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porém não significante aos níveis usuais
10
. No que se refere a dummy eleitoral, apesar de ter
apresentado significância, seu coeficiente é tão pequeno que, de fato, este período parece
ter afetado a decisão de política monetária apenas de forma marginal. Interpretamos o
coeficiente da dummy ser negativo como uma indicação de que, neste período, a opção do
BC foi por uma certa acomodação da inflação.
Respondendo a questão que intitula este sub-capítulo, percebemos que, nos 3 modelos
propostos, o BC vem respondendo às expectativas de inflação. Mas para sabermos se o
aumento das taxas de juros nominais têm sido suficientes para aumentar as taxas de juros
reais, testamos, através de um test t, a hipótese
1
α
>1, a qual não foi rejeitada ( a 1%) nos 3
casos. A lógica por trás deste teste é que, quando a inflação sobe, a taxa real de juros
precisa subir para reduzir o consumo e o investimento, caso contrário, ocorre o problema de
indeterminação monetária. Intuitivamente, se a taxa real de juros cair quando a inflação
sobe, o resultado vai ser um aumento da demanda agregada, que implica em mais inflação,
queda da taxa real de juros e assim o sistema entra em um círculo inflacionário vicioso. Em
poucas palavras: “elevar as taxas de juros acima de um para um em relação à taxa de
inflação é uma propriedade essencial para uma boa regra de política monetária. Respostas
inferiores a um para um resultam em performances pobres” (Taylor 2000, tradução nossa).
No caso brasileiro, este comportamento ganha importância, haja vista nossa vulnerabilidade
a choques, que geram dois efeitos. O primeiro deles é o de primeira ordem (ou primário),
oriundo do aumento dos preços dos bens comercializáveis. Os efeitos secundários são
aqueles que, como conseqüências dos efeitos primários, se propagam para outros setores,
como por exemplo àqueles que venham a repassar imediata e integralmente os aumentos
dos insumos, ou ainda que se aproveitem do ambiente de reajustes para aumentar suas
margens
11
. O BC age de modo a acomodar os efeitos primários e impedir a propagação dos
efeitos secundários. O fato é que quanto maior for a vulnerabilidade de uma economia,
maior é a resistência à queda das expectativas de inflação. Isso ocorre porque os agentes
sabem que, em alguns casos, os efeitos inflacionários dos choques exigiriam uma resposta
10
Em Clarida, Gali e Gertler (1998), este coeficiente mostrou-se significante para Alemanha, Japão,
Inglaterra, França e Itália.
11
No Brasil, o BC desenvolveu uma metodologia que permite a separação destes efeitos. Em
virtude da acomodação dos efeitos primários, a meta de inflação é ajustada, a qual é referida como
“meta ajustada”, que é a meta original ajustada para incorporar a inércia não combatida.