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CLÁUDIA MATSUNAGA MARTÍN
Ultra-sonografia abdominal na visibilização do
pâncreas de cães hígidos
São Paulo
2006
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48
CLÁUDIA MATSUNAGA MARTÍN
Ultra-sonografia abdominal na visibilização do pâncreas de cães hígidos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo para obtenção do título de
Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Clínica Cirúrgica
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Franklin de Almeida Sterman
São Paulo
2006
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49
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: MARTÍN, Cláudia Matsunaga
Título: Ultra-sonografia abdominal na visibilização do pâncreas de cães hígidos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Medicina Veterinária
Data: ____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________________ Instituição: _________________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________________
Prof. Dr. _________________________________ Instituição: _________________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________________
Prof. Dr. _________________________________ Instituição: _________________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________________
50
À minha pequena grande família:
meus pais, Manuel (in memorian) e Terezinha,
sem os quais nada disso seria possível,
minhas irmãs Regina e Ana Paula,
meus sobrinhos Tatiana e Jan Felipe
e minha “cã” Branca.
Pelo amor e compreensão em todos os momentos.
51
“Eu pedi forças... E Deus deu-me dificuldades para fazer-me forte.
Eu pedi sabedoria... E Deus deu-me problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade... E Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem... E Deus deu-me obstáculos para superar.
Eu pedi amor... E Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores... E Deus deu-me oportunidades.
Eu não recebi nada do que eu pedi, mas eu recebi tudo o que precisava...“
(Autor desconhecido)
52
AGRADECIMENTOS
Ao meu amigo e orientador, Prof. Dr. Franklin de Almeida Sterman, pela oportunidade e confiança em todos os
momentos.
À Profª Drª Ilka Regina Soares de Oliveira pela oportunidade em estagiar no Setor de Iconologia (Ultra-
sonografia) do Hospital Universitário da USP, em 2004, e cujos ensinamentos foram essenciais para o
aperfeiçoamento da técnica ultra-sonográfica e aprendizado da técnica Doppler.
Aos médicos do Setor de Iconologia do HU USP, pela receptividade e em especial, ao Dr. Márcio Garcia, por me
ajudar a desvendar a técnica Doppler.
À Profª Drª Ana Carolina B. de C. Fonseca Pinto, pelo incentivo, pelas valiosíssimas sugestões e por estar
sempre disposta a ajudar.
Ao Prof. Dr. Stéfano F. Hagen, pelas sugestões na parte prática e pelo auxílio no resumo em inglês.
Aos colegas e pós-graduandos com quem convivi, em especial: Ayne, Caterina, Cris Hage, Iara, Luciana Arnaut
e Kátia Haipek, que além de estarem sempre prontas para me ajudarem com os cães e os meus exames,
compartilharam “problemas” e “soluções” e tornaram-se queridas amigas.
Ao Lelis e às Drªs Viviane, Tatiana, Andressa e Patrícia que me ajudaram com a coleta de sangue dos cães,
quando alguma intercorrência acontecia...
A todos os funcionários da administração do HOVET - FMVZ USP, e em especial à Sandra Lucci e ao Edvaldo,
pela disposição em me ajudarem no encaminhamento dos meus exames ao Laboratório da Clínica Médica do
HOVET FMVZ USP.
Aos funcionários do Laboratório da Clínica Médica do HOVET - FMVZ USP pela realização dos exames
laboratoriais.
Ao Jun por ter me conduzido a Eliana.
À Eliana Kauschus Leal, vice-presidente do Clube Paulista do Poodle e proprietária do Canil Oakland´s Kennel,
pela confiança e pela disposição em participar desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Ricardo A. Dias, amigo e ex-colega de turma, e a nova amiga, Profª Drª Gleice Margareth
Conceição, pelo auxílio na estatística.
À minha irmã, Regina, meu exemplo em tantos momentos, pela leitura atenta, sugestões e correções.
Aos novos amigos do Spécialité Diagnóstico Veterinário: Denise, Leandro e Mirian (pela disposição em ajudar),
Fernanda, Gabriela, Guilherme, Patrícia, Max, Simone e Val, pela confiança, pelo respeito e apoio,
principalmente nos momentos de ansiedade “pré-defesa”.
À atenciosa Elza, da biblioteca da FMVZ USP, pela normalização desta dissertação.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo auxílio pesquisa, fundamental para
o desenvolvimento deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa, sem a qual esse estudo
não poderia ser concluído.
A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.
53
“... O mais altruísta dos amigos que um homem pode ter neste mundo egoísta, aquele que nunca o abandona e
nunca mostra ingratidão ou deslealdade, é o cão”.
(George G. Vest)
Aos Poodles:
Aitana, Aline, Ayara, Bandite, Beto, Bia, Bingo, Branca, Cassino, Christine, Flash, Flyn, Floppy, Fred, Greggy,
Hershey, Jackie, Jasmine, Kate, Katrina, Loopy, Maradona, Mica, Modello, Neguito, Nino, Sabrina, Shabata,
Snow, Summer, Totó, Tuca e Twiggy envolvidos neste estudo e seus proprietários...
Muito Obrigada!
54
RESUMO
MARTÍN, C. M. Ultra-sonografia abdominal na visibilização do pâncreas de cães hígidos.
[Abdominal ultrasonography of the pancreas in healthy dogs]. 2006. 108 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2006.
Foram avaliados, com o auxílio de um aparelho dinâmico, bidimensional e transdutores eletrônicos
multifreqüênciais (convexo de 4 a 7 MHz e linear de 7 a 12 MHz), os pâncreas de 33 cães da raça
Poodle Toy, 17 fêmeas e 16 machos, com idade entre seis e 168 meses, peso corpóreo entre 1,85 a
6,15 quilogramas, sem processos patológicos aparentes. Estudaram-se as características anátomo
sonográficas e suas correlações com as variáveis: sexo, idade e peso. A avaliação ultra-sonográfica do
pâncreas permitiu identificar pelo menos uma região (lobo direito) e uma estrutura interna pancreática
(veia pancreaticoduodenal), em todos os animais. O sexo, a idade e o peso o influenciaram na
visibilização da glândula. Os valores métricos, referentes à espessura média e o desvio padrão das
diferentes regiões e estruturas internas pancreáticas foram: lobo direito, tanto no plano longitudinal,
como no transversal 0,72 ± 0,10 cm, lobo esquerdo 0,77 ± 0,11 cm, corpo 0,66 ± 0,09 cm, veia
pancreaticoduodenal, em ambos planos, 0,18 ± 0,03 cm, artéria pancreaticoduodenal, no plano
longitudinal 0,13 ± 0,01 cm, e no plano transversal 0,13 ± 0,02 cm, ducto pancreático, no plano
longitudinal 0,08 ± 0,01 cm e no plano transversal 0,08 ± 0,02 cm. Observaram-se correlações
positivas entre a espessura do lobo direito e a idade (p = 0,00), e entre essa espessura e o peso
(p = 0,00). Correlações positivas foram observadas entre a espessura do lobo esquerdo e a idade
(p = 0,04), e entre essa espessura o peso (p = 0,04). O estabelecimento dos padrões anátomo ultra-
sonográficos permitiram verificar que a topologia e a arquitetura foram semelhantes em todos os
animais. Os contornos foram classificados como pouco definidos ou definidos e não variaram com o
sexo, o peso e a idade. A ecogenicidade pancreática, quando comparada ao baço, foi
predominantemente hipoecogênica, independente de sexo, idade ou peso; a ecogenicidade em relação
ao fígado, apresentou-se isoecogênica ou discretamente hiperecogênica; e em relação à gordura
55
mesentérica foi hipoecogênica ou isoecogênica. A ecotextura mostrou-se homogênea a difusamente
heterogênea. Observaram-se correlações positivas entre a ecogenicidade em relação ao fígado e a
idade (p = 0,00) e o peso (p = 0,00), e entre a ecogenicidade em relação à gordura mesentérica, e a
idade (p = 0,01) e ao peso (p = 0,02). Quanto à ecotextura pancreática, também foram observadas
correlações positivas em relação à idade (p = 0,001) e ao peso (p = 0,002).
Palavras-chave: Pâncreas. Ultra-sonografia. Doppler. Cães.
56
SUMMARY
MARTÍN, C. M. Abdominal ultrasonography of the pancreas in healthy dogs. [Ultra-sonografia
abdominal na visibilização do pâncreas de cães hígidos]. 2006. 108 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2006.
Pancreas of 33 healthy Toy Poodles, 16 male and 17 bitches, ranging from 6 to 168 months of age and
weighing from 1,85 to 6,15 kg where evaluated with a dynamic bidimensional equipament and
multifrequency ultrasound (curvilinear array 4–7 MHz and linear array 7-12 MHz) scanner.
Ultrasonographic anatomy and correlation with gender, age and weight were studied. Ultrasonography
allowed visualization of at least one region (right lobe) and one internal structure (pancreaticoduodenal
vein) in all animals. Gender, age and weight had no influence on visualization. Measures of thickness
where 0,72 ± 0,10 cm for the right lobe in longitudinal and transversal cut, 0,77 ± 0,11 cm for the left
lobe and 0,66 ± 0,09 cm for the body. Diameter of the pancreaticoduodenal vein was 0,18 ± 0,03 cm in
both cuts, diameter of the pancreaticoduodenal artery measured 0,13 ± 0,01 cm in the longitudinal cut
and 0,13 ± 0,02 cm in the transversal; values obtained for the pancreatic duct where 0,08 ± 0,01 cm
(longitudinal) and 08 ± 0,02 cm (transversal). Right lobe thickness was positively correlated to age
(p = 0,00) and weight (p = 0,00). Left lobe thickness was positively correlated to age (p = 0,04) and
weight (p = 0,04). Topology and architecture, similar in all animals, allowed recognition of a pattern.
Outline was classified as poorly defined or defined and did not change with gender, weight and age.
Echogenicity showed to be predominately hypoechoic compared to the spleen, iso or slightly
hyperechoic when compared to liver and iso or hypoechoic when compared to mesenteric fat.
Echotexture varied from homogeneous to diffusely heterogeneous. Pancreatic ecogenicity compared to
the liver ecogenicity changed positively with age (p = 0,00) and weight (p = 0,00). Echogenicity
compared to the mesenteric fat changed positively with age (p = 0,01) and weight (p = 0,02). Pancreatic
echotexture showed a positive correlation with age (p = 0,001) and weight (p = 0,002).
Key words: Pancreas. Ultrasonoghaphy. Doppler. Dogs.
57
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Equipamento ultra-sonográfico HDI 5000 ATL Philips® utilizado no estudo do
pâncreas de cães da raça Poodle Toy.........................................................................
51
Figura 2 - Ilustração dos decúbitos utilizados para a visibilização do pâncreas dos cães da
raça Poodle Toy. A.Decúbito lateral esquerdo, transdutor linear, para a visibilização
do lobo direito; B. Decúbito lateral esquerdo, transdutor convexo, para a avaliação
do corpo pancreático; C. Decúbito dorsal, em calha de espuma apropriada,
transdutor linear para a avaliação do lobo esquerdo do pâncreas...............................
54
Figura 3 - Lobo direito do pâncreas (plano longitudinal), entre calipers, hipoecogênico em
relação à ecogenicidade da gordura mesentérica, isoecogênico em relação a
ecogenicidade do fígado, ecotextura homogênea e contornos definidos. Poodle
Toy, fêmea (Twiggy) de 12 meses de idade.................................................................
63
Figura 4 - Duodeno e lobo direito do pâncreas - entre calipers (plano transversal),
hipoecogênico em relação à ecogenicidade da gordura mesentérica, isoecogênco
em relação a ecogenicidade do fígado, ecotextura homogênea e contornos pouco
definidos. Poodle Toy, fêmea (Flyn) de 12 meses de idade........................................
63
Figura 5 - Lobo direito do pâncreas (plano longitudinal) isoecogênico em relação a
ecogenicidade da gordura mesentérica, discretamente hiperecogênico em relação a
ecogenicidade do fígado, ecotextura discretamente heterogênea e contornos pouco
definidos. Poodle Toy, fêmea (Shabata) de 120 meses de idade................................
64
Figura 6 - Lobo direito do pâncreas (plano transversal) discretamente hiperecogênico em
relação à ecogenicidade do fígado, isoecogênico em relação a gordura
mesentérica, ecotextura discretamente heterogêna e contornos definidos. Poodle
Toy, fêmea (Shabata) de 120 meses de idade.............................................................
64
Figura 7 - Fluxo da veia e da artéria pancreaticoduodenais, detectados ao Doppler colorido.
Poodle Toy, macho (Flash) de 73 meses de idade......................................................
65
Figura 8 - Veia e artéria pancreaticoduodenais, paralelas, localizadas em lobo direito do
pâncreas, plano longitudinal. Foram primeiramente identificadas ao Doppler
colorido e então mensuradas no modo B. Poodle Toy, macho (Flash) de 73 meses
de idade........................................................................................................................
65
Figura 9 - Padrão espectral característico de fluxo venoso (veia pancreaticoduodenal)
detectado através do dúplex Doppler. Poodle Toy, fêmea (Aline), 10 meses de
idade.............................................................................................................................
66
58
Figura 10 - Ausência de fluxo em ducto pancreático. Poodle Toy, macho (Cassino), de 104
meses de idade............................................................................................................
66
Figura 11 - Ducto pancreático em lobo direito, paredes hiperecogênicas. Poodle Toy, macho
(Flash), de 73 meses de idade.....................................................................................
67
Figura 12 -
Lobo esquerdo do pâncreas visibilizado caudal ao baço e a veia lienal,
hipoecogênico em relação ao baço. Poodle Toy, fêmea
(Twiggy), de 12 meses de
idade..............................................................................................................................
67
Figura 13 - Extremidade do lobo esquerdo do pâncreas localizado entre o baç
o e o pólo cranial
do rim esquerdo, hipoecogênico em relação ao baço. Poodle T
10 meses de idade.........................................................................................................
68
Figura 14 - Extremidade do
lobo esquerdo do pâncreas localizado entre o estômago e o baço,
hipoecogênico em relação ao baço. Poodle T
oy, macho (Beto), 7 meses de
idade...............................................................................................................................
68
Figura 15 - Corpo do pâncreas entre calipers -
localizado imediatamente ventral a veia porta,
discretamente hiperecogênico em relação a ecogenicidade do fígado. Poodle T
oy,
macho (Flash) de 73 meses de idade............................................................................
69
Figura 16 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das
estruturas do pâncreas segundo o sexo. Hospital Veterinário FMVZ USP. São
Paulo, 2005..................................................................................................................
73
Figura 17 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das
Estruturas do pâncreas segundo a idade. Hospital Veterinário FMVZ USP. São
Paulo, 2005..................................................................................................................
76
Figura 18 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das
estruturas do pâncreas segundo o peso. Hospital Veterinário FMVZ USP. São
Paulo, 2005..................................................................................................................
79
59
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Características gerais dos cães Poodle Toy selecionados para a realização dos
exames ultra-sonográficos. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo,
2005..................................................................................................................................
49
Quadro 2 - Aspectos anátomo sonográficos relacionados ao pâncreas normal dos cães Poodle
Toy selecionados para a realização dos exames ultra-sonográficos. Hospital
Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005....................................................................
61
Quadro 3 - Medidas de espessura das regiões e diâmetro das estruturas internas do pâncreas,
obtidas através do exame ultra-sonográfico. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São
Paulo, 2005.......................................................................................................................
62
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de animais para os quais foi possível visibilizar cada região ou estrutura
pancreática. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005....................................
59
Tabela 2 - Medidas descritivas de espessura ou de diâmetro das estruturas internas do pâncreas
do pâncreas normal do cão, no grupo experimental examinado. Hospital Veterinário da
FMVZ USP. São Paulo, 2005.............................................................................................
69
Tabela 3 - Distribuição do número de animais segundo a ecogenicidade do pâncreas. Hospital
Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005..........................................................................
70
Tabela 4 - Distribuição do número de animais segundo a ecotextura
do pâncreas.
Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005........................................................
70
Tabela 5 - Distribuição do mero de animais segundo às características de contornos do
pâncreas. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005.......................................
71
Tabela 6 - Medidas descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do
pâncreas segundo o sexo e nível descritivo do test t-Student. Hospital Veterinário
FMVZ USP. São Paulo, 2005.............................................................................................
72
Tabela 7 - Medidas descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do
pâncreas segundo a idade e o nível descritivo da ANOVA. Hospital Veterinário FMVZ
USP. São Paulo, 2005........................................................................................................
75
Tabela 8 - Medidas descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do
pâncreas segundo o peso e o nível descritivo da ANOVA. Hospital Veterinário FMVZ
USP. São Paulo, 2005........................................................................................................
78
Tabela 9 - Distribuição do número de animais com o corpo pancreático visível segundo sexo,
idade e peso e nível descritivo do teste qui-quadrado. Hospital Veterinário da FMVZ
USP. São Paulo, 2005........................................................................................................
80
Tabela 10 - Distribuição do número de animais com o lobo esquerdo do pâncreas visível segundo
sexo, idade e peso e nível descritivo do teste qui-quadrado. Hospital Veterinário da
FMVZ USP. São Paulo, 2005.............................................................................................
81
Tabela 11 - Distribuição do número de animais com o ducto pancreático visível segundo sexo,
idade e peso e nível descritivo do teste qui-quadrado. Hospital Veterinário da FMVZ
USP. São Paulo, 2005........................................................................................................
82
Tabela 12 -
Distribuição do número de animais com a artéria pancreaticoduodenal (técnica
Doppler colorido) visível segundo sexo, idade e peso e nível descritivo do teste qui-
quadrado. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005......................................
83
Tabela 13 - Distribuição do número de animais com a artéria pancreaticoduodenal (modo B)
visível segundo sexo, idade e peso e nível descritivo do teste qui-quadrado. Hospital
Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005......................................................................
83
6
1
Tabela 14 - Distribuição do mero de animais segundo a ecogenicidade do pâncreas em relação
ao fígado e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível descritivo do teste
qui-quadrado. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005.................................
84
Tabela 15 - Distribuição do mero de animais segundo a ecogenicidade do pâncreas em relação
à gordura mesentérica e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível
descritivo do teste qui-quadrado. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005........
85
Tabela 16 - Distribuição do número de animais segundo a ecotextura do pâncreas e as variáveis
de interesse (sexo, idade e peso) e nível descritivo do teste qui-quadrado. Hospital
Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005...........................................................................
86
Tabela 17 - Distribuição do número de animais segundo a definição dos contornos do pâncreas e
as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível descritivo do teste qui-quadrado.
Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005.............................................................
87
62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APD – L artéria pancreaticoduodenal – plano longitudinal
APD – T artéria pancreaticoduodenal – plano transversal
cm centímetros
CORPO corpo pancreático
DP – L ducto pancreático – plano longitudinal
DP - T ducto pancreático – plano transversal
kg quilogramas
LD – L lobo direito pancreático– plano longitudinal
LD – T lobo direito pancreático – plano transversal
LE lobo esquerdo pancreático
mm milímetros
PRF pulse-repetition frequency
VPD – L veia pancreaticoduodenal – plano longitudinal
VPD – T veia pancreaticoduodenal – plano transversal
63
LISTA DE SÍMBOLOS
± mais ou menos
< menor
> maior
% porcentagem
menor ou igual
maior ou igual
® marca registrada
64
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 20
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................... 25
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................... 47
3.1 ANIMAIS....................................................................................................................................
48
3.2 EXAMES LABORATORIAIS......................................................................................................
48
3.3 EXAMES ULTRA-SONOGRÁFICOS........................................................................................
50
3.3.1 Preparo do paciente..................................................................................................................
50
3.3.2 Equipamento ultra-sonográfico..................................................................................................
50
3.3.3 Técnica do exame ultra-sonográfico.........................................................................................
51
3.3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................................................
55
4 RESULTADOS.................................................................................................................... 57
4.1 VISIBILIZAÇÃO DAS REGIÕES E ESTRUTURAS PANCREÁTICAS E CONTRIBUIÇÕES
DO MÉTODO DOPPLER...........................................................................................................
58
4.2 AVALIAÇÃO ANÁTOMO SONOGRÁFICA DO PÂNCREAS: TOPOLOGIA, ARQUITETURA,
DIMENSÕES, ECOGENICIDADE ECOTEXTURA E CONTORNOS........................................
59
4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOGENICIDADE, A ECOTEXTURA E OS
CONTORNOS DO PÂNCREAS................................................................................................
70
4.4 AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES DO PÂNCREAS SEGUNDO O SEXO, A IDADE E O
PESO.........................................................................................................................................
71
4.5 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS DE ACORDO COM AS REGIÕES E ESTRUTURAS
PANCREÁTICAS VISIBILIZADAS SEGUNDO O SEXO, A IDADE E O PESO........................
80
4.6 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOGENICIDADE DO PÂNCREAS DE
ACORDO COM O SEXO, A IDADE E O PESO........................................................................
84
4.7 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOTEXTURA DO PÂNCREAS DE
ACORDO COM O SEXO, A IDADE E O PESO........................................................................
86
4.8 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO OS CONTORNOS DO PÂNCREAS DE
ACORDO COM O SEXO, A IDADE E O PESO........................................................................
87
5 DISCUSSÃO....................................................................................................................... 88
6 CONCLUSÕES................................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 101
APÊNDICE.......................................................................................................................... 107
65
Introdução
1 INTRODUÇÃO
A ultra-sonografia é um dos métodos de diagnóstico por imagem mais versáteis e ubíquos, de
aplicação relativamente simples e com baixo custo operacional. Entretanto, exige treinamento
constante e uma conduta participativa do usuário (KODAIRA et al., 2004).
Devido aos avanços tecnológicos e conseqüente desenvolvimento de aparelhos ultra-
sonográficos de alta resolução, com sistemas Doppler colorido e plex Doppler, podemos, além de
determinar os aspectos anátomo sonográficos de um órgão, realizar o estudo não invasivo da
hemodinâmica interna deste.
A utilização da ultra-sonografia, em Medicina Veterinária, vem se tornando prática comum nos
últimos anos, porque além do baixo custo, é um método considerado não invasivo ou minimamente
invasivo, capaz de fornecer informações relacionadas à dimensão, contornos, topologia e arquitetura
interna de diversos órgãos e estruturas, não necessitando de medidas de proteção ao paciente e ao
operador.
Mesmo assim, são parcas as informações disponíveis relativas à padronização de dimensões e
aspectos anátomo sonográficos dos mais variados órgãos entre as diversas espécies animais das mais
variadas raças.
Recentemente, no caso específico do pâncreas de animais de pequeno porte, sua avaliação
tornou-se parte do exame ultra-sonográfico abdominal de rotina, mesmo com poucos estudos
realizados neste órgão.
A ultra-sonografia foi uma das primeiras modalidades de diagnóstico por imagem, que permitiu
a visibilização direta do parênquima pancreático. Sabe-se que além da ultra-sonografia, a tomografia
computadorizada é um excelente método para a avaliação do pâncreas. Entretanto, quando
66
Introdução
comparamos estas duas técnicas, observamos que a tomografia computadorizada é um exame de alto
custo, apresenta pouca disponibilidade de equipamentos no Brasil, necessita de anestesia geral, utiliza
radiação e pode precisar do uso de contrastes, limitando assim a sua utilização na rotina veterinária.
Em relação às doenças pancreáticas, embora sejam freqüentes nos cães, o diagnóstico dessas
enfermidades é dificultado pelos inúmeros sinais clínicos associados, que mimetizam outras doenças,
bem como, pelos resultados laboratoriais inespecíficos.
Em termos de imagem diagnóstica, sabe-se que a maioria das doenças pancreáticas está
relacionada com o aumento de suas dimensões ou com a ausência de limites definidos e com reduzida
ecogenicidade. Mesmo assim, quase não existem dados disponíveis sobre a padronização de
dimensões e aspectos anátomo sonográficos da glândula, em raças caninas específicas ou em grupos
de biotipos semelhantes. Quando disponíveis estão baseadas em reduzidos grupos de animais (LAMB
et al., 1995).
Estudos sobre a acurácia do método ultra-sonográfico para o reconhecimento do pâncreas
normal e suas regiões, padronização de dimensões e aspectos anátomo sonográficos normais
foram realizados em animais da espécie felina (ETUE et al. 2011; FROES, et al., 2001), necessitando
de estudo ainda na espécie canina.
Segundo Nyland et al. (2002), ainda restam dúvidas, se a visibilização do parênquima
pancreático representa uma condição patológica prévia, ou se realmente a visibilização do parênquima
normal em cães, se deve a melhora na qualidade dos equipamentos ultra-sonográficos.
A ausência de padrões de normalidade e valores métricos referentes ao ncreas normal leva
o observador a uma avaliação subjetiva, e possivelmente, a diagnósticos falsos positivos (SAUNDERS,
1991). O estudo e a padronização das características anátomo sonográficas podem acrescentar
informações valiosas ao diagnóstico. Por exemplo, na espécie humana, a dilatação do ducto
pancreático é considerado, o sinal mais confiável e consistente de pancreatite em crianças, enquanto
67
Introdução
que em pacientes geriátricos, o aumento do diâmetro do ducto pancreático é considerado um aspecto
normal (CHAO et al., 2000; SIEGEL et al., 1987). Os felinos parecem acompanhar o padrão humano
(LARSON et al., 2005). Nos cães, até o presente momento, nenhum estudo sistemático semelhante
estava disponível.
Neste estudo, escolheu-se trabalhar com cães da raça Poodle Toy, muito prevalentes em
nosso meio e potenciais portadores de doenças pancreáticas.
A exposição até aqui realizada aponta a necessidade de mais estudos sobre o tema, razão
pela qual foi empreendida esta investigação, cujos objetivos são:
1. Verificar a acurácia do método ultra-sonográfico em visibilizar o pâncreas normal, de cães hígidos da
raça Poodle Toy, através de seus parâmetros anatômicos, caracterizando as regiões que o compõem
(lobos direito, esquerdo e corpo) e as suas estruturas internas (ducto pancreático, veia
pancreaticoduodenal e artéria pancreaticoduodenal);
2. Estabelecer padrões anátomo ultra-sonográficos de normalidade, para o pâncreas dessa raça,
através de informações obtidas em relação à sua: topologia, arquitetura, ecogenicidade, ecotextura,
contornos;
3. Estabelecer valores de referência para a espessura do pâncreas e o diâmetro das estruturas
tubulares internas de cães Poodle Toy;
4. Estabelecer correlações entre todos os parâmetros anátomo ultra-sonográficos pesquisados com as
variáveis: sexo, idade e peso;
68
Introdução
5. Determinar as contribuições do Doppler colorido e dúplex Doppler na diferenciação das estruturas
internas.
Revisão da Literatura
2 REVISÃO DA LITERATURA
O conhecimento da anatomia pancreática e da relação desse órgão com as estruturas
adjacentes é essencial para a sua localização e identificação, mesmo que ainda seja considerado difícil
reconhecê-lo como uma estrutura distinta ultra-sonograficamente (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996;
NYLAND et al., 2002; SAUNDERS et al., 1992).
O pâncreas é a segunda maior glândula do sistema digestivo, anexa ao intestino, sendo um
órgão único de formato irregular, podendo consistir de vários lobos (WEICHERT, 1959).
Nos carnívoros, o pâncreas é uma glândula de dimensões pequenas, localizada próximo ao
duodeno na porção dorsal da cavidade abdominal, caudalmente ao fígado, ocupando as regiões
epigástrica e mesogástrica (DYCE et al., 1997; EVANS, 1993).
Evans (1993) afirma que o lobo direito do pâncreas do cão está posicionado no mesoduodeno
próximo; é curvo e delgado. O lobo direito varia de um a três centímetros de largura e sua espessura
está acima de um centímetro, em cães com biotipo semelhante aos da raça Beagle. sua largura e
seu comprimento variam com o tamanho do animal (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996; MAHAFFEY,
1995).
Berford (2004), Evans (1993), Homco (1996), Nyland et al. (2002), Mahaffey (1995), Saunders
(1991) e Spaulding (1997) localizam o lobo pancreático direito, dorso medialmente ao duodeno
descendente e ventral ou ventro medialmente ao rim direito.
69
O corpo do pâncreas une os dois lobos pancreáticos em um ângulo de aproximadamente 45
graus, o qual se abre caudalmente à esquerda. O corpo repousa caudal à região pilórica (EVANS,
1993), apresentando cerca de um centímetro de espessura e três centímetros de largura. Localizando-
70
Revisão da Literatura
se imediatamente ventral a veia porta, que funciona como reparo anatômico vascular para a sua
identificação (BERFORD, 2004; EVANS, 1993; HOMCO, 1996; MAHAFFEY, 1995; NYLAND et al.,
2002; SAUNDERS, 1991; SPAULDING, 1997).
O lobo esquerdo repousa próximo ao omento maior. Inicia-se no corpo do pâncreas e segue
caudalmente à esquerda (EVANS, 1993). Sua espessura é semelhante a do lobo direito, porém este é
mais largo e mais curto (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996).
Berford (2004), Evans (1993), Homco (1996), Nyland et al. (2002), Mahaffey (1995), Saunders
(1991) e Spaulding (1997) localizam o lobo esquerdo caudal a flexura duodenal cranial e a grande
curvatura do estômago, e apresentam sua extremidade, adjacente ao baço, caudal à veia lienal e
cranioventral à superfície do rim esquerdo.
Embriologicamente, o pâncreas se desenvolve a partir de brotos primordiais, ventral e dorsal,
que surgem no intestino delgado embrionário representando uma extensão da mucosa glandular do
duodeno, que permanece ligada aos ductos secretórios. No cão, os dois brotos primordiais persistem e
se fundem, e os dois ductos originais são mantidos. O ducto do broto primordial ventral é o ducto
pancreático ou ducto de Wirsung, que se abre junto ao ducto biliar, na altura da papila duodenal
maior. O ducto do broto primordial dorsal é o ducto pancreático acessório ou ducto de Santorini,
que se abre na papila duodenal menor. Em alguns cães, somente o ducto pancreático acessório está
presente, e todo o suco pancreático entra no duodeno pela papila duodenal menor. Quando ambos os
ductos estão presentes, os sistemas que os compõem se intercomunicam dentro da glândula (EVANS,
1993).
Segundo Evans (1993), nos cães, o maior ducto é geralmente o ducto pancreático acessório,
que se abre no duodeno, distal ao menor ducto pancreático e ao ducto biliar.
71
Revisão da Literatura
Os principais vasos que irrigam o lobo direito são as artérias pancreaticoduodenais cranial e
caudal, que se anastomosam no interior da glândula e se originam das artérias celíaca e mesentérica
cranial, respectivamente. O lobo esquerdo é suprido predominantemente pelo ramo pancreático da
artéria lienal, que se origina da artéria celíaca. Os ramos das artérias gastroduodenais, artéria hepática
comum e os ramos direitos da artéria celíaca, também realizam o suprimento sanguíneo da glândula
(EVANS, 1993).
As porções cranial e caudal da veia pancreaticoduodenal situam-se no lobo direito e cursam
paralelamente ao duodeno descendente (EVANS, 1993).
Portanto, artéria e veia pancreáticas seguem longitudinalmente no lobo direito, e o ducto
pancreático encontra-se localizado ventralmente a esses vasos sangüíneos (BERFORD, 2004;
NYLAND et al., 2002; SAUNDERS, 1991).
A glândula pancreática é de origem mista, isto é, possui uma porção endócrina e outra
exócrina. A porção endócrina é composta pelas Ilhotas de Langerhans que se apresentam sob a forma
de aglomerados arredondados de células, imersos no tecido pancreático exócrino. A porção exócrina
apresenta-se como uma glândula acinosa composta, muito semelhante à glândula parótida
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).
Fisiologicamente o pâncreas exócrino realiza a degradação de proteínas, lipídios e
polissacarídeos, através da secreção do suco pancreático rico em enzimas (WILLIANS, 2000). O
pâncreas endócrino realiza um sensível e aperfeiçoado mecanismo de regulação das Ilhotas de
Langerhans para o controle da glicemia (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).
Quando abordamos as doenças pancreáticas sabemos que estas são freqüentes nos cães,
entretanto, devido ao grande número de sinais clínicos associados, o diagnóstico dessas enfermidades
é mais difícil, em especial para a pancreatite, que é mimetizada por inúmeras outras doenças. Sabe-se
72
Revisão da Literatura
então, que o diagnóstico das enfermidades pancreáticas no cão, como a pancreatite ou mesmo a
neoplasia pancreática, é dificultado pelos sintomas e sinais clínicos vagos, resultados laboratoriais
inconsistentes, e ainda por sua anatomia topográfica pouco favorável.
Avaliações laboratoriais como a amilase e a lipase séricas, embora rotineiramente empregadas
na consulta diagnóstica emergencial em humanos para a detecção de pancreatite aguda, apresentam
pouca acurácia, e geralmente são acompanhadas de outros exames complementares como a
tomografia computadorizada e a ultra-sonografia abdominal (VISSERS et al., 1999).
Sabe-se que a grande dificuldade no diagnóstico da pancreatite aguda por meio da atividade
da amilase sérica é sua baixa especificidade, que esta enzima encontra-se aumentada em outras
situações, como por exemplo: em doenças de origem salivar ou gastrintestinal, falência renal e acidose.
Na avaliação da lipase sérica, estas dificuldades também o encontradas, ou seja, esta enzima pode
estar aumentada em situações como: a pancreatite aguda e crônica, colecistite aguda, obstrução
intestinal, úlcera duodenal, cetoacidose diabética, carcinoma ou a presença de nódulos pancreáticos;
apesar das inúmeras enfermidades relacionadas com o aumento desta enzima, em estudo
retrospectivo, Vissers et al. (1999), consideram que o valor da lipase sérica é mais sensível que o da
amilase (95% X 79%, respectivamente). Acreditava-se que o aumento da lipase rica fosse um teste
de maior acurácia no diagnóstico da pancreatite aguda humana e esperava-se que a lipase sérica se
encontrasse dentro de valores séricos normais na ausência de doença relacionada ao pâncreas
(VISSERS et al., 1999). Baseado nestes achados, alguns autores afirmam que valores séricos normais
da lipase, geralmente descartam a hipótese clínica de pancreatite em cães (SAUNDERS, 1991).
Mais recentemente, Steiner (2003) afirmou que a atividade da lipase sérica em cães revelou
73,3% de sensibilidade e 55,2% de especificidade no diagnóstico de pancreatite, demonstrando que os
níveis de lipase são moderadamente sensíveis e específicos no diagnóstico de tal afecção. Portanto, o
73
Revisão da Literatura
autor aconselha que a atividade da lipase sérica, nos cães, deve ser apenas utilizada como um teste
para triagem até que o diagnóstico possa ser confirmado por outras modalidades diagnósticas mais
específicas. Além disso, a atividade da lipase sérica deve ser analisada com muita cautela, que,
apenas aumentos de três a cinco vezes, o seu valor superior normal devem ser considerados suspeitos
de pancreatite.
Em um estudo mostrou-se que nem mesmo a biópsia pancreática, vista tradicionalmente como
a ferramenta diagnóstica mais confiável para a pancreatite, revelou ser tão eficiente no seu diagnóstico
definitivo. Neste estudo foram analisados achados histopatológicos de cães com pancreatite. Em
metade de todos os cães que possuiam pancreatite crônica, a evidência de inflamação pancreática foi
encontrada em menos de 25% de todos os cortes analisados, concluindo que a inflamação pancreática,
especialmente em casos de pancreatite crônica, pode passar desapercebida (STEINER, 2003).
Sabe-se ainda que, a presença e a quantidade de enzimas digestivas na circulação pode ser
mensurada não pela sua atividade, mas também através de imunoensaios, e embora a
especificidade destes testes seja satisfatória, a técnica é considerada trabalhosa, e seu
desenvolvimento requer acesso a amostras purificadas da proteína de interesse (RUAUX, 2003;
STEINER, 2000).
Devido à dificuldade em se diagnosticar clinica ou laboratorialmente as enfermidades
pancreáticas, buscam-se alternativas, através de meios diagnósticos por imagem, para a avaliação do
parênquima pancreático.
A radiografia abdominal simples foi muito utilizada para o diagnóstico da pancreatite aguda no
passado, quando a ultra-sonografia era pouco disponível (NYLAND et al., 2002; SAUNDERS, 1991).
Acreditava-se que este exame pudesse contribuir no diagnóstico quando associado a achados clínicos
74
Revisão da Literatura
e laboratoriais compatíveis com a pancreatite, contudo, estudos mais recentes afirmam que a
radiografia abdominal sempre deve ser acompanhada pelo exame sonográfico para se chegar a um
diagnóstico de pancreatite aguda (HESS et al., 1998; SAUNDERS, 1991).
Acreditava-se que a identificação do pâncreas normal, pelos todos de imagem, dependesse
mais de suas referências anatômicas topográficas do que por sua identificação direta (SAUNDERS,
1991). Segundo Nyland et al. (2002), a ultra-sonografia foi a primeira modalidade que permitiu a
visibilização do parênquima pancreático no homem, sendo posteriormente aplicada aos animais.
Recentemente a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear conseguiram
ocupar um importante papel no acesso a doença pancreática na medicina humana, além disso, a
tecnologia da fibra óptica permitiu a realização da pancreatografia endoscópica retrógrada e da ultra-
sonografia endoscópica (NYLAND et al., 2002).
Infelizmente, essas três últimas técnicas ainda não participam da rotina da medicina
veterinária, mas a tomografia computadorizada e a ultra-sonografia abdominal vêm suprir as
dificuldades, sendo métodos bons e alternativos para a avaliação do pâncreas.
Em relação a estas duas técnicas imaginológicas, sabe-se que a tomografia computadorizada
é um exame de alto custo quando comparado a sonografia abdominal apresenta-se com pouca
disponibilidade de equipamentos no Brasil e ainda necessita de anestesia geral, limitando assim a sua
utilização na rotina clínica.
Ainda, Steiner (2003) cita que embora a tomografia computadorizada seja o método de escolha
para pacientes humanos com suspeita de pancreatite, um estudo recente mostrou que a sensibilidade
da tomografia foi inferior a da ultra-sonografia abdominal em gatos com suspeita de pancreatite e ainda
não foi estudada em cães.
Já, o aumento da disponibilidade, a versatilidade, o baixo custo, a rapidez, a facilidade de
execução, o fato de não ser invasivo e não utilizar radiações ionizantes faz com que a ultra-sonografia
75
Revisão da Literatura
pancreática situe-se como método de escolha na abordagem inicial do diagnóstico por imagem, no
paciente com suspeita clínica de doença deste órgão (BERFORD, 2004; NETO et al., 2002; NYLAND
et al., 2002; SAUNDERS, 1991).
Acreditava-se que, na maioria dos casos, o pâncreas normal não fosse visível à ultra-
sonografia, mas a introdução de novos equipamentos com alta resolução de imagem possibilitou o
aumento da freqüência de sua identificação nos cães (NYLAND et al., 2002).
Hess et al. (1998) avaliou clinica, laboratorial, radiografica e ultra-sonograficamente
anormalidades em 70 casos de cães com pancreatites agudas fatais e concluiu que a sensibilidade do
método ultra-sonográfico foi de 68%. Dado, que Steiner (2003) considerou alto, quando comparado
com resultados de estudos da sensibilidade da técnica ultra-sonográfica em felinos com pancreatite,
que variou de 11 a 35%.
Embora essa técnica imaginológica tenha muitas vantagens, que considerar as suas
significativas limitações.
A presença de s (BERFORD, 2004; BOROFFKA, 1998; HOMCO, 1996; LAMB, 1990;
MAHAFFEY, 1995; MAÏ, 2000; NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996; SAUNDERS, 1991) ou rio no
trato gastrintestinal pode interferir muito na identificação do parênquima, dificultando a boa avaliação da
“zona pancreática” (NETO et al.; NYLAND et al., 2002).
O preparo do animal, através de jejum alimentar ou instilação de água ou solução salina no
estômago, via oral, é importante para melhorar a avaliação da região pancreática, mas, para pacientes
que apresentam sinais de abdome agudo, poder-se-á abrir mão de qualquer preparo (NYLAND et al.,
2002).
De modo a minimizar a interferência de gás, na formação da imagem pancreática, deve-se
utilizar compressão adequada do transdutor no abdômen, bem como variar o posicionamento do animal
em decúbitos dorsal, lateral direito e esquerdo, com o intuito de deslocar o conteúdo do trato
76
Revisão da Literatura
gastrintestinal e se obter janelas acústicas adequadas (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996; NYLAND et
al., 2002; SAUNDERS, 1991).
Quando o paciente puder realizar o jejum alimentar adequadamente, preconiza-se administrar
medicações que reduzam a formação de gás pelo menos seis horas antes do exame.
Outras limitações da técnica ultra-sonográfica, citadas por alguns autores são: dificuldade de
avaliar minuciosamente o abdômen de cães muito grandes ou obesos, devido ao artefato de atenuação
(quanto maior a distância percorrida após a penetração do ultra-som, maior a atenuação sofrida
resultando em imagem de qualidade inferior (CARVALHO, 2004); excessiva movimentação respiratória
e tensão abdominal decorrente de dor ou medo do animal, nestes casos, o uso da analgesia ou
sedação contribui significativamente para a qualidade do exame (BERFORD, 2004; LAMB, 1995;
NYLAND et al., 2002; SAUNDERS, 1991).
Da mesma forma que os autores consideram que o excesso de gordura abdominal constitui
uma dificuldade ao exame ultra-sonográfico, Saunders (1991) afirma que as chances de se identificar
mais facilmente o ncreas normal são maiores em filhotes e cães magros, com reduzida quantidade
de gordura abdominal.
Além disso, cães com efusão peritoneal causada por outras razões que o a pancreatite,
abdomens pós laparotomias que apresentam o mesentério inflamado decorrente da manipulação
cirúrgica, também facilitam a identificação do parênquima pancreático normal (SAUNDERS, 1991).
Pesquisadores citam que a instilação de água ou solução fisiológica, no estômago dos animais
possam melhorar a janela acústica para a visibilização do pâncreas; assim como, a administração de
drogas que diminuem o acúmulo de gases e o peristaltismo intestinal, estas manobras aparentemente
auxiliam no estudo da região pancreática em humanos, todavia, deve-se considerar que as mesmas
manobras podem induzir vômito em pacientes com suspeitas de pancreatite, contribuir para a
77
Revisão da Literatura
introdução de ar no estômago e ainda aumentar a liberação de enzimas pancreáticas, não sendo
completamente aceitas (NYLAND et al., 2002).
Na literatura veterinária, alguns autores citam um trabalho que sugere a administração, via a
introdução de catéter em cavidade peritoneal, de solução salina estéril morna ou solução Ringer, na
proporção de aproximadamente 60ml/kg (produzindo-se a presença de fluido intraperitoneal livre),
criando-se uma janela acústica e assim delineando-se os contornos pancreáticos (LAMB, 1990;
NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996). Porém o uso desta técnica chamada de hidroperitôneo
diagnóstico é contra-indicada em animais que possuam doenças que prejudiquem a regulação de
volume de fluido extra-celular, como cirrose, insuficiência cardíaca congestiva, falência renal e
hipoalbuminemia (NYLAND et al., 2002). Além disso, tem como complicação a possível perfuração de
vísceras abdominais e, portanto, apesar de proporcionar melhor identificação do parênquima
pancreático, não é recomendada como procedimento de rotina (BERFORD, 2004).
Mahaffey (1995), Nyland et al. (2002) e Saunders (1991), apontam que a região pancreática
deve ser sempre avaliada sistematicamente e com transdutores adequados ao porte do animal. Para
tanto, propriedades ultra-sonográficas como a relação direta entre a freqüência da onda sonora e a
resolução axial, e a relação inversa entre freqüência e a profundidade de propagação da onda sonora,
devem ser levadas em consideração na escolha dos transdutores (SAUNDERS, 1991).
Saunders (1991) aconselha a utilização de um transdutor que emita altas freqüências de ondas
sonoras, isto é, que possibilite maior resolução axial, mas que também permita uma profundidade de
penetração adequada.
O pâncreas pode ser bem delimitado com transdutores de freqüência de 5,0 a 7,5MHz, todavia,
em raças grandes e animais obesos pode ser necessária a utilização de transdutores de até 3,0 MHz.
78
Revisão da Literatura
Sem dúvida, preferências por transdutores de maior freqüência como 7,5 MHz e até 10,0 MHz,
que estes aparentemente delimitam melhor o órgão, principalmente o lobo direito. O lobo esquerdo por
vezes, ser mais profundo, requer a utilização de transdutores de 5,0 MHz (NYLAND et al., 2002).
Para a obtenção da imagem pancreática transdutores setorias, mecânicos ou eletrônicos, são
os mais adequados, devido a sua pequena área de contato com a pele, o que facilita o acesso ao
abdômen cranial direito, entre as costelas. Os transdutores lineares podem permitir a obtenção de
imagem pancreática detalhada, e como são eletrônicos possuem a característica de variar o foco, que
aumenta a resolução lateral em várias profundidades (SAUNDERS, 1991).
Alguns fatores inerentes ao parênquima pancreático, como suas pequenas dimensões, seus
limites pouco definidos e sua ecogenicidade semelhante a do mesentério e da gordura adjacente
também podem limitar a sua avaliação e identificação, (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996; LAMB, 1990;
MAHAFFEY, 1995; MAÏ, 2000; NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996; SAUNDERS, 1991). Por outro
lado, a estrutura tubular anecogênica, que percorre longitudinalmente o meio do pârenquima
pancreático do lobo direito, e tem sido relatado por alguns autores como sendo a veia
pancreaticoduodenal, ajuda na sua visibilização (HOMCO 1996; NYLAND et al., 2002; PENNICK,
1996).
Dentro da abordagem diagnóstica do abdômen, o pâncreas é o órgão que exige do
examinador, maior habilidade, conhecimento e treinamento da anatomia ultra-sonográfica, dado
decorrente de suas relações topográficas (BERFORD, 2004; NETO et al., 2002).
A técnica de varredura ultra-sonográfica para a localização do parênquima pancreático deve
ser realizada sistematicamente, como já citado.
Nyland et al. (2002) alerta para se evitar trabalhar com um alto ganho, que isto aumentaria o
brilho da região pancreática dificultando a visibilização de anormalidades e possivelmente conduzindo a
diagnósticos falsos negativos.
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Revisão da Literatura
O exame completo do pâncreas deve incluir o corpo e ambos lobos pancreáticos. Este exame,
em geral é dificultado tecnicamente pela ausência de uma janela acústica adequada e pelo artefato de
reverberação provocado pelo conteúdo gasoso do estômago e alças intestinais, que impede a
visibilização contínua do parênquima pancreático (HOMCO, 1996).
O lobo direito do pâncreas é mais bem avaliado com o animal posicionado em decúbito lateral
esquerdo. Com um plano de orientação longitudinal, tanto o acesso lateral, como o ventral, podem ser
utilizados para se identificar o duodeno descendente e o rim direito, reparos anatômicos essenciais na
sua localização (SAUNDERS, 1991).
Utilizando-se o acesso ventral, dois métodos podem ser aplicados. No primeiro acesso ventral,
o transdutor é colocado abaixo da décima terceira costela e angulado dorsalmente. Neste local,
visualiza-se o rim direito e o lobo caudado do fígado, movendo-se o transdutor medialmente
(axialmente) e realizando-se maior compressão com o transdutor, identifica-se o duodeno descendente
deslocado dorsalmente (SAUNDERS, 1991). Angulando-se o transdutor nesse mesmo ponto, localiza-
se o lobo direito do pâncreas dorsal ou dorso medial ao duodeno (NYLAND et al., 2002).
No segundo acesso ventral, o transdutor é localizado na linha média, caudal ao xifóide.
Em um plano longitudinal, o estômago é localizado e o transdutor movido lateralmente e à direita,
identificando-se o antro pilórico e o piloro. Com movimentos laterais contínuos, o piloro é visibilizado
junto ao duodeno descendente. Da mesma forma que no acesso anterior, identificamos o lobo direito
do pâncreas longitudinalmente. Uma vez o lobo direito localizado longitudinalmente, basta rotacionar o
transdutor 90 graus para se obter sua imagem transversal (SAUDERS, 1991).
O acesso lateral é mais utilizado em cães de peito profundo e naqueles com leve aumento de
dimensões pancreáticas, exatamente por ser menos doloroso que o acesso ventral. Neste caso, um
acesso lateral intercostal é necessário para se identificar o rim direito e o duodeno descendente
proximal, que se encontrará ventro medial ao rim direito. Dessa forma, o duodeno descendente estará
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Revisão da Literatura
imediatamente adjacente à parede abdominal e deslocado dorsalmente ou mais comumente,
ventralmente. Uma vez, localizado o duodeno descendente, o lobo direito deve ser examinado dorsal e
medialmente, seguindo-se em sentido caudal até o ponto que ele muda o sentido cranialmente e torna-
se duodeno ascendente (MAHAFFEY, 1995; SAUNDERS, 1991).
As veias pancreaticoduodenais cranial e caudal podem ser visualizadas paralelas ao duodeno
descendente e melhor definidas com um transdutor de 7,5 MHz ou mais (NYLAND et al., 2002).
No decúbito lateral esquerdo, o incoveniente do artefato de reverberação, provocado pelo
acúmulo de conteúdo gasoso antro pilórico e duodeno descendente, dificultando a visibilização do lobo
direito. Nesse caso, pode-se utilizar uma mesa específica, onde o animal é colocado em decúbito
lateral direito, e existe uma abertura para a introdução da mão do operador e do transdutor, que ficarão
em contato com o lado direito do animal (NYLAND et al., 2002).
O corpo pancreático pode ser identificado do lado direito com o animal em decúbito lateral
direito ou esquerdo, movendo-se o transdutor craniomedialmente ao duodeno descendente proximal e
caudalmente ao antro pilórico. Movimentando-o em seguida medialmente e com considerável
compressão a fim de deslocar as alças intestinais, identifica-se a veia porta. Uma vez localizada, o
corpo pancreático situa-se ventral a ela (SAUNDERS, 1991).
O lobo pancreático esquerdo é mais bem reconhecido com o transdutor no abdômen cranial no
plano sagital (NYLAND et al., 2002). Este lobo pancreático é mais difícil de ser visibilizado, devido ao
conteúdo gasoso ou pastoso freqüentemente presente no estômago, em cólon transverso e intestino
delgado adjacentes a ele. (HOMCO, 1996; MAHAFFEY, 1995; NYLAND et al., 2002; SAUDENRS,
1991). No entanto, a área caudal a grande curvatura do estômago e cranial ao cólon transverso pode
ser analisada lateralmente, a partir do piloro, com o animal em decúbito dorsal ou lateral direito.
Realizando-se contínuos movimentos lateralizados com o transdutor, encontramos o baço e o rim
esquerdo, onde a extremidade do lobo esquerdo pode manter contato. Podemos utilizar também a veia
81
Revisão da Literatura
lienal como reparo anatômico, para se localizar o lobo esquerdo do pâncreas, que este situa-se
imediatamente caudal ao vaso (MAHAFFEY, 1995; NYLAND et al., 2002).
Quando identificado, ao exame ultra-sonográfico, o ncreas é geralmente isoecogênico à
gordura abdominal circundante, e é ocasionalmente visibilizado como uma estrutura fina e
hipoecogênica dorsal ou medial ao duodeno, ventral à veia porta e caudal ao estômago (BERFORD,
2004; HOMCO, 1996; MAHAFFEY, 1995; MAÏ, 2000; NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996;
SAUNDERS, 1991).
Berford (2004), Homco (1996), Mahaffey (1995), Maï (2000), Nyland et al. (2002); Pennick
(1996); Saunders (1991), são unânimes quando descrevem a ecogenicidade do pâncreas do cão
hígido, como geralmente semelhante a do mesentério e gordura circundante, isoecogênica ou
discretamente hiperecogênica que a do lobo caudado do fígado e hipoecogênica quando comparada ao
parênquima esplênico. O mesmo se aplica, quando descrevem as margens do pâncreas como pouco
definidas.
Berford (2004) acrescenta que em animais obesos e idosos o pâncreas é isoecogênico em
relação à gordura mesentérica, e em animais jovens e magros, sua ecogenicidade é um pouco menor e
suas margens são discretamente mais definidas.
No homem, a ecogenicidade aumenta (GLASER; STIENECKER, 2000) e as dimensões
diminuem conforme a idade, e embora esses dados pareçam ser semelhantes nos cães o existem
estudos que os comprovem (BERFORD, 2004). Nos felinos, esses parâmetros não se alteram,
independente de idade (LARSON et al., 2005), sexo ou peso (BERFORD, 2004; ETUE et al., 2001).
No homem, o aumento da ecogenicidade do pâncreas com a idade, se deve primariamente a
infiltração gordurosa, fibrose e a atrofia, sendo que a acentuada hiperecogenicidade do parênquima
pancreático pode ser um achado normal em pacientes geriátricos humanos, e até mesmo em pacientes
obesos, independentemente da idade (GLASER; STIENECKER, 2000).
82
Revisão da Literatura
A ecotextura do pâncreas é homogênea e se distingue pouquíssimo dos tecidos adjacentes,
mesmo quando visibilizado com transdutores de alta freqüência (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996;
MAHAFFEY, 1995).
Em relação às dimensões referentes à espessura pancreática, Homco (1996), Lamb (1999),
Mahaffey (1995) e Saunders (1991), são os únicos que citam valores numéricos. Os autores
descrevem que no cão ambos os lobos pancreáticos medem aproximadamente um centímetro de
espessura, ainda que difiram no comprimento e na largura. Para o corpo pancreático, entretanto, não
citam nenhum valor de referência.
Os autores também afirmam que durante a visibilização do parênquima pancreático, também é
possível individualizar pelo menos uma estrutura tubular anecogênica que percorre longitudinalmente
ao longo do lobo direito, paralelamente ao duodeno descendente. Tal estrutura foi citada como sendo a
veia pancreaticoduodenal, pelos mesmos autores, podendo ser distinguida da artéria
pancreaticoduodenal e do ducto pancreático, através da análise dúplex Doppler, onde se observa um
espectro de velocidade característico de fluxo venoso (BERFORD, 2004; HOMCO, 1996; MAHAFFEY,
1995; NYLAND et al., 2002; SAUNDERS, 1991).
No cão, os vasos que drenam o pâncreas, são apenas identificados ultra-sonograficamente, no
lobo direito (SAUNDERS, 1991).
Embora os aspectos da anatomia ultra-sonográfica do pâncreas, referentes à topologia,
ecogenicidade, contornos e textura do parênquima, pareçam bem definidos nos cães, estudos de
acurácia do método ultra-sonográfico para a visibilização do pâncreas normal, reprodutibilidade de
imagens, padronização de dimensões e aspectos sonográficos normais foram estudados
sistematicamente em animais da espécie felina (ETUE et al.; FROES, et al., 2001). O único estudo
83
Revisão da Literatura
disponível na literatura realizado na espécie canina avaliou um grupo experimental muito reduzido
(LAMB, 1995).
Nos animais da espécie felina sabe-se que é possível a visibilização e avaliação dos lobos
pancreáticos: direito, esquerdo e corpo em animais gidos, em uma porcentagem alta de animais,
sendo o lobo pancreático esquerdo, aparentemente mais fácil de ser identificado. A padronização das
dimensões (especificamente da espessura) também foi determinada (ETUE et al., 2001; FROES et al.,
2001).
Froes et al. (2001) avaliaram dez gatos e afirmam ter identificado o ducto pancreático em todos
eles, porém, sem auxílio da técnica Doppler, avaliando os a cada cinco semanas, num total de 50
exames. Etue et al. (2001) ao estudarem o pâncreas normal de 20 gatos, identificaram o ducto
pancreático em todos os animais e confirmaram em não se tratar de uma estrutura vascular, através da
análise Doppler, em 17 animais. Nos outros três animais a verificação não foi estabelecida devido à
interferência respiratória ou do temperamento agitado dos mesmos.
Lamb (1995) avaliou e descreveu sistematicamente os aspectos anátomo sonográficos do
pâncreas de quatro cães da raça Beagle, pertencentes ao grupo controle de um estudo sobre achados
ultra-sonográficos em cães com pancreatite induzida através de infusão intravenosa de colecistoquinina
sintética (CCK-8). Em todos os cães a ecogenicidade do pâncreas e foi considerada discretamente
hiperecogênica quando comparada ao parênquima hepático, a ecotextura homogênea e os contornos
pouco definidos, principalmente ao se avaliar o lobo direito. O autor identificou através da técnica
Doppler, a artéria e a veia pancreaticoduodenais seguindo um padrão ondulado, longitudinalmente
através do lobo direito. A veia mediu entre 2-3 milímetros e a artéria aproximadamente um milímetro
de diâmetro.
Lamb (1989) e Nyland et al. (2002) citam que no cão a visibilização do ducto pancreático é
84
Revisão da Literatura
rara. Porém, seis anos depois, Lamb (1995) conseguiu visibilizar o ducto pancreático no mesmo grupo
controle do experimento citado anteriormente, descrevendo-os como uma estrutura tubular
anecogênica, ventral às estruturas vasculares do parênquima, de lúmen estreito e paredes
hiperecogênicas, apresentando diâmetro menor que um milímetro.
Parulekar (1980) diz que o ducto pancreático normal pode ser observado em aproximadamente
82% dos humanos, e que o calibre normal é menor que 2 mm (HADIDI, 1983; LAWSON et al., 1982).
As principais indicações para o exame ultra-sonográfico do pâncreas em cães são suspeitas de
pancreatite, sinais clínicos de emêse, diarréia e perda de peso sem causa definida, sensibilidade no
abdômen cranial, massas identificadas radiograficamente na região pancreática, pesquisa de neoplasia
primária quando são caracterizados focos de metástase em fígado ou pulmões, hipoglicemia
persistente e pesquisa de insulinomas pancreáticos, obstrução biliar extra-hepática e suspeitas de
abscessos e cistos pancreáticos (BERFORD, 2004; HESS et al., 1998; HOMCO, 1996; LAMB, 1989;
LAMB, 1999; MAHAFFEY, 1995; MAÏ, 2000; MURTAUGH et al., 1985; NYLAND et al., 1983; NYLAND
et al., 2002; PENNICK, 1996; SAUNDERS, 1991; STEINER, 2003).
Foram encontrados três estudos na literatura onde cães foram submetidos à indução de
pancreatite experimental, e apenas um onde a avaliação se deu através da ocorrência natural, a fim de
descrever as características ultra-sonográficas de tal enfermidade.
Primeiramente, Nyland et al. (1983), induziram experimentalmente a pancreatite aguda
necrosante em três cães normais adultos da raça Beagle, através da injeção de ácido oléico (0,5 ml /
kg de peso vivo) diretamente no ducto pancreático acessório, durante laparotomia, com os animais
anestesiados. O tratamento de suporte intensivo e o manejo dos cães após a cirurgia seguiu um
protocolo pré estabelecido. As imagens ultra-sonográficas foram obtidas com um transdutor mecânico
setorial de 5,0 Mhz, com os animais posicionados em decúbito dorsal, 24 e 48 horas após a cirurgia.
85
Revisão da Literatura
Concluiu-se que qualquer doença inflamatória do pâncreas, isto é pancreatite, tende a aumentar a
dimensão pancreática e deixá-lo hipoecogênico, devido ao edema formado. Os autores reconhecem
que a comparação destes achados com os que ocorrem naturalmente na pancreatite aguda devem
ainda ser melhor estudados.
Dois anos depois, Murtaugh et al. (1985) induziram, experimentalmente, a pancreatite aguda
em seis cães sem raça definida, através do mesmo protocolo usado por Nyland et al. (1983), a fim de
corroborar e adicionar informações ultra-sonográficas a respeito da pancreatite aguda induzida através
de ácido oléico. Os achados ultra-sonográficos obtidos estavam de acordo com o estudo anterior e
ainda foram descritas a presença de pseudocistos pancreáticos (estruturas de fluido homogêneo e
denso) que podem resultar na inflamação aguda do ncreas. Desta forma, a ultra-sonografia pode
determinar o momento de intervenção cirúrgica se não houver regressão espontânea deste ou ainda
servir de guia para a realização de drenagens ecodirigidas, que não são acessíveis a excisões
cirúrgicas.
Lamb (1995) também induziu a pancreatite em quatro cães adultos da raça Beagle através da
infusão supra fisiológica de colecistoquinina sintética (CCK-8), e comparou estes es com outros
quatro da mesma raça onde foi realizada a infusão de solução salina. O grupo controle (solução salina)
foi examinado com um transdutor mecânico, setorial de 7,5 MHz e então foram descritas as
características anátomo sonográficas normais, como já citado anteriormente. O grupo experimental foi
examinado 2 a 4 horas após a infusão de CCK-8, apresentando aumento de dimensões, acúmulo de
fluido subcapsular e interlobular e hipoecogenicidade irregular do parênquima glandular. Após 6 horas
os achados ultra-sonográficos foram confirmados como sendo pancreatite edematosa, na necropsia. O
pequeno intervalo de tempo em que os animais foram examinados deve justificar a ausência de lesões
secundárias no trato biliar ou no duodeno, quando comparado com a ocorrência natural da pancreatite.
86
Revisão da Literatura
Hess et al. (1998) avaliaram 70 casos de cães com pancreatite aguda fatal: clinica, laboratorial,
radiografica e ultra-sonograficamente, cujos animais apresentavam história, sinais clínicos e
anormalidades histológicas consistentes com o diagnóstico de pancreatite aguda. Apenas em 34 cães
a avaliação ultra-sonográfica estava disponível. Neste estudo, os autores concluíram que os achados
sugestivos de pancreatite aguda de ocorrência natural nos cães são: hipoecogenicidade do parênquima
pancreático, mesentério hiperecóico, aumento da espessura do pâncreas superior a 2,0 centímetros,
efusão peritoneal, sinais de duodenite (através da irregularidade ou espessamento da parede
duodenal), ou obstrução biliar extra-hepática (através da dilatação do ducto cístico e visibilização do
ducto biliar comum, maior que 0,5 cm de diâmetro) e presença de cistos, pseudocistos ou massas
pancreáticas. Essas alterações ultra-sonográficas encontradas foram identificadas em 23 dos 34 casos,
o que correspondeu a 68% dos casos. Em dois casos, embora não tivessem sido achados sinais ultra-
sonográficos de pancreatite, radiografias abdominais identificaram a doença. Nos outros nove casos
(26,5%) as alterações não foram identificadas ultra-sonograficamente. Mas vale ressaltar que poderiam
existir e não acusar alterações sonográficas, embora isso não tenha sido citado pelos autores.
No homem, autores consideram que em aproximadamente 20-30% dos casos de pancreatite
aguda de ocorrência natural, o ncreas pode ser normal ecograficamente (NETO et al., 2002) e por
isso em um pequeno número de pacientes o diagnóstico da pancreatite permanece puramente clínico,
uma vez que os exames de imagem não identificam nenhuma alteração (MACHADO et al., 2002).
Ainda em relação aos aspectos ultra-sonográficos encontrados na pancreatite aguda, Lamb
(1989) avaliou dois cães com suspeita de pancreatite aguda, onde foram identificados os sinais
sonográficos compatíveis com a enfermidade, descritos anteriormente por outros autores, além da
presença de dilatação do ducto pancreático, não identificada anteriormente.
87
Revisão da Literatura
Embora não existam estudos específicos sobre o comportamento do ducto pancreático na
espécie canina, Chao et al. (2000) e Siegel et al. (1987) afirmam que em crianças, a dilatação do ducto
pancreático é considerada o sinal mais confiável de pancreatite, muito mais consistente que alterações
nas dimensões ou na ecogenicidade da glândula. Por outro lado, no homem adulto a dilatação do ducto
pancreático pode ocorrer em uma variedade de condições (HADIDI, 1983).
Dessa forma, Lamb (1989) baseando-se em achados ultra-sonográficos da doença pancreática
humana, concluiu que essa dilatação deve ser considerada um achado não específico potencial, mas
que a identificação sonográfica da dilatação do ducto pancreático em um cão com suspeita de
pancreatite aguda, sustenta o diagnóstico.
Glaser e Stienecker (2000) descreveram que o diâmetro do ducto pancreático aumenta com o
avanço da idade no homem, e que os pacientes com idade avançada (mais que 80 anos de idade)
podem apresentar normalmente um diâmetro de 2,3 mm para o ducto pancreático, não devendo
exceder 3 mm.
Mais tarde, Larson et al. (2005) realizaram um estudo com 84 felinos normais, onde também foi
observado um discreto aumento do diâmetro do ducto pancreático com a idade, concluindo assim, que
a simples característica de dilatação deste ducto não pode ser utilizada como único indicativo de
pancreatite no felino idoso.
Portanto, assim como no homem ocorre um aumento do calibre do ducto pancreático com a
idade, a mesma correlação, embora discreta, também existe na espécie felina.
Essa característica ainda não pode ser descartada e nem levada em consideração na espécie
canina, pois além de não terem sido realizados estudos a respeito do comportamento do diâmetro do
ducto em relação à idade, Wall et al. (2001) afirmam que nos dois cães observados por Lamb (1989)
não houve nenhuma avaliação dos ductos pancreáticos dilatados, quanto à presença ou não de fluxo
88
Revisão da Literatura
vascular, nem ao menos resultados de necrópsia. Sendo que ainda, a dilatação do ducto pancreático
pode ser confundida com a presença de pseudocistos, especialmente se este é muito dilatado e
tortuoso.
Em relação às neoplasias pancreáticas, poucos estudos descreveram suas características
ultra-sonográficas no cão. Embora a presença de massa hipoecogênica na região pancreática seja
sugestiva de neoplasia, ela não é suficiente para diferenciar os processos neoplásicos de pancreatite,
principalmente se o exame ultra-sonográfico for realizado apenas uma vez. O histórico, a idade, os
sinais clínicos e os exames laboratoriais devem ser sempre considerados. Quando a pancreatite aguda
é tratada apropriadamente é possível detectar a sua resolução através de exames ultra-sonográficos
controle, o que não ocorre no caso de neoplasias (NYLAND et al., 2002). Além disso, cães com
pancreatite severa podem ter lesões com aspecto de massas hipo ou hiperecóicas, líquido livre
abdominal localizado e aumento de linfonodos peripancreáticos adjacentes, assim como nos quadros
neoplásicos (LAMB et al., 1995).
O exame ultra-sonográfico também o provou ser capaz de estabelecer o diagnóstico
diferencial entre os tumores pancreáticos, a pancreatite crônica e os abscessos pancreáticos (NYLAND
et al., 2002).
Em estudo retrospectivo realizado por Lamb et al. (1995), dos 16 casos de neoplasias
pancreáticas analisados ultra-sonograficamente, 13 estavam relacionados aos insulinomas, dois a
metástases pancreáticas e um caso apenas a tumor de origem exócrina. Nos casos de insulinoma,
nódulos hipoecogênicos lobulares, ou esféricos, relativamente pequenos foram visualizados, mas em
quatro casos de insulinoma não foram detectadas alterações ultra-sonográficas. Destes quatro casos,
dois apresentavam alteração no lobo pancreático direito, um no lobo esquerdo e o último não foi
determinada. O menor tumor detectado ao exame ultra-sonográfico possuía 0,7 cm de diâmetro e
89
Revisão da Literatura
estava localizado na porção cranial do lobo pancreático direito. Em seis dos 16 casos, a origem da
massa foi descrita como sendo “provável massa pancreática”, destes a origem era incerta em três
animais, porque os contornos do pâncreas não estavam bem definidos ao exame.
Lamb et al. (1995) afirmam ainda que, embora os insulinomas sejam identificados ultra-
sonograficamente como estruturas arredondadas ou lobulares, bem definidas, sua visibilização no lobo
pancreático esquerdo pode ser difícil, devido à baixa sensibilidade do ultra-som nesse diagnóstico.
Os achados ultra-sonográficos em relação às neoplasias pancreáticas podem ser diretos ou
indiretos, os diretos são as massas sólidas, de contornos bem definidos, hipoecogênicas localizadas no
parênquima pancreático ou nos limites da glândula determinando o aumento de suas dimensões, com
ou sem de compressão de estruturas vizinhas (NETO et al., 2002). Os indiretos dizem respeito: à
dilatação do ducto pancreático que nos processos obstrutivos pancreáticos torna-se dilatado, assume
forma biconvexa, trajeto tortuoso e afilamento abrupto do seu calibre; e também à dilatação das vias
biliares, onde a obstrução ocorre no colédoco, ou seja, após a junção entre o ducto hepático comum e
o cístico, observando-se dilatações das vias biliares intra-hepáticas, do cístico, da vesícula biliar e do
próprio colédoco (NETO et al., 2002).
Materiais e Métodos
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Os procedimentos necessários à realização deste estudo com suas respectivas metodologias
foram:
3.1 ANIMAIS
90
O grupo experimental foi constituído por 33 cães hígidos (Canis familiares LINNAEUS, 1758),
todos da raça Poodle Toy, 17 fêmeas e 16 machos, com idade entre 6 e 168 meses, peso corpóreo de
1,85 a 6,15 kg, score corporal 5 (LAFLAMME, 1997)
1
, sendo 16 animais provenientes do canil particular
Oakland´s Kennel e 17 domiciliados, todos de São Paulo (Quadro 1).
Foram excluídos animais com histórico recente de enfermidades gastrintestinais, hepáticas,
diabetes mellitus ou traumatismos abdominais.
3.2 EXAMES LABORATORIAIS
De cada animal foram coletados 5,0 ml de sangue para a realização de hemograma e
dosagens séricas de: uréia, creatinina, proteínas totais, bilirrubinas, colesterol, triglicérides, amilase,
lípase, glicemia, fosfatase alcalina e alanina-aminotransferase.
Todos os exames foram processados e analisados no Laboratório da Clínica Médica do
HOVET FMVZ USP. Foram incluídos os animais com alterações laboratoriais conforme padronização
de Ettinger (1996).
1
Animais que apresentam condição corporal ideal, segundo a metodologia desenvolvida por LAFLAMME, 1997.
91
Materiais e Métodos
Quadro 1 - Características gerais dos cães Poodle Toy selecionados para a realização dos
exames ultra-sonográficos. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
Animal Nome Idade (meses) Sexo Peso (kg)
1 Aitana 72 Fêmea 3,40
2 Aline 10 Fêmea 2,75
3 Ayara 111 Fêmea 3,25
4 Bandite 10 Macho 4,20
5 Beto 7 Macho 2,65
6 Bia 78 Fêmea 2,60
7 Bingo 72 Macho 3,50
8 Branca 75 Fêmea 4,20
9 Cassino 104 Macho 4,10
10 Christine 82 Fêmea 4,60
11 Flash 73 Macho 3,20
12 Floppy 120 Macho 6,00
13 Flyn 12 Fêmea 3,40
14 Fred 108 Macho 5,90
15 Greggy 15 Macho 3,55
16 Hershey 100 Macho 3,70
17 Jackie 62 Fêmea 3,95
18 Jasmine 75 Fêmea 4,05
19 Kate 120 Fêmea 2,60
20 Katrina 10 Fêmea 3,50
21 Loopy 93 Macho 5,50
22 Maradona 27 Macho 3,00
23 Mica 91 Fêmea 2,25
24 Modello 10 Macho 2,45
25 Neguito 75 Macho 6,15
26 Nino 10 Macho 2,35
27 Sabrina 76 Fêmea 4,20
28 Shabata 121 Fêmea 3,60
29 Snow 27 Macho 4,15
30 Summer 6 Fêmea 1,85
31 Totó 12 Macho 4,90
32 Tuca 168 Fêmea 5,90
33 Twiggy 12 Fêmea 3,70
58
Materiais e Métodos
3.3 EXAME ULTRA-SONOGRÁFICO
Todos os exames foram realizados por um mesmo operador e com o mesmo equipamento,
pertencente ao Serviço de Diagnóstico por Imagem do Departamento de Cirurgia do Hospital
Veterinário da Universidade de São Paulo.
3.3.1 Preparo do paciente
Os animais permaneceram em jejum alimentar de pelo menos 8 horas antes do exame ultra-
sonográfico, necessário para a diminuição de conteúdo pastoso ou gasoso em trato gastrointestinal. Os
cães foram contidos manualmente para a execução do exame ultra-sonográfico transabdominal, não
havendo necessidade de utilização de qualquer sedativo ou mesmo anestésico. Em seguida foi
realizada ampla tricotomia do abdome ventral, entre o apêndice xifóide e os dois penúltimos pares de
glândulas mamárias, estendendo-se bilateralmente à região dorsal.
3.3.2 Equipamento ultra-sonográfico
Os exames foram realizados em aparelho de ultra-sonografia dinâmico, bidimensional
modelo HDI 5000 Sono-CT, marca ATL
1
, com transdutores eletrônicos convexo e linear,
multifreqüênciais (Figura 1), com freqüências variando de 4,0 a 7,0 MHz e 7,0 a 12,0 MHz,
respectivamente, utilizados de acordo com a região pancreática a ser observada.
1
Philips Ultrasound®
59
Materiais e Métodos
A documentação fotográfica dos exames foi feita em impressoras de vídeo em cores
2
e vídeo
preto e branco
3
.
Figura 1 – Equipamento ultra-sonográfico HDI 5000 – ATL – Philips®,
utilizado no estudo do pâncreas de cães da raça Poodle Toy
3.3.3 Técnica do exame ultra-sonográfico
O animal foi posicionado em decúbito dorsal, laterais direito e esquerdo, à direita do
examinador, com a região cefálica adjacente ao aparelho, e a região caudal próxima ao lado direito do
examinador. Utilizou-se gel acústico específico
4
para o estabelecimento de um melhor contato entre
transdutor e pele.
2
Mitsubishi CP 700
3
Sony UP 895 MD
4
Multigel Ltda.
60
Materiais e Métodos
Foram obtidas imagens ultra-sonográficas de cortes longitudinal (- L) e transversal (- T) para a
aquisição de dados referentes à topologia, arquitetura, ecogenicidade, ecotextura e contornos,
além das dimensões referentes à espessura do pâncreas e diâmetro das estruturas tubulares
internas.
Na abordagem inicial, o animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo, diretamente sobre
a mesa (Figura 2A). O exame sempre foi iniciado no quadrante cranial direito, com a visibilização do
corte longitudinal do rim direito e do duodeno descendente, ventral ou ventro medial ao rim. Em
seguida, angulando-se o transdutor, no mesmo segmento, localizou-se o lobo direito do pâncreas,
dorsal ou dorso medial ao duodeno. A imagem do corte longitudinal do lobo direito (LD L), obtida
sempre na altura do hilo renal direito, forneceu a espessura da glândula e os diâmetros da veia
pancreaticoduodenal (VPD – L), do ducto pancreático
5
(DP L) e da artéria pancreaticoduodenal (APD
L), quando visibilizados. A rotação do transdutor em 90 graus produziu a imagem do corte
transversal, que também forneceu a espessura e os diâmetros das referidas estruturas (LD T, VPD –
T, DP – T, APD – T).
Além disso, o lobo direito foi examinado em toda a sua extensão, verificando-se a preservação
do parênquima.
Para a distinção das estruturas tubulares identificadas nas imagens longitudinal e transversal
do lobo direito do pâncreas utilizou-se a técnica Doppler colorido, e quando possível a técnica Doppler
pulsado, distinguindo-se a artéria pancreaticoduodenal, a veia pancreaticoduodenal, e o ducto
pancreático.
A análise Doppler foi realizada com filtro médio a baixo e com PRF de 700 a 1500 MHz. Em
certos casos, a artéria pancreaticoduodenal foi identificada ao Doppler colorido, mas não pode ser
visibilizada e mensurada ao modo B.
5
Estrutura tubular com ausência de fluxo no parênquima pancreático, o importando se correspondesse ao ducto pancreático principal
ou o acessório.
61
Materiais e Métodos
Ainda em decúbito lateral esquerdo, posicionou-se o transdutor, entre a décima e cima
segunda costelas, sendo possível identificar a veia porta (com o auxílio do plex Doppler) e,
imediatamente ventral a esta, identificou-se o corpo pancreático (CORPO) (Figura 2B). Tal imagem
forneceu a sua espessura.
Posteriormente, o animal foi rotacionado para o decúbito dorsal, em calha de espuma (Figura
2C). Posicionando-se o transdutor no quadrante cranial esquerdo, localizou-se o baço, a grande
curvatura do estômago e o rim esquerdo. O baço foi visibilizado ao longo de todo o seu eixo
longitudinal, através de várias secções transversais. Inúmeras estruturas vasculares puderam ser vistas
convergendo paro o hilo esplênico, onde a veia lienal pôde ser identificada. Caudalmente à veia lienal
pôde-se identificar a imagem longitudinal do lobo esquerdo do pâncreas (LE), e assim obter-se a sua
espessura. Em alguns casos, posicionando-se o trandutor cranial ou caudal à veia lienal, pôde-se
visibilizar a extremidade do lobo esquerdo entre a grande curvatura do estômago e o baço ou entre o
baço e o pólo cranial do rim esquerdo, respectivamente.
Em uma única avaliação de cada animal, a dimensão de cada estrutura (Quadro 2) foi tomada
três vezes, e esses valores submetidos a uma média. O exame ultra-sonográfico incluiu ainda a
avaliação do fígado, estômago, baço e rins.
A ecogenicidade do lobo direito e do corpo pancreático foi avaliada através da comparação
com a ecogenicidade do lobo caudado do fígado e da gordura mesentérica adjacente. a do lobo
pancreático esquerdo foi comparada com a do parênquima esplênico, devido à proximidade na mesma
imagem ultra-sonográfica, e observando-se estes órgãos sempre à mesma profundidade na tela do
aparelho.
A ecotextura e os contornos foram avaliados subjetivamente.
62
Materiais e Métodos
Figura 2 – Ilustração dos decúbitos utilizados para a visibilização do pâncreas dos cães da raça Poodle Toy.
A. Decúbito lateral esquerdo, transdutor linear, para a visibilização do lobo direito; B. Decúbito lateral
esquerdo, transdutor convexo, para a avaliação do corpo pancreático; C. Decúbito dorsal, em calha de
espuma apropriada, transdutor linear para a avaliação do lobo esquerdo do pâncreas
Portanto, em relação às características anátomo sonográficas do pâncreas, foram registradas
as seguintes variáveis no grupo estudado:
Dimensões: mensuração da espessura dos lobos direito, esquerdo e corpo pancreático e do
diâmetro das veia e artéria pancreaticoduodenais, e do ducto pancreático.
Ecogencidade: hipoecogênica, isoecogênica e discretamente hiperecogênica, em relação a
ecogenicidade do fígado, da gordura mesentérica e do baço.
Contornos: definidos ou pouco definidos.
A
B
C
63
Materiais e Métodos
Ecotextura: homogênea ou difusamente heterogênea.
Todos os dados relacionados à identificação do animal, assim como as características
relacionadas ao modo B e os valores tricos obtidos através de cada exame ultra-sonográfico foram
anotados em ficha protocolo individual (Apêndice A). Fotografias dos sonogramas foram tomadas de
todos os exames, e apenas algumas foram selecionadas para ilustrar o trabalho (Figuras de 3 a 15).
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para avaliar se os parâmetros anátomo sonográficos de dimensões estavam associadas com o
sexo, a idade e o peso, foram construídas medidas descritivas e gráficos, além de testes estatísticos
para comparações de médias entre grupos.
Para facilitar a análise e a interpretação dos resultados, a idade foi dividida em três categorias:
jovens de 6 a 12 meses;
adultos jovens de 13 a 84 meses de idade;
adultos idosos de 85 a 168 meses de idade,
assim como o peso:
cães menores que 3,30kg;
entre 3,30 e 4,10 kg;
maiores que 4,10 kg.
Para avaliar se os parâmetros anátomo sonográficos de dimensões eram semelhantes entre os
dois sexos utilizou-se o teste t-Student.
64
Materiais e Métodos
Para avaliar se os parâmetros anátomo sonográficos de dimensões eram semelhantes entre os
três grupos de idade, utilizou-se a análise de variância (ANOVA). Analogamente, os mesmos
parâmetros foram comparados em relação aos três grupos de peso.
Para avaliar se as características anátomo sonográficas de ecogenicidade, ecotextura e
contornos apresentavam variações de acordo com o sexo, a idade e o peso, foram construídas tabelas
de distribuição conjunta e foi aplicado o teste qui-quadrado. Nas situações em que o valor esperado de
alguma casela foi menor do que 5, utilizou-se o teste exato de Fisher.
Utilizou-se um coeficiente de confiança de 0.05 em todas as análises.
A análise estatística foi executada com o auxílio do programa SSPS 9.0 for Windows (1999).
Resultados
4 RESULTADOS
A média da idade dos animais em estudo foi de 61,9 meses, com desvio padrão de 44,9
meses, enquanto que a média do peso foi de 3,18 kg com desvio padrão de 1,20 kg.
4.1 VISIBILIZAÇÃO DAS REGIÕES E ESTRUTURAS PANCREÁTICAS E CONTRIBUIÇÕES DO
MÉTODO DOPPLER
Nem todos os animais tiveram todas as suas regiões ou estruturas pancreáticas internas
visibilizadas através do exame ultra-sonográfico. A tabela 1 apresenta o número de animais para os
quais foi possível identificar cada região ou estrutura pancreática.
O lobo direito pode ser visibilizado em todos os animais (100%), bem como a veia
pancreaticoduodenal, reconhecida pelo Doppler colorido e identificada no modo B em 100% dos
65
animais. Em apenas três casos (9,1%) foi possível identificar a veia pancreaticoduodenal através do
Doppler pulsado, utilizado como método complementar ao Doppler colorido. O ducto pancreático foi
reconhecido em 84,8% dos casos, devido à ausência de fluxo ao Doppler. A artéria
pancreaticoduodenal foi detectada através da técnica Doppler colorido em 84,8% dos animais
percorrendo paralelamente à veia pancreaticoduodenal, porém foi individualizada pelo modo B, em
21,2% do grupo total. Isto é, embora ao Doppler colorido fosse detectada paralela à veia
pancreaticoduodenal, pôde ser individualizada e mensurada adequadamente no modo B, em 21,2%
dos cães. O lobo esquerdo pôde ser visibilizado em 69,7% e o corpo pancreático em 39,4% dos casos.
Resultados
Tabela 1 - Número de animais para os quais foi possível visibilizar cada região ou estrutura pancreática.
Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
4.2 AVALIAÇÃO ANÁTOMO SONOGRÁFICA DO PÂNCREAS: TOPOLOGIA, ARQUITETURA,
DIMENSÕES, ECOGENICIDADE, ECOTEXTURA E CONTORNOS
O exame ultra-sonográfico dos 33 animais localizou o lobo direito do pâncreas
dorsomedialmente ao duodeno descendente e ventral ou ventromedialmente ao rim direito. O corpo
pancreático localizou-se caudalmente ao piloro e imediatamente ventral a veia porta. Pudemos então,
Região ou estrutura Número de animais %
Lobo direito 33 100,0
Lobo esquerdo 23 69,7
Corpo 13 39,4
APD – modo B 7 21,2
APD – Doppler 28 84,8
VPD 33 100,0
Ducto pancreático 28 84,8
66
localizar o lobo esquerdo, ou mais exatamente, a sua extremidade, caudalmente a veia lienal,
medialmente ao baço e cranioventralmente ao pólo cranial do rim esquerdo.
A arquitetura do pâncreas foi avaliada no lobo direito, que pôde ser observado em todos os
animais. A imagem do seu corte transversal apresentou formato variável, indo do triangular ao
arredondado. Ainda foi possível observar no centro dessa imagem, a presença de pelo menos uma
estrutura circular anecogênica, reconhecida na grande maioria das vezes como a veia
pancreaticoduodenal. A imagem, em corte longitudinal, revelou o lobo direito como uma estrutura fina e
alongada, com a presença de pelo menos uma estrutura tubular anecogênica central, também
reconhecida, na maioria das vezes, como a veia pancreaticoduodenal.
Em relação às dimensões pancreáticas, os resultados exibem a espessura (em centímetros)
das regiões pancreáticas ou o diâmetro (em centímetros) das estruturas tubulares internas, obtidas de
imagens em cortes longitudinais e transversais. Os valores médios individuais, do grupo experimental
67
Resultados
estudado, foram expostos no quadro 3, sendo que as lacunas correspondem a região pancreática ou
estrutura não identificada, não mensurada e portanto, com dados indisponíveis.
As características anátomo sonográficas da ecogenicidade, ecotextura e contornos do
pâncreas estão expostas no quadro 2.
Alguns aspectos anátomo sonográficos pancreáticos observados durante a realização dos
exames estão documentados nas figuras de 3 a 15. Vale ressaltar, que como a ultra-sonografia é um
método diagnóstico necessariamente interpretado em tempo real, as fotografias nem sempre são
capazes de retratar os aspectos observados durante o exame.
68
Resultados
Nome Ecogenicidade em
relação ao fígado
Ecogenicidade em
relação à gordura
mesentérica
Ecogenicidade em
relação ao baço
Ecotextura do
parênquima
pancreático
Contornos do
pâncreas
Aitana Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Aline Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Ayara Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Pouco Definidos
Bandit Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Beto Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Bia Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Bingo Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Pouco Definidos
Branca Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Homogênea Definidos
Cassino Discretamente
Hiperecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Christine Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Flash Discretamente
Hiperecogênica
Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Difusamente
Heterogênea
Definidos
Floppy Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Pouco Definidos
Flyn Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Fred Discretamente
Hiperecogênica
Discretamente
Hiperecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Greggy Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Hershey Discretamente
Hiperecogênica
Discretamente
Hiperecogênica
Discretamente
Hiperecogênica
Homogênea Definidos
Jackie Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Homogênea Definidos
Jasmine Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Kate Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Pouco Definidos
Katrina Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Loopy Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Maradona Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Mica Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Modello Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Neguito Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Nino Isoecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Homogênea Definidos
Sabrina Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Shabata Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Pouco Definidos
Snow Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Summer Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Pouco Definidos
Totó Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
Tuca Discretamente
Hiperecogênica
Isoecogênica
Hipoecogênica Difusamente
Heterogênea
Definidos
Twiggy Isoecogênica
Hipoecogênica Hipoecogênica Homogênea Definidos
69
Resultados
Nome LD – L
(cm)
LD – T
(cm)
LE
(cm)
CORPO
(cm)
APD – L
(cm)
APD – T
(cm)
VPD – L
(cm)
VPD – T
(cm)
DP – L
(cm)
DP – T
(cm)
Aitana 0,83 0,78 ... ... ... ... 0,16 0,16 ... ...
Aline 0,71 0,74 0,63 0,70 ... ... 0,18 0,18 0,07 0,08
Ayara 0,74 0,82 0,76 ... ... ... 0,18 0,17 0,07 0,07
Bandite 0,59 0,66 0,69 ... ... ... 0,20 0,18 0,06 0,07
Beto 0,55 0,54 0,65 0,57 0,12 0,11 0,15 0,15 0,06 0,07
Bia 0,62 0,60 ... ... 0,13 0,13 0,21 0,20 0,07 0,07
Bingo 0,79 0,75 0,79 ... 0,13 0,11 0,18 0,17 0,07 0,06
Branca 0,78 0,88 0,67 0,76 ... ... 0,21 0,23 ... ...
Cassino 0,82 0,86 ... 0,54 ... ... 0,20 0,19 0,11 0,13
Christine 0,74 0,79 ... ... ... ... 0,15 0,17 ... ...
Flash 0,71 0,72 0,77 0,58 0,15 0,15 0,22 0,21 0,08 0,08
Floppy 0,79 0,77 0,74 ... ... ... 0,18 0,20 0,07 0,07
Flyn 0,59 0,63 ... 0,12 0,12 0,15 0,16 0,08 0,07
Fred 0,82 0,84 0,90 ... 0,13 0,13 0,23 0,22 0,07 0,08
Greggy 0,70 0,70 ... 0,64 0,16 0,16 0,20 0,20 ... ...
Hershey 0,75 0,73 0,81 0,67 ... ... 0,19 0,18 0,08 0,09
Jackie 0,64 0,65 ... ... ... ... 0,15 0,18 0,07 0,08
Jasmine 0,76 0,74 0,74 ... ... ... 0,17 0,16 0,09 0,08
Kate 0,70 0,69 ... 0,73 ... ... 0,18 0,18 0,08 0,07
Katrina 0,69 0,71 0,71 ... ... ... 0,20 0,18 0,08 0,08
Loopy 0,85 0,82 0,78 ... ... ... 0,16 0,16 0,08 0,08
Maradona 0,62 0,66 0,67 0,59 ... ... 0,16 0,19 0,06 0,06
Mica 0,57 0,57 ... 0,58 ... ... 0,14 0,13 ... ...
Modello 0,50 0,60 0,60 0,65 ... ... 0,15 0,13 0,06 0,06
Neguito 0,95 0,90 0,96 ... ... ... 0,19 0,19 0,08 0,08
Nino 0,71 0,70 0,92 0,67 ... ... 0,22 0,20 0,08 0,07
Sabrina 0,76 0,73 0,78 ... ... ... 0,17 0,15 0,08 0,09
Shabata 0,79 0,76 0,80 ... ... ... 0,20 0,19 0,08 0,07
Snow 0,71 0,68 0,77 ... ... ... 0,20 0,19 0,07 0,08
Summer 0,64 0,60 0,66 ... ... ... 0,13 0,12 0,06 0,06
Totó 0,67 0,63 ... ... ... ... 0,19 0,17 0,10 0,09
Tuca 0,84 0,96 0,88 0,86 ... ... 0,23 0,21 0,13 0,13
Twiggy 0,66 0,64 0,65 ... ... ... 0,16 0,13 0,07 0,07
Quadro 3 –
Medidas de espessura das regiões e diâmetro das estruturas internas do pâncreas, obtidas através do exame ultra-sonográfico.
Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
Quadro 2 - Aspectos anátomo sonográficos relacionados ao pâncreas normal dos cães oodle Toy selecionados
para a realização dos exames ultra-sonográficos. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo,
2005
70
Resultados
Figura 3
-
Lobo direito do pâncreas (plano longitudinal), entre calipers, hipoecogênico em relação à
ecogenicidade da gordura mesentérica, isoecogênico em relação a ecogenicidade do fígado,
ecotextura homogênea e contornos definidos. Poodle Toy, fêmea (Twiggy) de 12 meses de idade
Figura 4 -
Duodeno e lobo direito do pâncreas
- entre calipers (plano transversal), hipoecogênico em relação à
ecogenicidade da gordura mesentérica, isoecogênco em relação a ecogenicidade do fígado, ecotextura
homogênea e contornos
pouco definidos. Poodle Toy, fêmea (Flyn) de 12 meses de idade
71
Resultados
Figura 5 - Lobo direito do pâncreas (plano longitudinal) isoecogênico em relação a ecogenicidade da gordura
mesentérica, discretamente hiperecogênico em relação a ecogenicidade do fígado, ecotextura
difusamente heterogênea e contornos pouco definidos. Poodle Toy, fêmea (Shabata) de 120
meses de idade
Figura 6 -
Lobo direito do pâncreas (plano transversal) discretamente hiperecogênico em relação à
ecogenicidade do fígado, isoecogênico em relação a gordura mesentérica, ecotextura difusamente
heterogêna e contornos definidos. Poodle Toy, fêmea (Shabata) de 120 meses de idade
72
Resultados
Figura 7 –
Fluxo da veia e da artéria pancreaticoduodenais, detectado
s ao Doppler colorido. Poodle Toy, macho
(Flash) de 73 meses de idade
Figura 8 Veia e artéria pancreaticoduodenais, paralelas, localizadas em lobo direito do pâncreas, plano
longitudinal. Foram primeiramente identificadas ao Doppler colorido e então mensuradas no
modo B. Poodle Toy, macho (Flash) de 73 meses de idade
73
Resultados
Figura 9 -
Padrão espectral característico de fluxo venoso (veia pancreaticoduodenal) detectado através do
dúplex
Doppler. Poodle Toy, fêmea (Aline), 10 meses de idade
Figura 10 –
Ausência de fluxo em ducto pancreático, ao Doppler colorido. Poodle Toy, macho (Cassino), de
104 meses de idade
74
Resultados
Figura 11
Ducto pancreático em lobo direito, paredes hiperecogênicas. Poodle Toy, macho (Flash), de 73
meses de idade
Figura 12 –
Lobo esquerdo do pâncreas visibilizado caudal ao baço e a veia lienal, hipoecogênico em relação
à ecogenicidade do baço. Poodle Toy, fêmea (Twiggy), de 12 meses de idade
75
Resultados
Figura 13 –
Extremidade do lobo esquerdo do pâncreas localizado entre o baço e o pólo cranial do rim esquerdo,
hipoecogênico em relação a ecogenicidade do baço. Poodle Toy, fêmea (Katrina), 10 meses de idade
Figura 14 –
Extremidade do lobo esquerdo do
ncreas localizado entre o estômago e o baço, hipoecogênico em
relação a ecogenicidade do baço. Poodle Toy, macho (Beto), 7 meses de idade
76
77
Resultados
Figura 15 –
Corpo do pâncreas
entre calipers - localizado imediatamente ventral a veia porta, discretamente
hiperecogênico em relação a ecogenicidade do fígado. Poodle Toy, macho (Flash) de 73 meses de
idade
A tabela 2 apresenta algumas medidas descritivas (mínimo, máximo, média e desvio padrão)
para as dimensões obtidas através do exame ultra-sonográfico do pâncreas dos animais em estudo.
Tabela 2 -
Medidas descritivas de espessura e de diâmetro das estruturas internas do
pâncreas normal do cão, no
grupo experimental examinado. Hospital
Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
Estrutura Número de animais
Mínimo
(cm)
Máximo
(cm)
Média
(cm)
Desvio
Padrão
(cm)
LD – L 33 0,50 0,95 0,72
0,10
LD – T 33 0,54 0,96 0,72
0,10
LE 23 0,60 0,96 0,77
0,11
CORPO 13 0,54 0,86 0,66
0,09
APD – L 7 0,12 0,16 0,13
0,01
APD – T 7 0,11 0,16 0,13
0,02
VPD – L 33 0,13 0,23 0,18
0,03
VPD – T 33 0,12 0,23 0,18
0,03
DP – L 28 0,06 0,13 0,08
0,01
DP – T 28 0,06 0,13 0,08
0,02
78
Resultados
4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOGENICIDADE, A ECOTEXTURA E OS
CONTORNOS DO PÂNCREAS
A distribuição do número de animais e as respectivas porcentagens, segundo as características
de ecogenicidade, ecotextura e contornos do pâncreas estão apresentadas nas tabelas 3 a 5.
A ecogenicidade do parênquima pancreático apresentou-se hiperecogênica em relação ao
parênquima hepático em mais da metade dos animais (57,6%). De modo semelhante, 54,5% dos
animais apresentaram o pâncreas hipoecogênico em relação à gordura mesentérica. Em relação à
ecogenicidade do baço, o parênquima pancreático de todos os animais, com exceção de dois, (93,9%)
apresentou-se hipoecogênico.
A ecotextura pancreática apresentou-se predominantemente homogênea (63,6%) e os
contornos definidos (81,8%) na maioria dos animais.
Tabela 3 -
Distribuição do número de animais segundo a
ecogenicidade do pâncreas. Hospital
Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
ECOGENICIDADE Ecogenicidade em
relação ao fígado
Ecogenicidade em
relação à gordura
mesentérica
Ecogenicidade em
relação ao baço
Hipoecogênica 0 (0,0%) 18 (54,5%) 31 (93,9%)
Isoecogênica 19 (57,6%) 12 (36,4%) 1 (3,1%)
Discretamente
hiperecogênica
14 (42,4%) 3 (9,1%) 1 (3,1%)
Tabela 4 -
Distribuição do número de animais segundo a
ecotextura do
do
pâncreas. Hospital Veterinário da F
MVZ USP. São Paulo, 2005
ECOTEXTURA Ecotextura do parênquima
pancreático
Homogênea 21 (63,6%)
Difusamente Heterogênea 12 (36,4%)
79
Resultados
Tabela 5 -
Distribuição do número de animais segundo às características de
contornos
do pâncreas. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São
Paulo, 2005
4.4 AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES DO PÂNCREAS SEGUNDO O SEXO, A IDADE E O PESO
A fim de se avaliar a correlação entre as medidas descritivas para a espessura das regiões do
pâncreas e o diâmetro das suas estruturas internas e o sexo dos animais, foi utilizado o teste t-
Student (Tabela 6).
A figura 16 ilustra a média e o intervalo de confiança (IC) para a espessura das regiões do
pâncreas e o diâmetro das suas estruturas internas de acordo com o sexo dos animais. Observamos
que a espessura do corpo das fêmeas foi maior do que nos machos (p = 0,01), enquanto não houve
diferença estatisticamente significativa nas médias das espessuras das demais regiões e estruturas
internas entre machos e fêmas (p > 0,14, para todas as variáveis).
CONTORNOS Contornos do pâncreas
Definidos 27 (81,8%)
Pouco definidos 6 (18,2%)
80
Resultados
Tabela 6 -
Med
idas
descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo
o
sexo
e nível descritivo do
test t
-
Student
. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
fêmea macho Total
nível
descritivo
LD – L média (cm) 0,71 0,72 0,72
0,72
desvio padrão (cm) 0,08 0,12 0,10
mínimo (cm) 0,57 0,50 0,50
mediana (cm) 0,71 0,71 0,71
máximo (cm) 0,84 0,95 0,95
No. de animais 17 16 33
LD – T média (cm) 0,72 0,72 0,72
0,99
desvio padrão (cm) 0,10 0,10 0,10
mínimo (cm) 0,57 0,54 0,54
mediana (cm) 0,73 0,71 0,72
máximo (cm) 0,96 0,90 0,96
No. de animais 17 16 33
LE média (cm) 0,73 0,77 0,75 0,26
desvio padrão (cm) 0,08 0,11 0,10
mínimo (cm) 0,63 0,60 0,60
mediana (cm) 0,72 0,77 0,76
máximo (cm) 0,88 0,96 0,96
No. de animais 10 13 23
CORPO média (cm) 0,72 0,61 0,66 0,03
desvio padrão (cm) 0,10 0,05 0,09
mínimo (cm) 0,58 0,54 0,54
mediana (cm) 0,73 0,62 0,65
máximo (cm) 0,86 0,67 0,86
No. de animais 5 8 13
VPD – L média (cm) 0,17 0,19 0,18
0,14
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,03
mínimo (cm) 0,13 0,15 0,13
mediana (cm) 0,17 0,19 0,18
máximo (cm) 0,23 0,23 0,23
No. de animais 17 16 33
VPD – T média (cm) 0,17 0,18 0,18
0,18
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,03
mínimo (cm) 0,12 0,13 0,12
mediana (cm) 0,17 0,19 0,18
máximo (cm) 0,23 0,22 0,23
No. de animais 17 16 33
DP – L média (cm) 0,08 0,08 0,08 0,44
desvio padrão (cm) 0,02 0,01 0,01
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,06
mediana (cm) 0,08 0,07 0,08
máximo (cm) 0,13 0,11 0,13
No. de animais 13 15 28
DP – T média (cm) 0,08 0,08 0,08 0,73
desvio padrão (cm) 0,02 0,02 0,02
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,06
mediana (cm) 0,07 0,08 0,08
máximo (cm) 0,13 0,13 0,13
No. de animais 13 15 28
81
Resultados
1617N =
machofêmea
IC(95%) para a espessura do LD-L (cm)
,80
,78
,76
,74
,72
,70
,68
,66
,64
1617N =
machof êmea
IC (95%) para a espessura do LD-T (cm)
,80
,78
,76
,74
,72
,70
,68
,66
p = 0,01
1310N =
machofêmea
IC (95%) para a espessura do LE (cm)
,9
,8
,7
,6
85N =
machof êmea
IC (95%) para a espessura do CORPO (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
1617N =
machofêmea
IC (95%) para o diâmetro da VPD-L (cm)
,21
,20
,19
,18
,17
,16
,15
1617N =
machofêmea
IC (95%) para o diâmetro da VPD-T (cm)
,20
,19
,18
,17
,16
,15
1513N =
machofêmea
IC (95%) para o diâmetro do DP-L (cm)
,10
,09
,08
,07
,06
1513N =
machofêmea
IC (95%) para o diâmetro do DP-T (cm)
,10
,09
,08
,07
,06
Figura 16 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo o sexo. Hospital
Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
82
Resultados
As medidas descritivas para a espessura das regiões e o diâmetro das estruturas internas do
pâncreas foram correlacionadas com a idade dos animais aplicando-se a análise de variância ANOVA
(Tabela 7).
A figura 17 contém a média e o intervalo de confiança para a espessura e o diâmetro das
estruturas do pâncreas de acordo com as faixas etárias dos animais estudados.
Tanto a espessura do LD L, como LD T, aumentou com a idade. Observou-se que a
espessura dessa região nos grupos de idade de 13 a 84 meses (adultos jovens) e de 85 a 168 meses
(adultos idosos) foi, em média, maior do que no grupo de 06 a 12 meses (jovens) (p = 0,00).
O mesmo foi observado para a espessura do LE, que foi em média maior no grupo de idade de
85 a 168 meses (adultos idosos), quando comparado ao de 06 a 12 meses (jovens) (p = 0,04).
Para as demais variáveis (VPD - L, VPD - T, DP - L, DP - T e CORPO) não foi observada
nenhuma diferença entre os três grupos de idade (p > 0,05).
83
Resultados
Tabela 7 -
Medidas descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo a
idade e
o nível descritivo da
ANOVA. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
Idade (meses)
nível
6 a 12 13 a 84 85 a 168 Total
descritivo
LD - L média (cm) 0,63 0,74 0,77 0,72 0,00
desvio padrão (cm) 0,07 0,09 0,08 0,10
mínimo (cm) 0,50 0,62 0,57 0,50
mediana (cm) 0,65 0,74 0,79 0,71
máximo (cm) 0,71 0,95 0,85 0,95
No. de animais 10 13 10 33
LD - T média (cm) 0,65 0,74 0,78 0,72 0,00
desvio padrão (cm) 0,06 0,08 0,11 0,10
mínimo (cm) 0,54 0,60 0,57 0,54
mediana (cm) 0,63 0,73 0,79 0,72
máximo (cm) 0,74 0,90 0,96 0,96
No. de animais 10 13 10 33
LE média (cm) 0,69 0,77 0,81 0,75 0,04
desvio padrão (cm) 0,10 0,09 0,06 0,10
mínimo (cm) 0,60 0,67 0,74 0,60
mediana (cm) 0,66 0,77 0,80 0,76
máximo (cm) 0,92 0,96 0,90 0,96
No. de animais 8 8 7 23
CORPO média (cm) 0,65 0,64 0,67 0,66 0,86
desvio padrão (cm) 0,05 0,08 0,13 0,09
mínimo (cm) 0,57 0,58 0,54 0,54
mediana (cm) 0,66 0,62 0,67 0,65
máximo (cm) 0,70 0,76 0,86 0,86
No. de animais
4 4 5 13
VPD - L média (cm) 0,17 0,18 0,19 0,18 0,43
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,03 0,03
mínimo (cm) 0,13 0,15 0,14 0,13
mediana (cm) 0,17 0,18 0,19 0,18
máximo (cm) 0,22 0,22 0,23 0,23
No. de animais 10 13 10 33
VPD - T média (cm) 0,16 0,18 0,18 0,18 0,08
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,03 0,03
mínimo (cm) 0,12 0,15 0,13 0,12
mediana (cm) 0,17 0,19 0,19 0,18
máximo (cm) 0,20 0,23 0,22 0,23
No. de animais 10 13 10 33
DP - L média (cm) 0,07 0,07 0,09 0,08 0,06
desvio padrão (cm) 0,01 0,01 0,02 0,01
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,07 0,06
mediana (cm) 0,07 0,07 0,08 0,08
máximo (cm) 0,10 0,09 0,13 0,13
No. de animais 10 9 9 28
DP - T média (cm) 0,07 0,08 0,09 0,08 0,12
desvio padrão (cm) 0,01 0,01 0,02 0,02
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,07 0,06
mediana (cm) 0,07 0,08 0,08 0,08
máximo (cm) 0,09 0,09 0,13 0,13
No. de animais 10 9 9 28
84
Resultados
p = 0,00 p = 0,00
101310N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para a espessura do LD-L (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
101310N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para a espessura do LD-T (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
p = 0,04
788N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para a espessura do LE (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
544N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para a espessura do CORPO (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
,4
101310N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para o diâmetro da VPD-L (cm)
,22
,21
,20
,19
,18
,17
,16
,15
,14
101310N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para o diâmetro da VPD-T (cm)
,21
,20
,19
,18
,17
,16
,15
,14
,13
9910N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para o diâmetro do DP-L (cm)
,11
,10
,09
,08
,07
,06
9910N =
Idade (meses)
85 a 16813 a 846 a 12
IC (95%) para o diâmetro do DP-T (cm)
,12
,11
,10
,09
,08
,07
,06
Figura 17 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo a idade.
Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
85
Resultados
A correlação entre as medidas descritivas para a espessura e o diâmetro das estruturas
tubulares do pâncreas e o peso dos animais foi analisada através da análise de variância ANOVA
(Tabela 8).
A média e o intervalo de confiança para a espessura e o diâmetro das estruturas tubulares do
pâncreas estratificadas de acordo o peso dos animais estão representados na figura 18.
As espessuras do LD L, LD T e LE aumentaram com o aumento do peso dos animais.
Observou-se que a espessura dessas regiões nos grupos de peso maior que 4,1 kg foi, em média,
maior do que no grupo de peso menor ou igual a 3,30 kg (p = 0,00; p = 0,00 e p = 0,04,
respectivamente).
Para as demais variáveis (VPD - L, VPD - T, DP - L, DP - T e CORPO) não foi observada
nenhuma diferença entre os três grupos de peso (p > 0,05).
86
Resultados
Tabela 8 -
Medidas descritivas para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo o
peso
e o
nível descritivo
da
ANOVA
. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
peso (kg)
≤3,30 >3,30 e ≤4,10 > 4,10 Total
nível
descritivo
LD – L média (cm) 0,64 0,74 0,77 0,72 0,00
desvio padrão (cm) 0,07 0,10 0,08 0,10
mínimo (cm) 0,50 0,62 0,57 0,50
mediana (cm) 0,66 0,76 0,79 0,71
máximo (cm) 0,71 0,95 0,85 0,95
No. de animais 11 11 11 33
LD – T média (cm) 0,65 0,74 0,78 0,72 0,00
desvio padrão (cm) 0,06 0,09 0,10 0,10
mínimo (cm) 0,54 0,60 0,57 0,54
mediana (cm) 0,64 0,73 0,79 0,72
máximo (cm) 0,74 0,90 0,96 0,96
No. de animais 11 11 11 33
LE média (cm) 0,69 0,77 0,81 0,75 0,04
desvio padrão (cm) 0,10 0,09 0,06 0,10
mínimo (cm) 0,60 0,67 0,74 0,60
mediana (cm) 0,66 0,77 0,80 0,76
máximo (cm) 0,92 0,96 0,90 0,96
No. de animais 8 8 7 23
CORPO média (cm) 0,65 0,64 0,67 0,66 0,86
desvio padrão (cm) 0,05 0,10 0,13 0,09
mínimo (cm) 0,57 0,58 0,54 0,54
mediana (cm) 0,65 0,59 0,67 0,65
máximo (cm) 0,70 0,76 0,86 0,86
No. de animais 5 3 5 13
VPD – L média (cm) 0,18 0,18 0,19 0,18 0,66
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,03 0,03
mínimo (cm) 0,13 0,15 0,14 0,13
mediana (cm) 0,18 0,18 0,18 0,18
máximo (cm) 0,22 0,22 0,23 0,23
No. de animais 11 11 11 33
VPD - T média (cm) 0,16 0,18 0,18 0,18 0,18
desvio padrão (cm) 0,03 0,02 0,02 0,03
mínimo (cm) 0,12 0,15 0,13 0,12
mediana (cm) 0,17 0,19 0,18 0,18
máximo (cm) 0,20 0,23 0,22 0,23
No. de animais 11 11 11 33
DP - L média (cm) 0,07 0,07 0,09 0,08 0,06
desvio padrão (cm) 0,01 0,01 0,02 0,01
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,07 0,06
mediana (cm) 0,07 0,07 0,08 0,08
máximo (cm) 0,10 0,09 0,13 0,13
No. de animais 10 9 9 28
DP - T média (cm) 0,07 0,08 0,09 0,08 0,12
desvio padrão (cm) 0,01 0,01 0,02 0,02
mínimo (cm) 0,06 0,06 0,07 0,06
mediana (cm) 0,07 0,08 0,08 0,08
máximo (cm) 0,09 0,09 0,13 0,13
87
No. de animais 10 9 9 28
Resultados
p = 0,00 p = 0,00
111111N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para a espessura do LD-L (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
111111N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para a espessura do LD-T (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
p = 0,04
788N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para a espessura do LE (cm)
,9
,8
,7
,6
,5
535N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para a espessura do CORPO (cm)
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
111111N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para o diâmetro da VPD-L (cm)
,21
,20
,19
,18
,17
,16
,15
111111N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para a espessura da VPD-T (cm)
,21
,20
,19
,18
,17
,16
,15
,14
9910N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para odiâmetro do DP-L (cm)
,11
,10
,09
,08
,07
,06
9910N =
Peso (kg)
> 4100>3300 e <=4100<=3300
IC (95%) para o diâmetro do DP-T (cm)
,12
,11
,10
,09
,08
,07
,06
88
Figura 18 - Médias e intervalo de confiança para a espessura das regiões e diâmetro das estruturas do pâncreas segundo o peso. Hospital
Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
89
Resultados
4.5 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS DE ACORDO COM AS REGIÕES E ESTRUTURAS
PANCREÁTICAS VISIBILIZADAS SEGUNDO O SEXO, A IDADE E O PESO
A distribuição do número de animais de acordo com a visibilização do corpo, lobo esquerdo,
ducto pancreático, artéria pancreaticoduodenal (detectada através da técnica Doppler colorido e
modo B), segundo sexo, idade e peso e o nível descritivo do teste qui-quadrado estão apresentados
nas tabelas de 9 a 13. O lobo direito e a veia pancreaticoduodenal foram visibilizados em todos os
animais.
A porcentagem de animais com o corpo pancreático visível foi maior nos machos (43,8%) do
que nas meas, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,62). Não se
observou associação entre visibilização do corpo e a idade (p = 0,65). A porcentagem de exames com
o corpo visível foi maior nos animais com mais de 4,1 kg do que nos animais com até 4,1 kg,
entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,88).
Tabela 9 -
Distribuição do número de animais com o
corpo pancreático visível segundo
sexo, idade e peso e nível descritivo
do teste qui-quadrado. Hospital Veterinário
da FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
No. animais
com corpo
visível
% animais
com corpo
visível
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 6 35,3 0,62
Macho 16 7 43,8
Idade (meses)
6 a 12 10 4 40,0 0,65
13 a 84 13 4 30,8
85 a 168 10 5 50,0
Peso (kg)
≤3,3 11 4 36,4 0,88
>3,3 e ≤ 4,1 11 4 36,4
>4,1 11 5 45,5
90
Resultados
A porcentagem de animais com o lobo esquerdo do pâncreas visível foi maior nos machos
(81,3%) do que nas fêmeas, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,26).
Não se observou associação entre visibilização do lobo esquerdo e a idade (p = 0,63). A porcentagem
de exames com o lobo esquerdo visível foi maior nos animais com até 4,1 kg do que nos animais com
mais 4,1 kg, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,86).
Tabela 10 -
Distribuição do número de animais com o
lobo esquerdo do pâncreas visível
segundo sexo, idade e peso e nível
descritivo do teste qui-quadrado. Hospital
Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
No. animais
com LE visível
% animais
com LE visível
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 10 58,8 0,26
Macho 16 13 81,3
Idade (meses)
6 a 12 10 8 80,0 0,63
13 a 84 13 8 61,5
85 a 168 10 7 70,0
Peso (kg)
≤3,3 11 8 72,7 0,86
>3,3 e ≤ 4,1 11 8 72,7
>4,1 11 7 63,6
A porcentagem de animais com o ducto pancreático visível foi maior nos machos (93,8%) do
que nas fêmeas, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,34). Não se
observou associação entre visibilização do ducto pancreático e a idade (p = 0,11). A porcentagem de
exames com o ducto pancreático visível foi maior nos animais com menos de 3,3 kg do que nos demais
animais, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,79).
9
1
Resultados
Tabela 11 -
Distribuição do número de animais com o
ducto pancreático visível segundo
sexo, idade e peso e nível descritivo do teste qui
-quadrado. Hospital
Veterinário da
FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
No. animais
com DP visível
% animais
com DP visível
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 13 76,5 0,34
Macho 16 15 93,8
Idade (meses)
6 a 12 10 10 100 0,11
13 a 84 13 9 69,2
85 a 168 10 9 90,0
Peso (kg)
≤3,3 11 10 90,9 0,79
>3,3 e ≤ 4,1 11 9 81,8
>4,1 11 9 81,8
A porcentagem de animais com a artéria pancreaticoduodenal visível através da técnica
Doppler colorido foi praticamente igual em machos (87,5%) e fêmeas (82,4%), e a pequena diferença
entre esses grupos não foi estatisticamente significante (p = 1,00). A porcentagem de exames com a
artéria pancreaticoduodenal visível através da técnica Doppler colorido foi maior nos grupos de 6 a 12
meses (jovens) e de 85 a 168 meses (adultos idosos), do que no grupo de 13 a 84 meses (adultos
jovens), entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,82). A porcentagem de
exames com a artéria pancreaticoduodenal visível através da técnica Doppler colorido foi maior nos
animais com até 3,3 kg do que nos animais com mais de 3,3 kg, entretanto, essa diferença não foi
estatisticamente significante (p = 0,79).
92
Resultados
Tabela 12 -
Distribuição do número de animais com a
artéria pancreaticoduodenal
(técnica
Doppler colorido) visível segundo sexo, idade e peso e nível descritivo
do teste qui
-quadrado. Hospital Veterinário da FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
No. animais
com APD
visível
% animais
com APD
visível
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 14 82,4 1,00
Macho 16 14 87,5
Idade (meses)
6 a 12 10 9 90,0 0,82
13 a 84 13 11 84,6
85 a 168 10 8 90,0
Peso (kg)
≤3,3 11 10 90,9 0,79
>3,3 e ≤ 4,1 11 9 81,8
>4,1 11 9 81,8
A porcentagem de animais com a artéria pancreaticoduodenal visível através do modo B foi
maior machos (31,3%) do que nas fêmeas (11,8%), mas essa diferença não foi estatisticamente
significante (p = 0,23). Não se observou associação entre visibilização da artéria pancreaticoduodenal
através do modo B e a idade (p = 0,48). A porcentagem de exames com a artéria pancreaticoduodenal
visível através do modo B foi maior nos animais com até 4,1 kg do que nos animais com mais de 4,1
kg, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,48).
Tabela 13 -
Distribuição do número de animais com a
artéria pancreaticoduodenal (modo
B) visível segundo sexo, idade e peso e nível descritivo do teste qui
-quadrado.
Hospital Veterinário da FMVZ USP. S
ão Paulo, 2005
No. de
animais
No. animais
com APD
visível
% animais
com APD
visível
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 2 11,8 0,23
Macho 16 5 31,3
Idade (meses)
6 a 12 10 2 20,0 0,48
13 a 84 13 4 30,8
85 a 168 10 1 10,0
Peso (kg)
≤3,3 11 3 27,3 0,48
>3,3 e ≤ 4,1 11 3 27,3
>4,1 11 1 9,1
93
Resultados
4.6 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOGENICIDADE DO PÂNCREAS DE ACORDO
COM O SEXO, A IDADE E O PESO
A distribuição do número de animais segundo a ecogenicidade do pâncreas em relação ao
fígado e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) foi analisada através do teste qui-quadrado
(Tabela 14).
Embora o se tenha observado diferenças estatisticamente significativas da ecogenicidade
pancreática em relação ao fígado, entre machos e fêmeas (p = 1,00), constatou-se que, nas faixas
etárias mais velhas, houve um aumento da proporção de animais que apresentaram o pâncreas
hiperecogênico em relação ao fígado e diminuiu a proporção de animais que o apresentaram
isoecogênicos (p = 0,00). Em relação ao peso dos animais, quanto mais pesados, maior a proporção
de animais que apresentaram o ncreas hiperecogênico em relação ao fígado e diminuiu a proporção
de animais que o apresentaram isoecogênicos (p = 0,00).
Tabela 14 -
Distribuição do número de animais segundo a
ecogenicidade do pâncreas em
relação ao fígado
e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível
descritivo do teste qui
-quadrado. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo,
2005
No. de
animais
Isoecóico Hiperecóico Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 10 (58,8%) 7 (41,2%) 1,00
Macho 16 9 (56,3%) 7 (43,8%)
Idade (meses)
6 a 12 10 10 (100,0 %) 0 (0,0 %) 0,00
13 a 84 13 9 (69,2 %) 4 (30,8 %)
85 a 168 10 0 (0,0 %) 10 (100,0 %)
Peso (kg)
<=3,3 11 11 (100,0%) 0 (0,0%) 0,00
>3,3 e <= 4,1 11 7 (63,6%) 4 (36,4%)
>4,1 11 1 (9,1%) 10 (100,0%)
94
Resultados
A correlação entre o número de animais segundo a ecogenicidade do pâncreas em relação à
gordura mesentérica e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) foi calculada através do teste
qui-quadrado (Tabela 15).
Da mesma forma que os achados, comparando-se ecogenicidade do pâncreas em relação ao
fígado, não houve diferença estatisticamente significante entre machos e fêmeas, enquanto mudanças
de padrão ocorreram de acordo com a faixa etária e peso dos animais.
Tabela 15 -
Distribuição do número de animais segundo a
ecogenicidade do pâncreas em relação à
gordura mes
entérica e as variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível descritivo do
teste qui
-quadrado. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
Hipoecóico
Isoecóico Hiperecóico Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 9 (52,5%) 8 (47,1%) 0 (0,0%) 0,12
Macho 16 9 (56,3%) 4 (25,0%) 3 (18,8%)
Idade (meses)
6 a 12 10 9 (90,0%) 1 (10,0%) 0 (0,0 %) 0,01
13 a 84 13 8 (61,5 %) 4 (30,8 %) 1 (7,7 %)
85 a 168 10 1 (10,0%) 7 (70,0 %) 2 (20,0 %)
Peso (kg)
≤3,3 11 10 (90,9 %) 1 (9,1 %) 0 (0,0 %) 0,02
>3,3 e ≤ 4,1 11 6 (54,5 %) 4 (36,4 %) 1 (9,1 %)
>4,1 11 2 (18,2 %) 7 (63,6 %) 2 (18,2 %)
95
Resultados
4.7 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO A ECOTEXTURA DO PÂNCREAS DE ACORDO
COM O SEXO, A IDADE E O PESO
Para a comparação entre a ecotextura do pâncreas dos animais avaliados e as variáveis de
interesse (sexo, idade e peso), foi aplicado o teste qui-quadrado (Tabela 16).
Embora não se tenha observado diferenças relacionadas ao gênero e a ecotextura pancreática
dos animais estudados (p = 1,00), diferenças puderam ser constatadas em relação à faixa etária e peso
dos animais.
Animais jovens apresentaram uma maior proporção de textura do pâncreas homogêneo
(p = 0,001), assim como os animais de menor peso (p = 0,002).
Tabela 16 -
Distribuição do número de animais segundo a
ecotextura do ncreas e as
variáveis de interesse (sexo, idade e peso) e nível descritivo do teste qui
-
quadrado. Hospital Veterinário FMVZ USP
. São Paulo, 2005
No. de
animais
Homogênea Difusamente
heterogênea
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 11 (64,7 %) 6 (35,3 %) 1,0
Macho 16 10 (62,5 %) 6 (37,5 %)
Idade (meses)
6 a 12 10 10 (100 %) 0 (0,0 %) 0,001
13 a 84 13 9 (69,2 %) 4 (30,8 %)
85 a 168 10 2 (20,0 %) 8 (80,0 %)
Peso (kg)
≤3,3 11 11 (100 %) 4 (36,4 %) 0,002
>3,3 e ≤ 4,1 11 7 (63,6 %) 8 (72,7 %)
>4,1 11 3 (27,3 %) 0 (0,0 %)
96
Resultados
4.8 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS SEGUNDO OS CONTORNOS DO PÂNCREAS DE ACORDO
COM O SEXO, A IDADE E O PESO
Finalmente, correlacionou-se as definições de contornos do pâncreas e as variáveis de
interesse (sexo, idade e peso) através do teste qui-quadrado (Tabela 17).
Não houve diferença estatística entre este parâmetro e as variáveis de interesse: sexo
(p = 0,66), idade (p = 0,10) e peso (p = 0,16).
Tabela 17 -
Distribuição do número de animais segundo a definição dos
contornos do
pâncreas e as variáveis de interesse (sexo, idade
e peso) e nível descritivo do
teste qui
-quadrado. Hospital Veterinário FMVZ USP. São Paulo, 2005
No. de
animais
Bem definidos Pouco
definidos
Nível
descritivo
Sexo
Fêmea 17 13 (76,5 %) 14 (23,5 %) 0,66
Macho 16 14 (87,5 %) 2 (12,5 %)
Idade (meses)
6 a 12 10 9 (90,0 %) 1 (10,0%) 0,10
13 a 84 13 2 (92,3 %) 1 (7,7 %)
85 a 168 10 6 (60,0 %) 4 (40,0 %)
Peso (kg)
≤3.3 11 10 (90,9 %) 1 (9,1 %) 0,16
>3.3 e ≤ 4.1 11 10 (90,9 %) 1 (9,1 %)
>4.1 11 7 (63,6 %) 4 (36,4 %)
Discussão
97
5 DISCUSSÃO
Como mencionam Nyland et al. (2002), a ultra-sonografia foi a primeira modalidade de imagem
que permitiu a visibilização direta do pâncreas em humanos, sendo posterioremente utilizada nos
animais de pequeno e de grande porte. Além disso, embora a tomografia computadorizada e a
ressonância magnética nuclear ocupem um papel importantíssimo na avaliação do parênquima
pancreático humano, em Medicina Veterinária e particularmente no Brasil, tais técnicas por serem
consideradas de pouca disponibilidade, fazem da ultra-sonografia o primeiro método diagnóstico de
imagem para a avaliação do pâncreas em cães e gatos.
Devido à pequena quantidade de estudos referentes à ultra-sonografia do pâncreas em cães,
realizados com grupos pequenos de animais, Nyland et al. (2002) questionam se a visibilização do
parênquima pancreático representaria uma condição patológica prévia ou se realmente a visibilização
do parênquima se deve a melhoria na qualidade dos equipamentos ultra-sonográficos.
A fim de esclarecer esta questão e estabelecer critérios de normalidade baseados em dados
ultra-sonográficos, estudou-se um grupo de 33 cães da raça Poodle Toy, machos e fêmeas,
estratificados por faixa etária e peso, considerados hígidos clínica e laboratorialmente, e cujo abdômen
foi examinado ultra-sonograficamente com transdutores de alta resolução. Pelo menos, uma das
regiões pancreáticas (lobo direito do pâncreas), e uma das estruturas internas (veia
pancreaticoduodenal) pôde ser reconhecida e considerada normal em 100% dos exames. A elevada
acurácia do método ultra-sonográfico em reconhecer a glândula foi possível devido ao emprego de
equipamentos ultra-sonográficos de maior resolução, e permitiu também a análise de parâmetros ultra-
sonográficos nem sempre possíveis em aparelhos de menor resolução.
Discussão
98
A única maneira de se responder ao questionamento de Nyland et al. (2002), quanto à
visibilização pancreática, em aparelhos de menor poder resolutivo, representar ou não condição
patológica, seria realizar o exame de um animal hígido, que tenha sido avaliado adequadamente
através de transdutores de alta freqüência, em equipamento fornecedor de imagens de menor
qualidade, o que não pôde ser realizado nesse estudo.
A maior desvantagem do exame ultra-sonográfico do pâncreas, segundo Berford
(2004),Boroffka (1998), Homco (1996), Lamb (1990), Mahaffey (1995), Maï (2000), Nyland et al. (2002),
Pennick (1996) e Saunders (1991) é a presença de gás no trato gastrointestinal que pode interferir na
identificação do parênquima, dificultando a sua avaliação completa e ideal. Ainda que de acordo com
todos esses autores, observou-se no atual experimento, que não a presença de conteúdo gasoso,
mas também de conteúdo pastoso em estômago ou duodeno (pequenas quantidades encontradas no
trato gastrointestinal de alguns animais), e fezes em cólon transverso, dificultaram bastante a avaliação
do parênquima pancreático, devido além do artefato de reverberação produzido pelo ar, ao discreto
aumento do peristaltismo no duodeno e ao artefato de sombra acústica produzida por conteúdo fecal
sólido.
Em relação ao equipamento, o transdutor, sem dúvida, é a parte mais importante e que deve
ser escolhido criteriosamente. Quanto ao tipo de imagem produzida, Nyland et al. (2002) e Saunders
(1991) citam que não muitas diferenças entre a utilização de transdutores lineares, setoriais ou
convexos, mas há preferências pelos de maior freqüência, isto é, de 7,5 a 10 MHz, que estes
delimitam melhor o órgão e principalmente o lobo direito. Nyland et al. (2002) afirmam que, pelo fato do
lobo esquerdo ser, por vezes, mais profundo, requer a utilização de transdutores de 5,0 MHz.
Neste estudo, foi utilizado um transdutor linear de 7 a 12 MHz para a visibilização dos lobos
direito e esquerdo. Em 100% dos animais foi possível reconhecer e avaliar o lobo direito
detalhadamente, e em 69,7% dos exames, identificar o lobo esquerdo. Atribuiu-se a menor freqüência
Discussão
99
de visibilização do lobo esquerdo, à presença de conteúdo gasoso ou pastoso em estômago ou fezes
em cólon transverso, assim como Homco (1996), Mahaffey (1995) e Saunders (1991). Uma menor
freqüência do transdutor, como sugere Nyland et al. (2002) não aumentaram a possibilidade do seu
reconhecimento.
Para o corpo pancreático foi utilizado um transdutor convexo de 4 a 7 MHz, não devido a sua
capacidade de identificação de órgãos menos superficiais, mas devido ao seu formato, que propiciava
maior contato entre a pele e o transdutor, quando manipulado entre as costelas. Esta região foi
observada normalmente em 39,4% dos exames. Acredita-se que a menor possibilidade de detecção da
região do corpo pancreático deveu-se à dificuldade de acesso do transdutor. Possivelmente, um
transdutor de mesma freqüência, porém, setorial, facilitaria sua manipulação entre as costelas,
aumentando a possibilidade de visibilização do corpo pancreático desses animais.
O protocolo de avaliação do pâncreas utilizado nesse estudo consistiu da realização de
imagens em corte longitudinal e transversal semelhante ao utilizado por diversos autores (BERFORD,
2004; HOMCO, 1996; MAHAFFEY, 1995; NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996; SAUNDERS, 1991).
Os dados métricos encontrados tanto nos cortes transversais como longitudinais apresentaram o valor
de suas médias e desvios padrões semelhantes, o que significa que desde que a espessura seja
mensurada sempre em um mesmo ponto do parênquima, não existe um plano de avaliação ultra-
sonográfica, que seja considerado mais fiel que o outro.
Os resultados encontrados em relação à arquitetura e à topologia do pâncreas acompanham
a descrição realizada por diversos autores, como uma estrutura fina, alongada e ecogênica, dorsal ou
dorso medial ao duodeno, ventral a veia porta e caudal ao estômago (BERFORD, 2004; HOMCO,
1996; MAHAFFEY, 1995; MAÏ, 2000; NYLAND et al., 2002; PENNICK, 1996; SAUNDERS, 1991).
Discussão
100
Entretanto, a atual investigação, acrescenta a descrição da arquitetura pancreática em plano
transversal, que variou do formato arredondado ao triangular. Durante a realização da parte
experimental, notou-se que, embora a imagem em plano longitudinal permita uma avaliação mais
detalhada do parênquima pancreático, a obtenção da espessura através desse corte é mais trabalhosa,
que necessita de uma angulação do transdutor que corresponda exatamente ao eixo longitudinal do
pâncreas, que por ser um órgão delgado, dificulta essa manobra. Por outro lado, a obtenção da
espessura do pâncreas, através de sua imagem em plano transversal, oferece maior segurança ao
operador.
Em relação à ecogenicidade da glândula pancreática, para se fugir do critério totalmente
subjetivo do operador, optou-se por um parâmetro comparativo, adotando dessa forma o fígado, a
gordura mesentérica e o baço como órgãos de comparação e observamos que os dados gerais
encontrados concordam com os disponíveis em literatura segundo Homco (1996), Mahaffey (1995),
Maï (2000), Nyland et al. (2002), Pennick (1996) e Saunders (1991), que a descrevem como sendo
isoecogênica ou discretamente hiperecogênica que a do fígado, isoecogênica à gordura circundante e
hipoecogênica quando comparada ao parênquima esplênico.
Os resultados apresentados evidenciam que embora a glândula também se apresente
isoecogênica em relação à gordura do mesentério, mais da metade dos animais estudados a
apresentam hipoecogênica. Conforme já observado por Berford (2004), que cita que em animais jovens
e delgados, a ecogenicidade do pâncreas é hipoecogênica em relação à gordura mesentérica e
isoecogênica nos idosos e obesos.
Glaser e Stienecker (2000) afirmam que a ecogenicidade do pâncreas no homem pode
aumentar conforme a idade devido primariamente à infiltração gordurosa, fibrose e atrofia, e que a
hiperecogenicidade do parênquima pancreático pode ser um achado normal em pacientes geriátricos.
Discussão
101
Nos felinos, a ecogenicidade não se altera, independente da idade (LARSON, 2005), sexo ou peso
(BERFORD, 2004; ETUE, 2001). Nos cães não foram encontrados na literatura estudos que
correlacionassem ou comprovassem a variação da ecogenicidade segundo a idade ou o peso.
Os resultados expostos nessa investigação comprovam estatisticamente, que à medida que
aumenta a idade, aumenta a proporção de animais que apresentam o pâncreas discretamente
hiperecogênico em relação ao fígado e isoecogênico em relação à gordura mesentérica. Ainda, em
relação ao peso, verifica-se a mesma variação, isto é, à medida que o peso aumenta, aumenta a
proporção de animais que apresentam a glândula hiperecogênica em relação ao fígado e isoecogênica
em relação à gordura mesentérica. Portanto, concluímos que cães da raça Poodle Toy seguem um
padrão de ecogenicidade semelhante ao dos humanos e distinto dos felinos.
Em relação à ecotextura do pâncreas, foi necessário adotar-se um critério totalmente subjetivo
classificando o como homogêneo ou difusamente heterogêneo. Os resultados concordam com os
dados disponíveis, segundo Berford (2004), Homco (1996), Mahaffey (1995), Maï (2000), Nyland et al.
(2002), Pennick (1996) e Saunders (1991), que consideram homogênea a textura do pâncreas normal.
Entretanto, observou-se que, embora a maioria (63,6%) dos animais tenha apresentado sua ecotextura
homogênea, comprovou-se estatisticamente que conforme aumentam a idade e o peso, a ecotextura
tende a se apresentar difusamente heterogênea. Não foram encontrados em literatura veterinária,
estudos que apontassem o padrão de variação da ecotextura pancreática em cães, conforme a idade
ou o peso. Nenhum estudo foi encontrado sobre o comportamento da ecotextura pancreática em
humanos ou felinos.
Diferente do relatado por Berford (2004), Homco (1996), Mahaffey (1995), Maï (2000), Pennick
(1996), Nyland et al. (2002) e Saunders (1991), os contornos do pâncreas foram considerados pouco
definidos em apenas 18,2% dos exames, sendo descritos como definidos em 81,8% dos animais
(Tabela 5). Atribuímos esse resultado ao fato das avaliações ultra-sonográficas deste estudo terem
Discussão
102
sido realizadas com um transdutor de 7 a 12 MHz, responsável pela alta definição das imagens, o que
permitiu que as margens pancreáticas se distinguissem consideravelmente da gordura mesentérica.
Apesar da fundamental importância do estabelecimento de padrões de ecogenicidade,
ecotextura e de contornos para o pâncreas do cão, não se pode deixar de mencionar que tais
critérios, isoladamente, são inespecíficos, necessitando do estabelecimento de normas comparativas,
assim como inseri-los no contexto da história clínica do paciente, além de atentar para sua idade e seu
biotipo.
Embora seja do conhecimento geral que a espessura normal do pâncreas varia com o porte do
animal e talvez com a idade e a raça, não dispomos de padrão de normalidade para as dimensões
pancreáticas sendo que a avaliação ultra-sonográfica se faz subjetivamente com base na imagem
mental desenvolvida por cada operador.
Na literatura médico veterinária, foram encontrados dois estudos que avaliam as dimensões
pancreáticas e o diâmetro do ducto pancreático na espécie felina (ETUE et al., 2001; FROES et al.,
2001).
Na espécie canina, um único trabalho apresentado por Lamb (1995), que utiliza um transdutor
setorial de 7,5 MHz, avalia a ecogenicidade, ecotextura e contornos do pâncreas de quatro cães da
raça Beagle e, através da técnica dúplex Doppler, identifica a veia e a artéria pancreaticoduodenais,
mensurando as e obtendo valores de 2 a 3 milímetros e 1 milímetro, respectivamente.
Ao confrontar os valores encontrados com aqueles descritos por Lamb (1995), encontramos
valores semelhantes para o diâmetro da veia pancreaticoduodenal, mas em relação diâmetro da artéria
pancreaticoduodenal foi apresentado um valor um pouco maior. Vale ressaltar, que foram estudados
cães da raça Poodle Toy e em poucos animais foi possível mensurar o diâmetro da artéria
pancreaticoduodenal, não perfazendo uma quantidade de medidas satisfatórias para a sua análise
estatística, relacionando as com as variáveis: sexo, peso e idade.
Discussão
103
Em relação às características sonográficas do ducto pancreático foram encontrados dados
similares aos de Lamb (1995), que visibilizou o ducto pancreático no grupo de cães controle da raça
Beagle, descrevendo-os como uma estrutura tubular anecogênica, ventral as estruturas vasculares do
parênquima, de lúmen estreito e paredes hiperecogênicas, apresentando diâmetro menor que um
milímetro.
No homem, Parulaker (1980) afirma que o ducto pancreático normal pode ser observado em
aproximadamente 82% dos humanos. Nos felinos, Etue et al. (2001) identificaram o ducto pancreático
em 85% dos animais. Por outro lado, Nyland et al. (2002) afirmam que a identificação do ducto
pancreático no o é rara. Acredita-se que um dos motivos para tanto, consiste no fato de não terem
utilizado transdutores com freqüências maiores que 7,5 MHz, em qualquer estudo sistemático.
Analogamente aos estudos de Etue et al. (2001) e Parulaker (1980), o ducto pancreático pôde
ser identificado em 84,8% dos cães, percentual semelhante àquele descrito para o homem e para a
espécie felina. Assim como nos felinos (ETUE et al., 2001), a não identificação do ducto pancreático,
em alguns cães, ocorreu devido: à sensibilidade da técnica Doppler colorido, à interferência respiratória
ou ao temperamento agitado de alguns animais.
O comportamento do diâmetro do ducto pancreático pode ser considerado um parâmetro
importante na avaliação de casos de pancreatite. Na espécie humana, o sinal mais consistente de
pancreatite em crianças é a dilatação do ducto pancreático, enquanto em pacientes geriátricos, o
aumento do diâmetro do ducto pancreático é considerado normal (CHAO et al., 2000; SIEGEL et al.,
1987). Os felinos parecem acompanhar o padrão humano (LARSON et al., 2005). Nos cães da raça
Poodle Toy, observou-se que o diâmetro do ducto pancreático não foi influenciado pela idade, dessa
forma, assim como Lamb (1999) afirmou, embora a dilatação do ducto
104
Discussão
pancreático não deva ser considerada um achado específico potencial de pancreatite aguda no cão, a
sua identificação nas suspeita da doença sustenta o diagnóstico.
Em termos de valores métricos, Evans (1993) cita que através de técnicas anatômicas de
dissecação, observou-se que a espessura do lobo direito do pâncreas do o está acima de um
centímetro; a espessura do corpo pancréatico é de aproximadamente um centímetro e a espessura do
lobo esquerdo é semelhante a do lobo direito, em cães de porte semelhante aos da raça Beagle.
ultra-sonograficamente, Homco (1996), Lamb (1999), Mahaffey (1995) e Saunders (1991) descrevem
que no cão ambos os lobos pancreáticos medem aproximadamente um centímetro de espessura, ainda
que difiram no comprimento e na largura, e o citam nenhum valor de referência para o corpo
pancreático, e nem em que raça ou porte de cão se basearam.
Os resultados desse estudo foram obtidos através do exame de es da raça Poodle Toy
sendo que, embora as medidas para o lobo direito (0,72±0,10 cm) e esquerdo (0,77±0,11 cm) sejam
realmente similares, elas aproximam-se, mas são menores que um centímetro, provavelmente pelo
menor porte dos cães da raça Poodle Toy, quando comparados aos da raça Beagle.
Ao se comparar os valores encontrados com aqueles descritos por Evans (1993), em que a
mensuração do órgão baseou-se na peça após a dissecação, nota-se que, ainda que as medidas
apresentadas sejam menores, elas seguem proporções semelhantes, isto é, os lobos pancreáticos são
similares em relação à espessura e o corpo (0,66±0,09cm) foi a menor região observada.
Sabe-se que, no homem, as dimensões pancreáticas, mais exatamente a sua espessura,
diminuem conforme a idade (GLASER; STIENECKER, 2000) e nos felinos esses padrões não se
alteram (ETUE et al., 2001; LARSON et al., 2005).
Nos cães, deste estudo, verificou-se que a espessura da região do corpo foi maior nos machos,
mas devido ao número reduzido de animais com o corpo visível é provável que esse dado não seja
relevante. Embora as espessuras dos lobos pancreáticos não tenham apresentado correlação com o
105
Discussão
sexo, comprovou-se estatisticamente que estas aumentaram conforme o aumento da idade e do peso,
o que pode ser baseado no aumento fisiológico do porte do animal através dos meses.
Em resumo, o estudo de características anátomo sonográficas pancreáticas baseadas na
topologia, arquitetura, dimensões, ecotextura, ecogenicidade e nos seus contornos realizado em
animais controle da raça Poodle Toy e utilizando-se aparelho de alta resolução, corroborou a acurácia
do método e permitiu estabelecermos valores de referência de normalidade, bem como correlações
com faixa etária e porte sico (baseado no peso) para esta raça canina. No entanto, a realização de
outras investigações que avaliem essas variáveis em outras raças permitirá que possamos adotar
critérios mais precisos quanto a sua normalidade ou seus quadros patológicos.
Conclusões
6 CONCLUSÕES
A interpretação dos resultados obtidos neste trabalho, nas circunstâncias metodológicas em
que o experimento foi delineado, permite concluir que:
O exame ultra-sonográfico realizado com equipamento de alta resolução é um excelente
recurso propedêutico para a avaliação de pâncreas de cães.
A acurácia do método ultra-sonográfico foi de 100% para a visibilização de pelo menos uma
das regiões pancreáticas (lobo direito) e pelo menos uma das estruturas internas (a veia
pancreaticoduodenal).
106
Nos animais da raça Poodle Toy, a espessura média e o desvio padrão das diferentes regiões
pancreáticas e das estruturas internas dos cães estudados foram: lobo direito (planos
longitudinal e transversal) 0,72 ± 0,10 cm, lobo esquerdo 0,77 ± 0,11 cm, corpo 0,66 ± 0,09
cm, veia pancreaticoduodenal (planos longitudinal e transversal) 0,18 ± 0,03 cm, artéria
pancreaticoduodenal (plano longitudinal) 0,13 ± 0,01 cm, artéria pancreaticoduodenal (plano
transversal) 0,13 ± 0,02 cm, ducto pancreático (plano longitudinal) 0,08 ± 0,01 cm e ducto
pancreático (plano transversal) 0,08 ± 0,02 cm.
Conclusões
Há correlações positivas entre as características anátomo ultra-sonográficas de: espessura dos
lobos direito e esquerdo, ecogenicidade em relação ao fígado, ecogenicidade em relação à
gordura mesentérica e ecotextura, e a idade.
Há correlações positivas entre as características anátomo ultra-sonográficas de: espessura dos
lobos direito e esquerdo, ecogenicidade em relação ao fígado, ecogenicidade em relação à
gordura mesentérica e ecotextura, e o peso.
A técnica Doppler colorido auxiliou na identificação da veia pancreaticoduodenal em 100% dos
exames, e do ducto pancreático e da artéria pancreaticoduodenal em 84,8% dos casos, sendo
considerada adequada.
107
A técnica Doppler pulsado/dúplex Doppler auxiliou na identificação da veia
pancreaticoduodenal em apenas 9,1% dos casos, não se mostrando útil na distinção das
estruturas vasculares do pâncreas.
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