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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA
DE SISTEMATIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
MÉDIO
CLAUDIO KRAVCHYCHYN
Presidente Prudente – SP
2006
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA
DE SISTEMATIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
MÉDIO
CLAUDIO KRAVCHYCHYN
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em
Educação, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Educação
- Área de Concentração: Praxis
Pedagógicas e Gestão de Ambientes
Educacionais.
Orientadora:
Profa. Dra. Sônia Maria Vicente Cardoso
Presidente Prudente – SP
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
796.077 Kravchychyn, .Claudio
K91a Análise do processo de implantação de uma
proposta de sistematização para a educação
física no ensino médio/ Claudio Kravchychyn –
Presidente Prudente : [S.n.], 2006.
263 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE:
Presidente Prudente – SP, 2006.
Bibliografia
1.Educação física, ensino médio. 2. Projeto
sistematização, ensino médio. I. Autor. II. Título.
ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA
DE SISTEMATIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
MÉDIO
CLAUDIO KRAVCHYCHYN
Trabalho apresentado e aprovado com conceito ___________________________
em ____ de ____ de 2006, pela Banca Examinadora constituída por:
___________________________________________________________________________
Profa. Sônia Maria Vicente Cardoso – Orientadora
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira – Membro da Banca Examinadora
__________________________________________________________________________
Profa. Dra. Lúcia Helena Tiosso Moretti – Membro da Banca Examinadora
UNOESTE
Presidente Prudente – SP
2006
DEDICATÓRIA
À Terezinha, Ana Claudia e Guilherme,
Que dão sentido à minha vida,
Que são os motivos da minha luta,
Com toda a força do meu amor.
AGRADECIMENTOS
À Universidade do Oeste Paulista e ao Centro Universitário de Maringá,
Instituições de Ensino nas quais trabalho, pelo apoio pelo incentivo e pelas
condições proporcionadas para o cumprimento de mais esta etapa de minha
formação acadêmica, mais diretamente aos coordenadores de curso, Prof. Dr. Pedro
Balikian Júnior (Unoeste) e Profª Esp. Jacqueline da Silva Nunes Pereira (Cesumar).
Ao corpo docente do Programa de Mestrado em Educação da Unoeste,
pela dedicação, pela competência e pelo convívio fraterno presentes durante todo o
curso.
À secretária do Programa de Mestrado em Educação da Unoeste,
Idalina de Oliveira Lima Seole (Ina), pela paciência, carinho e competência no
atendimento a todos os mestrandos e professores.
À minha orientadora, Profª. Drª. Sônia Maria Vicente Cardoso, pela
orientação criteriosa, pelo carinho, atenção, paciência e, sobretudo, pelo exemplo de
educadora que brota desde suas atitudes mais simples.
Ao Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira, idealizador da
proposta que moveu este estudo, membro da banca examinadora, minha referência
profissional, meu irmão e companheiro de tantos anos.
À Profª. Drª. Lúcia Helena Tiosso Moretti, por aceitar participar da
banca examinadora deste trabalho, pela amizade e pela importante ajuda prestada
durante a realização do mesmo.
Ao Colégio São Francisco Xavier, que abriu suas portas para a
realização desta pesquisa, a todos os seus professores e funcionários,
particularmente à Diretora, Profª. Eliza Mitie Shiozaki, à Coordenadora Pedagógica,
Profª. Enilda Maria Coelho de Cuba, e sobremaneira ao Prof. Silvio Yukio Domen,
pelo profissionalismo, empenho e companheirismo demonstrados em todos os
momentos deste estudo.
Ao realizar um sonho de toda uma vida profissional, pensei em
manifestar minha gratidão a todos que trabalharam comigo, que compartilharam
comigo momentos importantes de minha caminhada até aqui. Contudo, isso seria
uma missão praticamente impossível, devido à felicidade que tive em conviver com
muitas pessoas especiais, entre atletas, dirigentes esportivos, técnicos e colegas de
trabalho. Algumas destas pessoas já foram lembradas nas linhas anteriores.
Contudo, quero agradecer com estima aos professores Adolpho Cardoso Amorim,
Anselmo Alexandre Mendes (Neves), Carlos Gomes de Oliveira (Rosa), Daniel
Tupan Tognim, Flávio Augusto Bonilha, Humberto Garcia de Oliveira, Joaquim
Martins Júnior, Kênia Rosa Batista, Leandro Alves da Cunha, Marcelo Florez
Guimarães (Macalé), Márcio Prudêncio, Paulo Tsuneta, Sérgio Roberto Adriano
Prati, Silvia Bandeira da Silva Lima e Walcyr Ferreira Lima (Dula), e aos “irmãos do
Basquetebol” João Saulo Teixeira da Silva e Sérgio Paulo Abujanra, pela amizade e
companheirismo por mim sempre demonstrados.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Aos meus pais, Daniel e Rosemary (in memorian), pelo amor, zelo,
incentivo e confiança a mim sempre dedicados; aos meus irmãos, Carlos Daniel,
Dirceu, Danilo e Denise, por todo o apoio e carinho doados a este irmão “caçula”;
aos meus demais familiares que, cada um a seu modo, com maior ou menor
intensidade, estão sempre presentes em minha vida.
À todos da “grande família” Pelissari, berço de amor e união que me
acolheu, pelos exemplos de vida e pela força que brota de nossa convivência
harmoniosa.
Sobretudo, agradeço à Deus, que me cercou de tantas pessoas
especiais e que me deu tantos motivos de agradecimento...
KRAVCHYCHYN, Claudio. Análise do processo de implantação de uma
proposta de sistematização para a Educação Física no Ensino Médio.
Presidente Prudente: UNOESTE, 2006. (Dissertação de Mestrado em Educação).
Orientadora: Profa. Dra. Sônia Maria Vicente Cardoso
RESUMO
Apesar de ser considerada por lei componente curricular do Ensino Básico desde
1996, a Educação Física escolar se mostra, ainda hoje, através da ação docente,
ligada de forma hegemônica aos conteúdos esportivos. O presente estudo se
justifica diante da urgente necessidade de legitimação da disciplina dentro do
ambiente escolar. Para tanto, a proposta de Oliveira (2004), que preconiza uma
sistematização de conteúdos a serem trabalhados ao longo das séries conforme a
fase de desenvolvimento e nível de interesse do educando, serviu como norte no
planejamento das ações. Este trabalho foi desenvolvido junto a estudantes do
Ensino Médio do Colégio São Francisco Xavier, de Maringá-PR. Como método de
pesquisa, foi adotado o modelo de pesquisa-ação, no intuito não só de investigação,
mas também de interferência na situação investigada. A metodologia de ensino foi
baseada na pedagogia histórico-crítica, que traz como uma de suas propostas o
trabalho de conteúdos de forma contextualizada, para que possam ser utilizados no
cotidiano. O diagnóstico inicial foi baseado em entrevistas realizadas com a diretora,
com a coordenadora pedagógica e com professor de Educação Física do Ensino
Médio do colégio, e em questionários aplicados aos alunos. Após, foi elaborado o
planejamento e as aulas foram ministradas durante dois bimestres, segundo os
princípios metodológicos propostos. A avaliação das ações realizadas foi feita
através da observação do pesquisador e de novas entrevistas e questionários ao
final do processo. Foram obtidos os seguintes resultados: houve uma maior
valorização da Educação Física e um conseqüente reconhecimento da mesma como
componente curricular, e o novo formato se mostrou motivante e eficaz aos alunos,
dotando o professor de maiores recursos didático-pedagógicos e caracterizando o
movimento humano como algo importante a ser estudado.
KRAVCHYCHYN, Claudio. Analysis of the introducing process of a
systematization proposal to physical Education on High School.
Presidente Prudente: UNOESTE, 2006 (Msc. Dissertation).
Adviser: Prof. Dr. Sônia Maria Vicente Cardoso
ABSTRACT
Despite having been considered an essention curriculum componente to Basic
Education since 1996, Physical Education is still connected in a hegemonic way to
sport content through the teachers. The present study justify itself before the urgent
need of turning Physical Education into a legitimate subject in te school atmosphere.
For this reason, Oliveira’s proposal (2004) works as a guide on the planning of
actions once it preconizes a systematization of contents to be worked along the
grades, according to the phase of development and student’s interest. This work was
developed at São Francisco Xavier School among students of High School in
Maringa – Pr. As a research method, an action – research model was adopted
working not only as an investigation but also an interference in the investigated
situation. The teaching method was based on critical – historical Pedagogy, which
presents as its proposal the work of contents in a contexture way in order to be used
on a darly basis. The prior diagnosis was based on interview performed with the High
School teachers. Aside from that, students were supposed to answer questionaries.
Later on, classes were planned and tought during 4 months according to
methodological principles purposed. The evaluation of actions was done by the
reseacher’s observation and new interviews and queries at the end of the process.
The following results were achieved: there was a significant appreciation on Physical
Education and acknowledgement as curriculum component as well. The new status
has showed itself as motivating as well as effective to the students, giving the teacher
better pedagogic – didatic resources, characterizing human motion as something
important to be studied.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Distribuição dos alunos do Ensino Médio por gênero 79
GRÁFICO 2 - Tempo de estudo no Colégio São Francisco Xavier 80
GRÁFICO 3 - Esportes e exercícios físicos sistematizados que os alunos
praticam além do horário da aula de Educação Física
82
GRÁFICO 4 - Esforço Físico que os alunos fazem nas atividades diárias 85
GRÁFICO 5 - Entendimento dos alunos sobre Educação Física
permanente
87
GRÁFICO 6 - Perfil dos docentes de Educação Física no Ensino
Fundamental
89
GRÁFICO 7 - Conteúdos estudados na Educação Física do Ensino
Fundamental
91
GRÁFICO 8 - Estruturação das aulas de Educação Física no Ensino
Fundamental
93
GRÁFICO 9 - Participação dos alunos nas aulas de Educação Física do
Ensino Fundamental
95
GRÁFICO 10 - Importância dos conteúdos e aproveitamento dos mesmos
no cotidiano
96
GRÁFICO 11 - Como deve ser a Educação Física na opinião dos
discentes
99
GRÁFICO 12 - Vivências tidas pelos alunos com a Educação Física que
consideram ideal
101
GRÁFICO 13 - Nível de satisfação dos alunos com a Educação Física no
Colégio São Francisco Xavier
103
GRÁFICO 14 - A importância da educação na visão dos discentes 165
GRÁFICO 15 - Vínculo do que se aprende na escola com o que se vive no
dia-a-dia
166
GRÁFICO 16 - Interesse pelos conteúdos estudados na Educação Física 168
GRÁFICO 17 - Motivação gerada pela forma que o docente ensinou os
conteúdos
170
GRÁFICO 18 -
A
participação nas aulas de Educação Física após a
sistematização
172
GRÁFICO 19 - Aproveitamento no cotidiano dos conteúdos estudados 175
GRÁFICO 20 - Apoio à continuidade do processo 177
GRÁFICO 21 - Nível de satisfação com a Educação Física atual do
Colégio São Francisco Xavier
179
GRÁFICO 22 - Sugestões para a melhoria da Educação Física no colégio
181
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Proposta de distribuição de conteúdos ao longo das séries
escolares
49
QUADRO 2 - Distribuição dos alunos quanto ao gênero, divisão por
turmas
79
QUADRO 3 - Tempo (em anos) de estudo dos alunos do Ensino Médio
no Colégio São Francisco Xavier
80
QUADRO 4 - Esportes praticados pelos alunos fora das aulas de
Educação Física
83
QUADRO 5 - Esforço físico realizado pelos alunos através de atividades
do cotidiano.
85
QUADRO 6 - Organização dos núcleos temáticos e seus respectivos
conteúdos
113
QUADRO 7 - Proposta de organização dos conteúdos ao longo das
séries do Ensino Médio
113
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 A organização do trabalho
14
2 JUSTIFICATIVA
18
2.1 Situação-problema
20
2.2 Objetivo Geral
21
2.3 Objetivos Específicos
21
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA 22
3.1 A Educação Física higienista-eugenista
22
3.2 A Educação Física militarista
24
3.3 A Educação Física desportiva
26
3.4 A corrente da psicomotricidade
28
3.5 Educação e Educação Física: propostas a partir de 1980
29
3.6 A legalidade, a legitimidade e a identidade da Educação Física escolar:
perspectivando mudanças a partir de 1996
32
4 O CAMINHO METODÓLOGICO
37
4.1 A pesquisa-ação
38
4.2 Entrevistas e questionários iniciais e finais
40
4.2.1 As entrevistas com a diretora e a coordenadora pedagógica da
Escola – fase inicial e fase final
41
4.2.2 A entrevista com o docente da disciplina Educação Física para o
ensino Médio – fase inicial e fase final
42
4.2.3 Os questionários aplicados aos discentes do Ensino Médio – fase
inicial e fase final
43
4.3 Perspectiva metodológica: a opção pela proposta histórico-crítica
45
4.4 Proposta de planejamento das ações didático-pedagógicas 47
4.4.1 A proposta de Oliveira (2004)
48
4.5 O desenvolvimento das ações pedagógicas: um desafio para o Colégio
São Francisco Xavier
49
4.5.1 Planejamento das ações
50
4.5.2 Desenvolvimento das ações 50
4.5.3 Avaliação dos resultados
51
5 A ANÁLISE DA REALIDADE
52
5.1 A Educação Física na visão das gestoras: entrevistas iniciais com a
diretora e a coordenadora pedagógica da escola
52
5.1.1 A experiência discente na Educação Física
53
5.1.2 Utilização dos conhecimentos adquiridos
54
5.1.3 A percepção sobre a disciplina Educação Física
55
5.1.4 A proposta pedagógica do Colégio
57
5.1.5 Os conteúdos, metodologias e resultados esperados 60
5.1.6 Apoio da coordenação pedagógica aos professores de Educação
Física
62
5.1.7 Mudanças à vista
63
5.2 Entrevista inicial com o docente da disciplina Educação Física para o
Ensino Médio 64
5.2.1 Entendimento do docente sobre a Educação Física escolar
65
5.2.2 Os conteúdos trabalhados
66
5.2.3 O aspecto legal na visão do docente
68
5.2.4 Metodologias utilizadas em aula
69
5.2.5 Método de avaliação
71
5.2.6 Educação Física idealizada pelo docente x Educação Física real
73
5.2.7 A aplicação dos conteúdos estudados no dia-a-dia dos alunos
75
5.3 Questionário inicial aplicado aos discentes
77
5.3.1 Distribuição das turmas por gênero
77
5.3.2 Tempo (em anos) que os alunos estão matriculados no Colégio
80
5.3.3 Esportes e outros exercícios físicos praticados fora do horário das
aulas de Educação Física
81
5.3.4 Atividades físicas do cotidiano dos alunos fora da escola
84
5.3.5 Entendimento dos alunos sobre a Educação Física permanente
86
5.3.6 A Educação Física vivenciada pelos discentes no Ensino
Fundamental
88
5.3.6.1 O perfil dos docentes
89
5.3.6.2 Os conteúdos
91
5.3.6.3 A estruturação das aulas
93
5.3.6.4 A participação nas aulas
94
5.3.7 A importância dos conteúdos estudados e o aproveitamento dos
mesmos no cotidiano
96
5.3.8 Como deve ser a disciplina Educação Física na opinião dos
discentes
99
5.3.9 Vivências tidas pelo discente com o que imagina ideal para a
Educação Física
101
5.3.10 Nível de satisfação com a Educação Física no Colégio São
Francisco Xavier 103
6 PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO PARA O ENSINO MÉDIO
105
6.1 Uma Educação Física para o Ensino Médio
105
6.2 A proposta de Oliveira (2004) para o Ensino Médio
111
6.2.1 O movimento em construção e estruturação 114
6.2.2 O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
115
6.2.3 O movimento em expressão e ritmo
118
6.2.4 O movimento e a saúde
120
7 AS AÇÔES
124
7.1 Estruturando mudanças
124
7.1.1 Primeiro contato com os docentes da área de Educação Física
125
7.1.2 Primeiro contato com os docentes das demais disciplinas
126
7.1.3 Primeiro contato com os discentes
127
7.2 O planejamento
127
7.3 As aulas
128
7.3.1 Relatórios de aulas 129
7.4 As avaliações
145
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
147
8.1 Entrevistas finais com a diretora e a coordenadora pedagógica da escola
148
8.1.1 Observações em relação à proposta que está em desenvolvimento
148
8.1.2 Mudanças no cotidiano da Educação Física
149
8.1.3 Aspectos positivos e negativos das mudanças
151
8.1.4 O trabalho do professor, a atitude dos alunos e a percepção de
outras áreas da comunidade escolar sobre a Educação Física
152
8.1.5 Mudança na concepção das gestoras sobre Educação Física
153
8.1.6 As sugestões das gestoras e o que as mesmas esperam desta
“nova” Educação Física
154
8.2 Entrevista final com o docente da disciplina Educação Física para o
Ensino Médio
155
8.2.1 Percepção quanto à sensibilização dos alunos, gestores e
comunidade escolar em geral com relação à nossa proposta
155
8.2.2 O planejamento
156
8.2.3 A organização das aulas e a exigência de estudo para preparação
das mesmas
157
8.2.4 A utilização dos conteúdos estudados na vida extra-escolar dos
alunos
158
8.2.5 Dificuldades e facilidades
159
8.2.6 Avanços percebidos
160
8.2.7 Estímulo para continuar
161
8.2.8 Mudanças no entendimento do docente sobre a Educação Física
escolar e no reconhecimento da Ed. Física como área da educação
161
8.2.9 Mudanças na forma de atuar do docente no setor educacional
163
8.3 Questionário final aplicado aos discentes
164
8.3.1 A importância da educação na visão dos docentes
165
8.3.2 Vínculo do que se aprende na escola com o que se vive no dia-a-
dia 166
8.3.3 Interesse pelos conteúdos estudados na Educação Física
167
8.3.4 Motivação gerada pela forma que o docente ensinou os conteúdos 169
8.3.5 A participação nas aulas após a nova sistematização
171
8.3.6 Aproveitamento dos conteúdos estudados no cotidiano
174
8.3.7 Apoio à continuidade do processo 176
8.3.8 Nível atual de satisfação com a Educação Física no colégio
179
8.3.9 Sugestões para a melhoria da Educação Física no colégio
180
9 CONCLUSÕES: PROPONDO ENCAMINHAMENTOS
183
REFERÊNCIAS
188
APÊNDICES
194
ANEXOS
253
1 INTRODUÇÃO
Propostas e objetivos educacionais da Educação Física vem sendo
apresentados e modificados desde o final do século XIX. A Educação Física Escolar
cumpriu diversos papéis, serviu a algumas ideologias, mas se manteve viva, obtendo
ganhos e perdas ao longo de sua existência.
Conforme a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9.394/96, a Educação Física passou a ser um componente curricular integrado ao
processo educacional, e não mais uma atividade paralela dentro da estrutura
curricular da escola.
A disciplina, desta forma, teve sua legalidade efetivada. Contudo, ao
longo do processo histórico, estabeleceram-se paradigmas que até hoje impedem
que a área tenha legitimidade dentro do ambiente escolar. A direção que se coloca
no presente trabalho é a da contribuição na busca de tal legitimidade.
No caminho da conquista de sua legitimidade como componente
curricular, a Educação Física deve ser vista como tal por diretores, coordenadores
pedagógicos, professores de outras disciplinas, pais, alunos e, especialmente pelos
próprios docentes da disciplina.
Existem vários estudos que apontam para uma resistência dos
conceitos da “prática pela prática” e do improviso (OLIVEIRA, 1999; MATTOS e
NEIRA, 2000, GHIRALDELLI JUNIOR, 2003), que ainda caracterizam a Educação
Física como uma atividade à margem do processo educacional.
Segundo Oliveira (2004), as demais disciplinas possuem conteúdos
sistematizados que indicam claramente o que trabalhar ao longo das séries
escolares, fato que não acontece na Educação Física. Isso, segundo o autor, “acaba
por gerar dúvidas, trabalhos desarticulados e sem seqüência lógica” (p. 26).
No mesmo foco, Betti e Zuliani (2002, p. 77) apontam:
Os conteúdos devem adquirir complexidade crescente com o decorrer das
séries, tanto do ponto de vista estritamente motor (habilidades básicas à
14
combinação de habilidades, habilidades especializadas, etc.) como
cognitivo (da simples informação à capacidade de análise, de crítica, etc.).
Desta forma, este estudo tem como meta implantar e analisar uma
proposta de sistematização de conteúdos para o Ensino Médio. Assim, se fez
necessário uma análise da trajetória desta disciplina e de suas propostas ao longo
dos anos, a fim de justificar uma nova proposta consistente de ação, baseada na
função primordial da escola, que é educar para a vida.
Enfim, é a proposta do “novo” com base na discussão do passado. A
escolha de metodologias de ação condizentes com tal proposta e a sua aplicação
efetiva a partir do diagnóstico de uma realidade é o nosso desafio.
1.1 A organização do trabalho
Os capítulos 1 e 2 foram dedicados à introdução e à justificativa do
presente estudo, contendo a situação-problema e os objetivos de nossa pesquisa.
No capítulo 3, “A Educação Física escolar: contextualização
histórica”, procuramos retomar fatos importantes ocorridos na evolução da
disciplina no ambiente escolar, bem como as correntes que influenciaram a ação
docente. Isso se justifica aqui visto que, segundo Darido (2003), todas as tendências
com as quais a área conviveu, de certa forma ainda influenciam o trabalho do
professor.
Dois momentos são abordados com mais ênfase. O primeiro destes
momentos foi marcado por discussões ocorridas a partir da década de 80, durante o
qual se buscava modificar os papéis atribuídos à Educação Física até então. O
segundo momento, já citado, ocorreu a partir em 1996, com a Educação Física
passando a ser oficialmente considerada componente curricular no ensino básico.
15
Contudo, o fato de a Educação Física não ser mais atividade paralela
dentro do ambiente escolar e sim “matéria” do currículo do ensino básico não foi o
suficiente para que velhos paradigmas da área fossem quebrados. Na prática,
portanto, pouco parece ter sido alterado. Sobre isso, Oliveira (2004), aponta alguns
indicadores desta situação, como a formação acadêmica deficitária e ainda
francamente esportiva, a perpetuação de um discurso de cunho higienista,
integrador e moralizador, a prevalência da ênfase sobre as atividades em detrimento
da ênfase sobre o conhecimento e a precariedade nas condições de trabalho.
No capítulo 4, “O caminho metodológico”, é apresentada a nossa
proposta de trabalho baseada na pesquisa-ação, na proposta de Oliveira (2004), na
proposta pedagógica histórico-crítica, bem como estratégias adjacentes: entrevistas,
questionários, reuniões, planejamento, aulas e avaliação dos resultados.
No capítulo 5, “A análise da realidade” é apresentado um diagnóstico
da situação do Colégio São Francisco Xavier, local onde se realizou o nosso estudo.
Através das entrevistas com a diretora, com a coordenadora pedagógica e com o
professor de Educação Física do Ensino Médio atuantes no Colégio, bem como
através de questionários aplicados aos alunos do Ensino Médio, pudemos conhecer
melhor o cenário da pesquisa que se realizaria, bem como a forma com que os
atores do processo enxergam a Educação Física, os valores a ela atribuídos,
baseados especialmente na vivência de cada um dentro e fora do Colégio. Neste
capítulo, discutimos as respostas coletadas à luz de autores que tratam da
Educação e da Educação Física no ambiente escolar.
O que se observou durante o desenvolvimento do processo foi que,
apesar de todas as discussões que geraram novas diretrizes para a área, é grande a
dificuldade de uma ação real, de quebra dos muitos paradigmas – exaustivamente
discutidos neste estudo – que permeiam a Educação Física escolar. Desejamos,
assim, que o foco do nosso trabalho fosse centrado em uma mudança desta
realidade.
No capítulo 6, “Proposta de sistematização da Educação Física
para o Ensino Médio”, diante da situação apresentada e perspectivando uma
alteração substancial em atitudes e valores, apresentamos a proposta de Oliveira
(2004), que busca sistematizar os conteúdos a serem ministrados ao longo da
16
Educação Básica. A proposta redefine (não contrariando) as sugestões
apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais atuais.
Os PCN’s sugerem a divisão dos conteúdos da Educação Física
escolar em três blocos: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e
expressivas; conhecimentos sobre o corpo (BRASIL, 1998).
Baseando-se numa realidade atual e numa necessidade urgente de
estabelecimento de novas prioridades, Oliveira (2004) propõe que o planejamento
curricular deve ser construído sobre quatro blocos, sempre ressaltando o objeto de
estudo da Educação Física: o movimento humano. São eles: movimento em
construção e estruturação; movimento nas manifestações lúdicas e esportivas;
movimento em expressão e ritmo; movimento e saúde. Sob esta idealização, todos
os blocos estão presentes (em maior ou menor grau) desde Educação Infantil,
passando pelo Ensino Fundamental e indo até o Ensino Médio, sempre obedecendo
às fases de crescimento e desenvolvimento dos alunos.
No mesmo capítulo, abordamos o Ensino Médio, ciclo alvo da nossa
pesquisa. Entendemos que este ciclo da Educação Básica é tão importante quanto
os demais, mas se constitui num momento decisivo na formação dos nossos alunos.
O adolescente, já crítico e relativamente autônomo, se interessa pela cultura
corporal. Segundo Mattos e Neira (2000, p. 9), “o jovem dança, joga, luta e tem
curiosidade pelos assuntos relacionados ao próprio corpo”. Cabe à Educação Física
Escolar o atendimento a tal expectativa.
O capítulo 7, “As ações”, foi gerado pela nossa inquietação, pela
vontade de “fazer acontecer” nossa proposta. Procuramos relatar neste capítulo
todos os passos de nossa interferência no processo, desde o primeiro contato,
passando pela palestra aos professores e coordenadores de outras áreas, reuniões
de estudo, de planejamento anual, bimestral e das aulas, bem como observação e
participação nas aulas e avaliações.
O modelo de pesquisa ação, escolhido para o nosso estudo, é baseado
em nossa pretensão não só de investigar, mas também de interferir na realidade
apresentada.
17
No capítulo 8, “Resultados e discussões”, apresentamos os dados
finais colhidos junto aos atores do processo, as gestoras (Diretora e Coordenadora
Pedagógica), o docente de Educação Física do Ensino Médio e os discentes do
Ensino Médio, após seis meses de trabalho dentro da sistematização proposta. Tais
dados foram coletados como no início da pesquisa, através de entrevistas (gestoras
e docente) e questionários (discentes), e os mesmos nos permitiram uma análise
comparativa com dados obtidos inicialmente, o que fomentou nossas discussões
finais.
18
2 JUSTIFICATIVA
“Gosto de ser gente porque,
inacabado, sei que sou um ser
condicionado, mas, consciente do
inacabamento, sei que posso ir mais
além dele”.
(FREIRE², 1996, p.59)
Em nosso período de formação, vivenciamos um curso de graduação
essencialmente voltado para as técnicas desportivas. Contudo, naquele período se
iniciavam as discussões que culminariam com a transformação da Educação Física
como componente curricular do Ensino Básico.
Nos nossos vinte anos de profissão, dezesseis dos quais dedicados à
docência no Ensino Básico, pudemos conviver com a inquietação da não
transformação do ideal em real, nos contentando com pequenos fragmentos,
pequenas ações isoladas. Tínhamos dificuldade de implantação de novos conteúdos
e de novas ações metodológicas, tanto pela resistência dos discentes quanto pelas
dificuldades relativas à preparação de aulas e eventos, devido à longa jornada de
trabalho diária.
Ocupando a coordenação de área em uma escola de grande porte,
sentimos por muitas vezes a resistência dos nossos colegas à mudanças. Não
sabíamos ao certo se todos nós éramos céticos quanto às mudanças ou se
estávamos em nossa “zona de conforto”, da qual seria desgastante ou perigoso sair.
Atualmente, como docente no Ensino Superior do curso de Educação
Física, atuando como supervisor de estágio, podemos ainda observar a dificuldade
dos docentes atuantes no Ensino Básico em romper com o que Kunz (1998) aponta
como a “síndrome das rotinas esportivas”.
Vale frisar que existem vários outros conteúdos além dos esportivos
previstos nos planejamentos da Educação Física, especialmente no Ensino Médio,
quando cresce o interesse dos alunos pelos aspectos relacionados à cultura
19
corporal, à saúde e à estética, mas os mesmos dificilmente saem do papel, como
consideram Darido et al. (1999, p.144):
As aulas do Ensino Médio são quase sempre uma repetição mecânica dos
programas de Educação Física do Ensino Fundamental. Em geral, não
apresentam características próprias e inovadoras, que consideram a nova
fase vivenciada pelos alunos.
Dentro desta realidade, Oliveira (2004) estabelece, além do papel
pedagógico da Educação Física, o caráter formativo e informativo da disciplina.
Formativo quando se propõe a contribuir com os aspectos relacionados ao
desenvolvimento físico, social e psicológico dos alunos. Informativo na medida em
que contribui com os aspectos relacionados à transmissão e à produção do
conhecimento, vinculado ao objeto de estudo da área: o movimento humano.
A partir do conceito acima apresentado, o mesmo autor considera que
a organização da sistematização de conteúdos é uma das grandes dificuldades
apresentadas pelos professores.
Desta forma, decidimos direcionar nossa pesquisa à implantação e
análise da sistematização proposta por Oliveira.
Para desenvolver o processo de implantação, consultamos o Colégio
São Francisco Xavier, de Maringá – PR, através de sua Diretora, de sua
Coordenadora Pedagógica e do corpo docente da disciplina de Educação Física.
Nossa proposta foi analisada e aceita.
O colégio tem como mantenedora a Associação Educacional Madre
Mônica. Está localizado na Rua Monsenhor Kimura, 31, zona 02, bairro de classe
média e média-alta da cidade. Possui dois prédios: as dependências da Educação
Infantil e o prédio principal, que abriga a direção, secretaria e outras coordenações,
além das salas de aula do Ensino Fundamental e Médio, laboratórios de química e
de informática, biblioteca, sala de vídeo e sala de música. Para a área de Educação
Física, possui um Ginásio de Esportes, uma quadra de esportes descoberta e uma
sala de ginástica.
A escola apresenta, assim, as condições necessárias à nossa
pesquisa: a disposição do corpo diretivo e dos professores da escola e uma
20
estrutura física que atende às necessidades da disciplina. Além disso, temos uma
implantação recente do Ensino Médio no colégio, fator que contribui para a
motivação de todos.
Iniciamos o trabalho conscientizando a comunidade escolar sobre a
nova realidade que seria vivida nas aulas de Educação Física da escola através de
palestras aos coordenadores e professores das outras disciplinas. Em seguida, na
busca de um diagnóstico da situação local, realizamos entrevistas junto à direção,
coordenação pedagógica e corpo docente da disciplina Educação Física. Aplicamos,
ainda, questionários aos 57 alunos do Ensino Médio. Em seguida, participamos do
planejamento (refeito a partir do diagnóstico) e acompanhamos o processo ensino-
aprendizagem.
Projetando tal interferência no processo, adotamos a proposta
metodológica da pedagogia histórico-crítica, uma alternativa de participação efetiva
no processo ensino-aprendizagem do docente e do discente, sempre levando em
conta a importância do conteúdo a ser estudado para a vida do aluno e a utilização
do mesmo no seu cotidiano.
2.1 O problema
Diante do exposto, apresentamos a seguinte situação-problema: qual
será a contribuição dada pela implantação da sistematização proposta de
Oliveira quanto ao reconhecimento da Educação Física como componente
curricular e quanto à eficácia das ações didático-pedagógicas direcionadas ao
Ensino Médio?
O problema exposto parte, primeiramente, da necessidade de quebra
de alguns paradigmas que serão tratados neste trabalho, que influenciam gestores
escolares, docentes e discentes em suas ações e propósitos, implicando no
21
comprometimento da legitimação da Educação Física enquanto componente
curricular da Educação Básica.
Num segundo prisma a ser focado, serão tratadas as ações
direcionadas ao Ensino Médio, etapa decisiva na vida dos estudantes, que
vislumbram nesta fase seu futuro pessoal e profissional, na qual passam por
transformações físicas e psicológicas importantes.
Traçamos, portanto, a linha mestra de nossos objetivos para o
presente estudo.
2.2 Objetivo Geral
Analisar o processo de implantação de uma proposta de
sistematização de conteúdos para a Educação Física em turmas do Ensino Médio de
uma escola particular da cidade de Maringá - PR.
2.3 Objetivos Específicos
Analisar a implicação dos novos ditames legais em relação à
Educação Física Escolar a partir de 1996;
Adequar uma proposta de sistematização de conteúdos
considerando a realidade da escola e a proposta de Oliveira (2004);
Contribuir nas ações didático-pedagógicas das aulas de Educação
Física.
22
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA
3.1 A Educação Física higienista – eugenista
No final do século XIX, o fim da escravidão deu início à implantação do
o modo capitalista de produção.
A situação geral do país na época pode ser assim resumidamente
definida:
A chegada de imigrantes substituindo o trabalho escravo; a transição do
escravismo para o capitalismo (campanha abolicionista); a expansão da
produção cafeeira; a ampliação do mercado interno; o incremento de um
setor assalariado (que criou uma infra-estrutura básica para posterior
desenvolvimento fabril); as lutas religiosas contra o controle e subordinação
das igrejas pelo estado; a modificação progressiva dos costumes com a
valorização do saber, ganhando os médicos engenheiros e bacharéis em
direito grande prestígio social; o fortalecimento do exército, entre outros,
promoveram a transição da Monarquia à República. (SILVA, 2004, P.100)
Gallardo, Oliveira e Aravena (1998) citam que, no início do século XX,
a classe médica brasileira assumiu, a exemplo da européia, a tarefa de reformular os
hábitos higiênicos da família, para libertar a mesma dos vícios do período colonial.
Segundo os autores, os médicos higienistas implantaram programas disciplinares de
exercícios físicos nas escolas, “a fim de desenvolver e fortalecer física e moralmente
os indivíduos, tornando-os aptos à construção da nova sociedade” (p.16).
O manifesto do advogado Rui Barbosa em favor da Educação Física na
escola, realizado durante o período higienista, foi relatado por Lourenço Filho em
seu livro A Pedagogia de Rui Barbosa, de 1954, no qual consta:
[...] é impossível formar uma nação laboriosa e produtiva sem que a
educação higiênica do corpo acompanhe pari passu, desde o primeiro
ensino até o limiar do ensino superior, o desenvolvimento do espírito. Assim,
nessa quadra da vida, estará arraigado o bom hábito, firmada a
necessidade, e o indivíduo, entregue a si mesmo, não faltará mais a esse
23
dever primário da existência humana. Acredita-se, em geral, que o exercício
da musculatura não aproveita senão à robustez da parte impensante da
nossa natureza, à formação de membros vigorosos, à aquisição de forças
estranhas à inteligência. Grosseiro erro! O cérebro, a sede do pensamento,
envolve o organismo; e o organismo depende vitalmente da higiene, que
fortalece os vigorosos e reconstitui os débeis. (LOURENÇO FILHO, 1954, p.
109)
Portanto, o conceito de Educação Física higienista pretendia mostrar a
necessidade e a possibilidade de resolver o problema da saúde pública através da
educação.
A saúde, assim, foi colocada em primeiro plano. Porém, segundo
Ghiraldelli Junior (2003, p. 17), a idéia central era a de disseminar padrões de
conduta concebidos e impostos pelas elites dirigentes, conforme mostra a seguinte
afirmação:
[...] cabe à Educação Física um papel fundamental na formação de homens
e mulheres sadios, fortes, dispostos à ação. Mais do que isso, a Educação
Física Higienista não se responsabiliza somente pela saúde individual das
pessoas. Em verdade, ela age como protagonista num projeto de “assepsia
social”. Desta forma, para tal concepção a ginástica, o desporto, os jogos
recreativos, etc. devem, antes de qualquer coisa, disciplinar os hábitos das
pessoas no sentido de leva-las a se afastarem de práticas capazes de
provocar a deterioração da saúde e da moral, o que “comprometeria a vida
coletiva”.
Assim, dentro da concepção higienista, a educação dos meninos era
voltada à produção industrial e as meninas tinham sua formação voltada para as
tarefas do lar. A estrutura educacional foi, então, montada dividindo os ambientes
escolares em masculinos e femininos.
Havia um claro preconceito racial e social embutido nas intenções dos
governantes da época. Vale frisar o que relatam Gallardo, Oliveira e Aravena (1998,
p. 16):
[...] embora os métodos higienistas ratificassem o domínio da burguesia
branca, esta não via com bons olhos a implantação da atividade física
(ginástica) obrigatória nos colégios em que seus filhos estudavam. Para as
classes dominantes, o exercício físico era lazer, preenchimento do ócio e do
tempo livre e não deveria ser levado à mesma condição das atividades
intelectuais que os mesmos valorizavam.
24
Devido aos conflitos bélicos da época, os militares tinham especial
interesse pela Educação Física Escolar. Segundo Castellani Filho (1988), a
influência dos médicos higienistas e dos militares sobre a Educação Física não está
de maneira nenhuma separada, mas são complementares quando se pensa na
preocupação do Estado com a eugenia, ou seja, a melhoria da raça brasileira sobre
todos os aspectos, mas principalmente sobre o físico. O mesmo autor enfatiza que a
concepção eugênica não excluía as mulheres, que deveriam participar das
atividades físicas para permanecer saudáveis e gerar homens fortes e robustos.
Assim, na visão de militares e médicos de então, além da consolidação
da concepção higienista, havia uma preocupação eugênica, baseada na
necessidade de desenvolvimento e progresso da nação e na manutenção da
segurança nacional.
3.2 A Educação Física Militarista
As primeiras escolas criadas para formação de instrutores de
Educação Física no Brasil foram militares. Em 1907, foi criada a Escola de Educação
Física da Força Policial do Estado de São Paulo, e em 1922, surgiu o Centro Militar
de Educação Física do Rio de Janeiro.
Segundo Gallardo, Oliveira e Aravena (1998), os militares passaram,
então, a desempenhar a função de professores ou instrutores de ginástica, dando
continuidade ao princípio higienista-eugenista. Assim, como já vimos anteriormente,
atendiam não só à nova ordem econômico-industrial, que exigia trabalhadores
habilidosos, saudáveis e capazes de resistir às longas jornadas de trabalho, mas
também promoviam o adestramento físico, preparando os alunos para a defesa do
país contra perigos internos e externos.
25
Dentro do modelo militarista, os objetivos da Educação Física Escolar
eram vinculados à formação de uma geração capaz de suportar a luta, o combate,
para atuar na guerra.
[...] a prática de exercícios físicos era atividade obrigatória para a formação
de milícias e os objetivos daquelas visavam à preparação do “agon”. Por
falta até mesmo de formação adequada, muitos professores, chamados no
passado de “instrutores”, aplicavam para crianças na escola, exercícios
passados nos quartéis. (BELTRAMI, 2001, p. 27)
A orientação metodológica da época foi assim descrita:
Em 1921, através de decreto, impôs-se ao país como método de Educação
Física oficial, o famoso “regulamento nº 7”, ou “método do exército francês”.
Em 1931, quando do início da vigência da legislação que colocou a
Educação Física como disciplina obrigatória nos cursos secundários, o
“método francês” foi estendido à rede escolar. Em 1933 foi fundada a Escola
de Educação Física do Exército, que praticamente funcionou como pólo
aglutinador e coordenador do pensamento sobre a Educação Física durante
as duas décadas seguintes. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2003, p. 25)
Darido (2003), afirma que na década de 40, durante a vigência do
modelo militarista para a Educação Física Escolar, surgiu uma outra influência: a da
Escola Nova. Tal concepção, proposta pelo norte-americano John Dewey, na
década de 20, tinha como base o respeito à personalidade da criança, visando
desenvolve-la integralmente, no contexto de uma escola democrática e utilitária, e o
discurso passou a ser: “a Educação Física é uma forma de Educação”, passando da
abordagem biológica para a sócio-cultural. Porém, segundo a autora, na prática, não
houve de fato um abandono completo das práticas militaristas. Além disso, o
movimento escolanovista, em seu auge na década de 60, passa a ser reprimido a
partir da ditadura militar.
Tais mudanças não aconteceram de uma hora para outra, foram se
incorporando aos poucos. O modelo higienista-eugenista não teve seu fim com o
modelo militarista, que perdurou por várias décadas e, como vimos anteriormente,
sufocou outras tendências educacionais.
Contudo, durante esse processo, surge uma outra concepção, não
antagônica, mas somativa às demais: a orientação físico-desportiva.
26
Em uma analogia entre a atividade desportiva e a atividade militar, Lyra
Filho (1958, apud GHIRALDELLI JÚNIOR, 2003, p. 26), observa:
O estádio, como o quartel, desperta o sentimento da obediência às regras
das operações; adestra a capacidade aplicada ao raciocínio à decisão;
remarca o cunho da solidariedade e aprofunda os laços de respeito ao
valor, à autoridade e ao dever.
Portanto, parece não ser por acaso que no meio esportivo foram
imortalizadas expressões como: “capitão” da equipe, “esquadrão” (referência a um
time), “comandante de ataque” (melhor atacante), “artilheiro” (quem faz mais gols),
“general” (técnico enérgico), “retranca” (defesa fechada), entre outras.
3.3 A Educação Física Desportiva
Após a segunda guerra mundial, as atividades esportivas passaram a
compor o currículo de Educação Física Escolar no Brasil.
Gallardo, Oliveira e Aravena (1998, p. 19), afirmam:
Entendia-se que o esporte levaria a criança a compreender que entre ela e
o mundo existem os outros indivíduos e que para a convivência social é
importante a obediência a regras claras e precisas. Na prática esportiva, o
aluno aprende a vencer por meio do esforço pessoal e a conviver com
vitórias e derrotas (melhores e piores; vencedores e derrotados; aptos e
inaptos). As competições esportivas estabelecem padrões de conduta muito
parecidos à estrutura (autoritária) na qual estão inseridos. Torna-se, assim,
a forma ideal de “adaptação social”.
Tal corrente foi tomando corpo, atingindo seu auge na década de 70. A
lei nº 6.251, de 8 de outubro de 1975, que trata da política nacional de Educação
Física e Desportos, traz em seu artigo 5º:
O Poder Executivo definirá a Política Nacional de Educação Física e
Desportos, com os seguintes objetivos básicos: I – aprimoramento da
27
aptidão física da população; II – elevação do nível dos desportos em todas
as áreas; III – implantação e intensificação da prática dos desportos de
massa; IV – elevação do nível técnico-desportivo das representações
nacionais; V – difusão dos desportos como forma de utilização do tempo de
lazer. (BRASIL, 1976, p. 59, apud BELTRAMI, 2001, p. 29)
A vinculação direta da Educação Física com o esporte neste período é
destacada por Castellani Filho (1988), relatando que por meio da Educação Física
estaria se descobrindo e preparando futuros atletas que ganhariam medalhas em
grandes competições internacionais, buscando assim elevar o nome do Brasil como
potência mundial, pelo menos no campo esportivo. O mesmo autor afirma, ainda,
que no bojo deste processo estaria o programa Esporte Para Todos (EPT), que se
constituiria na ilusão de um correspondente social ao desenvolvimento econômico
pelo qual o Brasil passava na década de 70.
Assim, a Educação Física deveria ser massificada, para assim
surgirem expoentes olímpicos. A Educação Física nesta fase é efetivamente
sinônimo de Desporto, e este, por sua vez, é caracterizado pela verificação da
performance atlética. Os meios de comunicação passam a intensificar a transmissão
de eventos esportivos ao vivo, e o lema “Esporte é Saúde” é imperativo nessa fase.
Segundo Ghiraldelli Junior (2003, p. 20), a literatura da Educação
Física assume então um caráter tecnicista, sendo “sobrecarregada de temas ligados
ao Treinamento Desportivo e às diversas variantes de questões relacionadas à
Medicina Desportiva”.
Como se vê, havia uma política nacional de Educação Física baseada
na teoria competitivista, e muitos conceitos então formulados perduram
hegemonicamente até os dias atuais. Contudo, a partir desta, outras correntes foram
surgindo ao longo dos anos dentro da Educação Física Escolar.
Gallardo, Oliveira e Aravena (1998, p. 21), descrevem:
Com a influência do esporte e dos valores a ele associados, houve a
necessidade de incluir outros conhecimentos no currículo. Isso porque,
como muitas modalidades esportivas requerem uma iniciação precoce, seu
alvo passou a ser a criança. Além disso, como até pouco tempo havia maior
preocupação com os adultos, foi necessário recorrer a outras áreas do
conhecimento, especialmente as que estudavam o comportamento motor e
o desenvolvimento humano.
28
Vale frisar que na década de 70 surgiram outras tendências na
Educação Física Escolar, sendo a mais marcante a abordagem psicomotora, de
origem francesa.
3.4 A corrente da psicomotricidade
A abordagem psicomotora buscava a formação integral do aluno
através de processos cognitivos, afetivos e psicomotores. Para Guimarães et al.
(2001, p. 18) “a Educação Física, que anteriormente tinha como conteúdo a
predominância do gesto técnico isolado, passa a não ter um conteúdo próprio, sendo
considerada um meio para se alcançar o aprendizado”.
Com os crescentes estudos na área da psicomotricidade, as chamadas
“condutas motoras” tornaram-se o foco de atenção da Educação Física escolar.
Os professores de Educação Física não estavam preparados para o
trabalho com as crianças abaixo de 10 anos, visto que o treinamento
desportivo só tem seu inicio a partir da 5ª série. Buscam-se, assim,
alternativas para o trabalhos na teorias da aprendizagem motora
(concepção americana) e na psicomotricidade (concepção francesa). Mas o
importante nesta busca de alternativas foi justamente o fato de ter
possibilitado a reflexão sobre a validade e o sentido do esporte de
rendimento em todas as áreas de ensino (KUNZ, 1991, p. 131).
Trabalhos como o de Faria Júnior (1986), incorporam os fundamentos
da psicomotricidade às ações pedagógicas dos professores de Educação Física. A
linha divisória entre a área afetiva, a cognitiva e a psicomotora parece ser
imaginária, só existindo para fins didáticos, para facilitar estudos e a tarefa do
professor. Tal teoria tem sua base na concepção de que, na prática, a pessoa é uma
só e os processos de pensamento, afeto e movimentos se dão de maneira
encadeada e simultânea.
29
Ayoub (2003) aponta que o lado benéfico deste processo foi o de que
os professores de Educação Física pela primeira vez se sentiram com
responsabilidades verdadeiramente pedagógicas, escolares. Por outro lado, houve
uma perda da essência, da especificidade da Educação Física, renegando tudo o
que até então havia sido feito. A autora é enfática quando comenta:
Ao mesmo tempo em que nossa área começa a se envolver mais
enfaticamente com as tarefas gerais da escola com vistas à formação
integral da criança, a Educação Física passa a ser um conjunto de “meios
para”; em nome de um discurso da integração entre as diferentes disciplinas
curriculares, aplaudimos de pé o fato de a área da Educação Física se
tornar um instrumento, um suporte para outras áreas de conhecimento
“mais nobres”, consideradas mais importantes para a formação da criança
(AYOUB, 2003, p. 109)
Assim, apesar dos desequilíbrios, a partir do final da década de 70 e
início dos anos 80, a Educação Física esboçou uma mudança de rumo,
especialmente pelo aumento de profissionais comprometidos com a construção de
uma Educação Física mais crítica e humanizada, caracterizada como uma área a
serviço da Educação.
3.5 Educação e Educação Física: propostas a partir de 1980
A partir dos anos 80, a Educação Física Escolar passou a ser alvo de
debates mais intensos. A Educação Física recebeu o papel de atividade promotora
da humanização, e o cunho essencialmente tecnicista das aulas passou a receber
severas críticas do meio acadêmico.
Segundo Souza e Vago (1997, p. 121), “foi uma época em que seus
alicerces foram abalados por estudos, seminários, congressos, publicações, que
problematizaram suas origens e sua história como componente curricular”. Os
autores citam que foram questionadas as influências médicas e militares, as
30
articulações raciais que propugnavam a melhoria da raça (eugenia), a adesão à
psicomotricidade (pela confusão do ensino com possíveis tratamentos de distúrbios
psicológicos) e, especialmente, a submissão ao esporte de rendimento após a
segunda guerra mundial.
Ensinar regras, como se joga, os movimentos ginásticos, o fazer por
fazer, o “passarconceitos, passaram a ser práticas nas quais o conteúdo prevalecia
sobre o educando e, portanto, tais práticas passaram a ser repensadas quanto a sua
aplicação no ambiente escolar. Segundo Freire² (1996, p. 52), “ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou
a sua construção”.
Sobre o novo impulso dado a estudos e debates sobre a Educação
Física escolar, Beltrami (2001, p. 30), aponta:
[...] isso pode ser observado através das publicações de novos autores e
da difusão sobre o assunto em eventos científicos, em programas das
disciplinas nas escolas de Educação Física e em bibliografias nos
concursos públicos para ingresso no ensino fundamental e médio para a
cadeira de Educação Física. Os novos autores, segundo eles mesmos,
procuraram romper com o que chamaram de Educação Física escolar
convencional, tradicional ou oficial.
Nahas e De Bem (1997) relatam que, nesse período, os profissionais
da Educação Física acordaram para o “mundo real”, ao perceber que a lei não nos
protegeria para sempre, era preciso legitimar nossa existência perante a sociedade
e, que assim, quem sabe, a Educação Física poderia até se tornar “uma profissão de
verdade” (p.74).
A nova perspectiva para a Educação Física foi baseada principalmente
nas pesquisas ligadas às atividades físicas. Segundo Campos (2002), isso se deveu
principalmente ao ingresso de muitos profissionais em cursos de pós-graduação em
áreas como Psicologia, Educação, Fisiologia, entre outras, além do recém instalado
curso strictu-sensu da USP, o primeiro a ser regulamentado no Brasil.
Porém, os debates e pesquisas não pareciam surtir efeito dentro do
ambiente escolar, sempre resistente a mudanças. Para Daolio (1995), o ideal
esportivo está presente na prática do professor de Educação Física, e mesmo
quando o discurso é diferente, a prática demonstra este fato.
31
Um retrato do panorama da Educação Física brasileira da época foi
apresentado na obra do professor João Paulo Subirá Medina, A Educação Física
Cuida do Corpo ... e “mente” (do verbo mentir), na qual o autor se mostra bastante
influenciado pelo pensamento de Paulo Freire. Curiosamente, tal obra permanece
atual, assim como muitos dos problemas nela apontados, tendo sido consultada,
para este estudo, em sua 19ª. edição. O condicionamento de ações, bem como a
resistência a possíveis mudanças das ações docentes na área de Educação Física
foram assim relatados pelo autor:
Contrariar os valores estabelecidos é sempre uma temeridade. Constitui-se
em um eterno risco. E nem sempre as pessoas estão dispostas a enfrentar
tais situações. O panorama brasileiro pode ser visto dentro deste enfoque. A
predisposição ao conformismo é algo característico entre nós. No geral,
assumem-se posições totalmente descompromissadas com os caminhos
que deveríamos tomar coletivamente. Vivemos desempenhando falsos
papéis. (MEDINA, 2004, p.21)
Na época, a orientação físico-desportiva foi posta em cheque. Um
sentido mais amplo deveria ser dado às aulas de Educação Física, e o termo
“adestramento físico” foi aplicado às formas de “treinamento” utilizadas na Educação
Física, numa alusão ainda à influência da ginástica militar.
Partindo dessa compreensão, Faria (2004, p. 130), redireciona
conceitos da época, afirmando que “os esportes, os jogos, as brincadeiras, as
ginásticas as lutas, etc. devem ser estudados como parte da produção cultural da
humanidade que expressa seus valores, normas, crenças, conceitos e preconceitos”.
Segundo Gallardo, Oliveira e Aravena (1998), ao final da década de
1980, uma nova concepção de Educação Física começou a ser estruturada: a
concepção sócio-cultural. Os autores afirmam ainda:
[...] ”diferentemente das abordagens anteriores, que se preocupam com o
corpo humano e com os efeitos de estímulos sobre o individuo, essa nova
perspectiva caracteriza-se por estudar os estímulos e sua influência numa
população de indivíduos”. (p. 24)
Apesar das novas concepções e valores atribuídos à Educação Física,
a mesma era vista como uma atividade paralela na escola, ou como cita Santin
32
(1987), algo separável da educação, colocada como um satélite em torno das outras
atividades “pedagógicas”.
Entretanto, uma perspectiva de mudança foi apresentada a partir da lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
3.6 A legalidade, a legitimidade e a identidade da Educação Física escolar:
perspectivando mudanças a partir de 1996
A Educação Física é conceituada como uma disciplina essencialmente
prática. Contudo, a “prática pela prática”, ou seja, o desenvolvimento de exercícios
físicos, a prática de esportes institucionalizados e qualquer outra atividade que
venha a ser efetuada nas aulas da disciplina dentro da escola, devem responder aos
questionamentos não só sobre “o que” e “como” fazer, mas também “para que”
fazer. Indo além, devemos levar em consideração “quem” é o nosso público alvo e
“quais” são os seus interesses.
Essa discussão, ainda atual, teve seu início há mais de três décadas.
Segundo Castellani Filho (1988), a Educação Física adquiriu o status de disciplina a
partir do decreto 69.450/71, passando a mesma a ser vista como as demais do
currículo escolar, não mais uma simples “atividade” com a conotação de um fazer
prático, não significativo de uma reflexão teórica.
Todavia, a disciplina ganha força com a nova LDB nº 9.394/96, que em
seu texto original aponta: a “Educação Física integrada à proposta pedagógica da
escola é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias
e às condições da população escolar” (BRASIL, 1996).
A partir de então, a área passou a buscar sua legitimidade. Não se
poderia mais aceitar – agora sob o prisma da legalidade – a “prática pela prática”.
33
Por outro lado, a Educação Física não poderia perder sua identidade, posto ser o
“movimento humano” seu objeto de estudo.
Em alguns momentos da redação da LDB/96, podemos “colher”
algumas orientações norteadoras de uma prática coerente com a nova realidade.
No artigo 3º, o texto aponta a necessidade de valorização da
experiência extra-escolar e vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais. A Educação Física deve, assim, estar ligada ao cotidiano do aluno
fora da escola. Desta forma, Cortella (2001, apud GASPARIN, 2003, p. 16), aponta:
Não há conhecimento que possa ser aprendido e recriado se não mexer,
inicialmente, nas preocupações que as pessoas detêm; é um contra-senso
supor que se possa ensinar crianças e jovens, principalmente, sem partir
das preocupações que eles têm, pois, do contrário, só se conseguirá que
decorem (constrangidos e sem interesse) os conhecimentos que deveriam
ser apropriados (tornados próprios).
Os conteúdos da Educação Física (e de outras disciplinas) devem,
portanto, servir para a vida cotidiana, não só para o momento da prática. Sobre isso,
Ruiz e Bellini (1998, p. 120), consideram:
As chamadas ciências da educação, na medida em que buscam ser mais
rigorosas e sofisticadas, esquecem a complexidade de sua situação real, ou
seja, esquecem que a educação depende daquilo que depende dela. Assim,
o saber do educador se encerra no educacional tornando-se cego ao
próprio educacional.
Oliveira (2004) coloca o planejamento como etapa imprescindível para
a estruturação de um componente curricular. Aponta, também, que “é senso comum
entender a Educação Física como o momento do jogar, do brincar, e não o momento
do refletir, do pesquisar, do analisar, do avaliar” (p.26). O mesmo autor segue em
seu raciocínio apontando o processo histórico como justificativa para este “senso
comum”, ou seja, a Educação Física tem sido uma atividade com fim em si mesma,
recreação, esporte por esporte, etc., enfatizando que tal prática leva o docente por
vezes ao improviso e ao desenvolvimento de atividades sem a devida preparação,
organização e sentido.
34
O artigo 12º prevê que os estabelecimentos de ensino, entre outras
atribuições, deverão elaborar e executar sua proposta pedagógica. Brito (1997, p.
120), considera:
As novas atribuições da unidade escolar presentes no texto da LDB abrem
caminho para a construção de uma escola mais democrática para os alunos
e para os professores. Mas há muito a ser construído nessa direção,
incorporando práticas que favoreçam a permanência na escola, a
solidariedade, a igualdade. Como professores de Educação Física muito
pode ser feito nesta direção, fazendo do ensino de Educação Física um
lugar de produção cultural e de formação de crianças e jovens, homens e
mulheres que constroem sua identidade tendo como base seus corpos,
conhecimentos e experiências.
Segundo Sacristán (1998), a escolarização obrigatória tem a função de
oferecer um projeto educativo global que implica se encarregar de aspectos
educativos cada vez mais diversos e complexos. Mas o autor aponta que existem
muitas resistências à redução de áreas acadêmicas clássicas de conhecimentos
para que haja um maior enfoque a aspectos da cultura geral e da cidadania.
As acusações às instituições escolares que distribuem saberes pouco
relacionados com as preocupações e necessidades dos alunos não apenas
partem de uma imagem de escola obsoleta centrada em saberes
tradicionais, em torno dos quais estabeleceram uma série de usos e ritos
que tendem a justificá-la por si mesma, mas também expressam a
aspiração manifesta a um currículo diferente que se ocupe de outros
saberes e de outras aptidões. (SACRISTÁN, 1998, p. 56)
A liberdade dada às instituições de ensino para a elaboração do projeto
pedagógico se estende aos professores, que possuem autonomia para a elaboração
de seus planejamentos, podendo levar em conta as culturas regionais e as
necessidades específicas da população local. O envolvimento dos professores da
área na elaboração do projeto pedagógico é de suma importância para a Educação
Física, também pela importância do desenvolvimento de atividades interdisciplinares.
Mesmo com a Educação Física sendo reconhecida como componente
curricular obrigatório, seu desenvolvimento como tal é comprometido por alguns
fatores, como alerta Oliveira (1999, p. 7):
Nossas constatações e vivências práticas junto à escola apontam
problemas sérios que impedem esse desenvolvimento natural, ou seja, a
falta de uma estruturação interna da área, o despreparo docente, o
35
desinteresse discente pelo mundo do movimento (crescente conforme o
nível de ensino), a falta recursos físicos e materiais, a rejeição da área pelas
instâncias administrativas das escolas, além de tantos outros problemas,
fazem dessa conquista de espaço pedagógico uma luta que não deverá ter
trégua tão cedo.
O texto original foi alterado em dois momentos. No primeiro, através da
lei nº 10.328, de 12/12/2001, a Educação Física passou a ser facultativa no ensino
noturno. No segundo, através da lei nº 10.793, de 01/12/2003. O artigo 26, parágrafo
3º, reza que a prática da Educação Física passa a ser facultativa ao aluno que
cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas, que seja maior de trinta
anos de idade, que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação
similar, estiver obrigado à prática da educação física, que tenha prole ou, finalmente,
que esteja amparado pelo decreto-lei nº 1.044, de 21/10/1969, que trata das
dispensas por problemas de saúde.
Tais alterações se mostram contraditórias à condição de componente
curricular alcançada pela Educação Física. Com exceção da dispensa por problemas
de saúde (extensiva a outros componentes curriculares), as demais situações
passíveis de dispensa apresentam um caráter discriminatório e contraditório.
Reconhecendo-se a Educação Física como componente curricular,
reconhece-se também a importância dos conhecimentos e da formação desta
disciplina dentro do processo educacional. As possibilidades de dispensa das aulas
caracterizam, pois, um prejuízo, e não um benefício ao educando. Diante disso,
Souza e Vago (1997, p. 125) apontam:
A Educação Física pode experimentar, no sistema proposto pela LDB, três
processos distintos na escola: um, de inserção curricular, outro, de
permanência curricular e ainda um terceiro, de exclusão curricular.
Não pretendemos focar nossa discussão na característica facultativa
da Educação Física escolar no ensino noturno, ou mesmo na grande gama de
situações que possibilitam a dispensa das aulas da disciplina evidentemente não se
constituem no alvo do presente trabalho. Contudo, a situação apontada nos revela
uma cultura estabelecida sob a qual legisladores, gestores escolares, educadores de
outras áreas, alunos e, conseqüentemente, a população em geral enxergam a
36
Educação Física como uma “atividade” não essencial no currículo escolar, ou seja,
passível de dispensa. Em outras palavras, a disciplina parece não ser considerada
de importância fundamental na formação dos nossos jovens.
Um fator agravante de tal situação é a atuação evidenciada em estudos
como os de Oliveira (1999) e Darido (2004), que acontece de forma conservadora e
desconectada com a nova realidade da área por parte dos professores de Educação
Física, o que acaba por reforçar o quadro acima apresentado.
Assim sendo, o que nos preocupa, uma vez estabelecida culturalmente
esta “pouca importância”, é o desinteresse crescente dos jovens pelas aulas de
Educação Física, especialmente no Ensino Médio, como apontam os trabalhos de
Darido et al. (1999), Possebon e Cauduro (2001), Mattos e Neira (2000), Pestana
(2002), entre muitos outros.
Possebon e Cauduro (2001) pesquisaram as causas que levam os
alunos de Educação Física a solicitar a dispensa das aulas. As autoras assim se
posicionam:
Vê-se nos depoimentos não apenas uma “revolta“ do aluno ou sua falta de
vontade, como pode parecer num primeiro momento, mas situações limite.
Ou se refaz a prática docente ou este aluno se desinteressará por completo
pelo estudo desta disciplina. O desânimo dele á é uma resistência à
“chatice” das aulas. (p.142)
A repetição de conteúdos do ensino fundamental e a pressão dos
alunos por atividades recreativas desprovidas de características educacionais
(prática para descontração, entre as outras aulas) acabam por descaracterizar nosso
componente curricular, especialmente no Ensino Médio.
Como vimos neste capítulo, o processo histórico da Educação Física
escolar, de certa forma, justifica as ações “conservadoras” e a insistência dos
docentes da disciplina em mantê-la, na prática, como uma atividade paralela dentro
da escola. Conhecemos nossas raízes, os problemas que afligiram a área ao longo
de sua história. Esperamos, portanto, que as ações desenvolvidas neste estudo
possam dar uma parcela de contribuição para uma legitimação (sem perda da
identidade) da Educação Física escolar como componente curricular.
Para tanto, o caminho metodológico será abordado a seguir.
37
4 O CAMINHO METODOLÓGICO
A fim de cumprir os objetivos da nossa pesquisa, a partir daqui faz-se
necessário definir a metodologia de trabalho e adotar algumas estratégias
específicas para: conhecer a realidade da população estudada; adotar uma
metodologia de ensino; construção de um currículo a partir da proposta de
sistematização para a Educação Física escolar de Oliveira (2004), especialmente
para o Ensino Médio; estruturar, planejar e aplicar novas possibilidades de ação
docente; analisar os resultados das ações.
Inicialmente, a fim de conhecer a realidade da Educação Física no
Colégio São Francisco Xavier, montamos e realizamos entrevistas semi-estruturadas
com a Diretora (vide apêndice 1), com a Coordenadora Pedagógica (vide apêndice
2), com o Docente de Educação Física do Ensino Médio (vide apêndice 3), bem
como questionários compostos de questões abertas aos alunos do Ensino Médio
(vide apêndice 4).
Em seguida, perspectivamos a metodologia de ensino, optando pela
proposta histórico-crítica, que parte das necessidades e da realidade dos alunos,
bem como preconiza a utilização efetiva dos conhecimentos adquiridos no cotidiano
dos mesmos.
Partimos então para o planejamento das atividades. Estando o
diagnóstico efetuado, bem como estando definida uma nova metodologia, foi preciso
construir um novo currículo que atendesse às necessidades do processo que
deveria ser iniciado (vide anexo 1). A proposta de Oliveira (2004) norteou as ações
nesse momento.
As aulas sob a nova perspectiva foram elaboradas e aplicadas
inicialmente pelo professor da disciplina. Num segundo momento, a partir da nossa
observação das aulas e da discussão e reflexão junto ao docente sobre as
dificuldades encontradas, erros e acertos, passamos a contribuir no planejamento
das aulas.
38
A avaliação dos resultados foi efetuada a partir dos relatórios das
atividades desenvolvidas no processo ensino-aprendizagem, bem como através de
novas entrevistas com as gestoras e com o docente da disciplina para o Ensino
Médio (vide apêndices 5, 6 e 7) e de novos questionários aplicados aos discentes
(vide apêndice 8), a fim de verificar as mudanças ocorridas no que tange a
conceitos, atitudes e conhecimentos adquiridos durante o processo.
Tal ordem de trabalho indica a caracterização de nosso estudo como
pesquisa-ação. O caminho acima descrito será detalhado a seguir, com a devida
discussão teórica pertinente a cada item.
4.1 A Pesquisa-Ação
Elaboramos nossa pesquisa a partir da necessidade de transformação
real do processo ensino-aprendizagem na Educação Física escolar, especialmente
no Ensino Médio, última etapa da formação básica.
A partir da intenção inicial de constituir uma pesquisa qualitativa,
optamos pelo modelo de pesquisa ação, à luz dos autores que serão citados a
seguir.
A pesquisa-ação foi elaborada por Kurt Lewin, professor de Psicologia
da Universidade de Berlim, e pode ser definida como uma pesquisa psicológica de
campo, que tem como objetivo uma mudança de ordem psicossocial. Barbier (1985)
afirma, sob a influência das concepções de Lewin, que “a pesquisa-ação é realizada
em nível realista, acompanhada de reflexão autocrítica objetiva e de avaliação de
resultados”. (p. 38)
Sobre a pesquisa-ação, Votre, Boccardo e Ferreira Neto (1983, p. 31),
consideram:
39
[...] esta modalidade de pesquisa procura não fazer diferença entre os atos
de investigar e de interferir na realidade, transformando o próprio ato
investigativo em processo de reflexão crítica e mudança comunitária, em
termos de atitudes, crenças, procedimentos de luta e reivindicação e
propostas concretas de transformação.
Encontramos algumas semelhanças e definições contraditórias entre
os modelos de pesquisa-ação e de pesquisa participante. Alguns autores
estabelecem aspectos que diferenciam sutilmente ou mesmo confundem os dois
tipos de pesquisa.
Segundo Gajardo (1985), João Bosco Pinto desenvolveu, na década de
70, uma metodologia para a pesquisa participativa (a qual também denominava
investigação-ação) na vertente educativa, sustentada em estudos de Paulo Freire.
Segundo a autora, Bosco sustenta sua proposta a partir do conceito de educação
libertadora, entendendo-a como o processo que tende a recolocar o homem
oprimido, tradicionalmente concebido como objeto da educação, no centro do
processo educativo.
Barbier (1985, p.19), apresenta uma subdivisão para a pesquisa-ação:
Pesquisa-ação de diagnóstico: o pesquisador elabora planos de ação. Entra
na situação, diagnostica e recomenda; pesquisa-ação participante: desde o
início, envolve no processo de pesquisa os membros da comunidade;
pesquisa-ação empírica: acumula dados de experiências de grupos sociais.
Leva de maneira gradual ao desenvolvimento de princípios gerais, como na
medicina clínica; pesquisa-ação experimental: compara a eficácia relativa
entre técnicas diferentes em situações sociais idênticas.
Segundo o autor acima citado, nosso estudo se enquadraria como
pesquisa-ação participante.
Para Oliveira e Oliveira (1985), ao invés de se preocupar somente com
a explicação dos fenômenos sociais depois que eles acontecem, a finalidade da
pesquisa-ação é de favorecer a aquisição de um conhecimento e de uma
consciência crítica do processo de transformação pelo grupo que está vivendo este
processo, para que ele possa assumir, de forma cada vez mais lúcida, seu papel de
protagonista e ator social.
Específicamente na área da Educação Física, Bracht et al. (2002),
realizaram um estudo no modelo de pesquisa-ação, a fim de verificar em que medida
40
esta metodologia apresenta-se como uma estratégia adequada de formação
continuada de professores, quando a intenção é provocar mudanças na prática
pedagógica numa perspectiva crítica, bem como colaborar na identificação dos
principais obstáculos ou entraves à mudança da prática pedagógica em Educação
Física nas escolas. Os autores se manifestam da seguinte forma sobre este tipo de
pesquisa:
Além de ser um instrumento de desenvolvimento profissional para o
professorado, é um instrumento fundamental para a implantação de
reformas educacionais ou de transformação da escola em que os
professores têm uma presença autônoma. (p. 21)
Assim, conforme nossa investigação teórica acima realizada nos
mostra, o modelo de pesquisa-ação parece ser o meio ideal para a realização do
nosso trabalho. Definido o tipo de pesquisa, partimos para as ações.
4.2 Entrevistas e questionários iniciais e finais
A fim de realizarmos um diagnóstico para análise da realidade no local
do estudo, bem como para a verificação dos resultados obtidos, desenvolvemos
entrevistas semi-estruturadas e questionários iniciais e finais.
As entrevistas foram realizadas junto à diretora, à coordenadora
pedagógica e ao docente responsável pela disciplina de Educação Física.
Junto aos alunos, o diagnóstico foi obtido através de questionários. Os
discentes não precisaram se identificar, para propiciar total liberdade de respostas.
No total, foram entrevistados todos os 57 alunos matriculados no Ensino Médio,
sendo estes distribuídos em: uma turma do 1º ano, com 26 alunos, sendo 14 do
sexo masculino e 12 do sexo feminino; uma turma do 2º ano, com 19 alunos, sendo
41
14 do sexo masculino e 05 do sexo feminino; uma turma do 3º ano, com 12 alunos,
sendo 06 do sexo masculino e 06 do sexo feminino.
As entrevistas e questionários iniciais e suas análises são mostrados
com maior detalhamento no capítulo 5, “a análise da realidade”. Seus resultados
nortearam as ações do processo de implantação da sistematização proposta no
presente estudo.
Já as entrevistas e questionários finais apontam os resultados do
processo, e suas respostas são apresentadas, discutidas e comparadas aos dados
iniciais no capítulo 8, “resultados e discussões”.
A seguir, descreveremos os procedimentos acima mencionados, que
nortearam as nossas ações ao longo de nossa pesquisa.
4.2.1 As entrevistas com a Diretora e com a Coordenadora Pedagógica da
escola – fase inicial e fase final
As entrevistas iniciais e finais das gestoras seguiram um modelo semi-
estruturado.
Na entrevista inicial, foi solicitado às entrevistadas que expusessem
brevemente sua formação acadêmica e suas experiências como docentes e
administradoras escolares. Com relação à Educação Física, solicitamos que
relatassem suas experiências como alunas da disciplina e na direção/coordenação
pedagógica.
A seguir, a fim de nos situarmos na realidade local, solicitamos às
mesmas que discorressem sobre a organização geral da escola, bem como sobre a
organização da proposta pedagógica, do planejamento geral e da Educação Física
(conteúdos, metodologias e resultados esperados).
42
Procuramos, ainda, verificar junto às professoras/gestoras
entrevistadas se a escola estaria aberta à discussão e aplicação de novas
propostas.
Especificamente junto à Coordenadora Pedagógica, em vista da
proximidade às ações docentes, procuramos captar informações sobre o apoio da
coordenação ao trabalho dos professores de Educação Física. A abordagem, nesse
momento final da entrevista, se deu em relação às questões administrativas tratadas
pela coordenação referentes à Educação Física junto à direção e aos docentes da
disciplina.
Já na fase final da pesquisa, solicitamos às gestoras que expusessem
suas observações sobre a proposta que está em desenvolvimento, relatando:
mudanças percebidas, aspectos positivos e negativos, opinião sobre o trabalho dos
professores de Educação Física, atitude dos alunos em relação à Educação Física e
percepção dos professores das outras áreas e da comunidade escolar como um
todo sobre a disciplina. Em seguida, perguntamos à Diretora e à Coordenadora
Pedagógica se esta proposta provocou alguma mudança sobre a sua concepção de
Educação Física. Por fim, solicitamos sugestões para a continuidade e indagamos
às gestoras o que as mesmas esperam desta “nova” Educação Física.
4.2.2 A entrevista com o docente da disciplina Educação Física para o Ensino
Médio – fase inicial e fase final
A entrevista inicial e final junto ao professor seguiram também um
modelo semi-estruturado.
Começamos a entrevista inicial pela “apresentação” do profissional:
idade, formação acadêmica, participação em cursos relevantes, tempo de
magistério, tempo de magistério e tempo que leciona no Ensino Médio.
43
Um segundo bloco versou sobre questões importantes para momento
atual: o entendimento por parte do docente sobre o que é Educação Física, como o
mesmo analisa a Educação Física escolar, a relação do que pensa da Educação
Física com o que coloca em prática e o seu entendimento sobre a LDB nº 9.394/96 –
CFE.
Finalmente, abordamos aspectos da ação docente: os conteúdos que
são trabalhados nas aulas, as metodologias aplicadas, as formas de avaliação
desenvolvidas, a relação que emprega nos conteúdos com o dia-a-dia dos
participantes (alunos), as estruturas física e material da escola para o
desenvolvimento da disciplina e o apoio da administração no oferecimento de
reciclagens acadêmicas.
A entrevista final versou, a princípio, sobre a estratégia adotada até o
momento para a re-configuração da Educação Física escolar pela proposta que
adotamos: quanto à sensibilização dos alunos, gestores e comunidade escolar em
geral; quanto ao planejamento; quanto à organização das aulas; quanto à exigência
de estudo para preparação e incremento das aulas; quanto às dificuldades e
facilidades; quanto aos avanços percebidos; quanto ao estímulo para continuar.
Solicitamos ao docente também que externasse o que mudou no seu
entendimento sobre a Educação Física escolar bem como o que a experiência com a
sistematização trouxe de significativo e consistente para o avanço da área. Por
último, pedimos que o docente externasse se a experiência conseguiu mexer na sua
forma de atuação no setor educacional, e ainda as suas observações gerais.
4.2.3 Os questionários aplicados aos discentes do ensino médio – fase inicial
e fase final
Os questionários (fase inicial e fase final) aplicados aos alunos do
Ensino Médio foram compostos totalmente de questões abertas.
44
A aplicação dos questionários inicial e final foi realizada visando
principalmente obter dados sobre o entendimento que os alunos têm sobre o
componente curricular Educação Física, antes e depois da implantação da
sistematização proposta.
No cabeçalho dos questionários a identidade do aluno foi preservada
para permitir maior liberdade às respostas.
No questionário inicial, as primeiras questões trataram do diagnóstico
do cotidiano do aluno: a prática de esportes realizada fora das aulas de Educação
Física (modalidade, vezes por semana, horas por dia, etc.), esforço físico durante o
dia (além dos esportes), e o conhecimento dos alunos sobre Educação Física
permanente.
A segunda parte do questionário inicial tratou da Educação Física na
escola. Procuramos saber sobre a experiência dos alunos no Ensino Fundamental,
solicitando aos alunos que discorressem sobre os conteúdos estudados, como eram
estruturadas as aulas, como era o comportamento e como eram as atitudes do
professor e como era a sua participação nas aulas. Procuramos, ainda, extrair dos
alunos a opinião sobre a importância que o aluno dá aos conteúdos que foram
estudados na Educação Física e, especialmente, o que o aluno aproveita do que foi
estudado em seu cotidiano.
Conforme o estabelecido nos objetivos do nosso trabalho, pretendemos
contribuir nas ações didático-pedagógicas das aulas de Educação Física. Para tanto,
procuramos, na última parte do questionário inicial, saber a opinião dos alunos sobre
como deve ser a Educação Física, bem como se o aluno já teve alguma vivencia
com o que imagina ideal para a Educação Física e como foi. Por último,
perguntamos sobre a satisfação dos alunos atualmente com a Educação Física na
escola.
O diagnóstico da situação influenciou o planejamento das atividades e
as ações didático-pedagógicas que aconteceram na seqüência.
O questionário final foi realizado após dois bimestres de implantação
da sistematização proposta, a fim de verificar os resultados.
Após solicitarmos algumas impress~es dos alunos acerca da educação
de forma geral, perguntamos aos alunos se os conteúdos estudados foram
45
interessantes, se maneira que os conteúdos foram ensinados pelo professor foi
motivante, se ocorreu um bom aprendizado, como foi a participação dos alunos nas
aulas, a opinião dos alunos sobre o aproveitamento dos conteúdos estudados na
vida extra-escolar, se os alunos apóiam a continuidade do processo que está
ocorrendo e qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na escola
e, por último, solicitamos sugestões para a continuidade do processo. Pedimos para
que os alunos justificassem todas as respostas, para uma melhor análise qualitativa.
Solicitamos, por último, que os alunos apresentassem sugestões para a melhoria
das aulas de Educação Física do colégio.
Isso nos deu a condição de analisar todo o processo ocorrido dentro do
semestre sob a ótica dos atores mais importantes: os educandos.
A seguir, discutiremos a proposta pedagógica histórico-crítica, definida
em conjunto (pelos professores e pelo pesquisador) como a base para elaboração
dos planos de ensino anual e bimestral e dos planos de aula, bem como da ação
docente.
4.3 Perspectiva metodológica: a opção pela proposta Histórico-Crítica
Quando nos propusemos a realizar uma pesquisa qualitativa sob o
modelo de pesquisa-ação, ou seja, com a intenção de intervir em uma realidade, foi
necessário adotar uma metodologia de ensino compatível.
A proposta Histórico-Crítica, idealizada por Demerval Saviani na
década de 70, foi tratada minuciosamente e direcionada ao ambiente escolar
recentemente, na obra de João Luiz Gasparin, “Uma Didática para a Pedagogia
Histórico-Crítica”.
Saviani (2003, p. 9), afirma que a tarefa a que se propõe a pedagogia
histórico-crítica em relação à educação escolar implica:
46
Na identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o
saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua
produção e compreendendo as suas principais manifestações, bem como as
tendências atuais de transformação; na conversão do saber objetivo em
saber escolar, de forma que se torne assimilável pelos alunos no espaço e
tempo escolares; no provimento dos meios necessários para que os alunos
não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas aprendam
o processo de sua produção, bem como as tendências de sua
transformação.
Para Gasparin (2003), aluno e professor são co-autores do processo
ensino-aprendizagem, e juntos devem descobrir para que servem os conteúdos
científico-culturais propostos pela escola. O referido autor deixa isso claro quando
acrescenta:
Nesta perspectiva, o novo indicador da aprendizagem escolar consistirá na
demonstração do domínio teórico do conteúdo e no seu uso pelo aluno, em
função das necessidades sociais a que deve responder. Esse procedimento
implica um novo posicionamento, uma nova atitude do professor e dos
alunos em relação ao conteúdo e à sociedade: o conhecimento escolar
passa a ser teórico-prático. (p. 2)
Tal prática passa pela necessidade de se trabalhar os conteúdos de
forma contextualizada. Contextualizar, por sua vez, exige que o professor se
interesse por aquilo que os alunos já conhecem, por suas preocupações, mas
também por suas necessidades.
Muitas vezes os conteúdos a serem trabalhados na Educação Física e
em outras disciplinas não refletem necessidades imediatas dos alunos. Os mesmos
devem ser levados a refletir sobre sua vida no futuro. Talvez situações vividas pelos
pais ou familiares possam servir como referência ou causar preocupações próprias.
Não há conhecimento que possa ser aprendido ou recriado se não mexer,
inicialmente, nas preocupações que as pessoas detêm; é um contra-senso
supor que se possa ensinar crianças e jovens, principalmente, sem partir
das preocupações que eles têm, pois, do contrário, só se conseguirá que
decorem (constrangidos e sem interesse) os conhecimentos que deveriam
ser apropriados (tornados próprios). (CORTELLA, 2001, apud GASPARIN,
2003, p. 17)
47
As concepções apresentadas até aqui deverão nortear todo o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, desde o planejamento até a
avaliação.
4.4 Proposta de planejamento das ações didático-pedagógicas
Estabelecidos o modelo de pesquisa, as formas de diagnóstico e a
metodologia de ensino a ser aplicada no processo ensino-aprendizagem, faz-se
necessário uma abordagem voltada ao “como” realizar.
A partir de um conhecimento sobre a realidade num espectro “macro”,
pode-se perspectivar uma atuação adequada à realidade do local onde a mesma se
realizará. Assim, partindo-se da Educação Física escolar contextualizada
historicamente, da caracterização legal da Educação Física como componente
curricular, bem como de uma realidade local detectada, é possível se construir o que
Sacristán (1998, p. 297) denomina um “esquema apropriado de programação”, que
deve ser construído sobre três pontos capitais, assim descritos:
[...] a substantividade e ordenação dos conteúdos do currículo, a
configuração das atividades mais adequadas para lograr o que se pretende
e a capacidade de realizar esses planos dentro de determinadas condições
de espaço, tempo, dotação de recursos, estrutura organizativa, etc., sem
que isso signifique uma atividade de acomodação às mesmas, mas sim que
as leve em consideração. Pensamos que a tomada de decisões do
professor, na condição de planejador do currículo e da prática, pode se
centrar na ponderação desses três capítulos básicos e nas interações entre
os mesmos, optando por uma determinada seqüência das muitas que são
possíveis.
Propostas curriculares não devem ser confundidas com “receitas”.
Contudo, parece-nos claro que prioridades devem ser estabelecidas, mas que a
flexibilidade deve também estar presente. O que o professor considera a princípio
48
prioritário para uma determinada população pode se mostrar secundário quando da
aplicação.
Perrenoud (1999, p. 64), defende uma diminuição até mesmo de
conteúdos escolares tidos tradicionalmente como indispensáveis, afirmando:
O ideal seria dedicar mais tempo a um pequeno número de situações
complexas do que abordar um grande número de assuntos que devem ser
percorridos rapidamente, para virar a última página do manual, no último dia
letivo.
Por fim, observamos que os autores consultados enfatizam a
necessidade do planejamento curricular e a possibilidade de flexibilização do
mesmo. Especificamente na Educação Física, que passa por transformações
constantes, como visto anteriormente neste estudo, a tarefa é árdua.
Adotamos, assim, a proposta de Oliveira (2004), que será apresentada
abaixo e amplamente discutida em um capítulo específico (cap. 6) do nosso
trabalho.
4.4.1 A proposta de Oliveira (2004)
O planejamento do nosso trabalho, como um todo, foi baseado na
proposta de Oliveira (2004), que se mostra norteadora para um novo currículo da
Educação Física escolar, conforme mostra o quadro a seguir.
49
Quadro 1 – Proposta de distribuição de conteúdos ao longo das séries escolares
Ed. Infantil Ensino Fundamental Ens. Médio
Séries
Núcleos
I II III 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1º 2º 3º
a) Movimento em
Construção e
Estruturação
50
% 50% 45% 40% 40% 30% 30% 20% 15% 10% 10% 10% 5 % 5 %
b) Movimento nas
manifestações
lúdicas e esportivas
15
% 15% 20% 30% 30% 30% 30% 40% 45% 50% 50% 45% 40% 40%
c) Movimento em
expressão e ritmo
30% 30% 30% 20% 20% 20% 20% 15% 15% 10% 10% 10% 15% 15%
d) Movimento e a
saúde
5% 5% 5% 10% 10% 20% 20% 25% 25% 30% 30% 35% 40% 40%
Fonte: Oliveira (2004, p. 30)
4.5 O desenvolvimento das ações didático-pedagógicas: um desafio para o
Colégio São Francisco Xavier
Como visto na justificativa do presente estudo, o Colégio São
Francisco Xavier, através de sua direção, coordenação pedagógica e corpo docente,
aceitou nossa proposta de trabalho, de reestruturar e sistematizar a disciplina
Educação Física, com base na proposta de Oliveira (2004).
Os passos do processo serão descritos na seqüência.
50
4.5.1 Planejamento das ações
O planejamento anual foi realizado para todas as séries do colégio,
desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Assim, vale frisar que, embora o
presente estudo se concentre no Ensino Médio, outros dois docentes atuantes em
outros níveis participaram do planejamento, inclusive para as ações neste nível de
ensino. Esta integração possibilitou uma visão “macro” do processo, bem como
dotou de uma maior coerência o nosso planejamento.
Foram realizadas reuniões pedagógicas semanais, em que a equipe
(professores e pesquisador) estabeleceu, inicialmente, os conteúdos a serem
ministrados em cada série, dentro dos percentuais estabelecidos na proposta
curricular a ser seguida. Os mesmos foram organizados em cartazes colados na
parede da sala de ginástica do colégio, para melhor visualização.
A discussão girou em torno da necessidade de um aumento gradativo
em dificuldade e complexidade ao longo dos anos e da capacidade do aluno em
atingir os objetivos de aprendizagem, bem como o possível nível de interesse pelo
conteúdo indicado pela etapa de desenvolvimento físico e intelectual de cada faixa
etária.
Assim, foi construído um planejamento anual adequado à realidade do
Colégio São Francisco Xavier.
4.5.2 Desenvolvimento das ações
A partir do planejamento anual, passamos à discussão dos conteúdos,
à elaboração do cronograma e ao planejamento aula a aula, dentro da metodologia
proposta.
51
As aulas foram ministradas pelo docente com o nosso
acompanhamento. Num primeiro momento atuamos apenas na observação das
aulas. Já num segundo momento, atuamos como co-participantes do processo,
auxiliando o docente durante as aulas e, especialmente, no planejamento, avaliação
e reflexão sobre as mesmas e possíveis mudanças para o alcance de melhores
resultados.
4.5.3 Avaliação dos resultados
Os resultados da pesquisa foram avaliados mediante as observações
realizadas, e principalmente mediante novas entrevistas e questionários, a fim de
detectar, por parte dos atores do processo, se aconteceram mudanças significativas
na parte conceitual da Educação Física (se mudou o entendimento sobre o
componente curricular) nas ações e concepções do docente e dos discentes,
aumentando assim a valorização que pode contribuir para a legitimação da
Educação Física na escola, bem como se as ações realizadas resultaram em um
aprendizado útil à vida dos educandos.
52
5 A ANÁLISE DA REALIDADE
Como já relatado, para uma análise da realidade, utilizamos entrevistas
e questionários, envolvendo direção da escola, coordenação pedagógica, professor
e alunos. Segundo Possebon e Cauduro (2001, p. 141), “se acreditarmos que cada
sujeito da escola é capaz de criar, de propor, de (re) construir, a cada dia a escola, é
por aí um bom caminho”.
Nos relatos do docente, da diretora, da coordenadora pedagógica e
dos discentes, foram exteriorizadas experiências vividas dentro e fora do Colégio
São Francisco Xavier. Tais relatos nortearão as discussões a seguir, sempre à luz
dos teóricos da área.
5.1 A Educação Física na visão das gestoras: entrevistas iniciais com a
diretora e com a coordenadora pedagógica da escola
As entrevistas com a diretora e com a coordenadora pedagógica da
escola tiveram um formato semi-estruturado. A maioria das perguntas foi feita
igualmente às duas profissionais, e algumas perguntas foram direcionadas à função
específica exercida. Como o teor das respostas foi semelhante em vários ítens,
trabalhamos as duas entrevistas em conjunto (vide apêndices 1 e 2).
53
5.1.1 A experiência discente na Educação Física
Iniciamos a entrevista com a diretora solicitando que a mesma fizesse
um relato sobre sua experiência como aluna da disciplina Educação Física no
Ensino Básico. Tal experiência se deu por volta de quatro décadas atrás. A diretora
descreveu assim sua vivência:
Como aluna, a experiência que tive foi sempre em forma de
competição. Atletismo e jogos. Não me lembro de ter estudado teoria na Educação
Física”.
A mesma solicitação foi feita à coordenadora pedagógica, que
respondeu:
“Foi muito boa, eu acho que fui privilegiada, tive um colégio muito bom.
Foi há muito tempo atrás, mas a gente já tinha a Educação Física voltada para o
exercício com massa, bola, fita, arcos, enfim, com vários aparelhos, o que se chama
hoje de GR. A Educação Física se voltava para a melhora da forma física, só isso.
Por ser um colégio de freiras, não havia muito incentivo aos jogos, como vôlei e
basquete. Era uma escola só para mulheres”.
Nos dois casos, o período vivenciado foi o da Educação Física
competitivista, que segundo Ghiraldelli Junior (2003), tinha como objetivo
fundamental a caracterização da competição e da superação individual como valores
fundamentais e desejados para uma sociedade moderna.
Conforme o relato histórico realizado anteriormente, os anos 60 e 70
foram marcados pela orientação físico-desportiva. Gallardo, Oliveira e Aravena
(1998, p. 19) observam: “com a aceleração industrial no pós-guerra e,
simultaneamente, com a crescente urbanização e diversificação dos meios de
comunicação de massa, a prática de esportes nas escolas alcançou um
desenvolvimento sem precedentes”.
No caso da coordenadora pedagógica, cujas aulas relatadas não foram
orientadas para os esportes coletivos e competitivos, mesmo a Ginástica Rítmica já
54
trazia gestos desportivos característicos, conforme o relato sobre os materiais
utilizados (massa, bola, fita, arcos).
Em ambos os casos, não havia uma orientação para conteúdos
teóricos, a Educação Física era vista como atividade paralela, não como
componente curricular. Aqui aparece o primeiro paradigma da Educação Física a ser
discutido em nosso trabalho: o desporto, ou esporte institucionalizado, que por si só
é considerado um meio para se educar. Como cita Beltrami (2001, p. 29), o esporte
institucionalizado é tido como “um meio educativo por excelência, porque sua prática
poderia inspirar o espírito de disciplina e lealdade”.
5.1.2 Utilização dos conhecimentos adquiridos
Perguntamos se a diretora utiliza os conhecimentos adquiridos nas
aulas de Educação Física, e quais as atividades físicas que pratica atualmente. Ela
assim respondeu:
“Pratico tênis e faço pilates. Das aulas de Educação Física na escola
não utilizo nada. Se não tivesse feito, seria a mesma coisa. Não me lembro de nada
que aprendi nas aulas que use para alguma coisa atualmente”.
A experiência da diretora parece ser comum entre a população. A
“hegemonia esportiva” na Educação Física escolar (KUNZ, 1998; PEREIRA, 2000;
BELTRAMI, 2001; AYOUB, 2003), persistente há décadas, parece não estar
influenciando a população na adoção de um estilo de vida ativo. Não se percebe a
prática de esportes nas quadras poliesportivas públicas e particulares na mesma
intensidade que se evidencia a prática de exercícios aeróbios nos parques e a
prática dos vários tipos de ginástica de academias, por exemplo.
55
5.1.3 A percepção sobre a disciplina Educação Física
Solicitamos que a diretora e a coordenadora pedagógica expusessem
sua percepção sobre a Educação Física, seus professores, seus alunos. Enfim, que
exteriorizassem como é visto por elas o trabalho que é realizado na disciplina
Educação Física.
Exposição da diretora:
“Temos uma excelente equipe de professores de Educação Física. Não
temos problemas com a disciplina. Quanto aos alunos, a minha visão é a de que
eles precisam praticar esportes, precisam da prática. Os jovens, em sua maioria, são
mais parados hoje do que antigamente. Vivem em apartamentos, e mesmo quem
vive em casa tem medo de sair, por causa da insegurança dos centros urbanos.
Antigamente, a gente brincava muito na rua, de bets, queima e outras brincadeiras.
A gente amarrava um barbante de um poste ao outro e jogava vôlei na rua de casa.
Os pais, hoje, ficam sossegados quando os filhos estão no colégio. Assim, além de
freqüentar a escola nos horários de aula, os alunos participam de atividades extra-
curriculares em outros horários, sempre em atividades esportivas. A escola assume,
assim, mais uma função que antes não era dela. Outra coisa que percebo é que hoje
cada vez mais crianças sofrem com o problema da obesidade, é muita televisão e
computador”.
Exposição da coordenadora:
“Temos ótimos professores. Eles fazem o planejamento bem em cima
do que é necessário. Na Educação Infantil e de 1ª a 4ª é feito um trabalho
maravilhoso. O professor detecta se a criança possui uma determinada dificuldade
ou problema, neste sentido, ele nota, através dos exercícios propostos, problemas
como os de coordenação motora e lateralidade. Há uma comunicação constante do
professor de Educação Física com a professora de sala. Nos outros níveis, o
professor dispensa comentários. É excelente. Então, ser coordenadora deles é muito
bom, eles facilitam o meu trabalho. Trazem sempre dentro do prazo o planejamento
anual, a idéia geral, e depois detalham tudo nos bimestres”.
56
Ambas as profissionais se mostram satisfeitas com o desempenho dos
docentes da área, em todos os níveis. A diretora ultrapassou a atuação nas aulas de
Educação Física e abordou aspectos relativos à saúde. Já a coordenadora
pedagógica – provavelmente pelo próprio exercício da função – focou sua resposta
nas aulas de Educação Física, ressaltando o cuidado do docente atuante na
primeira fase do ensino fundamental com os aspectos relativos ao desenvolvimento
motor e a comunicação com as professoras de sala, o que aponta para um possível
trabalho interdisciplinar.
A preocupação demonstrada pela Diretora com a inatividade física de
seus alunos e as conseqüências de tal inatividade é plenamente justificada, visto
que a mesma preocupação é demonstrada por vários autores (GUEDES; GUEDES,
1998; PRATI; PETROSKI, 2001; OLIVEIRA, 2004, KRAVCHYCHYN, 2005).
Também é importante que a escola ofereça atividades em períodos
fora do horário das aulas, uma vez que 50 minutos (encurtados pela locomoção dos
alunos, chamada, organização da turma e tempo de higiene pessoal dos mesmos),
duas vezes por semana, não suprem a necessidade de movimento dos alunos.
Devemos, no entanto, acrescentar a necessidade que a disciplina
Educação Física desenvolva no aluno o que Freire² (1996, p. 76) preconiza: “a
capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas para transformar a
realidade, recriando-a”. Ou seja, as condições de prática esportiva que a escola
oferece não durarão para sempre, é preciso preparar o aluno para a vida fora da
escola, no presente e no futuro, dentro de uma perspectiva para a Educação Física
como componente curricular.
Os conteúdos da Educação Física precisam se tornar “objetos de
conhecimento”. Para que um conteúdo se torne objeto de conhecimento, segundo
Gasparin (2003, p. 15), “o educando deve ser desafiado, mobilizado, sensibilizado;
deve perceber alguma relação entre o conteúdo e sua vida cotidiana, suas
necessidades, problemas e interesses”.
A importância que a coordenadora pedagógica atribui à atuação do
docente nas aulas de Educação Física de 1ª a 4ª série, bem como às possibilidades
de trabalho interdisciplinar é reforçada por Freire¹ (2003, p. 81), que observa:
57
Não se passa do mundo concreto à representação mental senão por
intermédio da ação corporal. A criança transforma em símbolos aquilo que
se pode experimentar corporalmente: o que ela vê, cheira, pega, chuta,
aquilo que corre e assim por diante. Assusta-me ver crianças sentadas
durante horas em um banco escolar, falando coisas como “dois mais dois”,
“o menino viu a vaca”, que podem não passar de sinais gráficos ou sonoros,
desvinculados da realidade delas.
A satisfação manifestada pelas gestoras com o docente do Ensino
Médio é total, ao trabalho do qual foram destinados muitos elogios, da parte da
diretora e da coordenadora pedagógica.
5.1.4 A proposta pedagógica do Colégio
A Educação Física como componente curricular deve estar sintonizada
com a proposta pedagógica da instituição. Assim sendo, solicitamos às profissionais
que falassem sobre a proposta pedagógica do colégio.
Fala da diretora:
“Penso que não podemos ter apenas uma proposta pedagógica. O que
serve para um pode não servir para o outro. Vamos supor: assumimos integralmente
a proposta do construtivismo. Isso pode beneficiar cinqüenta, sessenta por cento
dos alunos. Um aluno é diferente do outro. E o restante, como fica? É preciso
trabalhar com as individualidades. Nossa proposta aqui no colégio é eclética. A
formação, a educação que as crianças recebem em casa está cada vez mais
variada, as famílias já não são mais iguais umas às outras. Algumas vezes,
recebemos uma crítica do tipo “vocês são tradicionais demais”. Fazemos o que
julgamos ser o certo, se fazer o que é certo é ser tradicional, então somos
tradicionais. Diante disso, se algum diretor ou coordenador fala: nossa proposta é
esta, não fugimos disso, é mentira. Não tem como”.
Fala da coordenadora:
58
“É organizada em cima dos novos parâmetros. Somos obrigados a ter
uma proposta. Só que, na realidade, a pedagogia precisa ser diversificada, pois
determinados conteúdos você precisa ministrar de um jeito, outros precisam ser
ministrados de outro jeito. O professor tem liberdade de atuação, podendo decidir
pelo método pelo qual o aluno aprenda com mais facilidade. Ficar engessado em
uma só pedagogia é contraproducente. A gente tem que ir descobrindo as melhores
formas de atingir objetivos, de gerar conhecimentos aos alunos. Na prática, nós
somos ecléticos, utilizamos todas as ferramentas possíveis para chegar aos nossos
objetivos”.
A nosso ver, é importante que o planejamento dos conteúdos de um
componente curricular seja elaborado a partir da proposta pedagógica da escola, de
seus objetivos, e seja um real componente de seu plano escolar. São diretrizes
norteadoras, flexíveis, mas necessárias. Neste caso, tais propostas não se mostram
claras.
As duas gestoras enfatizaram que existe uma proposta “eclética”, que
se baseia no princípio de que cada indivíduo é único, e que conteúdos diferentes
devem ser ensinados de formas diferentes. Houve, ainda, nas respostas, uma
menção da diretora a queixas (não especificando se por parte de pais, de alunos ou
de professores) quanto ao “tradicionalismo” da escola, bem como uma referência da
coordenadora pedagógica ao não “engessamento” no modo de agir pedagógico, a
partir do uso de “ferramentas” diversificadas.
Schwartzman (1991) afirma que muitas vezes pedagogias liberais e
antiautoritárias levaram ao completo abandono da atividade pedagógica, com graves
prejuízos para as crianças, bem como que metodologias tradicionais, quando
aplicadas em ambientes preservados e motivados, podem conduzir a resultados
bastante satisfatórios. Este fato, segundo o mesmo autor, tem levado, inclusive, a
uma recente revalorização das pedagogias mais tradicionais e repressivas. Por fim,
o referido autor enfatiza: “o que parece ser certo é que, assim como existem muitas
maneiras de tosquiar um carneiro, existem, também, maneiras distintas e igualmente
satisfatórias de educar uma criança”. (p. 58)
Mesmo uma postura como a acima observada não traz implícita a
utilização de várias pedagogias ao mesmo tempo. O risco de uma abertura sem
59
limites parece residir, entre outros fatores, no fato que nas instituições de ensino em
geral existe uma heterogeneidade com relação à formação do corpo docente. É
possível e até mesmo comum que a formação acadêmica dos professores tenha
acontecido com décadas de diferença, dentro de propostas pedagógicas
diversificadas, em realidades diferentes entre si. Assim, a atuação de vários
professores junto ao mesmo aluno pode vir a apresentar diferenças significativas do
ponto de vista metodológico e até de relacionamento interpessoal. Só isso já
justificaria a adoção de um norte para as ações didático-pedagógicas.
Portanto, uma proposta pedagógica flexível pode ser virtuosa, mas
precisa levar em conta as necessidades, especificidades e realidade dos sujeitos
envolvidos (educadores e, principalmente educandos). Tal proposta deve, também,
projetar qual é o cidadão que a escola pretende formar.
Uma proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. Uma proposta
pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta
pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta
contém uma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também
busca de uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de
onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades
que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a
orienta. E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade
eminentemente política no caso de um proposta educativa, e sempre
humana, vontade que, por ser social e humana, nunca é uma fala acabada,
não aponta "o" lugar, "a" resposta, pois se traz "a" resposta já não é mais
uma pergunta. Aponta, isto sim, um caminho também a construir.
(KRAMER, 1997, p. 19)
Segundo Gadotti (2000), a escola precisa ser cidadã. Assim, precisa ter
projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e
longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros
curriculares. O autor enfatiza que as mudanças que vêm de dentro das escolas são
mais duradouras, e que da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua
prática/experiência, dependerá o seu futuro.
A proposta pedagógica da escola, e nela inserido o componente
curricular Educação Física parece ser, portanto, o ponto de equilíbrio diante da
riqueza de experiências que cada ator do processo ensino-aprendizagem possui. O
debate, a troca de experiências, o exercício do agir-refletir-agir, entre outras atitudes
co-participativas, deve ser constante.
60
5.1.5 Os conteúdos, metodologias e resultados esperados
Procuramos saber a opinião da diretora e da coordenadora sobre os
conteúdos e sobre as metodologias utilizadas na Educação Física, bem como sobre
quais são os resultados esperados por cada uma.
Opinião da diretora:
“Sobre os conteúdos, quero dizer que confio muito nos nossos
professores. Observo muito o trabalho junto às crianças pequenas, e vejo que o
professor trabalha bastante a parte lúdica, a lateralidade, o equilíbrio, a coordenação
motora, vejo que isso é bastante positivo. Quanto aos alunos maiores, vejo sempre o
professor explicando sempre com dedicação os conteúdos esportivos, como
medidas da quadra, passando tudo. É um acompanhamento superficial, pois a
coordenadora pedagógica acompanha mais de perto, mas a gente também
acompanha. Outra atividade que os professores realizam é o acompanhamento das
medidas, peso e altura dos alunos. Isso é feito no inicio e no final do ano, e penso
que é muito importante para o controle da obesidade. Sobre isso, vejo sempre os
professores orientando os alunos sobre a nutrição, acho isso muito positivo,
também”.
Opinião da coordenadora:
“Os conteúdos trabalhados, de 5ª a 8ª são os jogos, como o basquete e
o vôlei, que são trabalhados na teoria e na prática. De pré à 4ª série, há uma
avaliação do aprendizado de habilidades motoras, das competências. Alguns alunos
conseguem realizar determinados exercícios, outros apresentam maior dificuldade.
Também são aplicados jogos, mas com características diferentes, adequados à
idade. O resultado que esperamos sempre é a melhora da capacidade física do
aluno. Uma parte muito importante da Educação Física é a interação com os
colegas, é um momento que os alunos têm para colocar para fora a energia
guardada. Geralmente, os alunos gostam muito da Educação Física até a 4ª série.
De 5ª a 8ª eles começam a ficar meio arredios, principalmente as meninas, que já
61
não gostam muito. Mas o que se espera realmente é a melhora da capacidade física,
pois o exercício é necessário para a vida toda”.
Nos dois depoimentos, podemos observar certo “consenso”, já relatado
por autores da área da Educação Física escolar (PEREIRA, 2000; GUIMARÃES et
al., 2001; MARTINS JUNIOR, 2002; AYOUB, 2003; DARIDO, 2004): da educação
Infantil até a 4ª série do Ensino Fundamental, enfatiza-se o desenvolvimento das
habilidades motoras de base. A predisposição a novas descobertas, o desafio de
novos movimentos, o estímulo causado por atividades rítmicas e expressivas e pelas
manifestações lúdico-desportivas torna a aula de Educação Física um momento
especial para as crianças. Já a partir da 5ª série do Ensino Básico, até o 3º ano do
Ensino Médio, há uma grande hegemonia dos conteúdos esportivos.
Retomando a fala da coordenadora pedagógica, “[...] geralmente, os
alunos gostam muito da Educação Física até a 4ª série. De 5ª a 8ª eles começam a
ficar meio arredios, principalmente as meninas, que já não gostam muito”. Conforme
Coelho (1985, apud Martins Júnior, 2002, p. 50),
[...] o processo de “esportivação” da Educação Física escolar fez com que,
lentamente, fossem desaparecendo dos seus conteúdos as formas de
trabalho que constituem a base da cultura desportiva popular de qualquer
país, das quais se citam as danças, a recreação, a ginástica, os jogos
tradicionais, o condicionamento físico, os esportes não olímpicos e outras
que, embora sejam sugeridas na maioria das propostas educacionais, não
são regularmente desenvolvidas nas aulas. Este fato tem originado
determinados problemas, que levam à desmotivação dos alunos pelas
aulas, como por exemplo, a excessiva ênfase atribuída ao esporte,
principalmente o de alto nível que, com regras e procedimentos elitizantes,
predispõe à escolha dos mais aptos, em prejuízo aos menos capazes, ainda
que estes constituam a maioria dos praticantes.
Oliveira (2004) compartilha da argumentação acima, afirmando que a
“mesmice” adotada nas aulas de Educação Física provoca um desânimo e um
desinteresse nos alunos ao longo da vida escolar.
A melhora da capacidade física, também colocada nas respostas como
resultado esperado só ocorrerá se o aluno incorporar os conhecimentos adquiridos
nas aulas de Educação Física ao seu dia-a-dia.
A Educação Física escolar tem que assumir para si o compromisso e o
desafio de ensinar (e ensinar bem!) às suas alunas e alunos os diversos
62
temas da cultura corporal, entendida como o conjunto de práticas corporais
que se tornaram patrimônio da humanidade. (AYOUB, 2003, p.112)
Conforme já visto neste estudo, nem a carga horária semanal é
suficiente e nem a aula de Educação Física é o momento para o treinamento das
capacidades físicas, caso seja a Educação Física tratada como componente
curricular.
5.1.6 Apoio da Coordenação Pedagógica aos professores de Educação Física
Procuramos, finalmente, saber da coordenadora pedagógica quais são
as formas de apoio ao trabalho dos professores de Educação Física na escola, que
respondeu:
“Procuramos dar o apoio aos professores de Educação Física da
mesma forma que damos a todos os demais professores. Temos uma equipe, e não
pode haver privilégios e nem relegar ninguém a um segundo plano. Então, damos
um apoio total. Só que os professores de Educação Física sempre querem mais
materiais, que sempre custam caro, como bolas, redes, etc. Mas os meninos são
muito bons, não tenho queixa. Damos apoio mesmo. Antes, quando eu atuava como
professora aqui no colégio, nós não tínhamos nada, era aula de Educação Física e
só. Agora, temos várias modalidades praticadas fora do horário de aula, aqui no
colégio. Isso foi uma conquista dos nossos professores, que trouxeram as idéias,
nós fomos apoiando, e hoje é uma realidade. Veja o nosso Futsal, que hoje é
campeão, isso é um orgulho para nós. No Handebol também estão começando a
aparecer os resultados. Temos também danças, ballet, street dance. São atividades
extra-curriculares. A escola abraçou um novo papel, os jovens vêm para cá e os pais
ficam tranqüilos”.
63
A criação de atividades extra-curriculares baseadas em atividades
culturais, ginásticas e no treinamento desportivo dentro de uma escola é sempre
uma conquista da área de Educação Física. É um espaço importante aberto na
escola para uma prática a partir da aptidão e do desejo do aluno.
Embora não seja este o tema central de nosso estudo, vale a pena
ressaltar que dentro da escola, mesmo as turmas de treinamento precisam ter um
foco diferenciado de outros ambientes esportivos. O técnico desportivo de equipes
escolares continua sendo um educador. Assim, Teixeira (2001, p. 81) afirma:
A formação do praticante através do desporto deve respeitar os estágios de
maturação, não se restringindo à motricidade específica; deve visar as
melhorias da condição física e fisiológica, como também da afetividade, da
intelectualidade, da criticidade, da sociabilidade e da criatividade, para que
ela consiga avançar rumo à aprendizagem social.
A visão da Direção e da Coordenação Pedagógica da escola parece
estar ainda bastante influenciada pelo modelo esportivo. Isso reflete uma situação
antiga e atual ao mesmo tempo. A Educação Física conquistou o status legal de
componente curricular, fato que não parece ter alterado a rotina da disciplina pelo
Brasil afora. Entre os professores parece imperar o que Freire² (1983) denomina
“consciência ingênua”, que se caracteriza por uma conduta alienada e acrítica,
desprovida de reflexão.
Desta forma, ficou clara, nesta primeira incursão, a confirmação do que
concebe Daolio (1995): o ideal esportivo está presente na prática do professor de
Educação Física, mesmo que o discurso seja diferente.
5.1.7 Mudanças à vista
Quando perguntamos à diretora se a escola estava aberta a mudanças,
obtivemos a seguinte resposta:
64
“Fiquei emocionada vendo aquele planejamento feito com cartazes, na
parede. Eu vi aquilo e disse: meu Deus, eles abraçaram mesmo a causa. Eu admiro
muito quando vejo professores abraçando uma causa sem visar lucro, somente
crescimento intelectual. Eu bato palmas. Isso é bom para mim, também, estou
aprendendo com eles. Estamos juntos. Vamos abraçar, vai dar certo”.
Freire² (1996, p.88) nos aponta um saber fundamental: “mudar é difícil,
mas é possível”.
Aceitar o desafio da mudança é, a nosso ver, a grande virtude da
direção e dos docentes do colégio onde estamos desenvolvendo a nossa pesquisa.
Continuando nosso diagnóstico, passamos agora à análise da entrevista do docente
do Ensino Médio.
5.2 Entrevista inicial com o docente da disciplina Educação Física para o
Ensino Médio
O professor responsável pela disciplina Educação Física para o Ensino
Médio do Colégio São Francisco Xavier é graduado há 19 anos, possui 3 cursos de
Especialização “Latu-sensu” e se mantém atualizado com pelo menos duas
participações por ano em encontros e congressos da área. O docente leciona da 5ª
série do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. No Ensino
Fundamental, leciona há 18 anos, sempre no mesmo colégio, sendo que no Ensino
Médio este é o terceiro ano, visto que este nível de ensino foi implantado no colégio
a partir do ano de 2004.
O formato semi-estruturado das entrevistas anteriores foi também
aplicado à entrevista com o docente da disciplina. Nossa conversa tratou de
problemas amplamente debatidos neste trabalho. O professor demonstrou uma
grande consciência acerca dos problemas da disciplina, bem como manifestou seu
65
interesse em fazer parte de uma proposta de mudança que legitime a Educação
Física na escola.
A pesquisa de Daolio (1995, p. 58) evidencia o desconforto de um
professor diante de uma pesquisa no ambiente escolar: “os pesquisadores vão para
a escola, usam os professores e depois os criticam em suas análises”. Neste
momento, gostaríamos de nos colocar aqui como parceiros do professor, visto que
pretendemos fazer parte do processo (característica fundamental da pesquisa-ação),
não pretendemos julgar ninguém. Pelo contrário, nosso intuito é de ajudar na
solução dos problemas que porventura venham a surgir.
5.2.1 Entendimento do docente sobre a Educação Física escolar
Na primeira parte da nossa entrevista, solicitamos que o professor se
manifestasse quanto ao seu entendimento sobre a Educação Física, especialmente
sobre a Educação Física escolar.
“A Educação Física deve ser bem mais do que uma simples prática de
atividade física, deve passar algum conteúdo para que os alunos tenham um
aproveitamento ao terminar o ensino básico aqui no colégio, tenham uma certa
autonomia, saibam para que serve cada uma das atividades, por que ocorre cada
uma dessas ações, quais são os benefícios da atividade física para a saúde. Então,
são vários conceitos que, na realidade, na prática a gente não vê muito bem isso, vê
que é simplesmente uma atividade física. A visão hoje, em geral, é de que a
Educação Física é, na realidade, um momento de sair da sala e ir para a quadra ter
uma prática esportiva”.
Nesta primeira consideração do professor já aparece um primeiro sinal
de insatisfação do professor com sua prática pedagógica. Como cita Oliveira (2000,
p. 66), “os profissionais da área não estão satisfeitos com seu desempenho e
buscam novas opções e soluções para o desenvolvimento da Educação Física”.
66
Aparece também a associação direta da Educação Física com o
esporte (já vista nas entrevistas anteriores).
Acredito que a Educação Física seja o espaço/tempo oficial de tratar
pedagogicamente o esporte na escola, não devendo, entretanto, ser este o
único conteúdo a fazer parte do projeto pedagógico desta disciplina.
Contudo, sua manifestação nas escolas tem sido diária, o que nutre a
representação de Educação Física como sinônimo de esporte. (FARIA,
2004, p.132)
Assim, os esportes devem ser tratados como conteúdos da Educação
Física escolar como componente curricular, o que exclui o conceito da “prática pela
prática”.
5.2.2 Os conteúdos trabalhados
Pedimos para que o docente falasse sobre os conteúdos que trabalha
no Ensino Fundamental (onde também atua) e no Ensino Médio.
“De 5ª a 8ª série os conteúdos são restritos aos esportes. Trabalho o
atletismo, o vôlei, o Basquete, o Handebol e o Futebol. Existe também a parte
teórica, voltada às regras dos esportes, pois acho que é importante estar por dentro
das mudanças que ocorrem sempre nas regras, para que os alunos possam praticar
adequadamente os esportes. Abordo alguma coisa relacionada ao aspecto da saúde
como, por exemplo, a importância do aquecimento antes das atividades. Mas a
prioridade é dada aos esportes. No ensino médio, procuro diversificar, mas não foge
muito do esporte. Oitenta por cento das aulas são voltadas aos sistemas defensivos
e ofensivos das modalidades. No voleibol são trabalhados, por exemplo, os sistemas
5X1 e 4X2. No Basquete, a marcação individual e por zona. Fazemos sempre o
famoso “rachão”, que é o que eles gostam. No ensino médio, a forma é mais ou
menos como um treinamento, insisto para que respeitem os sistemas que estão
sendo ensinados. Cobro sempre o que foi aplicado no início da aula, com a
67
explicação do sistema de jogo. Eles desenvolvem o jogo em cima da tática aplicada,
é um rodízio, cada dia um sistema. No ensino médio, não trabalho por blocos
bimestrais, sendo somente Vôlei ou somente Basquete. Cada aula é uma
modalidade diferente, mas com conteúdos parecidos. Por exemplo, ensino em uma
aula marcação individual no Basquete e na próxima aula marcação individual no
Handebol, e na outra aula marcação individual no Futsal. Peço para os alunos
compararem a eficiência do sistema individual em cada modalidade, no que se
parecem, no que são diferentes. Em algumas aulas no ano passado eu tentei fazer
alguma coisa diferente, dei aulas de ginástica, de alongamento. No dia da aula de
alongamento, fiz o teste de flexibilidade no banco de Wells antes da aula, aplicamos
na aula alguns métodos de alongamento: estático, dinâmico, balístico, ou seja,
trabalhando com técnicas diferentes. Ao final da aula, realizamos um novo teste e os
alunos viram sua melhora imediata. Num outro dia, dei aula de ginástica,
monitorando a freqüência cardíaca. Dei aula de step também, mas tudo sem uma
seqüência lógica. Posso dizer que não estava preparado, precisava de uma
seqüência que me norteasse, que eu seguisse realmente aquilo. Os esportes
acabam sendo uma segurança, mas sinto um desconforto com isso”.
Fica claro, mais uma vez, o caráter de quase totalidade da aplicação de
conteúdos esportivos a partir da 5ª série, e também do risco de desmotivação pela
repetição dos conteúdos já ministrados, embora um caráter “mais tático” seja
aparente no Ensino Médio.
Dois momentos na fala do docente são especialmente merecedores de
destaque.
O primeiro é um impasse desencadeado nas aulas de Educação Física
citado por Mattos e Neira (2000), que também mencionam o termo “racha”. Esse
impasse acontece entre o professor e alunos porque o primeiro deseja desenvolver a
atividade que elaborou, e o segundo quer “jogar”, ou seja, dividir as equipes e fazer
o conhecido “racha”. Os autores enfatizam, ainda, que “esse quadro, não raro,
originado em etapas anteriores da escolarização, contribui muito para o afastamento
do componente curricular do corpo pedagógico da escola” (p. 19). Existe, pois, uma
“pressão” que deve ser superada pelo professor.
68
O segundo momento detectado na declaração do docente é a tentativa
de sair da “mesmice” esportiva – que lhe é segura – e desenvolver outros conteúdos.
Parece, no entanto, que isso é feito de uma forma assistemática e esporádica,
inconsistente. Oliveira (2004) aponta o caminho da organização dos conteúdos
respeitando um aumento de complexidade ao longo do Ensino Básico, condenando
veementemente a prática do “esporte por esporte”.
Entender o esporte institucionalizado como elemento fundamental no
desenvolvimento das aulas é matéria vencida. O que não se pode aceitar é
entendê-lo como finalidade da Educação Física escolar. O esporte é um dos
elementos a ser utilizado dentre uma gama de outras vivências que devem
ser experienciadas nas aulas, onde podemos destacar as manifestações da
cultura corporal atreladas aos jogos, às danças, às ginásticas e aos
esportes. Prender-se exclusivamente ao ensino do esporte em sua
dimensão objetiva, prática e conhecimento de regras e posicionamentos
técnicos é empobrecer demas esse espaço cultural. (OLIVEIRA, 1999, p.45)
Todavia, ressaltamos novamente o desconforto do professor e sua
ansiedade pela adoção de uma nova postura.
5.2.3 O aspecto legal na visão do docente
Passamos, pois, para uma questão ligada à legislação, perguntando ao
docente qual é o seu entendimento sobre a LDB 9.394/96 – CFE.
“Meu conhecimento é apenas que a partir desta lei, a Educação Física
passou a ser um componente curricular obrigatório. Mas na prática, eu não vi
mudanças desde 1996. Não só aqui, parece que em muitos colégios continua a
mesma coisa”.
A constatação do docente é verdadeira. Vários estudos apontam que
pouco ou nada mudou na prática após a nova LDB (OLIVEIRA, 1999; GUIMARÃES
et al., 2001; AYOUB, 2003; OLIVEIRA, 2004).
69
Isso mostra a necessidade de legitimar a Educação Física como
componente curricular.
A nova LDB deu abertura às iniciativas das escolas e à equipe
pedagógica, incluindo o professor de Educação Física que, a partir desse momento,
“passa a ser mais exigido quanto à sua qualificação e uso do seu conhecimento,
principalmente no que corresponde ao planejamento de atividades que venham de
encontro aos interesses e necessidades dos alunos”. (MATTOS; NEIRA, 2000, p.
11)
A Educação Física precisa ser vista e valorizada como componente
curricular, mas isso precisa acontecer partindo do próprio profissional da área. A
organização de conteúdos e sua distribuição ao longo das séries do Ensino Básico é
uma das atitudes necessárias.
5.2.4 Metodologias utilizadas em aula
Saindo dos aspectos ligados aos conteúdos, pedimos ao docente que
expusesse as metodologias utilizadas em suas aulas.
“Na realidade, a gente não tem uma metodologia bem clara, mas a
grande maioria das aulas acaba sendo através de comando, acaba não fugindo
muito. Em algumas aulas eu procuro não ser muito diretivo, procuro ao invés de
passar o conteúdo e os alunos repetirem, fazer com que os alunos descubram a
melhor forma de executar uma determinada tarefa. Por exemplo, ensinando um
passe no Basquete, eu não falava “isto aqui é um passe de peito”, tem que ser
assim. Eu deixava livre, perguntava aos alunos o que eles entendiam por passe. A
grande maioria já tinha uma definição clara, eu só reforçava a resposta deles. Após,
dividia a turma em grupos, e pedia para cada grupo criar três formas de passar a
bola, e eles ficavam inventando passes. Era até engraçado, pois eu pedia para que
eles dessem um nome para cada passe. Eles inventavam o “passe da bailarina”, o
70
“passe de cabeça”, o “passe entre as pernas”. Foram aulas engraçadas e animadas.
Ou seja, eu não dizia a eles como deveria ser. Cada grupo apresentava os passes
inventados, dando nomes aos mesmos, era muito engraçado, haviam passes nunca
vistos antes. Eram aulas, vamos dizer, mais abertas. Logicamente, entre os passes
mais ridículos e engraçados, apareciam os passes que eu gostaria que eles
fizessem. Especialmente em uma competição que eu fazia ao final da aula, onde eu
dispunha os alunos em colunas frente a frente e estabelecia que a equipe que
fizesse os passes mais rapidamente seria a vencedora. Os dois passes mais
executados acabavam sendo os que eu queria que eles fizessem: o de peito e o de
ombro. No final, a gente concluía, argumentando: por que é que vocês inventaram
tanto passe, mas na hora de competir usaram só estes dois? E eles respondiam,
sempre: “eram os mais rápidos, os mais eficientes, os que a gente errava menos”. E
eu dizia que era por aí mesmo, eles tentaram várias formas e decidiram pela mais
eficiente. Então, quer dizer, foi uma metodologia um pouquinho diferente, eu não sei
nem definir ao certo que tipo de metodologia eu usei, mas acho que ela se encaixa
até melhor dentro da proposta do colégio. Mas não é uma aula que faço com muita
freqüência. Eu diria que em um quarto das aulas eu tentava buscar algo parecido, e
diria que desses 25% de aulas que eu tentava fazer assim, metade dava errado.
Errado no sentido da resposta dos alunos ser negativa, os alunos acharam que ficou
chato, perguntavam “por que isso agora”? Basicamente, nas aulas diretivas eu
conseguia um domínio melhor da turma”.
O docente diz e demonstra não ter uma metodologia definida de
atuação, mas a aula estilo “comando” acaba sendo para ele um “porto seguro”. A
descrição quase que na íntegra de uma aula na qual o docente obteve sucesso
utilizando a problematização, as experiências motoras dos alunos, a criatividade na
elaboração de movimentos, sem perder a condição de articulador e regente das
ações demonstra sua simpatia pelas propostas metodológicas do ensino aberto
(HILDEBRANDT; LAGING, 1986), sinalizando alguns aspectos preconizados pela
pedagogia histórico-crítica (SAVIANI, 2003; GASPARIN, 2003). Porém, acaba por
dizer que os alunos estranham esta postura, se queixam da aula.
Bracht (1986, apud GALLARDO, OLIVEIRA E ARAVENA, 1998) afirma
que a tradição positivista ainda caracteriza a prática da Educação Física na maioria
71
das escolas. Os autores consideram que, “nesse tipo de escola, o conhecimento é
construído em grande parte pelas mãos do professor, aquele que sabe”. (p. 34)
A escolha da metodologia a ser aplicada pelo docente no ensino dos
conteúdos da Educação Física escolar deve ser movida por um fator fundamental: o
ato educativo.
Ruiz e Bellini (1998) apresentam duas concepções de ensino que
podem nortear o ato educativo: a concepção unidimensional, na qual o professor é o
especialista em ensinar e a concepção polidimensional, que transforma o professor
em educador e este em andarilho que transita por fronteiras entre as ciências.
Parece-nos que a cultura corporal do movimento traz consigo muitas
“fronteiras” como as apontadas pelos autores acima, que extrapolam em muito o
território esportivo.
5.2.5 Método de avaliação
Procuramos saber do professor quais são as formas de avaliação que
utiliza.
“A avaliação é outro problema que eu tenho. Não sei se a forma pela
qual eu avalio é uma forma correta, mas talvez pela facilidade e pela comodidade a
gente acaba ficando sempre nas mesmas formas de avaliação. Temos uma
avaliação teórica escrita, valendo zero a dez, de conteúdos esportivos, basicamente
de regras, e no ensino médio também de textos que eu passo relacionados à saúde.
A outra avaliação é prática, valendo também zero a dez, onde não cobro obviamente
a performance dos alunos, mas cobro os conteúdos práticos ministrados. Não
precisa, por exemplo, fazer a cesta, cobro apenas a execução técnica. No caso do
ensino médio, cobro os sistemas. Normalmente peço para que eles joguem dentro
de um determinado sistema. Peço para que eles mudem o sistema no meio do jogo,
e às vezes peço para que eles demonstrem a formação do sistema através de cones
72
colocados na quadra na posição de cada jogador. Isso é uma forma de fazer com
que os alunos demonstrem que assimilaram a tática do jogo. Outra avaliação é pela
participação, valendo também de zero a dez. É o famoso “conceito”, ou seja, um
prêmio ao aluno que participa com interesse e disciplina de todas as aulas. É uma
forma mais subjetiva de avaliação. Somo tudo e divido por três, chegando na média
bimestral”.
A forma de avaliação exposta pelo docente possui uma coerência com
a predominância dos conteúdos esportivos e com a metodologia aplicada.
Percebemos que há uma preocupação – também coerente – do professor em avaliar
os alunos sobre os conhecimentos apreendidos nas aulas. Novamente, no entanto,
se faz presente a insatisfação do professor quando diz “[...] a avaliação é outro
problema que tenho” e sua insegurança quando diz “[...] não sei se é uma forma
correta”.
Cabem aqui as observações de Mattos e Neira (2000, p. 23):
A avaliação nas aulas de Educação Física tem buscado, freqüentemente, o
atendimento às normas burocráticas da instituição e é atribuída, geralmente,
levando-se em consideração a “presença“ do aluno nas aulas, o uso de
trajes adequados à prática e, quando muito, o resultado da execução de
movimentos. Essa postura avaliativa indica a desconsideração da reflexão a
respeito do papel que a avaliação assume enquanto elemento constitutivo
de um projeto pedagógico. O professor termina por desvincular a ação
pedagógica do seu processo de avaliação, preocupando-se mais com o
símbolo utilizado do que com a representação daquele índice em termos de
aprendizagem do aluno. A idéia de medida, transmitida por essa concepção
de avaliação, precisa ser, a todo custo, descaracterizada. A atribuição de
uma menção numérica ou alfabética faz a indicação de um grau de
aprendizagem maior ou menor, o que, na verdade, foi estabelecido pelos
padrões do professor sem, no entanto, considerar todos os fatores
envolvidos nesse processo, ou seja, o nível de conhecimento anterior,
eficiência do processo de ensino, concepção de educação e do aluno e o
conteúdo do professor.
A avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem.
Perrenoud (1999) nos mostra que a mesma não é o final de um percurso, mas uma
fonte de feedback. Deve ser baseada na resolução de problemas, e sendo assim,
segundo o autor, “só pode passar pela observação individualizada de uma prática,
em relação a uma tarefa”. (p.66)
Segundo Hoffmann (2004), não é preciso mudar primeiro a escola e a
sociedade para depois mudar a avaliação, pois esta é uma atividade de reflexão
73
sobre os próprios atos, interagidos com o meio físico e social, que influi ou sofre
influência desse próprio ato de pensar e agir.
Desta forma, seria impossível resolver um problema ou ultrapassar
uma insegurança sem mudanças significativas em todo o processo ensino-
aprendizagem da Educação Física.
5.2.6 Educação Física idealizada pelo docente X Educação Física real
Esta questão foi direcionada a saber do docente qual é a relação do
que pensa sobre a Educação Física com o que realmente coloca em prática.
“Eu gostaria de trabalhar conteúdos fora do esporte, colocar em prática
isso, mas tenho dificuldade neste aspecto. E o que eu observo no trabalho realizado
em outros colégios é que o conteúdo é o mesmo. Pergunto aos colegas: o que você
trabalha na Educação Física? A resposta é a mesma: vôlei, basquete, handebol,
atletismo, e olha lá, atletismo é difícil ver alguém que ensina. A visão de um
conhecimento ideal em Educação Física é de conteúdos que sejam voltados para o
bem-estar dos alunos, que ele saiba o porquê dos movimentos, saindo da mesmice
dos 4 ou 5 esportes, pois existem muitos outros esportes que poderíamos ensinar,
mas a gente não consegue. E por que a gente não consegue? Inicialmente, porque
há uma resistência muito grande por parte dos alunos. Então, ou você se torna
aquele professor “chato”, com o aluno comentando: caramba, hoje é dia de
Educação Física e esse professor vai ficar falando de dança, de expressão corporal,
de saúde? Se eu desse uma ou duas aulas por mês de um conteúdo diferente, tudo
bem. Agora, batendo sempre de frente com o aluno, por 200 dias letivos por ano,
você vai terminar o ano muito estressado. Acho mesmo que a aula deve ser um
momento agradável aos alunos, o que não significa que se deva fazer só o que eles
querem. Quero montar algo diferente, mas algo diferente que desperte o interesse
dos alunos, é isso que estou tentando buscar”.
74
O primeiro ponto significativo das considerações feitas pelo docente
neste item se refere ao conflito gerado entre professor e alunos quando é proposto
algo diferente dos esportes para o trabalho em aula, e o segundo ponto diz respeito
à necessidade de estruturação de conteúdos e metodologias motivantes aos alunos
e que ao mesmo tempo contemplem o aspecto educacional da disciplina.
A resistência dos alunos a novos conteúdos e metodologias para a
disciplina se expressam no estudo de Oliveira (1999), que aponta um
descompromisso dos discentes com o sistema educacional, afirmando:
Se existe um chamamento para a participação nas decisões, existe uma
negação imediata deles. Se existe a possibilidade de acrescentar conteúdos
novos e ricos, existe uma recusa dos discentes. Se existe uma convocação
para a experimentação de novas práticas, novas alternativas e experiências,
existe um motim por parte dos discentes. (p.39)
Podemos acrescentar que o esporte é uma atividade que fomenta
lideranças, e a tendência destas lideranças se apresenta aos mais fortes e
habilidosos. Estudos realizados nas aulas de Educação Física apontam claramente
esse fato (DARIDO et al., 1999; GUIMARÃES et al., 2001; POSSEBON; CAUDURO,
2001; DARIDO, 2004). As respostas dos questionários realizados junto aos alunos
no presente estudo (relatadas e comentadas a seguir ainda neste capítulo) mostram
que uma minoria é adepta à prática de esportes de forma regular fora do ambiente
escolar e que – por isso deduzimos – não gostam tanto assim destes conteúdos
predominantes, que são geralmente o “ponto da discórdia”.
Não se trata aqui de impor a condição de componente curricular da
disciplina Educação Física, comparando com outras, nas quais não são
questionados os teoremas, as fórmulas, os mapas, as conjugações verbais, etc. É
fundamental conscientizar, conquistar, mostrar a importância dos conteúdos, enfim,
ensinar.
75
5.2.7 A aplicação dos conteúdos estudados no dia-a-dia dos alunos
Por último, solicitamos que o docente dimensionasse a relação
estabelecida entre os conteúdos ministrados em aula e o dia-a-dia dos alunos.
“A relação é muito pequena, mesmo porque os conteúdos que nós
temos, em sua grande maioria são baseados nos esportes. O aluno vai utilizar
somente quando for a algum clube ou outro lugar onde se pratica esportes
socialmente, pois então vai poder colocar em prática os conhecimentos adquiridos
nas aulas. Fora isso, alguns conhecimentos sobre a importância da atividade física,
a avaliação do índice de massa corporal que ensinamos a calcular nas aulas, que
pode ser feita junto aos familiares dos alunos, conhecimentos sobre flexibilidade,
alongamento, exercícios que os alunos devem fazer fora do colégio. Mas mesmo
assim, são conhecimentos muito básicos, superficiais, não há relação consistente
neste aspecto”.
Um paralelo pode ser traçado entre as duas últimas respostas do
docente. A inquietude e rebeldia dos alunos diante da “perda” do momento de
descontração, da brincadeira descompromissada que caracteriza a “ação de jogar”
durante a aula foram aspectos manifestados na resposta anterior. Já neste item, o
docente afirma que há uma relação pequena entre os conteúdos ministrados e o
cotidiano do aluno. Isso foi também constatado nos questionários aplicados aos
discentes, conforme veremos mais adiante.
A partir destas duas constatações, questionamos: será que a
resistência dos discentes seria diminuída ou até mesmo extinguida se os conteúdos
ensinados fossem aplicáveis ao dia-a-dia dos mesmos, abordassem suas angústias
e contemplassem assuntos selecionados a partir de seus interesses?
Trabalhos como os de Carvalho (2001), De Gáspari e Schwartz (2001)
e Possebon e Cauduro (2001) apontam para um sonoro “sim” como resposta.
Segundo Carvalho (2001, p. 17),
[...] muitas vezes o profissional de Educação Física acha que a pessoa com
a qual trabalha não tem de compreender a razão deste ou daquele
76
conteúdo. E, pior, o próprio profissional não identifica o sentido da sua
proposta de trabalho. Temos que construir relações diferenciadas com
quem necessita do nosso conhecimento, da nossa experiência. É saudável
construir relações em que o outro tem voz, que cobra e que pergunta.
Voltemos ao ponto fundamental, à relação entre o conteúdo estudado e
sua aplicação efetiva na vida do adolescente, abordado desta vez por Perrenoud
(1999, p. 44):
Ainda hoje, e mais notadamente no Ensino Médio, pode-se pretender
dispensar conhecimentos disciplinares sem preocupar-se com a integração
em competências ou com seu investimento em práticas sociais. Este
“desligamento” pode fundar-se: ora na impressão de que essa integração irá
fazer-se por si, quando o sujeito estiver enfrentando situações complexas;
ora na recusa de assumir essa integração, cuja execução é entregue a
outros formadores, a um acompanhamento por práticos mais experientes ou
“à vida”.
Os conteúdos possíveis e interessantes aos adolescentes desta faixa
etária são amplamente debatidos em outros momentos do presente estudo, quando
discutiremos a proposta que norteia o mesmo. Portanto, pensamos que não cabe um
aprofundamento sobre este tema neste momento.
O que gostaríamos que ficasse claro é que o diagnóstico junto ao
professor só foi possível a partir do firme propósito demonstrado pelo mesmo em
construir dentro da escola na qual trabalha uma Educação Física significativa para a
vida dos jovens. A grandeza demonstrada pelo docente ao admitir e compartilhar
conosco seus desconfortos, suas angústias e suas dúvidas refletem a nobreza de
seu caráter e sua vocação para educar.
Buscamos, pois, nas palavras de Paulo Freire o incentivo não só ao
docente entrevistado, mas a todos os atores da educação comprometidos com a
legitimação da Educação Física como componente curricular: “o espaço pedagógico
é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito”. (FREIRE²,
1996, p. 109)
77
5.3 Questionário inicial aplicado aos discentes
A fim de conhecermos o perfil dos alunos do Ensino Médio do Colégio
São Francisco Xavier, aplicamos aos mesmos um questionário composto por dados
iniciais como gênero e tempo de estudo no colégio, sendo que as demais questões
foram apresentadas sob o formato aberto, a fim de conhecermos, a partir desta
investigação, aspectos importantes sobre os alunos. Ou seja, nosso ponto de partida
em nossas ações concretas junto aos alunos foi “ouvi-los”.
Ouvir os alunos possibilita ao professor tornar-se um companheiro: gera
confiança e possibilita também que a relação entre educador e educandos
caminhe no sentido da superação da contradição, da dicotomia que possa
existir entre eles. (GASPARIN, 2003, p. 23)
A partir deste primeiro contato, podemos iniciar um processo de ensino
e aprendizagem levando em consideração a realidade dos nossos alunos,
aproveitando – apesar da heterogeneidade apresentada em qualquer situação
quando se trata de atividades físicas – o que os alunos já sabem, sua vivência da
cultura corporal.
A análise dos dados obtidos no questionário aplicado aos discentes foi
realizada ora na forma de quadros e gráficos (quando necessário um maior
detalhamento), ora na forma somente de gráficos.
5.3.1 Distribuição das turmas por gênero
A Educação Física no Colégio São Francisco Xavier, em relação ao
gênero, é estruturada a partir de turmas mistas. Isso traz para o nosso componente
curricular uma característica positiva, pois dentro da concepção atual de Educação
78
Física nos parece inadmissível que se continue a separar meninos e meninas nas
aulas.
Para Sousa e Altmann (1999), tal separação desconsidera a existência
de conflitos, exclusões e diferenças entre pessoas do mesmo sexo, além de
impossibilitar qualquer forma de relação entre meninos e meninas.
Contudo, isso ainda acontece nas escolas, conforme trabalho de
Guimarães et al. (2001) que, em um estudo de caso, observou o fato de que,
embora as turmas fossem mistas, a professora separava meninos em uma quadra e
meninas na outra, na mesma aula. Obviamente, uma das partes ficava sem a
orientação da professora.
Soares (1997), observa, no entanto, que, em casos onde a prática é
realizada em conjunto, pode ocorrer a desmotivação das meninas, pela prevalência
física dos meninos, alertando para a necessidade de uma preparação adequada das
aulas, com objetivos claramente propostos.
A questão dos gêneros é amplamente debatida por Sousa e Altmann
(1999), enfatizando que os PCN´s (BRASIL, 1997) reforçam a necessidade da
construção de uma educação básica que adote como eixo estrutural o princípio da
inclusão, apontando para uma perspectiva metodológica de ensino-aprendizagem
que busque a cooperação e a igualdade de direitos. Para isso, sugerem um conjunto
de temas que aparecem transversalizados, permeando a concepção dos diferentes
componentes curriculares.
Nos questionários aplicados, obtivemos dados que podem servir como
suporte para a discussão sobre os gêneros masculino e feminino em relação à
prática de esportes, exercícios e atividades físicas.
No gráfico a seguir, observamos a divisão por percentual entre alunos
do sexo masculino e do sexo feminino que ocorre no Ensino Médio do colégio, sob
uma visão geral.
79
60%
40%
masculino (40%)
feminino (60%)
Gráfico 1 – Distribuição dos alunos do Ensino Médio por gênero.
Já o quadro abaixo nos mostra a distribuição por gênero por série, nas
turmas do Ensino Médio no local do nosso estudo.
Quadro 2 – Distribuição dos alunos quanto ao gênero, divisão por turmas.
Gênero 1º ano 2º ano 3º ano
Feminino 12 5 6
Masculino 14 14 6
Fonte: o autor
Existe um equilíbrio numérico no 1º ano (12 meninas e 14 meninos) e
no 3º ano (6 meninos e 6 meninas), sendo que no 2º ano há um grande predomínio
do gênero masculino (5 meninas e 14 meninos).
80
5.3.2 Tempo (em anos) que os alunos estão matriculados no Colégio
Em nosso diagnóstico, coletamos alguns dados referentes às
experiências anteriores dos alunos na Educação Física escolar. Assim, julgamos ser
relevante em nossa pesquisa saber dos alunos há quanto tempo estudam no
Colégio São Francisco Xavier.
Desta forma, apresentamos os dados a seguir.
14%
34%
33%
12%
7%
entrou neste ano (14%)
1 a 3 anos (34%)
4 a 6 anos (33%)
7 a 9 anos (12%)
10 a 12 anos (7%)
Gráfico 2 – Tempo de estudo no Colégio São Francisco Xavier
Acima foi apresentada uma visão geral do Ensino Médio. Para uma
análise mais detalhada, vejamos uma distribuição por número de alunos em cada
série.
Quadro 3 – Tempo (em anos) de estudo dos alunos do Ensino Médio no Colégio São Francisco
Xavier.
Tempo que está no
Colégio
1º ano 2º ano 3º ano
Entrou neste ano 5 3 -
1 a 3 anos 11 3 5
4 a 6 anos 8 5 6
7 a 9 anos 1 6 -
10 a 12 anos 1 2 1
Fonte: o autor
81
O ensino Médio no Colégio São Francisco Xavier está em plena fase
de implantação, sendo que a primeira turma de 3º ano egressa ao final do corrente
ano letivo. Considerando os números apresentados, a retenção de alunos parece
ser o ponto alto, visto que 30 dos 57 alunos, ou seja, mais de 50% do alunado está
há mais de quatro anos no Colégio.
Para a nossa pesquisa e conhecimento da realidade local, os números
são positivos, pois as informações sobre a Educação Física que acontece no
Colégio serão mais precisas, visto que apenas oito alunos ingressaram no Colégio
neste ano.
5.3.3 Esportes e outros exercícios físicos praticados fora do horário das aulas
de Educação Física
Autores como Mattos e Neira (2000), Guimarães et al. (2001), Ayoub
(2003) e Darido (2004), entre outros, apontam a necessidade de que o aluno
pratique esportes fora do horário da aula de Educação Física, mas que utilizem a
motivação e o conhecimento para tanto dentro do ambiente escolar. Assim sendo,
procuramos saber dos alunos se os mesmos praticam esportes fora das aulas de
Educação Física e quais são as práticas desenvolvidas.
O gráfico a seguir nos posicionará quanto à prática de esportes e
exercícios físicos sistematizados fora do horário da Educação Física.
82
38%
21%
16%
9%
7%
9%
o praticam nenhum (38%)
Esportes Coletivos (21%)
Atividades de Academia (16%)
Esportes ou exercios individuais (incluindo
caminhada e corrida) (9%)
Esportes coletivos + exercios aeróbios
(7%)
Outras combinações de esportes e/ou
exercios
(
9%
)
Gráfico 3 – Esportes e exercícios físicos sistematizados que os alunos praticam além do horário da
aula da Educação Física.
Vejamos, pois, os dados acima expostos com um maior detalhamento,
em números, pois uma minoria se mostra praticante de uma combinação de dois ou
mais esportes e/ou exercícios físicos.
83
Quadro 4 – Esportes praticados pelos alunos fora das aulas de Educação Física.
Nº alunos
(1º ao 3º ano)
Masc. Fem. Esportes que os alunos praticam
22 11 11 Não praticam nenhum esporte
12 10 2 Esportes Coletivos
9 1 8 Atividades de Academia
4 2 2 Esportes Coletivos + Exercícios Aeróbios
5 3 2 Esportes Individuais (incluindo caminhada e corrida)
1 1 - Atividades de Academia + Exercícios Aeróbios
1 1 - Atividades de Academia + Lutas
1 1 - Atividades de Academia + Lutas + Esportes Coletivos
1 1 - Esportes Individuais + Lutas
1 - 1 Esportes Coletivos + Esportes Individuais + Exercícios Aeróbios
Fonte: o autor
Para iniciarmos nossa discussão neste item, recorremos à afirmação
de Mattos e Neira (2000, p. 17): “a conquista das competências propostas para o
Ensino Médio na área específica da Educação Física depende de uma prática
educativa que tenha como eixo a formação de um cidadão autônomo e participativo”.
Desta forma, chama-nos a atenção o fato de 22 alunos informarem que
não praticam nenhum tipo de esporte ou exercício físico de forma sistemática. Além
disso, 14 alunos (entre eles os 13 que demonstraram opção por esportes individuais
e por mais de uma modalidade) deixaram de informar quantos dias por semana e/ou
quantas horas diárias realizam suas práticas (vide anexos), o que demonstra a
inconsistência na regularidade das mesmas.
Os números acima refletem uma realidade vista nas aulas de
Educação Física: a hegemonia esportiva e a desmotivação das meninas pela prática
de esportes coletivos institucionalizados (hipótese já aventada neste capítulo), uma
vez que de 12 alunos que declaram participar de atividades relacionadas aos
esportes coletivos, apenas 2 são do sexo feminino.
84
No caso da prática de atividades de Academia, observamos uma
inversão, de 9 alunos que fizeram essa opção, apenas 1 é do sexo masculino.
5.3.4 Atividades físicas do cotidiano dos alunos fora da escola
A falta de movimento que afeta a população em geral tem como
principais causas a automação da vida moderna, representada, quando se trata de
adolescentes de classe média e média-alta como os sujeitos do presente estudo,
essencialmente pelo computador, pela televisão e pelas facilidades de locomoção.
Atividade física e exercício físico não são sinônimos (GUEDES;
GUEDES, 1998; GONÇALVES; VILLARTA, 2004). O termo “exercício físico” é
subentendido como uma atividade física sistematizada, planejada e orientada.
Já a atividade física é definida por Caspersen et al. (1985, apud
GUEDES; GUEDES, 1998, p. 11) como “qualquer movimento corporal produzido
pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior que os níveis
de repouso”.
A fim de verificarmos se os alunos “se movimentam” além das aulas de
Educação Física e das sessões de esportes e exercícios, coletamos as seguintes
informações junto aos discentes:
85
40%
35%
7%
18%
Nenhum esforço físico (40%)
Caminham (locomoção cotidiana) (35%)
Caminham e andam de bicicleta como meio de transporte
(7%)
Realizam outros tipos de esforços físicos (18%)
Gráfico 4 – Esforço Físico que os alunos fazem nas atividades diárias.
Para uma visualização mais precisa da realidade exposta acima,
vejamos os dados coletados, sob um maior detalhamento.
Quadro 5 – Esforço físico realizado pelos alunos através de atividades do cotidiano.
Nº alunos
(1º ao 3º ano)
Masc. Fem. Tipos de esforços físicos do cotidiano
23 12 11 Não fazem nenhum esforço físico
20 10 10 Caminham (locomoção cotidiana)
1 1 - Anda de bicicleta (meio de transporte)
3 2 1 Caminham e andam de bicicleta (meio de transporte)
1 - 1 Caminha e dança
1 1 - “Joga bola” (esporadicamente)
2 2 - “Joga bola” (esporadicamente) e caminha (locomoção cotidiana)
1 1 - Joga futebol (esporadicamente) e anda de bicicleta (meio de transp.)
1 1 - Toca bateria
2 2 - Trabalham com o pai (oficina / eletricista)
1 1 - Levanta e carrega pesos
1 1 - Carrega móveis
Fonte: o autor
86
Os hábitos cotidianos estão entre os fatores que, segundo Gonçalves e
Villarta (2004), contribuem para um estilo de vida saudável. Os dados apresentados
apontam para a falta de movimento nas tarefas diárias. Preocupa-nos o fato de que
os adolescentes tendem à inatividade física, adquirindo hábitos – muitos dos quais
adquiridos dentro do ambiente familiar – que, no presente e no futuro, estarão se
refletindo em sua qualidade de vida.
Sobre isso, Guedes e Guedes (1998, p. 7) consideram:
Hoje, diferentemente do que ocorria em tempos idos, as máquinas têm
executado grande parte do trabalho físico que o homem costumava realizar
manualmente. Na realidade, o homem típico do século XX nas regiões
desenvolvidas desempenha tarefas que exigem muito pouco esforço físico.
A maioria delas utilizam automóveis em seu transporte, recorrem a
inúmeros dispositivos tecnológicos para desempenhar suas funções no
trabalho e ainda optam por atividades que reduzem ao mínimo o esforço
físico no preenchimento de seu tempo livre dedicado ao lazer. Por
conseqüência, o homem moderno, caso deseje, pode levar uma vida isenta
de esforços mais intensos, o que tem motivado alguns estudiosos mais
pessimistas a sugerir uma nova denominação à espécie humana: homo
sedentarius.
Cabe, portanto, à disciplina Educação Física, trabalhar conteúdos que
forneçam subsídios aos alunos para superar, através da mudança de conceitos e
atitudes, a acomodação que a vida moderna proporciona.
5.3.5 Entendimento dos alunos sobre a Educação Física permanente
A prática de exercícios físicos e a adoção de um estilo de vida ativo
são, basicamente, os objetivos da Educação Física quando se trata do caráter
formativo da disciplina (OLIVEIRA, 2004).
Assim, o conceito de Educação Física permanente diz respeito à
instrumentalização do aluno para usufruir dos vários aspectos da cultura corporal de
movimento, a partir da aquisição do gosto pela prática de atividades físicas. Esta
87
aquisição fará com que o indivíduo possa praticar tais atividades durante toda a sua
vida.
Darido (2004, p. 61), enfatiza:
A Educação Física na escola deveria propiciar condições para que os
alunos obtivessem autonomia em relação à prática da atividade física, ou
seja, após o período formal de aulas os alunos deveriam manter uma prática
de atividade regular, sem o auxílio de especialistas, se assim desejarem.
Este objetivo é enormemente facilitado se os alunos encontrarem prazer nas
aulas de Educação Física, pois, apreciando determinada atividade, é mais
provável desejar continua-la, caracterizando uma ligação de prazer.
Indo além, Martins Júnior (2002), afirma que a Educação Física escolar
não é somente uma matéria, mas um princípio de educação, uma necessidade
fundamental para a vida. Em relação à prática de esportes e atividades físicas de
forma continuada, o autor acima recomenda:
[...] essa prática deve ser uma das principais fontes de satisfação para a
necessidade do homem: de alegria, de sociabilidade, de experiência e de
bem-estar físico. E que deve proporcionar oportunidades para que um
número maior de pessoas, de todas as idades, possa participar de
atividades saudáveis durante seu tempo de lazer, combinando saúde com
recreação. (p. 75)
Assim, vejamos o que os alunos responderam quando questionados a
respeito de seu entendimento sobre o que é Educação Física permanente.
100%
Não sabem o que é Educão Física permanente (100%)
Gráfico 5 – Entendimento dos alunos sobre Educação Física permanente.
88
Quando perguntados sobre o assunto em questão, 100% dos 57
alunos entrevistados, ou não responderam ou disseram não saber do que se tratava.
Provavelmente, os alunos não levarão para a vida afora valores que
não sejam incorporados no presente. Os dados coletados através dos questionários
aplicados, conforme visto anteriormente, mostram que a aquisição do gosto pela
prática de atividades físicas, exercícios físicos sistematizados e esportes em geral
parece não estar acontecendo.
5.3.6 A Educação Física vivenciada pelos discentes no Ensino Fundamental
Como visto inicialmente, os alunos que responderam o questionário
têm várias procedências. Temos discentes que estudam desde a Educação Infantil
no colégio, bem como vindos de outras escolas, cidades e estados brasileiros. As
informações, desta forma, se revestem de uma grande amplitude, podem traçar um
perfil mais generalizado.
Certos de que as experiências anteriores influenciam as percepções
dos discentes sobre a Educação Física, facilitando ou dificultando o processo de
mudança aqui proposto, passamos agora a coletar algumas falas destes importantes
atores do processo educacional, na busca de um norte para a atuação docente.
Os depoimentos decorrentes das questões abertas foram concentrados
em grupamentos, ou seja, sempre que as respostas tiveram teor semelhante, foram
trabalhadas em conjunto. Além disso, continuaremos a utilizar gráficos, visto que
estes permitirão uma melhor visualização da situação como um todo.
89
5.3.6.1 O perfil dos docentes
O conceito de que a educação acontece não só pelo conhecimento
adquirido, mas também pelo exemplo nos moveu a fazer este questionamento junto
aos discentes: qual é o perfil do profissional que atuou junto aos nossos alunos? A
abertura caracterizada pela pergunta deu margem aos alunos para destacarem “o
que” mais lhes marcou na atuação dos professores de Educação Física no ciclo
anterior de sua formação escolar.
O gráfico abaixo nos posiciona de uma forma mais global, e os
comentários extraídos do questionário, mostrados logo a seguir, nos detalham
particularidades da ação docente.
28%
25%
11%
36%
Aspectos positivos: ênfase ao bom relacionamento professor-
aluno (28%)
Aspectos positivos: ênfase à competência em ensinar (25%)
Aspectos negativos: incompetência em ensinar, desinteresse
e maus exemplos (11%)
Não responderam ou não opinaram (36%)
Gráfico 6 – Perfil dos docentes de Educação Física no Ensino Fundamental.
Relatos dos discentes que apontam aspectos positivos quanto ao perfil
dos docentes:
90
“Era muito bom, o professor era ótimo e explicava muito bem as
coisas, nos ajudava, era atencioso”; “o professor era muito legal, um bom professor,
respeitava e brincava com os alunos, enturmado, simpático”; “o professor era legal,
conseguia nos fazer entender a matéria”; “muito bom, o professor era rígido, mas
tinha seus momentos de brincadeira, muitas aulas práticas e poucas aulas teóricas”
(16 alunos).
“Os professores eram bons, pelo menos explicavam e jogavam bem”;
“os professores sempre passavam as regras antes dos jogos, e sempre que havia
erros eles explicavam”; “o professor ensinava os fundamentos básicos de cada
esporte, era disciplinado, organizado”; “um ótimo professor, bolava várias maneiras
para incentivar todos a participar das aulas práticas”; “o professor era bem aplicado,
disciplinado, sabia passar bem seu conhecimento”; “os professores fizeram o
máximo para que eu pudesse entender”; “o professor era ótimo, incentivava, dava
todas as dicas para uma vida saudável” (14 alunos).
Relatos dos discentes que apontam aspectos negativos quanto ao
perfil dos docentes:
“O professor somente separava os times e nós jogávamos”; “o
professor era pinguço, então dava a bola e mandava nós jogarmos”; “as aulas eram
bem ruins, o professor quase não se interessava em dar aulas. O comportamento do
professor era horrível. Ninguém gostava dele. Ele era mal-educado, ignorante, chato
e às vezes, fazia brincadeiras sem graça com os alunos”; “era um bom professor, só
que não prestava atenção no que fazíamos” (6 alunos).
Os depoimentos acima expressam a imagem que os alunos têm dos
professores do Ensino Fundamental: 16 alunos ressaltaram – como já era de se
esperar – os conteúdos esportivos e a habilidade do professor em “passar” os
conteúdos e até em “jogar”, ou seja, a “prática pela prática” foi predominante. Ênfase
foi dada ao aspecto do bom humor, companheirismo e outras características
positivas do caráter dos professores; 14 alunos foram além, com elogios à
competência didático-pedagógica dos professores, e destes, 9 alunos se limitaram a
elogiar a atuação profissional dos professores no trato com os conteúdos esportivos
e aulas práticas (não detalhadas), sendo que apenas 5 alunos, além dos elogios
91
anteriores, não citaram os conteúdos esportivos, mas destes, apenas 1 aluno
ressaltou as “dicas para uma vida saudável”. O professor, em geral, é tido como um
sujeito “legal”, alguém de confiança, responsável.
Apenas 6 alunos se detiveram em detalhes negativos do perfil dos
discentes, alguns graves, como ingestão de bebida alcoólica antecedendo a atuação
profissional e “falta de educação” no relacionamento com os alunos.
Não responderam ou não fizeram menção ao perfil dos docentes: 21
alunos.
5.3.6.2 Os conteúdos
As discussões já realizadas no presente estudo reforçadas pelas
informações do item anterior que trata do perfil dos professores de Educação Física
dos alunos consultados no Ensino Fundamental já apontam para uma enorme
hegemonia dos conteúdos esportivos institucionalizados.
Vejamos, pois, a análise quantitativa e, a seguir, o teor dos
depoimentos.
68%
14%
18%
Esportivos institucionalizados (68%)
Esportivos institucionalizados + outros (14%)
Não responderam ou não opinaram (18%)
Gráfico 7 – Conteúdos estudados na Educação Física do Ensino Fundamental.
92
“Atletismo, futsal, vôlei, basquete, handebol”; “um esporte por bimestre:
basquete, vôlei, handebol, futebol”; “toda aula nós jogávamos basquete, vôlei,
futebol ou handebol”; “modalidades, história dos esportes, regras”; “as aulas sempre
eram jogo, ou sobre como se jogava, muito esporte”; “até a 5ª série fazíamos
brincadeiras de correr. Exemplo: bandeirinha, corrente, gincanas. Da 5ª a 8ª vôlei,
basquete, futsal e handebol”; “futebol em quase todas as aulas” (39 alunos).
“Modalidades esportivas e anatomia”; “aprendi várias coisas sobre
handebol, basquete, etc. Aprendi também que devo me cuidar com minha saúde,
etc”; “o professor dava alongamentos, explicava sobre os esportes, etc”; “esportes e
o mal que as drogas causam, mesmo que ajudem nos esportes”; “era bem
diversificada, tínhamos aulas teóricas sobre alguns esportes (regras, modo de jogo),
aulas práticas desses esportes (corrida, vôlei, basquete), tínhamos que fazer
avaliações, como peso e altura. Algumas vezes tínhamos avaliações sobre as aulas
teóricas” (8 alunos).
Vimos acima a confirmação do que a literatura a respeito nos traz e,
portanto, do que já prevíamos: 39 depoimentos colocam os esportes
institucionalizados como único conteúdo; 8 alunos indicam outros conteúdos
estudados, sempre com maior ênfase aos esportes; 10 dos alunos entrevistados não
fizeram menção a conteúdos ou não responderam a questão.
Verificamos que as poucas falas que relatam conteúdos que
complementam os esportivos – geralmente ligados ao corpo humano e à saúde,
esquecendo-se tantas outras manifestações ligadas à cultura corporal de movimento
– são desprovidas de profundidade. Os discentes citam por alto um ou outro
conteúdo, o que parece apontar para um trato esporádico e descompromissado dos
mesmos.
93
5.3.6.3 A estruturação das aulas
Neste item, preocupa-nos um aspecto em especial: a identidade da
Educação Física. Embora caracterizada como componente curricular, o movimento
humano é o objeto de estudo da área (OLIVEIRA, 2004). As aulas teóricas devem se
tornar mais presentes, mas a adoção de estratégias metodológicas na estruturação
das aulas pode evitar uma descaracterização da disciplina.
O gráfico abaixo e alguns depoimentos dos discentes nos posicionarão
quanto à estruturação das aulas tidas pelos alunos.
42%
30%
28%
Somente aulas práticas (42%)
Mais aulas práticas e menos aulas teóricas (30%)
Não responderam ou não opinaram (28%)
Gráfico 8 – Estruturação das aulas de Educação Física no Ensino Fundamental.
“Nós fazíamos bastante exercícios em quadra”; “o professor sempre
avaliava os conteúdos passados nos jogos”; “no início da aula o professor falava o
que iríamos fazer durante a aula e depois descíamos para a quadra”; “dava a bola e
mandava nós jogarmos”; “foi boa, não tinha aulas teóricas”; “apenas prática” (24
alunos).
“Muitas aulas práticas e poucas aulas teóricas”; “o professor não dava
aula teórica, só alguns trabalhos”; “eram na maioria aulas práticas”; “as aulas eram
bem boladas, com vários xerox de regras e das histórias dos esportes”; “foi bastante
produtiva, só para o prático, não aprendemos muita teoria”; “pouca teoria”; “Era bem
94
diversificada, tínhamos aulas teóricas sobre alguns esportes (regras, modo de jogo),
aulas práticas desses esportes (corrida, vôlei, basquete), tínhamos que fazer
avaliações, como peso e altura” (17 alunos).
Deduzimos que poucos alunos entenderam o significado de
“estruturação”. Agora aparece não mais uma predominância, mas a totalidade de
manifestações alusivas aos conteúdos esportivos, algumas até demonstrando total
descaso e descompromisso com o processo ensino-aprendizagem por parte do
docente.
Ficou desta forma delineado o resultado desta questão, a partir do que
observamos nas respostas: 24 alunos relataram que a estruturação das aulas de
Educação Física ocorreu apenas de forma prática; 17 alunos disseram ter
participado de aulas práticas (a maioria) e teóricas (a minoria); 16 alunos não
responderam ou não deixaram clara a forma de estruturação das aulas que tiveram.
5.3.6.4 A participação nas aulas
O Ensino Médio é uma fase na qual é acentuada a desmotivação pelas
aulas de Educação Física por parte dos alunos, decorrente da repetição de
conteúdos dos ciclos anteriores (MATTOS e NEIRA, 2000; OLIVEIRA, 2004).
Contudo, a empolgação pelos conteúdos esportivos e, portanto, pela Educação
Física – uma vez que conforme o que foi visto até aqui ambos os termos são tidos
pelos discentes e comunidade escolar como sendo praticamente sinônimos – ocorre
nesta fase (KRAVCHYCHYN, 2005).
As respostas estão a seguir visualizadas e relatadas.
95
39%
11%
46%
4%
Sempre (39%)
Às vezes / pouco (11%)
Participaram das aulas, mas não especificaram
quantitativamente (46%)
Não responderam (4%)
Gráfico 9 – Participação dos alunos nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental.
“Sempre participava das aulas”; “participava de todas as aulas”;
“gostava de participar das aulas”; “normal, boa participação”; “sou um aluno ativo.
Sempre participei das aulas de Educação Física”; “minha participação na aula era
total. eu fazia tudo o que o professor pedia” (22 alunos).
“Às vezes eu não participava”; “participava pouco”; “não participava de
todas as aulas, pois alguns esportes não me agradavam”; “participei de tudo, menos
de futsal. Ajudava a apitar jogo” (6 alunos).
“Eu não participava das aulas porque nunca gostei da aula de
Educação Física” (1 aluno).
Não fizeram menção à participação nas aulas ou não responderam: 28
alunos.
A participação ativa e constante nas aulas foi manifestada por 22 dos
discentes participantes da pesquisa; 6 alunos, a partir de suas respostas,
demonstraram não participar totalmente, participar parcialmente ou pouco; apenas 1
aluno disse não ter participado das aulas por não gostar das aulas.
96
O caráter aberto da questão pode ter sido um fator limitador para a
interpretação das respostas, pois 26 alunos não mencionaram nada especificamente
sobre sua participação nas aulas, embora se possa deduzir pelas respostas alusivas
à outros itens que os mesmos participaram de alguma forma. Não responderam: 2
alunos.
5.3.7 A importância dos conteúdos estudados e o aproveitamento dos
mesmos no cotidiano
Esta questão é crucial para o nosso estudo, pois preconizamos aqui
que os conhecimentos adquiridos na escola devem servir para a vida cotidiana dos
educandos (GASPARIN, 2003; SAVIANI, 2003).
Abaixo, apresentamos graficamente as respostas dos alunos que
consideraram os conteúdos importantes, acompanhadas do relato de como utilizam
tais conteúdos no cotidiano.
25%
21%
2%
18%
9%
25%
Importantes: esportes institucionalizados + outros
conteúdos (25%)
Importantes: só esportes institucionalizados
(21%)
Importantes: para o vestibular (2%)
Sem importância (18%)
Respostas desconsideradas (9%)
Não responderam ou não opinaram (25%)
Gráfico 10 – Importância dos conteúdos e o aproveitamento dos mesmos no cotidiano.
97
“Aprendi que devemos nos alongar antes dos exercícios físicos,
aprendi quais os músculos usados em cada movimento”; “antes de qualquer
atividade física em que vou necessitar de força, eu procuro me alongar. As regras e
técnicas dos esportes eu aproveito, desfruto delas para minha prática”; “importância
enorme. Aprendi a fazer alongamentos, aprendi a jogar, as regras do jogo, etc”;
“aprendemos sobre doping e alongamentos”; “saber as regras dos esportes, saber
exatamente como se exercitar e saber por que não usar drogas”; “Acho que foi muito
importante. Aproveito o Maximo do que aprendi sobre a saúde, na questão da
gordura, comida, atividade física”; “aprendo coisas novas, a me alimentar melhor”; “a
importância de fazer esforço físico, de fazer exercício”; “aproveito para minhas
caminhadas”; “eles (os professores) me ensinaram a jogar melhor, manter um certo
ritmo, não ficar com câimbras, etc.” (14 alunos).
“Aprendi vários esportes, técnicas, regras” (12 alunos).
“Bom, pois entra agora no vestibular em conhecimentos gerais, e as
pessoas dizem que cai qualquer coisa, inclusive esportes, as regras do jogo” (1
aluno).
Já as respostas negativas quanto à importância e utilização dos
conteúdos no cotidiano foram assim expressadas:
“No meu dia-a-dia eu não aproveito nada do que foi estudado”; “não
teve grande importância”; “para passar no vestibular. Mas não aproveito quase nada
no meu dia-a-dia”; “é importante, mas na prática eu já esqueci de tudo, seja das
aulas teóricas ou das práticas” (10 alunos).
Algumas respostas foram desconsideradas, uma vez que pareceram
inconsistentes, com dados imprecisos e vagos, como as abaixo mencionadas:
“Muito boa. Usei o que aprendi fora do colégio”; “os conteúdos são
importantes, tento aplicar nos meus esportes do dia-a-dia”; “conhecimentos gerais,
aprendo algo a mais. Minha habilidade aumenta para o cotidiano”; “importante, pois
98
sabemos como funciona o nosso corpo”; “bem, não tenho certeza, mas acho que foi
importante para eu me sentir bem comigo mesmo e com meu corpo” (5 alunos).
Este item ficou assim definido a partir das respostas apresentadas:
entre os alunos que ressaltam a importância dos conteúdos, 14 alunos dizem utilizar
os conteúdos esportivos e outros conteúdos ligados ao exercício físico e à saúde em
seu cotidiano; 12 alunos afirmam utilizar somente conteúdos esportivos estudados
em seu dia-a-dia; 1 aluno espera utilizar os conhecimentos adquiridos no vestibular.
Já entre os discentes que não consideram os conteúdos estudados na
Educação Física do Ensino Fundamental importantes, 10 alunos afirmam que não os
aproveitam para nada, esquecem com facilidade o que viram, e um deles acha que
pode vir a utilizar alguns conteúdos para o vestibular, mas que atualmente não os
tem como fundamentais. Não fizeram menção à utilização dos conteúdos no
cotidiano ou não responderam: 15 alunos. As respostas de 5 alunos foram
consideradas inconsistentes.
Cabe aqui uma observação que, a nosso ver, demonstra uma
fragilidade com relação à consistência e embasamento das respostas dos alunos
neste item do nosso estudo. No ítem 5.3.6.2 deste estudo, denominado “os
conteúdos”, pouco apareceram os que não são ligados diretamente ao esporte (mais
precisamente à prática esportiva), e quando apareceram, isso aconteceu de forma
complementar, secundária.
Mesmo sem se manifestar anteriormente sobre o fato de terem
estudado conteúdos sobre a saúde e conhecimentos sobre o corpo, os mesmos
aparecem em algumas afirmações acima. Assim, a valorização por parte dos alunos
de outros conteúdos que não os esportivos parece acontecer (talvez
inconscientemente), pois os alunos tentam achar formas de mostrar a utilização do
que viram ou estudaram superficialmente em fases anteriores.
Para reforçar as argumentações acima, dados reais apresentados nos
itens 5.3.3 e 5.3.4, que tratam da prática de esportes, exercícios físicos e atividades
físicas nos mostram que existe uma grande inatividade física entre os alunos, pouca
prática esportiva em relação à quantidade de conteúdos trabalhados nas aulas e a
99
presença na vida dos alunos (fora da escola) de outras manifestações da cultura
corporal do movimento, como esportes individuais e atividades de academia.
5.3.8 Como deve ser a disciplina Educação Física, na opinião dos discentes
Esta questão parece ter se transformado, para os alunos, em um
instrumento de reivindicação, causado pelo “medo” de uma mudança que se
apresenta aos mesmos. Mesmo diante da amplitude da questão, os alunos
continuaram centrados na questão da divisão da disciplina entre aulas teóricas e
práticas. Contudo, pudemos colher alguns depoimentos interessantes, que podem
indicar uma tímida (mas preciosa) mudança de conceitos e atitudes que já pode
estar ocorrendo. Observemos, pois, as respostas e os comentários dos discentes.
50%
14%
11%
7%
5%
4%
2%
7%
Só prática (50%)
Aulas metade prática e metade teóricas (14%)
Mais prática, menos teoria (11%)
Ensino de outros contdos além dos esportivos (7%)
A Educação Física deveria ser opcional (5%)
A Educação Física deveria ser levada mais a sério (4%)
A Educação Física deveria melhorar o rendimento físico (2%)
Não responderam ou não opinaram (7%)
Gráfico 11 – Como deve ser a Educação Física na opinião dos discentes.
100
“Mais prática”; “sempre aula prática”, “totalmente prática, sem prova
escrita”; “todas as aulas na quadra”; “praticar bastante esporte”; “jogos, ficar só
descontraindo, para relaxar das aulas”. (29 alunos).
“Deve ter uma aula teórica e uma prática”; “por mais que eu não goste,
acho que deve haver aulas teóricas e também práticas” (8 alunos).
“Não sou contra aulas teóricas. Mas deveríamos ter mais aulas
práticas”; “80% prática, 20% teórica”; “muito esporte e pouca aula teórica” (6 alunos).
“Ensinar o básico sobre os esportes. Falar sobre saúde do ser humano
e o básico sobre o corpo humano”; “deve ensinar sobre saúde também, não só
esporte. Devemos estudar reeducação alimentar, etc”; “com conteúdos
diversificados, indo desde esportes até ginástica, dança, musica...”; “com jogos,
dança e teatro” (4 alunos).
“Deveria ser opcional para os alunos, pois muitos deixam de fazer por
não gostarem”; “deve ser obrigatória até a 8ª série e facultativa no Ensino Médio” (3
alunos).
“Deve ser levada a sério como qualquer outra disciplina. Todos os
esportes e exercícios devem ser bem explicados e colocados em prática” (2 alunos).
“Uma disciplina que melhore o nosso rendimento físico” (1 aluno).
Vimos que 29 alunos colocaram que as aulas de Educação Física
devem ser somente práticas; 8 alunos se manifestaram favoráveis à divisão da
disciplina entre aulas práticas e teóricas; 6 alunos argumentaram que a maior parte
das aulas se desenvolva na prática e uma minoria seja teórica; 4 alunos
reivindicaram que a disciplina saia do âmbito exclusivamente esportivo, citando
conteúdos importantes a serem trabalhados: nutrição, saúde, danças, arte e
ginástica; 3 alunos defenderam que a Educação Física deve ser opcional no Ensino
Médio, fato que mostra a excessiva preocupação com o vestibular e a visão da
Educação Física como uma disciplina “sem utilidade”; 2 alunos ressaltaram a
importância da Educação Física como uma matéria a ser levada “mais a sério”, mas
ficaram restritos ao ensino dos conteúdos esportivos; 1 aluno espera que a
101
Educação Física melhore seu desempenho físico; 4 alunos não responderam à
questão.
5.3.9 Vivências tidas pelos discentes com o que imagina ideal para a
Educação Física
A elaboração desta questão se justifica pela proposta histórico-crítica
de ação deste estudo. Mediante o que se viu até o momento, é previsível que alguns
discentes ressaltem experiências esportivas, mas também esperamos colher dados
importantes para o conhecimento dos anseios de nossos alunos. Abaixo, as
respostas e as análises sobre as mesmas.
36%
18%
4%
5%
37%
Não tiveram (36%)
Tiveram: práticas de esportes institucionalizados (18%)
Tiveram: ginásticas e esportes alternativos (4%)
Não responderam ou não opinaram (5%)
Sem sentido, não relataram as experiências (37%)
Gráfico 12 – Vivências tidas pelos alunos com a Educação Física que consideram ideal.
102
“Não”; “não tive”; “nunca aconteceu”; “não, pois não estou satisfeito
com essas aulas que tenho” (21 alunos).
“Muito aproveitado, jogávamos na aula e conforme o jogo o professor ia
nos explicando sobre o esporte”; “joguei handebol durante 2 aulas”; “um jogo de
basquete”; “100% prática, sempre com alongamentos, aulas práticas, como sempre
foi”; “estudava em uma escola que só tinha handebol”; “aulas práticas com a
professora ensinando como fazer”; “ensino dos alongamentos necessários antes da
prática do esporte”; “a melhor vivência que tenho são as aulas que tive, onde se
aprende a teoria e se põe em prática o que se aprendeu” (10 alunos)
“Eu vi uma aula de alongamentos e exercícios físicos que acho que
seria legal ser dada na Educação Física. Alguns professores dão aulas assim, mas
muitos não”; “jogamos beisebol na aula. Foi muito legal” (2 alunos).
Observamos que 21 alunos, ou seja, a maioria dos alunos que
respondeu consistentemente à questão não viveu ou não tem ao certo a
configuração de uma situação ideal a ser vivida nas aulas de Educação Física; 10
alunos (supostamente que possuem maior aptidão e habilidade para os esportes
coletivos) viveram situações de prática esportiva; 2 alunos vivenciaram ou
presenciaram uma situação marcante, um com ginástica e outro com esportes
alternativos; 3 alunos não responderam à questão. Foram descartadas 21 respostas
sem sentido para a questão realizada, incompletas ou inconsistentes, tais como: “eu
e minha colega não fizemos nada na aula”, “do jeito que é”; “sim, na 8ª série”; “foi
bem interessante...”; “sim, inclusive foi recentemente”.
103
5.3.10 Nível de satisfação com a Educação Física no Colégio São Francisco
Xavier
Por fim, procuramos verificar se os alunos “gostam” da Educação
Física do colégio em que estudam.
89%
5%
2%
4%
Satisfeitos (89%)
Razoavelmente satisfeitos (5%)
Insatisfeitos (2%)
Não responderam (4%)
Gráfico 13 – Nível de satisfação dos alunos com a Educação Física no Colégio São Francisco
Xavier.
“Boa. Excelente matéria, a melhor”; “estou achando legal, se continuar
assim está bom. Mas ainda acho que as aulas deveriam ser mais de exercícios
físicos, com alongamentos, etc, pois muitos não praticam esportes, e na escola seria
a hora de se fazer algum tipo de exercício”; “ótima, pois o professor consegue
mesclar a teoria com a prática”; “muito boa, mas tem muitas aulas na sala”; “estou
satisfeita. A Educação Física aqui é boa e ensina sobre saúde e higiene”; “estou
satisfeito, só acho que deveria ter mais aulas práticas”; “é uma ótima aula e temos
um ótimo professor. O material é que, às vezes, não tem condições de uso”; “deveria
haver mais aulas por semana” (51 alunos).
104
“Mais ou menos, pois não tem muitas aulas práticas, nós já ficamos
dentro de sala muito tempo, temos que sair para descontrair”; “razoável”; “regular” (3
alunos).
“Muito pequena. Não acho muito sério. Acho que poderiam ter coisas
novas na escola” (1 aluno).
O índice da aprovação com respeito às aulas e ao professor é muito
bom: podemos verificar que 51 alunos se mostram satisfeitos com a Educação
Física do colégio, 3 alunos caracterizam a disciplina como regular ou razoável,
apenas 1 aluno se mostra insatisfeito e 2 alunos não responderam à questão.
Podemos, no entanto, “pinçar” algumas posições mais críticas,
provavelmente pela atuação atual do professor, que começa a promover mudanças
significativas, em consonância com a nova proposta. Continua a crítica às aulas
teóricas, visto que parte dos alunos enxergam a Educação Física somente como
uma atividade para espairecer e relaxar das outras aulas.
Sabemos que toda mudança traz consigo componentes “traumáticos”.
Os dados obtidos nas entrevistas e questionários aqui apresentados por si só
desenham nosso desafio. As questões culturais e os paradigmas que permeiam a
Educação Física escolar se apresentam de forma clara à nossa frente.
Portanto, passamos agora a discutir a proposta que servirá como base
para as nossas ações.
105
6 PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O
ENSINO MÉDIO
Neste capítulo discutiremos a proposta de Oliveira (2004) a partir de
uma realidade atual, na qual a Educação Física tem um papel importante na
formação do cidadão autônomo.
Segundo Betti e Zuliani (2002, p. 76), “no Ensino Médio, deve-se dar
ênfase à aquisição de conhecimentos sobre a cultura corporal de movimento e
facilitar a vivência de práticas corporais, levando em conta os interesses dos alunos”.
Temos discutido até aqui os aspectos históricos que influenciam a
atuação docente à acomodação (KUNZ, 1998; BELTRAMI, 2001; AYOUB, 2003;
DARIDO, 2004), bem como os aspectos legais do componente curricular Educação
Física (BRASIL, 1997; SOUZA; VAGO, 1997; RAMOS; FERREIRA, 2000).
Chegamos, pois, a uma proposta concreta de ação, que acreditamos
ser movida principalmente pela dificuldade de ação docente frente a uma nova
realidade, que traz a necessidade de se legitimar seu trabalho na escola.
[...] é comum entender a Educação Física como o momento do jogar, do
brincar, e não o momento do refletir, do pesquisar, do analisar, do avaliar.
[...] pretendemos, neste trabalho, apresentar uma possibilidade de
estruturação da Educação Física Escolar, de forma a propiciar um sentido e
um processo de sistematização dos conteúdos da área com vistas a
subsidiar as intervenções pedagógicas. (OLIVEIRA, 2004, p. 26)
6.1 Uma Educação Física para o Ensino Médio
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96
estabelece a reforma do Ensino Médio brasileiro, e um dos pontos principais desta
reforma é a separação da Educação Profissional do ensino regular.
106
Kuenzer (2000, p. 16), relata:
A formação técnica é um complemento da Educação Geral e não mais um
pedaço dela. Com essa mudança, o ensino profissional pode ser
cursado ao mesmo tempo que o Ensino Médio, mas o aluno tem que fazer
os dois cursos para receber o diploma.
A proposta atual, portanto, traz implícito o conceito de que o Ensino
Médio é para a vida, em contraposição à proposta anterior, que supostamente, ao
preparar para o trabalho, não preparava para a vida.
E a Educação Física, o que tem a ver com isso? O que muda para a
área?
Como componente curricular que é a Educação Física, diante do
cotidiano que vivenciamos atualmente, torna-se clara a necessidade da inclusão de
conteúdos teóricos e práticos que promovam a construção de conhecimentos úteis
para a vida sobre a atividade física autônoma e permanente.
Os nossos alunos, a partir desta perspectiva, devem utilizar
efetivamente e de forma coerente e criativa os conteúdos em seu cotidiano fora da
escola.
A capacidade de aprender, não apenas de nos adaptar mas sobretudo para
transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a, fala de nossa
educabilidade a um nível distinto do nível do adestramento dos outros
animais ou do cultivo das plantas (FREIRE², 1996, p. 76).
O desafio maior, diante da realidade exposta, é o de romper a barreira
conceitual que rotula a Educação Física não como uma disciplina, mas como
atividade prática, supondo-se que a inclusão de tais conteúdos diminuiria o interesse
dos alunos pela disciplina.
Pestana (2002) aponta entre as principais causas de desinteresse
pelas aulas no Ensino Médio a excessiva “esportivização” das mesmas. A autora
complementa afirmando que “realidades como esta ocorrem diariamente, seja por
acomodação do profissional ou pela sua não-qualificação”. (p. 30)
Os relatos históricos e depoimentos apresentados anteriormente neste
estudo apontam para a mesma direção, ou seja, para uma revisão de conceitos e
107
atitudes que justifique a disciplina de Educação Física no contexto escolar,
especialmente no Ensino Médio, diante da concepção de “educar para a vida”, que
exige uma educação compromissada com a cidadania.
Dentro desta perspectiva, Perrenoud (2000), apresenta ao professor a
necessidade de organizar e dirigir situações de aprendizagem a partir da
necessidade do estudo de determinado tema, trabalhando a partir das
representações dos alunos, ou seja, das concepções dos aprendizes e de suas
experiências. O assunto tratado se tornará mais interessante quanto mais se
aproximar da realidade e das necessidades dos alunos.
Porém, por mais que os professores atualizem-se constantemente em
seus conteúdos, por mais importante que sejam os conhecimentos, por mais que se
valorize o “saber fazer”, enfim, por mais que haja um atendimento aos aspectos
formativos da disciplina, temos claro que há uma resistência por parte dos alunos às
aulas teóricas.
Portanto, configura-se aqui um dos obstáculos à transformação efetiva
da Educação Física, como destaca Rangel-Betti (2001, p. 29):
As aulas teóricas são uma necessidade da área, não podemos negar.
Contudo, ainda serão objeto de muita controvérsia. É claro que existe um
conhecimento que necessita ser veiculado aos alunos, em qualquer nível.
Não é mais possível vermos as pessoas acreditando em “milagres para
emagrecer e ficar maravilhosa”, executando atividades erradas, copiadas de
revistas, usando sacos plásticos para “eliminar a barriga” ou morrendo de
ataque cardíaco ao executar atividade física estressante uma vez por
semana. Também não é mais possível deixar aos cuidados médicos a
escolha dos melhores exercícios aos indivíduos. Os professores de
Educação Física poderiam fornecer estas e outras informações através do
ensino nas escolas. A forma de transmissão é que pode ser decidida por
cada um.
Não se trata somente do problema relativo ao excesso de aulas
teóricas (que deve ser evitado, sob pena da perda de identidade da disciplina), mas
também ao trabalho em aula de conteúdos que digam respeito à vida dos alunos.
Conteúdos pouco atrativos darão oportunidade de protesto e gerarão
resistência a mudanças, acabando o professor por ceder e retomar as aulas
essencialmente desportivas.
108
O quadro acima é acentuado pelo senso crítico exacerbado, pela
rebeldia, pela necessidade de auto-afirmação e pelos comportamentos
estereotipados. São características da adolescência, que devem ser percebidas e
trabalhadas pelos professores. É, no entanto, um momento profícuo para a atuação
do docente, caso o mesmo planeje suas aulas com base no conhecimento e na
experiência de seus alunos, de seu momento, refletindo constantemente sobre os
erros e acertos na preparação e execução de seu planejamento.
Sobre isso, Oliveira (2000, p. 73) enfatiza que “o docente necessita
estar atento às necessidades do grupo e, se necessário, de reorganização do
trabalho”.
Na mesma linha de pensamento, Darido (2004) alerta que à medida
que o aluno avança no ensino básico, aumenta o desestímulo pelas práticas
corporais na escola. A autora destaca que os alunos do Ensino Médio questionam
com freqüência as estratégias empregadas pelos professores. Por fim, afirma, ainda,
que “é mais simples incentivar as crianças a praticar atividade física que aos adultos,
e por isso, o professor deveria estar atento para fazer de suas aulas um momento
saudável e prazeroso para os seus alunos”. (p. 63)
Cunha (2001, p. 24), referindo-se à importância da reflexão constante
do professor sobre sua prática, enfatiza:
Se o professor refletir sobre si mesmo, sua trajetória profissional, seus
valores e crenças, suas práticas pedagógicas, encontrará manifestações
não-semelhantes ao longo do tempo. Esse jogo de relações entre a escola
e a sociedade precisa ser cada vez mais desvendado para que se possa
compreender e interferir na prática pedagógica.
Além de úteis para a vida, os conteúdos e as atividades selecionados
pelos professores devem ter caráter inclusivo, participativo, cooperativo. A
valorização do “outro” deve ser preservada. Como enfatizam De Gáspari e Schwartz
(2001, p. 108):
É nesse agitado momento que o adolescente intensifica suas dúvidas sobre
si mesmo, sobre o outro e sobre os diferentes encaminhamentos que devem
dar às suas decisões. É, também, sua oportunidade de apoiar-se no grupo
de mesma faixa etária, de modo a afirmar-se e identificar-se com seu papel
na sociedade.
109
Ao longo dos anos, os conteúdos esportivos têm se transformado nos
grandes “vilões” da Educação Física escolar, especialmente no Ensino Médio, fase
em que normalmente há uma repetição dos conteúdos já vivenciados no Ensino
Básico (KUNZ, 1998; MATTOS; NEIRA, 2000; CAUDURO; POSSEBON, 2001;
BRANDL, 2003; DARIDO, 2004).
Porém, as qualidades dos conteúdos esportivos para a formação dos
jovens não podem ser negadas. Vale, pois, citar uma situação prática de atuação
coletiva-cooperativa que pode contribuir para a conquista da autonomia nas aulas de
Educação Física relatada por Mattos e Neira (2000, p. 18):
Em um bloco de aulas cujo tema seja a elaboração de jogos utilizando um
ou mais fundamentos esportivos (arremesso, drible, bandeja, passe) os
alunos, distribuídos em pequenos grupos, elaboram um jogo, registrando-o.
Em um segundo momento, passa-se à apresentação dos jogos elaborados.
O grupo-classe, agora conhecedor de todas as propostas, decide
democraticamente a ordem de colocá-las em prática. Assim, proporciona-se
aos alunos a vivência de conceitos como co-responsabilidade na
elaboração e planejamento das atividades, decisões coletivas e o respeito
às regras e normas para a vivência em sociedade, garantindo o movimento
na aula de Educação Física.
Neste capítulo o esporte como tema da Educação Física escolar será
mais amplamente discutido, tendo sido mencionado aqui por ser aplicado, em muitos
casos como atividade exclusiva nas aulas de Educação Física, sendo jogado
somente nos padrões institucionalizados.
Sobre isso, Kunz (1991, p. 128), enfatiza:
É contraditória a concepção de ensino que exige, de um lado, que o
professor desenvolva um grande número de modalidades esportivas no
sentido do treinamento esportivo, e por outro lado, que o mesmo deve
adotar um processo de ensino-aprendizagem que respeite os interesses
individuais e as pré-condições de êxito e participação nas aulas.
Além disso, pensando sobre as verdadeiras “epidemias” de doenças
crônico-degenerativas como hipertensão arterial, obesidade, diabetes tipo II,
doenças coronarianas, ósteo-musculares, entre outras, causadas pela inatividade
física que afetam crianças, adolescentes, adultos e idosos, seria um contra-senso
não constar nos planejamentos – e não serem efetivamente trabalhados –
110
conteúdos que abordem a contribuição da atividade física regular no combate a tais
males. Isso se considerarmos a função de “educar para a vida” atribuída ao Ensino
Médio atual.
Ramos e Ferreira (2000), em artigo no qual discutem os PCN’s para a
Educação Física e saúde, assim se expressam em relação às possibilidades de
ação colocadas para a escola diante do tema:
[...] estamos conscientes de que intervenções desta natureza, somente no
campo da Educação Física, em nada solucionam a problemática maior da
saúde em nosso país, tendo em vista o número significativo de pessoas que
ainda não têm acesso à escola e o descaso dos setores públicos e privados
com o assunto. Acreditamos, porém, que a escola – e também a Educação
Física escolar – não podem se eximir de seu papel, devendo assumir sua
parcela de responsabilidade junto aos alunos, professores, pais e
comunidade. (p. 55)
Assim também outros conteúdos relativos à cultura corporal, tais como
lutas, ginásticas, atividades rítmicas e dança, entre outros que os alunos praticam
fora do ambiente escolar devem ser trabalhados no Ensino Médio. Conforme Mattos
e Neira (2000, p. 9) apontam:
O jovem dança, joga, luta e tem curiosidade pelos assuntos relacionados ao
próprio corpo, veiculados pelos meios de comunicação. Parece, no entanto,
não ter encontrado no componente curricular Educação Física um eficiente
atendimento a essa expectativa.
Uma vez apresentado um “norte” apontado por estudiosos da área para
a Educação Física escolar do Ensino Médio, passamos a discutir a proposta que
moveu o presente estudo.
111
6.2 A proposta de Oliveira (2004) para o Ensino Médio
A sistematização da Educação Física escolar idealizada por Oliveira
(2004), base do nosso trabalho, é uma proposta de organização curricular. O autor
afirma que as demais disciplinas possuem conteúdos sistematizados que indicam
claramente o que trabalhar ao longo dos anos escolares, o que não acontece com a
Educação Física dúvidas, trabalhos desarticulados e sem seqüência lógica na área.
A construção do currículo de uma disciplina na escola não é tarefa fácil,
especialmente para a Educação Física. Contudo, nos dias atuais, é grande a
liberdade para tal construção, que pode ser feita levando em consideração as
particularidades locais. Para Sacristán (1998, p.15):
[...] o currículo relaciona-se com a instrumentalização concreta que faz da
escola um determinado sistema social, pois é através dele que lhe dota de
conteúdo, missão que se expressa por meio de usos quase universais em
todos os sistemas educativos, embora por condicionamentos históricos e
pela peculiaridade de cada contexto, se expresse em ritos, mecanismos,
etc., que adquirem certa especificidade em cada sistema educativo.
A estruturação por percentuais de conteúdos relativos aos blocos
curriculares vista no quadro apresentado no capítulo 4, “o caminho metodológico”
não inibe iniciativas regionais e particularidades, ao contrário, permite e estimula.
O planejamento tem importância fundamental na ação docente, e o
currículo, por sua vez, orienta o professor em seu planejamento. Segundo Oliveira
(2004), a Educação Física vista como componente curricular deve ser organizada de
forma a atender, o máximo possível, sua condição formativa e informativa da
disciplina. Para tanto, coloca como ponto central dessa inserção pedagógica o
planejamento, etapa imprescindível à estruturação e desenvolvimento de um
componente curricular.
Darido et al. (1999) alertam que os planejamentos dos professores de
Educação Física do Ensino Médio não condizem com a realidade do ensino,
repetindo o modelo desportivo do Ensino Fundamental. Em outras palavras, o que
está no papel parece não estar sendo colocado em prática. Como uma das causas
112
desta realidade, as autoras apontam deficiências na formação inicial e continuada
dos professores que trabalham com este nível de ensino, e sugerem:
Uma das propostas para este nível de ensino refere-se a concepção de
planejamento participativo e a implementação de propostas que abordem
também as danças, os jogos, as ginásticas, sempre procurando ampliar o
leque de opções com intenção de incluir o maior número de alunos.
(DARIDO et al., 1999, p. 142)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais atuais sugerem a divisão dos
conteúdos da Educação Física escolar em três blocos (BRASIL, 1997):
Esportes, jogos, lutas e ginásticas;
Atividades Rítmicas e expressivas;
Conhecimentos sobre o corpo.
Já Oliveira (2004), propõe que o planejamento curricular deve ser
construído sobre quatro blocos, sempre ressaltando o objeto de estudo da Educação
Física, o movimento humano. São eles:
Movimento em construção e estruturação;
Movimento nas manifestações lúdicas e esportivas;
Movimento em expressão e ritmo;
Movimento e saúde.
O quadro a seguir mostra os núcleos acima citados e os conteúdos
básicos que os compõe.
113
Quadro 6 – Organização dos núcleos temáticos e seus respectivos conteúdos
Núcleos Conteúdos Básicos
a) O movimento em construção e
estruturação
Habilidades motoras de base (locomotoras, não locomotoras,
manipulativas, coordenação viso-motora), esquema corporal,
percepção corporal.
b) O movimento nas manifestações
lúdicas e esportivas
Jogos (motores, sensoriais, criativos, intelectivos e pré-
desportivos); esporte institucionalizado (basquetebol,
voleibol, handebol, atletismo, futsal, ciclismo e outros), e
esportes alternativos (capoeira, escaladas, caminhadas,
passeios, bets, malha, peteca e outros).
c) O movimento em expressão e
ritmo
Ginástica, dança, brinquedos cantados, cantigas de roda e
outros.
d) O movimento e a saúde Higiene e primeiros socorros, ergonomia, bases anátomo-
fisiológicas do corpo humano, bases nutricionais, aspectos
básicos da metodologia do treinamento, avaliações do
crescimento, desenvolvimento, composição corporal e
aptidão física.
Fonte: Oliveira (2004, p. 30)
Sob esta idealização, todos os blocos estão presentes em maior ou
menor grau desde Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental e indo até
o Ensino Médio, sempre obedecendo às fases de crescimento e desenvolvimento
dos alunos, conforme foi exposto no capítulo 4 deste estudo. Especificamente para o
Ensino Médio, a proposta de distribuição de conteúdos acontece da seguinte
maneira:
Quadro 7 – Proposta de organização dos conteúdos ao longo das séries do Ensino Médio.
Séries
Núcleos
1º 2º
a) O movimento em construção e estruturação 10% 5% 5%
b) O movimento nas manifestações lúdicas e
esportivas
45% 40% 40%
c) O movimento em expressão e ritmo 10% 15% 15%
d) O movimento e a saúde 35% 40% 40%
Fonte: Oliveira (2004, p. 30)
Para distribuição percentual dos núcleos, Oliveira (2004, p. 31) afirma
que “foram levados em consideração, além dos componentes, os interesses que os
alunos manifestam ao longo da vida escolar”. O autor aponta, ainda, que a
114
percepção dos interesses dos alunos foi extraída de forma empírica e através de sua
vivência como professor e pesquisador.
A seguir, para um melhor entendimento da proposta, discutiremos cada
núcleo e sua importância no Ensino Médio.
6.2.1 O movimento em construção e estruturação
Como pudemos observar, este é o núcleo ao qual é dedicado o menor
percentual de conteúdos no Ensino Médio (10% no 1º ano e 5% nos 2º e 3º anos).
Oliveira (2004, p. 31) observa que “este núcleo tem um desenvolvimento crescente,
passando pela vivência e construção com a intenção de se chegar à fase de
exploração e reconstrução do mundo motor”. Para a fase do Ensino Médio, o autor
preconiza:
Aperfeiçoamento dos movimentos básicos e especializados. Nesse período
os alunos estão dando a forma final e inovadora de como pretendem
participar das manifestações culturais lúdico/esportivas. A estruturação
motora atinge o ponto alto nessa fase e serve como elemento fundamental
por toda a vida. (p. 32)
Diante do perfil exposto acima, parece-nos que este núcleo –
essencialmente prático – não se desenvolve isoladamente, e sim dentro da
complexidade dos demais. A aptidão física será mais aperfeiçoada quanto melhor
“lapidado” for o gesto esportivo, ginástico ou rítmico.
Como exemplo, podemos citar o da “economia da corrida” de longa
distância, necessária para a realização de um exercício aeróbio eficaz e seguro. Tal
“economia” está ligada à compreensão do movimento de correr, à consciência e
percepção corporal do indivíduo que corre e da capacidade da auto-observação e da
auto-correção dos movimentos e da velocidade da corrida. Sobre a “economia da
corrida”, Powers e Howley (2000, p. 104) afirmam:
115
A eficiência do exercício diminui à medida que a taxa de trabalho do
exercício aumenta, porque a relação entre a taxa de trabalho e o gasto
energético é curvilínea. Para obter eficiência máxima em qualquer taxa de
trabalho, existe uma velocidade de movimento ideal.
O exemplo acima nos leva à reflexão crucial para o entendimento deste
núcleo e sua importância para o trabalho dos demais núcleos no Ensino Médio. De
que adiantaria o professor se dedicar exaustivamente a conceituar o exercício
aeróbio, enfatizar sua importância e até abordar questões relativas às formas de
controle fisiológico do exercício (pressão arterial, freqüência cardíaca, etc.) sem uma
abordagem didática sobre as formas de se exercitar autonomamente e de forma
correta? Na situação apresentada se fazem presente claramente os processos
formativos e informativos aplicados ao conteúdo.
O movimento, aqui, está inserido dentro de um contexto educacional.
Betti (1992, p. 286), reforça este conceito, afirmando:
[...] não basta aprender habilidades motoras e desenvolver capacidades
físicas, que evidentemente são necessárias em níveis satisfatórios para que
o indivíduo possa usufruir dos padrões e valores que a cultura física nos
legou após séculos de civilização, mas não constituem uma ação suficiente.
Não basta melhorar a condição física do aluno, é preciso ensiná-lo a
construir um programa de condicionamento físico, mesmo porque o
professor não estará sempre ao seu lado para dizer-lhe o que fazer.
Assim sendo, a exploração e a reconstrução dos movimentos
enfatizadas neste núcleo devem nos remeter à busca da ultrapassagem do “o que
fazer” e do “por que fazer”, dotando de ênfase o “como fazer”.
6.2.2 O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
O ápice da motivação dos alunos para a prática de jogos e esportes se
dá entre a 7ª e a 8ª séries do Ensino Fundamental. No Ensino Médio, inicia-se um
116
aumento de interesse sobre os aspectos ligados ao corpo e suas mudanças.
Contudo, os conteúdos esportivos ainda motivam os alunos, fato que leva Oliveira
(2004) a dedicar aos mesmos um grande percentual em sua proposta de
sistematização (45% no 1º ano e 40% nos 2º e 3º anos). O autor afirma que, nesta
fase:
[...] o aluno já está preparado para o enfrentamento das mais complexas
ações motoras. Deve ser estimulado a ampliar e reorganizar as ações
motoras com vistas à ampliação do grau de complexidade das mesmas, ou
seja, ser colocado frente a situações motoras nas quais sua criatividade
possa superar a ação básica do adaptar-se. A fase criativa e inovadora
deve ser fortemente estimulada. É onde os desportos e suas variações
podem contribuir por intermédio de seus sistemas organizacionais,
estruturais e de exigência motora. (p. 33)
O esporte ganha, assim, uma maior compreensão pedagógica. Ayoub
(2003), citando o estudo realizado pelo Grupo de trabalho Pedagógico UFPe-UFSM
(1991), indica cinco perspectivas para a configuração didática do esporte, que
possibilitam uma amplificação da possibilidade de ação, tendo em vista o seu
entendimento como um espaço aberto e o desenvolvimento da capacidade de ação
e de decisão dos educandos: “o esporte como algo a ser regulamentado, o esporte
como algo a ser assistido, o esporte como algo a ser aprendido, o esporte como algo
a ser refletido e o esporte como algo a ser modificado”. (p. 113)
Nesta perspectiva ampliada, os conteúdos esportivos ganham em
riqueza de possibilidades pedagógicas. Com relação aos modelos apresentados
acima, cabem as considerações de Mattos e Neira (2000, p. 21):
Considera-se esporte as práticas em que são adotadas regras de caráter
oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e
internacionais que regulamentam a ação amadora e profissional. Envolvem
condições especiais de equipamentos sofisticados como campos, piscinas,
bicicletas, etc. A divulgação feita pela mídia favorece sua apreciação por um
diverso contingente de grupos sociais e culturais. Os jogos podem ter uma
flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das
condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes,
entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou
recreativo, em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou
ainda de cotidiano, como passatempo ou diversão. Assim, podemos
destacar, entre outros, os jogos regionais, pré-desportivos e brincadeiras
infantis como conteúdos do Ensino Médio que podem ser utilizados na
Educação Física escolar.
117
Retomando a função primordial da escola, que é “educar para a vida”,
Martins Junior (2004) aponta que a escola deve preparar seus alunos para a “não-
escola”. O autor afirma que os jogos e os esportes são utilizados pelo homem “como
forma de suprir os movimentos exigidos pelo seu organismo e, ao mesmo tempo,
como forma de integrá-lo à comunidade”. (p.79)
Sobre a finalidade do esporte na escola e seu caráter permanente,
Dieckert, Brodtman e Kurz (1985, p. 11), argumentam:
O Brasil precisa entender que o caminho do alto nível só será disputado por
poucos. A escola deve ser uma larga avenida, onde todos tenham chance
de participação, através de uma Educação Física organizada, de acordo
com suas necessidades e orientada para o tempo livre, um companheiro
para toda a vida.
O núcleo em questão “o movimento nas manifestações lúdicas e
esportivas” não exclui as lutas e as ginásticas previstas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais no bloco “esportes, jogos, lutas e ginásticas” (BRASIL, 1977). Porém, o
redimensionamento de tais atividades deve ser realizado quando da elaboração dos
planejamentos da escola, segundo os objetivos a serem atingidos. Lutas e
ginásticas, portanto, são atividades que pode assumir múltiplos papéis no currículo
escolar.
A ginástica aeróbica é um exemplo de atividade multifacetada. A
mesma pode “transitar” como conteúdo deste núcleo como esporte de competição. A
Ginástica Aeróbica competitiva possui Federação Internacional, com regras
estabelecidas. Caso o enfoque seja dado ao ritmo, poderia ser contemplada no
núcleo “o movimento em expressão e ritmo”. Caso seja tratada como ginástica de
Academia, poderia ser abordada no núcleo “o movimento e a saúde”. Finalmente, se
a exploração e a reconstrução através da percepção corporal do movimento forem
os objetivos de ensino, a ginástica aeróbica poderia ser estudada no bloco “o
movimento em construção e estruturação”.
No caso das lutas, podemos utilizar o exemplo da Capoeira, que teria
as mesmas possibilidades acima, assim como os esportes e os jogos, aos quais
demos maior ênfase nesta discussão.
118
A fim de ilustrar o exemplo acima, podemos citar as considerações de
Souza e Oliveira (2001, p. 44):
A capoeira é um conteúdo que pode ser contemplado na escola pelos seus
múltiplos enfoques, que possibilitam a luta, a dança e a arte, o folclore, o
esporte, a educação, o lazer e o jogo.[...] A sua prática na escola possibilita
o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais,
como autonomia, cooperação e participação social, postura não
preconceituosa, entendimento do cotidiano pelo exercício da cidadania,
historicidade, etc.
Assim sendo, diante das possibilidades de trabalho possíveis e da
liberdade que o professor dispõe quando planeja suas atividades docentes, o risco
da desmotivação por parte dos alunos pela repetição de atividades do Ensino
Fundamental (DARIDO et al., 1999) parece não existir. Desta forma, acreditamos
que os jogos e os conteúdos esportivos sempre terão um grande espaço nas aulas
de Educação Física do Ensino Médio.
6.2.3 O movimento em expressão e ritmo
Oliveira (2004) sugere, em sua proposta curricular, que sejam
dedicados 10% dos conteúdos deste núcleo no 1º ano do Ensino Médio e 15% no 2º
e no 3º ano. Ainda sob forte influência das atividades esportivas, soberanas nas
últimas séries do Ensino Fundamental e motivado pelas atividades ligadas à cultura
corporal, especialmente pelas que prezam a estética (estando o ritmo presente em
ambos os casos), o adolescente também necessita de conteúdos específicos ligados
à expressão corporal e ao ritmo.
Este núcleo apresenta um grande leque de atividades possíveis de
serem trabalhadas em aula. O tema “ritmo” está associado ao nosso dia-a-dia, bem
como às modalidades esportivas, jogos, lutas e muitas outras atividades da cultura
119
corporal do movimento. A dança (em suas várias formas) é um dos conteúdos
possíveis de serem trabalhados, não é o único.
O corpo e suas possibilidades motoras é tema muitas vezes esquecido em
sua beleza e condição expressiva. Realçar esta faceta de fundamental
importância na estruturação biopsicológica de nossos alunos é função
desse núcleo. A escola é um dos poucos espaços sociais onde as
habilidades artístico-motoras podem ser vivenciadas, exploradas e, assim,
contribuir para a formação de um sujeito que consiga perceber e entender
um pouco melhor a arte, o seu próprio corpo e suas possibilidades. As artes
cênicas e a ginástica são os grandes componentes desse núcleo.
(OLIVEIRA, 2004, p. 29)
Nas aulas do Ensino Médio devem ser ministrados conteúdos ligados à
cultura corporal vivenciados pelos alunos nesta fase, na qual se intensifica a procura
pelas atividades realizadas em Academias de Ginástica. Se as aulas devem ser
direcionadas para instrumentalizar os alunos para sua prática permanente, a
ginástica em grupo realizada com ritmo musical deve ser incluída entre os conteúdos
da Educação Física escolar.
Acredita-se que a movimentação com ritmo é um fator bastante estimulante,
consequentemente, práticas corporais musicadas terminam por agrupar os
jovens de forma pacífica e sociabilizadora, servindo como base para
excelentes propostas de desenvolvimento de criatividade e desinibição do
educando. [...] O professor poderia começar resgatando o que seus alunos
conhecem de música quais estilos ouvem e dançam, partindo daí para a
inserção de pequenos momentos das aulas nas quais uma atividade
ritmada seja desenvolvida e, finalmente, elaborar aulas em que o conteúdo
principal seja a movimentação com ritmo. (MATTOS; NEIRA, 2000, p. 22)
Já a dança tem sua importância por ser entendida, segundo Fiamoncini
e Saraiva (1998), como linguagem social e de interação com o meio. As autoras
afirmam, ainda, que assim como as outras artes, a dança possui possibilidades
comunicativas e expressivas que lhe são próprias, mas que são inibidas
historicamente pela Educação Física escolar, principalmente pela separação dos
gêneros durante as aulas da disciplina.
Para que a dança possa ser um caminho co-educativo, deve-se desatrela-la
dos estereótipos tradicionais de movimento em relação ao masculino e
feminino e buscar conteúdos e metodologias diferenciadas das
convencionais nos programas escolares. (FIAMONCINI; SARAIVA, 1998, p.
100)
120
Para Oliveira (2004), existem dois fatores que contribuem para uma
rejeição por parte dos alunos com relação a este núcleo: o despreparo dos docentes
para uma aplicação variada e rica dos conteúdos e uma resistência por inibição
(exposição frente aos demais alunos) dos adolescentes.
Face ao momento que os adolescentes vivem nesta fase, a escolha de
atividades ligadas ao combate ao stress e à compensação das longas horas de
estudo (relaxamento, compensação postural, etc.) por meio das atividades com
música podem auxiliar o processo ensino-aprendizagem. Mais uma vez, alertamos
para a necessidade de se ligar a prática em aula com o cotidiano do aluno.
6.2.4 O movimento e a saúde
Este núcleo divide um maior interesse dos jovens que cursam o Ensino
Médio com os conteúdos esportivos, pois há uma grande curiosidade e motivação
por parte dos mesmos no estudo das temáticas propostas. Por isso, Oliveira (2004)
atribui uma grande importância aos conteúdos relativos ao mundo motor e suas
possibilidades ligadas à promoção da saúde através do exercício físico regular (35%
no 1º ano e 40 % nos 2º e 3º anos).
A visão atual do tema “saúde” tratado na Educação Física, em muito
difere dos antigos conceitos.
A preocupação com a saúde, ora voltada à higienização, ora à eugenia, ao
à aptidão física, parece ter sido uma constante ao longo da história da
Educação Física brasileira. Porém, em virtude de estar fortemente atrelada
aos setores dominantes no país, o termo saúde foi praticamente eliminado
das propostas pedagógicas mais recentes em Educação Física escolar no
Brasil. (RAMOS; FERREIRA, 2000, p. 55)
Os planejamentos e as ações na área da Educação Física precisam ir
além da prática esportiva e se preocupar também com a meta da educação para a
121
saúde através do movimento humano, mediante seleção, organização e
desenvolvimento de experiências realizadas em aula que conduzam o jovem à
adoção de hábitos saudáveis de vida.
Percebe-se, cada vez mais, o comprometimento da saúde das crianças
e adolescentes pela inatividade física. As doenças crônico-degenerativas, geradas
por hábitos não saudáveis de vida, vem se manifestando cada vez mais
precocemente.
Guedes (1999), alerta que os programas de Educação Física escolar
não conseguem atender, na sua plenitude, às expectativas voltadas para uma
formação mais eficiente para os nossos jovens, ressaltando a necessidade da
elaboração, por parte dos professores de Educação Física, de propostas associadas
ao movimento humano com relação direta com o binômio educação/saúde.
Para Ramos e Ferreira (2000), os PCN´s (BRASIL, 1997)
fundamentam a concepção de saúde no exercício da cidadania, ressaltando a
necessidade de capacitar os sujeitos a se apropriarem de conceitos, fatos,
princípios, a tomar decisões, agir e gerar atitudes saudáveis na realidade na qual se
inserem.
Portanto, para o ensino de conteúdos que tratam da saúde relacionada
à atividade física, parece-nos que os docentes devem centrar suas ações na busca
da formação de indivíduos autônomos para a prática de atividades físicas regulares.
O sucesso desta proposta pedagógica depende da conscientização e estimulação
durante as aulas para a prática de atividades físicas também fora do horário de aula
da disciplina Educação Física.
Sobre a Educação Física no Ensino Médio e a importância da
conquista da autonomia, Oliveira (2004, p. 36) ressalta:
[...] agora é a fase de fechamento dos conhecimentos para a autonomia em
relação ao mundo motor e suas possibilidades. Os alunos necessitam sair
do Ensino Médio com os conhecimentos que possam subsidiá-los no
cotidiano sobre a prática permanente da atividade física. A autonomia sé
será possível se as temáticas discutidas forem suficientes para elucidar os
problemas e dúvidas dos alunos e suas necessidades cotidianas.
122
Segundo Carvalho (1995, apud KRAVCHYCHYN, 2005), com a
conquista de conhecimentos e práticas geradoras de autonomia, dúvidas comuns
entre a população brasileira em geral como “quantas vezes se deve correr por
semana”, “como escolher a melhor academia” ou “se é melhor nadar ou andar” já
estariam superadas, além de muitas outras, evitando muitos problemas causados
por modismos, “sensos comuns”, “receitas prontas” divulgadas pela mídia, muitas
vezes sem fundamento científico algum.
As conseqüências do desconhecimento sobre a prática saudável da
atividade física podem ter conseqüências agravadas quando associadas à
alimentação inadequada, suplementação alimentar e utilização de drogas ligadas à
prática de exercícios físicos, sobretreinamento, falta de repouso, etc. As aulas de
Educação Física no Ensino Médio precisam proporcionar momentos de debates e
conscientização. Deve prevalecer sempre a busca da saúde em primeiro plano,
devido à busca dos aspectos estéticos pelos adolescentes nesta fase escolar ser
valorizada pelos mesmos.
Sobre isso, Mattos e Neira (2000, p. 20) afirmam:
O público jovem encontra-se aberto a discussões sobre alimentação,
ingestão de produtos farmacológicos e toda espécie de dietas. As aulas de
Educação Física são uma opção de formação educacional em que o
educando tem a oportunidade de participar de atividades físicas de forma
orientada e científica. Esta situação, quando bem aproveitada, constitui-se
em um pólo de discussões sobre a veracidade e aplicabilidade de
pseudoconhecimentos e mitos que circulam no âmbito do exercício físico e
da estética.
Baseando-se na proposta de Oliveira (2004), Kravchychyn (2005)
desenvolveu um estudo no qual procurou organizar os conteúdos de acordo com as
características e capacidades dos alunos em cada fase, considerando ainda as
possibilidades de interação com os conteúdos dos outros núcleos propostos para a
Educação Física e as possibilidades de trabalho interdisciplinar, sempre observando
os percentuais de aulas propostos para cada ciclo.
Para o Ensino Médio, Kravchychyn (2005), distribuiu os conteúdos em
primeiros socorros, prevenção de doenças, ergonomia e postura, nutrição e
atividade física, ciências biológicas aplicadas à saúde e à atividade física e avaliação
123
física (composição corporal, antropometria, postural, testes motores, VO2 máx. e
velocidade).
Acreditamos, assim, que a Educação Física inserida no contexto
escolar não pode se eximir do papel de promotora do bem estar através da prática
de exercícios regulares e bem orientados. Tal papel, aos poucos, vai sendo imposto
por uma sociedade que sofre com os problemas de saúde causados pela inatividade
física.
124
7 AS AÇÕES
Conforme apontamos na justificativa do presente estudo, o tema da
nossa pesquisa foi definido em função de nossa experiência na docência e na
coordenação de área no Ensino Básico e, em especial, no Ensino Médio. Podemos
aqui assumir nossa parcela de culpa diante da situação que se encontra a Educação
Física, uma vez que por tantos anos sentimos o desconforto e a insatisfação
demonstrada pelo docente que atua junto aos sujeitos do nosso estudo (conforme a
entrevista inicial), e realizamos muito pouco. Buscávamos um maior reconhecimento
da disciplina, realizávamos ações isoladas que para o momento se apresentavam
como um “grande diferencial”, mas que hoje percebemos terem sido quase nulas
diante das necessidades da área aqui debatidas.
Desta forma, o processo que envolveu a definição do tema e da
metodologia para a pesquisa, a adoção da proposta de Oliveira (2004) como norte
para o trabalho a ser realizado e o contato com o docente e com as gestoras (que
resultou na parceria estabelecida com o Colégio São Francisco Xavier), passamos a
organizar nossas ações.
O modelo de pesquisa-ação escolhido não nos caracteriza apenas
como observadores, que chegam, apontam erros e acertos, fazem suas
considerações e se retiram (DAOLIO, 1995), mas co-participantes e mais do que
isso, co-responsáveis. Em suma, “estamos no mesmo time”.
7.1 Estruturando mudanças
O início do nosso trabalho foi centrado na informação e
conscientização da comunidade escolar sobre a nova proposta e sobre como
125
pretendíamos fazê-la acontecer. Os docentes da disciplina de Educação Física em
todos os níveis, os docentes das demais disciplinas e os discentes foram, pois,
informados a respeito da “nova realidade” e convidados a participar do processo.
7.1.1 Primeiro contato com os docentes da área de Educação Física
Logo após o contato com o docente responsável pela disciplina de
Educação Física para o Ensino Médio, com a Diretora e com a Coordenadora
Pedagógica do Colégio, a nossa primeira atitude foi realizar uma reunião de área.
Na primeira parte da reunião, solicitamos que cada docente se
apresentasse, especificasse sua função dentro do Colégio e que falasse sobre seu
trabalho, suas dificuldades, sua metodologia, etc.
Em seguida, expusemos à equipe de professores os motivos pelos
quais estávamos nos propondo a trabalhar junto aos mesmos, ressaltando a
necessidade urgente de legitimar a Educação Física como componente curricular e
apresentando a proposta de Oliveira (2004) bem como a proposta metodológica
histórico-crítica como elementos norteadores para a organização de nossas ações.
Num terceiro momento, recebemos dos professores uma resposta
positiva com relação ao engajamento dos mesmos à nossa proposta de trabalho.
Isso foi de fundamental importância, uma vez que o trabalho junto ao Ensino Médio
não poderia ser desenvolvido de forma isolada, pois como já ressaltado
anteriormente, é o ciclo final da educação básica. Nosso intuito é o de plantar uma
semente duradoura, e a continuidade do processo depende do envolvimento de
todos.
Por último, fixamos um horário para reuniões semanais, e solicitamos
que os professores trouxessem seus planejamentos anteriores e idéias de
conteúdos (a serem acrescentados a partir da nova concepção apresentada) para a
126
primeira reunião de planejamento. Os professores receberam também vários artigos
e textos que tratavam de assuntos relacionados à proposta.
7.1.2 Primeiro contato com os docentes das demais disciplinas
O primeiro passo para o reconhecimento efetivo da disciplina como
componente curricular dentro do Colégio São Francisco Xavier foi uma palestra que
ministramos aos demais docentes da instituição, a qual foi realizada durante a
Semana Pedagógica, evento que precede o início das aulas, que reuniu os
professores da escola para a realização de reflexões e planejamentos para ano
letivo que ora se iniciava.
Na oportunidade, falamos sobre a caracterização e sobre a legalidade
da disciplina como componente curricular, da necessidade que os alunos e os
professores das demais áreas terão em perceber a Educação Física como uma
disciplina como todas as demais, com conteúdos a serem estudados que aumentam
em complexidade ao longo das séries escolares e com planejamento e cronograma
a ser cumprido. Ressaltamos que o reconhecimento deste “novo” conceito da
disciplina já vem ocorrendo por parte de instituições de Ensino Superior, como a
Universidade Estadual de Maringá, que a partir do próximo ano deverá incluir
questões de Educação Física no vestibular.
Contudo, procuramos enfatizar dois aspectos fundamentais: a
importância dos conhecimentos adquiridos na Educação Física para a vida dos
alunos e as possibilidades de ações interdisciplinares que os conteúdos da disciplina
oferecem.
Percebemos que os professores, de uma maneira geral, apoiaram a
iniciativa. Contudo, alguns se mostraram preocupados com uma possível postura de
resistência dos alunos à nova proposta. Um ponto positivo constatado foi a
127
admiração e confiança que o docente de Educação Física do Ensino Médio inspira
nos demais professores.
7.1.3 Primeiro contato com os discentes
Decidimos, em conjunto com os docentes de Educação Física do
colégio, e em especial o docente do Ensino Médio, que ficaria a cargo dos mesmos
esclarecerem aos alunos como seria conduzida a nossa disciplina a partir de então.
Primeiramente, pretendíamos com isso que os alunos não tivessem
qualquer tipo de inibição frente a um “novo membro” da comunidade, que pudessem
inclusive se expressar ao docente a respeito das mudanças. Combinamos que os
alunos seriam informados da nossa participação, mas que isso se daria em um
segundo momento. Assim, a aplicação dos questionários iniciais foi realizada pelo
docente do Ensino Médio.
Conforme relato do docente, após receberem as informações e tendo a
possibilidade de se expressarem verbalmente, os alunos se mostraram prontamente
relutantes em ter aulas teóricas e em realizar tarefas em sala de aula e em casa. Tal
relutância foi muito sentida, também, nos questionários respondidos na fase inicial
do nosso estudo, quando algumas aulas já haviam acontecido.
7.2 O planejamento
Na primeira reunião, os docentes apresentaram muitas dúvidas a
respeito da nova proposta e, embora no primeiro encontro os professores tenham
128
aceitado sem restrições a implantação da nova proposta, era notória a angústia por
parte dos docentes.
Cada docente escreveu os conteúdos em cartazes, divididos
inicialmente por ciclos: jardim I, II e III (Educação Infantil) 1ª a 4ª série (Ensino
Fundamental), 5ª a 8ª série (Ensino Fundamental) e 1º ao 3º ano (Ensino Médio).
Depois, os conteúdos foram sendo colocados (mediante discussão envolvendo
todos os participantes), dentro das séries e núcleos, conforme os percentuais
estabelecidos por Oliveira (2004). Foram necessárias três reuniões para a
finalização do planejamento anual da Educação Física.
Para o presente estudo foram selecionadas as ações desenvolvidas
junto às turmas do Ensino Médio, mas conforme já abordamos anteriormente no
capítulo 4, que tratou da metodologia utilizada para a nossa pesquisa, para efeito de
planejamento foi muito interessante a participação de todos os docentes. A visão
geral obtida ao final das três reuniões não foi apenas a de um planejamento anual,
mas da construção de um novo currículo, baseado na realidade local, fator de
fundamental importância diante da proposta e da metodologia de trabalho
apresentadas.
Os planos de aula foram construídos em conjunto (professor do Ensino
Médio e pesquisador). A reflexão sobre erros e acertos das aulas foi uma constante
durante o período de atuação em conjunto.
No próximo item, descrevemos algumas aulas realizadas, para que se
tenha uma idéia de como foi a etapa mais importante de todo o trabalho: a
realização das aulas planejadas.
7.3 As aulas
Toda mudança tem seu aspecto traumático. Estaríamos faltando com a
honestidade se afirmássemos aqui que todas as aulas foram totalmente satisfatórias,
129
que de início o docente se adaptou plenamente aos modelos de aula e à
metodologia propostos. Os adolescentes nesta fase possuem um senso crítico
bastante volúvel: parecem ser “adultos” na hora de reclamar e reivindicar e
“crianças” na hora de assumir compromissos e responsabilidades. Foi preciso
conquistá-los.
Logo de início, a resistência dos alunos foi grande, como já era de se
esperar pelas respostas do questionário aplicado. Se fossemos autoritários e
utilizássemos argumentos impositivos colocaríamos tudo a perder, estaríamos
contradizendo tudo o que pregamos até aqui.
Foi preciso, pois, lançar mão de estratégias de negociação,
“barganhamos” algumas aulas por momentos de jogo mais descompromissados,
mesmo com algum comprometimento de nosso planejamento inicial. Em outras
palavras, demos “um passo atrás” para podermos dar “dois passos à frente”.
Em sua maioria, as aulas foram ministradas pelo docente, sob a nossa
observação. Em algumas aulas participamos diretamente, ministrando as mesmas
em conjunto com o docente. Em uma oportunidade, um professor convidado
ministrou aulas de danças de salão para as três turmas em conjunto (o conteúdo foi
contemplado nas três séries) e em outra oportunidade convidamos um professor da
Universidade Estadual de Maringá para atuar ao nosso lado como co-palestrante.
A seguir, relataremos algumas aulas que julgamos significativas para a
consecução dos objetivos do presente estudo e que merecem um registro especial.
7.3.1 Relatórios de aulas
Para descrição das aulas, utilizamos um roteiro na seguinte ordem:
turma, tema da aula, tipo de aula (prática ou teórica), objetivo, material utilizado,
desenvolvimento da aula, resultados/observações e possibilidades de aplicação do
conteúdo no dia-a-dia dos alunos.
130
Nos relatórios a seguir, além das aulas rotineiras, constam duas aulas
que foram ministradas para as três turmas em conjunto (aulas Nº 12 e Nº 13), por
serem temas comuns e para o melhor aproveitamento do tempo de aula (foram
negociadas algumas aulas com docentes de outras áreas e “construídas” aulas
geminadas). Já aula aqui descrita como Nº 14 foi ministrada na prática de forma
idêntica para as três turmas, mas a problematização do conteúdo foi diferente para
cada série.
Relatório de aula Nº 1
Turma: 1º ano.
Tema: regras e arbitragem do voleibol.
Aula prática.
Objetivo: aumentar o conhecimento dos alunos sobre as regras universais do
voleibol.
Material utilizado: folha ilustrada com sinais básicos do árbitro para
anotações, rede e bola de voleibol, apito.
Desenvolvimento: jogo de vôlei com arbitragem do professor. A turma foi
dividida em dois grupos. Um grupo jogou voleibol e o outro ficou encarregado
de realizar anotações. Foi entregue aos alunos uma folha para anotações
com figuras ilustrativas sobre a sinalização do árbitro. Ao lado da figura havia
um espaço para anotações. A cada ponto, o professor sinalizava o tipo de
ponto ou falta cometida (bola dentro/fora, condução de bola, dois toques,
invasão, etc.) e se dirigia ao grupo que estava anotando, narrando o que
havia sido sinalizado, para maior fixação. Após aproximadamente 15 minutos
de prática os grupos foram invertidos, quem jogava passou a anotar e vice-
versa. Como não havia 24 alunos em aula (2 equipes completas), o professor
promoveu um revezamento, para garantir a ação de cada aluno nos dois
grupos.
131
Resultados / observações: a participação dos alunos e o envolvimento dos
mesmos na aula foram considerados satisfatórios. No geral, o professor
demonstrou domínio sobre o conteúdo e um bom controle da turma.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: sendo o voleibol
um esporte universal, o conhecimento das regras do jogo possibilita ao aluno
utilizar os conhecimentos adquiridos nas situações nas quais se tenha à
disposição uma quadra, uma rede, uma bola oficial e pelo menos 12
jogadores.
Relatório de aula Nº 2
Turma: 1º ano.
Tema: conhecimentos sobre aspectos cinesiológicos.
Aula teórica.
Objetivo: conhecer as principais ações nas articulações do corpo.
Material utilizado: retroprojetor.
Desenvolvimento: O professor começou apresentando a definição dos
principais movimentos (flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa e
interna, abdução e adução horizontal), fez com que os alunos
experimentassem estes movimentos nas principais articulações, e depois
aplicou uma atividade onde eles tiveram que analisar os movimentos
realizados em determinadas articulações. A atividade consistia em observar
uma transparência de fotos com exercícios de musculação, a qual apontava a
posição inicial e final do exercício. O aluno deveria preencher a folha de
exercícios dizendo as articulações envolvidas e quais movimentos realizados.
No total foram 15 transparências, com várias articulações e movimentos.
Resultados / observações: houve um interesse maior por parte de alguns
alunos praticantes de musculação. Parte da turma se mostrou dispersa,
132
mesmo assim o aproveitamento foi considerado bom, especialmente pelo
trabalho em sala, que contava pontos para a média bimestral.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: conhecimento útil
para uma maior consciência corporal e para a preservação das estruturas
ósseas e articulares durante exercícios físicos.
Relatório de aula Nº 3
Turma: 1º ano.
Tema: as qualidades físicas básicas.
Aula teórica.
Material utilizado: vídeo, giz e quadro.
Objetivo: abordar as qualidades físicas força, resistência, velocidade e
agilidade e suas variáveis, bem como a importância do desenvolvimento e da
manutenção das mesmas para a prática de esportes e para a vida cotidiana.
Desenvolvimento: após um breve relato sobre o conteúdo da fita, o
professor pediu aos alunos que realizassem anotações sobre os principais
itens, visto que as mesmas seriam úteis em trabalhos futuros. O conteúdo da
fita versava sobre as qualidades físicas básicas aplicadas aos esportes e
também ao cotidiano. A narração da fita de vídeo é realizada em língua
espanhola. Para que os alunos sanassem possíveis dúvidas sobre a
compreensão do idioma, o professor de Espanhol participou da aula como
convidado. Ao final do vídeo, o professor de Educação Física esclareceu
dúvidas dos alunos e ressaltou que aquele conteúdo iria ser utilizado na aula
seguinte, que seria prática.
Resultados / observações: os alunos, em geral, demonstraram interesse
pelo conteúdo. Poucos foram os alunos que deixaram de realizar anotações.
Na última parte da aula, foram realizados questionamentos pelos alunos
sobre o tema da aula relacionado à musculação, ginástica de academias e
esportes.
133
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: a força, a
resistência, a velocidade a flexibilidade e suas variáveis são importantes não
só para o desempenho esportivo, mas para a manutenção da capacidade
funcional das pessoas em geral.
Relatório de aula Nº 4
Turma: 1º ano.
Tema: as qualidades físicas básicas.
Aula prática.
Objetivo: reforçar os conhecimentos adquiridos na aula anterior a partir da
prática e da observação do jogo de basquetebol.
Material utilizado: giz, quadro, ficha de anotações, bola de basquetebol,
coletes.
Desenvolvimento: na quadra, o professor revisou brevemente o conteúdo da
aula anterior, avançando nas variáveis das qualidades físicas (exemplos:
agilidade, força pura, resistência aeróbia e anaeróbia, etc.) e distribuiu aos
alunos uma ficha para anotação. Na ficha, havia a solicitação para que os
alunos apontassem os fundamentos ou situações de jogo nos quais havia a
presença de cada qualidade física e de suas variáveis. A ficha trazia um item
de fundamental importância: os alunos deveriam apontar pelo menos uma
situação do cotidiano na qual é necessário o uso de cada qualidade física.
Enquanto um grupo jogava, o outro observava, e vice-versa. A entrega da
ficha ficou para a aula seguinte, para que os alunos pudessem realizar uma
melhor reflexão e, se necessário, pesquisar a respeito do tema.
Resultados / observações: a estratégia de usar o esporte como meio para o
estudo de outros conteúdos foi uma solução eficaz no sentido de diminuir a
resistência dos alunos e aumentar seu interesse e participação. A aula
aconteceu de forma satisfatória e tranqüila, o professor atingiu pleno domínio
134
das ações. Como o jogo ficou em segundo plano na aula, o professor esteve
mais próximo dos alunos observadores, deixando a cargo dos próprios alunos
a organização das partidas.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: além das
possibilidades apontadas na aula anterior, o docente chamou a atenção para
a importância do desenvolvimento das qualidades físicas básicas na
prevenção de lesões e doenças crônico-degenerativas. Enfatizou que este
assunto seria abordado em aulas futuras
Relatório de aula Nº 5
Turma: 2º ano.
Tema: Handebol – sistema 5X1.
Aula prática.
Objetivo: aperfeiçoar o sistema de jogo 5X1.
Material utilizado: bola de handebol, coletes, apito.
Desenvolvimento: o professor realizou um aquecimento relembrando a
postura corporal de defesa no handebol. Em seguida, explicou o
posicionamento e o deslocamento dos jogadores no sistema 5X1, vantagens
e desvantagens com relação aos sistemas 6X0 e 4X2, trabalhados em aulas
anteriores. Destacou a importância que tem o marcador que irá executar a
defesa avançada, geralmente marcando o principal atacante adversário,
valorizando o ato de “defender” para o time, visto que geralmente o “astro” da
equipe é quem faz mais gols. Aplicou o jogo com 3 equipes mistas (meninos e
meninas), que se revezavam a cada 3 gols ou 5 minutos, para evitar que
houvesse muito tempo de espera.
Resultados / observações: a participação dos alunos e o envolvimento dos
mesmos na aula foram considerados satisfatórios. No geral, o professor
demonstrou domínio sobre o conteúdo e um bom controle da turma.
135
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: os conhecimentos
adquiridos podem ser aplicados nas situações nas quais se tenha à
disposição uma quadra, uma bola oficial e pelo menos 14 jogadores (jogo
oficial), na situação de necessidade de marcar um atacante específico.
Mesmo sendo o Handebol um esporte olímpico e com regras universais, em
nosso país são raras as oportunidades de se assistir um jogo na TV aberta,
ficando limitada a utilização deste esporte como algo a ser assistido nas horas
de lazer.
Relatório de aula Nº 6
Turma: 2º ano.
Tema: Futsal – sistema defensivo individual.
Aula prática.
Objetivo: aperfeiçoar o sistema de jogo individual.
Material utilizado: bola de futsal, coletes, apito.
Desenvolvimento: após uma um aquecimento músculo-articular geral, o
professor montou equipes de meninos e de meninas em separado, que
jogaram de forma alternada. A ênfase foi dada à marcação individual, a
posição da bola ficou em segundo plano. Nos últimos 15 minutos da aula,
como atividade de volta à calma, o professor realizou um “futebol de casais”,
onde meninos e meninas atuaram de mãos dadas, mas ainda com a
obrigatoriedade da defesa individual.
Resultados / observações: dentre os esportes de quadra que compõe a
grade curricular da Educação Física, o Futsal pode ser considerado o mais
difícil de ser praticado de forma mista (meninos e meninas jogando juntos),
tanto por questões relacionadas à força e contato físico quanto às ligadas à
técnica do jogo. No final, o professor programou uma atividade de integração
interessante e divertida. A participação foi de 100% dos alunos.
136
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: o Futsal também é
um esporte pouco transmitido em canais de TV abertos. Porém, é o esporte
de quadra mais praticado no país, tendo crescido muito também o número de
praticantes do sexo feminino. Assim, sempre haverá oportunidades para a
prática deste esporte nas horas de lazer.
Relatório de aula Nº 7
Turma: 2º ano.
Tema: composição corporal.
Aula teórica.
Objetivo: apresentar os métodos de avaliação da composição corporal,
confrontando cálculo do IMC com o de dobras cutâneas.
Material utilizado: giz, quadro, plicômetro.
Desenvolvimento: o professor iniciou a aula falando sobre o cálculo do IMC.
Após explicar a fórmula, questionou os alunos sobre a precisão deste tipo de
cálculo para definir se uma pessoa está ou não dentro do seu peso ideal. As
opiniões divergiram, foi lançada a dúvida. O docente citou um exemplo para
elucidar a questão: dois indivíduos com o mesmo peso corporal e altura,
porém um visivelmente obeso e outro visivelmente forte, com grande massa
muscular. Porém, o resultado do cálculo do IMC foi igual para os dois
indivíduos. Em seguida, apresentou o método das dobras cutâneas, como o
mais utilizado atualmente para a verificação da composição corporal. Alguns
alunos voluntários se prontificaram a ter suas dobras coletadas (houve grande
oferta de alunos voluntários). Após, alguns cálculos foram feitos pelo docente
em sala, que logo após salientou a importância da avaliação física constante
(citando a avaliação apresentada e algumas outras) para a manutenção de
exercícios físicos seguros. Ressaltou, ainda, que para o segundo semestre
está programada uma avaliação física para os alunos na escola, na qual
estará incluída a composição corporal. Os alunos se mostraram interessados
pela proposta.
137
Resultados / observações: a resistência habitual à permanência em sala
logo deu lugar ao interesse pelo assunto por parte dos alunos. Pareceu-nos
que os cuidados com a estética nesta faixa etária são realmente prioritários,
conforme a literatura relata (MATTOS; NEIRA, 2000). A participação se deu
de forma satisfatória e intensa, com muitos questionamentos sendo
realizados.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: os discentes
obviamente não estarão aptos a manusear um plicômetro, a formação nesta
fase não pretende isso, nem que os mesmos apliquem protocolos de testes
em si próprios. A autonomia pretendida, neste caso, é a da conscientização
sobre a necessidade deste tipo de avaliação na prescrição de exercícios
físicos. Por exemplo, como “consumidor”, o discente, cliente potencial de
academias, pode exigir tal avaliação (que nem todas as academias fazem
corretamente).
Relatório de aula Nº 8
Turma: 2º ano.
Tema: Anabolizantes.
Aula teórica.
Objetivo: abordar o uso de esteróides anabólicos, esclarecendo sobre a
utilização dos mesmos e suas conseqüências.
Material utilizado: Giz, quadro e retroprojetor.
Desenvolvimento: O professor apresentou as causas (esporte de rendimento
e aspectos estéticos), e conseqüências do uso de anabolizantes: como os
mesmos atuam no organismo humano e quais são os efeitos colaterais. A
discussão foi aberta aos alunos rapidamente, com o professor instigando o
debate sobre questões sexuais (impotência, desequilíbrios hormonais que
causam acne, queda de cabelos, aparecimento de seios entre os homens e
138
aumento do clitóris entre as mulheres), efeitos devastadores sobre o
organismo (falência de órgãos e morte). O fechamento da aula se deu em
forma de conscientização. O docente alertou os alunos quanto ao
“encantamento” por fatores estéticos nos dias atuais, especialmente pela
busca de corpos esculturais que a mídia apresenta todos os dias,
esclarecendo que é isso que move a cultura do uso dos esteróides anabólicos
entre os jovens.
Resultados / observações: Houve, como de costume, desinteresse a
princípio (esportes de rendimento), mas muita curiosidade na seqüência,
quando o assunto passou a afetar os alunos mais diretamente. Vale aqui
ressaltar: os recursos audiovisuais utilizados não foram motivantes, não foram
apresentadas fotografias, filmes, enfim, não foi montado um “grande
espetáculo”. Isso reforça a tese de que os temas devem ser relacionados à
realidade dos alunos.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: nesta faixa etária
os alunos estão suscetíveis a muitas “seduções”. Vimos pelas respostas aos
questionários iniciais que nossos alunos já buscam práticas em academias de
ginástica ou procuram atividades físicas com fins estéticos. Precisam, pois, de
orientações concretas para evitar algumas “armadilhas” que podem acarretar
dependências físicas e/ou psíquicas no futuro.
Relatório de aula Nº 9
Turma: 3º ano.
Tema: Nutrição aplicada ao exercício.
Aula teórica.
Objetivo: aprendizagem do cálculo das necessidades nutricionais para o
desempenho físico.
Material utilizado: Giz, quadro e retroprojetor, calculadora de bolso.
139
Desenvolvimento: O professor apresentou e definiu os macronutrientes, bem
como as necessidades nutricionais de cada um em valores percentuais.
Falou, ainda, sobre o número de refeições/dia adequadas, e a quantidade
calórica de cada refeição. Uma vez que tal quantidade varia de pessoa para
pessoa, o professor passou, em seguida, à explicação do cálculo do gasto
energético basal e total. Finalmente, solicitou como tarefa em sala para que
cada aluno calculasse o seu próprio gasto, bem como para que os mesmos o
dividissem entre as refeições do dia.
Resultados / observações: não há maiores problemas de participação nesta
turma, a mesma é pequena (12 alunos), e bastante amadurecida quanto suas
necessidades. O professor demonstrou domínio do conteúdo e os alunos
manifestaram interesse. A maior dificuldade se deu nos cálculos matemáticos,
mas houve facilidade de auxílio por parte do docente devido à turma ser
pequena.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: melhora na
alimentação diária, conhecimento sobre as necessidades nutricionais básicas
individuais.
Relatório de aula Nº 10
Turma: 3º ano.
Tema: anorexia e anemia.
Aula teórica.
Objetivo: definir e identificar as causas e conseqüências da anorexia e da
anemia.
Material utilizado: texto para leitura e discussão.
Desenvolvimento: a turma foi disposta em círculo, e um texto a respeito do
tema foi distribuído. A partir de uma exposição prévia do professor sobre o
motivo principal daquela aula (o aumento da incidência das referidas doenças
140
entre adolescentes), passou-se à leitura do texto, realizada por parágrafos, de
forma intercalada (cada aluno leu um parágrafo). As observações do
professor foram realizadas entre os parágrafos, sempre que o mesmo julgava
pertinente. Ao final do texto, antes de concluir, o professor solicitou que os
alunos manifestassem suas dúvidas e curiosidades sobre o tema. Algumas
meninas fizeram perguntas. Finalizando, o professor aplicou um questionário-
teste que identifica, através de pontuação, características de anorexia.
Resultados / observações: como visto, ocorreu maior curiosidade pelo tema
por parte das meninas, por tratar de doenças que ocorrem mais
freqüentemente entre pessoas do sexo feminino. Houve desinteresse por
parte da turma em alguns momentos da aula (monotonia da leitura). O maior
interesse demonstrado foi no momento da aplicação do questionário-teste.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: por serem doenças
comuns, mas que não ocorrem exclusivamente entre jovens, é possível que,
através da informação sobre as doenças, suas causas e conseqüências, e a
partir do auto-conhecimento e da observação de pessoas próximas de si, o
discente possa identificar os sintomas e comportamentos característicos das
referidas doenças, passando a atuar na conscientemente na prevenção e no
combate das mesmas.
Relatório de aula Nº 11
Turma: 3º ano.
Tema: Ginástica de academia - Step
Aula prática.
Objetivo: conhecer e vivenciar o Step.
Material utilizado: mini-system, CD, caixa amplificada, steps.
Desenvolvimento: na sala de ginástica, o professor realizou uma pequena
exposição sobre este tipo de aula, bem como sobre suas finalidades e
141
características. Em seguida, ministrou a aula propriamente dita de forma
prática, com passos básicos e intensidade de leve a moderada.
Resultados / observações: alguns alunos, especialmente os meninos,
tiveram dificuldade quanto ao ritmo. A participação foi total e a música foi um
importante elemento motivador.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: o step é a
modalidade de ginástica em grupo mais praticadas no mundo, portanto, que
faz parte da cultura mundial do fitness.
Relatório de aula Nº 12
Turmas: 1º, 2º e 3º anos.
Tema: a importância da Educação Física para a vida.
Aula teórica (palestra).
Objetivo: conscientizar os alunos sobre a importância da Educação Física e
sobre as novas exigências da disciplina como componente curricular.
Material utilizado: giz, quadro, retroprojetor.
Desenvolvimento: esta aula não está inserida no planejamento da disciplina.
Entretanto, nós (docente e pesquisador) julgamos necessária a realização
deste momento de reflexão, por dois motivos principais: primeiramente, para
ultrapassarmos o “o que” e o “como” fazer, esclarecendo aos discentes “por
que” as aulas de Educação Física estão mudando. Em segundo lugar, para
mostrar aos alunos que o processo pelo qual estão passando não é uma
iniciativa isolada do professor da disciplina ou do pesquisador que o auxilia.
Para tanto, a aula foi ministrada em conjunto por três professores: o docente
da disciplina, o pesquisador e um docente convidado da Universidade
Estadual de Maringá. Este último iniciou sua fala perguntando aos alunos:
“qual é o seu maior patrimônio”? Depois de algumas respostas vagas, um dos
alunos respondeu: “o meu corpo”. Assim, o tema da aula se desenvolveu
142
sobre tal prisma, com o professor convidado enfatizando que os
conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física são imediatamente
aproveitados na vida dos alunos, e são levados para toda a vida. Os outros
dois co-ministrantes (docente da disciplina e pesquisador) enfatizaram
aspectos legais (a Educação Física agora é uma “matéria” como as demais),
e referentes ao vestibular, que no próximo ano vai conter, em algumas
universidades públicas, questões sobre Educação Física.
Resultados / observações: como o interesse imediato dos alunos está
voltado ao vestibular, alguns questionamentos sobre o tema foram
levantados. O professor convidado enfatizou a importância para a área da
inclusão de questões nos vestibulares, mas que a manutenção de hábitos
saudáveis de vida deve ser a busca de todos. Elogiou a iniciativa do colégio,
o que – assim se esperava – provavelmente aumentaria a valorização do
empenho do docente da disciplina por parte dos alunos.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: esta foi uma aula
na qual o maior objetivo foi conscientizar os alunos sobre a proposta da
disciplina, esperando que os mesmos se mostrem mais abertos às novas
tendências e aos conhecimentos a serem adquiridos nas aulas.
Relatório de aula Nº 13
Turmas: 1º, 2º e 3º anos.
Tema: danças de salão.
Aula prática.
Objetivo: proporcionar aos alunos a vivência da dança de salão nos ritmos
forró, samba e valsa.
Material utilizado: aparelhagem de som amplificada, microfone sem fio.
Desenvolvimento: a aula foi ministrada por um professor de Educação Física
convidado, especialista no assunto. Estávamos apreensivos quanto à
143
participação dos discentes. Nossa preocupação foi logo dissipada, a adesão
foi quase total (apenas um aluno pediu para não participar). Juntamos as
turmas, por ser um conteúdo não ministrado em anos anteriores que, assim,
consta no planejamento de todas as séries (vide anexos), para aproveitar o
tempo de duas aulas na prática. O professor iniciou a aula dando boas vindas
aos alunos e procurando descontrair os mesmos. Em seguida trabalhou
pequenas e simples coreografias de forró, samba e, por último, valsa, a
pedido dos discentes do 3º colegial que terão sua formatura no final do ano.
Finalizou a aula com um alongamento com música.
Resultados / observações: a participação foi muito boa. A atividade atraiu a
atenção de todo o colégio, os alunos procuraram o professor ao final da aula
para perguntas e para saber como praticar a atividade fora da escola. O
objetivo da aula foi plenamente cumprido, e a motivação da turma foi o ponto
alto, foi uma aula surpreendente. O ponto alto da aula, a nosso ver, foi a
grande integração e interesse por parte tanto dos meninos quanto das
meninas. Em poucos conteúdos isso foi alcançado.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: a dança de salão é
uma atividade que proporciona um grande bem-estar físico e mental, além de
uma maior aproximação e harmonia entre homem e mulher.
Relatório de aula Nº 14
Turmas: 1º, 2º e 3º anos (aula realizada separadamente para cada turma).
Tema: A musculação e suas variáveis
Aula prática.
Objetivo: proporcionar aos alunos uma vivência com a modalidade de
musculação, praticada com duas finalidades de hipertrofia diferentes.
Material utilizado: barras, anilhas, micro-system, CD, caixa amplificada.
144
Desenvolvimento: a aula foi ministrada em conjunto, pelo pesquisador (1ª
parte – sobrecarga metabólica) e pelo professor da turma (2ª parte –
sobrecarga tensional). Primeira parte: os alunos ficaram dispostos na quadra
de frente para o professor. Após a explicação dos movimentos básicos, foi
realizado o aquecimento com música, envolvendo poucas repetições ritmadas
de cada movimento. Em seguida, mais duas músicas foram executadas,
sendo que durante a primeira foram executados agachamentos por cerca de 5
minutos, com 3 pausas dentro da música, e na segunda foi realizado o
movimento de “rosca bíceps” da mesma forma (modelo: aula de Body Pump).
Ou seja, com cargas consideradas leves, foram executadas muitas
repetições. Segunda parte: com a turma sentada, o professor solicitou que
um aluno viesse à frente para executar o movimento da “rosca bíceps” com
uma maior carga (peso). Foi escolhido, em cada turma, um aluno já praticante
de musculação, para que o mesmo não corresse o risco de se machucar. O
docente pediu que fossem realizadas o máximo de repetições possíveis, que
ficaram entre 7 e 15 repetições. Assim, os alunos puderam vivenciar os dois
tipos de trabalho.
Resultados / observações: os alunos puderam perceber os dois tipos de
sobrecarga que ocorrem com o exercício contra-resistência: a sobrecarga
metabólica, realizada com alto volume e baixa intensidade, geradora de
resistência muscular localizada e hipertrofia leve e a sobrecarga tensional,
realizada com baixo volume e alta intensidade, geradora de força dinâmica e
maior hipertrofia miofibrilar. Problematização geral: tipos de hipertrofia.
Problematizações específicas realizadas em cada turma: 1º ano: organização
de planos de treinamento; 2º ano: sobrecarga e adaptação, intensidade e
volume; 3º ano: tipos de fibra muscular.
Possibilidades de aplicação do conteúdo no dia-a-dia: tanto a musculação
tradicional, realizada em salas específicas, com máquinas e pesos livres,
como as suas variáveis (visto que são exercícios resistidos) ginástica
localizada, Body Pump, hidroginástica e outras são modalidades de exercícios
procuradas atualmente por pessoas de várias idades, que têm inúmeros
benefícios comprovados à saúde das pessoas, caso sejam bem orientadas. O
conhecimento prévio adquirido nas aulas de Educação Física sobre tais
145
atividades pode evitar riscos não só durante a prática, mas na escolha de um
bom profissional para a orientação das mesmas.
7.4 As avaliações
Relembrando a forma de ação anterior relatada na nossa entrevista
inicial pelo docente, a avaliação bimestral nos anos anteriores era composta de uma
prova prática (fundamentos dos esportes), uma prova teórica (regras dos esportes e
temas relacionados à saúde, estudados em forma de textos) e um conceito por
participação.
Entendemos a avaliação como parte do processo ensino-
aprendizagem, compartilhando do conceito de Hoffmann (2004), que aponta a
avaliação como um processo dinâmico que acompanha o processo de construção do
conhecimento.
Embora seja limitado pela falta de conteúdos e reflita um modelo
tradicionalmente tecnicista e já superado, o sistema de avaliação utilizado
anteriormente contempla aspectos – mesmo que poucos – formativos e informativos
da Educação Física, uma vez que eram avaliados itens relativos ao desempenho de
tarefas esportivas (prova prática) e ao conhecimento teórico adquirido ao longo do
bimestre (prova teórica).
Assim sendo, quanto à forma de avaliação, não foi promovida uma
“grande revolução”, mas podemos afirmar que os passos iniciais foram dados. Os
novos conteúdos estudados e a nova metodologia de ensino trataram de se
constituir como diferencial.
Como visto nos relatos feitos no item anterior, mesmo durante as aulas
práticas esportivas, havia um conteúdo, um tema adjunto a ser trabalhado. Tais
práticas passaram, pois, a se constituir em meio para estudo de temas diversos. O
“conceito por participação” foi fortalecido por trabalhos em sala e para casa, que
146
valiam nota para a média bimestral. As ações práticas resultaram em conhecimento,
não somente em “gasto calórico”. A pesquisa foi – mesmo que de forma tímida –
instituída. O caderno multi-matérias teve a parte da Educação Física efetivamente
utilizada.
A avaliação deve ser otimizada na medida em que o processo de
implantação da proposta de sistematização se consolide. Para tanto, o trinômio
ação-reflexão-ação deve ser exaustivamente exercitado. Muito temos a evoluir, e
cremos que isso vai ocorrer mais intensamente quanto mais a disciplina se
consolidar como componente curricular de fato.
147
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As entrevistas iniciais com a diretora, com a coordenadora pedagógica
e com o docente de Educação Física do Ensino Médio, bem como os questionários
iniciais aplicados aos discentes deste nível de ensino nos proporcionaram um
diagnóstico da realidade na qual iríamos interferir.
Após dois bimestres de trabalho, muitas dificuldades foram
enfrentadas, tais como o trato com os conteúdos, a preparação das aulas, as
mudanças metodológicas e a resistência por parte dos alunos às mudanças. Porém,
percebemos, em nossas observações e participações ao longo do percurso, avanços
significativos, que poderíamos aqui relatar. Contudo, somente o nosso olhar de
pesquisador não seria suficiente para apresentar resultados e legitimar conclusões.
Desta forma, foi preciso ouvir novamente todos que estiveram
envolvidos neste processo de mudança, que em maior ou menor grau sofreram
alguns “choques” pela quebra de antigos paradigmas.
Para melhor visualizar possíveis mudanças em conceitos e atitudes,
bem como para discutir possíveis avanços alcançados, ousamos resgatar, em
alguns momentos, alguns dados coletados e relembrar algumas opiniões contidas
nas primeiras entrevistas e questionários, confrontando com dados e opiniões atuais.
Outra vez, com a palavra, nossos atores.
148
8.1 Entrevistas finais com a diretora e a coordenadora pedagógica da escola
A entrevista final com as gestoras foi muito mais fácil e agradável do
que a inicial, pois no momento em que nos encontramos já somos vistos como
integrantes da comunidade escolar.
Nossos questionamentos para o momento foram centrados nas
discussões acerca da “nova forma” assumida pela Educação Física do colégio.
Embora as funções do dia-a-dia impeçam um olhar mais direto da
diretora e da coordenadora pedagógica para as aulas de Educação Física, ninguém
melhor para apontar a percepção geral da comunidade escolar do que elas, que
ocupam cargos que geralmente absorvem muito mais reclamações do que elogios.
8.1.1 Observações em relação à proposta que está em desenvolvimento
Solicitamos inicialmente que a diretora e a coordenadora pedagógica
realizassem observações e apontamentos em relação à proposta. A abertura
proporcionada logo no primeiro momento da entrevista visou colher das gestoras os
fatores que mais lhes chamaram a atenção durante o processo.
Considerações da diretora:
“Observo uma maior tranqüilidade dos alunos com relação às aulas de
Educação Física. Antes, os alunos saíam da sala e se dirigiam diretamente para a
quadra. Atualmente, eles aguardam pelo professor em sala. Ou seja, sabem que a
aula pode ser prática ou teórica. A inclusão de outros conteúdos além dos jogos deu
uma nova característica à disciplina”.
Considerações da coordenadora:
149
“A primeira observação que chamou a minha atenção para as
mudanças foi com relação às provas, pois todas as provas teóricas de todas as
disciplinas passam pelas minhas mãos. A prova de Educação Física mudou, antes
era composta apenas de regras dos esportes. Nas últimas avaliações encontramos
questões sobre nutrição, contração muscular, qualidades físicas, movimentos
corporais, etc., enfocando não só “o que”, mas também o “por que”. A avaliação
melhorou muito”.
As gestoras demonstram já em suas palavras iniciais a aprovação à
sistematização adotada para a disciplina.
A diretora enfatizou a tranqüilidade dos alunos quanto à disciplina. Tal
ênfase nos chama a atenção ao fato de que a própria diretora, embora apoiasse a
proposta no início, mostrava-se preocupada quando de nossa primeira entrevista,
quando disse, ao ver os planejamentos prontos, na parede: ”[...] meu Deus, eles
abraçaram mesmo a causa”.
Já a coordenadora pedagógica ressaltou um item fundamental relativo
à sua função dentro da escola: a avaliação. Este item, afinal, mostra em sua
essência como o docente conduziu os conteúdos de sua disciplina durante o
bimestre.
8.1.2 Mudanças no cotidiano da Educação Física
Solicitadas à expor as mudanças percebidas em relação à disciplina no
dia-a-dia da escola, as gestoras assim se colocaram:
Exposição da diretora:
“Os alunos não ficam mais agitados, estão absorvendo a nova
realidade, estão mais seguros. Já sabem como as aulas passaram a ser, práticas e
teóricas. Está valendo o trabalho de vocês, está tendo uma boa aceitação”.
150
Exposição da coordenadora:
“Eu acho que mudou tudo, é totalmente diferente. Os alunos estão se
conscientizando de todos os benefícios que a Educação Física pode trazer para toda
a vida, estão entendendo cada exercício, cada movimento, cada conteúdo, para quê
e por quê”.
Retomando a primeira entrevista, a coordenadora ressaltou duas
características fundamentais da Educação Física:
“Uma parte muito importante da Educação Física é a interação com os
colegas, é um momento que os alunos têm para colocar para fora a energia
guardada”; ”[...] o que se espera realmente é a melhora da capacidade física, pois o
exercício é necessário para a vida toda”.
Destacamos neste item a colocação da coordenadora pedagógica, que
aponta como fator de mudança benefícios relacionados aos conhecimentos
adquiridos nas aulas, citando o entendimento sobre os conteúdos e seu
aproveitamento efetivo na vida dos alunos. A limitação na concepção da
coordenadora pedagógica no período inicial do nosso estudo foi ultrapassada, e a
nova concepção apresentada nos gratifica.
A Educação Física escolar se legitima quando sua identidade é formalizada,
ou seja, quando a prática pedagógica tematiza elementos da cultura
corporal/movimentos. E ainda, quando os conteúdos abordados são
contextualizados histórica e socialmente. (PESTANA, 2002, p. 31)
Houve, portanto, uma sensível mudança para melhor no conceito das
gestoras sobre a disciplina.
151
8.1.3 Aspectos positivos e negativos das mudanças
Pedimos para que a diretora e a coordenadora pedagógica
apontassem aspectos positivos e negativos do processo de sistematização.
Diretora:
“De negativo, por enquanto, não percebi nada. Nenhuma reclamação.
Antes, aconteciam reclamações do tipo: “não quero participar do jogo”, “não levo
jeito”, “não corro muito”, “não sei jogar”, havia objeções. Nossa tranqüilidade
aumentou, só vejo benefícios. Já aconteceu de pais virem aqui na minha sala, e
quando eu falei como é o nosso trabalho, que neste ano é diferente, que existe um
novo projeto, que são dadas aulas teóricas e que os alunos estudam conteúdos
importantes para a sua saúde além de irem para a quadra, os pais elogiaram a
iniciativa. É um diferencial”.
Coordenadora:
“Eu estava esperando as reclamações dos alunos. Quando as aulas
começaram a mudar, eu pensei que ficariam menos prazerosas, fiquei preparada
para uma “chuva de reclamações”. Não houve uma sequer. E olha que nós temos
aqui uma cultura de reclamações. Tudo que é novo, todo início traz esse medo.
Abraçamos a idéia porque tanto o nosso professor quanto vocês tinham
credibilidade. Mas eu confesso que estava ansiosa para ver na prática. Realmente,
até agora foi muito bom. Por exemplo, aquela aula de dança foi fantástica, no outro
dia o pessoal mais novo queria saber quando iriam fazer aquela aula. Ou seja, só vi
aspectos positivos”.
Enfim, ambas as gestoras se mostraram eufóricas com as mudanças.
Embora qualquer comentário aqui possa ser considerado como redundante, visto
que somente elogios foram dedicados à nova proposta, podemos “pinçar” duas
situações que atribuem uma grande responsabilidade à disciplina, e deve servir de
152
estímulo à todos nós que estamos envolvidos neste projeto: o “diferencial” que a
Educação Física do colégio representa a partir de agora (destacado pela diretora) e
a expectativa gerada pelo sucesso das atividades (destacado pela coordenadora
pedagógica).
8.1.4 O trabalho do professor, a atitude dos alunos e a percepção das outras
áreas da comunidade escolar sobre a Educação Física
Nesta questão, as gestoras foram instigadas a manifestar uma visão
mais ampla da disciplina, e assim se posicionaram:
Observações da diretora:
“O nosso professor é ótimo, é responsável e o trabalho dele melhorou
ainda mais agora. Quanto aos alunos, como já falei, a aceitação foi muito boa, pelo
menos é o que nós percebemos. Quanto às outras áreas, não houve maiores
comentários sobre a Educação Física, tudo é ainda muito recente”.
Observações da coordenadora:
“O nosso professor sempre foi excelente, e acho que ele assimilou bem
a proposta. Sobre os alunos, já foi dito, e quanto às demais áreas, tudo é muito novo
ainda, a cultura está sendo mudada, mas não oportunizamos debates e conversas
mais amplas com os demais professores além daquela palestra inicial”.
153
8.1.5 Mudança na concepção das gestoras sobre Educação Física
Procuramos saber das gestoras como as mesmas concebem a
Educação Física desde que a disciplina assumiu uma nova perspectiva na escola.
Resposta da diretora:
“A Educação Física agora é vista por mim como uma matéria
necessária, que tem profundidade, o aluno tem conhecimentos a adquirir, isso é de
uma grande valia. Eu, particularmente, estou valorizando mais a disciplina, até
mesmo pelo comprometimento do professor. Eu disse para você na entrevista
anterior, que me assustei com os cartazes na parede quando vocês fizeram o
planejamento, eu nunca vi coisa igual. Mas o professor está dando conta. Eu vejo
vocês dois sentados, planejando, discutindo. Vocês não percebem, mas eu vejo o
empenho de vocês. Isso valoriza a Educação Física, é uma matéria planejada, no
mesmo nível das demais”.
Resposta da coordenadora:
“A visão que eu tinha da Educação Física agora me parece muito
antiga. Aquilo de ir para a quadra, fazer exercícios, estudar apenas regras foi
superado. Tudo que é novo assusta, mas agora eu penso que não tem mais volta.
Eu pensei, no início: a Educação Física não vai ficar chata? Vocês acabaram com
essa tese, e eu mudei minha visão. Os alunos estão mais conscientes, tudo que a
gente faz com consciência, faz melhor”.
Não perguntamos às gestoras, na entrevista inicial, qual era sua
concepção sobre Educação Física escolar. Pensamos não ser necessário
procurarmos nas entrelinhas qualquer frase que aponte uma mudança, pois a
mesma já é declarada pelas próprias entrevistadas.
154
8.1.6 As sugestões das gestoras e o que as mesmas esperam desta “nova”
Educação Física
Temos mais etapas pela frente, a sistematização está apenas sendo
implantada. Assim, solicitamos das gestoras um olhar para o futuro.
Diretora:
“As coisas já estão ocorrendo, graças ao trabalho de vocês no dia-a-
dia. Espero seja dado continuidade, eu não sei até quando vocês vão ficar conosco,
mas espero que os nossos professores se motivem a continuar. Vocês valorizaram a
Educação Física. Conseguiram mostrar a importância da matéria”.
Coordenadora:
“É tudo muito novo, estamos ainda conhecendo esta nova proposta,
por isso é difícil sugerir alguma coisa. Está dando certo, isso é claro. Pelo que tem
sido feito, esperamos um resultado fantástico, os alunos estão aprendendo a se
cuidar para toda a vida, a desenvolverem suas aptidões físicas. Realmente, eu
acredito que isso vai afetar a vida dos alunos e de seus familiares”.
Como vimos, na visão da direção e da coordenação pedagógica do
colégio, aconteceram mudanças substanciais na forma de enxergar o componente
curricular Educação Física.
As dificuldades que temos enfrentado na Educação Física escolar
contemporânea, somadas aos graves problemas que o sistema escolar
brasileiro vem atravessando há décadas, não podem imobilizar-nos. Por
meio de nossa ação, temos de desafiar o “caminho das pedras” e abrir
espaços para enfrentar o compromisso de buscar nas nossas práticas
concretas, que se materializam no cotidiano da escola, a construção da
Educação Física escolar que almejamos. (AYOUB, 2003, p. 115)
Esta transformação no modo de olhar para a disciplina, no entanto, é
apenas o primeiro passo, talvez um passo de milímetros. Mas caracteriza uma
mudança de dentro para fora, ou seja, uma conquista dentro da “sala de aula” (que
para nós é mais ampla que a convencional, é também a quadra, o campo, o parque,
etc.), que se reflete fora dela.
155
8.2 Entrevista final com o docente da disciplina Educação Física para o
Ensino Médio
No início do ano letivo, existia uma perspectiva de mudança. Hoje,
como visto nas entrevistas das gestoras discutidas acima, as mudanças
aconteceram.
Esta segunda entrevista junto ao docente foi realizada com o intuito de
captarmos a percepção do mesmo sobre esta re-configuração da disciplina na
escola, que se encontra em processo de implantação.
Através da análise das respostas fornecidas aqui, bem como de alguns
dados resgatados (quando necessário) do primeiro momento de nossa pesquisa,
pretendemos verificar a qualidade de tais mudanças.
8.2.1 Percepção quanto à sensibilização dos alunos, gestores e comunidade
escolar em geral com relação à nossa proposta
Quanto a esta questão, o docente assim se posicionou:
“O que se pode observar em conversas extra-aula com professores de
outras áreas, há uma curiosidade geral sobre como estamos conduzindo a disciplina.
Os alunos, mesmo horário fora dos horários de aula, vêm perguntar e questionar
sobre os conteúdos que são interessantes a eles. Recebemos também retorno de
pais, que elogiam as tarefas que passamos para casa, como por exemplo, o cálculo
do IMC, que os alunos fizeram de si e dos familiares. Ainda é uma resposta
pequena, mas configura uma sensibilização da comunidade, sim”.
156
O docente percebeu, portanto, que houve uma sensibilização. Contudo,
a mesma nos parece tímida, mostrada em atitudes isoladas, que como dito pelo
próprio docente, é uma resposta ainda pequena.
Como já visto nas entrevistas das gestoras e conforme já relatado em
comentários subseqüentes às mesmas, esta é uma transformação que está
ocorrendo de dentro para fora. O projeto parece ter conquistado seu espaço, mas a
divulgação das atividades junto aos funcionários, pais e professores de outras
disciplinas precisam ser, a partir deste momento, otimizadas.
A realização de eventos já previstos, como a Feira de Ciências do
Esporte, no segundo semestre, poderá ser fundamental para este item.
8.2.2 O planejamento
O planejamento é etapa imprescindível na organização do trabalho do
professor. Diante da necessidade de planejar dentro da nova proposta, vejamos o
que considera o docente:
“A maior dificuldade, não só minha, mas também dos professores que
atuam em outros níveis de ensino aqui no colégio que estão inseridos na proposta, é
a de seguir uma lógica. São quatro grandes núcleos, trabalhamos por blocos. Antes,
em cada bimestre trabalhávamos um esporte diferente, era obviamente mais fácil.
Não sabemos se a seqüência que elaboramos é a melhor, mas com certeza a cada
ano o planejamento estará melhor, pois aprendemos com os erros”.
Ao se referir à missão de elaboração do planejamento, Oliveira (2004,
p. 55) considera:
O caminho é longo e trabalhoso, mas entendemos que sem o estudo e
esforço para a adequada organização dos conteúdos da área, pouco se
poderá alcançar no sentido de se legitimar a Educação Física no sistema
educacional.
157
8.2.3 A organização das aulas e a exigência de estudo para a preparação das
mesmas
Perguntado sobre sua opinião quanto à organização das aulas, e
quanto à exigência de estudo, o docente assim se posicionou:
“Quando trabalhamos o núcleo “o movimento nas manifestações
lúdicas e esportivas” a facilidade é maior. Apesar do novo enfoque, dominamos
muito bem os conteúdos. Nos outros núcleos, sentimos que necessitamos de muita
leitura e preparação de material de apoio. Temos muita dificuldade nesse sentido. As
aulas que têm tido mais sucesso, particularmente falando, são as que abordam
conteúdos sobre a saúde relacionada à atividade física, pois é um tema que sempre
estudei e com o qual sempre trabalhei fora da escola. Tenho afinidade. Em outros
conteúdos com os quais não estou acostumado a trabalhar, as aulas foram menos
motivantes. O número de conteúdos em relação aos anos anteriores é bastante
grande. A parte de primeiros socorros não foi abordada ainda, estaremos nos
preparando para ministrar em breve. Outra área que envolverá maior estudo é a de
drogas, anabolizantes, fumo, álcool, que são assuntos interessantes aos alunos
nesta idade. Não basta o conhecimento genérico, do dia-a-dia, para entrarmos em
sala de aula e conquistarmos os alunos. Já dei aulas com leitura de textos, foram
muito desmotivantes. Devemos pensar em formas de dar aulas motivantes. O
problema junto aos alunos não é o conteúdo, é o pouco domínio do mesmo, que
eles logo percebem. A aula de dança, com o professor convidado foi uma grata
surpresa, tivemos uma participação de quase 100%, só um aluno não quis participar.
Era um tema que eu não apostava que tivesse a adesão que teve. Isso prova que o
domínio dos conteúdos faz a diferença.
Desde o planejamento, esperava-se que o domínio dos conteúdos
propostos seria uma das maiores dificuldades. Conforme visto acima, quanto menor
o domínio do conteúdo, menor a motivação dos alunos. O estudo e a preparação
adequada das aulas, a reflexão sobre o que deu certo ou errado é o preço que
estamos pagando pela qualidade e pela credibilidade.
158
[...] a Educação Física era destituída de um conhecimento sistematizado a
ser oferecido aos alunos, não passando de uma prática assistemática, sem
uma organização interna, enfim, um fazer por fazer. Como “atividade”,
aparecia com “baixo status” na hierarquia dos saberes escolares,
configurando-se como um mero apêndice na escola, sem maiores
pretensões. (SOUSA; VAGO, 1999, apud AYOUB, 2003, p. 111)
Sempre que necessário, lançar mão de um professor convidado é uma
estratégia possível e interessante, pois em alguns temas propostos (como o caso de
dança e lutas, por exemplo), o domínio do conteúdo não se dá somente pelo
conhecimento, o domínio de algumas habilidades específicas é também
fundamental.
8.2.4 A utilização dos conteúdos estudados na vida extra-escolar dos alunos
No início do semestre, o docente assim se posicionou:
“A relação é muito pequena. Mesmo porque os conteúdos que nós
temos, em sua grande maioria são baseados nos esportes”; “[...] conhecimentos
sobre flexibilidade, alongamento, exercícios que os alunos devem fazer fora do
colégio. Mas mesmo assim, são conhecimentos muito básicos, superficiais, não há
relação consistente neste aspecto”.
Ao final do semestre letivo, após a implantação da proposta, o docente
assim se coloca:
“Eu acredito que já houve uma mexida com o dia-a-dia dos alunos. Os
alunos têm indicado isso, os novos conteúdos estimularam os alunos, apesar de ser
uma percepção sem dados mais concretos, eu senti diferença no comportamento
dos alunos”.
A avaliação deste item por parte dos alunos será feita ainda neste
capítulo, mas a evolução pode ser sentida nas respostas dadas nas duas
159
entrevistas, acima apresentadas. As ações isoladas foram uma constante na
entrevista inicial. Atualmente, percebemos o professor mais consistente e seguro em
suas respostas.
8.2.5 Dificuldades e facilidades
Perguntamos ao docente sobre suas dificuldades na implantação da
nova proposta, bem sobre as facilidades encontradas. O mesmo assim se
expressou:
“Como já disse, uma dificuldade foi com o domínio de alguns
conteúdos. Outra dificuldade é a de trabalhar em sala de aula, há muita resistência.
Mas em alguns momentos, isso deverá ocorrer, por mais que se tente não ficar em
sala. Nos próximos anos penso que a dificuldade será menor. A terceira dificuldade
é a seqüência lógica dos conteúdos, como já foi dito. Fiquei satisfeito com algumas
aulas nas quais houve uma resistência inicial com determinado tema, mesmo fora da
sala de aula, mas isso foi logo quebrado, ao longo da aula. Enfim, o lado bom desta
mudança foi verificar que podemos trabalhar muitos conteúdos diferentes dos
esportivos”.
Vale aqui citar as considerações de Darido et al. (1999, p. 42), que
afirmam: “muitas pesquisas realizadas em Educação Física escolar referentes ao
professor, têm se preocupado em comparar sua atuação a uma situação ideal de
ensino, desconsiderando, na maioria das vezes, o que acontece na sua realidade”.
Ou seja, sabemos o que é o ideal, mas sabemos que isso deve ser
conquistado. O docente, em sua fala, deixa claro que se sente bem dentro do novo
contexto, que mesmo com as dificuldades (bem mais ressaltadas do que as
facilidades), visualiza boas perspectivas.
160
8.2.6 Avanços percebidos
Quando consultado sobre quais avanços percebeu durante este
período, o docente destacou:
“A quebra de resistências. Os pequenos grupos que exigiam um
determinado tipo de aula foram cedendo à exigência da disciplina, foram tendo que
se integrar. Foi vencida a primeira barreira. A prática esportiva vazia foi superada”.
Desde o início, o docente se mostrou preocupado com a postura
resistente e crítica dos alunos, conforme a fala da entrevista inicial:
“Acho mesmo que a aula deve ser um momento agradável aos alunos,
o que não significa que se deva fazer só o que eles querem. Quero montar algo
diferente, mas algo diferente que desperte o interesse dos alunos, é isso que estou
tentando buscar”.
Conforme Costa (1997, apud DARIDO et al., 1999, p. 141), é comum
entre os alunos “um primeiro discurso pautado em não gostar da atividade, e
transformar estas opiniões se constitui no maior desafio para os professores do
Ensino Médio”.
Parece que o nosso docente percebeu avanços satisfatórios naquilo
que mais lhe incomodava, a resistência dos alunos às mudanças. Pelo perfil pessoal
e profissional apresentado pelo docente, muito lhe incomodaria ser visto como um
professor sistemático, “chato”, que bate sempre de frente com os alunos (palavras
usadas pelo próprio docente na primeira entrevista).
161
8.2.7 Estimulo para continuar
Quando perguntado ao docente se o mesmo se sente estimulado a
continuar, este respondeu:
“Ainda estamos errando muito, mas com os erros estamos construindo
um caminho. Acumulando o que deu certo e consertando o que deu errado, vamos
avançar cada vez mais. Foi um pequeno avanço até agora, mas ele sem dúvida
ocorreu. No próximo ano entraremos mais forte, e assim a cada ano. Quero chegar a
100% de acerto, é difícil, mas vamos correr atrás”.
Caldeira (2001, apud FARIA, 2004, p. 138), entende que
[...] o professor é ator fundamental na construção do processo educativo (já
que possui saberes relativos à docência) e a escola é um espaço
privilegiado e permanente de formação docente, ou seja, o professor não
está pronto, pois o processo de formação é inacabado.
O professor, portanto, se sente estimulado a continuar desenvolvendo
a proposta de sistematização.
8.2.8 Mudanças no entendimento do docente sobre a Educação Física escolar
e no reconhecimento da Educação Física como área da Educação
Neste item, julgamos necessário realizar algumas considerações sobre
nossa percepção após a primeira entrevista e o desenvolvimento dos trabalhos para
podermos colocar nossos questionamentos de forma adequada.
Portanto, assim colocamos nossas considerações e questionamentos:
162
Pelos comentários apresentados em nossa primeira entrevista,
pudemos perceber que você já almejava desenvolver uma Educação Física diferente
na escola. Esse fato é o que realmente nos estimula a propor mudanças e avanços.
Entretanto, também pudemos perceber que havia problemas relacionados a como
organizar os conteúdos, oferecer uma seqüência lógica e gradual, atender aos
anseios dos alunos, apresentar uma disciplina útil e significativa para a formação das
crianças e adolescentes e outros detalhes, mesmo porque não havia vivenciado
isso, nem como aluno e nem como docente. Ao final deste período em que atuamos
juntos, o que mudou no seu entendimento sobre a Educação Física Escolar? Essa
experiência trouxe algo de significativo e consistente para avançarmos com essa
área na educação?
Resposta do professor:
“Tudo começou com aquela vontade de estarmos saindo daquela rotina
que vínhamos cultuando. Depois daquelas reuniões que tivemos, do planejamento,
mudou principalmente o modo de pensar, planejar e agir, aumentou o meu campo
de visão a respeito de como a Educação Física pode ajudar nossos alunos em sua
vida. Tínhamos alguma pretensão antes do nosso projeto, não tínhamos idéia de
como colocar algo diferente em prática. Com nossa prática neste semestre, pude
perceber que é viável mudar, que a mudança pode acontecer. Quanto à Educação
Física ser reconhecida como uma área da Educação, eu acho que vai ser, sim, na
medida em que a direção, pais, professores de outras áreas e os próprios
professores da área passem a valorizar mais a disciplina”.
Em contraposição, vejamos o posicionamento do docente ao início do
processo, na nossa primeira entrevista:
“A Educação Física deve ser bem mais do que uma simples prática de
atividade física, deve passar algum conteúdo para que os alunos tenham um
aproveitamento ao terminar o ensino básico aqui no colégio, tenham uma certa
autonomia, saibam para que serve cada uma das atividades, por que ocorre cada
uma dessas ações, quais são os benefícios da atividade física para a saúde. Então,
são vários conceitos que, na realidade, na prática a gente não vê muito bem isso, vê
que é simplesmente uma atividade física. A visão hoje, em geral, é de que a
163
Educação Física é, na realidade, um momento de sair da sala e ir para a quadra ter
uma prática esportiva”.
Conforme visto, no início do processo encontramos um docente
angustiado pela necessidade de mudar, mas com uma grande dose de pessimismo.
Contudo, atualmente percebemos nosso professor com confiança, com
energia, vivendo o “hoje” com um pé no futuro, mais reflexivo e mais crítico.
Encontramos nas palavras de Rangel-Betti (2001, p. 30), o alento e o
incentivo para que o docente siga em sua missão com a força de vontade e com a
perseverança demonstradas durante a implantação da proposta:
Os dias atuais demonstram que não há mais espaço para os acomodados,
os desmotivados, os que simplesmente reproduzem e não transformam.
Apenas um profissional reflexivo, ao meu entender, será capaz de
ultrapassar as fronteiras e obstáculos que surgem em todos os instantes.
8.2.9 Mudanças na forma de atuar do docente no setor educacional
Perguntado sobre se esta experiência conseguiu mexer com sua forma
de atuar profissionalmente no setor educacional, o docente respondeu:
“Com certeza. Mudou minha forma de agir por desvincular minha
disciplina da exclusividade esportiva. Por outro lado, a leitura, o estudo, a
preparação das aulas passou a ser o diferencial. Enquanto ficarmos parados no
tempo a Educação Física não vai caminhar. O professor de Educação Física só será
respeitado se superar suas dificuldades. Dedicar tempo para a preparação de aulas
é fundamental. Isso tudo mudou minha forma de agir”.
Em consonância com as considerações finais do docente, Faria (2004,
p. 139), diz que deve ser superada a idéia de “Educação Física como espaço/tempo
de lazer, recreação, disciplinamento do corpo, gasto de energia, formação de atletas,
entre outras funções que ela tem historicamente assumido/cumprido”.
164
Um longo caminho – sem fim, na verdade – se apresenta ao nosso
docente. Mas tal caminho não se apresentaria se o mesmo não se dispusesse a
caminhar (ou se ficasse “parado no tempo”, conforme sua própria expressão).
Retomar Paulo Freire (1997, p. 55) neste momento nos parece
compulsório, ao enfatizar que “ensinar exige a consciência do inacabamento”.
8.3 Questionário final aplicado aos discentes
Após a vivência de um processo que proporcionou aos discentes
conhecimentos e experiências diferentes do que haviam conhecido e vivenciado
anteriormente (conforme constatado no questionário inicial), proporcionamos aos
mesmos a possibilidade de se manifestarem acerca de tais mudanças. Portanto,
este momento é, sobretudo, de reflexão e análise das ações realizadas.
Uma ação concreta, a partir do momento em que o educando atingiu o nível
do concreto pensado, é também todo o processo mental que possibilita
análise e compreensão mais amplas e críticas da realidade, determinando
uma nova maneira de pensar, de entender e julgar os fatos, as idéias. É
uma nova ação mental. (GASPARIN, 2003, p. 144)
Em todos os itens relativos ao questionário final, aparece primeiro a
análise quantitativa das respostas dos discentes, realizada através de gráficos, e em
seguida, as expressões que detalham as opiniões. Responderam às questões do
questionário final os mesmos 57 alunos que responderam o questionário inicial,
realizado no início do semestre.
Os dados obtidos nas respostas dos discentes são imprescindíveis
para que realizemos nossas considerações finais.
165
8.3.1 A importância da educação na visão dos discentes
Para iniciarmos o nosso diagnóstico final junto aos alunos, julgamos
importante observar como os mesmos se posicionam em relação à educação. Mais
objetivamente, procuramos colher impressões dos alunos sobre o que esperam que
a Educação lhes proporcione.
Questionamos, pois: a educação é importante para você? Por quê?
100%
0%
É importante (100%)
Não é importante (0%)
Gráfico 14 – A importância da educação na visão dos discentes
Os alunos em sua totalidade atribuíram muita importância à educação
como um todo.
Todavia, selecionamos algumas justificativas – a nosso ver mais
significativas – dadas pelos alunos que nos mostram focos diferentes na abordagem
do tema:
“Da educação depende o futuro, o sucesso, o mercado de trabalho” (15
alunos); “para o relacionamento com as pessoas e respeito ao próximo” (7 alunos);
“para a construção de um país melhor, de um mundo melhor” (5 alunos); “pelo
conhecimento, criticidade, responsabilidade, cidadania” (5 alunos); “por causa das
informações, dependemos dela para tudo” (4 alunos); usamos a educação em nosso
cotidiano, na vida (4 alunos); “para a formação do caráter” (3 alunos).
166
Os demais 14 alunos atribuíram importância à educação, porém, não
justificaram ou apresentaram justificativas inconsistentes, tais como “é essencial em
tudo”, “sem educação somos bichos”, “porque sim”, etc.
As justificativas relacionadas apontam uma preocupação de parte dos
discentes com o aspecto da formação profissional, competitiva, para o mercado de
trabalho. Porém, a grande maioria se mostra preocupada com aspectos da formação
humana, da cidadania e do caráter.
8.3.2 Vínculo do que se aprende na escola com o que se vive no dia-a-dia
Nesta questão, não havia a necessidade de justificativa. Perguntamos
simplesmente: o que aprendemos na escola deve ter vínculo com o que vivemos no
dia-a-dia?
Vamos aos dados:
95%
5%
Deve ter vínculo (95%)
Algumas coisas devem ter vínculo (5%)
Gráfico 15 – Vínculo do que se aprende na escola com o que se vive no dia-a-dia
167
Conforme visto no gráfico 15, a quase totalidade das respostas
apontou que os conteúdos estudados na escola devem ter vínculo com a vida extra-
escolar: 54 alunos responderam que sim, e 3 alunos responderam “algumas coisas”.
Embora não tenha sido solicitado que os discentes justificassem suas
respostas, alguns as complementaram. Como foram poucos, abaixo relatamos
alguns pareceres individuais.
Para “sim”: “tudo o que aprendemos deveria ser aplicado na vida”; “só
religião não, isso é uma coisa pessoal”; “a escola é uma torneira de informações, o
aluno é o balde a ser cheio”; “seremos lá fora o que somos na escola”; “se não
levarmos para a vida, de nada valeu”; “aprendendo, podemos ensinar as pessoas à
nossa volta”; “um bom resultado aqui acarreta bons resultados lá fora”.
Para “algumas coisas”: “alguns conhecimentos passados nas aulas são
inúteis”; “porque o que eu não gosto de fazer na escola não vou fazer no dia-a-dia”.
Assim, partimos da premissa que o ensino de conteúdos úteis para a
vida – conforme foi amplamente debatido em etapas anteriores do presente estudo –
pode dar à Educação Física a legitimidade almejada no contexto escolar.
Após um semestre de acertos e erros, mas de muito trabalho, a hora
da verdade se apresenta. Os discentes tiveram a oportunidade de se manifestar.
Passamos, a partir de agora, a mostrar e discutir suas opiniões sobre a “nova”
Educação Física que vivenciaram.
8.3.3 Interesse pelos conteúdos estudados na Educação Física
O planejamento dos conteúdos e das ações didático-pedagógicas
considerou vários aspectos: biológicos, comportamentais, cognitivos e também as
experiências anteriores dos docentes. Tudo para que os conteúdos sejam
interessantes e proporcionem prazer em aprender.
168
Assim sendo, questionamos junto aos nossos alunos: os conteúdos
estudados na Educação Física foram interessantes?
95%
5%
Foram interessantes (95%)
Às vezes foram interessantes (5%)
Gráfico 16 – Interesse pelos conteúdos estudados na Educação Física
Conforme visto acima, o interesse pelos conteúdos estudados a partir
da implantação da proposta de sistematização foi quase total, visto que 54 alunos
responderam que “sim”, ou seja, que foram interessantes, e apenas 3 responderam
que às vezes, ou em parte foram interessantes. Nenhum aluno considerou que os
conteúdos totalmente desinteressantes.
Para um olhar mais apurado, vejamos as justificativas, concentradas
em blocos de opiniões semelhantes:
Para “sim” (foram interessantes): “Além da prática, foram transmitidos
conhecimentos”
(citados: nutrição, musculação, dança, ginástica) (16 alunos );
“fizemos coisas diferentes, saímos da rotina” (10 alunos); “assuntos sobre atividades
que se pode fazer fora do colégio / fazem parte do dia-a-dia” (9 alunos);
“conhecimentos para cuidar melhor do corpo, da saúde” (9 alunos); “foram
ensinados de forma divertida, interessante, atrativa” (4 alunos); “descobri que a
Educação Física não é só aula para relaxar” (1 aluno).
Para “às vezes”: “aulas teóricas pouco interessantes, aulas práticas
sempre interessantes” (2 alunos); “o professor tem que conhecer o assunto para
ensinar” (1 aluno).
169
Algumas respostas foram “sim”, mas não houve justificativa. Outras
justificativas foram consideradas inconsistentes, tais como: “aprendemos sobre
corpo e mente”; “porque gosto de Educação Física”. Apenas 5 alunos não
justificaram ou apresentaram justificativas inconsistentes.
Os dados percentuais e as manifestações apresentadas neste item
confirmam que os alunos se interessam por conteúdos que dizem respeito à sua
realidade, seu cotidiano, conforme apresentado pela literatura. (MATTOS; NEIRA,
2002, OLIVEIRA, 2004)
8.3.4 Motivação gerada pela forma que o docente ensinou os conteúdos
A questão da metodologia de ensino era um dos incômodos do docente
quando da nossa primeira entrevista, ao início do semestre. O mesmo afirmava, na
época: “a grande maioria das aulas acaba sendo através de comando, acaba não
fugindo muito”; “nas aulas diretivas eu conseguia um domínio melhor da turma”.
A pedagogia-histórico-crítica, norte metodológico das ações didático-
pedagógicas da presente pesquisa, traz a problematização como “elemento-chave
na transição entre a prática e a teoria”. (GASPARIN, 2003, p. 35)
Durante o desenvolvimento das aulas, procuramos contextualizar ao
máximo as atividades e problematizar os temas trabalhados. Algumas vezes foi
possível, em outras, não. Isso se deveu a fatores como a resistência dos alunos às
mudanças (já exaustivamente citada, mas que foi um fator de peso) e à falta de
hábito de participação e co-responsabilidade dos alunos.
Fica a cargo dos discentes a avaliação de nossas ações. Para tanto,
perguntamos aos mesmos: a maneira que os conteúdos foram ensinados pelo
professor foi motivante? Por quê?
170
O gráfico e as observações dos alunos abaixo nos amparam na tarefa
de analisar este item.
88%
12%
Gerou motivão
À s vez es gerou mot ivaç ão
Gráfico 17 – Motivação gerada pela forma que o docente ensinou os conteúdos
O gráfico nos mostra um panorama de aprovação quanto à forma de
ensinar do nosso docente. Em números, os percentuais acima são assim traduzidos:
50 alunos expuseram que “sim”, ou seja, que foi motivante; 7 alunos declararam que
“às vezes” foi motivante. Nenhum aluno se disse desmotivado pela forma adotada
pelo professor de ensinar os conteúdos.
Vejamos como os alunos justificaram suas respostas:
Para “sim” (gerou motivação): “conteúdos ensinados de forma divertida,
dinâmica, atrativa, animada” (11 alunos); “o professor relacionou com o dia-a-dia” (8
alunos); “conteúdos novos, novidades” (8 alunos); “relacionou teoria e prática” (7
alunos); “motivação e prazer demonstrados pelo professor em ensinar” (4 alunos); “o
professor explica bem/domina os conteúdos” (2 alunos) “o professor interagiu com
os alunos” (2 alunos); “aprendi mais na prática” (2 alunos); “a forma de ensinar
prendeu a atenção e despertou curiosidades” (1 aluno).
Para “às vezes” (gerou motivação): “só as práticas foram interessantes”
(3 alunos); “me motivei para as aulas práticas. As aulas teóricas são como as outras
matérias: só conteúdo para a prova” (1 aluno); “não gosto de ficar na sala de aula. É
o único momento para descontrair. Mas houve um bom aprendizado” (1 aluno); “não
171
deveria haver aula teórica, só prática com explicações” (1 aluno); “as aulas de vídeo
foram desinteressantes, entediantes” (1 aluno).
Responderam “sim” (gerou motivação), porém, sem justificativa ou sem
sentido na justificativa (ex: foi “só para saber o básico”, “porque aprendi mais”): 5
alunos.
Algumas expressões dos alunos – embora ainda timidamente – trazem
à tona a percepção de alguns elementos essenciais ao modelo pedagógico que
preconizamos: relação com o dia-a-dia, forma dinâmica de atuação, relação teoria-
prática, interação com os alunos e o despertar de curiosidades.
Outras, no entanto, trazem elementos que servem à nossa reflexão
para retomada de atitudes, especialmente os que apontam as aulas teóricas e
algumas estratégias utilizadas como desinteressantes, entediantes. Não podemos
nos prender somente a percentuais positivos. Precisamos tomar atitudes para
preservar a essência e a identidade da Educação Física.
8.3.5 A participação nas aulas após a nova sistematização
No início de nossa pesquisa, perguntamos sobre a participação dos
alunos na fase do Ensino Fundamental, quando 85% dos alunos responderam que
participavam das aulas (sempre: 39%; não especificaram: 46%), 11% dos alunos
afirmaram que participavam pouco e 4% não responderam à questão.
O modelo de Educação Física que os alunos relataram no questionário
inicial, confirmados pelos depoimentos iniciais do docente e da coordenadora
pedagógica, era essencialmente esportivo. Os alunos que vieram de outras escolas
relataram o mesmo modelo. Alunos do 2º e do 3º anos tiveram o mesmo modelo
como base, conforme fala do próprio docente na entrevista inicial: “no ensino médio,
procuro diversificar, mas não foge muito do esporte”.
172
Após a experiência com a nova sistematização, perguntamos
novamente aos alunos: Como foi sua participação nas aulas? Por quê?
80%
18%
2%
Total / boa (80%)
Parcial / média (18%)
Ruim (2%)
Gráfico 18 – A participação nas aulas de Educação Física após a sistematização
Comparando com os dados percentuais da participação nas aulas do
Ensino Fundamental, considerando os níveis “total/boa” e “parcial/média”, podemos
visualizar um aumento na participação dos discentes em 13% (de 85% para 98%).
Apenas 1 aluno respondeu que sua participação foi “ruim”.
Pela abertura dada à questão, a variação de resposta foi mais
percebida neste item questionado. Vamos, portanto, aos dados qualitativos das
respostas:
Do grupo que respondeu que sua participação foi total ou boa: “aulas
diferentes, interessantes, estimulantes” (12 alunos); “me dediquei, me esforcei, tentei
aprender” (8 alunos); “gostei das mudanças” (4 alunos); “fiz tudo o que os
professores pediram” (3 alunos); “gosto de esportes e de exercícios” (3 alunos);
“aprendemos muito mais que esporte, não é todo colégio que tem isso” (1 aluno);
“me comprometi a realizar as atividades propostas pelos professores, e isso me
ensinou muitas coisas” (1 aluno);
“principalmente na dança, pelo entrosamento entre
os alunos” (1 aluno); “a teoria tinha relação com a prática” (1 aluno); “o método de
aula foi legal, consegui entender o que os professores diziam” (1 aluno); “porque me
diverti” (1 aluno);
aproveitei ao máximo” (1 aluno); “para aprender precisamos
173
praticar” (1 aluno); “me envolvi com os assuntos e apliquei alguns na prática” (1
aluno); “participei de tudo, desde a palestra até as aulas de dança e de ginástica,
acho que experimentamos todas as divisões da Educação Física” (1 aluno); “aprendi
sobre jogos, danças, ginástica e condicionamento físico” (1 aluno); “queria saber
mais sobre os assuntos” (1 aluno); “gosto de aprender como ter uma vida saudável,
como funciona nosso organismo, de atividades físicas como musculação, dança e
ginástica. Aprendi muito” (1 aluno).
Do grupo que respondeu que sua participação foi parcial ou média:
“nas aulas teóricas, deixou a desejar/média, nas práticas, boa” (6 alunos); “havia
coisas que eu não gostava de praticar” (1 aluno); “houve momentos em que não
consegui interagir” (1 aluno); “eu não sou muito de participar das aulas por timidez,
mas procuro fazer o melhor que posso” (1 aluno); “na prática, sou dispensada por
atestado médico, mas achei legal, nas aulas teóricas, participei” (1 aluno).
Do aluno que respondeu que sua participação foi ruim: “não gosto de
fazer nada” (1 aluno).
Do grupo que respondeu que sua participação foi total ou boa, sem
justificativa: 3 alunos.
Vimos que a maioria dos alunos atribuiu a sua boa participação nas
aulas a aspectos relacionados ao interesse gerado pelos novos conteúdos. No caso
dos alunos que relataram ter tido uma participação parcial ou média, ainda
percebemos a queixa quanto às aulas teóricas e casos isolados, como timidez, falta
de gosto pela prática de determinados conteúdos e impossibilidade por atestado
médico. Quanto ao único aluno que diz ter sido ruim sua participação, observamos
uma justificativa inconsistente, visto que não notamos ninguém com tal perfil em
nossas observações, especialmente no 3º ano (turma à qual o referido discente
pertence), o que seria uma tarefa fácil, devido à turma ser pouco numerosa.
174
8.3.6 Aproveitamento no cotidiano dos conteúdos estudados
Para fomentar nossas discussões sobre este item, vale à pena
reportarmos algumas impressões dos discentes colhidas nos questionários iniciais.
Entre os discentes que mencionaram utilizar os conteúdos no cotidiano
(48%), as declarações versaram basicamente sobre esportes, com poucos
elementos complementares: “eles (os professores) me ensinaram a jogar melhor,
manter um certo ritmo, não ficar com câimbras, etc.”; “aprendi vários esportes,
técnicas, regras” ; “bom, pois entra agora no vestibular em conhecimentos gerais, e
as pessoas dizem que cai qualquer coisa, inclusive esportes, as regras do jogo” .
Já entre os estudantes que relataram não utilizar os conteúdos
estudados (18%), encontramos observações mais contundentes: “Nenhuma. No meu
dia-a-dia não aproveito quase nada”; “provavelmente, para tirar nota, porque
normalmente os conteúdos não têm grande importância para mim”; “para mim terá
importância caso caia no vestibular futuramente”; “no meu cotidiano eu não uso. Não
vejo muita importância”; “no meu dia-a-dia eu não aproveito nada do que foi
estudado”.
Vale frisar que este questionamento, na época, causou dificuldades
aos discentes na elaboração de justificativas, visto que 34% dos alunos não as
realizaram ou as fizeram de forma inconsistente.
Observemos a seguir o posicionamento atual dos nossos alunos sobre
esta questão.
175
100%
São ou serão aproveitados (100%)
Gráfico 19 – Aproveitamento no cotidiano dos conteúdos estudados
Todos os 57 alunos declaram que vão utilizar ou que já estão utilizando
os conhecimentos gerados pelos conteúdos estudados.
A maioria dos discentes apresentou justificativas que apontam para
uma visão mais abrangente da utilização dos conteúdos, como: “são conhecimentos
associados a ações cotidianas/ ao dia-a-dia” (11 alunos); “adquiri conhecimentos
sobre o corpo e a saúde” (8 alunos); “devemos saber quando, como e porque nos
exercitarmos” (5 alunos); “aprendi como emagrecer e a cuidar do meu corpo” (2
alunos); “antes eu não fazia nada. Vou procurar me exercitar a partir de agora” (1
aluno); “conhecemos novas técnicas de exercícios” (1 aluno); “poderei questionar
professores de academias e nutricionistas” (1 aluno); “as aulas teóricas, a
musculação, a dança, vou usar tudo” (1 aluno); “posso passar adiante meus
conhecimentos, ajudando meus familiares e amigos” (1 aluno).
Alguns alunos citaram exemplos, destacando conteúdos dos quais
mais gostaram para justificar sua resposta: “para atividades de academia” (4 alunos);
“principalmente a dança (3 alunos); “eu nunca tinha feito dança de salão, por
exemplo. Vou praticar, gostei muito” (1 aluno); “principalmente o vídeo sobre
nutrição, pois não devemos ficar sem comer por muito tempo” (1 aluno); “para pegar
objetos pesados no chão, por exemplo, tem uma postura correta” (1 aluno); “aprendi
sobre nutrição e sua relação com os exercícios” (1 aluno); “aprendi sobre nutrição,
musculação, dança e outros assuntos legais” (1 aluno); “o conteúdo sobre
176
suplementos esclareceu dúvidas que eu tinha” (1 aluno); “postura correta e boa
alimentação” (1 aluno).
Algumas justificativas se mostraram com pouca consistência para
maiores reflexões: “penso em fazer faculdade de Educação Física” (1 aluno); “já
usei, sei que são úteis” (1 aluno); “talvez no vestibular” (1 aluno); “o que aprendi vai
me dar uma vida melhor”(1 aluno).
Apenas 8 alunos não justificaram suas respostas, ou apresentaram
justificativas inconsistentes (exemplos: “porque aprendi”; “para usar o
conhecimento”; “qualquer conteúdo nunca é demais”; “é legal; é importante”).
Tanto os dados percentuais quanto as afirmativas dos alunos acima
expostas mostram uma sensível melhora na expectativa de utilização, bem como na
utilização imediata dos conteúdos recebidos. Porém, o fator mais gratificante fica a
cargo da consciência adquirida pelos alunos quanto à importância que os
conhecimentos ligados ao movimento humano para suas vidas.
8.3.7 Apoio à continuidade do processo
O presente estudo se propõe a analisar o processo de implantação de
uma proposta. Assim sendo, a presente questão é imperativa para a seqüência do
trabalho. Assim sendo, perguntamos aos discentes: você apóia a continuidade do
processo que está ocorrendo? Por quê?
A seguir, vejamos o gráfico e as considerações dos alunos, para
posterior análise.
177
91%
7%
2%
Apóia totalmente (91%)
Apóia parcialmente (7%)
Não apóia (2%)
Gráfico 20 – Apoio à continuidade do processo
Conforme nos mostra o gráfico acima, há um significativo o apoio por
parte dos discentes à continuidade do processo de sistematização proposto.
Vamos aos números e às considerações dos alunos, para uma análise
mais apurada.
Expressões dos alunos que apóiam totalmente: “aprendemos
conteúdos novos e interessantes” (24 alunos); “porque a Educação Física não é só
para jogar bola” (7 alunos); “foi bom, mas deve ter mais esportes” (4 alunos); “estou
mais motivado” (3 alunos); “quero continuar aprendendo, temos muito a aprender”
(1 aluno); “esta Educação Física é a melhor que eu já tive, eu apóio totalmente” (1
aluno); “independentemente do que vou fazer fora do colégio, conteúdo nunca é
demais” (1 aluno); “apóio por podermos conhecer coisas que nunca tivemos a
oportunidade de aprender” (1 aluno); “como aprendemos mais, os novos alunos
terão chance de aprender também” (1 aluno); “porque gostei muito do novo método”
(1 aluno); “estamos aprendendo para que cada exercício serve e para usa-lo na
vida” (1 aluno); “pois a cada dia que passa a sociedade está cada vez mais
sedentária e obesa. Para que isso não continue é necessário incentivo e isso pode
vir desde a escola” (1 aluno); “já aprendemos todos os jogos, é hora de aprender
sobre postura correta, alimentação, exercícios, etc.”(1 aluno).
Apóiam, sem justificativa / justificativa inconsistente (ex: é legal; porque
é “massa”): 4 alunos.
178
Expressões dos alunos que apóiam parcialmente: “é legal jogar sem
compromisso também” (1 aluno); “as aulas teóricas me deixaram desanimada.
Menos vídeo, foi legal quando um grupo jogou e o outro pegou explicações com o
professor” (1 aluno); “mais ou menos, é bacana, mas acho que prefiro o jeito antigo”
(1 aluno); “é bom jogar bola para se exercitar” (1 aluno).
Expressão do aluno que não apóia a continuidade do processo: “prefiro
jogar bola”.
O “novo”, que no início assustou, neste momento encanta. Mas o fator
que mais nos gratifica é o interesse que atualmente demonstram os discentes pelos
conhecimentos da Educação Física.
8.3.8 Nível atual de satisfação com a Educação Física no colégio
Quando iniciamos nosso trabalho, os discentes apresentaram um alto
índice de satisfação com a Educação Física: 89%.
Os resultados apresentados até o momento revelam um cenário da
Educação Física bastante modificado em relação à realidade inicial com a qual nos
deparamos.
Não se trata, portanto, de uma comparação, mas de uma verificação da
satisfação proporcionada pelo novo formato apresentado aos discentes.
Vamos às análises.
179
91%
9%
Totalmente satisfeito (91%)
Parcialmente satisfeito (9%)
Gráfico 21 – Nível atual de satisfação com a Educação Física no Colégio São Francisco Xavier
Como podemos observar, o nível de satisfação atual dos nossos
alunos com a Educação Física é muito satisfatório: 90%, contra 9% de alunos
parcialmente satisfeito. Não temos nenhum dos 57 alunos insatisfeito com a forma
de condução atual da disciplina.
No questionário não havia a solicitação para justificativa, mas muitos
alunos a fizeram. Embora nenhuma das questões apresentadas aos alunos tenha
tido um formato fechado, a amplitude da questão impediu que a grande maioria das
respostas fosse agrupada em blocos. Desta forma, a maioria dos pareceres abaixo
citados é individual.
Justificativas para “totalmente satisfeito”: “alia teoria e prática” (4
alunos); “muito bom, cada dia melhor, coisas novas e atividades diferentes” (2
alunos); “aulas divertidas e gostosas” (2 alunos); “nível extremamente alto”; “100%,
estou adorando as novas aulas”; “nível ótimo, mas ainda reclamo das aulas
teóricas”; “a Educação Física agora é uma matéria importante”; “muito, pois fizemos
aulas muito interessantes”; “um nível elevado, são formas diferentes de convidar os
alunos a se exercitarem”; “mudanças sempre incentivam os alunos”; “temos um
aprendizado melhor”; “muito bom, em outros colégios não tem esses conteúdos”;
“antes eu participava pouco, agora acho interessante e legal”; “está ótimo, mas
temos poucas aulas”; “total, estou satisfeito com esse método”; “a Educação Física
agora é animada, alegre, diferente”; “não gostava muito de jogar só bola”; “os
180
professores estão sabendo passar as informações e exercícios para que os alunos
continuem interessados”; “as novas aulas motivaram quem não curtia a Educação
Física”, “estou tendo acesso a novas coisas”; “alto nível de satisfação, são
conteúdos diferentes e prazerosos”; “participo, acho legal este projeto aqui na
escola”, “nível bom, aulas bem boladas, nada a reclamar”; “melhor que só futebol,
mais cansativo, meus músculos estão doloridos”; “numa escala de 0 a 10, 10. Os
professores fazem com que a gente sinta vontade de fazer a aula”; “as aulas estão
muito proveitosas, mas só temos uma aula por semana, para mim é muito pouco”;
“muito bom, aprendo mais do que antigamente, as aulas são mais motivantes”.
Justificativas para “parcialmente satisfeito”: “tem o lado positivo, mas
eu gostava do outro jeito”; “está bom, mas deveria ter menos aulas teóricas”; “nota 7,
pois deveria ter só 20% de aulas teóricas, aulas diferentes, sim, mas com pouca
teoria”; “está bom, mas acho melhor sempre aulas práticas, mesmo sem aprender
nada”.
Entre os discentes que não apresentaram justificativa para a resposta,
20 declararam estar totalmente satisfeitos e 1 se declarou parcialmente satisfeito.
8.3.9 Sugestões para a melhoria da Educação Física no colégio
Vislumbrando uma continuidade do processo implantado e o
estabelecimento de prioridades e de novos “focos”, solicitamos para que cada
discente apresentasse uma sugestão considerada pelo mesmo como sendo de
fundamental importância para a melhoria das aulas de Educação Física.
A seguir, o resultado da última solicitação deste questionário final.
181
38%
18%
23%
7%
14%
Sobre novos conteúdos (38%)
Sobre os esportes (18%)
Sobre aulas teóricas e aulas práticas (23%)
Sobre o aumento de aulas semanais (7%)
Não apresentaram sugestões (14%)
Gráfico 22 – Sugestões para a melhoria da Educação Física no colégio
Embora não tenhamos delimitado os temas, pudemos perceber que as
sugestões dos discentes se concentram em quatro temas básicos: conteúdos (22
sugestões), aulas teóricas e aulas práticas (13 sugestões), os esportes (10
sugestões) e o aumento no número de aulas semanais (4 sugestões). Apenas 8
alunos não apresentaram sugestões, todos por estarem satisfeitos com a disciplina
como está.
As sugestões foram assim apresentadas:
Sobre conteúdos: “continuar trazendo conteúdos novos” (7 alunos)
“mais dança de salão” (5 alunos); “mais aulas de alguns temas já trabalhados:
ginástica, alimentação e saúde” (2 alunos); “mais aulas como as de dança de salão e
Body Pump, nunca tinha presenciado aulas de Educação Física tão interessantes” (1
aluno); “seria interessante a gente ter aulas de alongamento e mais dança de salão”
(1 aluno); “queria ter uma aula de jump, aquela caminha elástica, tenho curiosidade
de praticar algum dia” (1 aluno); “poderia ser dada uma aula sobre corrida e
caminhada” (1 aluno); “mais métodos de aulas de academia” (1 aluno); “ir a uma
academia de natação para fazer uma aula, correr no parque, ir a uma pista de
atletismo” (1 aluno); “sair da escola, fazer aulas em outros lugares” (1 aluno); “trazer
mais professores especialistas convidados” (1 aluno).
182
Sobre aulas teóricas e aulas práticas: “menos aulas teóricas, mais
aulas práticas” (8 alunos); “uma aula teórica e na aula seguinte uma prática sobre a
teoria estudada” (1 aluno); “não ter aulas de vídeo, não ter mais aulas teóricas, duas
aulas seguidas em um dia (professores de outras disciplinas reclamam do atraso em
voltar para a sala e do ventilador ligado), mais aulas diferentes” (1 aluno); “as aulas
em sala devem ser dadas no máximo uma vez a cada duas semanas” (1 aluno);
“aulas teóricas com mais ânimo, não paradas...monótonas” (1 aluno); “deveria haver
maior compreensão por parte dos alunos quanto às aulas teóricas” (1 aluno).
Sobre os esportes: “manter o que está, mas voltar a ter um pouco mais
de esportes, tem tido muito pouco” (6 alunos); “maior aprofundamento nos esportes”
(1 aluno); “aulas de exercícios como corrida, atletismo e mais aulas de musculação”
(1 aluno) “ter mais aulas e um maior tempo para o futsal” (1 aluno); “está legal, mas
está faltando mais jogos com bola, precisamos relaxar também” (1 aluno).
Sobre o aumento do número de aulas semanais: “ter pelo menos 3
aulas por semana, 2 é pouco” (2 alunos); “incluir mais 1 ou 2 aulas semanais, em
uma dessas aulas, praticar um esporte à escolha dos alunos” (1 aluno); “ter mais de
2 aulas por semana” (1 aluno).
A análise deste último item da nossa pesquisa nos remete à todo o
caminho percorrido desde o início deste nosso estudo. Neste momento, quando os
alunos são chamados a opinar, a criticar, a sugerir e até a reivindicar, e o fazem com
a propriedade de quem não apenas vivencia atividades, mas se compromete com
causas, nos sentimos gratificados.
Quando da aplicação e análise do primeiro questionário junto aos
discentes, nos sentimos como “invasores” de um território estranho. Hoje, nos
sentimos parte de um processo que serviu de aprendizado para todos nós.
É com este sentimento que nos encarregamos, a partir de agora, de
realizar as conclusões deste trabalho.
183
9 CONCLUSÕES: PROPONDO ENCAMINHAMENTOS
Desde que idealizamos a realização do presente estudo, passamos a
sonhar com este momento: a etapa final de um trabalho realizado. Só que durante a
maior parte do percurso, não conseguimos vislumbrar sob quais condições
chegaríamos até aqui.
As estratégias metodológicas adotadas apontavam para desafios
incertos, uma vez que o modelo de pesquisa-ação nos traz a possibilidade de intervir
no ambiente pesquisado. Apesar de conhecermos bem a realidade nacional da
Educação Física – tão discutida, tão contestada, tão pouco modificada – nos nossos
20 anos de profissão, nos encontrávamos em uma espécie de “hora da verdade”.
O trabalho com jovens do Ensino Médio, que se encontram numa etapa
de formação da personalidade que os faz especialmente críticos e exigentes
também nos preocupava, uma vez que os mesmos iriam vivenciar um processo
radical de mudança.
Em outras palavras, não estaríamos na posição confortável de
investigadores e observadores de um trabalho alheio, teríamos que ser co-
participantes, logo, co-responsáveis pela implantação de um processo de uma
sistematização para a Educação Física escolar. A proposta fundamental de tal
processo era a promoção de uma re-configuração para a disciplina, no intuito de
contribuir para a legitimação da mesma como componente curricular.
O panorama inicial que encontramos no colégio onde realizamos a
nossa pesquisa não se diferenciava em essência do retrato da Educação Física que
nos traz a literatura da área, baseada hegemonicamente nas modalidades
esportivas institucionalizadas e desvinculada de objetivos educacionais mais
profundos.
Nossa primeira incursão, realizada através de entrevistas e
questionários junto às gestoras, ao docente responsável pela disciplina e aos
discentes do Ensino Médio confirmou muitas das nossas impressões iniciais, mas
também revelou dados importantes, que nos orientaram durante o processo todo.
184
Primeiramente, recebemos o aval da Direção e da Coordenação
Pedagógica da escola, ou seja, não tivemos qualquer tipo de “engessamento”.
Quanto ao docente, percebemos qualidades fundamentais para a nossa parceria: a
credibilidade do mesmo junto às gestoras, aos colegas de trabalho e aos alunos, o
auto-reconhecimento de suas limitações para mudar uma situação que lhe era
incômoda e uma grande vontade de modificar sua prática diária.
As respostas aos questionários serviram de base para as nossas ações
iniciais, pois revelaram muitas das dificuldades que iríamos enfrentar, servindo ainda
como base para discussões e debates junto aos discentes ao longo do semestre.
Um dado em especial foi relevante para a conscientização dos alunos sobre a
necessidade de mudança: dos 57 entrevistados, 22 não praticavam esporte ou
exercícios físicos fora do horário de aula, o que correspondia a mais de 1/3 dos
discentes. Em suma, as aulas de Educação Física não estimulavam o nosso aluno à
prática regular de exercícios físicos, ou até pior, os conhecimentos esportivos
adquiridos nas aulas não “serviam” para quase nada.
O planejamento realizado seguiu rigorosamente os princípios didáticos
e metodológicos preconizados na proposta de Oliveira (2004), bem como recebeu
características da proposta pedagógica histórico-crítica, baseada na realidade
cotidiana dos alunos.
Os conteúdos atribuídos a cada série e os enfoques trabalhados junto
às turmas estiveram sempre de acordo com o planejamento realizado. Em alguns
momentos (especialmente no início do processo), o docente precisou “negociar”
algumas aulas mais descompromissadas por algumas extremamente necessárias ao
cumprimento dos nossos objetivos.
Aos poucos, as resistências foram sendo quebradas e as
características formativas e informativas da disciplina passaram a se desenvolver de
forma harmônica. Os relatos das aulas mostram isso claramente. A variedade de
conteúdos tratou de sanar alguns aspectos motivacionais prejudicados pela
permanência em sala para aulas teóricas. A problematização dos temas trabalhados
foi possível na maioria das vezes, especialmente nos temas mais próximos da
realidade dos adolescentes.
185
As entrevistas e questionários finais mostraram as gestoras, o docente
e os discentes bastante modificados em seus conceitos e atitudes referentes à
disciplina Educação Física.
No início do processo, a diretora e a coordenadora pedagógica
externavam conceitos sobre a Educação Física escolar que mantinham o nosso
componente curricular ainda na condição de atividade paralela, sem maiores
funções educacionais, tais como o desenvolvimento das capacidades físicas e o
combate à obesidade pela prática em aula, e não através de conhecimentos
adquiridos para a prática diária, pela aquisição de hábitos de vida saudável. Não se
pode culpar as gestoras pela forma de enxergar a Educação Física escolar naquele
momento, pois o próprio docente se mostrava, na época, desconfortável com a
“prática pela prática” que caracterizava a disciplina.
Acreditamos fortemente que as mudanças significativas ocorrem de
dentro para fora. Se nós, professores de Educação Física não assumimos nossas
dificuldades, nossas limitações, não procuramos soluções e não temos iniciativa
suficiente para mudar, como podemos esperar reconhecimento de outras áreas e da
comunidade escolar em geral?
Assim, planejamos, ministramos as aulas, refletimos, refizemos.
Trilhamos, pois, o caminho proposto, fazendo das dificuldades a nossa motivação.
Ao final do semestre, percebemos uma mudança na concepção sobre
Educação Física por parte da diretora e da coordenadora pedagógica. Frases como
“a Educação Física é vista por mim como uma como uma matéria necessária, que
tem profundidade, na qual o aluno tem conhecimentos a adquirir” (dita pela diretora),
e “os alunos estão aprendendo a se cuidar para toda a vida, a desenvolverem suas
aptidões físicas, eu acredito que isso vai afetar a vida dos alunos e de seus
familiares” (dita pela coordenadora pedagógica), sintetizam uma nova percepção das
gestoras sobre a disciplina.
Quanto ao docente, a entrevista final mostrou um profissional confiante
e estimulado a continuar desenvolvendo o processo. Percebemos que o desconforto
inicial foi superado, assim como as pressões dos alunos ocorridas no início do
semestre. Apesar de sua simplicidade e discrição, podemos perceber uma grande
satisfação por parte do professor em poder superar suas dificuldades.
186
Os discentes, que no início se apresentavam reticentes em aceitar o
novo formato da Educação Física, precisando ser conquistados, hoje apresentam
um índice zero de rejeição à disciplina, e o índice de satisfação plena é, atualmente,
de 91% dos alunos. Tais números, fornecidos pelas respostas do segundo
questionário aplicado aos discentes, mostram que o trabalho desenvolvido foi eficaz
na formação de um novo conceito da disciplina por parte dos mesmos. Isso tudo
levando em consideração que a disciplina passou a ser mais trabalhosa (foram
exigidos trabalhos e tarefas em sala e para próximas aulas e trabalhados mais
conteúdos para provas teóricas).
A possibilidade de opinar, os acordos firmados com o docente, o
estímulo à co-participação e obviamente, os conhecimentos adquiridos nas aulas
parecem ter promovido também uma melhora na consciência crítica dos discentes,
fato facilmente observável ao compararmos as respostas dadas no questionário
aplicado no início do ano letivo e no que foi aplicado recentemente.
A partir das considerações realizadas, e com a finalidade de atender à
solicitação dos objetivos do presente estudo, podemos realizar nossas conclusões
finais.
A disciplina Educação Física, planejada e ministrada nos moldes
descritos na presente pesquisa atende às exigências para ser não só considerada,
mas efetivamente reconhecida pela comunidade escolar como componente
curricular dentro do sistema educacional.
A proposta de Oliveira (2004) foi satisfatoriamente aplicada, desde o
planejamento realizado até a aplicação dos conteúdos em aula, por terem os temas
sido adequados à realidade da escola.
As ações didático-pedagógicas se desenvolveram da melhor forma
possível, o método de ensino foi considerado motivante e eficaz pelos discentes, o
aprendizado dos conteúdos ocorreu de forma plena e a relação dos mesmos com o
dia-a-dia dos alunos foi total, segundo a opinião dos mesmos.
Consideramos, enfim, que ações como as que ocorreram durante a
realização desta pesquisa devem ser estimuladas por vários motivos: pela quebra de
paradigmas históricos que impedem a legitimação da Educação Física no ambiente
escolar; pela valorização da disciplina e, conseqüentemente, dos profissionais de
187
Educação Física atuantes no sistema educacional; por fim e, sobretudo, pela
significância da ação educativa de transformar para melhor a vida das pessoas.
188
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194
APÊNDICES
195
APÊNDICE 1
Entrevista inicial com a Diretora do Colégio São Francisco Xavier
196
Entrevista inicial com a Diretora do Colégio São Francisco Xavier
Idade: 53 anos
Formação: Pedagoga
Entrevistador: Qual sua experiência na educação, na docência e na direção?
Diretora: Lecionei como professora durante oito anos, como professora de 3ª e 4ª séries do
ensino fundamental. Na administração, trabalhei quatro anos como vice-diretora e, agora,
mais quatro anos como diretora geral, sempre aqui neste colégio. Iniciei lecionando aqui e
estou até hoje.
Entrevistador: Qual foi a sua experiência como discente na Educação Física?
Diretora: Como aluna, a experiência que tive, foi sempre em forma de competição.
Atletismo e jogos. Não me lembro de ter estudado teoria na Educação Física.
Entrevistador: Você utiliza os conteúdos que estudou na Educação Física no seu dia-a-
dia?
Diretora: Pratico tênis e faço pilates. Das aulas de Educação Física da escola não utilizo
nada. Se não tivesse feito, seria a mesma coisa. Não me lembro de nada que aprendi nas
aulas que use para alguma coisa atualmente.
Entrevistador: Em sua experiência como diretora do colégio, como você percebe a
Educação Física, seus professores, seus alunos? Enfim, como você vê o trabalho que é
realizado na disciplina Educação Física?
Diretora: Temos uma excelente equipe de professores de Educação Física. Não temos
problemas com a disciplina. Quanto aos alunos, a minha visão é a de que eles precisam
praticar esportes, precisam da prática. Os jovens, em sua maioria, são mais parados hoje do
que antigamente. Vivem em apartamentos, e mesmo quem vive em casa tem medo de sair,
por causa da insegurança dos centros urbanos. Antigamente, a gente brincava muito na rua,
de bets, queima e outras brincadeiras. A gente amarrava um barbante de um poste ao outro
e jogava vôlei na rua de casa. Os pais, hoje, ficam sossegados quando os filhos estão no
colégio. Assim, além de freqüentar a escola nos horários de aula, os alunos participam de
atividades extra-curriculares em outros horários, sempre em atividades esportivas. A escola
assume, assim, mais uma função que antes não era dela. Outra coisa que percebo é que
hoje cada vez mais crianças sofrem com o problema da obesidade, é muita televisão e
computador.
Entrevistador: Como é organizada a escola?
197
Diretora: Sempre buscamos trabalhar em equipe. Como diretora, procuro dar abertura aos
coordenadores e professores. O que eu falo em reunião é o seguinte: se você tem uma boa
idéia, traga até nós. A tudo que é bom para o colégio, damos o apoio necessário.
Abraçamos e valorizamos a causa.
Entrevistador: Como é organizada a proposta pedagógica da escola?
Diretora: Eu penso que não podemos ter apenas uma proposta pedagógica. O que serve
para um pode não servir para o outro. Vamos supor: assumimos integralmente a proposta
do construtivismo. Isso pode beneficiar cinqüenta, sessenta por cento dos alunos. Um aluno
é diferente do outro. E o restante, como fica? É preciso trabalhar com as individualidades.
Nossa proposta aqui no colégio é eclética. A formação, a educação que as crianças
recebem em casa está cada vez mais variada, as famílias já não são mais iguais umas às
outras. Algumas vezes, recebemos uma crítica do tipo “vocês são tradicionais demais”.
Fazemos o que julgamos ser o certo, se fazer o que é certo é ser tradicional, então somos
tradicionais. Diante disso, se algum diretor ou coordenador fala: nossa proposta é esta, não
fugimos disso, é mentira. Não tem como.
Entrevistador: Como é organizado o planejamento da escola?
Diretora: Realizamos o planejamento por área, anual e bimestral.
Entrevistador: Na educação Física, é a mesma coisa? Existe um coordenador de área?
Diretora: Na Educação Física, é o mesmo procedimento. Não há coordenador de área, a
coordenadora pedagógica trabalha junto ao professor de Educação Física. Existem também
as professoras orientadoras, de pré-escola à 4ª série e de 5ª em diante. Na Educação
Física, o trabalho é totalmente em equipe. Mas tudo é centralizado na coordenação
pedagógica.
Entrevistador: Qual é o seu parecer sobre os conteúdos e sobre as metodologias utilizadas
na Educação Física? Quais são os resultados esperados pela direção?
Diretora: Sobre os conteúdos, quero dizer que confio muito nos nossos professores.
Observo muito o trabalho junto às crianças pequenas, e vejo que o professor trabalha
bastante a parte lúdica, a lateralidade, o equilíbrio, a coordenação motora, vejo que isso é
bastante positivo. Quanto aos alunos maiores, vejo sempre o professor explicando sempre
com dedicação os conteúdos esportivos, como medidas da quadra, passando tudo. É um
acompanhamento superficial, pois a coordenadora pedagógica acompanha mais de perto,
mas a gente também acompanha. Outra atividade que os professores realizam é o
acompanhamento das medidas, peso e altura dos alunos. Isso é feito no inicio e no final do
198
ano, e penso que é muito importante para o controle da obesidade. Sobre isso, vejo sempre
os professores orientando os alunos sobre a nutrição, acho isso muito positivo, também.
Entrevistador: A escola está aberta a novas propostas?
Diretora: Gosto muito quando alguém aparece com novas propostas, como esta atual, da
Educação Física. Mesmo que a proposta anterior esteja funcionando, inovar é uma
necessidade, não dá para parar no tempo. Fiquei emocionada vendo aquele planejamento
feito com cartazes, na parede. Eu vi aquilo e disse: meu Deus, eles abraçaram mesmo a
causa. Eu admiro muito quando vejo professores abraçando uma causa sem visar lucro,
somente crescimento intelectual. Eu bato palmas. Isso é bom para mim, também, estou
aprendendo com eles. Estamos juntos. Vamos abraçar, vai dar certo.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através de gravação em
fita cassete no dia 24/02/2006.
199
APÊNDICE 2
Entrevista inicial com a Coordenadora Pedagógica do Colégio São
Francisco Xavier
200
Entrevista inicial com a Coordenadora Pedagógica do Colégio São Francisco Xavier
Idade: 59 anos
Formação: Pedagoga, com especialização em Supervisão e Administração.
Entrevistador: Qual sua experiência na educação, na docência e na direção?
Coordenadora: Na docência, eu fui professora de 1ª a 4ª. Na administração, estou agora
como supervisora, e já estive na secretaria. A gente ajuda em todos os setores, desde a
parte pedagógica até a parte financeira. É um colégio pequeno, a gente ajuda em tudo.
Entrevistador: Qual foi a sua experiência como discente na Educação Física?
Coordenadora: Olha, foi muito boa, eu acho que fui privilegiada, tive um colégio muito bom.
Foi há muito tempo atrás, mas a gente já tinha a Educação Física voltada para o exercício
com massa, bola, fita, arcos, enfim, com vários aparelhos, o que se chama hoje de GR. A
Educação Física se voltava para a melhora da forma física, só isso. Por ser um colégio de
freiras, não havia muito incentivo aos jogos, como vôlei e basquete. Era uma escola só para
mulheres.
Entrevistador: Em sua experiência como coordenadora pedagógica do colégio, como você
percebe a Educação Física, seus professores, seus alunos? Enfim, como você vê o trabalho
que é realizado na disciplina Educação Física?
Coordenadora: Nós temos ótimos professores. Eles fazem o planejamento bem em cima
do que é necessário. Na Educação Infantil e de 1ª a 4ª é feito um trabalho maravilhoso. O
professor detecta se a criança possui uma determinada dificuldade ou problema, neste
sentido, ele nota, através dos exercícios propostos, problemas como os de coordenação
motora e lateralidade. Há uma comunicação constante do professor de Educação Física
com a professora de sala. Nos outros níveis, o professor dispensa comentários. É excelente.
Então, ser coordenadora deles é muito bom, eles facilitam o meu trabalho. Trazem sempre
dentro do prazo o planejamento anual, a idéia geral, e depois detalham tudo nos bimestres.
Entrevistador: Como é organizada a escola?
Coordenadora: É uma escola pequena. Temos a nossa diretora geral, e o segundo cargo é
o da diretora executiva, ou vice-diretora, que sou eu também. O terceiro cargo é o de
secretária executiva. Na secretaria, eu atuo mais na leitura de documentos. A equipe da
secretaria é muito boa. Sou também supervisora geral. Temos, depois, as orientadoras de
pré-escola e 1ª a 4ª, e de 5ª ao ensino médio. Temos ainda uma psicóloga, que atende aos
201
alunos e aos pais, faz trabalhos em grupos, quando há problemas com uma turma ela vai
até a sala, procura resolver as questões diretamente com a turma. Faz um trabalho muito
importante.
Entrevistador: Como é organizada a proposta pedagógica da escola?
Coordenadora: Ela é organizada em cima dos novos parâmetros. Somos obrigados a ter
uma proposta. Só que, na realidade, a pedagogia precisa ser diversificada, pois
determinados conteúdos você precisa ministrar de um jeito, outros precisam ser ministrados
de outro jeito. O professor tem liberdade de atuação, podendo decidir pelo método pelo qual
o aluno aprenda com mais facilidade. Ficar engessado em uma só pedagogia é
contraproducente. A gente tem que ir descobrindo as melhores formas de atingir objetivos,
de gerar conhecimentos aos alunos. Na prática, nós somos ecléticos, utilizamos todas as
ferramentas possíveis para chegar aos nossos objetivos.
Entrevistador: Como é organizado o planejamento da escola?
Coordenadora: Baseados nesta proposta pedagógica, os professores fazem primeiro o
planejamento anual, ou seja, definem os conteúdos a serem dados ao longo do ano, as
metodologias de ensino, de uma maneira geral. Após, são feitos os planejamentos
bimestrais, quando o planejamento é detalhado. Então, se os professores vão usar, por
exemplo, a sala de vídeo ou um passeio cultural, todas as ferramentas para passar os
conteúdos devem ser relacionadas. Nós temos pelo menos duas reuniões pedagógicas
mensais, onde discutimos aquilo que está dando certo e o que está dando errado. Há uma
reunião geral, dentro daquilo que concerne ao regulamento geral da escola. Por exemplo,
não se deve soltar a turma antes do sinal. Isso serve para todos os níveis. Depois, a gente
se divide por área, e aí trabalhamos os assuntos referentes a cada área.
Entrevistador: Na Educação Física, é a mesma coisa?
Coordenadora: Na Educação Física, é o mesmo sistema. Não tem um coordenador, eles
trabalham em equipe. Eles têm as idéias deles, como, por exemplo, o professor de pré a 4ª
série resolveu anexar um relatório ao boletim. Então, bimestralmente, os pais recebem
informações adicionais sobre a participação de seus filhos nas aulas de Educação Física.
Eu achei que a idéia era boa e aprovei.
Entrevistador: Qual é o seu parecer sobre os conteúdos e sobre as metodologias utilizadas
na Educação Física? Quais são os resultados esperados pela coordenação?
Coordenadora: Os conteúdos trabalhados, de 5ª a 8ª são os jogos, como o basquete e o
vôlei, que são trabalhados na teoria e na prática. De pré à 4ª série, há uma avaliação do
aprendizado de habilidades motoras, das competências. Alguns alunos conseguem realizar
202
determinados exercícios, outros apresentam maior dificuldade. Também são aplicados
jogos, mas com características diferentes, adequados à idade. O resultado que esperamos
sempre é a melhora da capacidade física do aluno. Uma parte muito importante da
Educação Física é a interação com os colegas, é um momento que os alunos têm para
colocar para fora a energia guardada. Geralmente, os alunos gostam muito da Educação
Física até a 4ª série. De 5ª a 8ª eles começam a ficar meio arredios, principalmente as
meninas, que já não gostam muito. Mas o que se espera realmente é a melhora da
capacidade física, pois o exercício é necessário para a vida toda.
Entrevistador: A escola está aberta a novas propostas?
Coordenadora: Desde que sejam boas e bem estruturadas. Eu costumo dizer que nós não
embarcamos em qualquer canoa. Alguém falou que é novidade, a gente vai atrás? Não é
assim, temos que primeiro perceber que a proposta tem respaldo técnico, respaldo de
conhecimento. Aí a gente embarca.
Entrevistador: Que tipo de apoio é oferecido pela coordenação pedagógica aos
professores de Educação Física?
Coordenadora: Procuramos dar o apoio aos professores de Educação Física da mesma
forma que damos a todos os demais professores. Temos uma equipe, e não pode haver
privilégios e nem relegar ninguém a um segundo plano. Então, damos um apoio total. Só
que os professores de Educação Física são meio “pidões”, não é? Sempre querem mais
materiais, que sempre custam caro, como bolas, redes, etc. Mas os meninos são muito
bons, não tenho queixa. Damos apoio mesmo. Antes, quando eu atuava como professora
aqui no colégio, nós não tínhamos nada, era aula de Educação Física e só. Agora, temos
várias modalidades praticadas fora do horário de aula, aqui no colégio. Isso foi uma
conquista dos nossos professores, que trouxeram as idéias, nós fomos apoiando, e hoje é
uma realidade. Veja o nosso Futsal, que hoje é campeão, isso é um orgulho para nós. No
Handebol também estão começando a aparecer os resultados. Temos também danças,
ballet, street dance. São atividades extra-curriculares. A escola abraçou um novo papel, os
jovens vêm para cá e os pais ficam tranqüilos.
Entrevistador: Quais são as questões administrativas sobre a Educação Física tratadas
pela coordenação junto à direção? E junto aos professores de Educação Física?
Coordenadora: Eu e a diretora trabalhamos juntas, somos muito “afinadas”. Isso é muito
bom. Com a equipe de orientação é a mesma coisa, todas estamos juntas a muitos anos. Eu
faço um meio de campo entre os professores e a direção geral. Levo as reivindicações dos
professores. Felizmente, ou infelizmente, não sei, a gente trabalha na parte financeira
também. Assim, quando algo é inviável, deve ser revisto para antes ser levado à direção.
203
Mas os professores sempre chegam até nós com reivindicações. Aí, eu passo para a
direção, mas eu já os alerto quanto às possibilidades, digo: isso pode passar, isso não. E
tem a outra parte, que diz respeito à organização da parte esportiva. Os professores
precisam tomar cuidado ao entregar material esportivo aos alunos, para brincadeiras fora
das aulas e treinamentos. O material pode sumir, e a brincadeira pode virar bagunça. Isso
cria problemas para nós. Cinco minutos que eles ficam sozinhos já vira briga. Sobra para a
gente. Mas sempre trabalhamos afinados, estabelecemos algumas regras e tudo bem. Na
questão pedagógica os professores estão bem dentro do que pretendemos. A criança,
ninguém engana. E se as crianças adoram a Educação Física, é porque realmente eles
estão tendo aulas bem lúdicas e agradáveis.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através
de gravação em cassete no dia 24/02/2006.
204
APÊNDICE 3
Entrevista inicial com o docente de Educação Física do Ensino
Médio do Colégio São Francisco Xavier
205
Entrevista inicial com o docente de Educação Física do Ensino Médio do Colégio São
Francisco Xavier
Idade: 39 anos
Formação: graduação em Educação Física / UEM, especialização em
Musculação e Preparação Física / UNOPAR, especialização em Treinamento
Desportivo / UEM, especialização em Morfofisiologia aplicada ao exercício /
UEM.
Séries que leciona: da 5ª série do ensino fundamental à 3ª série do ensino
médio.
Entrevistador: Quais cursos feitos por você foram relevantes para a sua atuação
profissional?
Professor: Desde que me formei, no final de 1987, não há um curso específico que tenha
marcado minha atuação profissional, porém, desta data em diante sempre procurei
participar de congressos e encontros sobre Educação Física, pelo menos duas vezes ao
ano. Só não participei nos anos em que fiz as especializações. Assim, procuro sempre me
manter atualizado.
Entrevistador: Há quanto tempo você leciona? E aqui neste colégio, há quanto tempo?
Professor: Leciono ha 18 anos, sempre neste colégio.
Entrevistador: Além das séries para as quais leciona atualmente, de 5ª série do ensino
fundamental à 3ª série do ensino médio, já lecionou em alguma outra?
Professor: Nos 6 primeiros anos aqui no colégio, atuei também da Educação Infantil até a
4ª série.
Entrevistador: Há quanto tempo você leciona no Ensino Médio?
Professor: É uma experiência relativamente nova para mim, pois o colégio implantou o
ensino médio só a partir de 2004. Neste ano, estamos fechando esse ciclo, com a primeira
turma de 3º ano do ensino médio.
Entrevistador: Qual é o seu entendimento sobre Educação Física? E sobre a Educação
Física escolar?
Professor: Esta é uma pergunta bastante difícil de responder, pois é complexo achar um
conceito para a Educação Física. Na literatura da área, os autores dão sempre uma
“rodeada” sobre o tema, ficando a Educação Física sem um conceito bem definido. Na
206
Educação Física escolar, eu também diria que é complicado. Na minha visão atual, penso
que a Educação Física deve ser bem mais do que uma simples prática de atividade física,
deve passar algum conteúdo para que os alunos tenham um aproveitamento ao terminar o
ensino básico aqui no colégio, tenham uma certa autonomia, saibam para que serve cada
uma das atividades, por que ocorre cada uma dessas ações, quais são os benefícios da
atividade física para a saúde. Então, são vários conceitos que, na realidade, na prática a
gente não vê muito bem isso, vê que é simplesmente uma atividade física. A visão hoje, em
geral, é de que a Educação Física é, na realidade, um momento de sair da sala e ir para a
quadra ter uma prática esportiva.
Entrevistador: Faça uma análise sobre a Educação Física na escola, desde a Educação
Infantil até o Ensino Médio, visto que você já atuou ou atua em todos os níveis.
Professor: Bem, da Educação infantil à 4ª série, a grande maioria dos conteúdos está
ligada à recreação, jogos recreativos, jogos pré-desportivos. Voltando à velha história, a
Educação Física era, na época em que eu dava aula nestes ciclos, uma atividade física sem
um objetivo específico a ser alcançado, além daquela prática. É claro que os aspectos
motores eram enfatizados: coordenação, velocidade, lateralidade, destrezas, ritmo, noções
de espaço e tempo. De 5ª a 8ª a ênfase é a prática de esportes: vôlei, handebol, futebol,
basquete, atletismo, sempre respeitando a série de cada aluno. Por exemplo, na 5ª série os
conteúdos são mais simples, evoluindo nas séries seguintes, aumentando o grau de
dificuldade para cada fundamento. Por exemplo, a bandeja, no Basquete, na 5ª série não se
exige a ordem correta dos pés e o arremesso totalmente correto. Tentamos respeitar os
níveis de desenvolvimento motor. No ensino médio, há um aprimoramento do que foi visto
de 5ª a 8ª. Eu senti nestes 2 anos que tive de experiência que, na realidade, estava sendo
uma repetição, um pouco mais detalhada, do que vinha sendo feito de 5ª a 8ª série. O
“carro-chefe” do ensino médio continua sendo os esportes, mas procuramos introduzir
sistemas táticos, defensivos e ofensivos. Procuramos, também, realizar abordagens
relacionando os conteúdos esportivos à saúde, apresentando alguns textos e vídeos
relacionados ao doping, drogas, fumo, álcool, anabolizantes. Assim, não fica aquele peso na
consciência de ter trabalhado apenas conteúdos tecnicistas. Isso não me satisfaz, pois os
conteúdos são trabalhados de forma aleatória, não existiu até agora uma seqüência lógica
neste aspecto. Isso é uma dificuldade que tenho.
Entrevistador: Qual o seu entendimento sobre a lei 9.394/96 – CFE ?
Professor: Para falar a verdade, meu conhecimento sobre a lei é apenas que a partir desta
lei, a Educação Física passou a ser um componente curricular obrigatório. Mas na prática,
207
eu não vi mudanças desde 96. Não só aqui, parece que em muitos colégios continua a
mesma coisa.
Entrevistador: Sei que você já tocou no assunto, mas, se possível, fale um pouco mais
sobre os conteúdos que você trabalha no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Professor: É, para responder as questões anteriores já toquei no assunto, mas vamos lá.
De 5ª a 8ª série os conteúdos são restritos aos esportes. Trabalho o atletismo, o vôlei, o
Basquete, o Handebol e o Futebol. Existe também a parte teórica, voltada às regras dos
esportes, pois acho que é importante estar por dentro das mudanças que ocorrem sempre
nas regras, para que os alunos possam praticar adequadamente os esportes. Abordo
alguma coisa relacionada ao aspecto da saúde como, por exemplo, a importância do
aquecimento antes das atividades. Mas a prioridade é dada aos esportes. No ensino médio,
procuro diversificar, mas não foge muito do esporte. Oitenta por cento das aulas são
voltadas aos sistemas defensivos e ofensivos das modalidades. No voleibol são
trabalhados, por exemplo, os sistemas 5X1 e 4X2. No Basquete, a marcação individual e por
zona. Fazemos sempre o famoso “rachão”, que é o que eles gostam. No ensino médio, a
forma é mais ou menos como um treinamento, insisto para que respeitem os sistemas que
estão sendo ensinados. Cobro sempre o que foi aplicado no início da aula, com a explicação
do sistema de jogo. Eles desenvolvem o jogo em cima da tática aplicada, é um rodízio, cada
dia um sistema. No ensino médio, não trabalho por blocos bimestrais, sendo somente Vôlei
ou somente Basquete. Cada aula é uma modalidade diferente, mas com conteúdos
parecidos. Por exemplo, ensino em uma aula marcação individual no Basquete e na próxima
aula marcação individual no Handebol, e na outra aula marcação individual no Futsal. Peço
para os alunos compararem a eficiência do sistema individual em cada modalidade, no que
se parecem, no que são diferentes. Em algumas aulas no ano passado eu tentei fazer
alguma coisa diferente, dei aulas de ginástica, de alongamento. No dia da aula de
alongamento, fiz o teste de flexibilidade no banco de Wells antes da aula, aplicamos na aula
alguns métodos de alongamento: estático, dinâmico, balístico, ou seja, trabalhando com
técnicas diferentes. Ao final da aula, realizamos um novo teste e os alunos viram sua
melhora imediata. Num outro dia, dei aula de ginástica, monitorando a freqüência cardíaca.
Dei aula de step também, mas tudo sem uma seqüência lógica. Posso dizer que não estava
preparado, precisava de uma seqüência que me norteasse, que eu seguisse realmente
aquilo. Os esportes acabam sendo uma segurança, mas sinto um desconforto com isso.
Entrevistador: Quais são as metodologias utilizadas em suas aulas?
Professor: Na realidade, a gente não tem uma metodologia bem clara, mas a grande
maioria das aulas acaba sendo através de comando, acaba não fugindo muito. Em algumas
208
aulas eu procuro não ser muito diretivo, procuro ao invés de passar o conteúdo e os alunos
repetirem, fazer com que os alunos descubram a melhor forma de executar uma
determinada tarefa. Por exemplo, ensinando um passe no Basquete, eu não falava “isto aqui
é um passe de peito”, tem que ser assim. Eu deixava livre, perguntava aos alunos o que
eles entendiam por passe. A grande maioria já tinha uma definição clara, eu só reforçava a
resposta deles. Após, dividia a turma em grupos, e pedia para cada grupo criar três formas
de passar a bola, e eles ficavam inventando passes. Era até engraçado, pois eu pedia para
que eles dessem um nome para cada passe. Eles inventavam o “passe da bailarina”, o
“passe de cabeça”, o “passe entre as pernas”. Foram aulas engraçadas e animadas. Ou
seja, eu não dizia a eles como deveria ser. Cada grupo apresentava os passes inventados,
dando nomes aos mesmos, era muito engraçado, haviam passes nunca vistos antes. Eram
aulas, vamos dizer, mais abertas. Logicamente, entre os passes mais ridículos e
engraçados, apareciam os passes que eu gostaria que eles fizessem. Especialmente em
uma competição que eu fazia ao final da aula, onde eu dispunha os alunos em colunas
frente a frente e estabelecia que a equipe que fizesse os passes mais rapidamente seria a
vencedora. Os dois passes mais executados acabavam sendo os que eu queria que eles
fizessem: o de peito e o de ombro. No final, a gente concluía, argumentando: por que é que
vocês inventaram tanto passe, mas na hora de competir usaram só estes dois? E eles
respondiam, sempre: “eram os mais rápidos, os mais eficientes, os que a gente errava
menos”. E eu dizia que era por aí mesmo, eles tentaram várias formas e decidiram pela
mais eficiente. Então, quer dizer, foi uma metodologia um pouquinho diferente, eu não sei
nem definir ao certo que tipo de metodologia eu usei, mas acho que ela se encaixa até
melhor dentro da proposta do colégio. Mas não é uma aula que faço com muita freqüência.
Eu diria que em um quarto das aulas eu tentava buscar algo parecido, e diria que desses
vinte e cinco por cento de aulas que eu tentava fazer assim, metade dava errado. Errado no
sentido da resposta dos alunos ser negativa, os alunos acharam que ficou chato,
perguntavam “por que isso agora”? Basicamente, nas aulas diretivas eu conseguia um
domínio melhor da turma.
Entrevistador: Quais são as formas de avaliação que você utiliza?
Professor: Bem, avaliação é outro problema que eu tenho. Não sei se a forma pela qual eu
avalio é uma forma correta, mas talvez pela facilidade e pela comodidade a gente acaba
ficando sempre nas mesmas formas de avaliação. Temos uma avaliação teórica escrita,
valendo zero a dez, de conteúdos esportivos, basicamente de regras, e no ensino médio
também de textos que eu passo relacionados à saúde. A outra avaliação é prática, valendo
também zero a dez, onde não cobro obviamente a performance dos alunos, mas cobro os
conteúdos práticos ministrados. Não precisa, por exemplo, fazer a cesta, cobro apenas a
209
execução técnica. No caso do ensino médio, cobro os sistemas. Normalmente peço para
que eles joguem dentro de um determinado sistema. Peço para que eles mudem o sistema
no meio do jogo, e às vezes peço para que eles demonstrem a formação do sistema através
de cones colocados na quadra na posição de cada jogador. Isso é uma forma de fazer com
que os alunos demonstrem que assimilaram a tática do jogo. Outra avaliação é pela
participação, valendo também de zero a dez. É o famoso “conceito”, ou seja, um prêmio ao
aluno que participa com interesse e disciplina de todas as aulas. É uma forma mais subjetiva
de avaliação. Somo tudo e divido por três, chegando na média bimestral.
Entrevistador: Qual é a relação do que você pensa da EF com o que você realmente
coloca em prática?
Professor: Eu gostaria de trabalhar conteúdos fora do esporte, colocar em prática isso, mas
tenho dificuldade neste aspecto. E o que eu observo no trabalho realizado em outros
colégios é que o conteúdo é o mesmo. Pergunto aos colegas: o que você trabalha na
Educação Física? A resposta é a mesma: vôlei, basquete, handebol, atletismo, e olha lá,
atletismo é difícil ver alguém que ensina. A visão de um conhecimento ideal em Educação
Física é de conteúdos que sejam voltados para o bem-estar dos alunos, que ele saiba o
porque dos movimentos, saindo da mesmice dos 4 ou 5 esportes, pois existem muitos
outros esportes que poderíamos ensinar, mas a gente não consegue. E por que a gente não
consegue? Inicialmente, porque há uma resistência muito grande por parte dos alunos.
Então, ou você se torna aquele professor “chato”, com o aluno comentando: caramba, hoje é
dia de Educação Física e esse professor vai ficar falando de dança, de expressão corporal,
de saúde? Se eu desse uma ou duas aulas por mês de um conteúdo diferente, tudo bem.
Agora, batendo sempre de frente com o aluno, por 200 dias letivos por ano, você vai
terminar o ano muito estressado. Acho mesmo que a aula deve ser um momento agradável
aos alunos, o que não significa que se deva fazer só o que eles querem. Quero montar algo
diferente, mas algo diferente que desperte o interesse dos alunos, é isso que estou tentando
buscar.
Entrevistador: Que relação você estabelece entre os conteúdos que você ministra e o dia-
a-dia dos alunos?
Professor: A relação é muito pequena. Mesmo porque os conteúdos que nós temos, em
sua grande maioria são baseados nos esportes. O aluno vai utilizar somente quando for a
algum clube ou outro lugar onde se pratica esportes socialmente, pois então vai poder
colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas aulas. Fora isso, alguns conhecimentos
sobre a importância da atividade física, a avaliação do índice de massa corporal que
ensinamos a calcular nas aulas, que pode ser feita junto aos familiares dos alunos,
210
conhecimentos sobre flexibilidade, alongamento, exercícios que os alunos devem fazer fora
do colégio. Mas mesmo assim, são conhecimentos muito básicos, superficiais, não há
relação consistente neste aspecto.
Entrevistador: Fale sobre a estrutura física e o material oferecido pela escola para o
desenvolvimento da disciplina, bem como sobre o apoio da administração da escola para
reciclagens acadêmicas.
Professor: Em relação à estrutura física, para o tamanho do colégio e pelo numero de
alunos que temos, acho suficiente, mas poderia ser melhor. Temos duas quadras, uma
coberta, outra não. O material é suficiente, mas é lógico que a gente sempre quer mais.
Especialmente no 4º bimestre, temos uma queda na quantidade e qualidade do material, em
função de muito uso e perda. Normalmente, a reposição é feita somente no começo do ano.
Mas dá para levar bem. Ou seja, quanto a material de uso, o apoio da escola é satisfatório.
No sentido de oferecer opções para as reciclagens acadêmicas do professor, não há apoio
financeiro, mas não existe restrição alguma para a participação em atividades extra-classe,
para a organização e participação em eventos esportivos. Isso é ótimo. Há apoio, desde que
não envolva muito custo. Quanto a novas idéias, mudanças, a direção do colégio apóia, é
muito receptiva. De uma forma geral, não só para a Educação Física, há pouco apoio para
reciclagens acadêmicas. Normalmente, quando participamos de eventos e cursos,
bancamos do nosso próprio bolso. Se precisar, há dispensa do trabalho, mas como os
eventos geralmente são em finais de semana, isso normalmente não acontece.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através de gravação em
cassete no dia 17/02/2006.
211
APÊNDICE 4
Questionário inicial aplicado aos discentes do Ensino Médio do
Colégio São Francisco Xavier (roteiro e respostas)
212
Questionário aplicado aos discentes do Ensino Médio do Colégio São
Francisco Xavier – inicial
ROTEIRO
Colégio São Francisco Xavier
Educação Física
Caros (as) alunos(as)
Este questionário é muito importante para que as aulas de Educação Física de
nossa escola atendam às suas necessidades e sejam cada vez melhores. Assim,
solicitamos que você responda as questões abaixo, não havendo a necessidade de
se identificar. Caso seja necessário, use o verso desta folha ou peça uma folha
complementar.
Muito obrigado.
Série:____________ Sexo: ( )M ( )F Tempo (anos) que está neste colégio:_____
1) Além das aulas de Educação Física, você pratica esportes? Descreva como é
esta prática (quais são as modalidades, locais onde pratica, quantas vezes
por semana, quantas horas por dia, etc.).
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2) Além das aulas de Educação Física, você pratica esportes? Descreva como é
esta prática (quais são as modalidades, locais onde pratica, quantas vezes
por semana, quantas horas por dia, etc.)
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3) Qual é o seu conhecimento sobre a Educação Física permanente?
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
213
4) Como foi a Educação Física que você vivenciou no ensino básico (até a 8ª
série)? Comente sobre os conteúdos que teve, como eram estruturadas as
aulas, como era o professor (comportamento, atitudes), como era a sua
participação nas aulas.
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5) Qual a importância dos conteúdos estudados para você? O que você
aproveita dos conteúdos estudados em seu cotidiano?
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
6) Na sua opinião, como deve ser a disciplina Educação Física?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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7) Você já teve alguma vivencia com o que imagina ideal para a Educação
Física? Como foi?
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8) Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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214
RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS
Série: 1ª
Total de alunos: 26
Gênero: Masculino: 14 / Feminino: 12
Tempo (em anos) que está na escola: entrou neste ano: 5;1 ano: 6; 2 anos: 3;
3 anos: 2; 4 anos: 2; 5 anos: 3; 6 anos: 3; 9 anos: 1; 10 anos: 1.
1) Além das aulas de Educação Física, você pratica esportes? Descreva como é
esta prática (quais são as modalidades, locais onde pratica, quantas vezes
por semana, quantas horas por dia, etc.)
alunos
Gênero Esportes Vezes / semana Horas / dia
04 F Não pratica nenhum - -
06 M Não pratica nenhum - -
01 F Voleibol e caminhada – recreativo Não inf. Não inf.
01 F Caminhada Não inf. 1
Caminhada Não inf. Não inf. 01 M
Atividades de academia Não inf. Não inf.
Corrida 5 1 01 M
Handebol 3 Não inf.
01 F Handebol 3 1
Handebol 3 2 01 F
Corrida 2 Não inf.
Handebol 3 2
Corrida 2 Não inf.
01
F
Tênis 1 1,5
Capoeira 2 Não inf.
Joga bola Não inf. Não inf.
01 M
Atividades de academia 2 Não inf.
01 F Atividades de academia 5 2
01 F Atividades de academia 3 Não inf.
01 M Futebol 3 Não inf.
01 M Basquetebol 1 a 2 Não inf.
01 M Voleibol 4 2,5
01 F Basquetebol 3 2
01 M Karatê e natação no tempo livre Não inf. Não inf.
Futsal 2 2 01 M
Corrida 1 Não inf.
2) Além dos esportes, você realiza algum esforço físico durante o dia? Como é
esse esforço?
Nº de
alunos
Gênero Esforço físico
05 F Não pratica nenhum
08 M Não pratica nenhum
06 F Caminha
05 M Caminha
01 F Caminha e anda de bicicleta
01 M Toca bateria
215
3) Qual é o seu conhecimento sobre a Educação Física permanente?
Não sabe, não respondeu: 100%.
4) Como foi a Educação Física que você vivenciou no ensino básico (até a 8ª
série)? Comente sobre os conteúdos que teve, como eram estruturadas as
aulas, como era o professor (comportamento, atitudes), como era a sua
participação nas aulas.
Muito bom, o professor era rígido, mas tinha seus momentos de brincadeira, muitas aulas práticas
e poucas aulas teóricas. Ele era bem inteligente.
Sempre havia variação de assuntos de esportes: futsal, basquete, handebol. O professor não dava
aula teórica, só alguns trabalhos.
Toda aula nós jogávamos basquete, vôlei, futebol ou handebol. Era muito bom, o professor era
ótimo e explicava muito bem as coisas. Minha participação na aula era normal, uma participação
boa.
Legal. Na 5ª e 6ª séries teve aulas teóricas e práticas, mas os professores davam conteúdo para
as provas. Os professores eram bons, pelo menos explicavam e jogavam bem. Em todas as aulas
participei, principalmente nas aulas de basquete.
Foi boa, com vários tópicos, modalidades, história dos esportes. O professor era muito legal,
respeita e brinca com os alunos.
Até a 5ª serie, em uma escola municipal em Curitiba, estudei um pouco de anatomia. Depois, só
esportes.
Eram aulas sobre esportes populares. Eram na maioria aulas práticas.
Era uma Educação Física que, normalmente, era duas ou três vezes por semana. Aulas com jogos
e ao mesmo tempo explicações sobre conteúdos (tipo de jogo, qual jogo). Era um tipo de esporte
por bimestre.
Praticando esportes, o professor era pinguço, então dava a bola e mandava nós jogarmos.
Até o ano passado, em outra escola, apenas jogávamos em todas as aulas. Neste ano, nesta
escola, as aulas são teóricas e práticas.
Bem, até a 8ª série, estudamos basicamente os principais esportes, handebol, basquete, vôlei,
futebol e outros.
Foi bom, aprendi várias coisas sobre handebol, basquete, etc. Aprendi também que devo me
cuidar com minha saúde, etc. Os professores fizeram o máximo para que eu pudesse entender.
Foi bastante produtiva, só para o prático, não aprendemos muita teoria. As aulas sempre eram
jogo, ou sobre como se jogava. Era um bom professor, só que não prestava atenção no que
fazíamos. Sempre gostei de todos os esportes, participava de todas as aulas.
Até a 7ª série não tinha estrutura, a partir da 8ª foi melhor organizado.
Cada bimestre a gente praticava um tipo de esporte, basquete, handebol, vôlei, futebol.
Nós fazíamos bastante exercícios em quadra. Aprendemos as regras básicas do Basquetebol,
Futsal, Vôlei e Basquete. O professor era bem enturmado e simpático. Eu sempre participava das
aulas.
Com brincadeiras e jogos de futebol, vôlei, basquete, etc. Estudamos vários esportes, era um
professor calmo que ficava falando de esportes. Às vezes eu não participava da aula.
Foi a mesma de hoje, mas com conteúdos diferentes. Os conteúdos que tive foram modalidades
esportivas e anatomia. O professor conseguia nos fazer entender a matéria e a participação nas
aulas era tranqüila.
Foi boa. Até a 5ª série fazíamos brincadeiras de correr. Exemplo: bandeirinha, corrente, etc. Da 5ª
a 8ª jogamos vôlei, basquete, futsal e handebol.Sempre participei de todas as atividades.
Cada bimestre é uma modalidade.
Muito boa, muito variada, às vezes dinâmica, o professor era bom, participava literalmente.
Muito esporte, pois não existia aula teórica.
Fiz aulas de handebol, futsal e basquete. Eram os esportes que eu mais fazia nas aulas de
Educação Física. As aulas eram bem ruins, o professor quase não se interessava em dar aulas. O
comportamento do professor era horrível. Ninguém gostava dele. Ele era mal-educado, ignorante,
chato e às vezes, fazia brincadeiras sem graça com os alunos.
Eu participava pouco das aulas, apesar de o professor ser ótimo e dar todas as dicas para uma
vida saudável.
Não responderam: 2
216
5) Qual a importância dos conteúdos estudados para você? O que você
aproveita dos conteúdos estudados em seu cotidiano?
Muito boa. Usei o que aprendi fora do colégio.
Acho que foi muito importante. Aproveito o Maximo do que aprendi sobre a saúde, na questão da
gordura, comida, atividade física.
Aprendi vários passes, curiosidades dos vários esportes.
Os conteúdos são importantes, tento aplicar nos meus esportes do dia-a-dia.
Bastante coisa. Respiração, alongamento, nome dos músculos, tudo isso aprendemos nas aulas.
É importante no meu dia-a-dia. Aprendo coisas novas, a me alimentar melhor.
Bem, não tenho certeza, mas acho que foi importante para eu me sentir bem comigo mesmo e com
meu corpo.
Aprendi que devemos nos alongar antes dos exercícios físicos, aprendi quais os músculos usados
em cada movimento, etc.
Só na prática de algum esporte.
Como tocar a bola.
Importância enorme. Aprendi a fazer alongamentos, aprendi a jogar, as regras do jogo, etc.
Quando jogo os esportes, ou assisto, entendo melhor as regras.
É fundamental, pois quando jogo com amigos, quando assisto aos jogos, entendo as regras, os
lances, as faltas, etc.
Aproveito várias coisas, principalmente sobre os jogos, as regras, etc.
A importância é que se pode aprender a se exercitar melhor, como alongamento.
Tem muita importância, pois qualquer coisa que você faz tem a ver com a Educação Física.
Nunca aproveitei
Nenhuma. No meu dia-a-dia não aproveito quase nada.
Provavelmente, para tirar nota, porque normalmente os conteúdos não têm grande importância
para mim.
Nenhuma. Nada.
Para mim terá importância caso caia no vestibular futuramente. No meu cotidiano eu não uso.
Não vejo muita importância. No meu dia-a-dia eu não aproveito nada do que foi estudado.
Nenhuma, nunca aproveito o que aprendo.
Não teve uma grande importância. Ajudou a acostumar a caminhar de vez em quando, não ficar
parado em casa o tempo todo.
Para passar no vestibular. Mas não aproveito quase nada no meu dia-a-dia.
É importante, mas na prática eu já esqueci de tudo, seja das aulas teóricas ou das práticas.
6) Na sua opinião, como deve ser a disciplina Educação Física?
Mais prática.
Sempre aula prática.
Deve ser todas as aulas na quadra, lá podemos correr, fazer alongamentos, etc.
Apenas esportes e história dos esportes.
Práticas. Teorias também durante as práticas.
Jogo e explicações sobre as regras do jogo.
Praticar bastante esporte.
Aprender mais sobre esportes.
Não sou contra aulas teóricas. Mas deveríamos ter mais aulas práticas.
Muitos jogos e exercícios. A parte teórica, na minha opinião, não é fundamental.
Jogos. Ficar só descontraindo, para relaxar das aulas.
Com esportes, mas principalmente basquete.
Temos que ter esportes e atletismo.
Ficar só jogando.
Mais esportes.
Uma aula calma e que seja prática.
Não sei.
217
Ensinar o básico sobre os esportes. Falar sobre saúde do ser humano e o básico sobre o corpo
humano.
Deve ensinar sobre saúde também, não só esporte. Devemos estudar reeducação alimentar, etc.
Deve ter uma aula teórica e uma prática.
Por mais que eu não goste, acho que deve haver aulas teóricas e também práticas.
Deve ser levada a sério como qualquer outra disciplina. Todos os esportes e exercícios devem ser
bem explicados e colocados em prática.
Deve ser mais para o lado teórico. A partir do 1º ano, mais esportes, modalidades.
Ensinar sobre corpo e mente.
Deveria ser opcional para os alunos, pois muitos deixam de fazer por não gostarem.
Com conteúdos diversificados, indo desde esportes até ginástica, dança, musica...
7) Você já teve alguma vivencia com o que imagina ideal para a Educação
Física? Como foi?
Sem resposta (2 alunos)
Não (9 alunos)
Do jeito que é.
Sim. Muito aproveitado, jogávamos na aula e conforme o jogo o professor ia nos explicando sobre o
esporte.
Sim, na 8ª série.
Sim. Joguei handebol durante 2 aulas.
Não mais gostaria de ter aulas sobre esportes universais, tipo beisebol, etc.
Sim, quando ganhava no basquete.
Sim, um jogo de basquete.
100% prática, sempre com alongamentos, aulas práticas, como sempre foi.
Já. Foi bem interessante...
Sim, inclusive foi recentemente. Foi num sábado, nos reunimos, professores e alunos, e realizamos
um jogo de futsal muito divertido.
O ideal para a Educação Física era jogar só quando desse vontade. Eu já passei por isso, quando
eu e minha colega não fizemos nada na aula.
Sim. Com aulas práticas. Não ter só teoria.
Claro. A melhor vivência que tenho são as aulas que tive, onde se aprende a teoria e se põe em
prática o que se aprendeu.
Sim. Estudava em uma escola que só tinha handebol.
Sim. Eu vi uma aula de alongamentos e exercícios físicos que acho que seria legal para ser dado
na Educação Física. Alguns professores dão aulas assim, mas muitos não.
8) Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
Nenhum.
Boa (4 alunos).
Muito boa (2 alunos).
Ótima.
Razoável.
Estou achando legal, se continuar assim está bom. Mas ainda acho que as aulas deveriam ser mais
de exercícios físicos, com alongamentos, etc, pois muitos não praticam esportes, e na escola seria
a hora de se fazer algum tipo de exercício.
Ótima, pois o professor consegue mesclar a teoria com a prática.
O professor sabe dar uma boa aula, apesar de eu não gostar de alguma coisa da matéria.
Eu gosto. O professor é bem legal e dá bastante jogo nas aulas, mas este ano vai ficar meio chato,
porque vai ter uma aula só de teoria e outra de jogo.
Estou satisfeita. A Educação Física aqui é boa e ensina sobre saúde e higiene.
Boa, mas com poucas aulas.
É grande, satisfatório, pois consigo compreender a importância da Educação Física.
Média. Deveria ter aula prática e teórica, ser bem menos cansativa.
218
Estou satisfeito, só acho que deveria ter mais aulas práticas.
É muito boa, pois só temos praticamente aulas práticas.
Eu acho que são de alto nível, participo, gosto das aulas.
Muito pequena. Não acho muito sério. Acho que poderiam ter coisas novas na escola.
98% aprovada.
100%.
Muito boa, mas tem muitas aulas na sala.
Boa, mas poderia ter mais aulas práticas.
Acho que está muito bom, não tenho noção de como é nas outras escolas, mas sei que somos
privilegiados neste aspecto.
Série: 2ª
Total de alunos: 19
Gênero: Masculino: 14 / Feminino: 05
Tempo (em anos) que está na escola: entrou neste ano: 3; 1 ano: 1; 3 anos:
2; 4 anos: 2; 5 anos: 2; 6 anos: 1; 7 anos: 4; 8 anos: 1; 9 anos: 1; 10 anos:1;
11 anos: 1.
1) Além das aulas de Educação Física, você pratica esportes? Descreva como é
esta prática (quais são as modalidades, locais onde pratica, quantas vezes
por semana, quantas horas por dia, etc.).
Nº de
alunos
Sexo Esportes Vezes / semana Horas / dia
04 F Não pratica nenhum - -
06 M Não pratica nenhum - -
01 M Natação Não Inf. Não Inf.
01 M Natação 02 01
02 M Handebol 02 01
01 M Futebol 01 Não Inf.
01 M Futebol 04 03
01 M Futebol Não Inf. Não Inf.
01 M Atividades de academia 05 2,5
01 F Atividades de academia 05 2
2) Além dos esportes, você realiza algum esforço físico durante o dia? Como é
esse esforço?
Nº de
alunos
Sexo Esforço físico
02 F Não pratica nenhum
02 M Não pratica nenhum
03 F Caminha
03 M Caminha
01 M “Joga bola”
02 M “Joga bola” e caminha
01 M Anda de bicicleta
01 M Anda de bicicleta e joga futebol
01 M Levanta pesos
01 M Ajuda o pai na oficina
01 M Ajuda o pai que é eletricista
01 M Carrega móveis
3) Qual é o seu conhecimento sobre a Educação Física permanente?
Não sabe, não respondeu, não entendeu: 100%.
219
4) Como foi a Educação Física que você vivenciou no ensino básico (até a 8ª
série)? Comente sobre os conteúdos que teve, como eram estruturadas as
aulas, como era o professor (comportamento, atitudes), como era a sua
participação nas aulas.
Foi boa, não tinha aulas teóricas, a gente tinha aulas de atletismo, handebol, basquete e futebol. O
professor era bem aplicado, sabia passar bem seu conhecimento, minha participação na aula era
total.
Tive aulas de atletismo, futsal, vôlei, basquete, handebol. Aproveitava o melhor tempo possível. Os
professores sempre passavam as regras antes dos jogos, e sempre que havia erros eles explicavam.
Eu tive na 5ª e 6ª série atletismo, basquete, vôlei e handebol. Da 7ª a 8ª aprendi vôlei, basquete,
handebol e futsal. Tive provas práticas e escritas. O professor sempre avaliava os conteúdos
passados nos jogos.
Estudávamos atletismo, vôlei, basquete, handebol e futebol. O professor nos ensinava as regras por
meio dos jogos. Eu sempre participava.
Estudávamos vôlei, basquete, atletismo, futsal, handebol, aprendíamos as regras dos jogos. Sempre
participava.
Nas minhas aulas tinha handebol, vôlei, basquete, futsal e atletismo. Os professores sempre foram
legais, bons professores, nos ensinavam as regras, os comportamentos de cada esporte.
Foi só prática. Pouca teoria. Pouca participação.
Boa. Tivemos os esportes basquete, vôlei, futebol, handebol, atletismo. No início da aula o
professor falava o que iríamos fazer durante a aula e depois descíamos para a quadra. O professor
era bom e nos ajudava quando precisávamos, eu fazia tudo o que ele pedia.
Boa, teorias de todos os esportes (vôlei, basquete, futebol, handebol e atletismo), tinha aulas
práticas, incluindo as teorias aprendidas. Tinha prova prática e teórica. O professor era bem
instruído, legal, educado, responsável, com bom diálogo. Participei de tudo, menos de futsal. Ajudei
em matéria de apitar jogo, etc.
Foi ótimo. As aulas eram bem boladas, com vários xerox de regras e das histórias dos esportes. Um
ótimo professor, bolava várias maneiras para incentivar todos a participar das aulas práticas.
Cada bimestre tinha um esporte diferente, as aulas eram organizadas e o professor dava conta de
tudo.
A cada aula tinha uma variedade de esportes, eram bem organizadas, o professor explicava bem.
Era dividida em uma modalidade por bimestre. Tivemos conteúdos de como se exercitar, o mal que
as drogas causam, mesmo que elas ajudem nos esportes.
5ª série: uma modalidade cada bimestre; 6ª série: 1 semestre de vôlei e o outro de natação; 7ª série:
livre; 8ª série: aulas práticas e teóricas. Eu fazia tudo o que o professor pedisse, participava das
aulas.
Boa. Cada bimestre tinha atividades de modalidades diferentes, eu participava ativamente.
Era futebol praticamente em todas as aulas. Pouca aula teórica.
Era dividida em uma modalidade por bimestre, bem organizada, eu participava bastante.
Apenas jogo de bola, aprendendo algumas regras de jogo. O professor era legal, conseguia passar o
conteúdo legal.
Apenas prática. Até a 5ª série, se fazia gincanas, etc. após a 5ª série, jogos de vôlei, basquete.
Sempre tive bons professores.
5) Qual a importância dos conteúdos estudados para você? O que você
aproveita dos conteúdos estudados em seu cotidiano?
Sem importância alguma.
Nenhum. Nada.
A importância de fazer esforço físico, de fazer exercício.
Aproveito para minhas caminhadas.
Aprendemos sobre doping e alongamentos.
Importante, pois sabemos como funciona o nosso corpo.
Fazer alongamentos básicos antes de qualquer atividade física.
Conhecimentos gerais, aprendo algo a mais.minha habilidade aumenta para o cotidiano.
220
Bom, pois entra agora no vestibular em conhecimentos gerais, e as pessoas dizem que cai qualquer
coisa, inclusive esportes, as regras do jogo.
Saber as regras dos esportes, saber exatamente como se exercitar e saber por que não usar drogas.
Eles me ensinaram a jogar melhor, manter um certo ritmo, não ficar com câimbras, etc.
Entender as regras dos jogos. Quando vou brincar com meus amigos, sei me alongar e sei as regras
dos jogos.
É bom conhecer os esportes, as regras dos esportes e pratica-los.
Como é jogada cada modalidade e as regras de cada uma. O conhecimento sobre vôlei e basquete.
Para sabermos as regras. Para podermos jogar os esportes corretamente.
Eu vou saber jogar as modalidades distintas e saber as regras.
Aprender as regras dos jogos distintos.
O importante é você ter a noção básica das regras do jogo, saber a importância do esporte em
nossas vidas.
Para mim foi importante, pois na aula de Educação Física você aprende as regras dos jogos.
6) Na sua opinião, como deve ser a disciplina Educação Física?
Sempre aula prática / 100% prática. (06 alunos)
Totalmente prática, sem prova escrita. (02 alunos)
Ter somente aulas práticas. As regras dos jogos devem ser ensinadas durante as aulas práticas (02
alunos)
Tem que ser uma aula prática, com explicações no meio da aula.
Aulas práticas e teóricas. (02 alunos)
Pouca atividade teórica, bastante aula prática. (02 alunos)
80% prática, 20% teórica.
Com jogos, dança e teatro.
Deve ser ensinada.
Uma disciplina que melhore o nosso rendimento físico.
Futebol todos os dias.
7) Você já teve alguma vivencia com o que imagina ideal para a Educação
Física? Como foi?
Não respondeu.
Não.
Não, nunca aconteceu. (02 alunos)
Não estou satisfeito com essas aulas que tenho.
Sim. Aula prática sempre. (03 alunos)
Sim, pois aprendemos mais nas coisas práticas do que nas teóricas. (02 alunos)
Sim. O professor fazia a gente jogar bola, a gente aprende mais fácil na prática do que dentro de
uma sala.
Sim. Teve época, no 1º ano do ensino médio, que só jogamos bola. Sempre deve ser assim.
Sim, aulas práticas com a professora ensinando como fazer.
Sim. No 1º ano do ensino médio tinha aula prática quase todo dia.
Sim. Teria o futebol em todas as aulas.
Sim. Por enquanto está sendo como eu acho que deveria ser.
Sim. A Educação Física foi boa.
Sim, e o meu condicionamento físico melhorou muito.
Sim. Ensino dos alongamentos necessários antes da prática do esporte.
8) Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
Está começando a ter muita teoria. Deveríamos ter mais práticas. (05 alunos)
Bom, mas podia ter mais aula prática.
221
Mais ou menos, pois não tem muitas aulas práticas, nós já ficamos dentro de sala muito tempo,
temos que sair para descontrair.
Muito boa, só deveria ter mais aulas, aumentar a carga horária, e que sejam práticas.
Excelente.
Boa. Excelente matéria, a melhor.
Muito boa.
Total, as aulas do colégio sempre foram boas.
100%, o professor sabe explicar e temos prática regularmente.
Boa. (03 alunos)
Agradável.
80%.
Eu acho bacana a Educação Física.
Série: 3ª
Total de alunos: 12
Sexo: Masculino: 06 / Feminino: 06
Tempo (em anos) que está na escola: 1 ano:1; 2 anos: 1; 3 anos:3; 4 anos:3;
5 anos: 3; 12 anos:1.
1) Além das aulas de Educação Física, você pratica esportes? Descreva como é
esta prática (quais são as modalidades, locais onde pratica, quantas vezes
por semana, quantas horas por dia, etc.).
Nº de
alunos
Sexo Esportes Vezes /
semana
Horas / dia
01 M Não pratica nenhum - -
01 F Não pratica nenhum - -
01 M Handebol 2 2,5
01 M Futsal 1 3
01 F Atividades de academia 5 1,5
01 F Atividades de academia 5 Não inf.
02 F Atividades de academia 3 1
01 F Musculação 5 1
01 M Futebol Não inf. Não inf.
01 M Motocross (trilha) 2 4
Judô 2 Não inf. 01 M
Musculação 5 Não inf.
2) Além dos esportes, você realiza algum esforço físico durante o dia? Como é
esse esforço?
Nº de
alunos
Sexo Esforço físico
01 F Não pratica nenhum
01 M Não pratica nenhum
01 F Caminha
01 M Caminha
01 M Caminha e anda de bicicleta
01 F Caminha e dança
3) Qual é o seu conhecimento sobre a Educação Física permanente?
Não sabe, não respondeu, não entendeu: 100%.
222
4) Como foi a Educação Física que você vivenciou no ensino básico (até a 8ª
série)? Comente sobre os conteúdos que teve, como eram estruturadas as
aulas, como era o professor (comportamento, atitudes), como era a sua
participação nas aulas.
Primeiramente, sou um aluno ativo. Sempre participei das aulas de Educação Física. Com auxilio e
incentivo do meu professor eu pude aprender muito sobre alguns esportes e sobre o corpo humano.
No ensino fundamental as aulas de Educação Física eram voltadas para a prática de esportes, não
tendo muita teoria. Minha participação era boa, mas não participava de todas as aulas, pois alguns
esportes não me agradavam.
Até a 8ª série a aula de Educação Física era variada, um dia era vôlei, no outro futebol, no outro
handebol, basquete e futsal. O professor era bom, mas eu não participava das aulas porque nunca
gostei muito da aula de Educação Física.
Era bem diversificada, tínhamos aulas teóricas sobre alguns esportes (regras, modo de jogo), aulas
práticas desses esportes (corrida, vôlei, basquete), tínhamos que fazer avaliações, como peso e
altura. Algumas vezes tínhamos avaliações sobre as aulas teóricas. O professor era bem formado,
se dava bem com os alunos, era uma pessoa calma e divertida.
As aulas eram mais práticas, mas tinha um momento em que o professor dava alongamentos,
explicava sobre os esportes, etc.
Os bimestres eram divididos por modalidades: handebol, futsal, basquete, atletismo, vôlei, etc. Eu
gostava de participar das aulas.
Só prática (agora tenho mais teóricas), eram estruturadas academicamente, o professor era bom,
minhas participações eram ótimas.
Até a 6ª série eu só praticava esportes variados nas aulas. A partir da sétima série, passei a fazer
avaliações teóricas, além das práticas. Os professores sempre foram bons e atenciosos, eu sempre
participava das aulas.
Foi bem dinâmica. Tive aulas, principalmente, de atletismo e até de natação. Participava de todas as
aulas. Os professores eram muito bons.
Até a 8ª série eu só jogava futebol nas aulas, só fazia isso. O professor somente separava os times e
nós jogávamos. Eu participava de todas as aulas.
Cada bimestre um esporte, vôlei, basquete, handebol e futsal. O professor era legal, um bom
professor.
Basicamente, não tinha teoria (escrita), no entanto, o professor ensinava os fundamentos básicos de
cada esporte, era disciplinado. Eu participava de todas as aulas.
5) Qual a importância dos conteúdos estudados para você? O que você
aproveita dos conteúdos estudados em seu cotidiano?
Antes de qualquer atividade física em que vou necessitar de força, eu procuro me alongar. As regras
e técnicas dos esportes eu aproveito, desfruto delas para minha prática.
Para compreender as ações e reações que ocorrem em nosso organismo antes, durante e após o
exercício físico.
Aprender mais e mais. Aproveito o máximo.
É importante para saber o que acontece dentro do seu organismo.
É bom para sabermos o que está realmente acontecendo com o nosso corpo durante a prática de
exercícios.
Não tive muito conteúdo.
Muito grande. Aprendi a fazer alongamentos. Sempre realizo alongamentos antes da prática de
esportes. (02 alunos)
O estudo é muito importante para que você saiba como trabalhar com seu corpo no dia-a-dia, como
por exemplo, se alimentar bem, fazer alongamentos para aumentar o desempenho nos esportes,
para evitar lesões.
Com tudo que estudei, tenho hábitos mais saudáveis.
Podemos usar, um dia.
A Educação Física é muito importante, pois se aplica em nossa vida cotidiana, ajudando-nos a manter
a saúde e uma boa qualidade de vida.
223
6) Na sua opinião, como deve ser a disciplina Educação Física?
Uma aula teórica e uma prática.
Deve ter aulas práticas e teóricas. (02 alunos)
Mais prática, pouca teoria. (02 alunos)
Com mais esportes.
Muito esporte e pouca aula teórica.
Com a prática de esportes não tão praticados atualmente.
Só futebol.
Deve voltar a ser como na 8ª série, mais técnica, movimentos teóricos, alongamentos, esportes, etc.
Deve ser obrigatória até a 8ª série, e facultativa no ensino médio.
As aulas práticas devem ser obrigatórias somente no ensino fundamental.
7) Você já teve alguma vivencia com o que imagina ideal para a Educação
Física? Como foi?
Não tive. (08 alunos)
Sim, foram ótimos, foi legal. (02 alunos)
Sim. Torci o tornozelo e imediatamente fiquei em repouso e coloquei uma bolsa de gelo no local.
Quando pude, fui ao médico.
Jogamos beisebol na aula. Foi muito legal.
8) Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
Ótimo.
Bom.
Muito boa, o melhor possível.
É uma ótima aula e temos um ótimo professor. O material é que, às vezes, não tem condições de
uso. (02 alunos)
Ótima. Gosto muito da Educação Física aqui do colégio.
Estou satisfeito. (03 alunos)
Estou satisfeito, pois posso praticar esportes e aprender a teoria, ficar informado.
Regular.
Deveria haver mais aulas por semana.
224
APÊNDICE 5
Entrevista final com a Diretora do Colégio São Francisco Xavier
225
Entrevista final com a Diretora do Colégio São Francisco Xavier
Entrevistador: Quais são as observações que a senhora apontaria nesse momento em
relação à proposta que está em desenvolvimento?
Diretora: Observo uma maior tranqüilidade dos alunos com relação às aulas de Educação
Física. Antes, os alunos saíam da sala e se dirigiam diretamente para a quadra. Atualmente,
eles aguardam pelo professor em sala. Ou seja, sabem que a aula pode ser prática ou
teórica. A inclusão de outros conteúdos além dos jogos deu uma nova característica à
disciplina.
Entrevistador: Na visão da senhora o que mudou no cotidiano da Ed. Física?
Diretora: Os alunos não ficam mais agitados. Os alunos estão absorvendo a nova
realidade, estão mais seguros. Já sabem como as aulas passaram a ser, práticas e teóricas.
Está valendo o trabalho de vocês, está tendo uma boa aceitação.
Entrevistador: A senhora poderia apontar alguns aspectos positivos e negativos?
Diretora: De negativo, por enquanto, não percebi nada. Nenhuma reclamação. Antes,
aconteciam reclamações do tipo: “não quero participar do jogo”, “não levo jeito”, “não corro
muito”, “não sei jogar”, havia objeções. Nossa tranqüilidade aumentou, só vejo benefícios.
Já aconteceu de pais virem aqui na minha sala, e quando eu falei como é o nosso trabalho,
que neste ano é diferente, que existe um novo projeto, que são dadas aulas teóricas, que os
alunos estudam além de ir para a quadra, e os pais elogiaram a iniciativa. É um diferencial.
Entrevistador: O que foi percebido pela senhora em relação ao trabalho do professor de
Educação Física à atitude dos alunos em relação à Educação Física e à percepção das
outras áreas da comunidade escolar como um todo sobre a Educação Física?
Diretora: O nosso professor é ótimo, é responsável e o trabalho dele melhorou ainda mais
agora. Quanto aos alunos, como já falei, a aceitação foi muito boa, pelo menos é o que nós
percebemos. Quanto às outras áreas, não houve maiores comentários sobre a Educação
Física, tudo é ainda muito recente.
Entrevistador: Esta proposta provocou alguma mudança sobre a sua concepção de
Educação Física?
Diretora: A Educação Física agora é vista por mim como uma matéria necessária, tem
profundidade, o aluno tem conhecimentos a adquirir, isso é de uma grande valia. Eu,
particularmente, estou valorizando mais a disciplina, até mesmo pelo comprometimento do
professor. Eu disse para você na entrevista anterior, que me assustei com os cartazes na
parede quando vocês fizeram o planejamento, eu nunca vi coisa igual. Mas o professor está
226
dando conta. Eu vejo vocês dois sentados, planejando, discutindo. Vocês não percebem,
mas eu vejo o empenho de vocês. Isso valoriza a Educação Física, é uma matéria
planejada, no mesmo nível das demais.
Entrevistador: O projeto irá continuar. O que a senhora sugere e o que espera desta “nova”
Educação Física?
Diretora: As coisas já estão ocorrendo, graças ao trabalho de vocês, do dia-a-dia. Espero
seja dado continuidade, eu não sei até quando vocês vão ficar conosco, mas espero que os
nossos professores se motivem a continuar. Vocês valorizaram a Educação Física.
Conseguiram mostrar a importância da matéria.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através de
gravação em cassete no dia 12/06/2006.
227
APÊNDICE 6
Entrevista final com a Coordenadora Pedagógica Física do Colégio
São Francisco Xavier
228
Entrevista final com a Coordenadora Pedagógica do Colégio São Francisco Xavier
Entrevistador: Quais são as observações que a senhora apontaria nesse momento em
relação à proposta que está em desenvolvimento?
Coordenadora: A primeira observação que chamou a minha atenção para as mudanças foi
com relação às provas, pois todas as provas teóricas de todas as disciplinas passam pelas
minhas mãos. A prova de Educação Física mudou, antes era composta apenas de regras
dos esportes. Nas últimas avaliações encontramos questões sobre nutrição, contração
muscular, qualidades físicas, movimentos corporais, etc., enfocando não só “o que”, mas
também o “por que”. A avaliação melhorou muito.
Entrevistador: Na visão da senhora o que mudou no cotidiano da Ed. Física?
Coordenadora: Eu acho que mudou tudo, é totalmente diferente. Os alunos estão se
conscientizando de todos os benefícios que a Educação Física pode trazer para toda a vida,
estão entendendo cada exercício, cada movimento, cada conteúdo, para quê e por quê.
Entrevistador: A senhora poderia apontar alguns aspectos positivos e negativos?
Coordenadora: Eu estava esperando as reclamações dos alunos. Quando as aulas
começaram a mudar, eu pensei que as aulas ficariam menos prazerosas, fiquei preparada
para uma “chuva de reclamações”. Não houve uma sequer. E olha que nós temos aqui uma
cultura de reclamações. Tudo que é novo, todo início traz esse medo. Abraçamos a idéia
porque tanto o nosso professor quanto vocês tinham credibilidade. Mas eu confesso que
estava ansiosa para ver na prática. Realmente, até agora foi muito bom. Aquela aula de
dança foi fantástica, no outro dia o pessoal mais novo queria saber quando iriam fazer
aquela aula. Ou seja, só vi aspectos positivos.
Entrevistador: O que foi percebido pela senhora em relação ao trabalho do professor de
Educação Física à atitude dos alunos em relação à Educação Física e à percepção das
outras áreas da comunidade escolar como um todo sobre a Educação Física?
Coordenadora: O nosso professor sempre foi excelente, e acho que ele assimilou bem a
proposta. Sobre os alunos, já foi dito, e quanto às demais áreas, tudo é muito novo ainda, a
cultura está sendo mudada, mas não oportunizamos debates e conversas mais amplas com
os demais professores, além daquela palestra inicial.
Entrevistador: Esta proposta provocou alguma mudança sobre a sua concepção de
Educação Física?
Coordenadora: Essa visão que eu tinha da Educação Física agora me parece muito antiga.
Aquilo de ir para a quadra, fazer exercícios, estudar apenas regras foi superado. Tudo que é
novo assusta, mas agora eu penso que não tem mais volta. Eu pensei, no início: a
229
Educação Física não vai ficar chata? Vocês acabaram com essa tese, e eu mudei minha
visão. Os alunos estão mais conscientes, tudo que a gente faz com consciência, faz melhor.
Entrevistador: O projeto irá continuar. O que a senhora sugere e o que espera desta “nova”
Educação Física?
Coordenadora: È tudo muito novo, estamos ainda conhecendo esta nova proposta, por isso
é difícil sugerir alguma coisa. Está dando certo, isso é claro. Pelo que tem sido feito,
esperamos um resultado fantástico, os alunos estão aprendendo a se cuidar para toda a
vida, a desenvolverem suas aptidões físicas. Realmente, eu acredito que isso vai afetar a
vida dos alunos e de seus familiares.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através de gravação em
cassete no dia 12/06/2006.
230
APÊNDICE 7
Entrevista final com o docente de Educação Física do Ensino Médio
231
Entrevista final com o docente de Educação Física do Ensino Médio
Sobre a estratégia que adotamos, até o momento, para a re-configuração da Educação
Física Escolar:
Entrevistador: Qual é a sua percepção quanto à sensibilização dos alunos, gestores e
comunidade escolar em geral?
Professor: o que se pode observar em conversas extra-aula com professores de outras
áreas, há uma curiosidade geral sobre como estamos conduzindo a disciplina. Os alunos,
mesmo horário fora dos horários de aula, vêm perguntar e questionar sobre os conteúdos
que são interessantes a eles. Recebemos também retorno de pais, que elogiam as tarefas
que passamos para casa, como por exemplo, o cálculo do IMC, que os alunos fizeram de si
e dos familiares. Ainda é uma resposta pequena, mas configura uma sensibilização da
comunidade, sim.
Entrevistador: Qual é a sua opinião quanto ao planejamento?
Professor: a maior dificuldade, não só minha, mas também dos professores que atuam em
outros níveis de ensino aqui no colégio que estão inseridos na proposta, é a de seguir uma
lógica. São quatro grandes núcleos, trabalhamos por blocos. Antes, em cada bimestre
trabalhávamos um esporte diferente, era obviamente mais fácil. Não sabemos se a
seqüência que elaboramos é a melhor, mas com certeza a cada ano o planejamento estará
melhor, pois aprendemos com os erros.
Entrevistador: Qual é a sua opinião quanto à organização das aulas? E quanto à exigência
de estudo para preparação das mesmas?
Professor: quando trabalhamos o núcleo “o movimento nas manifestações lúdicas e
esportivas” a facilidade é maior. Apesar do novo enfoque, dominamos muito bem os
conteúdos. Nos outros núcleos, sentimos que necessitamos de muita leitura e preparação
de material de apoio. Temos muita dificuldade nesse sentido. As aulas que têm tido mais
sucesso, particularmente falando, são as que abordam conteúdos sobre a saúde
relacionada à atividade física, pois é um tema que sempre estudei e com o qual sempre
trabalhei fora da escola. Tenho afinidade. Em outros conteúdos com os quais não estou
acostumado a trabalhar, as aulas foram menos motivantes. O número de conteúdos em
relação aos anos anteriores é bastante grande. A parte de primeiros socorros não foi
abordada ainda, estaremos nos preparando para ministrar em breve. Outra área que
envolverá maior estudo é a de drogas, anabolizantes, fumo, álcool, que são assuntos
interessantes aos alunos nesta idade. Não basta o conhecimento genérico, do dia-a-dia,
232
para entrarmos em sala de aula e conquistarmos os alunos. Já dei aulas com leitura de
textos, foram muito desmotivantes. Devemos pensar em formas de dar aulas motivantes. O
problema junto aos alunos não é o conteúdo, é o pouco domínio do mesmo, que eles logo
percebem. A aula de dança, com o professor convidado foi uma grata surpresa, tivemos
uma participação de quase 100%, só um aluno não quis participar. Era um tema que eu não
apostava que tivesse a adesão que teve. Isso prova que o domínio dos conteúdos faz a
diferença.
Entrevistador: Qual é a sua opinião quanto à utilização dos conteúdos estudados para a
vida dos alunos?
Professor: eu acredito que já houve uma mexida com o dia-a-dia dos alunos. Os alunos
têm indicado isso, os novos conteúdos estimularam os alunos, apesar de ser uma
percepção sem dados mais concretos, eu senti diferença no comportamento dos alunos.
Entrevistador: Qual é a sua opinião quanto às dificuldades e facilidades?
Professor: como já disse, uma dificuldade foi com o domínio de alguns conteúdos. Outra
dificuldade é a de trabalhar em sala de aula, há muita resistência. Mas em alguns
momentos, isso deverá ocorrer, por mais que se tente não ficar em sala. Nos próximos anos
penso que a dificuldade será menor. A terceira dificuldade é a seqüência lógica dos
conteúdos, como já foi dito. Fiquei satisfeito com algumas aulas nas quais houve uma
resistência inicial com determinado tema, mesmo fora da sala de aula, mas isso foi logo
quebrado, ao longo da aula. Enfim, o lado bom desta mudança foi verificar que podemos
trabalhar muitos conteúdos diferentes dos esportivos.
Entrevistador: Quais foram aos avanços percebidos por você?
Professor: A quebra de resistências. Os pequenos grupos que exigiam um determinado tipo
de aula foram cedendo à exigência da disciplina, foram tendo que se integrar. Foi vencida a
primeira barreira. A prática esportiva vazia foi superada.
Entrevistador: Você se sente estimulado a continuar?
Professor: ainda estamos errando muito, mas com os erros estamos construindo um
caminho. Acumulando o que deu certo e consertando o que deu errado, vamos avançar
cada vez mais. Foi um pequeno avanço até agora, mas ele sem dúvida ocorreu. No próximo
ano entraremos mais forte, e assim a cada ano. Quero chegar a 100% de acerto, é difícil,
mas vamos correr atrás.
Entrevistador: Pelos comentários apresentados em nossa primeira entrevista, pudemos
perceber que você já almejava desenvolver uma Educação Física diferente na escola. Esse
fato é o que realmente nos estimula a propor mudanças e avanços. Entretanto, também
233
pudemos perceber que havia problemas relacionados a como organizar os conteúdos,
oferecer uma seqüência lógica e gradual, atender aos anseios dos alunos, apresentar uma
disciplina útil e significativa para a formação das crianças e adolescentes e outros detalhes,
mesmo porque não havia vivenciado isso, nem como aluno e nem como docente. Ao final
deste período em que atuamos juntos, o que mudou no seu entendimento sobre a Educação
Física Escolar? Essa experiência trouxe algo de significativo e consistente para avançarmos
com essa área na educação?
Professor: tudo começou com aquela vontade de estarmos saindo daquela rotina que
vínhamos cultuando. Depois daquelas reuniões que tivemos, do planejamento, mudou
principalmente o modo de pensar, planejar e agir, aumentou o meu campo de visão a
respeito de como a Educação Física pode ajudar nossos alunos em sua vida. Tínhamos
alguma pretensão antes do nosso projeto, não tínhamos idéia de como colocar algo
diferente em prática. Com nossa prática neste semestre, pude perceber que é viável mudar,
que a mudança pode acontecer. Quanto à Educação Física ser reconhecida como uma área
da Educação, eu acho que vai ser, sim, na medida em que a direção, pais, professores de
outras áreas e os próprios professores da área passem a valorizar mais a disciplina.
Entrevistador: Essa experiência conseguiu mexer com sua forma de atuar
profissionalmente no setor educacional? Quais são as suas observações gerais?
Professor: com certeza. Mudou minha forma de agir por desvincular minha disciplina da
exclusividade esportiva. Por outro lado, a leitura, o estudo, a preparação das aulas passou a
ser o diferencial. Enquanto ficarmos parados no tempo a Educação Física não vai caminhar.
O professor de Educação Física só será respeitado se superar suas dificuldades. Dedicar
tempo para a preparação de aulas é fundamental. Isso tudo mudou minha forma de agir.
A entrevista acima transcrita corresponde integralmente à realizada através de gravação em
cassete no dia 12/06/2006.
234
APÊNDICE 8
Questionário final aplicado aos discentes do Ensino Médio do
Colégio São Francisco Xavier (roteiro e respostas)
235
Questionário aplicado aos discentes do Ensino Médio do Colégio São
Francisco Xavier – Final
ROTEIRO
Colégio São Francisco Xavier
Educação Física
Caros (as) alunos (as)
Estamos vivendo um período de transformações nas nossas aulas de Educação
Física, e sua opinião sobre as mesmas é muito importante. Solicitamos que você
responda as questões abaixo, não havendo a necessidade de se identificar. Caso
seja necessário, use o verso desta folha ou peça uma folha complementar.
Muito obrigado.
Série:____________ Sexo: ( )M ( )F
1. A educação é importante para você? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2. O que aprendemos na escola deve ter vínculo com o que vivemos em nosso
dia-a-dia?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3. Os conteúdos estudados na Ed. Física foram interessantes? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
4. A maneira que os conteúdos foram ensinados pelo professor foi motivante?
Ocorreu um bom aprendizado? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
236
5. Como foi a sua participação nas aulas? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
6. Você acha que os conteúdos estudados serão aproveitados em sua vida fora
da escola? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7. Você apóia a continuidade do processo que está ocorrendo? Por quê?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8. Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
9. Apresente uma sugestão que você considera de fundamental importância
para a melhoria das aulas de Educação Física.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
237
RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS FINAIS
1. A educação é importante para você? Por quê?
1º ANO (26 alunos)
Sim – dela depende o futuro, o sucesso, mercado de trabalho (competição) (7)
Sim – por causa das informações (2)
Sim – pelo conhecimento, criticidade, responsabilidade, cidadania (3)
Sim – formação do caráter (3)
Sim – por causa das informações, dependemos dela para tudo (2)
Sim – usamos a educação em nosso cotidiano, na vida (1)
Sim – relacionamento com as pessoas (1)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (7) ex: é essencial em tudo, sem educação
somos bichos, porque sim, porque entendemos melhor o porquê disso ou daquilo, não tem como a
gente evoluir,
2º ANO (19 alunos)
Sim – dela depende o futuro, o sucesso, mercado de trabalho (competição) (2)
Sim – pelo conhecimento, criticidade, responsabilidade, cidadania (2)
Sim – usamos a educação em nosso cotidiano, na vida (2)
Sim – construção de um país melhor, de um mundo melhor (2)
Sim – relacionamento com as pessoas – respeito ao próximo (6)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (5) ex: a educação cabe em qualquer lugar; é
um dos requisitos para você sair de casa; sem a educação ninguém é nada; vamos levar para a
vida inteira; sem ela seremos pessoas ignorantes
3º ANO (12 alunos)
Sim – dela depende o futuro, o sucesso, mercado de trabalho (competição) (6)
Sim – usamos a educação em nosso cotidiano, na vida (1)
Sim – construção de um país melhor, de um mundo melhor (3)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (2) ex: para não ser ignorante; ajuda a somar
2. O que aprendemos na escola deve ter vínculo com o que vivemos no dia-a-
dia?
1º ANO (26 alunos)
Sim (26)
Observações realizadas: tudo o que aprendemos deveria ser aplicado na vida; alguns
conhecimentos passados nas aulas são inúteis; o que aprendemos na escola levamos para a vida;
só religião não, isso é uma coisa pessoal; a escola é uma torneira de informações, o aluno é o
balde a ser cheio; seremos lá fora o que somos na escola; se não levarmos para a vida, de nada
valeu
2º ANO (19 alunos)
Sim (16)
Algumas coisas (3)
Observações realizadas: aprendendo, podemos ensinar as pessoas à nossa volta; algumas coisas,
porque o que eu não gosto de fazer na escola não vou fazer no dia-a-dia;
3º ANO (12 alunos)
Sim (12)
Observações realizadas: Um bom resultado aqui acarreta bons resultados lá fora; cuidar melhor de
nossa saúde; vamos à escola para aplicar o que aprendemos fora dela.
3. Os conteúdos estudados na Ed. Física foram interessantes? Por quê?
1º ANO (26 alunos)
Sim
além da
p
rática, foram transmitidos conhecimentos
(
citados: nutri
ç
ão, muscula
ç
ão, dan
ç
a,
238
ginástica) (8)
Sim – fizemos coisas diferentes, saímos da rotina (5)
Sim – foram ensinados de forma divertida, interessante, atrativa (3)
Sim – assuntos sobre atividades que se pode fazer fora do colégio / fazem parte do dia-a-dia (3)
Sim – conhecimentos para cuidar melhor do corpo, da saúde (2)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (3) ex: alguns conteúdos são cansativos, mas
são importantes; aprendemos sobre corpo e mente; porque gosto de Educação Física
Às vezes – aulas teóricas pouco interessantes, aulas práticas sempre interessantes (2)
2º ANO (19 alunos)
Sim – além da prática, foram transmitidos conhecimentos (citados: nutrição, musculação, dança,
ginástica) (4)
Sim – conhecimentos para cuidar melhor do corpo, da saúde (4)
Sim – fizemos coisas diferentes, saímos da rotina (3)
Sim – assuntos sobre atividades que se pode fazer fora do colégio / fazem parte do dia-a-dia (3)
Sim – foram ensinados de forma divertida, interessante, atrativa (1)
Sim – descobri que a Educação Física não é só aula para relaxar (1)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (2) ex: abrange muitos assuntos; aprendemos
melhor na prática;
Às vezes – o professor tem que conhecer o assunto para ensinar (1)
3º ANO (12 alunos)
Sim – além da prática, foram transmitidos conhecimentos (citados: nutrição, musculação, dança,
ginástica) (4)
Sim – conhecimentos para cuidar melhor do corpo, da saúde (3)
Sim – assuntos sobre atividades que se pode fazer fora do colégio / fazem parte do dia-a-dia (3)
Sim – fizemos coisas diferentes, saímos da rotina (2)
4. A maneira que os conteúdos foram ensinados pelo professor foi motivante?
Por quê?
1º ANO (26 alunos)
Sim – conteúdos ensinados de forma divertida, dinâmica, atrativa, animada (8)
Sim – motivação e prazer demonstrados pelo professor em ensinar (4)
Sim – o professor relacionou com o dia-a-dia (4)
Sim – conteúdos novos, novidades (4)
Sim – relacionou teoria e prática (1)
Sim – o professor explica bem os conteúdos (1)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (1)
Às vezes – me motivei para as aulas práticas. As aulas teóricas são como as outras matérias: só
conteúdo para a prova (1)
Às vezes – não gosto de ficar na sala de aula. É o único momento para descontrair. Mas houve um
bom aprendizado (1)
Às vezes – as aulas de vídeo foram desinteressantes, entediantes (1)
2º ANO (19 alunos)
Sim – conteúdos novos, novidades (3)
Sim – relacionou teoria e prática (3)
Sim – o professor relacionou com o dia-a-dia (2)
Sim – conteúdos ensinados de forma divertida, dinâmica, atrativa, animada (1)
Sim – o professor interagiu com os alunos (1)
Sim – aprendi mais na prática (1)
Sim – o professor domina os conteúdos (1)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (3) ex: foi só para saber o básico
Às vezes – só as práticas foram interessantes (2)
Às vezes – só as práticas foram interessantes, mas teve aprendizado (1)
Às vezes – não deveria haver aula teórica, só prática com explicações (1)
3º ANO (12 alunos)
239
Sim – conteúdos ensinados de forma divertida, dinâmica, atrativa, animada (2)
Sim – o professor relacionou com o dia-a-dia (2)
Sim – conteúdos novos, novidades (1)
Sim – relacionou teoria e prática (3)
Sim – o professor interagiu com os alunos (1)
Sim – aprendi mais na prática (1)
Sim – a forma de ensinar prendeu a atenção e despertou curiosidades (1)
Sim – sem justificativa ou sem sentido na justificativa (1) ex: porque aprendi mais
5. Como foi a sua participação nas aulas? Por quê?
1º ANO (26 alunos)
Participação total/boa – as atividades foram interessantes, aulas diferentes, estimulantes (2)
Participação total/boa – me dediquei, me esforcei, tentei aprender (3)
Participação total/boa – gostei das mudanças (3)
Participação total/boa – principalmente na dança, pelo entrosamento entre os alunos (1)
Participação total/boa –a teoria tinha relação com a prática (1)
Participação total/boa – o método de aula foi legal, consegui entender o que os professores diziam
(1)
Participação total/boa – fiz tudo o que os professores pediram (1)
Participação total/boa – porque me diverti (1)
Participação total/boa – gosto de esportes e de exercícios (3)
Participação total/boa – aprendemos muito mais que esporte, não é todo colégio que tem isso (1)
Participação total/boa – me comprometi a realizar as atividades propostas pelos professores, e isso
me ensinou muitas coisas (1)
Participação total/boa – sem justificativa (2)
Participação parcial/média – nas aulas teóricas, deixou a desejar/média, nas práticas, boa (4)
Participação parcial/média – havia coisas que eu não gostava de praticar (1)
Participação parcial/média – houve momentos em que não consegui interagir (1)
2º ANO (19 alunos)
Participação total/boa – as atividades foram interessantes, aulas diferentes, estimulantes (6)
Participação total/boa – me dediquei, me esforcei, tentei aprender (3)
Participação total/boa – gostei das mudanças (1)
Participação total/boa – fiz tudo o que os professores pediram (1)
Participação parcial/média – nas aulas teóricas, deixou a desejar/média, nas práticas, boa (2)
Participação total/boa – aproveitei ao máximo (1)
Participação total/boa – para aprender precisamos praticar (1)
Participação total/boa – me envolvi com os assuntos e apliquei alguns na prática (1)
Participação total/boa – participei de tudo, desde a palestra até as aulas de dança e de ginástica,
acho que experimentamos todas as divisões da Educação Física (1)
Participação parcial/média – eu não sou muito de participar das aulas por timidez, mas procuro
fazer o melhor que posso (1)
Participação total/boa – sem justificativa (1)
3º ANO (12 alunos)
Participação total/boa – as atividades foram interessantes, aulas diferentes, estimulantes (4)
Participação total/boa – fiz tudo o que os professores pediram (1)
Participação total/boa – me dediquei, me esforcei, tentei aprender (2)
Participação total/boa – aprendi sobre jogos, danças, ginástica e condicionamento físico (1)
Participação total/boa – queria saber mais sobre os assuntos (1)
Participação total/boa – gosto de aprender como ter uma vida saudável, como funciona nosso
organismo, de atividades físicas como musculação, dança e ginástica. Aprendi muito (1)
Participação parcial/média – na prática, sou dispensada por atestado médico, mas achei legal, nas
aulas teóricas, participei (1)
Participação ruim – não gosto de fazer nada (1)
6. Você acha que os conteúdos estudados serão aproveitados em sua vida fora
da escola? Por quê?
240
1º ANO (26 alunos)
Sim – porque são conhecimentos associados a ações cotidianas/ ao dia-a-dia (5)
Sim – para atividades de academia (4)
Sim – devemos saber quando, como e porque nos exercitarmos (4)
Sim – adquiri conhecimentos sobre o corpo e a saúde (3)
Sim – já usei, sei que são úteis (1)
Sim – porque antes eu não fazia nada. Vou procurar me exercitar a partir de agora (1)
Sim – porque conhecemos novas técnicas de exercícios(1)
Sim – eu nunca tinha feito dança de salão, por exemplo. Vou praticar, gostei muito (1)
Sim – principalmente o vídeo sobre nutrição, pois não devemos ficar sem comer por muito tempo
(1)
Sim – para pegar objetos pesados no chão, por exemplo, tem uma postura correta (1)
Sim – Sem justificativa / justificativa inconsistente (4) ex: qualquer conteúdo nunca é demais; é
legal; é importante
2º ANO (19 alunos)
Sim – porque são conhecimentos associados a ações cotidianas/ ao dia-a-dia (4)
Sim – principalmente a dança (3)
Sim – adquiri conhecimentos sobre o corpo e a saúde (3)
Sim – aprendi sobre nutrição e sua relação com os exercícios (1)
Sim – penso em fazer faculdade de Educação Física (1)
Sim – aprendi sobre nutrição, musculação, dança e outros assuntos legais (1)
Sim – talvez no vestibular (1)
Sim – poderei questionar professores de academias e nutricionistas (1)
Sim – aprendi como emagrecer e a cuidar do meu corpo (2)
Sim – sem justificativa / justificativa inconsistente (2) ex: porque aprendi
3º ANO (12 alunos)
Sim – porque são conhecimentos associados a ações cotidianas/ ao dia-a-dia (2)
Sim – adquiri conhecimentos sobre o corpo e a saúde (2)
Sim – por exemplo, o conteúdo sobre suplementos esclareceu dúvidas que eu tinha (1)
Sim – devemos saber quando, como e porque nos exercitarmos (1)
Sim – postura correta e boa alimentação (1)
Sim – o que aprendi vai me dar uma vida melhor (1)
Sim – as aulas teóricas, a musculação, a dança, vou usar tudo (1)
Sim – porque posso passar adiante meus conhecimentos, ajudando meus familiares e amigos (1)
Sim – Sem justificativa / justificativa inconsistente (2) ex: para usar o conhecimento
7. Você apóia a continuidade do processo que está ocorrendo? Por quê?
1º ANO (26 alunos)
Sim – aprendemos conteúdos novos e interessantes (13)
Sim – quero continuar aprendendo, temos muito a aprender (1)
Sim – porque a Educação Física não é só para jogar bola (3)
Sim – esta Educação Física é a melhor que eu já tive, eu apóio totalmente (1)
Sim – foi bom, mas deve ter mais esportes (2)
Sim – estou mais motivado (1)
Sim – independentemente do que vou fazer fora do colégio, conteúdo nunca é demais (1)
Sim – sem justificativa / justificativa inconsistente (2) ex: é legal
Em parte – é legal jogar sem compromisso também (1)
Em parte – as aulas teóricas me deixaram desanimada. Menos vídeo, foi legal quando um grupo
jogou e o outro pegou explicações com o professor (1)
2º ANO (19 alunos)
Sim – aprendemos conteúdos novos e interessantes (5)
Sim – foi bom, mas deve ter mais esportes (1)
Sim – Estou mais motivado (2)
Sim – estamos aprendendo para que cada exercício serve e para usa-lo na vida (1)
241
Sim – porque a Educação Física não é só para jogar bola (3)
Sim – porque gostei muito do novo método (1)
Sim – sem justificativa / justificativa inconsistente (3) ex: porque é massa;
Em parte – mais ou menos, é bacana, mas acho que prefiro o jeito antigo (1)
Em parte – é bom jogar bola para se exercitar (1)
Não – prefiro jogar bola (1)
3º ANO (12 alunos)
Sim – aprendemos conteúdos novos e interessantes (6)
Sim – foi bom, mas deve ter mais esportes (1)
Sim – já aprendemos todos os jogos, é hora de aprender sobre postura correta, alimentação,
exercícios, etc. (1)
Sim – apóio por podermos conhecer coisas que nunca tivemos a oportunidade de aprender (1)
Sim – porque a Educação Física não é só para jogar bola (1)
Sim – pois como aprendemos mais, os novos alunos terão chance de aprender também (1)
Sim – pois a cada dia que passa a sociedade está cada vez mais sedentária e obesa. Para que
isso não continue é necessário incentivo e isso pode vir desde a escola (1)
8. Qual é o seu nível de satisfação com a atual Educação Física na nossa
escola?
1º ANO (26 alunos)
Satisfeito – melhorou muito, além das aulas práticas, a teoria é muito importante (3)
Satisfeito – aulas divertidas e gostosas (2)
Satisfeito – nível extremamente alto (1)
Satisfeito – 100%, estou adorando as novas aulas (1)
Satisfeito – nível ótimo, mas ainda reclamo das aulas teóricas (1)
Satisfeito – a Educação Física agora é uma matéria importante (1)
Satisfeito – muito, pois fizemos aulas muito interessantes (1)
Satisfeito – um nível elevado, são formas diferentes de convidar os alunos a se exercitarem (1)
Satisfeito – mudanças sempre incentivam os alunos (1)
Satisfeito – temos um aprendizado melhor (1)
Satisfeito – muito bom, em outros colégios não tem esses conteúdos (1)
Satisfeito – antes eu participava pouco. Agora acho interessante e legal (1)
Satisfeito – está ótimo, mas temos poucas aulas (1)
Satisfeito – sem justificativa (8)
Razoavelmente satisfeito – tem o lado positivo, mas eu gostava do outro jeito (1)
Razoavelmente satisfeito – está bom, mas deveria ter menos aulas teóricas (1)
2º ANO (19 alunos)
Satisfeito – muito bom, cada dia melhor, coisas novas e atividades diferentes (2)
Satisfeito – total, estou satisfeito com esse método (1)
Satisfeito – a Educação Física agora é animada, alegre, diferente (1)
Satisfeito – não gostava muito de jogar só bola (1)
Satisfeito – os professores estão sabendo passar as informações e exercícios para que os alunos
continuem interessados (1)
Satisfeito – alia a teoria à prática (1)
Satisfeito – as novas aulas motivaram quem não curtia a Educação Física (1)
Satisfeito – estou tendo acesso a novas coisas (1)
Satisfeito – sem justificativa (7)
Razoavelmente satisfeito – nota 7, pois deveria ter só 20% de aulas teóricas, aulas diferentes, sim,
mas com pouca teoria (1)
Razoavelmente satisfeito – está bom, mas acho melhor sempre aulas práticas, mesmo sem
aprender nada (1)
Razoavelmente satisfeito – sem justificativa (1)
3º ANO (12 alunos)
Satisfeito – alto nível de satisfação, são conteúdos diferentes e prazerosos (1)
Satisfeito – participo, acho legal este projeto aqui na escola (1)
242
Satisfeito – nível bom, aulas bem boladas, nada a reclamar (1)
Satisfeito – melhor que só futebol, mais cansativo, meus músculos estão doloridos (1)
Satisfeito – numa escala de 0 a 10, 10. Os professores fazem com que a gente sinta vontade de
fazer a aula (1)
Satisfeito – as aulas estão muito proveitosas, mas só temos uma aula por semana, para mim é
muito pouco (1)
Satisfeito – muito bom, aprendo mais do que antigamente, as aulas são mais motivantes (1)
Satisfeito – sem justificativa (5)
9. Apresente uma sugestão que você considera de fundamental importância
para a melhoria das aulas de Educação Física.
SOBRE NOVOS CONTEÚDOS (22 sugestões)
Mais aulas de alguns temas já trabalhados: ginástica, alimentação e saúde (2)
Mais aulas como as de dança de salão e body pump, nunca tinha presenciado aulas de Educação
Física tão interessantes (1)
Continuar inovando, trazer aulas como a de dança de salão, foi muito gostosa (2)
Seria interessante a gente ter aulas de alongamento e mais dança de salão (1)
Mais dança de salão (3)
Queria ter uma aula de jump, aquela caminha elástica, tenho curiosidade de praticar algum dia (1)
Poderia ser dada uma aula sobre corrida e caminhada (1)
Mais métodos de aulas de academia (1)
Ir a uma academia de natação para fazer uma aula, correr no parque, ir a uma pista de atletismo
(1)
Sair da escola, fazer aulas em outros lugares (1)
Trazer mais professores especialistas convidados (1)
Continuar trazendo conteúdos novos (7)
SOBRE OS ESPORTES (10 sugestões)
Manter o que está, mas voltar a ter um pouco mais de esportes, tem tido muito pouco (6)
Maior aprofundamento nos esportes, como o Basquetebol (1)
Aulas de exercícios como corrida, atletismo e mais aulas de musculação (1)
Ter mais aulas e um maior tempo para o futsal (1)
Está legal, mas está faltando mais jogos com bola, precisamos relaxar também (1)
SOBRE AULAS TEÓRICAS X AULAS PRÁTICAS (13 sugestões)
Menos aulas teóricas, mais aulas práticas (8)
Uma aula teórica e na aula seguinte uma prática sobre a teoria estudada (1)
Não ter aulas de vídeo, não ter mais aulas teóricas, duas aulas seguidas em um dia (professores
de outras disciplinas reclamam do atraso em voltar para a sala e do ventilador ligado), mais aulas
diferentes (1)
As aulas em sala devem ser dadas no máximo uma vez a cada duas semanas (1)
Aulas teóricas com mais ânimo, não paradas...monótonas (1)
Deveria haver maior compreensão por parte dos alunos quanto às aulas teóricas (1)
SOBRE O AUMENTO DO NÚMERO DE AULAS SEMANAIS (4 sugestões)
Incluir mais 1 ou 2 aulas semanais, em uma dessas aulas, praticar um esporte à escolha dos
alunos (1)
Ter mais de 2 aulas por semana (1)
Ter pelo menos 3 aulas por semana, 2 é pouco (2)
Não apresentaram sugestões: (8)
243
APÊNDICE 9
Imagens
244
Planejamento
245
Aulas
Composição Corporal
Regras e arbitragem – Voleibol – anotações
246
Regras e Arbitragem – Voleibol – anotações
Regras e Arbitragem – jogo de Voleibol
247
Qualidades físicas – aula prática – parte inicial
Qualidades físicas – aula prática – jogo de Basquetebol
248
Dança de Salão – aula prática
Dança de Salão – aula prática
249
Dança de Salão – aula prática
Dança de Salão – aula prática – parte final
250
Nutrição aplicada à atividade física – aula teórica
(expositiva e vídeo)
Nutrição aplicada à atividade física – aula teórica
(expositiva e vídeo)
251
Musculação – aula prática – vivência de um tipo de sobrecarga
metabólica (maior volume/menor intensidade - BodyPump)
Musculação – aula prática – vivência de um tipo de sobrecarga
metabólica (maior volume/menor intensidade - BodyPump)
252
Musculação – aula prática – vivência de um tipo de sobrecarga
metabólica (maior volume/menor intensidade - BodyPump)
Musculação – aula prática – vivência de um tipo de sobrecarga
tensional (maior intensidade/menor volume)
253
ANEXOS
254
ANEXO 1
Planejamento anual para a Educação Física do Colégio São
Francisco Xavier
255
Planejamento anual para a Educação Física do Colégio São
Francisco Xavier - Ensino Médio
1º ano – Ensino Médio
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
1
O movimento em
construção e
estruturação
1.1. Ergonomia
1.2.Conhecimento sobre
aspectos cinesiológicos
1.3. Qualidades Físicas
1.4.Conhecimento sobre
grupos musculares
1.1.1. Bases biomecânicas (conceito de
biomecânica, as formas de movimento: linear,
angular e generalizado), fisiológicas (organização
celular, quebra dos alimentos e a transformação
destes em energia) e antropométricas.
1.2.1. Embasamento teórico;
1.2.2. Movimentos naturais;
1.2.3. Movimentos combinados;
1.2.4. Movimentos adaptados e livres.
1.3.1. Resistência, força, velocidade e equilíbrio.
1.4.1.Estudo e identificação dos grupos
musculares envolvidos em ações motoras
especificas: no cotidiano dos homens da
atualidade, em alguns esportes e no homem
primitivo.
2
O movimento e
suas
manifestações
lúdicas e
esportivas
2.1. O preparo do organismo
para o esporte
2.2. Aperfeiçoamento de
fundamentos
2.3. Revisão e atualização
quanto às mudanças das
regras e noções básicas de
arbitragem
2.4. Noções básicas das
lesões típicas no esporte
2.5. Benefícios da atividade
recreativa para a diminuição
do stress
2.6. Princípios básicos da
musculação
2.7. O esporte como agente
social
2.8. Práticas desportivas
2.1.1. Aquecimento, alongamento e volta à calma.
2.2.1. Voleibol, futsal, basquetebol e handebol.
2.3.1. Regras e arbitragem básica dos esportes.
2.4.1. Prevenção das lesões.
2.5.2. Atividades recreativas que ajudam na
diminuição do stress, a importância do lazer para a
saúde das pessoas.
2.6.1. Benefícios e malefícios (se mal trabalhada).
2.7.1. Respeito, companheirismo, coletividade;
2.8.1. Ginástica de academia / caminhada
256
1º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
3
O movimento em
expressão e
ritmo
3.1. Dança
3.2. Teatro
3.3. Música
3.4. Ginástica geral
3.5. Ginástica rítmica
3.1.1.Definições e histórico da dança;
3.1.2. Tipos de danças e suas características;
3.1.3. Danças Folclóricas Internacionais;
3.1.4. Os países que influenciaram na colonização
e desenvolvimento do Brasil: Portugal, África,
Holanda, Itália e Japão. Verificar a influência
destes países na dança;
3.1.5. Seleção de um tipo de dança, composição
de uma coreografia alternativa e apresentação em
grupo no festival de Dança;
3.1.6. Dança de salão.
3.2.1. Elaborar peça teatral, com temas livres,
contendo cenário, sonoplastia, figurino e
maquiagens características de cada personagem.
3.3.1. Compor músicas e criar instrumentos
alternativos sobre a questão ambiental do espaço
geográfico do Brasil, da cidade ou da escola.
Apresentar composições no festival da música.
3.4.1. Conceito;
3.4.2. Histórico;
3.4.3. Benefícios e malefícios;
3.4.4. Vivências de postura e execução correta de
alguns exercícios.
3.5.1. Conceito;
3.5.2. Histórico;
3.5.3. Vivência do manejo dos materiais (corda,
arco, bola, fita e maças);
3.5.4. A ginástica Rítmica de competição no Brasil
e no Mundo: diferenças e relevâncias.
257
1º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
4
O movimento e a
saúde
4.1. Avaliação
4.2. Nutrição
4.3. Treinamento
4.4. Primeiros Socorros
4.5. Temas gerais sobre
Saúde e Atividade Física
4.1.1. Anamnese;
4.1.2. Testes neuromusculares;
4.1.3. Testes cardiorespiratórios;
4.1.4. Estudo e apoio na condução dos testes.
4.2.1. Obesidade: riscos e causas;
4.2.2. Magreza: controle do peso, fatores
hormonais, sexuais e bulimia;
4.2.3. Pesquisa sobre a qualidade dos alimentos:
na escola, na cantina, no refeitório e em casa.
4.3.1. Individualidade biológica;
4.3.2. Importância do aquecimento relacionado ao
físico e ao psicológico;
4.3.3. Aptidão Física: conceito e algumas
relevâncias sobre os níveis de aptidão física;
4.3.4. Organização de plano de treinamento:
considerações fundamentais para um treinamento
saudável.
4.4.1. Transporte de pessoas acidentadas;
4.4.2. Massagem cardíaca: procedimentos;
4.4.3. Materiais de Primeiros Socorros e sua
utilização.
4.5.1. Drogas, fumo e álcool e atividade física;
4.5.2. DST / AIDS e esportes;
258
2º ano – Ensino Médio
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
1
O movimento em
construção e
estruturação
1.1 Ergonomia
1.2 Conhecimentos sobre
aspectos cinesiológicos
1.3 Qualidades físicas
1.4 Conhecimento sobre
grupos musculares
1.1.1. Bases biomecânicas, fisiológicas e
antropométricas.
1.2.1 Embasamentos teóricos;
1.2.2 Movimentos naturais;
1.2.3 Movimentos combinados;
1.2.4 Movimentos adaptados e livres;
1.3.1 Resistência, velocidade, força e equilíbrio.
1.4.1 Estudo e identificação de grupos musculares
envolvidos em ações motoras específicas.
2
O movimento nas
manifestações
lúdicas e
esportivas
2.1. Noções básicas da
musculação
2.2. Voleibol
2.3. Futsal
2.4. Basquetebol
2.5. Handebol
2.6. Caminhada
2.7. Capoeira
2.1.1 Carga e sobrecarga;
2.1.2 Hipertrofia e problemas posturais.
2.2.1 Aperfeiçoar os sistemas táticos defensivos e
ofensivos.
2.3.1 Aperfeiçoar os sistemas táticos defensivos,
individual e por zona;
2.3.2 Aperfeiçoar os sistemas táticos ofensivos 2x2
e rodízio.
2.4.1 Aperfeiçoar os sistemas táticos defensivos,
individual, por zona e flutuação;
2.4.2 Aperfeiçoar os sistemas táticos ofensivos 2-
1-2, contra ataque e contra defesa individual.
2.5.1 Aperfeiçoar os sistemas táticos defensivos,
individual, 6x0 e 5x1;
2.5.2 Aperfeiçoar os sistemas táticos ofensivos
6x0, 5x1e 3x3;
2.6.1 Importância da caminhada;
2.6.2 Elaboração e execução de um projeto de
caminhada;
2.7.1 Histórico e iniciação à capoeira como
esporte.
259
2º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
3
O movimento em
expressão e
ritmo
3.1. Ginástica Geral
3.2. Ginástica Aeróbica
3.3. Dança
3.4. Música
3.5. Teatro
3.6. Lutas
3.1.1. Exercícios compensatórios e de
relaxamento.
3.2.1. Conceito;
3.2.2. Histórico;
3.2.3. Benefícios e malefícios;
3.2.4. Ginástica de academia – variáveis de alto e
baixo impacto;
3.2.5. Montagem de coreografias.
3.3.1. As danças presentes nos períodos do Brasil
Colônia e do Império: diferenças e contrastes.
3.4.1.História da Música;
3.4.2. A música como forma de manifestação
política nos diversos períodos históricos;
3.4.3. Os instrumentos musicais que foram
aprimorados ou surgiram depois da
industrialização.
3.5.1. Dramatizações a cerca do Brasil Colônia e
do Império;
3.5.2. Dramatizações sobre os principais fatos
mundiais abordados pelas áreas do conhecimento
História e Geografia(2ª série) enfocando o modelo
de corpo e o processo politico-economico do
momento histórico a ser encenado.
3.6.1. Histórico;
3.6.2. Definições;
3.6.3. Tipos;
3.6.4. Características;
3.6.5. Materiais e/ ou vestimentas adequadas.
260
2º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
4
O movimento e a
saúde
4.1. Avaliação
4.2. Nutrição
4.3.Treinamento
4.4. Primeiros Socorros
4.5. Temas gerais sobre
saúde e atividade física
4.1.1. Anamnese;
4.1.2.Testes antropométricos;
4.1.3. Testes neuromusculares;
4.1.4. Testes cardiorespiratórios;
4.1.5. Estudo e apoio na condução dos testes.
4.2.1. Dieta alimentar adequada.
4.3.1. Sobrecarga e adaptação;
4.3.2. Intensidade e volume;
4.3.3. Organização de plano de treinamento:
considerações fundamentais para um treinamento
de nível competitivo.
4.4.1. Mal súbito, vertigem, síncope e desmaio:
conceito e procedimentos primários;
4.4.2. Traumas: estiramento muscular (fadiga)
rompimento de ligamentos e tendões – conceito,
procedimentos primários, prevenções e
tratamento.
4.5.1. Musculação: idade, anabolizantes (efeitos),
cuidados essenciais, mitos e tabus;
4.5.2. Postura: vícios posturais e conseqüências
posteriores (com aumento da idade).
261
3º ano – Ensino Médio
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
1
O movimento em
construção e
estruturação
1.1. Ergonomia
1.2. Movimentos implícitos
em atividades
1.3. Análise do movimento
1.4. Conhecimento sobre
grupos musculares
correlacionados com
diferentes profissões
1.1.1 Fatores ambientais: ruídos, vibrações,
iluminação, clima, substâncias químicas.
1.2.1 Danças, lutas, teatro, ginástica, esportes e
atividades lúdicas.
1.3.1 Identificação de cada movimento, economia
de movimento, baixo impacto nas articulações.
1.3.2 Análise;
1.3.3 Variação/reestruturação dos movimentos.
1.4.1. Estudo das exigências físicas de cada
profissão: esforço físico, postura, falta de
movimento.
2
O movimento nas
manifestações
lúdicas e
esportivas
2.1. Os esportes e suas
adaptações
2.2. A importância da relação
do indivíduo com o seu meio
ambiente
2.3. Planejamentos e
execução de eventos
2.4. Prática desportiva
2.1.1. Como adaptar os esportes convencionais
para a prática de lazer.
2.2.1. Na escola;
2.2.2. Na comunidade.
2.3.1. Nas áreas: esportivas, recreativas e lazer;
2.4.1. Esportes alternativos e inovadores da cultura
local;
262
3º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
3
O movimento em
expressão e
ritmo
3.1. Dança
3.2. Ginástica
3.3. Teatro
3.4. Música
3.1.1. Organização de festas folclóricas regionais e
nacionais (quadrilhas);
3.1.2. Danças de salão.
3.2.1. Ginástica Olímpica/ Artística: conceito,
histórico, os aparelhos utilizados, diferenças entre
categorias (sexo e idade), normas de seguranças
dos aparelhos, algumas vivências com uso de
aparelhos alternativos.
3.3.1. A questão da reforma agrária: dramatização
expondo as opiniões dos próprios educandos.
3.4.1. Compor letras musicais em melodias já
existentes (paródias) sobre: o preconceito com
negro, a violência urbana e o processo de
industrialização e urbanização;
3.4.2. Esquetes sobre as paródias.
263
3º ANO ENSINO MÉDIO (continuação)
Núcleo
Conteúdos da Educação Física
4
O movimento e a
saúde
4.1. Avaliação
4.2. Nutrição
4.3. Primeiros Socorros
4.4. Temas gerais sobre
saúde e atividade física
4.1.1. Anamnese;
4.1.2. Testes antropométricos;
4.1.3. Testes neuromusculares;
4.1.4. Testes cardirespiratórios;
4.1.5. Estudo e apoio na condução dos testes;
4.1.6. Conhecer o método de avaliar a
predominância de fibras musculares vermelhas ou
brancas no corpo humano.
4.2.1. Necessidades nutricionais para o
rendimento;
4.2.2. Repositores energéticos;
4.2.3. Cadeia alimentar e nutrição : fontes
primárias, secundárias e terciárias;
4.2.4. Distúrbios gastrointestinais.
4.3.1. Ataque epilético: conceito, procedimentos
primários e cuidados;
4.3.2. Processos Alérgicos: conceitos, fatores
hereditários, cuidados, tipos e procedimentos
primários no caso de crises.
4.4.1. Atividade física e prevenção de doenças;
4.2.1. Anorexia e Anemia: causas e conseqüências
4.2.3. LER; Stress (fase infantil e fase adulta).
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