Nogara, T. F. (2005). Alterações ambientais dependentes e independentes da reposta:
uma investigação dos efeitos de contigüidade versus contingência. Dissertação de
Mestrado. Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do
Comportamento. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Orientador (a): Tereza Maria de Azevedo Pires Sério
Linha de Pesquisa: processos básicos na análise do comportamento
RESUMO
Os efeitos da apresentação independente das respostas de um sujeito de eventos
ambientais bem estabelecidos como reforçadores têm sido investigados sob duas
diferentes perspectivas. Para uma delas, a liberação não contingente desses eventos
pode resultar na seleção acidental de respostas. O efeito em questão foi chamado de
superstição e o procedimento, de reforçamento acidental. Sob uma outra perspectiva, a
apresentação de estímulos independentemente do responder pode levar a uma
dificuldade de aprendizagem quando uma nova contingência é apresentada. O efeito
comportamental observado foi chamado de desamparo aprendido e o procedimento, de
incontrolabilidade. Tem sido sugerido que o intervalo de tempo entre a apresentação
não contingente do estímulo e as respostas dos sujeitos pode desempenhar um papel
importante na produção desses efeitos. O objetivo do presente estudo foi investigar: (a)
os efeitos de diferentes durações de um estímulo sonoro aversivo sobre o intervalo de
tempo entre o seu término e a resposta precedente; (b) os efeitos desses diferentes
intervalos sobre o responder dos participantes; e (c) os efeitos de diferentes arranjos
experimentais (dependente, independente e dependente com atraso) sobre o desempenho
dos participantes numa nova contingência de fuga. Para isso, 50 participantes foram
distribuídos em seis grupos: contingente (CON), acoplado não contingente (ANC), não
contingente (NC), contingente com atraso (CA) e controle. Quatro desses 5 grupos
foram submetidos a duas fases experimentais: treino e teste. No treino, cada grupo
passou por uma contingência diferente: ao grupo CON era dada a possibilidade de
escapar do estímulo aversivo; o grupo ANC recebia os mesmos sons (mesma ordem e
duração) que os participantes do grupo CON, mas não podiam escapar dos mesmos; o
grupo NC experienciou sons com a duração de 5s durante toda a fase de treino e não
podia desligá-los; o grupo CA podia fugir dos sons, mas a emissão da resposta de fuga
iniciava um atraso que era determinado pelo intervalo entre o término do som e a
resposta precedente, para o grupo NC. O grupo controle não passou pela fase de treino.
No teste, todos os participantes podiam escapar dos sons por meio de uma nova resposta
de fuga. Como resultado, observou-se que: a) 12 dos 40 participantes tiveram algum
padrão de respostas acidentalmente selecionado no treino. No teste, esses 12
participantes aprenderam a resposta de fuga. O responder de outros 24 participantes, no
teste, foi classificado como desamparo aprendido: 13 são dos grupos NC e ANC, 4, do
grupo CON, 4, do grupo controle e 2, do grupo CA; b) a duração do som não foi a
variável determinante do intervalo de tempo entre o término do som e a resposta
precedente; c) embora, para alguns participantes, a contigüidade temporal entre o
término do som e a resposta precedente tenha sido condição suficiente para selecionar
um dado padrão de respostas, a relação de dependência entre esses eventos pareceu
desempenhar um papel muito importante na seleção e manutenção do responder, mesmo
para aqueles participantes expostos a uma relação estímulo-resposta contingente, mas
não contígua (atrasada).
Palavras chave: contigüidade, contingência, comportamento supersticioso, desamparo
aprendido.