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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
José Henderson Fonseca Dutra
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO
PROFISSIONALIZANTE: Uma Reflexão Baseada em Estudo
Desenvolvido no Centro Federal de Educação Tecnológica
– Unidade Descentralizada de Leopoldina (MG)
Taubaté - SP
2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo
SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU
D978e Dutra, José Henderson Fonseca
A educação ambiental no ensino profissionalizante: uma reflexão
baseada em estudo desenvolvido no Centro Federal de Educação
Tecnológica – unidade descentralizada de Leopoldina (MG) / José
Henderson Fonseca Dutra. - 2006.
73f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Programa de Pós-
graduação em Ciências Ambientais, 2006.
Orientação: Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus, Programa de Pós-
graduação em Ciências Ambientais.
1. Educação ambiental – Visão interdisciplinar. 2. Ensino técnico
profissionalizante. I. Título.
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
José Henderson Fonseca Dutra
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO
PROFISSIONALIZANTE: Uma Reflexão Baseada em Estudo
Desenvolvido no Centro Federal de Educação Tecnológica
– Unidade Descentralizada de Leopoldina (MG)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade de Taubaté, para obtenção do
título de Mestre em Ciências Ambientais.
Área de Concentração: Ciências Ambientais.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus
Taubaté - SP
2006
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO PROFISSIONALIZANTE: UMA
REFLEXÃO BASEADA EM ESTUDO DESENVOLVIDO NO CENTRO FEDERAL
DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA UNIDADE DESCENTRALIZADA DE
LEOPOLDINA (MG)
JOSÉ HENDERSON FONSECA DUTRA
Dissertação aprovada em 30/08/2006.
Comissão Julgadora:
Membro Instituição
Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus UNITAU – Taubaté
Prof. Dr. Cyro de Barros Rezende Filho UNITAU – Taubaté
Profa. Dra. Elisabete Gabriela Castellano UNICEP – São Carlos
Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus
Orientador
Dedico este trabalho a todos que durante
os anos aos quais me dediquei às causas
ambientais estiveram do meu lado,
contribuindo nessa linda luta.
''Quando o homem aprender a respeitar até
o menor ser da criação (...), ninguém
precisará ensinar-lhe a amar seu
semelhante''.
Albert Shweitzer
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de vivenciar os momentos
de prazer de estudar e praticar as Ciências Ambientais.
Ao meu orientador amigo, Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus, e sua família,
pelo carinho e apoio.
Às minhas filhas Gabriela e Tatiana por toda paciência a mim dedicada,
pelas horas difíceis da minha vida, por todo amor e carinho.
Ao Prof. Dr. Lacava que sempre me apoiou e incentivou.
Aos professores Flávio José Nery Conde Malta e Cyro De Barros Rezende
Filho pelas valiosas sugestões e críticas construtivas durante o exame geral de
qualificação.
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da UNITAU pela
oportunidade.
Aos colegas de curso, que ao longo desta jornada tornaram-se grandes
amigos e que sempre estiveram auxiliando nos momentos solicitados e nos
imprevistos.
À Ana Fiorin que me ajudou muito na formatação do presente projeto pela
compreensão e pela sinceridade.
À Fernanda (CEFET) e toda sua equipe que sempre esteve presente, com
todo amor e dedicação.
À direção, à coordenação e aos funcionários da escola que participaram
desta pesquisa.
À todos aqueles que direta ou indiretamente auxiliaram o desenvolvimento
deste trabalho.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO PROFISSIONALIZANTE: UMA REFLEXÃO
BASEADA EM ESTUDO DESENVOLVIDO NO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA – UNIDADE DESCENTRALIZADA DE LEOPOLDINA (MG)
Autor: José Henderson Fonseca Dutra
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus
RESUMO
O presente trabalho aborda a importância da Educação Ambiental, no que tange ao ensino
profissionalizante, com base na preparação dos discentes ao mundo do trabalho, bem como
o apoio aos docentes, objetivando um ensino pós-moderno e, à escola, como incentivo a um
projeto pedagógico e proposta de uma mudança curricular, no intuito de inserir a Educação
Ambiental de forma disciplinar e melhorar a qualidade de vida, sendo este propósito
desenvolvido no CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA. Neste estudo não se pretende discutir
os vícios do sistema de ensino vigente; foi citado, apenas, como referência. Procura-se
propor formas de atuação em uma escola técnica, enfocando a Educação Ambiental como
fundamental na conscientização no contexto educacional. A metodologia utilizada para o
cumprimento dos objetivos contemplou a elaboração e desenvolvimento de atividades
variadas como reuniões, aplicação de questionários e entrevistas com os professores. Os
temas abordados enfocaram a Educação Ambiental com ênfase na interdisciplinaridade e
visão sistêmica do mundo, buscando obter uma discussão em torno do problema
apresentado. Nesse sentido, esta pesquisa teve por finalidade realizar um estudo da
concepção ambiental de professores do Ensino Profissionalizante do CEFET/MG-
UNED/LEOPOLDINA, sobre Educação Ambiental e sua importância para o mundo do
trabalho. Utilizou-se uma abordagem metodológica com análises quantitativa e qualitativa,
por meio de questionários e entrevista semi-estruturada. Obteve-se como resultado a
descoberta de um pequeno envolvimento dos professores com as questões ambientais,
relativas à formação dos alunos. Verificou-se, também, a falta de conhecimento por parte
dos mesmos sobre os principais problemas ambientais relacionados às atividades que os
alunos irão desempenhar, sinalizando, assim, algumas razões para a parca participação dos
projetos educacionais relativos à Educação Ambiental. Em função disto, algumas sugestões
foram ofertadas para futuros programas de Educação Ambiental, envolvendo professores e
contribuindo para uma participação mais efetiva na forma de adequar-se a essa nova visão
interdisciplinar.
PALAVRAS CHAVES: Educação Ambiental, Ensino Técnico Profissionalizante,
Interdisciplinaridade, Mundo do trabalho, CEFET/Leopoldina (MG).
THE ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE CONTEXT OF
PROFESSIONAL EDUCATION: A REFLEXION BASED ON
A STUDY DEVELOPED AT CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA
Author: José Henderson Fonseca Dutra
Adviser: Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus
SUMARY
This work deals with the importance of Environmental Education in the context of
professional education, based on the preparation of students for labour, as well as a support
for teachers, aiming to develop an updated teaching, and to school, as an incentive for an
educational plan and as purpose for curricular changings, with the objective to insert it in the
curriculum and to improre the relationship at the school environment. This work was
developed at CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA. In this study the intention is not that to
discuss the problems of brazilian education, therefore it is mentioned just as a reference.
However this study searches to propose ways of acting in a technical school, focusing on
Environmental Education as essential for the awareness of the educational context. The
methodology chosen to achieve the objectives made possible the construction and
development of varied activities. The subjects discussed focused on Environmental
Education emphasizing the interdisciplinarity and systemic vision of the world aiming to
discuss about the problem presented. Thus, the purpose was to study about the concept
teachers from technical courses at CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA have of Environmental
Education and its importance in labour. The methodological approach included analyses
quantitative e qualitative of questionnaires and semi-structured. As a result we found
teachers little commited with the environmental matter in relation to students formation, and
that they (the teachers) do not know much about the main problems students will face at
work as technicians in industry. This could be considered as one reason why there is little
participation in educational plans related to Environmental Education. Considering the
results, some suggestions for future Environmental Education programs were presented in
which teachers are involved, aiming to improve the school staff commitment in discussions of
how to adopt that new interdisciplinary view.
Key-words: Environmental education; Professional Education, interdisciplinarity,
Labour, CEFET/Leopoldina (MG).
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) –
Leopoldina (MG) ........................................................................
35
Figura 02: Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) –
Leopoldina (MG) – Vista Aérea .................................................
36
Figura 03: Tempo de docência dos professores no CEFET/MG-
UNED/LEOPOLDINA ................................................................
44
Figura 04: Participação de projetos relacionados ao meio ambiente .......... 50
Figura 05: Utilização do tema meio ambiente na prática pedagógica dos
docentes .....................................................................................
53
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Compreensão do que é Educação Ambiental por parte dos
professores ................................................................................
45
Quadro 02: Definição dos professores sobre o meio ambiente.....................
47
Quadro 03: Principais problemas ambientais relacionados às atividades
que os alunos irão desempenhar no futuro ................................
48
Quadro 04: Participação de professores em projetos ambientais.................
49
Quadro 05: Utilização do tema transversal Meio Ambiente nas aulas...........
52
Quadro 06: Importância da Educação Ambiental para os professores..........
56
Quadro 07: A importância da Educação Ambiental no ensino técnico
profissionalizante .......................................................................
58
Quadro 08: Importância da Educação Ambiental no Ensino Técnico
Profissionalizante .......................................................................
60
Quadro 09: O professor e o exercício da interdisciplinaridade ....................
62
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11
1.1. Contexto Geral .............................................................................................. 11
1.2. Antecedentes e Premissas deste Trabalho ................................................. 13
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 16
2.1. A Educação para o Mundo do Trabalho....................................................... 16
2.2. A Proposta Interdisciplinar da Educação Ambiental .................................... 22
2.3. Conhecimento e Percepção dos Professores para a Melhoria Ambiental .. 25
2.4. Meio Ambiente e Educação Ambiental nas Escolas: Importância das
Concepções Ambientais dos Professores .................................................. 28
3. OBJETIVOS ................................................................................................... 32
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 32
3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 33
4. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO .......................................................... 34
4.1 Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) – MG ............................ 34
4.2 A Unidade Descentralizada de Ensino de Leopoldina ................................... 35
5. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 38
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 44
6.1 Respostas ao Questionário ........................................................................... 44
6.2 A Entrevista Semi-Estruturada ...................................................................... 55
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ........................................... 63
7.1 Síntese dos Resultados ................................................................................ 63
7.2 Recomendações e Propostas de Ação ......................................................... 65
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 67
9. ANEXOS ........................................................................................................ 73
11
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTO GERAL
O ser humano, em tempos primitivos, contemplava a natureza e temia seus
fenômenos, vivendo em constante luta pela sua sobrevivência. No decorrer de sua
evolução foi perdendo os vínculos que possuía com a natureza e, com o
desenvolvimento de novas tecnologias, os recursos naturais começaram a ser
utilizados de forma intensiva, acelerada e predatória. O relacionamento de alguns
povos com o meio natural foi sempre de muito respeito, enquanto para outros, que
se denominam “mais progressistas e evoluídos”, esse respeito foi substituído por um
“aproveitamento” irresponsável dos recursos naturais (Prado, 2000).
A relação do modo predominante de desenvolvimento econômico da
humanidade (economia consumista de mercado), com os graves problemas sócio-
ambientais mundiais (efeito estufa acelerado, destruição da camada de ozônio,
eutrofização cultural de águas continentais e oceânicas, fome em larga escala,
epidemias e pandemias generalizadas, etc.) torna-se evidente na
contemporaneidade (Raport et al, 1998).
Diante disso, muitos problemas relacionados ao meio ambiente merecem
hoje uma maior atenção por parte de estudiosos. Há poucas décadas, vem
crescendo a preocupação em relação à preservação ecológica, ao controle dos
problemas ambientais e à restauração dos ecossistemas (Khatounian, 2003).
No âmbito institucional mundial, várias reuniões e conferências foram
promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir da década de 70,
com o intuito de se debater os problemas ambientais, elaborando-se estratégias
para solucioná-los ou amenizá-los (Pedrini, 1997; Reigota, 2001). Esses eventos
têm como um dos marcos mais importantes a “Conferência das Nações Unidas
12
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento” (“CNUMAD”, “ECO 92” ou “RIO 92”),
realizada no Rio de Janeiro, onde foi aprovado o programa “Agenda 21”, um guia
para a implementação nos países envolvidos de um novo conceito, o
“desenvolvimento sustentável”, com o objetivo de preparar o mundo para os
desafios deste novo século. Este novo conceito surgiu da necessidade de
construção de processos de desenvolvimento que não causem tantos danos sócio-
ambientais à população mundial como os atuais processos têm causado, e que
possibilitem às atuais e futuras gerações um ambiente seguro e saudável.
Embora o “desenvolvimento sustentável” parecesse, em um primeiro
momento, um conceito indiscutível, já a partir da “ECO-92” surgiu um
questionamento sobre seus possíveis significados, durante o “Fórum Global”, evento
simultâneo à “ECO-92”, no Rio de Janeiro, quando educadores de todo o mundo,
provindos de movimentos sociais e organizações não-governamentais, reuniram-se
na “Jornada de Educação Ambiental”. Neste evento, discutiu-se a ampliação conceitual
de um “desenvolvimento sustenvel para a busca de “sociedades sustentáveis e
responsabilidade global”, onde a responsabilidade ambiental é de todos, individual e
coletivamente, além de serem todos, agentes de modificação do atual modelo de
desenvolvimento que tem colocado em risco a vida humana no planeta (Sé, 1999).
Os processos de Educação Ambiental surgiram assim, neste contexto, como
necessários à realização efetiva destes conceitos. Neste sentido, é preciso
desenvolver a cidadania ambiental e a cultura de sustentabilidade, com base em um
fazer pedagógico que conjugue a aprendizagem a partir da vida cotidiana (Prado,
op. cit.). A educação ambiental tem papel fundamental na conscientização da
população, no que diz respeito ao papel de cada indivíduo da sociedade para tentar
reverter todo esse quadro de utilização dos recursos de forma inadequada e
acelerada, sem nenhuma preocupação com os efeitos negativos gerados.
13
1.2. ANTECEDENTES E PREMISSAS DESTE TRABALHO
A escola formadora dos futuros cidadãos tomadores de decisões, tem papel
fundamental neste resgate e incorporação de valores, buscando construir novos
caminhos que possibilitem a convivência harmoniosa com o meio natural.
Os educadores comprometidos com a formação e a humanização de seus
alunos terão que buscar cotidianamente uma forma de educá-los para conviver com
essa realidade, juntos buscando caminhos que possibilitem o desenvolvimento da
sociedade de modo sustentável.
O trabalho com alunos e professores do Ensino Profissional, utilizando-se a
educação ambiental como prática pedagógica do tema transversal “meio ambiente”
(Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, segundo BRASIL, 1998), surgiu da
necessidade destes professores e alunos por informações e estudos a respeito do
mundo do trabalho, necessidade essa, de conhecer as características ambientais
das indústrias e seus efeitos para a natureza e interesse em participar de projetos
que visem sua valorização, preservação e/ou recuperação ecológica. Além disto, em
busca do atendimento desta demanda, a descoberta da possibilidade de se
elaborarem projetos de educação ambiental, juntamente à constatação da carência
e ausência desses projetos, no âmbito do Curso Técnico Profissionalizante, fizeram
necessário esta pesquisa.
A motivação para a escolha da Educação Ambiental (EA) no Ensino
Profissionalizante para desenvolver esta pesquisa é fruto de um trabalho que vem
sendo realizado, desde o ano 2000, com as turmas do Curso Técnico de Mecânica
do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG-
UNED/LEOPOLDINA), Unidade de Ensino Descentralizada de Leopoldina.
14
Este trabalho objetiva despertar a consciência da preservação do ambiente
em que vivemos nos profissionais da escola e alunos dos Cursos Técnicos
Profissionalizantes, proporcionando uma formação adequada para que estes se
sintam seguros para inovar e reformular suas práticas, incorporando a questão
ambiental ao mundo do trabalho. Tanto na forma curricular quanto no dia a dia da
escola. Além da formação profissional, também na rotina escolar. Aqui já cabe um
primeiro questionamento: será que essas pessoas sabem o que é a EA e
diferenciam ambiente e meio ambiente? Os profissionais da escola estarão
dispostos a reaprender e rever seus hábitos, revendo suas atitudes?
Durante as atividades de educação ambiental desenvolvidas com os
profissionais da escola, foi possível verificar, na prática, a mudança de atitudes e o
acréscimo de valores, pois as mesmas, por terem contato direto com a prática
profissional, questionavam a todo o momento o que poderiam fazer para melhorar as
condições de trabalho e melhorar a sua relação com o ambiente em que vivem.
Através de um trabalho junto à Coordenação de Mecânica, do CEFET/MG-
UNED/LEOPOLDINA, introduziu-se a disciplina Estudo das Condições de Trabalho
e dos Impactos Ambientais na Manutenção e na Produção Mecânica.
O conteúdo curricular desta disciplina inclui, basicamente, questões relativas
à Segurança do Trabalho e à EA.
A experiência teve como resultado uma mudança nos hábitos e
comportamentos destes alunos tanto no ambiente escolar e extra-escolar, quanto na
obtenção do estágio curricular obrigatório, diferentemente dos demais alunos dos
outros cursos ofertados pela nossa escola.
Daí, propor que tais questões sejam inseridas no contexto curricular dos
Cursos Técnicos Profissionalizantes, seja na forma disciplinar ou transversal.
15
O conhecimento, e o esclarecimento dos professores é muito importante,
pois são os formadores dos cidadãos que irão, no futuro, administrar nosso mundo,
nas mais diversas áreas e que poderão participar das decisões da relação
homem/natureza. Devido a pouca participação da direção da escola no envolvimento
de tais questões, deseja-se que essa participação aumente com o decorrer dos
anos, de forma que os projetos sejam feitos de acordo com as necessidades de
resolução dos problemas dentro do presente contexto, detectando os problemas,
aguardando por soluções urgentes.
Neste sentido, esta pesquisa busca conhecer e analisar o nível de
conhecimento dos professores do ensino profissionalizante do CEFET/MG-
UNED/LEOPOLDINA com relação às questões ambientais, procurando também
sugerir outras possibilidades com base neste estudo.
Justifica-se a escolha dos professores do ensino profissionalizante como
público-alvo da pesquisa, pois são potenciais formadores da mão de obra
especializada do futuro próximo, e, dentro do processo educativo profissional, são
aqueles que mais estão próximos do cotidiano dos discentes, que permanecem na
escola por tempo integral, devido às exigências da formação de competências
profissionais.
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. A EDUCAÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO
O item 10 dos “Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e
responsabilidade Global” afirma:
“A EA deve estimular e potencializar o poder das diversas populações, promover
oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores
populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de
seus próprios destinos.”
Muito se fala da ação local e do pensar global. Praticamente a maioria dos
projetos ambientalistas, de EA, desenvolve suas atividades no âmbito local.
(Cascino, 1999).
O fator que mais contribui para a especificidade da EA é a ênfase na
resolução de problemas práticos que afetam o meio ambiente humano. Disso deriva
sua característica fundamental - a abordagem interdisciplinar - que considera a
complexidade dos problemas ambientais e a multiplicidade de fatores ligados a eles.
(Dias, 2003)
Sendo assim, é objetivo da EA viabilizar o conhecimento do meio ambiente
em sua totalidade, ou seja, tanto em seus aspectos naturais quanto naqueles
criados pelo homem, especificamente os tecnológicos e sociais (econômico, político,
histórico-cultural, moral e estético), enfocando suas relações de interdependência.
(Ibidem).
Para Dias, (2003) a EA como formação tem que levar o educando a criar
novas formas de ver e analisar as relações do homem com a natureza, que sejam
alicerçadas em valores morais. Sendo um processo de permanente aprendizagem
valorizando todas as formas de conhecimento e formando cidadãos com consciência
local e global.
A EA, segundo Berna (2005), à medida que se assume como educação mais
política do que técnica, assume também o processo de formadora da identidade
17
política e cultural de um povo. Para torná-la mais eficiente deve-se adotar uma visão
isolada da natureza; uma visão cultural, que demonstre que o meio ambiente não é
constituído apenas pelo mundo natural, mas, também, pelas zonas urbanas; uma
visão cultural, que demonstre que o poder não está distribuído de maneira igual por
toda humanidade; e uma visão ética, que demonstre que a mudança para uma
relação mais harmônica e menos predatória e poluidora com o planeta e as outras
espécies depende de todos, mas, especialmente, começa em cada um de nós.
A construção de uma visão de reflexão e participação é essencial para a
solidez de um processo educacional e transformador do indivíduo, que atua dentro
dos requisitos necessários para o desenvolvimento sustentável esperado, e, por
conseguinte, com a expansão do direito de ter um desenvolvimento social mais justo
e ambientalmente equilibrado. (Batalha, 2005).
Cabe à escola, enquanto organização social complexa, responsável pelo
acesso de todos ao conhecimento socialmente produzido, contribuir, junto com
outras organizações e movimentos sociais, com a realização de um projeto
educacional capaz de desenvolver nas novas gerações saberes e valores que lhes
permitam participar do ordenamento social e ecológico. (Vilhena e Politti, 2000).
Desde a revolução industrial, o meio ambiente tem sido alterado
intensamente pelas atividades humanas. Apesar da melhoria das condições de vida
proporcionadas pela evolução tecnológica, observam-se diversos fatores negativos:
1. Explosão populacional.
2. Concentração crescente da ocupação urbana.
3. Aumento de consumo com a utilização em maior escala de matérias primas e
insumos (água, energia, materiais auxiliares de processos industriais).
(Vilhena e Politti, 2000).
18
De acordo com Dias (2003), a EA deve chegar às empresas através de
programas específicos. Na escola, molda-se uma nova mentalidade a respeito das
relações ser humano / ambiente. Nas empresas também, porém, acrescenta-se a
possibilidade de interferir na tomada de decisões profissionais que possam interferir
positiva ou negativamente na qualidade ambiental.
A Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável dentre os seus
artigos expressa alguns princípios que vale ressaltar:
Prioridade na Empresa
Reconhecer a gestão do ambiente como uma das prioridades na empresa e como
fator dominante do Desenvolvimento Sustentável; estabelecer políticas, programas e
procedimentos para conduzir as atividades de modo ambientalmente seguro.
Formação do Pessoal
Formar, treinar e motivar o pessoal para desempenhar suas atividades de maneira
responsável em face do ambiente.
Contribuição para o Esforço Comum
Contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas, de programas empresariais,
governamentais e intergovernamentais, e de iniciativas educacionais que valorizem
a consciência e a proteção ambientais.
De acordo com Santos (2005), há que se entender as questões sobre a
concepção e as oportunidades de formação profissional em articulação com o
conjunto de transformações societárias, pelas quais as próprias funções da
formação profissional, no país, e as relações entre educação e mercado de trabalho
são redefinidas, não raro, de forma reducionista, tendo em vista o seu assumido
desejado ajuste a essas transformações como a redução dos direitos à educação
aos imperativos do mercado de trabalho.
19
Demajorovic (2003) comenta que em circunstâncias complexas, decorrentes
de um ambiente em mudança, é necessário que os integrantes das organizações
sejam capazes de questionar a propriedade do que estão fazendo e modificar sua
ação considerando as novas demandas impostas.
Vilela (2003) ressalta que nos processos de EA, a sua interface com
questões como ética, cidadania e responsabilidade social é fundamental. Por mais
que a equação gestão ambiental = competitividade seja palatável e atrativa, e em
alguns casos verdadeira, a questão ambiental vai, além disso, e a preocupação e o
interesse de gerentes e funcionários e demais colaboradores também.
A incorporação do Desenvolvimento Sustentável e da Conservação
Ambiental no dia-a-dia de uma empresa requer uma mudança de cultura em todos
os níveis funcionais. A inserção desses novos conceitos na cultura da organização
exige um sistema de organização eficiente entre seus vários níveis hierárquicos, por
meio do estabelecimento de um programa de EA que mobilize todos os seus
integrantes.
A EA constitui um processo ao mesmo tempo informativo e formativo dos
indivíduos, tendo por objetivo a melhoria de sua qualidade de vida e a de todos os
membros da comunidade a que pertence. Vale ressaltar aqui a necessidade de uma
educação nos cursos técnicos profissionalizantes que preencham os pré-requisitos
anteriores.
De acordo com Valle (2004), cada indivíduo é responsável pela proteção
ambiental, da mesma forma que o é pela segurança no trabalho.
O mesmo autor assegura que a conscientização e o adequado treinamento
desses indivíduos (colaboradores) têm importância vital no processo de obtenção da
certificação ambiental, pois, muitas vezes é mediante erros operacionais que podem
ser gerados os piores resíduos e provocados os maiores acidentes. Pela EA pode-
20
se acelerar esse processo de conscientização dos indivíduos, tanto interno quanto
externos à organização, possibilitando desse modo chegar mais rapidamente à
almejada certificação por uma entidade credenciada.
A conscientização é a base para o comprometimento, para a participação e
para a mudança de cultura dos indivíduos e organizações. (Vilela, 2003).
ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE
O tema em questão é de fundamental importância para nosso país.
Com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei n. º 9394, de 20/12/96), complementada a seguir pelo Decreto n. º
2.208, de 17/04/97, reformado pelo Decreto 5.154 de 23 de julho de 2004, ficou
caracterizada a Educação Profissional, de forma específica.
Consolidado o conceito da Educação Profissional e sua operacionalização
no âmbito das instituições de ensino e dos setores públicos e privados envolvidos
com esse segmento da Educação, a Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica (SETEC) tem colocado em evidência seu papel nesse contexto tão
significativo para um país, que é o caso da Educação para o Trabalho.
Num país como o nosso que apresenta diversidades físicas, socioculturais e
econômicas marcantes, o modelo educacional tem que ser flexível. Os novos
currículos vão atender tanto ao mercado nacional como às nossas características
regionais. Além de se adaptarem às exigências dos setores produtivos.
O objetivo é criar cursos que garantam perspectiva de trabalho para os
jovens e facilitem seu acesso ao mercado. Que atendam, também, aos profissionais
que já estão no mercado, mas sentem falta de uma melhor qualificação para
21
exercerem suas atividades. Educação Profissional vai funcionar, ainda, como um
instrumento eficaz na reinserção do trabalhador no mercado de trabalho.
A Resolução No. 04/99 define sete princípios norteadores da educação
profissional de nível técnico, além daqueles enunciados no artigo 3º da LDB nº
9.394/96:
Independência e articulação com o ensino médio;
Respeito aos valores estéticos, políticos e éticos;
Desenvolvimento de competências para a laborabilidade;
Flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização;
Identidade dos perfis de conclusão de curso;
Atualização permanente dos cursos e currículos;
Autonomia da escola em seu projeto pedagógico.
Na organização e planejamento de cursos técnicos, as Instituições deverão
considerar dois critérios: atendimento às demandas do cidadão do mercado e da
sociedade; conciliação dessas demandas com a vocação e a capacidade
institucional da escola ou da rede de ensino.
A Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999, define os princípios da Política
Nacional de EA (PNEA) e estabelece que em sua esfera de ação, além dos órgãos e
entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, deve envolver
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, órgãos
públicos da União, dos Estados e Municípios e organizações não governamentais
com atuação em EA.
Essa legislação federal que instituiu PNEA define como EA “os processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
22
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade”.
Ainda nessa lei, no capítulo II, seção II, art. 10º, parágrafo 3º é citado:
“Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve
ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a
serem desenvolvidas.”
Portanto, reconhece-se aqui, a necessidade da formação de cidadãos
conscientes e responsáveis inclusive para o mundo do trabalho. E isto só pode ser
possível através da incorporação de novas estratégias pedagógicas que sem dúvida
deverão incluir a Educação Ambiental e a prática da interdisciplinaridade.
2.2. A PROPOSTA INTERDISCIPLINAR DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
De acordo com Fazenda (1991), a EA por ser interdisciplinar; por lidar com a
realidade; por adotar uma abordagem que considera em todos os aspectos que
compõem a questão ambiental – socioculturais, políticos, científico-tecnológicos,
éticos, ecológicos, etc.; por achar que a escola não pode ser um amontoado de
gente trabalhando com outro amontoado de papel; por ser uma catalisadora de uma
educação para a cidadania consciente, pode e deve ser o agente otimizador de
novos processos educativos que conduzem as pessoas por caminhos onde se
vislumbre a possibilidade de mudança e melhoria do seu ambiente total e da
qualidade da experiência humana.
De acordo com Asencio (1987), a interdisciplinaridade se entende
fundamentalmente como “a tentativa voluntária de integração de diferentes ciências
com um objetivo de conhecimento comum”.
23
Fazenda (1991), afirma que a interdisciplinaridade “depende muito mais de
uma mudança nas pessoas, ou seja, de uma abertura na forma de conceber a
educação e compreender a cultura”.
A interdisciplinaridade na área do meio ambiente não ultrapassou a fase
multidisciplinar. Estamos motivados pelo bom desejo de formar um campo comum,
com regras e operações, vocabulários e pressupostos compartilhados, e por um
aceno de boas intenções, de defesas arriadas, de convite ao convívio entre
estudiosos e pesquisadores de campos distintos e até aqui vividos com exemplos de
assimetria e desconfiança, mas não construímos ainda a interdisciplinaridade, que
tem ficado ao nível individual, singular, na própria pessoa do pesquisador de uma
área que é autodidata em outras. (Herculano, 2000).
A posição interdisciplinar se fundamenta na crença de que o aluno possa
estabelecer conexões pelo simples fato de serem evidenciados pelo professor, e em
que o somatório de aproximações a um tema permita, por si próprio, resolver os
problemas de conhecimento de uma forma integrada e racional. Estudos como os
realizados por Barret (1986), citado em Hernandez e Ventura (1998) em torno da
complexidade de operações que um estudante vá realizar ante a informação que lhe
será apresentada na sala de aula, questionam que esses objetivos sejam tão
simples de alcançar. No mesmo sentido, Snow (1986), citado no mesmo trabalho,
propôs que a compreensão das situações de aprendizagem, a partir da ótica do
professorado e sem levar em conta como os alunos aprendem, conduz, em
determinadas ocasiões, a avaliações apressadas sobre a eficácia de uma proposta
didática ou sobre o fracasso dos estudantes diante dela. (Hernández e Ventura,
1998).
As práticas interdisciplinares acontecem, geralmente, com os professores
cujas disciplinas possuam a priori afinidades, ou que “coincidam” na organização
24
dos horários de aulas, facilitando a “integração” das mesmas disciplinas. (Cascino,
1998).
O conhecimento interdisciplinar busca a totalidade do conhecimento,
respeitando-se a especificidade das disciplinas; a escolha de uma bibliografia é
sempre provisória, nunca definitiva. (Fazenda, 1995).
Ainda com Fazenda, deve ser citada a máxima:
“Para nós, interdisciplinaridade é mais que o sintoma de emanações de uma nova
tendência em nossa civilização. É o signo das preferências pela decisão informada,
apoiada em visões tecnicamente fundadas, no desejo de decidir a partir de cenários
construídos sobre conhecimentos precisos.”
Um trabalho cooperativo entre os campos disciplinares, sem hierarquizações
do saber, sem pretensos donos da problemática ambiental, sem preconceitos
mútuos, permitiria que as várias faces desse múltiplo campo aflorassem em
equacionamentos ricos. (Moraes, 1997).
Interdisciplinaridade revela o caminho, entre as disciplinas, que é percorrido
nas abordagens do conhecimento, em que o observador recebe a contribuição
metodológica e informativa das disciplinas individualizadas, sem que estas sejam
afetadas ou dirigidas pelos resultados. (Korte, 2005).
“... queremos dizer que o pensar interdisciplinar parte do princípio de que nenhuma
forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta, pois, o diálogo com outras
formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. Assim, por exemplo, aceita
o conhecimento do senso comum como válido, pois é através do cotidiano que damos
sentido às nossas vidas. Ampliando através do diálogo com o conhecimento científico,
tende a uma dimensão utópica e libertadora, pois permite enriquecer nossa relação com
o outro e com o mundo”. (Fazenda, 1991).
25
2.3. CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES PARA A MELHORIA
AMBIENTAL
Tomando como referência Piaget et al (1967, citados por Becker, 2003),
“[...] o conhecimento não nasce com o indivíduo nem é dado pelo meio social, o
sujeito constrói seu conhecimento através da interação com o meio físico e social
[...]”. Desta forma, o conhecimento vai sendo construído devido à convivência do
indivíduo com o meio em que se insere, sendo muito influenciado pela cultura e pela
convivência em sociedade.
Portanto, essa busca pelo conhecimento deve ser constante na vida dos
educadores, os quais também aprendem com seus alunos os conteúdos que são
ensinados. Porém, sendo essa busca individual, alguns professores sentem-se
satisfeitos pelo conhecimento que possuem e se recusam a qualquer tipo de novas
experiências, mesmo constando nas leis da educação, enquanto outros,
naturalmente em seu cotidiano, incorporam os conhecimentos que servirão para
auxiliá-lo em sua prática pedagógica.
Neste sentido, a verificação e a análise do conhecimento e da percepção
ambiental dos professores, pode contribuir para o planejamento de ações e projetos
voltados aos mesmos, aos seus alunos e à escola como um todo, pois mediante
este tipo de investigação, poderão ser diagnosticadas suas concepções e suas
valorações sobre determinadas situações ambientais.
A percepção ambiental tem grande influência na conduta das pessoas, e,
portanto, sendo subjetiva, agimos de acordo com o que percebemos. Segundo
Penna (1993), “[...] perceber é conhecer, através dos sentidos, objetos e situações
[...]”.
26
No entanto, os problemas vivenciados em nosso dia-a-dia muitas vezes não
são percebidos e deixamos de dar nossa contribuição para a melhoria dos mesmos.
Podemos estar diante de várias situações, sejam elas boas ou ruins, porém a nossa
percepção, por ser subjetiva e totalmente influenciada por nossa cultura, muitas
vezes nos limita e/ou expande nossa capacidade de percebermos certas situações
e, com nossas ações, modificarmos todo o panorama vivenciado, de maneira
positiva ou negativa, dependendo do modo como percebemos as coisas (Ludke &
André, 1986).
Tuan (1980) identifica a percepção como sendo tanto a resposta dos
sentidos aos estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos
fenômenos são claramente registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra
ou são bloqueados. Ainda segundo Tuan (op.cit), o estudo da percepção nos auxilia
a nos compreendermos. Sem a autocompreensão não podemos esperar por
soluções duradouras para os problemas ambientais que, fundamentalmente, são
problemas humanos.
Neste sentido, Castello (2001) diz que, em termos educacionais, a
percepção pode instigar o interesse dos educadores a respeito dos valores naturais,
com os quais já não existem laços de proximidade, rompidos pela organização
sócio-econômica contemporânea.
De acordo com Fernandes (2004), a percepção ambiental como ‘instrumento
de gestão em aplicações ligadas às áreas educacional, social e ambiental’ pode ser
utilizada para melhorar a qualidade de vida das pessoas e da natureza. Segundo
ele,
[...] cada pessoa percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o meio
ambiente em que vive. As respostas ou as manifestações daí decorrentes são resultados
das percepções (individuais e coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e
expectativa de cada pessoa, logo, o estudo da percepção ambiental é de fundamental
importância para melhor compreensão das inter-relações entre o homem e o ambiente,
suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas.
27
De acordo com Schimitt & Matheus (2005), conhecendo as particularidades
da percepção ambiental, é possível atuar na prevenção e no controle dos conflitos
ambientais, através de subsídios que contribuam para o desenvolvimento de
intervenções educativas e de gestão do ambiente, possibilitando a tomada de
decisões baseadas nos anseios locais, com critérios que visem a sustentabilidade.
Todas essas afirmações vêm de encontro às seguintes recomendações da
UNESCO (1973):
[...] os projetos que tratam da relação homem-biosfera e gerenciamento dos
ecossistemas devam incluir investigações sobre a percepção como parte integrante da
abordagem interdisciplinar que estes projetos exigem, porque o estudo da percepção
ambiental contribui no conhecimento das relações dos seres humanos e o ambiente,
auxiliando a utilização mais racional dos recursos ambientais, possibilitando uma relação
harmônica dos conhecimentos locais, do interior (conhecimento popular individual ou
coletivo), como os conhecimentos do exterior (conhecimento científico tradicional),
enquanto instrumento educativo e agente de transformação.
Portanto, ao se estudar os conhecimentos e as percepções de educadores
escolares sobre o meio ambiente, pode-se verificar quais são seus olhares diante
dos problemas ambientais, compreender sua relação concreta com a realidade
ambiental vivenciada e, em função disto, propor medidas para a melhoria ambiental
com a participação destes sujeitos sociais, principalmente em suas funções
educativas com seus alunos. É o que pretende-se através do desenvolvimento deste
trabalho.
28
2.4. MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS:
IMPORTÂNCIA DAS CONCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS PROFESSORES
Em outra perspectiva, nos últimos anos, a palavra ‘meio ambiente’ vem
ganhando destaque mundialmente devido à depredação que o ser humano vem
causando historicamente ao ambiente. Muitos trabalhos sobre as questões
ambientais são realizados nas escolas, mas o que pode ser visto é a separação
conceitual nítida do ser humano com relação à natureza, o qual muitas vezes não se
inclui como parte do meio ambiente. Esta visão antropocêntrica acontece pelo
distanciamento do ser humano com seu meio natural, devido à cultura de dominação
da natureza.
A educação pode exercer papel fundamental no resgate de valores deixados
para trás na evolução do ser humano, ajudando-o a entender a complexidade do
ambiente em que se insere, buscando-se para isto uma visão mais ampla, e então
realizar as ações necessárias.
O novo paradigma que caracteriza isto é a visão holística de mundo, que
concebe o mundo como um todo interligado, e não como uma coleção de partes
dissociadas (Capra, 1996).
Segundo definição de Reigota (1998), utilizada neste estudo como
referencial, o
[...] meio ambiente constitui-se de um lugar determinado e/ou percebido onde estão, em
relações dinâmicas e em constante interação, os processos naturais e sociais. Essas
relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e
políticos de transformação da natureza e da sociedade.
Seria desejável que os educadores tivessem essa concepção do ambiente
para que possam trabalhar de forma mais adequada com seus alunos, evitando
equívocos no processo educativo que muitas vezes passam despercebidos nas
29
escolas, tais como a utilização e a construção de conhecimentos desconectados da
realidade que nos cerca.
Reigota (2001) propõe três categorias de representações sociais de meio
ambiente:
1. “naturalista”, isto é, a idéia que o meio ambiente são apenas os elementos da
natureza e pode ser considerado sinônimo de natureza. Podem ser os
elementos bióticos (seres vivos) e os elementos abióticos (água, solo, etc), e
dentro desta visão o ser humano não está incluso;
2. “antropocêntrica” que passa a idéia que a natureza deve servir ao homem; e
3. “globalizadora”, predominando a idéia de que meio ambiente são as relações
sociais e naturais, englobando desde a família até o planeta.
A noção naturalista, em muitos casos, subdivide-se em dois subgrupos: o
primeiro representando o meio ambiente de forma espacial, correspondendo ao
“lugar onde os seres vivos habitam” e o outro uma concepção de meio ambiente
enquanto “elementos circundantes” (elementos bióticos e abióticos) ao homem,
entendido em seu espaço biológico, como exemplificado no trabalho de Reigota
(2001).
É desejável que a separação conceitual “ser humano/natureza” deixe de
existir nos trabalhos escolares e, principalmente, dentro de cada disciplina, pois é
necessário que todos trabalhem o tema ‘meio ambiente’ de forma interdisciplinar e
em conjunto com projetos propostos pela escola. Essa mudança necessária de
visão, poderá subsidiar ações racionais com resultados positivos que minimizem ou
mesmo eliminem, num médio e/ou curto espaço de tempo, os desastres ambientais,
os quais vêm acontecendo em larga escala.
A educação ambiental, muito discutida nos últimos anos, tem, como
consenso dos educadores ambientais brasileiros, a função de preparar cidadãos
30
conscientes desta realidade, agindo de forma crítica, sabendo se posicionar diante
dos problemas vivenciados no seu cotidiano, dialogando com seus colegas e com o
professor, sabendo tomar as decisões que irão influenciar a sua vida e
principalmente a de sua comunidade.
Reigota (2002) diz que a educação ambiental, além de visar a utilização
racional dos recursos naturais, requer a participação dos cidadãos nas discussões e
decisões sobre as questões ambientais. Os problemas ambientais percebidos ou
priorizados pela comunidade escolar devem ser discutidos, avaliados e criticados na
escola por professores, alunos e comunidade externa, de forma que a escola se
abra e extrapole seus muros (Santos & Ruffino, 2002).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Brasil, 1996),
propõe a inclusão da educação ambiental em todos os níveis de ensino, e:
[...] os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a
ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma
parte diversificada exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e da clientela (Art.26).
No sentido dos documentos orientadores da educação formal, os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1998), surgiram para nortear a
prática docente, visando a atualização e a adequação dos currículos às complexas e
dinâmicas condições do mundo contemporâneo.
A utilização da educação ambiental e do tema transversal ‘meio ambiente’
deve ser feita por todas as disciplinas indistintamente, conectando o aluno com o
mundo ‘fora da sala de aula’, buscando a resolução dos problemas vivenciados no
seu cotidiano.
Os textos dos PCN reiteram que o ensino de educação ambiental deve
considerar as esferas local e global, favorecendo tanto a compreensão dos
problemas ambientais tanto em termos macro (político, social, cultural, econômico)
31
como em termos regionais. Desse modo, os conteúdos de educação ambiental
integram-se no currículo escolar a partir de uma relação de transversalidade (Castro,
2001). E ainda, baseando-se neste autor, muitos educadores têm dificuldade em
trabalhar as questões relacionadas ao meio ambiente nas suas aulas por razões
diversas:
não foram formados para trabalhar desta maneira;
falta de cursos de capacitação;
recusa de alguns professores, por acharem que isto deveria ser trabalhado
apenas pelo professor de Ciências, entre outros motivos.
É desejável que os docentes estejam abertos a essas mudanças na
educação e preparados para acompanhar essa reestruturação nos currículos, para
contribuir com a construção do conhecimento de seus educandos e prepará-los para
a realidade que irão enfrentar. Segundo Medina (2001), toda situação de inovação
educativa gera resistências, sendo que os professores que se envolvem em
processos de capacitação para implementação de mudanças educativas devem ser
incentivados a superar as inseguranças e a reconhecer suas potencialidade para
essas transformações.
Mesmo com estas dificuldades, a educação ambiental deve ser trabalhada
interdisciplinarmente e a escola tem importante papel nesta trajetória se assumir
essa mudança e buscar a realidade dos acontecimentos envolvendo o ambiente em
que se insere.
32
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Em um contexto em que a associação entre meio ambiente e mercado,
incluindo aí o campo do comércio e dos serviços, é cada vez mais intensa, as
instituições voltadas para a formação profissional vão sendo naturalmente
estimuladas a incluir a variável ambiental em seus currículos.
Seguindo as exigências atuais do mercado mundial e, mais recentemente,
do mercado brasileiro, a inserção da variável ambiental deve se traduzir na inclusão
de informações nos currículos existentes. Essas informações devem apontar para os
impactos que determinadas atividades profissionais podem causar ao meio
ambiente, assim como os meios de preveni-los.
Então, por quê os professores não transmitem essas informações para os
alunos? Será que eles não as possuem?
O objetivo principal desta pesquisa é a análise do conhecimento ambiental
dos professores do ensino profissionalizante (potenciais formadores da mão de obra
especializada) com relação ao mundo do trabalho, para:
1) melhorar as informações ambientais necessárias ao planejamento pedagógico
nas escolas técnicas, em relação à temática ambiental como tema transversal e
à elaboração e desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental para
trabalhar questões de cidadania com professores, alunos e servidores entre
outras pessoas relacionadas às atividades escolares;
2) Favorecer para o futuro uma estratégia de educação ambiental, em princípio, no
âmbito Uned Leopoldina, envolvendo neste processo os professores da escola,
pois estes apresentam carências em relação a projetos voltados à área de
educação ambiental; isto no sentido de contribuir para a melhoria da
33
participação dos egressos nos processos de gestão e planejamento ambientais
das indústrias que irão recebê-los.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar e analisar o conhecimento dos professores com relação à Educação
Ambiental e o mundo do trabalho;
Verificar nas ações pedagógicas dos educadores, se, e como, o tema
transversal ‘meio ambiente’ é trabalhado em sala de aula;
Propor, com base nos resultados desta pesquisa, outras formas de ação aos
professores, no sentido da melhoria de sua conscientização e de sua
participação nos processos de identificação e solução das questões ambientais,
no contexto da formação profissional e as exigências do mercado de trabalho.
34
4. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO
4.1. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA (CEFET) - MG
O Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) constitui autarquia de
regime especial, vinculada ao Ministério da Educação-MEC, detentora de autonomia
administrativa, patrimonial, financeira, didática e disciplinar; e abrange os níveis
médio e superior de ensino e contempla, de forma indissociada, o ensino, a
pesquisa e extensão, na área tecnológica e no âmbito da pesquisa aplicada.
A área geográfica de atuação mais imediata do CEFET/MG é o próprio
Estado de Minas Gerais – um dos três Estados do País pioneiros na criação de
escolas da Rede Federal de Educação Tecnológica-RFET e que possuem um
CEFET desde a década de 70; conta com outros cinco centros localizados nas
cidades de Bambuí, Januária, Ouro Preto, Rio Pomba e Uberaba; sete escolas
agrotécnicas, situadas em Barbacena, Inconfidentes, Machado, Muzambinho,
Salinas, São João Evangelista e Uberlândia; e seis escolas vinculadas às
Universidades.
A sede é em Belo Horizonte com três Unidades Descentralizadas-UNED’s
nas Regiões do Alto Paranaíba (Araxá), da Zona da Mata (Leopoldina) e do Centro-
Oeste (Divinópolis), além de dois Centros de Educação Tecnológica-CET,
localizados na Zona Central (Timóteo e Itabirito) com funções inicialmente
relacionadas à oferta educacional para a formação do auxiliar técnico e do técnico
de nível médio foi assumindo em sua trajetória a oferta de cursos em nível superior.
35
4.2. A UNIDADE DESCENTRALIZADA DE ENSINO DE LEOPOLDINA
CEFET/MG, constituindo o seu Campus III, (figuras 1 e 2) tem, por princípio,
atender às especificidades da Região, bem como servir para a promoção do próprio
desenvolvimento regional, através da educação tecnológica, com cursos técnicos
em nível de 2º grau, em Mecânica, Eletrotécnica, Informática, Eletrônica e
Eletromecânica, Ensino Médio e o Curso Superior de Engenharia de Controle e
Automação (Mecatrônica).
Figura 1 - Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) – Leopoldina (MG)
36
Figura 2 - Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) – Leopoldina (MG) - Vista Aérea
Com um corpo de professores de alto nível, em sua maioria pós-graduada,
contando com um excelente prédio de laboratórios e uma infra-estrutura de apoio
adequada, o CEFET/Leopoldina orgulha-se de ter preparado uma plêiade de alunos
que hoje estão integrados no mercado de trabalho, construíram suas próprias
empresas ou que tiveram facilidade ao ingresso em cursos superiores.
Com mais de 800 alunos regularmente matriculados nos cursos diurnos e
noturnos e nos seus 18 anos, em nossa região, vem mantendo a tradição de ser o
mais conceituado centro de formação técnica de profissionais que atuam no setor
produtivo do estado e do país. O CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA/Leopoldina vem
tomando medidas modernizadoras que visam à sua inserção ativa no processo de
expansão da economia da região do sudeste mineiro, agora impulsionada pela
dinamização de pólos industriais e pela instalação de novas industrias de empregos
e serviços, que terão como resultado a ocupação espacial maIs equilibrada e
melhoria da qualidade de vida do cidadão, da empresa e da região.
37
Seguindo as diretrizes da Lei n.º 9394/96, do Decreto nº 2208/97 e da
portaria nº 646/97 esta instituição projeta, através de um grupo de trabalho, as
mudanças nos cursos já existentes para os próximos anos.
Esta Unidade de Ensino do CEFET/Leopoldina, interessada em continuar no
século XXI competitiva e produtiva, ciente da sua potencialidade, posiciona-se no
sentido de vencer as dificuldades e dos desafios integrando-se à cultura da região,
formando profissionais competitivos, com responsabilidade social, através da
transformação da informação em conhecimento, utilizando os talentos humanos e
tecnologias avançadas para bem cumprir sua missão como Instituição Federal de
Educação Tecnológica. Nesta unidade são oferecidos os seguintes cursos:
Informática Industrial, Mecânica, Eletromecânica, Eletrônica, Eletrotécnica.
Quanto ao quadro profissional, são 53 professores (Efetivos - 31 e
Contratados - 22) e servidores efetivos são 39 e conta, ainda, com o quadro
profissional de prestadores de serviços contratados da empresa.
38
5. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho caracteriza-se como estudo de caso através de uma
abordagem qualitativa em que buscou-se diagnosticar os obstáculos e as
potencialidades para a inserção de elementos de Educação Ambiental nos cursos
técnicos profissionalizantes do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET),
Unidade de Leopoldina (MG).
A metodologia proposta e adotada para o cumprimento dos objetivos da
intervenção contemplaram a elaboração e desenvolvimento de atividades variadas.
Estas envolveram reuniões e vários contatos com o público alvo e a elaboração e
desenvolvimento de questionário e entrevista direcionados à comunidade docente.
Os temas abordados tiveram como enfoque a Educação Ambiental com
ênfase na interdisciplinaridade e visão sistêmica do mundo.
A princípio foi feita uma solicitação (Anexos) de desenvolvimento do
presente projeto à Diretoria de Ensino, que convocou uma reunião com o Diretor da
escola, onde foi apresentada e discutida a proposta de trabalho; havendo aceite e
comprometimento (Anexos) com o desenvolvimento desta.
Em relação ao corpo docente, o trabalho foi feito junto às coordenações de
curso, propondo um trabalho multidisciplinar com os professores de cada
coordenação; e que foi acordado com os coordenadores de disponibilizarem
horários para essas atividades. Houve a disponibilização de horários para exposição
de maneira objetiva sobre o trabalho a ser realizado e a conseguinte aplicação do
questionário.
Segundo o levantamento de professores potencialmente participantes,
somou-se um total de 42 docentes, mas o número real do total de participantes foi
29.
39
A etapa de aplicação do questionário (questões referentes à Educação
Ambiental e às práticas pedagógicas com temas ambientais) foi feita de forma
homogênea com todos os participantes, sendo realizada no mês de agosto de 2005.
Dos 29 docentes pesquisados, foi selecionado um grupo de 13 professores
que diziam conhecer melhor as questões abordadas para uma posterior entrevista
semi-estruturada mais focada neste tema, visando-se com isto, também levantar
elementos de sua percepção ambiental com relação ao mesmo.
USO DE QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS INICIAIS
Foi escolhido, num primeiro momento, um ‘questionário aberto’ com
questões relacionadas aos temas ambientais. Neste questionário, também foram
abordadas questões relativas à prática pedagógica destes docentes.
O questionário, segundo Gil (1989), constitui uma das mais importantes
técnicas disponíveis para a obtenção de dados nas pesquisas sociais. Ainda
segundo este autor, a coleta de dados utilizando o questionário, apresenta
vantagens e limitações, a seguir.
Como vantagens, tem-se que:
possibilita atingir um grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas
numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo
correio;
implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige
treinamento dos pesquisadores;
garante o anonimato das respostas;
40
permite que as pessoas respondam no momento em que julgarem mais
conveniente;
não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do
entrevistado.
Por outro lado, como limitações, tem-se:
exclui as pessoas que não sabem ler, nem escrever;
não oferece a garantia de que a maioria das pessoas o devolva devidamente
preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade
da amostra;
envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é
sabido que o questionário muito extenso apresenta alta probabilidade de não ser
respondido;
proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens
podem ter significado diferente para cada sujeito pesquisado.
O questionário, apresentado a seguir, foi elaborado a partir de um roteiro
com seis questões abertas, relacionadas aos temas gerais da Educação Ambiental,
à prática pedagógica dos docentes e à participação dos mesmos em projetos com o
tema abordado.
Questionário
Nome: (identifique se quiser)
Disciplina que leciona:
1. Você leciona no CEFET há quanto tempo?
2. O que você entende por Educação Ambiental?
3. Qual a sua definição de meio ambiente?
41
4. Você consegue identificar os principais problemas ambientais relacionados às
atividades que os alunos irão desempenhar quando formarem?
5. Você já participou de algum projeto relacionado ao Meio Ambiente?
6. Nas suas aulas, você utiliza o tema transversal Meio Ambiente? De que forma?
A ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
A entrevista é uma forma de interação social, mais especificamente uma
forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra
se apresenta como fonte de informações (GIL, 1989).
A intensa utilização da entrevista na pesquisa social deve-se a uma série de
razões, entre as quais cabe considerar:
possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida
social;
é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados em profundidade acerca
do comportamento humano;
os dados obtidos são susceptíveis de classificação e de quantificação;
possibilita captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade
de voz e a ênfase nas respostas.
Mas há também limitações nas entrevistas:
a falta de motivação do entrevistado para responder às perguntas que lhe são
feitas;
a inadequada compreensão do significado das perguntas;
o fornecimento de respostas falsas, determinada por razões conscientes ou
inconscientes;
42
inabilidade ou mesmo incapacidade do entrevistado para responder
adequadamente, em decorrência de insuficiência vocabular ou de problemas
psicológicos;
os custos com o treinamento de pessoal e aplicação das entrevistas.
Após a seleção dos 13 professores que mostraram conhecer o tema, foi
elaborada uma entrevista semi-estruturada, apresentada a seguir, com 4 questões
para verificação de elementos de percepção ambiental deste grupo com relação à
Educação Ambiental, ao Ensino Técnico Profissionalizante e à interdisciplinaridade:
Disciplina que leciona:
1. Qual a importância da Educação Ambiental para você?
2. A educação proporcionada pelo Ensino Técnico Profissionalizante desta escola
inclui a temática ambiental? Exemplifique?
3. Na sua opinião, qual é a importância da Educação Ambiental no Ensino Técnico
Profissionalizante?
4. Como cada um de nós, professores, poderemos interferir no exercício
permanente de interdisciplinaridade? Como trabalhar a EA em cada
disciplina/conteúdo em caráter permanente; de forma que independa do
professor que a assuma?
Decidiu-se inicialmente por se gravarem as respostas à entrevista, mas
como houve um certo constrangimento dos participantes diante do gravador, optou-
se por se escreverem as respostas, ou seja, o entrevistador fez as perguntas e eles
responderam por escrito.
Com relação às limitações referidas anteriormente, houve pouca
interferência na pesquisa, pois os 13 professores, antes de participarem da
43
entrevista, foram previamente consultados e se mostraram dispostos a respondê-la.
Além disto procurou-se elaborar as questões de forma simples e clara para que não
houvesse um mal entendimento das perguntas.
Durante as entrevistas, evitou-se ao máximo interferir nas respostas. Era
comum o entrevistado finalizar a resposta dizendo “não é isso?” e “me ajuda!”.
Nestes momentos, o entrevistador apenas lembrava-os que não poderia interferir
nas respostas e que as mesmas serviriam como dados da pesquisa. Portanto,
realizadas dessa forma, acredita-se que as entrevistas contribuíram para o bom
desenvolvimento desta pesquisa.
Essas entrevistas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de
2005.
Com relação às limitações referidas anteriormente, houve pouca
interferência na pesquisa, pois os 13 professores, antes de participarem da
entrevista, foram previamente consultados e se mostraram dispostos a respondê-la.
Além disto procurou-se elaborar as questões de forma simples e clara para que não
houvesse um mal entendimento das perguntas.
ANÁLISE DAS REPOSTAS
Para a análise das respostas, foram utilizados métodos quantitativos e
qualitativos (Santos Filho & Gamboa, 2001), sendo analisado primeiramente o
questionário com 06 questões direcionadas aos professores, seguindo o que
recomendam Lüdke & André (1986) na organização de todo material, dividindo-o em
partes, relacionando essas partes e as representando em tabelas e gráficos.
44
6. RESULTADOS E DISCUSSÂO
6.1. Respostas ao Questionário
Foram respondidos 29 questionários contendo 06 questões abertas
relacionadas aos temas gerais da Educação Ambiental, à prática pedagógica dos
docentes e à participação dos mesmos em projetos com o tema abordado. A seguir,
temos a apresentação de quadros de respostas a cada uma das questões
elaboradas.
Questão 01: Você leciona no CEFET há quanto tempo?
Tempo de docência do professor na
escola
0 5 10 15
Menos de 5 anos
Entre 05 e 10 anos
Entre 10 e 15 anos
Mais de 15 anos
Figura 3: Tempo de docência dos professores no CEFET/MG-UNED/LEOPOLDINA.
Buscou-se com esta questão, saber o tempo de docência dos professores
na escola (Figura 3), para verificar se isto influencia o conhecimento que possuem
com relação à educação ambiental e para aqueles que têm pouco tempo de escola,
se possuem algum conhecimento a respeito do tema pesquisado. Como resultados
(Figura 3) têm-se que a maioria dos professores (13) lecionam por um período
superior a 15 anos, 6 lecionam de 10 a 15 anos, apenas 2 lecionam de 5 a 10 anos
45
e 8 lecionam de 0 a 5 anos. Com relação ao tempo de docência, a maioria leciona
há mais de 15 anos na escola.
Esta questão procurou também diagnosticar os professores com maior
tempo de casa para serem escolhidos para a entrevista semi-estruturada.
Questão 02: O que você entende por Educação Ambiental?
O Quadro 1 apresenta alguns exemplos de respostas a esta questão.
Quadro 1 – Compreensão do que é Educação Ambiental por parte dos
professores
Pesquisador:
O que você entende por Educação Ambiental?
Professores:
Uma forma de conscientizar as pessoas da necessidade de se preocupar com o
Meio Ambiente.
Educação voltada para a preservação do planeta.
Educação Ambiental, a meu ver, é um tema muito abrangente, envolve
conhecimento e prática de todos os recurso naturais que englobam a sociedade,
civilidade....para que possam ser utilizados da melhor maneira possível.
É transformar o individuo de forma a torná-lo um ser integrado ao ambiente e
não consumidor de seus recursos.
Educação ambiental é uma matéria multidisciplinar que interliga a sociedade e a
forma como está inserida no meio.
Mudança de atitudes visando uma melhor qualidade de vida.
Uma educação capaz de criar ambientes de aprendizagem que propicie aos
educandos a construção de conhecimentos e formação de posicionamentos
sobre as questões ambientais.
Falar em EA é falar em qualidade de vida.
É um conjunto de atitudes que visam a preservação ambiental, o bem-estar da
população e a manutenção das condições de saúde e higiene desta. A
ferramenta necessária para estes objetivos é a conscientização.
Penso que seja a formação que visa desenvolver nos cidadãos uma postura
critica e atitudes conscientes quanto ao nosso relacionamento com o que nos
cerca (o ambiente), bem como quanto aos benefícios e conseqüências advindos
desse relacionamento.
46
Conforme pode ser observado, as respostas de modo geral demonstram
razoável conhecimento do que seja Educação Ambiental. Acredita-se que os
professores apesar de ainda não saberem como trabalhar a Educação Ambiental,
provavelmente tem obtido informações teóricas através dos PCNs e outros
documentos distribuídos e disponibilizados nas escolas.
Questão 03: Que definição você tem sobre Meio Ambiente?
O Quadro 2 apresenta exemplos de respostas dos professores à questão 3
que revelam a idéia de ambiente, inclusive local e aspectos de seu campo de
trabalho ambiental nas escolas. A idéia de ‘meio natural que nos cerca, onde
estamos e que nos é externo’ foi preponderante, indicando uma visão naturalista do
meio ambiente (Reigota, 2001). Em muitos casos, percebemos a não inclusão do ser
humano no ambiente. Caracterizou-se ainda nas respostas, uma carência de uma
visão mais dinâmica de relações ecológicas do meio, ou ainda de uma visão
globalizadora, como aquela definida pelo mesmo autor. Foram raras as respostas
que caracterizam o ambiente mais complexo envolvendo inclusive a presença,
participação e envolvimento do ser humano.
Estes resultados podem ter relação com a formação que ainda predomina na
prática, que é a da educação tradicional, a qual, segundo Guimarães (2003), é
abstrata e parcelada e prepara mal os indivíduos que terão que lidar com a
complexidade da realidade.
Reforçando a hipótese de uma formação ainda tradicional dos professores,
Tristão (2004), em seu estudo sobre a educação ambiental e os professores,
destaca que os mesmos criticam a universidade, pois esta mostra a natureza muito
desvinculada do ser humano, muito compartimentada, não buscando uma visão
47
global das coisas, nem dos problemas ambientais. Isto não é desejável, pois, como
afirma Capra (1989), o ser humano está vivendo uma crise complexa que afeta a
qualidade do meio ambiente, devida à falta de consciência e da visão
multidimensional dos problemas ambientais.
Quadro 2 - Definição dos professores sobre o meio ambiente.
Pesquisador:
Qual definição você tem sobre Meio Ambiente?
Professores:
O conjunto de condições que afetam a existência, o desenvolvimento e o bem-
estar dos seres vivos. É o conjunto de fatores indispensáveis à vida.
O ambiente onde vivemos.
Um conjunto de fatores e condições essenciais para vida dos seres.
É o ambiente em que vivemos. Lugar em que o ser vive e se desenvolve.
O conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os
organismos vivos e os seres humanos.
Natureza.
Tudo que nos cerca no seu sentido mais amplo. É nossa biosfera.
Condições naturais e de influencias e que atuam sobre os organismos vivos e os
seres humanos.
Questão 04: Você consegue identificar os principais problemas
ambientais relacionados às atividades que os alunos irão
desempenhar quando formarem?
Exemplos de respostas a esta questão estão apresentadas no quadro 3.
48
Quadro 3: Principais problemas ambientais relacionados às atividades que os
alunos irão desempenhar no futuro
Pesquisador: Você consegue identificar os principais problemas ambientais
relacionados às atividades que os alunos irão desempenhar quando
formarem?
Professores:
Condições ambientais de trabalho – circunstâncias físicas que envolvem a
pessoa no ambiente de trabalho
Não sabe.
Criação e manipulação de energias, modificação de matérias-primas em
matérias de consumo, produção de resíduos industriais poluentes e não
poluentes, reciclagens...
Poluição e utilização sustentável dos recursos naturais.
Falta de informação.
A minha área é Mecânica e dependendo da empresa que o aluno irá trabalhar
os problemas ambientais serão diferentes.
Relacionamento, atitude, entre outros.
Dependendo dos locais que os alunos irão atuar, posso citar alguns: a poluição
do ambiente de trabalho, ambiental, sonora. A degradação do meio ambiente
pelo acúmulo de resíduos das empresas nos rios; o desmatamento; a emissão
de gases poluentes na atmosfera; o acúmulo de veículos lançando gases
poluentes, principalmente nas metrópoles; os lixos produzidos nos lares, dentre
outras coisas mais.
Ruído, poluição do ar, poluição de água, etc.
No caso de nossos alunos acredito que os impactos ambientais para a produção
de energia serão temas constantes. Eles certamente terão convivência com
pesquisa em ciência e tecnologia.
Não sabe.
Atividades insalubres; indústrias poluidoras despreocupadas com as condições
ambientais,etc.
as se preocupam muito com a questão ambiental. É difícil Hoje as empres
imaginar o que cada aluno poderá encontrar em seu caminho, mas procuramos
desenvolver, neles uma consciência critica sobre as questões ambientais e à
preservação do equilíbrio ambiental.
nados com o lixo e com a poluição. Imagino que sejam problemas relacio
Não digo que posso identificar todos, mas posso identificar alguns.
Problemas em se relacionar, tomadas de decisão, compreensão, participação,
etc.
49
A grande maioria da respostas dos professores relaciona a presença
humana com os impactos ambientais mais ou menos óbvios como poluição, efeitos
insalubres, etc.
Poucas foram as manifestações que identificam a falta de formação dos
profissionais da escola técnica profissionalizante em relação aos aspectos subjetivos
da educação como a crise de valores e comportamentos.
Questão 05: Você já participou de algum
projeto relacionado ao Meio Ambiente?
Exemplos de respostas para esta questão são apresentados no quadro 4 e
ilustradas pela figura 4.
Quadro 4 - Participação de professores em projetos ambientais.
Pesquisador: Você já participou de algum projeto relacionado ao Meio Ambiente?
Professores:
Não.
Em parte. Fui professora de informática do curso superior de Meio Ambiente em
Juiz de Fora.
Já participei, em uma empresa da ISO 9000.
Assisti a Seminários sobre a questão do Meio Ambiente.
Participei de palestras.
Campanha pela coleta seletiva de lixo.
Não diretamente.
Saber-saúde. Participo do projeto
Ainda não, mas meio ambiente envolve todo o nosso dia-a-dia. Desde a
economia de água dentro de casa, separação do lixo, economia de energia
elétrica, até ao papel ou embalagem de biscoito que se joga pela janela do
carro.
como expectadora em palestras, seminários, encontros e afins. Apenas
Sim, seminários, palestras, mini-cursos etc...
50
Com relação a esta questão foram obtidas 10 respostas negativas, ou seja,
a maioria nunca participou ou participa de projetos na área ambiental.
As respostas obtidas a esta questão demonstram a gravidade da situação
educacional com relação ao tema Meio Ambiente. A maioria dos professores
comprovam através de seus depoimentos a ausência de um projeto pedagógico
interdisciplinar na escola. Aqueles que responderam positivamente, quase sempre
relataram atividades esporádicas e não sistematizadas com relação ao tema. No
geral, a grande maioria não participa e nunca participou de projetos deste tipo.
De acordo com Capra (2003), o novo entendimento do processo de
aprendizagem sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas. Em
particular, torna evidente a necessidade de um currículo integrado que valorize o
conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos e
serviços de um objetivo central. Continuando o autor diz: uma boa forma de
conseguir este tipo de integração é a abordagem conhecida como “aprendizagem
baseada em projetos”, “que consiste em fomentar experiências de aprendizagem
Figura 4: Participação de projetos relacionados ao meio ambiente.
Participação em projeto relacionado
ao Meio Ambiente
0 5 10 15 20 25
Sim
Não
51
que engajem os estudantes em projetos complexos do mundo real, através dos
quais possam desenvolver e aplicar suas habilidades e conhecimentos”. É o que
também entendemos por projeto pedagógico.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394
de 20 d
oção de projetos pedagógicos nas
escolas
Questão 06: Nas suas aulas, você utiliza o tema
e dezembro de 1996, em seu Art. 12, “cabe à escola elaborar e executar sua
proposta pedagógica”. O Art. 13 se refere à participação dos docentes na
elaboração da proposta pedagógica. No Art. 14, que trata da gestão escolar, é
prevista a participação dos profissionais da educação e da comunidade escolar na
elaboração do projeto pedagógico. É portanto um documento construído pela equipe
escolar participativamente com a comunidade.
De acordo com Matheus et al (2005) a ad
é um excelente caminho para integrar conteúdos numa leitura
interdisciplinar da realidade proporcionando de forma muito mais agradável o
autoconhecimento, o conhecimento e a socialização desse conhecimento. Acredita-
se que tudo isso leve a uma nova consciência capaz de modificar comportamentos.
transversal Meio Ambiente? De que forma?
xemplos de resposta a esta questão podem ser observadas no quadro 5. A
figura 5
E
ilustra o número de professores que utiliza ou não o tema transversal em
suas aulas.
52
Quadro 5 – Utilização do tema transversal Meio Ambiente nas aulas.
Pesquisador: Nas suas aulas, você utiliza o tema transversal Meio Ambiente? De
que forma?
Professores:
Conceitos, im ortância da preservação do Meio Ambiente. p
Não.
Sim. Mostrando o quanto é delicada e preciosa a vida no planeta Terra e na
– da peste à bomba.
Galáxia
Poluição ambiental, e utilização de energia.
Não.
Uso pouco.
Sim, através de leituras de revistas que buscam orientar para os problemas de
cional, a cornubação, o desmatamento, a poluição em vários níveis
ordem popula
entre tantos o
utros temas.
Algumas vezes levo meus alunos a refletir sobre a manutenção da limpeza e
organização do local de trabalho, bem como, sobre atitudes simples como, jogar
o lixo na lixeira e não no corredor ou rua. Preocupar com a preservação daquilo
que é de uso coletivo. Noções de segurança do trabalho.
Não.
Sim, fazendo com que os alunos entendam o seu papel de agente na sociedade.
Não.
ando exemplos específicos de como atos inseguros ou condições
inseguras podem interferir no meio ambiente.
Sim; d
Não.
Não.
onduzo o tópico energia procuro
ar para que os alunos construam conhecimentos e posicionamentos
lterações ambientais para produção de energia.
Sim. Ao trabalhar vários tópicos. Quando c
direcion
sobre a
Não.
z que ela dá condições
para identificar, conhecer e solucionar problemas de ordem ambiental.
De todas as maneiras possíveis; com exemplos comparações, etc., pois a
química tem muito a ver com meio ambiente, uma ve
práticas
Sim, sou professor de uma rede municipal na qual leciono matemática e ciências
e o tema transversal meio ambiente, de acordo com o PCN, deve ser abordado.
53
Utilização do tema transversal
"Meio Ambiente" nas aulas
0 5 10 15 20 25 30
Sim
o
Às vezes
Figura 05: Utilização do tema meio ambiente na prática pedagógica dos docentes.
Na questão 06 foi perguntado sobre a prática pedagógica dos docentes no
que diz respeito à utilização do tema transversal “meio ambiente” em suas aulas. Na
Figura 03 e no Quadro 5, verifica-se que, do total, 27 professores utilizam os temas
transversais em aula, e das mais variadas formas: vídeos, jornais, revistas, poesias,
músicas, entre outras.
Com relação aos demais, 8 docentes disseram que não utilizam, alguns por
não saberem:
Não”.
“Uso pouco”.
outros não utilizam:
Sim. Ao trabalhar vários tópicos. Quando conduzo o tópico energia
procuro direcionar para que os alunos construam conhecimentos e
posicionamentos sobre alterações ambientais para produção de energia.”.
“De todas as maneiras possíveis; com exemplos comparações, etc., pois a
química tem muito a ver com meio ambiente, uma vez que ela dá
54
condições práticas para identificar, conhecer e solucionar problemas de
ordem ambiental..”
“Sim, fazendo com que os alunos entendam o seu papel de agente na
sociedade”.
Apesar de parecer satisfatório quantitativamente, o fato de a maioria dos
professores pesquisados utilizar o tema transversal “meio ambiente” em suas aulas,
será satisfatório também qualitativamente, se, de acordo com Guimarães (2003), o
professor:
levar em conta a totalidade do ambiente, ou seja, considerar os aspectos
naturais e construídos pelo homem, tecnológicos e sociais, econômicos,
políticos, histórico-culturais, morais, estéticos;
ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas verdadeiras
dos problemas do ambiente;
ressaltar a complexidade dos problemas ambientais e, em
conseqüência, a necessidade de desenvolver o sentido crítico e as
aptidões necessárias à sua resolução;
utilizar diversos meios educativos e uma ampla gama de métodos para
transmitir e receber conhecimentos sobre o ambiente, enfatizando de
modo adequado às atividades práticas e as experiências pessoais.
Verifica-se nos discursos dos professores pesquisados que, embora se fale
muito no tema transversal “meio ambiente”, os professores não estão preparados
para trabalhá-lo. O mesmo verificou Zeppone (1999) no seu estudo das práticas dos
docentes, ao constatar que os professores não se encontram preparados para
trabalhar interdisciplinarmente com o tema “meio ambiente”.
55
Dessa maneira, podemos identificar a pouca formação dos docentes para
trabalhar o tema transversal “meio ambiente” e a falta de incentivo das escolas.
Zeppone (1999) também identificou que os alunos se encontram disponíveis para
serem educados ambientalmente, bastando para isto preparar os docentes.
Desta forma, deve-se ressaltar que o tema “meio ambiente” deve ser
trabalhado cotidianamente na escola para que os alunos no presente possam dar
sua colaboração para a resolução dos problemas vivenciados no dia-a-dia, e, no
futuro, possam auxiliar nas decisões e resoluções sobre o seu ambiente de forma
responsável e participativa, o que é direito e dever de cada cidadão. Os PCN
(Brasil, 1998), enfatizam ser função da escola não apenas o ensino de fatos e
conceitos, mas também o de atitudes e procedimentos.
Guimarães (2003) diz que, conscientizar não é simplesmente transmitir
valores “verdes” do educador para o educando; é na verdade possibilitar ao
educando questionar criticamente os valores estabelecidos pela sociedade, assim
como os valores do próprio educador que está trabalhando em sua conscientização.
6.2. A ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
Nesta análise, tentou-se verificar entre os 13 professores que diziam
conhecer o tema através de 4 questões para avaliar elementos de percepção
ambiental deste grupo com relação à Educação Ambiental, ao Ensino Técnico
Profissionalizante e à interdisciplinaridade. Com relação às questões propostas, a
maior parte dos professores apresentaram mais de uma resposta.
56
Questão E.1: Qual a importância da Educação Ambiental para você?
Nesta primeira questão da entrevista, foi pedido aos professores que
falassem da importância da Educação Ambiental (exemplos de respostas no Quadro
6). Os resultados foram os seguintes:
Quadro 6 - Importância da Educação Ambiental para os professores.
Pesquisador: Nas suas aulas, você utiliza o tema transversal Meio Ambiente? De
que forma?
Professores:
É importante, uma vez que a população torna-se cada dia mais consciente da
necessidade de preservar o Meio Ambiente.
É fundamental para o futuro da Terra.
Para preservação da vida, da saúde, das comunidades; para economia é de
fundamental importância porque é da natureza que tiramos as matérias-primas
principais para sobrevivência humana.
Não respondeu.
Essencial para nossa existência.
É bom que os nossos alunos tenham consciência e entendam que precisamos
preservar o nosso meio ambiente, ou seja, o planeta em que vivemos. Se não
fizermos agora, mais tarde não teremos tempo.
De fundamental importância, uma vez que interfere na minha qualidade de vida.
Eu penso que deveria ser disciplina obrigatória ou inserida em todas as
disciplinas. Acho que é questão de sobrevivência das gerações futuras.
Grande.
Como profissional agente na sociedade entendo que a importância da educação
ambiental é enorme visto que a falha desta pode fazer com que se institui o caos
na sociedade.
ntal importância e deve ser inserida em todos segmentos da É de fundame
sociedade.
ambiental nos ajuda a compreender a importância em preservar o A educação
meio ambiente, para garantir a manutenção da qualidade de vida para as
gerações futuras.
ente associada a formação de valores e atitudes sensíveis à A EA está intimam
diversidade, à complexidade do mundo da vida e, sobretudo a um sentimento de
solidariedade diante dos outros e da natureza.
Formação de novos valores, conceitos e atitudes.
Conscientização do aluno para com o respeito e conservação do meio ambiente.
De grande importância, devido ser estreitamente ligada à qualidade de vida, não
só do homem, mas do nosso ecossistema como um todo. As questões
57
ambientais são urgentes e prementes e devem ser levadas sempre em conta.
a A preservação ambiental está diretamente relacionada com as condições de vid
de uma comunidade, principalmente com as condições de saúde.
gira em torno Hoje todos precisam estar envolvidos com esse tema. Tudo agora
dessa consciência ecológica. Diariamente devemos tomar atitudes a se fazer é
nos informarmos sobre as conseqüências dos nossos atos no meio ambiente.
Assim podemos tomar atitudes ecologicamente corretas e ainda ajudar os outros
a se conscientizarem. As crianças precisam de exemplos, cabe a nós favorecer
isso, não jogando lixo pela janela do carro, não pisando nas gramas, não
sujando as ruas da cidade, etc... Educação começa em casa.
sobrevivência da Considero-a fundamental para nossa sobrevivência ( a
humanidade ) pois ela nos conscientiza sobre a problemática de nosso
relacionamento com a natureza e com tudo o que nos cerca.
que a educação Para mim ela é extremamente fundamental. Sabemos
ambiental enquanto processo pedagógico abarca uma diversidade muito grande
de metodologias, enforque e abordagens. O que me parece relevante em todo o
processo da educação ambiental, seja formal ou não, é que todos os indivíduos
envolvidos sejam amplamente rejeitados nas suas idiossincrasias, e que as
atividades e ações levem em consideração as particularidades do entorno, ou
seja, do contexto social.
ade na busca de solução de problemas comunitários Participação da comunid
com preservação do meio ambiente.
A educação ambiental, pelo seu caráter multi e interdisciplinar, é importante
instrumento para o desenvolvimento e a implementação de políticas voltadas à
melhoria da qualidade de vida.
onforme pode ser observado, existe entre os docentes um consenso sobre a
las
técnicas
à questão da importância da
interdisc
C
importância da Educação Ambiental. Quase todos demonstram sem suas respostas
uma forte convicção da necessidade de uma educação direcionada para a
manutenção da qualidade do ambiente e portanto para nossa própria existência.
Então, porque não se desenvolve a Educação Ambiental nas esco
profissionalizantes? Qual a maior dificuldade? Será que está faltando
estratégias para implementar esta forma de educação na escola? Quais seriam
estas estratégias?
Mais uma vez nos reportamos
iplinaridade que pode ser desenvolvida através de projetos pedagógicos
(vide as reflexões geradas a partir da questão 5 relativas aos projetos ambientais).
Vale lembrar que os professores de ensino fundamental e médio são os principais
58
agentes multiplicadores com melhores possibilidades para transformar a realidade
pois a vivencia diariamente e diretamente com as crianças e adolescentes
Questão E.2: A educação proporcionada pelo Ensino Técnico
Profissionalizante desta escola inclui a temática ambiental? Exemplifique:
O quadro 7 apresenta as respostas dos professores para esta questão.
Quadro 7 – A importância da Educação Ambiental no ensino técnico
profissionalizante
Pesquisador: A educação proporcionada pelo Ensino Técnico Profissionalizante
desta escola inclui a temática ambiental? Exemplifique:
Professores:
Não. Em alguma disciplina tem como o professor fazer um elo de ligação entre
Meio Ambiente e um outro assunto. (Depende do professor)
Ex: Na disciplina FAE (Fundamentos da ADM e Economia) quando se estuda
constituição de empresas mostra preocupação que os proprietários terão, sendo
obrigados apresentar projetos contra à degradação do Meio Ambiente.
Sim, na disciplina PGQ.
O ensino de História sim, mas não saberia qualificar nos demais conteúdos que
formam o ensino técnico. Como cadeira especifica não existe, mas deveria
existir. Ed. Ambiental é hoje conteúdo que permeia todas as disciplinas.
Na disciplina de Física, temas típicos como poluição ambiental, saúde, etc.
Sim. Tópicos da disciplina GHST.
Sim. Os resíduos provenientes das usinagens não devem ser queimados ou
jogados no solo. Devem ser reciclados.
Sim. Os alunos irão para instituições que desenvolvem projetos na área de EA.
Creio que não.
Somente em algumas disciplinas. Por exemplo Artes.
Sim, inclui a exemplificação de impactos da tecnologia na sociedade.
Não faz parte da grande maioria das disciplinas.
Sim; na disciplina de Educação Artística (Artes).
Não.
59
Não.
Não sei informar.
Não.
Sim. Reciclagem de material.
Sim. Através de enfoques in
responsável de cada individuo
terdisciplinares e de uma participação ativa e
e da coletividade. Hoje precisamos formar seres
pensantes, conscientes e preparados para o futuro. O futuro depende do que
formamos no presente. As empresas estão voltadas para essa consciência e nós
formamos nossos alunos para servi-las.
utivo.
Da mesma forma, considero-a fundamental na formação de profissionais que
participarão diretamente do sistema prod
Não que eu saiba.
Não.
Sim, seminários, trabalhos de pesquisa.
Pelo menos uma das respostas faz referência ao desenvolvimento de
projetos
ão
Ambien
Questão E.3: Na sua opinião, qual é a importância da
interdisciplinares como excelente estratégia para envolver a comunidade
escolar consolidando dessa forma a educação ambiental como tema transversal.
De forma geral, os professores possuem a consciência de que a Educaç
tal é fundamental para a formação dos futuros profissionais do ensino
técnico. Por outro lado, a situação incomoda continua. O que está faltando para
desencadear um processo educacional construtivo voltado para o meio ambiente? O
desenvolvimento de projetos interdisciplinares, como já foi comentado, parece ser
uma das soluções possíveis.
Educação Ambiental no Ensino Técnico Profissionalizante?
O quadro 8 apresenta os depoimentos dos professores para esta questão.
60
Quadro 8 - Importância da Educação Ambiental no Ensino Técnico
Profissionalizante
Pesquisador: Na sua opinião, qual é a importância da Educação Ambiental no
Ensino Técnico Profissionalizante?
Professores:
Principalmente com relação às condições ambientais de trabalho.
Cria e desenvolve a consciência ambiental de jovens que num futuro próximo
estarão no mercado de trabalho.
Os técnicos são os profissionais habilitados para transformar, conservar e criar
matéria prima e também utilizá-la profissionalmente. O técnico que não tiver
profundo conhecimento das fontes e origens dos materiais e energias que ele
manipula não estará pronto para preservar ou achar novas formas e formulas de
utilização das mesmas em beneficio da humanidade.
Muito importante, pois os técnicos irão atuar direto o indiretamente no Meio
Ambiente.
Total.
É tão importante quanto em qualquer outra área.
Prepará-los, principalmente, para as empresas que possam degradar o meio
ambiente, desenvolvendo projeto de melhoria de qualidade de vida.
As áreas técnicas de alguma forma lidam com recursos ambientais ou causam
alguma interferência no meio.
Grande, principalmente porque o meio técnico está intimamente ligado à
indústria e esta à poluição também.
A importância da educação ambiental se resume, basicamente, a fazer com que
os alunos futuros técnicos se preocupem com suas ações quando forem
profissionais.
Conscientizar os profissionais da nova mentalidade mundial para construção de
bases sustentáveis para uma melhor qualidade de vida e respeito ao meio-
ambiente.
O técnico industrial, no exercício de suas funções, estará lidando com diversos
materiais que causam danos ao meio ambiente – Ele devera ser orientado
quanto à correta destinação desses materiais (óleos, graxas, produtos plásticos,
etc).
Formar cidadãos realmente preparados para o mundo do trabalho.
Auxiliar na formação.
Independente da área de atuação, sempre é importante a conscientização do
jovem.
Não só no ensino técnico como em todo âmbito da educação.
Principalmente pelo fato do aluno dos cursos técnicos terem seu aprendizado
voltado para as indústrias que são os grandes poluidores.
Se os alunos forem trabalhados com o objetivo de multiplicarem a idéia de
preservação ambiental com certeza essa idéia será alcançada.
É aqui que eles se formam para servir ao mercado de trabalho, aqui eles
adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação,
que os tornam aptos a agir, resolvendo problemas ambientais presentes e
futuros.
Inicialmente e indispensavelmente é necessário que os próprios professores
61
sejam capacitados para tal pois temos consciência da importância do tema na
formação dos alunos, mas o fazemos, atualmente, de forma “amadora” e
fracionada.
Deve estar presente no cotidiano escolar, não só no técnico profissionalizante,
mas, desde o ensino fundamental até o superior, integrando a formação cidadã
do educando.
O que é necessário acontecer é a adequação dos currículos aos conceitos de
conscientização ambiental previstos na Política Nacional de Educação
Ambiental, que está disposta em Lei Federal. Desta maneira, podemos verificar
professores do curso de eletrônica por exemplo, questionando de baterias dos
equipamentos eletrônicos na natureza.
Melhor formação do profissional.
O sistema escolar é, na verdade protagonista principal das ações de educação
ambiental, mas existe a necessidade de ampliar essa responsabilidade para os
diferentes setores da sociedade.
Conforme está explicitado, os depoimentos dos professores em relação a
esta questão demonstram consciência de que os futuros profissionais do curso
técnico enfrentarão problemas de natureza ambiental mas não conseguem
identificar no geral, quais seriam esses problemas. Esta evidência aponta mais uma
vez para a necessária e urgente modificação da educação voltada para o trabalho.
Questão E.4: Como cada um de nós, professores, poderemos
interferir no exercício permanente de interdisciplinaridade?
Como trabalhar a EA em cada disciplina/conteúdo em caráter
permanente; de forma que independa do professor que a assuma?
Algumas respostas dos professores podem ser observadas no quadro 9:
62
Quadro 9 – O professor e o exercício da interdisciplinaridade
Pesquisador: Como cada um de nós, professores, poderemos interferir no
exercício permanente de interdisciplinaridade? Como trabalhar a EA
em cada disciplina/conteúdo em caráter permanente; de forma que
independa do professor que a assuma?
Professores:
Cada conteúdo deverá estar relacionado ao Meio Ambiente, uma vez que este
assunto será um dos mas preocupantes nos próximos anos.
Cabem a nós, professores, transferir conteúdos aos alunos de forma sistêmica,
procurando correlacionar as disciplinas inerentes ao curso.
O conteúdo de cada disciplina deve conter conceitos que se relacionem com a
EA, devendo ser abordado ao longo do curso, independente do professor.
Ter consciência da interdependência disciplinar e colocá-las de forma explícita
aos alunos.
É necessário constar na ementa do curso a Educação ambiental.
Buscando ampliar as áreas de conhecimento dominadas e integração entre
professores de áreas diferentes, de modo a caminhar em rumo ao mesmo
objetivo.
Para independer do professor, tópicos relacionados à EA, dentro de cada área
específica, devem constar da ementa de cada disciplina/conteúdo.
No modelo atual da educação profissional, a interdisciplinaridade deve partir de
cada professor. Não vejo outra maneira, sem que haja uma total reformulação do
ensino.
A educação ambiental, na minha opinião, depende exclusivamente de cada
professor. Se forem traçadas diretrizes comuns dentro de uma instituição, pode
ser possível diminuir as discrepâncias do ensino de uma mesma disciplina.
Com relação a esta questão foram obtidas respostas extremamente
reveladoras acompanhadas de importantes sugestões no sentido da reformulação
do ensino embora fossem poucas em relação ao universo pesquisado.
Segundo os professores existe um razoável conhecimento do que seja a
prática interdisciplinar e a sua importância para a formação do cidadão
ambientalmente educado.
Entretanto, de acordo com Fazenda (1991), a interdisciplinaridade depende
muito mais de uma mudança nas pessoas, ou seja, de uma abertura uma forma de
conceber a educação e compreender a cultura.
63
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS
7.1. SÍNTESE DOS RESULTADOS
Para se chegar aos resultados apresentados e discutidos anteriormente (6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO), cabe ainda dizer que ocorreram algumas
dificuldades durante o planejamento e execução desta pesquisa. A estratégia para
se chegar aos informantes (os professores) teve que ser mudada muitas vezes,
devido à organização de horários; e à dificuldade de disponibilização de horários por
parte dos coordenadores de curso. Ressalte-se o esforço de muitos educadores em
participar da pesquisa, muitas vezes respondendo aos questionários nos intervalos
das aulas, ou levando-os para respondê-los em casa.
Os resultados obtidos referem-se a investigações: (a) sobre o conhecimento
dos professores em relação à Educação Ambiental, (b) sobre suas práticas
pedagógicas com a temática ambiental e, especificamente, (c) sobre seu
conhecimento e relação à temática ambiental e o mundo do trabalho.
Quanto ao conhecimento dos professores em relação à Educação
Ambiental:
1) A maioria dos professores têm opiniões diversas sobre Educação Ambiental,
não tem uma definição, e para a maioria, a concepção de Educação Ambiental
está bastante ligada a uma visão naturalista ou antropocêntrica do meio
ambiente.
2) Os 23 entrevistados definem meio ambiente demonstrando interesse, e
englobando o meio em que vivem com o meio natural.
3) Desses 23, apenas alguns conhecem os problemas ambientais relacionados às
atividades que os alunos irão desempenhar, apesar deles formarem mão de
64
obra especializada para as indústrias, reforçando-se a hipótese de falta de
informações sobre as necessidades ambientais do mercado de trabalho.
4) Os professores, em sua maioria jamais participaram de algum projeto
relacionado ao Meio Ambiente. Deixando claro que as práticas ambientais
continuarão sendo realizadas, por algum tempo, com pouca participação da
sociedade.
Quanto às práticas pedagógicas dos professores com a temática ambiental:
6) Embora existam leis na Educação que incentivem a escola e os professores a
trabalharem as questões ambientais com os alunos, tanto a escola como os
professores ainda não adequaram seus currículos e quase não abrem espaço
para essa mudança.
7) A maioria dos entrevistados tem dificuldade em trabalhar o tema transversal
“meio ambiente” nas suas aulas, pelo fato de não terem sido formados para
trabalhar dessa maneira, pela sua formação ter sido ‘desconectada’ das outras
áreas e pela falta de políticas que incentivem e que dêem subsídios para o
professor se adequar a essa nova visão interdisciplinar.
Finalizando esta apresentação sintética dos resultados, pode-se observar
como conclusões, que:
Para os professores pesquisados, em sua maioria, a Educação Ambiental é
fundamental no cotidiano de nossos alunos. Que está intimamente associada a
conhecimentos e valores pelo seu caráter multi e interdisciplinar, é importante
instrumento para o desenvolvimento e a implementação de políticas voltadas à
melhoria da qualidade de vida.
A maioria dos entrevistados desta escola afirmam que não há a inclusão da
temática ambiental, e quando acontece é por iniciativa do professor.
65
Conseqüentemente, não se sentem como participantes nos processos de
tomadas de decisões, nas ações de conservação e no processo de conscientização
dos seus alunos. Com isso, reforçam o seu distanciamento perceptivo dos
problemas ambientais, evidenciando a visão antropocêntrica de meio ambiente, a
qual separa conceitualmente o ser humano de seu meio natural.
7.2. RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS DE AÇÃO
O professor tem importante papel, pois é agente direto de incorporação da
dimensão ambiental no ensino profissionalizante, ao propor um aprofundamento
teórico/prático nas questões ambientais a partir do ambiente escolar e do cotidiano
de seus agentes.
Isto é imprescindível para a formação de agentes multiplicadores da
consciência ambiental na sociedade, embora o professor tenha seu potencial muitas
vezes limitado, devido à limitação de sua anterior formação e às dificuldades
enfrentadas pelas instituições em que trabalha, como constatado algumas vezes
também no discurso dos professores participantes desta pesquisa.
Tratar as questões relativas ao meio ambiente como tarefas rotineiras do
cotidiano de alunos, professores, coordenadores pedagógicos, diretoria e demais
funcionários da escola, pode ajudar na melhoria da qualidade de vida da
comunidade e na sua sustentabilidade ambiental.
Portanto, por meio da conscientização e da educação ambiental no ensino
profissionalizante o, pode-se gerar um público esclarecido e motivado sobre a
problemática ambiental e, desta forma, nascerem projetos e ações de conservação,
de preservação e de recuperação ambiental.
66
Neste sentido, além do sentido mais pragmático do diagnóstico realizado por
meio desta pesquisa, sugere-se, de modo geral, parcerias entre a Secretarias
Municipal e Estadual de Educação e de Meio Ambiente, organizações não-
governamentais (ONGs), empresas, e universidades, em ações para a melhoria das
condições ambientais do mercado de trabalho. Um plano de ação neste sentido, a
partir da comunidade escolar, poderia incluir as seguintes propostas:
a. Elaboração e implantação de cursos de formação continuada para professores e
demais interessados, na tentativa de formar multiplicadores ambientais atuando
junto à comunidade;
b. E laboração de projetos pedagógicos interdisciplinares nas escolas cuja temática
principal seja a Educação Ambiental.
c. Criação por parte da escola de um programa de incentivo ao conhecimento das
condições ambientais das empresas que recebem os egressos, das funções que
irão exercer, para ampliar o público atuante nas decisões envolvendo os
recursos ambientais;
d. Passeios a campo, na tentativa de sensibilizar a comunidade escolar com
relação à problemática ambiental;
e. Participação da mídia na divulgação dos eventos e ações dirigidas ao meio
ambiente;
f. Formação de grupos com interesse em desenvolver projetos com finalidade de
divulgar a EA, , socializando-os através da participação em reuniões para
discutir formas de implementação curricular de temas afins;
g. Divulgação na escola das atividades realizadas por professores que já utilizam a
EA em seus conteúdos, para que os demais tenham um contato maior e desta
forma despertem o interesse de participação nessas atividades.
67
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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