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Vimos, até aqui, caracterizações de estudos concernentes ao tema da
indisciplina escolar e se nota que a indisciplina em sala de aula, apesar de ser
um comportamento do aluno, envolve também os professores como sujeitos e
participantes. Vimos, no decorrer deste texto, que a indisciplina é constituída a
partir das relações mantidas no cotidiano escolar entre professores e alunos,
em outras palavras, é um processo social tendo-se a sala de aula como o foco;
assim, não podemos conceituar a indisciplina como uma inadaptação funcional
dos alunos dentro do contexto pedagógico. É necessário também observarmos
a importância do papel do professor nestas relações.
E, sobre o papel do professor, além de propiciar as condições de ensino
favorecedoras da aprendizagem, ele deve, sem produzir discriminações, evitar
atos de indisciplina, isto é, atos que interrompem o desenvolvimento das
atividades acadêmicas, e que eles se generalizem. E, como o professor faz isto?
Uma das formas, conforme apresentado por Laterman (1999), é o uso
de punições. No entanto, o professor quando aplica punições aos alunos
(impinge algo de que o aluno não gosta ou retira algo de que ele gosta), ao
invés de promover a disciplina para a realização da tarefa, perde parte do
espaço da aula e, neste caso, acaba por se aliar ao aluno que foge da tarefa,
levando a aula para outros rumos que não o pedagógico.
Assim, também, conforme apresentado por Bocchi (2002), muitos dos
comportamentos emitidos pelos professores têm natureza aversiva, pois se
utilizam de castigos, ameaças, expulsão do aluno, redução de nota,
repreensões, entre outras atitudes. E um dos motivos para uso dos controles
aversivos é o seu efeito imediato sobre o comportamento do aluno, isto é,
punições fazem com que a indisciplina diminua momentaneamente. Da mesma
forma, Martin, Linfoot e Stephenson (1999) também constataram que
professores respondem com maior freqüência aos comportamentos
indesejados de seus alunos, dando menor ênfase e atenção aos adequados.
Diferentemente ao que imagina o professor, porém, a punição não tem o
efeito de diminuir ou eliminar a ocorrência de comportamentos indesejados,
como a indisciplina, em um momento futuro. Segundo a literatura pesquisada
(Skinner, 1972; Zanotto, Moroz, Gióia, 2000; Bocchi, 2002; Luna, 2003; Sidman,
2003; Skinner, 2003) a estimulação aversiva tem efeito apenas temporário e a