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vida, o que nos permite verificar sua tolerância à frustração (capacidade essencial
do ser), delineando sua adaptação, diante de conflitos e perdas, que compõem
seu desenvolvimento no processo evolutivo
55,56
.
Somado a este fato, crianças, em sua maioria, apresentam uma visão de si
mesmas e do mundo, bastante distintas dos adolescentes e dos adultos (inclusive
de seus pais e equipe médica)
27,28
. Como foi observado em um estudo num grupo
de 124 indivíduos com idade abaixo de 15 anos, possuindo diagnóstico de câncer,
13 destes consideravam a doença um evento positivo em suas vidas
57
. O que
implica na importância da aplicação e da validação da presente escala em
crianças infectadas pelo HIV.
Cabe dizer que ao longo de 20 anos, a infecção pelo HIV incorporou
conceitos, preconceitos e paradigmas que a caracterizam, mas que ainda estão
sob transformação, como podemos observar com o aumento da sobrevida das
crianças infectadas, que já atravessam a adolescência e alcançam a
juventude
13,14,16,22
.
Dentro desta realidade, desperta-se o interesse para uma educação sexual
sadia e segura nesta faixa etária, pois evidências científicas demonstram
precocidade na primeira relação sexual na faixa etária de 11 a 13 anos de idade,
tanto para homens quanto para mulheres
58
. Observa-se também maior
vulnerabilidade oriunda de falhas ou inconsistências no uso de preservativos,
unida a elevadas taxas de atividade sexual com diferentes parceiros, constituindo
um comportamento de risco crescente para a aquisição das doenças sexualmente
transmissíveis (DST)
58
e para a disseminação da infecção pelo HIV, uma vez que
este grupo já se encontra infectado.