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PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO CAFÉ (Coffea arabica L.)
SUBMETIDO A DIFERENTES MÉTODOS DE PREPARO PÓS-
COLHEITA
MATHEUS VICENTE LIMA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
ABRIL -2006
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PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO CAFÉ (Coffea arabica L.)
SUBMETIDO A DIFERENTES MÉTODOS DE PREPARO PÓS-
COLHEITA
MATHEUS VICENTE LIMA
“Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Produção Vegetal”
Orientador: Prof. Henrique Duarte Vieira
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
ABRIL - 2006
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ii
A DEUS, que em sua infinita bondade, propiciou-me
a oportunidade e força para concluir este trabalho,
AGRADEÇO
Aos meus pais, João Carlos e Conceição, que lutaram
com tantas dificuldades para que seus filhos
pudessem chegar até aqui e deixar ter como sua
herança eterna: o estudo;
A meu irmão, Thiago, pela força e amizade;
DEDICO
A todos que me ajudaram a realizar este trabalho e aos
que acreditam em uma cafeicultura competitiva e
tecnificada.
OFEREÇO
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Henrique Duarte Vieira, pela sua orientação, dedicação,
incentivo e, sobretudo, pela amizade. O qual em seus ensinamentos contribuiu
para o aprimoramento deste trabalho e deu a oportunidade para sua realização.
A Professora Meire Lélis Leal Martins, pela sua orientação, dedicação,
incentivo e, sobretudo, pela amizade.
A Técnica Sílvia M. de Faria Pereira, pelos ensinamentos, críticas,
sugestões e amizade.
Aos amigos do curso de Pós-Graduação aqui conquistados,
especialmente do Laboratório de Sementes e Laboratório de Tecnologia de
Alimentos.
Aos “morantes”, amigos que me receberam aqui: Romano, Leandro,
Francisco e Eleodoro.
Aos amigos e amigas que se privaram de minha companhia durante esta
época de estudos, sem, no entanto, deixarem de se solidarizar com a minha luta
cotidiana.
A todos os funcionários, técnicos e estagiários do LFIT e LTA pela
amizade e ajuda nos trabalhos de laboratório, especialmente Antônio Carlos,
Valdinéia, Aninha e Nailza.
Aos professores do LFIT pelos ensinamentos e amizades.
iv
Aos meus avós, Henrique Lima (in memorian) e Alaíde Lima (in
memorian), José Vicente (in memorian) e Zilda Spano, pelo carinho, afeto e
dedicação que me reservaram durante toda minha vida.
A UENF e CNPq, pela viabilização deste trabalho e pela concessão da
bolsa de estudo.
Aos cafeicutores: José Tolentino Ribeiro, Luciano Ramalho e Everaldo
Ribeiro (in memorian), pelo apoio e disponibilidade de realização dos
experimentos em suas propriedades.
A José Carlos Novais, pelo apoio nas análises sensoriais dos grãos e
incentivo à realização deste trabalho.
A Cooperativa Mista Agropecuária de Vitória da Conquista BA, pelo
incetivo, apoio físico e financeiro.
Às empresas: Pinhalense Máquinas Agrícolas, Solo Fértil, Coimex
Comércio de Café Ltda., pelo apoio financeiro.
A José Braz Matiello pelas sugestões e incentivo à realização deste
trabalho
E por fim, agradeço a todos aqueles, que o momento não me permite
lembrar, mas que participaram de alguma forma do longo caminho percorrido até
a conclusão da presente Tese.
v
SUMÁRIO
RESUMO vii
ABSTRACT ix
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4
2.1. O fruto do café 4
2.1.1. O estádio de maturação do fruto 5
2.2. A Colheita do fruto 6
2.3. O preparo do café 7
2.3.1. Lavagem 8
2.3.2. Preparo por “via seca” 8
2.3.3. Preparo por “via úmida” 8
2.4. Despolpamento ou descascamento 9
2.4.1. Café cereja descascado 9
2.4.2. Café despolpado 10
2.5. Degomagem 10
2.5.1. pH do tanque de degomagem 13
2.6. Secagem 14
2.7. Classificação do café 14
2.7.1. Classificação quanto ao tipo 15
2.7.2 Classificação quanto a peneira 15
2.7.3. Classificação quanto a bebida 16
vi
2.8. Composição físico-química associada à qualidade do café 16
2.8.1. Condutividade elétrica e lixiviação de potássio 17
2.8.2. Peso do grão 18
2.8.3. pH do grão 18
2.8.4. Índice de coloração 19
3. TRABALHOS 20
3.1. Avaliação do pH e condutividade elétrica como indicadores do
manejo do café despolpado durante a degomagem do
20
3.2. Composição físico-
química e sensorial do café despolpado
submetido a diferentes procedimentos de manejo durante a
degomagem do grão
44
3.3. Preparo do café despolpado, cereja descascado e natural na
região sudoeste da Bahia 66
4. RESUMOS E CONCLUSÕES 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85
APÊNDICE 94
Apêndice A: Resumo das análises de variância do pH e da
condutividade elétrica do meio degomante, em função dos
pro
cedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem
nas propriedade (1), (2) e (3). 95
Apêndice B: Resumo das análises de variância do índice de
coloração, pH, condutividade elétrica, lixiviação de potássio e
peso de 100 grãos, em função dos pr
ocedimentos de manejo do
meio degomante e do tempo de degomagem nas propriedade (1),
(2) e (3).
99
vii
RESUMO
LIMA, Matheus Vicente; Engenheiro Agrônomo; M. S.; Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro; Abril de 2006; Propriedades físico-químicas do
café (Coffea arabica L.) submetido a diferentes métodos de preparo pós-colheita;
Orientador: Prof. Henrique Duarte Vieira
Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência de procedimentos de
manejo, como a aeração e troca de água do meio degomante (solução de café
mais água), sobre a composição físico-química e sensorial do grão de café
despolpado durante a degomagem por fermentação natural. Além disso, foram
avaliadas variáveis como pH e condutividade elétrica da solução degomante
como possíveis indicadores do melhor método de manejo do café durante a
degomagem, possibilitando a otimização do processo de degomagem do grão.
Adicionalmente foram verificados quais métodos de preparo do café (café natural,
cereja descascado e despolpado) foram mais adequados a Região. O estudo foi
realizado em propriedades cafeeiras da Região Sudoeste da Bahia, nos meses de
julho e agosto de 2005, utilizando-se a espécie Coffea arabica L., variedade
Catuaí Amarelo.
Observou-se que a aeração do meio degomante acelera a degomagem do
grão. A troca de água do meio degomante é necessária, pois após um período de
degomagem ocorre um equilíbrio eletro-químico na solução que desacelera a
desmucilagem do grão. O pH do meio degomante não pode ser utilizado como
uma variável que indique o “ponto de despolpado” do café. A condutividade
elétrica do meio degomante foi capaz de indicar o momento em que deve ser
viii
realizada a troca de água do meio degomante. A condutividade elétrica e o pH do
meio degomante foram inerentes a cada propriedade.
Ocorreu uma redução do índice de coloração, pH, condutividade elétrica e
do peso dos grãos ao longo do período de degomagem; porém, os procedimentos
de manejo do meio degomante pouco influenciaram essas variáveis. A lixiviação
de potássio do grão não foi alterada ao longo da degomagem e não sofreu
influência dos procedimentos de manejo do meio. Deve-se aerar ou trocar a água
do meio para evitar reduções da qualidade sensorial do grão durante a
degomagem. O preparo do café despolpado por fermentação natural não deve ser
tratado apenas como um método de retirada da mucilagem; a fermentação agrega
ao grão uma acidez e uma coloração característica, que necessita ser melhor
estudada.
Os métodos de preparo do café despolpado e cereja descascado
demonstraram ser os mais indicados para a região em relação ao café natural.
ix
ABSTRACT
LIMA, Matheus Vicente; Engenheiro Agrônomo; M. S.; Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro; April de 2006; Phisico-chemical properties of
coffee (Coffea arabica L.) submitted to different post-harvest methods preparation;
Orientador: Prof. Henrique Duarte Vieira
This work was developed with the objective to evaluate procedures of
handling of the medium degumming as the aeration and water substitution of the
medium deguming, upon the physiochemical and sensorial composition of the
grain during the degumming of the despolped coffee. In addition the variables pH
and electric conductivity of the medium degumming were avaluated as indicators
of the best handling procedures. Additionally verified which methods of preparation
of the coffee (natural coffee, cherry peeled and despolped), were more appropriate
the Area. The study was accomplished in coffee properties of the Southwest Area
of Bahia, in July and August of 2005, and the species Coffea arabica L., variety
Catuaí Amarelo.
To make used the aeration of the medium degumming accelarate the
degumming of the grain. The substitution of water of the medium degumming is
necessary, because after a degumming period, an electro-chemical balance in the
solution impedes that the dismucilage of the grain continues. The pH of the
medium degumming could not be used as a variable that indicates the "point of
despolped" of the despolped coffee. The electric conductivity of the medium was
capable of indicate the moment to the substitution water of the medium. The
x
electric conductivity and the pH of the medium degumming were inherent to each
property.
The reduction of the coloration index, pH, of the electric conductivity and of
the weight of the grains were observed along the degumming period, however, the
procedures of handling of the medium degumming little influenced upon these
variables. The potassium lixiviation of the grain didn’t modify along the degumming
and didn't influence of the procedures of handling of the medium degumming. The
aeration or the water substitution of the medium degumming is necessary to avoid
reductions of the sensorial quality of the grain during the degumming. The
preparation of the coffee despolped for natural fermentation should not just be
looked as a method of mucilage removal, the fermentation provides to the grain an
acidity and a characteristic coloration, that should be studied better.
The methods of preparation of the despolped coffee and cherry peeled
were more suitable to the area than to the natural coffee.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, entretanto,
enquanto no início do século passado o país era responsável por 77% das
exportações mundiais (Caixeta, 1998), em 2005 foi responsável por apenas 30%
(OIC, 2006).
Um dos fatores determinantes para o declínio da venda do café brasileiro
no mercado internacional foi o baixo padrão de qualidade do produto nacional
(Souza, 1996; Siqueira, 2003). O café é um produto agrícola que possui seus
preços baseados em variáveis qualitativas, cujo valor é acrescido,
significativamente, com a melhoria da qualidade, que é um fator limitante à
exportação (Carvalho et al., 1997).
Para a sobrevivência de sua cafeicultura, o Brasil tem que seguir o
caminho da qualidade (Wiezel, 1981). Sendo assim, o amplo conhecimento das
técnicas de produção de um café de alta qualidade é indispensável para uma
cafeicultura moderna (Carvalho et al., 1997, Villela, 2002). A qualidade depende
da interação entre fatores da fase de pré e pós-colheita, que garantam ao grão as
características de sabor e aroma desejados (Feira-Morales, 1990, Villela, 2002).
A qualidade da bebida do café, como citado anteriormente, é dependente
de vários fatores, entre eles a composição química do grão, determinada por
fatores genéticos, culturais e ambientais; o processo de preparo e conservação do
grão, no qual intervém a ação da umidade e temperatura, a qual propicia
infecções microbianas e fermentações indesejáveis e a torração e o preparo da
2
bebida, que modificam a constituição química do grão, modificação esta sempre
relacionada à composição original do grão (Carvalho et al., 1997, Siqueira, 2003).
A espécie Coffea arabica L. quando cultivada em regiões aptas, recebendo
tratos culturais adequados e colhendo-se frutos maduros, em estádio de “cereja”,
ausentes de qualquer ferimento ou injúria em sua superfície, produz grãos de café
com um potencial de qualidade máxima (Bartholo et al., 1989). Segundo os
mesmos autores, as perdas de preço decorrentes do mau preparo do café podem
variar de 10 a 20% por causa do mau aspecto do produto, e de 40 a 60% em
decorrência do declínio da qualidade da bebida.
Depois de colhido, o café pode ser preparado de duas formas: por via seca
e via úmida. Na forma de preparo por via seca, o fruto é seco na sua forma
integral (com casca e mucilagem), dando origem aos cafés denominados coco, de
terreiro ou natural. Na forma de preparo por via úmida, originam-se os cafés
despolpados, desmucilados e cereja descascados (Silva, 1999). O preparo do
café despolpado e desmucilado consiste na retirada da casca e mucilagem do
fruto maduro (Pereira et al., 2002). No preparo do café cereja descascado (CD) é
retirada apenas a casca do fruto e este é levado para secagem com a mucilagem
aderida ao pergaminho.
Durante o preparo do café despolpado, o grão passa por um período de
imersão em água, para que a mucilagem ainda aderida ao pergaminho seja
totalmente liberada. Tal processo é denominado de degomagem do café
despolpado. Durante a degomagem do café ocorrem fermentações e estas
podem ser indesejáveis, alterando a composição química do grão e suas
características sensoriais (Pereira, 1957b).
Atualmente não existe uma metodologia científica baseada em variáveis
mensuráveis para o preparo do café despolpado como garantia da obtenção de
um café de ótima qualidade. Um estudo detalhado do processo de degomagem
permitiria o desenvolvimento de uma metodologia científica adequada a produção
de café despolpado, com características sensoriais adequadas às necessidades
do mercado internacional.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência de procedimentos de
manejo, como a aeração e troca de água do meio degomante (solução de café
mais água), sobre a composição físico-química e sensorial do grão de café
despolpado durante a degomagem por fermentação natural. Além disso, foram
3
avaliadas variáveis como pH e condutividade elétrica da solução degomante
como possíveis indicadores do melhor método de manejo do café durante a
degomagem, possibilitando a otimização do processo de degomagem do grão.
Adicionalmente, também foi avaliado o método mais adequado para o
preparo do café na região Sudoeste da Bahia, a partir de análises sensoriais e
físico-químicas de grãos oriundos de café natural, cereja descascado e
despolpado.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. O fruto do café
O fruto do café (Figura 1) é uma drupa elipsóide contendo dois lóculos e
duas sementes, podendo ocasionalmente conter uma ou mais. Além do exocarpo
e do mesocarpo, apresenta o endocarpo, mais conhecido como pergaminho, que
envolve a semente. A semente ou grão, dependendo de sua utilização, é formada
pelo embrião, endosperma e tegumento, que é constituído por uma película
membranácea prateada (Rena e Maestri, 1984).
O mesocarpo externo, denominado polpa, representa cerca de 29% do
peso seco do fruto inteiro, sendo composta de 76% de água, 10% de proteína, 2%
de fibras, 8% de cinzas e 4% de extrato livre de nitrogênio, os quais são
representados pelos taninos, substâncias pécticas, açúcares redutores (glicose) e
não-redutores, cafeína, ácido clorogênico e ácido caféico, celulose, hemicelulose,
lignina, aminoácidos, minerais como potássio, cálcio, ferro, sódio, magnésio e
outros. Estes valores podem variar de acordo com a variedade de café, com o
local de cultivo e práticas agrícolas (Elias, 1978, Salazar et al., 1994). A
mucilagem situa-se na parte no mesocarpo interno e está fortemente aderida ao
pergaminho do grão. Representa aproximadamente 5% do peso seco do grão e
constitui uma capa de aproximadamente 0,5 a 2 mm de espessura. A mucilagem
é um sistema de hidrogel, que é quimicamente composta por água, substâncias
pécticas, açúcares redutores e ácidos orgânicos (Elias, 1978, Salazar et al.,
1994).
5
Semente Exocarpo (Casca) Endocarpo (Pergaminho)
Mesocarpo externo Mesocarpo interno
Figura 1. Corte longitudinal de um grão de café (Avallone, 2000).
O pergaminho que envolve a semente ou grão do café representa em
média 12% do peso seco, sendo composto de 7,21% de água, 92,4% de matéria
seca, 0,39% de nitrogênio; 18,9% de extrato livre de nitrogênio; 150mg de cálcio e
28mg de fósforo por grama de peso seco (Elias, 1978).
A semente ou grão representa cerca de 55,4% do peso seco (Elias, 1978).
Observa-se que o exocarpo, o mesocarpo e o endocarpo constituem quase a
metade do peso seco do grão. Esta é uma observação importante no manejo
relacionado à qualidade do grão, já que se gasta muita energia para secar parte
do fruto que não será utilizada.
2.1.1. O estádio de maturação do fruto
Os frutos apresentam suas melhores qualidades quando maduro (estádio
“cereja”). Todo café maduro apresenta condições de se transformar em um café
de boa qualidade de bebida (Perrier, 1932, Camargo, 1936, Krug, 1950 e Matiello
1993) e boa composição química (Pimenta et al., 2000).
Entretanto, o paladar ótimo do café “cereja” pode piorar apenas pela seca
inadequada ou rompimento dos envólucros do fruto, o que os torna, então,
6
vulneráveis ao ataque das bactérias e fungos. Estes organismos se
desenvolvendo no fruto, vão produzir compostos com odores e gostos estranhos,
que deterioram a qualidade da bebida (Bittancourt, 1957).
2.2. A Colheita do fruto
Existem duas modalidades de colheita: a colheita a dedo ou seletiva e a
derriça do café (Bartholo et al., 1989).
A colheita nos países que se preocupam em produzir café de qualidade é
sempre feita de modo racional, ou seja, é realizada somente quando os frutos
estão no ponto ótimo de amadurecimento, “cereja”. Neste estádio de
amadurecimento o grão já desenvolveu o seu paladar ótimo de café suave
(Pereira, 1957a) e atingiu o seu peso e volume definitivos (Lilienfeld-Toal, 1932).
A colheita a dedo é efetuada colhendo-se apenas os frutos “cerejas”,
constituindo a modalidade ideal de colheita, pois o café irá sendo colhido à
medida que for amadurecendo. Esta modalidade de colheita possibilita o
fornecimento de um produto com todos os requisitos para uma perfeita operação
de despolpamento e uma porcentagem elevada de despolpados de ótima
qualidade em relação à produção total. Por outro lado oferece sérias dificuldades:
necessidade de três a quatro “passadas” na lavoura (colheita seletiva) durante
todo o período da colheita; maior necessidade de mão-de-obra; grandes colheitas
para um bom rendimento, a fim de que a quantidade diária colhida satisfaça ao
colhedor, que terá possibilidade de maior ganho financeiro e preço da colheita
elevada, dada a escassez de mão-de-obra (Sobrinho, 1944).
A outra modalidade de colheita é a derriça do café, em que todos os frutos
são derriçados (derrubados) da árvore ao mesmo tempo, manualmente ou com o
auxílio de ferramentas ou máquinas. A derriça pode ser feita em pano ou no chão
(Bartholo et al., 1989). Embora não apresente as vantagens da colheita a dedo,
esta modalidade é perfeitamente aplicável à colheita do café cereja, sendo mais
viável e mais rápida, porém com uma percentagem de café colhido cereja menos
apurado, comparada a colheita a dedo (Sobrinho, 1944).
A derriça no pano é o meio mais aconselhável para se proceder à colheita,
para que não ocorra a mistura de grãos que já estavam no chão, suscetíveis ao
ataque de microorganismos, com os grãos provenientes da árvore (Krug, 1940b).
7
Segundo Vilela (1997), caso o café seja derriçado no chão é muito importante
retirá-lo rapidamente, pois a deterioração ocorre em razão da temperatura, da
umidade relativa do ar e do tempo de exposição às condições ideais ao ataque de
microrganismos. Alta concentração de açúcares, juntamente com o teor de
umidade elevado da polpa e mucilagem (70 a 90% b.u.), constitui uma condição
apropriada para o desenvolvimento de microrganismos e, conseqüentemente,
fermentações indesejáveis, podem ocorrer levando a formação de compostos
responsáveis por sabores estranhos, que irão alterar, posteriormente, a bebida.
Krug (1940b), observou que, quanto maior o tempo de exposição dos grãos
de café no chão, maior será a incidência de fungos e, conseqüentemente, pior
será a qualidade da bebida.
Normalmente após a colheita o café é ensacado na própria lavoura, e os
sacos permanecem amontoados ao sol ou à sombra das árvores, onde aguardam
o momento do transporte para as instalações destinadas ao preparo (Rigitano et
al., 1967). Choussy (1940) e Favarin et al. (2004), afirmam que já existe um
prejuízo considerável para o café durante a espera para o despolpamento,
prejuízo que não é proporcional ao tempo de espera, mas que progride
geometricamente com o aumento desse tempo.
Rigitano et al. (1967), concluíram que o despolpamento do café cereja, nas
condições ecológicas de Campinas, quando processado em até 46,5 horas após
a colheita, não causou alteração da qualidade da bebida do café; porém,
recomenda que o despolpamento ocorra o mais rápido possível, pois este período
está relacionado com as condições ambientais de cada região.
2.3. O preparo do café
Ao conjunto das operações de lavagem, despolpa, secagem,
armazenamento e beneficiamento dá-se o nome de preparo do café. O preparo
do café pode ser feito por via seca, que produz café coco, ou de terreiro ou
natural, e via úmida, que produz café despolpado, o café cereja descascado e o
café desmucilado (Guimarães, 1995, Villela, 2002).
8
2.3.1. Lavagem
O café colhido constitui-se de uma mistura de frutos verdes e maduros,
frutos secos, folhas, ramos, fragmentos de rochas, que, quando destinado ao
lavador os separam por densidade: de um lado o café cereja mais os cafés verdes
mais densos e, de outro, o bóia (frutos secos ou passas, com menor densidade,
que bóiam durante a lavagem) mais impurezas (paus, folhas, etc.) (Sobrinho,
1944).
Segundo Bartholo et al. (1989), a separação ocorrida na lavagem deixa o
produto mais uniforme, facilitando e acelerando, posteriormente, o processo de
secagem.
2.3.2. Preparo por “via seca”
Esta maneira de preparo compreende a colheita, as operações de lavagem
(opcional), secagem, armazenamento e beneficiamento, sem que ocorra nenhum
processamento do fruto recém-colhido (IBC, 1981). O processo consiste em secar
os frutos com todas as suas partes constituintes, ou seja, com a casca, a polpa, a
mucilagem, o pergaminho e o grão. Desta forma, estes cafés requerem um maior
tempo para serem secos quando comparados aos cafés processados por via
úmida (Villela, 2002).
Esse tipo de preparo tem sido valorizado na comercialização por originar
cafés com bebidas mais encorpadas (mais sólidos solúveis totais), doces e com
acidez moderada. Essas características são atribuídas à possível translocação de
componentes químicos da polpa para os grãos de café, o que ainda foi pouco
estudado (Pereira et al., 2002, Villela, 2002).
2.3.3. Preparo por “via úmida”
Este processo dá origem aos cafés despolpados, cafés cerejas
descascados e cafés desmucilados.
Depois de lavados, os cafés são levados aos despolpadores, máquinas
que têm por finalidade principal retirar a casca e o mesocarpo externo das cerejas
(Sobrinho, 1944, Leite et al., 1998).
9
2.4. Despolpamento ou descascamento
Pereira (1957b), observou que ocorre um afrouxamento progressivo da
mucilagem em direção ao exocarpo a partir do pergaminho, onde parece estar
fortemente aderida. As camadas mais externas de mucilagem muito frouxa podem
ser arrastadas mecanicamente pela água do despolpamento. Esse afrouxamento
progressivo da mucilagem do café parece acompanhar o amadurecimento do
fruto. Aparentemente o desenvolvimento de enzimas pectolíticas e da mucilagem,
a partir dos constituintes celulares, se processa gradativamente, enquanto o fruto
amadurece.
O despolpador permite a eliminação da parte externa do fruto, que
representa 2/5 da cereja e contém cerca 60% da água que não interessa secar,
pois ao cafeicultor interessa o grão do café. Portanto o despolpamento permite ao
cafeicultor secar mais que o dobro do volume de café, quando comparado à
secagem do café em coco (Pereira, 1957a).
Uma parte do mesocarpo do café, o mesocarpo externo, pode ser
mecanicamente arrastada no ato do despolpamento; mas outra porção, a
mucilagem (mesocarpo interno) só se libera rapidamente por ativação das
enzimas pectolíticas do fruto, ou então por fermentação por microrganismos
durante longas horas (Pereira, 1957b).
Os despolpadores devem ser muito bem ajustados, para evitar a passagem
de frutos sem despolpar ou mal despolpados (“mascados”), que constituem
defeitos na operação. Durante a passagem pelo despolpador os grãos verdes são
separados, pois não possuem camada mucilaginosa bem desenvolvida; logo não
conseguem ser despolpados (Sobrinho, 1944).
2.4.1. Café cereja descascado
O café cereja descascado tem a casca e parte da polpa removida, sendo a
mucilagem mantida e seca junto com o pergaminho. Os cafés cerejas
descascados mantém as características típicas de corpo, aroma e doçura dos
cafés brasileiros (Brando, 1999).
Diversos produtores têm optado pelo preparo do café cereja descascado,
tanto pela redução que representa na área ocupada no terreiro, aumentando
10
assim sua capacidade de processamento, como também pela melhoria de
qualidade e redução do custo de secagem (Siqueira, 2003).
2.4.2. Café despolpado
Nos cafés despolpados a operação seguinte ao despolpamento é a
degomagem, por meio da qual é retirada a mucilagem do café, que por sua vez, é
um meio propício para o ataque de microrganismos, causadores de bebidas de
qualidade inferior (Siqueira, 2003). Essa operação é realizada em tanques
especiais, por fermentações biológicas e ou, por meios químicos (IBC, 1981).
Segundo Guimarães (1995), na América Central, no México, na Colômbia e
no Quênia, onde são produzidos os cafés “despolpados”, o produto tem
alcançado boas cotações no mercado, por ser de bebida suave.
2.5. Degomagem
A seqüência lógica ao despolpamento é a degomagem, para que o
cafeicultor tenha a máxima garantia de manutenção da excelente qualidade do
café que ele vem preservando desde a colheita da cereja (Pereira, 1957b).
A degomagem é a parte mais delicada do benefíciamento e é a operação
que mais influencia a aparência, qualidade e preço final do produto (Carbonell e
Vilanova, 1952). É a operação pela qual se consegue a remoção da mucilagem
aderida aos grãos de café recém-despolpados (Sobrinho, 1944, Carbonell e
Vilanova, 1952).
Para a liberação da mucilagem do café despolpado tem-se utilizado a
degomagem de duas formas: a seco e sob água. A imersão ou não do café na
água é que determinará a modalidade (Sobrinho, 1944, Pereira, 1956). Na
degomagem a seco o café é deixado a fermentar somente após haver escorrido
toda água de despolpamento, só ficando a água de embebição. Na degomagem
sob água o café permanece submerso durante todo o tempo de duração da
fermentação (Sobrinho, 1944). As diferenças entre as degomagem a seco e sob
água ainda não estão bem definidas. Entretanto, quando se efetua a degomagem
em tanques descobertos, prefere-se executá-la sob água, a fim de que as
variações provocadas pelos agentes externos não tenham aí influência direta. Em
tanques cobertos, porém, a forma de degomagem mais aconselhada tem sido a
11
seco, por provavelmente apresentar uma pequena diminuição no tempo de
fermentação. Em ambos os casos, observadas as boas condições de execução
da operação, a bebida resultante, não oferece diferença entre si e nem sofre
alteração (Sobrinho, 1944).
A forma do tanque de degomagem não exerce influência sobre os
resultados da fermentação; ela poderá ser quadrada, circular ou retangular, sendo
esta a mais utilizada (Sobrinho, 1944, Pereira, 1956). Deve-se apenas evitar
tanques com profundidades acima de um metro que inviabilizam as trocas
gasosas das camadas mais profundas (Fritz, 1933).
Para se trabalhar o café nos tanques de degomagem deve-se proceder da
seguinte forma. Inicialmente fecha-se o tanque de degomagem e inicia-se seu
enchimento. Atingida a altura de 10 a 20 centímetros do bordo superior,
suspende-se a entrada de café e deixa-se que a fermentação ocorra, se for feita
sob água, ou permite-se antes escorrer toda a água, se for feita a seco. Espera-se
que a fermentação se processe até o “ponto” de descarga (Sobrinho, 1944).
Não existe um método científico para determinar o momento em que toda a
mucilagem já tenha sido retirada. Os produtores dependem de técnicas empíricas,
baseadas na prática: vai-se retirando, em intervalos de tempo, punhados de café
do tanque e atritando-se entre os dedos. Quando a mucilagem se despreender
facilmente com esse atrito, deixando à mostra uma superfície áspera, pode-se
considerar que o café “deu ponto” de descarga. Esta técnica empírica pode
conduzir a erros freqüentes devido à impossibilidade de se obter amostras
representativas da totalidade da massa de café durante a degomagem.
Posteriormente a massa deve ser lavada para abandonar toda a mucilagem
desagregada durante o processo de fermentação (Sobrinho, 1944, Carbonell e
Vilanova, 1952).
O interesse na liberação da mucilagem do café maduro reside no fato de
este hidrato de carbono, que é principalmente constituído de açúcares simples e
substâncias pécticas (Calle, 1962), sofrer fermentações por uma série de
bactérias e fungos (Lilienfeld-Toal, 1932).
Na fermentação do café despolpado, há divergência entre autores quanto à
causa da eliminação da substância péctica que envolve as sementes. Geralmente
é assumido que a degradação das substâncias pécticas da mucilagem é causada
pela ação combinada das enzimas pectolíticas produzidas pelos microrganismos
12
e/ou por enzimas pectolíticas endógenas do fruto (Lilienfeld-Toal, 1932, Perrier,
1932, Choussy, 1940). Entretanto nenhuma prova bioquímica desta
despolimerização pela microflora pectolítica já foi apresentada (Avallone et al.,
2002). Microrganismos isolados do meio de fermentação do café foram incapazes
de crescer em um meio que continha pectina (Avallone et al., 2001). Sendo que,
microrganismos dentro de uma comunidade podem se comportar diferentemente
quando estão isolados.
Os microrganismos que podem ser isolados principalmente em meio de
pectina parecem ser Klebsiella pneumoniae ou Erwinia herbicola, não
consideradas como bactéria pectolíticas fortes (Perombelon e Kelman, 1980).
Estudos isoloram da fermentação de café Erwinia dissolvens (Frank e De la Cruz,
1964), que demonstraram a partir das pectase liases produzidas, serem
incapazes de despolimerizar pectinas da mucilagem do café (Castelein e Pilnik,
1976, Garcia et al., 1991). Além disso, um recente estudo de microscopia mostrou
que não foram degradados completamente os polissacarídeos de paredes da
célula de mucilagem durante a fermentação (Avallone et al., 1999). O
envolvimento de enzimas pectolíticas microbianas (poligalacturonase, pectina
liase, pectase liase e pectimetilesterase) na mudança textural da camada
mucilaginosa é realmente controverso (Avallone et al. 2002).
De acordo com Avallone et al. (2002), a decomposição da mucilagem do
grão parece estar relacionada à acidificação do meio degomante, e não
diretamente a enzimas produzidas por microrganismos. As substâncias pécticas
são polissacarídeos ácidos de elevado peso molecular, constituídas por unidades
de ácido D-galacturônico e ocorrem praticamente em todas as plantas superiores,
nas quais se encontram, principalmente, sob a forma de protopectina na lamela
média e membrana celular (Wosiack, 1971). Segundo Braverman (1963), a
protopectina pode passar por uma hidrólise ácida, formando ácidos pectínicos
que, por sua vez, sofrem a eliminação dos grupos metílicos pela ação da
pectinesterase, formando metanol e pectinas com poucos grupos metílicos, as
quais são degradadas pelas despolimerases, dando ácido péctico
(poligalacturônico) que, ao serem degradados pela poligalacturonase, formam
ácido D-galacturônico e elementos minerais não-essenciais. Segundo Amorim e
Mello (1991), a mucilagem apresenta algumas enzimas hidrolíticas e oxidativas
como pectinesterases, poligalacturonases, agalacturonases, peroxidases e
13
polifenoloxidases. Com isto acrescenta-se credibilidade à hipótese de que os
microorganismos possuem função apenas secundária, de acidificar o meio
degomante, já que Avallone et al. (2002), demonstraram que as enzimas
pectolíticas dos microrganismos envolvidos no processo são incapazes de
degradar as substâncias pécticas da mucilagem.
O tempo de fermentação, ou seja, o tempo necessário para o café soltar a
mucilagem varia de região para região (Sobrinho, 1944). Pereira (1956), relatou
que a fermentação natural do café ocorreu de 24 a 48 horas, auxiliada por meios
mecânicos. O mesmo autor relata que a adição de fermentos bacterianos
acelerou para 12 horas e até mesmo 6 horas o processo fermentativo.
O processo de degomagem do café despolpado por fermentação
espontânea, que demora de 12 a mais de 36 horas, conforme a temperatura
ambiente, ainda tem o perigo de submeter o café despolpado a fermentações
indesejáveis, cujo sabor indesejável se impregna no café, desvalorizando-o
(Pereira, 1957b, Bartholo e Guimarães, 1997).
Lilienfeld-Toal (1932), verificou que a fermentação bacteriana levou em
poucas horas a uma grande produção de ácidos orgânicos, que além de
promover a acidez, produziu odores que podem ser transmitidos ao grão. Um
exemplo disso é a elevação da produção de ácido propiônico que pode aferir ao
café um sabor indesejável de cebola (Villela, 2002).
As fermentações começam logo que a casca do fruto é ferida por ruptura
ou perfurações de insetos (Krug, 1940a, b, c).
Perrier (1932), submeteu o café despolpado a fermentações que duraram
de 6 a 54 horas. Segundo este autor, a bebida apresentou odores
progressivamente indesejáveis à medida que o tempo de fermentação se afastava
do limite de 6 horas. A redução do período de degomagem é uma garantia contra
a perda de peso do grão, como citado por Perrier (1932), onde se observou que
uma fermentação que ultrapassa de 10 a 12 horas, acarreta perda de peso de até
8%.
2.5.1. pH no tanque de degomagem
O pH no final do processo no tanque de degomagem é sempre mais baixo
que o inicial, dando um teor de acidez mais elevado (Fritz, 1933, Choussy, 1940,
Stern, 1944, Avallone et al., 2001).
14
O pH varia, principalmente, durante as primeiras horas (Fritz, 1933, Stern,
1944). Segundo Choussy (1940), Stern (1944) e Avallone (2001), o pH, ao final da
degomagem, varia de 4 a 4,5 e para Fritz (1933), ao final da degomagem o pH é
5,9 e só nos tanques superfermentados o pH chega a 4,8.
A variação de pH nos diferentes horizontes do tanque é insignificante, o
que indica que todo o lote atinge o “ponto de despolpado” uniformemente (Stern,
1944).
2.6. Secagem
A secagem é uma das etapas mais importantes do processamento pós-
colheita. O processo pode ser feito de forma natural em terreiros, ou artificial em
secadores mecânicos (Grandi et al., 2000).
A secagem deve ser iniciada imediatamente após a colheita, a fim de que
seja rapidamente eliminada a alta umidade da polpa e do grão, e que sejam
evitadas fermentações, que possam prejudicar a qualidade da bebida (Vilela,
1997).
Durante o armazenamento, os grãos de café com alta umidade estão
sujeitos à ação de agentes microbianos capazes de promover fermentações
indesejáveis e de favorecer a ocorrência do branqueamento do grão. Uma
secagem excessiva faz com que ocorra perda de peso e quebra dos grãos
durante o beneficiamento e manuseio (Villela, 2002). Segundo Vilela (1997), ao
final da secagem a umidade final do café deve estar entre 11 e 13% de umidade.
A escolha de um método de secagem depende de fatores como: o nível
tecnológico do produtor, a possibilidade de investimento, o volume de produção,
as condições climáticas da região e a disponibilidade de áreas livres para
construção (Vilela, 1997).
2.7. Classificação do café
O café beneficiado é classificado por normas e padrões que o classificam
quanto ao tipo, peneira e bebida (IBC, 1981).
15
2.7.1. Classificação quanto ao tipo
É a classificação do produto beneficiado segundo seu aspecto e
quantidade de defeitos (Bartholo e Guimarães, 1997).
Os defeitos podem ser de natureza intrínseca ou extrínseca. Os de
natureza intrínseca constituem de grãos alterados, quer pela imperfeita aplicação
dos processos agrícolas e industriais, quer por modificações de origem fisiológica
ou genética (os grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados
e brocados). Os de natureza extrínseca, são representados pelos elementos
estranhos ao café beneficiado (coco, marinheiro, cascas, paus e pedras) (IBC,
1981).
A classificação por tipo admite sete tipos de valores de dois a oito,
resultantes da apreciação de uma amostra de 300g de café beneficiado, segundo
as normas contidas na Tabela Oficial Brasileira de Classificação. A cada tipo
corresponde um maior ou menor número de defeitos (Bartholo e Guimarães,
1997, IBC, 1981).
2.7.2. Classificação quanto a peneira
É a classificação do produto beneficiado em relação ao formato e tamanho
dos grãos, realizada em peneiras, onde são classificadas segundo as dimensões
dos crivos das peneiras oficiais, designadas por números (17-8) os quais,
divididos por 64, fornecem a indicação do tamanho dos furos, expresso em
frações de polegadas. Há peneiras de crivos redondos para a medição de grãos
chatos e as de crivos alongados para grãos mocas (IBC, 1981).
Da passagem de uma amostra de 500g de café beneficiado no jogo de
peneiras, realiza-se o cálculo da distribuição percentual por peneira em um
determinado lote (IBC, 1981). Os lotes com maiores granulometrias são mais
valorizados pelos compradores, apesar disso não influenciam a qualidade da
bebida.
16
2.7.3. Classificação quanto a bebida
É a classificação segundo o gosto ou cheiro que o café apresenta durante
a prova de xícara. A classificação oficial sugere as seguintes denominações para
as bebidas do café: “estritamente mole”, que caracteriza cafés com sabores
suavíssimos e adocicados; “mole”, bebida de sabor suave, acentuado e
adocicado; “apenas mole’, sabor suave, porém com leve adstringência; “dura”,
bebida com sensação adstringente e áspera na boca; “riado”, com leve sabor
iodofórmio ou ácido fênico; “rio”, com sabor forte e desagradável, lembrando
iodofórmio ou ácido fênico; “rio zona”, bebida de sabor e odor intoleráveis ao
paladar e ao olfato (IBC, 1981).
A bebida do café é influenciada pela presença de grãos verdes, verdes-
pretos, pretos ou ardidos, ou ainda, pela ocorrência de fermentações nos grãos,
durante a fase de colheita e preparo. A ocorrência de fermentações é o fator que
mais prejudica a bebida do café, sendo facilitada não só pela falta de cuidados no
preparo, como também por condições climáticas adversas, tais como
temperaturas elevadas ou locais muito úmidos, que permitem encontrar grãos
lesionados e/ou fermentados quando ainda na planta (Bartholo e Guimarães,
1997).
2.8. Composição físico-química associada à qualidade do café
Os compostos químicos do café são precursores de produtos, formados
durante o processo de torração, que por sua vez são responsáveis pelo sabor e
aroma do café. A composição química do café está associada a aspectos
genéticos, à região de cultivo, ao tipo de solo, à altitude e ao método de manuseio
dos frutos e dos grãos na pós-colheita (Villela, 2002).
Apesar de a qualidade e o aroma da bebida do café serem determinantes
ao estabelecimento de seu preço, as causas de variação da qualidade do produto
somente agora estão sendo esclarecidas (Prete et al., 2000).
Os atuais procedimentos de avaliação comercial da qualidade do café
estão baseados em variáveis empíricas e subjetivas, pois dependem de
sensações (visão, olfato e paladar) e habilidades pessoais, adquiridas com muitos
anos de experiência. Assim, a complementação dos procedimentos em uso com a
17
adoção de métodos físicos e químicos tornaria mais real e objetiva a
determinação da qualidade do café (Prete et al., 2000).
Os trabalhos de Amorim (1978), relacionando aspectos bioquímicos e
histoquímicos do grão de café verde com a deterioração da qualidade, muito
contribuíram para realçar a hipótese de que a perda da permeabilidade e
estrutura das membranas celulares conduz à deterioração do café.
Os piores cafés, em termos de qualidade de bebida, possuem as seguintes
características: menos proteínas solúveis, mais aminoácidos livres, mais ácidos
clorogênicos, menos fenóis hidrolisáveis, menos ácido ascórbico, baixo teor em
carboidratos e maior teor de ácido graxos livres com diminuição do conteúdo de
lipídios (Cliford, 1985). Isto indica que importantes reações oxidativas podem
ocorrer durante o processo de deterioração dos grãos de café, sugerindo intensa
peroxidação de lipídios.
Em pesquisas nas quais grãos de café são imersos em água, durante o
processo de embebição, de acordo com o grau de integridade de suas
membranas, os grãos lixiviam solutos citoplasmáticos no meio líquido. Os solutos,
com propriedades eletrolíticas, possuem cargas elétricas que podem ser medidas
com um condutivímetro. Assim, grãos com baixo vigor liberam grande quantidade
de eletrólitos na solução, resultando em alto valor de condutividade elétrica, ou
em elevadas concentrações de determinados íons, principalmente potássio
(Prete, 1992). Portanto, existe uma relação inversa entre padrão de bebida e
condutividade elétrica, ou seja, quanto melhor a qualidade da bebida, menores os
valores de condutividade elétrica dos exudados de grãos crus de café (Prete e
Abrahão, 2000).
Amorim (1978), estudando aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão
de café verde e relacionando os resultados com a deterioração da qualidade,
verificou haver maior lixiviação de potássio nos grãos dos piores cafés.
2.8.1. Condutividade elétrica e Lixiviação de Potássio
Amorim (1978), demonstrou que a desestruturação das membranas é o
ponto de partida para todas as transformações que ocorrem no grão de café
quando este deteriora, e que, uma vez constatada a desorganização celular,
estas reações tornam-se irreversíveis e o final do processo resulta em um café de
pior qualidade. Vários trabalhos foram publicados, confirmando aumento na
18
lixiviação de potássio e na condutividade elétrica em cafés de pior qualidade
(Prete, 1992, Prete e Abrahão, 2000, Pimenta, 1995, Pimenta et al., 1997).
A perda da seletividade das membranas em grãos de café normalmente
está associada a fatores ambientais inadequados como alta umidade e
temperaturas elevadas (Amorim, 1978) e/ou a danos mecânicos durante o
despolpamento, beneficiamento ou armazenagem (Goulart et al., 2003). Desse
modo, com a ruptura das células ocorre o extravasamento do conteúdo celular
(enzimas, proteínas, aminoácidos, carboidratos, lipídios, íons, etc.), provocando
inúmeras reações aleatórias indesejáveis (Goulart et al., 2003).
Pereira et al. (2002), relatam que o descascamento (despolpamento) não
afetou a integridade da membrana dos grãos de café. A partir deste resultado
Siqueira (2003), sugere que tanto o café seco na sua forma integral quanto os
cafés que sofreram algum tipo de pré-processamento apresentam integridade
celular semelhantes.
A lixiviação de potássio e a condutividade elétrica não contribuem para
uma separação dos cafés nas suas diferentes classes, mas se revelam como um
excelente indicador da perda da qualidade da bebida, separando cafés de melhor
qualidade dos de pior qualidade e podem ser usados com segurança, pela sua
simplicidade metodológica, em programas de monitoramento da qualidade
(Goulart et al., 2003).
2.8.2. Peso do grão
O menor peso e densidade dos grãos foram atribuídos, por Amorim et al.
(1976), a alterações na membrana celular, pois verificaram, em seu trabalho,
maior peso e densidade dos grãos em cafés de bebida mole, em comparação
com os de bebida rio. O peso decresce mais ou menos linearmente, à medida que
se aumenta o tempo de degomagem (Barbosa et al., 1963).
2.8.3. pH do grão
Segundo Siqueira (2003), o pH serve como indicativo de eventuais
transformações dos frutos de café, como as fermentações indesejáveis que
ocorrem na pré ou pós-colheita, originando defeitos e, conseqüentemente,
redução do pH e deterioração da bebida. Entretanto, Pinto et al. (2002), citam que
19
cafés com as bebidas estritamente mole, mole e riada apresentaram menores
valores de pH (5,30 a 5,32), que não diferiram estatisticamente entre si; porém, as
bebidas apenas mole, dura e rio apresentaram maiores valores (5,40 a 5,41), que
também não diferiram estatisticamente entre si.
2.8.4. Índice de coloração
A cor é uma característica que exerce grande influência na comercialização
do café, sendo, portanto, de grande importância, uma vez que pode levar à
depreciação do produto (Amorim et al., 1976).
O índice colorimétrico, como variável da qualidade da bebida do café,
mostra-se eficiente na classificação das bebidas de melhor qualidade e não é
eficiente para a classificação das bebidas riada, rio e rio zona (Corrêa et al, 1997).
Segundo Carvalho et al. (1994), os cafés que apresentam índices de
coloração iguais ou superiores a 0,650 se enquadram nas classes de cafés
“duro”, “apenas mole”, “mole” e “estritamente mole”. Já os índices de coloração
inferiores a 0,650 são classificados como “rio” e “riado”, ou seja, cafés não
exportáveis.
Os valores superiores a 0,650 indicam cafés de coloração mais intensa,
que ainda não perderam a coloração característica. Esta perda é devida
principalmente a reações oxidativas, com conseqüente branqueamento dos grãos
(Carvalho et al., 1994).
3. TRABALHOS
AVALIAÇÃO DO pH E DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA COMO
INDICADORES DO MANEJO DO CAFÉ DESPOLPADO DURANTE A
DEGOMAGEM
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar as variáveis pH e
condutividade elétrica do meio degomante, como indicadoras dos procedimentos
de manejo do café despolpado durante a degomagem do grão. O estudo foi
realizado em propriedades cafeeiras da Região Sudoeste da Bahia, nos meses de
julho e agosto de 2005, utilizando-se a espécie Coffea arabica L., variedade
Catuaí Amarelo. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente
casualizado, com três repetições, em esquema fatorial 2x2x6 (dois manejos de
água do meio degomante, com troca de água do meio e sem troca; dois manejos
de aeração da solução degomante, com aeração e sem aeração; em seis
períodos de tempo, momento em que foram realizadas as amostragens). Foi
observado que ocorreu uma redução nos valores de pH do meio degomante
durante a degomagem do grão; porém, essa redução foi pouco influenciada pelos
procedimentos de manejo empregados aos tanques de degomagem. Também
21
ocorreu um aumento nos valores da condutividade elétrica durante a degomagem
do grão, devido principalmente a aeração do meio que possibilitou uma maior
liberação da mucilagem do grão. A troca de água do meio degomante demonstrou
ser necessária, pois ao longo da degomagem ocorre um equilíbrio eletro-químico
no meio impedindo que a mucilagem continue a ser liberada do grão para o meio
degomante. O pH não deve ser utilizado como uma variável que indique o “ponto
de despolpado” do café, pois tanques com grãos degomados e não degomados
indicaram o mesmo pH. A condutividade elétrica foi capaz de indicar o momento
em que deve ser realizada a troca de água do meio degomante, porém, não foi
possível determinar um valor numérico padrão de condutividade elétrica, que
indicasse o momento ideal da troca de água, para ambas as propriedades. A
condutividade elétrica e o pH do meio degomante foram intrínsecos a cada
propriedade.
ABSTRACT
This work was developed with the objective to evaluate procedures of handling of
the medium degumming during the degumming of the despolped coffee. The pH
and electric conductivity of the medium were analyzed as indicators of the best
handling method. The study was accomplished in coffee properties of the
Southwest Area of Bahia, in July and August of 2005, being used the species
Coffea arabica L., variety Catuaí Amarelo. Were used a randomized entirely
experimental was adopted, with three repetitions, in factorial outline 2x2x6 (two
handlings of change of water of the medium degumming, with substitution of water
of the medium and without change; two handlings of aeration of the solution
degumming, with aeration and without aeration; in six periods of time). It was
observed a reduction in pH values of the medium degumming during the
degummed of the grain, however, this reduction little influenced by the handling
procedures used to the degumming tanks. Also increase in electric conductivity
values of the degumming medium during the degummed of the grain, happened
due to aeration of the medium that made a larger liberation of the mucilage of the
grain. The change of water of the degumming medium were demonstrated
22
necessary, because along the degummed happens a electric-chemical equilibrium
in the tank impeding the mucilage grain liberation for the degumming medium. The
pH could not be indicate as a variable for the " point of despolped ", because tanks
with grains degummed and non degummed indicated the same pH. The electric
conductivity was capable to indicate the moment that the change of water of the
degumming medium should be accomplished, however, it was not possible to
determine a electric conductivity standard value that indicated the ideal moment of
the substitution of water. The electric conductivity and the pH of the degomming
medium were intrinsic each property.
INTRODUÇÃO
Um dos fatores determinantes para o declínio da venda do café brasileiro
no mercado internacional foi a deficiência de um padrão de qualidade do produto
nacional (Souza, 1996; Siqueira, 2003). O café é um produto agrícola que possui
seus preços baseados em parâmetros qualitativos. Seu valor acresce-se,
significativamente, com a melhoria da qualidade, que é um fator limitante à
exportação (Carvalho et al., 1997). Sendo assim, o amplo conhecimento das
técnicas de produção de um café de alta qualidade é indispensável para uma
cafeicultura moderna (Carvalho et al., 1997, Villela, 2002).
A qualidade depende da interação entre fatores da fase de pré e pós-
colheita, que garantem ao grão as características de sabor e aroma desejados
(Feira-Morales, 1990 e Villela, 2002). Segundo Bartholo et al. (1989), as perdas
de preço decorrentes do mau preparo do café podem variar de 10 a 20% por
causa do mau aspecto do produto, e de 40 a 60% em decorrência do declínio da
qualidade da bebida.
Depois de colhido, o café pode ser preparado de duas formas: por via seca
e via úmida. Na forma de preparo por via seca, o fruto é seco na sua forma
integral (com casca e mucilagem), dando origem aos cafés denominados coco, de
terreiro ou natural. Na forma de preparo por via úmida, originam-se os cafés
despolpados, desmucilados e cereja descascados (Silva, 1999). O preparo do
café despolpado e desmucilado consiste na retirada da casca e mucilagem do
23
fruto maduro (Pereira et al., 2002). No preparo do café cereja descascado (CD) é
retirada apenas a casca do fruto e este é levado para secagem com a mucilagem
aderida ao pergaminho.
Durante o preparo do café despolpado, o grão passa por um período de
imersão em água, para que a mucilagem ainda aderida ao pergaminho seja
totalmente liberada. Tal processo é denominado de degomagem do café
despolpado. Durante a degomagem do café ocorrem fermentações e estas
podem ser indesejáveis, alterando a composição química do grão e suas
características sensoriais (Pereira, 1957).
Atualmente não existe uma metodologia científica baseada em variáveis
mensuráveis para o preparo do café despolpado, como garantia da obtenção de
um café de ótima qualidade. Um estudo detalhado do processo de degomagem
permitiria o desenvolvimento de uma metodologia científica adequada a produção
de um café despolpado, com características sensoriais desejáveis às
necessidades do mercado internacional.
O presente trabalho teve como objetivo determinar procedimentos de
manejo, como a aeração e troca de água do meio degomante (solução de café
mais água) do café despolpado durante a degomagem por fermentação natural.
Para isso foram avaliadas as variáveis pH e condutividade elétrica da solução
degomante como possíveis indicadores dos melhores métodos de manejo do café
durante a degomagem, possibilitando a otimização do processo.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado nas seguintes propriedades cafeeiras da Região
Sudoeste da Bahia, identificada pela origem de Cafés Especiais do Brasil como
“Planalto da Bahia”: (1) Diamante (Ribeirão do Largo-BA), (2) Santa Fé (Planalto-
BA), (3) Ouro Verde (Vitória da Conquista-BA). Estas propriedades estão
localizadas a 850m de altitude, com precipitações médias de 1200mm
concentradas na primavera-verão. As lavouras são irrigadas e recebem todos os
tratos culturais necessários à produção de café de boa qualidade.
O experimento foi realizado durante os meses de julho e agosto de 2005,
em períodos distintos em cada propriedade. Em cada experimento (Propriedade),
24
os tratamentos e repetições ocorreram paralelamente no mesmo dia, para que
não ocorresse interferência diferenciada do ambiente sobre os tratamentos.
A variedade de café utilizada no experimento foi a Catuaí Amarelo. As
lavouras possuíam quinze anos de idade e 3000 plantas por hectare. O café foi
colhido a dedo, sobre pano, em um mesmo talhão, para homogenização do lote
em cada fazenda. Posteriormente foi levado para processamento no mesmo dia
da colheita. O café colhido foi lavado, descascado e encaminhado aos taques de
degomagem onde foram realizados os tratamentos.
A degomagem ocorreu por fermentação natural em água, em tambores
plásticos com capacidade para 120 litros, os quais foram utilizados como tanques
de degomagem. Os tambores foram posicionados ao lado dos tanques de
degomagem das propriedades, em local descoberto. Os tambores continham 80
litros de café descascados e 38 litros de água, suficiente para submersão dos
grãos a 3 cm da superfície da massa.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com
três repetições, em esquema fatorial 2x2x6 (dois manejos de troca de água do
tanque, dois manejos de aeração da solução degomante em seis períodos de
tempo). Os tratamentos foram constituídos pela combinação dos fatores em
estudo.
A aeração da solução ocorreu de 4 em 4 horas e foi realizada através do
revolvimento da massa degomante em movimentos circulares e verticais no
tanque (tambores) de degomagem, durante um minuto, utilizando uma régua de
madeira de 1,5 m. A troca de água ocorreu de 12 em 12 horas; foi colocada uma
tela na boca dos tambores; estes então, eram tombados para a retirada da
solução; em seguida foi colocada nova água, com o mesmo volume anterior.
Durante a degomagem foram retiradas amostras de 2 litros de solução
degomante do tanque (café mais a água do meio degomante). As amostras foram
retiradas através de um cano de pvc de 2”, objetivando retirar uma amostragem
referente a todo o perfil do tanque de degomagem, nos períodos de 0, 6, 12, 18,
24 e 30h após o início da degomagem. Após 30 horas de degomagem o
experimento foi interrompido. Da solução das amostras retiradas foram realizadas
as leituras de pH, através de um peagâmetro digital, marca WTW pH 330/SET-1 e
da condutividade elétrica, através de um condutivímero portátil, Conductivity
25
Meter CD-4303. O início da degomagem foi considerado o ponto em que todos os
tanques continham 80 litros de café e era adicionado a água.
No momento em que coincidia a leitura das variáveis pH e condutividade
elétrica com o revolvimento da solução, a leitura das variáveis ocorria antes do
revolvimento. No momento da troca de água foram realizadas leituras das
variáveis antes e após a troca. Os valores das leituras posteriores à troca de água
não foram inseridos na análise estatística, sendo considerados apenas como
indicadores do que ocorria com o meio degomante no momento da troca. Se
esses valores fossem utilizados poderia haver um confundimento, já que dados
pontuais poderiam ser extrapolados para todo o período degomante.
Procedeu-se a análise individual das três propriedades estudadas,
considerando-se em ambas os casos os fatores em estudo e sua interação com o
ambiente.
Os dados foram submetidos a análise de variância com aplicação do Teste
F a 5% de probabilidade. Os graus de liberdade dos tratamentos foram
desdobrados via teste de comparação de médias, utilizando o Teste de Tukey a
5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
pH do meio degomante
Houve diferença significativa para a variável pH do meio degomante, para
os fatores analisados isoladamente e para a interação entre eles. Nas
propriedades (2) e (3) ocorreu interação tripla entre os fatores, enquanto na
propriedade (1) ocorreu interação entre alguns fatores isoladamente, aeração do
meio em função do tempo de degomagem e troca de água do meio em função do
tempo de degomagem (Quadros
1A, 2A e 3A). Os coeficientes de variação
experimental variaram de 0,80% a 3,31%, indicando que houve uma boa precisão
experimental na tomada dos dados e execução do experimento.
Os Quadros da Análise de Variância estão no Apêndice A.
26
Durante as 12 primeiras horas de degomagem ocorreu uma redução
acentuada dos valores do pH no meio degomante nas propriedades (1) e (2),
(Figura 1 e 2). Resultados semelhantes foram obtidos por Fritz (1933) e Stern
(1944), que observaram uma alteração do pH do meio degomante principalmente
nas primeiras horas de degomagem do café. Entretanto, na propriedade (3), essa
redução foi gradual e ocorreu até 24 horas como pode ser visto na Figura 3. Após
essa redução inicial os valores do pH no meio degomante estabilizaram até as 30
horas.
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
pH do meio degomante
St/Sa= Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e sem aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em que ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 1. Resposta do pH do meio degomante em função dos fatores estudados
(Troca de água do meio, aeração do meio e períodos de amostragem da
solução) na Propriedade (1).
27
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
pH do meio degomante
St/Sa= Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e sem aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em que ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 2. Resposta do pH do meio degomante em função dos fatores estudados
(Troca de água do meio, aeração do meio e períodos de amostragem da
solução) na Propriedade (2).
28
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
pH do meio degomante
St/Sa=Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e sem aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em que ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 3. Resposta do pH do meio degomante em função dos fatores estudados
(Troca de água do meio, aeração do meio e períodos de amostragem da
solução) na Propriedade (3).
A redução dos valores do pH, observado ao longo do processo de
degomagem do café para todos os fatores estudados, indica que houve produção
de ácidos no processo em questão. Segundo Avallone et al. (2001), esse
decréscimo de pH é devido a flora microbiana presente no meio, que consome os
açúcares simples (glicose, frutose e sacarose) e concomitantemente, produz
ácidos orgânicos (ácidos láctico e acético) e etanol, induzindo a acidificação do
meio ao longo do processo fermentativo. Os principais microrganismos que fazem
parte do processo fermentativo do café são as bactérias do ácido láctico,
Leuconostoc, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus brevis (Pederson e Bred,
1946, Vaughn et al., 1958) e cepas pectinolíticas das quais as mais freqüentes
incluem Erwinia dissolvens, Erwinia herbicola e Klebsiella pneumoniae (Van Pee e
Castelein, 1972). Além dos ácidos produzidos pelos microrganismos durante o
29
processo fermentativo, há os ácidos decorrentes da ação de enzimas presentes
naturalmente na cereja, sobre as substâncias pécticas. Segundo Braverman
(1963), a protopectina pode passar por uma hidrólise ácida, formando ácidos
pectínicos que, por sua vez, sofrem a eliminação dos grupos metílicos pela ação
da pectinesterase, formando metanol e pectinas com poucos grupos metílicos, as
quais são degradadas pelas despolimerases, dando ácido péctico
(poligalacturônico) que, ao serem degradados pela poligalacturonase, formam
ácido D-galacturônico e elementos minerais não-essenciais.
A aeração do meio degomante influenciou nos valores do pH do meio. A
partir das 6 horas de degomagem os tratamentos que foram aerados
apresentavam valores de pH do meio inferiores aos tratamentos não aerados,
apesar de não apresentarem diferenças significativas em todos os períodos,
(Tabelas 1, 2 e 3). Na propriedade (1) a aeração ocasionou uma redução de
29,65% no valor do pH nas primeiras doze horas de degomagem, enquanto o
tratamento não aerado ocasionou uma redução de 24,95% do valor do pH do
meio degomante (Tabela 1). Na propriedade (2), no período das primeiras seis
horas o tratamento que foi aerado já apresentava um valor de pH
significativamente inferior ao tratamento não aerado, (Tabela 2). Na propriedade
(3) o tratamento que foi aerado, no período das 12 horas apresentou um valor de
pH significativamente inferior ao valor do tratamento não aerado.
Deve-se destacar que após a troca de água, a aeração reduziu
visivelmente o pH do meio (Figuras 1, 2 e 3). Apesar dessa redução do pH do
meio ser visível, apenas os valores das propriedades (2) e (3) apresentaram
diferenças significativas no período das 18 horas (Tabelas 2 e 3). Segundo
Avallone et al., (2001), a aeração favorece o desenvolvimento dos
microrganismos aeróbios, que podem desempenhar um papel importante na
degradação da mucilagem do grão. A redução dos valores do pH, auxiliada pela
aeração do meio, é observada principalmente quando a solução está pouco
concentrada, no início do processo ou após a troca de água; supõe-se que neste
momento o meio possibilite um rápido crescimento microbiológico com produção
de ácidos.
30
Tabela 1. Valores médios de pH do meio degomante submetido aos tratamentos
sem aeração e com aeração do meio degomante, em função do tempo
de degomagem na Propriedade (1)
Tratamentos/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração 5,41aB 4,44bA 4,06cA 4,02cA 3,97cA 3,93cA
Com aeração 5,70aA 4,30bA 4,01cA 3,92cA 3,89cA 3,86cA
CV 3,31%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Valores de pH do meio degomante submetido ao tratamento com troca
de água do meio, em função da aeração do meio degomante e do tempo
de degomagem na Propriedade (2)
Com troca/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração 5,71A 4,64A 4,32A 4,41A 4,37A 4,47A
Com aeração 5,27A 4,38B 4,20A 4,28B 4,27A 4,38A
CV 1,83%
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 3. Valores de pH do meio degomante submetido ao tratamento com troca
de água do meio, em função da aeração do meio degomante e do tempo
de degomagem na Propriedade (3)
Com troca/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração 5,56A 5,32A 4,94A 4,91A 4,62A 4,60A
Com aeração 5,56A 5,28A 4,86B 4,63B 4,47B 4,57A
CV 0,80%
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
31
Verificou-se, através do atrito manual dos grãos, que nos tratamentos em
que foi realizada a aeração, os mesmos apresentavam-se sempre mais
degomados do que aqueles tratamentos em que não era realizada a aeração.
Resultados similares foram obtidos por Calle (1965), que cita que o revolvimento
constante da água durante o processo acelera a degomagem do grão. Segundo
Stern (1944) e Menchú e Rolz (1973), as fermentações aeróbicas são mais
rápidas que as fermentações anaeróbicas.
Quando ocorre a troca de água do meio, o pH eleva-se novamente, porém
o valor não é igual ao inicial, devido aos resíduos que permaneceram no tanque
de degomagem. Após a troca de água, a elevação do pH do meio degomante nos
tratamentos aerados foi menor que a dos não aerados, supõe-se que a aeração
inicial do meio aumentou o crescimento microbiano e, conseqüentemente, houve
uma maior liberação de ácidos. Uma maior concentração de ácidos pode ter
permanecido no meio após a troca de água, podendo ter impedido que o pH do
meio aerado se elevasse igual ao tratamento não aerado.
No momento da troca de água ocorre a elevação do pH do meio, caso
ocorra aeração, este aumento não é mais perceptível, após seis horas (Tabela 2 e
3). A aeração aumenta o crescimento microbiológico, os quais continuam a
acidificar o meio.
Na segunda troca de água, às 24 horas, os valores do pH não se elevaram
igual aos valores da primeira troca, às 12 horas. Comparando-se os valores do pH
no período das 18 e 30 horas (Tabelas 4, 5 e 6), observa-se que os valores das
18 horas são mais elevados. Isto pode ter ocorrido devido à maior acidez dos
resíduos do meio degomante no período das 24 horas, impossibilitando que o pH
se eleve como na primeira troca de água.
A troca de água proporcionou a solução que não foi aerada, que o valor do
pH do meio se mantivesse mais elevado a partir das 18 horas nas três
propriedades, apesar de apresentar diferença significativa apenas na propriedade
(3) (Tabelas 4, 5 e 6).
32
Tabela 4. Valores médios de pH do meio degomante submetido aos tratamentos
sem troca de água e com troca de água do meio, em função do tempo
de degomagem na Propriedade (1)
Tratamentos/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem troca de água 5,71aA 4,37bA 4,06cA 3,93cA 3,89cA 3,86cA
Com troca de água 5,40aB 4,38bA 4,02cA 4,02bA 3,97cA 3,93cA
CV 3,31%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 5. Valores de pH do meio degomante submetido ao tratamento sem
aeração do meio degomante, em função da troca de água do meio e do
tempo de degomagem na Propriedade (2)
Sem aeração/Tempo 0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem troca de água 5,55a 4,57b 4,30c 4,24c 4,28c 4,23c
Com troca de água 5,71a 4,64b 4,32c 4,37c 4,38c 4,47bc
CV 1,83%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 6. Valores de pH do meio degomante submetido ao tratamento sem aeração
do meio degomante, em função da troca de água do meio e do tempo de
degomagem na Propriedade (3)
Sem aeração/Tempo 0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem troca de água 5,59aA 5,33bA 4,94cA 4,55dB 4,41eB 4,34eB
Com troca de água 5,57aA 5,32bA 4,94cA 4,91cA 4,63dA 4,60dA
CV 0,81%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
33
A partir das 12 horas de degomagem, o pH do meio nas propriedades (1) e
(2), apresentam os menores valores, não ocorrendo mais reduções significativas
até o período das 30 horas, (Tabela 4 e 5, análise das linhas). Na propriedade (3)
esta redução de pH do meio ocorreu até as 24 horas (Tabela 6, análise das
linhas). A troca de água pode ser utilizada como um procedimento de manejo
preventivo, evitando que o grão permaneça em um meio degomante com uma
alta concentração de ácidos, conseqüentemente, impossibilitando a ocorrência de
fermentações indesejáveis.
A exemplo do que foi observado por vários autores (Fritz, 1933; Choussy,
1940; Stern, 1944, Avallone, 2002 e Calle, 1965), o pH no meio degomante ao
final do processo, é sempre mais baixo que o inicial. Segundo Choussy (1940),
Avallone, (2002) e Stern (1944), o pH ao final da degomagem varia de 4 a 4,5;
para Fritz (1933), o pH ao final da degomagem é 5,9 e para Calle (1965), o pH ao
final da degomagem varia de 3,8 a 3,5. Nas propriedade (1), (2) e (3), após 30
horas de degomagem os valores de pH foram respectivamente em média: 3,8; 4,3
e 4,5. O pH ao final do processo variou de propriedade para propriedade,
podendo a qualidade microbiológica da água utilizada para a degomagem do grão
ter influenciado o valor final do pH, já que segundo alguns autores como Agate e
Bhat (1966), Frank et al. (1965) e Vaughn et al. (1969), a microflora da
fermentação do café é constituída pelos mesmos microrganismos, naturalmente,
presentes nos vegetais e ao redor das árvores.
Nas propriedades (1), (2) e (3) o valor do pH da água utilizada para a
degomagem foram respectivamente de 7,6; 7,5 e 5,9. Isto indica que não ocorreu
uma redução proporcional de pH durante a degomagem, nas três propriedades.
Observa-se que a propriedade (1) que possuía a água com o valor do pH mais
elevado (7,6), apresentou após 30 horas de degomagem o menor valor do pH do
meio (3,8), quando comparado às outras propriedades. A propriedade (3) que
possuía a água com o menor valor do pH (5,9), apresentou após 30 horas de
degomagem o maior valor do pH do meio (4,5), quando comparado às outras
propriedades. A propriedade (2) que possuía a água com o valor do pH (7,5),
próximo ao valor do pH da propriedade (1), apresentou após 30 horas de
degomagem o valor de pH do meio (4,3), próximo ao valor do pH da propriedade
(3).
34
Finalmente, deve-se ressaltar que não foi feita a avaliação da qualidade
microbiológica da água. Desta maneira supõe-se que as águas das propriedades
(1) e (2), que eram originárias de açudes, podem ter ocasionado uma redução
mais acentuada do pH do meio, principalmente durante as primeiras horas de
degomagem, devido a presença de uma maior flora microbiana, enquanto que a
água da propriedade (3), que era originária de um poço artesiano, que supõe-se
possuir uma menor flora microbiana, tenha ocasionado uma redução mais gradual
do pH do meio degomante. Nas propriedades (1) e (2), independente do
procedimento de manejo adotado, após 18 horas de degomagem ocorreu a
liberação de bolhas no meio degomante, que segundo Avallone et al. (2001),
podem ser do gás etanol, sendo estas mais intensas nos tanques em que não
ocorria a troca de água. Na propriedade (3) não ocorreu a liberação de bolhas no
meio degomante durante todo o processo, podendo ser mais um indício de uma
menor flora microbiana nesta propriedade.
Stern (1944), cogitou a possibilidade de o café ter atingido o “ponto de
despolpado” se o pH do tanque se mantivesse abaixo do valor de 4,5 durante um
período de três horas. Através das observações obtidas neste trabalho podemos
relatar que não foi possível se generalizar um valor de pH que seja ideal para
indicar o “ponto de despolpado”. A variação do pH do meio degomante durante a
degomagem do café despolpado foi intrínseca a cada propriedade e não foi
possível correlacionar a quantidade de mucilagem ainda aderida ao grão e o pH
do meio degomante, já que o pH do meio após um período de degomagem tende
a se estabilizar, independente do procedimento de manejo empregado ao meio
degomante.
Condutividade elétrica do meio degomante
Houve diferença significativa para a variável condutividade elétrica do meio
degomante, para os fatores analisados isoladamente e para a interação entre eles.
Nas propriedades (2) e (3) ocorreu interação tripla entre os fatores, enquanto na
propriedade (1) ocorreu interação entre alguns fatores isoladamente, aeração do
meio em função do tempo de degomagem e troca de água do meio em função do
tempo de degomagem (Quadros 4A, 5A e 6A). Os coeficientes de variação
experimental variaram de 6,85% a 13,46%, indicando que houve uma boa precisão
experimental na tomada dos dados e execução do experimento.
35
Bedford (1974) e Woodstock (1973), observaram que quando sementes
são imersas em água, ocorre a lixiviação de solutos citoplasmáticos no meio
líquido, dependendo do grau de integridade de suas membranas. Os solutos, com
propriedades eletrolíticas possuem cargas elétricas que podem ser medidas com
condutivímetro. Em todas as propriedades ocorreu um aumento significativo da
condutividade elétrica em função do tempo de degomagem do grão de café
(Figura 3, 4 e 5). Este aumento na condutividade elétrica foi associado à liberação
de mucilagem do grão.
0.0
1.2
2.4
3.6
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
Condutividade Elétrica (mS/cm)
do meio degomante
St/Sa= Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e sem aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em que ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 4. Resposta da Condutividade Elétrica do meio degomante em função dos
fatores estudados (Troca de água do meio, aeração do meio e períodos
de amostragem da solução) na Propriedade (1).
36
0.0
1.2
2.4
3.6
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
Condutividade Elétrica (mS/cm)
do meio degomante
St/Sa= Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e sem aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 5. Resposta da Condutividade Elétrica do meio degomante em função dos
fatores estudados (Troca de água do meio, aeração do meio e períodos
de amostragem da solução) na Propriedade (2).
37
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
Condutividade Elétrica (mS/cm)
do meio degomante
St/Sa= Sem troca de água e sem aeração
St/Ca= Sem troca de água e com aeração
Ct/Sa= Com troca de água e com aeração
Ct/Ca= Com troca de água e com aeração
Momento em que ocorre a troca de água
Momento em que ocorre a aeração
Figura 6. Resposta da Condutividade Elétrica do meio degomante em função dos
fatores estudados (Troca de água do meio, aeração do meio e períodos de
amostragem da solução) na Propriedade (3).
A aeração do meio degomante, como já foi dito anteriormente, estimula o
crescimento de microrganismos aeróbicos, que atuando sobre as substâncias
pécticas presentes na lamela média e membrana celular, promovem uma
desintegração das mesmas, ocorrendo a lixiviação de sais citoplasmáticos para o
meio degomante. Ao compararem-se os tratamentos com aeração e sem
aeração, em um mesmo intervalo de tempo, observou-se que nos tratamentos em
que ocorre a aeração há um aumento significativo da condutividade elétrica em
relação ao que não sofre aeração (Tabelas 9, 10 e 11). Isto é um indicativo de
que a aeração do tanque é de fundamental importância para aceleração do
processo de degomagem do grão, sendo comprovado por observações práticas
realizadas durante o experimento, onde se observou que os grãos dos
38
tratamentos com aeração apresentavam-se despolpados mais rapidamente que
os grãos dos tratamentos que não sofriam a aeração do meio degomante.
A aeração proporcionou um aumento de 654% no valor da condutividade
elétrica do meio, enquanto o tratamento não aerado proporcionou um aumento de
apenas 183% do valor da condutividade elétrica durante o período inicial às 30
horas de degomagem na propriedade (1) (Tabela 9). Na propriedade (2) o
percentual de aumento dos valores dos tratamentos aerados e não aerados foram
respectivamente, 430% e 315% (Tabela 10), durante o mesmo período. Na
propriedade (3) o percentual de aumento dos valores dos tratamentos aerados e
não aerados foram respctivamente, 549% e 407% (Tabela 11), durante o mesmo
período.
Com a aeração ocorre a emersão de cafés bóias no tanque de
degomagem, estes podem ser retirados, possibilitando uma maior seleção dos
grãos que permanecem no tanque, já que os grãos que emergiram são
constituídos principalmente por grãos imperfeitos ou brocados que não foram
retirados durante a lavagem do café.
Analisando o tratamento sem troca de água do meio e com aeração do
meio degomante nas propriedades (2) e (3) (Tabela 10 e 11), podemos observar
que após as 18 horas de degomagem ocorreu uma estabilização da
condutividade elétrica, sendo ocasionado, provavelmente, pela saturação do meio
degomante, formando uma barreira eletro-química capaz de desacelerar a
desmucilagem do grão. Podendo ser um bom indicativo do momento ideal para a
troca de água do tanque de degomagem. Deve-se avaliar se é necessário que
ocorra a segunda troca de água do meio, já que o meio degomante ainda é capaz
de receber solutos, como pode ser observado nas Figuras 4, 5 e 6.
39
Tabela 9. Valores médios da condutividade elétrica do meio degomante (mS.cm
-1
),
em função da aeração do meio degomante e do tempo de degomagem
na Propriedade (1)
Trat/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração
0,60dA 1,26cB 1,90aB 1,38bcB 1,95aB 1,70abB
Com aeração
0,37dA 1,90cA 2,51abA
2,37bA 2,74abA 2,79aA
CV
13,46%
Médias seguidas pelas mesmas letras, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 10. Valores da condutividade elétrica do meio degomante (mS.cm
-1
)
submetido ao tratamento sem troca de água do meio, em função da
aeração do meio degomante e do tempo de degomagem na Propriedade
(2)
Sem troca/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração
0,72dA
1,21cB 1,49cB 1,89bB 2,12abB 2,27aB
Com aeração
0,66dA
2,06cA 2,62bA 2,87abA 3,04aA 2,84abA
CV
8,27
Médias seguidas pelas mesmas letras, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 11. Valores da condutividade elétrica do meio degomante (mS.cm
-1
)
submetido ao tratamento sem troca de água do meio, em função da
aeração do meio degomante e do tempo de degomagem na Propriedade
(3)
Sem troca/Tempo 0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem aeração 0,83dA 1,96cB 2,72bB 3,05abB 3,21aB 3,38aB
Com aeração 0,83dA 3,05cA 3,84bA 4,44aA 4,43aA 4,56aA
CV 6,84
Médias seguidas pelas mesmas letras, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
40
As condutividades elétricas das águas utilizadas para a degomagem nas
propriedades foram respectivamente: 0,0925mS.cm
-1
; 0,544mS.cm
-1
e
0,0364mS.cm
-1
. Observando os valores máximos da condutividade elétrica no
tratamento sem troca de água do meio e com aeração do meio degomante,
podemos notar que nas propriedades (1) e (2) os valores máximos obtidos após
estabilização da condutividade foram em média de 3,00 mS.cm
-1
, enquanto na
propriedade (3) este valor foi em média 4,5 mS.cm
-1
. Portanto podemos notar que
a qualidade da água exerce uma grande influência sobre a capacidade de
liberação de solutos para o meio degomante, ou seja, uma água de melhor
qualidade aumenta a capacidade de degomagem do grão, minimizando o número
de trocas de água do tanque de degomagem. Apesar desta constatação, não é
possível adequar a qualidade da água à degomagem do grão e sim, é necessário
adequar a degomagem ao tipo de água utilizado, logo o desenvolvimento de uma
metodologia para a degomagem do café deve ser ajustada a cada propriedade.
CONCLUSÕES
O pH não deve ser usado para indicar o “ponto de degomagem” do café
despolpado, pois tanques com grãos degomados e não degomados
apresentavam o mesmo pH.
A condutividade elétrica é capaz de indicar o momento que a solução
degomante encontra-se saturada, momento este em que deve ser realizada a
troca de água do meio degomante. Porém não foi possível determinar um valor
padrão de condutividade elétrica que indique o momento ideal da troca de água,
pois a condutividade do meio degomante foi intrínseca a cada propriedade.
A aeração da solução degomante acelera o processo de degomagem do
grão de café. A troca de água possibilita a solução degomante receber mais
solutos e, conseqüentemente, mais mucilagem, evitando que o grão de café
permaneça em uma solução ácida altamente concentrada, minimizando a
ocorrência de fermentações indesejáveis.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DO CAFÉ
DESPOLPADO SUBMETIDO A DIFERENTES PROCEDIMENTOS DE MANEJO
DURANTE A DEGOMAGEM DO GRÃO
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a influência de
procedimentos de manejo como a aeração e troca de água do meio degomante,
na composição físico-química e sensorial do grão de café despolpado durante a
degomagem por fermentação natural. O estudo foi realizado em propriedades
cafeeiras da Região Sudoeste da Bahia, nos meses de julho e agosto de 2005,
utilizando-se a espécie Coffea arabica L., variedade Catuaí Amarelo. O
delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com três
repetições, em esquema fatorial 2x2x6 (dois manejos de água do meio
degomante, com troca de água do meio e sem troca; dois manejos de aeração da
solução degomante, com aeração e sem aeração; em seis períodos de tempo,
momento em que foram realizadas as amostragens). As variáveis índice de
coloração, pH do grão, condutividade elétrica, lixiviação de potássio, peso de 100
grãos e prova de xícara foram utilizadas para indicar o mais eficiente
procedimento de manejo do meio degomante. Foi observado que a troca de água
do meio degomante evitou a redução do índice de coloração do grão em uma das
propriedades, redução esta ocorrida nas demais propriedades ao longo do tempo
de degomagem. Também ocorreu redução do pH, da condutividade elétrica e do
peso dos grãos ao longo do período de degomagem; porém, os procedimentos de
45
manejo do meio degomante pouco influenciaram sobre essas variáveis. A
lixiviação de potássio do grão não foi alterada ao longo da degomagem e não
sofreu influência dos procedimentos de manejo do meio degomante. A qualidade
da bebida apresentou algumas variações. Observou-se que o tratamento em que
não ocorreu aeração do meio e nem troca de água apresentaram os maiores
números de reduções da qualidade do grão durante a degomagem, porém, não
foi possível correlacioná-las à composição físico-química do grão.
ABSTRACT
This work was carried out whith the objective to evaluate the influence of handling
procedures, as the aeration and change of water of the medium degumming, upon
the composition physiochemistry and sensorial of the grain despolped coffee
during the degumming for natural fermentation The study was accomplished in
coffee properties of the Southwest Area of Bahia, in July and August of 2005,
being used the species Coffea arabica L., variety Catuaí Amarelo. To make used a
randomized entirely experimental was the adopted, with three repetitions, in
factorial outline 2x2x6 (two handlings of change of water of the medium
degumming, with change of water of the medium and without change; two
handlings of aeration of the solution degomming, with aeration and without
aeration; in six periods of time). It was observed that the change of water of the
degumming medium avoided the index of coloration redution of the grain in one of
the properties, this reduction happened in smaller intensity in the other properties
along the time of degumming. Also the pH, electric conductivity and weight of the
grains redution happened along the degumming period, however, the procedures
of handling of the degumming medium little influenced upon these variables. The
potassium lixiviation of the grain was not altered along the degumming and didn't
influence of the procedure of handling of the degumming medium. The quality of
the drink presented some variations. It was observed that the treatment without
aeration of the medium and nor change of water presented the largest numbers of
reductions of the quality of the grain during the degumming, however, it was not
possible correlate to the physiochemical composition of the grain.
46
INTRODUÇÃO
O café é um produto agrícola cuja qualidade e composição química do grão
beneficiado é resultado da interação genótipo e ambiente e das condições de
manejo na produção e processamento após a colheita (Carvalho et al., 1997).
Dentre esses fatores, deve-se atentar para os que atuam durante e após a
colheita, pois esses têm sido apontados como causadores de modificações
químicas indesejáveis e detrimentais à qualidade do café (Leite e Carvalho,
1994).
Inúmeras pesquisas buscam responder do ponto de vista químico quais
substâncias determinam a aceitação ou rejeição da bebida e quais são os
precursores e as reações que resultam nessas substâncias desejáveis ou não ao
grão de café (Clifford, 1985). O grão de café não possui o aroma nem o sabor
típicos da bebida do café, assim a torração é essencial para a formação de
compostos responsáveis pelo sabor e aroma do produto final. Há ainda que se
considerar as interações entre os compostos durante o preparo da bebida e as
complexas interações com o paladar, entre os compostos químicos do café e as
substâncias salivares, sem falar dos estímulos aos processos mentais que esta
bebida provoca. Com isto, verifica-se a complexidade em se relacionar a
qualidade da bebida à composição química do grão de café (Prete, 1992).
Para Amorim (1978), qualquer fator que altere a estrutura da membrana,
como ataque de insetos e microrganismos, alterações fisiológicas e danos
mecânicos, provocam uma rápida deterioração dos grãos de café. Essas
alterações provocam reações químicas que modificam a composição química
original do grão de café e em conseqüência as propriedades sensoriais da infusão
preparada com o grão torrado.
Durante o preparo do café despolpado, o grão passa por um período de
imersão em água, para que a mucilagem ainda aderida ao pergaminho seja
totalmente liberada. Tal processo é denominado de degomagem do café
despolpado. Durante a degomagem do café ocorrem fermentações e estas
podem ser indesejáveis, alterando a composição química do grão e suas
características sensoriais (Pereira, 1957).
Segundo Villela (2002), o despolpamento, com retirada da mucilagem por
fermentação natural, indicou ser o método de preparo de café que menos
47
prejudica a integridade das membranas celulares do grão. No entanto, foram
realizados poucos estudos sobre as transformações físico-químicas que ocorrem
no grão durante a degomagem e como os métodos de manejo do tanque de
degomagem podem influenciar sobre esta composição.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência de procedimentos de
manejo, como a aeração e troca de água do meio degomante (solução de café
mais água) sobre a composição físico-química e sensorial do grão de café
despolpado durante a degomagem por fermentação natural, indicando,
possivelmente, como se deve proceder para a obtenção de um café despolpado
de máxima qualidade.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas seguintes propriedades cafeeiras da
Região Sudoeste da Bahia, identificada pela origem de Cafés Especiais do Brasil
como “Planalto da Bahia”: (1) Diamante (Ribeirão do Largo-BA), (2) Santa Fé
(Planalto-BA), (3) Ouro Verde (Vitória da Conquista-BA). Estas propriedades
estão localizadas a 850m de altitude, com precipitações médias de 1200mm
concentradas na primavera-verão. As lavouras são irrigadas e recebem todos os
tratos culturais necessários à produção de café de boa qualidade.
O experimento foi realizado durante os meses de julho e agosto de 2005,
em períodos distintos em cada propriedade. Em cada experimento (propriedade),
os tratamentos e repetições ocorreram paralelamente no mesmo dia, para que
não ocorresse interferência diferenciada do ambiente sobre os tratamentos.
A variedade de café (Coffea arabica L.) utilizada no experimento foi a
Catuaí Amarelo. As lavouras possuíam quinze anos de idade e 3000 plantas por
hectare. O café foi colhido a dedo, sobre pano, em um mesmo talhão, para
homogenização do lote em cada fazenda. Posteriormente foi levado para
processamento no mesmo dia da colheita. O café colhido foi lavado, descascado
e encaminhado aos taques de degomagem onde foram realizados os tratamentos.
A degomagem ocorreu por fermentação natural em água, em tambores
plásticos com capacidade para 120 litros, os quais foram utilizados como tanques
de degomagem. Os tambores foram posicionados ao lado dos tanques de
48
degomagem das propriedades, em local descoberto. Os tambores continham 80
litros de café descascados e 38 litros de água, suficiente para submersão dos
grãos a 3 cm da superfície da massa. O início da degomagem foi considerado o
ponto em que todos os tanques continham 80 litros de café e era adicionado
água.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com
três repetições, em esquema fatorial 2x2x6 (dois manejos de troca de água do
tanque, dois manejos de aeração da solução degomante em seis períodos de
tempo). Os tratamentos foram constituídos entre a combinação dos fatores em
estudo.
A aeração da solução ocorreu de 4 em 4 horas e foi realizada através do
revolvimento da massa degomante em movimentos circulares e verticais no
tanque (tambores) de degomagem, durante um minuto, utilizando uma régua de
madeira de 1,5 m. A troca de água ocorreu de 12 em 12 horas; foi colocada uma
tela na boca dos tambores; estes então, eram tombados para a retirada da
solução; em seguida foi colocada nova água, com o mesmo volume anterior.
Durante a degomagem foram retiradas amostras de 2 litros de solução
degomante do tanque (café mais a água do meio degomante). As amostras foram
retiradas através de um cano de pvc de 2”, objetivando retirar uma amostragem
referente a todo o perfil do tanque de degomagem, nos períodos de 0, 6, 12, 18,
24 e 30h após o início da degomagem. Após 30 horas de degomagem o
experimento foi interrompido. Em seguida, as amostras foram levadas para
secagem em terreiro suspenso em estufa, até atingir 12% de umidade e
armazenadas em sacolas plásticas em local fresco e arejado. A partir dessas
amostras foram realizadas as análises sensoriais e físico-químicas (índice de
coloração, pH do grão, condutividade elétrica, lixiviação de potássio, peso de 100
grãos e prova de xícara). As análises foram realizadas apenas com grãos de
peneira 16/64” acima, peneira utilizada na região como referência de um grão de
tamanho aceitável ao mercado internacional.
O índice de coloração foi determinado pelo método descrito por Singleton
(1966) e adaptado para o café de acordo com Carvalho et al. (1994). Dois gramas
de amostra de café moídos em moinhos de facas, marca Mine processador Arno
Duetto, e passadas em peneira com granulometria de 20 mesh, foram pesadas e
transferidas para um erlenmeyer de 250mL. Em seguida 50mL de água destilada
49
foram adicionadas ao erlenmeyer. Esta mistura foi agitada durante uma hora e
filtrada em papel de filtro Whatman nº1. A uma alíquota de 5mL do filtrado foram
adicionados 10mL de água destilada e após 20 minutos de repouso em condições
ambientais, foi efetuada a leitura da densidade ótica a 425 nm em um
espectrofotômetro Shimadzu, modelo UV Mini 1240.
O pH do grão foi determinado de acordo com a técnica adapta da descrita
na AOAC (1995). Cinco gramas de café sem torrar foram moídas em moinho de
facas, marca Mine processador Arno Duetto, peneiradas em peneira de 20 mesh
e colocadas em um erlenmeyer com 37,5mL de álcool 80%. A solução
permaneceu no erlenmeyer por 16 horas, sofrendo revolvimentos ocasionais.
Posteriormente, foi filtrada em papel Whatman nº1. O pH do extrato filtrado foi
medido utilizando-se um peagâmetro digital, marca WTW pH 330/SET-1.
A condutividade elétrica foi determinada utilizando-se a metodologia
adaptada à proposta por Prete (1992). Para tanto foram pesadas e colocadas em
copos plásticos de 180 mL, contendo 75 mL de água deionizada, três
subamostras de 50 grãos de cada amostra, sem escolha dos grãos defeituosos
(pretos, brocados, verdes e ardidos), sendo feita a leitura da umidade das
amostras através de um aparelho medidor de umidade (DOLE
r
500) e houve uma
padronização do peso das amostras para 12% de umidade. A seguir, esses
recipientes foram colocados em estufa ventilada, a 25ºC por 3,5 horas; em
seguida procedeu-se à leitura da condutividade elétrica da solução, em aparelho
Quimis CD-20. Os resultados obtidos foram expressos em µS.cm
-1
.g
-1
de amostra
a 12% de umidade.
Imediatamente após a leitura da condutividade elétrica, procedeu-se à
quantificação do potássio lixiviado. Um mililitro da solução sem os grãos foi
transferido para um tubo de ensaio e diluído em água destilada, na proporção
(1:10). A leitura foi realizada em fotômetro de chama Digimed NK-2002 e os
resultados expressos em ppm/g de amostra a 12% de umidade.
O peso de cem grãos foi determinado através da contagem e pesagem de
cem grãos, com oito repetições, utilizando balança semianalítica (GEHAKA,
modelo BC 2000) com precisão de centésimo de grama. Em seguida foi
determinada a umidade das amostras através de um aparelho medidor de
umidade (DOLE
r
500). A partir do valor da umidade, ocorreu uma padronização
50
do valor do peso das amostras para 12% de umidade, possibilitando a
comparação do peso de cem grãos das amostras.
A Classificação quanto à bebida ou “prova de xícara” foi realizada pelo
degustador José Carlos Novais, que desconhecia a procedência das amostras.
Seguindo o procedimento descrito por Toledo (1998), ocorreu a degustação de 6
xícaras da infusão, por repetição. A infusão foi preparada a partir de 10 gramas de
pó de café, em torração clara, para 100 mL de água, a qual foi colocada sobre o
pó, quando em ponto de primeira fervura.
Procedeu-se a análise individual das três propriedades estudadas,
considerando-se em ambas os fatores em estudo e sua interação com o
ambiente.
Os dados foram submetidos a análise de variância com aplicação do Teste
F a 5% de probabilidade. Os graus de liberdade dos tratamentos foram
desdobrados via teste de comparação de médias, utilizando o Teste de Tukey a
5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Índice de coloração
Nas propriedades (1) e (2) não houve diferença significativa para a variável
índice de coloração do grão, para os fatores analisados isoladamente e para a
interação entre eles (Quadros
1B e 2B). Na propriedade (3) ocorreu interação
entre alguns fatores isoladamente, troca de água do meio em função do tempo de
degomagem (Quadro 3B). Os coeficientes de variação experimental variaram de
4,39% a 5,25%, indicando que houve uma boa precisão experimental na tomada
dos dados e execução do experimento.
Segundo Amorim (1978), vários pesquisadores têm demonstrado que
quando a qualidade do café se deteriora, física e sensorialmente, seja durante a
colheita, no processamento, bem como no armazenamento, a cor do grão pode
passar de verde para branca (amarela ou marrom). Segundo Carvalho et al.
(1994), valores mais altos do índice de coloração indicaram cafés de coloração
Os Quadros da Análise de Variância estão no Apêndice B.
51
mais intensa, ou seja, que ainda não perderam a coloração característica, perda
esta causada, principalmente, pelas reações oxidativas com conseqüente
branqueamento dos grãos. Na propriedade (3) a troca de água do meio
degomante proporcionou uma menor redução dos valores do índice de coloração
em relação ao tratamento em que não ocorreu a troca de água do meio
degomante, como pode ser visto na Tabela 1. Assim a troca de água do meio
degomante nesta propriedade evitou uma redução do índice de coloração do grão
durante o processo fermentativo da degomagem. No entanto, nas propriedades
(1) e (2), nenhum dos procedimentos de manejo do meio degomante influenciou
significativamente o índice de coloração do grão, durante as 30 horas de
degomagem.
Apesar de não apresentarem diferenças significativas, os grãos das
propriedades (1) e (2), apresentaram uma redução do índice de coloração em
função do tempo de degomagem, sendo menos pronunciada na propriedade (2)
(Tabela 1 e 2). Estes resultados discordam dos obtidos por Leite e Carvalho
(1994), que relatam que o despolpamento melhorou, de modo geral, o índice de
coloração dos grãos, de cafés da cultivar Mundo Novo, produzidos em cinco
regiões produtoras de Minas Gerais.
Tabela 1. Valores médios do Índice de coloração do grão submetido aos
tratamentos sem troca e com troca de água, em função do tempo de
degomagem na propriedade (3)
Tratamentos/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem troca de água 0,914aA
0,914aA
0,840bB 0,812bcB
0,764cB 0,765cB
Com troca de água 0,914aA
0,940aA
0,889abcA
0,873bcA
0,866bcA
0,833cA
CV 4,39%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
52
Tabela 2. Valores médios do Índice de coloração nas propriedades (1) e (2), em
função do tempo de degomagem
Após 18 horas de degomagem foi observado que os grãos apresentavam-
se com coloração verde-azulada e com a película prateada parcialmente
desprendida, em todas as propriedades e tratamentos, que segundo Pereira
(1958) e Stern (1944), é uma característica dos cafés despolpados. Porém, o
índice de coloração, que é um índice de leitura indireta da coloração, não foi
capaz de detectar esta diferença.
Chagas et al. (1996), Carvalho et al. (1994), Pimenta (1995), Pereira
(1997), Silva et al. (1999), Corrêa et al. (1997) e Leite e Carvalho (1994),
observaram que os cafés com índices de coloração mais elevados apresentavam
uma melhor qualidade sensorial. Entretanto, foi observado que a propriedade (1)
com índice de coloração médio de 0,850 apresentou, em geral, melhor qualidade
de bebida que a propriedade (3), com índice de coloração de 0,849, e esta
apresentou, em geral, melhor qualidade de bebida que a propriedade (2), com
índice de coloração de 0,899. Isto indica que o índice de coloração,
separadamente, não possibilitou a classificação de um café de melhor qualidade,
já que a propriedade (2), com índice de coloração mais elevado, apresentou as
piores qualidades de bebida. Além disso, os resultados possibilitam ressaltar que,
provavelmente, ocorreu o efeito do local de origem sobre o índice de coloração
dos grãos.
Tempo 0h 6h 12h 18h 24h 30h
Propriedade 1
0,868 0,860 0,863 0,844 0,836 0,829
Propriedade 2
0,925 0,892 0,889 0,903 0,879 0,905
CV Prop.1 4,47%
CV Prop.2 5,25%
53
pH do grão
Nas três propriedades houve diferença significativa para a variável pH do
grão, para os fator tempo isoladamente (Quadro 4B, 5B e 6B). Os coeficientes de
variação experimental variaram de 0,39% a 0,70%, indicando que houve uma boa
precisão experimental na tomada dos dados e execução do experimento.
Nas três propriedades ocorreu uma redução significativa do pH do grão em
função do tempo de degomagem (Tabela 3). No entanto, nenhum dos
procedimentos de manejo do meio degomante influenciou significativamente
esses valores. Segundo Siqueira (2003), o pH do grão serve como indicativo de
eventuais transformações dos frutos de café, como as fermentações indesejáveis
que ocorrem na pré ou pós-colheita, originando defeitos e, consequentemente,
redução do pH e deterioração da bebida. Entretanto, Pinto et al. (2002), citam que
cafés com as bebidas estritamente mole, mole e riada apresentaram menores
valores de pH (5,30 a 5,32) que não diferiram estatisticamente entre si; do que as
bebidas apenas mole, dura e rio, que apresentaram maiores valores de pH (5,40
a 5,41), que também não diferiram estatisticamente entre si. A redução do pH
durante a degomagem, no período de 30 horas, não afetou a qualidade da bebida
do café. A propriedade (1), em que os grãos apresentaram os menores valores do
pH, como pode ser visto na Figura 1, apresentou melhor qualidade de bebida que
as propriedades (2) e (3). Deve-se ressaltar que os grãos da propriedade (1)
apresentavam menores valores de pH desde o início da degomagem, sugerindo
que o pH do grão também sofre influência do local de cultivo.
A partir das 18 horas de degomagem são apresentados os menores
valores de pH do grão, e estes não se diferem até as 30 horas de degomagem,
podendo indicar que, provavelmente, a partir das 18 horas de degomagem
reduza-se a interferência das fermentações do meio de degomagem a esta
variável (Tabela 3). Isto sugere que a partir das 18 horas de degomagem nas três
propriedades, o grão já tenha agregado sensorialmente a acidez característica de
um café despolpado, sendo desnecessário uma degomagem por períodos mais
longos.
O preparo do café despolpado por fermentação natural não deve ser
tratado apenas como um método de retirada da mucilagem do grão. A
fermentação agrega ao grão uma acidez e uma coloração característica, que
necessita ser melhor estudada. É importante ressaltar que os grãos que
54
receberam os tratamentos com aeração apresentavam-se neste período mais
degomados que os grãos dos demais tratamentos, logo, deve-se utilizar este
procedimento de manejo do meio degomante, pois além de otimizar o processo
evita fermentações indesejadas.
Mendonça et al. (2005), estudando os valores do pH de diferentes
cultivares de Coffea arabica L., observou que o pH dos grãos da cultivar Catuaí
Amarelo foi de 6,50 em cafés processados por via seca, dados próximos aos
encontrados neste experimento no início da degomagem, para a mesma cultivar.
Este mesmo autor, também observou que esta cultivar apresentava acidez baixa
e os sólidos solúveis altos em grãos torrados, em comparação a outras cultivares.
A redução do pH do grão, conseqüentemente com aumento da acidez, pode
agregar características sensoriais a esta cultivar, já que o café arábica destaca-se
pela acidez característica. Porém, são necessários mais estudos para se
determinar valores de pH do grão que ressaltem as suas melhores características
sensoriais, já que esta pode sofrer interferências ambientais, modo de preparo,
seca ou torra.
Tabela 3. Valores médios do pH dos grãos nas propriedades (1), (2) e (3), em
função do tempo de degomagem
Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Propriedade 1
6,39a 6,37a 6,36abc 6,32d 6,33cd 6,34bcd
Propriedade 2
6,45a 6,42a 6,40ab 6,38b 6,36b 6,37b
Propriedade 3
6,44a 6,44a 6,41ab 6,37bc 6,36c 6,36c
CV Prop. 1
0,46%
CV Prop. 2
0,70%
CV Prop. 3
0,39%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
55
6.3
6.3
6.4
6.4
6.4
6.5
0 6 12 18 24 30
Tempo (Horas)
pH do Grão
Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Figura 1. Valores médios do pH do grão nas três propriedades em função do
tempo de degomagem.
Condutividade Elétrica e Lixiviação de potássio do grão
Nas propriedades (1) e (2) houve diferença significativa para a variável
condutividade elétrica do grão, para o fator tempo isoladamente (Quadros 7B e
8B). Na propriedade (3) ocorreu interação entre alguns fatores isoladamente, troca
de água do meio em função do tempo de degomagem (Quadro 9B). Os
coeficientes de variação experimental variaram de 7,93% a 12,66%, indicando que
houve uma boa precisão experimental na tomada dos dados e execução do
experimento.
A perda da seletividade das membranas em sementes de café
normalmente está associada a fatores ambientais inadequados como alta
umidade e temperaturas elevadas (Amorim, 1978) e/ou a danos mecânicos
durante o despolpamento, beneficiamento ou armazenagem. Desse modo, com a
ruptura das células, ocorre o extravasamento do conteúdo celular (enzimas,
proteínas, aminoácidos, carboidratos, lipídeos, íons, etc.) provocando inúmeras
reações aleatórias indesejáveis (Goulart et al., 2003). O aumento na
condutividade elétrica é um forte indicador de danos na membrana celular,
conseqüentemente, um café de pior qualidade (Prete, 1992 e Amorim, 1978).
56
Foi observado uma redução nos valores da condutividade elétrica dos
grãos de café, em função do tempo de degomagem nas três propriedades
(Tabelas 4 e 5). Prete (1992), verificou que o preparo do café despolpado
proporcionou a obtenção de cafés de melhor qualidade e também menores
valores de condutividade elétrica quando comparados aos cafés naturais.
Resultados semelhantes foram obtidos por Villela (2002), indicando que o
despolpamento, com retirada da mucilagem por fermentação natural, é o método
que menos prejudica a integridade das membranas celulares. É importante
ressaltar que neste caso a redução da condutividade elétrica do grão durante a
degomagem não se correlacionou com a melhoria da qualidade da bebida.
Sugere-se que a metodologia utilizada para determinação da condutividade
elétrica do grão, que é baseada na lixiviação de solutos citoplasmáticos, deva ser
analisada cuidadosamente para o caso do café despolpado, com retirada da
mucilagem por fermentação natural. O grão passa um longo período de
embebição na solução degomante e esses solutos podem ser liberados durante
esta, causando distorções na interpretação dos resultados, que apresentam
sempre os cafés despolpados com menores valores de condutividade elétrica em
comparação a outros tipos de preparos do grão, conforme encontrado por Prete
(1992) e Villela (2002).
Tabela 4. Valores médios da Condutividade elétrica do grão (µS.cm
-1
.g
-1
de café a
12% de umidade) nas propriedades (1) e (2), em função do tempo de
degomagem
Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Propriedade 1
30,15a 29,14a 28,99a 29,10a 28,73a 27,15ab
Propriedade 2
35,00a 30,44ab 31,50ab 28,63b 31,08ab 30,06b
CV Prop.1
7,94%
CV Prop.2
12,66%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
57
Tabela 5. Valores médios da Condutividade elétrica do grão (µS.cm
-1
.g
-1
de café a
12% de umidade), submetido aos tratamentos sem troca de água e com
troca de água, em função do tempo de degomagem, na propriedade (3)
Tratamentos/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Sem troca de água
30,94Aa
30,90aA 27,39aA 27,48aA 27,26aA
30,50aA
Com troca de água
30,94Aa
28,89abA
27,86abA
28,00abA
28,71abA
23,26bB
CV
11,86%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas
colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Apenas na propriedade (3) ocorreu uma interação entre os tratamentos
com troca de água e sem troca de água no período das 30 horas (Tabela 5).
Sugere-se que com trinta horas de degomagem sem a troca de água o processo
fermentativo possa ter começado a desestruturar as membranas dos grãos nesta
propriedade. Segundo Amorim (1978), este é o ponto de partida para todas as
transformações que ocorrem no grão de café quando este deteriora e que, uma
vez constatada a desorganização celular, estas reações tornam-se irreversíveis e
o final do processo resulta em um café de pior qualidade. Neste caso, não foi
detectado redução da qualidade da bebida, entretanto, é um indício de que a
troca de água do meio degomante possa evitar fermentações prejudiciais ao grão.
Nas três propriedades não houve diferença significativa para a variável
lixiviação de potássio do grão, para os fatores analisados isoladamente e para a
interação entre eles (Quadros 10B, 11B e 12B). Os coeficientes de variação
experimental variaram de 11,16% a 16,11%, indicando que houve uma boa
precisão experimental na tomada dos dados e execução do experimento.
Os procedimentos de manejo do meio degomante não influenciaram sobre
o potássio lixiviado do grão e também não acarretaram diferenças significativas
em função do tempo degomagem. Os valores médios da lixiviação de potássio
(ppm.g
-1
de café a 12% de umidade) foram: 8,5; 9,21 e 8,55; respectivamente nas
propriedades (1), (2) e (3). A propriedade (2) apresentou os maiores valores de
lixiviação de potássio e as piores qualidades de bebida. Esse resultado é
semelhante ao observado por vários autores (Prete, 1992; Pimenta, 1995;
58
Pimenta et al., 2000; Goulart et al., 2003), que relataram que o aumento da
lixiviação de potássio coincide com a piora da qualidade da bebida do café.
Entretanto, a propriedade (1) com valores médios da lixiviação de potássio
praticamente similares aos da propriedade (3), apresentou classificação quanto à
bebida superior a esta, sendo classificadas, em geral, como de bebida mole e
dura, respectivamente.
A partir dos dados da condutividade elétrica e lixiviação de potássio não foi
possível diferenciar a qualidade do grão e o melhor procedimento de manejo
durante a degomagem do grão. Observou-se apenas que existe uma interação
entre estas variáveis e o local de cultivo do grão.
Peso de 100 grãos
Na propriedade (1) não houve diferença significativa para a variável peso
de 100 grãos, para os fatores analisados isoladamente e para a interação entre
eles (Quadro 13B). Nas propriedades (2) e (3) houve diferença significativa para a
variável peso de 100 grãos, para o fator tempo isoladamente (Quadros 14B e 15B).
Os coeficientes de variação experimental variaram de 1,80% a 3,42%, indicando
que houve uma boa precisão experimental na tomada dos dados e execução do
experimento.
Os procedimentos de manejo do meio degomante não influenciaram o
peso de 100 grãos. Ocorreu apenas uma redução do peso dos grãos nas
propriedades (2) e (3) em função do tempo de degomagem (Tabela 6). Essas
perdas foram em torno de 2,1 e 5,3% respectivamente,durante 30 horas de
degomagem. Barbosa et al. (1963) e Begazo (1970), relatam ocorrerem perdas de
peso de 1,5 e 7,4% em períodos de degomagem de 24 e 36 horas
respectivamente, sendo essas perdas crescentes à medida que o tempo de
degomagem avançava.
As perdas de peso ocorreram nos grãos de café da propriedade (2) e (3)
nos períodos das 6 - 12 horas e 0 - 6 horas, respectivamente, no início da
degomagem, após esses períodos os pesos permaneceram constantes (Tabela 6).
Logo, só é possível evitar essas perdas de peso dos grãos se não ocorrer a
degomagem do grão, utilizando um processamento de um cereja descascado.
59
Tabela 6. Valores médios do Peso de 100 grãos (gramas, a 12% de umidade) nas
propriedades (1), (2) e (3), em função do tempo de degomagem
Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
Propriedade 1
16,624 16,202 16,093 16,633 16,516 16,648
Propriedade 2
17,999a 17,760a 17,537b 17,428b 17,520b 17,520b
Propriedade 3
16,189a 15,583b 15,398b 15,319b 15,180b 15,327b
CV Prop. 1
3,42%
CV Prop. 2
1,80%
CV Prop. 3
2,42%
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Apesar de todos os grãos serem de mesma granulometria, foi observado
diferenças nos pesos dos grãos entre as propriedades. Isto pode ser devido ao
formato diferenciado do grão, principalmente da propriedade (2), que possui o
grão mais comprido. As peneiras utilizadas para separação dos grãos por
tamanho baseiam-se na largura e esfericidade do grão.
Classificação quanto à bebida
As amostras provenientes da propriedade (1) foram classificadas, na
maioria dos períodos de degomagem, como de bebida Mole, como pode ser visto
na Tabela 7. Em alguns períodos ocorreram algumas variações na qualidade da
bebida. Os tratamentos em que não ocorreram a troca de água do meio
degomante apresentaram quatro períodos em que ocorreram a redução da
qualidade do grão, enquanto os tratamentos em que ocorreram a troca de água
do meio apresentaram apenas dois períodos com redução da qualidade do grão.
Observa-se que no período de 18 horas de degomagem todas as amostras
foram classificadas como de bebida mole, independente do procedimento de
manejo do meio degomante, só que as amostras dos tratamentos aerados
apresentavam-se mais degomadas, possibilitando retirar o café do tanque com
uma menor quantidade de mucilagem, facilitando a secagem do grão.
60
Deve-se ressaltar que a qualidade final do café despolpado é
extremamente dependente do café que inicia o processo de degomagem. Até
hoje não foi descrito que características sensoriais são agregadas ao grão
durante a degomagem por fermentação natural. Sabe-se apenas que este método
de preparo origina cafés de bebidas suaves, com acidez característica e com
aspecto verde-azulado, com elevado valor comercial.
Tabela 7. Classificação das amostras quanto a qualidade da bebida, submetido a
diferentes procedimentos de manejo, em função do tempo de
degomagem, na propriedade (1)
Trat/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
St/Sa
Mole Dura Mole Mole Mole Dura
St/Ca
Mole Mole Dura Mole Dura Mole
Ct/Sa
Mole Mole Mole Mole Dura Mole
Ct/Ca
Mole Dura Mole Mole Mole Mole
(St/Sa= Sem troca de água do tanque e sem aeração do meio degomante; St/Ca=
Sem troca de água do tanque e com aeração do meio degomante; Ct/Sa= Com
troca de água do tanque e sem aeração do meio degomante; Ct/Ca= Com troca
de água do tanque e com aeração da solução degomante).
As amostras provenientes da propriedade (2) foram classificadas, na
maioria dos períodos de degomagem, como de bebida Dura, como pode ser visto
na Tabela 8. Em alguns períodos de degomagem ocorreram algumas variações
na qualidade da bebida. As amostras em que o meio degomante não foi aerado
nem trocado a água (St/Sa) apresentaram três períodos em que houve a redução
da qualidade da bebida, enquanto nos outros tratamentos ocorreu apenas uma
redução da qualidade da bebida durante a degomagem. Isto indica que o produtor
deve utilizar de pelo menos um procedimento de manejo do meio para evitar
reduções da qualidade do grão durante a degomagem, como aerar ou trocar a
água do meio degomante.
61
Quando aera-se o meio degomante os cafés de menor densidade (“bóia”)
que não foram retirados durante a lavagem dos grãos ficam suspensos no meio
degomante, possibilitando sua retirada, selecionando ainda mais os grãos que
permanecem no tanque. Os grãos “bóias” são constituídos em sua maioria por
grãos mal formados, brocados e que apresentam algum defeito que,
conseqüentemente, irão interferir negativamente na qualidade final do café.
Observa-se ainda na Tabela 8, que após as 12 horas de degomagem, os
tratamentos em que ocorreram a troca de água do meio não apresentaram
redução da qualidade da bebida, enquanto os tratamentos em que não ocorreu a
troca de água do meio apresentaram duas amostras com redução da qualidade
da bebida. Isto pode ser um indício que com a troca de água reduza-se a
concentração de solutos diluídos ao meio degomante, fazendo com que o efeito
das fermentações, caso indesejáveis, não sejam transmitidas aos grãos.
Tabela 8. Classificação das amostras quanto a qualidade da bebida, submetido a
diferentes procedimentos de manejo, em função do tempo de
degomagem, na propriedade (2)
Trat/Tempo
0h 6h 12h 18h 24h 30h
St/Sa
Dura Rio Rio Rio Dura Dura
St/Ca
Dura Dura Dura Dura Rio Dura
Ct/Sa
Dura Dura Rio Dura Dura Dura
Ct/Ca
Dura Rio Dura Dura Dura Dura
(St/Sa= Sem troca de água do tanque e sem aeração do meio degomante; St/Ca=
Sem troca de água do tanque e com aeração do meio degomante; Ct/Sa= Com
troca de água do tanque e sem aeração do meio degomante; Ct/Ca= Com troca
de água do tanque e com aeração da solução degomante).
Na propriedade (3) todas as amostras foram classificadas como de bebida
Dura, independente do manejo empregado ao meio degomante e ao tempo de
degomagem.
62
CONCLUSÕES
Os procedimentos de manejo do meio degomante durante o preparo do
café despolpado acarretaram mudanças diferenciadas na composição físico-
química e sensorial dos grãos, em cada propriedade.
As mudanças ocorridas na composição físico-química, em sua maioria,
ocorreram em função do tempo de degomagem.
Ocorreu uma redução do índice de coloração, do pH, da acidez, do peso e
da condutividade elétrica do grão em função do tempo de degomagem, enquanto
a lixiviação de potássio do grão não variou durante a degomagem. Apesar dessas
variações, não foi possível correlacionar os valores das variáveis analisadas à
qualidade da bebida.
A aeração ou a troca de água do meio degomante podem evitar a redução
da qualidade sensorial do café durante a degomagem por trinta horas
O local de cultivo exerce influência sobre a composição físico-química do
grão, apesar de as propriedades estarem situadas na mesma região produtora.
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PREPARO DO CAFÉ DESPOLPADO, CEREJA DESCASCADO E NATURAL NA
REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA
RESUMO
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a influência de diferentes
métodos de preparo do café (café natural, cereja descascado e despolpado), na
composição físico-química e sensorial do grão, em propriedades cafeeiras da
Região Sudoeste da Bahia. O trabalho foi realizado nos meses de julho e agosto
de 2005, utilizando-se a espécie Coffea arabica L., variedade Catuaí Amarelo. O
índice de coloração, pH, condutividade elétrica, lixiviação de potássio e prova de
xícara foram analisados nos grãos. O delineamento experimental adotado foi o
inteiramente casualizado, com seis repetições, sendo os tratamentos o café
natural, cereja descascado e despolpado. Os cafés naturais apresentaram os
menores valores de pH e índice de coloração e os maiores valores de
condutividade elétrica e lixiviação de potássio, indicando ser o método de preparo
que mais influenciou a integridade das membranas celulares do grão nesta
região. No entanto, ocorreu a redução da qualidade da bebida em apenas uma
propriedade. Os cafés despolpados e cerejas descascados apresentaram valores
de índice de coloração, condutividade elétrica, lixiviação de potássio e prova de
xícara similares. O café despolpado apresentou menor valor de pH em relação ao
cereja descascado, devido às fermentações durante a degomagem. Esta redução
de pH não ocasionou redução da qualidade sensorial do grão, apenas agregou
acidez ao grão, característica marcante desse método de preparo. Os métodos de
preparo do café despolpado e cereja descascado demonstraram ser os mais
indicados para a região em relação ao café natural.
67
ABSTRACT
This work was developed with the objective to evaluate the influence of different
methods of preparation of the coffee (natural coffee, cherry peeled and
despolped), upon the physiochemical and sensorial composition of the grain, in
coffee properties of the Southwest Area of Bahia. The work accomplished the
months of July and August of 2005, and the species Coffea arabica L., variety
Catuaí Amarelo. To make used the coloration index, pH, electric conductivity,
potassium lixiviation and cup proof were analyzed in the grains. A randomized
entirely experimental the adopted, with six repetitions. The natural coffees
presented the smallest pH values and coloration index and the largest values of
electric conductivity and potassium lixiviation, indicating to be the preparation
method that affecter the grain cellular membranes in this area. However, the
reduction of the quality of the drink happened only a property. The despolpeds
coffees and cherries peeled presented values of coloration index, electric
conductivity, potassium lixiviation and similar cup proof. The coffee despolped
presented smaller pH value in relation to the cherry peeled, due to the
fermentations during the degumming. This pH reduction didn't reduce of the
sensorial quality of the grain, but joined acidity to the grain, significant
characteristic of these preparation method. The despolped coffee and cherry
peeled methods of preparation were demonstrated the most suitable for the area
in relation to the natural coffee.
INTRODUÇÃO
Para a sobrevivência de sua cafeicultura, o Brasil tem que seguir o
caminho da qualidade (Wiezel, 1981). Sendo assim, o amplo conhecimento das
técnicas de produção de um café de alta qualidade é indispensável para uma
cafeicultura moderna (Carvalho et al., 1997 e Villela, 2002). A qualidade depende
da interação entre fatores da fase de pré e pós-colheita, que garantam ao grão as
características de sabor e aroma desejados (Feira-Morales, 1990 e Villela, 2002).
Depois de colhido, o café pode ser preparado de duas formas: por via seca
e via úmida. Na forma de preparo por via seca, o fruto é seco na sua forma
68
integral (com casca e mucilagem), dando origem aos cafés denominados coco, de
terreiro ou natural. Na forma de preparo por via úmida, originam-se os cafés
despolpados, cafés desmucilados e cereja descascados (Silva, 1999). O preparo
do café despolpado e desmucilado, consiste na retirada da casca e mucilagem do
fruto maduro (Pereira et al., 2002). No preparo do café cereja descascado (CD) é
retirada apenas a casca do fruto e este é levado para secagem com a mucilagem
aderida ao pergaminho.
Segundo Souza (2000), apesar de o preparo por via úmida promover a
remoção da mucilagem, porção do fruto que pode favorecer o desenvolvimento de
fermentações microbianas e secagem mais lenta, este método de preparo
apresenta grande desvantagem ao impedir que características desejáveis sejam
transmitidas da mucilagem para o grão. O preparo do café cereja descascado
produz cafés com baixa acidez, característica do preparo natural, sabor adocicado
e aroma intenso, que conferem ao café submetido a este preparo um grande
potencial de mercado (Oliveira et al., 2005).
A Bahia vem se destacando na produção de cafés especiais. Durante o
concurso realizado neste Estado no ano de 2002, dos cafés inscritos, 45% foram
de cafés despolpados, 35% de cafés cerejas descascados e 20% de cafés
naturais. Após uma primeira seleção, os cafés selecionados para a segunda
etapa do concurso foram 48,8% de despolpados, 48,8% de descascados e
apenas 2,4% de cafés naturais. A região do Planalto da Conquista com os
municípios da Barra do Choça, Planalto, Poções, Ribeirão do Largo e
Encruzilhada foram responsáveis por 45% das amostras com características
sensoriais dos melhores cafés da Bahia (Leite et al., 2003).
Não se tem relato sobre a influência dos diferentes métodos de preparo de
café sobre a composição físico-química e sensorial do grão na região Sudoeste
da Bahia. Sendo assim, foi realizado este trabalho que teve como objetivo avaliar
a influência de diferentes métodos de preparo de café (natural, cereja descascado
e despolpado) sobre a composição físico-química e sensorial dos grãos, além de
indicar quais dos métodos de preparo é o mais adequado às condições climáticas
da região.
69
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas seguintes propriedades cafeeiras da
Região Sudoeste da Bahia, identificada pela origem de Cafés Especiais do Brasil
como “Planalto da Bahia”: (1) Diamante (Ribeirão do Largo-BA), (2) Santa Fé
(Planalto-BA), (3) Ouro Verde (Vitória da Conquista-BA). Estas propriedades
estão localizadas a 850m de altitude, com precipitações médias de 1200mm
concentradas na primavera-verão.
A variedade de café utilizada no experimento foi a Catuaí Amarelo. As
lavouras possuíam quinze anos de idade e 3000 plantas por hectare. O café foi
colhido a dedo, sobre pano, em um mesmo talhão, para homogenização do lote
em cada fazenda. Posteriormente foi levado para processamento no mesmo dia
da colheita. O café colhido foi lavado, sendo que 60 litros de café cereja foram
encaminhados para secagem, constituindo o café natural. O restante do lote foi
descascado e, destes, 60 litros foram encaminhados para secagem, constituindo
o café cereja descascado (CD). Para o preparo do café despolpado a
degomagem ocorreu por fermentação natural em água, durante 18 horas, em
tambores plásticos com capacidade para 120 litros, os quais foram utilizados
como tanques de degomagem. Os tambores continham 80 litros de café
descascados e 38 litros de água, suficiente para submersão dos grãos a 3 cm da
superfície da massa.
A secagem ocorreu em terreiro suspenso com estufa, até que os grãos
atingissem 12% de umidade. Em seguida as amostras foram armazenadas em
sacolas plásticas, em local fresco e arejado. A partir dessas amostras foram
realizadas as análises sensoriais e físico-químicas. As análises foram realizadas
apenas com grãos de peneira 16 acima, peneira utilizada na região como
referência de um grão de tamanho aceitável ao mercado internacional.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com
seis repetições, sendo os tratamentos; café natural, cereja descascado e café
despolpado. Foram feitas, no grão beneficiado, as avaliações do índice de
coloração, pH do grão, condutividade elétrica, lixiviação de potássio e prova de
xícara. O teste para comparação de médias adotado foi o teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
70
O índice de coloração foi determinado pelo método descrito por Singleton
(1966) e adaptado para o café de acordo com Carvalho et al. (1994). Dois gramas
de amostra de café moídos em moinhos de facas, marca Mine processador Arno
Duetto, e passadas em peneira com granulometria de 20 mesh, foram pesadas e
transferidas para um erlenmeyer de 250mL. Em seguida, 50mL de água destilada
foram adicionadas ao erlenmeyer. Esta mistura foi agitada durante uma hora e
filtrada em papel de filtro Whatman nº1. A uma alíquota de 5mL do filtrado foram
adicionados 10mL de água destilada e após 20 minutos de repouso em condições
ambientais, foi efetuada a leitura da densidade ótica a 425 nm em um
espectrofotômetro Shimadzu, modelo UV Mini 1240.
O pH do grão foi determinado de acordo com a técnica adapta à descrita
na AOAC (1995). Cinco gramas de café sem torrar foram moídos em moinho de
facas, marca Mine processador Arno Duetto, peneiradas em peneira de 20 mesh
e colocadas em um erlenmeyer com 37,5mL de álcool 80%. A solução
permaneceu por 16 horas no erlenmeyer sofrendo revolvimentos ocasionais.
Posteriormente, foi filtrada em papel Whatman nº1. O pH do extrato filtrado foi
medido utilizando-se um peagâmetro digital, marca WTW pH 330/SET-1.
A condutividade elétrica foi determinada utilizando-se a metodologia
proposta por Prete (1992). Para tanto foram pesadas e colocadas em copos
plásticos de 180 mL, contendo 75 mL de água deionizada, três subamostras de
50 grãos de cada amostra, sem escolha dos grãos defeituosos (pretos, brocados,
verdes e ardidos). A seguir, esses recipientes foram colocados em estufa
ventilada, a 25ºC por 3,5 horas; em seguida procedeu-se à leitura da
condutividade elétrica da solução, em aparelho Quimis CD-20. Os resultados
obtidos foram expressos em µS.cm
-1
.g
-1
de amostra a 12% de umidade.
Imediatamente após a leitura da condutividade elétrica, procedeu-se à
quantificação do potássio lixiviado. Um mililitro da solução sem os grãos foi
transferida para um tubo de ensaio e diluído em água destilada, na proporção
(1:10) e procedeu-se a quantificação do potássio lixiviado. A leitura foi realizada
em fotômetro de chama Digimed NK-2002 e os resultados expressos em ppm/g
de amostra a 12% de umidade.
A Classificação quanto à bebida ou “prova de xícara” e acidez sensorial foi
realizada pelo degustador José Carlos Novais, que desconhecia a procedência
das amostras. Seguindo o procedimento descrito por Toledo (1998), ocorreu a
71
degustação de 6 xícaras da infusão, por repetição. A infusão foi preparada a partir
de 10 gramas de pó de café, em torração clara, para 100 mL de água, a qual foi
colocada sobre o pó, quando em ponto de primeira fervura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Índice de coloração
O café natural apresentou menor valor do índice de coloração, nas três
propriedades, em relação aos outros métodos de preparo do grão, sendo este
significativo apenas na propriedade (1) (Figura 1). Resultados semelhantes foram
obtidos por Leite e Carvalho (1994) e Siqueira (2003), quando compararam
diferentes métodos de preparo do grão. Segundo Carvalho et al. (1994), valores
mais altos do índice de coloração indicaram cafés de coloração mais intensa, ou
seja, que ainda não perderam a coloração característica, perda esta causada,
principalmente, pelas reações oxidativas com conseqüente branqueamento dos
grãos. Os menores valores do índice de coloração do café natural podem ter sido
ocasionados pelo longo período de secagem, em torno de quinze dias, podendo
ter ocorrido fermentações, prejudiciais aos grãos. Deve-se ressaltar que nas três
propriedades os grãos CD apresentaram os maiores valores do índice de
coloração, apesar de não apresentarem diferenças significativas em relação ao
café despolpado. Baseando-se neste fato supõe-se que para a região do Planalto
da Conquista é indispensável o preparo do café por via úmida, descascamento
e/ou desmucilagem do grão, para a obtenção de um grão com o potencial máximo
de aspecto comercial. Dados contrários aos obtidos neste trabalho foram
apresentados por Siqueira (2003), no qual o café despolpado apresentou valores
do índice de coloração superiores ao CD.
Segundo Corrêa et al. (1997), um maior índice de coloração corresponde a
cafés de melhor qualidade sensorial. A partir dos dados obtidos neste trabalho
observa-se que esta afirmativa só pode ser considerada verdadeira se
compararmos amostras provenientes do mesmo local, já que nem sempre
propriedades com índice de coloração mais elevados apresentaram as melhores
qualidades de bebida. Isto pode ser visto a partir dos dados da análise sensorial
72
da propriedade (1), apesar de não apresentar os maiores valores do índice de
coloração, apresentou melhor qualidade de bebida em relação às outras
propriedades (Figura 1 e Tabela 2). Deve-se ressaltar que ao se comparar a
qualidade da bebida com o índice de coloração dentro de cada propriedade,
apenas na propriedade (1) ocorre melhoria da qualidade da bebida proporcional
ao aumento do índice de coloração e, neste caso, foi a única que apresentou
diferença significativa (Figura 1 e Tabela 2). Segundo Corrêa et al. (1997), o
índice de coloração possibilitou a distinção entre as bebidas dura, apenas mole,
mole e estritamente mole. Porém, os valores do índice de coloração encontrados
por esses autores foram de 0,47, 0,54, 0,63, e 0,72, respectivamente, inferiores
aos encontrados neste trabalho. Siqueira (2003), relatou que o valor do índice de
coloração para o café natural, CD e Despolpado foram respectivamente de 0,69;
1,10 e 1,44. Apesar de estes valores apresentarem diferenças significativas, na
classificação quanto à bebida todos os cafés foram classificados como de bebida
dura. Logo o índice de coloração por si só, aparentemente, não possibilitou a
classificação do café quanto à bebida.
0,69B
0,86A
0,83A
0,87A
0,89A
0,88A
0,84A
0.89A
0,85A
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Índice de Coloração dos grãos
Natural Cereja descascado Despolpado
Médias seguidas pelas mesmas letras, em cada propriedade, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Figura 1. Valores médios do índice de coloração em cafés submetidos a
diferentes métodos de preparo nas propriedades (1), (2) e (3).
73
Observa-se ainda na Figura 1 que o índice de coloração sofre influência do
local de cultivo, apesar de as propriedades estarem situadas na mesma região
produtora. Resultados semelhantes foram obtidos por Leite e Carvalho (1994),
estudando diferentes locais de cultivo em Minas Gerais.
pH do grão
Em todas as propriedades os cafés natural e despolpado, apresentaram os
menores valores de pH do grão (Figura 2). A acidez percebida no café é um
importante atributo para a análise sensorial do produto, sua intensidade varia em
função do estádio de maturação dos frutos, local de origem, tipo de colheita,
forma de processamento, tipo de secagem e condições climáticas durante a
colheita e secagem (Siqueira e Abreu, 2006). Durante o preparo do café
despolpado ocorrem fermentações no tanque de degomagem e estas podem ter
reduzido o pH do grão. Resultados semelhantes foram obtidos por Villela (2002),
que considera que a redução do pH do grão foi ocasionada pela fermentação
durante a degomagem do café despolpado.
Segundo Carvalho et al. (1994), a acidez dos grãos de café beneficiado
tem relação inversa com a qualidade do café. A redução do pH do grão no café
despolpado não afetou a qualidade da bebida nas três propriedades. Essa
redução agrega ao café despolpado uma acidez característica de “cafés suaves”.
Esta acidez característica é demonstrada a partir da observação da Figura 2 e
Tabela 1, em que na propriedade (1) o café despolpado apesar de apresentar pH
reduzido, apresenta uma acidez positiva, capaz de ser detectada sensorialmente,
típica de cafés finos. Sendo assim, o pH do grão deve ser avaliado considerando
o método de preparo do grão e que atribuições sensoriais deste método pode
agregar à qualidade final do grão. Desta maneira o pH do grão de café tem sido
correlacionado com a acidez perceptível, por isso tem sido estudado como forma
de avaliação sensorial do grão (Sivetz e Desrosier, 1979). Segundo Siqueira e
Abreu (2006), o pH do grão é um indicativo de eventuais transformações dos
frutos de café, como as fermentações indesejáveis que ocorrem na pré ou pós-
colheita, originando defeitos e, conseqüentemente, redução do pH e deterioração
da bebida.
74
O café natural sofreu depreciação da qualidade da bebida na propriedade
(1) com a redução do pH (Tabela 2). O baixo valor do pH dos grãos naturais deve
ter sido ocasionado provavelmente pela ocorrência de fermentações indesejáveis
nos grãos, devido ao longo período de secagem, em torno de quinze dias.
Segundo Pimenta (1995), a presença de açúcares nos frutos cerejas ocasiona a
fermentação da mucilagem durante a secagem causando um aumento da acidez
e deterioração da qualidade da bebida. Na região Sudoeste da Bahia o inverno é
caracterizado por baixas precipitações pluviométricas por longos períodos.
Baseado neste fato, sugere-se que o produtor deva utilizar de meios de secagem
que não dependam da energia solar e/ou processar o grão por via CD ou úmida
para retirada da casca e/ou mucilagem, para que o período de secagem seja
reduzido, evitando a ocorrência de fermentações indesejáveis.
Malta et al. (2003), analisando a influência de diferentes métodos de
preparo de café, observaram que não ocorre variação da acidez do grão quando
este é preparado por via seca ou CD. Segundo Oliveira et al. (2005), a baixa
acidez é uma característica marcante do CD, que equivale à acidez dos cafés
naturais.
6,32B
6,32B
6,32B
6,39A
6,41A
6,44A
6,32B
6,38A
6,36B
6,20
6,30
6,40
6,50
Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
pH do grão
Natural Cereja descascado Despolpado
Médias seguidas pelas mesmas letras, em cada propriedade, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Figura 2. Valores médios do pH do grão em cafés submetidos a diferentes
métodos de preparo nas propriedades (1), (2) e (3).
75
Neste trabalho o CD obteve maiores valores de pH que os naturais nas três
propriedades, provavelmente devido às fermentações que podem ter ocorrido ao
café natural, como foi descrito acima. Apesar desta diferença de pH entre o café
natural e o CD, foi observado que apenas na propriedade (1) foi possível detectar
que esta característica tenha sido repassada ao grão após a torra (Tabela 1). A
acidez positiva foi caracterizada como uma acidez cítrica, típica de cafés com
bebida fina; a acidez média foi caracterizada como uma acidez padrão aos cafés
de bebida dura, com adstringência e a acidez baixa foi caracterizada por uma
baixa adstringência, que no caso dos cafés de bebida dura é uma boa
característica.
Tabela 1. Classificação quanto à acidez, determinada sensorialmente, em cafés
submetidos a diferentes tipos de preparo nas propriedades (1), (2) e (3)
Preparo Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Natural Baixa Média Média
CD Positiva Média Média
Despolpado Positiva Média Média
Condutividade elétrica e lixiviação de potássio
Segundo Prete (1992) e Amorim (1978), a degeneração das membranas
celulares e subseqüente perda de controle de permeabilidade é um dos primeiros
eventos que caracterizam a deterioração do grão de café. Desta forma, testes
para avaliar a qualidade de sementes baseados na perda de integridade das
membranas foram desenvolvidos. Nestes trabalhos as sementes são imersas em
água, e durante o processo de embebição, de acordo com o grau de integridade
de suas membranas, lixiviam solutos citoplasmáticos no meio líquido. Os solutos,
com propriedades eletrolíticas possuem cargas elétricas que podem ser medidas
com condutivímetro. Assim, sementes de baixo vigor liberam grande quantidade
de eletrólitos na solução, resultando em alto valor de condutividade elétrica
76
(Bedford, 1974, Woodstock, 1973) ou solução com elevadas concentrações de
determinados íons, principalmente, potássio (Prete, 1992).
O café natural apresentou os maiores valores de condutividade elétrica nas
três propriedades (Figura 3). Apesar disto, apenas na propriedade (1) os grãos
apresentaram redução na qualidade da bebida (Tabela 2). O aumento da
condutividade elétrica do grão natural pode ser devido a alterações nas
membranas celulares, em função do longo tempo de secagem dos grãos.
Segundo Goulart et al. (2003), com a ruptura das células, ocorre o
extravasamento do conteúdo celular (enzimas, proteínas, aminoácidos,
carboidratos, lipídeos, íons, etc.), provocando inúmeras reações aleatórias
indesejáveis. Portanto o aumento na condutividade elétrica é um forte indicador
de danos na membrana celular, conseqüentemente, um café de pior qualidade
(Prete, 1992 e Amorim, 1978).
Segundo Malta et al. (2003) e Pereira et al. (2002), tanto o café seco na
sua forma integral quanto os cafés que sofrem algum tipo de pré-processamento,
apresentam integridade celulares semelhantes e, conseqüentemente,
condutividade elétrica que não diferem, independente do método de preparo. Em
contrapartida, Villela (2002) relata que a presença de mucilagem ou sua retirada
de forma mecânica, são capazes de causar alterações nas membranas celulares.
Segundo o mesmo autor, o despolpamento, com retirada da mucilagem por
fermentação natural, é o método que menos prejudica a integridade das
membranas celulares. Segundo os resultados apresentados na Figura 3, o café
despolpado e CD apresentaram, em todas as propriedades, os menores valores
de condutividade elétrica em relação ao café natural. Este é mais um indício de
que o processamento do café por via úmida deve ser realizado nesta região, já
que mantiveram a integridade das membranas dos grãos.
Deve-se ressaltar que o café despolpado apresentou menores valores de
condutividade elétrica que o CD, apesar de não apresentar diferença significativa
(Figura 3). O café despolpado passa por um período de embebição em água para
a retirada da mucilagem. Durante este processo, solutos podem ser liberados
causando distorções na interpretação dos resultados, que apresentam na maioria
das vezes os cafés despolpados com menores valores de condutividade elétrica
em comparação a outros tipos de preparo do grão, conforme encontrado por
Prete (1992) e Villela (2002). Sugere-se portanto que a metodologia utilizada para
77
determinação da condutividade elétrica do grão, que é baseada na lixiviação de
solutos citoplasmáticos do grão, deva ser analisada cuidadosamente para o caso
do café despolpado, em que a retirada da mucilagem é realizada por fermentação
natural.
49,7A
41,5A
47,7A
30,6B
31,5B
26,6B
29,5B
31,0B
26,2B
20
25
30
35
40
45
50
55
Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Condutividade Elétrica do grão
Natural Cereja descascado Despolpado
Médias seguidas pelas mesmas letras, em cada propriedade, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Figura 3. Valores médios da condutividade elétrica do grão (µS.cm
-1
.g
-1
de café a
12% de umidade) em cafés submetidos a diferentes métodos de
preparo nas propriedades (1), (2) e (3).
Observa-se na Figura 4, que o resultado da lixiviação de potássio do grão
correlacionou-se com os da condutividade elétrica, sendo as explicações
inerentes a esta variável similar à da condutividade elétrica.
Goulart et al. (2003), revelam que estas variáveis podem ser utilizadas para
a separação de cafés de bebida estritamente mole, mole e apenas mole das
bebidas dura, rio e riada. Neste trabalho observou-se que apenas na propriedade
(1) o aumento da lixiviação de potássio e condutividade elétrica do grão indicou a
redução da qualidade da bebida de mole para dura, enquanto nas propriedades
(2) e (3) este aumento não indicou redução na qualidade da bebida, sendo todos
os métodos de preparo classificados como de bebida dura (Tabela 2).
78
13,4A
12,4A
14,4A
9,0B
9,7B
9,4B
7,5B
9,6B
8,0B
0
4
8
12
16
Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Lixiviação de potássio do grão
Natural Cereja descascado Despolpado
Médias seguidas pelas mesmas letras, em cada propriedade, não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Figura 4. Valores médios da lixiviação de potássio do grão (ppm.g
-1
de café a 12%
de umidade) em cafés submetidos a diferentes métodos de preparo nas
propriedades (1), (2) e (3).
Tabela 2. Classificação quanto à bebida em cafés submetidos a diferentes tipos
de preparo nas propriedades (1), (2) e (3)
Preparo Propriedade 1 Propriedade 2 Propriedade 3
Natural Dura Dura Dura
CD Mole Dura Dura
Despolpado Mole Dura Dura
Adicionalmente, deve-se ressaltar que para a obtenção de um café cereja
descascado de máxima qualidade é necessário que o lavador e despolpador
estejam bem regulados, evitando a passagem de grãos defeituosos (boia,
brocados, mal granados, mordidos) para o produto final. No café despolpado,
durante a degomagem por fermentação natural os grãos defeituosos emergem no
79
tanque, sendo possível retirá-los aumentando a seleção dos grãos e,
conseqüentemente, a qualidade do produto final. Caso o produtor não possua
equipamentos de qualidade para processar o café, deve-se adotar o preparo do
café despolpado como garantia da obtenção de um café de qualidade.
CONCLUSÕES
O preparo do café natural foi o que apresentou os maiores indícios de
deterioração da qualidade físico-química e sensorial do grão em relação aos
outros métodos de preparo. Nesta região deve-se processar no mínimo o
descascamento do grão, reduzindo o tempo de secagem dos grãos e evitando
fermentações indesejáveis.
O preparo do café cereja descascado apresentou-se como uma nova
opção de processamento do grão para a região, garantindo a qualidade do grão e
utilizando um menor volume de água em comparação ao café despolpado.
O preparo do café despolpado por fermentação natural não deve ser
tratado apenas como um método de retirada da mucilagem, já que a fermentação
agrega ao grão uma acidez e uma coloração característica, que necessita ser
melhor estudada.
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4. RESUMO E CONCLUSÔES
Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência de procedimentos de
manejo, como a aeração e troca de água do meio degomante (solução de café
mais água), sobre a composição físico-química e sensorial do grão de café
despolpado durante a degomagem por fermentação natural. Além disso, foram
avaliadas as variáveis pH e condutividade elétrica da solução degomante como
possíveis indicadores do melhor método de manejo do café durante a
degomagem, possibilitando a otimização do processo de degomagem do grão.
Adicionalmente foram verificados quais métodos de preparo do café (café natural,
cereja descascado e despolpado), foram mais adequados a Região Sudoeste da
Bahia.
O estudo foi realizado em propriedades cafeeiras da Região Sudoeste da
Bahia, nos meses de julho e agosto de 2005, utilizando-se a espécie Coffea
arabica L., variedade Catuaí Amarelo.
Os resultados obtidos demonstraram que a aeração da solução degomante
acelera o processo de degomagem do grão de café. A troca de água possibilita a
solução degomante receber mais solutos e, conseqüentemente, mais mucilagem;
esta também evita que o grão permaneça em uma solução altamente
concentrada, evitando fermentações indesejáveis.
Os procedimentos de manejo do meio degomante durante o preparo do
café despolpado acarretaram mudanças diferenciadas na composição físico-
química e sensorial dos grãos, em cada propriedade. As mudanças ocorridas na
84
composição físico-química, em sua maioria, ocorreram em função do tempo de
degomagem. Ocorreu uma redução do índice de coloração, do pH, da acidez, do
peso e da condutividade elétrica do grão em função do tempo de degomagem,
enquanto a lixiviação de potássio do grão não variou. Apesar dessas variações,
não foi possível correlacionar os valores das variáveis analisadas à qualidade da
bebida.
Aparentemente a aeração ou a troca de água evita a redução da qualidade
sensorial do café durante a degomagem por trinta horas. Ressalta-se que esta é
extremamente dependente da qualidade inicial do grão que inicia o processo de
degomagem.
o pH não pode ser usado para indicar o “ponto de degomagem” do café
despolpado, pois tanques com grãos degomados e não degomados indicaram o
mesmo pH.
A condutividade elétrica é capaz de indicar o momento que a solução
degomante encontra-se saturada, momento este em que deve ser realizada a
troca de água do meio degomante, porém não foi possível determinar um valor
padrão de condutividade elétrica que indique o momento ideal da troca de água,
pois a condutividade do meio degomante foi intrínseca a cada propriedade.
O local de cultivo exerce influência sobre a composição físico-química do
grão, apesar de as propriedades estarem situadas na mesma região produtora.
O preparo do café natural foi o que apresentou os maiores indícios de
deterioração da qualidade físico-química e sensorial do grão em relação aos
outros métodos de preparo. Nesta região deve-se processar no mínimo o
descascamento do grão, reduzindo o tempo de secagem dos mesmos, evitando
fermentações indesejáveis.
O preparo do café cereja descascado apresentou-se como uma nova
opção de processamento do grão para a região, garantindo a qualidade do grão e
utilizando um menor volume de água em comparação ao café despolpado.
O preparo do café despolpado por fermentação natural não deve ser
tratado apenas como um método de retirada da mucilagem, já que a fermentação
agrega ao grão uma acidez e uma coloração característica, que necessita ser
melhor estudada.
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APÊNDICES
APÊNDICE A
RESUMO DAS ANÁLISES DE VARIÂNCIA DO pH E DA CONDUTIVIDADE
ELÉTRICA DO MEIO DEGOMANTE, EM FUNÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS DE MANEJO DO MEIO E DO TEMPO DE
DEGOMAGEM NAS PROPRIEDADE (1), (2) E (3)
Quadro 1A. Resumo da análise de variância do pH do meio degomante, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q. M.
Tempo 5 24,81433 4,96287 *
Aeração do meio 1 0,01176 0,01176
Troca de água do meio 1 0,00320 0,00320
Tempo x Aeração 5 0,37545 0,07509 *
Tempo x Troca 5 0,33600 0,06719 *
Troca x Aeração 1 0,00845 0,00845
Tempo x Aeração x Troca 5 0,01862 0,00372
Erro 48 0,97060 0,02022
C.V 3,31
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
96
Quadro 2A. Resumo da análise de variância do pH do meio degomante, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 16,07828 3,21565 *
Aeração do meio 1 0,18301 0,18301 *
Troca de água do meio 1 0,02457 0,02457
Tempo x Aeração 5 0,05731 0,01146
Tempo x Troca 5 0,24162 0,04832 *
Troca x Aeração 1 0,13957 0,13956 *
Tempo x Aeração x Troca 5 0,23666 0,04733 *
Erro 48 0,33246 0,00693
C.V 1,83
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 3A. Resumo da análise de variância do pH do meio degomante, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 12,99465 2,59893 *
Aeração do meio 1 0,06540 0,06540 *
Troca de água do meio 1 0,01830 0,01830 *
Tempo x Aeração 5 0,09026 0,01805 *
Tempo x Troca 5 0,25985 0,05196 *
Troca x Aeração 1 0,02311 0,02311 *
Tempo x Aeração x Troca 5 0,03548 0,00709 *
Erro 48 0,07513 0,00157
C.V 0,81
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
97
Quadro 4A. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica do meio
degomante, em função dos procedimentos de manejo do meio e do
tempo de degomagem na propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 29,39551 5,87910 *
Aeração do meio 1 7,55957 7,55956 *
Troca de água do meio 1 1,16485 1,16484 *
Tempo x Aeração 5 3,27750 0,65550 *
Tempo x Troca 5 4,84916 0,96983 *
Troca x Aeração 1 0,01434 0,01434
Tempo x Aeração x Troca 5 0,51964 0,10393
Erro 48 2,79194 0,05817
C.V 13,46
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 5A. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica do meio
degomante, em função dos procedimentos de manejo do meio e do
tempo de degomagem na propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 18,10283 3,62056 *
Aeração do meio 1 10,40668 10,40668 *
Troca de água do meio 1 3,88136 3,88136 *
Tempo x Aeração 5 3,61739 0,72347 *
Tempo x Troca 5 7,06323 1,412646 *
Troca x Aeração 1 0,01397 0,01397
Tempo x Aeração x Troca 5 0,43943 0,08788 *
Erro 48 1,01031 0,02105
C.V 8,28
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
98
Quadro 6A. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica do meio
degomante, em função dos procedimentos de manejo do meio e do
tempo de degomagem na propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 43,94632 8,78926 *
Aeração do meio 1 14,91217 14,91217 *
Troca de água do meio 1 18,78743 18,78743*
Tempo x Aeração 5 3,14891 0,62978 *
Tempo x Troca 5 16,94664 3,38932 *
Troca x Aeração 1 0,14842 0,14842 *
Tempo x Aeração x Troca 5 0,68914 0,13782 *
Erro 48 1,42218 0,02963
C.V 6,85
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
APÊNDICE B
RESUMO DAS ANÁLISES DE VARIÂNCIA DO ÍNDICE DE COLORAÇÃO, pH,
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA, LIXIVIAÇÃO DE POTÁSSIO E PESO DE
100 GRÃOS, EM FUNÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE MANEJO DO
MEIO DEGOMANTE E DO TEMPO DE DEGOMAGEM NAS
PROPRIEDADE (1), (2) E (3)
Quadro 1B. Resumo da análise de variância do índice de coloração do grão, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,06363 0,01273
Aeração do meio 1 0,00769 0,00769
Troca de água do meio 1 0,00761 0,00761
Tempo x Aeração 5 0,02710 0,00542
Tempo x Troca 5 0,03840 0,00768
Troca x Aeração 1 0,00274 0,00274
Tempo x Aeração x Troca 5 0,00652 0,00130
Erro 48 0,27766 0,00578
C.V 4,47
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
100
Quadro 2B. Resumo da análise de variância do índice de coloração do grão, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,06227 0,01245
Aeração do meio 1 0,00497 0,00497
Troca de água do meio 1 0,00832 0,00832
Tempo x Aeração 5 0,03710 0,00742
Tempo x Troca 5 0,04295 0,00859
Troca x Aeração 1 0,01555 0,01555
Tempo x Aeração x Troca 5 0,06233 0,01247
Erro 48 0,42836 0,00892
C.V 5,26
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 3B. Resumo da análise de variância do índice de coloração do grão, em
função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,64027 0,12805 *
Aeração do meio 1 0,01569 0,01569
Troca de água do meio 1 0,18676 0,18676 *
Tempo x Aeração 5 0,00783 0,00157
Tempo x Troca 5 0,07477 0,01495 *
Troca x Aeração 1 0,00017 0,00017 *
Tempo x Aeração x Troca 5 0,06860 0,01372
Erro 48 0,27379 0,00570
C.V 4,39
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
101
Quadro 4B. Resumo da análise de variância do pH do grão, em função dos
procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,0405 0,0081 *
Aeração do meio 1 0,0004 0,0004
Troca de água do meio 1 0,0001 0,0001
Tempo x Aeração 5 0,0005 0,0001
Tempo x Troca 5 0,0075 0,0015
Troca x Aeração 1 0,00001 0,00001
Tempo x Aeração x Troca 5 0,0003 0,0001
Erro 48 0,0413 0,0009
C.V 0,46
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 5B. Resumo da análise de variância do pH do grão, em função dos
procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,08766 0,01753 *
Aeração do meio 1 0,00117 0,00117
Troca de água do meio 1 0,00133 0,00133
Tempo x Aeração 5 0,02009 0,00402
Tempo x Troca 5 0,02292 0,00458
Troca x Aeração 1 0,86805 0,8680
Tempo x Aeração x Troca 5 0,00356 0,00071
Erro 48 0,09847 0,00205
C.V 0,71
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
102
Quadro 6B. Resumo da análise de variância do pH do grão, em função dos
procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 0,08840 0,01768 *
Aeração do meio 1 0,00027 0,00027
Troca de água do meio 1 0,00036 0,00036
Tempo x Aeração 5 0,00304 0,00061
Tempo x Troca 5 0,00403 0,00081
Troca x Aeração 1 0,00269 0,00269
Tempo x Aeração x Troca 5 0,00169 0,00034
Erro 48 0,0302666 0,00063
C.V 0,39
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 7B. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 104,56310 0,70902 *
Aeração do meio 1 0,12086 0,12153
Troca de água do meio 1 19,77168 0,16436
Tempo x Aeração 5 23,17660 0,04455
Tempo x Troca 5 13,99428 0,13515
Troca x Aeração 1 3,48042 0,64715
Tempo x Aeração x Troca 5 53,22746 0,50800
Erro 48 240,20160 0,31702
C.V 7,93
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
103
Quadro 8B. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 275,68280 55,13656 *
Aeração do meio 1 18,74753 18,74753
Troca de água do meio 1 0,35560 0,35560
Tempo x Aeração 5 60,81649 12,16330
Tempo x Troca 5 136,87150 27,37429
Troca x Aeração 1 0,840515 0,840515
Tempo x Aeração x Troca 5 71,10309 14,22062
Erro 48 745,34500 15,52802
C.V 12,66
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 9B. Resumo da análise de variância da condutividade elétrica dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 145,52520 29,10505 *
Aeração do meio 1 32,85904 32,85904
Troca de água do meio 1 23,16552 23,16552
Tempo x Aeração 5 125,61880 25,12375
Tempo x Troca 5 154,18330 30,83667 *
Troca x Aeração 1 0,14400 0,14400
Tempo x Aeração x Troca 5 46,47130 9,29426
Erro 48 548,66860 11,43060
C.V 11,85
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
104
Quadro 10B. Resumo da análise de variância da lixiviação de potássio dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 12,36451 0,70902
Aeração do meio 1 1,23507 0,12153 *
Troca de água do meio 1 2,74952 0,16436
Tempo x Aeração 5 17,58041 0,04455
Tempo x Troca 5 4,96310 0,13515 *
Troca x Aeração 1 0,03167 0,64715 *
Tempo x Aeração x Troca 5 13,79527 0,50800
Erro 48 90,09773 0,31702
C.V 16,115
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 11B. Resumo da análise de variância da lixiviação de potássio dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 8,00121 1,60024
Aeração do meio 1 2,86402 2,86402
Troca de água do meio 1 0,29645 0,29645
Tempo x Aeração 5 1,30056 0,26011
Tempo x Troca 5 5,92613 1,18523
Troca x Aeração 1 1,72980 1,72980
Tempo x Aeração x Troca 5 1,04282 0,20856
Erro 48 50,52586 1,05262
C.V 11,16
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
105
Quadro 12B. Resumo da análise de variância da lixiviação de potássio dos grãos,
em função dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de
degomagem na propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 19,86766 3,97353
Aeração do meio 1 5,78568 5,78568
Troca de água do meio 1 6,55824 6,55824
Tempo x Aeração 5 10,41366 2,08273
Tempo x Troca 5 8,65726 1,73145
Troca x Aeração 1 0,58140 0,58140
Tempo x Aeração x Troca 5 4,95912 0,99182
Erro 48 82,35420 1,71571
C.V 15,31
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 13B. Resumo da análise de variância do peso de 100 grãos, em função
dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (1)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 3,54508 0,70902
Aeração do meio 1 0,12153 0,12153
Troca de água do meio 1 0,16436 0,16436
Tempo x Aeração 5 0,22276 0,04455
Tempo x Troca 5 0,67573 0,13515
Troca x Aeração 1 0,64715 0,64715
Tempo x Aeração x Troca 5 2,54001 0,50800
Erro 48 15,21713 0,31702
C.V 3,42
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
106
Quadro 14B. Resumo da análise de variância do peso de 100 grãos, em função
dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (2)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 2,60690 0,52138 *
Aeração do meio 1 0,00487 0,00487
Troca de água do meio 1 0,20182 0,20182
Tempo x Aeração 5 0,41188 0,08238
Tempo x Troca 5 0,86743 0,17349
Troca x Aeração 1 0,02150 0,02150
Tempo x Aeração x Troca 5 0,03547 0,00709
Erro 48 4,85733 0,10119
C.V 1,80
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Quadro 15B. Resumo da análise de variância do peso de 100 grãos, em função
dos procedimentos de manejo do meio e do tempo de degomagem na
propriedade (3)
Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M.
Tempo 5 7,75700 1,55140 *
Aeração do meio 1 0,20941 0,20941
Troca de água do meio 1 0,05616 0,05616
Tempo x Aeração 5 1,07316 0,21463
Tempo x Troca 5 0,50818 0,10164
Troca x Aeração 1 0,09512 0,09512
Tempo x Aeração x Troca 5 0,39894 0,07979
Erro 48 6,81468 0,14197
C.V 2,43
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
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