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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
A EMERGÊNCIA DE RELAÇÕES CONDICIONAIS ENTRE
ESTÍMULOS COMO RESULTADO DE TREINO DE PARES DE
DISCRIMINAÇÕES SIMPLES SIMULTÂNEAS
Maria Paula Soares Montans
PUC-SP
SÃO PAULO
2006
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS
EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
A EMERGÊNCIA DE RELAÇÕES CONDICIONAIS ENTRE
ESTÍMULOS COMO RESULTADO DE TREINO DE PARES DE
DISCRIMINAÇÕES SIMPLES SIMULTÂNEAS
Maria Paula Soares Montans
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo como exigência para obtenção do título
de Mestre em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento, sob orientação da
Profª Drª Maria Amalia Pie Abib Andery.
PUC-SP
SÃO PAULO
2006
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Agradecimentos
A Maria Amalia pela inspiração e incentivo com os quais tive o privilégio de contar e
sem os quais este trabalho não teria se concretizado.
Aos meus pais pela oportunidade e apoio irrestrito não só no decorrer do
desenvolvimento deste trabalho como em todos os momentos de minha vida.
A Maria Cristina, Francisco e Luiz Fernando, por fazerem parte fundamental da minha
vida.
A CAPES, que financiou parte deste trabalho.
A todos os professores do programa especialmente a profª. Téia, pelas discussões
inesquecíveis das quais tive a oportunidade de participar, profs. Nilza e Roberto, pelas
aulas sempre inspiradoras e a profª. Paula Gioia pelas supervisões de monitoria nas
quais eu aprendi muito.
A Ziza, por ter estado presente na minha formação desde o início e ter me ensinado a
gostar da Análise do Comportamento.
A Dinalva, por sua ajuda generosa e a Neusa, Conceição e Maurício por sempre estarem
disponíveis.
A Regina, pelo auxílio tecnológico.
Ao Renato, pelo excelente programa.
A todos os meus colegas, em especial, Ana Paula Maestrello, Thaís Nogara, Thaís
Sales, Karine, Ângela, Fábio, Rafaella, Carol, Leila, Ghoeber, Ana Paula Basqueira,
Carol Perroni, Hércia, Aline, Daniel, Ana Beatriz, Verônica e Marcelo que
compartilharam comigo uma fase tão importante.
Ao Antonio, simplesmente por estar ao meu lado.
1
Skinner (1959) afirma que existem propriedades definidoras que estabelecem classes
de estímulos e respostas e que através dessas propriedades podem ser estabelecidas outras
classes maiores em séries progressivas. De Rose (1993), ao discorrer sobre classes de
estímulos afirmou que “três tipos de relações podem ocasionar a formação de classes de
estímulos: similaridade física, relações arbitrárias mediadas por uma resposta comum e
relações arbitrárias entre os estímulos.” (de Rose, 1993, p. 287) Ainda segundo de Rose
(1993), classes de estímulos que não mantenham entre si nenhuma similaridade física são
construídas a partir do estabelecimento de relações arbitrárias entre os estímulos membros
da classe. Ainda segundo de Rose (1993), são exemplos de relações arbitrárias aquelas
estabelecidas através da mediação de uma resposta comum, podendo formar classes de
estímulos funcionais, ou aquelas estabelecidas diretamente entre os estímulos podendo
formar classes de estímulos equivalentes (de Rose, 1993).
Uma definição bastante clara de classes de estímulos funcionais foi apresentada por
Goldiamond (1966), para quem estímulos topograficamente diferentes (sem similaridade
física) são classificados como pertencentes a uma mesma classe funcional quando na
presença destes a mesma resposta é reforçada.
Sidman (1994) também propôs uma definição de classes de estímulos funcionais na
qual “uma classe funcional [de estímulos] é definida quando estímulos discriminativos
diferentes num conjunto de contingências de três termos (discriminações simples)
ocasionam a mesma resposta.” (Sidman, 1994, p. 447). Esse fenômeno tem sido referido
pela literatura também como equivalência funcional (Wirth & Chase, 2002; Sidman, 1986).
Já classes de estímulos equivalentes, segundo Sidman & Tailby (1982), são definidas
quando após o estabelecimento de discriminações condicionais entre estímulos que
guardam entre si apenas relações arbitrárias, são demonstradas as propriedades de
reflexividade, simetria e transitividade entre os estímulos. O procedimento de pareamento
com o modelo (matching to sample) é muito usado para estabelecer as discriminações
condicionais e testar as três propriedades definidoras das classes de estímulos equivalentes
(Sidman, 1994), mas há também estudos que mostraram ser possível estabelecer
discriminações condicionais com outros procedimentos como, por exemplo, o
procedimento go/no-go com estímulos compostos realizado por Debert (2003), que se
2
baseou em alguns outros estudos como os de Mallot, Mallot, Svinicki, Kladder, & Ponicki
(1971) e Zental, & Hogan (1975).
Uma outra maneira, para estabelecer relações de equivalência entre estímulos, foi
proposta por Vaughan (1988) que a denominou “partição”. Este estudo (Vaughan, 1988) foi
inovador por propor que contingências de três termos (discriminações simples) em vez de
contingências de quatro termos (discriminações condicionais) poderiam estabelecer
relações de equivalência entre estímulos e levantou uma questão muito controversa: qual
seria a relação entre classes de estímulos funcionais e classes de estímulos equivalentes.
Vaughan (1988) treinou seis pombos a bicar 40 slides contendo imagens de árvores. Os
slides foram divididos em oito subconjuntos sendo estes estabelecidos, pelo
experimentador, como subconjuntos positivos (diante dos quais uma resposta seria
reforçada) ou negativos (diante dos quais uma resposta não seria reforçada). Todos os
subconjuntos positivos formaram o ‘conjunto positivo’ e todos os subconjuntos negativos
formaram o ‘conjunto negativo’. Foram reforçadas com alimento, em esquema de
reforçamento VI10s, respostas de bicar qualquer slide do ‘conjunto positivo’ e não
reforçadas as respostas de bicar os slides do ‘conjunto negativo’. Cada sessão diária
consistiu de duas apresentações dos 40 slides e em cada uma dessas os slides foram
dispostos em diferentes ordens. Depois de algumas sessões com este treino, as
contingências foram revertidas (os slides estabelecidos como positivos tornaram-se
negativos e vice-versa), o que ocorreu várias vezes por todo o procedimento. Os resultados
mostraram que, na primeira apresentação dos slides, os sujeitos respondiam aleatoriamente
diante do conjunto positivo e negativo, mas com o treino houve um aumento no responder
diante do conjunto positivo e uma diminuição diante do negativo. Na primeira reversão o
responder ao conjunto positivo caiu a níveis próximos a zero, mas foi aumentando no
decorrer das sessões e após sucessivas reversões, quando as contingências eram trocadas,
depois da apresentação de alguns slides o responder dos sujeitos aos dois conjuntos era
alterado de acordo com elas. Depois de mais ou menos 800 sessões um novo conjunto de
80 slides contendo imagens de árvores substituiu o original para testar alguma
artificialidade nos resultados. Nessa fase uma sessão consistia da apresentação dos 80 slides
(e não de duas apresentações de 40 slides como anteriormente). Na primeira sessão com o
3
conjunto novo os sujeitos responderam aleatoriamente e na segunda sessão, quando as
contingências foram revertidas os sujeitos responderam em níveis abaixo do acaso. Daí em
diante o responder foi gradualmente aumentando diante dos slides positivos: o autor aponta
que esses dados finais são consistentes com sua análise inicial de que os sujeitos passaram a
responder de acordo com os slides (ou seja, com as contingências em vigor) e não sob
controle de alguma variável não controlada.
Vaughan (1988) propôs que estes resultados indicariam a formação de classes de
estímulos equivalentes porque estariam de acordo com a afirmação de Devany, Hayes, &
Nelson (1986) de que há a formação de uma classe de estímulos equivalentes (ABC)
quando um membro (A) torna-se discriminativo para uma resposta, e B e C também se
tornam discriminativos para a mesma resposta: no experimento de Vaughan (1988) quando
os slides definidos como um subconjunto do ‘conjunto positivo’ (um dos grupos de
estímulos positivos diante dos quais respostas de bicar seriam reforçadas), tornaram-se
discriminativos para a resposta de bicar, os subconjuntos restantes pertencentes a este
conjunto também se tornaram discriminativos para essa resposta e quando um subconjunto
do ‘conjunto negativo’ tornou-se discriminativo para não responder, os subconjuntos
restantes pertencentes a este conjunto também se tornaram. Para Vaughan (1988), então,
haveria evidências de formação de classes de equivalência nos resultados de seu estudo e
assumiu a hipótese que os conceitos matemáticos de “partição” (conjunto de subconjuntos
distintos cuja união equivale ao conjunto original) e “equivalência” seriam apenas duas
maneiras de olhar para uma mesma estrutura matemática e também duas maneiras de olhar
para o mesmo fenômeno comportamental (formação de classes de estímulos).
Sidman, Wynne, Maguire & Barnes (1989) criticaram essa hipótese de Vaughan
(1988), afirmando não ter ficado claro, naquele experimento, se classes de estímulos
funcionais (identificadas pelas funções comportamentais comuns de seus membros, ou seja,
classe de estímulos positivos e classe de estímulos negativos) e classes de estímulos
equivalentes (identificadas quando seus membros apresentam as três características
definidoras de relações de equivalência entre estímulos: reflexividade, simetria e
transitividade) seriam comportamentalmente o mesmo. Assim, para verificar se estímulos
membros de uma classe funcional atenderiam os critérios que definem o estabelecimento de
4
relações de equivalência entre estímulos (reflexividade, simetria e transitividade), Sidman
et al (1989) realizaram uma replicação sistemática do experimento de Vaughan (1988). Os
autores utilizaram o mesmo procedimento de discriminação simples com reversões
sucessivas para estabelecer classes funcionais e adicionaram testes, feitos via matching,
com o objetivo de checar se emergiriam as propriedades definidoras das relações de
equivalência entre estímulos estabelecidos como S+ e S-.
Para isso Sidman et al (1989) utilizaram um programa de computador que
possibilitava que estímulos aparecessem em cinco localizações na tela: em uma janela
central ou em janelas localizadas acima, abaixo, à direita ou à esquerda dela. O
procedimento de Sidman et al (1989) foi diferente do realizado por Vaughan (1988) em
alguns outros aspectos, além da inserção dos testes de equivalência. Em uma etapa antes do
treino ensinaram aos participantes o procedimento de pareamento com o modelo, uma vez
que fariam testes com esse procedimento. Neste pré-treino o estímulo modelo aparecia na
janela central e três estímulos comparação ao redor. Respostas de tocar no estímulo
comparação correto eram reforçadas com um determinado som e com o acréscimo de
pontos num contador, que seriam posteriormente trocados por dinheiro.
Diferentemente de Vaughan, Sidman et al (1989) usaram como estímulos números,
para dois participantes, e letras gregas, para o terceiro, no treino de discriminação simples.
Este treino também foi bastante diferente do de Vaughan (1988) e envolveu discriminações
simples nas quais dois estímulos apareciam simultaneamente em duas das janelas nas quais
apareceram os estímulos comparações do pré-treino. Para todos os participantes a classe
designada A, que continha três estímulos - A1, A2 e A3 -, foi estabelecida como classe
positiva e a classe designada B, que também continha três estímulos - B1, B2 e B3 -, como
classe negativa. Uma resposta de tocar no estímulo correto, estímulos da classe estabelecida
como positiva, era reforçada como no pré-treino. Como havia três pares de estímulos as
discriminações foram estabelecidas em três fases: na Fase 1 foi estabelecida a
discriminação do primeiro par, na Fase 2 foi adicionado o segundo par e o mesmo foi feito
na Fase 3 com o terceiro par. Todas as possíveis combinações de estímulos positivos e
negativos foram apresentadas em cada fase e um bloco de tentativas consistia de todos os
tipos possíveis das combinações dos pares utilizados nas fases. Segundo Sidman et al
5
(1989) cada discriminação nova foi ensinada através de uma variação do procedimento de
Touchette (1971): durante o primeiro bloco de tentativas todos os estímulos incorretos,
estímulos da classe estabelecida como negativa, desapareciam depois de 0,1s, deixando na
tela apenas o estímulo correto. Depois de um bloco de tentativas sem erro o tempo de
permanência do estímulo incorreto era aumentado e ao final do treino os participantes
selecionavam o estímulo correto enquanto os dois (correto e incorreto) estavam presentes.
A semelhança entre este treino e o de Touchette (1971)
1
parece estar no fato de uma
resposta correta postergar o desaparecimento do estímulo incorreto após um bloco de
tentativas sem erro.
O treino foi finalizado quando os participantes atingiram o critério de desempenho de,
no mínimo, 95% de respostas corretas e nenhum tipo de tentativa com mais de um erro em
seis blocos consecutivos. Uma semelhança entre este procedimento de Sidman et al (1989)
e o de Vaughan (1988) foi que após este treino, as discriminações foram revertidas e re-
revertidas repetidamente por várias sessões.
Segundo Sidman et al (1989), os resultados mostraram que, como em Vaughan (1988),
para todos os participantes, a reversão das contingências para um par de estímulos tornou-
se suficiente para que as respostas aos estímulos seguintes mudassem de acordo com as
contingências em vigor e assim os participantes tinham dividido os estímulos em classes
funcionais, o que aconteceria em decorrência das reversões das discriminações simples
estarem sob controle condicional exercido pela primeira tentativa, não reforçada ou
reforçada.
Ao comentar os resultados de Vaughan (1988), Sidman et al (1989) apontaram que
apesar de Vaughan (1988) sugerir que partição e relações de equivalência seriam duas
maneiras de olhar para a mesma estrutura matemática, ainda seria necessário explicitar se
classes de estímulos funcionais – o que estaria demonstrado pelos resultados até então - e
classes de estímulos equivalentes seriam comportamentalmente o mesmo. Para isso, em
seguida ao treino de discriminações simples foram realizadas quatro fases de testes com o
objetivo de verificar se os estímulos membros das classes funcionais mantinham relações
1
O experimento de Touchette (1971) será descrito no presente trabalho posteriormente.
6
de equivalência entre si, o que seria evidência de que classes de estímulos funcionais e
classes de estímulos equivalentes seriam comportamentalmente o mesmo fenômeno. A
primeira fase de testes, realizada para cumprir a primeira etapa proposta na apresentação do
delineamento experimental, teve por objetivo verificar se os participantes poderiam
relacionar os estímulos membros de uma classe funcional uns com os outros em um
contexto de discriminação condicional sem reforçamento, o que seria, segundo os autores,
um primeiro passo para verificar se entre estímulos membros de classes funcionais
poderiam ser observadas as propriedades definidoras das relações de equivalência. Nessa
fase, então, foram apresentadas tentativas teste (sem reforçamento), que consistiam de
discriminações condicionais com o estímulo modelo e um estímulo comparação
pertencendo a uma das classes funcionais e o outro estímulo comparação pertencendo à
outra, misturadas a tentativas (com reforçamento) de matching de identidade. As tentativas
de matching de identidade reforçadas tinham por objetivo evitar que os participantes
respondessem, durante os testes, apenas aos estímulos comparação, ignorando o estímulo
modelo, tratando assim, as discriminações condicionais como discriminações simples. Os
resultados deste teste mostraram que, durante as tentativas teste (discriminações
condicionais sem reforçamento), todos os três participantes relacionaram os estímulos
comparação aos estímulos modelo da mesma classe. Apenas um participante cometeu
muitos erros no início dos testes de discriminação condicional, demorando mais tempo para
apresentar um desempenho acurado e estável. Como essas discriminações condicionais não
haviam sido ensinadas aos participantes, os autores consideraram que seriam evidência de
emergência de relações condicionais.
Porque Sidman et al (1989) consideravam que a emergência de relações condicionais
entre estímulos membros de uma classe funcional não seria condição suficiente, embora
fosse necessária, para demonstrar relações de equivalência entre eles, foi apresentada aos
participantes a segunda fase de testes que testou simetria e transitividade entre os estímulos
membros das classes funcionais da seguinte maneira: foram ensinadas relações
condicionais entre um estímulo membro da classe A (A1) e um estímulo novo (A4) e,
também, entre um estímulo membro da classe B (B1) e um outro estímulo novo (B4) e
testadas relações condicionais entre outros estímulos membros das classes A e B (A2 e B2)
7
e os estímulos novos. Como resultado um participante não cometeu erro e o outro cometeu
apenas dois, ou seja, houve um resultado positivo nestes testes. Já o desempenho do
terceiro participante, que tivera dificuldades no teste anterior, foi muito diferente, com
muitos erros nas tentativas teste. Este participante teve desempenho acurado apenas depois
que um procedimento especial foi introduzido e gradualmente retirado.
Segundo Sidman, Wynne, Maguire & Barnes (1989), os desempenhos dos dois
participantes com resultados positivos nos testes relatados acima mostraram que a relação
condicional estabelecida entre cada novo estímulo e um estímulo membro da classe
funcional era tal que havia também uma relação de equivalência entre os estímulos e os
estímulos novos. Para demonstrar essa interação entre classes funcionais e classes de
equivalência um outro teste foi realizado com os dois participantes com bons resultados nos
testes anteriores. Para este teste foram ensinadas aos participantes discriminações
condicionais entre os estímulos A4 e B4 e mais dois novos estímulos (A5 e B5) e testadas
as relações entre estes e os estímulos das classes A e B utilizados no primeiro teste (A2 e
B2). Este teste foi feito porque resultados positivos só ocorreriam devido a relações
simétricas e transitivas não testadas entre os estímulos novos e os estímulos membros das
classes funcionais, mas que poderiam ser supostas devido aos resultados deste teste.
Nestes testes houve apenas um erro, o que seria evidência de que o outro par de novos
estímulos tinha entrado para as classes funcionais via relações de equivalência (A e B). Por
fim, para confirmar a real inclusão dos novos estímulos nas classes funcionais que tinham
sido estabelecidas por reforçamento diferencial (discriminação simples) foi realizada a
última fase de testes, com os mesmos dois participantes, denominada de teste de classes
funcionais, nas quais foram adicionados os dois novos pares de estímulos (A4/B4 e A5/B5)
aos três pares originais em tentativas reforçadas de discriminação simultânea simples com
duas escolhas. Os poucos erros nesta discriminação simples sugeririam que os novos
estímulos tinham realmente passado a fazer parte das classes funcionais.
Na conclusão de seu trabalho, Sidman et al (1989) afirmaram que a hipótese de
Vaughan (1988) de que classes de estímulos equivalentes e classes de estímulos funcionais
representariam o mesmo processo comportamental seria injustificada porque equivalência
funcional entre estímulos seria demonstrada quando mudanças nas contingências
8
controladas por um par de estímulos são suficientes para mudar o comportamento do
sujeito com relação aos outros pares, e classes de estímulos equivalentes seriam produzidas
quando relações condicionais ensinadas explicitamente dão origem a relações condicionais
não ensinadas (em testes de reflexividade, simetria e transitividade). Para Sidman, Wynne,
Maguire & Barnes (1989) esses dois tipos de “equivalência” entre estímulos não
necessariamente coexistiriam, o que teria sido indicado em seu estudo pelo fato de que o
desempenho de um dos participantes mostrava a formação de classes de estímulos
funcionais, mas não a formação de classes de estímulos equivalentes.
Em trabalho posterior, Sidman (1994) comenta seu trabalho de 1989 e critica sua
afirmação de então, dizendo que os dados dos dois participantes com desempenhos que
indicavam a formação de classes de estímulos equivalentes poderiam ser tomados como um
forte suporte para a afirmação de Vaughan (1988) de que uma “partição” definida
comportamentalmente implicaria, sim, numa relação de equivalência entre estímulos, e que
as duas (classes de estímulos equivalentes e classes de estímulos funcionais) seriam dois
lados de uma mesma moeda, tanto comportamentalmente quanto matematicamente e que o
desempenho de um dos participantes do estudo de Sidman et al (1989) que não demonstrara
a existência de relações de equivalência entre os estímulos das classes funcionais teria sido
gerado pelo procedimento dos testes que foram feitos em extinção
2
.
Além disso, analisando comparativamente os procedimentos de Vaughan (1988) e
Sidman et al (1989), Sidman (1994) diz que nessas duas pesquisas os membros de cada
classe de estímulos controlavam não apenas a mesma resposta como também a mesma
conseqüência da resposta e a classe de estímulos produzida nesses experimentos poderia ser
chamada de “classe de contingência”. Essas “classes de contingências” seriam, então,
estabelecidas pelo procedimento de reversões sucessivas que envolveriam no mínimo dois
subconjuntos de estímulos, aqueles da potencial Classe 1 e aqueles da potencial Classe 2,
2
Ainda recentemente, em um artigo no qual analisa as relações de equivalência como sendo oriundas
das contingências de reforçamento, Sidman (2000) aponta que os resultados de Vaughan (1989) não são
apenas esperados, mas também pré-requisitos para a sua teoria, defendida nesse artigo, na qual defende que as
relações de equivalências derivam diretamente das contingências de reforçamento. Assim, Sidman (2000)
afirma que os resultados de Vaughan (1989) confirmam a análise que faz sobre as relações de equivalência
serem simplesmente conseqüência direta das contingências de reforçamento, incluindo contingências de três e
quatro termos.
9
uma única resposta definida e um único reforçador definido, SR1 (Sidman, 1994). Num
primeiro momento desse procedimento, que Sidman (1994) chama de contingência 1 “os
estímulos da potencial Classe 1 são positivos
3
; na sua presença, R1 produz SR1, o qual é
seguido pela próxima tentativa e os estímulos da potencial Classe 2 são negativos - na sua
presença, R1 produz apenas a próxima tentativa.” (Sidman, 1994, p.449) Já no segundo
momento desse procedimento, que Sidman (1994) chama de contingência 2, há “uma
reversão da Contingência 1; os estímulos da potencial Classe 2, são positivos e aqueles da
potencial classe 1 são negativos.” (Sidman, 1994, p. 449) Quando estão em efeito a
contingência 1 ou 2, os estímulos continuarão sendo apresentados até que o desempenho
dos participantes atinja algum critério de desempenho determinado pelo experimentador.
Quando então isso acontece, a contingência 2 substitui a contingência 1 até que o critério de
desempenho seja alcançado novamente, sendo que daí por diante uma nova reversão tem
início, cada vez que este critério é alcançado. Com isso, “a primeira tentativa de uma série
´diz` ao sujeito qual contingência está em vigor” (Sidman, 1994, p. 450) e, ao final, apenas
com algumas tentativas depois do início da reversão, o sujeito começa a responder de
acordo com ela e “pode se dizer que as classes de estímulos funcionais definidas pelo
experimentador são também classes funcionais para os sujeitos”. (Sidman, 1994, p 450)
Sidman (1994), então, levanta uma questão sobre este procedimento de reversões
sucessivas, argumentando que os desempenhos de discriminação condicional que pareciam
emergentes em Sidman (1989) podem ter sido diretamente ensinados antes dos testes. Isto
porque o reforço apresentado após a seleção de um membro da classe positiva sempre
seguia uma tentativa na qual a seleção de um estímulo de mesma classe fora reforçada, ou
na qual a seleção de um estímulo de outra classe fora não-reforçada. O procedimento de
reversões repetidas poderia não ser, então, uma discriminação simples, mas sim uma
discriminação condicional, ou seja, um estímulo que é correlacionado com reforçamento
(ou não-reforçamento) em uma tentativa pode ter a função de um estímulo modelo, com os
estímulos discriminativos na tentativa seguinte tendo função de estímulos comparação.
Assim, as contingências de reforçamento durante o procedimento de repetidas reversões
3
Os termos “estímulo positivo” / “estímulo negativo”, “S+” / “S-”e “S
D
” / “S
Δ
” serão utilizados conforme a
denominação dada por cada autor.
10
poderiam ensinar diretamente aos sujeitos o que parece posteriormente ser discriminação
condicional emergente. Sidman (1994) ressalta que o procedimento de discriminação
simples com reversões sucessivas levanta duas questões: (1) este procedimento produz
classes de estímulos funcionais ou apenas pares de estímulos relacionados
condicionalmente? e (2) já que este procedimento ensina relações condicionais,
contingências de quatro termos são necessárias para formar classes funcionais ou
contingências de três termos são suficientes? (Sidman, 1994, p 453)
Independente da possibilidade desse procedimento de reversões repetidas poder ser
considerado discriminação condicional ou não, ele tem sido bastante utilizado para produzir
classes de estímulos funcionais (Tomonaga, 1999; Kastak, Schusterman & Schusterman,
2001; Jitsumori, Siemann, Lehr & Delius, 2002). Mas é possível também encontrar estudos
que produziram classes de estímulos funcionais com contingências de três termos com um
procedimento de discriminação simples com respostas definidas como o estudo de Wirth &
Chase (2002).
Wirth & Chase (2002) tiveram por objetivo: 1- avaliar a estabilidade de classes de
estímulos funcionais, 2- avaliar a estabilidade
4
de classes de estímulos equivalentes e 3-
comparar esses resultados. Para isso, o procedimento delineado por Wirth & Chase (2002)
estabeleceu classes de estímulos funcionais com oito estudantes universitários de graduação
com uma tarefa na qual eles foram treinados a dizer três palavras sem sentido na presença
de três classes de estímulos (cada estímulo era um símbolo arbitrário) de três membros cada
uma.
O procedimento de Wirth & Chase (2002) teve outras fases, mas, dado o interesse do
presente trabalho, só será descrita aqui a fase na qual foram estabelecidas classes de
estímulos funcionais. Na primeira fase do procedimento, chamada de “reconhecimento da
fala”, três sílabas eram apresentadas na tela do computador aos participantes e adaptou-se o
equipamento para reconhecer as falas dos participantes. Logo em seguida, na Fase 2, nove
estímulos arbitrários passaram a ser apresentados na tela do computador e os participantes
deveriam dizer uma das três sílabas diante de cada um deles. Respostas corretas eram
4
Wirth & Chase (2002) definem estabilidade de classes de estímulos como a manutenção do desempenho
com o passar do tempo ou a suscetibilidade a mudanças nas contingências.
11
consequenciadas pela palavra “correto” e por um som e respostas incorretas pela palavra
“incorreto”. Nessa segunda fase, cada estímulo arbitrário foi denominado pelo
experimentador como, A1, B1 ou C1 se fossem designados como de uma classe - classe 1-
(ou A2, B2, C2 se fossem da classe designada 2 e o mesmo foi feito para a classe 3). As
sílabas sem sentido também foram relacionadas a números que representavam a
correspondência com as classes de estímulos: a sílaba 1, denominada R1, relacionava-se
com a classe 1; a sílaba 2, denominada R2, relacionava-se com a classe 2 e a sílaba 3,
denominada R3 relacionava-se com a classe 3.
Wirth & Chase (2002), assim como Sidman et al (1989), relatam o uso de uma
adaptação do procedimento de Touchette (1971)
5
para estabelecer as discriminações: cada
tentativa começava com a apresentação do primeiro elemento de cada classe - A1, A2, ou
A3 - sendo reforçadas as respostas R1, R2 e R3, respectivamente. No primeiro bloco de
tentativas, a resposta correta, ou seja, a sílaba correspondente ao estímulo apresentado
aparecia na parte inferior da tela após 2s do aparecimento do estímulo arbitrário. Esta
apresentação da resposta correta após alguns segundos decorridos entre a apresentação dos
estímulos e a não ocorrência de uma resposta parece ser a adaptação feita do procedimento
de Touchette (1971). Uma resposta, depois do aparecimento da “dica” (reposta correta na
parte inferior da tela), iniciava o feedback adequado: se a resposta fosse incorreta, aparecia
na tela do computador a palavra “incorreto” e um som tocava e se a resposta fosse correta, a
palavra “correto” era apresentada e um outro som tocava. As discriminações foram
apresentadas aos participantes em três etapas sucessivas; primeiroA1-R1, segundo A2-R2 e
terceiro A3-R3. Os três estímulos eram apresentados oito vezes cada um em blocos de 24
tentativas. Quando o critério de desempenho estabelecido pelos experimentadores foi
alcançado - três blocos consecutivos com 22 (dentre 24) tentativas corretas, o tempo para o
aparecimento da “dica” foi aumentado para 5 segundos e após o critério de desempenho ter
sido novamente alcançado os blocos foram repetidos novamente, mas sem a apresentação
da dica e finalmente após o critério ter sido alcançado mais uma vez o treino do primeiro
elemento foi finalizado. Em seguida, foi iniciado o treino do segundo elemento de cada
5
Apesar de Wirth & Chase (2002) relatarem a utilização de uma adaptação do procedimento de Touchette
(1971) parece haver pouca semelhança entre os dois procedimentos.
12
classe presumida (B1, B2 e B3) e depois o treino do terceiro elemento (C1, C2 e C3). O
segundo e o terceiro elementos foram treinados separada e sequencialmente com o mesmo
procedimento, sendo cada um deles introduzido quando o participante atingia o critério no
treino do elemento anterior. Ao final do treino todos os nove estímulos foram apresentados
em ordem aleatória em um bloco.
Para testar a formação de classes de estímulos funcionais, Wirth & Chase (2002)
realizaram o treino de uma nova resposta para um membro de cada classe. Assim, um novo
treino de “reconhecimento da fala” foi feito com três novas sílabas, R4, R5 e R6 e seguido
por um novo treino no qual estas respostas foram reforçadas na presença de A1, A2 e A3,
respectivamente. Depois que os participantes atingiram o critério neste treino, de 22
tentativas corretas dentre 24 em três blocos consecutivos, o reforço foi sucessivamente
reduzido para 75%, 50%, 25% e 0% das tentativas. Em seguida, os estímulos A, B e C das
três classes foram apresentados em tentativas teste (sem a apresentação de reforço) para
verificar a ocorrência de “transferência de função” que, segundo os autores, seria evidência
de formação de classes de estímulos funcionais. Os resultados indicaram que houve
transferência de função apenas para um participante, sendo que os demais necessitaram de
treino adicional, após o qual foi realizado um segundo teste com resultados que os autores
consideraram como positivos para a formação de classes de estímulos funcionalmente
equivalente. É interessante notar que o treino inicial não foi suficiente para produzir
resultados positivos no teste que atestaria de formação de classes de estímulos.
Tyndall, Roche & James (2004) utilizaram um procedimento de matching to sample
(MTS) para treinar discriminações condicionais entre estímulos e realizar testes que
demonstrassem as relações de equivalência entre estímulos de classes funcionais
estabelecidas por meio de discriminações simples sem reversões. Em seu estudo, Tyndall,
Roche & James (2004), tiveram 57 estudantes como participantes, e seu objetivo foi obter
dados que indicassem se a função comportamental do estímulo no comportamento operante
- ou seja, se um estímulo com função discriminativa ou delta - favoreceria, dificultaria ou
não influenciaria a formação de classes de equivalência envolvendo tais estímulos. Este
estudo teve três fases.
13
Na primeira, um procedimento de discriminação simples sem reversões foi usado para
estabelecer seis sílabas sem sentido como estímulos discriminativos (S+) e outras seis como
estímulos delta (S-). Os S+ foram denominados arbitrariamente, pelos experimentadores,
estímulos A1, B1, C1 e A3, B3, C3 e os S-, A2, B2, C2 e A4, B4, C4. Em cada tentativa
desta fase eram apresentados dois estímulos simultaneamente, um S+ e o outro S-, na tela
de um computador. Se o participante clicasse com o mouse no estímulo S+, era apresentada
a palavra “correto” na tela, e se clicasse no estímulo S- era apresentada a palavra
“incorreto”. Nessa Fase 1, 90 tentativas foram repetidas duas vezes. Este bloco de 180
tentativas foi dividido em duas partes, denominadas pelo experimentador Parte 1 e Parte 2.
Cada uma dessas partes consistia da apresentação de 18 tipos diferentes de tentativas
repetidos cinco vezes em uma ordem aleatória. Assim, havia nove pares formados com
estímulos positivos pertencentes à presumida classe 1 e estímulos negativos pertencentes à
presumida classe 2 e nove pares formados com estímulos positivos pertencentes à
presumida classe 3 e estímulos negativos pertencentes à presumida classe 4 repetidos cinco
vezes em cada uma das “partes”. O critério para o término dessa fase foi, no mínimo,
quatro entre cinco respostas corretas em cada um dos 18 tipos de tentativas na Parte 2.
Tyndall, Roche & James (2004) não realizaram teste para verificar a formação de
classes de estímulos funcionais, devido ao objetivo deles ter sido treinar estímulos
discriminativos e deltas e posteriormente verificar se a produção dessas presumidas classes
interferiria em treinos e/ou testes posteriores nos quais estes estímulos estavam presentes.
Assim, relatam apenas que todos os participantes atingiram rapidamente o critério para a
finalização da fase de treino de função e que este serviu para estabelecer duas classes
funcionais com seis estímulos em cada uma: A1, B1, C1 e A3, B3, C3 como S+, e A2, B2,
C2 e A4, B4, e C4 como S-.
Em seguida, teve início a segunda fase, denominada de treino de matching to sample,
que foi realizada para que fosse ensinado aos participantes relações condicionais entre
estímulos e para que posteriormente (fase seguinte) pudesse ser testada a formação de duas
classes de estímulos equivalentes com três membros cada uma.
Os participantes foram, então, divididos em quatro grupos e cada um destes foi exposto
a uma, entre quatro, condições experimentais. Em cada uma dessas condições, o
14
procedimento de matching to sample foi utilizado para ensinar relações A-B e B-C com os
estímulos apresentados na primeira fase. A diferença entre as condições consistia nos
estímulos utilizados como modelo e comparação. A primeira condição, atribuída ao
primeiro grupo de participantes, chamada de condição S+ pelos experimentadores, utilizou
como estímulos modelo e comparação todos os S+ (seis) e as relações entre estímulos
treinadas foram A1B1, A3B3, B1C1 e B3C3 para formar duas classes de estímulos com
três membros, A1B1C1 e A3B3C3. Na segunda condição (com o segundo grupo), chamada
de condição S+/S-, foram utilizados três S+ e três S- como modelos e comparações. As
relações treinadas e as duas classes formadas foram, respectivamente, A1B1, A4B4, B1C1,
B4C4 e A1B1C1/A4B4C4. A terceira condição, condição S+/S- misturados, difere da
anterior por utilizar os S+ e os S- como modelo e comparação, em uma ordem aleatória,
treinando as relações A1B1, A4B4, B1C4, B4C1 e as classes a serem formadas seriam:
A1B1C4/A4B4C1. E, finalmente, na quarta condição (quarto grupo), condição S-, todos os
estímulos, modelo e comparação, eram estímulos S-, sendo as relações treinadas A2B2,
A4B4, B2C2, B4C4 e as classes formadas A2B2C2 e A4B4C4.
Concomitante a esses grupos, nesta segunda fase, havia também o grupo controle.
Neste grupo os participantes foram expostos à mesma condição do grupo S+, mas os
participantes não passaram pela primeira fase (discriminação simples).
O critério para o término dessa fase foi um mínimo de três respostas corretas dentre os
quatro tipos de tentativas possíveis (75%) e 12 respostas sucessivas finais corretas, sendo
que em todas as quatro condições e no grupo controle, os participantes foram expostos a
blocos de tentativas até que atingissem o critério de término da fase.
Os resultados da segunda fase (treino de MTS) mostraram que todos os participantes de
todos os grupos experimentais e do grupo controle atingiram o critério de desempenho
dentro de no máximo 9 blocos, com os participantes do grupo S+/S- misturados
apresentando o melhor desempenho por atingirem o critério durante o primeiro bloco (que
em decorrência disso foi o primeiro e único apresentado).
Em seguida, a terceira fase, que teve por objetivo verificar a formação das classes de
equivalência sendo então constituída pelos testes de equivalência. O procedimento utilizado
neste teste foi muito semelhante ao da fase anterior (treino de matching to sample), exceto
15
por nenhum feedback, ou seja, conseqüência diferencial ter sido fornecido aos participantes
nesta fase de teste. Este teste tinha por objetivo verificar a emergência das relações A-C e
C-A entre os estímulos em blocos de 16 tentativas, sendo que os quatro tipos de tentativas
eram repetidos quatro vezes cada um numa ordem quase-randômica. O critério para o
término dessa fase foi o mesmo da fase de treino de MTS.
Com relação aos resultados da terceira fase (teste de equivalência), 44 dos 50
participantes formaram classes de equivalência dentro de 10 blocos de tentativas teste. Dois
participantes do grupo S+, tiveram desempenhos que não indicaram relações emergentes de
transitividade e de simetria e transitividade combinadas, e o mesmo ocorreu com três
participantes do grupo S+/S- misturados, e um participante do grupo controle. Nos grupos
S+/S- e grupo S- todos os 10 participantes tiveram desempenhos que indicaram simetria,
transitividade e equivalência entre os estímulos dentro de no máximo seis blocos. No
entanto, os autores ressaltaram que não foi possível afirmar com certeza se os participantes
da condição S+/S- realmente formaram classes de estímulos equivalentes ou se
simplesmente separaram os estímulos positivos e negativos em grupos funcionais por
escolherem os estímulos comparação da mesma classe do modelo.
Vale ressaltar que Tyndall et al (2004) não usaram nenhum procedimento específico
no treino de discriminação simples como Sidman et al (1989) e Wirth & Chase (2002) que
relatam a utilização de adaptações do procedimento de Touchette (1971).
Touchette (1971), interessado em promover controle discriminativo e trabalhando
com pessoas com desenvolvimento atípico introduziu um procedimento de treino de novas
discriminações, usando discriminações já estabelecidas que permitiria identificar o
momento no qual ocorria a transferência de controle de estímulos de um conjunto de
propriedades de estímulo para um segundo conjunto. Na Fase 1, para estabelecer uma linha
de base de controle de estímulos, três adolescentes institucionalizados com
desenvolvimento atípico foram ensinados a responder diferencialmente a uma chave
iluminada com a cor vermelha que foi apresentada simultaneamente ao lado de uma chave
branca. Uma tentativa era iniciada quando as chaves eram iluminadas e finalizadas quando
o participante apertava um dos botões abaixo das chaves. Respostas à chave vermelha
(respostas corretas) eram reforçadas com a entrega de fichas que caíam de um dispensador
16
e respostas à chave branca (respostas incorretas) tinham como conseqüência apenas a
finalização da tentativa.. Esta fase foi finalizada quando todos os participantes atingiram o
critério de 10 respostas corretas em 10 tentativas consecutivas nas discriminações vermelho
vs branco.
Na Fase 2, os participantes foram submetidos a um novo treino: duas formas foram
convencionadas como S+ e como S-, respectivamente a letra E deitada com as pernas
apontadas para baixo e para cima. Na primeira tentativa de cada série de apresentações,
constituída de 32 tentativas, o S+ era sobreposto à cor vermelha. Uma resposta correta
(tocar no estímulo S+) afetava a tentativa seguinte, adiando o aparecimento da cor
vermelha em 0,5 segundo. Dessa maneira, na tentativa seguinte a uma resposta correta
ambas as letras E (S+ e S-) eram apresentadas em fundos brancos e depois de 0,5 segundo a
cor vermelha era adicionada a chave correta. Desta tentativa em diante cada resposta
correta adicionava mais 0,5s ao tempo que decorria antes do aparecimento da cor vermelha
na chave na qual estava sendo apresentada a forma S+. Respostas incorretas finalizavam
uma tentativa e reduziam o tempo decorrido entre o início da tentativa e o aparecimento da
cor em 0,5s na tentativa subseqüente.
Na Fase 3, foi realizado um treino de reversão utilizando o procedimento descrito
acima, mas com cada sessão consistindo de duas séries de tentativas com duas diferentes
contingências de discriminação: a primeira estabelecida de acordo com o treino realizado
na Fase 2 e a segunda com as contingências do treino revertidas. Havia uma pausa de 2 min
entre cada duas séries que foram apresentadas em seqüência em uma única sessão. Foram
conduzidas várias sessões nesta fase até que os desempenhos dos participantes foram
considerados estáveis.
Os resultados mostraram que os participantes quase não cometeram erros desde as
primeiras tentativas e que depois de algumas delas passaram a responder à dimensão forma
antes que a cor fosse apresentada e, assim, foi possível observar o medir o momento no
qual o controle de estímulos foi transferido de uma dimensão do estímulo (cor) para a outra
(forma).
Uma replicação sistemática do procedimento de Touchette (1971) foi realizada por
Bonito (2005), com o objetivo de desenvolver um procedimento que pudesse ser útil no
17
estudo do processo envolvido na discriminação e que auxiliasse na verificação a respeito do
procedimento de treino produzir um responder sob controle da seleção do S
D
e/ou da
exclusão do S
Δ
. Tendo como participantes seis crianças de 4 a 5 anos foi utilizado um
programa de computador que apresentava pares de estímulos em diferentes posições ao
redor de um central.
O procedimento de Bonito (2005) contou com cinco fases: pré-treino e quatro fases
experimentais. O pré-treino teve por objetivo possibilitar que os participantes se
familiarizassem com o procedimento e nas tentativas dessa fase o par de estímulos
apresentado aos participantes foi um quadrado branco e quadrado vermelho e qualquer
resposta (cliques com o mouse nos quadrados) era seguida por conseqüências que
sinalizavam acerto. Encerrado o pré-treino foi iniciada a Fase 1 na qual foram apresentados
um quadrado pintado com a cor amarelo, convencionado como S
D
e outro com a cor azul
convencionado como S
Δ
. Respostas de clicar com o mouse no quadrado convencionado
como S
D
eram consequenciadas com um som e com a apresentação, na tela do computador,
de balões e de pontos numa barra localizada na parte inferior desta, e respostas de clicar
com o mouse no S
Δ
tinham como conseqüências programadas a tela escurecida e a
reapresentação da mesma configuração de estímulos após um intervalo entre tentativas. A
Fase 1 foi encerrada quando os participantes atingiram o critério de 1 bloco (constituído de
12 configurações de estímulos que variavam segundo a localização dos estímulos) com pelo
menos 90% de acertos. Encerrada esta fase, teve início a Fase 2 que foi idêntica às Fases 3
e 4 exceto pelos pares de estímulos que eram diferentes. Nestas fases, na primeira tentativa
de cada bloco os estímulos convencionados como S
D
e S
Δ
(símbolos arbitrários da fonte
Wingdings) foram sobrepostos aos S
D
e S
Δ
estabelecidos na primeira fase, cores amarelo e
azul respectivamente. Uma resposta correta – escolha do S
D
– nessa primeira tentativa tinha
as mesmas conseqüências de respostas corretas na Fase 1 e afetava a tentativa seguinte,
postergando a sobreposição das cores em 5 segundos para 3 participantes e em 10 segundos
para os outros 3. Respostas incorretas - cliques no S
Δ
- encerravam a tentativa e a mesma
configuração de estímulos era apresentada na tentativa seguinte com a sobreposição das
cores aos novos estímulos. Na segunda tentativa, após uma primeira tentativa com acerto,
ambos os estímulos arbitrários eram apresentados novamente e as cores eram sobrepostas
18
após a decorrência de 5 ou 10 segundos. Se o participante respondesse corretamente, na
tentativa seguinte esta sobreposição era atrasada em mais 5 ou 10 segundos. Se o
participante respondesse incorretamente na tentativa subseqüente repetia-se exatamente a
configuração anterior e o tempo para o aparecimento da cor era diminuído em 5 ou 10
segundo. O critério para o término dessas fases foi um mínimo de 90 % de acertos em um
bloco.
Atingido o critério de discriminação em cada uma dessas fases foram apresentadas 6
tentativas teste. Em três delas, o estímulo estabelecido como S
D
na respectiva fase era
apresentado simultaneamente com um estímulo novo – diferente dos anteriores - e nas
outras três o S
Δ
era apresentado com um outro estímulo novo. As tentativas teste foram
apresentadas em ordem aleatória e em extinção.
De acordo com os resultados do treino discriminativo foi possível verificar que os
participantes aprenderam as discriminações quase sem erro, alcançando o critério na
apresentação no primeiro bloco de tentativas da maioria dos pares de estímulos e os
resultados dos testes sugeriram, para 4 dos 6 participantes, controle pela escolha do S
D
e
pela exclusão do S
Δ
, evidenciados pela escolha quase sistemática dos participantes do S
D
quando apresentado com o estímulo novo e do estímulo novo quando apresentado com o
S
Δ
.
Tendo em vista os resultados dos trabalhos apresentados até aqui é possível afirmar-se
que outros procedimentos, além de extensos treinos de matching to sample, parecem
promover o estabelecimento de classes de estímulos que podem ser chamadas de classes de
estímulos equivalentes e de classes de estímulos funcionalmente equivalentes, como é o
caso do procedimento de séries de pares de discriminação simples com seguidas reversões
testado por Vaughan (1988) e por Sidman, Wynne, Maguire & Barnes (1989). Do mesmo
modo, estudos como o de Wirth & Chase (2002) e o de Tyndall, Roche & James (2004)
indicam que há relações que merecem ser estudadas entre treino discriminativo (e o
conseqüente estabelecimento de função de estímulo discriminativo / estímulo delta para
determinados estímulos) e a formação de classes de estímulos equivalentes ou funcionais
(funcionalmente equivalentes).
19
O trabalho de Touchette (1971) e de Bonito (2005), que envolvem um treino
discriminativo em que pares de estímulos são tornados S+ e S- a partir de discriminações
já estabelecidas com muito poucas tentativas e praticamente sem erros sugerem a
possibilidade de que um treino que envolva apenas discriminações simples, sem reversão e
que produza estímulos discriminativos para respostas específicas, estabelecendo estímulos
S+ ou S- em pares, possam produzir classes de estímulos equivalentes testadas com
procedimentos de discriminação condicional.
Assim, no presente trabalho o procedimento descrito por Bonito (2005) foi utilizado
para estabelecer discriminações simples entre 3 pares de estímulos e então se testou se tal
procedimento de discriminação simples, sem reversões (baseado em Touchette, 1971)
permitiria o estabelecimento de relações condicionais entre a série de estímulos S
D
e entre a
série de S
Δ
.
20
MÉTODO
Participantes
Seis crianças entre 6 e 7 anos de idade, sendo três do sexo feminino e três do sexo
masculino participaram desta pesquisa. As crianças foram recrutadas numa escola
particular localizada na cidade de São Paulo. A escolha das crianças foi feita pela diretora
tendo como critério a idade e sexo.
Os pais assinaram um termo de consentimento informado, autorizando a
participação de seus filhos nesse estudo (Anexo 1). O projeto foi aprovado pelo comitê de
ética da PUC-SP.
Equipamento e Material
Foi utilizado um software, desenvolvido por Renato Inamine, especialmente para
este estudo. O software controlou a apresentação dos estímulos e fez os registros
necessários.
Esse software foi operado em um lap top com mouse .
Um conjunto de brinquedos, tais como, bonequinhas, carrinhos e bichinhos foram
usados como prêmios dados aos participantes ao final das fases nas sessões experimentais.
Situação de coleta de dados
As sessões ocorreram numa sala de aproximadamente 20m², que foi preparada de
modo a garantir a menor distração possível ao participante. A sala estava mobiliada com
uma mesa e cadeiras apenas.
O participante e o experimentador sentavam-se lado a lado nas cadeiras em frente à
mesa na qual estava o computador e o experimentador permanecia na sala durante toda a
sessão.
Procedimento
O presente experimento teve um pré-treino e seis fases: (1) treino discriminativo dos
conjuntos de estímulos denominados A, B e C, (2) treino discriminativo dos três conjuntos
com 100% de reforço e 50% de reforço, (3) treino de discriminação condicional AD, (4)
21
teste de relações emergentes, (5) treino de discriminação condicional AE e teste de relações
entre estímulos, e (6) agrupamento de estímulos em cartões.
1. Pré-treino do uso do equipamento
Antes do início do treino discriminativo propriamente dito foi feito um treino de uso
do equipamento para familiarizar a criança com o computador e manuseio do mouse.
Para tanto, o participante sentava-se na sala experimental, com o experimentador ao
seu lado, e diante do computador ligado era convidado a clicar com o mouse sobre um de
dois quadrados (de 6cm de largura) existentes na tela do computador. A cada clique seguia-
se a apresentação de balões que subiam pela tela e de um som.
Esse treino era encerrado quando o participante clicava o mouse sem hesitação
sobre um dos quadrados em três tentativas.
2. Fase 1: treino discriminativo dos conjuntos de estímulos A, B e C
a) instruções
Encerrado o pré-treino do uso do equipamento, o participante recebia as seguintes
instruções:
Você vai participar de um jogo no computador no qual poderá ganhar pontos e
trocá-los por prêmios. Os prêmios são esses brinquedos [O experimentador
levava o participante a um canto da sala onde estavam os brinquedos e
mostrava ao participante], mas você só poderá escolher alguns deles quando o
jogo terminar [o experimentador, então, guardava os brinquedos e voltava com
o participante para a cadeira diante do computador].
O jogo começa quando este som tocar [tocava o som]. Então aparecerão na
tela duas figuras. Você deverá escolher uma figura clicando com o mouse
sobre ela e, se for a figura certa, você ganhará pontos. Sempre que você
acertar a figura, ouvirá um desses sons [tocava-se esses sons], aparecerão
balões na tela e essa árvore aqui ao lado vai crescer mostrando que você
estará ganhando pontos [mostra-se a árvore]. Você entendeu? Vamos tentar?
Apresentavam-se, então, tentativas com dois estímulos de teste - dois quadrados das
cores laranja e amarelo em posições que mudavam aleatoriamente a cada tentativa. Ao final
22
de cada tentativa o experimentador anunciava para a criança: “Viu? Você agora acertou! ou
Você agora errou! Tente novamente”. Quando a criança acertava duas tentativas
consecutivas era iniciado o treino discriminativo.
b) estabelecimento de discriminações simples simultâneas
b.1. os estímulos, sua localização na tela e as tentativas
No treino discriminativo foram estabelecidas, separadamente, discriminações de três
pares de estímulos, denominados conjuntos A, B e C. O primeiro par, conjunto A, foi
formado pelos estímulos vermelho e azul e os conjuntos B e C, por estímulos da fonte
Wingdings. Em todos os conjuntos, um dos estímulos pertencia à classe designada 1 e o
outro, à classe designada 2 (ver Tabela 1). Para metade dos participantes os estímulos
positivos (S+) foram os estímulos pertencentes à classe 1 e os estímulos negativos (S-), à
classe 2. Para a outra metade dos participantes foi estabelecido o inverso.
Tabela 1. Estímulos utilizados nos treinos e testes
Conjuntos de Estímulos Classe 1 Classe 2
A
Vermelho (cor) Azul (cor)
B
C
D
Uma tentativa consistiu da apresentação dos dois estímulos dentro de dois
quadrados de 6cm de lado. Cada quadrado era constituído por uma linha preta de 1mm de
espessura, e os quadrados eram separados um do outro por 3cm de distância.
Figura 1. Representação esquemática das cinco possíveis localizações dos estímulos. Na fase de treino
discriminativo os estímulos estavam localizados em dois dos quatro quadrados ao redor do central. A parte
lateral representa a árvore de pontos. O participante só via os quadrados em que estavam os estímulos a cada
tentativa.
23
A cada tentativa cada quadrado com o respectivo estímulo podia estar localizado em
uma de quatro posições, ao redor de um quadrado central (ver Figura 1).
b2. o procedimento de treino discriminativo
O treino discriminativo de cada par de estímulos foi distribuído em blocos de 12
tentativas (sem considerar as tentativas de pré-treino). Em um bloco de treino a posição dos
estímulos em cada tentativa era distribuída aleatoriamente entre quaisquer dois dos quatro
quadrados externos possíveis (não eram apresentados estímulos no quadrado do centro
nessa fase). Assim sendo, do ponto de vista da posição dos estímulos na tela havia 12
possíveis configurações para um par de estímulos. Cada configuração é aqui chamada de
uma tentativa, e o conjunto de configurações possíveis para um par de estímulos (12) é
chamado de um bloco (ver Figura 2).
a b c d e f
g h i j l m
Figura 2. Representação esquemática das 12 possíveis configurações de estímulos, que em seqüência
aleatória formaram um bloco de tentativas (os preenchimentos representam os estímulos de um par).
Uma tentativa era iniciada com apresentação na tela de dois estímulos de um
conjunto (ou par de estímulos). Simultaneamente à apresentação dos estímulos soava um
som por 1 segundo, sinalizando o início da tentativa. O participante usava o mouse para
escolher um dos estímulos, ou seja, clicava sobre um deles. Uma resposta de clicar foi
definida como posicionar o cursor do mouse dentro das bordas de um dos quadrados e
pressionar qualquer dos botões do mesmo. Qualquer clique fora dos quadrados era ignorada
pelo programa do computador.
24
Os estímulos continuavam presentes na tela até que o participante clicasse sobre um
deles.
Toda resposta de clicar sobre o estímulo pertencente à classe estabelecida como
positiva era considerada correta e tinha como conseqüência a apresentação de um entre dois
sons, de balões coloridos que subiam pela tela e do acréscimo de pontos (ou melhor, do
crescimento de uma árvore colorida localizada na parte direita da tela). Em seguida, havia
um intervalo entre tentativas, IET, de 4s, durante o qual a tela ficava totalmente branca.
Decorrido este período uma nova tentativa, com outra configuração de estímulos, era
iniciada.
Uma resposta de clicar sobre o estímulo pertencente à classe estabelecida como
negativa era considerada incorreta e tinha como conseqüência o desaparecimento dos
estímulos, seguido do IET e da mesma configuração de estímulos na tentativa seguinte
(tentativa de correção).
Em síntese, o par de estímulos que estivesse sendo alvo de treino era apresentado
em cada uma das 12 posições possíveis em ordem aleatória, em blocos de pelo menos 12
tentativas. Quando havia erro a configuração era repetida, aumentando assim o número de
tentativas naquele bloco. O treino discriminativo de um par de estímulos era encerrado
quando o participante atingia o critério de 90% de acertos em um bloco. Se ao final de um
bloco o critério não tivesse sido atingido, o bloco era repetido.
O treino foi iniciado com os estímulos do conjunto A: quadrados com as cores
vermelho (A1) e azul (A2).
Encerrado o treino do conjunto A, foram treinadas as novas discriminações,
conjuntos B e C, sucessivamente.
Na primeira tentativa do treino de cada um dos pares de estímulos B e C, os
estímulos (B1 e B2, ou C1 e C2) apareciam com as cores (estímulos do conjunto A)
sobrepostas a eles; por exemplo, para os três participantes cujo treino discriminativo foi a
cor vermelha estabelecida como S+ e cor azul, como S-, a cor vermelha foi apresentada no
mesmo quadrado no qual estava o novo estímulo a ser estabelecido como S+ e a cor azul
foi apresentada no mesmo quadrado no qual estava o novo estímulo a ser estabelecido
como S-. A Figura 3 representa um exemplo dessa sobreposição.
25
Figura 3. Representação esquemática de uma tela com estímulos sobrepostos (cinza escuro
representa a cor azul e o cinza claro a cor vermelha).
Eram consideradas respostas corretas cliques no S+, que tinham as mesmas
conseqüências de respostas corretas especificadas acima (apresentação de um som, de
balões, do acréscimo de pontos seguido pelo IET e por uma nova tentativa com uma nova
configuração de estímulos). Além dessas conseqüências, respostas corretas modificavam a
tentativa seguinte, acrescentando 5s – contados desde o início da tentativa, ou seja, da
apresentação do par de estímulos - ao aparecimento da sobreposição das cores sobre os
estímulos. Se o participante clicasse sobre o S+ antes da sobreposição a resposta também
era considerada correta e a tentativa era encerrada antes que ocorresse a sobreposição.
Eram consideradas respostas incorretas cliques no S-, que tinham como
conseqüências o IET e apresentação da mesma configuração de estímulos na tentativa
seguinte. Além disso, o tempo decorrido desde o início da tentativa seguinte até a
sobreposição das cores sendo diminuído em 5 segundos.
Cada vez que o participante atingia o critério de 90% de acertos em um bloco de 12
tentativas, sem a apresentação dos fundos coloridos, era encerrado o treino discriminativo
para o par de estímulos e iniciado o treino discriminativo do par seguinte.
Esse procedimento foi seguido até que o participante tivesse atingido o critério para
todos os três pares de estímulo (conjuntos). Entre o término de um conjunto e o início do
outro havia a troca dos pontos pelos brinquedos.
3. Fase 2: treino discriminativo dos três conjuntos com 100% e 50% de tentativas
reforçadas
Encerrado o treino discriminativo dos três pares de estímulos iniciava-se a Fase 2,
que consistiu de blocos de tentativas com 4 apresentações de cada um dos três pares de
26
estímulos treinados, em ordem aleatória, sendo todas as tentativas com respostas
consideradas corretas reforçadas.
Quando pelo menos 90% das tentativas do bloco eram reforçadas antes do
aparecimento da sobreposição de cores, re-apresentava-se um bloco mixado de 12
tentativas, no qual apenas 50% das tentativas consideradas corretas eram reforçadas. Esta
etapa se encerrava quando havia pelo menos 90% de acertos em um bloco de 12 tentativas.
Sendo assim, nessa fase também eram apresentados blocos de no mínimo 12
tentativas, com os estímulos em 12 posições diferentes, mas cada bloco era composto dos
três pares de estímulos (A, B e C).
Antes do início da Fase 2 eram dadas novas instruções aos participantes:
Agora o computador nem sempre avisará se você acertou.
4. Registros nas fases 1 e 2
Nas fases 1 e 2 eram registrados, pelo computador, em cada tentativa: a disposição
dos estímulos (quadrado clicado/escolhido pela criança), o tempo decorrido entre o início
da tentativa e a resposta de clicar em um dos quadrados e, quando acontecia, o momento –
desde o início da tentativa- da sobreposição de cores sobre os estímulos presentes na tela.
Ao final de cada uma destas duas fases, ou de blocos de tentativas os pontos obtidos
pelos participantes eram trocados pelos brinquedos.
5. Fase 3: treino de discriminação condicional AD
Em seguida foi realizado um treino de discriminação condicional AD. Neste treino
um novo par de estímulos, denominado conjunto D, composto dos estímulos D1 e D2 (ver
Figura 1), foi relacionado, mediante reforçamento diferencial, aos estímulos A1 e A2,
respectivamente.
a) instruções dadas aos participantes
Ao retornar ao computador, o participante recebia novas instruções:
Agora o jogo vai ficar um pouco diferente. Ele recomeça quando este som
tocar [tocava-se o som]. Então vai aparecer uma figura no meio da tela. Você
deve clicar sobre ela e com isso vão aparecer outras duas figuras [mostrava-se
para a criança]. Você deve, então, escolher a figura que vai com a do meio
27
[mostrava-se para a criança]. Você ganhará pontos todas as vezes que acertar.
Você entendeu? Vamos tentar?
Apresentava-se, então, uma tentativa de teste, na qual se fazia um matching
arbitrário. Como estímulo modelo apresentava-se um de dois estímulos/quadrados com uma
de duas cores - diferentes daquelas usadas nas fases 1 e 2 - e como estímulos comparação
dois estímulos/quadrados com outras duas cores sendo que a um estímulo modelo
correspondia um estímulo comparação correspondente/correto. Quando o participante
acertava duas tentativas consecutivas era iniciado o treino da Fase 3.
b) as tentativas
Cada tentativa era iniciada com a apresentação de um estímulo do conjunto A (A1
ou A2) como estímulo modelo, no quadrado central da tela (ver Figura 1). Após um clique
do participante nesse estímulo, os dois estímulos do conjunto D eram apresentados como
estímulos comparação em quaisquer 2 dos 4 quadrados ao redor do quadrado central. Esta
configuração, apresentando um estímulo modelo e dois estímulos comparação, definia uma
tentativa. Em todas as tentativas o estímulo modelo correspondia a um dos estímulos
comparação, considerado correto. Assim, quando o estímulo modelo era A1, o estímulo
comparação correto era D1 e o estímulo comparação incorreto era D2 (tentativa
denominada A1D1) e quando o estímulo modelo era A2, o estímulo comparação correto era
D2 e o estímulo comparação incorreto era D1 (tentativa denominada A2D2).
Um bloco de tentativas também era formado por, no mínimo, 12 tentativas, sendo 6
apresentações de cada configuração possível com um estímulo modelo e dois estímulos
comparação. Os estímulos comparação eram apresentados nas 12 posições possíveis (ver
Figuras 2 e 3) de maneira aleatória.
Figura 4. Representação esquemática de uma configuração de estímulos na Fase 3: treino de
discriminação condicional AD. No quadrado central está representado o estímulo modelo e nos quadrados
laterais os estímulos comparação.
28
A Figura 4 representa um exemplo de uma configuração de estímulos em uma
tentativa desta fase, quando o participante já tinha emitido a resposta que produzia a
apresentação dos estímulos comparação.
Todas as respostas corretas e incorretas eram seguidas pelas mesmas conseqüências
do treino discriminativo: a apresentação de um som, dos balões, crescimento da árvore
(indicando o acúmulo de pontos); o intervalo entre tentativas (4s), e a apresentação de uma
nova tentativa. Cada resposta incorreta era seguida pelo intervalo de 4s e pela
reapresentação da mesma configuração da tentativa precedente.
Na Tabela 2 são apresentadas as duas configurações de estímulos modelo e
comparação apresentadas nesta fase.
Tabela 2. As duas possíveis configurações de estímulos modelo e comparação que formavam um bloco
de tentativas na fase de treino de discriminação condicional. Cada linha representa uma tentativa possível
com um estímulo modelo (centro) e dois estímulos comparação (laterais). Cada configuração foi apresentada
6 vezes. A posição dos estímulos comparação variava aleatoriamente nos 4 quadrados laterais.
Estímulos-comparação
corretos
Estímulos-modelo
Estímulos-comparação
incorretos
Vermelho
Azul
Quando o participante atingia 90% de acertos no bloco, o treino de discriminação
condicional AD era encerrado. Caso o participante não atingisse esse critério de acertos, o
bloco de 12 tentativas era reapresentado.
6. Registros na Fase 3
Na Fase 3 eram registrados, pelo computador, em cada tentativa: a disposição dos
estímulos (estímulos comparação correto e incorreto), o tempo decorrido entre o início da
tentativa e a resposta de clicar em um dos estímulos comparação, se a escolha foi correta ou
não e se houve reforço ou não.
Ao final desta Fase ou dos blocos de tentativas os pontos obtidos pelos participantes
eram trocados pelos brinquedos.
29
7. Fase 4: testes de relações emergentes entre estímulos
Esta fase teve por objetivo verificar se o treino discriminativo de pares de estímulos
e o treino de matching que estabeleceu a relação AD levariam à emergência de relações
condicionais entre os estímulos: tendo sido treinadas relações entre um membro de cada
classe e um novo par de estímulos, procurou-se verificar se emergiriam relações
condicionais entre os demais estímulos das classes 1 e 2. Para tanto, o mesmo procedimento
de apresentação de estímulos da fase de discriminação condicional foi utilizado, na
primeira etapa desta fase.
7.1. Teste das relações emergentes BC, BD, DB, DC e AB, AC, BA, BC, CA, CB
No primeiro teste de relações emergentes entre estímulos foram apresentados 3
blocos de 21 tentativas, cada um deles. Cada bloco era composto de 15 tentativas de teste –
nas quais não havia conseqüências diferenciais para o responder - e 6 tentativas de treino –
nas quais as mesmas conseqüências diferenciais para acerto e erro das fases anteriores eram
programadas.
a) tentativas teste (sem a apresentação de reforço)
oito tentativas com os estímulos dos conjuntos B ou C e os estímulos D, como
estímulos modelo ou comparação. Essas tentativas tinham por objetivo verificar se,
após o treino discriminativo e o treino de pareamento de estímulos DA (D1A1 e
D2A2) emergiriam, sem uma história de reforçamento diferencial, as relações entre
estímulos BD, (B1D1 e B2D2), CD (C1D1 e C2D2), DB (D1 B1 e D2B2) e DC
(D1C1 e D2C2);
seis tentativas com os estímulos estabelecidos como S- nas Fases 1 e 2 apresentados
como estímulos modelo. Essas tentativas tinham por objetivo verificar se os estímulos
estabelecidos como S- (S
Δ
) nas fases de treino discriminativo seriam relacionados uns
com os outros, sugerindo a formação de uma classe de estímulos. Assim, foram
apresentadas tentativas em que todos os três estímulos estabelecidos nas fases de
treino como S- (S
Δ
) foram apresentados como estímulos modelo e nas quais todos os
pares de estímulos apresentados no treino discriminativo (Fases 1 e 2) foram
apresentados como estímulos comparação o que possibilitaria verificar a emergência
30
do estabelecimento relações entre estímulos: A2B2, A2C2, B2A2, B2C2, C2A2 e
C2B2 para metade dos participantes ou A1B1, A1C1, B1A1, B1C1, C1B1 e C1A1
para a outra metade.
uma tentativa com os estímulos do conjunto D em dois dos quadrados laterais
(formato de discriminação simples). Essa tentativa teve por objetivo verificar como
os participantes responderiam diante dos estímulos do conjunto D, uma vez que um
desses estímulos havia sido pareado com o estímulo estabelecido como S+ na fase de
treino discriminativo e o outro com o estímulo que foi estabelecido como S-.
b) tentativas treino (com a apresentação de reforço):
seis tentativas com os estímulos dos conjuntos A, B e C – duas com cada par de
estímulos - que eram iguais as tentativas de treino da Fase 1 (sem a sobreposição de
cor). Quando ocorria uma resposta considerada incorreta numa dessas tentativas esta
era reapresentada até que o participante escolhesse o estímulo correto. Estas
tentativas foram inseridas para intercalar tentativas reforçadas entre as tentativas teste
sem a apresentação de reforço.
Entre todas as tentativas havia um IET de 4s. Nesta fase a árvore não estava mais
presente na tela (não houve mais acúmulo de pontos). As tentativas treino corretas eram
consequenciadas com a apresentação de um dos sons (das tentativas corretas das fases 1, 2
e 3) e dos balões.
7.2 Registros na Fase 4
Na Fase 4 eram registrados, pelo computador, em cada tentativa: a disposição e
configuração dos estímulos, o tempo decorrido entre o início da tentativa e a resposta de
clicar em um dos quadrados, se a resposta foi de acordo com o esperado ou não, se havia
reforço programado (no caso das tentativas treino) ou não (no caso das tentativas teste), se
o reforço programado havia ocorrido ou não.
31
8. Fase 5: treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre
estímulos
Esta fase teve por objetivo verificar a formação de relações entre estímulos a partir
do treino discriminativo. Para tanto, a fase foi dividida em duas etapas, a primeira delas de
treino e a segunda de um teste propriamente dito.
a) instruções dadas aos participantes
Antes do início da etapa de treino as seguintes instruções foram dadas aos
participantes:
Agora o jogo vai ficar diferente de novo. As cores aparecerão na tela do
computador uma de cada vez. Você deverá clicar nelas e aparecerão os
números 1 ou 2 ao lado de cada uma delas. Você deverá escolher um deles. O
computador dirá se está certo ou errado. Vamos ver como é?
b) treino
Na tela aparecia somente um quadrado com um dos estímulos A (cores) presentes
no treino discriminativo (estímulo A da classe 1 ou da classe 2). Um clique no estímulo
fazia aparecer mais dois quadrados ao lado deste, (estímulos E) um deles com o número 1 e
outro com o numero 2. Um clique em um dos números finalizava a tentativa com a
apresentação de um dos sons e dos balões, não importa o número clicado.
Nas tentativas seguintes eram reforçadas as respostas em que o participante clicava
no mesmo número (E1 ou E2) escolhido na primeira tentativa diante da mesma cor (A1 ou
A2) da primeira tentativa e nas tentativas em que o participante clicava no outro número
diante da outra cor. Esta etapa se encerrava – e o participante podia escolher brinquedos -
quando o participante clicava 3 vezes em um número diante de uma das cores e 3 vezes no
outro número diante da outra cor.
Foram consideradas respostas incorretas cliques no número que já tinha sido
escolhido diante da outra cor quando a segunda cor era apresentada. Estas tentativas tinham
como conseqüência IET de 4s e a reapresentação da tentativa.
32
O programa registrava o número escolhido diante de cada estímulo e o tempo
decorrido desde a apresentação dos números até a resposta do participante.
c) teste de relações entre estímulos
Um dos estímulos dos conjuntos B, C e D era apresentado no centro da tela e, como
no treino, um clique no estímulo fazia aparecer os estímulos E (números 1 e 2) ao seu lado.
O clique em qualquer dos números era seguido apenas pelo IET de 4 segundos. Cada um
dos estímulos B, C e D foi apresentado uma vez, em uma seqüência aleatória
O programa registrou o número escolhido diante de cada estímulo e o tempo
decorrido entre a apresentação dos números e a resposta do participante.
9. Fase 6: agrupamento de estímulos em cartões
Nessa última etapa eram apresentados ao participante 6 cartões de cartolina (8cm
de lado), cada um deles com o desenho de um dos estímulos dos conjuntos B, C e D.
O participante recebia a seguinte instrução:
Agora para acabar o jogo você deve formar grupos com estes desenhos da
maneira que você quiser.
O participante então organizava os cartões em grupos, da maneira como quisesse.
Terminada esta tarefa, o participante ganhava mais um brinquedo, a pesquisadora
registrava por escrito o modo como havia sido feita a organização dos estímulos, agradecia
a participação e encerrava-se o procedimento.
10. Resumindo
A Tabela 3 apresenta um resumo esquemático de todo o procedimento, destacando
as relações treinadas e testadas entre os estímulos para os participantes.
33
Tabela 3. Representação esquemática do procedimento.
Participantes
PA, PLe, PLu PN, PV, PY PA, PLe, PLu, PN, PV, PY
Fase Relações treinadas Relações testadas
A1= S+/ A2=S- A1=S- /A2=S+
B1= S+ /B2=S- B1= S-/ B2=S+ ----------------
1
Discriminação simples
C1=S+/C2=S- C1=S-/C2=S+
A1,B1,C1= S+/ A1,B1,C1= S-/
2 Discriminação simples: 100% e 50% de SR
A2,B2,C2= S- A2,B2,C2= S+
----------------
3 Discriminação condicional AD A-D ----------------
A1= S+/ A2=S- A1=S-/ A2=S+ BD, DB, CD, DC
B1= S+/ B2=S- B1= S-/ B2=S+ AB-, AC-, BA-, BC-, CA-, CB-
4 Relações emergentes
C1=S+/ C2=S- C1=S-/ C2=S+ D1/D2
5 Discriminação condicional AE e teste de
relações entre estímulos
A-E BE, CE, DE
6 Agrupamento de estímulos em cartões
-------------------
Agrupamento das classes pré-
estabelecidas 1 e 2
34
RESULTADOS
Os resultados serão descritos separadamente para cada um dos participantes para
ressaltar os desempenhos individuais. Para cada participante serão apresentados os
resultados das fases de treino e testes na ordem em que ocorreram.
1. Participante A
1A. Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
A Figura 5 mostra o desempenho de PA no treino de discriminação simples
simultânea (Fase 1). Cada painel corresponde ao treino de um par de estímulos. O
desempenho do participante em cada tentativa é indicado pelas colunas. As respostas
corretas (diante de S
D
) estão indicadas pelas colunas brancas e a altura das colunas
indica o tempo decorrido desde o início da tentativa até a resposta do participante. No
treino dos conjuntos B e C havia, em algumas tentativas, a sobreposição dos estímulos
A: a linha preta, nos painéis correspondentes, indica o momento em que ocorreria, a
cada tentativa a sobreposição das cores, assim, quando a linha se encontra em algum
ponto da coluna, o ponto indica o momento em que a sobreposição ocorreu, ou seja, que
as cores já estabelecidas como S
D
e S
Δ
foram apresentadas juntamente aos estímulos
naquela tentativa. Os pontos da linha fora da coluna indicam que naquela tentativa não
houve sobreposição de cor e sua localização sugere o momento em que a cor seria
apresentada, caso o participante não tivesse respondido até então. As letras e os
números no eixo horizontal indicam, respectivamente, a configuração dos estímulos - a
posição em que foram apresentados os estímulos - e a seqüência das tentativas.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
EALMDHBG I FCJ
123456789101112
0
2
4
6
8
10
12
14
16
LHIBMAJEFCGD
123456789101112
0
2
4
6
8
10
12
14
16
IBLJGFCHDEMA
123456789101112
S
D
S
Δ
Fase 1
Estímulos C
Estímulos A Estímulos B
Figura 5. Desempenho do participante A no treino de discriminação dos pares A, B e
C. Colunas brancas indicam respostas corretas (S
D
),
as colunas hachuradas, as respostas
incorretas (S
Δ
) e
os números no eixo horizontal indicam a ordem das tentativas.
Posição/Tentativa
35
É possível observar, pela Figura 5, que o participante não cometeu nenhum erro
no bloco de tentativas do treino discriminativo do conjunto A (cores). A resposta da 1ª
tentativa teve uma latência maior do que as demais (16s) e no decorrer das tentativas
houve uma tendência de diminuição desse tempo.
Nos blocos de treino discriminativo dos estímulos dos conjuntos B e C, como
mostram o 2º e 3º painéis, também não houve erros e a sobreposição das cores ocorreu
apenas na 1ª e 2ª tentativas, havendo também com relação a estes estímulos uma
diminuição no tempo entre o aparecimento do estímulo e a resposta do participante no
decorrer das tentativas, embora no treino do par de estímulos C tenham aumentado entre
a 10ª e a 12ª tentativa houve um aumento no tempo de resposta do participante. Nesse
momento da fase (entre a 10ª e a 12ª tentativa) foi registrado pela pesquisadora
verbalizações do participante como “A árvore está quase chegando lá em cima” e “ Já
sei qual brinquedo eu vou pegar agora” o que fez com que o participante demorasse
mais para responder aumentando um pouco a latência das respostas dessas tentativas.
A Figura 6 representa o desempenho de PA na Fase 2, quando os estímulos dos
3 conjuntos foram apresentados em um mesmo bloco. Para uma melhor visualização do
desempenho de PA, a Figura 6 apresenta as tentativas com cada conjunto de estímulos
separadamente. Como mostra a Figura 6, o desempenho de PA permaneceu sem erros,
com o tempo de resposta apresentando uma tendência de estabilidade, mas diminuindo
do bloco com 100% das tentativas reforçadas para o bloco com 50% de tentativas sem
reforço.
Fase 2
bloco 2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
AFGBLMEJDCIH
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MCBJ I HALGFDE
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
bloco 1
S
D
S
Δ
Figura 6. Desempenho do participante A na Fase 2 de treino discriminativo com a
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
reforço, respectivamente. Colunas brancas indicam respostas corretas (diante de S
D
),
as
colunas hachuradas, as respostas incorretas (diante de S
Δ
) e
os números no eixo horizontal
indicam a ordem das tentativas.
Posição/Tentativa
36
A Figura 7, na qual se apresenta o desempenho de PA na Fase 3 – treino de
discriminação condicional - também foi construída ordenando-se as colunas pelos
estímulos – aqui pelos estímulos modelo - e, como indicado, houve apenas um erro, na
2ª tentativa (na qual o participante “escolheu” o mesmo estímulo que escolhera na
tentativa anterior, com êxito).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
23578111314691012
treino a1 d1 treino a2 d2
Tentativas/Relações treinadas
Tempo (s)
Figura 7. Desempenho do participante A no treino de discriminação condicional, relação
AD. Colunas brancas indicam respostas corretas (diante de S
D
),
as colunas hachuradas, as
respostas incorretas (diante de S
Δ
),os números no eixo horizontal indicam a tentativa.
1B. Testes de relações emergentes
Na Figura 8 se apresenta o desempenho de PA nos testes de relações emergentes
(Fase 4): cada painel apresenta o desempenho diante de uma relação de estímulos e cada
coluna representa o desempenho na tentativa em cada um dos 3 blocos de teste.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tem
p
o
(
s
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tem
p
o
(
s
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
S
D
S
Δ
Fase 3
Fase 4
relação esperada
relação não esperada
Blocos de testes/Relações testadas
Figura 8. Desempenho do participante PA nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
como modelo e comparação. O eixo horizontal indica os blocos e relações testadas (o estímulo
modelo é indicado primeiro). As colunas brancas representam respostas a estímulos comparação
da mesma classe que os estímulos modelo e as colunas hachuradas respostas a estímulos
comparação de classe diferente do estímulo modelo.
37
Como pode ser visto na Figura 8, todas as relações esperadas ocorreram e houve
diminuição ou estabilidade na latência das respostas do primeiro para o terceiro bloco
de relações testadas.
Na Figura 9 está representado o desempenho de PA na Fase 4, porém nas
tentativas em que os S- (S
Δ
) do treino discriminativo eram estímulo modelo, de maneira
que nestas tentativas respostas ao estímulo comparação que fora S- no treino
discriminativo foram consideradas indicadoras de discriminação condicional e
sugestivas de formação de classes de estímulos equivalentes, já que apenas um
responder condicional explicaria a escolha de um estímulo que durante o treino
discriminativo estivera associado com uma contingência de extinção, quando o estímulo
associado com contingência de reforçamento estava presente.
relação esperada
relação não esperada
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
a2 b2 a2 c2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b2 a2 b2 c2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c2 a2 c2 b2
Tempo (s)
Fase 4
Blocos de testes/Relações testadas
Figura 9. Desempenho do participante A nas tentativas teste com os S
Δ
como estímulos
modelo.
Como pode ser visto nesta Figura (Figura 9), em todas as tentativas PA
respondeu de acordo com o esperado (diante de um estímulo que havia sido
estabelecido como S
Δ
na fase de treino discriminativo quando um outro S
Δ
da fase de
treino foi apresentado como estímulo modelo).
O último tipo de tentativa teste da Fase 4 foi a tentativa que apresentou os
estímulos do conjunto D (que na Fase 3 foram pareados com os estímulos do conjunto
A) num formato de discriminação simples. O desempenho de PA nestas tentativas está
representado na Figura 10 e como se pode ver, PA respondeu ao estímulo D pareado
com S- na Fase 3 nas duas primeiras tentativas (blocos 1 e 2). No entanto, como mostra
a Tabela 4, que apresenta, para cada bloco, a seqüência de tentativas, este resultado
pode ser efeito da seqüência de tentativas, uma vez que nos 1º e 2º blocos as tentativas
em que D1 e D2 foram apresentados (tentativas 9 e 8, respectivamente) foram
precedidas de tentativas de discriminação condicional em que S- era apresentado como
38
estímulo modelo e nas quais PA respondeu condicionalmente (escolhendo o S- ). Já no
3º bloco, quando PA escolheu D1 (estímulo correspondente a S+) a tentativa havia sido
precedida de tentativa de discriminação condicional (D1C1), na qual o responder
condicional implicava na escolha de estímulo associado com S+.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3
conjunto D
Tempo (s)
Figura 10. Desempenho do participante A nas tentativas teste de discriminação simples
com os estímulos do conjunto D.
Na Figura 11 está representado o desempenho de PA nas tentativas de treino
discriminativo apresentadas durante a Fase 4 – de testes e, como se pode ver, houve
vários erros nestas tentativas (dois na discriminação A1xA2 e 3 na discriminação
B1xB2).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tempo (s)
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2
tentativa
B1XB2
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2
tentativa
C1XC2
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Estímulo pareado com S
D
Estímulo pareado
com S
Δ
Fase 4
Fase 4
S
D
S
Δ
Figura 11. Desempenho do participante A nas tentativas treino apresentadas nos blocos da
Fase 4.
No entanto, o exame da Tabela 4, aqui também sugere que a seqüência de
tentativas e a mistura de tipos de tentativas pode ter contribuído para este desempenho.
Quatro dos 5 erros nas tentativas de treino ocorreram em tentativas que foram
precedidas de tentativas de discriminação condicional em que o responder condicional
implicava a escolha de estímulo que fora S- (ver Tabela 4) e o 5º erro ocorreu após
tentativa de discriminação simples (D1xD2) na qual o participante PA respondera
escolhendo D2, estímulo associado com A2, que fora S-.
39
Tabela 4. Tentativas nos três blocos de testes e treino na Fase 4 e desempenho do
participante PA. Nas caselas são apresentadas as relações testadas e o estímulo selecionado
pelo participante PA está em negrito. As tentativas em que houve resposta considerada errada
estão em cinza. Nas tentativas de discriminação simples o par de estímulos é separado por um x,
nas tentativas de discriminação condicional o primeiro estímulo representa o estímulo modelo e
os dois seguintes o par de estímulos comparação presentes na tentativa. A posição dos estímulos
não é indicada.
tentativa Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3
1 D1-B1B2 B1xB2 C2-A1A2
2 A1xA2 C1xC2 B2-D1D2
3 D2-C1C2 A2-B1B2 B1xB2
4 B1-D1D2 B2-D1D2 B1xB2
5 C1XC2 A1xA2 C1xC2
6 A2-B1B2 B2-A1A2 B2-C1C2
7 B1xB2 D2-C1C2 A1xA2
8 B1xB2 D1xD2 A1xA2
9 D1xD2 C2-D1D2 B2-A1A2
10 C2-D1D2 D2-B1B2 C2-C1D2
11 B1xB2 C2-B1B2 D1-C1C2
12 B2-A1A2 B1-D1D2 D1xD2
13 A2-C1C2 C2-A1A2 C1xC2
14 D1xD2 A1xA2 D2-B1B2
15 A1xA2 B2-C1C2 D2-C1C2
16 A1xA2 D1-C1C2 B1xB2
17 C2-A1A2 D1-B1B2 B1xB2
18 D1-C1C2 B1xB2 A1xA2
19 C1-D1D2 C1xC2 D1-B1B2
20 D2-B1B2 A2-C1C2 C1-B1B2
21 C2-B1B2 C1-D1D2 A2-B1B2
22 B2-D1D2 ----- C2-B1B2
23 C1XC2 ----- B1-D1D2
24 B2-C1C2 ----- A2-C1C2
1C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
O desempenho do participante PA na Fase 5 está representado na Figura 12.
Cada painel representa um bloco de tentativas. Em cada painel as colunas à esquerda da
linha representam as tentativas de treino e as colunas à direita da linha, as tentativas de
teste. As colunas representam as respostas em cada tentativa, sendo que as colunas
brancas indicam que o número escolhido pelo participante para o estímulo apresentado
na tentativa foi o 2 e as colunas hachuradas indicam que o número escolhido pelo
participante foi o 1. O eixo vertical mostra o tempo entre o aparecimento do estímulo e
a resposta e no eixo horizontal estão indicados as tentativas e os estímulos apresentados
em cada uma delas.
Em todos os testes há indicação da formação de classes de estímulos, pois PA
escolheu o mesmo número para todos os estímulos da classe 2 e o outro número para
todos os estímulos da classe 1.
40
0
2
4
6
8
10
12
14
16
135246346215
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
246135451632
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2356147426513
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino Teste
Estímulo E = número associado 2
Estímulo E = número associado 1
Fase 5
Tentativas/Estímulos
Figura 12. Desempenho do participante A no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
1D. Agrupamento de estímulos em cartões
O desempenho de PA nesta fase foi coerente com seu desempenho na fase
anterior, já que PA reuniu todos os estímulos B1, C1 e D1 em um grupo e os estímulos
B2, C2 e D2 em outro grupo de cartões.
2. Participante Le
2A. Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
O desempenho do participante Le no treino de discriminação simultânea dos
estímulos do conjunto A, B e C está representado na Figura 13. No bloco 1 (treino
discriminativo dos estímulos do conjunto A) PLe cometeu um erro na segunda tentativa,
e o tempo para resposta tendeu a diminuir no decorrer das tentativas deste bloco, como
no caso de PA.
Os desempenhos do participante Le nos treinos discriminativos dos estímulos B
(blocos 2 e 3) e C (blocos 4 e 5) foram muito semelhantes.
41
0
2
4
6
8
10
12
14
16
LMMHECDJ I AFGB
12345678910111213
Tempo (s)
Fase 1
Estímulos A
S
D
S
Δ
0
2
4
6
8
10
12
14
16
HHD I LMBGFCAJE
12345678910111213
Tempo (s)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
HD I LMBGFCAJE
123456789101112
Tempo (s)
Estímulos B
Estímulos B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
HELF I BADCJGM
123456789101112
Tempo (s)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
HELF I BADCJGM
123456789101112
Tempo (s)
Posição/Tentativa
Figura 13. Desempenho do participante Le no treino de discriminação dos pares A, B e C.
No treino dos estímulos B, na 1ª tentativa, Le respondeu ao S
Δ
e até a 4ª e 3ª
tentativas, dos treinos dos estímulos B e C, respectivamente, só respondeu após a
sobreposição dos estímulos A (sobre os estímulos B e C). Este desempenho levou a um
segundo bloco em ambos os casos, quando não houve erro ou sobreposição de cor.
Também no caso destes treinos o tempo decorrido desde o início da tentativa tendeu a
decrescer estabilizando-se em valores bastante baixos.
Estímulos C Estímulos C
bloco1
Fase 2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MEHAGBDJ LCF I
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MDEAGLCFBBJ IH
1234123412345
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
bloco2
S
D
S
Δ
Posição/Tentativas
Figura 14. Desempenho do participante Le na Fase 2 de treino discriminativo com a
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
reforço, respectivamente.
42
Na Fase 2 o participante Le continuou respondendo sempre ao S
D
, como
indicado na Figura 14, mas no bloco em que se estabeleceu reforçamento intermitente
houve um erro (conjunto C).
Já na Fase 3 - treino de discriminação condicional (Figura 15) -, o participante
Le cometeu 6 erros no primeiro bloco de tentativas, todos até a 11ª tentativa. No
segundo bloco apresentado, todas as tentativas foram consideradas corretas. Com
relação ao tempo de resposta, houve uma tendência de diminuição do primeiro para o
segundo bloco: a duração das tentativas oscilou entre 3s e 9s no primeiro bloco e entre
3s e 7s no segundo.
Fase 3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
3
4
5
6
10
13
14
16
1
2
7
8
9
11
12
15
17
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
236891114571012
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
bloco 2
bloco 1
S
D
S
Δ
Figura 15. Desempenho do participante Le no treino de discriminação condicional, relação
AD.
Tentativas/Relações ensinadas
2B. Testes de relações emergentes
A Figura 16 apresenta o desempenho do participante Le nas tentativas teste com
os estímulos dos conjuntos B, C e D como modelo ou comparação.
Como pode ser visto nesta Figura, em todas as tentativas que envolviam estímulos
da classe 1 Le parece ter respondido condicionalmente, mas o mesmo não ocorreu nas
tentativas que envolviam estímulos da classe 2, aqueles estabelecidos como S
Δ
no treino
discriminativo. Das 12 tentativas que envolviam estímulos da classe 2, o participante Le
respondeu em 8 delas diferentemente do esperado, mais ainda, em todas as 6 tentativas
em que os estímulos comparação eram os mesmos que participaram do treino
discriminativo da fase 1 (estímulo B e C) Le respondeu ao estímulo que fora
estabelecido como S+. Tal desempenho sugere fortemente que Le não respondeu a estes
testes como em uma discriminação condicional.
43
Fase 4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
Relação esperada
Relação não esperada
Figura 16. Desempenho do participante Le nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
como modelo e comparação.
Blocos de testes/Relações testadas
Deve ser levado em consideração também que houve certa variação do
responder do participante nessas tentativas com os estímulos da classe 2, pois ainda que
na maioria das tentativas ele não tenha respondido de acordo com a formação de classes
de estímulos, em algumas tentativas – no entanto, apenas os casos em que os estímulos
comparação eram D - o participante respondeu como se esperaria neste caso. Essa
variação no responder pode ser resultado dos testes serem em extinção ou podem ser
resultado de algum outro artefato do procedimento e não é possível afirmar, a partir
desses resultados a indicação de formação de classes de estímulos, a partir do treino
anterior.
Na Figura 17 está representado o desempenho de Le nas tentativas com os
estímulos S
Δ
da fase de treino como estímulo modelo e um dos estímulos comparação.
Nessas tentativas houve variação no responder do participante. Das 18 tentativas
apresentadas o participante Le respondeu de maneira considerada incorreta em 7
tentativas, sugerindo que seu responder estava sob controle da função discriminativa –
já estabelecida - dos estímulos. No entanto, Le respondeu como esperado em todas as
tentativas envolvendo as relações CA e CB, as duas em que o estímulo C2 foi
apresentado como estímulo modelo.
44
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
a2 b2 a2 c2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b2 a2 b2 c2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c2 a2 c2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3
conjunto D
Tempo (s)
Figura 17. Desempenho do participante Le nas tentativas teste com os S
Δ
como estímulos
modelo e comparação e de discriminação simples entre os estímulos D.
Nas tentativas teste com os estímulos do conjunto D, Le respondeu no primeiro
bloco ao estímulo D2, que tinha sido pareado a um S
Δ
na fase de treino, e nos blocos 2 e
3 ao estímulo D1, que tinha sido pareado a um S
D
na fase de treino.
Na Figura 18, vê-se que nas tentativas-treino mixadas aos testes, o participante Le,
diferentemente de participante A, cometeu apenas um erro, fortalecendo a hipótese de
que o controle pela função discriminativa dos estímulos, estabelecido na Fase 1
manteve-se durante esta Fase, no caso deste participante.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tempo (s)
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Figura 18. Desempenho do participante Le nas tentativas treino apresentadas nos blocos
de teste.
2C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
A Figura 19 apresenta o desempenho do participante Le na Fase 5.
S
D
S
Δ
Blocos de testes/Relações testadas
Fase 4
Fase 4
Relação esperada / estímulo pareado com S
D
Relação não esperada/ estímulo pareado com S
Δ
45
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2346157153642
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
136245325416
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
145236461235
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Estímulo E = número associado 2
Estímulo E = número associado 1
Treino Teste
Figura 19. Desempenho do participante Le no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
O desempenho do participante Le representado nesta Figura 19 indica que as
classes de estímulos 1 e 2, estabelecidas pelo experimentador, não se tornaram classes
de estímulos no sentido de controlar o responder do participante.
2D. Agrupamento de estímulos em cartões
Entretanto, neste teste o participante Le reuniu todos os estímulos da classe 1
num grupo e todos os estímulos da classe 2 num outro grupo de cartões.
Este desempenho sugere, mais uma vez, que o desempenho de Le manteve-se
como aquele estabelecido no treino discriminativo: nas tentativas de discriminação
simples Le parece ter sistematicamente selecionado os S+ e rejeitado os S-, e nas
tentativas de discriminação condicional Le continuou se comportando como em
tentativas de discriminação simples.
3. Participante Lu
3A. Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
A Figura 20 mostra o desempenho perfeito da participante Lu no treino com o
procedimento de discriminação simultânea (Fase 1). No treino dos estímulos A, Lu não
cometeu erros (desconsiderando-se a 1ª tentativa) e nos treinos B e C não houve erros e
houve sobreposição dos estímulos A apenas nas duas primeiras tentativas de cada bloco.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
DDHJGAEBLCMFI
12345678910111213
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MIJDECBFLHGA
123456789101112
0
2
4
6
8
10
12
14
16
GEABH I FCDMJ L
123456789101112
Figura 20. Desempenho da participante Lu no treino de discriminação dos pares A, B e C.
S
D
S
Δ
Fase 1
Estímulos A Estímulos B
Tentativas/Estímulos
Posição/Tentativas
Fase 5
Estímulos C
46
Na Fase seguinte, a participante Lu manteve um desempenho perfeito, quando os
pares de estímulos foram mixados entre as tentativas e com reforçamento intermitente
(ver Figura 21).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
FAJMHCIDGBEL
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
ELABMHFCDGI J
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Figura 21. Desempenho da participante Lu na Fase 2 de treino discriminativo com a
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
reforço, respectivamente.
Também na Fase 3, a participante Lu manteve-se respondendo com um
desempenho sem erros mesmo no treino de discriminação condicional AD, como
mostra a Figura 22.
Já a duração das tentativas aumentou em relação às fases anteriores,
o que pode ser indicativo de uma tarefa de maior dificuldade.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
146810112357912
treino a1 d1 treino a2 d2
Figura 22. Desempenho da participante Lu no treino de discriminação condicional,
relação AD.
Fase 2
bloco 1 bloco 2
Fase 3
Posição/Tentativas
Tentativa/Relações ensinadas
S
D
S
Δ
S
D
S
Δ
3B. Testes de relações emergentes
Após esse desempenho perfeito nas fases de treino, a participante Lu teve
resultados positivos em todos os testes, exceto em uma tentativa dos testes envolvendo
os estímulos D (ver Figura 23, tentativa D1C1, no primeiro bloco), em duas tentativas
dos testes envolvendo S- (ver 3º bloco da Figura 24, tentativas A2B2, C2A2) e uma
tentativa de discriminação simples D1xD2 (ver Figura 24) ainda que o tempo decorrido
antes que a participante Lu respondesse às configurações de estímulos tenha variado
bastante nas tentativas de testes de relações emergentes.
47
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
Figura 23. Desempenho da participante Lu nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
como modelo e comparação.
Fase 4
Blocos de testes/Relações testadas
Relação esperada
Relação não esperada
Como houve apenas uma resposta diferente daquela esperada quando da
formação de classes de estímulos equivalentes (que ocorreu no bloco 3) nas tentativas
com os estímulos do conjunto D como modelo ou comparação, pode ser levantada a
hipótese de que tal resposta tenha ocorrido em função das tentativas teste terem sido
realizadas sem reforçamento (variação do responder em decorrência da extinção).
Na Figura 24 são representados os demais resultados de testes da Fase 4:
discriminação condicional envolvido estímulos delta como estímulos modelo e
discriminação simples do ar de estímulos D.
48
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
a2 b2 a2 c2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b2 a2 b2 c2
Tempo (s)
Fase 4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
c2 a2 c2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3
conjunto D
Tempo (s)
Relação esperada/ Estímulo pareado com S
D
Relação não esperada/Estímulo pareado
comS
Δ
Figura 24. Desempenho da participante Lu nas tentativas teste com os S
Δ
como estímulos
modelo e de discriminação simples entre os estímulos D.
Mesmo nos testes que envolveram os S- e nos testes de discriminação simples
(estímulos D) os erros ocorreram sempre nos 3
os
blocos, mais uma vez sugerindo a
possibilidade de um efeito do procedimento de extinção nessas tentativas.
Houve apenas uma resposta considerada incorreta nas tentativas treino que foram
apresentadas entre as tentativas teste da participante Lu como indicado na Figura 25.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tem
p
o
(
s
)
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Blocos de testes/Relações testadas
Fase 4
S
D
S
Δ
Figura 25. Desempenho da participante Lu nas tentativas treino apresentadas nos blocos
de teste.
Esses resultados sugerem que o procedimento de treino produziu, neste caso, a
formação de duas classes de estímulos equivalentes (A1, B1, C1, D1 e A2, B2, C2, D2),
e também a função evocativa do estímulo D1 e a manutenção de um responder
discriminativo nos mesmos moldes do treino nas tentativas com configuração de
estímulos semelhante ao treino discriminativo.
49
3C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
Os desempenhos da participante Lu no treino de discriminação condicional AE e
nos testes posteriores da Fase 5 estão representados na Figura 26.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
136245625314
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
236145461253
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
245136614325
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
Tentativas/Estímulos testados
Fase 5
Estímulo E = número associado 2
Estímulo E = número associado 1
Figura 26. Desempenho da participante Lu no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
Como pode ser observado o desempenho da participante Lu nos testes foi
perfeito: a participante relacionou o número 1 (aqui chamado estímulo E1) aos
estímulos aqui designados como da classe 1 (A1, B1 e C1) e o estímulo E2 aos
estímulos da classe 2 nos três blocos de tentativas. Resultados que sugerem a expansão
das classes de estímulos 1 e 2, com o procedimento empregado.
3D. Agrupamento de estímulos em cartões
Este teste confirmou o resultado dos testes anteriores, já que a participante
reuniu num grupo os estímulos convencionados como da classe 1 e no outro grupo os
estímulos da classe 2.
4. Participante N
Vale relembrar que as classes de estímulos positiva e negativa foram trocadas
para a participante N e para os outros dois participantes (PV e PY),cujos desempenhos
serão descritos a seguir. Assim, a partir de agora a classe estabelecida como positiva foi
a classe 2 e a negativa a classe 1 (ver Tabela 1).
50
4A.Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
O desempenho da participante N foi irregular no início de sua exposição ao
procedimento para estabelecimento da primeira discriminação, como mostra a Figura
27.
No treino do conjunto A, de discriminação simultânea de cor, PN só passou a
responder consistentemente ao S
D
a partir da 6ª tentativa do 1º primeiro bloco. Nas
tentativas 7, 8 e 9, o tempo que a participante PN levou para responder às configurações
de estímulos foi mais alto do que o das tentativas seguintes deste bloco, que teve 15
tentativas. Antes de responder a esta última tentativa do 2º bloco, a participante
conversou com a pesquisadora (disse: “Falta pouco para árvore chegar lá em cima”) e
por isso demorou um pouco mais, cerca de 14s, para responder.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
GGAADDBCE JMLFH I
123456789101112131415
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
GADBCEJMLFH I
123456789101112
Tempo (s)
Fase 1
Estímulos A Estímulos A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
I FHLMGCDJAEB
123456789101112
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
HAEFJBCLGI DM
123456789101112
Tem
p
o
(
s
)
S
D
S
Δ
Estímulos C Estímulos B
Figura 27. Desempenho da participante N no treino de discriminação dos pares A, B e C.
Posição/Tentativas
A partir do segundo bloco de apresentação dos estímulos A, o desempenho de
PN (Figura 27) foi perfeito.
51
0
2
4
6
8
10
12
14
16
LGB I JFCEAHMD
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
FJBEHLCIGMDA
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
Figura 28. Desempenho da participante N na Fase 2 de treino discriminativo com a
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
reforço, respectivamente.
Nos blocos de estabelecimento das discriminações B e C, a participante PN foi
exposta à sobreposição dos estímulos A apenas nas duas primeiras tentativas.
Na Fase 2, de treino mixada e com tentativas sem reforçamento o desempenho
da participante PN se manteve perfeito, como indica a Figura 28.
Já no treino de discriminação condicional (Fase 3, Figura 29) a participante N
cometeu apenas um erro, na segunda tentativa, e seu tempo de resposta foi maior nessa
fase do que nas duas anteriores, variou entre 4s e 9s.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
23578111214691013
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
S
D
S
Δ
bloco 2
S
D
S
Δ
Fase 2
bloco 1
Fase 3
Figura 29. Desempenho da participante N no treino de discriminação condicional, relação
AD.
Tentativas/Relações ensinadas
4B. Testes de relações emergentes
Nas figuras 30 e 31 são apresentados os resultados das tentativas com os
estímulos do conjunto D como modelo e/ou comparação e com os estímulos delta como
modelo e comparação juntamente com os estímulos do conjunto D numa discriminação
simples, respectivamente.
52
Nos testes envolvendo os estímulos D o participante PN sistematicamente
acertou B2D2, mas por outro lado sistematicamente respondeu no S+ nas tentativas
B1D1, D1C1 e D1C1, respondendo inconsistentemente nas tentativas D2B2 e nas
tentativas C1D1 e C2D2. Esses resultados sugerem que o participante tendia a
responder no S+ (estímulos 2) e rejeitar o S- (estímulos 1), especialmente nas tentativas
em que os estímulos presentes no treino discriminativo (estímulos A, B e C) eram
estímulos comparação – o que sugere um controle sobre o responder do mesmo tipo
estabelecido na discriminação simples.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tempo (s)
Fase 4
relação esperada
relação não esperada
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
Blocos de testes/Relações testadas
Figura 30. Desempenho da participante N nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
como modelo e comparação.
Nas tentativas com os estímulos delta como modelo (Figura 31) o responder
variou entre respostas que aparentemente indicavam a formação de classes de estímulos
e respostas incompatíveis com essas classes. Nas tentativas A1B1 e A1C1 metade das
respostas foi de acordo com o esperado para a formação de classes de estímulos e a
outra metade não. Nas tentativas B1A1 e B1C1 todas as respostas indicavam a
formação de classes de estímulos e nas tentativas C1A1 e B1A1, 2 das 6 tentativas
indicavam a formação de classes de estímulos.
53
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
a1 b1 a1 c1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b1 a1 b1 c1
Tempo (s)
Fase 4
relação esperada/estímulo pareado com S
D
relação não esperada/estímulo pareado com S
Δ
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
c1 a1 c1 b1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3
conjunto D
Blocos de testes
Tempo (s)
Figura 31. Desempenho da participante N nas tentativasteste com os S
Δ
como estímulos
modelo e de discriminação simples com estímulos D.
Nas tentativas com os estímulos do conjunto D, num formato de discriminação
simples o participante PN respondeu ao estímulo que foi relacionado ao S
D
e apenas no
3º bloco o estímulo escolhido foi o pareado ao S
Δ
na fase de treino.
Poder-se-ia sugerir a hipótese de que a variabilidade induzida pela extinção
tivesse produzido tal desempenho já que nas tentativas treino (que eram reforçadas)
houve apenas um erro, como pode ser visto na Figura 38. No entanto, outra
possibilidade, talvez mais provável, tendo em vista especialmente o desempenho do
participante PN nas tentativas teste envolvendo os estímulos D e nas tentativas de treino
em discriminação simples: que o participante tenha tido seu responder controlado
fortemente pelo treino discriminativo inicial.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tempo (s)
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2
tentativa
B1XB2
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Blocos de testes/Relações testadas
Fase 4
S
D
S
Δ
Figura 32. Desempenho da participante N nas tentativas treino apresentadas nos blocos de
teste.
54
4C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
As respostas de PN são apresentadas na Figura 33.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
236145245631
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
246135645123
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
136245543216
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Tem
p
o
(
s
)
Treino Teste
Estímulo E = número associado 2
Estímulo E = número associado 1
Fase 5
Tentativas/Estímulos testados
Figura 33. Desempenho da participante N no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
No treino da relação AE e nos testes de relações emergentes da Fase 5, como era
de se esperar, a partir dos resultados dos demais testes não foram consistentes com a
suposição da formação de duas classes de estímulos, ou de sua expansão.
4D. Agrupamento de estímulos em cartões
Quando foi pedido a PN que formasse grupos com os cartões, o resultado foi o
seguinte:
Grupo 1: B1C1
Grupo 2: B2 D2
Grupo 3: C1 D1
Assim sendo, os resultados deste teste não são sequer coerentes com resultados
dos testes anteriores, tornando possível concluir que para a participante PN o treino
discriminativo – simples e condicional – que foi suficiente para garantir um bom
desempenho naquelas tentativas em que as relações treinadas entre estímulos eram
apresentadas, não foi, no entanto, condição suficiente para o estabelecimento de duas
classes de estímulos equivalentes, atestadas pela emergência de determinadas relações
entre estímulos.
55
5. Participante V
5A. Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
Os desempenhos do participante PV no treino de discriminação simples
simultânea dos estímulos do conjunto A (cores) e dos conjuntos B e C estão
representados na Figura 34.
Logo na 1ª tentativa PV escolheu S
D
, mas na 2ª cometeu um erro, pois respondeu
diante do S
Δ
. Após o intervalo a tentativa foi reapresentada, conforme havia sido
programado e PV demorou 47s para responder ao S
D
. Nas demais tentativas deste bloco,
que teve um total de 13, PV respondeu diante do S
D
, com um tempo entre o
aparecimento do estímulo e a resposta de 2s a 7s.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
LBBI JMFCGAHED
12345678910111213
Tempo (s)
Fase 1
Estímulos A
S
D
S
Δ
0
2
4
6
8
10
12
14
16
AACFHGLMI JED
123456789101112
Tempo (s)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
BACFHGLMI JEDB
12345678910111213
Tempo (s)
Estímulos B Estímulos B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
EBDCGAF IHLJM
123456789101112
Tempo (s)
Estímulos C
Posição/Tentativas
Figura 34. Desempenho do participante V no treino de discriminação dos pares A, B e C.
No 1º bloco de apresentação de estímulos B, o participante PV cometeu um erro,
também na 1ª tentativa. Na correção da tentativa e nas tentativas que se seguiram PV
56
teve um desempenho perfeito, ou seja, respondeu sempre diante do S
D
, mas até a 4ª
tentativa, PV respondeu corretamente após o aparecimento da cor.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
HGCBFAEJDMI L
123412341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
LJIBHGACDMEF
123412341234
16
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
bloco 1 bloco 2
Fase 2
S
D
S
Δ
Figura 35. Desempenho do participante V na Fase 2 de treino discriminativo com a
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
eforço, respectivamente.
los C PV não cometeu nenhum erro, esperando pelo
apareci
r
No segundo bloco não houve erros ou sobreposição de cor e no bloco de
apresentação dos estímu
mento da cor apenas na 2ª tentativa, encerrando esta fase no final do bloco.
A Figura 35 apresenta o desempenho de PV na Fase de treino discriminativo
mixado, que foi perfeito.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2 3 4 5 8 9 12 14 1 6 7 10 11 13
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
Fase 3
S
D
S
Δ
Figura 36. Desempenho do participante V no treino de discriminação condicional, relação
AD.
ometeu apenas dois erros, consecutivos, na mesma configuração de estímulos, levando
Na Fase seguinte, de treino de discriminação condicional AD (Figura 36), PV
c
17,5s para responder diante da 2ª apresentação. O tempo que PV levou para responder
diante das configurações de estímulos apresentadas nessa fase foi maior do que na fase
anterior.
57
5B. Testes de relações emergentes
Todos os tipos de tentativas-teste da Fase 4 estão representadas nas Figuras 37 e
38.
mpenho de PV nas tentativas teste destas fases. Com exceção de uma tentativa da
relação
Como pode ser visto nessas Figuras, há forte evidência de formação de dado o
dese
C1D1 (Figura 37) e uma tentativa da relação A1B1, (ver Figura 38) – vale
lembrar que os estímulos 1 foram S
Δ
para este participante, nas fases 1 e 2 -, ambas no
primeiro bloco, em todas as demais tentativas PV respondeu de acordo com o esperado
pela suposição de formação de classes de estímulos equivalente.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tempo (s)
relação esperada
relação não esperada
Fase 4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
Figura 37. Desempenho do participante V nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
mo modelo e comparação.
espondeu escolhendo o estímulo correlacionado com outro estímulo que adquirira no
treino d
Blocos de testes/Relações testadas
co
Também nas tentativas de discriminação simples D1 x D2, o participante V
r
iscriminativo função de S+ (ver último painel da Figura 38).
58
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
a1 b1 a1 c1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b1 a1 b1 c1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c1 a1 c1 b1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3
conjunto D
Tempo (s)
ura 38. Desempenho do participante V nas tentativas teste com os S
Δ
como estímulos
odelo e nas tentativas de discr ímulos D.
ndo ao S
D
, com um
desemp
Fig
m iminação simples com os est
Finalmente, nas tentativas treino da Fase 4 (ver Figura 39), que foram
apresentadas entre as tentativas teste, PV continuou sempre responde
enho que sugeriu a formação de duas classes de estímulos equivalentes e a
extensão da função discriminativa de um dos estímulos D pelo pareamento com um
estímulo A.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tempo (s)
B1XB2
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Figura 39. Desempenho do participante V nas tentativas treino apresentadas nos blocos
de teste.
5C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
á que PV relacionou
com um mesmo número os estímulos A1, B1, C1 e D1 e com o outro número os
Como pode ser visto na Figura 40, há forte evidência de formação de duas
classes de estímulos e de sua extensão, incluindo os elementos E, j
Relação esperada / estímulo pareado com S
D
Relação não esperada/ estímulo pareado com S
Δ
S
D
S
Δ
Fase 4
Blocos de testes/Relações testadas
Fase 4
59
estímulos A2, B2, C2 e D2, com exceção de uma tentativa no primeiro bloco de
apresentação dos estímulos.
Fase 5
0
2
4
6
8
10
12
14
16
135246563412
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
235146564312
16
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
10
12
14
235146165423
2
4
6
8
16
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2
Treino Teste
Figura 40. Desempenho do participante V no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
Estímulo E = número associado
Estímulo E = número associado
2
1
Tentativas/Estímulos
5D. Agrupamento de estímulos em cartões
O resultado do teste com cartões corrobora os resultados dos testes anteriores,
ma vez que PV reuniu num mesmo grupo os estímulos A1, B1, C1 e D1 e num outro
grupo A
s de estímulos com relações entre estímulos semelhantes a
aquelas
6A. Treino discriminativo dos conjuntos A, B e C, treino discriminativo dos três
u
2, B2, C2 e D2.
Pelos resultados dos testes é possível dizer que, após os treinos descritos
anteriormente, PV passou a responder aos estímulos de maneira que falamos na
formação de duas classe
que chamamos de classes de estímulos equivalentes, e que, , o quarto elemento
da classe (estímulo D) assumiu função de S+ ou S- semelhante aos estímulos treinados
como tal e que possivelmente a classe de estímulos se estendeu para 5 elementos com a
inclusão dos estímulos .
6. Participante Y
conjuntos e treino de discriminação condicional AD
ho da participante Y no treino de discriminação simultânea de cor
i perfeito como indicado na Figura 41.
O desempen
fo
60
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MAJDGLC I HFEB
123456789101112
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
Fase 1
16
CIAGJBDHELFM
123456789101112
Tempo (s)
Estímulos A Estímulos B
S
D
S
Δ
0
2
4
6
8
10
12
14
16
EL LBHMGGDF I JAC
1234567891011121314
Tempo (s)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
ELBHMGDF I JAC
123456789101112
Tempo (s)
Estímulos C Estímulos C
mpenho da participan e discriminação dos pares A, B e C.
i
Posição/Tentativa
Figura 41. Dese te Y no treino d
A participante Y não cometeu nenhum erro no treino do conjunto A e fo
exposta a duas sobreposições de cor sobre os estímulos B e a 3 sobre os estímulos C.
PY foi submetida a dois blocos de treino dos estímulos C porque cometeu dois erros.
Fase 2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
FGJ I I CMDEHALB
1234512341234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
HM I DL LEGA J BFC
1234123451234
conjunto A conjunto B conjunto C
Tem
p
o
(
s
)
bloco 1 bloco 2
S
D
S
Δ
Figura 42. Desempenho da participante Y na Fase 2 de treino discriminativo com a
entada na Figura 42), a participante Y cometeu dois erros
ocos de tentativas
para al
apresentação de todos os conjuntos de estímulos com 100% (bloco 1) e 50% (bloco 2) de
reforço, respectivamente.
Na Fase 2 (repres
apenas, na 4ª apresentação do conjunto A no primeiro bloco mixado e na 1ª
apresentação do conjunto B do bloco com redução na taxa de reforço.
Já na Fase 3 (Figura 43), PY necessitou da apresentação de 2 bl
cançar o critério de desempenho estabelecido para finalizar a fase de treino da
discriminação condicional AD, uma vez que no primeiro bloco PY cometeu 6 erros.
61
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1
4
5
7
9
14
15
16
17
2
3
6
8
10
11
12
13
18
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
135710112468912
treino a1 d1 treino a2 d2
Tempo (s)
igura 43. Desempenho da particip iminação condicional, relação
O tempo que PY levou para responder aos estímulos também variou entre as
6B. Testes de relações emergentes
F ante Y no treino de discr
AD.
tentativas deste bloco, ficando entre 2s e 9s. No segundo bloco desta fase, não houve
erros, entretanto, o tempo de resposta foi mais alto do que no bloco anterior, ficando
entre 4s e 12s.
Nas tentativas com os estímulos D como modelo ou comparação (representadas
na Figura 44) PY não cometeu erros nas tentativas C2D2 e D2B2, e cometeu menos
erros nas tentativas B2D2 e D2C2 que nas tentativas B1D1 e C1D1. Das 12 tentativas
envolvendo os estímulos da classe 1, estímulos S- ou pareados com S- nas fases de
treino, PY escolheu os estímulos 1 (corretos) em apenas 4, enquanto que das 12
tentativas que envolveram estímulos da classe 2 (S+ ou pareados com S+ nas fases de
treino), em 10 delas PY escolheu estímulos da classe 2. Isso significa que tendo um
estímulo S
D
ou um S
Δ
no quadrado central (estímulo modelo) PY tendia a escolher o
estímulo comparação que foi um S
D
-
ou pareado com S
D
independentemente do
estímulo apresentado como estímulo modelo.
S
D
S
Δ
Fase 3
bloco 1 bloco 2
Tentativas/Relações ensinadas
62
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
b1 d1 b2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
c1 d1 c2 d2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 b1 d2 b2
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
d1 c1 d2 c2
Tempo (s)
Figura 44. Desempenho da participante Y nas tentativas teste com os estímulos B, C e D
como modelo e comparação.
Nas tentativas, da Fase 4, com S
Δ
como estímulos modelo e estímulos
comparação (representadas na Figura 45) o desempenho de PY foi inconsistente, pois
escolheu o S
D
em 7 das 18 tentativas.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
a1 b1 a1 c1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1bloco 2bloco 3bloco 1bloco 2bloco 3
b1 a1 b1 c1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 1 bloco 2 bloco 3
c1 a1 c1 b1
Tempo (s)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
bloco 1 bloco 2 bloco 3
conjunto D
Tem
p
o
(
s
)
Figura 45. Desempenho da participante Y nas tentativas teste com os S
Δ
como estímulos
modelo e de discriminação simples com os estímulos D.
Relação esperada /Estímulo pareado com S
D
Relação não esperada/ Estímulo pareado
com S
Δ
Fase 4
Fase 4
Blocos de testes/Relações testadas
Blocos de testes/Relações testadas
Relação esperada
Relação não esperada
63
Nas tentativas com os estímulos do conjunto D, um contexto de discriminação
simples PY escolheu D1 (que foi pareado com
S
Δ
na Fase 4) uma vez e D2 duas vezes.
Nas tentativas treino (Figura 46), que foram misturadas com as tentativas teste, o
desempenho de PY não foi sistemático e PY cometeu 6 erros que envolveram estímulos
A, B e C.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
A1XA2 1ª
tentativa
A1XA2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
Tempo (s)
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
B1XB2 1ª
tentativa
B1XB2 2ª
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2
tentativa
C1XC2 2ª
tentativa
C1XC2 1ª
tentativa
C1XC2
tentativa
bloco 1 bloco 2 bloco 3
(vazio)
S
D
S
Δ
Fase 4
Figura 46. Desempenho da participante Y nas tentativas treino apresentadas nos blocos de
teste.
Uma análise da seqüência das tentativas das fases de teste, sugere que os erros
não podem ser atribuídos à ordem das tentativas, o que é coerente com os resultados
mais geral nos testes de PY, que indicam um forte controle sobre o responder pela
presença de estímulos que se tornaram discriminativos - ou foram pareados com S+ -nas
fases de treino iniciais.
6C. Treino de discriminação condicional AE e teste de relações entre estímulos
que atestariam – parcialmente - a expansão da classe de estímulos
O desempenho de PY nos testes que envolveram os estímulos E (representado na
Figura 47) não demonstra evidências de formação de classes de estímulos ou de sua
extensão.
64
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2456137436152
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino
Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
234568179134256
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino Teste
0
2
4
6
8
10
12
14
16
246135143562
A1 A2 B1 C1 D1 B2 C2 D2
Treino Teste
Figura 47. Desempenho da participante Y no treino de discriminação condicional AE e
teste de relações entre estímulos.
No 1
o
bloco de testes PY respondeu como se A1, B1, B2, C1, C2 fossem de uma
mesma classe de estímulos e A2, D1, D2 fossem de outra, no 2
o
bloco como se B1, C1
D2 compusessem uma classe B2, C2, D1 e, finalmente, no 3
o
bloco como se A1, B1,
C1, e C2 estivessem em uma classe.
6D. Agrupamento de estímulos em cartões
Nesta fase o desempenho do participante PY foi o seguinte: Grupo 1: B2 e C1;
Grupo 2: B1 e D2; Grupo 3: D1 e C2.
É interessante notar que PY formou três grupos de estímulos compostos de S+ e
S-, mas de diferentes pares.
Tentativas/Estímulo
Fase 5
Estímulo E = número associado 2
Estímulo E = número associado 1
68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
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Behavior, 78, 397-408.
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69
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Tomonaga, M. (1999). Establishing Functional Classes in a Chimpanzee (Pan Troglodytes)
with a two-item sequencial–responding procedure. Journal of Expeirmental Analysis of
Behavior, 72, 57-79.
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Journal of Experimental Analysis of Behavior, 15, 347- 354.
Tyndall, I. T.; Roche, B. & James, J. E. (2004). The Relations Between Stimulus Function
and Equivalence Class Formation. Journal of Expeirmental Analysis of Behavior, 81,
257 – 266.
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experimental Psychology: Animal Behavior Processes, 14, 36 – 42.
Wirth, O & Chase, P. N. (2002). Stability of functional equivalence and stimulus
equivalnce: Effects of baseline reversals. Journal of Expeirmental Analysis of
Behavior, 77, 29-47.
70
ANEXO
FOLHA DE AUTORIZAÇÃO DOS PAIS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
TERMO DE CONSENTIMENTO
Senhores Pais ou Responsáveis,
Meu nome é Maria Paula Montans, sou mestranda do curso de pós-graduação
em psicologia experimental. Estou realizando uma pesquisa que estudará o desempenho
de crianças numa tarefa num computador através de um programa especialmente
desenvolvido para esse fim.
Peço que autorize a colaboração de seu(sua) filho(a) que consistirá na
participação em uma sessão de aproximadamente 30 min durante a qual ele(a) realizará
a tarefa no computador.
As crianças, que participarem dessa pesquisa, receberão brinquedos pela
colaboração.
Sua autorização será outorgada mediante a sua assinatura abaixo.
A identidade de seu (sua) filho(a) será preservada e as informações obtidas serão
utilizadas apenas para fins acadêmicos e científicos.
Eu,___________________________________________________ autorizo meu
(minha) filho (a) a participar da pesquisa de Maria Paula Montans. Declaro que li todas
as informações descritas acima.
______________________ _____________
Assinatura Data
Endereço para contato com a pesquisadora: Rua João Ramalho, nº 301.
Telefone: XXXX-XXXX celular:XXXX-XXXX
Livros Grátis
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