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IZABELA MOCAIBER FREIRE
ESTÍMULOS AVERSIVOS SEMPRE
CAPTURAM A ATENÇÃO? INFLUÊNCIAS
ATENUANTES DO CONTEXTO E DA
INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
2005
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ESTÍMULOS AVERSIVOS SEMPRE CAPTURAM A ATENÇÃO?
INFLUÊNCIAS ATENUANTES DO CONTEXTO E DA
INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA
Izabela Mocaiber Freire
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas (Fisiologia), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau
de Mestre em Ciências Biológicas (Fisiologia).
Orientadores:
Eliane Volchan-UFRJ
Professora-doutora
Letícia de Oliveira –UFF
Professora-doutora
Rio de Janeiro
2005
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ESTÍMULOS AVERSIVOS SEMPRE CAPTURAM A ATENÇÃO?
INFLUÊNCIAS ATENUANTES DO CONTEXTO E DA
INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA
Izabela Mocaiber Freire
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof.__________________________________________- Orientadora
Prof. Eliane Volchan
Prof.__________________________________________- Orientadora
Prof. Letícia de Oliveira
Prof.__________________________________________
Prof. Cláudia Domingues Vargas
Prof.__________________________________________
Prof. Ivan Luiz de Vasconcellos Figueira
Prof.__________________________________________
Prof. Paula Rui Ventura
Rio de Janeiro
2005
Agradecimentos
Às minhas orientadoras, Prof. Eliane Volchan e Prof. Letícia de Oliveira,
pela dedicação, competência, compreensão, presença segura e doce.
Ao Prof. Walter, orientador e amigo, pela valiosa contribuição em diversos
aspectos da minha formação.
À Prof. Mirtes, pela apoio e incentivo durante o desenvolvimento deste
trabalho.
Aos amigos do Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento
(Aydamari, Fátima, Isabel David, Isabel Alfradique, Rafaela, alunos de IC)
e do Laboratório de Neurobiologia II, pela amizade e pela convivência
maravilhosa.
Ao amigo Daniel Cadilhe, pela presença serena e pela força em momentos
importantes.
Aos meus pais, minha grande fortaleza, e ao meu irmão Irio, grande
incentivador nesta caminhada.
Freire, Izabela Mocaiber
Estímulos aversivos sempre capturam a atenção? Influências
atenuantes do contexto e da intoxicação alcoólica / Izabela
Mocaiber Freire. Rio de Janeiro, 2005.
99f.:il.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas – Fisiologia)
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho – IBCCF, 2005.
Orientadora: Profa. Eliane Volchan
Co-orientadora: Profa. Letícia de Oliveira
1. Atenção 2. Emoção 3. Álcool – Teses.
Volchan, Eliane (Orient.). II Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.
III. Título.
CDD:
FREIRE, Izabela Mocaiber. Estímulos aversivos sempre capturam a atenção?
influências atenuantes do contexto e da intoxicação alcoólica. Orientadoras:
Eliane Volchan e Letícia de Oliveira. CAPES, PRONEX, 2005. Resumo da
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciências
Biológicas (Fisiologia), no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade
Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.
RESUMO
Trabalhos anteriores mostraram que estímulos aversivos interferem no desempenho
de tarefas de atenção mesmo quando são apresentados como distrativos. O
presente estudo investigou se esta interferência poderia ser abolida em dois
contextos: (1) intoxicação aguda por etanol, o qual promoveria uma redução de
recursos cerebrais para o processamento desses distrativos (“Miopia alcoólica”) e (2)
alteração do impacto emocional dos distrativos através de uma estratégia de
regulação emocional, no caso, através da informação de que esses estímulos
aversivos não seriam reais, mas sim, produções cinematográficas. A tarefa testada
consistia na discriminação da orientação entre duas barras apresentadas na periferia
do campo visual (julgamento igual/diferente). A dificuldade da tarefa dependia da
diferença na orientação entre as barras, com menores diferenças de angulação na
situação mais difícil. Simultaneamente, uma foto distrativa central era apresentada.
As fotos eram de pessoas (neutras) e de corpos mutilados (negativas). No
experimento I, sob a intoxicação por etanol, os resultados mostraram que as fotos
negativas deixaram de interferir no desempenho dos voluntários (no bloco de maior
dificuldade). No experimento II, o retardo promovido pelas fotos negativas deixou de
existir quando os voluntários eram submetidos a uma estratégia de regulação
emocional implícita, onde o impacto emocional dessas fotos foi reduzido. Estes
resultados mostram que a capacidade de interferência de um estímulo emocional
sobre uma tarefa pode ser modulada tanto pela intoxicação alcoólica como pela
estratégia de regulação emocional.
Palavras-chave: atenção, emoção, álcool.
FREIRE, Izabela Mocaiber. Aversive stimuli always capture attention?
modulation by context and alcohol intoxication. Orientadoras: Eliane Volchan e
Letícia de Oliveira. CAPES, PRONEX, 2005. Resumo da Dissertação de Mestrado
submetida ao Programa de s-graduação em Ciências Biológicas (Fisiologia), no
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do tulo de Mestre em
Ciências Biológicas.
ABSTRACT
Previous studies have shown that emotional distractive pictures interfere in the
performance of attention demanding tasks. The present study investigated if this
emotional interference could be abolished in two different contexts (1) acute alcohol
intoxication, which would reduce attentional resources (“Alcohol Myopia”) for the
processing of distractors and (2) modulation of the emotional significance of the
distractors through an emotion regulation strategy. Specifically, subjects were
instructed that the pictures presented were not real, but obtained from movies. The
attentional task consisted of discriminating the orientation between two peripheral
bars (same/different judgement). Task difficulty depended on the differences between
the bars, with the smallest orientation differences used in the hardest task.
Simultaneously, either neutral (people) or unpleasant (mutilated) pictures were
presented centrally between the bars. Results of experiment I showed that under
acute alcohol intoxication negative pictures were not able to interfere in the
performance of the harder task anymore. Experiment II showed that the emotional
interference disappeared when subjects were submitted to an implicit emotion
regulation strategy. These findings show that emotional interference on an attentional
task can be modulated both by acute alcohol intoxication and by an emotion
regulation strategy.
Key-words: attention, emotion, alcohol.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Valores médios de valência e alerta em cada bloco de teste....... 38
Tabela 2. Aferição da concentração de álcool sanguínea............................ 39
Tabela 3. Valores médios de valência para os sub-blocos “Fácil” e “Muito
Difícil”............................................................................................................. 47
Tabela 4. Valores médios de alerta para os sub-blocos “Fácil” e “Muito
Difícil”............................................................................................................. 48
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Tempo de reação manual para respostas corretas ..................... 7
Figura 2. Ativação média em V5 (MT) obtida por RMf................................. 10
Figura 3. Desenho experimental utilizado por Vuilleumier e colaboradores
............................................................................................................ 12
Figura 4. Modelo das duas grandes classes de regulação da emoção....... 22
Figura 5. Voluntário realizando experimento na sala de testes.................... 34
Figura 6. Dimensões dos estímulos visuais................................................. 36
Figura 7. Seqüência de eventos do paradigma experimental...................... 38
Figura 8. Composição do experimento II...................................................... 45
Figura 9. Sequência dos eventos que ocorriam ao longo da sessão
experimental................................................................................................. 50
Figura 10. Tempo de reação para respostas corretas (experimento I)........ 52
Figura 11. Número de erros nos três blocos de dificuldade......................... 53
Figura 12. Pontuação dos voluntários na escala PANAS de afeto
positivo.......................................................................................................... 54
Figura 13. Pontuação dos voluntários na escala PANAS de afeto
negativo..................................................................................................................... 55
Figura 14. Concentração de álcool sanguínea (%BAC)............................... 56
Figura 15. Tempo de reação para as condições “Cinema” e “Real”, em
cada bloco de dificuldade.............................................................................. 58
Figura 16. Percentual de erros para as condições “Fácil” e “Muito difícil”... 58
Figura 17. Respostas dos voluntários ao questionário de credibilidade da
estratégia de regulação emocional................................................................ 59
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................... I
ABSTRACT ...................................................................................................... II
LISTA DE TABELAS ....................................................................................... III
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ III
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
1.1. ASPECTOS GERAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE ATENÇÃO E
EMOÇÃO.......................................................................................................... 1
1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO................................................. 6
1.3. EXPERIMENTO I....................................................................................... 9
1.3.1. Recursos de atenção ............................................................................. 9
1.3.2. Interação cognição-emoção: efeitos do álcool ....................................... 15
1.3.3. Etanol: Aspectos Farmacológicos........................................................... 18
1.3.4. Objetivos do Experimento I..................................................................... 20
1.4. EXPERIMENTO II...................................................................................... 20
1.4.1. Regulação das Emoções........................................................................ 20
1.4.2. A regulação da emoção é independente do processo de geração da
emoção?........................................................................................................... 23
1.4.3. Regulação emocional focalizada na resposta........................................ 24
1.4.4. Regulação emocional através da modificação cognitiva (reavaliação)... 25
1.4.5. Regulação emocional através da alocação da atenção.......................... 28
1.4.6. Regulação das emoções: diferenças individuais ................................... 29
1.4.7. Objetivos do Experimento II.................................................................... 31
2. METODOLOGIA........................................................................................... 32
2.1. EXPERIMENTO I....................................................................................... 32
2.1.1. Sujeitos............................................................................................................... 32
2.1.2. Aparato............................................................................................................... 33
2.1.3. Procedimentos......................................................................................... 34
2.1.3.1. Teste de Tempo de Reação Manual.................................................... 34
2.1.3.2. Estímulos visuais.................................................................................. 36
2.1.3.3. Questionário Avaliativo......................................................................... 38
2.1.3.4. Procedimento de Administração do Álcool ......................................... 39
2.1.4. Análise dos dados.................................................................................. 40
2.1.4.1. Teste de Tempo de Reação Manual.................................................... 40
2.1.4.2. Questionário avaliativo......................................................................... 40
2.1.4.3. Medida da Alcoolemia.......................................................................... 41
2.2. EXPERIMENTO II...................................................................................... 41
2.2.1. Sujeitos.................................................................................................... 41
2.2.2. Aparato.................................................................................................... 42
2.2.3. Procedimentos........................................................................................ 43
2.2.3.1. Teste de Tempo de Reação Manual.................................................... 43
2.2.3.2. Estímulos visuais.................................................................................. 47
2.2.4. Credibilidade da estratégia de regulação da emoção ............................ 48
2.2.5. Análise dos dados................................................................................... 48
2.2.5.1. Teste de tempo de reação manual...................................................... 48
3. RESULTADOS.............................................................................................. 51
3.1. EXPERIMENTO I....................................................................................... 51
3.1.1. Teste de tempo de reação manual.......................................................... 51
3.1.2. Questionário avaliativo............................................................................ 53
3.1.3. Alcoolemia............................................................................................... 55
3.2. EXPERIMENTO II...................................................................................... 56
3.2.1. Teste de tempo de reação manual.......................................................... 56
3.2.2. Credibilidade da estratégia de regulação emocional............................... 59
4. DISCUSSÃO................................................................................................. 60
4.1. EXPERIMENTO I....................................................................................... 60
4.2. EXPERIMENTO II...................................................................................... 65
5. CONCLUSÕES............................................................................................ 69
5.1. EXPERIMENTO I....................................................................................... 69
5.1. EXPERIMENTO II...................................................................................... 69
6. PROJETOS FUTUROS................................................................................ 70
6.1. REGULAÇÃO EMOCIONAL E ANSIEDADE .......................................... 70
6.2. OBJETIVOS............................................................................................... 72
6.2.1. OBJETIVOS GERAIS............................................................................. 72
6.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................. 72
6.3. METODOLOGIA....................................................................................... 73
6.3.1. Sujeitos................................................................................................... 73
6.3.2. Procedimentos experimentais................................................................. 73
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………… 75
8. ANEXOS....................................................................................................... 87
8.1.TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO
PESQUISADO..................................................................................................
87
8.2. QUESTIONÁRIO DE CAHALAN & CISIN ............................................... 89
8.3. INVENTÁRIO DE OLDFIELD ................................................................... 90
8.4. SRQ (SELF REPORTING QUESTIONNAIRE)......................................... 91
8.5. PANAS...................................................................................................... 92
8.6. INSTRUÇÕES GERAIS............................................................................ 93
8.7. INSTRUÇÕES DA TAREFA...................................................................... 94
8.8. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..................... 95
8.9. FICHA PESSOAL...................................................................................... 96
8.10. TEXTO CINEMA...................................................................................... 97
8.11. TEXTO REAL.......................................................................................... 98
8.12. QUESTIONÁRIO DE CREDIBILIDADE.................................................. 99
1. INTRODUÇÃO
1.1. ASPECTOS GERAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE ATENÇÃO E EMOÇÃO
O presente trabalho tem a atenção e emoção como um dos objetos
centrais de estudo, e, portanto, é necessário que alguns conceitos sejam
esclarecidos. É importante salientar que não é o objetivo deste trabalho realizar
uma revisão completa e extensa acerca destes conceitos, mas apenas situar as
definições que foram utilizadas como parâmetros para a idealização dos
experimentos e discussão dos resultados.
Posner e Snyder propõem que um possível sentido para o termo
“atenção” concerne ao estudo de um estado orgânico que afeta a receptividade
geral para as entradas sensoriais. Um outro sentido para “atenção” envolve a
seleção de alguma informação dos sinais disponíveis para tratamento especial.
Assim, é possível selecionar uma posição do espaço, uma característica física, ou
uma forma. O item selecionado tem, então, maior probabilidade de afetar a
consciência, memória ou comportamento do que outros itens apresentados
simultaneamente (Posner, Snyder & Davidson, 1980; Posner & Cohen, 1984).
Outra definição vastamente considerada na literatura é a proposta por William
James, segundo a qual “atenção” significa:
“the taking possession by the mind, in clear and vivid form, of one out of what
seems several simultaneously possible objects or trains of thought. Focalization,
concentration of consciousness are of its essence. It implies withdrawal from
some things in order to deal effectively with others” .
De acordo com esta definição, o direcionamento da atenção visual para
um determinado objeto ou local produz melhor capacidade de processamento e
de análise do mesmo, e por outro lado, implica em detrimento destas capacidades
para outros objetos e locais do campo visual. Kastner & Pinsk (2004), em recente
revisão, propõem que mecanismos neurais de atenção seletiva atuem em
múltiplos estágios no sistema visual e que em cada estágio, este processamento
seja influenciado por limites de capacidade de processamento. Desta forma, a
atenção poderia ser considerada sob a perspectiva de processos de seleção em
múltiplos níveis. Pessoa e colaboradores (2002a) argumentam que a competição
entre múltiplos estímulos por uma representação neural, dada a limitação da
capacidade de processamento do sistema visual, é evidenciada pela supressão
mútua de suas respostas evocadas visualmente. Assim, a atenção seletiva
poderia modular a atividade neural no córtex visual (Pessoa et al., 2003; Pinsk et
al., 2004).
Broadbent propôs outra teoria da atenção, lançando a teoria do filtro.
Segundo o autor, a atenção agiria selecionando (ou "filtrando") as informações
que chegam ao indivíduo; ou seja, retendo alguns elementos e deixando passar
outros. Ainda hoje, a teoria do filtro é utilizada para explicar como se dá a seleção
de um dado estímulo em meio a uma enorme quantidade de informação do
ambiente, a cada instante .
Uma metáfora bastante utilizada na literatura para definir atenção sugere
que esta possa ser considerada como um holofote varrendo o espaço . As regiões
iluminadas por este holofote teriam um nível de processamento mais elaborado
do que as regiões que se encontram fora da área iluminada. De acordo com esta
visão, a atenção permitiria que uma determinada informação atingisse um nível
elevado de processamento, e ao mesmo tempo evitaria que outras informações,
para as quais não se presta atenção, atingissem o mesmo nível de
processamento.
Trabalhos clássicos demonstraram, por exemplo, que prestar atenção a
um local do espaço diminui o tempo necessário para perceber e responder a um
estímulo visual . Este princípio está de acordo com as idéias mais recentes de
atenção, segundo as quais a atenção facilitaria, de maneira rápida e acurada, a
percepção de objetos que aparecem na cena visual . Além disso, Slotnick e
colaboradores demonstraram que ocorre, além de facilitação dos itens atendidos,
inibição ativa dos itens não-atendidos no campo visual. Utilizando a técnica de
ressonância magnética funcional, estes autores monitoraram a atividade neural
nos córtices estriado e extra estriado e observaram que havia uma deativação em
regiões visuais que representavam partes do campo visual para as quais a
atenção não era alocada.
No que diz respeito à emoção, esta foi definida por Dolan (2002) como
estados fisiológicos e psicológicos complexos, os quais, em maior ou menor
proporção, determinam valor a eventos. “Valor”, neste sentido, refere-se a uma
capacidade do organismo de avaliar se eventos no ambiente são mais ou menos
desejáveis.
As idéias de Williams James sobre as emoções, à semelhança de suas
contribuições sobre atenção, também foram notáveis. Para ele, as reações/
expressões corporais seriam precedentes à experiência subjetiva da emoção. A
importância desta visão, segundo ele, fundamentalmente, é de que nossas
emoções estariam atreladas a nossas reações corporais. Em “The Principles of
Psychology”, James escreveu no notável capítulo “The Emotions”:
"Common-sense says, we lose our fortune, are sorry and weep; we meet a bear,
are frightened and run; we are insulted by a rival, are angry and strike. The
hypothesis here to be defended says that this order of sequence is incorrect…that
we feel sorry because we cry, angry because we strike, afraid because we
tremble…." (James, 1890, p. 1065-6).
Levando-se em conta uma perspectiva evolutiva, as emoções evoluíram
de respostas reflexas simples, porém, nos humanos e em outros organismos
complexos, sistemas neurais mais elaborados permitem respostas mais variadas,
facilitando a adaptação ao ambiente. Assim, o comportamento emocional pode
ser mais criativo e menos previsível. Por exemplo, a resposta a um estímulo
negativo é menos estereotipada e pode variar induzindo tanto a um
comportamento de esquiva no caso da fuga, quanto de aproximação no caso do
ataque. Da mesma forma, um estímulo positivo não necessariamente
desencadeia uma resposta de aproximação, desde que a não-aproximação para
este estímulo determine uma recompensa que a aproximação direta não traria .
Entretanto, muitas destas respostas reflexas simples ainda são parte do repertório
de respostas nos humanos e através de seu estudo é possível investigar as
respostas corporais desencadeadas por estímulos específicos.
De acordo com Schneirla todo o comportamento de organismos muito
primitivos pode ser caracterizado por dois tipos básicos de respostas: a
aproximação direta para estímulos apetitivos e a esquiva de estímulos
nociceptivos. Dependendo da intensidade do estado motivacional (para
aproximação ou esquiva) e da saliência do estímulo alvo, o comportamento
resultante aumenta ou diminui na velocidade e na intensidade do esforço para
aproximação ou esquiva . Estas duas características motivacionais do
comportamento podem ser representadas como parâmetros quantificáveis de
valência afetiva (positiva/negativa) e intensidade de ativação, os quais definem
um espaço hipotético bidimensional. Admite-se que estes dois sistemas
motivacionais - apetitivo e defensivo/aversivo – estariam associados com ativação
cerebral, autonômica e comportamental, que variariam de acordo com a
intensidade da ativação. É através destas alterações corporais que o vel de
ativação dos sistemas motivacionais em humanos poderia, de acordo com Lang e
colaboradores , ser avaliado, considerando-se os três sistemas reativos que são
modulados pelas emoções: (i) a linguagem expressiva e avaliativa; (ii) mudanças
fisiológicas mediadas pelo sistema somático e autonômico; e (iii) padrões
comportamentais, tais como padrões motores de esquiva/aproximação ou
benefícios/déficits de desempenho em uma tarefa. Todos estes parâmetros são
medidas valiosas da expressão emocional, entretanto, seu padrão específico
varia de acordo com o contexto e a tarefa.
Uma linha de investigação bastante presente na literatura, diz respeito à
capacidade dos estímulos emocionais de interferir em uma tarefa envolvendo
atenção. Em relação à medidas de déficits de desempenho gerado por indução
emocional, trabalhos apresentados por Hartikinen e colaboradores investigaram o
efeito da apresentação de estímulos emocionais sobre o desempenho motor num
teste de detecção visual, utilizando uma tarefa de discriminação visual. Figuras
afetivas (positivas ou negativas) ou neutras eram apresentadas por 150 ms, antes
do acender de um estímulo-alvo, que consistia em um triângulo, para o qual o
voluntário deveria responder. A figura poderia surgir de ambos os lados de um
ponto central de fixação, e o alvo (triângulo) poderia surgir no mesmo lado ou do
lado oposto à figura. A tarefa consistia em detectar a orientação do triângulo (para
cima ou para baixo) pressionando uma de duas teclas, segundo instruções
prévias (tempo de reação de escolha). Os autores observaram um retardo no
tempo de reação quando os alvos eram apresentados após figuras emocionais,
no hemicampo visual esquerdo. Os maiores retardos foram observados após
figuras negativas. Diferenças de latência entre as situações ipsilateral (figura e
alvo no mesmo hemicampo) e contralateral (figura e alvo em hemicampos
opostos) estavam presentes apenas para figuras positivas os voluntários eram
mais rápidos na situação contralateral. Os autores concluíram que a exposição de
estímulos emocionais (especialmente os de valência negativa) no hemicampo
visual esquerdo interferiu no processamento do alvo. Estes resultados, segundo
os autores, fornecem evidências do envolvimento do hemisfério cerebral direito no
processamento de estímulos emocionais. Pereira e colaboradores (2004)
realizaram um trabalho onde voluntárias realizavam uma tarefa de detecção visual
após a visualização de figuras emocionais ou neutras. Os resultados mostraram
que os tempos de reação seguindo a apresentação de figuras negativas eram
mais lentos em comparação às figuras neutras, evidenciando a capacidade de
interferência de um estímulo emocional sobre uma tarefa envolvendo atenção.
Tipples e Sharma também observaram um retardo de respostas em
tarefas de tempo de reação de escolha promovida pela apresentação de figuras
afetivas. Figuras emocionais ou neutras eram apresentadas no centro da tela de
um computador enquanto pistas periféricas apareciam à direita ou à esquerda da
figura. A pista era substituída pelo alvo (letra “T” ou “L”) o qual os voluntários
deveriam discriminar e apertar a tecla de resposta correspondente (tempo de
reação de escolha). Novamente, a interferência observada, representada por
maiores latências de resposta, era maior para figuras emocionais em comparação
às neutras; e, dentre as figuras emocionais, figuras negativas determinaram
maiores latências em comparação às positivas. Um outro trabalho realizado por
Bradley e colaboradores (1996) investigou o efeito da apresentação de figuras
afetivas sobre a execução de tarefas. Estímulos acústicos (palavras) eram
apresentados 1 e 4 s após o apagar de uma figura emocional (agradável,
desagradável e neutra) e media-se o tempo que os voluntários levavam para
apertar uma tecla após decidir sobre a valência do estímulo acústico (palavra).
Eles observaram um retardo no tempo de reação manual após a apresentação de
figuras agradáveis e desagradáveis (que não diferiram entre si) quando
comparado ao tempo de reação obtido após a apresentação de figuras neutras.
Os autores sugerem que a visualização de figuras com valência positiva ou
negativa, por serem em média mais ativadoras do que as neutras, promovam
maior alocação da atenção, diminuindo os recursos disponíveis para a execução
da tarefa de tempo de reação manual. A captura preferencial da atenção pelas
figuras emocionais ativadoras estaria de acordo com outros dados segundo os
quais estas figuras são classificadas como mais interessantes e são observadas
por períodos mais longos , além de serem melhor lembradas do que figuras
neutras .
1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO
Resultados de trabalhos anteriores realizados por nosso grupo sugerem
que estímulos emocionais têm seu processamento cerebral privilegiado e
capturam preferencialmente a atenção (Mourão-Miranda et al., 2003; Volchan et
al., 2003; Erthal et al., 2004; Pereira et al., 2004; Azevedo et al., 2005; Erthal et
al., 2005). De fato, Erthal e colaboradores (2004) mostraram que fotos emocionais
distrativas interferiam na realização de uma tarefa mesmo em situações onde os
recursos cerebrais para tais fotos eram reduzidos. Especificamente, os voluntários
realizavam um teste de discriminação de orientação entre duas barras
apresentadas na periferia do campo visual (julgamento igual ou diferente)
apertando uma dentre duas teclas. O grau de dificuldade da tarefa dependia da
diferença de orientação entre as barras, com menores diferenças de angulação
na situação mais difícil. Os voluntários realizavam 3 blocos de teste, com
diferentes graus de dificuldade. No bloco fácil, a diferença de angulação entre as
barras era de 90º, no médio de 24º e no difícil de 12º. Simultaneamente, uma foto
distrativa era apresentada entre as barras. As fotos eram de pessoas (neutras) e
de corpos mutilados (negativas). A duração da exposição desses estímulos era de
200 ms, sendo apresentada em seguida uma tela tipo tabuleiro de xadrez, que
permanecia por 1500 ms ou até a emissão da resposta do voluntário. A
interferência promovida pelas figuras negativas sobre a tarefa de julgamento de
barras (Figura 1) deixou de existir quando a tarefa a ser realizada tinha um
nível de dificuldade “Muito difícil” (diferença de entre as barras), exigindo,
portanto, um maior nível de engajamento da atenção em comparação às outras
tarefas (Erthal et al., 2005).
No trabalho de Erthal e colaboradores (2005), a interpretação é de que
durante o desempenho da tarefa “Muito difícil” não haveria recursos cerebrais
disponíveis para o processamento efetivo do distrativo emocional, pelo fato dos
mesmos estarem devotados para o desempenho de uma tarefa com alto grau de
dificuldade.
Figura 1. Tempo de reação manual para respostas corretas. As fotos negativas promovem
um retardo na tarefa fácil (diferença de 90º entre as barras), onde existem recursos de
processamento disponíveis. Tal interferência desaparece na tarefa muito difícil (diferença
de 6º), a qual é suficiente para exaurir os recursos de processamento (Erthal et al., 2005).
Uma questão pertinente, e ainda não resolvida, diz respeito a quais
situações podem consumir recursos cerebrais de processamento e impedir que
estímulos emocionais interfiram no desempenho dos voluntários. Seria possível
extrapolar o resultado descrito acima para outras situações, ou esta falta de
interferência emocional aconteceria apenas em um contexto experimental
específico? Com vistas a esta questão, o presente trabalho investigou através de
duas estratégias diferentes, o quanto estímulos emocionais podem deixar de
interferir em uma tarefa envolvendo atenção. Especificamente, as estratégias
abordadas foram:
FÁCIL MUITO DIFÍCIL
500
600
700
800
900
NEUTRA NEGATIVA
*
Tempo de reação (ms)
(1) Intoxicação aguda por etanol (estratégia utilizada no Experimento I).
Além de manipular o grau de dificuldade da tarefa a ser realizada pelos
voluntários, submetemos os mesmos à intoxicação aguda por etanol, uma vez
que dados consistentes na literatura apontam para uma diminuição da capacidade
de atenção sob os efeitos do álcool (Steele & Josephs, 1988; Josephs & Steele,
1990; Steele & Josephs, 1990; Curtin et al., 2001). Assim, pressupomos que a
dificuldade da tarefa aliada à intoxicação alcoólica seria suficiente para exaurir
recursos de processamento, os quais estariam indisponíveis ou desviados da
figura emocional. Isto resultaria em uma diminuição da capacidade da mesma em
interferir na realização da tarefa-alvo.
(2) Reavaliação cognitiva: modificação cognitiva do significado dos
estímulos evocativos de emoção (estratégia utilizada no Experimento II).
No segundo experimento, utilizamos um desenho experimental semelhante
ao primeiro. Entretanto, uma outra estratégia específica foi eleita com a finalidade
de atenuar o impacto produzido pela visualização da foto emocional. Neste caso,
a estratégia eleita foi a reavaliação cognitiva do conteúdo emocional da fotografia.
É sabido que os estímulos visuais utilizados no presente estudo (fotos de pessoas
e corpos mutilados) desencadeiam fortes reações emocionais (Lang, 1995; Lang
et al.; 1998; Bradley et al., 2003). Assim, buscamos manipular o impacto
emocional das figuras através de um mecanismo de regulação emocional
implícita, onde o estímulo emocional teve sua relevância modificada. Desta forma,
esperávamos uma diminuição da capacidade do mesmo de interferir na tarefa-
alvo pela diminuição de sua saliência emocional e, conseqüentemente, do seu
potencial atrativo.
1.3. EXPERIMENTO I
1.3.1. Recursos de atenção
Diversos trabalhos têm sugerido a existência de uma capacidade limitada
de recursos de processamento da atenção (Lavie, 1995; Lavie et al., 2003; Lavie
& De Fockert, 2003; Lavie et al., 2004; Pinsk et al., 2004; Beck & Lavie, 2005;
Jenkins et al., 2005; Lavie, 2005; Maxwell et al., 2005; Pessoa et al., 2002a;
Pessoa et al., 2005).
Lavie (1995) propôs que a nossa capacidade para perceber seja limitada,
mas que dentro destes limites a percepção ocorra automaticamente, ou seja,
embora não estejamos aptos a perceber tudo, também não podemos
voluntariamente impedir a percepção daquilo que quisermos. Em seus
experimentos, Lavie e colaboradores (Lavie, 1995; Lavie et al., 2003; Beck &
Lavie, 2005; Lavie, 2005) demonstraram que a capacidade de uma tarefa
relevante de exaurir recursos de processamento determinaria se estímulos
irrelevantes (distrativos) seriam percebidos ou não. Dentro desta perspectiva, se
uma tarefa-alvo possui uma baixa carga ou demanda de processamento, a
atenção inevitavelmente se estende ao processamento de distrativos irrelevantes
(Lavie & Tsal, 1994; Lavie, 1995; Lavie et al., 2003; Lavie & De Fockert, 2003).
Um trabalho deste grupo mostrou de maneira elegante esta questão. Rees e
colaboradores (1997) testaram a percepção de estímulos visuais dinâmicos
irrelevantes durante a realização de uma tarefa, utilizando ressonância magnética
e o tempo de reação como medida comportamental. Voluntários visualizavam
uma tela onde palavras eram apresentadas no centro e pontos brancos em
movimento apareciam na periferia. Os participantes eram instruídos a se
concentrar na palavra e a ignorar os pontos durante todo o teste. Na condição de
baixa demanda de atenção, a tarefa era apertar uma tecla caso a palavra
aparecesse em letra maiúscula, e na condição de alta demanda, a tarefa era
apertar uma tecla caso a palavra fosse dissílaba. A percepção do movimento foi
avaliada via ressonância magnética através da comparação entre as condições
em que os pontos se moviam com aquela em que estes permaneciam estáticos.
Os resultados mostraram que sob condições de baixa demanda, os pontos em
movimento produziam maior ativação da área V5 em comparação aos pontos
estáticos, sugerindo que houve a percepção do movimento. Entretanto, sob
condições de alta demanda, não houve aumento da atividade em V5 associada
aos estímulos em movimento (Figura 2). Tais achados indicaram que sob
condições de alta demanda os estímulos distrativos não foram processados; ou
seja, a capacidade do indivíduo de ignorar um estímulo irrelevante foi
determinada pela manipulação experimental da demanda da tarefa, e não pela
sua própria intenção.
Figura 2. Ativação média em V5 obtida por RMf (ressonância magnética funcional). Em A, a
situação com baixa demanda (tarefa de identificação de letras maiúsculas). Houve diferença
entre as situações com e sem movimento distrativo, com maior ativação com o distrativo
em movimento. Em B, está representada a tarefa de alta demanda de atenção (identificação
de palavras com duas sílabas). Nesta situação, não houve diferença entre as condições
com e sem movimento do distrativo. (Adaptado de Rees et al., 1997).
A hipótese de que estímulos não atendidos sejam pouco processados
reforça a importância da atenção para a percepção (e.g. Treisman, 1969). De fato,
evidências convergentes mostraram que a percepção de estímulos fora do foco
atencional pode ser atenuada ou mesmo eliminada sob certas circunstâncias
(Lavie, 1995; Joseph et al., 1997; Rees et al., 1997; Simons & Levin, 1997;
Rensink et al., 1997; Mack & Rock, 1998; Rensink, 2002; Pessoa et al, 2002a e
2002b). Estudos recentes mostraram que quando indivíduos têm sua atenção
focalizada em um dado objeto ou evento relevante, falham em detectar a
presença de outros estímulos mesmo que sejam salientes (Simons & Chabris,
1999; Simons, 2000). Tal fenômeno conhecido como cegueira atencional
(“inattentional blindness”) pode ser interpretado com base na teoria da Lavie
Movimento Sem movimento
BAIXA DEMANDA
ALTA
DEMANDA
A
B
(Lavie & Tsal, 1994; Lavie, 1995; Rees et al., 1997), onde a percepção de um
estímulo pode não ocorrer em função do esgotamento de recursos na tarefa
principal, impedindo o seu processamento.
Entretanto, alguns pesquisadores propuseram que uma exceção para o
papel crítico da atenção na percepção seja o processamento de estímulos
emocionais, para os quais tem sido relatada a ocorrência de um processamento
automático, independente da alocação voluntária da atenção (e.g. Vuilleumier et
al., 2001; Vuilleumier, 2005). A relevância biológica para tal processamento
diferenciado poderia ser explicada pela necessidade da detecção pida de
estímulos potencialmente perigosos (LeDoux, 1996).
Resultados recentes têm mostrado que estímulos emocionais podem ativar
regiões cerebrais automaticamente, independente de onde a atenção esteja
direcionada. Voluntários normais exibem respostas involuntárias rápidas para
estímulos emocionais, principalmente quando estes estão relacionados a perigo
ou ameaça, tais como faces com expressão de medo ou figuras aversivas (e.g.
Lang et al., 1998; Morris et al., 1998; Whalen et al., 1998, Globisch et al., 1999;
Öhman et al., 2001). É possível que os estímulos emocionais sejam sempre
processados, mesmo que isto ocorra de uma maneira mais rápida e rudimentar
através de vias neurais que não necessariamente envolvam o córtex cerebral e
sistemas cognitivos de alta ordem (Öhman et al., 2001).
Ao investigar o papel da amígdala na aprendizagem associativa de
estímulos comportamentalmente relevantes, Morris e colaboradores (1998),
utilizando tomografia por emissão de pósitrons (PET), mostraram a capacidade da
mesma ser ativada sem a necessidade de ocorrer percepção consciente destes
estímulos. Os voluntários visualizavam faces com expressão zangada (tempo de
exposição de 45 ms), uma das quais havia sido associada a um som
desagradável (condicionamento aversivo). Em metade dos testes, as faces eram
mascaradas, ou seja, substituídas pelo aparecimento de uma outra face neutra,
de modo que a percepção explícita das primeiras era impedida. Os resultados
mostraram uma resposta neural significativa da amígdala direita para faces
zangadas condicionadas em comparação às faces não-condicionadas, apontando
para o processamento diferenciado de estímulos emocionalmente relevantes
mesmo sem a consciência dos mesmos.
Os efeitos da atenção e valência emocional sobre o processamento de
faces foram testados por Vuilleumier e colaboradores (2001) utilizando RMf.
Especificamente, o estudo pretendia verificar se o processamento de faces com
expressão de medo poderia ocorrer mesmo quando a atenção dos sujeitos
estivesse direcionada para uma tarefa de alta demanda de atenção. Os
voluntários faziam um julgamento de igual/diferente para um par de estímulos
apresentados excentricamente, na presença de estímulos irrelevantes à tarefa em
outro local. Os estímulos apresentados eram faces ou casas que apareciam
aleatoriamente nos locais relevantes ou irrelevantes à tarefa. Os resultados
mostraram que as respostas do giro fusiforme para faces eram fortemente
manipuladas pela atenção espacial, ou seja, a ativação era maior quando as
faces eram o alvo do julgamento igual/diferente (Figura 3). Entretanto, a resposta
da amígdala esquerda para expressões de medo não foi afetada pela
manipulação espacial da atenção, corroborando a hipótese de que seja uma
estrutura cuja atividade independe do foco de atenção, relacionada à detecção
rápida de estímulos potencialmente perigosos (LeDoux, 2000).
Figura 3. Desenho experimental utilizado por Vuilleumier e colaboradores . Cada tela da
tarefa incluía duas faces e duas casas, arrumadas em pares verticais e horizontais. Faces
poderiam estar dispostas verticalmente e casas horizontalmente ou vice-versa, em
seqüência não-previsível. Ambas as faces apresentavam expressão neutra, ou ambas faces
amedrontadas. No início de cada uma das seqüências de testes era apresentada uma tela
com quatro retângulos que instruía os voluntários a prestar atenção e realizar um
julgamento “igual vs diferente” somente para o par vertical, ou somente para o par
horizontal.
Anderson e colaboradores (2003) também investigaram se a
automaticidade era um princípio básico dos sistemas neurais envolvidos no
processamento de estímulos de ameaça. Em seu experimento utilizando
ressonância magnética, os voluntários alternavam seu foco de atenção entre
faces (neutras ou emocionais) ou lugares, os quais eram apresentados de forma
superposta. No início de cada teste os sujeitos eram orientados para a tarefa que
deveriam desempenhar: julgamento de gênero da face ou julgamento do lugar
(ambiente interno, fechado ou externo, aberto). Desta forma, ora a face ora o
lugar estava sob o foco de atenção dos voluntários. Os resultados mostraram que
a ativação da amígdala para faces com expressão de medo não foi reduzida
mesmo quando estas não estavam sob o foco da atenção.
Embora tais evidências reforcem a hipótese de que o processamento de
estímulos emocionais possa se constituir em uma exceção, não necessitando da
alocação voluntária da atenção, trabalhos têm questionado tal abordagem e
sugerido que o processamento neural dos mesmos requeira algum grau de
atenção. Pessoa e colaboradores (Pessoa et al., 2002a, b; Pessoa, 2005; Pessoa
et al., 2005) testaram a possibilidade de que, à semelhança de estímulos de
outras categorias, estímulos emocionais não sejam imunes à modulação pela
atenção. O estudo utilizando ressonância magnética funcional (Pessoa et al,
2002b) comparou a diferença da ativação neural entre faces neutras, alegres e
com expressão de medo, e verificou como estas respostas eram moduladas pela
atenção. Os voluntários fixavam seus olhos em faces que apareciam centralmente
durante todo o experimento, as quais poderiam ser atendidas ou não. No bloco de
“faces atendidas”, os voluntários deveriam julgar o gênero das faces
apresentadas, enquanto que no bloco de “faces não- atendidas” deveriam julgar a
orientação de barras (igual/diferente) que apareciam perifericamente. Os
resultados mostraram que a maior ativação para faces emocionais na amígdala
esquerda foi observada na condição em que estas eram atendidas. Na
condição de “faces não-atendidas” a resposta para todas as faces era
equivalente, indicando que a ativação da amígdala para estímulos emocionais
não seja automática, mas requeira algum grau de atenção. Esses resultados
estão de acordo com a teoria de que quando uma tarefa-alvo esgota recursos de
processamento, os estímulos irrelevantes à mesma não são processados (Lavie &
Tsal, 1994; Lavie, 1995; Lavie et al., 2003; Lavie, 2005). Assim, a falha em
observar a modulação atencional nas respostas da amígdala (e.g. Vuilleumier et
al., 2001) pode ser atribuída ao fato da tarefa relevante não possuir uma demanda
de atenção alta o suficiente para exaurir recursos.
Utilizando a técnica do potencial evocado, Holmes e colaboradores (2003)
também investigaram se o processamento de faces com expressões emocionais
poderia ser modulado pela atenção espacial. A atividade neural era registrada em
resposta à visualização de um par de casas e um par de faces apresentados
simultaneamente. A cada teste os voluntários ajustavam seu foco de atenção
espacial para as casas ou faces, a fim de que pudessem fazer um julgamento de
igual/ diferente para o par selecionado. Os resultados mostraram que quando as
faces eram o alvo da atenção, havia uma maior resposta neural em regiões
frontais, caso apresentassem expressão de medo em comparação à expressão
neutra. Tal efeito foi completamente eliminado quando as faces não estavam sob
o foco da atenção. Embora seja amplamente discutido o papel da amígdala na
detecção automática de estímulos emocionais, os achados deste experimento
sugerem um papel crítico da atenção espacial na análise subseqüente de
expressões faciais emocionais.
Portanto, embora várias evidências sugiram que estímulos emocionais
tenham a capacidade de sistematicamente capturar a atenção, os resultados
acima descritos estão de acordo com a hipótese de que o processamento dos
mesmos seja modulado pela atenção. Pessoa & colaboradores têm investigado
extensivamente esta questão (Pessoa, 2005; Pessoa et al., 2005). Uma possível
explicação para a divergência encontrada na literatura sobre este assunto pode
ser decorrente das diferenças entre os paradigmas experimentais utilizados
nestes trabalhos. Esta questão é particularmente relevante porque os trabalhos
de Lavie e colaboradores (Lavie & Tsal, 1994; Lavie, 1995; Lavie et al., 2003)
indicam que a demanda imposta pela tarefa-alvo pode determinar o quanto o
distrator será processado. Portanto, é necessário testar se os estímulos
emocionais são capazes de atrair automaticamente a atenção através de
paradigmas que, de fato, reduzam os recursos de processamento cerebral para
estes estímulos.
1.3.2. Interação cognição-emoção: efeitos do álcool
É sabido que a intoxicação por etanol resulta em diversas alterações no
processamento cognitivo, sendo freqüentemente atribuído ao seu consumo uma
diminuição da capacidade de atenção ou de recursos cerebrais de processamento
(e.g. Steele & Josephs, 1990; Barthlow et al., 2003; Marczinski & Fillmore, 2003).
Assim, dada a sua relevância no cenário social atual, a intoxicação aguda por
etanol pode se constituir numa ferramenta experimental interessante para reduzir
recursos de processamento. Além disso, sob os efeitos do etanol os recursos
atencionais são alocados, em grande parte, na tarefa-alvo, com conseqüente
redução dos mesmos para o processamento de distrativos (Steele & Josephs,
1990; Josephs & Steele, 1990). Portanto, a intoxicação aguda por etanol
representa uma abordagem experimental interessante para testar a capacidade
automática dos estímulos emocionais de capturar a atenção.
Existe uma vasta literatura relatando diversos efeitos da intoxicação por
etanol sobre o desempenho cognitivo, psicomotor e comportamental (Post et al.,
1996; Fillmore et al., 1998; Moser et al., 1998; Fillmore et al., 2000; Post et al.,
2000). Os efeitos do álcool sobre as emoções e o comportamento social são
amplamente discutidos, e a idéia bastante difundida de que o álcool seja capaz de
reduzir a ansiedade ou atenuar reações de medo tem encontrado bases
inconsistentes, e mesmo divergentes (Philippot et al., 1999; Farquhar et al., 2002).
Dada a inconsistência dos achados, tais efeitos começaram a ser interpretados
como pistas de que a intoxicação por etanol não reduza a resposta emocional
invariavelmente, mas que seja mediada por mecanismos mais complexos (e.g.
Sayette, 1993; Steele & Josephs, 1990; Lyvers, 2000).
Os efeitos do álcool sobre as reações de medo foram testados por Curtin e
colaboradores (1998), que utilizaram a potencialização do reflexo de piscar como
indicador de um estado emocional negativo. Os resultados mostraram que
embora a magnitude do reflexo de piscar tenha diminuído sob os efeitos do álcool,
a potencialização do reflexo em blocos de ameaça se manteve robusta. Os
indivíduos intoxicados apresentaram uma atenuação da resposta ao medo
(verificada pela diminuição da magnitude do reflexo de piscar) quando estavam
engajados na visualização de uma figura agradável, capaz de capturar atenção e
dividir recursos de processamento com o evento ameaçador. Os achados de
Curtin e colaboradores (1998) estão de acordo com os resultados obtidos por
Stritzke e colaboradores (1995), ao demonstrarem que embora os sujeitos
intoxicados apresentassem uma diminuição geral da reatividade, a
potencialização do reflexo de piscar promovida pela visualização de figuras
desagradáveis era preservada. No experimento de Stritzke e colaboradores
(1995), respostas psicofisiológicas eram registradas enquanto os voluntários
visualizavam figuras que variavam tanto no seu nível de ativação quanto na
valência emocional. Os resultados mostraram que embora o álcool tenha
promovido uma diminuição generalizada nas respostas autonômicas, a
modulação emocional do reflexo de piscar não foi alterada.
Tais achados embasam o questionamento de que o álcool diminua
diretamente as respostas a estímulos emocionais. Uma explicação alternativa foi
desenvolvida por Steele & Josephs (1988), que propuseram um modelo de
alocação da atenção para explicar de que forma o álcool altera as respostas
emocionais. A teoria foi desenvolvida com base em evidências de que a redução
da ansiedade promovida pelo consumo de álcool seja indireta e mediada pela
alocação da atenção. Segundo esses autores, a redução da capacidade de
atenção promovida pelo álcool seria observada somente se aliada ao
processamento de uma tarefa distrativa, que deslocaria o foco de atenção do
sujeito do evento considerado estressante, tendo como conseqüência a
diminuição da ansiedade. Assim, sob os efeitos do álcool, a capacidade de
processamento é reduzida e direcionada para os eventos mais imediatos e
relevantes, criando um estado definido como “miopia alcoólica” (“alcohol myopia,
a state of shortsightedness in which we process fewer cues less well”; Steele &
Josephs, 1988; Josephs & Steele, 1990). A teoria propõe fundamentalmente que
a influência do etanol sobre as respostas emocionais seja mediada por seus
efeitos em níveis superiores de processamento cognitivo.
Uma analogia pode ser feita entre o modelo de alocação da atenção
proposto por Steele & Josephs (1988) para explicar os efeitos do álcool sobre
respostas emocionais, e a teoria desenvolvida por Lavie e colaboradores (Lavie &
Tsal, 1994; Lavie,1995), que enfatiza o papel da demanda de processamento
como uma condição necessária para a atenção seletiva. Em ambos os casos, a
diminuição de recursos cerebrais, seja esta imposta pela demanda da tarefa-alvo
ou pelo uso do etanol, resulta em uma diminuição do processamento de eventos
secundários ou distrativos que estejam fora do foco da atenção.
Em seu experimento, Josephs & Steele (1990) demonstraram o efeito
ansiolítico produzido pelo consumo agudo de etanol apenas quando aliado à
realização de uma tarefa distrativa. Inicialmente, um estado de ansiedade era
induzido nos voluntários através da informação de que os mesmos deveriam
elaborar um discurso em um período máximo de quinze minutos a ser
apresentado oralmente. O grau de ansiedade dos voluntários era verificado
periodicamente por meio de um questionário de auto-avaliação. Durante o período
de espera pela ocorrência do evento estressante (apresentação do discurso), um
grupo de sujeitos realizava uma tarefa de classificação de diapositivos (tarefa
distrativa), enquanto o outro não realizava nenhuma atividade. Além disso,
metade dos sujeitos em cada grupo foi submetido ao consumo de etanol. A
hipótese era de que, além de tornar a tarefa mais difícil, o consumo do álcool faria
com que os sujeitos devotassem toda a sua atenção para a tarefa distrativa
(responder a perguntas sobre diapositivos artísticos, e.g. “O que você acha das
cores utilizadas pelo artista nesta pintura?”). À medida que esta se tornasse mais
complexa, passaria a demandar um processamento mais controlado e mais
recursos de atenção, resultando em menor disponibilidade de recursos para o
processamento do evento estressante iminente (apresentação do discurso). Os
resultados mostraram que uma tarefa que apresentava um grau de dificuldade
média para indivíduos sóbrios, pôde limitar a capacidade de processamento dos
sujeitos quando realizada sob os efeitos do álcool. Tal limitação de recursos pôde
ser observada pela diminuição nos níveis de ansiedade nos sujeitos intoxicados
em comparação aos sujeitos sóbrios. Os efeitos do álcool sobre a redução da
ansiedade se deveram, então, à capacidade do mesmo em aumentar as
demandas de atenção da tarefa distrativa. Neste caso, os recursos cerebrais de
processamento foram menos direcionados ao evento estressante, uma vez que
foram, em grande parte, consumidos pela tarefa distrativa.
Ao investigarem de que forma a interação cognição-emoção pode alterar o
comportamento, Curtin e colaboradores (2001) mostraram que a redução da
capacidade de atenção durante a intoxicação por etanol foi capaz de atenuar a
resposta de medo. O estudo utilizando condicionamento mostrou que o álcool
diminui a reação de medo (avaliada através do reflexo de piscar potencializado
pelo medo) somente em uma condição de atenção dividida, onde o
processamento de estímulos de ameaça era dividido com o de uma tarefa visuo-
motora relevante. A mudança do comportamento emocional promovida pela
intoxicação aguda pelo etanol poderia ilustrar esse modelo de interação cognição-
emoção, onde o álcool afetaria o processamento emocional através de seus
efeitos no processamento cognitivo, e não através de efeitos subcorticais diretos.
Outro exemplo dos efeitos do etanol sobre a cognição inclui a observação
de que este aumenta o comportamento perseverativo inapropriado somente em
condições de alta demanda cognitiva (Casbon et al., 2003). Também foi
demonstrada através de eletrofisiologia uma diminuição do processamento de
distrativos em uma tarefa de atenção auditiva sob a influência do etanol,
(Jääskeläinen et al., 1999), reforçando a hipótese da alocação de atenção como
mediadora de seus efeitos. Em conjunto, estes trabalhos indicam que a
capacidade do álcool em diminuir o conteúdo emocional de um evento, depende
da alocação da atenção em uma tarefa concorrente com conseqüente diminuição
do processamento do estímulo estressante. Portanto, é possível que o álcool
exerça seus efeitos por diminuir a capacidade de atenção e não por atuar em
circuitos emocionais propriamente ditos.
1.3.3. Etanol: Aspectos Farmacológicos
Os efeitos farmacológicos produzidos pelo consumo do etanol parecem
resultar de suas interações com vários sistemas de neurotransmissores, incluindo
dopamina, serotonina, GABA, glutamato e opióides endógenos (e.g. Eckardt et
al., 1998; Kostowski & Biénkowski, 1999; Wang et al., 2000). Os efeitos
depressores do etanol, por exemplo, tem sido relacionados à suas interações com
receptores do ácido gama-aminobutírico, promovendo uma facilitação da
transmissão GABAérgica, e ao mesmo tempo inibindo a ação do glutamato, um
dos principais neurotransmissores excitatórios, nos receptores N-metil-D-
aspartato (NMDA). As conseqüências comportamentais das interações
neuroquímicas do etanol no sistema nervoso relacionam-se tanto à dose
administrada quanto à fase (ascendente ou descendente) da curva alcoólica
considerada (Wang et al., 2000).
A farmacocinética do etanol determina o curso temporal de sua
concentração sanguínea, de modo que as etapas de absorção, distribuição e
eliminação devem ser consideradas fundamentais na determinação das
alterações farmacodinâmicas decorrentes da exposição ao álcool (Finnigan et al.,
1998; Ramchandani et al., 2001). Após a ingestão oral, o álcool é rapidamente
absorvido pelo trato gastrintestinal (Kalant, 2000). Quando ingerido em jejum, sua
absorção ocorre principalmente no duodeno e jejuno. Entretanto, quando
consumido juntamente com alimentos, quantidades significativas são absorvidas
pelo estômago em função do retardo do esvaziamento gástrico, aumentando o
metabolismo de primeira passagem por enzimas gástricas (Eckardt et al., 1998).
A velocidade de absorção do álcool relaciona-se à concentração alcoólica da
bebida; ao tempo de ingestão da mesma; à ingestão simultânea de alimentos; e a
fatores ambientais e genéticos (Gentry, 2000; Kalant, 2000; Lieber, 2000; Mezey,
2000; Roine, 2000; Thomasson, 2000).
A distribuição corporal do etanol, uma pequena molécula (C2H5OH) tanto
lipossolúvel quanto hidrossolúvel, se através do compartimento aquoso (Lieber
& Abittan, 1999). Embora o percentual de água corporal seja relativamente
constante, representando cerca de 72,5 % da massa magra, algumas variáveis
como idade; sexo; período do ciclo menstrual e percentual de gordura corporal
podem interferir nos níveis de álcool sanguíneo alcançados (Eckardt et al., 1998;
David, 2003; Mocaiber, 2003).
A eliminação do etanol através dos rins e pulmões corresponde de 2 a 10%
da quantidade absorvida, sendo o restante eliminado através de vias metabólicas
hepáticas (Lieber & Abittan, 1999). Existem dois principais sistemas enzimáticos
envolvidos no metabolismo do etanol: álcool desidrogenase (ADH) e sistema de
oxidação microssomal do etanol (MEOS). O sistema álcool desidrogenase (ADH)
representa a principal via de oxidação do etanol, convertendo-o a acetaldeído,
seu principal metabólito ativo. Este, por sua vez, é convertido a acetato pela
enzima aldeído desidrogenase (ALDH), sendo então oxidado através do ciclo de
Krebs, gerando 7,0 kcal/g. O sistema de oxidação microssomal do etanol também
contribui para o seu metabolismo e a atividade da principal enzima do sistema
(citocromo P450) é induzida pelo consumo crônico do etanol (Lieber & Abittan,
1999).
Estudos têm mostrado que a expressão da enzima álcool
desidrogenase no cérebro, e conseqüentemente, a formação de acetaldeído, o
qual pode ter tanto efeitos estimulantes quanto sedativos no sistema nervoso
central (Hunt, 1996; Ramchandani et al., 2001).
1.3.4. Objetivos do Experimento I
Dadas as evidências da literatura, o Experimento I deste trabalho tem como
objetivo geral a investigação da capacidade de interferência de figuras emocionais
sobre a realização de uma tarefa quando submetidos à intoxicação aguda por
etanol. A abordagem para tal é a utilização de um paradigma onde figuras
emocionais distrativas aparecem enquanto os voluntários realizam uma tarefa-
alvo de discriminação entre duas barras.
1.4. EXPERIMENTO II
1.4.1. Regulação das Emoções
A regulação das emoções inclui todas as estratégias conscientes e
inconscientes para manter, aumentar, ou diminuir um ou mais componentes da
resposta emocional. Estes componentes são os sentimentos, comportamentos e
respostas fisiológicas que constroem as emoções (Gross, 1998; Gross, 2002;
John & Gross, 2004; Ochsner & Gross, 2005). Um exemplo descrito por Gross
(2002) para a compreensão deste conceito, aponta uma situação na qual o
indivíduo não pode apresentar as reações emocionais que gostaria. Imagine que
um indivíduo ganhou um presente de aniversário de uma pessoa muito querida.
Ao abrir o presente, ao contrário da sua expectativa, o individuo encontra um
objeto horrível que o desagradou muito. O que ele faz? Expressa livremente suas
emoções? Provavelmente não. Ao contrário, ele regula” suas respostas
emocionais e apresenta a resposta que imagina como mais apropriada. Este é
apenas um exemplo, mas realizamos várias estratégias diferentes de regulação
durante nossa vida inteira.
Assim, a regulação das emoções pode ser entendida como o processo pelo
qual os indivíduos influenciam suas emoções, decidindo quando tê-las, como
experimentá-las e como expressá-las (Gross, 1998). Ou ainda, pode ser definida
como processos intrínsecos e extrínsecos responsáveis por monitorizar, avaliar e
modificar as reações emocionais (Gross, 2002).
Adicionalmente, além de os indivíduos freqüentemente tentarem diminuir
as emoções negativas, eles também diminuem, aumentam ou mantêm as
emoções positivas. Esta habilidade de regular emoções é crucial para a
inteligência emocional, a qual tem um papel importante no desenvolvimento de
relações sociais. Pode-se dizer que a regulação das emoções representa uma
habilidade fundamental para a interação social, que influencia diretamente o
comportamento e a expressão emocional (Lopes et al., 2005).
Foi desenvolvido, então, um modelo para explicar o processo de geração
da emoção e os mecanismos de regulação subjacentes (Gross, 1998; Gross,
2002). As emoções teriam início com a avaliação de pistas emocionais de origem
interna ou externa. Quando avaliadas, as pistas emocionais disparariam um
conjunto de tendências a respostas que envolveriam sistemas fisiológicos,
comportamentais e de respostas subjetivas. Uma vez que essas tendências a
respostas fossem iniciadas, elas poderiam ser moduladas de várias maneiras.
Essa modulação é que daria a forma final à resposta emocional manifestada.
que as emoções são disparadas a todo o momento, as estratégias de regulação
da emoção poderiam ser distinguidas em termos de quando elas surgiriam
durante os processos de geração da emoção (Gross, 2002). No modelo de Gross
(1998), essa modulação se daria de duas formas: antecedente ou focada na
resposta (Figura 4).
A “regulação antecedente” consistiria na modificação na maneira pela qual
a interpretação é construída para diminuir o impacto emocional de uma situação
ou nas atitudes que o indivíduo poderia tomar antes que as tendências às
respostas emocionais se tornassem ativas, mudando seu comportamento e suas
respostas fisiológicas (Gross, 2002). Isso significaria que a regulação poderia
alterar a subseqüente trajetória da emoção. Na regulação antecipatória da
emoção, várias estratégias são possíveis para evitar que determinadas emoções
de fato aconteçam, como: (a) seleção da situação, (b) modificação da situação,
(c) alocação da atenção e (d) modificação cognitiva. Na regulação focalizada na
resposta ocorre a (e) modulação das respostas emocionais (comportamentais e
fisiológicas), após as tendências de resposta às emoções já terem se instalado.
As estratégias de regulação que têm início em fases mais precoces do
processo de geração da emoção produzem resultados diferentes das que têm
uma atuação mais tardia. Assim, os mecanismos comportamentais (e.g. suprimir
a expressão de um comportamento) e cognitivos (atender ou interpretar situações
emocionalmente evocativas de forma que limite a resposta emocional) de
regulação da emoção têm repercussões diferentes (Ochsner & Gross, 2001). A
regulação comportamental de emoções negativas (supressão) pode limitar a ação
expressa, mas não consegue diminuir a experiência desagradável, além de
aumentar a ativação do sistema nervoso simpático. Em contraste, a regulação
cognitiva (reavaliação) neutraliza a experiência negativa, podendo diminuir o
alerta fisiológico (Ochsner & Gross, 2001).
Figura 4. Modelo das duas grandes classes de regulação da emoção.
1.4.2. A regulação da emoção é independente do processo de geração da
emoção?
Lewis & Stieben (2004) questionaram se a regulação da emoção deveria
ser identificada como algo independente, ou seja, como um processo distinto da
ativação emocional. Nesse caso, se a regulação emocional pudesse ser
identificada e medida independentemente da emoção propriamente dita, essa
distinção também deveria ser observada no cérebro.
Cole e colaboradores (2004) definiram a regulação da emoção como
modificações associadas a emoções ativadas. Essas mudanças são definidas
como um segundo estágio de atividade, que se segue ao estágio inicial de
ativação emocional. De uma perspectiva neural, não parece fácil estabelecer
quando um estágio termina e quando o outro começa. Isso não se deve somente
ao fato de o cérebro ativo estar em constante fluxo, mas também porque a
regulação é intrínseca a toda atividade neural relacionada à emoção ou
motivação.
Alguns neurocientistas definem a emoção como o recrutamento recíproco
de subsistemas inferiores e superiores ao longo da hierarquia neural,
acompanhado por mudanças endócrinas e musculares em um rápido processo de
auto-organização (Panksepp, 2003). Assim, o problema de definir a regulação da
emoção como um processo independente é que a sincronização dos subsistemas
subjacentes à emoção inclui a regulação de cada sistema pelos outros. O tronco
encefálico e o hipotálamo regulam o rtex, o sistema límbico regula a atividade
do tronco encefálico e o córtex pré-frontal regula todos os outros sistemas. Esses
processos regulatórios não ocorrem em estágios temporais distintos. Eles
desenvolvem-se paralelamente à medida que a atenção, percepção e emoção se
tornam espontaneamente coordenados. Portanto, de uma perspectiva neural, os
processos regulatórios são intrínsecos à cascata de modificações neurais
subjacentes à emoção, de forma que a regulação da emoção pode ser vista como
um processo intrínseco na geração da emoção (Lewis & Stieben, 2004).
Tendo em vista as diversas estratégias e mecanismos acionados para
modular ou regular a experiência emocional, diversos estudos têm sido
desenvolvidos. A pesquisa recente em regulação das emoções utilizando as
estratégias descritas acima associadas às técnicas de neuroimagem funcional
têm permitido que os correlatos neurais desse mecanismo sejam identificados.
1.4.3. Regulação emocional focalizada na resposta
Gross (2001) propõe que no caso da regulação da emoção focalizada na
resposta, a emoção foi instalada e o que fazemos é inibir as respostas
emocionais de maneira que as outras pessoas não percebam o que estamos
sentindo. É importante ressaltar que todas estas estratégias podem ser feitas
automaticamente, sem que se perceba conscientemente o que está acontecendo.
Na regulação da emoção focada na resposta, a inibição aconteceria sobre os
sinais de saída das emoções, de modo que o indivíduo não expressasse o que
está sentindo. A esse modo de regulação dá-se o nome de supressão (Gross &
Levenson, 1993; Gross, 2001).
Gross e Levenson (1993) publicaram um trabalho que abordou
especificamente a regulação emocional através da supressão das respostas
fisiológicas, comportamentais e subjetivas associadas. A tarefa a ser realizada
pelos sujeitos era assistir a um filme indutor de nojo de forma passiva (condição
sem supressão) ou de forma que um outro observador não percebesse qualquer
sentimento que ele viesse a ter (condição supressão). A supressão emocional
levou a uma diminuição na expressão comportamental da emoção e produziu um
estado fisiológico caracterizado por diminuição da atividade somática e aumento
da freqüência cardíaca, com indicativos de um aumento na atividade do sistema
nervoso simpático.
Em 1997, Gross & Levenson investigaram quais seriam os efeitos agudos
da inibição de emoções positivas e negativas. Os voluntários assistiam a filmes
cujos conteúdos eram neutros, tristes ou divertidos sob duas condições:
supressão emocional (onde o comportamento expresso deveria ser inibido) e sem
supressão (onde os voluntários simplesmente assistiam aos filmes). Observou-se
uma diminuição dos relatos de bem-estar acompanhada de um aumento da
ativação simpática na condição supressão durante a visualização do filme triste.
Lévesque e colaboradores (2003), por exemplo, realizaram um estudo cujo
objetivo era identificar o circuito neural associado a supressão voluntária da
tristeza através de uma estratégia de reavaliação. Os voluntários visualizavam um
filme evocativo de tristeza e recebiam então duas instruções. Na condição
“tristeza” os sujeitos eram orientados a reagir normalmente ao filme, enquanto
que na condição “supressão” recebiam a instrução de suprimir voluntariamente
qualquer reação emocional em resposta ao filme. Observou-se uma ativação
significativa no córtex pré-frontal dorsolateral e órbito-frontal direitos quando os
voluntários suprimiam a emoção negativa. Correlações positivas foram
encontradas entre os auto-relatos de tristeza e a ativação cerebral nas áreas do
córtex órbito-frontal e pré-frontal dorsolateral direitos.
As conseqüências sociais da supressão da emoção foram investigadas por
Butler e colaboradores (2003). Os autores utilizaram um paradigma experimental
onde dois indivíduos que não se conheciam eram previamente instruídos a
discutirem sobre um tópico desagradável. Um dos integrantes de cada grupo foi
instruído a: (a) suprimir seu comportamento emocional; (b) responder
naturalmente ou (c) reavaliar cognitivamente a situação de forma a reduzir a
resposta emocional. Os resultados mostraram que a estratégia de supressão
emocional promoveu um aumento da pressão arterial tanto dos supressores
quanto de seus parceiros. Também se observou uma diminuição da formação de
vínculos e relacionamentos.
1.4.4. Regulação emocional através da modificação cognitiva (reavaliação)
Em função dos prejuízos conhecidos sobre o mecanismo de supressão da
emoção (Gross & Levenson, 1993; Butler et al., 2003), os trabalhos mais recentes
têm adotado freqüentemente estratégias cognitivas para auto-regular as emoções
(modificação cognitiva / reavaliação). Esse mecanismo de auto-regulação
consciente e voluntário da emoção representa uma das mais marcantes
faculdades mentais que emergiu ao longo do curso da evolução humana. Todas
as culturas humanas desenvolveram regras para regular e expressar as emoções,
as quais podem apresentar variações entre si (Kieras et al., 2004). Essa
capacidade meta-cognitiva constitui-se em um dos pilares nos quais os sistemas
sociais humanos estão construídos.
Um trabalho relevante foi desenvolvido por Ochsner e colaboradores
(2004). Voluntários normais recebiam a instrução de que visualizariam fotos com
conteúdo desagradável. Deveriam, então, regular suas emoções ora aumentando
ora diminuindo o impacto emocional que as figuras poderiam provocar. Desta
forma, eles deveriam focalizar ”internamente” ou “externamente” a relevância das
cenas aversivas para aumentar ou diminuir, respectivamente, a emoção negativa.
Os resultados mostraram que tanto as situações de aumento quanto as de
diminuição da emoção negativa estavam associadas à ativação de áreas
relacionadas ao controle cognitivo, como regiões dos córtices pré-frontais e do
cingulado anterior. Especificamente, a situação de aumento da emoção negativa
esteve associada ao recrutamento de regiões do córtex pré-frontal rostro-medial
esquerdo, enquanto que na situação de diminuição da emoção, houve
recrutamento dos córtices pré-frontal lateral e orbital direitos. Interessantemente,
o córtex pré-frontal esteve mais ativo durante as estratégias de regulação da
emoção em que os sujeitos tentavam diminuir o impacto emocional das figuras e
a amígdala apresentou uma diminuição de sua atividade nesta situação. Estes
resultados sugerem que o córtex pré-frontal poderia estar modulando a atividade
da amígdala, uma estrutura-chave para desencadear as respostas emocionais.
Esta hipótese está de acordo com os trabalhos em animais e humanos (Morgan
et al., 1993; Morgan & LeDoux, 1999) que mostram que o córtex pré-frontal é
importante para a extinção do medo condicionado, ou seja, é possível que o
córtex pré-frontal exerça uma inibição importante sobre a amígdala para controlar
as respostas emocionais.
Uma vez que o córtex pré-frontal parece ser fundamental para as
estratégias de regulação da emoção, poderíamos imaginar que os pacientes com
lesão nesta estrutura tenham dificuldade em adequar suas respostas emocionais
ao contexto adequado. Na verdade, esta é uma descrição comum feita por
pessoas que convivem com estes pacientes. De acordo com a proposta de
Damásio e seu grupo, estes pacientes não conseguem antecipar as
conseqüências emocionais de seus atos (Eslinger et al., 1992). É, portanto,
previsível que tampouco consigam elaborar estratégias de regulação da emoção
que permitam que seu comportamento seja pertinente à determinada situação
explicando a inadequação social destes pacientes. Portanto, é possível supor que
vários distúrbios psiquiátricos mentais possam estar relacionadas com uma
disfunção no córtex pré-frontal e sua capacidade de modular a atividade de
estruturas sub-corticais tais como a amígdala.
Também com o objetivo de identificar os substratos neurais envolvidos na
regulação voluntária da emoção, Phan e colaboradores (2005) realizaram um
estudo utilizando ressonância magnética funcional. Os voluntários visualizavam
figuras emocionais altamente ativadoras e aversivas e recebiam duas instruções.
Em uma condição, deveriam apenas observar as figuras e na outra deveriam
alterar o afeto negativo por elas induzido através de uma estratégia de
reavaliação. Adicionalmente, os voluntários tinham os níveis subjetivos do seu
afeto negativo mensurados, sendo estes posteriormente correlacionados com a
atividade cerebral. Os resultados mostraram que a inibição do afeto negativo
esteve associada com a ativação dos córtices cingulado anterior, pré-frontal
dorso-medial e pré-frontal lateral e com a atenuação da atividade cerebral nas
regiões límbicas (núcleo acumbens e amígdala estendida). Além disso, o grau de
ativação no córtex cingulado anterior se correlacionou inversamente com a
intensidade do afeto negativo vivenciado pelos voluntários. a ativação da
amígdala se correlacionou positivamente com o afeto negativo. Esses resultados
apontam para uma dissociação das respostas cerebrais cortico-límbicas,
envolvendo aumento da ativação do córtex pré-frontal e atenuação de áreas
límbicas, durante a supressão voluntária do afeto negativo.
Ray e colaboradores (2005) realizaram um estudo cujo objetivo era
investigar se os padrões de ativação cerebral durante a estratégia de reavaliação
variavam em função das diferenças individuais no traço de ruminação, o qual se
refere à tendência de focalização nos aspectos negativos de si mesmo ou em
interpretações negativas da própria vida. Os autores investigaram a relação entre
ruminação e reavaliação em quatro condições que envolviam o uso da
reavaliação para aumentar ou diminuir o afeto negativo. Havia também uma
condição basal em que os voluntários visualizavam imagens sem a instrução de
reavaliação. Nas duas primeiras condições, os participantes eram instruídos a
aumentarem cognitivamente as suas respostas afetivas para figuras emocionais
neutras ou negativas. Na terceira condição, os participantes deveriam responder
naturalmente à visualização das figuras e na quarta, deveriam utilizar a
reavaliação para diminuir as respostas afetivas para imagens negativas. Os
resultados mostraram que as diferenças individuais na ruminação se
correlacionaram com aumento na atividade da amígdala quando os participantes
aumentavam cognitivamente o afeto negativo. Também houve diminuição na
atividade de regiões pré-frontais quando os sujeitos com maior pontuação no
traço de ruminação eram instruídos a diminuir cognitivamente o afeto negativo.
Desta forma, a propensão à ruminação foi interpretada como uma alteração no
recrutamento de mecanismos que potencializam o afeto negativo. Esses achados
colaboram com o esclarecimento das relações entre ruminação e processos de
regulação da emoção, tendo importantes implicações para transtornos de humor e
ansiedade.
1.4.5. Regulação emocional através da alocação da atenção
O controle da atenção, por sua vez, é um mecanismo que pressupõe que o
fato de prestar menos atenção aos estímulos emocionais ou às suas
características específicas modula o processamento nos sistemas de avaliação
emocional, envolvendo estruturas como a amígdala (Anderson et al., 2003;
Pessoa et al., 2002b; Pessoa et al., 2005).
É importante situar que o estudo do controle cognitivo da emoção encontra
seus antecedentes históricos na psicologia (Ochsner & Gross, 2005). Os
trabalhos da década de 60 estavam centrados no estudo de situações que
levavam ao consumo dos recursos de processamento de um indivíduo, e levaram
à produção de um trabalho clássico envolvendo alterações cognitivas pela
estratégia de reavaliação (Lazarus & Alfert, 1964).
Recentemente, Hutcherson e colaboradores (2005) realizaram um
experimento cujo objetivo foi investigar se o fato de ter que classificar a
experiência emocional (realização de uma tarefa) alteraria a própria experiência
emocional vivenciada. Os voluntários visualizavam filmes evocativos de emoções
como tristeza e felicidade passivamente, ou então realizavam uma classificação
das experiências emocionais que estavam vivenciando. A classificação subjetiva
das respostas emocionais não diminuiu o nível auto-relatado da experiência
vivenciada nem a ativação neural nas regiões relacionadas à visualização passiva
dos filmes. Entretanto, o fato de realizar uma atividade de classificação aumentou
o grau de ativação em regiões como o cingulado anterior e a ínsula. Esse
experimento mostrou que em alguns contextos, a manipulação da atenção para a
emoção não alterou nem a resposta comportamental nem a neural aos estímulos
emocionais.
Outros pesquisadores manipularam a quantidade de atenção dispensada
para estímulos emocionais pedindo aos participantes que julgassem as
características emocionais ou perceptuais dos estímulos. O estudo mostrou uma
diminuição na atividade da amígdala quando os participantes prestavam atenção
e avaliavam características emocionais de cenas aversivas em comparação à sua
visualização passiva (Taylor et al., 2003). Por outro lado, alguns trabalhos
mostraram que a atividade da amígdala não varia em função do grau de atenção
alocado no processamento das características emocionais dos estímulos (e.g.
Vuilleumier, 2001; Anderson et al., 2003).
As razões para tais discrepâncias ainda não estão claras, mas uma
possibilidade é de que certas tarefas possuam uma maior carga de atenção, que
limita mais fortemente o processamento de entradas perceptuais e como uma
conseqüência, também limita as respostas da amígdala.
1.4.6. Regulação das emoções: diferenças individuais
A forma como os indivíduos regulam suas emoções afeta seus
relacionamentos e bem-estar. Os indivíduos diferem em sua habilidade de regular
emoções, onde alguns escolhem estratégias mais bem-sucedidas que outros.
Assim, um fator importante deve ser considerado quando a regulação da emoção
é o tema em questão: as diferenças individuais. Trabalhos têm mostrado que
diferenças entre indivíduos em dimensões como traço e estado afetivo (Oliveira et
al., 2003), níveis de ansiedade (Mauss et al., 2003), e perfil de assimetria de
ativação hemisférica (Jackson et al., 2003) parecem influenciar sua capacidade
de regular as emoções. Trabalhos de nosso grupo têm evidenciado a importância
das diferenças individuais para a variabilidade de respostas emocionais (Oliveira
et al., 2003; Souza, 2005). Oliveira (2004) realizou um estudo onde foi
evidenciado que as respostas de sudorese à figuras desagradáveis poderiam ser
atenuadas através da manipulação do contexto no qual elas eram apresentadas.
Os voluntários eram expostos à visualização de um bloco de fotos de corpos
mutilados e um de fotos neutras de utensílios domésticos. Esta visualização
ocorria em um contexto neutro ou em um contexto atenuado, onde o conteúdo
emocional da figura desagradável era atenuado. Os resultados mostraram que no
contexto atenuado, somente os voluntários que pontuaram acima da média na
escala de afeto positivo exibiram uma redução da resposta de sudorese no bloco
desagradável. Esse trabalho exemplifica a importância da variabilidade individual
para o repertório de respostas emocionais.
As diferenças individuais típicas levam a questionamentos sobre a
regulação da emoção, no que se refere à sua estrutura, organização e substratos
neurais. Trabalhos recentes têm sugerido que essas diferenças individuais
interajam fortemente com o contexto em questão, de forma a modificar o
comportamento afetivo (Goldsmith & Davidson, 2004).
Jackson e colaboradores (2003) avaliaram a relação entre as diferenças
individuais na assimetria basal da ativação pré-frontal e uma medida objetiva do
grau de regulação emocional. Em seu experimento, os voluntários visualizavam
estímulos visuais neutros ou emocionais, sendo medido o reflexo de piscar dos
olhos a um estímulo sonoro intenso. Os estímulos sonoros padrão utilizados para
provocar o reflexo eram aplicados após o apagar das fotografias com o intuito de
medir a persistência ou atenuação do afeto induzido pelas mesmas. Os
resultados mostraram que os sujeitos com maior atividade basal frontal esquerda
(medida pelo EEG) apresentavam uma atenuação na magnitude do reflexo de
piscar após o apagar de um estímulo emocional negativo em relação àqueles com
maior atividade à direita. Essa relação entre o grau de ativação frontal basal e a
recuperação seguindo um evento aversivo apóia a idéia de um mecanismo de
regulação da emoção automático mediado frontalmente modulado pelas
diferenças individuais.
Mauss e colaboradores (2003) realizaram um experimento que mostrou
que o traço de ansiedade influenciou a reatividade de indivíduos mediante o
estresse induzido pela elaboração e apresentação de um discurso. Durante o
experimento, os voluntários recebiam a instrução de que deveriam elaborar e
posteriormente apresentar um discurso. As medidas fisiológicas (cardiovascular,
eletrodérmica e respiratória) eram coletadas nas três fases do experimento: basal,
durante a apresentação do discurso e durante a fase de recuperação. Os
resultados mostraram que o grupo de voluntários com alto traço de ansiedade
social relatavam maior grau de ansiedade e tinham um tempo de recuperação das
respostas fisiológicas mais longo em comparação ao grupo com baixo traço de
ansiedade social. Entretanto, a reatividade fisiológica não diferiu entre os grupos.
Esse trabalho enfatiza o papel dos mecanismos cognitivos na modulação do
mecanismo de recuperação de um evento estressante.
Lopes e colaboradores (2005) publicaram os resultados de um estudo cujo
objetivo foi investigar se a capacidade de regulação da emoção tinha associação
com a qualidade das relações sociais de estudantes universitários. As habilidades
de regular as emoções, medidas em um teste de inteligência emocional,
estiveram relacionadas a alguns indicadores de qualidade de interações sociais
entre amigos. Especificamente, este estudo mostrou que a habilidade de regular
as emoções em uma amostra de 76 estudantes universitários estava associada
com os auto-relatos de tendências pró-sociais.
Desta forma, os trabalhos acima mencionados ressaltam a importância da
investigação das diferenças individuais quando se estuda a regulação das
emoções.
1.4.7. Objetivos do Experimento II
Dadas as evidências da literatura, o Experimento II tem como objetivo
investigar a capacidade de interferência de uma figura emocional sobre a
realização de uma tarefa, quando inserida em um contexto de regulação
emocional. A estratégia utilizada foi a de reavaliação cognitiva implícita, uma vez
que os voluntários não eram instruídos a voluntariamente reavaliar o impacto
emocional promovido pelas figuras. Alternativamente, eles eram induzidos a
acreditar que as figuras apresentadas não eram provenientes de situações reais,
mas sim de produção cinematográfica. Assim, acreditamos que sistemas ou
mecanismos implícitos de reavaliação que atribuem valor a um evento emocional
sejam acionados.
2. METODOLOGIA
2.1. EXPERIMENTO I
2.1.1. Sujeitos
Trinta voluntários participaram do experimento. Todos eram estudantes dos cursos
de graduação da Universidade Federal Fluminense, do sexo masculino, com idade média
de 22 anos (DP = 1,7). Os voluntários não receberam qualquer remuneração ou vantagem
em conceitos acadêmicos por sua participação. Esta participação foi livre, e o sujeito
poderia abandonar o experimento a qualquer momento, conforme constava no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 8.1) que ele assinava tão logo era apresentado
ao experimento que se dispunha a participar. Os procedimentos e protocolos experimentais
utilizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências
Médicas da UFF, parecer 06/01 de 21/02/01 e pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
do Hospital Clementino Fraga Filho.
Os sujeitos submetidos ao teste tinham um perfil previamente definido em relação à
sua ingestão alcoólica, sendo avaliados através de uma adaptação do questionário original
de Cahalan & Cisin (1968) (Anexo 8.2). Este questionário continha questões relativas ao
tipo, quantidade e à freqüência de consumo de bebidas alcoólicas. Os sujeitos eram então
classificados de acordo com as suas respostas, sendo excluídos do experimento aqueles
cuja classificação correspondesse aos graus 0 e I da escala (bebem menos de uma vez por
mês) ou ao grau IV (bebe quase todos os dias ou consome cinco ou mais doses
semanalmente).
Foram aferidas a estatura e a massa corporal dos voluntários, sendo calculado o
Índice de Massa Corporal [Índice de Massa Corporal = massa corporal (Kg)/estatura
2
(m)]
de cada sujeito. Foram dispensados os sujeitos com IMC abaixo de 18,5 kg/m
2
ou acima de
24,9 kg/m
2
, pontos de corte preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
1997 para baixo peso e sobrepeso, respectivamente (Kuczmarski & Flegal, 2000).
Todos os sujeitos eram destros, segundo uma avaliação realizada pelo Inventário de
Edinburgh (Oldfield, 1971) (Anexo 8.3), e com visão normal ou corrigida, tendo sido
realizado teste de acuidade visual. Também relatavam não apresentar quaisquer distúrbios
neurológicos e/ou psiquiátricos, assim como não fazer uso de medicação com ação sobre o
sistema nervoso.
Os sujeitos eram informados de que o objetivo do estudo era investigar a
interferência do álcool sobre a interação entre emoção e atenção na determinação
de um comportamento motor simples. Antes de iniciarem a sessão experimental,
os voluntários preenchiam um questionário denominado Self Reporting
Questionnaire (SRQ 20; Harding et al., 1980) cujo objetivo era identificar a
presença de morbidade psiquiátrica (Anexo 8.4). Tal questionário avalia sintomas
observados nos trinta dias anteriores ao teste através de 20 perguntas
respondidas com “Sim” ou “Não”. Os pontos de corte validados para a população
brasileira (Mari & Williams, 1986) são 5/6 para homens (sensibilidade de 89% e
especificidade de 81%) e 7/8 para mulheres (sensibilidade de 86% e
especificidade de 77%). Atribui-se um ponto a cada resposta “Sim”, sendo o
escore a somatória dos itens individuais; os escores até 5 para homens e até 7
para mulheres são considerados não-patológicos.
Caso algum voluntário preenchesse o critério de exclusão, este realizaria um teste
“falso”, não analisado posteriormente, com fotos de valência positiva, no qual a tarefa a ser
realizada era exatamente a mesma do teste com fotos de corpos mutilados. Nenhum
voluntário fez o teste falso.
2.1.2. Aparato
Os testes foram realizados numa sala especial, com atenuação sonora
relativa e iluminação indireta, no Departamento de Fisiologia e Farmacologia
(MFL) do Instituto Biomédico na UFF. Durante os experimentos os sujeitos
sentavam-se em frente à tela de um computador e apoiavam sua cabeça sobre
um apoiador de fronte e mento para que a distância entre o monitor do
computador e seus olhos fosse mantida constante a 57 cm. Seu antebraço era
posicionado sobre uma mesa, de modo a favorecer uma boa posição dos dedos
indicadores sobre as teclas de resposta (Figura 5). Estas teclas eram chaves
ópticas conectadas à entrada do joystick do microcomputador. Quando o
voluntário flexionava o dedo pressionando a tecla havia uma interrupção no feixe
óptico indicando a latência da resposta manual. Para gerar os experimentos com
resposta manual, os estímulos eram apresentados na tela do computador e as
respostas coletadas através de um microcomputador (IBM-PC 486 DX-2), com um
programa desenvolvido através do “software” denominado Micro Experimental
Laboratory (MEL) versão 2.0 (Psychology Software Tools Inc., Pittsburgh, USA).
Foram coletados os tempos de reação das respostas corretas, em milissegundos
(ms), assim como o número de erros, considerando separadamente erros de
tecla, respostas lentas e antecipações.
Figura 5. Voluntário realizando experimento na sala de testes.
2.1.3. Procedimentos
2.1.3.1. Teste de Tempo de Reação Manual
Inicialmente, os sujeitos eram instruídos a manterem os olhos fixos numa
cruz de fixação que aparecia no centro da tela do computador por 1500 (± 200)
ms. A seguir, aparecia por 200 ms, uma foto central (9
o
x 12
o
de tamanho)
flanqueada por duas barras periféricas (0,3° x 3,0°), 9
o
à direita e à esquerda do
centro da tela (Figura 6). A foto e as barras eram então mascaradas por um painel
tipo “tabuleiro de xadrez” com quadrados cinzas e pretos, que permanecia na tela
até execução das respostas pelos voluntários ou por até 1500 ms. Os voluntários
eram orientados a ignorar as fotos centrais (distrativas) e responder, o mais
rápido e corretamente possível, julgando a orientação relativa entre as duas
barras periféricas. Eles eram informados de que as fotos não faziam parte da
tarefa, e que o direcionamento de sua atenção às mesmas impediria a realização
da mesma com bom desempenho, devido ao curto tempo de exposição de todo o
conjunto.
Para o julgamento, eles deveriam pressionar uma de duas teclas direita
ou à esquerda) caso as barras tivessem a mesma orientação, ou a outra tecla
caso tivessem orientação diferente. A posição das teclas de resposta foi
contrabalançada entre os sujeitos, de modo que metade respondeu à orientação
igual com o indicador direito, e a outra metade com o indicador esquerdo. A
Figura 7 mostra a seqüência de eventos do paradigma experimental.
Foram utilizadas 156 fotos distrativas (78 neutras e 78 negativas),
distribuídas em três blocos de 52 fotos. Cada bloco possuía o mesmo número de
fotos neutras e negativas, com aproximadamente a mesma carga emocional (ver
Tabela 1).
A sessão de testes era iniciada com três blocos de treino (cada um com 20
testes). Durante o bloco de treino as fotos apresentadas eram objetos (utensílios
domésticos, ferramentas, móveis). Além disso, o voluntário tinha o retorno sobre
erros, respostas lentas (> 1500 ms) e antecipações (< 100 ms). O tempo de
reação da resposta correta também era projetado na tela do computador, por
1000 ms, após cada teste.
Após o treino, os voluntários eram submetidos à ingestão do etanol e 30
minutos após a mesma, eram realizados os três blocos experimentais (52 testes
cada), com duração aproximada de cinco minutos cada. A seqüência destes
blocos era contrabalançada entre os voluntários, de modo que cada voluntário
iniciava o teste por um bloco de diferente grau de dificuldade. Os três blocos
experimentais diferiam entre si pela diferença de orientação entre as duas barras,
constituindo o fator “dificuldade” de julgamento: i) “Fácil” 90° de diferença de
angulação entre as barras; ii) Médio 24
o
de diferença; e iii) Difícil 12
o
de
diferença. O objetivo desta construção era obter graus crescentes de dificuldade
que determinariam um grau também crescente de engajamento da atenção à
tarefa. A probabilidade de ocorrência de cada resposta (orientação igual ou
diferente) era a mesma, ou seja, em metade das tarefas a orientação das barras
era de fato igual e na outra metade era diferente. Além disso, dentro de cada
bloco, as fotos eram apresentadas de modo pseudo-aleatório, – após organizar as
fotos através de uma seqüência numeral aleatória gerada por computador, esta
era modificada manualmente somente nos pontos onde havia mais de três fotos
em seqüência com a mesma valência (neutras ou desagradáveis) e/ou com a
mesma resposta (posição igual ou diferente das barras periféricas). Foi utilizada a
mesma seqüência de apresentação para todos os voluntários. Nos blocos
experimentais não havia retorno sobre o desempenho dos voluntários (ver ítem
2.1.3.2).
Figura 6. Dimensões dos estímulos visuais.
2.1.3.2. Estímulos visuais
As fotos utilizadas como distrativas pertenciam a duas categorias distintas:
pessoas (consideradas de valência emocional neutra pelos voluntários) e corpos
mutilados (valência emocional negativa). Tais fotos foram obtidas a partir de um
banco padronizado de fotos coloridas, o IAPS (International Affective Picture
System Center for the Study of Emotion and Attention CSEA, NIMH, 1999;
Lang et al., 1999) ou através de páginas variadas da Internet.
As fotos provenientes do IAPS foram classificadas por voluntários
americanos em relação às dimensões emocionais de valência (variando de 1 para
“muito” negativa até 9 para “muito” positiva) e ativação emocional (mínima = 1 e
máxima = 9). Para essas fotos e para as adicionais provenientes dasginas da
Internet foi feita uma classificação prévia por 20 voluntários brasileiros (ver em
Erthal et al., 2004), de acordo com o protocolo proposto por Lang e colaboradores
(1999).
As médias das respostas dos voluntários para cada foto foram calculadas.
Elas foram então separadas por valência em fotos neutras (valência média entre 4
e 6) e negativas (valência média menor do que 4). Em seguida foi feita uma
comparação, através de teste t não pareado, entre os escores das fotos
provenientes do IAPS dados pelos 20 voluntários que as classificaram e aqueles
disponibilizados por Lang e colaboradores (1999). Os resultados mostraram que
não houve diferença significativa no relato avaliativo de brasileiros e norte-
americanos para fotos neutras, nem para as negativas, tanto para a dimensão
“ativação” (p= 0,18 para neutras e p=0,76 para negativas) quanto para a
dimensão “valência” (p=0,17 para neutras e p=0,74 para negativas). Com base
nestes resultados, foi considerado que a pontuação de ativação e valência dada
pelos voluntários brasileiros para as fotos novas (retiradas da Internet) eram
coerentes com àquela apresentada no manual de instrução das escalas. Dentre
as fotos consideradas neutras (pessoas) pelo critério definido acima, foram
selecionadas as que tivessem pontuação média na dimensão ativação entre 1 e 5
e dentre as consideradas negativas (corpos mutilados), as que pontuassem na
média acima de 5. A tabela 1 mostra a média da pontuação nas dimensões
valência e ativação para cada bloco de testes.
Tabela 1. Valores médios de valência e alerta em cada bloco de teste.
FÁCIL (90º) MÉDIO (24º)
DIFÍCIL (6º)
52 figuras 52 figuras
DIFÍCIL
1500 ms
200 ms
1500 ms ou até a
resposta
1500 ms ou até a
resposta
200 ms
MÉDIOFÁCIL
Bloco Fácil Bloco Médio Bloco Difícil Média
Neutras Negativas Neutras Negativas Neutras Negativas Neutras Negativas
Ativação 3,3 6,6 3,1 6,6 3,4 6,3 3,3 6,5
Valência 5,0 2,2 5,1 2,2 5,2 2,2 5,1 2,2
Figura 7. Seqüência de eventos do paradigma experimental. A ordem dos blocos (fácil,
médio e difícil) foi aleatorizada e contrabalançada entre os voluntários.
2.1.3.3. Questionário Avaliativo
Durante a sessão experimental, os voluntários eram avaliados quanto ao
seu traço e estado afetivos. Para tal, preenchiam uma escala denominada PANAS
(Positive and Negative Affect Scale) (Watson et al.,1988) (Anexo 8.5)
desenvolvida e validada para medir os níveis ou as tendências a vivenciar os
afetos positivo e negativo. A versão utilizada é constituída por uma lista de
adjetivos descrevendo diferentes sentimentos (10 para a escala de afeto negativo
e 10 para a escala de afeto positivo). Para cada adjetivo, os sujeitos assinalavam
a intensidade que melhor caracterizava a si mesmo (escala variando de 1 para
“muito pouco” até 5 para “excessivamente”). Assim, a pontuação mínima e
máxima a ser obtida para cada escala era de 10 e 50, respectivamente.
Os voluntários preenchiam a escala 4 vezes durante todo o experimento.
Na primeira vez, os voluntários eram instruídos a preencher a escala com base
em uma avaliação média de como se comportam ou apresentam-se normalmente
(traço afetivo). o estado afetivo de cada voluntário foi avaliado em três
momentos diferentes: antes da ingestão do etanol, após a ingestão do mesmo e
após a realização dos testes de tempo de reação manual. Para tanto, deveriam
preencher a escala com base na auto-avaliação do seu estado afetivo naquele
determinado momento.
2.1.3.4. Procedimento de Administração do Álcool
A administração do etanol foi feita sob a forma de vodka, da marca
Stolichnaya®, com concentração alcoólica de 40%, diluída em suco de laranja
sem açúcar na proporção de 1:1. A administração foi feita com base na massa
corporal dos sujeitos, a fim de alcançar a concentração sanguínea de 0,06 g/dl -
(limite máximo aceito pelo Código de Trânsito Brasileiro). Para tal, a quantidade
de 0,6 g/kg de massa corporal foi ajustada pela densidade do etanol de 0,8 g/mL.
Os sujeitos eram instruídos a realizar a ingestão da bebida em um período de a
5 min. A sessão experimental era iniciada após um intervalo de 30 minutos a
partir do término da ingestão do etanol. A concentração sanguínea de álcool foi
aferida antes, durante e após a realização do teste por um bafômetro digital
portátil CA 2000 (Tabela 2).
Pré-teste Teste Pós-teste
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12
Aferição 10ª 11ª 12ª
Tempo
(min)
10’ 15’ 20’ 25’ 30’ 35’ 40’ 45’ 50’ 55’ 60’ 65’
Tabela 2. Aferição da concentração de álcool sanguínea em vários momentos após a
ingestão alcoólica. Foram utilizadas 12 aferições para análise (4 antes do teste, 4 durante e
4 após o teste).
2.1.4. Análise dos dados
2.1.4.1. Teste de Tempo de Reação Manual
Os dados obtidos durante o treinamento não foram analisados. As
medianas dos tempos de reação de cada participante para respostas corretas em
cada bloco de testes durante a apresentação de fotos neutras e de negativas
foram calculadas. Os dados foram submetidos a análises de variância para
medidas repetidas (ANOVA) utilizando o software Statistica versão 6.0. Os fatores
intra-sujeitos (“within”) considerados foram “dificuldade” (“Fácil”, “Médio” e “Difícil”)
e “valência” (neutra ou negativa).
Realizamos comparações planejadas entre as situações críticas para o
experimento. As comparações foram feitas entre os tempos de reação quando as
fotos distrativas eram neutras ou negativas (valência) dentro de cada bloco de
dificuldade (“Fácil”, “Médio” e “Difícil”).
Os cálculos de taxa de erros foram realizados excluindo-se as respostas
lentas e antecipadas, sendo considerados apenas os erros de tecla. Neste caso,
as médias do número de erros de cada participante para cada bloco de testes
durante a apresentação de fotos neutras e de negativas foram calculadas. Os
dados foram submetidos a análises de variância para medidas repetidas (ANOVA)
com os mesmos fatores intra-sujeitos.
Para todas as análises foi considerado o nível de significância de α < 0,05.
2.1.4.2. Questionário Avaliativo
Os valores obtidos de cada participante para as escalas PANAS foram
submetidos (separadamente para a escala de afeto positivo e negativo) a uma
análise de variância com medidas repetidas (ANOVA) tendo como fator “momento
de avaliação” do estado afetivo (“antes da ingestão do etanol”, “após a ingestão
do mesmo” e “após a realização do teste”). Quando necessário, foram feitas
análises post-hoc pelo método de Newman-Keuls. O nível de significância
adotado foi α < 0,05.
2.1.4.3. Medida da Alcoolemia
A alcoolemia de cada sujeito durante toda a sessão experimental foi
submetida a uma análise de variância (ANOVA) tendo como fator intra-sujeitos o
“momento de aferição”: 1 a 12 (ver Tabela 2). As análises de post-hoc, quando
necessárias, foram feitas pelotodo de Newman-Keuls. O nível de significância
adotado foi α<0,05.
2.2. EXPERIMENTO II
2.2.1. Sujeitos
Trinta voluntários (15 homens) participaram do experimento. Todos eram
estudantes dos cursos de graduação da Universidade Federal Fluminense, com
idade média de 21 anos (SD = 1,7). Os sujeitos experimentais em potencial
preenchiam o Self Reporting Questionnaire (SRQ) (Anexo 8.4) a fim de que os
prováveis casos de morbidade psiquiátrica pudessem ser identificados.
Antes de assinar o termo de consentimento, os voluntários liam as instruções gerais
sobre o experimento (Anexo 8.6) e sobre a tarefa a ser realizada (Anexo 8.7). Os
voluntários não receberam qualquer remuneração ou vantagem em conceitos acadêmicos
por sua participação. Esta participação foi livre, e o sujeito poderia abandonar o
experimento a qualquer momento, conforme constava no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 8.8) que ele assinava tão logo era apresentado ao experimento que se
dispunha a participar. Os procedimentos e protocolos experimentais utilizados foram
aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CCM/UFF e pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) do Hospital Clementino Fraga Filho.
Após assinar o termo de consentimento, os voluntários preenchiam uma ficha
pessoal (Anexo 8.9) onde relatavam não apresentar quaisquer distúrbios neurológicos e/ou
psiquiátricos, bem como não fazer uso de medicação com ação sobre o sistema nervoso.
2.2.2. Aparato
Os testes foram realizados no mesmo ambiente do Experimento I tem
2.1.2), ou seja, numa sala especial, com atenuação sonora relativa e iluminação
indireta, no Departamento de Fisiologia e Farmacologia (MFL) do Instituto
Biomédico na UFF. Durante os experimentos os sujeitos sentavam-se em frente à
tela de um computador e apoiavam sua cabeça sobre um apoiador de fronte e
mento para que a distância entre o monitor do computador e seus olhos fosse
mantida constante a 57 cm. Seu antebraço era posicionado sobre uma mesa, de
modo a favorecer uma boa posição dos dedos indicadores sobre as teclas de
resposta. Para gerar os experimentos com resposta manual, os estímulos eram
apresentados na tela do computador e as respostas coletadas através de um
microcomputador (AMD Duron - TM), com um programa desenvolvido através do
“software” denominado Presentation® (Neurobehavioral Systems). Foram
coletados os tempos de reação das respostas corretas, em milissegundos (ms), e
o número de erros, considerando separadamente erros de tecla, respostas lentas
e antecipações. A extração e pré-análise dos dados foram feitas em Matlab
versão 6.5.
Durante a realização dos testes comportamentais os voluntários também
tinham suas medidas fisiológicas e cerebrais registradas. Para aquisição do sinal
de eletrocardiograma e eletroencefalograma foi utilizado o Biopac Systems, Inc.
EUA. Os módulos ECG100 e EEG100 foram utilizados para aquisição do sinal de
ECG e EEG, respectivamente. O registro de ECG foi feito com o posicionamento
de dois eletrodos (Ag-AgCl) na altura do tórax e um eletrodo no maléolo lateral
direito. Foi utilizado o gel de condução “GEL 100” da Biopac Systems, Inc. O
registro de EEG foi feito com a mensuração da atividade em três canais. Os
eletrodos utilizados eram de Ag-AgCl sendo afixados nas posições Fz, Cz e Pz. O
eletrodo de referência e o eletrodo terra eram colocados na posição Fpz e no lobo
auricular (A1), respectivamente. Para o posicionamento dos eletrodos na cabeça
foi utilizado um creme de alta fixação para uso direto no couro cabeludo (NEURO
CREAM) da Techbio Com. e Serv. De Equip. Biom. LTDA.
2.2.3. Procedimentos
2.2.3.1. Teste de Tempo de Reação Manual
Os voluntários eram encaminhados à sala de experimento, onde
realizavam um treinamento a fim de que pudessem aprender a tarefa. Em
seguida, eram paramentados para aquisição simultânea dos sinais de ECG e
EEG durante a realização do teste comportamental.
Inicialmente, os voluntários tinham suas atividades eletrocardiográfica e
eletroencefalográfica basais registradas por um período de 5 min. Após o término
deste período, os sujeitos eram informados de que o teste teria início.
O experimento era realizado em um único dia e durava aproximadamente 2
horas. O desenho experimental era bastante semelhante ao do Experimento I, ou
seja, os voluntários deveriam realizar o julgamento da orientação das barras
apresentadas na periferia enquanto uma foto distrativa apareceria no centro da
tela. As categorias das fotos eram as mesmas do Experimento I: pessoas
(consideradas de valência emocional neutra pelos voluntários) e corpos mutilados
(valência emocional negativa). Entretanto, no presente experimento, em metade
dos testes, os sujeitos eram informados que as fotos de mutilação não eram reais
e sim produções cinematográficas. Portanto, o experimento era constituído por
quatro blocos experimentais, sendo que em dois blocos a realização da tarefa era
feita sob o contexto “Cinema” e nos outros dois sob o contexto “Real”.
O teste era iniciado com a leitura de um texto que informava as fontes das
fotografias que apareceriam a seguir. Os textos poderiam ser de conteúdo
apropriado para o contexto “Cinema” ou “Real”. O objetivo da leitura destes textos
antes da realização da tarefa foi modular o impacto emocional das fotos
emocionalmente evocativas que seriam apresentadas a seguir. Assim, no
contexto “Cinema”, o texto apresentado (Anexo 8.10) informava aos voluntários
de que as figuras a ser apresentadas eram provenientes de produção
cinematográfica e que, portanto, não correspondiam a situações da vida real. No
contexto “Real”, os voluntários liam um texto (Anexo 8.11) que os informava de
que as fotos a ser apresentadas teriam sido obtidas de um sistema internacional
de fotos afetivas (IAPS) e que correspondiam a aspectos da vida real. Tal
alteração contextual representa uma estratégia para a indução diferenciada de
modulação do impacto emocional das fotos, podendo ser considerada como um
mecanismo de regulação emocional implícito, uma vez que os voluntários não
eram instruídos a voluntariamente reavaliar o conteúdo emocional das fotos, à
semelhança de grande parte dos trabalhos em regulação da emoção (Phan et al.,
2005; Ray et al., 2005). Metade dos voluntários realizava os dois primeiros blocos
no contexto “Cinema”.
Além da estratégia de regulação emocional, outras diferenças existem em
relação ao Experimento I. Especificamente, havia duas condições adicionais: uma
condição na qual nenhuma foto era apresentada durante a tarefa de julgamento
das barrras (condição sem distrativo) e uma condição na qual as barras deveriam
ser ignoradas e os sujeitos deveriam realizar um julgamento sobre a valência da
foto (neutra ou negativa). Para esta última condição os sujeitos deveriam realizar
uma tarefa de tempo de reação de escolha apertando uma de duas teclas
(esquerda ou direita) conforme o julgamento sobre a valência (neutra ou
negativa). Em resumo, havia 2 blocos de cada contexto (“Cinema” ou “Real”) e
cada bloco era subdividido em 10 sub-blocos com as seguintes condições:
- 2 sub-blocos da tarefa julgar barra fácil sem foto;
- 2 da tarefa de julgar barra fácil com foto;
- 2 da tarefa de julgar barra difícil sem foto;
- 2 da tarefa de julgar barra difícil com foto e;
- 2 da tarefa de julgar foto.
Cada sub-bloco era constituído por 18 testes, totalizando 180 testes em
cada bloco e 720 testes no experimento inteiro (Figura 8). O desenho
experimental foi construído desta maneira, com duas repetições de cada condição
por ser exatamente igual ao experimento desenvolvido na tese de doutorado de
Fátima Erthal com ressonância magnética funcional (em andamento) para permitir
uma comparação direta dos resultados comportamentais e fisiológicos (ECG e
EEG) com os dados de ressonância magnética funcional.
Figura 8. O experimento era constituído de 4 blocos. Antes de cada bloco o voluntário lia
um texto informativo sobre as fontes das fotos distrativas (condição “Cinema” ou “Real”).
Cada bloco era composto por 10 sub-blocos, onde cada tarefa específica era requisitada em
dois sub-blocos. Cada sub-bloco compreendia 18 testes de tempo de reação manual.
Após a leitura do texto, aparecia uma tela informativa da tarefa a ser
realizada (julgamento de barras: com ou sem foto; 90º ou ou julgamento de
foto). Assim, o voluntário era constantemente informado da tarefa demandada em
cada sub-bloco.
TEXTO CINEMATEXTO CINEMA
Primeiro bloco
PRIMEIRO BLOCOPRIMEIRO BLOCO
SEGUNDO BLOCOSEGUNDO BLOCO
TEXTO REALTEXTO REAL
TERCEIRO BLOCOTERCEIRO BLOCO
QUARTO BLOCOQUARTO BLOCO
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (90º)
JULGAR FIGURA
JULGAR FIGURAJULGAR FIGURA
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
COM FIGURA (6º)
JULGAR FIGURA
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (90º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (6º)
JULGAR BARRAS
SEM FIGURA (6º)
4 BLOCOS 10 SUB-BLOCOS 18 TESTES4 BLOCOS 10 SUB-BLOCOS 18 TESTES
Na tarefa de julgamento de barras, os voluntários eram instruídos a
manterem os olhos fixos numa cruz de fixação que aparecia no centro da tela do
computador por um período cuja duração variava entre 500 e 900 ms. A seguir,
aparecia, por 200 ms, uma foto central (9
o
x 12
o
de tamanho) flanqueada por duas
barras periféricas (0,3° x 3,0°), 9
o
à direita e à esquerda do centro da tela. A foto e
as barras eram então mascaradas por um painel tipo “tabuleiro de xadrez” com
quadrados em escala de cinza, que permanecia na tela até execução das
respostas pelos voluntários ou por até 1500 ms. Os voluntários eram orientados a
ignorar as fotos centrais (caso estas aparecessem) e responder, o mais rápido e
corretamente possível, julgando a orientação relativa entre as duas barras
periféricas. Para tanto, eles deveriam pressionar uma de duas teclas caso as
barras tivessem a mesma orientação direita), ou a outra tecla esquerda)
caso tivessem orientação diferente. A tarefa de julgamento de barra foi construída
de modo que seu grau de dificuldade fosse diferenciado. Desta forma, a tarefa de
julgamento de barras incluía a condição “Fácil” (diferença de angulação de 90º
entre as barras) e “Muito difícil” (diferença de angulação de entre as barras).
Além disso, as tarefas de julgamento de barras “Fácil” e “Muito difícil” poderiam
ser realizadas “Com” ou “Sem” a presença de fotos distrativas centrais. No
primeiro caso, as fotos poderiam ter valência “Neutra ou “Negativa”. A Figura 8
mostra as condições possíveis para a tarefa de julgamento de barras.
Na tarefa de julgar foto, os voluntários eram instruídos a manterem os
olhos fixos numa cruz de fixação que aparecia no centro da tela do computador
por um período cuja duração variava entre 500 e 900 ms. A seguir, aparecia por
200 ms, uma foto central (9
o
x 12
o
de tamanho) flanqueada por duas barras
periféricas (0,3° x 3,0°), 9
o
à direita e à esquerda do centro da tela. A foto e as
barras eram então mascaradas por um painel tipo “tabuleiro de xadrez” com
quadrados em escala de cinza, que permanecia na tela até a execução das
respostas pelos voluntários ou por até 1500 ms. Os voluntários eram orientados a
ignorar as barras periféricas e a prestar atenção na foto que aparecia
centralmente, a fim de julgar o seu conteúdo emocional (neutro ou desagradável).
Para isso, eles deveriam pressionar uma de duas teclas caso a foto fosse neutra
direita) ou desagradável esquerda). Em ambas as tarefas (julgamento de
barras e julgamento de foto) os voluntários eram instruídos a responderem o mais
rápido e corretamente possível.
A seqüência de aparecimento de sub-blocos dentro de cada bloco foi
aleatorizada entre os sujeitos. Assim, por exemplo, um bloco poderia iniciar-se
com o sub-bloco “julgar foto” e outro bloco poderia iniciar-se com o sub-bloco
“julgar barras fácil”. Para balancear a ordem de aparecimento das fotos dentro de
cada sub-bloco foram criadas 5 sequências aleatórias, ou seja, cada sequência foi
realizada por 6 voluntários. Metade destes sujeitos realizava a tarefa começando
pelo contexto “Cinema” e metade pelo contexto “Real”. É importante enfatizar,
portanto, que as mesmas fotos foram utilizadas tanto no contexto “real” quanto no
contexto “cinema” (embora para voluntários diferentes), minimizando qualquer
efeito decorrente de fotos específicas. Adicionalmente, metade dos voluntários
era do sexo masculino.
2.2.3.2. Estímulos visuais
Os estímulos visuais utilizados no presente estudo foram retirados do
catálogo de fotos do IAPS (International Affective Picture System) e de páginas
variadas da Web. Foram utilizadas 108 fotos de pessoas e corpos neutros e 108
fotos de mutilados. Dentro de cada sub-bloco (e.g. julgar barras fácil com foto) a
mesma foto era repetida somente uma vez. As fotos utilizadas em um sub-bloco
não se repetiam nos outros. Baseado num julgamento prévio realizado por 20
voluntários brasileiros (Erthal et al., 2004) as fotos foram selecionadas de modo
que não houvesse diferenças significativas para valência e ativação entre as fotos
utilizadas nos blocos “Fácil” e “Muito Difícil” e entre os contextos “Cinema” e
“Real”. As tabelas 3 e 4 mostram as médias de valência e ativação para cada
tarefa em cada bloco.
VALÊNCIA
FÁCIL MUITO DIFÍCIL
NEGATIVA NEUTRA NEGATIVA NEUTRA
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Seqüência 1 2,2 2,2 5,2 5,2 1,9 2,1 5,3 5,2
Seqüência 2 2,0 2,2 5,1 5,1 2,0 2,1 5,4 5,2
Seqüência 3 2,1 2,3 5,2 5,6 2,3 2,2 5,0 5,2
Seqüência 4 2,2 2,2 5,1 5,2 2,1 2,2 5,0 5,0
Seqüência 5 2,2 2,2 5,1 5,3 2,1 2,2 5,0 5,0
Tabela 3. Valores médios de valência para os sub-blocos “Fácil” e “Muito Difícil” em função
da valência das fotos. Os blocos “1 e 2” correspondem ao contexto “Cinema para metade
dos sujeitos e “Real” para a outra metade. O mesmo se aplica aos blocos 3 e 4. As
seqüências representam a ordem de apresentação das fotos dentro dos blocos.
ATIVAÇÃO
FÁCIL MUITO DIFÍCIL
NEGATIVA NEUTRA NEGATIVA NEUTRA
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Bloco
1e 2
Bloco
3 e 4
Seqüência 1 6,7 6,4 3,3 3,5 6,7 6,7 3,5 3,4
Seqüência 2 6,8 6,3 3,4 3,5 6,6 6,7 3,5 3,4
Seqüência 3 6,4 6,2 3,4 3,5 6,6 6,5 3,6 3,3
Seqüência 4 6,7 6,5 3,4 3,8 6,6 6,3 3,3 3,6
Seqüência 5 6,7 6,5 3,4 3,6 6,6 6,3 3,3 3,6
Tabela 4. Valores médios de ativação para os sub-blocos “Fácil” e “Muito Difícil” em função
da valência das fotos. Os blocos “1 e 2” correspondem ao contexto “Cinema para metade
dos sujeitos e “Real” para a outra metade. O mesmo se aplica aos blocos 3 e 4. As
seqüências representam a ordem de apresentação das fotos dentro dos blocos.
2.2.4. Credibilidade da estratégia de regulação da emoção
Ao final do experimento, os voluntários respondiam um questionário (Anexo
8.12) composto de duas perguntas que tinham por objetivo verificar o grau de
credibilidade da manipulação do impacto das fotos emocionais. Na primeira
pergunta os voluntários deveriam estimar em que percentual, aproximadamente,
eles teriam cogitado que as fotos apresentadas nos blocos do contexto “Cinema”
não eram provenientes de produção cinematográfica. Na segunda, eram
questionados em que percentual teriam cogitado que as fotos dos blocos no
contexto “Real” eram provenientes de cinema.
Após ter respondido a estas perguntas, os voluntários eram liberados da
sessão experimental. A Figura 9 mostra a seqüência dos eventos que ocorreram
durante a sessão experimental.
2.2.5. Análise dos dados
2.2.5.1. Teste de tempo de reação manual
Os dados obtidos durante o treinamento não foram analisados. As
medianas dos tempos de reação de cada participante para respostas corretas em
cada bloco de testes durante a apresentação de fotos neutras e negativas foram
calculadas. Os dados foram submetidos a análises de variância para medidas
repetidas (ANOVA) utilizando o programa Statística versão 6.0. Os fatores intra-
sujeitos (“within”) considerados foram “dificuldade” (“fácil” ou “muito difícil”);
“regulação emocional” (“cinema” ou “real”) e “valência” (“neutra” ou “negativa”).
Para todas as análises foi considerado α < 0,05. A condição sem foto não foi
utilizada na análise estatística. Esta é um controle comportamental de um estudo
complementar de ressonância magnética funcional realizado por nosso grupo.
Realizamos comparações planejadas entre as situações críticas para
experimento de acordo com as hipóteses/perguntas previamente estabelecidas.
As comparações foram feitas entre as médias dos tempos de reação quando as
fotos distrativas eram neutras ou negativas (valência) dentro de cada bloco de
dificuldade (“Fácil”, “Médio” e “Difícil”).
Os cálculos de taxa de erros foram realizados excluindo-se as respostas
lentas e antecipadas, sendo considerados apenas os erros de tecla. Neste caso,
as médias do número de erros de cada participante em cada bloco de testes
durante a apresentação de fotos neutras e negativas foram calculadas. Os dados
foram submetidos a análises de variância para medidas repetidas (ANOVA) com
os mesmos fatores intra-sujeitos utilizados na análise de tempo de reação. Para
todas as análises foi considerado o nível de significância de α < 0,05.
Os dados da tarefa de julgar figura e os dados provenientes dos registros
das medidas fisiológicas não foram analisados nesta primeira etapa e o serão
com a continuidade deste projeto de pesquisa na tese de doutorado.
Leitura das instruções gerais
Preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Leitura das instruções da tarefa
Preenchimento do Self Reporting Questionaire (SRQ)
Preenchimento da ficha pessoal
Realização do bloco de treino
Paramentação dos voluntários para aquisição dos sinais de ECG e EEG.
Medida da atividade basal do ECG e EEG (5 min)
Sujeitos eram informados de que o teste teria início
3. RESULTADOS
3.1. EXPERIMENTO I
3.1.1. Teste de tempo de reação manual
Devido à utilização do etanol neste experimento, o qual poderia gerar uma
grande variabilidade nos resultados, adotamos o procedimento de retirada de
dados atípicos. Foram desconsiderados os dados de tempo de reação das
respostas corretas de cada sujeito para cada condição, ou seja, separadamente
para os testes de cada bloco de dificuldade (fácil, médio e difícil) e de cada
categoria de fotos apresentadas. Para cada uma dessas seis condições foram
excluídos os testes cujas latências excediam ou eram menores que a respectiva
média ± três desvios-padrão. No total, isso representou a exclusão de 3,6 % do
total de dados. Este procedimento foi realizado com o intuito de diminuir a
variabilidade presente nos dados devido à presença de valores extremos.
Após este procedimento, procedeu-se à análise quantitativa dos dados.
Esta análise mostrou que “dificuldade” (F
(2,58)
= 17,82; p < 0,001) e “valência” (F
(1,29)
Leitura do primeiro texto (condição “Cinema” ou “Real”)
Realização dos dois primeiros blocos de teste
Leitura do segundo texto (condição “Cinema” ou “Real”)
Realização dos dois últimos blocos de teste
Preenchimento da ficha de credibilidade
Figura 9. Sequência dos eventos que ocorriam ao longo da sessão experimental.
= 11,24; p < 0,01) foram fontes significativas de variância, bem como a interação
entre os fatores (F
(2,58)
= 4,69; p = 0,01). De acordo com as hipóteses previamente
estabelecidas foram feitas comparações planejadas entre as condições críticas do
experimento, ou seja, o tempo de reação quando as figuras distrativas eram
neutras vs. negativas dentro de cada bloco de dificuldade. As comparações
mostraram que tanto no bloco “Fácil” quanto no “Médio” os tempos de reação
eram significativamente mais lentos quando os distrativos eram figuras negativas
em comparação às neutras (p = 0,01 e p < 0,001, respectivamente). No bloco
“Difícil” tal diferença não foi observada (p = 0,48) (ver Figura 10). Estes resultados
sugerem que a realização de uma tarefa com alta demanda de atenção associada
a intoxicação por etanol impediram a interferência das figuras emocionais no
bloco difícil.
Figura 10. Tempo de reação para respostas corretas (Experimento I). O gráfico mostra o TR
para as condições “Neutra” e “Negativa”, em cada bloco de dificuldade. O retardo de
respostas associadas à apresentação de distrativos negativos ocorreu somente nos blocos
“Fácil’ e Médio” (p < 0,01 e p < 0,001, respectivamente). As linhas verticais representam o
erro-padrão médio.
FÁCIL MÉDIO DIFÍCIL
500
600
700
Neutra Negativa
*
*
Tempo de reação (ms)
A análise de variância (ANOVA) do número de erros de tecla mostrou que
o fator “dificuldade” (F
(2,58)
= 29,30; p < 0,001) foi uma fonte significativa de
variância. O fator “valência” (F
(1,29)
= 0,37; p = 0,54) bem como a interação entre os
fatores (F
(2,58)
= 0,52; p = 0,59) não foram significativos. A análise post-hoc do fator
“dificuldade” mostrou que o número de erros no bloco “Médio” foi
significativamente maior do que no bloco “Fácil” (p < 0,01) e que o número de
erros no bloco “Difícil” foi significativamente maior do que no bloco “Médio”
(p < 0,001). Como pode ser observado na Figura 11, o número de erros foi
crescente em função do nível de dificuldade da tarefa, aumentando
significativamente ao longo dos três blocos de dificuldade (5,9 %; 10,4 % e 18,3 %
para os blocos “Fácil”, “Médio” e “Difícil”, respectivamente).
FÁCIL MÉDIO DIFÍCIL
0
10
20
30
Neutra Negativa
Erros (%)
Figura 11. Número de erros nos três blocos de dificuldade. Houve um aumento do número
de erros ao longo dos três blocos de dificuldade (p < 0,01 entre os blocos “Fácil” e “Médio”
e p < 0,001 entre os blocos “Médio” e “Difícil”). Entretanto, o número de erros não diferiu
em função da valência emocional dos distratores. As linhas verticais representam o erro-
padrão médio.
3.1.2. Questionário avaliativo
A ANOVA da pontuação dos voluntários para o grupo de adjetivos positivos
(estado de afeto positivo da escala PANAS) mostrou que o fator analisado
(“momento de avaliação”) foi uma fonte significativa de variância (F
(2,58)
= 7,09; p =
0,001). A análise post-hoc mostrou que houve uma diminuição significativa da
pontuação do primeiro momento de avaliação (antes da ingestão do etanol) para
o segundo (após a ingestão do etanol, p = 0,02) e para o terceiro (após a
realização do teste, p = 0,001). O segundo e o terceiro momento de avaliação não
diferiram estatisticamente entre si (p = 0,16) – ver Figura 12.
AFETO POSITIVO
Sem álcool Com álcool Pós-teste
25.0
27.5
30.0
32.5
35.0
Pontuão
*
Figura 12. Pontuação dos voluntários na escala PANAS de estado de afeto positivo. Houve
uma diminuição significativa na pontuação dos voluntários após a ingestão do etanol (p =
0,02 e p = 0,001 ). As linhas verticais representam o erro-padrão médio.
A ANOVA da pontuação dos voluntários para o grupo de adjetivos
negativos (estado de afeto negativo da escala PANAS) mostrou que o fator
analisado (“momento de avaliação”) foi uma fonte significativa de variância (F
(2,58)
= 10,53, p < 0,001). A análise post-hoc mostrou que houve uma diminuição
significativa da pontuação do primeiro (antes da ingestão do etanol) para o
segundo momento de avaliação (após a ingestão do etanol, p < 0,001) e para o
terceiro (após a realização do teste, p < 0,001). O segundo e o terceiro momento
de avaliação (após a realização do teste) não diferiram estatisticamente entre si (p
= 0,83) - ver Figura 13. Em conjunto, estes resultados apontam para uma
diminuição do estado afetivo tanto positivo quanto negativo após a ingestão de
etanol.
AFETO NEGATIVO
Sem álcool Com álcool Pós-teste
12
13
14
15
16
17
18
Pontuação
*
Figura 13. Pontuação dos voluntários na escala PANAS de estado de afeto negativo. Houve
uma diminuição significativa na pontuação dos voluntários após a ingestão do etanol (p <
0,001 e p < 0,001). As linhas verticais representam o erro-padrão médio.
3.1.3. Alcoolemia
A análise de variância dos valores obtidos da concentração de álcool
sanguínea mostrou que o fator “momento de aferição” (1 a 12) foi uma fonte
significativa de variância (F
(11,319)
= 3,39; p < 0,001. A análise post-hoc mostrou que
as quatro aferições durante a realização do teste não diferiram entre si (média de
0,12% ± 0,006, p < 0,05 para todas as comparações). Isso significa que durante a
execução do experimento não houve diferenças significativas, ou seja, durante os
3 blocos experimentais (“Fácil”; “Médio” e “Difícil”) o nível sanguíneo de álcool não
variou. A partir da décima aferição (já na fase pós-teste), os valores de alcoolemia
foram significativamente menores que os valores obtidos na aferição do pré-
teste (p < 0,03 para as três comparações) (Figura 14).
Alcoolemia
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
0.10
0.11
0.12
0.13
0.14
0.15
0.16
% BAC
Figura 14. Concentração de álcool sanguínea (%BAC blood alcohol concentration). As
medições foram feitas antes do teste (1 a 4); durante o teste (5 a 8) e após o teste (9 a 12).
As aferições eram realizadas a cada 5 minutos, sendo a primeira aferição efetuada 10
minutos após a administração do álcool. O gráfico mostra a curva alcoólica durante todo o
experimento. Não houve diferença significativa entre os quatro pontos durante o teste (5 a
8). As linhas verticais representam o erro-padrão médio.
3.2. EXPERIMENTO II
3.2.1. Teste de tempo de reação manual
Em função do desenho experimental utilizado, realizamos uma análise de
variância (ANOVA) dos tempos de reação para respostas corretas, tendo como
fatores intra-sujeitos “dificuldade da tarefa”, “regulação emocional” e “valência”. A
ANOVA revelou que o fator “dificuldade” (F
(1,29)
= 26,83; p < 0,001) foi uma fonte
significativa de variância. Tanto a interação entre os fatores “dificuldade” e
“valência” (F
(1,29)
= 3,50; p = 0,07) e entre os fatores “regulação emocional” e
“valência” (F
(1,29)
= 3,10; p = 0,08) foram marginalmente significativos. A análise
post-hoc para o fator dificuldade revelou, como esperado, que os tempos de
reação eram mais lentos na tarefa “muito difícil” em relação à “fácil” (667,5 ms vs.
532,9, p < 0,001).
Adicionalmente, realizamos uma outra abordagem estatística que atendia
às hipóteses previamente estabelecidas. Especificamente, desejávamos
investigar o efeito de interferência promovido pelas fotos negativas em cada
situação crítica. Assim, foram feitas comparações planejadas entre as médias dos
tempos de reação dos sujeitos quando as fotos distrativas eram neutras ou
negativas, em cada bloco de dificuldade (“fácil e “muito difícil”), tanto para o
contexto “Cinema” quanto para o “Real”. Desta forma, as hipóteses previamente
estabelecidas requisitavam quatro comparações críticas.
As comparações mostraram que somente no contexto “Real” do bloco
“Fácil” o tempo de reação foi mais lento durante o aparecimento das fotos
negativas como distrativos (F
(1,29)
= 12,56; p < 0,001). No sentido de nossa
hipótese inicial, o efeito de interferência das fotos negativas desapareceu no
contexto de “Cinema”, onde o impacto emocional das mesmas figuras foi
atenuado pela regulação emocional implícita (F
(1,29)
= 0,29; p = 0,59). No bloco
“Muito difícil”, como esperado, não houve interferência das fotos negativas tanto
no contexto “Cinema” (F
(1,29)
= 1,88; p = 0,18) quanto no contexto “Real” [(F
(1,29)
=
0,22; p = 0,64) – ver Figura 15].
A ANOVA do número de erros de tecla mostrou que o fator “dificuldade”
(F
(1,29)
= 773,1; p < 0,0001) foi uma fonte significativa de variância. Não houve
efeito significativo para os fatores “regulação emocional” e “valência” nem
interação significativa entre os três fatores intra-sujeitos. Como pode ser
observado na Figura 16, o número de erros foi crescente em função do nível de
dificuldade da tarefa. A análise post-hoc para o fator “dificuldade” revelou que no
bloco “Fácil” o percentual de erros (6%) foi significativamente menor que no bloco
“Muito difícil” (40%) (p < 0,0001).
Fácil Muito difícil Fácil Muito difícil
500
600
700
Neutra Negativa
*
CINEMA
REAL
Tempo de Reação (ms)
Figura 15. Tempo de reação nos contextos “Cinema” e “Real”, em cada bloco de
dificuldade. O retardo de respostas associadas à apresentação de distrativos negativos
ocorreu somente no contexto “Real” no bloco “Fácil” (p < 0,001). As linhas verticais
representam o erro-padrão médio.
Figura 16. Percentual de erros para as condições “Fácil” e “Muito difícil”. O número de
erros foi significativamente maior na condição “Muito difícil” (40%) em comparação à
condição “Fácil” (6%) (p < 0,001).
Por fim, com o objetivo de investigar o grau de credibilidade da estratégia
de regulação emocional, os voluntários respondiam um questionário ao final do
experimento cujo objetivo era saber se os sujeitos tinham cogitado em algum
momento que as fotos apresentadas durante o contexto “Cinema” eram reais.
Caso esta possibilidade fosse verdadeira, os voluntários deveriam estimar em
que percentual eles desconfiavam de que as fotos não eram proveninentes de
produção cinematográfica. Esta análise revelou que apenas 26,7% dos
voluntários desconfiaram que 75% ou mais das fotos não eram produções
cinematográficas, ou seja, aproximadamente 73% dos voluntários acreditaram
que as fotos eram realmente de “Cinema” em pelo menos 50% do total das fotos
apresentadas. A Figura 17 mostra que dos 30 voluntários, 16,7% (N = 5)
acreditaram totalmente que as fotos eram de “Cinema”; 36,7% (N = 11)
desconfiaram que 25% das fotos apresentadas eram reais; 20% (N = 6)
desconfiaram que 50% das fotos não eram de cinema; 16,7% (N = 5)
FÁCIL MUITO DIFÍCIL
0
10
20
30
40
50
Erros (%)
desconfiaram de 75% das fotos e 10% (N = 3) não acreditou que nenhuma das
fotos apresentadas fossem provenientes de produção cinematográfica.
Figura 17. Respostas dos voluntários ao questionário de credibilidade da estratégia de
regulação emocional. O gráfico mostra que aproximadamente 73% dos voluntários
acreditou que as fotos eram realmente de “Cinema” em pelo menos 50% das fotos.
4. DISCUSSÃO
4.1. EXPERIMENTO I
Os resultados de tempo de reação manual para respostas corretas
mostraram que o retardo no julgamento de orientação das barras durante a
apresentação de distrativos negativos em comparação aos neutros ocorreu
somente nos blocos “Fácil” e “Médio”. Tal retardo não ocorreu no bloco “Difícil”,
onde a tarefa desempenhada apresentava uma maior dificuldade de realização, e,
portanto, uma maior carga ou demanda de processamento cognitivo. Além disto,
os resultados do Experimento I mostraram que o tempo de reação foi
progressivamente maior ao longo das tarefas “Fácil”, “Média” e “Difícil”, mostrando
que nossa manipulação do nível de dificuldade imposta por cada tarefa foi
atingida. Esses dados são apoiados pelo percentual de erros cometidos em cada
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1
Credibilidade da estratégia de
regulação em ocional
0% 25% 50% 75% 100%
tarefa: 5,9 %; 10,4 % e 18,3 % na tarefa “Fácil”, “Média” e “Difícil”,
respectivamente.
É importante a comparação com os achados de Erthal e colaboradores
(2004), que adotaram as mesmas condições experimentais, exceto pelo fato de
não ter utilizado o modelo de intoxicação alcoólica. Os resultados deste trabalho
mostraram o retardo do tempo de reação durante a apresentação das fotos
negativas nos três blocos de teste (“Fácil”, “Médio” e “Difícil”). Portanto, mesmo
quando os recursos cerebrais estavam alocados para uma tarefa relevante de alta
demanda, os estímulos emocionais conseguiram promover uma interferência,
sugerindo um engajamento automático de recursos mediadores da atenção
promovido por estes estímulos. Assim, podemos interpretar que, no presente
trabalho, o desaparecimento da interferência emocional no bloco “Difícil” pode ser
atribuído tanto à dificuldade imposta pela realização da tarefa, quanto à restrição
da atenção decorrente da intoxicação alcoólica.
Diversos trabalhos têm investigado os efeitos combinados da intoxicação
pelo etanol e de demandas cognitivas sobre a capacidade de atenção e o
processamento emocional (Steele e Josephs, 1988; Josephs & Steele, 1990;
Steee & Josephs, 1990; Stritzke et al., 1995; Curtin et al., 1998; Curtin et al.,
2001). Josephs & Steele (1990) realizaram um experimento que evidenciou a
participação de um mecanismo de atenção na redução de um estado de
ansiedade de voluntários durante a intoxicação aguda por etanol. Voluntários
intoxicados realizavam uma tarefa distrativa de baixa demanda de atenção, de
alta demanda de atenção ou não realizavam nenhuma atividade, sendo estas três
situações comparadas às mesmas situações em sujeitos não-intoxicados. A
hipótese era de que à medida que a tarefa distrativa se tornasse mais complexa
demandaria um maior nível de processamento, diminuindo recursos para o evento
estressante. Os resultados deste experimento mostraram que o efeito ansiolítico
observado nos indivíduos intoxicados relacionava-se diretamente à demanda de
atenção em uma tarefa distrativa. Estes resultados têm sido interpretados de
acordo com a teoria proposta por Steele & Josephs (1990), denominada Alcohol
Myopia ou “Miopia Alcoólica” cujas bases situam-se em um modelo de alocação
da atenção. Esta teoria propõe que o prejuízo no processamento de informações
promovido pelo etanol aliado às demandas cognitivas de uma atividade distrativa
dificultaria a alocação da atenção para o evento ansiogênico ou estressante,
resultando numa redução da ansiedade. De fato, os resultados de tempo de
reação obtidos no presente trabalho podem ser interpretados de acordo com essa
teoria, pois a interferência promovida por um distrativo emocional não ocorreu na
condição em que a tarefa-alvo tinha uma alta demanda de atenção (bloco
“Difícil”). Nesse caso, os recursos de processamento disponíveis nos indivíduos
intoxicados foram alocados para o evento relevante (tarefa de julgamento das
barras), evitando a interferência de um distrativo emocional irrelevante (fotos
negativas). Ao contrário, durante a realização de tarefas mais fáceis e de menor
demanda (blocos “Fácil” e “Médio”), a intoxicação por etanol não impediu a
interferência dos distrativos emocionais possivelmente porque ainda havia
recursos para seu processamento, corroborando a teoria da “miopia alcoólica”.
Outro trabalho importante cujos achados estão de acordo com os do
presente experimento é de Curtin e colaboradores (2001). Estes autores
mostraram uma atenuação do processamento emocional em função do consumo
de recursos de processamento em uma tarefa de atenção dividida.
Especificamente, Curtin e colaboradores (2001) demonstraram que durante a
intoxicação por etanol, a redução do medo induzido nos voluntários ocorreu
somente sob condições em que uma tarefa secundária concorria com o
processamento do estímulo de ameaça. Tais achados apontam para alterações
no comportamento adaptativo decorrentes de prejuízos no processamento
cognitivo, e constituem um exemplo representativo dos efeitos da intoxicação pelo
etanol sobre a interação entre o processamento emocional e da atenção.
No presente trabalho, o número de erros cometidos pelos voluntários
aumentou em função da dificuldade da tarefa, confirmando a proposta inicial de
que cada bloco teria um grau de dificuldade diferente. Entretanto, dentro de cada
bloco de testes não houve diferença no número de erros, independentemente do
distrativo ser neutro ou negativo. Em voluntários não-intoxicados, o número de
erros cometidos dentro de cada bloco é maior durante a apresentação de fotos
distrativas negativas (Erthal et al., 2005).
Além de evidenciar um efeito da intoxicação aguda do etanol sobre a
interação atenção-emoção, os resultados obtidos no presente experimento
levantam uma dúvida quanto ao automatismo do processamento de estímulos
emocionais, cujo processamento cerebral seria privilegiado e independente da
localização do foco voluntário de atenção.
O privilégio de processamento cerebral e a capacidade de interferência dos
estímulos emocionais têm sido amplamente descritos (e.g. Globisch et al., 1999;
Lang et al., 1998; Morris et al., 1998; Whalen et al., 1998; Öhman et al., 2001;
Vuilleumier, 2001). A questão adicional abordada no presente trabalho é o quanto
esta interferência depende de recursos de atenção. Dados da literatura apontam
para uma divergência em relação a isto. Trabalhos relevantes têm mostrado a
limitação da capacidade de processamento e a competição entre os estímulos por
uma representação neural e investigado o papel diferenciado dos estímulos
emocionais neste contexto (Lavie et al., 2004; Pinsk et al., 2004; Jenkins et al.,
2005; Maxwell et al., 2005; Beck & Lavie, 2005; Lavie, 2005; Pessoa, 2005;
Pessoa et al., 2005; Vuilleumier et al., 2005). Pessoa e colaboradores (2002b)
realizaram um estudo com ressonância magnética funcional, utilizando um
desenho experimental onde os voluntários, em alguns testes, prestavam atenção
em faces neutras ou emocionais, e em outros, realizavam uma tarefa de alta
demanda de atenção semelhante à nossa (discriminação da orientação de duas
barras na periferia do campo visual). Estes autores observaram que diferenças na
ativação cerebral entre faces neutras e emocionais apenas apareciam se os
voluntários estivessem com a atenção devotada às faces. Especificamente, a
maior ativação em várias estruturas cerebrais (inclusive a amígdala) para as faces
com expressões negativas acontecia apenas na situação em que estas eram
atendidas, e não durante a execução de julgamento das barras. Tais autores
propuseram que os recursos cerebrais para os distrativos emocionais foram
reduzidos (e talvez eliminados) devido à realização de uma tarefa de alta
demanda de atenção (discriminar a orientação das barras). Neste caso, o
diferencial emocional para faces negativas desapareceu. Por outro lado,
Viulleumier & colaboradores (2001) encontraram um resultado contrário ao de
Pessoa e colaboradores (2002b), mostrando que a amígdala teve uma maior
ativação cerebral para faces com expressões negativas independente da atenção
estar direcionada a elas.
Em nosso trabalho observamos que, em uma situação na qual os recursos
cerebrais estavam alocados para a tarefa de alta demanda (bloco “Difícil”) em
indivíduos sob o efeito do etanol, os estímulos emocionais deixaram de promover
uma interferência. Portanto, segundo a proposta de Lavie e colaboradores (Lavie
& Tsal, 1994; Lavie, 1995; Rees et al., 1997), é possível que recursos cerebrais
tenham sido consumidos pela tarefa utilizada no bloco “Difícil”, evitando a
interferência dos distrativos.
Uma possibilidade alternativa para interpretação dos dados é a de que o
álcool influenciaria preferencialmente o processamento da atenção a tal ponto
que, o processamento “emocional” estaria “mascarado” pelo tempo de
processamento cognitivo (de discriminação), e a diferenciação entre as fotos
emocionais e não-emocionais não apareceria. Entretanto, trabalhos em
neuroimagem funcional sugerem que em condições não atendidas, os estímulos
emocionais podem deixar de ser processados (Pessoa et al., 2002; Pessoa et al.,
2005), desfavorecendo a hipótese que o processamento de tais estímulos tenha
sido mascarado durante a intoxicação alcoólica.
A avaliação dos estados afetivos vivenciados pelos voluntários durante o
teste mostrou uma atenuação tanto dos estados afetivos positivos quanto dos
negativos após terem sido submetidos à intoxicação aguda por etanol. Este
resultado corrobora os achados de Stritzke e colaboradores (1995). Estes autores
também avaliaram os estados afetivos dos voluntários através da escala PANAS,
e mostraram o declínio dos estados afetivos positivo e negativo após a ingestão
do etanol. Outros trabalhos, entretanto, demonstraram um aumento do estado
afetivo negativo ou ausência de alteração no seu nível após a intoxicação aguda
por etanol (Stutker, 1982; Stutker, 1983).
Uma possível interpretação alternativa para a falta de interferência no bloco
“Difícil” seria, então, de que o álcool promoveria uma diminuição geral da
susceptibilidade dos indivíduos aos estímulos emocionais. Esta possibilidade não
pode ser descartada, principalmente porque os estados afetivos dos voluntários
diminuíram com o consumo do etanol. Entretanto, o conjunto dos resultados
mostra que este não parece ser o caso, uma vez que a interferência dos
estímulos emocionais continuou ocorrendo nos blocos “Fácil” e “Médio”. Além
disto, como discutido acima, alguns trabalhos têm sugerido que os efeitos do
álcool sobre a diminuição do processamento emocional parecem ser dependentes
da associação deste com uma tarefa concorrente (Steele & Josephs, 1990;
Josephs & Steele, 1990).
A análise da concentração de álcool sanguínea mostrou que durante o
teste de tempo de reação manual a alcoolemia não variou, assegurando que os
efeitos do etanol sobre cada bloco de teste foram equivalentes. Uma questão
importante diz respeito à concentração de álcool sanguínea alcançada. Esperava-
se atingir a concentração de 0,06 % BAC (blood alcohol concentration) com a
quantidade de álcool administrada por pessoa. Entretanto, a alcoolemia média
durante a realização do teste foi de 0,12 % BAC. Trabalhos prévios alcançaram
concentrações sanguíneas de 0,08 % BAC ao administrarem 0,8 g/kg (Wegner &
Fahle, 1999; Post, 2000). Outros, como o de Lister (1990) encontrou
concentrações sanguíneas de 0,08 % BAC com a administração de 0,6 g/kg de
peso corporal. Não temos uma explicação para essa discrepância com as nossas
previsões para a alcoolemia.
Em resumo, os resultados do experimento I sugerem que a influência dos
estímulos emocionais pode deixar de ocorrer se os recursos cerebrais disponíveis
forem exauridos por uma tarefa com relativa dificuldade associada à indução de
um estado de miopia alcoólica.
5.2. EXPERIMENTO II
Os resultados de tempos de reação manual para respostas corretas
mostraram que na tarefa “Muito Difícil” não houve retardo quando as fotos
distrativas eram negativas em comparação aos distrativos neutros. Esta ausência
de interferência foi observada tanto para o contexto “Real” quanto para o contexto
“Cinema”. Os resultados do experimento II também mostraram que o tempo de
reação foi significativamente maior na tarefa “Muito difícil” em comparação à
tarefa “Fácil”, mostrando que nossa manipulação do nível de dificuldade imposta
por cada tarefa foi atingido. Esses dados são apoiados pelo percentual de erros
cometidos em cada tarefa: 6% e 40% na tarefa “Fácil” e “Muito Difícil”,
respectivamente. A falta de interferência emocional encontrada para a tarefa
“Muito difícil” corrobora com os dados encontrados no experimento I e com os
dados de Erthal e colaboradores (2005), indicando que as fotos emocionais
podem deixar de interferir se o grau de engajamento da atenção na tarefa alvo for
máximo, minimizando recursos para a foto distrativa.
Esses resultados de ausência de interferência promovida pelo distrativo
emocional estão em conformidade com estudos prévios que mostram que embora
estímulos emocionais tenham um privilégio de processamento, estes não estão
imunes à manipulação da atenção (Rees et al., 1997; Lavie et al., 2003; Pessoa,
2002a e 2002b; Lavie, 2005; Pessoa, 2005; Pessoa et al., 2005). Alguns trabalhos
vão à direção oposta a esta idéia de que exista uma limitação de recursos de
processamento, mesmo para estímulos emocionais (Vuilleumier et al., 2001).
Entretanto, uma possível explicação é de que os diferentes estudos empreguem
tarefas-alvo com grau de dificuldades variáveis, que irão se refletir na capacidade
das mesmas de esgotar recursos para processamento de estímulos irrelevantes.
Em nosso trabalho, a tarefa tem um grau de dificuldade maior em comparação ao
trabalho de Vuilleumier (2001), tendo então, um maior potencial de exaurir
recursos. No presente estudo a tarefa “Muito difícil” gerou um índice de acertos de
60%, o que a caracteriza como uma tarefa de alta demanda da atenção.
Um resultado muito interessante com relação ao Experimento II diz respeito
à manipulação dos contextos experimentais “Cinema” x “Real”. A análise da
situação crítica para observar esta manipulação, a tarefa “Fácil”, mostrou que a
interferência das fotos negativas sobre a realização da tarefa de julgamento de
barras ocorreu no contexto “Real”. É sabido que durante a realização de uma
tarefa “Fácil” o voluntário consegue executar a tarefa adequadamente, restando
ainda recursos de atenção que se estendem ao processamento de estímulos
irrelevantes ou distrativos (Lavie, 1995; Rees et al., 1997; Lavie et al., 2003, Erthal
et al., 2005). No presente experimento confirmamos esta teoria, ao observarmos
um retardo dos tempos de reação quando as fotos distrativas eram de valência
emocional negativa na tarefa “Fácil”. Dadas as fotos emocionais utilizadas,
podemos supor que a reação a sinais de mutilação da mesma espécie seja
relevante e robusta, possivelmente por sinalizar a presença de ameaças no
ambiente. Resultados de nosso laboratório mostraram que a visualização de fotos
dessa categoria promove uma reação de congelamento com redução da
amplitude de oscilações posturais e rigidez muscular (Azevedo et al., 2005) e
retardo na resposta manual à detecção de estímulos visuais simples
apresentados após o apagar dessas fotos (Pereira et al., 2004). De fato, houve
um retardo do tempo de reação quando esta categoria de fotos era apresentada
como distrativo (num contexto de cenas reais), em concordância com estudos
anteriores (Erthal et al., 2005). Entretanto, no contexto “Cinema”, onde os
voluntários recebiam a instrução de que as fotos apresentadas eram provenientes
de produção cinematográfica, não foi observada uma interferência na realização
da tarefa pelas fotos negativas. Esse resultado está de acordo com nossas
hipóteses de que um estímulo emocional pode deixar de interferir em uma tarefa,
ou capturar atenção, quando tem seu impacto emocional diminuído. Assim,
embora ainda houvesse disponibilidade de recursos para o processamento de
fotos distrativas, não foi observado a interferência emocional, que esta foi
modulada pela estratégia de regulação emocional implícita utilizada no presente
experimento. . Previamente, Oliveira e colaboradores (2003) e Oliveira (2004)
mostraram que essa variação no contexto pode ser eficaz em eliminar a resposta
de sudorese palmar à categoria de fotos de corpos mutilados em indivíduos
suscetíveis à manipulação.
No presente trabalho, utilizamos uma abordagem original para diminuir a
relevância emocional da foto. Os voluntários eram induzidos a regularem
implicitamente o impacto das mesmas, que acreditavam que estas não
correspondiam a situações reais. Essa estratégia difere da maioria dos trabalhos
em regulação emocional, os quais utilizam estratégias de regulação emocional
explícita, onde o sujeito é instruído a cognitivamente reavaliar o significado dos
estímulos emocionais, de forma a diminuir ou aumentar um ou mais componentes
da resposta emocional (Gross, 1998; Gross, 2001; Ochsner et al., 2004; Ochsner
et al., 2002; Phan et al., 2005). Ochsner e colaboradores (2004), por exemplo,
instruíam a voluntários normais de que deveriam regular suas emoções ora
aumentando ora diminuindo o impacto emocional provocado pela visualização de
fotos desagradáveis. Desta forma, eles deveriam focalizar ”internamente” ou
“externamente” a relevância das cenas aversivas para aumentar ou diminuir,
respectivamente, a emoção negativa. Os resultados mostraram que tanto as
situações de aumento quanto as de diminuição da emoção negativa estavam
associadas à ativação de áreas relacionadas ao controle cognitivo, como regiões
dos córtices pré-frontais e do cingulado anterior. Especificamente, a situação de
aumento da emoção negativa esteve associada ao recrutamento de regiões do
córtex pré-frontal rostro-medial esquerdo, enquanto que na situação de
diminuição da emoção, houve recrutamento dos córtices pré-frontal lateral e
orbital direitos. O rtex pré-frontal esteve mais ativo durante as estratégias de
regulação da emoção em que os sujeitos tentavam diminuir o impacto emocional
das figuras e a amígdala apresentou uma diminuição de sua atividade nesta
situação.
A metodologia do presente trabalho não permite fazer inferências sobre as
prováveis estruturas cerebrais envolvidas na regulação implícita da emoção. Esta
questão está sendo investigada por um trabalho de nosso grupo que utilizou o
mesmo desenho experimental tendo como medida a ressonância magnética
funcional.
Nossos resultados sugerem que variações no contexto em que os
estímulos emocionais são apresentados alteram a forma com que são
processados, e conseqüentemente, a forma com que interferem no
comportamento. Especificamente, observamos que uma estratégia de regulação
emocional implícita foi capaz de impedir a interferência de um estímulo emocional
em uma tarefa-alvo quando este teve sua relevância diminuída. Esses achados
podem constituir-se bases importantes para a compreensão dos mecanismos de
regulação da emoção bem como dos transtornos associados à disfunção de tais
mecanismos.
Em conjunto, os resultados dos dois experimentos mostram que a
capacidade de interferência de um estímulo emocional sobre o comportamento
pode ser modulada tanto pela via da atenção (através da diminuição de recursos
consumidos pela dificuldade da tarefa aliada à intoxicação alcoólica) ou através
da regulação emocional (diminuindo a saliência ou impacto dos estímulos
emocionais). Portanto, pode ser sugerido que os estímulos emocionais, apesar de
potentes em capturar a atenção e direcionar o comportamento, não são imunes a
manipulações atencionais ou de contexto. É possível, que projeções top-down
(de estruturas cerebrais de mais alta ordem) possam impedir a influência destes
estímulos no comportamento a ser executado.
5. CONCLUSÕES
5.1. EXPERIMENTO I
A intoxicação aguda por etanol promoveu uma diminuição de recursos
de atenção disponíveis para o processamento de um estímulo
emocional distrativo.
O processamento de estímulos emocionais não é imune à modulação
da atenção, uma vez que a realização de tarefa com alta demanda,
associada à intoxicação por etanol, impediu a interferência emocional
na tarefa de tempo de reação.
Os estados afetivos positivo e negativo vivenciados pelos voluntários
foram atenuados após a intoxicação aguda por etanol.
5.2. EXPERIMENTO II
A interferência emocional não foi observada quando os voluntários
realizavam uma tarefa “muito difícil”, sugerindo o esgotamento de
recursos de atenção para o processamento da figura emocional.
O efeito de interferência produzido pelas figuras negativas na tarefa
“fácil” desapareceu quando estas eram realizadas em um contexto de
regulação emocional implícita, onde as figuras emocionais tinham sua
relevância diminuída.
Em conjunto, os resultados dos dois experimentos mostraram que a
capacidade de interferência de um estímulo emocional sobre o comportamento
pode ser modulada tanto pela via da atenção (através da diminuição de recursos
consumidos pela dificuldade da tarefa aliada à intoxicação alcoólica) ou através
da regulação emocional (diminuindo a saliência ou impacto dos estímulos
emocionais).
6. PROJETOS FUTUROS
6.1. REGULAÇÃO EMOCIONAL E ANSIEDADE
Em um relevante trabalho, Barret & Armony (2005) investigaram de que
forma o traço de ansiedade modula o desempenho comportamental e a atividade
autonômica durante uma tarefa de ansiedade antecipatória. Os voluntários
realizavam uma tarefa de julgamento do tamanho de letras, onde a cor da tela em
que esses estímulos eram apresentados foi associada ou não à ocorrência de um
som aversivo. Os voluntários eram previamente instruídos sobre a cor da tela que
estava associada à ocorrência deste som. Assim, os blocos de teste realizados na
situação em que o som poderia ocorrer representavam uma tarefa de ansiedade
antecipatória. Os resultados mostraram que os indivíduos com alto traço de
ansiedade apresentaram tempos de reação mais rápidos em uma tarefa de
tomada de decisão associada à ansiedade antecipatória. Os indivíduos com baixo
traço de ansiedade apresentaram o padrão oposto, com tempos de reação mais
rápidos para tarefas não associadas à ansiedade antecipatória. Entretanto, a
reatividade autonômica (medida através da condutância eletrodérmica da pele)
não diferiu em função do traço de ansiedade dos indivíduos. Pesquisadores têm
sugerido que os indivíduos ansiosos apresentem um estado de hipervigilância,
onde tendem a orientar sua atenção para estímulos relacionados à ameaça
(Williams, 1997; Mogg & Bradley, 1999).
Diversos trabalhos têm sugerido que indivíduos com alto traço de
ansiedade apresentem alterações em parâmetros comportamentais, autonômicos
e cerebrais em comparação a indivíduos normais (Mogg & Bradley, 1999; Fox et
al., 2001; Aftanas & Pavlov, 2005). Martin-Soelch e colaboradores (2005)
mostraram que o alto traço de ansiedade associou-se a uma potencialização das
reações psicofisiológicas (freqüência cardíaca, condutância da pele e atividade
eletromiográfica) que compõem a resposta de orientação para estímulos
emocionais auditivos. Smith e colaboradores (2005) mostraram que os efeitos da
visualização de figuras desagradáveis (potencialização do reflexo de piscar e
aumento da atividade do músculo corrugador) foram potencializados para os
indivíduos que relatavam alto traço de ansiedade. Hanatani e colaboradores
(2005) mediram o potencial relacionado a evento em uma tarefa de discriminação
auditiva e observaram que os indivíduos com transtorno de ansiedade
apresentavam menores latências para os componentes P3 do ERP em
comparação aos normais, sugerindo uma aceleração no processamento
atencional medido pelo ERP nestes indivíduos. Aftanas & Pavlov (2005)
mostraram que o traço de ansiedade modula a assimetria de ativação posterior
durante a evocação de emoções negativas. Estes trabalhos evidenciam a
modulação de um repertório de respostas relevantes do ponto de vista
comportamental pelo traço de ansiedade dos indivíduos.
Desta forma, vislumbramos investigar de que forma a variabilidade
individual, especificamente a ansiedade, altera os mecanismos de regulação
emocional, tanto do ponto de vista comportamental quanto fisiológico.
Durante o período de mestrado investigamos especificamente a
capacidade de interferência de estímulos emocionais na realização de uma tarefa
quando os mesmos estavam inseridos em um contexto de regulação emocional
implícita. Os voluntários realizavam uma tarefa de julgamento da orientação
relativa entre duas barras que apareciam na periferia do campo visual, devendo
apertar uma dentre duas teclas caso sua orientação fosse igual direita) ou
diferente esquerda). A tarefa poderia ter um grau de dificuldade “Fácil”
(diferença de 90º entre as barras) ou “Muito Difícil” (diferença de 6º). Os sujeitos
eram instruídos de que durante a realização da tarefa, fotos neutras (pessoas) ou
negativas (corpos mutilados) apareceriam no centro da tela do computador,
devendo ser ignoradas. O teste era realizado sob dois contextos: “Cinema” e
“Real”. No primeiro contexto, os voluntários eram informados de que as fotos a
serem apresentadas eram provenientes de produção cinematográfica e no
segundo, ficavam cientes de que as fotos eram obtidas de situações reais.
Durante a realização da tarefa, eram medidos o tempo de reação dos voluntários
bem como suas medidas fisiológicas (eletrocardiograma) e cerebrais
(eletroencefalograma). Os resultados comportamentais mostraram que somente
durante a condição em que a tarefa a ser realizada tinha um grau de dificuldade
baixo (“Fácil”) e as fotos distrativas apresentadas eram reais, houve um retardo
do tempo de reação (ms) quando estas tinham valência emocional negativa. Tal
retardo não ocorreu para a situação “Fácil” quando os voluntários eram instruídos
de que as fotos distrativas eram provenientes de cinema. Estes resultados
mostram que uma estratégia de regulação emocional implícita é capaz de
modular o impacto de um estímulo emocional e, conseqüentemente, afetar seu
potencial de interferir no comportamento. Adicionalmente, observou-se que uma
tarefa de alta demanda de atenção por si é capaz de impedir o processamento
de estímulos emocionais de modo que estes deixam de interferir na realização da
tarefa. Isto se deve ao fato da tarefa ser suficiente para exaurir recursos de
processamento, os quais são desviados do processamento do estímulo
emocional. Desta forma, nossa perspectiva é de utilizar este paradigma para
investigar de que forma os mecanismos de regulação emocional se apresentam
em função das diferenças individuais, especificamente em uma população de
indivíduos com alto traço de ansiedade.
6.2. OBJETIVOS
6.2.1. OBJETIVOS GERAIS
Investigar de que forma os transtornos de ansiedade modulam os
mecanismos de regulação da emoção, tanto do ponto de vista comportamental
quanto fisiológico.
6.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar se os indivíduos com alto traço de ansiedade e com diagnóstico
de transtorno de ansiedade (DSM-IV) apresentam um padrão diferenciado
de regulação da emoção em comparação a voluntários normais, através do
paradigma de interferência de fotos emocionais (Erthal et al., 2005).
Correlacionar a magnitude da interferência emocional produzida pelas fotos
negativas com a pontuação dos voluntários na escala de traço de
ansiedade (STAI-T, Spielberger et al., 1983).
Comparar as respostas cerebrais dos voluntários com transtorno de
ansiedade (através do EEG) com os normais durante a realização de uma
tarefa que envolve regulação emocional implícita. Especificamente,
observar o componente P300, o qual está associado ao processamento da
atenção.
Comparar as respostas cardíacas dos voluntários normais (através do
ECG) com as dos pacientes durante a realização de uma tarefa.
Correlacionar a variabilidade da freqüência cardíaca com a capacidade de
regulação emocional em indivíduos normais e pacientes.
6.3. METODOLOGIA
1ª Etapa: Experimento I
6.3.1. Sujeitos
Sessenta voluntários (30 homens) normais participarão do experimento. Esta
participação será livre, e o sujeito pode abandonar o experimento a qualquer momento,
conforme constará no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os voluntários não
deverão apresentar quaisquer distúrbios neurológicos e/ou psiquiátricos, assim como não
fazer uso de medicação com ação sobre o sistema nervoso. Antes de iniciar a sessão
experimental, os sujeitos serão classificados em alto ou baixo traço de ansiedade segundo a
escala STAI-T (Spielberger, 1983). Os procedimentos e protocolos experimentais a serem
utilizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital
Clementino Fraga Filho.
6.3.2. Procedimentos experimentais
Os voluntários participarão de uma sessão experimental que durará aproximadamente
2 horas. Após terem realizado um bloco de treino, realizarão uma tarefa de tempo de
reação manual onde deverão julgar a orientação relativa entre duas barras, apertando uma
dentre duas teclas caso esta seja igual ou diferente. Durante a realização da tarefa, fotos
distrativas aparecerão entre as barras podendo ter valência emocional neutra ou negativa.
Os voluntários serão instruídos a ignorá-las durante a realização da tarefa.
Os voluntários farão os testes em dois contextos: Real” (quando receberão a
informação de que as fotos distrativas são obtidas a partir de um banco de imagens de
fotografias obtidas de situações reais) e “Cinema” (quando serão informados de que as
fotos a ser apresentadas não são verdadeiras, mas sim provenientes de produção
cinematográfica). O contexto “Cinema” corresponde a uma estratégia de regulação
emocional implícita, que os voluntários serão induzidos a modificar a relevância
emocional da foto.
Serão medidos os tempos de reação manual dos voluntários em cada teste, e
simultaneamente suas medidas cardíacas (ECG) e cerebrais (EEG) serão registradas. Os
estímulos visuais serão apresentados na tela de um computador e as respostas coletadas
através de um microcomputador com um programa desenvolvido através do “software”
denominado Presentation® (Neurobehavioral Systems). O experimento será realizado em
uma sala com atenuação sonora e iluminação indireta, sendo utilizado para aquisição dos
sinais de ECG e EEG os módulos ECG100 e EEG100 (Biopac Systems, Inc. EUA),
respectivamente. O registro do ECG será feito com o posicionamento de 2 eletrodos (Ag-
AgCl ) na região torácica (na altura do espaço intercostal) e um eletrodo terra
posicionado na altura do maléolo lateral direito. O registro de EEG será feito com a
mensuração da atividade em três canais. Os eletrodos utilizados serão de Ag-AgCl, sendo
afixados nas posições Fz, Cz e Pz. O eletrodo de referência e o eletrodo terra serão
colocados na posição Fpz e no lobo auricular (A1), respectivamente.
2ª Etapa: Experimento II
Na segunda etapa do projeto, temos a perspectiva de estender nossas
investigações testando pacientes com diagnóstico de transtornos de ansiedade
(DSM-IV). Pretendemos utilizar o paradigma experimental aplicado no primeiro
experimento a fim de investigar o padrão de respostas comportamentais e
fisiológicas desta população específica.
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8. ANEXOS
8.1.TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PESQUISADO
*Nome:_________________________________________________________________
* Idade: ________________ anos * Data de Nascimento: ____/____/____
* CI: ______________________
* Título do projeto: "Efeitos da Intoxicação Aguda por Álcool (Etanol) sobre a Latência
das Respostas Motoras"
* Responsável pelo projeto: Prof. Dr. Walter Machado-Pinheiro. (5255634-5, CRM-RJ)
* Departamento: Depto de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal Fluminense
(UFF)
Eu,
_____________________________________________________________
declaro ter pleno conhecimento do que se segue:
Objetivos do projeto: estudar a interferência do álcool sobre a interação entre os
sistemas emocional e atencional na determinação de um comportamento motor
simples. Mais especificamente, estudaremos de que forma figuras com conteúdo
emocional podem modular o engajamento atencional e a reatividade motora dos
voluntários, verificando também os efeitos da intoxicação aguda pelo etanol sobre esse
mecanismo. Será medido o "tempo de reação manual" (tempo que vai da detecção e
discriminação de um estímulo visual até a resposta motora manual dos voluntários).
Procedimentos: após esclarecimento das condições experimentais, o voluntário se
sentará defronte ao monitor de um micro-computador com a cabeça apoiada e
responderá, apertando uma tecla ao aparecimento de um estímulo. Serão apresentadas
figuras de pessoas e corpos mutilados. O voluntário também será esclarecido sobre a
ingestão de bebida alcoólica em apenas um único dia para se atingir a dosagem máxima
permitida pelo CTB. O teste consistirá de 2 sessões experimentais divididas em 3
blocos de 4 a 5 minutos cada. Após realizar o experimento, o voluntário permanecerá
no laboratório até que esteja visivelmente recuperado. Para seu conforto, o laboratório
disponibilizará líquidos, alimentos e uma poltrona reclinável para o seu repouso.
Contamos ainda com analgésicos e aparelho de pressão para auxiliá-lo.
Desconfortos ou riscos: os possíveis riscos/desconfortos detectados durante a execução
deste projeto se relacionam à exposição de figuras desagradáveis de mutilação no
experimento e ao consumo do álcool. Exatamente visando minimizar tais riscos,
selecionaremos voluntários que têm um certo hábito na ingestão de álcool, estando
"acostumados" aos efeitos da droga. Como trabalharemos com uma dosagem baixa, as
alterações mais comuns esperadas são: useas, tonturas (vertigens), sudorese,
alterações de humor, sonolência, desconforto gastrintestinal, alterações motoras leves
(fraqueza, lentidão, imprecisão de movimentos). Dores de cabeça e queda de pressão
podem ocorrer com menor freqüência. Em todos estes casos esperamos alterações
leves, que, conforme mencionado, a dosagem a ser atingida é baixa, e os voluntários
selecionados têm o hábito de ingerir álcool "tipicamente várias vezes por mês,
ingerindo até 3 a 4 doses por vez".
Benefícios: ao final do experimento, o voluntário será convidado a participar de uma
reunião onde os fundamentos, objetivos e resultados obtidos serão discutidos e
apresentados. Assim, os benefícios estão relacionados à explicação das várias etapas
envolvidas na execução de um projeto científico. Apresentaremos um detalhamento
sobre o que é e como se realiza um projeto científico, mencionando todas as etapas do
mesmo: estudo da temática, coleta da bibliografia essencial, formulação da hipótese,
método para a coleta e preparação de dados, análise estatística, interpretação da
mesma, análise dos resultados e preparação de painéis e do artigo científico a ser
submetido.
que receberei respostas ou esclarecimentos a qualquer dúvida acerca dos
procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa;
da liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar
do estudo;
que se manterá o caráter confidencial das informações relacionadas ao meu
desempenho;
que obterei informações atualizadas durante o estudo, ainda que isto possa afetar a
minha vontade se continuar dele participando;
que estou ciente que os resultados aqui obtidos deverão ser levados a Congressos e
publicados em revistas científicas, mantido o anonimato dos dados coletados.
Niterói, _____ de ___________________ de 20______.
____________________________________________
assinatura do pesquisado
_______________________________ ______________________________
assinatura da testemunha I assinatura da testemunha II
8.2. QUESTIONÁRIO DE CAHALAN & CISIN
QUESTIONÁRIO - PROJETO ÁLCOOL
1. Entrevistador: _____________________________________________2. Data: / /
3. Nome: ______________________________________________4. Sexo: ( ) F ( ) M
5. Data de nascimento: / / 19 6. Peso________Kg 7. Altura________m
8. Índice de Massa Corporal (IMC): ________Kg/ m
2
9. Durante as refeições você toma alguma
bebida?
( ) Não
( ) Sim, água
( ) Sim, refrigerante ou suco
( ) Sim. Qual? ____________________
10. Qual a bebida alcoólica de sua
preferência?
( ) Cerveja
( ) Cachaça
( ) Vinho
( ) Outra. Qual?____________________
( ) Não bebo
11. Quantas vezes você costuma tomar:
Cerv Cach Vinho
3 ou mais vezes/dia
2 vezes ao dia
1 vez ao dia
Quase todos os dias
3 ou 4 vezes /semana
1 ou 2 vezes/semana
2 ou 3 vezes/ mês
Cerca de uma
vez/mês
12. Quando toma cerveja costuma tomar:
5 ou mais garrafas seguidas
3 ou 4 garrafas seguidas
1 ou 2 garrafas seguidas
Menos de uma garrafa
Não Toma
13. Quando toma destilados costuma tomar:
5 ou mais doses seguidas
3 ou 4 doses seguidas
1 a 2 doses seguidas
Menos de uma dose
Não Toma
14. Quando toma vinho costuma tomar:
5 ou mais copos seguidos
3 ou 4 copos seguidos
1 a 2 copos seguidos
Menos de um copo
Não Toma
15. Classificação de Cahalan & Cisin:
( ) Grau 0.
( ) Grau I.
( ) Grau II
( ) Grau III.
( ) Grau IV.
8.3. INVENTÁRIO DE OLDFIELD
NOME______________________________________ IDADE ___________________
DATA___________________________________________TELEFONE____________
Você já teve alguma tendência a ser canhoto?_____________________________________
Existe algum canhoto na sua família?_______________________________________________
Indicar a preferência manual nas seguintes atividades, assinalando X na coluna apropriada. Se
não existir preferência, assinale X nas duas escolhas.
Direita Esquerda
1) Escrever
2) Desenhar
3) Jogar uma pedra
4) Usar uma tesoura
5) Usar um pente
6) Usar uma escova de dentes
7) Usar uma faca (sem o uso do garfo)
8) Usar uma colher
9) Usar um martelo
10) Usar uma chave de fendas
11) Usar uma raquete de tênis
12) Usar uma faca (com garfo)
13) Usar uma vassoura (mão superior)
14) Usar um ancinho (mão superior)
15) Acender um fósforo
16) Abrir um vidro com tampa (mão que segura a tampa)
17) Dar cartas
18) Enfiar a linha na agulha (mão que segura o que se move)
19) Com que pé você prefere chutar?
Total__________________
_
CORREÇÃO VISUAL?_________DÉFICIT:_________________________________
OD_____________OE_______________BIN_____________
8.4. SRQ (SELF REPORTING QUESTIONNAIRE)
Responda às perguntas abaixo, com SIM ou NÃO, em relação a como você se sentiu a
maior parte do tempo, no último mês.
SIM NÃO
1. Tem dores de cabeça freqüentes?
2. Tem falta de apetite?
3. Dorme mal?
4. Assusta-se com facilidade?
5. Tem tremores na mão?
6. Sente-se nervoso(a),tenso(a) ou preocupado(a)?
7. Tem má digestão?
8. Tem dificuldade de pensar com clareza?
9. Tem se sentido triste ultimamente?
10. Tem chorado mais do que de costume?
11. Encontra dificuldades para realizar c/ satisfação suas atividades
diárias?
12. Tem dificuldades para tomar decisões?
13. Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, lhe causa
sofrimento)?
14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?
15. Tem perdido o interesse pelas coisas?
16. Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo?
17. Tem tido a idéia de acabar com a vida?
18. Sente-se cansado(a) o tempo todo?
19. Tem sensações desagradáveis no estômago?
20. Você se cansa com facilidade?
8.5. PANAS
Essa escala consiste de palavras que descrevem diferentes sentimentos e
emoções. Leia cada item e então marque a resposta apropriada no espaço ao
lado da palavra. Indique o quanto você se sente assim em geral, em média /no
momento.
Muito pouco ou
nada
Um pouco Moderadamente
Muito Excessivamente
Interessado
Aflito
Empolgado
Chateado
Forte
Culpado
Com medo
Hostil
Entusiasmado
Orgulhoso
Irritável
Alerta
Envergonhado
Inspirado
Nervoso
Determinado
Atento
Agitado
Ativo
Apavorado
8.6. INSTRUÇÕES GERAIS
Em primeiro lugar gostaríamos de agradecer sua presença hoje. Sua
participação é muito importante!
O experimento será realizado em uma sala com ar condicionado e
isolamento acústico relativo. Você ficará sentado em frente a uma tela de
computador. Serão acoplados eletrodos em seu tórax para registro da
frequência cardíaca (ECG) e em sua cabeça para registro da atividade
neuronal (EEG). Na tela do computador, serão exibidos os estímulos
visuais nos quais você deverá prestar atenção e responder apertando uma
tecla segundo orientações específicas que serão dadas na sala de testes.
Este experimento visa avaliar respostas fisiológicas a estímulos visuais
diversos.
Antes de começarmos, gostaríamos de avisá-lo (a) que durante o
experimento poderão ser apresentadas figuras de pessoas e corpos íntegros
ou mutilados.
Você é livre para interromper a sua participação no experimento a
qualquer momento, bastando para isso chamar o experimentador.
Você realizará uma única sessão experimental com duração de
aproximadamente 2 horas. Antes de realizar este teste você fará um treino
para aprender as tarefas.
Agora você deve ler o termo de consentimento e assiná-lo caso
deseje participar.
8.7. INSTRUÇÕES DA TAREFA
Você realizará duas tarefas diferentes:
1) Tarefa de JULGAMENTO DE BARRAS:
Inicialmente aparecerá uma cruz no centro da tela do computador na qual você
deverá fixar os olhos;
Em seguida aparecerão duas barras brancas, uma à direita e outra à esquerda, e,
em alguns casos, uma foto no centro;
Você deverá julgar se as barras têm exatamente a mesma orientação ou não;
Se a orientação for igual, pressione o mais rapidamente possível a tecla da
direita;
Se for diferente, pressione a tecla da esquerda;
Se aparecerem fotos no centro, você deve ignorá-las.
2) Tarefa de JULGAMENTO DA FIGURA
Inicialmente aparecerá uma cruz no centro da tela do computador na qual você
deverá fixar os olhos;
Em seguida aparecerão duas barras brancas, uma à direita e outra à esquerda, e
uma foto no centro;
Você deverá julgar se a foto é neutra ou desagradável;
Se for neutra, pressione o mais rapidamente possível, a tecla da direita;
Se for desagradável, pressione a tecla da esquerda;
As barras que aparecerem na periferia devem ser ignoradas.
# Nas duas tarefas, é importante que suas respostas sejam o mais rápidas e
corretas possível.
8.8. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está se propondo a participar como voluntário de um estudo de avaliação da
influência dos estímulos afetivos sobre as respostas viscerais e sobre sua reatividade cerebral. O
estudo será realizado nas dependências do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, do
Instituto Biomédico, na Universidade Federal Fluminense, sob orientação das Profa. Dra. Eliane
Volchan e Profa. Dra. Letícia de Oliveira.
O experimento é composto de uma única sessão experimental com duração de
aproximadamente 40 minutos. A sessão experimental será realizada em uma sala especialmente
preparada (isolamento acústico relativo, luz indireta, ar condicionado). O voluntário se sentará
defronte ao monitor de um micro-computador onde os estímulos visuais serão apresentados. A
tarefa do voluntário será apertar uma tecla em resposta ao aparecimento de um estímulo visual.
Durante o experimento, serão apresentadas figuras de pessoas e corpos mutilados. Serão
medidos o tempo de reação manual, a freqüência cardíaca (ECG) e a atividade neuronal (EEG
dos voluntários). Todas estas medidas serão coletadas de forma não invasiva, não representando
nenhum risco potencial.
A participação na pesquisa é voluntária e você é livre para interromper sua participação
a qualquer momento sem nenhuma penalização ou prejuízo. Em qualquer etapa do estudo, você
terá acesso às professoras responsáveis, Profa. Dra. Letícia de Oliveira, que pode ser encontrada
no Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFF, sala 203 bloco Y, ou pelo telefone
2629-2446 ou Profa. Dra. Eliane Volchan, que pode ser encontrada no CCS, Instituto de
Biofísica Carlos Chagas Filho, Laboratório de Neurobiologia II, bloco G, sala 25 ou 35 ou pelo
telefone 2562-6556 para tirar qualquer dúvida ou se manter atualizado com os resultados
parciais da pesquisa. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa,
entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho sala 01D-46- andar, tel: 2562-2480 e-mail: ccp@hucff.ufrj.br.
Todos os seus dados o confidenciais, as informações obtidas durante a sua sessão
experimental serão analisadas em conjunto com as informações dos outros voluntários, portanto
você terá a sua privacidade garantida. Temos o compromisso de tornar públicos os resultados
desta pesquisa, sejam eles positivos ou negativos. Este experimento não é recomendado para
pessoas portadoras de distúrbios psiquiátricos, neurológicos, endócrinos e cardiovasculares.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do estudo acima citado. Ficaram
claros para mim quais são os procedimentos a serem realizados, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes e de que este experimento não é
recomendado para pessoas portadoras de distúrbios psiquiátricos, neurológicos, endócrinos e
cardiovasculares. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízos
de qualquer espécie.
Niterói, ______ de _________________ de __________.
______________________________________________.
Assinatura do pesquisador
______________________________________________.
Assinatura do voluntário
8.9. FICHA PESSOAL
Nome: _______________________________________________________________
Sexo: Feminino - Masculino Idade:______________________________________
Endereço:____________________________________________________________________
Telefone: ________________________ Celular : ___________________________________
E-mail:____________________________________
Profissão:__________________________________________________________________
Qual seu curso de graduação?______________________________ concluído em andamento
Qual seu curso de Pós-graduação?___________________________ concluído em andamento
Responda às seguintes questões:
1) Você tem ou teve alguma dessas patologias diagnosticadas por um médico?
Depressão Ansiedade generalizada Pânico Distúrbio maníaco-depressivo
Distúrbio obssessivo-compulsivo Outros distúrbios (qual?_______________________)
Fobia (qual?_______________________)
2) Você faz uso continuado de medicamentos, entorpecentes e/ou outras drogas?
sim não Qual?______________________________________________________
3) Você apresenta tonteira freqüente? sim não
4) Você concordaria em participar de um experimento no qual seriam mostradas figuras de
corpos mutilados e acidentes? sim não
5) Você passou por alguma situação de grande estresse recentemente? sim não
Qual? _________________________________________________________________
Quando?_______________________________________________________________
6) Você é destro ou canhoto? destro canhoto
7) Você apresenta alguma alteração oftalmológica?
Miopia Astigmatismo Estrabismo Hipermetropia
Outra alteração (qual?_________________________________________)
8) Você usa óculos ou lentes de contato? sim não
9) Você possui alguma lesão ortopédica? sim não
10) Você é fumante? sim não
8.10. TEXTO CINEMA
"Como você foi informado, durante o experimento aparecerão várias
fotos obtidas de fontes variadas. Nos testes que vo realizará a seguir, as
fotos que surgirão foram obtidas a partir de produções cinematográficas com o
objetivo de forjar a realidade e proporcionar o ximo de realismo para
envolver o expectador. Com a evolução da tecnologia, esses truques ficaram
cada vez mais sofisticados. Atualmente tudo é possível com técnicas de
maquiagem: desde pequenas correções nas expressões dos atores, até a
criação de monstruosidades. Por exemplo, as mutilações e os corpos
ensangüentados são facilmente conseguidos com um pouco de resina e
sangue fabricado artesanalmente. Outros efeitos facilmente obtidos com
truques de maquiagem são as saliências, cicatrizes, cortes, feridas, alterações
no formato do rosto e do corpo. Portanto, as fotos apresentadas a seguir não
são extraídas de situações reais e sim produto de técnicas cinematográficas
variadas”.
8.11. TEXTO REAL
"Como você foi informado, durante o experimento aparecerão fotos
obtidas de fontes variadas. Nos testes que você realizará a seguir, as fotos que
surgirão foram retiradas de um banco de imagens denominado Sistema
Internacional de Figuras Afetivas (IAPS). Este banco foi desenvolvido por Peter
Lang e colaboradores no NIMH Center for Studies of Emotion and Attention
(CSEA). O objetivo deste material é a sua utilização em pesquisas acerca do
processamento visual destes estímulos. O IAPS é constituído por centenas de
fotografias coloridas padronizadas, que representam vários aspectos da vida
real. As figuras se agrupam em torno de situações emocionais agradáveis,
neutras e desagradáveis, englobando diversas categorias tais como família,
animais domésticos, eróticas, mutilações, violência e pessoas. Todas as figuras
são fotografias reais, provenientes de fontes como a mídia, Internet, ou
realizadas pelos organizadores do IAPS”.
8.12. QUESTIONÁRIO DE CREDIBILIDADE
Nome:_________________________________________________
Nº:__________________ Data:_____________________________
Responda às questões abaixo marcando o valor adequado:
1) Aproximadamente, em quantas figuras de mutilação do banco de produção
cinematográfica você cogitou que não eram fictícias?
( ) 0%
( ) 25%
( ) 50%
( ) 75%
( ) 100%
2) Aproximadamente, em quantas figuras de mutilação do banco de imagens
cotidianas/ reais” você cogitou que não eram reais?
( ) 0%
( ) 25%
( ) 50%
( ) 75%
( ) 100%
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