26
custo, vendidos pendurados em barbantes.
42
Inicialmente em nosso país essa poesia era
registrada nos folhetos, produzidos em tipografias de jornal, e mais tarde passaram a ser
feitos em tipografias dos próprios poetas; no período que corresponde a fins do século
XIX e início do século XX, a nomenclatura mais utilizada para designar essa produção
literária era a de Folhetos
43
, que definiram suas características principais com as
publicações de Leandro Gomes de Barros
44
em 1893, seguido por Francisco Chagas
Batista em 1902 e João Martins de Athayde
45
em 1908.
Esse período de virada do século XIX no Brasil trouxe mudanças nas relações de
trabalho que afetaram trabalhadores do campo e revelaram a crise em vários setores da
sociedade, além da exclusão das camadas mais pobres da população; a busca por novas
e melhores possibilidades de subsistência levou a migração das pessoas do campo para
as pequenas e grandes cidades. Nesse movimento, os grupos populares levaram consigo
suas esperanças, suas lembranças, seu imaginário, suas canções e repentes; a
transposição para o papel de todo esse universo das experiências populares, resgatou da
memória, os sons e os costumes característicos dessa cultura Popular, sua riqueza e
diversidade.
46
Mais especificamente no contexto nordestino, essa poesia popular insere-se pela
tradição oral comum à região, tendo como principal agente a figura do cantador,
trabalhador rural e geralmente analfabeto que narra seus versos de improviso, graças a
uma memória invejável. Esse cantador popular utiliza-se, como recurso ou técnica de
memorização, de uma versificação própria caracterizada por sextilhas ou décimas,
enfocando especialmente a narrativa dos acontecimentos.
47
42
PINHEIRO, Helder e LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula, p.13.
43
Publicações com 8 a 16 páginas, para pelejas e folhetos de circunstâncias; 24 a 56 páginas para
romances. De acordo com PINHEIRO, Helder e LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula,
p.17.
44
Segundo pesquisadores, Leandro representa os grandes poetas populares do nordeste, não só pelo fato
de ter sido pioneiro nas impressões, mas também por ser dos mais prolíficos, escreveu cerca de mil
folhetos; nascido em Pombal na Paraíba, em 1868, publicou e viveu da venda de folhetos por toda vida
até sua morte em 1918. CURRAN, Mark J. A sátira e a crítica social na literatura de cordel. In.:
DIÉGUES JR, Manuel e outros. Literatura popular em verso: estudos. Belo Horizonte: Itatiaia/São
Paulo: EDUSP/Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986, p.316.
45
Nascido em 1877, na vila Cachoeira de Cebola na Paraíba, João Martins de Athayde é por alguns
considerado o príncipe dos poetas populares do Norte do país, não freqüentou escola e seu maior sonho,
na infância, era aprender a ler, com mais idade e já alfabetizado começou a arriscar seus primeiros versos
e imprimir folhetos, tirando daí seu sustento (p.9-12); segundo o pesquisador Mário Souto Maior, não era
um poeta de temática sobrenatural, circunstancial ou poeta-repórter, caracterizou-se principalmente como
poeta voltado para o amor, para a aventura, para o grotesco e para o mundo da imaginação. ATHAYDE,
João Martins de. João Martins de Athayde. Introdução e seleção Mário Souto Maior, São Paulo: Hedra,
2000. (Biblioteca de Cordel)
46
PINHEIRO, Helder e LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula, p.12.
47
ASSARÉ, Patativa do. Patativa do Assaré uma voz do nordeste. Int. e Sel. Sylvie Debs, p.12-13