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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA
EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
ALTERAÇÕES AMBIENTAIS INDEPENDENTES DA RESPOSTA: UM ESTUDO
SOBRE DESAMPARO APRENDIDO, COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO E
O PAPEL DO RELATO VERBAL
Karine Amaral Magalhães
PUC
SÃO PAULO
2006
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ii
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA
EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
ALTERAÇÕES AMBIENTAIS INDEPENDENTES DA RESPOSTA: UM ESTUDO
SOBRE DESAMPARO APRENDIDO, COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO E
O PAPEL DO RELATO VERBAL
Dissertação apresentada à banca
examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo como exigência para
obtenção do título de MESTRE em
Psicologia Experimental: Análise do
Comportamento, sob orientação da Profª
Drª Tereza Maria de Azevedo Pires Sério.
Karine Amaral Magalhães
Trabalho parcialmente financiado pela Capes
PUC
SÃO PAULO
2006
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iii
Banca Examinadora:
___________________________________________________
Prof. Dr. Júlio César de Rose – UFScar
____________________________________________________
Profª. Drª Maria Eliza Mazzili Pereira – PUC/SP
_____________________________________________________
Profª. Drª Tereza Maria de Azevedo Pires Sério (Orientadora)
Dissertação apresentada e aprovada em ___/___/____
iv
AUTORIZAÇÃO DE REPRODUÇÃO
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura: _____________________________ Local e Data: __________________
v
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
A minha orientadora Tereza Maria de Azevedo Pires Sério, pela dedicação, delicadeza, paciência e
carinho com que sempre me tratou e conduziu este trabalho em todos os seus momentos. Obrigada por ter
me proporcionado tanto conhecimento de maneira tão entusiasmada, tão apaixonante... Obrigada por
acreditar em mim e estar presente em momentos tão importantes da minha vida: o mestrado e meu início
como professora.
Aos meus pais, Lúcia e Devanir, pelo carinho e incentivo e por sempre acreditar que tudo o que fiz e faço
será sempre o melhor. Em especial ao meu pai, que sempre fez e faz tudo por mim do jeito mais carinhoso
do mundo. Muito obrigada, amo muito vocês!!!!
A minha irmã Dany e ao Fernando (meu querido ‘cunhado’) pela ajuda e companhia nos momentos
solitários de final de semana longe de casa.
A minhas tias e minha avó, por terem sido tão confiantes, estimulantes, generosas, carinhosas e pacientes
durante toda a minha vida, mas, principalmente, durante o mestrado. Muito obrigada.
Às minhas amigas: Thaís Nogara e Fernanda Gongora, pela acolhida na chegada a São Paulo. Amigas e
companheiras nos momentos bons e ruins. Obrigada pelos cuidados que tiveram comigo quando precisei,
pelas risadas e pelos jantares que fazíamos em conjunto muito animadamente.
Especialmente a minha querida amiga Angela - companheira de todos os momentos: alegres, difíceis,
tristes.... Nos momentos em que me senti sozinha, você me privilegiou com sua presença; nos momentos
que me senti alegre, você sorriu comigo. São pessoas como você que fazem cada nascer do sol valer a pena.
Meu muito obrigada, minha eterna amizade e carinho.
A Carol Perroni, minha amigona do peito, companheira de trabalho, de boas risadas, de ótimos conselhos.
Obrigada por ter sido minha amiga e pela atenção que sempre dedicou a mim.
A Ju, pela sua maravilhosa companhia durante as idas e vindas de São Paulo.
Ao Humberto a pessoa mais talentosa que conheci amigo dos tempos do RU, do calçadão, do
chopp, das boas comidas, das grandes risadas, dos momentos felizes.... Obrigada por fazer parte da minha
vida.
A Josiane, minha grande amiga. Obrigada pelo carinho e atenção, mesmo estando tão longe.... saudades.
À Maria Amália, Nilza Micheletto e Roberto Banaco pelas aulas maravilhosas. Foi um verdadeiro
privilégio.
Ao Mário (Bolinha), pela amizade, disponibilidade e ajuda durante toda a coleta de dados.
Ao Candido, Ghoeber e Prof. Édio, cujas colaborações neste trabalho foram inestimáveis.
Aos estudantes que se disponibilizaram a participar dessa pesquisa.
A Dinalva, Neusa, Maurício e Conceição pela gentileza com que sempre me atenderam.
A Capes, pelo apoio financeiro durante o segundo ano do mestrado.
vi
Dedicatória
DedicatóriaDedicatória
Dedicatória
Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
(Fernando Pessoa)
Ao Rê (in memorian) pelo incentivo, carinho, dedicação, preocupação, respeito e todos os bons
Ao Rê (in memorian) pelo incentivo, carinho, dedicação, preocupação, respeito e todos os bons Ao Rê (in memorian) pelo incentivo, carinho, dedicação, preocupação, respeito e todos os bons
Ao Rê (in memorian) pelo incentivo, carinho, dedicação, preocupação, respeito e todos os bons
sentimentos que só ele enquanto pessoa podia oferecer.
sentimentos que só ele enquanto pessoa podia oferecer.sentimentos que só ele enquanto pessoa podia oferecer.
sentimentos que só ele enquanto pessoa podia oferecer.
vii
SUMÁRIO
Lista de Figuras............................................................................................................. viii
Lista de Tabelas.............................................................................................................. ix
Resumo............................................................................................................................ xi
Abstract........................................................................................................................... xii
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1
Sobre desamparo aprendido........................................................................................... 1
Desamparo Aprendido com Humanos: Resultados de Pesquisas.................................. 6
Relações de Contingência e Contigüidade entre Eventos............................................. 17
Desamparo aprendido: as atribuições de causalidade................................................... 20
O Papel do Relato Verbal............................................................................................. 22
MÉTODO.......................................................................................................................... 27
Experimento 1............................................................................................................. 27
Participantes............................................................................................................ 27
Local....................................................................................................................... 27
Equipamentos e Materiais...................................................................................... 27
Procedimento.......................................................................................................... 29
Contato com os participantes........................................................................... 29
Coleta de dados................................................................................................ 29
Experimento 2............................................................................................................. 32
Participantes............................................................................................................ 32
Local........................................................................................................................ 32
Equipamentos e Materiais....................................................................................... 32
Procedimento........................................................................................................... 33
Contato com os participantes............................................................................ 33
Coleta de dados................................................................................................. 33
RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 93
ANEXOS............................................................................................................................ 97
Anexo 1. Termo de Consentimento Esclarecido..................................................... 98
Anexo 2. Certificado de Avaliação Acústica.......................................................... 99
Anexo 3. Configuração da Randomização............................................................ 100
Anexo 4. Relatos Verbais – grupo Contingente Relato Verbal............................. 101
Anexo 5. Relatos Verbais – grupo Acoplado Relato Verbal................................. 106
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema representativo da tela do computador que os participantes
visualizavam na fase de teste do experimento............................................................... 28
Figura 2. Duração do som e seqüência de respostas de teclar nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Contingente foram expostos......................... 40
Figura 3. Duração do som e seqüência de respostas de clicar nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Contingente foram expostos........................... 43
Figura 4. Duração do som e seqüência de respostas de teclar nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Acoplado foram expostos............................. 49
Figura 5. Duração do som e seqüência de respostas de clicar nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Acoplado foram expostos............................... 51
Figura 6. Duração do som e seqüência de respostas de clicar nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Controle foram expostos................................ 57
Figura 7. Duração do som e seqüência de respostas de teclar nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Contingente Relato Verbal foram expostos.. 64
Figura 8. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Contingente Relato Verbal foram expostos.... 66
Figura 9. Duração do som e seqüência de respostas de teclar nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal foram expostos...... 71
Figura 10. Duração do som e seqüência de respostas de clicar nas quarenta tentativas
do teste às quais os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal foram expostos... 74
ix
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Contingências programadas para os participantes do Experimento 1........... 31
Tabela 2. Contingências programadas para os participantes do Experimento 2........... 34
Tabela 3. Desempenho dos participantes do grupo Contingente com relação ao critério
de aprendizagem proposto, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa
critério e ao número de sons desligados somente com as respostas requeridas nas fases
de treino e teste.............................................................................................................. 44
Tabela 4. Desempenho dos participantes do grupo Acoplado com relação à
contigüidade resposta-término do som e à presença de comportamento supersticioso
(fase de treino) e ao critério de aprendizagem, à presença de comportamento
supersticioso, à tentativa critério e ao número de sons desligados somente com as
respostas requeridas (fase de teste)................................................................................. 52
Tabela 5. Desempenho dos participantes do grupo Controle com relação ao critério de
aprendizagem, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa critério e ao
número de sons desligados somente com as respostas requeridas, na fase de teste....... 58
Tabela 6. Desempenho dos participantes do grupo Contingente Relato Verbal com
relação ao critério de aprendizagem proposto, à presença de comportamento
supersticioso, à tentativa critério e ao número de sons desligados somente com as
respostas requeridas, nas fases de treino e teste............................................................. 67
Tabela 7. Desempenho dos participantes do grupo Acoplado Relato Verbal com relação
ao critério de aprendizagem, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa
critério e ao número de sons desligados somente com as respostas requeridas (fase de
teste)................................................................................................................................ 75
Tabela 8. Valores médios para cada aspecto considerado durante a fase de teste, por
grupo, nos dois experimentos realizados........................................................................ 78
Tabela 9. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação à
tentativa critério (teste de Tukey)................................................................................... 79
Tabela 10. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação à
quantidade de sons desligados com as respostas requeridas (teste de Tukey)............... 79
Tabela 11. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação ao
número de sons com 5 segundos de duração (teste de Tukey)....................................... 80
x
Tabela 12. Desempenho dos dez participantes do grupo Contingente Relato Verbal na
tarefa de desligar o som e na apresentação do relato verbal........................................... 81
Tabela 13. Desempenho dos dez participantes do grupo Acoplado Relato Verbal na
tarefa de desligar o som e na apresentação do relato verbal........................................... 85
xi
Magalhães, K. A. (2006). Alterações ambientais independentes da resposta: um estudo sobre desamparo
aprendido, comportamento supersticioso e o papel do relato verbal. São Paulo (p. 123). Dissertação de
Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Orientadora: Profª. Drª Tereza Maria de Azevedo Pires Sério.
Linha de Pesquisa: Processos Básicos.
Resumo
O presente trabalho foi uma tentativa de produzir desamparo aprendido com sujeitos humanos e, também, de
proporcionar uma descrição acurada das contingências em vigor para os grupos submetidos tanto à
controlabilidade quanto à incontrolabilidade. Para tanto, dois experimentos foram realizados. No primeiro
experimento, o objetivo foi: investigar os efeitos de procedimento similar ao utilizado por Hatfield & Job
(1998) na produção de desamparo aprendido. Nesse procedimento, diferentemente do procedimento mais
comum utilizado para a distribuição dos estímulos aversivos no grupo acoplado, a ordem de apresentação
desses estímulos (no caso, sons estridentes) foi randomizada, a fim de impedir a concentração de estímulos
com determinadas características (no caso, sons de curta duração) em determinados momentos do treino. No
segundo experimento, além desse mesmo objetivo, pretendeu-se verificar quais os efeitos de solicitações de
relato verbal sobre as contingências em vigor, realizadas em algumas tentativas, ao longo da fase de treino,
na produção de desamparo aprendido. Participaram do primeiro experimento 28 participantes distribuídos em
três grupos: Contingente (9 participantes), Acoplado (9 participantes) e Controle (10 participantes). Para os
participantes do grupo Contingente a resposta de teclar F1 três vezes interrompia o som na fase de treino;
no teste, a resposta de clicar, também três vezes, sobre um de três retângulos (o da esquerda) apresentados na
tela do computador interrompia o som. Para os participantes do grupo Acoplado, nenhuma resposta nas
teclas disponíveis interrompia o som na fase de treino, no teste a mesma resposta requerida para os
participantes do grupo Contingente foi requisitada. Os participantes do grupo Controle somente foram
submetidos à fase de teste, na qual a mesma resposta requerida para os grupos Contingente e Acoplado foi
requisitada. Em ambas as fases, quarenta sons foram apresentados aos participantes deste experimento. No
segundo experimento, 20 participantes foram distribuídos em dois grupos: Contingente Relato Verbal (10
participantes) e Acoplado Relato Verbal (10 participantes). O procedimento para os participantes destes dois
grupos foi igual ao dos participantes do grupo Contingente e Acoplado do Experimento 1, exceto que, em
oito tentativas ao longo da fase de treino, era solicitado que o participante descrevesse a contingência em
vigor. Os resultados obtidos no primeiro experimento mostraram que, o procedimento de mudança na ordem
das durações do som adotado para os participantes do grupo Acoplado impediu a concentração de sons de
curta duração nas tentativas finais do treino e a produção de comportamento supersticioso. Em relação ao
desamparo aprendido, apesar de mais participantes do grupo Acoplado terem aprendido as respostas
requeridas, quando comparados com os participantes dos outros dois grupos, o desamparo aprendido pôde
ser observado, no seu grau mais acentuado (não aprendizagem) em um participante e, em um grau menos
acentuado (dificuldade de aprendizagem) no responder de dois participantes. Todavia, considerando as
análises estatísticas realizadas, o grupo Acoplado não diferiu significativamente dos outros dois grupos. No
segundo experimento, em relação ao procedimento empregado para o grupo Acoplado Relato Verbal, os
mesmos resultados obtidos no Experimento 1, com o grupo Acoplado, foram observados no grupo Acoplado
Relato Verbal. Em relação ao desamparo aprendido, mais uma vez, os resultados obtidos no segundo
experimento mostraram-se muito semelhantes aos resultados obtidos no Experimento 1. Neste segundo
experimento, apesar de mais participantes do grupo Acoplado Relato Verbal terem aprendido as respostas
requeridas, o desamparo aprendido foi observado, em seu maior grau, no responder de dois participantes
desse grupo e, em seu grau menos drástico em dois participantes. Em suma, apenas sete participantes dos
dois grupos Acoplados apresentaram desamparo aprendido em algum grau. Porém, 12 participantes, o que
corresponde a mais de 63% dos sujeitos expostos aos estímulos aversivos incontroláveis não tiveram o
desempenho prejudicado em função dessa exposição. Dessa maneira, o presente estudo não produziu o
desamparo aprendido com humanos e, as análises estatísticas realizadas confirmam essa conclusão. Quanto à
solicitação dos relatos verbais, nota-se que mais de 50% dos participantes de cada um dos dois grupos
relatou a contingência planejada em alguma oportunidade. Observou-se, também, que dos cinco participantes
do grupo Acoplado Relato Verbal que descreveram a contingência planejada para a fase de treino, ou seja, a
incontrolabilidade, quatro desses participantes apresentaram o desamparo aprendido em algum grau.
Palavras-chave: desamparo aprendido, contingências, comportamento supersticioso, relato verbal.
xii
Magalhães, K. A. (2006). Response independent environmental changes: a study on learned
helplessness, superstitious behavior, and the role of verbal report. Master Thesis. Programa de
Estudos Pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
Abstract
This study attempted to produce learned helplessness with humans subjects exposed to controllable
and to incontrollable events. Two experiments were carried out. Experiment 1 investigated the
effects of a procedure similar to one used by Hatfield & Job (1998) on the production of learned
helplessness. In this procedure, differently from the most common used on the distribution of the
aversive stimuli for the yoked group, the order of the stimuli (strident sounds) presentation was
randomized with the intent of preventing concentration of stimuli with a certain characteristic (short
duration) at some specific moments of training. Experiment 2 tried to investigate the effects of
requesting verbal reports about the working contingencies during some trials of the training on
learned helplessness. Experiment 1 had 28 participants, distributed into 3 groups: Contingent (9
participants), Yoked (9 participants), and Control (10 participants). During training, pressing “F1” 3
times eliminated the sound for the Contingent group; during test, pressing 3 times one of the 3
rectangles (the one on the left) presented on a computer keyboard eliminated the sound. For the
Yoked group, during training none of the available responses could eliminate the sound, and during
test pressing 3 times the left rectangle could eliminate the sound. Control group was submitted only
to test and the response that eliminated the sound was the same as for the other groups during test.
In Experiment 1, during training, sounds were presented 40 times for each participant and during
test another 40 times. Experiment 2 had 20 participants distributed into two groups: Contingent
Verbal Report (10 participants) and Yoked Verbal Report (10 participants). The procedure for these
two groups was the same as for Contingent and Yoked groups in Experiment 1, except that for 8
trials during training participants were asked to give verbal reports describing the working
contingencies. Results of Experiment 1 show that the procedure used with the Yoked group of
changing the order of sounds duration prevented concentration of short duration sounds in the final
trials of training and also prevented superstitious behavior. In relation to learned helplessness,
although more participants in Yoked group than in Contingent and Control groups learned the
requested response to eliminate the sound, learned helplessness in its sharpest mode (not learning)
was observed in one participant performance, and in its moderate mode (learning difficulty) was
observed in two participant performance. Notwithstanding, the Yoked group did not statistically
differ from Contingent and Control groups. Experiment 2 replicated results of Experiment 1 in
relation to Yoked Verbal Report group’s procedure. In relation to learned helplessness, again results
resemble Experiment 1’s in that although more participants in the Yoked Verbal Report group than
in Contingent Verbal Report group learned the required response, learned helplessness was
observed in two participants in its most sharpened mode, and in other two participants’ performance
in its moderate mode. For both Yoked groups in total, seven participants presented learned
helplessness in some way, and for 12 participants (63% of total number of participants exposed to
uncontrollable aversive stimulus) no prejudice of learning was observed. Therefore, none of the two
experiments produced learned helplessness with humans and statistical analysis confirm this result.
In relation to verbal reports, 60% of the participants in each group reported the planned contingency
at some moment. For four out of five participants in the Yoked Verbal Report group that described
the planned contingency, that is, uncontrollability, learned helplessness was in some mode
observed.
Key-words: learned helplessness; contingencies; superstitious behavior; verbal report.
1
Sobre Desamparo Aprendido
Segundo Peterson, Maier & Seligman (1993), como a maior parte das
realizações científicas, o fenômeno denominado desamparo aprendido foi descoberto
acidentalmente durante o meio da década de sessenta, do culo XX. Nessa época, o
interesse dos pesquisadores estava voltado para o estudo da esquiva e para a Teoria dos
Dois Fatores
1
. Comentando como ocorreu essa descoberta, Hünziker (2003) relata que
os pesquisadores Bruce Overmier e Russell Leaf realizaram, em 1965, experimentos nos
quais manipularam a ordem de aquisição dos condicionamentos operante e respondente
e verificaram como estas manipulações poderiam interferir na aquisição da esquiva.
Ainda segundo Hünziker (2003), os pesquisadores manipularam a ordem de
apresentação e o pareamento entre choques elétricos e estímulos sonoros. Em uma
dessas manipulações, um grupo de cães presos a arreios foi exposto a um pareamento
luz/choque. Nesta condição, nenhuma resposta dos animais desligava os choques; o
objetivo era apenas propiciar o condicionamento respondente, estabelecendo uma
relação entre o estímulo incondicionado e o que passaria a ser estímulo condicionado.
Posteriormente, os animais foram colocados na shuttlebox
2
onde um tom precedia os
choques e o animal poderia evitar o choque saltando para o compartimento oposto da
shuttlebox. Uma luz também foi utilizada ao longo do teste
3
para verificar se sua
presença aumentaria a resposta de saltar do animal. Entretanto, isto não foi observado,
ou seja, os animais não aprenderam a resposta de esquiva. Esses resultados (...)
sugeriram que choques elétricos incontroláveis poderiam afetar novas aprendizagens
operantes negativamente reforçadas” (Overmier e Leaf, 1965, citado em Hünziker,
2003).
Segundo Peterson, Maier & Seligman (1993), a ocorrência dos estímulos
sonoros e a duração dos choques não foram essenciais para produzir o resultado acima
destacado, mas sim a impossibilidade do animal emitir uma resposta de fuga ou esquiva.
1
Na Teoria dos Dois Fatores o comportamento de esquiva decorreria de processos de aprendizagem tanto
respondentes quanto operantes (para uma análise mais completa ver Peterson, Maier & Seligman , 1993).
2
Como descreve Hünziker (2003), uma shuttlebox é uma caixa dividida em dois compartimentos de igual
tamanho com um orifício através do qual os sujeitos podem passar de um compartimento para outro.
Quando a resposta de saltar é requerida, o orifício fica em posição de janela; quando a resposta é correr, a
posição é de porta. Cada compartimento tem assoalho independente, composto de barras cilíndricas
através da qual são administrados os choques elétricos.
3
Estes estudos foram divididos em duas fases. Na primeira – o treino – os sujeitos são expostos a choques
incontroláveis. Na segunda fase o teste os sujeitos são submetidos novamente a choques elétricos,
entretanto, nesta situação, os sujeitos podem emitir uma resposta de fuga/esquiva, desligando o estímulo
aversivo em curso.
2
Sendo assim, a incontrolabilidade dos choques foi considerada o aspecto essencial que
afetou a aprendizagem da nova resposta operante na shuttlebox, nestes estudos.
Em seguida, foram realizados novos trabalhos voltados para a investigação dessa
dificuldade de aprendizagem de novas respostas operantes em situações subseqüentes à
submissão a choques elétricos incontroláveis. São exemplos os trabalhos de Overmier &
Seligman (1967) e Seligman & Maier (1967), nos quais a aprendizagem de novas
respostas operantes após a exposição a choques elétricos incontroláveis passou a ser o
foco central.
No estudo de Overmier & Seligman (1967), três grupos de cães foram expostos
a choques elétricos sem possibilidade de emissão de respostas de fuga/esquiva (situação
de incontrolabilidade) e um grupo não recebeu choque algum. Quando, vinte e quatro
horas após tal exposição, os animais foram testados em uma tarefa na qual poderiam
emitir respostas de fuga/esquiva, observou-se uma latência maior na emissão das
respostas de fuga/esquiva, nos três grupos de animais submetidos à condição de
incontrolabilidade, ou seja, esses sujeitos demoravam mais para emitir as respostas
requeridas. Os sujeitos do grupo que não recebeu choque algum emitiram respostas de
fuga/esquiva quando posteriormente testados na shuttlebox. Esta forma de distribuição
dos grupos pelas condições experimentais apresentou um problema metodológico, pois
a condição experimental de controlabilidade, isto é, a possibilidade de emissão de
respostas de fuga/esquiva durante a primeira fase (treino) não foi manipulada neste
experimento. Deste modo, duas variáveis importantes não puderam ser testadas
separadamente a possibilidade de controle do choque elétrico e a exposição à
estimulação aversiva em si.
Para que este efeito sobre a aprendizagem de uma nova resposta operante
pudesse ser atribuído somente à incontrolabilidade dos choques elétricos, o
delineamento desses estudos deveria empregar um grupo no qual os sujeitos pudessem
desligar o choque elétrico na primeira fase, ou seja, no treino. Este novo arranjo
experimental permitiria mostrar dois aspectos importantes: a) que a aversividade do
choque elétrico per se não seria responsável por esta dificuldade de aprendizagem de
novas respostas operantes e b) que a possibilidade de desligá-lo (controle) não
produziria o efeito de interferência sobre a aprendizagem, na segunda fase.
Em um segundo experimento, Seligman & Maier (1967), com o objetivo de
controlar melhor o papel das duas variáveis acima mencionadas, fizeram uma
adequação metodológica que possibilitou investigar os efeitos dos choques escapáveis e
3
compará-los com os efeitos dos choques inescapáveis sobre o responder subseqüente
dos cães. Nesse experimento, um grupo de cães tinha controle sobre a apresentação dos
choques (grupo Contingente
4
), isto é, ao emitir a resposta de pressionar um painel com a
cabeça, localizado no primeiro compartimento da shuttlebox, o choque era
imediatamente desligado, ou seja, a conseqüência de interrupção do choque era
contingente a uma determinada resposta emitida pelo animal; caso o cão não emitisse
esta resposta, o choque terminava automaticamente depois de trinta segundos. Para um
segundo grupo experimental, o grupo Acoplado (emparelhado aos sujeitos do grupo
Contingente), nenhuma resposta emitida tinha como conseqüência a interrupção do
choque); havia, ainda, um terceiro grupo, o grupo Controle, no qual os sujeitos somente
foram expostos à fase de teste. Após 24 horas dessa exposição aos eventos aversivos, os
grupos Contingente e Acoplado foram submetidos à fase de teste na shuttlebox, na qual
a resposta requerida para produzir a conseqüência de término do choque era a de saltar
de um compartimento para outro. Os sujeitos do grupo Contingente e do grupo Controle
aprenderam a resposta de saltar na shuttlebox, pois cada sujeito desses dois grupos
mostrou decréscimo nas latências
5
dessas respostas ao longo da sessão de teste. Para os
sujeitos do grupo Acoplado esta diminuição nas latências não foi observada; eles
diferiram significativamente nas latências médias e no número de tentativas em que o
choque não foi desligado (falha) quando comparados aos outros dois grupos. De acordo
com os autores, os animais do grupo Acoplado mostraram um marcado efeito de
interferência.
Segundo Hünziker (2003), uma análise dos dados sobre a latência média
(duração dos choques) das respostas e o número de falhas (definidas como o
encerramento da tentativa após a duração máxima dos choques) é realizada nos estudos
sobre desamparo aprendido envolvendo sujeitos infra-humanos a fim de avaliar a
dificuldade de aprendizagem apresentada pelos sujeitos do grupo Acoplado (o efeito de
interferência).
Esta adequação metodológica, a inclusão de mais um grupo o grupo
Contingenteno estudo do efeito de interferência, possibilitou isolar as variáveis
anteriormente apontadas. Essa distribuição dos grupos passou a se chamar delineamento
4
A terminologia original utilizada para denominar a tríade envolvida nos estudos sobre desamparo
aprendido é Escape, Yoked, Control. Diferentes autores usam diferentes termos, porém, no presente
trabalho, optou-se por utilizar os termos Contingente, Acoplado e Controle para todos os estudos
relatados.
5
Segundo Hünziker (2003), a duração do choque é registrada como sendo a latência na tentativa.
4
de tríades (Hünziker, 2003). Esse delineamento permitiu a distinção entre os efeitos
decorrentes da incontrolabilidade e os efeitos do choque em si, o que possibilitou a
retirada de conclusões mais confiáveis acerca dos resultados obtidos nos estudos
subseqüentes.
Peterson e cols (1993) caracterizam esse delineamento da seguinte maneira: um
grupo de animais (grupo Contingente) é exposto a choques elétricos que podem ser
interrompidos através da emissão de uma determinada resposta pelo animal, nas fases
de treino e de teste; em um segundo grupo (grupo Acoplado), a intensidade, duração e
distribuição dos choques é determinada pelos sujeitos do grupo Contingente e nenhuma
resposta emitida pelos sujeitos do grupo Acoplado interrompe o estímulo aversivo em
curso na fase de treino (situação de incontrolabilidade); isso decorre do emparelhamento
dos animais do segundo grupo o Acoplado com os animais do primeiro grupo - o
Contingente. Na fase de teste, a relação de controle sobre os choques é estabelecida para
os sujeitos deste grupo. Em um terceiro grupo (grupo Controle), os animais não
recebem nenhum choque na fase de treino; os sujeitos desse grupo somente são
submetidos à fase de teste. Além disso, as respostas envolvidas nas duas fases devem
ser diferentes. Segundo Maier & Seligman (1976), o delineamento de tríades é uma
maneira direta de isolar as variáveis incontrolabilidade e aversividade dos choques nos
estudos sobre o efeito de interferência. Para esses autores, os resultados do experimento
de Seligman e Maier, (1967) no qual delineamento foi utilizado demonstraram que o
fato de o sujeito controlar ou não os choques é uma variável importante nos estudos
sobre o efeito de interferência.
Os efeitos provocados pela exposição dos cães a choques elétricos incontroláveis
no processo de aprendizagem subseqüente, no qual respostas de fuga/esquiva eram
requeridas, foram denominados por Overmier & Seligman (1967) e Seligman & Maier
(1967) como efeito de interferência. No entanto, segundo Hünziker (2003), esta
denominação foi logo substituída pela de desamparo aprendido (learning helplessness)
que se tornou mais difundida.
Entretanto, a fim de evitar interpretações incompatíveis com o referencial teórico
da análise do comportamento, Sanabio-Heck & Motta (2005) propuseram o uso dos
termos efeitos da história de incontrolabilidade ou efeitos da exposição a eventos
incontroláveis em vez dos termos desamparo aprendido ou efeito de interferência, em
função do comprometimento destes termos com uma visão cognitivista do fenômeno.
Embora seja uma maneira mais descritiva de se referir ao fenômeno, neste estudo, será
5
mantida a denominação de desamparo aprendido. A definição proposta por Hünziker
(1997a), que leva em consideração, entre outras coisas, que maioria dos estudos
experimentais sobre o fenômeno em questão utilizou eventos aversivos incontroláveis,
se adequou aos objetivos do presente estudo.
“Levando-se em conta que os estudos vêm sendo realizados quase que
exclusivamente com eventos aversivos incontroláveis, e que a aprendizagem é
avaliada sob reforçamento negativo, pode-se sugerir que uma definição mais
cuidadosa do fenômeno explicite esses aspectos. Por exemplo, o desamparo
seria mais adequadamente definido como ‘dificuldade de aprendizagem sob
reforçamento negativo em função da experiência prévia com eventos aversivos
incontroláveis’. Embora mais restritiva, essa definição se ajusta aos dados
experimentais existentes até o momento, impedindo generalizações
aparentemente estimulantes, porém, sem base experimental que as sustente
(p.20).
Ainda sobre essa definição, deve ser destacado que a caracterização do
desamparo aprendido tem gerado algumas dificuldades. Em alguns estudos, ora o
desamparo é caracterizado como uma “dificuldade na aprendizagem de respostas de
fuga e esquiva” (Job, 1988, 1989); ora como uma “dificuldade de aprendizagem” de
uma nova resposta operante sem, entretanto, determinar o tipo de resposta requerida
(Job, 1987; Oakes, Rosenblum & Fox, 1982) ou dificuldade de aprendizagem, sob
reforçamento negativo, de uma resposta operante (Capelari, 2002, Hünziker, 1997a,
2003; Castelli, 2004); e, ainda, segundo Ferrándiz & Pardo (1990), como uma
incapacidade de aprender respostas de fuga, isto é, a “não aprendizagem. Hünziker
(1997a) afirmou que:
“... os termos ‘não aprendizagem’ e ‘não aprendizagem de respostas de fuga e
esquiva’ sugerem diferentes graus de generalidade para o fenômeno:
insensibilidade a qualquer contingência ou apenas a contingências de
reforçamento negativo, respectivamente. Além disso, o efeito caracterizado
como ‘não aprendizagem’ sugere uma incapacidade de aprender,
diferentemente de ‘dificuldade de aprendizagem’ que é um efeito menos
drástico. Ou seja, dependendo da caracterização do fenômeno, ele se torna
6
mais ou menos generalizável, ou representa diferentes graus de dificuldade na
adaptação do indivíduo a novos contextos ambientais” (pp.19-20).
Apesar da definição de desamparo aprendido ser considerada neste trabalho
como uma dificuldade de aprendizagem da nova resposta operante após a exposição a
eventos aversivos incontroláveis, assim como proposto por Hünziker (1997a), a mesma
autora, no ano de 2003, sugeriu que graus diferentes de desamparo aprendido podem ser
observados. O grau mais acentuado de desamparo aprendido seria considerado como a
não aprendizagem das respostas requeridas na fase de teste. Um grau menos acentuado
de desamparo seria a ‘aprendizagem mais lenta’. Sendo assim, esses diferentes graus
serão considerados quando da análise dos desempenhos dos participantes expostos aos
eventos aversivos incontroláveis.
Apesar dos estudos iniciais sobre desamparo aprendido terem utilizado cães
como sujeitos experimentais, os efeitos produzidos pela experiência com eventos
aversivos incontroláveis também puderam ser observados em várias outras espécies de
animais como gatos, peixes, ratos, galinhas, camundongos (Miller, Rosellini &
Seligman, 1977). Estudos envolvendo sujeitos humanos também têm sido realizados;
uns com relatos de replicação do desamparo aprendido (Hiroto & Seligman, 1975,
Hatfield & Job, 1998) e, outros com relatos de o replicação deste fenômeno (Matute,
1995)
Como mencionado anteriormente, diferentes estudos têm produzido diferentes
resultados quando da utilização de participantes humanos.
Desamparo Aprendido com Humanos: Resultados de Pesquisas
Segundo LoLordo (2001), os experimentos de laboratório com estudantes
universitários, que usaram como estímulo aversivo incontrolável um som estridente,
demonstraram o efeito de desamparo aprendido em humanos. Outros estímulos
considerados moderadamente aversivos também têm sido utilizados, como, por
exemplo, anagramas insolúveis ou problemas de discriminação (Hiroto & Seligman,
1975), produzindo o desamparo aprendido.
Hiroto & Seligman (1975) realizaram uma série de quatro experimentos com o
objetivo de produzir o desamparo aprendido, envolvendo como participantes noventa e
seis estudantes universitários. No Experimento 1, a fase de treino foi realizada com uma
7
tarefa que os autores chamaram de instrumental - uma resposta de pressionar uma chave
(em FR4) para desligar o som; na fase de teste, os participantes tinham que mover um
botão de um lado para outro para desligar o som em um equipamento análogo a uma
shuttlebox
6
, uma tarefa também chamada de instrumental pelos autores. No
Experimento 2, o treino consistiu da realização de uma tarefa que os autores chamaram
de cognitiva (discriminação de estímulos
7
) e, no teste, foi utilizado o mesmo aparato
(shuttlebox para humanos) e a mesma resposta do Experimento 1. No Experimento 3, na
fase de treino, os participantes pressionavam uma chave para desligar o som (em FR4)
e, no teste, a tarefa requerida era solução de anagramas (tarefa cognitiva, segundo os
autores). No Experimento 4, a tarefa no treino, novamente, envolvia a discriminação de
estímulos e, no teste, os participantes tinham que resolver anagramas. Assim, no
primeiro experimento, as fases de treino e de teste envolviam tarefas instrumentais; no
segundo experimento, o treino envolvia uma tarefa cognitiva e o teste uma tarefa
instrumental; no terceiro experimento, o treino envolvia uma tarefa instrumental e o
teste, uma tarefa cognitiva; no último experimento, ambas as fases envolviam tarefas
cognitivas.
Além disso, nos experimentos, duas luzes (uma verde e outra vermelha) faziam
parte do aparato utilizado na tarefa instrumental; estas luzes sinalizavam, para os
participantes dos grupos Contingente e Acoplado, se eles haviam ou não interrompido o
som. Por exemplo: se o participante emitisse a resposta requerida na fase de treino, a luz
verde acendia; caso o participante emitisse outra resposta ou não respondesse, a luz
vermelha acendia, quando o som fosse desligado. Os participantes desses grupos foram
informados acerca da funcionalidade destas luzes, ou seja, que cada uma delas indicava
quando ‘acertavam’ a resposta e também quando a ‘erravam’.
Em cada um dos quatro experimentos, três grupos de participantes foram
utilizados, perfazendo um total de 12 grupos.
De uma maneira geral, os resultados obtidos por Hiroto & Seligman (1975)
mostraram que, nos três primeiros experimentos, os participantes do grupo Acoplado
apresentaram desamparo aprendido quando submetidos à fase de teste. Nessa fase,
observou-se que os participantes do grupo Acoplado resolveram menos anagramas e
demoraram mais para aprender a resposta de fuga na tarefa instrumental, quando
6
Segundo Hiroto & Seligman (1975), adaptada para estudos envolvendo participantes humanos.
Entretanto, os autores não detalham especificamente o aparato neste estudo.
7
Os autores mencionam que uma série de estímulos de quatro dimensões usados em estudos sobre
aprendizagem de discriminação de Levine (1966, 1971) foram utilizados como tarefa cognitiva.
8
comparados aos desempenhos, no teste, dos participantes do grupo Contingente.
Entretanto, no quarto experimento, com tarefas cognitivas em ambas as fases (treino e
teste), os resultados não foram significativos (Hiroto & Seligman, 1975), ou seja, os
participantes do grupo Acoplado não apresentaram dificuldade de aprendizagem de
solução de anagramas no teste, quando comparados com os outros dois grupos.
Segundo estes autores, a insolubilidade dos problemas e a não possibilidade de
emissão de respostas de fuga/esquiva produziram uma dificuldade na aprendizagem das
respostas de fuga e uma dificuldade de aprendizagem de solução dos anagramas, apenas
nos três primeiros experimentos.
Para Hiroto & Seligman (1975), mesmo assim ficou evidenciado que o
desamparo aprendido pode ser produzido em sujeitos humanos. Entretanto, deve ser
lembrado que Hiroto & Seligman (1975) utilizaram luzes que sinalizavam para os
participantes se eles haviam interrompido ou não o som, e, como observou Matute
(1994), o efeito destas duas variáveis - a exposição à incontrolabilidade e a função das
luzes sinalizadoras do desempenho - não foi separado nesse estudo. Segundo Matute
(1994), nos estudos sobre desamparo aprendido a variável crítica é a incontrolabilidade
entre dois eventos (uma resposta e a produção de uma conseqüência). Todavia, no
trabalho de Hiroto & Seligman (1975), os quatro experimentos realizados tiveram a
inclusão da variável - “luzes de falha” ou, luzes sinalizadoras de desempenho para os
participantes e isto pode ter funcionado como fator crítico na produção do desamparo
aprendido relatado (Matute, 1994).
A fim de avaliar a função destas luzes na produção do desamparo aprendido,
Matute (1994) realizou um estudo com participantes humanos. Nesse estudo, que
envolveu dois experimentos, a autora replicou o estudo de Hiroto & Seligman (1975),
manipulando, contudo, a introdução das luzes de falha (feedback de falha, segundo
Matute, 1994). A autora também estava interessada em avaliar quais fatores podiam ser
responsáveis pelos diferentes efeitos da não contingência entre eventos, que ora
produzia desamparo aprendido, ora produzia comportamento supersticioso, como por
exemplo, no experimento “Superstição no Pombo” de Skinner (1948).
No primeiro experimento, Matute (1994), utilizou o delineamento de tríades. A
tarefa no treino consistiu de uma combinação numérica de dois dígitos. Para tanto, um
teclado era disponibilizado para os participantes e somente três teclas poderiam ser
utilizadas. Dessas três teclas, apenas uma combinação de duas fazia cessar o som. Na
fase de teste, a tarefa foi resolução de anagramas. As luzes de falha utilizadas por Hiroto
9
& Seligman (1975) não foram incluídas neste primeiro estudo. O objetivo de Matute
(1994) foi verificar se os participantes apresentariam comportamentos supersticiosos ou
desamparo aprendido, devido à exposição à não contingência entre suas respostas e uma
alteração ambiental. Participaram do estudo quarenta e dois estudantes universitários
distribuídos nos grupos Contingente, Acoplado e Controle.
Para o grupo Contingente, uma combinação numérica de dois dígitos, sem
repetição, desligava o som, sendo que somente as teclas 1, 2 e 3 estavam disponíveis
para uso; caso os participantes não acertassem esta combinação dos gitos, o som
desligava automaticamente após 5 segundos. A combinação numérica para desligar o
som era teclar 2 e, em seguida, 1, ou seja, 21. Os participantes do grupo Acoplado
foram submetidos aos sons com duração e distribuição determinadas pelas dos seus
correspondentes do grupo Contingente. Para os participantes do grupo Controle, a
instrução era para que apenas ouvissem o som durante a fase de treino e na fase de teste,
a resposta requerida era solução de anagramas.
A instrução verbal foi a mesma para o grupo Contingente e para o Acoplado:A
partir de agora, imagine que os números 1, 2 e 3 são as únicas teclas deste teclado. De
tempos em tempos, um som alto aparecerá. Tente encontrar um jeito de pará-lo. Você
pode tanto teclar um número quanto não fazer nada. Se sua resposta for um número,
ele pode ter 1 ou 2 dígitos, mas não pode ter dois dígitos iguais(...) (Matute, 1994).
Quarenta sons com cinco segundos de duração foram apresentados no treino
para os grupos Contingente e Acoplado. Na fase de teste, os participantes destes dois
grupos tiveram vinte anagramas solucionáveis para resolver. Registros dos
comportamentos dos sujeitos foram realizados para avaliar possíveis respostas
supersticiosas. Um padrão de comportamento foi considerado supersticioso quando o
participante repetia a mesma resposta ou padrões de respostas da tentativa N até o final
do treino e a superstição era confirmada quando perguntando a eles sobre qual a
resposta correta para parar o som. Estas informações eram obtidas ao final do teste,
quando algumas questões eram mostradas na tela do computador para os participantes
dos grupos Contingente e Acoplado: a) qual a porcentagem de sons que o participante
achava que foi capaz de desligar, na fase de treino; b) qual o grau de certeza ( de 0 a
100) que ele tinha sobre isso, c) qual a porcentagem de sons o participante teria
desligado, se tivesse se desempenhado melhor no treino; d) qual o grau de certeza (de 0
a 100) sobre isso. As medidas registradas durante o teste foram: o número de falhas para
resolver os anagramas, definida como o número de tentativas com latências de 100
10
segundos (a tentativa durava até 100 segundos), a latência média (tempo) para a
resposta correta para cada um dos vinte anagramas; a tentativa de solução do anagrama,
definida como a primeira tentativa a partir da qual todos os anagramas seguintes foram
resolvidos em menos de 10 segundos cada um. Cada um destes aspectos foi considerado
para indicar se houve ou não dificuldade de aprendizagem nos participantes do grupo
Acoplado, quando comparados com os participantes dos outros dois grupos.
Os resultados obtidos por Matute (1994) mostraram que, durante a fase de
treino, 11 sujeitos (de um total de quatorze) do grupo Acoplado apresentaram
comportamento supersticioso. Tal comportamento foi confirmado posteriormente, pelas
respostas dos participantes à questão que investigava como a eles como haviam parado
o som. Quando perguntado como eles tinham parado o som, apenas três participantes
deste grupo responderam que não foram capazes de desligá-lo. Quando perguntado
sobre a porcentagem de sons que os participantes foram capazes de desligar e sobre a
porcentagem de sons termináveis, os relatos dos participantes do grupo Acoplado
mostraram o que Matute (1994) chamou de ilusão de controle, ou seja, os participantes
relataram que haviam terminado o som, mesmo não tendo feito isso. Apenas três
participantes (que não apresentaram o comportamento supersticioso) relataram que eles
não tinham sido capazes de aprender. Os relatos dos participantes do grupo Contingente
também indicaram que o som era descrito como controlável.
Na fase de teste, o desempenho dos participantes do grupo Acoplado não
mostrou nenhuma diferença significativa em relação aos participantes dos demais
grupos, ou seja, não resolveram menos anagramas, nem demoraram mais para resolvê-
los. Segundo Matute (1994), o comportamento dos participantes do grupo Acoplado não
foi afetado pela exposição à incontrolabilidade.
No segundo experimento, Matute (1994) replicou as condições usadas por
Hiroto & Seligman (1975) e reintroduziu seu feedback de falha para o grupo Acoplado.
A autora tinha como objetivo avaliar se esta variável seria crítica na produção do efeito
do desamparo aprendido. Participaram desse estudo 42 estudantes de graduação, sem
história experimental. O procedimento foi idêntico ao do experimento 1, exceto pela
introdução do feedback de falha após cada tentativa da fase de treino para o grupo
Acoplado.
Os resultados obtidos por Matute (1994) indicaram que, diferentemente do
primeiro experimento, neste segundo, o desempenho dos participantes do grupo
Acoplado foi significativamente diferente do grupo Contingente, no que se refere à
11
tentativa critério, ao número de falhas para resolver e à latência média da resposta.
Quando comparado com o desempenho dos participantes do grupo Controle, os
desempenhos dos participantes do grupo Acoplado foram significativamente diferentes
em relação à tentativa critério e ao número de falhas. Comparações entre o grupo
Contingente e Controle não foram significativas. Segundo Matute (1994), os resultados
deste segundo experimento demonstraram o desamparo aprendido e replicaram os
achados de Hiroto & Seligman (1975). Todavia, de acordo com a autora, estes
resultados não podem ser tomados como evidência para o desamparo aprendido em
função da presença de uma segunda variável – o feedback de falha.
Ao discutir esses mesmos resultados, entretanto, Matute (1995) sugeriu que o
comportamento supersticioso e a ilusão de controle” encontrados nos resultados dos
estudos de Matute (1994) poderiam ser função do emparelhamento dos participantes do
grupo Acoplado com os participantes do grupo Contingente. Segundo a autora, este
emparelhamento apresenta um problema para a produção de desamparo aprendido em
humanos. Esse problema refere-se à curta duração do estímulo aversivo, nas últimas das
tentativas do treino do grupo Acoplado. Estes sons de curta duração aumentariam a
probabilidade de reforçamento acidental para qualquer resposta emitida pelo
participante do grupo Acoplado, proporcionando o surgimento de respostas
supersticiosas e não do desamparo aprendido. Isto ocorreria porque as durações do som
apresentadas para os participantes do grupo Acoplado foram determinadas pelos seus
correspondentes do grupo Contingente e, ao final das quarenta tentativas da fase de
treino (quantidade normalmente utilizada nos estudos de desamparo aprendido), estas
durações ficariam muito curtas, pois os participantes do grupo Contingente teriam
aprendido a resposta para interromper o som. Segundo Matute (1995):
“… sujeitos do grupo Contingente estão aprendendo a terminar a estimulação
aversiva (o som) e, então, o padrão de som que eles produzem inclui um
desligamento muito rápido do som, uma vez que eles atingiram o critério.
Então, o padrão de reforçamento que os sujeitos do grupo Acoplado recebem
também inclui esta distribuição de últimas tentativas” que tem o padrão de
alguém que aprendeu a terminar o som. Comportamento supersticioso e ilusão
de controle poderiam ser favorecidos por esta distribuição de reforçamento das
“últimas tentativas” (p.144-145).
12
A fim de eliminar a possibilidade de produção e manutenção de respostas
supersticiosas produzidas pelo procedimento de emparelhamento entre os participantes
dos dois grupos, Matute (1995) replicou o seu estudo de 1994.
No estudo de 1995, Matute também realizou dois experimentos. No primeiro,
em função dos problemas mencionados com a condição de emparelhamento entre os
participantes do grupo Acoplado com os do Contingente, a autora não utilizou o
delineamento de tríades, clássico dos estudos de desamparo aprendido. Neste
experimento, o objetivo de Matute (1995) foi explorar a generalidade da superstição e
da ilusão de controle em humanos expostos a um som incontrolável, sob diferentes
condições de reforçamento. Participaram deste experimento 100 estudantes de
graduação distribuídos aleatoriamente nos cinco grupos que compuseram o
experimento. O grupo controle não passou pela fase de treino e os demais grupos
receberam 40 apresentações de um som incontrolável e foram instruídos a encontrar
uma combinação numérica que o parasse.
Como foi dito, o delineamento proposto por Matute (1995) foi diferente do
delineamento tradicional dos estudos sobre desamparo aprendido. Para os quatro grupos
experimentais, foram apresentados sons com duração de 5 segundos e sons com duração
de 1 segundo (estes últimos, considerados como de curta duração). Em todos os casos, o
término do som foi independente do comportamento do sujeito e foi programado de
acordo com os seguintes esquemas, a depender do grupo: para os sujeitos do grupo 75-
L, em 75% das tentativas finais, os sons foram de curta duração (1 segundo), isto é, nas
últimas 30 tentativas, o som terminava em 1 segundo; para os sujeitos do grupo 25-L,
em 25% das tentativas finais, os sons foram de curta duração (nas últimas 10 tentativas);
para os sujeitos do grupo 75-R, em 75% das tentativas, os sons foram de curta duração,
porém essas tentativas com sons curtos foram distribuídas randomicamente ao longo das
quarenta tentativas; para o grupo 25-R, em 25% das tentativas, distribuídas
randomicamente, os sons foram de curta duração.
Após as quarenta apresentações do som na fase de treino, a seguinte questão era
apresentada na tela do computador: Qual foi a maneira de parar o som?”. O grau de
certeza também era avaliado com a seguinte questão: Quão certo você está sobre
isto?”; uma escala de 0 a 100 era apresentada para que o participante marcasse seu grau
de certeza. A fase de teste consistiu de 20 tentativas de uma tarefa controlável (uma
resposta numérica).
13
Os resultados obtidos por Matute (1995) mostraram que o comportamento
supersticioso, definido como um padrão de comportamento repetitivo da tentativa N até
a última tentativa, foi mais observado nos grupos 75-L e 25-L, nos quais os sons de
curta duração eram apresentados nas tentativas finais. Além disso, os sujeitos do grupo
75-L, que foram expostos a 75% das últimas tentativas com sons de curta duração,
relataram que tinham tido mais controle sobre o término do som do que os sujeitos do
grupo 25-L. Nos grupos em que sons curtos foram distribuídos randomicamente, os
participantes mostraram uma tendência para responder supersticiosamente em muitas
tentativas, mas, então, retornavam a um padrão aparentemente aleatório. Em relação às
respostas dos participantes às questões apresentadas, todos os quatro grupos mostraram
ilusão de controle, ou seja, todos os quatro grupos relataram a tarefa como altamente
controlável.
Os resultados deste primeiro experimento, conduzido por Matute (1995),
mostraram que o desempenho dos participantes não caracterizou o fenômeno do
desamparo aprendido; além disso, os sujeitos dos quatro grupos experimentais
descreveram a tarefa como controlável.
De acordo com Matute (1995), a tarefa a que os participantes foram expostos no
primeiro experimento combinação numérica pode ter dificultado o desenvolvimento
do desamparo aprendido por consistir de uma tarefa mais complexa e, segundo a autora,
cognitiva. No segundo experimento, Matute (1995) utilizou uma tarefa instrumental
mais simples e tradicional nos experimentos sobre desamparo aprendido uma resposta
de pressionar uma tecla (F1). Segundo a autora, a tarefa de pressionar a tecla poderia
promover uma descrição mais acurada da não-contingência e, conseqüentemente,
produzir o efeito de desamparo aprendido. Neste segundo experimento, o objetivo de
Matute (1995) foi testar a generalidade da “ilusão de controle” ou do desamparo
aprendido, usando o delineamento de tríades e uma resposta mais simples.
Participaram do estudo 30 estudantes universitários sem história experimental.
Os sujeitos foram expostos a 40 apresentações de um som estridente de duração máxima
de cinco segundos. Os grupos utilizados foram: Contingente, Acoplado e Controle. Os
sujeitos dos grupos Contingente e Acoplado foram instruídos a desligar o som, assim
como no Experimento 1 de Matute (1995). O grupo Contingente desligaria o som ao
pressionar a tecla F1 quatro vezes (FR4).
De acordo com Matute (1995), em função da resposta de pressionar a tecla
permitir apenas duas possibilidades – pressionar/não-pressionar – o comportamento
14
supersticioso, definido como um padrão de respostas repetitivas, não foi diretamente
avaliado neste experimento. Ao invés disso, Matute (1995) avaliou a probabilidade de
responder do sujeito, P(R), definida como o mero de tentativas em que o sujeito
responde, no mínimo uma vez, dividido pelo número total de tentativas. As crenças
supersticiosas e julgamentos de controle foram avaliados da mesma maneira do
Experimento 1 (Matute, 1995).
Durante a fase de teste, os resultados mostraram que 7 dos 10 sujeitos do grupo
Acoplado desenvolveram uma resposta supersticiosa de término do som na fase de
treino; esta resposta supersticiosa foi, por exemplo, manter a tecla F1 pressionada ou
pressioná-la um número qualquer de vezes. Somente dois sujeitos deste grupo relataram
que o término do som foi independente de suas respostas, o restante dos participantes
relatou que não sabia qual era a resposta correta. Os resultados indicam que os
participantes não apresentaram desamparo aprendido, na situação de teste, e relataram a
tarefa, na situação de treino, como altamente controlável.
Os problemas na condição de emparelhamento, apontados anteriormente,
podem ter favorecido os resultados obtidos no Experimento 2. No Experimento 3,
Matute (1995) replicou as condições experimentais do Experimento 1 com uma tarefa
simples: pressionar F1 quatro vezes. Participaram do estudo 75 estudantes de graduação
sem história experimental. As condições foram idênticas ao Experimento 1: 75-L, 25-L,
75-R, 25-R e grupo controle.
Os resultados obtidos no Experimento 3 de Matute (1995) mostraram que 75%
dos sujeitos que participaram do experimento relataram que tinham emitido uma
resposta que parou o som. Os participantes não descreveram as relações de
incontrolabilidade às quais foram expostos, mas sim relataram que podiam controlar o
término do som através de alguma resposta; alguns não sabiam qual resposta específica
foi responsável pelo término do som. Matute (1995) concluiu que a grande maioria dos
participantes expostos à não contingência entre eventos relatou ter emitido respostas que
terminaram o estímulo aversivo, descrevendo relações de controle entre suas respostas e
a interrupção do som.
Apesar da manipulação experimental introduzida por Matute (1995) as
distribuições randômicas e de porcentagens de últimas tentativas com sons curtos e,
conseqüentemente, a não utilização do grupo Acoplado em dois experimentos a autora
não conseguiu produzir o desamparo aprendido e ilusão de controle” de término do
som foi relatada pelos participantes.
15
A fim de investigar uma alternativa para o problema da condição de
emparelhamento, Hatfield & Job (1998) introduziram um delineamento experimental
que utilizou um segundo grupo Acoplado.
A análise feita pelos autores em relação aos problemas apresentados pela
condição de emparelhamento foi semelhante à análise de Matute (1995). Uma
manipulação experimental alternativa, proposta pelos autores, foi introduzir uma ordem
randômica para a apresentação dos sons ao grupo Acoplado. O procedimento Random
Yoking”, como denominado por Hatfield & Job (1998), manteria igual a freqüência e as
durações dos sons entre os grupos Contingente e Acoplado; todavia, a ordem de
apresentação das durações dos sons foi pseudo-randomizada
8
, isto é, os sons com
durações curtas presentes nas últimas tentativas às quais o grupo experimental
Contingente foi submetido foram apresentados nas tentativas iniciais para os
participantes do grupo Acoplado. Este procedimento tinha como objetivo não produzir
respostas supersticiosas nos participantes de grupo Acoplado, proporcionadas pela
distribuição de sons de curta duração nas tentativas finais.
Hatfield & Job (1998) utilizaram em seu estudo uma tríade tradicional dos
experimentos de desamparo aprendido, os grupos Contingente, Acoplado e Controle. O
grupo Acoplado, da tríade tradicional, os pesquisadores denominaram de Acoplado
Direto; para estes participantes não houve mudança na ordem de apresentação dos sons.
Os dois grupos adicionais foram: um grupo experimental Acoplado Randomizado e um
grupo Controle exposto aos mesmos sons que o grupo Acoplado Randomizado.
Participaram deste estudo 60 estudantes de graduação que foram distribuídos nos 5
grupos experimentais.
Os participantes dos grupos Contingente, Acoplado Direto e Acoplado
Randomizado receberam instruções na tela do computador. A instrução orientava-os a
pressionar somente as teclas 1, 2 e 3 do teclado de modo a encontrar uma combinação
que parasse o som (igual ao procedimento de Matute, 1994). Aos grupos Controle, as
instruções foram apenas para ouvirem o som na fase de treino.
Todos os participantes foram expostos a 40 apresentações do som, com um
intervalo entre estas apresentações de 5 segundos e uma duração máxima do som
também de 5 segundos. Para o grupo Contingente, a resposta com a combinação
8
Os autores não detalham como esta pseudo-randomização foi realizada, apenas mencionam que os sons
de curta duração presentes nas últimas tentativas do grupo Contingente foram apresentados nas primeiras
tentativas a que os participantes do grupo Yoked foram submetidos.
16
numérica 21 interrompia o som. As durações dos sons foram registradas. Ao final das
quarenta tentativas, os participantes respondiam as seguintes questões:Qual a maneira
para parar o som?” e Quão certo você está de sua resposta na questão anterior?”.
Em seguida, os participantes de todos os cinco grupos foram expostos à fase de teste
com uma tarefa denominada cognitiva pelos autores (resolução de anagramas), como no
procedimento de Matute (1994). As medidas usadas para indicar o desamparo aprendido
foram: tentativas nas quais a latência para emissão da resposta foi de 100 segundos e a
latência média das respostas, avaliadas separadamente. Neste estudo, a latência foi
definida como o tempo para a resolução dos anagramas.
Os resultados obtidos por Hatfield & Job (1998) mostraram que o desamparo
aprendido foi observado somente no grupo Acoplado Randomizado. Os participantes
desse grupo resolveram menos anagramas e com latências maiores do que os
participantes do grupo Controle, expostos aos mesmos sons do grupo Acoplado
Randomizado. Para os participantes do grupo experimental Acoplado Direto, o
desamparo aprendido não foi observando, sendo seus desempenhos semelhantes aos dos
sujeitos do grupo Controle expostos aos mesmos sons do grupo Acoplado Direto. Em
relação à latência média, o grupo experimental Acoplado Randomizado demorou mais
tempo para resolver os anagramas, quando comparado ao grupo Controle exposto aos
mesmos sons que o grupo Acoplado Randomizado.
De um modo geral, o procedimento adotado por Hatfield & Job (1998) produziu
desamparo aprendido, pois os participantes do grupo experimental Acoplado
Randomizado resolveram menos anagramas na condição de teste e também demoraram
mais para resolvê-los, enquanto no grupo Acoplado Direto, no qual a ordem das
durações do som não foi modificada, o desamparo aprendido não foi observado.
Entretanto, mesmo o grupo Acoplado Randomizado demonstrou ilusão de controle”,
pois suas respostas às questões feitas relatavam relações de controle, isto é, relatavam
que alguma resposta por eles emitida havia terminado o som.
Segundo Hatfield & Job (1998), o procedimento de randomização das durações
dos sons não impediu que os participantes do grupo experimental Acoplado
Randomizado relatassem as contingências a que foram submetidos no treino como
controláveis. Os participantes de ambos os grupos Acoplado relataram ter emitido
alguma resposta que terminou o som. Novamente, a situação de incontrolabilidade dos
sons não foi descrita pelos sujeitos expostos a ela, nesse experimento.
17
Os autores concluíram, ainda, que o procedimento de randomização para o grupo
Acoplado foi bem sucedido no objetivo de não produzir respostas supersticiosas por não
permitir distribuição de sons de curta duração nas últimas tentativas. Com este
procedimento, Hatfield & Job (1998) afirmam que o uso do feedback de falha parece
não ser condição necessária para a produção de desamparo aprendido em humanos.
O estudo de Hatfield & Job (1998) proporcionou uma manipulação
experimental, sem a inclusão de um feedback de falha, que produziu o desamparo
aprendido em humanos.
A partir dos experimentos acima descritos, percebeu-se que eventos
independentes da resposta poderiam gerar ora comportamento supersticioso, ora
desamparo aprendido. Neste sentido, os parâmetros que produzem um ou outro
fenômeno/efeito deveriam ser mais investigados.
Nos estudos envolvendo animais infra-humanos, alguns parâmetros das variáveis
utilizadas nesses estudos foram identificados como relevantes para a produção de
desamparo aprendido, sendo os principais a natureza dos estímulos e a natureza da
resposta (Hünziker, 1982). Em relação ao estímulo, a intensidade, a freqüência e a
duração desta variável foram consideradas importantes na produção ou não de
desamparo em animais. em relação à resposta utilizada, de acordo com Hünziker
(1982), foi verificado que nem todas as respostas são igualmente sensíveis à
incontrolabilidade. Ainda segundo esta autora, o grau de atividade motora requerido na
resposta de teste poderia ser uma variável relevante para a ocorrência do desamparo
aprendido. Neste sentido, refinamentos metodológicos foram realizados a fim de
produzir o desamparo aprendido em ratos no seu grau mais acentuado (Hünziker, 2003).
Apesar de estas variáveis terem sido apontadas a partir de resultados de estudos
envolvendo animais infra-humanos e como os parâmetros que produzem
comportamento supersticioso ou desamparo aprendido em seres humanos ainda
merecem ser investigados, a natureza do estímulo e a natureza da resposta também
devem ser consideradas nos estudos envolvendo participantes humanos.
Relações de Contingência e Contigüidade entre Eventos
Contingência pode significar qualquer relação de dependência entre eventos
ambientais ou entre eventos comportamentais e ambientais (Souza, 1997); no caso do
comportamento operante, trata-se de relações entre eventos comportamentais e
18
ambientais e, segundo Catania (1999), contingência se refere, “às condições sob as
quais uma resposta produz uma conseqüência” (p.394).
Entretanto, quando simplesmente os eventos ambientais seguem uma resposta e
não são produtos dela, diz-se que uma relação de contigüidade entre respostas e
eventos ambientais. Para Catania (1999), uma relação de contigüidade é apenas uma
“justaposição de dois ou mais eventos quando eles ocorrem simultaneamente ou muito
próximos” (p. 394).
De acordo com Souza (1997), “relações de dependência muitas vezes incluem
seqüências ou proximidade temporal entre eventos” (p.89), o que gera certa confusão
na distinção entre os conceitos de contingência e contigüidade. Então, relações de
contigüidade apenas se referem à justaposição de eventos, sem implicar dependência
entre eles, e relações de contingência necessariamente envolvem relação de dependência
entre eventos, podendo, também, envolver contigüidade temporal (Souza, 1997).
A contigüidade entre resposta e a conseqüência vem sendo objeto de
investigação já há algum tempo; o experimento realizado por Skinner (1948/1972)
Superstition in the Pigeon exemplifica isto.
Esse experimento de Skinner (1948/1972) exemplificou bem o efeito que a
proximidade temporal entre uma dada resposta e uma dada mudança ambiental que
ocorre após a resposta pode exercer sobre o comportamento. Skinner (1948/1972)
utilizou como sujeitos experimentais pombos privados de alimento, que foram
colocados, separadamente, em uma gaiola experimental por alguns minutos a cada dia.
A apresentação de comida foi arranjada em intervalos regulares, sem nenhuma relação
com o que o pombo estivesse fazendo no momento da liberação da comida. Os
resultados observados no experimento de Skinner mostraram que seis dos oito pombos
expostos a eventos supostamente reforçadores e independentes de suas respostas
passaram e emitir um padrão repetitivo de respostas. Segundo Skinner (1948/1972),
“o processo de condicionamento é usualmente óbvio. Acontece do pássaro
executar alguma resposta quando o alimentador aparece; como um resultado,
ele tende a repetir esta resposta. Se o intervalo antes da próxima apresentação
não é tão grande para que a extinção aconteça, uma segunda ‘contingência’ é
provável” (p.525).
19
A partir dos resultados obtidos, Skinner (1948/1972) considerou essas respostas
emitidas pelos pássaros como respostas supersticiosas. Segundo Skinner (1948/1972),
“o pássaro se comporta como se existisse uma relação causal entre seu comportamento
e a apresentação de comida pelo experimentador” (p.527), porém, esta relação é apenas
de proximidade temporal entre estes dois eventos. Ainda segundo Skinner (1953/1998),
“... nem é necessário que haja uma conexão permanente entre resposta e
reforço.(...). No que diz respeito ao organismo, a única propriedade importante
é a temporal. O reforçador simplesmente sucede a resposta. Como isso acontece
não importa.” (p.94).
A partir dos resultados obtidos nesse experimento, Skinner (1948/1972) fez uma
analogia com o comportamento humano supersticioso, no qual “poucas conexões
acidentais entre um ritual e conseqüências favoráveis são suficientes para desenvolver
e manter o comportamento, a despeito de muitas instâncias não reforçadas” (p.527).
Nesse estudo, ficou evidenciado o papel da relação temporal no
condicionamento operante. Mesmo que um evento ambiental não seja produzido pela
resposta e, portanto, não seja contingente a ela, um efeito sobre a freqüência futura desta
resposta será observado, quando este evento ocorre logo após a resposta. Entretanto,
como Skinner (1948/1972) mesmo sugeriu, intervalos curtos de tempo entre as
apresentações dos ‘reforços’ são mais efetivos na manutenção dessas respostas
acidentalmente reforçadas. Em intervalos longos, outras respostas são emitidas sem o
‘reforçamento’, o que, segundo Skinner (1948/1972), conduziria a uma extinção da
resposta fortalecida acidentalmente.
Voltando, agora, à noção de contingência; segundo Souza (1997), a análise das
contingências é vista em termos de probabilidades condicionais que relacionam um
evento a outro:
“no caso do operante, a relação contingente que existe quando respostas
produzem reforçadores é definida por duas probabilidades condicionais: a
probabilidade de um reforçador quando a resposta ocorre e sua probabilidade
quando a resposta não ocorre” (Souza, 1997, p.91).
20
As probabilidades condicionais podem variar de 0 a 1.0. No ponto 0, nenhuma
resposta emitida pelo organismo é reforçada, descrevendo a operação de extinção. no
ponto 1.0, toda resposta emitida será reforçada, descrevendo uma operação de
reforçamento contínuo (CRF). Os valores intermediários nesse contínuo são produzidos
pelos esquemas de reforçamento intermitentes (Peterson et al, 1993; Seligman, 1977;
Maier & Seligman, 1976; Catania, 1999).
As relações de contingência que, segundo Hünziker (1997a), também podem ser
chamadas de relações de controle, são definidas como a diferença entre a probabilidade
da ocorrência de um estímulo dada uma resposta e a probabilidade da ocorrência do
estímulo na ausência desta resposta: p(S/R) p(S/NR); a partir dessa diferença, pode-se
dizer que um evento R controla a ocorrência de um evento S, de forma que a ocorrência
de S depende da ocorrência de R.
Por outro lado, as relações de independência entre eventos ou incontrolabilidade
podem ser definidas como a igualdade entre a probabilidade de um estímulo dada uma
resposta e a probabilidade do estímulo na ausência da resposta: p(S/R) = p(S/NR). Neste
caso, os eventos ambientais aparecem independentemente das respostas do sujeito. Os
estímulos “reforçadores” independentes das repostas também são definidos como
estímulos incontroláveis (Maier & Seligman, 1976; Seligman, 1977; Peterson et al,
1993; Hünziker, 1997a, 2003).
A independência entre as respostas e os eventos subseqüentes ou, como
denomina a literatura do desamparo aprendido, a incontrolabilidade, é a principal
característica do procedimento dos estudos sobre desamparo aprendido, ao menos nos
trabalhos com sujeitos infra-humanos. Todavia, em relação a sujeitos humanos, alguns
autores (Hünziker, 1997b; LoLordo, 2001, por exemplo) têm chamado a atenção para
outros aspectos. Nos experimentos com humanos, muita diversidade de resultados,
como já descrito anteriormente. Assim, estes autores propõem que outros aspectos, além
da incontrolabilidade, sejam considerados e investigados nos estudos sobre desamparo
aprendido. Um destes aspectos seria a atribuição de causalidade formulada por sujeitos
humanos frente à incontrolabilidade.
21
Desamparo Aprendido com Humanos: as atribuições de causalidade
De acordo com Hünziker (1997b), o modelo do desamparo aprendido, quando
aplicado a seres humanos, considera como crítica a atribuição de causalidade formulada
pelos sujeitos, quando expostos à independência entre suas respostas e os eventos
subseqüentes.
Segundo LoLordo (2001), algumas inadequações da hipótese do desamparo
aprendido tornaram-se evidentes quando de sua aplicação ao comportamento humano.
De acordo com este autor, o foco era, principalmente, a independência entre a resposta e
os eventos subseqüentes (“reforçadores”) e a generalização desta independência para
outros contextos. Entretanto, no caso de sujeitos humanos, as atribuições causais ou, os
fatores que os indivíduos consideram como determinantes da possibilidade ou
impossibilidade deles controlarem os estímulos envolvidos na situação experimental
parecem ter um importante papel no desenvolvimento ou não do desamparo aprendido.
O artigo que originou a inclusão deste aspecto no modelo de desamparo
aprendido aplicado aos seres humanos foi escrito por Abramson, Seligman & Teasdale
(1978) e foi intitulado “Learned helplessness in humans: Critique and reformulations”
(citado em LoLordo, 2001). Segundo LoLordo (2001), nesse artigo os autores
argumentaram que, quando experimentam os efeitos que caracterizam o desamparo, os
seres humanos
fazem atribuições acerca da causa do desamparo. Se o desamparo é atribuído
a fatores globais ou específicos determinará quão ampla a expectativa futura de
desamparo será, e se o desamparo é atribuído a fatores estáveis ou instáveis
determinará quanto tempo a expectativa do desamparo durará” (p.68).
Há, ainda, o aspecto externalidade versus internalidade. Para Peterson e cols.
(1993), o modelo de desamparo aprendido deveria, também, distinguir entre os casos
nos quais a incontrolabilidade é atribuída a uma característica pessoal do sujeito
explicações internas, nos quais a incontrolabilidade é atribuída a alguma circunstância
ou situação que afetaria qualquer um – explicações externas.
22
De acordo com LoLordo (2001), “a internalidade-externalidade da atribuição
não afetaria a expectativa da pessoa de futuro desamparo, mas afetaria sua auto-
estima. Atribuições internas deveriam gerar auto-estima mais baixa do que atribuições
externas” (p.68).
Segundo Hünziker (1997b), o que ocorre no caso de seres humanos é que, além
de experimentarem determinadas relações com o ambiente, eles descrevem verbalmente
as contingências que identificam e formulam regras que passam a controlar seus
comportamentos. Segundo Hünziker (1997b), estas regras, muitas vezes, não coincidem
com as contingências às quais os indivíduos foram submetidos.
Neste sentido, verificar o quanto as descrições de contingências, feitas pelos
participantes, correspondem às contingências planejadas e se essas descrições
exerceriam algum efeito modulador da situação de incontrolabilidade em relação ao
desempenho dos participantes, mostra-se importante no estudo do desamparo aprendido
com humanos.
O Papel do Relato Verbal
De acordo com de Rose (1997), o relato verbal é uma fonte de dados
amplamente utilizada na pesquisa em Psicologia. Apesar dos analistas do
comportamento preferirem medir o comportamento de maneira direta, o uso do relato
verbal pode ser útil em situações nas quais este tipo de medida torna-se inviável. O
autor indica algumas situações nas quais o uso do relato verbal torna-se necessário;
dentre elas, aquelas nas quais se buscam informações sobre atribuições de causas de
comportamentos.
Entretanto, o que parece importante destacar é que o relato verbal é um
comportamento. Segundo de Rose (1997):
“De acordo com a concepção da Análise Comportamental, relatar é um
comportamento verbal. Este comportamento verbal é emitido supostamente sob
controle de um estado de coisas, que funciona como estímulo discriminativo.
Tipicamente o pesquisador está interessado em conhecer algo sobre este estado
23
de coisas, mas não tem acesso direto a ele. O relato verbal inclui-se, portanto,
na categoria de operante verbal que Skinner denomina tato” (p.151).
O tato é uma resposta verbal controlada por um estímulo antecedente não-verbal
(Hübner, 1997). Como afirma de Rose (1997), este operante verbal tem uma “relação
de correspondência com o mundo externo” e é importante, pois coloca o ouvinte em
uma melhor situação para inferir algo a respeito de contingências às quais ele não tem
acesso direto.
Nos experimentos de Matute (1994, 1995) e Hatfield & Job (1998), o relato
verbal foi solicitado ao final da fase de teste, no primeiro experimento de Matute
(1994), e ao final da fase de treino, nos demais estudos. Entretanto, solicitar o relato
somente ao final da fase de treino ou de teste parece não ter produzido descrições
acuradas da contingência em vigor, principalmente para os participantes do grupo
Acoplado, que descreveram a tarefa como altamente controlável no treino.
Segundo Simonassi, Tourinho & Silva (2001) e Alves (2003), a freqüência com
que relatos verbais são solicitados/produzidos ou a freqüência com que o relatar ocorre
é uma das variáveis importantes para estabelecer esta “correspondência com o mundo
externo”, pois pode favorecer descrições mais acuradas das contingências às quais os
sujeitos estão expostos, assim como um melhor desempenho na tarefa solicitada.
Em seu estudo, Simonassi e cols. (2001) investigaram como relatos verbais,
solicitados durante uma tarefa de resolução de problemas, podem contribuir para o
esclarecimento do papel desempenhado pelas autodescrições na resolução de problemas.
Dentre outros objetivos, os autores verificaram a relação entre as respostas verbais
emitidas pelos participantes e as contingências programadas.
Participaram deste estudo 64 estudantes universitários, de ambos os sexos. Um
programa de computador apresentava duas telas aos participantes. A primeira continha
três estímulos similares a cartas de baralho: uma carta azul na parte superior central do
monitor e outras duas cartas dois centímetros abaixo, dispostas lado a lado; a que se
encontrava na lateral direita era de cor verde e a da esquerda, vermelha. No canto
superior esquerdo havia dois contadores nos quais eram registradas as respostas certas e
erradas.
Ao participante foi solicitado tocar a tela com o dedo, pois a tela era sensível ao
toque, na posição correspondente à carta superior. Após esta resposta surgia, sobreposta
à carta superior, uma letra ou um número. Na presença deste estímulo, o participante
24
deveria tocar uma das cartas abaixo. A resposta em uma das duas cartas produzia o
mesmo estímulo da carta superior, um som de bip e a palavra CERTO entre as cartas
inferiores, ou apenas a palavra ERRADO. Os acertos e erros eram registrados nos
contadores. Após o participante ter emitido esta resposta (de comparação), uma nova
tela aparecia com a seguinte frase na parte superior do monitor: Se você sabe a solução
do exercício das cartas, toque a tela no quadrado SIM, da direita; caso não saiba a
solução, toque a tela no quadrado NÃO, da esquerda” (Simonassi & cols, 2001, p.
137). Os quadrados com as palavras SIM e NÃO eram na cor amarela e verde,
respectivamente.
Os participantes foram alocados em quatro grupos que se diferenciavam em
relação aos estímulos empregados e, também, ao momento em que a descrição das
contingências era solicitada: Grupo Contingência Simples e Grupo Contingência
Complexa (quanto à natureza do estímulo); Grupo Relato a cada Sim e Grupo Relato ao
Final (quanto ao momento de solicitação de relato).
Para o grupo Contingência Simples, os estímulos que apareciam na tela do
computador eram o número “10” e a letra “A”; para o Contingência Complexa, os
estímulos eram o número “10” ou qualquer letra do alfabeto. Em relação ao momento
de solicitação de relato, os participantes do grupo Relato a Cada Sim relatavam a
contingência a cada tentativa a que fosse exposto e na qual pressionasse a tecla que
correspondia ao estímulo Sim; neste momento, uma nova tela aparecia com a solicitação
de relato: “Escreva no papel como você está fazendo para resolver este exercício.
Depois coloque-o na caixa ao lado esquerdo e toque a tela para continuar”. Quando os
participantes tocavam o quadrado Não uma nova tentativa se iniciava. Para os
participantes do grupo Relato ao Final, independente da escolha Sim ou Não, a resposta
de redigir somente era solicitada na quadragésima tentativa; nas tentativas precedentes,
a resposta Sim ou Não era seguida pelo início de uma nova tentativa.
Para os grupos Contingência Simples Relato a Cada Sim e Contingência Simples
Relato ao Final, a contingência programada especificava que na presença do número
“10” na carta superior, um toque na carta verde produziria a conseqüência CERTO; na
presença da letra “A”, um toque na carta vermelha produziria o CERTO. Para os grupos
Contingência Complexa Relato a Cada Sim e Contingência Complexa Relato ao Final, a
contingência programada era a mesma dos grupos Simples, exceto que, para o grupo
Contingência Complexa, na presença de qualquer letra um toque na carta vermelha
produziria o CERTO. Para as respostas de redigir não havia conseqüências
25
programadas. O critério para encerramento do experimento consistiu de 40 tentativas
para todos os grupos.
Simonassi e cols (2001) analisaram os desempenhos dos participantes em
relação às respostas de informação (respostas SIM ou NÃO) e de redigir. Na análise das
respostas de redigir foram consideradas apenas descrições corretas que correspondiam à
contingência programada e as tentativas nas quais ocorreram.
Os resultados obtidos por Simonassi e cols. (2001) mostraram que, nos grupos
Relato a Cada Sim, a contingência programada foi suficiente para a emissão de relatos
verbais descritivos acerca da solução da tarefa, diferentemente da condição Relato ao
Final, na qual a contingência programada não produziu relatos verbais que
correspondessem com a contingência programada. A partir destes resultados, Simonassi
e cols (2001) destacam a importância das contingências sociais programadas na
descrição dos comportamentos.
Os autores indicam, também, que o fato do participante afirmar que sabe a
solução para o problema (resposta de informação SIM) não foi preditivo de descrições
corretas; neste caso, o participante pode responder SIM, mas sua descrição pode não
corresponder às contingências programadas. De acordo com Simonassi e cols. (2001), a
preditividade do SIM pode ser tomada como função da quantidade de exposição às
contingências programadas, isto é, a contingência verbal que produz a descrição e o
contato com as contingências de solução do problema. Quanto mais expostos a estes
dois tipos de contingências, mais os participantes passam a descrevê-las corretamente.
Alves (2003) realizou uma replicação do estudo de Simonassi e cols. (2001) com
algumas modificações. Na seqüência experimental do estudo de Alves (2003),
condições intermediárias de freqüência de solicitação de relatos verbais foram
utilizadas. A tarefa de matching-to-sample, as formas de solicitar o relato e o mesmo
software do estudo de Simonassi e cols (2001) foram utilizados.
Participaram do estudo de Alves (2003) 50 estudantes universitários sem história
experimental. Os participantes foram distribuídos em cinco grupos: grupo Relato em
Todas as Tentativas; grupo Relato a Partir da Décima Tentativa; grupo Relato a Partir
da Vigésima Tentativa; grupo Relato a Partir da Trigésima Tentativa e grupo Relato ao
Final. Neste estudo, o relato verbal era solicitado independentemente de se o
participantes respondiam SIM ou NÃO, quando perguntados sobre se sabiam como
solucionar o exercício.
26
De um modo geral, os resultados mostraram que uma maior freqüência de
solicitação de relatos verbais permitiu aos participantes a emissão de respostas verbais
corretas acerca das contingências às quais estavam expostos e, também, um melhor
desempenho em relação à emissão de respostas de escolha corretas.
Os resultados dos estudos de Simonassi e cols (2001) e de Alves (2003)
mostraram que a condição Relato ao Final das quarenta tentativas às quais os
participantes foram expostos não produziu relatos verbais que descrevessem a
contingência acuradamente. Os estudos sobre desamparo aprendido, citados neste
trabalho, também utilizaram relatos verbais ao final das tentativas e as descrições
verbais feitas pelos participantes também parecem não corresponder às contingências
em vigor. Sobre este aspecto, então, os resultados obtidos nos experimentos sobre
desamparo aprendido são corroborados pelos achados de Simonassi e cols. (2001) e
Alves (2003).
Nos estudos de Matute (1994, 1995) e Hatfield & Job (1998), o relato verbal foi
solicitado apenas uma vez, ao final no treino ou do teste. Então, a partir dos resultados
obtidos nos estudos de Simonassi e cols (2001) e Alves (2003), seria possível supor que
mais solicitações de relatos verbais feitas, ao longo da fase de treino, aos participantes
submetidos às situações de controlabilidade e de incontrolabilidade, maiores seriam as
probabilidades destes participantes descreverem as contingências às quais estão
submetidos.
No presente estudo, dois aspectos destacados na análise dos experimentos
relatados foram considerados: a modificação na ordem de apresentação das diferentes
durações do som e a freqüência de solicitação de relatos verbais; para tanto foram
realizados dois experimentos. No primeiro experimento, o objetivo foi investigar se um
procedimento similar ao utilizado por Hatfield & Job (1998), ou seja, uma modificação
na ordem de apresentação das diferentes durações do som, de forma a evitar a
concentração de sons de curta duração nas últimas tentativas, impediria a produção de
comportamento supersticioso nos participantes do grupo Acoplado e produziria
desamparo aprendido nestes participantes.
O segundo experimento teve também como objetivo, além do já citado, verificar
quais os efeitos de solicitações de relato verbal sobre as contingências em vigor, feitas
em tentativas ao longo da fase de treino, na descrição dessas contingências e na
produção ou não de desamparo aprendido.
27
MÉTODO
Experimento 1
Participantes
Participaram deste estudo 28
9
universitários, de ambos os sexos e com idade
variada. O recrutamento dos participantes foi feito pela própria pesquisadora e aqueles
que aceitaram participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 1) que os informou acerca da natureza do estudo.
Local
A coleta de dados foi conduzida em uma sala localizada no campus de uma
universidade pública no Estado do Paraná.
Equipamentos e Materiais
Um notebook (marca Positivo e modelo: Mobile C25), um teclado adicional
(marca: Mtek), um mouse externo (marca: Leardership) e um mouse pad. O teclado
adicional foi coberto por uma máscara de papel construída com a própria caixa deste
teclado que deixava apenas as teclas F1, F2, F3 e Enter à mostra.
Um software foi especialmente desenvolvido e instalado no computador para a
coleta de dados. Este software produzia um som alto e estridente (3000 Hz e 82 dB),
devidamente calibrado por um técnico especializado que emitiu um Certificado de
Avaliação Acústica (Anexo 2). O som foi avaliado como não prejudicial a seres
humanos. Conectado ao computador, na fase de treino, havia um teclado adicional
devidamente tampado com a máscara.
As instruções fornecidas aos participantes foram apresentadas tanto em uma
folha de papel colocada ao lado do computador, quanto na tela deste.
A primeira instrução da fase de treino foi a seguinte:“De tempos em tempos,
você ouvirá um som alto. Estarão disponíveis as teclas F1, F2 e F3 para você tentar
desligar o som. Tecle Enter quando estiver pronto para começar”. O fundo da tela era
na cor azul e a instrução na cor branca.
9
Originalmente 30. Entretanto, como o registro de um participante do grupo Acoplado ficou incompleto,
os seus dados e os dados de seu correspondente no grupo Contingente não foram analisados.
28
A segunda instrução fornecida aos participantes terminava a fase de treino e era
a seguinte: “Por favor, chame a pesquisadora”. As letras estavam na cor branca e o
fundo da tela em azul.
A terceira instrução apresentada aos participantes iniciava a fase de teste: De
tempos em tempos, você ouvirá um som alto. Estarão disponíveis três retângulos
vermelhos na tela. Tente descobrir como desligar o som clicando com o mouse sobre os
retângulos vermelhos. Clique sobre "Inicia o Teste" quando estiver pronto para
começar.”. Embaixo desta instrução havia um ícone de, aproximadamente, 2,5 x 1,0
centímetros, com a inscrição “Inicia o Teste” em preto. Após o participante clicar o
mouse com o cursor posicionado sobre este ícone, as instruções desapareciam e a fase
de teste, propriamente dita, se iniciava. Três retângulos vermelhos
10
de 6,2 x 4,2
centímetros, aproximadamente, eram visualizados pelo participante, conforme a Figura
1.
Figura 1. Esquema representativo da tela do computador que os participantes
visualizavam na fase de teste do experimento.
A última instrução apresentada para o participante era: “Obrigada pela sua
participação”. Esta instrução também estava na cor branca e o fundo da tela em azul.
Embaixo da instrução havia um ícone, também de 2,5 x 1,0 centímetros,
10
Os meros dentro dos retângulos não eram visualizados pelos participantes em nenhum dos dois
experimentos. Os números apenas se referiam à maneira como foram registrados na planilha de resultados
de cada participante.
1
2
3
29
aproximadamente, com a inscrição OK. Ao clicar sobre este ícone, o experimento se
encerrava.
Além de apresentar as instruções para os participantes, o software desenvolvido
para a coleta também registrou: o nome, a idade, o curso do participante; a data, a hora e
um número de identificação do experimento; todas as durações dos sons e seqüências de
respostas (teclas e cliques) para cada participante dos três grupos envolvidos neste
experimento; os registros foram feitos em uma planilha que, posteriormente, era
exportada para o programa Excel.
Procedimento
Contato com os participantes
Para a realização da coleta de dados, a pesquisadora contatou dois professores de
uma universidade pública no Estado do Paraná. Uma solicitação escrita foi entregue à
chefia de um dos departamentos desta universidade e, após sua aprovação, a
pesquisadora foi até às salas de aula e convidou os estudantes a participarem,
voluntariamente, da pesquisa.
Coleta de dados
Cada participante foi conduzido individualmente à sala para realizar o
experimento. A pesquisadora solicitou que cada participante se sentasse diante do
computador com o teclado adicional conectado e com software previamente
configurado para a fase de treino. Antes de iniciar o experimento, a pesquisadora lia a
primeira instrução da fase de treino para o participante,
Assim que o participante iniciava o experimento a pesquisadora se retirava da
sala e retornava somente quando o participante a chamava em função do aparecimento,
na tela do computador, da segunda instrução, a de término do treino. Ao retornar para a
sala, a pesquisadora configurava o software para a fase de teste, retirava o teclado e
conectava o mouse, convidando o participante a sentar-se, novamente, em frente ao
computador. Novamente, a pesquisadora lia a primeira instrução da fase de teste
(terceira instrução) e se retirava da sala. Após as quarenta tentativas da fase de teste, a
última instrução aparecia na tela e o participante, então, chamava a pesquisadora. Após
30
o final do experimento, a pesquisadora fornecia as informações adicionais solicitadas
pelos participantes.
Os participantes deste primeiro experimento foram distribuídos em três grupos:
1. Grupo Contingente
Os nove
11
participantes deste grupo foram submetidos, na fase de treino, a 40
apresentações de um som alto com duração máxima de 5 segundos. A resposta
requerida para terminar o som esteve sob um esquema de reforçamento de Razão Fixa
(FR3), isto é, o participante tinha que pressionar a tecla F1 três vezes, consecutivas ou
não, para interromper o som. Caso estas respostas não fossem emitidas, o som era
desligado automaticamente após 5 segundos. Na fase de teste, três estímulos
retângulos - eram apresentados na tela do computador para os participantes. A resposta
que interrompia o som foi clicar três vezes, consecutivas ou não, no retângulo na
posição 2. Este retângulo será, por razões de facilidade, a partir daqui, nomeado de
retângulo 2. A duração máxima do som também foi de 5 segundos, o intervalo entre as
apresentações do som (tentativas) foi de 10 segundos.
2. Grupo Acoplado
Cada um dos 9
12
participantes deste grupo esteve emparelhado a um participante
do grupo Contingente, de modo que as durações do som foram determinadas por seus
correspondentes do grupo Contingente, assim, nenhuma resposta dos participantes do
grupo Acoplado nas teclas disponíveis terminava o som. Entretanto, a ordem de
apresentação das durações do som para o grupo Acoplado foi diferente da ordem das
durações para os participantes do grupo Contingente. Para os participantes deste grupo,
um procedimento de mudança na ordem de apresentação dos sons foi programado e
apresentado pelo software. Em função da concentração de sons de curta duração nas
tentativas finais do grupo Contingente apresentar-se como um problema para a
produção de desamparo aprendido em humanos (Matute, 1994, 1995; Hatfield & Job,
1998), o software foi programado para impedir esta concentração de sons curtos nas
últimas tentativas para o grupo Acoplado através de uma modificação na ordem de
apresentação de sons curtos e sons longos. Assim, quando da realização de um
experimento com um participante do grupo Acoplado, o software “lia” todas as
11
Originalmente 10.
12
Originalmente 10.
31
durações do participante correspondente no grupo Contingente e as organizava em
ordem crescente. Em seguida, o software gerava oito grupos de cinco tentativas cada e
redistribuiu os sons para os participantes do grupo Acoplado
13
. Na fase de teste, os
participantes deste grupo passaram pelas mesmas contingências que o grupo
Contingente.
3. Grupo Controle
Os participantes deste grupo foram submetidos somente a uma fase do estudo
o teste. Na fase de teste, os participantes deste grupo passaram pelas mesmas
contingências que o grupo Contingente e o Acoplado.
Cada apresentação do som configurava uma tentativa, com duração máxima de
5 segundos, que era seguida de um intervalo entre tentativas de 10 segundos e, ao total,
cada participante foi submetido a quarenta tentativas na fase de treino e na de teste.
A Tabela 1 sumariza as condições experimentais a que cada grupo de
participantes foi submetido neste experimento.
Tabela 1. Contingências programadas para os participantes do Experimento 1.
Grupos
Fases Experimentais
Contingente Acoplado Controle
Treino
Resposta de
teclar em F1 em
FR3
Nenhuma
resposta nas
teclas desliga o
som
______
Teste
Resposta de
clicar no
retângulo 2 em
FR3
Resposta de
clicar no
retângulo 2 em
FR3
Resposta de
clicar no
retângulo 2 em
FR3
13
A forma detalhada de distribuição dos sons consta no Anexo 3.
32
EXPERIMENTO 2
Participantes
Participaram deste segundo experimento 20 estudantes universitários de ambos
os sexos.
Local
A coleta de dados foi conduzida na mesma sala do Experimento 1.
Equipamentos e Materiais
Neste segundo experimento, os mesmos equipamentos e materiais do
experimento anterior foram utilizados. Todavia a máscara usada neste segundo
experimento foi substituída. Uma nova máscara foi construída, também em papel, em
função de requerer que outras teclas ficassem à mostra (as teclas N e S). Blocos de
papel de oito folhas cada, uma caneta e uma caixa com abertura central (em formato de
urna) também foram disponibilizados para que os participantes escrevessem e
depositassem, nesta urna, o relato verbal nos momentos em que estes fossem
solicitados.
Neste experimento, as mesmas instruções utilizadas no experimento anterior
foram apresentadas aos participantes. Entretanto, em algumas tentativas da fase de
treino, duas outras instruções foram apresentadas aos participantes. A primeira delas era
a seguinte: Você sabe o que termina o som? Caso saiba Sim tecle a letra S. Caso
não saiba Não tecle a letra N.”. Embaixo desta questão, apareciam dois ícones, de
2,5 x 1,0 centímetros, dispostos lado a lado, com as palavras Sim e Não,
respectivamente.
Uma segunda instrução era quando o participante teclasse na letra S: “Por favor,
utilize papel e caneta que estão ao seu lado e conte o que você acha que foi feito pra
desligar o som. Deposite sua resposta na urna ao seu lado. Assim que você depositar
sua resposta, tecle Enter para continuar o experimento.”. Estas instruções eram
apresentadas em branco e o fundo da tela em azul, como no primeiro experimento.
O software desenvolvido registrou as mesmas informações do primeiro
experimento e, também, as respostas de Sim e Não e suas respectivas tentativas. Os
relatos verbais foram registrados manualmente pelos participantes
33
Procedimento
Contato com os participantes
O contato prévio com os participantes ocorreu da mesma maneira que no
experimento anterior
Coleta de dados
A coleta de dados foi igual ao do experimento anterior. Porém, ao final das
tentativas 5, 11, 18, 20, 25, 34, 39 e 40, a seguinte questão era apresentada na tela do
computador aos participantes: “Você sabe o que termina o som? Caso saiba Sim
tecle a letra S. Caso não saiba – Não – tecle a letra N.”. Caso o participante teclasse N,
correspondente ao Não, esta instrução desaparecia, a tela ficava somente azul e uma
nova tentativa se iniciava. Caso o participante teclasse S, correspondente ao Sim, a
questão acima mencionada desaparecia e uma nova instrução, a solicitação de relato
verbal, aparecia na tela do computador: “Por favor, utilize papel e caneta que estão ao
seu lado e conte o que você acha que foi feito pra desligar o som. Deposite sua resposta
na urna ao seu lado. Assim que você depositar sua resposta, tecle Enter para continuar
o experimento.”. Estas solicitações de relato verbal ocorreram sem nenhum tipo de
sinalização para o participante e também não havia nenhuma conseqüência programada
para as respostas solicitadas.
Após estas solicitações de relato verbal, o restante do procedimento para iniciar
a fase de teste foi igual ao do primeiro experimento.
Os participantes deste segundo experimento foram alocados em dois grupos
experimentais.
1. Grupo Contingente Relato Verbal
Os participantes deste grupo foram submetidos às mesmas contingências do
grupo Contingente do estudo anterior. Entretanto, nas tentativas 5, 11, 18, 20, 25, 34, 39
e 40, foram solicitadas aos participantes as informações já indicadas.
2. Grupo Acoplado Relato Verbal
Os participantes deste grupo também foram expostos às mesmas contingências
que o grupo Acoplado do experimento anterior, exceto pela solicitação dos relatos
34
verbais. Estes foram solicitados durante a fase de treino e nas mesmas condições do
grupo Contingente Relato Verbal. O mesmo procedimento de modificação da ordem das
durações do som realizado no Experimento 1 foi utilizado com os participantes deste
grupo neste experimento.
A Tabela 2 sumariza as condições experimentais a que cada grupo de
participantes foi submetido neste segundo experimento:
Tabela 2. Contingências programadas para os participantes do Experimento 2
Grupos
Fases Experimentais
Contingente
Relato Verbal
Acoplado
Relato Verbal
Treino
Resposta de teclar em F1
em FR3
Relatos ao final das
tentativas 5, 11, 18, 20, 25,
34, 39 e 40
Nenhuma resposta nas
teclas desliga o som
Relatos ao final das
tentativas 5, 11, 18, 20, 25,
34, 39 e 40
Teste
Resposta de clicar no
retângulo 2 em FR3
Resposta de clicar no
retângulo 2 em FR3
35
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Experimento 1
Na produção experimental do fenômeno comportamental denominado
desamparo aprendido, os participantes do grupo Acoplado são expostos, na fase de
treino, a eventos aversivos incontroláveis. Após esta exposição, os participantes do
grupo Acoplado apresentam, na fase de teste, uma dificuldade de aprendizagem da nova
resposta operante requisitada, quando comparados com os participantes dos outros dois
grupos Contingente e Controle somente submetidos à situação de controlabilidade
ou a nenhuma condição experimental anterior (Hiroto & Seligman, 1975).
Como mencionado na introdução deste trabalho, de acordo com Hünziker
(2003), uma análise dos dados sobre a latência média dos choques (duração média dos
choques) e o número de falhas (o encerramento da tentativa após a duração máxima dos
choques) era realizada, nesses estudos, a fim de avaliar a dificuldade de aprendizagem
apresentada pelos sujeitos do grupo Acoplado.
Nos estudos com participantes humanos (por exemplo, Hiroto & Seligman,
1975; Matute, 1994; Hatfield & Job, 1998), as variáveis medidas para avaliar se o
desamparo aprendido havia sido produzido foram: o número de falhas para resolver os
anagramas, definido como o número de tentativas com latências (duração) de 100
segundos, ou seja, se o participante levava 100 segundos para resolver cada anagrama; a
latência média (duração) para a resposta correta para cada um dos vinte anagramas; a
tentativa de solução do anagrama, definida como a primeira tentativa a partir da qual
todos os anagramas seguintes foram resolvidos em menos de 10 segundos cada um.
Cada um destes aspectos foi considerado para indicar se houve ou não dificuldade de
aprendizagem nos participantes do grupo Acoplado quando comparados com os
participantes dos outros dois grupos.
No presente estudo, o aspecto considerado para avaliar se houve ou não
aprendizagem das respostas requeridas, nas fases de treino e de teste, para os
participantes do grupo Contingente e, na fase de teste, para os participantes do grupo
Controle e do grupo Acoplado foi o seguinte: a presença de uma seqüência consecutiva
de tentativas, da tentativa N (chamada de tentativa critério) até a final, nas quais o
participante emitisse as respostas que produziam o término do som, sem emitir,
conjuntamente, quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta
36
conseqüência, isto é, teclar apenas F1, no treino, e clicar apenas no retângulo 2, no teste,
ambos em FR3.
Para indicar diferenças na aprendizagem dos participantes na fase de treino e
teste, dois aspectos foram considerados: a tentativa critério e a quantidade de sons
desligados com as respostas requeridas para produzir a conseqüência programada. Com
base nestes aspectos, os participantes poderiam ser alocados em até três grupos: 1)
tentativa critério da primeira até a décima tentativa e mais de 30 sons desligados; 2)
tentativa critério da décima até a quadragésima tentativa e, a partir de 20 sons
desligados; 3) tentativa critério da trigésima até a quadragésima tentativa e, até, 20 sons
desligados. Estes dois aspectos podem indicar que uns participantes aprenderam as
respostas requeridas antes que outros e, também, a freqüência de emissão das respostas
requeridas nas fases. Por exemplo, para os participantes alocados no primeiro grupo,
supõe-se que a aprendizagem das respostas requeridas ocorreu rapidamente. Já para os
participantes alocados no terceiro grupo, supõe-se que esta aprendizagem ocorreu mais
lentamente.
Como pode ser visto, os aspectos considerados por Matute (1994) e Hatfield &
Job (1998), também foram aqui analisados. Todavia, não foi estabelecida, neste
trabalho, uma duração limite do som para a emissão das respostas que produziam a
conseqüência programada, assim como o foi nos trabalhos desses autores.
Um padrão de respostas foi chamado de supersticioso para os participantes do
grupo Contingente, nas fases de treino e de teste, e dos grupos Acoplado e Controle, na
fase de teste, quando o participante, além de emitir as respostas requeridas para o
término do som na tentativa, também emitia outras respostas desnecessárias para
produzir esta conseqüência, em tentativas consecutivas, da tentativa N até a final. Estas
outras respostas poderiam incluir, por exemplo, uma seqüência de teclar três vezes outra
tecla ou clicar em outro retângulo (F2, F2 e F2 ou 3, 3 e 3), se esta mesma seqüência
fosse emitida, a partir da tentativa N, em todas as seguintes e o som fosse desligado com
ela. Ou ainda, uma seqüência de respostas nas três teclas disponíveis (F1, F2 e F3, até
completar o terceiro F1 e encerrar o som), também em tentativas consecutivas, da
tentativa N até a final.
Para o grupo Acoplado na fase de treino, nenhuma resposta por ele emitida
produzia a conseqüência de término do som, porém, alguma resposta que antecedesse o
término do som poderia ser acidentalmente ‘conseqüenciada’, passando a ser emitida
37
pelo participante da tentativa N até o final do treino, caracterizando a seleção de uma
resposta (ou padrão de respostas) supersticiosa de término do som.
Considerando os aspectos acima mencionados, a apresentação dos resultados
será iniciada com os participantes do grupo Contingente, a seguir do Acoplado e,
finalmente, do Controle. As análises estatísticas serão apresentadas ao final.
As figuras apresentadas a seguir apresentam a seqüência de respostas (teclar no
treino e clicar no teste) em cada uma das tentativas às quais os participantes dos grupos
Contingente, Acoplado e Controle foram expostos. A linha contínua que une os pontos
superiores representa a duração do som em cada uma destas tentativas. O primeiro
ponto de cada tentativa representa a primeira resposta emitida naquela tentativa e altura
do ponto indica o tempo que o participante demorou para emitir esta primeira resposta
na tentativa.
Grupo Contingente
Na Figura 2 (fase de treino para os participantes do grupo Contingente), observa-
se que, de acordo com o aspecto considerado para indicar a aprendizagem das respostas
requeridas para interromper o som, apenas o P9 aprendeu estas respostas durante esta
fase. No caso deste participante, em 12 tentativas estas respostas foram emitidas sem
quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. A partir da
tentativa 37 até o final da fase de treino, o P9 Contingente emitiu somente as respostas
que produziam a conseqüência programada, caracterizando a aprendizagem das
respostas que produziam o término do som.
Para dois participantes (P4 e P6), o aspecto indicador de aprendizagem
considerado neste trabalho mostrou-se problemático. Nota-se que, o P4, da tentativa 24
até a 39, emitiu somente as respostas requeridas para produzir a conseqüência
programada. Na tentativa 40, este participante emitiu as respostas requeridas, porém,
acompanhadas de outras respostas desnecessárias para produzir a interrupção do som,
caracterizando, segundo o aspecto considerado, a não aprendizagem destas respostas,
mesmo totalizando 33 tentativas, muitas consecutivas, com estas respostas emitidas
sozinhas. Em relação ao P6, observa-se que, em 28 tentativas, este participante emitiu
somente as respostas requeridas para desligar o som e, da tentativa 27 até a 38, o
participante emitiu apenas as respostas requeridas. Todavia, nas duas últimas tentativas
o P6 não as emitiu ou as emitiu juntamente com outras respostas desnecessárias para
38
interromper o som, caracterizando, segundo o aspecto considerado, a não aprendizagem
destas respostas.
Observa-se, na Figura 2, que dois participantes (P1 e P5) apresentaram, segundo
o aspecto considerado para indicar o comportamento supersticioso, uma seqüência
supersticiosa de respostas de término do som. O P1, embora tenha emitido as respostas
requisitadas em 28 tentativas, em nenhuma delas estas respostas foram emitidas sem
outras respostas desnecessárias para interromper o som. Pode-se observar que, da
tentativa 16 até a 40 (exceto na 25), o P1 Contingente emitiu as respostas requeridas
para produzir a conseqüência, porém, emitiu também, nestas tentativas, outras respostas.
Da tentativa 16 até o final desta fase experimental, este participante teclou três vezes F2
e, depois, três vezes F1, indicando que um padrão de respostas mais amplo parece ter
sido selecionado, pois incluía tanto as respostas requisitadas, como respostas
desnecessárias para o término do som. Em relação ao P5, observa-se que, das trinta
tentativas em que o P5 Contingente emitiu as respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada, em todas as tentativas estas respostas foram emitidas
juntamente com outras respostas desnecessárias para interromper o som. Da tentativa 12
até a 40, o participante emitiu as respostas para desligar o som na seguinte seqüência:
F1, F2, F3, F1, F2, F3 e F1. Esta seqüência de respostas, apresentada até o final do
treino, foi caracterizada, segundo o aspecto considerado neste trabalho, como uma
seqüência de respostas supersticiosas de término do som.
Examinando a Figura 2, observa-se que, para o P2 Contingente, em 35 tentativas
do treino, este participante emitiu as respostas requeridas para produzir a conseqüência,
entretanto, em nenhuma delas estas respostas foram emitidas sem quaisquer outras
respostas desnecessárias para interromper o som. Observa-se que, da tentativa 1 até 18,
as respostas emitidas pelo participante não apresentam nenhum padrão estabelecido.
Entretanto, da tentativa 19 até a 23, o participante emitiu as seguintes respostas: F3, F1,
F2, F3, F1, F2, F3, F1 e o som foi interrompido em função da emissão da última
resposta completar a contingência programada. Nas duas tentativas seguintes, a
seqüência mudou para: F3, F2, F1, F1, F2, F3, F3, F2, F1, também completando a
contingência programada. Da tentativa 26 até a 31, as respostas emitidas pelo
participante continham as respostas requisitadas, porém, nenhum padrão definido foi
observado. Nas duas tentativas seguintes, novamente a seqüência muda para: F3, F2,
F1, F3, F2, F1, F3, F2, F1, produzindo o término do som por completar a contingência
e, nas tentativas 36 e 37 as respostas emitidas na primeira seqüência mencionada
39
voltaram a se repetir (F3, F1, F2, F3, F1, F2, F3, F1). O participante apresentou um
padrão de respostas mais amplo que continha tanto as respostas requisitadas como
respostas desnecessárias para o término do som em 35 tentativas. Todavia, pode-se
considerar que o P2 Contingente não aprendeu as respostas que produziam a
conseqüência programada, pois não satisfaz o aspecto considerado para indicar esta
aprendizagem e, também, não pode ser caracterizado como tendo apresentado um
padrão de respostas supersticiosas, pois não satisfez o critério estabelecido neste estudo,
para indicar comportamento supersticioso.
Os demais participantes do grupo Contingente (P7, P8 e P10) não aprenderam as
respostas requeridas para produzir a conseqüência de término do som, de acordo com o
aspecto considerado para indicar a aprendizagem destas respostas. O P7, das sete
tentativas em que emitiu as respostas que interrompiam o som, apenas em duas
(tentativa 11 e 12), estas respostas foram emitidas sem outras respostas desnecessárias
para produzir esta conseqüência, caracterizando a não aprendizagem das respostas
requeridas. Para o P8, observa-se que este participante não emitiu, em nenhuma
tentativa, as respostas requeridas para terminar o som e, em muitas tentativas, o P8 não
emitiu resposta alguma. Em relação ao P10, nota-se que, em nenhuma tentativa, as
respostas que produziam o término do som na fase de treino foram emitidas, nem
sozinhas nem acompanhadas de outras respostas desnecessárias para terminar o som.
Para o P8 e o P10 todas as durações do som foram de 5 segundos.
Observa-se, ainda na Figura 2, que para o P7, na tentativa 22, e para o P8, na
tentativa 34, a emissão da primeira resposta coincidiu com o início do som. Para estes
participantes, estas respostas podem ter sido, ou respostas de esquiva, ou estas respostas
podem ter sido ‘punidas’ pela apresentação, em seguida, do som.
40
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Tentativas
Figura 2. Duração do som e seqüência de respostas de teclar, nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Contingente foram expostos.
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
F1
F2
× F3
- Outras
41
Na Figura 3 (fase de teste para os participantes do grupo Contingente), observa-
se que sete participantes (P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10) aprenderam as respostas que
produziam a conseqüência programada, segundo o aspecto considerado para indicar tal
aprendizagem. Nota-se que, para o P4 e o P5, a tentativa critério foi a 5 e a 2,
respectivamente, e esses participantes emitiram somente as respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada, em 39 tentativas. Para dois participantes (P7 e
P10), a tentativa critério foi a 20 e 23, respectivamente. O P7 emitiu somente as
respostas que interrompiam o som, em 32 tentativas e o P10 emitiu essas respostas em
37 tentativas. Para três participantes (P6, P8 e P9), a tentativa critério foi a 31, 38 e a 32,
respectivamente. O P6 emitiu apenas as respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada, em 27 tentativas; o P8 emitiu essas respostas em 16
tentativas e o P9, em 31 tentativas.
Examinado a Figura 3, nota-se que um participante (P1) apresentou, segundo o
aspecto considerado para indicar o comportamento supersticioso, um padrão de
respostas supersticiosas de término do som. Em nenhuma das 36 tentativas nas quais o
participante emitiu as respostas requisitadas, estas respostas foram emitidas sem
quaisquer outras respostas desnecessárias para interromper o som. Na nona tentativa, o
P1 Contingente apresentou a seguinte seqüência de respostas: clicou três vezes no
retângulo 1, três vezes no 3 e, finalmente, três vezes no 2. Na décima tentativa, a
seqüência de respostas apresentada pelo participante modificou-se para: três cliques no
retângulo 3 e três cliques no 2; nas duas tentativas seguintes, o participante muda
novamente a seqüência e, na tentativa 13 retoma a seqüência três cliques no retângulo 3
e três cliques no 2, mantendo-a até o final do teste. Estas seqüências, assim como no
treino, incluíram a resposta especificada para produzir o término do som, todavia, outras
respostas (desnecessárias para a produção da conseqüência planejada) foram emitidas
nessas tentativas.
Em relação ao P2 (Figura 3) nota-se que, em 31 tentativas, o participante emitiu
as respostas que interrompiam o som, porém, em nenhuma delas estas respostas foram
emitidas sem outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. Além
disso, nota-se que as tentativas nas quais o participante emitiu as respostas que
produziam a conseqüência programada foram intercaladas com tentativas nas quais
essas respostas não foram emitidas. De acordo com os aspectos considerados para
indicar aprendizagem e comportamento supersticioso propostos neste trabalho, o P2
Contingente não aprendeu as respostas que produziam o término do som e, também, não
42
apresentou um padrão de respostas supersticiosas. Observa-se que nenhum padrão
definido de respostas foi selecionado durante a fase de teste.
Assim como na fase de treino, observa-se que um participante (P8), em duas
tentativas (10 e 39), a emissão da primeira resposta coincidiu com o início do som.
43
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
––– Duração do som
1
2
×
3
Tentat
ivas
Tempo (milésimos de segundo)
Figura 3. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Contingente foram expostos.
44
Para os participantes até aqui considerados (grupo Contingente), as duas fases do
experimento (treino e teste) foram caracterizadas por relações de contingência
(controlabilidade) entre eventos, ou seja, a emissão de uma determinada resposta
teclar F1 em FR3, no treino, e clicar no retângulo 2 em FR3, no teste produzia a
conseqüência de interrupção do som. Com o objetivo de sintetizar os resultados já
apresentados, comparações intra-grupo foram realizadas.
Tabela 3. Desempenhos dos participantes do grupo Contingente com relação ao critério de
aprendizagem proposto, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa critério e ao
número de sons desligados somente com as respostas requeridas nas fases de treino e teste.
Treino
Teste
Participantes
Critério
aprendizagem
CS TC
Número de
sons
desligados
com as
respostas
requeridas
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de
sons
desligados
e com as
respostas
requeridas
1 Não Sim --- 0 Não Sim ---
0
2 Não Não --- 0 Não Não ---
0
4 Problemático Não --- 33 Sim Não 5
39
5 Não Sim --- 0 Sim Não 2
39
6 Problemático Não --- 28 Sim Não 31
26
7 Não Não --- 2 Sim Não 20
32
8 Não Não --- 0 Sim Não 38 16
9 Sim Não 37 12 Sim Não 32 31
10 Não Não --- 0 Sim Não 23 37
Nota: CS refere-se a comportamento supersticioso e TC a tentativa critério
Com relação à aprendizagem das respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada, nas fases de treino e de teste, os participantes foram alocados
em três grupos, em cada uma destas fases: 1) os que aprenderam (satisfizeram o aspecto
considerado para indicar a aprendizagem); 2) os que não atingiram o critério de
aprendizagem proposto, mas mostraram indícios de ter aprendido as respostas
requisitadas (aspecto considerado para indicar a aprendizagem mostrou-se
problemático) e 3) os que não aprenderam as respostas requeridas.
Como pode ser visto na Tabela 3, considerando o desempenho na fase de treino,
apenas o participante 9 pode ser incluído no primeiro grupo. No segundo grupo, o P4 e
45
o P6 podem ser incluídos e no terceiro grupo, os seis demais participantes foram
incluídos. Dentre os participantes que não aprenderam as respostas que produziam a
conseqüência programada, dois participantes (P1 e P5) apresentaram um padrão de
respostas supersticiosas na fase de treino, ou seja, os resultados sugerem que um padrão
de respostas de término do som foi selecionado, durante a fase de treino, padrão esse
que incluía respostas não necessárias para a produção da conseqüência planejada. Estes
dois participantes parecem ter experimentado algum tipo de contingência, que não a
planejada, de forma sistemática. Deve ser destacado, ainda, que para um participante
(P2) também houve indícios de comportamento supersticioso no treino, apesar de não
atender aos critérios estabelecidos como indicadores da seleção de respostas ou padrões
de respostas supersticiosas. Estes resultados são diferentes dos resultados obtidos nos
estudos de Matute (1994, 1995), que, em seus estudos, o comportamento
supersticioso foi observado apenas nos participantes do grupo Acoplado, na fase de
treino.
Como pode ser visto na Tabela 3, na fase de teste, sete participantes (P4, P5, P6,
P7, P8, P9 e P10) aprenderam as respostas que produziam a conseqüência de
interrupção do som. Dois participantes (P1 e P2) foram alocados no terceiro grupo.
Todavia, é importante destacar que um destes participantes o (P1) apresentou um padrão
de respostas supersticiosas de término do som. Nota-se que este participante emitiu
respostas supersticiosas nas duas fases do experimento, sendo que o padrão de respostas
supersticiosas na fase de teste foi bastante parecido com o padrão de respostas
supersticiosas na fase de treino. Deve ser notado, também, que o outro (P2) não
aprendeu as respostas que interrompiam o som em ambas as fases do experimento.
É interessante destacar que apenas um participante (P9) aprendeu as respostas
requeridas nas duas fases do experimento. Para dois participantes (P4 e P6) que o
aspecto considerado para indicar a aprendizagem mostrou-se problemático na fase de
treino, observou-se que houve aprendizagem das respostas requeridas na fase de teste, o
que reforça a suposição de que o aspecto considerado para indicar a aprendizagem,
nesses dois casos, foi inadequado. Dos participantes que apresentaram comportamento
supersticioso no treino, o P5 aprendeu as respostas requeridas no teste, enquanto o P1
não aprendeu estas respostas no teste, apresentando, também, comportamento
supersticioso nesta fase. Para três participantes (P7, P8 e P10), houve aprendizagem das
respostas requeridas para produzir a conseqüência programada no teste, porém, estes
46
participantes não aprenderam estas respostas no treino. Um participante não aprendeu as
respostas requeridas para interromper o som em nenhuma das fases do experimento.
Com relação aos aspectos considerados para indicar possíveis diferenças na
aprendizagem das respostas requeridas para produzir a conseqüência programada na
fase de treino e de teste, os participantes do grupo Contingente poderiam ser alocados
em até três grupos distintos, já mencionados anteriormente: 1) tentativa critério da
primeira até a décima tentativa e mais de 30 sons desligados; 2) tentativa critério da
décima até a quadragésima tentativa e, a partir de 20 sons desligados; 3) tentativa
critério da trigésima até a quadragésima tentativa e, até, 20 sons desligados.
Como dito anteriormente, supõe-se que os participantes alocados no primeiro
grupo (tentativa critério da primeira até a décima tentativa e mais de 30 sons desligados)
aprenderam as respostas requeridas mais rapidamente do que os participantes alocados
no outros dois grupos. Para os participantes alocados no terceiro grupo, a aprendizagem
das respostas que interrompiam o som ocorreu mais lentamente, quando comparados
com os outros dois grupos.
Como mostra a Tabela 3, na fase de treino, apenas um participante (P9)
aprendeu as respostas requeridas para interromper o som, segundo o aspecto
considerado para indicar a aprendizagem e, considerando os aspectos adotados para
indicar possíveis diferenças na aprendizagem, este participante poderia ser alocado no
terceiro grupo. Em contrapartida, os dois participantes (P4 e P6) para os quais o critério
utilizado mostrou-se problemático para indicar a aprendizagem, pois estes participantes
mostraram indícios de terem aprendido as respostas que interrompiam o som. Isto posto,
estes dois participantes (P4 e P6) poderiam ser alocados no segundo grupo.
De acordo com a Tabela 3, na fase de teste, dois participantes (P4 e P5) podem
ser alocados no primeiro grupo, quatro participantes (P6, P7, P9 e P10) no segundo
grupo, um participante (P8) no terceiro grupo.
Dois participantes, P7 na fase de treino e o P8 Contingente em ambas as fases,
emitiram respostas que coincidiram com o início do som em algumas tentativas.
Análises dos intervalos entre tentativas (ITIs) poderiam permitir afirmar se estas
respostas eram de esquiva ou foram respostas ‘punidas’ pela apresentação do som.
Grupo Acoplado
Na Figura 4 (fase de treino para os participantes do grupo Acoplado), observa-se
que, para três participantes (P1, P5, e P9), a apresentação dos sons compôs oito grupos,
47
cada um deles com cinco durações apresentadas em ordem crescente, até o valor
máximo de 5 segundos. Para três participantes (P2, P4 e P6), a apresentação dos sons
também teve esta característica, porém, houve um aumento gradual nos valores das
durações máximas de cada um dos oito grupos. Para um participante (P7), sete grupos
de durações de sons que podem ser identificados. E, por fim, para dois participantes (P8
e P10) apenas durações máximas do som foram apresentadas.
Observa-se que, na Figura 3, para o P1, em 12 tentativas, ao longo da fase de
treino, a duração dos sons foi de 5 segundos e, em 24 tentativas, as durações do som
foram inferiores a 2 segundos; nota-se, ainda, que a menor duração ocorreu na primeira
tentativa e foi de 1,1 segundo, aproximadamente e, em seis tentativas (14, 17, 19, 20, 29
e 31), a resposta de teclar F3 foi contígua ao término do som. Para o P2, nota-se que, da
primeira até a décima nona tentativa, em nenhuma tentativa a duração do som foi de 5
segundos. A partir da vigésima tentativa, em 5 tentativas (20, 25, 30, 35 e 40) a duração
dos sons foi de 5 segundos. A menor duração do som observada foi na primeira
tentativa, cerca de 1,8 segundo; em 34 tentativas as durações do som variaram de 2,4 a
4,3 segundos, aproximadamente, mostrando um aumento gradual nas durações do som.
Em três tentativas (9, 35 e 39), a resposta de teclar F3 foi contígua ao término do som.
Em relação ao P4, da primeira até a trigésima quarta tentativa, em nenhuma tentativa o
som atingiu sua duração máxima; em duas tentativas (35 e 40), a duração do som foi de
5 segundos; em 33 tentativas as durações dos sons variaram de 0,8 a 1,8 segundo,
aproximadamente. Em cinco tentativas (6, 10, 11, 23 e 26), a resposta de teclar F1 foi
contígua ao término do som.
Ainda na Figura 4, nota-se que, para o P5, em 10 tentativas ao longo de toda a
fase de treino, a duração dos sons foi de 5 segundos, e, em 25 tentativas, as durações do
som variaram entre 2 a 4 segundos, aproximadamente; a menor duração do som
observada foi na primeira tentativa (1,8 segundo) e, em seis tentativas (8, 23, 25, 30, 32
e 36), a emissão de uma resposta foi contígua ao término do som. Em relação ao P6, em
quatro tentativas (25, 30, 35 e 40), a duração dos sons foi de 5 segundos. A menor
duração do som foi de 0,8 segundo, em três tentativas, e, em 28 tentativas, as durações
do som variaram de 0,8 segundo a 1,8 segundo e, em três tentativas (4, 14 e 18), a
emissão de uma resposta foi contígua ao término do som. Para P7, nota-se que, apenas
uma duração do som em cada um destes grupos foi inferior a 5 segundos e valor dessa
duração inferior foi aumentando gradualmente e, em apenas uma tentativa (27), a
emissão de uma resposta foi contígua ao término do som. Nota-se que, para o P9, em
48
25 tentativas, a duração dos sons foi de 5 segundos. A menor duração do som observada
foi de, aproximadamente, 0,9 segundo, na primeira tentativa; em 11 tentativas, as
durações do som foram inferiores a 2 segundos e, em 4 tentativas (7, 9, 22 e 31), a
emissão de uma resposta foi contígua ao término do som.
Observa-se, também na Figura 4, que, para o P8 e o P10, todas as durações do
som foram de 5 segundos. Observa-se que para o P8, em uma tentativa (35), a emissão
de uma resposta foi contígua ao término do som e para o P10, em duas tentativas (22 e
36), a emissão de uma resposta foi contígua ao término do som. Nota-se, ainda, que para
o P10, em duas tentativas (32 e 37), a emissão da primeira resposta coincidiu com o
início do som.
Para todos os participantes do grupo Acoplado foram observadas contigüidades
entre a emissão de uma resposta e a interrupção do som. Todavia, segundo o aspecto
considerado neste trabalho para indicar o comportamento supersticioso, para nenhum
participante deste grupo uma resposta ou padrão de respostas supersticiosas de término
do som parece ter sido selecionado.
49
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
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P5
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
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3000
4000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
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2000
3000
4000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
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4000
5000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
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2000
3000
4000
5000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 4. Duração do som e seqüência de respostas de teclar, nas quarenta tentativas do treino
às quais os participantes do grupo Acoplado foram expostos.
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
F1
F2
× F3
- Outras
Tent
ativas
50
Na Figura 5 (fase de teste para os participantes do grupo Acoplado), observa-se
que oito participantes (P1, P2, P4, P5, P6, P8, P9 e P10) aprenderam as respostas
requeridas para produzir a conseqüência programada, segundo o aspecto considerado
para indicar esta aprendizagem e, apenas um participante (P7) não aprendeu estas
respostas.
A Figura 5 mostra que o P1, emitiu as respostas que interrompiam o som, sem
quaisquer outras respostas desnecessárias, em 35 tentativas e, da tentativa 21 ao final
do teste, o P1 Acoplado emitiu somente as respostas que produziam o término do som.
O P2, em 23 tentativas, emitiu somente as respostas requeridas para produzir o término
do som e, da tentativa 33 até o final desta fase, o participante emitiu as respostas que
produziam a conseqüência programada. O P4, em 29 tentativas, emitiu as respostas
requeridas para produzir a conseqüência programada sem quaisquer outras respostas
desnecessárias e, a partir da tentativa 38 até a 40, o participante emitiu somente as
respostas que terminavam o som. O P5, em 34 tentativas, emitiu somente as respostas
que produziam a conseqüência programada e, a partir da tentativa 27 até o final do teste,
o participante emitiu somente as respostas que interrompiam o som. O P6, em apenas 11
tentativas, emitiu as respostas requeridas sem quaisquer outras respostas desnecessárias
e, a partir da tentativa 30 até a 40, as respostas que produziam a conseqüência
programada foram emitidas sozinhas.
Em relação ao P7, observa-se que, em 15 tentativas, foram emitidas as respostas
que terminavam o som, entretanto, estas respostas foram emitidas juntamente com
outras respostas desnecessárias para produzir a conseqüência programada. Em nenhuma
tentativa, o participante emitiu somente as respostas requeridas para interromper o som.
Ainda na Figura 5, observa-se que o P8 emitiu, em 31 tentativas, as respostas
que produziam a conseqüência programada e, a partir da tentativa 31 até a 40, o
participante emitiu somente as respostas que interrompiam o som, caracterizando a
aprendizagem destas respostas. O P9 emitiu, em 16 tentativas, somente as respostas que
produziam o término do som e, a partir da tentativa 31 até a 40, o participante emitiu
exclusivamente as respostas que terminavam o som, caracterizando a aprendizagem
destas respostas. O último participante deste grupo, o P10 emitiu, em 36 tentativas, as
respostas requeridas para produzir a conseqüência programada sem quaisquer outras
respostas desnecessárias e, a partir da tentativa 16 até a 40, todos os sons foram
desligados com a emissão destas respostas.
51
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
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2000
3000
4000
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
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2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 5. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do teste
às quais os participantes do grupo Acoplado foram expostos.
Tempo (milésimos de segundo)
Tentativas
––– Duração do som
1
2
×
3
52
Também para o grupo Acoplado, com o objetivo de sintetizar os resultados já
apresentados, foram realizadas comparações intra-grupo; a Tabela 4 apresenta os
resultados que possibilitam essa comparação.
Tabela 4. Desempenho dos participantes do grupo Acoplado com relação à contigüidade
resposta-término do som e à presença de comportamento supersticioso (fase de treino) e ao
critério de aprendizagem, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa critério e ao
número de sons desligados somente com as respostas requeridas (fase de teste).
Treino
Teste
Participantes
Contigüidades
entre a resposta e o
término do
Comportamento
supersticioso
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de
sons
desligados
com as
respostas
requeridas
1 Sim Não Sim Não 21
38
2 Sim Não Sim Não 33
23
4 Sim Não Sim Não 38
29
5 Sim Não Sim Não 27
34
6 Sim Não Sim Não 30
11
7 Sim Não Não Não ---
0
8 Sim Não Sim Não 31 31
9 Sim Não Sim Não 31 16
10 Sim Não Sim Não 16 36
Nota: CS refere-se a comportamento supersticioso e TC a tentativa critério.
Nos resultados obtidos por Matute (1994, 1995), os participantes do grupo
Acoplado apresentaram, na fase de treino, comportamento supersticioso; segundo a
autora, tais comportamentos podem ter ocorrido como resultado da concentração de
sons de curta duração nas últimas tentativas, o que facilitaria a ocorrência de relações de
contigüidade entre a emissão de uma resposta e o término do som. A fim de não
permitir a concentração de sons de curta duração ao final da fase de treino de forma a
impedir eventuais contigüidades entre a emissão de respostas e o término do som,
contigüidades que poderiam gerar respostas supersticiosas de interrupção do som,
Hatfield & Job (1998) propuseram uma mudança na ordem das durações do som para o
grupo Acoplado. Um procedimento similar, descrito anteriormente, foi adotado neste
trabalho.
53
Como pode ser visto na Tabela 4, para todos os participantes do grupo
Acoplado, contigüidades entre respostas emitidas e a interrupção do som foram
observadas na fase de treino. Essas relações de contigüidade ocorreram em tentativas
com diferentes durações do som (durações de 5 segundos e durações inferiores a este
valor), isto é, não se observou relações contíguas sistemáticas nem com a duração
máxima do som, nem com durações inferiores a 5 segundos.
Nenhuma destas respostas, seguidas contigüamente pelo término do som, parece
ter sido selecionada de modo a caracterizar um padrão de respostas supersticiosas de
interrupção do som, segundo o aspecto considerado neste trabalho para indicar o
comportamento supersticioso.
O procedimento de modificação na ordem das durações do som, utilizado neste
experimento e similar ao empregado no estudo de Hatfield & Job (1998), pode ter
diminuído as oportunidades para ocorrência de contigüidades entre a emissão de uma
resposta e a produção da conseqüência programada, com isso, dificultado a seleção de
respostas supersticiosas de interrupção do som.
Com base nos resultados obtidos, pode-se dizer que, o presente experimento não
replicou os resultados obtidos no primeiro experimento de Matute (1994) e nos três
experimentos de Matute (1995) no que se refere à produção de comportamento
supersticioso nos participantes do grupo Acoplado, na fase de treino. No primeiro
experimento de Matute (1994), 11 dos 14 sujeitos do grupo Acoplado apresentaram
comportamento supersticioso. No primeiro experimento de Matute (1995), 10
participantes do grupo 75-L e 5 participantes do grupo 25-L apresentaram
comportamento supersticioso; no segundo experimento (Matute, 1995), 7 dos 10
participantes apresentaram comportamento supersticioso.
Em relação à aprendizagem das respostas que produziam a conseqüência
programada na fase de teste, tal como foi feito com o grupo Contingente, os
participantes foram alocados em três grupos: 1) os que aprenderam (satisfizeram o
aspecto considerado para indicar a aprendizagem); 2) os que não atingiram o critério de
aprendizagem proposto, mas mostraram indícios de ter aprendido as respostas
requisitadas (aspecto considerado para indicar a aprendizagem mostrou-se
problemático) e, 3) os que não aprenderam as respostas requeridas.
Como pode ser visto na Tabela 4, oito participantes (P1, P2, P4, P5, P6, P8, P9 e
P10) podem ser alocados no primeiro grupo e, apenas um participante (P7) pode ser
alocado no terceiro grupo.
54
Com os aspectos considerados para indicar as diferenças na aprendizagem das
respostas requeridas para produzir a conseqüência programada na fase de teste, os
participantes poderiam ser alocados em até três grupos distintos, mencionados
anteriormente: 1) tentativa critério da primeira até a décima tentativa e mais de 30 sons
desligados; 2) tentativa critério da décima até a quadragésima tentativa e, a partir de 20
sons desligados; 3) tentativa critério da trigésima até a quadragésima tentativa e até 20
sons desligados.
Como pode ser visto na Tabela 4, os participantes do grupo Acoplado que
aprenderam as respostas requeridas na fase de teste foram alocados em dois destes
grupos (no segundo e no terceiro). Seis participantes (P1, P2, P4, P5, P8 e P10) foram
alocados no segundo grupo e dois participantes (P6 e P9) no terceiro grupo. Para estes
dois participantes que foram alocados no último grupo, supõe-se que a aprendizagem
das respostas requeridas para interromper o som aconteceu mais lentamente do que para
os participantes que foram alocados no segundo grupo.
Em suma, um participante (P7) desse grupo não aprendeu as respostas
requeridas e dois participantes (P6 e P9) demoraram mais para aprender essas respostas.
Segundo Hünziker (2003), diferentes graus de desamparo aprendido podem ser
considerados. O grau mais acentuado seria a não aprendizagem e o menos drástico seria
a aprendizagem mais lenta. Assim, um participante (P7) teria apresentado o grau mais
acentuado de desamparo e dois participantes (P6 e P9), um grau menos acentuado do
desamparo aprendido.
Grupo Controle
Na Figura 6 (fase de teste para os participantes do grupo Controle), observa-se
que, segundo o aspecto considerado para indicar a aprendizagem das respostas que
produziam a conseqüência programada, seis participantes (P1, P2, P3, P5, P8 e P10)
aprenderam estas respostas.
Observa-se, na Figura 6, que o P1 emitiu, em 34 tentativas, as respostas que
desligavam o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta
conseqüência e, da tentativa 24 até o final do teste, o participante emitiu somente as
respostas que interrompiam o som. O P2, em 26 tentativas, emitiu as respostas
requisitadas para interromper o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias para
produzir esta conseqüência e, a partir da tentativa 15 até o final, o participante emitiu
somente as respostas que terminavam o som. Em relação ao P3, nota-se que, em 35
55
tentativas, as respostas que produziam a conseqüência programada foram emitidas sem
quaisquer outras respostas desnecessárias e, a partir da tentativa 13 até a 40, este
participante emitiu somente as respostas que produziam o término do som,
caracterizando a aprendizagem destas respostas. O P5 emitiu, em 37 tentativas, as
respostas requeridas para produzir a conseqüência programada sem outras respostas
desnecessárias e, a partir da tentativa 8 até a 40, o participante somente emitiu as
respostas requisitadas. Nota-se que, o P8 emitiu, em 25 tentativas, as respostas
requeridas para interromper o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias e, a
partir da tentativa 30 até a 40, o participante emitiu somente as respostas que
interrompiam o som. Em relação ao P10, este participante emitiu, em 37 tentativas,
somente as respostas requeridas para produzir a conseqüência programada e, da
tentativa 11 até a 40, o participante emitiu somente as respostas que produziam o
término do som.
Para um participante (P4), o aspecto indicador de aprendizagem das respostas
que interrompiam o som também se mostrou problemático, dificultando uma análise
adequada do desempenho deste participante. Segundo este aspecto, o P4 não aprendeu
as respostas requeridas, entretanto, observa-se que, em 21 tentativas, o participante
emitiu as respostas requeridas sem quaisquer outras respostas desnecessárias para
produzir esta conseqüência e, a partir da tentativa 34, apenas na 40, o participante
somente emitiu estas respostas juntamente com outras respostas desnecessárias para
produzir a conseqüência programada.
Nota-se que, na Figura 6, três participantes (P6, P7 e P9) não aprenderam as
respostas que interrompiam o som, segundo o aspecto considerado para indicar esta
aprendizagem. Observa-se que o P6, em nenhuma tentativa, emitiu somente as
respostas que interrompiam o som; o P7, em 14 tentativas, emitiu as respostas
requeridas para interromper o som, sem quaisquer outras respostas desnecessárias; o P9
emitiu, em 20 tentativas, as respostas que interrompiam o som sem quaisquer outras
respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência, porém, nota-se que, da
tentativa 17 à 20 e da 27 à 33, as respostas requeridas foram emitidas sem quaisquer
outras respostas desnecessárias, mas, nas tentativas seguintes, o participante não emitiu
estas respostas requeridas em tentativas consecutivas. Na tentativa 39, o participante
emitiu somente as respostas que interrompiam o som, porém, na tentativa 40, o
participante não emitiu as respostas requeridas para produzir a conseqüência
programada.
56
Examinando a Figura 6, nota-se que, para quatro participantes (P1, P3, P8 e
P10), a emissão da primeira resposta coincidiu com o término do som. Para estes
participantes, assim como para os participantes dos outros dois grupos, estas respostas
podem ter funcionado como respostas de esquiva, ou estas respostas podem ter sido
‘punidas’ pela apresentação do som.
57
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P3
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 6. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do teste
às quais os participantes do grupo Controle foram expostos.
Tentativas
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
1
2
×
3
58
A Tabela 5 resume os resultados até aqui apresentados para os participantes do
grupo Controle.
Tabela 5. Desempenho dos participantes do grupo Controle com relação ao critério de
aprendizagem, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa critério e ao número de
sons desligados somente com as respostas requeridas, na fase de teste.
Teste
Participantes
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de sons
desligados com as
respostas
requeridas
1 Sim Não 24 34
2 Sim Não 15 26
3 Sim Não 13 35
4 Problemático Não 40 21
5 Sim Não 8 37
6 Não Não 40 0
7 Não Não 40 14
8 Sim Não 30 25
9 Não Não 40 20
10 Sim Sim 11 37
Nota: CS refere-se a comportamento supersticioso e TC a tentativa critério.
Em relação à aprendizagem das respostas que produziam a conseqüência
programada na fase de teste, os participantes foram alocados nos mesmos três grupos: 1)
os que aprenderam (satisfizeram o aspecto considerado para indicar a aprendizagem); 2)
os que atingem o critério de aprendizagem proposto, mas apresentaram indícios de ter
aprendido as respostas requisitadas (aspecto considerado para indicar a aprendizagem
mostrou-se problemático) e 3) os que não aprenderam as respostas requeridas.
Como pode ser visto na Tabela 5, seis participantes (P1, P2, P3, P5, P8 e P10)
aprenderam as respostas requisitadas; um participante (P4) foi alocado no segundo
grupo, pois apresentou indícios de aprendizagem das respostas requeridas para produzir
a conseqüência programada, apesar de não ter atingido o critério proposto para indicar
aprendizagem dessas respostas. Três participantes (P6, P7 e P9) foram alocados no
terceiro grupo.
59
De acordo com os aspectos considerados neste estudo para indicar as diferenças
na aprendizagem das respostas requeridas para produzir a conseqüência programada na
fase de teste, os participantes poderiam ser alocados em até três grupos distintos,
mencionados anteriormente. Como pode ser visto na Tabela 5, os participantes do grupo
Controle podem ser alocados em dois desses grupos: 1) tentativa critério da primeira até
a décima tentativa e mais de 30 sons desligados (P5); 2) tentativa critério da décima até
a quadragésima tentativa e, a partir de 20 sons desligados (P1, P2, P3, P4 e P8 e P10).
Apesar de no grupo Controle menos participantes terem aprendido as respostas
requeridas quando comparado com os outros dois grupos, os participantes que
aprenderam estas respostas ou foram alocados no grupo no qual a aprendizagem ocorreu
mais rapidamente, ou no grupo intermediário, no qual a aprendizagem não ocorreu tão
rapidamente, mas também, não tão lentamente.
Resumindo, três participantes do grupo Controle não aprenderam as respostas
requeridas para produzir a conseqüência programada.
Tendo analisado os resultados individuais de cada participante, nos três grupos, e
destacado alguns aspectos mais gerais de cada um desses grupos, pode-se estabelecer
uma comparação entre os grupos.
A comparação da Tabela 3 com a Tabela 4 mostra que, na fase de teste, dois
participantes do grupo Contingente não aprenderam as respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada, enquanto um participante do grupo Acoplado não
aprendeu essas respostas.
Em relação às diferenças na aprendizagem das respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada, três grupos distintos foram propostos, conforme já
mencionado anteriormente. Com base nesses grupos, comparando a Tabela 3 com a
Tabela 4, observa-se que dois participantes (P6 e P9) do grupo Acoplado foram
alocados no terceiro grupo, enquanto um participante do grupo Contingente foi alocado
nesse grupo.
A comparação das Tabelas 4 e 5 mostra que três participantes do grupo Controle
(P6, P7 e P9) não aprenderam as respostas que interrompiam o som, enquanto, na fase
de teste, apenas um participante do grupo Acoplado (P7) não aprendeu as respostas
requeridas para produzir esta conseqüência.
Em relação às diferenças na aprendizagem das respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada, comparando a Tabela 4 com a 5, observa-se que,
enquanto dois participantes do grupo Acoplado foram alocados no terceiro grupo,
60
nenhum participante do grupo Controle foi alocado neste grupo. Apesar de mais
participantes do grupo Acoplado terem aprendido as respostas requeridas para produzir
a conseqüência programada, os participantes deste grupo demoraram mais para aprender
as respostas requeridas quando comparados com os participantes do grupo Controle, ou
seja, também podem ter apresentado desamparo aprendido.
Observa-se, ao comparar os três grupos envolvidos Contingente, Acoplado e
Controle –, na fase de teste, que três participantes do grupo Controle não aprenderam as
respostas requeridas para produzir a conseqüência programada, dois do grupo
Contingente não aprenderam essas respostas e, apenas um do grupo Acoplado não
aprendeu essas respostas.
Considerando a aprendizagem das respostas requeridas, o esperado nos estudos
de desamparo aprendido para os participantes do grupo Contingente seria que esses
participantes, em função da experiência com a controlabilidade no treino, aprendessem
essas respostas, ou seja, apresentassem um bom desempenho no teste. Os participantes
do grupo Controle apresentassem um desempenho ‘intermediário’ (isto é, demorassem
mais que os participantes do grupo Contingente para aprender as respostas requeridas no
teste, mas menos do que os do grupo Acoplado). Finalmente, os participantes do grupo
Acoplado apresentassem o pior desempenho, em função da experiência com a
incontrolabilidade, caracterizado pela não aprendizagem ou dificuldade de
aprendizagem das respostas requeridas. No entanto, o que se observou no presente
estudo não foi isso. O que se observou foi que os participantes do grupo Controle
apresentaram o pior desempenho no teste. Esses resultados podem sugerir que a
experiência com a incontrolabilidade e com a controlabilidade na fase de treino pode
proporcionar melhores desempenhos no teste do que nenhuma experiência a priori.
Como tais resultados são completamente distintos dos resultados encontrados na
literatura de desamparo aprendido com humanos (Hiroto & Seligman, 1975; Matute
1994; Hatfield & Job, 1998) e, também, dos resultados apontados na literatura com
sujeitos infra-humanos (Overmier e Seligman, 1967; Seligman & Maier, 1967;
Hünziker, 2003), eles não são conclusivos.
Comparando esses três grupos em relação à dificuldade de aprendizagem na fase
de teste, nota-se que dois participantes do grupo Acoplado (P6 e P9) foram alocados no
terceiro grupo, um participante do grupo Contingente (P8) foi alocado nesse grupo e,
nenhum participante do grupo Controle foi alocado no terceiro grupo. Considerando a
dificuldade de aprendizagem dos participantes que aprenderam as respostas requeridas,
61
dois participantes do grupo Acoplado apresentaram o desamparo aprendido em seu grau
menos drástico, ou seja, demoraram mais em aprender as respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada. Considerando a não aprendizagem das respostas
requeridas, um participante (P7) apresentou o desamparo aprendido em seu grau mais
acentuado.
Experimento 2
Nos estudos de Matute (1994, 1995) e Hatfield & Job (1998), após a última
tentativa da fase de treino, era perguntado aos participantes o que eles haviam feito para
interromper o som. No presente experimento, em oito tentativas ao longo da fase de
treino, perguntou-se aos participantes se eles sabiam o que havia terminado o som e,
caso os participantes teclassem a letra S (correspondente ao SIM), descrições das
contingências por eles experimentadas eram solicitadas. Em princípio, caso os
participantes teclassem a letra N (correspondente ao NÃO), uma nova tentativa se
iniciava e o relato verbal não era solicitado; entretanto, a folha contendo as instruções
impressas pode ter controlado o comportamento dos participantes de descrever as
contingências mesmo quando informavam que NÃO sabiam a resposta. Neste sentido,
descrições de relato verbal poderiam suceder tanto respostas informativas de SIM
quanto de NÃO.
Além de analisar as respostas de SIM e NÃO (informativas) e os respectivos
relatos verbais (resposta de descrição das contingências), os mesmos aspectos
considerados no Experimento 1 para indicar: 1) a aprendizagem das respostas
requeridas para produzir a conseqüência de interrupção do som; 2) a presença de
respostas ou seqüências de respostas supersticiosas; 3) as diferenças entre os
participantes no que se refere à aprendizagem na fase teste.
Primeiramente, serão apresentadas as análises individuais, relativas ao
desempenho na tarefa, de todos os participantes do grupo Contingente Relato Verbal e
Acoplado Relato Verbal e uma ntese geral de cada um destes grupos. Em seguida, as
análises de Relato Verbal e estatísticas serão apresentadas.
Grupo Contingente Relato Verbal
Na Figura 7 (fase de treino para os participantes do grupo Contingente Relato
Verbal) observa-se que, segundo o aspecto considerado para indicar a aprendizagem das
62
respostas que produziam o término do som, três participantes (P1, P5 e P8) aprenderam
estas respostas nesta fase. O P1 emitiu, em 34 tentativas, estas respostas e, a partir da
tentativa 36 até a 40, o participante emitiu somente as respostas que desligavam o som,
caracterizando. O P5 emitiu, em 14 tentativas, as respostas que produziam a
conseqüência programada sem quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir
esta conseqüência e, a partir da tentativa 37 até o final do treino, o participante emitiu as
somente respostas que terminavam o som. Em relação ao P8, em 12 tentativas, este
participante emitiu somente as respostas que produziam esta conseqüência e, a partir da
tentativa 34 até o final da fase experimental, o participante emitiu as respostas
requeridas para produzir a conseqüência de término do som sem quaisquer outras
respostas emitidas conjuntamente.
Observa-se, também na Figura 7, que um participante deste grupo (P2 CRV), em
26 tentativas, emitiu as respostas que interrompiam o som sem quaisquer outras
respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. Da tentativa 36 até a 39, o
participante somente emitiu as respostas que interrompiam o som. Porém, na tentativa
40, o participante iniciou esta tentativa com outras respostas desnecessárias para
interromper o som, emitindo, em seguida, as respostas que o interrompiam. Segundo o
aspecto considerado para indicar a aprendizagem destas respostas, o P2 CRV não
aprendeu estas respostas. Todavia, o aspecto considerado para indicar a aprendizagem
das respostas que produziam o término do som, novamente, mostrou-se problemático,
impossibilitando uma análise mais adequada do desempenho deste participante.
Examinando a Figura 7, nota-se que seis participantes do grupo Contingente
Relato Verbal não aprenderam as respostas que interrompiam o som na fase de treino.
Destes participantes, para três deles (P3, P7 e P9), em nenhuma tentativa houve a
emissão das respostas que produziam a conseqüência programada, nem sozinhas, nem
acompanhadas de outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência.
Observa-se, portanto, que todas as durações do som foram de 5 segundos para estes
participantes na fase de treino. Em relação aos outros três participantes (P4, P6 e P10),
observa-se que o P4 emitiu, em 16 tentativas distribuídas ao longo do treino, as
respostas que produziam a conseqüência programada sem quaisquer outras respostas
desnecessárias para interromper o som e, da tentativa 36 até a 38, o participante emitiu
somente as respostas requeridas para interromper o som, porém, na tentativa 39 o
participante não emitiu resposta alguma. Em relação ao P6, nota-se que, em três
tentativas, as respostas requeridas para interromper o som foram emitidas sem quaisquer
63
outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. O P10 emitiu, apenas
nas tentativas 36, 37 e 40, as respostas requeridas para interromper o som sem quaisquer
outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência, porém, observa-se que,
em todas as outras tentativas o P10 ou não respondeu, ou não emitiu as respostas
requeridas para interromper o som nem sozinhas, nem acompanhadas de outras
respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. Portanto, para este
participante, apenas em 4 tentativas a duração do som foi inferior a 5 segundos.
64
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P3
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 7. Duração do som e seqüência de respostas de teclar, nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Contingente Relato Verbal foram expostos.
Tentativas
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
F1
F2
× F3
- Outras
65
Na Figura 8 (fase de teste para os participantes do grupo Contingente Relato
Verbal), observa-se que seis participantes (P1, P2, P4, P8, P9 e P10) aprenderam as
respostas que produziam a conseqüência programada, de acordo com o aspecto
considerado para indicá-la. O P1 emitiu, em 36 tentativas, as respostas que
interrompiam o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta
conseqüência e, da tentativa 6 até o final da fase de teste, o participante emitiu somente
as respostas que interrompiam o som. Em relação ao P2, nota-se que em 39 tentativas,
somente as respostas requeridas para interromper o som foram emitidas e, a partir da
tentativa 5 até o final desta fase experimental, este participante emitiu somente as
respostas requeridas. Para o P4, a tentativa critério foi a 39, porém, em 31 tentativas ao
longo do teste, este participante emitiu somente as respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada. O P8 emitiu as respostas que interrompiam o som em 37
tentativas e, da tentativa 37 até a 40, o participante emitiu somente as respostas
requeridas para interromper o som. O P9 emitiu, em 7 tentativas, as respostas que
interrompiam o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta
conseqüência e, a partir da tentativa 36 até o final da fase experimental, o participante
emitiu somente estas respostas. Em relação ao P10, nota-se que apesar da tentativa
critério ser a tentativa 39, este participante emitiu, em 35 tentativas ao longo da fase de
teste, somente as respostas requeridas para terminar o som.
Ainda examinando a Figura 8, nota-se que quatro participantes (P3, P5, P6 e P7)
não aprenderam as respostas requeridas para interromper o som, segundo o aspecto
considerado para indicar tal aprendizagem. Para um participante (P6), em duas
tentativas as respostas que interrompiam o som foram emitidas, porém, estas respostas
foram acompanhadas de outras respostas desnecessárias para produzir a conseqüência
programada. O P5 emitiu, em 10 tentativas, somente as respostas que interrompiam o
som. Para dois participantes (P3 e P7), em nenhuma tentativa houve a emissão das
respostas que interrompiam o som e todas as durações do som foram de 5 segundos.
Para um participante (P8), em duas tentativas (19 e 38), a emissão da primeira
resposta coincidiu com o início do som.
66
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P3
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 8. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Contingente Relato Verbal foram expostos.
Tentativas
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
1
2
×
3
67
Também para o grupo Contingente Relato Verbal, com o objetivo de resumir os
resultados apresentados, foram realizadas comparações intra-grupos; a Tabela 6
apresenta os resultados que permitem esta comparação.
Tabela 6. Desempenho dos participantes do grupo Contingente Relato Verbal com relação ao
critério de aprendizagem proposto, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa
critério e ao número de sons desligados somente com as respostas requeridas, nas fases de treino
e teste.
Treino
Teste
Participantes
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de
sons
desligados
com as
respostas
requeridas
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de
sons
desligados
e com as
respostas
requeridas
1
Sim
Não
36
34
Sim
Não
6
37
2
Problemático
Não
----
26
Sim
Não
5
39
3
Não
Não
----
0
Não
Não
40
0
4
Não
Não
----
16
Sim
Não
39
31
5
Sim
Não
37
14
Não
Não
----
0
6
Não
Não
----
3
Não
Não
----
0
7
Não
Não
----
0
Não
Não
----
0
8
Sim
Não
34
12
Sim
Não
37
37
9
Não
Não
----
0
Sim
Não
36
7
10
Não
Não
----
3
Sim
Não
39
35
Nota: CS refere-se a comportamento supersticioso e TC a tentativa critério
Como foi dito, o mesmo aspecto considerado no Experimento 1 como
indicador de se os participantes aprenderam ou não as respostas que produziam a
interrupção do som, em ambas as fases, foi aqui considerado: a presença de uma
seqüência consecutiva de tentativas, da tentativa N até a final, nas quais o participante
emitisse as respostas que produziam o término do som, sem emitir, conjuntamente,
quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência. E, tal como
no Experimento 1, os participantes podiam ser alocados em um dos três grupos: 1) os
que aprenderam (satisfizeram o aspecto considerado para indicar a aprendizagem); 2) os
que o aprenderam, mas mostraram indícios de ter aprendido as respostas requisitadas
68
(aspecto considerado para indicar a aprendizagem mostrou-se problemático) e, 3) os que
não aprenderam as respostas requeridas.
Como pode ser visto na Tabela 6, apenas 3 participantes (P1, P5 e P8)
aprenderam as respostas que produziam a conseqüência programada, na fase de treino;
um participante (P2) foi alocado no segundo grupo, e seis participantes (P3, P4, P6, P7,
P9 e P10) não aprenderam as respostas que produziam a conseqüência programada, na
fase de treino.
Na fase de teste, seis participantes (P1, P2, P4, P8, P9, e P10) aprenderam as
respostas que interrompiam o som e quatro participantes (P3, P5, P6 e P7) não
aprenderam as respostas requeridas.
Em relação à aprendizagem das respostas, em ambas as fases, apenas dois
participantes (P1 e P8) aprenderam as respostas requeridas no treino e no teste; quatro
participantes (P2, P4, P9 e P10) não aprenderam as respostas requeridas no treino, mas
as aprenderam no teste; um participante (P5) aprendeu as respostas no treino, mas não
as aprenderam no teste (P5) e, três participantes (P3, P6 e P7) não aprenderam as
respostas requeridas em ambas as fases do experimento.
Para comparar os desempenhos dos participantes na fase de teste, a tentativa
critério e a quantidade de sons desligados com as respostas requeridas foram os aspectos
considerados. Assim como no Experimento 1, os participantes poderiam ser alocados
em até 3 grupos: 1) tentativa critério da primeira até a décima tentativa e mais de 30
sons desligados; 2) tentativa critério da décima até a quadragésima tentativa e, a partir
de 20 sons desligados; 3) tentativa critério da trigésima até a quadragésima tentativa e
até 20 sons desligados.
De acordo com a Tabela 6, na fase de treino, apenas três participantes do grupo
Contingente Relato Verbal aprenderam as respostas que interrompiam o som e, estes
três participantes foram alocados em dois grupos: no segundo (P1) e no terceiro (P5 e
P8). Como dito anteriormente, para os participantes que foram alocados no último
grupo, supõe-se que a aprendizagem das respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada ocorreu de maneira mais lenta do que para aqueles
participantes que foram alocados nos outros grupos.
Na Tabela 6, na fase de teste, nota-se que seis participantes do grupo
Contingente Relato Verbal aprenderam as respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada. Destes participantes, dois (P1 e P2) foram alocados no
69
primeiro grupo, três participantes (P4, P8 e P10) participantes do terceiro grupo e,
apenas um participante (P9) foi alocado no terceiro grupo.
Assim como observado nos participantes dos três grupos envolvidos no
Experimento 1, um participante do grupo Contingente Relato Verbal (P8), na fase de
teste, em duas tentativas, a emissão da primeira resposta nestas tentativas coincidiu com
o início do som. Análises dos intervalos entre tentativas (ITIs) poderiam mostrar se
estas respostas foram de esquiva ou, foram respostas ‘punidas’ pela apresentação, em
seguida, do som.
Grupo Acoplado Relato Verbal
O mesmo procedimento utilizado para os participantes do grupo Acoplado, do
Experimento 1, na fase de treino foi, também, aqui utilizado para os participantes do
grupo Acoplado Relato Verbal.
Na Figura 9 (fase de treino para os participantes do grupo Acoplado Relato
Verbal) observa-se que para dois participantes (P4 e P8) a apresentação dos sons
compôs oito grupos, cada um deles com cinco durações apresentadas em ordem
crescente, até o valor máximo de 5 segundos. Para três participantes (P1, P2 e P5) a
apresentação dos sons também teve esta característica, porém, observa-se um aumento
gradual nos valores das durações máximas de cada um dos oito grupos observados. Para
um participante (P6), 5 grupos de durações do som podem ser identificados e para o
P10, apenas quatro grupos destas durações são identificados. Os demais participantes
(P3, P7 e P9), apenas durações de 5 segundos foram apresentadas a estes participantes.
Para os dois participantes (P4 e P8) que a apresentação dos sons compôs oito
grupos, nota-se, na Figura 8, que para o P4 a menor duração do som foi de,
aproximadamente, 0,7 segundo, na primeira tentativa e, nas demais tentativas, as
durações do som variaram de 0,7 segundo a 4,8 segundos, ao longo de toda esta fase
experimental. Em relação ao P8, observa-se que, em sete tentativas ao longo da fase, a
duração dos sons foi de, aproximadamente, 0,8 segundo e, em 18 tentativas, as durações
dos sons variaram de 1 segundo a 3,9 segundos, aproximadamente.
Ainda na Figura 9, em relação aos três participantes (P1, P2 e P5) no qual a
apresentação das durações máximas dentro de cada um dos oito grupos ocorreu
gradualmente, nota-se que para o P1, em quatro tentativas (25, 30, 35 e 40), a duração
dos sons foi de 5 segundos; a menor duração do som foi de 1,3 segundo, na primeira
tentativa e, em 31 tentativas, as durações dos sons variaram de 1,5 segundo a 2,8
70
segundos e, em nenhuma tentativa, a emissão de uma resposta foi contígua ao término
do som. O P2, em seis tentativas, a duração dos sons foi de 5 segundos; a menor
duração do som foi de, aproximadamente, 0,7 segundo, na primeira tentativa, e, em 32
tentativas, as durações do som variaram de 0,7 segundo a 2,8 segundos; nota-se que em
cinco tentativas, a emissão de uma resposta foi contígua à interrupção do som. Para o
P5, a menor duração do som observada foi de 0,7 segundo na primeira tentativa; em 32
tentativas as durações dos sons variaram de, aproximadamente, 0,7 segundo a 4
segundos.
Observa-se, também na Figura 9, que para o P6, em trinta e cinco tentativas, a
duração dos sons foi de 5 segundos; a menor duração do som foi de 3,6 segundos,
aproximadamente, na primeira tentativa e, para o P10, em 36 tentativas a duração dos
sons foi de 5 segundos e nas outras 4 tentativas as durações dos sons variaram de menos
de 1 segundo a 4 segundos. Para os participantes (P3, P7 e P9) que apenas durações do
som de 5 segundos foram apresentadas.
Para nove dos dez participantes do grupo Acoplado Relato Verbal,
contigüidades entre a emissão de uma resposta e a interrupção do som foram
observadas. Todavia, segundo o aspecto considerado para indicar o comportamento
supersticioso, para nenhum destes participantes uma resposta ou padrão de respostas
supersticiosas de término do som parece ter sido selecionado.
71
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P3
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Tentativas
Figura 9. Duração do som e seqüência de respostas de teclar, nas quarenta tentativas do
treino às quais os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal foram expostos.
Tentativas
Tempo (milésimos de segundo)
––– Duração do som
F1
F2
× F3
- Outras
72
Na Figura 10 (fase de teste para os participantes do grupo Acoplado Relato
Verbal), sete participantes (P1, P2, P3, P4, P5, P9 e P10) aprenderam as respostas que
produziam a conseqüência programada na fase de teste e três participantes (P6, P7 e P8)
não aprenderam estas respostas.
Examinando a Figura 9, observa-se que dos participantes que aprenderam as
respostas requeridas, o P1, em 15 tentativas, emitiu somente as respostas requeridas
para produzir a conseqüência de término do som e, a partir da tentativa 38, o
participante emitiu somente as respostas requeridas para interromper o som. O P2
emitiu, em 36 tentativas, as respostas que produziam a conseqüência programada sem
quaisquer outras respostas desnecessárias para produzir esta conseqüência e, da
tentativa 34 até o final do teste, o participante emitiu somente as respostas requeridas. O
P3, em 37 tentativas, emitiu as respostas requeridas sem quaisquer outras respostas
desnecessárias para produzir a conseqüência de interrupção do som e, a partir da nona
tentativa, o participante emitiu somente as respostas requeridas para interromper o som.
Em relação ao P4, nota-se que, em 25 tentativas, somente as respostas requeridas para
interromper o som foram emitidas e, a partir da tentativa 33 até o final do teste, o
participante emitiu somente as respostas requeridas para produzir esta conseqüência.
Em 20 tentativas, o P5 emitiu somente as respostas requeridas e, da tentativa 25 até a
40, o participante emitiu somente estas respostas. O P9 emitiu, em 31 tentativas, as
respostas que interrompiam o som sem quaisquer outras respostas desnecessárias para
produzir esta conseqüência e, a partir da tentativa 25 até o final desta fase experimental,
o participante emitiu somente estas respostas.
O último participante (P10), apesar de ter atingido o critério proposto para
indicar a aprendizagem das respostas requeridas, em apenas 3 tentativas ao longo da
fase de teste, este participante emitiu somente as respostas requeridas e, nas tentativas
39 e 40, o P10 emitiu somente as respostas requeridas para interromper o som. Nota-se
que, para este participante, o aspecto considerado para indicar a aprendizagem das
respostas requeridas, também, se mostrou problemático, pois apenas em três tentativas
ao longo da fase de teste, o P10 emitiu as respostas requeridas para produzir a
conseqüência programada.
Ainda na Figura 10, nota-se que, em relação aos participantes que não
aprenderam as respostas requeridas para produzir a conseqüência programada, para o P6
a seguinte seqüência de respostas foi observada em treze tentativas: 2, 1, 3, 2, 1, 3, 2. Da
tentativa 36 a a 40, apenas na 39 o participante não emitiu estas respostas nesta
73
seqüência. De acordo com o aspecto considerado para indicar o comportamento
supersticioso, para este participante, nenhum padrão de respostas supersticiosas de
interrupção do som parece ter sido selecionado, porém, este aspecto mostrou-se
problemático, impossibilitando uma análise mais adequada do desempenho deste
participante na fase de teste. Observa-se que o P7 emitiu, em 8 tentativas, somente as
respostas que interrompiam o som, o P8, em nenhuma tentativa na fase de teste,
emitiu somente estas respostas.
74
P1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P3
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P4
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P9
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
P10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Figura 10. Duração do som e seqüência de respostas de clicar, nas quarenta tentativas do
teste às quais os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal foram expostos.
Tentativas
––– Duração do som
1
2
×
3
Tempo (milésimos de segundo)
75
A Tabela 7 foi construída de modo a sintetizar os resultados do grupo Acoplado
Relato Verbal, apresentados até aqui.
Tabela 7. Desempenho dos participantes do grupo Acoplado Relato Verbal com relação ao
critério de aprendizagem, à presença de comportamento supersticioso, à tentativa critério e o
número de sons desligados somente com as respostas requeridas (fase de teste).
Teste
Participantes
Critério
aprendizagem
CS
TC
Número de sons
desligados com as
respostas requeridas
1
Sim
Não
38
15
2
Sim
Não
34
36
3
Sim
Não
9
37
4
Sim
Não
33
25
5
Sim
Não
25
20
6
Não
Não
---
0
7
Não
Não
---
0
8
Não
Não
---
0
9
Sim
Não
25
31
10
Problemático
Não
39
3
Nota: CS refere-se a comportamento supersticioso e TC a tentativa critério.
Assim como no Experimento 1, um procedimento similar ao de Hatfield & Job
(1998) foi utilizado a fim de impedir que os participantes do grupo Acoplado Relato
Verbal emitissem respostas supersticiosas de interrupção do som, em função da
distribuição de sons de curta duração ao final da fase de treino (Matute, 1994, 1995).
Com relação às distribuições geradas com esse procedimento e eventuais
contigüidades entre respostas e o término do som, os resultados indicam que tais
contigüidades foram observadas em nove participantes durante a fase de treino.
Contigüidades entre as respostas emitidas e a interrupção do som foram observadas em
tentativas com durações do som de 5 segundos e com durações do som inferiores a este
valor, porém, não se observou relações contíguas sistemáticas nem com a duração
máxima do som, nem com durações inferiores a 5 segundos. Aparentemente, essas
respostas seguidas pelo término do som o foram selecionadas, de modo a caracterizar
76
um padrão de respostas supersticiosas de interrupção do som, ao se considerar o critério
adotado neste estudo.
Os resultados obtidos no grupo Acoplado Relato Verbal neste segundo
experimento o bastante similares aos resultados obtidos no grupo Acoplado do
Experimento 1. Nestes dois grupos, contigüidades entre a emissão de uma determinada
resposta e o término do som foram observadas nos participantes, entretanto, nenhum
padrão de respostas supersticiosas de término do som parece ter sido selecionado na
fase de treino. No estudo de Hatfield & Job (1998), o procedimento de ‘pseudo-
randomização’ impediu que respostas supersticiosas de término do som fossem
selecionadas na fase de treino para os participantes do grupo Acoplado Randomizado.
Os resultados dos dois experimentos realizados no presente estudo aproximam-se dos
resultados apresentados por estes autores em seu estudo.
Como pode ser visto na Tabela 7, em relação à aprendizagem das respostas que
produziam a conseqüência programada, na fase teste, os participantes do grupo
Acoplado Relato Verbal podem ser alocados em três grupos: 1) os que aprenderam (P1,
P2, P3, P4, P5 e P9); 2) os que aprenderam, mas o aspecto considerado para indicar a
aprendizagem mostrou-se problemático (P10) e, 3) os que o aprenderam as respostas
que interrompiam o som (P6, P7 e P8).
Em relação ao comportamento supersticioso, como pode ser visto na Tabela 7,
nenhum participante do grupo Acoplado Relato Verbal apresentou comportamento
supersticioso na fase de teste. Todavia, deve ser destacado que, para o P6 ARV, o
aspecto considerado para indicar a presença de comportamento supersticioso mostrou-se
problemático, pois da tentativa 36 até a 40, apenas na 39 o participante não emitiu as
respostas na seqüência até então apresentada. Nos estudos de Matute (1994, 1995), o
comportamento supersticioso foi observado nos participantes do grupo Acoplado na
fase de treino. No presente experimento, um participante mostrou indícios de
comportamento supersticioso, porém, na fase de teste.
Como mostra a Tabela 7, ao se considerar a tentativa critério e o número de sons
desligados, os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal que aprenderam as
respostas requeridas na fase de teste podem ser alocados nos três grupos: 1) tentativa
critério da primeira até a décima tentativa e mais de 30 sons desligados (P3); 2)
tentativa critério da décima até a quadragésima tentativa e, a partir de 20 sons
desligados (P2, P4, P5e P9); 3) tentativa critério da trigésima até a quadragésima
tentativa e até 20 sons desligados (P1 e P10).
77
Como no experimento 1, graus de desamparo aprendido foram considerados.
Para os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal, dois participantes (P7 e P8)
apresentaram desamparo aprendido em seu mais acentuado grau: o de não
aprendizagem. Considerando as diferenças na aprendizagem dos participantes que
aprenderam no teste, dois participantes (P1 e P10) apresentaram o desamparo em um
grau menos drástico: a dificuldade de aprendizagem.
A comparação da Tabelas 6 e 7 mostra que quatro participantes do grupo
Contingente Relato Verbal não aprenderam as respostas requeridas na fase de teste,
enquanto três participantes do grupo Acoplado Relato Verbal não aprenderam estas
respostas, também na fase de teste. Assim como no Experimento 1, mais participantes
que foram submetidos à incontrolabilidade, na fase de treino, aprenderam as respostas
requeridas.
Em relação às diferenças na aprendizagem das respostas que produziam a
conseqüência programada, comparando a Tabela 6 com a 7, nota-se que 2 participantes
do grupo Acoplado Relato Verbal (P1 e P10) foram alocados no terceiro grupo, ou seja,
esses participantes demoraram mais para aprender as respostas requeridas para
interromper o som, enquanto apenas um participante do grupo Contingente Relato
Verbal (P9). Essa configuração sugere que os participantes do grupo Acoplado Relato
Verbal demoraram mais para aprender as respostas que interrompiam o som. Neste
sentido, esses participantes apresentaram desamparo aprendido em um grau menos
acentuado.
Em relação ao desamparo aprendido, os resultados obtidos nos dois
experimentos mostram que no grupo Acoplado um participante (P7) não aprendeu as
respostas que interrompiam o som e, no grupo Acoplado Relato Verbal dois
participantes (P7 e P8) não aprenderam essas respostas. Esses três participantes
apresentaram o grau mais acentuado de desamparo aprendido. Quatro participantes, P6
e P9, do grupo Acoplado, e P1 e P10 do grupo Acoplado Relato Verbal apresentaram
desamparo aprendido em um grau menos drástico, apenas uma dificuldade de
aprendizagem.
Também neste segundo experimento, um participante (P8) do grupo Contingente
Relato Verbal e um participante (P6) do grupo Acoplado Relato Verbal, emitiram
respostas que coincidiram com o início do som. Análises dos intervalos entre tentativas
(ITIs) poderiam permitir afirmar se estas respostas eram ou não de esquiva e, também,
se estas respostas foram ‘punidas’ pela apresentação do som.
78
As estatísticas utilizadas para as análises do conjunto de dados tanto do primeiro
experimento, quanto para o segundo experimento foi a Análise de Variância (ANOVA)
seguida da aplicação do teste de comparações entre médias de TUKEY, para indicar
diferenças significativas em: a) aprendizagem das respostas que produziam a
interrupção do som; b) quantidade de sons desligados com as respostas requeridas; c)
quantidade de sons com 5 segundos de duração, entre os participantes dos grupos
Contingente, Acoplado, Controle, Contingente Relato Verbal e Acoplado Relato Verbal
na fase teste, cujos resultados constam das tabelas abaixo.
A Tabela 8 mostra os valores médios, por grupo, em relação à quantidade de
sons com 5 segundos de duração, à tentativa critério e, também, à quantidade de sons
desligados somente com as respostas requeridas.
Tabela 8: Valores médios para cada aspecto considerado durante a fase de teste, por
grupo, nos dois experimentos realizados.
Aspectos Considerados
Grupos
Quantidade de
sons com 5
segundos
Tentativa
critério
Quantidade de
sons desligados
Contingente (n=9) 6,00 25,66 24,44
Acoplado (n=9) 5,77 29,66 23,88
Controle (n=10) 8,40 26,10 24,90
CRV (n=10) 19,20 32,20 15,50
ARV (n=10) 15,00 32,30 17,50
Nota: Número de participantes no grupo entre parênteses.
O Teste de Tukey foi utilizado para comparar as médias entre os cinco grupos do
estudo e nos três aspectos considerados e avaliar a diferença estatística.
Tabela 9. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação à
tentativa critério, (teste de Tukey).
79
Grupos Contingente Acoplado Controle CRV ARV
Contingente _ 0,957 0,999 0,774 0,764
Acoplado 0,999 _ 0,968 0,991 0,989
Controle 0,999 0,968 _ 0,799 0,789
CRV 0,774 0,991 0,799 _ 1,00
ARV 0,764 0,989 0,789 1,00 _
Em relação à aprendizagem das respostas que produziam a conseqüência
programada, a tentativa critério, os resultados mostrados na Tabela 9 indicaram que o
Teste de Tukey não apontou diferença significativa (p<0,05) entre os participantes dos
Acoplado versus Contingente (p=0,957); Acoplado versus Controle (p=0,968);
Acoplado versus Acoplado Relato Verbal (p=0,989); Contingente versus Contingente
Relato Verbal (p=0,774).
Tabela 10. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação à
quantidade de sons desligados com as respostas requeridas (teste de Tukey).
Grupos
Contingente
Acoplado
Controle
CRV
ARV
Contingente _ 0,999 0,999 0,945 0,834
Acoplado 0,999 _ 0,999 0,964 0,872
Controle 0,999 0,999 _ 0,919 0,784
CRV 0,945 0,964 0,919 _ 0,998
ARV 0,834 0,872 0,784 0,998 _
Considerado a quantidade de sons desligados com as respostas requeridas para
produzir a conseqüência programada, os resultados apontados na Tabela 10 indicaram
que nenhuma diferença significativa (p<0,05) foi encontrada entre os participantes
destes grupos em relação a este aspecto.
Tabela 11. Comparações entre os cinco grupos do estudo na fase de teste em relação ao
número de sons com 5 segundos de duração (teste de Tukey).
Grupos
Contingente
Acoplado
Controle
CRV
ARV
80
Contingente _ 1,00 0,994 0,201 0,570
Acoplado 1,00 _ 0,992 0,187 0,547
Controle 0,994 0,992 _ 0,362 0,791
CRV 0,201 0,187 0,362 _ 0,951
ARV 0,570 0,547 0,791 0,951 _
Em relação à quantidade de sons com 5 segundos de duração, os resultados
apresentados na Tabela 11 indicaram que nenhuma diferença significativa (p<0,05) foi
encontrada entre os participantes dos cinco grupos.
No estudo de Matute (1994), no primeiro experimento, os participantes do grupo
Acoplado não mostraram nenhuma diferença significativa quando comparados com os
participantes do grupo Contingente em relação à tentativa critério, ao número de falhas
para resolver e à latência média para resolver. Os resultados do presente estudo são
muito semelhantes aos resultados obtidos por Matute (1994).
As análises estatísticas realizadas demonstraram a não existência de diferenças
significativas entres os grupos envolvidos nesta pesquisa. Embora nas análises
individuais, mais participantes dos grupos Acoplado e Acoplado Relato Verbal tenham
aprendido as respostas que produziram a conseqüência programada, esta diferença não
foi comprovada estatisticamente (p<0,05) .
Relatos Verbais
Na fase de treino, caracterizada por relações de controlabilidade para os
participantes do grupo CRV e de incontrolabilidade para os participantes do grupo
ARV, em oito tentativas (5, 11, 18, 20, 25, 34, 39 e 40), a pergunta “Você sabe o que
terminou o som” aparecia na tela do computador. Caso o participante teclasse a letra S,
correspondente ao SIM (resposta de informação), uma solicitação de relato verbal
(respostas de descrição), na forma da seguinte instrução, aparecia na tela do
computador: “Por favor, utilize papel e caneta que estão ao seu lado e conte o que você
acha que foi feito para desligar o som”. Caso o participante teclasse N, correspondente
ao NÃO, uma nova tentativa se iniciava e o relato verbal não era solicitado na tela do
computador. Entretanto, muitos participantes apresentaram o relato mesmo quando
responderam NÃO.
Grupo Contingente Relato Verbal
81
Os participantes do grupo Contingente Relato Verbal, em relação à descrição da
contingência, poderiam ser distribuídos em três grupos de modo a caracterizar os tipos
de relatos verbais apresentados: 1) os que descreveram a contingência planejada; 2) os
que descreveram uma relação de controle, porém descreveram uma contingência
diferente da contingência planejada e 3) os que relataram a situação como incontrolável.
A Tabela 12 apresenta os resultados dos participantes do grupo Contingente
Relato Verbal no desempenho na tarefa de desligar o som e na descrição das
contingências planejadas.
Tabela 12. Desempenho dos dez participantes do grupo Contingente Relato Verbal na tarefa de
desligar o som e na apresentação do relato verbal.
Aprendizagem
das respostas
Situação
descrita como
controlável
Participantes
Treino
Teste
CP
Outra
Situação
descrita
como
incontrolável
1ª tentativa
na qual os
participantes
relatam saber
a
contingência
em vigor
Tentativa
critério
P1 Sim Sim X 5 36
P2 Problemático Sim X 11 ---
P3 Não Não X X 11 ---
P4 Não Sim X X 5 ---
P5 Sim Não X X 11 37
P6 Não Não X 11 ---
P7 Não Não X 5 ---
P8 Sim Sim X X 5 34
P9 Não Sim X 5 ---
P10 Não Sim X X X 11 ---
Nota: CP refere-se à contingência planejada
A Tabela 12 mostra que dois participantes (P1 e P2) descreveram somente a
contingência planejada para a fase de treino e foram alocados no primeiro grupo. O P1
respondeu nas 8 solicitações de relatos e, na primeira solicitação, o participante
respondeu SIM à questão sobre se sabia o que havia terminado o som. Esse participante
aprendeu as respostas em ambas as fases do experimento. Observa-se, na Tabela 12, que
82
esse participante relatou saber a contingência em vigor na quinta tentativa, descreveu a
contingência planejada, mas aprendeu as respostas requeridas a partir da tentativa 36.
Isto demonstra que a aprendizagem das respostas ocorreu após a descrição da
contingência. o P2 respondeu a sete solicitações de relato e, na segunda solicitação
(tentativa 11), o participante respondeu SIM. Esse participante descreveu a contingência
planejada na fase de treino em todas as solicitações de relato e, em 5 tentativas que
antecederam essas solicitações (nas tentativas 11, 18, 20, 25 e 39), esse participante
emitiu somente as respostas que interrompiam o som. Na tentativa 40 (última
solicitação de relato), o participante emitiu as respostas requeridas, porém,
acompanhadas de outras respostas desnecessárias para interromper o som. Nota-se que
esse participante relatou a contingência descrita na primeira tentativa em que emitiu
somente essas respostas.
Um participante (P9), pode ser alocado no segundo grupo. Esse participante
respondeu SIM na primeira solicitação de relato e descreveu uma relação de controle
entre a emissão de suas resposta e a interrupção do som, porém, nos sete relatos
apresentados por esse participante, a contingência descrita não foi a contingência
planejada. São exemplos das contingências descritas: “Acredito que o que fez terminar o
som foi a seqüência F3 F2 F1” ou “... a seqüência F2 F3 F1”. Entretanto, revendo a
Figura 7, nota-se que a primeira seqüência de resposta foi observada em quatro
tentativas nas quais o relato verbal foi solicitado (18, 20, 39 e 40). Porém, a última
resposta das duas seqüências relatadas (F1) não foi contígua ao rmino do som,
mostrando que nenhum som foi desligado com estas seqüências de respostas, nem com
qualquer outra. Observa-se que o P9 não aprendeu as respostas requeridas na fase de
treino, mas as aprendeu no teste.
Um participante (P7) pode ser alocado no terceiro grupo. Esse participante
respondeu SIM na primeira solicitação do relato (5 tentativa), porém, em todas as oito
descrições apresentadas, o P7 relatou a situação como incontrolável. Observa-se que
esse participante não aprendeu as respostas que interrompiam o som em nenhuma das
duas fases do experimento.
Um participante (P4) podem ser alocado nos dois primeiros grupos propostos
para caracterizar os tipos de relato verbal apresentados. Esse participante descreveu, ao
longo da fase de treino, a contingência planejada e, também, relatou a situação
experimentada como incontrolável. O P4, primeiramente, relatou a situação como
incontrolável e, do segundo até o último relato, o participante descreveu a contingência
83
planejada. Esse participante relatou saber a contingência em vigor na primeira
solicitação de relato (tentativa 5), porém, como se percebe a descrição feita não
correspondeu à contingência planejada. Já o P10 pode ser alocado nos três grupos
propostos. Primeiramente, o P10 relatou a situação como controlável, porém, descreveu
outra contingência que não a planejada. No segundo e terceiro relato, o participante
descreveu a situação como incontrolável. No quarto relato, o participante apresentou
uma descrição de controle, porém, ainda não a contingência planejada. No último relato
apresentado (o quinto), o participante relatou a contingência planejada. Esse participante
relatou saber a contingência em vigor no segundo relato (tentativa 11), porém, a
descrição feita não correspondeu à contingência planejada. Observa-se que, para ambos
os participantes, a descrição foi mudando ao longo das solicitações, até chegar à
descrição da contingência planejada. Olhando para o desempenho desses participantes
no treino, nota-se que o P4, em duas tentativas (25 e 40) nas quais o relato foi solicitado,
emitiu somente as respostas requeridas. Já o P10, em uma tentativa (40) na qual o relato
foi solicitado, emitiu somente as respostas requeridas. Desta maneira, a mudança na
descrição das contingências em vigor parecem estar relacionada com o que o
participante estava experimentando nas tentativas do treino.
Um participante (P5) pode ser alocado nos dois primeiros grupos, pois relatou
tanto a contingência planejada como outra contingência, também envolvendo uma
relação de controle. No primeiro relato, o participante relatou uma outra contingência
que não a planejada. No segundo e terceiro, o participante relatou somente a
contingência planejada. Do quarto até o sexto, o participante relatou a contingência
planejada e, também, outra contingência e, no sétimo relato (último apresentado), o
participante relatou somente a contingência planejada. Revendo a Figura 7, nota-se que,
no quinto e no sétimo relato (tentativa 25 e 39, respectivamente), o P5 emitiu somente
as respostas requeridas. Observa-se que a tentativa critério, na fase de treino, para o P5
foi a 37, ou seja, antes de aprender essas respostas o participante descreveu a
contingência planejada. É interessante notar que o participante não aprendeu as
respostas requeridas na fase de teste.
Dois participantes (P3 e P6) responderam SIM na segunda solicitação,
apresentaram 8 e 7 relatos, respectivamente, e podem ser alocados no segundo e terceiro
grupos, pois relataram a situação como controlável, relatando uma outra contingência
que não a planejada. Nos dois primeiros relatos, o P3 descreveu uma outra contingência,
sugerindo uma relação de controle. Do terceiro até o oitavo, o participante relatou a
84
situação como incontrolável. Nota-se que esse participante não emitiu, em nenhuma
tentativa do treino em que as solicitações foram feitas, as respostas requeridas; esse
participante não aprendeu essas respostas em nenhuma das duas fases. O P6, até o
quarto relato, descreveu a situação como controlável, porém, relatando outra
contingência. No quinto relato, o participante descreveu a situação como incontrolável.
No sexto relato, relatou uma contingência diferente da planejada, porém, sugerindo o
controle e, no sétimo relato, voltou a descrever a situação como incontrolável. Olhando
para suas respostas no treino, nota-se que, na sétima solicitação (tentativa 39), o
participante emitiu as respostas requeridas, porém, acompanhadas de outras respostas
desnecessárias.
Finalmente, o P8 pode ser alocado no primeiro e no terceiro grupos. Até a quarta
descrição esse participante relatou a situação como incontrolável. Da quinta descrição
até a última, esse participante descreveu a contingência planejada. Nota-se que, em
quatro solicitações de relato (nas tentativas 25, 34, 39 e 40), o participante somente
emitiu as respostas requeridas. Observa-se também que a tentativa critério para o
participante foi a 34, a mesma tentativa na qual o sexto relato foi solicitado. Esse
participante primeiro descreveu contingência planejada e depois aprendeu as respostas
requeridas. Embora tenha respondido SIM na primeira solicitação de relato, a descrição
da contingência planejada somente ocorreu na quinta solicitação. Nota-se que esse
participante aprendeu as respostas requeridas nas duas fases do experimento.
Grupo Acoplado Relato Verbal
Os participantes do grupo Acoplado também foram distribuídos em dois grupos,
considerando os tipos de descrições apresentadas: 1) os que descreveram a contingência
planejada (incontrolabilidade, neste caso) e 2) os que relataram a contingência como
controlável.
A Tabela 13 apresenta os desempenhos dos participantes na tarefa de interrupção
do som e os tipos de relatos apresentados.
85
Tabela 13. Desempenho dos dez participantes do grupo Acoplado Relato Verbal na tarefa de
desligar o som e na apresentação do relato verbal.
Participantes
Teste
Aprendizagem
1ª tentativa na
qual os
participantes
relatam saber a
contingência
em vigor
Incontrolabilidade
CP
Controle
Total
de
relatos
P1 Sim --- X
1
P2 Sim ---- X 2
P3 Sim --- X 2
P4 Sim 5 X 2
P5 Sim 5 X 2
P6 Não 5 X 2
P7 Não 5 X 8
P8 Não 5 X 8
P9 Sim 5 X X 2
P10 Sim 5 X 7
Nota: CP refere-se à contingência planejada
A Tabela 13 mostra que seis participantes (P1, P3, P7, P8, P9 e P10) podem ser
alocados no primeiro grupo, pois relataram a contingência planejada na fase de treino.
Cinco desses participantes (P1, P3, P7, P8 e P10) somente relataram a contingência
planejada e, desses participantes, três (P1, P3 e P10) aprenderam as respostas requeridas
na fase de teste. Um participante (P9) apresentou dois relatos verbais e pode ser alocado
no primeiro e no segundo grupo. No primeiro relato, o participante descreveu uma
relação de controle, mas, no segundo, relatou a contingência planejada. Nota-se que esse
participante aprendeu as respostas requeridas no teste.
Quatro participantes (P2, P4, P5 e P6) apresentaram somente dois relatos e
apenas relações de controle foram descritas, sendo alocados no segundo grupo. O P4,
por exemplo, apresentou a seguinte descrição: “Para desligar o som, utiliza-se duas
teclas: primeiramente F1 ou F3 e depois F2” ou “Seqüência F3+F2+F1”. Todavia,
observa-se, na Figura 9, que nenhuma destas seqüências descritas foi emitida. Esses
86
participantes, exceto o P2 responderam SIM na primeira solicitação, e apenas o P6 não
aprendeu as respostas requeridas na fase de teste.
Os resultados obtidos no presente experimento, com as solicitações de relato
verbal, mostram que apenas dois participantes do grupo Contingente Verbal
descreveram a contingência planejada para a fase de treino, em todos os relatos que
apresentaram.
Um participante, em todos os relatos que apresentou, descreveu uma relação de
incontrolabilidade entre a emissão de suas respostas e o rmino do som. Um
participante apresentou descrições que apontavam o controle da tarefa, mas a
contingência relatada não foi a contingência planejada. Dois participantes relataram a
tarefa como controlável, porém, não descreveram a contingência planejada e, também,
relataram a situação como incontrolável. Os demais participantes relataram a
contingência planejada na fase de treino, mas também relataram outra contingência e
relataram a situação como incontrolável. De um modo geral, seis participantes desse
grupo, em alguma solicitação ao longo da fase de treino, relataram a contingência
planejada.
Em relação aos participantes do grupo do grupo Acoplado Relato Verbal, nota-
se que cinco participantes relataram a contingência planejada em todos os relatos que
apresentaram; um participante (P9) relatou, primeiramente, a situação como controlável
e, em seguida, como incontrolável e, por fim, quatro participantes somente relataram a
situação como controlável.
No estudo de Matute (1994), onze dos quatorze participantes do grupo Acoplado
relataram que a situação de treino era altamente controlável, ou seja, apresentaram o que
a autora denominou de ilusão de controle’ e os outros três participantes desse grupo
relataram que não foram capazes de aprender como desligar o som. No presente
experimento, cinco participantes, em todas as descrições apresentadas, relataram que o
término do som era independente de suas respostas e, quatro participantes, em todos os
relatos apresentados, relataram que a situação no treino era controlável. Um participante
(P9), embora tenha apresentado um relato que indicou a tarefa como controlável,
também relatou, no segundo e último relato apresentado, a contingência planejada, ou
seja, descreveu a situação como incontrolável. Nota-se que esse participante modificou
sua descrição durante o treino. Revendo a Figura 9, observa-se que esse participante
emitiu muitas e variadas respostas, inclusive nas outras teclas disponíveis.
87
Como pode ser visto, considerando que a contingência planejada foi descrita, em
alguma oportunidade de relatar, por seis participantes do grupo Acoplado Relato
Verbal, esses resultados, embora o conclusivos, sugerem que a solicitação de relatos
verbais ao longo da fase de treino pode permitir que os sujeitos submetidos à
incontrolabilidade descrevam essa relação.
Como mencionado anteriormente, no estudo de Simonassi e cols (2001), para o
grupo Relato a Cada Sim, essa contingência produziu relatos verbais que
corresponderam com as contingências programadas, enquanto para o grupo Relato ao
Final, essa contingência não produziu relatos verbais que correspondessem com as
contingências programadas. O estudo de Alves (2003) também mostrou que o Relato ao
Final não possibilita descrições acuradas da contingência em vigor. No presente
experimento, as solicitações de relato verbal, feitas ao longo da fase de treino,
possibilitaram para seis participantes do grupo Acoplado Relato Verbal e para seis
participantes do grupo Contingente Relato Verbal, em alguma oportunidade,
descreverem as contingências planejadas para esses participantes nessa fase, ou seja,
incontrolabilidade e controlabilidade, respectivamente. Os próximos estudos,
envolvendo o desamparo aprendido, poderiam incluir mais solicitações de relato verbal
a fim de possibilitar que mais participantes descrevam as contingências em vigor. Além
disso, se os resultados aqui obtidos puderem ser generalizados, a ‘ilusão de controle’
apontada por Matute (1994; 1995) pode ser resultado de uma falha no procedimento
utilizado por essa autora, isto é, oferecer a oportunidade para relatar apenas ao final da
fase.
Outro aspecto a ser destacado refere-se ao comportamento supersticioso na fase
de treino. Os 11 participantes do primeiro estudo de Matute (1994) que apresentaram o
comportamento supersticioso nessa fase também relataram a tarefa como altamente
controlável. No presente experimento, o comportamento supersticioso não foi
observado, segundo o aspecto considerado para indicá-lo, nos participantes do grupo
Acoplado Relato Verbal na fase de treino, mas, mesmo assim, quatro participantes
relataram a situação como controlável.
Quanto ao desempenho na tarefa na fase de teste, apenas três participantes do
grupo Acoplado Relato Verbal não aprenderam as respostas requeridas nesta fase.
Desses participantes, nota-se que: um participante (P6) relatou a situação como
controlável (lembrando que esse participante não aprendeu as respostas requeridas, mas
mostrou indícios de comportamento supersticioso no teste) e dois participantes (P7 e
88
P8) descreveram a contingência planejada e não aprenderam as respostas requeridas
para interromper o som.
Ao total, observa-se que o responder de quatro participantes (P1, P7, P8 e P10)
foi considerado como tendo apresentado desamparo aprendido em algum grau. Esses
quatro participantes relataram somente a contingência planejada na fase de treino, ou
seja, a incontrolabilidade.
Um fato a ser destacado para os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal
foi que esses participantes apresentaram menos relatos do que os do grupo Contingente
Relato Verbal. Seis participantes do grupo Acoplado Relato Verbal apresentaram o
relato verbal apenas em duas oportunidades. Outro fato que chamou a atenção foi que
mesmo os quatro participantes que relataram a situação como controlável, na fase de
treino, também apresentaram somente dois relatos. Além disso, embora tenham relatado
que algumas de suas respostas interrompiam o som, nenhuma resposta ou padrão de
respostas supersticiosas de término do som foi observado quando de seu desempenho da
tarefa de desligar o som. Supondo que a incontrolabilidade da fase de treino é, também,
uma condição aversiva para os participantes do grupo Acoplado Relato Verbal, esta
incontrolabilidade pode ter proporcionado uma dificuldade em descrever a contingência
em vigor, mesmo para os participantes que apresentaram descrições de controle.
Considerando a atribuição de causalidade abordada por LoLordo (2001), no
presente estudo, dos cinco participantes que somente relataram a incontrolabilidade na
fase de treino, apenas um participante do grupo Acoplado Relato Verbal (P1), em seu
único relato verbal, apresentou uma descrição que poderia ser vista como sugerindo
uma explicação interna para a situação de incontrolabilidade: “Descobri que não
seqüência para o som ser desligado. Algumas vezes eu tentei criar uma lógica, mas não
consegui (...)”. Neste relato, o participante parece atribuir a si próprio o motivo da não
interrupção do som. É interessante destacar que o responder desse participante foi
classificado como desamparo aprendido, porém, em seu grau menos acentuado.
Nos relatos verbais outros quatro participantes (P3, P7, P8 e P10) do grupo
Acoplado Relato Verbal que descreveram relações de incontrolabilidade, o tempo pré-
determinado do som e o “próprio computador” foram apontados como “causas” da
interrupção do som, sendo que nenhuma resposta por eles emitida poderia parar o som
por essas razões. Estas duas causas” apontadas parecem exemplificar o que Peterson e
cols (1993) chamaram de uma explicação externa, pois a “falha” em realizar a tarefa
89
não foi atribuída a nenhuma característica pessoal do sujeito. Desses participantes,
apenas o P3 não apresentou desamparo aprendido em nenhum grau.
Para finalizar, pretende-se verificar se os objetivos propostos no presente estudo
foram alcançados. No Experimento 1 e, também no Experimento 2, o objetivo foi
investigar se um procedimento de mudança na ordem de apresentação das diferentes
durações do som: a) evitaria a concentração de sons de curta duração ao final das
tentativas do treino, b) impediria a produção de comportamento supersticioso nos
participantes do grupo Acoplado e c) produziria desamparo aprendido nesses
participantes.
Além desse objetivo, o segundo experimento também se propôs a verificar quais
os efeitos de solicitações de relato verbal sobre as contingências em vigor, feitas em
tentativas na fase de treino, na descrição dessas contingências e na produção ou não de
desamparo aprendido.
Objetivo 1
O procedimento de mudança na ordem das durações do som para o grupo
Acoplado e Acoplado Relato Verbal utilizado no presente estudo, similar ao empregado
por Hatfield & Job (1998), impediu a distribuição de sons de curta duração nas
tentativas finais do treino para os participantes destes dois grupos. De acordo com
Matute (1994, 1995), os sons de curta duração (1 segundo) favoreceram contigüidades
entre a emissão de uma resposta e a interrupção do som no grupo Acoplado de seus
estudos. No entanto, isto não foi observado no presente trabalho. O que se verificou, no
presente trabalho, foram contigüidades tanto com sons de duração máxima, quanto com
sons de duração inferior a 5 segundos. Entretanto, a despeito das durações do som e das
contigüidades observadas nos participantes do grupo Acoplado e Acoplado Relato
Verbal, nenhuma resposta ou padrão de respostas supersticiosas de término do som foi
selecionado nos participantes destes dois grupos. No estudo de Skinner (1948/1972), a
contigüidade entre a emissão de uma resposta e a liberação do alimento exerceu um
efeito sobre o comportamento dos sujeitos, isto é, um aumento na freqüência de
determinadas respostas foi observado. Todavia, como Skinner (1948/1972) afirmou em
seu estudo, o intervalo entre ‘reforços’ é importante na manutenção de respostas
acidentalmente ‘reforçadas’. Segundo esse autor, intervalos longos de tempo entre os
‘reforços’ permitiriam que outras respostas fossem emitidas sem o ‘reforçamento’,
cancelando o efeito do reforçamento acidental de uma resposta, dizendo de outra
90
maneira, a resposta acidentalmente fortalecida sofreria extinção. Deste modo, a mera
contigüidade não é a única variável responsável pela seleção de respostas supersticiosas.
Embora o comportamento supersticioso não tenha sido observado nos
participantes do grupo Acoplado e Acoplado Relato Verbal, o comportamento
supersticioso foi observado em dois participantes do grupo Contingente, em um deles,
inclusive, em ambas as fases do experimento. Esses resultados também são discordantes
dos resultados apontados na literatura, que relatam o comportamento supersticioso
apenas nos participantes do grupo Acoplado, em função da exposição a sons de curta
duração ao final da fase de treino (Matute, 1994; 1995). Levando-se em conta que
somente dois participantes do grupo Contingente apresentaram este padrão de
comportamento, não se pode concluir o que levou a produção de comportamento
supersticioso nesses dois participantes.
Nos resultados obtidos no presente estudo, nos dois experimentos realizados, o
desamparo aprendido foi observado em três participantes em seu grau mais acentuado,
ou seja, a não aprendizagem (P7 do grupo Acoplado; P7 e P8 do grupo Acoplado Relato
Verbal) e, em quatro participantes, o desamparo aprendido foi observado em um grau
menos drástico, isto é, a dificuldade de aprendizagem. Ao todo, dos 19 participantes que
foram expostos à incontrolabilidade na fase de treino, apenas sete apresentaram
desamparo aprendido em algum grau. Para os outros 12 participantes, a experiência
prévia com estímulos aversivos incontroláveis não prejudicou seus desempenhos na fase
de teste.
De acordo com Hünziker (2003), muitos refinamentos metodológicos foram
realizados para que o desamparo aprendido fosse produzido em ratos. A partir disso, os
resultados obtidos no presente estudo, nos quais apenas sete participantes dos 19
expostos a eventos aversivos incontroláveis apresentaram algum tipo de prejuízo
comportamental na fase de teste, sugerem a necessidade de que refinamentos
metodológicos sejam realizados nos estudos envolvendo participantes humanos.
Todavia, em relação à aprendizagem das respostas requeridas para interromper o
som observou-se um resultado, no mínimo, interessante. No Experimento 1, como já
mencionado anteriormente, os participantes do grupo Controle foram os que menos
aprenderam as respostas requeridas para interromper o som e os participantes do grupo
Acoplado, os que mais as aprenderam. Tal fato pode sugerir que a experiência com a
controlabilidade (no caso do grupo Contingente) ou com a incontrolabilidade (no caso
do Acoplado), na fase de treino, propiciou um melhor desempenho no teste para os
91
participantes desses dois grupos do que para os participantes do grupo Controle que não
passaram por nenhuma experiência anterior. No entanto, esses resultados não são
conclusivos e, mais do que isso, novas pesquisas devem ser conduzidas a fim de
investigar esses resultados, que em nenhum estudo reportado neste trabalho apontou
nesta direção.
Entretanto, como visto anteriormente, as análises estatísticas realizadas não
mostraram diferenças significativas entre os cinco grupos envolvidos no presente
trabalho, nas três medidas de teste: tentativa critério, número de tentativas com as
respostas requeridas emitidas e número de sons com 5 segundos de duração.
Neste sentido, o primeiro objetivo foi alcançado apenas parcialmente. O
procedimento de mudança na distribuição das durações do som adotado para os grupos
Acoplado e Acoplado Relato Verbal impediu a concentração de sons com curta duração
ao final da fase de treino. Apesar de serem observadas contigüidades em 18 dos 19
participantes desses dois grupos, essas contigüidades não foram sistemáticas e,
consequentemente, respostas ou padrões de respostas supersticiosas de término do som
não foram selecionados. Todavia, em relação ao desamparo aprendido, apenas sete
participantes dos dois grupos Acoplado apresentaram o desamparo aprendido em algum
grau. Os outros doze não apresentaram prejuízo algum na fase de teste, o que
corresponde a mais de 63% dos participantes expostos a estímulos aversivos
incontroláveis. As análises estatísticas realizadas também confirmaram esses resultados,
pois não foram encontradas diferenças significativas entre os participantes dos cinco
grupos desse estudo. Dessa maneira, o desamparo aprendido não foi produzido com
sujeitos humanos nessa pesquisa. Os resultados aqui encontrados, utilizando um
procedimento similar ao de Hatfield & Job (1998), não replicaram os resultados obtidos
por esses autores no que se refere à produção de desamparo aprendido. Todavia, deve
ser destacado que o procedimento aqui utilizado não foi igual ao procedimento usado
por esses autores.
Objetivo 2
Os resultados obtidos no Experimento 2 do presente estudo mostraram que seis
participantes do grupo Contingente Relato Verbal e seis participantes do grupo
Acoplado Relato Verbal relataram, em alguma oportunidade, a contingência planejada
na fase de treino. Esses resultados sugerem que a solicitação de relatos verbais, ao longo
da fase de treino, pode favorecer a descrição das contingências em vigor pelos
92
participantes. Entretanto, esses resultados não são conclusivos. Porém, se em outras
pesquisas esses resultados forem generalizados, a ‘ilusão de controle’ apontada por
Matute (1994; 1995) poderia ser vista como fruto do procedimento utilizado por essa
autora para solicitar os relatos verbais dos participantes. Essa hipótese se fundamenta
nos estudos de Simonassi e cols (2001) e Alves (2003), nos quais os resultados obtidos
mostraram que os grupos que apresentaram o relato ao final das quarenta tentativas não
descreveram contingência em vigor.
Embora o comportamento supersticioso não tenha sido observado nos
participantes do grupo Acoplado Relato Verbal, quatro participantes desse grupo
relataram a contingência como controlável.
Dos seis participantes que relataram a situação como incontrolável, quatro
participantes (P1, P7, P8 e P10) tiveram o responder classificado como desamparo
aprendido em algum grau. Nota-se que esses quatro participantes relataram a situação
como incontrolável em todos os relatos apresentados.
Um fato que chamou a atenção foi que os participantes do grupo Acoplado
Relato Verbal apresentaram menos relatos verbais do que os participantes do grupo
Contingente Relato Verbal. Seis participantes do grupo Acoplado Relato Verbal
relataram em apenas duas oportunidades. O que é importante destacar é que quatro
desses seis participantes relataram a situação como controlável. A hipótese levantada
para explicar esse fenômeno foi que a situação de incontrolabilidade é, também,
aversiva e pode ter proporcionado uma dificuldade em descrever a contingência em
vigor.
Considerando a atribuição de causalidade, apenas o relato do P1 pode ser visto
como sugerindo uma explicação interna para a incontrolabilidade experimentada. Nos
relatos dos demais participantes, as ‘causas’ apontadas parecem exemplificar uma
explicação externa (Peterson e cols., 1993).
Desta maneira, o objetivo desse segundo experimento parece ter sido totalmente
alcançado, pois 60% dos participantes de cada um dos dois grupos descreveram as
contingências em vigor e dos cinco participantes que relataram a situação como
incontrolável, quatro apresentaram o desamparo aprendido em algum grau. Entretanto,
outros estudos, com mais solicitações de relato verbal na fase de treino, deverão ser
conduzidos de modo a melhorar os resultados obtidos nesse experimento.
93
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apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
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análise do comportamento e terapia cognitivista, vol.1, cap. 11, p.88-105. São Paulo:
ARBytes Editora.
97
ANEXOS
98
Anexo 1
Consentimento Livre e Esclarecido
Meu nome é Karine Amaral Magalhães, sou aluna de Pós-Graduação do
Programa de Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Estou realizando uma pesquisa para a qual peço
sua colaboração, participando de uma sessão experimental.
Durante a sessão experimental você ouvium som alto, porém, não prejudicial
à sua saúde, e terá que usar o mouse do computador para tentar desligá-lo. O objetivo da
pesquisa será conhecer o seu desempenho ao executar esta tarefa. Teremos uma sessão
com duração de aproximadamente 40 minutos. Esta sessão se realizada nas
dependências do campus da Universidade Estadual de Londrina.
Sua autorização neste Consentimento Livre e Esclarecido será outorgada
mediante o preenchimento de seu nome e assinatura. Sua identidade será preservada e as
informações obtidas apenas serão utilizadas em publicações científicas ou apresentações
em congressos.
Sua participação nesta pesquisa poderá ser interrompida a qualquer momento, se
assim desejar.
Eu, .................................................................................................................. concordo
em participar voluntariamente da pesquisa de Karine Amaral Magalhães. Declaro que li
e entendi todas as informações referentes ao estudo e todas as minhas dúvidas e
perguntas foram adequadamente respondidas.
Assinatura:
Data:
99
INSERIR ANEXO 2
100
Anexo 3
Configuração da Randomização
O procedimento de mudança na ordem das durações do som para o grupo Acoplado e Acoplado Relato Verbal foi feito da
seguinte maneira:
1º Grupo
1ª duração do acoplado = 1ª menor duração do contingente/CRV
2ª duração do acoplado = 9ª menor duração do contingente/CRV
3ª duração do acoplado = 17ª menor duração do contingente/CRV
4ª duração do acoplado = 25ª menor duração do contingente/CRV
5ª duração do acoplado = 33ª menor duração do contingente/CRV
2º Grupo
6ª duração do acoplado = 2ª menor duração do contingente/CRV
7ª duração do acoplado = 10ª menor duração do contingente/CRV
8ª duração do acoplado = 18ª menor duração do contingente/CRV
9ª duração do acoplado = 26ª menor duração do contingente/CRV
10ª duração do acoplado = 34ª menor duração do contingente/CRV
3º Grupo
11ª duração do acoplado = 3ª menor duração do contingente/CRV
12ª duração do acoplado = 11ª menor duração do contingente/CRV
13ª duração do acoplado = 19ª menor duração do contingente/CRV
14ª duração do acoplado = 27ª menor duração do contingente/CRV
15ª duração do acoplado = 35ª menor duração do contingente/CRV
4º Grupo
16ª duração do acoplado = 4ª menor duração do contingente/CRV
17ª duração do acoplado = 12ª menor duração do contingente/CRV
18ª duração do acoplado = 20ª menor duração do contingente/CRV
19ª duração do acoplado = 28ª menor duração do contingente/CRV
20ª duração do acoplado = 36ª menor duração do contingente/CRV
5º Grupo
21ª duração do acoplado = 5ª menor duração do contingente/CRV
22ª duração do acoplado = 13ª menor duração do contingente/CRV
23ª duração do acoplado = 21ª menor duração do contingente/CRV
24ª duração do acoplado = 29ª menor duração do contingente/CRV
25ª duração do acoplado = 37ª menor duração do contingente/CRV
6º Grupo
26ª duração do acoplado = 6ª menor duração do contingente/CRV
27ª duração do acoplado = 14ª menor duração do contingente/CRV
28ª duração do acoplado = 22ª menor duração do contingente/CRV
29ª duração do acoplado = 30ª menor duração do contingente/CRV
30ª duração do acoplado = 38ª menor duração do contingente/CRV
7º Grupo
31ª duração do acoplado = 7ª menor duração do contingente/CRV
32ª duração do acoplado = 15ª menor duração do contingente/CRV
33ª duração do acoplado = 23ª menor duração do contingente/CRV
34ª duração do acoplado = 31ª menor duração do contingente/CRV
35ª duração do acoplado = 39ª menor duração do contingente/CRV
8º Grupo
36ª duração do acoplado = 8ª menor duração do contingente/CRV
37ª duração do acoplado = 16ª menor duração do contingente/CRV
38ª duração do acoplado = 24ª menor duração do contingente/CRV
39ª duração do acoplado = 32ª menor duração do contingente/CRV
40ª duração do acoplado = 40ª menor duração do contingente/CRV
101
Anexo 4
Relatos Verbais
Grupo Contingente e Relato Verbal
Quantidade de relatos verbais solicitados
aos participantes, à tentativa correspondente
(entre parênteses), à resposta a pergunta de
se sabiam o que terminava o som e o relato
verbal.
Participante 1 CRV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“O que termina o
som é uma
seqüência de 3
dígitos iguais. Ou
de dois dígitos
iguais”.
2
(11)
Sim
“3 seqüências de
F1 desligam o
som”.
3
(18)
Sim
“3 seqüências
seguidas de F1
desligam o som”.
4
(20)
Sim
“3 seqüências
seguidas de F1
desligam o som”.
5
(25)
Sim
“3 seqüências
seguidas de F1
desligam o som”.
6
(34)
Sim
“3 seqüências de
F1 desligam o
som”.
7
(39)
Sim
“3 seqüências
seguidas de F1
desligam o som”.
8
(40)
Sim
“3 seqüências
seguidas de F1
desligam o som”.
Participante 2 CRV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Para desligar o
som foi necessário
teclar 3 vezes a
tecla F1”.
2
(11)
Sim
“Foi teclado 3
vezes a tecla F1
para desligar o
som”.
3
(18)
Sim
“Foi teclado 3
vezes a tecla F1
para desligar o
som”.
4
(20)
Sim
“Para desligar o
som foi apertado 3
vezes a tecla F1”.
5
(25)
Sim
“Para terminar o
som é só apertar 3
vezes F1”.
6
(34)
Sim
“Basta teclar 3
vezes F1”.
7
(39)
Sim
“Basta teclar 3
vezes F1”.
8
(40)
Sim
102
Participante 3 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“F3 e Enter”.
2
(11)
Sim
“Enter mais teclas
F1, N e F3”.
3
(18)
Não
“Independente da
tecla apertada o
som acaba num
determinado
tempo. Mesmo não
apertando a tecla”.
4
(20)
Não
“Não é necessário
apertar nenhuma
tecla”.
5
(25)
Sim
“O barulho tem
aproximadamente 6
seg. de duração e
não é necessário
apertar nenhum
botão para que ele
acabe. O Enter faz
um barulho
diferente quando
apertado causando
uma sensação de
conforto e acerto,
mas não pára o
barulho”.
6
(34)
Sim
“A resposta é a
mesma:
aguardar o barulho
acabar”.
7
(39)
Sim
“Mesmo”.
8
(40)
Sim
“Mesmo”.
Participante 4 CRV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“O som tem um
tempo pré-
determinado.
Apertar ou não
as teclas não
influencia.”
2
(11)
Não
“A tecla F1
desliga o som”.
3
(18)
Sim
“A tecla F1
pressionada 3
vezes desliga o
som”.
4
(20)
Sim
“A tecla F1
pressionada 3
vezes desliga o
som”.
5
(25)
Sim
“A tecla F1
pressionada 3
vezes desliga o
som. Além
disso, o som
tem um tempo
pré-
determinado”.
6
(34)
Sim
“A tecla F1
pressionada 3
vezes desliga o
som. Além
disso, o som
tem um tempo
pré-
determinado”.
7
(39)
Sim
“Teclar F1 e o
tempo”.
8
(40)
Sim
103
Participante 5 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Digitar a
seqüência
F1+F2+F3 duas
vezes e
pressionar
novamente a
tecla F1 desliga
som”.
2
(11)
Sim
“Pressionar 3
vezes
rapidamente a
tecla F1”.
3
(18)
Sim
“Novamente
pressionar F1 3
vezes”.
4
(20)
Sim
“Digitar a
seqüência
F1+F2+F3 2
vezes e depois F1
novamente ou 3
vezes F1”.
5
(25)
Sim
“Mesma resposta
da folha 4”.
6
(34)
Sim
“Igual a folha 4”.
7
(39)
Sim
“Pressionar F1 3
vezes”.
8
(40)
Sim
Participante 6 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Três vezes a
mesma tecla”.
(esquema)
2
(11)
Sim
“O som termina
quando teclo 3
vezes a mesma
tecla, seja ela qual
for”.
3
(18)
Sim
“Teclar 3 vezes
qualquer uma das 3
teclas”.
4
(20)
Sim
“Segurar uma
mesma tecla até
parar”.
5
(25)
Sim
“Não apertar nada”.
6
(34)
Sim
“Apertar qualquer
coisa. Até o som
parar”.
7
(39)
Sim
“O som pára
sozinho”.
8
(40)
Sim
Não respondeu
104
Participante 7 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“O som tem
duração fixa”.
2
(11)
Sim
“O som é
periódico, com
duração de
aproximadamente 6
segundos. Mesmo
não apertando tecla
alguma, ele se
encerra”.
3
(18)
Sim
“Periódico, de
aproximadamente 6
seg. Não depende
das teclas”.
4
(20)
Sim
“Mesma coisa”.
5
(25)
Sim
“Idem”
6
(34)
Sim
“Começo a
suspeitar de que é
você quem o aciona
e desliga. Mas
continua
periódico”.
7
(39)
Sim
“Ainda acho o
mesmo. Mas agora
tenho a impressão
de que os sons são
mais longos”.
(rever).
8
(40)
Sim
“Idem"
Participante 8 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do Relato
Verbal
1
(5)
Sim
“O som tem um tempo
pré-determinado para
terminar, não sendo
necessário a utilização
das teclas F1, F2 e F3
para isso. Não fui eu
quem fiz parar”.
2
(11)
Sim
“Sim. O som tem o
tempo aproximado de 6
segundos para parar. Não
é necessário a utilização
das teclas F1, F2 e F3.
3
(18)
Sim
“Não é o usuário do
computador que controla
o término do som. Ele já
está programado para
terminar”.
4
(20)
Sim
“Eu estava errado, não
havia entendido direito.
Acho que as teclas F1, F2
estão envolvidas, mas
não sei se uma
seqüência”.
5
(25)
Sim
“Apertando 3 vezes a
tecla F1 o som pára. Não
sei se é a única forma,
mas tenho certeza desta”.
6
(34)
Sim
“Agora tenho certeza.
Basta pressionar a tecla
F1 três vezes,
independentemente de
quais teclas (F2 e F3)
foram pressionadas antes
ou durante as três vezes
que se pressiona F1”.
7
(39)
Sim
“Continuo convicto de
que basta apenas apertar
a tecla F1 três vezes”.
8
(40)
Sim
“Pressionar a tecla F1 3
vezes”.
105
Participante 9 CRV
Númer
o do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃ
O
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“Eu acho que o que
faz o som terminar
foi eu ter apertado
primeiramente F2
depois F3 e por
último F1”.
2
(11)
Sim
“Acredito que o
que fez terminar o
som foi a seqüência
F2 F3 F1”.
3
(18)
Sim
“Acho que foi a
seqüência F3 F2
F1”.
4
(20)
Sim
“Acho que foi a
seqüência F3 F2
F1”.
5
(25)
Sim
“Acho que foi a
seqüência F3 F2
F1”.
6
(34)
Não
“Acho que foi a
seqüência F2 F3
F1”.
7
(39)
Sim
“Acho que foi a
seqüência F3 F2
F1”.
8
(40)
Sim
Participante 10 CRV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Clicar em F3”.
2
(11)
Sim
“O tempo
esperar”.
3
(18)
Sim
“Não tem nada a
ver com as teclas,
desliga sozinho.
São 4 segundos. É
o programa mesmo
que desliga”.
4
(20)
Não
“Dá pra desligar
antes dos 4
segundos! É
apertar F1 duas
vezes”.
5
(25)
Sim
“São 3!”.
6
(34)
Não
7
(39)
Sim
8
(40)
Não
106
Anexo 5
Relatos Verbais
Grupo Acoplado e Relato Verbal
Quantidade de relatos verbais solicitados
aos participantes, a tentativa correspondente
(entre parênteses), a resposta à pergunta de
se sabiam o que terminava o som e o relato
verbal.
Participante 1 ARV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Descobri que
não
seqüência para
o som ser
desligado.
Algumas vezes
eu tentei criar
uma lógica,
mas não
consegui.
Muitas vezes, o
apito cessou
antes de eu
apertar o botão.
Utilizei a
técnica de
tentativas”.
2
(11)
Não
3
(18)
Não
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Sim
7
(39)
Não
8
(40)
Não
Participante 2 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“O som desliga
automaticamente
depois de sete
toques
independente de
qual tecla eu
utilizei para
desligá-lo”.
2
(11)
Não
“Apertar a mesma
tecla duas vezes”.
3
(18)
Sim
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Não
7
(39)
Sim
8
(40)
Não
107
Participante 3 ARV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Não
“Para o som
desligar não
depende das
teclas que digita
e sim do tempo,
ou seja, passados
alguns segundos
o som desliga
independente das
teclas que
digitou”.
2
(11)
Não
“O som desliga
exatamente após
5 segundos,
mesmo que não
aperte nenhuma
tecla”.
3
(18)
Sim
4
(20)
Sim
5
(25)
Sim
6
(34)
Não
7
(39)
Não
8
(40)
Não
Participante 4 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“Para desligar o
som, utiliza-se
duas teclas:
primeiramente F1
ou F3 e depois
F2”.
2
(11)
Não
“Seqüência
F3+F2+F1”.
3
(18)
Não
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Não
7
(39)
Sim
8
(40)
Não
108
Participante 5 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato
Verbal
1
(5)
Sim
“Para desligar
o som, apertei
a tecla F1”.
2
(11)
Não
“As teclas F1,
F2 e F3
acabam com o
som”.
3
(18)
Não
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Não
7
(39)
Sim
8
(40)
Não
Participante 6 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“A ordem e a
seqüência em que
são apertados os
botões. O número
de vezes que são
apertados também”.
2
(11)
Sim
“O número, a
ordem de vezes que
são apertados os
botões”.
3
(18)
Não
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Não
7
(39)
Não
8
(40)
Não
109
Participante 7 ARV
Número
do
relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“Eu acredito
que o som tem
um tempo
mínimo, pré-
determinado de
duração”.
2
(11)
Sim
“Continuo
achando que o
som tem um
tempo pré-
determinado.
Cerca de 5
segundos”.
3
(18)
Sim
“O som tem um
tempo pré-
determinado.
Não importa
quantas teclas
tecle que, que
modo eu as
pressiono.
Agora o tempo
aumentou cerca
de 2 segundos”.
4
(20)
Sim
“Agora eu não
apertei
nenhuma tecla
e o som parou.
É um tempo
pré-
determinado
mesmo!”.
5
(25)
Sim
HAHA. É teste
de paciência,
né? O que
desliga o som é
o tempo que foi
programado
antes!”.
6
(34)
Sim
“O som
termina
conforme o
programado”.
7
(39)
Sim
“O som está
programado
para terminar
depois de um
determinado
tempo”.
8
(40)
Sim
“Novamente, o
som está
programado
para durar o
tempo que
quiseram que
ele durasse!!!”.
110
Participante 8 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“O próprio
computador”.
2
(11)
Sim
“O
computador”.
3
(18)
Sim
“Computador”.
4
(20)
Sim
“Computador”.
5
(25)
Sim
“Computador”.
6
(34)
Sim
“Computador”.
7
(39)
Sim
“Na verdade,
eu acho que é
você que
termina o
som”.
8
(40)
Sim
“Quem termina
o som é você”.
Participante 9 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
“Apertar 4 vezes
as teclas F1, F2,
F3 sem qualquer
ordem”.
2
(11)
Sim
“Acho que nada
termina o som.
Ele tem um
tempo certo. As
teclas não têm
nenhuma
função”.
3
(18)
Não
4
(20)
Não
5
(25)
Não
6
(34)
Não
7
(39)
Não
8
(40)
Não
111
Participante 10 ARV
Número
do relato
Sabe a
resposta
SIM/NÃO
Descrição do
Relato Verbal
1
(5)
Sim
Sem resposta
2
(11)
Sim
“Sim. O tempo
estipulado e não a
tecla que eu
acionei”.
3
(18)
Sim
“O tempo
estipulado para
terminar,
independente da
tecla que eu
acionei”.
4
(20)
Sim
“Continuo
achando que o
tempo para o som
ser desligado já
estava
programado,
independente da
tecla que eu
acionasse”.
5
(25)
Sim
“Não estava ao
meu alcance a
possibilidade de
desligar o som. As
teclas F1, F2, F3
não exerceram
função sobre o
som. Já estava
programado o
tempo que o som
duraria”.
6
(34)
Sim
“Permaneço com a
mesma resposta.
O som já estava
programado para
durar aquele
tempo,
independente da
tecla que eu
pressionasse”.
7
(39)
Sim “O tempo de
duração do som
estava
programado”.
8
(40)
Sim
“O que foi feito?
Alguém já havia
programado,
determinado o
tempo que ele
duraria.
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