Fundamentação Teórica
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Os professores são considerados agentes, e não vítimas da mudança.
Isso, necessariamente, requer um esforço e traz, consigo, confusão e
desconforto. Também requer o desenvolvimento de mecanismos, para
questionar e atualizar mapas mentais de forma contínua, exige uma
maneira de pensar, que é, continuamente, aberta para o próximo
paradigma e todos os próximos paradigmas que surgirem. Nesse
modelo de trabalho, os problemas são abraçados por aqueles que os
enfrentam; não há soluções pré-fabricadas.
Por conseguinte, “a educação contínua possibilita uma reflexão crítica sobre
a heterogeneidade dos significados que constituem as representações, os valores,
as intenções e as próprias ações“ (Celani e Collins, 2003: 79).
Gómes frisa:
A reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo da sua
experiência, um mundo carregado de conotações, valores, intercâmbios
simbólicos, correspondências afectivas, interesses sociais e cenários
políticos. O conhecimento acadêmico, teórico, científico ou técnico só
pode ser considerado instrumento dos processos de reflexão, se for
integrado significativamente, não em parcelas isoladas da memória
semântica, mas em esquemas de pensamento mais genéricos activados
pelo indivíduo, quando interpreta a realidade concreta em que vive e
quando organiza a sua própria experiência. A reflexão não é um
conhecimento <<puro>>, mas, sim, um conhecimento contaminado
pelas contingências que rodeiam e impregnam a própria experiência vital
(1992: 103).
Para Kemmis (1987: 75; apud Celani e Collins, 2003: 78) reflexão crítica
não é somente pensar criticamente mas também posicionar-se, ativamente, na
construção da história da sociedade, participando e tomando posições na esfera
social à qual pertence, ou seja, “é um processo de autoconscientização”.
No decorrer do programa são oferecidas aos participantes oportunidades de
refletir, criticamente, sobre sua prática docente, “que envolve o movimento
dinâmico e dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer” (Freire, 1996: 43).
Dewey é considerado um dos teóricos precursores da teoria reflexiva,
aponta que a reflexão é uma “consideração ativa, persistente e criteriosa de todas
as crenças ou supostas formas de conhecimento à luz dos fundamentos que
sustentam e das conclusões para que tendem” (1989: 18), pois acredita que a