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PRODUÇÃO DE BROTOS DE FABACEAE
PARA O CONSUMO HUMANO
ANDRELISA LINA DE LIMA
2006
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ANDRELISA LINA DE LIMA
PRODUÇÃO DE BROTOS DE FABACEAE PARA O CONSUMO
HUMANO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação Strito Sensu em
Ciência dos Alimentos, para a obtenção do título
de “Mestre”.
Orientadora
Profa. Dra. Maria de Fátima Píccolo Barcelos
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2006
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Lima, Andrelisa Lina de.
Produção de brotos de Fabaceae para o consumo humano / Andrelisa Lina de
Lima. -- Lavras : UFLA, 2006.
117p. : il.
Orientadora: Maria de Fátima Píccolo Barcelos.
Mestrado (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Feijão-mungo. 2. Guandu. 3. Germinação para o consumo humano. 4.
Composição química. 5. Antinutrientes. I. Universidade Federal de Lavras.
II. Título.
CDD-635.652
-641.65652
PRODUÇÃO DE BROTOS DE FABACEAE PARA O CONSUMO
HUMANO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, para a
obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 31 de agosto de 2006.
Pesquisador Dr. Edmilson José Ambrosano APTA REGIONAL
Profa. Dra. Maria Laene Moreira de Carvalho UFLA
Profa. Dra. Maria de Fátima Píccolo Barcelos
UFLA
(Orientadora)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
A minha família, pelo apoio constante, não deixando que eu desistisse.
Ao meu filhinho, João Marcos, por saber, tão pequeno, superar a ausência da
mãe.
Ao meu marido, Aldo, pela grande paciência e ajuda, sempre me incentivando.
OFEREÇO.
DEDICO
Aos meus pais, Ernesto e Anália, por
sempre acreditarem em mim.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado forças e por saber que sempre estava por perto.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Ciência dos
Alimentos (DCA), pela contribuição a minha formação acadêmica.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de estudos.
À minha orientadora, Professora Dra. Maria de Fátima Píccolo Barcelos,
pelo grande apoio, amizade e, sobretudo, pelo aprendizado que me proporcionou
durante todo o curso.
À Professora Dra. Maria Laene Moreira de Carvalho do Departamento
de Agricultura Setor de Sementes, pelo grande apoio com sua coorientação.
Ao Professor Dr. Eduardo Valério de Barros Vilas Boas, coordenador do
Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciência dos Alimentos, pelo
grande incentivo prestado durante todo o curso.
Ao Pesquisador Dr. Edmilson José Ambrosano/Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegocios APTA Regional Polo Centro Sul, IAC
Piracicaba, SP, pela disposição e ajuda.
À APTA Regional Polo Centro Sul, IACPiracicaba, SP, pela doação
dos grãos de leguminosas.
À Empresa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Lavras, Centro
Tecnológico do Sul de Minas, pelo apoio no uso de equipamentos e, em
especial, a Samuel Brito, técnico do laboratório.
Ao Departamento de Agricultura (DAG) e às laboratoristas Elza
Teodoro Souza e Dalva Elena Andrade Silva, pelo apoio nas análises e uso de
equipamentos.
Ao Departamento de Química (DQI) e ao Professor Denílson Ferreira de
Oliveira e seu bolsista Hudson Wallace Pereira de Carvalho, pelo apoio no uso
de equipamentos.
À profissional voluntária/DCA, Alessandra Honório Ribeiro, pela
grande amizade e auxílio na realização das análises químicas, físico-químicas e
bioquímicas.
Às laboratoristas do Departamento de Ciência dos Alimentos (DCA)
Constantina Maria Braga Torres, Maria Aparecida Corrêa Lima, Creusa
Rezende e Sandra Lacerda Silva, pelo apoio técnico, amizade e descontração.
Ao colega Denis, pela grande orientação em estatística.
A minha sogra, Lionita, meus pais, Anália e Ernesto e minha irmã,
Andresa, pela companhia que fizeram ao meu filho.
Ao grande companheiro Aldo, pelo apoio e auxílio técnico.
Ao meu filhinho João Marcos, por me fazer rir nas horas em que eu
estava tão cansada.
A Viviane, Maria Letícia, Gisele e Thaís, pela grande ajuda e amizade.
Ao funcionário José Maria dos Santos, da Biblioteca Central da UFLA,
pela grande ajuda.
À grande equipe de estagiários da UFLA, pelo apoio na seleção de
material, montagem do experimento e análises químicas.
Enfim, a todos que colaboraram para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
página
RESUMO ............................................................................................................i
ABSTRACT .......................................................................................................ii
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................1
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 4
2.1 O consumo de Fabaceae na alimentação humana ......................................... 4
2.2 Considerações gerais sobre as espécies de Fabaceae deste estudo ............... 6
2.3 Germinação de sementes: benefícios trazidos pelo consumo ........................ 9
2.4 Nutrientes presentes em sementes germinadas............................................ 15
2.4.1Carboidratos .............................................................................................. 15
2.4.2 Lipídios ..................................................................................................... 17
2.4.3 Proteínas. .................................................................................................. 19
2.4.4 Minerais e vitaminas................................................................................. 20
2.5 Importância das fibras e sua presença em sementes germinadas................. 24
2.6 Fatores antinutricionais presentes em Fabaceae .......................................... 26
2.6.1 Atividade dos inibidores de tripsina ......................................................... 26
2.6.2 Taninos .................................................................................................... 28
2.6.3 Nitratos ..................................................................................................... 30
3 MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................33
3.1 Seleção e caracterização das sementes ........................................................ 33
3.2 Obtenção dos brotos de Fabaceae................................................................ 36
3.3 Peso, rendimento e comprimento de brotos................................................. 38
3.4 Composição centesimal ............................................................................... 38
3.5 Minerais ....................................................................................................... 39
3.6 Vitamina C................................................................................................... 39
3.7 Atividade do inibidor de tripsina .................................................................39
3.8 Compostos fenólicos.................................................................................... 40
3.9 Nitrato.......................................................................................................... 40
3.10 Análises estatísticas ................................................................................... 41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................42
4.1 Teste de germinação, peso de 100 sementes e nº de sementes por 100g. .... 42
4.2 Comprimento, peso e rendimento de brotos ................................................ 46
4.3 Composição centesimal ............................................................................... 56
4.4 Vitamina C e Minerais................................................................................. 74
4.5 Fatores antinutricionais............................................................................... .91
4.5.1 Atividade do inibidor de tripsina .............................................................. 91
4.5.2 Taninos. .................................................................................................... 94
4.5.3 Nitrato....................................................................................................... 96
5 CONCLUSÕES.............................................................................................99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................101
ANEXOS ........................................................................................................113
i
RESUMO
LIMA, Andrelisa Lina de. Produção de brotos de Fabaceae para o consumo
humano. 2006. 117p. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos)–
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. *
A germinação é um dos processos mais antigos, simples e econômicos para
melhorar o valor nutricional de grãos, sendo portanto objetivo principal deste
trabalho, selecionar dentre três espécies de Fabaceae (Leguminosae), o período
adequado de germinação para o consumo humano baseado em características
fisiológicas, químicas e bioquímicas. Analisaram-se sementes e brotos de três
espécies de Fabaceae (Vigna radiata (L) R WilczeK, Vigna mungo (L) Hepper e
Cajanus cajan (L) Millsp. Obtiveram-se brotos de cinco tempos de germinação.
Foi verificado o rendimento semente:broto de cada espécie estudada. Sementes e
brotos foram analisados quanto à composição centesimal, vitamina C e teor de
alguns minerais (K, P, Na, Fe e Ca). Analisaram-se algumas substâncias
antinutricionais, atividade dos inibidores de tripsina, compostos fenólicos e
nitrato. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em fatorial
6x3,com três repetições, tendo sido realizadas análises de regressão. O mungo-
preto se destacou quanto ao rendimento semente:broto, apresentou valores mais
elevados que as demais espécies de feijões estudadas quanto aos teores de sódio
e ferro, tanto para a semente quanto para os brotos e, apresentou brotos com
menores teores de taninos, nitrato e baixa atividades de inibidor de tripsina. O
mungo-verde se destacou quanto aos teores de proteínas, tanto na semente
quanto no broto, e quanto aos teores de fibra e vitamina C (4,9 vezes mais
elevado que o da semente), tendo apresentado menor teor de nitrato e baixa
atividade do inibidor de tripsina no broto. O guandu-anão, embora tenha
apresentado menor rendimento semente broto, apresentou o mais elevado teor de
vitamina C no sexto dia de germinação (3,6 vezes mais elevado que da semente),
elevado teores de potássio e sódio e brotos com baixos teores de taninos e
nitratos. As três espécies de feijões apresentaram, em relação as variáveis
estudadas, diferentes respostas quanto ao rendimento semente:broto, teores de
nutrientes e de antinutrientes. Observou-se que seis dias mostrou-se como o
período mais indicado para a germinação das três espécies de Fabaceae
_________________
Comitê Orientador: Dra. Maria de Fátima Píccolo Barcelos – UFLA
(orientadora), Dr Eduardo Valério de Barros Vilas Boas UFLA e Dr Daniel
Ferreira Furtado UFLA.
ii
ABSTRACT
LIMA, Andrelisa Lina de. Production of Fabaceae sprouts for human
consumption. 2006. 117p. Dissertation (Master in Food Science)-Federal
University of Lavras, Lavras , MG. *
Germination is one of the most ancient, simple and economical processes to
improve the nutritional value of grains, screening out of three Fabaceae
(Fabaceae) species, the adequate germination period for human consumption,
basing upon physiological, chemical and biochemical characteristics, being
therefore, the main objective of this work. Seeds and sprouts of three species of
Fabaceae (Vigna radiata (L) R WilczeK, Vigna mungo (L) Hepper and Cajanus
cajan (L) Millsp were investigated. Sprouts of five germination times were
obtained. The seed: sprout yield of each species studied was verified. Seeds and
sprouts were investigated as regards their centesimal composition, vitamin C and
content of some minerals (K, P, Na, Fe and Ca). A few antinutritional
substances, activity of the trypsin inhibitors, phenolic compounds and nitrate
were studied. The experiential design was in randomized blocks, in 6x3
factorial, with three replicates, regression analyses having been accomplished.
The black mung bean stood out concerning seed: sprout yield, presented values
higher than the other bean species studied as to their contents of sodium and
iron, both for the seed and for the sprouts and showed sprouts with lower
contents of tannins, nitrate and poor activities of trypsin inhibitor. The green
mung distinguished as to the contents of proteins, both in the seed and in the
sprout as for the contents of fiber and vitamin C (4. 9 times as high as that in the
seed), its having presented lower content of nitrate and poor activity of trypsin
inhibitor in the sprout. The dwarf pigeon pea, although, had presented lower
seed: sprout yield, presented the highest content of vitamin C on the sixth day of
germination (3. 6 times as high as the one in the seed), elevated contents of
potassium and sodium and sprouts with low contents of tannins and nitrates. The
three bean species showed relative to the variables studied, different responses
as to the seed: sprout yield, contents of nutrients and antinutrients. It was found
that six days was the period most indicated to the germination of the three
Fabaceae species.
_________________
Guidance Committee: Dr. Maria de Fátima Piccolo Barcelos – UFLA (adviser),
Dr. Eduardo Valério de Barros Vilas Boas – UFLA and Dr. Daniel Ferreira
Furtado – UFLA.
1
1 INTRODUÇÃO
As Fabaceae são consumidas, comumente, na forma de grãos. Elas
contribuem para o fornecimento de proteínas para considerada parte da
população, principalmente quando consumidas com os cereais, como o
tradicional arroz com feijão na mesa dos brasileiros.
Os grãos de Fabaceae podem ser submetidos ao processo de germinação,
obtendo-se os denominados brotos. Trata-se de mais uma forma de consumir as
Fabaceae, com considerados teores de macro e micronutrientes, destacando-se
proteínas, vitaminas e minerais.
O processo de germinação descaracteriza os grãos das Fabaceae quanto
à forma, com modificações na textura e, conseqüentemente, no tempo de
cozimento do alimento, no sabor e nas formas de se consumir, individual ou
juntamente com outras hortaliças, em saladas (Yuyama, 1997).
O tamanho reduzido de certos grãos de Fabaceae é um dos fatores que
contribuem para a obtenção dos brotos com melhor aspecto, considerando o
valor comercial. As espécies Vigna radiata (L.) R. Wilczek, Vigna mungo (L.)
Helpper e Cajanus cajan (L.) Millsp têm se prestado a esse fim, a exemplo do
moyashi (broto de feijão), que é comercializado em várias partes do mundo,
inclusive no Brasil.
São inúmeras as vantagens na produção de brotos de Fabaceae, como a
não utilização de solo, de agrotóxico e de luz solar direta. Além disso, são
produzidos em pouco tempo e o rendimento é consideravelmente compensatório.
Acresentem-se fatores como mão-de obra simplificada, produção em espaço
pequeno e o fato de não requerer região específica para produzir (Ambrosano et
al., 2003).
2
O processo de germinação também melhora fatores nutricionais, como
proteínas que melhoram a qualidade e a digestibilidade dos grãos e aumentam o
valor de alguns constituintes químicos, como as fibras, além de reduzir valores
antinuricionais como inibidores de tripsina, compostos fenólicos e nitrato, entre
outros (Miranda & El-Dash, 2002).
Portanto, durante o processo de germinação, ocorrem alteraçãoes na
composição química das difererntes espécies, havendo necessidade da definição
do tempo ideal de germinação que proporcione maior valor em componentes
químicos e rendimento dos brotos.
É necessário, além do tempo adequado de germinação, estabelecer a
presença, ou não, de substâncias antinutritivas no broto, após o encerramento do
período de germinação preestabelecido.
Tendo em vista o exposto e baseado no fato de que grande parte da
população mundial necessita de alimentos nutritivos e de rápido preparo, o
presente trabalho teve como objetivos, os discriminados a seguir.
O objetivo geral foi o de selecionar, para as três espécies de Fabaceae,
Vigna radiata (L.) R. Wilczek, Vigna mungo (L.) Hepper e Cajanus cajan (L.)
Millsp, o período adequado de germinação para o consumo humano, baseado em
características químicas e físico-químicas e bioquímicas.
Mais especificamente, buscaram-se:
9 Analisar, fisica e quimicamente, as sementes das três espécies de
FabaceaeVigna radiata (L.) R. Wilczek, Vigna mungo (L.) Helpper e
Cajanus cajan (L.) Millsp.
9 obter brotos de três espécies de Fabaceae em cinco estádios de
germinação e analisá-los quanto às seguintes características:
9 comprimento, peso e rendimento de brotos;
3
9 composição centesimal, alguns minerais e vitamina C das
sementes de Fabaceae, e respectivos brotos;
9 analisar os antinutrientes: atividade do inibidor de tripsina, teores de
taninos, bem como de nitratos nas sementes e respectivos brotos de
Fabaceae;
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O consumo de Fabaceae na alimentação humana
A família Fabaceae (Leguminosae) é uma das maiores famílias entre as
dicotiledôneas. Ela contém mais de 650 gêneros, que reúnem mais de 18.000
espécies espalhadas em todo o mundo, especialmente nas regiões tropicais e
subtropicais (Allen & Allen, 1981). Os grãos de Fabaceae vêm sendo utilizados
na alimentação humana desde muito tempo (há cerca de 10.000 anos) (Vieira,
1992).
Cerca de 20 espécies de Fabaceae graníferas são utilizadas na
alimentação humana em quantidades apreciáveis, numa parte ou noutra do
mundo. É interessante observar que, além dos grãos, outras partes dessas plantas
são, muitas vezes, consumidas, dependendo da espécie e dos hábitos alimentares
da região de consumo, como: vagens verdes imaturas, folhas, tubérculos
radiculares, sementes verdes (apenas fisiologicamente maduras, porém, sem
atingirem a maturidade de colheita) e, mesmo, maduras germinadas. As
Fabaceae desempenham papel fundamental na dieta da maioria da população
mundial, sobretudo quando complementadas pelos cereais (milho, arroz e trigo)
(Vieira, 1992; Vieira, 2001).
As Fabaceae graníferas contribuem substancialmente para o conteúdo
protéico de grande parte da população mundial, especialmente em locais onde o
consumo de proteína animal é relativamente pequeno, em razão da sua escassez
ou de tabus culturais. A maioria das Fabaceae contém, naturalmente, fatores
antinutricionais (tóxicos) que precisam ser inativados antes de ser consumida,
sendo o uso do calor bastante efetivo neste caso, além de outros procedimentos.
Essas culturas alimentícias têm outros efeitos benéficos, indiretos, para a
agricultura, pois são simbiontes da bactéria Rhizobium spp. que formam nódulos
5
nas raízes da plantas onde as bactérias tomam nitrogênio atmosférico fixando-o
no tecido radicular da planta. Indiretamente, elas elevam o nível de nitrogênio do
solo, aumentando a produção de cereais que se seguem às Fabaceae em rotação
de cultura. Desse modo, oferecendo interessantes possibilidades, tanto do ponto
de vista tecológico, como econômico (Teixeira, 1986; Gomes & Silva, 2003).
As mais importantes espécies de Fabaceae para a agricultura mundial são
o feijão-comum [Phaseolus vulgari(L)], o feijão-guandu [Cajanus cajan (L)
Millsp], o feijão-caupi [Vigna unguiculata (L) Walp], a ervilha [Pisum sativum
(L)], a lentilha (Lens culinaris Medick), o grão-de-bico (Cicer arietinum), a fava
(Vicia faba), o feijão-arroz (Vigna umbellata), o feijão-fava (Phaseolus lunatus),
o feijão-mungo-verde [Vigna radiata(L) R. Wilczek], o feijão-mungo-preto
[Vigna mungo (L) Hepper], o feijão-adzuki (Vigna angulares), a soja [Glycine
Max (L) Merril] e o amendoim [Arachis hypogae (L)]. As duas últimas são
cultivadas, em muitos países, mais como oleaginosas do que como grãos para a
alimentação humana (Chiaradia & Gomes, 1997).
Fabaceae constituem a base da dieta humana no terceiro mundo
(Carvalho, 2002). Os feijões são originários do continente americano, mais
especificamente do sul dos Estados Unidos, México, América Central e do norte
da América do Sul, particularmente das regiões Incáias (Kaplan, 1965).
A espécie Phaseolus vulgaris foi adaptada às regiões ecológicas e de
cultivo na América Central há cerca de 7.000 anos, sendo uma das mais antigas
plantas de cultivo naquela região. Foi introduzida na Europa no século XVI e,
desde então, tem se tornado uma cultura muito importante em várias regiões do
globo (Gazzola, 1992).
O feijão tem grande importância na alimentação humana, em função de
suas características protéicas e energéticas. No Brasil, tem grande importância
econômica e social, por ser responsável pelo suprimento de grande parte das
necessidades nutricionais da população de baixa renda e pelo grande número de
6
pequenos produtores que se dedicam à cultura (Alves, 2002). A cultura do
feijoeiro tem importância, particularmente, na América Central e do Sul, onde a
dieta tradicional é baseada em milho e feijões (Carpenter, 1981; Rios, 2000).
Quanto à soja, esta planta se encontra disseminada pelo mundo, mas a
América do Norte e a América do Sul ultrapassam a Ásia em produção. Os EUA
são os maiores produtores, com quase 50% do total mundial, seguidos pelo
Brasil com, aproximadamente, 20% desse total. A China, contudo, continua
sendo grande produtora com, aproximadamente, 9% do total mundial (Vieira,
2001). A estimativa de produção de soja no Brasil, na safra 2005/2006,
conforme dados da Conab (2006), é da ordem de 53,4 milhões de toneladas.
A fração de proteína de soja consumida diretamente pelos brasileiros é
ainda muito pequena, representando menos de 0,5% da produção brasileira. Os
principais componentes da soja responsáveis pelo seu valor econômico são a
proteína e o óleo, encontrados em, aproximadamente, 38% e 18%,
respectivamente (Mendes et al., 2002). Apesar dos avanços da tecnologia, a
influência dos aspectos sócio-culturais e econômicos sobre os hábitos
alimentares é um dos principais fatores limitantes à aceitação e ao consumo
habitual dos produtos derivados da soja no Brasil (Mendes et al., 2002).
2.2 Considerações gerais sobre as espécies de Fabaceae deste estudo
O feijão-mungo (com espécies Vigna radiata (L) Wilczek e Vigna
mungo (L) Hepper) é importante leguminosa de grão cultivada na Ásia, sendo a
Índia o maior produtor mundial, responsável por 47% do total produzido no
mundo (Tikoo & Satyanarayana, 1998). A Tailândia, que segue como um dos
maiores produtores, é também o maior exportador mundial, para o que destina
cerca de 40% de sua produção. Os países vizinhos da Europa e os EUA são os
principais importadores (Chainuvat & Charnnarongkul, 1991). No Brasil, a
7
produção de mungo é incipiente, mas a tendência é crescente, por causa do
aumento da demanda pelo broto de feijão (Vieira et al., 2001). Essa antiga e
popular cultura é uma excelente fonte de proteína, caracterizada pela alta
digestibilidade. É um alimento muito consumido pela população carente nos
países do sudoeste asiático e Filipinas (Yuyama, 1997).
O feijão-mungo é planta anual de porte ereto ou semi-ereto,
determinado, com altura que varia de 0,3 a 1,5 m e ciclo curto, 80 a 110 dias. As
sementes são pequenas, de coloração verde, amarela, marrom, preta ou
mosqueada, com pequeno hilo branco. As cultivares utilizadas para a produção
de grãos secos, geralmente, têm sementes verde-opacas ou verde-brilhantes
(Tomooka et al., 1991).
Na Tailândia, os grãos secos de mungo são utilizados para a extração de
amido, resultando no material protéico denominado pó protéico. O amido é
utilizado para o preparo de sobremesas chamadas de salim ou de vermicelli, um
tipo de macarrão. Com este último, fazem-se sopas e outros pratos. O pó
protéico é usado na Tailândia para o preparo de alimentos que servem de
suplemento protéico em diferentes pratos, em substituição à carne. Com a
farinha do mungo podem ser preparados biscoitos, produtos para lanche,
sobremesas, sopas, etc. Os grãos cozidos também são usados para o preparo de
diferentes pratos e sobremesas. Na Índia, cerca de 70% do mungo-verde é
consumido como “dhal” (grãos descascados e quebrados) (Prabhavat, 1991).
A germinação das sementes do mungo-verde é realizada para se obter os
brotos de feijão (moyashi), forma de consumo muito apreciado na China, no
Japão e nos EUA, dentre outros países. No Brasil, esta espécie (mungo-verde) só
é utilizada para o preparo de brotos. Esta Fabaceae também pode ser usada como
feno, adubo verde e cultura de cobertura (Nalampang, 1992, citado por Vieira,
2001). Utiliza-se o mungo-preto, exclusivamente, para o preparo de brotos de
feijão. Esta espécie não é adequada para o preparo dos mesmos produtos obtidos
8
com o mungo-verde, devido ao problema de separação do amido e do paladar
(Prabhavat, 1991).
O guandu [Cajanus cajan (L) Millsp], por sua vez, é chamado de andu
ou guando, nas regiões Norte e Nordeste e de feijão-guandu, no Centro-Oeste do
Brasil. Suas plantas são arbustivas, semiperenes, algumas vezes plantadas como
anuais. A altura das plantas, na época de maturação das vagens, pode variar de
0,4m a 4m, dependendo, principalmente, da cultivar, da demora para maturação
e do fotoperíodo. A semente pode ser oval (o mais comum), quadrada, alongada
ou do tipo ervilha, com coloração uniforme ou múltipla, podendo ser branca,
creme, cinza, marrom, violeta ou preta. É uma planta que se desenvolve,
principalmente, em regiões tropicais (Vieira, 1992; Canniatti-Brazaca, 1996;
Vieira, 2001).
Segundo Vavilov (1949/50), o centro de diversidade genética do guandu
é a Índia. Desse país, ele espalhou-se pela África, em 2000 anos a.C., surgindo,
assim, um segundo centro de diversidade. Ocupa o quinto lugar, em importância
alimentar, dentre as Fabaceae alimentícias mais utilizadas no mundo (Vieira,
2001). Cerca de 90% da produção mundial de grãos de guandu é oriunda dos
subcontinentes indianos, onde representa importante alimento protéico-
energético, sendo consumido na forma de grãos descascados e quebrados,
denominada “dhal”. Seus grãos verdes e ou secos são utilizados na alimentação
humana, in natura ou na forma processada, como produtos enlatados ou
farináceos, atendendo a diversos segmentos da população da Índia, Paquistão,
Afeganistão e de alguns países da América Central (Batistuti & Freitas, 1995). É
encontrado no Brasil em quase todos os estados, sendo consumido tanto na
forma de feijão verde como seco, principalmente nas zonas rurais, pelas
populações de baixo poder aquisitivo, mas, já era cultivado no Brasil há muito
tempo, para a produção de forragem e de adubo verde (Sales et al., 1980; Cazeta,
1995).
9
2.3 Germinação de sementes: benefícios trazidos pelo consumo
A germinação é definida como sendo o reinício do crescimento do eixo
embrionário paralisado nas fases finais de maturação da semente. Dessa forma,
satisfeitas as condições básicas para o reinício do processo germinativo, a
germinação compreende quatro fases, se vista pelo lado
puramente fisiológico,
quais sejam: embebição em água, alongamento celular, divisão celular e divisão
celular em tecidos.
Este mesmo processo, se considerado do ponto de vista fisiobioquímico,
pode ser descrito como sendo composto das seguintes fases: reidratação,
aumento da respiração, formação de enzimas, digestão enzimática de reservas,
mobilização e transportes de reservas, assimilação metabólica e crescimento e
diferenciação de tecidos (Popinigis, 1985).
A germinação inicia-se pela embebição de sementes em água, que é um
processo físico relacionado com as propriedades dos colóides e sua extensão
depende da composição química da semente, da permeabilidade do tegumento
da disponibilidade de água no ambiente, da área de contato semente/água, da
temperatura, da pressão hidrostática e da condição fisiológica da semente.
Bewley & Black (1985), estudando a embebição de água pelas sementes durante
o processo germinativo, definiram três fases distintas, em função da velocidade
de absorção de água. A primeira é absorção de água pelos grãos, caracterizada
pela rapidez determinada pela diferença do potencial hídrico entre o substrato e a
semente, de forma que esta fase ocorre tanto em tecidos vivos como em tecidos
mortos, independentemente da atividade metabólica da semente, embora o
metabolismo inicie-se rapidamente como conseqüência desta hidratação. Na
segunda fase, que é determinada por uma redução na velocidade de embebição, a
hidratação das partes da semente é completada e as enzimas são ativadas. Nesta
fase acontece uma preparação para a germinação pela digestão enzimática das
reservas, ou seja, ocorre a degradação das grandes moléculas armazenadas nas
10
sementes em compostos de cadeia mais simples, possíveis de serem mobilizadas
para o eixo embrionário. Esta fase é a mais longa do processo e precede a
próxima. A terceira, e última, fase é caracterizada pelo crescimento e
desenvolvimento do eixo embrionário, o que acarreta um novo aumento na
velocidade de embebição. No início desta última fase acontece o processo de
germinação visível e ele torna-se irreversível, de forma que a ausência de um
dos fatores, se essencial à germinação, implica na morte da semente.
11
Algumas etapas da planta de feijão (Phaseolus vulgaris) em
desenvolvimento, evidenciando o surgimento das folhas primárias, são ilustradas
na Figura 1.
FIGURA 1 Etapas do desenvolvimento da planta de feijão [Phaseolus
vulgaris(L)], evidenciando o surgimento das folhas primárias
Germinação... (2006), com modificações.
12
Segundo os botânicos fisiologistas, o processo de germinação é
completado quando acontece a protusão da radícula, ou seja, o início do
crescimento da plântula. Entretanto, do ponto de vista da tecnologia de
sementes, o processo de germinação termina no instante em que se tem uma
plântula completa, em condições de se desenvolver autotroficamente (Sousa,
2003a).
A maneira pelo qual o eixo caulinar emerge da semente durante a
germinação varia de espécie para espécie. Na germinação das sementes de
mungo-verde [Vigna radiata (L.) R. Wilczek] e mungo-preto [Vigna mungo
(L.)] Hepper], os cotilédones são levados para cima do solo, devido ao
alongamento do hipocótilo (eixo semelhante ao caule abaixo dos cotilédones). A
germinação é, então, denominada epígea. Ao contrário, para a germinação de
sementes de guandu-anão [Cajanus cajan (L.) Millsp], os cotilédones
permanecem dentro do solo. Neste caso, é o epicótilo (eixo semelhante ao caule
acima dos cotilédones) que se alonga e a germinação e dita hipógea (Raven et
al., 2001).
Germinação de uma semente em um teste de laboratório compreende a
emergência e o desenvolvimento da plântula a um estádio no qual o aspecto das
suas estruturas essenciais indica a maior ou menor possibilidade de se
desenvolver em uma planta satisfatória, sob condições favoráveis no solo
(Oliveira & Carvalho, 1999).
O reinício do crescimento embrionário ou da germinação da semente
depende, portanto, de fatores externos e internos. Entre os fatores externos ou
ambientais estão a água, o oxigênio e a temperatura, e algumas ainda requerem
exposição à luz para germinar. A maioria das sementes maduras é extremamente
seca (5%-20% de água do peso total). Para que possam germinar, precisam,
primeiramente, absorver água necessária ao metabolismo. Com isso, enzimas já
presentes na semente são ativadas e outras são sintetizadas para a digestão e a
13
utilização de nutrientes de reserva, presentes nas células da semente durante o
período de formação do embrião. Com a divisão celular e, conseqüentemente, o
crescimento do embrião, há um requerimento contínuo de água e nutriente. A
semente absorve água, intumesce e uma pressão pode ser exercida no seu
interior.
Nos estágios iniciais da germinação, a respiração pode ser anaeróbica
até que o tegumento seja rompido e, então, a respiração passa a ser aeróbica,
requerendo, portanto, oxigênio. Em solos saturados por água, plantas podem se
desenvolver incorretamente, pela falta do oxigênio necessário à respiração
aeróbica.
Embora muitas plantas germinem dentro de uma ampla faixa de
temperatura, elas não germinarão acima ou abaixo de certas faixas de
temperaturas específicas para a espécie. A temperatura mínima de germinação,
para muitas espécies, está entre 0°C e 5°C; a máxima, entre 45°C e 48ºC e a
temperatura ótima de germinação encontra-se entre 25°C e 30°C. Satisfeitas
todas as condições externas para que uma semente possa germinar, existem,
ainda, aquelas que, mesmo assim, não germinam, devido a fatores internos
(como imaturidade fisiológica do embrião e impermeabilidade do envoltório à
água e, algumas vezes, ao oxigênio, que são duas das causas de dormência)
(Raven, et al., 2001).
A germinação é, possivelmente, um dos processos mais antigos, simples
e econômicos empregados para melhorar o valor nutricional de grãos de cereais
e Fabaceae (Kumar et al., citados por Miranda, 2002). Trata-se de uma
alternativa adequada para a redução dos fatores antinutricionais, como os fitatos,
inibidores de proteases, presentes originariamente nestes grãos. Além de
converter proteínas vegetais de baixa qualidade nutricional em proteínas de
melhor qualidade, também provoca mudanças na composição centesimal,
aumento nos teores de certos aminoácidos essencias e vitaminas do complexo B,
14
aumenta o teor de fibra, causa a degradação parcial de proteínas e amido e
melhora a digestibilidade (Carpenter 1989; citado por Miranda, 2002).
O teor protéico da semente germinada mantém-se em torno de 100% da
proteína da semente original, considerando o peso seco, consumidas como
saladas ou cozidos por um período mais rápido de tempo, comparados ao tempo
de cozimento de Fabaceae em grão, os brotos de Fabaceae são saborosos,
elevam o conteúdo de fibras e oferecem várias outras vantagens, já citadas por
Miranda (2002) (Fordham et al., 1975).
No Egito, muitas sementes de Fabaceae são consumidas após períodos
diferentes de germinação. O processo de germinação tem sido desenvolvido em
alguns países, por subjugar algumas das desvantagens associadas com sementes
não germinadas. Alguns estudos confirmam os benefícios de germinações de
Fabaceae, os quais incluem aumento em ácido ascórbico, hidrólise de
oligossacarídeos rafinose e estaquiose, que são ligados aos problemas de
flatulências e um decréscimo no conteúdo de fitato, aumentando a
disponibilidade de muitos elementos essenciais (Fordham et al., 1975; Mostafa
& Rahma, 1987).
Miranda & El-Dash (1998a) observaram, em um estudo com farinha
integral de trigo germinado, que as composições químicas das farinhas controle
(sem germinar) e germinadas por 48, 72 e 96 horas, em base seca, foram as
seguintes: 10,04%, 10,70%, 10,83% e 11,02% de proteína; 1,39%, 1,49%,
1,49% e 1,50% de cinza; 2,10%, 2,15%, 2,13%, 2,02% de lipídios e 86,47%,
85,66%, 85,55%, 85,46% de carboidratos, respectivamente. Em estudo com
farinha de trigo germinado, realizado por Miranda & El-Dash (2002), os teores
dos aminoácidos, ácido aspártico, alanina, valina e lisina aumentaram nas
farinhas integrais de trigo germinado em relação à farinha integral controle.
15
2.4 Nutrientes em sementes germinadas
2.4.1 Carboidratos
Embora os carboidratos sejam um dos principais macronutrientes
constituintes de algumas Fabaceae (lembrando que, na soja, são as proteínas e os
lipídios que se apresentam em quantidades mais elevadas), o conhecimento
sobre sua natureza e suas propriedades é limitado. Isso se deve à vasta
heterogeneidade do material, variando de simples açúcar até
heteropolissacarídeos complexos e ao fato de a prática de determinação dos
mesmos quase sempre ser realizada por métodos indiretos, ou seja, por diferença
(Stanley & Aguilera, 1985).
Hamilton & Vanderstoep (1979) verificaram que a germinação de
sementes de alfafa por três dias diminui valores de carboidratos. O mesmo foi
observado por Donagelo et al. (1995), para soja e feijão-preto, exceto para a
espécie L allbus cv. Multolupa, para os quais constataram aumento de
carboidratos com a germinação.
A composição total de carboidratos de feijões secos varia de 60% a
65%. Ela diferencia-se significativamente entre os tipos de feijões, mas, as
maiores diferenças estão na hemicelulose (Nordstrom & Sistrunk, 1979). O
principal carboidrato armazenado é o amido, com pequenas quantidades de
monossacarídeos e dissacarídeos, como a sacarose. Os carboidratos precisam ser
consumidos diariamente, pois são potentes fornecedores de energia (4kcal/g
metabolizado).
Outros tipos de carboidratos, os oligossacarídeos rafinose, estaquiose e
verbascose, estão presentes em Fabaceae maduras (Geil & Anderson, 1994). A
estaquiose (tetrassacarídeo) e a rafinose (trissacarídeo), formadas pelos açúcares
simples frutose, glicose e galactose, agem como compostos responsáveis pelo
fenômeno indesejável denominado flatulência. As moléculas da estaquiose
encontram-se unidas, de forma a conter metade de açúcares não redutores,
16
sacarose e rafinose e metade de açúcares redutores galactobiose, melobiose e
maninotriose. Quando as séries sacarose-galactosídeos são ingeridas, duas
enzimas iniciais são necessárias para hidrolisá-las, a invertase e a α-
galactosidase. Porém, pelo fato de o trato gastrintestinal humano não possuir
essa última enzima, esses dois açúcares não são digeridos e absorvidos pelos
humanos, conforme revisão de Barcelos (1998). Conseqüentemente, esses
açúcares são fermentados no intestino grosso pela microbiota intestinal para
produzir quantidades significantes de hidrogênio, dióxido de carbono e, algumas
vezes, metano. A produção desses gases resulta em flatulências e problemas
associados a ela (Olson et al., 1982).
Sabe-se que a galactose e os α-galactosídeos rafinose, a estaquiose e a
verbascose, em feijões, são razoavelmente bem solubilizados em água, sendo a
água bastante utilizada no processo de germinação da semente. Cristofaro et al.
1974, citados por Olson et al. (1982), sugeriram um procedimento de
branqueamento-embebição para reduzir o conteúdo desses açúcares em grãos de
Fabaceae. Outra sugestão feita por Guimarães et al. (2001) é a de que se
bloqueie a síntese de expressão do galactinol, gene que codifica a enzima chave
na rota sintética de oligossacarídeos rafinose em sementes, podendo decrescer
conteúdo de oligossacarídeos e reduzir flatulências causadas por Fabaceae.
Hidrólises de oligossacarídeos podem ser realizadas também por α-
galactosidase, invertase ou por ambos. Enquanto a α-galactosidase hidrolisa a α-
1,6 linkage da rafinose, produzindo galactose e sacarose, a invertase hidrolisa a
α-1,2 linkage produzindo melibiose e frutose. Enzimas α-galactosidases são
largamente
distribuídas em microrganismos, plantas e animais.
Guimarães et al. (2001) confirmam observações de que o conteúdo de
oligossacarídeos rafinose é reduzido, durante a germinação de soja, pelo
aumento da atividade da α-galactosidase. Provavelmente, a atividade contra o
substrato e o conteúdo de frutose solúvel aumenta, confirmando hidrólise do
17
conteúdo de frutose em oligossacarídeos. O resultado de relatos prévios
confirma que oligossacarídeos rafinose são usados como fonte de energia
durante a germinação de sementes.
A hidratação de sementes durante a embebição, possivelmente, induz
atividades da α-galactosidase (Herman & Shannon (1985), citados por Viana et
al. 2005). Segundo Baú et al. (2000), citados por Viana et al. (2005), a
germinação melhora o valor nutricional de sementes de Fabaceae devido à
formação de enzimas, incluindo a α-galactosidase, que pode eliminar ou reduzir
os níveis de fatores antinutricionais em sementes.
Segundo Yuyama (1997), os valores de carboidratos nos brotos, de soja
e feijão moyashi diminuíram, comparados aos grãos não germinados.
Os açúcares rafinose e estaquiose, principais responsáveis pela produção
de gases intestinais, ocorrem em menores teores nos grãos do mungo-verde que
nos do mungo-preto, do caupi, do grão-de-bico, do guandu e da soja (Savitri &
Desikachar, 1985; Vieira, 1992).
2.4.2 Lipídios
Vegetais consumidos na alimentação humana apresentam conteúdo total
de lipídios, denominado lipídio bruto ou extrato etéreo, variando de 1% a 50%
(Stanley & Aguilera, 1985).
Os lipídios (extrato etéreo) acumulam uma série de indicações nos
programas terapêuticos com suporte nutricional. Além de constituírem elevada
fonte energética, fornecendo 9 kcal por grama metabolizada, eles são necessários
para estruturas de membranas para a termogênese, fornecem vitaminas A, D, E,
K e ácidos graxos essências o ácido linolêico (ômega-6) e o ácido α-linolênico
(ômega-3) (Ohse, 1999).
18
O conteúdo de lipídios de Fabaceae não oleaginosas (pois a soja que é
uma oleaginosa é da ordem de 20%) é muito baixo, variando de 0,8% a 1,5%,
podendo oscilar de acordo com a variedade, a origem, a localização, o clima, as
condições ambientais e o tipo de solo no qual elas crescem (Geil & Anderson,
1994).
Mostafa & Rahma (1987) observaram diminuição no conteúdo de óleo
de 5,37% e 7,69%, respectivamente, ocorrendo no quinto e no sexto dias de
germinação, em amostras de sementes de soja. Ele explica que, provavelmente,
o conteúdo de óleo decresce, devido ao consumo deste pela semente como fonte
de energia e ou síntese de outros constituintes estruturais nas plântulas jovens.
Yuyama (1997) observou, em dados coletados da tabela intitulada
Composição centesimal de grãos de algumas Fabaceae (Adams, 1975), que os
valores de lipídios em sementes de feijão e soja foram reduzidos quando essas
sementes eram germinadas.
Rabari et al. (1961), estudando o conteúdo de óleo de sementes de
amendoim germinadas por 3, 5, 7 e 8 dias, observaram a diminuição do
conteúdo lipídico das amostras. Já Donangelo et al. (1995) verificaram, para três
espécies diferentes (Lupinus allbus cv. multolupa, Glycine Max (L.) Merril e
Phaseolus vulgaris L.), valores de lipídios aumentando quando essas espécies
eram germinadas por 48 horas.
Bates et al. (1977) também verificaram que a germinação proporcionou
aumento nos valores de lipídios em sementes de soja.
Chavan e Kadam (1989) observaram que o conteúdo de lipídios de
brotos de cevada, aveia e trigo eram altos em relação à semente não germinada e
citam que, provavelmente, o aumento no conteúdo de lipídios se deve à síntese
destes, graças à transformação de desaparecimento do amido.
19
2.4.3 Proteínas
As proteínas presentes nos alimentos de origem animal são aquelas ditas
completas, pois possuem todos os aminoácidos essenciais em quantidades
equilibradas, possuem digestibilidade elevada, porém, a alimentação de grandes
contingentes populacionais inclui as Fabaceae, as quais são ricas em lisina,
porém, deficientes nos aminoácidos sulfurados. Por outro lado, os cereais
constituem a principal fonte de proteína na dieta humana, em muitas partes do
mundo tropical e subtropical, sendo deficientes em lisinas e a combinação de
Fabaceaee cereal as complementa. Dos aminoácidos sulfurados, metionina é
essencial para aos animais e cistina é considerada semi-essencial (Teixeira,
1986; Vieira & Nishihara, 1992; Marchini et al., 1994).
Populações economicamente menos favorecidas dependem das Fabaceae
e dos cereais para a ingestão de proteínas, visto que fontes animais são
comercializadas em preço elevado. Tendo em vista tal situação, misturas de
vegetais, como de um cereal e uma Fabaceae, também resultam em mistura
protéica de alto valor biológico. No Brasil, a principal fonte protéica da
alimentação é derivada da ingestão de arroz e feijão. Essa mistura tem se
mostrado adequada em teor de nitrogênio, além de suprir os aminoácidos
essenciais e possuir digestibilidade ao redor de 80% (Vieira & Nishihara, 1992;
Marchini et al., 1994).
A proteína participa dos processos vitais orgânicos do ser humano e as
condições precárias relacionadas à oferta protéica são consideradas os problemas
nutricionais predominantes em saúde pública. O conteúdo de proteínas das
Fabaceae varia, aproximadamente, de 17% a 40% (Vieira & Nishihara, 1992;
Marchini et al., 1994).
Bordingnom et al. (1995) mostraram que a germinação de três cultivares
de soja por 72 horas induzia a um relativo aumento do conteúdo de proteína
total.
20
Mostafa & Rahma (1987) observaram um aparente aumento da proteína
com o tempo de germinação de sementes de soja, salientando que este aumento
foi graças à oxidação e ao consumo de outras classes de compostos pelo
processo de germinação.
Donangelo et al. (1995) informaram que a germinação por 48 horas não
modifica a composição química de Fabaceae com base em matéria seca, exceto
para os valores de carboidratos em soja germinada, com pequeno decréscimo,
associada com similar e pequeno aumento em proteína.
Hsu et al, (1980) relataram um leve aumento no conteúdo de proteína
total em sementes de ervilhas secas, lentilhas e feijão-fava, após terem sido
germinadas por 4 dias.
2.4.4 Vitaminas e minerais
As vitaminas presentes nos tecidos vegetais e animais exercem controle
fundamental no organismo, atuando em vários processos metabólicos como
coenzimas, algumas com ações antioxidantes e outras em âmbito genético
(exemplo disso é a vitamina D, que sintetiza uma proteína necessária para a
absorção de cálcio), sendo portanto de grande importância como nutriente
essencial (Ohse, 1999).
Muitos fatores influenciam o teor de vitamina C nos alimentos, quer em
estado fresco ou após processamento caseiro ou industrial, tais como: espécie,
variedade, estado de evolução biológica (tamanho, maturação natural ou
acelerada por meios diversos), solo, clima, regime pluvial, época de colheita,
colheita, transporte, temperatura de armazenamento, conservação, área
geográfica, influência da luz e de raios solares e estação do ano (Lima, 1997;
Franco, 1999).
21
Vários estudos indicam que uma baixa ingestão de vitaminas E, C e pró-
vitamina A (beta-caroteno) contribui para a incidência de doenças
cardiovasculares. O nível dessas vitaminas essenciais, em contraste com outros
mecanismos de defesa do corpo, é determinado, principalmente, pelo suprimento
dessas na dieta. E, mesmo havendo controvérsias em resultados de pesquisas
sobre o consumo de vitaminas e o risco de doenças cardiovasculares, alguns
estudos sugerem que o consumo de vitaminas e minerais pode prevenir o
desenvolvimento da arteriosclerose e diminuir o risco de mortalidade por
doenças cardiovasculares (Velásquez-Meléndez et al., 1997; Sousa, 2003b).
A vitamina C, a principal vitamina antioxidante hidrossolúvel, diminui a
peroxidação lipídica, tanto direta como indiretamente, regenerando a vitamina E
oxidada, permitindo, assim, a inibição continuada da peroxidação lipídica (Sousa
2003b). Ela funciona sinergisticamente com os antioxidantes fenólicos
sintéticos, como buti-hidroxianisol (BHA), galato propila (GP) e tocoferóis,
retardando a oxidação de óleos, gorduras, manteiga e margarina. Exerce ação
quelante, ligando-se a metais pesados que funcionem como pró-oxidante, dando
maior vida de prateleira a óleos e gorduras. É usada para controlar o
escurecimento enzimático em frutas e hortaliças processadas, aplicado em latas
de refrigerante para inibir corrosão e em vinho para proteção do sabor, “flavor” e
limpidez. Em carnes curadas, é utilizada para desenvolvimento e estabilidade de
cor e em panificação para o fortalecimento do glúten e aumento do volume do
pão (Benassi, 1990; Araújo, 2004).
Segundo Chayen (1953), citado por Fordham et al. (1975), Young, em
1782, foi o primeiro a observar que germinação de sementes proporcionava
propriedades antiescorbuto. Alguns estudos têm mostrado que sementes
possuem certa quantidade de vitamina C e, quando essas sementes são
germinadas, a quantidade é aumentada (Fordham et al., 1975).
22
Hsu et al. (1980) observaram um aumento considerável de vitamina C
durante a germinação de ervilhas secas, lentilhas e feijão-fava, após 4 dias de
germinação.
Kylen & McCready (1975) também observaram pequeno aumento no
valor de vitamina C em outras sementes germinadas (alfafa, lentilha, feijão-
mungo e soja), mas, quando comparadas com as sementes não germinadas, o
aumento era considerado.
Quanto aos sais minerais, esses são reconhecidos como essenciais e são
comumente divididos entre macroelementos (cálcio, fósforo, potássio, sódio,
cloro, magnésio e enxofre) e microelementos (ferro, cobre, cobalto, manganês,
zinco, iodo, flúor, molibdênio, selênio, cromo e silício), de acordo com as
quantidades maiores ou menores encontradas no organismo humano (Soares,
2004).
Um grande número de elementos minerais é essencial para a nutrição
humana e de outros mamíferos, desempenhando função específica no
organismo. Podem-se mencionar como exemplos o cálcio e o magnésio, que
atuam na formação dos ossos dentes e tecidos. O potássio, quando associado ao
sódio, regulariza o funcionamento do sistema muscular e os batimentos
cardíacos. O ferro é um componente das moléculas de hemoglobina, mioglobina,
citocromos de alguns sistemas enzimáticos, desempenhando papel essencial no
transporte de oxigênio e na respiração celular (Almeida et al., 2002). Como os
fosfatos, o fósforo participa de várias funções essenciais do corpo. A exemplo
dos fosfolipídios presentes nas membranas celulares, o ácido
desoxirribonucléico (DNA) e o ácido ribonucléico (RNA) são baseados em
fosfatos. Fosfatos se combinam com íons de cálcio para formar hidroxiapatia, a
principal molécula orgânica presente nos dentes e ossos. No entanto, a
disponibilidade de minerais, principalmente o ferro, é afetada pela presença de
tanino e fibras dietéticas (Chiaradia & Gomes, 1997).
23
Outro fator que afeta a diponibilidade de minerais é a presença de ácido
fítico e essa é a forma em que pode ser encontrado o fósforo que, unindo-se com
outros minerais, forma complexos insolúveis, ou seja, faz esses minerais serem
inutilizáveis biologicamente. Em dietas vegetarianas, a maior porção de fósforo
ocorre como fitato. A fermentação é um dos processos que convertem o ácido
fítico em forma solúvel de ortofosfáto (Adsule et al., 1986; Maham & Escott-
Stump, 2003).
Chen et al. (1975) relataram que evidências experimentais mostram que
o ácido fítico tem um efeito negativo sobre a absorção de Ca, Fe, Mg e Zn e
outros elementos traços essenciais, sendo encontrado em sementes secas. Estes
autores concluíram que a germinação pode diminuir ácidos fíticos em sementes,
devido ao aumento da atividade de fitase, aumentando, portanto, a
disponibilidade de certos minerais.
Lestienne et al. (2005), estudando o efeito de embebição de sementes em
água sobre o conteúdo total de zinco e ferro, observaram que o conteúdo de ferro
de Fabaceae foi, geralmente, alto, em torno de 6,6 a 7,3 mg /100g de matéria
seca, quando esses legumes ainda não haviam sido embebidos em água. O
conteúdo de ferro de sementes embebidas foi significativamente (p 0,05) baixo
em relação a sementes não embebidas.
Fordham et al. (1975), estudando a concentração de minerais em
sementes e brotos, de variedades de ervilhas e feijões, descobriram uma boa
fonte de ferro nas sementes e apreciável quantia nos brotos, considerando o
baixo conteúdo de energia. Também observaram alta quantidade de cálcio no
broto de feijão-mungo.
Donangelo et al. (1995), estudando o efeito da germinação sobre o valor
de minerais, ferro, zinco, cobre e manganês, cálcio e fósforo, observaram que a
germinação por 48 horas, na maior parte, não modifica os valores de minerais,
24
exceto com pequeno decréscimo em ferro e cobre. Estes autores afirmam que
isso se deve a perdas na lavagem e na embebição antes da germinação.
O processamento de alimentos, incluindo cozimento e fermentação,
sabidamente não afeta apenas a disponibilidade de ferro, mas também a dos
fatores que atuam como promotores ou antagonistas da absorção de minerais
(Chiaradia & Gomes, 1997).
O consumo adequado de vitaminas e minerais é importante para a
manutenção das diversas funções metabólicas do organismo. Assim, a ingestão
inadequada desses micronutrientes pode, potencialmente, levar a estado de
carência nutricional, sendo conhecidas diversas manifestações patológicas
devido a isso (Velásquez-Meléndez et al., 1997).
2.5 Importância das fibras e sua presença em sementes germinadas
A porção fibra presente em Fabaceae, mais especificamente nos feijões,
tem sua composição em celulose e hemicelulose, com a quantidade variando de
3% a 7%, em feijões secos e cozidos. A variabilidade, nessas quantidades,
ocorre em virtude das definições diferentes e dos métodos de análises de fibras
usados (Geil & Anderson, 1994).
As fibras formam um conjunto de substâncias derivadas de vegetais
resistentes à ação das enzimas digestivas humanas e podem ser classificadas, de
acordo com a solubilidade, em água em fibras solúveis (FS) e fibras insolúveis
(FI). A maior parte das pectinas, gomas e certas hemiceluloses é FS, enquanto
celuloses, algumas pectinas, grande parte das hemiceluloses e ligninas são FI
(Mattos & Martins, 2000). Sementes de Fabaceae contêm mais fibras que
sementes de cereais e são melhores fontes de fibras dietética solúveis
metabolicamente ativas (Reyes-Moreno e Paredez-López, 1993).
25
Segundo Donangelo et al. (1995), o conteúdo de fibras em grãos
germinados de soja aumenta em relação aos não germinados. Vilas Boas et al.
(2002), observando a germinação de sementes de soja e milho por três, quatro,
cinco e seis dias, constataram que a fibra aumentou de acordo com o tempo de
germinação, tanto para sementes de soja como para sementes de milho. Barcelos
et al. (2002) verificaram aumento na porção fibra quando o milho era germinado
por quatro dias e queda no valor de fibras para soja germinada também por
quatro dias.
As propriedades físico-químicas das frações fibras produzem diferentes
efeitos fisiológicos no organismo. As FS são responsáveis pelo aumento da
viscosidade do conteúdo intestinal e pela redução do colesterol plasmático. As
FI aumentam o volume do bolo fecal, reduzem o tempo de trânsito no intestino
grosso e tornam a eliminação fecal mais fácil e rápida. As fibras, quando
consumidas em quantidades adequadas e diariamente, regularizam o
funcionamento intestinal, o que as torna relevantes para o bem-estar das pessoas
e para o tratamento dietético de várias patologias. Além disso, o seu consumo
previne a constipação, beneficia a microbiota intestinal, previne o câncer de
cólon promovendo imunoativação, regula o conteúdo de açúcar no sangue, inibe
a secreção de insulina e glicogênio, previne o diabetes mellitus e a formação de
cálculo biliar, diminui a gordura natural, proporcionando o controle do colesterol
sanguíneo, previne a obesidade, tem efeito hipotensor e inibe absorção de
substâncias prejudiciais (Mattos & Martins, 2000; Almeida et al., 2003; Sousa,
2003b).
26
2.6 Fatores antinutricionais presentes em Fabaceae
2.6.1 Atividade dos inibidores de tripsina
O baixo valor nutritivo de certos grãos comestíveis crus ou
inadequadamente processados, como feijão e ou soja, é, usualmente, atribuído,
além da deficiência de aminoácidos sulfurados, à presença de inúmeros fatores
tóxicos felizmente instáveis ao calor, incluindo inibidores de tripsina e
hemaglutininas (lectinas).
Os principais inibidores de protease presentes em Fabaceae são os de
Kunitz e de Bowman-Birk, a partir, sobretudo, dos trabalhos, hoje clássicos, de
Liener & Kakade (1969) e Wolf & Cowan (1971). A presença dos inibidores
ativos no organismo de várias espécies animais prejudica-lhes o crescimento,
causa-lhes hipertrofia pancreática e síntese de enzimas proteolíticas,
aumentando-lhes o requerimento de aminoácidos sulfurados e determinando
perdas de nitrogênio endógeno, por meio de fezes. A presença das lectinas ou
hemaglutininas (glicoproteínas), em Fabaceae cruas e ou inadequadamente
processadas, quando ingeridas, contribui para reduzir o peso dos animais
experimentais (Gertler et al., 1967; Snyder & Kwon, 1987 e Barcelos, 1998).
Os inibidores das proteases digestivas humanas (tripsina e
quimotripsina) podem interferir na digestibilidade de proteínas da dieta, porém,
estes inibidores, bem como as lectinas, podem ter suas ações eliminadas pelo
aquecimento, melhorando, assim, o valor nutricional de Fabaceae (Chiaradia &
Gomes, 1997).
O cozimento elimina, em larga escala, a atividade antitripsina de
sementes inteiras e cotilédones. O remanescente ou a atividade resistente ao
calor podem ser atribuídos à presença de polifenóis nas partes anatômicas
(Fenandez, 1982).
Carvalho et al. (2002) demonstraram o elevado valor de unidades de
tripsina inibida (UTI) em amostras de soja cruas e, ainda, após aquecimento,
27
enfatizando que o tratamento térmico não elimina totalmente esses inibidores.
Estes autores salientam que o mecanismo de inativação pode ocorrer, portanto,
pela complexação dos inibidores e que, desse modo, com a ação do calor, os
inibidores se ligam a outros componentes do grão e se tornam inativos,
indicando, assim, que essa inativação não deve ter ocorrido apenas pela
desnaturação térmica das moléculas do inibidor. Isso porque, ao serem
submetidos à hidrólise enzimática, apresentam-se novamente ativos, mostrando
que a ação do calor é benéfica na inativação dos inibidores, porém, não os
elimina completamente.
Godbole et al. (1994) observaram aumento na atividade do inibidor de
tripsina, que foi significativo entre 4 e 6 dias de germinação da semente de
guandu. Entretanto, após 8 dias de germinação, a atividade do inibidor de
tripsina foi reduzida a, aproximadamente, 50%, comparada a seis dias de
germinação. Concluíram esses autores que a alteração da atividade do inibidor
de tripsina nos primeiros estágios de germinação pode ter um papel no combate
à invasão de organismos. Em grãos escuros, aproximadamente 86% da atividade
do inibidor de tripsina decresceram, durante as primeiras 48 horas de
germinação, após o que, sofreram um aumento inesperado.
Suberbie et al. (1981), estudando germinação de soja, constataram
diminuição da atividade do inibidor de tripsina, concluindo que essa diminuição
deve-se, possivelmente, ao calor interno gerado pela germinação.
Segundo Sathe et al. (1983), a germinação durante 5 dias diminuiu os
teores de inibidores de tripsina.
Donangelo et al. (1995), estudando o efeito de 48 horas de germinação
sobre a composição química das Fabaceae, feijão-preto e soja, observaram que
esse tempo de germinação reduziu a atividade do inibidor de tripsina em 20%,
para feijão-preto e 25%, para soja.
28
2.6.2 Taninos
Fabaceae apresentam outros componentes antinutricionais, além dos
inibidores de proteases e das lectinas, os quais são os taninos. Tratam-se de
polifenóis que se localizam, principalmente, no tegumento do grão, nas
variedades coloridas (Goycoolea et al., 1990; Liener, 1994)
Os vegetais possuem algumas centenas de compostos fenólicos,
substâncias que apresentam radicais hidroxilados ligados a um anel benzênico e,
por isso, têm caráter ácido, agrupados em diferentes classes, de acordo com sua
estrutura (Chitarra & Chitarra,1990; Mesquita, 2005).
Compostos fenólicos são classificados como ácidos fenólicos e
derivados, taninos e flavonóides. Os flavonóides são subdivididos em
antocianinas, flavonas, flavonóis e substâncias relacionadas (Salunke et al.,
1982). Existem, nas plantas, os taninos hidrolisáveis e os condensáveis, também
referidos como procianidinas (catequinas e ou leucoantocianidinas) (Deshpande
et al., 1986). Os fenólicos são, usualmente, divididos em 3 classes, com base no
número de anéis aromáticos (fenólicos) presentes. Os mais simples
(monoméricos) são monocíclicos, como os fenóis, o catecol, a hidroquinona e o
ácido p-OH-cinâmico. Os dicíclicos (oligoméricos), tais como os flavonóides,
têm 2 anéis fenólicos, enquanto que os remanescentes são policíclicos ou
polifenóis. De acordo com sua estrutura química e concentração, contribuem
para as características de acidez, amargor, coloração e adstringência de frutos e
hortaliças, além de inibirem a atividade de enzimas (Lima, 1997). Eles possuem
a propriedade de formar complexos coloridos com sais de ferro, compostos
insolúveis com sais de chumbo e de sofrer substituição eletrofílica aromática de
acoplamento com sais de diazônio e aldeídos. Os taninos presentes nas Fabaceae
consistem de uma série de fenóis poliméricos que estão envolvidos no baixo
aproveitamento de nutrientes (Bressani, 1993).
29
Acredita-se que os taninos possuem propriedades antimicrobianas,
repelentes a predadores (insentos ou animais), indicando uma possível função
como mecanismo de defesa da planta. Isso depende das propriedades
combinadas de adstringência que rendem, ao tecido da planta, impalatabilidade e
precipitações protéicas, que desnatura proteínas salivares de predadores e inativa
enzimas extracelulares de microrganismos (Scalbert, 1991; citado por Sousa,
2003a).
Os polifenóis podem ser responsáveis pelo endurecimento dos feijões,
por meio de dois mecanismos: por sua polimerização na casca, ou pela
lignificação dos cotilédones, ambos afetando a capacidade de hidratação das
sementes; o primeiro dificultando a penetração de água e o segundo limitando a
capacidade de absorção de água (Moura, 1998).
Rao & Prabhavathi (1982), estudando alimentos consumidos na Índia,
observaram que a maior parte de legumes com casca na semente continha
elevado teor de tanino. Segundo esses autores, caupi [Vigna unguiculata (L)
Walp] possui altas concentrações de tanino e a soja [Glycine max (L) Merril],
entretanto, possui quantias menores. Após decorticação (retirada da casca), foi
detectado muito pouco tanino em cotilédones, indicando que quase todo o tanino
da semente está presente na casca.
Rao & Deosthale (1982), citados por Chiaradia & Gomes (1997),
observaram que a germinação de feijões reduzia ou eliminava o conteúdo de
taninos nas sementes. Os mesmos autores ainda afirmam que a perda de taninos
durante a germinação pode ser atribuída à presença de polifenol oxidases e
hidrólises enzimáticas. Algumas perdas de taninos durante a germinação
também podem ocorrer por causa da lixiviação na água.
Ene-Obong (1995) verificou níveis de antinutricionais em cultivares da
África, entre essas, feijão-guandu [Cajanus cajan (L.) Millsp], concluindo que
30
os antinutricionais, entre eles o tanino, podem ser eliminados ou reduzidos pela
germinação.
Ologhobo & Fetuga (1984) analisaram vários processamentos sobre
antinutrientes, entre estes, germinação sobre conteúdo de tanino, em dez
variedades de caupi (Vigna unguiculata (L) Walpa) cultivadas na Nigéria. Os
resultados confirmaram que a germinação é um tratamento efetivo para a
diminuição do conteúdo de taninos nas sementes.
Taninos e proteínas podem interagir, formando complexos insolúveis e
solúveis, sendo os primeiros favorecidos pelo pH próximo do ponto isoelétrico
da proteína e pelo excesso de ácido tânico. A intensidade de ligações entre
taninos e proteínas depende de vários fatores. Esta interação poderá ocorrer tanto
com as proteínas dos alimentos quanto com as enzimas do trato gastrintestinal.
A ligação com polifenóis pode tornar as proteínas menos susceptíveis à hidrólise
enzimática no trato digestivo, aumentando o nitrogênio fecal e diminuindo a
digestibilidade da proteína (Chiaradia & Gomes, 1997).
2.6.3 Nitratos
Os nitratos (NO
-
3
) e nitritos (NO
-
2
) encontram-se naturalmente
distribuído no meio ambiente (solo, água, vegetais), em decorrência do ciclo do
nitrogênio. Os nitritos originam-se, principalmente, da ação das bactérias
nitrificantes sobre o nitrato. A proliferação dessas bactérias é favorecida pela má
conservação após o cozimento, pelo armazenamento em condições de
temperatura e umidade inadequadas e pela interrupção da baixa temperatura nos
produtos congelados. A redução do nitrato a nitrito pode ocorrer tanto em
hortaliças frescas como nas submetidas ao processo de cocção (Corrêa, 2000).
O íon nitrato é a base conjugada do ácido nítrico. O ácido nítrico é um
ácido forte (pka= 1,37), o qual se dissocia em água, dando íon nitrato e íon
31
hidroxônio. Sais de nitrato são solúveis, exceto os de mercúrio e bismuto. O íon
nitrito é a base conjugada do ácido nitroso, um ácido fraco (pka 3,37). Os sais de
nitrito são solúveis, exceto o nitrito de prata. O nitrito, em alimentos,
normalmente, corresponde a, aproximadamente, 1% da concentração de nitrato
(Wobeto, 2003). O nitrito ingerido em excesso pode agir sobre a hemoglobina e
originar a meta-hemoglobinemia, impedindo que ela exerça a função normal de
transportar oxigênio. A reação do íon nitrito com aminas e amidas presentes no
meio pode dar origem a nitrosaminas e nitrosamidas, substâncias consideradas
carcinogênicas mutagênicas e teratogênicas. O nitrato é absorvido do solo pelas
plantas e reduzido a nitrito por enzimas produzidas por microrganismos
(micrococcus) cuja proliferação é favorecida por manuseio e processamento
inadequado dos alimentos. As condições ácidas do estômago também promovem
a redução do nitrato a nitrito, favorecendo igualmente a meta-hemoglobinemia
(Melo Filho et al., 2004).
Leifert, citado por Faquin (2004), sugere que a relação entre níveis de
nitrato e câncer gastrintestinal é conflitante e que morte por este tipo de câncer
ocorre em menor proporção em pessoas vegetarianas do que em pessoas não
vegetarianas.
Para ser metabolizado pela planta, o nitrato absorvido pelas raízes deve
ser, necessariamente, reduzido para amônio. Essa redução, na maioria das
plantas, ocorre nas folhas em duas etapas: a primeira no citoplasma, onde o
nitrato passa a nitrito (medida pela enzima redutase do nitrato com agente
redutor NADH), a segunda nos cloroplastos, onde o nitrito passa a amônio
(medido pela redutase do nitrito com agente redutor ferredoxina) e, assim,
incorporado a compostos orgânicos, formando diversos compostos nitrogenados
da planta (Faquin 2004).
Segundo Mídio & Martins (2000), não são estabelecidas tolerâncias ou
limites máximos permitidos para nitratos e nitritos naturalmente presentes nos
32
alimentos de origem vegetal. Mas, a ingestão diária de nitrato e nitritos
considerada aceitável (sem riscos à saúde) pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), é de 5 mg de nitrato/kg de peso corporal e 0,4mg de nitrito/kg de peso
corporal.
33
3 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido no Departamento de Ciência dos Alimentos
(DCA) e no Departamento de Agricultura (DAG) da Universidade Federal de
Lavras (UFLA).
Sementes de Fabaceae das espécies Vigna radiata (L.) R. Wilczek
(mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper (mungo-preto) e Cajanus cajan (L.)
Millsp (guandu-anão), provenientes da Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegocios (APTA) - Pólo Regional Centro Sul de Piracicaba, SP, safra
dezembro 2004/março2005, foram germinadas para a obtenção de brotos de
Fabaceae.
3.1 Seleção e caracterização das sementes
As sementes de Fabaceae das espécies Vigna radiata (L.) R. Wilczek,
Vigna mungo (L.) Hepper e Cajanus cajan (L.) Millsp foram selecionadas
visualmente retirando-se sementes com fungos, paus pedras, sementes
murchas, sementes trincadas, em fim, tudo o que pudesse atrapalhar a
germinação. Registrou-se o peso de 100 sementes das três espécies estudadas
registradas em gramas e, em seguida, contou-se o total de sementes presentes
em cada cem gramas de sementes pesadas.
Para caracterizção dos materiais foi feito teste de germinação no
Laboratório de Sementes do DAG/UFLA segundo Brasil (1992), com quatro
repetições de 50 sementes, em germinador tipo Mangelsdorf, regulado a 25°C.
A semeadura foi efetuada em papel germipel umedecido com 2,5 vezes seu
peso em água destilada, em sistema de rolo para as três espécies. A primeira
34
contagem foi efetuada aos 4 dias e a segunda contagem aos 7 dias, para as
espécies Vigna radiata (L.) R. Wilczek e Vigna mungo (L.) Hepper. Para a
espécie Cajanus cajan (L.) Millsp, a segunda contagem foi aos 10 dias.
Em seguida, as amostras das três espécies estudadas foram separadas em
54 parcelas iguais (100g cada parcela) e devidamente acondicionadas em
embalagens de polietileno, identificadas e armazenadas sobre refrigeração (à
temperatura de ± 4-5°C) até o momento de sua utilização.
O fluxograma geral do trabalho, envolvendo três espécies de Fabaceae,
Vigna radiata (L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper
(mungo-preto), e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão), pode ser visto na
Figura 2.
35
Seleção visual de sementes
Sementes Brotos
(dias)
Teste de germinação 2 3 4 5 6
FIGURA 2 Fluxograma representativo dos procedimentos gerais do trabalho.
Mungo-verde Guandu-anão Mungo-preto
Análises: físicas peso de 100 sementes, nº de sementes por
100g, peso de brotos e comprimento de brotos
químicas composição centesimal, alguns minerais
(P, K, Ca, Fe, e Na), vitamina C, nitrato e tanino.
bioquímica atividade do inibidor de tripsina
36
3.2 Obtenção dos brotos de Fabaceae
Realizou-se a seleção visual de sementes. Em pré-testes de germinação
foi verificada a presença de dormência nas sementes de mungo-preto dos lotes
utilizados. Dessa forma, as sementes foram submetidas ao tratamento de
quebra de dormência, que se constitui na sua escarificação mecânica com lixa
n° 1. Foram efetuados, posteriormente, sanitização por imersão em solução de
hipoclorito de sódio a 300 ppm por 10 minutos e lavagem com excesso de
água, embebição por 10 horas em água potável à temperatura ambiente e, em
seguida, germinação na ausência de luz (25ºC) por 2, 3, 4, 5 e 6 dias. Durante o
período de germinação, água foi borrifada sobre as amostras, três vezes ao dia.
As sementes foram germinadas em câmara de germinação, modelo
MA- 401, marca Marconi, série 9311904, dimensões A- 915 x L-600 x P-
550mm, com circulação de ar, umidade relativa 100% e controlador de
temperatura variando de 20°C a 50°C. Utilizaram-se recipientes esterilizados,
de polietileno, com furos na parte inferior para drenagem da água. O material
germinado por 2, 3, 4, 5 e 6 dias foi, no final do período, imediatamente
congelado e liofilizado ou seco em estufa a 65ºC. Sementes não germinadas
serviram como controle.
O fluxograma dos principais passos para a obtenção dos brotos das três
espécies de Fabaceae, Vigna radiata (L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna
mungo (L.) Hepper (mungo-preto), e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão),
encontram-se na Figura 3.
37
FIGURA 3 Passos para a obtenção dos brotos de Fabaceae
Guandu-anão Mungo-verde Mungo-preto
Seleção visual das sementes
Pesagem: 3 porções(100g) por espécie
Quebra de dormência
com escarifição
mecânica em lixa nº1
Lavagem, sanitização com NaOCl (300ppm) 10min, e nova lavagem
Embebição de sementes em água (temperatura ambiente por 10h)
Condução p/ câmara de germinação ( 2, 3, 4, 5, 6, dias) ± 25°C a 99%
UR
Drenagem da água de embebição
Colheita dos brotos a cada período de germinação programado
38
3.3 Peso, rendimento e comprimento de brotos
O peso de brotos foi determinado segundo metodologia de Hsu et al.
(1980), pela pesagem direta de brotos obtidos de 100g de sementes e o
rendimento obtido pela comparação do peso dos brotos com o peso das
sementes. Aleatoriamente, 10% de brotos foram selecionados de cada
tratamento, para medir o comprimento total do broto em centímetros (cm),
considerando o início da raiz até o folíolo.
3.4 Composição centesimal
A determinação da umidade das sementes das três espécies de Fabaceae
e seus respectivos brotos foi realizada em estufa a 105ºC, tendo quantidade
conhecida de amostra sido seca até peso constante e a umidade sido obtida por
diferença de peso (AOAC, 1995).
A proteína foi determinada pelo método de micro-Kjedahl, conforme
procedimentos da AOAC (1995). Após digestão da amostra com sulfato de
cobre, sulfato de potássio e ácido sulfúrico, procedeu-se à destilação e, em
seguida, à titulação, com a solução de ácido clorídrico. Os resultados foram
expressos em g/100g de matéria seca (MS), empregando-se 6,25 como fator de
conversão de nitrogênio em proteína.
A fibra foi determinada pelo método gravimétrico, após a hidrólise
ácida, segundo metodologia descrita por Van de Kamer & Van Ginkel (1952).
O extrato etéreo (material lipídico) foi determinado pela extração das
amostras com éter etílico, usando aparelho de Soxhlet e os resultados foram
expressos em g/100g MS (AOAC, 1995).
Os resíduos minerais fixos (cinzas) foram determinados pelo método
gravimétrico, pela incineração das amostras até que o material (cinzas) se
mostrasse claro ou ligeiramente acinzentado, usando aquecimento a 550ºC,
39
conforme método do Instituto Adolfo Lutz (1985). Os resultados foram
expressos em g/100g matéria seca.
O extrato não nitrogenado (ENN) foi calculado por diferença: ENN =
100 - (umidade + proteína + fibra + extrato etéreo + cinzas).
3.5 Minerais
As determinações de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), ferro (Fe), e
sódio (Na) da semente e dos brotos, de cada período de germinação estudado,
foram realizadas segundo Sarruge & Haag (1974) e Malavolta et al. (1989). Os
extratos das amostras foram obtidos por digestão nitroperclórica; P foi
determinado por colorimetria (AOAC, 1995); Ca e Fe por espectrofotometria de
absorção atômica e K por fotometria de chama. O resultado foi expresso em
mg/100g de matéria seca.
3.6 Vitamina C
Determinou-se o teor de vitamina C total das sementes e dos brotos de
cada período de germinação estudado, pelo método colorimétrico de Roe e
Kuether, descrito por Strohecker & Henning (1967). Extraiu-se o ácido
ascórbico das amostras com ácido oxálico 0,5g/100mL e Kiesselgur, em
agitação. Após filtração, dosou-se a vitamina C no extrato, utilizando-se o ácido
ascórbico como padrão.
3.7 Atividade do inibidor de tripsina
A atividade do inibidor de tripsina foi determinada, na semente e nos
brotos (germinados por 2, 3, 4, 5 e 6 dias), segundo técnica descrita por Kakade
40
et al. (1969) e Kakade et al. (1974). As amostras foram extraídas com solução de
NaOH 0,01N, em agitação magnética. Após agitação, uma alíquota do
sobrenadante foi usada no ensaio enzimático, empregando-se o benzoil-DL-
arginina-p nitroanilida (BapNA) como substrato e a enzima tripsina. A leitura da
mistura foi feita a 410 nm. A atividade do inibidor de tripsina foi expressa em
termos de unidade de tripsina inibida (UTI)/mg de matéria seca.
3.8 Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos foram extraídos das sementes e dos brotos de
cada período de germinação estudado, segundo a técnica de Deshpande et al.
(1986). Foram feitas três extrações sucessivas com metanol 50%. A
determinação foi feita pelo método de Fólin Denis, descrito pela AOAC (1995) e
os resultados expressos em mg de ácido tânico/100g de matéria seca.
3.9 Nitrato
O nitrato foi extraído nas sementes e nos brotos, conforme metodologia
descrita por Cataldo et al. (1975), a 45ºC, com água deionizada. Na dosagem,
um complexo é formado pela nitração do ácido salicílico sob condições
altamente ácidas, o qual pode ser lido a 410 nm soluções básicas (pH maior que
12). A absorbância do material é diretamente proporcional à quantidade de
nitrato presente, sem a ocorrência da interferência de íons amônio, nitrito ou
cloro. Empregou-se, como padrã,o o KNO
3
e os resultados foram expressos em
mg de nitrato/100g de MS.
41
3.10 Análises estatísticas
O experimento constou de dois modelos experimentais. Foi utilizado o
delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial em três
espécies e seis épocas de geminação (18 tratamentos) e três repetições,
totalizando 54 parcelas. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste
de Tukey, a 5% de significância. As análises de variância e testes de médias
foram realizadas segundo técnicas usuais do software Sisvar (Ferreira, 2000).
Modelo estatístico 1: Y
ijk
= µ + γ
k
+ α
i
+ β
j
+ αβ
ij
+ e
ijk
Y
ijk
= valor da parcela que recebe a espécie i, época j no bloco k.
µ = constante geral
γ
k
= efeito do bloco k (k= 1,...,3)
α
i
= efeito do fator espécie i (i= 1,....,3)
β
j
=efeito do fator época j (j = 1,....,6)
αβ
ij
= efeito da interação entre a espécie i com a época j
e
ijk
= erro experimental
Modelo estatístico 2 : Y
ijk
= µ + α
i
+ e
ij
Y
ijk
= valor observado na parcela que recebe a espécie i
µ = constante geral
α
i
= efeito do tratamento espécie i (i = 1,...3,)
eij = erro experimental
42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Teste de germinação, peso de 100 sementes e número de sementes por
100 gramas
Os valores médios da percentagem de germinação, peso de 100 (cem)
sementes e número de sementes em cada cem gramas de sementes, de três
espécies e de Fabaceae estudadas, encontram-se na Tabela 1.
TABELA 1 Porcentagens de germinação, peso de 100 sementes (g) e número de
sementes por 100g, de três espécies de Fabaceae Vigna
radiata(L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper
(mungo-preto), e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão).
Fabaceae
Germinação
(%)
Peso de 100
sementes (g)
Número de
sementes por 100g
Mungo-verde 89,00 7,25 1381
Mungo-preto 63,50
5,33 1886
Guandu-anão 79,50 7,04
1421
43
Observa-se, pela Tabela 1, que o percentual de germinação das sementes
estudadas variou de 63,5% a 89%. O percentual de germinação do mungo-preto,
de 63,5%, foi devido à problema de dormência na semente. As sementes
adequadas para a produção de brotos devem possuir boa porcentagem de
germinação e um bom vigor, bem como estar isentas de qualquer produto
químico (Duque et al., 1987).
Hsu et al. (1980), estudando efeito do enxágüe e da solução de cloro
sobre porcentagem de germinação de sementes, constataram valores variando
em torno de 83,3% de germinação das sementes de ervilha (solução de cloro a
200ppm somente para enxágue) a 94% de germinação (solução de cloro de 200
ppm para embeber a semente e enxágüe em água de torneira).
Considerando que as sementes no presente estudo são orgânicas, ou seja,
não possuem nenhum tipo de tratamento químico e nem sofreram nenhum tipo
de tratamento antes do teste de germinação (como quebra de dormência, no caso
do mungo-preto), o valor de mungo-preto (63,5% de germinação) não pode ser
considerado baixo, nem do guandu-anão (79% de germinação). O valor de 89%
de germinação para o mungo-verde se encontra dentro da faixa estudada por Hsu
(1980).
Vilas Boas et al. (2002), estudando tempo de germinação e
características químicas, físicas e sensoriais em brotos de soja e milho em
formas isoladas e combinadas, verificaram porcentagem de brotamento
(germinação) nos tempos de germinação estudados e encontraram valores de
73% de germinação para soja, aos 3 dias de germinação, um aumento no quarto
dia para 88% de germinação, queda no quinto dia, para 84% e continuou
diminuindo até 82% de germinação para a soja, aos 6 dias de germinação. Para o
milho, observaram valores em torno de 98,67% de germinação no terceiro dia de
germinação, 93,33% no quarto e quinto dias e, finalmente, no sexto dia, 94,67%
de germinação.
44
Ambrosano (2003), estudando cultivares de feijão-mungo da espécie
Vigna radiata (L.) R. Wilczek, verificou que a média de germinação foi em
torno de 86,41%. Valor semelhante ao observado neste presente estudo.
Quanto ao peso de 100 sementes, em ordem crescente, é fácil observar
que a semente da espécie mungo-preto apresentou o menor peso (5,32g/100
sementes), seguida pela do guandu-anão (7,06g/100 sementes) e, em seguida, o
mungo-verde (7,25g/100 sementes), indicando diferenças no tamanho das
sementes de mungo-preto em relação às de mungo-verde e de guandu-anão.
Lin & Alves (2002), estudando o comportamento de linhagens de feijão
mungo [Vigna radiata (L) R. Wilczek], em Santa Catarina, observaram valores
no peso de 100 sementes em torno de 3,38g (linhagem ML267) a 7,64g
(linhagem VC4386), no primeiro experimento; no segundo experimento, valores
de 3,30g (linhagem ML267) a 7,64g (linhagem VC4386) e, no terceiro
experimento, valores variando de 4,45g (linhagem VC4503) a 6,38g (linhagem
VC3541).
Ambrosano (2003) observou, em 12 cultivares de feijão-mungo, a média
do peso de 100 sementes em torno de 5,4g, semelhante aos resultados
apresentados neste estudo.
Duque et al. (1987), estudando 21 cultivares de feijão mungo-verde
[Vigna radiata (L) R. Wilczek], em Itaguaí, RJ, verificaram que o peso de 100
sementes variou em torno de 2,90g (cultivar V2272) a 7,3g (cultivar V3726).
Esses resultados são semelhantes aos encontrados neste estudo.
Vieira & Nishihara (1992), estudando o comportamento de cultivares de
feijão-mungo, em Viçosa, MG, verificaram, em três ensaios, valores para peso
de 100 sementes em torno de 3,7g (cultivar KY1380) a 6,4g (cultivar KY2184 e
VC3920), no primeiro ensaio; 4,2g (cultivar KY 2273) a 6,7g (cultivar KY2184)
no segundo ensaio e 3,0g (cultivar V2984) a 5,8g (cultivar KY2184) no terceiro
ensaio, valores inferiores aos do presente estudo.
45
Vieira et al. (2003), estudando o cultivo de feijão mungo-verde (Vigna
radiata), observaram peso de 100 sementes em torno de 3,5g (cultivar Ouro
Verde) a 6,5g (cultivar VC3902).
Barcelos (1998), estudando características da soja em cinco estádios de
maturação (estádios de colheitas), verificou peso de 100 sementes em matéria
seca variando de 7,07g (primeiro período de colheita) a 16,37g (último dia de
colheita). Em comparação com o estudo presente, pode-se observar que o peso
de sementes de soja é maior em relação ao peso das sementes de mungo-verde,
que apresentou média de peso em torno de 7,25g; mungo-preto com valor de
5,32g e guandu-anão com 7,06g. Esta mesma autora verificou também o peso de
100 sementes, do guandu IAC Fava Larga em matéria seca e apresentou valores
em torno de 7,53g no primeiro período de colheita a 12,48g para último período
de colheita.
Essa elevada diferença de peso entre diferentes variedades mostra o
quanto é importante o tamanho da semente para a obtenção de brotos com
melhor aceitação. Sementes maiores produzem brotos maiores e vice-versa,
estes últimos com aparência mais aceitável.
Vale salientar que a variedade de guandu utilizada no presente trabalho é
diferente (variedade de tamanho reduzido), em termos de tamanho, da variedade
estudada por Barcelos (IAC-Fava Larga) (1998).
Singh et al. (1989) verificaram, para sementes de guandu (não anão),
peso de 100 sementes em torno de 11g e, para sementes de mungo-preto, valores
em torno de 4,5g, em média.
Para o número de sementes por 100 gramas, nota-se que as espécies
variaram, aproximadamente, de 1.381 sementes por 100 g a 1.886 sementes por
100g.
46
Ambrosano (2003), estudando 12 cultivares de feijão-mungo da espécie
Vigna radiata (L.) R.Wilczek, verificou média do número de sementes por 100
gramas, em torno de 1.923 sementes.
4.2 Comprimento, peso e rendimento de brotos
Os valores médios do comprimento de brotos por 2, 3, 4, 5, e 6 dias
(brotos) de três espécies de estudadas encontram-se na Tabela 2
TABELA 2 Comprimento médio de brotos com 2, 3, 4, 5 e 6 dias de
germinação de três espécies de Fabaceae, Vigna radiata(L.) R.
Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper (mungo-
preto), e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão).
Comprimentos dos brotos (cm)
Tempos (dias) de germinação (brotos)
Fabaceae
2 3 4 5 6
Mungo-verde 2,20
a
4,50
a
4,70
a
6,20
a
13,80
b
Mungo-preto 3,17
a
4,10
a
5,87
a
7,10
a
17,20
a
Guandu-anão 2,00
a
4,10
a
6,03
a
7,17
a
8,17
c
Amostra comercial (moyashi)
Vigna radiata (L.) R. Wilczek
9,87
C.V.% 11,02
C.V = coeficiente de variação
Médias seguidas de mesma letra nas colunas são estatisticamente iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de
significância.
47
Os comprimentos dos brotos identificados na Tabela 2 mostram que,
entre as espécies, não se detectaram consideradas alterações, exceto no período
que compreendeu o sexto dia de germinação, quando guandu-anão apresentou a
menor média (8,17 cm) e o mungo-preto obteve a maior média (17,20 cm).
A análise de regressão do comprimento de brotos por 2, 3, 4, 5, e 6 dias
das três espécies de Fabacea estudadas encontra-se na Figura 4.
0
2
4
6
8
10
12
14
23456
Épocas de germinação (dias)
Comprimento de broto (cm
)
guandu (ga) mungo preto (mp) mungo verde (mv)
FIGURA 4 Comprimento de brotos das três espécies estudadas, a cada dia de
germinação.
y
mv
= -0,6660 + 1,5400x r
2
= 0,9726
y
mp
= -4,9400 + 3,1066x r
2
= 0,7584
y
ga
= -3,6800 +2,4900x r
2
= 0,7861
48
Os comprimentos dos brotos aumentaram progressivamente durante os
seis dias de germinação, salientando que, no sexto dia, os brotos de mungo-
preto e mungo-verde cresceram mais, em relação ao broto de guandu-anão. Tal
diferença deve-se, provavelmente, aos diferentes gêneros utilizados neste
estudo.
Hsu et al. (1980) estudaram comportamento de ervilhas germinadas e
mediram o tamanho de hipocótilos das plântulas com quatro dias de
germinação. Estes autores observaram valores variando em torno de 4,43cm
(lavagem manual com solução de cloro a 200ppm) a 5,84cm (somente
enxaguadas com água de torneira para posterior germinação). Neste estudo,
foram medidos os brotos de mungo-verde, mungo-preto e guandu-anão em toda
a sua porção (raiz até folíolo), registrando valores, aos quatro dias, variando de
4,70cm (mungo-verde) a 6,03cm (guandu-anão) e que, segundo a estatística,
não se diferenciaram (p>0,05).
Com o processo de germinação de sementes é interessante observar a
ocorrência de mudanças, inicialmente com a protusão da radícula, que é dita raiz
primária, o aparecimento do hipocótilo e de cotilédones e de outras partes dentro
de determinado período de tempo, transformando-a em brotos, ditos hortaliças
não convencionais (Yuyama, 1997).
O processo de germinação de sementes inicia-se com o rompimento do
seu tegumento, evidenciando, primeiramente, a radícula. Sob condições ideais
para a germinação, ou seja, umidade suficiente, oxigênio e temperatura
controlada (e neste estudo foram minuciosamente controlados os referidos
parâmetros), nota-se rápido crescimento do eixo embrionário hipocótilo-
radícula. Para o gênero Vigna (mungo-verde e mungo-preto), na germinação
caracterizada como epígea, observa-se considerado crescimento do hipocótilo
abaixo dos cotilédones da planta e rápido crescimento do epicótilo acima dos
49
cotilédones ocorre no gênero Cajanus (guandu-anão), cuja germinação é
denominada hipógea.
Vilas Boas et al. (2002), estudando média do comprimento de brotos de
soja e milho, observaram valores para a soja variando em torno de 4,30cm (3
dias de germinação) a 9,80cm (6 dias de germinação) e, para milho, a variação
de 3,74cm (3 dias de germinação) a 12,47cm (6 dias de germinação) de
germinação. Nota-se que a variação na semente de milho, durante o processo de
germinação, foi maior que a da soja e estes valores, quando comparados com os
do presente estudo, em que mungo-verde variou de 4,50cm (3 dias de
germinação) a 13,80cm (6 dias de germinação), mungo-preto variou de 4,10cm
(3 dias de germinação) a 17,20cm (6 dias de germinação) e guandu-anão variou
de 4,10 cm (3 dias de germinação) a 8,17cm (6 dias de germinação), fica claro
que, no terceiro dia, os dois estudos seriam bem semelhantes se as porções que
foram medidas fossem de igual tamanho. Isso porque, no presente trabalho, foi
considerada toda a porção da plântula (raiz até folíolo) e Vilas Boas et al. (2002)
consideraram a porção sem raiz. Por isso, no sexto dia de germinação, valores
de comprimento das amostras seriam menores se fosse desconsiderada a raiz
para o tamanho dos brotos, como foi feito por Vilas Boas et al. (2002).
Os valores do peso médio de sementes das três espécies de Fabaceae
utilizadas neste estudo e seus respectivos brotos, durante o período de
germinação, encontram-se na Tabela 3.
50
TABELA 3 Peso médio de brotos por 2, 3, 4, 5 e 6 dias de três espécies de
Fabaceae, Vigna radiata(L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna
mungo (L.) Hepper (mungo-preto), e Cajanus cajan (L.) Millsp
(guandu-anão), com relação às sementes.
Peso médio (gramas) de brotos obtidos de 100g de
sementes, nos períodos de germinação estudados
Tempo de germinação (dias) dos brotos
Fabaceae 2 3 4 5 6
Mungo-verde 257,06
a
295,55
a
357,51
a
437,75
b
486,15
b
Mungo-preto 253,16
a
297,55
a
366,55
a
509,49
a
617,70
a
Guandu-anão 257,22
a
294,01
a
319,43
a
335,68
c
356,25
c
C.V.% 9,85
C.V.=coeficiente de variação
médias seguidas de mesma letra nas colunas são estatisticamente iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de
significância
Os dados da Tabela 3 mostram que, no decorrer da germinação (início e
fim considerado neste estudo), de 2 a 6 dias, o peso dos brotos do mungo-verde
aumentou em torno de 1,9 vez. Por sua vez, o peso dos brotos do mungo-preto
aumentou em torno de 2,5 vezes e, para o guandu-anão, 1,4 vez, o que, em
ordem decrescente de rendimento dos brotos, resulta em: mungo-preto, mungo-
verde e guandu-anão. Salienta-se que as sementes de mungo-preto são de
tamanho mais reduzido que as demais, apresentam maior número de brotos e,
conseqüentemente, maior peso de brotos, aos seis dias de gemrinação.
A análise de regressão para o parâmetro peso de brotos por 2, 3, 4, 5, e 6
dias de três espécies de Fabaceae utilizadas neste trabalho encontra-se na Figura
5 e mostrou diferença significativa entre as espécies.
51
FIGURA 5 Peso (g) de brotos obtidos de 100g de sementes a cada dia de
germinação estudado.
O peso de brotos nos diferentes dias de germinação mostra diferenças
significativas, indicando grande rendimento de brotos, por parte das sementes,
nas espécies estudadas, destacando-se o mungo-preto.
Assim como o comprimento do broto, o peso também foi aumentando, a
cada dia de germinação.
É interessante observar (Figura 5) que, no sexto dia de germinação, o
mungo-preto ainda tende a aumentar de peso. Para o mungo-verde, isso acontece
de forma mais branda e o guandu, por sua vez, tende a se estabilizar já no sexto
dia.
y
mv
= 109,5176 + 63,8460x r2 = 0,9928
y
mp
= 107,9805 + 45,9446x + 6,4185x2 r2 = 0,9896
y
ga
= 104,4650 + 85,2562x – 7,4369x2 r2 = 0,9917
50
250
450
650
850
234567
germinação (dias)
mungo verde (mv) mungo preto (mp) guandu anão (ga)
Peso (gramas) de brotos obtidos
de 100g de sementes
52
Vilas Boas et al. (2002) observaram, em seu trabalho com soja e milho,
valor de peso de broto variando, para a soja, em torno de 0,54g (3 dias de
germinação), 0,61g (4 dias de germinação), 0,71g (5 dias de germinação) e
0,81g (6 dias de germinação)e, para o milho, em torno de 0,54 (3 dias de
germinação), 0,62g (4 dias de germinação), 0,64g (5dias de germinação) e 0,84g
(6 dias de germinação).
Os valores médios do rendimento de sementes, de três espécies de
Fabaceae Vigna radiata (L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.)
Hepper (mungo-preto) e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão) utilizadas
neste estudo e seus respectivos brotos, durante o período de germinação,
encontram-se na Tabela 4.
TABELA 4 Rendimento médio de sementes:brotos (peso fresco) verificado ao
longo da germinação (2 a 6 dias), de três espécies de Fabaceae,
Vigna radiata(L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.)
Hepper (mungo-preto) e Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão).
Rendimento semente: broto (peso fresco em gramas)
Germinação (dias) Mungo-verde Mungo-preto Guandu-anão
2 1:2,6 1:2,5 1:2,6
3 1:30 1:3,0 1:3,0
4 1:3,6 1:3,7 1:3,2
5 1:4,4 1:5,1 1:3,4
6 1:4,9 1:6,2 1:3,6
53
Observando-se a Tabela 4 pode-se deduzir que o tempo de germinação
de 6 dias apresentou rendimento mais elevado, quando comparado aos demais
dias de germinação estudados, para as três espécies, tendo sido, em ordem
decrescente de rendimento (peso sementes:peso broto): mungo-preto (1:6,2),
mungo-verde (1:4,9) e guandu-anão (1:3,6).
Em termos práticos, pode-se dizer que, para a espécie Vigna mungo (L.)
Hepper (mungo-preto) 1kg de semente germinada fornecerá, em média, 6,2kg de
brotos; para a espécie Vigna radiata (L.) R. Wilczek (mungo-verde), 4,9kg e,
para Cajanus cajan (L.) Millsp (guandu-anão), 1kg de semente fornecerá 3,6 kg
de brotos, em seis dias de germinação.
Ambrosano et al. (2003), trabalhando com 12 cultivares de feijão-mungo
(Vigna radiata), encontraram o rendimento (semente:broto) variando de 1:6
(cultivar M-148) a 1:9,4 (cultivar M-22). Esta variação no rendimento mostrou-
se bem acima do rendimento semente:broto encontrado neste trabalho (Tabela
4). Estes autores relataram que o rendimento semente:broto é alto, podendo-se
produzir, com 1kg de semente, de 5 a 12 kg de brotos. Esse rendimento depende
da espécie utilizada e do tempo de germinação.
A água utilizada no processo de germinação é o constituinte que mais
contribui para a elevação do peso dos brotos, não devendo ser escassa ou em
excesso. A germinação proporciona uma modificação na estrutura física da
matéria-prima em questão, ou seja, sementes rígidas (grãos) são transformadas
em brotos, os quais são inseridos no grupo das hortaliças, conforme Yuyama
(1997). Frente a essa mudança (da forma de grão para a forma de broto), muda-
se também a maneira como esse alimento deve ser consumido, podendo ser de
forma individualizada ou juntamente com outros vegetais, como saladas,
necessitando de tempo bem mais reduzido para a cocção.
54
Vieira et al. (2001) relata que brotos de mungo, após 4 a 5 dias de
germinação, apresentam rendimento em torno de 1:4 a 1:8 peso semente:peso
broto.
Adsule et al. (1986) citam que 1kg de sementes secas produzem,
aproximadamente, de 6 a 8 kg de brotos
Fordham et al. (1975) observaram a composição nutricional de sementes
e respectivos brotos germinados por um período de 4 a 6 dias, estipulando
condições para a germinação de sementes, como tempo de embebição, meio de
embebição, tempo de brotação e lavagem. Estes autores observaram que, para o
mungo-verde, com tempo de 6 horas de embebição em água, por 3 e 4 dias de
germinação sem nenhuma lavagem, o percentual de rendimento foi de 80%.
Quando se considera o rendimento do presente trabalho, nota-se, aos 3 e 4 dias
de germinação, baixo rendimento em relação ao trabalho de Fordham et al.
(1975).
Conforme Kylen & McCready (1975) e Duque et al. (1987), os brotos
devem ser consumidos frescos, não sendo conveniente armazená-los por muito
tempo. Eles podem ser consumidos crus e ou cozidos, em forma de salada ou
levemente refogado, para que se aproveitem ao máximo as vitaminas, as
enzimas e os sais minerais neles contidos.
O processo de germinação consiste em fazer germinar os grãos sob
condições controladas, de modo a obterem-se as plântulas sem tegumento da
casca aderente e sem pigmentos, garantindo, assim, sabor e consistência
característicos e agradáveis. Deve-se ter o cuidado com o seu consumo na forma
crua, devido a substâncias antinutricionais termolábeis que devem ser
consideradas.
Os grãos de Fabaceae e seus respectivos brotos, com seis dias de
germinação, estão ilustrados na Figura 6.
55
A B C
FIGURA 6: Ilustração dos grãos (parte superior) e respectivos brotos (parte inferior) das três espécies estudadas, A Vigna
radiata (L.) R.. Wilczek (mungo-verde), B Vigna mungo (L.) Hepper (mungo-preto) e C Cajanus cajan (L.)
Millsp (guandu-anão).
56
4.3 Composição centesimal
Os valores médios da composição química das sementes das três
espécies de Fabaceae estudadas e dos respectivos brotos, por 2, 3, 4, 5, e 6 dias,
encontram-se na Tabela 5.
57
TABELA 5 Composição química média das sementes e respectivos brotos, por 2, 3, 4, 5 e 6 dias, de três espécies de Fabaceae
estudadas, Vigna radiata(L.) R. Wilczek (mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper (mungo-preto) e Cajanus cajan
(L.) Millsp (guandu-anão) e de amostra comercial Vigna radiata (L.) R. Wilczek (moyashi), em matéria seca (MS) (%)
e matéria integral (MI) (%).
Teores médios dos constituintes químicos
Tempo de germinação (dias) de brotos
Semente não germinada 2
3
4
5
6
Broto de feijão comercial
(moyashi) V radiata (L.) R.
Wilczek
C.V.%
Componentes
químicos
Fabaceae
MS MI MS MI MS MI MS MI MS MI MS MI MS MI
Mv 29,22
a
26,92 29,88
a
8,18 30,61
a
7,39 35,57
a
5,71 36,70
a
5,32 40,18
a
3,64
Mp 25,26
b
22,95 27,90
b
7,62 28,31
b
6,90 29,06
b
4,91 31,82
b
3,48 39,08
a
3,29
Ga 22,54
c
19,26 24,41
c
7,64 24,49
c
6,65 28,84
b
6,30 32,68
b
6,37 36,70
b
6,55
2,00
Proteína
g/100g
com 36,74 1,54
Mv 0,60
c
0,55 1,33
a
0,36 1,48
a
0,36 1,69
a
0,27 1,72
a
0,25 2,23
a
0,20
Mp 0,92
b
0,84 1,22
b
0,33 1,42
a
0,35 1,46
b
0,25 1,50
b
0,16 1,57
b
0,13
Ga 1,44
a
1,23 1,48
a
0,46 1,49
a
0,40 1,66
a
0,36 1,73
a
0,34 2,33
a
0,42
5,78
Lipídeo
g/100g
com 2,67 0,11
Mv 2,42ª 2,23 2,73ª 0,75 2,84
b
0,69 3,37ª 0,54 3,46ª 0,50 4,18ª 0,38
Mp 2,22
b
2,02 2,88
b
0,79 3,26ª 0,79 3,32ª 0,56 3,51ª 0,38 3,65
b
0,31
Ga 2,44ª 2,08 2,60
c
0,81 3,33ª 0,90 3,36ª 0,73 3,52ª 0,69 3,70
b
0,66
1,72
Cinza
g/100g
com 6,2 0,25
Mv 4,84
b
4,46 13,79
ab
3,78 13,98
a
3,38 16,74
b
2,69 20,93
a
3,03 21,54
a
1,95
Mp 5,68
b
5,16 13,54
b
3,70 13,95
a
3,40 17,99
a
3,04 19,45
b
2,13 20,08
b
1,69
Ga 8,89
a
7,60 14,53
a
4,54 14,85
a
4,03 15,37
c
3,36 18,12
c
3,53 20,59
ab
3,68
3,21
Fibra
g/100g
com 18,75 0,7
Mv 62,92
b
57,96 52,26
c
14,31 51,09
b
12,34 42,64
c
6,84 37,19
c
5,39 32,00
c
2,90
Mp 65,92
a
59,89 54,46
b
14,87 53,06
b
12,93 48,17
b
8,14 43,73
b
4,78 35,66
b
3,00
Ga 64,69
ab
55,27 56,98
a
17,60 55,83
a
15,16 50,77
a
11,10 43,95
a
8,57 38,38
a
6,85
2,06
ENN
g/100g
com 35,65 1,54
Mv 7,88
b
72,61
a
75,85
a
83,96
a
85,51
b
90,93
a
-
Mp 9,14
b
72,69
a
75,64
a
83,10
a
89,06
a
91,57
a
Ga 14,56
a
68,72
b
72,84
b
78,14
b
80,51
c
82,15
b
-
1,96
Umidade
g/100g
com 95,77-
mv= mungo-verde. mp= mungo-preto. ga= guandu-anão; com = comercial (moyashi); MS= matéria seca; MI= matéria integral, C.V = coeficiente de variação.
ENN=extrato não nitrogenado (fração glicídica), obtido por diferença
médias seguidas de mesma letra nas colunas, dentro de cada componente químico, são iguais estatisticamente, pelo teste de Tukey, a 5% de de significancia.
58
Verificou-se, com o processo de germinação das sementes, uma
interessante mudança física, pois as Fabaceae, inicialmente com aparência de
grão, apresentam-se já, mesmo nos dois primeiros dias e ao longo do processo
germinativo predeterminado, um aspecto característico inicial de brotos.
Essa mudança física de semente para forma de broto, conseqüentemente,
promove alterações na composição química do material e mudanças na textura,
sendo necessário mudar o processo de armazenamento e de cozimento para o
consumo humano.
Do ponto de vista do produtor de brotos de Fabaceae, observa-se que,
provavelmente, este visará produto de maior peso, pois, terá valor mais elevado
quando for comercializado, e, sob o aspecto nutricional protéico ou de outros
componentes químicos, observa-se que, quanto aos teores de proteína, o broto
com 6 dias de germinação apresenta, na matéria seca, 40,18% de proteínas
(mungo-verde), 39,08% de proteína (mungo-preto) e 36,70% de proteína
(guandu-anão), respectivamente (Tabela 5). Este estádio (6 dias) foi o que
apresentou maior teor de proteína, quando comparado aos demais estádios de
germinação. Porém, as vitaminas e os minerais são nutrientes cuja presença é
mais relevante em hortaliças e, neste estudo, foram determinados os teores de
vitamina C e dos minerais fósforo, cálcio, sódio, potássio e ferro. Deve-se
destacar que, à medida que os dias de germinação foram aumentando, os teores
de vitamina C aumentaram
Os valores médios (%) dos constituintes químicos presentes nos grãos
das Fabaceae das três espécies em estudo (Tabela 5) apresentaram-se diferentes
(p 0,05), em ordem decrescente, os teores protéicos foram de 29,22%, para o
mungo-verde (MS), 25,26% para mungo-preto (MS) e de 22,54% para o
guandu-anão (MS)
59
As espécies guandu-anão e mungo-verde apresentaram teores de cinza
em torno de 2,4% (p> 0,05), enquanto que, para o mungo-preto, foi de 2,2%,
teores estes muito semelhantes.
O teor de fibras do grão do guandu-anão foi elevado (p0,05) em
relação às demais espécies estudadas.
Os teores de lipídios apresentaram-se diferentes, nas três espécies
(p0,05).
Os valores do ENN (representativo da fração glicídica) dos grãos foram
(Tabela 5) de 65,92% (mungo-preto), 64,69% (guandu-anão), e 62,92% (mungo-
verde).
Os brotos obtidos após a germinação, em períodos de 2, 3, 4, 5, 6, dias,
apresentaram teores crescentes (MS) de quase todos os nutrientes, tendo apenas
o extrato não nitrogenado, representante da fração glicídica, decrescido com a
germinação (Tabela 5).
Provavelmente, a germinação ao longo dos seis dias proporcionou a
transformação de carboidratos em proteínas específicas, lipídios e fibras, pois os
referidos constituintes químicos têm em comum cadeias básicas de carbono.
Conforme Duque et al. (1987), na germinação, há um processo de metabolismo
intenso que transforma as substâncias de reserva das sementes em compostos
mais simples, prontamente utilizáveis pela plântula como aminoácidos, açúcares,
enzimas e vitaminas, tornando-a de fácil digestibilidade para o homem.
É interessante observar que o total de cinzas (sais minerais) foi
aumentando com o processo de germinação. Provavelmente, a composição da
água utilizada não só no processo de embebição dos grãos (fase inicial de
germinação), bem como na água borrifada, durante todo o processo de
germinação tenha contribuído para esta elevação.
60
A análise de regressão de umidade de sementes e brotos com 2, 3, 4, 5, e
6 dias de germinação de três espécies de Fabaceae estudadas encontra-se na
tabela 7.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de umidade (%)
guandu anão (ga) mungo preto (mp) mungo verde (mv)
FIGURA 7. Relação entre dias de germinação e valores de umidade de grãos de
Fabaceae e respectivos brotos.
y
mv
= 8,1769 + 51,0161x - 11,9251x² + 0,9559x³ r²= 0,9950
y
mp
= 9,5706 + 48,2962x - 10,8752x² + 0,8559x³ r²= 0,9923
y
g
a
= 14,8098 +41,9315x - 9,3890x² + 0,7146x³ r²= 0,9962
61
O conteúdo de umidade dos brotos cresce progressivamente com o
tempo de germinação. A umidade das amostras das três cultivares estudadas
aumenta com o tempo de germinação, sendo interessante observar que a
elevação é mais brusca no início do processo, na transformação da forma de grão
para os brotos, depois se mantém quase que constante e, então, sobe no sexto dia
de germinação.
Brígida (2002), analisando teores de umidade em feijão-comum,
observou 13,6% de umidade, valor bem alto quando comparado com o gênero
mungo (7,88% para o mungo-verde e 9,14% para guandu-anão) e semelhante ao
gênero Cajanus (14,56%).
Kylen & McCready (1975), estudando nutrientes em sementes e brotos
(três dias) de alfafa, lentilha e feijão-mungo, observaram 10,1% de umidade nas
sementes e de 86% a 91% de umidade para brotos de feijão.
Vieira & Nishihara (1992) encontrou, para feijão-mungo, 10,4% de
umidade, o que corresponde aos valores encontrados neste estudo.
Fordham et al. (1975) encontraram 10,6% de umidade para sementes de
mungo, valor este muito semelhante ao encontrado neste trabalho. Para umidade
nos brotos (4-6 dias), encontraram 91,5%.
Sales et al. (1980) encontraram, para grãos de guandu, umidade de
11,2%, valor este baixo quando comparado com os deste estudo. Mas, vale
lembrar que a umidade depende muito da época de colheita das sementes, por
isso, a umidade pode variar de espécie para espécie.
Abdulan & Baldwin (1984) encontraram, para o mungo, 9,3% de
umidade para o grão e 79,3% para o broto (3 dias), valores bem parecidos aos do
presente trabalho.
A análise de regressão de proteína de brotos por 2, 3, 4, 5, e 6 dias das
espécies de Fabaceae estudadas neste trabalho encontra-se na Figura 8.
62
15
25
35
45
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de proteína (%)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 8 Relação entre dias de germinação e valores de proteína de sementes
de Fabaceae e brotos.
O teor de proteína foi se elevando nos estádios de germinação. O
mungo-verde apresentou os teores de proteína mais elevados e, no guandu-anão,
os mais baixos, a não ser no quinto dia, quando o mugo-preto apresentou uma
queda no valor de proteína.
Teixeira (1986), estudando espécies de Fabaceae como fonte alternativa
de proteína vegetal para alimentação, encontrou valor de proteína médio em
torno de 22% em grãos de Cajanus caján (L.) Millsp (guandu), valor muito
semelhante ao encontrado neste trabalho, que foi de 22,54% de proteína para o
guandu-anão. Para amostra de Vigna spp, Teixeira (1986) encontrou valor médio
de proteína em torno de 24% na matéria seca.
Kakade & Evans (1966), estudando efeito da embebição e germinação
sobre o valor nutritivo de feijão, observaram que o valor de proteína diminui
com a embebição, decrescendo de 23,6% de proteína (nenhum dia de
embebição) até 20% ( 4 dias de embebição) e aumentando, com a germinação,
y
mv
=29,0071 - 0,1054x + 0,3359x² r2 = 0,9591
y
mp
= r2 = 25,9388 - 0,7235x + 0,4473 r²= 0,9189
y
g
a
= 22,6081 - 0,3614x + 0,4582x² r²=0,9857
63
no período de 1 dia (24,88% de proteína) a 4 dias de germinação (26,31% de
proteína). Caso semelhante ao deste estudo, em que a proteína foi aumentando
com o período de germinação.
Fordham et al. (1975) observaram que o feijão-mungo tinha 26,95% de
proteína na matéria seca e que, quando a semente era germinada por 3 a 4 dias,
esse valor aumentava (31,76%) em comparação com a semente. Portanto, da
semente para os brotos na matéria seca, pode-se observar com clareza o aumento
no valor de proteína.
Considerando o presente trabalho, com três e quatro dias, na matéria
seca, pode-se notar esse aumento no valor de proteína, tanto para o mungo-verde
(29,22% na semente a 35,57%, com 4 dias de germinação), quanto para mungo-
preto (25,26% na semente a 29,06%, com 4 dias de germinação) e guandu-anão
(22,54% na semente a 28,84%, com 4 dias de germinação). Segundo Fordham et
al. (1975), estes estudos mostram que a seleção de variedades de sementes para
brotação pode ser uma rica fonte de nutrientes. As concentrações de proteínas e
algumas vitaminas e minerais são aumentadas, podendo marcar uma
considerável contribuição para a dieta humana, quando se considera a alta
relação nutriente/energia em sementes brotadas.
Kylen & McCready (1975), estudando nutrientes em sementes e brotos
com três dias de germinação, verificaram que a proteína aumentava nesse
período. Estes autores verificaram valores de proteína com base em matéria
seca, sendo o da semente do mungo de 25,47% e do broto, com três dias de
germinação, de 30,49%. Esses valores são semelhantes aos do presente trabalho,
em que o valor de proteína na mesma espécie também aumenta com três dias de
germinação (mungo-verde 30,61% de proteína) em relação à semente (mungo-
verde 29,22% de proteína).
Hsu et al. (1980) observaram, para brotos de feijão de espécies
diferentes das deste estudo, valores de proteína semelhantes aos encontrados no
64
presente estudo, que foram aumentando com o tempo de germinação por 4 dias.
Na semente de ervilha, encontraram 25,3% de proteína na matéria seca; com um
dia de germinação 25,8% de proteína; com dois dias de germinação, o valor não
se alterou (25,8% de proteína); com três dias de germinação, 26,7% e, no quarto
dia de germinação, 26,4% de proteína na matéria seca. Em lentilhas, os valores,
seguindo a mesma ordem, foram de 26,7%, 27,1%, 27,7%, 28,0% e 28,9% de
proteína, respectivamente, para sementesem germinar e, com um, dois, três e
quatro dias de germinação. Para feijão fava, encontrraram valores de 29,7%,
30,8%, 30,5%, 30,4% e 31,1% de proteína também, respectivamente, para a
semente sem germinar e, com um, dois, três e quatro dias de geminação. É
importante observar que os valores de proteína do presente trabalho, no quarto
dia de germinação, são próximos aos encontrados por Hsu et al. (1980).
Donangelo et al. (1995) verificaram aumento no conteúdo de proteína,
após 48 horas de germinação, trabalhando com três espécies de Fabaceae, sendo
de 38,1%para a semente e 38,4% nos brotos em L albus cv. Multolupa; 41,1%
de proteína na semente e 45,6% de proteína no broto em soja e 20,7% de
proteína na semente para 21,2% de proteína no broto em feijão-preto.
Bordingnon et al. (1995) constataram aumento do conteúdo de proteína
com base em matéria seca das três cultivares de soja estudadas em relação ao
controle, após 72 horas de germinação (Santa Rosa = 15,17%, FT-2 = 12,65% e
Davis = 8,69%). Estes autores relatam que esse aumento ocorre graças ao
decréscimo de outros compostos durante a geminação.
Mostafa & Rahma (1987) também verificaram aumento do conteúdo de
proteína em sementes de soja durante o processo de germinação por 6 dias,
atribuindo-o à oxidação e ao consumo de outras classes no processo de
germinação.
65
Khalil (2006) cita que o aumento de proteína com o processo de
germinação deve-se ao fato de os carboidratos diminuírem durante essse
período, pela utilização destes, pela germinação, como fonte de energia.
Chavan & Kadam (1989), estudando melhoramento nutricional de
cereais por brotação, verificaram que a proteína também aumentava com a
germinação e discutiram que o fato deve-se à perda de matéria seca,
particularmente carboidratos, por meio da respiração durante a germinação.
Citam, ainda, que altas temperaturas de germinação por longos períodos levam,
em média, a grandes perdas de matéria seca e a maiores aumentos de proteína.
A análise de regressão de fração lipídica de grãos e brotos por 2, 3, 4, 5
e 6 dias de germinação, das três espécies de Fabaceae estudadas, encontra-se na
Figura 9.
66
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0123456
Épocas de germinação (dias)
Fração Lipídica (%)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 9 Relação entre dias de germinação e valores de extrato etéreo de
sementes de Fabaceae e seus respectivos brotos.
A fração lipídica das três espécies de Fabaceae se eleva durante a
germinação; para o guandu, mantém-se praticamente igual à do broto até o
terceiro dia de germinação, então, após o quê, eleva-se. O mungo-preto cresce
até o terceiro dia, permanecendo igual no quarto dia e, então, aumenta um pouco
no quinto dia, seguindo até o sexto dia também praticamente igual. O que se
modificou mais em termos de aumento de fração lipídica foi o mungo-verde,
pois era a espécie que possuía menor quantidade dessa variável e, no final, ao
sexto dia, quase ultrapassou o teor de lipídeo do guandu.
Apesar dessa variável (teor lipídico) ter se elevado ao longo do processo
de germinação, quando se refere ao conteúdo de lipídeo na matéria integral, o
Y
ga
= 1,4788 – 0,1229x+ +0,0414x
2
r
2
= 0,9158
y
mp
=
0,9642 + 0,1055x r
2
= 0,9172
y
mv
= 0,6946 + 0,2438x
r
2
= 0,9469
67
teor lipídico é baixo, devido ao elevado valor de umidade que se instala no
broto, forma (broto integral e não em matéria seca) em que será consumido.
Teixeira (1986) encontrou valores de fração lipídica muito semelhantes
aos do presente trabalho, para os gêneros Vigna (1,4% de lipídios) e para
Cajanus (1,36% de lipídios).
Fordham et al. (1975) encontraram valor de lipídios para grão de mungo
em torno de 2,4% de lipídios e 0,1% nos brotos.
Barcelos (1998), estudando grãos de guandu maiores que os do presente
trabalho, relatou teor médio de lipídios de 1,64% no último período de colheita
analisado (grãos na maturação de colheita).
Para fração lipídica de sementes e brotos germinados por três dias de
feijão-mungo, Kylen & McCready (1975) observaram valores de lipídios em
torno de 1,26% na semente e de 0,03% nos brotos (na matéria seca).
Mostafa & Rahma (1997), estudando mudanças químicas e nutricionais
em soja durante germinação, observaram que mudanças significativas no
conteúdo de óleo ocorrem graças ao processo de germinação durante os quatro
primeiro dias. Leves decréscimos de 5,37% de óleo e 7,69%, respectivamente,
foram verificados no quinto e no sexto dia de germinação. Relatam os autores
que os decréscimos são atribuídos ao fato de a germinação utilizar o óleo como
fonte de energia e ou síntese de certas estruturas constituintes em plântulas
jovens. No entanto, Vilas Boas et al. (2002) observaram uma queda de lipídios
em grãos de milho até o quinto dia de germinação e, em seguida, um aumento no
sexto dia. Para sementes de soja, observaram queda da fração lipídica com o
processo de germinação (18,85% com três dias de germinação a 10% de lipídios
no sexto dia de germinação), com pequeno aumento, no quinto dia, de 15% de
lipídios.
Donangelo et al. (1995), estudando o efeito de germinação, por 48 horas,
de legumes em composição química, verificaram aumento dos lipídios para os
68
três legumes estudados (Lupinus allbus cv. Multolupa variou de 7,4% de lipídios
nas sementes para 7,6% de lipídios nos brotos na matéria seca; Glycine max (L.)
Merril (soja) variou de 21,1% de lipídios nas sementes a 22,4% de lipídios nos
brotos e Phaseolus vulgaris variou de 1,4% de lipídios na sementes e 1,8% de
lipídios no brotos).
Bates et al. (1977), estudando soja em maturidade jovem, de colheita e
brotos por 4 dias de germinação, verificaram que, germinados, aumentaram
valores de lipídios em relação aos grãos verdes e no ponto de colheita, tendo a
variação sido em torno de 20,5% para grãos verdes, 21,0% no ponto de colheita
e 22,3% para brotos.
A análise de regressão de cinza de brotos por 2, 3, 4, 5, e 6 dias de
germinação das três espécies de Fabacea estudadas encontra-se na Figura 10.
69
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de cinza (%
)
guandu-ao (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 10 Relação entre dias de germinação e valores de cinza de sementes
de Fabaceae e respectivos brotos.
O teor de cinzas cresce significativamente, por todo o período de
germinação, e quase não se percebe diferença entre as espécies (Figura 8)
Singh et al. (1984), estudando qualidade nutricional de feijão-guandu,
verificaram valor médio da semente em torno de 6,57% de cinza, valor este alto
quando comparado ao deste estudo, que apresentou valor médio de 2,44% de
cinza na mesma semente.
Kylen & McCready (1975) observaram valores de cinza de 3,7% no
grão de mungo-verde e, quando o grão era germinado por três dias, o valor tinha
uma queda para 4,26% de cinza. Portanto, fica demonstrado que houve aumento
durante o processo de germinação, sendo igual ao do presente trabalho (Tabela
5).
Fordham et al. (1975) observaram, para a semente de mungo, valores de
cinza em torno de 3,47% na semente e 9,4% de cinza no broto, no período de 4
y
ga =
2,4050 + 0,2256x r²=0,8980
y
mp
= 2,3561 + 0,2351x r²= 0,9442
y
mv
= 2,2404 + 0,2778x r²= 0,9016
70
dias de germinação na matéria seca, confirmando ter havido aumento, assim
como no presente trabalho.
Sales et al. (1980), trabalhando com feijão-guandu, observaram valor de
cinza no grão em torno de 2,68% na matéria seca. Comparado ao trabalho em
questão, o valor é alto (Tabela 5).
Donangelo et al. (1995), trabalhando com três espécies de Fabaceae, por
48 horas de germinação com base na matéria seca, também verificaram aumento
do teor de cinza durante o processo de germinação para dois deles. Em L. albus
cv. Multolupa, a variação foi de 3,5 % de cinza na semente e 3,6% de cinza no
geminado; para feijão, foi de 4,2% de cinza na semente e 4,6% de cinza no
germinado e só em soja houve pequena queda, com variação de 5,4% de cinza
na semente e 4,8% de cinza no germinado.
A análise de regressão de fibra de sementes e brotos de 2, 3, 4, 5 e 6 dias
de germinação de três espécies de Fabaceae estudadas encontra-se na Figura 11
71
0
5
10
15
20
25
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de fibra (%)
guandu-ao (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 11
Relação entre dias de germinação e valores de fibra de sementes e
respectivos brotos.
Pode-se notar, com o processo de germinação dos grãos, que os valores
da variável fibra cruzaram-se em relação aos dois gêneros em estudo. Os dos
feijões-mungo (Vigna radiata, Vigna mungo) se elevaram constantemente, até
ultrapassarem o teor de fibra do guandu (Cajanus cajan), que se elevou até o
terceiro dia de germinação, sendo maior que o mungo e, depois, apresentou uma
queda ao quarto dia de germinação.
Kylen & McCready (1975) observaram queda nos valores de fibra
sendo, 5,45% na semente de feijão-mungo com base em matéria seca e, para o
broto com três dias de germinação, 4,2% de fibra. Estes valores são contrários ao
do presente trabalho, em que foi observado aumento considerável de fibras
(Tabela 5).
y
ga
= 9,4759 + 1,7740x r² = 0,9443
y
mp
= 7,0679 + 2,4140x r² = 0,9172
y
mv
= 6,1147 + 2,7569x r² = 0,9519
72
Barcelos (1998), estudando composição química do feijão-guandu, cru e
enlatado, em cinco dias de colheita, observou valores de fibra, para o guandu
cru, variando em torno de 7,86% a 8,51%, bem mais baixos quando comparados
com os deste trabalho, de 8,89% de fibra na matéria seca da semente e 20,59%
de matéria seca, no sexto dia de germinação.
A análise de regressão de fração glicídica de sementes e brotos de 2, 3,
4, 5 e 6 dias de germinação de três espécies de Fabacea estudadas encontra-se na
Figura 12.
20
30
40
50
60
70
80
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de ENN (%)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 12 Relação entre dias de germinação e valores de fração glicídica de
sementes de Fabaceae estudadas e respectivos brotos.
y
ga
= 66,1671 - 4,3198x r²= 0,9629
y
mp
= 65,8701 - 4,7112x r²= 0,9759
y
mv
= 63,5938 - 5,1731x r²= 0,9824
73
A fração glicídica é de 64,9% para o feijão-mungo e de 64,0% para
guandu, segundo Chiradia & Gomes (1997).
Sales et al. (1980), estudando valor nutricional e organoléptico de grãos
de guandu, constataram 64,19% de carboidratos totais na matéria integral, o que,
comparado ao da presente pesquisa, é bem semelhante (64,69% de carboidratos).
Hamilton & Vanderstoep (1979), estudando a germinação e a
composição de nutriente de alfafa, verificaram que o valor em carboidratos totais
com base em matéria seca diminuiu nos brotos produzidos por três dias, em
relação à semente. Os valores na semente de alfafa foram, em média, de 53,41%
de carboidratos e, no broto, foram de 11,84% de carboidratos.
Comparando-se os resultados com da presente pesquisa, o mesmo
ocorreu com as sementes de mungo-verde, mungo-preto e guandu-anão (Tabela
5).
Donangelo et al. (1995) observaram aumento do conteúdo de
carboidratos durante o processo de germinação por dois dias, para a espécie L
albus cv. Multolupa, de 46,9% de carboidratos na semente para 49,2% no broto.
Mas, para feijão-preto e soja, estes autores verificaram queda desses
carboidratos, para soja, de 24,8% de carboidratos na semente e 20,6% no broto
e, em feijão-preto, 65% de carboidratos na semente e 63% de carboidratos no
broto.
Miranda & El-Dash (1998), estudando farinha de trigo integral controle
(sem germinar) e de trigo germinado por 48 horas, 72 horas e 96 horas,
encontraram composição em carboidratos de 86,47%, 85,66%, 85,55% e
85,46%, respectivamente, seguindo a mesma tendência dos dados deste trabalho.
74
4.4 Minerais e vitamina C
Os valores médios dos minerais, potássio e sódio das sementes de três
espécies de Fabaceae, estudadas e seus respectivos brotos encontram-se na
Tabela 6.
TABELA 6 Valores médios (% na matéria seca) de minerais, sódio e potássio
das sementes de Fabaceae e seus respectivos brotos, nas três
espécies estudadas.
Minerais (mg/100g)
Espécies de Fabaceae
Potássio Sódio
Mungo-verde
Mungo-preto
Guandu-anão
1314,44
b
1223,33
c
1464,17
a
17,03
b
22,27
a
15,56
b
C.V.% 5,17 13,93
C.V = coeficiente de variação
Médias seguidas de mesma letra nas colunas são estatisticamente iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de
significância.
75
Pelo fato de não terem sido detectadas diferenças significativas entre a
interação espécies de feijões versus época de germinação, mas somente
diferença significativa entre as espécies estudadas Vigna radiata (L.) R.Wilczek
(mungo-verde), Vigna mungo (L.) Hepper (mungo-preto) e Cajanus cajan (L.)
Millsp (guandu-anão), foram colocados, na Tabela 6, apenas os valores médios
gerais destes dois micronutrientes (K e Na). Entre as espécies, a que possui
maior quantidade de potássio é o guandu e a menor, o mungo-preto. O inverso
foi observado para os teores de sódio, tendo o mungo-preto apresentado maior
porcentagem e o guandu foi igual ao mungo-verde, estatisticamente.
Assim como as espécies, as épocas de germinação também mostraram
diferença significativa, como pode ser mostrado na análise de regressão para
valores de potássio. O resultado está apresentado na Figura 13
.
76
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de potássio (mg/100g)
y = 1309,5833 - 99,1984x +23,6706x²
r² = 0,9107
FIGURA 13 Relação entre dias de germinação e valores de potássio de
sementes e brotos das espécies estudadas.
Como pode ser visto na análise de regressão, uma queda a partir das
sementes não germinadas aconteceu até o segundo dia de germinação; em
seguida, houve aumento progressivo até o último dia de germinação.
Os valores de potássio para os grãos de mungo se encontram dentro do
observado por Prabhavat (1991), que verificou média de 850 a 1450 mg/100g.
Os brotos de feijão, a partir do terceiro dia, vão aumentando, superando os
valores dos grãos.
Abdullah & Baudwin (1984), estudando minerais e vitaminas em broto
de soja e mungo, verificaram aumento de potássio para a cultivar de soja
77
SP75051, quando na forma de broto (1.842 mg de potássio/100g) em relação à
semente (1.801 mg/100g). Mas, para a outra cultivar de soja, ‘Jaeraejong 320-7’,
o potássio diminui com a germinação (1.756 mg de potássio/100g na semente e
1.705 mg de potássio/100g no broto) e o mesmo foi observado para a amostra de
mungo (1.296 mg/100g na semente a 1.268 mg de potássio/100g no broto). Estes
autores citam que o conteúdo de minerais dos brotos foi, sem dúvida,
influenciado pelo conteúdo mineral da água usada para embeber as sementes,
neste caso, a de torneira. O mesmo ocorreu no presente trabalho em que os
valores de minerais foram aumentando.
Chen et al. (1975) observaram, para variedades de sementes germinadas
de ervilhas, valores de potássio variando de 392,7 a 550, 0 mg/100g e, para
sementes de variedades de feijões, valores em torno de 408,2 a 426,8 mg de
potássio /100g. Estes valores estão bem baixos, se comparados aos do presente
trabalho, que foram da ordem de 1.223,33mg de potássio/100g no mungo-preto
(média semente e broto), a 1.464,17mg de potássio/100g no guandu-anão
(semente e broto).
Lee & Kurananithy (1990) verificaram que, para amostras de Vigna
radiata spp., os valores de potássio diminuíram da semente para o primeiro dia
de germinação (11.825 µg/g a 11.370 µg/g) e, em seguida, no terceiro e quinto
dias, tiveram seus valores aumentados (11.960 µg/g no terceiro dia e 13.305
µg/g no quinto dia).
A análise de regressão da fração sódio de sementes e brotos de 2, 3, 4, 5,
e 6 dias de germinação de três espécies de Fabaceae estudadas, na matéria seca,
encontra-se na Figura 14.
78
0
5
10
15
20
25
30
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de sódio (mg/100g
)
y= 6,192918 + 5,159833x - 0,3402x²
r² = 0,9813
FIGURA 14 Relação entre dias de germinação e valores de sódio de sementes
de Fabaceae e respectivos brotos.
O teor de sódio, neste estudo, aumentou constantemente, com pequena
queda ao quinto dia. Prabhavat, citado por Vieira & Nishihara (1992), observou
valores bem maiores de sódio em feijão mungo, em torno de 30 a 170 mg.
Chen et al. (1975) verificaram valores, para variedades de sementes de
ervilha em torno de 67,9mg/100g a 145,5 mg de sódio /100g e, para sementes de
variedades de feijões, valores variando de 152,5 a 152,9 mg de sódio /100g.
Esses valores são bem mais altos em relação ao trabalho especificado em que a
variação foi de 15,56 mg/100g (guandu-anão semente broto) a 22,27 mg de
sódio/l00g (mungo-preto semente e broto).
Abdullah & Baldwin (1984), trabalhando com duas cultivares de soja e
uma de mungo e respectivos brotos, com três dias de germinação, verificaram
aumento dos valores de sódio da semente para o broto (primeira cultivar de soja
79
0,5 de sódio mg/100g na semente para 37,8 mg de sódio/100g no broto e soja
segunda cultivar 0,6mg de sódio/100g, na semente a 41,4 mg de sódio/100, no
broto). O mesmo ocorreu nas amostras de mungo, em que a semente tinha 0,5mg
de sódio/100g na semente e, quando germinada, passou a ter 48,6 mg sódio/100g
Os valores médios de minerais, fósforo, cálcio e ferro, e vitamina C, das
sementes de três espécies de Fabaceae e dos respectivos brotos de 2, 3, 4, 5 e 6
dias de germinação na matéria seca, encontram-se na Tabela 7.
TABELA 7 Valores médios de minerais, fósforo, cálcio, ferro e vitamina C das
sementes e brotos com 2, 3, 4, 5 e 6 dias de germinação, das três
espécies diferentes estudadas. Os valores dos nutrientes estão
apresentados em matéria seca.
Teores médios dos constituintes químicos (matéria seca)
Tempo de germinação (dias) dos brotos
C.V.%
Minerais
e
Vitamina C
Fabaceae
(sementes)0 2 3 4 5 6
Fósforo
1
Mv 466,67
a
406,62
a
443,33
a
476,00
a
513,33
a
590,00
a
4,60
mg/100g Mp 350,00
b
343,33
b
383,33
b
420,00
b
465,00
b
510,00
b
Ga 353,33
b
353,33
b
370,00
b
380,00
c
383,33
c
383,33
c
Cálcio
1
Mv 121,67
a
111,67
a
108,00
ab
116,67
ab
130,00
a
140,00
a
7,97
mg/100g Mp 105,17
ab
105,00
a
98,33
b
97,67
b
123,00
a
141,67
a
Ga 100,00
b
123,33
a
126,67
a
131,67
a
135,00
a
140,00
a
Ferro
1
Mv 4,45
b
4,35
b
4,53
b
4,82
b
5,36
b
5,58
b
4,19
mg/100g Mp 6,66
a
6,26
a
6,42
a
6,49
a
6,84
a
7,17
a
Ga 3,91
c
4,17
b
4,37
b
4,69
b
4,86
c
5,64
b
Vit C
1
Mv 6,10
c
17,40
b
25,79
ab
27,45
a
27,81
b
30,38
b
6,36
mg/100g Mp 14,74
a
21,83
a
23,85
b
24,37
b
25,83
b
27,59
b
Ga 10,27
b
23,41
a
26,98
a
28,32
a
34,43
a
37,41
a
mv= mungo-verde; mp= mungo-preto; ga= guandu-anão, C.V.= coeficiente de variação
médias seguidas de mesma letra nas colunas, dentro de cada componente químico, são estatisticamente
iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
80
A média de fósforo variou em torno de 343,33 a 590 mg/100g, sendo as
espécies mungo-preto e guandu iguais estatisticamente, até o terceiro dia de
germinação e inferiores ao mungo-verde. Para cálcio, obteveram-se valores
variando entre 97,67 a 141,67 mg/100g e, para ferro, variaram de 3,91 a
7,17mg/100g. Quando se observam os valores de vitamina C, constata-se que
nenhuma espécie foi igual nas sementes.
A análise de regressão de fósforo de sementes e brotos com 2, 3, 4, 5 e 6
dias de geminação de três espécies de Fabaceae encontra-se na Figura 15.
200
300
400
500
600
700
0123456
tempos de germinação (dias)
Teores de fósforo (mg/100g)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 15 Relação entre dias de germinação e valores de fósforo de grãos de
Fabaceae não germinadas e germinadas.
y
ga
= 349,1700 + 6,6700x r² = 0.8956
y
mp
= 345,6300 - 5,6400x + 5,6700x² r² = 0.9850
y
mv
= 462,4500 - 40,1100x + 10,2600 x² r² = 0.9753
81
Os teores de fósforo se elevaram por todo o processo de germinação.
Mungo-verde apresentou uma queda no segundo dia de germinação e retomou
no quarto dia. Vilela (1983) observou 395 mg de fósforo/100g para a semente de
guandu, semelhante ao deste estudo, de 350mg de fósforo/100g (semente de
mungo-preto) a 466,67mg de fósforo/100g (semente de mungo-verde).
Prabhavat (1991) apresentou valores de fósforo em sementes de mungo
em torno de 280-580mg/100g, os quais são próximos aos apresentados neste
trabalho, para a semente de feijão-mungo.
Chen et al. (1975) verificaram valores médios de fósforo para variedades
de ervilhas germinadas por 3 a 4 dias em torno de 133,7 a 161,7 mg/100g de
amostra e, para variedades de feijões também germinados por 3 a 4 dias,
verificou valores em torno de 137,2 a 137,9 mg/100g de amostra.
Quando se comparam os valores do presente trabalho, com três dias de
germinação (370,0 mg de fósforo/100g do guandu-anão a 443,33 mg de
fósforo/100g do mungo-verde) e quatro dias de germinação (380,0 mg/100g
guandu anão a 476,0 mg/100g mungo-verde), com os valores de fósforo de Chen
et al. (1975), nota-se que os deste trabalho são bem mais elevados.
Abdullah & Baldwin (1984), estudando conteúdo de minerais e
vitaminas em sementes de soja e mungo e respectivos brotos, por 3 dias de
germinação, verificaram que os níveis de fósforo em cultivares de soja foram
altos (soja primeira cultivar: 716mg de fósforo/100g da semente e 766mg de
fósforo/100g do broto; soja segunda cultivar: 704mg de fósforo/100g da semente
e 778mg de fósforo/100g do broto) em relação ao mungo (443mg de
fósforo/100g da semente e 515mg de fósforo/100g do broto).
É interessante notar que o valor de fósforo com três dias de germinação,
para o mungo-verde, foi igual ao valor de fósforo da semente de mungo no
estudo realizado por Abdullah & Baldwin (1984). Os teores de fósforo
82
aumentaram da semente para o broto, tanto neste trabalho (Tabela 7) quanto no
trabalho de Abdullah & Baldwin (1984).
Donangelo et al. (1995) verificaram, para as sementes da espécie Lalbus
cv. Multolupa, valores de fósforo em torno de 2,90 mg/g de semente e, quando
esta semente era germinada, o valor aumentou para 3,07mg/100g. Para sementes
de soja, eles também observaram aumento do valor de fósforo nos brotos em
relação à semente de soja (4,37 mg de fósforo/g de semente e 4,81 mg de
fósforo/g de broto). Mas, no presente trabalho, com 2 dias de germinação e
transformando-se os dados de acordo com mesmos valores observados por
Donangelo et al. (1995), nota-se uma pequena queda nas amostras mungo-verde,
mungo-preto e nenhuma alteração ocorrida com guandu-anão. Só no terceiro dia
de germinação ocorreu aumento de fósforo nas amostras (Tabela 7).
A análise de regressão de cálcio de sementes e brotos com 2, 3, 4, 5 e 6
dias de germinação das três espécies de Fabaceae (Vigna radiata, Vigna mungo,
e Cajanus cajan), na matéria seca, encontra-se na Figura 16.
83
30
60
90
120
150
0246
Épocas de germinação (dias)
teores de cálcio(mg/100g)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 16 Relação entre dias de germinação e valores de cálcio de sementes
de Fabaceae e respectivos brotos.
No caso do guandu, o teor de cálcio foi se elevando constantemente.
Quanto ao mungo-preto e mungo-verde, houve queda no segundo dia de
germinação, depois, prosseguiu crescendo constantemente durante o estádio
restante. Algo parecido foi observado por Vilela (1983), nas sementes de
guandu, que identificou valores de 100mg de cálcio/100g e por Vieira &
Nishihara (1992, 1988), que observou, para sementes de mungo, valores em
torno de 80 a 330 mg/100g.
Chen et al. (1975) encontraram valores de cálcio em sementes de ervilha
germinadas variando em torno de 56,7 a 163,7 mg/100g e, para amostras de
feijões, 70,6 a 254,9 mg de cálcio/100g.
Neste trabalho, pode-se observar que, aos três dias de germinação, os
valores variaram de 98,33 (mungo-preto) a 126,67mg de cálcio/100g (guandu-
y
ga
= 105,2381 + 6,2619x r²= 0,9218
y
mp
= 107,8472 - 11,2690x + 2,7718x² r²= 0,8796
y
mv
= 121,6746 - 10,3524x + 2,2777x² r²= 0,9657
84
anão) e, no quarto dia, de 97,67 (mungo-preto) a 131,67 mg de cálcio/100g
(guandu-anão). Esses valores são um pouco menores que os observados por
Chen et al. (1975).
Donangelo et al. (1995), estudando efeito da germinação sobre a
composição química de Fabaceae, verificaram que, em sementes da espécie L
albus cv multolupa, o valor de cálcio era de 2,02 mg/g e, no broto, aumentava
para 2,32 mg de cálcio/g. Em soja, os valores na semente foram de 2,50 mg de
cálcio/g e, no broto, 2,80 mg/g, portanto, também com aumento.
De acordo com o presente trabalho, os valores de cálcio também
aumentaram com a germinação. Mas, quando comparam-se os valores com dois
dias de germinação, que foi o período trabalhado por Donangelo et al. (1995),
verifica-se que as amostras de mungo-verde e mungo-preto apresentaram
pequena queda de valores de cálcio no segundo dia de germinação. Somente no
guandu-anão estes valores aumentaram neste período.
Lee & Karunanithy (1990) também verificaram aumento do valor de
cálcio em mungo-verde, sendo, na semente, de 1.230 µg/g; no terceiro dia, o
valor foi de 1.036 µg/g e, no quinto dia, 1.613 µg de cálcio/g.
A análise de regressão de ferro, para sementes e os brotos germinados
por 2, 3, 4, 5 e 6 dias de três espécies de Fabaceae estudadas, encontra-se na
Figura 17.
85
3
5
7
9
0123456
Épocas de germinação (dias)
teores de ferro (mg/100g
)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 17 Relação entre dias de germinação e valores de ferro de grãos de
Fabaceae não germinadas e germinadas.
Os valores de ferro vão se elevando para as três espécies (Figura 15),
tendo, para o mungo-preto e o mungo-verde, sido observada pequena queda ao
segundo dia de germinação. Nas sementes não germinadas e no quinto dia de
germinação, o mungo-verde foi o que apresentou maior teor, quando comparado
ao guandu. A partir do segundo dia de germinação, até o quarto dia, mungo-
verde e guandu não apresentaram diferença significativa. No sexto dia de
germinação, o teor de ferro do guandu aumentou, ficando novamente igual ao
mungo-verde. O mungo-preto foi o que demonstrou maior valor de ferro durante
todo processo de germinação. O valor de ferro na semente de guandu, observado
por Vilela (1983), foi superior ao deste trabalho. Ele encontrou 6,1mg de
ferro/100g de grãos de guandu inteiros, 4,0 mg/100g nos cotilédones e
7,3mg/100g na casca.
y
ga
= 3,9340 + 0,0031x + 0,0447x² r²=0,9712
y
mp
= 6,6447 - 0,2832x + 0,0624x² r²=0,9752
y
mv
= 4,4139 - 0,1103x + 0,0533x² r²=0,9683
86
Chen et al. (1975), estudando sementes germinadas para o consumo
humano, observaram que variedades de ervilha germinadas continham em torno
de 0,6 a 2,7mg de ferro/100g e, para variedades de feijões, encontram valores
em torno de 2,8 a 3,4 mg de ferro/100g.
O presente trabalho apresenta valores de ferro maiores que os
encontrados por Chen et al. (1975). No terceiro dia de germinação, podem-se
observar valores de 4,37 (guandu-anão) a 6,42 mg de ferro /100g (mungo-preto)
e, no quarto dia, de 4,69 (guandu-anão) a 6,49 mg de ferro /100g (mungo-preto).
Abdullan & Baldwin (1984) observaram mudanças no conteúdo de
minerais em relação à germinação de soja (duas cultivares) e de guandu-anão. O
conteúdo de ferro foi reduzindo para ambos, soja, primeira cultivar (de 8,8mg de
ferro/100g na semente para 5,4mg de ferro/100g no broto); soja, segunda
cultivar (de 9,2mg de ferro/100g na semente para 5,6mg de ferro/100g no broto)
e para o mungo (7,4mg de ferro/100g na semente para 5,3mg de ferro/100g no
broto).
Lee & Karunanithy (1990), estudando o efeito da germinação sobre a
composição química de feijões por 1, 3 e 5 dias de germinação, verificaram que
o conteúdo de ferro diminuinuiu da semente (85 µg/g) até o terceiro dia (41
µg/g) e aumentou no quinto dia (52 µg/g) de germinação.
A análise de regressão de vitamina C de sementes e de brotos,
germinados por 2, 3, 4, 5 e 6 dias, obtidos de três espécies de Fabaceae
estudadas, encontra-se na Figura 18.
87
0
10
20
30
40
50
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de vit.C (mg/100g)
guandu-anão (ga) mungo-preto (mp) mungo-verde (mv)
FIGURA 18 Relação entre dias de germinação e valores de vitamina C de
sementes de três espécies de Fabaceae e respectivos brotos.
O maior valor de vitamina C (mg/100g) na semente (não germinada) foi
observado no mungo-preto. Os valores de vitamina C aumentaram durante o
processo de germinação, sendo observado, para o mungo-preto, maior valor de
vitamina C no início do processo de germinação (semente); após o terceiro dia,
foi observada queda dos valores em relação aos das duas outras espécies
estudadas. Mungo-preto e guandu-anão germinados por dois dias não se
diferenciaram (p>0,05). No terceiro dia de germinação, o guandu-anão foi o que
apresentou maior teor de vitamina C. No quarto dia, guandu-anão e mungo-
verde se mostram iguais e maiores que o mungo-preto. No quinto e sexto dias,
y
ga
= 1,8220 + 6,1172x - 0,2939x² r²= 0,9818
y
mp
= 15,0398 + 3,5940x - 0,2658x² r²= 0,9810
y
mv
= 5,8351 + 7,9600x - 0,6586x² r²= 0,9780
88
prevaleceu o guandu-anão apresentando valores maiores de vitamina C em seus
brotos.
Segundo Fordham et al. (1975), em estudos com variedades de sementes
de ervilha e feijões, os valores de vitamina C aumentaram no broto em relação
aos valores dos grãos. Duas amostras de sementes de ervilha apresentaram
9,0mg/100g (Early Alaska) e 8,1mg/100g (Wando). Os teores de vitamina C nos
brotos foram 44,5mg de vitamina C/100g e 41,2mg de vitamina C/100g,
respectivamente. Para as variedades de feijão, na semente de soja, verificaram-se
7,5mg de vitamina C/100g e, para o broto de soja, 21,1mg de vitamina C/100g,
enquanto a semente de mungo apresentou 5,4mg de vitamina C/100g e o broto
de mungo, 38,3mg de vitamina C/100g.
De acordo com o presente trabalho, o teor de vitamina C, com quatro
dias de germinação, aumentou em relação ao grão (para todas as espécies),
principalmente o gênero mungo, que foi de 6,10mg de vitamina C/100g na
semente e aos quatro dias, 27,45mg de vitamina C/100g, o que, comparado com
o trabalho de Fordham et al. (1975), foi baixo.
Hsu et al. (1980) também verificaram aumento da vitamina C com o
aumento dos dias de germinação. Em sementes de ervilha, ele observou variação
de 2,2mg de vitamina C/100g na semente, para um valor de 64,1mg de vitamina
C/100g, com 4 dias de germinação. Em lentilhas, a variação foi de 0,90mg de
vitamina C/100g em sementes para 77,5mg de vitamina C/100g, em 4 dias de
germinação. Para o feijão-fava, a variação ocorreu de 1,4mg de vitamina C/100g
na semente e 75,8mg de vitamina C/100g com 4 dias de germinação. Estes
valores comparados com os do presente trabalho, mostram-se superiores (Tabela
6).
Wai et al. (1947), estudando oconteúdo de vitaminas (caroteno, tiamina,
riboflavina, niacina e ácido ascórbico) em soja, na forma de sementes e de
brotos germinados por 24, 48, 54 e 72 horas, em duas situações (sem e com
89
maceração das sementes por 10 horas antes da germinação), registraram, na
primeira situação (sem maceração da semente antes da germinação), valores de
8,83mg/100g de semente no tempo zero e aumento da vitamina C durante o
processo de germinação, sendo: 27,36mg de vitamina C/100g de broto de soja
(germinado por 24 horas), 51,7mg (48 horas), 62,75mg (54 horas) e 62,63mg
(72 horas). Os dois últimos valores registrados foram praticamente iguais. Na
segunda situação estudada do referido experimento (desta vez com maceração
ou embebimento da semente na água por 10 horas antes da germinação),
verificaram-se valores de 10,8 mg de vitamina C/100g de semente no tempo
zero, sendo registrados 19,98mg de vitamina C (24 horas), 58,23mg (48 horas de
germinação); 59,99mg (54 horas) e 70,52mg de vitamina C/100g broto de soja
(72 horas). Foi interessante observar o acréscimo de vitamina C no material,
quando a semente passou por um processo de embebição.
No presente trabalho, após terem sido realizadas também embebições
das sementes das três espécies de feijões por 10 horas antes da germinação,
registrou-se, com 48 horas de germinação, variação de 17,4mg de vitamina
C/100g de broto (mungo-verde) a 23,41mg (guandu-anão). Com 72 horas de
germinação, a variação foi da ordem de 23,85mg/100g de brotos (mungo-preto)
até 26,98mg de vitamina C/100g de brotos (guandu-anão). Com 144 horas de
germinação (6 dias), foi registrado valor máximo de 37,41 mg de vitamina
C/100g de broto (guandu-anão).
Pelo observado, no trabalho de Wai et al. (1947), que a soja germinada
apresenta valores mais elevados de vitamina C que os feijões germinados dos
gêneros Vigna e Cajanus cajans. Pelo fato da quantidade dietética recomendada
de vitamina C por dia ser da ordem de 90mg para homem adulto e 75mg de
vitamina C por dia para mulher adulta, é interessante dizer que, ao consumir
100g de broto de feijões (germinados por seis dias), um homem adulto supre em
90
torno de 42% de suas necessidades diárias de vitamina C e, para a mulher adulta,
em torno de 50%.
Rao & Prabhavathi (1982), estudando o conteúdo de tanino e vitamina C
em sementes de mungo-verde, verificaram que a vitamina C na semente crua
(sem casca e quebrada) apresentou valor 0 (zero). Quando embebida em água
por 24 horas, o valor foi de 17,8mg de vitamina C/100g; germinada por 24
horas, o valor foi de 19,5mg de vitamina C/100g; com 48 horas de germinação,
o valor aumentou para 24,3mg de vitamina C/100g e, por último, com 72 horas
de geminação, o valor chegou a 29,5 mg de vitamina C/100g. É importante
observar que a vitamina C apresentou situação contrária à dos teores de tanino
na amostra de mungo-verde, que variou, nesta mesma ordem, de 298mg de
tanino/100g (amostra crua) a 154mg de tanino/100g (amostra germinada por 72
horas). Comparando-se com o presente trabalho, é importante notar a mesma
situação, em que valores de vitamina C nas três espécies estudadas (mungo-
verde, mungo-preto e guandu-anão) foram aumentando (Figura 18) e, em
contrapartida, os teores de tanino diminuindo (Figura 19).
Abdullah & Baldwin (1984), estudando vitaminas e minerais em
sementes e brotos, observaram aumento de vitamina C nos brotos de soja e
mungo, em relação à semente. Estes autores citam que o broto de feijão-mungo
contém, significativamente, maior quantidade de vitamina C biologicamente
ativa (92,07mg/100g), com base em matéria seca, quando comparado com
brotos de soja (64,04mg/100g cultivar SP75051 e 65,22mg/100g cultivar
Jaeraejong 320-7).
91
4.5 Fatores antinutricionais
4.5.1 Atividade do inibidor de tripsina
Os valores de atividade do inibidor de tripsina de sementes e brotos com
6 dias, das três espécies de Fabaceae estudadas, encontram-se na Tabela 8.
A atividade do inibidor de tripsina fou um pouco mais elevada nas
sementes, que nos brotos aos seis dias de germinação, fez com que as sementes
que já apresentavam baixa ação dos inibidores de tripsina, reduzissem ainda
mais esses níveis de ação do inibidor. Para sementes a ação dos inibidores de
tripsina mostrou-se mais elevada no guandu anão. Quanto ao broto pode-se notar
tendência semelhante com a ação dos inibidores de tripsina.
TABELA 8 Atividade do inibidor de tripsina de sementes cruas e respectivos
brotos (germinados por 6 dias), também crus, obtidos de três
espécies de Fabaceae, expressos em unidades de tripsina inibida
(UTI) por mg de amostra seca e desengordurada.
Unidade de tripsina inibida (UTI)/mg amostra
Fabaceae
Grão
brotos
(germinados por 6 dias)
Mungo-verde 3,51 3,35
Mungo-preto 4,23 2,74
Guandu-anão 8,04 5,02
92
Carvalho et al. (2002) estudaram os inibidores de tripsina de cinco
cultivares de soja e verificaram variações em torno de 122 UTI/mg de amostra
crua (Paraná) a 206 UTI/mg de amostra crua (OC-13) e 46 UTI/mg de amostra
aquecida e digerida (Paraná) a 95 UTI/mg de amostra aquecida e digerida (OC-
13), podendo-se observar uma correlação positiva com os valores de atividade
dos grãos crus. Esses valores são bem mais altos quando comparados com os do
presente trabalho, em que, para a amostra crua, foram registrados valores de, no
máximo, 8,04 UTI/mg de amostra (guandu-anão).
Resultados de estudos realizados por Monteiro et al. (2003) mostraram
que, em extratos protéicos obtidos das sementes de soja, verificava-se em torno
de 80 a 170 mg de tripsina inibida por g de proteína nas sementes. Nas farinhas
de soja, verificou-se em torno de 115 a 158 mg de tripsina inibida por g de
proteína.
Monteiro et al. (2004), avaliando a qualidade protéica de farinhas de
soja que diferiam entre si com relação à presença de lipoxigenases e ou inibidor
de tripsina de Kunitz, verificaram que a digestibilidade protéica das farinhas era
maior com ausência de inibidores de tripsina. Mas, os autores salientaram que
um tratamento térmico, tanto em amostras de soja com presença ou ausência de
inibidores de tripsina, pode melhorar o valor nutricional de ambos os tipos de
soja. Sementes de mungo-verde, mungo-preto e guandu-anão, assim como seus
respectivos brotos, mostramram-se com baixos índices da atividade do inibidor
de tripsina. Vale lembrar que, após um cozimento do broto, provavelmente,
ocorreria queda na ação dos inibidores de proteases, embora teste deste tipo não
tenha sido realizado neste trabalho.
Cruz et al. (2004) mostraram que variedades de feijões, tais como o
mungo e o guandu, mostram baixa ação de inibidores de tripsina, variando em
torno de 0,012 a 0,362 mg de tripsina inibida por g de amostra.
93
Donagelo et al. (1995) observaram que, após o processo de germinação
por 48 horas, os inibidores de tripsina presentes em feijão preto e soja tiveram
uma redução em torno de 20% e 25%, respectivamente. Para o feijão,
observaram variações em torno de 122 UTI/mg de amostra na semente a 98
UTI/mg de amostra nos germinados. Em soja, a variação foi de 130 UTI/mg de
amostra na semente para 97 UTI/mg de amostra nos germinados.
Barcelos (1998) determinou a atividade do inibidor de tripsina em grãos
de soja e guandu crus e, após o tratamento térmico, ou seja, após o enlatamento
dos grãos. Os grãos foram analisados em cinco pontos de colheita, colhidos
desde o início da maturidade fisiológica até terem atingido a maturidade de
colheita, tendo sido veificada a variação, para o grão de soja crua, de 28,16 UTI/
mg de amostra (grãos de soja verde colhidos logo após a maturidade fisiológica)
até 50,85 UTI/ mg de amostra (grãos de soja colhidos na maturidade de
colheita). Para os grãos enlatados (ou seja, depois de terem sido submetidos ao
tratamento térmico), a variação foi da ordem de 3,63 UTI/ mg de amostra a 7,26
UTI/ mg de amostra, respectivamente. No caso do guandu, foram verificados,
para grão verde cru, 3,69 UTI/mg de amostra (no estádio ainda verde, no início
da maturidade fisiológica) até 11,42 UTI/mg de amostra e (na maturidade de
colheita), após enlatados, essa variação foi da ordem de 1,65 a 1,67 UTI/mg de
amostra, respectivamente.
Quando se comparam os valores de UTI/ mg de amostra para o guandu
(grãos na maturidade de colheita) obtidos por Barcelos (1998), com os deste
trabalho, em que as análises foram feitas no mesmo estádio de maturidade, pode-
se dizer que grão de tamanhos maiores apresentam também maiores valores de
atividade de inibidores de tripsina (11,42 UTI/mg de amostra) em relação ao
observado neste trabalho, de 8,04 UTI/mg de amostra, para o guandu-anão.
Khalil (2006), estudando melhoramento nutricional de uma linhagem de
mungo do Egito, observou que tratamentos combinados de germinação por 3
94
dias com a fermentação reduzem fatores antinutricionais como inibidores de
protease (de 6,98 UTI/mg amostra sem tratamento a 1,17 UTI/mg de amostra
com germinação e fermentação) quando comparados à fermentação somente (de
6,98 UTI/mg amostra sem tratamento a 5,62 UTI/mg de amostra com
fermentação somente).
4.5.2 Taninos
Os valores médios dos taninos, tanto de sementes quanto de brotos
obtidos de cinco tempos de germinação, encontram-se na Tabela 9.
TABELA 9 Valores médios dos taninos das sementes e respectivos brotos
obtidos de três espécies de Fabaceae. Os valores estão
apresentados em matéria seca.
Espécies de Fabaceae Tanino (mg/100g)
Mungo-verde 543,74
a
Mungo-preto 456,62
b
Guandu-anão 442,74
b
C.V.% 8,4
C.V.= coeficiente de variação
Médias seguidas de mesma letra nas colunas são estatisticamente iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de
significância.
95
Por não terem sido detectadas diferenças significativas entre a interação
espécies de Fabaceae e épocas de germinação, os dados da Tabela 9
mostraram a diferença significativa existente entre as espécies. Valores de
taninos nas sementes mostram-se mais elevadas em mungo-verde sendo
estatisticamente iguais os valores de taninos nas sementes do guandu-anão e nas
de mungo-preto.
A equação de regressão para os valores de taninos sementes e brotos
com 2, 3, 4, 5 e 6 dias (brotos), das três espécies de Fabaceae estudadas,
encontra-se na Figura 19.
300
400
500
600
700
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de tanino (mg/100g)
y= 667,9628 - 56,0789x
r²= 0,9932
FIGURA 19 Relação entre dias de germinação e valores de tanino de sementes
de Fabaceae e seus respectivos brotos.
96
Os teores de taninos decresceram com o aumento dos dias de
germinação neste trabalho. Por isso, vale salientar que o processo de germinação
foi de grande importância para diminuir valores de tanino, grande vantagem
obtida pelo processo de germinação, quando se pensa que estes compostos são
responsáveis pelo baixo aproveitamento de nutrientes nos alimentos.
Rao & Prabhavathi (1982), estudando o conteúdo de taninos em
alimentos normalmente consumidos na Índia e sua influência sobre ferro
ionizável, perceberam que o conteúdo de tanino decresceu de 30% a 20%. Grãos
descascados e quebrados, crus, embebidos por 24 horas, germinados por 24
horas e germinados por 48 horas foram os tratamentos realizados, nos quais a
variação de teores de tanino ocorreu nesse sentido, de 570mg/100g,
565mg/100g, 527mg/100g e 465mg/100g, respectivamente. Portanto, o resultado
é compatível com o presente estudo, no qual os valores de tanino, em média,
diminuíram durante todo o processo de germinação, com grande variação no
gráfico de regressão, que vai da ordem decrescente de 667,9628mg de
tanino/100g para a semente até 331,4891mg de tanino/100g, com 6 dias de
germinação.
4.5.3 Nitrato
Os valores médios de nitrato de sementes e brotos com 2, 3, 4, 5 e 6 dias
de germinação, de três espécies de Fabaceae estudadas, encontram-se na Tabela
10.
97
TABELA 10 Valores médios de nitrato das sementes e respectivos brotos com
2, 3, 4, 5 e 6 dias de germinação, de três espécies de Fabaceae.
Os valores dos nutrientes estão apresentados em matéria seca.
C.V.= coeficiente de variação
médias seguidas de mesma letra nas colunas são estatisticamente iguais, pelo teste de Tukey, a 5% de
significância.
Observando-se os dados da Tabela 10 é possível notar que mungo-preto
foi a espécie que apresentou menor quantidade de nitrato ao longo do tempo de
germinação. No sexto dia, valores de nittrato do mungo-verde foram iguais ao
do mungo-preto, tendo sido, portanto, o guandu-anão o que apresentou maior
quantidade no sexto dia.
A quantidade de nitrato nos brotos de Fabaceae germinados por seis
dias, na matéria fresca, foi da ordem de 18,86 mg/100g para mungo-verde, da
ordem de 20,72mg/100g para mungo-preto e de 44,83mg/100g guandu-anão.
Uma classificação de vegetais em relação ao conteúdo de nitrato foi feita por
Corre & Bremer, citados por Walters (1991), em cinco grupos, variando de
vegetais com menos de 200mg de nitrato/kg (este grupo inclui aspargos,
cogumelos, ervilhas, pimentas, batatas e tomates) até mais altos que 2.500mg de
nitrato/kg (este grupo inclui beterraba, aipo, alface, espinafre e rabanete). Dentro
desta classificação, observa-se que os brotos de Fabaceae estudados se
encontram nos grupos com menores teores de nitrato/kg (188,6mg/kg, para o
broto de mungo-verde a 448,3mg/kg, para o broto de guandu-anão).
(semente) Tempos de germinação (dias)
Fabaceae 0 2 3 4 5 6
Mungo-verde 365,17
a
355,67
a
323,11
b
292,83
b
261,20
b
208,00
b
Mungo-preto 301,33
b
298,50
b
290,75
c
274,83
c
246,17
c
216,50
b
Guandu-anão 373,75
a
356,50
a
360,33
a
343,50
a
342,00
a
251,17
a
C.V.% 1,64
98
A análise de regressão de nitrato de sementes e brotos com 2, 3, 4, 5 e 6
dias de germinação, das três espécies de Fabaceae estudadas, encontra-se na
Figura 20.
150
250
350
450
0123456
Épocas de germinação (dias)
Valores de nitrato (mg/100g
)
guandu ao (ga) mungo preto (mp) mungo verde (mv)
FIGURA 20 Relação entre dias de germinação e valores de nitrato de sementes
e seus respectivos brotos.
Observou-se uma queda nos teores de nitrato ao longo das épocas de
germinação em estudo, com mungo-preto, mungo-verde e guandu-anão
registrando menores quantidades de nitrato nos brotos de Fabaceae, ao sexto dia
de germinação.
y
ga
= 367,889 + 15,2178x - 5,2827x² r²= 0,8587
y
mp
= 300,7897 + 6,9083x - 3,4980x² r²= 0,9975
y
mv
= 366,5508 + 0,2680x - 4,4298x² r²= 0,9948
99
5 CONCLUSÕES
Diante das condições deste experimento, pode-se concluir que:
a) o período adequado de germinação das sementes de Fabaceae
(mungo-verde, mungo-preto e guandu-anão) para o consumo
humano, brotos, foi da ordem de seis dias;
b) o processo de germinação por seis dias, das espécies de feijões
estudadas, contribuiu para elevar os teores de proteínas, e fibras e
reduzir o conteúdo da fração glicídica;
c) a porcentagem de lipídios aumentou ao longo dos seis dias de
germinação, tendo o mungo-preto apresentado menor teor;
d) a espécie de leguminosa com maior teor de vitamina C na semente,
dentre as espécies estudadas, não foi a que apresentou maior teor de
vitamina C no broto;
e) o processo de germinação por seis dias, das três espécies de
Fabaceae, elevou o teor de vitamina C e reduziu a atividade de
inibidor de tripsina, teores de tanino e de nitrato;
f) o mungo-preto apresentou valores mais elevados que as demais
espécies de feijões estudadas quanto aos teores de sódio e ferro,
tanto para a semente quanto para os brotos e apresentou brotos com
menores teores de taninos, nitrato e baixa atividades de inibidor de
tripsina;
100
g) o mungo-verde destacou-se quanto aos teores de proteína, tanto na
semente quanto no broto, igualando-se apenas no sexto dia de
germinação com o mungo-preto, e se destacou quanto aos teores de
fibra e vitamina C (4,9 vezes mais elevado que o da semente),
apresentando menor teor de nitrato e baixa atividade do inibidor de
tripisna no broto;
h) o guandu-anão apresentou o mais elevado teor de vitamina C no
sexto dia de germinação (3,6 vezes mais elevado que da semente)
elevado teores de potássio e sódio, e baixos teores de taninos e
nitrato no broto.
101
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113
ANEXO
ANEXO A Página
TABELA 1 A
Resumo das análises de variância de comprimento
dos brotos das três, espécies de Fabaceae estudadas..
114
TABELA 2 A
Resumo das análises de variância de peso dos brotos
das três, espécies de Fabaceae estudadas....................
114
TABELA 3 A
Resumo das análises de variância para dados de
umidade, proteína, lipídios, fibra, cinza e extratos
não nitrogenados de sementes e brotos das três
espécies de Fabaceae estudadas..................................
115
TABELA 4 A
Resumo das análises de variâncias para os dados de
minerais, potássio, sódio, fósforo, cálcio e ferro, e
vitamina C das sementes e brotos das três espécies
de Fabaceae estudadas................................................
116
TABELA 5 A
Resumo das análises de variâncias para os dados de
antinutrientes, tanino, nitrato e, das sementes e
brotos das três espécies de Fabaceae estudadas..........
117
114
TABELA 1 A Resumo das análises de variâncias para os dados de
comprimento dos brotos de três espécies de Fabaceae
estudadas.
* Significativo, a 5% , pelo teste de Tukey.
TABELA 2 C
Resumo das análises de variâncias para os dados de pesos, das
sementes e brotos de três espécies de Fabaceae, estudadas.
Significativo, a 5%, pelo teste de Tukey.
Quadrado médio
FV
GL
Comprimento
Espécie 2 15,1207*
Época 4 147,3230*
Espécie*Época 8 12,7782*
Bloco 2 0,1940
NS
Resíduo 28 0,5009
CV (%) 11,02
Média geral (%) 6,42
Quadrado médio
FV GL Peso de brotos obtidos de 100g de sementes
Espécie 2 29177,9727*
Época 5
167857,0105*
Esp*Época 10
9374,9023*
Bloco 2
2369,4409
NS
Resíduo 34
987,2725
CV (%) 9,85
Média geral (%) 318,9478
115
TABELA 3 A Resumo das análises de variâncias para os dados de umidade, proteína, lipídeo, cinzas, fibras e extrato
não-nitrogenado (ENN) das sementes e brotos, das três espécies de Fabaceae estudadas.
Significativo, a 5%, pelo teste de Tukey.
ENN= extrato não nitrogenado
Quadrado médio
FV
GL
Umidade Proteína Lipídeo Cinza Fibra ENN
Espécie 2 83,5362* 135,3912* 0,5278* 0,0032
NS
0,3568
NS
139,4374*
Época 5
7641,7152* 210,9301* 1,1079* 2,5829* 234,1142* 959,9909*
Esp*Ép 10
29,2646* 4,7808* 0,1386* 0,1152* 5,5439* 5,5686*
Bloco 2
8,8278* 1,0976
NS
0,0094
NS
0,0009
NS
0,4237
NS
4,7044
NS
Resíduo 34
1,8086* 0,3761 0,0077 0,0029 0,2409 1,0335
CV (%) 1,96 2,00 5,78 1,72 3,21 2,06
Média geral (%) 68,6029 30,7366 1,5154 3,1546 15,2694 49,4278
116
TABELA 4 A Resumo das análises de variâncias para os dados de minerais, potássio, sódio, fósforo, cálcio e ferro, e
vitamina C, das sementes e brotos das três espécies de Fabaceae estudadas.
*Significativo, a 5%, pelo teste de Tukey.
Quadrado médio
FV
GL
Potássio Sódio Fósforo Cálcio Ferro Vit C
Espécie 2 266156,0180* 223,9412* 57087,3888* 1405,5379* 1,9428* 99,3583*
Época 5 177607,1296* 434,0967* 19833,5555* 946,8379* 22,1928* 530,1026*
Esp*Ép 10 8450,4629
NS
12,9902
NS
3013,2777* 258,9157*
0,1484* 28,8065*
Bloco 2 17586,5740* 59,0754* 293,0555
NS
334,6435* 0,0562
NS
3,7002
NS
Resíduo 34 4763,0446 6,4901 377,3693 91,1043 0,0506 2,3478
CV (%) 5,17 13,93 4,60 7,97 4,19 6,,36
Média geral (%) 1333,9814 18,2894 422,0000 119,7685 5,3633 24,1084
117
TABELA 5 A Resumo das análises de variâncias para os dados de antinutientes,
tanino, nitrato, das sementes e brotos, das três espécies de
Fabaceae estudadas.
*Significativo, a 5%, pelo teste de Tukey.
Quadrado médio
FV
GL
Tanino Nitrato
Espécie 2 53947,4848* 20939,3228*
Época 5
132991,3583* 18337,0404*
Esp*Época 10
2845,9743
NS
932,4670 *
Bloco 2
439,5548
NS
90,9030
NS
Resíduo 34
1631,8148 24,8997
CV (%) 8,40 1,64
Média geral (%) 481,0330 303,9061
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