reverter o quadro de pobreza dos produtores cooperados. O que, por
conseguinte, tenderia a afastar a idéia inicialmente prevista pelo projeto inicial de que aquela
região se transformaria em pólo produtivo.
Contudo quando se incluem na análise algumas variáveis que extrapolam a dimensão
meramente econômica, é de fácil constatação que a cajucultura, mesmo cultivada sem a
utilização de tecnologia, isto é, de forma rudimentar, tem sido capaz de agregar em torno de si
todas as famílias ali existentes, gerando ocupação e renda de uma forma relativamente
uniforme.
75
A despeito da estrutura industrial, uma das formas da COOPERCAJU obter vantagens
competitivas é estruturar coletivamente a venda da produção. Mesmo que o processo ocorra
em várias pequenas indústrias, a comercialização, embalagem, padrão de qualidade, marca e
logística devem ser feitos por uma só unidade organizacional. A produção não precisa ser
centrada, ao contrário da comercialização. Neste sentido, mais importante do que possuir uma
indústria centrada de processamento, a COOPERCAJU necessita desenvolver inteligência de
mercado e comercialização, devendo buscar mercado que possa agregar valor a seus produtos,
além de posicionar-se de maneira adequada e estratégica em relação às forças competitivas
atuantes no mercado.
76
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