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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS
MESTRADO EM GEOGRAFIA
LUZIANNY BORGES ROCHA
A PRODUÇÃO DE FLORES NO ESTADO DO CEARÁ EM
BATURITÉ, REDEÃO E SÃO BENEDITO
Fortaleza - Ceará
2006
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LUZIANNY BORGES ROCHA
A PRODUÇÃO DE FLORES NO ESTADO DO CEARÁ EM
BATURITÉ, REDEÃO E SÃO BENEDITO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Geografia, do Centro de Ciências, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de mestre em Geografia, na área
de concentração em Dinâmica Territorial e
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. José Levi Furtado Sampaio
Fortaleza - Ceará
2006
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LUZIANNY BORGES ROCHA
A PRODUÇÃO DE FLORES NO ESTADO DO CEARÁ EM
BATURITÉ, REDEÃO E SÃO BENEDITO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Geografia, do Centro de
Ciências, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção
do grau de mestre em Geografia, na área de concentração em Dinâmica Territorial e
Ambiental.
Aprovada em 20 de Julho de 2006. Nota: 10. Conceito: Com Louvor.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Levi Furtado Sampaio
Universidade Federal do Ceará
Orientador
Profª. Drª. Fátima Maria Soares
Universidade Federal do Cea
Dr. José Luiz Mosca
EMBRAPA Agroindústria Tropical
DEDICATÓRIA
À minha querida e inesquecível avó, Maria
Clemilda de Moura Chaves e Silva (In memorian),
pelo amor e ensinamentos de vida que muito
contribuiram para minha formação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me capacitado para vencer mais esta etapa da minha vida
profissional.
Ao esposo e amigo, Alberto Pessoa Rocha, que esteve ao meu lado colaborando
para realização deste trabalho.
À minha família, pelo incentivo aos estudos.
Aos professores do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará, pela
contribuição intelectual e motivação em minha vida acamica.
Ao professor e amigo Dr. José Levi Furtado Sampaio, pela orientação dada para a
construção desta pesquisa.
À professora Drª. Fátima Maria Soares, pela colaboração dada para o
enriquecimento deste trabalho.
Ao agrônomo Dr. José Luiz Mosca, que confiavelmente me cedeu material científico
com informações importantes para esta pesquisa.
Aos colegas de mestrado, pelo convívio e crescimento intelectual.
Às grandes amigas, Magda Maria Mourão de Aguiar, Maria Edivani Silva Barbosa e
Neiliane Santiago Sombra Borges, pelo apoio dado nesta caminhada.
À colega, Anna Érika Ferreira Lima, pela colaboração em trabalho de campo.
À minha querida irmã e amiga Profª. Francisca Helena Silva Borges, que por sua
formação realizou a correção ortográfica desta pesquisa.
Ao querido primo Marcos rgio Meneses e Silva, que tão gentilmente realizou a
tradução do resumo deste trabalho.
À Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Estado do
Ceará (FUNCAP), que contribuiu financeiramnte para o desenvolvimento desta
pesquisa.
RESUMO
Esta pesquisa analisa, em especial, o processo da produção de flores nos
municípios de Baturité, Redenção e São Benedito, no Estado do Ceará. A escolha
destes, como objeto de análise do ponto de vista geográfico, deve-se ao destaque
no espaço cearense, no que se refere às metamorfoses na estrutura produtiva e
espacial, que são reflexos das políticas públicas e privadas que criam as condições
favoráveis para a reprodução ampliada do capital. Diante disso, questiona-se a
respeito da expansão da atividade nos últimos seis anos, 2000 a 2005, na economia
cearense. E, na busca de responder a este questionamento, foi possível
compreender as transformações que se dão no espaço agrário. A pesquisa
organizou-se em torno de dois eixos principais: a bibliográfica, que foi realizada,
principalmente, em bibliotecas, órgãos públicos da cidade de Fortaleza e em sítios
eletrônicos com relevância para o trabalho, e a de campo, realizada na região do
Maciço de Baturité, nas propriedades Sítio Olho d Água, em Baturité e Sítio Vale do
Piancó, em Redenção, que constituem a empresa Flora Tropical, e na região da
Ibiapaba, nas empresas Reijers Produção de Rosas S.A. e Cearosa Comércio
Exportação Importação de Flores Ltda., em São Benedito, onde as informações e
observações permitiram confrontar os dados bibliográficos coletados à realidade das
regiões. A horticultura ornamental, aqui denominada floricultura, é um dos setores da
agricultura que apresenta maior rentabilidade por área cultivada e que proporciona
rápido retorno financeiro. Além disso, pode ser praticada em pequenos espaços,
constituindo atividade assimiladora de mão-de-obra, exigindo a utilização de técnicas
de cultivo, como também sistema de distribuição e comercialização. Trata-se de uma
atividade em ascensão, com amplo mercado nacional e mundial, apresentando
claras vantagens comparativas no Estado do Ceará, o que justifica a escolha da
temática. A floricultura cearense apresenta vantagens de custos relativas a outros
competidores nacionais e internacionais, confirmando a hitese de que tais
vantagens comparativas só se converterão em vantagens competitivas de modo a
contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado, se houver um esforço
coletivo que faça a promoção dos arranjos produtivos locais da atividade. Desse
modo, constata-se que a floricultura é uma nova alternativa na busca de geração de
emprego e renda, e, para existir, deve haver investimento financeiro, científico,
técnico, político, cultural, sem estes elementos, o setor o vingará.
Palavras-chave: Reestruturação Produtiva. Técnica e Campo. Meio Ambiente.
ABSTRACT
This research analyzes, in special, the process of the production of flowers
in the cities of Baturité, Redenção and São Benedito, in the State of the Ceará. The
choice of these, as object of analysis of the geographic point of view, must it the
prominence in the pertaining to the state of Ceará space, as for the metamorphoses
in productive and space the structure, that are reflected of the public and private
politics that create the favorable conditions for the extended reproduction of the
capital. Ahead of this, if it questions regarding the expansion of the activity in last the
six years, 2000 to 2005, in the pertaining to the state of Ceará economy and in the
search to answer to this questioning it was possible to understand the
transformations that if give in the agrarian space. The research was organized
around two main axles: the bibliographical one, that it was carried through, mainly, in
libraries, public agencies of the city of Fortaleza and in electronic small farms with
relevance for the work and of field, carried through in the region of the Massif of
Baturité, in the properties Small farm Olho DÁgua, in Baturité and Small farm Vale
do Piancó, in Redenção, that constitutes the company Tropical Flora and in the
region of the Ibiapaba, in the companies Reijers Produção de Rosas S.A. and
Cearosa Comércio Exportação Importação de Flores Ltda., in o Benedito, where
the information and comments had allowed to collate the collected bibliographical
data to the reality of the regions. The ornamental horticulture, called floricultura here,
is one of the sectors of the agriculture that presents greater yield for cultivated area
and that it provides to fast financial return. Moreover, assimiladora activity of man
power can be practised in small spaces, constituting, demanding the use of culture
techniques, as also system of distribution and commercialization. One is about an
activity in ascension, with ample national and world-wide market, presenting clear
comparative advantages in the State of the Ceará, what it justifies the choice of the
thematic one. The pertaining to the state of Ceará floricultura presents relative
advantages of costs to other national competitors and international, confirming the
hypothesis, of that such comparative advantages will only be become into
competitive advantages, in order to contribute with the economic development of the
State, a collective effort will be had that it makes the promotion of the local productive
arrangements of the activity. Therefore, the floricultura is a new alternative in the
search of job generation and income and to exist must have financial, scientific
investment, technician, politician, cultural, without these elements the sector will not
avenge.
Keywords: Productive restructuring. Technique and Camp. Environment
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
g.
FIGURAS
FIGURA 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO ESTADO DO CEARÁ..............66
FIGURA 2 MERCADOS CONSUMIDORES DE FLORES COM RELAÇÃO A
FORTALEZA-CE..............................................................................72
FIGURA 3 REGIÕES PRODUTORAS DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS
NO ESTADO DO CEARÁ.................................................................77
FIGURA 4 MARCAS DA FLORICULTURA CEARENSE...................................82
FIGURA 5 MUNICÍPIOS QUE PERTENCEM À MICRO-REGIÃO DO MACIÇO DE
BATURITÉ NO ESTADO DO CEARÁ..............................................87
FIGURA 6 MUNICÍPIOS QUE PERTENCEM À MICRO-REGIÃO DA CHAPADA
DA IBIAPABA NO ESTADO DO CEARÁ.........................................91
FOTOS
Foto 1 Bulbo de Amarílis...................................................................................70
Foto 2 Flores de Amarílis...................................................................................70
Foto 3 Estufa da Empresa Naturalis Tropicus em Maranguape-CE..................75
Foto 4 Abacaxis Ornamentais............................................................................79
Foto 5 Câmara Frigorífica para Exportação de Flores.......................................82
Foto 6 Sítio Olho dÁgua, Baturité-CE...............................................................93
Foto 7 Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE.......................................................94
Foto 8 Proprietários da Empresa Flora Tropical, Sítio Olho d Água,
Baturité-CE.............................................................................................95
Foto 9 Irrigação Sítio Olho dÁgua, Baturité-CE................................................96
Foto 10 Açude Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE..........................................96
Foto 11 Irrigação Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE......................................97
Fotos 12, 13 Pós-colheita da Flora Tropical......................................................98
Foto 14 Pós-colheita da Flora Tropical..............................................................99
Foto 15 Cultivo de Antúrio em Cobertura Telada, Sítio Olho dÁgua,
Baturité-CE..........................................................................................100
Foto 16 Cultivo de Cordyline em Cobertura Telada, Sítio Vale do Piancó,
Redenção-CE....................................................................................100
Foto 17 Helicônia.............................................................................................101
Foto 18 Tapeinoquilos.....................................................................................101
Foto 19 Papiros...............................................................................................101
Foto 20 Sorvete...............................................................................................101
Foto 21 Dracena..............................................................................................101
Foto 22 Alpínia.................................................................................................101
Foto 23 Caulinha.............................................................................................102
Foto 24 Bastão do Imperador..........................................................................102
Foto 25 Musa Ornata.......................................................................................102
Foto 26 Musgo.................................................................................................102
Foto 27 Fazenda Cearosa, o Benedito-CE.................................................105
Foto 28 Área do Cultivo de Rosas na Cearosa................................................106
Foto 29 Presidente/Produtor da Empresa Cearosa, São Benedito-CE...........107
Foto 30 Açude que Abastece a Cearosa, o Benedito-CE...........................108
Foto 31 Irrigação do Cultivo das Rosas, Fazenda Cearosa,
São Benedito-CE................................................................................108
Foto 32 Equipamento de Retirada de Espinhos e Folhas com a Mesa
Classificadora do Tamanho das Rosas..............................................109
Foto 33 Equipamento de Fechamento dos Bonches (Boncheadora)..............110
Foto 34 Rosas na Câmara Frigorífica em Hidratação......................................110
Foto 35 Rosas na Câmara Frigorífica, Acondicionadas para Transporte........111
Foto 36 Botões de Rosas Protegidos com Capucho de Polietileno.................112
Foto 37 Nim.....................................................................................................113
Foto 38 Carola................................................................................................. 113
Foto 39 Eliza.................................................................................................... 113
Foto 40 Salmone............................................................................................. 113
Foto 41 Attaché............................................................................................... 113
Foto 42 Chaim Soutine.................................................................................... 113
Foto 43 Hot Princess....................................................................................... 113
Foto 44 Concorde............................................................................................ 114
Foto 45 Prima Donna+..................................................................................... 114
Foto 46 Fazenda Reijers, São Benedito-CE....................................................115
Foto 47 Irrigação da Produção de Rosas, Fazenda Reijers,
São Benedito-CE................................................................................117
Fotos 48 e 49 s-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE.....................118
Fotos 50 e 51 s-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE.....................119
Foto 52 Passion............................................................................................... 121
Foto 53 Brazilian Lady..................................................................................... 121
Foto 54 Avalanche........................................................................................... 121
Foto 55 Prima Donna....................................................................................... 121
Foto 56 Sonrisa............................................................................................... 122
Foto 57 Melaine............................................................................................... 122
Foto 58 Atraccta.............................................................................................. 122
Foto 59 Serena................................................................................................122
MAPA
MAPA – A PRODUÇÃO DE FLORES NO ESTADO DO CEARÁ.........................23
QUADROS
QUADRO 1 NOMECLATURA DO SETOR DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS (NCM/SH)*..........................................................49
QUADRO 2 BRASIL: EXPORTAÇÕES DE FLORES E SEUS BOTÕES,
FRESCOS, CORTADOS PARA BUQUÊS, POR PAÍS DE DESTINO,
JANEIRO A DEZEMBRO DE 2003 E 2004....................................52
QUADRO 3 PARTICIPAÇÃO DO VALOR DA EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS DA
FLORICULTURA BRASILEIRA POR PS DE DESTINO
EM 2004 (%)..................................................................................52
QUADRO 4 CONSUMO PER CAPITA DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS
(EM US$/ANO)...............................................................................56
QUADRO 5 MUNICÍPIOS PRODUTORES DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS COM OS PRODUTOS........................................78
QUADRO 6 PRINCIPAIS DESTINOS DOS PRODUTOS DA FLORICULTURA
CEARENSE EXPORTAÇÃO 2005 (US$)...................................80
QUADRO 7 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS DO MACIÇO DE BATURITÉ,
CEARÁ...........................................................................................86
QUADRO 8 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS DA CHAPADA DA IBIAPABA,
CEARÁ...........................................................................................90
LISTA DE TABELAS
g.
TABELA 1 EXPORTAÇÕES CEARENSES DO AGRONEGÓCIO 2003........42
TABELA 2 PRINCIPAIS PRODUTORES MUNDIAIS DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS – 2001...................................................................45
TABELA 3 MERCADO MUNDIAL DE FLORES DE CORTE, POR VALOR (CIF)
1997 2001.....................................................................................46
TABELA 4 IMPORTAÇÃO MUNDIAL DE FLORES 2001...............................47
TABELA 5 BALANÇA COMERCIAL DOS PRODUTOS DE FLORICULTURA –
2004 E 2005 (MILHÃO DE US$ FOB)..............................................53
TABELA 6 EXPORTAÇÃO DOS PRODUTOS DA FLORICULTURA BRASILEIRA,
POR PAÍS DE DESTINO, 2004 E 2005...........................................53
TABELA 7 DADOS COMPARATIVOS DE RENTABILIDADE ENTRE AS
CULTURAS TRADICIONAIS E FLORES.........................................68
TABELA 8 EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DOS PRODUTOS DA
FLORICULTURA CEARENSE.........................................................69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABREVIATURAS
°C Grau Celsius (Referente à Temperatura)
hab/km² - Habitante por Quilômetro Quadrado
ha. Hectare
Km Quilômetro
Km² Quilômetro Quadrado
m Metro
m²/ano Metro Quadrado por Ano
mil/m² Mil por Metro Quadrado
mm Milímetro
n° Número
% Por Cento
SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACEFLOR Associação Cearense dos Floristas
AFLORAL Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais e
Tropicais de Alagoas
AFLORAR Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais do Estado
do Ceará
APEX Agência de Promoção e Exportação
ASFOF Associação de Floricultores, Olericultores e Fruticultores da Serra da
Ibiapaba
BAHIAFLOR Associação Baiana dos Produtores de Flores Tropicais e Plantas
Ornamentais
BB – Banco do Brasil
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNB – Banco do Nordeste do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CCE-CE – Comisssão do Comércio Exterior do Ceará
CEASA Campinas Central de Abastecimento de Campinas
CEAGESP Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo
COMFLORA – Cooperativa dos Produtores e Exportadores de Plantas, Flores e
Folhagens Tropicais de Alagoas
CONFLORA – Associação dos Produtores de Flores do Maciço de Baturité
CARIRIFLORA – Associação de Produtores de Flores e Plantas Ornamentais da
Região do Cariri
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecria
FAT Fundo de Amparo do Trabalhador
FESTFLORA Feira Internacional do Nordeste da Floricultura, Paisagismo e
Jardinagem
FIEC-CIN Federação das Indústrias do Estado do Ceará Centro Internacional de
Negócios do Ceará
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
FLORALSULBA Produtores de Flores e Plantas Ornamentais do Sul da Bahia
FLORA BRASILIS – Programa Setorial Integrado de Promoção e Exportação de
Flores e Plantas Ornamentais
FNE – Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste
FRUPEX Programa de Apoio à Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças e
Plantas Ornamentais
FRUTAL Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria
FUNCET Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza
FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRAFLOR Instituto Brasileiro de Floricultura
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INFRAERO Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportria
ISS Imposto sobre Serviços
MDIC Ministério do Desenvolvimento da Instria e Comércio Exterior
NCM/SH Nomeclatura Comum do Mercosul/Sistema Harmonizado
SEAGRI Secretaria de Agricultura e Pecuária
SEAGRIBA Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da
Bahia
SEAGRICE – Secretaria de Agricultura e Pecria do Ceará
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SH Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou
Sistema Harmonizado
TROPIFLOR Associação de Produtores de Flores Tropicais Amélia Rodrigues
UFC Universidade Federal do Ceará
UNIAGRO Cooperativa dos Engenheiros Agrônomos do Ceará
UNIFOR Universidade de Fortaleza
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................................21
CAPÍTULO 1 A FLORICULTURA SOB UM OLHAR GEOGRÁFICO ...28
1.1 O Mercado de Flores no Mundo ................................................................44
1.2 O Brasil no Mercado Internacional de Flores...........................................51
1.3 As Flores do Nordeste................................................................................61
CAPÍTULO 2 A FLORICULTURA CEARENSE ..........................................66
2.1 Histórico da Floricultura Cearense...........................................................73
2.2 Estratégias de Desenvolvimento do Estado do Ceará que Incentivaram
à Expano do Agronecio: Produção de Flores...................................81
CAPÍTULO 3 AS POTENCIALIDADES DO MACIÇO DE BATURITÉ E
DA IBIAPABA PARA O DESENVOLVIMENTO DA FLORICULTURA
CEARENSE ..........................................................................................................86
3.1 Maciço de Baturité: A Floricultura em Redenção e Baturi....................93
3.2 o Benedito: A Produção de Flores da Ibiapaba ..................................105
3.3 Apontando Propostas de Viabilidade Ambiental e Social......................124
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................126
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................130
APÊNDICE..........................................................................................................138
Apêndice A Roteiro das Entrevistas.................................................................139
ANEXO.................................................................................................................140
Anexo A tios de Interesse sobre Floricultura..............................................141
Circunda-te de rosas
Ama...
Bebe...
e cala...
O mais é nada.
(Fernando Pessoa)
INTRODUÇÃO
A beleza da flora brasileira, a diversidade climática e a posição estratégica
do Brasil em relação ao mercado internacional constituem fatores de sucesso em
empreendimentos no setor produtivo de flores e plantas ornamentais, cujas
potencialidades ainda não são totalmente exploradas segundo a propriedade das
terras, a área total, a condição do produtor, as receitas, as despesas, a mão-de-
obra, os insumos e as tecnologias utilizados na atividade, os investimentos, entre
outros indicadores do nível de modernidade e especialização da floricultura
brasileira. O conjunto dessas informações fornece ampla caracterização desse
agronegócio no País, contribuindo, assim, para o conhecimento do seu potencial
socioeconômico e para a elaboração de políticas e programas orientados ao seu
desenvolvimento.
A produção de flores sempre existiu nos jardins desde as mais antigas
civilizações, ora com conotações religiosas e ou filosóficas, ora com conotações
utilitárias e ou contemplativas. Nesse rol se incluem os lendários jardins da
Babilônia, os jardins e parques dos castelos europeus ou chineses, o jardim
doméstico grego e romano, os jardins dos monastérios medievais, os renascentistas,
o jardim francês (Versailles), italiano (as Villas’) e inglês" (CENIQUEL, 1995). Essas
flores eram cultivadas em pequena escala, voltadas principalmente para atender as
necessidades do consumo particular, não havendo preocupação com o mercado.
No Estado do Ceará, até meados do século XX, a produção de flores era
inexpressiva, voltada para a ornamentação de jardins, quintais de casa, decoração
de ambientes. Na capital cearense, sobressaía o jardim japonês da família Fujita, na
Avenida Bezerra de Meneses, próximo à praça São Sebastião. Contudo, desde o
ano 2000, essa atividade começa a ser ampliada para alguns municípios e região
metropolitana. Está havendo uma interiorização, porque as flores passaram a ter
maior aceitação no mercado, assumindo valor de mercadoria.
A exemplo do Brasil, o Estado do Ceará vê a oportunidade de inserção no
mercado nacional e internacional como forma de originar emprego e renda. Em face
22
de sua biodiversidade e das condições de clima e solo, a floricultura apresenta-se
como uma das atividades agrícolas com potencialidades determinadas por
vantagens comparativas em função da proximidade com os principais importadores,
países europeus e Estados Unidos, tendenciando uma natural inserção dos produtos
cearenses no mercado internacional; os ecossistemas distintos, litoral, serras e
sertão, favorecendo o cultivo diversificado de escies florísticas; as temperaturas
12°C a 32°C, amenas e estáveis nas serras durante todo o ano, propiciando ao
produtor o planejamento de sua produção de acordo com as exigências do mercado;
a luminosidade intensa, 3000 horas de sol anuais, atribuindo cores mais vivas às
flores; a mão-de-obra caracterizada por habilidade e capacidade de trabalho.
Sendo assim, esta atividade se torna uma alternativa do setor produtivo
da economia, capaz de inserir o Estado do Ceará no processo de
internacionalização.
A partir dessas vantagens, esta pesquisa analisa, em especial, o processo
da produção de flores nos municípios de Baturité, Redenção e São Benedito, no
Estado do Ceará (Mapa).
O Maciço de Baturité localiza-se entre o Sertão Central do Estado do
Ceará e a Região Metropolitana de Fortaleza, distante da capital 100Km, e
compreende os municípios: Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Redenção,
Mulungu, Palmácia, Pacoti, Capistrano, Guaramiranga e Itapiúna. A Ibiapaba,
também conhecida como Serra Grande, localiza-se na porção Norte - Sul do Estado
do Ceará, nos limites com o Estado do Pauí, distante da capital 304Km, e
compreende os municípios: Viçosa do Ceará, Tiang, Ubajara, Ibiapina, São
Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte e Croatá.
No Maciço de Baturité, foram escolhidos os municípios de Redenção e
Baturité e, na Ibiapaba, São Benedito, como objeto de alise do ponto de vista
geográfico, por serem destaque destas áreas. Nestes, as metamorfoses na estrutura
produtiva e espacial são reflexos das políticas públicas e privadas que criam as
condições favoráveis para a reprodução ampliada do capital. Diante disso,
questiona-se a respeito da expansão da atividade, nos últimos seis anos, 2000 a
2005, na economia cearense. E, na busca de responder a este questionamento, foi
24
possível compreender as transformações que se dão no espaço agrário, decorrente
desta atividade.
Como objetivos específicos, têm-se os seguintes:
1 Levantamento da produção de flores a nível mundial, nacional e
regional;
2 Histórico do cultivo de flores no Estado do Ceará;
3 Levantamento das possíveis estratégias de desenvolvimento do Estado
que incentivaram a expansão do agronegócio: produção de flores;
4 Identificação das potencialidades das áreas em estudo para o
desenvolvimento da floricultura cearense;
5 Coleta de dados sobre os tipos de flores cultivadas e os mercados
consumidores;
6 Propostas de viabilidade ambiental e social na ampliação do cultivo de
flores para o Estado do Ceará.
É razvel sustentar que a floricultura cearense apresenta vantagens de
custos relativas a outros competidores nacionais e internacionais, levantando-se a
hitese de que tais vantagens comparativas poderão se converter em vantagens
competitivas de modo a contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado, se
houver promoção dos arranjos produtivos locais da floricultura.
Adota-se, para o presente estudo, o conceito de região enquanto espaço
social, vivido, em estreita correlação com a prática social” (CORRÊA, 1996:25), visto
que é através do entendimento do espaço como um dado social que se pode
contribuir para a necessária teorização do trabalho como mediação da relação entre
sociedade e espaço. Como afirma Júnior (2002:5) [...] o trabalho enquanto ato
teleológico redefine constante e contraditoriamente o processo social e o espaço
geográfico. Nesta mesma perspectiva, Lima (2002:1a), para quem o espaço é como
produto do trabalho social, estabelece a condição de continuidade da sociedade,
25
pois cada nova geração sobrevive utilizando-se dos objetos do passado,
superpondo-lhes ou acrescentando-lhes outras criações.
A horticultura ornamental, aqui denominada floricultura, é um dos setores
da agricultura que apresenta maior rentabilidade por área cultivada e que
proporciona rápido retorno financeiro. Além disso, pode ser praticada em pequenos
espaços, constituindo atividade assimiladora de mão-de-obra, exigindo a utilização
de técnicas de cultivo, como também sistema de distribuição e comercialização.
Trata-se de uma atividade em ascensão, com amplo mercado nacional e mundial,
apresentando claras vantagens comparativas no Estado do Ceará, o que justifica a
escolha da temática.
Pode-se afirmar que há um processo de organização flexível da produção,
que deve ser analisada com detalhe a partir das experiências locais. No caso da
floricultura, a organização vem ocorrendo no campo da produção agrícola e do
mercado. Em ambas, é necessário definir as estratégias em relação à força de
trabalho. Desse modo, constata-se que a floricultura é uma nova alternativa na
busca de geração de emprego e renda, e, para existir, deve haver investimento
financeiro, científico, técnico, político, cultural, sem estes elementos, a floricultura
não vingará.
A análise aqui desenvolvida não teve a pretensão de exaurir o tema em
estudo, sendo agrupado um conjunto de indicadores associados ao eixo da pesquisa
como estratégia de ação para alcançar os objetivos propostos. Buscaram-se como
indicadores as variáveis que fornecessem a possibilidade de conhecer as
especificidades do agronegócio: produção de flores no Estado do Ceará.
A pesquisa organizou-se em torno de dois eixos principais: pesquisa
bibliográfica e de campo. A bibliográfica foi realizada, principalmente, em bibliotecas,
órgãos públicos da cidade de Fortaleza e em sítios eletrônicos com relevância para o
trabalho (Anexo A). As principais fontes de informações foram: dissertações, livros,
periódicos, artigos.
Este levantamento foi complementado pela pesquisa de campo realizada
na região do Maciço de Baturité, nas propriedades Sítio Olho d Água, em Baturité, e
26
Sítio Vale do Piancó, em Redenção, que constituem a empresa Flora Tropical, e na
região da Ibiapaba, nas empresas Reijers Produção de Rosas S.A. e Cearosa
Comércio Exportação Importação de Flores Ltda., em o Benedito, onde as
informações e observações permitiram confrontar os dados bibliográficos coletados
à realidade das regiões.
Além dos dados de origem secundária, foram utilizados dados de origem
primária, obtidos através de 94 entrevistas diretas
1
(Apêndice A), junto aos
produtores (4), trabalhadores agrícolas (84) e representantes de entidades públicas
ou privadas (6) de interesse para pesquisa.
A entrevista semi-estruturada, que articula as duas modalidades de
entrevista, a aberta ou o estruturada, onde o informante aborda livremente o
tema proposto; bem como as estruturadas que pressuem perguntas previamente
formuladas (MINAYO, 1994:58) e a observação direta funcionaram como
instrumento de coleta das informações.
Para Pereira (1992:25), a pesquisa qualitativa tem o mérito de “interpretar
fatos e informações sobre a vida das pessoas e fenômenos que não podem ser
quantificados e explorados por posicionamentos tricos positivistas. Enquanto a
pesquisa quantitativa apreende nexos externos que se apresentam à observação ou
experimentação, a pesquisa qualitativa volta-se, fundamentalmente, para atingir as
causas dos fenômenos sociais, as contradições e os processos intrínsecos,
procurando examinar sua lógica e estrutura interna, contrapondo-se às investigações
de cunho positivista.
Com a pesquisa qualitativa, teve-se a oportunidade de compreender a
realidade a partir da perspectiva dos sujeitos nela envolvidos, detectando os
significados que os atores dão aos fenômenos, ou seja, a interpretação da realidade
a partir da apreensão do seu significado por parte dos entrevistados.
Além das entrevistas realizadas, foram ainda anotadas, no diário de
campo, informações e impressões sobre situações ou aspectos propostos, como
1
As informações obtidas através das entrevistas e as observações, realizadas em atividade de
campo, no período de 2004.2 a 2005.2, estão dissertadas nos capítulos do presente ensaio.
27
também foram feitos registros fotográficos de momentos significativos para a
pesquisa.
No trabalho de campo tamm foram efetivadas pesquisas junto às
instituições públicas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
Banco do Nordeste do Brasil (BNB), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), a Secretaria de Agricultura e Pecria (SEAGRI), o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), onde foram buscados dados
que pudessem fornecer informações para desenvolver o referencial trico.
A presente dissertação foi elaborada seguindo as instruções da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com validade a partir de 30
janeiro de 2006 (ABNT, 2005), como também as orientações segundo Pedro
Augusto Furasté em as “Normas Técnicas para Trabalho Científico (FURASTÉ,
2004).
Os capítulos foram estruturados, obedecendo a seguinte seqüência: na
tentativa de construir um arcabouço teórico-metodológico, no primeiro capítulo, são
discutidos alguns conceitos operacionais que nortearam o estudo em questão,
contextualizando com a atividade a nível mundial, nacional e regional.
No segundo capítulo, traz-se à luz o levantamento histórico do cultivo de
flores no Estado do Ceará, bem como as estratégias que incentivaram a expansão
do agronegócio: produção de flores.
Em seguida, o terceiro capítulo trata das potencialidades das áreas em
estudo para o desenvolvimento floricultura cearense, como tamm as escies
cultivadas, os mercados consumidores, e são apontadas propostas de viabilidade
ambiental e social.
Na seqüência, são apresentadas as Considerações Finais, a Bibliografia
utilizada, o Apêndice e o Anexo.
CAPÍTULO 1 A FLORICULTURA SOB UM OLHAR GEOGRÁFICO
Em seu sentido amplo, a floricultura abrange o cultivo de plantas
ornamentais, desde flores de corte e plantas envasadas, floríferas ou não, até a
produção de sementes, bulbos e mudas de árvores de grande porte. É um setor
competitivo, que exige conhecimento técnico pelo produtor e sistema eficiente de
distribuição e comercialização.
A floricultura nacional, até meados da cada de 50, era pouco
expressiva tanto econômica como tecnologicamente, caracterizando-se como
atividade alternativa a outros setores agrícolas, e os principais cultivos localizavam-
se nas regiões próximas às capitais do sudeste e sul do Brasil, não tendo quase
expressão no contexto da agricultura nacional.
No início do século XX, a floricultura constituía-se principalmente do
cultivo de flores nos jardins e quintais das residências, desempenhando função
paisagística ou, quando aquelas eram colhidas, decorativa de lares, igrejas,
oratórios, funerais.
Destacava-se, nesta época no Estado de São Paulo, a firma
DIEBERGER, fundada em 1893, que embora praticando a floricultura
como atividade paralela à fruticultura, seu forte, formou outros
produtores de renome tais como os irmãos Boettcher, seus
empregados até 1929 quando iniciaram seu próprio negócio, hoje a
conhecida "Roselândia" e, no Estado do Rio de Janeiro, o "Orquirio
Binot", em Petrópolis o mais antigo do Brasil, existindo desde a
época do Império. (SILVEIRA, 1993a).
Com a especulação imobiliária, as ccaras e as grandes mansões foram
sendo gradativamente substituídas por conjuntos residenciais, privando parte da
população da possibilidade de cultivar flores para o seu consumo. Houve, desse
modo, a necessidade de um suporte representado pelo cultivo em escala comercial
de plantas ornamentais diversas para atender a demanda urbana que se ressentia
da ausência da natureza viva.
29
Em 1969, com a inauguração do Mercado de Flores na Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), começava a
organização do comércio de flores e plantas ornamentais.
A iniciativa coube aos imigrantes portugueses. A princípio, a produção era
pequena e visava abastecer o mercado em épocas definidas de intensa demanda
como Dia das Mães, Dias dos Namorados, Finados e Natal. Com a ocorrência dos
fluxos migratórios, o surgimento dos assentamentos e a diversificação das atividades
dos imigrantes, a floricultura passou a apresentar os primeiros sinais de organização
e crescimento. Assumindo este papel os italianos, alemães e principalmente os
japoneses. Com a fundação, por imigrantes holandeses, da Cooperativa
Agropecria Holambra, em 1972, a atividade teve um novo e decisivo impulso.
Diante desse novo processo, que implicou no aumento da produção e dos
sistemas de comercialização, os mercados vão se firmando.
Inicialmente os produtos eram vendidos em barracões armados em
praças como no Rio de Janeiro (Centro) e São Paulo (Cantareira,
Largo do Arouche, Praça Charles Miller) em locais sem a mínima
infra-estrutura. E começava a expedição de pequenas quantidades
de gladíolos, por meio ferroviário, a cidades cada vez mais distantes
e aumentando, assim, tanto a demanda como a distribuição.
(SILVEIRA, 1993b).
Com a organização implantada pela Cooperativa Agropecria Holambra,
imprimiu-se profissionalização ao comércio de flores e plantas ornamentais, pois os
grupos de produção e os comerciantes emergidos dentro da Cooperativa uniram-se
na comercialização.
Essa organização refletiu-se no aprimoramento das atividades
desenvolvidas pelos demais produtores, de modo que o binômio quantidade
produzida - qualidade do produto passou a ser mais bem atendido. O avanço do
setor contribuiu para que, em 1979, fosse instituída a Sociedade Brasileira de
Floricultura e Plantas Ornamentais. O grupo pequeno e disperso, todavia, dedicava-
se à pesquisa científica e técnica para atender as demandas da área. Esse grupo de
associados era constituído de pesquisadores, técnicos, produtores, estudantes,
floristas e demais interessados. As sua consolidação, são promovidos
Congressos, Encontros e Reuniões, objetivando garantir a melhoria do setor.
30
Em função da floricultura no Brasil ter sido desenvolvida como alternativa
a outros setores agrícolas e, muitas vezes, ser considerada como destinada à
"produção de material supérfluo", existia a dificuldade em se encontrar material
bibliográfico para consultas, especialmente no que diz respeito às práticas culturais.
Respondendo às demandas, o Estado introduziu no ensino a oferta de
disciplinas.
O ensino, principal responsável pela capacitação de profissionais
especializados, requisitados por esse campo de trabalho, teve grande
incentivo a partir de 1986, através da Portaria do Ministério da
Educação que estabeleceu a obrigatoriedade da inclusão da
disciplina "Floricultura" no currículo mínimo das Faculdades de
Agronomia do país. Onde, as pesquisas brasileiras em floricultura
têm visado à solução de problemas referentes ao cultivo de espécies
com grande potencial comercial sobre as quais, em sua maioria,
existem insuficientes informações quanto à adequação de
tecnologias de produção. (SILVEIRA, 1993c).
Percebe-se que os estudos, juntamente com os parceiros, favorecem ao
crescimento da floricultura, por isso a abertura do Veiling, na Cooperativa
Agropecria Holambra, em 1991, sistema de comercialização moderno e
transparente, que contribuiu para conduzir ao desenvolvimento da floricultura
nacional.
Importante também foi a criação, através da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento de São Paulo, da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais,
em 25 de fevereiro de 1992, congregando a iniciativa privada, representantes das
instituições oficiais de ensino, pesquisa e extensão e representantes de agentes
financeiros, marcando o início da organização do setor. Essa iniciativa transformou-
se em fórum permanente, que estuda e discute os problemas referentes à floricultura
em geral.
Essa Câmara tem por finalidade propor, apoiar e acompanhar as ações
para o desenvolvimento da floricultura e abrange produção, comercialização interna,
exportação, pesquisa, assistência técnica, serviços e insumos, estimulando novos
produtores, instituições e Estados.
31
No Para, Pernambuco, Goiás, Santa Catarina, Ceará, Câmaras
Setoriais começam a ser instituídas. Mostrando a importância de se trabalhar de
forma organizada, colocando o interesse coletivo acima do individual, saindo do
isolamento, rompendo fronteiras estaduais, federais e internacionais.
Seguindo o mesmo caminho, o Programa de Apoio à Produção e
Exportação de Frutas, Hortaliças e Plantas Ornamentais (FRUPEX) está apoiando o
subprograma de Fitossanidade, em São Paulo, que, além do controle de pragas e
doenças de flores, frutas e hortaliças, inclui no seu monitoramento o treinamento de
pessoal, a sistematização de informações e a formação de redes de laboratório para
diagstico e edições de manuais fitossanitários, porque são atividades que
requerem manejo qualificado e cuidados para que não haja transmissões de pragas
e doenças.
Diante disso, a pesquisa em flores e plantas ornamentais deve atingir
diretamente o produtor, para que este se convença da necessidade de tecnologias
adaptadas às condições edafoclimáticas brasileiras, deixando de ser imediatista e
passando a acreditar nas pesquisas que ajudem o desenvolvimento setorial.
Logo, a hora da floricultura é agora. Ela está deixando de ser um
trabalho de diletantismo, crescendo tanto no referente à produção,
como ao ensino e pesquisa. Estamos começando a formar uma
tradição de Floricultura Brasileira, com alternativas e oportunidades
tanto para os produtores, atacadistas/distribuidores, floristas como
para os supermercados. (SILVEIRA, 1993d).
Portanto, esse rastro da modernização, que deixa o improviso e avança
na construção de uma nova cultura, agora profissionalizada, chega ao século XX,
nas atividades agrícolas que conhecem ações contínuas de mudanças e
globalização. Isto porque a revolução tecnológica atinge essa atividade,
acompanhando as transformações dos demais setores econômicos.
Seu anterior sistema de objetos e seu sistema de ações (SANTOS,
1994a) foram substituídos, seja para o cultivo de plantas, seja para a criação de
animais, uma vez que se mostravam incompatíveis com as novas formas de
produção, distribuição e consumo, atingindo a organização de um novo modelo
técnico, econômico e social de desenvolvimento agrícola. Este se baseia na
incorporação da ciência, da tecnologia e da informação para aumentar e melhorar a
32
produção agropecuária, culminando em memoráveis transformações econômicas e,
conseqüentemente, sócio-espaciais. A agricultura também se realiza de forma
globalizada, se não na sua produção propriamente, através da sua circulação,
distribuição e consumo, mostrando-se uma das atividades contagiadas pela
revolução tecnológica.
A terra, o trabalho e o capital foram, durante séculos, os principais fatores
da produção agrícola, mas a “incorporação de ciência, tecnologia e informação ao
seu processo produtivo tem conduzido a horizontes jamais imaginados antes do
Período Técnico-Científico (SANTOS, 1994b).
Uma transformação importante é justamente a reorganização da relação
entre esses três fatores tradicionais da produção, em razão disso, o aumento da
extensão da área cultivada deixou de ser o fator exclusivo de crescimento da
produção agrícola, uma vez que o uso intensivo de capital e tecnologia elevaram a
produtividade do trabalho no setor. Um instrumento primordial para a modernização
da agricultura foi o amplo emprego de máquinas, insumos químicos e
biotecnológicos, fornecidos pela atividade industrial, provocando notáveis
metamorfoses, seja na atividade humana voltada para a transformação da natureza,
que sofreu um processo intenso de divisão do trabalho, seja na terra, que se
transforma cada dia mais de terra-matéria em terra-mercadoria.
A rentabilidade do capital almejada pela economia globalizada tornou
necessária a existência de formas mais eficazes de produção, transformando
radicalmente as forças produtivas da agropecuária, visto que seus conjuntos
técnicos anteriormente hegemônicos não condiziam com a racionalidade vigente no
período tecnológico. A impossibilidade de controle do processo produtivo da
agricultura, com estrutura extremamente dependente dos fatores naturais (clima,
relevo, solo, temperatura, topografia, etc.), sempre representou limite para a
acumulação ampliada no setor, uma vez que o tempo de produção é comumente
superior ao tempo de trabalho.
Desta forma, um dos caminhos buscados pela pesquisa tecnológica
voltada para o setor visou justamente a aproximação do seu processo produtivo com
o funcionamento da indústria, parâmetro considerado ideal para obter maior
33
crescimento e acumulação. O progresso tecnológico na agricultura teve como intuito
a produção de insumos artificiais, produzidos em escala industrial, capazes de
substituir parte dos insumos naturais e, assim, ter maior controle sobre o ciclo
biológico das plantas e dos animais, deixando-o menos vulnerável e, em
conseqüência, capaz de responder mais positivamente às novas formas de
produção, distribuição e consumo.
Com a difusão deste novo conjunto técnico na atividade agrícola, sua
realização tornou-se crescente e dependente do processo científico-técnico de base
industrial, minimizando a anterior vantagem relativa representada pela produção
localizada nos melhores solos, nas topografias mais adequadas, entre outras.
Aumentou, assim, a possibilidade de aproveitamento dos solos menos férteis e de
ocupação intensiva de territórios antes desprezados para tal atividade.
Para Silva (1981: 44), a produção agropecria deixou de ser uma
esperança ao sabor das forças da natureza para se converter numa certeza sob o
comando do capital, perdendo a autonomia que manteve em relação aos outros
setores da economia.
Evidencia-se, assim, que todos os espaços do planeta são espaços
da produção e das trocas globalizadas, inclusive os espaços
agrícolas, os quais passam por imeras metamorfoses, uma vez
que são extremamente susceptíveis de aceitação do capital
tecnológico. Isto se deve, em grande parte, pelo fato de possuírem
uma quantidade pequena de pedaços de tempo materializados,
permitindo uma rápida difusão do capital novo, podendo responder
rapidamente aos seus interesses. (ELIAS, 1999).
O Brasil é um dos países que reorganizou sua atividade agropecria
calcada em bases científico-técnicas. O tamanho continental de seu território, com
extensas áreas pouco rugosas, aliado à forte concentração fundiária e à existência
de parque industrial em expansão foram fatores favoráveis ao caleidoscópio de
transformações que se processaram no setor agrícola.
A modernização da agricultura brasileira se realizou abalizada na
racionalidade do sistema temporal, tendo seu funcionamento regulado pelas
relações de produção e distribuição globalizadas, cada vez menos dedicada à
subsistência, direcionando-se para atender à crescente demanda do mercado
34
urbano interno e à produção de produtos exportáveis, seja em estado bruto, seja
passando por algum tipo de transformação industrial, aumentando seu valor
adicionado.
O descompasso técnico e econômico entre as diferentes áreas e culturas
agrícolas do país é notório. Concomitantemente convivem áreas e culturas com
capacidades distintas de responder aos estímulos para a renovação das forças
produtivas e da expansão do meio técnico-científico-informacional, apresentando
acentuado contraste entre si, de acordo, ainda, com as formas e estruturas sócio-
espaciais anteriores. Tudo isso acabou acarretando a transformação de funções
historicamente exercidas por determinadas áreas de produção agrícola e por
determinados produtos agrícolas, gerando nova e mais profunda divisão social e
territorial do trabalho agrícola no Brasil. Nesta, ganham destaque as áreas que
passam a produzir produtos agropecrios industrializados ou semi-industrializados,
voltados em grande parte para a exportação, gerando situação de privilégio
econômico a nova classe de empresários agrícolas e agroindustriais, com grande
concentração de terras e de renda.
Com tais transformações, a agropecuária passou a ser um
empreendimento totalmente associado à racionalidade do período técnico-científico-
informacional” (SANTOS, 2000), apresentando as mesmas possibilidades das
demais atividades para a aplicação de capital e para obtenção de alta lucratividade,
tornando-se mais competitiva, permitindo maior valorização dos capitais nela
investidos, o que a aproximou da instria, do comércio e dos serviços. A
modernização da agropecria privilegiou determinados segmentos sociais,
econômicos e os espaços mais rapidamente suscetíveis a uma reestruturação
sustentada pelas inovações científico-técnicas e pela globalização da produção e
consumo. Acirrou-se, assim, a expansão das relações capitalistas de produção no
meio rural, tendo sido conduzida de forma prejudicial à maioria da população rural, à
organização do território e ao meio ambiente, promovendo desenvolvimento cada
vez mais desigual no país.
Dentre os resultados mais desastrosos, destacar-se-ía a exacerbação da
histórica concentração fundiária, com a expansão da propriedade privada no campo,
ou, segundo Oliveira (1998), com a monopolização da concentração da terra. A
35
política fundiária do governo federal, concretizada pelo Estatuto da Terra, principal
elemento da legislação agrária brasileira, propicia as condições favoráveis ao
empreendimento capitalista na agricultura, acirrando o acesso privado ao solo
agrícola.
Considerando que a terra é o meio de produção fundamental para a
agricultura e não é suscetível de ser multiplicado, reproduzido ao livre-arbítrio do
homem, a forma de sua apropriação é fundamental para as relações econômicas e
sociais de produção que se estabelecem na agropecria. A estrutura fundiária, ou
seja, a forma como a terra está distribuída e apropriada, é um elemento
determinante para o regime de exploração do solo agrícola e para as relações
sociais de produção.
Uma vez que a propriedade fundiária privada constitui o elemento
fundamental que separa os trabalhadores dos meios de produção na agropecria,
processam-se profundas transformações das relações sociais de produção,
expandindo a proletarização do trabalhador agrícola e do trabalho assalariado no
campo, reforçando a categoria do proletário agrícola, aumentando a sujeição real do
trabalho ao capital.
Foi, no entanto, a partir de 1970, que uma crise começou a atingir o
centro do sistema capitalista. Num plano geral, essa crise refere-se tanto às
dimensões econômicas (consumo de massa, superprodução, queda na taxa de
lucro, crise do petróleo) quanto às dimensões políticas (crise do Estado de Bem-
Estar Social), enfim trata-se de uma crise do padrão de produção fordista.
No Brasil, após essa crise do modelo de desenvolvimento baseado nas
substituições das importações, se instaura a reestruturação produtiva, a partir dos
anos 1970. Mas, é nos anos 1990 que aquela ganha amplitude, com as inovações
técnicas e organizacionais num caráter mais sistêmico, em todos os setores de
atividades econômicas (indústria, comércio, serviços e agricultura), tendo
conseqüências significativas para classe que-vive-do-trabalho (ANTUNES, 2000).
O processo de reestruturação produtiva no Brasil se em dois
momentos: inicialmente nos anos 1980, com a resistência do
empresariado a métodos e técnicas e, posteriormente nos anos 1990,
36
com a abertura comercial e a necessidade de reestruturar para
concorrer no mercado globalizado. (GOMES, 1996).
Druck procurou periodizar a implementação do modelo japonês no Brasil,
que inspirou a reestruturação produtiva no país. A autora salienta que:
[...] a primeira fase ocorre na passagem dos anos 1970 para os anos
1980 e tem, na prática dos Círculos de Controle de Qualidade a
forma mais difundida do modelo. O segundo momento, meados dos
anos 1980, outras práticas japonesas surge Just in time, Programas
de Qualidade Total e de Controle Estatístico de Processo, concentrou
no complexo automotivo. E o terceiro período, começa nos anos
1990 inaugurando a década da qualidade para todos os setores
produtivos de bens de serviços, uma verdadeira campanha para
que as culturas gerenciais sejam substituídas por cultura de
qualidade. (DRUK, 1999:102-103a).
Alves (2000a), assevera que nos anos 90, a reestruturação produtiva
ganha impulso. As grandes empresas passaram a incorporar um conjunto de novas
estratégias produtivas que atingiram, com maior integração, intensidade e
amplitude, o mundo do trabalho. Esse novo patamar da ofensiva do capital na
produção resultou em impactos expressivos sobre o mundo do trabalho no Brasil.
O processo de reestruturação produtiva no Brasil ocorre aos novos
padrões de competitividade internacional, e as mudanças econômicas que ocorrem
no país, a recessão, o desemprego, a crise do padrão industrial baseado no
desenvolvimentismo, culminaram com a política de abertura ecomica, inspirada no
neoliberalismo.
A crise do mercado interno implicou em pressão para exportações,
obrigando as empresas a adotarem novos padrões de qualidade, a buscarem
inovações tecnológicas e uma nova gestão da mão-de-obra, ou seja, novos
requerimentos de qualificação para os trabalhadores, novas técnicas
organizacionais, associados à estratégia de maior integração entre concepção e
execução da produção e, ainda, estimulada por estratégias que permitam maior
envolvimento dos trabalhadores e compromisso com os interesses específicos dos
clientes e, portanto, da empresa, conforme (CARLEIAL, 1997:297), visando à busca
de qualidade e produtividade.
Leite (1994: 573-574) ressalta que:
37
[...] a partir da entrada da nova década, dois fatores colaboraram
para empurrar as empresas em direção a uma estratégia inovadora
mais efetiva. Por um lado, o aprofundamento da crise econômica a
partir de 1990 diminuiu brutalmente o mercado interno, forçando as
empresas a se voltar para o exterior; por outro lado, a política de
abertura adotada pelo governo Collor obrigou as empresas a
melhorar suas estratégias de produtividade e qualidade para fazer
frente à concorrência internacional. Nesse novo contexto, as
empresas se viram pressionadas a investir de maneira mais firme
na modernização de sua produção, gerando uma verdadeira
epidemia de competitividade, em meio à qual muitos industriais
optaram por adquirir ao Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade, lançado pelo Governo em 1990.
Nessa perspectiva, Druck (1999:103b) salienta que o processo de
globalização dos mercados, a exigência de novas práticas de gestão empresarial e
de inovações tecnológicas, colocando em seu centro a qualidade, têm obrigado as
empresas, no mundo inteiro, a se reciclarem para enfrentar a concorrência. Além
das novas bases de competitividade há outros fatores de caráter mais geral que,
segundo os empresários brasileiros, também pressionaram as empresas para
transformações organizacionais: a recessão econômica e o processo inflacionário no
país. Trata-se, portanto, de buscar meios para sobreviver à crise.
Essas mudanças promoveram a desintegração - desarticulação da cadeia
produtiva acarretando a "destruição" de parte significativa da estrutura produtiva e do
emprego, ao invés de gerá-los. De um lado, houve falência, fusões, aquisições de
empresas, privatizações contribuindo para redução dos postos de trabalhos, do
outro lado, as empresas buscavam se adaptar às novas exigências de
competitividade, para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos.
Sendo assim, tais mudanças alteraram substancialmente a organização
do trabalho contribuindo para com a degradação do trabalho
2
e para surgimento de
um novo e precário mundo do trabalho (ALVES, 2000b). Além disso, contribuiu
para a crise do sindicalismo, pois a classe trabalhadora fragmentou-se e precarizou-
se.
As mudanças paradigmáticas iniciaram-se na segunda metade do século
XX, quando se assistia ao acelerado processo de globalização do capital, pensado,
2
Termo utilizado por Braverman (1987) ao se referir às mudanças na organização de produção e do
trabalho provenientes da Segunda Revolução Industrial.
38
articulado e comandado pelos países mais ricos do mundo, pela explosão
tecnológica da terceira revolução, pela ascensão do neoliberalismo, pela
substituição do sistema de gestão da produção e trabalho taylorista fordista pelo
toyotismo, isto é, a suplantação de um sistema hierarquizado e inflexível por um
mais flexível, polivalente e com crescente nível de automação dos meios de
produção
3
.
O neoliberalismo, a globalização e as tecnologias da terceira revolução
industrial, científica e tecnológica são os precursores da fase vivida pelo sistema
capitalista de produção. Por estar inserida no processo de reestruturação do
capitalismo, a tecnologia da informação vem revolucionando os meios de
transmissão de informações e de novos conhecimentos, fazendo com que o recém-
concebido século XXI, já seja denominado de século da informação e do
conhecimento”
4
.
Há uma premente necessidade de quebra, de desmoronamento da
estrutura construída no passado para remontar uma nova ordem espacial; como se
refere Soja:
[...] a reestruturação, em seu sentido mais amplo, transmite a noção
de uma ruptura nas tendências seculares, e de uma mudança em
direção a uma ordem e uma configuração significativamente
diferentes da vida social, econômica e política. Evoca, pois, uma
combinação seqüencial de desmoronamento e reconstrução, de
desconstrução e tentativa de reconstituição [...] (SOJA, 1993:193).
O espaço é a expressão mais significativa dessa mudança. Nesse
aspecto, a cidade é o lugar de maior demonstração do espaço reconstruído e criador
de extensores capazes de vincular diferentes pontos, proporcionando a abertura de
novos mercados que oferecem meios para a nova ordem que se constrói.
Sabe-se que a ciência, a técnica e a informação, como as fortes matrizes
das forças produtivas, são monopolizadas pelas grandes corporações, cujas
tendências se voltam para o controle do trabalho e para o controle do consumo.
3
Reorganização Produtiva Mundial no Período s-guerra. Visto em: KURTZ, Roberto, In: O colapso
da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise econômica mundia. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1992.
4
Processo de Produção num Contexto de uma Economia Globalizada. Pode ser visto em: SANTOS,
Milton, In: Por uma outra Globalização: do Pensamento Único á Consciência Universal. Rio de
Janeiro: Record, 2001.
39
Para reestruturar o espaço, exigem-se novos objetos, que respondam aos fluxos
cada vez mais acelerados pelas contingências necessárias à reprodução de um
capital mais ávido e mais faminto. Tão faminto que, numa eterna contradição,
necessita destruir para reedificar, numa dança infernal de construção e destruição, o
que dera origem à tese da destruição criativa (LIMA, 2002b).
Que as mudanças no espaço sempre ocorreram, sabe-se, pois "a história
do homem sobre a Terra é a história de uma rotura progressiva entre o homem e o
entorno" (SANTOS, 1994:17c). Mas o que chama a atenção é a contínua e
permanente mudança que se faz com uma forte voracidade. Essa nova realidade
conduz a tomar os níveis de modernização de cada lugar como balizamento para
entender o enquadramento de cada um deles na totalidade vivenciada.
No Brasil, diante da conjuntura que se instaura, o Nordeste ressurge
como recanto pleno de potenciais de atração de investimentos. A própria natureza é
revalorizada, se o tecnificada, ora por ingerência direta, ora por propaganda
político-ideológica como a da metáfora "sol inclemente" transformando-se em "sol
befico", revestindo-se de valor de troca para o novo modo de acumulação.
Essa redefinição está muito vitalizada no Estado do Ceará, em que é forte
a atração de capital externo, implantando-se com as inovações de última geração.
Marginalizam-se as tradições à medida que se erigem o que a racionalidade técnica
determina, em proveito da reconstrução de um modo de acumulação que procura
convergir para si novos territórios da produção e do consumo.
Relacionando-se os investimentos aportados nesse subespaço do Brasil,
tem-se como certa a lógica de integrá-lo no contexto da modernidade, isto é, em
tor-lo um componente territorial capaz de ser evidenciado no cenário da
competitividade mundial.
O Estado assume seu papel na preparação do cerio para a reprodução
do capital:
No orçamento federal brasileiro de 1997, perto de US$ 300 milhões
ou 7,12% do total, foram transferidos para investimento no Ceará. Até
o final do século XX, os investimentos federais no Estado
ultrapassaram os três bilhões. Demais parcelas foram concedidas por
40
órgãos de fomento da Alemanha, Japão, Banco Mundial e Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). (informação verbal)
5
.
São recursos destinados a criar infra-estrutura, à reestruturação do
espaço com os objetos necessários às ações do capital hegemônico, pois somente
estes são capazes de enfrentar os desafios da globalização. Esta correlação força
os lugares a hospedarem os grandes objetos, se desejam inserir-se na nova
mundialização, ou seja, na nova divisão internacional do trabalho. Esta
mundialização exige ações hegemônicas, daí ser ela caracterizada pela unicidade
técnica, e com esta a unicidade do tempo ou simultaneidade e a unicidade do motor
ou a globalização da mais-valia (SANTOS, 1996:76a) não muito difere estar em
Taiwan ou no Chile, no Ceará ou na Coréia.
Com a expansão do meio-técnico-centífico-informacional priorizando
algumas áreas seletivas do Nordeste brasileiro, a partir dos anos 80 do século XX, o
Estado do Ceará, que durante séculos teve sua estrutura produtiva baseada na
pecuária extensiva (bovinos, caprinos, ovinos), agricultura de subsistência (algodão,
milho e mandioca) e no extrativismo vegetal (cera da carnaúba e castanha do caju),
passa a merecer atenção dos atores hegemônicos nacionais e internacionais do
agronegócio, com vistas a inserir o Estado dentro da produção globalizada.
A partir desse período, o discurso do atraso, da miséria, advindo dos
azares climáticos, passam a ser substituídos pelas elites dominantes, pelo discurso
da modernidade, da globalização, do liberalismo econômico e do desenvolvimento
sustentável. A ideologia do novo, do moderno passa a ser difundida por alguns
setores da administração pública, das oligarquias industrias e do grande capital, que
ora dominam as esferas do poder no Estado. Para esses interventores, a ciência e
tecnologia se tornam capazes de suplantar todos os problemas de ordem ambiental.
Portanto, a revolução técnico-científico-informacional na agropecria
cearense modifica a cadeia produtiva, conjunto de componentes interativos,
incluindo os sistemas produtivos, fornecedores de insumos e serviços, industrias de
processamento e transformação, agentes de distribuição e comercialização, além de
5
Informação obtida através de entrevista realizada, na capital cearense, em atividade de campo, em
outubro de 2005, junto à Engenheira Agrônoma, Neiliane Santiago Sombra Borges, Técnica da
Gerência da SEAGRI - CE, representante da entidade blica.
41
consumidores finais" (CASTRO, 1998a), na qual a produção ecomica deixa de
ser uma exclusividade (uma) esperança ao sabor das forças da natureza para se
converter numa certeza sob o comando do capital” (SILVA, 1996).
Dessa forma, algumas faixas do território cearense não escapam da
adoção de diversas estratégias para responder à lógica da produção globalizada,
passando a participar dos circuitos espaciais globalizados da produção agrícola.
Nesse processo de reestruturação produtiva três vetores de modernidade (turismo,
agronegócio e indústria), matizes do desenvolvimento econômico moderno, passam
a receber atenção especial, por parte do Estado e do grande capital nacional e
internacional, com vistas à acumulação do capital, o que propicia no espaço
geográfico uma articulação do local com o global.
“Diante do processo de modernização da economia do Ceará, além da
intervenção do grande capital privado, presenciamos a forte presença do Estado
como gestor” (ELIAS, 2002:22) na intervenção do espaço geográfico, modificando
sua fisionomia, em sua fisiologia, em sua estrutura, em suas aparências, em suas
relações, através da construção no território de um conjunto de objetos e ações com
vistas a fornecer subsídios ao grande capital monopolista (SANTOS, 1996b).
O agronegócio constitui-se, dentro dessa perspectiva de reestruturação
produtiva cearense, como um dos mais importantes vetores de modernidade, para
impulsionar o desenvolvimento econômico do Estado. Agronegócio, neste estudo, é
compreendido, segundo Cruvinel (2000:1):
[...] como conceito que procura guardar a mesma categorização para
o conceito de agribusiness, o qual soma as operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas, as operações de produção nas
unidades agrícolas, o armazenamento, processamento e a
distribuição dos produtos agrícolas, e os itens produzidos a partir
deles.
Para isso, passam a ser peças-chave, na prioridade dos investimentos,
três áreas do território que são estrategicamente selecionadas: os vales úmidos, as
serras úmidas e o litoral. Os vales úmidos para desenvolvimento da fruticultura
irrigada; as áreas serranas para o cultivo de flores; a aqüicultura com relevância para
criação de camarão em cativeiro, nas áreas litorâneas.
42
As exportações cearenses do agronegócio somam US$ 600,4 milhões em
2003, o que representa 78,9% das vendas externas totais do Estado. Doze produtos
aparecem com maior potencial competitivo e respondem, em conjunto, por cerca de
50% dos negócios (Tabela 1).
Dos 12 produtos acima, nove lideram as exportações nordestinas. A
castanha de caju responde por 29,3% das exportações, enquanto as peles e couros
e o camarão por 28,6% e 21,6%, respectivamente. Estes três ítens totalizam 79%
das exportações. Alguns produtos tiveram aumentos substanciais como é o caso das
flores (146,2% das flores e produtos da floricultura).
Em 2005 o Ceará não manteve a liderança nas exportações de
produtos tradicionais, castanha de caju, camarão, lagosta, cera de
carnaúba, como passou a figurar entre os principais exportadores de
flores, mel, sucos de frutas e couros e peles. Os crescentes
investimentos em capacitação, assistência técnica e crédito rural, por
sua vez vêm se desdobrando rapidamente em geração de emprego e
renda, conferindo nova feição à economia de muitas cidades do
interior. Entre 1999 e 2005, o valor bruto da produção agropecuária
evoluiu de R$ 1,61 bilhão para R$ 3,15 bilhões. As exportações de
frutas e flores dos los de irrigação, por exemplo, saltaram de US$
1,9 milhão, em 1999, para US$ 44,6 milhões em 2005. E esse
volume tende a dobrar nos próximos quatro anos. (JÚNIOR F., 2006).
TABELA 1 EXPORTAÇÕES CEARENSES DO AGRONEGÓCIO 2003
12 principais agronecios 2003 Participação
2003
US$
milhões
2003 % CE/NE(*)
CE/NE(**)
Castanha de Caju 109,9
29,3
Peles e Couros 107,4
28,6
Camarões 80,9
21,6
Lagostas 30,7
8,2
Frutas 21,2
5,7
Cera de Carnaúba 10,5
2,8
Mel de Abelhas 5,6
1,5
Sucos de Frutas 4,1
1,1
Extratos Vegetais 2,3
0,6
10º
Flores 1,1
0,3
11º
Peixes 0,8
0,2
10º
12º
Pimenta 0,6
0,2
A-Total 12 Principais
Agronegócios
375,1
100,0
Fonte: SECEX, 2004.
(*) Classificação do Ceará nas exportações Nordestinas.
(**) Classificação do Ceará nas exportações Brasileiras.
43
A percepção dessas mudanças, a partir dos centros de decisão do capital,
no início do século XXI, incita uma época em que o Ceará se insere na onda que se
insufla, que não é o fim da história, mas o começo pela busca da melhoria de vida
para a sociedade, que também constrói a história.
44
1.1 O Mercado de Flores no Mundo
O mercado mundial de flores e plantas ornamentais gera negócios que
ultrapassam 100 bilhões de lares ao ano, considerando toda a cadeia produtiva e
a produção mundial ocupa uma área estimada de 190.000 hectares (CASTRO,
1998b).
"A produção e comercialização de flores e plantas ornamentais nos países
de primeiro mundo movimentam bilhões de lares, recebendo a conotação de
flowerindustry' (MATSUNAGA, 1997a). Essa denominação é apropriada porque
envolve, profissionalmente, todos os segmentos da cadeia produtiva, que vai dos
insumos envolvidos na produção aos agentes da intermediação e varejo, até chegar
ao consumidor final. Essa indústria é importante da perspectiva do consumo de
flores cortadas no mundo, podendo dar dimensão da importância relativa entre
países consumidores.
A floricultura é explorada em diversos países, principalmente na Europa.
Destacam-se como principais produtores europeus Holanda, Itália, Dinamarca,
Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Bélgica, Suécia, Finlândia e
Hungria; na Ásia, sobressaem-se o Japão e a China; na América do Sul, os líderes
são Colômbia, Equador e Brasil (Tabela 2).
Em 2001, a China, país do continente asiático, apresentava 80.000
hectares, dominando metade da produção mundial, sendo considerada o maior
produtor em área cultivada. No continente europeu, a Holanda, no mesmo período,
possuía 6.121 hectares de área cultivada, com 11.300 produtores, e assume a
categoria de maior centro distribuidor de flores do mundo. Na América do Sul, a
Colômbia, também em 2001, detinha 4.700 hectares destinados à floricultura com
7.300 produtores.
45
O Brasil, no referido ano, ocupava o sexto lugar em produção, com 4.850
hectares, buscando melhorar sua participação no mercado mundial com o cultivo de
flores tropicais
6
e temperadas
7
.
A Holanda e a Colômbia são considerados os dois maiores exportadores
mundiais (Tabela 3). Em 2001, a Holanda era exportadora de 56,6% da produção
com flores de corte. E a Colômbia, o segundo maior exportador mundial, com
valores da ordem de US$ 525 milhões.
Na Holanda encontram-se grandes cadeias de distribuição para toda a
Europa, além dos leilões eletrônicos, que constituem o principal meio de
comercialização de flores, folhagens e plantas ornamentais para todo o mundo.
6
De clima tropical, com forma e cor exótica. Dentre as principais espécies comercializadas estão
alpínia, antúrio e helicônia. (AKI, 1997).
7
Preferencialmente cultivadas em clima frio, em locais como as serras, são tamm denominadas de
tradicionais. Destaca-se entre as escies mais comercializadas a rosa, rbera e crisântemo. Nos
países tropicais são cultivadas em estufas ou em ambientes livres de acordo com condições
climáticas adequadas. (Idem, 1997).
TABELA 2 PRINCIPAIS PRODUTORES MUNDIAIS DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS – 2001
PAÍSES ÁREA (hectares) %
China 80.000 53,30
Japão 30.000 19,99
Itália 7.000 4,66
Holanda 6.121 4,08
Reino Unido 5.800 3,86
Brasil 4.850 3,23
Colômbia 4.700 3,13
Espanha 3.521 2,35
Alemanha 2.544 1,69
10º
Equador 2.300 1,53
11º
Dinamarca 416 0,28
12º
Suíça 337 0,22
13º
Suécia 266 0,18
14º
lgica 228 0,15
15º
Finlândia 68 0,05
16º
Hungria 48 0,03
Total 150.089 100,00
Fonte: Floraculture International, 2002.
46
A Alemanha, em 2001 era o maior país importador mundial de flores,
respondendo por 23,5% das importações mundiais. Os Estados Unidos ocupava a
segunda colocação com US$ 1.071 bilhões em importação. O Japão, com 13% de
sua área agricultável, ocupava a nona posição apresentando US$ 234 milhões em
importação (Tabela 4).
TABELA 3 MERCADO MUNDIAL DE FLORES DE CORTE, POR VALOR (CIF)
1997 2001
Exportadores Valor(*)
Part. %
Valor(*)
Valor(*)
Valor(*)
Valor(*)
Part. %
1997 1998 1999 2000 2001
Exportações
Mundiais
3.351,7
100
3.565,5
3.026,7
3.445,0
3.716,8
100
Holanda 2.147,4
64,1
2.241,6
1.744,2
1.995,9
2.102,2
56,6
Colômbia 387,1
11,5
442,1
462,3
483,4
525,0
14,1
Israel 145,9
4,4
148,2
134,8
152,5
158,7
4,3
Quênia 53,6
1,6
63,2
68,4
85,8
103,5
2,8
Equador 22,1
0,7
31,7
44,0
63,1
102,2
2,7
Itália 113,2
3,4
115,4
78,8
86,8
92,3
2,5
Tailândia 75,5
2,3
74,5
73,5
76,9
80,5
2,2
Espanha 70,3
2,1
65,4
47,4
59,5
60,0
1,6
Zimbábue 16,6
0,5
29,5
29,7
36,8
51,9
1,4
10º
França 31,9
1,0
33,9
29,2
35,3
39,6
1,1
11º
Nova Zelândia
17,1
0,5
20,5
23,4
33,8
37,1
1,0
12º
Malásia 11,5
0,3
18,6
24,2
31,3
29,7
0,8
13º
Estados
Unidos
23,0
0,7
29,6
31,1
30,4
28,6
0,8
14º
México 18,8
0,6
15,5
17,2
18,5
27,9
0,8
15º
Costa Rica 15,0
0,4
16,7
18,5
22,6
23,3
0,6
16º
Cingapura 17,8
0,5
22,9
22,7
22,8
22,7
0,6
17º
lgica-
Luxemburgo
6,6
0,2
8,4
8,6
16,7
21,6
0,6
18º
Austrália 16,8
0,5
15,6
16,7
19,8
20,6
0,6
19º
Alemanha 16,9
0,5
17,9
20,6
18,6
20,0
0,5
20º
Marrocos 15,0
0,4
16,5
14,9
15,6
17,4
0,5
21º
África do Sul 16,1
0,5
15,9
14,9
15,5
16,4
0,4
22º
Reino Unido 15,3
0,5
16,8
9,9
13,6
15,9
0,4
23º
Turquia 12,6
0,4
13,5
13,1
13,6
13,0
0,3
24º
Índia 2,0
0,1
2,5
2,5
5,6
11,4
0,3
25º
Guatemala 5,1
0,2
7,2
7,2
9,8
10,7
0,3
26º
Maurício 5,4
0,2
5,8
5,6
5,4
6,7
0,2
Fonte: Floraculture International, 2002.
(CIF) Custo, Seguro e Frete.
(*) Valores em milhões de lares.
47
TABELA 4 IMPORTAÇÃO MUNDIAL DE FLORES 2001
PAÍSES VALOR
US$ X 1000
PARTICIPAÇÃO
Alemanha 1.869.988,00 23,5%
Estados Unidos 1.071.977,00 13,5%
França 817.147,00 10,3%
Grã-Bretanha 809.223,00 10,2%
Holanda 739.869,00 9,3%
Suíça 319.411,00 4,0%
Itália 311.039,00 3,9%
lgica/Luxemburgo 265.432,00 3,3%
Japão 234.821,00 2,9%
10º
Áustria 219.470,00 2,8%
11º
Canadá 168.813,00 2,1%
12º
Suécia 146.105,00 1,8%
13º
Dinamarca 140.653,00 1,8%
14º
Espanha 108.200,00 1,4%
15º
Noruega 86.515,00 1,1%
16º
Brasil 5.500,00 0,1%
Outros 652.866,00 8,2%
Total 7.967.028,00 100,00%
Fonte: Floraculture International, 2002.
Países como Equador, Colômbia e Costa Rica, estão dependendo de
certificação ambiental para ter aceitão internacional. É o que
indicam as negociações destes países em busca da certificação
fornecida pelo Programa Selo Verde (Flower Label Program) da
Alemanha. (CASTRO, 1998c).
Os mercados norte-americano e europeu estão exigindo dos exportadores
as certificações ISO 9.000 e 14.000.
Para um país como o Equador a exportação de flores já representa
uma das cinco fontes principais de divisas, com valores que
ultrapassam os US$ 130 milhões de lares por ano. Na Colômbia
pelo menos 150 empresas exportadoras estão participando de um
programa de melhoramento ambiental, incluindo a redução de uso de
pesticidas, e apoio social aos trabalhadores. (MATSUNAGA, 1997b).
Com a evolução do comércio internacional de mercadorias, tornou-se
necessária a criação de um sistema que pudesse facilitar o processo de troca
comercial entre as nações, bem como conhecer a movimentação das mercadorias
florísticas, entre outras, no mundo, independentemente de diferenças lingüísticas ou
culturais, uma espécie de "linguagem aduaneira comum" aceita em todo o mundo.
O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de
Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um
método internacional de classificação de mercadorias, baseado em
48
uma estrutura de códigos e respectivas descrições.
(PLANEJANDO..., 2003a).
Esse Sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio
internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das
estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o Sistema
Harmonizado (SH) facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração
das tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte
de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos órgãos
intervenientes no comércio internacional, que também envolve o mercado da
floricultura.
A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que
sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria
constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de
acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.
A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) adota uma sistemática
de classificação com base no SH. Está dividida em 21 seções e 96
capítulos. A NCM/SH utiliza código composto de 8 dígitos, sendo que
os 6 primeiros acompanham a nomenclatura internacional do SH.
(Ibidem..., 2003b).
A classificação na Nomeclatura Comum do Mercosul (NCM) posiciona a
mercadoria para todos os efeitos relativos ao comércio exterior, como, por exemplo,
o tratamento administrativo, a incidência de tributos, os incentivos existentes, os
contingenciamentos, a inclusão em acordos internacionais. Facilita a
comercialização, a alise e comparação das estatísticas dos diversos países,
inclusive do setor de flores e plantas ornamentais (Quadro 1).
A expansão do consumo, no setor mundial de flores, tem sido
proporcionada pelo aumento da demanda individual, devido ao maior poder
aquisitivo; por ser um meio de expressar afetividade; pelo sistema de distribuição;
interesse por arranjos, pois as pessoas estão preocupadas com a qualidade de vida,
e as flores causam efeito psicológico positivo nas pessoas, além de darem
ambientação diferenciada as decorações.
49
QUADRO 1 NOMECLATURA DO SETOR DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS (NCM/SH)*
06.01
Bulbos, tubérculos, raízes tuberosas, rebentos e rizomas, em repouso
vegetativo, em vegetação ou em flor; mudas, plantas, raízes de chicória
0601.10.00
Bulbos, tubérculos, raízes tuberosas, rebentos e rizomas, em repouso
vegetativo
0601.20.00
Bulbos, tubérculos, raízes tuberosas, rebentos e rizomas, em vegetação
ou em flor; mudas, plantas e raízes de chicória
06.02
Outras plantas vivas (incluídas as suas raízes), estacas e enxertos;
micélios de cogumelos
0602.10.00
Estacas não enraizadas e enxertos
0602.20.00
Árvores, arbustos e silvados, de frutos comesveis, enxertados ou não
0602.30.00
Rododendros e azaléias, enxertados ou o
0602.40.00
Roseiras, enxertadas ou não
0602.90
Outros
0602.90.10
Micélios de cogumelos
0602.90.2
Mudas de plantas ornamentais
0602.90.21
De orquídea
0602.90.29
Outras
0602.90.8
Outras mudas
06.03
Flores e seus botões, cortados para buqs ou para ornamentação,
frescos, secos, branqueados, tingidos, impregnados ou preparados de
outro modo
0603.10.00
Frescos
06.04
Folhagem, folhas, ramos e outras partes de plantas, sem flores, nem
botões de flores, e ervas, musgos e liquens, para buqs ou para
ornamentação, frescos, secos, branqueados, tingidos, impregnados ou
preparados de outro modo
0604.10.00
Musgos e liquens
12.09
Sementes, frutos e esporos, para semeadura
1209.30.00
Sementes de plantas herceas cultivadas especialmente pelas suas
flores
Fonte: (PLANEJANDO..., 2003).
(NCM/SH)* Nomenclatura Comum do Mercosul/ Sistema Harmonizado.
A atividade exportadora, no setor da floricultura, tem proporcionado os
seguintes benefícios:
Geração do aumento de renda e trabalho; aperfeiçoamento do
processo produtivo; acesso às variedades melhoradas; facilidade de
contato e acesso às empresas internacionais de primeiro escalão;
desenvolvimento do melhoramento genético e tecnologias nacionais;
redução da carga tributária; redução da dependência de mercado
interno. (VANTAGENS..., 2003).
Essa situação tem exigido do exportador trabalho de análise de
tendências dos consumidores, para identificação das melhores oportunidades, e das
50
plantas ornamentais e flores, que estão em evidência, pois o mercado internacional
da floricultura caracteriza-se por ser diversificado e sujeito a modificações.
51
1.2 O Brasil no Mercado Internacional de Flores
Embora sem tradição no mercado internacional de flores, o Brasil vem
ampliando aos poucos a sua participação com vendas para países da Europa e da
Ásia, além dos Estados Unidos. Historicamente, a produção brasileira era
concentrada nas regiões Sul e Sudeste. Um dos motivos que explicam esta
mudança de comportamento é o aumento da oferta de flores da região Nordeste.
“Depois de um longo período de estagnação na cada de 90, a
exportação de flores voltou a registrar desempenho positivo, com aumento de 30%
em 2003 e 21% em 2004, quando somou 23 milhões de dólares (KIYUNA;
ÂNGELO; COELHO, 2005).
As exportações foram sustentadas, em 2004, pelo segmento das Flores
Frescas de Corte, com vendas externas da ordem de US$ 4.877 milhões e
crescimento de 87,23% sobre 2003. O segmento consolidou definitivamente a sua
presença no mercado norte-americano, para onde foram exportados US$ 2.919
milhões, com crescimento de 54,74% sobre o período de janeiro a dezembro de
2003 (Quadro 2).
Constatou-se, tamm, forte crescimento da penetração das flores
frescas brasileiras no mercado holandês, com vendas superiores em
mais de 3 vezes o resultado obtido em 2004. Foram notáveis,
também, os crescimentos das vendas das flores e botões frescos
para Portugal (+118,75%), além da abertura comercial ou
consolidação da presença nos novos mercados da Itália, Reino
Unido, Canadá, Espanha, Chile, Alemanha, Suíça e Emirados
Árabes. (JUNQUEIRA; PEETZ, 2005).
52
QUADRO 2 BRASIL: EXPORTAÇÕES DE FLORES E SEUS BOTÕES,
FRESCOS, CORTADOS PARA BUQUÊS, POR PAÍS DE DESTINO,
JANEIRO A DEZEMBRO DE 2003 E 2004
Destino Exportações jan. a
dezembro 2003
(US$) (A)
Exportações jan. a
dezembro 2004
(US$) (B)
Participação no
total exportado %
EUA 1,886,303 2,918,898 59,85
Países Baixos
(Holanda)
427,763 1,450,851 29,75
Portugal 84,514 184,874 3,79
Argentina 134,508 68,464 1,40
Itália 5,817 65,189 1,34
Reino Unido 1,244 63,014 1,29
Canadá 6,822 59,983 1,23
Chile 1,420 25,829 0,53
Uruguai 40,707 15,863 0,33
Espanha 1,157 7,150 0,15
França 3,709 6,057 0,12
Emirados Árabes
Unidos
- 4,625 0,09
Alemanha 194 4,612 0,09
Suíça 10,810 1,756 0,04
TOTAL 2,604,968 4,877,165 100,00
Fonte: SECEX, 2005.
Em 2004, oito parcereiros comerciais compraram o equivalente a 93% do
valor da exportação com produtos da floricultura brasileira (Quadro 3).
QUADRO 3 - PARTICIPAÇÃO DO VALOR DA EXPORATÇÃO DE PRODUTOS DA
FLORICULTURA BRASILEIRA POR DESTINO EM 2004 (%)
Holanda 51
EUA 19
Itália 11
Japão 04
Reino Unido 02
Alemanha 02
Dinamarca 02
Uruguai 02
Outros países 07
Fonte: SECEX, 2005.
O valor das exportações dos produtos da floricultura brasileira encerrou o
ano de 2005 com US$ 25,8 milhões, uma variação positiva de 9,4% em relação a
2004 (Tabela 5).
O menor desempenho recente da floricultura brasileira na conquista
de fatia do mercado internacional é minimizado pelo fato de a
53
expansão anual já ocorrer de maneira ininterrupta desde 2001, em
que pese tamm a contínua valorização cambial que aconteceu
desde julho de 2004. Tomando como base o ano de 2000, quando o
valor exportado foi de US$ 11,9 milhões, houve crescimento de
117,3% até 2005. (KIYUNA; ÂNGELO; COELHO, 2006).
O valor das importações em 2005 (US$ 5,6 milhões) teve variação
negativa de 16,6% em comparação com o de 2004. O saldo comercial terminou o
ano com superávit e crescimento de US$ 20,2 milhões, representando incremento
de 19,7% (Tabela 5).
TABELA 5 BALANÇA COMERCIAL DOS PRODUTOS DE FLORICULTURA –
2004 E 2005 (MILHÃO DE US$ FOB)
2004 2005 Var.%
Exportação 23,6 25,8 9,4
Importação 6,7 5,6 -16,6
Saldo 16,9 20,2 19,7
Fonte: SECEX, 2006.
(FOB) Livre a Bordo.
Em 2005, as exportações brasileiras tiveram como destino 34 países, dos
quais dois parceiros comerciais, Holanda e Estados Unidos absorveram 71,7% do
valor das vendas ao exterior (Tabela 6).
A Holanda continua como destino principal dos produtos da floricultura
brasileira em termos de valor comercializado (US$ 11,97 milhões), respondendo por
46,4% do total e pelo crescimento de 2,5% em relação ao período anterior. Os
Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com US$ 6,5 milhões (25,3% da fatia)
e crescimento de 27%. Outros destinos de destaque em termos de volume são Itália,
Japão e lgica, que representam, respectivamente, 9,7%, 4,4% e 2,6% da fatia
total.
TABELA 6 EXPORTAÇÃO DOS PRODUTOS DA FLORICULTURA BRASILEIRA,
POR PAÍS DE DESTINO, 2004 E 2005
Ano 2004 Ano 2005 Países
US$ FOB
Ranking
Part.(%)
US$ FOB
Ranking
Part.(%)
Variação
(%)
2005/04
Holanda 11.683.791
1
49,5
11.970.347
1
46,4
2,5
Estados
Unidos
5.137.431
2
21,8
6.526.956
2
25,3
27,0
Itália 2.194.152
3
9,3
2.509.946
3
9,7
14,4
Japão 1.179.884
4
5,0
1.141.213
4
4,4
-3,3
lgica 429.069
7
1,8
668.021
5
2,6
55,7
54
Alemanha 484.896
6
2,1
410.998
6
1,6
-15,2
Espanha 200.935
11
0,9
392.515
7
1,5
95,3
Dinamarca
391.050
8
1,7
288.320
8
1,1
-26,3
Uruguai 327.817
9
1,4
279.947
9
1,1
-14,6
Canadá 171.865
12
0,7
278.497
10
1,1
62,0
Portugal 284.980
10
1,2
274.732
11
1,1
-3,6
Reino
Unido
524.590
5
2,2
257.939
12
1,0
-50,8
Argentina 149.790
13
0,6
174.445
13
0,7
16,5
México 119.473
14
0,5
132.726
14
0,5
11,1
França 28.957
18
0,1
118.556
15
0,5
309,4
Polônia -
-
-
97.967
16
0,4
-
Chile 72.495
15
0,3
70.286
17
0,3
-3,0
Suíça 16.599
22
0,1
49.113
18
0,2
195,9
China 14.393
23
0,1
33.635
19
0,1
133,7
Taiwan 4.593
28
33.360
20
0,1
626,3
Bolívia 475
35
0,0
22.000
21
0,1
4.531,6
Venezuela
13.286
24
16.692
22
0,1
25,6
Hungria -
-
-
14.505
23
0,1
-
Costa Rica
-
-
-
13.320
24
0,1
-
Hong
Kong
23.925
19
0,1
12.791
25
0,0
-46,5
Rússia 1.625
30
0,0
10.028
26
0,0
517,1
Angola 17.919
21
0,1
9.479
27
0,0
-47,1
Coréia do
Sul
19.519
20
0,1
6.796
28
0,0
-65,2
República
Tcheca
420
36
3.235
29
0,0
670,2
Ilhas
Cayman
-
-
-
1.215
30
0,0
-
Tailândia 641
33
0,0
1.100
31
0,0
71,6
Suriname -
-
-
680
32
0,0
-
Cabo
Verde
-
-
-
673
33
0,0
-
Guatemala
-
-
-
500
34
0,0
-
Paraguai 37.250
16
0,2
-
-
-
-100,0
Emirados
Árabes
35.842
17
0,2
-
-
-
-100,0
Índia 12.000
25
0,1
-
-
-
-100,0
Israel 11.910
26
0,1
-
-
-
-100,0
Paquistão 11.771
27
0,0
-
-
-
-100,0
Colômbia 1.725
29
0,0
-
-
-
-100,0
Equador 1.468
31
0,0
-
-
-
-100,0
Guiana 836
32
0,0
-
-
-
-100,0
Estônia 483
34
0,0
-
-
-
-100,0
Peru 405
37
0,0
-
-
-
-100,0
Jordânia 97
38
0,0
-
-
-
-100,0
Total 23.606.536
100,0
25.822.533
100,0
9,4
Fonte: SECEX, 2006.
(FOB) Livre a Bordo.
55
As exportações de flores e mudas costumam registrar picos nos meses
de fevereiro, maio e dezembro. São Paulo é o principal Estado exportador de flores
frescas (78%), seguido por Ceará (17%) e Minas Gerais (3%)” (EXPORTAÇÕES...,
2004).
Para Renato Optiz, presidente da Câmara Setorial da Floricultura, órgão
consultivo, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecria e Abastecimento (Mapa):
[...] o Brasil conseguiu avanços significativos entre os anos de 1999 a
2005, que precisam ser ampliados com a crião de uma base única
de dados, pois os meros de produção e vendas do setor estão em
poder de instituições como o IBGE, Secretaria de Agricultura de São
Paulo e IBRAFLOR, além de melhorar a abertura de linhas de
financiamento para pesquisa, dada necessidade de padronizar as
flores nacionais para obter maior competitividade no exterior e uma
maior divulgação dos produtos por meio de estratégias de marketing.
(OPTIZ, 2005).
Para equacionar os gargalos da atividade florística, a Câmara Setorial da
Floricultura trabalha com quatro grupos temáticos. O fitossanitário, que atua na
proposição de medidas para atualização da legislação nacional em consonância
com a legislação mundial. A área tributária, setor que trabalha com as diferentes
legislações de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de
Imposto sobre Serviços (ISS). O setor que se refere à proteção de cultivares, que
estimula investimentos no desenvolvimento de novas variedades e impede a
comercialização de variedades vegetais por terceiros não autorizados. E a logística
de exportação, constituindo um importante veículo da análise de tendências e da
evolução do setor, e que concentra postos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Receita Federal e Ministério da
Agricultura num mesmo local.
Os benefícios socioeconômicos do setor flores, para o Brasil, podem ser
identificados como:
Orientação da produção agrícola de pequenos e médios produtores
fornecendo produtos com alto valor de mercado;
Aumento de renda regional e da renda per capita de regiões produtoras, além
da geração de renda indireta;
56
Geração de empregos na região, predominando a mão-de-obra familiar,
contribuindo para fixar o homem no campo e estancar o fluxo migratório;
Geração de divisas através de exportações;
Geração de receitas fiscais, nos níveis Municipal, Estadual e Federal;
Geração e transferências de novas tecnologias agronômicas, gerenciais e
mercadológicas;
Especialização da mão-de-obra com respectiva elevação do salário real.
O último estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) contendo dados sobre a produção nacional de flores e plantas
ornamentais no Brasil:
[...] mostrou 2.963 estabelecimentos rurais onde essa era a principal
atividade em outubro de 2004, totalizando 72. 488 hectares, gerando
21.844 empregos diretos. Aproximadamente 1.300 hectares do
cultivo de flores se realizam em ambiente protegido por estufas.
Tamm se registram perdas entre a produção e o consumo,
variando de 30% a 60%, devido à falta de organização do setor.
(IBGE, 2004a).
No mercado interno brasileiro, o consumo per capita de flores e plantas
ornamentais ainda é pequeno, em torno de 7 dólares por ano, se comparado a
outros países, como Suiça, US$ 174 por ano, e Norga, US$ 167 por ano, porém
com grande potencial para se expandir (Quadro 4).
QUADRO 4 CONSUMO PER CAPITA DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS (EM US$/ANO)
Suiça 174
Norga 167
Áustria 109
Alemanha 98
Suécia 89
Dinamarca 83
Holanda 80
Finlândia 69
França 69
lgica 69
Itália 63
Estados Unidos 58
Japão 45
Grécia 33
Fonte: Geocities, 2004.
57
A maioria dos produtores existentes no Brasil está concentrada em São
Paulo, distribuída em 20 municípios, reunidos em seis los produtores. O lo de
Holambra, Atibaia, Campinas, Dutra, Paranapanema e o pólo do Vale do Ribeira.
Juntos, esses los são responsáveis por cerca de 75% da produção nacional,
embora seja crescente o número de produtores em outros estados brasileiros como
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Goiás, Distrito Federal, Pará, Amazonas, Bahia, Alagoas, Ceará e
Pernambuco.
O setor da floricultura é responsável pela geração de aproximadamente
50 mil empregos, dos quais 22,5 mil (45%) estão localizados na produção, cerca de
3,5 mil (6%) na distribuição, 22,5 mil (45%) no comércio e 2,0 mil (4%) no apoio
(IBRAFLOR, 2002a).
Baseado na tendência de crescimento da oferta de flores brasileiras no
mercado mundial, o Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR), através da
Agência de Promoção e Exportação (APEX), lançou um Programa Setorial Integrado
de Promoção e Exportação de Flores e Plantas Ornamentais, denominado FLORA
BRASILIS.
Este programa tem como premissa a formação, a capacitação e o
treinamento de mão-de-obra, bem como a qualificação dos produtos com "Selo de
Qualidade Nacional". Pretende-se com isso criar bases de produção como forma de
garantir a participação do Brasil em feiras e eventos internacionais. Os mercados
previstos para serem atendidos com este programa são: Alemanha, Estados Unidos,
França, Holanda e Japão, seguidos de Suíça, Itália, Bélgica, Áustria, Canadá e
Inglaterra.
Segundo o Programa Flora Brasilis (2004), onze los foram eleitos,
onde as bases produtivas já estão organizadas. Os los do Programa FLORA
BRASILIS são os seguintes:
Amazonas, Pará e Maranhão;
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná;
58
Bahia e Espírito Santo;
Pernambuco;
Ceará;
Alagoas;
Minas Gerais;
Rio de Janeiro;
São Paulo (com 2 los);
Distrito Federal (com um pólo de plantas tropicais e temperadas voltadas para o
mercado interno).
As metas dos floricultores junto ao governo federal são defender a
redução de impostos; buscar linhas de crédito específicas para o
financiamento da cadeia produtiva; orientar profissionais do setor
quanto ao estabelecimento de normas técnicas para a produção e
comercialização; apoiar os processo de certificação de produtos,
necessários ao desenvolvimento da produção; e promover o
desenvolvimento do mercado nacional para aumentar o consumo e
fortalecer a produção. (IBRAFLOR, 2002b).
O Brasil pretende se tornar um grande produtor e exportador de flores e
plantas ornamentais. O seu programa ênfase à organização de informações nas
diversas etapas da cadeia produtiva, pois há carência de dados estatísticos para se
fazer um diagstico preciso, à exceção de São Paulo, com vista a mapeamento
correto da atividade em todo o país.
A pesquisa existente no Brasil é dispersa. Não se publicou material
instrucional e ditico em número suficiente e com qualidade para atender às
imeras escies da flora brasileira passíveis de serem exploradas
comercialmente.
Embora tenha sido foco de programas de incentivo, o setor ainda o
dispõe de informações homogêneas, obtidas cientificamente, em
nível nacional e de forma sistemática. O estudo do IBGE visa
preencher essa lacuna e comprovar a necessidade de um
acompanhamento periódico do segmento. (IBGE, 2004b).
Soma-se a isso, a deficiência dos Sistemas de Produção e Normas e
Padrões de Qualidade para plantas e flores, diante do expressivo mero de
escies que são cultivadas. Como também de linhas de crédito específicas, para
custeio e financiamento da atividade no campo e nos demais elos da cadeia
59
produtiva, e de assistência técnica e extensão rural, para as ações de pesquisa. Isto
se faz necessário diante dos problemas de pragas e doenças que existem já na fase
de produção.
A característica marcante da atividade é o fato dela poder ser explorada
em pequenas frações de áreas das propriedades. Indo além do tamanho da área do
quintal, ccara, sítio e fazenda, é conduzida principalmente pelas mulheres, que
sempre tiveram o hábito de plantar flores e plantas ornamentais no entorno de suas
moradias. Hábito que se transferiu para as cidades com as migrações e o exôdo
rural, dando origem ao hábito de cultivar e manter jardins e plantas em vasos que,
com o tempo, se modificou, com a expansão imobiliária nos grandes centros
urbanos, derivando-se para o consumo de flores frescas e ou plantas em jarros,
passando, mais tarde, para flores e plantas artificiais mais baratas e duráveis.
Entretanto, este hábito ainda é inerente ao próprio comportamento das mulheres e
garante a sustentabilidade desta atividade.
A floricultura nacional está na relação de agronegócios promissores; o
setor consta na relação de prioridades em importantes órgãos de desenvolvimento,
como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE); há
empresas do setor em todos os estados brasileiros; programas governamentais
para fomento da atividade e incentivo à exportação; produtores, comerciantes e
usrios integram a cadeia de flores e plantas ornamentais.
O mercado brasileiro de flores está seguindo as tendências da floricultura
mundial, ou seja, a da segmentação e profissionalização da cadeia produtiva, na
qual cada elo da cadeia se especializa ao máximo. O produtor que se
responsabilizava por toda a cadeia, desde o plantio até o transporte,
comercialização e cobrança, está sendo substituído por aquele cada vez mais
especializado apenas na produção do produto final.
Com a floricultura, cresceu também a instria de insumos, adubos
solúveis, vasos plásticos, embalagens, estufas e túneis plásticos para ambiente
protegido. A indústria nacional de substratos para plantas organizou-se na busca de
padrões de qualidade e normas funcionais. Paisagistas aperfeiçoaram-se,
interferindo positivamente nos jardins residenciais e industriais. A paisagem urbana
60
tem ficado mais bonita e colorida, com canteiros floridos nas praças e parques
públicos. Mas existem desafios a enfrentar: a gestão dos negócios, avanços
tecnológicos, novos mercados e integração com os países vizinhos.
61
1.3 As Flores do Nordeste
O Nordeste vem se destacando como pólo produtor e exportador na área
de flores temperadas e tropicais, além de estar desenvolvendo programas
específicos para incentivar o desenvolvimento da floricultura, buscando assim o
fortalecimento da cadeia produtiva e conseqüentemente um crescimento conjunto
para o setor.
Tendo como objetivo principal o de inserir as flores nordestinas no
mercado nacional e internacional, de forma empresarial competitiva e geradora de
emprego e renda, enfocando a mudança e a definição que precisam ser percebidas
no agronegócio das flores e plantas ornamentais (LOPES; TAVARES, 2001). Uma
vez que um vasto mercado consumidor a ser conquistado, embora o setor se
mostre carente de conhecimento e de um planejamento estratégico sustentável.
Na qualidade de Agente do Governo Federal para o desenvolvimento do
Nordeste, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) vem estimulando o cultivo de flores
em áreas vocacionadas da região, através do crédito e de outras ações para
fortalecimento da atividade.
A iniciativa insere-se no esforço de apoiar o aproveitamento das
potencialidades econômicas locais, incentivando atividades que se destacam pela
geração de emprego e renda em bases sustentáveis.
O cultivo de flores constitui, dentro dessa perspectiva, atividade
econômica de grande relevância em várias microrregiões nordestinas, o que o levou
a estruturar o Programa de Desenvolvimento da Floricultura Regional - Flores do
Nordeste, firmando termos de parceria com entidades públicas e privadas que atuam
no setor, em âmbito estadual, para operacionalização do programa.
O objetivo é estimular o fortalecimento da cadeia produtiva de flores,
desde a produção dos insumos até a comercialização.
62
O BNB já firmou parcerias para desenvolvimento da floricultura em todo o
Nordeste, envolvendo o comprometimento de recursos superiores a R$ 12 milhões,
com perspectiva de crescimento em razão do potencial existente em vários estados
(BNB, 2001a).
Essas parcerias visam organizar a cadeia produtiva, aumentar o número
de floricultores, contribuir para a qualidade do produto, atender à demanda interna e
aumentar as exportações de flores.
Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco são os maiores produtores de flores
no Nordeste. Como potencialidades para a expansão da floricultura nesses e em
outros estados da Região destacam-se: a localização tropical e o clima favorável
para produção de flores de corte, flores em vaso, folhagens e plantas ornamentais; a
definição de políticas e o apoio governamental; mercado interno e externo com
grande potencial de crescimento; a posição geográfica, que permite custo menor de
frete devido a sua proximidade com os grandes centros consumidores, como Europa
e Estados Unidos.
O Estado de Alagoas produz flores tropicais que vêm ganhando mais
espaço no mercado nacional e internacional. Abastece outros estados brasileiros e
exporta para Holanda, Portugal, Itália, França e Grécia.
Essas exportações revitalizaram a agroindústria no Estado, anteriormente
concentrada na lavoura da cana-de-açúcar e na pecuária de corte, o que justifica a
expansão da área de cultivo de flores, que no ano 2000 era de aproximadamente 5
hectares passando para 183 hectares em 2005 (ASSUNÇÃO, 2006). O aumento
das exportações é prejudicado por falhas na oferta e regularidade dos vôos.
O Estado dise das associações de floricultores: a Associação dos
Produtores de Flores e Plantas Ornamentais e Tropicais de Alagoas (AFLORAL),
fundada em 1997, que possui 42 associados, divididos em dois grupos com
estratégias comerciais distintas, a Flora Atlântica e a Cooperativa dos Produtores e
Exportadores de Plantas, Flores e Folhagens Tropicais de Alagoas (COMFLORA).
O incremento de novas tecnologias para o cultivo de flores em Alagoas é
meta para o aperfeiçoamento de embalagens e utensílios, além da realização de
63
pesquisas nas áreas de irrigação, fertilização, adubação, combate às pragas e
comercialização.
No Estado da Bahia são 70 produtores de flores, sendo 35 produtores de
flores tropicais, reunidos em 3 associações distintas: Produtores de Flores e Plantas
Ornamentais do Sul da Bahia (FLORALSULBA - Ilhéus), Associação Baiana dos
Produtores de Flores Tropicais e Plantas Ornamentais (BAHIAFLORA - Ituberá) e
Associação de Produtores de Flores Tropicais Amélia Rodrigues (TROPIFLOR -
Amélia Rodrigues). Essas associações, além de outras instituições como a
Secretaria da Agricultura, prefeituras e órgãos consultivos, como SEBRAE,
instituições financeiras e de pesquisa, integram o Comitê Baiano de Floricultura e
Plantas Ornamentais, criado em fevereiro de 2001.
As flores tropicais são cultivadas na zona litorânea, tanto ao norte como
ao sul de Salvador, com destaque para os municípios de Ituberá e Ilhéus, onde se
situam alguns dos principais produtores do Estado. Flores de clima temperado, como
gladíolus, rosa, crisântemo, vêm sendo produzidas, principalmente, no município de
Maracás, por pequenos produtores. A Prefeitura de Maracás criou associações de
famílias de agricultores sem terras, fornecendo-lhes os insumos de produção, como
bulbos, sementes e mudas, defensivos e fertilizantes, além de assistência técnica e
apoio à comercialização, com a instalação de uma câmara fria e um caminhão com
carroceria isotérmica para o transporte das flores.
A comercialização é um problema da floricultura da Bahia. A venda para
o varejo é difícil, restando ao produtor negociar com os poucos atacadistas que
existem em Salvador, de forma desvantajosa do ponto de vista ecomico
(SCHERER, 2001). Em busca de uma solução para esse impasse, a Secretaria de
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (SEAGRI-BA) tem
apoiado as iniciativas de produtores e está muito empenhada na organização do
setor e no desenvolvimento do segmento. A SEAGRI-BA pretende inaugurar um
mercado atacadista de flores em Salvador. O governo tem recursos para viabilizar a
reforma ou construção das instalações, o que falta é um consenso entre os
produtores sobre o modelo do mercado.
64
Pernambuco é o primeiro produtor nacional de flores tropicais e o quinto
de flores temperadas, onde 197 produtores exploram 125 hectares de terra: 32
produtores de flores tropicais (70 ha.) e 165 de flores de clima temperado (55 ha.),
organizados em quatro associações e uma cooperativa, movimentando recursos da
ordem de R$ 36 milhões por ano, gerando 800 empregos diretos e milhares de
indiretos. As espécies de clima temperado (rosa, crisântemo) têm sua concentração
no agreste, onde o clima de altitude favorece, consideravelmente, a qualidade das
flores. No município de Itambé, na zona da mata, tem-se a produção de flores em
vaso. A produção de flores tropicais (helicônia, alpínia, antúrio), está concentrada na
região litoral-mata.
A comercialização das flores temperadas, em sua maioria, ocorre,
principalmente, em Recife e, em menor proporção, em outros Estados do Nordeste.
Já as flores tropicais estão sendo comercializadas em Estados do Sudeste e do
Centro-Sul do País, por meio de mercados estruturados como a Central de
Abastecimento de Campinas (CEASA-Campinas).
O grande objetivo dos produtores pernambucanos é a exportação e, para
isso, eles estão em permanete capacitação para atender às exigências do mercado
internacional, como: padronização, aspectos tarifários e fitossanitários (FREITAS,
2001).
Pernambuco dispõe de laboratórios de micropropagação, universidades
bem estruturadas, dois aeroportos e dois portos internacionais, uma central de
abastecimento estrategicamente localizada e uma posição geográfica privilegiada na
interligação da malha viária de todo o Nordeste. Ainda falta um melhor
aparelhamento da estrutura já existente, como a implantação de câmaras frias para
flores nos aeroportos, visando garantir a qualidade e possibilitar uma real inserção
da floricultura pernambucana no mercado internacional.
Para o meio rural nordestino, a floricultura é relevante por ser um tipo de
cultura que absorve muita mão-de-obra, em média de 10 a 15 empregados por
hectare (PIMENTEL, 2000), gerando mais empregos em relação a outras culturas
agrícolas. A atividade destaca-se também pela geração de empregos no meio
65
urbano, na parte de comercialização, além de assegurar rentabilidade satisfatória
para todos os elos da cadeia produtiva.
O produtor não pode tomar suas decisões de alocar fatores e serviços
sem levar em conta o mundo que o engloba. Este mundo é formado não só por
outros agricultores, seus competidores reais ou potenciais, mas também pelos
prestadores de serviços, pelos vendedores de insumos, pelos compradores,
intermediários, corretores, agroindústrias e empresas de comercialização. O
agricultor deve entender a cadeia produtiva na qual está envolvido e como deve se
organizar para tirar maior proveito dessa inserção. Do estabelecimento correto de
parcerias estratégicas decorrerá a maior chance de sucesso dos empreendimentos.
O agricultor não pode produzir o que desejar, sem levar em consideração
o mercado em que está inserido. Esse modelo, no qual as decisões do que e quanto
produzir são autônomas e internas à propriedade agrícola, é típico da agricultura de
subsistência, cujo objetivo é o auto-abastecimento, e, nele, os excedentes do
consumo familiar são comercializados. De forma diversa, a moderna agricultura é
dirigida pelo mercado, de tal modo que as decisões do que e quanto produzir são
tomadas não pelo agricultor, mas pelo consumidor. Essas decisões circulam pelas
cadeias produtivas, e suas "mensagens" devem ser entendidas pelos agricultores.
Daí a regra sica de inserção nas cadeias produtivas: primeiro vender, depois
produzir.
CAPÍTULO 2 A FLORICULTURA CEARENSE
O Estado do Ceará está situado na região Nordeste, possuindo uma área
de 148.825,6km² e população de 7.430.661 habitantes (IBGE, 2000a), (Figura 1).
FIGURA 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO ESTADO
DO CEARÁ
Fonte: IBGE, 2000.
67
Sua economia é baseada na agricultura (frutas, algodão, arroz, feijão,
milho, mandioca), na indústria (calçados, tecidos, agroindústria), na pecria (aves,
bovinos, caprinos e ovinos), no extrativismo (ceras vegetais, urânio, granito, fosfato,
pedras preciosas e semipreciosas, sal) e no turismo.
Em 1998, as exportações de frutas, flores e hortaliças somavam US$ 876
mil, saltando para US$ 23,2 milhões, em 2003. Segundo o Coordenador de Irrigação
da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Ceará (SEAGRI-CE), Francisco Zuza de
Oliveira, esse resultado mostra a transformação de um estado, que passou de uma
agricultura exclusivamente dependente das variações climáticas, para uma cultura
de agronegócio, que tem mudado o cenário econômico de várias regiões cearenses
(OLIVEIRA F., 2004).
Foi nesse cenário que, no final de 1999, o Ceará se lançou no mercado
da floricultura, ramo de atividade rentável, comparado a outras culturas (Tabela 7).
Em 1999, o Ceará possuía 19 hectares de flores plantados e
exportações que somavam US$ 64 mil. em 2002, eram de 78,6
hectares e US$ 443 mil em exportações, num crescimento de 692%.
Em 2003, com 127 hecatres plantados o Estado exportou o
equivalente a US$ 1.088 milhões. E com 160 hectares de flores
plantados, exportou aproximadamente US$ 2 milhões, em 2004.
(ROSAS..., 2004).
68
TABELA 7 DADOS COMPARATIVOS DE RENTABILIDADE ENTRE AS
CULTURAS TRADICIONAIS E FLORES
Culturas Unidade
Rendimento Receita Bruta
Custo de
Produção
Receita
Líquida
(unid/ha/ano)
(R$/ha/ano) (R$/ha/ano)
(R$/ha/ano)
Flores
Tropicais
flores 138.852 111.081,60 28.900,00 82.181,60
Crisântemo
Corte
pacote 82.705 454.876,19 248.114,00 206.762,19
Crisântemo
Vaso
vaso 625.981 1.251.961,90 938.971,43 312.990,48
Violeta vaso 1.066.233 852.986,40 539.864,81 313.121,59
Rosa flores 1.800.000 540.000,00 216.000,00 324.000,00
Flores
Média 642.181,22 394.370,05 247.811,17
Banana
Nanica
tonelada
70 36.120,00 7.735,00 28.385,00
Melão tonelada
25 23.120,00 15.778,00 7.342,00
Uva tonelada
40 92.880,00 27.534,00 65.346,00
Abacaxi tonelada
40 23.672,00 6.234,00 17.438,00
Frutas
Média 44 43.948,00 14.320,25 29.627,75
Arroz tonelada
6 1.560,00 1.200,00 360
Feijão tonelada
50 1.000,00 850 150
Cana-de-
açúcar
tonelada
2 1.110,00 750 360
Outras
Média 19 1.223,33 933,33 290,00
Fonte: SIGA, 2000.
Para o Ceará alcançar esses resultados, o Governo do Estado, aliado a
parceiros privados, criou em 2000, o Projeto "Flores do Ceará" para incentivar os
pequenos produtores.
O programa trouxe técnicos estrangeiros para formar os produtores
locais, introduzindo novas tecnologias ao mercado cearense. As
parcerias que foram firmadas desde o início do projeto com a APEX,
com a Universidade Federal do Ceará (UFC), Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), também ajudaram a dar
respaldo ao programa. (informação verbal)
8
.
8
Informação adquirida através de entrevista realizada junto à Engenheira Agrônoma Neiliane
Santiago Sombra Borges, Técnica da Gerência da SEAGRI CE, em Fortaleza, por ocasião desta
pesquisa, em outubro de 2005.
69
Segundo o Gerente de Floricultura da SEAGRI, Rubens Aguiar, o Ceará
está consolidado como o maior exportador de rosas do Brasil e o segundo
exportador de flores, perdendo apenas para o Estado de São Paulo (AGUIAR,
2004a) (Tabela 8).
TABELA 8 EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DOS PROUTOS DA
FLORICULTURA CEARENSE
2002 2003 2004 (até junho)
Produtos
US$ FOB %
Part.
US$ FOB %
Part.
US$ FOB %
Part.
Crec.
%
Flores
Tropicais
260.096,00
58,80
317.401,94
29,15
145.524,26
23,30
22,30
Rosas 76.608,00
17,30
500.469,46
45,97
427.597,02
68,45
553,29
Folhagens 53.256,00
12,00
87.956,39
8,08
26.936,03
4,31
65,16
Bulbos 52.548,00
11,90
115.263,00
10,59
-
-
119,35
Plantas
Ornamentais
-
0
67.671,04
6,22
24.599,87
3,94
-
Total 442.508,00
100
1.088.763,53
100
624.657,18
100
146,04
Fonte: SIGA, 2004.
(FOB) Livre a Bordo.
A exportação de rosas para a Holanda, a partir de 2002, foi um atestado
de competência que impulsionou, ainda mais, a floricultura cearense. [...] duas
vezes por semana, as rosas seguem para a Holanda, o maior produtor mundial. São
em média 300 caixas ou três mil quilos por embarque (Idem, 2004b).
Tem se destacado no setor a integração de pequenos e grandes
produtores. São feitas parcerias, consórcios para as exportações contribuindo para o
fortalecimento dos pequenos produtores e tamm para a redução dos custos, pois
o pequeno produtor, sozinho, não consegue entrar no mercado, porque não tem
volume suficiente para exportar.
O Estado do Ceará tamm exporta o bulbo de Amarílis produzido em
Paraipaba, município localizado ao litoral oeste do Estado do Ceará, na fazenda do
Grupo Shumarcher (Foto 1).
70
Foto 1 Bulbo de Amarílis
Fonte: Melyana, 2005.
Aqui a planta se beneficia do clima e do solo arenoso para desenvolver
seu bulbo. Na fazenda são 7 hectares plantados com cerca de 230 plantas cada,
mas com pretensão para atingir 40 hectares até 2007 (informação verbal)
9
.
Em 2004, a empresa exportou o primeiro conteineir para os Estados
Unidos, via porto do Pecém, com 40 mil bulbos a US$ 0,70 em média. Ao chegar no
mercado norte-americano, a Amarílis, produzida no Ceará, vai para prateleira dos
supermercados em pequenas caixas. Cada bulbo por US$ 4,50 (MOTEIRO, 2004),
(Foto 2).
Foto 2 Flores de Amarílis
Fonte: Flora Brasilis Ceará, 2003.
O Estado do Ceará apresenta quatro agropólos produtores de flores:
Agropólo Metropolitano, Agropólo do Maciço de Baturité, Agropólo da Ibiapaba,
Agropólo Cariri.
A maior produção de rosas para exportação é da Serra da Ibiapaba.
Ali se encontram grandes empresas como a Reijers Produção de
Rosas S.A., que exporta para a Holanda, e a Cearosa Comércio
Exportação, Importação de Flores Ltda, as duas em São Benedito.
9
Informação obtida através de entrevista realizada, na capital cearense, em atividade de campo, em
maio de 2005, junto ao Gerente da SEAGRI - CE, Rubens Aguiar, representante da entidade pública.
71
Mas cultivos em vários outros municípios cearenses: na Ibiapaba,
além de São Benedito, existem produtores em Ubajara, Guaraciaba
do Norte e Tiang; no Maciço de Baturité, além do município de
Baturité, em Redenção, Guaramiranga, Pacoti e Aratuba. No
Cariri, existem áreas plantadas em Juazeiro do Norte, Barbalha,
Jardim, Crato e Brejo Santo. No Baixo Jaguaribe, produtores em
Limoeiro do Norte e Russas. No Baixo Acar, o cultivo é feito na
Serra da Meruoca. Iguatu, na Região Centro-Sul e Quixeramobim, no
Sertão Central, nestas quatro últimas regiões em fase de projeto
inicial. (AGUIAR, 2004c).
No Ceará, a intensa luminosidade, que alcança cerca de 3.000 horas de
sol anuais, resulta nas cores das flores que se tornam mais vívidas. Isso tem efeito
no metabolismo da planta, cujo ciclo produtivo se acelera; enquanto em São Paulo
uma flor gasta em média 72 dias, no Ceará, esse resultado é alcançado em torno de
42 dias. Isso explica o porq de São Paulo produzir 120 botões de rosa por metro
quadrado, enquanto o Ceará alcança entre 180 e 200 botões, na mesma área.
O Estado combate às pragas usando o de manipueira, defensivo
orgânico, pois se trata de cultura recente, isso diminui o uso de
produtos químicos, aplicado em caso de necessidade. Além disso, os
investimentos são mais reduzidos pelo fato de não necessitar investir
em estufas de vidro (usadas nos climas mais rigorosos), bastando as
de plástico, de preços mais acessíveis. (informação verbal)
10
A proximidade com os mercados americano e europeu é outro fator
importante que contribui para redução dos investimentos, dado que o encurtamento
das distâncias torna os custos do frete mais reduzidos (Figura 2).
10
Informação adquirida através de entrevista realizada, em Fortaleza, junto ao Engenheiro Agrônomo
Ronaldo Lima Moreira Borges, Facilitador do Programa de Qualidade Total do SEBRAE,
representante da entidade blica, por ocasião desta pesquisa, em fevereiro de 2005.
72
FIGURA 2 MERCADOS CONSUMIDORES DE FLORES COM RELAÇÃO A
FORTALEZA-CE
Fonte: IPECE, 2002.
73
2.1 Histórico da Floricultura Cearense
Do primeiro plantio de flores no Ceará nos anos 20, feito por um imigrante
japonês, até o início do século XXI, muita coisa mudou na floricultura do Estado. A
atividade, que incorporou também o cultivo de plantas ornamentais, tornou-se
agronegócio. O Ceará, de importador de flores, principalmente da região Sudeste e
de Países Sul-americanos como Colômbia e Equador, está passando, para
exportador, desde 2002, para países da Europa, América do Norte e Estados do
Brasil.
A floricultura no Estado do Ceará manteve-se por muitas décadas pouco
desenvolvida e tecnificada, caracterizando-se como uma atividade conduzida de
forma amadorística (SEBRAE, 1999). A situação está sendo gradativamente
alterada com o crescimento e a especialização da produção, que está se
consolidando como atividade de importância socioeconômica para algumas regiões
no Estado, tendo em vista os crescentes volumes de exportação.
De acordo com Leitão (2001:9), os primeiros registros de produção de
flores no Estado do Ceará ocorreram no período de 1919 a 1921. Existem registros
de produções contando de mais de quinze anos na Serra de Baturité, no Estado do
Ceará, quando as condições de cultivo ainda eram realizadas sob a vegetação
nativa e sem obedecer nenhum critério técnico (COSTA, 2003:46).
Em 1994, tiveram início os cultivos tecnificados em estufas e projetos
voltados para exportação. Em 1996 tem-se o registro das primeiras exportações de
flores tropicais do Ceará. A qualidade e durabilidade das flores tropicais, beleza e
exotismo de suas formas e cores, foram determinantes para o sucesso das flores
nos mercados mais exigentes (AGUIAR, 2004:5a).
A expansão da floricultura no Estado do Ceará, em 1999, também
teve como incentivadora, a então primeira-dama do Governo, Renata
Jereissati que observou na atividade a possibilidade de melhorar a
qualidade de vida das pessoas (aspecto socioeconômico) tendo
instalado em sua propriedade, o Sítio Arvoredo, a primeira estufa
para cultivo de rosas, em Pacoti, na Serra de Baturité. No sítio,
74
foram plantadas mil e duzentas mudas de rosas vindas de Holambra
(SP). Outra atividade do sítio é a produção de flores tropicais
(helicônias). O cultivo tem como destino o abastecimento local e
exportação. (informação verbal)
11
.
Foram desenvolvidos projetos de produção de rosas em 2000 e 2001,
iniciando a exportação em 2002. Para chegar a esse resultado, segundo Carlos
Matos, Secretário da SEAGRI, “identificaram-se, primeiramente, as áreas
potencialmente favoráveis ao plantio de flores; o número de empresas de insumos
ligadas ao setor e as condições de comercialização (MATOS, 2001a).
Assim, a história da produção de flores e plantas ornamentais no Estado
do Ceará pode ser dividida em quatro fases distintas:
FASE 1 (1919 a 1921) Início da atividade, quando se destacam duas
famílias, a da Drª. Alice Carneiro, proprietária da Ccara das Rosas, que
ainda continua no setor, somente como florista, e do Sr. Guilherme Fujita, do
Jardim Japos, proprietário da Floricultura FujiFlores. Esses dois jardins
localizavam-se em Fortaleza e plantavam várias escies de flores e plantas,
como rosas, lias, hortências, samambaias, bromélias;
FASE 2 (1970 a 1980) Implantação de alguns plantios de flores e plantas
em áreas fora de Fortaleza. Destaca-se nesse período o Maciço de Baturité,
principalmente os municípios de Baturité, Redenção, Guaramiranga e Pacoti,
com os produtores Cândida Nuto (Flora Tropical), Hugo Varella (Floricultura
Guaramiranga) e Francisco Chaves (Sítio Vale das Rosas). Os produtos eram
bastante diversos, como rosas, helicônia, copo-de-leite, margaridas,
gypsophila, gérbera. Essa produção destinava-se a atender varejo que estava
começando a ser criado. No município de Eusébio, a produção de plantas
ornamentais: palmeiras, minilacres, começava a se destacar com o produtor
Valdir Leite;
FASE 3 (1994-1996) Início dos primeiros cultivos em estufas, de rosas,
através da empresa Agropecria Jereissati, no Sítio Arvoredo, em Pacoti e
crisântemo, em corte e em vaso, tendo como exemplo a empresa Naturalis
11
Informação adquirida através de entrevista realizada, em atividade de campo, junto ao Engenheiro
Agrônomo Ronaldo Lima Moreira Borges, Facilitador do Programa de Qualidade Total do SEBRAE,
em Fortaleza, em fevereiro de 2005.
75
Tropicus (Foto 3), em Maranguape, e de projetos voltados para a exportação,
como é o caso da Quinta das Flores, em Paracuru, que produz o abacaxi
ornamamental;
FASE 4 (2000 a 2001) Implantação de grandes projetos de produção de
flores, principalmente, na Ibiapaba, destacando-se as empresas Cearosa e
Reijers, ambas destinadas à produção de rosas.
Foto 3 Estufa da Empresa Naturalis Tropicus em Maranguape-CE
Fonte: SEAGRI, 2004.
O crescimento da floricultura no Ceará ocorreu por causa da melhoria
da tecnologia e da infra-estrutura do setor, com apoio financeiro do
BNB, que garante financiamento para produtores ou para qualquer
elo da cadeia. Em relão às novas tecnologias, depois de uma série
de estudos, a SEAGRI optou por seguir o exemplo da Colômbia, o
segundo maior exportador de flores do mundo. Foram desenvolvidos,
também, cursos de capacitação para técnicos e produtores de acordo
com a demanda das comunidades locais. Todo esse esforço com
objetivo de desenvolver o agronegócio da floricultura cearense em
bases competitivas e sustentadas. (MATOS, 2001b).
A floricultura faz parte da lista de produtos prioritários da SEAGRI, tendo
sido criada, em 1999, a Gerência de Floricultura para coordenar as ações do projeto
de desenvolvimento da atividade no Estado. O projeto inicial teve as seguintes linhas
gerais de ação:
1 Prospecção de produtos e processos: levantamento da situação da floricultura
cearense e das suas potencialidades;
76
2 Sensibilização da base produtiva: através de semirios e eventos regionais
para divulgar o projeto e sensibilizar produtores;
3 Mobilização das lideranças setoriais: articulação com as mais variadas
entidades representativas do setor e de outras áreas de fomento ao
agronegócio;
4 Adequação de produtos e processos: capacitação dos elos da cadeia
produtiva;
5 Promoção e marketing: objetivando a divulgação dos produtos do Ceará e do
nosso potencial produtivo;
6 Parcerias e convênios: realização de parcerias e convênios entre as
entidades de apoio governamental e não-governamental, para colaborarem
no desenvolvimento do projeto.
Como estratégia de marketing, o Estado do Ceará elegeu a rosa como
símbolo do empenho do governo estadual para a promoção do setor, criando toda
estrutura de promoção sob o título Flores do Ceará. Produtores profissionais vêm
obtendo índices produtivos superiores aos padrões internacionais, como no caso
produtivo das rosas. As rosas produzidas no Ceará apresentam de 180 a 200
botões por m²/ano, enquanto países como Colômbia e Equador produzem apenas
80 a 90 botões por m²/ano (AGUIAR, 2004:5b), porém as rosas cearenses possuem
tamanho inferior às colombianas.
A Seagri (2004) “identificou no Ceará quatro regiões onde já se cultivam
flores e ou plantas ornamentais, e que apresentam elevado potencial para a
expansão da atividade (Figura 3):
1. Agropólo Metropolitano, destacando-se pela produção de plantas ornamentais
(palmeiras, crótons, mini-cactus, mussaendas, minilacres, ficus, bromélias),
flores em vaso (crisântemos) e flores tropicais (helicônias, antúrios);
2. Agropólo do Maciço de Baturité, com a produção de crisântemos para corte e
em vaso, folhagens (dracenas, cordylines) e flores tropicais (helicônias,
antúrios, alpínias);
3. Agropólo Cariri, com a produção existente de flores tropicais (bastões do
imperador, sorvetões, helicônias, maracas) e grande potencial para o
desenvolvimento de flores de corte e vaso (crisântemos);
77
4. Agropólo da Ibiapaba, para onde estão se direcionando os projetos de
produção de flores de corte, como rosas e crisântemos, devido às condições
edafo-climáticas e de relevo ideais.
FIGURA 3 REGIÕES PRODUTORAS DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS
NO ESTADO DO CEA
Fonte: SEAGRI, 2004.
É grande a variedade de flores cultivadas no Ceará nas quatro regiões
onde se concentra a produção (Quadro 5).
Para o desenvolvimento da atividade, a SEAGRI conseguiu o apoio da
EMBRAPA Agroindústria Tropical, que atua no desenvolvimento de pesquisas em
floricultura. Trata-se de um trabalho realizado de acordo com as demandas do setor
produtivo, ou seja, o produtor define a linha de atuação da pesquisa.
“Um exemplo dessa parceria é a propagação in vitro do Ananas sp.
(abacaxi ornamental) em que a disponibilidade de mudas constituía-se num grande
entrave à expansão do cultivo desta espécie (BORGES, 2000a).
78
QUADRO 5 MUNICÍPIOS PRODUTORES DE FLORES E PLANTAS
ORNAMENTAIS COM OS PRODUTOS
AGROPÓLO METROPOLITANO PRODUTOS
Fortaleza Plantas ornamentais (mussaendas,
palmeiras, ixoras, crótons, minilacres,
ficus)
Eusébio Plantas ornamentais (palmeiras, crótons,
minilacres, bromélias), crisântemos em
vaso, flores tropicais (antúrios), forrações
(pingo douro, espuma do mar, orelha de
rato)
Maranguape Crisântemo em vaso e em corte, flores
tropicais (helicônias), forrações (pingo d
ouro)
Paracuru Flores tropicais (abacaxi ornamental,
helicônias)
Aquiraz Plantas ornamentais (mini-cactus,
mussaendas, ixoras, palmeiras)
AGROPÓLO DO MACIÇO DE
BATURITÉ
PRODUTOS
Baturité, Redenção Flores tropicais (helicônias, alpínias,
antúrios), flores em vaso (gérberas,
crisântemos)
Guaramiranga Crisântemos de corte, flores tropicais
(helicônias)
Pacoti Flores tropicais (helicônias, bastões do
imperador, musas, alpínias), rosas,
gypsophila
Aratuba Crisântemo e gérberas
AGROPÓLO CARIRI PRODUTOS
Jardim, Juazeiro do Norte,
Crato
Barbalha e Brejo Santo
Flores tropicais (bastões do imperador,
sorvetões, helicônias, maracas)
crisântemos em corte e em vaso
AGROPÓLO DA IBIAPABA PRODUTOS
Tianguá Crisântemos em vaso e em corte
São Benedito, Ubajara Rosas, crisântemos, gérberas
Guaraciaba do Norte Crisântemo em vaso, folhagens
(aspargos)
Fonte: SEAGRI, 2004.
79
Paracuru, localizado no litoral oeste cearense, a 101 Km de Fortaleza, é o
município que concentra a produção do pequeno abacaxi ornamental, na fazenda
Quinta das Flores (Foto 4). A produção é exportada para Estados Unidos, Holanda
Alemanha e Inglaterra, num valor de 25 mil peças por mês ou US$ 12 mil. O
transporte via rea representa de 30 a 40% do custo da produção (BORGES,
2000b).
Foto 4 Abacaxis Ornamentais
Fonte: Flora Brasilis Ceará, 2003.
Os principais destinos para os produtos da floricultura cearense são no
mercado externo: Portugal, Holanda, Alemanha, Estados Unidos e outros países
(França, Itália, Dinamarca) - (Quadro 6). Mercado interno: o Paulo, Rio Grande do
Sul, Rio Grande do Norte, Piauí, Pará, Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco,
Ama, Amazonas, Distrito Federal, dado que algumas regiões do Brasil e do
mundo não conseguem produzir em determinadas épocas do ano devido às
condições climáticas.
Segundo Rogério Morais, Gestor de Projetos para Floricultura do
SEBRAE local, as importações para floricultura cearense ainda ocorrem para suprir
a necessidade de diversificar os produtos, mas estas reduziram em 35%, (MORAIS,
2005a).
80
QUADRO 6 PRINCIPAIS DESTINOS DOS PRODUTOS DA FLORICULTURA
CEARENSE EXPORTAÇÃO 2005 (US$)
Países
Produtos
Holanda EUA Alemanha
Portugal
Outros
Países
Total
Acumulado
%
Flores
Tropicais
525.428
2.023
18.181
93.950
17.767
657.349
24,52
Rosas 584.667
1
165.710
16.177
2.985
769.541
28,71
Mudas 122.108
62.625
6.655
2
90.936
282.326
10,53
Folhagens 63.338
- 11.412
12.592
662
88.005
3,28
Bulbos 317.644
452.831
- - 27.277
797.752
29,76
Secos 53.190
29.378
- 257
2617
85.442
3,19
Total 1.666.375
546.858
201.959
122.979
142.244
2.680.415
100
(%)
62,17
20,4
7,53
4,59
5,31
100
Fonte: SECEX, 2006.
Existem no Ceará associações de produtores, como a Associação dos
Produtores de Flores e Plantas Ornamentais do Estado do Ceará (AFLORAR); a
Associação dos Produtores de Flores do Maciço de Baturité (CONFLOR); a
Associação de Floricultores, Olericultores e Fruticultores da Serra de Ibiapaba
(ASFOF); e a Associação de Produtores de Flores e Plantas Ornamentais da Região
do Cariri (CARIRIFLORA).
Apesar das associações existentes e do apoio governamental recebido, o
Estado do Ceará ainda o conseguiu estruturar sua comercialização, dada a
carência de empresas especializadas no fornecimento de insumos e serviços para a
floricultura e a deficiência da cadeia produtiva, com necessidade de rede de
distribuição eficaz e mercado atacadista forte.
81
2.2 Estratégias de Desenvolvimento do Estado do Ceará que Incentivaram à
Expansão do Agronecio: Produção de Flores
Desde 2002, o Ceará tem figurado no cenário nacional como um dos
estados brasileiros a apresentar maior dinamismo para o setor da floricultura. Pode-
se citar como principais avanços: a primeira exportação de rosas e do bulbo de
Amarílis, para Holanda e Estados Unidos; segunda colocação no ranking de
exportadores brasileiros de flores frescas cortadas; construção do primeiro terminal
aeroportrio brasileiro destinado à exportação de flores; estabelecimento de
produtores estrangeiros (Colômbia, Equador, Alemanha e Holanda) no Ceará;
aumento na área de produção; geração de empregos em áreas rurais e melhoria no
nível tecnológico de produção e comercialização.
O Governo do Estado vem desenvolvendo [...] sistema de ações
(SANTOS, 1994d) concretas para incrementar o setor de flores:
Criação da Secretaria de Agricultura Irrigada em 1999, denominada
Secretaria de Agricultura e Pecria em 2003, e, dentro da Secretaria, a
Gerência de Floricultura, com o programa Pró-Flores, iniciado em 2000;
Elaboração do Plano Diretor da Floricultura;
Zoneamento de áreas com potencial;
Prospecção tecnológica e mercadológica;
Capacitação com o projeto Agroflores;
Protocolo de intenções entre instituições de apoio;
Assistência técnica aos cultivos através da SEAGRI, com a contratação de
funciorios, inclusive de outros países, como a Colômbia;
Apoio financeiro através de parcerias com entidades financeiras, como BNB e
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
Apoio à comercialização dos produtos, que está sendo contemplado com
algumas estratégias de comercialização, como a criação de duas marcas:
Rosas do Ceará e Flores do Ceará (Figura 4);
Lançamento do Portal da Floricultura no Ceará: www.prossiga.br/arranjos/ce-
floricultura.html, em setembro de 2002, durante a 9° Semana Internacional da
82
Fruticultura, Floricutura e Agroindústria FRUTAL 2002, com intuito de
divulgar informações estratégicas para o desenvolvimento do setor;
FIGURA 4 MARCAS DA FLORICULTURA CEARENSE
Fonte: SEAGRI, 2004.
A SEAGRI, paralelamente a todas essas ações, que atua em parceria
com outros órgãos do governo e produtores, vem desenvolvendo projetos
específicos, os quais estão em andamento, como o Projeto Florescer, Rosas do
Ceará, Flores Tropicais, Tec Flores, Caminhos de Israel de Flores, Centro Agroflores
de Inovação Tecnológica, Produção de Cactus no Semi-Árido.
Em parceria com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportria
(INFRAERO), a SEAGRI instalou no Aeroporto Internacional de Fortaleza, em maio
de 2002, uma câmara frigorífica para servir aos exportadores de flores,
compreendido segundo Santos (1994e), como sistema de objetos [...], pois se trata
de um produto perecível que necessita de temperatura fria para armazenamento
(Foto 5).
.
Foto 5 - Câmara Frigorífica para Exportação de Flores
Fonte: SEAGRI, 2004.
Segundo Morais (2005b), a câmara frigorífica ainda é provisória, a
unidade permanente será construída e entrará em operação em julho de 2006, para
armazenar flores e frutas, com 10 mil/m²”.
83
Está sendo realizada pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias
para flores e plantas ornamentais pela EMBRAPA Agroindústria Tropical. Essas
ações integram o projeto Centro Agroflores de Inovação Tecnológica, coordenado
pela SEAGRI, que prevê, além do estudo, investimento em capacitação profissional
e instalação de unidades de inovação tecnológica. Os recursos para implantação
desse projeto provem da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), sendo
aplicado em todo o programa R$ 1,18 milhões.
O projeto Centro Agroflores de Inovação Tecnológica teve como objetivo
consolidar, expandir e alavancar o agronegócio da floricultura no Ceará, por meio
da inovação tecnológica. Tornando a atividade competitiva e sustentável para gerar
emprego, renda e divisas, focalizando a expansão da exportação de flores
(EMBRAPA, 2002:6). As linhas de pesquisa são multidicisplinares e abrangem seis
áreas de estudo: sistema de culivo (refere-se ao manejo das plantas), fitopatologia
(trata das doenças das plantas), entomologia (trata das pragas), cultura de tecidos
(técnica importante na produção mais intensa de mudas de alta qualidade
fitossanitária, definindo-se protocolos para propagação de espécies), s-colheita e
seleção de material genético para os novos cultivos e viabilizar os implantados por
meio de novas variedades.
Ocorreu em 2002 a inauguração da primeira unidade de inovação
tecnológica, na cidade de São Benedito, no Ceará. Trata-se de um centro de
pesquisa, informação e treinamento em floricultura para dar suporte aos produtores
da região.
É importantre observar que o setor de flores no Estado está sendo
acompanhado, gerenciado e desenvolvido pela SEAGRI, em parceria com a
EMBRAPA, BNB, Banco do Brasil (BB) e SEBRAE.
A SEAGRI desenvolve projetos voltados para o setor e atua diretamente
com as demais instituições de apoio e com os produtores para alavancar a atividade
no Estado. A isenção do ICMS, que é um incentivo da política do Estado para
determinados produtos que justifiquem o crescimento do Ceará, é também
concedida aos produtores de flores, ou seja, o produto vendido internamente é
isento do imposto.
84
Além disso, o Governo Federal possui programa prioritário de
exportações, e o Governo Estadual também prioridade ao incremento das
exportações, desenvolvendo trabalho de parcerias como forma de aumentá-las e
atingir novos mercados, o que pode vir a favorecer o setor de flores.
O Ceará promove eventos ao longo do ano, a fim de propagar os produtos
da floricultura, difundir a cultura do consumo e a exportação de flores e realizar
negócios. Nesses eventos, são ministrados cursos e palestras sobre o assunto. É
também oportunidade de reunir os maiores produtores de flores do Brasil,
especialistas e representantes da instria, capacitando produtores e lojistas locais,
trocando experiências, conhecendo tendências e novidades do setor.
Como exemplos destes, pode-se mencionar: VIII AGROFLORES
Semirio Internacional da Floricultura, que ocorreu de 24 a 26 de maio de 2006, no
Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza; o primeiro Festival
Flores da Serra de Baturité, que se realizou em Pacoti entre 8 a 10 de Julho de
2005; a terceira edição da Feira Internacional do Nordeste da Floricultura,
Paisagismo e Jardinagem (FESTFLORA), que aconteceu no período de 28 a 31 de
agosto de 2002, no Centro e Negócios do SEBRAE, em Fortaleza, organizada pela
Cooperativa dos Engenheiros Agrônomos do Ceará (UNIAGRO), juntamente com a
Associação Cearense dos Floristas (ACEFLOR).
Outros exemplos são: o evento anual da Semana Internacional de
Fruticultura e Floricultura, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento da
Fruticultura e Agroindústria (FRUTAL), que ocorre desde 1999, no mês de setembro,
no Centro de Convenções do Estado do Ceará, em parceria com o BNB e outras
instituições estaduais e nacionais; a primeira Feira Flor e Cultura, que aconteceu
todos os sábados, durante o primeiro semestre de 2006, no Mercado dos Peões, em
Fortaleza, num convênio entre a Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de
Fortaleza (FUNCET), UNIAGRO e SEBRAE.
O Estado possui também Comissão de Comércio Exterior do Ceará (CCE
CE) com objetivo de estimular as exportações, formada pelo BNB, BB, Governo do
Estado, SEBRAE, Correios (através do Programa Exporta Fácil), Federação das
85
Indústrias do Estado do Ceará Centro Internacional de Negócios do Ceará (FIEC
CIN), Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Existe no BNB o Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FUNDECI) que se destina ao apoio técnico e financeiro a projetos de pesquisa,
capacitação e difusão tecnológica (BNB, 2001b).
O BNB também apóia o setor através de financiamentos, com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e Fundo Constitucional de Financiamento
do Nordeste (FNE) Flores do Nordeste, com o objetivo de reunir e organizar todos
os participantes da cadeia produtiva, para que sejam encontradas opções para o
crescimento sustentável so setor.
O BNDES, empresa pública federal vinculada ao Ministério do
Desnvolvimento, Instria e Comércio Exterior (MDIC), tem como principal objetivo
financiar em longo prazo empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento
do País. O BNDES dá apoio ao setor de flores e ainda dispõe de um programa do
Governo Federal para floricultura Programa de Desenvolvimento Sustentado da
Floricultura.
O panorama da floricultura no Ceará pode ser compreendido como de um
agronegócio com potencial, mediante o quadro da floricultura mundial. Tem-se o
potencial existente em termos de recursos naturais adequados ao desenvolvimento
dessa atividade, que apresenta ambiente organizacional estruturado e recursos
humanos especializados em área de suporte importantes para o setor. A
clarividência política desse potencial e a consciência de que falta o domínio de
ativos intangíveis (informação, pesquisa e desenvolvimento, capacitação,
transferência de tecnologia e promoção comercial) são necessários, para a
construção de um agronegócio competitivo e sustentável, capaz de transformar a
realidade social e econômica do Estado do Ceará.
CAPÍTULO 3 AS POTENCIALIDADES DO MACIÇO DE BATURITÉ E
DA IBIAPABA PARA O DESENVOLVIMENTO DA FLORICULTURA
CEARENSE
Situado próximo ao litoral, o Maciço de Baturité recebe ventos oriundos
do mar, o que garante níveis de precipitação pluviométrica, que oscilam em torno de
600mm a 1.100mm anuais. Suas características geográficas e variação de altitude
entre aproximadamente, 700m a 1100m, propiciam clima ameno e paisagem de
floresta Atlântica úmida que, por sua vez, contrasta com vegetação arbustiva de
ecossistemas áridos, com campos de altitude e com áreas bastante transformadas
pelo homem (Quadro 7).
Considerada uma ilha úmida no contexto semi-árido do nordeste
brasileiro, lá ainda se encontram representantes variados da fauna, com grande
riqueza de insetos e aves e se localiza um dos pontos mais alto do Estado do Ceará,
o Pico Alto, com 1.115m de altitude. Nas fazendas, com resquícios de senzalas, são
utilizadas práticas tradicionais de agricultura.
QUADRO 7 - CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS DO MACIÇO DE BATURITÉ,
CEARÁ
Temperatura Média (°C) 20 22
Umidade Relativa (%) 60 - 95
Insolação (horas/ano) 2000 - 3000
Precipitação (mm) 600 - 1100
Relevo Suave Ondulado
Altitude (m) 700 - 1100
Solos Podzólico
Fonte: IPECE, 2002.
Apresenta matas exuberantes, com imeras cachoeiras, cascatas e
grutas no meio da vegetação, com trilhas ecológicas e paredões para a prática de
rapel. A cerca de uma hora de Fortaleza, ergue-se sertão em volta do Maciço de
Baturité, com largura média de 22km e área total aproximada de 1300Km². Envolve
as cidades serranas como Redenção, Pacoti, Baturité, Mulungu, Aratuba, Palmácia,
Aracoiaba, Capistrano, Itapiúna, Acarape e Guaramiranga (Figura 5).
87
Para este trabalho, os municípios de interesse são Baturité e Redenção,
onde foram realizadas as pesquisas de campo, no Sítio Olho d Água, em Baturité, e
no Sítio Vale do Piancó, em Redenção, os quais, juntos, constituem a empresa Flora
Tropical, de estrutura familiar, e produzem flores 25 anos na região.
FIGURA 5 MUNICÍPIOS QUE PERTENCEM À MICRO-REGIÃO DO
MACIÇO DE BATURITÉ NO ESTADO DO CEARÁ
Fonte: City brazil, 2003.
A expressão serra, com que designa Baturité, acaba por se constituir um
pleonasmo, pois a toponímia, na suas origens indígenas, origiria do tupi, significa
Serra Verdadeira.
Baturité tem como data de criação o dia 06 de agosto de 1763, com a
instalação em 31 de março de 1764. A cidade fica no sopé do
Maciço, numa altitude de 175m acima do nível do mar. Estando a
96km de Fortaleza, Baturité tem uma área de 347,30Km². Seu
acesso se dá pelas CE-060 e CE-356. Limita-se ao norte com
Pacoti, Redenção e Guaramiranga, ao sul com Itapiúna, à leste com
Aracoiaba e à oeste com Mulungu e Capistrano. (IBGE, 2000b).
À época da riqueza do café, foi município dos mais ricos do Estado. Conta
com população aproximada de 30 mil habitantes. Repleto de sítios que explora bem
a fruticultura, se não é tão extensa como no passado, ainda tem esta atividade como
uma das básicas de sua economia, aliada à olericultura e floricultura. O clima da
cidade, por estar abaixo das outras cidades serranas, é um pouco mais elevado,
sendo semelhante ao da capital, mas privilegiado pela vegetação que ali cerca, com
88
temperatura que vai da máxima de 30ºC e da mínima de 2C. Baturité é detentor de
uma das últimas reservas da Mata Atlântica do Ceará.
Sua economia baseia-se na extração vegetal e em culturas de algodão,
banana, arroz, milho, feijão e cana-de-açúcar. Na pecria de bovinos, suínos e
aves. São 29 indústrias presentes no município.
Redenção é a primeira cidade antes de subir o Maciço de Baturité pela
CE-060, distando 60km de Fortaleza. Seu nome representa homenagem, pois a
cidade serviu de exemplo como primeiro município brasileiro a abolir a escravatura
cinco anos antes da princesa Isabel assinar a Lei Áurea. Tamm, é conhecida
como "Rosal da Liberdade". Sua população já tem quase 25 mil habitantes. Possui
área de 240,70Km², limitando-se ao norte com Palmácia e Guaiúba, ao sul com
Aracoiaba, à leste com Acarape e Barreira e à oeste com Pacoti e Baturité.
A data de criação de Redenção é em 28 de dezembro de 1868,
sendo instalada em 21 de julho de 1871. A cidade é um
desmembramento de Baturité. Os acessos à cidade se o através
das rodovias CE-060, BR-116 e CE-354. A temperatura de
Redenção, comparada às outras cidades do Maciço de Baturité, é
elevada, com máxima de 35ºC e mínima de 24ºC. (IBGE, 2000c).
Sua economia baseia-se na cultura de algodão, banana, cana-de-açúcar,
milho e feijão. Na pecria, bovinos, suínos e aves. Em suas terras, foi registrada a
existência de Calcário (calcita), Vermiculita e Talco. O município possui 21
indústrias.
No Maciço de Baturité, além dos municípios de Baturité e Redenção, o
cultivo de flores ocorre também nos municípios de Guaramiranga, Aratuba e Pacoti
(FLORA BRASILIS CEARÁ, 2003a).
Localizada sobre o Maciço de Baturité, a 865 metros de altitude,
Guaramiranga está distante de Fortaleza 125km. Com temperatura média anual de
18ºC, é conhecida pelo cultivo de flores e também pelos bem-sucedidos festivais de
teatro e de jazz e blues, introduzidos no calendário cultural da cidade.
A produção das flores em Guaramiranga é realizada por propriétarios de
sítios e/ou empresas produtoras como:
89
Multiflora: empresa produtora de helicônia e crisântemo, que também
possui floriculturas localizadas em Fortaleza, que atua na
comercialização de arranjos de flores naturais, ramalhetes, buqs
de noiva e na decoração de eventos;
Alexandre Caracas: pequeno produtor de crintemos, helicônias e
samambaias. (FLORA BRASILIS CEARÁ, 2003b).
Pacoti, distante de Fortaleza 97km, possui as mesmas características de
Guaramiranga, com clima ameno, rica em diversidade de frutas e flores, cuja
produção destas é feita por empresas como:
Agropecuária Jereissati: empresa que atua na produção de flores
tropicais (alpínia, antúrio, helicônia, bastão do imperador), rosas e
folhagens (dracena, cordyline, papirus) e comercializa seus produtos
com floriculturas e decoradores de Fortaleza, com capacidade para
atender outros mercados;
S.S. Domingos: empresa que atua na produção de mudas e flores
tropicais (helicônia, alpínia, bromélia) numa área de 3 hectares
plantados, com uma previsão de produção futura de 3 mil flores de 20
variedades e comercializa seus produtos junto aos decoradores,
floristas e intermediários no Estado. (Idem, 2003c).
Aratuba, mais uma das cidades do Maciço de Baturité, possui altitude de
945m e temperatura que varia com máxima de 2C e mínima de 1C. Sua
distância de Fortaleza é de 138km.
O Projeto São Tomé - Jovens Produtores Rurais - Ver para Crer começou,
em 2003, a fim de capacitar jovens para cultivar flores e olericulturas em Aratuba,
um dos maiores produtores de alho do Ceará. Pelo projeto, mais de um milhão de
crisântemo e gérbera já foram produzidas nas estufas construídas pela prefeitura. E
jovens de várias comunidades rurais locais tiveram a oportunidade de aprender a
cultivar.
Para o projeto sair do papel, a prefeitura investiu em 2002, R$ 5.090
na adaptação de prédios para as estufas. Com as parcerias do
SEBRAE, do BNB, da SEAGRI, da Secretarias de Desenvolvimento
Local e Regional do Estado do Ceará e do Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural, o investimento já chega perto dos R$ 140.000.
O projeto começou depois que o então prefeito lio César Batista
realizou um diagstico da agricultura na cidade, em julho de 2002. O
diagnóstico concluiu que a cidade tinha condições de cultivar flores
(critemo, gérbera) como alternativa ao alho. Ele convidou o
agrônomo Edson Westin Dias Filho para coordenar o projeto e
capacitar os jovens produtores locais. Este tem experiência em
floricultura e olericultura em Israel e no estado de São Paulo.
(VICTOR, 2005).
90
A Ibiapaba ou Serra Grande, que se inicia a 40km do litoral e vai aos
confins ocidentais do Estado, conduz ao limite do Ceará ao Estado do Piauí. São
110km, com altitudes que variam de 700m a 980m e temperatura média de 22°C a
25,5°C (Quadro 8).
QUADRO 8 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS DA CHAPADA DA IBIAPABA,
CEARÁ
Temperatura Média (°C) 22 - 25.5
Umidade Relativa (%) 50 - 85
Insolação (horas/ano) 2000 - 3000
Precipitação (mm) 800 - 1500
Relevo Plano
Altitude (m) 700 - 980
Solos Francos
Fonte: IPECE, 2002.
É na Ibiapaba que está localizado o Parque Nacional de Ubajara, na
cidade de mesmo nome. Possui cascatas, mata nativa e a famosa gruta de Ubajara.
Faz parte da Ibiapaba as cidades de Viçosa do Ceará, Croatá,
Guaraciaba do Norte, Carnaubal, São Benedito, Ibiapina, Ubajara e Tiang (Figura
6). As cidades são todas interligadas por rodovias asfaltadas e próximas, umas das
outras.
São Benedito é o município de interesse deste ensaio, onde tamm foi
realizada atividade de campo na Reijers Produção de Rosas S.A. e Cearosa
Comércio Exportação Importação de Flores Ltda., ambas de estrutura empresarial e
estabelecidas com incentivo do Governo do Estado do Ceará para o
desenvolvimento da floricultura na região, dadas as condições favoráveis.
O município de São Benedito foi fundado em 1872, possui altitude em
torno de 901m, população de 38.416 habitantes, uma área total de
301,1km² e densidade demográfica de 127,59hab/km². A temperatura
média é de 22°C, com precipitação de 1000mm a 1800mm anuais.
(IBGE, 2000d).
91
FIGURA 6 MUNICÍPIOS QUE PERTENCEM À MICRO-REGIÃO DA
CHAPADA DA IBIAPABA NO ESTADO DO CEARÁ
Fonte: City brazil, 2003.
São Benedito está distante de Fortaleza 361Km. Limita-se ao norte com
Ibiapina; ao sul com Carnaubal e Croatá; leste com Graça; oeste com o Estado do
Piauí. Sua economia baseia-se na produção de café, banana, cana-de-açúcar,
mandioca e feijão. Na pecria, bovinos, suínos e aves. O município possui 19
indústrias.
Na Ibiapaba, além de São Benedito, a produção de flores também está
presente nos municípios de Ubajara, Guaraciaba do Norte e Tiang (FLORA
BRASILIS CEARÁ, 2003d).
Ubajara está distante de Fortaleza 338Km, possui altitude de 847m e
clima serrano, com temperatura que varia de 18°C a 25°C. O potencial para o
desenvolvimento da floricultura em Ubajara foi encontrado e trabalhado pelos
empreendedores que investem nesse setor como:
Cauim Flora Ltda (de Walter Feichtinger): possui uma área de 0,5 ha.
plantados de rosas e gipshofila. Conta com 8 funcionários e está
localizado no Distrito de Jaburuna;
Swartt (de Patrícia Swartt): possui uma área de 2,66 ha. de rosas
vermelhas, variedade Ipanema, com possibilidade de expandir para
15 ha. caso a demanda de exportações aumente. A área tem
92
potencial para abrigar 40 hectares de plantio e está localizada na
Cachoeira do Boi Morto;
Antônio Augusto Pereira de Sousa, gerente do Agropolo da Ibiapaba:
possui uma área de 0,3 hectares da Rosa Carola, no Sítio Cachoeira;
Minoru Mikawana, do Grupo Migos e Migas da Internet: em contato
com os internautas de Ubajara, percebeu o potencial da região para o
plantio de flores, adquiriu um terreno e já deu início às primeiras
mudas de orquídeas;
A Associação Florescer: grupo de 20 famílias da localidade de
Japitaraca, no Jaburu, está iniciando o plantio de 1 ha. em estufa de
Gérbera, com apoio da Reijers. O projeto é para 10 hectares.
(FLORA BRASILIS CEA, 2003e).
Distante de Fortaleza 386Km, Guaraciaba do Norte está a 903m de
altitude, com temperatura média que oscila entre 24°C e 26°C. No município, o
plantio de flores é realizado pelas empresas:
Floricultura Santa Teresinha: atua na produção de plantas
ornamentais, rosas e aspargos e comercializa seus produtos na
própria região;
Jair Boto Cruz: atua na produção de crintemos em vasos e possui
capacidade para produção anual de 30 mil unidades. (Idem, 2003f).
Tianguá possui temperatura média de 20°C, está a 776m de altitude e
distante de Fortaleza 321Km. A produção de flores neste município é exercida pela
empresa:
S.A. Rodrigues Distribuidora de Flores e Folhagens: atua na
produção de folhages e crisântemos de cortes. Possui produção
média semanal de 1200 pacotes, seus principais compradores são do
Ceará e Piauí. (Id., 2003g).
93
3.1 Maciço de Baturité: A Floricultura em Redenção e Baturité
No Maciço de Baturité, a empresa Flora Tropical
12
, no mercado há 25
anos é uma das mais antigas produtoras do setor da floricultura no Estado do Ceará.
A empresa começou de maneira informal e possui administração familiar.
São 16 hectares plantados de flores tropicais e folhagens distribuidos em duas
propriedades: Baturité, no Sítio Olho d Água, com 7,5 ha., e Redenção, no Sítio
Vale do Piancó, com 8,5 hectares (Fotos 6 e 7).
Foto 6 Sítio Olho d Água, Baturité-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
12
As informações que se seguem nesse subcapítulo, referentes à Flora Tropical, foram adquiridas
através de entrevistas realizadas, em Baturité e Redenção, com os proprietários: Maria Cândida
Soares e Joaquim Nuto Soares e 12 trabalhadores agrícolas. Em Fortaleza, com a Gerente Geral da
empresa, Silvânia Nuto, representante da entidade particular, em atividade de campo, no período
entre janeiro a fevereiro de 2005.
94
Foto 7 Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
Maria Cândida Soares
13
, 65 anos, propriétaria da empresa, cultiva flores
desde menina, quando morava em Baturité. O pai já reservava área do Sítio Olho d
Água para que aquela construísse seu jardim.
Joaquim Nuto Soares, também proprietário e esposo de Maria Cândida
sabe muito bem administrar o agronegócio gerado a partir da vocação da produtora
(Foto 8).
13
Joaquim Nuto diz: a mania de Maria Cândida por plantas é o grande que, quando recebi a
transferência do trabalho de Natal, para Fortaleza, precisamos nos dividir na mudança. Os cinco filhos
foram de ônibus, pois no carro só cabiam eu, ela e as flores. Ningm da família sabe com certeza se
tal apego foi refoado pelo excesso de mimo do pai ou se, desde criança, ela já apresentava uma
vocação inata. Informação adquirida com Joaquim Nuto, produtor, em entrevista realizada, em
Redenção, no Sítio Vale do Piancó, por ocasião desta pesquisa, em janeiro de 2005.
95
Foto 8 Proprietários da Empresa Flora Tropical, Sítio Olho d Água, Baturité-CE
Fonte: Souza, 2006.
Eles cultivam 40 itens de escies florísticas, sendo 30 tipos na
propriedade de Baturité, onde o abastecimento de água é feito por uma nascente, e
a irrigação do plantio por meio de condutores plásticos perfurados (Foto 9); e 10
variedades no sítio em Redenção, onde o abastecimento de água é feito por meio de
um açude construído na propriedade (Foto 10), que também irriga o cultivo através
de condutores pláticos perfurados, além de transportar os nutrientes necessários às
flores e folhagens (Foto 11). O ciclo produtivo é inerente a cada escie, variando,
do plantio à colheita, de 8 a 10 meses até a primeira florada.
96
Foto 9 Irrigação Sítio Olho dÁgua, Baturité-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
Foto 10 Açude Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
97
Foto 11 Irrigação Sítio Vale do Piancó, Redenção-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
A colheita é realizada todos os dias pela manhã, de segunda a sábado,
em ambas as propriedades, pelos trabalhadores agrícolas, que utilizam o carrinho-
de-mão para transportá-las até o galpão, onde são lavadas, limpas, colocadas para
hidratação, secagem e posteriormente acondicionadas em embalagens de papelão
para serem escoadas (Fotos 12, 13 e 14). O transporte da produção, para Fortaleza
é realizado por carro próprio diariamente em horário matutino. O desperdício do
plantio tem representação percentual em torno de 2%.
98
Foto 12 Pós-colheita da Flora Tropical
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
Foto 13 Pós-colheita da Flora Tropical
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
99
Foto 14 Pós-colheita da Flora Tropical
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
O suporte para produção é adquirido através de indústrias que prestam
serviços no segmento de produtos agrícolas (defensivos, fertilizantes, hormônios,
adubos químicos) e embalgens (caixas de papelão e divisórias/pacotes), instaladas
no Ceará.
A proprietária faz pequenos testes em variados lugares das duas
propriedades, para ter certeza da implantação do cultivo, que acontece com
predominância ao ar livre, mas, para algumas escies, em cobertura telada, como
no caso do Anthurium andraeanum e Cordyline terminalis (Fotos 15 e 16). As pragas
são combatidas, em sua maioria, com produtos orgânicos à medida que vão
surgindo na produção, visto que se tem buscado o Selo Orgânico e a mais ocorrente
é a formiga. Se dependesse da pouca literatura existente, ela não acredita que
compreenderia os anseios de cada espécie, cuja origem se divide entre América do
Sul, África e Ásia, pois o gosto pela mata úmida é um só, mas a necessidade de luz,
sombra ou calor são variáveis.
100
Foto 15 Cultivo de Antúrio em Cobertura Telada, Sítio Olho dÁgua,
Baturité-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
Foto 16 Cultivo de Cordyline em Cobertura Telada, Sítio Vale do Piancó,
Redenção-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2005. (Registro Próprio)
101
Dentre as espécies cultivadas estão Helicônia rostrata (Foto 17),
Tapeinochilos ananassae (Foto18), Cyperus giganteus (Foto 19), Zingiber spectabilis
(Foto 20), Dracaena sanderiana (Foto 21), Alpínia purpurata (Foto 22), Caulinha
(Foto 23), Etlingera elatior (Foto 24), Musa Ornata (Foto 25), Musgo (Foto 26).
Foto 17 Helicônia Foto 18 - Tapeinoquilos
Fonte: Souza, 2006. Fonte: Souza, 2006.
Foto 19 Papiros Foto 20 - Sorvete
Fonte: Souza, 2006. Fonte: Souza, 2006.
Foto 21 Dracena Foto 22 - Alpínia
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
102
Foto 23 - Caulinha Foto 24 Bastão do Imperador
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
Foto 25 Musa Ornata Foto 26 Musgo
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
Fonte: Luzianny Rocha, 2005.
(Registro Próprio)
Comercialmente, a família produz as flores tropicais e as folhagens 18
anos. No primeiro trimestre de 2004, exportou para Portugal
14
quase 20 mil unidades
de helicônias, alpínias, sorvetes e diversas folhagens para o país europeu.
A Flora Tropical também atua no varejo, seu forte, com floricultura própria,
de mesmo nome e sede da empresa, localizada em Fortaleza. Abastecida com a
colheita de 8 mil flores por mês, extraídas das duas propriedades. A produção
14
As flores produzidas pela Flora Tropical chegam a Portugal de 15 em 15 dias. Lisboa é, desde
2004, o primeiro mercado externo que a empresa explora. Informação obtida com Maria ndida,
produtora, em entrevista realizada, em Baturité, no Sítio Olho d Água, em atividade de campo, em
janeiro de 2005.
103
mensal dos dois sítios é em torno de 3 toneladas, e o faturamento com a exportação
varia entre 20% e 25% do total.
A responsável pela Gerência Geral da empresa, Silvânia Nuto, espera
bom índice de vendas para 2005, já que as exportações têm aumentado a cada ano.
A Flora Tropical pratica varejo atípico. Enquanto a maior parte das
floriculturas se dedica mais à venda de balcão, a empresa se fortaleceu vendendo
para o mercado de decoração e fazendo de hotéis
15
, organizadores de eventos,
restaurantes, lojas, buffets e outras empresas os principais clientes.
A exposição de flores em ambientes também estimula as pessoas a terem
flores em casa e incentiva o mercado de varejo dos pequenos consumidores.
As variedades tropicais formam segmento de mercado diferente das flores
de clima temperado, sendo adequadas à decoração, adaptadas ao clima e mais
resistentes.
Cinqüenta por cento do cultivo das propriedades é para o consumo da
própria floricultura, direcionada ao consumidor final para decorações de ambientes,
casamentos, aniversários, eventos em geral. São vendidos em média 1000 arranjos
por semana, e esse valor tende a dobrar em período comemorativo do Dia das
Mães, Dia dos Namorados, Finados, Dia Internacional da Mulher e Dia das
Secretárias.
A empresa comercializa 20% para outros floricultores e decoradores, e os
30% restantes são vendidos para os Estados do Pará, Maranhão, Rio Grande do
Norte e Portugal. Exportam 800 quilos de flores tropicais (de quatro a cinco mil
peças) por semana em parceria com a Quinta das Flores, que produz o abacaxi
ornamental.
Os produtores não ficam, porém, só no conhecimento artificial ou na
prática da jardinagem. Maria Cândida já fez cursos em o Paulo, participou de
exposições de flores tropicais e recebe visitas de especialistas do País e
15
A floricultura tem contrato de fornecimento com cerca de 10 hotéis da cidade de Fortaleza.
Informação adquirida com Silvânia Nuto, Gerente Geral da Flora Tropical, em entrevista realizada, em
Fortaleza, na sede da empresa, por ocasião desta pesquisa, em fevereiro de 2005.
104
estrangeiros. A proprietária acredita ser fundamental a atualização e reciclagem para
manter o negócio.
São 28 trabalhadores agrícolas para os dois sítios, sendo 16 no Olho d
Água
16
, em Baturité, e 12 no Vale do Piancó, em Redenção. Predomina o sexo
masculino, com faixa etária de 25 a 32 anos e nível de escolaridade o Ensino
Fundamental completo. Jornada de trabalho de 44 horas semanais, com descanso
semanal aos domingos, registrada em carteria, com média salarial de um salário
mínimo. Utilizam a bicicleta como meio de deslocamento, pois moram em vilarejos
próximos às propriedades. Trabalham pelo menos 12 anos com os proprietários,
e tudo que aprenderam sobre o cultivo de flores foi repassado por Maria Cândida e
seu esposo.
16
Foi observada, nesta propriedade, a presença de um trabalhador agrícola surdo-mudo, em
atividade de campo, realizada em janeiro de 2005.
105
3.2 São Benedito: A Produção de Flores da Ibiapaba
A produção de flores na Ibiapaba, no município de São Benedito, vem
sendo desenvolvida, com expressividade, através das empresas Cearosa Comércio
Exportação Importação de Flores Ltda. e Reijers Produção de Rosas S.A. no Estado
do Ceará.
A Fazenda Cearosa
17
, de estrutura empresarial, foi fundada em 15 de
dezembro de 1999, no Distrito de Inhuçú, pertencente ao município de São
Benedito, com capital gcho, mas sob administração cearense, para produzir rosas
de corte em escala comercial, colhendo as primeiras hastes em 2001 (Foto 27).
Foto 27 - Fazenda Cearosa, o Benedito-CE
Fonte: Cearosa, 2004.
17
As informações que se seguem neste subcapítulo, referentes à empresa Cearosa, foram adquiridas
através de entrevistas realizadas, em São Benedito, com o Presidente/produtor, Paulo Selbach, 21
funcionários agrícolas e com o Engenheiro Agrônomo responsável pelo cultivo da propriedade
particular, Julio Cantillo Simanca, por ocasião desta pesquisa, em outubro de 2004.
106
A propriedade tem 80 hectares de extensão. No projeto inicial, foi
construída estufa de 1,5 hectare, com média de 65 mil plantas e produtividade
variando de 180 a 200 rosas por metro quadrado por ano.
Com o crescimento da empresa, em 2003 o tamanho do cultivo passou
para 3 hectares, também em estufa. No início de 2004, outra ampliação, desta vez
construindo uma estufa de 2,5 hecatares, totalizando 5,5 hectares de plantio (Foto
28). Para cada hectare de rosas cultivadas em estufa, o investimento foi em torno de
US$ 200 mil.
Foto 28 Área do Cultivo de Rosas na Cearosa
Fonte: Cearosa, 2004.
Paulo Selbach, Presidente/produtor da Cearosa, administra a
propriedade, que é pioneira na produção de rosas em escala comercial no Estado do
Ceará e a primeira multinacional do setor. Também apresenta proposta embutida de
oportunidade de crescimento e expansão de mercados (Foto 29).
107
Foto 29 Presidente/ Produtor da Empresa Cearosa, o Benedito-CE
Fonte: Cearosa, 2004.
Na fazenda são produzidas 16 variedades de rosas, em canteiros, onde o
abastecimento de água é feito por açude construído na propriedade que irriga o
cultivo através de condutores plásticos perfurados e transporta os nutrientes
necessários às flores (Fotos 30 e 31). O ciclo produtivo das rosas é em média de 42
dias, da germinação ao ponto de corte.
108
Foto 30 Açude que Abastece a Cearosa, o Benedito-CE
Fonte: Cearosa, 2004.
Foto 31 Irrigação do Cultivo das Rosas, Fazenda Cearosa, São Benedito-CE
Fonte: Cearosa, 2004.
109
O Engenheiro Agrônomo Julio Cantillo Simanca (colombiano) é o
responsável pelo cultivo, no qual a colheita das rosas é feita todos os dias no
período da manhã, pelos funcionários agrícolas, inclusive aos domingos e feriados,
pois as rosas não podem esperar para serem cortadas. Posteriormente são
transportadas para o galpão de s-colheita, exigindo habilidade e rapidez, por se
tratar de produto sensível ao tempo, onde são tratadas, selecionadas, classificadas,
embaladas e acondicionadas, em câmara frigorífica, onde ficam aguardando
escoamento (Fotos 32, 33, 34 e 35).
Foto 32 Equipamento de Retirada de Espinhos e Folhas com a Mesa
Classificadora do Tamanho das Rosas
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
110
Foto 33 - Equipamento de Fechamento dos Bonches (Boncheadora)
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
Foto 34 - Rosas na Câmara Frigorífica em Hidratação
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
111
Foto 35 Rosas na Câmara Frigorífica, Acondicionadas para Transporte
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
O transporte da produção para Fortaleza é realizado em camino
refrigerado, próprio da empresa, em média três vezes por semana, em horário
matutino, e segue para depósito climatizado. As perdas na produção e transporte
são de 0,5% a 2,5%.
O suporte para o cultivo é adquirido através de instrias paulistas e
cearenses que prestam serviços no segmento de produtos agrícolas (defensivos,
fertilizantes, hormônios, adubos químicos) e embalgens (caixas de papelão e
divisórias/pacotes), respectivamente.
Existe o cuidado desde a preparação das mudas
18
, em estufas, à
manipulação dos porta-enxertos para o desenvolvimento de novas plantas, até o
corte das flores e a medição das hastes, que variam de 40 a 80 centímetros. Nas
estufas, os botões, tão logo surgem, são protegidos com capuchos de polietileno
(Foto 36). No s-colheita, as flores recebem tratamento com preparado constituído
de açúcares, bactericidas e fungicidas, é a solução de acondicionamento.
18
As primeiras mudas foram adquiridas da Colômbia. Informação cedida pelo Engenheiro Agrônomo
Dr. Julio Cantillo Simanca, responsável pelo cultivo da Cearosa, em entrevista realizada em outubro
de 2004, em atividade de campo, na cidade de São Benedito-Ce.
112
Foto 36 Botões de Rosas Protegidos com o Capucho de Polietileno
Fonte: Cearosa, 2004.
Na Cearosa, para combater eventuais fungos, utiliza-se manipueira,
substrato da mandioca, e o leite para afastar o oídio
19
, pois a roseira é uma planta
sensível a várias pragas e doenças ao longo de seu ciclo vegetativo. Para prevenir
ou curar problemas desse tipo, a empresa recorre a uma série de tratamentos
químicos, biológicos e ou culturais. Esse pacote de ações é chamado Manejo
Integrado de Pragas e Doença.
Já foram plantadas na fazenda mais de 2.000 mudas de "Nim", planta que
é muito utilizada por suas propriedades medicinais e por ser excelente inseticida e
fungicida natural (Foto 37). Além dessas, 1.500 s de "Acácia Africana" e 1.000 de
"Sansão do Campo", plantas utilizadas como quebra-vento.
19
O oídio é causado por um fungo chamado Sphaerotheca fugilinea, que se parece com um
branco nas folhas de variadas culturas. Os fungicidas químicos indicados para o combate ao oídio
são caros, cerca de R$ 135 o litro, enquanto o leite cru custa R$ 0,50 o litro. Além disso, a solução é
totalmente icua ao meio ambiente, não causando nenhum impacto ambiental, o que não se pode
dizer o mesmo dos fungicidas utilizados para o controle da doença. Esclarecimento dado pelo
Engenheiro Agrônomo Dr. Julio Cantillo Simanca, em entrevista realizada, por ocasião desta
pesquisa, em outubro de 2004, na cidade de São Benedito-Ce.
113
Foto 37 Nim
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
Dentre as variedades de rosas cultivadas na Cearosa estão a Carola,
Eliza, Salmone, Attac, Chaim Soutine, Hot Princess, Concorde e Prima Donna+
(Fotos 38 a 45).
Foto 38 - Carola Foto 39 - Eliza Foto 40 - Salmone
Fonte: Cearosa, 2004. Fonte: Cearosa, 2004. Fonte: Cearosa, 2004.
Foto 41 - Attac Foto 42 - Chaim Soutine Foto 43 - Hot Princess
Fonte: Cearosa, 2004. Fonte: Cearosa, 2004. Fonte: Cearosa, 2004.
114
Foto 44 - Concorde Foto 45 - Prima Donna+
Fonte: Cearosa, 2004. Fonte: Cearosa, 2004.
As rosas produzidas na Fazenda Cearosa são comercializadas pelo
escritório da empresa em Fortaleza, para as floriculturas, decoradores e
distribuidores locais e de outros Estados do Brasil, sem a necessidade de
atravessadores. Os mercados consumidores da empresa, além do Ceará, são os
Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande
do Norte, Piauí, Maranhão, Pará, Ama, Amazonas e o Distrito Federal.
Os picos de demanda são contornados com programação e utilização da
capacidade máxima de produção. Destaca-se o Dia Internacional da Mulher, Dia das
Mães, Dia dos Namorados, Dia da Secretária e Natal.
Paulo Selbach, visando à expansão de mercado da Cearosa, acertou na
Holanda, em outubro de 2004, uma associação com o grupo equatoriano Flores de
Cotopaxi
20
. Pelo acordo, a empresa cede 49% de suas ações para receber em troca
investimentos em tecnologia, estimados em torno de US$ 2 milhões.
São 70 funciorios agrícolas, contratados pela Cearosa. Predomina o
sexo feminino, com faixa etária de 22 a 30 anos e nível de escolaridade o Ensino
Fundamental completo. Jornada de trabalho de 44 horas semanais, em regime de
escala, para atender os domingos e feriados, registrada em carteria, com média
salarial de um salário mínimo. Utilizam a bicicleta como meio de deslocamento, pois
moram em localidades próximas à propriedade. Trabalham há pelo menos 4 anos na
fazenda, e as orientações que aprenderam sobre o cultivo de flores foram
repassadas pelo Engenheiro Agrônomo Julio Cantillo e por Técnicos Agrícolas da
SEAGRI, que dão suporte à produção.
20
Empreendimento que tem duas fazendas de cultivo de rosas, uma com cerca de 14 hectares e
outra de 9 hectares, uma distribuidora em Miami, e atualmente exporta para 35 países.
Esclarecimento fornecido pelo Presidente/produtor da Cearosa, Paulo Selbach, em entrevista
realizada em outubro de 2004, em atividade de campo, na cidade de São Benedito-Ce.
115
O empreendimento da família holandesa Reijers
21
teve início com a
produção de flores em 1971, na cidade de Holambra, em São Paulo, com o cultivo
de rosas e cravos, sendo a primeira empresa do Brasil a produzir rosas em escala
comercial. Ao longo dos anos, o empreendimento, de estrutura empresarial,
conquistou credibilidade e detém 40% do mercado interno.
Roberto Reijers, Diretor de Produção da empresa, dirige as propriedades
que produzem 34 espécies diversificadas de flores nas cidades de Pinhal e Santo
Antônio da Posse em São Paulo, onde fica a sede da empresa; Minas Gerais, nos
municípios de Itapeva e Andradas; e no Ceará, na Ibiapaba, nos municípios de o
Benedito
22
e Ubajara (Foto 46).
Foto 46 Fazenda Reijers, São Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
21
As informações que se seguem neste subcapítulo, referentes à empresa Reijers, foram adquiridas
através de entrevistas realizadas, em São Benedito, com o Diretor de Produção, Roberto Reijers, 51
funcionários agrícolas e com o Administrador Geral da empresa, Paulo César Martins Paiva,
representante da propriedade particular, por ocasião desta pesquisa, em outubro de 2004.
22
Município de interesse para análise da presente dissertação.
116
A Reijers possui área de mais de 100 hectares para o cultivo de rosas e
25 hectares destinados a outras flores (cravos, lírios e helicônias), gerando
aproximadamente 1.300 empregos diretos.
Os dirigentes da empresa, após visitar o Ceará em 2001, tomaram a
decisão de que novos investimentos passariam a ser aplicados no Estado, na
Ibiapaba, objetivando exportação
23
. Sendo inaugurada em 2002, no município de
São Benedito, a Reijers Produção de Rosas S.A.
24
, numa área de 20 hecatres,
estando em produção 11 hectares em estufa, com investimento em torno de US$ 3
milhões. Em 2003, foi inaugurada a Reijers Agrofloricultura, no município de Ubajara,
numa área de 50 hectares, implantando 4 hectares, também em estufa, sob
administração de Geraldo Reijers, irmão do Roberto Reijers.
Paulo César Martins Paiva é o Administrador Geral da Reijers Produção
de Rosas S. A., onde o Grupo levou em consideração, além do clima, a posição
estratégica do Estado do Ceará, situado a aproximadamente seis horas de vôo dos
Estados Unidos, Argentina e Europa, para conquistar mercados exigentes como o da
Holanda.
Outra vantagem que a empresa encontrou para realizar o plantio de rosas
no Estado foi a possibilidade de produzir durante todo o ano, sem os problemas da
sazonalidade encontrada em o Paulo e Minas Gerais.
Na propriedade, são cultivadas 18 variedades de rosas, em vasos de
plástico com substrato de coco, onde o abastecimento de água é feito por poços
artesianos que irrigam a produção por meio de condutores plásticos perfurados e
transportam também os seus nutirentes necessários (Foto 47). O ciclo de produção
ocorre entre 35 e 45 dias, da germinação até o ponto de corte.
23
A então, o principal alvo da Reijers era o mercado brasileiro. Informação obtida com Roberto
Reijers, Diretor de Produção da empresa, em entrevista realizada em outubro de 2004, em atividade
de campo, na cidade de São Benedito-Ce.
24
Empresa de interesse para análise do presente ensaio.
117
Foto 47 Irrigação da Produção de Rosas, Fazenda Reijers, o Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
As rosas são colhidas diariamente em horário matutino, são
transportadas, em água, para galpão de pós-colheita, a temperatura de C. Em
seguida são classificadas por variedade, tamanho de haste
25
e ponto de abertura do
botão. Depois, armazenadas dentro de câmara fria a temperatura de 2ºC, à
disposição da expedição (Fotos 48 a 51).
25
O tempo de vida das hastes, desde a poda, varia de 11 a 20 dias, no máximo, de acordo com a
escie e cuidados dispensados. Esclarecimento fornecido pelo Admistrador Geral da empresa
Reijers, Paulo sar Martins Paiva, em entrevista realizada, por ocasião desta pesquisa, em outubro
de 2004, na cidade de São Benedito-Ce.
118
Foto 48 Pós-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
Foto 49 Pós-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
119
Foto 50 Pós-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
Foto 51 Pós-colheita, Fazenda Reijers, São Benedito-CE
Fonte: Luzianny Rocha, 2004. (Registro Próprio).
120
O transporte da produção para Fortaleza é realizado em caminhão próprio
da empresa, climatizado a 2ºC, em média três vezes por semana, pela manhã.
Posteriormente, seguem para as câmaras resfriadas do aeroporto, com a mesma
temperatura, aguardando o seu local de destino. Os desperdícios na produção e
transporte são entre 3% e 4%.
O suporte para o cultivo é adquirido, no segmento de produtos agrícolas
(defensivos, fertilizantes, hormônios, adubos químicos), através de indústrias de o
Paulo e, no segmento de embalgens (caixas de papelão e divisórias/pacotes),
através de instrias do Ceará.
As rosas são produtos perecíveis e requerem cuidados especiais,
principalmente em relação à embalagem, ao armazenamento e ao transporte. Suas
variedades acompanham as tendências do mercado (cor, tamanho da haste,
durabilidade, quantidade de pétalas, produtividade). Por isso, o processo logístico,
desde a colheita até o momento da comercialização, precisa ser rápido e eficiente,
para que o desperdício seja o mínimo possível.
O Grupo Reijers combate às pragas que aparecem no plantio utilizando
defensivos e controle biológico.
Dentre as variedades de rosas cultivadas na fazenda estão a Passion,
Brazilian Lady, Avalanche, Prima Donna, Sonrisa, Melanie, Attracta e Serena (Fotos
52 a 59)
26
.
26
Todas as fotos utilizadas no trabalho m uma significação, não somente ilustrativas, elas
apresentam as diversas etapas cnicas que constituem a cadeia produtiva. Além do aspecto visual,
existe a beleza que contribui para modificar a paisagem dando condições ambientais de alegria e paz
espiritual. Esse novo espaço contribui para consolidação do capital no Estado do Ceará.
121
Foto 52 Passion Foto 53 Brazilian Lady
Fonte: Reijers, 2004. Fonte: Reijers, 2004.
Foto 54Avalanche Foto 55 Prima Donna
Fonte: Reijers, 2004. Fonte: Reijers, 2004.
122
Foto 56 Sonrisa Foto 57 Melanie
Fonte: Reijers, 2004. Fonte: Reijers, 2004.
Foto 58 Atraccta Foto 59 Serena
Fonte: Reijers, 2004. Fonte: Reijers, 2004.
123
A comercialização das rosas ocorre localmente, através da FloraReijers, e
nacionalmente, através da FloraNet, empresas pertencentes ao Grupo Reijers que
fornece seus produtos para o mundo através de leilão na Holanda, país para onde é
exportado 80% da produção de São Benedito, em média duas vezes por semana,
desde agosto de 2003, quando foi enviada a primeira remessa de 3 toneladas de
rosas, uma carga avaliada em US$ 6 mil. Os 20% restantes permanecem no
mercado nacional, Ceará e o Paulo.
A utilização da capacidade máxima de produção da empresa ocorre nos
picos de demanda, que são contornados com programação. Destaca-se o Dia das
Mães, Dia dos Namorados, Dia Internacional da Mulher, Natal, e já se incita o Dia da
Amizade.
A expansão da Reijers reforça o Projeto Rosas do Ceará, da SEAGRI,
que, desde 2000, vem investindo no setor. A empresa, em parceria com o Governo
Estadual vem colaborando com o Projeto Florescer, implementado pela SEAGRI,
que envolve apoio técnico de comercialização e infra-estrutura para pequenos
produtores.
São 171 funcionários agrícolas, contratados pelo Grupo. Predomina o
sexo feminino, com faixa etária de 20 a 30 anos e nível de escolaridade o Ensino
Fundamental completo. Jornada de trabalho de 44 horas semanais, em regime de
escala, para atender os domingos e feriados, registrada em carteria, com média
salarial de um salário mínimo. Utilizam a bicicleta como meio de deslocamento, pois
moram em vilarejos próximos à empresa. Trabalham pelo menos 2 anos na
propriedade, e as orientações que aprenderam sobre o cultivo de flores foram
repassadas pelo Engenheiro Agrônomo responsável pelo plantio e por Técnicos
Agrícolas da SEAGRI, que acompanham a produção.
124
3.3 Apontando Propostas de Viabilidade Ambiental e Social
Para expansão do setor da floricultura em Baturité, Redenção e São
Benedito e demais municípios no Estado do Ceará, com potencialidades para o
desenvolvimento dessa atividade agrícola, a fim de que esse agronégocio tenha
caratér competitivo e influência positiva para economia cearense, apontam-se como
propostas de viabilidade ambiental e social, diante do exposto pelo trabalho:
Aperfeiçoamento produtivo;
Tratamento fitossanitário preventivo;
Análise do solo, para adequação de espécies a serem produzidas, bem
como utilização de produtos agrícolas necessários;
Suporte técnico especializado, com acompanhamento e fiscalização
mais presente nas propriedades;
Incentivo à formação de parcerias entre pequenos produtores,
objetivando o aumento da competitividade na floricultura cearense;
Programação da produção, primeiro vender, depois produzir;
Pesquisas em tecnologias apropriadas;
Adequação de embalagem, para melhor conservação do produto;
Otimização do sistema de transporte;
Exigência de certificação ambiental, como maneira de prevenir o uso
de agrotóxicos prejudiciais ao meio ambiente;
Melhora no inter-relacionamento entre os segmentos envolvidos;
Estudos da cadeia produtiva;
Elaboração de “regras fitossanitárias;
Estratégias de markenting, propaganda, promoção de vendas, como
incentivo ao consumo de flores e fortalecimento da produção;
Presença de mercado atacadista forte na capital, para o
desenvolvimento do setor;
Incentivo à instalação de empresas especializadas em insumos e
serviços no segmento da floricultura, como meio de diminuir custos
para as empresas e gerar novos postos de empregos e divisas;
125
Abertura de novos mercados e integração com mercados vizinhos;
Aumento de linhas de créditos especiais, com condições exclusivas
para o setor, visando tamm ao pequeno produtor;
Diminuição de impostos, frete para exportação;
Organização das informações das diversas etapas da cadeia produtiva
do setor;
Orientação para profissionais da floricultura quanto ao estabelecimento
de novas técnicas para produção e comercialização;
Estímulo a fim de investir no setor, que é fonte de geração de emprego
e divisas no meio rural e urbano;
Apresentação da elevada rentabilidade da atividade e do mercado
consumidor interno e externo em expansão;
Capacitação e qualificação da mão-de-obra, pois o setor necessita de
um efetivo incremento de capital humano (educação, saúde), como
fator fundamental de sucesso competitivo;
Especialização da mão-de obra, com respectiva elevação do salário
real, dada a implantação de escola técnica agrícola próxima aos los
produtivos, viabilizando a formação de profissionais para atuarem junto
ao setor;
Logística de apoio fundiário, com implantação de perímetro irrigado,
favorecendo os pequenos produtores e/ou cooperativas;
Melhoria na infra-estrutura de telecomunicação, rede elétrica, estradas
e aeroportos regionais, para facilitar o escoamento da produção;
Manutenção da qualidade do produto e permanência da empresa no
mercado, fator que gera confiabilidade;
Criação de cursos profissionalizantes e universitários, na capital,
voltados para a floricultura, difundindo, assim, a cultura dessa
atividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a análise desta pequisa, sob um olhar geográfico a
respeito da produção de flores no Estado do Ceará, nos municípios de Baturité,
Redenção e São Benedito aponta diferenças principalmente no que diz respeito à
organização das áreas produtivas.
Em Baturité e Redenção, localiza-se a produção da empresa Flora
Tropical, que apresenta estrutura familiar, no mercado 25 anos, tendo sido
praticado o cultivo de flores por hobby, e posteriormente observado nessa atividade
oportunidade de agronegócio, tornando-se comercial há 18 anos.
Localiza-se, em São Benedito, o cultivo das empresas Cearosa Comércio
Exportação Importação de Flores Ltda. e Reijers Produção de Rosas S.A. A Cearosa
está no mercado há 6 anos, pioneira no Ceará no setor da floricultura, e a Reijers
apresenta 34 anos de experiência na atividade florística, mas está somente há 4 no
Estado, sendo a primeira no Brasil a produzir flores. Ambas apresentam estrutura
empresarial e foram instaladas com incentivos governamentais (fiscais e
financeiros), para fins de comercialização em escala, visando ao mercado externo.
A produção da Flora Tropical caracteriza-se por se realizar
predominantemente em campo aberto; cultivar as flores tropicais (alpínias,
helicônias, outras) e folhagens (cordyline, dracenas, outras); destinar o plantio para
abastecimento próprio (já que possuem floricultura em Fortaleza), local, nacional e
internacional, em ordem de importância; apresentar organização das propriedades
(Sítio Olho d Água Baturité, Sítio Vale do Piancó Redenção) de forma irregular,
em função da própria geografia do terreno ondulado e montanhoso, onde se percebe
que só os proprietários e trabalhadores agrícolas diferenciam o local da produção
das 40 escies cultivadas nas duas propriedades; não possuir entressafra, dada a
variedade florística e de folhagens, pois sempre estão cultivando alguma escie em
ambos os sítios; utilizar mão-de-obra local masculina.
127
Os proprietários da Flora Tropical acompanham e orientam a produção
das flores e folhagens dos dois sítios, mas, sempre que necessitam, contam com
apoio de Técnicos Agrícolas da SEAGRI.
Na Cearosa e Reijers, o cultivo caracteriza-se por se praticar totalmente
em estufa; produzir as flores temperadas (rosas); escoar a produção para
abastecimento nacional e local, no caso da Cearosa, internacional e nacional, no
caso da Reijers, em ordem de prioridade; apresentar organização das fazendas
muito bem estabelecida, favorecida pela própria geografia do terreno plano;
aproveitar as entressafras para se organizar internamente; utilizar mão-de-obra local
feminina que prefere trabalhar com a floricultura a horticultura, mesmo com o nível
de exigência de cuidados maiores que a última.
A produção das rosas nas empresas, Cearosa e Reijers, recebem
orientação e acompanhamento de Engenheiros Agrônomos contratados pelas
mesmas e apoio de Técnicos Agrícolas da SEAGRI.
A quantidade de empregos gerados pelas duas produtoras é bastante
significativa no município de São Benedito, totalizando 241 empregos diretos. As
empresas perdem apenas para a prefeitura local em número de postos de trabalho.
Constata-se, durante a pesquisa, que as duas fazendas, apesar de
apresentarem tamanhos diferentes, são planejadas como verdadeiras linhas de
produção e têm alto grau de organização e detalhamento em cada uma das
atividades executadas. Possuem profissionais qualificados, que aplicam técnicas
compatíveis com as empregadas nos maiores produtores mundiais. Percebe-se na
entrada da fazenda Cearosa que os veículos e pedestres passam por uma solução
de cloro para evitar o transporte de microorganismos.
Fatos esses pouco observados nas propriedades da Flora Tropical; o que
mostra a necessidade de melhor acompanhamento técnico e investimento do Estado
para região do Maciço de Baturité, que se apresenta tão promissora para a
economia cearense, enquanto região com condições favoráveis para o agronegócio
da floricultura, com ênfase também à exportação.
128
As empresas analisadas reconhecem o esforço do Estado em divulgar as
“Rosas do Ceará e Flores do Ceará, inclusive tendo criado estas marcas, mas
pedem a intensificação da divulgação destas para estimular o aumento nas vendas,
no contexto nacional e nas exportações. Outra estratégia de marketing apontada é a
propaganda em feiras e eventos relacionados ao setor, nacionais e internacionais.
Esta ação também serve como forma de obter informações sobre as tendências do
mercado.
O aumento de floricultores nas regiões é mais uma sugestão dos
produtores, que alavancaria os fluxos da cadeia produtiva da floricultura, desde a
aquisição de insumos até a venda dos produtos ao consumidor, pois a consolidação
do Agropólo da Ibiapaba e do Maciço de Baturité atrairia fabricantes e
fornecedores de insumos para o entorno. Como exemplo, pode-se citar um
fabricante de estruturas metálicas para estufas, que se instalou no município de
Croatá, na Ibiapaba, a partir da implantação das primeiras empresas produtoras de
rosas na região.
A floricultura pode ampliar e diversificar, primordialmente, o mercado de
trabalho no Ceará. Contando com bolsões-oásis propícios para isso o ano todo, a
exemplo do Maciço de Baturité e da Ibiapaba. A atividade é propícia de ocorrer,
também, em ambientes com climas mais secos, produzindo o mini-cactu, planta
ornamental de alto valor agregado com amplo mercado a ser explorado e
conquistado, com projeto em andamento, Produção de Cactus no Semi-Árido, já
desenvolvido pela SEAGRI, uma alternativa para o sertão cearense.
Essas considerações são colocadas no sentido de contribuir para a
alavancagem da cadeia produtiva da floricultura na região do Maciço de Baturité e
da Ibiapaba, como também em todo o Ceará, que sustenta e confirma a hitese do
presente ensaio de que tais vantagens comparativas só se converterão em
vantagens competitivas, de modo a contribuir com o desenvolvimento econômico do
Estado, se houver um esforço coletivo que faça a promoção dos arranjos produtivos
locais da floricultura cearense.
É necessário, também, haver mais incorporação científica, tecnológica e
informacional objetivando a expansão do agronegócio em destaque, para que
129
resulte em transformações econômicas e sócio-espaciais, já que a produção de
flores também se realiza de forma globalizada, se o na sua produção
propriamente, através da sua circulação, distribuição e consumo.
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Social Crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
SOUZA, Ernesto de. Revista Globo Rural. São Paulo, 2006. 5 fotografias.
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maio 2006.
137
VANTAGENS em Exportar. Aprendendo a Exportar Flores e Plantas
Ornamentais, Brasília, jun. 2003. 1 CD-ROM.
VICTOR, Joerly R. Do Alho aos Crintemos: Um Projeto que Mudou Aratuba.
(Dissertação de Mestrado). o Paulo: USP, 2005.
APÊNDICE
139
Apêndice A Roteiro das Entrevistas
Roteiro das Entrevistas
Entrevistados
Assuntos abordados
Produtores Trabalhadores Representantes de
Entidades Públicas
e Privadas
Histórico da
Floricultura
X X
los de Produção X
Escies Cultivadas X X
Destino da Produção X X
Hectares Destinados
ao Cultivo
X X
Tecnologias
Utilizadas
X X
Irrigação X X
Capacitação X X X
Incentivos X X
Instituições Ligadas à
Atividade
X
Exigência do
Mercado
X
Tempo de Produção
(média)
X X
Transporte da
Produção
X X
Desperdício da
Produção (média)
X X
Suporte para
Produção
X
Pragas no Cultivo X
Empregados por
Hectares (média)
X X
Perfil do Trabalhador
(sexo, faixa etária,
escolaridade)
X
Horas de Trabalho
(média)
X
Ganho Salarial
(média)
X
Deslocamento da
Mão-de-obra
X
ANEXO
141
Anexo A tios de Interesse sobre Floricultura
Agriflor
www.agriflor.com
AgroPortal
www.agroportal.pta/index
AgroOnline
www.agronline.com.br
APEX/SEBRAE - Agência de Promoção de Exportões
www.apexbrasil.com.br
Aprendendo a Exportar
www.aprendendoaexportar.gov.br/flores/home.asp
Banco do Nordeste do Brasil
www.banconordeste.gov.br
BrazilTradeNet
www.braziltradenet.gov.br
Cearosa
www.cearosa.com.br
CIN - Centros Internacionais de Necios
www.fiepa.org.br/cin/index.asp
142
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
www.embrapa.br
Export News
www.exportnews.com.br
Flora Brasilis
www.florabrasilis.com.br
Flora Culture Internacional
www.floracultureintl.com
Governo do Estado do Cea
www.ceara.gov.br
Hortitecnia
www.hortitecnia.com
Instituto Brasileiro de Floricultura
www.ibraflor.com.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
www.ibge.gov.br
Instituto de Economia Agrícola
www.iea.gov.br
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Cea
www.ipece.ce.gov.br
143
Ministério do Desenvolvimento Agrário
www.mda.gov.br
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
www.mdic.gov.br
Organização das Cooperativas Brasileiras
www.ocb.org.br
Portal do Exportador
www.portaldoexportador.gov.br
Portal da Floricultura no Cea
www.prossiga.br/arranjos/ce-floricultura
Reijers
www.reijers.com.br
Secretaria de Agricultura e Pecuária
www.seagri.ce.gov.br
SEBRAE
www.sebrae.com.br
UFC - Universidade Federal do Cea
www.ufc.br
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo