Download PDF
ads:
1
Tatiana Teixeira Barral de Lacerda
Estudo sobre a validade dos Questionários de Pais e de
Professores da ACOORDEM - Avaliação da
Coordenação e Destreza Motora
Belo Horizonte
2006
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Ciências da Reabilitação, Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção de título de Mestre em
Ciências da Reabilitação.
Área de concentração: Avaliação do
Desenvolvimento e do Desempenho Infantil
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
A meus pais, Arlete e Barral,
Pela dedicação, incentivo e amor sempre constantes
ads:
3
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Profa. Lívia, que me auxiliou com muita dedicação e
competência para que esse trabalho pudesse se concretizar.
A Márcia Bastos pelo carinho e disposição.
A todas as terapeutas ocupacionais, professoras e mães pela valiosa contribuição.
Aos meus irmãos e familiares pelo apoio e encorajamento.
Em especial, ao meu querido marido Madson, pela paciência e compreensão nos
momentos difíceis e por me presentear, ao fim de mais esta jornada, com o mais belo fruto do
amor: o nosso tão sonhado IGOR!!!
4
RESUMO
O termo Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) tem sido usado para
referir-se às crianças que, na ausência de lesões do sistema neuromotor, apresentam
dificuldades para realizar tarefas de vida diária que requerem coordenação motora. Face à
escassez de testes de coordenação motora, validados para a criança brasileira, iniciou-se o
processo de criação e validação da Avaliação da Coordenação e Destreza Motora
ACOORDEM. O teste é dividido em 3 partes, sendo duas compostas por itens de observação
direta do desempenho motor da criança e uma terceira parte que consiste de dois
questionários estruturados, que visam avaliar o desempenho funcional da criança em casa e na
escola. O objetivo deste estudo foi examinar a validade de conteúdo e de constructo dos
Questionários de Pais e Professores da ACOORDEM. O trabalho foi conduzido em dois
estudos distintos. No primeiro estudo, um painel de experts, composto por nove profissionais,
onze pais e sete professores, avaliou a qualidade dos itens dos Questionários, através do
método de porcentagem de concordância. No segundo estudo, os Questionários modificados
foram aplicados em uma amostra de 30 crianças, com e sem problemas de coordenação
motora. Os dados foram analisados usando a metodologia Rasch. Os resultados da avaliação
do painel deram suporte à validade de conteúdo dos Questionários de Pais e Professores, uma
vez que mais de 87% dos itens foram considerados de boa qualidade. Os resultados da
análise Rasch permitiram eliminação de alguns itens, sendo que o Questionário de
Professores foi reestruturado em duas escalas e o de Pais manteve as quatro escalas originais.
Tanto os itens como as crianças se comportaram de maneira esperada. Isso significa que a
calibração dos itens, de mais fáceis a mais difíceis, nas diferentes escalas, de maneira geral
corresponde às expectativas, ou seja, itens mais fáceis localizados no extremo superior das
tabelas de calibração representam atividades desempenhadas com maior freqüência ou
5
facilidade por crianças de idade similar à da amostragem em estudo. Por outro lado, as
crianças com desenvolvimento pico se agruparam no extremo inferior, o que indica que
crianças sem sinais de TDC obtiveram pontuação mais baixa nos Questionários. Concluindo,
após verificação de aspectos da validade de conteúdo e de constructo, foram feitas revisões e
modificações nos Questionários, que contribuíram para redução no número de itens e para
confirmar a adequação do instrumento às necessidades dos profissionais que lidam com
crianças com problemas de coordenação motora. Novos estudos, com amostragem maior,
ainda devem ser realizados, de forma a refinar os questionários, antes de se dar início ao
processo de derivação de normas de desempenho por idade.
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil, questionários, validade, transtornos das habilidades
motoras.
6
ABSTRACT
The term Developmental Disorder Coordination has been used to refer to children
that, in the absence of neuromotor disorders, present problems to perform daily living
activities that require motor coordination. Facing the lack of appropriate motor coordination
tests, standardized for the Brazilian children, the process of creating the Assessment of Motor
Coordination and Dexterity (ACOORDEM) was initiated. The instrument is divided in three
parts, two parts are based on direct observation of the child’s motor performance and the last
part consists in two structured Questionnaires, that evaluate functional skills at home and
school. The objective of this study was examine the content and construct validity of the
Parents’ and Teachers’ Questionnaires of the ACOORDEM. The research was conducted in
two distinct studies. In the first study, an expert panel composed by nine teachers, eleven
parents and seven therapists, evaluated the quality of the items in the Questionnaires, through
the percentage of concordance’s method. In the second study, the modified Questionnaires
were applied to a sample of 30 children, with and without motor coordination problems. Data
were analyzed using the Rasch methodology. The results of the panel gave support to the
content validity of the Parents’ and Teachers’ Questionnaires, since more than 87% of the
items were considered to present good quality. The results of the Rasch analysis allowed item
reduction, whereas the Teachers` Questionnaire was restructured into two scales and the
Parents` one maintained its original four scales. Both the children and the items behaved in
the expected way. Which means, that overall the calibration of the items, from easy to hard, in
the different scales, corresponded to the expectations, where the easy items, located at the top
of the calibration tables, represented activities that are performed more frequently or more
easily by children with ages similar to the sample. On the other hand, children with typical
development distributed on the lower bottom, indicating that children without signs of DCD
7
obtained lower scores on the Questionnaires. In conclusion, after examining aspects of the
content and construct validity, modifications were made in the Questionnaires that
contributed both to item reduction and to confirm the instrument fitness to the needs of the
professionals who deal with children with motor coordination problems. Other studies,
including larger samples are still need in order to refine the Questionnaires, before
considering the derivation of age norms.
Keywords: Infant development, questionnaires, validity, developmental disorder
coordination.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Mapa de itens da Escala Motora – Questionário de Professores ........................... 58
Figura 2 – Mapa de itens da Escala de Comportamento – Questionário de Professores ........ 63
Figura 3 – Mapa de itens da Escala de Mobilidade – Questionário de Pais ........................... 68
Figura 4 – Mapa de itens da Escala de AVD – Questionário de Pais ..................................... 71
Figura 5 – Mapa de itens da Escala Papel de Estudante – Questionário de Pais .................... 74
Figura 6 – Mapa de itens da Escala de Comportamento – Questionário de Pais .................... 78
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Percentuais médios de escores indicativos de boa qualidade obtidos para conjunto
de itens de cada parte dos Questionários................................................................................. 43
Tabela 2 – Itens excluídos dos Questionários de Pais e Professores ...................................... 44
Tabela 3 – Caracterização da amostra .................................................................................... 52
Tabela 4 – Calibração da Escala Motora – Questionário de Professores ................................
55
Tabela 5 – Medidas de habilidades motoras das crianças – Questionário de Professores ...... 56
Tabela 6 – Calibração da Escala de Comportamento – Questionário de Professores .............
59
Tabela 7 – Medidas de comportamento das crianças – Questionário de Professores ............. 61
Tabela 8 – Resultados globais da análise Rasch para os itens e para as crianças do
Questionário de Pais ................................................................................................................ 64
Tabela 9 – Calibração dos itens da Escala de Mobilidade – Questionário de Pais ................. 66
Tabela 10 – Medidas de mobilidade das crianças – Questionário de Pais .............................. 67
Tabela 11 – Calibração da Escala de AVD – Questionário de Pais ........................................ 69
Tabela 12 – Medidas de AVD das crianças – Questionário de Pais ....................................... 70
Tabela 13 – Calibração dos itens da Escala Papel de Estudante – Questionário de Pais .......72
Tabela 14 – Medidas de Papel de estudante das crianças – Questionário de Pais .................. 73
Tabela 15 – Calibração dos itens da Escala de Comportamento – Questionário de Pais ....... 76
Tabela 16 – Medidas de Comportamento das crianças – Questionário de Pais ...................... 77
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
1.1 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 13
1.1.1 O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ................................................ 13
1.1.2 A avaliação do TDC e o desenvolvimento dos Questionários da ACOORDEM .... 15
1.1.3 Validade de Conteúdo e de Constructo ...................................................................... 18
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 22
1.2.1 Objetivos gerais ............................................................................................................ 22
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 23
2 METODOLOGIA ......................................................................................... 24
3 ESTUDO 1: VALIDADE DE CONTEÚDO DOS QUESTIONÁRIOS DE
COORDENAÇÃO MOTORA PARA PAIS E PROFESSORES ................ 25
RESUMO ............................................................................................................................... 26
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 27
METODOLOGIA ................................................................................................................. 30
RESULTADOS ...................................................................................................................... 33
DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 36
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 40
ABSTRACT ........................................................................................................................... 42
4 ESTUDO 2: VALIDADE DE CONSTRUCTO DOS QUESTIONÁRIOS
DE COORDENAÇÃO MOTORA PARA PAIS E PROFESORES ........... 45
4.1 PARTICIPANTES .......................................................................................................... 45
4.2 INSTRUMENTAÇÃO .................................................................................................... 46
4.3 PROCEDIMENTOS ....................................................................................................... 47
4.4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 48
4.5 RESULTADOS ................................................................................................................ 52
4.5.1 Questionário de Professores ........................................................................................ 53
4.5.1.1 Escala motora ............................................................................................................. 53
4.5.1.2 Escala de comportamento ...........................................................................................58
4.5.2 Questionário de Pais .................................................................................................... 64
4.5.2.1 Escala de Mobilidade ................................................................................................ 65
4.5.2.2 Escala de AVD ............................................................................................................ 69
4.5.2.3 Escala de Papel de estudante ..................................................................................... 72
4.5.2.4 Escala de Comportamento ......................................................................................... 75
4.6 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 79
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................. 87
12
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 88
7 APÊNDICES.................................................................................................. 94
A QUESTIONÁRIO DE PAIS – FORMATO ESTUDO 1 ............................................... 94
B QUESTIONÁRIO DE PROFESSORES – FORMATO ESTUDO 1 ............................ 98
C QUESTIONÁRIO DE PAIS – FORMATO ESTUDO 2 ............................................. 101
D QUESTIONÁRIO DE PROFESSORES – FORMATO ESTUDO 2 ......................... 105
E TERMO DE INTERESSE (PROFISSIONAIS) ........................................................... 107
F TERMO DE INTERESSE (PAIS) ................................................................................. 109
G TERMO DE INTERESSE (PROFESSORES) ............................................................. 111
H CARTA CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PAIS) ........................... 113
I CARTA CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PROFESSORES) ......... 115
8 ANEXOS ..................................................................................................... 117
A PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA............................................... 117
B NORMAS EDITORIAIS DA REVISTA CIENTÍFICA .............................................. 118
13
1 INTRODUÇÃO
Crianças que apresentam problemas de coordenação motora, que têm dificuldade para
aprender e realizar tarefas de vida diária em casa, na escola e em ambientes infantis, têm sido
examinadas sob diferentes perspectivas. A literatura nessa área é confusa, pois na ausência de
terminologia unificada, essas crianças, até recentemente, recebiam diagnósticos variados, tais
como disfunção cerebral mínima, dispraxia do desenvolvimento, síndrome da criança
desajeitada, disfunção sensório-motora do desenvolvimento, entre outras (CEMARK;
GUBBAY; LARKIN, 2002; PLESS et al., 2000; POLATAJKO, 1999). Entretanto, em 1994,
em um encontro de pesquisadores realizado no Canadá, decidiu-se adotar o termo
“Developmental Coordination Disorder (DCD), em português Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação (TDC), para referir-se às crianças que, na ausência de
lesões do sistema neuromotor, apresentam dificuldades para realizar tarefas de vida diária que
envolvem coordenação motora. Esse termo está incluído na quarta edição do Manual
Estatístico de Diagnósticos de Distúrbios Mentais (DSM-IV-TR), publicado pela Associação
Americana de Psiquiatria (APA, 2000), o qual descreve o TDC como um prejuízo no
desenvolvimento da coordenação motora que o pode ser atribuído a condições médicas
gerais ou retardo mental. A prevalência desse transtorno foi estimada em até 6 % das
crianças entre 5 e 11 anos (APA, 2000) e a etiologia do TDC não é clara, mas possivelmente
não é causada por um único fator (VISSER, 2003).
14
Uma vez que o transtorno da coordenação motora em crianças se constitui em
categoria diagnóstica, é importante contarmos com critérios ou testes específicos para
identificação do problema. Segundo extensa revisão feita por Geuze et al. (2001), vários
testes têm sido utilizados para diagnóstico do TDC, sendo que os mais citados na literatura
são: o Movimento ABC (MABC) (HENDERSON; SUDGEN, 1992), o teste de Gubbay
(GUBBAY, 1975), e o Bruininks Ozeretsky Teste de Proficiência Motora - BOTMP
(BRUININKS, 1978), além de avaliações clínicas e neurológicas (MUTTI; STERLING;
SPALDING, 1978).
Embora a literatura internacional faça referência a esses instrumentos, eles têm
aplicação restrita em nosso país, uma vez que não existem normas para crianças brasileiras.
Face à escassez de testes similares, validados para a criança brasileira, Magalhães e Rezende
(2001) iniciaram o processo de criação da Avaliação da Coordenação e Destreza Motora
(ACOORDEM), um teste específico para a detecção do TDC em crianças de 4 a 8 anos de
idade.
A ACOORDEM está sendo criada de acordo com as recomendações de Benson e
Clark (1982) para desenvolvimento de testes na área de terapia ocupacional, sendo que as
fases de planejamento e construção dos itens do teste foram implementadas. Os itens
criados foram avaliados por dois painéis, um composto por pesquisadores e outro por
profissionais, o que resultou na Versão 1.0 da ACOORDEM, que entrou em processo de
validação. O teste é dividido em 3 partes, sendo duas delas compostas por itens de observação
direta do desempenho da criança nas áreas de coordenação e destreza manual (1ª parte) e
coordenação corporal e planejamento motor (2ª parte). A terceira parte consiste em dois
questionários estruturados, um para pais e outro para professores, que visam avaliar o
desempenho funcional da criança em casa e na escola.
15
Este estudo, portanto, continuidade ao trabalho de desenvolvimento e validação da
ACOORDEM, que está sendo realizado por meio de subprojetos que abordam diferentes
partes do instrumento (FARIA, 2004;
CURY, 2003; MAGALHÃES; AGOSTINI, 2004). O
presente estudo visa examinar a validade de contdo e dar início à análise da validade de
constructo dos itens dos Questionários de Pais e de Professores da ACOORDEM.
1.1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1.1 O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação
O conceito de problemas da coordenação motora, que ocorrem ao longo do
desenvolvimento infantil, tem sido discutido nos últimos cem anos por profissionais de várias
áreas. De acordo com Cermak, Gubbay e Larkin (2002), a primeira referência à pobre
coordenação muscular em crianças foi feita por Lippitt, em 1926. Depois dessa época, vários
outros autores descreveram e deram diferentes nomes a essa condição, gerando controvérsias,
pois cada grupo de pesquisa definia o transtorno à sua maneira, o que dificultava o
diagnóstico e tratamento do problema (GEUZE et al., 2001; HENDERSON; BARNETT,
1998). Parte dessas controvérsias foi minimizada quando, em 1996, em um encontro de
consenso, pesquisadores da área optaram por adotar uma terminologia única TDC, para
referir-se aos problemas de coordenação motora nas crianças (CERMAK; GUBBAY;
LARKIN, 2002; MANDICH; POLATAJKO, 2003).
16
A adoção de um termo que era usado como categoria diagnóstica (DSM-II-R, APA,
1987), mesmo queo seja unânime, resultou em revitalização da pesquisa na área. As
edições mais recentes dos manuais diagnósticos publicados pela Organização Mundial de
Saúde (OMS, 1992) e pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2000), a Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde-10 (CID-10) e o
Manual Estatístico de Diagnósticos de Distúrbios Mentais-IV (DSM-IV-TR), classificam essa
condição, respectivamente, como Transtorno Específico do Desenvolvimento Motor (F-82) e
Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (315-4). Consistente com as controvérsias
na área pequenas diferenças nos critérios para diagnóstico do TDC nos dois manuais. De
acordo com o DSM-IV-TR, a característica essencial do TDC é o prejuízo acentuado no
desenvolvimento da coordenação motora que interfere significativamente no desempenho
acadêmico e nas atividades de vida diária, sendo que a dificuldade da coordenação não se
deve a quaisquer condições médicas e não está relacionada exclusivamente a retardo mental
(APA, 2000). A definição da CID-10 é semelhante, no entanto não inclui o prejuízo nas
atividades de vida diária ou acadêmicas como critério diagnóstico, apesar de indicar que a
criança tem problemas nessas áreas. Por outro lado, determina que a disfunção motora
geralmente está associada a algum grau de dificuldade no desempenho de tarefas visuo-
espaciais e que o diagnóstico deve ser confirmado por teste padronizado.
A característica comum entre as crianças com TDC é o desenvolvimento motor mais
lento do que crianças normais (GEUZE, 2003), mas essa não é uma condição isolada, pois
muitas crianças com esse transtorno também têm problemas de atenção, concentração e
linguagem (VISSER, 2003). As evidências indicam que o TDC não é uma condição
homogênea, havendo diferentes subtipos, com ou sem comorbidades associadas (VISSER,
2003; CERMAK; GUBBAY; LARKIN, 2002). Além disso, o pobre desempenho em
atividades motoras picas da infância interfere na participação social e no relacionamento
17
com os colegas, podendo levar a criança a experimentar o isolamento social e a
marginalização (MANDICH; POLATAJKO, 2003).
Embora seja mais estudado na infância, vários autores apontam que o TDC é um
quadro que pode permanecer até a adolescência ou a idade adulta, com sérias implicações
para a vida social do indivíduo (COUSINS; SMITH, 2003; VISSER; GEUZE;
KALVEBOER, 1998; CANTELL; SMYTH; AHONEN, 2003). Uma vez que o TDC tem
impacto no desempenho escolar e na vida social da criança e pode persistir até a vida adulta, é
importante contarmos com instrumentos que permitam sua detecção, para que a criança possa
receber a ajuda necessária.
1.1.2 A avaliação do TDC e o desenvolvimento dos Questionários da ACOORDEM
Devido à inconsistência nos critérios diagnósticos, ainda se sabe pouco sobre a
etiologia e prognóstico desse transtorno motor infantil, existindo muita discussão sobre o
método mais apropriado para identificar o TDC na criança (RODGER et al., 2003). Em
consonância com os critérios do CID-10, o diagnóstico geralmente é baseado nos escores de
testes motores padronizados, sendo que o MABC (HENDERSON; SUDGEN, 1992) é o teste
mais usado, tanto na prática clínica quanto em pesquisas, para detectar esse tipo de problema
motor (RODGER et al., 2003; WILSON, 2005). O MABC é um teste de aplicação rápida,
com escores de fácil interpretação, cujos resultados, quando abaixo do 5º percentil, são
indicativos de TDC e entre o 6º e 15º percentil são considerados suspeitos. Embora seja usado
em vários países, o MABC não foi normatizado para a criança brasileira e, mesmo que isso
venha a ser feito, um dos entraves para sua utilização em nosso país é que o material de teste
18
é importado e de alto custo, o que inviabiliza sua utilização em larga escala. Tais problemas,
inerentes à validação e uso de testes importados em nosso país, nos levam a considerar
alternativas que incluem a criação de instrumentação similar brasileira.
Além de testes padronizados, com tarefas motoras específicas para observação direta
do desempenho, existem alguns questionários para triagem de problemas de coordenação
motora. Dentre eles, destacam-se o Movimento-ABC Checklist (HENDERSON; SUDGEN,
1992) e o Developmental Coordination Disorder Questionnaire (DCDQ) (WILSON et al.,
2000). Esses instrumentos, além de curtos e objetivos, são usados para identificar o impacto
funcional das dificuldades apresentadas por crianças com TDC na realização de atividades
acadêmicas e de vida diária (RODGER et al., 2003).
O MABC Chechlist foi desenvolvido
para identificar crianças com dificuldades de movimento na situação escolar, devendo ser
preenchido pelo professor (HENDERSON; SUDGEN, 1992). O DCDQ é um questionário
para pais voltado para a detecção do TDC, composto por 17 itens, e pode ser usado com
crianças de 8 a 14 anos e meio (RODGER et al., 2003).
Considerando as condições do nosso país, o uso de questionários pode se constituir em
uma alternativa econômica e de fácil manejo no processo de identificação de crianças com
TDC. Questionários como o DCDQ ou o MABC-Checklist poderiam ser muito úteis, se
traduzidos e validados para crianças brasileiras. No processo de criação da ACOORDEM
(MAGALHÃES; REZENDE, 2001), foi considerada a possibilidade de validação do DCDQ,
como instrumento auxiliar, que seria usado para triagem de crianças que necessitassem de
avaliação mais completa, para fins de diagnóstico e planejamento de tratamento. Foi
ponderado, no entanto, que como o objetivo da ACOORDEM é possibilitar o diagnóstico e
não apenas a triagem dos problemas de coordenação motora, seria importante desenvolver
questionários específicos para essa finalidade. Além disso, a ACOORDEM tem como
objetivo não possibilitar o diagnóstico do TDC, mas também traçar o perfil funcional da
19
criança, o que vai permitir examinar a relação entre transtorno motor e a condição geral de
saúde.
Sendo assim, os Questionários de Pais e de Professores da ACOORDEM foram
desenvolvidos buscando criar recursos objetivos para a coleta de informações sobre a
atividade funcional da criança, nos seus contextos usuais de desempenho, em casa e na escola
(MAGALHÃES; REZENDE, 2001). Naturalmente os Questionários podem vir a ser úteis
como instrumento de triagem para TDC, mas espera-se que sua maior contribuição seja no
mapeamento das dificuldades motoras da criança, em casa e na escola, o que é essencial para
o planejamento da intervenção.
A criação da ACOORDEM foi norteada pela Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF), proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), cuja
intenção é classificar o impacto das doenças em três áreas: estrutura e função do corpo,
atividade funcional e participação social. De acordo com essa classificação, é essencial
documentar o impacto do estado de saúde na funcionalidade do indivíduo, mudando, assim,
do foco centrado na doença para as conseqüências da doença, levando em consideração a
interação entre fatores pessoais e contextuais (BATTAGLIA et al., 2004). A ACOORDEM
tem como proposta avaliar a criança sob diferentes perspectivas, estando previstas
oportunidades para examinar desempenho nas três áreas de função definidas pela CIF: (a)
avaliação das habilidades sensório-motoras, por meio da observação de itens puramente
motores como força, equilíbrio e coordenação motora (Estrutura e função do corpo); (b)
observação informal do desempenho da criança em tarefas escolares que exigem coordenação
como recorte, escrita e traçado (Atividade) e (c) avaliação do desempenho funcional em casa
e na escola, além das preferências no brincar e comportamento com colegas e familiares, por
meio dos Questionários de Pais e Professores (Atividade e Participação). Com a observação
da criança sob diferentes condições, espera-se obter uma melhor compreensão da relação
20
entre as habilidades motoras e os fatores que contribuem positivamente ou que restringem a
participação da criança em casa e na escola.
Enfocando as atividades funcionais e aspectos da participação social da criança, os
Questionários de Pais e de Professores, examinados no presente estudo, foram elaborados a
partir do modelo conceitual para a prática de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas em
escolas públicas, proposto por Anita Bundy et al. (1991). Procurando entender como
diferentes incapacidades interferem na participação do aluno na escola, esses autores
entrevistaram professores de escolas da região de Chicago-EUA e concluíram que havia
quatro áreas prioritárias, nas quais os alunos tinham maior dificuldade. São elas: (1) adquirir
informação ou aprendizagem acadêmica, (2) expressar a informação que aprendeu, (3)
assumir o papel de estudante e (4) realizar atividades de vida diária e mover-se segura e
eficientemente no ambiente escolar. A primeira área está mais relacionada ao domínio do
educador (professor); no entanto, as três últimas são áreas nas quais terapeutas ocupacionais e
fisioterapeutas podem dar grande contribuição para ajudar a criança a se ajustar às
expectativas da escola. Os Questionários de Pais e de Professores da ACOORDEM foram
criados tendo como base a descrição das habilidades necessárias para o bom desempenho
nesses três últimos domínios.
Além do trabalho de Bundy et al. (1991), os Questionários da ACOODEM foram
também baseados no exame dos itens do DCDQ (WILSON et al., 2000), do MABC-Checklist
(HENDERSON; SUDGEN, 1992), em revisão da literatura sobre as brincadeiras típicas de
crianças de 4 a 8 anos de idade e na experiência clínica das autoras. Atualmente os
Questionários são bastante longos, uma vez que o de Professores tem 73 itens e o de Pais 108
itens, mas espera-se que, no processo de validação, os mesmos sejam reduzidos a um formato
de mais fácil manejo. Como o objetivo é verificar a validade de conteúdo e de constructo dos
21
Questionários da ACOORDEM, é importante fazer uma breve discussão sobre os métodos
usados para determinar esses tipos de validade.
1.1.3 Validade de Conteúdo e de Constructo
Validade de conteúdo é definida por Anastasi e Urbina (2000) como o exame
sistemático do conteúdo do teste para determinar se ele abrange uma amostra representativa
do domínio de comportamento e ser medido. A determinação da validade de conteúdo é um
passo essencial no desenvolvimento de novos instrumentos e deve ser feita precocemente,
para examinar se os conceitos abstratos, que originaram o teste, estão representados
adequadamente, como expresso por indicadores observáveis e mensuráveis da qualidade dos
itens (ANASTASI; URBINA, 2000).
Embora haja numerosos métodos empíricos para estabelecer validade de conteúdo, o
método que parece ser mais efetivo é pedir a um painel de experts para comparar os objetivos
do teste com o conteúdo (HALEY et al., 1991; EXNER, 1993). Vários autores utilizaram esse
método para desenvolvimento de testes na área de reabilitação infantil. Harris e Daniels
(1996) selecionaram 26 experts internacionais para avaliar, revisar e sugerir modificações no
Harris Infant Neuromotor Test (HINT), um teste para detectar sinais de atraso cognitivo e
neuromotor em bebês de risco. Os itens do questionário e da avaliação física foram avaliados
em termos de clareza, importância, discriminação e possibilidade de viés cultural/racial, em
uma escala de 5 pontos, com base no grau de concordância do painel com os itens.
Haley et al. (1991) determinaram a validade de conteúdo e a confiabilidade da
Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI) com um painel de 31 experts, revisando o
22
instrumento com base nos resultados. Foram selecionados profissionais de várias áreas, que
não tiveram nenhum envolvimento com o desenvolvimento do teste. Segundo Fink et al.
(1984), para selecionar o painel algumas recomendações devem ser seguidas, tais como
certificar-se de que os participantes do painel são experts no conteúdo, são representativos de
sua profissão e têm habilidades para contribuir positivamente para a avaliação dos itens.
Para avaliar a validade de conteúdo dos itens de um teste, são elaborados critérios
para pontuação da qualidade dos itens, o que inclui indicar se o item é útil ou não para medir
o constructo em questão, se a redação do item é objetiva, se apresenta termos dúbios ou de
difícil compreensão e se o item tem potencial para diferenciar a habilidade dos indivíduos na
área testada. Estabelece-se então um critério mínimo de concordância entre os experts para se
manterem itens ou modificá-los. De acordo com a literatura, uma concordância de 70% é
necessária, 80% é adequada e 90% é ideal para se estabelecer a validade do item (WYND;
SCHMIDT; SCHAEFER, 2003).
Esses procedimentos foram usados no estudo de Fernadopulle e Fernando (2003), que
desenvolveram e validaram uma escala para medir abuso emocional em crianças
escolarizadas, com idade entre 13 e 15 anos, no Sri Lanka. A escala, que consistia de 38 itens
que avaliavam comportamentos de pais/cuidadores, foi enviada para um painel. Os juízes do
painel foram instruídos a revisar cada item criticamente, indicar sua visão sobre a utilidade do
item e se ele seria apropriado para identificar abuso emocional em crianças, utilizando uma
escala de 2 pontos. Os membros do painel foram também instruídos a dar sugestões e
adicionar itens, se achassem necessário. Uma média de concordância de 75% foi utilizada
para considerar os itens úteis e apropriados. No caso do PEDI, Haley et al. (1991) adotaram o
critério de 80% ou mais de concordância entre os experts para classificar o item como bom ou
excelente. Harris e Daniels (1996) também utilizaram esse percentual de concordância em seu
estudo.
23
Apesar de o índice de concordância sobre a qualidade do item, baseado no painel de
experts,
ser o método mais utilizado para verificar a validade de conteúdo, alguns autores
questionam a ausência de medidas mais rigorosas e objetivas para estimar a validade de
conteúdo e sugerem novos procedimentos estatísticos (WYND; SCHMIDT; SCHAEFER,
2003). Wynd, Schmidt e Schaefer (2003) compararam duas técnicas quantitativas para
estimar validade de conteúdo usando, como exemplo, o desenvolvimento de um novo
instrumento, o Osteoporosis Risk Assessment Tool (ORAT). O índice de validade de conteúdo
(CVI), avaliado pelo método de porcentagem de concordância, foi comparado ao Kappa
Multirater coeficiente de concordância. Os autores concluíram que, para um melhor
entendimento da concordância entre-examinadores e para aumentar a confiança da validade
de conteúdo de um instrumento, deve-se utilizar tanto o CVI, que indica a variabilidade dos
dados, quanto o Kappa, que mede a concordância além do acaso.
Uma outra forma de tornar as medidas mais confiáveis foi proposta por Palisano et al.
(1997). Eles analisaram a validade de conteúdo de um sistema de classificação de função
motora grossa, por meio do Nominal Group e Delphi Survey Consensus Method (Método de
consenso Delphi). O Nominal Group consiste em discussão estruturada com um grupo de
experts em que os tópicos são discutidos entre os participantes na tentativa de alcançar um
consenso. O método de consenso Delphi é uma tentativa de obter a opinião de experts de
maneira sistemática com o uso de questionários através dos quais o grupo alcança um nível
aceitável de concordância.
Embora os métodos estatísticos discutidos nos parágrafos anteriores permitam uma
avaliação mais criteriosa da validade de conteúdo, eles não nos parecem adequados para o
estudo em questão, uma vez que avalia-se que o número de profissionais com larga
experiência no tratamento de crianças com TDC é pequeno, o que resultará em limitações no
24
painel de experts. Além disso, como se pretende incluir pais e professores na análise dos
itens, é importante usar procedimentos mais simples que permitam a participação de todos.
Além do exame da validade de conteúdo, este estudo inclui ainda, em uma segunda
etapa, a análise da validade de constructo. Validade de constructo é um conceito complexo,
que consiste em demonstrar que o teste mede um determinado constructo teórico
(ANASTASI; URBINA, 2000), no caso, coordenação motora. A verificação da validade de
constructo requer a acumulação gradual de dados de diversas fontes, ao longo do uso do teste,
mas no presente estudo foi verificado se os itens dos Questionários, organizados em
subescalas, se agrupam para medir os conceitos a que se propõem. O exame da validade de
constructo tradicionalmente é feito com uso de análise fatorial, mas atualmente existem
outros recursos, como a metodologia Rasch (BOND; FOX, 2001).
O modelo Rasch é usado para facilitar a construção de escalas de medida
unidimensionais, sendo verificado se os itens medem o mesmo constructo (BOND; FOX,
2001; FISHER, 1993; WRIGHT; STONE, 1979). Esse tipo de análise oferece parâmetros
objetivos para identificar itens que não se enquadram no modelo estatístico por apresentar
padrão errático, inconsistente ou inválido de escores. Itens sujeitos a padrão inválido de
escores devem ser descartados ou revisados, uma vez que não combinam com os outros itens
para medir um único constructo unidimensional. Existem programas estatísticos específicos
para análise Rasch (LINACRE; WRIGHT, 2005), sendo que, com pequenas variações, os
parâmetros usados para análise de itens são o Mean Square (MnSq) cujo valor esperado é de 1
(± 0,3), sendo aceitável um desvio padrão (t) de ± 2,0 (FISHER, 1993).
No caso dos Questionários em estudo, espera-se que a combinação do exame da
validade de conteúdo e de constructo resulte na eliminação de itens excessivos ou inválidos,
tornando os dois Questionários de mais fácil manejo.
25
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivos Gerais
O objetivo geral deste estudo é avaliar a validade de contdo e de constructo dos
Questionários de Pais e Professores da ACOORDEM.
1.2.2.Objetivos Específicos
Verificar se os itens dos Questionários são considerados relevantes por pais, professores e
terapeutas ocupacionais para avaliar problemas de coordenação motora em crianças de 4 a
8 anos de idade.
Avaliar o conteúdo dos Questionários, por meio de exame da porcentagem de
concordância entre os membros do painel quanto à qualidade dos itens.
Aplicar os Questionários em uma amostra piloto e examinar a validade de constructo,
verificando se tanto os itens quanto as crianças avaliadas apresentam padrões válidos de
escores, de acordo com a expectativas do modelo Rasch.
Reduzir o número de itens dos Questionários, para facilitar sua aplicação na prática
clínica e em pesquisas.
26
2 METODOLOGIA
Esta dissertação foi desenvolvida em duas etapas, divididas em Estudo 1 e Estudo 2.
No estudo, de validade de conteúdo dos Questionários de Pais e Professores da
ACOORDEM, os itens dos Questionários foram submetidos à avaliação da qualidade por um
painel de experts. Esse estudo será apresentado no formato de artigo, a ser submetido de
acordo com normas específicas da revista científica escolhida. O estudo foi de aplicação
experimental da versão piloto 1 dos Questionários de Pais e Professores em uma pequena
amostragem de crianças para examinar se os itens em cada Questionário combinam para
medir um constructo unidimensional. Esse segundo estudo será apresentado em seguida, em
formato completo. O trabalho será finalizado com uma conclusão geral e recomendações. Os
dois estudos serão apresentados em separado, porque incluíram metodologias diversas. Deve-
se assinalar que os dois estudos integram um projeto mais amplo de avaliação da coordenação
motora em crianças de 4 a 8 anos de idade, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UFMG (Anexo A).
27
28
3. ESTUDO 1: VALIDADE DE CONTEÚDO DE QUESTIONÁRIOS DE
COORDENAÇÃO MOTORA PARA PAIS E PROFESSORES (ARTIGO
1
)
T.T.B. Lacerda
1
, L.C. Magalhães
2
, M.B. Rezende
3
1 - Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Reabilitação, Professora Assistente da PUC-MG
2- Terapeuta Ocupacional, Doutora em Educação, Professora Adjunta do Departamento de
Terapia Ocupacional, UFMG.
3 Terapeuta Ocupacional, Doutora em Ciências Biológicas, Professora Adjunta do
Departamento de Terapia Ocupacional, UFMG.
Instituição onde o trabalho foi realizado: Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - Av. Annio Carlos 6627,
Pampulha, 31270-901- Belo Horizonte, MG - dto@eeffto.ufmg.br
Endereço para correspondência:
Tatiana Teixeira Barral de Lacerda – Rua Benjamin Constant de Oliveira, 226. Bairro Fonte
Grande, Contagem, MG. Cep: 32013-560. Telefone: (031) 3356-6095
Título para as páginas do artigo: Validade dos questionários de coordenação /Validity of the
coordination's questionnaires
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil, destreza motora, validade, transtornos das habilidades
motoras.
29
Resumo
Contextualização: O termo Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) tem sido
usado para referir-se às crianças que, na ausência de lesões do sistema neuromotor,
apresentam dificuldades para realizar tarefas de vida diária que requerem coordenação
motora. Face à escassez de testes de coordenação motora, validados para a criança brasileira,
iniciou-se o processo de criação e validação da Avaliação da Coordenação e Destreza Motora
ACOORDEM. O teste é dividido em 3 partes, sendo duas compostas por itens de
observação direta do desempenho motor da criança e uma terceira parte que consiste de dois
Questionários estruturados, que visam avaliar o desempenho funcional da criança em casa e
na escola. Objetivo: O objetivo geral deste estudo foi examinar a validade de conteúdo dos
Questionários de Pais e Professores da ACOORDEM. Método: um painel de experts,
composto por nove profissionais, 11 pais e sete professores, avaliou a qualidade dos itens dos
Questionários. O Questionário para Professores é composto por 73 itens e o de Pais por 108.
Resultados: os resultados da avaliação deram suporte à validade de conteúdo dos
Questionários de Pais e Professores, uma vez que mais de 87% dos itens foram considerados
de boa qualidade. Conclusões: Como resultado do painel de experts foi feita revisão e
modificações nos Questionários, que contribuíram para redução no número de itens e para
confirmar a adequação do instrumento às necessidades dos profissionais que lidam com
crianças com problemas de coordenação motora.
30
INTRODUÇÃO
Crianças que apresentam problemas de coordenação motora, que têm dificuldade para
aprender e realizar tarefas de vida diária em casa, na escola e em ambientes infantis, são
examinadas sob diferentes perspectivas. A literatura nessa área é confusa, pois na ausência de
terminologia unificada, essas crianças, até recentemente, recebiam diagnósticos variados, tais
como disfunção cerebral mínima, dispraxia do desenvolvimento, síndrome da criança
desajeitada e disfunção sensório-motora do desenvolvimento (1). Entretanto, em 1996, em
encontro de pesquisadores realizado no Canadá, decidiu-se adotar o termo Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação ou TDC (Developmental Coordination Disorder - DCD),
para referir-se às crianças que, na ausência de lesões do sistema neuromotor, têm dificuldade
para realizar tarefas de vida diária que envolvem coordenação motora. O desenvolvimento
motor de crianças com TDC geralmente é mais lento, e o pobre desempenho em atividades
motoras típicas da infância interfere na participação social e no relacionamento com os
colegas, podendo levar a criança ao isolamento e à marginalização (2,3).
Muitas crianças com problemas de coordenação motora são encaminhadas para
clínicas de fisioterapia e terapia ocupacional e seu diagnóstico nem sempre é imediato. Além
da questão da nomenclatura confusa, os critérios para diagnóstico são inconsistentes e não
testes cnicos específicos para identificar essa condição (4,5). Segundo Dunford et al (2003),
menos da metade das crianças encaminhadas para tratamento devido a sinais de TDC se
enquadra nos critérios para diagnóstico. Como o diagnóstico é difícil, muitas vezes o
profissional, fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional se sente perdido no direcionamento da
intervenção apropriada. Segundo extensa revisão feita por Geuze et al. (2001), vários testes
motores têm sido utilizados para diagnóstico do TDC, sendo que os mais citados na literatura
são: o Movimento ABC (MABC) (6), o teste de Gubbay (7), e o Bruininks Ozeretsky Teste
de Proficiência Motora – BOTMP (8), além de avaliações clínicas e neurológicas (9).
31
Embora a literatura internacional faça referência a vários instrumentos para detecção
do TDC, tais testes têm aplicação restrita em nosso país, uma vez que não existem normas
para crianças brasileiras. Face à escassez de testes similares, validados para a criança
brasileira, foi iniciado o processo de criação da Avalião da Coordenação e Destreza
Motora (ACOORDEM), um teste específico para a detecção do TDC em crianças brasileiras
de 4 a 8 anos de idade (10).
A criação da ACOORDEM foi norteada pela Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF/OMS) (11) que classifica o impacto das doenças em três áreas: estrutura
e função do corpo, atividade funcional e participação social. De acordo com essa
classificação, é essencial documentar o impacto do estado de saúde na funcionalidade do
indivíduo, mudando, assim, do foco centrado na doença para as conseqüências da doença,
levando em consideração a interação entre fatores pessoais e contextuais (12). A
ACOORDEM tem como proposta avaliar o desempenho da criança nas três áreas de função
definidas pela CIF: (a) avaliação das habilidades sensório-motoras, por meio da observação
de itens puramente motores como força, equilíbrio e coordenação motora (Estrutura e função
do corpo); (b) observação informal do desempenho da criança em tarefas escolares que
exigem coordenação como recorte, escrita e traçado (Atividade) e (c) avaliação do
desempenho funcional em casa e na escola, além das preferências no brincar e
comportamento com colegas e familiares, por meio dos Questionários de Pais e Professores
(Atividade e Participação). Com a observação da criança sob diferentes condições, espera-se
obter melhor compreensão da relação entre as habilidades motoras e os fatores que
contribuem positivamente ou que restringem a participação da criança em casa e na escola.
Enfocando principalmente as atividades funcionais e aspectos da participação social
da criança, os Questionários de Pais e Professores, examinados no presente estudo, foram
elaborados a partir do modelo conceitual para a prática de terapeutas ocupacionais e
32
fisioterapeutas em escolas públicas proposto por Anita Bundy et al. (1991). Os Questionários
da ACOODEM foram também baseados no exame dos itens do Developmental Coordination
Disorder Questionnaire (DCDQ) (14), do MABC-Checklist (6), em revisão da literatura
sobre as brincadeiras típicas de crianças de 4 a 8 anos de idade e na experiência clínica das
autoras (10). Os Questionários de Pais e de Professores da ACOORDEM foram
desenvolvidos buscando criar recursos objetivos para a coleta de informações sobre a
atividade funcional e participação social da criança, nos seus contextos usuais de
desempenho, em casa e na escola. Os Questionários são compostos por itens simples de serem
respondidos por pais e professores e são pontuados em termos de freqüência do
comportamento observado. Atualmente os Questionários o longos, pois o de Professores
tem 73 itens e o de Pais 108 itens, mas espera-se que no processo de validação sejam
reduzidos a um formato de mais fácil manejo. Naturalmente os Questionários podem vir a ser
úteis como instrumento de triagem para TDC, mas espera-se que sua maior contribuição seja
no mapeamento das dificuldades motoras da criança, em casa e na escola, o que é essencial
para o planejamento da intervenção.
Embora fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais brasileiros tenham pouco
envolvimento com o processo de criação e validação de testes, o diagnóstico correto é a base
da intervenção adequada. Assim, visando avançar na validação da ACOORDEM, o objetivo
deste estudo foi examinar a validade de conteúdo dos Questionários de Pais e de Professores.
Validade de conteúdo é definida por Anastasi e Urbina (2000) como o exame
sistemático do conteúdo do teste para determinar se ele abrange uma amostra representativa
do domínio de comportamento e ser medido. A determinação da validade de conteúdo é passo
essencial no desenvolvimento de novos instrumentos e deve ser feita precocemente, para
examinar se os conceitos abstratos, que originaram o teste, estão representados
adequadamente, como expresso por indicadores observáveis e mensuráveis da qualidade dos
33
itens. Embora haja numerosos métodos empíricos para estabelecer validade de conteúdo, o
método que parece ser mais efetivo é pedir a um painel de experts (juízes) para comparar os
objetivos do teste com seu conteúdo (16,17). O resultado do painel de experts é usado para
definir os itens que serão mantidos, revisados ou eliminados.
METODOLOGIA
Participantes
: os participantes deste estudo foram profissionais, pais e professores,
componentes do painel de experts. Não existem regras específicas para determinar o número
adequado de juízes para participar da avaliação do conteúdo de testes, mas foi feita tentativa
de conseguir o maior número possível de participantes. Como os Questionários da
ACOORDEM são voltados para pais e professores, os participantes foram divididos em três
grupos distintos:
(a) Profissionais que desenvolvem trabalho clínico ou de pesquisa com crianças com TDC.
Neste grupo estão incluídos terapeutas ocupacionais e pesquisadores. Os terapeutas
ocupacionais deveriam ter reconhecida experiência, de no mínimo 3 anos, na avaliação e
tratamento de crianças que apresentam problemas de coordenação motora. foram incluídos
no painel terapeutas com treinamento no tratamento de crianças com TDC, que participaram
de cursos na área, no Brasil ou no exterior, e que relatam atender a essa clientela. Os
pesquisadores incluídos foram convidados a participar do painel devido a trabalhos que vêm
desenvolvendo com crianças com TDC. Doravante esse grupo de juizes será denominado
grupo de profissionais.
(b) Pais de crianças que apresentam sinais de TDC, recrutados em consultórios particulares,
por meio da indicação dos terapeutas que participaram do painel de profissionais. Os pais
deveriam apresentar segundo grau completo e boa habilidade de leitura, e foram selecionados
devido à sua capacidade tanto para perceber as dificuldades apresentadas pelos filhos nas
tarefas de vida diária, como para ler e responder aos questionários de avaliação dos itens. Foi
34
dada preferência a pais de crianças que freqüentam serviços privados, por se considerar que
esses pais, de maior poder aquisitivo, têm maior acesso à educação formal e, portanto, maior
habilidade para ler o questionário e avaliar os itens.
(c)
Professores do ensino infantil e fundamental de escolas públicas e particulares,
localizadas
na Grande-BH. Foram recrutados professores com experiência didática de no mínimo cinco
anos, indicados para participação no estudo devido à experiência em lidar com crianças que
têm dificuldade escolar conseqüente a problemas de coordenação motora.
Instrumentação: O Questionário de Pais (Apêndice A) avalia o comportamento da criança em
casa e o desempenho durante brincadeiras. Ele é dividido em quatro escalas e composto por
108 itens. A primeira escala, com 35 itens, avalia a “mobilidade e habilidade para participar
de jogos e brincadeiras”. Essa escala inclui, ainda, um quadro com 28 brincadeiras que fazem
parte do repertório de crianças brasileiras, no qual se deve assinalar a freqüência observada e
com quem a criança brinca. O “desempenho nas atividades de vida diária” é avaliado na
segunda escala do Questionário (19 itens); e na terceira estão incldas as “habilidades
relacionadas ao papel de estudante” (15 itens). A última escala tem 11 itens e engloba os
“comportamentos, hábitos e rotinas” da criança em casa. O Questionário de Professores
(Apêndice B) é composto por 73 itens divididos em quatro escalas. A primeira avalia a
“habilidade da criança para expressar o que está aprendendo” e é composta por 19 itens. A
segunda e a terceira escala medem, respectivamente, a “habilidade para assumir o papel de
estudante” e a “mobilidade e participação em jogos e brincadeiras”, contendo cada uma delas
21 itens. A última, com 12 itens, informa sobre “desempenho em atividades de vida diária”.
Procedimento: Inicialmente foi feito contato, por telefone, com terapeutas ocupacionais de
Belo Horizonte, que cumpriam os critérios de inclusão para: 1) informar sobre os objetivos do
estudo; 2) fazer o convite para participar e confirmar a disponibilidade para responder aos
35
Questionários; 3) pedir indicações de pais e professores de escolas públicas e privadas que
poderiam ser recrutados para colaborar na avaliação dos itens. Além dos terapeutas, também
foi feito contato, via e-mail, com pesquisadores de outras áreas que trabalham com TDC,
convidando-os para participarem do painel. Terapeutas ocupacionais e pesquisadores, devido
à sua experiência na avaliação de criança, dentro dos contextos familiar e escolar, foram
orientados a examinar os dois Questionários. Os pais e professores avaliaram apenas os
Questionários designados a cada um deles. Os Questionários foram entregues pessoalmente
aos terapeutas e aos professores das escolas públicas. Devido à maior facilidade de acesso,
pedimos aos terapeutas que entregassem os Questionários para os pais e professores das
escolas particulares indicados por eles. Foi dado a todos os participantes um prazo de 15 dias
para retorno dos Questionários respondidos. Cada Questionário foi acompanhado de um
termo de interesse (Apêndices E, F e G), explicando os objetivos do estudo e solicitando a
colaboração na avaliação dos itens. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Conselho de
Ética em Pesquisa.
A qualidade dos itens dos Questionários foi avaliada com base em seis critérios: 1) o
item está bem redigido e é de fácil compreensão?; 2) o item é fácil de ser observado nas
rotinas diárias em casa/na escola?; 3) o item representa aspecto relevante para o desempenho
em casa/na escola?; 4) o item contribui para dar uma boa visão do desempenho motor em
casa/na escola?; 5) o item contribui para dar uma boa visão do comportamento em casa/na
escola? 6) o item tem potencial para diferenciar crianças com e sem dificuldade motora? Os
participantes foram orientados a pontuar cada critério conforme sua opinião sobre cada item,
da seguinte maneira: escore 1 = Concordo totalmente, escore 2 = Concordo parcialmente,
escore 3 = Discordo parcialmente e escore 4 = Discordo totalmente. No caso específico do
Questionário de Professores, deveria ser indicada, ainda, a faixa etária mais apropriada para
avaliação do item (4 a 5, 6 a 7, 8 anos ou todas as idades). Foi dado espaço adicional para
36
comentários sobre cada item, sugestões ou críticas sobre a adequação dos itens. Ao término
dos Questionários, os participantes deveriam, ainda, responder a duas perguntas sobre sua
visão geral dos mesmos: Qual a sua opinião final sobre o questionário?e “Você acredita
que pais/professores terão facilidade e interesse em respondê-lo?”.
Análise dos dados
: O índice de concordância é a medida mais utilizada e a mais prática para
determinar a validade de conteúdo. O índice de, no mínimo, 80% de concordância entre os
avaliadores quanto à boa qualidade dos itens, é usado em vários trabalhos (16, 18) e foi
estabelecido para este estudo. Como nem todos os itens deveriam ser avaliados por todos os 6
critérios, pois nem todas as perguntas eram pertinentes a todos os itens, foi realizada a média
dos critérios considerados relevantes, sendo estabelecido que o item deveria obter a média de
80% de escores 1 e 2 (Concordo totalmente e Concordo parcialmente) para ser considerado
adequado para ser mantido nos Questionários. Os indicadores de qualidade dos itens
resultantes do painel constituem a base para modificar os Questionários, suprimir ou revisar
itens, garantindo, assim, maior adequação do instrumento ao seu objetivo original.
RESULTADOS
Foram distribuídos setenta e um (71) Questionários; 11 para profissionais, 25 para pais
e 35 para professores, sendo 25 para professores de escolas privadas e 10 para professores de
escolas públicas. Dos Questionários entregues para profissionais, oito foram para terapeutas
ocupacionais e três para pesquisadores. Deles, apenas uma terapeuta ocupacional e um
pesquisador não devolveram os Questionários respondidos; a primeira justificou que o
instrumento era muito extenso e que não havia tido tempo para responder e o segundo,
embora tenha concordado em participar, não retornou o e-mail. Assim, dos Questionários
enviados para profissionais, nove (81,8%), sendo sete de terapeutas ocupacionais e dois de
pesquisadores, foram respondidos e entregues no prazo determinado.
37
Os terapeutas ocupacionais indicaram um total de 25 pais e 25 professores de escolas
particulares para colaborarem na avaliação dos Questionários. Dos Questionários de Pais
entregues, 11 foram devolvidos na data determinada. Outros 5 foram devolvidos
posteriormente e não entraram no estudo, pois a análise dos dados já havia sido concluída.
Além dos 25 Questionários entregues para os professores de escolas particulares, mais 10
Questionários foram entregues pessoalmente para professores de três escolas públicas. No
entanto, apenas sete deles, todos de professores de escolas particulares, foram devolvidos.
Apesar de exaustivas tentativas, nenhum dos professores da rede pública devolveu os
Questionários respondidos.
Assim, para análise dos resultados, foram totalizados 20 Questionários de Pais (11
pais e nove profissionais) e 16 Questionários de Professores (sete professores e nove
profissionais). Todos os participantes do painel avaliaram bem os Questionários, pois nenhum
dos participantes considerou-os “Fraco” ou “Regular”. Mais de 75% indicaram acreditar que
pais e professores teriam facilidade e interesse em respondê-los.
Conforme avaliação feita pelos profissionais e pais (Tabela 1), o Questionário de Pais
apresentou oito itens (7,4%) dos 108 avaliados classificados como abaixo do critério de 80%
de escores indicadores de boa qualidade dos itens. Três itens (Maneja controle de vídeo-
game com destreza; É cuidadoso com brinquedos e materiais; É o último a ser escolhido
para compor times em esportes ou atividades motoras) estão localizados na parte referente
à “Habilidade e mobilidade para participar de jogos”. Cinco das 28 brincadeiras infantis
incluídas nessa mesma parte do Questionário também ficaram abaixo do critério de 80%
(Assistir televisão; Skate, patinete e patins; Parque eletrônico; Vídeo-game; Coleções,
álbum de figurinhas).
----------------------------- Inserir Tabela 1 -----------------------------
38
No Questionário de Professores (Tabela 1), avaliado por profissionais e professores,
do total de 73 itens, 14 (19,2%) obtiveram média de qualidade abaixo de 80%, sendo que
quatro deles se encontram na primeira parte do questionário (Maneja apontador e faz ponta
corretamente no lápis; Usa computador com habilidade e velocidade apropriadas; Se
expressa verbalmente, fala compreensível; Parece saber mais do que consegue
expressar), dois na terceira parte (Entra e sai do ônibus escolar ou do carro com
facilidade e independência; É o último a ser escolhido para compor times em esportes ou
atividades motoras) e 8 na quarta parte (Guarda materiais na estante, carteira ou local
designado; Usa o banheiro e faz higiene pessoal; Veste blusa ou jaqueta; Veste uniforme
de ginástica; Calça meias e sapato/tênis; Amarra sapato ou tênis; Maneja/manipula
fechos, botões, fivelas; Abre ou fecha portas e maneja trincos acessíveis para crianças).
Embora a avaliação global dos itens tenha sido positiva, os juízes do painel
comentaram que os Questionários eram muito longos e cansativos de responder. Com base
nesses comentários, nos percentuais de qualidade, nas sugestões dos juízes e no julgamento
clínico das autoras, passou-se à revisão dos Questionários. Itens considerados de boa
qualidade, mas com problemas na redação, foram revisados, de acordo com instruções dos
juízes. Itens que não atingiram o critério de 80% de qualidade foram excluídos, à exceção de
dois itens do Questionário de Pais (Assistir Televisão e Videogame) que, apesar da pobre
pontuação, são atividades comuns entre crianças com problema motor. Outros dois itens, É o
último a ser escolhido para compor times em esportes ou atividades motoras (presente
nos dois Questionários) e Se expressa verbalmente, fala compreensível (Questionário de
Professores), também foram mantidos por serem considerados relevantes, de acordo com a
literatura, para esse tipo de população. A Tabela 2 apresenta os itens excluídos de cada
Questionário
39
As modificações que resultaram na versão final dos Questionários incluíram (a) a
revisão na redação de alguns itens, (b) a exclusão tanto de itens com avaliação negativa como
com conteúdo redundante ou que os juízes tiveram dificuldade para entender, (c) o
agrupamento de itens semelhantes e o acréscimo de itens sugeridos pelo painel. Finalizada a
revisão, a versão do Questionário de Pais passou a contar 100 itens e o de Professores 63
itens. Cópia dos Questionários, ainda em fase experimental, pode ser obtida com a segunda
autora.
----- Inserir Tabela 2 -----
DISCUSSÃO
Os resultados da avaliação dos Questionários da ACOORDEM, obtidos por meio do
painel de experts, dão suporte à sua validade de conteúdo. Os procedimentos utilizados neste
trabalho foram semelhantes aos usados por vários outros autores para estabelecer a validade
de conteúdo de testes de desenvolvimento infantil (16,18). Embora não haja critério
estabelecido na literatura para determinar o número ideal de juízes no painel, há indicações de
que, aproximadamente, 20 participantes é o apropriado. Um número semelhante de
participantes foi usado nos estudos de Harris e Daniel (1996) e de Palisano et al (1997) para
avaliar o conteúdo do Harris Infant Neuromotor Scale e do Sistema de Classificação da
Função Motora Grossa, respectivamente. Portanto, como o presente estudo contou com 27
participantes entre terapeutas ocupacionais, pesquisadores, pais e professores, conclui-se que
esse número está de acordo com a literatura.
Os dados gerais sobre a opinião dos juízes do painel indicam os Questionários são
relevantes e fáceis de responder por pais e professores. Todos os profissionais, em contato
direto com a primeira autora, demonstraram muito interesse na validação do teste e relataram
que sentem necessidade de um instrumento semelhante para avaliar a criança na prática
40
clínica e em pesquisa. Essa afirmação nos encoraja a dar continuidade ao processo de criação
dos Questionários, até a sua validação final.
A revisão dos Questionários, realizada a partir do painel, contribuiu para redução no número
de itens e para confirmar tanto a validade de conteúdo do instrumento como sua adequação às
necessidades de profissionais que atuam nessa área. A revisão na redação de alguns itens não
implicou mudança no sentido, apenas serviu para melhorar a compreensão do item, como por
exemplo, o item Anda com boa postura e desenvoltura foi substituído por Anda com boa
postura e agilidade. Por outro lado, alguns itens foram submetidos à revisão que resultou em
pequena modificação no sentido, como o item Gosta de brincadeiras mais paradas que
mudou para Prefere brincadeiras mais paradas. As atividades de Assistir televisão e
Videogame listadas no quadro de Brincadeiras do Questionário de Pais, apesar de terem
obtido média abaixo de 80%, foram mantidas por serem atividades muito comuns na infância
e a literatura indica que é comum que a pobre habilidade motora leve a criança a escolher
atividades mais sedentárias (20).
O item Skate, patinete e patins, também do quadro de Brincadeiras, apesar de ter
obtido avaliação baixa pelo painel, também foi mantido por ser considerado importante para
discriminar crianças com pobre habilidade motora. Esse item foi agrupado ao item Bicicleta,
pois concluímos que representam o mesmo tipo de habilidade, ou atividades que envolvem
equilíbrio. Assim como esses, outros dois itens (ex: É o último a ser escolhido para compor
times em esportes ou atividades motoras; Se expressa verbalmente, fala compreensível) que
também obtiveram média abaixo de 80% foram mantidos, por serem considerados relevantes
de acordo com a literatura na área e julgamento clínico das pesquisadoras. Foi, no entanto,
feita revisão na redação do item É o último a ser escolhido para compor times em esportes
ou atividades motoras, na tentativa de melhorar a clareza.
41
No Questionário de Pais não houve nenhum item nas partes de “Habilidade para
desempenhar atividades de vida diária”, “Habilidades relacionadas ao papel de estudante” e
“Comportamento, bitos e rotinas” com avaliação abaixo da média, o que indica que pais e
profissionais consideram essas habilidades relevantes para avaliar o desempenho em casa.
No Questionário de Professores (Tabela 2), vários itens que descrevem o desempenho
nas AVD, como Veste blusa ou jaqueta; Calça meias e sapatos/tênis ou Veste uniforme de
ginástica, entre outros, não atingiram o percentual de qualidade de 80% e foram excluídos.
Tais dados indicam que essas atividades são mais difíceis de serem observadas pelos
professores no ambiente escolar brasileiro e acreditamos que sua exclusão não trará
problemas, uma vez que esses itens também são observados no Questionário de Pais.
Brincadeiras como Adoleta e jogos de mão; Tapão e Três-marias (Tabela. 2) foram
excluídas apesar de terem conseguido atingir média acima de 80%. Curiosamente, muitos
componentes do painel não as conheciam, talvez por terem cunho regional e, desta forma,
optamos por sua exclusão. Por outro lado, foi aceita sugestão de inclusão de brincadeiras
representativas do repertório de crianças de baixa renda, como Soltar pipa e Bolinha de
gude.
Outros itens (Tabela. 2) foram excluídos por serem considerados de difícil observação
(ex: Maneja apontador e faz ponta), por estarem redundantes (ex: Prefere brincar com colegas
da sua idade), por não representarem a realidade da maioria das crianças (ex: Usa computador
com habilidade e velocidade apropriada), ou ainda porque a pontuação do painel indicou que
os juízes tiveram dificuldade para entender o que o item realmente queria dizer (ex: Parece
saber mais do que consegue expressar).
Uma limitação óbvia do estudo é o fato de que a grande maioria dos participantes do
painel, exceto dois, reside na mesma localidade, o que aumenta a possibilidade de viés
cultural. Foi feita tentativa de localizar profissionais em diferentes áreas do país, sem grande
42
sucesso. Além disso, os pais selecionados são todos de vel socioeconômico mais elevado e
os professores lecionam em escolas particulares. Os Questionários foram enviados
propositalmente apenas para esses pais, uma vez que se partiu do princípio que eles teriam
maior habilidade para ler e responder bem às perguntas em questão. Já entre os professores,
foram feitas tentativas de obter informações com professores de escolas públicas. Dez
questionários foram enviados para três escolas públicas, mas nenhum deles foi preenchido. É
possível que a dificuldade de contato ou pouca disponibilidade de algumas pessoas para
colaborar com o estudo se deva tanto à sobrecarga de trabalho como ao desvinculamento da
área de pesquisa, o que diminui o interesse em participar desse tipo de atividade.
Um ponto positivo do estudo foi a inclusão dos pais no painel de experts. Na grande
maioria dos trabalhos sobre validade de conteúdo, o painel é composto apenas por
profissionais (17,18,19). Como pais e também professores puderam opinar sobre os itens,
espera-se que os Questionários da ACOORDEM tenham boa aceitação e que apresentem itens
úteis para sinalizar comportamentos atípicos observados em casa e na escola.
O próximo passo, em andamento, no processo de criação do teste é a revisão dos
Questionários seguida de aplicação em amostragem diversificada, para identificar se os itens
discriminam crianças com e sem comprometimento motor. Novamente, alguns itens serão
descartados e outros revisados, até que os Questionários atinjam o formato final, para entrar
em processo de validação e derivação de normas de desempenho por idade.
Os problemas relacionados ao TDC na criança em idade escolar ainda são pouco
discutidos em nosso país, mas apresentam conseqüências negativas a curto e longo prazo nas
atividades de vida diária, acadêmicas e sociais. É imprescindível, portanto, contarmos com
instrumentos práticos, confiáveis e validados culturalmente para detecção dessa condição,
como é o objetivo dos Questionários de Pais e de Professores da ACOORDEM.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.Cermak SA, Gubbay SS, Larkin D. What is developmental coordination disorder?. In:
Cermak SA & Larkin D. Developmental Coordination Disorder. Albany, NY: Delmar; 2002.
2.Geuze RH. Static balance and development coordination disorder. Hum Mov Sci 2003; 22:
527-548.
3.Mandich A, Polatajko H. Developmental disorder coordination: mechanisms, measurement
and management. Hum Mov Sci 2003; 22: 407-411.
4.Geuze RH, Jongmans MJ, Schoemaker MM, Engelsman BCMS. Clinical and research
diagnostic criteria for developmental coordination disorder: a review and discussion. Hum
Mov Sci 2001; 20: 7-47.
5.Dunford C, Street E, O'Connell H, Kelly J, Sibert JR. Are referrals to occupational therapy
for developmental coordination disorder appropriate? Arch Dis Child 2004; 89: 143-147.
6.Henderson SE, Sudgen DA. Movement assessment batery for children. Sidcup: The
Psychological Corporation; 1992.
7.Gubbay SS. The clumsy child – A study of developmental apraxia and agnosic ataxia.
Philadelphia: WB Sounder, 1975.
8.Bruininks RH. Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency. Circle Pine: American
Guidance Service; 1978.
9.Mutti M, Sterling HM, Spalding NV. Quick neurological screening test. Novato:Academic
Therapy Publications; 1978.
10.Magalhães LC, Nascimento VCS, Rezende MB. Avaliação da coordenação e destreza
motora- ACOORDEM: etapas de criação e perspectivas de validação. Rev Ter Ocup USP
2004; 14 (1): 104-12.
11.Organização Mundial de Saúde, CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo – EDUSP; 2003.
44
12.Battaglia M, Russo E, Bolla A, Chiusso A, Bertelli S, Pellegri A, Borri E, Martinuzzi A.
International Classification of Functioning, Disability and Health in a cohort of children with
cognitive, motor and complex disabilities. Dev Med Child Neurol 2004; 46: 98-106.
13.Bundy A, Carter R. Making a difference: Ots and PTs in Public Schools. A model
curriculum for preparing OT and PT students. Chicago: University of Illinois at Chicago;
1991.
14.Wilson BN, Kaplan BJ, Crawford SG, Campbell A, Dewey D. Reliability and validity of a
parent questionnaire on childhood motor skills. Am J Occup Ther 2000; 54 (5): 484-493.
15.Anastasi A, Urbina S. Validade: Conceitos básicos. In: Testagem Psicológica. Porto
Alegre: Artmed Editora; 2000. p.107-127.
16.Haley SM, Coster WJ, Faas RM. A content validity study of pediatric evaluation of
disability inventory. Pediatr Phys Ther 1991; 177-184.
17.Exner CE. Content validity of the in-hand manipulation test. Am J Occup Ther 1993; 47
(6): 505-513.
18.Harris SR, Daniels LE. Content validity of the Harris infant neuromotor test. Phys Ther
1996;76 (6): 727-737.
19.Palisano R, Rosebaum P, Walter S, Russell D, Ellen W, Galluppi B. Development and
reliability of a system to classifty gross motor function in children with cerebral palsy. Dev
Med Child Neurol 1997; 39: 214-223.
20.Cairney J, Hay JA, Faught BE, Wade TJ, Corna L, Flouris A. Developmental Coordination
Disorder, generalized self-efficacy toward physical activity, and participation in organized
and free play activiies. J Pediatrics 2005; 147(4): 515-520.
45
Content validity of the motor coordination questionnaire to parents
and teachers
Abstract:
Introduction: The term Developmental Disorder Coordination has been used to refer to
children that, in the absence of neuromotor disorders, have difficulties to perform daily living
activities that require motor coordination. Facing the lack of appropriate motor coordination
tests, standardized for the Brazilian children, the process of creating the Assessment of Motor
Coordination and Dexterity (ACOORDEM) was initiated. The instrument is divided in three
parts, two parts are based on direct observation of the child’s motor performance and the last
part consists in two structured Questionnaires, that evaluate functional skills at home and
school. Objective: The objective of this study was examine the content validity of the Parents’
and Teachers’ Questionnaires of the ACOORDEM. Methodology: An expert panel,
composed by nine teachers, 11 parents and seven therapists, evaluated the quality of the items
in the Questionnaires. The Theacher's Questionnaire is composed by 73 items and the
Parent's Questionnaire by 108 items. Results: The results gave support to the content validity
of the Parents’ and Teachers’ Questionnaires, since more than 87% were considered as
presenting good quality. Conclusion: As a result of the expert panel the Questionnaires were
revised, which contributed to item reduction and to confirm the adequacy of the items to the
needs of professionals that deal with children with motor coordination problems.
Keywords:
Infant development, motor skills, validity, developmental disorder coordination.
46
Tabela 1: Percentuais médios de escores indicativos de boa qualidade obtidos para conjunto
de itens de cada parte dos Questionários
Questionário de Pais Percentual
médio de
escores 1 e 2
Questionário de Professores Percentual
médio de
escores 1 e 2
Parte 1: Mobilidade e
habilidade para participar
de jogos e brincadeiras
86%
Parte 1: Habilidade para
expressar o que está
aprendendo
83%
Brincadeiras 83%
Parte 2: Habilidade para
desempenhar atividades de
vida diária
91%
Parte 2: Habilidade para
assumir o papel de estudante
92%
Parte 3: Habilidades
relacionadas ao papel de
estudante
92%
Parte 3: Mobilidade e
participação em jogos e
brincadeiras
87%
Parte 4: Comportamento,
hábitos e rotinas
91% Parte 4: Desempenho em
atividades de vida diária
77%
Nota: Escore 1 = Concordo totalmente; Escore 2 = Concordo parcialmente.
47
ITENS EXCLUÍDOS Parte do
Questionário
Média
Questionário
de Pais
1. Maneja controle de videogame com destreza
1 79%
2. É cuidadoso com os brinquedos e materiais
1 74%
3. Prefere brincar com colegas da sua idade
1 83%
a
4. Parque eletrônico (roda gigante, montanha-russa)* 1 68%
5. Coleção, álbum de figurinhas* 1 75%
6. Adoleta e jogos de mão* 1 82%
b
7. Tapão* 1 85%
b
8. Três-marias* 1 85%
b
Questionário
de Professores
1. Maneja apontador e faz ponta
1 74%
2. Usa computador com habilidade e velocidade apropriadas
1 61%
3. Parece saber mais do que consegue expressar
1 71%
4. Entra e sai do ônibus escolar ou do carro com facilidade e
independência
3 75%
5. Veste blusa ou jaqueta
4 77%
6. Veste uniforme de ginástica
4 79%
7. Calça meias ou sapato/tênis
4 77%
8. Amarra sapato ou tênis (dá laço)
4 73%
9. Maneja /manipula fechos, botões, fivelas
4 65%
10. Abre ou fecha portas e maneja trincos acessíveis para
crianças (ex: porta do banheiro)
4 70%
Tabela 2: Itens excluídos dos Questionários de Pais e Professores
Nota: Média = percentual médio de escores 1 e 2 (Concordo totalmente e Concordo
parcialmente) obtidos em todos os critérios de pontuação da qualidade do item. * Itens do
quadro de brincadeiras infantis da Parte 1.
a
Item redundante.
b
Itens considerados de cunho
regional.
48
4. ESTUDO 2: VALIDADE DE CONSTRUCTO DOS QUESTIONÁRIOS
DE COORDENAÇÃO MOTORA PARA PAIS E PROFESSORES
4.1 PARTICIPANTES
Para esta fase do estudo, foi recrutada uma amostragem de conveniência, composta
por 30 crianças, sendo 15 crianças com desenvolvimento típico e 15 que fazem terapia
ocupacional devido a problemas de coordenação motora. As crianças foram recrutadas de
acordo com indicação de terapeutas que trabalham na área. Os critérios de inclusão para
crianças com sinais sugestivos de TDC (Grupo1) foram:
- crianças que se encontram em terapia ocupacional devido a problemas de coordenação
motora;
- entre 4 e 8 anos de idade e regularmente matriculadas em escola comum;
- sem diagnóstico clínico ou sinais evidentes de lesão neurológica e/ou retardo mental.
As crianças com desenvolvimento típico foram selecionadas entre os colegas de turma
de cada participante do grupo de TDC. As professoras foram orientadas e indicar uma criança
de mesmo sexo e idade da turma e enviar o Questionário para a casa dessa criança. Quando os
pais concordaram em participar, a professora também preencheu o Questionário escolar; caso
contrário, outra criança foi escolhida e, assim sucessivamente, até conseguirmos um
participante voluntário na turma. Os critérios de inclusão para crianças com desenvolvimento
típico (Grupo 2) foram:
- crianças nascidas com mais de 36 semanas de idade gestacional e 2500 gramas;
- entre 4 e 8 anos de idade, regularmente matriculadas na escola;
49
- sem sinais de qualquer doença ou retardo mental;
- que não apresentem, segundo relato de pais e professores, nenhuma dificuldade no
desempenho de atividades motoras grossas ou finas que interfiram nas habilidades
demonstradas em casa ou na escola;
- que não freqüentem nenhum tipo de terapia ou programa de reforço escolar.
As crianças do Grupo 1, com sinais de TDC, foram numeradas de 1 a 15, e as do
Grupo 2, com desenvolvimento pico, receberam códigos de 16 a 30. O número de
participantes foi estabelecido tendo como base o trabalho de Linacre (1994), um dos criadores
do programa Winsteps de análise Rasch, que indica que 30 participantes é um número
suficiente para um primeiro estudo piloto para verificação da estabilidade e qualidade dos
itens de uma escala.
3.2 INSTRUMENTAÇÃO
Os Questionários revisados da ACOORDEM, de Pais e de Professores, foram usados.
Esses Questionários sofreram modificações após a conclusão do Estudo 1, que avaliou a
validade de conteúdo, por meio de painel de experts. Assim, no presente estudo, a nova
versão dos Questionários foi submetida à validação de constructo.
O Questionário de Pais (Apêndice C) avalia o comportamento da criança dentro de
casa e o desempenho durante as brincadeiras do dia-a-dia. Ele é dividido em quatro escalas e
composto, ao todo, por 100 itens. A primeira escala tem 31 itens e avalia a “mobilidade e
habilidade para participar de jogos e brincadeiras”. Essa parte inclui, ainda, um quadro com
as principais brincadeiras (24 itens) que fazem parte do repertório de crianças brasileiras,
sendo solicitado aos pais para indicar as preferências da criança, a freqüência observada de
50
desempenho e com quem elas brincam. A “habilidade para desempenhar as atividades de vida
diária” é avaliada na segunda escala do Questionário (19 itens); e na terceira estão incluídas
as “habilidades relacionadas ao papel de estudante” (15 itens). Por fim, a última escala
engloba os “comportamentos, hábitos e rotinas” da criança em casa e é composto por 11 itens.
Embora o Questionário de Pais inclua um quadro descritivo das brincadeiras infantis, esses
dados não serão analisados neste estudo.
O Questionário de Professores (Apêndice D) é composto por 63 itens divididos,
também, em quatro escalas. A primeira delas avalia a “habilidade da criança para expressar o
que está aprendendo” e é composta por 15 itens. A segunda (22 itens) e a terceira (20 itens)
medem, respectivamente, a “habilidade para assumir o papel de estudante” e a “mobilidade e
participação em jogos e brincadeiras”; a última escala inclui itens sobre “desempenho em
atividades de vida diária” e contém 6 itens.
Os Questionários são pontuados em uma escala de cinco pontos (1= sempre;
2=freqüente; 3=às vezes; 4=raro; 5=nunca), levando em conta a idade da criança e o
desempenho de colegas da mesma idade. Os pais e professores podiam, também, assinalar
“N” (não se aplica) para cada um dos itens.
No final de ambos os Questionários foram incluídas duas perguntas gerais sobre a
facilidade de utilização: “O questionário foi fácil de responder?” e “Você gastou muito tempo
para respondê-lo?”.
4.3 PROCEDIMENTOS
51
Os pais de crianças indicadas para participar no estudo foram contactados, por
intermédio das terapeutas ocupacionais, quando se verificou sua disponibilidade em participar
do estudo e se eles concordariam em autorizar o envio do Questionário de Professores para a
escola da criança. Os dois Questionários foram então entregues para os pais de cada criança
que concordaram em participar do estudo e foi solicitado que entregassem o Questionário de
Professores na escola da criança. Os Questionários foram encaminhados, com duas cartas de
consentimento livre e esclarecido, para pais e para professores (Apêndice H e I), explicando
os objetivos do estudo e solicitando a colaboração. Foi feito contato com o professor,
solicitando colaboração no preenchimento do questionário e no recrutamento de outra criança,
com desenvolvimento típico, que pudesse participar do estudo. foram incluídos no estudo
os Questionários que retornaram acompanhados da carta de consentimento livre e esclarecido,
devidamente assinada, indicando a concordância, tanto dos pais quanto dos professores, em
participar do estudo.
4.4 ANÁLISE DOS DADOS
Para análise dos dados foi utilizada a estatística Rasch (WRIGHT; STONE, 1979;
LINACRE, 1994; LINACRE, WRIGHT, 2005; BOND; FOX, 2001). O modelo Rasch é
baseado no cálculo da probabilidade de um indivíduo com dada habilidade acertar um item
com determinada dificuldade (WRIGHT; STONE, 1979). O cálculo é baseado na premissa de
que indivíduos mais hábeis em uma dada dimensão terão maior probabilidade de passar tanto
itens mais difíceis quanto mais fáceis. Já indivíduos bom baixa habilidade provavelmente
acertarão os itens mais fáceis.Quando os itens se comportam dentro do esperado, é possível
52
calibrá-los ou ordená-los de mais fáceis a mais difíceis, formando um contínuo linear
semelhante a uma régua dividida em intervalos iguais pelos itens. Tendo como base a
dificuldade dos itens, pode-se distribuí-los em diferentes níveis (BOND; FOX, 2001). Deve
estar claro, no entanto, que a construção da régua ou contínuo linear de habilidade é
possível se os itens medem o mesmo constructo ou dimensão.
A vantagem do uso do modelo Rasch neste estudo é que ele calibra o nível de
dificuldade dos itens e as medidas de habilidade das crianças em um mesmo contínuo, o que
permite verificar se o nível de dificuldade dos itens é adequado para medir as habilidades da
amostragem (VELOZO et al.,1995). A unidade de medida de calibração, tanto dos itens
quanto das crianças, é denominada logits. Além disso, verificando a distribuição dos itens e
das crianças no contínuo de habilidades, podemos examinar se as respostas estão de acordo
com o esperado, o que daria suporte à validade de constructo do teste. Ou seja, considerando
os princípios teóricos que nortearam o desenvolvimento dos Questionários, é de se esperar
que certos itens sejam mais difíceis que os outros. Da mesma forma, espera-se que crianças
mais velhas e com desenvolvimento típico tenham melhor desempenho no teste, e que
crianças mais jovens e com problemas de coordenação tenham medidas mais baixas. Se isso
ocorrer é porque os itens se comportam dentro da expectativa, medindo o constructo previsto,
com os incrementos graduais de dificuldade.
Neste estudo foi utilizado o programa Winsteps (LINACRE; WRIGHT, 2005) de
análise Rasch que produz parâmetros para verificar se os itens se enquadram nas expectativas
de unidimensionalidade do modelo estatístico. Um desses parâmetros é o MnSq ou quadrado-
médio, que indica a relação entre a resposta do indivíduo e as expectativas do modelo. Se o
padrão de resposta está de acordo com o esperado, o MnSq é igual a 1, podendo variar de ±
0,3 (LINACRE; WRIGHT, 2005). Valores muito altos de MnSq, acima de 1,3, sinalizam itens
com escore errático, nos quais crianças com alta habilidade recebem pontuação
53
inesperadamente baixa ou crianças com baixa habilidade recebem pontuação alta em itens
difíceis (BOND; FOX, 2001; FISHER, 1993). Itens com escore errático podem estar mal
redigidos ou medem habilidades diferentes daquelas do conjunto de itens em questão. Valores
baixos de MnSq, menores que 0,7, sinalizam tanto itens cujos padrões de escores são
extremamente previsíveis de acordo com o modelo, quanto itens muito consistentes, nos quais
pouca variação de escores. As duas situações, tanto de escore errático como de escore
muito consistente, comprometem o teste, mas considera-se que o padrão errático de escores
tem mais impacto na validade, pois escores imprevisíveis oferecem informações pouco claras
sobre o nível de desempenho do indivíduo (LAI et al., 1996). Os valores de MnSq também
são apresentados no formato estandardizado (t), cujo valor esperado é 0,0 (±2) (BOND; FOX,
2001).
Não existem normas rígidas para interpretação dos dados, mas adotando padrões que
vêm sendo usados na literatura (LINACRE; WRIGHT, 2005; FISHER, 1993; LAI et al,
1996), neste estudo apenas os itens com MnSq 1,3 e valor t ±2 foram considerados como
contrariando as expectativas do modelo Rasch. Os valores de MnSq são apresentados em dois
formatos, infit, que sinaliza variações de escore no nível de dificuldade do item, e outfit, que
sinaliza grandes variações no escore (outliers). Esses dois valores foram examinados, de
acordo com o critério estabelecido acima. Itens considerados erráticos foram examinados com
cautela para verificar se deveriam ser descartados, caso não contribuíssem para a definição do
constructo, ou revisados.
O mesmo raciocínio utilizado para os itens se aplica ao padrão de resposta das
crianças, sendo que crianças com padrões erráticos de resposta (MnSq 1,3 e valor t ±2 )
apresentam escores pouco previsíveis, o que compromete o cálculo preciso do seu nível de
habilidade. Não existem parâmetros fixos, mas neste estudo adotamos o critério usado por
alguns autores que consideram que um teste é válido quando não mais que 5% dos itens e 5%
54
das crianças apresentam padrão errático de escore (LAI et al., 1996; CAMPBELL et al.,
1995).
Além dos parâmetros para verificar o enquadramento dos itens e das crianças nas
expectativas do modelo Rasch, o programa Winsteps (LINACRE; WRIGHT, 2005) reporta
valores de confiabilidade para calibração dos itens e das medidas das crianças, bem como o
erro associado à calibração de cada item e à medida de cada criança. Interpretada de maneira
semelhante ao índice de Cronback, espera-se que a confiabilidade seja de pelo menos 0,80
(BOND; FOX, 2001). Os valores de confiabilidade e de erro são combinados para o cálculo
do índice de separação, que indica em quantos níveis de habilidade os itens separam as
crianças da amostra. Espera-se que as crianças sejam divididas em pelo menos dois níveis de
habilidade (BOND; FOX, 2001).
Considerando que o objetivo do presente estudo foi obter um conjunto de itens válidos
para cada Questionário, foi feita uma análise inicial incluindo todos os itens ao mesmo tempo,
independente do domínio, para verificar se os itens se combinariam em uma única escala. Foi
também explorada a organização dos itens em escalas, como apresentadas nos questionários.
Os valores de confiabilidade e separação dos itens foram examinados, assim como os
indicadores de unidimensionalidade. Itens erráticos foram, então, descartados, procedendo-se
novas análises, até que fosse obtida a combinação ideal de itens, que apresentou melhor
confiabilidade da escala, maior separação de crianças e menor número de itens e crianças
erráticos. É importante esclarecer, ainda, que a maioria dos itens dos Questionários de Pais e
Professores indica características positivas (ex: Chuta bola com agilidade), sendo esperado
que crianças com desenvolvimento típico apresentem maior freqüência de escore 1 (=
sempre) nesses itens. Dessa forma, quanto menor o escore global da criança, melhor seu
desempenho funcional. Observa-se, no entanto, que alguns itens indicam características
negativas (ex: Tropeça, cai, propenso a acidentes), nos quais se espera que crianças com
55
desempenho típico tenham escore mais alto (5 = nunca). Para análise dos dados, todos os
itens indicativos de características negativas tiveram o escore invertido.
4.5 RESULTADOS
Dos Questionários devolvidos, foram selecionados aqueles que preenchessem os
critérios de inclusão. Trinta crianças entre quatro e oito anos participaram do estudo. Os
dados demográficos da amostra são apresentados na Tabela 3. Não foi possível parear todas
as crianças por sexo e idade, devido a dificuldades encontradas pelas professoras no
recrutamento de voluntários. Após realização de teste t pareado observamos que não houve
diferença entre as médias de idade nos dois grupos (t = -0,58, p>0,05), no entanto houve
diferença de gênero entre os grupos. Das 15 crianças que faziam parte do grupo com sinais de
TDC, quatro (26,7%) eram do sexo feminino e 11 (73,3%) do sexo masculino; as crianças
com desenvolvimento típico, oito (53,3%) eram do sexo feminino e sete (46.7%) do sexo
masculino. Em ambos os grupos, apenas uma criança (6,7%) freqüentava escola da rede
pública.
TABELA 3
Caracterização da amostra
Grupo 1 - TDC Grupo 2 – Típico
Média Desvio-padrão Média Desvio-padrão
Idade (em meses) 82,0 14,3 82,9 12,9
Peso ao nascimento (gramas) 3.179,6 482,9 3.305,0 517,8
56
Idade gestacional (semanas) 39,20 1,90 39,1 1,6
De uma forma geral, 90% dos pais e 93,3% dos professores consideraram os
Questionários fáceis de responder e, apesar da demora em retornar os Questionários
preenchidos, 93,3% dos pais e professores relataram não ter gastado muito tempo para
respondê-los.
Para facilitar a compreensão dos resultados, os dados específicos referentes a cada
Questionário serão apresentados separadamente.
4.5.1 Questionário de Professores
Os itens do Questionário de Professores passaram por várias combinações de análise
Rasch para se chegar aos melhores valores de confiabilidade, separação dos itens e das
crianças. Como um dos objetivos do estudo era tornar o instrumento mais curto e, portanto,
mais viável, foram excluídos tanto itens que não se enquadravam no modelo como aqueles
que estavam calibrados em um mesmo nível de dificuldade no contínuo de habilidade, o que
indicava redundância. Como resultado da análise, os itens acabaram sendo combinados em
apenas duas escalas distintas, Escala Motora e Escala de Comportamento.
4.5.1.1 Escala motora
O Questionário de Professores, que no seu formato original continha 37 itens de
caráter predominantemente motor, passou a ter 28 itens pois, após ajustes às expectativas do
modelo e eliminação de itens redundantes, 9 itens foram excluídos.
1
Níveis de habilidade/dificuldade = 4G+1/3 onde G = separação (BOND; FOX, 2001)
57
Como resultado do corte de itens, os valores globais de MnSq, respectivamente, para
os itens (Infit = 1,03; t = 0,1/Outfit = 0,94; t = -0,1) e para as crianças (Infit = 1,05; t = 0,1/
Outfit = 0,95; t = 0), ficaram dentro dos parâmetros esperados, o que indica que, de maneira
geral, tanto os itens quanto os padrões de resposta das crianças se enquadram nas expectativas
do modelo Rasch. A confiabilidade de calibração do teste tamm atingiu os valores
esperados, de 0,92 para as medidas das crianças e 0,83 para a calibração dos itens. O índice
de separação para os itens (2,19) e para as crianças (3,35) indica que os itens podem ser
divididos em, aproximadamente, 3,25 níveis de dificuldade e as crianças em 4,8 níveis
diferentes de habilidade
1
.
Como pode ser observado na Tabela 4, a amplitude de calibração de dificuldade dos
itens cobre 2,54 logits. O item considerado mais fácil foi Troca de mãos quando usa o lápis
(1,36) e o item mais difícil foi Participa de brincadeiras com bola e atividades motoras
durante o recreio (-1,18). Deve-se ressaltar que o item Troca de mãos quando usa o lápis
teve seu escore invertido, portanto, na pontuação desse item predominou escore 5 (= nunca),
que indica que esse comportamento é observado muito raramente. Esse mesmo raciocínio
deve ser aplicado a todos os outros itens invertidos. Examinando a calibração dos itens,
observa-se que ela segue a progressão esperada e apenas um item (Mostra sinais de cansaço
em trabalhos de escrita) não se enquadra no modelo Rasch (infit/outfit 1,3; t 2 pontos).
Como menos de 5% dos itens apresentaram padrão errático de resposta e a progressão do
nível de dificuldade dos itens está dentro do esperado, conclui-se que os itens da Escala
Motora do Questionário de Professores combinam para medir um constructo unidimensional.
58
TABELA 4
Calibração da Escala Motora – Questionário de Professores
59
Item Ca
libração
Erro Infit Outfit
MnSq
t
MnSq
t
15.Troca de mãos
i
1,
36
0,39 0,85 -0,1 0,24 -0,2
62.Retira e coloca roupa 1,
20
0,32 0,87 -0,2
0
,54
-0,5
46.Participa atividade
física
0,
97
0,29 1,25 0,8 0,77 -0,2
60.Come merenda 0,
89
0,28 0,54 -1,5 0,39 -1,1
48.Usa brinquedos
móveis
0,
75
0,34 1,03 0,2 0,82 0,0
50.Sobe e desce escadas 0,
59
0,27 1,00 0,1 0,93 0,1
13.Recusa fazer escrita
i
0,
55
0,25 0,88 -0,3 0,64 -0,1
58.Maneja a
pasta/mochila
0,
46
0,26 1,29 1,0 0,83 -0,2
45.Participa de ed. física 0,
45
0,28 0,52 -1,7
0
,43
-1,1
42.Acompanha o ritmo da 0,
31
0,26
1
,45
1,4 1,20 0,5
44.Transporta materiais 0,
05
0,25
1
,34
1,1
0
,98
0,1
52.Fica inclinado deitado
carteira
i
0,
05
0,23
1
,23
0,8
2
,10
1,4
11.Escreve com pressão 0,
02
0,24
1
,21
0,8
1
,16
0,5
39.Anda e corre
desenvoltura
-
0,03
0,24
1
,12
0,5
0
,90
-0,1
3.Escreve letras e
números
-
0,09
0,24 0,44 -2,4
0
,42
-1,6
47.É habilidoso gosta de
artes
-
0,20
0,24
1
,64
1,9
1
,46
1,1
4.Escreve sobre a linha -
0,21
0,24 0,45 -2,3
0
,39
-1,9
6.Escrita legível -
0,26
0,24 0,70 -1,0
0
,68
-0,8
1.Escreve com facilidade -
0,26
0,24 0,92 -0,2
0
,69
-0,7
2.Deixa espaços
apropriados
-
0,42
0,24 0,92 -0,2
1
,03
0,2
10.Recorta com tesoura -
0,43
0,23 0,81 -0,6
0
,69
-0,8
40.Pula ou salta -
0,45
0,24 0,81 -0,6
0
,65
-0,9
8.Escreve com velocidade -
0,53
0,23
1
,34
1,2
1
,09
0,4
9.Colore e desenha - 0,23 0,87 -0,4 0 -0,5
+ fácil
60
59.Organiza material
escolar
-
0,80
0,23 0,69 -1,1
0
,58
-1,3
38.Mantém boa postura -
0,96
0,23
1
,35
1,2
1
,61
1,7
14.Mostra sinais de
cansaço*
i
-
1,01
0,22 1,88* 2,4*
2
,83*
2,8*
49.Participa de
brincadeiras
-
1,18
0,23 1,51 1,7 1,54 1,6
Nota: * Itens que não se enquadram no modelo Rasch (valor de MnSq 1.3 e t 2.0).
i
Itens invertidos. O
enunciado dos itens foi reduzido para caber na tabela.
A Tabela 5 mostra que as medidas de habilidade das crianças estão distribuídas em
6,42 logits, variando de 0,71 logits para a criança com menos habilidade motora, a -5,71 para
a criança mais habilidosa. Houve distribuição perfeita das crianças, uma vez que crianças com
sinais de TDC obtiveram medidas de calibração mais altas, que indicam menos habilidade,
agrupando-se no alto da Tabela 5, e as crianças com desenvolvimento pico tiveram medidas
mais baixas, ficando localizadas na região inferior da Tabela. Quatro crianças com
desenvolvimento pico obtiveram escore nimo nessa escala, indicando que sempre fazem
com sucesso todas as atividades representadas pelos itens. Observa-se, ainda, que três
participantes (10%) apresentaram padrão errático de resposta, o que compromete a validade
dos padrões de resposta das crianças.
TABELA 5
Medidas de habilidades motoras das crianças – Questionário de Professores
+
61
62
Criança
(Código)
Idade
(em
anos)
Calibração Erro Infit Outfit
MnSq t MnSq t
6 5 0,71 0,22 0,96 -0,1 0,95 -0,1
11 8 0,40 0,23 0,56 -1,7 0,54 -1,7
1 7 0,24 0,20 1,11 0,5 1,09 0,4
10 5 0,24 0,20 1,17 0,7 1,17 0,7
7 7 -0,12 0,20 1,31 1,2 1,24 0,9
15 4 -0,26 0,20 0,45 -2,8 0,53 -2,1
4 8 -0,40 0,20 1,17 0,8 1,11 0,5
12 8 -0,48 0,19 0,67 -1,5 0,64 -1,5
13* 5 -0,55 0,20 1,65* 2,3* 0,62* 2,0*
9 7 -0,65 0,20 0,62 -1,7 0,64 -1,4
3 5 -0,82 0,20 1,32 1,3 1,28 1,0
5 6 -0,99 0,20 0,86 -0,5 0,80 -0,6
14* 6 -1,03 0,20 1,69* 2,4* 1,63* 1,9*
8* 7 -1,19 0,21 2,03* 3,2* 1,75* 2,0*
2 7 -1,50 0,23 0,90 -0,3 0,96 0,0
20 6 -1,66 0,24 0,86 -0,4 0,81 -0,4
30 5 -1,84 0,25 0,50 -1,9 0,55 -1,1
23 7 -2,12 0,29 1,10 0,4 0,91 0,0
27 7 -2,13 0,29 0,43 -1,9 0,36 -1,5
18 5 -2,38 0,33 0,46 -1,5 0,42 -1,1
22 7 -2,78 0,40 0,87 -0,1 0,86 0,0
26 8 -2,91 0,44 0,98 0,2 0,72 -0,1
24 8 -2,96 0,44 1,80 1,4 0,77 -0,1
16 6 -3,18 0,49 2,27 1,8 1,60 0,9
28 5 -3,40 0,57 0,79 -0,1 1,36 0,7
17 8 -4,52 0,99 0,87 0,2 0,38 0,0
21 6 -5,67 1,83 Escore mínimo estimado
Escore mínimo estimado
Escore mínimo estimado
Escore mínimo estimado
25 6 -5,67 1,83
19 7 -5,70 1,82
29 7 -5,71 1,82
Nota: * Crianças que não se enquadram no modelo Rasch (valor de MnSq 1.3 e t 2.0)
-
+ Habilidade
63
ANEXO B – NORMAS EDITORIAIS DA REVISTA CIENTÍFICA
REVISTA BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA
ISSN 1413-3555
NORMAS EDITORIAIS
AGOSTO 2005
OBJETIVOS, ESCOPO E POLÍTICA
A REVISTA BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA publica relatos originais de pesquisa
concernentes ao objeto principal de estudo da Fisioterapia e ao seu campo de atuação
profissional, veiculando estudos básicos sobre a motricidade humana e investigações clínicas
sobre a prevenção, o tratamento e a reabilitação das disfunções do movimento. Será dada
preferência de publicação àqueles manuscritos que contribuam significativamente para o
desenvolvimento conceitual dos objetos de estudo da Fisioterapia ou que desenvolvam
procedimentos experimentais novos, não sendo meros repositórios de dados científicos ou de
conceitos já consagrados.
Os artigos submetidos à Revista devem preferencialmente enquadrar-se na categoria
de artigos científicos (novas informações com metodologia e resultados sistematicamente
relatados).
Artigos de revisão (síntese atualizada de assuntos bem estabelecidos, com análise
crítica da literatura consultada e conclusões) são publicados apenas a convite dos editores.
Artigos de Revisão, Artigos Metodológicos (apresentando aspectos metodológicos de pesquisa
ou de ensino) e Estudos de Caso (acompanhados de breve revisão do assunto e metodologia
pertinente) são publicados num percentual de até 20% do total de manuscritos.
Resumos ampliados (extended abstracts de artigos publicados em periódicos
indexados de circulação internacional do próprio autor ou com a permissão deste) são
também aceitos para publicação.
A Revista publica ainda uma Seção Editorial, Resenhas de Livros (por solicitação dos
editores), Resumo de Artigos publicados em revistas internacionais e, eventualmente, Agenda
de Eventos Científicos Próximos e Cartas ao Editor (de críticas às matérias publicadas com
réplica dos autores e referentes a assuntos gerais da Fisioterapia, publicadas a critério dos
editores).
Com exceção dos Resumos Ampliados, a submissão dos manuscritos implica que o
trabalho
não tenha sido publicado e não esteja sob consideração para publicação em outra
revista. Quando parte do material tiver sido apresentada em uma comunicação preliminar
em Simpósio, Congresso, etc., deve ser citada como nota de rodana gina de título e uma
cópia deve acompanhar a submissão do manuscrito. Os autores cujos manuscritos entrarem
em processo de revisão receberão uma notificação.
A Revista Brasileira de Fisioterapia publica resumos de eventos como Suplemento,
após submissão e aprovação de proposta ao Conselho Editorial. A submissão de proposta
deve atender às “Normas para Publicação de Resumos em Suplemento” que podem ser
obtidas por intermédio da Secretaria Executiva da Revista.
64
Os artigos submetidos à Revista são analisados pelos editores e pelos revisores das
áreas de
conhecimento, que estão assim divididas: Fundamentos e História da Fisioterapia;
Anatomia,
Cinesiologia e Biomecânica; Controle Motor; Comportamento e Motricidade;
Recursos
Terapêuticos Físicos e Naturais; Recursos Terapêuticos Manuais; Cinesioterapia;
Prevenção em Fisioterapia/Ergonomia; Fisioterapia nas Condições Músculo-Esqueléticas
(Ortopedia e
Traumatologia/Reumatologia/Próteses e Órteses); Fisioterapia nas Condições
Neurológicas (do adulto e da criança); Fisioterapia nas Condições Cardiorrespiratórias;
Fisioterapia nas Condições Uroginecológicas e Obstétricas; Ensino em Fisioterapia;
Administração, Ética e Deontologia,
Registro/Análise do movimento; e Fisioterapia nas condições geriátricas. Cada artigo
é analisado por pelo menos três revisores, os quais trabalham de maneira independente e
fazem parte da comunidade acadêmico-científica, sendo especialistas em suas respectivas
áreas de conhecimento.
Os revisores permanecerão anônimos aos autores, por recomendação expressa dos
editores. O editor coordena as informações entre os autores e os revisores, cabendo-lhe a
decisão final sobre quais artigos serão publicados, com base nas recomendações feitas pelos
revisores ad hoc. Quando aceitos para publicação, os artigos estarão sujeitos a pequenas
correções ou modificações que não alterem o estilo do autor. Eventuais modificações na
forma, estilo ou interpretação só ocorrerão após a devida consulta aos autores. Quando
recusados, os artigos serão devolvidos, podendo se acompanhados por justificativa do editor.
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
FORMA E PREPARAÇÃO DOS MANUSCRITOS
Informações Gerais
Os manuscritos e toda a correspondência devem ser encaminhados para:
Revista Brasileira de Fisioterapia
Secretaria Executiva
Departamento de Fisioterapia
Universidade Federal de São Carlos
Rodovia Washington Ls, km 235, Caixa Postal 676
CEP 13565-905, São Carlos-SP-Brasil
Tel.: (0xx16) 3351-8755 FAX: (0xx16) 3361-2081
Os manuscritos podem ser submetidos em português ou inglês e devem ser enviados
em quatro vias e em versão eletrônica em disquete ou Cd-Rom. Os manuscritos devem ser
digitados em espaço duplo, tamanho 12, com amplas margens (superior e inferior = 3 cm;
laterais = 2,5 cm) em papel A4 (21,0 x 29,7 cm) de boa qualidade e com todas as cópias
nítidas e totalmente legíveis, não ultrapassando 20 (vinte) páginas (incluindo referências,
figuras e tabelas). Estudos de caso não devem ultrapassar 10 (dez) páginas digitadas em sua
extensão total.
Um manuscrito submetido para publicação deve vir acompanhado por uma carta de
encaminhamento do material, contendo as seguintes informações: nome(s)
completo(s) do(s)
autor(es), área principal do artigo e uma declaração assinada por pelo menos um dos
autores, que tenha obtido a ciência e concordância dos demais, indicando a exclusividade de
publicação na Revista Brasileira de Fisioterapia, caso o artigo venha a ser aceito pelos
Editores.
65
As datas de recebimento e aceite dos artigos serão publicadas. Se o artigo for
encaminhado aos autores para revisão e não retornar à Revista dentro de 6 meses, o processo
de revisão será considerado encerrado. Caso o mesmo artigo seja re-encaminhado à Revista,
um novo processo será iniciado, com data atualizada. A data do aceite será registrada quando
os autores retornarem o manuscrito, após a correção final quanto ao estilo e clareza. Os
autores receberão um aviso de recebimento do manuscrito submetido emitido pela Secretaria
da RBF.
As provas finais serão remetidas aos autores para correção dos erros de impressão.
Quaisquer
outras alterações podem exigir uma nova revisão editorial e, nestes casos, a publicação
do artigo poderá ser postergada. Manuscritos em prova final não devolvidos em 3 dias terão
sua publicaçãopostergada para um próximo número.
A versão corrigida, após o aceite por parte do editor, deve ser enviada em disquete
usando o
programa Word em qualquer versão, padrão PC e uma cópia em papel. As figuras e
tabelas devem ser colocadas em folhas e em arquivos separados do texto.
Após publicação do artigo ou processo de revisão encerrado, toda documentação
referente à
revisão será incinerada.
Formato do Manuscrito
O manuscrito deve ser montado na seguinte ordem, com todas as páginas numeradas
consecutivamente na margem superior direita, começando da página de título. Para
informações adicionais consultar “Uniform Requirements for Manuscripts (URM) submitted
to Biomedical Journals” (http:www.icmje.org):
1a Folha (dados de identificação, sem títulos)
Página de Título. a) Título; b) iniciais e sobrenome(s) do(s) autor(es) (seguidos por
números
sobrescritos, identificando suas instituições; c) nome e endereço completo da
instituição onde o trabalho foi realizado; d) endereço eletrônico; e) agradecimentos às
subvenções para a pesquisa e à bolsa de estudo (agência e número do auxílio), quando for o
caso; f) nome e endereço completo (incluindo número de telefone e fax) do autor
correspondente, para envio de correspondência.
ATENÇÃO: A Revista desencoraja a inclusão de mais de cinco autores em um
artigo. Se
mais de cinco autores são listados, a carta de encaminhamento do manuscrito deve
esclarecer qual a contribuição individual de cada autor. Pessoas que contribuem
significativamente para o trabalho podem ser incluídas no item “Agradecimentos”.
Inclua ainda na página de título:
Título para as páginas do artigo. Este título curto, para ser usado no cabeçalho das
páginas do
artigo, deve ser indicado pelo autor, em língua portuguesa e inglesa, e não pode
exceder 60 letras e espaços.
Palavras-chave. Uma lista de termos de indexação ou palavras-chave (não mais que 6),
deve
ser incluída em língua portuguesa e inglesa. A Revista recomenda o uso do DeCS
Descritores em Ciências da Saúde.
2a Folha
Resumo. Para autores brasileiros, o resumo deve ser escrito em língua portuguesa e
língua
66
inglesa. Para os demais países, apenas em ngua inglesa. Uma exposição concisa, que
não exceda 250 palavras em um único parágrafo digitado em espaço duplo, deve ser escrito
em folha separada e colocada logo após a página de título. Os resumos são escritos em forma
estruturada, incluindo os seguintes itens separadamente: contextualização (opcional),
objetivo, método, resultados e conclusões. Notas de rodapé e abreviações não definidas não
devem ser usadas. Se for preciso citar uma referência, a citação completa deve ser feita dentro
do resumo. Uma vez que os resumos são publicados separadamente pelos Serviços de
Informação, Catalogação e Indexação Bibliográficas, eles devem conter dados
suficientemente sólidos para ser apreciados por um leitor que não teve acesso ao artigo como
um todo.
Notas de Rodapé. As notas de rodapé do texto, se imprescindíveis, devem ser
numeradas
consecutivamente em sobrescrito no manuscrito e escritas em uma folha separada,
colocada no final do material, após o Abstract.
Após o Resumo, deve-se incluir, em folhas seqüenciais (identificadas abaixo como
uma Folha
3 genérica), a Introdução, a Metodologia, os Resultados e a Discussão.
3a Folha
Introdução. Deve conter os objetivos da investigação, suas relações com outros
trabalhos da
área e os motivos que levaram o(s) autor(es) a empreender a pesquisa.
Metodologia. Deve ser escrita de modo a permitir que o trabalho possa ser
inteiramente
repetido por outros pesquisadores. Deve incluir todas as informações necessárias ou
fazer
referências a artigos publicados em outras revistas científicas para permitir a
replicabilidade dos dados coletados. Resultados. Devem ser apresentados de forma breve e
concisa. Tabelas e figuras podem ser incluídas, quando necessárias, para garantir melhor e
mais efetiva compreensão dos dados. Discussão. O objetivo da discussão é interpretar os
resultados e relacioná-los aos conhecimentos existentes e disponíveis, principalmente
àqueles que foram indicados na Introdução do trabalho. As informações dadas anteriormente
no texto (na Introdução, Metodologia e Resultados) podem ser citadas, mas não devem ser
repetidas em detalhes na discussão. Agradecimentos. Quando apropriado, agradeça
brevemente a assistências técnicas,aconselhamento e assistência de colegas. Suporte
financeiro para a pesquisa e bolsas de estudo devem ser agradecidas na página de título.
4a Folha
Referências. As referências bibliográficas devem ser organizadas seguindo os
Requisitos
Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos, elaborado pelo
Comitê
Internacional de Editores de Revistas Médicas (International Committee of Medical
Journal
Editors– ICMJE- http://www.icmje.org/index.html). Ver exemplos no endereço
http://www.ccbs.ufscar.br/dfisio/revista/fisio.htm
5a Folha
Title, Abstract and Key Words. O título, o resumo estruturado e as palavras-chave do
artigo
devem ser vertidos para o inglês sem alteração do conteúdo e digitados em uma folha
à parte, e inserido após as Referências.
67
Tabelas. Todas as tabelas devem ser citadas no texto em ordem numérica. Cada tabela
deve ser digitada em espaço duplo, em uma página separada. As tabelas devem ser numeradas
consecutivamente com algarismos arábicos e apresentadas após a 5a folha. Um título
descritivo e legendas, na forma em que aparecerão na Revista, devem tornar as tabelas
inteligíveis, sem necessidade de remissão ao texto do artigo. As tabelas não devem ser
formatadas com marcadores horizontais nem verticais; em vez disso, parágrafos ou recuos e
espaços verticais e horizontais devem ser usados para agrupar os dados. Um conjunto extra
de Tabelas traduzidas para o inglês precisa ser fornecido para a Revista.
Legendas das Figuras. Digite todas as legendas em espaço duplo e, consecutivamente,
em uma folha em separado. Explique todos os símbolos e abreviações. As legendas devem
tornar as figuras inteligíveis, sem necessidade de remissão ao texto. Todas as figuras devem
ser citadas no texto, em ordem numérica. Um conjunto adicional de Figuras em inglês deve
ser também incluído.
Figuras (Arte Final). Submeta um conjunto de arte final e três cópias, para avaliação
dos
revisores. Para fotografias, inclua cópias de boa qualidade em papel preto-e-branco.
Use
preferencialmente fotos em papel preto-e-branco. Todas as figuras devem ter
aparência profissional.
Figuras de pouca qualidade podem resultar em atrasos na aceitação e publicação do
artigo. Prefira produzir a arte final das figuras em computador. Caso contrário, use papel
vegetal/nanquim. Use letras em caixa alta (A, B, C, etc.) para identificar as partes individuais
de figuras múltiplas.
Quando possível, todos os mbolos devem aparecer nas legendas. Entretanto,
símbolos para
identificação de curvas em um gráfico podem ser incluídos no corpo de uma figura,
desde que isso não cause “amontoamento” dos dados. Confira cuidadosamente cada figura,
para certificar-se de que não erros nas legendas e que eso sendo enviadas para a Revista
as figuras mais apropriadas. Evite agrupar diferentes figuras em uma única. Cada figura deve
estar claramente identificada. Use lápis no 1 para marcar levemente nas costas de cada figura
o nome do autor principal e o número da figura. As figuras devem ser numeradas,
consecutivamente, em arábico, na ordem em que aparecem no texto. No caso de submeter
mais de duas fotos, consulte a Revista para saber sobre possível custo adicional.
Unidades. Usar o Sistema Internacional (SI) de unidades métricas para as medidas e
abreviações das unidades.
Artigos de Revisão. São feitos por pesquisadores que tenham dado contribuição
substancial em suas áreas específicas de conhecimento e são submetidos apenas a
convite dos editores.
Estudos de Casos. Os relatos de casos clínicos não precisam necessariamente seguir a
estrutura canônica dos artigos científicos, mas devem apresentar um delineamento
metodológico o mais exaustivo possível, para permitir a reprodutibilidade das intervenções
relatadas. Tenha extremo cuidado ao propor generalizações de resultados a partir dos estudos
de casos.
Cartas ao Editor. Críticas a matérias publicadas, de maneira construtiva, objetiva e
educativa,
consultas a situações clínicas e discussões de assuntos específicos à Fisioterapia serão
publicados a critério dos editores. Quando a carta referir-se a comentários técnicos (réplicas)
aos artigos publicados na Revista, esta será publicada junto com a tréplica dos autores do
artigo objeto de análise e/ou crítica.
68
Conflitos de interesse. Não é recomendável a utilização de nomes comerciais de
equipamentos e drogas (marcas registradas). Quando sua utilização for imperativa, o nome
dos produtos e de seus fabricantes deverão vir entre parênteses, após o nome genérico do tipo
de equipamento ou da droga utilizada. Na carta de encaminhamento os autores devem revelar
eventuais conflitos de interesse (profissionais, financeiros e benefícios diretos e indiretos) que
possam influenciar os resultados da pesquisa.
Considerações Éticas e Legais. Evite o uso de iniciais, nomes ou números de registros
hospitalares dos pacientes. Um paciente o poderá ser identificado em fotografias,
exceto com consentimento expresso, por escrito, acompanhando o trabalho original. As
tabelas e/ou figuras publicadas em outras revistas ou livros devem conter as respectivas
referências e o consentimento, por escrito, do autor ou editores.
Estudos realizados no homem devem estar de acordo com os padrões éticos e com o
devido
consentimento livre e esclarecido dos participantes (reporte-se à Resolução 196/96, do
Conselho Nacional de Saúde, que trata do “Código de Ética para Pesquisa em Seres
Humanos”). Para as pesquisas em humanos, deve-se incluir a aprovação da mesma pela
Comissão de Ética em Pesquisa devidamente registrada no Conselho Nacional de Saúde do
Hospital ou Universidade, ou o mais próximo da localização de sua região. A Revista reserva-
se o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam a essas normas legais e éticas para
pesquisas em seres humanos. Para os experimentos em animais, considere as diretrizes
internacionais (por exemplo, a do Committee forResearch and Ethical Issues of the
International Association for the Study of Pain, publicada em (PAIN, 16: 109-110, 1983). É
desejável que estudos relatando resultados eletromiográficos sigam os “Standards for
Reporting EMG Data” recomendados pela ISEK.
Considerações Finais. Ao enviar o original e as três cópias do trabalho (na versão
inicial),
procure acondicioná-los adequadamente, para evitar rasuras e danos. As ilustrações,
principalmente as fotografias, devem ser protegidas com material impermeável antes de
serem postadas no correio.
Prefira a remessa via Sedex ou carta registrada. Quando o artigo pertencer a mais de
um autor, fica claro que os demais autores estão de acordo com a publicação da matéria,
quando do aceite final dos editores.
É de responsabilidade dos autores a eliminação de todos os dados (após 1a Folha)
que
possam identificar a origem ou autoria do artigo. Como exemplo, o nome do Comitê
de Ética deve ser mencionado de forma genérica, sem incluir o nome da Universidade ou
Laboratório, bem como outros dados.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo